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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
AVALIAÇÃO DA DENSIDADE POPULACIONAL E POSIÇÃO DE PLANTIO NA PRODUTIVIDADE DE MANDIOCA VARIEDADE SEIS MESES, ALTAMIRA-PARÁ
André Tambara de Camargo
Altamira-Pará
Setembro de 2009
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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
AVALIAÇÃO DA DENSIDADE POPULACIONAL E POSIÇÃO DE PLANTIO NA PRODUTIVIDADE DE MANDIOCA VARIEDADE SEIS MESES, ALTAMIRA-PARÁ
André Tambara de Camargo. Orientador: Prof. Dr. Rainério M. da Silva.
Altamira-Pará
Setembro de 2009
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EPÍGRAFE
“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias.”
Roberto Shinyashiki.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, aos meus pais Tereza Tambara de Camargo e Aparecido Rosa de Camargo aos quais devo a minha existência e, em especial, a minha esposa Katiana dos Santos Tambara de Camargo e meu filho Caio Henrique Santos Tambara de Camargo que são os grandes responsáveis por mais esta vitória em minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me concedido saúde e sabedoria para realizar este trabalho.
Aos meus pais Aparecido Rosa de Camargo, Tereza Tambara de Camargo, pelo Apoio e por terem sempre me incentivados a estudar, mesmo nos momentos difíceis em que passaram;
Em especial à minha esposa Katiana dos Santos Tambara de Camargo que mais do que ninguém, é responsável por esta conquista, sem o seu apoio incondicional sei que teria fracassado;
Ao meu filho Caio Henrique Santos Tambara de Camargo por ser a grande motivação da minha vida, para quem eu busco sempre o melhor;
Ao meu orientador Professor Dr. Rainério Meireles da Silva pelo auxílio, paciência e insistência em terminarmos este trabalho;
Ao Sr. Elias, por ter nos fornecido o material de propagação dessa variedade de mandioca;
A Universidade Federal do Pará, por ter me acolhido e oferecido o melhor de seus profissionais;
A Faculdade de Engenharia Agronômica, pelo esforço em disponibilizar os melhores professores, mesmo nas adversidades em que vivemos;
Ao meu grande amigo e companheiro de trabalho, Flaviano Tontini pela colaboração fundamental na implantação, manutenção e colheita deste experimento;
Aos amigos Gleidson Santos, Kalila Pinheiro e Jânio Damasceno que tiveram significativa participação na realização deste trabalho;
A turma de Agronomia 2004, onde pude fazer grandes amigos e por ter me acolhido como seu membro sem qualquer objeção ou distinção.
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
2 – REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................3
2.1 – Classificação Botânica .........................................................................................3
2.2 – Importância Alimentar .........................................................................................3
2.3 – Importância Econômica ........................................................................................5
2.4 – Importância Social.................................................................................................7
2.5 – Toxidade.................................................................................................................8
2.6 – Cultivo...................................................................................................................9
3 – MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................10
3.1 – Área de Realização do Experimento ..................................................................10
3.2 – Seleção e Preparo das Manivas ..........................................................................11
3.3 – Implantação e Colheita do Experimento ............................................................11
3.4 – Análise Estatística ..............................................................................................14
4 – RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................... 15
4.1 – Parâmetros de análise dos resultados .................................................................15
4.1.1 – Peso da Raiz .................................................................................................15
4.1.2 – Limpeza Mecanizada da Área.......................................................................19
5 – CONCLUSÕES........................................................................................................ 20
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................21
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1 – INTRODUÇÃO
A cultura das tuberosas, entre as quais se destaca a mandioca, Manihot
esculenta Crantz, é cultivada em nível mundial nos países que se situam entre 30º de
latitude Norte e Sul, em relação à linha do Equador. A faixa engloba a América latina,
Caribe África e Ásia. Destes países o Brasil tem posição destacada, não somente pela
expressiva produção agrícola, mas principalmente pela extensa área territorial coberta
pelas culturas (CEREDA, 2002).
O Brasil é o segundo produtor mundial, com 26 milhões de toneladas, sendo
superado pela Nigéria, e concentra a quase totalidade da produção em variedades
"bravas" normalmente destinadas a fins industriais, como a produção de farinha e a
extração da fécula ou goma ou polvilho. Em menor escala, são cultivadas as variedades
de mesa, também chamadas de mandioca, mandioca "mansa", aipim ou macaxeira;
difere das mandiocas "bravas" por conterem baixos teores de ácido cianídrico, princípio
tóxico existente nas raízes e também nas folhas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2009) 1, a
estimativa da produção de mandioca do Brasil em fevereiro/2009 foi de 26.654.959
toneladas, ocupando área de 1.872.659 hectares, com produtividade média de 14.234
kg/ha.
Apesar de assumir grande importância na alimentação humana e animal, o setor
mandioqueiro, no Brasil tem sofrido redução na área plantada desde meados da década
de 1990, até os dias atuais, aliado a isso constata-se, também, que não houve aumento
na produtividade, fato explicado pela falta de incentivo governamental, para as
pesquisas que visem a minimização dos custos e aumento da produtividade dessa
cultura.
Atualmente, o Pará, é o principal estado produtor de mandioca no Brasil. Os
agricultores familiares comercializam diversos produtos obtidos da mandioca, a
1 Dados estatísticos do IBGE referente ao ano de 2009, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponivel no site: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/, acessado em 22 de março 2009.
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exemplo da farinha e o tucupi. As cultivares com baixa concentração de glicosídeo
cianogênico nas raízes (conhecidas popularmente por mandioca mansa, ou mandioca de
mesa) são destinadas ao uso culinário, sendo utilizada na culinária paraense, desde a
raiz até as folhas.
Até pouco tempo, a mandioca era conhecida como um cultivo de pobre, utilizada
quase que exclusivamente para o fabrico da farinha. No entanto, já foram descobertos
mais de 300 produtos e subprodutos oriundos dessa planta usados na indústria
alimentícia. Para cada uma dessas formas de utilização, a mandioca apresenta uma série
de produtos que agregam valores à cultura (FUKUDA 2004).
Na indústria, tem grande utilização: farmacêutica, têxtil, lubrificação das brocas
para a perfuração de poços de petróleo e na indústria de papel, sendo ainda que pode
substituir derivados de trigo na indústria alimentar. Atualmente, novo horizonte tem
despertado para a utilização desse amido que são os biopolímeros (INTELICHE 1998).
Um dos principais problemas encontrados pelos produtores de mandioca é a
manutenção do plantio livre de invasoras, principalmente nos primeiros meses após a
implantação, período considerado fundamental para o bom desenvolvimento da planta e,
consequentemente, para o desenvolvimento das raízes (TONTINI 2009).
O controle manual de invasoras com o uso de enxada, apesar de ser bastante
eficaz e muito utilizado, aumenta o trabalho e o custo de produção, por isso este método
há tempos deixou de ser o mais econômico, principalmente com a escassez de mão-de-
obra no campo e o alto custo da mesma (TONTINI 2009).
Devido à grande variabilidade de solos, clima e cultivares utilizados no Brasil
torna-se difícil o estabelecimento de um espaçamento padrão para a cultura. A
determinação do espaçamento vai depender da fertilidade do solo e do clima da região,
do tipo de cultivar a ser utilizada e da finalidade a que se destina a cultura, no país
predomina o plantio em fileiras simples, sendo que ultimamente para determinadas
regiões preconiza-se a utilização de fileiras duplas (SILVA & ROEL, 2001).
Trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela Seleção de Raízes e Tubérculos do
Instituto Agronômico de Campinas revelaram que as produções aumentam à medida
que se utilizam espaçamentos menores. Porém as dificuldades encontradas para se
efetuarem os tratos culturais em culturas fechadas orientam a recomendação de se
adotarem espaçamentos mais abertos como os de 1,00m x 0,50 a 0,60m em terras de
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baixa fertilidade e de 1,20m x 0,60m para os solos mais férteis onde as plantas têm
condições de apresentarem maior porte.
Santos (2008) comprovou que o método de plantio com a maniva na posição
vertical no solo proporcionou melhor crescimento da planta e maior produção de raízes,
com aumento de produtividade de 25% em relação ao plantio tradicional (maniva na
posição horizontal), principal método de plantio praticado no Brasil.
Tontini (2009) constatou que além do aumento da produção, o plantio na posição
vertical também diminui a mão de obra na implantação do cultivo e consequentemente
reduz custos.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o melhor arranjo, que considerando
a densidade populacional, apresente maior produtividade e aliado a eficiência no
controle de invasoras, uma vez que o espaçamento utilizado entre linhas apresenta
distancia 1,30m possibilitando o uso de um pequeno trator ou uso de implemento de
tração animal, diminuindo consideravelmente os gastos com o cultivo, em detrimento
do uso de mão-de-obra humana, pois esta tem se tornado escassa e onerosa ao
agricultor.
No presente trabalho, foi avaliado também a produtividade de raízes frescas de
mandioca, em função do posicionamento vertical da maniva no solo.
2 - REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – Classificação Botânica
A mandioca é planta dicotiledônea, pertencente à ordem Malpighiales, família
Euphorbiaceae, gênero Manihot e espécie Manihot Esculenta Crantz.
2.2 – Importância Alimentar
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Segundo Silva & Roel (2001), da planta da mandioca se aproveita tudo: as
folhas, as ramas e as raízes. Hoje, comercialmente, o enfoque é dado às raízes, grande
reservatório de amido e principal matéria-prima de aproveitamento econômico dentro
do agronegócio. Dela se produz basicamente mandioca de mesa, farinha e fécula.
As raízes representam importante fonte alimentícia, ricas em calorias e
carboidratos, podendo ser destinadas ao consumo humano e animal e além de possuir
diversas formas de processamento, tais como: raiz cozida, farinha, tucupi, amido, colas,
papel, papelão, tecidos, produção de álcool e acetona, etc. (SOUZA & FIALHO, 2007).
Cereda (2001) relata que, a mandioca apresenta baixo conteúdo de vitaminas
embora às variedades amarelas possam apresentar teores consideráveis de caroteno além
de vitamina C que, em grande parte, perde-se no processamento. Entretanto o consumo
de mandioca ou de seus derivados deve sempre ser acompanhado de alimentos ricos em
proteínas, como carnes e peixes, devido ser alimento essencialmente energético e com
baixo teor protéico.
A mandioca, em particular, representa uma das mais importantes fontes de
energia alimentar em diversos países tropicais, estimando-se que 70 milhões de pessoas
obtêm mais de 500 calorias por dia ingerindo produtos derivados das raízes dessa
cultura, embora as folhas também sejam consumidas (OLIVEIRA & DANTAS, 2004).
Outra característica diferencial da mandioca, em relação a outras culturas, é a
combinação natural de nutrientes contidos na raiz e na parte aérea da planta: As raízes
feculentas são energéticas, ricas em carboidratos, enquanto as folhas têm elevado teor
de proteínas, Fe, Ca, vitaminas B1, B2, B6, C e, principalmente, vitamina A. A
utilização das raízes desidratadas ao sol, sob a forma de raspas, e da parte aérea como
feno e silagem, normalmente deixadas no campo após a colheita, podem significar, na
alimentação animal, a produção de mais carne, leite e ovos (MOTTA, 2007).
De acordo com Franco (1996), que as folhas concentram maior quantidade de
proteínas que os derivados da raiz. A mandioca cozida apresenta o teor de proteínas
elevado devido à concentração ou desidratação ocorrida no processo de fritura. Em
relação ao aumento do número de calorias este valor se eleva em detrimento do tipo de
processamento, sendo a mandioca cozida e a folha de mandioca os produtos menos
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calóricos. Os teores de proteínas da mandioca e de seus produtos estão demonstrados na
Tabela 1, podendo ser observado.
Tabela 1. Composição da raiz e seus produtos e da folha da mandioca. Produtos Calorias Glicídi
os Proteína
s Lipídio
s Cálcio
Fósforo
Ferro
(base fresca) Kcal/100g
-------------------------------------- g/100g ------------------------------
Mandioca cozida 119,0 28,0 0,60 0,2 28 37 0,9
Mandioca frita 352,0 55,2 1,20 14,5 54 70 1,7
Farinha de mandioca
342,0 83,2 1,36 0,5 45 198 0,9
Fécula de mandioca
352,0 86,4 0,60 6,2 10 16 0,4
Folha de mandioca
91,0 18,3 7,00 1,0 303 119 7,6
Fonte: Franco (1996)
Os teores de nutrientes podem ser diferentes de acordo com o tipo de
processamento, como pode ser observado na Tabela 2. Porém a raiz da mandioca
segundo Correa et al. (2005), pode proporcionar cerca de 1.460 kcal/kg de peso fresco,
podendo ser considerada, em termos nutricionais, como fonte de energia barata
necessitando de outros alimentos como fonte de proteína, vitamina, mineral e gordura
para suprir as necessidades nutricionais do homem. Na folha encontra-se significativo
teor de vitamina.
Tabela 2. Principais vitaminas encontradas na raiz e seus produtos e na folha da mandioca.
Produtos Retinol Tiamina Riboflavina Niacina Ácido Ascórbico
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(base fresca) ------------------- µg/100g -----------------
------------ mg/100g ---------
Mandioca cozida 2 50 30 0,6 31,0
Mandioca frita 3 90 60 1,1 66,0
Farinha de mandioca
0 80 70 1,6 14,0
Fécula de mandioca 0 10 20 0,5 0,0
Folha de mandioca 1.960 120 270 1,7 290,0
Fonte: Franco (1996)
2.3 – Importância Econômica.
A cultura da mandioca, segundo Mattos & Cardoso (2001), tem papel importante
na geração de emprego e de renda, notadamente nas áreas pobres da Região Nordeste.
Considerando-se a fase de produção primária e o processamento de farinha e fécula,
estima-se que são gerados, no Brasil, um milhão de empregos diretos. A atividade
mandioqueira proporciona receita anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e
contribuição tributária de 150 milhões de dólares. A produção de mandioca que é
transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receita equivalente a 600
milhões e 150 milhões de dólares, respectivamente.
A cultura da mandioca é diferenciada das demais culturas por duas
características básicas: a resistência à seca, permitindo o cultivo em regiões onde outras
culturas alimentares não conseguem se estabelecer, e a adaptabilidade em solos de baixa
fertilidade. Essas vantagens naturais que a planta apresenta explicam o menor cuidado
dos pequenos produtores no cultivo, determinando o baixo rendimento nacional,
estimado entre 10 a 12 toneladas de raízes por hectare (MOTTA, 2007).
O Brasil apesar de não ter participação significativa no mercado internacional,
exporta alguns derivados de mandioca, notadamente a fécula e a farinha.
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A Tabela 3, mostra a evolução das exportações brasileiras de fécula, no período
de 2000 a 2007, onde se apresenta um pico de exportação no ano de 2002 com mais de
24.779.526 mil toneladas e um total de mais de US$ 5.000.000,00. Nota-se ainda que
em 2007, com aproximadamente a metade deste volume exportado, gerou-se uma
receita de US$ 6.944.508, mostrando uma valorização muito grande no preço da
tonelada deste produto.
Tabela 3 - Evolução das Exportações Brasileiras de Fécula de Mandioca - em mil t/ano
Fonte: SECEX/Aliceweb
Atualmente, observa-se diversificação de produtos ofertados, como a mandioca
minimamente processada, pré-cozida congelada, cozida embalada a vácuo, desidratada,
croquete, salgadinho do tipo aperitivo (“snacks”), frita (“chips”), farinhas de raspas e de
mesa, polvilho doce ou azedo para biscoitos e confeitos, amido entre outros. Por outro
lado, verifica-se recentemente melhoria da qualidade sensorial da farinha produzida por
grandes indústrias e ampliação das aplicações a partir da mandioca ou seus produtos
como: a fécula, as raspas, dextrinas, colas, indústrias de papel, papelão e tecidos, a
produção de glicose, álcool e acetona, entre outros. Com a evolução dos hábitos
alimentares, as necessidades industriais e as exigências de mercado, a abertura e a busca
de mercado, novos usos vão surgindo (FOLEGATTI et al. 2005).
De acordo com Fukuda (2002), uma das demandas mais atuais é o uso da
mandioca palito, que substitui a batatinha, com a vantagem de ser produzida em
qualquer parte do país, a custo reduzido, além de ser bastante apreciada como tira-gosto.
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Para este tipo de utilização o mercado exige variedades com características especificas
como, a capacidade de cortar a polpa das raízes em forma de palitos sem danificar a
máquina e sem perdas de raízes durante o corte, capacidade de fritar sem cozinhar,
resistência a deterioração pós-colheita, sabor e aspecto agradável e crocante.
Na Figura 1, constata-se uma das mais novas formas de utilização da mandioca,
usada para substituir a batata inglesa em bares e restaurantes do país com a vantagem de
ser produzida a menor custo.
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Figura 1. Mandioca palito pronta para a fritura, obtida a partir de diferentes variedades - Fukuda (2002).
Outro destaque importante da utilização dessa raiz na indústria é a fabricação de
etanol, pois na era dos produtos sustentáveis e dos biocombustíveis a mandioca é boa
alternativa, apresentando melhor rendimento que a cana de açúcar. Uma das grandes
vantagens para exploração da mandioca como produtora de etanol é que não existe no
mundo um país que disponha de tanta diversidade genética dessa planta como o Brasil,
possivelmente porque ela foi gerada e domesticada aqui. Enquanto 1 tonelada de cana
produz 85 litros de álcool, 1 tonelada de mandioca com rendimento de 33% de amido e
2% de açúcares produz 211 litros de álcool combustível. Existem variedades de
mandioca com 36% de amido, o que proporciona 230 litros de álcool combustível por
tonelada de mandioca (SILVA, 2003).
2.4 – Importância Social.
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O sistema produtivo da cadeia de comercialização da mandioca apresenta três
tipologias básicas, que levam em conta as interconexões entre a origem da mão-de-obra,
o nível tecnológico, a participação no mercado e o grau de intensidade do uso de capital
na exploração, são elas: a unidade doméstica, a unidade familiar e a unidade
empresarial. Mattos & Cardoso (2003), as define como: Unidade doméstica
caracterizada por usar mão-de-obra familiar, não utiliza tecnologia moderna, participa
pouco do mercado e dispõem de capital de exploração de baixa intensidade; Unidade
familiar, ao contrário da doméstica, adota tecnologia moderna, tem uma participação
significativa no mercado e dispõe de capital de exploração em nível mais elevado;
Unidade empresarial caracterizada pela contratação de mão-de-obra de terceiros,
adoção de tecnologia moderna e grande participação no mercado.
De acordo com Schons et al. (2007), as raízes são fontes de carboidratos na
alimentação humana, sendo as raízes e a parte aérea também usadas na alimentação
animal. A cultura da mandioca possui elevada importância social e a pesquisa com essa
cultura tem potencial para afetar o bem estar de um considerável número de pessoas da
camada social de baixa renda no Brasil.
Segundo Fontes (1999), citado por Chisté et al. (2005), a produção de farinha de
mesa é a principal forma de aproveitamento das raízes, é atividade de importância
social, pois um grande contingente da população rural participa da produção, além de
representar elevada contribuição econômica para os municípios paraenses.
Segundo Cardoso (2005), as casas-de-farinha fazem parte do cenário regional
rural, onde sua presença está fortemente associada à colonização na Amazônia, por
representar a base alimentar da população, situação propiciada pela facilidade de cultivo
da planta, produzindo em condições adversas, além de encontrar na Região Norte
condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento.
2.5 - Toxidade
A toxicidade da mandioca é em decorrência do alto conteúdo de HCN, o qual é o
potente inibidor da respiração celular, causando a morte. Os derivados dos cianetos
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possuem propriedades inibidoras da absorção do iodo pela glândula tiróide provocando
diferentes graus de bócio e retardo mental (MARIATH & RIVEIRA, 1986).
De acordo com Cagnon et al. (2002), citado por Chisté et al. (2005), a mandioca
pertence ao grupo de plantas cianogênicas por apresentar compostos ciânicos e enzimas
distribuídas em concentrações variáveis nas diferentes partes da planta. Pela ruptura da
estrutura celular da raiz, as enzimas presentes (linamarase), degradam estes compostos,
liberando o ácido cianídrico (HCN), que é o princípio tóxico da mandioca e cuja
ingestão ou mesmo inalação, representa sério perigo à saúde, podendo ocorrer casos
extremos de envenenamento. A dose letal é de, aproximadamente, 10 mg de HCN por
kg de peso vivo. Em relação ao teor de ácido cianídrico na raiz, as cultivares são
classificadas em mansas: menos de 50 mg de HCN/kg de raiz fresca sem casca;
moderadamente venenosas: 50 a 100 mg de HCN/kg de raiz fresca sem casca; e bravas
ou venenosas: acima de 100 mg de HCN/kg de raiz fresca sem casca, sendo as
cultivares mansas também conhecidas como de mesa, aipim ou macaxeira.
Existem variedades de mandioca, chamadas "bravas" cujas raízes, quando
ingeridas cruas ou mesmo cozidas, podem provocar intoxicações, porque liberam uma
substância (um glicosídeo cianogenético de nome "linamarina") capaz de produzir ácido
cianídrico (HCN) quando em presença dos ácidos ou enzimas do estomago. As
variedades "mansas" (aipins ou macaxeras) também o encerram, porém em quantidades
inócuas. A secagem (pelo calor do sol ou de secadores) elimina o composto por
volatilização. A cocção pode não eliminar todo ele, razão pela qual a mandioca "brava",
ainda que cozida, pode ocasionar acidentes, o que não acontece com os seus produtos de
indústria (TAKASSE, 2004).
De acordo com Takasse (2004), a presença desse tóxico é constatada em todas
as partes do vegetal, aéreas e subterrâneas. As folhas apresentam as maiores
porcentagens. O córtex, ou casca grossa, encerra teores mais elevados que a polpa,
podendo o córtex das raízes de variedade inócua encerrar dose porcentual mais elevada
que a polpa das raízes de variedades "bravas". No uso culinário das raízes, o córtex é
retirado antes do cozimento.
2.6 – Cultivo
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Na agricultura familiar o preparo de área de implantação da cultura é através do
corte-queima, sendo geralmente a segunda cultura a ser implantada após a abertura da
área, porém nos grandes plantios industriais a implantação e manutenção dos cultivos é
realizada por meio da aragem, calagem e adubação do solo. O sistema de corte-queima
na prática do cultivo de culturas alimentares apresentam inconvenientes como a
poluição ambiental (através da queima), erosão, perda de nutrientes, além de tratar-se de
trabalho perigoso e penoso, com grande desgaste físico do agricultor (MATTOS &
CARDOSO, 2003).
As manivas-semente, estacas ou rebolos podem ser plantados nas posições:
vertical, inclinada ou horizontal. A maneira mais adotada é a horizontal, porque facilita
o plantio e a colheita das raízes. Nesse sistema, simplesmente colocam-se as manivas
nas covas ou distribui-se ao longo dos sulcos. Quando é usado a plantadeira
mecanizada, as manivas também são colocadas na horizontal. As posições inclinada e
vertical são menos utilizados porque as raízes aprofundam mais, dificultando o plantio e
a colheita aumentando os custos com mão-de-obra (MATTOS & CARDOSO, 2003).
O plantio, geralmente, é operação manual, sendo em solos não sujeitos a
encharcamento pode ser feito em covas preparadas com enxada ou em sulcos
construídos com enxada, sulcador a tração animal ou motomecanizados. Tanto as covas
como os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. (FUKUDA &
OTSUBO, 2003).
O plantio em grandes áreas, para fins industriais, é realizado utilizando
plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado que fazem de uma só vez as
operações de sulcamento, adubação, corte das manivas, plantio e cobertura das manivas.
Nesse caso, há plantadeiras com duas linhas de plantio, com capacidade para plantar até
5 ha/dia e mais recentemente surgiram as de quatro linhas, com o dobro da capacidade
de plantio da anterior, porém, com necessidade de tratores com alta potência para sua
operação. Nas regiões produtoras da Região Centro Sul do Brasil, é significativo o uso
dessas máquinas para a operação de plantio Figura 3, (FUKUDA & OTSUBO, 2003).
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Foto: José Osmar Lorenzi
Figura 3. Plantadeira mecanizadas de mandioca: A – Plantadeira de duas linhas e B – Plantadeira de quatro linhas.
A colheita ou arranquio das raízes, segundo Mattos & Cardoso (2003), deve ser
realizada quando as plantas diminuírem o número e o tamanho das folhas, condição em que
atinge o máximo de produção de raízes com elevado teor de amido. A colheita é
primordialmente manual e/ou com auxílio de implementos, tendo duas etapas: a poda das ramas,
efetuada a cerca de 30 cm acima do nível do solo; seguido do arranquio das raízes, com a ajuda
de ferramentas a depender das condições e características do solo. As raízes devem ser
amontoadas em pontos estratégicos a fim de facilitar o recolhimento evitando a permanência por
mais de 24 horas no campo, para evitar a deterioração.
3 – MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - Área de Realização do Experimento
O estudo foi conduzido na Chácara, “Sitónia” localizada a margem direita da estrada da
Princesa do Xingu, a 12 Km da sede do município de Altamira, localizado na Região Sudoeste
do Pará, na BR 230, a distância de aproximadamente 800 km da Capital Belém.
O experimento foi implantado em latossolo amarelo de textura média e relevo plano, a
área era usada no cultivo de pastagem a 15 (quinze) anos, e o único trato cultural realizado foi à
incorporação da vegetação existente através da mecanização com trator e grade de disco. Não
foi realizado análise de solo, calagem e nenhum tipo de adubação.
3.2 - Seleção e preparo das manivas
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A variedade de mandioca utilizada é conhecida regionalmente como seis meses, sua
forma de uso é a utilização das raízes na forma in natura na alimentação humana e animal.
As manivas foram cortadas com auxílio de serra circular, de modo que o corte formou
ângulo reto, no qual a distribuição das raízes é mais uniforme que no corte em bisel. As
manivas-semente apresentavam tamanho de 20 cm e pelo menos 5 a 7 gemas vegetativas,
conforme sugestão de (MATTOS & CARDOSO, 2001).
As manivas, utilizadas neste experimento, foram coletadas na chácara do Sr. Elias
localizada a 32 km da sede do município de Altamira na estrada do aeroporto, obtidas de plantas
sadias com aproximadamente 10 meses de idade e plantadas duas semanas após a coleta. As
estacas selecionadas para o experimento foram adquiridas no terço médio da planta, enquanto
que as demais foram usadas apenas nas bordaduras.
3.3 - Implantação e Colheita do Experimento
O experimento foi implantado no delineamento em blocos inteiramente casualisado
(BIC). Com 4 (quatro) repetições e 40 (quarenta) parcelas experimentais, cada parcela formada
por 24 plantas, num total de 960 (novecentos e sessenta) plantas. Dessas, foram analisadas 320
(trezentos e vinte) e o restante utilizado como bordaduras, a fim de uniformizar o ambiente em
que foi instalado o experimento. As 40 (quarenta) parcelas usadas foram sorteadas e dispostas
em 4 (quatro) blocos e distribuídos no campo.
No experimento, foram usados 2 (duas) posições de plantio (vertical e horizontal) e 5
(cinco) espaçamentos diferentes. No Quadro 1, constata-se os tratamentos aplicados, bem como
os espaçamentos e posições de plantios utilizados. Os espaçamentos variam de 0,30m a 1,10m
entre plantas e 1,30 m entre as fileiras.
20
Quadro 1 - Tratamentos Aplicados no plantio de mandioca. Altamira, 2009.
A1 – Plantio com a maniva na posição vertical e espaçamento (1,30m x 0,30m);
A2 – Plantio com a maniva na posição horizontal e espaçamento (1,30m x 0,30m);
B1 – Plantio com a maniva na posição vertical e espaçamento (1,30m x 0,50m);
B2 – Plantio com a maniva na posição horizontal e espaçamento (1,30m x 0,50m);
C1 – Plantio com a maniva na posição vertical e espaçamento (1,30m x 0,70m);
C2 – Plantio com a maniva na posição horizontal e espaçamento (1,30m x 0,70m);
D1 – Plantio com a maniva na posição vertical e espaçamento (1,30m x 0,90m);
D2 – Plantio com a maniva na posição horizontal e espaçamento (1,30m x 0,90m);
E1 – Plantio com a maniva na posição vertical e espaçamento (1,30m x 1,10m);
E2 – Plantio com a maniva na posição horizontal e espaçamento (1,30m x 1,10m).
O Quadro 2, apresenta a disposição dos blocos no campo. Os símbolos em
vermelho ao centro representam as plantas analisadas no experimento, enquanto que os
pretos ao redor estão representando as bordaduras.
Quadro 2 – Disposição dos Tratamentos no Campo.
BLOCO 1
C1 B2 A1 E2 C2 A2 D2 B1 D1 E1
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
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BLOCO 2
B2 A1 D1 D2 C1 A2 E2 C2 B1 E1
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
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BLOCO 3
D2 B2 E2 A1 D1 C1 A2 C2 B1 E1
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
BLOCO 4
A1 B1 E1 A2 C2 D1 B2 E2 D2 C1
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
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****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ****** ******
*: plantas utilizadas como borda; *: plantas utilizadas na avaliação do experimento.
Os blocos foram dispostos no campo distanciados 2 (dois) metros e o espaçamento entre
fileiras foi 1,30m em virtude da retiradas das plantas invasoras com o auxilio de um pequeno
trator. Nas Figuras 4, 5 e 6, observa-se a dinâmica de montagem do experimento.
Figura 4 - Maniva plantada na posição Horizontal. Altamira – PA, Junho 2008
Figura 5 – Maniva plantada na posição vertical. Altamira – PA, Junho 2008
Figura 6 – Montagem do experimento. Altamira – PA,
Junho 2008
Nas Figuras 7 e 8 constata-se as duas posições de plantio utilizadas no experimento,
sendo que as posições foram organizadas em 5 espaçamentos diferentes e distribuídas em 10
parcelas.
22
Figura 7 – Planta com vinte e cinco dias de idade, oriunda de maniva plantada na horizontal. Altamira – PA, 2009
Figura 8 – Planta com vinte e cinco dias de idade, oriunda de maniva plantada na vertical.
Altamira – PA, 2009
O plantio foi realizado nos dias, 18; 19 e 20 de junho de 2008 em solo
mecanizado e a colheita foi realizada dez meses após o plantio, em 18/04/2008.
Os tratos culturais realizados foram duas capinas mecanizadas com trator
Agralle 4.100 equipado com enxada rotativa, uma capina manual, com auxilio de
enxadão para o arranquio do capim Brachiarão (Brachiaria brizantha) remanescente da
pastagem.
A pesagem das raízes foi realizada com a utilização de uma armação de madeira
para fixação da balança, uma balança com intervalos de 25g, além de um balde de
plástico, fixado na balança, usado para acondicionar as raízes (Figuras 9 e 10) . As
raízes de cada planta foram coletadas, separadas e pesadas imediatamente após o
arranquio. Após a pesagem os pesos por planta foram transformados para kg/ha
conforme os espaçamentos.
Figura 9 – Armação usada para fixar a Balança. Altamira - 2009
Figura 10 – Pesagem das raízes. Altamira - 2009
23
3.4 – Analise Estatística
A análise estatística foi realizada por meio da Análise de Variância (ANAVA),
sendo utilizado o teste de contrastes ortogonais para a comparação múltipla das médias
dos tratamentos. Os contrastes ortogonais realizados foram os seguintes:
• Contraste Y (1): V Vs H: realizado com o objetivo de contrastar o
método de plantio convencional, maniva na horizontal com o método de plantio
na vertical.
• Contraste Y (2): A1 Vs A2; realizado com o objetivo de contrastar o
espaçamento 0,30 x 1,30m, na posição vertical, com o mesmo espaçamento na
posição horizontal.
• Contraste Y(3): A1 e A2 Vs demais; realizado com o objetivo de
contrastar o espaçamento 0,30 x 1,30m, nas posições vertical e horizontal em
relação aos demais espaçamentos.
• Contraste Y(4): A1 e E1 Vs A2 e E2; realizado com o objetivo de
contrastar o espaçamento (0,30m; 1,10m x 1,30m), na posição vertical contra
espaçamento (0,30m; 1,10m x 1,30m) na posição horizontal.
• Contraste Y(5): A1 e B1 Vs A2 e B2; realizado com o objetivo de
contrastar espaçamento (0,30m; 0,50m x 1,30m, nas posições vertical e
horizontal com o espaçamento 0,50 x 1,30m nas posições vertical e horizontal.
• Contraste Y(6): A1 Vs todos os demais de mesma posição; realizado com
o objetivo de contrastar o espaçamento 0,30 x 1,30m, na posição vertical, com
os demais de mesma posição.
• Contraste Y(7): A2 Vs todos os demais de mesma posição; realizado
com o objetivo de contrastar o espaçamento 0,30 x 1,30m, na posição horizontal,
com os demais de mesma posição.
• Contraste Y(8): A1 Vs E1; realizado com o objetivo de contrastar o
espaçamento 0,30 x 1,30m, na posição vertical com o espaçamento 1,10 x 1,30m
nas posição vertical.
• Contraste Y(9): A2 Vs E2; realizado com o objetivo de contrastar o
espaçamento 0,30 x 1,30m, na posição horizontal com o espaçamento 1,10 x
1,30m na posição horizontal.
24
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 – Parâmetros de análise dos resultados
4.1.1 – Peso da Raiz
O peso das raízes foi analisado tomando como base o peso da raiz da mandioca
de mesa coletada aos 10 messes de idade. Nos resultados da ANAVA para essa
característica (Tabela 4) constata-se que não houve diferença significativa entre as
médias dos blocos e para a avaliação dos tratamentos aplicados essa diferença foi
altamente significativa, constatando que há diferença significativa entre as médias dos
tratamentos aplicados, ou seja, há diferenças de peso de raiz entre os diferentes
tratamentos aplicados no experimento.
Tabela 4: Analise da variância obtida para a característica de peso fresco da raiz de mandioca por tipo de plantio avaliados aos 10 messes após o plantio.
FV GL SQ QM F Pr
Blocos 3 885.34383477 295.11461159 0.89 0.4583ns
Tratamentos 9 13264.78034427 1473.86448270 4.45 0.0012**
Resíduo 27 8940.38732308 331.1254641
Total 39 23090.51150212
F.V: fonte de variação; GL: graus de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado médio; F: teste F; ns: não significativo; **: altamente significativo. O coeficiente de variação (CV) foi de 14,02%.
O C.V da análise de variação para este experimento foi de 14,02% portanto o
experimento teve uma boa precisão, com médio coeficiente de variação.
25
O tratamento A2 foi o que apresentou maior produtividade (29.704,00) kg/ha. A
maioria das médias de produtividade dos tratamentos do presente trabalho
apresentaram-se maiores que a média nacional apresentada pelo IBGE (2009) que foi de
14.195,00 kg/ha. O valor torna-se mais expressivo quando levado em consideração que
a média nacional é quantificada em dois ciclos, (18 a 24 meses), enquanto no presente
trabalho o experimento foi colhido com 10 meses de idade.
Tabela 5: Produtividade em kg/ha dos tratamentos aplicados no experimento, separados pela posição de plantio e espaçamento utilizado.
TRATAMENTOS PRODUTIVIDADE (kg/ha)
A2 29.704
B2 21.931
C2 21.465
D2 12.416 HORIZONTAL
E2 12.806
A1 26.116
B1 13.699
C1 18.586
D1 18.437 VERTIC
AL
E1 12.856
Na Tabela 6, encontram-se os resultados dos contrastes ortogonais realizados
entre as médias dos pesos das raízes de cada tratamento. Na análise da variância através
da comparação de médias dos tratamentos pelo método dos contrastes ortogonais,
constatou-se que para os contrastes Y(1) e Y(2) não foram encontrados valores
significativos, nos demais tratamentos Y(3), Y(4), Y(5) Y(6), Y(7), Y(8) e Y(9)
observou-se valores altamente significativos.
26
Tabela 6: Contrastes ortogonais entre as médias do peso fresco das raízes de mandioca em função da posição da maniva no plantio e 5 diferentes espaçamentos.
Contrastes GL SQ QM F Pr
Y(1) 1 3490.52667177 3490.52667177 1.03 0.3181ns
Y(2) 1 3.99046788 3.99046788 0.01 0.9143 ns
Y(3) 1 9456.72937052 12888.92696851 27.92 0.0001**
Y(4) 1 5874.49322203 5874.49322203 17.34 0.0003**
Y(5) 1 5101.70961405 5101.70961405 15.06 0.0006**
Y(6) 1 5921.65086407 5921.65086407 17.48 0.0002*
Y(7) 1 3669.20312356 3669.20312356 10.83 0.0026**
Y(8) 1 3498.35340804 3498.35340804 10.33 0.0032**
Y(9) 1 2425.15489514 2425.15489514 7.16 0.0121*
Tratamentos 9 13264.780344827 13264.780344827 4.35 0.0012**
GL: graus de liberdade; SQ: soma de quadrados; QM: quadrado médio; F: teste F; * significativo; ** altamente significativo, ns: não significativo. O coeficiente de variação (CV) foi de 14,01521.
O contraste Y(1), realizado com o objetivo de contrastar os métodos de plantio
na posição vertical, com os métodos de plantio na posição horizontal não foi constatado
diferença significativa entre a comparação das médias. Portanto, para a etnovariedade
seis meses, quando leva em consideração todos os espaçamentos ao mesmo tempo, não
tem diferença de produtividade se o plantio da estaca é na horizontal ou vertical,
corroborando os dados encontrados por Tontini (2009), que trabalhou com a variedade
“cacau”. Diferente do que foi encontrado por Santos et al. (2007) , que trabalharam com
a variedade “cacauzinho”.
O plantio da maniva na posição horizontal é o método mais praticado pelos
agricultores brasileiros, por isso o interesse em testar este método com o outro na
posição vertical. No entanto para a etnovariedade “seis meses” a posição de plantio
vertical não aumentou significativamente a produtividade de raízes.
Nas Figuras 8 e 9, constata-se exemplares de mandioca plantados nas duas
posições, vertical e horizontal, colhidos aos 10 meses de idade.
27
Figura 8: Raízes de mandioca coletada aos 10 meses de idade através do plantio com a maniva na posição horizontal. Altamira – 2009.
Figura 9: Raízes de mandioca coletada aos 10 meses de idade através do plantio com a maniva na posição vertical. Altamira- 2009.
O contraste Y(2) que teve o objetivo de contrastar o tratamento A1
(espaçamento 0,30m x 1,30m na posição vertical) com o tratamento A2 (espaçamento
0,30m x 1,30m na posição horizontal), não demonstrou diferença significativa entre a
comparação de suas médias. Comprovando que nessa variedade a posição de plantio
não influenciou a produtividade, diferente do que foi apresentado por Santos et al
(2008), onde o método de plantio da maniva na posição vertical no solo proporcionou
melhor crescimento da planta e maior produção de raízes, com aumento de
produtividade de 25% em relação ao plantio tradicional (plantio da maniva na
horizontal), principal método de plantio praticado no Brasil.
O contraste Y(3) realizado com o objetivo de contrastar o espaçamento 0,30 x
1,30m, na posição vertical e horizontal contra todos os demais espaçamentos
independente da posição de plantio, nesse caso os resultados da ANAVA identificam
que houve diferença altamente significativa entre as médias, demonstrando que os dois
tratamentos que utilizaram espaçamento 0,30m x 1,30m foram superiores aos demais
tratamentos usados no presente trabalho, confirmando o encontrado por Tontini (2009),
onde o espaçamento 0,30m x 1,40m independente da posição de plantio apresentou
maior produtividade em relação aos demais espaçamentos aplicados.
No contraste Y(4), que teve por objetivo contrastar o efeito da posição de plantio
na produtividade dos tratamentos que usaram o menor e o maior espaçamento (0,30m;
1,10m x 1,30m) apresentaram diferenças altamente significativa, mostrando que neste
28
caso as médias dos tratamentos na posição horizontal se sobressaíram em relação aos
tratamentos de posição vertical. Ao contrario dos resultados apresentados por Tontini
(2009), onde aposição de plantio vertical se sobressaiu apresentando maior
produtividade que a posição de plantio horizontal.
O contraste Y(5) feito com o intuito de contrastar o efeito da posição de plantio
na produtividade dos tratamentos A1; B1(0,30m; 0,50m x 1,30) na posição vertical,
contra os tratamentos A2; B2 (0,30m; 0,50m) na posição horizontal mostrou diferença
altamente significativa. Demonstrando que a posição de plantio vertical e horizontal
pode apresentar comportamento diferente em função do espaçamento fato comprovado
por Tontini (2009) a diferença de produtividade utilizando a maniva na posição vertical
e horizontal pode apresentar comportamento diferenciado em função do espaçamento.
No contraste Y(6), onde o objetivo foi contrastar a produtividade do tratamento
A1 (0,30m x 1,30m) na posição vertical contra a produtividade dos demais
espaçamentos na posição vertical. O teste de comparação das médias mostrou que
houve diferença altamente significativa entre os tratamentos comprovando a
superioridade deste espaçamento em relação aos demais na mesma posição de plantio,
corroborando os resultados encontrados por Tontini (2009) o espaçamento entre plantas
0,30m apresentou produtividade média superior aos demais.
O contraste Y(7), com o objetivo de contrastar a produtividade do tratamento A2
(0,30m x 1,30m) na posição horizontal contra a produtividade dos demais espaçamentos
na posição horizontal. O teste de comparação das médias mostrou que houve diferença
altamente significativa entre os tratamentos comprovando a superioridade deste
espaçamento em relação aos demais na mesma posição de plantio. Portanto, para essa
variedade estudada os espaçamentos mais adensados independente da posição de plantio
se mostraram superiores em relação aos demais espaçamentos, diferente do que diz
Tontini (2009) para esta posição de plantio o espaçamento 0,30m entre plantas não
apresentou diferença significativa com relação à produtividade obtida nos demais
espaçamentos. Demonstrando que há diferenças entre o comportamento de cada
variedade de mandioca, restringindo os resultados da pesquisa àquela variedade testada.
No contrate Y(8), onde o objetivo foi contrastar o tratamento com menor
espaçamento A1 (0,30m x 1,30 m) na posição vertical contra o maior espaçamento E1
(1,10m x 1,30m), na posição vertical. O resultado do teste de comparação das médias
29
mostrou diferença altamente significativa, mostrando a superioridade do espaçamento
mais adensado em relação ao maior espaçamento, confirmando o que diz Tontini (2009)
a produtividade obtida pelo tratamento A1 foi superior a produtividade do tratamento
E1.
No contrate Y(9), onde o objetivo foi contrastar o tratamento com menor
espaçamento A1 (0,30m x 1,30 m) na posição horizontal contra o maior espaçamento
E2 (1,10m x 1,30m), na posição horizontal. O resultado do teste de comparação das
médias foi constatado diferença altamente significativa, demonstrando a superioridade
do tratamento mais adensado em relação ao tratamento de maior espaçamento,
corroborando os dados obtidos Tontini (2009) a produtividade obtida pelo tratamento
A2 foi superior a produtividade do tratamento E2 também na posição horizontal.
Possivelmente em função que o plantio na horizontal apresenta maior produção
da parte aérea da planta, com elevada produção de ramos e folhas (Santos, 2008).
4.1.2 – Limpeza Mecanizada da Área
O controle de plantas daninhas na cultura da mandioca é fundamental para
obtenção de alta produtividade de raiz. Pesquisa conduzida no Estado da Bahia por
Carvalho et al. (2004), citado por Alves et al (2009), indicou que deve-se manter a
cultura livre de plantas daninhas por um período de 150 dias após o plantio da
mandioca.
Foram realizados, neste experimento duas capinas mecanizadas com trator
Agralle 4.100 equipado com enxada rotativa. O uso de um pequeno trator na realização
da limpeza da área, contribuiu para maior eficiência no controle de invasoras, pois
possibilitou a limpeza de toda a área em um mesmo dia enquanto que a utilização do
método tradicional acarretaria em um tempo bem maior para limpeza desta mesma área.
O espaçamento com 1,30m entre fileiras não foi o mais apropriado para a
utilização do trator 4.100 com enxada rotativa no controle das plantas invasoras, pois
dificultou a passagem do trator e acabou danificando muitas plantas, diferente do que
foi constatado por TONTINI (2009), onde o espaçamento 1,40m entre fileiras se
30
mostrou eficiente no combate às ervas daninhas, pois proporcionou a utilização de trator
4.100 equipado com enxada rotativa.
5 – CONCLUSÕES
Os tratamentos que tiveram menor espaçamento 0,30m x 1,30m, foram os que
apresentaram maior produtividade, se mostrando superiores em relação aos demais.
As médias obtidas neste espaçamento foram muito superiores à média nacional
mesmo sendo colhido aos dez meses de idade. Para a etnovariedade seis meses, os
espaçamentos mais adensados apresentam melhores resultados.
Não houve diferença significativa de produtividade entre as posições de plantio
na horizontal e vertical.
O espaçamento 1,30 m entre fileiras não se mostrou satisfatório no controle de
invasoras por meio da capina mecanizada, pois dificultou a passagem do trator com a
enxada rotativa usada nas capinas, chegando até a danificar a parte aérea de algumas
plantas.
É possível aumentar a produtividade, usando espaçamento adensado,
aumentando a densidade populacional desta planta. Portanto aliando esse fator com a
irrigação, adubação e calagem, aumentaria ainda mais a produtividade da variedade seis
meses.
31
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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