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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO DE AGRONOMIA Márlus Sandro de Sousa Moreira DESEMPENHO DE CULTIVARES E NÍVEIS DE ADUBAÇÃO COM MICRONUTRIENTES NA PRODUÇÃO DE FRUTOS DE TOMATE SALADA EM BRASIL NOVO, PA Altamira – Pará – Brasil 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CURSO DE AGRONOMIA

Márlus Sandro de Sousa Moreira

DESEMPENHO DE CULTIVARES E NÍVEIS DE ADUBAÇÃO COM

MICRONUTRIENTES NA PRODUÇÃO DE FRUTOS DE TOMATE SALADA

EM BRASIL NOVO, PA

Altamira – Pará – Brasil

2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CURSO DE AGRONOMIA

Márlus Sandro de Sousa Moreira

DESEMPENHO DE CULTIVARES E NÍVEIS DE ADUBAÇÃO COM

MICRONUTRIENTES NA PRODUÇÃO DE FRUTOS DE TOMATE SALADA

EM BRASIL NOVO, PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Faculdade de Engenharia Agronômica da

Universidade Federal do Pará, Campus

Universitário de Altamira, como requisito

obrigatório para a conclusão do curso de

Agronomia.

Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto

Altamira – Pará

Novembro – 2009

ii

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

(Livro dos Conselhos)

iii

Dedico este trabalho aos meus Pais (Teodora e Manoel) pelo

apoio e paciência que tiveram durante toda a minha vida e por estarem

dividindo este sonho comigo.

A minha noiva Carmem por está presente e entender as

dificuldades durante a vida acadêmica.

Aos meus irmãos que sempre confiaram em mim e que foram

importantes para realização deste trabalho.

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus.

A Universidade Federal do Pará pelo o esforço em trazer o curso de Engenharia

Agronômica para o município de Altamira

Ao meu Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto, pela orientação, dedicação

ao presente trabalho.

Aos amigos da turma de agronomia 2002, Eli e Emílio.

Ao amigo Marco Baches, da turma de Agronomia 2003, e ao agricultor Luís Antonio

Bahia, por cederem a área para implantação do experimento.

Aos Professores da Faculdade de Engenharia Agronômica da UFPA/Campus

Universitário de Altamira.

A todos aqueles que confiaram em mim.

v

SUMÁRIO

Pág.

1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 01

2 – REVISÃO DE LITERATURA................................................................................... 02

2.1 – Características Gerais do Tomateiro.................................................................... 02

2.2 – Clima e Solo Adequados ao Cultivo de Tomateiros............................................ 02

2.3 – Cultivares de Tomateiros....................................................................................... 03

2.3.1 – Grupo Santa Cruz.............................................................................................. 03

2.3.2 – Grupo salada...................................................................................................... 03

2.3.3 – Grupo cereja....................................................................................................... 04

2.3.4 – Grupo italiano.................................................................................................... 04

2.3.5 – Grupo agroindustrial......................................................................................... 04

2.4 – Importância Econômica do Cultivo de Tomateiros............................................. 04

2.5 – Adubação de Tomateiros........................................................................................ 05

3 – MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 07

3.1 – Localização e Caracterização da Área Experimental.......................................... 07

3.2 – Produção das Mudas e Plantio no Campo............................................................ 07

3.3 – Tratos Culturais...................................................................................................... 08

3.4 – Delineamento Experimental e Distribuição dos Tratamentos............................ 09

3.5 – Determinação das Adubações................................................................................ 10

3.6 – Colheita.................................................................................................................... 10

3.7 – Análise Estatística................................................................................................... 11

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 12

4.1 – Produção de Frutos de Tomate.............................................................................. 12

4.2 – Peso Médio dos Frutos de Tomate......................................................................... 14

4.3 – Número de Frutos por Planta................................................................................ 16

5 – CONCLUSÕES........................................................................................................... 19

6 – BIBLIOGRAFIAS CITADAS.................................................................................. 20

ANEXOS............................................................................................................................ 22

vi

LISTA DE QUADROS

Pág.

Quadro 01 – Adubação Mineral de Plantio para tomateiros................................................ 06

LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 01 – Resultados da análise do solo da área experimental, chácara Esperança,

Brasil Novo, PA, 2008.........................................................................................................

08

Tabela 02 – Tratamentos aplicados e denominação dos fatores estudados......................... 09

Tabela 03 – Análise de variância das médias de produtividade (kg.ha-1

) obtidas em

função dos tratamentos.........................................................................................................

12

Tabela 04 – Análise de variância do desdobramento das médias de produtividade

(kg.ha-1)

do fator Adubação com micronutrientes (M) dentro do fator Cultivar (C) e vice

versa.

13

Tabela 05 – Resultado do teste de Tukey para o desdobramento das médias* de

produtividade (kg.ha-1

) do fator Adubação com micronutrientes (M) dentro do fator

Cultivar (C) e vice versa......................................................................................................

13

Tabela 06 – Análise de variância das médias de peso de fruto de tomate (g.fruto-1

)

obtidas em função dos tratamentos......................................................................................

15

Tabela 07 – Resultado do teste de Tukey para as médias* dos pesos de frutos (g.fruto-1

)

obtidos com os diferentes níveis de adubação com micronutrientes...................................

15

Tabela 08 – Análise de variância do número médio de frutos de tomate por planta obtido

em função dos tratamentos...................................................................................................

16

Tabela 09 – Análise de variância do desdobramento das médias do número de frutos de

tomate por planta do fator Adubação com micronutrientes (M) dentro do fator Cultivar

(V) e vice versa....................................................................................................................

17

Tabela 10 – Resultados do teste de Tukey para o desdobramento das médias* do número

de frutos de tomate por planta do fator níveis de adubação com micronutrientes (M)

dentro do fator Cultivar (V) e vice versa.............................................................................

18

vii

DESEMPENHO DE CULTIVARES E NÍVEIS DE ADUBAÇÃO COM

MICRONUTRIENTES NA PRODUÇÃO DE FRUTOS DE TOMATE

SALADA EM BRASIL NOVO, PA

RESUMO

A cultura do tomateiro ocupa lugar de destaque na horticultura brasileira, seja para o

consumo in natura, seja para a exploração industrial do fruto. Os agricultores dos municípios

da Região Oeste do Território da Transamazônica vêm investindo cada vez mais no cultivo do

tomateiro, com destaque para Medicilândia e Uruará. Os objetivos deste trabalho foram

avaliar o desempenho de três cultivares e de cinco níveis de adubação com micronutrientes

sobre a produtividade de frutos de tomate, peso dos frutos e o número de frutos por planta, em

Brasil Novo, PA. Foram avaliados as cultivares IPA-6, Rio Fuego e Santa Adélia Super, e os

níveis 0, 75, 125, 200 e 250 kg.ha-1

de FTE BR-12, como fonte de micronutrientes. O

experimento foi instalado em fatorial do tipo 3 x 5, no delineamento em blocos ao acaso com

cinco repetições. Os tratamentos consistiram das combinações entre cultivares e os níveis de

adubação. Houve interação dos fatores sobre a produtividade e o número de frutos por planta,

não havendo interação sobre o peso médio dos frutos. Os níveis 0 e 75 kg.ha-1

, além de

proporcionarem os piores resultados, não influenciaram significativamente na produtividade,

no peso médio dos frutos, nem no número de frutos por planta. As maiores produtividades

foram obtidas com 200 e 250 kg.ha-1

. Esses níveis proporcionaram produtividades

estatisticamente iguais dentro de cada variedade, porém diferentes entre variedades. Com a

aplicação de 200 kg.ha-1

a maior produtividade foi obtida com a cultivar Rio Fuego e o pior

desempenho foi o da Santa Adélia. Com a aplicação de 250 kg.ha-1

as produtividades das

cultivares Rio Fuego e IPA 6 foram estatisticamente iguais, porém superiores à da Santa

Adélia. Com relação ao peso médio de frutos, somente os níveis de adubação proporcionaram

efeito significativo, com os maiores pesos obtidos com os níveis de 200 e 250 kg.ha-1

. A

ausência de FTE BR 12 proporcionou o menor peso médio de fruto. Com os níveis de 200 e

250 kg.ha-1

as cultivares Rio Fuego e Santa Adélia Super, onde produziram o maior e menor

número de frutos por planta, respectivamente.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum; Horticultura; Solo; Fertilidade; Amazônia.

1

1 – INTRODUÇÃO

A produção de hortaliças pelos agricultores vem ganhando cada vez mais importância,

devido à diversificação da produção na propriedade, ser complemento alimentar altamente

nutritivo, proporcionar retorno rápido do capital investido e maior rendimento por unidade de

área. Por ser altamente exigente em mão de obra, visto que há maior quantidade de tratos

culturais e estes terem que ser feitos em tempo hábil para o sucesso dos cultivos, a

horticultura se destaca também como geradora de emprego e renda.

O cultivo do tomateiro ocupa lugar de destaque na horticultura brasileira seja para o

consumo in natura ou para a exploração industrial do fruto, ficando, em produção, somente

atrás da batata. Neste contexto os agricultores da Região Oeste do Estado do Pará vêm

investindo cada vez mais no cultivo dessa hortaliça, com destaque para os municípios de

Medicilândia e Uruará.

A alta umidade relativa do ar e a ocorrência de períodos com intensa pluviosidade na

região Amazônica tornam o cultivo do tomateiro uma atividade de alto risco. Devido às

doenças foliares, seu cultivo é preparado para a produção máxima de frutos num único e curto

ciclo. Em outras regiões do país, um único plantio de tomateiros chega a dois ciclos de

colheitas, proporcionando maior produção.

A geração de tecnologias adaptadas às condições edafo-climáticas da região

Amazônica torna-se necessária para que os agricultores ganhem em produção, com maiores

rendimentos por unidade de área, porém, com o uso racional dos insumos. Assim, para

viabilizar o cultivo de uma determinada cultura numa região, é necessário o desenvolvimento

de estudos que levam à indicação das melhores formas de conduzí-lo naquele agrossistema,

tornando-o agronomicamente, economicamente, ambientalmente e socialmente viável.

A opção de realizar este estudo no período de maior precipitação pluviométrica foi em

decorrência da diminuição da oferta de tomates no mercado regional, quando os preços pagos

pelo produto aumentam de forma significativa.

O objetivo deste trabalho foi de avaliar o desempenho de três cultivares de tomate

submetidos a cinco níveis de adubação com micronutrientes sobre a produtividade, o peso

médio dos frutos e o número médio de frutos por planta.

2

2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Características Gerais do Tomateiro

O tomateiro (Solanum lycopersicum L.= Lycopersicon esculentum Mill.) é descrito por

Filgueira (2003) como uma solanácea herbácea, com caule flexível e incapaz de suportar o

peso dos frutos e manter a posição vertical. Embora sendo planta perene, a cultura é anual

sendo da semeadura até a produção de novas sementes, o ciclo varia de quatro a sete meses,

incluindo-se um a três meses de colheita. A floração e a frutificação ocorrem juntamente com

o crescimento vegetativo.

Os frutos são descritos como bagas carnosas e suculentas com aspecto, tamanho e peso

variados, conforme a cultivar. Na maioria das cultivares os frutos são de um vermelho vivo,

quando maduros, resultante da combinação da cor da polpa com a película amarela. São

exceção as cultivares japonesas do grupo “salada”, rosadas, devido à película esbranquiçada.

A coloração vermelha deve-se ao carotenóide licopeno – um agente reconhecido como

anticancerígeno. Esse pigmento também é responsável pela atrativa coloração vermelha que

os produtos agroindustriais de tomate apresentam (FILGUEIRA, 2003).

O sistema radicular é condicionado pelo tipo de cultivo. Na semeadura direta há maior

desenvolvimento no sentido vertical, em detrimento da largura, podendo a raiz principal

ultrapassar dois metros de profundidade. Contrariamente, em cultura transplantada, as raízes

tornam-se ramificadas, ocorre maior desenvolvimento lateral e a profundidade atingida é

menor. Nessa cultura, mais de 60% das raízes localizam-se nos primeiros 10 cm do perfil do

solo, em razão das lesões no transplante, que originam o denso conjunto de raízes laterais,

superficiais. As raízes laterais e adventícias desenvolvem mais que a principal (FILGUEIRA,

2003).

2.2 – Clima e Solo Adequados ao Cultivo do Tomateiro

Segundo Silva et al. (2006), o tomateiro é originário da Costa Oeste da América do

Sul, onde as temperaturas são moderadas (médias de 15 ºC a 19 ºC) e as precipitações

pluviométricas não são muito intensas. Entretanto, floresce e frutifica em condições

climáticas bastante variáveis. A planta pode desenvolver-se em climas do tipo tropical de

3

altitude, subtropical e temperado, permitindo seu cultivo em diversas regiões do mundo.

O clima ideal para seu cultivo é aquele com temperatura amena durante o dia e noites

frias. Regiões com temperatura acima de 30°C não são recomendadas para o cultivo dessa

hortaliça. Acima de 35°C há uma tendência dos frutos maduros tornarem-se amarelos e não

vermelhos (LUZ et al., 2002).

A cultura do tomateiro é altamente exigente quanto à fertilidade do solo, mais

especificamente com relação ao teor de nutrientes, obviamente devido à elevada capacidade

produtiva (FILGUEIRA, 2003). As propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos

devem ser consideradas antes da decisão de se efetuar os plantios, devendo-se evitar áreas que

tenham possibilidade de encharcamento, com topografia muito irregular e que apresentem

manchas ou bancos de areia, cascalho ou pedras (SILVA et al., 2006).

2.3 – Cultivares de Tomateiros

De acordo com Silva et al. (2007), as cultivares de tomateiro podem ser classificadas

em função do segmento comercial para os quais foram desenvolvidas. Assim, tem-se tomate

para mesa, também conhecido como mercado in natura, cujos frutos são utilizados

principalmente na forma de salada, e tomate para indústria, cujos frutos são utilizados no

preparo de extratos, sopas etc. As cultivares atualmente plantadas podem ser reunidas em

cinco grupos ou tipos diferenciados, conforme Filgueira (2003).

2.3.1 – Grupo Santa Cruz

A cultivar Santa Cruz originou-se de um cruzamento natural entre as cultivares Rei

Umberto e Chacareiro (Redondo Japonês). A planta é de hábito de crescimento indeterminado

e a haste principal ultrapassa 2,0 m de altura em cultivos tutorados e podados, conduzidos a

campo.

2.3.2 – Grupo salada

Frutos com diâmetro transversal superior ao longitudinal, normalmente com quatro a

seis lóculos e com massa entre 200 a 300 g por fruto (SILVA et al., 2007).

4

2.3.3 – Grupo cereja

Segundo Filgueira 2003 trata-se de um novo grupo de cultivares para mesa, cuja

cultura foi introduzida no início da década de 1990. É caracterizado pelo minúsculo tamanho

dos frutos (15 a 25 g), biloculares, que apresentam coloração vermelho-brilhante, lembrando

uma cereja, e excelente sabor. São utilizados na ornamentação de saladas, sendo considerada

uma iguaria.

2.3.4 – Grupo italiano

De acordo com Silva et al. (2007), os frutos do tipo San Marzano, também conhecidos

como Saladete, cilíndricos com até 10,0 cm de comprimento e, em média, 5,0 cm de

diâmetro, biloculares, massa média de 150 g por fruto.

2.3.5 – Grupo agroindustrial

A agroindústria exige um tipo especial de tomate, obrigatoriamente produzido em

cultura rasteira, sem tratos culturais sofisticados, objetivando baixo custo de obtenção da

matéria-prima. Os frutos devem apresentar certas características: alta resistência ao transporte,

inclusive a granel; coloração vermelha intensa e distribuída uniformemente pelo fruto;

elevado teor de sólidos solúveis e teor adequado de ácido cítrico (FILGUEIRA, 2003).

2.4 – Importância Econômica do Cultivo de Tomateiros

O tomate é o produto olerícola de maior difusão de uso no mundo para consumo

fresco ou processado, juntamente com a batata, a cebola e o alho. Para o tomate industrial, a

produção é realizada com preços previamente acordados em contratos entre produtores e

industriais, enquanto que para o tomate de mesa o mercado é livre, com forte estacionalidade

de preços e quantidades, cujo canal principal de distribuição no Brasil utiliza os entrepostos

normatizados (CAMARGO et al., 2006 citado por CAMARGO & FILHO, 2008).

Segundo Filho et al. (2005), o Brasil ocupa um modesto 8º lugar entre os principais

produtores de tomate, respondendo por 3% do mercado mundial, mas apresentou tendência de

crescimento, evoluindo em média anual, à taxas de 3,08%. Os maiores volumes são colhidos

5

na China, Estados Unidos, Turquia e Índia, respectivamente.

O Brasil é o maior produtor da América Latina (3.347.650 toneladas), sendo os

principais Estados produtores Goiás, São Paulo e Minas Gerais (AGRIANUAL, 2005 citado

por CALIMAN et al., 2005).

De acordo com Camargo & Filho (2008) a produção média de tomate de mesa no

biênio 2005-2008 foi de 2,14 milhões t. ano-1. Na região Sudeste, que contribuiu com 57%,

São Paulo e Minas Gerais foram os maiores produtores com 43% e o Rio de Janeiro

contribuiu com 10%. A região Sul, que produz somente tomate de mesa, participou com 19%:

Paraná (9%), Santa Catarina (6%) e Rio Grande do Sul (4%). O restante da produção

brasileira (24%) distribuiu-se em outros Estados.

2.5 – Adubação de Tomateiros

O tomateiro é considerado, dentre as hortaliças, uma das espécies mais exigentes em

adubação. Portanto, conhecer as exigências nutricionais, os principais sintomas de

deficiências e o modo de corrigi-las é fundamental para o êxito da cultura (SILVA et al.,

2006).

Segundo Silva et al. (2007), o tomateiro adapta-se bem a solo com pH em torno de 5,5

a 6,0, pois, nessa faixa, os efeitos prejudiciais de altas concentrações de alumínio e manganês

são reduzidos e a disponibilidade de fósforo e molibdênio é aumentada. De acordo com esses

autores a absorção de nutrientes pelo tomateiro é baixa até o aparecimento das primeiras

flores. Daí em diante, a absorção aumenta e atinge o máximo na fase de pegamento e

crescimento dos frutos (entre 40 e 70 dias após o plantio), voltando a decrescer durante a

maturação dos frutos.

A quantidade de nutrientes extraída pelo tomateiro é relativamente pequena, mas a

exigência de adubação é muito grande, pois a eficiência de absorção dos nutrientes pela planta

é baixa. Para os fertilizantes fosfatados, por exemplo, a taxa de absorção é de

aproximadamente 10%. O restante fica no solo, na forma de resíduo, podendo ser absorvido

por plantas daninhas, ser transportado pela água ou ser retido por partículas do solo (SILVA

et al., 2006).

Para obtenção de produtividade acima de 60.000 kg.ha-1, Carmo et al. (2007),

recomendam como adubação de plantio de tomateiros a aplicação, nas covas, de 20 t.ha-1 de

esterco de curral ou o equivalente a 1/3 com esterco de aviário, antes do transplantio. Para a

6

adubação de plantio com NPK os autores recomendam basear-se nos resultados da análise do

solo e seguir os valores contidos no Quadro 01. De forma complementar, se a análise de solo

indicar baixos teores de enxofre, de boro e de zinco, esses autores recomendam aplicar, por

hectare, 30,0 kg de S, 3,0 kg de B e 5,0 kg de Zn, junto com a adubação de plantio, não

fazendo referência aos outros elementos nutrientes.

Quadro 01 . Adubação mineral de plantio para tomateiros.

Fósforo1/ Potássio1/

Baixo Médio Alto

g/cova de N-P2O5 – K2O

Baixo 100-400-200 100-400-150 100-400-100

Médio 100-300-200 100-300-150 100-300-100

Alto 100-100-200 100-200-150 100-200-100 1/Teor apresentado na análise de solo.

Para a adubação de cobertura, Carmo et al. (2007) recomendam aplicar 100 a 200

kg.ha-1 de N e 100 kg.ha-1 de K2O, com parcelamento aos 15, 45, 60, 75 e 90 dias após

transplantio, reduzindo gradativamente a adubação com nitrogênio e aumentando

progressivamente a adubação com K2O.

7

3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Localização e Caracterização da Área Experimental

O trabalho foi realizado na Chácara Esperança, localizada à margem direita do km 45

da Rodovia Transamazônica, no município de Brasil Novo, PA. A área experimental possui

relevo ondulado, sendo a vegetação anterior constituída de capoeira, com cinco anos sem uso

agrícola.

Estudo realizado por Silva et al. (2009), com dados metereólogicos da cidade de

Altamira,PA, distante 45 km da área experimental, relativos ao período de 1990 a 2002,

indicam que a precipitação média anual foi de 2.123 mm, caracterizada por um período

chuvoso entre os meses de dezembro a junho, com 74 % das chuvas, sendo março o mês com

maior precipitação pluvial, com média de 379,2 mm. Apenas 14 % das chuvas ocorrem de

julho a novembro, sendo agosto o mês mais seco, com média de 22,5 mm. A temperatura

média diária anual do período foi de 27,3 °C, com média das máximas e das mínimas de 32,4

°C e 22,1 °C, respectivamente. A umidade relativa do ar média mensal foi de 82 %. No mês

de julho acontece o período de maior insolação, com 7,4 horas de brilho solar médio diário.

O experimento foi implantado em um Nitossolo (Terra Roxa Estruturada) que,

segundo Souza & Lobato (2007) são solos minerais, não hidromórficos e apresentam cor

vermelho-escura tendendo à arroxeada. São derivados do intemperismo de rochas básicas e

ultrabásicas, ricas em minerais ferromagnesianos. Na sua maioria, são eutróficos. As

características de fertilidade do solo estudado, que serviram de base para a recomendação das

adubações, estão contidas na Tabela 01.

3.2 – Produção das mudas e plantio no campo

Foram utilizadas bandejas de polipropileno de 98 células. O substrato usado foi

composto de solo peneirado com esterco bovino, na proporção de 3:1. O semeio foi realizado

no dia 05/12/2008 e o plantio definitivo no campo 35 dias após semeio, quando as mudas

atingiram o sexto par de folhas. O espaçamento adotado foi de 0,8 x 0,5 m, equivalente a

25.000 plantas por hectare. As covas foram abertas com dimensões de 20 x 20 x 20 cm.

8

Tabela 01 – Resultados da análise do solo da área experimental, chácara Esperança, Brasil

Novo, PA. 2008.

Atributo analisado Resultado da Análise Índice

P 3mg/dm3 Baixo K 29 mg/dm3 Baixo Ca 4,5mg/dm3 Alto Mg 1,5mg/dm3 Alto Al 0,000 Ausente Zn 6,5 mg/dm3 Baixo Cu 6,0 mg/dm3 Médio Mn 366 mg/dm3 Alto B 0,50 mg/dm3 Médio Fe 72 mg/dm3 Médio

pH em H2O 6,3 Acidez fraca Saturação por bases (V) 76,2% Alto

Soma de Bases (SB) 6,1cmol/dm3 Alto Acidez Potencial (H + Al) 1,9 cmol/dm3 Baixo

CTC efetiva (t) 6,1 cmol Alto Fonte: Fullin - Laboratório de Análise Agronômica LTDA

3.3 – Tratos Culturais

Foram realizadas pulverizações semanais com produtos à base de oxicloreto de cobre

(80 g em 20 litros de água) e de mancozeb (60 g em 20 litros de água), utilizados como

preventivos para o controle da Requeima (Alternaria solani) e Septoriose (Septoria

lycopersici). Aos sete, 14, 21 e 28 dias após plantio (DAP) foi usado oxicloreto de cobre e aos

35, 42, 49, 56, 63 e 70 DAP foi utilizado o produto a base de mancozeb.

Duas pulverizações foram necessárias para o controle da Vaquinha-verde-amarela

(Diabrotica speciosa) aos 14 e 21 DAP e uma pulverização para o controle da Broca pequena

do fruto (Neoleucinodes elegantalis) aos 56 DAP, com produto a base de deltametrhin na

dosagem de 10 mL em20 litros de água.

Para o controle da Broca grande do fruto (Helicoverpa zea) foram realizadas duas

pulverizações com Bacillus thuringiensis (16 g / 20 litros de água), aos 65 e 73 DAP,

diferindo em data devido as instruções do fabricante do produto para evitar a mistura com

fungicidas. Em todas as pulverizações foi utilizado espalhante adesivo, na base de 10 mL em

20 litros de solução.

9

Após 25 DAP, logo após a primeira adubação de cobertura, foi realizada uma

amontoa, estimulando o lançamento de raízes e melhor controle da erosão laminar e lixiviação

de nutrientes aplicados no solo.

O tutoramento adotado foi o vertical e individual, utilizando talos de folha de babaçu

de 1,5 m de comprimento, enterrados 30 a 40 cm de profundidade. Os tomateiros foram

amarrados aos 25 e 40 DAP. A desbrota foi conduzida na lavoura permitindo que a planta

desenvolvesse duas hastes, deixando um broto logo abaixo do primeiro cacho. As podas

foram realizadas manualmente, retirando os brotos laterais, aos 15, 25 e 35 DAP.

3.4 – Delineamento Experimental e Distribuição dos Tratamentos

O ensaio foi constituído de um arranjo fatorial do tipo 3 x 5, em blocos ao acaso, com

cinco repetições. Os fatores pesquisados foram: três cultivares de tomate, IPA 6, Rio Fuego e

Santa Adélia Super, denominadas respectivamente C1, C2 e C3, e cinco níveis de adubação

com micronutrientes M1, M2, M3, M4 e M5 utilizando 0, 75, 125, 200 e 250 kg.ha-1 de FTE

BR-12,que tem como composição química (Zn) Zinco, (B)Boro (CU) cobre (Fe) Ferro (Mn)

Manganês (Mo) Molibdênio e (Co) Cobalto. A combinação desses fatores possibilitou a

determinação de 15 diferentes tratamentos, conforme (Tabela 02).

Tabela 02 – Tratamentos aplicados e denominação dos fatores estudados

Tratamentos Denominação dos fatores

C1M1 IPA 6 sem FTE BR 12 C1M2 IPA 6 + 75 kg.ha-1 de FTE BR 12 C1M3 IPA 6 + 125 kg.ha-1 de FTE BR 12 C1M4 IPA 6 + 200 kg.ha-1 de FTE BR 12 C1M5 IPA 6 + 250 kg.ha-1 de FTE BR 12 C2M1 Rio Fuego sem FTE BR 12 C2M2 Rio Fuego + 75 kg.ha-1 de FTE BR 12 C2M3 Rio Fuego + 125 kg.ha-1 de FTE BR 12 C2M4 Rio Fuego + 200 kg.ha-1 de FTE BR 12 C2M5 Rio Fuego + 250 kg.ha-1 de FTE BR 12 C3M1 Santa Adélia Super sem FTE BR 12 C3M2 Santa Adélia Super + 75 kg.ha-1 de FTE BR 12 C3M3 Santa Adélia Super + 125 kg.ha-1 de FTE BR 12 C3M4 Santa Adélia Super + 200 kg.ha-1 de FTE BR 12 C3M5 Santa Adélia Super + 250 kg.ha-1 de FTE BR 12

10

As parcelas experimentais foram constituídas de três linhas de plantio com 4,0 m de

comprimento, onde foram plantados oito tomateiros por linha, totalizando 24 plantas. As duas

linhas laterais serviram de bordadura, assim como a primeira e a última planta das parcelas

úteis. Desse modo, cada parcela útil ficou constituída de seis plantas, e ficaram separadas

entre si, em cada bloco, por uma faixa de 1,8 m de largura. Cada um dos quatro blocos foi

formado por três linhas de plantio e 15 parcelas experimentais. Nesse arranjo o experimento

foi constituído de 75 parcelas, totalizando 1.800 tomateiros.

3.5 – Determinação das Adubações

Baseado nos resultados da análise do solo (Tabela 01) e recomendações de Carmo et

al. (2007), conforme Quadro 01, foi definida a adubação química de plantio com 100

kg.ha-1de N, 400 kg.ha-1 de P2O5 e 200 kg.ha-1 K2O, para uma produtividade esperada de 60

t.ha-1 de tomates comerciais. Com base nessa recomendação e no espaçamento adotado, que

totaliza 25.000 covas por hectare, foram definidas as seguintes quantidades de adubo

comercial por planta: 10,0 g de uréia, 40,0 g de superfosfato triplo e 14,0 g de cloreto de

potássio, aplicados no fundo das covas oito dias antes do plantio definitivo no campo, sendo

coberto com a camada superior do solo. A adubação de plantio com NPK foi a mesma para

todos os tratamentos. Diferente das recomendações de Carmo et al. (2007), em nenhum

tratamento foi aplicado adubo orgânico.

A adubação de cobertura nesse estudo foi baseada nas recomendações de Carmo et al.

(2007), com 150 kg ha-1 de N e 100 kg ha-1 de K2O. Com base nessas dosagens, as

quantidades de adubo comercial por planta ficaram assim definidas: 14,0 g de uréia e 7,0 g de

cloreto de potássio, parceladas aos 20, 50 e 75 dias após o plantio no campo (DAP).

Assim, com relação às adubações, a diferença entre tratamentos aplicados foi somente

nas quantidades de FTE BR 12, conforme descrito na Tabela 02.

3.6 – Colheita A colheita foi realizada em três etapas, nos dias 26 e 30 de março e 06 de abril de

2009, totalizando 75, 79 e 86 DAP. No ato da colheita em cada parcela útil os frutos foram

11

selecionados e separados em frutos comerciais, com deficiência nutricional e atacados por

pragas e doenças.

A produção foi avaliada pelo peso de frutos comerciais de cada tratamento,

convertidos em kg.ha-1. Foi avaliado também o peso médio por fruto e o número médio de

frutos por planta de cada tratamento.

3.7 – Análise Estatística

A análise estatística dos resultados do experimento foi realizada com base em

Banzatto e Kronka (1992). Foram realizadas as análises de variância nos níveis de 5 e 1 % de

significância para a verificação da existência de diferenças entre os tratamentos. As médias de

produtividade, de peso de frutos e de número de frutos por planta foram submetidas ao teste

de Tukey a 5% de significância. Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o

Software “Statistical Analisys System – SAS”, versão 6.12 (1998).

12

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Produção de Frutos de Tomate

Com os dados de produtividade de frutos comerciais obtidos com os tratamentos

aplicados (Tabela A-1) foi realizada a análise de variância, cujos resultados (Tabela 03)

indicaram diferença altamente significativa (P < 0,01) entre as cultivares e entre os níveis de

adubação com micronutrientes. Porém, verificou-se também que a interação entre as

cultivares e os níveis de adubação foi altamente significativa (P < 0,01), o que indica existir

uma dependência entre os efeitos dos fatores estudados.

Pelos resultados da Tabela 03 não se pode tirar conclusões somente sobre cultivares

e/ou somente sobre nível de adubação com micronutrientes, uma vez que o teste F para a

interação entre esses fatores foi significativo (P < 0,01). Conclui-se assim que a produtividade

das cultivares dependeu do nível de adubação com micronutrientes e/ou os efeitos desses

níveis de adubação dependeram da cultivar plantada.

Tabela 03 – Análise de variância das médias de produtividade (kg.ha-1) obtidas em função dos tratamentos Fontes de variação G. L. F calculado

Cultivares (C) 2 35,8879** Adubações com micronutrientes (M) 4 71,3502** Interação C x M 8 4,8293** (Tratamentos) (14) Blocos 4 6,0352** Resíduo 56 Coeficiente de variação = 21,08 %

Dado ao efeito significativo da interação entre os dois fatores estudados, foi necessário

proceder ao desdobramento da interação Cultivar (C) x Nível de adubação com

micronutrientes (M) para estudar o comportamento das cultivares dentro de cada nível e dos

níveis de adubação dentro de cada cultivar.

Os resultados da análise de variância do desdobramento (Tabela 04) indicaram que

não houve diferença significativa (P < 0,05) entre as produtividades médias das três cultivares

13

quando se utilizaram os níveis de adubações com micronutrientes M1, M2 e M3 (0, 75 e 125

kg.ha-1 FTE BR 12). Porém, houve diferença altamente significativa (P < 0,01) com a

aplicação dos níveis de micronutrientes M4 e M5 (200 e 205 kg.ha-1 FTE BR 12). Indicaram

ainda que os níveis de adubação proporcionaram efeitos diferenciados (P < 0,01) sobre as

produtividades médias de cada uma das três cultivares avaliadas.

Tabela 04 – Análise de variância do desdobramento das médias de produtividade (kg.ha-1) do fator Adubação com micronutrientes (M) dentro do fator Cultivar (C) e vice versa F. de variação G. L. F calculado

M dentro de C1 4 27,4533** M dentro de C2 4 46,1848** M dentro de C3 4 7,3707** C dentro de M1 2 1,3254 ns C dentro de M2 2 1,9273 ns C dentro de M3 2 1,0723 ns C dentro de M4 2 33,1887** C dentro de M5 2 17,6912**

Uma vez verificada diferença significativa no desdobramento dos fatores estudados,

foi aplicado o teste de Tukey (P≤0,05) para comparação entre as médias de produtividades,

cujos resultados estão na Tabela 05.

Tabela 05 – Resultado do teste de Tukey para o desdobramento das médias* de produtividade (kg.ha-1) do fator Adubação com micronutrientes (M) dentro do fator Cultivar (C) e vice versa. DMS = 13.756,4 Trat. C1 C2 C3

M1 21.603a B 23.739a B 16.047a B M2 21.875a B 28.928a B 19.791a B M3 29.116a B 33.602a B 26.545a AB M4 58.750 b A 75.414a A 35.840 c A M5 54.474a A 65.821a A 37.022 b A *Médias seguidas pelas mesmas letras, em minúsculo nas linhas e em maiúsculo nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

14

Os resultados da Tabela 05 permitem concluir que as maiores produtividades, com

cada uma das três cultivares, foram obtidas com os níveis de adubação M4 e M5. Ressalta-se

que, dentro de cada cultivar, os níveis M4 e M5 proporcionaram produtividades

estatisticamente iguais. Verifica-se ainda, dentro de cada cultivar, que os níveis M1, M2 e M3

não influenciaram nas produtividades médias obtidas.

Analisando ainda os resultados da Tabela 05, verifica-se que os níveis de adubação

M1, M2 e M3 não influíram nas produtividades de nenhuma das três cultivares. No entanto,

com o nível de adubação M4 a melhor produtividade foi obtida com a cultivar Rio Fuego

(C2), com 75.414 kg.ha-1, seguida da IPA-6 (C1), com 58.750 kg.ha-1. Já com o nível M5 as

produtividades das cultivares C2 e C1 foram estatisticamente iguais, porém superiores à da

Santa Adélia Super (C3).

Observando as produtividades médias alcançadas, verifica-se que somente com a

cultivar C2 e com os níveis de micronutrientes M4 e M5 os valores superaram a expectativa

de ultrapassar a marca de 60.000 kg de tomates por hectare. Um dos fatores que certamente

contribuiu para a diminuição dos níveis de produtividade foi o excedente de chuvas ocorrido

na fase de maturação dos frutos, o que diminuiu a vida útil dos tomateiros, como observado

por Baches (2009), na mesma área e época de plantio.

Naturalmente, no período chuvoso da região estudada, os índices de precipitações são

elevados, como foi caracterizado por Silva et al. (2009). No entanto, como demonstrado por

Baches (2009), principalmente nos meses de abril e maio de 2009, os índices foram

notadamente superiores aos valores esperados.

4.2 – Peso Médio dos Frutos de Tomate

O peso médio dos frutos de tomate e o tamanho são características importantes para o

agricultor, pois facilita a comercialização da produção, possibilita melhores preços do produto

uma vez que, em geral, os consumidores têm preferência por frutos maiores. Além disso, para

tratamentos diferentes com o mesmo número de frutos, aquele que apresentar maior peso

médio de fruto poderá, estatisticamente, significar maior produtividade.

Utilizando os dados da Tabela B-1, foi realizada a análise de variância dos pesos

médios dos frutos comerciais de cada tratamento. Os resultados (Tabela 06) indicaram que

não houve diferença significativa (P < 0,05) entre as cultivares, houve diferença altamente

significativa (P < 0,01) entre os níveis de adubação com micronutrientes e não houve

15

interação entre esses fatores. Esses resultados permitem concluir que os níveis de adubação

com micronutrientes interferiram no peso médio dos frutos de tomate.

Tabela 06 – Análise de variância das médias de peso de fruto de tomate (g.fruto-1) obtidas em função dos tratamentos Fontes de variação G. L. F calculado

Cultivares (C) 2 0,5825 ns Adubações com micronutrientes(M) 4 22,1064 ** Interação C x M 8 1,5005 ns (Tratamentos) (14) Blocos 4 1,5833 ns Resíduo 56 Coeficiente de variação = 6,21 %

Os resultados do teste de Tukey a 5% de significância (Tabela 07) indicaram que os

níveis M4, M5 e M3 de micronutrientes proporcionaram os maiores pesos médios de frutos

com 89,48, 86,39 e 85,34 g.fruto-1, respectivamente, não sendo estatisticamente diferentes

entre si. O nível M1 proporcionou o menor peso médio, com 73,59 g.fruto-1.

Relacionando os resultados da Tabela 07 e 05, pode-se concluir que o peso médio dos

frutos obtidos com os níveis de micronutrientes M4, M5 interferiram significativamente no

aumento de produtividades das cultivares estudadas, especialmente da cultivar C2.

Tabela 07 – Resultado do teste de Tukey para as das médias* dos pesos de frutos (g.fruto-1)

obtidos com os diferentes níveis de adubação com micronutrientes (M). DMS = 5,31 g

Tratamentos Peso médio dos frutos (g.fruto-1)

M4 89,5 a M5 86,4 a M3 85,3 a M2 79,9 b M1 73,6 c

*Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

16

4.3 – Número de Frutos de Tomate por Planta

Da mesma forma que o peso, o número médio de frutos por planta também pode ser

um dos indicadores para explicar a diferença de produtividade encontrada entre as cultivares

estudadas. Em ensaios com tratamentos diferentes que produzem frutos com mesmo peso

médio, aquele tratamento que produzir maior número médio de frutos por planta poderá,

estatisticamente, proporcionar maior produtividade.

Utilizando os dados da Tabela C-1 foi realizada a análise de variância para o número

médio de frutos comerciais por planta de cada tratamento. Os resultados (Tabela 08)

indicaram que houve diferença altamente significativa (P< 0,01) entre as cultivares e entre os

níveis de adubação com micronutrientes, bem como houve significância na interação entre

esses fatores. Conclui-se assim que o efeito das cultivares dependeu do nível de adubação

com micronutrientes e/ou os efeitos dos níveis de adubação dependeram da cultivar plantada.

Isso indica haver uma dependência entre os efeitos dos fatores estudados.

Tabela 08 – Análise de variância do número médio de frutos de tomate por planta obtido em função dos tratamentos Fontes de variação G. L. F calculado

Cultivares (C) 2 44,7747** Adubações com micronutrientes (M) 4 60,7042** Interação C x M 8 6,035** (Tratamentos) (14) Blocos 4 5,6687** Resíduo 56 Coeficiente de variação = 20,01 %

Dado ao efeito significativo da interação entre os dois fatores estudados, procedeu-se

ao desdobramento da interação cultivar (C) x nível de adubação com micronutrientes (M) para

estudar o comportamento das cultivares dentro de cada nível e dos níveis de adubação dentro

de cada cultivar.

A análise de variância do desdobramento (Tabela 09) indicou que os níveis de

adubação proporcionaram efeitos diferentes (P < 0,01) sobre o número médio de frutos das

três cultivares estudadas. Indicou também que quando se utilizaram os níveis de adubação

M1, M2 e M3 (0, 75 e 125 kg.ha-1 FTE BR 12, respectivamente), não houve diferença

significativa (P < 0,05) entre o número médio de frutos por planta das três cultivares. Porém,

17

houve diferença altamente significativa (P < 0,01) entre as cultivares com o uso dos níveis M4

e M5 (200 e 250 kg.ha-1 FTE BR 12).

Tabela 09 – Análise de variância do desdobramento das médias do número de frutos de tomate por planta do fator Adubação com micronutrientes (M) dentro do fator Cultivar (V) e vice versa F. de variação G. L. F calculado

M dentro de C1 4 20,958** M dentro de C2 4 46,9625** M dentro de C3 4 5,1158** C dentro de M1 2 2,5719 ns C dentro de M2 2 1,4234 ns C dentro de M3 2 1,3409 ns C dentro de M4 2 41,3048** C dentro de M5 2 22,2736**

Foi aplicado o teste de Tukey (P ≤ 0,05) para a comparação entre as médias do número

de frutos produzidos pelos tratamentos aplicados. Com os resultados da Tabela 10 verifica-se

que para as cultivares IPA-6 (C1) e Rio Fuego (C2) os níveis de adubação M4 e M5

proporcionaram maior número de frutos por planta, sendo estatisticamente iguais dentro de

cada variedade. Já para a cultivar Santa Adélia Super (C3) os níveis M3, M4 e M5

proporcionaram maior número de frutos por planta, sendo estatisticamente iguais. O pior

resultado foi verificado com a cultivar Santa Adélia sem a aplicação de FTE BR 12 (nível

M1).

Os resultados do teste de Tukey (Tabela 10) permitem concluir que os níveis de

adubação M1, M2 e M3, além de proporcionarem os piores resultados, não influíram

significativamente no número médio de frutos por planta entre as três cultivares avaliadas. No

entanto, com os níveis M4 e M5 a cultivar Rio Fuego (C2) produziu o maior número de frutos

por planta, atingindo média de 35,8 frutos com o nível M4. Com esses níveis, o pior

desempenho foi o da cultivar Santa Adélia (C3), que atingiu apenas a média de 16,6 frutos por

planta com o nível M5.

Comparando as médias dos dois melhores resultados das três cultivares (C1 = 25, C2 =

34 e C3 = 16 frutos por planta), obtidas com os níveis M4 e M5 (Tabela 10), conclui-se que a

cultivar Rio Fuego (C2) produziu nove (9) frutos por planta a mais que a IPA-6 (C1) e 18 a

18

mais que a Santa Adélia (C3), o que corresponde aos incrementos de 36,0 e 112,5 %,

respectivamente.

Tabela 10 – Resultados do teste de Tukey para o desdobramento das médias* do número de

frutos de tomate por planta do fator níveis de adubação com micronutrientes (M) dentro do

fator Cultivar (V) e vice versa. DMS = 6,2127 e 5,3084

Tratamentos C1 C2 C3

M1 12,0a B 13,2a B 8,4a C M2 11,2a B 13,8a B 10,2a BC M3 14,0a B 16,0a B 12,4a ABC M4 25,0 b A 35,8a A 15,8 c AB M5 25,4 b A 31,2a A 16,6 c A *Médias seguidas pelas mesmas letras, em minúsculo nas linhas e em maiúsculo nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

19

5 – CONCLUSÕES

Houve interação significativa entre os fatores cultivar e níveis de adubação sobre a

produtividade e sobre o número de frutos comerciais de tomate por planta. Porém, não houve

interação entre os fatores sobre o peso médio dos frutos.

Os níveis zero e 75 kg.ha-1 de FTE BR 12, além de proporcionarem os piores

resultados, não influenciaram significativamente na produtividade, no peso médio de frutos

nem no número de frutos por planta das cultivares avaliadas.

As maiores produtividades foram obtidas com os níveis de 200 e 250 kg.ha-1 de FTE

BR 12. Esses níveis proporcionaram produtividades iguais dentro de cada variedade, porém

diferentes entre variedades.

Com a aplicação de 200 kg.ha-1 de FTE BR 12, a maior e a menor produtividade foram

obtidas com a cultivar Rio Fuego e Santa Adélia Super, com 75,4 e 35,8 t.ha-1 de frutos

comerciais. Já com a aplicação de 250 kg.ha-1 as produtividades das cultivares Rio Fuego e

IPA 6 foram iguais, porém superiores à da Santa Adélia.

Não houve efeito isolado das cultivares nem da interação entre cultivares e níveis de

adubação sobre o peso médio de frutos. Nesse quesito, somente os níveis de adubação

proporcionaram efeito significativo.

Os níveis de 200 e 250 kg.ha-1 de FTE BR 12 proporcionaram os maiores pesos

médios de frutos, não sendo diferentes entre si. A testemunha, sem micronutrientes,

proporcionou o menor peso médio.

Com os níveis de 200 e 250 kg.ha-1 de FTE BR 12 a cultivar Rio Fuego produziu o

maior número de frutos por planta, atingindo a média de 35,8 frutos. Com esses níveis, o pior

desempenho foi o da cultivar Santa Adélia, que atingiu a média de 16,6 frutos por planta.

20

6 - BIBLIOGRAFIAS CITADAS

BACHES, M. A. dos S.; Desempenho de Cultivares e Formas de Adubação de Cobertura na Produtividade de Frutos de Tomate Salada em Brasil Novo, PA. Altamira: UFPA. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia de graduação), Bacharelado em Engenharia Agronômica - Universidade Federal do Pará - Campus Universitário de Altamira, 2009. 36 p. BANZATTO, D.A.; KRONKA, S. do N. Experimentação Agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 247p. CALIMAN, F. R. B.; MATTEDI, A.P.; MOREIRA, G.R.; SILVA, A.J.H. da. Aspectos produtivos e de qualidade de frutos de acessos de tomateiro do BGH/UFV e variedades comerciais. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 45, Resumos. Fortaleza: ABH. 2005. 12-15p. CD-Room. CAMARGO, F. P.; FILHO, W. P. C.; Produção de tomate de mesa no Brasil, 1990-2006: contribuição da área e da produtividade. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 48, Resumos. Maringá: ABH. 2008. 1018-1023p. CD-Room. CARMO, C.A.S.; FOMENTINI, E.A.; BALBINO, J.M. de S.; PREZOTTI, L.C.; ANGELETTI, M. da P. Olerícolas. In: PREZOTTI, L.C.; GOMES, J.A.; DADALTO, G.G.; OLIVEIRA, J.A. de (Editores). Manual de recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito Santo – 5ª aproximação. Vitória: SEEA/INCAPER/CEDAGRO. 167-212p. il. 2007. FILGUEIRA, F.A.R.; Novo Manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2ª edição revisada e ampliada. Viçosa, MG: UFV, 2003, 412p. FILHO, F.A.C.R.; REIS, J.N.P.; SOARES, K. E.; CARVALHO, K.F. Situação da produção de tomate no Brasil e no Mundo entre 1994 e 2003. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 45, Resumos. Fortaleza: ABH. 2005. p 01-04. CD-Room. LUZ, F. J. de F.; SABOYA, R. de C.C.; PEREIRA, P. R. V. da S.; ALVES, A.B. O cultivo do tomate em Roraima. Roraima: CPAFRR, Embrapa Roraima, 2002, 29p. (CPAFRR: Circular Técnica 06). SAS INSTITUTE. Statistical Analitical System user’s guide: statistics. v. 6.12. Cary, NC, 1988 (CD-ROOM). SILVA, C. da S. e; AUGUSTO, S.G.; ANDRADE, A. U. de. Caracterização Agrometeorológica de Altamira, PA. In: Semana de Integração das Ciências Agrárias, 9. Resumo expandido. Altamira: UFPA, 2009. CD-Room. SILVA, D.J.H..; FONTES, P.C.R.; MIZUBUTI, E.S.G; PICANÇO, M.C. Tomate. In: JUNIOR, T.J. de P.; VENZON M. (Coord.) 101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas. Belo Horizonte: EPAMIG, 2007, 800 p.

21

SILVA, J. C. .; GIORDANO L. de B.; FURUMOTO, O.; BOITEUX, L da S. et al. Cultivo de Tomate para Industrialização. Embrapa Hortaliças, Sistemas de Produção, 1 - 2ª Edição, Versão Eletrônica. 2006. SOUZA, D. M. G. de; LOBATO, E. Terra Roxa Estruturada / Nitossolo Vermelho, (2007), Agência de Informação Embrapa – Bioma Cerrado.

22

ANEXOS

23

Tabela A-01 – Produtividades de frutos de tomate (kg.ha-1) obtidas por repetição, em cada

tratamento

Tratamentos REP-1 REP-2 REP-3 REP-4 REP-5 Médias

V1M1 19.500 21.875 21.792 22.626 22.225 21.604 V1M2 17.875 20.475 25.031 18.850 27.145 21.875 V1M3 20.969 25.563 30.281 35.625 33.145 29.117 V1M4 37.125 54.775 50.542 75.062 76.250 58.751 V1M5 30.781 64.725 45.833 74.625 56.406 54.474 V2M1 20.031 20.000 26.375 26.042 26.250 23.740 V2M2 21.771 19.656 47.813 30.025 25.375 28.928 V2M3 36.375 33.656 32.625 35.575 29.781 33.602 V2M4 66.250 68.031 80.625 77.792 84.375 75.415 V2M5 47.813 70.025 58.375 66.100 86.792 65.821 V3M1 15.100 16.563 16.875 17.125 14.575 16.048 V3M2 16.000 15.208 20.875 17.250 29.625 19.792 V3M3 22.208 24.750 26.625 26.969 32.175 26.545 V3M4 33.375 41.625 38.917 34.208 31.075 35.840 V3M5 22.125 41.000 46.200 40.725 35.063 37.023

Tabela B-01 – Peso médio dos frutos de tomate (g.fruto-1) obtido por repetição, em cada

tratamento

Tratamentos REP-1 REP-2 REP-3 REP-4 REP-5 Médias

V1M1 70,9 77,8 78,1 64,7 70,6 72,42 V1M2 79,4 80,3 78,5 78,5 79,5 79,24 V1M3 86,0 81,8 88,1 75,0 92,5 84,68 V1M4 92,8 87,6 86,6 101,8 97,1 93,18 V1M5 80,7 88,1 87,3 86,8 81,3 84,84 V2M1 71,2 76,2 81,2 76,2 61,8 73,32 V2M2 85,7 76,7 83,2 87,0 81,9 82,90 V2M3 82,4 78,0 81,6 97,5 86,6 85,22 V2M4 87,7 86,4 85,3 80,5 84,7 84,92 V2M5 81,4 85,9 85,7 86,4 84,0 84,68 V3M1 65,7 73,6 81,0 76,1 78,8 75,04 V3M2 78,0 70,2 85,6 76,7 78,1 77,72 V3M3 83,3 86,8 87,3 93,8 79,4 86,12 V3M4 83,4 96,8 89,8 96,6 85,1 90,34 V3M5 84,3 88,2 89,7 93,6 92,5 89,66

24

Tabela C-01 – Número de frutos de tomate por planta obtido por repetição, em cada

tratamento

Tratamentos REP-1 REP-2 REP-3 REP-4 REP-5 Médias

V1M1 11 11 11 14 13 12 V1M2 9 10 13 10 14 11,2 V1M3 10 13 14 19 14 14 V1M4 16 25 23 30 31 25 V1M5 15 29 21 34 28 25,4 V2M1 11 11 13 14 17 13,2 V2M2 10 10 23 14 12 13,8 V2M3 18 17 16 15 14 16 V2M4 30 32 38 39 40 35,8 V2M5 24 33 27 31 41 31,2 V3M1 9 9 8 9 7 8,4 V3M2 8 9 10 9 15 10,2 V3M3 11 11 12 12 16 12,4 V3M4 16 17 17 14 15 15,8 V3M5 11 19 21 17 15 16,6

25

Tabela D-01 - Precipitação média mensal do período 1990-2002 e precipitação mensal do período de janeiro a junho de 2009, na Estação Climatológica de Altamira, PA.

Meses Precipitação média do período 1990-2002 (mm)1/

Precipitação do período janeiro a junho de 2009 (mm)2/

Diferença

(mm)

Janeiro 315,7 277,6 -38,1

Fevereiro 316,9 305,8 -11,1

Março 379,2 401,0 +21,8

Abril 328,1 560,5 +232,4

Maio 234,5 428,7 +194,2

Junho 107,9 245,5 +137,6

Julho 65,2

Agosto 22,5

Setembro 51,7

Outubro 52,0

Novembro 104,3

Dezembro 145,4

Fontes: 1/Silva (2004); 2/Estação Climatológica de Altamira, PA, INMET, (obtidos no local)