universidade federal do rio de janeiro centro de … · globais se viram em dificuldades para...

98
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CI NCIAS JUR í DICAS E ECON Ó MICAS INSTITUTO DE P Ó S-GRADUAÇ Ã O E PESQUISA EM ADMINISTRAÇ Ã O - COPPEAD UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO DE RISCOS EM INVESTIMENTOS PELOS BANCOS MÚLTIPLOS DOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO TANIA YENNY SAUCEDO HURTADO MESTRADO EM ADMINISTRAÇ Ã O DE EMPRESAS NEWTON C. A. DA COSTA JR. RIO DE JANEIRO, RJ-BRASIL 1996

Upload: doanmien

Post on 01-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CI:tNCIAS JURíDICAS E ECONÓMICAS

INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO -

COPPEAD

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO DE RISCOS EM

INVESTIMENTOS PELOS BANCOS MÚLTIPLOS DOS ESTADOS

DO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO

TANIA YENNY SAUCEDO HURTADO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

NEWTON C. A. DA COSTA JR.

RIO DE JANEIRO, RJ-BRASIL

1996

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

ii

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE RISCOS EM

INVESTIMENTOS PELOS BANCOS MÚL TlPLOS DOS ESTADOS DO RIO

DE JANEIRO E SÃO PAULO

Tania Yenny Saucedo Hurtado

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e

Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como

parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de mestre.

Aprovada por:

prof._---'d-L_�

__ g _ __'__,_

Newton C. A. da Costa Ir.

COPPEAD /UFRJ

Prof. �dd2� Cláudio R. Contador

COPPEAD/UFRJ

Prof. 4'�� /M . S I' oaClr ancovsc u

FEA/UFRJ

- Presidente da banca

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

Saucedo Hurtado, Tania Yenny

Utilização de técnicas de mensuração de rISCOS em

investimentos pelos bancos múltiplos dos estados do Rio de

Janeiro e São Paulo'; Tania Yenny Saucedo Hurtado. Rio de

Janeiro: COPPEADjUFRJ, 1995.

Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPEAD.

1.- Análise de Risco. 2.- Risco (Economia) 3.- Bancos Brasil.

4. -Tese (Mestr._ COPPEADjUFRJ). L Título.

iii

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

iv

Ao meu esposo Erro!,

aos meus pais Aurelio (in memoriam) e Blanca.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

v

Agradecimentos

Ao professor Newton C. A. da Costa Jr. pelas sugestões, incentivo e

principalmente pela permanente colaboração e apoio à conclusão da tese.

Aos professores Cláudio Contador e Moacir Sancosvscru pelas valiosas sugestões.

À professora Denise Fleck pelo apoio, incentivo e amizade demostrada quando

coordenadora do COPPEAD.

Ao meu esposo Errol pelo carinho e incentivo durante estes anos de estudo.

Ao meu paI Aurelio pelos seus sábios conselhos que me acompanharão por

sempre.

À minha mãe Blanca pela ajuda, pelo apoio, pelo carinho e principalmente pela

dedicação de toda a vida.

Ao meu irmão Henry e aos meus irmãos Felipe e Goldy pela ajuda e pelo apoio

incondicional.

À Vanessa, Célia e Dona Ondina, pela hospitalidade, a Claudinha e Alda pelas

caronas diárias, a Marcelo, Marilia, Celso, Licinio, Cecilia e Ana Silvia pela ajuda

prestada, a Nancy pelo apoio permanente. A todos eles agradeço principalmente

pela amizade e o carinho demostrado durante estes anos.

Aos colegas de turma, pelos momentos compartilhados e a todos os que direta e

indiretamente colaboraram para a realização desta pesquisa.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

VI

Resumo da Tese apresentada à COPPEAD/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO DE RISCOS EM

INVESTIMENTOS PELOS BANCOS MÚLTIPLOS DOS ESTADOS DO RIO

DE JANEIRO E SÃO PAULO

Tania Yenny Saucedo Hurtado

Junho/1996

Orientador: Prof. Newton C. A. da Costa Jr.

Programa: Administração

O presente trabalho tem como objetivo verificar a relação existente entre a

teoria sobre modelos de mensuração de risco e a utilização, na prática, dessa

teoria pelos bancos múltiplos do Rio de Janeiro e São Paulo.

Os resultados mostraram que existe uma distância entre os principais

conceitos da moderna teoria de finanças e a prática nos bancos brasileiros,

porque nem todas as técnicas são conhecidas e usadas por eles. Porém, os bancos

estão preocupados em quantificar o risco inerentes a seus investimentos. A

maioria analisa o risco através de técnicas de avaliação formais, sendo as

preferidas a variância e o -Beta- do modelo CAPM, ambas consideradas

imprescindíveis ao gerenciamento do risco.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

vii

Abstrac of thesis presented to COPPEAD/UFRJ as partial fulfillmemt of the

requirements for the degree of Master of Science (M.5c.).

THE USE OF RISK MEASUREMENT TECHNICS BY THE INVESTMENT

BANKS IN RIO DE JANEIRO AND SÃO PAULO

Tania Yenny Saucedo Hurtado

Junho/1996

Chairman: Newton c.A. da Costa Jr.

Program: Bussiness Administration

The objective of this work is to verify the relation between the theoretical models

on risk measurement, and its utilization by investment banks located in Rio de

Janeiro and São Paulo.

The results show that there is a gap between the state-of-the-art theory of

finance and the operational practices of Brazilian banks. They do not use, and

maybe are not acquainted, with ali the available techniques. Nonetheless, they

consider the importance of quantifying the inherent risk of their investments.

Most of them use formal procedures to evaluate risk, and prefer to use variance

and the CAPM's Beta as risk parameters.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO DO ESTUDO

SUMÁRIO

1.2 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO

2.1.1 SEGMENTAÇÃO DOS MERCADO FINANCEIROS

2.1.2 MERCADO DE CRÉDITO

2.1.3 MERCADO DE CAPITAIS

2.1.4 MERCADO MONETÁRIO

2.1.5 MERCADO CAMBIAL

2.1.6 OUTRA CLASSIFICAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO

2.2 RISCO

2.2 RISCO DO NEGÓCIO

2.2.2 RISCO FINANCEIRO

2.2.3 RISCO DE MERCADO

2.3 OS PRINCIPAIS MODELOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO

viii

1

1

2

2

2

4

4

4

5

5

6

7

7

8

9

9

9

10

2.3.3 HARRY MARKOWITZ E O NASCIMENTO DA TEORIA DE CARTEIRAS 14

2.3.4 O MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS DE CAPITAL (CAPM) 15

2.3.5 CRITICAS AO MODELO CAPM 20

2.3.6 A TEORIA DE ARBITRAGEM 24

2.3.7 RlSKMETRIC: O MAIS NOVO SISTEMA NA MEDIÇÃO DE RISCO É PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS: 29

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

ix

2.4 PESQUISAS REALIZADAS NO BRASIL SOBRE TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE

2.4.1

2.4.2

2.4.3

2.4.4

2.5

2.5.1

2.5.2

3

3.1

3.2

3.2.1

3.2.2

3.2.3

3.2.4

3.3

3.4

34.1

3.4.2

3.4.3

3.4.4

3.4.5

3.4.6

RISCO 31

A PESQUISA DE NEY O. BRITO E MOACIR SANCOVSCHI 31

A PESQUISA DE GILBERTO DE OLIVEIRA KLOECKNER 35

A PESQUISA DE NEWTON C. A. DA COSTA Jr, EMíLIO A. MENEZES E EDUARDO FACÓ LEMGRUBER 37

A PESQUISA DE JORGE ZANETE, GILBERTO DE OLIVEIRA KLOECKNER E JOÃO LUIZ BECKER 41

PESQUISAS SOBRE UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS FINANCEIRAS NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS NO BRASIL 42

A PESQUISA DE FENSTERSEIFER E SAUL 42

A PESQUISA DE TERESA CRISTINA JANES CARNEIRO 44

OS BANCOS NO BRASIL 48

INTRODUÇÃO 48

BREVE HISTÓRICO DOS BANCOS NO BRASIL 48

O BANCO TRADICIONAL 48

A FASE INTERMEDIÁRIA 49

O BANCO ATUAL 50

O ACORDO DA BASILÉIA 51

PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS BANCOS MÚLTIPLOS 55

RISCOS BANCÁRIOS 57

RISCOS DE INADIMPLÊNCIA 57

RISCOS DE PERFORMANCE 57

RISCO CLEAN NA LIQUIDAÇÃO 58

RISCO DE CUSTÓDIA 58

RISCOS DE EMISSOR 58

RISCOS DE MERCADO 59

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

x

3.4.7 RISCO DE LIQUIDEZ 59

3.4.8 RISCO DE TAXA OU PREÇO 59

3.4.9 RISCO DE TRADING 59

3.5 RISCOS DE GAP 60

3.5.1 RISCOS DE PRAZOS 60

3.5.2 RISCO DE CAIXA 60

3.5.3 RISCOS DE PARCERIA 61

3.5.4 RISCOS OPERACIONAIS 61

3.5.5 RISCOS DE FORMALIZAÇÃO 61

3.5.6 RISCOS DE PROCESSAMENTO 62

3.5.7 RISCOS FISCAIS 62

3.5.8 RISCOS INSTITUCIONAIS 62

3.5.9 RISCO JURÍDICO 62

3.6 RISCO FIDUCIÁRIO 63

3.6.1 RISCOS DE DIVULGAÇÃO 63

4 METODOLOGIA DA PESQUISA 64

4.1 ESCOLHA DO TEMA 64

4.2 COLETA DE DADOS 65

4.3 AMOSTRA 65

5 RESULTADOS 67

5.1 SOBRE OS BANCOS 67

5.2 SOBRE ÁREA DE OPERAÇÃO 70

5.3 SOBRE INVESTIMENTOS 71

5.4 SOBRE ORÇAMENTO 73

5.5 UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS 73

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 CONCLUSÕES

6.1 RECOMENDAÇÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

xi

77

77

78

80

84

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

1. INTRODUÇÃO

Atualmente a tecnologia financeira tem dado um salto tão grande e

criado riscos tão novos, que os bancos centrais e as autoridades reguladoras

globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e

derivativos. Devido a isto, ficou determinado que todos os bancos brasileiros

devem atestar junto ao Banco Central do Brasil que possuem um modelo de

gerenciamento de risco que garanta a segurança de suas operações. (Gazeta

MercantiI 06jnov.jI995).

o parágrafo acima, transcrito do jornal Gazeta Mercantil, mostra a

necessidade das instituições financeiras em gerenciar e controlar o nível de risco a

que estão expostos. Sendo que a noção de risco tem a ver basicamente com a

flutuação dos preços dos ativos que pode acarretar prejuízos aos seus detentores.

Assim, modelos de gerenciamento de risco devem conter previsões e projeções

sobre o comportamento futuro de ativos e passivos com base mais científica

(embora nunca perfeita), de acordo com as leis de probabilidades. Estes modelos

procuram dar ao banco bases mais técnícas para tomar riscos de mercado,

facilitando as operações e sua proteção, maximizando rentabilidade e segurança.

Esta pesquisa tem como objetivo verificar a utilização, pelos bancos

múltiplos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, das modernas técnicas de

medição de riscos propostos pela moderna teoria de finanças.

1.1 OBJETIVO DO ESTUDO

o objetivo deste estudo é verificar a relação existente entre a teoria

sobre modelos de mensuração de risco e a utilização, na prática, dessa teoria pelos

bancos múltiplos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

1.2 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

2

A importância deste estudo consiste em mapear e divulgar o estado

da arte do uso, pelos bancos múltiplos dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo,

das teorias financeiras sobre risco. Tal quadro permitirá comparar não apenas a

prática adotada entre os bancos brasileiros, mas também posicionar o setor frente

à práticas internacionais. Permitirá também, ao futuro profissional identificar as

técnicas mais demandadas pelo mercado.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

o presente estudo se limita à área da teoria financeira que trata das

técnicas de medição de riscos inerentes a investimentos no mercado de capitais,

especificamente o mercado acionário. Salienta-se, com tudo, que as informações

obtidas junto aos bancos são sobre a utilização das técnicas de medição de risco e

não a sua operacionalização.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Este trabalho foi dividido em seis partes. Na primeira parte

apresentamos o trabalho, falamos de sua importância e de seus objetivos.

Na fundamentação teórica são abordados vários temas relacionados

ao mercado financeiro, sua divisão, o conceito de risco, seus tipos e a medição

dos mesmos através dos diversos modelos, como: CAPM, a teoria de Markowitz,

e a teoria da arbitragem, apresentamos também o sistema de administração de

risco denominado Riskmetrics. Em seguida, fazemos uma revisão das principais

pesquisas publicadas sobre a aplicabilidade destes modelos no Brasil, por último

apresentamos as pesquisas realizadas no País sobre a utilização de técnicas

financeiras na avaliação de investimentos, pesquisas que serviram de base para o

desenvolvimento deste estudo.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

3

A terceira parte do trabalho apresenta um breve histórico sobre os

bancos no Brasil, a legislação sobre os mesmos, suas principais funções e os riscos

a que se encontram expostos.

A quarta parte trata da metodologia utilizada: a escolha do tema, a

seleção da amostra e a coleta de dados.

Na quinta parte, apresentamos e analisamos os resultados

encontrados.

Na sexta e última parte apresentamos as principais conclusões e

algumas recomendações para pesquisas futuras nesta área.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO

o fluxo de recursos na economia é possível graças ao mercado

financeiro, que permite a circulação de valores, a troca destes valores e os

financiamentos de capital de curto, médio e longo prazos . O mercado financeiro é

considerado o mercado geral de dinheiro, de crédito ou de capital.

O mercado de capitais cumpre a importante função de transferir

recursos no tempo, alocando a poupança disponível às oportunidades de

investimento existentes. Ao falarmos em investimento, imediatamente o

associamos ao seu risco inerente, ou seja, a imprevisibilidade das futuras

rentabilidades.

Neste capítulo falaremos sobre o mercado financeiro, sua divisão, o

conceito de risco, as diversas técnicas de medição do mesmo em investimentos no

mercado de capitais, especificamente no mercado de ações, a teoria de

Markowitz, o modelo de precificação de ativos (CAPM), a teoria da arbitragem,

bem como o sistema de administração de risco denominado Riskmetrics.

Apresentamos também alguns trabalhos empíricos sobre à aplicabilidade destes

modelos no mercado brasileiro e, por último são apresentadas algumas pesquisas

realizadas no Brasil sobre utilização de técnicas financeiras na avaliação de

investimentos .

2.1.1 SEGMENTAÇÃO DOS MERCADO FINANCEIROS

De acordo com a Comissão Nacional de Bolsas de Valores (1988), os

mercados financeiros podem ser subdivididos segundo suas características em

quatro mercados específicos :

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

5

2.1.2 MERCADO DE CRÉDITO

É onde são efetuados os financiamentos, a curto e médio prazos, do

consumo corrente e dos bens duráveis, e do capital de giro das empresas. No

Brasil, atuam basicamente neste mercado os bancos comerciais e as companhias

financeiras .

2.1.3 MERCADO DE CAPITAIS

É onde são efetuados os financiamentos do capital de giro e do

capital fixo das empresas e das construções habitacionais . Neste mercado está

concentrada a maior parte das operações de instituições financeiras não

monetárias . Os financiamentos são, basicamente, de médio e de longo prazos, e até

mesmo de prazo indeterminado, como as operações do mercado de ações que se

constituem em um segmento deste mercado.

Barros (1968) afirma que as três principais funções do mercado de

capitais são: captar economias, trocá-las por valores e facilitar a circulação desses

valores .

-Mercado de Ações

O mercado de ações é um segmento do mercado de capitais, e o seu

desenvolvimento fundamenta-se, basicamente, em dois princípios:

a) Ele contribui para o desenvolvimento econômico, desde que

funcione como uma indústria de produzir capitais para investimento, estimulando

a poupança privada. Produzi-los, processá-los e distribuí-los para alimentar a

atividade econômica é a sua função básica;

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

6

b) De um ponto de vista voltado para o interesse social, permite e

orienta a estruturação de uma sociedade pluralista, baseada na economia de

mercado, permitindo a participação coletiva de forma ampla na riqueza e nos

resultados da economia.

Segundo Brito (1989), os mercados acionários são, em essência,

mercados onde o risco é negociado em termos de rentabilidade esperada, por isto,

em tais mercados é relevante con siderar o risco de forma explícita. As

oportunidades de diversificação de risco - diluição do risco através de

investimento em carteiras (portfolio) com frações de diversas empresas - criadas

por este mercado permitem que as atividades empresariais sejam menos tímidas e

que os níveis de investimento venham a aumentar, levando ao crescimento

econômico.

2.1.4 MERCADO MONETÁRIO

É onde se realizam as operações de curto e curtíssimo prazo. Nele

são financiados os desencaixes momentâneos dos agentes econômicos,

especialmente as necessidades momentâneas de caixas de bancos comerciais e do

Tesouro Nacional. Nele ocorrem as operações de "mercado aberto", inclusive as

operações de um dia, chamadas overnight. Este mercado existe como um

instrumento de política monetária: através dele o Banco Central atua sobre o nível

de liquidez da economia. Quando pretende reduzir a liquidez, vende títulos,

retirando, assim moeda do sistema. Quando pretende expandir a liquidez,

recompra tais títulos, ampliando o volume de moeda em circulação na economia.

Estas operações são parte da política de combate à inflação.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

7

2.1.5 MERCADO CAMBIAL

É onde são realizadas operações que envolvem a necessidade de

conversão de moedas estrangeiras em moedas nacionais e vice-versa. Basicamente,

são operações de curto prazo e as instituições que nele atuam são os bancos

comerciais e as firmas autorizadas, com a intermediação das corretoras .

As operações do mercado cambial são basicamente de compra e

venda de moeda estrangeira, com a intermediação de instituições financeiras

autorizadas . O intermediário financeiro compra divisa dos exportadores e vende

para os importadores . A compra dos exportadores pode ser, e normalmente é,

feita a curto prazo, isto é, com o pagamento em moeda nacional antecipadamente

ao recebimento da moeda estrangeira. Funciona, portanto, como um

financiamento. As vendas de divisas aos importadores, podem, por sua vez, serem

feitas a prazo, outra forma de financiamento.

Além disso, as instituições financeiras negociam divisas entre si para

fechamento de suas posições . Estas operações são semelhantes às do mercado

aberto, com a diferença, naturalmente, de que o dinheiro não é nacional e sim as

divisas - dólar, marco etc.

2.1.6 OUTRA CLASSIFICAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO

O mercado financeiro também é classificado como mercado primário

e mercado secundário. Em princípio, qualquer ativo financeiro tem sua primeira

negociação no mercado primário; quando é revendido esta negociação se dá no

mercado secundário.

É no mercado primário que a empresa obtém recursos para seus

investimentos e onde os bancos obtém recursos para financiar empresas, etc. Neste

mercado é que ocorre o fluxo de recursos dos fornecedores de fundos para aqueles

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

8

que deles necessitam, tanto para investimentos como para consumo. O mercado

primário é, pois, de suma importância para a economia, já que é através dele que,

com mais rapidez, a poupança se transforma em investimento.

O mercado secundário é onde os títulos já existentes se transferem de

um proprietário para outro. O valor transacionado nesse mercado não é

canalizado para a empresa ou para o banco, etc. Sob o ponto de vista econômico,

não significa aumento ou diminuição de recursos para financiar novos

empreendimentos. A função deste mercado é dar liquidez aos papéis (ativos

financeiros), negociados no mercado primário.

Barros (1968) esquematiza o assunto e concebe o mercado financeiro

como o mercado geral de dinheiro, de crédito ou de capital, e pode-se dividi-lo em

dois mercado básicos: O Mercado de Crédito e o Mercado de Capitais, realizando­

se neste as operações a longo prazo, naquele operações de curto prazo e, em

ambos eventualmente operações de prazo médio.

2.2 RISCO

Pindyck e Rubinfeld (1994) afirmam que a incerteza pode ser

referente a situações para as quais muitos resultados são possíveis, porém cada

um deles apresenta possibilidades desconhecidas de ocorrência. O risco, por sua

vez, refere-se a situações para as quais pode-se relacionar todos os possíveis

resultados e se conhece a possibilidade de vir a ocorrer, apresentado por cada

possível resultado.

Segundo a Comissão Nacional de Bolsa de Valores (1988) existem

três tipos de risco que são:

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

9

2.2 RISCO DO NEGÓCIO

Diz respeito às probabilidades de não ocorrência dos lucros

esperados . A análise de rentabilidade de uma empresa, por exemplo, mostra

freqüentemente um comportamento irregular, isto é, uma grande dispersão em

torno da média. A taxa de retorno é boa, mas as probabilidades de variações tanto

para baixo como para cima, são elevadas, e dos lucros da empresa depende o

resgate do principal e o retorno dos investimentos .

2.2.2 RISCO FINANCEIRO

Refere-se às probabilidades do não cumprimento das obrigações

financeiras ou mesmo de insolvência da empresa, objeto do investimento. A

avaliação deste risco deve ser feita não apenas por aqueles que emprestam

dinheiro, mas por qualquer investidor. O aspecto a ser considerado é o IÚvel de

endividamento, ou seja, a relação entre os capitais próprios e os de terceiros, a

relação entre os valores dispoIÚveis ou realizáveis a curto prazo, a relação entre as

dívidas a longo prazo e a capacidade de geração de caixa da empresa etc. Pode ser

que apesar de rentável a empresa não consiga pagar os dividendos esperados aos

seus investidores por encontrar-se em dificuldades financeiras .

2.2.3 RISCO DE MERCADO

Diz respeito às probabilidades de mudanças não esperadas no

comportamento do mercado. Trata-se do risco implfcito, por exemplo, no

investimento em imóveis . Suponhamos que alguém, observando o

comportamento do setor em alta durante três anos, resolva investir nele. Pode

ocorrer que mudanças na economia determinem restrições aos financiamentos .

Para decidir fazer um investimento, a taxa de retorno de um investimento com

risco deve ser comparada com a que pode ser obtida nas alternativas com risco

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

10

mínimo. A partir dessa comparação o investidor deve decidir, pois, em princípio

para maior risco, maior retorno.

No mercado acionário, segundo a Moderna Teoria de Carteiras

desenvolvida por Harry Markowitz (1952) o risco total de um ativo pode ser

decomposto em duas partes:

·risco diversificável ou não sistemático: é o risco inerente a uma

determinada empresa, decorrente de uma greve, obsoletismo de seus produtos,

etc.

·risco não diversificável ou sistemático: é o risco que não pode ser

evitado, pois existe devido às flutuações da economia como um todo.

2.3 OS PRINCIPAIS MODELOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO

Existem diversos modelos de avaliação de risco em projetos, tais

como árvores de decisão, análise de sensibilidade, análise de cenários, simulação,

equivalentes de certeza, etc. Aqui estaremos preocupados com a avaliação do risco

de investimento em carteiras de ativos, mais precisamente em títulos do mercado

acionário.

Segundo Brealey e Myers (1988) e Sharpe (1964) o risco é melhor

apreciado num contexto de carteira. A maior parte dos investidores não põe todos

os seus ovos num só cesto: diversifica; devido a isto o risco efetivo de qualquer

título não pode ser julgado por um exame isolado desse título. Os principais

modelos teóricos que tratam da relação risco versus retomo sob a perspectiva de

carteira de investimento são: a teoria de carteiras de Markowitz, o modelo de

precificação de ativos (CAPM) e a teoria da arbitragem (APT).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

1 1

A seguir, introduzimos os conceitos de valor esperado, variância,

desvio padrão e correlação, para depois apresentarmos as principais teorias de

finanças, acima citadas.

2.3.1 CONCEITOS ESTATíSTICOS BÁSICOS UTILIZADOS NA MEDIÇÃO

DE RISCO: VALOR ESPERADO, V ARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO

Na realidade, não se sabe com certeza qual será o retorno de um

investimento. Portanto, atribuem-se probabilidades aos vários resultados

possíveis. É desejável desenvolver algumas medidas estatísticas para sumarizar

um conjunto grande de possibilidades de resultados, dentre as principais podemos

destacar:

• Valor mais provável: é a média ou valor esperado

E('X) = L�lprobi,xi

onde probié a probabilidade de ocorrência do evento, Xi' é N o

número total de possíveis eventos e 'X é a variável aleatória em apreço .

• Retorno médio esperado é igual ao preço esperado menos o preço

atual dividido pelo preço atual. Ou seja:

p - Po R = -,-' --"-, P o

'Variância: é a mais usada como medida de risco de um

investimento. Sendo a variância dos retornos de um ativo o valor esperado do

quadrado dos desvios relativamente à rentabilidade esperada. Assim temos:

Var('X) = E[x - E('X)]' = E(x') - E(x')

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

"Desvio padrão é a raiz quadrada da variância

o-(x) = )Var (x)

1 2

" Covariância: é a medida de como as duas variáveis aleatórias se

relacionam. A covariância positiva se dá quando as duas variáveis caminham na

mesma direção. A covariância negativa se dá quando as variáveis caminham em

direção contrária. A covariância é um conceito extremamente importante porque

é a medida apropriada da contribuição de um único ativo ao portfolio.

Cov(x,y) = E[(X' - E(x))(ji - E(y))]

" O coeficiente de correlação é usado porque através dele podemos

encontrar a combinação de ativos que proporcionam a menor variância. Sua

formula é:

Se os retornos de dois ativos são independentes temos que: Cov (x,y)

= O e rxy=O. Veja o gráfico 1 a seguir. A correlação perfeita se dá quando rxy=l e y

será uma função linear de x , ou seja se temos o valor de x, sabemos com certeza

qual será o valor de y. O caso da correlação perfeita e positiva é representado no

gráfico 2.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

y

• • • • • •

• • • • • • • X • • • •

• • •

GRÁFICO 1.- CORRELAÇÃO INDEPENDENTE ENTRE RETORNOS

Y

GRÁFICO 2.- CORRELAÇÃO PERFEITA ENTRE RETORNOS

x

13

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

14

2.3.2 HARRY MARKOWITZ E O NASCIMENTO DA TEORIA DE CARTEIRAS

Markowitz (1952) chamou a atenção para a prática comum da

diversificação de carteiras e mostrou exatamente como um investidor pode

reduzir seu risco, ou o desvio padrão da rentabilidade da carteira através da

escolha de ações cujas oscilações não sejam exatamente correlacionadas .

Segundo Markowitz (1952) a rentabilidade esperada de uma carteira

de ações nada mais é do que a média ponderada das rentabilidades esperadas das

ações individuais . Para calcular a variância da carteira, temos que ponderar as

variâncias das ações com o quadrado da proporção investida, temos também de

ponderar a covariância entre cada par de ações, com o produto das proporções

investidas . Uma vez feito este cálculo somamos os resultados para obter a

variância da carteira. Dado que a maior parte das ações tende a oscilar em

conjunto, neste caso, o coeficiente de correlação é positivo e, portanto , a co­

variância é também positiva. Se as perspectivas para as duas ações forem

completamente independentes, tanto o coeficiente de correlação como a

covariância seriam iguais a zero; e se essas ações tenderem a oscilar em direções

opostas, o coeficiente de correlação e a covariância seriam negativos .

o modelo de Markowitz usa o princípio da dominância de ativos

que diz que para ativos de igual risco o investidor -devido a sua racionalidade­

preferirá o de maior retorno e para investimentos com o mesmo retorno o

investidor preferirá o que apresenta o menor risco.

No conjunto eficiente de Markowitz se encontram misturados os

títulos em proporções diferentes . Uma vez que o investidor deseja aumentar a

rentabilidade esperada da sua carteira e reduzir seu desvio padrão, estará

interessado apenas nas carteiras localizadas ao longo da linha cheia. Tudo

dependerá de seu grau de aversão ao risco. Se o investidor for avesso ao risco

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

15

escolherá a carteira A e se for um amante do risco escolherá a ação B da figura

abaixo:

Rentabilidade esperada percentagem (r)

xB

x x x x 0x xxxV x 0x��y�

X:-;'X X7 x x XXi< x x x Desvio pad rão, percentagem ( (j)

GRÁFICO 3.- FRONTEIRA EFICIENTE DE MARKOWITZ

2.3.3 O MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS DE CAPITAL (CAPM)

Este modelo foi desenvolvido de forma independente, por Sharpe

(1964) Lintner (1965) e Mossin (1966) sofrendo depois urna série de extensões

teóricas, realizadas a partir de sua derivação inicial, corno por exemplo,

Lintner(1969), Brenan(1971), Black(1972), Merton(1973), Ross(1977) e

Breeden(1979). Em princípio, o CAPM constitui-se, essencialmente, numa relação

de equilíbrio geral, onde o retorno esperado do ativo i, E(Ri), é dado pela equação:

E(R,) = Rf + [E(Rm) - Rj l,B,

Onde E(R,) é o retorno esperado de um ativo i, qualquer; Rj é o

retorno de. um ativo sem risco; E(R",) é o retorno de mercado ,B, é denominado

coeficiente de risco sistemático e é urna medida de sensibilidade do retorno do

ativo i às variações do retorno de mercado. A medida de risco sistemático para o

ativo, ,B" é dada por:

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

f3 = COV(R"Rm) , Var(Rm)

1 6

Sendo o numerador a covariância entre os retornos da ação i e os

retornos do mercado, m, e o denominador a variância dos retornos de mercado.

o que a equação E(R,) = Rf+[E(Rm)-RjJP diz é que o retomo

esperado para qualquer ativo econômico, é igual à taxa sem risco, dada pelo

retomo dos títulos do governo, mais um prêmio pelo risco de se investir neste

ativo. A simplicidade deste modelo reside na relação linear positiva existente entre

risco não diversificável e rentabilidade.

Rentabilidade esperada do investimento

Linha do mercado de titUIOS�

:'" a

Títulos do Tesouro

b

Carteira de mercado

�-----4------4-------------�------. p O .5 1.0 2.0

GRÁFICO 4.- O MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS CAPM

Os pressupostos do CAPM em sua versão básica são:

1.- os investidores são avessos ao risco e maximizam a utilidade esperada de suas

riquezas no fim do período de investimento;

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

17

2.- os investidores são tomadores de preço e possuem expectativas homogêneas

sobre os retornos dos ativos, que possuem uma distribuição normal;

3.- existe um ativo livre de risco tal que os investidores podem emprestar e tomar

emprestado quantidades ilimitadas a uma taxa livre de risco;

4.- a quantidade de ativos é fixa. Todos os ativos são negociáveis e infinitamente

divisíveis;

5.- O mercados de ativos não tem frição e as informações são sem custo e

disponíveis para todos os investidores;

6.- não há imperfeições de mercado tais como: taxas, regulamentos, etc.

O CAPM nos permite ver que podemos precificar cada ação no

mercado tomando posições na fronteira eficiente. Num mundo onde a venda a

descoberto é permitida, onde agregamos portfolios eficientes para obter o

portfolio de mercado situado na fronteira eficiente, implica automaticamente na

relação linear e positiva entre retorno esperado das ações e seus betas.

Duas condições são suficientes para assegurar que os investidores

racionais tomem posições de retorno esperado e desvio padrão na fronteira

eficiente:

A primeira é que a distribuição de probabilidade dos retorno seja

normaL Neste caso a distribuição de probabilidade estaria completamente

descrita por seu retorno esperado e seu desvio padrão.

A segunda é que a função de utilidade dos investidores seja

quadrática. Nesse caso, os atributos de probabilidade de distribuição dos

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

18

investidores s6 concernem ao retorno esperado e desvio padrão, podendo desta

forma construir-se a função de preferência do investidor.

A linha de mercado de capitais é desenhada no espaço de retorno

esperado e desvio padrão. É linear e tem inclinação positiva, quando os

investidores podem emprestar e tomar emprestado a uma taxa livre de risco. Os

portfolios dos investidores estão posicionados nesta linha.

CML

" a(Rp)

GRÁFICO 5.- LINHA DE MERCADO DE CAPITAIS

A linha de mercado de títulos é desenhada no espaço retorno

esperado - beta. Como a linha de mercado de capitais, é linear e tem inclinação

positiva quando os investidores podem emprestar e tomar emprestado a uma

taxa livre de risco. Todos os ativos individuais e portfolios estariam posicionados

nesta linha.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

19

Security market line

GRÁFICO 6.- LINHA DE MERCADO DE TÍTULOS

Testar o CAPM requer um portfolio de mercado eficiente. Ele deverá

se situar na metade superior do conjunto de oportunidade de mínima variância.

Uma maneira de se estabelecer sua eficiência é argumentar que uma vez que os

investidores possuam expectativas homogêneas, eles irão perceber o mesmo

conjunto de oportunidades de mínima variância. Desde que todos os indivíduos

possuam proporção positiva de suas riquezas em portfolios eficientes, então o

portfolio de mercado deverá ser eficiente, pois o mercado nada mais é que a soma

de "posses" dos indivíduos e todas as "posses" dos indivíduos são eficientes.

Em outros estudos Lintner (1969) examinou a conseqüência de

expectativas heterogêneas sobre o modelo enquanto que Brennan (1971) estudou a

influência de taxas de empréstimos e captação divergentes. Black (1972)

demostrou que o modelo ainda seria válido mesmo sem um ativo livre de risco,

bastando, neste caso, identificar um portfolio eficiente com covariância zero com o

portfolio de mercado: o portfolio p-zero. O artigo de Merton (1983) apresentou

uma derivação do CAPM em tempo contínuo, o Modelo Intertemporal de

Precificação de Ativos de Capital (ICAPM) estendendo o período único do CAPM.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

20

Ross (1977) introduziu a restrição de vendas a descoberto e Breeden (1979)

desenvolveu a versão do modelo de Merton em tempo contínuo chegando a um

modelo de equilíbrio que utiliza uma medida de risco , o � de consumo, o qual é

função do consumo agregado, em vez de retornos do portfolio de mercado. O

CAPM foi submetido a inúmeros testes empíricos - como os de Black, Jensen e

Scholes (1972) e Fama e MacBeth (1974) - e provavelmente, em decorrência disto e

da série substancial de extensões, o parâmetro � passou a ser uma das medidas

mais utilizadas na teoria e na pratica para representação do risco sistemático de

títulos negociáveis, principalmente ações.

2.3.4 CRíTICAS AO MODELO CAPM

Assim como existem defensores desta teoria, outros a criticam. A

seguir apresentamos alguns destes estudos .

• A crítica de Roll

Roll (1976) escreveu um extenso artigo criticando a validade dos

testes empíricos do CAPM. A crítica de Roll foi dividida em duas partes.

Em primeiro lugar, Roll afirma que os resultados dos testes tais como

os de Black, Jensen, e Scholes (1972) e Fama e MacBeth (1974) são tautológicos. Ele

mostrou que podemos chegar a resultados similares aos obtidos por BJS (1972) e

FM (1974) precificando as ações através de taxas de retorno aleatórias. Segundo

Roll, o problema é que BJS e FM não testaram diretamente a única U previsão" do

CAPM, a de que o portfolio de mercado se encontra na fronteira eficiente. Na

verdade, eles examinaram as propriedades da SML construída com base em dados

do mercado. Se o portfolio de mercado é eficiente, a relação entre o beta e o

retorno esperado será perfeitamente linear e positivamente inclinada. Mas, Roll

afirma que, o inverso não é verdadeiro: mesmo que se chegue a uma relação

perfeitamente linear entre beta e retorno médio, isto não significa que o portfolio

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

2 1

de mercado seja eficiente. Se isto for verdadeiro, não teremos aprendido nada

sobre a estrutura de preços com estes testes, e o CAPM, na realidade, nunca teria

sido testado.

Em segundo lugar, ele afirma que o pressuposto do CAPM de que o

portfolio de mercado é eficiente é a única previsão real do modelo e, portanto, é a

que deve ser testada. Entretanto, para isto, ter-se-ia que construir um portfolio

com todos os ativos de risco do mundo, o que é extremamente difícil de ser feito,

uma vez que alguns bônus são tomados particularmente nas firmas e por

conseqüência nunca negociados, não podendo se observar os retornos destes

securities e de muitos outros ativos que teriam que estar no portfolio de mercado.

Sendo assim, o modelo CAPM nunca poderá ser testado.

Baseados nos argumentos de Roll (1976), muitos financistas têm

concluído que não existe um sistema válido de construção de testes para o CAPM.

Este modelo seria, portanto, não testável.

• A crítica de Fama e French

Continuando com as críticas ao CAPM podemos citar o trabalho de

Fama e French (1992). Eles mostraram que existem quatro outras variáveis, além

do beta, que podem explicar as variações de cross -secnon dos retornos médios das

ações. Estas variáveis são:

1.- valor de mercado ou tamanho (preço da ação x número de ações existentes);

2.- índice valor contábil/valor de mercado da ação;

3.- índice lucro por ação/preço da ação e

4.- alavancagem financeira (relação entre o capital de terceiros e capital próprio).

Para tanto, Fama e French (1992) fizeram, inicialmente, regressões

simples entre os retornos das ações de sua amostra e cada um dos quatro índices

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

22

acima, verificando que o relacionamento é estatisticamente significativo, somente

a variável explicativa beta não é significativa para o período analisado. Através de

regressões múltiplas encontraram duas variáveis que explicam a maior parte das

variações de cross-section dos retornos médios: o índice valor contábil! valor de

mercado tem uma relação positiva com os retornos das ações enquanto a variável

tamanho tem uma relação negativa bastante significativa. Estes resultados,

segundo afirmam os autores, sugerem que o risco tem características

multidirnensionais e não unidimensional (só o beta).

A metodologia usada pelos autores não é muito complexa, no

sentido matemático-estatístico, pois são apenas feitas regressões simples e

múltiplas entre os retornos médios e as variáveis descritas acima. Também como

Fama & MacBeth, em vez de trabalharem com ações eles utilizaram carteiras de

ações de maneira a reduzir a variabilidade dos parâmetros, pois a variabilidade do

beta de ações é muito maior que a variabilidade do beta de uma carteira de ações.

Continuando, Fama e French(1992) (ver tabelas I e lI, pag.434 até 437

do artigo) dividem cada uma das dez carteiras formadas em função do tamanho

em novas "subcarteiras" formadas, segundo valores previamente estimados do

beta (o que permite que o beta varie de maneira independente do tamanho). Feito

isto, constatam uma forte relação negativa entre tamanho e retorno,

desaparecendo a relação entre beta e retorno, como pode ser observado no painel

A, tabela r, do artigo de Fama e French (1992).

A tabela III, pág.439 do artigo de Fama e French, reproduzida

parcialmente na tabela I a seguir, mostra que a variável beta, quando não está

relacionada com o tamanho, tem muito pouco poder explicativo sobre os retornos

(estatística t = 0,46).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

Tabela I

Média dos 330 coeficientes de inclinação das regressões mensais de

cross-section realizadas entre a rentabilidade média das ações e cada

uma das variáveis explicativas para o período de julho de 1963 até

dezembro de 1990.

23

Variável explicativa média dos 330 coeficientes de inclinação

beta 0,15 (0,46)

tamanho -0,15 (2,58)

valor contábil/valor de mercado 0,50 (5,71)

alavancagem 0,50 (5,69)

índice preço/lucro 0,57 (2,28)

Fonte: Fama e French (1992 p. 439)

Os valores das estatísticas t, apresentados na tabela acima, mostram

que as outras variáveis explicam muito mais as variações de cross-section nos

retornos do que a variável beta.

Fama e French (1992) confirmam seu ataque final ao beta,

apresentando os resultados do período 1941-1990. Neste período há um efeito

tamanho (retorno inversamente proporcional ao valor de mercado da ação), mas

pouca relação existe entre retorno e beta. (Existe relação entre retornos e betas

para carteiras formadas segundo o tamanho, mas formando carteiras segundo

tamanho e beta esta relação desaparece). Fama e French (1992) finalizam dizendo

que é verdade que existe uma relação entre beta e retorno para o período de 1941-

1965, mas tal relação desaparece quando se adiciona a variável tamanho na

regressão.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

24

2.3.5 A TEORIA DE ARBITRAGEM

A teoria de arbitragem foi formulada por Ross (1976). É urna teoria

que supera muitas das falhas apontados pelos críticos do CAPM, usando um

modelo mais geral. O CAPM tem sido criticado porque se baseia na eficiência do

portfolio do mercado, a APT não precisa desta condição porque utiliza o

argumento da arbitragem. No equilíbrio, os portfolios que admitem um

investimento zero, e que não tenham risco, deverão ter urna rentabilidade zero.

Caso contrário, haverá arbitragem até conseguir que o princípio se mantenha.

Outra diferença entre APT e o CAPM, é que este último se baseia no

modelo de mercado, que somente considera um fator, a rentabilidade do mercado,

na sua explicação para rentabilidade de um ativo , enquanto a APT introduz mais

de um fator explicativo. Porém ambos modelos estabelecem urna relação linear.

A APT sugere que os retornos de qualquer título são combinações

lineares de "k" fatores de risco, conforme a equação1

Ri = E(Ri) +bilF; + b"F. + &i

Onde Ri é a taxa de retorno aleátoria do ativo "i", E(R,) é a taxa de

retorno esperada do ativo " i", bik é a sensibilidade do retorno do ativo " i" ao fator

"k", Fké o fator de média zero comum ao retorno de todos os ativos considerados

e &i é o ruído aleatório de média zero. As premissas básicas para o modelo,

segundo Ross, são:

- mercado de capitais perfeitamente competitivo e sem custo de

transação;

- os indivíduos possuem expectativas homogêneas;

I Ver COPELAND & WESTON -Financiai Theory and Corporate Policy, third edition, Addisson Wesley Publishing Company, Cap.7 - Pg.219-22.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

ti· 11°11 a vo 1 ;

25

- os retornos dos ativos obedecem a um modelo linear de "k" fatores;

- o número de ativos, n, seja muito maior que o número de fatores, k;

- o termo de erro, ê;, seja o componente de risco assistemático do

- não há correlação tanto entre erros como entre erros e os fatores;

- no equilíbrio, todos os portfolios que possam ser selecionados

dentre um conjunto de ativos e que não utilizem nem tenham risco, não oferecem

retorno sobre a média (portfolios de arbitragem).

Para demonstrar como os portfolios de arbitragem são construídos,

Ross supôs que "�" fosse o percentual da riqueza de um individuo investida em

um ativo "i". Para formar um portfolio que não necessitasse de investimento, um

procedimento usual seria vender alguns ativos e usar a receita para comprar

outros. Logo, a representação de nenhuma variação de riqueza seria:

L� = O, para i=l, .. .... ,n

Como existem " n" ativos no portfolio de arbitragem, logo o retorno

adicional do portfolio seria:

Rp =L�R;

Para obter um portfolio de arbitragem sem risco, que eliminasse

tanto o risco diversificável como o não diversificável, Ross atendeu às seguintes

condições:

- dado que � '" 11 n, o autor optou pela diversificação através da

escolha de um grande número de ativos, tornando as variações percentuais das

taxas de investimento, �, bastante próximas de zero;

-selecionou variações � de tal forma que, para cada fator Fk' a soma

ponderada dos componentes de risco sistemático, b;" fosse zero, que

matematicamente seria representado por: L�b;k = O.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

26

A primeira condição anteriormente exposta assegura a eliminação do

risco assistematico ou diversificável (í:W;b'k = O), devido ao processo de

diversificação, e a segunda garante a eliminação do risco sistemático por hipótese.

A partir de uma certa escolha de valores W;, é eliminada toda incerteza, de forma

que o retorno no portfolio de arbitragem se torna uma constante:

Rp = í:W;E(R,)

Como demonstrado, o portfolio de arbitragem construído não possui

nenhum tipo de risco nem requer algum investimento. Como se supõe que estes

portfolios não possuem retornos sobre a média, se o mercado está em equilíbrio,

os retornos em qualquer portfolio de arbitragem devem ser nulos:

Rp = í:W;E(R,) = O

Uma conseqüência algébrica da equação acima é que o vetor dos

retornos esperados deve ser uma combinação linear de um vetor constante e de

vetores coeficientes. Algebricamente, deve existir um conjunto de k+ 1 coeficientes,

-\ Â, . . .. . . Âk ' de forma que:

E(R,) = -\ + Â, + b" + ..... +Âkb'k

Se há um ativo sem risco com um taxa de retorno livre de risco, RI'

então RI = -\; uma interpretação natural para  é que trata da representação do

prêmio de risco (ou preço de risco), no equilíbrio, para um determinado fator.

Logo, a equação geral do modelo pode ser representada por:

E(RJ = RI + (o, - RI )b" + ....... +(Ok - RI )b'k

Sendo esta junto com a equação do APT apresentada no início as

duas formas mais utilizadas pelos diversos estudos empíricos para representar o

modelo.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

27

Vários estudos empíricos foram realizados para testar o modelo de

Ross. A maioria se concentrou em investigações sobre precificação de ativos em

mercados desenvolvidos. Estes estudos se diferenciavam, basicamente, pelo fato

de utilizarem diferentes parâmetros para os fatores de risco.

Os primeiros estudos utilizavam a aplicação da Análise Fatorial

sobre os retornos dos títulos componentes da amostra de dados, objetivando a

identificação dos fatores de risco. A Análise Fatorial é uma técnica de redução de

dados, que objetiva transformar um grande conjunto em um subconjunto menor,

mas bastante representativo do conjunto original, contendo as dimensões

explicativas mais relevantes (Manly1994). Este subconjunto, composto pelos Jactor

scores, constituem os fatores de risco, ou seja, os parâmetros para avaliação de

retomo dos ativos. Esta abordagem foi utilizada por Roll e Ross (1980),

Reinganum (1981) e Chen (1983). Posteriormente o trabalho de Chen, Roll e Ross

(1986) se utilizou da abordagem macroeconômica. Su Jane Chen e Jordan (1992)

realizaram uma comparação entre as duas abordagens. A seguir, descrevemos as

conclusões obtidas pelos pesquisadores nesses estudos .

• Roll e Ross (1980): Este estudo foi pioneiro na investigação do

modelo APT. O objetivo básico dos testes foi verificar se os fatores de risco eram

precificados. Foram selecionados 42 grupos de 30 ações para o período de teste de

1962 a 1972. Os betas das ações foram estimados juntamente com seus scores, assim

como as relações cross-sectional entre os betas das ações e as taxas de retomo. Este

estudo utilizou a máxima verossimilhança para a extração dos fatores mais

importantes para uma estrutura APT. Os resultados indicaram que em acima de

38% dos grupos havia uma chance menor do que 10% de que um sexto fator

tivesse poder de explicação. Por volta de 75% havia uma chance de 50% e que

cinco fatores fossem suficientes. Eles também constataram que a variância residual

dos títulos não era relacionada com o retomo de 42 grupos. Os autores também

testaram a equivalência do termo do intercepto para os grupos e constataram que

eram iguais. Estes resultados confirmaram a teoria da APT: k fatores precificandos

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

28

títulos, a variância dos resíduos específicos das empresas não sendo

correlacionadas com os retornos e o termo do intercepto sendo o mesmo para

todos os títulos .

• Su Jane Chen e Jordan (1992) utilizando dados de retornos mensais

de empresas negociadas na bolsa de valores de Nova York para o período de

janeiro de 1971 a dezembro de 1986, examinaram a habilidade de dois modelos de

previsão de retornos baseados na APT cuja diferença básica se relaciona à natureza

dos fatores de risco utilizados. No primeiro, o Fator Loading Model (FLM), os

fatores utilizados eram não especificados e produzidos pela análise f atorial; no

segundo, o Macroeconomics Variable Model (MVM), os fatores eram definidos a

partir de um conjunto de macrovariáveis. O objetivo do estudo era investigar a

ocorrência de diferenças significativas nos resultados de performance encontrados

a partir de duas abordagens sugeridas.

O estudo foi conduzido em dois estágios: no primeiro, foram

selecionados os fatores de risco para cada modelo; no segundo, foi investigada a

superioridade de um modelo em relação ao outro, a partir do procedimento de

ajuste cross-sectional e a aplicação dos testes empíricos.

Na proposição do modelo FLM foram extraídas cinco séries de

scores, enquanto que para o MVM foram selecionados sete variáveis: variações

não esperadas na estrutura a termo da taxa de juros, variações não esperadas nos

prêmios de risco, variações na inflação esperada, taxa de inflação não esperada,

variações não esperadas no nível de produção industrial, retornos do índice de

mercado e variações não esperadas no preço do petróleo. Para verif icar o grau de

relacionamento entre os dois grupos de fatores foram realizadas regressões

utilizando os factor scores como variáveis dependentes e as macrovariáveis como

independentes; também foi realizada uma análise de correlação canônica entre os

dois grupos. A conclusão foi a existência de uma correlação significativa entre os

scores e as macrovariáveis.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

29

Para fazer possível a aplicação de testes para modelos foi necessário

proceder a um ajuste segundo uma versão da abordagem de Fama e

Macbeth(1973). Após estes ajustes foram examinadas sua habilidade em explicar

diferenças nos retornos excessivos dos portfolios indústrias, através dos testes de

Davison e Mackinnon (1981) e Theil (1966), além do teste "fraco"da APT.

A conclusão dos autores quanto aos testes realizados é que não se

evidenciou uma superioridade expressiva de uma abordagem em relação a outra.

Como o MVM apresentou algumas vantagens, tais como a interpretabilidade dos

fatores econômicos, Su Jane Chen e Jordan aconselham a sua escolha para

pesquisas no mercado americano. Entretanto, salientam o fato de que há a

necessidade de maiores estudos e investigações para se identificar quais as

macrovariáveis mais indicadas e como melhor mensurá-las, de forma a melhorar a

performance do MVM.

2.3.6- RISKMETRIC: O MAIS NOVO SISTEMA NA MEDIÇÃO DE RISCO É PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS:

o Riskmetric é um moderno sistema de medição de risco atualmente

muito usados nos EU A e que está começando a fazer seu ingresso no Brasil onde

alguns bancos são os pioneiros em seu uso. O sistema é baseado na matriz de

covariância que projeta a forma como as cotações de dois ativos se movimentam

uma em relação à outra baseado em dados estatísticos do passado. Uma

covariância positiva indica que as cotações tendem a se mover no mesmo sentido,

para cima ou para baixo. Se for negativa indica que se movimentam em sentido

contrário.

O beta é obtido juntando-se covariâncias e outras variáveis em uma

fórmula. O beta é uma previsão - sujeita a erro como toda projeção - de quanto

um ativo efetivamente vai se movimentar, e em que sentido, quando um outro se

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

30

move. Tradicionalmente, sabe-se que certas variáveis do sistema financeiro

influenciam outras variáveis. A alta das taxas de juro, por exemplo, tende a

derrubar as bolsas. O beta dará uma previsão precisa de quanto se deve esperar

que a bolsa caia, para cada ponto percentual da variação dos juros. O beta, por

outro lado, faz o mesmo tipo de projeção em relação a ativos, cuja ligação não é

tão evidente, como por exemplo, a TBF e a taxa de câmbio.

Basicamente, todos os tipos de aplicações, obrigações e instrumentos

financeiros com os quais está envolvida uma instituição são divididos em

componentes de risco, é a covariância entre os componentes de risco que as

matrizes fornecem. Assim, um título cambial gera exposição à taxa de câmbio e

aos juros, um swap gera uma exposição a cada uma de suas pontas, uma opção

cambial gera exposição em relação à taxa de câmbio, à taxa de juros dolarizada, à

taxa de juros em reais, etc.

É preciso segregar os instrumentos financeiros em seus componentes

de risco, para ver como as covariâncias entre estes últimos determina a perda

potencial máxima provável de um título específico, da posição geral de um banco

em relação a um determinado fator de risco, ou da posição global da instituição.

Estabelecidas todas as correlações, variâncias, covariâncias e betas, o

sistema de Riskmetrics pode fornecer normalmente em base diârias, (mas às vezes,

até mesmo várias vezes por dia), o que se chama de risco total. Esse conceito tem

diversas denominações diferentes, mas significa basicamente quanto a instituição

pode perder, supondo-se geralmente que suas posições se mantenham inalteradas

por um dia, e sejam totalmente desfeitas (na medida do possível) no dia seguinte.

Para chegar àquela perda potencial máxima, supõe-se que o mercado se comporte

da forma mais radicalmente contrâria ao posicionamento da instituição, mas ainda

dentro de condições normais.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

3 1

o sistema também permite os chamados stress-tests. Neles,

pressupõem-se mudanças totalmente anormais e o sistema indica qual seria o

efeito na posição do banco ou da empresa, qual a perda máxima esperada e outras

projeções que se queiram observar. É possível estabelecer uma variedade de

simulações como diferentes cenários, ou diferentes probabilidades atribuídas a

diferentes cenários, em diferentes momentos do futuro.

o que deve-se lembrar sempre ao usar este sistema é que as

correlações e as covariâncias mudam e têm que ser refeitas periodicamente.

2.4 PESQUISAS REALIZADAS NO BRASIL SOBRE TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE RISCO

As diversas técnicas ou modelos apresentados neste capítulo foram

aplicados no Brasil, por diversos pesquisadores. A seguir, mostramos alguns

estudos publicados sobre o tema, apresentando suas principais conclusões. A

ordem de apresentação não obedece nenhum critério.

2.4.1 A PESQUISA DE NEY O. BRITO E MOACIR SANCOVSCHI

Brito e Sancovschi (1980) objetivam examinar a especificação do

modelo de mercado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e os componentes de

risco induzidos pelo modelo.

Após rever alguns dos aspectos de risco e retorno, o trabalho

prossegue para ajustar o modelo de mercado e examinar componentes de risco e

beta para 97 ações negociadas na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro no período de

1972-1976. Os resultados do ajuste do modelo são testados quanto à especificação

e autocorrelação serial.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

32

Em primeiro lugar, eles afirmam que o modelo de mercado permite

uma interpretação intuitiva. Decompõem a taxa de retorno de um título em dois

componentes, um é o componente associado a variações no mercado como um

todo e o outro é o componente associado a aspectos específicos que influenciam o

título. O componente de mercado é a, + b, + rm e o componente U especifico" é E , .

Esta interpretação intuitiva também permite decompor os componentes de risco

na relação:

Risco Total = Risco Não diversificável + Risco diversificável

O componente não diversificável do risco de um título seria o risco

associado ao componente de mercado a, + b, + rm • O componente diversificável do

risco seria o risco associado ao fator específico !>x.

Parece natural utilizar-se como medida de um título uma medida de

dispersão dos possíveis resultados da variável aleatória r, . As medidas mais

comuns da dispersão de uma variável aleatória são a variância e o desvio padrão.

O trabalho prossegue para estimar betas através do modelo de

mercado mas relembrando que a validade do procedimento depende da boa

especificação do modelo de mercado.

Para continuar precisaram obter séries temporais de rentabilidade de

títulos e da carteira de mercado. Foi onde começaram as dificuldades de evolução

do trabalho. Rentabilidades mensais de títulos são reportadas pela bolsa de

valores, entretanto estas rentabilidades contêm erros de medidas potencialmente

sérios por:

(i) não consideram adequadamente a seqüência de eventos incidentes

sobre os títulos e

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

33

(ii) não consideram as distribuições cruzadas.

Há pouco tempo que a seqüência de eventos tinha começado a variar

bastante existindo direitos de bonificação incidindo sobre direitos de subscrição e

vice-versa, existiam dividendos que incidiam ou não sobre a bonificação e outras

combinações praticadas. A rentabilidade oferecida por um título no período é

função não s6 de montantes de eventos distribuídos mas é também função da

seqüência na qual eles são distribuídos. Também há pouco tempo que tinham

começado a ser praticadas distribuições cruzadas, isto é, ações de um determinado

tipo começaram a distribuir direitos em ações de outro tipo. O trabalho prosseguiu

para obter taxas de rentabilidade semanais de títulos procurando considerar tanto

a seqüência de eventos incidentes quanto as distribuições cruzadas. Estas taxas de

rentabilidade foram usadas nos testes de mercado. Os autores alertam que é

preciso entretranto reconhecer que ainda existem erros de medida nas séries de

rentabilidade utilizadas. Apesar de muitos ajustes para eventos terem sido

corrigidos ainda existem correções adicionais necessárias.

Os autores utilizaram uma média aritmética de um número

abrangentes de títulos para estimar rM , que foi estimado como a rentabilidade

média semanal de todos os títulos de nosso universo para os quais a rentabilidade

média semanal era disponível. Um universo bastante abrangente de títulos foi

utilizado, um total de 97 títulos das mais diversas empresas e setores. Com as

rentabilidades estimadas de rm, o trabalho prossegue para os testes do modelo de

mercado.

Os resultados indicaram que o modelo de mercado apresenta

resíduos significativamente correlacionados em 37 das 97 ações analisadas. Estes

resultados sugerem que o modelo de mercado apresenta problemas de

especificação.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

34

Os autores acharam interessante observar que em 36 dos 37 casos

significativos, a autocorrelação observada era negativa. Isto sugere que existe

urna tendência à reversão do sinal dos resíduos. Se em urna semana urna ação teve

urna rentabilidade superior à sua relação normal com o mercado e um resíduo

positivo então na semana seguinte existe urna tendência no sentido de que a ação

apresente uma rentabilidade inferior à sua relação normal com o mercado e um

resíduo negativo.

Os problemas de especificação do modelo de mercado não afetam as

estimativas de betas, elas ainda não são tendenciosas. Entretanto, a autocorrelação

significativa invalida o teste -t de significância dos betas pois a variância do

estimador é subestimada o que gera urna tendenciosidade para cima nos valores

da estatística-t. Apesar de não afetarem significativamente os resultados

apresentados neste trabalho, os problemas de especificação afetarão quaisquer

resultados baseados na série temporal de resíduos obtidos a partir do modelo de

mercado. Em particular, testes de eficiência da forma semi-forte conduzidos sobre

resíduos de modelo de mercado poderão ter sua validade questionada.

Brito e Sancovschi (1980) chegam às seguintes principais conclusões

para o período 1972-1976:

(i) existe um significativo componente associado ao mercado e betas

na determinação de séries temporais de taxas de rentabilidade de títulos no

mercado acionário brasileiro e

(ii) o modelo de mercado parece apresentar problemas de

especificação e de autocorrelação serial de resíduos para um número significativo

de ações.

Os problemas de autocorrelação serial de resíduos não introduz

tendenciosidade nas estimativas de betas através do modelo de mercado, mas

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

35

invalidam quaisquer testes de hipóteses que utilizem seus resíduos. Parece

extremamente relevante que esforços adicionais de pesquisa se concentrem em

desenvolver modelo conceitualmente bem fundamentado e empiricamente bem

especificado que represente o comportamento do processo gerador de retornos no

Brasil.

2.4.2 A PESQUISA DE GIBERTO DE OLIVEIRA KLOECKNER

Kloeckner (1993) examina a adequabilidade de um beta calculado a

partir de dados contábeis: o beta contábil. Se esta medida for representativa do

grau de risco sistemático de uma empresa, uma empresa não negociada em bolsa

de valores poderia ter o seu beta estimado a partir de dados contábeis, produzidos

por sua própria contabilidade, em vez de uma avaliação com base em dados

originados em um portfolio de empresas do mesmo setor, o que nem sempre é

possível compor no mercado brasileiro.

Este trabalho foi realizado com base no Banco de Dados do PPGA­

UFRGS contendo os retornos mensais das ações mais negociadas na IBOVESP A

no período de Janeiro de 1981 a Dezembro de 1990. As empresas bancárias foram

excluídas e os retornos considerados são relativos a ações preferenciais por terem,

em princípio, maior negociação que as ações ordinárias. Caso a empresa tivesse

mais de uma classe de ação preferencial, o autor escolheu aquela que possuísse a

série de retorno mais completa. Após esta triagem restaram 100 empresas na

amostra das quais foram escolhidas 60 empresas aleatoriamente. Verificou-se

também que as mesmas tivessem os seus dados contábeis registrados nas edições

de Melhores e Maiores da revista Exame a partir de 1981. Após esta última

triagem a amostra ficou reduzida a 39 empresas.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

36

o beta contábil foi estimado por:

Onde Rp,,, é o retorno sobre o patrimônio líquido dado pelo lucro

líquido do exercício dividido pelo patrimônio líquido no início do exercício e

RM p,,, representa o retorno sobre o patrimônio líquido de um portfolio de

empresas. Os betas de mercado foram determinados a partir da regressão linear

determinada abaixo:

Onde Ril é o retorno da ação i no mês t, Rm, é o retorno do mercado

no mesmo mês dado pelo índice IBOVESPA, Ai é o intercepto da regressão, Eil é

o erro no mês t e pi o coeficiente de risco sistemático. Os betas contábeis foram

calculados com base na mesma regressão linear substituindo-se Ril pelo Retorno

sobre o patrimônio líquido da ação i no ano t, Rpat, , Eit e Rm, pelos índices

contábeis RM p,,, , ponderado e não ponderado.

Kloeckner (1993), depois de fazer a respectiva análise dos dados

concluiu que o beta contábil pode ser utilizado como uma medida alternativa de

risco sistemático desde que seu cálculo seja efetuado ao longo de intervalos

maiores, no presente caso, 10 anos, uma vez que não ocorreram diferenças com

significâncias estatísticas acima de 5% em nenhum dos casos. Entretanto, a

estimativa do beta contábil em relação ao índice não ponderado parece ter sido

mais adequada do que a estimativa do beta contábil em relação ao índice

ponderado.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

37

2.4.3 A PESQUISA DE NEWTON C. A. DA COSTA Jr, EMíLIO A. MENEZES E EDUARDO FACÓ LEMGRUBER

Costa Jr, Menezes e Lemgruber (1993) apresentaram um estudo sobre

a estimação do beta de ações através do método dos coeficientes agregados, o foco

do trabalho é centralizado no problema econométrico da estimação dos

parâmetros da equação do modelo mercado. Problema devido à falta de

sincronismo na negociação de ações. Quando uma ação é pouco negociada, ao se

estimar seu beta, a covariância dos retornos desta ação com os retornos do índice

de mercado será subestimada, fazendo com que o beta desta ação seja

subestimado.

A seguir, os autores apresentam várias metodologias que tentam

corrigir o problema da subestimação do beta de ações quando estão sujeitas a uma

baixa freqüência de negociação, sendo uma delas a dos retornos sincrônicos que se

baseia no cálculo dos retornos sobre intervalos compreendidos entre negócios

sucessivos da ação, fazendo-se a regressão destes retornos sobre os retornos do

índice de mercado calculados sobre os mesmos intervalos.

Outra das metodologias mencionadas é a do aumento do intervalo

de tempo para o cálculo dos retornos, que consiste em calcular os retornos de

ações sobre intervalos de tempo cada vez maiores (de períodos diários para

períodos semanais, mensais etc.), até que o beta da ação se torne invariante frente

a novos aumentos do intervalo para o cálculo desses retornos.

Também foi citado o método de Scholes-Williams que considera mais

duas variáveis independentes na equação do modelo de mercado. Além da série

temporal dos retornos de mercado, considera esta própria série com defasagem de

uma fase (lagged) e outra com antecedência de uma fase (leading), como é mostrado

na equação a seguir

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

I' -R = a + b . R + V j,1 ) k",-l l,k M,l+k },I

3 8

onde Rjt é o retorno da ação j no período t, é o intercepto da

regressão, bjk, (para k=-l, O + 1), são as três séries dos retornos de mercado: com

desfasagem, sincrônica e com antecedência, respectivamente, sendo �.I uma

variável aleatória independente, identicamente distribuída e com valor esperado

igual a zero.

Os autores acreditam que os métodos descritos anteriormente têm

sua importância para determinadas situações, contudo nenhum deles é de

aplicabilidade geraL Para eles o método dos coeficientes agregados (AC), proposto

por Dimson (1979), supera as falhas dos métodos acima descritos, com a vantagem

de não necessitar associar datas de transação aos preços, além de proporcionar

uma estimativa mais eficiente do risco sistemático das ações menos negociadas

que o método de Scholes e Williams (1977).

O método de Dimson sugere que se faça a regressão múltipla entre

os retornos da ação em apreço e os retornos do índice de mercado juntamente com

as várias séries destes retornos defasadas e antecedidas por k períodos de tempo

(fases).

O critério para a determinação do número ótimo de períodos de

tempo (k) é mostrada em Dimson (1979, p.205). Esta regressão múltipla é dada

pela equação abaixo:

onde RM,I+k é a série de retornos da carteira de mercado

defasada/ antecedida de k períodos de tempo ou fase em relação à série originaL

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

39

A estimativa do beta da ação, Bi ' será dada pelo somatório de todos

os coeficientes de inclinação desta regressão múltipla

onde bi.k , K=-n até +n, são os coeficientes da regressão e R"'.'+k ' k=-n

até +n, são as várias séries defasadas, a série sincrônica e as séries antecedentes do

retornos de mercado.

Os dados para este trabalho foram coletados na Bolsa de valores de

São Paulo, para o período de janeiro de 1988 até dezembro de 1989. Compilaram

os preços de fechamento diários que foram ajustados aos proventos do período.

Para o cálculo dos retornos diários, foi suposto que os preços das

ações seguiam o modelo de um caminho aleatório multiplicativo dado por:

Onde p, e P,-I são as cotações de fechamento nos dias t e f_I '

respectivamente, E(R, ) é o valor esperado do retomo no dia t, D, é o dividendo

pago no dia t e e, é uma variável aleatória independente, igualmente distribuída e

cujo valor esperado é igual a zero. Tomando-se o logaritmo nos dois lados da

equação acima, tem-se:

R, - ln[(p' + D, ) / P,_l l - E(R, ) + e,

Para emular as ações com baixa freqüência de negócios tomou-se

como amostra as ações de empresa com valor de mercado de até US$ 20 milhões ,

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

40

valores estes referentes ao final do ano de 1988. A amostra ficou composta por 15

ações.

Para efeito de comparação, como controle, foram também coletados

dados de empresas de alta liquidez. Para tanto, foram escolhidas para amostra

empresas com valor de mercado maiores que US$ 500 milhões, também ao final de

1988.

Para a carteira de mercado, foram utilizadas as cotações diárias de

fechamento do índice Ibovespa, durante o mesmo período de tempo citado

anteriormente.

Os resultados mostraram que ações pouco negociadas têm seu risco

corrigido em mais de 70% de seu valor quando é usada a metodologia proposta,

com 10 fases de séries defasadas e antecedentes dos retornos do índice de

mercado. Este ajuste cresce para mais de 100% quando o número de séries

defasadas é antecendentes aumenta para k=15. Isso vem a mostrar que o uso do

beta calculado pela metodologia tradicional pode levar a erros de decisão sobre

investimentos no mercado de capitais quando se tem em foco ações menos

negociadas. Os resultados mostraram que mesmo para ações consideradas blue­

chips este fenômeno de subestimação de beta pode ocorrer: o risco destas ações, se

calculado pelo método tradicional, é em média 23 % menor que quando calculado

pelo método dos coeficientes agregados, apesar de não serem estatisticamente

diferentes.

Finalmente, os autores conseguiram verificar que as ações menos

negociadas, têm em média, risco significativamente maior que o risco das ações

blue -chips. Este resultado só é comprovado quando é empregado o método dos

coeficientes agregados proposto.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

2.4.4 A PESQUISA DE JORGE ZANETE, GILBERTO DE OLIVEIRA KLOECKNER E JOÃO LUIZ BECKER

41

Zanete, kloeckner e Becker (1994) abordam os benefícios decorrentes

da estruturação de portfolios globais e as vantagens procedentes da inclusão de

ações de empresas brasileiras no portfolio internacional ótimo, através da

abordagem da média-variância (M-V). Para tanto, analisaram os índices dos

mercados de ações (IMAs) de dezesseis países estrangeiros, além do índice da

Bolsa de Valores de São Paulo (IBOVESPA).

o estudo avaliou os benefícios decorrentes da diversificação

internacional para investidores de 17 países. A maior ênfase , entretanto, esteve

relacionada com a possibilidade de que as ações de empresas brasileiras atuem

como elemento de diversificação e de aumento de eficiência dos portfolios dos

investidores estrangeiros, contribuindo, dessa maneira, diretamente para o

desenvolvimento do mercado de capitais, bem como para uma maior negociação,

no mercado internacional, de ações de empresas brasileiras.

A metodologia utilizada foi a seguinte: determinaram portfolios

internacionais ótimos para diferentes grupos de investidores, baseando-se nas

informações sobre as taxas de retorno mensais dos IMAs de 16 diferentes países e

do índice da bolsa de valores de São Paulo (IBOVESP A), para o período de julho

de 1988 a junho de 1993. Se admitiu que todos os investidores têm acesso a uma

mesma taxa livre de risco para emprestar e tomar emprestado.

Os portfolios internacionais eficientes foram determinados em

termos de moeda local de cada ativo, na determinação dos portfolios eficientes foi

utilizada a abordagem da média - variância e utilizou-se o índice de Sharpe como

medida de desempenho de cada portfolio.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

42

Os autores concluíram que restringir a formação de portfolio aos

ativos domésticos é, ao mesmo tempo, recusar retornos extras e aceitar níveis de

riscos mais elevados aos obtidos com portfolios globais. O aumento substancial na

performance dos portfolios internacionais com o elemento Brasil, sugere que o

mercado de capitais do país é uma interessante fonte de investimentos para a

formação de portfolios globais. O mesmo pode ser dito para Argentina, Hong

Kong e África do Sul. Vale salientar que a escolha desses mercados não é

mutuamente excludente, ao contrário, o portfolio com maior índice de

desempenho foi composto por esses países: Brasil, EUA, França, Holanda, Itália e

Suécia.

2.5 PESQUISAS SOBRE UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS FINANCEIRAS NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS NO BRASIL

No Brasil, a prática de pesquisas sobre utilização de técnícas de

medição de risco em investimentos no mercado de capitais é praticamente nula.

Nesta mesma linha de pesquisa somente existem trabalhos sobre a utilização de

técnicas financeiras na análise de projetos, mas mesmo assim, ainda é bastante

incipiente se a compararmos com as realizadas nos países mais desenvolvidos,

onde estás práticas se encontra bastante dissernínadas entre os pesquisadores, que

realizam estes estudos desde o fim dos anos 60, em diversos segmentos de

negócios. A seguir apresentamos duas pesquisas sobre o tema desenvolvidas no

Brasil.

2.5.1 A PESQUISA DE FENSTERSEIFER E SAUL

Em 1990/91, Fensterseifer e Saul (1993) desenvolveram uma pesquisa

sobre investimentos de capital nas grandes empresas brasileiras. Esta pesquisa

replicou, em parte, uma pesquisa anterior, realizada em 1975, junto à mesma

população de empresas. O objetivo foi o de possibilitar uma análise evolutiva do

comportamento das empresas pesquisadas.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

43

o universo de trabalho escolhido foi as 566 maiores empresas

brasileiras dos setores industrial e de serviços básicos ( maior faturamento nestes

setores no ano de 1989), segundo a classificação da revista Visão, "Quem é Quem

na Economia Brasileira" . Esta população foi a mesma utilizada na pesquisa de

1975. Dos 366 questionários enviados pelo correio, 132 foram respondidos e

constituem a amostra do trabalho.

o estudo foi estruturado em duas partes. Uma primeira parte que

analisou os procedimentos das empresas nas fases de seleção e escolha dos

investimentos tais como procedimentos administrativos, avaliação de

rentabilidade, consideração de risco e da repercussão da inflação; e uma segunda

parte que analisou procedimentos após a conclusão de investimentos tais como

análises de desempenho do ponto de vista das finalidades do investimento,

anãlise da repercussão sobre a vida das empresas e das discrepâncias verificadas

entre o resultado projetado e o realizado.

A pesquisa indicou que a maioria absoluta das empresas da amostra

adota uma ou mais modalidades de procedimentos administrativos formais para

identificação, avaliação, seleção, priorização e acompanhamento dos seus projetos

de investimentos. Cerca de três quartos das empresas declarou que exige uma taxa

mínima de rentabilidade para a maioria ou todos os seus projetos. No entanto, os

pesquisadores notaram uma dispersão grande no nível estabelecido para esta taxa

rrúnima, indo de 3% até 50% ao ano reais.

Sobre os critérios de avaliação de rentabilidade, que é o ponto central

da teoria financeira, a pesquisa mostrou que os critérios baseados nos métodos de

fluxo de caixa descontados são utilizados por 67,3% das empresas (contra 62,7%

em 1975) como "critério principal". A taxa interna de retorno no entanto,

continuou sendo o mais usado, sendo o critério principal de avaliação de

aproximadamente metade das empresas pesquisadas (49,6%). Em segundo lugar

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

44

vem o payback, utilizado por 19,1 % das empresas como critério principal. Por

outro lado, o uso do VPL como segundo critério vem aumentando ( em 1975 era

utilizado por 17,2% das empresas e em 1990 por 20,4%).

Quanto à utilização de métodos quantitativos para avaliação de

risco, os resultados mostraram uma preferência absoluta pela "análise de

sensibilidade". Mostrou ainda que os procedimentos preferidos de proteção ao

risco são "aumentar a taxa de rentabilidade mínima exigida ou "reduzir o tempo

mínimo de recuperação do investimento" . Porém um percentual significativo das

empresas pesquisadas disse que simplesmente não leva em consideração o risco ao

avaliar projetos.

Para 36,3% das empresas pesquisadas, a inflação não é um fator

gerador de risco. Na avaliação dos fluxos de caixa de seus projetos, 58,9% das

empresas computam a inflação. Destas, 68,1 % utilizam a mesma taxa de inflação

para entradas e saídas de caixa e 31,9% utilizam taxas diferenciadas para os

distintos componentes do fluxo.

No item sobre avaliação de desempenho dos investimentos, 57,4%

das empresas disse registrar discrepância entre o projetado e o realizado. As

divergências freqüentes ocorrem com relação a investimento fixo, volume de

receitas geradas pelos projetos e retomo esperado dos investimentos.

2.5.2 A PESQUISA DE TERESA CRISTINA JANES CARNEIRO

Teresa Cristina Janes Carneiro (1994) desenvolveu um trabalho de

pesquisa junto às empresas de médio e grande porte do Estado do Rio de Janeiro

que explora a relação existente entre a teoria de avaliação financeira de

investimentos de longo prazo e a utilização, na prática, dessa teoria, por estas

empresas. Analisa como são realizadas -nestas empresas-, a avaliação e a escolha

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

45

de projetos de investimento de longo prazo e como são tratados neste processo, o

risco e os efeitos da inflação.

o trabalho foi divido em quatro partes. Na primeira parte a autora

apresenta o trabalho. Na segunda faz uma revisão bibliográfica, na qual aborda

vários temas relacionados a investimentos de longo prazo, tais como a

metodologia de avaliação de projetos, principais técnicas de avaliação,

disponibilidade e custo do capital a ser investido, tratamento do risco na análise

de projetos e principais técnicas de ajustes de projetos ao risco. Analisa também a

inflação no contexto de investimento de longo prazo, apresenta uma análise das

limitações do método tradicional do valor presente líquido para tratar dos

impactos da inflação nos retornos reais dos projetos e faz uma revisão das

principais pesquisas publicadas sobre utilização de técnicas de avaliação de

investimentos, comentando separadamente, sete destas pesquisas em ordem

cronológica.

Na terceira parte do trabalho apresenta a pesquisa que desenvolveu

nas empresas e trata sobre a metodologia utilizada: a seleção da amostra e a coleta

de dados, logo após apresenta e analisa os resultados encontrados.

Na quarta parte, Carneiro (1994), encerra o trabalho apresentando as

principais conclusões e algumas recomendações para pesquisas futuras.

Carneiro (1994) se baseou na pesquisa de Gitrnan e Forrester (1986)

pesquisa que foi realizada nos EUA e na mesma, os autores investigam a prática

de análise de investimentos, tendo como principal objetivo, determinar a

incidência e as causas do racionamento de capital e observar as técnicas usadas

pelos gerentes para tratar esta condição.

Carneiro (1994) utilizou na sua pesquisa, como amostra, 88 firmas

selecionadas da publicação bianual da Dun & Bradstreet lnternational: BRASIL DEZ

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

46

MIL - PRINCIPAIS EMPRESAS BRASILEIRAS 1988-1989, que atenderam aos

critérios de: ter sede no Rio ; ter SIC (Standar Industrial Classification); ter

faturamento superior a Cr$ 1 .300.000. Dos questionários enviados pelo correio, 27

foram respondidos correspondendo a uma taxa de respostas de 31 %.

A pesquisa mostrou que 59,3% das empresas pesquisadas possuem

um sistema de planejamento de novos investimentos de longo prazo, sendo que a

maior parte o tem há mais de 10 anos (50%). As áreas responsáveis pela

apresentação e posterior análise de propostas de investimentos de capital são: as

áreas de produção (33,8%) e marketing ( 23,1 %) são as que apresentam mais

propostas de investimentos, porém é a área de finanças (28,1 %), a área mais citada

como a responsável pela análise destas propostas, seguida pela produção (23,4%) a

pesquisa mostra que existem projetos de produção que são analisados na própria

área, mostrando um certo grau de autonomia do departamento neste tipo de

empresa (indústrias).

Em relação ao uso das técnicas de análise de investimento ( 50%)

afirmou que as utiliza em todos os investimentos, sendo que a minoria (7,7%)

disse não fazer uso de técnicas formais em nenhuma análise de projeto. Como

técnica primária o payback foi o mas citado (37,8%), seguido de perto pela taxa

interna de retorno (35,2%), sendo a técnica menos citada a de razão

benefício/custo, ou índice de lucratividade (13,5%). Como ferramenta secundária

de análise de projeto, a técnica mais citada foi a do valor presente líquido (50%)

seguida pela taxa interna de retorno ( 31,2%).

Em relação ao tratamento dado ao risco a maioria das empresas

pesquisadas (64%) disse considerar o risco de forma subjetiva nas decisões de

investimento e (32%) disse quantificar o risco. Somente (4%) disseram não

considerar o risco em seus projetos, (64,7 %) das empresas afirmaram que o

método utilizado para avaliar o risco em projetos é aumentar a taxa mínima de

retorno requerida para compensar o risco, sendo que também foram citados com

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

47

menor freqüência, a redução de período mínimo de payback requerido e ajustes

subjetivos de fluxos de caixa.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

48

3 OS BANCOS NO BRASIL

3.1 INTRODUÇÃO

Assim como a empresa mercantil têm por objetivo a compra e

venda de mercadorias e utilidades; a empresa industrial, a transformação da

matéria-prima em produtos das mais variadas espécies; a empresa agrícola e

pastoril, o cultivo, a exploração da terra e das criações em geral; A Empresa

Bancária tem por objetivo o comércio do dinheiro, quer como fornecedora de

capitais, quer como depositária de capitais de terceiros, quer ainda como

intermediária do crédito.

Neste capítulo abordaremos as principais funções bancarias

de um banco múltiplo- especificamente os que optaram pela carteira de

investimentos- é o risco inerentes as mesmas. Começando com um breve histórico

dos bancos no Brasil.

3.2 BREVE HISTÓRICO DOS BANCOS NO BRASIL

Segundo Fortuna (1992) o modelo bancário trazido ao Brasil pelo

Império foi o europeu, e passou por três fases sendo elas:

3.2.1 O BANCO TRADICIONAL

Entendiam-se como atividades básicas de um banco as operações de

depósitos e empréstimos (descontos). Outros serviços praticamente inexistiam.

Os bancos sempre guardaram, através do tempo, urna características

excessivamente nobre ou, porque não dizer, austera. Um exemplo desse rigor

eram as próprias gerências operacionais, as quais obrigatoriamente deveriam

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

49

manter contato com o público e ficavam situadas no fundo das agências, com

portas muito bem trancadas, por onde poucos ousariam entrar.

Essa situação estendeu-se até a metade do nosso século, quando,

então começaram as grandes transformações provocadas pelo progresso e pela

euforia do pós-guerra.

3.2.2 A FASE INTERMEDIÁRIA

Continuando com o que afirma Fortuna (1992) partir dos anos 50,

solidificaram-se as posições brasileiras, explodindo aos poucos seu potencial

econômico.

Propagaram-se os bancos e, com eles, os primeiros sintomas de uma

debilitada capacidade empresarial para administrá-los. Mais de 500 matrizes

funcionavam na ocasião.

Em 1945, através do decreto lei no 7.293, foi criada a conhecida

Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito), em substituição a critérios

inadequados de fiscalização, que tiveram inicio em 1920 com a Inspetoria Geral de

Bancos. Seu objetivo imediato era exercer o controle do mercado monetário. O

mesmo decreto criava, como instrumento de controle de volume de crédito e dos

meios de pagamento, o depósito compulsório.

Inúmeros bancos encerraram suas atividades. Outros tantos

desapareceram, através de fusões e incorporações. Saneou-se e, ao mesmo tempo,

solidificou-se o Sistema Financeiro Nacional.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

50

3.2.3 O BANCO ATUAL

Fortuna (1992) diz que a reforma bancária de 1964 (lei No. 4.595, de

31 de dezembro de 1964) e a reforma do Mercado de Capitais(lei No.4728, de 14 de

julho de 1965) definiram uma política que procurava acabar com a controvérsia

relativa às instituições financeiras, ou seja, evolução no sentido europeu, pela qual

os bancos são as principais peças do sistema financeiro, operando em todas as

modalidades de intermédiação financeira, ou adoção do modelo americano no

qual predomina a especialização.

Por tais normas, o banco ficaria com o segmento de capital de giro e

outras operações de curto prazo. Existindo as empresas de crédito financeiro e

investimento desde 1959, criaram-se os bancos de investimento, em 1965, e as

associações de poupança e empréstimo, em 1969. Na área oficial, já existia o Banco

Nacional de Crédito Corporativo, desde 1951, e o BNDES, desde 1952. Em 1964, foi

criado o BNH.

o banco do Brasil ficou como banco comercial misto, operando

também em longo prazo, enquanto os bancos da Amazônia (reorganizado em

1966) e do Nordeste (criado em 1962) exerceram funções típicas de bancos

comerciais e de agentes da Sudam e da Sudene respectivamente.

Apesar desta opção, em virtude de condicionamentos econômicos e,

em especial, da necessidade de buscar economia de escala e melhor racionalização

do sistema, os bancos passaram a assumir o papel de líderes de grandes

conglomerados, onde atuam coordenadamente todas as modalidades de

instituições financeiras e prestação de serviços.

A estrutura atual do sistema financeiro resulta, portanto dessa

reforma institucional do biênio 64/65, que criou o Conselho Monetário Nacional e

o Banco Central do BrasiL além da regulamentação das diferentes instituições de

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

5 1

intermédiação, entre os quais os integrantes do Sistema Financeiro da Habitação

(SFH).

Posteriormente, foi incorporado ao quadro institucional do sistema a

Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criada pela lei No. 6.385 de 7 fevereiro de

1976.

Mais recentemente, a resolução 1.524/38 de 22 de setembro de 1988

facultou às instituições financeiras sua organização como única instituição com

personalidade jurídica própria, vulgarmente denominada banco múltiplo.

3.2.4 O ACORDO DA BASILÉIA

Em 17 de Agosto de 1994, o Banco Central do Brasil através da

resolução No. 2.099, aprova regulamentos que dispõem sobre as condições

relativas ao acesso ao sistema financeiro nacional, aos valores rninimos de capital e

patrimônio líquido ajustado, a instalação de dependências e à obrigatoriedade da

manutenção de patrimônio líquido ajustado em valor compatível com o grau de

operações ativas das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo Banco Central. O objetivo é o de enquadrar o mercado financeiro

aos padrões de solvência e liquidez internacionais que foram definidos em julho

de 1988 em acordo assinado na Basiléia, Suíça, pelos bancos centrais dos países

que compõem o grupo dos dez. Através desta resolução resolveu dentre os

pontos mais importantes, em relação aos bancos múltiplos o seguinte:

A concessão, por parte do Banco central do Brasil, de autorização

para o funcionamento das instituições financeiras está condicionada a:

I - comprovação, pelos controladores, de situação econômica

compatível com o empreendimento, observados os seguintes parâmetros:

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

52

a) em se tratando de pessoa jurídica, o patrimônio líquido respectivo,

deduzida a parte referente ao investimento na nova instituição , deve

corresponder a, pelo menos, 220% desse investimento;

b) em se tratando de pessoa física, seu patrimônio, deduzida a parte

referente a nova instituição, e eventual participação em pessoa jurídica referida na

linha anterior, deve corresponder a, pelo menos 120% desse investimento.

II - inexistência de restrição cadastral aos administradores e

controladores, inclusive em razão de declaração de propósito de que trata o

artículo deste regulamento;

III - que o montante do capital integralizado corresponda, no

mínimo, ao limite fixado para instituição fixados no anexo lI.

Dependem do Banco Central do Brasil, observado no que couber , o

disposto nos artículos lro e 2do, os seguintes atos de reorganização das

instituições de que se trata este regulamento:

I - transformação de banco múltiplo;

II - mudança de objeto social;

III - criação de carteira operacional por banco múltiplo;

IV - mudança do tipo jurídico;

V - fusão, cisão ou incorporação.

o banco múltiplo deverá constituirse com no mínimo duas das

seguintes carteiras, sendo uma delas obrigatoriamente comercial ou de

investimento;

I - comercial;

II - de investimento e/ou desenvolvimento, a última exclusiva para

bancos públicos;

III - de crédito imobiliário;

IV - de crédito, financiamento e investimento; e

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

53

v - de arrendamento mercantil .

1 .-As operações realizadas pelos bancos múltiplos estão sujeitas às

mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis as instituições singulares

correspondentes as suas carteiras, observado o disposto no art. 35, inciso 1, da lei

No. 4.595, de 31 .12.64.

2.- Não há vinculação entre as fontes de recursos captados e as

aplicações do banco múltiplo, salvo os casos previstos em legislação e

regulamentação específicas.

3.- É vedado ao banco múltiplo emitir debêntures.

A transformação de instituição autorizada a funcionar pelo Banco

Central do Brasil em qualquer outro tipo de instituição implicará o cancelamento

automático da autorização original para funcionar.

O percentual de participação estrangeira no capital social das

instituições não poderá ultrapassar o nível verificado quando da promulgação da

Constituição Federal, ressalvados os casos previstos no art.52, único, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias.

Os limites mínimos de capital realizado e patrimônio líquido abaixo

especificados devem ser permanentemente observados pelas instituições

financeiras e demais instituições autorizada a funcionar pelo Banco Central do

Brasil:

I - R$ 7.000,000 (sete mílhões de reais): banco comercial ou carteira

comercial de banco múltiplo;

II - R$ 6.000,000 (seis milhões de reais): banco de investimento, banco

de desenvolvimento, sociedade crédito imobiliário, correspondentes carteiras de

banco múltiplo ou caixa econômíca;

III - R$ 3.000,000 (três mílhões de reais): sociedade de crédito,

financiamento e investimento, sociedade de arrendamento mercantil ou

correspondentes carteiras de banco múltiplo;

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

54

IV - R$ 600.000 (seiscentos mil reais): sociedade corretora de títulos e

valores mobiliários e sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários que

administrem fundos de investimento nas modalidades regulamentadas pelo Banco

Central do Brasil - exceto fundos de investimentos em quotas de fundos de

investimento - ou sociedades de investimento, bem assim que realizem operações

compromissadas, de garantia firme de subscrição de valores mobiliários para

revenda, de conta margem e/ou de "swap".

V.- 200.000 (duzentos mil reais)

a) sociedade corretora de títulos de valores mobiliários e sociedade

distribuidora de títulos e valores mobiliários que exerçam atividades não incluídas

no inciso anterior;

b) sociedade corretora de câmbio.

Em se tratando de banco múltiplo, o somatório do valores

correspondentes às carteiras terá redução de 20% (vinte por cento).

Em se tratando de instituição que tenha sede e, no mínimo 70%

(setenta por cento) de suas dependências localizadas fora dos Estados do Rio de

janeiro e/ou São Paulo, os valores de capital realizados e de patrimônio líquido

exigidos nos termos deste artigo terão redução de 30% (trinta por cento).

Em se tratando de agência de instituição financeira domiciliada no

exterior ou de banco comercial ou de banco múltiplo com carteira comercial sob

controle estrangeiro direto ou indireto, os limites mínimos estabelecidos neste

artigo terão acréscimo de 100% (cem por cento) .

É condição indispensável para a instalação de agências das

instituições de que trata este regulamento o cumprimento das disposições legais e

regulamentares especificadas anteriormente.

Cabe mencionar que o sistema financeiro brasileiro VIveu uma

transformação desde a queda da inflação e a entrada de capitais estrangeiros ao

País. Os ganhos com os 'jloats" acabaram e como decorrência o mercado deverá

passar por uma inevitável fase de depuração onde apenas os mais preparados

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

55

sobreviverão. O estabelecimento de políticas de negócios nas instituições bancarias

passa, obrigatoriamente, pelos parâmetros de um processo de planejamento

adequado ao novo ambiente Socio-ecônomico. Podemos afirmar que a

competitividade não dependerá significativamente do tamanho nem do caráter

nacional da instituição e sim, da qualidade dos serviços que poderá oferecer.

3.3 PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS BANCOS MÚLTIPLOS

Os bancos múltiplos surgiram através da Resolução No. 1 .524/88,

emitida pelo BC por decisão do CMN, a fim de racionalizar a administração das

instituições financeiras. Como o próprio nome diz , permite que algumas dessas

instituições, que muitas vezes eram empresas de um mesmo grupo, possam

constituir-se em uma única instituição financeira com personalidade jurídica

própria e, portanto, com um único balanço, um único caixa e, conseqüentemente,

significativa redução de custos. Em termos práticos mantém as mesmas funções de

cada instituição em separado, com as vantagens de contabilizar as operações como

uma só instituição.

As carteiras de um banco múltiplo envolvem carteira comercial

(regulamentação dos BC), carteira de investimento (regulamentação das BI),

carteira de crédito imobiliário (regulamentação dos SCI) carteira de aceite

(regulamentação dos BD). Mais recentemente foi incluída a carteira de "leasing" .

Para configurar a existência do banco múltiplo , ele deve possuir

pelo menos duas carteiras mencionadas, sendo uma delas, obrigatoriamente

comercial ou de investimento.

Os bancos múltiplos podem se dedicar a:

1.- Carteira Comercial que têm como operações ativas a abertura de crédito

simples em conta corrente, descontos de títulos, crédito rural obrigatório,

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

56

operações de repasse e financiamento e aplicações em valores mobiliários. Como

operações passivas os depósitos a vista, depósitos a prazo fixo (CDB e RDB),

obrigações contraídas no País e no exterior, relativas a repasses e

refinanciamentos, depósitos de domiciliados no exterior (somente carteiras com

autorização para operar em câmbio) e depósitos de aviso prévio.

2.- Carteira Financeira que têm como operações ativas o financiamento para

aquisição de bens e serviços, financiamento de capital de giro, operações com

prestadoras de serviços, operações compromissadas, e administrar fundos mútuos

de renda fixa. Como operações passivas o aceite cambial, depósitos de acionistas,

obrigação por recursos destinados a repasses e certificado de depósitos

interfinanceiros.

3.- Carteira de Investimento têm como operações ativas os financiamentos de

capital fixo, financiamentos de capital de giro, repasse de recursos oficiais, repasse

de empréstimos externos, arrendamento mercantil (/ease back), crédito rural

(permitido), subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários e participar do

capital de outras empresas em caráter permanente. Como operações passivas

depósitos a prazo fixo (CDB e RDB), contas correntes não movimentáveis por

cheques, empréstimos externos, obrigações por recursos de instituições financeiras

oficiais, para repasses, emissão de certificados de depósitos de valores mobiliários

em garantia e operações pré-determinadas.

Realiza como operações especiais a distribuição e intermédiação de

títulos e valores mobiliários, underwriting, depósitos interfinanceiros, custódia e

recebimento de rendimentos de títulos e valores mobiliários, cessões e aquisições

de créditos, operações compromissadas, fiança, Aval ou coobrigações, operações

de compra e venda no mercado físico de ouro e operações de cambio.

4.- Carteira de Crédito Imobiliário têm como operações ativas na faixa obrigatória

os financiamentos habitacionais, na faixa livre os financiamentos habitacionais não

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

57

contemplados pelo SFH, financiamentos de capital de giro a empresas

incorporadoras, empréstimos hipotecários, operações compromissadas, depósitos

voluntários e aquisição de Letras Hipotecárias de outros agentes. Como operações

passivas a poupança livre, caderneta pecúlio, poupança vinculada, emissão e

colocação de letras hipotecárias e imobiliárias junto a instituições autorizadas a

funcionar pelo Banco Central.

3.4 RISCOS BANCÁRIOS

" Adquirir riscos é o negocio de um banco". Esta frase pode ser dita

por um gerente de banco, segundo Howard D. Crosse e George H. Hempel (1980)

e Edward W. Reed (1964) o banco adquire os riscos necessários para não ficar

estagnado e crescer junto com a comunidade.

Os diversos tipos de risco aos que um banco se encontra exposto

são;

34.1 RISCOS DE INADIMPLÊNCIA

Possibilidade de que um parceiro em uma transação ou o emissor de

um título deixe de cumprir total ou parcialmente um compromisso assumido. É o

risco de não receber de volta um dinheiro emprestado(financiamento, aquisição de

títulos)

3.4.2 RISCOS DE PERFORMANCE

É o risco de que o parceiro de uma transação deixe de cumprir com

as obrigações pactuadas. Ao contrario do risco de crédito, não existe aqui a

obrigação de pagar um compromisso, mas sim de fazer alguma coisa (recomprar

um título). Um problema de performance não está necessariamente ligado a uma

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

58

situação de insolvência, mas pode decorrer de má-fé ou de atitudes pouco éticas

por parte do parceiro. Também é conhecido como moral risk.

3.4.3 RISCO CLEAN NA LIQUIDAÇÃO

Ocorre quando itens de valor concordado como igual não são

trocados simultaneamente entre os parceiros e/ ou quando itens são liberados sem

conhecimento que o valor em contrapartida tenha sido recebido pela instituição.

Tipicamente o prazo está dentro do mesmo dia e possivelmente por diferença de

horário, overnigth ou durante um fim de semana.

3.4.4 RISCO DE CUSTÓDIA

São aquele decorrentes da guarda de ativas por terceiros onde

podem comparecer deficiências como má-fé do custodiante, falta de segurança

física, deficiência de controles, indisponibilidade do bem custodiado etc., e que

expõe a instituição a riscos de crédito, de liquidez, de taxa/ preço e operacionais.

No caso de custódia própria, os riscos daí provenientes serão essencialmente

riscos operacionais.

3.4.5 RISCOS DE EMISSOR

É o risco inerente a títulos e/ ou valores mobiliários, inclusive títulos

de renda fixa emitidos por um cliente. Este risco pode se desdobrar em riscos de

crédito de liquidez e taxa/ preço e normalmente pode ser considerado como sendo

igual ao valor de mercado do título mais os juros acruados até a data da falha pelo

emissor ou do vencimento.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

59

3.4.6 RISCOS DE MERCADO

São decorrentes de alterações nas condições de mercado que podem

afetar tanto as posições próprias, quanto as garantias recebidas em determinadas

transações. Esse tipo de risco pode ser precipitado, também, por falhas de

performance ou mesmo surgir em operações de simples intermédiação

3.4.7 RISCO DE LlQUIDEZ

Possibilidade de que um determinado ativo não possa ser convertido

em dinheiro quando previsto ou desejado, ou ainda, de que uma posição vendida

não possa ser coberta em tempo hábil, impedindo assim que a organização elimine

um risco de flutuação de preço/taxa. Pode gerar problemas de perfomance da

instituição perante terceiros.

3.4.8 RISCO DE TAXA OU PREÇO

Situações na qual a instituição esta sujeita a prejuízos ocasionados

por mudanças nas condições dos mercados em que atua. Isto engloba risco de

underwriting no que tange à impossibilidade de atingir metas de vendas de

posições de ações ou debêntures, empréstimos sindicalizados, colocações privadas

etc., por causa da falha de avaliar adequadamente condições de mercado tais como

princing, demanda para papéis do tomador ou emissor ou eventos entre a data de

compromisso firme e aquela venda da posição. Assim como o risco do crédito este

risco é inerente à própria essência da atividade bancaria.

3.4.9 RISCO DE TRADING

É a possibilidade de que ao agir como intermediário entre duas

partes uma delas face no compromisso, forcando a instituição a um ajuste de

posição (comprada ou vendida, não desejada ou não planejada) para honrar o

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

60

compromisso com a outra parte. É freqüentemente uma situação particular do

risco de performance. A instituição fica exposta a riscos de caixa, de liquidez e/ ou

de preço/taxa.

3.5 RISCOS DE GAP

Riscos decorrentes do descasamento, assumido voluntária ou

involuntariamente entre ativos e passivos relativamente a seus prazos, natureza

de suas taxas, ou de moeda. Desdobram-se em riscos de liquidez e riscos de

taxa/preço Comparecem nos quatro tipos de GAP:

• GAP de prazo (o prazo de retorno dos ativos)

• GAP de natureza (independente dos prazos, a remuneração obtida

no ativo é calculada de uma forma diferente da do custo incorrido no passivo -

diferença do índice etc.,)

• GAP de moeda (um ativo ou posição em uma determinada moeda

não é casado plenamente com a mesma moeda)

.Combinação de mais de um desses GAPs

3.5.1 RISCOS DE PRAZOS

Decorrem das mutações que podem ocorrer a longo prazo

relativamente à situação especifica dos parceiros, à conjuntura econôrruco­

financeira, a regulamentações etc. Podem acentuar os riscos de liquidez, crédito,

taxa, legais, etc.

3.5.2 RISCO DE CAIXA

Principal reflexo do risco de liquidez, embora não seja devido

exclusivamente a ele. Trata-se da possibilidade de que o fluxo de caixa da

instituição venha a se desbalancear de forma exagerada, gerando uma

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

6 1

necessidade ou disponibilidade de recursos em relação a sua capacidade de

captação ou aplicação.

3.5.3 RISCOS DE PARCERIA

Risco de que a instituição venha a sofrer publicidade adversa em

função de atitudes ou praticas de negócios de seus cientes ou parceiros de

mercado. O risco de parceria pode envolver, também, rumores (infundados ou

não) sobre a solidez ou liquidez da instituição, em função de problemas sofridos

por. clientes ou parceiros tradicionais.

3.5.4 RISCOS OPERACIONAIS

Inerentes à área de processamento, oriundos da falta de segurança na

guarda e transporte dos ativos, da insuficiência de controles e informações, de

processamento e checagens inadequadas, de quebra de sigilo, da possibilidade de

fraudes etc., que podem também se desdobrar em riscos de crédito, de liquidez,

preço/taxa ou gerar perdas diretas por dolo/má-fé ou descontrole. Incluem-se

aqui os riscos oriundos do processamento de dados e transmissão de informações

via rede de tele-processamento, bem como a manipulação de dados contábeis.

3.5.5 RISCOS DE FORMALIZAÇÃO

Possibilidade de que por uma avaliação incorreta ou incompleta de

uma determinada transação, a instituição venha a firmar um contrato de difícil

execução legal. Pode abranger também situações em que, apesar de possuir um

instrumento juridicamente perfeito, erros na contratação (assinaturas, poderes,

preenchimento etc.) diminuam a liquidez do crédito ou operação.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

62

3.5.6 RISCOS DE PROCESSAMENTO

Situação em que a organização se expõe a fraudes ou perdas

decorrentes de falhas internas, desorganização ou descontrole.

3.5.7 RISCOS FISCAIS

Caso particular de risco de avaliação em que, voluntária ou

involuntariamente, a instituição se expõe a contigentes fiscais. Mesmos nos casos

em que o retorno da transação é grande o suficiente para justificar a assunção

deste tipo de risco, a operação deve ser cuidadosamente analisada do ponto de

vista do eventual comprometimento da imagem. Risco de que a instituição venha

a ser acusada de praticar ou colaborar ativamente para a prática de sonegação

fiscal.

3.5.8 RISCOS INSTITUCIONAIS

Possibilidade da instituição, em decorrência de suas atividades ou de

decisões de cunho político, vir a ter desgastado seu nome junto ao mercado ej ou

autoridades constituídas. Embora intangíveis, tais riscos podem afetar a evolução

natural da instituição , gerar retaliações e embaraços de conseqüências não

previsíveis.

3.5.9 RISCO JURíDICO

Risco de que uma transação não cumpra com todas as leis e

regulamentos aplicáveis e portanto a instituição está exposta a possíveis

penalidades civis, criminais ou administrativas, tanto quanto publicidade

desfavorável. Risco de responsabilidade oriundo de ser processado, multado,

advertido ou censurado por falha de agir, de ter tomado ação errada ou de, em

outra forma, de ter praticado procedimentos que podem ser considerados de não

ortodoxos.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

63

3.6 RISCO FIDUCIÁRIO

Em um relacionamento fiduciário os riscos que podem desdobrar em

prejuízos por: 1.- falta de estabelecer claro acordo/parâmetros na formalização,

expondo a instituição a alegações de conduta imprudente; 2.- falta de divulgação

de toda a informação relevante na documentação, abrindo assim a possibilidade

de clientes acusarem a instituição de ter abusado de uma responsabilidade

fiduciária; 3.- conflito de interesses quando a instituição age numa capacidade

adiciona não contemplada na documentação por não ter deixado claro as

responsabilidades da instituição e/ ou perdoando-lhe ao longo da vida da

transação e 4.- agindo de uma maneira posteriormente considerada incoerente

com os acordos ou as leis aplicáveis. Este risco refere-se à atuação da instituição

em relação ao(s) parceiro(s) e portanto trata-se de situação inversa do risco de

performance.

3.6.1 RISCOS DE DIVULGAÇÃO

por:

interesse,

Riscos decorrentes de atuação como agente underwriter ou assessor

• falta de divulgar · informação relevante inclusive conflitos de

• divulgação de informação incorreta, ou

• divulgação de informação sem autorização do cliente

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

64

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 ESCOLHA DO TEMA

A escassez de estudos publicados sobre a utilização da metodologia

de avaliação financeira de projetos de investimentos de longo prazo em empresas

brasileiras, motivou o aluno Antônio Vinces Bazo, da turma "89" do Instituto de

Pós-graduação e Pesquisa em Administração de Empresas da Universidade

Federal de ·Rio de Janeiro - COPPEAD- , a iniciar um trabalho de pesquisa sobre o

tema. Foi utilizado como texto de apoio, um estudo similar desenvolvido por

Gitrnan e Forrester (1986) em grandes empresas norte-americanas.

Antônio Bazo selecionou a amostra, elaborou e enviou o questionário

que serviu de base à pesquisa realizada por Teresa Cristina Carneiro (1994) na que

verifica a utilização prática da metodologia de avaliação financeira de projetos de

investimentos de longo prazo nas indústrias de médio e grande porte no estado do

Rio de Janeiro, pesquisa comentada no segundo capítulo deste estudo. Dentre as

recomendações para pesquisas futuras, Carneiro (1994), sugere fazer o mesmo tipo

de análise mas enfocando o risco. Seguindo esta recomendação e tomando a

pesquisa de Carneiro (1995) como texto de apoio, fizemos esta pesquisa porém

focando o risco em investimento no mercado de capitais, escolhemos bancos ao

invés de empresas, dado que eles têm o maior volume de negócios neste mercado.

A -pesquisa tem por objetivo confrontar teoria e prática, saber se os bancos

utilizam as teorias na prática, se as acham indispensáveis na hora da tomada de

decisão sobre investimentos. No caso de não serem utilizadas, descobrir o porquê,

se é porque não as conhecem, ou porque não acreditam na sua validade.

Para restringir o escopo do estudo e facilitar o trabalho de coleta de

dados foram escolhidos os bancos múltiplos que tenham sede no Rio de Janeiro e

São Paulo, por serem estas cidades grandes centros de investimentos.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

65

4.2 COLETA DE DADOS

Para alcançar um maior número de respostas optou-se por visitar

cada um dos bancos, entrevistando os encarregados do setor de riscos, que

responderam um questionário escrito, elaborado basicamente com perguntas de

múltipla escolha e algumas (porém poucas) perguntas abertas. (ver Anexo 1). Dos

30 bancos alvo, apenas 12 aceitaram responder ao questionário.

A fim de cobrir de uma forma sucinta os temas propostos, o

questionário foi dividido em quatro partes . A primeira parte foi composta de

cinco questões sobre dados gerais da firma: razão social, números de empregados,

capital social, faturamento no último ano e origem do capital. A segunda parte

formulava uma pergunta sobre a área de operação do banco. A terceira parte

tratou das práticas de investimentos. São oito questões sobre temas como a

existência ou não na empresa de um sistema de planejamento de investimentos e

sobre as áreas responsáveis pela apresentação, pela análise e pela tomada de

decisão de investimentos de capital no mercado de ações. Se existe um orçamento

de investimento, qual o valor , a área específica encarregada do mesmo e o

número de pessoas que trabalham nessa área. A quarta é ultima parte foi

composta por oito questões sobre as técnicas de medição de riscos, a sua utilização

e a importância das mesmas.

4.3 AMOSTRA

A pesquisa utilizou como amostra 30 bancos selecionados da relação

BRASIL DEZ MIL - PRINCIPAIS EMPRESAS BRASILEIRAS 1992-1993, que

atenderam aos seguintes critérios, simultaneamente visando selecionar de forma

não tendenciosa os bancos utilizados na amostra.

1.- Ter sede no Rio de Janeiro e São Paulo

2.- Ser banco múltiplo

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

66

A relação BRASIL DEZ MIL é uma publicação bianual da Dun &

Bradstreet International, que reúne as 10 mil empresas brasileiras, lideres nacionais

quanto a movimentação de negócios, investimentos e gastos.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

67

5 RESULTADOS

No último semestre de 1995, o questionário contendo 22 questões foi

enviado pelo fax aos 30 bancos múltiplos, alvos da pesquisa, posteriormente se

procedeu pelo telefone a marcar a entrevista com os mesmos para obter as

respostas, sendo que s6 12 aceitaram nos receber, correspondendo a uma taxa de

respostas de 40% . Cabe salientar que 5 bancos tinham deixado de funcionar,

aumentando a percentagem de respostas de nossa pesquisa para 48% .

Na análise de dados que apresentamos a seguir, foram utilizadas

técnicas estatísticas simples, como cálculo da média, desvio padrão, máximo e

núnimo.

5.1 SOBRE OS BANCOS

Para saber um pouco mais sobre as características dos bancos

respondentes, foram feitas algumas questões sobre os bancos e seu executivos

financeiros.

Uma das questões estava relacionada ao nível técnico das pessoas

que responderam ao questionário. A maior parte dos responsáveis pelas

informações fornecidas pelos bancos pesquisados, são do terceiro escalão: gerentes

e supervisores da área de riscos. Esta questão é particularmente importante para

saber se quem respondeu ao questionário é uma pessoa que conhece o assunto

pesquisado e trabalha nessa área. Pudemos verificar que quando os questionários

eram respondidos por trainees ou técnicos, surgiam mais dúvidas em relação às

respostas a dar e, geralmente, consultavam alguém na firma antes de dar a

resposta definitiva.

A seguir é apresentado o quadro 1, que contém os percentuais

referentes ao cargo do respondente do questionário.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

68

Quadro1.- Cargos Ocupados pelas Pessoas Responsáveis pelas informações sobre

os bancos que participaram da pesquisa

Cargo do Respondente No. de Respostas %

Diretor 1 8,3

Gerente de risco 8 66,7

Analista 2 16,7

Trainee 1 8,3

Total 12 100,0%

A grande maioria dos bancos da amostra têm entre 100 e 200

empregados. No entanto o mínimo foi de 47 empregados e o máximo de 14618.

A seguir são apresentados os quadros 2A e 2B que mostram a

percentagem dos números de empregados existentes nos bancos que responderam

a pesquisa, e o resumo estatísticos contendo a média, o desvio padrão, e o número

máximo e o número mínimo de empregados com que cada banco respondente

consta.

Quadro 2A.- Número de empregados dos bancos que participaram da pesquisa

No. de Empregados No. de Respostas %

100 ou menos 3 25,0

100 a 200 4 33,3

200 a 300 2 16,7

300 a 400 1 8,3

mais de 500 2 16,7

Total 12 100,0%

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

69

Quadro 2B - Resumo Estatístico sobre o número de empregados das empresas que

participaram da pesquisa

Resumo Estatístico Número de Empregados

Média 1523,25

Desvio Padrão 4158,49

Máximo 14618

Mínimo 47

Quanto ao faturamento do último ano, detectamos que a grande

maioria se situa na faixa de menos de US$ 50 milhões, com um mínimo de US$ 12

milhões e um máximo de US$ 898,9 milhões . A distância entre os números é

devido a que na amostra não escolhemos os bancos por porte ou faturamento,

senão pelo fato de ser banco múltiplo e ter sede no Rio ou São Paulo.

Abaixo são apresentados os quadros 3A e 3B, o quadro 3A contém o

percentual correspondente ao faturamento em US$ (dólares americanos) dos

bancos respondentes. O quadro 3B contem o resumo estatístico em relação ao

faturamento dos bancos participantes da pesquisa.

Quadro 3A - Faturamento dos bancos que participaram da pesquisa

Faturamento em US$ No. de Respostas %

50 milhões ou menos 5 55,6

100 a 200 milhões 1 11,1

200 a 300 milhões O O

300 a 400 milhões 1 11,1

mais de 500 milhões 2 22,2

Total de Respostas 9 100,0%

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

70

Quadro3B - Resumo Estatístico sobre o faturamento dos bancos que participaram

da pesquisa

Resumo Estatístico Faturamento em milhões US$

Média 193,65

Desvio Padrão 332,73

Máximo 899

Mínimo 47

Em relação à origem do capital, a maioria possui capital nacional,

sendo minoria os bancos que possuem capital misto (nacional mais estrangeiro). O

quadro abaixo apresenta esta relação.

Quadro 4 - Origem do Capital dos bancos que participaram da pesquisa

Origem do Capital No. de Respostas %

Nacional 8 66,7

Estrangeiro (misto) 4 33,3

Total de Respostas 12 100,0%

5.2.- SOBRE ÁREA DE OPERAÇÃO

A área de atuação da maioria dos bancos, como era o propósito da

pesquisa, atua na área de investimentos, dedicando-se alguns também, dado que

são bancos múltiplos, à área comercial e financeira. O quadro a seguir mostra os

percentuais correspondentes à área de operação

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

7 1

Quadro 5 - Sobre a principal área de operação dos bancos que participaram da

pesquisa

Área de Operação No. de Respostas %

S6 Financeira 1 8,3

S6 Comercial 1 8,3

S6 Investimentos 5 41,7

S6 Imobiliária O O

Varias Áreas 5 41,7

Total Respostas 12 100,0%

5.3.- SOBRE INVESTIMENTOS

Dedicamos esta parte do questionário a detectar a política de

investimentos dos bancos. A grande maioria possui um sistema de planejamento

de investimentos no mercado de ações. O quadro abaixo apresenta o percentual

correpondente há existência de um planejamento de investimento nos bancos da

pesquisa. A seguir o quadro 7 apresenta o percentual sobre o tempo de existência

desse planejamento de investimento.

Quadro 6 - Existência de Sistema de Planejamento nos bancos da pesquisa

Existência de Sistema de Número de %

Planejamento de Investimento Respostas.

Não há sistema de Planejamento 1 8,3

Sistema em fase de Implantação 1 8,3

Há um sistema de planejamento 10 84,6

Total de Respostas 12 100,0%

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

72

Quadro 7- Sobre o tempo de Implantação do Sistema de Planejamento dos bancos

que participaram da pesquisa

Tempo de Implantação do Sistema de Número de %

Planejamento de Investimento Respostas

Há 5 anos ou menos 4 66,6

Há 5 a 10 anos 1 16,7

Há mais de 10 anos 1 16,7

Total de Respostas 6 100,0%

Quanto à área responsável pelo planejamento, a metade indicou a

área financeira e a outra metade indicou outras áreas que não foram mencionadas

no questionário como as responsáveis pelo planejamento. O quadro abaixo

contém o percentual sobre à área responsável pelo planejamento dos bancos que

participaram da pesquisa.

Quadro 8 - Sobre á área responsável pelo planejamento nos bancos pesquisados

Área Responsável pelo Número de %

Planejamento Respostas

Presidência O O

Marketing O O

Planejamento O O

Finanças 5 50,0

Produção O O

Outras 5 50,0

Total de Respostas 10 100,00%

Quanto ao nível em que as decisões de investimentos são tomadas, a

maioria dos bancos indicou o primeiro escalão (presidência, conselho, reunião da

diretoria). Outros bancos marcaram mais de uma resposta, mostrando que as

decisões podem ser tomadas em diferentes níveis do banco. O quadro abaixo

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

73

apresenta os percentuais correspondentes ao ruvel técnico responsável pelas

decisões de investimentos dos bancos pesquisados.

Quadro 9- Referente ao ruvel responsável pelas decisões de investimento dos

bancos pesquisados

Nível Responsável pelo Número de Respostas %

Investimento

10. (Conselho) 4 33,3

20 (Diretorias) 3 25,1

30 (Gerências) O °

Outros 1 8,3

Diversos Níveis 4 33,3

Total Respostas 12 100,0%

5.4- SOBRE ORÇAMENTO

S6 dois bancos responderam sobre o valor do orçamento em

investimentos no mercado de ações, não reportamos os dados porque não tem

relevância estatística. Os bancos acham que o orçamento não deve ser divulgado,

visto que ele é estritamente confidencial.

5.5-UTILlZAÇÃO DE TÉCNICAS

Como o objetivo deste estudo era a verificação sobre a aplicação

prática dos principais modelos de avaliação de risco, feita pelos bancos brasileiros

na análise de seus investimentos no mercado de capitais, e verificar quais as

técnicas de avaliação de riscos que são mais comumente usadas, os respondentes

foram solicitados a indicar para quais decisões de investimentos utilizam técrucas

formais de análise.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

74

A maior parte as utiliza em todos os investimentos; uma mínima

parte respondeu que depende do volume do investimento. O quadro abaixo

contém o percentual correspondente às respostas sobre os investimentos nos

quais se analisa o risco.

Quadro 10 - Referente aos investimentos nos quais se analisa o risco nos bancos

pesquisados

Investimentos nos quais se Número de Respostas %

analisa o risco

Todos 12 100

Acima de um valor x O O

Nenhum O O

Total de Respostas 12 100,0%

Em relação à quantificação do risco, a grande maioria respondeu que

quantifica o risco, sendo uma minoria não significativa que respondeu que analisa

o risco subjetivamente. O quadro a seguir contém o percentual correpondente ao

número de respostas dadas em relação a se o risco é quantificado nos bancos

pesquisados.

Quadro 11 - Referente a quantificação do risco pelos bancos pesquisados

Em relação a se o risco é Número de Respostas %

quantificado

É quantificado 10 90,9

É considerado 1 9,1

subjetivamente

Não é considerado O O

Total Respostas 11 100,0%

Quanto às técrucas maIs usadas, a maIOr parte mdlcou que utiliza

mais de uma das técnicas citadas, a variância, juntamente com o CAPM-Beta

foram escolhidas como as mais usadas dentre as outras. O quadro 12 apresenta o

percentual correpondente às respostas obtidas nos bancos pesquisados. A seguir o

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

75

quadro 12B apresenta o percentual de utilização de cada uma das técnicas pelos

bancos pesquisados.

Quadro 12 - Referente à técnica usada

Em relação à técnica usada Número de % Utilização

Respostas

5ó Variância 1 8,3

5ó C.A.P.M.-Beta- O O

56 APT O O

56 Markowitz O O

Mais de uma das citadas 5 41,7

Mais de uma das citadas além 5 41,7

de outras que não as citadas

Não usa técnicas de 1 8,3

quantificação

Total de Respostas 12 100

Quadro 12 B - Referente à percentagem de técnicas utilizadas

Em relação à técnica usada % de utilização

Variância 100

C.A.P.M.-Beta- 83,3

APT 25

Markowitz 25

Outras que não as citadas 58,3

Como podemos apreciar neste quadro 100% dos bancos que

quantificam o risco, utiliza a variância, seguida do CAPM com 83,3% de utilização.

No que concerne ao porque da utilização das técnicas, se as

consideram imprescindíveis ou mera formalidade, a grande maioria afirmou que

as consideram imprescindíveis, sendo que alguns as consideram necessárias e

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

76

outros, que fazem parte da estratégia global. Em relação aos que consideram

subjetivamente o risco num futuro próximo pensam em utilizar estas técnicas,

sendo as mais conhecidas o CAPM, Variância simples e Markowitz.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

77

6.- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1.- CONCLUSÕES:

As principais conclusões a que chegamos foram de que ainda existe

distância entre os principais conceitos da moderna teoria de finanças e a prática

nos bancos brasileiros, dado que nem todas as técnicas de medição de risco são

usadas e conhecidas por eles. Pudemos constatar, porém, que os bancos estão

preocupados em quantificar o risco inerente a seus investimentos e é pequeno o

número de bancos que considera subjetivamente o risco. A maioria analisa os seus

investimentos através das técnicas de avaliação formais. As técnicas mais

utilizadas para quantificação de risco são a variância, e o CAPM -Beta - ambos são

considerados imprescindíveis ao gerenciamento do risco. Constatamos, também,

que os bancos estão utilizando outras técnicas além das citadas no questionário na

quantificação do risco.

Além disso, tivemos conhecimento de dois bancos brasileiros, que

não fizeram parte da pesquisa por não se encontrarem na relação da Dun &

Brandstreet, que estão implantando o uso do Riskmetrics nas operações do banco.

De um modo geral os bancos possuem um sistema de planejamento

de novos investimentos; a área responsável por esse planejamento é a área de

finanças, e as principais decisões de investimento são tomadas pelo primeiro

escalão. Existe um procedimento formal de preparação de um orçamento de

investimento, orçamento este que não é divulgado nem para fins de pesquisa visto

que é considerado estritamente confidencial.

Resumindo, podemos dizer que ainda estamos incipientes no que diz

respeito à aplicação de técnicas de avaliação de risco, se nos compararmos com os

EUA onde existem diversas instituições (Value Line, por exemplo) que têm

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

78

publicações semanais dos valores do beta das ações negociadas nas bolsas

americanas, desde os anos 70. Porém, a notável evolução dos conceitos na área de

finanças nos últimos anos tem sido aproveitada no Brasil. Os bancos utilizam

estes conceitos para quantificar o seu risco, mas ainda falta um longo caminho a

ser percorrido, já que nem todas as técnicas são conhecidas e usadas. A variância,

juntamente com o modelo de formação de preços de ativos (CAPM), que se

constitui em um dos principais paradigmas na área de decisão de investimentos

sobre ativos de risco, são os dois preferidos pelos bancos, para a avaliação do

risco. Cabe salientar que acreditamos que os bancos na realidade não usam o

modelo CAPM e sim o Beta na quantificação do risco.

6.1.- RECOMENDAÇÕES

Do aprendizado com este trabalho, podemos deixar as seguintes

recomendações para futuras pesquisas junto ao setor bancário:

• Evitar sempre que possível, perguntas em relação ao orçamento -

notamos que muitos bancos não divulgaram o montante e acreditamos que outros

se negaram a responder o questionário por esta questão tão específica .

• Analisar a situação política e sodal do país no momento de

aplicar os questionários - na época de aplicação do questionário o banco

Econômico estava sob intervenção, existindo disputas políticas sobre o fim que

levaria o mesmo. A credibilidade do sistema bancário nacional estava sendo

colocada em dúvida. Acreditamos que vários bancos se negaram a responder

nosso questionário por este motivo.

Para futuras pesquisas junto aos bancos um tema interessante para

ser aprofundado é a análise do processo decisório em investimentos, tanto no

aspecto de divisão de responsabilidades como no aspecto político em si. Investigar

se há correlações entre as formas de delegação de responsabilidades de decisões e

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

79

características do banco, como tamanho, composição do capital e forma de

organização entre outras.

Poderia se replicar a pesquisa aqui presente, fazendo-se um estudo

de caso num banco para estudar com maior profundidade a efetiva

operacionalização das técnicas de mensuração de risco.

Sugerimos também como tema para futuras pesquisas nesta área a

análise de risco em empresas ou indústrias e as correlações entre a utilização de

técnicas de avaliação de risco e algumas variáveis tais como tamanho da firma,

ramo de negócios da empresa, tipo de empresa (se limitada, se sociedade anônima

etc.), nível técnico da equipe financeira da empresa, nacionalidade da empresa e

tempo de utilização das técnicas.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

80

BIBLIOGRAFIA

ACORDO da Basiléia; Diário Oficial n. 158, sec.I - 18 Ago. 1994.

BARROS, Benedito Ferri de. Curso básico sobre mercado de capitais., São Paulo,

Atlas, 1968.

BREEDEN, Douglas T. An intertemporal asset princing model with stochastic

consumption and investiment opportunities. Tournal of FinanciaI Economics;

v.7, n.3, Sep.1979.

BLACK, Fischer. Capital Market equilibrium with restricted borrowing. foumal

of Busines; v. 45, n.3, jul-1972.

BLACK, F.; JENSEN, M.C; SCHOLES, M. The capital asset princing model: some

empirical test.IN: Jensen, M. C ed., Studies in theory os capital markets. New

York: Praegers, 1972.

BRASIL DEZ MIL PRINCIPAIS EMPRESAS BRASILEIRAS 1992 - 1993. Dun e

Bradstreet do Brasil, 1994.

BRENNAN, M J. Capital Market Equilibrium with divergent borrowing and

lending rates. Toumal. of Financiai and Quantitative Analysis ; v.6, n.5 dec.

1971.

BREALEY, Richard, A., MYERS, Stewart C, PrincipIes of corporate finance. 3.

ed. New York: Mc Graw - Hill, 1988.

BRITO,Ney, O. Diversificação e equilibrio no mercado de capitais. Rio de Janeiro:

COPPEAD/UFRJ 1979. (Relatório COPPEAD, 34).

BRITO, Ney O. Gestão de investimentos. São Paulo, Atlas, 1989.

BRITO, Ney O; SANCOVSCHI, Moacir. Risco, retorno e betas: O mercado

acionário brasileiro. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 1980. (Relatório

COPPEAD_No. 40).

CARNEIRO, Teresa Cristina. Utilização de técnicas de Avaliação de Projetos nas

indústrias de médio e grande porte do Estado do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro; COPPEAD/UFRJ, 1994. Dissertação de Mestrado.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

8 1

COSTA PEREIRA, Eduardo Novo; TAVARES, Miguel Dirceu F. Mercados

financeiros uma visão geral. Rio de Janeiro, CEDEG, 1986.

COLLI, Jose Aexandre, FONTANA Marino. Contabilidade bancaria. São Paulo

Atlas, 1988.

COPELAND, Thomas E., WESTON, J. Fred. Financia! theory and corporate

policy; 3erd edition Reading, Ma.: Addisson-Wesley, 1988.

COMISSÃO NACIONAL DE BOLSA DE VALORES. Introdução ao mercado de

ações; 1984.

COSTA JR., Newton C. A. da; MENEZES, , Emílio Araújo; LEMGRUBER,

Eduardo Facó. Estimação do beta de ações através do método dos coeficientes

agregados., Revista Brasileira de Economia ; v 47 n.4, out-dez. 1993.

CHEN, S.J.; e JORDAN, B.D., "Some empirical test in the Arbitrage Princing

Theory: macrovariables vs derived factors"; Tournal of Banking and Finance

17, 1993, North Holland, p.65-89.

DANTAS, Fernando. Como funciona um sistema de gestão de risco; TornaI

Gazeta Mercantil 6 novo 1995.

DIMSON, E. Risk Measurement when Shares are Subject to infrequent trading.

The Tournal of FinanciaI Economics, v,7, p.197-216, 1979.

FENSTEINSSERFER, Jaime E.; SAUL, Nestor. Investimentos de capita! nas

grandes empresas brasileiras. Revista da administração. São Paulo, v.28, n.3,

p.3-12 , julho/ setembro 1993.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços; Qualitymark,

1992.

FAMA, E. F; FRENCH, K. The CAPM is wanted, dead or alive. Working Paper ,

Universidade de Chicago 1995.

FAMA, E. F; FRENCH, K.., The cross-section of expected returns. The Tournal of

Finance, VoI.43(2), 1992.

FAMA, E. F.; MacBeth, J.D. Risk, return and equilibrium: empirical test. The

journal of Political Economy, maio-junho, 1973.

GAZETA MERCANTIL, Rio de janeiro, 06, novo 1995.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

82

HAUGEN, R. A. Modern investiment . 3. ed. New Jersey :Prentice - Hal!, 1993.

HESS, Geraldo. Finanças e mercado de capitais no Brasil; Forum Rio de Janeiro

HOW ARD D Crosse HEMPEL, George H. Management policies for commercial

banks; 3. ed. Prentice- Hall, 1980.

KLOECKNER, Gilberto, De Oliveira. Beta Contabil. Uma Medida Alternativa de

Risco Sistemático. IN: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL

DOS PROGRAMAS DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 18.

Curitiba - Paraná: ANPAD, 1994 . v.5. p, 78-89.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MERCADO DE CAPITAIS -IBME- Edição agosto

de 1972.

LINTNER, John The aggregation of investor's diverse judgments and preferences

in purely competitive security markets. Tournal of FinanciaI and Ouantitative

Analysis; vA, n. 4, dec1969.

LINTNER, JOHN. The valuation of risk assets and the selection of risky

investments in stock porÚolios and capital budgets. Review of Economics and

Statisticsj v. 47, n.l, feb. 1965�

MARKOWITZ, H. M. PorÚolio Selection. The lournal of Financej vol. 7 (1), 1952.

MANLY, B.F.J., Multivariate statistical methods - A primer, Chapman and

Hall, 1994, Capo 6 p. 72-85.

MERTON, Robert C. An intertemporal capital asset princing model.

Econometricaj v.41, sep 1983.

MIDGLEY, Kenneth; BURNS, Ronald The capital market: its nature and

Significancej Macmillam London, 1977.

MOSSIN, Jan._Equilibrium in a capital asset market, Econometricaj V.34, nA p. 768-

783, Oct., 1996.

REED, Edward W. Commercial Bank Managementj - Harper & row, New York,

Nov.1964.

ROSS, S. A., The Arbitragem Theory of Capital Asset Princing. Tournal of

Economic Theoryj 13: 341-360. Dez. 1976.

PINDYCK, R.S.; Rubinfeld, D.L. Microeconomia. Makron Books, São Paulo, 1994.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

83

SEMINÁRIO DE BANCO MÚLTIPLO - Fatores Críticos de Sucesso-Price

Waterhouse - 1988.

SCHOLES, M.; Williams, J. Estimating Betas from nonsynchronous data. Tournal of

financiai Economics, vo1.5, 1977.

SHARPE, William F Capital assets prices: A theory of market equilibrium under

conditions of risk. Tournal of financej v.19 n.3, sep. 1964.

ZANETTE, J. Jorge, Kloeckner Gilberto de Oliveira, , Becker João Luiz; Portfolios

globais: Os benefíçios dos Investimentos no Mercado de Capitais Brasileiro IN:

ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS

DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 18. Curitiba - Paraná:

ANPAD, 1994. v.5 pag 78-89.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

84

ANEXOS

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

;/"r 'I CO PPEAD jUFRj ," Instituto de Pós-Graduação e PesquIsa em AdmInistraçãO

Universidade Federal do Rio de JaneIro

Rio de Janeiro, novembro de 1 9 9 5 .

Prez ado S r . :

o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEAD- da Universidade Federal do Rio de Janeiro está rea l i z ando uma pesqu i s a sobre a uti l i z ação de técnicas de med i ção de risco em investimentos no ' mercado ac ionár io pelos bancos B ra s i le i ros .

Sendo seu banco um importante integrante do s i stema financeiro naciona l , solic itamos sua colaboração em responder o que s tionário anexo e laborado por Tania Yenny Saucedo Hurtado aluna deste inst ituto .

� ,

Os dados obtidos serão para ' u so exclusivo da pesquisa e e s tri tamente confidenc i a i s . Caso s e j a de seu intere sse , os resu ltados desta pesquisa estarão à sua dispos i ção apos sua conc l usão .

Agradecemos profundamente sua colaboração .

�� ----)á:�n---, - - - - - - - - - - - -� Pro f . : Eduardo Sal iby Coordenador Academico

�/ .�M _ _ _ _ _ S? _ _ _ _ � _ _ ��_ � _ _ _ _

Pro f . : Newton da Costa Jr . Orientador

CAIXA POSTAL 68514 - CEP 21 949-900 - RIO DE JANEIRO - RJ - TEL.: (021 ) 260-5522 - FAX 270"30�1J \ '; . . � ' �. \ r'

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

QUESTIONÁRIO

I .DADOS GERAIS DO BANCO

1 . - Razão Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.- Numero de empregados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.- Capital Social em US$ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.- Faturamento no ultimo ano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.- Origem do Capital Nacional ( )

Estrangeiro ( ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

11. OPERACÕES

6.- O seu banco opera principalmente na área

Financeira ( ) Comercial ( ) Investimento ( ) Imobiliária ( )

111. DADOS SOBRE INVESTIMENTOS

7.- Seu banco dispõe de um sistema de planejamento de investimentos no mercado de ações?

( ) sim Há quanto tempo? . . . . . . . .

( ) não

( ) Esta em fase de implantação

8.- Por que não? (ignorar a pergunta no caso da anterior resposta for sim)

( ) não conhece

( ) não acredita

( ) não funciona

( ) não acha necessário

9.- Qual a área responsável pelo planejamento?

( ) Presidência ( ) Finanças

( ) Marketing ( ) Produção

( ) Planejamento ( ) Outras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 0.- Qual o nível hierárquico responsável pela tomada de decisões dos investimentos?

( ) Primeiro ( Presidência, Conselho, Reunião Dir, etc.)

( ) Segundo (Diretorias)

( ) Terceiro ( gerências)

( ) Outros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · globais se viram em dificuldades para fiscalizar as novas operações com opções e derivativos. Devido a isto, ficou determinado

1 1 .- Existe em seu banco um procedimento formal de preparação de um orçamento de

investimento?

( ) sim ( ) não

1 2.- Q uanto é o orçamento em US$? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 3.- Qual a área especifica encarregada do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 4.- Quantas pessoas trabalham nessa área? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 1 1 TECNICAS UTIlZADAS 1 5.- Para quais decisões de investimento no mercado de ações sua empresa utiliza técnicas

de avaliação formais?

( ) Todas

( ) Investimentos acima de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$

( ) Nenhuma

1 6.- A sua empresa considera o risco nas decisões de investimento?

( ) O risco é quantificado

( ) É considerado subjetivamente

( ) Não é considerado

1 7 .- Dado que o risco é considerado, quais as tecnicas utilizadas para a quantificação do

mesmo?

( ) Variância

( ) CAPM

( ) APT

( ) Markowitz

( ) Outras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 8.- Ao seu ver estas técnicas são imprescindíveis na avaliação do risco ou apenas mera

formalidade? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 9.- Caso o risco seja considerado subjetivamente, num futuro próximo se pensa em utilizar

estas técnicas?

( ) sim ( ) não

20.- Se não utilizam estas técnicas pelo menos já as conheciam?

( ) sim ( ) não

21 .- Quais as que conhece bem? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

22.- Quais a s que j á ouviu falar mais não conhece muito bem?

Nome do respondente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Cargo que ocupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .