capÍtulo 7 - discriminação operante

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CAPÍTULO 7 - Discriminação Operante

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CAPTULO 7 DISCRIMINAO OPERANTE ESTMULOS DISCRIMINATI VOS O condicionamento operante pode ser descrito sem meno a qualquer estmulo que aja antes de ser efetuada a resposta. Para reforar o estirar o pescoo no pombo necessrio esperar que o movimento ocorra; no podemos elici-lo. Quando um beb leva a mo boca, o movimento pode ser reforado pelo contato de mo e boca, mas no se pode encon trar nenhum estmulo que elicie o movimento e que esteja presente sempre que o movimento ocorra. Os estmulos agem continuamente sobre o organismo, mas sua conexo funcional com o cmportamento operante no a mesma que no reflexo. O comportamento operante, em resumo, emitido e no el/dado. Precisa ter esta propriedade para que a noo de probabilidade de resposta tenha sentido. Muitos comportamentos operantes, entretanto, adquirem cone xes importantes com o mundo ao redor. Podemos demonstrar como isso acontece no nosso experimento com o pombo, atravs de reforo do movimento de pescoo quando surge um sinal luminoso e do no-reforo, para extino quando a luz se apaga. Com a repetio alter nada dessas condies o movimento ocorre apenas quando a luz est acesa. Assim podemos demonstrar uma conexo de estmulo e resposta que grosseiramente comparvel a um reflexo condicionado ou incon dicionado: o aparecimento da luz ser imediatamente seguido por um movimento da cabea para cima. Mas a relao , fundamentalmente, muito diferente. Tem uma outra histria e diferentes propriedades. Des crevemos a contingncia dizendo que um estmulo (a luz) a ocasio na qual uma resposta (estirar o pescoo) seguida por reforo (com alimento). Precisamos especificar os trs termos. O efeito sobre o pom bo que finalmente a resposta ter maior probabilidade de ocorrn cia quando a luz estiver acesa. O processo atravs do qual isso acontece denomina-se discrimina Sua importncia em uma anlise terica, assim como no controle prtico do comportamento, bvio: quando uma discriminao j foi estabelecida, podemos alterar a probabilidade de uma resposta instantaneamente pela apresentao ou remoo do estmulo discriminativo. O comportamento operante quase necessariamente vem a ficar sob este tipo de controle por estmu los, pois so poucas as respostas refor adas automaticamente pelo prprio organismo sem relao s circuns tncias externas. O reforo encontrado pelo ajustamento a um dado ambiente quase sempre requer o tipo de contato fsico que ns chama mos estimulao. O controle ambiente tem uma significao biolgica bvia. Se todos os comportamentos tivessem a mesma probabilidade de ocorrncia em todas as ocasies, o resultado seria catico. A vantagem de que uma resposta s ocorra quando tem certa probabilidade de ser reforada evidente. As contingncias trplices que produzem operantes discriminati vos, so de vrias espc ies. Desenvolvemos o comportamento com o qual nos ajustamos ao mundo espacial porque a estimulao visual de um objeto a ocasio na qual certas respostas como andar, alcanar, e outras, levam a conseqncias tteis particulares. O campo visual a ocasio para a ao manipulatria eficaz. As contingncias responsveis pelo comportamento so geradas pelas relaes entre estimulaes visuais e tteis, caractersticas dos objetos fsicos. Outras conexes entre propriedades de objetos fornecem outras espcies de contingn cias que levam a mudanas semelhantes no

comportamento. Por exem plo, em um pomar em que as mas vermelhas so doces e todas as outras azedas, o comportamento de apanhar e comer vir a ser contro lado pelo colorido vermelho do estmulo. O ambiente social abarca vasto nmero destas contingnclas. Um sorriso ocasio na qual a aproximao social ser recebida com aprova o. Franzir o sobrolho ocasio na qual a mesma aproxlmaao nao ser bem recebida. Na medida em que isto geralmente acontece, a apro ximao ir depender de certas formas da expresso facial da pessoa a 114 A anlise do comportamento ser abordada. Usamos este fato quando, atravs do sorriso ou do franzir das sobrancelhas, controlamos at certo ponto o comportamento das pessoas que se acercam de ns. O tilintar de um telefone ocasio na qual responder ser seguido por ouvir uma voz. Uma criana pode pegar o telefone e falar a qualquer tempo, mas depois de algumas experincias s far isso quando o aparelho estiver chamando. O estmulo verbal Venha jantar uma ocasio na qual ir para a mesa e sentar geralmen te reforado com alimento. O estmulo vem a ser eficaz no aumento da probabilidade do comportamento e produzido pela pessoa que fala por causa desta propriedade. Campainhas, assobios, sinais de trfego, so outras ocasies evidentes nas quais certas aes geralmente so seguidas por certas conseqncias. O comportamento verbal ajusta-se ao padro da trplice contingn cia e fornece muitos exemplos esclarecedores. Aprendemos a nomear objetos pela aquisio de um enorme repertrio de respostas, cada uma apropriada a uma dada ocasio. Uma cadeira a ocasio na qual a res posta cadeira provavelmente ser reforada; um gato a ocasio na qual a resposta gato ter probabilidade de ser reforada e assim por diante. Quando lemos em voz alta, respondemos a uma srie de estmu los visuais com uma srie de respostas vocais correspondentes. A contin gncia trplice pode ser mostrada ao se ensinar uma criana a ler, quan do uma resposta determinada reforada com certo ou errado de acordo com a presena ou ausncia do estmulo visual apropriado. Muitas respostas verbais esto sob o controle de estmulos discri minativos verbais. Ao memorizar a tabuada de multiplicao, por exem plo, o estmulo 9x9 a ocasio na qual a resposta 81 ser apropria damente reforada, seja pelo instrutor ou pelo trmino bemsucedido de um clculo. Fatos histricos e muitos outros tipos de informao ajustam-se mesma frmula. Quando o estudante se submete a um exame, emite, na medida em que isto se tornou parte de seu repertrio, o comportamento que reforado na ocasio especial estabelecida pela questo do exame. Usamos a discriminao operante de dois modos. Em primeiro lugar, os estmulos que j se tornaram discriminativos so manipulados com a finalidade de mudar probabilidades. Fazemos isso explcita e quase continuamente quando dirigimos um trabalho construtivo, con trolamos o comportamento de crianas, emitimos ordens e assim por diante. F-loemos mais sutilmente quando dispormos de estmulos cuja eficcia no foi especificamente estabelecida para estes propsitos. Pela disposio das mercadorias em um supermercado o comportamento dos Discriminao operante 115 fregueses ser controlado atravs dos operantes discriminativos existen tes. Podemos supor que a compra de certos tipos de mercadorias ser fortemente determinada pelas

condies que comumente levam os fregueses ao supermercado. E um erro exibir essas mercadorias nas entradas da loja, pois o fregus assim as comprar e ir embora. Em lugar disso, devem ser mostradas as mercadorias que mais provavelmen te sero compradas na inspirao do momento, e no como resul tado de privaes suficientes para levar o fregus ao supermercado. A disposio das mercadorias serve como uma lembrana no sentido de tornar a ocasio tima para a emisso do comportamento pouco fre qente. Em segundo lugar, podemos estabelecer uma discriminao para assegurar que um estmulo futuro ter um dado efeito quando aparecer. A educao em grande parte se resume no estabelecimento de repert rios discriminativos, como veremos no captulo XXVI. Dispormos de contingncias que gerem comportamentos tais que: as crianas olhem antes de cruzar ruas, digam Muito obrigado nas ocasies apropriadas, dem respostas corretas a questes sobre eventos histricos, operem mquinas de modo adequado, compaream a concertos, comprem livros, pratiquem esportes, assistam a determinados filmes e assim por diante. COMPORTAMENTO VOLUNTRIO E INVOLUNTRIO A relao entre o operante discrim inativo e seu estmulo controla dor bem diferente da eliciao. O estmulo e as respostas ocorrem na mesma ordem que no reflexo, mas isto no autoriza a incluso dos dois tipos em uma nica frmula de estmulo-resposta. O estmulo discri minativo no elicia a resposta, simplesmente altera sua probabilidade de ocorrncia. A relao flexvel e continuamente graduada. A resposta segue o estmulo de uma forma mais vagarosa e pode ser intensa ou dbil, quase independentemente de intensidade do estmulo. A diferen a est na raiz da clssica distino entre comportamento voluntrio e comportamento involuntrio. Nos primeiros tempos da histria do reflexo, fez-se grande esforo para distinguir entre reflexos e todos os outros comportamentos do organismo. Uma diferena freqentemente apontada foi a de que o reflexo era inato, mas o princpio do condicionamento tornou essa distino trivial. Afirmou-se tambm que os reflexos eram diferentes por serem inconscientes. Com isto no se queria dizer que o indivduo 116 A anlise do comportamento 1 D,scr,m,nac operante 117 no pudesse descrever seu prprio comportamento reflexo, mas que o comportamento aparecia mesmo quando ele no o estivesse perceben do. A ao reflexa podia ter lugar enquanto a pessoa dormia ou estava inconsciente. Como veremos no captulo XVII, isto tambm est longe de ser considerado como diferena vlida; comportamentos clara mente no-reflexos podem ocorrer nessas circunstncias. Uma terceira distino clssica sustenta que os reflexos so, no apenas inatos e inconscientes, mas involuntrios. No dependem da vontade. Os indcios eram no s de que os reflexos no dependiam da vontade, mas tambm de que no se podia voluntariamente evit-los. Certa parte do comportamento do organismo no podia, por assim dizer, ser contro lada. No se pode deixar de piscar quando algum move alguma coisa bem prximo de nossos olhos. No se pode deixar de estremecer ante o som de um tiro ou salivar devido ao gosto de limo ou (atravs de um reflexo condicionado) ante a viso de um limo. Antes da descoberta do reflexo este comportamento era explicado por um esquema de causao interior pela postulao de causas separadas. Era atribudo a entes sedi ciosos ou espritos estranhos que temporariamente invadiam o corpo. O spirro involuntrio, por exemplo, revelava a

presena do Demnio. (Ainda hoje tomamos a precauo de dizer Deus o abenoe quando algum espirra.) Com o advento da noo do reflexo o problema do controle tornou-se menos importante. Na presente anlise no se pode distinguir entre comportamento voluntrio e comportamento involuntrio apenas levantando o proble ma de quem est no controle. No importa saber se o comportamento devido a um ente voluntarioso ou a um usurpador psquico se j nos livramos de todos os agentes internos de qualquer espcie que sejam. Nem podemos distinguir com base no controle ou na falta de controle, pois presumimos que nenhum comportamento livre. Se no temos meios de distinguir entre ser capaz de fazer alguma coisa e faz-la; ex presses como no ser capaz de fazer alguma coisa ou no ser capaz de deixar de fazer alguma coisa devem ser interpretadas de alguma outra maneira. Quando todas as variveis relevantes forem arranjadas, o organismo responder ou no. Se no, no pode. Se pode, responder. Perguntar se algum pode girar uma tramela meramente perguntar se h circunstncias em que este algum far isso. Um homem que possa evitar o estremecimento provocado pelo som de um tiro um homem que no estremecer sob certas circunstncias. Um homem que possa se conter enquanto o dentista cuida de seus dentes algum que pode se conter em determinadas ocasies. A distino entre comportamento voluntrio e involuntrio questo de espcie de controle. Corresponde distino entre estmulos eliciadores e estmulos discriminativos. Os eliciadores parecem ser mais coercivos. Sua conexo causal com o comportamento relativamente simples e facilmente observada. Isto pode explicar porque foi desco berto primeiro. O estmulo discriminativo, por outro lado, reparte seu controle com outras variveis, de forma que a inevitabilidade de seu efeito no pode ser facilmente demonstrada. Mas quando so levadas em considerao todas as varveis relevantes, no difcil garantir o resultado: forar o operante discriminativo to inexoravelmente quanto o estmulo eliciador fora sua resposta. Se a maneira pela qual isto feito e as propriedades quantitativas da relao resultante atestam a distino, podemos dizer que o comportamento voluntrio operante e o comportamento involuntrio reflexo. natural que a vontade como explicao interior do comporta mento deveria ter sobrevivido por mais tempo no estudo do comporta mento operante, onde o controle exercido pelo ambiente mais sutil e indireto. No caso da operao por ns denominada reforo, por exemplo, a freqncia atual do comportamento devida a eventos que ocorreram na histria passada do organismo eventos no-observveis no momento em que seu efeito sentido. A privao varivel relevan te, mas tem uma histria da qual temos pouca ou nenhuma informao. Quando um estmulo discriminativo tem um efeito sobre a probabili dade de uma resposta, vemos que o ambiente presente realmente importante, mas no fcil provar a inevitabilidade do controle sem uma descrio adequada da histria de reforo e privao. Consideremos, por exemplo, um hspede faminto, que ouve seu anfitrio dizer, Voc no vem jantar? (Vamos pressupor aqui que o convidado j tenha sido submetido ao elaborado condicionamento responsvel pelo comportamento descrito como entender a lngua.) Como resultado do condicionamento respondente, este estmulo verbal provoca um acmulo de secreo involuntria de saliva e de outros sucos gstricos e talvez a contrao dos msculos lisos nas paredes do estmago e do intestino. Pode tambm induzir o convidado a aproxi mar-se e sentar-se mesa; mas este comportamento certamente de uma outra espcie. Parece ser menos rigorosamente determinado, e e com menor grau de confiana que ns o prevemos. Tanto o reflexo salivar quanto a resposta operante ocorrem porque no passado foram reforados com alimento, mas esta

histria est no passado e em grande parte num passado muito remoto. Na ausncia de um estado de priva118 A anlise do comportamento Discrimina co operante 119 o apropriado podem no ocorrer; o hspede pode responder, Muito obrigado, no tenho fome. Mas mesmo que a histria de reforo e privao seja satisfatria, as respostas operantes podem ser impedidas por um outro comportamento que inclua a mesma musculatura. Se nosso convidado se ofendeu por uma demora inusitada no preparo da refeio, por exemplo, poder vingar-se criando nova demora talvez perguntado por gua para lavar as mos e permanecendo fora da sala de jantar por demasiado tempo. O comportamento foi adquirido por ter sido reforado por seu efeito incmodo sobre outras pessoas porque o convidado aprendeu como incomodar as pessoas. Antes que pos samos prever que ele vir para a mesa to seguramente quanto prevemos que ele salivar, precisamos estar informados sobre as variveis relevan tes no apenas aquelas que aumentam a probabilidade da resposta mas tambm aquelas que aumentam a probabilidade de respostas competitivas. Desde que geralmente no temos um conhecimento adequado de todas essas variveis, mais simples pressupor que o comportamento seja determinado pela vontade do convidado, que ele vir se quiser e desejar assim o fazer. Mas o pressuposto no tem valor terico nem prtico, pois ainda temos que prever o comportamento querer. A explicao interior no um atalho para a informao que precisamos. Se h muitas variveis importantes, o que preciso estudar muitas variveis. A distino entre comportamento voluntrio e comportamento involuntrio, ou comportamento operante e comportamento reflexo, paralela a outra distino. Os reflexos esto ligados primariamente, como vimos, economia interna do organismo, onde as glndulas e os msculos lisos so muito importantes. Os reflexos provindos dos msculos estriados referem-se principalmente manuteno da postura e a outras respostas s propriedades mais estveis do ambiente. Esta a nica rea na qual respostas bem definidas so suficientemente eficazes para serem adquiridas como parte do equipamento gentico do organis mo. O comportamento operante, por outro lado, refere-se primordial- mente quela parte do ambiente na qual as condies para uma ao efetiva so muito instveis e onde dons genticos ou instintivos so muito menos provveis, se no forem na realidade impossveis. O comportamento reflexo ampliado atravs do condicionamento respondente e aparentemente no pode ser condicionado de acordo com o padro operante. As glndulas e os msculos lisos no produzem naturalmente as espcies de conseqncias envolvidas no reforo ope rante e quando arranjamos essas conseqncias experimentalmente, o condicionamento operante no ocorre. Podemos reforar um homem com alimento sempre que ele enrubescer, mas no podemos com isso condicion-lo a enrubescer voluntariamente. O comportamento de enrubescer, como o de empalidecer ou de segregar lgrimas, saliva, suor, etc., no pode ser trazido diretamente sob o controle do reforo ope rante. Se se pudesse encontrar alguma tcnica que conseguisse este resultado, seria possvel treinar uma criana a controlar suas emoes to facilmente quanto ela controla as posies de suas mos.

Consegue-se um resultado que lembra o controle voluntrio de glndulas ou msculos lisos quando o comportamento operante cria estmulos apropriados. Se no possvel alterar diretamente a freqn cia do pulso atravs do reforo operante, outros comportamentos exerccio violento, por exemplo podem gerar uma condio na qual a freqncia do pulso se altera. Se ns reforamos uma certa freqncia crtica, podemos de fato, ainda que inadvertidamente, reforar simples mente o comportamento operante que a produz. Este efeito parece explicar as aparentes excees regra. Contam-se casos de pessoas que podem eriar os pelos dos braos voluntariamente. Outros indivduos so capazes de controlar a diminuio da freqncia do pulso. Mas h indcios razoveis que justificam a suposio de que em cada caso ocor re um passo intermedirio e de que a resposta mesmo da glndula ou dos msculos lisos no um operante. No captulo XV sero descritos outros exemplos nos quais operantes e reflexos encadeiam-se dessa maneira. No fcil determinar se possvel condicionar respostas pura mente reflexas em msculos estrados atravs do reforo operante. A dificuldade est em que uma resposta operante adquirida pode ser uma simples imitao do reflexo. Algum pode espirrar, por exemplo, no s por causa de pimenta, mas pelas conseqncias sociais especiais, Ele faz isso apenas para incomodar, pois sabe que com isso aborrece. difcil dizer se o espirro fingido idntico ao reflexo em casos particula res, mas provavelmente no . Em qualquer caso, as variveis controla doras so suficientemente diferentes para autorizar uma distino. O menino que espirra para incomodar desmascarado quando dispomos de condies para um comportamento operante incompatvel. Se lhe oferecermos doces e os espirros param, podemos estar bem seguros de que no eram reflexos. No h necessidade de dizer que o espirro devia ser voluntrio porque ele pde parar quando quis. Uma traduao mais aceitvel interpreta, Ele parou de espirrar quando foram introdu zidas variveis capazes de aumentar a freqncia de um comportamento incompatvel. 120 A anlise cio comportamento A distino entre comportamento voluntrio e involuntrio ainda se complica pelo fato de que algumas vezes os dois sistemas musculares se sobrepem. Os esfncteres do sistema de eliminao e os msculos das plpebras tomam parte em certos reflexos bem conhecidos. Na criana o controle reflexo s vezes age sozinho, mas o comportamento operante se torna bastante forte. Posteriormente adquirido para se opor ao reflexa. Ordinariamente a respirao reflexa, mas paramos de respirar voluntariamente sob condies adequadas de reforo operante por exemplo, para ganhar uma aposta ou para escapar da estimulao aversiva da gua no nariz quando mergulhamos. O tempo que podemos ficar sem respirar depende da fora dos reflexos respirat rios, que se tornam cada vez mais poderosos medida que o dixido de carbono se acumula no sangue. Finalmente alcanado o ponto em que no podemos deixar de respirar. A distino entre comportamente voluntrio e involuntrio tem relao com o nosso mutvel conceito de responsabilidade pessoal. No responsabilizamos as pessoas por seus reflexos por exemplo, por tos sir na igreja. Responsabilizamo-las por seus comportamentos operantes . por exemplo, por cochichar na igreja ou permanecer na igreja apesar da tosse constante. Mas h variveis responsveis pelos cochichos tanto quanto pela tosse e podem ser no momento, inexorveis. Quando reco nhecermos isto, estaremos aptos a abandonar a noo de responsabili dade e com ela a doutrina do livre arbtrio como agente causal interior. Isto poder resultar em grande diferena em nossas prticas. A

doutrina da responsabilidade pessoal est associada a certas tcnicas de controle do comportamento tcnicas que geram um senso de responsabili dade ou apontam uma obrigao para com a sociedade. Essas tcni cas so relativamente inadequadas para os seus propsitos. Os que sofrem so os primeiros a falar da inevitabilidade de seu comportamen to. O alcolatra insiste em que no pode deixar de espancar o gato ou de dizer o que pensa. H todas as razes para concordar. Mas ser poss vel melhorar nosso entendimento do comportamento humano e forta lecer enormemente nosso controle, planejando procedimentos paralelos que reconheam a importncia do reforo tanto quanto a de outras variveis das quais o comportamento funo. REPERTRIOS DISCRIMINATI VOS Vimos que qualquer unidade de comportamento operante at certo ponto artificial. O comportamento atividade contnua, coerente, Discrimina co operafl te 121 1 de um organismo integral. No obstante possa ser analisado em partes para propsitos tericos ou prticos, precisamos reconhecer sua nature za continua com vistas a resolver certos problemas comuns. O compor tamento discriminativo oferece muitos exemplos. No comportamento de alcanar e tocar um ponto no campo visual, cada posio que o pon to possa ocupar requer uma combinao particular de movimentos de alcanar e tocar. Cada posio vem a ser uma propriedade distinta de um estmulo discriminativo que eleva a probabilidade da resposta apro priada. Finalmente um ponto em qualquer posico evoca o movi mento que leva a um contato com ele. Em muitos ngulos do campo o comportamento pode ser deficiente e casos inusitados podem necessitar de um condicionamento especial por exemplo, alcanar um objeto visto atravs de um espelho ou de uma postura incmoda mas na rea central do campo todas as posies do ponto compreendem um campo contnuo e todas as combinaes possveis de movimentos que levam ao contato formam um campo correspondente. O comportamento adqui rido em ocasies especficas quando respostas especficas a situaes especficas so reforadas, mas o organismo, quase que inevitavelmente, adquire um repertrio coerente que pode ser descrito sem referncias s origens ponto a ponto dos dois campos. Se quisermos especificar a menor unidade poss(vel de correspon dncia entre estmulo e resposta, usaremos as dimenses nas quais os dois campos so descritos. A correspondncia entre pontos. Mas em muitos repertrios as unidades mnimas no chegam a alcanar pontos nos campos contnuos. Estmulos e respostas podem no compor campos. Quando aprendemos os nomes de um grande nmero de pes soas, no temos expectativas relativas aos padres visuais que essas pessoas apresentam nem esperamos que seus nomes constituam campos contnuos. O repertrio permanece como uma coleo de unidades discretas. Mesmo quando estmulos e respostas possam ser descritoS como campos, o comportamento poder no se desenvolver a este pon to. Em diversos dos repertrios discrim inativos a serem agora conside rados, a unidade funcional muito menor que o estmulo ou a resposta que aparece em qualquer ocasio especfica e com que caracteristica mente ns lidamos, mas no de modo algum sempre to pequena que possa ser expressa como um caso de correspondncia entre campos.

Desenhar copiando. Em resposta ao campo especial no qual vivemos, nosso comportamento to familiar que com facilidade nos esquecemos de como foi adquirido. H, porm, certas formas menos familiares do comportamento nas quais a origem de um repertoriO 122 A anlise do comportamento Discriminao operante 123 discriminativo s vezes pode ser retraada claramente. Ao desenhar copiando outro desenho ou, menos obviamente, ao desenhar um objeto nosso comportamento o produto de um conjunto de contin gncias. Uma determinada linha trplice no material a ser copiado a ocasio na qual certos movimentos com lpis e papel produzem uma linha semelhante. Todas essas linhas e todos esses movimentos compre endem campos, mas o comportamento poder no alcanar uma condi o na qual se possa trat-lo como um campo. Isto pode ser visto facilmente no comportamento da criana que aprende a desenhar. Um nmero reduzido de respostas padronizadas evocado pelo campo de estimulao excessivamente complexo. O comportamento do desenhis ta hbil se compe de um nmero muito maior de respostas e pode parecer to natural quanto nossas respostas s posies espaciais. No chega ao ponto de constituir um campo contnuo se um determinado trao no for exatamente reproduzido na cpia, mas apresenta uma caracterstica prpria do estilo individual do artista. Um caso extre mo, no qual o comportamento divide-se em unidades discretas perfeita mente identificveis ainda que o estmulo tenha caracteristicas de cam po, o comportamento do engenheiro eletricista que desenha o circuito de um rdio usando, talvez, vinte ou trinta unidades de res posta. H grandes diferenas individuais na habilidade em desenhar copi ando. As contingncias responsveis pelo comportamento so sem dvida to universais quanto as responsveis pelo comportamento espacial no que diz respeito ao campo visual e individuos diferentes recebem diferentes graus de instruo. Ademais, uma pequena diferen a nas primeiras instrues pode ocasionar grande diferena nos eventu ais resultados. A criana que desenvolve nos primeiros anos um repert rio com o qual copia desenhos e objetos com sucesso, provavelmente continuar a us-lo, e a receber posteriormente reforo diferencial. O treinamento especial do artista inclui muitas contingncias diferenciais altamente sensiveis, em geral fornecidas por um professor ou automa ticamente pelo prprio artista medida que se torna discriminante. Um homem que no consegue desenhar bem tende a ficar intrigado com outro que desenha. No consegue ver como que se faz. No h fora de vontade que o permita produzir algo comparvel. Simples mente falta-lhe o repertrio mnimo bsico, que pode ser estabelecido apenas por intermdio de reforo discriminativo. O comportamento feita sob controle atravs do reforo diferencial nela baseado como um estmulo discriminativo, comportamento no ocorrer. Cantar ou tocar de ouvido. Desenhar copiando assemelha-se a responder ao ambiente espacial na medida em que, nos dois casos, estmulos e respostas aproximam-se de campos contnuos. Ao tocar um instrumento ou cantar uma cano de ouvido, entretanto, faltam dimenses espaciais. Aqui os repertrios apropriados so dispostos por contingncias trplices semelhantes. Um tom ocasio na qual certo comportamento complexo que envolve o aparelho vocal, ser reforado pelo gerar de um tom parecido. O

reforo pode ser automtico, depen dendo do condicionamento prvio do cantor com relao a tons bem emitidos, ou fornecido por algum um instrutor, por exemplo cujo comportamento tambm reflete a qualidade do tom. Este repert rio poder tambm incluir respostas a intervalos, sendo cada intervalo a ocasio na qual uma resposta complexa que gere um intervalo corres pondente ser reforada. Melodias, progresses harmnicas, e assim por diante, podem constituir as bases de repertrios semelhantes. A mesma espcie de relao pode governar a execuo de um instrumento musi cal, onde a topografia do comportamento que gera os tons ou padres ser inteiramente diferente. A unidade ltima no canto ou na execuo de ouvido pode parar ao nvel do meio-tom da escala. Tanto os estmulos quanto as respostas usualmente mostram esse refinamento. O cantor com timbre pobre o que tem um sistema de respostas com um grau de refinamento parcamente definido que no consegue igualar-se ao sistema de estmu los. A escala de meio-tom no , obviamente, um limite natural. A mmica vocal bem-sucedida tem um repertrio que se aproxima de um campo contnuo e que permite ao cantor duplicar sons no-musicais. A imitao perfeita do canto de um pssaro ou do rudo de mquinas requer este tipo de repertrio super-refinado. Facilmente perdemos de vista o condicionamento requerido para desenvolver comportamentos como estes. O indivduo que no pode imitar um padro auditivo ou que no pode cantar ou tocar de ouvido parece embaraar-se com os que podem. Acha quase impossvel cantar um trecho semelhante, ou assobiar um tom correspondente, ou imitar o rudo de uma locomotiva e no tem a concepo de como o bom imitador faz isso. No se pode ser um bom imitador por um ato de vontade. A diferenca est nas histrias de reforo. Se o repertrio COm o qual algum reproduz uma melodia nunca foi estabelecido, no sera colocado em ao pelas circunstncias apropriadas. est sob o controle da cpia, no do artista e at que a cpia tenha sido 124 A anlise do comportamento /mita5o. H apenas um passo entre estes repertrios discrimina tivos e o campo da imitao. Tanto quanto sabemos, o comportamento imitativo no surge por ao de nenhum mecanismo reflexo inerente. Tal mecanismo implicaria em que o estmulo gerado por um dado padro de comportamento em outro organismo eliciasse em um outro organismo uma srie de respostas com o mesmo padro por exemplo, o estimulo visual de um cachorro correndo eliciaria a corrida em outro co. Este seria um mecanismo extremamente complexo e a despeito de uma forte crena em contrrio, parece no existir. A imitao se desen volve na histria do indivduo como resultado de reforos discriminati vos que exibem a mesma contingncia trplice j nossa conhecida. A estimulao visual fornecida por algum agitando a mo a ocasio na qual agitar a mo provavelmente receber reforo. O estmulo auditivo pa-pa a ocasio na qual a resposta verbal complicada que produz um padro auditivo parecido reforada pelo pai satisfeito. Todos os dias vemos acontecer esta espcie de condicionamento e podemos tambm realiz-lo no laboratrio. Por exemplo, podemos condicionar um pombo a executar um dentre diversos atos seguindo outro pombo que esteja executando ou no aquele ato. Quando o imitado bica o disco em uma posio diferente, o imitador se comporta de acordo. Quando o imitado se dirige para o lado oposto da gaiola, o imitador o segue. Este comportamento imitativo ocorre apenas quando houve reforo discriminativo especfico. Os pombos parecem no se imitar naturalmente. Entretanto, a contingncia trplice necessria freqen temente ocorre na natureza. Assim, se um pombo est ciscando um cho coberto de folhas, esta uma ocasio em que outro pombo

provavelmente ser reforado por um comportamento semelhante. O paralelo humano no est longe disso. Quando vemos pessoas olhando para a vitrina de uma loja, com toda probabilidade olhamos tambm no por causa de um instinto de imitao, mas porque as vitrinas que esto sendo observadas por outras pessoas provavelmente reforam esse comportamento. O repertrio imitativo do indivduo mdio to bem desenvolvido que sua origem fica esquecida, e o repertrio facilmente aceito como uma parte inerente do comportamento. Os repertrios imitativos muitas vezes desenvolvem-se em conjun tos de respostas relativamente discretas. Ao aprender a danar, adquire-se um conjunto de respostas mais ou menos esteriotipadas em virtude das quais um passo executado pelo instrutor duplicado pela aluna. O bom danarino possui um grande repertrio imitativo de passos de dana. Quando o repertrio imperfeito, a imitao pobre e o novato Discrimina operante acha muito difcil imitar um passo complicado. Ao danar, como no caso de cantar de ouvido, a habilidade imitativa do bom danarino parece quase mgica aos no-iniciados. Um bom ator possui um repertrio imitativo de atitudes, posturas, e de expresses faciais que o capacitam a seguir as sugestes do diretor ou a imitar comportamentos observados na vida cotidiana. As tentativas do ator no-habilidoso podem ficar ridiculamente longe da finalidade por falta de repertrio essencial. No obstante as respostas imitativas se aproximem de um campo contnuo, esta condio provavelmente nunca alcanada. A duplicao do estmulo nem sempre precisa e o refinamento do repertrio com o qual o bom imitador duplica com portamentos pode ser operante. A semelhana entre estmulo e resposta na imitao no tem funo especial. Facilmente podemos estabelecer um comportamento no qual o imitador faz exatamente o oposto do que feito pelo imitado. O segundo pombo pode ser condicionado a bicar sempre uma posio diferente. Algo desta espcie acontece no salo de dana quando o comportamento do instrutor e do aluno, em um repertrio imitativo, no o mesmo. Nestas condies, um passo para trs dado pelo instrutor ocasio para ser dado um passo frente pela aluna. Esta espcie de imitao pode vir a ser to perfeita quanto o comporta mento que tem as mesmas propriedades, como fica demonstrado pelo bom par. Outros repertrios no-correspondentes so encontrados no campo do esporte. O comportamento do jogador de tnis em grande medida controlado pelo comportamento de seu oponente, mas os padres cor respondentes no so irnitativos no sentido usual do termo. H, ainda aqui, uma trplice contingncia: estimulos sutis originados do compor tamento do oponente que so relacionados com o lugar em que a bola ser colocada indicam a ocasio para o comportamento defensivo ade quado. O bom jogador de tnis torna-se extremamente sensvel a esta espcie de estimulao e isto se deve unicamente ao fato de que por causa disso ele capaz de se colocar nas posies defensivas apropria das. A esgrima oferece um exemplo especialmente bom de comporta mento integrado de dois indivduos no qual cada resposta de um dos oponentes constitui um estmulo discriminativo para uma resposta diferente por parte do outro. O comportamento pode ser to integrado como o de dois danarmos executando os mesmos passos ao mesmo tempo. 126

A anlise do comportamento Discriminao operante 127 Estes repertrios imitativos inversos no podem abranger cam pos contnuos dos quais novos e especficos casos automaticamente venham a emergir. Hbeis danarmos podem, de certo modo, improvisar uma dana na qual um introduz uma srie de passos e o outro acompa nha, do mesmo modo que um jogador de tnis, de certo modo, possui automaticamente a rplica apropriada a uma nova manobra ofensiva, mas em nenhum caso est presente o campo correspondente necessrio para a duplicao do comportamento na verdadeira imitao. ATENO O controle exercido por um estimulo discriminativo tratado tra dicionalmente no tpico ateno. Este conceito inverte a direo da ao ao sugerir que no o estimulo que controla o comportamento do observador, mas que o observador que atenta para o estmulo e assim o controla. No obstante, s vezes reconhecemos que o objeto chama ou mantm a ateno do observador. O que usualmente queremos dizer nestes casos que o observador continua a olhar para o objeto. Um cartaz de estrada perigoso, por exemplo, se mantm a ateno do motorista por longo tempo. O com portamento do motorista ao prestar ateno ao cartaz ser simplesmen te o comportamento de olhar para ele, em lugar de olhar para a estrada sua frente. O comportamento supe condicionamento, e, em parti cular, o condicionamento especial do operante discriminativo. As variveis nem sempre so bvias, mas podem em geral ser percebidas. O fato de que as pessoas lem os cartazes nas estradas ao invs de olhar para a regio por onde passam, mostra como a leitura comumente reforada no apenas pelos cartazes, mas por histrias, novelas, cartas e assim por diante. Poderosos reforos so preparados por milhares de escritores em cada campo da palavra escrita ou impressa. Todos esses estmulos tm propriedades tipogrficas comuns, que induzem o leitor a um novo material. Algum reforo poder ocorrer imediatamente se o material particular for interessante. (Vimos no captulo VI que ter interesse apenas outro meio de expressar as conseqncias do reforo operante.) possivel estudar esta relao em um experimento simples. Prepa ramos as condies para reforar um pombo quando bicar um disco, mas apenas quando uma pequena luz colocada acima do disco estiver piscando. O pombo estabelece uma discriminao na qual responde ao disco quando a luz pisca e no responde em caso contrrio. Notamos tambm que o pombo comea a olhar para a luz. Poderamos dizer que ele est prestando ateno nela ou que ela mantm sua ateno. O com portamento facilmente explicado em termos de reforo condicionado. Olhar para a luz ocasionalmente reforado por ver a luz piscar. O com portamento comparvel ao de procurar um objeto (captulo V). Uma orientao dos olhos no o nico resultado possvel. O comportamento de procurar enxergar no escuro ou em um espesso nevoeiro um exemplo de olhar com orientao para o campo visual inteiro. O comportamento de examinar o campo ou responder a cada parte do campo de acordo com algum padro exploratrio o com portamento que mais freqentemente reforado pela descoberta de objetos importantes; por conseqncia, torna-se mais provvel. Pode mos geralmente observar que o comportamento com o qual uma crian a procura um brinquedo perdido especificamente condicionado. Se certos modos de procura so reforados pela descoberta de objetos

mais freqentemente do que outros, emergem como comportamentos tpi cos. Podemos estudar isto no experimento com o pombo, dispondo uma srie de luzes, de maneira a que qualquer uma delas possa comear a piscar como um estmulo discriminativo. O pombo olha para todos os pontos em uma ordem mais ou menos casual. Pode-se dizer que ele olha para o ponto que pisca, como no exemplo discutido no captulo V. Se a luz comea a piscar enquanto o pombo est olhando para outro lugar, a piscada vista em um lado do campo visual. O comportamento de olhar diretamente para a luz assim otimamente reforado. Dizemos que a luz capta a ateno integral do pombo. Mas, ateno mais que olhar para alguma coisa ou para uma clas se de coisas em sucesso. Como todos sabem, podemos olhar para o centro de uma pgina enquanto atentamos para pormenores nas margens. As tentativas para explicar isso em termos de incipientes movimentos dos olhos falharam e em nenhum caso nenhuma orienta o semelhante parece adequar-se a uma explicao de fenmenos auditivos correspondentes. Assim, quando ouvimos um fongrafo repro duzindo uma sinfonia ao mesmo tempo que prestamos ateno parti cularmente nas clarinetas, aparentemente impossvel demonstrar qual quer orientao especial do ouvido. Mas se a ateno no uma forma de comportamento, isso no significa que ser, forcosamente algo fora do campo do comportamento. Ateno uma relao que controla a relao entre uma resposta e um estmulo discriminativo. Quando algum presta ateno est sob controle especial de um estmulo. Detec tamos a relao mais prontamente quando os receptores esto conspi cuamente orientados, mas isso no essencial. Um organismo atende a 728 A anlise do comportamento 1 Discriminao operante 129 um pormenor de um estimulo, independente do fato de os receptores estarem ou no estarem orientados no sentido de produzir uma recep o bem definida, desde que seu comportamento esteja predominante- mente sob o controle daquele pormenor. Quando o sujeito descreve um objeto situado na margem da pgina, mesmo quando estamos seguros de que no est olhando para a margem, ou quando diz-nos que as clari netas ficaram um compasso atrs dos violinos, no precisamos demons trar qualquer disposio especial de estmulo e resposta. suficiente apontar a relao especial de controle que torna a resposta possvel. Paralelamente, em nosso experimento, podemos dizer que o pombo atenta para a luz, ainda que no esteja olhando para ela, se exibe fre qentemente uma reao discrim inativa correta toca no disco quando a luz est piscando e no toca quando a luz no pisca. Ele provavelmen te olhar para a luz porque a contingncia responsvel pela ateno tambm responsvel pelo reforo desse comportamento, mas no sem pre necessariamente. Quando mandamos algum prestar ateno particular a uma carac terstica do ambiente, nossa ordem em si mesma um estmulo discri minativo que suplementa o estmulo mencionado no controle do com portamento do observador. O observador condicionado a olhar ou atentar para um estmulo particular quando lhe dizem para prestar ateno nele, porque nessas condies reforado quando faz isso. As pessoas geralmente dizem olhe aquele homem apenas quando o ho mem est fazendo alguma coisa interessante. Geralmente dizem Presta ateno ria conversa do banco logo atrs do teu, apenas quando al gum est dizendo alguma coisa interessante. Da mesma forma que podemos atentar para um objeto sem olhar para ele, assim tambm podemos olhar para um objeto sem prestar-lhe ateno. No h necessidade de concluirmos que devemos ento estar olhando com um comportamento de um tipo inferior

no qual os olhos no so usados corretamente, O critrio saber se o estmulo est exer cendo algum efeito sobre nosso comportamento. Quando olhamos fixa- mente para algum sem not-lo, prestamos ateno a um discurso sem atentar para o que dito, ou lemos uma pgina com a cabea nas nuvens, simplesmente escapamos de um comportamento que normal mente est sob controle desses estmulos. RELAES TEMPORAIS ENTRE ESTMULO, RESPOSTA E REFORO O meio ambiente de tal modo construdo que certas coisas ten dem a acontecer juntas. O organismo de tal modo construdo que seu comportamento muda quando entra em contato com este ambiente. H trs casos principais: (1) Certos eventos como a cor e o gosto da fruta madura tendem a ocorrer associados. O condicionamento responden te o efeito correspondente sobre o comportamento. (2) Certas ativ ida des do organismo efetuam certas mudanas no ambiente. O condiciona mento operante o efeito correspondente sobre o comportamento. (3) Certos eventos so as ocasies nas quais certas aes efetuam certas mudanas no ambiente. A discriminao operante o efeito correspon dente sobre o comportamento. Como resultado destes processos, o organismo que se encontra em um novo ambiente finalmente vem a se comportar de um modo eficiente. O resultado no poderia ser alcan ado por mecanismos hereditrios porque o ambiente no suficiente mente constante de uma gerao para outra. Tambm caracterstico do ambiente normal o fato de que os eventos ocorrem associados em certas relaes temporais. Um estmulo pode preceder outro estmulo de um certo intervalo de tempo; como quando o relmpago precede o trovo. Uma resposta pode produzir uma conseqncia apenas depois de um dado intervalo, como quando a ingesto de lcool seguida por efeitos tpicos depois de certa demora. Uma resposta pode produzir sua conseqncia quando executada em um certo tempo depois do aparecimento de um estmulo discriminati vo, como quando uma bola em movimento pode ser alcanada apenas atravs de um pulo, que deve ser dado exatamente no momento em que a bola vai passar, nem antes nem depois. As duas primeiras destas caractersticas no levantam maiores problemas. O efeito de um intervalo de tempo entre os estmulos no condicionamento respondente facilmente constatado. Se dermos comida a um organismo dez segundos depois da apresentao de um estmulo neutro, o processo de condicionamento segue essencialmente o padro usual: o co saliva na presena do estmulo anteriormente neutro. Mas uma discriminao temporal finalmente se estabelece. O co no saliva quando o estmulo condicionado apresentado primei ro, mas apenas depois de um intervalo, o qual gradualmente se aproxi ma do intervalo aps o qual o estmulo incondicionado geralmente aparece. Podemos trabalhar com este resultado simplesmente definindo o estmulo condicionado como um dado evento mais o lapso de tantas unidades de tempo. A ntroduao de um intervalo de tempo entre as respostas e o reforo no condicionamento operante tambm de pouco ) r 130 A anlise do comportamento Discrimnab operante interesse aqui. A ao do reforo fica reduzida, mas o comportamento no ser grandemente modificado.

Quando propriedades temporais so somadas trplice contingn cia do operante discriminativo, contudo, alguns efeitos especiais se seguem. s vezes uma resposta reforada apenas se feita to rapida mente quanto o possvel depois do aparecimento de um dado estmulo. Este tipo de contingncia responsvel pela velocidade com a qual muitas pessoas correm para atender ao telefone, O levantar o fone e dizer Al reforado apenas se a resposta for feita imediatamente. O corredor responde ao tiro de partida da mesma maneira, e pela mesma razo. Em um experimento de tempo de reao tpico, o sujeito instrudo a levantar o dedo de uma chave, to logo aparea uma luz ou oua um som, com o resultado de que o comportamento passa a ocorrer to imediatamente quanto o possvel. Ainda que as instrues dadas ao sujeito em um experimento de tempo de reao ou ao atleta no in cio de uma corrida sejam complexos, o efeito sobre o comportamento devido a simples trplice contingncia mais uma especificao tempo ral adicional. Esta mesma contingncia far um pombo comportar-se o mais rapidamente possvel tambm. O tempo de reao do pombo tem aproximadamente a mesma magnitude que o do homem. Uma resposta pode ser reforada tambm, apenas se for retardada um determinado intervalo de tempo depois da apresentao do est mulo. Assim, um pombo ser reforado por bicar um disco apenas se esperar, por exemplo, seis segundos depois que o disco for apresentado. Muitos reforos sociais e comerciais so deste tipo onde, exemplifi cando, o efeito lquido reduzido se algum responde prontamente ou concorda facilmente com uma proposta, ou onde o melhor reforo segue-se apenas depois da devida considerao. Sob este tipo de con tingncias, a probabilidade mxima de resposta caracteristicamente alcanada pouco antes de o intervalo requerido se completar. s vezes costume referir-se a um efeito caracterstico da demora como expectativa ou antecipao. Suponhamos que um visitante assduo habitue-se a dar a uma criana um pedao de doce, poucos minutos aps a chegada. Como podemos formular o comportamento da criana de antecipar a entrega do doce? Podemos notar, em primeiro lugar, que a chegada do visitante serve de estmulo condicionado e que a criana possivelmente salivar. Se o intervalo que decorre entre a chegada e a apresentao do doce for razoavelmente uniforme, poder se desenvolver uma discriminao temporal, de forma que esta resposta condicionada no aparecer seno aps o decorrer de quase todo o intervalo de tempo. Se certos movimentos do visitante geralmente pre cederam a entrega do doce, qualquer movimento do visitante ser reforado. Portanto, a criana atentar para o visitante, da maneira como o termo foi definido. Observ-lo- cuidadosamente. Se algum estmulo verbal estiver especialmente relacionado com o doce, a criana tambm prestar ateno em tudo o que o visitante disser, desde que ouvir tambm ser reforado por esses estmulos. Qualquer comporta mento da criana que tornou mais provvel o aparecimento do doce tambm foi reforado e ser forte (mais provvel). A criana pode fazer-se mais notada exibindo-se, por exemplo. Pela mesma razo ela pode se referir aos doces recebidos anteriormente e assim dar uma dica ao visitante (captulo XV). Muito do comportamento da criana ser emocional. fcil obser var isto quando o estmulo antecipado aversivo. Como veremos no captulo Xl, o estado emocional em tais casos denominado ansieda de. Quando o estmulo antecipado positivamente reforador, h uma mudana geral no comportamento da criana em direo a maior excita o e prontido de resposta. Estes so, at certo ponto, os aspectos reforadores de alegria ou deleite. (Veremos no captulo X que estes termos devem ser usados com cuidado.)

H ainda outro ingrediente na antecipao. O comportamento do atleta em resposta s palavras Ateno, preparar mostra todos os efeitos a seguir mencionados: (1) reflexos condicionados que envol vem pulso, respirao, transpirao e assim por diante; (2) uma especial relao controladora para com a voz do juiz da partida, que denomi nada ateno concentrada; e (3) mudanas emocionais que, se a corrida for decisiva, sero mais caractersticas de ansiedade do que de alegria. Alm disso, o atleta tem seus msculos tensos e adota a postura exata que tornar sua resposta ao sinal J! mais eficaz. Esta espcie de comportamento, algumas vezes denominada de preparao, reforada pela velocidade da resposta que se segue. O comportamento pode ser apenas a execuo parcial da resposta de partir, por vezes revelada atravs de uma partida falsa, ou pode consistir em qualquer outra forma de comportamento que receba o reforo final de uma parU da mais bem-sucedida por exemplo, ficar imvel ao invs de movi mentar-se alternadamente nas pontas dos ps. 132 A anlise do comportamento i O controle do comportamento pelo meio ambiente