universidade tuiuti do paranÁ faculdade de ciências...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Medicina Veterinária
Johweyne Barcick Martins
CONDICIONAMENTO OPERANTE EM TRATAMENTO DE LESÕES PODAIS EM
ELEFANTE-ASIÁTICO (Elephas maximus) E CONSERVAÇÃO E SARNA
KNEMIDOCÓPTICA EM CARDEAL-AMARELO (Gubernatrix cristata)
CURITIBA
2018
Johweyne Barcick Martins
CONDICIONAMENTO OPERANTE EM TRATAMENTO DE LESÕES PODAIS EM
ELEFANTE-ASIÁTICO (Elephas maximus) E CONSERVAÇÃO E SARNA
KNEMIDOCÓPTICA EM CARDEAL-AMARELO (Gubernatrix cristata)
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas
e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial para obtenção do título de Médico
Veterinário.
Professor Orientador: Prof. Lucyenne Giselle Popp Brasil
Queiroz.
Orientador Profissional: Dr. Rafael Pagani.
CURITIBA
2018
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitora de Promoção Humana
Prof. Ana Margarida de Leão Taborda
Pró-Reitora Administrativa
Sra. Camille Rangel
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. João Henrique Faryniuk
Pró-Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Secretário Geral
Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz
Coordenador do Curso de Medicina Veterinária
Prof. Welington Hartmann
Supervisora de Estágio Curricular
Prof. Jesséa de Fátima França Biz
Campus Barigui
Rua Sydnei A Rangel Santos, 238
CEP: 82010-330 – Curitiba – PR
Fone: (41) 3331-7958
TERMO DE APROVAÇÃO
Johweyne Barcick Martins
CONDICIONAMENTO OPERANTE EM TRATAMENTO DE LESÕES PODAIS EM
ELEFANTE-ASIÁTICO (Elephas maximus) E CONSERVAÇÃO E SARNA
KNEMIDOCÓPTICA EM CARDEAL-AMARELO (Gubernatrix cristata)
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de
Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 29 de Junho de 2018.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Lucyenne Giselle Popp Brasil Queiroz
Presidente
Prof. Celso Grigolleti
Prof. Vinicius Ferreira Caron
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecer aos meus pais, Ivani Barcick Martins e Orimar Moroz
Martins por todo apoio, incentivo, paciência e sacrifício pois sem vocês a realização desse
sonho não seria possível.
Aos meus avós Ozias Ribeiro Martins e Zenia Moroz Martins que sempre
torceram e oraram por mim e me ajudaram na conclusão desta trajetória.
À minha irmã Josiane Barcick Martins que sempre me tranquilizou em momentos
de desespero acadêmico.
Aos chefes-amigos, pelas oportunidades de estágio, as quais me concederam
crescimento profissional e pessoal.
Agradeço aos amigos e colegas que conheci nos estágios e na faculdade, por tanto
que me ensinaram e pelo companheirismo.
Aos animais, responsáveis pela minha decisão profissional. Aos que fizeram parte
da minha trajetória acadêmica e os meus, Frederico, Tonico e aos que infelizmente partiram.
À equipe do Zoo Pomerode, pelas amizades que fiz e pela oportunidade de
conhecer e participar do trabalho em zoológico e em especial ao Dr. Rafael Pagani e Drª
Renata Ardanaz, por todo ensinamento, experiência e confiança que a mim foi concedido.
Agradeço a minha orientadora Lucyenne Giselle Popp Brasil Queiroz, que sempre
transmitiu tanta paixão pela área de animais silvestres, sendo minha grande incentivadora que
com paciência, vivencia e humor me orientou neste trabalho.
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Medicina
Veterinária pela Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Tuiuti do Paraná,
como requisito parcial para obtenção do título de médico veterinário, é composto pelo
relatório de estágio, onde é descrito as atividades realizadas no zoológico Zoo Pomerode -
Instituição Hermann Weege, Pomerode - SC, durante o período do dia 1 de março a 30 de
abril de 2018. Há também dois relatos de casos que discorre sobre o condicionamento
operante para tratamentos podais em Elefante-asiático (Elephas maximus), conservação e
tratamento de sarna knemidocóptica em Cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) e revisão de
literatura sobre os mesmos.
RESUMO
O presente trabalho aborda o relatório de estágio obrigatório na área de clínica de
animais silvestres, realizado no zoológico Zoo Pomerode - Instituição Hermann Weege. Nele
são abordadas a estrutura, rotina, áreas de atuação dentro de um zoológico, procedimentos e
consultas acompanhados. Após o relatório, é relatado dois casos: um sobre conservação e
tratamento de sarna em Cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) e outro sobre o uso do
condicionamento operante em afecções podais em Elefante-asiático (Elephas maximus). Os
temas tem como objetivo salientar o papel e as atividades do médico veterinário de zoológico.
Os cardeais-amarelos encontram-se em ameaça de extinção por conta do comércio ilegal e
esta ação acarreta a doenças, como a sarna knemidocóptica, implementando assim programas
de conservação da espécie entre órgãos ambientais e zoológicos. Através do condicionamento
operante é possível prevenir ou tratar doenças podais que são frequentes em elefantes-
asiáticos cativos.
Palavras-chave: animais silvestres; knemidokoptes; treinamento.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
CETAS - Centros de Triagem de Animais Selvagens
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
mL - Mililitro
PO - Via oral
IV - Via intravenosa
SC - Via subcutânea
IM - Via intramuscular
K - knemidokoptes
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fachada do Zoo Pomerode. Pomerode (SC) / Março-Abril / 2018. ......................... 14
Figura 2: Vista frontal da clínica veterinária do Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ Março-
Abril/2018. ................................................................................................................................ 15
Figura 3: Internamento de mamíferos e répteis do Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ mar-
abr/2018. ................................................................................................................................... 16
Figura 4: Área clínica e cirurgica - Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/mar-abr/2018................. 16
Figura 5: Armário de estoque de materiais e medicamentos – Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/
mar-abr/2018. ........................................................................................................................... 17
Figura 6: Cozinha interna da clínica - Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ mar-abr/2018. .......... 17
Figura 7: Setor de nutrição do Zoo Pomerode - Vista frontal (A) e estoque de feno e cana-de-
açúcar (B). Pomerode (SC) / mar-abr/2018. ............................................................................. 18
Figura 8: Setor extra do Zoo Pomerode. Extra 1 (A), extra 2 (B). Pomerode (SC)/ mar-
abr/2018 .................................................................................................................................... 19
Figura 9: Setor de quarentena externa do Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ mar-abr/2018. ..... 19
Figura 10: Lesão em padrão "favo de mel" em pernas de um passeriforme. ........................... 29
Figura 11: Lesão em padrão "tassel foot" em canário. ............................................................. 30
Figura 12: Sarna knemidocóptica em cardeal amarelo (Gubernatrix cristata) no Zoo Pomerode
– lesões dos pés (A), lesão do bico (B). Pomerode (SC) / mar – abr/2018. ............................. 32
Figura 13: Lâminas de unha de elefante-africano. ................................................................... 37
Figura 14: Osteologia do pé direito frontal de elefante-asiático. ............................................. 37
Figura 15: Osteologia palmar do pé de elefante-africano evidenciando em sombreado os ossos
sesamóides. ............................................................................................................................... 38
Figura 16: Corte sagital de pé posterior de elefante-africano evidenciando a almofada digital.
.................................................................................................................................................. 38
Figura 17: Containers utilizados para treinamento e transporte. Vista frontal (A) e lateral (B).
Evidenciando as portinholas de acesso e suas respectivas designações. Zoo Pomerode –
Pomerode (SC). ........................................................................................................................ 42
Figura 18: Ferramentas utilizadas. Escova para higienização, pincél para aplicação de oléo
mineral e lima. .......................................................................................................................... 42
Figura 19: Condicionamento operante na Kenia. Reforço positivo ofertando recompensas (A)
e lavagem de mãos (B). Zoo Pomerode – Pomerode (SC)/març-abr/2018. ............................. 44
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Total de animais acompanhados no Zoo Pomerode divididos entre classes.
Pomerode (SC) - 01/03 a 30/04 de 2018. ................................................................................. 20
Tabela 2: Distribuição das áreas acompanhadas no Zoo Pomerode durante o estágio realizado
do dia 1 de março ao dia 30 de abril de 2018. .......................................................................... 21
Tabela 3: Enfermidades acompanhadas nas diferentes classes no Zoo Pomerode. Pomerode
(SC) - 01/03 a 30/04 de 2018. .................................................................................................. 22
Tabela 4: Procedimentos de medicina preventiva realizados no Zoo Pomerode. Pomerode
(SC) - 01/03 a 30/04 de 2018. .................................................................................................. 24
Tabela 5: Distribuição de manejos acompanhados por classe animal no Zoo Pomerode.
Pomerode (SC) - 01/03 a 30/04 de 2018. ................................................................................. 26
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Origem dos animais acompanhados no Zoo Pomerode. Pomerode (SC) - 01
de março ao dia 30 de abril de 2018. ............................................................................. 20
Gráfico 2: Casuísticas acompanhadas na clínica médica, distribuídas por ................... 21
Gráfico 3: Destino dos animais em tratamento clínico no Zoo Pomerode. Pomerode
(SC) -01/03 a 30/04 de 2018. ........................................................................................ 23
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................................... 14
2.2 Zoo Pomerode .................................................................................................................... 14
2.3 Estrutura física .................................................................................................................... 15
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................................................... 19
3.1 Descrição das atividades desenvolvidas ............................................................................. 20
3.1.1 Clínica médica ................................................................................................................. 21
3.1.2 Medicina preventiva ........................................................................................................ 23
3.1.3 Clínica cirúrgica .............................................................................................................. 25
3.1.4 Manejo animal ................................................................................................................. 25
4 REVISÃO DE LITERATURA - CONSERVAÇÃO E SARNA KNEMIDOCÓPTICA EM
CARDEAL-AMARELO (Gubernatrix cristata) ....................................................................... 26
4.1 Introdução ........................................................................................................................... 26
4.2 Programa de conservação e espécie.................................................................................... 27
4.3 Agente etiológico ................................................................................................................ 28
4.4 Patogenia ............................................................................................................................ 28
4.5 Diagnóstico ......................................................................................................................... 29
4.5.1 Raspado cutâneo .............................................................................................................. 29
4.6 Manifestações clínicas ........................................................................................................ 30
4.7 Transmissão ........................................................................................................................ 30
4.8 Tratamento .......................................................................................................................... 31
4.8.1 Doses ............................................................................................................................... 31
5 RELATO DE CASO ............................................................................................................. 31
6 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 33
7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 34
8 REVISÃO DE LITERATURA CONDICIONAMENTO OPERANTE EM TRATAMENTO
DE LESÕES PODAIS EM ELEFANTE-ASIÁTICO (Elephas maximus).............................. 35
8.1 Introdução ........................................................................................................................... 35
9 CONDICIONAMENTO OPERANTE .................................................................................. 35
9.1 Reforços e punições ............................................................................................................ 36
10 AFECÇÕES PODAIS EM ELEFANTES ........................................................................... 36
10.1 Anatomia .......................................................................................................................... 36
10.2 Principais afecções podais ................................................................................................ 39
10.2.1 Rachadura de unha......................................................................................................... 39
10.2.2 Crescimento excessivo de unha ..................................................................................... 39
10.2.3 Crescimento excessivo de cutícula ................................................................................ 40
10.3 Causas ............................................................................................................................... 40
10.4 Prevenção ......................................................................................................................... 40
11 RELATO DE CASO ........................................................................................................... 41
11.1 Histórico ........................................................................................................................... 41
12 MATERIAIS UTILIZADOS NO CONDICIONAMENTO OPERANTE ......................... 42
12.1 Caixa de contenção ........................................................................................................... 42
12.2 Objetos .............................................................................................................................. 42
12.3 Medicamentos ................................................................................................................... 43
12.4 Caixa de frutas e legumes ................................................................................................. 43
12.5 Glossário de comandos usados no condicionamento ....................................................... 43
13 MÉTODOS .......................................................................................................................... 43
14 TRATAMENTO .................................................................................................................. 44
15 RESULTADO ..................................................................................................................... 45
16 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 45
17 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 46
18 CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ............................................................................................ 46
19 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 47
13
1 INTRODUÇÃO
Este relatório descreve o estágio curricular obrigatório no zoológico Zoo
Pomerode - Fundação Hermann Weege, realizado no período do dia 1 de março ao dia 30 de
abril de 2018, na área de clínica de animais silvestres com carga horária de 336 horas
complementando 64 horas na clínica escola da Universidade Tuiuti do Paraná do dia 7 ao dia
18 de maio de 2018, totalizando 400 horas de estágio obrigatório.
Durante o estágio do Zoo Pomerode, sob orientação do Dr. Rafael Pagani e
supervisão da Drª Renata Ardanaz, foram acompanhadas atividades da rotina do setor
veterinário com foco nas atividades de medicina preventiva e bem-estar animal como
enriquecimento ambiental e condicionamento, casos clínicos, cirúrgicos e de necropsia como
também, acompanhado os setores de nutrição, educação ambiental, biologia e manejo animal.
O presente trabalho divide-se em duas partes, sendo a primeira o relatório de
estágio descrevendo as atividades desenvolvidas e a segunda parte, relatando dois casos
clínicos acompanhados durante o período de estágio.
14
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
2.2 Zoo Pomerode
O zoológico está localizado na cidade de Pomerode em Santa Catarina, sendo o
primeiro da região sul e o quinto mais antigo do Brasil. Iniciado pelo Sr. Hermann Weege que
em sua casa havia um lago, animais domésticos e disponibilidade de alimento, atraindo
animais nativos da região do Vale do Itajaí, surgindo então a idéia de edificar um zoológico,
ratificado em setembro de 1932. Em 1977 foi instituída a fundação Hermann Weege,
instituição particular sem fins lucrativos, tendo a renda revertida para manutenção do
zoológico.
Figura 1: Fachada do Zoo Pomerode. Pomerode (SC) / Março-Abril / 2018.
Atualmente no Zoo Pomerode vivem mais de 250 espécies entre aves, mamíferos,
répteis e anfíbios, totalizando aproximadamente 1,300 animais. Estes animais são oriundos de
apreensões e resgates da Polícia Ambiental e do IBAMA, circo, tráfico, animais em permuta,
criadouros conservacionistas, programas de conservação e nascidos no próprio Zoo. Dentre
estas espécies, algumas estão em risco de extinção, salientando a importância do zoológico
quanto à conservação desses animais, tendo um banco genético vivo que quando decidido
pelos programas de conservação são enviados a reprodução e se possível, reintroduzi-los na
natureza.
15
O Zoo Pomerode, além da conservação, tem grande enfoque na medicina
preventiva, no bem estar animal, trabalhando diariamente com enriquecimento ambiental e
condicionamento, colabora com a comunidade científica tendo convênio com universidades e
instituições de pesquisas que desenvolvem projetos sobre comportamento animal, reprodução
e nutrição, promovem atividades socioculturais, conduzida pela equipe da educação
ambiental, visando a conscientização dos visitantes, prestam atendimento a animais silvestres,
trazidos pelos órgãos ambientais (IBAMA e Polícia Ambiental) que quando reabilitados,
realiza-se a soltura permanecendo no zoológico apenas os animais que são incapazes de
retornar à natureza.
2.3 Estrutura física
O Zoo Pomerode possui uma clínica veterinária, com funcionamento das 8 horas
da manhã às 18 horas da tarde, de segunda a sexta. Aos sábados, das 8 horas às 15 horas.
Sendo os responsáveis por esta área, o Dr. Rafael Pagani e a Drª Renata Ardanaz.
A clínica (Figura 2) é localizada no térreo e o setor de administração, no piso superior. A
clínica é constituída por área de necropsia, internamento, ambulatório, quarentena e cozinha.
Figura 2: Vista frontal da clínica veterinária do Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ Março-
Abril/2018.
Na sala de necropsia contém uma mesa de procedimento, luvas de procedimento,
máscara descartável, pia para higienização das mãos e de instrumentos de colheita de material
histopatológico, uma geladeira destinada ao armazenamento de material para exame
coprológico, de sangue e histopatológico.
16
A clínica possui 3 internamentos. Um específico para aves, um para mamíferos e
répteis, contendo caixas d'água, gaiolas e caixas de transporte (figura 3) e o terceiro, utilizado
como quarentena no qual apenas profissionais autorizados podem entrar e manipular os
animais recém chegados ao zoológico que serão destinados a um recinto.
Figura 3: Internamento de mamíferos e répteis do Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ mar-
abr/2018.
Há também um consultório que é utilizado para atendimento clínico e cirúrgico
(Figura 4), contendo mesa de procedimento, oxigênio, zarabatana, armário de medicamentos,
caixa coletora de materiais perfuro cortantes, gavetas com materiais para procedimentos como
agulhas, seringas, algodão e gazes, caixas para procedimentos em recinto, balança, aparelho
anestésico, equipamentos de proteção individual como luva de raspa, luvas de procedimento e
máscara descartável e um armário para estoque de materiais hospitalares e medicamentos
(Figura 5).
Figura 4: Área clínica e cirúrgica - Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/mar-abr/2018.
17
Figura 5: Armário de estoque de materiais e medicamentos – Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/
mar-abr/2018.
A cozinha interna da clínica (Figura 6) é utilizada para preparo de algumas
medicações que necessitem de um incremento, como geléia, fruta ou carne. Também é
preparado enriquecimentos ambientais e alimentações especiais dos internados e dos
neonatos. Nesta área também possui uma mesa para anotações e estudo, local utilizado para
guardar os materiais do treinamento de animais, como o target (bastão de treino). Há uma
caixa com materiais recicláveis, essências e tábuas de corte para o preparo de enriquecimentos
ambientais, uma pia para lavagem de bebedouros e comedouros dos animais internados, uma
lousa onde é marcado os procedimentos do dia, medicações e/ou alimentações a serem
administradas nos pacientes, autoclave, micro-ondas, microscópios, armários onde são
armazenados comedouros e bebedouros, mamadeiras, seringas e produtos de limpeza.
Figura 6: Cozinha interna da clínica - Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ mar-abr/2018.
À frente da clínica veterinária encontra-se a área da nutrição no térreo e o setor da
educação ambiental no piso superior (Figura 7 A). A área da nutrição, setor responsável pelo
18
preparo e armazenamento de alimentos. A cozinha da nutrição, onde é preparado e destinado
o alimento dos animais do plantel. Há uma planilha a ser seguida, com horários para fornecer
o alimento com as exigências nutricionais e naturais de cada indivíduo e até exclusivo por
exemplo, alguns animais onívoros, quando recebem alimentos em pedaços, dispensam as
frutas e legumes, ingerindo apenas a carne. Então, para que não haja essa seletividade, este é
fornecido em forma de papa, triturando a carne, frutas e legumes juntos, assim impedindo a
seletividade do animal.
A nutrição é constituída por câmaras frias (congelamento e resfriamento),
depósito, cozinha e o tanque para lavagem de bandejas de alimento. Na câmara fria de
congelamento é armazenado os sorvetes utilizados no enriquecimento ambiental mas
principalmente carnes e na câmara fria de resfriamento é armazenada as frutas e os ovos. No
depósito (Figura 7 B) é armazenado o feno, alfafa, capim e cana-de-açúcar.
Figura 7: Setor de nutrição do Zoo Pomerode - Vista frontal (A) e depósito (B). Pomerode
(SC)/mar-abr/2018.
A B
Entre a clínica e a nutrição, existem 3 áreas. Setor extra 1 (Figura 8A) e extra 2
(Figura 8B). A terceira área é a quarentena externa (Figura 9). Os setores extras são
destinados para animais que por motivos tiveram que ser retirados do recinto de visitação ou
animais de vida livre que vieram por algum órgão ambiental e este, é incapaz de retornar à
natureza. Dentre os motivos: expulsos de seu grupo, brigas, lesões irreversíveis para soltura.
19
Figura 8: Setor extra do Zoo Pomerode. Extra 1 (A), extra 2 (B). Pomerode (SC)/mar-abr/2018.
A B
A quarentena externa é onde ficam animais que foram retirados de seus recintos.
Por motivos de ir para outra instituição, estar em tratamento e/ou filhotes rejeitados, que
esperam atingir a maturidade para retornar ao recinto de onde originaram.
Figura 9: Setor de quarentena externa do Zoo Pomerode. Pomerode (SC)/ mar-abr/2018.
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o estágio, sob orientação dos médicos veterinários Dr. Rafael Pagani e
supervisão da Drª Renata Ardanaz, foi acompanhado atividades como rondas, atendimento e
tratamento clínico de animais do plantel e externos, cirurgias, enriquecimentos ambientais,
manejo, condicionamentos, coletas de materiais para exames, cuidados com neonatos, solturas
20
de animais de vida livre, reintroduções e observação de animais ao recinto, vacinações,
desvermifugações, desparasitações e acompanhamento na área da biologia, nutrição,
biotério/serpentário e atividades da educação ambiental.
3.1 Descrição das atividades desenvolvidas
Durante o estágio no Zoo Pomerode foi possível acompanhar 103 animais,
divididos em 3 classes, a partir da tabela 1 é possível avaliar quantos animais em cada classe.
Tabela 1: Total de animais acompanhados no Zoo Pomerode divididos entre classes.
Pomerode (SC) - 01/03 a 30/04 de 2018.
Classe Animais
N (%)
Aves 35 33,98
Mamíferos 64 62,13
Répteis 4 3,88
Total 103 100,0
Observa-se a predominância de animais acompanhados na classe dos mamíferos
com 62,13% equivalendo a 64 animais. Dentre os 103 animais observados, alguns fazem parte
da coleção zoológica e outros de vida livre, demonstrado no Gráfico 1. Os 103 animais, 10
são originários de vida livre e 93 da coleção zoológica.
Gráfico 1: Origem dos animais acompanhados no Zoo Pomerode. Pomerode (SC) - 01 de
março ao dia 30 de abril de 2018.
93
10
0
20
40
60
80
100
Coleção zoológica Vida livre
ORIGEM
ORIGEM
21
A tabela 2 expõe a distribuição de casuísticas acompanhadas, por classe de
animais, relacionado às diversas áreas de atuação da medicina veterinária em zoológico.
Levando em consideração que o valor total de casuísticas é referente aos casos
acompanhados, pois em alguns momentos, determinados animais passaram por mais de uma
área.
Tabela 2: Distribuição das áreas acompanhadas no Zoo Pomerode durante o estágio realizado
do dia 1 de março ao dia 30 de abril de 2018.
Classe Aves Mamíferos Répteis Total
N (%) n (%) N (%)
Medicina
Preventiva
14 22,5 55 56,7 2 28,6 71
Clínica Médica 19 30,7 40 41,2 2 28,6 61
Clínica
Cirúrgica
0 0,0 0 0,0 1 14,2 1
Manejo Animal 29 46,8 2 2,1 2 28,6 33
Total 62 100,0 97 100,0 7 100,0 166
3.1.1 Clínica médica
As 61 casuísticas acompanhadas na área de clínica médica foram divididas em 12
especialidades e 1 para casos não conclusivos, como representado no gráfico 2.
Gráfico 2: Casuísticas acompanhadas na clínica médica, distribuídas por
especialidades, no Zoo Pomerode. Pomerode (SC) - 01/03 a 30/04 de 2018.
Na Tabela 3 observou-se que obteve maior predominância a especialidade de
dermatologia com 23 casos, destacando-se nos mamíferos a enfermidade parasitológica,
miíase.
2 1
23
1 6
2
12
1 1 2 1
7 2
0 5
10 15 20 25
Clínica médica
22
Tabela 3: Enfermidades acompanhadas nas diferentes classes no Zoo Pomerode. Pomerode
(SC) - 01/03 a 30/04 de 2018.
Especialidade Enfermidade Classe animal Total
Ave Mamífero Réptil
Ortopedia Fratura Cardeal-Amarelo - - 1
Claudicação - Macaco Barrigudo - 1
Neurologia Sídrome
vestibular
- Cutia - 1
Dermatologia Sarna
knemitocóptic
a
Cardeal Amarelo (2) - - 2
Miíase - Leão-angolano (6),
Urso-pardo (2), Tigre
siberiano (3)
- 11
Lesão cutânea Guará, Papagaio-verdadeiro,
Íbis
Lobo guará, Puma (2),
Babuíno-Verde, Girafa,
Lhama (2)
- 10
Odontologia Avulsão
dentária
- Onça-pintada - 1
Sistema
respiratório
Aerossaculite Maitaca-de-cabeça-azul
Cardeal Amarelo (4)
- - 5
Pneumonia - Macaco-Aranha - 1
Oftalmologia Opacidade e
crostas
Ema - Tigre-
D'água
2
Neonatologia Manejo de
neonatos
Frango D'água, Guará (2) Furão-grande, gato-do-
mato-pequeno, lhama
(2), hipopótamo (2)
- 9
Natimorto - Mico-leão-dourado (3) - 3
Oncologia Não
conclusivo
Marreco-marajoara - - 1
Gastroenterologi
a
Fecaloma - - Salamant
a
1
Controle de
natalidade
Aplicação de
anticoncepcio
nal
- Babuíno-Verde e
Hipopótamo
- 2
Traumatologia Colisão contra
automóvel
Martim-pescador-grande - - 1
Patologia Resultado das
necropsias -
desautorizado.
Tucano-toco, marreco-
marajoa
Chinchila, mico-leão-
dourado (3), bugio-ruivo
- 6
Não conclusivo Apatia à
esclarecer
- Macaco-da-noite e tatu-
peludo
- 2
Total 61
23
Desses 61 animais, subtraindo os animais contabilizados em especialidade
patológica e natimortos, 52 estavam em tratamento. No gráfico 3 evidencia-se o destino
desses animais. Dos 52 que estavam em tratamento, 45 retornaram aos seus recintos e 5 foram
à óbito, sendo eles a salamanta, frango d'água, gato do mato pequeno, lhama e marreco. O
martim-pescador retornou à vida livre e foi realizado a eutanásia na cutia por piora clínica,
impossibilitando o seu retorno à natureza.
Gráfico 3: Destino dos animais em tratamento clínico no Zoo Pomerode. Pomerode (SC) -
01/03 a 30/04 de 2018.
3.1.2 Medicina preventiva
Quanto à medicina preventiva, área de grande importância em trabalho zoológico,
pra identificar doenças antes da aparição de manifestações clínicas em vista de que os animais
silvestres manifestam sinais quando a doença está em estado mais avançado, dificultando um
tratamento efetivo.
No Zoo Pomerode os médicos veterinários trabalham diariamente com ações que
evitem o aparecimento de enfermidades iniciando pela ronda, realizada duas ou mais vezes
dependendo da necessidade, tendo como objetivo a avaliação dos animais e do ambiente.
Quando necessário, realizam intervenções, como vacinação e vermifugação, exames
laboratoriais de rotina como de sangue e análise coprológicas, condicionamento operante,
enriquecimento ambiental e área de quarentena para recebimento de novos animais ao
zoológico, todos estes relatados na tabela 4. O condicionamento era realizado diariamente,
contabilizado na tabela apenas os animais que passaram pelo procedimento e não quantas
vezes realizaram o condicionamento durante o período de estágio.
5 1
45
1 0
20
40
60
Óbito Vida Livre Zoo Pomerode Eutanásia
DESTINO
DESTINO
24
Tabela 4: Procedimentos de medicina preventiva realizados no Zoo Pomerode. Pomerode
(SC) - 01/03 a 30/04 de 2018.
Procedimentos Aves Mamíferos Répteis Total
N (%) N (%) N (%)
Vacinação 0 0,0 26 47,3 0 0,0 26
Exame de sangue 0 0,0 1 1,8 1 50,0 2
Análise coprológica 7 50,0 9 16,3 1 50,0 17
Condicionamento 0 0,0 10 18,3 0 0,0 10
Vermifugação 7 50,0 8 14,5 0 0,0 15
Quarentena 0 0,0 1 1,8 0 0,0 1
Total 14 100,0 55 100,0 2 100,0 71
Observa-se que em medicina preventiva, o procedimento mais praticado foi a
vacinação, com o total de 26 animais integrando felídeos sendo os tigres-siberianos, onças-
pintadas, gatos-mouriscos, gatos-do-mato-pequeno, pumas e leões-angolanos vacinados com a
vacina quadrupla que imuniza contra panleucopenia, rinotraqueite, calicivirose e clamidiose,
integrando também os canídeos como iraras e lobos-guará que foram vacinados contra
parvovirose e cinomose e nos camelídeos, 2 filhotes de lhamas foi realizado a vacina
antirrábica.
3.1.2.1 Enriquecimento ambiental
No Zoo Pomerode o enriquecimento ambiental é realizado diariamente, utilizando
materiais de fontes naturais e recicláveis tendo como objetivo proporcionar bem-estar físico e
mental do animal, estimulando comportamentos naturais, como explorar, marcar território e a
adaptação a novas condições e alimentos. Os estagiários são instruídos a explicar o
procedimento de enriquecimento aos visitantes, estimulando o interesse deles ao
comportamento animal e o papel do zoológico e também a importância de cada um, sendo
divididos em 5 categorias, mas apenas 4 delas foram praticadas neste período de estágio
tratando-se da cognitiva, sensorial, alimentar e física. A social não foi praticada, porém havia
um recinto onde tartarugas de diversas espécies e 2 jacarés-papo-amarelo conviviam. sendo
como produzir e efetuar.
25
3.1.2.2 Condicionamento
Praticado o treinamento nos animais, tendo como objetivo facilitar o manejo e
bem-estar do animal, evitando contenções químicas e reduzir o medo/estresse pela presença
dos tratadores/veterinários.
No Zoo Pomerode para o tratamento de miíases nos leões-angolanos e tigres-
siberianos foi utilizado o condicionamento a partir do reforço positivo, que é o ato de oferecer
uma recompensa como um alimento da preferência do animal por cooperarem com o manejo,
simplesmente por entrarem no cambeamento quando chamados pelos respectivos nomes. O
hipopótamo foi condicionado a se posicionar ao portão de acesso, elevando a cabeça para que
pudesse coletar sangue e aplicar o anticoncepcional, recebendo como reforço positivo
legumes e carinho. As elefantes foram condicionadas a entrarem na caixa de contenção para
realizar procedimentos como tratamento e radiografia podal, coleta de sangue e avaliação da
cavidade oral.
3.1.3 Clínica cirúrgica
Realizado apenas um procedimento cirúrgico. Um réptil, da coleção zoológica,
Jabuti-tinga com protrusão ocular. Realizado enucleação do olho esquerdo.
3.1.4 Manejo animal
O manejo animal é a área que exige preparo e conhecimento da equipe sobre
contenção e comportamento animal. Esta consiste em manobras para identificação dos
animais com anilhas e microchips, soltura de animais de vida livre em condições de
reintrodução à natureza e a introdução ou reintrodução de um animal da coleção zoológica a
um recinto, retirados por motivos de brigas entre eles ou enfermidades, observando assim o
comportamento dos animais a esta situação, tanto para o novo indivíduo quanto aos demais
que habitam este recinto.
Durante o estágio, os médicos veterinários ensinaram a conter os animais e seus
métodos, respeitando as particularidades de cada espécie. Na tabela 5 pode-se verificar o
número de manejos acompanhados neste período de estágio, totalizando 33 sendo possível
26
observar que maior número corresponde ao remanejo de recinto, que se refere a introduções
ou reintroduções de um animal a um determinado recinto, prevalecendo o valor em aves.
Tabela 5: Distribuição de manejos acompanhados por classe animal no Zoo
Pomerode. Pomerode (SC) - 01/03 a 30/04 de 2018.
Intervenções Aves Mamíferos Répteis Total
N (%) N (%) N (%)
Anilhamento 7 24,1 0 0,0 0 0,0 7
Microchipagem 2 6,9 0 0,0 0 0,0 2
Soltura em vida livre 1 3,4 0 0,0 0 0,0 1
Remanejo de recinto 19 65,6 2 100,0 2 100,0 23
Total 29 100,0 2 100,0 2 100,0 33
4 REVISÃO DE LITERATURA - CONSERVAÇÃO E SARNA KNEMIDOCÓPTICA
EM CARDEAL-AMARELO (Gubernatrix cristata)
4.1 Introdução
Nas décadas de 70 e 80, o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) já era
considerado raro no Brasil, atualmente vivem em números extremamente reduzidos. A
pressão de captura sobre a espécie segue intensa e é ameaçado principalmente pela captura de
indivíduos na natureza para criação em cativeiro e abastecimento do mercado ilegal de
pássaros silvestres (ICMBio, 2011). A degradação ambiental provocada pelas atividades do
homem afeta as condições de sobrevivência das espécies, põe em risco as populações de
plantas e consequentemente de animais presentes no ambiente (ROSS, 2012). Os jardins
zoológicos têm papel fundamental para a proteção da biodiversidade e para a preservação de
animais ameaçados de extinção (AMÉRICO, 2010).
Knemidocoptidae são ácaros que causam alopecia, acantose, hiperqueratose,
prurido, danos por penas, inapetência e às vezes, morte em aves. A infestação é tipicamente
pior em aves mais velhas, feridas, doentes, estressadas ou desnutridas. A maioria dos
relatórios descreve Knemidocoptes mutans e Knemidocoptes gallinae afetando aves
27
galináceas e knemidocoptes pilae e knemidocoptes jamaicensis ácaros afetando aves de
estimação ou exóticas em cativeiro (METE, 2014).
4.2 Programa de conservação e espécie
A ação do homem sobre o ambiente tem conduzido a alterações profundas do
mesmo, tais como a diminuição dos ecossistemas naturais, o comércio ilegal de animais
silvestres, a caça predatória, o aumento da poluição em todos os seus níveis (ZooPomerode,
2018).
No Brasil, os CETAS, são responsáveis por receber, identificar, marcar, triar,
avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres (DESTRO et al, 2012). O Programa
de Cativeiro do Cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) tem como objetivo estabelecer
populações cativas viáveis representativas da população brasileira para contemplar programas
de revigoramento e reintrodução (NASCIMENTO, 2014). O aprisionamento dessa espécie em
gaiola para o mercado, combinado com a perda de habitat, provavelmente resultou em
declínios tão rápidos que ela se qualifica como em perigo. Populações restantes são agora
pequenas e fragmentadas (CAPPER et al, 2018). Atualmente, avalia-se que existam apenas 50
indivíduos na natureza (ICMBio, 2016). Nativa da América do Sul, seu único habitat é
composto por Rio Grande do Sul no Brasil, Uruguai e parte da Argentina (SOTO, 2013).
O cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) mede 19,2 cm e possui longo topete
negro que levanta verticalmente e plumagem verde e amarela viva, há dimorfismo nesta
espécie, sendo assim, a fêmea diferencia-se pela sua faixa superciliar e estria malar brancos,
peito cinzento (SICK, 2001).
Um casal precisa de uma área relativamente grande para seu território reprodutivo
em uma vegetação bastante restrita, especialmente no Brasil. Estas informações demográficas
são particularmente importantes para a conservação do cardeal-amarelo. Há evidências de
saturação de habitat, que pode estar relacionada com o tamanho da área de vida individual. O
menor número de fêmeas também pode limitar o número de territórios reprodutivos,
motivando os machos a permanecerem por mais tempo em seus territórios natais quando não
encontram uma fêmea para parear. O registro de um caso de endogamia pode estar
relacionado com alguns desses fatores, sendo mais frequente em populações pequenas e pode
acarretar em problemas genéticos dentro da população, bem como acelerar o processo de
extinção (BEIER, 2016).
28
4.3 Agente etiológico
A principal doença parasitária da pele é a infestação por ácaros (HARRISON;
LIGHTFOOT, 2006). A sarna knemidocóptica é ocasionada por várias espécies de ácaros do
gênero Knemidokoptes pertencentes à família Knemidokoptidae (FREIRE; ALBUQUERQUE,
2008).
Existem três espécies principais de Knemidocoptes que afetam as aves e estas são
K. mutans, K. gallinae e K. pilae, que causam diferentes manifestações da doença e sinais
clínicos (ABOU-ALSOUD; KARROUF, 2017). A sarna das aves Knemidokoptes jamaicensis
acomete canários e aves silvestres, e o Knemidokoptes pilae nos periquitos (BENEZ, 2001).
O ácaro escamoso e da face, Knemidokoptes pilae, é o mais frequentemente
diagnosticado e causa lesões proeminentes e desfigurantes. As infecções são mais comuns nos
periquitos, mas também podem ocorrer em outros psitacídeos e passeriformes (GREINER;
RITCHIE, 2000).
4.4 Patogenia
O ácaro do gênero Knemidokoptes spp. é do tipo escavador, ou seja, a fêmea desse
ácaro escava a pele do seu hospedeiro, causando queda de penas nas aves acometidas,
descamação e hiperqueratose, principalmente nas pernas, pés e base do bico (LEITE et.al.,
2016). No ciclo evolutivo deste ácaro ocorre penetração pela epiderme através do folículo da
pena, com a formação de galerias. A pele desta região reage ploriferando suas células, que se
descamam pela grande quantidade de queratina que possuem na superfície (BENEZ, 2001).
Trauma mecânico da escavação bem como produtos excretórios e secretórios liberados dos
ácaros in situ contribuem para as alterações da pele (ATKINSON et al., 2008).
Os abundantes ácaros submacroscópicos são muitas vezes dispostos em um
impressionante padrão de “favo de mel” dentro do epitélio cornificado com agregados
dispersos de eosinófilos, linfócitos e histiócitos na escala epidérmica e na derme subjacente
(ATKINSON et al., 2008)(Figura 10).
As condições estressantes do cativeiro, associadas a um manejo inadequado,
contribuem para diminuir a resistência imunológica das aves e uma consequente exacerbação
da transmissão da sarna knemidocóptica (FREIRE; ALBUQUERQUE, 2008).
29
Knemidokoptes e giardíase são mais comumente vistos em aves endogâmicas,
sugerindo uma imunossupressão genética (GREINER; RITCHIE, 2000).
Figura 10: Lesão em padrão "favo de mel" em pernas de um passeriforme.
Fonte: DABERT, J. et al, 2013.
4.5 Diagnóstico
O diagnóstico clínico em passeriformes muitas vezes baseia-se em dados obtidos
pelo histórico clínico (SANCHES; GODOY, 2014). Assim, uma anamnese detalhada é
extremamente importante, incluindo informações como quantidade de aves doentes,
quantidade de aves recinto/gaiola, idade, espécies e raças envolvidas, tipo de dieta, oferta ou
não de vitamínico-mineral, tipo de manejo sanitário e reprodutivo, instalações, contactantes,
participação em eventos/campeonatos, manifestações clínicas e medicações administradas
previamente (SANCHES; GODOY, 2014).
4.5.1 Raspado cutâneo
O diagnóstico se baseia na observação das lesões características sendo confirmado
por meio da identificação microscópica do ácaro ou dos seus ovos em raspado de pele
realizado a partir da área infestada (FREIRE; ALBUQUERQUE, 2008). O diagnóstico é feito
através de raspagens de pele (HARRISON; LIGHTFOOT, 2006). Usando um microscópio
operacional, as fêmeas adultas podem ser observadas nos túneis (GREINER; RITCHIE,
2000). Neste ponto, as espécies podem geralmente ser identificadas pelo exame por suas
diversas características morfológicas (ATKISON et al., 2008).
30
4.6 Manifestações clínicas
Os ectoparasitas são aqueles que se localizam apenas na superfície do corpo da
ave, seja na pele ou nas penas (BENEZ, 2001).
O ácaro produz hiperqueratose na região dos membros podais, resultando em
formações crostosas que podem levar ao comprometimento motor, imobilidade e morte do
animal (SOARES, 2015). Normalmente, há uma proliferação de tecido no bico. As lesões
também podem ocorrer nos pés, pernas e cloaca de algumas aves (GREINER; RITCHIE,
2000). Os ácaros podem causar proliferação e inflamação do bico do psitacídeo e são
comumente vistos em periquitos, particularmente jovens ou imunossuprimidos. Uma inspeção
de perto revela o padrão característico do "favo de mel" resultante dos ácaros que entram na
pele (HARRISON; LIGHTFOOT, 2006).
Aves com Knemidocoptes spp. geralmente apresentam "tassel foot" (Figura 11).
Esta hiperqueratose das pernas é muitas vezes acompanhada em casos crônicos com
supercrescimento das unhas (HARRISON; LIGHTFOOT, 2006).
Figura 11: Lesão em padrão "tassel foot" em canário.
Fonte: Avian Medicine: Princilpes and Application, 2000.
4.7 Transmissão
A propagação desses ácaros ocorre a partir do contato próximo prolongado entre
as aves, como ocorre entre mães e jovens sem penas (ABOU-ALSOUD; KARROUF, 2017).
31
Os ectoparasitas (incluindo os ácaros knemidocópticos) são geralmente transmitidos de um
hospedeiro para outro pelo contato direto entre indivíduos infectados e não infectados
(DABERT, 2013). Há certas evidências de que os ectoparasitas diminuem a mobilidade do
hospedeiro para facilitar a transmissão direta (ABOU-ALSOUD; KARROUF, 2017). Embora
não comprovado experimentalmente, podemos supor que aves com lesões hiperqueratóticas
severas podem ter uma posição de repouso mais longa e alterada (principalmente por causa da
mobilidade reduzida das articulações causada por hiperqueratose), aumentando a superfície de
contato entre as pernas e locais de nidificação (ABOU-ALSOUD; KARROUF, 2017).
4.8 Tratamento
Tratamento com ivermectina ou fipronil tópico pode ser bem sucedido (SMITH,
2014). Pode ser tratada com ivermectina tópica. Uma dose única pode ser eficaz em casos
leves. Repetir uma dose três semanas depois pode ser necessária em casos mais graves
(MACWHITER, 2000). A maioria das infecções por artrópodes em passeriformes pode ser
tratada com sucesso com ivermectina (SMITH, 2014).
A adoção de medidas profiláticas, como a limpeza diária do recinto e comedouros,
o oferecimento de uma alimentação de qualidade, a quarentena para as aves recém-adquiridas,
além de um bom enriquecimento ambiental, minimizam o estresse do cativeiro e oferecem um
bom prognóstico ao paciente (FREIRE; ALBUQUERQUE, 2008).
A superdosagem de ivermectina pode causar intoxicação apresentando sinais
como penas arrepiadas, fraqueza muscular, incoordenação, perda de peso, apatia, falta de
apetite e convulsões (SALABERT A, 2014).
4.8.1 Doses
Ivermectina: 0.2 mg/kg PO, SC, IM uma dose, pode repetir em 10-14 dias, diluir
em água ou solução salina; 0.2 mg/kg SC, tópico; podendo repetir 1-2 semanas para 3-4
aplicações; 1 gota (0,05 mL) tópico, 3 tratamentos a cada 7 dias (CARPENTER, 2013).
Fipronil: 7.5 mg/kg; spray na pele, repete em 30 dias (CARPENTER, 2013).
5 RELATO DE CASO
32
Foram encaminhados ao Zoo Pomerode 7 cardeais-amarelos (Gubernatrix
cristata), passeriformes apreendidos pela polícia ambiental, para programa de cativeiro de
espécies ameaçadas, programa de Cativeiro do Cardeal-Amarelo do ICMBio (Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade), tendo como objetivo estabelecer populações
cativas viáveis para conservação genética e reprodução para reintrodução à natureza, projeto
coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres.
O histórico dessas aves é limitado, obtendo apenas os dados de que foram
apreendidas de tráfico, vivendo no CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) –
Florianópolis (SC) antes de serem transferidos para o Zoo Pomerode.
Os sete cardeais atendidos no zoológico apresentavam-se abaixo do peso.
Destacando um cardeal-amarelo, macho, adulto, 42g, que no exame físico apresentava
onicogrifose, penas eriçadas e com falhas, lesões hiperqueratóticas em regiões de face e pés.
Dos 6 cardeais-amarelos contactantes, 2 apresentavam onicogrifose.
Foi definido pelos médicos veterinários um diagnóstico clínico através dos sinais
apresentados, compatíveis com a ectoparasitose, sarna knemidocóptica (Knemidokoptes sp.).
Nos 7 cardeais foi realizado anilhamento, técnica para marcar, identificar e
registrar o animal. Em seguida, administraram, fipronil, 1 gota via tópica e realizado o corte
de unhas, nos três que apresentaram onicogrifose. Estes com sintomatologias, iniciaram
tratamento medicamentoso com o antiparasitário, escolhido pelo seu amplo espectro,
ivermectina 1% diluído em soro fisiológico 1:10, administrado 1 gota (0,05ml) via oral. Já no
indivíduo mais acometido (Figura 12), que apresentava lesões hiperqueratosas, além da
Figura 12: Sarna knemidocóptica em cardeal amarelo (Gubernatrix cristata) no Zoo
Pomerode – lesões dos pés (A), lesão do bico (B). Pomerode (SC) / mar – abr/2018.
A B
Fonte: Zoo Pomerode.
33
ivermectina 1% via oral, foi administrado via tópica e na mesma diluição, 1 gota na região
dos pés e 1 gota no bico.
Todas os cardeais foram transferidos, em gaiolas individuais e higienizadas, para
um internamento isolado de outras aves. Quanto à alimentação, os biólogos responsáveis pela
área da nutrição, elaboraram uma dieta adequada referente às suas necessidades.
Após 15 dias do início do tratamento, observou-se que os 3 cardeais que
inicialmente apresentaram onicogrifose, não manifestaram mais o crescimento excessivo de
unhas e no indivíduo mais acometido houve também melhora clínica, diminuiu a queda de
penas, ocorrendo o processo de plumagem, amenizou a hiperqueratose dos pés e bico,
repetindo a segunda e última dose de ivermectina 1%, 1 gota (0,05ml) via oral.
6 DISCUSSÃO
Os cardeais-amarelos se qualificam como em perigo quanto à ameaça de extinção,
como revela estudos de Capper et al. (2018) por conta do comércio ilegal e perda de habitat,
como no caso dos cardeais do relato que foram apanhados em apreensão de tráfico,
reafirmando assim o papel do zoológico na preservação das espécies e a importância de
programas de conservação da espécie e consequentemente da biodiversidade como
Nascimento (2014) cita. E por conta da queda da população dessas aves tem ocorrido as
relações endogâmicas, levando a problemas genéticos como revela estudo de Beier (2016),
adequando-se a idéia de Greiner e Ritchie (2000) que relaciona a manifestação da sarna
knemidocóptica com a imunossupressão genética, assim como também o estresse causado
pelo manejo e condições impróprias de cativeiro, segundo Freire e Albuquerque (2008),
predisposições correspondentes ao relato, sendo que estes cardeais passaram por situações de
estresse pela captura com histórico incerto quanto a alimentação, higiene de recinto,
contactantes e manejos que recebiam quando em mãos de traficantes.
A principal suspeita dos médicos veterinários foi a patologia associada a ácaros,
assim como a citação de Harrison e Lightfoot (2006) que relata que a principal doença
ectoparasitaria de aves é a infestação por ácaros. Diagnóstico presuntivo, ácaros do gênero
Knemidokoptes sp. devido aos sinais que as aves apresentaram, como descrevem Greiner e
Ritchie (2000) e Harrison e Lightfoot (2006).
Referente a espécie do ácaro, pode ser confirmado através de exames
complementares, como raspado cutâneo sugerido por Freire e Albuquerque (2008), Harrison e
Lightfoot (2006), Greiner e Ritchie (2000) e Atkinson et al. (2008). No caso relatado não foi
34
realizado exames complementares, partindo pelo diagnóstico clínico, através do breve
histórico e sintomatologia.
Os sinais que o indivíduo mais acometido apresenta é hiperqueratose de bico e pés
juntamente com onicogrifose, sugerido como espécie Knemidokoptes pilae, descrito pelo
Greiner e Ritchie (2000) que relata manifestações de lesões escamosas em pés e bico, mesmo
que relatado mais comum em periquitos, pode ocorrer também em passeriformes. Quanto à
queda de penas e a descamação, segundo Leite et al. (2016), Benez (2001) e Atkinson et al.
(2008) se dá por conta da escavação que o ácaro realiza, ocorrendo uma resposta de proteção
da pele como também pelos produtos liberados por este determinado ácaro, levando ao
aumento de produção de queratina e consequentemente, a descamação.
De acordo com Macwhirter (2000) e Smith (2014) o tratamento mais eficaz
independente da espécie da sarna knemitocóptica, é com ivermectina. Em relação a dosagem,
via de administração e repetições do tratamento segundo Macwhirter (2000) será referente ao
grau da lesão. No caso relatado, seguiu-se esse conceito. Após a primeira aplicação de
ivermectina 1% e fipronil associado com a profilaxia mencionada por Freire e Albuquerque
(2008) sendo a mudança de manejo, higienização diária da gaiola, quarentena e nutrição
adequada, houve melhora significativa dos sinais. Realizado 2ª dose de ivermectina como
medida de precaução e por ainda apresentar lesões, protocolo de repetição sugerido por
Carpenter (2013).
Associando os fatores de transmissão relatados por Abou-Alsoud e Karrouf
(2017) e Dabert (2013) as aves foram isoladas e manipuladas para gaiolas individuais.
7 CONCLUSÃO
O tráfico de animais silvestres tem sido grande responsável pelo desequilíbrio
ecológico, levando a extinção de espécies pela perda de habitat, vegetação e enfermidades,
salientando assim o papel dos órgãos ambientais juntamente com médicos veterinários no
tratamento, conservação de espécies ameaçadas e reservatório genético para reproduções
viáveis. O Zoo Pomerode faz parte de diversos programas de conservação, dentre eles, o
programa de cativeiro dos cardeais-amarelos descrito no relato de caso.
A sarna knemidocóptica possui diversas espécies, sendo confirmativa a espécie
desse ácaro apenas através do raspado cutâneo. Porém com a similaridade do tratamento e
controle, independente da espécie de ácaro do gênero Knemidokoptes sp., o diagnóstico
clínico se torna favorável.
35
8 REVISÃO DE LITERATURA CONDICIONAMENTO OPERANTE EM
TRATAMENTO DE LESÕES PODAIS EM ELEFANTE-ASIÁTICO (Elephas
maximus)
8.1 Introdução
Os elefantes serviram ao homem como meio de transporte, veículo para levar
soldados à guerra e trabalhadores da indústria madeireira (FOWLER; MIKOTA, 2006). Além
do perigo facilmente percebido de lidar com os elefantes, um dos maiores desafios dos
gerentes de elefantes é manter a saúde e a função dos pés (CSUTI et al., 2001). Os problemas
nos pés constituem a doença mais importante dos elefantes cativos (FOWLER; MIKOTA,
2006).
Apesar da longa associação de elefantes com o homem, eles nunca foram
verdadeiramente domesticados (FOWLER; MIKOTA, 2006). Com o emprego do treinamento
é possível contribuir de maneira positiva para a melhoria de qualidade de vida dos animais em
cativeiro (CIPRESTE, 2017). Além de benefícios como minimizar o estresse, aumentar a
segurança e a agilidade de procedimentos, é visível o aumento do bem-estar dos animais
treinados por meio do condicionamento. Eles ficam mais calmos, mais confiantes e passam a
interagir de maneira mais amigável com seus tratadores e médicos-veterinários (CIPRESTE,
2017).
9 CONDICIONAMENTO OPERANTE
O condicionamento operante é uma forma de treinamento na qual os
comportamentos desejados são repetidamente reforçados até que possam ser demonstrados
quando solicitados (ASQUITH-BARNES et al., 2017).
Nos zoológicos, os animais foram treinados para facilitar o manejo por muitos
anos, incluindo os treinamentos de alvo, treino para animal entrar na caixa de transporte,
contenção ou cambeamento e chamar o animal para ir em direção ao treinador ou a um local
determinado por tal (ASQUITH-BARNES et al., 2017). Com o treinamento ganha-se também
em segurança, qualidade e facilidade na realização de curativos, exames, contenções
químicas, transporte de animais e manejo em geral (CIPRESTE, 2017). O elefante é treinado
36
a apresentar partes do corpo, tais como cabeça, orelha, membros e pés em uma portinhola na
barreira, possibilitando ao manipulador examinar e realizar vários procedimentos (CUBAS et
al., 2017).
9.1 Reforços e punições
O emprego de reforços (ou reforçamentos) e de punição faz parte do processo de
aprendizagem pela técnica de condicionamento operante. Os reforços, sejam eles positivos ou
negativos, levam ao aumento da expressão de um comportamento. O reforço positivo,
normalmente algo da preferência do animal, é apresentado logo após o desempenho de um
comportamento pretendido, enquanto o reforço negativo é um estímulo aversivo que é
retirado assim que o comportamento é exibido (CIPRESTE, 2017).
Em todo treinamento há o emprego da punição. É ela que ajuda o treinador a
mostrar ao animal que não deve agir de determinada maneira ou que está desempenhando o
comportamento negativamente (CIPRESTE, 2017).
10 AFECÇÕES PODAIS EM ELEFANTES
A doença do pé é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em
elefantes em cativeiro (MILLER; FOWLER, 2012). Como o elefante é o maior mamífero
terrestre vivo, seus pés são provavelmente uma das partes mais importantes de seu corpo. Eles
tem que carregar um peso enorme (BENZ, 2015). O cuidado com os pés e as unhas é um dos
procedimentos mais comuns e necessários em cativeiro, normalmente realizado por médicos-
veterinários ou por treinadores (CUBAS et al., 2017). É improvável que um elefante progrida
pela vida sem precisar de pedicura periódica para manter os pés saudáveis (FOWLER;
MIKOTA, 2006).
10.1 Anatomia
Nome científico Elephas maximus, nome vulgar elefante-asiático e elefante-
indiano, peso (kg) macho adulto 3,700 a 4,500. Máximo: 5,500. Fêmea adulta 2,300 a 3,700.
Máximo 4,200 (CUBAS et al., 2017).
37
Cada pé envolve estruturas epidermais (pele, unha, coxim), ossos (falange,
metacarpianos, carpos, tarsos, sesamóides e articulações), almofada digital, tendões,
ligamentos, vasos sanguíneos e nervos (CUBAS et al., 2017).
As unhas dos elefantes não apoiam o peso do animal, como ocorre com os
ungulados (CUBAS et al., 2017). O elefante é semidigitígrado nas patas dianteiras e
semiplantígrado na parte traseira, com números variáveis de unhas dos pés (CSUTI et al.,
2001). Basicamente, existem cinco dígitos, que não são todos identificáveis externamente,
mas alguns dígitos são representados por números variáveis de falanges e unhas dos pés
(FOWLER; MIKOTA, 2006). Cada unha é anexada à falange distal por uma série de lâminas
que se aderem no córion, que por sua vez, ancoram no osso (CSUTI et al., 2001) (Figura 13).
Figura 13: Lâminas de unha de elefante-africano.
Fonte: The elephant’s foot, 2001.
Os ossos dos pés anteriores são encurtados e comprimidos. Constitui-se por
falanges, nove ossos sesamóides (Figura 15), cinco metacarpos e 8 ossos do carpo (Figura
14). Os dígitos II ao V possui em sua superfície palmar, um par de sesamóides (CSUTI et al.,
2001). Os dígitos II a IV possuem 3 falanges cada e dígito I e V possui 2 falanges (CSUTI et
al., 2001).
Figura 14: Osteologia do pé direito frontal de elefante-asiático. a- radial do carpo, b-
intermédio do carpo, c- ulnar do carpo, d- acessório do carpo, e-h = cárpicos, i-m =
metacarpos, n-r = falanges proximais, s-u = falanges mediais (dígitos II, III, IV) e v-z =
falanges distais.
38
Fonte: BENZ, A; 2005.
Figura 15: Osteologia palmar evidenciando em sombreado os ossos sesamóides.
Fonte: The elephant’s foot, 2001.
A superfície basal de cada pé é revestida com uma almofada flexível (Figura 16) e
cornificada (queratinizada) (CUBAS et al., 2017). A compressão e o relaxamento da almofada
digital desempenham uma função importante no bombeamento do sangue venoso do pé no
retorno ao sistema venoso central (CSUTI et al., 2001). A almofada também ajuda a distribuir
o peso do animal por toda a sola (CSUTI et al., 2001).
Figura 16: Corte sagital de pé posterior de elefante-africano evidenciando a almofada digital.
39
Fonte: Tratado de animais selvagens, 2017.
10.2 Principais afecções podais
10.2.1 Rachadura de unha
A etiologia das rachaduras nas unhas é desconhecida, mas pode incluir fatores
como nutrição, genética, supercrescimento e trauma. Quando uma rachadura se desenvolve,
ela é exacerbada pela expansão e contração do pé durante o andar (FOWLER; MIKOTA,
2006). Rachaduras são normais nas almofadas dos pés de um elefante, mas não nas unhas
(CSUTI et al., 2001). Podem ocorrer rachaduras horizontais e verticais, mas as verticais são
mais comuns. As rachaduras podem começar na cutícula e se estender distal à ponta da unha,
ou podem começar na parte inferior e se estender proximal. As fissuras podem ser
superficiais, limitando-se na unha, ou se estender até o córion, o que causa mais desconforto
ao elefante (FOWLER; MIKOTA, 2006).
10.2.2 Crescimento excessivo de unha
As unhas dos pés crescem a uma taxa de aproximadamente 0,5 a 1,0 cm por mês
(FOWLER; MIKOTA, 2006). Se o substrato que cobre o recinto não for abrasivo, ou o
elefante não andar tanto quanto deveria, pode ser necessário remover o excesso de unha a
cada 2-3 meses. A aparagem é realizada utilizando pinça e lima para cascos de equinos
(FOWLER; MIKOTA, 2006).
As unhas precisam de atenção periódico para que não fiquem grandes demais e se
amontoem. A redução de espaço entre as unhas leva ao aprisionamento de material fecal e
umidade, criando um ambiente para infecção (CSUTI et al., 2001). A negligencia no cuidado
40
com o crescimento das unhas dos pés pode ocasionar deformação ou crescimento lateral,
penetrando na pele ou sola adjacentes. Isso causa uma resposta inflamatória semelhante a uma
unha encravada em humanos (FOWLER; MIKOTA, 2006).
10.2.3 Crescimento excessivo de cutícula
O supercrescimento é o problema mais comum associado às cutículas do pé de um
elefante. Este supercrescimento assume a aparência de plumagem e sua remoção é difícil e
dolorosa (FOWLER; MIKOTA, 2006). Quando as glândulas sudoríparas, que ficam em torno
da curva da unha, são cobertas por uma cutícula não aparada, elas são bloqueadas, fazendo
com que pequenas bolsas de líquido se acumulem. Isso cria pressão e dor quando o elefante
anda (CSUTI et al., 2001). A cutícula queratinizada torna-se endurecida e eventualmente
racha, e com a fragmentação, causa dor. Além disso, as rachaduras são um portal para
infecção (FOWLER; MIKOTA, 2006).
10.3 Causas
Os elefantes com excesso de peso geralmente desenvolvem problemas nos pés
(CSUTI et al., 2001). Muitos fatores podem predispor um elefante a desenvolver problemas
podais, incluindo má higiene, falta de aparamento das unhas dos pés, má nutrição, problema
de conformação do membro e falta de exercício. As causas etiológicas incluem traumatismo,
feridas puntiformes, doenças degenerativas das articulações e infecção local (abscesso)
(CUBAS et al., 2017).
10.4 Prevenção
O treinamento diário do elefante é um elemento crítico para o cuidado com os pés
(FOWLER; MIKOTA, 2006). Os pés devem ser inspecionados e limpos diariamente. A parte
inferior do pé deve ser escovada com uma escova de dentes duros e checar se há presença de
corpo estranho embutidos em qualquer uma das rachaduras ou ranhuras do “chinelo” (sola) ou
atrás da unha (FOWLER; MIKOTA, 2006). Verificar as unhas, cutículas e “chinelo” se há
crescimento excessivo, programando aparagem apropriada (FOWLER; MIKOTA, 2006).
41
Diferentes métodos de alimentação podem ser usados para aumentar a atividade
dos elefantes. A comida pode ser fornecida em lugares diferentes e oferecida de 5 a 8 vezes
em um dia para aumentar efetivamente a atividade (CSUTI et al., 2001).
11 RELATO DE CASO
O Zoo Pomerode tem grande enfoque no condicionamento operante, prática que
envolve o bem-estar animal e a medicina preventiva. Assim, torna-se prático e seguro, para o
animal e treinador, procedimentos como tratamento clínico, exames de rotina e transporte.
11.1 Histórico
As duas fêmeas de elefante-asiático do plantel do Zoo Pomerode foram trazidas
pelo Ibama, apreendidas de um circo ucraniano onde permaneceram por cerca de 40 anos.
Porém no caso, será relatado sobre uma delas, que apresenta lesões podais, a Kenia.
Em 2008, a Kenia chegou ao zoológico apresentando sobrepeso pesando 4
toneladas e lesões podais nos membros torácicos. Observou-se um excesso de crescimento de
unhas e cutículas, acarretando em rachadura vertical das unhas e cutículas, consequentemente
sensibilidade dos locais. Instituído assim o programa de condicionamento para tratamento
dessas lesões e realizado uma formulação nutricional visando a perda de peso.
Kenia atualmente tem aproximadamente 50 anos e pesa 3,5 toneladas.
Quando instituído o programa de condicionamento, houve melhora clínica das
afecções podais e perda de peso através da nova dieta e de exercício. Este exercício consiste
em ofertar alimentos em locais diferentes no recinto, cinco vezes por dia, fazendo com que ela
caminhe pelo recinto.
A continuação do condicionamento visa a prevenção, impedindo assim
crescimento excessivo de unhas e cutículas consequentemente a evolução das rachaduras e
assim evitando afecções secundárias a esta lesão.
Durante o período de estágio do dia 1 de março ao dia 30 de abril, foi
acompanhado o condicionamento operante diário realizado com a Kenia, descrito em
métodos.
42
12 MATERIAIS UTILIZADOS NO CONDICIONAMENTO OPERANTE
12.1 Caixa de contenção
Localizadas dentro do recinto das elefantes, dois containers, cada um medindo 3,4
metros de altura e 6 metros de comprimento (Figura 17).
Figura 17: Containers utilizados para treinamento e transporte. Vista frontal (A) e lateral (B).
Evidenciando as portinholas de acesso e suas respectivas designações. Zoo Pomerode –
Pomerode (SC).
A B
Fonte: Zoo Pomerode.
12.2 Objetos
Escova de cerdas duras, pincel e lima (Figura 18).
Figura 18: Ferramentas utilizadas. Escova para higienização, pincél para aplicação de oléo mineral e a
lima.
43
12.3 Medicamentos
Óleo mineral, spray de hidantoína, spray de sulfadiazina de prata, água oxigenada,
clorexidina 4%, iodopovidona 10% e alcatrão vegetal.
12.4 Caixa de frutas e legumes
10 kg de frutas e legumes, dentre elas, banana, maça, melancia, cenoura, abóbora
e milho em pequenos pedaços, finalizando com 2 frutas ou legumes inteiros.
12.5 Glossário de comandos usados no condicionamento
São palavras utilizadas para o condicionamento/treinamento, com o intuito de
obter um comportamento favorável às manipulações e procedimentos clínicos. São as
seguintes palavras utilizadas no condicionamento:
“Kenia”, “vem”, “mão”, “isso”, “troca”, “fica” e “muito bem”.
13 MÉTODOS
Inicia-se com o comando do treinador médico veterinário, chamando-a para a
caixa com comandos de "Kenia" e "vem". Tão logo ela se dirige para a caixa de contenção é
iniciado as recompensas com frutas e legumes, 2 pedaços por vez, ao todo uma caixa
contendo 10 kg, sendo interrompido a recompensa caso não coopere com o treino ou execute
praticas contrárias das que lhe foram pedidas. Em seguida, comando "mão", então Kenia
44
apoia a mão no acesso designado que possui na caixa de contenção, iniciando a sessão de
tratamento.
O tratamento inicia-se pela mão direita, realizando a lavagem, das unhas, cutículas
e da sola, com água para retirar as sujidades como areia, terra e fezes. Respectivamente
realiza-se: escovação das unhas com clorexidina 4%, enxague, limagem das unhas e corte de
cutículas com uma tesoura, despeja iodo ou água oxigenada sobre as rachaduras, novamente
enxague, passa-se óleo mineral nas cutículas com auxílio do pincel cuidando para que não
caia nas unhas, usa-se o spray sulfadiazina de prata nas rachaduras finalizando com uma
camada de alcatrão vegetal nas unhas.
Com o comando "troca", "Kenia" ela apoia a mão esquerda e o mesmo
procedimento realizado na mão direita ocorre. Ao final do tratamento, ela é recompensada
com 2 frutas ou legumes favoritos e inteiros, encerrando o condicionamento com o comando
"acabou" seguida da mímica referente a expressão exclamativa de acabar. Isto é, mãos abertas
na horizontal com as palmas para baixo movendo-as para lados opostos.
Figura 19: Condicionamento operante na Kenia. Reforço positivo ofertando recompensas (A)
e lavagem de mãos (B). Zoo Pomerode – Pomerode (SC)/març-abr/2018.
A B
Fonte: Zoo Pomerode, 2018.
14 TRATAMENTO
45
A clorexidina, iodo e água oxigenada são usados como antisséptico. A limagem
para manter formato e unhas saudáveis, não é realizado todos os dias para não enfraquecer a
unha. O óleo mineral é usado para hidratar e amolecer a cutícula facilitando o corte dela e por
causar este amolecimento, o cuidado para que este, não caia sobre as unhas. Quanto aos
sprays, o de sulfadiazina de prata é o mais utilizado, tem ação larvicida, efeito repelente e é
um antisséptico que auxilia no processo cicatrizante. Já o spray de hidantoína, tem ação
antisséptica e bactericida porém usado com menor frequência por questão estética pela sua
coloração rosa, os visitantes do zoológico tem a impressão de que as mãos da elefante estão
sangrando. O alcatrão vegetal é utilizado para fortalecer as unhas e também possui efeito
repelente.
15 RESULTADO
Durante o período de estágio, foi possível acompanhar e participar do
condicionamento da Kenia e observou-se que ela é bem condicionada, não relutante aos
comandos e atividades, por muitas vezes se posicionava à frente da caixa de contenção sem
ter que ordenar e durante este período de acompanhamento, Kenia não apresentou evolução
das lesões e nem novas afecções podais.
Únicos momentos de indeferimento de comandos foi motivado por negar certas
recompensas, principalmente cenoura e abóbora, tendo que aumentar a porção ofertada ou
oferecer juntamente de uma fruta de preferência.
16 DISCUSSÃO
De acordo com Csuti et al. (2001) e Fowler e Mikota (2006), a etiologia das
rachaduras podais é desconhecida porém alguns fatores podem predispor estas afecções como
excesso de peso, má nutrição e falta de exercícios, fatores compatíveis com o histórico da
Kenia que no circo, ficava confinada, alimentando-se apenas de cana-de-açúcar, levando ela a
um quadro de deficiência nutricional e sobrepeso, chegando a pesar 4 toneladas e
apresentando rachadura de unhas e cutículas.
É de extrema importância o emprego do condicionamento operante nos
zoológicos pois de acordo com Fowler e Mikota (2006) o treinamento é um elemento crítico
para o cuidado com os pés sendo que segundo Miller e Fowler (2012) as afecções podais são
uma das principais causas de mortalidade em elefantes cativos. Através do treinamento, foi
46
possível tratar a Kenia e mantê-la sem dores e mantê-la num programa diário de profilaxia,
impedindo assim o avanço das lesões existentes.
O tratamento profilático da Kenia baseia-se no relato de Fowler e Mikota (2006),
o qual diz que diariamente os pés devem ser inspecionados e higienizados. Esta higienização
deve ser realizada utilizando uma escova dura, retirando as sujidades principalmente as que se
acumulam nas rachaduras e se há crescimento de unha, esta deve ser aparada com uma lima.
17 CONCLUSÃO
Os elefantes em cativeiros são mais predispostos a apresentarem problemas podais
e muitas vezes é ocasionado por manejo inadequado, falta de higienização do recinto e dos
pés do animal, solo impróprio, dieta que favorece o excesso de peso e a falta de exercícios.
Com o auxílio do condicionamento operante é possível tratar dos elefantes de
forma efetiva e ao mesmo tempo proporcionando bem-estar. O animal condicionado se mostra
mais calmo na presença dos médicos veterinários e tratadores, visivelmente tem menos
estresse durante a manipulação, facilitando em diversos procedimentos e assim, oferecendo
segurança ao animal e a quem o manipula.
18 CONCLUSÃO DE ESTÁGIO
O estágio em zoológico proporciona conhecimentos da prática da medicina
veterinária na área de animais silvestres permitindo adquirir clareza de suas funções e
atividades possibilitando o conhecimento técnico, teórico e prático de acordo com a
particularidade de cada espécie e suas necessidades, assim aprimorando e ampliando
conhecimentos adquiridos no período acadêmico.
O Zoo Pomerode exerce papel importante na preservação de espécies associado à
programas de conservação, possuindo em seu plantel animais ameaçados de extinção e tendo
programa interno de educação ambiental que visa conscientizar visitantes sendo crianças e
adultos sobre a importância do cuidado com o meio ambiente e o papel do zoológico através
de atividades didáticas. A medicina preventiva é um dos papéis mais desempenhados,
realizado cotidianamente práticas que proporcionem qualidade e bem-estar dos animais
cativos através de treinamentos e enriquecimentos ambientais e através de exames de rotinas e
vistorias, detectar precocemente possíveis doenças.
47
19 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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