economia - politicas cambiais

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Universidade Federal de Uberlândia Curso: Engenharia Mecânica, Mecatrônica e Aeronáutica Disciplina: Introdução à Economia Professora Doutora Thaís Guimarães Alves ([email protected]) CAPÍTULO 9 - SETOR EXTERNO (POLÍTICA CAMBIAL) Augusto Lemos Araújo Bernardes 100116 Calil Amaral 92445 Carlos Eduardo Pettersen Pinto Coelho 96848 Érico Dias de Lima 98685 Gabriel Barbosa Borges 98775 João Paulo de Paula Almeida 92606 Leandro Gomes Borges 92644 Rodolfo Alves Arantes 92834 Uberlândia Agosto 2014

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Trabalho de políticas cambiais.

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  • Universidade Federal de Uberlndia

    Curso: Engenharia Mecnica, Mecatrnica e Aeronutica

    Disciplina: Introduo Economia

    Professora Doutora Thas Guimares Alves ([email protected])

    CAPTULO 9 - SETOR EXTERNO

    (POLTICA CAMBIAL)

    Augusto Lemos Arajo Bernardes 100116

    Calil Amaral 92445

    Carlos Eduardo Pettersen Pinto Coelho 96848

    rico Dias de Lima 98685

    Gabriel Barbosa Borges 98775

    Joo Paulo de Paula Almeida 92606

    Leandro Gomes Borges 92644

    Rodolfo Alves Arantes 92834

    Uberlndia

    Agosto 2014

  • Questo 1 - O que provoca a oferta e a demanda de divisas?

    No ano 1776 Adam Smith publicou o livro A Riqueza das Naes. Nele se sintetizam as

    idias principais do pensamento liberal. Adam Smith sentou os fundamentos das regras

    do mercado de capitais regulado pela oferta e a demanda de divisas.

    As operaes em moeda estrangeira (Entendem-se por aquelas transaes que devem

    realizar-se com uma moeda que no seja local, includas as operaes que se produzem quando

    uma entidade compra ou vende bens e servios cujo preo est expressado em moeda

    estrangeira. Quando uma entidade presta ou toma emprestado fundos, e ditas valias a pagar ou

    cobrar esto expressas numa moeda estrangeira, tambm se as consideram operaes em moeda

    estrangeira. Todas as operaes em moeda estrangeira devem atualizar-se ao cmbio oficial de

    cada pas, esse ser o monto a pagar ou cobrar na dvida contrada, segundo seja o tipo de

    cmbio de cada nao. As variaes da moeda podem afetar o efetivo o os equivalentes ao

    efetivo para quem se endivida em operaes realizadas em cada moeda) um exemplo do

    mercado citado por Adam Smith, j que neste lugar as cotaes das moedas se do em base

    oferta e demanda de divisas. A origem da oferta e demanda de divisas no mercado de capitais se

    gera atravs de vrios fatores. A oferta de divisas se origina das transaes ativas da balana de

    pagos, tais como exportao de bens e servios, visto que nossos exportadores recebem dlares

    no exterior e querem troc-los por reais,e tambm entrada sobre investimentos do pas no

    estrangeiro. A origem da demanda se origina nas transaes passivas ou dbitos da balana

    como importao de bens e servios, pagos por rendimentos da inverso estrangeira no pas, e

    exportao de capital no monetrio; o componente mais estvel da demanda o referido

    importao de bens e servios.

    Isso altera o valor (relao) da taxa de cmbio nominal? E da taxa de cmbio real?

    A taxa de cmbio nominal, ou simplesmente taxa de cmbio, nada mais do que a

    quantidade de determinada moeda X que algum precisa entregar para obter uma unidade de

    outra moeda Y. Assim, a taxa de cmbio real/dlar que para simplificar chamaremos de taxa de cambio do dlar a quantidade de reais que algum precisa entregar, no mercado de divisas, para receber uma unidade de dlar. Se essa taxa de 1,80, isso significa que voc

    precisa entregar R$ 1,80 para obter US$ 1,00.

    A taxa de cmbio um preo como qualquer outro da economia; logo, depende

    da oferta e da demanda. Em um momento em que muita gente demanda dlar, o preo do dlar

    sobe de R$ 1,80 para, por exemplo, R$2,00 , ou, para usar os termos tcnicos, o real sofre uma depreciao diante do dlar. Isso significa que precisamos de mais reais para comprar um

    dlar. O inverso, evidentemente, verdadeiro: se muita gente oferta dlar o preo do dlar cai de R$ 1,80 para, por exemplo, R$ 1,60 , ou seja, o real sofre uma apreciao: precisa-se de menos reais para comprar um dlar.

    A taxa de cmbio real aquela que nos indica o preo relativo dos bens e servios de

    um pas em relao aos bens e servios de outros pases. ela que nos permite saber o que cada

    moeda pode comprar. Sua frmula dada por:

  • Onde:

    E= Taxa de cmbio real

    e= Taxa de cmbio nominal

    P*= ndice de preo mdio praticado no exterior

    P= ndice de preo mdio nacional

    necessrio o clculo da mesma porque os preos so reajustados em ritmos

    diferentes nos pases ao redor do mundo. Em outras palavras, a taxa de inflao no a

    mesma para todos os pases. E tais movimentos de preos dependem de vrios fatores,

    incluindo a eficincia na produo e a oferta monetria interna.

    Como a taxa de cmbio real e o ndice de preo no mercado nacional so

    inversamente proporcionais, fcil perceber que a inflao interna tende a encarecer os

    produtos de exportao e tornar mais baratos os produtos importados:

    Inflao nacional (P) Taxa de cmbio real (E) Real Valoriza:

    Preo dos produtos exportados e Preo dos produtos importados

    J a inflao externa, tem efeito contrrio, encarecendo os produtos de importao e

    estimulando as nossas exportaes:

    Inflao nacional (P) Taxa de cmbio real (E) Real Desvaloriza

    Preo dos produtos exportados e Preo dos produtos importados

    Com base nessa informaes, fica fcil analisar que somente a taxa cambial

    nominal no reflete a realidade acerca do comportamento real da taxa de cmbio, j que

    tambm devemos considerar a inflao interna e externa.

    Porm, importante ressaltar que o conceito de taxa de cmbio real apresenta

    determinadas limitaes, pois o produto que est sendo comercializado pode ter sofrido

    inflao totalmente diferente em relao a inflao utilizada na frmula, que na verdade

    um clculo mdio que inclui uma srie de bens e servios.

  • Questo 2 - Analise (detalhadamente) o comportamento da taxa de cmbio

    nominal e real no Brasil a partir dos anos 80 Este trabalho apresenta uma anlise do comportamento da taxa de cmbio

    nominal e real no Brasil a partir da dcada de 80. Em um primeiro momento

    necessrio fazer um apanhado do comportamento das taxas de inflao relacionando-as

    com as polticas cambiais adotadas pelos governos brasileiros no perodo, ou seja, as

    taxas de cmbio nominais. As taxas de cmbio reais so avaliadas com base nos ndices

    de inflao internos e externos diante da teoria da PPC (Paridade do Poder de Compra).

    Quase todo o trabalho foi baseado no segundo captulo da dissertao de

    mestrado da Profa. Dra. Thas Guimares Alves.

    Holland (1998) destaca seis fases da evoluo da inflao e da poltica cambial

    brasileira no perodo compreendido entre 1980 e 1998 assim enumeradas: 1) Fase I de janeiro de 1979 a dezembro de 1984; 2) Fase II de janeiro de 1985 a setembro de 1987; 3) Fase III de outubro de 1987 a fevereiro de 1990; 4) Fase IV de maro de 1990 a setembro de 1991; 5) Fase V de outubro de 1991 a junho de 1994; 6) Fase VI de julho de 1994 a dezembro de 1998. A fase VII, no que compreende de janeiro de

    1999 a 2004, adicionada pela autora da dissertao e o perodo subsequente teve como

    base um relatrio de Toneto Jr., R. et AL (2013) que pode ser acessado na internet e est

    nas referncias bibliogrficas.

    Fase I 01/1979 a 12/1984

    O crescimento das dvidas interna e externa era enorme e nada parecia conseguir

    frear esse crescimento. A inflao mensal tambm crescia a nveis preocupantes. Alm

    do crescimento da dvida devido a novos emprstimos tomados, as taxas de juros

    internacionais tambm cresceram muito fazendo com que o pagamento de juros sobre a

    dvida externa pulasse de US$ 2,7 bilhes em 78 para US$ 11,4 bilhes em 82 e o pas

    ficou insolvente externamente. Vale ressaltar que grande parte dos emprstimos

    tomados externamente tinha como objetivo cobrir o crescente dficit em transaes

    correntes que havia sido agravado pela segunda crise mundial do petrleo, visto que era

    imprescindvel a importao desse insumo. A inflao atingiu o patamar de 100% em

    1980 devido a questo da alta do petrleo, da poltica monetria expansionista, da

    mudana da poltica salarial que passava a ter reajuste semestral ao invs de anual e

    uma desvalorizao nominal de 30% da moeda nacional frente ao dlar ocorrida no

    final de 1979. Como medida de combate a inflao o governo prefixou a correo

    monetria e desvalorizou o cmbio.

    Em 1981 e 1982 o governo tentou reduzir o endividamento externo atravs de

    supervits comerciais e a poltica recessiva interna agravada pela crise internacional que

    incluiu a moratria mexicana em 1982 no foi capaz de reduzir os nveis de inflao que

    se manteve na mdia de 100% ao ano.

    Em 1983 se tornou muito difcil aumentar o supervit comercial e o governo

    decretou outra maxidesvalorizao cambial de 30% que juntamente com outras medidas

    como elevao das taxas de juros internas que reduziram a demanda por importao

    fizeram com que o saldo da balana comercial daquele ano ficasse 10% maior que o

    planejado. No entanto a crise internacional devido ao processo recessivo da economia

    mundial com queda na produo e comrcio e queda nos preos dos produtos agrcolas

    aumentou o desemprego e o protecionismo. O sistema financeiro teve uma crise de

    liquidez. As enormes dvidas estatais, externa e interna, e a crescente taxa de juros

    internacionais fizeram que todo o esforo fiscal por um supervit primrio no

  • evitassem um crescente dficit operacional e a especulao nos mercados de risco

    juntamente com a indexao financeira e cambial brasileira fizeram com que as taxas de

    inflao fossem cada vez maiores mesmo em um cenrio recessivo.

    Fase II 01/1985 a 09/1987

    Para reter o crescimento inflacionrio foi implementado o Plano Cruzado com a

    medida de congelamento dos preos. A partir de 1985, a poltica cambial baseada em minidesvalorizaes dirias prefixadas da moeda nacional com base na variao da

    inflao nos trs meses anteriores (Holland, 1998:104). Houve a mudana da moeda nacional de cruzeiro para cruzado e congelamento dos preos, salrios e do cmbio. Sob

    a influncia dessas medidas, houve queda da inflao nos primeiros meses, o que

    acelerou o consumo, obrigando o governo a lanar o pacote fiscal denominado

    Cruzadinho para diminuir o gasto interno. Com a espera da mudana da situao de congelamento, ocorreu aparecimento de gio (valor pago por um ttulo superior ao seu

    valor nominal) nas transaes.

    O reajuste de alguns preos pblicos teve como consequncia imediata o

    aumento nos impostos indiretos sobre alguns produtos. Dessa maneira, a inflao volta

    a crescer fortemente. Por conseguinte, a indexao mais uma vez utilizada e o controle

    dos preos suspenso. Mas, a partir de 24 de novembro de 1986, com o fracasso do plano econmico, retorna-se desvalorizao cambial diria, e, como a inflao entra

    em trajetria explosiva, foram anunciadas mais duas outras minidesvalorizaes, 8,5% e

    9,5%, em um intervalo de tempo de pouco mais de um ms (Holland, 1998:104).

    O Plano Bresser foi implementado em 1987 tendo como medidas o

    congelamento de preos, aluguis e salrios por um prazo de noventa dias e, tambm, a

    desvalorizao do cruzado em relao moeda americana. O Brasil declara moratria

    no primeiro semestre deste mesmo ano, o que acarreta o alcance dos ndices

    inflacionrios mensais acima dos 25% e a substituio do ministro Dlson Funaro por

    Bresser Pereira.

    Fase III 10/1987 a 02/1990

    Fase marcada por forte apreciao cambial e inflao dos preos internos

    acelerada coexistiram as taxas de cmbio fixa e paralela, com a cobrana de um gio no mercado paralelo; isto , houve a desvalorizao da taxa de cmbio, enquanto a taxa

    de cmbio oficial permaneceu valorizada, levando o saldo da balana comercial de

    superavitrio para deficitrio e o saldo em transaes correntes de positivo para

    negativo (Marin & Waquil 2002:05).

    As minidesvalorizaes cambiais foram mantidas, mesmo com o lanamento do

    Plano Bresser em 1987, e s foram interrompidas pelo Plano Vero, em janeiro de 1989,

    que fixou a taxa de cmbio. Entretanto, em abril do mesmo ano, o cmbio foi

    desvalorizado e retomaram-se as desvalorizaes dirias. Em 1989, foi criado o cmbio

    flutuante, em que as cotaes eram determinadas pela interao entre oferta e demanda

    de divisas, sem uma interferncia direta do Banco Central. Inicialmente, as operaes de

    turismo internacional foram realizadas atravs do cmbio flutuante.

    Fase IV 03/1990 a 09/1991

    O ento Presidente da Repblica, Fernando Collor, implementou o Plano Collor

    I. A inflao estava no patamar de 80% e o objetivo do plano foi controlar os excessivos

    gastos pblicos e de demanda privada, apontados como geradores da inflao.

  • Em maro de 1990, o Plano Collor, no que diz respeito poltica cambial,

    apresenta como caracterstica a liberalizao do mercado de cmbio com o Banco

    Central reduzindo o nvel de interveno e dando maior liberdade s instituies

    financeiras nas operaes cambiais. O Banco Central volta a atuar com maior

    interveno no mercado cambial ao longo de 1990 graas valorizao cambial

    ocorrida neste perodo. A partir de 1991, a elevada liquidez no mercado internacional de

    capitais e as altas taxas de juros praticadas no Brasil estimularam a entrada de capitais

    no pas. Esse afluxo passa a ser restringido pela poltica cambial, pois este gerava a

    expanso monetria, ao mesmo tempo em que se ampliava a liberalizao do mercado

    de cmbio.

    A determinao da taxa de cmbio passou a ser feita pelo mercado, deixando de

    ser atribuio do Banco Central (1990). Foi criado o IOF, Imposto sobre Operaes

    Financeiras, e feito o impopular confisco. Para fundos overnight e de curto prazo, o valor retido correspondeu a 75% do valor das aplicaes, enquanto que para os demais

    ativos a reteno foi de 80% do valor da aplicao Baumann (2000). Vale destacar a criao da Taxa Referencial (TR) (fixada pelo Banco Central) como pr-fixador da

    correo monetria. A TR aplicada at os dias atuais assim como o IOF.

    O Plano Collor II foi caracterizado pelo congelamento de preos e salrios.

    Fase V 10/1991 a 06/1994

    As caractersticas fundamentais dessa fase so o forte aumento da inflao,

    grande apreciao cambial, aumento das reservas internacionais e maiores taxas de

    juros.

    Em outubro de 1991 houve uma desvalorizao do cmbio de 14,1% que

    possibilitou estimular o setor exportador e com a desvalorizao acumulada desde

    janeiro de 1990 a balana comercial teve um saldo positivo de US$ 15,3 bilhes de

    dlares que foi suficiente para melhorar as contas externas.

    Em 1993 com o ento ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso e aps o

    impeachment do presidente Fernando Collor e posse de Itamar Franco deu-se incio ao

    plano que prometia estabilizar a economia. Inicialmente iniciou-se um ajuste das contas

    pblicas com a criao do Fundo Social de Emergncia (FSE) e do Imposto Provisrio

    sobre Movimentao Financeira (IPMF). Depois, por medida provisria, foi criada a

    Unidade Real de Valor (URV) que seria o nico indexador permitido para a economia e

    ento seria criada uma nova moeda, o Real, que iria equivaler a 1 URV.

    Fase VI 07/1994 a 12/1998

    Essa fase que compreende o perodo de julho de 1994 a dezembro de 1998, foi a

    que inclui a inaugurao do Plano Real. No dia 01/07/1994, a URV foi transformada em

    moeda, chamada Real, de modo que 1 R$ valeria 1 URV do dia da inaugurao, ou seja, CR$ 2.750 cruzados novos. Em 1994 o BACEN anunciou que venderia dlares a

    R$ 1,00 e estabeleceu um teto para o valor do dlar afim de manter valorizado o real e

    evitar a volta do processo inflacionrio.

    O ano de 1995 comeou mal, com a crise cambial mexicana promovendo uma

    sada macia de capitais de curto prazo do Brasil. Com o intuito de evitar uma

    desvalorizao muito grande do real, o Banco Central iniciou uma poltica de

    interferncia direta no mercado de cmbio e estabeleceu um regime de bandas cambiais

    dentro das quais o valor do dlar poderia variar. Na prtica estabeleceu-se um limite

  • inferior e um superior e caso o dlar subisse acima do teto o BACEN vendia dlares e

    caso ficasse abaixo do piso ele comprava afim de manter o cmbio sob controle e poder

    desvalorizar de forma gradual o real, pois essas bandas eram reajustadas

    periodicamente. Essa medida foi mantida graas a um aumento acentuado nas taxas de

    juros que permitiram ao governo captar mais dinheiro e reduzir o consumo interno e a

    demanda por moeda. Essa poltica foi mantida at o ms de janeiro de 1999 mesmo

    tendo ocorrido crises cambiais na sia em 1997 e na Rssia em 1998 e acabou

    reduzindo sobremaneira as reservas internacionais e onerando imensamente o setor

    pblico.

    Entre 1994 e 1998, a poltica econmica foi articulada de forma tal que a taxa de cmbio era responsvel pela administrao dos preos e a taxa de juros tinha a

    responsabilidade de equilibrar o balano de pagamentos, via conta de capital. A partir

    de 1999, essa lgica de poltica econmica foi invertida: o cmbio passou a ser

    responsvel pelo equilbrio do balano de pagamentos e a taxa de juros passou a

    monitorar o sistema de metas de inflao (Ferrari Filho & Sobreira, 2003).

    Fase VII 01/1999 em diante

    Instaurou-se grave crise cambial ocorrida no Brasil no final 1998 e incio de

    1999. Retorna tambm o temor da inflao alta. Foi um importante momento da histria

    econmica e poltica do pas, pois mudando o regime cambial, no longo prazo,

    transformou a economia.

    A fuga de capitais e a rpida perda de reservas cambiais, mesmo com elevadas

    taxas de juros, tornaram insustentvel a manuteno do sistema de bandas cambiais. O

    Brasil passou a adotar o regime cambial flutuante administrado com metas de inflao

    aps ocorrer uma grave desvalorizao da moeda nacional. importante ressaltar que a

    economia brasileira passa a ter seu carter programtico baseado pelo Fundo Monetrio

    Internacional (FMI), seguindo o acordo que em contrapartida teve um emprstimo da

    ordem de US$ 41,5 bilhes do fundo ao governo brasileiro.

    Nas proximidades da eleio do presidente Lula a incerteza quanto s atitudes

    que seriam tomadas pelo novo governo levaram a uma sada muito grande de capitais do

    pas e a uma nova desvalorizao do real frente ao dlar provocada pela demanda da

    moeda internacional. No entanto, como o que se seguiu foi uma cpia com algumas

    poucas modificaes da poltica econmica do governo anterior, a demanda por moeda

    estrangeira diminuiu, mas o dlar permaneceu caro e possibilitou ao Brasil aumentar

    significativamente seu saldo da balana comercial em um cenrio de aquecida economia

    mundial que se seguiu at 2008 com a crise imobiliria americana. Com os grandes

    saldos da balana comercial as reservas internacionais aumentaram muito e a dvida

    externa no perodo foi convertida em dvida interna. Apesar de o regime cambial se

    manter o mesmo, o dlar acabou se desvalorizando pelos sucessivos supervits

    comercais.

    A partir do final de 2008 e incio de 2009 e a grande crise internacional

    deflagrada nos Estados Unidos o governo tentou minimizar os efeitos da crise

    estimulando o consumo interno atravs de reduo das taxas de juros, reduo de alguns

    impostos como o IPI sobre alguns bens que levaram a certa dificuldade em manter a

    inflao dentro da meta estipulada e aps esse perodo, com a populao endividada e a

    manuteno do estado de crise internacional o que se tem um desaquecimento da

    economia com previses cada vez mais pessimistas sobre o crescimento do PIB aliado a

  • uma alta taxa de inflao interna que j atinge o topo da meta estipulada pela autoridade

    monetria (6,5% ao ano).

    Taxa de Cmbio Real

    A taxa de cmbio nominal corresponde relao de troca entre duas moedas, no

    caso brasileiro em geral definida como a quantidade de reais necessria para adquirir

    um dlar. A taxa de cmbio real refere-se ao preo relativo entre o produto estrangeiro e

    o produto nacional. Assim, quando se diz que a taxa real de cmbio est valorizada isto

    quer dizer que o produto nacional est relativamente mais barato em relao ao produto

    estrangeiro e o inverso quando se diz que a taxa de cmbio real est desvalorizada.

    Percebe-se que taxa de cmbio real reflete a competitividade da economia, um pas

    relativamente barato quando esta valorizada, ou seja, seu produto mais competitivo,

    e o inverso, o pas relativamente caro quando sua taxa real de cmbio est

    desvalorizada.

    Taxa de cmbio real bilateral, leva em conta os nveis de preo de dois pases e o

    cmbio nominal entre as moedas desses pases, j a taxa de cmbio real efetiva leva em

    conta os nveis de preos de vrios pases, suas moedas e podem ser ponderadas, por

    exemplo, pelo volume de exportaes para cada um desses pases e diz respeito a

    valorizao ou no do real, digamos, em relao a essa cesta de moedas

    A teoria da paridade do poder de compra bastante usual na tentativa de

    determinar a taxa de cmbio real e essa teoria existe em uma verso absoluta e em outra

    verso relativa.

    Na verso absoluta da PPC uma mesma cesta de bens pode ser comprada por um

    mesmo valor de uma determinada moeda mediante a converso cambial em qualquer

    pas. Na verso relativa da PPC apenas a variao cambial precisa ser igual a diferena

    entre a inflao domstica e a inflao internacional de modo que no se precisa manter

    um preo nico e apenas as diferenas de preos geradas pelas dificuldades impostas

    aos arbitradores sejam mantidas.

    Os arbitradores so pessoas que lucram comprando mercadorias mais baratas em

    um pas e vendendo em outro onde essa mercadoria seria mais cara, eles buscam lucro e

    com isso fazem com que os preos voltem a se igualar.

    No parece haver um consenso entre os pesquisadores sobre a validade da PPC

    no Brasil nos mais distintos perodos, utilizando diversos mtodos, ndices e testes os

    resultados acabam sendo diferentes de forma que alguns rejeitam e outros no sua

    validade.

    Uma das dificuldades de se estabelecer a taxa de cmbio real advm da

    diversidade de ndices de preos, de cestas de bens e mtodos de clculo utilizados em

    diferentes pases.

    Em todo caso, a taxa de cmbio efetiva real pode ser calculada utilizando como

    deflatores os ndices que se tem a disposio.

    O grfico 1 mostra a evoluo da taxa de cmbio real no Brasil de janeiro de 1980 a

    janeiro de 2011 utilizando o ndice de Preos no Atacado de cada pas e o ndice de

    Preos por Atacado oferta global (IPA-OG/FGV) do Brasil. Os valores so ponderados

    pela participao de cada pas no total das exportaes do Brasil no ano de 2001.

  • Figura 1 - Taxa de cmbio Efetiva Real IPA (1980-2011)

    Fonte - http://www.ipeadata.gov.br/

    Comentrio: Medida da competitividade das exportaes brasileiras calculada pela mdia ponderada do ndice de paridade do poder de compra dos 16 maiores

    parceiros comerciais do Brasil. A paridade do poder de compra definida pelo

    quociente entre a taxa de cmbio nominal (em R$/unidade de moeda estrangeira) e a

    relao entre o ndice de Preo por Atacado (IPA) do pais em caso e o ndice de Preos

    por Atacado oferta global (IPA-OG/FGV) do Brasil. As ponderaes utilizadas so as

    participaes de cada parceiro no total das exportaes brasileiras em 2001. Site do IPEA.

    No grfico 2 vemos a evoluo da taxa de cmbio efetiva real entre janeiro de 1980 e

    janeiro de 2014, utilizando como deflator externo o ndice de Preo por Atacado (IPA)

    de cada pas e o deflator interno utilizado foi o ndice Nacional de Preos ao

    Consumidor (INPC/IBGE). Assim como no grfico 1, os valores so ponderados pela

    participao de cada pas no total das exportaes do Brasil no ano de 2001.

    Figura 2 - Taxa de cmbio Efetiva Real INPC (1980-2014)

  • Fonte - http://www.ipeadata.gov.br/

    Comentrio: Medida da competitividade das exportaes brasileiras calculada pela mdia ponderada do ndice de paridade do poder de compra dos 16 maiores

    parceiros comerciais do Brasil. A paridade do poder de compra definida pelo

    quociente entre a taxa de cmbio nominal (em R$/unidade de moeda estrangeira) e a

    relao entre o ndice de Preo por Atacado (IPA) do pais em caso e o ndice Nacional

    de Preos ao Consumidor (INPC/IBGE) do Brasil. As ponderaes utilizadas so as

    participaes de cada parceiro no total das exportaes brasileiras em 2001. Site do IPEA.

    Uma comparao entre os valores obtidos da taxa de cmbio real utilizando os

    diferentes deflatores internos e no perodo de janeiro de 1980 a janeiro de 2011 feita e

    mostrada no grfico 3. A mdia da taxa no ano de 2005 usada como referncia e vale

    100 para efeito de escala nos trs grficos.

    Figura 3 - Taxa de cmbio Efetiva Real IPAXINPC (1980-2011)

    Fonte - http://www.ipeadata.gov.br/

    Concluso

    Analisando o grfico 3, possvel perceber que h uma grande semelhana nas

    formas como evoluem as curvas utilizando os diferentes deflatores. Outro dado

    interessante o registro das maxidesvalorizaes da moeda nacional, promovidas pela

    autoridade monetria no fim de 1979, em 1983 e em 1990 representados pela elevao

    brusca da taxa de cmbio efetiva real ocorrida nesses perodos. Durante os intervalos

    entre uma maxidesvalorizao e outra aconteciam minidesvalorizaes e que no eram

    suficientes para compensar a diferena entre a inflao interna e a externa. Portanto,

    embora a taxa de cmbio nominal sempre crescesse no perodo de 1980 a 1994, na

    maior parte do tempo a taxa de cmbio efetiva real caa.

    Com a criao e implementao do plano real, a moeda nacional foi valorizada e

    a inflao interna foi reduzida abruptamente e no incio do plano o BACEN manteve o

    real valorizado vendendo dlares a um real e depois manteve um regime de bandas para

    a taxa de cmbio nominal, a taxa de cmbio efetiva real caiu e se manteve baixa at

  • 1999 quando o governo brasileiro no conseguiu mais manter esse regime cambial, que

    passou a ser flutuante administrado com metas de inflao.

    A partir de ento o real se desvalorizou bruscamente e isso aparece no grfico na

    forma de uma forte elevao da taxa de cmbio efetiva real. Aps um perodo

    especulativo, o cmbio nominal voltou a cair at subir novamente com a possibilidade

    da eleio do presidente Lula e uma nova alta da taxa nominal foi verificada elevando a

    taxa de cmbio real. Da at a crise de 2008 o Brasil registrou uma srie de supervits

    comerciais, devido ao bom momento econmico internacional e a valorizao do

    cmbio real que tornaram o pas competitivo. Mas esses fatos levaram a depreciao do

    dlar pela oferta de moeda e mesmo com o aumento das reservas internacionais a taxa

    de cmbio efetiva real caiu ao ponto de se aproximar aos patamares do incio do plano

    real.

    Em 2008 com a crise americana e a fuga de moeda estrangeira do pas, o cmbio

    nominal subiu um pouco elevando junto a taxa de cmbio efetiva real, mas essa logo

    voltou a cair e j se aproxima novamente dos nveis do incio do real em relao ao

    INPC e bem abaixo desses nveis comparando pelo IPA.

    Questo 3 - Discorra sobre o balano de pagamentos conforme as diretrizes do

    FMI

    Para entender a balana de pagamentos de acordo com as diretrizes do FMI,

    deve-se compreender primeiro o que o FMI, bem como o motivo e os modos com os

    quais ele consegue impor tais diretrizes.

    Breve histrico do FMI

    O Fundo Monetrio Internacional surgiu aps a Segunda Guerra Mundial

    durante a Conferncia de Bretton Woods em 1945. Foi criado como uma das trs

    organizaes que teriam como principal objetivo comum a reconstruo do sistema

    monetrio internacional no perodo ps guerra, sendo o Banco Mundial e a Organizao

    Internacional do Comrcio as outras duas instituies criadas na conferncia.

    O Fundo nasceu como um acordo entre 45 pases, mas desde sua criao foi

    ampliado e abrange, atualmente, todos os pases da ONU com exceo de Andorra,

    Coria do Norte, Cuba, Liechtenstein, Mnaco, Nauru e Tuvalu, alm de contar com a

    presena do territrio disputado do Kosovo.

    Figura 4 - Pases membros do FMI

  • Caberia ao FMI fiscalizar as taxas de cmbio e conceder emprstimos em casos

    de desequilbrio na Balana de pagamentos. Caso a taxa de cmbio ultrapassasse um

    "ponto de sustentao", o pas deveria comprar ou vender sua moeda para manter a

    paridade com o dlar dos Estados Unidos dentro dos limites permitidos. O ponto de

    sustentao (ou "de interveno") seria definido em 1% acima ou abaixo do cmbio

    original em dlar, e o cmbio original em dlar era definido por cada pas no momento

    de sua adeso ao sistema. Por sua vez, os Estados Unidos deveriam manter a

    conversibilidade de sua moeda em 35 dlares por ona de ouro, e por isso este sistema

    ficou conhecido como "padro dlar-ouro".

    O ativo financeiro do FMI o Direito Especial de Saque. Substitui o ouro e o

    dlar para efeitos de troca. Funciona apenas entre bancos centrais e tambm pode ser

    trocado por moeda corrente com o aval do FMI. Tendo sido criado em 1969, comeou a

    ser utilizado apenas em 1981. Seu valor determinado pela variao mdia da taxa de

    cmbio dos cinco maiores exportadores do mundo: Frana (Euro), Alemanha (Euro),

    Japo (iene), Reino Unido (libra esterlina) e Estados Unidos (dlar estadunidense). A

    partir de 1999, o euro substituiu as moedas francesa e alem neste clculo. O Fundo

    possui hoje, aproximadamente, U$ 310 bilhes, ou DES 213 bilhes, disponveis para

    emprstimo. A cotao do DES (15 de Agosto de 2014) de R$ 3,4713.

    Apesar de se destacar a proviso de fundos para equilibrar as economias dos

    pases membros, essa no a nica funo do FMI. De acordo com seu convnio

    constitutivo, compete ao FMI:

    1) Promover a cooperao monetria internacional.

    2) Facilitar a expanso e equilbrio do comrcio internacional.

    3) Promover a estabilidade cambial e, portanto, evitar as polticas de desvalorizao cambial competitiva, conhecidas como beggar-thy-neighbour (traduo livre:

    empobrecer o vizinho).

    4) Acompanhar o estabelecimento de um sistema de pagamentos multilateral, eliminando restries ao comrcio exterior.

    5) Prover temporariamente os recursos do fundo a pases membros, com o intuito de possibilitar a correo de desequilbrios nos respectivos balanos de pagamentos, de

    forma a evitar medidas que venham a ser destrutivas para a prosperidade nacional e

    internacional.

    6) Reduzir desequilbrios fiscais e monetrios dos pases membros.

    Dentre as atribuies acima definidas, a que tornou o FMI mais notrio a de

    prover recursos do fundo para corrigir desequilbrios em economias que se encontram

    em crise na balana de pagamentos. Para esse propsito, o Fundo atualmente dispe de

    US$ 360 bilhes em quotas e outros aproximadamente US$ 1 trilho em recursos

    comprometidos ao fundo, segundo a prpria instituio. Desses valores, US$ 233

    bilhes foram emprestados a pases em crise. A maior parte dos valores cedidos em

    emprstimos atualmente est sobre a posse de Grcia, Portugal e Irlanda.

    Quem controla o FMI

    Desde a localizao da sede do FMI em Washington, at a disparidade do peso

    do voto, passando pelo poder de veto exclusivo em reunies da diretoria executiva e

    pela presidncia do BIRD, h uma disparidade muito grande na influncia dos EUA

    dentro das decises do fundo e do Banco Mundial, como ser discutido.

  • A autoridade decisria do FMI a Assemblia de Governadores do Fundo

    Monetrio Internacional, formada por um representante titular e um alterno de cada pas

    membro, geralmente ministros da economia ou presidentes dos bancos centrais.

    A diretoria executiva, composta por 24 membros eleitos ou indicados pelos

    pases ou grupos de pases membros, responsvel pelas atividades operacionais do

    Fundo e deve reportar-se anualmente Assembleia de Governadores.

    A Assembleia de Governadores do FMI assessorada ainda pelo "Comit

    Interino" e pelo "Comit de Desenvolvimento" (conjunto com o BIRD, parte do Banco

    Mundial), que se renem duas vezes por ano e examinam assuntos relativos ao sistema

    monetrio internacional e transferncia de recursos para os pases em

    desenvolvimento, respectivamente.

    Teoricamente, os governadores elegem o presidente do FMI, porm, na prtica,

    o presidente do Bird sempre um cidado dos Estados Unidos, escolhido pelo governo

    norte-americano. J o diretor-presidente do FMI tradicionalmente um europeu.

    As discusses a respeito dos problemas financeiros das naes e suas possveis

    solues so discutidas trs vezes por semana, e constitui dever da Diretoria Executiva.

    Ela composta por 24 representantes. Existem 8 assentos permanentes e 16 membros

    da diretoria so eleitos bienalmente entre grupos de pases. Os membros e seus

    respectivos grupos so Estados Unidos (nico acionista com poder de

    veto) , Japo, Alemanha, Frana, Reino Unido, China, Rssia e Arbia Saudita.

    Figura 5 - Composio dos blocos que elegem membros para a diretoria executiva do FMI

    Atualmente, o Brasil mantm o posto de membro eleito do grupo composto por

    Brasil, Colmbia, Repblica Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Panam, Suriname,

    Trinidad e Tobago. O grupo de pases sul-americanos tem como membro eleito a

    Argentina.

    Cada pas membro detm no FMI uma cota a ser determinada com base em seus

    indicadores econmicos, entre eles o PIB. Quanto maior a contribuio ao FMI, maior

    o peso do voto nas decises. H uma reviso geral das cotas a cada cinco anos. O Fundo

    pode propor um aumento nas cotas de determinado pas, mas necessria a aprovao

    por 85 % dos votos para qualquer modificao. Os membros que queiram aumentar sua

  • cota devem pagar ao Fundo a mesma quantia em DES correspondente ao aumento.

    Atualmente, os 10 primeiros possuem, juntos, 55,3% da capacidade total de votos.

    Tabela 1 - Contribuio e porcentagem de cotas do Brasil e dos principais pases membros do FMI

    Posio Pas Membro Cotas (milhes DES) % das cotas

    1 Estados Unidos 37.149,30 17,46

    2 Japo 13.312,80 6,26

    3 Alemanha 13.008,20 6,11

    4 Reino Unido 10.738,50 5,05

    5 Frana 10.738,50 5,05

    6 Itlia 7.055,50 3,32

    7 Arbia Saudita 6.985,50 3,28

    8 Repblica Popular da China 6.369,20 2,99

    9 Canad 6.369,20 2,99

    10 Rssia 5.945,40 2,79

    17 Brasil 3.036,10 2,46

    Historicamente, o FMI mantm suas principais intervenes em pases

    emergentes, principalmente em situaes de crise financeira das mais diversas fontes:

    1994: Mxico; crise econmica do Mxico; 18 Bi de dlares.

    1997: Asia; crise financeira asitica; 36 Bi de dlares.

    1998: Rusia; crise financeira russa; 22,6 Bi de dlares.

    1998: Brasil; 41,5 Bi de dlares.

    2000: Turqua; 11 Bi de dlares.

    2001: Argentina; crise econmica argentina; 21,6 Bi de dlares.

    2010: Grecia; crise financeira grega; 110 Bi de euros (139.730 Mi de dlares).

    2011: Portugal; crise scio econmica e poltica de Portugal; 78 Bi de euros (99.080 Mi de dlares).

    Formas de financiamento do FMI

    Os pases membros podem receber financiamento de diversas formas, a

    depender de sua influncia e do motivo pelo qual necessita do emprstimo.

    SBA - Acordo de crdito contingente ou acordo stand-by (Stand-by agreement) - a poltica mais comum de emprstimos do FMI. utilizada desde 1952 em

    pases com problemas de curto prazo na balana de pagamentos. Essa poltica

    envolve apenas o financiamento direto de 12 a 18 meses. O prazo de pagamento

    vai de trs a cinco anos. So cobrados juros fixos de 2,22% mais uma taxa

    varivel que pode chegar a 2%

    ESF - Programa de Conteno de choques externos (Exogenous Shocks Facility) - Crises e/ou conflitos temporrios vinculadas a outros pases e que influem no

    comrcio, flutuaes no preo de commodities, desastres naturais. Duram de 1 a

  • 2 anos. Foca apenas nas causas do choque. Todos os membros podem pleitear

    esse emprstimo, mas sob as regras de um Plano de Assistncia de Emergncia.

    EFF - Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility) - Problemas de mdio prazo, destinados queles pases que possuem problemas

    estruturais no balano de pagamentos. Procura-se resolver os problemas atravs

    de reformas e privatizaes. Seu prazo vai de 3 a 5 anos.

    SRF -Programa de Financiamento de Reserva Suplementar (Supplemental Reserve Facility) - problemas de curto prazo de mais difcil resoluo, como a

    perda de confiana no mercado ou ataques especulativos. Esses emprstimos so

    pagos em um prazo de at dois anos e, sobre eles, so cobrados juros fixos de

    2,22% ao ano mais uma taxa que varia de 3% a 5%

    PRGF - Programa de Financiamento para Reduo da Pobreza e Desenvolvimento (Poverty Reduction and Growth Facility) - destinada a pases

    pobres. Est ligada s estratgias de combate pobreza e retomada do

    crescimento. exigido um documento do pas membro contendo as estratgias

    para combate pobreza. Com taxas de 0,5 % anuais, e podem ser pagos com

    prazo de 5 a 10 anos.

    Assistncia Emergencial (Emergency Assistance), para auxilio a pases que sofreram catstrofes naturais ou foram palco de conflitos militares e ficaram

    economicamente desestabilizados.

    Cada pas pode retirar 25 % de sua cota correspondente. Acima deste percentual,

    preciso assinar um termo (carta de intenes, atrelada geralmente a um memorando

    tcnico de entendimento) onde se compromete a reduzir o dficit fiscal e promover a

    estabilizao monetria, e dessa forma que o FMI consegue impor suas diretrizes aos

    pases membro.

    Balana de pagamentos

    Em Economia, balano de pagamentos um instrumento da contabilidade

    nacional referente descrio das relaes comerciais de um pas com o resto do

    mundo. Registra o total de dinheiro que entra e sai de um pas, na forma de importaes

    e exportaes de produtos, servios, capital financeiro, bem como transferncias

    comerciais.

    O balano de pagamentos o registro estatstico de todas as transaes fluxo de bens e direitos de valor econmico entre os residentes de uma economia e o restante do mundo, ocorridos em determinado perodo de tempo.

    Anual, trimestral e mensal. De forma consolidada o balano de pagamentos

    apresenta dados anuais desde de 1947, trimestrais desde 1979 e mensais a partir de

    1995. De forma no consolidada, as sries foram divulgadas observando o menor

    espao temporal. Nas sries componentes do balano de pagamentos encontram-se

    especificadas as datas de incio relativas s periodicidades anual, trimestral e mensal

    para cada srie.

    O Banco Central compila e publica estatsticas monetrias e financeiras segundo

    a legislao em vigor, em particular a Lei n 4.595, de 31.12.1964, e Resolues do

    Conselho Monetrio Nacional que ordenam a gerao e divulgao de dados e

    informaes. O Banco Central garante a confidencialidade dos dados relativos s

  • instituies financeiras, empresas e indivduos, em obedincia ao estabelecido no artigo

    2 da Lei Complementar n 105, de 11.01.2001.

    A srie temporal de balano de pagamentos do Brasil foi elaborada seguindo as

    diretrizes conceituais estabelecidas na 5 edio do Manual de Balano de Pagamentos

    do Fundo Monetrio Internacional - FMI (1995). Esta srie est associada a outras que

    dela so componentes:

    Transaes correntes

    Conta de capital

    Conta financeira

    Erros e omisses

    Haveres da autoridade monetria

    Dentro de cada conta citada, diversos fatores exercem influncia para que o

    balano seja positivo ou negativo.

    Transaes correntes

    Representa todas as transaes entre os residentes no Brasil e os residentes no

    exterior. Os valores da balana comercial so provenientes dos registros aduaneiros do

    SISCOMEX. Dados sobre servios, rendas e transferncias correntes tm como fonte

    bsica a Estatstica Nacional das Operaes de Cmbio. Os dados cambiais so

    complementados com informaes prestadas por empresas pblicas e privadas e rgos

    governamentais. Na compilao do balano de pagamentos so utilizados os regimes

    contbeis de caixa e competncia. O regime caixa adotado devido utilizao das

    estatsticas cambiais como a principal fonte de dados do balano de pagamentos. O

    regime competncia utilizado no clculo dos rendimentos das reservas internacionais

    na modalidade de ttulos.

    Subdivide-se em:

    Balana comercial: todas as exportaes do pas so lanadas como crdito, e todas as importaes como dbito.

    Servios: valores pagos ou recebidos pelos residentes de um pas em troca do fornecimento de servios, tais como: fretes, viagens internacionais, seguros,

    royalties e licenas, aluguel de equipamentos, servios prestados de governo a

    governo e outros.

    Rendas: registra as rendas de salrio e ordenado, lucros e dividendos, e juros

    Transferncias unilaterais correntes

    Conta capital

    Esta balana registra as transferncias de capital unilaterais, aquelas que no

    originam um fluxo de pagamentos de rendimentos em sentido oposto, entre residentes e

    no residentes. O seu saldo igual capacidade (ou necessidade) de financiamento dos

    residentes, mas com o sinal oposto.

    O que diferencia esta balana da balana financeira, o facto de ela tratar

    activos no-financeiros. Subdivide-se em:

  • Conta capital (lquido): compreende as transferncias unilaterais de capital e a aquisio/alienao de bens no financeiros no produzidos relacionados com a

    cesso de marcas e patentes.

    Transferncias unilaterais de capital (receita e despesa): compreende os ingressos e remessas para o exterior a ttulo de transferncias de patrimnio de

    migrantes. Anteriormente 5 edio do Manual de Balano de Pagamentos,

    esses valores eram alocados em transferncias correntes.

    Bens no financeiros no produzidos: relaciona-se com a venda ou compra de marcas ou patentes. Esta srie iniciou-se em 2000, quando foram criados os

    cdigos de natureza das operaes para a cesso de marcas e patentes.

    Anteriormente, s existia a codificao para a licena de uso de marcas e

    patentes (alocadas em servios - royalties e licenas).

    Conta financeira

    Representa o somatrio dos valores lquidos dos:

    Investimento direto: Representa o somatrio dos valores lquidos de investimento brasileiro direto no exterior e investimento estrangeiro direto no

    Brasil. Compem os investimentos diretos a participao no capital de empresas

    e os emprstimos intercompanhia. Caracterizado por uma participao

    duradoura e um significativo grau de influncia na direo da empresa. Em

    termos quantitativos, o Manual de Balano de Pagamentos define como

    investimento direto a aquisio de 10% ou mais de aes ordinrias ou do total

    de votos. No caso brasileiro existem normativos diferenciados para os

    investimentos em carteira e diretos, que atendem de forma eficiente ao conceito

    de participao efetiva na empresa, apesar de no mencionar o limite de 10%.

    Investimento em carteira: Registra os fluxos lquidos de ativos: (Investimento brasileiro em carteira - IBC) e passivos (Investimento estrangeiro em carteira -

    IEC), constitudos por valores mobilirios comumente negociados em mercados

    secundrios de ttulos.

    Derivativos: Registra os fluxos financeiros relativos liquidao de haveres e obrigaes decorrentes de operaes de swap, opes e futuros e os fluxos

    relativos aos prmios de opes. No inclui os fluxos de depsitos de margens

    de garantia vinculados s operaes em bolsas de futuros, alocados em outros

    investimentos de curto prazo.

    Outros investimentos: Representa o somatrio dos valores lquidos dos ativos e passivos relacionados a crditos comerciais, emprstimos e financiamentos,

    moeda e depsito e outros ativos e passivos a curto e a longo prazos.

    Compreende, portanto, outros investimentos brasileiros e outros investimentos

    estrangeiros.

    Erros e omisses

    Ao se realizar lanamentos no balano com base em diversas fontes de

    informaes, obtm-se um conjunto coerente de lanamentos a crdito e a dbito, cujo

    total lquido teoricamente igual a zero. Na prtica, contudo, o balano totaliza saldo

    lquido diferente de zero em razo, principalmente, das discrepncias temporais nas

    fontes de dados utilizadas. Isso torna necessrio o lanamento de partida equilibradora

  • para o balanceamento das contas. Os erros e omisses se prestam a compensar toda

    sobrestimao ou subestimao dos componentes registrados. A magnitude da partida

    equilibradora no necessariamente um indcio da exatido geral do balano, uma vez

    que falhas de compilao podem ser compensadas dentro do mesmo perodo.

    Haveres da autoridade monetria

    Representa a variao das reservas internacionais do pas, no conceito de

    liquidez internacional, deduzidos os ajustes relativos a valorizaes/desvalorizaes das

    moedas estrangeiras em relao ao dlar americano e os ganhos/perdas relativos a

    flutuaes nos preos dos ttulos e do ouro. Um sinal negativo indica aumento nos

    haveres.

    Questo 4: Analise (detalhadamente) o comportamento da balana de pagamentos

    do Brasil a partir dos anos 2000

    Ano 2000

    O balano de pagamentos de 2000 apresentou menores usos de recursos

    externos. O dficit em transaes correntes manteve-se estvel e houve queda no

    pagamento do servio da dvida externa, com reverso do fluxo lquido de capitais

    estrangeiros de mdio e longo prazo, de amortizaes lquidas de US$ 4,9 bilhes, em

    1999, para entradas lquidas de US$ 7,8 bilhes em 2000, alm da reduo de US$ 2,1

    bilhes nas sadas lquidas de capitais de curto prazo. Os investimentos estrangeiros

    diretos lquidos alcanaram US$ 30,6 bilhes, maior valor j registrado, possibilitando

    melhora da necessidade de financiamento externo, para 1,01% do PIB.

  • Ano 2001

    O balano de pagamentos de 2001 caracterizou-se pelo comportamento distinto

    das contas externas no decorrer do ano, registrando-se, no segundo semestre, condies

    menos favorveis ao ingresso de capitais estrangeiros e retrao no ingresso de recursos

    externos autnomos. A piora das condies de financiamento externo, contudo foi

    limitada. Assim, embora inferiores aos registrados em 2001, os investimentos

    estrangeiros diretos totalizaram US$22,6 bilhes, situando-se apenas US$581 milhes

    abaixo do montante necessrio para financiamento das transaes correntes. Deve-se

    destacar ainda a constituio de ativos externos brasileiros no exterior na forma de

  • depsitos, fluxo que representou a busca por proteo, na forma de moeda estrangeira,

    de flutuaes na taxa de cmbio.

    Ano 2002

    O resultado do balano de pagamentos, em 2002, esteve condicionado pela

    retrao das fontes autnomas de financiamento externo, registrando-se acentuada

    reduo do dficit em transaes correntes, no perodo. Esse resultado foi

    proporcionado, basicamente, pelo crescimento do supervit da balana comercial, que

    compensou a retrao de investimentos estrangeiros diretos. As taxas de rolagem da

    dvida externa, contudo, registraram expressiva diminuio, em especial no segundo

    semestre. Nesse contexto, o financiamento das contas externas foi complementado por

    recursos do Programa de Assistncia Financeira (PAF), desembolsados pelo FMI.

  • Ano 2003

    Em 2003, principalmente no segundo semestre, as condies do mercado

    internacional foram se mostrando particularmente favorveis ao Brasil sob diversos

    aspectos. O aumento significativo da liquidez internacional refletiu-se na valorizao

    generalizada de bolsas de valores em pases emergentes, impulsionada pelo patamar

    deprimido das taxas de juros americanas. Alm disso, as perspectivas de crescimento

    mundial melhoraram, apesar das incertezas quanto ao comportamento da economia dos

    Estados Unidos no mdio prazo, em funo do crescimento de seus dficits externos e

    fiscal. Aliada a relativa estabilidade de taxas de cmbio, ocorreu recuperao nos termos

    de troca do brasil, durante o ano. Todos esses fatores impactaram favoravelmente o

    resultado de pagamentos. Durante esse processo de ajuste, as expectativas em relao ao

    setor externo da economia foram se restaurando continuamente, sobretudo a partir de

    agosto, a medida que ocorriam recordes histricos de exportaes mensais,

    evidenciados em saldos comerciais crescentes. A consolidao dessa viso favoreceu as

  • captaes de bnus soberanos com spreads menores, facilitou o acesso de empresas

    residentes e recursos externos e permitiu que a taxa de rolagem nas operaes de longo

    prazo de dvida superasse 100% no ano, mais que o dobro da assinalada em 2002. Desse

    modo, o fluxo lquido de capitais para o pas foi positivo, acompanhado de perfil mais

    favorvel de prazos.

    Ano 2004

    As contas externas brasileiras comearam a sofrer transformaes intensas a

    partir de 1999, quando foi adotado o regime de cmbio flutuante. O elemento propulsor

    da mudana vem sendo desempenhado da balana comercial, que atingiu supervits

    inditos em 2003 e 2004.

    Os resultados positivos do setor externo da economia brasileira contriburam no

    somente para a expanso da atividade economia, mas para significativa melhora nos

    indicadores de solvncia externa. Registrou-se acentuada diminuio do risco-Brasil,

    favorecida pelas expectativas de crescimento mundial e pela elevao moderada da taxa

    de juros norte-americana, apesar das incertezas quanto ao comportamento daquela

    economia no mdio prazo, em razo do crescimento internos, evidenciada pelo

    supervit comercial excepcional, pelo resultado de transaes correntes, apesar do

    crescimento expressivo do PIB no ano, pela melhora substancial dos indicadores de

    dvida externa e de dvida pblica, e pelo supervit primrio acima da meta acertada

    com o FMI.

  • Desde o final de 2003, as condies do mercado internacional foram se

    mostrando particularmente favorveis ao Brasil sob diversos aspectos com o

    consequente impacto positivo no resultado do balano de pagamentos. Aliados adoo

    de polticas macroeconmicas consistentes, esses resultados possibilitaram a elevao

    do ratting soberano, com melhoria nas condies de acesso ao mercado financeiro

    internacional, que incluem spreads mais reduzidos e a emisso de dvida externa em

    moeda nacional, desde novembro ltimo.

    Desde 1947, quando tem incio a srie de balano de pagamentos, a conta

    transaes correntes foi positiva em nove anos. Aps o supervit de 1992, somente em

    2003 esse fato voltou a ocorrer. Em 2004 a conta corrente acumulou saldo positivo de

    US$11,7 bilhes, equivalente a 1,94% do PIB, os melhores resultados, tanto em valor

    quanto em participao no PIB j registrado na srie histrica, comparativamente a US$

    4,2 bilhes e 0,82% do PIB em 2003. Assim, houve expressiva reduo nas

    necessidades de financiamento externo, uma vez que os sucessivos supervits em

    transaes correntes, somados aos fluxos lquidos de investimento estrangeiro diretos,

    passaram de US$ 14,3 bilhoes,2,83% do PIB, em 2003, para US$29,8 bilhes, 4,96% do

    PIB, em 2004.

  • Ano 2005

    As transformaes intensas por que tm passado as contas externas brasileiras

    desde a adoo do regime de cmbio flutuante tem sido sustentada, fundamentalmente,

    pelos supervits crescentes e recordes da balana comercial, assinalados a partir de

    2003. O supervit comercial registrado em 2005 atingiu US$44,8 bilhes, ante US$33,6

    bilhes, em 2004

    Em cenrio de crescimento mundial robusto e de elevao dos preos dos

    principais produtos brasileiros de exportao, o setor externo pode empreender amplo

    processo de ajuste passivos. Tal dinmica de exportaes e dvida tem permitido a

    continuidade da melhora dos indicadores de solvncia externa. H evidncias de que o

    declnio do risco-Brasil em diversos momentos, esteve vinculado a progresso dos

    fundamentos econmicos internos, corroborada pelo supervit comercial excepcional,

    pelo resultado em transaes correntes, pela melhora substancial dos indicadores de

    dvida externa e de dvida pblica e pelo supervit fiscal primrio.

    Em resumo, a consistncia dos resultados da poltica econmica, a forte liquidez

    internacional, o expressivo ingresso de dividas, a recuperao das reservas

    internacionais e as condies favorveis de acesso ao merda financeiro internacional

    possibilitaram a adoo da estratgia de reduo da vulnerabilidade externa, respaldada

    tanto na reestruturao e na reduo de passivos externos como nas antecipaes de

    pagamentos de dvida junto ao FMI e ao Clube de Paris, favorecendo a percepo de

    solvncia, por parte dos agentes externos.

    Em 2005, o supervit em transaes correntes atingiu US$14,2 bilhes, o maior

    saldo j registrado, equivalente a 1,79% do PIB, ante US$11,7 bilhes, em 2004. As

    contas capital e financeira, evidenciando a antecipao de pagamentos de US$23,3

    bilhes ao FMI, foram deficitrias em US$8,8 bilhoes no ano. O balano de pagamentos

    apresentou assim o supervit de US$4,3 bilhes, quinto resultado anual positivo

    consecutivo.

  • Ano 2006

    O processo estrutural de fortalecimento do balano de pagamentos brasileiro

    observado em 2006 foi favorecido pelas medidas destinadas a aumentar a resistncia da

    economia a eventuais choques externos. O estoque de reservas internacionais passou por

    expressiva elevao e atingiu nveis recordes; a dvida externa pblica permaneceu em

    trajetria de reduo e melhoria de perfil; as colocaes externas de ttulos soberanos

    contriburam para a construo de curvas de juros mais completas; prosseguiu de forma

    consistente a reduo dos prmios de risco; e permaneceram as perspectivas de melhoria

    dos rattings atribudos por agncias de risco.

    A evoluo dos indicadores de sustentabilidade, influenciada tanto pela elevao

    das exportaes quanto pela expanso de ativos externos em poder da Autoridade

    Monetria, refletiu o quadro favorvel das contas externas brasileiras, o que reforou a

    evoluo positiva dos nveis do risco-Brasil. O desempenho do comercio exterior

    brasileiro seguiu como o principal determinante dos resultados positivos das contas-

  • correntes, com destaque para a ampliao do saldo comercial em contexto de elevao

    das importaes, consistente com o processo de retomada do nvel de atividade interna.

    O aumento nos ingressos lquidos de divisas no Pas registrado em 2006 em

    relao ao ano anterior, refletiu resultados positivos tanto da balana comercial cambial,

    com dos fluxos do mercado a vista de cmbio relativos a contas financeiras, destinados

    aos investimentos direto e em carteira.

    O supervit do balano de pagamentos totalizou US$30,6 bilhes em 2006, sexto

    resultado anual positivo em sequncia e maior valor j registrado. O excedente de

    financiamento externo, definido como o somatrio do supervit em transaes correntes

    e dos fluxos lquidos de investimentos estrangeiros diretos, atingiu US$32,3 bilhes no

    ano,3,03% do PIB, ante US$29,1 bilhes no ano anterior.

    O resultado em conta corrente do balano de pagamentos foi superavitrio pelo

    quarto ano consecutivo e acumulou em 2006 saldo positivo de US$13,5 bilhes,

    equivalente a 1,27% do PIB. A ampliao das remessas liquidas nas contas de servios

    e rendas de US$34,3 bilhes em 2005, para US$36,9 bilhes, foi compensada pelos

    resultados comerciais e das transferncias unilaterais. As contas capital e financeira

    foram positiva em 17,3 bilhes em 2006.

  • Ano 2007

    Desde 2003 foi adotada uma estratgia de reduo da exposio cambial no setor

    pblico e de recomposio das reservas. A manuteno dessas medidas confere maior

    solidez s contas externas do pas e aumenta a resistncia da economia a mudanas

    adversas no cenrio externo.

    Neste ano a piora das expectativas quanto ao desempenho econmico dos E.U.A

    mais a volatilidade dos mercados financeiros internacionais, tiveram impacto restrito

    sobre a economia brasileira, evidenciando a importncia do ajuste macroeconmico e o

    fortalecimento da situao externa do pas contra turbulncias nos mercados

    internacionais.

    A volatilidade dos mercados citada juntamente crise do mercado subprime

    provocou grande oscilao no risco Brasil neste ano, que caiu 138 pontos em Junho,

    elevando-se a 254, e fechando o ano em 221 pontos.

    Com destaque para os saldos positivos de U$40 bilhes e U$27 bilhes na

    balana comercial e em investimentos direto (perante um dficit de U$9,38 bi no ano

    anterior) respectivamente, o ano de 2007 experimentou supervit pelo stimo ano

    consecutivo, fechando com o recorde de U$87,5 bilhes.

    Ano 2008

    Aps o recorde de 2007, o ano de 2008 apresentou U$2,96 bi de supervit

    devido a reverso iniciada no segundo semestre de 2007 que evidenciou o impacto

    sobre as taxas de crescimento das importaes, que mantiveram-se significativamente

    acime das exportaes.

    A balana comercial manteve-se superavitria, porm com queda de

    praticamente metade do valor apresentado no ano anterior. O dficit apresentado em

    servios manteve a projeo dos ltimos anos, j em relao servios, apresentou taxa

    maior de crescimento em relao projeo dos ltimos anos.

    Neste ano destacou-se o abismo entre o supervit dos investimentos em carteira, de

    U$48 bi para U$1,13 bi.

    Segue abaixo o balano de pagamentos referente aos anos 2007 e 2008.

  • Ano 2009

    Passado o perodo mais crtico da recesso econmica mundial mais severa da

    histria recente, tornou-se evidente que a poltica econmica brasileira teve boa postura.

    A permanncia de fluxo de capital estrangeiro foi fundamental para um balano

    favorvel de U$46,6 bi, muito alm dos U$2,9 bi conquistados no ano anterior.

    Ano 2010

    A consolidao do processo de recuperao da economia brasileira em 2010 se

    traduziu em aumento expressivo na demanda por bens e servios importados e na

    elevao das remessas lquidas de renda, com impacto sobre o dficit em transaes

    correntes, que totalizou o recorde de US$47,4 bilhes no ano. Em sentido inverso, a

    solidez macroeconmica do pas, expressa em expectativas de risco declinante e

    retornos crescentes para os investimentos, favoreceu o ingresso lquido de US$99,7

    bilhes na conta capital e financeira. O supervit do balano de pagamentos totalizou

    US$49,1 bilhes em 2010. Abaixo conferimos os valores referentes ao balano de

    pagamentos de 2009 e 2010.

  • Ano 2011

    A posio externa brasileira mostrou-se confortvel em 2011 sob vrios

    aspectos: o dficit em transaes correntes, medido como proporo do PIB, reduziu-se

    em relao ao ano anterior; a corrente de comrcio de bens e servios se expandiu; o

    passivo externo lquido, expresso pela Posio Internacional de Investimento, decresceu

    em termos absolutos; e a cobertura do estoque das reservas internacionais sobre o

    principal de dvida vincendo, em horizonte de doze meses, avanou. Assim, no mbito

    do setor externo, a percepo quanto solidez das contas externas brasileiras

    neutralizou, em grande parte, o impacto da volatilidade dos mercados financeiros

    internacionais.Neste ano os investimentos diretos no pas juntamente com os

    investimentos em carteira foram fundamentais para o balano positivo no encerrar do

    ano.

    Ano 2012

    As incertezas quanto durao e intensidade da crise internacional no

    constituram obstculos aos ingressos de capitais estrangeiros no Brasil em 2012,

    quando o balano de pagamentos registrou o dcimo segundo resultado positivo

    consecutivo. O excedente de financiamento externo, definido como o somatrio do

    resultado em transaes correntes e dos fluxos lquidos de IED, somou US$11 bilhes

    no ano, ante US$14,2 bilhes (0,57% do PIB) em 2011.

    O investimento direto mereceu destaque na composio dos fluxos de capital

    estrangeiro, atingindo o segundo melhor resultado da srie histrica, inferior apenas ao

    de 2011. Abaixo conferimos os valores referentes ao balano de pagamentos de 2011 e

    2012.

  • Ano 2013

    Embora o balano de pagamentos apresentasse dficit de US$5,9 bilhes no ano, aps doze anos consecutivos de resultado positivos, a atuao do Banco Central no

    mercado de cmbio atenuou o impacto do ambiente adverso criado pelo elevado risco a

    estabilidade financeira global. Mesmo perante essa atmosfera o ingresso consistente de

    capitais estrangeiros persistiu no Brasil.

    A balana comercial teve o menor saldo desde o ano de 2002, totalizando U$2,56 bi,

    enquanto o dficit de rendas e servios continuou crescente conforme a tendncia.

    Abaixo segue o balano de pagamentos de 2013.

  • Por fim analisando o comportamento do balano de pagamentos desde 2000,

    vemos uma grande instabilidade no comportamento dos saldos, com exceo dos

    dficits de renda e servios, que aumentaram ao passar dos anos, e a tendncia de

    aumento no supervit da conta capital que contribui com valores menores balana em

    relao outros fatores, desconsiderando-se o ano de 2012.

    Abaixo segue os grficos com o comportamento do balano de pagamentos e seus

    componentes ao longo dos anos.

  • Questo 5 - Como interpretar o balano de pagamentos? Afinal, por que ele um

    instrumento to importante para qualquer pas?

    Para responder esta questo vamos retomar alguns conceitos que foram

    explicados anteriormente. Primeiramente tem-se que o saldo em transaes correntes

    igual ao saldo da balana comercial mais o da balana de servios, mais o da balana de

    renda, mais o saldo de transferncias unilaterais. Tradicionalmente, a balana de

    servios e, sobretudo, a de rendas no Brasil so deficitrias (h mais multinacionais

    estrangeiras obtendo lucros no Brasil do que multinacionais brasileiras obtendo lucro no

    exterior). As transferncias unilaterais, por sua vez, so pouco expressivas. Sobra ento

    a balana comercial a responsabilidade de gerar um supervit suficiente para cobrir os

    dficits nas demais balanas.

    Se isso no ocorre, diz-se que o pas tem um dficit em transaes correntes ou

    dficit externo e, por isso, precisa arrumar dlares no exterior para pagar suas contas

    que vencem em dlar. Isso feito por meio de movimento de capitais, formado pela

    conta financeira e pela conta capital. Os dlares entram na economia principalmente por

    meio dos investimentos estrangeiros diretos (IEDs), dos investimentos estrangeiros em

    carteira e dos emprstimos e financiamentos concedidos por entidades estrangeiras a

    pessoas fsicas ou jurdicas residentes no pas.

    Contudo, na hora de calcular a chamada necessidade de financiamento externo, o

    Banco Central exclui os IEDs, por no consider-los uma forma de financiamento. Esse

    critrio causa certa controvrsia: para alguns, os IEDs tambm indicam dependncia do

    capital externo, na medida em que o pas est conseguindo dlares pela venda de partes

    de sua economia. Nos balanos seguintes, os lucros e dividendos derivados da

    participao de uma empresa estrangeira no capital de uma empresa nacional vo se

    traduzir em dlares saindo do balano brasileiro para o estrangeiro, via conta de renda.

    Porm os IEDs so preferveis aos investimentos estrangeiros em carteira, pois

    estes ltimos so extremamente volteis. O capital especulativo entra no pas porque

    nossos juros so comparativamente altos, mas diante de qualquer instabilidade

    internacional - como as crises de credibilidade que atingiram o Mxico em 1994 e a

    Rssia em 1998 esse mesmo pode ser retirado, deixando o pas sem dlares.

  • Caso a entrada de dlares em um pas via MK no for suficientemente grande

    para cobrir os seus compromissos externos, ele dever mexer em suas reservas

    internacionais, ou seja, a reserva de moeda estrangeira que todo pas possui. Esses

    recursos ficam sob responsabilidade do Banco Central e, em sua maior parte, esto

    aplicados em ttulos de dvida de outros pases.

    Essas reservas sofrem um impacto direto do resultado final do balano de

    pagamentos que segue o mtodo de partidas dobradas que resultado da conta de

    variao de reservas internacionais ou haveres da autoridade monetria. Quando o saldo

    do balano de pagamentos negativo, ocorre uma variao negativa da conta de

    reservas (as reservas diminuem); quando o saldo do balano positivo, ocorre uma

    variao positiva da conta de reservas (as reservas aumentam).

    Os clculos para interpretar o balano de pagamentos podem ser resumidos nas

    equaes abaixo:

    [1]

    [2]

    [3]

    Onde:

    TC = transaes correntes;

    BC = balana comercial;

    BS =balana de servios;

    BR = balana de renda;

    TU=transferncias unilaterais;

    MK = movimento de capitais;

    CC = conta capital;

    CF = conta financeira;

    BP = balana de pagamentos;

    EO = erros e omisses

    At este ponto do clculo, o saldo do BP pode ser positivo ou negativo.

    [4]

    Onde VR= Variao de reservas ou haveres da autoridade monetria.

    Por que ele um instrumento to importante para qualquer pas?

    Entre os dficits em conta corrente e a dvida externa, existe uma relao entre o

    dficit pblico e a dvida pblica. Dficits so fluxos e dvidas so estoques. A parte do

    dficit em transaes correntes no coberta pelos IDEs transforma-se em nova dvida

    externa. Uma parte dela feita de ttulos pblicos e privados lanados nos mercados

    financeiros internacionais, que formam a dvida externa mobiliria (isto , em ttulos).

    Outra parte contratada em emprstimos e financiamentos, denominando-se dvida

    contratual.

    Quando a entrada lquida de capitais no suficiente para cobrir o dficit de

    transaes correntes (isto , quando o BP acusa um dficit final), o pas tem duas

  • alternativas: perder reservas internacionais ou recorrer aos Capitais Compensatrios,

    que so contas caixa (haveres no exterior e direitos junto ao FMI), emprstimos

    oferecidos pelo FMI e contas atrasadas (dbitos vencidos no exterior). As reservas so

    depsitos em ouro, moedas fortes e um tipo especial de moeda escritural, chamada

    Direitos Especiais de Saque (DES), emitida pelo FMI e vlida apenas para transaes

    entre Bancos Centrais. Esses depsitos geralmente so feitos junto ao Banco de

    Compensaes Internacionais (Bank for International Settlements BIS), sediado na Basilia, Sua. As reservas rendem juros, geralmente a taxas bem mais baixas que

    aquelas do mercado.

    Todos os pases buscam manter certo nvel de reservas, como garantia de

    pagamento aos credores internacionais. O nvel das reservas um dos indicadores

    acompanhados pelos analistas do mercado financeiro internacional para medir o risco de

    inadimplncia de cada pas e recomendar ou no o emprstimo e o investimento de recursos externos nos pases analisados.

    Assim, em certos momentos, o Brasil chegou a tomar emprstimos e

    financiamentos para engordar suas reservas, mesmo incorrendo em custos lquidos para

    isso (as taxas de juros dos emprstimos eram maiores do que as taxas de remunerao

    das reservas).

    A perda de reservas isto , seu uso para liquidar compromissos internacionais quando o saldo final do Balano de Pagamentos negativo pode ser uma alternativa parcial, em casos de saldos moderados, para evitar o recurso ao FMI (ou para reduzir a

    necessidade de recursos do Fundo). Por isso mesmo, os credores e analistas econmicos

    internacionais, ao analisar a dvida externa, tambm utilizam o conceito de dvida

    lquida: a dvida bruta, menos as reservas cambiais do pas. Esse o montante

    efetivamente devido, porque as reservas, em ltimo caso, podem cobrir uma parcela da

    dvida.

    Numa situao oposta anterior, a entrada lquida de recursos pela Balana de

    Capitais pode superar o dficit em transaes correntes (ou, numa situao ainda mais

    folgada para o pas, pode haver equilbrio ou supervit em conta corrente e mesmo

    assim ocorrer entrada lquida de capitais). Nesses casos, haver aumento das reservas

    internacionais do pas.

    Pode-se entender que toda perda de reservas representa um enxugamento dos

    meios de pagamento internos ao pas. Com efeito, as reservas caram porque a sada de

    divisas excedeu a sua entrada. Cada pagamento externo feito pelos importadores ou

    devedores brasileiros implica num recolhimento de reais ao Banco Central, o qual

    enviar o equivalente em moeda estrangeira aos fornecedores ou credores

    internacionais.

    Pela mesma razo, o aumento das reservas representa uma expanso dos meios

    de pagamento. De fato: os depsitos de moeda estrangeira superaram os envios; a cada

    depsito, o BaCen libera moeda nacional e a cada envio, o BaCen recolhe o equivalente

    em moeda nacional. Portanto, as liberaes de moeda nacional suplantaram os

    recolhimentos da mesma. Dessa forma, os fluxos cambiais tambm afetam os fluxos

    monetrios internos e devem ser considerados na poltica monetria.

  • Questo 6 - Quais as diferenas entre a Teoria da Vantagem Comparativa e o

    Protecionismo? Aborde cada uma, exemplificando.

    Teoria da vantagem comparativa

    Teoria criada por um londrino, dedicado a estudar economia e poltica, o

    chamado David Ricardo. Desenvolveu tal teoria no livro intitulado Principles of the political economy and taxation (Princpios de economia poltica e tributao) de 1817.

    David Ricardo denuncia as leis inglesas protecionistas que beneficiavam apenas

    um setor pouco produtivo da Inglaterra (latifndios), custa dos setores mais produtivos

    (comerciantes, industriais, operrios). A teoria da vantagem comparativa o argumento

    mais forte a favor do livre-comrcio entre os pases.

    Alguns pases possuem vantagem absoluta na produo de determinados bens,

    gastando menos tempo, a custos menores. Logo, de extremo benefcio o livre-

    comrcio entre pases, uma vez que um pas, tendo vantagem absoluta na produo de

    um bem A, investe seus meios, como tempo, capital, terra, trabalho, produzindo esse

    meio A e passa a comprar o bem B de outro pas que possui vantagem absoluta na

    produo desse bem B. As trocas entre esses pases permitiro o consumo dos dois

    bens, tanto o A quanto o B, a preos menores, e consequentemente, uma maior

    quantidade.

    Vejamos o exemplo hipottico de dois pases, como citado no livro Economia Brasileira de Jobson Monteiro de Souza. Dois pases, Portugal e Inglaterra, na produo de vinho e tecido.

    Porm, e se os dados forem diferentes? Como mostrados no quadro abaixo.

    Nesse caso, Portugal tem vantagem na produo dos dois bens.

    David Ricardo demostra que mesmo um pas, no caso Portugal, apresentando

    vantagem na produo dos dois bens citados, ele se beneficiar caso se especialize na

    produo de um desses bens, no que apresenta maior vantagem comparativa

    obviamente. J a Inglaterra, mesmo sendo ruim na produo dos dois bens, ela menos ruim na produo de um bem, logo se beneficiar ao se especializar na produo desse bem.

  • Custo de oportunidade

    Existe uma clara relao entre recursos limitados e necessidades infinitas. Logo,

    quando usamos determinado recurso, finito, para atender a certa necessidade, deixamos

    de usar esse mesmo recurso para atender a outra necessidade. Diante disso podemos

    compreender o termo custo de oportunidade, que basicamente o custo que pagamos

    por usar certo recurso, ou seja, ao us-lo para uma necessidade, perdemos a

    oportunidade de us-lo para atender a outra necessidade.

    No exemplo dado acima, verificamos que a produo de vinho e de tecido tem

    um custo de oportunidade. Portugal, por exemplo, ao produzir tecido, paga certo custo,

    uma vez que gasta tempo, trabalho, espao, entre outros recursos, perdendo a

    oportunidade de usar esses recursos para produzir outro bem, o vinho por exemplo.

    Sabe-se que Portugal tem vantagem comparativa na produo de vinho, ou seja, com os

    mesmo custos da produo de tecido, esse pas pode produzir mais vinhos (ou gasta

    menos para produzir vinhos do que tecido).

    A vantagem comparativa surge quando o custo de oportunidade de produzir um bem menor para o produtor de um pas que para o produtor do outro pas.

    Portugal deve se especializar em vinhos, pois o custo de oportunidade menor,

    desvia menos recursos da produo de tecido. J a Inglaterra, mesmo sendo ruim na

    produo dos dois bens, apresenta custo de oportunidade menor na produo de tecido,

    logo deve se especializar na produo desse bem.

    Alocao eficiente de recursos na economia.

    Em uma economia liberal, sem intervenes estatais, sabe-se que o sistema de

    preos relativos age como uma mo invisvel, determinando onde os agentes de uma economia vo alocar seus recursos.

    Por exemplo, um cidado que vai comprar uma televiso, na loja A, certa

    televiso custa 1000,00 reais, na loja B, a mesma televiso custa 1200,00 reais. No

    sistema de preos relativos, o agente, no caso o cidado, alocar seus recursos

    comprando a televiso da loja A.

    Pensando nessa lgica aplicada ao comrcio entre pases, podemos exemplificar

    com o caso abaixo.

    Em um pas existem fbricas de guarda-chuvas, nos ltimos anos, guarda-chuvas

    chineses so vendidos nesse pas a um preo inferior aos produzidos no prprio pas

    (vantagem comparativa na produo de guarda-chuvas pela China que tem menor custo

    de oportunidade na produo desse bem). Essa concorrncia faz com que os fabricantes

    nacionais reduzam os lucros sobre esse bem, para abaixar o preo e tentar competir com

    os bens chineses, mas isso no suficiente. Logicamente, nesse sistema de preos

    relativos, os agentes da economia vo alocar seus recursos nos bens mais baratos, os

    chineses. O que os fabricantes nacionais podem fazer investir em qualidade, para que

    os agentes passem a comprar tal bem, a um preo maior, valorizando a qualidade, ou

    reduzir ainda mais os custos de produo para conseguir vender esses bens com o

    mesmo preo dos chineses. Caso isso no ocorra, a situao do fabricante no mercado

    insustentvel, ele deve sair e investir seus recursos em outro bem, que apresente menor

    custo de oportunidade.

    Essa situao de livre-comrcio gera uma dinmica no mercado que beneficia o

    consumidor. Entretanto, intervenes governamentais, por meio do protecionismo,

    podem alterar completamente essa dinmica. O governo pode aplicar barreiras

  • importao, fazendo com que os guarda-chuvas chineses entrem no pas a um preo

    alto, o que protege a indstria nacional, logo, aqueles fabricantes nacionais no vo

    reduzir os preos nem investir na qualidade dos bens, o que prejudica o consumidor e a

    economia num todo.

    Resumindo: Os pases apresentam vantagem comparativa na produo de certo

    bem, ou seja, tm menor custo de oportunidade na produo desse bem, logo, devem

    desenvolver o livre-comrcio entre eles, para que todos possam usufruir de menores

    preos, maior consumo e melhor qualidade dos bens comercializados, de forma que tais

    pases podem alocar seus recursos na produo do bem em que so especializados (bem

    com menor custo de oportunidade). Dessa forma, os agentes de uma economia liberal,

    guiados pelo sistema de preos relativos, sero beneficiados com esse livre-comrcio

    competitivo que impulsiona melhorias nos bens e reduo nos preos, gerando alocao

    eficiente de recursos na economia.

    Porm, as trocas entre os pases no ocorrem de forma to simples, perfeita e

    sem problemas. Existem diferenas entre os produtos comercializados (bens primrios e

    industrializados), necessria certa proteo indstria nacional crescente, sem citar no

    comrcio desleal entre alguns pases. Logo, surgem as ideias protecionistas.

    Protecionismo

    Contrrio ideia de vantagem comparativa, o protecionismo defende a barreira

    comercial aos produtos importados em benefcio dos produtos nacionais. O termo

    definido no dicionrio Aurlio (1986) como:

    Sistema daqueles que pretendem conceder indstria nacional o monoplio do mercado interno, onerando de taxas mais ou menos altas os produtos da indstria

    estrangeira.

    Mendes (2009) comenta a respeito de instrumentos que se vinculam diretamente

    com as transaes ou fluxos externos, sendo um deles as polticas comerciais, por meio

    de fixao de quotas de importao ou at mesmo de exportao e regimes de proteo

    com imposio de tarifa.

    Dessa forma podemos associar as duas informaes e concluir que o

    protecionismo uma poltica comercial, usada como instrumento para influenciar nos

    fluxos internacionais em benefcio do mercado interno.

    Essa poltica composta por estratgias comerciais que tem como objetivo

    aumentar a demanda por produtos nacionais em detrimento de produtos internacionais.

    Essa demanda por produtos nacionais aumenta a demanda por mo de obra e

    consequentemente gera mais empregos no pas.

    Algumas dessas estratgias so:

    a) Criao de altas tarifas e normas tcnicas de qualidade para produtos estrangeiros, reduzindo a lucratividade dos mesmos;

    b) Subsdios indstria nacional, incentivando o desenvolvimento econmico interno;

    c) Fixao de quotas, limitando o nmero de produtos, a quantidade de servios estrangeiros no mercado nacional, ou at mesmo o percentual que o acionrio

    estrangeiro pode atingir em uma empresa.

  • Essas medidas influenciam separadamente ou de forma combinada, para que

    haja menor demanda por produtos importados, menor envio de capital ao exterior e

    maior gerao de empregos e riquezas no pas.

    Um exemplo para ilustrar o protecionismo referente indstria metal mecnica

    no Brasil que beneficiada de trs maneiras:

    a) favorecida pela alta taxa de cmbio;

    b) Os produtos importados equivalentes so tarifados ao entrarem no Brasil;

    c) Recebe subsdios para produo no pas;

    Neste exemplo em especfico foram comparados os preos nacionais e

    importados de um elemento comum aos estudantes de engenharia mecnica e

    mecatrnica: porcas de ao grau 10, tamanho M6.

    Vale ressaltar que os valores das taxas de importao variam de produto para

    produto alm de dependerem em alguns casos da quantidade a ser negociada. Para

    simplificar a anlise, a variao relativa quantidade importada foi negligenciada e os

    dados, apresentados na figura e tabela a seguir.

    Valor aduaneiro (inicial) U$ 15.000 (2737 pacotes de 100 porcas)

    Cmbio em 14/08/14 R$/U$ 2.2770

    Cdigo NCM 7318.16.00

    Descrio NCM PORCAS DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AO

    Influncia da taxa de cmbio

    O valor aduaneiro do produto importado do site McMASTER-CARR seria de

    5,48 dlares por pacote o que poderia ameaar os produtos nacionais que custam 5,29

    reais por pacote caso houvesse paridade na taxa de cmbio (1 para 1). No entanto, altas

    taxas de cmbio (R$/U$ 2.2770) aumentam o valor do produto de 5,48 para 12,48 reais

    por pacote, o que faz diminuir a demanda pelo importado.

  • Influncia das tarifas de importao:

    O valor inicial da compra referente ao tipo de produto pesquisado no simulador

    da receita federal sofre um aumento de mais de 37% devido s taxas cobradas para

    entrar no pas . As taxas principais so:

    a) Imposto de Importao (II) 16% do valor aduaneiro;

    b) Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) 10% da soma do valor aduaneiro com imposto de importao.

    c) Programa de Integrao Social (PIS) 1,65% do valor aduaneiro.

    d) Contribuio Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) 8,60% do valor aduaneiro.

    Com a incidncia desses impostos, o preo do produto que j era alto (12,48

    reais por pacote) devido taxa de cmbio aumenta ainda mais para 17,20 reais por

    pacote diminuindo ainda mais a procura pelo importado em relao ao nacional.

    Influncia dos subsdios produo nacional:

    A reportagem do site Rota Metal Mecnica abaixo, mostra uma das vrias

    formas de incentivo produo nacional atravs de emprstimos a juros baixos para

    empresas que tem inteno de investir na produo. Esses emprstimos so em vrios

    casos revertidos em compra de mquinas de melhor tecnologia que podem aumentar a

    produtividade de um setor e diminuir o custo de produo. No nosso exemplo, o valor

    final do produto nacional de 5,29 reais por pacote j reflexo dos incentivos e poderia

    ser maior sem eles.

    Concluso

    O produto nacional nesse caso beneficiado de trs formas diferentes

    a) Aumentando o preo do importado atravs de taxas de cmbio elevadas;

    b) Aumentando o preo do importado atravs de impostos de importao;

    c) Diminuindo seu custo de produo atravs de subsdios do governo;

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