universidade vale do rio doce curso de … · renal crÔnica e do tratamento de hemodiÁlise...

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Elizabete Jacob de Azevedo Érica Mendes Ferreira Lília Ferreira Amorim Marília Pagungue Manacés Tátila Nara dos Santos A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO PELO PACIENTE, ACERCA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA E DO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE Governador Valadares 2009

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE

CURSO DE ENFERMAGEM

Elizabete Jacob de Azevedo

Érica Mendes Ferreira

Lília Ferreira Amorim

Marília Pagungue Manacés

Tátila Nara dos Santos

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO PELO PACIENTE, ACERCA DA DOENÇA

RENAL CRÔNICA E DO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE

Governador Valadares

2009

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ELIZABETE JACOB DE AZEVEDO

ÉRICA MENDES FERREIRA

LÍLIA FERREIRA AMORIM

MARÍLIA PAGUNGUE MANACÉS

TÁTILA NARA DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO PELO PACIENTE, ACERCA DA DOENÇA

RENAL CRÔNICA E DO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE

Monografia para obtenção do grau

de bacharel em Enfermagem, apresentada

à Área de Ciências Biológicas da Saúde

da Universidade Vale do Rio Doce.

Orientadora: Êrick da Silva Ramalho

Governador Valadares

2009

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ELIZABETE JACOB DE AZEVEDO

ÉRICA MENDES FERREIRA

LÍLIA FERREIRA AMORIM

MARÍLIA PAGUNGUE MANACÉS

TÁTILA NARA DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO PELO PACIENTE, ACERCA DA DOENÇA

RENAL CRÔNICA E DO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE

Monografia para obtenção do grau

de bacharel em Enfermagem, apresentada

à Área de Ciências Biológicas da Saúde

da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, ____ de __________________ de ______.

Banca Examinadora:

______________________________________

Profª:Êrick da Silva Ramalho – Orientadora

Universidade Vale do Rio Doce

______________________________________

Profª: Denise Dias Cardoso

Universidade Vale do Rio Doce

______________________________________

Profª: Ivanete Niley Rodrigues de Abreu

Universidade Vale do Rio Doce

______________________________________

Profª: Tatiana Heidi Oliveira

Universidade Vale do Rio Doce

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Dedicamos este trabalho, com muito carinho, aos nossos

pais que compreenderam nossa ausência e silêncio, que

nos encorajaram a enfrentar os desafios, possibilitando-

nos a realização dessa conquista, apoiando-nos em

momentos difíceis e de superação. Aos colegas e

professores pelo conhecimento e experiências

compartilhadas.

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AGRADECIMENTO

Agradecemos ...

... a Deus, nossa fonte infinita de luz e sabedoria.

... aos nossos familiares, namorados e amigos, pelo amor, apoio e incentivo, e por acreditar

que conseguiríamos chegar até aqui.

... aos colegas da faculdade que levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis

para nós, coisas que nos marcaram... serão detalhes que guardaremos dentro de nós.

... à nossa orientadora, Êrick da Silva Ramalho, por ter nos conduzido e compartilhado o seu

conhecimento, com competência e dedicação.

... a todos que, direta ou indiretamente, deixaram sua parcela de contribuição.

O nosso muito obrigada!!

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DURANTE ESTE TRABALHO...

As dificuldades não foram poucas...

Os desafios foram muitos...

Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis.

Muitas vezes nos sentimos só, e, assim, o estivemos...

O desânimo quis contagiar, porém, a garra e a tenacidade

foram mais fortes, sobrepondo esse sentimento, fazendo-

nos seguir a caminhada, apesar da sinuosidade do

caminho.

Agora, ao olharmos para trás, a sensação do dever

cumprido se faz presente e podemos constatar que as

noites de sono perdidas, as viagens e visitas realizadas, o

cansaço dos encontros, os longos tempos de leitura,

digitação, discussão, a ansiedade em querer fazer e a

angústia de muitas vezes não o conseguir, por problemas

estruturais, não foram em vão.

Aqui estamos, como sobreviventes de uma longa batalha,

porém, muito mais fortes e hábeis, com coragem

suficiente para mudar a nossa postura, apesar de todos os

percalços...

Como dizia Antoine Saint Exupèry em sua obra prima “O

Pequeno Príncipe”:

“Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que

fez a tua rosa tão importante.”

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RESUMO

A insuficiência renal crônica (IRC) é caracterizada pela perda progressiva e irreversível das

funções renais, tendo como causas principais o diabetes mellitus e a hipertensão arterial. A

doença é considerada um grande problema de saúde pública devido às elevadas taxas de

morbidade e mortalidade, além do impacto negativo na qualidade de vida das pessoas

acometidas. A hemodiálise é um dos tratamentos utilizados, porém muitos são os fatores que

influenciam a adesão do paciente à terapia e um deles é o grau de conhecimento do paciente

acerca da doença e do tratamento, pois os mesmos trazem consigo muitas dúvidas e medos.

Varias são as literaturas que referem que o conhecimento do paciente sobre sua doença e seu

tratamento contribui na sua qualidade de vida. Assim sendo, a justificativa desse trabalho é

retratar e enfatizar a importância do saber do paciente sobre a doença renal crônica e o

tratamento de hemodiálise. O enfermeiro tem papel fundamental na educação destas pessoas,

pois ensina, estimula e responde às dúvidas, com o intuito de promover a saúde e prevenir as

complicações da doença. A principal proposta desta pesquisa é identificar nas literaturas a

relevância desse conhecimento e a interferência deste aprendizado na qualidade de vida dos

pacientes. Assim, enfatizamos nessa revisão literária a necessidade de se realizar educação em

saúde com os pacientes que utilizam a terapia hemodialítica, para que eles tenham maior

conhecimento a respeito, e assim adquiram segurança e maiores subsídios para seu

autocuidado, alcançando melhores resultados para uma qualidade de vida mais digna.

Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica. Hemodiálise. Conhecimento.

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ABSTRACT

Chronic renal failure (CRF) is characterized by progressive and irreversible loss of kidney

function, with the main causes of diabetes mellitus and hypertension. The disease is

considered a major public health problem due to high rates of morbidity and mortality,

besides the negative impact on quality of life of people affected. Hemodialysis is a treatment

used, but there are many factors that influence patient adherence to therapy and one of them is

the degree of patient's knowledge about the disease and treatment, as they bring with them

many doubts and fears. Several literatures are reporting that the patient's knowledge about

their disease and its treatment contributes to their quality of life. Therefore, the rationale of

this work is to portray and emphasize the importance of knowing the patient on chronic

kidney disease and dialysis treatment. The nurse has a fundamental role in the education of

these people, it teaches, encourages and responds to questions, in order to promote health and

prevent disease complications. The main purpose of this research is to identify in literature

the relevance of this knowledge and the interference of learning in quality of life of patients.

Therefore, this literature review emphasized the need to conduct health education with

patients using hemodialysis therapy, so they have greater knowledge about, and so acquire

security and greater benefits for your care, achieving better results for a quality more dignified

life.

Key-words: Chronic Renal Failure. Hemodialysis. Knowledge.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADH - Hormônio antidiurético

CDL - Cateter de duplo lúmen

DRC – Doença Renal Crônica

DPAC - Diálise peritoneal ambulatorial contínua

DPCC - Diálise peritoneal cíclica contínua

DPI - Diálise peritoneal intermitente

Kuf – Coeficiente de Ultrafiltração

IRA - Insuficiência renal aguda

IRC - Insuficiência renal crônica

HD – Hemodiálise

SBN – Sociedade Brasileira de Nefrologia

TX - Transplante renal

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 ANATOMIA RENAL ......................................................................................................... 12

3 FISIOLOGIA RENAL ........................................................................................................ 15

4 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA ............................................................................. 18

5 TRATAMENTO .................................................................................................................. 21

5.1 DIÁLISE PERITONEAL AMBULATORIAL CONTINUA (DPAC) .............................. 21

5.2 DIALISE PERITONEAL CÍCLICA CONTÍNUA (DPCC) .............................................. 22

5.3 DIÁLISE PERITONEAL INTERMITENTE (DPI)........................................................... 22

5.4 TRANSPLANTE RENAL (TX) ........................................................................................ 23

5.5 HEMODIÁLISE (HD) ....................................................................................................... 23

5.5.1 Princípios fundamentais da hemodiálise ..................................................................... 24

5.5.2 Mecanismos de transporte de soluto ............................................................................ 25

5.5.3 Acesso vascular para hemodiálise ................................................................................ 27

5.5.4 Complicações da hemodiálise ....................................................................................... 29

6 RELEVÂNCIA DO CONHECIMENTO NO PROCESSO SAÚDE - DOENÇA ......... 31

7 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES

RENAIS CRÔNICOS ............................................................................................................ 33

8 METODOLOGIA ................................................................................................................ 36

8.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO ................................................................................ 36

8.2 ESCOLHA DO TEMA ....................................................................................................... 36

8.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................................ 36

8.4 LOCALIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................................ 36

8.5 TRATAMENTOS DOS DADOS ....................................................................................... 37

9 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39

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10

1 INTRODUÇÃO

A insuficiência renal crônica é uma deterioração progressiva e irreversível da função

dos rins, que o impossibilita de realizar suas múltiplas funções de maneira satisfatória,

desencadeando uma série de sinais e sintomas em todo o organismo.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), um grande número de

pessoas sofrem com doenças renais. Em todo o mundo, estima-se 500 milhões de pessoas,

sendo que 1,5 milhão delas estão em diálise. Mais de 80% dos pacientes que fazem diálise

estão nos países desenvolvidos.

A hemodiálise é um método dialítico em que a circulação do paciente é extracorpórea

e é indicada para pacientes que necessitam de diálise por curto período (dias a semanas), bem

como para pacientes com insuficiência renal crônica que necessitam de uma terapia a longo

prazo ou permanente (SMELTZER e BARE, 2002).

A cronicidade da doença e o tratamento acarretam uma série de limitações físicas,

sociais e emocionais, que interferem de modo significativo na qualidade de vida dos

portadores desta doença. Diante do expresso, uma preocupação: O conhecimento adquirido

pelo paciente renal crônico a respeito da doença e do tratamento de hemodiálise, interfere na

melhora de sua qualidade de vida?

A literatura refere que o conhecimento do paciente sobre sua doença e seu tratamento

contribui na sua qualidade de vida. Pierin et al (2001) enfatizam que o grau de conhecimento

dos pacientes sobre sua patologia é um dos principais fatores que podem afetar a qualidade de

vida e a adesão ao tratamento. Consoante ao descrito, essa revisão literária justifica-se por

retratar e enfatizar a importância do saber do paciente sobre a doença renal crônica e o

tratamento de hemodiálise.

O principal objetivo deste trabalho é identificar nas literaturas a relevância do

conhecimento do paciente renal crônico sobre a doença e o tratamento de hemodiálise e a

interferência do saber na sua qualidade de vida. Completando essa proposta, os objetivos

específicos são: identificar nas literaturas as dúvidas mais freqüentes dos pacientes em relação

à doença e ao tratamento de hemodiálise; verificar a importância da existência da educação

permanente para os pacientes em tratamento de hemodiálise; verificar a participação do

profissional enfermeiro na transmissão do conhecimento aos pacientes em tratamento

hemodialítico, pois entendemos a ação educativa como a alternativa que possibilita melhorar

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o conhecimento do paciente renal, no qual ele seja capaz de participar na elaboração deste

saber.

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12

2 ANATOMIA RENAL

Os rins são um par de órgãos, castanho-avermelhados, localizados no plano

retroperitoneal, sobre a parede posterior do abdômen, desde a 12ª vértebra torácica à 3ª

vértebra lombar no adulto (SMELTZER e BARE, 2006).

Spence (1991) descreve o rim adulto com cerca de 12 cm de comprimento, com 6 cm

de largura, e 2,5 cm de espessura, pesando de 120 a 170g . Guyton e Hall (2006) resumem

que os rins de um adulto têm o tamanho de uma mão fechada.

Dangelo e Fattini (2007) afirmam que os rins estão situados à direita e à esquerda da

coluna vertebral, tendo o direito uma posição inferior em relação ao esquerdo, em virtude da

presença do fígado à direita. Dangelo e Fattini (2007) ainda retratam que o órgão tem a forma

de um grão de feijão, apresentando duas faces, anterior e posterior, e duas margens, medial e

lateral. Suas duas extremidades, superior e inferior, são denominadas pólos e sobre o pólo

superior situa-se a glândula supra-renal, pertencente ao sistema endócrino.

Para Smeltzer e Bare (2006) e Dangelo e Fattini (2007), os rins são bem protegidos

pelas costelas, músculos, fáscia de Gerota, tecido adiposo perirrenal e cápsula renal, a qual

circunda cada rim. Smeltzer e Bare (2006) explicam que os rins estão envolvidos por uma

cápsula fibrosa e, ao redor da cápsula, existe a cápsula adiposa do rim, representada por uma

grande quantidade de gordura, separada em duas camadas pela fáscia renal: a camada interna

é denominada gordura perirrenal e a camada externa é a gordura para-renal. As duas cápsulas,

fibrosa e adiposa, juntamente com o pedículo renal e a pressão intra-abdominal, ajudam a

manter os rins em sua posição normal.

Nettina (2003) subdivide o rim em duas regiões distintas: o parênquima renal e a

pelve renal. O parênquima renal é dividido em córtex e medula.

O córtex é a região mais externa, ficando imediatamente abaixo da cápsula renal, onde

contêm os glomérulos, os túbulos distais e proximais, os ductos coletores corticais e seus

capilares peritubulares adjacentes (NETTINA, 2003).

A medula está localizada abaixo do córtex e consiste de várias estruturas triangulares

denominadas pirâmides renais. As pirâmides estão orientadas de maneira que suas bases

amplas se encontram revestidas pelo córtex e seus ápices, chamados de papilas renais, seguem

em direção à pelve renal (SPENCE, 1991).

Segundo Smeltzer e Bare (2006) o hilo ou pelve é a porção côncava do rim, através da

qual a artéria renal entra nesse órgão e a veia renal dele sai. A artéria renal (originando-se a

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partir da aorta abdominal) dividi-se em vasos cada vez menores, formando, mais adiante, a

arteríola aferente. A arteríola aferente ramifica-se para formar o glomérulo. O sangue deixa o

glomérulo através da arteríola eferente e flui de volta para a veia cava inferior através de uma

rede de capilares e veias.

Cada rim contém aproximadamente um milhão de néfrons, que são suas unidades

funcionais. Os néfrons consistem em um glomérulo contendo as arteríolas aferentes e

eferentes, cápsula de Bowman, túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido

distal, e dutos coletores (DANGELO e FATTINI, 2007; SMELTZER e BARE, 2006).

Smeltzer e Bare (2006) afirmam que o glomérulo é composto de três camadas

filtrantes: o endotélio capilar, a membrana basal e o epitélio. A membrana glomerular

normalmente permite a filtração do líquido e pequenas moléculas, embora limite a passagem

de moléculas maiores, com as células sanguíneas e a albumina.

A cápsula de Bowman envolve o glomérulo e juntos formam o corpúsculo renal. Este

está localizado na região cortical do rim (SPENCE, 1991).

“Do outro lado da cápsula de Bowman, cada néfron forma um túbulo com várias

curvaturas denominado túbulo contorcido proximal” (SPENCE, 1991, pág. 580).

“Após os túbulos contorcidos proximais, o néfron apresenta uma porção reta que então

forma a alça dos néfrons conhecida como Alça de Henle” (SPENCE, 1991, pág. 581). As

alças dos glomérulos corticais têm alça de Henle relativamente curta, que só atingem a

medula externa. Contudo, as alças dos glomérulos justamedulares têm seus glomérulos

próximos ao limite cortico-medular e são diferenciados por suas longas alças de Henle e pelos

vasos retos (NETTINA, 2003).

“Depois do ramo ascendente da alça, cada néfron se torna novamente bastante

espiralado, formando o túbulo contorcido distal” (SPENCE, 1991, pág. 581).

Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons desembocam em um túbulo coletor

comum que transporta a urina para o interior da pirâmide renal (SPENCE, 1991).

Cerca de 10 a 25 túbulos coletores se abrem na papila de cada pirâmide. Cada rim

contém aproximadamente 8 a 18 pirâmides. As pirâmides desembocam em 4 a 13 cálices

menores, que por sua vez, se unem e formam de 2 a 3 cálices maiores. Os cálices renais

maiores se unem para formar a pelve renal que é a extremidade superior dilatada do ureter

(NETTINA, 2003).

Segundo Dangelo e Fattini (2007) os ureteres são tubos musculares estreitos com

aproximadamente 24 a 30 cm de comprimento. Partindo da pelve renal, que constitui sua

extremidade superior dilatada, o ureter, com trajeto descendente, acopla-se à parede posterior

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do abdômen e penetra na pelve para terminar na bexiga, desembocando neste órgão pelo óstio

ureteral. Smeltzer e Bare (2006) completam que o ureter esquerdo é um pouco mais curto que

o direito.

A bexiga é um saco muscular oco, retroperitoneal, localizado exatamente atrás do

osso púbis. A capacidade da bexiga adulta é de aproximadamente 300 a 600ml de urina. Na

infância, a bexiga é encontrada dentro do abdômen. Na adolescência e ao longo da fase

adulta, a bexiga assume sua posição na pelve verdadeira (CONSTANZO, 1999).

Segundo Spence (1991, pág. 587) “a face anterior da bexiga está localizada atrás da

sínfise púbica; nos homens sua situação é anterior ao reto, e nas mulheres, está situada

anteriormente ao útero à porção superior da vagina.” Guyton e Hall (2006) completam que a

bexiga é uma câmara de músculo liso, composta de duas partes principais: o corpo, a parte

principal onde a urina é armazenada e o colo, uma extensão afunilada do corpo, passando

inferior e anteriormente ao triângulo urogenital e conectando-se com a uretra.

Finalizando o sistema urinário, encontramos a uretra que é definida por Spence (1991)

como um tubo muscular, forrado por membrana mucosa, que sai da face inferior da bexiga

urinária, e transporta a urina para o meio externo.

Spence (1991) e Smeltzer e Bare (2006) afirmam que no homem ela atravessa o pênis,

medindo cerca de 20 cm de comprimento. Na mulher, ela desemboca exatamente anterior à

vagina, e apresenta-se um pouco mais curta, medindo cerca de 4 cm.

A uretra masculina é divida em três porções: parte prostática, parte membranácea e

parte esponjosa. A parte prostática atravessa a próstata e recebe os dutos ejaculatórios que

transportam o esperma. Após essa junção ela é usada para reprodução bem como para o

transporte de urina. A parte membranácea é a parte curta que atravessa o diafragma

urogenital. A parte esponjosa e mais longa vai até o óstio externo da uretra, situado na glande

do pênis (SPENCE, 1991).

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15

3 FISIOLOGIA RENAL

Os rins desempenham vários papéis essenciais para a homeostasia corporal normal.

Fermi (2003) enfatiza que sua função básica é limpar o plasma sanguíneo de substâncias

indesejáveis ao organismo, como as proteínas finais do metabolismo, uréia, creatinina, ácido

úrico e uratos, através da filtração. Já segundo Smeltzer e Bare (2006) entre outras funções

estão: regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio ácido-básico, regulação da

pressão arterial, produção de eritropoetina (regulação da produção de eritrócitos), síntese de

vitamina D e secreção de prostaglandinas.

Cada rim é capaz de prover a função renal adequada se o rim oposto estiver lesionado

ou afuncional. A função renal começa a diminuir a uma velocidade aproximadamente de 1% a

cada ano, começando por volta dos 30 anos de idade (DANGELO e FATTINI, 2007;

SMELTZER e BARE, 2006).

As várias substâncias normalmente filtradas pelo glomérulo, reabsorvidas pelos

túbulos e excretadas na urina incluem sódio, cloreto, bicarbonato, potássio, glicose, uréia,

creatinina e ácido úrico (GUYTON e HALL, 2006).

Smeltzer e Bare (2006) afirmam que, dentro do túbulo, algumas dessas substâncias são

seletivamente reabsorvidas para dentro do sangue. Outras são secretadas a partir do sangue

para dentro do filtrado, quando este faz trajeto para baixo no túbulo. Smeltzer e Bare (2006)

também falam que os aminoácidos e a glicose são usualmente filtrados no nível do glomérulo

e reabsorvidos, de modo que nenhum deles é excretado na urina.

Contudo, Guyton e Hall (2006) explicam que a glicose aparece na urina (glicosúria)

quando a quantidade desta no sangue e no filtrado glomerular excedem a quantidade que os

túbulos são capazes de reabsorver. “Isto ocorre normalmente quando a concentração de

glicose sobe acima de 180mg/100ml, um nível chamado de “limiar” sérico para o

aparecimento da glicose na urina.” (GUYTON e HALL, 2006, pág 973). Smeltzer e Bare

(2006) também retratam que glicosúria é comum na gravidez.

Smeltzer e Bare (2006) em relação às proteínas, afirmam que estas moléculas também

não são encontradas, amiúde, na urina, entretanto, as proteínas de baixo peso molecular

(globulinas e albumina) podem ser periodicamente excretadas em pequenas quantidades. A

proteinúria transitória, em quantidades inferiores a 150mg/dl, é considerada normal e não

exige avaliação adicional. A proteinúria persistente geralmente significa lesão dos

glomérulos.

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16

Segundo Smeltzer e Bare (2006) a urina é formada nos néfrons através de um

complexo processo de três etapas: filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular,

sendo que os dois últimos envolvem, frequentemente, o transporte passivo e ativo. Guyton e

Hall (2006) explicam que o filtrado fica concentrado no túbulo distal e nos dutos coletores,

sob a influência do hormônio antidiurético (ADH), e transforma-se em urina, a qual então

entra na pelve renal em direção à bexiga.

A regulação da quantidade de água excretada também é uma importante função dos

rins. Com a ingesta hídrica elevada, é excretada um grande volume de urina diluída. Uma

pessoa deve ingerir cerca de 1 a 2 litros de água por dia, sendo que 400 a 500ml dessa ingesta

serão eliminados pelos pulmões durante a respiração ou nas fezes (NETTINA, 2003).

Em relação ao equilíbrio hidroeletrolítico, Guyton e Hall (2006) afirmam que a

regulação do volume de sódio depende da aldosterona, um hormônio sintetizado e liberado

pelo córtex da supra-renal, cuja função é a reabsorção renal de sódio; quando mais sódio é

excretado que ingerido, resulta a desidratação; se menos sódio é excretado que ingerido,

sobrevém a retenção de líquido.

Guyton e Hall (2006) e Smeltzer e Bare (2006) concordam e descrevem que a

liberação de aldosterona pelo córtex da supra-renal está, em grande parte, sob o controle da

angiotensina II. Os níveis de angiotensina II são por sua vez controlados pela renina, uma

enzima que é liberada de células especializadas nos rins.

Em relação ao potássio, Smeltzer e Bare (2006) descrevem que este é o íon

intracelular mais abundante, correspondendo a aproximadamente 98% do potássio corporal

total. Constanzo (1999) completa dizendo que para manter um equilíbrio normal de potássio

no corpo, os rins são responsáveis por excretar mais de 90% da ingesta diária total desse íon.

A aldosterona faz com que o rim excrete o potássio. A retenção de potássio é o efeito mais

ameaçador da insuficiência renal.

Guyton e Hall (2006, pág.308) explicando o papel dos rins na regulação do equilíbrio

ácido básico dizem que “os rins são a única forma de eliminar certos tipos de ácidos do corpo,

tais como os ácidos sulfúricos e fosfóricos, gerados pelo metabolismo das proteínas.”

Os rins também estão envolvidos na regulação da produção de eritrócitos. Guyton e

Hall (2006) e Smeltzer e Bare (2006) concordam dizendo que os rins secretam quase toda a

eritropoetina da circulação; esta estimula a produção de hemácias pela medula óssea. “Pessoas

com doença renal grave ou que tiveram seus rins removidos, desenvolvem anemia grave

como resultado da diminuição da produção de eritropoetina.” (GUYTON e HALL, 2006,

pág.308).

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Sobre a síntese de vitamina D, os rins produzem uma forma ativa desta vitamina, o

calcitriol. Este é importante para a absorção de cálcio pelo trato gastrointestinal e pela

deposição normal de cálcio nos ossos (GUYTON e HALL, 2006).

Percebe-se diante do que foi descrito que os rins desempenham importantes funções

vitais para o organismo. Estes foram enfatizados por diversos autores como sendo um dos

órgãos principais para a manutenção da vida.

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4 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

A insuficiência renal crônica (IRC) pode ser definida como uma síndrome complexa,

que se caracteriza pela perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais (CABRAL et

al, 2005).

Boundy et al (2004) dizem que, a diminuição da função dos rins pode ser devido a

uma doença de início súbito, que destrói os néfrons e por fim causa lesão renal irreversível.

Kovelis et al (2008) descrevem uma síndrome com diversos efeitos nos sistemas

cardiovascular, nervoso, respiratório, músculo-esquelético, imunológico e endócrino-

metabólico.

Smeltzer e Bare (2006) relatam a incapacidade do corpo de manter os equilíbrios

hidroeletrolíticos e metabólicos, explicando que à medida que a função renal diminui os

produtos finais do metabolismo protéico, como a uréia e creatinina, são acumulados no

organismo. A uremia ou azotemia se desenvolve e afeta todos os sistemas do corpo.

O desenvolvimento da diálise na década de 60, como modalidade terapêutica

continuada, aumentou consideravelmente a expectativa de vida dos pacientes com doença

renal crônica. No mundo, cerca de 1,2 milhões de pessoas encontram-se sob tratamento

dialítico (VIEIRA et al, 2005).

Apesar dos avanços no tratamento da IRC, a morbi-mortalidade continua elevada: no

Brasil, a sobrevida gira em torno de 79% e 41%, respectivamente no primeiro e no quinto ano

de diálise, sendo que a desnutrição protéico-energética (DPE) é um importante fator que

contribui para esse quadro nosológico (CABRAL et al, 2005).

Vieira et al (2005) estimam que no Brasil haja aproximadamente 54,5 mil pessoas em

tratamento dialítico, destas 48.875 em hemodiálise e 5.649 em diálise peritoneal. Vieira et al

(2005) ainda retratam que o número de pacientes em programa dialítico cresce no Brasil à

média de 10%, à custa de uma incidência de mais de 100 pacientes novos por milhão de

habitantes/ano. Completando esses dados, Cabral et al (2005) destacam que cerca de 19%

desse total (10.285) encontram-se na Região Nordeste.

Queiroz et al (2008) definem as causas principais da doença como sendo: pré-renal

(em decorrência da isquemia renal); renal (conseqüente de doenças como as glomerulopatias,

hipertensão arterial, diabetes etc); pós-renal (em virtude da obstrução do fluxo urinário).

As doenças glomerulares crônicas como a glomerulonefrite, infecções crônicas como

pielonefrite crônica e tuberculose, anomalias congênitas como a doença renal policística,

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doenças vasculares como a nefroesclerose renal e hipertensão, processos obstrutivos como

cálculos renais, doenças do colágeno como o lúpus eritematoso sistêmico, agentes

nefrotóxicos como tratamento prolongado com aminoglicosídeos, e doenças endócrinas como

a nefropatia diabética estão entre as causas da IRC de acordo com Smeltzer e Bare (2006).

Peres et al (2007) afirmam que o diabetes melittus é a principal causa de insuficiência

renal crônica em países desenvolvidos. Guyton e Hall (2006, pág. 407) vão além e enfatizam:

“nos últimos anos o diabetes melito e a hipertensão arterial foram reconhecidos como as

principais causas de doença renal terminal representando, em conjunto cerca de 70% de todos

os casos de insuficiência renal crônica.”

Kusumota et al (2004) ressaltam que a hipertensão arterial, diabetes melittus e

insuficiência cardíaca são as que predispõem a doença renal no idoso. Este já apresenta

alterações anatômicas e fisiológicas nos rins, decorrentes do processo de envelhecimento

renal, aumentando a susceptibilidade da disfunção renal com o passar dos anos.

“A hipertensão pode exacerbar a lesão dos glomérulos e dos vasos sanguíneos renais”

(GUYTON e HALL, 2006 pág. 412). Guyton e Hall (2006) completam dizendo que o

diabetes ocasiona lesão da vasculatura renal, levando à isquemia renal e à morte do tecido.

Grande parte desse tecido renal é substituída por tecido fibroso.

Boundy et al (2004) afirmam que a síndrome é fatal se não for tratada, pois a diálise e

o transplante renal aumentam a sobrevida do paciente.

Segundo Smeltzer e Bare (2006) inúmeros sinais e sintomas aparecem decorrentes da

uremia (azotemia), e/ou da retenção líquida como as manifestações cardiovasculares,

gastrintestinais, dermatológicas e neurológicas.

A hipertensão arterial e o edema generalizado são provocados pela retenção de sódio e

água, ou ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona; a insuficiência cardíaca e o

edema agudo de pulmão são causados pela sobrecarga hídrica, e a pericardite é decorrente da

irritação do revestimento pericárdico por toxinas urêmicas (SMELTZER e BARE, 2006).

Welter et al (2008) falam do prurido como sendo uma das alterações de pele mais

comuns na doença renal crônica. Segundo Welter et al (2008) a causa do prurido urêmico não

é completamente compreendida, tendo a diálise um impacto insignificante na melhora do

sintoma.

Em relação à anemia como um sintoma da doença renal, Guyton e Hall (2006) e

Smeltzer e Bare (2006) concordam explicando que a causa mais importante é a menor

secreção renal de eritropoetina, pois esta estimula a medula óssea a produzir hemácias,

quando funcional.

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Acidose também é um sintoma muito comum. Quando os rins não conseguem

funcionar, ácidos se acumulam nos líquidos corporais. Os tampões atuam tentando compensar

a acidez, porém, quando esse poder se esgota, o pH cai drasticamente e o paciente entrará em

coma se o pH cair abaixo de 6,8 (GUYTON e HALL, 2006).

A osteodistrofia renal, termo que se refere às várias doenças ósseas decorrentes da

IRC, tem grande destaque. Os rins participam na regulação da homeostase mineral e, com o

desenvolvimento da doença, aparecem alterações no esqueleto (VIEIRA et al, 2005).

Os autores Guyton e Hall (2006) destacam a osteomalacia, uma condição na qual os

ossos são parcialmente absorvidos tornando-se muito frágeis.

A doença também ocasiona a desnutrição. A prevalência de desnutrição energético-

protéica em pacientes com insuficiência renal crônica em programa de hemodiálise é elevada

(SANTOS et al, 2004; CABRAL et al, 2005). Cabral et al (2005) descrevem que inúmeras são

as razões para a desnutrição nestes pacientes, incluindo distúrbios no metabolismo protéico e

energético, alterações hormonais e ingestão alimentar deficiente, devido principalmente à

anorexia, náuseas e vômitos, manifestações clínicas freqüentes no estado de toxicidade

urêmica.

Cesarino e Casagrande (1998) finalizam que a insuficiência renal crônica e o

tratamento hemodialítico provocam uma sucessão de situações para o paciente renal crônico,

que compromete, além do aspecto físico, o psicológico, com repercussões pessoais, familiares

e sociais.

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5 TRATAMENTO

Os portadores de insuficiência renal crônica são submetidos a tratamentos de

substituição da função renal (diálise ou transplante renal) para que haja a manutenção da vida

(RIELLA, 1996).

Os tratamentos disponíveis nas doenças renais terminais são: a diálise peritoneal

ambulatorial contínua (DPAC), diálise peritoneal cíclica contínua (DPCC), diálise peritoneal

intermitente (DPI), hemodiálise (HD) e o transplante renal (TX). Esses tratamentos

substituem parcialmente a função renal, aliviam os sintomas da doença e preservam a vida do

paciente, porém, nenhum deles é curativo (MARTINS e CESARINO, 2005).

5.1 DIÁLISE PERITONEAL AMBULATORIAL CONTINUA (DPAC)

Kusumota et al (2004) descrevem que no tratamento por meio da Diálise Peritonial

Ambulatorial Contínua (DPAC), é realizada uma técnica de infusão de líquido de diálise na

cavidade abdominal do paciente, favorecendo a depuração do sangue por meio da membrana

peritonial, com a finalidade de remover substâncias que necessitam ser eliminadas pelo

organismo.

O banho de dialisado é infundido e drenado por ação da gravidade, através de um

cateter permanente, por 20 a 25 minutos. Ele permanece na cavidade abdominal por um

período de 4 horas, e o paciente realiza de 4 a 5 trocas por dia (ARONE e PHILIPPI, 2005).

Kusumota et al (2004) acrescentam que o treinamento do paciente para realizar a

DPAC é desenvolvido pela enfermeira do serviço de diálise; entretanto, o tratamento

propriamente dito, isto é, a troca das bolsas de diálise, é realizada pelo paciente e/ou familiar

em seu domicílio. O paciente retorna ao ambulatório para consultas médicas e de enfermagem

periódicas, com objetivo de avaliar o estado de saúde, bem como o tratamento da DPAC, e

possíveis complicações.

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5.2 DIALISE PERITONEAL CÍCLICA CONTÍNUA (DPCC)

Esse método de diálise utiliza uma máquina cicladora, que, conectada ao cateter,

executa automaticamente a passagem, o aquecimento, a infusão e a drenagem das bolsas

sequencialmente (ARONE e PHILIPPI, 2005). Ela combina a diálise peritoneal intermitente,

no período da noite, com um tempo prolongado de retenção durante o dia. O cateter inserido

no peritôneo é conectado à máquina durante a noite, e o paciente recebe três a cinco trocas de

2 litros durante esse período. Pela manhã, o paciente, após infundir 1 a 2 litros de dialisado

fresco, desconecta o cateter e o dialisado permanece na cavidade abdominal até que o equipo

seja reconectado à máquina cicladora na hora de dormir (SMELTZER e BARE, 2002).

5.3 DIÁLISE PERITONEAL INTERMITENTE (DPI)

Smeltzer e Bare (2002) citam a Diálise Peritoneal Intermitente como uma variação

da diálise peritoneal que, mesmo não sendo tão eficiente quanto à hemodiálise na remoção de

soluto e líquido, permite uma alteração mais gradual no estado de volume hídrico do paciente

e na retirada dos produtos de degradação, se tornando o tratamento de escolha para pacientes

com instabilidade hemodinâmica.

Ela consiste em um banho por infusão direta, na cavidade peritoneal, de uma solução

dialisadora durante 10 a 15 minutos. A solução deverá permanecer no peritôneo por 30

minutos, sendo em seguida drenada por gravidade (ARONE e PHILIPPI, 2005). Ainda

segundo Arone e Philippi (2005), o volume introduzido a cada banho varia em torno de 2.000

ml para adultos, e o tempo de duração é de 24 horas, realizando-se ao final do dia 24 banhos,

ou seja, 1 hora para cada banho de dialisado, e essas sessões devem ser realizadas de duas a

três vezes por semana em ambiente hospitalar.

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5.4 TRANSPLANTE RENAL (TX)

Cesarino e Casagrande (1998), citando Romão Junior (1995), referem que o melhor

tratamento para a IRC é sem dúvida o transplante renal, que só não poderá ser realizado em

casos de neoplasia, infecções sistêmicas em atividade, incompatibilidade sanguínea ABO e

presença de anticorpos citotóxicos pré-formados contra o doador.

Segundo Smeltzer e Bare (2002), o transplante envolve a remoção de um rim de um

doador vivo ou de cadáver humano para um receptor que possui DRET (Doença Renal em

Estágio Terminal). Ainda segundo os autores Smeltzer e Bare (2002, p. 1108), “o rim

transplantado é colocado na fossa ilíaca do paciente, anterior à crista ilíaca. O ureter do rim

recentemente transplantado é transplantado para dentro da bexiga ou anastomosado ao ureter

do receptor.”

5.5 HEMODIÁLISE (HD)

A hemodiálise é um tratamento onde a circulação do paciente é extracorpórea,

realizada entre duas membranas de celulose que agem como membrana semipermeável

(FERMI, 2003).

Kusumota et al (2004), quando descritos por Resende et al (2007), dizem que a

hemodiálise consiste na diálise promovida por uma máquina que filtra o sangue fora do

organismo, é realizada em média três vezes por semana, num período de três a cinco horas por

sessão, dependendo das necessidades individuais.

Smeltzer e Bare (2002) afirmam que a terapia hemodialítica evita a morte dos

pacientes com insuficiência renal crônica, embora ela não cure a doença renal e não compense

as perdas das atividades endócrinas e metabólicas dos rins. Guyton e Hall (2006) completam

dizendo que, como a hemodiálise não consegue manter a composição inteiramente normal do

líquido corpóreo e não pode substituir todas as múltiplas funções realizadas pelos rins, a

saúde dos pacientes mantidos nesse tratamento em geral permanece de modo significativo,

comprometida.

O tratamento é utilizado para pacientes que estão agudamente doentes e que

necessitam de diálise por curto prazo (dias a semanas), bem como para pacientes com Doença

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Renal Crônica (DRC) que necessitam de terapia em longo prazo ou permanente (SMELTZER

e BARE, 2006).

Machado e Car (2003) enfatizam que para as pessoas com insuficiência renal crônica,

o tratamento hemodialítico é inevitável e o transplante é casual.

Entre as dificuldades encontradas pelo paciente renal crônico durante o tratamento são

citadas: alterações no peso e apetite; boca seca; constipação e distúrbios do sono. O paladar

torna-se desagradável, devido a restrições do sódio e potássio. Além das complicações

clínicas, o paciente necessita de ingesta hídrica restrita e estilo de vida regrado (BARBOSA et

al, 1999).

Sendo assim, Martins e Cesarino (2005) finalizam afirmando que o tratamento

hemodialítico é responsável por um cotidiano monótono e restrito, e as atividades desses

indivíduos são limitadas após o início do mesmo, favorecendo o sedentarismo e a deficiência

funcional, fatores que se refletem na vida diária do paciente.

5.5.1 Princípios fundamentais da hemodiálise

A terapia hemodialítica tem o objetivo de extrair as substâncias nitrogenadas tóxicas

do sangue e remover o excesso de água. O sangue, cheio de toxinas e resíduos nitrogenados, é

desviado do paciente para uma máquina, o dialisador, onde é limpo e, em seguida, devolvido

ao paciente (SMELTZER e BARE, 2002).

O dialisador ou rim artificial funciona como uma membrana semipermeável sintética,

realizando a função de filtro dos glomérulos renais e túbulos para os rins comprometidos

(SMELTZER e BARE, 2002).

A membrana semipermeável encontra-se imersa em uma solução eletrolítica que

possui concentração semelhante ao plasma de um indivíduo com função renal normal

(FERMI, 2003).

Para se realizar a hemodiálise são necessários os seguintes itens: dialisador capilar,

água tratada, solução de hemodiálise, rim artificial e via de acesso (FERMI, 2003).

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5.5.2 Mecanismos de transporte de soluto

Segundo Daugirdas et al (2003), solutos que são capazes de passar pelos poros da

membrana são transportados por dois mecanismos diferentes: difusão e ultrafiltração.

5.5.2.1 Difusão

A difusão baseia-se na movimentação aleatória de solutos. À medida que uma

molécula se move, ela vai colidir, de tempos em tempos, com a membrana. Se essa molécula

da solução A encontrar um poro por onde consiga passar, esta atravessará para a solução B.

Esse mecanismo também ocorre com a solução B em direção à solução A (DAUGIRDAS et

al, 2003).

Alguns fatores influenciam a difusão: gradiente de concentração, peso molecular e

resistência da membrana.

Segundo Fermi (2003), o gradiente de concentração baseia-se na diferença de

concentração entre duas soluções. Quanto maior for essa diferença, maior a possibilidade de

transferência de uma molécula, e esse movimento de soluto sempre ocorre da solução mais

concentrada para a menos concentrada.

“Quanto maior o peso molecular de um soluto, mais lenta será sua velocidade de

transporte através da membrana semipermeável.” (DAUGIRDAS et al, 2003, p. 16). Essa

razão é relativa à velocidade e ao tamanho, pois moléculas menores movimentam-se mais

rápido e moléculas maiores movimentam-se mais lentamente (FERMI, 2003).

Moléculas grandes, mesmo aquelas que podem passar através dos poros, difundirão

mais lentamente porque estarão movimentando-se em uma velocidade menor, logo, estarão

colidindo menos frequentemente com a membrana (DAUGIRDAS et al, 2003).

Fermi (2003, p. 40) afirma que “se a membrana for espessa, com pouco número de

poros, ou se os poros forem estreitos, haverá dificuldade no transporte de uma determinada

molécula.”

Outro fator que influencia é a camada de líquido imóvel de cada lado da membrana,

que inibe a difusão porque atua reduzindo o gradiente de concentração “efetivo” na superfície

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da membrana. E a espessura de cada camada imóvel é afetada pela solução de diálise, fluxo

sanguíneo e pelo desenho do dialisador (DAUGIRDAS et al, 2003).

5.5.2.2 Ultrafiltração

Para Fermi (2003, p. 41), “a ultrafiltração ocorre quando a água é empurrada através

da membrana por uma força hidrostática ou osmótica.”

Daugirdas et al (2003) afirmam que os solutos que conseguem passar facilmente

através dos poros são movidos juntos com a água, caracterizando o processo conhecido como

arrasto de solvente. Já para os solutos maiores, a membrana atuará como uma peneira.

Fermi (2003) destaca que a ultrafiltração hidrostática baseia-se em duas variáveis: a

pressão transmembrana e o coeficiente de ultrafiltração (Kuf).

Fermi (2003, p. 42) demonstra que “durante a hemodiálise, a água e os solutos

pequenos se movem do sangue do dialisador capilar para o dialisado (solução de diálise)

como resultado de um gradiente de pressão hidrostática entre os dois compartimentos.” A

solução de diálise passa pelo capilar exercendo uma pressão, como se estivesse aspirando as

pequenas moléculas. Essa pressão exercida pelo dialisado sobre o sangue é chamada de

pressão transmembrana (FERMI, 2003).

O coeficiente de ultrafiltração é definido como “número de mililitros de líquido por

hora que pode ser transferido através da membrana por mmHg de gradiente de pressão

transmembrana.” (DAUGIRDAS et al, 2003 p. 17).

Segundo Fermi (2003) e Daugirdas et al (2003), a permeabilidade das membranas dos

dialisadores à água pode variar consideravelmente em função da espessura da membrana e do

tamanho dos poros.

Fermi (2003) relata que a ultrafiltração osmótica baseia-se no equilíbrio na

concentração total de solutos entre duas soluções diferentes. Exemplifica que quando se tem

duas soluções, separadas por uma membrana semipermeável, com número diferente de soluto,

a água irá se mover da solução menos concentrada para a mais concentrada. E esse

movimento de água resulta na equalização da concentração total de solutos dos dois lados da

membrana.

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5.5.3 Acesso vascular para hemodiálise

Besarab e Raja (2003), quando citados por Daugirdas et al (2003), e Fermi (2003)

afirmam que o acesso vascular nos pacientes com insuficiência renal crônica pode ser

temporário ou permanente.

O acesso venoso temporário pode ser usado para uma diálise única, utilizado por

poucas horas, ou por meses, onde é utilizado enquanto se aguarda uma fístula arteriovenosa

ficar madura. Esse acesso é estabelecido pela inserção percutânea em uma veia calibrosa,

podendo-se utilizar a jugular interna, femoral, ou, menos desejável, a subclávia (BESARAB e

RAJA, 2003; citados por DAUGIRDAS et al, 2003).

Em relação ao acesso permanente, Besarab e Raja (2003), citados por Daugirdas et al

(2003), dizem que um acesso permanente ideal provê o fluxo adequado para a prescrição de

diálise, dura um longo período, e tem um baixo índice de complicações.

5.5.3.1 Cateteres de duplo lúmen (subclávia, jugular interna e femoral)

Fermi (2003) enfatiza que o cateter de duplo lúmen (CDL), também conhecido como

cânula venosa percutânea, é a via de acesso temporária de maior escolha para a hemodiálise.

Segundo Smeltzer e Bare (2002, p. 1065), “o acesso imediato à circulação do paciente

para a hemodiálise aguda é conseguido ao se inserir um cateter de luz dupla ou de múltiplas

luzes na veia subclávia, jugular interna ou femoral.”

Ainda referindo aos autores Smeltzer e Bare (2002), esses cateteres são removidos

quando não existir mais a necessidade de sua utilização, seja porque a condição do paciente

melhorou ou porque outro tipo de acesso foi estabelecido.

O cateter é implantado sob efeito de anestesia local, com técnica asséptica por uma

equipe capacitada na própria unidade de diálise e é fixado por meio de fios cirúrgicos de

mononylon (FERMI, 2003).

O CDL é utilizado principalmente para pacientes com insuficiência renal aguda (IRA),

pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) sem acesso venoso permanente disponível,

pacientes que necessitam de hemodiálise de urgência, e pacientes com IRC que perderam a

via de acesso definitiva (FERMI, 2003).

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Antes de cada diálise deve ser realizado curativo com povidine degermante,

clorexidine ou outra solução antisséptica. O curativo deve permanecer fechado durante e após

o término da sessão de hemodiálise (FERMI, 2003). Ainda segundo Fermi (2003) as duas vias

do cateter devem ser lavadas com soro fisiológico após o término da hemodiálise para

remover qualquer coágulo que possa ter se formado.

Fermi (2003) relata que deve administrar heparina pura em cada via do cateter após o

seu uso. Antes de uma nova utilização, deve-se aspirar a heparina das vias do cateter, evitando

assim que o paciente receba uma dosagem grande da substância durante o processo.

As principais complicações são: pneumotórax, hemotórax, lesão de nervos,

hemorragia e arritmias. É indicada a remoção do cateter e um novo pode ser inserido, no lado

oposto do pré-existente, após 24 a 48 horas, quando se notar sinais de infecção, ou seja,

presença de secreção purulenta no local da inserção, febre acima dos 38º C, e/ou quadros de

bacteremia (calafrios) durante a hemodiálise ou no período interdialítico (FERMI, 2003).

5.5.3.2 Permcath

É de uso exclusivo para pacientes com IRC, especialmente para os com problemas

vasculares e com distúrbios de coagulação (FERMI, 2003).

“O cateter permcath é implantado cirurgicamente em veias de grande calibre como a

veia jugular interna ou a veia subclávia.” (FERMI, 2003 p. 48).

5.5.3.3 Fístula arteriovenosa

Analisando Smeltzer e Bare (2002) e Fermi (2003), verifica-se que a fístula é um

acesso permanente, criado por meios cirúrgicos, que consiste em uma anastomose subcutânea

de uma artéria com uma veia, tanto látero-lateral quanto término-lateral. É um tipo de acesso

indicado somente para pacientes com IRC.

“A fístula leva de 4 a 6 semanas para amadurecer, antes de estar pronta para uso. Isso

proporciona tempo para a cicatrização e para que segmento venoso da fístula se dilate para

acomodar duas agulhas de grosso calibre.” (SMELTZER e BARE, 2002 p. 1065)

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Para Smeltzer e Bare (2002) e Fermi (2003), a fístula é geralmente confeccionada no

braço não-dominante, de modo a não limitar as atividades, e o paciente é encorajado a realizar

exercícios de apertar uma bola de borracha para aumentar o tamanho dos vasos.

Os pacientes que provavelmente serão incluídos em programas de hemodiálise

devem ser instruídos quanto aos cuidados para preservar o membro em que será

instalada a FAV, evitando punções vasculares para exames de sangue ou

administração de medicamentos injetáveis (SMELTZER e BARE, 2002 p. 1065).

As complicações segundo Fermi (2003) são: fluxo baixo causado principalmente por

obstrução parcial do ramo venoso; trombose ocasionado por baixo fluxo, desidratação,

hipotensão severa ou hipercoagulabilidade; isquemia da mão gerado pelo efeito sequestro

devido ao desvio da circulação; infecções de origem estafilocócica; sinais de inflamação no

local; aneurisma ou pseudo-aneurisma causado por extravasamento de sangue após a remoção

das agulhas.

5.5.3.4 Enxerto ou próteses

Quando os vasos do paciente são inadequados para a anastomose, um enxerto

arteriovenoso pode ser criado pela interposição subcutânea de uma prótese biológica,

semibiológica ou sintética entre uma artéria e uma veia, permitindo a criação de um acesso

eficaz para a hemodiálise. Esses enxertos normalmente são implantados no braço e no

antebraço ou na parte superior da coxa (SMELTZER e BARE, 2002; Fermi, 2003).

Smeltzer e Bare (2002) e Fermi (2003) relatam que a infecção e a trombose,

ocasionadas pelo baixo fluxo, são as principais complicações encontradas.

5.5.4 Complicações da hemodiálise

“As complicações que ocorrem durante a sessão de hemodiálise podem ser eventuais,

mas algumas são extremamente graves e fatais.” (FERMI, 2003, p.89).

Dentre as complicações, a hipotensão arterial é citada por Smeltzer e Bare (2006)

como sendo uma das mais comuns, ocasionada pela rápida drenagem dos líquidos corporais

durante a hemodiálise.

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As cãibras musculares ocorrem em até 20% dos tratamentos de hemodiálise. A

patogênese está provavelmente relacionada à ultrafiltração rápida, hiponatremia, hipocalemia

e hipotensão. Pacientes urêmicos, porém ainda sem tratamento dialítico, não apresentam

cãibras com freqüência. A administração de sulfato de quinino e o ganho de pouco peso entre

as sessões de diálise ajudam a prevenir as cãibras (VIEIRA et al, 2005).

A cefaléia é o sintoma mais comum em pacientes em regime de hemodiálise, sendo a

gênese da cefaléia retratada por Antoniazzi et al (2002) como sendo a hipertensão arterial

(38%), seguido por nenhum fator identificado (26%), hipotensão arterial (12%) e alterações

no peso corporal (6%).

A dor torácica é retratada por Kovelis et al (2008), que descrevem que o sistema

respiratório é especificamente afetado tanto pela doença como pelo tratamento. Além da

redução da função pulmonar e da força muscular respiratória, pacientes com DRC submetidos

à hemodiálise apresentam variações de peso, devido à sobrecarga de líquido corporal no

período interdialítico. Os autores ainda explicam que essa sobrecarga, em associação com um

possível aumento da permeabilidade capilar pulmonar, pode resultar em edema pulmonar e

efusão pleural, alterações essas que poderiam explicar redução da função pulmonar.

Em relação à artralgia, Vieira et al (2005) retratam que este é um sintoma comum

entre pacientes submetidos à diálise. Mais de 70% das pessoas que fazem hemodiálise relatam

sintomas articulares, e a prevalência dos sintomas aumenta com a duração do tratamento,

sendo o joelho a articulação mais envolvida.

A fraqueza muscular generalizada associada à diálise afeta predominantemente os

membros inferiores e a musculatura proximal. A etiologia costuma ser multifatorial, mas as

principais causas são a deficiência de vitamina D e a inatividade física (VIEIRA et al, 2005).

Outras complicações da hemodiálise são: febres e calafrios, síndrome do desequilíbrio,

embolia gasosa, hemólise, arritmias, síndrome do primeiro uso, alterações eletrolíticas,

hemorragia intracraniana, convulsões, vômitos e morte súbita (SMELTZER e BARE, 2006).

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6 RELEVÂNCIA DO CONHECIMENTO NO PROCESSO SAÚDE - DOENÇA

Bezerra (2003) afirma que a conscientização da população a respeito da relação

atendimento-qualidade, como consumidor dos serviços de saúde, e a consciência dos

profissionais desses serviços de que a qualidade obtém-se pelo conhecimento, assegura a

necessidade da educação permanente como pilar para o desenvolvimento do tratamento.

O paciente renal crônico sofre mudanças nos hábitos alimentares, sendo necessária a

adoção de uma dieta com diminuição de ingesta de proteínas, sódio e potássio. Gualda (1998),

quando citado por Gullo et al (2000), retrata que as restrições impostas pela doença renal

crônica ou pelo tratamento são sempre rigorosas e o grau de assimilação e de adesão ao

tratamento é sempre diversificado, dependendo do valor que o indivíduo atribui a si próprio e

à sua vida, do modo como as pessoas que fazem parte de sua rede familiar e social encaram

essa condição e o apoio que oferecem nessa trajetória.

Meireles et al (2004) ressaltam que esses pacientes quando conhecem mais sobre a

sua patologia e o seu tratamento se tornam mais equilibrados e aderem melhor ao tratamento.

A adesão ao tratamento da doença crônica significa aceitar a terapêutica proposta e

segui-la adequadamente. Vários fatores influenciam a adesão, tais como a característica da

terapia, as peculiaridades do paciente, aspectos do relacionamento com a equipe

multidisciplinar, variáveis socioeconômicas, entre outras (RAPLEY, 1997; citado por

KURITA e PIMENTA, 2003).

Gorrie (1992), quando citado por Cesarino e Casagrande (1998), relata que a educação

do paciente renal é um compromisso do enfermeiro, e este deve ter orgulho disso. Consoante

a essa afirmativa, Phillips et al (1983) relatam que é essencial a ação educativa com paciente

renal crônico, para descobrir maneiras de viver dentro dos seus limites, de forma que não seja

contrária ao seu estilo de vida e que consiga conviver com a doença e com o tratamento

hemodialítico.

Para que os pacientes assumam os cuidados e controle do esquema terapêutico, é

necessário identificar as suas necessidades, auxiliá-los a se sentirem responsáveis e capazes de

cuidarem de si mesmos (CESARINO e CASAGRANDE, 1998).

Dentre os fatores que podem afetar a qualidade de vida e a adesão ao tratamento Pierin

et al (2001) citam o grau de conhecimento dos pacientes sobre sua patologia. Assim, Teixeira

e Lefèvre (2001) enfatizam que verificar o grau de conhecimento dos pacientes sobre sua

doença pode proporcionar medidas efetivas para melhorar o benefício da terapêutica.

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Cesarino e Casagrande (1998) e Anger (1975) descrevem que os pacientes que

realizam o tratamento hemodialítico apresentam, sobre ele, muitas fantasias, ou mesmo falta

de conhecimento. Relatam as fantasias dos pacientes renais crônicos relacionadas à máquina e

à imagem do corpo, como se fossem "homens semi-artificiais". Tais pacientes, que ficam uma

parte da semana em suas casas, e a outra na unidade de hemodiálise, necessitam de

profissionais com habilidades, com conhecimento e capazes de um bom relacionamento para

auxiliá-los.

Para Mendes e Shiratori (2002), a dependência da máquina provoca muitas alterações

psicológicas. Os indivíduos passam a ter uma nova percepção de sua situação, pois sentem

que perdem o controle de seus corpos e seus destinos.

Há necessidade de uma abordagem multidisciplinar, na qual a vivência de cada

paciente, seus valores, crenças e práticas culturais sejam reconhecidas e abordadas (MAAN et

al, 2003; SANTOS et al, 2008).

O paciente deve ser visto como alguém que está em uma fase de intensas adaptações

em sua vida, pois, tanto as alterações fisiológicas quanto as psicológicas causam muita revolta

e ansiedade.

Consoante a isto, Meireles et al (2004) afirmam que o pouco conhecimento leva à não-

adesão ao tratamento, que está relacionada com a negação da doença como mecanismo de

defesa, disfarçando, assim, suas angústias, tristezas e medos. Meireles et al (2004) ainda

enfatizam ser necessário realizar educação em saúde com esses pacientes para que eles

tenham maior conhecimento a respeito de sua patologia e de seu tratamento, e assim adquiram

segurança e maiores subsídios para seu autocuidado.

Muitas são as dúvidas dos pacientes submetidos à hemodiálise. Cesarino e Casagrande

(1998) relatam que os principais questionamentos giram em torno da função renal, das causas

da doença, do mecanismo do tratamento e do transplante renal.

Pace et al (2006) descrevem a educação terapêutica sendo fundamental para informar,

motivar e fortalecer a pessoa e a família, para conviver com a condição crônica, onde a cada

atendimento, deve ser reforçada a percepção de risco à saúde, e ao desenvolvimento de

habilidades e a motivação para superar esse risco.

Queiroz et al (2008) retratam que a atenção à saúde, que fornece informação oportuna,

apoio e monitoramento, melhorará a adesão, o que reduzirá o ônus das condições crônicas e

proporcionará melhor qualidade de vida. Para isso, é indispensável que os educadores em

saúde conheçam a realidade, a visão de mundo e as expectativas de cada sujeito, para que

possam priorizar as necessidades dos clientes e não apenas as exigências terapêuticas.

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7 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES

RENAIS CRÔNICOS

O indivíduo com insuficiência renal crônica (IRC), em tratamento hemodialítico,

sofre várias mudanças em seu cotidiano. Em algumas situações, esse paciente desconhece a

existência da doença até o seu quadro clínico apresentar-se bastante grave. Lima e Gualda

(2000) afirmam que além dos problemas clínicos, eles podem ser acometidos de problemas

psicológicos, devido às limitações impostas pelo tratamento.

O paciente, muitas vezes, é obrigado a abandonar o emprego, e assim, deixa de ser o

responsável pelo sustento da família, reduzindo também suas atividades sociais. Daugirdas

(1996) afirma que pacientes em diálise levam uma vida altamente anormal. Dependente de

uma máquina, de uma equipe, além da exposição a outros fatores estressantes. Daugirdas

(1996) ainda ressalta que a depressão é um distúrbio muito freqüente, que pode ocorrer em

resposta a uma perda real e ameaçadora, manifestando-se por meio de humor depressivo,

desesperança e auto-imagem ruim.

Segundo Smeltzer e Bare (2002), muitas vezes os amigos tendem a se afastar, devido à

pequena expectativa de vida.

Sentimentos perturbadores podem ser despertados pelas enfermidades crônicas e pelas

exigências que impõe o tratamento. Reações emocionais como a ansiedade, raiva e depressão

são comumente sentidas também pelos familiares. A maneira como elas são sentidas e

expressas dependerá da personalidade do indivíduo (SMELTZER e BARE, 2002).

Lima e Gualda (2000) descrevem que os pacientes nefropatas em início de

tratamento hemodialítico geralmente sentem-se esperançosos; entretanto, depois de algum

tempo, apresentam sentimentos conflitantes e ambíguos, pois começam a sentir-se

amedrontados pela morte. Lima e Gualda (2000) ainda afirmam que esses pacientes

freqüentemente utilizam-se de mecanismos de defesa, como a negação, refutando sua

dependência da máquina de hemodiálise. Não cuidam da fístula, não seguem a dieta,

conseqüentemente ficam desnutridos e perdem parte da auto-estima.

Expressões de raiva também são reações comuns à doença, como maneira de enfrentar

a ansiedade e geralmente em resposta a uma ameaça, insulto ou lesões como punções e

procedimentos dolorosos. O fato de o paciente ter limitadas suas atividades e ter um

prognóstico incerto pode levá-lo a certas crises de raiva (DAUGIRDAS, 1996).

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Smeltzer e Bare (2002) citam que o indivíduo com raiva, por causa de uma

enfermidade, pode reagir de várias maneiras: argumentar sempre, ser sarcástico ou mal-

agradecido, não ter vontade de cooperar. Tais expressões objetivam aliviar os sentimentos de

desânimo e dependência. A raiva desse paciente pode desaparecer quando alguém o ajuda a

identificar o que está sendo frustrante ou ameaçador e a tomar atitudes que minimizem as

ameaças.

A ansiedade do paciente é freqüente, pois a doença é percebida como ameaça à vida e

à integridade corporal e como interrupção do meio de sobrevivência, prejudicando a sua

identidade de autoridade - muitas vezes necessária ao bem estar - e trazendo incerteza acerca

do seu futuro (BARBOSA et al, 1999).

Lima (1989) refere que os pacientes renais crônicos acabam se tornando desanimados,

desesperados e, muitas vezes, por estas razões ou por falta de orientação, acabam

abandonando o tratamento ou não dando importância aos cuidados constantes que deveriam

ter.

Para Barbosa (1993), o doente renal crônico vivencia uma brusca mudança no seu

viver, convive com limitações, com o tratamento doloroso que é a hemodiálise, com um

pensar na morte, mas convive também com a possibilidade de submeter-se ao transplante

renal e a expectativa de melhorar a sua qualidade de vida.

Segundo Silva (1996) a tarefa do profissional da saúde é decodificar, decifrar e

perceber o significado da mensagem que o paciente envia para, só então, estabelecer um plano

de cuidados adequado e coerente com as suas percepções e necessidades. Ressalta, ainda, que

o enfermeiro, por interagir diretamente com o paciente, precisa estar mais atento ao uso

adequado das técnicas de comunicação interpessoal.

A atuação do enfermeiro na unidade de hemodiálise é extremamente importante, e

deve ser baseada no cuidado direto e na transmissão de conhecimentos, com o intuito de

promover a saúde do paciente comprometido e prevenir as complicações da doença.

Pietrovski e Dall’Agnol (2006) dizem que é necessário ampliar o leque de atenção e

extrapolar a fronteira da sofisticação tecnológica e do aparato instrumental que, mesmo sendo

importantes e indispensáveis no tratamento hemodialítico, são insuficientes para suprir as

necessidades de um ser humano que está sendo cuidado.

Machado e Scramin (2002) chamam a atenção para a falta comum de habilidade dos

profissionais de enfermagem em lidar com necessidades especiais do cliente, observando que

deve ser incentivado naqueles um comportamento crítico, reflexivo e participativo quanto ao

desempenho das ações de cuidar. Stefanelli (1992) ainda completa dizendo que os

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enfermeiros, enquanto profissionais da área de saúde preocupados com o ser humano,

precisam desenvolver meios, instrumentos, técnicas, habilidades, capacidade e competências

para oferecer ao mesmo a oportunidade de uma existência mais digna, mais compreensiva e

menos solitária no momento da doença.

Stefanelli (1992) ainda afirma que é por meio da comunicação estabelecida com o

paciente que podemos compreendê-lo em seu todo, isto é, seu modo de pensar, sentir e agir e

ajudá-lo a reequilibrar-se mais rapidamente.

O enfermeiro deve conquistar a empatia do paciente, tentando assim compreendê-lo

melhor para proporcionar-lhe um retorno (feedback) positivo. Os enfermeiros precisam

tranqüilizar os pacientes que se sintam desamparados e inúteis e comunicar-lhes que serão

cuidados até que possam cuidar de si mesmos. Assim, o enfermeiro reconhece a dependência

do paciente, mas ao mesmo tempo o apóia e o encoraja a tornar-se independente (Meireles et

al, 2004).

Os profissionais de saúde devem direcionar a atenção para a pessoa doente, e não

somente para a doença.

Esses profissionais que valorizam o ser humano precisam empenhar-se em

compreender as respostas das pessoas, nas diferentes situações vivenciadas durante o seu

ciclo de vida, respeitando a individualidade de cada um, principalmente no momento da

doença (MEIRELES et al, 2004).

Desse modo, entendemos que as equipes multidisciplinares que acompanham os

pacientes em tratamento hemodialítico devem ter maior atenção com pacientes de mais idade,

e de menor nível educacional, para que eles possam vir a conhecer e entender sua doença,

visando uma melhora na sua qualidade de tratamento e de vida.

Filho (2008) afirma que a Enfermagem deve orientar os pacientes na organização e

estruturação de rotinas que possam favorecer melhorias na sua qualidade de vida,

encorajando-os, juntamente com seus familiares, à superação e prevenção de complicações

futuras.

Neste sentido, mais uma vez é confirmado que o conhecimento adquirido através da

educação em saúde é relevante para o êxito do tratamento, além de prevenir suas

complicações (CUSPIDI et al, 2001; PACE et al., 2003).

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8 METODOLOGIA

8.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e analítica com abordagem

fundamentada em revisões bibliográficas.

8.2 ESCOLHA DO TEMA

A primeira etapa foi a escolha do tema e a formulação clara do problema. Essa escolha

foi dada pela relevância em abordar e investigar a influência do conhecimento do paciente

renal crônico sobre sua patologia e o tratamento de hemodiálise, e também por enfatizar a

importância do profissional enfermeiro nessa educação.

8.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Utilizamos como critério de inclusão artigos que abordam a nefrologia, principalmente

aqueles onde os autores relacionavam a doença renal com o conhecimento adquirido pelo

paciente e a importância desse saber no tratamento.

8.4 LOCALIZAÇÃO DO ESTUDO

Para realização desta revisão bibliográfica, foram utilizados como fonte de pesquisa

dados encontrados em livros da biblioteca da UNIVALE, artigos científicos disponíveis na

biblioteca virtual SCIELO, artigos de periódicos e jornais.

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8.5 TRATAMENTOS DOS DADOS

A coleta de dados deu-se através da leitura e análise do material selecionado sobre o

tema proposto, e o papel do profissional enfermeiro na prevenção e promoção da saúde dos

pacientes nefropatas, buscando a correspondência ao interesse da pesquisa, possibilitando

assim, compreensão, verificação e análise dos dados coletados.

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9 CONCLUSÃO

Esta revisão literária leva-nos a concluir que, a doença renal crônica é considerada um

grande problema de saúde pública porque causa elevadas taxas de morbidade e mortalidade e,

além disso, tem impacto negativo sobre a qualidade de vida relacionada à saúde dos pacientes.

Percebemos e refletimos, após análises das literaturas, que os portadores de

Insuficiência Renal Crônica precisam de atenção, não devendo ser percebidos apenas como

indivíduos que não tenham qualidade de vida, pois a mesma pode ser alcançada. Devido à

grande complexidade da doença, muitas são as dúvidas sobre as suas causas, e de todos os

seus sintomas, os quais podem surgir antes e durante ou após o tratamento de hemodiálise.

Identificamos nas literaturas a relevância do conhecimento do paciente sobre a sua doença e o

seu tratamento. Assim, enfatizamos que esse saber é fundamental para a aceitação da doença,

e sua melhor adesão, e com isso melhorar a qualidade de vida para esses pacientes.

Identificamos também que o enfermeiro tem papel fundamental na educação destas

pessoas, pois ensina, estimula e responde às dúvidas, com o intuito de promover a saúde e

prevenir as complicações desta doença.

As atividades de educação em saúde destinadas às pessoas com problemas renais não

devem ser estáticas, pois a simples transmissão da informação não assegura mudanças

significativas que levem à melhoria da saúde. É preciso buscar outras maneiras de transmitir

esse conhecimento, diferente do método tradicional, uma maneira onde os pacientes aprendam

e participem de novas práticas, para que possam adaptar-se de maneira positiva ao seu novo

estilo de vida. É necessária ainda, uma reflexão crítica da equipe de saúde e dos pacientes

para, juntos, buscarem meios que possam modificar esta realidade.

É necessário, finalmente, que se investigue e aprofunde novos dados sobre qualidade

de vidas dos pacientes renais crônicos, dando o apoio individual e familiar, objetivando

melhores resultados no tratamento para uma qualidade de vida mais digna.

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