metodologia e anÁlise de viabilidade tÉcnico...

65
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ Departamento Acadêmico de Eletrotécnica METODOLOGIA E ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA PARA AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA MADEIREIRA Projeto Final de Graduação DANIEL MARQUES DE MORAES ELOY DE PAULA ROCHA JUNIOR JAIR CASSOLI JUNIOR RODRIGO GAWLIK CURITIBA 2002

Upload: ngokhuong

Post on 11-Nov-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO

TECNOLÓGICA DO PARANÁ

Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

METODOLOGIA E ANÁLISE DE VIABILIDADE

TÉCNICO-ECONÔMICA PARA AUTOMAÇÃO

DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA MADEIREIRA

Projeto Final de Graduação

DANIEL MARQUES DE MORAES

ELOY DE PAULA ROCHA JUNIOR

JAIR CASSOLI JUNIOR

RODRIGO GAWLIK

CURITIBA

2002

i

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ

Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

METODOLOGIA E ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA PARA

AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA MADEIREIRA

DANIEL MARQUES DE MORAES

ELOY DE PAULA ROCHA JUNIOR

JAIR CASSOLI JUNIOR

RODRIGO GAWLIK

Projeto Final de Graduação do Curso de Engenharia

Industrial Elétrica ênfase Eletrotécnica do Centro Federal de

Educação Tecnológica do Paraná, apresentado como

requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro

Eletricista

Curitiba

2002

ii

DANIEL MARQUES DE MORAES

ELOY DE PAULA ROCHA JUNIOR

JAIR CASSOLI JUNIOR

RODRIGO GAWLIK

METODOLOGIA E ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA PARA

AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA MADEIREIRA

Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheiro Eletricista pelo Centro Federal de Educação

Tecnológica do Paraná.

Curitiba, 04 de abril de 2002

Prof. Clider Adriane

Coordenador do curso

Prof. Antonio Luiz Merlin Prof. Jorge Carlos Correa Guerra Orientador Co-orientador

Prof. Ubirajara Zocolli Prof. Luciano Carstens

iii

A Deus, que é a nossa fortaleza

A nossas famílias, nosso elo fundamental

A quem amamos, que nos apoiaram e nos

compreenderam

Aos nossos amigos, que nos incentivaram e

estiveram conosco, sempre presentes

Aos nossos professores, que nortearam nossa vida

profissional

iv

Agradecimentos

Ao Eng. Luciano Carstens, da Empresa Berneck

Ao Eng. Romualdo Guimarães Vaz, da Empresa Fluipress

Ao Prof. Antonio Luiz Merlin

Ao Prof. Jorge Carlos Correa Guerra

Ao Técnico Roberto Tehry , da Placas do Paraná

v

“ A vida não é fácil para nenhum de nós. Mas que

importância isso tem? Devemos ser perseverantes e,

acima de tudo, ter confiança em nós mesmos. É preciso

acreditar que somos capazes de alguma coisa, que deve

ser alcançado, custe o que custar “.

Marie Curie – Prêmio Nobel de Física, Prêmio Nobel de

Química

vi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................ix

RESUMO.....................................................................................................................x

ABSTRACT................................................................................................................xi

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................1

2 FUNDAMENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................2

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................4

3.1 CONCEITO DE SISTEMAS ESPECIALISTAS ................................................4

3.1.1 SISTEMAS BASEADOS NO CONHECIMENTO .............................................5

3.1.2 VISÃO GERAL DA METODOLOGIA DE SISTEMAS ESPECIALISTAS ........6

3.2 CUSTOS DE PRODUÇÃO...............................................................................8

3.2.1 EMPREENDIMENTOS A CURTO PRAZO ......................................................8

3.2.2 EMPREENDIMENTOS A LONGO PRAZO......................................................9

3.2.3 DEFINIÇÃO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE E LUCRO ECONÔMICO......9

3.3 A VIABILIDADE ECONÔMICA......................................................................10

3.3.1 FATORES DE CÁLCULO DA VIABILIDADE ECONÔMICA.........................11

3.3.2 VIABILIDADE ECONÔMICA NA MODIFICAÇÃO DE UM PROCESSO OU

MÉTODO EXISTENTE...................................................................................12

3.4 CONCEITO DE CENÁRIOS...........................................................................14

3.5 TEORIA DE AUTOMAÇÃO ...........................................................................15

3.5.1 A AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL......................................................................15

vii

3.5.2 PRINCIPAIS CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO ..............................................16

4 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA DO PROJETO............................................22

4.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................22

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..........................................................................22

4.3 HIPÓTESE PRINCIPAL .................................................................................23

4.4 DELIMITAÇÃO DO TEMA .............................................................................23

4.5 JUSTIFICATIVA DO PROJETO ....................................................................23

5 METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ....................24

5.1 DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA:..................................................................24

5.2 VARIÁVEIS DE ENTRADA:...........................................................................25

5.3 PROCESSO ESCOLHIDO.............................................................................25

5.4 ETAPA INICIAL: COLETA DE INFORMAÇÕES...........................................26

5.5 TRABALHO EM CAMPO...............................................................................27

5.6 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE........................................................28

6 ANÁLISE DO PROCESSO ESTUDADO .......................................................30

7 RESULTADOS...............................................................................................37

7.1 METODOLOGIA PARA AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS ...........................37

7.1.1 ESTUDO DO PROCESSO QUE SE DESEJA AUTOMATIZAR ....................38

7.1.2 ESTUDO DO AUTO-INSTRUCIONAL...........................................................40

7.1.3 ESTUDO DE PROCESSOS SEMELHANTES JÁ AUTOMATIZADOS .........40

7.1.4 PROBABILIDADE DE SUCESSO NA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA

ESPECIALISTA ........................................................................................................40

viii

7.1.5 PLANEJAMENTO DO SISTEMA ESPECIALISTA........................................41

7.1.6 AÇÕES A SEREM TOMADAS PARA A GERAR OS CENÁRIOS................42

7.1.7 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE AUTOMAÇÃO................................43

7.2 SOFTWARE ...................................................................................................43

7.2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.........................................................................43

7.2.2 TELA INICIAL ................................................................................................44

7.2.3 AUTO INSTRUCIONAL .................................................................................46

7.2.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE ..........................................................................47

7.2.5 DEFININDO CENÁRIOS................................................................................48

7.2.6 RELATÓRIOS ................................................................................................49

8 CONCLUSÃO ................................................................................................51

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................53

ix

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 3.1 - DIAGRAMA DO CICLO DE VIDA........................................................7

FIGURA 6.1 - DESCASCADOR E CLASSIFICADOR DE TORAS ..........................30

FIGURA 6.2 - MESA RECEPTORA DE TORAS ......................................................31

FIGURA 6.3 - MESA UNITIZADORA .......................................................................32

FIGURA 6.4 - DESCASCADOR DE TORAS............................................................33

FIGURA 6.5 - SELEÇÃO DE TORAS E CONTROLE DE PRODUÇÃO ..................33

FIGURA 6.6 - CLASSIFICADOR DE TORAS...........................................................34

FIGURA 6.7 - SISTEMA DE REJEIÇÃO E RAMPA DE DESCARTE ......................35

FIGURA 6.8 - CABINE/PAINEL DE COMANDO......................................................35

FIGURA 6.9 - TRANSPORTADOR PARA REMOÇÃO DE CASCAS......................36

FIGURA 7.1 - FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA DE AUTOMAÇÃO .................37

FIGURA 7.2 BANNER DO SOFTWARE..................................................................44

FIGURA 7.3 TELA PRINCIPAL ...............................................................................44

FIGURA 7.4 MENU PRINCIPAL..............................................................................45

FIGURA 7.5 LINK AUTO INSTRUCIONAL .............................................................46

FIGURA 7.6 MENU AUTO INSTRUCIONAL...........................................................46

FIGURA 7.7 EXEMPLO DE UM PAPER .................................................................47

FIGURA 7.8 EXEMPLO DE UMA FICHA TÉCNICA ...............................................47

FIGURA 7.9 LINK DA ANÁLISE DE VIABILIDADE................................................47

FIGURA 7.10 MENU ANÁLISE DE VIABILIDADE..................................................48

FIGURA 7.11 EXEMPLO DA TELA DE DEFINIÇÃO DE CENÁRIOS .....................49

FIGURA 7.12 EXEMPLO DE RELATÓRIO E MENU DE RELATÓRIOS................50

FIGURA 7.13 EXEMPLO DA TELA DE IMPRESSÃO ............................................50

x

RESUMO

O presente projeto final de graduação discorre sobre o desenvolvimento de

uma metodologia e de um software capaz de auxiliar na implantação de processos

automatizados na linha de produção de indústrias madeireiras.

Estas informações podem ser utilizadas por usuários sem experiência

técnica e auxiliam com informações técnicas, administrativas e desenvolvem

cenários para análise de viabilidade econômica e retorno de investimento.

xi

ABSTRACT

This Final Graduation Project discourses about a methodology and software

development able to help in automation processes implantation in wood factories

production lines.

This information can be used by users without a technical experience and

can help them with technical and administrative information, developing sceneries for

economical viability and payback analysis.

1

1 INTRODUÇÃO

A finalidade do projeto é desenvolver uma metodologia eficaz e de fácil

compreensão para que usuários (da área técnica ou não) possam criar cenários para

um estudo de viabilidade técnica e econômica com o objetivo de automatizar uma

determinada linha de produção ou uma máquina.

A metodologia orienta o usuário sobre as etapas necessárias para se fazer a

composição de cenários de um estudo de viabilidade econômica para analisar

margens de lucro, tempo de retorno de investimento e a composição dos preços.

Cada cenário apresenta um parâmetro diferente, criando várias possibilidades de se

investir.

No software, o usuário pode encontrar informações técnicas sobre

automação, materiais elétricos e de automação, informações estratégicas e

administrativas, além de um conjunto de perguntas que proporciona uma

interatividade com o usuário, apresentando pontos relevantes a serem analisados

antes de se implantar um projeto de automação e uma probabilidade de o projeto

dar certo ou não. As principais informações são impressas em relatórios simples e

objetivos, para auxiliar o usuário na apresentação do seu projeto.

2

2 FUNDAMENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o desenvolvimento do Projeto Final de Graduação foram utilizados

materiais que possibilitassem o desenvolvimento da metodologia.

As obras de cunho administrativo possibilitaram uma fundamentação teórica e

exemplos práticos do desenvolvimento de metodologias. Isso possibilitou o

desenvolvimento de uma metodologia de trabalho simples e direcionada para

usuários sem muitos conhecimentos técnicos e administrativos além de promover

um conhecimento sobre o direcionamento de estudos, modernização de atividades,

impacto que o desenvolvimento gera no pessoal, necessidade de mudanças e

produtividade. Este último fator esteve sempre presente em todo o desenvolvimento

administrativo do projeto, evidenciando a utilização do software para esta finalidade.

As informações sobre gestão estratégica orientam sobre a tomada de

decisão. Os livros sobre este assunto criam uma visão sistêmica sobre como

gerenciar e apresentar propostas em empresas, quais as diretrizes para desenvolver

um projeto envolvendo questões legais, emocionais, administrativas. Este material

orienta o usuário a criar uma equipe com foco voltado o objetivo principal, dispor

informações para análise e entendimento por parte de seus superiores e apresentar

este projeto de forma que o argumento possa ser aprovado. A implementação do

projeto também é apresentada nos livros sobre gestão estratégica, orientando sobre

como gerenciar de forma eficaz e segura, analisando riscos e propondo estudos

para solução.

A teoria de sistema especialista foi obtida a partir de livros específicos, com

exemplos práticos e explicações claras sobre o que vem a ser um processo

automatizado, inteligência artificial e a interação do usuário com um sistema como

este. A implantação de um sistema especialista é a fundamentação deste Projeto

Final de Graduação e a sua base teórica necessitou ser bem interpretada e

convertida em informações simples e eficazes para que o usuário possa entender o

que a implantação de um sistema como este propõe em termos de produtividade,

mão-de-obra especializada e investimento. O processo lógico, a transferência de

3

trabalho manual para automático e o impacto que isso promove também foram

motivo de pesquisa em livros especializados em sistemas especialistas.

O estudo de viabilidade econômica foi baseado em informações contidas em

livros de economia, gerando uma idéia inicial que, gradativamente, foi sendo

adaptada para o estudo de caso do projeto. Os livros de economia apresentaram

conceitos claros que foram utilizados no desenvolvimento dos cálculos e permitiu um

entendimento mais apurado sobre custos industriais, composição dos mesmos, valor

de mão-de-obra, valores a serem investidos e o tempo de retorno deste

investimento. A idealização de cenários, uma das formas mais modernas de análise

de viabilidade econômica hoje em dia, assim como a composição e os resultados

apresentados foram objeto de pesquisa e estudo na bibliografia utilizada para este

Projeto Final de Graduação.

As informações técnicas foram obtidas a partir de catálogos de fabricantes,

manuais específicos de equipamentos, recursos de internet e livros. Estas

informações possibilitaram um conhecimento mais preciso sobre equipamentos de

automação e elétricos, conhecimento de novas linhas de equipamentos e novos

fabricantes. Particularmente os catálogos sobre descascadores de toras nos

trouxeram informações e figuras que foram decisivas no estudo de caso e na

descrição dos sistemas especialistas. As demais informações técnicas foram

analisadas a partir de comparação entre fabricantes, métodos de aplicação e

complexidade. Muitas das informações contidas no software foram obtidas em

entrevistas e visitas a empresas. Entretanto a bibliografia utilizada foi fundamental

para que pudéssemos interpretar o sistema especialista utilizado como nosso estudo

de caso.

4

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Conceito de sistemas especialistas

A expressão “sistemas especialistas” atualmente encontra-se na mente de

muitas pessoas. Existe um sentimento de que, ao aplicar a tecnologia de sistemas

especialistas ( sistemas de computador cujo objetivo é construir decisões ou planos

tão bem, ou melhor, do que especialistas num domínio particular ) em transações

comerciais, as empresas obtêm enormes resultados em termos de rentabilidade,

concorrência e redução de custos. De fato, isto pode ser verdade. Algumas das

empresas pioneiras nessa área obtiveram lucros significantes em seus investimentos

e o mesmo potencial ainda existe em muitas outras. O problema reside no

planejamento e administração da sensata introdução dos sistemas especialistas em

sua empresa.

Em geral, considera-se os sistemas de produção, assim chamados devido à

sua notável dependência das regras de condição-ação, freqüentemente

denominadas regras de produção. De um certo modo, esta classe de sistemas

constitui uma parte pequena da Inteligência Artificial ( IA ), mas é uma parte na qual

se demonstra a maior utilidade da IA. O enfoque na parte menor da IA tem a

vantagem de não precisarmos, em geral, definir conceitos como conhecimento,

pensamento ou inteligência e, sim, lidar com eles de maneira relativamente

predizíveis.

Tem-se a impressão de que a aquisição de conhecimento especializado é

uma experiência limitada e concentrada. Isto é particularmente verdadeiro para

sistemas especialistas nos quais consideramos uma estreita área da especialidade

humana e tentamos transferir para o computador todo o conhecimento sobre esse

aparentemente pequeno domínio. Uma vez que o conhecimento esteja no

computador, sua máquina de inferência utiliza-o para tomar decisões ou fazer

planejamentos. Fazer com que a máquina execute uma tarefa do mesmo modo,

freqüentemente ineficiente, que um ser humano pode não ser a melhor escolha, mas

é uma suposição implícita na construção dos atuais sistemas especialistas.

5

3.1.1 Sistemas baseados no conhecimento

Em geral, a meta é ter uma máquina que simule com exatidão as atividades

da mente humana. Algumas pessoas acreditam que seremos finalmente capazes de

construir uma máquina que seja uma réplica tão precisa do ser humano que possa

até ser confundida com este. No contexto da tecnologia atual, isso significa ter um

computador fazendo coisas inteligentes, tais como compreender uma língua (o

inglês) naturalmente, construir robôs que desempenhem atividades da mesma

maneira que um ser humano, planejar e tomar decisões tão habilmente quanto um

ser humano.

O desempenho humano de todas essas tarefas envolve o uso hábil de uma

enorme quantidade de experiências do dia a dia e o aprendizado, a partir das

mesmas, acontece de forma bastante inconsciente. Nós aprendemos a falar nossa

língua por intermédio da comunicação com os outros. Aprendemos a realizar tarefas

por tentativas, às vezes com sucesso, às vezes falhando. Em muitos casos, o

conhecimento adquirido através dessas experiências não é sólido, mas, sem dúvida,

esta num formato de regras práticas, que armazenamos em algum lugar, para usá-

las quando forem relevantes a uma nova situação.

Essas regras práticas são chamadas de heurísticas, e representam o suporte

principal do conhecimento que tentamos armazenar para o uso dos sistemas em

linguagem natural (inglês, por exemplo), sistemas especialistas e robôs. O processo

de obtenção de tais heurísticas a partir de uma pessoa e seu armazenamento em

um computador é chamado de aquisição de conhecimento. Esta é indubitavelmente

a parte mais difícil, e que consome mais tempo, de qualquer projeto de sistema

baseado no conhecimento. A razão disso começa a ficar clara quando consideramos

que o conhecimento de um ser humano inteligente é, na verdade, a somatória de

toda a experiência de vida dessa pessoa. Por conseguinte, para se ter uma máquina

emulando segura e completamente uma determinada pessoa, seria necessário que

ela obtivesse "toda" a experiência de vida dessa pessoa.

Por ora, os sistemas baseados no conhecimento são bem menos ambiciosos.

De fato, em um sistema especialista, nós tipicamente concentramos nossas

6

atividades de aquisição de conhecimentos em domínios de conhecimento muito

estreitos. Embora grandes sistemas baseados no conhecimento estejam sendo

construídos, procuraremos aplicações nas quais a especialidade possa ser

representada usando-se desde algumas centenas até algumas milhares de regras

heurísticas.

Na realidade, isso não é tão restrito como parece ser. Consideramos a

seguinte definição de “especialista” : "Especialistas são as pessoas que aprendem

mais e mais sobre menos e menos, até finalmente conhecerem tudo sobre nada".

Portanto, no mundo real, torna-se freqüentemente possível codificar verdadeiras

especialidades, em um domínio estreito, usando-se pouquíssimas heurísticas.

Em todo caso, esse é o tipo de trabalho que estamos tentando realizar em

nossos sistemas baseados no conhecimento: o processamento humano inteligente,

muito do qual se baseia em informações casuais, armazenadas como regras

heurísticas.

3.1.2 Visão geral da metodologia de sistemas especialistas

Um diagrama do ciclo de vida mostra as atividades principais necessárias à

transformação de uma boa idéia em um sistema que supra satisfatoriamente as

necessidades dos usuários finais em um ambiente de produção. Com base no

diagrama de ciclo de vida da figura 3.1, são abordadas as principais atividades para

implantação de um sistema baseado no conhecimento.

A linha principal do trabalho técnico do projeto inicia-se com um

levantamento, ou estudo de viabilidade, cuja tarefa inicial é decidir se um projeto

vale ou não a pena ser realizado. Quando o projeto é aprovado, passa-se para a

Análise Estruturada, na qual tentamos especificar as necessidades do usuário em

termos de funções a serem executadas e o relacionamento dos dados entre elas. A

Especificação Estruturada, que resulta da análise, é usada na fase de Projeto para

especificar como as necessidades do usuário devem ser implementadas; a fase de

Implementação é dedicada a construção de um sistema de produção, do modo como

foi especificado no Projeto Proposto.

7

Figura 3.1 - Diagrama do ciclo de vida

Durante a análise estruturada, as necessidades de informação lógica do

projeto - conhecimento e dados - são identificadas sem a preocupação de como

serão implementadas no mundo físico. Esta descrição da Base de Conhecimento

Lógico (KB) é usada no Projeto Físico para especificar os detalhes de

implementação da base de conhecimento.

A posição adequada da Atividade 9, Aquisição do Conhecimento, é um pouco

enigmática, já que tanto durante o levantamento como durante a análise estruturada

são coletados muitos conhecimentos especializados. Após a análise, entretanto, as

atividades concentram-se no projeto de software em vez de na coleta de

conhecimento, e o processo de aquisição de conhecimento segue de forma mais

independente. Além disso, o amadurecimento da base de conhecimento para um

estado especialista pode estender-se bem além do desenvolvimento do programa.

Sistema de Produção

Usuário 1

Levantamento

2

Análise

4

Projeto

Estud

Viabilidade

Especificação

Estruturada

3

Projeto da

Base de

DB Lógico KB Físico

9

Aquisição

Do

7

Teste de

5

Integração

De

8

Análise

9

Aquisição

Do

5

Integração

De

6

Implementação

Módulos

Estruturados

Projeto de

Consolidação

Configuração Interface

Com

Necessidades

De

Hardware

Pedido ao Fabricante

Plano de Treinamento e Reorganização

Entrada do

Usuário

Base de Conhecimento

8

A aquisição de conhecimento é uma atividade independente em que os

resultados extraídos da base de conhecimento estão disponíveis para todas as

outras partes do processo de desenvolvimento. Na prática, será provavelmente uma

atividade cooperativa com o levantamento e análise, tornando-se mais independente

após a análise. Isto sugere que ela pode ser feita pelo pessoal da equipe de

levantamento e análise, durante essas atividades, e que essas pessoas podem

continuar o trabalho de aquisição de conhecimento após a análise.

As atividades de Integração de Sistemas e Análise de Hardware são

certamente importantes para o ciclo de vida, entretanto, nem sempre como partes

diretas do ciclo de especificação técnica. Nós deveremos lidar com cada um desses

tópicos subseqüentes como se fossem afetados pelas características singulares da

IA.

3.2 Custos de produção

As empresas geram lucro vendendo a um preço que exceda o custo. As

principais preocupações das empresas são os seguintes: que preço pode ser obtido

e como eles podem cortar os custos, mantendo ou ainda melhorando a qualidade.

3.2.1 Empreendimentos a Curto Prazo

O curto prazo é um período em que um ou mais insumos (como a área

construída) são fixos. O curto prazo não é definido como um número especifico de

semanas, meses ou ano. É o período de tempo em que os equipamentos, a planta

(área construída) e outros insumos são fixos, qualquer que seja o período. O curto

prazo pode durar anos, dependendo da empresa.

No curto prazo, o produto pode crescer aumentando-se os insumos variáveis,

como mão-de-obra, matéria-prima e partes de suprimentos de outras empresas.

Deve-se, então, decompor o custo a curto prazo em custos fixos e variáveis.

9

O custo fixo não se altera quando o produto muda. Existe mesmo se nenhum

produto é produzido na empresa. Os equipamentos, objetivo do investimento, serão

depreciados mesmo que a empresa não produza nada.

O custo variável depende do nível de produção. Quanto maior a produção,

maior o custo de mão-de-obra e o consumo de matéria-prima. Quaisquer custos

acima do valor estipulado como custo fixo, são considerados variáveis.

O custo total é a soma dos custos fixo e variável. Este custo total tende a

aumentar, conforme a quantidade de custo variável. Denomina-se custo marginal o

incremento no custo total, causado pela produção de uma unidade ou mais. Ele

indica quanto está crescendo o custo total. A tendência do custo marginal é crescer

com o produto, por causa da lei dos rendimentos decrescentes.

A lei dos rendimentos decrescentes nos diz que se mais de um fator (mão-de-

obra) é empregado, enquanto todos os outros fatores (como o capital) são mantidos

constantes, o produto marginal deve finalmente cair.

3.2.2 Empreendimentos a Longo Prazo

O longo prazo caracteriza-se por um período em que as empresas podem

mudar as quantidades de todos os insumos, inclusive investimentos. A empresa

pode se expandir através da aquisição de novas máquinas e instalações. Desta

forma, os custos que são fixos no curto prazo, tornam-se variáveis a longo prazo.

No longo prazo, a empresa escolherá seu tamanho de planta e equipamentos

de tal forma a minimizar seu custo.

3.2.3 Definição de custo de oportunidade e lucro econômico

Custo de oportunidade de um fator é o rendimento que ele poderia auferir no

seu melhor uso alternativo. Também indica, aproximadamente, o quanto se deve

pagar por um fator para conservá-lo no uso presente.

10

O lucro econômico é um lucro supranormal, isto é, o lucro após terem sido

considerados os custos de oportunidade. O lucro econômico fornece um sinal,

indicando se os resultados estão sendo atraídos ou afastados por alguma atividade.

3.3 A Viabilidade Econômica

A Viabilidade econômica é definida como um conjunto de técnicas, que

permite a comparação entre os resultados obtidos nas alternativas possíveis de

solução de um problema, possibilitando a tomada de decisões de maneira científica.

Em uma indústria, é a determinação da viabilidade de que um produto deva

ser fabricado, que um processo ou método de trabalho seja modificado, ou ainda, na

escolha de vários métodos ou processos (cenários), qual o mais indicado para atingir

o mesmo objetivo.

Os objetivos da viabilidade econômica são os seguintes:

- Determinação da meta desejada;

- Determinação dos fatores e meios à disposição;

- Avaliação de cenários;

- Fornecer subsídios ao processo decisório.

Uma alternativa significa uma opção a mais na hora da decisão, sendo os

princípios fundamentais da viabilidade econômica, baseados nas várias alternativas

ou opções que se encontram à disposição no momento da escolha:

- Não existe decisão a ser tomada, considerando-se alternativa única;

- Apenas as diferenças das alternativas são relevantes;

- Os critérios para decisão de alternativas econômicas devem reconhecer o

valor do dinheiro no tempo;

- Não se deve esquecer os problemas relativos ao racionamento do capital;

- Decisões separáveis devem ser tomadas separadamente;

- Deve-se sempre atribuir um certo peso para os graus de incertezas

associadas às previsões estabelecidas;

- As decisões devem levar também em consideração os eventos qualitativos,

não quantificáveis monetariamente;

11

- Realimentação de informações;

Dados econômicos e gerenciais;

3.3.1 Fatores de cálculo da viabilidade econômica

Os fatores que possibilitam o cálculo da viabilidade econômica na modificação

de métodos ou processos de produção em uma indústria são :

- Relativo a mão de obra

A mão de obra direta, aquela utilizada diretamente na produção, é uma

variável de custo, pois, dependendo do método ou processo de trabalho adotado, a

mão de obra necessária será menor ou maior, portanto o custo também pode variar,

caracterizando um fator determinante da viabilidade econômica. É importante

verificar que a mão de obra indireta permanece fixa, se alteramos a mão de obra

indireta para mais ou para menos, significando que ela não é, necessariamente, um

fator determinante de cálculo.

O cálculo do custo da mão de obra direta é obtido através de dois fatores :

- Tempo de produção em minutos

É o tempo de fabricação da peça ou do processo de produção por

unidade. É a soma dos tempos padrões de todas as operações do

processo. O tempo padrão normalmente é dado em minuto/unidade.

- Custo por minuto de produção

É o quanto custa um minuto de mão de obra de produção. É calculado

tomando-se o total em reais da folha de pagamento, incluindo mão de

obra indireta e dividindo-se pelo total de horas trabalhadas pelo

pessoal da produção no período, isto é, pela mão de obra direta,

obtendo-se a partir daí o custo por minuto. Este é um dado muito

importante, sobre o qual toda a indústria deveria manter controle. O

cálculo do custo da mão de obra direta de uma peça ou processo de

produção, é simplesmente a multiplicação de um pelo outro.

12

- Relativo a material

O material, é a outra variável de custo, pois, dependendo de qual material

a peça é fabricada ou quais materiais são utilizados no processo de produção, a

peça ou o produto podem Ter custos diferentes. O cálculo do custo do material,

também é feito por unidade de produção.

- Relativo a investimento

O investimento necessário, isto é, o capital que deve ser aplicado,

possibilitando a modificação do método ou processo de produção, é um

determinante importante no cálculo da viabilidade econômica.

- Relativo a programa de produção

Um programa de produção é a quantidade de peças ou produtos que uma

indústria deverá fabricar em um dia, mês ou ano. Tem por base as vendas efetuadas

de seus produtos, em um determinado período. Normalmente uma empresa trabalha

com um programa anual de produção, no qual ela baseia-se para calcular os seus

gastos e consequentemente os seus lucros. De posse do programa anual, pode-se

prever as quantidades mensais e diárias de produção.

- Relativo a tempo de amortização do investimento

O tempo de amortização do investimento necessário à modificação do

método ou processo de produção, significa em quanto tempo a economia prevista

com a alteração do método ou processo, faz retornar às mãos do investidor, o capital

a ser aplicado possibilitando essa modificação.

Realmente, é o tempo de amortização do investimento que viabiliza ou

não a modificação de um método ou processo de produção, pois, é com base nesse

dado, que os responsáveis tomarão a decisão de concretizar a modificação ou não.

3.3.2 Viabilidade econômica na modificação de um processo ou método existente

O estudo da Viabilidade Econômica na modificação de um processo ou

método de trabalho existente, é o caso mais comum, acontecendo frequentemente

dentro de uma fábrica essa necessidade e se a mesma não possui uma estrutura,

torna-se dificultoso em demasia ou mesmo fica impossibilitada a alteração de

13

qualquer método ou processo e quando algum caso é levado a efeito, os resultados

obtidos deixam a desejar.

A viabilidade econômica neste caso, é determinada pelo tempo de

amortização do investimento necessário à modificação, isto é, quanto tempo a

economia prevista com a alteração do método ou processo, faz retornar o capital a

ser investido, possibilitando essa modificação.

O custo da peça no método atual

Ao método existente de trabalho, aquele que está sendo executado no

momento, chamamos de Método Atual, cujo custo da peça é obtido através de três

fatores:

- Custo da mão de obra direta

É o tempo padrão de fabricação da peça, multiplicado pelo custo por

minuto de fabricação

- Custo da máteria prima

O custo da matéria prima é custo do material utilizado diretamente na

fabricação da peça, constante do projeto da mesma.

- Custos de outras despesas diretas

Despesas diretas são aquelas que podem ser determinadas

diretamente ao custo da peça. Uma ferramenta ou um material

específico, utilizado na operação de fabricação dessa peça.

O custo da peça no método proposto

A sugestão proposta para a modificação do método de trabalho

existente, isto é, do método atual, chamaremos de método proposto,

cujo custo tem como base os mesmos fatores tomados para o cálculo

do custo do método atual.

- Custo da mão de obra direta

Note que não existe ainda o método de trabalho proposto, portanto,

não possuímos o tempo padrão de fabricação da peça, sendo

14

necessário estimar esse tempo. Essa estimativa é feita com base no

método de trabalho proposto.

- Custo da máteria prima

Se a modificação do método de trabalho, inclui também a mudança de

material da peça, é necessário determinar o custo unitário, com base

na quantidade de material que será utilizado, como também, do preço

de aquisição do mesmo.

- Custos de outras despesas diretas

Existindo outras despesas específicas necessárias ao método

proposto, esses também deverão ser calculados.

O investimento necessário

O investimento necessário, que possibilita a modificação do método de

trabalho, é o capital a ser gasto.

Verifica-se que apesar de todo detalhamento, a viabilidade econômica

apenas ajuda no momento decisório, porém não é ela a decisão final.

3.4 Conceito de cenários

O conceito de cenário está ligado a uma visão interna e consciente das

condições e circunstâncias que definem o ambiente em que a organização estará

operando no futuro.

Identificação das variáveis chaves que a empresa deve considerar.

• Período de tempo que é preciso analisar.

• Variáveis relevantes.

Atribuição de valores e variáveis a cada uma das variáveis relevantes.

• Intervalo de valores possíveis.

• Probabilidade de ocorrência.

15

Elaboração dos futuros mais prováveis.

Com o uso de cenários múltiplos, a empresa pode fazer frente a um amplo

espectro de acontecimentos e tendências e não apenas a uma seqüência particular.

A partir destes cenários os investidores devem perguntar-se quais são as possíveis

implicações e o impacto em sua estratégia.

A partir dos cenários múltiplos, podem ser traçadas alternativas em função

dos recursos (não só financeiros), dos investidores. Como boa parte do cenário, não

está sob controle, as estratégias devem ter flexibilidade para adaptações.

A análise de cenários múltiplos, pressupõem monitoramento constante, para

detectar sinais de mudanças tanto dos fatores, como desvios executivos. Isto

permite uma minimização considerável dos riscos.

3.5 Teoria de automação

3.5.1 A automação industrial

A automação industrial se verifica sempre que novas técnicas de controle são

introduzidas num processo. Associado ao aumento de produtividade, como fator

preponderante do aumento da qualidade de vida por meio do poder de compra

adquirido pela sociedade, torna-se o maior poder gerador de riquezas que jamais

existiu. Segundo alguns autores, "as técnicas de produção e a produtividade do

trabalho são o fator preponderante do poder de compra".

Pode-se dizer que automação industrial é oferecer e gerenciar soluções, pois

ela sai do nível de chão de fábrica para voltar seu foco para o gerenciamento da

informação. Apesar da diferença sutil entre os termos, é importante salientar a

existência de dois termos muito difundidos popularmente: automatização e

automação".

16

O termo automatização se difundiu desde a construção das primeiras

máquinas e se consolidou com a revolução industrial e, portanto, automatização está

indissoluvelmente ligada à sugestão de movimento automático, repetitivo, mecânico

e é sinônimo de mecanização, portanto reproduz ação. Caso se entenda que tal

mecanização implica somente em uma ação cega, sem correção, tem-se um sistema

no qual a saída independe da entrada, ou seja, não existe uma relação entre o valor

desejado para um sistema e o valor recebido por este, por meio da variável

responsável por sua atuação. Diz-se que esse tipo de controle se dá por malha

aberta. Neste caso, o sistema terá sempre o mesmo comportamento esperado, pois

ele, é determinado por leis físicas indissoluvelmente associadas ao hardware

utilizado. Hardware que pode ser de natureza mecânica, elétrica, térmica, hidráulica,

eletrônica ou outra.

A automação é um conceito e um conjunto de técnicas por meio das quais se

constróem sistemas ativos capazes de atuar com uma eficiência ótima pelo uso de

informações recebidas do meio sobre o qual atuam. Com base nas informações, o

sistema calcula a ação corretiva mais apropriada para a execução da ação e esta é

uma característica de sistemas em malha fechada, conhecidos como sistemas de

realimentação, ou seja: aquele que mantém uma relação expressa entre o valor da

saída em relação ao da entrada de referência do processo. Essa relação

entrada/saída serve para corrigir eventuais valores na saída que estejam fora dos

valores desejados. Para tanto, são utilizados controladores que, por meio da

execução algorítmica de um programa ou circuito eletrônico, comparam o valor atual

com o valor desejado, efetuando o cálculo para ajuste e correção.

3.5.2 Principais conceitos de automação

Dentro da área de automação, é importante a devida conceituação dos

termos empregados. Dentre os termos, destacamos os principais, abaixo descritos :

Variáveis de entrada:

São sinais externos recebidos pelo PLC, os quais podem ser oriundos de

fontes pertencentes ao processo controlado ou de comandos gerados pelo operador.

17

Tais sinais são gerados por dispositivos como sensores diversos, chaves ou

botoeiras, dentre outros.

Variáveis de saída:

São os dispositivos controlados por cada ponto de saída do PLC. Tais pontos

poderão servir para intervenção direta no processo controlado por acionamento

próprio, ou também poderão servir para sinalização de estado em painel sinótico.

Podem ser citados como exemplos de variáveis de saída os contactores, válvulas,

displays, dentre outros.

Programa:

Sequência específica de instruções selecionadas de um conjunto de opções

oferecidas pelo PLC em uso e, que irão efetuar as ações de controle desejadas,

ativando ou não as memórias internas e os pontos de saída do PLC a partir da

monitoração do estado das mesmas memórias internas e/ou dos pontos de entrada

do PLC.

A CPU :

A Unidade Central de Processamento pode ser encarada como o “cérebro”

que controla todas as ações de um PLC e, é constituída por um processador,

memórias e um sistema de interligação (barramento).

As capacidades e características dos atuais PLC estão intimamente

relacionadas com as qualidades do processador empregado, que pode ser

denominado microprocessador ou microcontrolador , conforme o caso. Suas

habilidades na solução de operações lógico-matemáticas, manipulação de dados e

controle de fluxos de programa são de tal ordem que jamais poderiam ser

implementadas nos tradicionais diagramas de relés.

A principal função do processador é o gerenciamento de todo sistema

composto pelo PLC. Tal função é efetuada pelo executivo, semelhante a um sistema

operacional de computador (como o DOS ou o Windows), o qual é responsável,

dentre outras tarefas, pela garantia de execução do ciclo de varredura.

18

Os processadores utilizados nos PLC podem ser classificados, a prióri, pelo

tamanho da informação que podem manipular. Valores como 8 bits, 16 bits ou 32

bits são os mais encontrados na atualidade. Outro fator relevante em um

processador é sua velocidade de operação (ou clock) que, apesar de os

processadores em computadores pessoais alcançarem velocidades de centenas de

megahertz, nos PLC, em geral, não necessita ser tão grande. Ainda sobre

processadores, é levado em consideração o conjunto de instruções de programação

disponíveis, que poderá torná-los com maior ou menor poder de complexidade de

programação, bem como a quantidade de memória e dispositivos de entrada e saída

que podem ser endereçados.

O termo programável de PLC implica numa seqüência de instruções, o

programa, que deve estar armazenada e disponível em algum local. Tal região é

denominada sistema de memória, que deverá estar organizada de modo a formar o

“mapa de memória”. Para entender o assunto, faz-se necessário definir o que seja

uma célula de memória e que tipos existem disponíveis atualmente, para então, em

seguida, compreender como são organizados os mapas de memória em um PLC.

Célula de memória :

Uma célula de memória é a unidade básica para armazenamento de um único

bit de informação em um sistema de memória. As memórias semicondutoras, a

gravação magnética e a gravação ótica são os métodos mais largamente utilizados

para armazenamento de informação digital. Embora não se encontrem ainda discos

de CD-ROM para armazenamento de programas de PLC, o armazenamento em

meios magnéticos é largamente difundido entre os equipamentos comerciais.

Entretanto, para compreensão do funcionamento da CPU é importante que se

conheça um pouco sobre as memórias semicondutoras, as quais substituíram

dispositivos mais antigos formados por núcleos de ferrite.

Interfaces de Entrada /Saída

O sistema de entrada/saída é que irá realizar a conexão física entre a CPU e

o mundo externo por meio de vários tipos de circuitos de interfaceamento. Tais

circuitos possuem padrões semelhantes nos diversos equipamentos. A seguir, será

19

feito menção a eles, subdividindo-os nos de natureza discreta (ou de um único bit de

informação) e naqueles de natureza numérica (analógicos ou de vários bits).

Entradas/Saídas discretas

São os tipos de ninais mais comumente encontrados em sistemas

automatizados com PLC. Nesses tipos de interface, a informação consiste em um

único bit cujo estado pode apresentar duas situações: ligado ou desligado (daí sua

característica discreta).

Cada um desses dispositivos é acionado por fontes de alimentação distintas e

que normalmente não são de mesma magnitude ou natureza. Por esta razão, as

interfaces com dispositivos de entrada/saída discretos são disponíveis em vários

níveis de tensão CA ou CC, conforme os seguintes padrões comerciais:

12Vcc 24 Vcc 110Vca 220Vca

Adicionalmente, para as saídas, também são encontrados contatos

abre/fecha de relé os quais normalmente suportam correntes de até 1 A com

isolação de 220 Vca, mas que podem variar conforme o modelo e o fabricante. Outra

característica é o número de pontos de entrada/saída que possui terminal em

comum, o qual pode variar entre dois, quatro ou mais pontos, ou apenas um (saída

isolada), o que também dependerá do modelo e fabricante do equipamento.

Entradas/Saídas Numéricas :

Com as potencialidades de processamento aritmético que passaras a integrar

os processadores nos atuais PLC novas características de controle puderam

facilmente ser adicionadas a esse equipamento.

Não se pode deixar de citar suas características de processamento numérico

como o controle analógico em malha fechada, por exemplo. Ainda que o tempo de

ciclo de varredura seja demasiado lento, várias aplicações, como controle térmico ou

reações físico-químicas diversas, possuem ma constante de tempo suficientemente

grande para que os CP possam ser empregados com sucesso.

20

A recepção ou envio de sinais numéricos se faz principalmente por meio de

pontos de entrada/saída analógicos, o que implicitamente significa que dentro do

PLC há um circuito conversor analógico-digital ou digital-analógico conforme o caso.

A diferença marcante em relação aos sinais discretos é que seja pelo tratamento de

dispositivos multibits, como é o caso do acionamento de motores de passo, ou o

acendimento de displays.

Cada um dos dispositivos analógicos, em particular, é acionado por fontes de

alimentação distintas e que normalmente não são de mesma magnitude ou

natureza. Por esta razão, as interfaces com dispositivos de entrada/saída analógicas

são disponíveis em várias faixas de tensão ou corrente.

Temporizador :

Um recurso altamente utilizado em automatizações com PLC são as

temporizações de comandos. Seguindo o modelo dos antigos relés de tempo, o tipo

de temporização mais comumente empregado é o de retardo na energização. Nos

equipamentos comerciais, existem diversos recursos para controle dos

temporizadores tais como interrupção ou congelamento da temporização,

informação de tempo restante, mudança de base de tempo, dentre outros.

Contador :

Outro recurso bastante útil nos PLC são os contadores, por meio dos quais

torna-se possível quantificar a ocorrência de eventos impulsionais no processo

controlado. Os contadores nos PLC comerciais podem se apresentar com os mais

diversos recursos, tais como seleção de contagem crescente ou decrescente, pré

estabelecimento de valores, indicação de passagem por zero, apresentação do valor

de contagem corrente, dentre outros.

Protocolos de comunicação :

Dentre os protocolos industriais mais conhecidos, podem-se citar: interbus,

mudbus, fieldbus, profibus, entre outros. Todos destinados à comunicação entre

sistemas de automação, por meio de barramento de campo serial.

21

Todos os protocolos possuem funções tais quais:

���� endereçamento – dependendo da complexidade do sistema de

comunicação, torna-se fundamental que a mensagem conheça o

endereço de destino na rede.

���� Estabelecimento de conexão – conjunto de procedimentos necessários

para que ocorra o estabelecimento de uma comunicação entre dois

processos para iniciarem a execução de uma tarefa.

���� Confirmação de recebimento – é importante que o local de destino

possa validar a mensagem, de forma a informar o seu recebimento.

���� Pedido de retransmissão – no item anterior, caso a mensagem

contenha erros, é gerado um pedido de retransmissão por parte do

destino à origem. A retransmissão pode acontecer, por iniciativa da

origem, quando, após um certo tempo, não receber a confirmação de

recebimento da mensagem por parte do receptor.

���� Conversão de código – quando o código da mensagem que trafega na

rede é diferente do código de processamento interno da máquina de

destino, ela deverá ser traduzida para o código do processador local.

���� Numeração e seqüência – muitas vezes, ma mensagem é muito

extensa e necessita ser transportada em blocos, de tal modo que cada

bloco deve ser numerado em seqüência, e deste modo, o destino só

terá o trabalho de verificar se a seqüência de numeração está correta.

���� Controle de fluxo – define o tamanho máximo da mensagem para ser

transportada na rede de comunicação. É definido, em função do

tamanho da mensagem, o número de blocos em que ela está fatiada.

22

4 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA DO PROJETO

4.1 Objetivo geral

O objetivo geral do projeto é gerar ferramentas (metodologia) que possam

auxiliar um usuário a desenvolver um projeto para automação de determinado

processo industrial ou máquina.

4.2 Objetivos específicos

Consideram-se objetivos específicos para o desenvolvimento do Projeto Final

de Graduação:

a) Desenvolvimento de uma metodologia para desenvolver um projeto com

variáveis de entrada, geração de cenários para viabilidade econômica,

questionário para analisar a probabilidade de o projeto dar certo ou não,

riscos e resultados esperados.

b) Possibilitar a um usuário utilizar um software onde possa encontrar

informações básicas sobre como funciona um sistema especialista,

analisar os tipos de equipamentos, projetar um percentual de peças

sobressalentes, criar cenários para uma análise de viabilidade econômica,

a forma de gerar, direcionar, apresentar e implantar um sistema

automatizado de forma mais segura e dinâmica.

23

4.3 Hipótese Principal

A implantação de um sistema especialista em uma determinada linha de

produção pode ser feita em parte por uma pessoa que não tenha conhecimentos

profundos na área de automação.

4.4 Delimitação do tema

Aplicação de conceitos teóricos e desenvolvimento de metodologia em um

processo da indústria madeireira ( descascamento e classificação de toras ).

4.5 Justificativa do projeto

A falta de acesso às informações estratégicas e técnicas sobre o

desenvolvimento de um sistema especialista pode trazer problemas para a

implantação deste sistema com eficiência e segurança.

Geralmente as pequenas e médias empresas não possuem um engenheiro só

para implantar este sistema e o acesso a estas informações torna-se restrito a

integradores / empreiteiros.

Pressupondo que a metodologia e o software auxiliariam na idealização do

projeto, no desenvolvimento de cenários para o estudo de viabilidade econômica e

no gerenciamento deste projeto, o sistema especialista poderia ser implantado por

um usuário que não tenha conhecimentos profundos na área de automação, mas

que tenha conhecimento do processo produtivo, para gerenciar e auxiliar um

integrador ou fornecedor de serviços que está trabalhando na modernização desta

linha de produção.

24

5 METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

A metodologia utilizada para desenvolvimento do projeto proposto seguiu-se

conforme as etapas seguintes.

5.1 Desenvolvimento da idéia:

Através da apresentação de uma idéia inicial aos Professores Orientadores, o

desenvolvimento de uma metodologia para auxiliar um usuário a implantar um

sistema especialista começou a se tornar consistente.

A equipe conseguiu delinear (junto com os professores orientadores) quais

eram os objetivos principais e novas idéias e, gradativamente, sugestões foram

sendo agregadas à idéia original.

Foram traçados como objetivos iniciais:

• Procurar um processo produtivo simples e objetivo que pudesse servir

como estudo de caso para o desenvolvimento da metodologia e do

software;

• Escolher de uma linguagem de programação adequada e simples para

desenvolver o software;

• Agrupar o maior número possível de informações para incrementar o

software, sobre automação, planejamento estratégico, tomada de

decisões, materiais, etc.

• Gerar os cenários para possibilitar uma análise de investimento e tempo

de retorno.

25

• Entrevistar integradores e profissionais ligados à área de automação, com

a finalidade de entender como os processos a serem automatizados são

analisados, qual a sua linha de pensamento e quais as etapas lógicas

para o desenvolvimento das suas atividades.

5.2 Variáveis de entrada:

Para desenvolver o que foi proposto nos objetivos, foram levantadas as

seguintes variáveis de entrada:

• Tempo de produtividade: tempo que o processo leva para produzir uma

peça dentro das características aceitáveis;

• Custo de produção: custo de mão-de-obra de produção em uma unidade

de tempo (minuto, por peça, hora, etc);

• Matéria-prima: tipo de matéria-prima utilizada;

• Investimento: características do tipo de investimento, como será o retorno

de investimento, unidade monetária (por peça, reais, etc);

• Perfil do processo: qual processo a ser escolhido, nível de complexidade,

acesso a informações, literatura existente sobre este processo, facilidade

de se implantar um sistema automatizado.

5.3 Processo escolhido

O processo a ser escolhido para o desenvolvimento da metodologia e do

software foi de uma indústria madeireira. Foi escolhido o descascador de toras,

justamente a fase inicial do processo madeireiro, e uma das etapas fundamentais

para que os processos seguintes possam garantir sua produtividade, já que o

26

descascador de toras prepara e classifica a matéria-prima (toras) para o processo de

corte.

Trata-se de um processo simples e não há muitos trabalhos e pesquisas

nesta área, que possui um enorme potencial de produção.

5.4 Etapa Inicial: Coleta de Informações

Para organizar todas as idéias, a equipe optou pela sistemática de MASP,

utilizando as seguintes ferramentas de qualidade: diagrama de árvore, 5W+2H,

planos de ação e um cronograma.

Em reuniões semanais, o diagrama de árvore e os planos de ação foram

sendo apurados junto com o desenvolvimento da idéia central. A fundamentação

bibliográfica foi delineada.

A equipe viu a necessidade de pesquisa de campo, para poder analisar o

processo e o que poderia ser melhorado através da implantação de um sistema

especialista e a procura por empresas que pudessem apresentar suas linhas de

produção foi se intensificando.

Em reunião com os professores orientadores, foram identificadas as

principais informações que deveriam ser levantadas no campo:

• Qual é o ganho de produtividade?

• Qual é o ganho com tempo?

• Qual é o ganho com mão-de-obra?

• Existe melhoria na qualidade do produto?

• Há um maior aproveitamento da madeira?

• Como se pode aumentar a confiabilidade do processo?

• Pode-se modificar o lay-out da instalação?

• Como pode ser implementado um sistema especialista nas máquinas?

27

• Como é o processo de recepção e armazenagem?

• Como são feitos os estudos de viabilidade de investimento em

automação?

• Qual o valor mínimo do retorno de investimento em automação?

• Quais as principais empresas no ramo de automação no setor madeireiro?

• Que equipamentos são utilizados com mais freqüência?

• Um sistema especialista denota aumento no consumo de energia elétrica?

• O que se faz com os resíduos?

• Demais itens relevantes ao processo.

5.5 Trabalho em Campo

A primeira e a segunda visita para coleta de informações em campo foi na

fábrica da Berneck, onde pôde ser analisado um descascador de toras com

tecnologia antiga e que, em breve, entraria em processo de automatização. Pôde-se

também analisar o processo produtivo como um todo, como é feito o processo de

armazenagem, a classificação das toras, a utilização das toras descascadas no

processo seguinte e a criticidade de um descascamento correto para não

comprometer o processo de produção seguinte. A Berneck estava em franco

processo de modernização, com instalação de tecnologia de ponta alemã para

controlar todo o processo produtivo (empresa Siembel Kamper, da Alemanha).

A terceira visita foi feita na empresa Placas do Paraná, onde um processo

diferente foi apresentado à equipe. Nesta empresa pudemos analisar outros

processos (decorrentes do processo inicial – descascador de toras) e todo um

desenvolvimento tecnológico em fase de implantação.

A quarta visita foi feita na empresa Fluipress, empresa especializada em

automação de processos, onde a equipe pôde ter contato com os principais

materiais utilizados em automação, traçando um paralelo entre os materiais

existentes e os materiais utilizados para a automatização do processo madeireiro

escolhido.

28

A quinta visita foi realizada novamente na Berneck, quando o descascador

de toras já havia sido automatizado. Foi feita uma análise detalhada do sistema

especialista, entrevista com os operadores para medir o grau do impacto da

automação e feita uma análise comparativa entre o processo antigo e o

automatizado.

A sexta visita foi feita na FENAM (Feira Internacional de Máquinas para

Madeira), onde a equipe pôde travar contato com empresas especializadas no

desenvolvimento de descascadores de toras, além de analisar outras máquinas com

tecnologia de ponta para a indústria madeireira e verificar possíveis parceiros para

futuras parcerias em desenvolvimentos de novos trabalhos acadêmicos no ramo

madeireiro.

5.6 Desenvolvimento do Software

Após coletar as informações necessárias, a equipe iniciou o trabalho de

desenvolvimento do software. Baseado em uma tendência do momento, em que se

utiliza softwares simples, acessíveis e que atendam a todas as necessidades e de

fácil instalação, foi feita uma modelagem que pudesse utilizar um browser como

suporte. Isso traz inúmeras vantagens como:

• Não é necessário fazer rotinas para impressão;

• A parte gráfica fica mais elaborada e de fácil concepção;

• Pode-se relacionar vários softwares em uma mesma plataforma;

• A arquitetura final do software fica igual à arquitetura mundialmente

conhecida da World Wide Web.

• O software desenvolvido possui as seguintes informações:

29

• Planilhas de cálculo para criação de cenários;

• Questionário para análise de complexidade e para apresentar um

percentual de sucesso do projeto;

• Auto-instrucional com informações técnicas sobre automação e materiais

elétricos a serem utilizados em um processo como a automatização do

descascador de toras;

• Auto-instrucional com informações administrativas e estratégicas sobre

como conduzir o estudo de viabilidade econômica e como tomar uma

decisão.

• Simulação de um descascador de toras para análise do processo.

• Impressão de relatórios que serão utilizados como material de apoio para

a apresentação do estudo de viabilidade econômica.

30

6 ANÁLISE DO PROCESSO ESTUDADO

O sistema de descasque e classificação de toras estudado é formado por um

conjunto de equipamentos projetados para receber as toras da floresta, descascá-

las e classificá-las por diâmetro e/ou comprimento, segundo as necessidades do

processo da serraria, conforme figura 6.1.

Figura 6.1 - Descascador e classificador de toras

As toras são, inicialmente, armazenadas no pátio e posteriormente

descarregadas sobre uma mesa plana com roletes, que as transporta até a mesa

utilizadora, que garante a alimentação do descascador de forma individualizada. As

toras passam, então, pelo processo de corte, através de serra e cilindros hidráulicos

para o posicionamento da tora, de onde ela sai com o comprimento desejado e

programado pelo operador com destino ao descascador. As toras inapropriadas são

descartadas antes do descascador.

Após descascadas, as toras são direcionadas para o sistema classificador,

que as encaminha para os diferentes boxes de acumulação conforme previa

programação do operador, que indica quais diâmetros de toras devem ser

31

direcionadas para que box e, em seguida, são encaminhadas para o processo de

serraria.

É apresentada a seguir uma descrição de cada um dos processos do

descascador e classificador de toras.

Mesa Receptora de Toras ( 1 )

Construída em forma horizontal plana, com perfis de alta resistência. Provida

de correntes e roletes para arraste das toras, acionadas por engrenagens de

velocidade variável, possibilita alimentação contínua da mesa dosadora.

Existe um sistema coletor de resíduos, eliminando a limpeza manual por baixo da

mesma e aproveitando-os para queima em caldeira. A mesa pode ser visualizada na

figura 6.2.

Figura 6.2 - Mesa receptora de toras

32

Mesa Utilizadora ( 2 )

Equipamento de extrema importância no processo, garante a entrada de uma

tora por vez no descascador. Acionada hidraulicamente, abastece o descascador

através de movimento contínuo, eliminando a possibilidade de alimentação múltipla

de toras. Sensores permitem otimizar o abastecimento do descascador,

proporcionando alimentação contínua e eficaz. Um transportador de corrente recebe

as toras, uma a uma, e as direciona ao descascador, conforme figura 6.3.

Figura 6.3 - Mesa utilizadora

Descascador de Toras ( 3 )

É um equipamento robusto, composto por lâminas e rotores, que provém a

retirada das cascas das toras, já de comprimento selecionado. O descascador pode

ser de diversos tamanhos, podendo descascar toras de diâmetros de até 800mm,

dispensando a utilização da mesa centralizadora de toras. O descascador tem

capacidade para descasque de diversas espécies de madeira. Os resíduos oriundos

do descascador, também são coletados por um transportador de correia,

encaminhados para queima e geração de calor para utilização nos demais

processos da indústria. O descascador pode ser melhor visualizado na figura 6.4.

33

Figura 6.4 - Descascador de toras

Seleção de Toras e Controle de Produção ( 4 )

Um sistema ótico de leitura ( barreira ótica ) faz a medição do diâmetro e/ou

comprimento, e baseado na programação realizada pelo operador do processo,

direciona as toras para os boxes programados. Esse sistema tem, ainda, a

capacidade de remeter, continuamente, dados para o computador, com informações

de volumes processados por classe de diâmetro e comprimento, a fim de controlar a

produção, o que pode ser visto na figura 6.5.

Figura 6.5 - Seleção de toras e controle de produção

34

Classificador de Toras ( 5 )

Com a finalidade de classificar as toras em diferentes diâmetros e/ou

comprimentos, o classificador é construído em forma modular, atendendo a

quantidade de boxes necessária. Composto de uma estrutura metálica robusta,

construída em perfis tubulares, dá suporte ao transportador de correntes que

transporta as toras até os boxes correspondentes, onde são depositadas pela ação

de desviadores mecânicos acionados por cilindros. O classificador pode ser

visualizado na figura 6.6.

Figura 6.6 - Classificador de toras

Sistema de Rejeição e Rampa de Descarte ( 6 )

A instalação, conforme figura 6.7, prevê a possibilidade de segregação das

toras que não apresentam as condições adequadas ao processo. Nesse caso, o

operador reverte o movimento do transportador que alimenta o descascador, e as

toras segregadas são direcionadas para um box através da rampa de descarte.

35

Figura 6.7 - Sistema de rejeição e rampa de descarte

Cabine / Painel de Comando ( 7 )

Um painel de comando opera toda a instalação. Colocado numa cabine alta,

com ótima visualização do operador, possibilita uma constante e fácil vigilância.

Através de uma IHM instalada no painel, o operador é capaz de realizar todas as

programações necessárias e demandadas pelo processo, além de um sinótico do

processo e seu perfeito funcionamento. Na parte inferior da cabine, estão os CCM’s

e demais dispositivos que controlam todo o processo. O painel de comando pode ser

observado na figura 6.8.

Figura 6.8 - Cabine/painel de comando

36

Transportador para Remoção de Cascas

Todos os resíduos provenientes do descascador são removidos e

transportados até um silo, através de um transportador de correia conforme figura

6.9. Esse material é posteriormente aproveitado para queima em um processo de

caldeiras, cujo calor proveniente é utilizado nas demais partes do processo.

Figura 6.9 - Transportador para remoção de cascas

37

7 RESULTADOS

7.1 Metodologia para automação de processos

Figura 7.1 - Fluxograma da metodologia de automação

Não

Não

Sim

Não

RELATÓRIO

COM PROPOSTA APRESENTAÇÃO

DA PROPOSTA

ESTUDAR O

PROCESSO

ESTUDO

OK ?

AUTO

INSTRUCIONAL

PLANEJAMENTO

DO PROJETO

PLANEJAR

OK?

AÇÕES

AÇÕES OK

CRIAÇÃO DOS

CENÁRIOS

INÍCIO DO PROJETO

Sim

Relatórios

Software

Software

Software

38

Para que o usuário possa desenvolver o projeto de um sistema especialista,

pode ser utilizada a seguinte metodologia, conforme descrita no fluxograma da figura

7.1:

7.1.1 Estudo do processo que se deseja automatizar

Deve-se estudar detalhadamente o processo que se desejar automatizar,

realizando-se uma coleta de dados com uma série de informações a respeito do

processo;

Utilizar para esta coleta de dados alguma ferramenta de Qualidade como

Diagrama de Árvore ou um Brainstorming;

É fundamental a participação do pessoal operacional, que podem ser

entrevistados ou reuni-los para uma reunião para coletar as variáveis de entrada;

Variáveis de Entrada

Produtividade

• Fazer uma estimativa da quantidade de peças que são produzidas (essa

quantidade pode ser mensal ou semanal ou diária ou por hora);

• Estimar qual o tempo necessário para a produção de uma determinada

quantidade de peças (essa quantidade pode ser mensal ou semanal ou

diária ou por hora);

• Fazer uma análise da qualidade das peças, ou seja, dentro de uma

determinada quantidade de peças produzidas (essa quantidade pode ser

mensal ou semanal ou diária ou por hora) qual a quantidade de peças

produzidas dentro das normas de qualidade exigidas, quantidade de

refugos, principais problemas apresentados e determinar a causa raiz

dos mesmos (pode ser utilizado um Diagrama Causa-Efeito – Ishikawa e

um Diagrama de Pareto);

39

Tempo de paradas

• Fazer uma estimativa de quanto tempo (esse tempo pode ser um tempo

médio mensal) o processo fica parado devido à manutenção corretiva,

falta de energia elétrica, matéria-prima, falta de manutenção preventiva,

problemas com mão-de-obra, etc;

• Utilizar um Diagrama Causa-Efeito, indicando como problema o “tempo

de parada”;

Infra – estrutura

• Fazer uma análise das instalações elétrica, mecânica, hidráulica e

pneumática do processo produtivo;

• Idealizar um Brainstorming com as seguintes questões como “as

instalações são suficientes para a implantação do sistema especialista ou

devem ser ampliadas?” e “o acesso a estas instalações é facilitado?”;

• Fazer uma análise do lay-out do processo;

Custos

• Analisar os custos com mão-de-obra, matéria-prima, instalação, energia

elétrica, manutenção e processo produtivo;

40

7.1.2 Estudo do auto-instrucional

Estudar as informações que compõe o auto-instrucional do software para

obtenção do conhecimento mínimo necessário em automação de processos

industriais. Esta fase compreende os seguintes estudos:

• Estudo da teoria de automação de processos industriais;

• Estudo dos equipamentos utilizados em automação de processos

industriais;

• Estudo de sistemas especialistas;

• Estudo sobre desenvolvimento de projeto, tomada de decisão e

gerenciamento da implantação de sistema especialista.

7.1.3 Estudo de processos semelhantes já automatizados

Estudar processos semelhantes, que já foram automatizados, para que se

tenha uma idéia de quais são os equipamentos necessários na automação do

processo e como será feita a automação do processo;

7.1.4 Probabilidade de sucesso na implantação do sistema especialista

Responder a uma série de perguntas para verificar qual é a probabilidade de

sucesso na implantação do sistema especialista, analisando todos os fatores

referentes à sua implantação;

41

7.1.5 Planejamento do sistema especialista

Fazer um planejamento minucioso da automação do processo como descrito

a seguir:

Lista de equipamentos e peças reposição

• Elaborar uma lista com os equipamentos elétricos, mecânicos e de

automação necessários para automatizar o processo;

• Estimar uma projeção de peças de reposição;

Esboço do processo automatizado

• Fazer um desenho simplificado do processo automatizado;

Informações sobre a execução do processo

• Obter informações com empreiteiras e integradores sobre o custo

elétrico, mecânico, da automação propriamente dita e start–up para

execução da automação do processo.

Cronograma

• Elaborar um cronograma para implantação do sistema especialista;

Manutenção do processo automatizado

• Identificar quem deve ser treinado para manutenção de primeiro nível,

corretiva e preventiva do sistema especialista e quais serão as rotinas de

manutenção;

42

7.1.6 Ações a serem tomadas para a gerar os cenários

Nesta fase devem ser tomadas ações baseadas no planejamento da

automação do processo com descritas a seguir:

Solicitar orçamento de equipamentos e peças

• Solicitar com fornecedores orçamento de preço dos todos os

equipamentos elétricos, mecânicos, de automação e peças de reposição

para automação do processo;

Treinamento

• Providenciar proposta e orçamento para o treinamento necessário após a

automação do processo;

Manutenção

• Providenciar proposta e orçamento para o treinamento de manutenção

do processo após a automação;

Utilização do software

• Elaborar vários cenários para análise de viabilidade econômica, sendo

que cada cenário refere-se a um tipo de sistema especialista (utilização

de equipamentos diferentes, fabricantes diferentes, métodos de

automatização diferentes);

• Utilizar o software para o cálculo do tempo de retorno de investimento

para o sistema especialista, margem de lucro, custo e preço de venda do

produto final com o processo automatizado.

• Imprimir os relatórios dispostos no software para anexar à proposta do

projeto do sistema especialista;

43

Contratação de empreiteira

• Contratar empreiteira para solicitar a melhoria e análise do ante-projeto.

7.1.7 Apresentação da proposta de automação

• Apresentar o relatório com a proposta de automação para aprovação.

7.2 Software

Tutorial do Software de Metodologia e Análise de Viabilidade Técnico-Econômica

para Automação de Processos na Indústria Madeireira

7.2.1 Considerações Iniciais

Visando uma maior interação com o usuário, o software foi implementado

buscando o que existe de tendência dentro das grandes empresas, a utilização do

browser como apoio para aplicativos simples e rápidos.

Desta forma, fica garantido que um número maior de usuário podem rodar

em suas estações de trabalho o programa e sem maiores problemas. Outra grande

vantagem é o fato de não necessitar de instalação.

Usando uma linguagem já conhecida por quase que totalidade dos usuários

de sistemas computacionais, o software apresenta cerca de 100 telas distribuídas

em dois principais tópicos: Auto Instrucional e Análise de Viabilidade.

O Auto instrucional possui dados de consulta sobre as áreas técnica,

administrativa e de equipamentos na área de automação.

44

A Análise de viabilidade é composta por uma série de tabelas para

levantamento de dados e confecção de cálculos econômicos e probabilísticos,

permitindo ao usuário a confecção de relatórios e simulações por cenários.

Um banner do software pode ser visualizado na figura 7.2.

Figura 7.2 Banner do Software

A seguir encontramos as principais telas e desenvolvimentos pertencentes

ao resultado final deste trabalho do software utilizado no auxílio da implementação

da metodologia de análise proposta.

7.2.2 Tela Inicial

Figura 7.3 Tela Principal

45

A estrutura de frames foi escolhida para auxiliar na navegação do software,

pois com a mesma podemos interagir com duas ou mais telas ao mesmo tempo,

aumentando a velocidade de acesso e reduzindo o caminho entre um processo e

outro. A tela principal do software pode ser visualizada na figura 7.3.

Na página inicial, temos a esquerda o frame do “Menu Principal”, de onde

partem todas as navegações de análise e consulta que o programa pode oferecer. O

menu principal do software pode ser observado na figura 7.4.

Para acessar alguma função basta apenas clicar sobre a opção desejada, no

final de cada frame iremos encontrar a opção “Voltar” que faz com que o usuário

retorne para a tela anterior. Se for de preferência do usuário poderá ser utilizado

também, as teclas de retorno do browser.

Figura 7.4 Menu Principal

A opção “Objetivos do projeto” e “Processo estudado” comentam sobre a

motivação pelo desenvolvimento do projeto e onde foram realizadas as pesquisas e

desenvolvimentos na área da indústria madeireira.

Conforme comentado anteriormente, encontramos as opções de Auto

instrucional e Análise de Viabilidade.

46

7.2.3 Auto instrucional

Figura 7.5 Link Auto Instrucional

Ao selecionarmos o link do Auto instrucional, um novo menu irá surgir no

local do “Menu Principal”, será o menu “Auto Instrucional”. A figura 7.5 mostra o link

do auto-instrucional.

Figura 7.6 Menu Auto Instrucional

Conforme indicado na figura 7.6, o Auto instrucional possui três subdivisões

que permitem ao usuário criar um pensamento crítico sobre um processo

automatizado. O resultado final das buscas pelas opções estruturadas no interior do

programa, será uma ficha técnica ou um paper sobre um assunto específico. A figura

7.7 mostra o exemplo de um paper e a figura 7.8 o exemplo de uma ficha técnica a

respeito de um determinado equipamento utilizado na automação de processos.

47

Figura 7.7 Exemplo de um Paper

Figura 7.8 Exemplo de uma Ficha Técnica

7.2.4 Análise de Viabilidade

Figura 7.9 Link da Análise de Viabilidade

Ao selecionarmos o link da Análise de viabilidade, o qual é mostrado na figura

7.9, um novo menu irá surgir no local do “Menu Principal”, será o menu “Análise de

Viabilidade”, o qual pode ser visto na figura 7.10.

48

Figura 7.10 Menu Análise de Viabilidade

A análise de viabilidade trabalha com a lógica de entrada de dados e inter-

relacionamento dos mesmo em cenários diferentes, podendo vir a simular três

cenários diferentes ao mesmo tempo.

No link “Dados Básicos” é onde será levantado os dados do processo atual,

no link “Simulações” iremos definir os três cenários necessários para uma análise

mais completada do processo.

7.2.5 Definindo Cenários

Cenários são ambientes onde poderemos simular diferentes contextos

econômicos sobre o processo a ser estudado, no caso do programa ele se

apresenta de duas formas diferentes:

• Criação de cenários variando preço de venda e margem de lucro

• Criação de cenários variando tempo de retorno e margem de lucro.

O usuário seleciona qual a política de variação de análise será melhor para

a construção dos cenários. Para a preencher os dados sobre o cenário, basta digitar

os valores nos campos em branco. A figura 7.11 mostra a tela de definição de

cenários e menu de simulações.

49

Figura 7.11 Exemplo da tela de definição de cenários

e menu de simulações

7.2.6 Relatórios

Outro ponto de grande importância é a confecção de relatórios.

O usuário poderá retirar relatórios finais sobre cada cenário separadamente

ou um comparativo entre os três cenários construídos, selecionando ainda qual a

melhor análise para seu caso (variando preço de venda e margem de lucro, ou

tempo de retorno e margem de lucro), conforme mostrado na figura 7.12.

50

Figura 7.12 Exemplo de relatório e menu de relatórios

Para imprimir o relatório podemos utilizar o recurso de impressão do

browser, ou seja, no menu superior do navegador, na opção Arquivo, devemos

selecionar a opção Imprimir. Ela já surgirá configurada para a impressão do relatório,

conforme indicado na figura 7.13.

Figura 7.13 Exemplo da Tela de Impressão

51

8 CONCLUSÃO

O projeto trouxe uma série de benefícios para a equipe. Inicialmente o projeto

trouxe informações sobre a indústria madeireira, o que não é muito difundido no

meio acadêmico. A indústria madeireira demonstrou ter um imenso potencial, com

tecnologias de ponta e grande volume de produção.

A orientação dos professores foi fundamental para que pudéssemos

desveicular as informações do Projeto Final de Graduação de bases somente

técnicas e utilizássemos informações administrativas e financeiras e, principalmente,

desenvolvêssemos um sistema especialista.

Fazendo-se uma análise crítica do projeto, pode ressaltar que os cálculos

econômicos podem ter tido um tratamento superficial, pois a generalização nem

sempre é o suficiente para determinado processo. Além disso, as informações do

auto-instrucional podem não estar de forma didática, conforme o nível de instrução

do usuário. O software foi delimitado para a criação de somente três cenários, mas

poderia ser criado um número maior de cenários para análise de viabilidade

econômica.

A análise da viabilidade econômica refere-se somente à modernidade de uma

determinada linha de produção ou máquina. Contudo, essa análise poderia ser

ampliada para investimento de novas máquinas ou novos produtos.

Pode-se dizer com base no que foi desenvolvido do projeto, que a análise de

viabilidade técnico-econômica para automação de processos contribui de forma

crítica na decisão final de se automatizar um determinado processo ou não, pois é

essa análise que dirá se existirão ou não ganhos qualitativos e/ou quantitativos de

produção além de ganhos econômicos decorrentes da automação do processo. Com

isso essa análise se torna fundamental na automação do processo, já que a

automação de um processo é na verdade um investimento e é ela quem vai dizer se

esse investimento é viável ou não.

52

Dessa forma acreditamos que todo esse trabalho desenvolvido em cima de

uma metodologia e análise de viabilidade técnico-econômica na automação de

processos possa realmente ser aplicado na automação de processos não apenas

em indústrias madeireiras, mas em outros setores industriais também, visto que na

maioria dos processos que são automatizados, não há uma ferramenta ou um

software que análise e mostre se realmente é viável a automação do processo e

como o mesmo deve ser automatizado.

53

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ITYS-FIDES, Bueno de Toledo Jr & Cia. Ltda, Estudos de Viabilidade

Econômica, 3ª. Edição, 1986, São Paulo.

2. WONNACOTT, Paul & Ronald, Manual de Economia, 2ª edição, 1984,

Makron Books, São Paulo.

3. SILVEIRA, Paulo Roberto da. Automação e Controle Discreto. Editora

Érica, São Paulo, 1998.

4. FILHO, André Franco Montoro. Manual de Economia. Editora Saraiva,

São Paulo, 1992.

5. MASSUN, Ignacio C. M. Visual Basic 3.0, Simples e Objetivo. Editora

Érica, São Paulo, 1999, 10ª Edição.

6. HELLER, Robert. Como Tomar Decisões - Série Sucesso Profissional.

Editora Publifolha, São Paulo, 2ª Edição.

7. Wiring Manual : Automation and Power Distribution. Klockner Moeller.

1997, 1ª Edição.

8. KELLER, Robert. Tecnologia de Sistemas Especialistas Desenvolvimento

e Aplicação. Editora Makron Books, São Paulo, 1991.