calagem e adubaÇÃo de cacaueiros em latossolo...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO DE AGRONOMIA CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO AMARELO DISTRÓFICO NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA, PA Francisco das Chagas de Medeiros Costa Altamira – Pará – Brasil 2008 .

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CURSO DE AGRONOMIA

CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO

AMARELO DISTRÓFICO NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA, PA

Francisco das Chagas de Medeiros Costa

Altamira – Pará – Brasil

2008

.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CURSO DE AGRONOMIA

CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO

AMARELO DISTRÓFICO NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA, PA

Francisco das Chagas de Medeiros Costa Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Pará, como requisito obrigatório para a conclusão do curso de Engenharia Agronômica.

Altamira – Pará – Brasil

Dezembro / 2008

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“A necessidade de que o trópico úmido brasileiro

seja explorado racionalmente pelo homem

implica, não somente, na colocação em prática de

sistemas agrícolas que possam contribuir para o

desenvolvimento econômico da região e à

conseqüente melhoria de renda e do nível de vida

das populações aí estabelecidas, mas,

principalmente, com o equilíbrio do ecossistema”.

CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira). – Sistema de Produção

de Cacau para a Amazônia Brasileira

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Dedico este trabalho aos meus pais, Antonio Medeiros e Maria José,

pelo apoio incondicional durante toda a minha vida e por dividirem este

sonho comigo.

Aos meus Irmãos pela amizade, confiança e apoio.

A minha esposa Silvani pela compreensão, apoio e confiança

durante os quase cinco anos de curso;

Aos meus filhos Gustavo e Geovana que compreenderam minha

ausência durante este período acadêmico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sua eterna bênção, que me fez nos momentos de angústias e

incertezas dessa caminhada, seguir sem medo e com perseverança.

A Universidade Federal do Pará por seu reconhecido processo de interiorização,

oportunizando o acesso ao ensino superior no interior do Estado.

A CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), pelo apoio

incondicional na liberação dos horários de aulas que coincidia com horário de trabalho e na

liberação de veículo de apoio, para tomada de dados desta pesquisa.

A todos os meus colegas de trabalho, em especial Jailson Brandão (Coordenador

Regional), Edna Carvalho (Coordenadora de Finanças), Marcos Rubens (Coordenador do

Escritório Local) e Francisco Neres pela ajuda nas tomadas de dados ao longo do ano de 2007.

Ao meu Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto, pela orientação e dedicação ao

presente trabalho.

A todos os professores da Faculdade de Ciências Agrárias.

Ao Senhor Adelar Hoffmam por permitir a implantação do experimento na sua

propriedade e ao Sr. Edimilson pela ajuda e dedicação nas práticas de campo.

A todos os colegas da turma de agronomia 2003, Ademilson, Alderley, Alessandra, Aline,

Alcir, Charles, Cléia, Edmárcio, Elias, Euclides, Fabrício, Fabiano, Galdino, Geane, Janilde,

Jânio, Madson, Marco, Socorrinha, Micaelle, Paulo Iran, Rafael, Robson, Rodrigo, Victor e

Thais.

Aos meus colegas das turmas de agronomia que contribuíram na execução e tomada de

dados do projeto, em especial, Ailton e Gleidson (2001), Augusto (2002), Paulo Vitor e Daniel

(2003).

A todas as pessoas que de certa forma contribuíram para a minha formação.

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SUMÁRIO

Páginas 1 - INTRODUÇÃO............................................................................................. 01

2 - REVISÃO DE LITERATURA...................................................................... 03

2.1- Histórico e importância econômica............................................................... 03

2.2- Características de solo e nutrição do cacaueiro............................................. 04

2.2.1- Acidez do solo e calagem.............................................................................. 08

2.2.2- Efeito de nutrientes no controle fitossanitário............................................... 10

2.3- Características climáticas e desenvolvimento do cacaueiro.......................... 12

2.4- Principais doenças do cacaueiro.................................................................... 15

2.4.1- Vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa).................................................. 15

2.4.2- Podridão parda (Phytophthora palmivora).................................................... 17

3- MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 19

3.1- Caracterização e localização da área experimental........................................ 19

3.2- Amostragem e acompanhamento da fertilidade do solo................................ 20

3.3- Calagem e adubação...................................................................................... 22

3.4- Delineamento experimental e distribuição dos tratamentos.......................... 23

3.5- Colheita.......................................................................................................... 24

3.6- Avaliações estatísticas................................................................................... 25

3.7- Tratos culturais e controle fitossanitário........................................................ 25

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 26

4.1- Fatores de conversão de peso de amêndoas úmidas para peso amêndoas

secas de cacau................................................................................................

26

4.2- Análise de produção de amêndoas secas de cacau........................................ 28

4.3- Análise da produção de frutos e incidência de vassoura-de-bruxa e

podridão parda...............................................................................................

32

5- CONCLUSÕES............................................................................................. 35

6- BIBLIOGRAFIAS CITADAS....................................................................... 36

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vi

LISTA DE TABELAS

Páginas

Tabela 01

Resultado das análises do solo das parcelas sob os diferentes

tratamentos aplicados, profundidade de 0,0 a 20,0 cm (amostras

coletadas em novembro de

2006)..............................................................

21

Tabela 02

Especificação das quantidades totais de calcário e adubos (g/planta)

utilizados nos tratamentos, no ano de

2007...............................................

22

Tabela 03

Especificação das quantidades de calcário e adubos (g/planta)

utilizados nos parcelamentos das adubações, relativos ao ano de

2007....................

23

Tabela 04

Fatores de conversão de peso de amêndoas úmidas em peso de

amêndoas secas de cacau, nos quatro períodos avaliados........................

27

Tabela 05

Produção de amêndoas secas de cacau (em kg.ha-1) em função dos

tratamentos aplicados...............................................................................

29

Tabela 06

Número total de frutos colhidos (TFC), de frutos sadios (TFS), de

frutos com vassoura-de-bruxa (TFVB), de frutos com podridão parda

(TFPP) e de frutos perdidos por outras causas (OC), por hectare, e a

relação percentual (%) com o número total de frutos

colhidos.................

32

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vii

LISTA DE FIGURAS

Páginas

Figura 01 – Produção de amêndoas secas de cacau (kg/ha) em função dos

tratamentos aplicados..............................................................................

30

Figura 02 – Curvas sazonais da produção de amêndoas secas de cacau em função

dos tratamentos aplicados.......................................................................

31

Figura 03 – Percentagem de frutos sadios (%FS), com podridão parda (%FPP),

com vassoura de bruxa (%FVB) e perdas por outras causas (%OC) em

relação ao total de frutos colhidos por tratamento..................................

33

Figura 04 – Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com vassoura-de-

bruxa (média por hectare).......................................................................

34

Figura 05 – Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com podridão

parda (média por hectare)......................................................................

34

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CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO AMARELO

DISTRÓFICO NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA, PA

RESUMO

As pesquisas com a lavoura cacaueira no principal pólo do Estado do Pará, no entorno da

Rodovia Transamazônica, foram desenvolvidas em solos de média a alta fertilidade,

principalmente nos Nitossolos. Neste trabalho foi avaliada a produtividade e a incidência de

vassoura-de-bruxa e podridão parda em cacaueiros aos seis anos de idade, implantados em

Latossolo Amarelo Distrófico, no Norte do município de Altamira, PA. O experimento foi

conduzido no delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e dez repetições. Os

tratamentos aplicados foram: Tratamento-1: NPK x sem calagem (SC) x sem micronutrientes

(SM) – testemunha; Tratamento-2: NPK x sem calagem (SC) x com micronutrientes (CM);

Tratamento-3: NPK x com calagem (CC) x sem micronutrientes (SM); Tratamento-4: NPK x

com calagem (CC) x com micronutrientes (CM). Os resultados indicaram diferença significativa

entre os períodos avaliados quanto às médias dos fatores de conversão do peso de amêndoas

úmidas para peso de amêndoas secas de cacau; não houve diferença significativa entre os

tratamentos quanto às médias de produtividades de amêndoas de cacau; as médias de

produtividade dos tratamentos foram expressivamente superiores à do município de

Medicilândia, principal pólo cacaueiro do Estado do Pará; a correção do solo com calagem e a

aplicação de micronutrientes associadas com a adubação básica com N, P e K não

proporcionaram efeitos significativos na redução da incidência de vassoura-de-bruxa nem de

podridão parda; em todos os tratamentos, as incidências de vassoura-de-bruxa e de podridão

parda foram insignificantes; o período mais crítico quanto à incidência de vassoura-de-bruxa nos

frutos foi entre os meses de junho e julho e quanto à incidência de podridão parda foi nos meses

de junho e setembro.

Palavras-chave: Theobroma cacao, Fertilidade do solo, Correção do solo, Fitossanidade,

Produtividade.

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1 – INTRODUÇÃO

Os produtos agrícolas de exportação, como o cacau, passam por ciclos de variação

de preços, principalmente em função da oferta do produto no mercado internacional. Mais

recentemente, a partir do ano de 2000 o cacaueiro passou a assumir o papel de principal

cultivo perene ao longo da Rodovia Transamazônica, no trecho entre os municípios de

Pacajá a Rurópolis, no Estado do Pará, substituindo lavouras decadentes de pimenta do

reino (Piper nigrum L.), de café conilon (Coffea canephora) e de cana de açúcar

(Saccharum officinarum), que já foi a principal cultura no município de Medicilândia e que

teve sua decadência com o fechamento da usina de açúcar Abraham Lincoln que era

administrada pelo INCRA.

A substituição de lavouras por cacaueiros foi fortalecida com a elevação do preço

do cacau no ano de 2002, que passou de R$ 1,20 por quilo de amêndoas secas em 1997 para

R$ 4,50 naquele ano, chegando a atingir picos de R$ 12,00. Além disso, ao longo de mais

de 30 anos de colonização na Transamazônica, a cacauicultura vem garantindo a

estabilidade, o sustento e a renda para muitas famílias de agricultores, se tornando cultura

de referência dessa região, passando a ser plantada em grande escala também em solos de

baixa fertilidade natural e baixa retenção de umidade.

Desde a implantação das primeiras lavouras cacaueira no Pólo da Rodovia

Transamazônica, no Estado do Pará, era orientação da Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira – CEPLAC, órgão público responsável pelo desenvolvimento dessa

cultura, que se plantassem cacaueiros apenas em solos de média a alta fertilidade,

principalmente nos Nitossolos (Terra Roxa). Dessa forma, poucos trabalhos foram

desenvolvidos em solos de baixa fertilidade e baixa retenção de umidade, como os

Latossolos Amarelo Distrófico, abundantes na Amazônia brasileira.

Algumas questões importantes são levantadas em relação à implantação de

cacaueiros em solos ácidos e de baixa fertilidade. Por exemplo:

1) A acidez do solo é fator limitante à disponibilização de nutrientes, principalmente

em função da redução da capacidade de troca de cátions (CTC) e da fixação de fósforo.

Com isso, elevando a saturação de bases via calagem, será aumentada a eficiência das

adubações, além da disponibilização de Ca2+ e Mg2+?

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2) Nesses solos a adubação básica e equilibrada somente com os macronutrientes

primários (N, P e K) será suficiente para repor a exportação de nutrientes e para

incrementar a produtividade do cacaueiro?

3) A adubação de cacaueiros, por ser planta altamente exigente em nutrientes,

deverá ser equilibrada com macro e micro nutrientes para obter resposta satisfatória em

termos de incremento de produtividade?

4) Partindo-se do conhecimento prévio que os micronutrientes essenciais (Fe, Zn,

Cu, B, Mo, Cl, Co e Mn), que alguns são fatores e outros são ativadores de enzimas e todos,

com exceção do boro e cloro, são constituintes metabólicos, exercendo papel de vital

importância nos processos fisiológicos das plantas. A prática da adubação equilibrada com

os macronutrientes primários (N, P e K) reduzirão os índices de doenças como a vassoura-

de-bruxa e a podridão parda do cacaueiro?

Esta pesquisa visa obter respostas a essas indagações e gerar subsídios aos órgãos de

assistência técnica e aos agricultores que trabalham com a lavoura cacaueira em solos de

baixa fertilidade e retenção de umidade, como nos Latossolos Distróficos e nas áreas

degradadas de pastagens com mais de 20 anos de exploração, pois toda a pesquisa para

produção de cacau no principal pólo produtor do Estado do Pará (Municípios próximos à

Rodovia Transamazônica, no trecho entre Pacajá e Ruropolis) foi desenvolvida em solos de

média a alta fertilidade, principalmente nos Nitossolos.

O objetivo geral desse estudo é avaliar a produção de uma lavoura cacaueira

implantada em Latossolo Amarelo Distrófico, no município de Altamira, PA, submetendo

os cacaueiros ao efeito de calagem e adubação com macro e micronutrientes. Foram

avaliados também: a incidência de vassoura-de-bruxa e de podridão parda nos frutos

colhidos além de obter a relação entre o peso de cacau mole e o peso de cacau seco em

diferentes épocas do ano.

O projeto de pesquisa prevê avaliações do quarto até o décimo ano de idade (2005 a

2011). Porém, neste trabalho são apresentados os resultados relativos ao sexto ano da

lavoura no campo (2007).

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2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Histórico e importância econômica

O cacaueiro é originário do continente Americano, aonde pode ser encontrado

vegetando no estrato inferior da floresta tropical. O centro de origem da espécie esta

situado nas cabeceiras do rio Amazonas, de onde se dispersou em duas direções distintas,

através dos Andes para a Venezuela, Colômbia, Equador, América Central, México e

descendo o Amazonas para o norte do Brasil e Guianas, resultando nas cultivares,

conhecidas e denominadas crioulos e forasteiros, respectivamente (MORAIS et al., 1981).

Planta da família das Esterculiáceas, na literatura botânica o cacaueiro foi descrito

inicialmente sob a denominação de Cacao fructus por Charles de L`Ecluse, posteriormente

designado por Linneu como Theobroma cacao, denominação que permanece até hoje

(ALVIM, 1977).

O Brasil atingiu a produção recorde de 457 mil toneladas no ano de 1984, desde

então a produção vem caindo, se agravando ainda mais com a disseminação da vassoura-

de-bruxa (Crinipellis perniciosa), nas lavouras do Estado da Bahia, chegando a uma

produção de 100 mil toneladas/ano. O Brasil passou de segundo país exportador de cacau

para importador. (AFONSO, 2005)

No Estado do Pará a cacauicultura obteve êxito, sobretudo ao longo da Rodovia

Transamazônica, no trecho Altamira – Uruará, abrindo nova perspectiva para a

cacauicultura nacional em razão da disponibilidade de áreas com características próprias de

solo e clima, propiciando a convivência com o fungo Crinipellis perniciosa, em zonas de

escape ou de menor favorecimento à virulência do fungo (SILVA & FALESI, 2006).

O cacaueiro teve seu cultivo introduzido na Transamazônica no trecho

Altamira/Uruará entre os anos de 1976 a 1985 quando, até então, o Estado da Bahia e o

Espírito Santo se constituíam nos pólos produtores de cacau do Brasil. A partir daí foi

implantado o PROCACAU – Programa Nacional de Expansão da Cacauicultura,

intermediado pela CEPLAC, que tinha por objetivos, entre outros, conceder crédito e

assistência técnica aos agricultores e, assim, incentivar o plantio do cacaueiro, viabilizando

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o retorno do cacau às suas origens (SILVA NETO et al., 2001).

A cacauicultura na Amazônia pode ser considerada como o programa de cultivo

perene mais bem sucedido dos trópicos úmidos incentivado pelo governo federal que,

passados 30 anos, ultrapassam os 80 mil hectares plantados racionalmente, proporcionando

cerca de 32.000 empregos diretos e perto de 130.000 indiretos. No Estado do Pará

concentram-se 60% de toda essa economia onde, somente no ano 2000, dentre as 13 mais

importantes atividades agrícolas arrecadadoras, o cacau foi aquela que mais arrecadou em

termos de ICMS, com a soma de R$ 3,6 milhões do total de R$ 6,8 milhões das 13

atividades (SOUZA & REIS, 2001).

2.2 – Características de solo e nutrição do cacaueiro

De acordo com Fearnside & Leal Filho (2002) a qualidade do solo é um parâmetro

fundamental na definição do potencial de produção e sustentabilidade de qualquer área

agrícola.

Novas técnicas de manejo e disponibilidade de material genético tolerante ao

Crinipellis perniciosa sugerem que a cacauicultura na Amazônia tem grandes

possibilidades de expandir e, dentro deste contexto, dois fatores são importantes na seleção

de áreas para o cultivo do cacaueiro: o clima e o solo. O primeiro está mais relacionado

com a disponibilidade de água, visto ser o cacaueiro planta sensível aos períodos críticos

de estiagem, enquanto que o solo se relaciona com a sua fertilidade natural e condições

físico-hídricas, definidas principalmente pela disponibilidade de nutrientes e capacidade de

retenção de água, além da estrutura favorável à drenagem interna (AFONSO, 1979; SILVA

& FALESI, 2006).

A textura do solo constitui parâmetro físico de importância para o cultivo do

cacaueiro. De acordo com Morais et al. (1981), solos considerados aptos para o cultivo de

cacau apresentam textura franco–argilosa e franco–arenosa. Solos muito argilosos

geralmente impedem o desenvolvimento normal do sistema radicular devido a problemas

de aeração. Embora os solos arenosos possibilitem a penetração das raízes a grandes

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profundidades, possuem usualmente uma baixa retenção de água sendo recomendados para

o plantio somente em áreas com boa distribuição de chuvas ou com uso de irrigação.

A textura do solo é fator influente na disponibilidade de micronutrientes para as

plantas, uma vez que tais elementos podem se associar à fase sólida do solo, como por

exemplo, aos minerais de argila. A energia com a qual os micronutrientes ficam associados

à fase sólida é variável de elemento para elemento; isso implica em haver uma mobilidade

diferencial entre os micronutrientes no sistema solo (NEVES, 1996).

O cacaueiro é planta tropical de elevada exigência nutricional, encontrando-se em

geral, implantado em solos de média a alta fertilidade natural e sem limitações nas suas

propriedades físicas. Falesi (1972) relata que, na Rodovia Transamazônica, os solos aptos

para a lavoura cacaueira abrangem notadamente as Terras Roxas (Nitossolos) e os

Podzólicos Vermelhos Amarelos Eutróficos (Argissolos). Os solos são conhecidos não

somente pela riqueza nutricional, mas também pela capacidade de retenção de água e

propriedades físicas favoráveis ao desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular

da cultura, compensando os meses de estiagem (SILVA & FALESI, 2006).

No Estado do Pará, não raro, essa cultura tem sido também cultivada em Latossolos

mais comuns na Bacia Amazônica, cobrindo 220 milhões de hectares ou 45,5% de sua área

total. Esse solo ficou exposto ao clima tropical ao longo de grande parte dos 60 milhões de

anos, com isso, a maioria dos nutrientes foi perdida por lixiviação (SOMBROEK, 1984

apud FEARNSIDE & LEAL FILHO, 2002).

Os Latossolos Amarelo distróficos caracterizam-se pela baixa capacidade de

retenção de água, baixos teores de argila e matéria orgânica, com baixa fertilidade natural e

elevada acidez, limitando o desenvolvimento das plantas, o que torna indispensável o uso

de fertilizantes (FALESI, 1972).

Conforme Fearnside & Leal Filho (2002), poucas informações existem sobre a

resposta de espécies arbóreas amazônicas em relação às diferentes características do solo.

Uma exceção importante é o caso do cacaueiro, uma espécie amazônica de grande

importância econômica e muito pesquisada, em comparação com outras espécies.

É notável que, embora a maioria das espécies amazônicas aparentemente sejam

altamente tolerante aos solos muito ácidos, o pH do solo (reação do solo) é o melhor

previsor de rendimentos do cacau (HARDY, 1961; FEARNSIDE, 1986 apud FEARNSIDE

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& LEAL FILHO, 2002). Estes autores observam ainda que, sob condições ácidas, que

prevalecem na maioria dos solos amazônicos, o pH do solo é um fator importante afetando

o rendimento de muitas culturas, dentre elas o cacaueiro cujo desenvolvimento ocorre com

pH na faixa de 6,0 – 6,5, em que há maior disponibilidade de muitos nutrientes (SILVA

NETO et al., 2001).

O pH baixo tem importância na agricultura por elevar as concentrações de íons que

são tóxicos ou inúteis para as plantas (Fe2+, Al3+ e H+) e que ocupam número significativo

dos poucos sítios de ligação que existem nos componentes do solo. A capacidade de troca

catiônica (CTC) dos solos ricos em óxidos de alumínio depende do pH (FEARNSIDE &

LEAL FILHO, 2002).

A Capacidade de Trocas de Cátions do solo é uma estimativa do número dos sítios

de carga negativa presentes na superfície das moléculas de argila e que podem ser ocupados

por elementos necessários à nutrição das plantas (Ca2+, Mg2+, K+ e Na+), ou por íons que

competem com estes em solos ácidos, como H+, Al3+ e Fe2+, apesar de que, somente os dois

primeiros são incluídos na CTC (FEARNSIDE & LEAL FILHO, 2002).

Justus Liebig (1840) apud Fearnside (2003), observou que plantas requerem certas

substâncias químicas do solo e que elas não podem crescer sem que uma quantidade

mínima de cada nutriente esteja presente. O nutriente que está carente limita o crescimento

da planta, um princípio que até hoje guia a aplicação de fertilizantes na agricultura.

Para expressarem plenamente seu potencial genético as plantas necessitam serem

cultivadas sob condições ótimas de fatores relacionados com o crescimento e

desenvolvimento vegetal. Para a cultura do cacau, a recomendação de adubação com

micronutrientes ainda não atingiu o nível adequado sendo na maioria das vezes,

negligenciados na recomendação de adubação, talvez em função dos poucos resultados de

pesquisa (NAKAYAMA et al., 1998).

Em trabalhos de nutrição de plantas, vários pontos devem ser melhorados, a

começar com a amostragem do solo, pois a análise de solo é o principal meio que se dispõe

para a recomendação correta de calagem e adubação. Essas práticas são as que mais

contribuem para o aumento da produtividade da lavoura, além de ajudar a proteger o

ambiente, pelo crescimento mais rápido das plantas e pelos efeitos residuais que deixam no

solo. Além disso, para adequada amostragem na lavoura, deve-se considerar a

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uniformidade, principalmente quanto ao relevo, à cor e à textura do solo (RIBEIRO et al.,

1999).

A adubação é prática indispensável para o acréscimo ou manutenção da

produtividade em níveis adequados. Uma vez que ela exerce influência no custo de

produção, torna-se necessário o uso correto e racional da adubação a fim de obter

produções mais econômicas (NAKAYAMA, 2001).

A melhoria do nível das técnicas utilizadas através do emprego de fertilização de

solos na cultura do cacau, responsável por grande parte dos incrementos de produtividade

alcançados, tem possibilitado o estabelecimento de plantações em solos de propriedades

químicas menos favorecidas e, além disso, mesmo nos solos considerados férteis, a

adubação básica com N, P e K bem orientada tem apresentado boas respostas, contribuindo

com até 40% no aumento da produtividade (NAKAYAMA, 2001).

Em termos práticos, segundo Nakayama (2001), o cacaueiro exige a aplicação dos

macronutrientes Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre, e dos

micronutrientes Boro, Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio e Zinco, sendo a ordem de

extração dos principais nutrientes para plantas em plena produção a seguinte: Potássio >

Nitrogênio > Cálcio > Magnésio > Fósforo > Manganês > Zinco. Segundo o mesmo autor,

lavoura de 4 a 7 anos de idade, para manter seu crescimento e produzir 1.000 kg de

amêndoas secas por hectare, por ano, precisa de 824 kg de K2O, 529 kg de CaO, 469 kg de

N, 212 kg de MgO e 121 kg de P2O5.

Segundo Osaki (1991) apud Matos (2004), cultivos contínuos fazem com que os

solos percam gradativamente sua fertilidade, não tendo condições de fornecer quantidades

adequadas de nutrientes para as plantas. Baseado nesse aspecto, o rendimento de qualquer

cultura obtido pela aplicação de fertilizantes depende de fatores como o solo, o clima e o

sistema de cultivo.

A falta de qualquer nutriente no solo pode limitar o crescimento das plantas, mesmo

quando todos os outros nutrientes essenciais estejam presentes em quantidades adequadas.

Tem-se constatado a necessidade da reposição de micronutrientes, principalmente em solos

onde houve aplicação de calcário, e conseqüentemente aumento do pH, o que diminui a

disponibilidade de micronutrientes (LOPES, 1998 apud MATOS, 2004).

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Os macronutrientes são exigidos em maiores proporções, enquanto micronutrientes

em menores proporções, mas isto não significa que eles têm um papel secundário no

crescimento das plantas (LOPES, 1998 apud MATOS 2004). Pelo contrário, as duas formas

de nutrientes são igualmente importantes. Em outras palavras, as quantidades de

macronutrientes e de micronutrientes podem interferir na produção. Ressalta-se ainda que a

redução do suprimento de qualquer elemento não só diminui a sua concentração nas folhas

como afeta a absorção e concentração de outros elementos (MORAIS et al., 1981).

2.2.1 – Acidez do solo e calagem

A acidez do solo é problema associado à presença de hidrogênio e alumínio em

forma trocável e a infertilidade dos solos ácidos está relacionada com a toxidade do

alumínio e, ou manganês e à deficiência de cálcio e magnésio (MORAIS et al; 1981).

A calagem bem feita aumenta a atividade microbiana que acelera a decomposição

da matéria orgânica, facilita a ação dos fertilizantes, o que melhora as propriedades físicas e

químicas do solo (LOPES, 1998 apud MATOS, 2004).

Conforme Chepote et al (2005) a necessidade de corretivos para o cacaueiro em

Latossolos Distróficos (ácidos e de baixa fertilidade), visa à elevação dos teores trocáveis

de Ca2+ + Mg2+ para 3,0 cmolc/dm3, quando os teores de Al3+ trocável estão em torno de 1,5

cmolc/dm3. Além de corrigir a acidez, eliminar a toxidez de alumínio e manganês visa

também o suprimento de cálcio e magnésio ao solo.

Morais et al. (1977) submeteram plântulas de cacau cultivado em solos ácidos a

cinco doses de calcário e três de fósforo. A calagem foi efetuada na dosagem de 0, 15, 25,

80 e 100% da quantidade de corretivo necessário para elevar o pH para 6,4. O fósforo foi

adicionado na concentração de 0, 20 e 100 parte por milhão (ppm). Quando a saturação por

Alumínio era menor que 50%, a aplicação de fósforo ocasionou melhor rendimento de

massa seca do que a calagem. A incorporação de calcário em dosagens elevadas (>25%)

retardou o crescimento da planta, provocando uma deficiência generalizada de

micronutrientes, especialmente Zn.

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Em seus estudos de fertilidade dos solos, Morais et al. (1981) Inicialmente citam

Miranda & Dias (1971) que, cultivando plântulas de cacau em solos enriquecido com

alumínio, observaram efeito inibitório do elemento no desenvolvimento do sistema

radicular e na produção de matéria orgânica. Posteriormente citam Ezeta & Santana (1979)

que, trabalhando com plântulas de cacau em solução nutritiva, demonstraram que a

toxidade do alumínio se deve, principalmente, a não absorção do fósforo e de cálcio.

Mesmo em baixas concentrações, o alumínio diminui a absorção e acumulação de fósforo e

cálcio em plântulas de cacau. O efeito tóxico do elemento na elongação do sistema

radicular, somente se manifestou a partir de 15 ppm, sugerindo que o cacaueiro é um

cultivo tolerante ao alumínio.

Em ensaios estabelecidos no campo, em plantações de cacau com 25–30 anos de

idade, Morais et al. (1981) não observaram resultados significativos dois anos após a

incorporação do calcário ao solo. Eles citam que a calagem deve ser efetuada com a

finalidade principal de corrigir a deficiência de cálcio e magnésio do solo e deve ser

efetuada também quando a saturação por alumínio for maior que 50%, para neutralizar o

alumínio solúvel.

Os dados de pesquisas obtidos nos solos da Amazônia têm mostrado que o

crescimento e produção do cacaueiro não apresentaram resposta a calagem (PEREIRA &

MORAIS, 1987). Apesar destes resultados é interessante considerar que a calagem bem

efetuada traz inúmeros benefícios, dentre os quais podem ser citados: a) fornece Ca² + e

Mg² + como nutrientes; b) neutraliza o Al³ + e Mn² + tóxicos às plantas; c) aumenta a

disponibilidade de P e do Mo; d) favorece a mineralização da matéria orgânica; e) aumenta

a fixação simbiótica do N; f) estimula o desenvolvimento do sistema radicular e absorção

de água e nutrientes; e g) melhora as propriedades físicas do solo, devido ao fato do Ca² + e

Mg² + serem elementos floculantes (NAKAYAMA, 2001).

Apesar de todos estes benefícios, a calagem precisa ser criteriosa, pois pode reduzir

a disponibilidade de K e de micronutrientes. Assim, deve-se considerar que o cacaueiro não

foge a regra das outras culturas, necessitando-se de cálcio e magnésio como nutrientes para

o crescimento, desenvolvimento, início e plena produção, principalmente quando esta

cultura está localizada em região com Latossolo Amarelo Distrófico e de textura média,

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necessitando elevar os teores de cálcio e magnésio trocáveis no mínimo para 3,0 meq. 100g-

1, ou seja, para 30 mmolc.kg-1 (NAKAYAMA, 2001).

Práticas como a correção da acidez do solo, se por um lado geralmente favorecem a

disponibilidades de macronutrientes, podem ocasionar decréscimo na disponibilidade da

maioria dos micronutrientes, com exceção do Mo, cuja disponibilidade cresce com o pH.

Assim a supercalagem é extremamente prejudicial para a disponibilidade de

micronutrientes (NEVES, 1996).

Segundo Primavesi (2002) a deficiência de um micronutriente não somente torna a

planta mais pobre neste elemento, mas igualmente altera a concentração de outros minerais

na planta. Sendo, portanto que a absorção e concentração de cada nutriente exercem efeitos

colaterais sobre a absorção e concentração de outros, nunca podendo ser tomado

isoladamente.

O cultivo em solos de baixa fertilidade, a calagem e o aumento da produtividade são

fatores que tem favorecido o aumento das deficiências de micronutrientes. Em plantações

de cacaueiros produtivos, de maneira geral, tem sido constatada com maior freqüência

deficiência de zinco. Plantações cultivadas em áreas de alta fertilidade como as Terras

Roxas Estruturadas e em período de estiagem, observam-se plantas com deficiência de

manganês. Em situações de áreas queimadas ocorrem plantas com deficiência de zinco,

boro e cobre (NAKAYAMA, 2001).

Para fazer a correção da acidez, a quantidade de calcário varia em função do tipo de

solo e é baseada nos resultados de análise em laboratório. Para calcular a quantidade de

calcário a ser aplicada, pode-se utilizar o método da saturação por bases ou da neutralização

do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ (FULLIN & DADALTO, 2001; RIBEIRO

et al., 1999).

2.2.2 – Efeito dos nutrientes no controle fitossanitário

Os efeitos do N, P, K e Ca sobre as doenças das plantas têm sido mais amplamente

relatados (AGRIOS, 1980; HUBER, 1989; MARSCHNER, 1986 apud NAKAYAMA et

al., 1998b). A deficiência e/ou excesso de um nutriente influencia grandemente a atividade

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fisiológica e exerce efeito marcante, com conseqüências que repercutem no metabolismo

das plantas (NAKAYAMA et al., 1998a).

Ainda que a resistência seja geneticamente controlada, ela pode ser influenciada por

fatores ambientais. Dentre esses, o estado nutricional é um fator que pode ser manipulado

com relativa facilidade e utilizado como um complemento no controle de doenças, havendo

a necessidade de ter conhecimentos detalhados de como os nutrientes interferem no

aumento e/ou diminuição da resistência no processo da patogênese (NAKAYAMA et al.,

1998b).

Os efeitos benéficos da nutrição adequadamente balanceada, inclusive em termos de

resistência de plantas a pragas e doenças, como relata Nakayama et al. (1998b), vem sendo

amplamente referidos na literatura. Esse autor vem demonstrando a eficiência de adubação

equilibrada com macro e micro nutrientes e seus efeitos na incidência da vassoura-de-

bruxa.

O papel da nutrição mineral equilibrada na redução do dano às plantas apresenta-se

como uma perspectiva promissora no controle integrado da enfermidade. Os nutrientes

minerais exercem importantes funções no metabolismo vegetal, influenciando o

crescimento e a produção das plantas, além de aumentar e/ou reduzir a resistência da

mesma a determinados patógenos (NAKAYAMA et al., 1998b).

Pesquisa realizada por Morais (1995a e 1995b), com macro e micronutrientes

demonstrou que o fósforo (P) foi o principal nutriente que limitou a produção de cacau na

Amazônia brasileira e, em solos intemperizados, do tipo Latossolo, o potássio (K) e as

interações Nitrogênio x Potássio (N x K) e Fósforo x Potássio (P x K) também foram

importantes para o aumento da produtividade do cacaueiro. De acordo com esse autor, a

redução no índice de frutos atacados pela vassoura-de-bruxa devido ao fósforo e o aumento

dessa enfermidade pela aplicação de nitrogênio e potássio, demonstram a necessidade de

experimentos planejados para elucidar o efeito da interação entre a enfermidade e os

nutrientes do solo.

Nakayama et al. (1998b) afirmam que a tolerância à vassoura-de-bruxa está ligada

ao conteúdo adequado de N e Ca fornecidos por meio da nutrição mineral, à genética do

material vegetal e o alto conteúdo de Mn oriundo da própria planta.

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O papel do Mn na síntese da lignina e fenol pode ser extremamente importante para

o mecanismo de defesa da planta na resistência à doença. A interação e o equilíbrio dos

diferentes nutrientes como o Cu, B, Fe e Mn podem dificultar a infecção pelo patógeno,

pois estão envolvidos na biossíntese da lignina (NAKAYAMA et al., 1998). De acordo com

esse autor, deve haver um bom nível nutricional de Mn, N, Ca, Fe B para as plantas a fim

de que elas sejam menos suscetíveis a doença.

Segundo Huber (1989) apud Nakayama et al. (1998b), o Mn interage com o

metabolismo de Nitrogênio e ambos estão intimamente envolvidos na síntese de

carboidratos, fotossíntese, síntese de fenol e outros compostos associados com a defesa de

plantas contra patógenos.

Em progênies suscetíveis à vassoura-de-bruxa foi observado maior número de

plantas com sintomas, principalmente vassoura terminal, quando submetidas aos

tratamentos de omissão de macronutrientes (NAKAYAMA et al.,1998a). De acordo com

esse autor, diferenças na expressão de sintomas de doenças aparecem em função da falta de

nutrientes minerais e do material genético. Plantas com nutrição equilibrada com macro e

micronutrientes apresentam menos sintomas ou não são infectadas. Acredita-se que dentre

esses nutrientes, o Mn é aquele que mais interfere na tolerância a vassoura-de-bruxa.

2.3 – Características climáticas e desenvolvimento do cacaueiro

O cacaueiro, por ser um cultivo típico de regiões equatoriais, se desenvolve bem

entre os paralelos de 15º de latitude norte e sul do Equador, em altitudes geralmente

inferiores a 300 m. De acordo com Hardy apud Morais et al; (1981), os limites favoráveis

de temperatura para o cultivo podem ser fixados entre 15º a 30 ºC, com média anual de 25,5

ºC e mínima absoluta em torno de 10 ºC. A variação ideal de temperatura deve ser pequena

durante o ano com amplitude diária em torno de 10 ºC.

De acordo com Morais et al. (1981) a precipitação pluviométrica anual em regiões

produtoras de cacau usualmente excede a perda de água por evapotranspiração. Em geral, o

total anual de chuvas está situado entre 1.400 e 2.500 mm. Precipitações superiores a 2.500

– 3.000 mm provocam decréscimo na produção devido ao encharcamento do solo durante

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parte do ano e/ou elevada incidência de enfermidades, especialmente a podridão parda

causada pelo fungo Phytophthora palmivora. Em locais de precipitação inferior a 1,000 –

1.200 mm, o cacaueiro somente pode ser cultivado com o auxílio de irrigação. A umidade

do ar requerida pelo cultivo do cacaueiro é relativamente elevada, situando-se o ótimo em

torno de 80 – 85% de média anual.

Silva Neto et al. (2001) descrevem que o cacaueiro exigem precipitações

pluviométricas superiores a 1.250 mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, com

mínimas mensais de 100 mm e ausência de estação seca bem definida e intensa que

apresente meses com menos de 60 mm de chuva. Regiões com precipitações abaixo destes

valores não são indicadas à exploração econômica da cacauicultura.

De acordo com Silva Neto et al. (2001) a quantidade considerada ótima de chuva

está entre 1.800 a 2.500 mm ao ano. Os períodos secos com mais de três meses são

prejudiciais. De acordo com esses autores, o cacaueiro adapta-se bem em regiões com

temperaturas médias superiores a 21 °C. Tolera por curto espaço de tempo temperaturas

mínimas próximas a 7 °C, não sendo este um fator limitante no entorno da Rodovia

Transamazônica, Trecho Pacajá – Rurópolis.

No pólo cacaueiro paraense, ao longo da Rodovia Transamazônica, há um período

chuvoso característico que vai de dezembro até maio. O total de chuvas (fevereiro a maio)

gira em torno de 1.150 mm, significando uma melhor distribuição de água no solo, podendo

ser considerada como uma vantagem ecológica, pois o excesso hídrico é tão prejudicial

quanto o déficit (SILVA & FALESI, 2006). De acordo com esses autores, essa região

também possui um período seco, sobretudo entre os meses de julho a outubro, cuja

precipitação é sempre inferior a 60 mm por mês. Essa configuração climática conjugada

com as características dos solos propicia ambiente desfavorável à cacauicultura em

Latossolo Distrófico, por um lado pela baixa retenção de água, por outro, pela elevada

demanda na evapotranspiração que ocorre durante estes meses.

Entre os fatores biofísicos, a água é o principal fator que determina a produção das

culturas e, conseqüentemente, a eficiência nutricional. A deficiência hídrica causa redução

de vários processos fisiológicos e bioquímicos na planta: como crescimento das células,

fixação biológica de N2, além de ser um elemento essencial para a manutenção da

quantidade satisfatória de fotossíntese, esta por sua vez desempenha importante papel na

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produção de uma cultura, pois o rendimento de grãos é potencialmente influenciado pela

duração da taxa de acumulação de carboidratos (CRAFTS-BRANDNER & PONELEIT,

1992 apud SANTOS & CARLESSO, 1998).

Segundo Kelling (1995) apud Santos & Carlesso (1998), o efeito do déficit hídrico

sobre a produção das culturas está vinculado ao período de ocorrência durante o

desenvolvimento das plantas. O cacaueiro se comporta como planta de floração contínua

em regiões que não apresentam diferenças sazonais de temperatura e de precipitação. A

colheita inicia-se a partir do 3º ano, e os frutos podem ser colhidos praticamente durante o

ano todo. Porém deficiências hídricas podem ocasionar mudanças fisiológicas como a

partição dos carboidratos no interior da planta, condicionando as plantas a desenvolver

mecanismos de adaptação e resistência, como por exemplo, o desenvolvimento do sistema

radicular nas camadas mais profundas do perfil de maneira que possibilite, às plantas,

explorar melhor a umidade e a fertilidade do solo (SANTOS & CARLESSO, 1998).

Segundo Santos & Carlesso (1998) a floração pode ser inibida durante épocas de

deficiência hídrica no solo, ocasionando colheitas temporãs com menor número de frutos e

tamanho reduzido dos mesmos. A floração torna-se intensa após o reinício das chuvas,

ocorrendo colheitas de frutos bem desenvolvidos no pique de safras, no qual estes frutos

tiveram todas as condições hídricas para seu pleno desenvolvimento.

Dentre os fatores da produção, a água é fator que limita os rendimentos das plantas

cultivadas com maior intensidade, motivo pelo qual o controle eficiente da umidade do solo

é prática fundamental para a obtenção de uma cacauicultura bem sucedida. Desta forma a

irrigação é um dos tratos culturais que mais tem possibilidade de favorecer o aumento da

produtividade, bem como a melhoria da qualidade dos frutos. Por alterações climáticas, a

cacauicultura tem muitas vezes sua safra prejudicada.

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2.4 – Principais doenças do cacaueiro

2.4.1 – Vassoura–de–bruxa (Crinipellis perniciosa)

De acordo com Bastos & Albuquerque (2005) a vassoura-de-bruxa é considerada a

doença mais destrutiva do cacaueiro, trazendo grandes perdas para a economia dos países

produtores de cacau, onde já foi constatada sua ocorrência. Esses autores citam trabalhos de

Ramos, (1960) que relatam casos em que o ataque foi tão severo que chegou a dizimar

totalmente as plantações, como sucedeu na Venezuela, Sucre e Território Delta Amacuro.

No ano em que a doença foi observada pela primeira vez na Venezuela, foram colhidas

5.126 toneladas de cacau, e quatro anos depois se colheu apenas 119 toneladas, o que

corresponde a 97% de perda.

Conforme relatam Bastos & Albuquerque (2005), citando Laker & Ram (1992), na

Região Amazônica brasileira foram registradas perdas superiores a 70% da produção. Na

Região do Sul da Bahia, após o aparecimento da vassoura-de-bruxa em 1989, confirmado

por Pereira et al., (1989) a doença atingiu proporções epidêmicas, ocasionando em pouco

tempo desastre socioeconômico, evidenciado pelo fechamento e abandono de várias

fazendas de cacau.

Os prejuízos diretos sobre a produção em condições epidêmicas e sem qualquer

medida de controle podem alcançar até 90% (BASTOS & EVANS 1979; ALMEIDA &

ANDEBRHAM 1987). Em tal situação as perdas podem ser agravadas pelos efeitos

indiretos da enfermidade, causando a danificação das almofadas florais e a redução da área

foliar. As estimativas de perdas anuais, considerando conjuntamente a produção do Brasil

(Amazônia), Colômbia, Equador, Trinidad–Tobago e Venezuela, são da ordem de 30%

(RUDGARD & LASS 1985 apud ANDEBRHAM et al., 1998).

A vassoura-de-bruxa afeta principalmente os tecidos meristemáticos em

desenvolvimento, tais como: gemas vegetativas, almofadas florais e frutos jovens,

provocando sintomas característicos que se manifestam em forma de hipertrofias e outras

anomalias, como resultados de um desequilíbrio hormonal na interação patógeno-

hospedeiro (BASTOS & ALBUQUERQUE, 2005).

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O Crinipellis perniciosa possui duas fases fisiológica e morfologicamente distintas:

a fase parasítica, encontrada apenas nos tecidos vivos do hospedeiro, caracterizada por

micélio formado por hifas relativamente grossas (5 a 20 mm), intracelulares,

monocarióticas e sem grampos de conexão, e a fase saprofítica encontrada nos tecidos

necróticos ou mortos do hospedeiro, caracterizada por micélio formado por hifas mais finas

(1,5 a 3,0 mm), intracelulares, dicarióticas, com grampos de conexão e de fácil cultivo em

meio de cultura (EVANS & BASTOS, 1979; EVANS, 1980; CALLE, et al., 1982 apud

BASTOS e ALBUQUERQUE, 2005).

De acordo com Andebrhan (1985a) na Amazônia brasileira o período de frutificação

do cacaueiro coincide com o de esporulação do Crinipellis perniciosa, ou seja, o período de

suscetibilidade dos frutos é coincidente com a maior presença de inóculo no ambiente. Os

frutos são mais suscetíveis até aos três meses de idades e a maior concentração de frutos

nesses estádios ocorre normalmente no período de fevereiro a abril. Os maiores picos de

infecção nos brotos vegetativos (vassouras), nas almofadas florais e nos frutos ocorrem nos

meses de junho a agosto, e os picos de produção de basidiomas nos meses de fevereiro a

maio (ANDEBRHAN, 1985b).

O programa de produção de sementes de cacaueiro da CEPLAC na Amazônia teve

como prioridade de distribuição de sementes híbridas originadas de cruzamentos entre

clones de alta produtividade com resistência à C. perniciosa. Esta estratégia tem permitido

a convivência do agricultor com a doença desde que adotada à poda fitossanitária como

forma complementar de controle (BASTOS & ALBUQUERQUE, 2005).

De acordo com Bastos & Albuquerque (2005) o controle da vassoura-de-bruxa pode

ser dividido basicamente em quatro categorias: poda fitossanitária, controle químico,

biológico e genético. Atualmente a poda fitossanitária é a melhor forma de controle da

doença. A eficiência desse controle depende da severidade da incidência, da altura das

plantas e da situação epidêmica de cada local. Em plantações isoladas onde a prática é

realizada de forma correta e nas épocas recomendadas, consegue-se manter as perdas de

produção entre 3 e 5 % e, em áreas mais concentradas, com grande número de plantas

infectadas, as perdas ficam entre 30 e 40% (ANDEBRHAM et al., 1983; ALMEIDA &

ANDEBRHAM, 1987; ANDEBRHAM, et al., 1998).

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Segundo Lima, et al. (1991), consegue-se conviver com a enfermidade em 62,5%

das áreas apenas com a retirada de vassouras verdes e freqüência mensal da prática. No

entanto, com a retirada de vassouras secas e freqüência anual, apenas 15,6% das áreas

conseguem conviver com a doença.

2.4.2 – Podridão parda (Phytophthora palmivora)

Esta doença é de ocorrência generalizada em todos os continentes produtores de

cacau, causando perdas da produção mundial em torno de 10% (Almeida, 2001). De acordo

com o PROCACAU (1976 – 1985), no Brasil a podridão parda causa perdas de

aproximadamente 25% da produção anual, em condições normais, e 40% em anos

adversos. É causada por fungos do gênero: Phytophthora da classe dos Omicetos, com

várias espécies.

No Brasil, na principal região produtora de cacau, o Sudeste da Bahia, o

Phytophthora capsici é o principal causador dessa enfermidade. Por outro lado, na

Amazônia brasileira a Phytophthora palmivora é o principal agente causador da doença,

cujas perdas da produção variam de região para região. No Pará foram constatadas perdas

em torno de 30 a 40% da produção, contrariamente ao verificado nas plantações do Estado

de Rondônia, onde as perdas não são significativas (ALMEIDA, 2001).

O fungo pode ser encontrado em qualquer parte do cacaual. No solo, nos casqueiros

e em qualquer parte da árvore infectada, sendo o inóculo disseminado pela chuva, insetos,

ventos e pelo homem (GRAMACHO, et al., 1992).

A infecção do fruto é, sem duvida, a de maior importância, caracterizando-se pela

mancha escura que aparece três a quatro dias após a penetração do fungo, aumentando

rapidamente, podendo tomar toda a superfície do fruto em pouco tempo, transferindo um

cheiro característico de peixe. Quando o fruto enfermo é deixado na planta, o fungo se

desenvolve através do pedúnculo atingindo a almofada floral, podendo posteriormente

produzir um “cancro” no local da almofada (GRAMACHO, et al., 1992).

No campo são recomendadas práticas culturais e aplicação de fungicidas cúpricos.

As práticas culturais incluem a remoção de todos os frutos infectados existentes nas

árvores, fazendo amontoa dos mesmos. Esta prática deve ser realizada nos meses de

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setembro e outubro, na época da poda fitossanitária para o controle da vassoura-de-bruxa, e

no período de máxima frutificação (janeiro a maio). As colheitas dos frutos infectados

devem ser feitas para evitar a contaminação dos demais frutos. E se caso haja excesso de

umidade e excesso de sombra na plantação, deve-se fazer drenagem e raleamento das

árvores de sombra, criando condições desfavoráveis para o desenvolvimento da doença

(ALMEIDA, 2001).

Temperatura, unidade relativa do ar e chuva (freqüência e intensidade das

precipitações) são fatores climáticos que mais influenciam a incidências e a severidade da

podridão-parda do cacaueiro (ROCHA & MACHADO, 1972; BUTLER, 1981 apud

BASTOS & ALBUQUERQUE, 2005). O excesso de chuvas, temperaturas acima de 35 ºC,

excessiva ou baixa umidade relativa e a saturação do meio por gás carbônico inibem a

esporulação do fungo (BRASIER, 1969 apud BASTOS & ALBUQUERQUE, 2005).

O controle químico é o método mais usado para proteger os frutos contra infecção

por Phytophthora. São recomendados fungicidas à base de cobre, como óxido cuproso,

oxicloreto de cobre e hidróxido de cobre, sendo aplicado nas épocas mais propícias à

ocorrência de epidemias (BASTOS & ALBUQUERQUE, 2005).

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3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Caracterização e localização da área experimental

Este trabalho é parte integrante de um projeto de pesquisa que estuda a viabilidade

técnica e econômica da implantação de lavoura cacaueira em Latossolo Amarelo Distrófico,

no qual está previsto acompanhamento da lavoura a partir do terceiro ano de sua

implantação (janeiro/2005) até atingir a estabilidade de produção, ao completar 10 anos de

idade (dezembro/2011).

O Projeto vem sendo conduzido com a participação de estudantes do Curso de

Agronomia do Campus Universitário de Altamira – UFPA, e os dados estão sendo

utilizados em seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).

O Trabalho está sendo desenvolvido numa área de pequeno agricultor, caracterizado

por uma chácara de 9,0 hectares, com mais de 30 anos de uso com pastagem (pastagem

degradada), localizada na comunidade Traíras, distante 12 km da sede do Município de

Altamira, PA.

O estudo realizado por Silva (2004), com dados da cidade de Altamira, PA,

relativos ao período de 1990 a 2002, indicam que a precipitação média anual é de 2.123

mm, caracterizada por período chuvoso entre os meses de dezembro a junho, com 74% das

chuvas, sendo março o mês com maior precipitação pluvial, com média de 379,2 mm.

Apenas 14% das chuvas ocorrem de julho a novembro, sendo agosto o mês mais seco, com

média de 22,5 mm. A temperatura média diária anual do período foi de 27,3 °C, com média

das máximas e das mínimas de 32,4 °C e 22,1 °C, respectivamente. A umidade relativa do

ar média mensal foi de 80,4%. No mês de julho acontece o período de maior insolação,

com 7,4 horas de brilho solar médio diário.

A lavoura foi implantada em Latossolo Amarelo Distrófico, que segundo

EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Solos (1999) são solos minerais, em

avançado estádio de intemperização, possuem baixa capacidade de troca de cátions, são, em

geral, fortemente ácidos, com baixa saturação por bases.

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O Projeto foi instalado e uma lavoura de cacau (Theobroma cacao L,) com três anos de

idade, cultivada em uma área de dois ha contendo aproximadamente 2.200 plantas no

espaçamento de 3,0 x 3,0 metros.

Neste estudo serão apresentados os dados relativos ao sexto ano de idade da lavoura

(ano de 2007), que corresponde ao terceiro ano de condução da pesquisa.

3.2 – Amostragem e acompanhamento da fertilidade do solo

A área experimental foi selecionada em novembro de 2004 com a demarcação e a

coleta de amostras de solos, tendo em vista o início da aplicação dos tratamentos com

calagem no mês de dezembro do mesmo ano. Essa prática foi adotada pela necessidade de

correção do solo com pelo menos 60 dias antes da aplicação das adubações. Assim, as

coletas de amostras de solos serão sempre realizadas no mês de novembro, a aplicação de

corretivos, em anos alternados, no mês de dezembro e a aplicação dos fertilizantes no início

do ano seguinte, contando pelo menos 60 dias a partir da aplicação do calcário.

Para a recomendação da correção do solo e das adubações do primeiro ano de

pesquisa (2005) foi realizada a primeira amostragem nas profundidades de 0 a 20 cm e de

20 a 40 cm. Foi obtida uma amostra composta por profundidade para toda a área

experimental, uma vez que o manejo anteriormente realizado pelo agricultor havia sido o

mesmo em toda a lavoura.

Do segundo ano em diante foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0 a

20 cm, separadamente nas parcelas de cada tratamento aplicado, perfazendo uma amostra

composta por tratamento. Esta estratificação se faz necessária para avaliar a influencia dos

tratamentos nos resultados das análises dos anos subseqüentes. Os itens analisados foram os

mesmos em todos os anos da pesquisa.

Os resultados das análises das amostras do solo colhidas em novembro de 2006, que

foram a base para a recomendação da quantidade de calcário e de nutrientes dos

tratamentos no período dezembro/2006 a dezembro/2007, estão contidos na Tabela 01.

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Tabela 01 – Resultados das análises do solo das parcelas sob os diferentes tratamentos aplicados, profundidade de 0,0 a 20,0 cm (amostras

coletadas em novembro/2006).

Tratamentos pH P K Zn Fe Mn Cu Ca2+ Mg2+ Al3+ H + Al SB T V P-rem

(cm) Água ---------------------(mg/dm3)-------------------- ------------------(cmolc/dm3)------------------------ (%) (mg/L) TRAT-01(SC-SM)

TRAT-02(SC-CM)

TRAT-03(CC-SM)

TRAT-04(CC-CM)

4,8

4,7

5,0

5,1

9,0

10,0

8,0

10,0

28,0

19,0

21,0

21,0

1,0

1,0

1,0

1,8

140,0

136,0

148,0

155,0

19,0

24,0

19,0

24,0

0,4

0,6

0,6

0,9

0,8

0,7

1,0

1,2

0,1

0,1

0,2

0,3

0,4

0,6

0,4

0,4

4,0

4,2

3,6

3,1

1,0

0,8

1,3

1,6

5,0

5,0

4,9

4,7

19,5

16,8

25,8

33,4

34,0

37,0

36,0

36,0

SB = Somas de bases;

T = CTC a pH 7,0;

V = Índice de saturação de bases;

P-rem = Fósforo remanescente.

Observação: Classificação textural do solo = Franco Arenoso.

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3.3 – Calagem e adubação

As quantidades de fertilizantes necessárias foram calculadas de acordo com os

resultados das análises do solo (Tabela 01), conforme Fullin & Dadalto (2001). Para o

cálculo da necessidade de calagem foi empregado o método da neutralização do Al3+ e da

elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+, de acordo com Ribeiro, et al. (1999) e Fullin &

Dadalto (2001). No projeto as calagens estão programadas para serem realizadas em anos

alternados (2004 e 2006) e os fertilizantes anualmente.

As adubações com os macronutrientes N e K foram realizadas no período chuvoso,

em três aplicações por ano, com intervalos de 50 dias entre uma e outra. O fósforo (P), por

ser elemento de baixa mobilidade no solo, foi aplicado em duas vezes, juntamente com as

duas primeiras doses de N e K. As adubações com micronutrientes ocorreram em uma

única aplicação, juntamente com a primeira dose de NPK.

Como fontes de macronutrientes (NPK) foram utilizados os adubos: formulado (18-

18-18), Uréia, Sulfato de amônio, Superfosfato triplo e Cloreto de potássio. Como fonte de

micronutrientes foi utilizado o FTE-BR-12.

As quantidades de calcário e de adubos utilizadas nos tratamentos são apresentadas

na Tabela 02.

Tabela 02 – Especificação das quantidades totais de calcário e adubos (g/planta) utilizados

nos quatro tratamentos, no ano de 2007.

Tratamentos Quantidade de adubo (g/planta)

Calcário PRNT 65%

Formulado 18-18-18

SFT/1 KCl/2 Sulfato de amônio

Uréia FTE BR-12

01 – SC-SM 400 165 100 180 50 02 – SC-CM 400 165 100 180 50 45 03 – CC-SM 1.065 400 165 100 180 50 04 – CC-CM 1.065 400 165 100 180 50 45 /1 = Superfosfato triplo; /2 = Cloreto de potássio;

As adubações e calagem relativas ao ano de 2007 foram realizadas conforme

cronograma e quantidades estabelecidas na Tabela 03.

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Tabela 03 – Especificação das quantidades de calcário e adubos utilizados nos

parcelamentos das adubações, relativos ao ano de 2007.

Quantidades de adubos aplicadas (g/planta)

Produto comercial

utilizado

Dezembro/2006 1ª parcela

(15/03/2007)

2ª parcela

(04/05/2007)

3ª parcela

(21/06/2007)

Calcário Dolomítico Formulado 18-18-18 FTE BR-12 Sulfato de amônio Superfosfato triplo Cloreto de potássio Uréia

1.065

400 45

180 165 60

40 50

3.4 – Delineamento experimental e distribuição dos tratamentos

O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado com dez

repetições de cada tratamento, perfazendo um total de 40 parcelas experimentais. Cada

parcela contém nove cacaueiros híbridos oriundos de sementes distribuídas pela CEPLAC e

estão separadas entre si por linhas de cacaueiros como bordaduras internas.

Por se tratar de solo de baixa fertilidade natural e o cacaueiro ser exigente em

nutrientes, partiu-se do princípio que toda a área deveria receber no mínimo a adubação

básica com NPK prescrita em função dos resultados das análises do solo. Assim, todas as

parcelas experimentais receberam as mesmas quantidades de NPK.

As variáveis (fatores) estudadas neste trabalho foram: Aplicação e não aplicação de

calcário e aplicação e não aplicação de micronutrientes. Nas parcelas que receberam

calagem foram aplicadas às mesmas quantidades de calcário. Da mesma forma, nas

parcelas que receberam micronutrientes, as quantidades foram às mesmas. Assim foram

avaliadas as quatro combinações possíveis (Tratamentos):

Tratamento-1: NPK x Sem Calagem (SC) x Sem Micronutrientes (SM) –

Testemunha;

Tratamento-2: NPK x Sem Calagem (SC) x Com Micronutrientes (CM);

Tratamento-3: NPK x Com Calagem (CC) x Sem Micronutrientes (SM);

Tratamento-4: NPK x Com Calagem (CC) x Com Micronutrientes (CM).

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3.5 – Colheita

A produção foi obtida pela colheita individual em cada parcela, realizada a cada 21

dias, entre os meses de janeiro/2007 a dezembro/2007. Foi obtido, ainda, o número de

frutos colhidos, número de frutos atacados pela vassoura-de-bruxa, números de frutos

atacados pela podridão parda e número de frutos sadios por tratamento.

Para a conversão do peso de amêndoas úmidas em peso de amêndoas secas,

diferentemente de Pina (2001), o qual recomenda multiplicar o valor do peso das amêndoas

úmidas por um único fator de correção (0,40), foi realizada a avaliação do rendimento do

peso de cacau seco para cada tratamento, em quatro meses do ano, conforme as condições

de precipitação determinadas por Silva (2004). A primeira avaliação foi realizada em abril,

em pleno período chuvoso; a segunda em junho, no final do período chuvoso; a terceira em

setembro, em pleno período de estiagem; e a quarta em novembro, no final do período de

estiagem. Assim foram obtidos quatro fatores de conversão de peso das amêndoas úmidas

para peso de amêndoas secas.

O peso das amêndoas úmidas das 10 repetições de cada tratamento foi obtido

separadamente. Ao final, depois da pesagem das amêndoas úmidas das 10 repetições, estas

foram reunidas e homogeneizadas, por tratamento, para retirada de duas amostras de 3.000g

de cada tratamento, perfazendo oito amostras, para fermentação e posterior secagem.

A fermentação foi efetuada em cochos de madeira. Sendo as amostras de cada

tratamento individualizadas pelo uso de sacos de tela plástica tipo sombrite, devidamente

identificadas. O revolvimento foi diário, a partir das 48 horas iniciais, ao longo de cinco

dias.

Após a fermentação foi realizada a secagem natural em secador tipo estufa. Após a

secagem foram obtidos os pesos das amêndoas secas das duas amostras de cada tratamento.

Dividindo-se os pesos das amêndoas secas pelo peso das amêndoas úmidas de cada

amostra, obteve-se o fator de conversão do peso úmido/peso seco. O fator de conversão

para cada tratamento foi obtido pela média aritmética dos valores das duas amostras de

cada tratamento.

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3.6 – Avaliações estatísticas

Foram realizadas as análises de variância com teste F ao nível de 5% de

significância para a verificação da existência de diferença significativa entre as médias dos

tratamentos. As médias anuais de produtividade foram submetidas ao teste de Tukey a 5%

de significância. Foram analisadas as relações entre o número total de frutos colhidos e o

número de frutos infectados pela doença vassoura-de-bruxa e podridão parda, bem como a

distribuição mensal da colheita de frutos e de amêndoas secas.

Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o Software “Statistical

Analisys System – SAS”, versão 6.12 (1998).

3.7 – Tratos culturais e controle fitossanitário

Todos os tratos culturais e controles fitossanitários foram executados normalmente

pelo agricultor, conforme conduzido rotineiramente no restante da lavoura, tendo como

base o Sistema de Produção de Cacau para a Amazônia Brasileira (Silva Neto, et al., 2001).

As interferências desta pesquisa foram na introdução da correção do solo com

calagem e da aplicação de micronutrientes, além da adequação das adubações com NPK

tendo como base as análises do solo e no controle da colheita e pós-colheita do cacau.

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4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Fatores de conversão de peso de amêndoas úmidas para peso de amêndoas secas

de cacau

Na lavoura cacaueira, após a quebra dos frutos, é obtido o peso das amêndoas

úmidas, ou seja, o peso das amêndoas com elevado teor de umidade, além da mucilagem e

do mel do cacau. A mucilagem e o mel do cacau podem ser utilizados para a fabricação de

produtos alimentícios, como a polpa para sucos, sorvetes, geléias, cosméticos, entre outros.

Após a secagem das amêndoas úmidas é obtido o peso das amêndoas secas de cacau, que é,

sem dúvida, o produto principal da cacauicultura. Assim, nas pesquisas com a produção de

cacau é importante a obtenção da relação entre o peso das amêndoas secas em relação ao

peso das amêndoas úmidas, para obter o fator de conversão do peso úmido em peso seco.

Para a obtenção do fator de conversão do peso do cacau úmido em peso seco,

amostras de cacau úmido de cada tratamento foram separadas, pesadas, e colocadas para

fermentar, separadamente. Após a fermentação foi realizada a secagem natural em estufa e

obtido o peso das amêndoas secas. Esses resultados estão contidos na Tabela 04.

Analisando os dados contidos na Tabela 04, pelo teste “t” a 5% de significância, não

foi observada diferença significativa entre as médias dos fatores de conversão dos

tratamentos, dentro de cada período avaliado. Porém, observou-se diferença significativa

(Tukey, P ≤ 0,01) entre períodos avaliados, indicando que as condições climáticas locais,

destacadamente a precipitação, interferiram nos resultados dos fatores de conversão.

Em pleno período chuvoso, nos meses de fevereiro, março e abril, foi observado o

menor valor médio, 0,334, caracterizando aí o efeito da alta umidade do solo na queda do

fator de conversão. Por outro lado, em pleno período de estiagem, agosto, setembro e

outubro, foi observado o maior valor médio desse fator, com 0,457, o que demonstra a

redução da quantidade de mel e de mucilagem nesse período, em função da diminuição das

chuvas e, conseqüentemente, da umidade do solo.

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Tabela 04 – Fatores de conversão do peso de amêndoas úmidas em peso de amêndoas secas de cacau, nos quatro períodos avaliados.

Períodos estudados

Tratamentos FEV – MAR – ABR** MAIO – JUN – JUL** AGO – SET – OUT** NOV – DEZ – JAN**

Am-1** Am-2** Média* Am-1 Am-2 Média* Am-1 Am-2 Média* Am-1 Am-2 Média*

Trat – 01 0,341 0,346 0,344 a 0,404 0,415 0,410 a 0,466 0,449 0,458 a 0,377 0,399 0,388 a

Trat – 02 0,333 0,350 0,342 a 0,399 0,399 0,399 a 0,464 0,477 0,471 a 0,380 0,387 0,384 a

Trat – 03 0,334 0,314 0,324 a 0,392 0,409 0,401 a 0,450 0,449 0,450 a 0,376 0,353 0,365 a

Trat – 04 0,316 0,335 0,326 a 0,424 0,398 0,411 a 0,450 0,443 0,447 a 0,377 0,387 0,382 a

Média* 0,334D 0,405B 0,457A 0,380C

*Médias seguidas pelas mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%

de significância;

Am1 = Amostra 1; Am2 = Amostra 2

**FEV = Fevereiro; MAR = Março; ABR = Abril; JUN = Junho; JUL = Julho; AGO = Agosto; SET = Setembro; OUT = Outubro;

NOV = Novembro; DEZ = Dezembro; JAN = Janeiro.

Média Geral = 0,394

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Observou-se ainda na Tabela 04 que no final do período chuvoso (maio, junho e

julho) o fator de conversão assumiu a segunda maior média, o que demonstra o efeito da

diminuição das chuvas na diminuição de mucilagem e mel, em relação ao período mais

chuvoso.

Os resultados da Tabela 04 indicam como valor médio geral o fator de 0,394, que é

idêntico ao recomendado por Pina (2001), porém, os resultados obtidos indicam que a

conversão de peso úmido em peso seco deve ser feita observando-se a sazonalidade das

chuvas, diferentemente do que recomenda Pina (2001), que indica como único fator de

conversão, para o ano todo, o valor de 0,40.

4.2 – Análise da produção de amêndoas secas de cacau

Os resultados de produtividade média de amêndoas secas de cacau de uma lavoura

em desenvolvimento, com seis anos de idade, em função dos tratamentos aplicados, durante

o período de janeiro a dezembro de 2007, estão contidos na Tabela 05 e ilustrados na

Figura 01. Utilizando-se esses dados, realizou-se a análise de variância ao nível de 5% de

significância. Os resultados não indicaram a existência de diferença significativa entre as

médias dos tratamentos. O coeficiente de variação do experimento foi de 25,5%.

A análise de variância indicou que, para o solo estudado, até o sexto ano de

implantação da lavoura, nem a aplicação da calagem nem de micronutrientes introduziram

efeitos significativos à adubação com N, P e K. Os resultados indicaram ainda não haver

efeito significativo da interação da adubação com N, P e K com a calagem e com

micronutrientes. Assim, até o sexto ano de implantação da lavoura, a adubação somente

com N, P e K (Tratamento 01), baseada nas recomendações de Dadalto & Fullin (2001),

foram suficientes para a obtenção de produtividade média superior a 1.900 kg/ha de

amêndoas de cacau.

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Tabela 05 – Produção de amêndoas secas de cacau (em kg.ha-1) em função dos tratamentos aplicados.

Repetições

Tratamentos Rep-1 Rep-2 Rep-3 Rep-4 Rep-5 Rep-6 Rep-7 Rep-8 Rep-9 Rep-10 Média

Trat-01 2430 1459 2333 1790 1871 1281 2578 2038 1996 1767 1954

Trat-02 2691 2223 1632 1561 2032 1908 1438 2016 2494 1734 1973

Trat-03 1563 3446 1750 1874 2228 1205 2099 1284 1952 2314 1972

Trat-04 2531 1947 1941 2786 1756 1783 1797 1396 1838 1083 1877

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30

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

TRAT-1 TART-2 TRAT-3 TRAT-4

Tratamentos

Pro

duçã

o de

cac

au (

kg/h

a)

.

Figura 01 – Produção de amêndoas secas de cacau (kg/ha) em função dos tratamentos

aplicados.

Apesar de não ter sido verificada diferença estatística entre as médias de

produtividade dos tratamentos, observa-se em todos eles (Tabela 05) que as produtividades

foram superiores à média do principal pólo cacaueiro do Estado do Pará (Medicilândia e

municípios vizinhos), representativo de solos de alta fertilidade natural (Nitossolos), que é

da ordem de 1000 kg.ha-1 para lavouras fisiologicamente maduras (SILVA NETO et al.,

2001). Destaca-se nesse estudo que a produtividade do Tratamento 01, apenas com N, P e

K, foi expressivamente superior à produtividade média regional em mais de 90%.

O resultado até então obtido com os tratamentos expressa a precocidade de

produção de cacaueiros aos seis anos de idade, o que sugere a viabilidade técnica desse

cultivo em Latossolos Amarelos de baixa fertilidade. Porém, ressalta-se a necessária

continuidade dos trabalhos até a completa maturação fisiológica das plantas (10 anos de

idade) e a necessidade do estudo de viabilidade econômica para a sua recomendação.

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A Figura 02 conta-se a sazonalidade da produção de amêndoas de cacau em função

dos tratamentos aplicados. Observa-se, de maneira geral, os tratamentos não modificaram a

forma da curva de produção, ou seja, os períodos de pico das colheitas foram iguais, sendo

a safra (período de maior colheita) estabelecida entre os meses de maio a julho, e mais dois

picos intermediários em setembro e em novembro. Comparando com resultados de pesquisa

realizada no município de Medicilândia, PA (Scerne et al., 1998) esses resultados diferem

apenas no aparecimento do pico intermediário no mês de novembro, o que certamente foi

função das precipitações ocorridas a partir de setembro, quando foi verificado volume

maior de chuvas que o normal para a região.

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

JAN

FEVM

ARABR

MAI

JUN

JUL

AGOSET

OUTNOV

DEZ

Meses

Pro

duçã

o de

cac

au (

kg/h

a) .

TRAT-1 TRAT-2 TRAT-3 TRAT-4

Figura 02 – Curvas sazonais da produção de amêndoas secas de cacau em função dos

tratamentos aplicados.

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4.3 – Análise da produção de frutos e incidência de vassoura-de-bruxa e podridão

parda

Na Tabela 06 estão contidos os números totais de frutos colhidos, de frutos sadios,

de frutos atacados pela vassoura-de-bruxa, por podridão parda e por outras causas (frutos

roídos, cortados e ou germinado), e a relação percentual com o número total de frutos

colhidos. Por meio desses resultados verifica-se que, até o sexto ano de idade a incidência

de vassoura-de-bruxa nos frutos foi insignificante quando comparado com os resultados

obtidos por Almeida & Andebrham (1987) e Andehbrham (1998), que verificaram perdas

variando de 30 a 40% da produção. Verifica-se, também que não ficou evidente o efeito da

aplicação de calagem e de micronutrientes na redução da incidência de vassoura, pois os

resultados foram praticamente iguais entre os Tratamentos, conforme a Figura 03.

Tabela 06 – Número total de frutos colhidos (TFC), de frutos sadios (TFS), de frutos com

vassoura-de-bruxa (TFVB), de frutos com podridão parda (TFPP) e de frutos perdidos por

outras causas (OC), por hectare, e a relação percentual (%) com o número total de frutos

colhidos.

Tratamentos TFC (%FC) TFS (%FS) TFVB(%VB) TFPP (%PP) OC (%OC)

Trat-1 43206 (100) 41360 (95,7) 1100 (2,5) 477 (1,1) 269 (0,6)

Trat-2 43890 (100) 41910 (95,5) 1051 (2,4) 428 (1,0) 501 (1,1)

Trat-3 46738 (100) 43597 (93,3) 1894 (4,1) 807 (1,7) 440 (0,9)

Trat-4 43609 (100) 41140 (94,3) 1430 (3,3) 709 (1,6) 330 (0,8)

Quanto à incidência de podridão parda nos frutos (Tabela 06), ela também foi

insignificante quando comparado com as perdas da produção anual de cacau, em condições

normais no Brasil, que é da ordem de 25% (PROCACAU, 1976-1985). Verifica-se

também, até o sexto ano de idade, que não ficou evidente o efeito da aplicação de calagem

e de micronutrientes na redução da incidência de podridão parda, pois os resultados foram

praticamente iguais entre os Tratamentos, conforme a Figura 03.

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0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

%FS %FVB %FPP %OC

Per

cent

agem

do

tota

l de

frut

os

TRAT-1 TRAT-2 TRAT-3 TRAT-4

Figura 03 – Percentagem de frutos sadios (%FS), com podridão parda (%FPP), com

vassoura de bruxa (%FVB) e perdas por outras causas (%OC) em relação ao total de frutos

colhidos por tratamento.

As Figuras 04 e 05 mostram a distribuição sazonal do número de frutos colhidos

com vassoura-de-bruxa e de frutos colhidos com podridão parda, respectivamente.

Observa-se por meio da Figura 04 que o período mais crítico quanto à incidência de

vassoura-de-bruxa foi entre os meses de junho e julho, sendo que o Tratamento 03

proporcionou o maior pico, apesar de quantitativamente ser insignificante com relação às

perdas verificadas nos pólos cacaueiros do Brasil (PROCACAU, 1976-1985).

Observando a Figura 05, verifica-se que ocorreram dois períodos críticos quanto a

incidência de podridão parda, nos meses de junho e setembro, sendo que os Tratamentos 03

e 04 apresentaram os maiores picos, apesar de quantitativamente serem insignificantes com

relação às perdas verificadas por ALMEIDA & ANDEBRHAM (1987) e ANDEBRHAM

(1998).

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0

100

200

300

400

500

600

700

JAN

FEVM

ARABR

MAI

JUN

JUL

AGOSET

OUTNOV

DEZ

Meses

de f

ruto

s co

m v

asso

ura-

de-

brux

a

T1 T2 T3 T4

Figura 04 – Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com vassoura-de-bruxa

(média por hectare).

0

50

100

150

200

250

300

JAN

FEVM

ARABR

MAI

JUN

JUL

AGOSET

OUTNOV

DEZ

Meses

de f

ruto

s co

m p

odri

dão

pard

a

T1 T2 T3 T4

Figura 05 – Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com podridão parda (média

por hectare).

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5 – CONCLUSÕES

Não foi verificada diferença significativa entre tratamentos quanto às médias dos

fatores de conversão do peso de amêndoas úmidas para peso de amêndoas secas de cacau.

Foi contatada diferença significativa entre períodos avaliados quanto às médias dos

fatores de conversão do peso de amêndoas úmidas para peso de amêndoas secas de cacau.

Não houve diferença significativa entre os tratamentos, quanto às médias de

produtividade de amêndoas secas de cacau.

Aos seis anos de idade, as médias de produtividade dos tratamentos aplicados foram

expressivamente superiores à média do município de Medicilândia, principal pólo

cacaueiro do Estado do Pará.

A correção do solo com calagem e a aplicação de micronutrientes associadas com a

adubação básica com N, P e K, não proporcionaram efeitos significativos na redução da

incidência de vassoura-de-bruxa nem de podridão parda.

No sexto ano de idade dos cacaueiros, em todos os tratamentos, as incidências de

vassoura-de-bruxa e de podridão parda foram insignificantes.

O período mais crítico quanto à incidência de vassoura-de-bruxa nos frutos foi entre

os meses de junho e julho.

O período mais crítico quanto à incidência de podridão parda nos frutos foi nos

meses de junho e setembro.

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6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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