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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL DION TEIXEIRA SARAIVA COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO: BLOCOS CERÂMICOS X PAREDES DE CONCRETO MOLDADAS NO LOCAL JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ. 2019

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS – CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

DION TEIXEIRA SARAIVA

COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO: BLOCOS

CERÂMICOS X PAREDES DE CONCRETO MOLDADAS NO LOCAL

JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.

2019

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DION TEIXEIRA SARAIVA

COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO:

BLOCOS CERÂMICOS X PAREDES DE CONCRETO MOLDADAS NO

LOCAL

Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri - URCA

Orientador: Prof. Me. Jefferson Heráclito Alves de Souza

JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.

2019

DION TEXEIRA SARAIVA

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COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO: BLOCOS

CERÂMICOS X PAREDES DE CONCRETO MOLDADAS NO LOCAL

Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Pós-Graduação

em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri

Artigo aprovado, em __ / __ / 2019, pela banca examinadora:

_____________________________________________________________

Prof. Me. Jefferson Heráclito Alves de Souza

Orientador

_____________________________________________________________

Prof. Jefferson Luiz Alves Marinho

Examinador Interno

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COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO:

BLOCOS CERÂMICOS X PAREDES DE CONCRETO MOLDADAS NO

LOCAL

Dion Teixeira Saraiva1

Jefferson Heráclito Alves de Souza2

RESUMO: Este artigo apresenta-se como um estudo comparativo de custos e viabilidade construtiva com foco

em determinados itens de um orçamento sintético, analisando o método de processo construtivo tradicional de

alvenarias de tijolos cerâmicos e o método construtivo paredes de concreto moldadas no local. A comparação teve

como base um projeto de uma residência particular na cidade de Juazeiro do Norte - CE. Inicialmente foi

demostrado através de levantamento bibliográfico a rotina para execução das duas tecnologias construtivas,

seguido de um fluxograma esquematizado para o andamento do trabalho de pesquisa que obedece às seguintes

etapas: obtenção dos projetos, parametrização e descrição dos itens orçamentários, definição das composições,

orçamentação com os dois métodos em estudo, análise e comparação dos orçamentos e conclusões. Após análise

e comparação dos resultados, estes, efetuados com base na tabela de composições da SEINFRA e SINAPI,

mostraram que o método construtivo de paredes de concreto apresenta um valor elevado nas etapas de

superestruturas e aquisições de formas, enquanto o método construtivo tradicional apresenta valores muito mais

baratos na mesma etapa. Como os métodos apresentam fundações diferentes, a escolha da fundação adequada e o

método construtivo adequado poderá resultar em uma economia significativa no valor final da obra. Porém,

evidenciou-se que obras com grandes repetições podem considerar método de paredes de concreto como uma

primeira opção construtiva, considerando economia de custos e redução nos prazos de execução.

ABSTRACT: This article presents as a comparative study of costs and constructive feasibility focusing on certain

items of a synthetic budget, analyzing the method of traditional constructive process of ceramic brick masonry

and the constructive method of molded concrete walls at the site. The comparison was based on a project of a

private residence in the city of Juazeiro do Norte - CE. Initially, it was demonstrated through a bibliographical

survey the routine for the execution of the two constructive technologies, followed by a schematic flowchart for

the progress of the research that obeys the following steps: obtaining of the projects, parameterization and

description of the budget items, definition of the compositions, budgeting with the two methods in study, analysis

and comparison of budgets and conclusions. After analyzing and comparing the results, these results, based on

the SEINFRA and SINAPI composite’s table, showed that the concrete walls method presents a high value in the

superstructure and shape acquisitions stages, while the traditional constructional method presents values much

cheaper at the same stage. Since the methods have different foundations, choosing the right foundation and the

proper construction method can result in significant savings in the final value of the work. However, it was

evidenced that works with large repetitions can consider concrete walls method as a first constructive option,

considering cost savings and reduction in execution times.

Palavras-chave: Parede de concreto. Alvenaria de tijolos cerâmicos. Métodos construtivos.

1 INTRODUÇÃO

Devido ao grande volume de obras e empresas, tanto no setor da construção civil

brasileiro como no internacional, novas tecnologias surgem com o intuito de atender às

1 Pós-graduando em Gerenciamento da Construção Civil - URCA. Engenheiro Civil. Email:

[email protected] 2 Mestre em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Cariri. Especialista em Gestão

Pública pela Universidade Federal do Vale do São Francisco. Engenheiro Civil e Administrador de Empresas.

Email: [email protected]

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necessidades do mercado, dentre elas: redução de perdas, aumento de qualidade, velocidade no

processo construtivo, preservação do meio ambiente e outros.

O desperdício de mão de obra com retrabalhos e atividades não produtivas, bem como

de materiais, pedaços de madeira, pregos e resíduos diversos são substituídos pela execução

planejada, padronizada e com grande qualidade final. A utilização de formas reaproveitáveis,

que não geram entulho, e de recursos industrializados resultam em um maior controle do

impacto ambiental da obra (TÉCHNE, 2011).

A qualidade da alvenaria de vedação utilizando blocos cerâmicos depende de uma série

de fatores. Além da qualidade dos blocos, argamassas e demais materiais constituintes, são

determinantes as técnicas construtivas empregadas e a qualidade da mão de obra. Todos esses

aspectos devem ser considerados corretamente, de modo a satisfazer as necessidades dos

usuários, evitando-se problemas patológicos futuros. (TÉCHNE, 2000)

Dados da Caixa Econômica Federal mostram que o sistema construtivo que utiliza

paredes de concreto moldadas no local da obra tem estado em evidência no programa Minha

Casa Minha Vida, e que em 2014, esta tecnologia estava presente em 36% das unidades

produzidas e, a partir do segundo semestre de 2015, o percentual passou para mais de 52%

(CIMENTO ITAMBÉ, 2016).

“Antes da norma, já existia uma força produtiva intensa. A partir da NBR 16055, a

expectativa é que o mercado de construtoras absorva ainda mais a tecnologia e ela ganhe

mercado”, analisa o engenheiro civil Arnoldo Wendler, que foi o coordenador da nova norma.

(CIMENTO ITAMBÉ, 2012)

Com base nessas informações, este trabalho aborda um estudo comparativo de custo e

produtividade entre dois métodos construtivos: o primeiro, tradicional, com alvenaria de blocos

cerâmicos e o segundo alternativo, método construtivo paredes de concreto moldadas no local.

2 ALVENARIAS

A alvenaria está entre as mais antigas formas de construção empregadas pelo homem.

Desde a antiguidade ela tem sido utilizada largamente pelo ser humano em suas habitações,

monumentos e templos religiosos. Apesar do uso intenso da alvenaria, apenas no início do

século XX, por volta de 1920, passou-se a estudá-la com base em princípios científicos e

experimentação laboratorial. Esta postura possibilitou o desenvolvimento de teorias racionais

que fundamentam a arte de se projetar em alvenaria estrutural (ACCETTI, 1998).

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Rauber (2005) expõe que no final dos anos 40, foram iniciados estudos mais

aprofundados sobre estruturas de alvenaria na Europa. Nos anos 50, nos Estados Unidos,

iniciou-se o desenvolvimento de regras práticas para alvenaria, resultando na publicação de

códigos de construção.

Segundo Azeredo (1997, p. 125), alvenaria é toda obra constituída de pedras naturais,

tijolos ou blocos de concreto, ligados ou não por meio de argamassas e normalmente deve

oferecer condições de resistência, durabilidade e impermeabilidade. A utilização de tijolos

satisfaz plenamente as condições de resistência e durabilidade; a impermeabilização, nesse

caso, é obtida por meios artificiais, utilizando produtos específicos. As alvenarias podem ser

classificadas em: alvenaria de vedação e alvenaria estrutural.

Thomaz et al. (2009) dizem que as alvenarias de vedação são aquelas destinadas a

compartimentar espaços, preenchendo os vãos de estruturas de concreto armado, aço ou outras

estruturas. Ainda de acordo com esses autores, as alvenarias devem suportar tão somente o

peso próprio e cargas de utilização e devem apresentar adequada resistência às cargas laterais

estáticas e dinâmicas.

A seguir, exemplos de materiais que podem ser utilizados para elevação de alvenaria

de vedação.

Tijolo comum (também conhecido como tijolo de barro, tijolo cozido, ou tijolo

maciço): é fabricado com argila, conformado por extrusão ou prensagem, queimado

à temperatura que permita ao produto final atender às condições determinadas na

NBR 7170 (ABNT, 1983) - Tijolo maciço cerâmico para alvenaria;

Bloco cerâmico furado: pode ser com furos na horizontal (conhecido como tijolo

baiano, e de uso comum na região nordeste) ou com furos na vertical. Ambos são

regidos pela NBR 15270, partes 1, 2 e 3 (ABNT, 2005). De acordo com esta norma,

o bloco cerâmico de vedação deve ser fabricado por conformação plástica de

matéria-prima argilosa, contendo ou não aditivos, e queimado a elevadas

temperaturas;

Blocos de gesso, ou, ainda, gesso acartonado (paredes de drywall);

Blocos de vidro (com função mais voltada à estética); e outros.

Já a alvenaria estrutural é aquela que, além das cargas suportadas pela alvenaria de

vedação, são capazes de absorver esforços da estrutura como um todo. São também chamadas

de autoportantes. Exemplos de materiais deste tipo de alvenaria:

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Blocos de concreto podem ser utilizados com a função de vedação e com a função

estrutural. (ABNT - NBR 6136: 2014 - Blocos vazados de concreto simples para

alvenaria – Requisitos);

Blocos de sílico-calcário: são fabricados a partir da fusão da areia, fíler e cal virgem.

O processo de fabricação, prensagem e autoclavagem, proporcionam uma excelente

qualidade ao produto, e tem resistência mínima de 4,5MPa. (ABNT - NBR

14974:2005 – Bloco sílico-calcário para alvenaria Parte 1: Requisitos, dimensões e

método de ensaio);

Concreto em forma de painéis: paredes utilizando concreto armado, em formato de

painéis, podendo ser pré-moldadas ou concretadas in loco.

Os itens 2.1 e 2.2 tratam, respectivamente, de alvenaria de vedação de blocos cerâmicos

e de paredes de concreto, objetos do estudo comparativo proposto neste trabalho.

2.1 ALVENARIA DE VEDAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

No Brasil raramente existe variabilidade na construção de alvenarias, sendo largamente

utilizados blocos cerâmicos ou de concreto e argamassa de assentamento. O avanço construtivo

e desenvolvimento no setor ao longo dos últimos anos acarretaram em mudanças nestes

materiais. Tais avanços se deram para atender às exigências técnicas e torná-los mais eficientes

para a engenharia. Silva (2007) diz que no decorrer dessa evolução dos materiais, os principais

foram a argamassa industrializada e o bloco de concreto.

Para os blocos cerâmicos furados, as normas a seguir devem ser consideradas:

NBR 15270-1 (ABNT, 2005b): Componentes cerâmicos - Parte 1: Blocos cerâmicos

para alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos;

NBR 15270-2 (ABNT, 2005c): Componentes cerâmicos - Parte 2: Blocos cerâmicos

para alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos;

NBR 15270-3 (ABNT, 2005d): Componentes cerâmicos - Parte 3: Blocos cerâmicos

para alvenaria estrutural e de vedação - Métodos de ensaio;

NBR 8545 (ABNT, 1984): Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e

blocos cerâmicos – Procedimento.

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O bloco cerâmico de vedação deve trazer, obrigatoriamente, gravado em uma das suas

faces externas, a identificação do fabricante e do bloco, em baixo relevo ou reentrância, com

caracteres de no mínimo 5 mm de altura, sem que prejudique o seu uso, com:

a. Identificação da empresa;

b. Dimensões de fabricação em centímetros, na sequência largura (L), altura (H) e

comprimento (C), na forma (L x H x C).

A unidade de aquisição deste bloco é o milheiro, e geralmente a quantidade mínima é

de mil blocos por pedido. A norma prevê controle tecnológico de lotes de 1.000 a 100.000

blocos.

A resistência mínima dos blocos com furos na horizontal é de 1,5Mpa, de acordo com

a NBR 8545 (ABNT, 1984).

Esse bloco demanda uma mistura para ligar os elementos, denominada argamassa de

assentamento, que pode ser dos seguintes tipos:

Argamassas prontas ou Industrializadas: Estas já vêm prontas para aplicação. Um

exemplo é a argamassa polimérica;

Argamassas dosadas em obra:

o Comuns (mistura de cimento, cal hidratada e areia – média ou grossa): São as

argamassas de obra, e o traço varia com o bloco a ser assentado;

o Com aditivos: São derivações das argamassas comuns acrescidas de aditivos para

melhoria de desempenho, por exemplo.

A argamassa de assentamento, segundo a NBR 8545:1984 – Execução de alvenaria sem

função estrutural, deve ser plástica e ter consistência para suportar o peso dos tijolos e mantê-

los no alinhamento por ocasião do assentamento. O traço deve ser escolhido em função das

características dos materiais disponíveis na região, os materiais constituintes da argamassa e

seus respectivos armazenamentos, tais como dosagem, preparação e aplicação da mesma,

devem seguir as normas específicas.

2.1.1 Processo executivo da alvenaria de blocos cerâmicos

Thomaz et al (2009) recomendam que a execução da alvenaria de blocos cerâmicos

inicie pelos cantos externos, e seja modulado em direção ao centro.

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2.1.1.1 Marcação da alvenaria

A D2R Engenharia (2012) define que a marcação da alvenaria é a primeira etapa do

processo, ou seja, é a locação da primeira fiada. A marcação dos pontos deve ser feita de acordo

com o projeto arquitetônico de modo a garantir a linearidade da alvenaria. Antes da locação

deverá ser verificado o nivelamento do piso. Caso existam desníveis, é necessário remover o

excesso ou aplicar argamassa nas depressões.

Com base nos eixos de referência, e em cotas acumuladas a partir deles (de forma a

evitar a propagação de erros), as posições das paredes são marcadas inicialmente pelos seus

eixos, e depois pelas suas faces (THOMAZ et al. 2009).

Segundo a NBR 8545 as juntas verticais da primeira fiada sempre devem ser

preenchidas, ainda que o projeto preveja a eliminação das juntas nas fiadas subsequentes. “As

juntas de argamassa devem ter, no máximo, 10 mm e não devem apresentar vazios” (ABNT,

1984, p.10).

2.1.1.2 Elevação da alvenaria

“A elevação de cada parede deve contemplar os tipos de blocos, a quantidade de cada

um, as dimensões das aberturas, a posição de vergas e contravergas, o posicionamento de

eletrodutos e caixas de luz, telefone, antena, internet e outros, além dos detalhes de ligação

entre paredes e entre as paredes e a estrutura” (TÉCHNE, 2006, pág. 3)

Recomenda-se que as paredes do mesmo pavimento sejam executadas

simultaneamente, a fim de não sobrecarregar a estrutura de forma desbalanceada; é

aconselhável promover o levantamento de meia-altura da parede num dia e complementá-la no

dia seguinte, quando a primeira metade já ganhou certa resistência (THOMAZ et al. 2009).

2.1.1.3 Embutimento das instalações

Thomaz et al. (2009) apresentam diversos recursos para a execução dos sistemas

prediais, como o emprego de shafts, forros falsos, pisos suspensos, engrossamentos

sobressalentes às paredes, “bonecas”, emprego de blocos mais estreitos nos locais das

tubulações e outros. As tubulações tanto para instalação hidráulica como para instalação

elétrica, podem ser embutidas nos furos dos blocos cerâmicos de vedação (no caso de blocos

com furo vertical).

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2.1.1.4 Vergas e Contravergas

Os vãos na alvenaria que recebem janelas e portas são consideradas regiões de

concentração de tensões. Para reduzir o risco de surgirem fissuras nas paredes, é preciso,

portanto, melhorar a distribuição das cargas. Isso é obtido com o uso das chamadas vergas (na

parte superior) e contravergas (na parte inferior) (BUSIAN, 2013).

A Téchne (2013) define o processo de instalação de vergas e contravergas da seguinte

forma:

a) Verga: Para portas e janelas, a verga exige uma escora com a mesma altura do vão

apoiada na contraverga ou no piso. Por isso, é preciso esperar que o concreto perca sua

trabalhabilidade e ganhe resistência. Daí, com a colher de pedreiro, deve-se aplicar a argamassa

sobre o escoramento, coloque os blocos tipo canaleta e repita o processo da contraverga. O

tempo de cura é de até dez dias e deve ser informado pelo projetista.

b) Contraverga: O comprimento dessa peça deve ser, pelo menos, 40% maior do que o

vão. Os 20% adicionais, de cada lado, ficarão apoiados na alvenaria, consolidando o conjunto.

Preencher com concreto até que falte 4,0 cm para completar a canaleta e por último, adicionar

outros dois vergalhões com as mesmas características e preencher com concreto.

2.1.1.5 Fixações (Encunhamento)

A última fiada deve sempre constituir um espaço para a introdução do material de

fixação (conhecido normalmente por encunhamento) devendo, para tanto, empregar meio-

blocos, compensadores ou blocos tipo canaleta com o fundo na parte superior. O material de

fixação deve ser bem compactado no interior da junta, de forma a evitar-se a ocorrência de

destacamentos; ao projetista da alvenaria compete definir se toda a espessura da parede será

preenchida ou se serão constituídos apenas dois cordões laterais de argamassa de fixação

(THOMAZ et al. 2009).

2.2 PAREDES DE CONCRETO

Segundo a NBR 16055 (ABNT, 2012) parede de concreto é um elemento estrutural

autoportante, moldado no local, com comprimento maior que dez vezes sua espessura e capaz

de suportar carga no mesmo plano da parede.

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O sistema consiste na moldagem de paredes e lajes maciças de concreto armado com

telas metálicas centralizadas. A estrutura é dimensionada para cada projeto específico de

arquitetura do edifício. (TÉCHNE, 2011).

De acordo com parâmetros estabelecidos pela NBR 15575 - Edifícios habitacionais –

Desempenho, as paredes de concreto não representam bem suas exigências de conforto do

usuário, mas buscam garantir mínimas condições para habitação. Além disso, outro um fator

importante para se considerar é que a parede de concreto não apresenta versatilidade na

estrutura. (ABNT, 2013)

2.2.1 Processo executivo da parede de concreto

Para execução deste método, a NBR 16055 (ABNT, 2012) – Parede de concreto

moldada no local para a construção de edificações – Requisitos e procedimentos lista seus

requisitos gerais como devem constar do plano de qualidade de obra:

A relação de materiais com especificação, procedimentos de controle e aceitação;

A relação de serviços de execução controlados, e os respectivos procedimentos de

execução e inspeção;

A identificação das especificidades no que se refere à manutenção de formas.

2.2.1.1 Fundação para paredes de concreto

Segundo a Téchne (2009) a escolha do tipo de fundação depende do local do

empreendimento, de acordo com o clima, solo e geografia. A seleção deve considerar

segurança, estabilidade e durabilidade, além do alinhamento necessário para a produção das

paredes.

Alguns cuidados são essenciais na execução das fundações. Goés (2013) diz que, assim

como na desforma e em qualquer serviço, antes do início de determinado processo, é necessária

a conclusão de alguns aspectos, que são, para o caso do radier, compactação e nivelamento

adequado do solo. Posteriormente, o mesmo complementa que o lançamento de lona plástica,

cobrindo toda superfície onde a armação será assentada, é vital a conferência da integridade da

mesma. A forma do radier precisa estar montada, conferida e fixada. Todas as instalações

hidrossanitárias, elétricas e telefônicas enterradas devem estar concluídas.

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2.2.1.2 Marcação da laje

A marcação da laje consiste na primeira atividade deste processo de produção. Utiliza-

se barbante e “pó de xadrez” para sua realização. Para a separação dos painéis de forma instala-

se, com uma pistola chumbadora, espaçadores no chão. A garantia do ângulo reto entre as

paredes pode ser obtida através de um simples esquadro de carpintaria (ARÊAS, 2013).

2.2.1.3 Posicionamento de armaduras e telas

Deve-se assegurar que as esperas para fixação das telas de aço estejam posicionadas

adequadamente e a conclusão da fixação dos espaçadores e marcação dos limites das paredes

na laje. É importante a limpeza adequada do local do serviço. Além da limpeza, para ter acesso

ao local da execução, os equipamentos de proteção coletiva devem estar concluídos (GOÉS,

2013).

2.2.1.4 Sistemas de cofragem

A NBR 16055 (ABNT, 2012) afirma que deve ser dada atenção especial ao desmoldante

escolhido. O produto precisa ser adequado às suas respectivas superfícies, visando garantir que

o concreto não tenha aderência à forma, não deixar resíduos na superfície das paredes, não

alterar as características físicas e químicas do concreto e não degradar a superfície das formas.

2.2.1.5 Concretagem

De acordo com a NBR 16055, “O controle de aceitação do concreto no estado fresco

deve ser realizado pela determinação do abatimento do tronco do cone, prescrito na ABNT

NBR NM 67, com a frequência e a amostragem estabelecidas na NBR 12655/2015” (ABNT

2012, p. 33).

O lançamento deve ser iniciado por um dos cantos da edificação, até que uma

significativa parcela das paredes próximas ao ponto esteja totalmente cheia. Em seguida, muda-

se a posição em direção ao canto oposto, até que se complete o rodízio dos quatro cantos

opostos da estrutura. Finaliza-se a concretagem com o lançamento na linha mais elevada das

formas e dos oitões, para o caso de habitações térreas (COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO,

2011).

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A desmontagem das formas ocorre no mínimo após 12 horas da concretagem das

paredes, desde que o concreto apresente resistência mínima de 0,8 MPa; as formas são

desmontadas e retiradas do centro, no lado interno, em direção aos cantos. Logo após a

desenforma são feitas as correções das imperfeições nas paredes e os tamponamentos

necessários dos furos (TÉCHNE, 2011).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo ocorreu em uma obra de padrão médio que utiliza o sistema convencional

de paredes de alvenaria na cidade de Juazeiro do Norte-CE. Segundo dados obtidos no projeto,

a obra tem um projeto de área total de 150,00m² (5mx30m), área construída de 111,67m², área

útil de 99,70m², área de coberta de 117,59m², taxa de ocupação de 74,45%, e índice de

aproveitamento 0,74.

Segue um resumo enumerado de como foi considerado o cálculo para cada item

orçamentado nas duas planilhas orçamentárias:

a) Serviços preliminares: Obtido pela área do terreno especificados na caracterização da

obra para ambos os orçamentos;

b) Trabalhos em terra: Calculado com base nos volumes de concreto especificados no

projeto de fundação, para o orçamento em alvenaria de tijolos. Para o orçamento em

paredes de concreto, considerado 20cm de profundidade para o radier;

c) Infraestrutura: Calculado através dados do projeto de forma (volume das vigas

baldrame) para o orçamento em alvejaria de tijolos. Para o orçamento em paredes de

concreto, considerado uma lona plástica, forma para radier, concreto de 30MPa,

lançamento e aplicação do concreto e uma tela de aço para armadura negativa e positiva;

d) Superestrutura: Calculado com base nos dados do projeto estrutural (volume das vigas

e colunas) para o orçamento em alvenaria de tijolos. Para o orçamento em paredes de

concreto, foi considerado a área de alvenaria retirados do projeto arquitetônico;

e) Alvenarias e Fechamentos: Dados do projeto arquitetônico (área de alvenaria sem

considerar as áreas de esquadrias). Para o orçamento em paredes de concreto esta etapa

é poupada, como já mencionado anteriormente que esta etapa é “poupada”;

f) Esquadrias: Retirado do projeto arquitetônico para ambos os orçamentos.

g) Cobertura: Retirado do projeto arquitetônico para ambos os orçamentos;

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h) Impermeabilizações: Calculado pela área das vigas baldrame retirados do projeto

estrutural para o orçamento em alvenarias. Para o orçamento em paredes de concreto,

considerado impermeabilização lateral até 0,5m de altura nas paredes externas;

i) Revestimentos: Retirados do projeto arquitetônico (até 1,2m de altura nas áreas

molhadas e na cozinha) para ambos os orçamentos;

j) Piso: Calculado do projeto arquitetônico (áreas cobertas), com pavimentação rústica

com concreto de 9cm, porcelanato, rodapé e soleira, para o orçamento em alvenaria de

tijolos. Para o orçamento em paredes de concreto, a pavimentação rústica foi poupada

devido ao uso do radier na fundação;

k) Instalações Hidráulicas e Sanitárias: Retirados do projeto de instalações hidráulicas (e

adaptados segundo os itens disponíveis na tabela da SEINFRA, 2017, v.024, sem

desoneração) para ambos os orçamentos quantitativos e diâmetros de: tubos, joelhos,

adaptadores, luvas de redução, tês, entre outros e instalação de esgotos e águas pluviais

e louças e metais retirados do projeto arquitetônico para ambos os casos;

l) Instalações elétricas: Retirados do projeto de Instalações elétricas: Caixa de ligação,

quadro de distribuição, eletrodutos (com diâmetro e metragem), caixas de passagem,

disjuntores, interruptores, tomadas, entre outros para ambos os orçamentos;

m) Serviços diversos: Limpeza geral do terreno (área total do terreno) retirado do projeto

arquitetônico para ambos os orçamentos;

n) Total Geral: Somatório dos itens orçamentários com adição do BDI no valor de 16%

em ambos os orçamentos.

3.2 ESTUDO COMPARATIVO

O fluxograma apresentado na Figura 1 resume as diretrizes tomadas durante o estudo.

Figura 1: Fluxograma de atividades do estudo

Fonte: Autor, 2019

Obtenção dos projetos

Parametrização e descrição dos

itens orçamentários

Definição das composições

Orçamentação com os dois métodos em

estudo

Análise e comparação

dos orçamentos

Conclusões

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3.2.2 Parametrização e descrição dos itens orçamentários

Para o orçamento, este trabalho teve como fonte de dados principal a Tabela de Custos

da Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará (SEINFRA) atualmente vigente, de número

024, não desonerada, considerando encargos de 116,33%.

Foram considerados os itens essenciais para a comparação, sendo alguns tópicos

dispensáveis, pois são constantes ou indiferentes para a pesquisa. No Quadro 1 tem-se uma

comparação esquematizada de acordo com os sistemas construtivos considerados na sua forma

padrão:

Quadro 1: Representação dos elementos dos métodos de alvenaria e paredes de concreto.

ALVENARIA DE TIJOLO CERÂMICO PAREDE DE CONCRETO

Alvenaria de tijolos Concreto

Tijolo Agregado miúdo Agregado Graúdo Água

Cimento Água Agregado miúdo Aditivo

Revestimento da Alvenaria Cimento Armadura

Chapisco Reboco

Emboço

Acabamento da parede Acabamento da parede

Selamento Pintura Selamento Pintura

Emassamento Emassamento

Fonte: Autor, 2019

3.2.3 Definição das composições

O quantitativo de insumos para a execução da alvenaria tradicional, Tabela 1, foram

retirados dos projetos arquitetônico e estrutural, cedidos pelo projetista responsável.

Tabela 1: Quantitativos de insumos para alvenaria tradicional retirados dos projetos arquitetônico e estrutural.

Área de forma: 9,63m²

Aço CA-60 5mm: 170kg

Aço CA-50 8e10mm: 443,6kg

Aço CA-50 12mm: 13,4kg

Volume de Concreto: 13,03m³

Área de alvenaria: 249,58m²

Vergas e CV: 0,16209m³

Fonte: Adaptado de Thiago Ivo Engenharia e Empresa Projetta

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O pé-direito adotado foi de 2,8m para o cálculo da área de alvenaria. Para o cálculo de

vergas e contravergas, como no projeto foi definido os trespasses de 40% nas esquadrias, foi

calculado o volume considerando 9cm de largura, 5cm de altura e o comprimento total das

vergas e contravergas retiradas a partir do quadro de esquadrias.

O tipo de forma adotado foi o de compensado, pois devido ao estudo ser focado na

construção de uma unidade residencial, pode-se utilizar um material de menor durabilidade. A

escolha da forma pode ser feita pelo custo da obra, das formas e pelo grau de repetições de uso

das peças.

Através da planilha orçamentária destinada aos serviços de alvenaria convencional e

paredes de concreto foi possível conhecer o valor unitário atualizado de cada serviço para

posterior comparação e análise.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os orçamentos foram efetuados com base na planilha 024 disponibilizada no site da

SEINFRA durante o mês de abril de 2017. Os valores de mão de obra e materiais já estão

inclusos em cada item com seus sub encargos, gerando uma lista de itens mais resumida. As

Tabelas 2 e 3 mostram os custos da alvenaria convencional e da parede de concreto,

respectivamente.

Tabela 2: Custos dos serviços para alvenaria convencional.

1 - Serviços Preliminares R$ 1.083

2 - Trabalhos em Terra R$ 1.236,44

3 – Infraestrutura R$ 14.400,967

4 – Superestrutura R$ 11.488,79

5 – Alvenarias e Fechamentos R$ 32.142,15

6 – Esquadrias R$ 6.381,12

7 – Cobertura R$ 10.421,8

8 – Impermeabilizações R$ 759,82

9 – Revestimentos R$ 1.683,05

10 – Piso R$ 19.747,36

11 – Instalações Hidráulicas e Sanitárias R$ 10.776,64

12 – Instalações Elétricas R$ 8.329,30

13 – Serviços Diversos R$ 1.108,50

14 – TOTAL GERAL R$ 138.688,38

Fonte: Autor, 2019

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Tabela 3: Custo dos serviços para paredes de concreto.

1 - Serviços preliminares R$ 1.083

2 - Trabalhos em terra R$ 2.903,6

3 – Infraestrutura R$ 15.584,67

4 – Superestrutura R$ 45.590,45

5 – Alvenarias e Fechamentos R$ 0,00

6 – Esquadrias R$ 6.381,12

7 – Cobertura R$ 10.421,8

8 – Impermeabilizações R$ 1.733,44

9 – Revestimentos R$ 1683,05

10 – Piso R$ 10.403,20

11 – Instalações Hidráulicas e Sanitárias R$ 10.776,64

12 – Instalações Elétricas R$ 8.329,30

13 – Serviços diversos R$ 1.108,50

14 – TOTAL GERAL R$ 134.558,59

Fonte: Autor, 2019

O custo da obra com alvenaria convencional foi de R$ 138.688,38, conforme pode ser

verificado na Tabela 2. Para o comparativo, a maioria dos itens orçamentários foi mantida

constante, pois o estudo foca o comparativo de custos e a viabilidade construtiva de alvenaria

de blocos cerâmicos e paredes de concreto, assim o custo da obra em paredes de concreto atinge

um valor de R$134.558,59 (Tabela 3).

Assim, tem-se que o preço unitário da alvenaria convencional custa R$128,09, enquanto

o preço unitário da parede de concreto chega a R$ 181,06.

O custo da superestrutura somada com a alvenaria em tijolos é de R$ 43.630,94, e a

superestrutura em paredes de concreto é de R$ 45.590,45, respectivamente, sendo este valor

para paredes de concreto não tão superior quando comparado à alvenaria convencional. Porém,

este tipo de tecnologia ainda pode ser uma alternativa construtiva a se considerar, quando

considerados alguns fatores que implicam em mudanças de tomada de decisão tanto para a

tecnologia e estrutura, quanto para materiais que serão utilizados na obra, pois são fatores que

influenciam diretamente no planejamento e cronograma no decorrer da obra e durante toda a

vida útil depois de entregue.

5 CONCLUSÕES

Ao comparar os orçamentos sintéticos estabelecidos no projeto (com método

construtivo de alvenaria de tijolos cerâmicos e outro com método construtivo de parede de

concreto) o comparativo de custo apresentou valores finais praticamente iguais. Este

comparativo, pôde ser realizado através dos projetos coletados durante o início do estudo.

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Os orçamentos sintéticos apresentaram valores semelhantes ao analítico disponibilizado

pelas empresas, então é possível afirmar que o sistema em paredes de concreto se torna uma

alternativa considerável para a construção na região do Cariri, baseado no estudo comparativo

demonstrado. Porém, deve-se enfatizar que esta tecnologia é fortemente indicada e utilizada

em obras que demandam grande quantidade de repetições, como condomínios, obras verticais,

programas habitacionais e outros. Como citado anteriormente, esta tecnologia está em um

grande desenvolvimento devido sua norma ainda ser recente e a expectativa é de o mercado e

as construtoras absorvam ainda mais esta prática nova entre as construções brasileiras.

Deve-se lembrar que vários outros fatores podem influenciar na escolha de um método

construtivo, como resistência do solo. Sabendo-se da qualidade do mesmo, a fundação poderá

apresentar diferentes dimensões, acarretando em maiores ou menores volumes de concreto e

aço.

Pode-se perceber também que, ao comparar os dois orçamentos, seus preços se

balanceiam, pois, o método construtivo de parede de concreto oferece uma alternativa rápida e

objetiva (buscando atender determinada situação), com preços baixos de mão de obra se

equilibrando com o preço um pouco mais elevado de insumos, enquanto o método tradicional

de alvenaria de tijolos oferece maiores confortos e maior versatilidade, porém com tempo de

construção mais elevado, acumulando mais mão de obra no orçamento.

Por fim, alguns futuros trabalhos poderiam dar continuidade ao estudo, como

implementações em softwares de gerenciamento de obras (MS Project), orçamentos,

compatibilizações de projetos (Navisworks), implementações em plataformas BIM (Revit

Architecture e MEP, que abordam a modelagem arquitetônica, mecânica, elétrica e hidráulica,

respectivamente), entre outros softwares alternativos que podemos encontrar no mercado

mundial. Poderia também ser uma alternativa de continuidade a comparação projetada no

gráfico de Gant contabilizando as etapas construtivas em cada item de serviço, entre outras

ideias que abordem gerenciamento de obra e métodos construtivos em softwares.

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