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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CCS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Leandro Vinicius Fernandes de Morais Atividade antimicrobiana e antioxidante de Licania rigida e Turnera ulmifolia. Natal RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Leandro Vinicius Fernandes de Morais

Atividade antimicrobiana e antioxidante de Licania rigida e Turnera ulmifolia.

Natal – RN

Leandro Vinicius Fernandes de Morais

Atividade antimicrobiana e antioxidante de Licania rigida e Turnera ulmifolia.

Autor discente: Leandro Vinicius Fernandes de Morais

Orientador(a): Profª. Drª Maria das Graças Almeida

Coorientador(a): Profª. Drª Gerlane Coelho Bernardo Guerra

Natal – RN

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas

da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – UFRN, como parte dos requisitos

para obtenção do grau de Mestre

Morais, Leandro Vinicius Fernandes de. Atividade antimicrobiana e antioxidante de Licania rigida e Turneraulmifolia / Leandro Vinicius Fernandes de Morais. - Natal, 2015. 63f: il.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria das Graças Almeida. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em CiênciasFarmacêuticas. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal doRio Grande do Norte.

1. Antibacterianos - Dissertação. 2. Licania rigida - Dissertação. 3.Turnera ulmifolia - Dissertação. I. Almeida, Maria das Graças. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 615.281.9

Catalogação da Publicação na FonteUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Folha de Aprovação

Dedicatória

Deus, por sempre atender as minhas preces, com a

resposta mais sabia aos anseios do meu espirito. A

minha família por sempre caminhar ao meu lado na

busca pelos meus sonhos. A meus amigos,

companheiros eternos, que encontramos pelos

nossos caminhos e levamos por toda nossa

existência.

Agradecimentos

Primeiramente e sempre a Deus, por sua infinita graça em todas as minhas decisões

e pelo amor incondicional mostrado a cada momento da minha vida.

Aos meus pais, José Evilázaro e Liduina Fernandes, por todos os preciosos

ensinamentos, que transcendem todas as palavras de agradecimentos que posam

ser ditas.

Aos meus irmãos Túlio e Gabriela, que em todos os momentos foram meus

melhores amigos e sempre com uma palavra amiga ou um conselho me apoiaram

para nunca desistir.

A Cristiano, Luzia, João Batista, Genilma, Edson, por todo o apoio e paciência

dedicados a mim.

A toda a minha família em Apodi, por toda a confiança dedicada, essencial na

concretização das realizações.

A profa. Maria das Graças Almeida, pela orientação e conselho para a construção

deste trabalho e pelo direcionamento em todo o mestrado.

A Profª. Drª Gerlane Coelho Bernardo Guerra, pelo apoio na construção desse

trabalho.

A coordenação do programa de pós-graduação em ciências farmacêuticas, pela

oportunidade da realização do mestrado.

Ao Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas na pessoa da Profa. Drª.

Ana Claudia Ana Claudia Galvao Freire Gouveia por toda a atenção desprendida.

A Elizabeth Cristina Gomes Dos Santos, por não ter medido esforços em todas as

fases do mestrado e por ser uma amiga que ofereceu apoio quando se fez mais

necessário.

Ao Gabriel Araújo da Silva, pela ajuda e pelos conselhos indispensáveis para toda

a elaboração desse projeto.

A todos os que fazem parte do laboratório de farmacologia da UFRN, pela ajuda

com os experimentos lá realizados.

Ao padre Carlos e Giovane ao ajudar na coleta da oiticica em Santana.

Ao Prof. Guilherme Chaves e Walicyranison Plínio na execução dos ensaios

antifúngicos.

A Dona Ana Auxiliadora Fernandes de Vieira e Washington Fernandes da

Rocha, por toda a ajuda prestada com os cuidados dos animais.

Ao Miguel em nome do LASID, ao contribuir com os ensaios antimicrobianos.

A todos que fazem parte do laboratório de farmacognosia, por permitir parte da

realização dos experimentos em suas dependências.

Aos colegas de mestrado por compartilharem todas as experiências vivenciadas.

Aos meus amigos, Antonnyo Palmielly, Lílian Solon e Themístocles Negreiros,

pela amizade, apoio dedicado, momentos hilários e discussões científicas

inimagináveis.

A Aureliana e Fábia, pelo auxílio prestado.

Aos prof. George Queiroz de Brito, profa. Paula da Silva Kujubida, profa. Aline

Schwarz, Bruna Zanetti e Juliana Medeiros, pela oportunidade única de estagiar

na disciplina de toxicologia, na qual aprendi bastante.

A todos que fazem e fizeram parte do LABMULT: Ana, Freire, Marcela, Fabricio,

Carol, Ciele, Karla, Gustavo, Heglayne, Leila, Libne, Rita, Melina, Thamara,

Yonara, Felipe, Clelio.

A José Benilson de Martins Macedo e Maria Aparecida do Nascimento, pela

ajuda prestada.

Ao Rand Randall Martins pela orientação em todo este trabalho e pelos

importantes conselhos.

Aos colegas José Evandro e Everton do Sacramento, pela descontração de

sempre.

A CAPES pelo auxílio financeiro durante o mestrado.

A todos aqueles que acreditaram e de alguma forma colaboraram com a realização

desse projeto.

Resumo

Introdução: Licania rigida Benth e a Turnera ulmifolia Linn. var. elegans são

espécies de plantas regionais do semiárido empregadas no tratamento de

diversas doenças. Objetivos: O intuito desse trabalho foi caracterizar

quimicamente os extratos e suas frações, e investigar o potencial antimicrobiano e

antioxidante. Metodologia: Para a análise química foi realizada a quantificação

total de compostos fenólicos por espectrofotometria e a caracterização

cromatográfica dos extratos e frações. A avaliação da atividade antioxidante foi

realizada pela determinação da capacidade de sequestro do radical DPPH. A

atividade antimicrobiana foi avaliada pelos ensaios de difusão em ágar,

microdiluição em caldo e cinética de morte. Resultados: Os extratos e frações de

L. rigida e T. ulmifolia apresentaram elevado conteúdo fenólico, com a presença

de flavonoides, dos quais foram determinados como marcadores químicos.

Observou-se que os extratos de ambas as espécies agiram como agentes

sequestradores no ensaio da atividade antioxidante in vitro. O extrato da L. rigida

foi a única ativa contra cepas de S. aureus, S. aureus meticilina resistente, S.

epidermidis, e as leveduras, Candida albicans, Candida dubliniensis, Candida

tropicalis, Candida parapsilosis, Candida rugosa, Candida krusei e Trichosporon

asahii. Conclusão: Com base nesses resultados é possível afirmar que atividade

antioxidante e antimicrobiana possivelmente é atribuída a presença de

polifenólicos e flavonoides evidenciados nos extratos e frações.

Palavras-chave: Turnera ulmifolia, Licania rigida, antibacteriano, antifúngico,

antioxidante.

Abstract

Introduction: Licania rigida Benth and Turnera ulmifolia Linn. var. elegans are

species of semi-arid regional plants used in the treatment of various diseases.

Objectives: The purpose of this study was chemically characterize the extracts and

fractions and investigate the antimicrobial and antioxidant potential. Methods: For

chemical analysis, were performed spectrophotometric quantification of the total

phenolic and characterization of the extracts by chromatographic analysis. Evaluation

of antioxidant activity was done by determining the radical scavenging capacity

DPPH •. Antimicrobial activity was evaluated by agar diffusion, broth microdilutionand

time-kill assays. Results: The extracts and fractions L. rigid and T. ulmifolia showed

a high phenolic content, the presence of flavonoids, which were determined as

chemical markers. It was observed that the extracts of both species performed as

sequestering agents in the trial of antioxidant activity in vitro. The L. rigida extract

was the only active front strains of S. aureus 33591 (methicillin-resistant), S. aureus

29213, S. epidermidis 12228, and also against the yeast, Candida albicans, Candida

dubliniensis, Candida tropicalis, Candida parapsilosis, Candida rugosa, Candida

krusei eTrichosporon asahii. Conclusions: Based on these results it is possibly

affirm the antioxidant and antimicrobial activity of L. rigida and attributed the

presence of polyphenolic flavonoid like responsible.

Keywords: Turnera ulmifolia, Licania rigida, antibacterial, antifungal, antioxidant.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Curva de calibração do Ácido Gálico .................................................... 35

Figura 2: Cromatograma padrão do método empregado nas análises ................ 37

Figura 3: Cromatograma gerado pela análise do EBTU ..................................... 38

Figura 4: Cromatograma gerado pela análise da FATU ...................................... 38

Figura 5: Cromatograma gerado pela análise do EBLR ...................................... 39

Figura 6: Cromatograma gerado pela análise da FALR ....................................... 39

Figura 7: Triagem da atividade antibacteriana. .................................................... 43

Figura 8: Cinética de morte de bactérias do gênero Staphylococcus tratados com

EBLR e FALR ....................................................................................... 46

Figura 9: Cinética de morte da C. krusei tratada com EBLR e FALR .................. 49

Lista de Tabelas

Tabela 1: Variação do gradiente do sistema solvente da análise em CLAE ........... 30

Tabela 2: Concentrações de fenólicos totais pelo método de Folin-Ciocalteau ...... 35

Tabela 3: Dados dos padrões identificados por CLAE ............................................ 37

Tabela 4: Concentrações de Flavonoides totais ..................................................... 40

Tabela 5: Atividade antioxidante in vitro pelo metódo do DPPH ............................. 40

Tabela 6: Triagem da atividade antimicrobiana, pelo método de difusão em ágar . 42

Tabela 7: Concentração inibitória mínima do EBLR e FALR, pelo método de

microdiluição .......................................................................................... 44

Tabela 8: Concentração inibitória mínima da EBLR e FALR contra leveduras, pelo

método de microdiluição ........................................................................ 45

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

•OH – Radical Hidroxil

1O2 – Oxigênio Singlet

AMH - Ágar Mueller Hinton

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASD - Ágar Sabouraud Dextrose

ATCC - American Type Culture Collection

CEUA - Comissão de Ética no Uso de Animais

CIM - Concentração Inibitória Mínima

CLAE-DAD - Cromatografia Líquida De Alta Eficiência Acoplada A Detector De

Arranjo de Diodo.

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute

DMSO – Dimetilsulfóxido

DNA – Deoxyribonucleic acid

DPPH• - Radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazila

EBLR - Extrato bruto L. rigida

EBTU - Extrato bruto T. ulmifolia,

ERO - Espécies Reativas Do Oxigênio

FAD – Foto Arranjo de Diodo

FALR - Fração Acetato de Etila de L. rigida

FATU - Fração Acetato de Etila de T. ulmifolia

FHLR – Fração Hexânica L. rigida

FHTU – Fração Hexânica T. ulmifolia

FRLR – Fração Resiual Licania rigida

FRTU – Fração Residual Turnera ulmifolia

GPx - Glutationa Peroxidase

GR - Glutationa Redutase

GSH - Glutationa Reduzida

GSSG – Glutationa Oxidada

H2O2 – Peróxido de Hidrogênio

HNE - 4-hidroxinonenal

HOO• - Radical Peroxila

I.N.T - 2- (4- iodofenil) - 3-(4-nitrofenol)-5-cloreto de fenil tetrazólio

L• - Radical Lipídico

LH – Ácidos Graxos Poliinsaturado

LO• - Radical Alcooxil

LOO• - Radical Peroxil

LOOH - Hidroperóxidos Lipídicos

MDA - Malondialdeído

O2•¯ - Radical Ânion Superóxido

OMS – Organização Mundial de Saúde

O2 – Oxigênio

SAMR - Staphylococcus aureus Resistente a Meticilina

SISBIO - Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade

SOD - Superóxido Dismutase

TCA - Ácido Tricloroacético

TTC - Cloreto de Trifeniltetrazólio

UFC - Unidades Formadoras de Colônias

Vit.E• Radical Tocoferol

YPD - Extrato de Levedura Suplementado com Peptona e Dextrose

γ-GT - Gama Glutamil Transferase

Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 16

2.1 Licania rigida Benth .............................................................................................................................. 16

2.2 Turnera ulmifolia Linn. var. elegans ..................................................................................................... 17

2.3 Espécies Reativas e Estresse Oxidativo ................................................................................................ 18

2.4 Sistema de Defesa Antioxidante ........................................................................................................... 20

2.4.1 Antioxidantes enzimáticos .............................................................................................................. 21

2.4.2 Antioxidantes Naturais ................................................................................................................... 23

2.5 Atividade antimicrobiana de produtos naturais ................................................................................... 24

3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 27

3.1 Objetivo Geral .................................................................................................................................... 27

3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................................... 27

4. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 28

4.1 Obtenção do Material vegetal e preparo do extrato vegetal ............................................................ 28

4.2 Obtenção das fases orgânicas ........................................................................................................... 29

4.3 Determinação do teor de Polifenólicos totais ................................................................................... 29

4.4 Análise da composição química por Cromatografia líquida de alta eficiência ( CLAE-DAD) ............. 29

4.5 Capacidade de sequestro de radicais livres pelo teste do DPPH ....................................................... 30

4.6 Ensaios de atividade antimicrobiana ................................................................................................. 31

4.6.1 Micro-organismos ..................................................................................................................... 31

4.6.2 Preparo do inóculo microbiano ................................................................................................. 31

4.6.3 Teste de triagem antibacteriana por difusão em ágar .............................................................. 32

4.6.4 Determinação da concentração inibitória mínima por microdiluição ...................................... 32

4.6.5 Determinação da Ação bactericida e fungicida ......................................................................... 33

4.6.6 Cinética de morte microbiana ................................................................................................... 33

4.7 Análise estatística .............................................................................................................................. 34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 35

5.1 Análise fitoquímica ............................................................................................................................ 35

5.2 Ativdade antioxidante ....................................................................................................................... 40

5.3 Atividade antimicrobiana................................................................................................................... 41

6. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 52

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 53

8. APÊNDICE .................................................................................................................. 60

14

1. INTRODUÇÃO

As plantas e seus subprodutos mostram-se presentes nas práticas humanas

desde tempos imemoráveis, seja como fonte energética ou como um dos primeiros

meios terapêuticos, atualmente vigente em sistemas médicos milenares, como a

medicina chinesa, tibetana, iraniana, asteca e indiana – ayurvédica ( PINTO,

2005;HAYTA; POLAT; SELVI, 2014; JUNIOR; MACIEL).

Esse conhecimento da medicina tradicional vem sendo transmitido ao longo dos

séculos, principalmente por ser fortemente arreigado a hábitos culturais da

população a qual pratica, e continuamente é reorganizado, a fim de adequar – se as

necessidades de um mundo globalizado, buscando equiparar a sua importância a da

medicina alopática. O uso desses recursos terapêuticos ocorre primariamente de

forma alternativa a medicina convencional, e mais pronunciadamente ao combate a

doenças negligenciadas (HEINRICH, 2010).

Dessa forma, seu uso concentra-se principalmente em países em

desenvolvimento, os quais as plantas medicinais são amplamente utilizadas na

atenção primária à saúde (APS). Nesses países, elas são usadas na forma bruta

(não processadas), como chás, fitoterápicos (extratos padronizados e formulados de

plantas) (GURIB-FAKIM, 2006).

Nesse contexto, a organização mundial de saúde (OMS) reconhece que grande

parte da população dos países em desenvolvimento depende da medicina

tradicional para sua atenção primária, tendo em vista que 80% desta população

utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes

empregam plantas ou suas preparações (BRASIL et al., 2006, 2012).

Entretanto, o uso de plantas medicinais não se limita apenas como meio

terapêutico, destaca-se também sua importância para a pesquisa farmacológica e o

desenvolvimento de drogas, como matérias-primas para a síntese, ou modelos para

compostos farmacologicamente ativos (BRASIL et al., 2006).

Estima-se que aproximadamente 40% dos medicamentos disponíveis, no ano de

2000, foram desenvolvidos direta ou indiretamente a partir de fontes naturais, assim

subdivididos: 25% de plantas, 12% de micro-organismos e 3% de animais

(CALIXTO, 2000).

15

Nesse aspecto, a biodiversidade sobreleva-se como uma das principais fontes de

possíveis fármacos, dessa forma, há grande demanda por estudos que almejam

esclarecer e assegurar o uso racional de vegetais aos quais são atribuídos

propriedades farmacológicas, principalmente os de regiões pouco conhecidas. O

Brasil é um dos líderes nesse tipo de pesquisa, visto que detém a maior diversidade

biológica de plantas do mundo, com cerca de 60.000 espécies vegetais superiores

catalogadas e apenas 8% foram investigadas em relação a sua composição química

(FÁTIMA et al., 2006).

A investigação das propriedades farmacológicas das espécies vegetais presentes

na região semiárida é uma meta científica brasileira, fixada principalmente para o

bioma da caatinga, devido essa apresentar extrema heterogeneidade da sua

fisionomia vegetal e composição florística, além da escassez de estudos que visam

elucidar o verdadeiro potencial de sua biodiversidade (FÁTIMA et al., 2006).

Derivando-se dessa perspectiva científica, insere-se o uso popular da oiticica

(Licania rigida Benth) e da chanana (Turnera ulmifolia Linn. var. elegans), espécies

oriundas do semiárido brasileiro, que são empregadas no tratamento da diabetes e

de processos inflamatórios, doenças essas caracterizadas como crônico-

degenerativas com o envolvimento de espécies reativas de oxigênio(BRITO et al.,

2012).

Outro motivador para a realização desse estudo, é a escassez de projetos que

almejam evidenciar a atividade antimicrobiana dessas espécies, uma vez que existe

urgência para obter-se novos antimicrobianos, e possivelmente, essas espécies

possam deter atividade antimicrobiana devido a capacidade dos compostos que

possui atividade antioxidante, também mostrarem-se ativos contra micro-organismos

patogênicos, como o fenômeno apresentado pelos compostos fenólicos e

terpenoides (SALEEM et al., 2010) .

Portanto, o trabalho apresentado visou elucidar a composição química, o

potencial antioxidante e antimicrobiano das espécies supracitadas. O nosso grupo

de pesquisa já possui trabalhos publicados nessa área, como Nascimento et al.,

2006, que estudou a atividade antioxidante de extratos de Turnera ulmifolia, e Brito

et.al., 2012 que buscou avaliar o seu potencial antioxidante in vivo (SZEWCZYK;

ZIDORN, 2014).

16

2. Revisão bibliográfica

2.1 Licania rigida Benth

Licania rigida Benth (L. rigida Benth); popularmente conhecida como oiticica,

pertence à família Chrysobalanaceae da ordem Rosales e superordem Rosiflorae,

são composta de 17 gêneros e cerca de 450 espécies de hábitos arbustivo e

arbóreo distribuídas em regiões tropicais e subtropicais. No nordeste brasileiro,

encontram-se algumas dessas espécies, como por exemplo: L. rigida Benth., L.

tomentosa (Benth.) Fritsch e Couepia impressa Prance (CORRÊA; PENNA, 1984).

A oiticica apresenta-se como uma árvore de grande porte, podendo atingir até 15

m de altura, com folhas alternas, pecioladas, oblongo-lanceoladas, ásperas,

quebradiças, tomentosas nas faces e com nervuras pronunciadas. Suas flores são

amarelas com 2,5 a 3,5 mm de comprimento, em pequenos grupos, sésseis em

ramos primários da inflorescência (CORRÊA; PENNA, 1984).

Os frutos dessa planta são drupáceos elípticos, com 4 a 5,5 cm de comprimento;

epicarpo liso, seco e verde, mesmo quando maduro; mas tornam-se marrom

esverdeado quando seco. O fruto comporta uma única semente, com formato igual

ao fruto (CORRÊA; PENNA, 1984; QUEIROGA et al., 2013).

Os principais relatos de uso da oiticica referem-se à produção artesanal de

móveis, empregando madeira proveniente de seus troncos, e o uso frutos

empregados na produção industrial de óleo secativo da amêndoa, utilizado pelas

indústrias de tintas, vernizes e na fabricação de sabão, mas em decorrência ao

encerramento das atividades industriais, a exploração dessa cultura foi praticamente

abandonada (BEZERRA et al., 2008; QUEIROGA et al., 2013).

Apesar do uso popular disseminado, há poucos estudos que buscam validar o

potencial farmacológico da L. rigida, os relatos existentes são escassos,

concentrando-se em sua maioria, nas propriedades anti-inflamatórias e

hipoglicemiantes. Apesar dessa conjuntura, Farias e colaboradores (2013) atribuem

às sementes da L. rigida a capacidade sequestradora do Radical 2,2-difenil-1-

picrilhidrazila (DPPH) e atividade antimicrobiana contra o Staphylococcus aureus

(FARIAS et al., 2013a).

17

Os constituintes químicos mais bem descritos na literatura são os presentes no

óleo extraído dos seus frutos e sementes, devido ao seu potencial econômico para

indústria. Esses estudos evidenciaram a presença de ácido licânico (4-ceto-9,11,13-

Ácido Octadecatrienóico), e ácido linoleico (MACEDO et al., 2011). Enquanto que

das raízes da oiticica obteve-se o isolamento de esqualeno, esteroides e de

triterpenoides (BEZERRA et al., 2008). Estudos com as folha da Licania pyrifolia,

evidenciou a presença de canferol, quercetina, miricetina, dentre outros (MENDEZ;

BILIA; MORELLI, 1995).

.

2.2 Turnera ulmifolia Linn. var. elegans

Turnera ulmifolia Linn. var. elegans, popularmente conhecida no Brasil e na

américa latina como chanana, albina, saca-estepe, é um pequeno arbusto,

pertencente a família Turneraceae, constituída por cerca de 135 espécies, com

ampla distribuição nas regiões tropicais e subtropicais das américas e da África

(CORRÊA; PENNA, 1984; SZEWCZYK; ZIDORN, 2014).

Caracteriza-se por ser uma planta de porte arbustivo, que atinge até 60 cm de

altura, com folhas aromáticas, pecioladas, oblongas e crenadas. As flores

apresentam corola constituída de cinco pétalas brancas, amarelas ou alaranjadas.

Os frutos são capsulares, contendo em média duzentas sementes. Cresce

preferencialmente em sítios arenosos e úmidos do litoral e nas encostas das serras

(CORRÊA; PENNA, 1984; ANTÔNIO; SOUZA BRITO, 1998).

Existem diversos relatos do emprego da T. ulmifolia na medicina popular em

países diferentes, como no México em que se emprega como tônico contra

indigestão e bronquite. Em todo o continente americano as folhas T. ulmifolia são

usadas na forma de chá e recomendado para distúrbios gastrointestinais,

principalmente para processos ulcerativos (GRACIOSO et al., 2002).

No oeste indiano, as folhas ou toda a planta são empregadas como tônico

revigorante; na Jamaica as folhas da chanana são usadas como agente abortivo;

enquanto que no Caribe, o decocto das folhas é empregado em prescrições para

problemas relacionados à fertilidade (GALVEZ et al., 2006; SILVA, 2007).

No Nordeste brasileiro, a T. ulmifolia é popularmente utilizada como agente

abortivo, expectorante, estimulante, anti-inflamatório, no tratamento de albuminúria

18

e leucorréia. Seu uso também ocorre como medida alternativa no tratamento de

diabetes mellitus, ao empregarem-se preparações obtidas de suas folhas (PRABU et

al., 2009).

Quimicamente, o gênero Turnera caracteriza-se pela presença de flavonoides

(quercetina, apigenina, luteonina, diosmetina), derivados de maltol, arbutina e ácido

elágico. Glicosídeos cianogênicos também foram obtidos de plantas desse gênero

(volkenina, deidaclina, tetrafillina), terpenoides do grupo dos sesquiterpenos e

monoterpenos, β-cariofileno, benzenoides, alcaloides e lipídios (SILVA, 2007;

SZEWCZYK; ZIDORN, 2014).

2.3 Espécies Reativas e Estresse Oxidativo

Os radicais livres ou espécies reativas do oxigênio (ERO), como são

genericamente conhecidas, são produtos intracelulares formados pela redução

parcial do oxigênio (O2) no metabolismo celular normal (RECZEK; CHANDEL, 2015).

Estruturalmente as ERO’s são caracterizadas como moléculas ou fragmentos

celulares que possuem um ou mais elétrons desemparelhados em seus orbitais

moleculares. Este elétron desemparelhado normalmente confere a essas moléculas

um elevado grau de reatividade. Sugere-se que a maior parte da produção

intracelular de ERO sejam derivadas das mitocôndrias em condições fisiológicas

normais. Estudos in vitro estimam que cerca de 1-5% de todo o oxigênio molecular

seja convertido no ânion superóxido (O2•¯), sendo esta a primeira espécie produzida

(YIN; XU; PORTER, 2011; ZHONG; YIN, 2015)

Subsequente à produção do radical superóxido, ocorre à formação do radical

hidroxil, que é a forma neutra do íon hidroxila (•OH), caracterizado por ser uma

espécie altamente danosa ao organismo, devido sua alta reatividade, apesar do seu

tempo de meia vida in vivo ser de aproximadamente de 10-9s. Além dessas

principais espécies reativas, pode ocorrer in vivo, a formação de espécies

radicalares peroxila (HOO•), sendo este a forma protonada do radical superóxido. A

principal consequência de sua formação é a iniciação da cascata de eventos que

leva a peroxidação lipídica (HALLIWELL, 2007; VALKO, MARIAN et al., 2007; YIN;

XU; PORTER, 2011).

19

Apesar de ser descrito a importância da produção das espécies reativas em

concentrações controladas, principalmente na defesa contra micro-organismos

invasores, e mais recentemente no mecanismo de sinalização intracelular, há um

controle estrito na concentração de ERO visando manter em um delicado estado de

equilíbrio, a homeostase redox (DRÖGE, 2002; RECZEK; CHANDEL, 2015).

O equilibro do estado redox baseia-se na manutenção precisa das concentrações

das ERO, mantidas em uma faixa estrita pelo monitoramento da produção e por

mecanismos celulares de eliminação de ERO, em que diversas substâncias e

enzimas são capazes de exercer essas funções (FINKEL; HOLBROOK, 2000;

HALLIWELL, 2007). Quando ocorre uma perturbação no estado redox, seja pelo o

aumento na produção de ERO ou por alteração nos mecanismos de remoção, pode-

se instalar um estado de estresse oxidativo, levando a um aumento em sua

concentração (VALKO, M et al., 2006). Em altas concentrações, as ERO estão

implicadas como mediadores de danos a estrutura celular, como por exemplo, o

radical hidroxila pode reagir com todos os componentes da molécula de DNA, agindo

sob ambas as bases nitrogenadas e no esqueleto polissacárido de desoxirribose

(CADENAS; DAVIES, 2000; HALLIWELL, 2007).

As proteínas são uma classe de componentes celulares bastante afetados, pois

todas as cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos são susceptíveis ao processo

de oxidação induzido por ERO, principalmente a metionina e a cisteína. Outros

componentes como os ácidos graxos poli-insaturados presentes nas membranas

são extremamente sensíveis à oxidação, desencadeando o processo em cascata de

peroxidação lipídica, produzindo o malondialdeído (MDA) (GRANOLD et al., 2015).

A peroxidação lipídica é tida como uma das principais consequências do estresse

oxidativo, ocorrendo em ácidos graxos poli-insaturados (LH), inicia-se ao radical •OH

capturar um átomo de hidrogênio de um carbono metileno da cadeia polialquil,

levando a geração de um radical lipídico (L•), uma das primeiras espécies geradas

(YIN; XU; PORTER, 2011).

O fato do O2 ser mais solúvel em meio apolar que em meio polar, permite que as

membranas biológicas tenham uma elevada concentração de O2 na região

hidrofóbica medial, no qual este tem o maior potencial para gerar efeitos deletérios

nos ácidos graxos poli-insaturados, principalmente em membrana celulares

(LIEBERT; JONES, 2006).

20

Assim, um ácido graxo com um elétron desemparelhado reage com O2 gerando

um radical peroxil (LOO•), capaz de retirar um hidrogênio de um ácido graxo poli-

insaturado adjacente da membrana, levando a propagação da peroxidação lipídica,

com formação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH). Os hidroperóxidos lipídicos são

instáveis na presença de metais de transição, tais como ferro ou cobre, o qual pode

levar à formação de radicais alcoxil (LO•) e LOO• (GAT et al., 1999; REPETTO;

SEMPRINE; BOVERIS, 2012).

Uma das principais consequências da cascata de peroxidação lipídica é o

malondialdeído (MDA), um dialdeído, altamente reativo, que eventualmente reage

com os grupos amino de proteínas, com fosfolipídios ou com ácidos nucléicos,

induzindo modificações estruturais das moléculas biológicas. Dependendo das

condições do estresse oxidativo, esse aldeído é o mais abundante (HALLIWELL,

2007).

Outros hidroperóxidos são produzidos durante o processo de peroxidação

lipídica, como o 4-hidroxinonenal (HNE), segundo subproduto mais abundante,

contudo o MDA é comprovadamente mutagênico, enquanto que o HNE é o produto

mais tóxico produzido durante a peroxidação (ZHONG; YIN, 2015).

2.4 Sistema de Defesa Antioxidante

Halliwell e Gutteridge (2007) definem antioxidantes como substâncias capazes,

em concentrações relativamente baixas, de competir com outros substratos

oxidáveis e assim, retardar significativamente ou inibir a oxidação desses substratos.

Presume-se que a presença de compostos antioxidantes, advém da exposição as

ERO (DRÖGE, 2002).

Os antioxidantes presentes nas células organizam-se em um sistema

antioxidante, que visa atenuar o estresse oxidativo induzido pelas ERO. Os

mecanismos de atuação das substâncias que compõe esse sistema envolve a

prevenção, o reparo às defesas físicas, bem como as defesas antioxidantes

(GOUGH; COTTER, 2011).

Didaticamente, o sistema de defesa antioxidante é dividido em enzimáticos e não

enzimáticos. O sistema enzimático, é constituído pelas enzimas superóxido

dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase

(GR), enquanto que os antioxidantes não-enzimáticos, de origem endógena, são

21

constituídos pela glutationa reduzida (D-ϒ-glutamil-L-cisteinil-glicina - GSH), ácido

úrico e proteínas de transporte de metais de transição (transferrina, ceruloplasmina).

Os antioxidantes exógenos incluem os tocoferóis, carotenóides, ascorbato,

micronutrientes (zinco, selênio, manganês), taninos e flavonoides. A presença

desses antioxidantes no sistema celular é conhecida por prevenir danos oxidativos

(BIRBEN et al., 2012).

2.4.1 Antioxidantes enzimáticos

O antioxidante enzimático com ação mais pronunciada é a superóxido dismutase

(SOD), uma enzima capaz de catalisar a reação de dismutação do O2•¯ em peróxido

de hidrogênio (H2O2) e O2. A atividade dessa enzima é fundamental para proteção

celular contra a citotoxicidade mediada pelo O2•¯ (CHOUDHARI et al., 2014).

A SOD apresenta-se como uma isoenzima sob três isoformas presentes nas

células de mamíferos, oriundas da expressão de genes diferentes, mas com a

mesma função. A forma SOD-1 é uma enzima citosólica cobre-zinco, enquanto que

a SOD-2 magnesiana é a isoforma encontrada na mitocôndria. A última isoenzima

relatada na literatura é a forma extracelular SOD-3 também cobre-zinco (LIOCHEV;

FRIDOVICH, 2010).

A glutationa peroxidase outra enzima de grande valia para as defesas

antioxidantes celulares, é uma selenoproteína presente em 4 isoformas, sendo elas:

Gpx1, Gpx2, Gpx3 e Gpx4. Essas enzimas constituem uma família que atua

principalmente na eliminação de peróxidos, que são substratos em potencial para a

reação de Fenton. A GPx atua em conjunto com o GSH, a qual está presente em

células em elevadas concentrações (micromolar). O substrato para a reação

catalisada pela GPx é H2O2 ou um peróxido orgânico, principalmente pela GPx4,

pois está associado à membranas. Os mecanismos de ação da GPx baseia-se na

decomposição dos peróxidos em água (ou álcool), enquanto simultaneamente oxida

GSH. A glutationa peroxidase é amplamente distribuída pelos compartimentos

celulares (RAYMAN, 2012; VALKO, MARIAN et al., 2007).

A catalase é outra enzima que atua na detoxificação do H2O2, presente

principalmente nos peroxissomos, localizada no citoplasma celular, na qual promove

de forma muito eficiente à conversão de peróxido de hidrogênio à água e oxigênio

22

molecular. A catalase tem uma das mais altas taxas de renovação de todas as

enzimas, e devido possuir como substrato para a sua reação o peróxidos, atua de

forma sinérgica a GPx na proteção antioxidante ( HALLIWELL, 2011; BACKOS;

FRANKLIN; REIGAN, 2012).

Atuando de forma sinérgica ao sistema enzimático, os antioxidantes não

enzimáticos complementam a defesa do organismo. Seus principais componentes

são a vitamina E (tocoferóis), vitamina C (ácido ascórbico), o β-caroteno

(carotenoides), e o GSH (HALLIWELL, 2007).

O GSH é um tripeptídeo do tipo tiol dissulfeto, caracterizado principalmente pela

sua capacidade antioxidante multifuncional, considerado o principal tiol que atua no

equilíbrio redox. Amplamente distribuído no citosol, nas membranas celulares e

mitocôndria, sendo o antioxidante solúvel mais presente nesses compartimentos

celulares (JOHNSON; WILSON-DELFOSSE; MIEYAL, 2012).

De forma geral a capacidade antioxidante dos Tióis, principalmente da GSH,

deve-se ao átomo de enxofre que facilmente pode acomodar a perca de um elétron,

como ocorre no processo de neutralização de diversas espécies reativas (HO•,

H2O2, LOO•). Nesse processo, o GSH é oxidado, gerando um radical Glutationa

oxidada (GSSG), que ao se dimerizar, gera a sua forma oxidada do GSSG (VALKO,

M et al., 2006).

A GSSG acumula-se no interior da célula coexistindo em um equilíbrio com sua

forma reduzida. Desse modo, o balanço GSSG/GSH provém um biomarcador

valioso para mensuração do estresse oxidativo. A GSSG retorna a sua forma

reduzida ao restaurar o radical sulfidrila, por ação da glutationa redutase e ao reagir

com proteínas (GU; CHAUHAN; CHAUHAN, 2015).

As principais funções da GSH consistem em atuar como cofator enzimático em

diversas reações que visam atenuar e eliminar as espécies reativas, como a Gpx;

atuar no transporte de aminoácido através da membrana plasmática, como um

sequestrador do hidroxil e oxigênio sigleto (1O2). Além disso, a GSH é capaz de

regenerar as vitaminas C e E (HALLIWELL, 2007).

Outro importante antioxidante não enzimático, o ácido ascórbico, conhecido

popularmente como vitamina C é um potente antioxidante comumente encontrado

no organismo humano em compartimentos celulares hidrofílicos. Em sua forma de

ânion ascorbato, atua como agente redutor ao reagir com a maioria das ERO, sendo

oxidado, nesse processo, a vitamina C. Quando associado a vitamina E no plasma

23

sanguíneo age contra a peroxidação lipídica, na prevenção, pela reação com as

espécies reativas de oxigênio, e restaurando in situ no ponto de início da

peroxidação lipídica ao doar um próton ao radical lipídio, cessando assim a

propagação deste evento (OUDEMANS-VAN STRAATEN; MAN; DE WAARD, 2014).

A vitamina E possui propriedades antioxidantes, sendo encontrada sob oito

diferentes formas, cuja mais ativa é o α-tocoferol, presente principalmente em

membranas devido a sua lipofilicidade. Por suas características químicas é

considerado o antioxidante mais potente ligado a membranas, tendo como maior

função prevenir a peroxidação lipídica (RIZVI et al., 2014).

A sua habilidade em prevenir a peroxidação lipídica deve-se: a capacidade de

ser um bom doador de átomos de hidrogênio; A sua alta permeabilidade por entre as

membranas celulares; Além da habilidade do radical tocoferol (vit. E•), formado no

processo de neutralização de espécies reativas, ser regenerado a sua forma ativa

por redutores citosólicos, como ácido ascórbico (TRABER; ATKINSON, 2007).

2.4.2 Antioxidantes Naturais

Além das defesas antioxidantes endógenas, existe uma vasta gama de

compostos que podem desempenhar atividade protetora contra ERO. Neste contexto

destacam-se os compostos de origem natural, que são definidos como nutrientes

não essenciais, bioativos, obtidos a partir de plantas e presente em diferentes partes

como, sementes, frutos, folhas e raízes (FERREIRA; ABREU, 2007; HUANG; CAI;

ZHANG, 2010).

Estes compostos possuem uma variedade de efeitos na saúde humana, das

quais destaca-se a atividade antioxidante. Diversos são os compostos a que se

inferem essas propriedades, podendo-se incluir carotenoides (α- caroteno, β-

caroteno, β-criptoxantina, luteína, zeaxantina, astaxantina e licopeno); compostos

fenólicos: ácidos fenólicos (ácidos hidroxibenzóicos e ácidos hidroxicinâmicos),

flavonoides (flavonóis, flavonas, flavanóis, flavanonas, antocianidinas

eisoflavonoides), estibenos, cumarinas e taninos (LÓPEZ-ALARCÓN; DENICOLA,

2013).

Os carotenoides são uma família de composto pigmentares sintetizado por

plantas, micro-organismos e ausente em animais, assim as maiores fontes desses

24

compostos são frutas e vegetais. Diversos estudos concentram-se em descrever a

capacidade antioxidante, principalmente devido sua propriedade sequestradora de

ERO, em especial sua pronunciada habilidade em inativar o radical 1O2. Dessa

forma, as moléculas abrigadas nessa classe possuem um efeito protetor frente a

doenças na qual há o envolvimento de radicais livres.

Os fenólicos constantemente são citados devido a capacidade de exercer

múltiplas atividades biológicas nos vegetais. Atuam no mecanismo de defesa contra

agentes patogênicos, parasitas e predadores, contribuem para a coloração das

plantas, além de serem quimioprotetores (HUANG; CAI; ZHANG, 2010).

A essa classe de compostos também é atribuída uma variedade de atividades

biológicas, como: antioxidante, anticancerígena, antimutagênica, antiaterosclerótica,

antibacteriana, antiviral e anti-inflamatória (HELENO et al., 2015).

Dentre os compostos fenólicos, sobressaem os flavonoides, por apresentarem

uma família que abrange mais de 4000 compostos e por ser a classe de compostos

mais descrita e testada em estudos médicos (HUANG; CAI; ZHANG, 2010).

Os flavonoides são caracterizados como compostos que comumente apresentam

um esqueleto básico de estrutura fenil benzopirona (C6-C3-C6), que consiste em

dois anéis aromáticos (anéis A e B) ligados por 3 carbonos, podendo existir um

centro oxigenado, um anel pirano, ou anel C. De acordo com o nível de saturação e

abertura do anel pirano central, estes compostos podem ser classificados em,

flavonas (uma estrutura básica, com o anel B ligando-se em duas posições),

flavonois (possuem uma hidroxila na posição 3), flavonas (diidroflavonois),

flavononas, isoflavonoides (prinicipalmente as isoflavonas, anel B liga-se ao anel

pirano na posição 3), flavononol, e antocianinas (LI et al., 2014).

Na natureza os flavonoides podem ser encontrados na forma livre (agliconas) ou

na forma ligada a um açúcar (glicoíideos), podendo essa ligação ser por meio de

uma OH, O-glicosilado ou por meio de uma ligação carbônica (C-glicosilados), sendo

esses compostos associados a mais de 80 tipos diferentes de açúcares (RICE-

EVANS; MILLER; PAGANGA, 1996).

2.5 Atividade antimicrobiana de produtos naturais

25

Os produtos naturais ainda são fontes de inúmeras drogas, mesmo com a

diminuição de sua procura em relação aos compostos sintéticos. Esses produtos,

considerados uma das principais fontes de fármacos antimicrobianos, podem ser

obtidos de bactérias, fungos, animais e plantas. Os fármacos pertencentes à classe

dos antimicrobianos, foram rapidamente disponibilizados na prática médica,

acarretando a disseminação de seu uso, associado ao consumo indiscriminado não

orientado (COWAN, 1999; CUSHNIE, T. P TIM; LAMB, 2011).

Passado mais de meio século de uso desses medicamentos, está evidente a

perca significativa de sua eficácia terapêutica, principalmente pelo emprego

irracional, culminando com o desenvolvimento da multirresistência microbiana. No

intuito de reverter este quadro, a indústria farmacêutica tem reunido esforços,

buscando novos fármacos, a fim de empregá-los no combate de cepas resistentes,

como Staphylococcus aureus resistente a meticilina (SARM) (SALEEM et al., 2010).

Como uma das estratégias adotadas para desenvolvimento de novos

antimicrobianos, recorre-se aos produtos naturais, apesar da grande maioria dos

antimicrobianos produzidos, derivarem de metabólitos obtidos a partir de micro-

organismos, principalmente aos do filo Actinomycetes, as plantas apresentam

relevante potencial farmacológico (MISHRA, BHUWAN B.; TIWARI, 2011; TAYLOR,

2013)

As plantas são capazes de sintetizar um elevado número de metábolitos

secundários (cerca de 100,000), dos quais uma grande parte apresenta atividade

anti-infecciosa. Alguns desses compostos possuem um baixo potencial

antimicrobiano quando comparado aos agentes comercializados atualmente, e

outros possuem atividades em concentrações nanomolares (MISHRA, BHUWAN B.;

TIWARI, 2011).

Os metabólitos secudários mais comumente atribuídos como antimicrobianos,

são alcaloides, cumarinas, iridoides, flavonoides, isoflavonas, macrolídeos, fenólicos

simples, saponinas, xantonas, terpenoides e outros (SALEEM et al., 2010).

Os terpenoides são elencados como detentor do potencial antimicrobiano e estão

presentes principalmente em óleos essenciais derivados de flores, ervas aromáticas

e frutas. O seu efeito contra micro-organismos deve-se a capacidade da indução de

reações tóxicas nas membranas bacterianas, induzido diretamente o aumento da

permeabilidade, desestruturação da conformidade nativa, culminando com a total

perca de função levando a perca da viabilidade celular. Como exemplos dessa

26

atividade tem-se a pesquisa realizada por Sfeir et al. (2013) que comprovou a

atividade antibacteriana dos óleos essenciais ricos em terpenoides das plantas

Thymus capitatus e Cinnamomum verum contra S. epidermidis e Streptococcus

pyogenes (TROMBETTA et al., 2005).

Os compostos polifenólicos, bem como os terpenoides, têm sido intensamente

investigados quanto ao seu potencial antimicrobiano, apresentando resultados

significativos como o observado no estudo das folhas da Piper regnellii, conhecida

popularmente como pariparoba, que mostrou ação contra Staphylococcus aureus em

concentrações inibitórias mínimas baixas, devido a presença desse compostos

(SALEEM et al., 2010).

Dentre os compostos fenólicos destacam-se os flavonoides, por ser um dos

metabólitos secundários mais abundantes e por possuir mecanismo de ação distinto

dos agentes terapêuticos convencionais. As principais evidências de sua atividade

referem-se a alta permeabilidade desses compostos através da parede microbiana e

capacidade de se ligar as porinas, presente na membrana externa, ao bloquear as

suas cargas nativas. Além disso, os flavonoides podem complexar as proteínas

solúveis e extracelulares, é inferido aos membros mais lipofílicos dessa classe de

compostos a possibilidade de induzir o rompimento de membranas microbianas

(TAYLOR, 2013).

27

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar a atividade antimicrobiana e antioxidante de Licania rigida e Turnera

ulmifolia Linn. var. elegans.

3.2 Objetivos Específicos

Determinar a composição química preliminar dos extratos e frações da Licania

rigida e Turnera ulmifolia.

Avaliar a capacidade antioxidante in vitro dos extratos e frações da Licania rigida

e Turnera ulmifolia.

Investigar o potencial antimicrobiano dos extratos e suas respectivas frações em

ensaio de difusão em ágar.

Determinar a concentração inibitória mínima dos extratos e suas respectivas

frações por microdiluição em caldo.

Estabelecer a cinética de morte antibacteriana e antifúngica dos extratos e

frações que apresentaram atividade nos ensaios anteriores.

28

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Obtenção do Material vegetal e preparo do extrato vegetal

As plantas utilizadas durante todo o estudo foram obtidas em uma única coleta,

pois além de minimizar a variação dos constituintes químicos advindos da

sazonalidade intrínseca da população vegetal, ao utilizar-se durante toda a pesquisa

a mesma amostra vegetal também tende-se a eliminar discrepâncias que

eventualmente ocorre em estudos laboratoriais.

As amostras vegetais foram coletadas em abril de 2013, no estado do Rio

Grande do Norte. A L. rigida Benth foi coletada em Florânia, microrregião da serra de

Santana, nas coordenadas: 6°14’07,51” S/36°78’ 21.45”0; e a T. ulmifolia Linn. var.

elegans foi coletada em Natal nas coordenadas: 5°52’17,38” S / 35°10’45 81” O.

Ambas as coletas foram realizadas no horário da manhã e requisitado autorização

ao Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio), registrado sob

o número n°40606. L. rigida foi identificada pela Profª Drª Maria Iracema Bezerra

Loiola e registrada sob o número 8206 no herbário da UFRN; enquanto a T. ulmifolia

foi identificada pelo professor Prof. Dr. Jomar Gomes Jardim, com o registro de Nº

16724, no herbário da UFRN.

Após a coleta, as amostras foram levadas ao laboratório para estabilização em

estufa de ar circulante (Nova ética, mod.400-80, São Paulo, Brasil) com temperatura

controlada, não ultrapassando 40°C por 48 horas. Após estabilização, as folhas

foram selecionadas como farmacógeno e triturado em liquidificador industrial

(Skymen - LT-2,0 SUPER-N, Brasil), a fim de obter-se o pó que seria utilizado na

obtenção do extrato.

O processo de extração consistiu em uma maceração por 4 dias, empregando

como solvente extrator etanol a 50%, na proporção de 5 mL de solvente extrator

para 1g de material vegetal processado. O extrato obtido foi filtrado e concentrado

em evaporador rotativo a 40°C, sob pressão reduzida (Rotavapor® R-3 com bomba

de vácuo V-700 Buchi® - Suiça).

29

4.2 Obtenção das fases orgânicas

Os extratos obtidos, extrato bruto de L. rigida (EBLR) e extrato bruto de T.

ulmifolia (EBTU), foram fracionados com solvente de polaridade crescente, iniciando

por dissolução em metanol:água (9:1) e quatro partições com 100 mL de hexano,

obtendo as frações hexânicas de L. rigida (FHLR) e de T. ulmifolia (FHTU). Em

seguida, a fase hidrometanólica foi acrescida de água para obter a proporção

metanol:água (1:7), com posterior partição em acetato de etila, com quatro

repetições, também 100 mL cada, obtendo-se as frações acetato de etila de L.

rigida (FALR) e T. ulmifolia (FATU) e as frações residuais, L. rigida (FRLR) e T.

ulmifolia (FRTU). Todos os extratos brutos e suas respectivas frações foram

concentradas em evaporador rotativo, a temperatura de 40°C, sob pressão negativa.

A partir dos extratos e respectivas frações concentrados foram realizados todos os

testes propostos.

4.3 Determinação do teor de Polifenólicos totais

O teor de fenóis totais foi determinado por interpolação da absorbância de

amostras contra uma curva de calibração construída com padrões de ácido gálico

(10- 350 μg/mL), utilizando-se o reagente de Folin-Ciocalteau, conforme o

procedimento descrito por (GEORGÉ et al., 2005). O teste foi conduzido em triplicata

e o resultado expresso em média e desvio padrão de µg de equivalentes de ácido

gálico por 100 mg de extrato.

4.4 Análise da composição química por Cromatografia líquida de alta

eficiência ( CLAE-DAD)

A análise cromatográfica dos extratos foram realizadas em um CLAE (VARIAN

ProStar HPLC system, WalnutCreek,Au), equipado com bomba quaternária (ProStar

240), autoamostrador (ProStar 410) e um detector (modelo 355 FAD UV/V) acoplado

a uma coluna cromatográfica Phenomenex C18 (4,.6 x 100 mm, tamanho de

partícula 2,.6 μm, Torrance, CA,USA).

O preparo das amostras procedeu de acordo com o padronizado por Aznar e

colaboradores ( 2011), usando o extrato e suas frações dissolvidos em metanol a

uma concentração máxima de 5 mg/mL. Estes foram filtrados em membranas

30

próprias para seringa de 0,22 µm, e para iniciar o teste foram aliquotadas 9 µL de

cada amostra filtrada.

A corrida cromatográfica foi realizada à temperatura ambiente, monitorado a 280

nm, usando um gradiente de solventes de ácido fórmico a 0,1% em água (solvente

A) e acetonitrila ( solvente B), a um fluxo de 1,3 mL/ min, em que a variação de

solvente ocorreu de acordo com o Tabela 1:

Tabela 1: Variação do gradiente do sistema solvente da análise em CLAE

Intervalo de

Tempo (min)

Concentração

da solvente A

(%)

Concentração

da solvente B

(%)

Característica

da fase móvel

0–3 95 5 Faixa isocrática

3–7 95-80 5-20 Alteração linear

7–9 80 20 Faixa isocrática

9-10 80-77 20-23 Alteração linear

10-15 77 23 Faixa isocrática

15–19 77-50 23-50 Alteração linear

*19–20 50-95 50-5 Alteração linear

* intervalo empregado para retornar as condições iniciais do método.

Os testes foram executados em triplicata para cada amostra e os resultados da

análise quantitativa foram expressos em µg de equivalente de padrão

correspondente, por mg de extrato.

4.5 Capacidade de sequestro de radicais livres pelo teste do DPPH

O sequestro de radicais livres (SRL) foi avaliado pelo método do DPPH, baseado

no descoramento de uma solução de DPPH (cor violeta) que ao ceder um átomo de

hidrogênio estabiliza o oxidante (CUENDET; HOSTETTMANN; POTTERAT, 1997).

O meio reacional extemporâneo, foi composto de uma solução de DPPH a 0,06 mM

(6 x 10-6 mol/L) diluído em metanol, sempre diluído abrigado da luz e empregado

imediatamente para evitar sua deterioração. O meio reacional foi constituído por 3,9

mL de solução de DPPH e 0,1 mL de amostra diluída.

A reação foi incubada no escuro a temperatura ambiente, após transcorrido 30

min de incubação, a absorbância foi mensurada a 515 nm, e o zero do aparelho

31

acertado com álcool metílico, pois este foi o agente diluente empregado em todos os

procedimentos. Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados

obtidos foram expressos em média e desvio padrão de concentração mínima

inibitória de 50%. Como controle positivo do teste foi utilizado o padrão de Carduus

mariannus, pois este apresenta-se presente em medicamentos fitoterápicos que

baseiam seu mecanismo de ação em debelar espécies reativas de oxigênio

(MISHRA, KRISHNANAND; OJHA; CHAUDHURY, 2012).

4.6 Ensaios de atividade antimicrobiana

4.6.1 Micro-organismos

Para a realização dos ensaios de atividade antibacteriana foram selecionadas as

bactérias, Staphylococcus epidermidis (ATCC® 12228™), Staphylococcus aureus

(ATCC® 29213™) Staphylococcus aureus meticilina resistente (ATCC® 33591™),

Escherichia coli (ATCC® 25922™), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853) e

Pseudomonas aeruginosa (ATCC® 9027™).

Para atividade antifúngica foram utilizadas as leveduras: Candida albicans

(ATCC® 90028™), Candida dubliniensis (CBS 7987), Candida tropicalis (ATCC®

13803™), Candida parapsilosis (ATCC® 22019™), Candida glabrata (ATCC®

2001™), Candida krusei (ATCC® 6258™), Candida rugosa (ATCC® 10571™) e

Trichosporon asahii (CBS 2630).

As bactérias foram mantidas em miçangas a -80°C e em ágar nutriente a 4°C,

cedidas pelo Laboratório de Microbiologia Clínica do Departamento de Análises

Clínicas e Toxicológicas da UFRN. As leveduras foram mantidas em criotubos

contendo caldo YPD (extrato de levedura suplementado com peptona e dextrose) e

glicerol, mantidos a -80°C e cedidas pelo Laboratório de Micologia Médica e

Molecular do mesmo departamento.

4.6.2 Preparo do inóculo microbiano

Para os testes de difusão em ágar e microdiluição em caldo o inóculo bacteriano

foi preparado a partir de um crescimento de 24 h em solução salina estéril, na qual

sua densidade celular foi padronizada de acordo com a escala 0,5 de McFarland

(108 Unidade formadoras de colônias – UFC/mL). O inóculo fúngico foi preparado a

partir de um crescimento de 48 h em ágar Sabouraud dextrosado, com turbidez

32

ajustada de acordo com a escala 0,5 de McFarland (106 UFC/mL) (CLSI, 2013).

Para a curva de morte foi utilizado o inóculo final com densidade celular de 105

UFC/mL e 103 UFC/mL, para bactérias e leveduras, respectivamente (NCCLS,

1999).

4.6.3 Teste de triagem antibacteriana por difusão em ágar

O teste de difusão em ágar consistiu em semear os inóculos bacterianos (1 x 108

UFC/mL) com auxílio de um swab estéril em ágar Mueller Hinton (AMH; Himedia),

com posterior realização de poços. A cada poço foi adicionado 40 µL de extrato

(5mg/mL), fração (5mg/ml) e solução aquosa de dimetilsulfóxido (DMSO) a 5%

(solvente de diluição). As placas testadas foram incubadas a 37 °C. Após 24 h os

diâmetros dos halos de inibição foram medidos em milímetros. Como controle do

método, foram utilizados os discos padronizados com os antimicrobianos

gentamicina 10µg e vancomicina 30µg. Todos os testes foram realizados em

triplicata (CLSI, 2013).

4.6.4 Determinação da concentração inibitória mínima por microdiluição

O teste de Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi realizado de acordo com o

manual do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Esse ensaio define

qual a menor concentração de uma substância capaz de inibir o crescimento de uma

cepa microbiana (CLSI, 2013).

A determinação da CIM das cepas bacterianas sensíveis as substâncias em

estudo foi realizada pelo método de microdiluição em caldo, que consistiu em

adicionar 100 µL das amostras (EBLR e FALR) em concentrações conhecidas (8, 4,

2, 1, 0,5, 0,25, 0,125 e 0,0625 mg/mL), em caldo Muller Hinton (MH), utilizando-se

uma placa de 96 poços, com posterior adição de 100 µL do inóculo microbiano,

totalizando assim um volume final de 200 µL em cada poço. Foram utilizados

controles de viabilidade (caldo MH com bactéria), esterilidade (caldo MH com

extrato/fração e caldo MH) e do método (vancomicina, vanconcin®). O solvente

diluente, DMSO a 5%, foi utilizado para excluir possível interferência no teste. As

placas foram incubadas em incubadora de bancada (CT – 712- Cientec, São Paulo,

Brasil) a 37 ºC, por 24 h, com agitação a 200 rpm.

33

Para as leveduras, o ensaio de microdiluição foi realizado de acordo com os

procedimentos citados acima, com adequações pontuais.

Essas mudanças consistiram na alteração do meio empregado no teste, usando-

se RPMI-1640 (com glutamina, sem bicarbonato e com indicador vermelho de fenol)

ao invés de caldo MH. As concentrações testadas foram 5, 2,5, 1,25, 0,625 0,312,

0,156 0,0780, 0,0390, 0,0195 mg/mL, com incubação a 37°C por 48h (NCCLS,

2002). Como controle do método foi utilizado o antifúngico fluconazol (Prati

Donaduzzi).

Ao final de cada ensaio, em ambos os procedimentos realizou-se a leitura visual

do crescimento microbiano, com o auxílio do cloreto de trifeniltetrazólio (TTC, Sigma,

Colorado, EUA).

4.6.5 Determinação da Ação bactericida e fungicida

Posterior ao ensaio da determinação da CIM, e antes da adição de TTC, foram

retiradas alíquotas para avaliar a viabilidade dos micro-organismos em ágar Brain

heart infusion agar (BHI) e ágar Sabouraud dextrose estéreis. Com o auxílio de uma

alça bacteriológica retirou-se uma alíquota de cada poço da placa-teste usada na

determinação da CIM. Nas placas de crescimento bacteriano as alíquotas retiradas

foram semeadas em Ágar Brain heart infusion agar (BHI) e incubadas durante 24 h a

37°C. As alíquotas retiradas dos poços com leveduras foram semeadas em ágar

sabouraud dextrose e incubados por 48 h a 37°C. Transcorrido o período de

incubação de cada um dos testes, foi realizada leitura visual para determinar se

houve ou não crescimento dos micro-organismos na ausência da substância

estudada (RAMANUJ; BACHANI; KOTHARI, 2012).

4.6.6 Cinética de morte microbiana

Os ensaios da curva de morte microbiana do EBLR e FALR foram realizados com

as bactérias S. epidermidis (ATCC® 12228™), S. aureus (ATCC® 29213™) e S.

aureus meticilina resistente (ATCC® 33591™), e com a levedura C. krusei (ATCC®

6258™), que se mostrou mais sensível as substâncias estudadas.

Esse teste foi realizado em microplacas estéreis, seguindo o mesmo

procedimento do item 4.6.4, nas concentrações de 0,125 X CIM, 0,25 X CIM, 0,5 X

CIM, 1 X CIM, 2 X CIM e 4 X CIM para as bactérias e 0,25 X CIM, 0,5 X CIM, 1 X

CIM, 2 X CIM e 4 X CIM para as leveduras. As placas foram incubadas a 37°C, sob

34

agitação (200 rpm). Em tempos determinados, para as bactérias (0h, 4h, 6h, 8h, 10h

e 24h) e para a levedura (0h, 6h, 24h, 30h e 48h), os crescimentos microbianos

foram avaliados pela leitura espectrofotométrica em leitora de ELISA (ELX 800-

Epoch, Biotek, USA), a 595 nm. As absorbâncias foram plotadas em gráficos para

determinar a cinética de morte (NCCLS modificado, 1999). Foram utilizados os

mesmos controles citados no item 4.6.4. O experimento foi realizado em duplicata.

4.7 Análise estatística

Os resultados foram descritos como média ± desvio padrão. O tratamento

estatístico foi efetuado pelo do teste de normalidade de Shapiro – Wilks, seguido do

teste de comparação de amostras independentes, pelo teste de Wilcoxon-Mann-

Whitney. Os resultados da cinética de morte microbiana foram analisados pelos

métodos de Kruskal-wallis e comparação múltipla de Dunn’s. Para a comparação

entre grupos foi usado ANOVA seguido do pós-teste de Bonferroni. Os valores que

demonstrassem um p menor que 0,05 foram considerados significativos. Os

tratamentos estatísticos foram realizados utilizando os programas, IBM statistics

versão 20.0 e Graph pad prism versão 6.0.

35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise fitoquímica

A análise química do padrão analítico, dos extratos brutos e suas frações

derivadas, pelo método de Folin-Ciocalteau, mostraram-se específicos e seletivos.

Por meio da interpolação com a curva de calibração construída (Figura 1) foi

possível evidenciar altos teores de compostos fenólicos, os quais distribuíram-se

principalmente no extrato bruto e na fração acetado de etila, tanto para a T. ulmifolia

como para L. rigida, como exposto na Tabela 2. Nesse teste a fração residual de

ambas as espécies não foi avaliada devido não ser possível uma avaliação fidedigna

com resultados consistentes por este método.

Fonte: Arquivo do autor

Tabela 2: Concentrações de fenólicos totais pelo método de Folin-Ciocalteau

Amostra mg Eq. de Ácido Gálico mg-1 * Desvio Relativo (%)

EBLR 7,340 1,146

FHLR 0,00 **

FALR 6,549 0,314

EBTU 1 ,608 0,090

FHTU 0,148 0,310

FATU 2,240 0,101

*Fenólicos totais em mg de Equivalente de Ácido gálico /100 mg de extrato. ** Não houve desvio

relativo quantificável.

Figura 1: Curva de calibração do Ácido Gálico

36

Pode-se afirmar que o achado foi promissor e estimulou a continuidade do

estudo, visto que os metabólitos secundários que apresentam grupamentos

fenólicos em sua estrutura são relatados na literatura como detentores de ampla

atividade antimicrobiana e antioxidante. Resultados citados por Saleem e

colaboradores (2010), mostram a presença de compostos fenólicos em diferentes

espécies de plantas usadas no combate a micro-organismos. Dados semelhantes

foram observados por Chirumbolo (2011) em estudos in vitro contra espécies de

Candida spp., Klebsiella pneumoniae e Salmonella Typhimurium e in vivo,

destacando a ação imunoreguladora dos polifenóis, que pode estar envolvida com o

seu potencial antimicrobiano.

Os resultados obtidos do teor de polifenólicos da T. ulmifolia assemelham-se aos

descritos por Nascimento e colaboradores, ao também detectarem compostos

fenólicos em seus extratos (NASCIMENTO et al., 2006).

Enquanto a L. rigida, carece de estudos abordando a sua composição química, a

maioria dos estudos existentes são relacionados à caracterização do óleo extraído

das sementes. Pesquisas realizadas com espécies da mesma família,

Chrysobalanaceae, evidenciam como compostos majoritários os taninos,

flavonoides, saponinas, esteroides livres e quinonas no extrato hidroetanólico da

casca de L. macrophylla (GOMES eta al., 2006) e de cromonas em folhas de L.

arianeae Prance (DE CARVALHO et al., 2005).

Devido à ausência de compostos fenólicos e impossibilidade de solubilizar as

amostras das frações hexânica e residual nos meios reacionais dos testes

posteriores, as demais análises foram conduzidas somente com os extratos brutos e

frações acetato de etila de cada espécie.

A análise cromatográfica inicial dos padrões demonstrou que o método validado

foi específico e seletivo, capaz de eluir e identificar nove padrões de compostos

fenólicos em uma única corrida, como exposto na Figura 2, e os parâmetros de

validação descritos na Tabela 3.

37

Figura 2: Cromatograma padrão do método empregado nas análises

Em ordem de eluição: Ácido Gálico; Ácido Clorogênico; Catequina;(-)Epigalato de epicatequina;

Rutina; Hiperina; Quercetina; Apigenina; Canferol.

Tabela 3: Dados dos padrões identificados por CLAE

Composto Tempo de

retenção (min)

Concentração

Linear (µg/mL)

UV

(nm)

R2

Ácido Gálico 1,71 1,5 – 50 271 0,9945

Ácido Clorogênico 6,47 1,5 – 50 326 0.9973

Catequina 7,19 1,5 – 50 278 0.9993

(-)Epigalato de epicatequina 8,18 1,5 – 50 275 0.9989

Rutina 9.20 1.81–100 275 – 354 0.9976

Hiperina 9.24 1.81–100 256 – 354 0.9995

Quercetina 16.03 1.5–50 255 – 371 0.9991

Apigenina 18,51 1.5–50 266 – 337 0.9989

Canferol 18,85 1.5–50 263 – 367 0.9984

Nas análises das amostras EBLR, FALR, EBTU e FATU por CLAE, foram

observadas a presença de cromatogramas apresentando tempo de retenção e

espectro de UV com máximos de absorção característicos de flavonoides. De acordo

com a comparação do perfil cromatográfico dos padrões disponíveis no laboratório,

ácido gálico, ácido clorogênico, catequina, (-) epigalato de epicatequina, rutina,

hiperina, quercetina, apigenina e canferol, não foi possível confirmar a estrutura dos

flavonoides detectados nos cromatogramas. Sugere-se, pela comparação dos

tempos de retenção e dos espectros de absorção máximo no UV, que no EBTU e da

FATU (Figuras 3 e 4) evidenciam dois compostos majoritários, nos quais o (1) é um

38

flavonol – O – 3 glicosilado semelhante a rutina, enquanto que o composto (2) é uma

flavona glicosilada semelhante ao espectro da apigenina. Brito e colaboradores

(2012), detectaram esses mesmos compostos majoritários nos extratos

hidroetanólicos das folhas de T. ulmifolia.

1) flavonol – O – 3 glicosilado 2). flavona glicosilada;

1) flavonol – O – 3 glicosilado 2). flavona glicosilada;

Nas Figuras 5 e 6, referente às análises cromatográficas do EBLR e FALR,

observou-se a presença de um flavonol-O-3-glicosilado como o composto

majoritário, com a sua concentração mais elevada na fração de acetato de etila

(Tabela 4). Esses dados foram semelhantes aos descritos por Braca e

colaboradores (1999), ao isolar flavonoides O-3-glicosilados de folhas de L.

densiflora, planta pertencente à mesma família da L. rigida.

Figura 3: Cromatograma gerado pela análise do EBTU

Figura 4: Cromatograma gerado pela análise da FATU

39

Figura 5: Cromatograma gerado pela análise do EBLR

1) flavonol-O-3-glicosilado;

Figura 6: Cromatograma gerado pela análise da FALR

1) Flavonol-O-3-glicosilado;

O EBTU e a FATU diferem principalmente em suas concentrações totais dos dois

compostos majoritários, os quais estão quantificados na Tabela 4. Pode-se observar

que a FATU apresentou (262,36 µg Eq.rutina/mg) mais de duas vezes a

concentração de flavonoide em relação EBTU (121,51 µg Eq rutina/mg). Enquanto a

fração da L. rigida (FALR) mostrou concentração maior de flavonoide que o extrato

bruto (EBLR).

40

Considerando-se os resultados obtidos, é possível afirmar que os flavonoides,

principalmente os flavonóis – O – glicosilados, concentraram-se na fração acetato de

etila; e que a análise cromatográfica foi determinante na caracterização dos extratos

e frações, qualificando-se dessa forma, como um importante método empregado em

processos de padronização dos extratos estudados, bem como um método analítico

poderoso capaz de indicar possíveis atividades biológicas que essas plantas

venham apresentar, pois a literatura descreve os compostos fenólicos, de um modo

geral, e os flavonoides como detentores de diversas atividades biológicas,

destacando-se as antioxidante e antimicrobiana (GONZÁLEZ et al., 2011).

5.2 Atividade antioxidante

A capacidade antioxidante desses compostos é atribuída principalmente a

relação estrutura atividade, na qual as hidroxilas fenólicas presentes em suas

estruturas são capazes de neutralizar um grande espectro de ERO, por causa do

potencial de redução ser inferior ao dos radicais, principalmente dos grupamentos

alcoxila, peroxilas e do O2•¯(RICE-EVANS; MILLER; PAGANGA, 1996).

Para avaliar a possível capacidade antioxidante in vitro foi realizado o ensaio do

DPPH•, empregando como padrão o Carduus marianus. Foram testados o EBLR,

EBTU, FALR e FATU, e calculada a capacidade destas substâncias sequestrarem

50% do radical livre (IC50) de DPPH•. Os resultados estão detalhados na Tabela 5.

Tabela 5: Atividade antioxidante in vitro pelo metódo do DPPH

Amostras IC50 (µg/mL)

EBTU 6,47 ± 1,10*

FATU 7,17 ± 0,51

EBLR 35,81 ± 1,10

Tabela 4: Concentrações de Flavonoides totais

Amostras µg Eq rutina/ mg de extrato ± Erro Padrão

EBTU 121,51 ± 2,19

FATU 262,36 ± 0,15

EBLR

FALR

39,14 ± 0,14

127,30 ± 3,59

41

FALR 16,93± 3,15

Padrão (Carduus marianus) 37,95±1,67

Os resultados apontam que os extratos das folhas de Licania rigida e Turnera

ulmifolia e suas frações acetato de etila possuem a capacidade sequestradora do

DPPH análogo ao mostrado pelo padrão empregado.

Dessa forma, pode-se correlacionar a sua capacidade “varredora” a presença

de um vasto conjunto de metábolitos secundários, dentro os quais, os compostos

fenólicos e flavonoides, recebem muita atenção e destacam-se devido a elevada

capacidade redutora, como foi observado com as amostras obtidas da L. rigida.

Esses resultados estão de acordo com o estudo de Farias et al. (2013) ao

pesquisarem a atividade antioxidante das sementes de L. rigida, no qual

empregando o mesmo ensaio, o extrato demonstrou atividade redutora, mas inferior

ao descrito no estudo atual (FARIAS et al., 2013b).

Resultados condizentes com o poder antioxidante da Turnera ulmifolia, foi

encontrado durante o estudo descrito por Nascimento e colaboradores

(NASCIMENTO et al., 2006).

Visto que as ERO tem implicações em diversas enfermidades, principalmente as

crônicas degenerativas, e o uso popular das espécies testadas serem referenciadas

especialmente para essas patologias, o presente trabalho vem inicialmente

direcionar o emprego popular dessas plantas, porém são necessários muitos

estudos a fim de que seja viabilizada a produção de um fitoterápico ou fitofármaco.

5.3 Atividade antimicrobiana

Como teste inicial do processo de investigação da possível atividade

antimicrobiana foi realizado uma triagem antibacteriana com o EBLR, FALR, EBTU e

FATU. O EBLR e FALR, nos quais foram ativos contra as bactérias gram-positivas S.

aureus 29213, S. aureus 33591(meticilina resistente) e S. epidermidis 12228, não

havendo diferença significativa estatística quanto aos resultados entre extrato e

fração exposto na Tabela 6 e na Figura 7. As bactérias Gram-negativas testadas não

tiveram o seu crescimento inibido nas concentrações utilizadas. As bactérias Gram-

positivas são relatadas na literatura como mais suscetíveis as ações dos produtos

naturais, devido principalmente as diferenças morfológicas presentes em sua

estrutura celular. A parede celular das bactérias Gram-positivas é espessa,

42

possuindo várias camadas de peptideoglicano e moléculas de ácido teicóico,

enquanto as bactérias Gram-negativas possuem parede celular fina, com uma única

camada de peptideoglicano, envolvida pela membrana externa, contendo

lipopolissacarídeos, conferindo o caráter hidrofóbico. Dessa forma, a menor

complexidade celular quando comparada com bactérias Gram-negativas, pode estar

influenciando na ação das amostras testadas (GONZÁLEZ-LAMOTHE et al., 2009).

Estudos com o extrato etanólico da casca da L. macrophylla, pertencente a

mesma família, inibiu o crescimento da bactéria Gram-positiva, S. aureus. No

entanto, os extratos obtidos de L. tomentosa (Benth) Fristch mostraram atividade

contra as bactérias Gram-positivas (S. aureus, B. cereus) e Gram-negativas (E. coli,

P. aeruginosa). Acredita-se que a variação dessa atividade deva-se a diferença

entre as espécies vegetais, o tipo de extrato preparado e as condições

experimentais (SILVA et al., 2012).

Quanto a ação antibacteriana do EBTU e FATU, não mostraram nenhum efeito

inibitório contra o crescimento das espécies bacterianas estudadas. Dados que

corroboram com Coutinho e associados (2009), ao testar isoladamente a ação dos

extratos hidroetanólico de T. ulmifolia, não houve CIM substancial, mas quando

associados a gentamicina, potencializou a atividade antimicrobiana contra S. aureus

25923.

Tabela 6: Triagem da atividade antimicrobiana, pelo método de difusão em ágar

BACTÉRIAS

SUBSTÂNCIAS (mg/mL)

ANTIMICROBIANOS (µg)

EBTU FATU EBLR FALR VAN (30) GEN (10)

S. aureus 29213 - - **12±0,6 12,3±0,7 17±0,0 NT

S. aureus 33591 - - 12±0,6 11,3±0,9 17±0,0 NT

S. epidermidis 12228 - - 15,3 0,9 16±0,6 18±0,0 NT

E. coli 25922 - - - - NT 18,3±0,3

P. aeruginosa 27853 - - - - NT 19±0,6

P. aeruginosa 9027 - - - - NT 20,7±0,7

EBTU- extrato bruto de T. ulmifolia; FATU- fração acetato de T. ulmifolia; EBLR- extrato bruto de L. rigida; FALR- fração

acetato de L. rigida; VAN- vancomicina; GEN- gentamicina; **diâmetro do halo inibitório (mm); ( - ) ausência de halo;

NT- não testado; ± erro padrão.

43

Figura 7: Triagem da atividade antibacteriana.

A)S. aureus 29213; B) S. aureus 33591; C) S. epidermidis 12228; EBTU- extrato bruto de T. ulmifolia; FATU-

fração acetato de T. ulmifolia; EBLR- extrato bruto de L. rigida; FALR- fração acetato de etila.(Fonte: autoria

própria)

A triagem demonstrou um possível potencial antibacteriano da L. rigida,

direcionando dessa forma, o aprofundamento do estudo para confirmar esta

atividade, determinando-se as concentrações inibitórias mínimas tanto do seu

extrato bruto quanto de sua fração, pelo método de microdiluição em caldo, usando

cepas bacterianas que se mostraram sensíveis no teste por difusão em ágar.

Para uma melhor comparação da capacidade de inibição, toma-se como base o

conceito definido por Duarte et al.,( 2007) e Aligiannis et al. ( 2001), ao referenciar

uma ação antimicrobiana de produtos naturais como forte para CIM até 500 µg/mL,

moderada para CIM entre 600 µg/mL a 1500µg/mL e fraca para CIM acima de 1600

µg/mL.

44

Partindo desses conceitos e dos resultados presentes na Tabela 7, pode-se

observar que as CIMs apresentaram potencial forte, variando de 0,25 a 0,5 mg/mL,

com ação antibacteriana concentração dependente. A bactéria S. epidermidis foi a

mais sensível ao EBLR e FALR, enquanto a FALR foi mais ativa contra S. aureus

33591 e S. epidermidis 12228, com as CIMs correspondentes a 0,25 mg/mL.

O teste de viabilidade celular, realizado posteriormente, permitiu afirmar que

tanto o extrato bruto quanto a fração acetato da L. rigida foram bactericidas, devido

impossibilitar o crescimento bacteriano, em placas de ágar MH isentas da substância

teste.

Esse estudo fornece informações valiosas, tendo em vista que o objetivo desse

ensaio é avaliar o efeito apresentado posteriormente a exposição a uma substância

testada. Dessa forma, a análise permitiu mostrar que as bactérias não foram

capazes de se multiplicar em meio sólido após exposição as plantas teste nas

concentrações da CIM, na qual o dano causado inviabilizou a multiplicação

bacteriana que normalmente cresce após a exposição a antibióticos usados na

clínica (RAMANUJ; BACHANI; KOTHARI, 2012).

Tabela 7: Concentração inibitória mínima do EBLR e FALR, pelo método de microdiluição

BACTÉRIAS EBLR (mg/mL) FALR (mg/mL) Vancomicina (µg/mL)

S. aureus 29213 0,5 0,5 0,5

S. aureus 33591 0,5 0,25 0,5

S. epidermidis 12228 0,25 0,25 0,5

Devido ao potencial antibacteriano considerável dessa planta foi realizado o

estudo da atividade antifúngica, pelo método de microdiluição. Pode-se observar

que o EBLR mostrou amplo espectro de ação quando comparado a FALR, atuando

contra a maioria das leveduras estudadas (Tabela 8).

Tanto o extrato quanto a fração apresentaram atividade forte contra as leveduras

C.krusei, C. rugosa, T. asahii; moderada contra C. parapsilosis; e fraca contra C.

tropicalis. Dentre as cepas analisadas, a C. krusei foi a mais suscetível as

substâncias testadas, enquanto a C. glabrata não foi inibida nas concentrações

testadas.

45

Tabela 8: Concentração inibitória mínima da EBLR e FALR contra leveduras, pelo método de

microdiluição

LEVEDURAS EBLR(mg/mL) FALR (mg/mL) FLUCONAZOL (µg/mL)

Candida albicans 2,5 >5 512

Candida dubliniensis 2,5 >5 512

Candida tropicalis 5 5 512

Candida parapsilosis 0,63 1,25 32

Candida glabrata >5 >5 512

Candida rugosa 0,16 0,08 4

Candida krusei 0,08 0,02 126

Trichosporon asahii 0,16 0,04 4

Para confirmar os resultados obtidos no ensaio da CIMs e caracterizar o tipo de

atividade que o extrato e a fração apresentaram, foram realizados os testes de

cinética de morte, os quais podem ser constatados na Figura 8 e 9. Na Figura 8A,

observa-se que após 2h de exposição ao EBLR há redução do crescimento

bacteriano, com um leve aumento após 4h de tratamento. No entanto, a comparação

do controle com as concentrações de 1XCIM, 2XCIM e 4XCIM (p<0,05) (24 horas de

exposição), mostrou considerável diminuição do crescimento do S. aureus 29213.

Na Figura 8B há redução do crescimento após 2h de exposição a FALR, com um

aumento pouco acentuado no período de 8 h, tendendo a se estabilizar no tempo de

10h, nas concentrações de 1XCIM, 2XCIM e 4XCIM. Comparando-se o crescimento

controle com as concentrações testadas, observa-se redução do crescimento do S.

aureus 29213 – 1XCIM e 4XCIM (p<0,05) e 2XCIM(p<0,01) ao final do ensaio. Não

houve diferença significativa entre a vancomicina e as concentrações 1XCIM, 2XCIM

e 4XCIM, para o tempo final da cinética, no entanto diferiu do controle (p<0,001).

O crescimento do S. aureus meticilina resistente (33591) apresentou inibição

significativa estatisticamente a partir de 4h de tratamento com EBLR, quando

comparado ao controle nas concentrações 1 XCIM, 2XCIM e 4XCIM (p<0,01),

(Figura 8C). Não houve diferença entre o tratamento com a vancomicina e essas

concentrações, diferindo do controle (p<0,001).

46

Figura 8: Cinética de morte de bactérias do gênero Staphylococcus tratados com EBLR e

FALR

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0Controle

0.125 X CIM

0.25 X CIM

0.5 X CIM

1.0 X CIM

2.0 X CIM

4.0 X CIM

DMSO 5%

Vancomicina 0,5g/mL

S. aureus 29213 (Extrato bruto)

Tempo (h)

D.O

. 5

95

nm

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0Controle

0.125 X CIM

0.25 X CIM

0.5 X CIM

1.0 X CIM

2.0 X CIM

4.0 X CIM

DMSO 5%

Vancomicina 0,5 g/mL

S. aureus 29213 (Fração)

Tempo (h)

D.O

. 5

95

nm

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0Controle

0.125 X CIM

0.25 X CIM

0.5 X CIM

1.0 X CIM

2.0 X CIM

4.0 X CIM

DMSO 5%

Vancomicina 0,5g/mL

S. aureus 33591 (Extrato bruto)

Tempo (h)

D.O

. 5

95

nm

S. aureus 33591 (Fração)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0Controle

0.125 X CIM

0.25 X CIM

0.5 X CIM

1.0 X CIM

2.0 X CIM

4.0 X CIM

DMSO 5%

Vancomicina 0,5g/mL

Tempo (h)

D.O

. 5

95

nm

S. epidermidis 12228 (Extrato bruto)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0 Controle

0.125 X CIM

0.25 X CIM

0.5 X CIM

1.0 X CIM

2.0 X CIM

4.0 X CIM

DMSO 5%

Vancomicina 0,5g/mL

Tempo (h)

D.O

. 5

95

nm

S. epidermidis 12228 (Fração)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0 Controle

0.125 X CIM

0.25 X CIM

0.5 X CIM

1.0 X CIM

2.0 X CIM

4.0 X CIM

DMSO 5%

Vancomicina 0,5g/mL

Tempo (h)

D.O

. 5

95

nm

A B

C D

E F

A) S. aureus 29213 tratado com EBLR; B) S. aureus 29213 tratado com FALR; C) S. aureus 33591 tratado

com EBLR; D) S. aureus 33591 tratado com FALR; E) S. epidermidis 12228 tratado com EBLR; F) S.

epidermidis 12228 tratado com FALR() controle; () 0,125 X CIM; () 0,25 X CIM; () 0,5 X CIM; () 1,0

X CIM; (O) 2,0 X CIM; () 4,0 X CIM; () DMSO 5%;()Vancomicina 0,5 µg/mL.

47

O tratamento do S. aureus 33591 com FALR (Figura 8D) mostra redução do

crescimento também após 4h de exposição, com um leve aumento depois do tempo

de 8h. Verifica-se nessas condições, o decréscimo do crescimento nas

concentrações de 0,5XCIM (p<0,05), 1XCIM, 2XCIM e 4XCIM (p<0,01) quando

confrontado com o crescimento controle. Não houve diferença estatística entre o

tratamento com a vancomicina e a FALR (concentrações inibitórias e superiores)

(p<0,001). Apesar da concentração 0,5XCIM ter reduzido o crescimento bacteriano

na curva de morte, não foi capaz de inibi-lo na determinação da CIM e no teste de

viabilidade (Tabela 6).

Na Figura 8E observa-se o início da atenuação do crescimento do S. epidermidis

12228 exposto ao EBLR, após 4h exposição nas grandezas de 1XCIM, 2XCIM e

4XCIM. Quando o crescimento bacteriano é avaliado nessas mesmas concentrações

e comparando ao controle de crescimento após 24h de contato, há uma redução

significativa da redução do crescimento (p<0,05).

Quanto ao tratamento com a FALR (Figura 8F), o crescimento bacteriano tende a

diminuir após 4h de tratamento, com resultados significativos quando comparados os

dados do crescimento controle e das concentrações 1XCIM, 2XCIM e 4XCIM

(p<0,01). A inibição no crescimento bacteriano exercido pela vancomicina não diferiu

significativa em relação as concentrações CIM e superiores testadas e como

esperado, diferindo do controle (p<0,01).

Analisando todos os dados acima descritos e as tabelas presentes no Apêndice

A, pode-se confirmar que tanto o extrato bruto quanto a fração acetato da L. rigida

possuem atividade bactericida contra as espécies do gênero Staphylococcus

testadas, nas concentrações de 1XCIM, 2XCIM e 4XCIM, quando comparadas ao

crescimento controle.

Esse ensaio também comprova a ação tempo dependente das amostras

testadas, assemelhando-se aos estudos obtidos por Limsuwan et al (2012), ao

confirmarem a atividade antimicrobiana dos extratos de Rhodomyrtus tomentosa, da

mesma família da L. rigida, Chrysobalanaceae.

S. aureus é uma bactéria relatada como a mais patogênica de seu gênero, possui

alta resistência a destruição quando exposta ao ambiente, sendo encontrada

principalmente em infecções cutâneas e intestinais, apresentando capacidade de

evasão do sistema imunológico. Outra característica marcante desse micro-

48

organismo é a sua habilidade em desenvolver resistência aos antimicrobianos

usados comumente para tratar infecções em que o S. aureus seja o agente

causador (SAVOIA, 2012).

É relevante mencionar a atividade apresentada sobre a cepa meticilina

resistente, na qual se mostrou mais suscetível a FALR, pois uma das preocupações

mundiais é o crescente surgimento de micro-organismos resistentes, consideradas

verdadeiras ameaças a saúde da população (WHO, 2014).

A atividade contra S. epidermidis também merece destaque, visto que esses

micro-organismos coagulase negativo são constantemente reportados como

colonizadores de diversos aparelhos usados em hospitais, principalmente, em

cateteres intravascular de permanência (GARA; HUMPHREYS, 2001).

Diversas estratégias são usadas para inibir a formação do biofilme colonizador

dos aparatos terapêuticos, mas devido a resistência inerente do biofilme aos

antimicrobianos convencionais e a crescente resistência apresentada a essas

substâncias, é incessante a busca por novas medidas para combatê-lo.

Por sua vez, as estratégias alternativas, buscam mecanismos que possam

impedir a colonização do aparato implantado no paciente, seja usando biomateriais

resistentes a colonização ou empregando agentes antissépticos impregnados aos

cateteres. Assim, recorrer-se a produtos derivados de vegetais pode fornecer um

forte aliado ao combate da formação de biofilmes derivado de S. epidermidis

(GARA; HUMPHREYS, 2001).

Desse modo, uma das futuras aplicações dessa espécie vegetal seria como um

fitoterápico que combateria infecções causadas por bactérias desse gênero e

possivelmente infecções refratárias a antibióticos (LEWIS; AUSUBEL, 2006;

MARTÍNEZ; BAQUERO; ANDERSSON, 2007).

A Figura 9 e o Apêndice B referem-se ao ensaio da cinética de morte da levedura

C. krusei e sua análise estatística, nos quais demonstram que em todas as

concentrações iguais ou superiores a CIM, o extrato e a fração tiveram ação

inibitória no crescimento da levedura testada.

49

Figura 9: Cinética de morte da C. krusei tratada com EBLR e FALR

A) C. krusei tratada com FALR; B) C. krusei tratada com EBLR. () controle;; () 0,25 X CIM; () 0,5 X CIM;

()1,0 X CIM; () 2,0 X CIM; (O) 4,0 X CIM; () DMSO 5%;() Fluconazol 126 µg/mL.

Pode-se observar que após 24h, o crescimento da C. krusei tende a diminuir ou

a estabilizar quando exposta ao EBLR, aumentando após 30h, quando comparado

ao controle. O crescimento controle diferiu significativamente das concentrações de

1XCIM (p<0,01), 2XCIM e 4XCIM (p<0,05), no tempo de 48h, quando pareado ao

crescimento isento de tratamento (Figura 9A).

Quanto ao tratamento com a FALR, verifica-se redução do crescimento da

levedura nas concentrações de 2XCIM e 4XCIM (p<0,05) quando comparadas ao

controle, após exposição de 48h (Figura 9B).

O fluconazol iniciou a inibição do crescimento da C. krusei após 6h de exposição,

não sendo observado diferença significativa entre as amostras testadas, mas

verifica-se diferença significativa ao comparar-se com o controle do teste (p<0,001).

Esses dados corroboram com os resultados obtidos no teste de viabilidade, em que

mostra ação fungistática do EBLR e FALR, mesmo não sendo verificada diferença

entre o controle e a concentração 1XCIM, quando a levedura foi exposta a fração.

Esses resultados são relevantes no contexto da grande demanda por novos

medicamentos contra essas cepas fúngicas. Esse quadro ocorre principalmente

devido a uma crescente população de pacientes imunossuprimidos, cada vez mais

diagnosticados com infecções fúngicas, muitas das quais são invasivas (MICELI;

DÍAZ; LEE, 2011).

Pesquisas relatam que a C. albicans é a levedura isolada com maior frequência

em pacientes internados com fungemias. Entretanto, nos últimos anos esse quadro

50

vem se modificando, em virtude do crescente número de novas infecções não-

albicans, nas quais são reconhecidas como uma importante fonte de infecção

(ALCAZAR-FUOLI; MELLADO, 2014; MICELI; DÍAZ; LEE, 2011).

Aliado a essa condição flagelante ao paciente, existem dois fatores agravantes,

a capacidade inerente dessas espécies de Candida apresentarem uma

multirresistência aos medicamentos usados no combate de sua infecção, e a

possibilidade destas espécies formarem biofilme fúngico em aparatos médicos

(COSTA et al., 2013).

Dessa forma, os resultados encontrados nesse estudo podem ser uma

esperança no combate as infecções causadas por essas leveduras, uma vez que o

EBLR e a FALR foram ativos contra a maioria das cepas e com uma potente

capacidade de inibi-los. Supõem-se que as diferenças observadas na determinação

das CIMs entre C. rugosa, C. krusei e T. asahii, deva-se principalmente a

sensibilidade inerente dos micro-organismos ao EBLR e a FALR, bem como, as

diferenças da sua composição química.

Pressupõe que esses compostos secundários seriam os principais responsáveis

pela atividade antifúngica, inibindo o processo de esporulação (CUSHNIE, T.P. TIM;

LAMB, 2005). Os flavonoides e demais compostos fenólicos descritos nos ensaios

anteriores, podem também estar atuando, ao causar ruptura da membrana celular

fúngica, inibir o processo de brotamento e diminuir a homeostase do Ca+ e H+

(ANSARI et al., 2013).

Há várias décadas esses compostos são tidos pela literatura como responsáveis

pela atividade antimicrobiana contra diversos patógenos. Essa ação deve-se

principalmente a sua relação estrutura atividade, em que os grupamentos

característicos atuariam gerando um dano a membrana celular, por indução da

formação de poros e também pela diminuição da sua fluibilidade. Além dessas

atividades, são também relatados como detentores da capacidade de inibir a síntese

da membrana, ácidos nucleicos e o metabolismo celular (CUSHNIE, T. P TIM;

LAMB, 2011).

Dessa maneira pode-se observar que o estudo demonstrou a atividade

antioxidante in vitro dos EBTU, FATU, EBLR e FALR e também a comprovação da

atividade antimicrobiana do EBLR e FALR, permitindo expandir o uso dessas

substâncias em aplicações.

51

Primeiramente como coadjuvante em formulações farmacêuticas, no qual o

EBTU e FATU, poderiam estar atuando como antioxidantes de emulsões e outras

formulações, enquanto que o EBLR e a FALR, pode vir a se tornar além de

antioxidantes, agentes conservantes, devido a atividade mostrada contra os micro-

organismos testados. Essas aplicações são uma resposta as novas demandas do

mercado que vem se modificando e buscando introduzir formulações mais seguras

para os diversos consumidores (OSTROSKY et al., 2011; PATRON; COMMITTEE;

CHANCELLOR, 2010).

O EBLR e a FALR por apresentarem atividade antimicrobiana contra cepas de

importância clínica, podem ser empregados de maneiras mais diversas como

medida alternativa para o combate ao biofilme, tanto bacteriano como fúngico, por

meio de impregnação em dispositivos médicos. Os produtos derivados da L. rigida

podem vir a ser usados como antimicrobiano tópico, pois o seu uso popular, de

longa data, assegura que nenhuma reação ao medicamento grave possa vir a

ocorrer a substâncias derivadas dessa planta (HALL-STOODLEY; COSTERTON;

STOODLEY, 2004). Todas essas proposições dependem de estudos posteriores,

para assegurar e viabilizar o seu emprego em produtos farmacêuticos, assim

valorizando mais os produtos naturais.

52

6. CONCLUSÃO

Considerando os resultados experimentais obtidos in vitro pode-se concluir que:

O método analítico empregado nas análises, mostrou-se eficaz na

determinação dos componentes do EBTU, FATU, EBLR, FALR;

Os extratos hidroetanólicos de Licania rigida, sua fração acetato de etila, o

extrato bruto Turnera ulmifolia e sua fração acetato de etila demonstraram eficaz

atividade antioxidante demonstrada pelo método de sequestro do radical DPPH.

Baseada na caracterização cromatográfica do EBTU e da FATU supõe-se que

os dois compostos majoritários foram um flavonol – O – 3 glicosilado semelhante a

rutina e uma flavona glicosilada semelhante ao espectro da apigenina. Enquanto que

o composto majoritário do EBLR e FALR foi um Flavonol –O – 3 – glicosilado.

Os EBLR e a FALR apresentaram atividade antimicrobiana contra as cepas de

bactérias Gram – positivas e de leveduras.

Os EBLR e FALR apresentam CIMs consideravelmente forte para fungos e

bactérias. A atividade antibacteriana apresentou-se como bactericida e a antifúngica

como fungistática.

A atividade antibacteriana e antifúngica caracterizaram-se como tempo e

concentração dependentes.

53

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60

8. Apêndice

APÊNDICE A – Avaliação estatística da cinética de morte bacteriana

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do S. aureus 29213 exposto ao EBLR

Comparações dos tempos Significância p< 0,05

T0 vs T2 Não

T0 vs T4 Não

T0 vs T8 Sim

T0 vs T10 Sim

T0 vs T24 Sim

T2 vs T4 Não

T2 vs T8 Não

T2 vs T10 Não

T2 vs T24 Não

T4 vs T8 Não

T4 vs T10 Não

T4 vs T24 Sim

T8 vs T10 Não

T8 vs T24 Não

T10 vs T24 Não

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do S. aureus 29213 exposto a FALR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05

T0 vs T2 Não

T0 vs T4 Não

T0 vs T8 Não T0 vs T10 Sim

T0 vs T24 Sim

T2 vs T4 Não

T2 vs T8 Não

T2 vs T10 Não T2 vs T24 Não

T4 vs T8 Não

T4 vs T10 Não

T4 vs T24 Sim

T8 vs T10 Não T8 vs T24 Não

T10 vs T24 Não

61

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do S. aureus 33591 ao EBLR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05 T0 vs T2 Não T0 vs T4 Não T0 vs T8 Não

T0 vs T10 Não T0 vs T24 Sim T2 vs T4 Não T2 vs T8 Não

T2 vs T10 Não T2 vs T24 Não T4 vs T8 Não

T4 vs T10 Não T4 vs T24 Não T8 vs T10 Não T8 vs T24 Sim T10 vs T24 Não

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do S. aureus 33591 exposto a FALR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05 T0 vs T2 Não T0 vs T4 Não T0 vs T8 Não

T0 vs T10 Não T0 vs T24 Sim T2 vs T4 Não

T2 vs T8 Sim T2 vs T10 Não T2 vs T24 Não T4 vs T8 Não

T4 vs T10 Não T4 vs T24 Não T8 vs T10 Não

T8 vs T24 Sim T10 vs T24 Não

62

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do S. epidermidis 12228 exposto ao EBLR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05 T0 vs T2 Não T0 vs T4 Não T0 vs T8 Não

T0 vs T10 Não T0 vs T24 Sim T2 vs T4 Não T2 vs T8 Não

T2 vs T10 Não T2 vs T24 Não T4 vs T8 Não

T4 vs T10 Não T4 vs T24 Não T8 vs T10 Não T8 vs T24 Sim

T10 vs T24 Não

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do S. epidermidis 12228 exposto a FALR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05 T0 vs T2 Não T0 vs T4 Não T0 vs T8 Sim

T0 vs T10 Sim T0 vs T24 Sim T2 vs T4 Não T2 vs T8 Não

T2 vs T10 Não T2 vs T24 Não T4 vs T8 Não

T4 vs T10 Não T4 vs T24 Não T8 vs T10 Não T8 vs T24 Não

T10 vs T24 Não

63

APÊNDICE B – Avaliação estatística da cinética de morte fúngica

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte do da Candida krusei exposta ao EBLR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05

T0 vs T6 Não T0 vs T24 Sim T0 vs T30 Sim

T0 vs T48 Sim T6 vs T24 Não T6 vs T30 Não

T6 vs T48 Sim T24 vs T30 Não T24 vs T48 Não

T30 vs T48 Não

Comparação estatística dos resultados da cinética de morte da Candida krusei exposta a FALR

Comparação dos tempos Significância p< 0,05

T0 vs T6 Não

T0 vs T24 Não

T0 vs T30 Sim

T0 vs T48 Sim

T6 vs T24 Não

T6 vs T30 Não

T6 vs T48 Sim

T24 vs T30 Não

T24 vs T48 Não

T30 vs T48 Não