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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA GRAZIELLA COSTA GONÇALVES ESTUDO DAS PERDAS COMERCIAIS DE ENERGIA ELÉTRICA EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA

CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA

GRAZIELLA COSTA GONÇALVES

ESTUDO DAS PERDAS COMERCIAIS DE ENERGIA ELÉTRICA

EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO

CURITIBA

2007

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GRAZIELLA COSTA GONÇALVES

ESTUDO DAS PERDAS COMERCIAIS DE ENERGIA ELÉTRICA

EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Projeto Final apresentado na disciplina de

Projeto Final 2 do curso de Engenharia

Industrial Elétrica – Eletrotécnica.

Orientadora: Profa. Maria de Fátima Ribeiro

Raia Cabreira, Dra. Eng.

CURITIBA

2007

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe, minha avó, meu namorado e todos os meus

familiares pelo apoio, amor, paciência que sempre tiveram comigo e por

compreenderem o motivo da minha ausência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, à minha orientadora Maria de Fátima Ribeiro Raia

Cabreira, à todos os meus familiares, a todos os meus amigos, e para todas as

pessoas que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento desse trabalho:

Davi Romero Carneiro, Maria Edna da Costa, Ramão Antonio Krieger, Roverli

Renato Comin, Dionizio Ribeiro Ambrózio, Eduardo Antonio F. Caxilé, Márcio Nunes

Knopp, às distribuidoras de energia: COPEL, CEMIG, Light, Ampla e AES

Eletropaulo.

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo das perdas comerciais nas distribuidoras

de energia brasileiras, COPEL, Light, Ampla, CEMIG e AES Eletropaulo.

Um dos enfoques principais do trabalho são as perdas comerciais, como,

ligações irregulares, fraudes, violações de medidores de energia, roubo de

equipamentos e materiais da rede de distribuição, os métodos de combate às perdas

comerciais de energia, projetos e ações desenvolvidas pelas distribuidoras para se

conter esse problema e evitar prejuízos financeiros e o mau fornecimento de energia

para os consumidores.

Abordou-se alguns fatores referentes a cada concessionária de energia e

como estes interferem nas perdas comerciais das distribuidoras. Estes fatores são:

problemas sociais, áreas de atuação consideradas de risco, porcentagem das

perdas comerciais por concessionárias, tecnologias aplicadas, planejamentos e

projetos desenvolvidos. As distribuidoras desenvolvem programas de ação, projetos

e métodos para se reduzir o furto de energia e acompanha esse procedimento

analisando suas vantagens e desvantagens para o problema que enfrentam de

acordo com a quantidade de perdas que possuem.

No caso da companhia energética paranaense são avaliados todos os

procedimentos que ela realiza para conter o avanço dos desvios de energia e as

demais perdas comerciais. Os métodos aplicados pela Copel distribuição, na cidade

de Foz do Iguaçu, no bairro Jardim Jupira e quais os resultados decorrentes da

implantação da rede antifurto e medição centralizada.

E por fim é feito um comparativo entre as distribuidoras de energia estudadas

e dos métodos que elas utilizam para evitar o furto de energia.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Perdas de energia por tipo de empresa ...............................................23

Tabela 2.2 – Perdas de energia no Brasil .................................................................27

Tabela 2.3 – Perdas comerciais de energia ..............................................................27

Tabela 2.4 – Impacto das perdas comerciais nas tarifas de energia.........................30

Tabela 2.5 – Casos de furto de energia e invasão ....................................................49

Tabela 2.6 – Problemas enfrentados pela Light em 2004 .........................................49

Tabela 2.7– Resultados das medições MT em áreas de baixa renda com riscos e

sem riscos ............................................................................................49

Tabela 2.8 – Comparação da Rocinha com algumas favelas do estado...................50

Tabela 2.9 – Área de atuação: Indicadores...............................................................72

Tabela 2.10 – Consumo de energia acumulado por classes.....................................72

Tabela 3.1 – Dados decorrentes da instalação da rede antifurto e medição

centralizada..........................................................................................99

Tabela 3.2 – Furto de transformadores na SDL e o custo para sua reposição .......103

Tabela 3.3 – Furto de transformadores em Curitiba e o custo para sua reposição.104

Tabela 3.4 – Furto de transformadores na Região Norte de Curitiba e o custo para

sua reposição.....................................................................................104

Tabela 3.5 – Furto de transformadores em São José dos Pinhais e o custo para sua

reposição............................................................................................105

Tabela 3.6 – Furto de transformadores no Litoral e o custo para sua reposição.....105

Tabela 3.7 – Furto de condutores na SDL...............................................................106

Tabela 3.8 – Furto de condutores na SDL por tipo de material condutor ................106

Tabela 3.9 – Furto de condutores em Curitiba ........................................................106

Tabela 3.10 – Furto de condutores em Curitiba por tipo de material condutor........107

Tabela 3.11 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba ............................107

Tabela 3.12 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba por tipo de material

condutor ...........................................................................................107

Tabela 3.13 – Furto de condutores em São José dos Pinhais ................................108

Tabela 3.14 – Furto de condutores em São José dos pinhais por tipo de material

condutor ...........................................................................................108

Tabela 3.15 – Furto de condutores no Litoral..........................................................108

Tabela 3.16 – Furto de condutores no Litoral por tipo de material condutor ...........109

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Tabela 3.17 – Materiais repostos na rede de distribuição devido a furtos...............109

Tabela 3.18 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDC devido a furtos .110

Tabela 3.19 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDL devido a furtos..110

Tabela 3.20 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDN devido a furtos .110

Tabela 3.21 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDO devido a furtos .111

Tabela 3.22 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDT devido a furtos..111

Tabela 3.23 – Materiais repostos na rede de distribuição da DDI devido a furtos...111

Tabela 3.24 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDC devido a furtos .112

Tabela 3.25 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDL devido a furtos..112

Tabela 3.26 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDN devido a furtos .113

Tabela 3.27 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDO devido a furtos .113

Tabela 3.28 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDT devido a furtos..113

Tabela 3.29 – Materiais repostos na rede de distribuição da DDI devido a furtos...114

Tabela 3.30 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDC devido a furtos .114

Tabela 3.31 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDL devido a furtos..114

Tabela 3.32 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDN devido a furtos .115

Tabela 3.33 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDO devido a furtos .115

Tabela 3.34 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDT devido a furtos..115

Tabela 3.35 – Materiais repostos na rede de distribuição da DDI devido a furtos...116

Tabela 4.1 – Perdas de energia após rede DAT e medição centralizada ...............137

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Gráfico de perdas de energia ................................................................22

Figura 2.2 – Índices de perdas por subsistemas no Brasil ........................................23

Figura 2.3 – Perdas no sistema de MT e BT das distribuidoras de energia ..............24

Figura 2.4 – Acidente ocorrido na rede da CEMIG....................................................31

Figura 2.5 – Desvio de energia detectado.................................................................35

Figura 2.6 – Ligação irregular....................................................................................36

Figura 2.7 – Ligações irregulares ..............................................................................36

Figura 2.8 – Ligações irregulares ..............................................................................37

Figura 2.9 – Medidor com disco travado com papel..................................................40

Figura 2.10 – Lacre do medidor violado ....................................................................40

Figura 2.11 – Furto de energia camuflado.................................................................41

Figura 2.12 – Medidor furado ....................................................................................41

Figura 2.13 – Furto na entrada do medidor ...............................................................42

Figura 2.14 – Inversão de polaridade no medidor digital...........................................42

Figura 2.15 – Cabos cortados em tamanhos de 30 a 40 cm e ensacados................44

Figura 2.16 – Parte do material aprendido pela CELG..............................................44

Figura 2.17 – Modo como foram encontrados os materiais nas casas de reciclagem

prontos para serem derretidos............................................................45

Figura 2.18 - Parte do material aprendido: cabos, fios, capacitores e cintas de poste

..................................................................................................................................45

Figura 2.19 – Cabos novos providos do material furtado ..........................................45

Figura 2.20 – Local de desmanche dos fios de cobre ...............................................46

Figura 2.21 – Capacitores furtados encontrados em ferro-velho...............................46

Figura 2.22 – Furto de transformadores da CELG ....................................................46

Figura 2.23 – Transformadores furtados da COPEL em março/2007 ...................... 47

Figura 2.24 – Difusão do furto de energia nas concessionárias do Brasil em relação

à complexidade social ........................................................................52

Figura 2.25 – Ligação direta na rede elétrica ............................................................53

Figura 2.26 – Furto de energia na rede de baixa tensão...........................................54

Figura 2.27 – Intervenções nas caixa do medidores ................................................54

Figura 2.28 – Troca da engrenagem no medidor ......................................................54

Figura 2.29 – Raspagem na engrenagem do medidor ..............................................55

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Figura 2.30 – Proteção da baixa tensão através de uma barreira.............................56

Figura 2.31 – Barreira para proteção da rede BT para evitar o furto de energia .......56

Figura 2.32 – Barreira física para proteção da rede BT ............................................57

Figura 2.33 – Solução para proteção da rede BT......................................................57

Figura 2.34 = Proteção aplicada na cidade de Medellín............................................58

Figura 2.35 – Rede convencional..............................................................................59

Figura 2.36 – Rede com padrão DAT........................................................................59

Figura 2.37 – Rede precursora na rede de alta tensão .............................................60

Figura 2.38 – Rede com padrão DAT........................................................................60

Figura 2.39 – Poste com transformador e rede com padrão DAT .............................61

Figura 2.40 – Rede BT afastada e próxima da MT....................................................61

Figura 2.41 - Rede com padrão DAT e com concentradores de medição centralizada

..................................................................................................................................61

Figura 2.42 – Rede com concentradores de medição centralizada.......................... 63

Figura 2.43 – Perdas técnicas e comerciais..............................................................65

Figura 2.44 – Medidor fiscal ......................................................................................70

Figura 2.45 – Sondas para eletroduto .......................................................................70

Figura 2.46 – Conjunto de medição para média tensão............................................71

Figura 2.47 – Gráfico: participação no consume de energia por classes ..................73

Figura 2.48 – Organograma da COPEL ....................................................................73

Figura 2.49 – Jardim Jupira na cidade de Foz do Iguaçu..........................................74

Figura 2.50 – Furto de energia na rede BT em Foz do Iguaçu..................................75

Figura 2.51 – Ligação irregular na rede BT...............................................................75

Figura 2.52 – Situação da rede após furto de energia .............................................76

Figura 2.53 – Rede com padrão antifurto da COPEL................................................78

Figura 2.54 – Rede antifurto em postes com transformador .....................................78

Figura 2.55 – Eletricista trabalhando na rede antifurto com medição centralizada ...79

Figura 2.56 – Sistema de medição de energia da COPEL........................................80

Figura 2.57 – Fraude em medidor .............................................................................81

Figura 2.58 – Fraude no disco do medidor................................................................81

Figura 2.59 – Violação do medidor............................................................................81

Figura 2.60 – Exemplo de desvio de energia ............................................................82

Figura 2.61 – Fraude no medidor ..............................................................................82

Figura 2.62 – Cabo destruído por uma sobrecarga após ligação irregular................83

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Figura 3.1 – Caixa de derivação................................................................................87

Figura 3.2 – Cabo concêntrico antifurto ....................................................................87

Figura 3.3 – Montagem de rede antifurto ..................................................................89

Figura 3.4 – Estrutura básica com acessórios...........................................................90

Figura 3.5 – Alta tensão e baixa tensão em poste de 10,5 m....................................90

Figura 3.6 – Poste de 12 m com transformador ........................................................91

Figura 3.7 – Rede secundária isolada antifurto afastada ..........................................91

Figura 3.8 – Estrutura antifurto com transformador acoplado no poste.....................92

Figura 3.9 – Rede com padrão antifurto....................................................................94

Figura 3.10 – Rede com padrão antifurto e acessórios.............................................94

Figura 3.11 – Rede antifurto com medição centralizada ...........................................94

Figura 3.12 – Rede antifurto com caixa de derivação ...............................................95

Figura 3.13 – Rede antifurto com transformador.......................................................95

Figura 3.14 – Manutenção da rede através de cesto aéreo ......................................95

Figura 3.15 – Manutenção da rede através de escada .............................................96

Figura 3.16 – Medidor baleado no Jardim Jupira ....................................................102

Figura 3.17 – Micro-câmera para detecção de furto................................................117

Figura 3.18 – Diagrama de blocos do Módulo Transmissor ....................................120

Figura 3.19 – Instalação de um sistema de gerenciamento de perdas e medição

(SGP+M) ...........................................................................................123

Figura 3.20 – Concentrador primário.......................................................................123

Figura 3.21 – Medidor eletrônico.............................................................................124

Figura 3.22 – Interface do concentrador primário....................................................126

Figura 3.23 – Fixação com cinta circular.................................................................127

Figura 3.24 – Fixação com parafusos .....................................................................127

Figura 3.25 – Menu principal do software do sistema .............................................128

Figura 3.26 – Janela do teste de comunicação ......................................................129

Figura 3.27 – Janela de leitura de contas................................................................129

Figura 3.28 – Tela de acesso do operador ao sistema ...........................................130

Figura 3.29 – Tela de ajuste de hora do concentrador............................................130

Figura 3.30 – Tela da agenda de mudança de estado de contatores .....................131

Figura 3.31 – Medição centralizada localizada em Maringá....................................132

Figura 3.32 – Medição centralizada localizada em Londrina...................................132

Figura 4.1 – Comparação de perdas comerciais.....................................................137

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Figura 4.2 – Balanço energético da AES Eletropaulo .............................................139

Figura 4.3 – Perdas totais de energia da AES Eletropaulo .....................................139

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica

ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica

AT – Alta Tensão

BT – Baixa Tensão

CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CEB – Companhia Energética de Brasília

CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A

CELG – Companhia Energética de Goiás

CEMAR – Companhia Energética do Maranhão

CEMAT – Centrais Elétricas Matogrossense S/A

CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais

CELPE – Companhia Energética de Pernambuco

CEPISA – Companhia Energética do Piauí

CERJ – Companhia Energética do Rio de Janeiro

CFLO – Companhia Força e Luz do Oeste

CGE – Comitês Gestores Estaduais

CGN – Comitê Gestor Nacional

CNU – Comissão Nacional de Universalização

COCEL – Companhia Campolarguense de Energia

COELCE – Companhia Energética do Ceará

CONFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

COPEL – Companhia Paranaense de Energia

CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz

COSIP – Contribuição Sobre o Serviço de Iluminação Pública

DAT – Distribuição Aérea Transversal

DDSD – Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados

FORCEL – Força e Luz Coronel Vivida LTDA

IASC – Instituto de Assistência Social e Cidadania

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestações de Serviço

MT – Média Tensão

NTC – Normas Técnicas Copel

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SDC – Superintendência Regional Distribuição Centro-Sul

SDL – Superintendência Regional Distribuição Leste

SDN – Superintendência Regional Distribuição Noroeste

SDO – Superintendência Regional Distribuição Oeste

SDT – Superintendência Regional Distribuição Norte

SGP+M – Sistema de Gerenciamento de Perdas + medição

SPC – Serviço de Proteção ao Crédito

PIS – Programa de Integração Social

RNA – Redes Neurais Artificiais

RSI – Rede Secundária Isolada

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE SIGLAS

CAPÍTULO 1 – PROSPOTA DO TRABALHO.................. ........................................15

1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................15

1.2 PROBLEMA .....................................................................................................17

1.3 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................17

1.4 OBJETIVOS .....................................................................................................18

1.1.1 Objetivo Geral ...................... ..................................................................18

1.1.2 Objetivos Específicos ............... ............................................................19

1.5 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................19

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................20

CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ............. .....................................21

2.1 PERDAS DE ENERGIA...................................................................................21

2.2 PERDAS TÉCNICAS .......................................................................................25

2.3 PERDAS COMERCIAIS...................................................................................26

2.3.1 Prejuízos com as perdas comerciais.. ...............................................28

2.3.2 Impactos causados pelas perdas comerciais... ................................29

2.3.3 Ligações clandestinas ....................... .................................................33

2.3.4 Fraudes em medidores de energia............. ........................................37

2.3.5 Furto de equipamento e materiais na rede de distribuição .............42

2.4 ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA E AS PERDAS

COMERCIAIS............................................................................................................47

2.4.1 Light ...................................... .............................................................47

2.4.1.1 Plano de ação da Light .........................................................50

2.4.2 Ampla ....................................... ...........................................................51

2.4.2.1 Plano de ação da Ampla.......................................................55

2.4.3 AES Eletropaulo .. ..............................................................................64

2.4.3.1 Plano de ação da AES Eletropaulo.......................................66

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2.4.4 CEMIG..................................................................................................68

2.4.4.1 Plano de ação da CEMIG .....................................................68

2.4.5 COPEL .................................................................................................71

2.4.5.1 Plano de ação da COPEL.....................................................76

CAPÍTULO 3 – O CASO DA COMPANHIA PARANAENSE DE ENER GIA - COPEL

........................................................................................................................84

3.1 REDE ANTIFURTO .........................................................................................84

3.1.1 Principais Materiais Utilizados......................................... .................86

3.1.2 Montagem da Rede Anti furto .............................................. ..............88

3.1.3 Considerações para In stalação da Rede Antifurto......................... .92

3.1.4 Manutenção da Rede An tifurto ............................................ .............96

3.1.5 Segurança............ ...............................................................................96

3.1.6 Rede Antifurto Jardim Jupira ............................................ ................97

3.2 A COPEL E O FURTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ......................102

3.2.1 Furto de Materiais e Eq uipamentos na SDL em 2005....................103

3.2.2 Furto de Materiais e Equipamentos em 2006............................... ..109

3.2.3 Furto de Materiais e Equipamentos em 2007............................... ..109

3.3 MÉTODOS DA COPEL PARA SE COMBATER O FURTO DE ENERGIA ..117

3.3.1 Micro-Câmera para Det ecção de Fraude.................................... ....117

3.3.2 Equipamento Detector de Desvio de Energia ............................... .118

3.3.3 Medição Centralizada. ......................................................................121

3.3.4 Conclusão do Estudo d e Caso............................................. ...........132

CAPÍTULO 4 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DISTRIBUIDORAS E O S MÉTODOS

UTILIZADOS POR ELAS PARA SE COMBATER O FURTO DE ENE RGIA.........135

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO ............................. ...................................................141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ..............................................143

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CAPÍTULO 1 – PROPOSTA DO TRABALHO

1.1 INTRODUÇÃO

De acordo com dados fornecidos pela ANEEL, Agência Nacional de Energia

Elétrica em 2004, verificou-se que as concessionárias de energia elétrica se

deparam com grandes problemas de perdas de energia. Essas perdas podem ser

classificadas como técnicas ou comerciais. A diferença entre as perdas comerciais e

técnicas representa as perdas elétricas e podem ser composta por três parcelas:

• perdas técnicas de energia, devido apenas o consumo regular, isto é, à

energia comercializada ou faturada;

• acréscimo das perdas técnicas devido às perdas comerciais;

• perdas comerciais que são consumos não medidos, como: desvios de

medição (erros e fraudes) e furtos.

As perdas técnicas são inerentes às atividades do transporte da energia

elétrica na rede e estão relacionadas às perdas por efeito Joule nos condutores, ao

estado de conservação de medidores de energia, às perdas nos núcleos dos

transformadores e outros equipamentos que compõem a rede elétrica, além de

perdas ligadas às correntes de fuga no ar e nos isoladores.

As perdas comerciais podem ser definidas como sendo a diferença entre a

quantidade de energia que foi consumida e a que foi faturada e estão relacionadas a

clientes fraudulentos e inadimplentes, a problemas apresentados na unidade de

medição que afetam a leitura, por meio de fraudes cometidas no consumo de

energia elétrica e por meios de ligações clandestinas que são realizadas diretamente

no sistema de distribuição de energia e também pelo furto de materiais e

equipamentos localizados na rede.

Segundo a ABRADEE (2004), Associação Brasileira das Distribuidoras de

Energia Elétrica, em 2004, constatou-se que as companhias brasileiras de energia

deixaram de receber quase R$3,6 bilhões em 2003 por causa de ligações

clandestinas na rede e fraudes na medição do consumo de eletricidade. De acordo

com a COPEL (2003), Companhia Paranaense de Energia, registrou-se que o valor

da receita frustrada das concessionárias foi equivalente ao faturamento anual de

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uma empresa de grande porte como o da COPEL, estatal paranaense que atende a

3,1 milhões de ligações e que comercializou, no ano de 2003, 18,7 milhões de

megawatts-horas.

As distribuidoras de energia utilizam vários métodos para evitar e conter

esses furtos na rede elétrica, como por exemplo, a rede com padrão antifurto

utilizada pela COPEL. Tal padrão afasta a baixa tensão dos postes, através da

instalação de cruzetas, em áreas críticas de atendimento. Para este método existe a

possibilidade de instalar a medição centralizada, que também fica afastada nos

postes, fixada nas cruzetas através de ferragem desenvolvida para essa finalidade.

Com a instalação dessa rede pretende-se reduzir o número de ligações

clandestinas no sistema de distribuição bem como aumentar a confiabilidade e a

continuidade do fornecimento de energia, visto que se pode diminuir o número de

interrupções causadas pela sobrecarga, devido às ligações não planejadas. Outras

vantagens que esse sistema ainda pode fornecer é a redução de custos, maior

segurança ao eletricista e uma melhor identificação visual das ligações irregulares.

Outro método é o detector de desvio de energia, cujo princípio de operação

tem como base à transmissão e recepção de um sinal específico de rádio freqüência

que utiliza a rede de energia como “antena” transmissora.

O furto de materiais e equipamentos da rede elétrica é outro tipo de perda

comercial existente principalmente em grandes centros urbanos. Esse ato está

ligado ao vandalismo e ao roubo de cabos condutores, peças, estruturas e também

transformadores. Tais equipamentos e cabos, que são destinados à reciclagem,

trazem grandes perdas às empresas do setor elétrico. A COPEL, por exemplo,

afirma que em 2003 foram furtados quase 150 km de cabos e 906 equipamentos de

diversos tipos, o que acarretou em um prejuízo de R$ 10,6 milhões para um grupo

de 12 concessionárias de energia que juntas atendem 40% do mercado consumidor

brasileiro.

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18

1.2 PROBLEMA

As perdas comerciais de energia acarretam prejuízos financeiros e técnicos

às concessionárias de energia, por se tratar de um fornecimento teoricamente não

previsto em seu planejamento energético.

O desvio de energia e roubo de materiais atinge o mundo todo e vem

crescendo muito ao longo dos anos, o estudo desse problema é relevante e o

objetivo principal é se obter métodos eficientes e que se adaptem às

concessionárias para atenuar as perdas comerciais.

Além disso, o furto de energia e equipamentos é crime, quem o pratica pode

ser condenado até quatro anos de reclusão, além de multas e sério risco de se

envolver em graves acidentes que podem ocasionar até a morte. Por isso, é

necessário que seja divulgado à sociedade uma campanha contra o roubo de

materiais, equipamentos e energia, para que sejam feitas denúncias desses crimes,

evitando assim, maiores prejuízos, e contribuindo para um melhor fornecimento e

barateamento nas tarifas de energia elétrica.

Na cidade de Foz do Iguaçu na rede de distribuição do Jardim Jupira a

COPEL se depara com perdas comerciais crescentes e seus impactos para a

sociedade e para a companhia.

Quais as conseqüências causadas pelos prejuízos ocasionados pelas perdas

comerciais nas concessionárias? Quanto o estado deixa de arrecadar em impostos

das distribuidoras? Pois não será investido em educação, saúde, saneamento e

segurança. Quanto a sociedade perde?

1.3 JUSTIFICATIVA

As perdas comerciais de energia atingem não só as distribuidoras de energia,

mas também aos consumidores, pois diminui a qualidade do fornecimento pela

companhia, além dos riscos de acidentes que determinados furtos podem causar a

uma pessoa. Além disso, o custo das perdas comerciais é transferido para os

consumidores adimplentes.

De acordo com a COPEL (s.d.), em 2004, o roubo de materiais e

equipamentos de um sistema de serviço público como o de energia elétrica, por

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19

exemplo, vai além dos prejuízos financeiros da simples reposição do material ou

equipamento furtado. Trata-se de uma questão social com maior gravidade, pois

devido à ação de criminosos que cometem furtos de energia e fraudes ou permitem

que sejam manipulados os mecanismos de medição do consumo de energia, podem

ocasionar a interrupção no fornecimento de energia a milhares de pessoas. Os

custos de geração, transporte e distribuição de eletricidade acabam refletidos na

tarifa cobrada de todos os consumidores.

A COPEL na rede de distribuição de Foz do Iguaçu no Jardim Jupira pretende

reduzir o furto de energia e suas conseqüências a fim de garantir aos seus

consumidores uma melhor qualidade no fornecimento e sem interrupções por causa

de sobrecargas na rede.

As concessionárias alegam que o desenvolvimento de métodos, planos de

ação eficazes e tecnologias para combater o furto de energia garantem melhoria na

qualidade da concessionária, diminuindo prejuízos financeiros, reduzindo as ligações

clandestinas e garantindo maior segurança e qualidade no fornecimento de energia

aos consumidores.

Este tema proposto atinge todo o mundo, diversas companhias de energia se

deparam com perdas não-técnicas e sempre buscam novas soluções viáveis para

solucioná-los ou minimizá-los.

Segundo a ANEEL (s.d.), em 2007 o custo da energia elétrica da geração até

chegar aos consumidores é dividido entre todos os consumidores e todos pagam

pela energia que é gerada, transmitida e distribuída. Assim, todos os consumidores

pagam pela energia que é faturada.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Estudar as perdas comerciais de energia em redes de distribuição de algumas

distribuidoras e o caso da COPEL na cidade de Foz do Iguaçu.

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20

1.4.2 Objetivos Específicos:

• fazer um levantamento das perdas comerciais como: furtos de energia na

rede, roubos de equipamentos e materiais e fraudes em medidores de

energia, dentre outros;

• pesquisar as conseqüências econômicas e sociais causadas pelas perdas

comerciais;

• analisar métodos e estratégias aplicados por algumas concessionárias

para se evitar esse problema;

• estudar a eficiência dos métodos em geral, utilizados para se evitar perda

de equipamentos e materiais na rede;

• analisar o caso COPEL na rede de distribuição na cidade de Foz do

Iguaçu;

• efetuar análise técnica e econômica dos métodos estudados e relacionar

as vantagens e desvantagens de cada um deles.

1.5 MÉTODO DE PESQUISA

Primeiramente será feito um estudo a respeito das perdas comerciais de

energia nas concessionárias, e será definido o que são e como são tratadas, através

de pesquisa na internet, revistas, seminários apresentados pelas companhias de

energia, palestras, normas técnicas, livros, dentre outros. Também serão levados

em conta seus aspectos sociais e econômicos.

Após esta etapa serão analisados alguns métodos aplicados por algumas

companhias de energia brasileiras e serão estudadas as vantagens e desvantagens

obtidas, através de pesquisa, revistas, seminários, livros e com profissionais da

área.

No estudo do caso da COPEL, pretende-se informar como os furtos de

energia ocorrem no Paraná, como são descobertos pela empresa, como são

solucionados pelas distribuidoras, quais métodos utilizam as vantagens e

desvantagens desses métodos e será realizada uma comparação com métodos

utilizados em outras companhias. E a rede de distribuição de Foz do Iguaçu, no

Jardim Jupira, onde a ocorrência dos desvios de energia é mais alarmante para a

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concessionária. Além disso, serão destacados os prejuízos que as perdas

comerciais acarretam para a concessionária.

Estudo da rede antifurto que está instalada em Foz do Iguaçu e detectores de

desvios de energia na rede de distribuição através de normas técnicas e

informações obtidas na companhia de energia.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho será divido em capítulos como descrito a seguir:

Capitulo 1 - Proposta de trabalho

Capítulo 2 - Referencial teórico

- Métodos e estratégias para combater as perdas comerciais

- Levantamento de dados junto a algumas concessionárias de

energia

Capítulo 3 - Estude do caso COPEL

- Dados da empresa

- Análise da rede antifurto na Linha de distribuição de Foz do

Iguaçu

- Aplicação dos métodos existentes

- Análise técnica e econômica dos métodos

- Comparação entre as distribuidoras de energia analisadas

Capítulo 4 - Conclusão e comentários finais

Capítulo 5 - Referências Bibliográficas

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22

CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

2.1 PERDAS DE ENERGIA

As perdas de energia podem ser classificadas de acordo com sua origem,

natureza, localização e segmento.

As perdas referentes à origem são classificadas em perdas técnicas e perdas

comerciais. As perdas técnicas estão diretamente ligadas à energia ou demanda que

é perdida durante o transporte de energia pela rede elétrica antes dessa ser

distribuídas aos consumidores. As perdas comerciais são inerentes à energia ou

demanda entregue ao consumidor, mas que não foi faturada pela concessionária.

As perdas técnicas e comerciais estão dentro do conjunto dos sistemas de

transmissão, distribuição e comercialização de energia.

As perdas classificadas de acordo com sua natureza são: perda de energia e

perda de demanda. A perda de demanda que consiste na diferença entre a

demanda de entrada que se refere ao que é recebido e a demanda de saída que é o

que foi fornecido em um determinando instante de tempo. A perda de energia é a

diferença entre a energia recebida e a energia fornecida em um dado instante.

As perdas por localização podem ser definidas como perdas globais, perdas

existentes na transmissão e distribuição de energia. Perdas globais são perdas

totais de energia ou demanda existente nos sistemas de geração, transmissão e

distribuição. As perdas encontradas na transmissão englobam perdas do sistema de

geração e distribuição, já as perdas na distribuição se referem somente as perdas no

sistema de distribuição.

O segmento se refere à localização em que houve a perda como, por

exemplo: a rede primária, rede secundária, no transformador, no medidor de

energia, estas perdas estão associadas às perdas técnicas.

As perdas de energia causam preocupações para as distribuidoras de

energia, pois interferem nas tarifas que são cobradas dos consumidores, na

qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias de energia e possíveis

problemas sociais que podem gerar a sociedade.

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23

As perdas de energia podem ser definidas como sendo a diferença entre a

energia requerida pelo sistema elétrico e a energia realmente faturada em um

determinado intervalo de tempo.

Essas perdas são constituídas por perdas técnicas que se referem às

características associadas à passagem e a interação do fenômeno físico nos meios

materiais utilizados e nos efeitos que esses causam, e pelas perdas comerciais ou

perdas não técnicas que está ligada a erros na unidade de medição, que alteram a

leitura devido às fraudes que ocorrem no consumo de energia elétrica por ligações

clandestinas e furtos de equipamentos e materiais na rede elétrica.

As perdas globais de energia englobam perdas técnicas, perdas comerciais,

perdas por demanda existentes no sistema de geração, transmissão distribuição e

comercialização de energia.

A ELETROBRÁS (s.d.) afirma que na década de 1970 as perdas totais de

energia no Brasil representam valores superiores a 15% das perdas totais. Em 1980

houve uma diminuição nas perdas e esse valor aumentou em 2000 para valores

próximos aos da década de 1970 e diminuiu em 2001 como mostra no gráfico da

figura 2.1 a seguir.

Figura 2.1 – Gráfico de perdas de energia no Brasil

Fonte: Eletrobrás 2001.

Para a Eletrobrás (1998 - 2001), as perdas de energia elétrica no Brasil

possuem uma variação grande quando se compara algumas localizações,

distribuidoras e o papel que estas desempenham: geradoras, distribuidoras ou as

duas esses valores variam de 3% a 30% como exemplifica a tabela 2.1 as 12

companhias de energia.

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24

Tabela 2.1 – Perdas de energia por tipo de empresa

Fonte: Eletrobrás

Níveis de Perdas de Energia elétrica por Tipo de Em presa (%)

Tipos 1996 1997 1998 2000

Geradoras

Chesf 7,4 7,1 8,5 5,8

Furnas 6,5 6,4 6,3 4,4

Mistas

CEEE 12,2 13,9 9,0 8,2

CEMIG 9,0 8,3 8,5 9,4

CESP 3,6 3,5 3,0 2,8

COPEL 4,6 6,6 6,2 4,7

Eletronorte 7,1 8,3 10,5 5,9

Distribuidoras

CELESC 8,2 7,9 7,3 7,9

CERJ 29,4 25,3 19,1 19,3

COELBA 16,1 16,5 15,5 13,0

CPFL 6,3 6,2 6,7 10,3

Light 18,7 16,1 14,5 16,8

Segundo a ABRADEE em 2004 as concessionárias de energia elétrica

apresentam um crescimento significativo das perdas de energia ao longo dos anos.

No gráfico da figura 2.2 observa-se o índice de perdas por subsistemas no

Brasil.

Figura 2.2 – Índices de perdas por subsistemas n o Brasil

Fonte: ABRADEE 2004.

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25

No primeiro gráfico representado acima verifica-se o crescimento das perdas

comerciais nos sistemas de AT nas distribuidoras e transmissoras de energia.

Pode-se notar que a partir de 2000 esses valores sofrem redução. As perdas

técnicas na rede de MT e BT também diminuíram após o ano de 2000, já as perdas

comerciais cresceram até 2000 e diminuíram em 2001, mas continuaram crescendo

até 2003.

O gráfico da figura 2.3, ilustra as perdas no sistema MT e BT em 2003, os

dados são referentes a 28 concessionárias de energia com mais de 400 mil

consumidores.

Figura 2.3 – Perdas no sistema de MT e BT das dis tribuidoras de energia

Fonte: ABRADEE 2003.

No segundo gráfico da figura 2.3 representa os valores das perdas de 28

concessionárias de energias associadas à ABRADEE e observa-se que a CEPISA

no Piauí, a LIGHT no Rio de Janeiro, a CEMAR no Maranhão e a CERJ também no

Rio de Janeiro possuem os maiores índices de perdas de energia do país. A

CEPISA, por exemplo, apresenta esse valor próximo a 30%.

De acordo com a CEPISA, Luiz Carlos Coelho, o furto de energia acarreta em

um prejuízo anual de cerca de R$ 150 milhões de reais.

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26

A CELESC em Santa Catarina, a COPEL no Paraná, a AESSUL no Rio

Grande do Sul e a CEMIG em Minas Gerais são as concessionárias com os

menores índices de perdas, não ultrapassando 12%.

Segundo a ANEEL as perdas existentes na transmissão e distribuição de

energia estão divididas de acordo com um conjunto de componentes distintos que

desempenham a mesma função no sistema elétrico: o tarifário, o técnico e o

comercial.

Ao sistema tarifário compete às concessionárias reduzir as perdas cmerciais,

também, através de incentivos econômicos adequados, como programas de

eficiência energética, para melhor uso da energia elétrica. Ao técnico compete que

as companhias de energia utilizem recursos com maior tecnologia, através de

estudos específicos e utilização de aparelhos e equipamentos com maior eficiência e

tecnologia, além do uso de mão-de-obra qualificada, para se reduzir as perdas

técnicas.

Para as perdas comerciais cabe às concessionárias divulgar o problema e

buscar práticas eficientes para se reduzir às perdas não-técnicas e aos

consumidores de energia é necessário se conscientizarem da importância de se

denunciar os furtos e fraudes de energia.

2.2 PERDAS TÉCNICAS

Essas perdas estão diretamente ligadas às concessionárias de energia, pois

tem a ver com a conservação da rede elétrica como um todo e a dissipação por

efeito Joule. As perdas por efeito Joule ocorrem em cabos condutores. As perdas

técnicas também estão relacionadas às perdas existentes nos núcleos dos

transformadores, perdas devido às correntes de fuga no ar e nos isoladores e

isolantes.

As perdas técnicas regulares de energia de distribuição são decorrentes aos

processos de transporte e transformação de tensão, incluindo as perdas por efeito

joule e por efeito corona nos condutores de energia, cabos, medidores, conexões,

capacitores, transformadores e as perdas ocasionadas por correntes de fuga

existentes em isoladores e pára-raios, além das perdas relacionadas às perdas

existentes no ferro ou em vazio e nos condutores ou no cobre dos transformadores.

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27

A metodologia utilizada pela ANEEL para se calcular as perdas técnicas

relacionadas às instalações de distribuição, considera-se as influências existentes

devido às diferenças de topologia existentes em vários níveis de tensão nominal, a

localização das cargas dos consumidores e as energias providas de outras

concessionárias, o ciclo de variação diária das cargas, do consumo de energia ativa

e reativa das unidades consumidoras e das energias supridas, além do número e as

características elétricas provenientes dos condutores existentes na rede elétrica nos

diferentes níveis de tensão encontrados na rede e nos ramais de ligação das

unidades consumidoras e as características que há nos medidores de energia.

Para ANEEL (2004), as perdas técnicas originárias nos transformadores

levam em consideração os ciclos de variação da energia que flui diariamente. Os

valores encontrados para perdas no cobre e no ferro ou em vazio estão de acordo

com a ABNT.

As perdas consideradas são somente as perdas oriundas da energia

fornecida às unidades consumidoras regulares, a outras concessionárias de energia

e ao próprio consumo.

Esses valores resultantes das perdas técnicas serão calculados conforme os

valores de tensão pré-determinados e para as perdas nos transformadores atenta-se

ao valor da relação de transformação obtido através da relação de transformação do

transformador.

2.3 PERDAS COMERCIAIS

São também denominadas de perdas não-técnicas e se referem à energia

entregue, mas não faturada. Essas perdas estão relacionadas a erros de medição,

dos erros de faturamento, a problemas com inadimplências de consumidores de

energia, e principalmente a furtos de energia ocasionados por fraudes nos

medidores, por desvios da medição de energia por causa de desvios da medição ou

por ligações clandestinas e roubos de equipamentos e materiais da rede elétrica.

De acordo com a ABRADEE (2006) as concessionárias de energia no Brasil

apresentam um aumento gradativo das perdas comerciais ao longo dos anos e por

este motivo a busca por métodos de combate a essas perdas é de grande

importância.

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28

A tabela 2.2 mostra alguns dados referentes às perdas de energia ao longo

dos anos.

Tabela 2.2 – Perdas de energia no Brasil

Fonte: Eletrobrás 2001.

Perdas de energia no Brasil (em %)

Ano Perdas (%)

1970 16,3

1980 13,0

1990 13,1

2000 15,7

Verificou-se na biblioteca virtual da ABRADEE (s.d.) que o problema com

perdas de energia passou a fazer parte do conjunto de itens que as concessionárias

associadas à ABRADEE utilizam a partir de 1994.

Como há uma grande divergência entre as concessionárias de energia em

relação ao mercado, ao perfil de consumidores, as áreas geográficas, extensões de

rede e políticas adotadas pelas distribuidoras para se combater as perdas energia e

por esse motivo a ABRADEE criou valores padronizados para esses índices e

estabeleceu uma resolução e definiu critérios para se contabilizar as perdas de

energia da seguinte maneira: transmissão e distribuição e analisando o sistema

global, com isso contribui-se para que sejam realizadas comparações entre as

concessionárias.

De acordo com ANEEL (2005) na tabela 2.3 a seguir ilustra as perdas

comerciais em algumas distribuidoras de energia do Brasil.

Tabela 2.3 – Perdas comerciais de energia

Fonte: ANEEL 2005.

Concessionária Encargos

(R$/MWh)

Perdas comerciais

(R$/MWh) %

Light 35,36 15,44 43,7

Ampla 35,17 13,42 38,2

Escelsa 23,03 5,68 24,7

Eletropaulo 26,16 4,93 18,8

Elektro 25,23 2,86 11,3

Bandeirante 23,68 2,5 10,6

Celesc 21,16 1,52 7,2

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CPFL 20,39 1,18 5,8

COPEL 19,86 0,99 5,0

CEMIG 20,64 0,88 4,3

Observa-se claramente que no estado do Rio de Janeiro as concessionárias

LIGHT e AMPLA possuem uma das maiores perdas comerciais do país.

De acordo com Portes (2004) da Light o furto de energia é mais complexo em

lugares onde há ocupações irregulares, como favelas ou com índices de violência

mais acentuados, mas a maior proporção do furto de energia se concentra em locais

onde as pessoas apresentam um nível de desenvolvimento humano maior. Muitas

ligações clandestinas ou alterações em medidores são verificadas em restaurantes,

hotéis, prédios de classe média, fábricas entre outros.

2.3.1 Prejuízos com as perdas comerciais

Os dados da ABRADEE (2006) contabilizam que as perdas na rede de

distribuição das concessionárias associadas à ABRADEE são próximas de 15% o

que significa aproximadamente 47 GWh da energia requerida pelas distribuidoras de

energia e desse valor, 32% corresponde as perdas comerciais o que acarreta em um

prejuízo de mais de R$ 1 bilhão de reais. Acrescentando os tributos que deixam de

ser arrecadados em conseqüência dessas perdas na distribuição, como ICMS, PIS,

CONFINS, esse valor se elevaria para mais que R$ 5 bilhões de reais.

Os prejuízos referentes ao roubo de cabos condutores, equipamentos e

materiais da rede elétrica das concessionárias de associadas a ABRADEE em 2003

foram superiores a R$ 10 milhões, foram registrados mais de 2.000 ocorrências no

país. Esse fato acarreta em transtornos aos consumidores de energia devido à falta

de energia por causa do furto.

O material furtado da rede elétrica geralmente é vendido para o “ferro-velho”.

Os componentes mais visados são cabos de alumínio e de cobre. De acordo com a

ABRADEE (2004) mais de 1500 km de condutores elétricos foram repostos pelas

companhias de energia.

Esse tipo de prática segundo a ABRADEE, 2004, está ocorrendo na seguinte

proporção:

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• no início eram furtados apenas condutores neutro e agora também nos

condutores fases;

• constatação de ocorrências até tensões de 69 kV;

• ocorrências em todas as regiões, sobressaindo-se algumas empresas:

CEMIG, CEMAT e COELSE;

• antes furtos concentravam-se em áreas rurais. Hoje também são

detectados em áreas urbanas e em até em áreas com grande

movimentação;

• utilização de veículos com identificação da concessionária local;

• indício de participação de pessoas com grande conhecimento técnico de

segurança e de procedimentos operativos;

• o furto de equipamentos, como, transformadores, reguladores, etc.;

• registro de furtos até mesmo em malha de aterramento de subestações.

2.3.2 Impactos causados pelas perdas comerciais

Segundo a ABRADEE (2006) o furto de energia acarreta alguns impactos

para a concessionária e para os consumidores:

• aumento da energia distribuída faturada e não distribuida;

• elevação dos custos operacionais;

• prejuízo à imagem da empresa;

• alteração das metas de continuidade e conformidade;

• riscos quantos à segurança;

• riscos à operação do sistema: interrupções, blecautes, etc..

A tabela 2.4 exibe amostra de algumas concessionárias de energia do Brasil e

os impactos que as perdas comerciais de energia e como eles afetam nas tarifas de

energia de acordo com a ANEEL (2006).

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31

Tabela 2.4 – Impacto das perdas comerciais nas tari fas de energia

Fonte: ANEEL 2006.

Empresa Tarifa Média

(R$/MWh) Perdas (R$/MWh) Perdas tarifa (%)

Manaus 214,92 37,53 17,46

CERON 275,49 43,47 15,78

LIGHT 186,01 20,76 11,16

AMPLA 253,23 26,45 10,45

COELCE 229,35 15,28 6,66

CELPE 181,84 11,55 6,35

CELPA 230,67 14,16 6,14

COELBA 219,31 13,43 6,12

RGE 234,33 13,65 5,82

ENERGIPE 186,92 10,79 5,77

COSERN 184,63 10,46 5,66

CPFL 204,24 9,97 4,88

CEMIG 183,88 7,89 4,29

AES Eletropaulo 196,23 8,08 4,12

As perdas comerciais estão diretamente relacionadas, à diversos fatores

como, por exemplo: a qualidade do fornecimento de energia dadistribuidora de

energia que é afetada por conta dessas perdas, um aumento nos riscos decorridos

das fraudes, furtos de energia e roubo de equipamentos a sociedade e ao próprio

infrator que pode ocasionar até a morte do mesmo.

A figura 2.4 mostra um acidente ocorrido em Minas Gerais. Na tentativa de

furtar um transformador da rede da CEMIG ocasionou a morte do infrator.

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Figura 2.4 – Acidente ocorrido na rede da CEMIG

Fonte: CEMIG 2005.

O problema com clientes fraudadores e o acesso de terceiros a rede elétrica

ocasionam: o furto de energia, o roubo de materiais e equipamentos da rede, as

instalações elétricas precárias e não aceitáveis pelas distribuidoras de energia, pois

tal fato acarreta em interrupções no fornecimento de energia originando oscilações

de tensão e pode ocasionar riscos de acidentes, perda de aparelhos e

eletrodomésticos e ainda geram um grande prejuízo para as concessionárias e

comprometem a qualidade dos serviços oferecidos pelas mesmas.

A satisfação do cliente em relação à distribuidora de energia é avaliada pela

ANEEL através do IASC, Índice ANELL de Satisfação do Cliente, e esta por sua vez

onera as empresas que possuem um índice baixo de satisfação do cliente.

Este procedimento realizado pela ANEEL consiste em pesquisas feitas com

os consumidores residenciais das unidades distribuidoras de energia é realizado

anualmente e este processo é realizado em todas as concessionárias do país.

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33

Devido ao elevado número de consumidores as concessionárias não realizam

por falta de tempo as devidas inspeções e muitas vezes essas inspeções não são

bem direcionadas.

Conforme a Light (2007) grande parte das realizações de cortes de energia

por parte das concessionárias quando detectam fraudes muitas vezes resultam em

violência física aos eletricistas da companhia. Em favelas os eletricistas possuem

acesso com riscos às áreas com fraudes de energia e nesses locais o número de

ligações clandestinas é elevado por possuírem construções residenciais muito

próximas uma das outras e por apresentarem vias de acesso irregulares

proporcionam uma maior propensão a ocorrências de fraudes e ligações

clandestinas.

A Light ainda menciona a criminalidade, o narcotráfico e a violência que

geralmente encontra-se em regiões onde há favelas, esses problemas contribuem

para o aumento das dificuldades que a concessionária de energia enfrenta nesses

locais, pois só se pode realizar trabalhos e visitas as favelas após o consentimento

ou acordo feito com os traficantes da área e essas organizações impõem aos

moradores suas regras e leis sem se preocupar com o Estado.

A ELEKTRO de São Paulo (s.d.) em 2006 coloca como um dos impactos

causados pelas perdas comerciais o fato de que a população, nos dias de hoje,

estão comprando mais aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos devido a facilidade

que encontram para a aquisição desses produtos e optam por pagarem uma

prestação de um produto ao invés de pagar sua conta de energia visto que a energia

elétrica é considerada um bem de consumo essencial e por lei os seus respectivos

devedores não podem ser incluídos na lista do SPC, Serviço de Proteção ao Crédito,

então em alguns casos realizam furtos de energia ou cometem fraudes.

Alguns consumidores afirmam que o furto de energia existente nas fábricas,

indústrias e residências ocorrem em função da tarifa cobrada pela concessionária

ser elevada, assim recomendam que seja realizado uma revisão tarifária.

De acordo com a legislação referente à revisão tarifária as empresas recebem

um incentivo para combaterem e diminuírem as perdas e além do ganho que a

concessionária recebe isso contribui para que quanto menos perdas apresentar a

companhia de energia menos o consumidor será prejudicado e esse passará a

pagar menos pela energia consumida. O Estado também apresenta vantagens com

a redução de perdas, pois serão contabilizados mais impostos.

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34

Por todos esses motivos mencionados acima se concretiza a importância da

sociedade se conscientizar que precisam efetuar denúncias sobre furto e fraude de

energia e roubo de equipamentos.

2.3.3 Ligações Clandestinas

As ligações clandestinas, ou também conhecidas popularmente por “gatos” e

“gambiarras” podem gerar sérios problemas para a sociedade.

Segundo a ANEEL (2004), as ligações irregulares são realizadas em bairros

mais distantes ou localidades em que não há rede de energia elétrica próxima. Essa

fraude é praticada por pessoas e famílias carentes. Os delitos efetuados por famílias

de classe média e alta, que possuem em suas residências diversos tipos

eletrodomésticos e aparelhos elétricos com grande consumo de energia, como ar-

condicionado, freezer e outros. Nesse tipo de ligação clandestina, é feita alteração

na contagem da energia no medidor, na própria dependência. Além desse, existe o

desvio de energia também muito praticado que consiste em fazer ligações elétricas

nos postes, onde o teor de energia gasto não é registrado pelo medidor elétrico do

consumidor.

De acordo com uma reportagem da ANEEL (s.d.), em 2007 as

concessionárias de energia estão cada vez mais preocupadas com as ligações

clandestinas, pois estas acarretam em um prejuízo muito grande para as

companhias. As conexões improvisadas realizadas para se obter uma ligação

clandestina são precárias e transformam a rede de distribuição em um emaranhado

de fios e aumentam a carga instalada do sistema e causam sérios problemas de

acidentes, prejudicam o bom funcionamento e qualidade da distribuidora de energia,

além do prejuízo para a concessionária e para os consumidores de energia.

As ligações irregulares são ligadas diretamente na rede da distribuidora de

energia sem equipamento intermediário que oferece segurança aos consumidores.

Elas provocam perigos à sociedade, pois provocam choques elétricos,

curtos-circuitos que podem resultar em ferimentos e até a morte por descargas

elétricas e até incêndios nas residências com ligação sem segurança por causa da

utilização de fios quebrados ou sem um isolamento adequado, além de sobrecargas

no sistema elétrico que compromete equipamentos da rede de distribuição como

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35

transformadores e pode ocasionar interrupções no abastecimento de outros

consumidores.

É importante para as distribuidoras regularizarem essas instalações para

garantir qualidade em seus serviços, segurança e diminuição de prejuízos que essas

ligações proporcionam.

Por causa disso as concessionárias estão em constante estudo e busca por

métodos para combater as perdas comerciais. Um dos programas utilizados por

diversas concessionárias são programas de responsabilidade social, na qual as

companhias realizam algumas iniciativas como: instalações de bibliotecas, centros

de informática, cursos profissionalizantes e através dessas ações sociais as

distribuidoras de energia têm conseguido mostrar a sociedade os riscos existentes

por causa das fraudes de energia e a importância de se legalizar uma ligação

clandestina e de se efetuar denúncias às concessionárias.

Esse tipo de ligações provoca prejuízos para toda a sociedade. Para a

CEMAR (2005) quem prática esse crime está furtando além de energia da

concessionária, mas também recursos que são utilizados para investimento na

qualidade de vida da população. Com o dinheiro que a concessionária perde devido

as ligações irregulares o estado deixa de arrecadar menos verbas que poderiam ser

utilizadas na saúde, educação, segurança e saneamento.

No Estado do Maranhão aproximadamente 15% de toda energia distribuída é

furtada através de ligações clandestinas e fraudes nos medidores de energia. Por

causa desse alto índice a companhia se preocupa em soluções eficazes para

solucioná-los, pois suas perdas são uma das maiores no país. Além disso, é muito

freqüente reclamações de clientes quanto à qualidade da concessionária e prejuízos

para os consumidores por “queima” de aparelhos eletrodomésticos.

O prejuízo referente às ligações clandestinas é revertido para todos os

consumidores adimplentes. A Companhia do Maranhão afirma que o prejuízo anual

para o estado com as ligações clandestinas é de R$ 23 milhões em ICMS não

arrecadados.

A ANEEL (s.d.) desde janeiro de 2006, obriga às distribuidoras de energia a

investirem em programas sociais que geram economia de energia para a população

de baixa renda usando parte de sua receita operacional líquida o que é pago pelos

consumidores na taxa referente à pesquisa energética que representa 0,43% da

tarifa que o consumidor paga à distribuidora e deste valor arrecadado 25% são

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investidos em Programas de Eficiência Energética e destes programas 50% precisa

ser investido em ações para a comunidade carente. Estão sendo utilizados pelas

concessionárias cerca de R$ 180 milhões no Programa de Eficiência Energética

para as populações carentes. E nesse programa é realizado: troca de fiações das

casas, troca de lâmpadas incandescentes por fluorescente que possuem um

consumo menor de energia e até eletrodomésticos e instalações de chuveiros.

A penalidade para quem furta energia de acordo com o artigo 115 do Código

Brasileiro define como crime contra o patrimônio quem “subtrai para si ou para

outrem coisa alheia móvel” (e de acordo com o inciso 3º equipara-se à coisa móvel a

energia valor econômico, quem estiver desviando energia poderá pegar até quatro

anos de reclusão, além do pagamento de multa que corresponde a 30% sobre o

valor que deixou de ser pago no período de desvio de energia).

Outro exemplo de altos índices de ligações clandestinas se encontra em

Roraima, a Companhia Boa Vista Energia (2006) alega que em 2003 eram

detectadas aproximadamente 50 ligações clandestinas por mês e no ano de 2006 a

situação se agravou passando para quase 100 ligações irregulares por mês o que

preocupa a concessionária de energia, pois o prejuízo aumenta gradativamente. Por

esse motivo estão investindo em Programas de Eficiência Energética e ações para

as populações de baixa renda.

As figuras 2.5 e 2.6 ilustram exemplos de ligações irregulares descoberta por

algumas concessionárias. A figura 2.5 mostra a ligação irregular encontrada pela

CELPE em 2005. A figura 2.6 a fraude foi detectada pela CEMIG em 2006.

Figura 2.5 - Desvio de energia detectado

Fonte: CELPE 2005.

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37

Figura 2.6 – Ligação irregular

Fonte: CEMIG 2006.

As figuras 2.7 e 2.8, de acordo com a Companhia Energética de Brasília, CEB

ilustram algumas fraudes com energia e nesse bairro os moradores utilizam as

ligações irregulares para evitar a falta de iluminação do local. Na figura 2.8 utilizam

um relé fotoelétrico furtado da rede da concessionária.

Figura 2.7 – Ligações irregulares

Fonte: CEB 2006.

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38

Figura 2.8 – Ligações irregulares

Fonte: CEB 2006.

2.3.4 Fraudes em medidores de energia

Os medidores de energia são equipamentos destinados para medir e registrar

o consumo de energia elétrica. Há dois tipos de medidores: analógico e digital ou

ciclométrico. Esses aparelhos conectam a concessionária de energia ao consumidor,

por este motivo muitas vezes esses equipamentos são fraudados.

A resolução 456 da ANEEL regulamentada em 2000 afirma que o responsável

pelo medidor de energia é o próprio consumidor e cabe a ele a responsabilidade

sobre o aparelho.

Os fraudadores utilizam diversas técnicas para roubar energia e de acordo

com Khrishma-Rao e Miller (1999) são elas:

• existência de ligações direta na rede, sem utilização de medidores;

• interromper a conexão do neutro incorporando uma ligação nos circuitos

destes com um conector terra eficiente;

• colocar uma pequena agulha para cessar a rotação do disco do medidor

com um auxílio de um pequeno orifício na tampa e uso de tinta ou material

similar para esconder;

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• construir um buraco no vidro do medidor e acrescentar pasta de dente ou

outro componente juntamente com uma folha de polímero ou de celulose

para se violar a rotação da medição;

• através de movimentos bruscos nos medidores a fim de que altere a

rotação do medidor e prejudique seu funcionamento;

• inclinando o medidor para se tentar diminuir a velocidade de rotação do

mesmo ou ainda deixando-o na horizontal para que a medição seja

parada;

• queimar o medidor para que seja formando um curto e esse não sirva

mais para medição;

• reverter às conexões existentes entre ramal de entrada e a carga através

de dos terminais, pois sendo o ramal trifásico se inverter as fases

consegue-se 100% de erro na medição;

• através de ligações diretas de uma fase e um neutro por trás do medidor

para que se consiga cessar a medição.

A resolução 456/2000 da ANEEL diz que cabe à distribuidora a obrigação de

verificar periodicamente os medidores de energia de acordo com critérios

estabelecidos na legislação metrológica (art. 37). O consumidor pode exigir a

aferição do medidor em qualquer tempo e se gerar dúvidas no procedimento

efetuado pela companhia ele pode solicitar uma aferição realizada por um órgão

oficial de metrologia (art. 38) e nos dois casos o consumidor pode acompanhar o

processo.

O artigo 38 informa que quando não for possível a aferição do medidor no

local da unidade consumidora, a concessionária precisará acondicionar o medidor

em invólucro específico a ser lacrado no ato de retirada do mesmo e deverá

encaminhá-lo ao órgão competente, mediante entrega desse procedimento ao

consumidor. Os custos referentes ao frete e aferição nesse procedimento deverão

ser previamente informados ao consumidor e quando os limites de variação do

medidor tiverem sido excedidos os custos serão pagos pela concessionária, caso

contrário o consumidor é o responsável.

De acordo com a CEMIG (2005) em Minas Gerais, contabilizou-se um

prejuízo de R$ 3,244 milhões pelo consumo irregular de energia em 2005. Para o

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coordenador do processo de faturamento, arrecadações e perdas comerciais da

concessionária mineira o problema é freqüente e por isso possuem um

departamento responsável para detectarem tais irregularidades e partem do

princípio de que se ocorrer diminuições bruscas no consumo de energia em

determinado local, é necessário que esses lugares sejam checados, o próprio

sistema da companhia indica se há um desvio de energia, ou possíveis problemas

na medição. Quando surge uma suspeita de furto de energia a concessionária envia

um eletricista para fiscalizar o que houve e se houve ou não uma violação.

As violações do medidor são detectadas pela Cemig através de um sistema

de controle que dá o alerta toda vez que o consumo em uma residência ou indústria

apresenta alterações anormais, tanto para mais quanto para menos. Quando ocorre

uma possível suspeita de fraude uma ordem de inspeção é emitida e é realizada

uma vistoria por uma equipe técnica. Se depois de realizadas inspeções e

monitoramento for comprovado que houve fraude o consumidor terá um prejuízo. Se

após efetuadas as inspeções e monitoramento foi comprovada a detecção de

fraudes a empresa dá entrada em um processo administrativo e é concedido ao

consumidor um período de tempo para que esse tenha o direito de se defender,

caso essa defesa não seja convincente é aberto um outro processo de cobrança da

diferença de consumo que não estava sendo registrada em sua conta de energia

acrescida de uma multa de 30% em cima do valor cobrado, conforme exigência da

ANEEL.

A CEMIG (2005) encontrou algumas fraudes no estado de Minas Gerais como

ilustras as imagens 2.9, 2.10, 2.11, 2.12, 2.13 e 2.14.

Na figura 2.9 observa-se uma fraude no medidor de energia, onde se visualiza

um pedaço de papel travando o equipamento. Na figura 2.10 o lacre do medidor foi

violado. A figura 2.11 mostra o furto de energia de uma residência, na figura 2.12

medidor foi furado, na figura 2.13 o desvio de energia está localizado na entrada do

medidor e na figura 2.14 um medidor digital com inversão de polaridade.

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Figura 2.9 - Medidor com disco travado com papel

Fonte: CEMIG 2005.

Figura 2.10 - Lacre do medidor violado

Fonte: CEMIG 2005.

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42

Figur a 2.11 – Furto de energia camuflado

Fonte: CEMIG 2005.

Figura 2.12 - Medidor furado

Fonte: CEMIG 2005.

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Figura 2.13 - Furto na entrada do medidor

Fonte: CEMIG 2005.

Figura 2.14 – Inversão de polaridade no medidor di gital

Fonte: AMPLA 2006.

2.3.5 Furto de equipamentos e materiais na rede de distribuição

Segundo o Departamento de Economia do Sindicato da Indústria de

Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de

São Paulo (Sindicel), em conjunto com a ABC, Associação Brasileira do Cobre

(2006), em menos de dois anos o preço do cobre subiu de US$ 1,7 mil para US$ 4,5

mil a tonelada. Devido a esse aumento no valor do cobre, produtores de cobre

tiveram um aumento de 80% no seu faturamento entre 2003 e 2005.

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44

As exportações referentes a semimanufaturados e condutores de cobre são

responsáveis por mais de 80% das exportações do país em 2006 houve um

aumento de 30% no valor arrecado com as exportações, atingiram um valor próximo

de US$ 612 milhões.

Em 2004 registrou-se o consumo de 16,4 milhões de toneladas e a produção

atingiu 15,7 milhões nesse ano. Os estoques não mais trabalham com 30 dias e sim

com 3 dias o que favorece um aumento no valor do produto em conseqüência disso

aumenta a quantidade de roubos do produto.

Estima-se que o prejuízo para as distribuidoras de energia e as companhias

telefônicas do Brasil gira em torno de R$ 50 milhões por ano.

A CELG afirma que em 2004 perdeu R$ 3 milhões, esse valor apenas incluiu

o furto de cabos na rede sem levar em conta o prejuízo com sua reposição. Por isso

a companhia organizou equipes para investigar o modo de atuação dos criminosos e

os aspectos técnicos do produto. Em uma operação denominada curto-circuito foram

apreendidos 1,6 toneladas de fios de cobre e 475 kg de cabos de alta tensão.

A Secretaria Municipal de Serviços Públicos, SESP na Bahia (2006) informou

que o prejuízo equivalente a furto de cabos condutores de energia, postes e

transformadores entre janeiro de 2006 e junho de 2005 foi de R$ 166 mil e ainda

alega que dos R$ 3 milhões que são arrecadados pela Contribuição Sobre o Serviço

de Iluminação Pública, a COSIP, R$ 900 mil são destinados a perdas com materiais

e equipamentos furtados na rede.

A Rio Luz informa que entre janeiro de 2005 e maio de 2006 foi registrada a

ocorrência de 120 casos de furtos, num total de 100.000 metros de cabos roubados.

A empresa obteve um gasto de R$ 600 mil para aquisição de novos materiais.

Os cabos geralmente costumam ser derretidos e os componentes como:

cobre e alumínio furtados e outros materiais são vendidos em ferros-velhos que não

exigem notas fiscais pelo produto adquirido e chegam a pagar entre R$ 2,00 e

R$ 10,00 por quilograma do cobre e como são ilegais não costumam ficar no ferro-

velho por muito tempo, já são imediatamente vendidos para as casas de reciclagem.

Em uma operação realiza pela CELG em 2004 registrou a apreensão de

materiais furtados da rede elétrica como mostra as figuras 2.15, 2.16, 2.17, 2.18,

2.19, 2.20, 2.21 e 2.22.

A figura 2.15 mostra uma parte do material apreendido, cortado e dobrado em

tamanhos de 30 a 40 cm e ensacados. Nas figuras 2.16, 2.17, 2.18 e 2.19 ilustram o

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material encontrado nas casas de reciclagens pronto para serem derretidos. A figura

2.20 o local de desmanche dos cabos, na figura 2.21 os capacitores roubados da

rede da CELG e na figura 2.22 um transformador furtado.

Figura 2.15 - Cabos cortados em tamanhos de 30 a 40 cm e ensacados

Fonte: CELG 2004 .

Figura 2.16 - Parte do material apreendido pela CE LG

Fonte: CELG 2004.

Figura 2.17 - Modo como foram encontrados os materiais nas casas de reciclagens prontos

para serem derretidos

Fonte: CELG 2004.

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Figura 2.18 - Parte do material apreendido: cabos, fios, capacitores e cintas de postes

Fonte: CELG 2004.

Figura 2.19 - C abos novos providos do material furtado

Fonte: CELG 2004.

Figura 2.20 - Local de desm anche dos fios de cobre

Fonte: CELG 2004.

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Figura 2.21 - Capacitores furtados e encontrados em ferro-velh o

Fonte: CELG 2004.

Figura 2.22 - Furto de transformadores da CELG

Fonte: CELG 2004.

Nessa operação realizada em Goiás em 2005 participaram 45 agentes de

polícia, 5 delegados, 16 equipes policiais, foram apreendidos 12 toneladas de

material e 11 pessoas detidas.

De acordo com a CELG em 2005, realizou investigações e reparou que os

furtos ocorriam diversos pontos tendo autores diversificados para capturarem os

culpados realizaram investigações e observaram ao longo de um tempo

procedimentos realizados pelos ferros-velhos e as empresas de reciclagens para

conseguirem sucesso na apreensão dos materiais.

A COPEL em março de 2007 registrou o furto de dois transformadores

furtados ilustrados na figura 2.23 da COPEL em 2007 apresentam alto custo e o

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material furtado dos dois transformadores não ultrapassam 10 kg de cobre e de

acordo com a COPEL não renderão mais que R$ 40,00 por essa quantidade de

material.

Figura 2.23 - Transformadores furtados da COPEL em março/2007

Fonte: COPEL 2007.

2.4 ALGUMAS DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA E AS PERDAS COMERCIAIS

2.4.1 Light

A Light é composta pelo grupo de empresas: Light S.A. (holding), Light

Serviços de Eletricidade S.A. (distribuidora), Light Esco Ltda. (comercializadora) e

Light Energia S.A. (geração e transmissão), o grupo está presente em 31 municípios

do estado do Rio de Janeiro e possui 3,8 milhões de clientes e um controlador

inteiramente nacional, a Rio Minas Energia Participações S.A. (RME). A

concessionária abrange 72% do território estadual com cobertura de uma área de

10.970 km².

Com 54,17% do capital social total e votante da companhia, a RME é

composta pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Andrade Gutierrez

Concessões S.A. (AG Concessões), Pactual Energia Participações S.A. (Pactual

Energia) e Luce Brasil Fundo de Investimentos em Participações (Luce). Os 45,83%

restantes das ações pertencem aos acionistas minoritários, sendo cerca de 7% à

Electricité de France (EDF), antiga controladora da Light, e 31,44% ao BNDESPAR.

Como a Light apresenta um dos maiores índices de perdas comerciais do

país possuem uma preocupação em busca de métodos para se conseguir uma

redução desse problema.

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As perdas de energia referentes à Light estão associadas a aspectos técnicos

e sociais, pois a distribuidora carioca possui sérios problemas com a violência e

outros fatores culturais presentes no estado.

A companhia apresentou em 2006 perdas comerciais de 24,7% da energia

distribuidora pela concessionária e em 2007 registrou-se 25,5%.

A distribuidora informa implantou em 2007 um novo sistema comercial para

conter os furtos de energia e alega que em 2006 a companhia realizava cerca de 60

mil cortes por mês e em 2007 esse número caiu para 20 mil por causa dos projetos

e mudança do sistema que está em fase, mas acreditam que após implantação do

sistema esse número chegará a 90 mil.

Segundo a Light em 2005 numa operação contra o furto de energia, a

distribuidora encontrou na Baixada Fluminense irregularidades em instalações

elétricas. Na Baixada Fluminense havia 121 unidades irregulares das 521 unidades

consumidoras no Bairro da Luz, Nova Iguaçu e Belford Roxo o que se corresponde a

23% da energia distribuída nos municípios. Esta operação contou com a

participação de 180 técnicos da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados,

DDSD.

De acordo com a Light (2007), a concessionária investe R$ 100 milhões por

ano para se combater as perdas que chegam a atingir 17% do total de energia

distribuída pela companhia, mas que em lugares com favelização crescente e altos

índices de violência às perdas ultrapassam 40%, como na baixada Fluminense,

onde em 2004 registrou-se perdas de 1380 GWh e com essa quantidade de energia

perdida poderia se abastecer por um ano os municípios de Nova Iguaçu e São João

de Meriti. O prejuízo anual da concessionária atinge R$ 500 milhões com perdas

comerciais.

As tabelas 2.5, 2.6, 2.7 e 2.8, a seguir mostram o avanço do furto de energia

e a evolução da violência nas ocorrências registradas, através do número de casos

registrados e perdas comerciais em regiões de baixa renda e áreas com risco, dados

da Light (2004).

Na tabela 2.7 o percentual de perdas nas favelas corresponde às medições

apuradas em 241 medidores MT instalados em todas as favelas atendidas pela

Light, aproximadamente 415 mil moradores.

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50

Tabela 2.5 - Casos de furto de energia e invasão

Fonte: Light 2004.

Descrição 2002 2003 2004

Furto 10 17 67

Invasão 2 14 20

Tabela 2.6 – Problemas enfrentados pela Light em 20 04

Fonte: Light 2004.

Descrição Quantidade

Agressão física a empregados 91

Seqüestro temporário de empregados em serviço 2

Assalto a empregados em serviço 7

Impedimento de atividade por ameaça física 1048

Falsos funcionários uniformizados 360

Ameaça de bomba 1

Tiros em instalações (bala perdida) 4

Roubo de veículos 21

Tabela 2.7 – Resultados das medições MT em áreas de baixa renda com risco e sem risco

Fonte: Light 2004.

Mês de Agosto 2004 Light

Áreas de risco

A) Total do fornecimento de energia (GWh) 136,6

B) Total do consumo faturado e energia (GWh) 48,0

C= A-B) Total de perdas nas áreas de risco (GWh) 88,6

Percentual de perdas nas áreas de risco (GWh) 64,9%

Número de medidores MT instalados nas favelas 241

Número de favelas medidas em BT 50

Baixa renda sem risco

A) Total do fornecimento de energia (GWh) 112

B) Total do consumo faturado e energia (GWh) 61,6

C= A-B) Total de perdas nas áreas de risco (GWh) 50,4

Percentual de perdas nas áreas de baixa renda (GWh) 44,9%

Número de medidores MT instalado em baixa renda 47

Número de comunidades medidas em BT 25

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51

Tabela 2.8 – Comparação da Rocinha com algumas fave las do Estado

Fonte: Light 2004.

Perdas Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Ju l/04 Ago/04

Favelas 66,0% 61,0% 64,1% 63,0% 62,6% 64,1% 63,6% 64,9%

Rocinha 50,0% 50,0% 54,1% 53,2% 54,0% 54,0% 56,0% 54,0%

2.4.1.1 Plano de ação da Light

De acordo com a Light (2007) a companhia está destinando cerca de R$ 12,5

milhões para ações contra as perdas comerciais, incluindo legalização de clientes

inadimplentes e fraudadores e projetos para evitar as perdas.

A companhia em seus projetos pretende:

• estabelecer metas e ações eficazes;

• atuar seletivamente;

• utilizar tecnologias adequadas para cada segmento;

• manter disciplina de mercado;

• desenvolver ações especiais para favelas e áreas de risco;

• articulação possível com poder público;

• comunicar as ações.

Como a concessionária possuí sérios problemas nas favelas pretende-se:

• medir perdas nas favelas;

• manter fórum de discussão permanente com a sociedade civil e governo

apoiado pelas demais concessionárias de serviços públicos do Rio de

Janeiro;

• desenvolvimento de projetos compartilhados focados nos aspectos sociais

do segmento;

• desenvolvimento de ações locais para este segmento de clientes, em

função das características das comunidades em cada região.

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52

Alguns projetos que foram empregados nas favelas pela concessionária a

partir de 2003 e estão em andamento visando busca de melhorias e redução de

perdas como: a Comunidade Eficiente e a Comunidade da Maré, o primeiro foi

implantado nas Favelas do Caju e Vidigal, cujo objetivo principal de ambos é

orientação para uso eficiente de energia, inspeções e reformas nas instalações

elétricas e parcelamentos de débitos. Outro projeto é a Comunidade Fácil,

implantado nas favelas Rio da Pedra, Vila Cruzeiro e Monte Líbano e o objetivo do

programa é implantar postos arrecadadores em parceria com associações de

moradores para realizarem melhorias no local.

A concessionária Light (2004) utiliza o Sistema de Tecnologia de Informação

que é um sistema de gestão de qualidade que está aliado a um software e

aumentam a capacidade de se detectar furtos de energia, além da Light utilizam

essa tecnologia a AES Eletropaulo, Companhia Paulista de Força e Luz, CPFL e

CEMIG. Essa tecnologia funciona somente para clientes que sejam devidamente

cadastrados pela concessionária e esses armazenam dados dos consumidores e

quando há alterações bruscas no consumo de energia.

Além desse sistema, existem as Redes Neurais Artificiais, RNA, que foram

desenvolvidas por McCulloch e Pitts em 1943, Hebb em 1949, e Rosemblatt em

1958, elas também podem detectar casos suspeitos na rede elétrica de desvio de

energia. Através dessas redes consegue-se calcular as perdas globais do sistema,

técnicas e comerciais por alimentador o que contribui para o controle ser mais

rigoroso.

A RNA são técnicas computacionais que é baseada na estrutura neural do ser

humano e essa rede armazena milhares de unidades de processamento, essas

unidades se conectam a canais de comunicação que estão associados a

determinados pesos e esses pesos armazenam o conhecimento adquirido pela

RNA, antes de armazenar o conhecimento é realizado um processo de aprendizado

ou treinamento. Elas armazenam um conhecimento e o disponibiliza quando

necessário. Dados Light (2004) e revista Cérebro e Mente.

2.4.2 Ampla

A Ampla é uma empresa controlada pelo Grupo Endesa, foi criada em

setembro de 2004, como empresa privada a companhia iniciou sua trajetória em

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1996 como CERJ, Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro. A Endesa constitui

a maior companhia de energia elétrica da Espanha e está presente em 12 países.

Na América Latina, além do Brasil está presente na Argentina, no Chile, na

Colômbia e no Peru.

A Ampla atende 2,1 milhões de consumidores. A companhia atende a clientes

em São Gonçalo, Itaboraí, Magé, Duque de Caxias e favelas de Niterói e essa

parcela corresponde a 52% das perdas em clientes em BT e MT, o número de

clientes é próximo de 600 mil.

Assim como a Light, a Ampla apresenta os mesmos problemas com a

violência, favelização crescente, narcotráfico, entre outros.

A empresa ressalta a importância de se entender a complexidade social

existe em relação a outras concessionárias de energia e afirma que os altos índices

de furto de energia no Rio de Janeiro estão relacionados aos grandes problemas

sociais que enfrentam como ilustra o gráfico da figura 2.24.

Figura 2.24 - Difusão do furto de energia nas conce ssionárias do Brasil em relação à

complexidade social

Fonte: Ampla 2004.

Estudos efetuados pela Fundação Getúlio Vargas, FGV (2006), em relação

aos altos valores de perdas de energia no Rio de Janeiro frente à sua complexidade

social e afirmam que as principais características das áreas com altos índices de

furto são:

• áreas carentes do estado do Rio de Janeiro;

• favelização crescente;

• violência ;

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54

• alta complexidade social dentro do estado.

Alguns casos de fraude e furtos de energia detectados pela AMPLA (2005)

em sua área de concessão podem ser visualizados nas figuras 2.25, 2.26, 2.27, 2.28

e 2.29 .

Nas figuras 2.25 e 2.26 mostram duas redes da Ampla fraudada por terceiros

e nas figuras 2.27, 2.28 e 2.29 pode-se visualizar algumas fraude em medidores de

consumidores da Ampla.

Figura 2.25 - Ligação direta na rede elétrica

Fonte: Zuma 2005.

Figura 2.26 – Furto de energia na rede de baixa te nsão

Fonte: Ampla 2005.

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55

Figura 2.27 - Intervenções nas caixas dos medidores

Fonte: Zuma 2005.

Figura 2.28 - Troca da engrenagem do medidor

Fonte: Zuma 2005.

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56

Figura 2.29 - Raspagem na engrenagem do medidor

Fonte: Zuma 2005.

2.4.2.1 Plano de ação da Ampla

A empresa pretende combater o furto de energia através da utilização de

métodos que foram desenvolvidos a partir de uma análise do problema. Pretende-

se:

• distribuir energia em maior tensão;

• emitir ruídos na rede e instalar filtro no medidor;

• construir barreiras físicas para proteger a rede de baixa tensão;

• construção de rede de distribuição de média e baixa tensão antifurto

(Rede DAT).

Segundo a Ampla (s.d.) em 2004 iniciaram pesquisa de métodos de combate

ao furto de energia nas redes de distribuição de alguns países para desenvolverem

um projeto na concessionária que amenizasse o furto de energia na rede de baixa

tensão.

A concessionária a princípio planejava:

• distribuição em níveis de tensão fora de padrão;

• injetar ruído na rede para se localizar o furto;

• proteger a rede de baixa tensão com uma barreira física.

Analisando esses itens, conforme dados fornecidos pela Ampla, a companhia

estudou métodos aplicados na Argentina e na Colômbia. Nesses países a solução

adotada para combate ao furto de energia é a utilização de barreiras físicas, cuja

finalidade é proteger a rede de baixa tensão. As figuras 2.30 e 2.31 Ilustram a

solução adotada na rede de distribuição da Argentina, na cidade de Buenos Aieres.

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57

Figura 2.30 – Proteção d a baixa tensão através de uma barreira

Fonte: Ampla 2004.

Figura 2.31 – Barreira para proteção da rede BT par a evitar o furto de energia

Fonte: Ampla 2004.

A Colômbia utiliza um método semelhante ao método argentino, essa barreira

foi instalada na cidade de Medellin como ilustram as figuras 2.32, 2.33 e 2.34.

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58

Figura 2.32 – B arreira física para proteção da rede BT

Fonte: Ampla 2004.

Figura 2. 33 – Solução para proteção da rede BT

Fonte: Ampla 2004.

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Figura 2.34 – Proteção aplicada na cidade de Medell in

Fonte: Ampla 2004.

De acordo com a Ampla após analisadas as redes da Colômbia e da

Argentina elaboram alguns conceitos que deveriam ser atendidos:

• rede média tensão e baixa tensão em mesmo nível (blindagem);

• redução das redes de baixa tensão;

• transformadores de menor potência;

• redução de custos operacionais;

• ramal de ligação direto da caixa de derivação.

A Ampla em 2005 desenvolveu a rede DAT, o sistema de Distribuição Aérea

Transversal é uma solução técnica para combater o furto de energia, que causa à

Ampla perdas comerciais de cerca de 15%, resultantes principalmente de ligações

clandestinas. Além disso, a nova rede vai reduzir também considerável parcela das

chamadas perdas técnicas, atualmente da ordem de 10%, ocasionadas pela

transformação e transporte da eletricidade no sistema de distribuição.

A figura 2.35 ilustra a rede convencional e a 2.36, 2.37, 2.38, 2.39, 2.40, 2.41

ilustram a rede com padrão DAT.

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60

Figura 2.35 – Rede convencional

Fonte: Ampla 2005.

Figura 2.36 – Rede com padrão DAT

Fonte: Ampla 2005.

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61

Figura 2.37 - Rede precursora na rede de alta tensã o

Fonte: Ampla 2004.

Figura 2.38 - Rede com padrão DAT

Fonte: Zuma 2005.

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62

Figura 2.39 – Poste com transformador e rede com padrão DAT

Fonte: Ampla 2005.

Figura 2.40 – Rede BT afastada e próxima da MT

Fonte: Ampla 2005.

Figura 2.41 – Rede com padrão DAT e com concentrad ores de medição centralizada

Fonte: Ampla 2005.

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63

Segundo a Ampla alguns critérios foram avaliados durante o projeto para a

construção da rede DAT:

• demanda diversificada

- 0,8 kVA – Monofásico;

- 1,0 kVA – Bifásico;

- 1,5 kVA – Trifásico.

• transformação

- carregamento de 100% da capacidade nominal;

- acréscimo de carga, ligação provisória – análise técnica;

- bifásico de 5 a 25 kVA e trifásico de 15 a 30 kVA;

- maior potência em casos excepcionais.

• condutores

- condutores de media tensão

alumínio CA – 2 AWG e 1/0 AWG – cobre 35 mm².

- condutores de baixa tensão

concêntrico 2X10+1X10mm²

pré-reunido de alumínio

pré-reunido de cobre

• postes

- concreto e madeira

• aterramento

- rede convencional

• estaiamento

- cruzeta a cruzeta

- contraposte

• conexão de consumidor

- caixa de derivação

- ramal de ligação

- identificação do consumidor

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64

Conforme a Ampla (2006), as concessionárias se deparam com uma

necessidade de se isolar a medição do alcance dos clientes em regiões onde o

desvio de energia é mais acentuado e as perdas pela concessionária são mais

elevadas como pode-se observar na figura 2.42.

Figura 2.42 – Rede com concentradores de medição c entralizada

Fonte: Zuma 2005.

A Ampla apresenta os concentradores de leitura situados na ponta do poste

na média tensão. O sistema de leitura é automática, AMR (Automated Meter

Reading) e fora do alcance dos clientes e os concentradores são utilizados dessa

maneira para se combater as perdas quando ele está conectado a rede de baixa

tensão. A operação do sistema se dá remotamente para todos os clientes para isso

o sistema comercial da Ampla foi modificado e adaptado para suportar a tecnologia

existente na tecnologia remota.

A Ampla diz que a rede antifurto DAT eleva a rede elétrica de baixa tensão

para cerca de 9m, próxima a média tensão com o objetivo de dificultar o acesso de

clientes na rede. Este padrão está patenteado pela Ampla e além dessa rede a

concessionária instala concentradores que permitem que sejam realizadas as

medições na própria concessionária de energia. A medição centralizada, de acordo

com a Ampla (2004), fornece as seguintes vantagens a companhia:

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65

• redução de erros de leitura realizados por leiturista, pois o sistema

centraliza as informações de consumo de cada consumidor em um único

ponto e a leitura passa a ser feita rapidamente no próprio local da

instalação ou na cede da empresa;

• torna o faturamento mais ágil, pois com este sistema pode-se fazer a

leitura do consumo de vários consumidores sem a necessidade de

deslocamento até o mesmo;

• a leitura pode ser realizada através de comunicação remota;

• redução das perdas por furto no medidor, pois os concentradores

secundários onde estão localizados os medidores eletrônicos são

instalados no alto do poste de distribuição além de possuir um

sistema antifurto;

• redução de custos com desligamento e religamento, pois este

procedimento passa a ser feito através da comunicação remota dos

dados, evitando assim que haja o deslocamento de uma equipe para o

local a ser efetuado o serviço.

A Eletrobrás (2005) mostrou às concessionárias de energia o projeto

desenvolvido pela Ampla e pretende implantar o modelo nas concessionárias que

controla na região Norte e Nordeste do país, onde o índice de furto é mais elevado

que a média nacional e em troca a Ampla receberá apoio institucional para

condução de ações junto aos órgãos normativos, com o objetivo de se adquirir a

certificação regulamentação e aplicação das metodologias e tecnologias

desenvolvidas. Além disso, a companhia se encarregará dos treinamentos aos

engenheiros e técnicos da Eletrobrás.

2.4.3 AES Eletropaulo

Com o programa de privatização lançado pelo governo em 1995, a

Eletropaulo foi reestruturada em dezembro de 1997, dando origem a quatro

empresas: Eletropaulo Metropolitana - Eletricidade de São Paulo SA; EBE -

Empresa Bandeirante de Energia SA; EPTE - Empresa Paulista de Transmissão de

Energia Elétrica SA e a Emae - Empresa Metropolitana de Águas e Energia SA.

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66

Com a cisão, coube à Eletropaulo Metropolitana - Eletricidade de São Paulo

SA a distribuição de energia elétrica em 24 municípios da Grande São Paulo, onde

vivem mais de 16 milhões de pessoas. Em abril de 1998, foi adquirida em leilão pela

Lightgás, subsidiária do grupo Light, formado pelas empresas americanas AES

Corporation, Houston Industries Energy, Inc. (a atual Reliant Energy), pela francesa

Electricité de France (EDF) e pela brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Em 2001, com a venda das ações da Reliant e da CSN, a Eletropaulo passou

a ser controlada pela AES, marcando um novo tempo na história da empresa. O

Grupo AES está presente no país desde 1995, é formado hoje por sete empresas

que atuam no setor elétrico e de telecomunicações.

A AES Eletropaulo distribui energia elétrica para uma população com cerca de

16,5 milhões de habitantes. A área de concessão atendida pela empresa abrange

4.526 km² e concentra a região socioeconômica mais importante do país com 5,5

milhões de unidades consumidoras.

De acordo com estudos efetuados pela Eletropaulo em 2005, as perdas

técnicas e comerciais de energia das concessionárias de energia do Brasil

cresceram significativamente como ilustra o gráfico da figura 2.43.

Figura 2.43 – Perdas técnicas e comerciais

Fonte: Eletropaulo 2005.

No gráfico acima nota-se que as perdas técnicas de energia apresentam um

valor praticamente constante ao longo dos anos, o que já não ocorre com as perdas

comerciais que apresenta um crescimento de 3,2% em 1999 passando a 7,7% em

2002 e em 2004 esse valor caí para 7,4%.

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67

A AES Eletropaulo (2006) estima a existência de aproximadamente 480 mil

ligações clandestinas em sua área de concessão e essas ligações podem causar

riscos permanentes de incêndios, danos materiais e até acidentes fatais. Por isso

investiu-se em 2006, com autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica, R$

55 milhões do Programa de Eficiência Energética na regularização de 105 mil

ligações clandestinas. No programa ainda se realizou doação e a instalação do

padrão de entrada (caixa de medição, postinho, bengala e disjuntor) e

principalmente a conscientização dos moradores para o uso racional de energia e a

instalação de posto de atendimento nos núcleos regularizados.

2.4.3.1 Plano de ação da AES Eletropaulo

De acordo com a Agência Canal Energia e AES Eletropaulo (2007) registrou

em maio de 2007 quedas de 4,8% no total das perdas ficando com 12,2% de perdas

referentes a energia total distribuída, desse valor 5,7% corresponde as perdas

comerciais que indica uma diminuição de 0,6 ponto percentual menos que em 2006,

cada ponto percentual corresponde a R$ 120 milhões na receita da empresa.

A companhia diz que intensificou os programas e ações de combate ao furto

de energia e aumentaram os investimentos para o combate as perdas comerciais

para R$ 88 milhões nos três primeiros meses do ano de 2007 sendo R$ 71 milhões

de capital próprio e pretende até o final do ano investir R$ 376 milhões.

A AES Eletropaulo (2007) traçou estratégias para combate a perdas

comerciais que se baseia em ensinar e mostrar a sociedade os danos causados

pelas perdas comerciais. Para isso, a concessionária realiza shows com artistas, nas

escolas dos bairros onde a situação é mais crítica nos fins de semana, a companhia

promove shows. E aproveitam para os técnicos explicarem as vantagens de ter uma

ligação elétrica regular. A empresa estima que existam 500.000 ligações irregulares

em sua área de concessão e já conseguiu legalizar 129.000 delas, o que gerou

economia de R$ 150 milhões em três anos.

Depois de se banir a clandestinidade, o desafio da empresa continua para se

conseguir manter a regularidade no pagamento das contas pelos consumidores.

Para se obter sucesso, a concessionária montou salas com computadores e internet

grátis em regiões onde há grandes índices de inadimplência e para desfrutar desse

serviço oferecido pela companhia basta apresentar a conta de luz devidamente

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68

paga. A Eletropaulo afirma que há dois anos, a inadimplência média era de 45% nas

regiões mais periféricas e conseguiu-se após esses métodos um índice de 6%.

Segundo a companhia (2004), o projeto da Eletropaulo destaca alguns fatores

para se obter sucesso e conseguir reduzir as perdas na companhia através de:

• mudança da percepção que a sociedade tem sobre o problema, pois

acreditam que pessoas ou empresas que cometem este ato praticam

outros meios ilegais para reduzir custos;

• reduzir a disponibilidade do cliente para cometer fraudes, mostrando ao

consumidor os problemas que podem ser ocasionados com o furto e que a

concessionária realiza programas para a comunidade de baixa renda;

• mantendo atividade de campo, mas aumentar a eficiência com aumento

do controle ao furto, rigor nos procedimentos e alertar as conseqüências

geradas;

• reduzir livre ação dos provedores do furto;

• inspeções de campo (fraude e roubo);

• regularização das clandestinas e taxa mínima;

• gerenciamento da medição (energia reativa);

• linha direta para denúncia;

• plano piloto;

• panfletos do programa - “De olho na fraude”;

• parcerias com outras distribuidoras, com empresas que trabalham

desenvolvendo métodos para se combater o furto;

• campanhas na mídia;

• melhoria da coleta de dados;

• utilização dos leituristas para identificar fraudes;

• investigações de fraudes ocorridas para identificar fraudadores com

objetivo de se inibir ações futuras;

• desenvolver parcerias com outras concessionárias e com o poder público.

A companhia (2007) afirma que pretende buscar a ampliação da interação

com as comunidades de seu entorno, através de ações voltadas às áreas de

Atendimento ao Cliente de Baixa Renda, Segurança, Educação, Cultura, Lazer, Meio

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Ambiente, Cidadania e Ações Voluntárias. Pretende-se investir R$ 22 milhões e

desse investimento a maior parte será destinada a programas e projetos, inclusive

campanha de segurança para o público e contribuição a entidades carentes.

2.4.4 CEMIG

A CEMIG é uma empresa de economia mista, que tem o Governo de Minas

Gerais como principal acionista, detentor de 50,96% das ações ordinárias da

companhia. O segundo maior acionista é a Southern Eletric Brasil Participações

Ltda., com 32,96% das ações. O setor privado externo e o setor privado interno

possuem, respectivamente, 4,2% e 11,53% do controle acionário. Os dados são do

Balanço Energético da CEMIG de 2004.

A área de concessão da CEMIG é aproximadamente 96,7% do território de

Minas Gerais, na Região Sudeste do Brasil, correspondendo a 567.478 mil km². A

companhia atende 6.009.987 consumidores.

A concessionária possui um dos menores índices de perdas comerciais no

país, mas também se preocupa com o crescimento das perdas comerciais. Em 2006

a perda comercial de energia da concessionária foi correspondente a 370 GWh,

1,6% da energia distribuída na média e baixa tensão.

2.4.4.1 Plano de ação da CEMIG

A concessionária afirma que em 2006 criou o programa de eficiência

energética chamado de Projeto conviver que pretende beneficiar 250 mil famílias

carentes durante cinco anos neste ano de 2007 pretende-se investir R$ 18 milhões

para atender 52 mil famílias, aproximadamente 192 mil pessoas no total. E nesse

projeto pretende-se: substituir 156 mil lâmpadas, três mil instalações elétricas

residenciais, três mil chuveiros e doação de 60 geladeiras e fornecer energia segura

e compatível com as necessidades financeiras de cada morador. A concessionária

estima que o dinheiro investido no projeto seja compensado com reduções de

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70

perdas comerciais, redução no número de acidentes com a população e banir

agressões e assaltos aos eletricistas em serviço.

A CEMIG (2006) para se efetuar fiscalizações e detectar possíveis

irregularidades o principal sistema de apuração de perdas é realizado com análises

das variações de consumo que é um problema na medição para isso se utiliza

tecnologias de informação para armazenamento de dados.

A companhia para detectar o furto e reduzir as perdas não-técnicas pretende:

• efetuar controle permanente do sistema de faturamento;

• inspecionar locais suspeitos de desvio de energia;

• buscar novas tecnologias eficientes para detectar fraudes;

• elaboração de normas para padronizar equipamentos e aparelhos;

• treinamentos para trabalhadores da concessionária;

• garantir confiabilidade ao consumidor;

• incentivar denúncias de desvio de energia à companhia.

A CEMIG (2006) informa que possui uma equipe de 80 pessoas para se

combater as irregularidades que percorrem a rede das 34 cidades à procura de

situações de risco. A distribuidora investiu R$ 2,5 milhões em panfletos com dicas de

segurança aos consumidores e alertando sobre os riscos e acidentes que podem ser

causados com furto de energia e materiais da rede elétrica.

A companhia utiliza alguns equipamentos destinados a detectar desvio de

energia na rede elétrica como medidores fiscais que estão ilustrados na figura 2.44,

sondas para eletrodutos mostrado na figura 2.45, conjunto de medição para média

tensão e medição centralizada identificado na figura 2.46.

Conforme a CEMIG, os medidores fiscais funcionam da seguinte maneira, são

fixados no poste e conectados a mesma linha de distribuição do consumidor e

realiza uma medição paralela com o medidor do consumidor, ele é destinado para a

medição e registro de energia ativa possibilitando a detecção de furtos de energia

em linha de distribuição secundária e apresentam as seguintes vantagens:

• compacto e discreto e não desperta a atenção do consumidor;

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71

• possui fácil instalação e adequado para uso ao tempo com alto grau de

proteção;

• para a conexão do equipamento não é necessário se interromper o

sistema.

Figura 2.44 – Medidor fiscal

Fonte: CEMIG 2005.

Figura 2.45 – Sondas para eletrodutos

Fonte: CEMIG 2005.

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72

Figura 2.46 – Conjunto de medição para média tens ão

Fonte: CEMIG 2005.

2.4.5 COPEL

A COPEL é uma concessionária de economia mista, da qual o Governo do

Paraná possui maior parte das ações.

Segundo a COPEL (2007), a companhia paranaense atende 3,36 milhões de

consumidores. O percentual de atendimento chega a praticamente 100% dos

domicílios nas áreas urbanas e passa de 90% nas regiões rurais. Os consumidores

são 2,6 milhões de residências, 57 mil indústrias, 279 mil estabelecimentos

comerciais e 330 mil propriedades rurais. Em média, a COPEL efetua 70 mil novas

ligações a cada ano.

Sua estrutura compreende a operação de:

• parque gerador próprio composto por 18 usinas (17 delas, hidrelétricas),

cuja potência instalada totaliza 4.550 MW e que responde pela produção de

algo como 7% de toda eletricidade consumida no Brasil; 12 dessas usinas

são automatizadas e comandadas à distância;

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• sistema de transmissão com 7.248 km de linhas e 131 subestações (todas

elas automatizadas), totalizando 16,4 mil MVA (megavolts-ampères) de

potência de transformação;

• sistema de distribuição com 167.535 km de linhas e redes – o suficiente

para dar quatro voltas em torno da Terra pela linha do equador – e 238

subestações (das quais 225 automatizadas e operadas à distância);

• sistema óptico de telecomunicações (Infovia do Paraná) com 4.890 km de

cabos OPGW instalados nos anéis principais e radiais urbanos (cabos

autosustentados) que totalizam 5.236 km, alcançando 171 cidades do Estado.

A área de atuação da empresa pode ser observada na tabela 2.9 a seguir.

Tabela 2. 9 – Área de atuação: Indicadores

Áreas de concessão (km 2) 194.854

Municípios Atendidos 393

Localidades Atendidas 1.111

População Atendida PR (mil habitantes)* 9.822

Taxa de Atendimento Urbana (%) 99

Consumo Médio Residencial (kWh/mês) 160,6

*2006: Valor estimado

Fonte: COPEL 2007.

A tabela 2.10 e o gráfico da figura 2.47 ilustram o consumo de energia divido

por classe: residencial, industrial, comercial, rural e outras.

Tabela 2. 10 – Consumo de energia acumulado por cla sses

CONSUMO DE ENRGIA ACUMULADO - GWh

Classes Mar/07 Mar/06 %

Residencial 1.280 1.211 5,7

Industrial 1.472 1.466 0,4

Comercial 949 862 6,4

Rural 402 386 4,1

Outros 452 454 -0,4

Total 4.555 4.409 3,3

Fonte: COPEL 2007.

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74

Figura 2.47 – Gráfico: participação no consume de energia por classes

Fonte COPEL 2007.

Segundo a Copel em 2007, a empresa conta com 5 subsidiárias, que cuidam

de diferentes ramos de negócios da empresa. Constituída pela Copel Geração,

Copel Transmissão e Copel Distribuição que são responsáveis pela energia,

principal setor de atuação da empresa. A Copel Telecom e a Copel Participações,

que a empresa estende sua atuação baseada na qualidade aos ramos de

saneamento, tecnologia para o desenvolvimento e gás canalizado, entre outros.

A figura 2.48 mostra o organograma da empresa fornecido pela COPEL.

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Figura 2.48 – Organograma da COPEL

Fonte: COPEL 2007.

A companhia afirma que apesar dos índices de perdas da concessionária

serem baixos se comparados a média nacional o prejuízo da COPEL em 2004 por

conta das perdas por desvio de energia atingiram 223 mil MWh, aproximadamente

R$ 48 milhões. E ainda foram roubados da concessionária 1500 km de cabos

elétricos foram registrados mais de duas mil ocorrências no estado, o que acarretou

em um prejuízo superior a R$ 10 milhões para a reposição desse material furtado na

rede de distribuição.

No bairro Jardim Jupira situado na cidade de Foz do Iguaçu a COPEL

enfrenta grandes problemas de energia, por se tratar de uma região de difícil acesso

dos eletricistas e há uma preocupação da companhia em atender determinados

locais, aonde a violência vem crescendo, a figura 2.49 mostra o bairro de Foz do

Iguaçu. No Jardim Jupira isso ocorre principalmente depois das 17h00min por causa

do tráfico de drogas que acontece nesse local por situar próximo a fronteira com o

Paraguai. Além do Jardim Jupira em Foz do Iguaçu os furtos aumentam nos bairros:

Bambu, Favela do Queijo, Portal e Canadá.

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Figura 2. 49 – Jardim Jupira na cidade de Foz do Ig uaçu

Fonte: COPEL 2006.

A concessionária afirma que detectou alguns furtos na rede do Jardim Jupira

como são ilustrados na figura 2.50 e 2.51, na figura 2.52 observa-se o estrago feito

por fraudadores de energia no bairro.

Figura 2.50 – Furto de energia na rede BT em Foz do Iguaçu

Fonte: COPEL 2006.

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Figura 2.51 – Ligação irregular na rede BT

Fonte: COPEL 2006.

Figura 2.52 – Situação da rede após furto de energi a

Fonte: COPEL

2.4.5.1 Plano de ação da COPEL

De acordo com dados da ANEEL (2006) a COPEL será a terceira

concessionária de energia a implantar em sua rede de distribuição medidores

eletrônicos e substituir os eletromecânicos, além da COPEL se utilizam dessa

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tecnologia a Ampla Energia e Serviços S/A no Rio de Janeiro e a CELPE em

Pernambuco.

Conforme a ANEEL os medidores contribuem para a redução do índice de

perdas comerciais resultantes do furto de energia e possíveis irregularidades no

sistema elétrico.

A concessionária utiliza a rede antifurto BT que consiste na instalação de

cabo multiplexado de baixa tensão colocados na ponta de cruzetas, afastando a

baixa tensão do poste.

A COPEL afirma que a instalação desta rede diminui a ocorrência de furtos de

energia, pois afasta a baixa tensão dos postes através da instalação de cruzetas em

áreas críticas de atendimento. Além disse permite a utilização da medição

centralizada que também se localiza afastada do poste, fixadas em cruzetas através

de ferragens apropriadas para esse fundamento. A utilização da medição

centralizada de acordo com a COPEL (2007) garante:

• leitura remota;

• corte e religamento remoto;

• total controle dos dados do consumidor;

• alta imunidade aos furtos de energia.

A COPEL alega que a instalação dessa rede surgiu por problemas

enfrentados em determinadas áreas do estado, como em Foz do Iguaçu, onde o

índice de desvio de energia é muito elevado e apresenta riscos para os profissionais

da concessionária por causa de problemas com violência. Para a instalação da rede

a concessionária define que o local precisa ser:

• ligações irregulares em quantidade considerável para as perdas comerciais

da COPEL;

• locais que, devido às suas características, possam oferecer risco à

integridade física dos funcionários durante as atividades desenvolvidas;

• é fundamental que, em todos os postes, seja possível o acesso de veículo

equipado com escada giratória e veículo equipado com cesto aéreo.

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Vantagens da rede antifurto mencionadas pela COPEL (2005):

• redução do número de ligações clandestinas;

• confiabilidade no fornecimento;

• redução dos índices, pois reduzirá as perdas comerciais e os riscos que os

eletricistas enfrentam para realizar o trabalho no local;

• redução de custos, pois não haverá a necessidade de se instalar

conectores para a ligação de consumidores e diminuirá o número de

ligações irregulares;

• segurança pessoal dos funcionários da empresa que trabalham nessas

áreas de risco;

• identificação visual das ligações clandestinas, pois a rede secundária é

formada por cabos multiplexados, instalada afastada dos postes e deixam

as ligações irregulares mais visíveis.

As figuras 2.53 e 2.54 ilustram a rede com padrão antifurto da COPEL que

foram instaladas na cidade de Foz do Iguaçu no bairro Jardim Jupira. Na figura 2.55

um eletricista está trabalhando na rede antifurto com medição centralizada.

Figura 2.53 – Rede com padrão antifurto da COPEL

Fonte: COPEL 2006.

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Figura 2.54 – Rede antifurto em poste com transform ador

Fonte: COPEL 2006.

Figura 2.55 – Eletricista trabalhando na rede anti furto com medição centralizada

Fonte: COPEL 2006.

A COPEL em 2007 instalou leitura automática de medidores residenciais o

software de leitura da COPEL garante: consumo diário e histórico de consumo,

curvas de cargas e integração ao sistema de faturamento como se verifica na

figura 2.56.

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Figura 2.56 – Sistema de medição de energia da COPE L

Fonte: COPEL 2007.

A COPEL (2004) realizou um plano de estratégias que está sendo realizado

até os dias de hoje, o projeto de ação da Copel pretende:

• indentificar e realizar inspeções da calibração dos medidores e identificar

ligações irregulares;

• análise de recursos eficazes nos processos de detecção de fraudes e

redução de perdas não-técnicas;

• incentivar que a população denuncie o furto de energia;

• investimentos em programas de Eficiência Energética que favorecem a

população carente, como o Luz Fraterna.

A COPEL (2005) detectou algumas fraudes em medidores que estão

ilustradas nas figuras 2.57, 2.58 2.59, 2.60, 2.61 e na figura 2.62 verifica-se uma

parte do cabo de uma ligação irregular.

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Figura 2.57 - Fraude em medidor

Fonte: COPEL 2005.

Figura 2.58 – Fraude no disco do medidor

Fonte: COPEL 2005.

Figura 2.59 – Violação do medidor

Fonte: COPEL 2005.

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Figura 2.60 – Exemplo de desvio de energia

Fonte: COPEL 2005.

Figura 2.61 – Fraude no medidor

Fonte: COPEL 2005.

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Figura 2.62 – Cabo destruído por uma sobrecarga apó s uma ligação irregular

Fonte: COPEL 2005.

A concessionária paranaense será estudada com mais detalhes no terceiro

capítulo, no qual se pretende abordar a rede de distribuição da cidade de Foz do

Iguaçu no Jardim Jupira e apresentar alguns métodos de combate ao furto de

energia e a comparação entre os métodos de combate as perdas comerciais

abordados no trabalho.

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85

CAPÍTULO 3 – O CASO DA COMPANHIA PARANAENSE DE ENER GIA - COPEL

3.1 REDE ANTIFURTO

A rede antifurto da COPEL tem como principal objetivo dificultar a realização

de ligações irregulares na rede de distribuição e garantir aos consumidores as

condições necessárias de um adequado fornecimento de energia. Para se obter

eficácia no procedimento a distribuidora utiliza-se dos mais modernos materiais e

equipamentos de segurança e transmissão do mercado internacional para propiciar

aos consumidores o acesso a uma energia segura e legal. A rede antifurto visa

prolongar a vida útil dos equipamentos, evitando, por exemplo, que os

transformadores fiquem sujeitos a cargas desconhecidas e, além disso, pretende-se

proporcionar melhoria dos índices de qualidade e desempenho da distribuidora,

diminuindo os desligamentos por interferência de terceiros na rede elétrica e como

resultado final espera-se mais economia e segurança para a distribuição e para o

consumidor.

A instalação da rede antifurto, a princípio, está sendo utilizada principalmente

para o atendimento à consumidores monofásicos através de ramais concêntricos,

derivados de rede secundária isolada trifásica, localizados em regiões com alta

incidência de furto de energia, em localidades de baixa renda, ou com elevada

incidência de consumo irregular.

A companhia pretende regularizar as ligações existentes e eliminar as

instalações clandestinas perigosas, evitando-se o consumo irracional e desmedido

de energia de má qualidade, característico das regiões sem medição.

A rede com padrão antifurto afasta a baixa tensão dos postes através da

utilização de uma cruzeta. Afastando a rede secundária do poste, pretende-se

dificultar o acesso de terceiros à rede e possibilita que sejam instaladas caixas de

derivação ou de medição centralizada que também se localiza afastada do poste e

fixada nas cruzetas por ferragens desenvolvidas para tal operação.

A necessidade de se instalar a rede com padrão antifurto surgiu após o

aumento de furtos na rede em determinadas localidades, onde o número de ligações

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clandestinas aumenta gradativamente e também em localidades onde o acesso

torna-se cada vez mais difícil para os empregados da concessionária por causa da

violência por parte de alguns moradores dessas regiões.

Para a construção da rede foi definido que o local precisa atender os

seguintes critérios:

• número de ligações clandestinas consideráveis;

• locais que apresentam risco à integridade física dos funcionários durante

execução de atividades;

• em todos os postes é necessário que se tenha acesso à veículos

equipados com escada giratória ou com cesto aéreo.

Essa rede visa proporcionar:

• redução das ligações irregulares na rede de distribuição;

• garantir maior confiabilidade no fornecimento de energia aos

consumidores;

• diminuição dos impactos dos índices de continuidade de fornecimento

devido à redução do número de interrupções causadas pela sobrecarga

que causam as ligações clandestinas;

• como a rede antifurto permite a instalação de caixas de derivação com

medição centralizada, quando for necessário realizar um desligamento de

energia de um consumidor esse procedimento poderá ser realizado na

própria agência da concessionária. Quando se evita as sobrecargas nos

circuitos de baixa tensão os equipamentos da rede secundária estarão

sendo utilizados de maneira correta e aumentando sua vida útil;

• oferece mais segurança aos eletricistas, pois diminuem os deslocamentos

para áreas que apresentam riscos;

• proporciona uma maior identificação visual do furto de energia na rede por

estar localizada afastada do poste e à rede secundária ser formada por

cabos multiplexados.

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87

3.1.1 Principais Materiais Utilizados

De acordo com a COPEL, para a instalação da rede antifurto é necessário a

utilização dos seguintes materiais listados:

• ferragens: suporte afastador para rede com padrão antifurto utilizado para

instalação da luminária e caixa de derivação ou medição centralizada,

conforme NTC 813900;

• ferragem: suporte L para rede antifurto utilizado para instalação de

luminária, conforme NTC 813902;

• conectores da rede secundária: cabo de alumínio multiplexado auto-

sustentado, neutro nu em alumínio e fases em alumínio isolado com

XLPE 0,6/1,0 kV, nas bitolas de 35 mm2 (NTC 810872), 70 mm2

(NTC 810874) e 120 mm2 (NTC 810875), quando coloridos nas cores

preto na fase A, cinza na fase B e vermelho na fase C;

• conector perfurante: conector em liga de alumínio ou liga de cobre

estanhado, coberto de material polimérico resistente a intempéries e aos

raios ultravioleta, cuja cabeça é limitadora de torque, utilizado para

ligações dos condutores fases conforme NTC 812950/54;

• conector cunha: utilizado na ligação de mensageiros, neutros dos ramais,

neutro das caixas de derivações, aterramentos e estaiamentos;

• cunha de madeira ou plástico: ferramenta utilizada para abertura do

encordoamento do cabo multiplexado durante execução das conexões,

evitando danos à isolação conforme NTC 890181;

• cinta plástica auto-travante: de material polimérico resistente a

intempéries, flexível para amarração dos cabos e ramais;

• grampo de suspensão: braço metálico com grampo em polietileno de alta

densidade ou polipropileno, cuja função é a sustentação mecânica à rede

secundária isolada.

Com a rede antifurto elaboraram-se padrões para os novos materiais listados a

seguir:

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• Caixa de derivação: caixas lacráveis com chave de difícil violação. Está

caixa possui 4 barramentos (3 fases e neutro) e é destinada a uma ligação

rápida e fácil dos ramais de serviço na rede secundária, alimentada por

cabo isolado de cobre com seção de 50 mm2. A conexão pode ser

realizada por meio de dispositivo de pressão ou por parafuso que

dispensa uso de conectores, eliminado gasto com materiais em caso de

desligamentos e religações sucessivas de um consumidor. Este

equipamento apresenta anéis de borracha em seus orifícios para se

garantir uma melhor vedação. A caixa está ilustrada na figura 3.1.

Figura 3.1 – Caixa de derivação

Fonte COPEL 2006.

• Cabo antifurto: cabo composto por um condutor fase isolado e um

condutor neutro disposto de forma helicoidal sobre esta isolação,

recoberto por outra camada isolante protetora, conforme figura 3. 2.

Figura 3.2 – Cabo concêntrico antifurto

Fonte COPEL 2006.

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• Kit de ligação: nomenclatura que designa o conjunto de condutores e

acessórios a partir da rede secundária até os bornes do medidor de

energia ou disjuntor. O kit é um conjunto que pode ser montado

previamente para facilitar a ligação de consumidores.

A bitola do cabo antifurto é de 6 mm2 por ser compatível com o padrão de

disjuntores de 50 A utilizados para ligação de consumidores.

O cabo do ramal deve ser ligado diretamente no medidor de energia do

consumidor.

Os demais materiais utilizados para a instalação da rede antifurto são

padronizados nas NTCs de materiais e não diferem dos materiais utilizados na

instalação da rede convencional.

O atendimento aos consumidores da Copel está definido através de dois

padrões: com conectores ou com caixa.

Os conectores são recomendados para locais com pequena concentração de

consumidores. As conexões desses consumidores à rede secundária isolada são

feitos por conectores cunha (neutro) e perfurante (fases) com ancoragem do ramal

no poste.

A caixa é indicada para regiões com mais de 10 consumidores por poste,

tornando-se mais viável economicamente a utilização de caixas de derivações com

barramento de 200 A.

3.1.2 Montagem da Rede Antifurto

A estrutura da rede antifurto deve estar disposta das seguintes maneiras

conforme as figuras a seguir. Na figura 3.3 ilustra a montagem básica da rede para

poste de 9 m e somente na baixa tensão. Os valores existentes nas figuras da rede

antifurto correspondem às cotas dadas em mm.

A distribuidora permite que seja instalada a estrutura em questão no topo dos

postes de 10,5 m, nos casos em que não tenha alta tensão e nem previsão de

instalação da mesma para dificultar mais o acesso de terceiros na rede. O poste

para esse caso deverá ser no mínimo de 10,5 m e estar normal em relação ao

alinhamento predial.

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Figura 3.3 – Montagem básica da rede antifurto

Fonte COPEL 2005.

A estrutura da figura 3.4 mostra rede de alta e baixa tensão no poste de

10,5 m e observa-se que o reator do cabo de alta tensão deverá ficar

aproximadamente 1600 mm de distância.

Já estrutura da figura 3.5 o reator do cabo de alta tensão deverá ficar

aproximadamente 1300 mm de distância.

Na figura 3.6 mostra a rede instalada em um poste de 12 m com

transformador. Para essas estruturas não se deve utilizar ferragem para instalação

das caixas, neste caso, os consumidores necessitam ser ligados nos postes

adjacentes e para esse caso a distância do reator ao pára-raio deve ser próxima de

1150 mm.

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Figura 3.4 – Estrutura básica com acessórios

Fonte COPEL 2005.

Figura 3.5 – Alta tensão e baixa tensão em poste de 10,5m

Fonte COPEL 2005.

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Figura 3.6 – Poste de 12 m com transformador

Fonte COPEL 2005.

A figura 3.7 ilustra a rede secundária isolada com ferragens para caixas e luminárias.

Figura 3.7 – Rede secundária isolada antifurto afastada

Fonte COPEL 2005.

A figura 3.8 ilustra a rede secundária isolada com um transformador na rede

antifurto. Para tal estrutura, deve-se utilizar um cabo por bucha para

transformadores de 30 kVA e 45 kVA e dois cabos por bucha para transformadores

de 75 kVA e 112,5 kVA. Deve-se deixar uma ponta de 15 cm em um dos cabos de

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cada fase para ligar o aterramento temporário quando for necessário. O ângulo

máximo utilizado é de 10º.

Figura 3.8 – Estrutura antifurto com transformador acoplado ao poste

Fonte COPEL 2005.

3.1.3 Considerações para Instalação da Rede Antifur to

Para estrutura de baixa tensão passante deve-se amarrar o mensageiro com

laço pré-formado.

Em estruturas de baixa tensão no final de linha é necessário encabeçar

mensageiro no isolador de roldana fixada no poste. O cabo mensageiro deve seguir

pela cruzeta preso por chavetas de fio de aço cobreado, deixando uma sobra para

que possa ser realizada a ligação do neutro da caixa de derivação e dos ramais se

for o caso. As fases do cabo isolado devem ser desenroladas do mensageiro

aproximadamente 3 m antes do poste e nesse ponto aplica-se uma cinta plástica

autotravante, as pontas do cabo devem passar pelo isolador de roldana e amarradas

com fio de amarração coberto.

Nas estruturas de baixa tensão com encabeçamento duplo com ou sem

mudança de bitola do cabo, o mensageiro deve ser encabeçado nos isoladores de

roldana fixados no poste. Um dos mensageiros deve seguir pela cruzeta, que afasta

a baixa tensão, através de chavetas de fio de aço cobreado como na rede BT no

final da linha. Os cabos isolados devem ser desenvolvidos do mensageiro

aproximadamente 3 m antes do poste e deve-se aplicar a cinta plástica autotravante

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e passar a ponta dos cabos de maior bitola pelo isolador de roldana e amarrar com

fio de amarração coberto. A ligação deve ser feita com conector perfurante e a

ligação entre os mensageiros com conector cunha.

As ligações dos bornes de baixa tensão do transformador à rede secundária

para a estrutura da rede secundária isolada com padrão antifurto devem ser feitas

por cabos com bitola de 120 mm2. Deve ser utilizado um cabo por bucha para

transformadores de 75 e 112,5 kVA e ligados com conectores perfurantes. Os cabos

devem ser marcados para evitar erros quando forem ligados e devem presos na

cruzeta por chaveta de fio de aço cobreado.

As ligações dos bornes de baixa tensão do transformador à rede secundária

para estrutura de rede secundária isolada com padrão antifurto afastada e com

transformador são feitas com o mesmo cabo da rede. O mensageiro é encabeçado

nas roldanas fixadas no poste, os cabos fase devem ser desenrolados próximo de

3 m do poste, deixando uma sobra e neste ponto, aplica-se a cinta plástica

autotravante, os cabos seguem pela cruzeta e sobem até a bucha de baixa tensão e

são ligados a elas por conectores terminais de compressão.

Para o neutro, liga-se apenas o cabo de um dos lados do circuito na bucha do

transformador, o cabo do outro lado deve ser ligado por um conector cunha. Mais

um cabo igual ao do cabo do mensageiro com bitola de 70 mm2 é levado até a

cruzeta e a sobra desse cabo é deixada para conectar o aterramento temporário

quando houver necessidade, a sobra é amarrada no próprio mensageiro e este cabo

é interligado com o conector cunha no mensageiro que está conectado na bucha de

baixa tensão do transformador. Os cabos são presos nas cruzetas através de

chavetas de fio de aço cobreado.

Nos postes que contém luminárias, estas são ligadas diretamente na rede

com conectores perfurantes.

Seguindo o padrão da COPEL, os postes com transformadores ou

equipamentos devem ser de 12 m e nessas estruturas com transformadores e a

ligação de consumidores não é permitida. Para esses casos os transformadores são

ligados nos postes adjacentes. A ligação com cabos isolados de baixa tensão deve

utilizar conector perfurante e as ligações no mensageiro (neutro) com conector

cunha.

As figuras 3.9, 3.10, 3.11, 3.12, 3.13, 3.14 e 3.15 ilustram a rede antifurto

instalada no Jardim Jupira em Foz do Iguaçu em 2006.

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95

Figura 3.9 – Rede com padrão antifurto

Fonte COPEL 2006.

Figura 3.10 – Rede com padrão antifurto e acessórios

Fonte COPEL 2006.

Figura 3.11 – Rede antifurto com medição centraliz ada

Fonte COPEL 2006.

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96

Figura 3.12 – Rede antifurto com caixa de derivação

Fonte COPEL 2006.

Figura 3.13 – Rede antifurto com transformador

Fonte COPEL 2006.

Figura 3.14 - Manutenção na rede através de cesto a éreo

Fonte COPEL 2006.

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97

Figura 3.15 – Manutenção na rede através de escada

Fonte COPEL 2006.

3. 1.4 Manutenção da Rede Antifurto

A manutenção da rede secundária só poderá ser realizada se a rede de alta

tensão estiver ligada e se a mesma estiver fora da região contaminada, além disso,

deve-se manter a distância de segurança de 60 cm em relação à rede de 13,8 kV.

Caso seja necessária a troca de transformador; deve-se estar com os

grampos de linha viva desconectados. Para as atividades rotineiras como: troca de

cruzetas, isoladores, pára-raios, conectores serão executados os procedimentos

normais como o da rede convencional. Na rede antifurto, com sistema de medição

centralizada para manutenção, é necessário a utilização de escada giratória ou

cesto aéreo, além dos demais equipamentos de segurança.

3.1.5 Segurança

Para a rede estudada é necessário que se tome algumas precauções como:

• a manutenção deverá ser executada somente por eletricista capacitados

para tal atividade através de treinamento fornecido pela empresa de

acordo com a NR-10, item 10.8.3;

• o acesso à rede antifurto só poderá ser utilizado através de escada

giratória ou cesto aéreo;

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• se houver necessidade de instalação de uma cruzeta auxiliar para auxiliar

o eletricista, esta instalação deve estar de acordo com as recomendações

da COPEL;

• nas estruturas que possuem transformadores, obrigatoriamente, precisa

conter pontos de conexão para colocação do conjunto curto circuitador

temporário e aterramento para rede secundária isolada.

3.1.6 Rede Antifurto Jardim Jupira

A cidade de Foz do Iguaçu é divida por regiões, sendo elas:

• região de Três Lagos composta pelos bairros: Sol de Maio, Vasco da

Gama, Santa Rita, Vila Miranda, Tucuruí e Fernanda;

• região da Vila C formada por: São Sebastião, Porto Belo, Jardim Itaipu

e Jardim Califórnia.

• região do São Francisco composto por: Portal da Foz, São Rafael, Vila

Borges, 1º de Maio, Cohapar III;

• região do Porto Meira constituída por: Ouro Verde, Vila Adriana II,

Profilurb I, II, Jardim Polônia, Vila Shalon;

• região do Jardim São Paulo formada por: Campos do Iguaçu, Libra,

Jardim Manaus, Vila Militar, Panorama;

• região do Jardim América composto por: Jardim Jupira, Vila Portes,

Brasília, Vila Paraguaia, Jardim Central;

• região da Imperatriz constituída por: Jardim Jupira, Vila Portes,

Brasília, Vila Paraguaia, Jardim Central;

• região AKLP formada por: Vila B, Vila A, Petrópolis, Aporã, Curitibano

II, III, Pq. Presidente;

• região Central composta por: Vila Maracanã, Vila Yolanda, Vila Bom

Jesus, Jardim Naipi, Jardim Tarobá;

• região Rural constituída por: Lote Grande, Aparecidinha, Vila Bananal,

Arroio Dourado, Remanso Grande,Parque Nacional, Sanga Funda,

Aeroporto.

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99

Em Foz do Iguaçu 10,22%, ou seja, 25.181 pessoas vivem abaixo da linha da

pobreza de acordo o IAPAR, Mapeamento da Pobreza no Paraná em 2006. A cidade

apresenta problemas como: ocupações irregulares de áreas urbanas às margens de

rios, córregos e várzeas, acarretando em possíveis inundações e formação de

favelas. A prefeitura de Foz do Iguaçu afirma que havia 18 favelas na cidade no ano

de 1989 e existiam 2.965 famílias nessas favelas e em 2003 esse número subiu

para 63 favelas e dessas 29 são consideradas sem nenhuma infraestrutura e

localizadas em áreas de risco.

Segundo a prefeitura de Foz do Iguaçu, na favela Jardim Jupira, em 2005

existia 130 famílias habitando a região e segundo dados da Copel, em 2007, no

Jardim Jupira há 430 consumidores ligados nas caixas de medição centralizada.

A Copel, em 2006, instalou a rede com padrão em antifurto no jardim Jupira,

pois o bairro apresentava um dos maiores índices de furtos de energia do estado e o

bairro oferecia muitos riscos aos funcionários que eventualmente se dirigiam ao local

para realizar manutenção na rede, leitura dos medidores de energia, desligamentos

de consumidores e esses procedimentos causavam confrontos entre moradores e

funcionários que não conseguiam executar suas atividades no local. Por esse motivo

o bairro foi o escolhido pela empresa para a instalação da rede com padrão antifurto

e caixas com medição centralizada.

Após a instalação da rede antifurto houve um acréscimo de 330 consumidores

que estavam furtando energia e passaram ser contabilizados pela distribuidora. A

Copel, além de instalar a rede antifurto e regularizar os consumidores e adequar os

consumidores que se encaixavam no projeto Luz Legal, realizou palestras para os

clientes da região para ensiná-los e orientá-los a respeito da utilização de aparelhos

eletrodomésticos, como reduzir o preço da fatura, melhor aproveitamento da energia

consumida e sobre o funcionamento da medição centralizada para assim evitar

problemas decorrentes da primeira fatura após regularização de consumidores.

Em maio de 2006 foram obtidos alguns resultados referentes ao projeto de

rede antifurto e medição centralizada observados na tabela 3.1.

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100

Tabela 3.1– Dados decorrentes da instalação da rede antifurto e medição centralizada

Total de caixas de M. centralizada ligadas 50

Total de contas existentes nestas caixas 430

Total de contas antigas religadas 170

Total de contas novas implantadas nesta área 260

Média de consumidores ligados por caixa 9

Percentual de contas antigas religadas 39,5%

Percentual de contas novas ligadas nestas caixas 60,5%

A Copel distribuição afirma que antes da instalação da rede antifurto e do

sistema de medição centralizada no Jardim Jupira havia 143 famílias ligadas, após

esse procedimento para combater o furto o número de consumidores aumentou para

430 unidades consumidoras. Os moradores dessa região não estavam acostumados

a realizar os pagamentos das faturas de energia e também não possuíam

conhecimento sobre utilização de eletrodomésticos e nem da energia.

A companhia elaborou palestras para esses clientes orientando-os e

consegui-se obter bons resultados com o processo. A Copel acompanhou o primeiro

mês de faturamento em maio de 2006 na região. Após a análise das faturas a

distribuidora encaminhou funcionários para o local a fim de orientar os consumidores

que foram constatados um elevado consumo de energia para orientá-los novamente

e conseguir que estes tivessem um melhor uso da energia elétrica.

Já no faturamento da segunda fatura, a companhia encontrou alguns

problemas com os moradores da região, pois estes se revoltaram com a

concessionária, alegando que a mesma havia feito cobranças indevidas. A Copel

enviou três funcionários ao local para esclarecer dúvidas dos consumidores, mas ao

chegar no bairro, estes se depararam com os clientes revoltados e inclusive com um

programa de reportagem de TV, o “Naipi Aqui Agora” e não foi possível executar

nenhuma tarefa programada para esse dia.

No outro dia, a companhia realizou uma reunião com os líderes do bairro

solicitando que acalmassem o pessoal e que se fosse detectado alguma

irregularidade nas faturas, o problema seria resolvido. Então, funcionários da

empresa foram encarregados de realizar vistorias a todas as unidades consumidoras

e não desligar nenhum consumidor até que as vistorias fossem concluídas.

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101

As vistorias no local iniciaram-se em 03/07/2006 com término em 17/07/2006,

diariamente acompanhavam os consumidores cinco eletricistas e um técnico. Além

das vistorias no Jardim Jupira, a equipe de medição da Copel em Foz do Iguaçu

acompanhou o consumo de energia do Jardim Jupira no escritório da empresa,

através do sistema de medição centralizada.

Com o término das vistorias, o próximo passo seria a análise das mesmas e

posteriormente, enviaram a todos os clientes os resultados obtidos e para os casos

com débito de faturas superior a 30 dias solicitaram a regularização até o dia 26 de

julho de 2007. A entrega das faturas após a vistorias foram realizadas por seis

funcionários e tal atividade foi concluída dia 17 de julho.

Os líderes dos moradores do bairro, depois de entregue as faturas que foram

vistoriadas pela Copel, se reuniram com alguns políticos. Após essa reunião,

algumas faturas foram recolhidas pela Copel para uma posterior análise que seria

para cancelamento ou revisão de fatura.

A distribuidora, depois de solucionar e verificar todas as faturas encontrou-se

com 90 consumidores para serem desligados no dia 27 de julho.

Esse episódio gerou um atraso nas atividades da Copel em Foz do Iguaçu

que não estava conseguindo atender os outros bairros da região.

No terceiro mês, foram executadas 419 vistorias, na qual foi realizado o

levantamento de carga e confirmado os ramais e os cadastros no sistema de

medição centralizada. A partir dos resultados orientaram os consumidores sobre o

uso eficiente da energia elétrica, como utilizar melhor seus aparelhos eletrônicos e

eletrodomésticos, de modo a reduzir o consumo de energia. Com isso, os problemas

foram reduzidos e a Copel obteve os seguintes dados referente ao local:

• 14 faturas com ligações comerciais em medidor que após vistorias,

verificou-se que estavam de acordo;

• 24 faturas com ligações residenciais em medidor que também estavam de

acordo;

• 78 faturas se enquadravam como sendo consumidores de baixa renda;

• 54 faturas cadastradas no Programa de Baixa Renda automático e que

poderiam estar enquadrados no programa social Luz Fraterna se tivessem

sido cadastradas;

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• 5 faturas cadastradas no programa Baixa Renda que necessitavam

apresentar cartão de benefício fornecido pelo governo;

• 181 faturas residenciais monofásicas, não incluídas no Baixa Renda;

• 10 faturas interligadas, na qual um consumidor acaba pagando o consumo

do outro, responsabilidade do cliente, portanto para a regularização desse

caso, a Copel enviará uma carta para a regularização;

• 8 faturas com residências desocupadas e ligadas sem que haja

consumidor;

• 29 faturas que não continham levantamento de carga e confirmação da

ligação por motivos de impedirem que os funcionários entrassem nas

residências para a vistoria;

• 6 consumidores não tiveram reclamações e alegaram estar cientes de seu

consumo;

• 4 medições comparativas foram instaladas para o acompanhamento do

consumo pelos consumidores em locais de fácil acesso.

Quanto às irregularidades encontradas pela distribuidora de energia são listadas

a seguir:

• 1 fatura foi descadastrada indevidamente do programa Baixa Renda na

alteração de rotas;

• 2 clientes reclamavam por motivos de queda de tensão;

• 9 faturas ligadas no local e que foram desligadas no sistema da Copel.

Essas foram desligadas quando saíram do local e tiveram um prazo de

três dias para a regularização;

• 5 faturas foram regularizadas e o consumo das mesmas foi analisado

posteriormente, o que gerou a substituição de 4 faturas de energia

cobradas.

Com os dados obtidos a Copel se surpreendeu, pois apenas 18% das

faturas do Jardim Jupira se enquadram como baixa renda.

Em 2007, a Copel conseguiu atingir seus objetivos com a implantação da rede

antifurto, que visa dificultar e reduzir o furto de energia na região e ao sistema de

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103

medição centralizada, que proporcionou aos funcionários da região mais segurança

e sem riscos, pois o processo de ligamento e desligamento de consumidores passou

a ser realizado na própria agência de Foz do Iguaçu, no Departamento de Medição

que controla os consumidores pelo computador.

De 2006 até setembro de 2007, após a instalação da rede com padrão

antifurto afastada do poste, a companhia detectou 2 casos de furto de energia na

rede do bairro e 1 medidor baleado no local, conforme figura 3.16. De acordo com os

funcionários da companhia, esses dois casos de furtos foram detectados facilmente

pelo sistema de medição centralizada, que possibilitou a visualização do consumo

dos moradores e pelo comparativo realizado conseguiram concluir que poderia estar

havendo o furto de energia.

Quando foram ao local para averiguar a hipótese de furto de energia

conseguiram visualizá-lo na rede com maior facilidade e regularizar novamente o

consumidor fraudador. O medidor baleado, também, foi detectado pelos funcionários

no escritório da empresa, pois foi verificada uma diferença no consumo de energia

do consumidor.

Figura 3.16 – Medidor baleado no Jardim Jupira

Fonte COPEL 2007.

3.2 A COPEL E O FURTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

A Copel Distribuição é subdivida em regionais que estão na seguinte

disposição:

• SDN: Superintendência Regional de Distribuição Noroeste,

compreendendo a região de Maringá, Campo Mourão, Umuarama,

Paranavaí e demais localidades próximas;

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• SDL: Superintendência Regional de Distribuição Leste, correspondente a

Curitiba, região metropolitana e litoral;

• SDC: Superintendência Regional de Distribuição Centro-Sul, constituída

por Ponta-Grossa e União da Vitória e demais localidades vizinhas;

• SDT: Superintendência Regional de Distribuição Norte, formada por

Apucarana, Cornélio Procópio e demais localidades próximas;

• SDO: Superintendência Regional de Distribuição Oeste por Cascavel, Foz

do Iguaçu, Pato Branco, Francisco Beltrão, Toledo e demais regiões

vizinhas.

A Copel realiza mensalmente o levantamento do furto de materiais e

equipamentos na rede elétrica e também a reposição de materiais realizada por

cada regional.

3.2.1 Furto de Materiais e Equipamentos na SDL em 2 005

Os dados levantados de 2005 para esse estudo compreendem o roubo de

transformadores e de cabos que foram registrados pela regional Leste.

A tabela 3.2 ilustra ao longo do ano de 2005, a quantidade de furtos de

transformadores da regional leste e os gastos com a reposição desse material.

Tabela 3.2 – Furto de transformadores na SDL e o custo para su a reposição

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105

A tabela 3.3 mostra a quantidade de transformadores que foram furtados da

cidade de Curitiba e os custos desse prejuízo para a distribuidora.

Tabela 3.3 – Furto de transformadores em Curitiba e o custo pa ra sua reposição

Dentro da cidade de Curitiba a região com maior índice de furto de

transformadores é a região Norte. Na tabela 3.4 verifica-se o furto de material na região

Norte de Curitiba e os gastos para tal reposição. Verifica-se que nesta tabela o

levantamento de dados dos furtos decorrentes do ano de 2003, 2004 e 2005. No ano de

2005 foram furtados 69 transformadores dos 71 furtados em Curitiba.

Tabela 3.4 – Furto de transformadores na Região Nor te de Curitiba e o custo para sua

reposição

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São José dos Pinhais apresenta o maior índice de furto de transformadores

da Copel. Em 2004 foram furtados 140 transformadores e 94 em 2005. Esses dados

podem ser observados na tabela 3.5.

Tabela 3.5 – Furto de transformadores em São José d os Pinhais e o custo para sua reposição

E para finalizar os locais avaliados pela regional Leste, os gastos com furtos

de transformadores no Litoral estão representados na tabela 3.6. Para o litoral,

verifica-se um histórico de furto de materiais do ano de 2002, 2003, 2004 e 2005.

Em 2005, a análise é mais detalhada, pois especifica o furto em cada mês no

decorrer do ano. Pode-se verificar que nessa região o furto de transformadores é

bem menor, somente dois equipamentos foram roubados desde 2003.

Tabela 3.6 – Furto de transformadores no Litoral e o custo par a sua reposição

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107

Para as tabelas 3.7, 3.8, 3.9, 3.10 e 3.11 considerou-se o custo da

mão-de-obra para a reposição e esse custo é equivalente ao custo médio para

implantação de um transformador trifásico. Para o transformador monofásico,

considerou-se o valor do equipamento como sendo 70% do valor de um

transformador trifásico, exceto para o transformador de 25 kVA.

Outro grande prejuízo para a Copel é o furto de cabos da rede de distribuição.

Na tabela 3.7, pode-se observar o furto de condutores por tipo e quantidade roubada

em Km na SDL.

Tabela 3.7– Furto de condutores na SDL

A tabela 3.8 mostra o furto de cabos por tipo de material, quantidade de

condutor furtado de cobre e de alumínio.

Tabela 3.8 – Furto de condutores na SDL por tipo de material d o condutor

Em Curitiba o furto de condutores em 2005 pode ser verificado na tabela 3.9.

Tabela 3.9 – Furto de condutores em Curitiba

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108

Na tabela 3.10 verifica-se o furto de condutores em Curitiba por tipo de

material.

Tabela 3.10 – Furto de condutores em Curitiba por tipo de mater ial do condutor

Na região Norte de Curitiba assim como o furto de transformadores é elevado,

a quantidade de cabos roubados também é intensa como pode-se verificar na tabela

3.11.

A tabela 3.12 contém a quantidade de cabos roubados de acordo com tipo de

material do condutor.

Em São José dos Pinhais concentra-se uma das maiores concentrações do

furto de condutores da SDL. O furto decorrente de São José dos Pinhais pode ser

observado na tabela 3.13.

Tabela 3.11 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba

Tabela 3.12 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba p or tipo de material do

condutor

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109

Tabela 3.13– Furto de condutores em São José dos Pi nhais

A tabela 3.14 evidencia o furto de materiais em São José dos Pinhais por tipo

de material do condutor.

Tabela 3.14 – Furto de condutores em São José dos Pinhais por t ipo de material do condutor

No Litoral as ocorrências relativas ao furto de condutores se comparadas com

os prejuízos por roubos de transformadores são bem diferentes. O roubo de cabos

em 2005 foi superior a 8 km, como se pode observar na tabela 3.15.

Tabela 3.15 – Furto de condutores no Litoral

A tabela 3.16 contém o furto registrado no Litoral de acordo com o tipo de

material do condutor.

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110

Tabela 3.16 – Furto de condutores no Litoral por tipo de materi al do condutor

3.2.2 Furto de Materiais e Equipamentos em 2006 nas Cinco Regionais

A tabela 3.17 mostra o furto de materiais entre eles: postes, transformadores

e condutores no ano de 2006 em todas as cinco regionais da Copel Distribuição,

SDC, SDL, SDT, SDN e SDO.

Tabela 3.17 – Materiais repostos na rede de distribuição devido a furtos

Fonte: Sistema GD-Obras e GD-MAN 2006.

De acordo com a tabela 3.17, no ano de 2006, observa-se que a regional

Leste obteve um maior índice de furto de condutores e de transformadores que as

demais. Já o furto de postes, a maior concentração foi na regional Norte que

também se concentra uma maior quantidade de roubos de outros materiais e

equipamentos.

3.2.3 Furto de Materiais e Equipamentos em 2007 nas Cinco Regionais

Em 2007, o relatório dos gastos com reposição de materiais e equipamentos

furtados da Copel Distribuição, até o mês de junho, encontra-se nas tabelas 3.18 à

3.35. As tabelas foram elaboradas a partir de dados fornecidos pelas equipes de

gerência de obras, o GD-Obras e pela equipe de gerência de manutenção, o

GD-MAN.

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111

As tabelas 3.18, 3.19, 3.20, 3.21 e 3.22 foram obtidas através de dados do

Departamento de Obras. A tabela 3.23 é a soma dos furtos das cinco regionais na

rede de distribuição.

Tabela 3.18– Materiais repostos na rede de distribu ição na SDC devido a furtos

Tabela 3.19 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDL devido a furtos

Tabela 3.20 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDN devido a furtos

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112

Tabela 3.21 - Materiais repostos na rede de distribuição na SDO d evido a furtos

Tabela 3.22 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDT devido a furtos

Tabela 3.23 – Materiais repostos na rede de distribuição na DDI devido a furtos

De acordo com as tabelas 3.18, 3.19, 3.20, 3.21, 3.22 e 3.23, constata-se que

o furto de transformadores foi mais crescente na SDN, na qual foram furtados 6

transformadores, mas o maior gasto com a reposição desse material se deu na SDL

com furto de 2 materiais.

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113

O furto de condutores na regional Norte foi superior a 14 mil metros de

condutores roubados. Já na regional Centro-Sul apresentou os menores índices não

ultrapassando 115 metros de condutores roubados. A tabela 3.23 ilustra o prejuízo

total da Copel com gastos para reposição desses materiais, aproximadamente

R$ 200.000,00.

As tabelas 3.24, 3.25, 3.26, 3.27 e 3.28 estão relacionadas com os furtos de

materiais e equipamentos nas regionais da Copel Distribuição, de acordo com dados

fornecidos pela equipe de gerência de manutenção, GD-MAN. A tabela 3.29

apresenta o total das regionais, representa a quantidade furtada na distribuição.

Tabela 3.24 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDC devido a furtos

Tabela 3.25 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDL devido a furtos

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114

Tabela 3.26 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDN devido a furtos

Tabela 3.27 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDO devido a furtos

Tabela 3.28 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDT devido a furtos

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115

Tabela 3.29 – Materiais repostos na rede de distrib uição na DDI devido a furtos

De acordo com a equipe de gerência de manutenção da Copel Distribuição, a

quantidade de furto de transformadores é mais elevada na regional Leste, 87

transformadores furtados. Além de possuir o maior número de transformadores

furtados, apresenta o maior índice de furto de condutores superior a 38 km.

As tabelas 3.30, 3.31, 3.32, 3.33 e 3.34 apresentam o total de furtos na Copel

de acordo com as duas equipes, GD-Obras e GD-MAN. A tabela 3.35 é a soma total de

todas as regionais.

Tabela 3.30 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDC devido a furtos

Tabela 3.31 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDL devido a furtos

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116

Tabela 3.32 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDN devido a furtos

Tabela 3.33 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDO devido a furtos

Tabela 3.34 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDT devido a furtos

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117

Tabela 3.35 – Materiais repostos na rede de distrib uição na DDI devido a furtos

Analisando o total de perdas da Companhia, em 2007, até o mês de junho,

observa-se que os gastos com reposição de transformadores, referente a toda a

concessionária de energia, foi superior a R$ 700.000,00 e o gasto com reposição de

condutores elétricos foi superior a R$ 235.000,00 e o prejuízo total com reposição de

equipamentos e mão de obra foi superior a R$ 1.238.000,00.

As perdas comerciais, referentes a furtos de materiais, acarretam em um

prejuízo elevado para a concessionária como, se pode comprovar analisando as tabelas

3.30, 3.31, 3.32, 3.33, 3.34 e 3.35. A COPEL se comparada com a Companhia de

Energia do Rio de Janeiro, a Ampla ou a Light apresenta índices muito menores, mas o

prejuízo com as perdas comerciais existe e há necessidade de conter o avanço dessa

prática para garantir mais segurança, melhor qualidade e confiabilidade no fornecimento

de energia.

Na COPEL, o furto de condutores acontece de maneira mais intensa em

locais com pouca densidade demográfica, como por exemplo, na beira de rodovias e

em locais mais afastados da cidade. A concessionária para evitar tal prática, está

repondo os materiais furtados com cabos de aço, que além de serem mais difíceis de

cortar, eles são menos atrativos por possuir um custo praticamente irrisório no mercado.

Para o combate ao furto de transformadores, que é um equipamento caro, a

distribuidora desenvolveu um suporte para se evitar furto de transformadores. Quando

um transformador possui um suporte comum, a pessoa retira um encaixe que se

localiza na horizontal do equipamento preso ao poste e sem esforço o transformador caí

no chão, agora com o suporte antifurto para transformadores é necessário que se

levante o transformador para poder derrubá-lo no chão, o que inviabiliza o roubo. O

suporte antifurto é próprio para ser fixados em poste de seção duplo T e receber o

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transformador de distribuição. Esse suporte possui uma superfície contínua, uniforme e

não deve conter saliência pontiaguda.

3. 3 OUTROS MÉTODOS DA COPEL PARA SE COMBATER O FURTO DE

ENERGIA

A Copel, assim como as distribuidoras abordadas no trabalho, pretendem

reduzir ao máximo o número de furtos de materiais e equipamentos, as ligações

irregulares decorrentes do furto de energia da rede, as fraudes, as violações e os

estragos de medidores para reduzir consumo de energia.

3.3.1 Micro-Câmera para Detecção de Fraudes

A micro-câmera para detecção de fraudes é um equipamento dotado de fibras

ópticas, para uso em inspeções de entradas de serviço, auxiliando na visualização

de locais normalmente inacessíveis, como o interior de eletrodutos. A figura 3.17

ilustra o equipamento e seus componentes.

Figura 3.17 – Micro-câmara para detecção de fraudes

Fonte COPEL 2005.

O funcionamento do aparelho consiste em inserir o cabo de fibra óptica no

local a ser inspecionado e seguir algumas recomendações para o bom

funcionamento do equipamento.

Para o bom funcionamento do equipamento não se deve submetê-lo a

temperaturas superiores a 50ºC, não se deve desmontá-lo pelo fato de não

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apresentar componentes passíveis de manutenção, além disso, este equipamento

não deve ser imerso em líquidos solventes e nem colocado em atmosferas

explosivas.

Em locais onde não se tem boa visualização adiciona-se uma lâmpada

através do interruptor que se situa na parte superior do equipamento. O foco do

aparelho deve ser ajustado previamente e um teste de funcionamento para maior

eficiência e melhor utilização do equipamento, deve ser realizada.

O equipamento apresenta as seguintes características técnicas:

• visor ergonômico e ajuste de foco;

• definição da imagem de 6000 pixels;

• campo de visão de 40 graus;

• iluminação auxiliar acionável por interruptor;

• utilização de pilhas do tipo AA;

• temperatura de operação de -23ºC a +49ºC;

• peso de 620 gramas (sem as pilhas);acessórios: espelho de 45 graus,

lâmpada halôgena sobressalente e ponteira magnética;

• o cabo de fibras óticas tem comprimento de 2,44 m e diâmetro externo de

10 mm.

3.3.2 Equipamento Detector de Desvio de Energia

O equipamento detector de desvio de energia é um equipamento destinado a

localizar cabos enterrados ou embutido em paredes de alvenaria ou concreto,

normalmente utilizados para desviar energia elétrica da rede de distribuição. O

objetivo do equipamento é garantir à Copel um método para auxiliar no combate ao

furto de energia e diminuir as perdas comerciais de energia e oferecer aos

consumidores qualidade no fornecimento de energia.

Este equipamento foi desenvolvido em 1999 por pesquisadores do

Laboratório Central de Pesquisa e Desenvolvimento – LAC (UFPR/COPEL) e por

profissionais da COPEL, especializados em localização de fraudes em rede de

distribuição.

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O desvio de energia da rede de distribuição ocorre de várias maneiras, mas

uma das principais é desvio por meio de um cabo condutor de energia de modo que

o medidor de energia não meça ou meça somente parte da energia que é

consumida e para essa situação, o detector de energia é utilizado.

O equipamento possui uma base de transmissão e recepção de um sinal de

rádio freqüência que utiliza a rede de energia com uma espécie de “antena”

transmissora. Os componentes principais do equipamento são um módulo

transmissor (TX) de sinais de rádio freqüência e um módulo receptor (RX)

devidamente projetado com a finalidade de projetar e sintonizar o sinal gerado no

módulo transmissor. O módulo transmissor permite que um funcionário da

companhia de energia acople o sinal específico de radio freqüência na rede de

distribuição e conseqüentemente na fiação elétrica irregular, as quais passam a

operar como antenas transmissoras para o sinal de rádio freqüência, mas para a

realização desse procedimento, é preciso estar junto ao medidor de energia de uma

residência ou edificação onde haja suspeita de fraude.

O sinal de freqüência é irradiado ao longo da rede elétrica e cabos

clandestinos, para que na seqüência possa ser captado pelo módulo receptor e esse

módulo determina com precisão a posição de derivações normais da rede elétrica e

a posição exata dos cabos clandestinos utilizados na implementação de um desvio

de energia. A identificação da fraude é feita pela identificação da direção em que o

sinal de rádio freqüência chega até o módulo receptor com maior intensidade e isso

ocorrerá quando a antena do módulo receptor apontar para a direção do cabo

situado em local irregular.

Para se obter o sinal de rádio freqüência não é necessário que haja corrente

elétrica circulando pelo cabo do desvio, basta que esse esteja em continuidade com

os terminais do módulo transmissor que previamente foi instalado junto à entrada do

padrão de medição de energia do consumidor suspeito de estar fraudando energia.

O equipamento permite que as vias sejam rastreadas por onde a energia elétrica

está presente, sem que haja acesso visual ou elétrico.

O equipamento apresenta a interface com o operador por meio de um alto

falante que emitirá sinal sonoro, cuja intensidade e nitidez oferecem ao operador

uma noção da proximidade com a rede elétrica. Além disso, o equipamento permite

ao operador uma interface visual da intensidade do sinal recebido através de um

voltímetro analógico. Após a realização de testes determinou-se que a distância

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máxima que o módulo receptor pode estar na fonte de sinal de rádio freqüência é de

40 m, que dependerá das cargas acopladas à rede de energia, das condições

ambientais e da sensibilidade ajustada junto ao elemento receptor.

O Módulo Transmissor (TX) é representado pelo diagrama de blocos de

maneira simplificada pela figura 3.18 que representa o circuito oscilador de áudio

como responsável pela geração de um sinal de áudio com freqüência próxima de

3 kHz, a informação será obtida pela rede de energia e recuperado no módulo

receptor.

O oscilador modular, tem como função modular em amplitude uma freqüência

de 1800 kHz com o sinal de informação de 3 kHz, para que esse sinal possa ser

transmitido. A fonte de alimentação possuí entrada de 110/220 V e freqüência de

60 Hz e fornece para o circuito oscilador é de 9 VCC.

Figura 3.18– Diagrama de blocos do módulo transmiss or

Fonte Landys Gyr 2007.

O sinal de rádio freqüência passa para o estágio amplificador que vai garantir

que o operador controle a potência do sinal, através de um potenciômetro que

permite ajustar o ganho.

O sinal de rádio freqüência amplificado é colocado na rede elétrica pelo

circuito de acoplamento através de capacitores. Para o circuito de acoplamento e de

amplificação, a fonte de alimentação fornece tensão de 32 VCC. Um led indica se o

circuito está energizado ou não.

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No elemento transmissor, existe o indicador de nível de rádio freqüência, que

indica o nível de potência do sinal que é injetado na rede elétrica.

O módulo receptor (RX) desenvolvido para o sistema detectar furtos de

energia da rede elétrica apresenta ajuste de sensibilidade, sinalizador sonoro e um

voltímetro analógico que mostra o nível de sinal recebido pelo equipamento.

Este elemento permite uma sintonia em torno de 1800 kHz e a fraude é

encontrada através de uma antena direcional que identifica onde o sinal encontra-se

mais claro e mais intenso, quanto mais próximo da fraude melhor a qualidade do

sinal recebido e por isso pode-se localizar exatamente onde estão os cabos da

fraude.

Para se detectar a fraude com este equipamento primeiro deve-se receber

uma denúncia, ou se ter uma suspeita de fraude no local, primeiramente se conecta

o elemento transmissor no quadro do medidor do consumidor suspeito,

posicionado-o antes do disjuntor e com o cabo do neutro desconectado dos

terminais do medidor.

Após esse procedimento, desliga-se o disjuntor, assim, desconecta-se a

instalação elétrica do local suspeito. Com isso, tem-se que toda a fiação do lugar

está conectada à linha de energia e funcionando como uma antena para o elemento

transmissor e se houver um cabo desviando energia, este também funciona como

antena.

O terceiro passo é quando o operador sintoniza o módulo receptor na

freqüência transmitida e posiciona-o para o local suspeito, caso haja uma

intensidade maior e com mais qualidade do sinal recebido o aparelho estará

indicando o local suspeito com grande possibilidade de fraude no local. Terminado

esse procedimento começa o rastreamento da fraude no interior do local. Quando o

operador detecta no receptor um sinal com maior intensidade e qualidade, ele

encontra a fraude na posição exata, através do sinal de rádio freqüência.

3.3.3 Medição Centralizada

O sistema de gerenciamento de perdas e medição (SGP+M) desenvolvido

pela Landys Gyr Equipamentos de Medição Ltda, tem como objetivo orientar com

informações operacionais e construtivas as distribuidoras de energia que utilizam

esse sistema. Este sistema realiza um sistema de medição de cargas e a quantidade

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de energia fornecida e tarifada. Ele possibilita um gerenciamento eficaz das perdas

comerciais em instalações, possibilitando o combate às perdas.

O sistema de medição centralizada é constituído por medidores eletrônicos de

kWh agrupados conforme a concentração do número de consumidores existentes no

equipamento, denominado concentrador secundário (CS-SGPM). Neste

equipamento há um módulo eletrônico cuja finalidade é armazenar o consumo de

energia individualizado de cada consumidor, este sistema está conectado ao

concentrador primário, na qual todos os controles do concentrador secundário é feito

pelo concentrador primário que é responsável por todas as medições.

O sistema de medição centralizada apresenta como objetivos:

• medição do consumo de energia das unidades consumidoras conectadas

a ele;

• tornar a distribuição de energia eficiente e moderna e reduzir perdas

comerciais e técnicas;

• solução integrada, desenvolvida para oferecer às distribuidoras de energia

elétrica uma alternativa;

• leitura remota;

• corte/reliagemto remotos;

• total controle dos dados do consumidor;

• alta imunidade ao furto;

• maior segurança para os funcionários da empresa que não precisam se

deslocar até o local para fazer cortes/religamentos.

A figura 3.19 ilustra os módulos do sistema de gerenciamento de perdas e

medição. Na qual os módulos representados são:

A – consumidor;

B – concentrador Secundário;

C – concentrador Primário;

D – terminal de consulta e Leitura em kWh;

E – ponto comercial e outros.

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Figura 3. 19 - Instalação do Sistema de gerenciamen to de perdas e medição (SGP+M)

Fonte: Landys Gyr 2007.

O concentrador primário é o módulo que comanda os dados provenientes do

concentrador secundário e permite acesso aos consumidores, para estes obterem

dados de leitura. No painel central, desse equipamento, encontra-se um led que

mostra se o equipamento está ou não em funcionamento, ele aloja o teclado de

membrana que permite que sejam realizadas outras operações, um diplay

alfanumérico que indica o menu de operações, um conector para comunicação com

modem ou microcomputador e um coletor de dados. Conforme figura 3.20.

Figura 3.20 – Concentrador Primário

Fonte Landys Gyr 2007.

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Conforme a Landys Gyr, o concentrador primário apresenta os seguintes

dados principais: leitura em kWh de cada consumidor, atualizado a cada hora,

informações de alarmes gerados nos concentradores secundários. As principais

operações desse concentrador são:

• religameto do consumidor secundário;

• informação do medidor;

• ligar/desligar consumidor;

• desabilitar fraudes;

• status de comunicação.

O concentrador secundário possibilita as conexões dos ramais de ligação e

pode alojar de um a doze medidores eletrônicos monofásicos, uma fonte de

alimentação, um módulo eletrônico que armazena dados de leitura de energia de

cada unidade consumidora e monitoramento de alarmes. Existe no concentrador

secundário uma chave que é responsável pelo monitoramento de abertura da porta

do concentrador.

O medidor eletrônico monofásico mede o consumo de energia elétrica ativa

individual de cada consumidor e neste medidor, consegue-se verificar: retorno de

potencial, como fraude causada pela existência de potencial na placa quando o

contator estiver aberto, caracterizando-se uma ligação clandestina no ramal,

supervisão do cabo de ramal de ligação, verificando se houve abertura da caixa de

medição. A figura 3.21 ilustra o medidor eletrônico existente no módulo secundário

do sistema de medição centralizada.

Figura 3.21 – Medidor Eletrônico

Fonte Landys Gyr 2007.

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O sistema de medição centralizada, além das características citadas

anteriormente, garante:

• fácil manutenção e ampliação do sistema;

• padrão simplificado de medição;

• concentradores secundários instalados nos postes de distribuição;

• software de gerenciamento em ambiente windows;

• capacidade de implementação de diversas modalidades de tarifação;

• verificação de alarmes de remoto potencial, abertura da porta do

concentrador;

• verificação de corte de cabos ligados aos consumidores ou abertura da

caixa onde está armazenado o medidor convencional.

A companhia de energia ao adquirir o sistema de medição centralizada pode

optar por um equipamento responsável pela medição direta ou indireta de

transformadores, dependendo da maneira de como é instalado. Este equipamento

deve estar no circuito do concentrador primário junto com os concentradores

secundários. Quando se utiliza este equipamento deve-se alterar o fator

multiplicativo dos transformadores.

O sistema possui várias funções antifraude, uma delas é responsável pelo

monitoramento do estado da porta do concentrador secundário. Se a porta for

aberta, todos os contatores são abertos e o alarme acionado. O alarme somente

cessará quando o concentrador secundário receber o comando religar, então os

contatores retornarão ao estado anterior ao alarme. Outra função antifraude

monitora a presença de potencial no ramal do usuário quando o contator estiver

aberto. O alarme é informado quando for enviado comando para ler o estado do

contator.

Se o medidor apresentar retorno de potencial, ele permanecerá aberto,

ignorando qualquer comando de fechamento e só poderá ser fechado novamente

apenas quando o alarme deixar de existir. A última função antifraude é programada

através de um software que emite um alarme, caso haja irregularidades como

quando o cabo estiver em curto ou aberto, ele supervisiona a abertura da caixa do

medidor convencional do consumidor e tentativa de sangria do cabo. Se for

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detectada a fraude, o contator é aberto instantaneamente. Se detectada a fraude,

um comando de alarme é enviado quando solicitado pelo software. O alarme deixa

de existir quando o estado do cabo for restaurado.

O sistema oferece aos funcionários o acesso aos dados dos consumidores

através do painel principal e este consegue obter a leitura, em kWh, com facilidade

dos consumidores desejados. A interface do concentrador primário encontra-se na

figura 3.22.

Figura 3.22 – Interface do concentrador primário

Fonte Landys Gyr 2005.

Na figura 3.22 tem-se no item A o display, no B o teclado, no C a entrada e no

D a saída.

O procedimento para os funcionários acessar os dados dos consumidores de

energia consiste em:

• o usuário irá operar o concentrador prinmário e neste aparecerá na tela

principal a hora, o usuário aperta em entrada após digitar seu código de

entrada;

• a seguir, o sistema fará uma varredura no sistema de dados e oferecerá 3

opções: se código digitado for o número do medidor retornará a leitura do

consumidor, se for uma senha entrará no menu principal, onde o usuário

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escolherá a função que deseja e se não digitar nenhum código ou senha

principal aparecerá uma mensagem de código não encontrado.

Para o funcionário realizar a operação de desligar e ligar consumidores deve-

se ir ao menu e escolher um item de desligar consumidor e depois digitar o código

ou senha, se estiver correta aparecerá no display para que se digite o código do

concentrador secundário e deverá indicar também qual a posição do medidor na

caixa. O tempo de desligamento do consumidor será determinado pelo operador que

pode ser de 30 minutos ou 60 minutos.

O concentrador primário e secundário é fixado através de uma cinta circular

ou quadrada ou com parafusos e arruelas para sustentar o equipamento. A figura

3.23 mostra um concentrador primário fixado por cinta circular e a figura 3.24 ilustra

a fixação por parafusos.

Figura 3.23– Fixação com cinta circular

Fonte: Landys Gyr 2007.

Figura 3.24 – Fixação com parafusos

Fonte: Landys Gyr 2007.

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No equipamento deve-se aterrar o neutro internamente e a caixa do

equipamento, para isto deve haver um conector atrás do equipamento de onde

partirá o cabo de aterramento e este seguirá dentro de um eletroduto de PVC

(policloreto de vinila) de Ø1/2" até a haste de aterramento.

Após a instalação dos equipamentos deve ser verificada a comunicação entre

os equipamentos instalados.

O procedimento do sistema de medição centralizada pode ser acompanhado

na Copel Distribuição, juntamente da equipe de medição, em Curitiba, onde se tem

um protótipo para se visualizar o funcionamento do sistema. Conforme instruções

recebidas pela medição, primeiramente deve-se efetuar o teste de comunicação no

menu principal do programa, conforme figura 3.25 e clicar no ícone comunica.

Ao clicar neste ícone, aparecerá uma tela, conforme representa a figura 3.26.

A comunicação entre os equipamentos existirá se os equipamentos estiverem com o

status “ativo”.

Após esse passo deve-se realizar a leitura dos equipamentos, então deve-se

ir novamente ao menu principal identificado na figura 3.25 e clicar sobre ícone leitura

e aparecerá uma tela, conforme figura 3.27 e então clica-se em iniciar.

Figura 3.25 – Menu principal do software do sistema

Fonte: Landys Gyr 2007.

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Figura 3.26 – Janela do teste de comunicação

Fonte: Landys Gyr 2007.

Figura 3.27 – Janela de leitura de contas

Fonte: Landys Gyr 2007.

O operador do sistema da concessionária, após realizar os testes e

verificações para acessar os dados dos consumidores, deverá entrar no sistema

com seu nome de usuário e senha conforme figura 3.28.

Figura 3.28 – Tela de acesso do operador ao sistema

Fonte: Landys Gyr 2007.

Quando o usuário entrar no sistema aparecerá a tela do menu principal e o

usuário deverá clicar no ícone Data/Hora e neste momento o computador se

comunica com o concentrador primário e obterá a data e a hora armazenada no

sistema como mostra a figura 3.29. Esse procedimento é realizado para que fique

armazenado o horário de entrada no sistema de cada usuário.

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Figura 3.29 – Tela de ajuste de hora do concentrado r

Fonte: Landys Gyr 2007.

Depois de verificar a hora do sistema, retorna ao menu principal e clica-se no

item agenda e depois será mostrado na tela concentradores secundários que estão

conectados ao sistema e o número de medidores existentes, conforme figura 3.30.

Após o usuário entrar na tela dos consumidores deverá clicar no consumidor que

deseja e clicar no item ler e realizar a atividade desejada: desligar, religar

consumidor, somente acompanhar a leitura em kWh do consumidor, verificar alarme,

situação da porta da caixa, entre outros.

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Figura 3.30 – Tela da agenda de mudança de estado d e contatores

Fonte: Landys Gyr 2007.

O sistema de medição centralizada na COPEL Distribuição está garantindo

resultados satisfatórios e principalmente garantindo facilidade no trabalho dos

funcionários da empresa que efetuam os desligamentos e ligamentos de

consumidores, principalmente em locais de riscos, como no Jardim Jupira, em Foz

do Iguaçu. O sistema também foi instalado em Londrina e Maringá, conforme as

figuras 3.31 e 3.32.

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Figura 3.31 – Medição centralizada localizada em Ma ringá

Fonte Landys Gyr 2007.

Figura 3.32 – Medição centralizada localizada em Lo ndrina

Fonte Landys Gyr 2007.

3.3.4 Conclusão do Caso COPEL

Apesar da distribuidora de energia paranaense não apresentar os maiores

índices de fraudes, ligações irregulares, furto de equipamentos e materiais da rede

de distribuição se comparada com as outras companhias estudadas, a Copel investe

e busca sempre conter as perdas comerciais para reduzir os prejuízos causados por

ela.

Com o uso de tecnologias desenvolvidas para combater as perdas

comerciais, pretende-se reduzir o número de ligações clandestinas nas localidades

onde a rede antifurto foi instalada, assim como aumentar os índices de qualidade da

empresa e seu desempenho, reduzindo o número de desligamentos por motivos de

interferência na rede através de terceiros, melhorar relação custo benefício,

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isonomia no tratamento e satisfação dos consumidores. E principalmente, tentar

evitar o furto de energia da rede, pois com essa tecnologia, pretende-se garantir um

retorno de natureza estratégica, pois evita-se que o problema alastre.

O padrão antifurto visa eliminar os locais vulneráveis da rede, passíveis de

intervenção por parte de fraudadores de energia. A instalação da rede está restrita

apenas a algumas localidades, pois, ainda, está sendo testada para verificar sua

eficácia em relação ao problema de furto de energia. Apesar de não se ter

erradicado totalmente o furto de energia, consegue-se inibir e dificultar seu avanço

com utilização da rede com padrão antifurto.

No Jardim Jupira, onde se tem a rede instalada, também, foi necessário um

trabalho da distribuidora junto à população, para maiores esclarecimentos sobre os

riscos que as ligações clandestinas causam para os consumidores e para quem

prática o furto de energia, pois pode ocasionar interrupções por causa de

sobrecargas e também a interrupção do fornecimento de energia para a região.

Com a utilização de cabos de aço que são mais resistentes ao corte e são

pouco atrativos economicamente pelos fraudadores, o suporte antifurto de

transformador é utilizado para inviabilizar o furto desses equipamentos e garantir

que se minimizem os prejuízos com o roubo de equipamentos e materiais da rede

elétrica.

A concessionária com o detector de desvio de energia, micro-câmaras e

equipamento de medição centralizada visa combater as fraudes de energia existente

na rede distribuição, identificando-as por meios desses aparelhos desenvolvidos

para tal finalidade, cujo objetivo principal é conter e dificultar cada vez mais o desvio

de energia elétrica por parte de fraudadores, além de evitar prejuízos para a

concessionária e garantir mais qualidade no fornecimento de energia para o

consumidor, sem que haja interrupções na rede por causa de consumidores

fraudadores.

Em parceria a COPEL, COCEL, FORCEL, CELESC, CFLO, SANTA CRUZ e

as Secretarias Estaduais do Planejamento, de Coordenação Geral e do Trabalho,

Empregos e promoção Social, a partir de 2003 desenvolveram um programa

denominado de Luz Fraterna que beneficia os consumidores de baixa renda que são

inscritos neste programa. Para participar do programa é necessário que os

moradores da classe residencial atendam aos seguintes requisitos:

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135

• ser da subclasse residencial baixa renda com atendimento monofásico;

• estar o titular da unidade consumidora cadastrado no Programa Social da

Copel, ou ser beneficiário de Programa Social do Governo Federal: Bolsa

Escola, Bolsa Alimentação e Vale Gás;

• ter consumo até 100kWh/mês;

• não possuir mais de uma conta cadastrada em seu nome.

Para os moradores da classe rural os requisitos são:

• ser monofásico ou bifásico, com disjuntor até 50 A;

• ter consumo até 100kWh/mês;

• não possuir mais de uma conta cadastrada em seu nome.

Além desse orograma, existe também o Luz para Todos que apresenta os

mesmos objetivos do Programa Luz Fraterna. O Programa Luz Para Todos, além de

levar energia à população rural, oferece soluções para utilizá-la de maneira a

desenvolver social e economicamente as comunidades, contribuindo para a redução

da pobreza e para o aumento da renda familiar.

O Programa Luz Para Todos tem como agentes executores as

concessionárias e pressionárias de distribuição de energia elétrica e as cooperativas

de eletrificação rural, autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Também compõem a estrutura do programa a Comissão Nacional de

Universalização (CNU), o Comitê Gestor Nacional (CGN), os coordenadores

regionais, os Comitês Gestores Estaduais (CGE), os agentes Luz para Todos e os

governos estaduais. A Aneel é convidada a participar como integrante, da Comissão

Nacional de Universalização, do Comitê Gestor Nacional e dos Comitês Gestores

Estaduais por meio das agências reguladoras estaduais.

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136

CAPÍTULO 4 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DISTRIBUIDORAS E O S

MÉTODOS UTILIZADOS PARA SE COMBATER O FURTO DE ENER GIA

As companhias de energia estudadas e abordadas neste trabalho apresentam

diferentes valores de perdas de energia, quando comparadas entre si, mas para

compará-las é necessário analisar diversos fatores que contribuem para os dados

apresentados em relação às perdas comerciais, como, os métodos utilizados por

elas para se combater o furto de energia, assim como os resultados obtidos.

Um dos fatores que devem ser analisados é a violência existente nas

localidades onde atua determinada concessionária, no Rio de Janeiro, as perdas

comerciais de energia nas concessionárias Light e Ampla são bem mais acentuadas

por causa da violência que é, relativamente, alta.

A Ampla desenvolveu a rede antifurto que afasta e eleva a baixa tensão o que

difere pouco do método utilizado pela companhia paranaense que somente afasta a

baixa tensão dos postes e já conseguiu obter resultados satisfatórios, por enquanto,

com essa implantação nova de rede. Mas de acordo com a Ampla, somente afastar

a baixa tensão não iria conter os altos índices de furto de energia na região e por

isso desenvolveu um método que condiz com seus problemas sociais e suas perdas

de energia, assim como a Copel que julgou não ser necessário para seus problemas

com as perdas de energia.

O sistema de medição centralizada veio de encontro aos problemas de todas

as distribuidoras analisadas, e tanto COPEL, Light, Ampla e Eletropaulo utilizam o

sistema de medição centralizada para evitar fraudes em medidores, riscos aos

funcionários, quando estes precisam ir ao local realizar cortes e ligamentos de

consumidores, este método oferece para os funcionários praticidade e segurança.

Todas as distribuidoras de energia estudadas investem em planos de ação

social para os consumidores considerados de baixa renda. Existem programas que

estes consumidores são isentos de pagar energia. Com esses programas tentam

também informar os consumidores como utilizar melhor sua energia para se evitar

desperdícios e principalmente garantir que estes venham a furtar energia sem

necessidade, pelo fato de estarem dentro de programas criados pelas empresas

para isenção desses consumidores.

A COPEL e a CEMIG, das concessionárias estudadas, são as que

apresentam os menores índices de perdas de energia e, conseqüentemente,

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investem menos para conter as perdas comerciais, mas o prejuízo que as perdas

comerciais acarretam a elas é um valor elevado. O furto de energia, ligações

irregulares, fraudes em medidores, roubo de materiais e equipamentos não

garantem aos seus consumidores um bom funcionamento, qualidade na distribuição

de energia, o que gera um descontentamento dos consumidores. Cabe aos

consumidores denunciarem às companhias as fraudes, furtos, etc., para se evitar as

perdas comerciais, prejuízos e descontentamentos.

Como, as duas distribuidoras citadas acima, possuem menos perdas

comerciais, possuem mais facilidade para contê-las que as demais empresas de

energia estudadas. Mas mesmo apresentam menores índices de perdas comerciais,

precisam investir em métodos e em programas sociais para evitar que esse número

aumente.

A CEMIG, para evitar perdas comerciais, como o registro de consumo de

energia elétrica inferior ao real, a ela identifica irregularidades nos medidores por

diferentes métodos. Através das leituras mensais, feitas pelos agentes da empresa,

do rompimento de selos contidos no aparelho medidor, ou verificações mais

sofisticadas, feitas por sistemas de inteligência e por equipamentos especiais para

localização e caracterização das irregularidades. A companhia tem uma perda de

energia da ordem de 1,6% sobre o total requerido pelos consumidores, devido a

furto de eletricidade que comparado às concessionárias do Rio de Janeiro e de São

Paulo é um número baixo, visto que as perdas comerciais no Brasil, em um ano, são

de R$ 6,5 bilhões.

Nas distribuidoras do Rio de Janeiro além de problemas com favelização

crescente, existe um problema intenso com o narcotráfico e o risco existente para os

funcionários que trabalham nessas regiões é muito intenso. A concessionária afirma

que com a utilização do sistema de medição centralizada e com a rede com padrão

DAT, Derivação Aérea Transversal, conseguiu reduzir significativamente o furto de

energia nas localidades onde foram instalados.

O sistema de medição centralizada, em 2005, foi instalado pela Ampla,

inicialmente no Jardim Catarina, em São Gonçalo, com 3200 consumidores e as

perdas totais existentes na região na baixa tensão era de 52% e o índice de

inadimplência de 15%. Após a utilização da rede com padrão antifurto e o sistema

de medição centralizada desenvolvido pela Landys Gyr conseguiu-se obter os

resultados expressos na tabela 4.1.

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138

As perdas comerciais após quatro meses de instalação da rede antifurto que

afasta e eleva a baixa tensão juntamente com o sistema de medição centralizada

reduziram-se em menos de 2%.

Tabela 4.1 – Perdas de energia da Ampla após rede D AT e medição centralizada

SF Fonte: Landys Gyr 2007.

O gráfico da figura 4.1 ilustra as perdas na medição da Ampla, em uma parte

do bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, que utilizam o sistema de medição

centralizada no ano de 2007. Pode-se verificar que no início do ano as perdas na

rede convencional eram significativamente maiores do que nas redes com sistema

de medição centralizada implantada.

De um modo geral com a instalação desse sistema as perdas comerciais

reduziram e contribuíram para a redução das perdas nas redes convencionais como

se pode verificar na figura 4.1 que representa a comparação das perdas comerciais

em redes com sistema convencional e com sistema de medição centralizada na

Ampla.

P

Figura 4.1 – Comparação de perdas comerciais

Fonte: Landys Gyr, 2007.

Medidor Núm. de clientes Perdas de medição % perda s

Medidor 1 31 4,9 0,22

Medidor 2 25 67,3 3,68

Medidor 3 16 2,3 0,32

Medidor 4 38 23,2 1,27

Medidor 5 41 33,72 1,75

Total 151 131,42 1,54

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139

A Companhia Energética de São Paulo realiza programas de inspeção para

localizar irregularidades, substituição de medidores de energia obsoletos, sempre

estuda meios de como atuar em áreas de risco, ferramentas e equipamentos para

localização das ligações clandestinas e fraudes em medidores de energia. Entre

esses métodos a medição eletrônica é um dos principais métodos aplicados pela

Eletropaulo.

Em outubro de 2007, a Eletropaulo afirma que pretende investir algo em torno

de R$ 700 milhões, em um prazo de dez anos, na implementação do projeto para

tentar reduzir em 60% as perdas anuais de R$ 500 milhões.

A medição eletrônica está sendo aprimorada no departamento de Pesquisa e

Desenvolvimento da AES Eletropaulo, no bairro paulistano do Cambuci. Pretende-se

iniciar em 2008 um projeto piloto, como está praticamente pronta, a ferramenta vai a

campo com o desafio de reduzir as perdas comerciais de 2,3 GWh de energia que a

distribuidora registra todos os anos na sua área de concessão, ou seja, nos 24

municípios da Grande São Paulo.

De acordo com a Companhia de São Paulo com 2,3 GWh poderiam iluminar

durante um ano uma cidade com 300 mil habitantes. E caso fossem vendidos

integralmente, os GWh acrescentariam R$ 500 milhões ao faturamento bruto anual

de R$ 11,35 bilhões da distribuidora.

A Eletropaulo, afirma que com a troca do atual medidor eletromecânico pelo

eletrônico e com a utilização de outras medidas, como a blindagem das linhas de

energia vão eliminar a necessidade de um funcionário ir até o local para realizar a

leitura no relógio de medição, pois as informações de consumo serão obtidas por

meio dos cabos de fibra óptica da rede elétrica. Além disso, o sistema permitirá

avisar à central de comando, que também fica no Cambuci, qualquer interferência na

rede, como, por exemplo, o furto de energia feito diretamente no poste de luz. Com

esse medidor eletrônico e esse sistema, poderão ser efetuados cortes e ligações de

energia da central de operações da distribuidora.

A figura 4.2 ilustra o balanço energético da distribuidora de abril a junho de

2007. Na figura 4.2 o contrato de Itaipu do gráfico difere do apresentado no balanço,

pois os valores contábeis de energia não apresentam perdas na rede básica

contabilizadas pelo CCEE, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.

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140

Figura 4.2– Balanço energético da AES El etropaulo

Fonte: AES Eletropaulo, 2007.

As perdas de distribuição que considera o total de suprimento de energia

medido no período de junho de 2006 a junho de 2007 corresponde a 45.487,9 GWh.

O total das perdas é um percentual desse montante, deduzindo-se energias

retroativas faturadas relativas à recuperação de fraudes. A média de perdas

comerciais de junho de 2006 a junho de 2007 corresponde a 12,18%, sendo dividida

em perdas técnicas (6,49%) e comerciais (5,69%). A figura 4.3 representa as perdas

totais de junho de 2006 e junho de 2007, conforme figura 4.3.

Figura 4.3– Perda s totais de energia da AES Eletropaulo

Fonte: AES Eletropaulo, 2007.

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141

No segundo trimestre de 2007, 2T07, foi apurado um aumento pontual no

volume de perdas totais em função do menor número de dias faturados em junho de

2007 com relação a junho de 2006. Entretanto, a distribuidora de energia mantém

sua meta de redução das perdas totais.

Cada concessionária avalia a situação que ela encontra em relação às perdas

comercias e procura utilizar métodos e desenvolver ferramentas e equipamentos de

acordo com suas necessidades. Pois cada uma tem um quadro de perdas, um

cenário diferente, dificuldades diferentes e diferentes fatores que interferem na

solução das perdas comerciais, por isso cada uma delas estudam todos os métodos

existentes e verifica se este é cabível ou não para a empresa e principalmente

analisa quais vantagens e desvantagens terão com estes e a partir daí, optam por

usá-lo ou não.

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142

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO

Este trabalho corresponde a um estudo das perdas comerciais de energia em

redes de distribuição nas distribuidoras brasileiras e em especial as distribuidoras:

Ampla, Light, AES Eletropaulo, CEMIG e COPEL e apresenta o estudo do caso da

concessionária paranaense de energia, a COPEL.

No desenvolvimento do trabalho, abordou-se o problema que as distribuidoras

de energia enfrentam por causa das perdas comerciais, indicando quais delas

apresentam maiores perdas comerciais, os tipos de perdas comerciais através de

dados fornecidos pelas mesmas. Além disso, relatam-se, também, os programas de

ação das companhias de energia, os métodos que cada uma utiliza para combater o

furto de energia e os resultados obtidos.

As perdas comerciais estudadas se referem às ligações clandestinas, fraudes

e violação em medidores de energia, furtos de equipamentos e materiais da rede de

distribuição.

No trabalho, consegue-se verificar as diferenças das perdas comerciais de

energia nas concessionárias e identificar os diversos fatores que interferem em cada

companhia de energia, como locais de riscos aos funcionários, favelização

crescente, violência, narcotráfico, falta de conhecimentos dos consumidores de

baixa renda que muitas vezes por falta de informação, furtam energia quando

poderiam estar enquadrados em algum programa social. Por esse motivo as

concessionárias brasileiras de distribuição de energia apresentam perdas comerciais

bastante heterogêneas e o furto de energia, fraudes e roubo de materiais e

equipamentos são por motivos econômicos e culturais.

Cada distribuidora de energia, de acordo com seus problemas de perdas

comerciais, desenvolve projetos, ações e programas de combate ao furto de energia

levando em conta o prejuízo que as perdas acarretam à elas, a eficácia desses para

a sua área de atuação e a quantidade que podem investir para se evitar esse

problema.

No Estado do Rio de Janeiro, por apresentar um dos maiores índices de

perdas comerciais do país, foi desenvolvido uma rede com padrão antifurto, com a

baixa tensão afastada e elevada no poste, para se combater as ligações irregulares

nas regiões de elevado percentual de furto de energia e utiliza-se também, o sistema

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143

de medição centralizada para garantir mais segurança e facilidade aos funcionários

que operam o sistema no escritório da empresa.

A COPEL utiliza a rede com padrão antifurto, que somente afasta a baixa

tensão do poste, por achar que esse padrão de rede é suficiente para reduzir as

ligações irregulares no Estado do Paraná e também se utilizam o sistema de

medição centralizada, em áreas, consideradas de risco.

Esses métodos foram desenvolvidos a partir de 2005 e por enquanto, estão

se mostrando eficazes e estão atendendo as expectativas das distribuidoras, mas

provavelmente estes métodos terão que ser avaliados e acompanhados pelas

empresas, para que se possam acompanhar os furtos de energia, e se necessário,

desenvolver novos métodos, conforme vão surgindo novos furtos de energia os

quais, esses métodos atuais não consigam combater.

Para reduzir esse problema, uma das principais missões das distribuidoras, é

desenvolver e aplicar métodos de combate às perdas comerciais, e principalmente

deve ser feito um acompanhamento do mesmo, pois estes precisarão futuramente

de reajustes ou de novos investimentos, ou até mesmo de outras soluções. Para se

determinar a necessidade de novas tecnologias, é preciso, que a distribuidora esteja

a par de todos os dados referentes ao furto de energia, em sua área de concessão,

deverão, também, realizar testes para acompanhar os valores das perdas

comerciais e se houver um aumento nos índices de perdas devem buscar novas

soluções logo no início, para que se evite maiores prejuízos e má qualidade no

fornecimento de energia aos consumidores.

Esse estudo poderá ser abordado novamente como tema de outros trabalhos,

pois sempre existirão novas soluções de combate ao furto de energia e as

concessionárias a fim de se evitar maiores prejuízos e com o intuito de proporcionar

ao seu consumidor bom fornecimento de energia e evitar que haja sobrecargas na

rede de distribuição em decorrências das ligações clandestinas, fraudes, violação de

medidores e roubos de equipamentos e materiais da rede.

Também poderá ser abordada a implementação de novos sistemas para se

combater o furto de energia. Poderá se realizar uma análise econômica mais

detalhada das perdas de energia e o estudo de outras concessionárias que não

foram abordadas neste trabalho.

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