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Ministério da Educação Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica Departamento Acadêmico de Eletrotécnica Projeto Final de Graduação LUCAS LUIZ KRUL TOBIAS ANTUNES DE AMORIM ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO REPROCESSAMENTO DE CABOS DE ALUMÍNIO CA/CAA ATRAVÉS DO DESENCORDOAMENTO DOS TENTOS FORMADORES CURITIBA 2004

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Ministério da Educação Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

Projeto Final de Graduação

LUCAS LUIZ KRUL TOBIAS ANTUNES DE AMORIM

ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO REPROCESSAMENTO DE CABOS DE ALUMÍNIO CA/CAA ATRAVÉS

DO DESENCORDOAMENTO DOS TENTOS FORMADORES

CURITIBA

2004

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LUCAS LUIZ KRUL TOBIAS ANTUNES DE AMORIM

ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO REPROCESSAMENTO DE CABOS DE ALUMÍNIO CA/CAA ATRAVÉS

DO DESENCORDOAMENTO DOS TENTOS FORMADORES

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

Orientador: Prof. Ayrton Roberto Lopes

Co-orientador: Prof. Jorge Carlos Corrêa Guerra

CURITIBA

2004

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LUCAS LUIZ KRUL

TOBIAS ANTUNES DE AMORIM

ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO REPROCESSAMENTO DE CABOS DE ALUMÍNIO CA/CAA ATRAVÉS

DO DESENCORDOAMENTO DOS TENTOS FORMADORES

Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Eletricista pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

Curitiba, 24 de setembro de 2004

_______________________________________ Prof. Paulo Sérgio Walenia

Coordenador do Curso Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

_______________________________________ Prof. Ivan Eidt Colling, Dr.

Coordenador do Projeto Final de Graduação Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

_______________________________________ Prof. Ayrton Roberto Lopes

Orientador

_______________________________________ Prof. Álvaro Peixoto de Alencar Neto, M.Sc.

_______________________________________ Prof. Luiz Gustavo Trevisan

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"EM MOMENTOS DE CRISE, SÓ A IMAGINAÇÃO É MAIS

IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO."

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu forças para lutar e

conseguir completar mais este desafio.

Agradecemos ao nosso orientador Ayrton Roberto Lopes que em todo

momento nos apoiou, incentivou durante a execução deste trabalho.

Ao nosso co-orientador Jorge Carlos Corrêa Guerra pela cooperação na

análise da viabilidade econômica.

Ao Celso Ioshimi Kagawa que nos ajudou no detalhamento do processo e em

pontos essenciais da técnica do reprocessamento das sucatas de cabos de

alumínio.

Enfim, agradecemos a todos que contribuiram direta ou indiretamente para a

execução deste trabalho e pelas novas amizades que surgiram neste período.

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RESUMO

Este trabalho vem apresentar uma solução de simples aplicação, que pode

gerar grandes benefícios a concessionárias de energia elétrica, para um melhor

aproveitamento das “sucatas” de cabos de alumínio atualmente acumuladas em

seus pátios esperando serem vendidas tão somente como sucata de alumínio.

O processo consiste em aproveitar lances de cabos de alumínio que são

originados de desmonte de linhas de transmissão e distribuição, por motivos de

ampliação, manutenção ou ainda lances que sobraram de obras e que possuam

comprimento inadequado para sua aplicação imediata e trabalhar com eles

aplicando um reprocesso através do desencordoamento dos tentos1 formadores

seguido de soldagem trefilação e encordoamento2, conseguindo com isso uma

redução de bitola, seguida de um ganho considerável de comprimento.

Visando uma maior comodidade as simulações econômicas feitas tem por

objetivo a formação de uma planta móvel que poderia ser deslocada até o pátio das

concessionárias, principais beneficiadas com este processo.

1 Designação dada ao condutor singelo de alumínio 2 Condutor de alumínio disposto em hélice em torno de um núcleo central

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ABSTRACT

That study attempts to show a simple application solution that could yield

considerable gain to energy companies for a better use of aluminum cable waste that

pile up in their yards that come from be sold as aluminum waste.

The process that is here suggested consist in nabbing use of aluminum cable

that hurls from disassembling of transmission and distribution lines, be for

enlargement, maintenance or even for hurls that remain from construction and that

have inadequate length for immediate application, but work with them to apply a re-

process through to maulstick former unstring followed by welding and wiredrawing,

thus obtaining with that a pattern of reduction, followed of a considerable gain or

length.

Aiming at facilitating economical simulations executed have to objective the

formation of a mover plant who can be translate to concessionaire plant, main

benefited with that process.

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LISTA DE SIGLAS

AA “Aluminum Association” (Associação do Alumínio)

ABAL Associação Brasileira do Alumínio

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANSI “American National Standards Institute” (Instituto Americano

nacional de normalização)

ASME “The American Society of Mechanical Engineers” (Sociedade

Americana de Engenharia Mecânica)

ASTM “American Society for Testing and Materials” (Sociedade

Americana para Testes e Materiais)

AT Alta Tensão

AWG “American Wire Gauge” (Padrão Americano para dimensões de

condutores)

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Social

BT Baixa Tensão

CA Cabo de Alumínio

CAA Cabo de Alumínio com Alma de Aço

CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica - RS

CELG Companhia Energética de Goiais

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

COPEL Companhia Paranaense de Energia

CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

CW “Cold Welding” (Solda a Frio)

EPS Especificação do Procedimento de Soldagem

FGPC Fundo de Garantia para Promoção da Competitividade

IACS “International Annealed Copper stardard” (Padrão Internacional

do cobre recozido)

IOF Imposto sobre Operações Financeiras

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NBR Norma Brasileira Registrada

RQP Registro de Qualificação de Procedimento

SAC Sistema de Amortização Constante

TJLP Taxa de juros de Longo Prazo

UW “Upset Welding” (Solda de topo)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Extração da Bauxita .................................................................................23

Figura 2 – Alumina ....................................................................................................24

Figura 3 – Sucata de Cabos......................................................................................29

Figura 4 – Desencordoadeira de Cabos de Alumínio................................................31

Figura 5 – Detalhe do Desencordoamento................................................................32

Figura 6 – Processo de Solda Topo a Frio ................................................................34

Figura 7 – Processo de Solda de Topo por Resistência ...........................................35

Figura 8 – Resistências De Soldagem ......................................................................36

Figura 9 – Corte da Fieira..........................................................................................41

Figura 10 – Tensões Mecânicas Sofridas pelo Condutor na Fieira ...........................42

Figura 11 – Conceito Básico do Processo de Trefilação...........................................43

Figura 12 – Máquina de Trefilação............................................................................43

Figura 13 – Máquina de Encordoamento ..................................................................45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tensão de Ruptura..................................................................................33

Tabela 2 – Causa X Efeito na Solda de Topo por Resistência..................................40

Tabela 3 – Características Cabos CA .......................................................................46

Tabela 4 – Características Cabos CAA.....................................................................47

Tabela 5 – Elasticidade X Coef. Dilatação ................................................................47

Tabela 6 – Levantamento do investimento inicial aplicado........................................60

Tabela 7 - Tabela “Price” – Tabela de prestações constantes .................................62

Tabela 8 - Tabela SAC – Tabela de amortização do principal constante..................62

Tabela 9 – Possíveis despesas fixas operacionais ...................................................63

Tabela 10 – Fluxo de Caixa.......................................................................................65

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 01 – Parâmetro de Extensão da Superfície.…………..……………….….…35

Equação 02 – Enegia Térmica…..………………………………….…………….………36

Equação 03 – Resistência Equivalente…………………………………..………………36

Equação 04 – Parâmetro de Soldabilidade ………..……………………………………39

Equação 05– Volume Tento de Alumínio ………………………….……………………44

Equação 06– Comprimento Final do Condutor …………………………………….…..44

Equação 07 – Volume do Cabo ………………………………………………………….44

Equação 08 – Massa do Cabo…………………………………………………………....44

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Custo X Cenário ……………………………………………………….…...64

Gráfico 02 – Despesas X Faturamento …………………………………………….…...66

Gráfico 03 – Tempo de Retorno X Produção……………………………………...…….67

Gráfico 04 – Economia Percentual do Reprocessamento da Sucata de Cabos….…68

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 01 – ENSAIO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CABO DE ALUMÍNIO CA

2AWG-“IRIS”

ANEXO 02 – ENSAIO DE RUPTURA E CARACTERÍSTICA DIMENSIIONAL EM

CABOS DE ALUMÍNIO CA 2AWG-“IRIS”

ANEXO 03 – ENSAIO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CABO DE ALUMÍNIO CA

2/0AWG-“ASTER”

ANEXO 04 – ENSAIO DE RUPTURA E CARACTERÍSTICA DIMENSIIONAL EM

CABOS DE ALUMÍNIO CA 2/0AWG-“ASTER”

ANEXO 05 – ENSAIO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CABO DE ALUMÍNIO

CAA 4AWG-“SWAN”

ANEXO 06 – ENSAIO DE RUPTURA E CARACTERÍSTICA DIMENSIIONAL EM

CABOS DE ALUMÍNIO CAA 4AWG-“SWAN”

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................17

1.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................17

1.2 PROBLEMA......................................................................................................18

1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................18

1.4 OBJETIVO ........................................................................................................19

1.4.1 Objetivo Geral.............................................................................................19

1.4.2 Objetivos Específicos .................................................................................20

1.5 METODOLOGIA ...............................................................................................20

1.6 ESTRUTURA DA EXPOSIÇÃO........................................................................21

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................22

2.1 O ALUMÍNIO.....................................................................................................22

2.1.1 História do Alumínio....................................................................................22

2.1.2 Produção do Alumínio ................................................................................23

2.1.3 Alumínio Comercial ....................................................................................25

2.1.4 Tratamento Térmico do Alumínio ...............................................................26

2.1.5 Trabalho Mecânico .....................................................................................28

2.2 ETAPAS DO PROCESSO ................................................................................29

2.2.1 Geração da Sucata de Cabos ....................................................................29

2.2.2 Triagem ......................................................................................................30

2.2.3 Desencordoamento ....................................................................................31

2.2.4 Desoxidação...............................................................................................32

2.2.5 Solda dos Tentos........................................................................................33

2.2.5.1 Solda a Frio..........................................................................................33

2.2.5.2 Solda de Topo por Resistência ............................................................35

2.2.5.2.1 Resistências Elétricas......................................................................36

2.2.5.2.2 Máquina de Solda ............................................................................37

2.2.5.2.3 Técnica Operacional ........................................................................38

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2.2.5.2.4 Qualidade da Solda .........................................................................39

2.2.6 Trefilação....................................................................................................40

2.2.6.1 Descrição do Funcionamento...............................................................42

2.2.7 Encordoamento ..........................................................................................45

2.2.8 Ensaios.......................................................................................................48

2.2.8.1 Retirada do Corpo de Prova.................................................................48

2.2.8.1.1 Acondicionamento para Transporte .................................................49

2.2.8.1.2 Preparação do Corpo de Prova para Ensaio ...................................49

2.2.8.2 Ensaio de Verificação Dimensional ......................................................50

2.2.8.3 Ensaio de Tração de Ruptura ..............................................................51

2.2.9 Embalagem ................................................................................................52

2.3 MÉTODO DO FLUXO DE CAIXA .....................................................................53

2.3.1 Investimento Empresarial ...........................................................................53

2.3.1.1 Métodos de Análise..............................................................................54

2.3.1.1.1 Taxa de Retorno Contábil ................................................................54

2.3.1.1.2 Tempo de Retorno (“Payback”)........................................................55

2.3.1.1.3 Valor Presente Líquido.....................................................................55

2.3.1.1.4 Taxa Interna de Retorno ..................................................................56

2.3.1.2 Dificuldades na Análise de Investimentos ............................................56

3 ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA ..............................................................59

4 ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA........................................................60

4.1 INVESTIMENTO INICIAL..................................................................................60

4.2 CÁLCULO DO FINANCIAMENTO DO NEGÓCIO............................................61

4.3 CUSTOS OPERACIONAIS...............................................................................62

4.4 ELABORAÇÕES DE CENÁRIOS .....................................................................63

5 CONCLUSÕES...................................................................................................69

5.1 PROPOSTA PARA NOVOS TRABALHOS.......................................................70

REFERÊNCIAS.........................................................................................................71

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1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 INTRODUÇÃO

Ao analisar as condições atuais das concessionárias de energia elétrica,

verificou-se que uma parcela dos materiais utilizados em sua malha de alimentação

muitas vezes, quer seja por ampliações em sua rede, quer seja por alterações na

malha ou ainda por sobras de obras sem grande aplicação imediata, retornam ao

seu pátio como materiais considerados inservíveis e se acumulam, acarretando

assim em um capital parado, os quais, se melhor estudado pode se constatar que

possuem um potencial que poderia ser trabalhado para suprir as carências

mencionadas acima.

Um exemplo desse potencial é o foco deste trabalho, que tem por base o

aproveitamento, de uma forma simples e com redução considerável dos custos

financeiros e ambientais, dos cabos de alumínio que se acumulam nos pátios das

concessionárias, considerados como “sucata” por não possuírem comprimento

mínimo necessário para implantação em construções de novos trechos de rede

elétrica.

Este trabalho vem apresentar uma análise feita em uma idéia simples, porém

de resultados consideráveis para uma otimização do destino das sucatas de cabos

de alumínio consideradas como “sucata” e que atualmente possuem destino incerto

e de pequeno retorno à concessionária, detentora dessa matéria prima em potencial.

O processo estudado tem por filosofia transformar comprimentos de cabos

impróprios para a utilização em cabos novos com bitola reduzida seguida de ganho

considerável no seu comprimento e no potencial utilização na construção de redes

de distribuição, seja na considerada AT (Alta Tensão – 13,8kV ou 34kV), mas

principalmente na BT (Baixa Tensão – 110V~254V), rede de alimentação direta aos

consumidores. O reprocessamento é possível quando o cabo sucateado apresenta

tentos em bitolas maiores do que deseja obter após a trefilação.

Ao longo do projeto serão apresentadas as características do alumínio, seus

processos de formação e os procedimentos utilizados para execução do processo

estudado, assim como um panorama das vantagens de se aproveitar um material

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tão versátil como o alumínio sem, com tudo, utilizar-se de grande quantidade

energética originalmente utilizada para sua obtenção.

1.2 PROBLEMA

Apresentar um processo de reaproveitamento da sucata de cabos de alumínio

que resulte numa economia significativa de energia e que esteja dentro das

solicitações da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

As delimitações deste reaproveitamento são:

Não existência de bibliografias que relatem o tema em específico;

Desenvolvimento de máquinas especiais para o reprocessamento;

Determinação de possíveis pontos de falhas no reprocessamento.

O estudo solicitará um aprofundamento em áreas não abordadas no curso de

graduação de Engenharia Elétrica, como por exemplo os processos de solda, solicita

um estudo mais aprofundado na área de humanas especificamente de economia

através do estudo da viabilidade econômica.

1.3 JUSTIFICATIVA

Considerando o panorama atual do nosso país onde uma grande parcela da

população vive, ainda nos dias de hoje, sem acesso a energia elétrica por morarem

em locais distantes da rede de distribuição da concessionária local, tornam o

investimento para ampliação dessas redes, economicamente inviável devido aos

altos custos envolvidos.

Fica evidente que se houver uma redução dos custos há uma possibilidade

maior de extensão da rede de alimentação das concessionárias. Aliado a crescente

necessidade de pouparmos cada vez mais nossas reservas naturais e o aumento

gradativo das necessidades energéticas, torna a utilização do processo proposto

uma ótima opção.

Por proporcionar uma possível economia de energia na recuperação da

sucata de cabo de alumínio, o processo estudado envolve uma preocupação atual

que está relacionado com a capacidade de geração e transmissão de energia

elétrica.

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Outro fator que levou a se estudar este processo foi sua originalidade pois em

pesquisas preliminares em endereços eletrônicos internacionais que tratam do

assunto não constatou-se outro processo similar ao proposto neste estudo.

Com o reprocessamento dos cabos de alumínio inservíveis propõem-se as

seguintes vantagens:

Utilização de um material já processado, não necessitando uma nova

extração nem mesmo uma re-fusão, reduzindo consideravelmente o

consumo energético empregado no processo e eliminando a utilização de

materiais químicos, nocivos a natureza, utilizados na obtenção do Alumínio;

Otimização de espaço físico nas concessionárias, pois com o

reaproveitamento dos cabos outrora armazenados e estocados como

sucata, utilizando o local destinado a este fim para uma diferente

designação.

Reaproveitar o alumínio formador dos cabos para confecção de novos

cabos, mantendo assim, um alumínio de altíssima pureza com sua mesma

finalidade, impedindo assim que com a venda da sucata deste alumínio

pudesse ser utilizado na confecção de utensílios diversos, que podem ser

obtidos com a utilização de alumínios com grau de pureza inferior.

Reduzir custo de aquisição de cabos novos, proporcionando assim a

utilização dessa economia para ampliação da rede, aumentar o

investimento em novas tecnologias, melhorar a qualidade dos serviços

prestados e utilizar um material mais barato em possíveis programas de

expansão energética.

1.4 OBJETIVO

1.4.1 Objetivo Geral

Avaliar técnica e economicamente o reprocessamento da sucata de

cabos de alumínio através da análise das características do novo cabo formado,

segundo as exigências vigentes em normas regulamentadas.

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1.4.2 Objetivos Específicos

Estudar a matéria prima empregada no processo, o alumínio, quanto a sua

origem, obtenção e processamento, assim como particularidades e

comportamento diante de trabalho térmico e mecânico.

Conhecer e entender os processos desenvolvidos para

desencordoamento, trefilação, encordoamento assim como maquinário

utilizado em cada parcela do processo;

Pesquisar sobre os processos de solda aplicáveis assim como as

características do cabo soldado nos diferentes processos, evidenciando

vantagens e desvantagens de cada processo;

Fazer um levantamento de custos empregados no processo, comparando

com custos desenvolvidos no processo de re-fusão do alumínio, e a

obtenção do alumínio através da extração e processamento da bauxita;

Analisar a normalização existente, adequando o processo à mesma e

realizar ensaios, através do LACTEC (Instituto de Tecnologia para o

Desenvolvimento), sobre os cabos produzidos de acordo com a solicitação

das normas da ABNT aplicáveis;

Obter, por meio de solicitações a pessoal responsável, levantamento de

quantidade de sucata aproximada de cabos de alumínio gerados por ano

nas concessionárias de energia elétrica realizando assim um comparativo

do potencial de economia adquirido pelo processo proposto.

Apresentar os resultados do estudo deste processo.

1.5 METODOLOGIA

Para a execução deste trabalho efetuou-se o estudo dos processos citados

em bibliografias existentes, publicações “on-line” e normas técnicas da ABNT

aplicáveis à formação dos cabos condutores de alumínio CA e CAA. Serão

estudados: o processo de formação dos cabos de alumínio, suas características

elétricas e mecânicas, as técnicas empregadas no processo e as características do

alumínio.

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Através de contatos com o setor de suprimentos e logística de algumas

concessionárias, foi efetuado um levantamento da quantidade de sobras e sucatas

de cabos de alumínio CA e CAA gerados anualmente nas mesmas.

Para o estudo da viabilidade econômica foram analisados os dados obtidos

nas concessionárias juntamente com o levantamento do custo do processo

utilizando o método de fluxo de caixa, o qual analisa o tempo de retorno do

investimento em função do fluxo de caixa onde será apresentada uma idéia de em

quanto tempo e qual a quantidade de sucata necessária para tornar este processo

viável.

1.6 ESTRUTURA DA EXPOSIÇÃO

No capítulo 1 apresenta-se os fatores que levaram a escolha deste tema, suas

possíveis vantagens e a forma como se pretende conduzir este trabalho.

No capítulo 2 será demonstrada a fundamentação teórica dos conceitos

envolvidos no reprocessamento dos cabos de alumínio incluindo um breve histórico

do alumínio sua formação e principais qualidades e o referencial para o estudo da

viabilidade econômica.

A viabilidade técnica do processo será apresentada no capítulo 3.

No capítulo 4 apresenta-se um dos cenários estudados na análise da

viabilidade econômica.

No capítulo 5 será apresentada as conclusões obtidas após o estudo e uma

proposta para possíveis trabalhos de graduação.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O ALUMÍNIO

2.1.1 História do Alumínio

Mesmo sendo o elemento metálico mais abundante na crosta terrestre

(8,13%), sua descoberta ocorreu apenas no século XVIII. Devido a sua grande

afinidade com o oxigênio, não é possível encontrá-lo em sua forma natural, mas sim,

combinado na formas de óxidos ou silicatos. (BOER,1981)

Em 1808, (ABAL, 2004) Humphrey Davy provou a existência do alumínio

durante a fundição de ferro na presença de alumina, obtendo assim uma liga de

ferro e um metal até então desconhecido o qual denominou "Alumium", mais tarde

chamado de "Aluminium", seguido da produção subseqüente de pequenas

quantidades do metal pelo físico alemão Hans Christian Oersted em 1825, através

do aquecimento de cloreto de alumínio anidro com uma amálgama de potássio. O

processo sofreu melhorias em 1827 e 1845, substituindo-se o amálgama de potássio

e desenvolvendo um método mais eficaz para desidratar o cloreto de alumínio. Em

1854, substituindo-se o caro potássio pelo sódio, utilizando-se de um cloreto de

alumínio-sódio em vez do cloreto de alumínio, Henri Sainte-Claire Deville produziu,

em uma fábrica-piloto próxima a Paris, as primeiras quantidades comerciais de

alumínio. Este processo foi substituído pela descoberta simultânea, em 1886, por

Paul Louis Toussaint Heroult, na França e Charles Martin Hall, nos Estados Unidos,

do processo eletrolítico por meio de corrente elétrica de produção de alumínio. A

descoberta do processo por Charles Hall se deu em seu pequeno laboratório

experimental, em uma cabana nos fundos de sua casa, ao conseguir produzir a

alumina (óxido de alumínio) e fabricar seu próprio cadinho de carbono com um

banho de criolita contendo alumina e ao passar uma corrente elétrica através dele

resultou em uma massa solidificada que ao esfriar foi estilhaçada com um martelo

formando pequenos pedaços de puro alumínio. Este processo mantém-se até os

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dias de hoje, sendo atualmente o único processo de produção de alumínio em

quantidade comercial.

2.1.2 Produção do Alumínio

Desde a formação o alumínio passa por diversas reações químicas (ABAL,

2004; BOER, 1981; SCHMIDT, 1979). A bauxita, minério de onde se extrae a

alumina e, por conseguinte o alumínio, é formado por uma reação química natural,

causada pela infiltração de água em rochas alcalinas que entram em decomposição

e adquirem uma nova constituição química. Por ser normalmente encontrada a uma

profundidade média de 4,5 metros a extração da bauxita pode ser feita a céu aberto.

Durante o processo de extração a vegetação e a terra fértil que se encontram

sobre as jazidas, são retiradas com o uso de retroescavadeiras e são acumuladas e

preparadas para que após a extração da bauxita possa-se realizar a recomposição

do terreno de onde foram extraídas, promovendo assim uma manutenção do meio

ambiente explorado, conforme pode-se observar na figura 1.

Figura 1 – Extração da Bauxita

Fonte: ABAL, 2004

Após sua extração, a bauxita segue em seu estado natural para a fábrica,

onde sofre seu primeiro processo químico para remoção de impurezas

impreguinadas na bauxita. Para esta primeira fase do processo de obtenção da

alumina, a bauxita é moída e misturada a uma solução contendo soda cáustica

formando como resultado uma mistura pastosa que posteriormente passa por um

processo de aquecimento sobre pressão, juntamente com uma nova adição de soda

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cáustica. O resultado desse processo é submetido a um período de decantação

seguido de filtragem, eliminando assim eventuais impurezas que se encontravam

juntamente com a bauxita inicialmente extraída da natureza.

Um novo processo químico é realizado com a mistura resultante do processo

anterior. A mistura, livre de impurezas, é submetida a equipamentos chamados

precipitadores, onde a solução passará pela “cristalização por semente”; na qual a

alumina cristalizada precipita e é então lavada e secada através de aquecimento

realizados em fornos autoclaves a uma temperatura de 165ºC e pressão de vapor à

1 atm, enquanto as impureza são retiradas no resíduo insolúvel através de filtros-

prensa, separando o resíduo de lama vermelha e a lixívia de aluminato, a qual é

levada aos reatores de decomposição. O resultado é um precipitado de hidróxido de

alumínio (Al(OH)3) que é separado da água de solução por meio de filtros

centrífugos e concentrada em evaporadores e empregada novamente para

decomposição em autoclaves levando o hidróxido de alumínio resultante a fornos

rotativos onde será calcinado a cerca de 1400ºC, obtendo-se assim a alumina

calcinada (figura 2), primeiro produto oriundo do processo fabril do alumínio.

Figura 2 – Alumina

Fonte: ABAL, 2004

Todo esse processo por que passa a bauxita para obtenção da alumina é

conhecido como processo Bayer. Após o refino, a solução de alumina e criolita

(AlF3.3NaF) passa então por um processo eletrolítico, no qual o material é fundido

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em cubas a uma temperatura de aproximadamente 950ºC; o alumínio se deposita no

fundo sendo extraído por sucção e posteriormente depositado em cadinhos para

onde são transferidos obtendo-se assim o alumínio primário. As cubas são formadas

por chapas de ferro revestidas por uma camada refratária de carvão em pó e piche.

Este processo se dá pelo banho de criolita fundida a baixa tensão, que varia de 4 a

5V (volts) e carga aproximada de 1A/cm2 de secção do banho por cuba, sendo que

desses, somente 1,6V são necessários para a eletrólise. Com a eletrólise a alumina

(Al2O3) se decompõe e o oxigênio liberado se combina com o carvão do anodo

formando assim gás carbônico. Por este motivo que o consumo de eletrodos é

quase exatamente igual ao volume de alumínio produzido. Grandes fornos chegam a

um consumo da ordem de 100.000A. Conforme a concentração de Al2O3 diminui,

ocorre o chamado “efeito anódico” que provoca o aumento da tensão aplicada a qual

atinge seu ponto de alarme a tensões da ordem de 20-30V, necessitando

acrescentar mais Al2O3.

Para produção de 1000kg (quilogramas) de alumínio tem-se que: de 4000kg

de Bauxita podem-se isolar 1925kg de alumina (Al2O3) que adicionados a 75kg de

criolita e 18000-22000 kWh em corrente contínua, produzem 1000kg de alumínio,

consumindo 524kg de eletrodos de carvão.

O alumínio fundido assume diversas formas para atender as diversas

necessidades das industrias de diversos setores, sendo elas na forma de lingotes,

vergalhões, placas e tarugos.

2.1.3 Alumínio Comercial

O alumínio puro, (ABAL, 2004; BOER, 1981; SCHMIDT, 1979) segundo a

”Aluminum Association” (AA), recebe sua denominação através da série 1XXX a

qual classifica o alumínio comercialmente puro em diferentes graus de purezas que

variam de 99,00% (denominado AA 1000) a 99,99% (denominado AA 1099). A

pureza do alumínio é expressa pelos dois últimos algarismos da liga acima de

99,00%. No caso do alumínio para a fabricação de cabos utiliza-se a série 1350 que

representa o alumínio com 99,50% e o dígito “3” representa o grau de controle de

impurezas onde são controlados os níveis de elementos metálicos que afetam a

condutividade elétrica.

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A grande característica do alumínio comercialmente puro é sua elevada

condutividade elétrica e térmica, porém possui uma baixa resistência mecânica. Por

causa destas características que o alumínio puro é geralmente utilizado para

confecção de componentes de sistemas térmicos e/ou elétricos e que não

necessitem de elevadas propriedades mecânicas.

Além de suas características elétricas e térmicas, o alumínio comercialmente

puro apresenta uma alta resistência à corrosão, devido à formação de uma fina e

transparente película de Al2O3 que adere ao alumínio evitando o prosseguimento da

oxidação.

2.1.4 Tratamento Térmico do Alumínio

O alumínio comercialmente puro faz parte de um grupo classificado das ligas

de alumínio na qual só pode se obter o seu aumento de dureza através de trabalho

mecânico seguido de encruamento3. (ABAL, 2004; BOER, 1981; SCHMIDT, 1979)

Um dos processos de tratamento térmico é a solubilização, que consiste em

aquecer o alumínio a elevada temperatura (próxima à temperatura de fusão) fazendo

com que, com os coeficientes de liga no alumínio já suficientemente aumentados,

possibilite a migração desses átomos, e passado um certo tempo de permanência a

esta temperatura se realize a dissolução completa do soluto formador da liga (cobre,

magnésio, silício, zinco).

A etapa seguinte é o envelhecimento, a qual depende, para que se obtenha

um envelhecimento controlado, que a etapa anterior do processo (solubilização)

tenha sido bem executada, realizada a baixas temperaturas e elevado tempo

durante o qual é feito o controle do tamanho dos precipitados para se obter uma

maior coerência com a matriz.

O envelhecimento pode ser classificado em dois tipos básicos:

Envelhecimento natural: submete-se o alumínio à temperatura ambiente

acarretando uma precipitação lenta;

Envelhecimento artificial: utilizam-se temperaturas mais elevadas e

intervalos de tempo variados, de modo controlado, formando assim

precipitados endurecedores de valores de dureza mais elevados.

3 Tornar o material mais duro

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Pode-se conseguir o máximo valor de dureza para um determinado tempo de

tratamento. Passado esse tempo, existe um crescimento excessivo de precipitados e

a conseqüente perda de coerência dos mesmos com a matriz, levando à queda da

dureza. Este fenômeno é denominado super-envelhecimento.

Todas as ligas de alumínio podem ter sua dureza reduzida por meio de

tratamento térmico de recozimento (O), o qual ocasiona a recuperação e a

recristalização do material anteriormente encruado. Em função das ligas

endurecidas serem sensíveis ao aquecimento, mas não ao esfriamento, durante o

processo de solda é perdido seu endurecimento local.

Tanto as ligas laminadas a quente como as fundidas, podem ser beneficiados

por endurecimento, porém no caso das fundidas, o resultado não é uniforme devido

a diferenças na estrutura cristalina.

Como exemplo do ganho de dureza que se tem no processo de

envelhecimento e encruamento tem-se que:

“Por exemplo, uma liga com 5% de cobre que antes do recozimento tinha uma resistência de

15 kg/mm2, teve-a elevada a 29 kg/mm2 depois do resfriamento brusco. Em seguida a liga foi

aquecida a 160ºC, isto é, envelhecida artificialmente. Depois do esfriamento a resistência se

elevou a 38 kg/mm2. O alongamento de 25% do material recozido depois do endurecimento

diminui para 20%” (INFOMET, 2004)

A “Aluminum Association” classifica os tipos de tratamentos em:

O = recozido: aplica-se aos produtos inicialmente trabalhados e depois

recozidos para obter a resistência mecânica mais baixa, e aos produtos

fundidos que são recozidos com o objetivo de aumentar a ductilidade4 e a

estabilidade dimensional. A letra “O” pode ser seguida por um número

diferente de zero;

W = solubilizado: uma têmpera instável aplicável somente às ligas que

envelhecem espontaneamente na temperatura ambiente (envelhecimento

natural) após solubilização. Esta designação é especificamente usada

quando o período de envelhecimento natural é indicado, como por

exemplo, no caso de W ½ h;

4 Propriedade do material em se formar fios finos

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T = termicamente tratado para produzir têmperas estáveis diferentes de

“F”, “O” ou “H”: aplica-se aos produtos que são termicamente tratados,

com ou sem deformação suplementar, para produzir têmperas estáveis.

A letra “T” é sempre seguida por números que indicam seqüências de

tratamentos específicas. Um período de envelhecimento natural pode ocorrer entre

as operações relacionadas para as têmperas “T”. Sempre que for necessário do

ponto de vista metalúrgico, deve haver um controle rigoroso desse período.

O tratamento de solubilização consiste em aquecer um produto, fundido ou

trabalhado mecanicamente a uma temperatura adequada, manter a liga nessa

temperatura por tempo suficiente para que os átomos de soluto se difundem de

modo que dissolvam na matriz, e resfriar rapidamente o material para a manter os

elementos de liga dissolvidos na matriz.

2.1.5 Trabalho Mecânico

O trabalho mecânico (ABAL, 2004; BOER, 1981; SCHMIDT, 1979) realizado

em ligas endurecidas por processo de encruamento por precipitação, acelera o

aumento de dureza associado com a formação de precipitados. Entretanto produtos

endurecidos por encruamento são susceptíveis a terem sua baixa dureza original

restaurada ao serem expostas as elevadas temperatura (recozimento), causando a

modificação das microestruturas resultantes do encruamento.

É através do trabalho mecânico que se obtém a denominada têmpera de

encruamento, designada pela letra H seguida de um número. A têmpera H18, por

exemplo, é a têmpera de trabalho a frio severo que resulta no endurecimento pleno

correspondente a 75% de redução em área. Já a tempera H19 é resultante de

redução de área ainda mais intensa. As têmperas H16, H14, H12, representando

respectivamente as têmperas ¾ duro, ½ duro, ¼ duro, são obtidas através de uma

menor redução em área de trabalho a frio, ou seja, menor grau de encruamento.

As têmperas H22, H24, H26 e H28 são obtidas através de uma combinação

de encruamento com recozimento parcial no qual o material é submetido a um

encruamento em níveis mais elevados que o necessário, para atingir determinados

níveis de propriedades mecânicas, e em seguida é amolecido através do

recozimento parcial.

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Uma conseqüência do aumento da resistência mecânica obtida pelo trabalho

mecânico é a perda de ductilidade medida pelo alongamento ou pela redução de

área no ensaio de tração assim como a perda de trabalhabilidade em operações

como trefilação ou dobramento.

2.2 ETAPAS DO PROCESSO

2.2.1 Geração da Sucata de Cabos

No dia-a-dia das concessionárias e empreiteiras responsáveis por serviços

em redes de transmissão e distribuição de energia elétrica, uma grande quantidade

de cabos é submetida à sucata por: sobras de obras de pequeno comprimento,

desmontagem de determinada linha, substituição de cabeamento decorrente de

ampliação da potência da linha, dentre outros motivos. Resultando em cabos de

diversas bitolas e comprimentos, do tipo CA (Cabo de Alumínio) ou CAA (Cabo de

Alumínio com Alma de Aço), que são acumulados nos almoxarifados das

concessionárias até o momento de serem alienadas por processos específicos

donde são vendidos como sucata de alumínio e geralmente adquiridos por empresas

que fazem a re-fusão da sucata transformado-a em lingotes retornando ao processo

de confecção de diferentes produtos formados pelo alumínio, inclusive cabos.

A figura 03 abaixo ilustra alguns cabos de alumínio sucateados:

Figura 3 – Sucata de Cabos

Fonte: Os Autores

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Mostra-se a seguir algumas quantidades anuais de cabos de alumínio

sucateados, dados que foram levantados através de contatos com setores de

suprimento e logística das mesmas:

COPEL: 200t

CEEE: 100t

CELG: 160t

CEMIG: 400t

Todo esse material que se acumula nos pátios das concessionárias são cabos

que foram adquiridos um dia por elas, ou seja, foi investido um capital na aquisição

de cabos e que na venda dos mesmos como sucata o capital retornado é reduzido.

Portanto para aquisição da mesma quantia de cabo vendida será necessário um re-

investimento elevado.

Tendo em vista que o material acumulado nos pátios das concessionárias

será encaminhado para o reprocessamento pelo método proposto, faz-se necessário

uma seleção da sucata, o que ocorre no processo de triagem.

2.2.2 Triagem

A triagem do material a ser reprocessado ocorre basicamente mediante a

inspeção visual dos cabos estocados sendo observadas algumas características,

como:

Bitola – a verificação das bitolas disponíveis é indispensável para se ter uma

idéia do potencial de aproveitamento da sucata. A bitola do tento que forma o

cabo, define o cabo formado após o reprocessamento. Para tanto, separam-

se em grupos cabos de mesma bitola em grupos afins, para que durante o

processo possam vir a formar um mesmo cabo.

Comprimento – característica essencial para definir a viabilidade do

reprocessamento, segundo a NBR 7270 e a NBR 7271 ambas de 1988, são

permitidos três pontos de solda, portanto para cabos muito curtos devem ser

avaliadas outras formas de reutilização. Os lances mais apropriados para

reaproveitamento são vãos com comprimento superior a 100m.

Espécie (CA ou CAA) – esta análise é necessária, pois no caso dos cabos

CAA alguns tentos não são passíveis de reprocessamento. Os tentos da alma

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de aço não devem ser soldados, pois estes são responsáveis por dar maior

resistência mecânica aos condutores. Para os cabos reprocessados CAA são

utilizadas almas de aço novas.

A realização dessa etapa é fator determinante para o bom funcionamento do

processo e para determinação da quantidade e bitolas dos novos cabos a serem

formadas e conseqüentes possíveis aplicações para os mesmos.

Na próxima etapa o cabo é submetido a uma máquina especialmente

desenvolvida para realizar o desencordoamento dos tentos formadores do cabo a

ser reprocessado.

2.2.3 Desencordoamento

O processo de desencordoamento é realizado logo após a seleção dos cabos e

uma pré-limpeza, onde é dado um banho com jato d’água com o simples intuito de

retirar sujeiras que tenham se acumuladas na superfície do condutor decorrente de

sua exposição ao tempo e durante seu manuseio.

Assim que o cabo passa pela limpeza ele é então submetido a uma máquina

que tem por objetivo desenrolar os tentos formadores do cabo armazenado-os em

pequenas espulas5. Uma máquina desenvolvida para realizar este procedimento é

mostrada abaixo:

Figura 4 – Desencordoadeira de Cabos de Alumínio

Fonte: Os Autores

5 Carretel próprio para armazenar o tento de alumínio

ESPULAS

CONTROLE

DETALHE 01

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A máquina pode ser utilizada para desencordoar qualquer formação de cabos

de alumínio. Esta máquina em especial, foi desenvolvida para trabalhar com 12

espulas simultaneamente, portanto para trabalhar os cabos que forem formados por

um número maior de tentos o processo deverá ser repitido quantas as vezes for

necessário para desencordoar o cabo.

A rotação da máquina é controlada por um motor de corrente contínua

acoplado a um sistema de controle de velocidade, para que com a variação do

passo do cabo a ser desencordoado possibilite aumentar ou diminuir a rotação do

sistema para que o desencordoamento se processe uniformemente, evitando que os

tentos se entrelacem conforme detalhe na figura 5. A máquina é dotada de sistema

de polias, responsáveis por realizarem o giro da plataforma e das espulas,

desenrolando os tentos formadores do cabo e os armazenando em cada espula.

Figura 5 – Detalhe do Desencordoamento

Fonte: Os Autores

Conforme os tentos são armazenados é possível verificar o estado dos

mesmos quanto à limpeza. Dependendo do local de origem da sucata, o tento pode

necessitar de um processo químico de limpeza, sendo o mesmo encaminhado para

o processo de desoxidação.

2.2.4 Desoxidação

Quando o tento de alumínio apresentar alto grau de oxidação, que possa vir a

impedir o reprocessamento no estado em que se encontra, utiliza-se uma

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decapagem química para efetuar a limpeza do tento. O produto a ser utilizado

depende do estado de oxidação do tento e do tempo necessário para a reação,

porém quando o cabo possui várias coroas de alumínio, apenas a externa apresenta

oxidação elevada, aplicando a desoxidação nestes tentos ou descartando-os do

processo.

2.2.5 Solda dos Tentos

Para soldar os tentos de alumínio desencordoados as normas da ABNT6

prevêem que os processos de solda aplicáveis aos tentos de alumínio são:

soldagem topo-a-topo por resistência pura, por pressão a frio ou processo de solda

que apresente resultados melhores quanto as características elétricas e mecânicas

relacionados aos dois anteriores.

Para certificar o processo de solda aplicável aos tentos formadores dos cabos

de alumínio, alguns parâmetros solicitados pela norma ASME devem ser atendidos

como, por exemplo, a Especificação do Procedimento de Soldagem (EPS), Registro

de Qualificação de Procedimento (RQP) e o Registro de Teste de Qualificação do

Soldador. (MODENESI a, 2000)

Os tentos de alumínio após a solda devem suportar os valores mínimos de

tensão de ruptura mostrados na tabela 1.

Tabela 1 – Tensão de Ruptura Fonte: (NBR 7270; NBR 7271)

Têmpera Solda Elétrica de topo Solda a Frio H19 75.0 MPa 145.0 MPa H16 75.8 MPa 103.0 MPa H14 75.5 MPa 89.3 MPa

2.2.5.1 Solda a Frio

O processo de soldagem a frio (BRACAENSE a, 2000; MARQUES, 1981;

MODENESI b, 2000;WAINER, 2002) (CW – “Cold Welding”) também chamado de

soldagem por pressão a frio, se dá pela aplicação de uma determinada pressão à

6 (NBR 5118,1982; NBR 7270, 1988; NBR 7271, 1988)

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temperatura ambiente em tentos lisos e polidos um contra o outro. A pressão

aplicada é tal que gera o contato inter-atômico entre as faces, ocasionando a solda.

A análise utilizando transição microscópica de elétrons (TEM) em juntas

soldadas de tentos de alumínio, mostra que a deformação do material na zona de

soldagem promove a destruição da superfície que está oxidada e contaminada.

Dos métodos de solda a frio, aplica-se ao tento de alumínio o processo de

soldagem de topo por pressão a frio (“cold pressure butt welding”) em que os dois

tentos de alumínio são colocados em um dispositivo ou máquina com grampos

apropriados conforme figura 6.

Figura 6 – Processo de Solda Topo a Frio

Fonte: (BRACAENSE a, 2000)

A força de compressão aplicada axialmente ao longo dos tentos causa uma

expansão das superfícies em contato em forma de um bulbo. Os tentos são

comprimidos até que se obtenha um tamanho pré-definido da superfície soldada. A

resistência mecânica da junta cresce à medida que o contato das superfícies se

expande e alcance a resistência frágil do alumínio, que é aumentada pelo

endurecimento do material a frio.

F F

CONDUTOR DE ALUMÍNIO

CONDUTOR DE ALUMÍNIO

SOLDA

GRAMPOS

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ELETRODO

CONDUTOR

SOLDA

CONDUTOR

ELETRODO

I FF

A solda de topo por pressão a frio é determinada pelo parâmetro de extensão

da superfície (V0 ):

10

0 −=AAV S Equação 01

Sendo As o tamanho da superfície do contato após a solda e A0 a área da

superfície. Para a solda do tento de alumínio a extensão da superfície será

determinada pela quantidade de vezes que ao condutor é aplicada a força de

compressão.

Para que a junta formada na solda apresente boa qualidade é necessário que

os tentos estejam isentos de óleos, graxas e os contatos entre as superfícies devem

ser planos.

2.2.5.2 Solda de Topo por Resistência

No processo de solda de topo por resistência (BRACAENSE b, 2000;

MARQUES, 1981; MODENESI b, 2000; WAINER, 2002) (UW – “Upset Welding”) a

união dos tentos efetua-se pelo calor gerado na região de interface dos condutores

através da resistência à passagem de uma determinada corrente elétrica e pela

aplicação de uma determinada pressão. Durante o processo as peças se aquecem e

ocorre a fusão do material na interface, que garantirá a continuidade do circuito

elétrico, conforme exposto na figura 7.

Figura 7 – Processo de Solda de Topo por Resistência

Fonte: (WAINER, 2002)

A geração do calor se dá por causa da resistência do conjunto a passagem da

corrente, sendo que a resistência total é a soma da resistência de contato entre as

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peças e a resistência imposta pelos contatos da máquina. A energia térmica (Q)

gerada no processo pode ser calculada pela lei de Joule conforme descrito abaixo:

dtIJ

Qt

∫=0

21 Equação 02

Sendo: J = 4,185 joules

R – a resistência total (Ohm);

I – a intensidade da corrente elétrica (ampères);

t – o tempo da passagem da corrente (segundos).

A interface entre os dois tentos a serem soldados apresenta uma resistividade

maior, portanto, quando a corrente de soldagem é ligada há um aquecimento mais

intenso nesta região. Com a aplicação da pressão ocorrerá uma deformação plástica

que leva a formação da solda, nesta região teremos uma rebarba lateral para onde

as impurezas da junta tendem a migrar.

2.2.5.2.1 Resistências Elétricas

Quando os tentos de alumínio já encontram-se devidamente preparados para

a solda e unidos mecanicamente através da pressão exercida pelo eletrodo, pode-se

dizer que a resistência equivalente é dada pela soma das resistências mostradas na

figura 8.

54321 RRRRRRe ++++= Equação 03

Figura 8 – Resistências De Soldagem

Fonte: (WAINER, 2002)

As resistências de contato entre eletrodos e os tentos (R1 e R5) devem ser

mantidas em níveis baixos para evitar calor excessivo nos eletrodos. As resistências

R2 e R4 são as do tento de alumínio. A mais importante de todas é a resistência de

R1

R2

R3

R4

R5

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contato entre os tentos R3; ela será a responsável pelo aquecimento e fusão da

região da solda do tento de alumínio. (WAINER, 2002)

A resistência de contato nas superfícies dos tentos de alumínio se dá pela

existência de um filme de óxido na superfície. Este valor para o alumínio está na

ordem de 20 mΩ, sendo para os demais materiais ferrosos ou não o valor oscila

entre 50-100 mΩ.

2.2.5.2.2 Máquina de Solda

A máquina utilizada no processo de soldagem de topo por resistência

apresenta três sistemas básicos: elétrico, mecânico e de controle. (MARQUES,

1991)

O sistema mecânico tem a função suportar o transformador e outros

componentes elétricos, de controle e o dispositivo de fixação e de aplicação da

pressão nos tentos de alumínio, no caso estudado um jogo de molas efetua a força

necessária para a solda.

O sistema elétrico é composto por uma fonte de energia que pode ser do tipo:

Energia direta – são máquinas de corrente alternada no qual um

transformador monofásico é o responsável por suprir a corrente

necessária para a solda. O transformador apresenta capacidade limitada,

pois provoca um desbalanceamento na rede de distribuição de energia

elétrica quando utilizado. O sistema apresenta um baixo fator de potência

devido à alta impedância do transformador.

Energia Armazenada – são máquinas de corrente contínua que consistem

de um transformador e um circuito retificador ambos trifásicos. A energia é

armazenada num banco de capacitores que efetuarão a descarga no

momento da solda.

Os eletrodos têm a função de conduzir a corrente de soldagem, aplicar a força

necessária no local da solda e dissipar parte do calor gerado durante a soldagem.

Por isso devem ser projetados para suportar correntes entre 800 a 1000 A/cm²,

pressões entre 70 a 400MPa sem sofrer deformação, não deformar o tento de

alumínio e apresentar elevada condutividade térmica e elétrica. Geralmente são

formados por ligas de cobre e ligas cobre-tungstênio que apresentam temperatura

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de recozimento elevada, grande resistência à compressão e boa resistência ao

atrito.

Ao aplicar a força nos eletrodos melhora-se o contato entre os tentos, quanto

maior for a força melhor será o contato caso seja o contrário, uma força muito

pequena pode fazer com que tenhamos flutuações na resistência de contato

podendo ocorrer aberturas de arco entre os eletrodos.

Para a solda dos tentos de alumínio usam-se dois pares de eletrodos: O

primeiro tem a função de aplicar a corrente e a pressão necessária para a solda. O

segundo tem a função de aplicar uma corrente em um trecho de no mínimo 250mm

de cada lado da emenda com o objetivo de realizar um tratamento térmico na região

da solda conforme solicitado na norma NBR 7271.

2.2.5.2.3 Técnica Operacional

As principais variáveis no processo de solda dos tentos retirados das sucatas

de cabos de alumínio são a corrente elétrica, a resistência elétrica do circuito de

soldagem, o tempo, a força nos eletrodos e a forma de preparação destes.

(MARQUES, 1991)

Para que ocorra a solda há um valor mínimo de corrente abaixo do qual não

há o aquecimento e a fusão adequada do tento. Este valor depende da área de

contato do tento de alumínio. Se a intensidade da corrente de solda for aumentada,

diminui-se o tempo de aplicação da mesma. Há, entretanto, um limite de corrente

máxima, pois se a corrente o material a ser soldado for muito elevada pode ocorrer

uma deformação excessiva da área da solda, danificando o tento de alumínio. O

valor ideal para a corrente de solda está logo abaixo do seu valor máximo, pois

neste caso é obtida a máxima resistência mecânica.

Como o calor produzido na solda é proporcional ao tempo, considerando que

o alumínio apresenta uma condutividade térmica alta um tempo prolongado de

aplicação da corrente de soldagem pode causar um aquecimento excessivo no tento

ocorrendo perdas de calor e zonas maiores termicamente afetadas. Para que isto

não ocorra deve-se adequar os parâmetros de solda para que a mesma seja

efetuada no menor tempo possível.

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Para determinar se o tento de alumínio apresenta uma boa soldabilidade pelo

processo de soldagem a resistência utilizamos a fórmula proposta por Cary

mostrada abaixo:

100××

=KT

RW Equação 04

Sendo: W – a soldabilidade do material;

R – a resistividade do material em microhoms.centímetro;

T – a temperatura de fusão em graus celcius;

K – a condutividade térmica relativa ao cobre.

Se W for inferior a 0,25, o material é considerado como de baixa soldabilidade

e se acima de 2,0, a soldabilidade do material é considerada excelente.

Calculando para o alumínio:

CT °= 660

5634,0394222

===COBRE

ALUMÍNIO

KK

K 1005634,0660

8264,2×

×=W

cmmmmR Ω=Ω= µ8264,2/028264,0 2 76,0=W

Com base no cálculo acima, o alumínio apresenta uma soldabilidade

intermediária, pois apresenta uma baixa resistência elétrica e não possui resistência

mecânica elevada em altas temperaturas.

2.2.5.2.4 Qualidade da Solda

Para que a emenda tenha uma boa qualidade o tento de alumínio deve ser

preparado para um bom contato entre as partes, sua seção transversal deve ser

perpendicular ao eixo, e estar isenta de graxas, óxidos não condutores de

eletricidade, substâncias orgânicas, etc. o alumínio pode ser limpo por uma lixa de

granulometria fina, palha de aço fina e com produtos químicos adequados.

(WAINER, 2002)

A aparência da solda não é um critério para avaliar as condições mecânicas

da região, porém pode indicar alguns pontos para analisar e tomar as devidas

correções. A tabela 2 apresentada a seguir ressalta alguns tipos básicos de defeitos

ocorridos em soldas topo por resistência suas causas e efeitos.

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Tabela 2 – Causa X Efeito na Solda de Topo por Resistência Fonte: (WAINER, 2002)

Tipo Causa Efeito

Penetração profunda do eletrodo

Eletrodo impróprio; Falta de controle da força

entre eletrodos; Taxa excessiva de geração

de calor devido à resistência elevada de contato (força do eletrodo baixa).

Aparência ruim; Aumenta o trabalho de

retirar rebarbas.

Fusão superficial (geralmente acompanhada pela penetração profunda do eletrodo)

Superfície suja ou com incrustações de óxidos;

Força do eletrodo baixa Desalinhamento das peças; Corrente de soldagem

excessiva; Eletrodo impróprio.

Solda com tamanho menor; Diminui a vida do eletrodo; Aumenta o trabalho de

retirar rebarbas.

Solda com formato irregular

Limpeza imprópria da superfície dos eletrodos;

Desalinhamento das peças; Eletrodo impróprio; Partes mal fixadas após a

soldagem; Escorregamento dos

eletrodos.

Reduz a resistência mecânica da solda, devido à mudança na área de contato.

Trincas, poros e microporos

Retirada da força dos eletrodos antes de ocorrer a solidificação da solda;

Geração excessiva de calor promovendo expulsão maciça de metal fundido;

Mal ajuste das partes, necessitando de forças além das aplicadas pelos eletrodos.

Redução da resistência a fadiga;

Aumento da velocidade de corrosão, devido a concentração de líquidos corrosivos nos poros.

Deposição do eletrodo na superfície (geralmente acompanhada de fusão superficial)

Superfície suja; Corrente de soldagem

elevada; Baixa força do eletrodo; Eletrodo com material não

adequado; Eletrodo sujo e afiado.

Diminuição da resistência mecânica com expulsão do metal fundido;

Diminuição da resistência a corrosão;

Redução da vida do eletrodo.

2.2.6 Trefilação

O processo seguinte após a solda do tento de alumínio é a trefilação

(BUTTON, 2004; SILVA, 1981) no qual o tento passa por uma redução da bitola e

um aumento no seu comprimento passando por dentro de uma ou mais matrizes

(fieiras) com o auxilio de uma força de tração aplicada em um processo que ocorre

a frio.

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O tento de alumínio sofre uma deformação plástica causada por uma força de

compressão aplicada pela fieira. Esta etapa ocorre a temperatura ambiente, porém

devido às deformações envolvidas percebe-se um aquecimento no material a ser

trefilado, que depende do tamanho da redução de bitola imposta. Para evitar o

aquecimento excessivo e para evitar trincas, fraturas, e deformações indesejadas, o

tento de alumínio passa por várias etapas de redução de bitola até chegar ao

diâmetro final desejado.

A fieira é uma ferramenta cilíndrica que contém um furo no centro por onde

passa o fio de alumínio e faz com que o diâmetro do mesmo seja diminuído. O corte

e as principais características da fieira estão mostrados na figura 9.

Figura 9 – Corte da Fieira

Fonte: (BUTTON, 2004)

Sendo:

α - Ângulo do cone de trabalho (ou semi – ângulo da trefila);

β - Ângulo de entrada;

γ - Ângulo de saída;

Hc - Altura do cilindro de calibração;

Dc - Diâmetro do cilindro de calibração.

A perfuração cônica, ângulo γ, é projetado de maneira a fornecer resistência

mecânica a fieira e a minimizar o desgaste no final da seção. Já o ângulo β deve ser

o suficiente para a ação do lubrificante. O cone de trabalho, ângulo α, é a parte da

fieira responsável pela redução da bitola do condutor até o diâmetro do cilindro de

calibração desejado (Dc). Logo após passará por Hc, altura do cilindro, responsável

β α γ

Hc

Dc

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por dar um direcionamento, guiar o tento à medida que sai da fieira. As fieiras

utilizadas para trefilar cabos de alumínio podem ser formadas por materiais como

diamante, metais duros e porcelana.

As forças envolvidas na redução da bitola do cabo estão demonstradas na

figura 10.

Sendo:

Tc – Tensão de compressão

Tt - Tensão de tração

Figura 10 – Tensões Mecânicas Sofridas pelo Condutor na Fieira

Fonte: (BUTTON, 2204)

2.2.6.1 Descrição do Funcionamento

Após o tento de alumínio ter sido soldado e armazenado em uma bobina

própria para a máquina afia-se sua extremidade para que o mesmo passe pela fieira.

Conecta-se em um puxador que fará passar um certo comprimento do tento, assim

faz-se sucessivamente até completar todos os estágios de redução de bitola

contidos na etapa. Um motor ligado ao eixo da bobinadeira será o responsável agora

para exercer a força necessária para trefilar o tento de alumínio e bobinar o material

resultante. A lubrificação por aspersão é necessária neste processo para reduzir o

atrito e facilitar a passagem do tento pela fieira, consequentemente reduzindo o

desgaste da mesma e a temperatura do condutor. (BUTTON, 2004; SILVA, 1981)

Tt

ZONA DE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA

Tc

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O resultado da redução da seção transversal do tento é um recruamento por

trabalho mecânico, melhorando assim suas características quanto a sua têmpera

(compactação do alumínio e relativa resistência mecânica).

A figura 11 abaixo apresenta as etapas de trefilação aplicadas em um

condutor:

Figura 11 – Conceito Básico do Processo de Trefilação

Fonte: (BUTTON, 2004)

Mostra-se na figura 12 uma máquina de trefilação na qual alguns detalhes do

processo descrito acima podem ser percebidos:

Figura 12 – Máquina de Trefilação

Fonte: Os Autores

DESBOBINADEIRA BOBINADEIRA

CONDUTOR NA BITOLA ORIGINAL

CONDUTOR NA BITOLA DESEJADA

LUBRIFICAÇÃOFIEIRA

ANÉIS TIRANTES COM FIO DESLIZANTE

BOBINADEIRA

ANÉIS TIRANTES COM FIO DESLIZANTE

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Para exemplificar a trefilação na formação de tentos de cabos de alumínio

reprocessados, podemos realizar uma pequena simulação:

Exemplo 01:

Considerando para reprocessamento um cabo de alumínio CAA bitola 636

código “Egret” com 100 metros de comprimento que possui uma formação de 30

tentos de alumínio com diâmetro de 3,7mm e 19 tentos de alma de aço. Pretende-se

formar um cabo CA “Iris” com a formação de 7 tentos de 2,47mm, considerando três

pontos de solda por lance resultando em 7 tentos de 400 metros. O passo seguinte

será a trefilação, na qual o condutor sofrerá várias reduções pelas fieiras. Mostra-se

abaixo um cálculo aproximado do comprimento final do tento após as devidas

reduções de bitolas:

Volume inicial = Volume final

2

22

1

21

44LDLD

××=×× ππ Equação 05

22

12

12 D

LDL ×= Equação 06

mL

L

89747,2

4007,3

2

2

2

2

×=

Cada um dos tentos formadores do cabo terá um comprimento de 897 metros e a

massa da bobina formada será:

8974

)1047,2(723

×××

×=−πV Equação 07

331030 mV −×=

dVm ×= Equação 08

32700mkgd =

33 107,21030 −− ×××=m

kgm 81=

O produto final neste caso seria uma bobina com 81 kg e aproximadamente 897

metros, estando pronta para o uso.

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2.2.7 Encordoamento

A formação do cabo ocorre no encordoamento (SILVA, 1981; NBR 7270,

1988; NBR 7271, 1988), as espulas que armazenam o fio condutor de alumínio

trefilado são colocados na encordoadeira. Para os cabos CA são colocados 7

espulas de fios de alumínio e para aos cabos CAA são colocados 6 espulas de fios

de alumínio e 1 espula de alma de aço. É importante ressaltar que a alma de aço

não pode apresentar emendas, então para o reprocessamento de cabos de alumínio

CAA serão utilizados almas de aço novas.

O controle de passo do cabo é feito através da variação da velocidade da

encordoadeira utilizando polias de diversos tamanhos que acopladas a um motor

determinam o passo do cabo de acordo com a sua bitola. A relação de

encordoamento, ou seja, a razão entre o comprimento axial de uma hélice completa

de fio encordoado e o diâmetro externo da hélice, deve estar dentro dos limites de

no mínimo 10 e no máximo 14, sendo o sentido de encordoamento para a direita.

A figura 13 apresenta uma máquina de encordoamento.

Figura 13 – Máquina de Encordoamento

Fonte: Os Autores

O cabo de 07 (sete) tentos Ca ou CAA formados neste processo devem

apresentar as seguintes características:

Apresentar no mínimo limite de resistência a tração de 95% do valor

especificado antes do encordoamento, previsto na tabela 1;

ESPULAS

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Condutividade mínima de 60,6% IACS7 a 20°C e o valor médio não deve

ser inferior a 61% IACS a 20°C;

A resistência elétrica de qualquer comprimento do cabo se obterá

multiplicando-se o valor da resistência de um tento de mesmo

comprimento por 0,1447 no caso de cabos CA e 0,1692 para cabos CAA;

A massa nominal do cabo se dará pela multiplicação da massa de um

tento de mesmo comprimento por 7,091 para cabos CA e para o caso de

cabos CAA multiplicando a massa de um tento de alumínio por 6,091

somada a massa da alma de aço;

A seção transversal dos cabos formados deve estar de acordo com a

tabela 3 para cabos CA e como a tabela 4 para cabos CAA com uma

variação permitida em 2% dos valores apresentados;

A resistência mecânica calculada (RMC) para os cabos CA será o

equivalente a 95% da soma das resistências parciais dos tentos

formadores do cabo; para os cabos CAA deverá ser o equivalente a 96%

da soma das resistências parciais dos tentos de alumínio somando-se uma

parcela equivalente a 96% da resistência da alma de aço;

O módulo de elasticidade e o coeficiente de dilatação linear dos cabos CA

e CAA estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 3 – Características Cabos CA Fonte: (NBR 7271, 1988)

Seção Nominal (mm²)

N de Fios Diâmetro dos fios

(mm)

Diâmetro nominal do

cabo (mm)

Massa nominal (kg/km)

RMC (kN)

Resistência elétrica CC a

20 C (ohm/km)

13.21 7 1.55 4.65 36.2 2.36 2.167 21.12 7 1.96 5.88 57.2 3.69 1.356 33.54 7 2.47 7.41 91.8 5.64 0.8535 42.49 7 2.78 8.34 116.3 6.82 0.6738 53.52 7 3.12 9.36 146.5 8.44 0.5349 67.35 7 3.50 10.50 184.5 10.49 0.4251 84.91 7 3.93 11.79 232.5 12.91 0.3372

107.41 7 4.42 13.26 294.1 16.22 0.2665

7 Padrão internacional de Condutividade do cobre, a ele é atribuído condutividade de 100%.

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Tabela 4 – Características Cabos CAA Fonte: (NBR 7270, 1988)

Seção Nominal Al / Aço (mm²)

N de Fios Al / Aço

Diâmetro dos fios Al / Aço (mm)

Diâmetro nominal do

cabo (mm)

Massa nominal Al / Aço (kg/km)

Massa nominal Al / Aço (kg/km)

RMC (kN)

Resistência elétrica CC

a 20 C (ohm/km)

13.30 / 2.22 6 / 1 1.68 / 1.68 5.04 36.5 / 17.2 53.7 5.19 2.15737 21.18 / 3.53 6 / 1 2.12 / 2.12 6.36 58.1 / 27.5 85.6 8.12 1.35479 33.59 / 5.60 6 / 1 2.67 / 2.67 8.01 92.2 / 43.6 135.8 12.46 .85413 42.41 / 7.07 6 / 1 3.00 / 3.00 9.00 116.4 / 55.0 171.4 15.57 0.67655 53.52 / 8.92 6 / 1 3.37 / 3.37 10.11 146.9 / 69.4 216.3 19.04 0.53615 67.33 / 11.22 6 / 1 3.78 / 3.78 11.34 184.8 / 87.3 272.1 22.95 0.42615 85.12 / 14.19 6 / 1 4.25 / 4.25 12.75 110.4/344.0 344.0 29.01 0.33711 107.22/17.87 6 / 1 4.77 / 4.77 14.31 139.0/433.2 433.2 36.44 0.26761

Tabela 5 – Elasticidade X Coef. Dilatação Fonte: (NBR 7270, 1988; NBR 7271, 1988)

CABOS MÓDULO DE ELASTICIDADE FINAL

COEFICIENTE DE DILATAÇÃO LINEAR

CA 60 X 10 3 (MPa) 23 x 10 –6 (C) -1 CAA 79 x 10 –3 (MPa) 19,1 x 10 –6 (C) -1

Os cabos de 7 (sete) tentos tanto CA como CAA apresentados nas tabelas 3

e 4 são em geral cabos utilizados em redes de distribuição de energia elétrica, seja

em AT (Alta Tensão) nas linhas de 13,8kV, geralmente utilizado na rede urbana, e

34,5kV, mais comum na área rural, seja em BT (Baixa Tensão) que compõe a rede

de alimentação direta dos consumidores e que pode ter seu valor de tensão

variando de 110V a 254V. São estes os principais cabos a serem gerados pelo

reprocessamento das sucatas de cabos de alumínio, principalmente em função de

serem cabos com uma ampla gama de aplicação e pela limitação da máquina

apresentada, a qual tem capacidade de encordoamento de 7 (sete) tentos.

No entanto, esta restrição não apresenta transtorno algum, até por que os

cabos formados por 7 (sete) tentos são os cabos predominante utilizados pelas

concessionárias na distribuição de energia elétrica, e atendem as características

abordadas no início do trabalho, no qual se propunha a utilização do cabo adquirido

por este processo para ampliação da malha da concessionária afim de alcançar, de

uma maneira mais econômica, consumidores que se encontram aquém da rede

elétrica.

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2.2.8 Ensaios

Os ensaios aplicáveis aos cabos de alumínio CA e CAA reprocessados

apresentados são: retirada de corpo de prova para ensaio de tipo, verificação

dimensional; tração a ruptura.

2.2.8.1 Retirada do Corpo de Prova

A retirada do corpo (NBR 7273, 1982) de prova para ensaio de tipo é tal que o

cabo a ser ensaiado não apresente mudanças de sua característica original,

podendo então ser aplicado aos ensaios solicitados.

Devem-se retirar os corpos de prova das bobinas ou dos rolos de expedição,

desprezando sempre o comprimento relativo à primeira espira.

O corpo de prova deve ser recebido pela mão do operador dos ensaios

evitando contatos com o meio circundante. Para retirada do corpo de prova tanto em

carretéis como em bobinas deve-se desfazer as espiras uma a uma, evitando

torções e dobramentos acentuados.

Para a realização do corte do corpo de prova, deve-se utilizar uma serra,

executando preliminarmente a amarração do cabo nas fronteiras do corte utilizando-

se de abraçadeiras ou qualquer outro dispositivo adequado. Deve-se então

identificar a extremidade externa do corpo de prova com uma etiqueta indelével

contendo as seguintes informações: nome do fabricante, CGC, indústria brasileira,

tipo do tento, área da seção em mm2, número de série da bobina ou rolo, nome do

comprador, número de série da amostra.

No caso especial em que se necessita a retirada do corpo de prova para

ensaios de coroa, alguns cuidados especiais devem ser tomados, como:

Durante sua retirada, deve-se realizar um cuidadoso exame da superfície

a fim de se detectar a presença de batidas, riscos e outras irregularidades

que devem ser eliminadas mediante polimento com lixa d’água;

Limpar a superfície externa utilizando-se tecidos limpos que não deixem

fiapos e que estejam levemente umedecidos com um solvente clorado;

Na amarração realizada durante o corte, deve-se utilizar um enfaixamento

com fitas adesivas por um comprimento de 30cm e o corte executado ao

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centro do enfaixamento e evitando a projeção de limalhas sobre o corpo

de prova e ao fim do corte deve-se eliminar eventuais rebarbas e selar

com fita adesiva a seção do corte;

Terminado o corte o corpo de prova deve então ser totalmente enfaixado,

utilizando-se de um fita de polietileno de 0,2 a 0,3mm de espessura e 30 a

50 mm de largura, de forma helicoidal bem tensionadas e com remonte de

aproximadamente 30% e bloqueando as extremidades do enfaixamento

mediante o uso de fitas adesivas;

2.2.8.1.1 Acondicionamento para Transporte

O corpo de prova, já retirado do seu volume inicial e devidamente identificado,

deve ser preferencialmente acondicionado em forma de rolo com diâmetro não

inferior a 20 vezes seu próprio diâmetro, evitando assim a ocorrência de torções e

dobramentos excessivos. O bobinado deve ser envolto com duas camadas de papel

crepado com remonte não inferior a 30%, aplicados helicoidalmente ao longo de

todo seu perímetro, conferindo ao conjunto uma forma de aparência toroidal. Deve-

se então acondicioná-lo em uma caixa de madeira de superfície internas com bom

acabamento construídas especialmente para este fim e com dimensões adequadas.

O transporte deve ser feito posicionando-se a parte de maior dimensão

horizontalmente. (NBR 7273, 1982)

2.2.8.1.2 Preparação do Corpo de Prova para Ensaio

A preparação do corpo de prova para realização dos ensaios deve ser

realizada a abertura cuidadosa das caixas que contém o material para análise

desenfaixando-os sendo manuseados sempre sobre superfícies lisas e limpas e

previamente forradas com folhas de papel de aproximadamente 150µm de

espessura. Aplicar conectores terminais de compressão em ambas extremidades do

corpo de prova a fim de promover meio para eventuais fixações. (NBR 7273, 1982)

No caso dos corpos de prova destinados a ensaios de coroa, cuidados

adicionais devem ser tomados, que são:

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Com o corpo de prova estendido sobre o papel, retirar a selagem da seção

de corte, medindo um comprimento igual ao comprimento da garra de

suspensão, a partir da extremidade;

Bloquear o enfaixamento de polietileno, utilizando-se de uma fita adesiva,

de modo a remover as proteções existentes sobre o corpo nesse

comprimento onde deve ser aplicada a garra de suspensão;

Realizar procedimento análogo na outra extremidade;

Com o corpo de prova devidamente estendido, proceder com à remoção

da fita de polietileno evitando o contato com as mãos no corpo de prova;

2.2.8.2 Ensaio de Verificação Dimensional

Para o ensaio de verificação dimensional (NBR 6242, 1980) são utilizados os

seguinte aparelhos:

Micrômetro milesimal para diâmetro inferior a 1mm, e centesimal para

diâmetro superior ou igual a 1mm;

Paquímetro ou micrômetro centesimal, para medição de diâmetro externo

inferior ou igual a 15mm;

Fita pi (fita flexível que permite a medição do diâmetro médio através de

seu perímetro) ou paquímetro decimal para medição de diâmetros externo

superior a 15mm;

Régua milimetrada para medição de passo.

Balança analítica, com resolução mínima de 0,1mg para medições de

massa que estão compreendidas entre 0,05g e 200g;

Balança com resolução mínima de 0,1g para medições de massas

superior ou igual a 200g. As balanças devem garantir erro de leitura não

superior a ±0,5%.

Para a execução do ensaio deve-se realizar a medição a partir do ponto

médio do corpo de prova de aproximadamente 10cm de comprimento, devendo ser

executadas duas medições segundo duas direções, perpendiculares entre si, sendo

a primeira considerada no lado em que o diâmetro do fio seja mínimo.

Para medição de diâmetro externo deve-se realizar a medida em um ponto do

cabo de diâmetro igual ou inferior a 15mm, e deve ser efetuado em duas direções

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perpendiculares entre si, utilizando-se de paquímetro ou fita pi no caso de diâmetros

superiores a 15mm.

Para medição de passo de tentos encordoados, efetua-se colocando uma

folha de papel sobre o cabo e sobre esta uma folha de carbono. Passa-se o lápis

sobre o carbono, de modo que a série de segmentos fique impressa no papel,

obtendo-se assim uma planificação da superfície cilíndrica.

Para realização da medição da massa, deve ser executada em um corpo de

prova de comprimento superior ou igual a 500mm.

2.2.8.3 Ensaio de Tração de Ruptura

No ensaio de tração a ruptura (NBR 6810, 1981) utilizaremos a seguinte

aparelhagem:

Máquina de tração, calibrada segundo a recomendação da ISSO/R 147,

devendo ser classe 1,0, salvo em caso onde a classe 0,5 for especificada

para o ensaio do produto;

Régua milimetrada para medição de alongamento.

O ensaio de tração a ruptura, deve ser executado de acordo com as

exigências a seguir:

Para ensaio em 250mm, o corpo de prova deve ter comprimento

aproximado de 500mm. O ensaio é reallizado entre marcas de 250mm ou

distâncias entre garras de 250mm. Neste caso, considerar como

alongamento zero ao aplicar uma carga igual a 10% da carga de ruptura

especificada e, nessa ocasião a distância entra garras deve ser tão

próxima quanto possível de 250mm. A ruptura do corpo de prova deve

ocorrer a pelo menos 25mm das garras. A velocidade das garras na

máquina de tração não deve ultrapassar 300mm/min.

Para ensaio em 1500mm, o corpo de prova deve ter comprimento

aproximado de 2000mm e realizar o ensaio com distâncias entre garras de

1500mm, neste caso, considerar como alongamento zero ao aplicar uma

carga igual a 10% da carga de ruptura especificada e, nessa ocasião a

distância entra garras deve ser tão próxima quanto possível de 1500mm. A

ruptura do corpo de prova deve ocorrer a pelo menos 25mm das garras. A

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velocidade das garras na máquina de tração não deve ultrapassar

75mm/min.

Para ensaio em 100mm, o corpo de prova deve ter comprimento

aproximado de 300mm e realizar o ensaio com distâncias entre garras de

100mm, neste caso, considerar como alongamento zero ao aplicar uma

carga igual a 10% da carga de ruptura especificada e, nessa ocasião a

distância entra garras deve ser tão próxima quanto possível de 100mm. A

ruptura do corpo de prova deve ocorrer a pelo menos 25mm das garras. A

velocidade das garras na máquina de tração não deve ultrapassar

100mm/min.

O resultado dos ensaios é o limite de resistência à tração, expressa em

mega pascal (MPa), com um algarismo decimal (1 kgf/mm2 = 9,8 MPa).

2.2.9 Embalagem

O acondicionamento dos cabos resultantes do reprocessamento dos cabos de

alumínio CA/CAA inservíveis deve ser em rolos ou em carretéis, sendo suas

padronizações constantes na NBR 7312 de 1982 e na NBR 7308 de 1982,

respectivamente.

A tolerância máxima sobre o comprimento nominal dos cabos é de 5% para

aqueles com seção nominal superior a 35mm² e de 10% para os cabos de seção

nominal inferior a 35mm². Com relação à massa do cabo entregue é permitida uma

variação máxima de 5%.

Os carretéis devem ser identificados nas duas faces laterais externas,

diretamente sobre o disco ou por meio de plaqueta metálica, que contenha no

mínimo as informações a seguir:

Nome do fabricante e CGC;

Indústria brasileira;

Seção nominal do condutor em mm² e o tipo do cabo;

Tipo e cor da cobertura (quando requerida);

Número da norma referida ao tipo do cabo (NBR 7270 ou NBR 7271);

Número de lances e comprimentos em metros;

Massa líquida em quilogramas;

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Número de série da bobina;

Número da ordem de compra;

Seta no sentido de rotação para desenrolar;

Código do carretel.

Quando os cabos forem dispostos em rolos devem ser atendidos os mesmos

critérios descritos acima, quando aplicáveis. As bobinas ou rolos devem conter uma

etiqueta na extremidade do cabo correspondente à camada externa. Quando houver

mais de um lance de cabos por bobina deve ser identificado, com uma fita, o fim de

um lance e o início do outro de forma a tornar visível este ponto no momento da

saída do cabo da bobina.

2.3 MÉTODO DO FLUXO DE CAIXA

Método que utiliza a representação gráfica do conjunto de entradas (receitas)

e saídas (despesas) relativo a um certo intervalo de tempo. (BRITO, 2003)

2.3.1 Investimento Empresarial

Os ativos de um investimento empresarial (por exemplo, uma nova fábrica ou

a ampliação de uma já existente) têm um prazo longo e predefinido de duração -

denominado vida útil - no qual todas os dados previstos de entradas e saídas de

caixa precisam ser confirmados, ano a ano. Como a liquidez desse tipo de

investimento é pequena e só existe enquanto seu fluxo de caixa for promissor, sua

avaliação econômica prévia tem uma importância fundamental. (BRITO, 2003)

A análise de investimento empresarial pode ser utilizada com os seguintes

objetivos:

Definir dentre vários projetos de investimento qual o mais rentável;

Calcular a rentabilidade de um determinado projeto de investimento;

Determinar o volume mínimo de vendas que um projeto de investimento

precisa gerar para que possa ser rentável;

Definir o tamanho ideal de um projeto de investimento.

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2.3.1.1 Métodos de Análise

Os métodos de análise de investimento se dividem em dois grupos: métodos

práticos e métodos analíticos. Os primeiros, taxa de retorno contábil e tempo de

retorno, são imprecisos e podem conduzir a decisões erradas, embora sejam

utilizadas por muitas empresas, principalmente pequenas e médias. Os métodos

analíticos baseiam-se no valor do dinheiro no tempo, o que os torna consistentes.

(CLEMENTE, 1998)

Os métodos analíticos são precisos porque se baseiam no valor do dinheiro

no tempo. A precisão mencionada se refere à metodologia utilizada para analisar os

dados do projeto.

O valor do dinheiro no tempo para cada empresa é expresso por um

parâmetro denominado taxa mínima de atratividade. Essa taxa é específica para

cada empresa e representa a taxa de retorno que ela está disposta a aceitar em um

investimento de risco (projeto empresarial) para abrir mão de um retorno certo num

investimento sem risco no mercado financeiro.

Os métodos analíticos empregados em análise de investimentos são o valor

presente líquido e a taxa interna de retorno.

2.3.1.1.1 Taxa de Retorno Contábil

A taxa de retorno contábil é um dos métodos práticos da análise de

investimentos e consiste na relação entre o fluxo de caixa anual esperado e o valor

do investimento. Tem dois pontos fracos: não considera o valor do dinheiro no tempo

e implicitamente admite que a vida útil dos ativos tem duração infinita. Esta última

premissa torna a taxa de retorno contábil superavaliada em comparação com a taxa

interna de retorno que é o parâmetro correto. (CLEMENTE, 1998)

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2.3.1.1.2 Tempo de Retorno (“Payback”)

O tempo de retorno, também conhecido como “Payback”, outro método

prático, é a relação entre o valor do investimento e o fluxo de caixa do projeto. O

tempo de retorno indica em quanto tempo ocorre a recuperação do investimento. Os

pontos fracos desse método são:

Não considera o valor do dinheiro no tempo;

Não considera os fluxos de caixa após a recuperação do capital;

Não pode ser aplicado quando o fluxo de caixa não é convencional.

Um fluxo de caixa não convencional é aquele em que existe mais de uma

mudança de sinal (negativo para positivo ou vice-versa). (CLEMENTE, 1998)

2.3.1.1.3 Valor Presente Líquido

O valor presente líquido de um projeto de investimento é igual ao valor

presente de suas entradas de caixa menos o valor presente de suas saídas de

caixa. Para cálculo do valor presente das entradas e saídas de caixa é utilizada a

taxa mínima de atratividade como taxa de desconto. O valor presente líquido

calculado para um projeto significa o somatório do valor presente das parcelas

periódicas de lucro econômico gerado ao longo da vida útil desse projeto. O lucro

econômico pode ser definido como a diferença entre a receita periódica e o custo

operacional periódico acrescido do custo de oportunidade periódico do investimento.

Podemos ter as seguintes possibilidades para o valor presente líquido de um

projeto de investimento:

Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente

atrativo, pois o valor presente das entradas de caixa é maior do que o

valor presente das saídas de caixa;

Igual a zero: o investimento é indiferente pois o valor presente das

entradas de caixa é igual ao valor presente das saídas de caixa;

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Menor do que zero: indica que o investimento não é economicamente

atrativo porque o valor presente das entradas de caixa é menor do que o

valor presente das saídas de caixa.

Entre vários projetos de investimento, o mais atrativo é aquele que tem maior

valor presente líquido. (CLEMENTE, 1998)

2.3.1.1.4 Taxa Interna de Retorno

A taxa interna de retorno é o percentual de retorno obtido sobre o saldo

investido e ainda não recuperado em um projeto de investimento. Matematicamente,

a taxa interna de retorno é a taxa de juros que torna o valor presente das entradas

de caixa igual ao valor ao presente das saídas de caixa do projeto de investimento.

A taxa interna de retorno de um investimento pode ser:

Maior do que a taxa mínima de atratividade: significa que o investimento é

economicamente atrativo;

Igual à taxa mínima de atratividade: o investimento está economicamente

numa situação de indiferença;

Menor do que a taxa mínima de atratividade: o investimento não é

economicamente atrativo pois seu retorno é superado pelo retorno de um

investimento sem risco.

Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a maior Taxa

Interna de Retorno. (CLEMENTE, 1998)

2.3.1.2 Dificuldades na Análise de Investimentos

A principal dificuldade na análise de investimentos é a obtenção de dados

confiáveis, principalmente as projeções de entradas de caixa. Estas se originam

basicamente das estimativas de vendas. Quando as estimativas sobre os dados do

projeto de investimento são imprecisas, é recomendável que a análise de

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investimentos utilize três hipóteses: provável, otimista e pessimista. Desse modo, a

análise de investimentos produzirá uma Taxa Interna de Retorno ou Valor Presente

Líquido máximo, médio e mínimo esperados. (CLEMENTE, 1998)

A metodologia de análise de investimentos apresentada, na qual os dados

são considerados como certos, é denominada determinística. A taxa interna de

retorno e o valor presente líquido podem ser enriquecidos com técnicas mais

sofisticadas (árvore de decisão, análise de Monte Carlo, regra de Laplace, regra de

Hurwicz etc.) para lidar com o risco e a incerteza relacionados com os dados do

projeto.

Alguns dos fatores a serem considerados nas tomadas de decisão são:

Expansão descontrolada das vendas, implicando em um volume maior de

compras e custos operacionais;

Aumento no prazo de vendas concedido pela empresa como forma de

aumentar seu grau de competitividade ou aumentar sua participação no

mercado;

Capitalização inadequada com a conseqüente utilização de capital de

terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento;

Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas;

Diferenças acentuadas no giro do contas a pagar e a receber em

decorrência dos prazos médios de recebimento e pagamento;

Ciclos de produção extremamente longos e incompatíveis com o prazo

médio concedido pelos fornecedores;

Giros do estoque lento significando o carregamento de produtos obsoletos

ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no estoque;

Baixa ocupação do ativo fixo;

Distribuição de lucros em volumes incompatíveis com a capacidade de

geração de caixa;

Custos financeiros elevados em decorrência de um nível de endividamento

incompatível com a estrutura de capital da empresa;

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Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e demais

despesas operacionais;

Redução nas vendas causadas por retração do mercado;

Aumento da concorrência em decorrência da entrada de novos

concorrentes no mercado;

Alterações nas alíquotas de impostos seja tributos sobre a venda interna

como sobre a importação de produtos concorrentes.

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3 ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA

A viabilidade técnica do reprocessamento de sucatas de cabos de alumínio

pelo método do desencordoamento dos cabos formadores se dá pela aplicação dos

ensaios de tipo já citados neste trabalho. Para este estudo de caso, financiado por

uma empresa privada, foram ensaiados os cabos de alumínio sem alma de aço CA

de bitolas 2 AWG e 2/0 AWG e cabo de alumínio com alma de aço CAA 4 AWG.

O método de solda aplicado ao tento de alumínio foi a solda de topo por

resistência, apesar da solda por pressão a frio apresentar melhores características

mecânicas com relação à região da solda ocorre uma deformação nos pontos de

fixação do condutor pelos grampos na máquina o que compromete a qualidade do

tento na etapa seguinte da trefilação.

Os ensaios foram realizados no LACTEC, Instituto de Tecnologia Para o

Desenvolvimento e os resultados obtidos estão dentro dos padrões solicitados nas

normas NBR 7272 (Condutor Elétrico de Alumínio – Ruptura e Característica

Dimensional) e NBR 7302 (Condutor Elétrico de Alumínio – Tensão e deformação

em condutores de alumínio) comprovando a viabilidade técnica do reprocessamento

das sucatas, conforme pode ser verificado nos anexos.

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4 ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA

Para o estudo da viabilidade econômica do processo proposto utilizou-se o

método do fluxo de caixa, o cenário analisado prevê o reprocessamento da sucata

de alumínio no local onde é gerada. Esta estratégia reduz consideravelmente a

quantidade de taxas e impostos incididos sobre o cabo de alumínio, sendo apenas

aplicados os impostos referentes à prestação de serviços.

4.1 INVESTIMENTO INICIAL

Os custos iniciais estimados para o inicio do reprocessamento dos cabos de

alumínio que são destinados à sucata estão apresentados na tabela 6:

Tabela 6 – Levantamento do investimento inicial aplicado

Máquinário principal de funcionamento da fábrica +

custos de adaptação as necessidades específicas

(Trefiladeira, Desencordoadeira, Encordoadeira, Máquina

Solda)8

R$ 300.000,00

Equipamentos utilizados para realização de ensaios

locais (Ponte de Kelvin, Célula de Carga, Paquímetro,

Micrômetro, Escalímetro, Ductibilidade)

R$ 25.000,00

Custos para abertura de firma R$ 8.000,00

Despesas dos sócios e mão-de-obra pré-operacional R$ 15.000,00

Diversos R$ 10.000,00

Capital de Giro R$ 50.000,00

TOTAL R$ 408.000,00

8 Equipamento de segunda mão em perfeito estado operacional (seminovo).

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Foram levantados valores de maquinários comprados em leilões de empresas

do ramo de confecção de cabos de alumínio e adicionados custos de adaptações as

necessidades específicas do processo.

4.2 CÁLCULO DO FINANCIAMENTO DO NEGÓCIO

Considerando o financiamento de 50% (máximo financiamento para compra

de maquinário usado) da compra do maquinário envolvido no processo, utilizando a

linha FINAME do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), com as seguintes

condições:

Taxa de Juros ajustada pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) de no

máximo 8,5%a.a (ao ano);

Remuneração do BNDES, para pequena e média empresa – 1,5%a.a;

Remuneração da Instituição Financeira Credenciada pelo BNDES e

garantias do Fundo de Garantia para Promoção da Competitividade –

FGPC (Fundo de Aval) – 4% a.a;

Outros custos financeiros (IOF – Imposto sobre Operações Financeiras –

estimado em 1,5%, CPMF – Contribuição Provisória Sobre Movimentação

Financeira – 0,38% sobre o movimento) – 1,88% sobre o montante do

empréstimo + 0,38%, sobre os pagamentos da operação;

Carência de 1 ano e prazo de pagamento de 5 anos ou 60 meses.

Com base nessas especificações foram calculados os valores das prestações

e dos juros cobrados para o empréstimo e seus resultados apresentados na tabela 7

e na tabela 8 como segue:

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Tabela 7 - Tabela “Price” – Tabela de prestações constantes Ano Dívida Juros Anual Correção Anual Pagamento Anual

1 R$ 150,000.00 R$ 8,250.00 R$ 15,750.00 -2 R$ 174,000.00 R$ 10,383.24 R$ 14,790.19 R$ 3,395.603 R$ 158,000.00 R$ 9,454.24 R$ 13,466.45 R$ 3,766.574 R$ 136,150.63 R$ 8,124.79 R$ 11,572.80 R$ 4,205.405 R$ 105,383.44 R$ 6,288.76 R$ 8,957.59 R$ 4,756.466 R$ 63,552.22 R$ 3,792.48 R$ 5,401.94 R$ 5,587.30

Juros Total Correção Total Custo Financ.R$ 46,293.51 R$ 69,938.97 R$ 116,232.48

Resíduo da dívida líquida 30 (trinta) dias após término da última prestação

Valor TotalR$ 266,235.01

7 R$ 5,699.05

Tabela 8 - Tabela SAC – Tabela de amortização do principal constante Ano Dívida Juros Anual Correção Anual Pagamento Anual

1 R$ 150.000,00 R$ 8.250,00 R$ 15.750,00 -2 R$ 174.000,00 R$ 10.383,58 R$ 14.790,19 R$ 3.697,553 R$ 154.805,46 R$ 9.238,02 R$ 13.158,46 R$ 3.934,644 R$ 129.986,28 R$ 7.756,93 R$ 11.048,83 R$ 4.206,505 R$ 98.314,04 R$ 5.866,89 R$ 8.356,69 R$ 4.547,026 R$ 57.973,33 R$ 3.459,56 R$ 4.927,73 R$ 5.096,82

Juros Total Correção Total Custo Financ.R$ 44.954,98 R$ 68.031,90 R$ 112.986,88

Resíduo da dívida líquida 30 (trinta) dias após término da última prestação

Valor TotalR$ 262.989,12

7 R$ 5.198,76

Para a realização do fluxo de caixa, considera-se que a inflação do período

será integralmente repassada para o preço dos bens e serviços, mantendo-se a

margem de lucro.

Para realizar o fluxo de caixa a modalidade de financiamento escolhida foi

tabela SAC (Sistema de Amortização Constante).

4.3 CUSTOS OPERACIONAIS

Os custos operacionais foram estimados considerando o emprego de 6

funcionários para operação da planta, em que dois para operar a máquina de

desencordoar, um na operação da trefila, um técnico em solda para realizar a solda

dos tentos, um operador da encordoadeira, um responsável pela limpeza dos cabos.

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Foram também consideradas duas viagens por ano do equipamento e um

custo de hospedagem dos funcionários que acompanharão os equipamentos onde

for necessário.

Estes custos visam a prestação do serviço a concessionárias interessadas em

reprocessar as sucatas de cabos de alumínio, sendo o serviço realizado no local

onde se encontram a sucata através do transporte do equipamento ao local. Os

valores estão apresentados na tabela 9 abaixo:

Tabela 9 – Possíveis despesas fixas operacionais Despesas Operacionais Mês Ano

Salários e encargos funcionários (6 func.) R$ 9.500,00 R$ 123.500,00Prolabore Sócios e encargos (2 sócios) R$ 11.250,00 R$ 135.000,00Óleo da trefila R$ 500,00 R$ 6.000,00Aluguel da Sede R$ 1.000,00 R$ 12.000,00Frete de Carreta R$ 5.000,00 R$ 10.000,00Diária por Deslocamento R$ 6.000,00 R$ 72.000,00Despesas (Água, Luz, Telefone) R$ 1.000,00 R$ 12.000,00Diversos R$ 2.000,00 R$ 24.000,00Depreciação Equipamentos (10 anos) R$ 2.708,33 R$ 32.500,00

Sub-TOTAL R$ 36.250,00 R$ 394.500,00

Nesta tabela não foram considerados retornos do capital e nem pagamento

do empréstimo por possuírem variadas configurações possíveis.

4.4 ELABORAÇÕES DE CENÁRIOS

Com base nos dados levantados até o momento, serão moldados possíveis

cenários, que nada mais são que simulações de situações que poderiam ser

desejadas para obter-se assim um referencial de valores possíveis e aplicáveis

dentro de um panorama teórico.

Para tanto, algumas suposições podem ser feitas quanto ao tempo de retorno

desejado ao investimento, montantes de produção, lucratividade esperada, valor

aplicado ao serviço, período de operação.

Dado um cenário inicial, donde se possa calcular um possível valor mínimo

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aplicado ao serviço prestado de acordo com a produtividade, temos:

Retorno do investimento em 5 anos;

Produção mínima por ano de 120t, 160t, 200t, 300t;

Período de operação anual;

Lucratividade nula.

Com base nas suposições acima apresenta-se no gráfico 01 os valores

mínimos para a prestação de serviços de reprocessamento de 1 kg de sucata de

cabo alumínio:

Gráfico 01 – Custo x Cenário

Levantados os custos mínimos para o reprocessamento de diferentes

quantidades de cabos, é possível elaborar um estudo de fluxo de caixa seguindoas

premissas:

Retorno do capital em 5 anos;

Tempo de operação 10 anos;

Empréstimo segundo tabela SAC;

Produção fixa anual de 120t/ano;

Lucratividade variada;

Valor do serviço de processamento de R$ 4,50;

Com estas considerações pode-se compor uma tabela baseada nos valores

apresentados acima como despesas operacionais, combinados com um retorno do

capital inicialmente empregado de R$ 258.000,00 (R$ 408.000,00 subtraídos R$

R$ 3,97

R$ 4,16

R$ 4,16

R$ 2,98

R$ 3,12

R$ 3,12

R$ 2,38

R$ 2,49

R$ 2,50

R$ 1,59

R$ 1,66

R$ 1,66

CapitalPróprio

EmpréstimoSAC

Emp.PRICE

120t/ano 160t/ano 200t/ano 300t/ano

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150.000,00 relativos ao empréstimo), o valor das parcelas do empréstimo pagas

anualmente (segunda tabela SAC de empréstimo), subtraídos do possível

faturamento projetado anualmente de R$ 540.000,00 relativos a uma produção anual

de 120t a um valor de R$ 4,50 / kg reprocessado. Desta análise é possível verificar a

lucratividade do processo, apresentado na tabela 10.

A tabela SAC de empréstimo foi escolhida por apresentar um custo final do

financiamento inferior se comparado à tabela Price.

Tabela 10 – Fluxo de Caixa

Ano

Despesas

Operacionais

(R$)

Parcela

Empréstimo

(R$)

Retorno

Capital (RS)

Faturamento

(R$)

Lucro

Bruto (R$)

1º 394.500,00 0,00 81.600,00 540.000,00 63.900,00 2º 394.500,00 44.370,60 81.600,00 540.000,00 19.529,40 3º 394.500,00 47.215,68 81.600,00 540.000,00 16.684,32 4º 394.500,00 50.478,00 81.600,00 540.000,00 13.422,00 5º 394.500,00 54.564,24 81.600,00 540.000,00 9.335,76 6º 394.500,00 61.161,84 0,00 540.000,00 84.338,16 7º 394.500,00 5.198,76 0,00 540.000,00 140.301,24 8º 394.500,00 0,00 0,00 540.000,00 145.500,00 9º 394.500,00 0,00 0,00 540.000,00 145.500,00

10º 394.500,00 0,00 0,00 540.000,00 145.500,00

Considerando uma produção mínima de 120t/ano e um custo de R$4,50

formulou-se o gráfico 02. Observa-se que o faturamento se encontra todo período

equivalente ou imediatamente superior ao valor considerado de despesas, ilustrados

pelo mostrador de 50%.

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Despesas Operacionais X Faturamento para 120t/ano a R$4,50supondo: -empréstimo BNDS (Tabela SAC) e -retorno capital em 5 anos

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano 8º ano 9º ano 10º ano

Despesas Operacionais Anuais Parcelas EmpréstimoRetorno Capital Faturamento 120t/ano

Gráfico 02 – Despesas x Faturamento

Um outro comparativo que pode ser feito é utilizar um valor inferior ao

simulado, no qual projeta-se um tempo de retorno variado de acordo com a

produção anual.

Para esta simulação foi considerado uma lucratividade nula, uma cobertura

total dos custos mínimos apresentados, um valor fixo por kg de sucata reprocessada

de R$ 3,00 e produtividades variadas de 120t, 160t, 200t, 300t (produtividade

máxima anual).

Como ilustrado no gráfico 03, para este preço do serviço e produtividade de

120t/ano a produção torna-se inviável, pois o faturamento atingido torna-se inferior

aos custos empregados no processo. No entanto, podemos ver, que para este

mesmo preço praticado, se tivermos uma produção superior podemos obter, não só

a viabilidade do processo, como também um retorno acentuado do mesmo, caso se

trabalhe com produção próxima da nominal.

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Gráfico 03 – Tempo de Retorno x Produção

Outro cenário é a compra pela empresa de sucata de cabos e seu

processamento formando cabos reutilizáveis. Baseando em valores pagos pelas

sucatas empregadas no processo, ou seja, quanto à concessionária poderia retirar

dessa matéria prima caso a vendesse como sucata e o quanto ela ganharia caso

utilizasse o reprocessamento.

Para efetuar esta comparação utiliza-se o valor de R$ 11,70/kg para o cabo

novo, valor praticado comercialmente, R$ 5,00/kg de sucata de cabo de alumínio e o

valor aplicado de R$ 4,50/kg para o reprocessamento da sucata e confecção de

cabos totalmente aplicáveis na rede elétrica tendo como resultado uma economia de

19% como pode ser observado no gráfico 04:

9 . 1/12

11 . 7/12

11 . 8/12

2 . 6/12

3 . 2/12

3 . 2/12

11/12

1 . 1/12

1 . 2/12

Inviável

Inviável

Inviável

CapitalPróprio

EmpréstimoSAC

Emp. PRICE

120t/ano 160t/ano 200t/ano 300t/ano

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43%

38%

19%

SucataReproc.Economia

Gráfico 04 – Economia percentual do Reprocessamento da sucata de cabos

No caso do reprocessamento pelo método proposto, o valor empregado na

compra e obtenção de novos cabos é de R$11,70, supondo que a sucata é de posse

da contratadora dos serviços o reprocessamento custa apenas R$ 4,50,

apresentando uma economia imediata de R$ 7,20, se for levado em conta que ao

invés de reprocessar a sucata, a concessionária venha a vendê-la como sucata a

um valor de R$ 5,00 e que a mesma venha a comprar o novo cabo a R$ 11,70, a

concessionária deverá desembolsar imediatamente o valor de R$ 6,70.

Ou seja, para obter o mesmo resultado, que é aquisição de cabos totalmente

aplicáveis à construção e ampliação da rede de distribuição, através do processo

apresentado neste trabalho, obtém-se uma economia imediata de 32,83%

considerando que a concessionária possua a sucata como matéria prima venha a

contratar os serviços de reprocessamento da mesma ao invés de vender esta sucata

e comprar novos cabos e baseado nos valores apresentados acima, tanto pelo

serviço, como para valores de venda de sucata e de aquisição de novos cabos.

Como conseqüência das análises feitas, tem-se que o processo e

economicamente viável, possui um retorno de investimento reduzido, e uma real

economia na obtenção de cabos aplicáveis a rede elétrica para utilização das

concessionárias e empresas similares.

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5 CONCLUSÕES

Este estudo apresentou uma real possibilidade de reaproveitamento de

sucata de cabos de alumínio, destacando, para uma material que tem um potencial

elevado, vantagens técnicas, econômicas e ecológicas.

A simples venda dos cabos como sucata além de apresentar uma

depreciação do alumínio empregado na confecção dos cabos, por ser um alumínio

de alto grau de pureza, podem ser reutilizados para confecção de utensílios diversos

que não necessitem de tão alto grau de pureza, pode favorecer um mal que estamos

vivendo atualmente, que é o roubo de cabo e posterior “legalização” dos mesmos

através da compra de sucatas.

O reprocessamento dos cabos de alumínio através do desenscordoamento

dos tentos formadores representa uma das alternativas de utilização dos cabos de

alumínio sucateados. Caso o processo proposto não seja aplicado as sucatas, as

mesmas deverão ir a fornos de fundição para serem transformados em lingotes e

retornam ao mercado sob diversos produtos e consumindo cerca de 700 kWh

(ADPT, 2002) para fundir 01 tonelada de sucata de alumínio, sem considerar o

consumo de energia gasto para transformar o lingote de alumínio em cabos novos.

No reprocessamento das sucatas, o consumo estimado para a produção de cabos

considerando o desencordoamento, solda, trefilação e encordoamento é de

aproximadamente 300kWh por tonelada que representa um consumo de 2% da

energia utilizada para produzir o alumínio a partir da bauxita.

Outra vantagem apresentada, agora para a “Mãe Natureza” é que com o

alumínio já foi outrora extraído e destinado para confecção do cabo, atualmente

inservível, pode vir a novamente se tornar útil fazendo com que não haja uma

imediata necessidade de extração de novo alumínio para substituir o lugar deste

cabo considerado como inservível. Poupando assim não somente as reservas de

alumínio, mas as fontes de energia pois há um consumo de energia aproximado de

15.000kWh por tonelada para obtenção do alumínio através da Bauxita, além de

serem empregados produtos químicos geradores de resíduos poluentes a natureza.

O cabo de alumínio reprocessado representa para a concessionária de

energia elétrica uma economia significativa na obtenção de cabos novos, este

argumento pode ser empregado para a ampliação da rede de distribuição,

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possibilitando o suprimento de energia elétrica a áreas mais distantes ainda não

atendidos pelas concessionárias.

Através da análise dos resultados dos ensaios de tipo efetuados nos cabos de

alumínio reprocessados conclui-se que os mesmos apresentam as características

solicitadas na normalização vigente, garantindo a qualidade do produto e sua

viabilidade técnica.

Utilizados as ferramentas de análise da viabilidade econômica, conclui-se que

o reprocessamento das sucatas de cabos de alumínio no cenário proposto é

totalmente viável. Dentro das limitações impostas pelo pré-conceito deve-se abrir o

mercado para o produto (cabo de alumínio reprocessado) mostrando suas

vantagens e sua qualidade técnica.

5.1 PROPOSTA PARA NOVOS TRABALHOS

Durante o estudo do reprocessamento de sucatas de cabos de alumínio

percebeu-se alguns caminhos que podem ser abordados em outros trabalhos de

graduação dentre os quais destacamos:

Aplicação dos cabos de alumínio inservíveis para o processo de

reprocessamento como contrapeso em sistema de aterramento de linhas

de transmissão;

Viabilidade técnica e econômica da utilização de cabos multiplexados

produzidos pelo método do desencordoamento dos tentos formadores;

Estudo da viabilidade técnica e das características da utilização de cabos

de alumínio sucateados em malhas de aterramento de subestações.

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REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7270: Cabos de Alumínio com Alma de Aço para Linhas Aéreas, Rio de Janeiro 1988.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7273: Condutor Elétrico de Alumínio – Retirada e Preparo de Corpo de Prova Para Ensaio de Tipo, Rio de Janeiro 1982 .

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7308: Carretéis de madeira para condutores nus de alumínio – Características dimensionais e estruturais – Padronização, Rio de Janeiro 1982.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7312: Rolos de fios e cabos elétricos em madeira – Procedimento, Rio de Janeiro 1982.

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BRITO, Paulo. Análise e Viabilidade de Projetos de investimento. São Paulo: Atlas, 2003.

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CLEMENTE, Ademir. Projetos Empresariais e Públicos. São Paulo: Atlas, 1998

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ANEXO 01 ENSAIO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CABO DE ALUMÍNIO CA 2AWG-“IRIS”

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ANEXO 02 ENSAIO DE RUPTURA E CARACTERÍSTICA DIMENSIIONAL EM CABOS DE

ALUMÍNIO CA 2AWG-“IRIS”

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ANEXO 03 ENSAIO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CABO DE ALUMÍNIO

CA 2/0AWG-“ASTER”

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ANEXO 04 ENSAIO DE RUPTURA E CARACTERÍSTICA DIMENSIIONAL EM CABOS DE

ALUMÍNIO CA 2/0AWG-“ASTER”

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ANEXO 05 ENSAIO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CABO DE ALUMÍNIO

CAA 4AWG-“SWAN”

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ANEXO 06 ENSAIO DE RUPTURA E CARACTERÍSTICA DIMENSIIONAL EM CABOS DE

ALUMÍNIO CAA 4AWG-“SWAN”