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Derivativos Cambiais O que prometia ser um dos melhores anos dos últimos tempos acabou virando um pesadelo para muita gente. Tudo estava favorável até que uma crise nos EUA fez o mundo virar de ponta cabeça. Neste contexto, muita coisa que é comum para os "Homens de Negócio" tornou-se popular. Mas será que todo mundo entende o que os jornais dizem? Por exemplo, todos sabem o que são derivativos cambiais? Para ajudar, vai um rápida definição. O que são? Derivativos cambiais são operações escoradas em papéis classificados como derivativos cambiais, em contratos com vencimentos futuros. Apesar do vencimento ser de um a dois anos, em média, o preço do dólar do contrato é fixado no momento da assinatura. Assim, se o dólar cai, os bancos cobrem o prejuízo e as empresas lucram, mas se a cotação sobe, ganham os bancos. A disparada da moeda americana foi tão forte nas últimas semanas, que é forte o receio de que as empresas não tenham dinheiro para quitar suas dívidas. Para entender melhor: As empresas, com dívidas em reais, fizeram contrato para vender o dólar nos dias de vencimento das contas. Usaram, por exemplo, a cotação de R$ 1,65. Dessa forma, iriam adquirir os reais necessários para pagar as contas e não teriam perdas, no caso de uma eventual desvalorização do dólar. No entanto, ocorreu o contrário, o real se desvalorizou devido à crise financeira americana e as empresas precisam honrar o contrato e vender os dólares a 1,65. Moral da história : prejuízo. Alguns analistas pressentem que a instituição de um IOF de 2% não produziu mais do que uma coceira no câmbio e que é preciso mais para garantir o efeito pretendido de segurar o dólar. Entre as propostas está a de que o Banco Central se antecipe à excessiva entrada de dólares no mercado interno e atue agressivamente na ponta de compra em derivativos de câmbio. Entre os economistas que já se manifestaram nessa direção, estão o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ex-

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Derivativos Cambiais

O que prometia ser um dos melhores anos dos últimos tempos acabou virando um pesadelo para muita gente. Tudo estava favorável até que uma crise nos EUA fez o mundo virar de ponta cabeça. Neste contexto, muita coisa que é comum para os "Homens de Negócio" tornou-se popular. Mas será que todo mundo entende o que os jornais dizem?Por exemplo, todos sabem o que são derivativos cambiais? Para ajudar, vai um rápida definição.

O que são?Derivativos cambiais são operações escoradas em papéis classificados como derivativos cambiais, em contratos com vencimentos futuros. Apesar do vencimento ser de um a dois anos, em média, o preço do dólar do contrato é fixado no momento da assinatura. Assim, se o dólar cai, os bancos cobrem o prejuízo e as empresas lucram, mas se a cotação sobe, ganham os bancos. A disparada da moeda americana foi tão forte nas últimas semanas, que é forte o receio de que as empresas não tenham dinheiro para quitar suas dívidas.

Para entender melhor:As empresas, com dívidas em reais, fizeram contrato para vender o dólar nos dias de vencimento das contas. Usaram, por exemplo, a cotação de R$ 1,65. Dessa forma, iriam adquirir os reais necessários para pagar as contas e não teriam perdas, no caso de uma eventual desvalorização do dólar. No entanto, ocorreu o contrário, o real se desvalorizou devido à crise financeira americana e as empresas precisam honrar o contrato e vender os dólares a 1,65. Moral da história : prejuízo.

Alguns analistas pressentem que a instituição de um IOF de 2% não produziu mais do que uma coceira no câmbio e que é preciso mais para garantir o efeito pretendido de segurar o dólar. Entre as propostas está a de que o Banco Central se antecipe à excessiva entrada de dólares no mercado interno e atue agressivamente na ponta de compra em derivativos de câmbio.

Entre os economistas que já se manifestaram nessa direção, estão o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (governo Sarney) Luiz Gonzaga Belluzzo e o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira.

O que significa isso? Significa que o Banco Central deveria comprar ou vender moeda estrangeira nos mercados futuros, de maneira a inibir a aposta dos bancos em direção à valorização do real. Por que não o faz?

O importante aí é o objetivo da intervenção e não propriamente o segmento do mercado em que ocorre, se o de dólar pronto ou se o de derivativos. Nada haveria de errado se interviesse no mercado de derivativos e continuasse comprando moeda estrangeira apenas para evitar volatilidades ou para formar reservas. Quando negociou contratos de swap cambial antes, durante e depois da crise, o Banco Central operou no mercado de derivativos.

Se atuasse no mercado não mais para simplesmente impedir oscilações excessivas, mas também para impedir a valorização do real, o Banco Central seria obrigado a

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usar o único instrumento de que dispõe (a política monetária ou política de juros) para defender um piso (ou um teto) para o preço da moeda estrangeira em reais.

Nesse caso, sempre que a cotação do dólar resvalasse ou ameaçasse resvalar para abaixo desse piso, o Banco Central seria obrigado a comprar moeda estrangeira, no mercado à vista ou no futuro.

A partir daí, a política monetária, que hoje está inteiramente voltada para o cumprimento da meta de inflação, passaria a ter uma função diferente. Seria usada para sustentar o câmbio.

Não dá para conciliar esses objetivos. Ou bem o Banco Central controla o câmbio ou controla a inflação. A partir do momento em que passasse sinais de que não admitiria que a cotação da moeda estrangeira em reais escapasse de determinado patamar, o mercado iniciaria uma especulação com juros, que inevitavelmente subiriam.

Além disso, sempre que emite reais para comprar moeda estrangeira, o Banco Central trata de esterilizá-los, ou seja, trata de tirá-los do mercado por meio da emissão de títulos: quem compra os títulos recolhe reais ao Banco Central e o efeito inflacionário fica neutralizado. Nesse caso, a tendência do câmbio, qualquer que seja ela, se perpetua porque a relação entre oferta e procura de moedas se restabelece com a esterilização. E, com o restabelecimento da relação anterior, o preço entre elas também tende a voltar ao nível anterior.

Não há nada de especialmente errado na atuação agressiva do Banco Central no mercado de derivativos, desde que eleja um só objetivo a cumprir e arrume o resto da economia em relação a ele. Mas não dá para pretender segurar o câmbio e, ao mesmo tempo, combater a inflação.

O termo "aporte" é usado para definir a primeira contribuição feita quando o investidor  adere a um plano de previdência. Já o termo "aplicação" é usado para se referir à primeira aplicação feita por um investidor em um fundo de investimento.

As operações com derivativos cambiais levaram a Sadia a um prejuízo de R$ 2,484 bilhões em 2008, o maior de sua história de 64 anos. Balanço divulgado há pouco apontou que a companhia perdeu nada menos que R$ 2,55 bilhões com os instrumentos que ficaram conhecidos como "derivativos tóxicos". Também por apostar excessivamente neste instrumento, a fabricante de celulose Aracruz anunciou hoje um prejuízo de R$ 4,2 bilhões no ano passado.

O aporte neste tipo de derivativo cambial tem o objetivo de proteger as exportações das companhias contra desvalorização excessiva do dólar. Ocorre que tanto Sadia quanto Aracruz compraram um volume de derivativos bem superior às suas necessidades operacionais, já que o instrumento vinha gerando ganhos financeiros em um cenário de dólar baixo. Quando a crise explodiu, no entanto, a moeda americana disparou e as duas empresas se viram diante de um gigantesco rombo financeiro.

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Em seu balanço, a Sadia informou que o agravamento da crise também gerou estragos no desempenho operacional. Apesar de a receita bruta ter crescido 18% sobre o mesmo período do ano anterior, para R$ 3,519 bilhões, a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) caiu 21,7%, para R$ 343 milhões. O prejuízo apenas entre outubro e dezembro foi de R$ 2,042 bilhões.

Resultante das operações com derivativos tóxicos e dos empréstimos tomados para cobrir as perdas, a dívida bruta de curto prazo da Sadia chegou a R$ 4,164 bilhões em 31 de dezembro de 2008. A dívida total somava R$ 8,549 bilhões.

Os principais executivos da companhia estão falando à imprensa neste momento para comentar o resultado anual. A grande expectativa, no entanto, recai sobre a estratégia da empresa para recuperar a saúde financeira. Entre as possibilidades mais consideradas pelo mercado estão a venda de alguns ativos ou a união com a rival Perdigã

Investidores de perfil realmente arrojado têm à disposição uma modalidade do mercado pouco conhecida e menos compreendida ainda: os derivativos.

Como o próprio nome diz, derivativos são ativos financeiros que derivam de um outro ativo. A função desses fundos é defender o investidor de variações de preços futuros de um ativo ou mesmo apostar no valor de um ativo qualquer dali a um tempo.

Mercado de riscoO gestor de um fundo de derivativos pode, por exemplo, achar que o preço de um determinado ativo a ser negociado vai subir daqui a seis meses, de 50 para 70. Ele entra na operação como comprador. Assim, garante que, mesmo que daqui a um tempo o preço suba, ele comprará pelo preço combinado (os 50). Porém, se esse valor, de 50 para 30, o investidor pode ter que pagar pela quantia combinada, que pode ser maior do que a encontrada no mercado à vista. Como se vê, é um risco.

Esses ativos podem ser preços de commodities, como soja, feijão e arroz, preços de ações, cotações do dólar, ouro ou até o índice futuro da Bovespa.

Além dessa modalidade, conhecida como mercado de "futuros", o mercado de derivativos inclui operações "a termo" e "opções". No primeiro caso, os interessados negociam o ativo para liquidação em data futura, e com entrega obrigatória da mercadoria, seja dólar, ouro ou o que for. É muito utilizado em operações de financiamento, quando se compra um papel à vista para vendê-lo a termo e ganhar na diferença de valor.

Nas opções, o investidor compra o direito de exercer sua vontade num prazo determinado, e por isso paga uma parte do valor do ativo. Na data marcada, ou seja, no vencimento das opções, o investidor pode exercer esse direito, ou não, caso em que seu dinheiro vira pó.

HedgeOs fundos de derivativos São os instrumentos de proteção financeira mais eficientes para a administração de riscos decorrentes das incertezas quanto ao comportamento futuro de índices, taxas ou moedas. Por isso, em sua grande maioria, são usados por empresas com dívidas em dólar para fazer "hedge" (seguro). Se uma empresa tem dívidas a pagar em dólar pode fechar na BM&F (Bolsa de Mercadoria e Futuros) um contrato de dólar futuro para garantir que pagará a cotação desejada quando tiver que quitar a dívida. O mesmo vale para um produtor agrícola, que quiser se proteger contra possíveis queda no preço de sua mercadoria.

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Mas o investidor comum pode se aventurar nesse mercado? Segundo o economista Álvaro Fontes, só se for uma quantia absolutamente dispensável. "Não é recomendado que a maior parte da carteira seja alocada em derivativos", considera. ele explica que esse segmento exige uma grande capacidade de avaliação de risco para investir com maior grau de segurança.

Apesar de não existir mais uma sub-categoria de fundos que se denomina desta maneira, são conhecidos como fundos derivativos os fundos que utilizam derivativos como forma de diversificação do risco, e portanto tem o objetivo de proteger o investidor (também chamados de fundos de hedge); ou utilizam derivativos para aumentar a rentabilidade  do fundo. O uso de derivativos como hedge é permitido na maioria dos fundos, mas o uso para alavancar a rentabilidade da carteira de investimentos do fundo só é permitido entre as subcategorias de fundos alavancados, como os fundos de renda fixa alavancados, ou os multimercados alavancados ou os fundos de ações alavancados.

Derivativos são ativos ativos Bens e direitos possuídos por uma empresa ou fundo de investimento. Para fundos de investimento, representa todos os títulos (títulos públicos, títulos privados, ações, commodities, cotas de fundo de investimento, etc.) que compõe a carteira do fundo ativos Bens e direitos possuídos por uma empresa ou fundo de investimento. Para fundos de investimento, representa todos os títulos (títulos públicos, títulos privados, ações, commodities, cotas de fundo de investimento, etc.) que compõe a carteira do fundofinanceiros que derivam, integral ou parcialmente, do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria. Podem também ser entendidos como operações financeiras que tenham como base de negociação o preço ou cotação de um ativo (chamado de ativo-objeto) negociados nos mercados futuros, a termo, de opções de compra e venda, de swaps e demais operações financeiras mais complexas.

Mercado Futuro

Aquele em que as partes assumem compromisso de compra e/ou venda de determinada quantidade e qualidade padronizadas de um ativo financeiro ou real, representada por contratos padronizados para liquidação (física e/ou financeira) em data futura. Nesse mercado existe o ajuste diário ajuste diário É a equalização de todos os contratos em aberto no mercado futuro, mercado futuro Aquele em que as partes assumem compromisso de compra e/ou venda de determinada quantidade de um ativo financeiro ou real, para liquidação (física e/ou financeira) em data futura. As operações do mercado futuro são realizadas em pregão, através da compra e venda de contratos autorizados pela Bolsa, a qual estabelece a padronização dos mesmos. com base no preço de compensação do dia. O ajuste diário traduz os movimentos dos mercados em lucros e prejuízos efetivos para os participantes.do valor dos contratos. Esse é o mecanismo que possibilita a liquidação financeira diária de lucros e prejuízos das posições, viabilizando a troca de posições.

Mercado a Termo

Aquele em que as partes assumem compromisso de compra e/ou venda de contratos padronizados para liquidação física e financeira em data futura, ficando as partes, compradora e vendedora, vinculadas uma à outra até a liquidação do contrato.

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Mercado de Opções

Aquele em que uma parte adquire o direito de comprar (opção de compra) ou vender (opção de venda) o objeto de negociação, até ou em determinada data, por preço previamente estipulado. A outra parte, em contrapartida, assume o dever de vender (opção de compra) ou comprar (opção de venda) tal objeto de negociação, que são contratos padronizados representativos de um ativo financeiro ou de uma mercadoria no mercado disponível ou no mercado futuro.

Mercado de Swaps

Aquele em que as partes trocam um índice de rentabilidade por outro, com o intuito de fazer hedge, hedge Estratégia de proteção financeira, realizada nos mercados derivativos, para eliminar o risco a que o agente econômico está exposto no mercado à vista. Consiste em assumir no mercado derivativo posição oposta à detida no mercado à vista. Pode ser entendido como um seguro contra o risco de preço do mercado.casar posições ativas (recebimento) com posições passivas (dívida), eqüalizar preços, efetuar arbitragem arbitragem Operação financeira em que se busca obter resultado positivo através do posicionamento em dois ativos ou dois mercados que apresentem variações na diferença entre seus preços, sem que haja necessidade de investimento de recursos próprios e sem que se corram riscos elevados.ou até alavancar sua exposição exposição Parcela de uma carteira cujo valor financeiro está sujeito às oscilações de um determinado ativo, índice ou mercado. ao risco.

O que é Hedge?

A tradução literal de Hedge é proteção. Os investidores e ou administradores de carteiras buscam nas operações de hedge proteger seus investimentos contra oscilações bruscas de preços. Utilizam para tanto operações nos mercados futuros, termo, opções, swaps etc para reduzir o risco.

Entretanto, quando usados como forma de obter ganhos altos e rápidos, isto é, quando usados como especulação, podem aumentar o risco de perda total ou parcial do investimento.

Procure saber com o administrador de seu fundo de investimento qual é a política de atuação nos mercados futuros.

Onde são negociados os derivativos?

A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) é o local onde são negociados os chamados derivativos derivativos Denominação genérica para operações que têm por referência um ativo qualquer, chamado de "ativo base" ou "ativo subjacente" (que em geral é negociado no mercado à vista). Derivativos usualmente têm uma data de vencimento. Exemplos de derivativos são opções de compra/venda, futuros e swapsno Brasil. Ela é constituída sob a forma de sociedade por ações e tem por objetivo organizar, prover o funcionamento e desenvolver mercados livres e abertos para negociação de quaisquer espécies de títulos e/ou contratos que possuam como referência, ou tenham como objeto, ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias (também chamadas

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"commodities") e moedas, nas modalidades a vista (também chamado mercado disponível) e para liquidação futura (mercados a termo, de opções e de futuros).

Não é novidade que o Dinheirama esta sempre atento, ouvindo bastante seus leitores. Nos orgulhamos muito desse contato cada vez mais próximo e tentamos atender às solicitações sempre primando pela linguagem simples e descomplicada. O compromisso segue firme neste sentido.

Hoje vamos atender um pedido já realizado por diversos leitores: explicar e discutir o chamado Mercado de Derivativos. Trata-se de um assunto bastante abrangente, que, em um primeiro momento, pode parecer complicado. Assim, hoje vamos nos concentrar apenas em passar alguns conceitos básicos sobre o assunto.

Definindo o Mercado de DerivativosDerivativo é um contrato definido entre duas partes no qual se definem pagamentos futuros baseados no comportamento dos preços de um ativo de mercado. O mercado de derivativos abrange um amplo leque de operações que estão sempre inseridas nos mercados a termo, de futuros, de opções ou de swap.

Em qualquer um deles, o investidor poderá negociar tanto commodities quanto ativos financeiros, como taxas de juro, índices de mercado etc. É comum vermos investidores à procura de operações com derivativos para especular e para buscar proteção. Esta segunda atitude caracteriza o investidor como um hedger.

HedgersPara eles, o mercado de derivativos oferece proteção e pouco risco. Funciona como uma espécie de apólice de seguro, em que o comprador paga um prêmio para limitar suas perdas. Se o investidor não precisar utilizar sua “apólice” de seguro, perderá apenas o prêmio pago para a contração do “serviço”. Acontecendo algum incidente, estará ele protegido.

Na prática, a forma de limitar as perdas significa travar um preço para o ativo. Assim, seja qual for o andamento dos preços dos ativos no mercado à vista, o investidor tem a garantia de determinando preço para esse mesmo ativos em certa data futura.

Se cair e ele tiver garantido um bom preço de venda, ganha dinheiro. Se subir e ele tiver garantido um baixo preço de compra, ele compra e vende. Se nada disso acontecer, suas opções “viram pó” e ele perde a oportunidade. No Brasil, o mercado de futuros é gerenciado e acontece através da BM&F - Bolsa de Mercadorias & Futuros.

Glossário simplificadoConcordo que a própria palavra derivativos pode causar estranheza. Esse mercado possui um linguajar específico, por vezes complicado. Vejamos o básico:

- Opção: é um direito de comprar ou vender um montante de um determinado ativo a um preço pré-estabelecido dentro de um certo intervalo de tempo. Pode ser comparado a um seguro, pelo qual o agente paga um prêmio e tem o direito, e não a obrigação, de exercê-lo. Leia mais;

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- Put: termo em inglês que equivale a uma opção de venda. Ou seja, quem compra uma put tem o direito de vender um certo ativo por um preço pré-determinado;

- Call: expressão análoga à put, porém que corresponde à uma opção de compra;

- Opções americanas: diferentemente do que se pode imaginar em um primeiro momento, o termo não tem qualquer referência à geografia, mas refere-se às opções que podem ser exercidas em qualquer momento, ou seja, desde sua data de aquisição até sua data de vencimento. Leia mais;

- Opções européias: contrastam-se às opções americanas, podendo ser exercidas somente na data do vencimento;

- Prêmio da opção: valor a ser pago pelo investidor para adquirir uma opção. As variáveis que influenciam a determinação do prêmio são: preço e volatilidade do ativo objeto, tempo até o vencimento, taxa de juros e preço de exercício. Leia mais;

- Black & Scholes: modelo matemático, desenvolvido pelos economistas Fisher Black e Myron Scholes, mais difundido para a determinação do valor justo do prêmio de uma opção. O modelo funciona para opções de compra ou venda do tipo europeu. No caso de opções do tipo americanas, somente para aquelas sobre ações sem dividendos;

- Ativo objeto (ou base): designa o ativo primário dos derivativos. As opções, por exemplo, podem ser referenciadas em: ações, índices, moedas, contratos futuros, entre outros;

- Preço de Exercício: valor pelo qual a opção pode ser exercida. Ou seja, o titular de uma opção poderá comprar ou vender ativo base por um determinado preço de exercício;

- Virar pó: quando uma opção não é exercida, o investidor perde o valor total pago como prêmio. Diz-se, então, que a opção "virou pó";

- Opção at the money: é uma opção que apresenta preço de exercício igual ao preço do ativo objeto no mercado à vista;

- Opção in the money: supondo uma opção de compra, é aquela em que o preço do ativo base no mercado à vista é superior ao preço de exercício, ou seja, caso exercida, o investidor apresentará lucro. Se for uma opção de venda, é aquela cujo preço de exercício está acima do preço do ativo objeto no mercado à vista;

- Opção out of the money: contrapõe-se à opção in the money. Em caso de ser uma opção de compra, o preço de exercício acima do preço do ativo no mercado à vista. Sendo uma opção de venda, o preço do ativo no mercado à vista é superior ao preço de exercício;

- Valor intrínseco: diferença entre o valor do ativo no mercado à vista e o preço de exercício;

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-Combinação de opções: operação em que um mesmo investidor compra ou vende duas ou mais opções sobre o mesmo ativo objeto, mas com preços de exercício e/ou datas de vencimento distintas. São exemplos as travas - em que se aposta na alta ou na baixa do mercado - e o butterfly spread - em que o agente ganha se o preço do ativo objeto não apresentar grande volatilidade.

- Cap: esta expressão de língua inglesa representa a fixação por parte do investidor de um patamar máximo para a flutuação de suas aplicações;

- Floor: estratégia equivalente ao cap, porém o agente estabelece um nível mínimo para a rentabilidade de seus papéis;

- Collar: representa a construção simultânea de um cap e de um floor. O intervalo entre eles é o collar.

- Swaps: são operações de troca de fluxo de caixa. Um investidor é remunerado por uma determinada aplicação e oferece outro ativo como forma de rentabilidade. Leia mais;

- Hedge: termo que vem do inglês e que significa salvaguarda. Também denomina administração do risco. Por exemplo, o ato de tomar uma posição em outro mercado (futuros, por exemplo) oposta à posição no mercado à vista, para minimizar o risco de perdas financeiras em uma alteração de preços adversa. Leia mais;

- Contratos futuros: trata-se de um compromisso de comprar ou vender determinado ativo numa data específica do futuro, por um preço previamente estabelecido. Leia mais.

Fundos e alavancagemAlavancar é investir, em operações de risco, mais do que o patrimônio líquido do fundo. Isso só é possível usando os derivativos. São negociados contratos futuros e operações sem que haja cobertura financeira total, apostando em um movimento certeiro nas datas de vencimento.

Sim, é perigoso e pode ser arriscado. Se as operações de um fundo bastante alavancado forem malsucedidas, as perdas podem causar estragos consideráveis, inclusive superando o patrimônio do fundo. Lembre-se de consultar o prospecto de seu fundo e procurar por detalhes neste sentido*.

Por hoje chega. Agora que sabemos o básico, podemos avançar com calma. Mais à frente, vamos abordar de maneira enfática cada item de relevância do artigo. Enquanto isso deixe seus comentários e participe do Fórum Sociedade Dinheirama. Aproveite bem seu final de semana.

1. O que é dívida pública?

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Dívida pública é a dívida contraída pelo governo com entidades ou pessoas dasociedade para:

financiar parte de seus gastos que não são cobertos com a arrecadação deimpostos; ou

alcançar alguns objetivos de gestão econômica, tais como controlar o nívelde atividade, o crédito e o consumo ou, ainda, para captar dólares noexterior.

A dívida pública se subdivide em dívida interna e dívida externa. Os principaiscredores do setor público são, normalmente, bancos públicos e privados que operam nopaís, investidores privados, instituições financeiras internacionais e governos de outrospaíses.

O governo tem três formas de financiar seus gastos: arrecadar impostos, emitirmoeda ou vender títulos (papéis) da dívida pública com promessa de resgate futuroacrescido de juros. Muitos governos se utilizam, ainda, do expediente de atrasar opagamento de dívidas com fornecedores e de negociar seu pagamento com deságio(desconto sobre o valor da dívida).

A emissão de moeda é uma forma utilizada freqüentemente pelos governos parafinanciar parte de seus gastos. Mas deve ser usada com cautela, uma vez que pode setransformar em inflação, caso a economia esteja operando próxima ao pleno empregodos fatores de produção e se essa emissão de moeda não guardar alguma relação com ocrescimento da oferta de bens e serviços (por meio de utilização de capacidade ociosa,novos investimentos, importação).

2. Qual o montante e a composição atual da dívida pública brasileira?

Para um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 1,941 trilhão (previsão para 2005), adívida pública líquida atingiu R$ 1,002 trilhão (Banco Central do Brasil, BoletimMensal de Janeiro/2006).

Nota Técnica – Dívida Pública

Parte expressiva dessa dívida refere-se à dívida em títulos públicos. Emdezembro de 2000, 22,3% dos títulos eram indexados pelo câmbio, percentual esse quediminuiu para 5,2% em dezembro de 2004 e para 3,1% em outubro de 2005. Acomposição da dívida pública federal interna em títulos, de acordo com tipo deindexador, teve a seguinte distribuição entre 2000 e 2005:

TABELA 1Distribuição dos títulos da dívida pública federal em títulos,por tipo de indexador

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Brasil – Dezembro de 2000, dezembro de 2004 e outubro de 2005

Tipo de indexador

CâmbioTRIGP-MOver-SelicPré-fixadoIGP-DIIPCATOTALTotal – R$ milhões

Fonte: Banco Central do Brasil – Relatório Anual 2004 e Boletim Mensal Janeiro de 2006Elaboração: DIEESE

Dezembro de200022,34,71,652,214,84,4---100,0510.698

(em %)Dezembro Outubro dede 200420055,23,13,13,19,98,257,156,419,723,61,81,23,14,4100,0100,0

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810.264937.339

Já a dívida externa brasileira (pública e privada) teve o seguinte comportamentonos últimos anos:

TABELA 2Evolução da dívida externa brasileira e relação dívida/exportaçãoBrasil – 2000 a 2005

Ano

Dez/2000Dez/2001Dez/2002Dez/2003Dez/2004Jun/2005

Fonte: BACEN – Relatório Anual 2004 e Boletim Mensal Janeiro de2006 e IpeadataElaboração: DIEESE

Valor(em US$)216,9 bilhões209,9 bilhões210,7 bilhões214,9 bilhões201,4 bilhões191,3 bilhões

Relaçãodívida/exportação3,93,63,52,92,11,6

No caso da dívida externa, um parâmetro importante consiste na relaçãodívida/exportações, uma vez que essa dívida tem que ser paga em moeda estrangeira,que o país obtém através de saldos comerciais com o exterior ou através de novosempréstimos em moeda forte. Dada a redução do valor da dívida externa e ocrescimento expressivo das exportações brasileiras nos últimos anos, a relação dívidaexterna sobre exportações caiu acentuadamente, de 3,9 para 1,6, demonstrando queaumentou a capacidade de o país saldar sua dívida externa.

Nota Técnica – Dívida Pública

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De acordo com o Relatório Anual 2004 do Banco Central, da dívida externa totalregistrada em dezembro de 2004 (que equivale a 92,1% da dívida externa total), 67,6%ou US$ 125,3 bilhões são de responsabilidade do setor público. Os outros 32,4% ouUS$ 60,1 bilhões são do setor privado.

Da dívida externa total, 52,2% vencem até 2007. O prazo médio da dívidaexterna registrada passou de 5,8 anos, em dezembro de 2003, para 6,2 anos, emdezembro de 2004. Mesmo assim, o prazo médio de vencimento é muito estreito.

3. Existe algum limite “aceitável” ou, ao contrário, “perigoso” para adívida pública?

Os credores da dívida pública preocupam-se com a capacidade que, segundoestimam, o Estado tem para arcar com seus compromissos. Uma das formas de seavaliar o risco da dívida pública é compará-la com o Produto Interno Bruto (PIB), que éo total de bens e serviços produzidos no país num determinado ano. É a chamadarelação dívida / PIB. Essa avaliação, porém, não se restringe à comparação dos valoresda dívida e do PIB. Há uma avaliação global da economia do país analisado. Por isso, épossível que países desenvolvidos (como Japão, Itália e EUA, para ficar em apenas três)venham tendo uma elevada relação dívida/PIB sem que, contudo, sejam consideradosinsolventes. Tudo depende da capacidade que o país revele de saldar seus compromissosnos prazos em que foram contraídos e da credibilidade de que o país goze entre osinvestidores.

A relação dívida/PIB é limitada quanto à capacidade de indicar a solvência deum país, por não levar em conta a taxa de juros, os prazos da dívida e outros indicadoresde solvência, tais como o comportamento da arrecadação.

No entanto, para um país como o Brasil, uma relação dívida / PIB próxima de50%, como a que existe hoje, é considerada alta. Principalmente porque o perfil dadívida é muito concentrado no curto prazo.

4. Como a dívida tem evoluído nos últimos 10 anos?

A dívida líquida do setor público brasileiro, como porcentagem do PIB, teve umcomportamento explosivo nos últimos 10 anos, desde a implantação do Plano Real,saltando de 32,5% em 1994 para mais de 57% em 2002:

Nota Técnica – Dívida Pública

TABELA 3Evolução da dívida líquida como porcentagem do PIBBrasil – 1994-2005

Ano19941995199619971998

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1999200020012002200320042005(2)

Fonte: Ipeadata (acesso em 14/02/2006).Nota: 1) Médias mensais de comprometimento.2) Dado preliminar para 2005.

Dívida líquida / PIB (1)32,5%31,1%30,1%33,4%37,8%50,4%49,6%52,0%57,3%56,6%54,9%51,2%

O crescimento da relação dívida / PIB após o Plano Real ocorreu em dois

momentos: até o final de 1998 e a partir de 1999. Entre 1996 e 1998, o governo insistiuna política de valorização do real frente ao dólar, como mecanismo de combate àinflação. Como conseqüência, ocorreram déficits crescentes na balança comercial(exportações menos importações). Para fazer frente a esses déficits, o governo seendividou em dólares, montando uma armadilha para si próprio (e para o país), casoviesse a ser forçado a abandonar tal política cambial, desvalorizando o real. Ao longo doano de 1998, já vinha ocorrendo uma grande especulação contra a possibilidade desustentação do real valorizado, mas o governo insistia naquela política, visando areeleição em outubro de 1998. Assim, grande parte da dívida interna passou a serreajustada de acordo com a variação do dólar. A abrupta e acentuada desvalorização

cambial de janeiro de 1999 fez com que a dívida do setor público desse um grande salto.Outro fator de aumento na relação dívida / PIB foi o reconhecimento de dívidas atéentão não contabilizadas (os chamados “esqueletos”, tais como o Fundo deCompensação da Variação Salarial do Sistema Financeiro da Habitação).

Já nos últimos três anos, desde 2002, a relação reduziu-se, trazendo o indicadorpara, aproximadamente, 50% do PIB hoje. Parte desse decréscimo deveu-se ao aumentodo PIB e parte à valorização do real frente ao dólar, que reduziu o custo da parcela dadívida indexada à moeda americana.

5. Quem são os credores da dívida pública brasileira?

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Inicialmente e, em maior grau, os bancos que atuam no mercado financeirobrasileiro e que têm suas carteiras compostas em boa medida por títulos públicos. São

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também credores os investidores, de modo geral, tais como os detentores de aplicaçõesem fundos de investimento, caso em que os bancos funcionam como intermediários.Portanto, tanto empresas quanto pessoas físicas que têm aplicações financeirasancoradas em títulos da dívida pública são credoras do Estado. São ainda credores osorganismos financeiros internacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional, oBanco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Também bancosestrangeiros e fundos de pensão, nacionais e internacionais, são detentores de títulos dadívida pública brasileira.

6. Para onde foram e para onde vão os recursos captados por meio doendividamento público?

É muito comum a idéia de que os recursos captados pelo Estado tenham sidodragados pelos esquemas de corrupção. Não é bem assim. Grande parte desses recursosé aplicada em obras públicas e na própria rolagem da dívida, ou seja, é dinheiro pedidopor empréstimo para pagar os títulos em vencimento ou mesmo os juros. Isso não querdizer que todo o gasto efetuado seja justificável. O Brasil é pródigo em obrasinacabadas ou superfaturadas, mazelas que absorvem recursos que poderiam seraplicados para outros fins.

Nos anos seguintes à implantação do Plano Real, parte dos recursos obtidos comempréstimos externos foi destinada à sustentação de déficits na Balança Comercial. Ouseja, naquele período, em última instância, os empréstimos serviram para cobrir oconsumo de bens importados.

7. O que é superávit primário? Déficit primário? Déficit nominal?Necessidade de financiamento do setor público?

O Orçamento da União, assim como dos estados e dos municípios, é dividido emreceitas e despesas. E as receitas e despesas se subdividem em operacionais efinanceiras. Quando as despesas operacionais superam as receitas operacionais, surge odéficit primário. O contrário é o superávit primário.

O déficit total inclui, além do resultado operacional, os gastos com juros,amortizações e a correção da dívida pública. É também chamado de déficit nominal.

Quando o país já tem um comprometimento elevado com a dívida pública, osorganismos internacionais (como o FMI) exigem que todo o setor público (União -

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incluindo a Previdência -, estados, municípios e estatais) gere superávits primárioselevados, para fazer face aos compromissos da dívida pública.

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O déficit nominal ou total corresponde à necessidade de financiamento do setorpúblico.

Os dados mais recentes para o Brasil mostram os seguintes resultados:

TABELA 4Necessidade de financiamento do setor público e superávit primárioBrasil - 2005

IndicadorGasto com juros em 2005Superávit primário em 2005Total do déficit nominal em 2005

Fonte: Banco Central do Brasil – acesso ao site em 14/02/2006Elaboração: DIEESE

Valor (em R$ milhões)% do PIB- 157.1458,13%+ 93.5054,84%- 63.6413,29%

Note-se que, embora o esforço fiscal tenha sido muito grande em 2005, ele aindafoi insuficiente para cobrir os gastos com juros.

8. Qual o montante gasto com o serviço da dívida pública em relaçãoaos gastos com saúde e educação do Governo Federal?

Quando se analisa a proposta para 2006, nota-se que o valor global doOrçamento efetivo da União, descontado o montante referente à mera rolagem dadívida, é de R$ 842,1 bilhões. Excetuando-se o valor correspondente ao Orçamento dasEstatais (R$ 41,7 bilhões), o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social fica no total em

R$ 800,4 bilhões.

A proposta orçamentária para 2006 ainda depende de aprovação pelo CongressoNacional, mas a intenção de distribuição das despesas do governo está definida comomostra a Tabela 5.

TABELA 5Evolução das despesas do orçamento fiscal e da Seguridade Social para 2006Brasil - 2006

Itens

Orçamento Fiscal e da Seguridade da União

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Despesas com juros e encargos da dívidaSaúdeEducação

Fonte: Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) – site acessado em 24/11/2005Elaboração: DIEESEObs.; * Exceto refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal

Valor previsto para 2006(em R$ milhões)800.425,75179.525,2339.843,9317.281,40

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Como se vê, a proposta orçamentária para 2006 prevê um gasto com juros eencargos da dívida pública 4,5 vezes o gasto com Saúde e 10,4 vezes o gasto comEducação. Pela proposta, os encargos da dívida consumirão 22,4% de todo o OrçamentoFiscal e da Seguridade Social da União. Cabe lembrar que Estados e Municípiostambém participam dos gastos com Educação e Saúde.

9. Qual a relação entre taxa de juros e dívida pública?

A taxa de juros tem sido utilizada pelo governo como instrumento de combate àinflação. A idéia é que com juros altos, há um desestímulo ao consumo que acabariaacarretando num ritmo menor de elevação dos preços. O problema é que, ao se elevaremos juros básicos da economia (a chamada taxa Selic), ocorre impacto imediato eexpressivo sobre a dívida pública, boa parte dela indexada a esta taxa.

Outro efeito é que, ao reduzirem a atividade econômica, as altas taxas de jurosacabam tendo uma conseqüência indesejável de redução da arrecadação de impostos,agravando, ao final, o problema do déficit público. As altas taxas de juros têm um efeitotriplamente negativo: aumentam os gastos (financeiros) do governo; reduzem ocrescimento do PIB; e reduzem a arrecadação de impostos.

10.

Qual a relação entre a dívida pública e a economia?

A dívida pública é um dos principais fundamentos de uma economia. Se usadaadequadamente, pode significar uma alavanca para o desenvolvimento, um instrumentopara o governo financiar seus gastos e investimentos. Quando descontrolada, acabafuncionando como um freio ao desenvolvimento, pela necessidade de geração contínuade grandes superávits primários, que comprometem a capacidade de gastos e deinvestimento do governo. Os investimentos em obras públicas e as políticas sociaistendem a ser reduzidos. Além disso, os juros elevados significam a drenagem derecursos de um setor da sociedade (empresas e indivíduos que pagam impostos) paraoutro setor (os credores da dívida), agravando o problema da concentração de renda no

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país. É a situação atual.

Um indicador relevante (embora não suficiente) para analisar a evolução dadívida pública é a relação dívida / PIB. Essa relação pode crescer seja porque o PIBcresce a uma taxa menor do que a dívida, seja porque o governo não obtém superávitsprimários suficientes para estabilizá-la. Quando essa relação cresce, a percepção dosdetentores do título da incapacidade do governo em pagar a dívida faz com que elestendam a se proteger, migrando suas aplicações para outros ativos, como, por exemplo,

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o dólar, forçando uma desvalorização do real. E essa elevação da cotação do dólar podetrazer impactos para a inflação, uma vez que aumenta o preço dos produtos importadose exportáveis (como os de combustíveis, aço, commodities agrícolas etc.) e tende acontaminar os índices de preços que indexam as tarifas de serviços públicos (como odas telecomunicações).

Concretamente, na gestão atual da economia, o governo tem se pautado por umaprática de elevação da taxa de juros com o objetivo de segurar a inflação. Esta alta taxade juros, ao incidir sobre um estoque elevado de dívida indexada à Selic, tende a elevara dívida pública. Para tentar diminuir esse impacto, o governo se propõe a gerarelevados superávits primários, sacrificando gastos sociais e investimentos.