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1 GESTÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica, da Faculdade de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará/Campus Altamira. Orientadora: Profª. M Sc. Maristela Marques da Silva Altamira-Pará 2009

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1

GESTÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA:DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica, da Faculdade de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará/Campus Altamira.

Orientadora: Profª. M Sc. Maristela Marques da Silva

Altamira-Pará 2009

2

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Ufpa – Campus de Altamira - Biblioteca

Barbosa Neto, Raimundo Pereira Gestão ambiental no município de Altamira: desafios e perspectivas/ Raimundo Barbosa Pereira Neto; orientadora, Profª. M Sc. Maristela Marques da Silva.— Altamira: [s.n.], 2009.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, 2009.

1. Meio ambiente– Altamira – Pará.I. Silva, Maristela Marques da. II. Título.

CDD: 363.7098115

Bibliotecária - Kátia Cilene Souza – CRB2 1033

RAIMUNDO PEREIRA BARBOSA NETO

3

GESTÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA: DESAFIOS E

PERSPECTIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica, da Faculdade de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará/Campus Altamira.

Banca Examinadora

__________________________________________________________________ Profª M.sc. Maristela Marques da Silva (Orientadora)

__________________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira (Examinador)

Profº. M.sc. Fábio Halmenschlager (Examinador)

Altamira-Pará-Brasil2009

RESUMO

4

A consolidação de Políticas Públicas descentralizadoras está em evidência, e traz em suas roupagens um novo modelo de desenvolvimento ou desenvolvimento sustentável. Evoca o processo de descentralização das políticas ambientais no Brasil. A abordagem deste trabalho privilegia o resgate histórico-institucional do processo de municipalização da gestão ambiental no município de Altamira – Pará. Analisa, em linhas gerais, a dinâmica institucional, nas três esferas de governo e o nível de participação dos atores locais, com enfoque nos processos de representatividade institucional em Conselhos e Fóruns de meio ambiente. Os resultados do trabalho dimensionam a visão dos atores locais acerca dos problemas ambientais no município, o contexto de criação do órgão de meio ambiente de Altamira e seus respectivos conselhos. A conclusão aponta as relações existentes entre instituições, gestores públicos locais e os demais atores envolvidos como interventores do processo, e estabelece recomendações a serem adotadas para um planejamento de médio e longo prazo.

Palavras-chave: Políticas Ambientais. Pacto Federativo. Gestão Ambiental Municipal

LISTA DE SIGLAS

ADA- Agência de Desenvolvimento da AmazôniaCES- Conselho Estadual de SaúdeCOEMA- Conselho Estadual de Maio AmbienteCOMAM- Conselho Municipal de Meio Ambiente

5COMTUR- Conselho Municipal de TurismoCONAMA- Conselho Nacional de Meio AmbienteCONSAMA- Conselho Estadual de Saúde, Saneamento e Meio AmbienteDAB- Departamento de Ações BásicasDABC- Departamento de Ações Básicas e ComplementaresELETRONORTE- Centrais Elétricas do NorteFAG21- Fórum da Agenda 21 Local de AltamiraFGAM- Projeto Gestão Ambiental CompartilhadaFMA- Fundo Municipal de Meio AmbienteFNMA- Fundo Nacional de Meio AmbienteFNO- Fundo Constitucional para o Desenvolvimento do NorteIBAMA- Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais RenováveisIBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaINCRA- Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaMAPA – Ministério da Agricultura, pecuária e AbastecimentoMMA- Ministério do Meio AmbientePARATUR- Companhia Paraense de TurismoPEMA- Política Estadual de Meio AmbientePGAI- Programa de Gestão Ambiental IntegradaPIB- Produto Interno BrutoPIC- Plano Integrado de ColonizaçãoPMA- Prefeitura Municipal de AltamiraPNMA- Política Nacional de Meio AmbientePPG7- Programa Piloto para Florestas Tropicais do BrasilSECTAM- Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio AmbienteSEMA- Secretaria de Estado de Meio AmbienteSEMAGRI- Secretaria Municipal de Agricultura e AbastecimentoSEMAT- Secretaria Municipal da Gestão do Meio Ambiente e TurismoSESPA- Secretaria de Estado de Saúde PúblicaSISMUMA- Sistema Municipal de Meio AmbienteSISNAMA- Sistema Nacional de Meio AmbienteSPRN- Subprograma de Políticas de Recursos naturaisSUDAM- Superintendência de Desenvolvimento da AmazôniaZEE- Zoneamento Ecológico-EconômicoZEEp- Zoneamento Ecológico-Econômico participativo

Sumário

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................... 10

1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11

62. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 12

2.1. GESTÃO AMBIENTAL ................................................................................................... 12

2.2. – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................................................... 12

2.3. – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL LOCAL .......................... 12

2.4. DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ...................................................... 13 2.4.1. Políticas Públicas ......................................................................................................... 13 2.4.2- Processo de descentralização ..................................................................................... 13

2.5. PACTO FEDERATIVO ................................................................................................... 14

2.6. - BASE LEGAL DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL .............................................. 14

3. METODOLOGIA ...................................................................................................... 16

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. .............................................................. 16 3.1.1. Localização .................................................................................................................. 16 3.1.2. Aspectos físicos e naturais ........................................................................................... 17 3.1.3. Histórico de ocupação e configuração espacial de Altamira ......................................... 17 3.1.4. Aspectos socioeconômicos .......................................................................................... 18 3.1.5. Aspectos Culturais ........................................................................................................ 19

3.2. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................ 20

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 21 4.4.1. Arranjos institucionais no processo de gestão .............................................................. 21 4.4.2. As iniciativas de programas e projetos para as políticas ambientais ............................ 22

4.5. AS QUESTÕES AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA - PARÁ ....................... 22 4.5.2. Gestão ambiental em Altamira a partir dos anos 90 ..................................................... 23

4.6. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA SEMAT ........................................................................ 23 4.6.1. Estrutura Física e Recursos Humanos ......................................................................... 24 4.7.1. Plano Diretor Municipal ................................................................................................ 24 4.7.2 Licenciamento Ambiental (LA) ....................................................................................... 25 4.7.3. Zoneamento Ecológico-Econômico participativo (ZEEp) de Altamira ........................... 25 4.7.4. Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) ....................................................... 25 4.7.5. Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMA) ................................................................... 26 4.7.6. Fórum da Agenda 21 Local (FAG 21) ........................................................................... 27

4.8. AS PRINCIPAIS AÇOES DA SEMAT ............................................................................. 27 4.8.1. As ações do Projeto FGAM, firmado através do Convênio 108/2005 ........................... 27 4.8.2. As ações pontuais com base no Código de Proteção ambiental .................................. 28

4.9. A VISÃO DOS ATORES LOCAIS SOBRE A GESTÃO AMBIENTAL. .......................... 28 4.9.1 Contexto inicial de criação da SEMAT ........................................................................... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 31

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

7

1 – INTRODUÇÃO

Muitas discussões ambientais podem ser identificadas a partir da década de 70

do século passado, em vários países do mundo, resultando em diversos debates, acordos

e tratados que possibilitaram a criação de importantes instrumentos, os quais propõem

garantir uma sociedade mais justa em seus aspectos social, econômico e ambiental.

A Conferência de Estocolmo na Suécia, em 1972, pode ser considerada um

desses debates (de repercussão internacional), que contribuiu grandemente para a

consolidação da atual Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)1 de nosso país. E,

precisamente 20 anos depois, aconteceu, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como

ECO-92 ou Rio-92. Nessa conferência foi feito um balanço do que já tinha sido

alcançado acerca das discussões anteriores sobre meio ambiente, e foram elaborados

documentos importantes que serviram para nortear diretrizes e metas para as próximas

décadas. Dentre elas a elaboração da Agenda 21 Global, onde consta um conjunto de

princípios e objetivos no contexto do desenvolvimento sustentável.

Diante disso, assim como em muitos países do mundo tais acontecimentos

aceleraram em muito a consolidação de políticas públicas que trouxessem em suas

roupagens um novo olhar (contemplando, principalmente, a noção de um meio ambiente

1 A este respeito, ver Souza, R.S. (2000).

8equilibrado), no sentido de atender as necessidades do presente sem comprometer as

necessidades das gerações futuras.

Baseado em um novo desenvolvimento ou desenvolvimento sustentável, é que

vem sendo proposta, nas últimas décadas, a construção de um novo paradigma que

sugere maior sustentabilidade aos aspectos econômicos, culturais, ambientais e pensar

também maneiras de trabalhar a superação do paradigma vigente, o qual demonstra ser

insustentável com a intensificação da industrialização e do consumo excessivo de bens,

além de explorar sobremaneira os recursos naturais, dando grande ênfase ao contexto

econômico. Isso demonstra, por exemplo, uma conseqüência negativa para os dados

atuais, onde apontam para uma polarização da distribuição de riquezas no mundo, onde

os pobres se utilizam de um percentual cada vez menor desses recursos, enquanto os

ricos se apropriam de um percentual cada vez maior (MAURO et al, 2007).

No caso do Brasil, nos últimos anos, existiram algumas ações que permearam a

noção de um novo desenvolvimento, e o início delas se tornaram mais nítidas com a

consolidação e impulso da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), instituída

com a Lei Federal nº 6.938/81 que, inicialmente prevê sua execução Pelo Sistema

Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Esse arcabouço Legal demanda a

necessidade de se acionar políticas de descentralização, e de se evocar o cumprimento

do Artigo 23 da Constituição Federal (CF) de 1988, através de regulamentos específicos

(BRASIL, 2004, apud MAURO et al, 2007).

No estado do Pará, o processo de desenvolvimento da gestão ambiental segue

uma proposta de normatização das políticas ambientais muito parecida com o contexto

normativo nacional. A nível estadual foi proposta a execução de ações paralelas

relacionadas às políticas de meio ambiente nacional, dentre elas a criação de alguns

instrumentos de gestão ambiental e secretarias específicas, como a Secretaria de Estado

de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM), hoje Secretaria Estadual de Meio

Ambiente (SEMA), que é o órgão responsável pela execução do Sistema Estadual de

Meio Ambiente do estado do Pará (BORDALO et al, 2007).

É nesse contexto que o município de Altamira inicia seu processo de

municipalização da gestão ambiental, através das políticas de descentralização já

sinalizadas nas esferas federal e estadual.

Esse trabalho tem o objetivo de fazer um resgate histórico-institucional do

processo de municipalização da gestão ambiental no município de Altamira-Pará,

9buscando dar resposta às seguintes indagações: como ocorreu a articulação inicial para

instrumentalização do órgão de meio ambiente do município de Altamira? Quais fatores

foram desencadeadores para dá início ao processo de gestão ambiental local? Quais os

principais entraves para a implementação da gestão ambiental neste município?

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. GESTÃO AMBIENTAL

A expressão gestão ambiental tem vários significados, um deles está relacionado

às várias formas de gerir os recursos naturais. De maneira geral tal gestão ambiental se

configura no sentido de manter o bom funcionamento dos recursos naturais com

rendimento, garantindo sua perenidade. Para Godard (2002), o conceito original de

gestão nasce no processo de domínio privado, onde os bens de um proprietário são

administrados por ele, surgindo uma relação de sujeito (proprietário) e objeto (bem

possuído), significando que, “o vir-a-ser do objeto, incluindo aqui sua exploração

predatória ou não, submete-se aos projetos, usos e preferências do sujeito”. Isso

pressupõe o caráter de propriedade privada, ou seja, a garantia do direito de destruir ou

preservar, e essa condição possivelmente seja responsável para que se evoque a

necessidade de gerir os recursos naturais, tidos como direitos difusos.

Existem algumas “significações” iniciadas na França, a partir de 1950, acerca de

gestão ambiental: a primeira delas é de caráter técnico e econômico pautado nas ações

administrativas e profissionais do regime de gestão por parte do Estado, ou seja, a

“exploração de florestas submetidas a um regime jurídico particular” tendo objetivos

claros a serem alcançados a médio e longo prazo. A segunda, em caráter de extensão, se

ampliada para outros espaços (pântanos, áreas litorâneas), até aglutinar em um

significado mais recente, onde os franceses começaram considerar a noção de “gestão

do território” (GODARD, 2002, p.204).

10No Brasil, o conceito de gestão ambiental faz parte, principalmente, das

diretrizes e planejamento no domínio público, estando inserido em programas piloto que

em suas metas e objetivos contemplam tal conceito. E nesse processo, a gestão também

significa administração dos recursos naturais tendo o objetivo de realizar a aplicação de

técnicas necessárias para garantir maiores benefícios e esforço mínimo (CARLO, 2006).

A definição de Milaré (2005 apud CARLO, 2006, p. 43) é bem abrangente

quando considera que gestão ambiental é:A condução do processo de manutenção e a garantia da qualidade ambiental em face da utilização dos recursos naturais (renováveis e não-renováveis) e da produção de quaisquer resíduos, fatores estes capazes de alterar o equilíbrio e fatores essenciais do meio natural e dos assentamentos humanos. A gestão ambiental trabalha com elementos de ciências e técnicas variadas, supondo a interdisciplinaridade. Atualmente é consensual que não se pode fazer uma gestão ambiental sem implementação de políticas públicas com participação comunitária.

Diante disso, o autor considera em sua definição os principais elementos levados

em consideração para uma abordagem recente da noção de gestão ambiental. Para Carlo

(2006, p. 47), à luz da literatura atual, “o processo de gestão ambiental é iniciado a

partir do momento em que se promovem adaptações ou modificações no meio natural”.

Essa configuração é bastante notória à medida que se intensificam, por exemplo,

levando-se em consideração o nosso país, as grandes obras de infra-estrutura na

Amazônia Legal e nas grandes aglomerações urbanas no Centro-Sul do Brasil.

A gestão ambiental também se insere em um elemento conceitual, o qual define

as recentes características de planejamento das instituições e/ou órgãos públicos e

privados, no tocante ao modelo de gestão adotada para o desenvolvimento econômico

com sustentabilidade socioambiental. E sua importância se consolida juntamente com os

crescentes questionamentos ao modelo atual de exploração dos recursos naturais,

imposto pelo capitalismo, que se apresenta insustentável do ponto de vista social,

econômico e ambiental (TOZI, 2007).

2.2. – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Para conceituar Desenvolvimento Sustentável é sabido que existe uma vasta

literatura sobre o assunto, onde diversos autores o discutem seu conceito sob diferentes

olhares. Diante de autores mais consagrados, onde seus conceitos são universalmente

aceito é compreensível que tanto o conceito de desenvolvimento, quanto o de

sustentabilidade são notoriamente complexos, quando se intenciona construir um aporte

11conceitual para ambos. Não é pretensão deste detalho discutir esses conceitos por

completo. No entanto será considerado aqui o enfoque mais recente desses conceitos, os

quais são discutidos, principalmente no âmbito da formulação de políticas públicas

participativas e de caráter mais democrático, conforme o citado acima (CARLO, 2006).

O desenvolvimento pode se referir tanto às questões macro, relacionadas à

economia mundial, quanto às questões regionais e locais, melhorando, por exemplo,

seus índices de produtividade. Além disso, em um contexto que define suas dimensões,

tal desenvolvimento interfere, também, nas transformações relacionadas às “estruturas

sociais, intelectuais e culturais” de uma determinada nação. Já a noção de

sustentabilidade também envolve assuntos de escala global, nacional e local, mas nem

sempre tem uma relação direta com desenvolvimento, ou seja, a economia de uma dada

região pode apresentar-se desenvolvida, utilizando-se de tecnologias de ponta sem que,

necessariamente possa ser sustentável, principalmente, do ponto de vista ambiental

(SILVA, 2005).

Essas considerações ganham força a partir da década de 70 do século XX, as

quais representam um marco importante no que se refere ao despertar da consciência

mundial sobre os problemas ambientais de nosso planeta, e passam a fazer parte das

deliberações produzidas pelas conferências que tinham em suas pautas as questões

ambientais e, a partir disso, houve um fomento, de maneira substancial, da

implementação de um novo modelo de desenvolvimento com enfoque na noção de

sustentabilidade (TOZI, 2007).

A respeito disso é visto no relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (também chamada de Brundtland Comission),

instituída em 1983, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU, o

fechamento do documento oficial onde se preconiza o Desenvolvimento Sustentável e o

define como: “garantir os meios de atendimento das necessidades e exigências atuais

sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras”. A partir daí o conceito de

desenvolvimento sustentável ganha reconhecimento universal, e em nosso país, se

manifesta claramente no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que trata

especificamente da pauta de meio ambiente (MIRANDA e CALÇA, 2008).

Desta forma, é visto que desenvolvimento sustentável implica em considerar os

diferentes aspectos da vida, nas suas múltiplas faces, no sentido de garantir as condições

de vida com dignidade às gerações futuras sem que, com isso, seja inviabilizado o

processo de desenvolvimento do sistema econômico atual, garantindo os recursos para

atender as necessidades básicas das gerações presentes. Tendo essas preocupações, é

12possível estabelecer melhor compreensão para o novo enfoque dado ao

desenvolvimento, ou seja, que ele aconteça, mas de forma sustentável (SILVA, 2005).

2.3. – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL LOCAL

A gestão ambiental municipal não se limita apenas ao licenciamento, existem

vários instrumentos que possibilitam a execução de uma gestão abrangente calcada nas

necessidades locais. Com base nisso, Carlo (2006, p. 125) aponta os argumentos de

alguns autores, dentre eles Goldmeir (2004), Philippi e Zalauf (1999), quanto à

necessidade que os municípios têm de se apropriarem de instrumentos de gestão que

certamente irão contribuir para o cumprimento da política ambiental a nível local. E

apropriar-se desses instrumentos, significa ter como prioridade a formulação de uma

política ambiental mais apropriada para o município. Dentre eles, serão citados abaixo

os principais apontados por esses autores:

- Lei Orgânica: equivale à constituição municipal, organiza o governo local e discute

sobre atribuição, estrutura e funcionamento do executivo e legislativo.

- Plano Diretor Municipal: refere-se à política de desenvolvimento e expansão urbana

do município. É obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, sendo

necessário ser revisado a cada dez anos e tem fundamentação legal no Art. 182 da

Constituição Federal de 1988 e Estatuto da Cidade.

- Uso e ocupação do solo municipal: estabelece localização, finalidade e dimensão das

construções para garantir as funções sociais e de direito da propriedade privada. Além

de definir o controle do uso do solo em todos os aspectos definidos em legislação

relacionada.

-Lei de Parcelamento do solo: trata do ordenamento e divisão do solo para fins

urbanos, definindo o tamanho e localização de espaços públicos.

- Plano Plurianual: trata do planejamento estratégico do município para um período de

quatro anos, devendo ser compatível com a disponibilidade financeira e operacional do

município.

- Código Tributário Municipal: nele é possível prever arranjos que possibilitem, no

processo de arrecadação, canalizar recursos para promover ações de proteção do meio

ambiente.

A partir disso, é importante que as esferas municipais iniciem um processo de

construção e instituam o Sistema Municipal de Meio Ambiente (SISMUMA). Pois a

partir dele se estabelece toda a estrutura burocrática para se trabalhar o processo de

13gestão ambiental. O Código Municipal de Meio Ambiente, Conselho Municipal de Meio

Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente são mecanismos de gestão previstos no

SISMUMA. Toda essa estrutura deve ser pautada com a finalidade de promover

estratégias que pressupõe implicar aos gestores municipais, a adoção de uma nova visão

de desenvolvimento, em que a descentralização e a interlocução entre os órgãos

administrativos, e a participação social na sistematização das propostas e programas

sejam consideradas prioritárias e indispensáveis, para a promoção do desenvolvimento

sustentável e a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população local

(PHILIPPE et al, 2006).

2.4. DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL

Com base na elaboração de políticas públicas pautadas no desenvolvimento

sustentável, por conta das variáveis econômica, social, cultural e ambiental é que há,

através de seu caráter transdisciplinar, o aprimoramento de ações de descentralização no

exercício da gestão, que tem como premissa básica estabelecer uma co-gestão entre as

diferentes esferas de governo (federal estadual e municipal).

2.4.1. Políticas Públicas

As políticas públicas são ferramentas para arregimentar a ação governamental,

com base em metas e objetivos claros no sentido de atender as demandas da população.

Para Rua (1998, apud CARLO 2006, p. 59), política pública é um processo que passa

por várias etapas articuladas para que, de fato possa atender as reivindicações da

sociedade, que em geral são: a) mobilidade de atores políticos (públicos ou privados),

onde debatem e definem as prioridades; b) formulação de alternativas com espera de

resultados favoráveis; c) implementação e d) acompanhamento e controle, onde

geralmente envolve as etapas de fiscalização e avaliação.

É possível que na etapa de formulação de alternativas de políticas públicas tenha

surgido a necessidade de se discutir, compreender e planejar ações que contemplem a

noção de descentralização dessas políticas, podendo ser até mesmo um imperativo

constitucional de grande importância para a democracia na qual vivemos hoje em nosso

país. Para tanto, tratando-se da descentralização da gestão ambiental, esta vem sendo

efetivada dentro dos programas e sistemas de meio ambiente, os quais valorizam o

amplo conhecimento da realidade local antes de qualquer intervenção, no sentido de

considerar as especificidades de cada região ou município (ABRUCIO, 2006).

14Entende-se que está em discussão a preocupação em formular políticas públicas

ambientais que possam garantir as exigências previstas na Constituição Federal de 1988,

que evoca, por exemplo, o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente

equilibrado e reconhece a necessidade de diminuição das desigualdades sociais. Para

Little (2003, apud CARLO 2006, p.61), há um sério problema no momento de execução

das políticas públicas voltadas para a questão ambiental, que é a diversidade de atores

envolvidos no processo, sendo necessária a ampliação do conceito de “política” e do

conceito de “público” para que mais atores, normas e procedimentos sejam

contemplados, dentro do planejamento previsto que, a priori, se configura em um

processo heterogêneo e complexo, dificultando a lisura do processo.

2.4.2- Processo de descentralização

É importante perceber como se dá o processo de descentralização dessas

políticas e como isso reflete até chegar às esferas locais. Em primeiro lugar é sabido que

elas podem ocorrer, quanto à distribuição administrativa e, quanto às esferas de poder,

de forma centralizada ou descentralizada. Em segundo lugar deve ser observado o grau

de efetividade desse processo de transferência de poder (delegação de atribuições de

esferas de governo mais centrais para os níveis mais localizados), o que vai depender

das diferentes formas de descentralização e do grau de apoio dado pela esfera de

governo que está na função de distribuir responsabilidades e/ou delegar funções

(ABRUCIO, 2006).

Baseada em uma rica investigação na literatura, Carlo (2006) apresenta dois

importantes pontos acerca da descentralização da gestão ambiental em nosso país. A

primeira diz respeito aos tipos de descentralização que podem ser, conforme Rondinelli

(1981), “desconcentração, delegação e descentralização democrática”, sendo que uma

não exclui a outra e podem ocorrer mutuamente no decorrer do processo. E a segunda

refere-se aos principais argumentos favoráveis à implantação da descentralização de

políticas públicas, com base nos citações de Abrucio e Soares (2001), que apontam três

importantes vantagens: “maior eficácia e eficiência das ações governamentais, poder

local mais democrático e maior incentivo às inovações administrativas”.

- Desconcentração: ocorre com pouca freqüência, envolvendo apenas a transferência

de recursos e poder de decisão para escritórios locais de órgãos que pertencem às

esferas de governo central. Geralmente esse tipo de descentralização constitui operações

a nível de estados e municípios.

15- Delegação: envolve a transferência ou criação de instituições para desempenhar ações

de caráter mais específico. A maior parte dos casos ocorre no contexto de agências de

desenvolvimento e, no processo decisório, não há participação do município.

- Descentralização Democrática: vem ocorrendo com bastante freqüência nas políticas

ambientais e seu caráter consiste em transferir responsabilidades e poder de decisões

para instituições locais legalmente constituídas no município, valorizando forte

representatividade e processo paritário nas decisões.

Diante do processo de execução das políticas públicas, a descentralização tem se

tornado importante ferramenta para que, conforme citado acima, ocorram inovações

tanto institucional quanto comportamental dos próprios atores locais envolvidos. Além

disso, faz-se necessário perceber que esse processo emana da necessidade que os entes

federativos têm de compartilhar tarefas e objetivos, e isso significa um dilema

complexo, estando presentes jogos de interesses, “cooperação, competição, acordos

vetos e decisões” que no final pode garantir maior ou menor sucesso no desenvolver de

tais políticas, no sentido de atender as aspirações e demandas da sociedade (ABRUCIO

2006, p.93).

2.5. PACTO FEDERATIVO

O pacto federativo se apresenta como um arranjo entre os entes da federação

para promover a descentralização da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) ou,

mais especificamente, da gestão ambiental. Essa necessidade surge da ausência de

regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal de 1988, que prevê a criação de

leis complementares para regulamentar a cooperação entre União, Estados, Distrito

Federal e Municípios. A partir de 2004 o Ministério do Meio Ambiente (MMA) passou

a formar as Comissões Técnicas Tripartites. Dentre essas ações, estava previsto o

fortalecimento do SISNAMA com a incorporação de políticas de descentralização da

gestão ambiental, através de um processo compartilhado e compactuado entre as esferas

de governo e sociedade civil organizada. (MAURO, 2007).

Para Mauro (2007), essas comissões se fundamentam em importantes espaços

para promover a gestão ambiental compartilhada entre os diferentes órgãos da

federação. Porém o mais importante para esse processo se define na capacidade de

articulação nos moldes da ação pública e isso pode ser agilizado por uma ação já em

andamento, que é o processo de capacitação de gestores locais que atuam na área de

meio ambiente nas diversas linhas de atuação previstas na PNMA, dentre elas:

capacitação para elaboração, execução e prestação de contas de projetos (geralmente

16custeados pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente – FNMA), e capacitação para

preparação e elaboração de Agendas 21Locais.

2.6. - BASE LEGAL DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL

É possível considerar que, para contextualizar a base legal da gestão ambiental

no município, seja imprescindível considerar que a partir da Lei Federal 6.938/81, a

qual instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, tenha havido um “descompasso

jurídico” no que se refere aos limites de competência entre os três entes da Federação

(União, Estado e Municípios). Isso se percebe, por exemplo, no Artigo 10, onde

estabelece competências suplementares para o prévio licenciamento ambiental entre

órgãos estaduais competentes e União.

Com base no Artigo 23 da Constituição Federal de 1988, além do Estado e

União, são determinadas, respectivamente, as competências comuns administrativas e

legislativas entre União, Estado, Distrito Federal e Municípios: “Art. 23. É competência

comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI – Proteger o

meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – Preservar as

florestas, a fauna e a flora” (BRASIL, 1988).

Diante desse arcabouço Legal, significa dizer que o sistema de licenciamento

ambiental passava a ser de caráter cumulativo, ou seja, todas as esferas de governo

poderiam operacionalizar as etapas de licenciamento (Licença Prévia- LP, Licença de

Instalação – LI e Licença de Operação – LO) previstas no Artigo 19 da Lei nº. 6.938/81,

podendo haver ação supletiva por parte dos entes federados, o que parece ser “pouco

racional” para uma política mais efetiva no monitoramento de atividades “efetiva e

potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar

degradação ambiental” (CALÇA e MIRANDA, 2008).

Com o objetivo de definir maior clareza quanto às competências de cada esfera

de governo e dar coerência jurídica acerca do licenciamento ambiental, foi instituída a

Resolução CONAMA nº. 237/97, que estabeleceu um único nível de competência para o

licenciamento ambiental, conforme está previsto no Artigo 7º: “Os empreendimentos e

atividades serão licenciados em um único nível, conforme estabelecido nos artigos

anteriores”. E isso configurou o marco legal para a celebração de convênios e acordos

entre as diferentes esferas de governo, com respeito à delegação de responsabilidades,

principalmente, para as atividades de licenciamento ambiental.

17Essas condições conferem ao município a competência suplementar em relação

ao Estado e União no que se refere a legislar e conduzir suas políticas ambientais a nível

local. Isso pressupõe concorrência, mas não exclui a idéia de consonância com as leis

estaduais e federais, ou seja, as leis municipais precisam estar de comum acordo com as

leis das demais instâncias superiores de governo (PHILIPPE et al, 2006).

183. METODOLOGIA

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.

O município de Altamira é considerado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), um dos maiores municípios do Brasil em extensão territorial, com

160.755 km2 e sua população atual é de 92.105 habitantes (IBGE, 2008a).

Diante disso, aliado ao fato de estar incluído em um dos importantes biomas brasileiros

(Bioma Amazônico), considerando toda a superfície do município, o mesmo se

apresenta em um meio ambiente de características singulares. Essas características se

apresentam, principalmente, em dois importantes patrimônios naturais, um deles

pautado na mega-biodiversidade da floresta, constantemente ameaçada pelo

desmatamento predatório (Figura 4). O outro se apresenta contemplado pela beleza

inconfundível do rio Xingu (Figura 5), também merecendo ações mais eficazes para

melhor gerir os impactos causados pelas ações antrópicas em suas bordas e leito.Fonte: Galdino Xavier/IPAM

19

Figura - Rio Xingu próximo da sede de AltamiraFonte: Lindomar Andrade/SEMAT

3.1.1. Localização

O município de Altamira está localizado na região do vale do Xingu, na

mesorregião do Sudoeste paraense, pertencente à microrregião de Altamira e sua sede é

a cidade de Altamira, localizada à margem esquerda do Rio Xingu (ver Figura 6).

Limita-se ao Norte com o município de Vitória do Xingu; ao Sul com o Estado do Mato

Grosso; a Nordeste, Leste e Sudeste com os municípios de Senador José Porfírio e São

Félix do Xingu; a Noroeste, Oeste e Sudoeste com os municípios de Brasil Novo,

Medicilândia, Uruará, Placas, Rurópolis, Trairão, Itaituba e Novo Progresso, conforme

considerações de Umbuzeiro (1999), Barbosa e Rocha (2003).

20

Figura - Mapa de localização da sede do município de AltamiraFonte: CD Brasil visto do espaço/MAPA, adaptado pelo autor

3.1.2. Aspectos físicos e naturais

O complexo geológico do município se apresenta predominantemente,

constituído por rochas cristalinas e metassedimentares de idade Pré-Cambriana, as quais

constituem as unidades: Complexo Xingu, de natureza granito-gnáissica-migmatítica;

grupo Grão-Pará, de natureza vulcano-sedimentar; Super grupo Uatumã, de natureza

vulcano-plutônica e sedimentar, sendo seus principais componentes a Formação Iriri (de

natureza vulcânica), Formação Sobreiro, também vulcânica, Formação rio Fresco (com

seus membros Naja e Azul) de natureza vulcânica; Granito Vermelho Guilherme,

magmática intrusiva e, finalmente, a seqüência de cobertura de plataforma, representada

pelas formações Gorotire e Triunfo (ALTAMIRA, 2007a).

O rio Xingu, um dos principais tributários da margem direita do rio Amazonas, é

o principal corpo hídrico do município. Sua nascente está localizada na Chapada do

Roncador no Mato Grosso pela junção dos rios Batovi e Coliseu e deságua no Rio

Amazonas, nas proximidades da cidade de Porto de Moz. Seus principais afluentes são

os rios Iriri (seu maior afluente), Curisevo, Tamitatoala ou Batovi, Ronuro, Manissauá-

miçu, Acaraí e Jarauçu, pela margem esquerda, e os rios Sete de Setembro, Suiá-miçu

21ou Suiazão, Comandante Fontoura, Fresco e Bacajá, pela margem direita

(UMBUZEIRO, 1999).

Segundo a classificação Köppen, o clima do município de Altamira é do tipo

equatorial Am e Aw. O primeiro, predominante na parte norte do município, apresenta

temperaturas médias de 26ºC. A média anual das temperaturas máximas chega a 31ºC e

a média das mínimas a 21,90 ºC. A precipitação anual, gira em torno de 1.680 mm. Com

alto volume de precipitações mensais, a umidade relativa média é alta, 84%. O período

de menor umidade relativa, com significativa diminuição das chuvas, vai de julho a

novembro, já o excedente de água ocorre entre fevereiro e abril.

Predominam várias classes de solo. Podendo ser encontradas Grandes manchas

de Latossolo Amarelo de texturas média e argilosa; Latossolo Vermelho-Amarelo de

texturas média e argilosa; Podzólico Vermelho-Amarelo texturas média e argilosa e

equivalente eutrófico Terra Roxa Estruturada (TRE). Em menor ocorrência, aparecem

os solos Litólicos distróficos e Gleis e Aluvial eutróficos e distróficos (ALTAMIRA,

2007a).

3.1.3. Histórico de ocupação e configuração espacial de Altamira

O histórico de ocupação do município de Altamira pelo homem branco se define

basicamente a partir das novas descobertas da região, hoje denominada de Baixo Xingu,

entre 1636 e 1758. A descoberta dessas novas terras se deu por padres jesuítas com dois

principais objetivos: catequizar e ocupar o território, no sentido de impedir invasão de

estrangeiros. Já na região do Médio Xingu, há a citação do jesuíta Roque Hundenfund,

como “primeiro homem branco a subir o rio Xingu, ultrapassando a grande volta” e

fundando um aldeamento próximo do igarapé Panelas (UMBUZEIRO, 1999).

Em 1868 os capuchinhos italianos (Frei Loudovico Mazarino e Carmelo de

Mazarino) iniciaram um trabalho de abertura de picadas interligando o Baixo Xingu e o

Médio Xingu. Essas picadas se projetavam a partir da região, onde hoje pertence à sede

do município de Vitória do Xingu-PA até as proximidades da foz do igarapé Ambé.

Essas picadas iniciadas pelas antigas missões serviam para escoar produtos extrativistas

coletados na região, além de encurtar a distância entre o baixo e médio Xingu. Esse

percurso passou a ser importante rodovia a partir da década de 40 do século passado e

recebeu o nome de rodovia Ernesto Acioly (PA-415), tornando-se importante corredor

rodoviário que interliga as cidades da micro-região de Altamira ao Porto de Vitória do

Xingu.

22A partir de 1970, ocorreu um intenso processo migratório para a região, que

mudaria ate os dias atuais a dinâmica populacional do município de Altamira. Tratava-

se do Plano Integrado de Colonização (PIC) criado pelo Governo Federal, o qual tinha

como objetivo povoar a região, após a abertura da Rodovia Transamazônica (BR-230),

através da vinda de milhares de famílias de outras regiões do país, sobretudo aquelas

que vinham passando por conflitos fundiários, no Sul, Centro-Oeste e Nordeste do

Brasil. Ocorreu, portanto, um significativo aumento populacional em Altamira, tanto na

área urbana como na área rural. Para Umbuzeiro (1999: p. 33), houve uma “explosão

demográfica” em um período de 20 anos, ou seja, uma população que era de 15.428

habitantes em 1970, saltou para 72.408 em 1991 (ver Tabela 1).Tabela - População, área e densidade demográfica

Ano População Área (km²) Densid. (hab./km²)1970 15.428 153.862,00 0,101980 48.489 153.862,00 0,311991 72.408 149.411,97 0,481996 78.782 161.445,90 0,492000 77.439 160.755,00 0,482005 84.399 160.755,00 0,532006 85.649 160.755,00 0,532007 86.888 160.755,00 0,54

Fonte: SEPOF e IBGE (2007).Nota: dados apresentados pelo ZEEp Altamira, fase preliminar.

Apesar de ser considerado um dos maiores municípios brasileiros, Altamira já

passou por várias redefinições em seu território, até ser definido em suas dimensões

atuais.

O município de Altamira, localizado na região do vale do Rio Xingu, foi desmembrado do município de Souzel e teve sua sede instalada na vila de Altamira por meio do Decreto Legislativo nº 1.234, de 6 de novembro de 1911. Desde sua constituição, Altamira passou por várias fragmentações territoriais [...], em 1991, teve novamente seu território desmembrado juntamente com parte dos territórios de Medicilândia e Porto de Moz, para forma o município de Brasil Novo, também, nesse mesmo ano, emergiram de seu território os municípios de Vitória do Xingu e Placas (ALONSO e CASTRO, 2006).

Na configuração espacial do município de Altamira encontramos a sede

principal que possui o nome do município (Altamira), um distrito denominado Castelo

dos Sonhos, a sudoeste do município, onde funciona uma subprefeitura. Há também

uma extensa zona rural dividida em áreas de colonização agrícola, terras indígenas,

áreas de conservação e áreas devolutas. Nos últimos anos, possivelmente por influência

de pressões nacionais e internacionais acerca da preservação da floresta amazônica, têm

23aumentado as áreas destinadas às Unidades de Conservação, com destaque para a

criação de duas Reservas Extrativistas (Riozinho do Anfrísio e Iriri), a partir de 2004.

As terras indígenas somam mais de 50% do território do município. Já as áreas de

colonização do PIC Altamira-Transamazônica, as chamadas áreas de colonização mais

antiga, encontram-se próximas da sede, com destaque para Princesa do Xingu (extremo

norte do município). Além das áreas de assentamentos espontâneos (tipo de ocupação

não oficial), originados a partir de 1980, com destaque para a Gleba Assurini

(BARBOSA e ROCHA, 2003).

O atual ordenamento territorial do município de Altamira esta definido pelo seu

Plano Diretor, aprovado com a Lei 1.515, de 16 de dezembro de 2002. Nele estão

definidas diferentes zonas, as quais formam um dos maiores mosaicos de áreas

protegidas do país. Conforme Relatório do Diagnóstico Preliminar do Zoneamento

Ecológico-Econômico participativo (ZEEp) de Altamira (2007), reportando-se ao Plano

Diretor, conteúdo da Lei acima citada, as Zonas de Interesse Ambiental (ZIA) e as

Zonas de Interesse Sociocultural (ZISC) do município de Altamira são classificadas em:

-Zonas de Interesse Ambiental de Proteção Integral (ZIA PI);

-Zonas de Interesse Ambiental de Uso Sustentável 1 (ZIA US1);

-Zonas de Interesse Ambiental de Uso Sustentável 2 (ZIA US 2);

-Zona de Interesse Sociocultural 1 (ZISC 1);

-Zona de Interesse Sociocultural 2 (ZISC 2);

-Zona Urbana (ZUR);

-Zona Rural (ZRUR).

Na Figura 1 é possível identificar as diferentes zonas estabelecidas em Lei que

segue o ordenamento já definido, baseado em legislação anterior para o município.

24

Figura - Mapa do município de Altamira com suas respectivas Zonas de Interesse

Fonte: (ALTAMIRA, 2007a).

3.1.4. Aspectos socioeconômicos

A partir de 1970, com a construção da rodovia Transamazônica (BR-230), o

município passou por uma significativa transformação em sua dinâmica econômica,

populacional e espacial. Isso devido a determinadas ações do Estado no sentido de

dinamizar a região rumo a um desejado “desenvolvimento” econômico. O Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) desenvolveu um sistema

planejado de ocupação do território, baseado no transporte rodoviário, onde a

Transamazônica teve papel preponderante. Com isso a Cidade de Altamira começou a

revigorar e se tornou o centro polarizador do conjunto de novos núcleos urbanos

regionais, planejados ou espontâneos (ALTAMIR, 2006a).

A partir daí, a cidade de Altamira passou a ser um pólo irradiador de serviços e

de toda uma estrutura urbana (ver Figura 2) para os demais municípios da Micro-região

de Altamira. Deve-se a isso, várias condicionantes que possam estabelecer uma relação,

referente ao fato de o município passar a ser pólo. Um deles está relacionado às políticas

de incentivo do Governo Federal, através de um programa denominado Polamazônia

que, no caso do estado do Pará, foram projetados 15 pólos, sendo a região de Altamira

um dos contemplados. Uma das linhas de ação desse programa era repassar “subsídios

25públicos para o setor produtivo voltado à exportação”, principalmente no ramo da

pecuária, mineração e madeira (ALONSO e CASTRO, 2006).

Fonte: Adaptado de Revista AMATA

No entanto, o que se percebeu da década de 90 do século XX até os dias atuais,

foram grandes “frustrações”, a partir do momento em que se iniciou um processo de

monitoramento e avaliação da aplicabilidade da grande quantidade de recursos injetados

na região, sobretudo as aplicações feitas pela Superintendência Para o Desenvolvimento

da Amazônia (SUDAM) e pelo Fundo Constitucional para o Desenvolvimento do Norte

(FNO), ocorrendo, portanto, um declínio do dinamismo da economia municipal a partir

de 2001. Um dos parâmetros que pode ser considerado para confirmar esse menor

dinamismo econômico, foi a participação do Produto Interno Bruto (PIB) municipal no

BIP estadual que, no ano de 2004, contribuiu com apenas 2% para a formação do PIB

estadual, considerado baixo se comparado com outros anos (ALTAMIRA, 2007a).

Diante desse cenário, percebe-se que o município de Altamira, com todas as suas

potencialidades ainda não ocupa, no cenário estadual, uma posição confortável, tendo

como base seu PIB, sendo importante esclarecer que outros parâmetros devem ser

levados em consideração quando se analisa a dinâmica econômica de uma região,

conforme comentado anteriormente acerca do Desenvolvimento Sustentável.

Salientamos que não é intenção deste trabalho descrever esses demais parâmetros, nem

tão pouco estabelecer conclusões a partir de comparações do PIB municipal em relação

ao estadual, mas complementar as considerações feitas ao dinamismo econômico para o

período acima citado.

26A partir de 2005, a região e o município sofreram fortes intervenções do Estado,

em sua maioria coercitivas e de controle, intensificando os processos de fiscalização,

com exigências de licenciamento, investigação de irregularidades fundiárias e

inoperância de órgãos públicos. Essas ações eram geralmente executadas em conjunto

com Polícia Federal, Ministério Público Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), apoiados pela sociedade civil

organizada. As mesmas se intensificaram, principalmente, após o assassinato da

missionária americana Dorothy Stang2, em março de 2005 no PDS Esperança em

Anapu-PA.

Essas ações resultaram no embargo e fechamento de dezenas de

empreendimentos ligados ao setor madeireiro que, segundo as representações de classe

desse setor, ocasionou um grande número de desemprego, culminando em inúmeros

outros problemas para a população local, dentre eles aumento da criminalidade. Para

agravar mais ainda o cerco, Altamira passou a fazer parte, a partir do primeiro semestre

de 2008, da lista dos 36 municípios que mais desmataram naquele período,

compreendendo uma região da Amazônia Legal denominada de “arco do

desmatamento”. Após isso, foram intensificadas as operações do IBAMA e Polícia

Federal na região, deflagrando uma ação denominada de “Operação Arco de Fogo”,

sendo Altamira uma das bases de operação. Essas ações tinham como meta coibir

diversas ações fraudulentas na região, mas seu foco principal de atuação estava no

controle do desmatamento e da exploração ilegal de madeira.

Em oposição a essas ações, várias representações da sociedade local, dentre elas

o sindicato que representa o setor madeireiro, promoveu um manifesto de repúdio à

operação Arco de Fogo (ver Figura 3).

Mais de cinco mil pessoas lotaram na manhã de terça-feira, 10/06/08, no cais da cidade de Altamira, em um protesto contra a operação Arco de Fogo. Os manifestantes se vestiram de preto, usaram fitas e bandeiras pretas e levaram dezenas de faixas e cartazes demonstrando indignação com a ação do governo federal, que já havia causado o fechamento de mais de três mil postos de trabalho no município. O comércio da cidade também aderiu à manifestação e fechou as portas. Somente os bancos funcionaram na manhã de ontem. A manifestação foi pacífica e não foi registrado nenhum incidente durante os protestos (ECOAMAZÔNIA, 2008).

2 Sauer (2005).

27

Fonte: Julio Kalb/Prefeitura de AltamiraContrapondo à Operação Arco de Fogo, o Governo Federal lançou uma nova

operação na Amazônia, a operação Arco Verde, uma vez que a região tinha acabado de

sofrer um “engessamento” econômico após as intensas ações de fiscalização e controle.

A operação Arco Verde está pautada em ações emergenciais e de crédito que vai atender demandas nos 36 municípios apontados como os que se encontram em estágio crítico em matéria de desmatamento, é um complemento ao Plano Amazônia Sustentável (PAS). A operação procurará trazer as atividades agropecuárias e florestais da região para a legalidade. Uma das ações previstas na operação é uma linha de crédito voltada para a recuperação ambiental de imóveis rurais. Essa linha terá prazo de carência de até 12 anos, com prazo total de pagamento de até 20 anos. A taxa de juros passa para 4% para projetos florestais (reflorestamento e manejo) no âmbito dos fundos constitucionais (JORNAL AMAZÔNIA, 2008).

3.1.5. Aspectos Culturais

Altamira apresenta-se como um município de grande diversidade cultural,

resultado de uma característica marcante, a fixação dos migrantes das várias regiões do

país, sobretudo Sul e Nordeste brasileiro, os quais se sujeitaram a desbravar a floresta.

Além dos índios, tidos como os nativos e os verdadeiros donos da terra, marcados por

várias atrocidades vindas do homem branco (quando das primeiras fases de ocupação),

responsável em grande parte por dizimar a vida dos nativos em troca de inúmeras

cobiças advindas da cultura européia, existe também o xinguara.

O Xinguara – habitante das margens do rio Xingu e seus afluentes- não escapou à regra dos outros povos e viveu tentando o

28reconhecimento da “Ilha de Patmos”. Com ela manteve estreita e efetiva relação e dela extraiu o necessário à sua sobrevivência [...] O Xinguara nato, à mercê das intempéries inerentes à rusticidade do espaço, isolado, não participou do desenvolvimento que eclodiu nos outros centros, ficou como mero espectador (UMBUZEIRO, 1999: p. 65).

As considerações do autor sugerem que há um povo nato, não importando se

migrantes de outras regiões ou nativos, e que a muito se fazem presentes num lugar de

sonhos, esperançosos por dias melhores. Mas ao longo das décadas, ficaram a mercê do

desenvolvimento que acontecia em outras regiões do país, mas no novo espaço, se

sentiam isolados e impossibilitados de acompanhar as grandes transformações de seu

mundo (meio geográfico), sem que recebessem o básico de infra-estrutura, assistência

social, saúde e educação.

Na cidade de Altamira existem várias manifestações que identificam o padrão

cultural da população e que podem está relacionados com a dinâmica sócio-política que

ocorreu na região, nas últimas décadas, sobretudo nas formas de expansão dos bairros

da cidade a “oeste (ocupados por população de menor poder aquisitivo) e a leste

acompanhando o rio Xingu (ocupado por população de maior poder aquisitivo)”. Um

exemplo disso se percebe na realização de práticas (por parte de empreendedores e

gestores) que visam determinar um “mundo através da eficácia simbólica” exercida em

determinados eventos festivos, principalmente festa de natal na orla do cais, onde se

reproduz a idéia de “cultura comum”, o que sugere uma manifestação de reprodução

social (ALONSO e CASTRO, 2006).

A identidade local do município se expressa, de forma significativa, nas crenças,

na devoção ao santo padroeiro (São Sebastião), na culinária e nos festejos religiosos.

Atualmente as principais manifestações culturais do município se traduzem nas festas

juninas (manifestações folclóricas em homenagem a São João e São Pedro) e demais

festas religiosas, envolvendo a dimensão da vida individual e comunitária dos

habitantes, onde os moradores entendem tais manifestações como um momento sagrado,

lúdico e social (ALTAMIRA, 2006a).

3.2. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Durante a esse trabalho buscou-se apropriar-se das ferramentas disponíveis, do

ponto de vista metodológico, para esclarecer e proporcionar respostas coerentes às

29indagações sinalizadas acima. Para Gil (1991), a pesquisa se apresenta como um

“procedimento racional e sistêmico que tem como objetivo proporcionar respostas aos

problemas”. Com base nisso, entende-se que é de fundamental importância uma

apropriação dos preceitos teórico/metodológicos que são exigidos na pesquisa.

A metodologia, na concepção de Deslandes (1994), é “o caminho do pensamento

e a prática exercida na abordagem da realidade”. Diante desse conceito já é possível se

trabalhar um marco de delimitação para o tipo de pesquisa a ser desenvolvida na

problemática em questão. Diante da realidade a ser abordada, a qual se caracteriza

dentro de um contexto sócio-ambiental, será adotada, como base metodológica, a

pesquisa qualitativa, pois o objeto de estudo se apresenta com um universo significativo

de variáveis a ser consideradas, constituído, em grande parte, de natureza subjetiva.

Trata-se da análise de um processo inovador (para o município em estudo) de políticas

públicas, logo pressupõe a considerar a diversidade de atores envolvidos, com suas

crenças, valores e atitudes, vindo a formar esse cenário (o município), resultando em

uma maior dinâmica de relações que não podem ser reduzidas apenas a uma

operacionalização quantitativa.

O trabalho foi desenvolvido em três principais fases: exploratória, trabalho de

campo (coleta de dados), sistematização e tratamento dos dados. A fase exploratória

tratou-se da investigação de material teórico correlato ao tema, documentos,

interrogações iniciais sobre o objeto, leituras exploratórias e delimitação do foco de

estudo para posterior formatação da pesquisa ora desenvolvido.

A partir da elaboração de questionários qualitativos ambientais semi-

estruturados foram entrevistados três diferentes grupos de atores, conforme estabelecido

abaixo:

a) Grupo Administração Pública: formado por 3 (três) funcionários da SEMAGRI

e SEMAT, a intenção foi trabalhar um resgate histórico-institucional dessas duas

Secretarias para melhor compreensão do processo de criação da SEMAT;

b) Grupo Formadores de Opinião: formado por ex-funcionários públicos,

ocupantes de cargos em empresas e instituições e pessoas ligadas aos

movimentos sociais da região, totalizando 7 (sete) pessoas. Com esse grupo foi

priorizado um resgate da forma do nível de participação das instituições

governamentais e não-governamentais nos Conselhos e Fóruns que discutem

sobre meio ambiente no município;

30c) Grupo Cidadão(ã) Altamirense: formado por dez cidadãos (ãs), incluindo

estudantes, feirantes, comerciantes, dona-de-casa, etc. Os mesmos foram

abordados e entrevistados nas ruas de forma aleatória e questionados,

principalmente, sobre os atuais problemas ambientais de Altamira.

A intenção deste trabalho não foi desenvolver uma analisa quantitativa a partir dos

grupos entrevistados, como forma de representar toda a população do município. Mas

desenvolver, através dessas entrevistas, um complemento das informações ora

apreendidas nas outras fontes (relatórios, leis, decretos, etc.), com vistas a desenvolver

uma melhor compreensão do objeto de estudo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES4.4. A DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO ESTADO DO

PARÁ

4.4.1. Arranjos institucionais no processo de gestão

31O Estado do Pará se configura em segundo lugar em extensão territorial no

Brasil, com uma área de 1.247.689 km² e 143 municípios, dos 5.574 existentes em todo

o país. Os municípios também se apresentam com grandes extensões territoriais, dentre

eles: Altamira, Jacareacanga, São Félix do Xingu e Oriximiná. Suas sedes e seus

distritos estão em regiões de difícil acesso devido a pouca existência de rodovias e

quando existem são precárias, porém possuem um uso significativo de redes

hidroviárias, devido ao forte potencial hidrográfico da região (MAURO, 2007).

É possível que as características acima possam contribuir para a conformação de

um processo lento e ainda apresentando-se de forma incipiente no que se refere aos

aspectos institucionais da gestão ambiental no estado do Pará. Para Bordalo (2005), esse

processo de institucionalização tem início no final da década de 70 do século passado,

“marcado pela influência do modelo conservacionista”, onde o autor aponta três fases

distintas.

-Fase “embrionária” ou inicial: inicia a partir de 1970 e termina no final dos anos 80

do século XX, com influência da PNMA e das Resoluções do CONAMA;

-Fase de consolidação: acontece durante a década de 90, marcada pela criação do

Conselho Estadual de Meio Ambiente e implementação da Secretaria Executiva de

Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará (SECTAM), hoje Secretaria de Estado de

Meio Ambiente (SEMA). Nesta fase, teve início um trabalho que norteava a política de

gestão descentralizadora, influenciada pele Lei Ambiental do Estado do Pará,

promulgada em 1995 (Lei nº 5.887 de 9 de maio 1995).

- Fase de institucionalização: acontece a partir de 2000 e se caracteriza pelo início da

institucionalização da gestão ambiental local em seis municípios paraenses: Belém,

Barcarena, Itaituba, Marabá, Parauapebas e Santarém.

Na década de 70 do século XX, foi promulgado o Decreto Lei nº 10.068 de 27

de abril de 1977, criando o Departamento de Ações Básicas e Complementares

(DABC), a partir do organograma institucional da Secretaria de Estadual de Saúde

Pública (SESPA). Em 1983 o antigo DABC é transformado em Departamento de Ações

Básicas (DAB) pela Portaria nº 409/83 e, em 1987, outro acontecimento de significativa

importância nessa fase embrionária pôde ser celebrado, a Lei nº 5.408/87 que dispõe

sobre a transformação do já criado Conselho Estadual de Saúde (CES) para Conselho

Estadual de Saúde, Saneamento e Meio Ambiente (CONSAMA). Porém Sua atuação na

área ambiental se deu de forma lenta, sem ações relevantes (BORDALO, 2005).

Na fase de consolidação da gestão ambiental no estado do Pará, teve grande

importância o funcionamento do Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA),

32instituído pela Lei nº 5.610/90, além da criação da SECTAM, conforme citado acima.

Para Bordalo (2005), a criação em dezembro de 1996 do Plano Estadual Ambiental, um

ano depois da criação da Lei ambiental do estado, foi um passo importante para a

consolidação da gestão ambiental no estado, pois passou a “nortear as diretrizes e os

princípios” pautados na noção de desenvolvimento sustentável.

Diante dessa perspectiva é possível considerar que o Plano Estadual Ambiental

da SECTAM foi importante para dar início a uma série de ações de cunho institucional

para que, de fato, ocorresse a intervenção pública e/ou privada do que o autor citado

acima chamou de “atividades realizadas no território do Pará” no sentido de desenvolver

iniciativas de gestão ambiental integrada e participativa. É diante desse cenário que se

inicia a efetiva execução do chamado Pacto Federativo no Estado, processo de

fundamental importância para estabelecer uma relação mais amistosa entre os diferentes

entes da Federação e, no caso do estado do Pará, ao processo de descentralização da

gestão ambiental entre SECTAM e os municípios paraenses (Belém, Barcarena,

Itaituba, Marabá, Parauapebaas e Santarém) que saíram na frente, quanto à consolidação

de suas políticas ambientais municipais (MAIA, 2007, p. 09).

O processo de gestão ambiental no estado do Pará, assim como o processo de

institucionalização dos órgãos estaduais de meio ambiente acima mencionados, são

assim identificados por Tozi (2007).

No que concerne à gestão ambiental, o Estado do Pará atravessou duas fases. A primeira fase começou em 1977 sob coordenação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM, atual ADA, e, através desta os Planos de Desenvolvimento da Amazônia – PDA’s foram colocados em prática por meio de projetos agropecuários; rodoviários; madeireiros; hidrelétricos e minero-metalúrgicos. [...] A criação e funcionamento do Conselho Estadual de Meio Ambiente – COEMA, em 1990 deu início a Segunda fase da gestão no Estado; e a implantação de fato da SECTAM em 1991, esta incorporando todo o Departamento de Meio Ambiente da SESPA. Porém, só em 1995 é que foi promulgada a Lei Ambiental do Estado, nº 5.887, dispondo sobre a Política Estadual de Meio Ambiente – PEMA

Um marco importante para um contexto mais recente da gestão ambiental no

estado do Pará foi a criação da Resolução COEMA, nº 021 de 13 de dezembro de 2002.

Nela, estão definidas Diretrizes e Estratégias para a descentralização da gestão

ambiental, além de estabelecer elementos de valorização de uma política de

descentralização de algumas atividades sujeitas ao Licenciamento Ambiental e que estão

em conformidade com a Resolução CONAMA nº 237/97.

334.4.2. As iniciativas de programas e projetos para as políticas ambientais

Diante da urgente necessidade de traçar as soluções para os inúmeros problemas

ambientais que já se apresentavam no estado, e da necessidade de se planejar um

modelo de gestão ambiental, conforme preconizado no arcabouço legislativo estadual já

criado, o estado do Pará priorizou ações que já estavam sendo desenvolvidas a nível

nacional através dos Pactos Federativos. E uma das estratégias escolhidas foi atuar no

âmbito de prerrogativas de integração com outros níveis de governo, porém, de início,

sem delegar ou receber atribuições de outro ente federado. Para Maia (2007), o Estado

definiu critérios e estratégias baseadas em experiências com municípios considerados

prioritários pelo Projeto de Gestão Ambiental Integrada (PGAI/PA), ou seja, para que se

iniciassem essas ações descentralizadoras, esse projeto definiu alguns municípios como

prioritários para que se iniciassem, de fato, tais ações.

É importante frisar que os PGAI’s se configuraram a partir de 1997 nos nove

estados do Norte do Brasil e fizeram parte do contexto de atuação do Subprograma de

Políticas de Recursos Naturais (SPRN), no âmbito do Programa Piloto para Florestas

Tropicais do Brasil (PPG7). E o processo de descentralização da gestão ambiental é um

dos principais temas de atuação do SPRN que, para Alencar (2007) tem como objetivo

geral, “contribuir para a definição e implementação de um adequado modelo de gestão

ambiental integrado para a Amazônia Legal”, com vistas ao uso sustentável dos recursos

naturais.

A partir de 2003 o SPRN utilizou como ferramenta principal, com vistas a

carrear recursos para desenvolver suas ações, os editais do Fundo Nacional de Meio

Ambiente (FNMA), com a celebração de convênios em diferentes áreas de atuação. Isso

justificou a possibilidade dos municípios inseridos nos PGAI’s serem contemplados

com recursos (a fundo perdido) para desenvolver projetos pontuais que dispunham,

entre suas metas, do fortalecimento da gestão ambiental nos municípios e,

consequentemente, do processo de descentralização.

Esses editais foram formulados no âmbito da Linha de “Ação 3.2 da Diretriz 3.0

e seus respectivos meios de implementação, que previa apoio aos municípios nos nove

estados da região Norte do país, conforme citado acima, e considerava como

beneficiários as seguintes categorias de órgãos: órgãos governamentais federais,

estaduais, municipais e organizações da sociedade civil de atuação no âmbito municipal

e setores produtivos. Os quais suas linhas de atuação visavam:

-Consolidar o processo de descentralização em nível municipal;

34-Apoio à assessoria técnica e capacitação local a prefeituras municipais para execução

de políticas públicas ambientais;

-Apoio à elaboração e implementação de planos municipais de desenvolvimento

sustentável;

-Apoio à estruturação e implementação de sistema municipal de meio ambiente

(ALENCAR, 2007).

4.5. AS QUESTÕES AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA - PARÁ

4.5.1 Os principais avanços a respeito das questões ambientais no município de

Altamira.

A forma de ocupação urbana do município de Altamira, sobretudo a partir da

década de 90 do século passado calcada pelo êxodo rural e intenso fluxo migratório,

pode ter contribuído significativamente para que a população local iniciasse um

processo reivindicatório de legitimação de seu arcabouço normativo, frente aos

problemas ambientais que ora se manifestavam. O crescimento urbano desordenado às

margens dos igarapés Altamira e Ambé e os processos de extração predatória de

minerais e recursos pesqueiros no leito do rio Xingu, certamente foram os primeiros

impactos ambientais, em um contexto urbano mais recente do município, que

motivaram a população local a buscar solução para mitigar esses impactos ambientais.

Entretanto, fora a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que os

poderes locais, diante da necessidade de elaboração da Lei Orgânica do Município,

assinalaram preocupação com a preservação do meio ambiente.

Uma primeira sinalização ocorreu com a promulgação da Lei Orgânica do

Município de Altamira de 30 de março de 1990 que, em seu capítulo II, Título VII, trata

da preservação do meio ambiente.

Art. 159 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à adequada qualidade de vida, cabendo a todos e, em especial ao público municipal, o dever de defendê-lo, preservá-lo para o benefício das gerações atuais e futuras.Art. 160 – É dever do poder público do município elaborar e implantar, através de lei, um Plano Municipal de Preservação do Maio ambiente e Recursos Naturais que contemplará a necessidade do conhecimento das características e recursos do meio físico e biofísico, de diagnóstico de sua utilização e definição de diretrizes para o seu

35aproveitamento racional no processo de desenvolvimento sócio-econômico.Art. 161 – São áreas de proteção permanente:- os manguezais, mananciais e igarapés;-as margens do rio Xingu e seus braços;-as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso e reprodução de espécies migratórias;- os açaizais.Art. 162 – O Poder Público Municipal deverá dar adequado tratamento e destino final aos resíduos sólidos e aos fluentes dos esgotos de origem doméstica, exigindo o mesmo procedimento aos responsáveis pela produção de resíduos sólidos e fluentes industriais (ALTAMIRA, 1990).

A partir desses quatro artigos, se discute a melhor forma de garantir aos

munícipes definições importantes para a busca de um meio ambiente mais equilibrado,

no que se refere a um respaldo legal a partir dessa Lei. E isso significou aos

representantes dos poderes executivo, legislativo e representantes da sociedade civil

organizada da época, uma forma de expressarem suas preocupações em garantir a

melhoria da qualidade de vida da população local e preservar a fauna e a flora do

município, conforme estabelecido no Capitulo II, da Lei Orgânica Municipal.

4.5.2. Gestão ambiental em Altamira a partir dos anos 90

Os poucos instrumentos e mecanismos de gestão ambiental no município de

Altamira só começaram a se estruturar a partir de meados da década de 90. Já não era

mais possível compatibilizar o crescimento da cidade com a falta de uma estrutura

técnica/administrativa que subsidiasse as ações em prol da conservação do meio

ambiente local. Mas fica a pergunta: por que a municipalização da gestão ambiental

veio de forma tão tardia para o município? Essa pergunta nos remete a dois principais

campos de observação para tentar respondê-la. O primeiro tem haver com o próprio

contexto e dinamismo que se apresenta na esfera estadual, com a instituição da Política

Estadual de Meio Ambiente e demais instrumentos, que também se apresentam de

forma tardia, se comparado com outras regiões do país. E o segundo pode estar

relacionado à forma de articulação local, com base no “interesse” dos órgãos de governo

e/ou demais entidades governamentais e não-governamentais de, a qualquer custo,

acessar as políticas públicas voltadas para a questão ambiental.

No contexto do estado do Pará, foi mostrada em tópicos anteriores a Resolução

COEMA nº 021/02, que trata da definição de diretrizes para as políticas de

descentralização da gestão ambiental entre estado e município, ou seja, só a partir de

362002 que esses instrumentos legais passam a ganhar dinamismo e serem legitimados a

nível de estado.

4.6. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA SEMAT

Poucas ações eram feitas com vistas ao cumprimento da Lei Orgânica

Municipal, até 1996. Ao contrário, o que se presenciou foi o aumento significativo da

devastação do meio ambiente, com destaque para o aumento do desmatamento

predatório, tendo como conseqüência o assoreamento de rios e igarapés. Em 1997,

através da Lei nº 1.374, foi criada a Coordenadoria de Meio Ambiente composta de uma

Divisão de Fiscalização do Meio Ambiente e uma Divisão de Turismo. Essa

Coordenadoria permaneceu formalmente vinculada à SEMAGRI até dezembro de 2001,

quando fora sancionada a Lei de Criação da SEMAT.

Em entrevista com a atual secretária da SEMAT, foi possível contextualizar

melhor a trajetória de institucionalização do atual Órgão Municipal de Meio Ambiente

de Altamira.

O processo de Institucionalização do órgão de meio ambiente em Altamira nasceu no governo do então Prefeito Claudomiro Gomes, que instituiu a Lei nº 1.374/97, criando a Coordenadoria de Meio Ambiente e Turismo. Nesse mesmo governo, houve o Concurso Público Municipal e efetivação de Agentes de Fiscalização Ambiental, culminando na formação de uma equipe com maioria de concursados. Nesse período foi feita também uma adequação de toda legislação existente sobre meio ambiente no município. Na próxima gestão, devido à abrangência, a nível mundial sobre meio ambiente, foi instituída a Lei nº 1.483/01, criando a SEMAT e instituiu o Fórum da Agenda 21, Conselho de Meio Ambiente, etc. Isso tudo devido a uma pressão a nível de país para sistematizar uma pasta de meio ambiente no município, com vistas à captação de recursos e organizar um pouco as questões ambientais pelo fato do município viver à dispensa da implantação do projeto de aproveitamento hidroelétrico do complexo Belo Monte. Porém, só no governo posterior (primeiro mandato/Odileida Sampaio), foi que houve a efetivação dos trabalhos da SEMAT, quando no dia 2 de maio de 2005 é baixado Portaria de nomeação de um Secretário à luz da lei deflagrada pelo governo anterior (Z. L. S. C. Altamira, maio de 2009).

Apesar de ser sancionada em Lei a criação da SEMAT, a mesma permaneceu

vinculada à SEMAGRI até maio de 2005, funcionando apenas como Coordenadoria. É

importante salientar que foram implementadas algumas ações pontuais, porém pouco

significativas diante das demandas existentes para aquele período. Segundo a Secretária,

dentre as ações executadas entre 1998 e 2005 as mais importantes foram: a)

37ordenamento da coleta de resíduos sólidos da cidade; b) Fiscalização da desova de

quelônios, junto com IBAMA e 51º Batalhão de Infantaria e Selva; c) Trabalho de

fiscalização na época do defeso; d) Trabalho de Educação Ambiental nas praias (no

veraneio) junto com o movimento de escoteiros da cidade e, e) Os trabalhos de

Educação Ambiental nas escolas.

No caso de Altamira, havia duas intenções claras por parte do gestor entre os

anos de 2000 e 2003: a primeira relacionada à captação de recursos via editais

celebrados pelo FNMA/MMA com vistas à instrumentalização da SEMAT, no qual o

município vem a ser contemplado com o “Projeto Gestão Ambiental Compartilhada em

Altamira” (FGAM); A segunda está relacionada com a necessidade de organização do

arcabouço legal, referente à pasta ambiental no município para se apresentar com maior

respaldo por ser um município pertencente à área de influência do projeto que trata do

aproveitamento hidroelétrico de Belo Monte3.

Isso significa dizer que os fatores que desencadearam a ações de proteção

ambiental no município não estão relacionados, apenas, com a sensibilidade de

munícipes e gestores, mas também com outros fatores relacionados à contextualização

das políticas ambientai a nível estadual e federal, calcadas principalmente no

fortalecimento do SISNAMA (a nível federal) e nas ações do PGAI-PA em um contexto

de atuação no âmbito de estado, o qual será detalhado no tópico seguinte.

4.6.1. Estrutura Física e Recursos Humanos

Em março de 2006, foi realizado o primeiro repasse de recurso (R$ 95.000,00)

do FNMA para a Prefeitura Municipal de Altamira. Parte desse recurso foi destinado

para equipar a Secretaria de computadores, motocicletas, televisor e outros materiais

para escritório e para trabalho de campo. As instalações da SEMAT eram localizadas no

mesmo prédio que funcionava a SEMAGRI, só depois de dois anos a Prefeitura alugou

um espaço para funcionamento exclusivo da Secretaria da gestão de Meio Ambiente e

Turismo.

Em 2005 o quadro de pessoal do setor de meio ambiente da prefeitura era

bastante reduzido diante de suas demandas, composto apenas pelo Secretário, uma

3 Há mais de 30 anos vem sendo estudada a possibilidade de se construir uma usina hidrelétrica na bacia do rio Xingu. Os estudos de viabilidade do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte (AHE) foram concluídos em 2002. A partir de 2005, o Congresso Nacional autorizou que se fizesse um complemento e atualização dos Estudos de Impacto Ambiental – EIA, o qual ainda está em fase de elaboração (BRASIL, 2009).

38Coordenação, um motorista (cedido pela Câmara Municipal de Altamira), uma

Socióloga, uma Engenheira Florestal e dois Agentes de Fiscalização Ambiental. Com a

convocação dos novos concursados foram admitidos mais dois Agentes de Fiscalização

Ambiental, três Auxiliares Administrativos e dois Auxiliares de Serviços Gerais. Porém

por questões política, possivelmente relacionada à divergência partidária, a Socióloga e

a Engenheira Florestal saíram do quadro de funcionários deixando uma lacuna

significativa de funcionários naquela Secretaria. Tudo leva a crer naquele momento, que

as divergências político partidárias “falaram mais alto” do que o devido compromisso

de administrar para o bem da coletividade.

Atualmente existem 31 (trinta e um) funcionários na composição do quadro de

pessoal da SEMAT. Entretanto, é um quadro que ainda se apresenta instável em sua

composição e incipiente para que possa atender as demandas da pasta de meio ambiente

no município, uma vez que, do universo de 31 funcionários, menos da metade está, de

fato, trabalhando nas demandas de meio ambiente (os demais atuam nas demandas de

turismo e no setor de artesanato) e os que representam o quadro efetivo somam 6 (seis),

cerca de 19% do universo de funcionários do quadro atual. Isso ainda é muito pouco

para um município do porte de Altamira, frente aos desafios ambientais que o mesmo

precisa enfrentar de agora em diante, principalmente, nas sub-pastas de licenciamento,

fiscalização e monitoramento ambiental, resíduos sólidos e educação ambiental.

4.7. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO E

CONTROLE DO MUNICÍPIO

O papel da Gestão Ambiental Municipal é extremamente relevante para a

definição de Políticas Públicas que promovam a mudança da mentalidade coletiva,

indispensável para a implementação de ações capazes de promover uma melhor gestão

dos recursos naturais a nível local, através de instrumentos capazes de garantir ações

equilibradas na área econômica, social e ambiental. Esses mecanismos de gestão já se

apresentam de alguma forma no município de Altamira, mesmo que ainda seja

necessário um contínuo processo de fortalecimento e readequação dos mesmos. Nesse

tópico serão abordados os principais instrumentos de gestão existentes em Altamira.

4.7.1. Plano Diretor Municipal

39Foi instituído pela Lei nº 1.515 de 16 de dezembro de 2003, como Plano Diretor de

Desenvolvimento e Expansão Urbana do Município de Altamira.

Conforme o seu artigo primeiro tem como finalidade: promover o desenvolvimento e a expansão urbana de Altamira com a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, cumprindo o que determinam a Constituição Federal e Estadual e a Lei Orgânica do Município de Altamira, mediante o desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, da preservação ambiental, do fortalecimento de sua base econômica, da organização do espaço urbano e do sistema de planejamento e gestão democrática por meio da participação popular e de associações representativas (ALTAMIRA, 2007a).

Atualmente o Plano Diretor de Altamira está sendo reformulado para que possa

atender os requisitos mínimos exigidos em Lei e às atuais mudanças ocorridas no

município, nos últimos cinco anos. Possivelmente na primeira etapa de elaboração tenha

apresentado falhas de informações ou necessidade de ser reformulado. E pelo fato de ser

um documento formalmente obrigatório para municípios que tenham acima de 20 mil

habitantes, conforme estabelecido na Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), a PMA

novamente foi obrigada a reformular este documento. Segundo informação obtidas nas

entrevistas, já foi gasto um montante de recursos significativo de 2005 para cá, com

consultoria e os trabalhos nunca foram concluídos até a presente data.

4.7.2 Licenciamento Ambiental (LA)O Licenciamento Ambiental é um dos instrumentos de controle que já vem

sendo realizado no município a partir do primeiro semestre de 2008, conforme está

previsto no Capítulo III do Código de Meio Ambiente de Altamira.

Art. 32 – A construção, instalação, ampliação, reforma e funcionamento de empreendimentos e atividades utilizadoras e exploradoras de recursos naturais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como, os capazes de causar significativa degradação ambiental, sob qualquer forma, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental municipal [...].Art. 33 – Para efeito do disposto no artigo anterior, o licenciamento obedecerá às seguintes etapas:

Licença Prévia (LP) – emitida na fase preliminar da atividade [...]; Licença de Instalação (LI) – emitida após a fase anterior [...];

Licença de Operação (LO) – emitida após a fase anterior, a qual autoriza a implantação da atividade, de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado (ALTAMIRA, 2007b).

A efetivação do LA no município de Altamira é resultado de uma das ações

previstas no Pacto Federativo, ou seja, o licenciamento viria a ser a primeira atividade

de descentralização ambiental no município. A primeira articulação no município para o

licenciamento ambiental surgiu a partir de 2007, com a elaboração dos manuais de

40licenciamento e fiscalização, os quais dariam todo suporte técnico/administrativo para

que a SEMAT pudesse realizar as ações de licenciamento e fiscalização ambiental.

4.7.3. Zoneamento Ecológico-Econômico participativo (ZEEp) de Altamira

Sua elaboração foi iniciada em Abril de 2007 – fases de articulação, passando

pela fase de diagnóstico e prognóstico, com encerramento em Dezembro de 2008,

conforme citado anteriormente. O ZEEp de Altamira é hoje um importante instrumento

de planejamento participativo para o ordenamento territorial e da gestão do processo de

desenvolvimento sustentável para o município. E tem seu embasamento legal nos

artigos 21, 23 e 30 da CF e, a partir de 2000 o MMA passou a coordenar iniciativas,

com diversos organismos governamentais, no sentido de desenvolver metodologias para

elaboração de ZEE’s nas regiões e estados brasileiros. O Decreto nº 4.297 de 10 de

julho de 2002, define o ZEE como instrumento da PNMA, e servindo de marco

referencial para o “planejamento e organização do processo de ocupação sócio-

econômica (SOUZA, E.C.B. et al, 2003).

No município de Altamira, o ZEE é previsto no artigo vinte e quatro da Lei nº

1.765/07 (Código de Proteção do Meio Ambiente de Altamira), e, por fazer parte da

segunda meta do Projeto FGAM, sua elaboração foi iniciado no mesmo ano de criação

da referida lei.

Art. 24 – O Poder Público elaborará o Zoneamento Ecológico-Econômico, respeitando as diretrizes federais, estaduais, e quando concluído, deverá servir de base para o planejamento municipal no estabelecimento de políticas, programas e projetos, visando à ordenação do território e à melhoria da qualidade de vida das populações urbanas e rurais.Parágrafo Único – A Política Municipal do Meio Ambiente deverá ser ajustada às conclusões e recomendações do Zoneamento Ecológico-Econômico.

4.7.4. Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM)

O Conselho Municipal de Meio Ambiente e um dos espaços de participação

social, onde se discute as questões demandadas referente ao meio ambiente. Segundo

Souza et al, (2003), sua natureza é de um órgão consultivo, deliberativo e pode

apresentar-se também como detentor de recursos e, em algumas situações, dependendo

da capacidade técnica dos conselheiros, emitirem parecer técnico, sobre alguma

41demanda que se apresente como urgente, necessitando de um respaldo imediato do

conselho. Em sua formação, geralmente a representação é paritária entre as instituições

que o representam, logo sua representação se consolida entre o governo municipal e

Sociedade Civil Organizada.

O Conselho Municipal de Meio Ambiente de Altamira (COMAM) foi instituído,

através da Lei nº 1.528, de 26 de março de 2004, conforme se prescreve abaixo:

Art. 1º - Fica criado com atuação na área do Município de Altamira – Pará, o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), órgão deliberativo, normativo, consultivo e de assessoramento do Poder Público, referente ao planejamento, desenvolvimento das questões ambientais no âmbito de suas atribuições (ALTAMIRA, 2004).

No município de Altamira, os procedimentos adotados para a criação e

funcionamento do Conselho não foge à regra dos já constituídos em outros municípios

brasileiros. No Regimento Interno do COMAM, de 15 de fevereiro de 2006, é definida a

sua composição no artigo terceiro que diz: “Art. 3º. – O COMAM terá composição

paritária, sendo cinco representantes do poder público e cinco da comunidade [...]” e no

artigo décimo quarto trata da periodicidade das reuniões.

Art. 14º - A plenária do COMAM reunir-se-á em dependências que forem destinadas pela presidência do COMAM, ou, supletivamente, pela Diretoria, em reuniões ordinárias com periodicidade mensal.Parágrafo Único – As reuniões ordinárias do COMAM dar-se-ão nas últimas sextas-feiras de cada mês (ALTAMIRA, 2006c).

De maneira geral os Conselhos Municipais de Meio Ambiente desempenham

fundamental importância na condução das Políticas Ambientais dos municípios.

Segundo o IBGE (2008), os COMAM’s assumem também importância econômica para

os mesmos, uma vez que precisam regularizar seus conselhos para poderem exercer as

atividades de fiscalização e licenciamento ambiental, conforme preconiza a Resolução

CONAMA nº 237/97. Por conta disso, houve nos últimos anos um significativo

aumento desses conselhos nos municípios brasileiro, chegando a 47,6% (2.650

municípios), sendo que no ano em que se iniciou essa contagem (ano de 1999), esse

percentual representava apenas 21,4% (1.177 municípios) com Conselhos Municipais

de Meio Ambiente, significando um aumento de 125% desde 1999, conforme a tabela

abaixo.

42Tabela - Percentual de municípios com Conselhos Municipais de Meio Ambiente por grandes regiões-1999/2008.

Fonte: IBGE/Perfil dos municípios brasileiros (2008).

4.7.5. Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMA)

Com o dinamismo e consolidação das políticas municipais de meio ambiente, houve

a necessidade de um fundo específico para a área de meio ambiente. Essa necessidade

se caracteriza, principalmente, pela estrutura administrativa de arrecadação do órgão. A

criação do FMA deve ser autorizada por lei municipal e suas receitas devem ser

revertidas para o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão ambiental. Um dos

instrumentos jurídicos que evoca claramente a função do FMA é a Lei de Crimes

Ambientais (Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998), conforme o Artigo setenta e três.Art. 73. Os valores arrecadados em pagamentos de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional de Meio Ambiente, criado pela Lei nº7. 797, de 9 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador (BRASIL, 2005).

O FMA do município de Altamira foi instituído em seu Código de Proteção do

Meio Ambiente, pela Lei nº 1.765/07, conforme o estabelecido em seu artigo décimo

sétimo.Art. 17. Fica instituído o Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMA) vinculado à SEMAT, de natureza contábil, que tem por finalidade criar condições financeiras e de gerência dos recursos destinados ao desenvolvimento das ações e serviços relativos ao meio ambiente como um todo, visando a melhoria da qualidade de vida da população do município de Altamira, competindo a sua administração ao COMAM, através de sua secretaria executiva (ALTAMIRA, 2007b).

No Artigo seguinte (Art. 18), são definidas as receitas a serem repassadas ao

FMA, dentre elas a previsão mínima de 0,05% da dotação orçamentária do município,

43em receita corrente líquida. São previstos também recursos provenientes de doações em

dinheiro, bens móveis e imóveis, de multas, advindas de infrações ambientais, além de

taxas cobradas no processo de Licenciamento Ambiental de empreendimentos que

exploram os recursos naturais e outros.

Atualmente grande parte do volume de recursos do FMA está orçado para

pagamento de consultoria, aproximadamente R$ 34 mil reais, aprovado pelo COMAM

no segundo semestre de 2008, para o pagamento de serviços de consultoria para

trabalhar na elaboração da Agenda 21 Local de Altamira. Essas Ações são válidas, desde

que respeitadas as especificações previstas em lei, cabendo ao COMAM, acompanhar,

avaliar e monitorar todas as etapas do processo, estabelecendo princípios de

transparência quanto à destinação dos recursos aplicados.

4.7.6. Fórum da Agenda 21 Local (FAG 21)

Com base na Agenda 21 Global e no Brasil a Agenda 21 brasileira, iniciaram as

discussões envolvendo a noção de sustentabilidade permeando as várias dimensões da

sociedade: política, econômica, social, ambiental, cultural, etc, com vistas a uma

consciência de diálogo nos processos de transformação, superação de conflitos e

cooperação entre os diversos atores (BRASIL, 2006a).

Além da nacional, há também a construção das Agendas 21 Locais, que se

configuram como instrumentos locais de planejamento de políticas públicas com

enfoque em um processo amplo e participativo entre governo e Sociedade Civil

organizada. A partir de 2005 foi iniciada a constituição da Rede Brasileira de Agenda 21

Local, elaborada pela Secretaria Executiva do Fórum Brasileiro de ONG’s e

Movimentos Sociais (FBOMS), com apoio do MMA e com o “objetivo geral de

promover o engajamento de diversos setores da sociedade na implementação de

políticas públicas” voltadas para o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2006a).

Agenda 21 Local de Altamira começa a ser discutido a partir do ano de 2003,

através do Decreto Municipal nº 648 de 24 de outubro de 2003, o qual institui o FAG 21

Local no âmbito do município, conforme prescreve os artigos abaixo.Art. 1º - Fica instituído no âmbito do município de Altamira o Fórum da Agenda 21 Local, com a finalidade de facilitar e integrar as ações necessárias às políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do município.Art. 4º - O Fórum da Agenda 21 Local deverá contemplar representantes das entidades legalmente constituídas e em atuação no município de Altamira, observando a paridade entre as organizações governamentais e não-governamentais [...]

44Art. 7º - O Fórum da Agenda 21 Local deverá reunir-se em assembléias ordinárias, no mínimo quatro vezes por ano e, extraordinariamente sempre que julgar necessário (ALTAMIRA, 2003).

Com isso, há uma definição clara da legitimação do FAG 21 em Altamira, além

de definir outras duas questões importantes que é a respeito da composição paritária e

do período mínimo de reuniões. Atualmente está sendo elaborado, com apoio de

consultoria (contratada com recursos do FMA, conforme citado acima) e da equipe

técnica da SEMAT, o produto Agenda 21 Local de Altamira, o qual prever um

planejamento sistêmico, participativo e integralizador com as demais políticas públicas

municipais, definido em curto e médio prazo, o que significa um planejamento de, no

mínimo, dez anos. É importante salientar que esse planejamento estratégico contempla,

em um de seus principais eixos de atuação, o fortalecimento da Política Municipal de

Meio Ambiente do município de Altamira e cumprimento do Plano Ambiental

Municipal.

4.8. AS PRINCIPAIS AÇOES DA SEMAT

Atualmente, o Órgão Central que coordena, controla e executa a Política

Municipal de Meio Ambiente e de Turismo no município de Altamira é a SEMAT,

conforme o Art. 14º da Lei Municipal nº 1.765 de 19 de setembro de 2007. É importante

perceber que essa Secretaria atualmente, também coordena, controla e executa as ações

referentes às políticas públicas municipais relacionadas ao turismo, porém não está nos

objetivos desse trabalho descrevê-las de forma detalhada. Sendo importante frisar,

também, que o desenvolvimento de políticas públicas de apoio ao turismo no município

são tão importantes quanto as políticas de meio ambiente e das políticas das demais

esferas da sociedade.

Nos últimos quatro anos algumas ações foram desenvolvidas pela SEMAT na

área de turismo com apoio da Companhia Paraense de Turismo (PARATUR). Dentre

essas ações a realização do Programa de Regionalização do Turismo/Roteiros para o

Brasil, que contribuiu para que, a partir de 2006, com base no Plano Nacional de

Turismo, fosse criado o VI Pólo Regional de Turismo no estado do Pará, denominado de

Pólo Xingu. Isso teoricamente significa um ganho para o município à medida que passa

a fazer parte das unidades regionais de turismo, as quais podem ser melhor direcionadas

as políticas públicas voltadas para turismo na região (BRASIL, 2004).

45Atualmente o município dispõe de um Conselho, onde congregam empresários

da rede hoteleira, bares e restaurantes, sindicato dos taxistas, sindicatos dos artesãos e

demais empresários de empreendimentos turísticos, além dos representantes do poder

publico local. O Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) desenvolve diversas

ações de apoio ao turismo, dentre elas a realização, a partir de 2007 do Diagnóstico

Turístico de Altamira, também, com apoio da PARATUR, além das reuniões mensais do

Conselho. Porém ainda precisa de maior dinamismo em suas ações para que possa

alcançar, de fato, os objetivos que originaram sua criação: articular e dinamizar o

turismo na região, valorizando um processo continuado e participativo.

4.8.1. As ações do Projeto FGAM, firmado através do Convênio 108/2005A Prefeitura Municipal de Altamira (PMA), em parceria com o Consórcio Belo

Monte4, trabalharam a elaboração de um projeto com o objetivo de acessar os recursos

(a fundo perdido) disponíveis no FNMA/MMA. Com isso, foi firmado um Convênio

(108/2005) de repasse de recurso para a PMA em dezembro de 2005, algo entorno de

R$ 250 mil reais, para celebração do projeto FGAM, com vista a instrumentalizar a

SEMAT, principalmente, na aquisição de materiais permanentes, equipamentos

diversos, além de capacitação para funcionários e representantes de instituições

governamentais e não-governamentais, com enfoque no princípio de Gestão Ambiental

Compartilhada.

O convênio firmado previa a execução de quatro grandes metas através do

Projeto FGAM, as quais são apresentadas abaixo.

- Promover o Fortalecimento da Gestão Ambiental Local;

-Implementar Instrumentos de Gestão Ambiental;

-Construir a Gestão Ambiental Participativa;

-Divulgar os resultados alcançados pelo projeto.

Em março de 2006, foi realizado o primeiro repasse de recursos do FNMA para

a Prefeitura. A partir daí começaram a ser realizados os trabalhos e compras de

equipamentos para a Secretaria, conforme previsto na primeira meta. Além de todo um

trabalho exaustivo de revisão e consolidação de Legislação Ambiental existente no

município, paralelamente a isso, houve a ativação do Conselho Municipal de Meio

Ambiente (COMAM) e do Fórum da Agenda 21 Local de Altamira (FAG 21),

4 Instituição que representa o consórcio de municípios do entorno de Belo Monte. Foi criado com a finalidade de intermediar as discussões entre ELETRONORTE e a sociedade local, acerca do AHE de Belo Monte.

46principalmente com a realização de reuniões periódicas e elaboração de seus respectivos

Estatutos e Regimentos Internos.

Na segunda grande meta estavam previstas três principais atividades: elaboração

do Zoneamento Ecológico-Econômico participativo (ZEEp), promover ações de

Educação Ambiental e realizar o Pacto Federativo entre IBAMA, SEMA-PA e PMA. O

ZEEp foi realizado em uma área denominada nos estudos de Área Prioritária5,

correspondendo aproximadamente 12% de todo o território do município, localizando-

se no extremo norte do mesmo, abrangendo, principalmente as áreas de colonização

antiga (lado esquerdo do rio Xingu, com destaque para a Princesa do Xingu) e área de

colonização mais recente (lado direito do rio Xingu, com destaque para a Gleba

Assurini), uma vez que as demais áreas do município estão definidas como Unidades de

Conservação ou como terras indígenas.

As ações de educação ambiental aconteceram à medida que a SEMAT ia se

estruturando. Até hoje são desenvolvidas em escolas e nas praias, por técnicos da

Secretaria em parceria com alunos das escolas da rede pública. Já o Pacto Federativo,

por ser considerado um processo lento e gradual para aqueles que buscam sua

efetivação, foi sendo formalizado aos poucos, culminando com a assinatura do Termo

de Descentralização nº 003/2008, entre SEMA-PA e PMA, celebrado em março de

2008, o qual transferira a responsabilidade de licenciamento, fiscalização e

monitoramento de 53 (cinqüenta e três) tipos diferentes de atividades empreendedoras,

consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou que de qualquer forma possam

causar impacto ambiental, considerando as disposições regulamentares, no âmbito do

município, nas seguintes ares por atividade: Atividades de Infra-estruturas, Comércio e

Serviços; Atividades Industriais e Oficinas; Atividades Agropecuárias e Atividades de

Extração Mineral (ALTAMIRA, 2006b).

A terceira meta é possível que tenha sido a meta mais difícil de ser executada,

pois previa em suas atividades promover a participação efetiva, principalmente, das

instituições representantes do COMAM e FAG 21, algo que até os dias atuais ainda não

aconteceu, conforme preconiza os princípios de participação desses espaços. Na quarta

e última meta foi trabalhado o processo de divulgação dos resultados do Projeto e a

realização de intercâmbio. É claro que essas mete-atividades já vinham acontecendo

simultaneamente às outras metas, com a realização de três intercâmbios em três

diferentes cidades (Marabá, Santarém e Belém) do Pará.

5 Ver Altamira, (2007a).

474.8.2. As ações pontuais com base no Código de Proteção ambiental

Entre 2005 e 2007, o trabalho da SEMAT foi, principalmente, o de desenvolver

as metas do projeto FGAM, que se resumiam em oficinas de capacitação e estruturação

do arcabouço jurídico ambiental do município de Altamira. E isso significou um árduo

trabalho para fazer com que os dois Conselhos (COMAM, COMTUR) e o FAG 21

pudessem funcionar. Após a aprovação do Código de Proteção do Meio Ambiente do

município de Altamira, em 19 de setembro de 2007, através da Lei nº 1.765, as ações na

SEMAT ganharam maior dinamismo, uma vez que esse Código abriria um leque de

atribuições para que, a partir de então a SEMAT pudesse, de fato coordenar, controlar e

executar a PMMA prevista no referido Código Ambiental.

Atualmente a SEMAT desenvolve um número significativo de atividades que

estão previstas nas atuais políticas de fortalecimento do SISNAMA, apoiadas pelo

Governo Federal via MMA e que, também fazem parte da política de descentralização

da gestão ambiental desenvolvidas no estado do Pará com o apoio da SEMA-PA,

através dos PGAI’s.

Dentre as atividades desenvolvidas na SEMAT de dois anos para cá, serão

visualizadas abaixo as principais.

Licenciamento Ambiental – a partir de dezembro de 2007, a SEMAT, juntamente com

12 (doze) estagiários do curso técnico profissionalizante em Saneamento Urbano,

realizou um trabalho de cadastramento de aproximadamente 500 (quinhentos)

empreendimentos que, no ano seguinte passariam a fazer parte das atividades efetiva ou

potencialmente poluidoras, capazes de causar impacto ambiental, a serem licenciadas

pela SEMAT, conforme Termo de Descentralização nº 003/2008 da SEMA-PA. E no

final de 2008, aproximadamente 120 processos de licenciamento já tramitavam no setor

administrativo daquela Secretaria. Atualmente são 600 processos em andamento e cerca

de 130 já licenciados e agendados para a etapa de fiscalização, segundo informação da

atual secretária da SEMAT.

Fiscalização Ambiental – o trabalho de fiscalização vem logo após as etapas de

licenciamento (Licença Prévia - LP, Licença de Instalação - LI e Licença de Operação –

LO), e são obrigatórios para os empreendimentos em operação. Com isso, a SEMAT,

ainda no ano de 2008, iniciou seus trabalhos de fiscalização ambiental.

Educação Ambiental – Os trabalhos de Educação Ambiental (EA) continuam sendo

desenvolvido nas escolas, com realização de palestras, além do trabalho realizado nas

praias na época do veraneio, através do Programa Cidadão Consciente em parceria com

48as Centrais Elétricas do Norte (ELETRONORTE), alunos secundaristas da rede

municipal e estadual da sede de Altamira e grupos de escoteiros da cidade.

As demais atividades são distribuídas em capacitação dos técnicos, serviços

administrativos referentes aos processos de licenciamento ambiental e as demandas que

surgem nos dois conselhos e no Fórum da Agenda 21.

4.9. A VISÃO DOS ATORES LOCAIS SOBRE A GESTÃO AMBIENTAL.

Altamira guarda em seu território uma boa representação do que seria o bioma

amazônico em sua conformação completa, ou seja, encontra-se com um enorme

patrimônio composto de uma rica biodiversidade, compreendida por importantes rios e

áreas significativas de florestas ainda preservadas. Porém, não deixando de apresentar

também suas fragilidades, que são nitidamente perceptíveis, quando o homem, em posse

de seus métodos “modernos” de extração dos recursos naturais e seus sistemas de

produção, geralmente age de forma predatória, onde o fator econômico sobrepõe o

ambiental.

Atualmente são significativos os problemas que se apresentam na sede do

município, embora saibamos da existência dos distritos de Castelo de Sonhos e

Cachoeira Seca que estão distantes da sede, os quais demandam, principalmente, as

atividades de extração mineral para serem licenciados e monitorados pela SEMAT.

Dentre esses problemas existem aqueles de maior destaque, como o sério problema do

lixão de Altamira, que está a menos de três quilômetros do centro da cidade e próximo

de cursos de água, o assoreamento e ocupação irregular no leito dos igarapés Panelas e

Altamira, emissão de esgotos não tratados no rio Xingu e outros. Por conta disso,

procuraremos trabalhar neste tópico as considerações dos três grupos de atores (Cidadão

Altamirense, Formadores de Opinião e da Administração Pública), conforme sinalizado

na metodologia deste trabalho.

4.9.1 Contexto inicial de criação da SEMAT

Quando perguntados sobre o que motivou a criação da SEMAT, 70% (setenta)

por cento responderam que foi devido às pressões ambientais assinaladas pelas políticas

ambientais a nível federal e estadual; 20% (vinte) por cento afirmaram ser devido os

problemas ambientais que vinham ocorrendo no município e 10% (dez) por cento

disseram ser devido à onda ecológica a nível mundial. Diante das observações empíricas

49e análises do contexto institucional, a nível de município, é compreensível afirmar que o

que realmente teve maior influência foram os fatores externos relacionados com as

políticas ambientais nas demais esferas de governo.

4.9.2. Nível de participação do COMAM e FAG21 no processo de construção da gestão ambientalA opinião dos entrevistados acerca do nível de participação do COMAM e FAG

21 de Altamira, quanto às discussões relacionadas ao processo de gestão ambiental no

município estão descritas no Gráfico 1.

Figura - Nível de participação do COMAM e FAG21 nas discussões de gestão ambiental

Neste caso, 70% (setenta) por cento disseram não haver uma participação efetiva

dessas duas entidades sobre as questões de gestão ambiental; 20% (vinte) por cento

disseram haver participação, porém há pouco envolvimento com a sociedade e 10%

(dez) por cento se abstiveram de responder ou não souberam responder.

O partido político da situação (PSDB) está na Administração municipal desde

2005. Essa conjuntura política, de certo modo, travou e/ou impossibilitou uma

participação mais ativa das entidades que compõem a maioria dos movimentos sociais

de oposição, geralmente ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) e PSol, e que vêem

no atual governo certa falta de sensibilização com as questões ambientais no município.

Isso se percebe dentro dos próprios Conselhos e Fóruns, pois, segundo consta nas

entrevistas, os encaminhamentos formalizados em plenário e que não agradam aos

anseios do gestor municipal, não são cumpridos. A esse respeito temos o depoimento da

representante do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), regional Altamira, a qual

representou a Fundação Viver Produzir e Preservar (FVPP) no COMAM em 2005 e

2006.O que percebi, enquanto representante do Conselho, foi que muitas decisões eram tiradas do plenário do Conselho e essas decisões não eram encaminhadas. [...] quando fui conselheira, diante da falta de arborização da cidade e a forma como os órgãos e até mesmo a população tratava dessa questão ambiental na cidade, apresentei, na época, uma proposta no plenário do COMAM, pedindo que a Prefeitura apresentasse todo o patrimônio urbano em terras de Altamira, no sentido de definir as áreas de APP’s e áreas de arborização, etc. Passei mais de um ano cobrando isso no Conselho, sai por que fiquei decepcionada e nunca o Secretário da época levou a pessoa responsável do município para fazer uma apresentação. Enfim essas decisões no plenário do COMAM não eram encaminhadas (A.M. S., ALTAMIRA, 27/05/2009).

50

4.9.3. Os problemas ambientais no município e os fatores que contribuem para que

eles ocorram

Na sequência, procuramos saber, qual seria a avaliação acerca dos problemas

ambientais em Altamira, quanto ao seu grau de impacto ao meio ambiente, o qual é

mostrado com mais detalhe no Gráfico 2.

Figura - Os problemas ambientais de Altamira, quanto ao seu grau de impacto, no entendimento dos atores locais

A grande maioria (60%) (sessenta) por cento, assinalaram que são gravíssimos e

estão totalmente fora de controle; 20% (vinte) por cento, assinalaram que são graves,

porém podem ser controlados; 15% (quinze) por cento, assinalaram que existem, porém

não são significativos; 5% (cinco) por cento, assinalaram não existem problemas

ambientais.

Quanto aos fatores que são estimuladores da degradação ambiental no

município, 50 % (cinquenta) por cento, assinalaram a ausência de políticas públicas

municipais voltadas para a preservação ambiental e o baixo nível de conscientização

popular; 30 % (trinta) por cento, acrescentaram ser devido à falta de ordenamento

fundiário do território; 15% (quinze) por cento disseram ser impunidade e falta de

interesse político; 5% (cinco) por cento assinalara pouca participação das entidades nas

tomadas de decisões.

Quanto aos principais problemas ambientais do município em questão, o Gráfico

3 detalha em percentual quais aqueles que são mais visíveis e que precisam ser

resolvidos com urgência.

Figura - Os principais problemas ambientais de Altamira no entendimento dos atores locais

Um número significativo dos entrevistados, 70 % (setenta) por cento,

apontaram: a coleta, transporte e destinação final do lixo urbano, a falta de saneamento

básico, e o desmatamento predatório de florestas; 20 % (vinte) por cento o crescimento

urbano desordenado, falta de saneamento básico e as queimadas, e 10 % (dez) por cento

apontaram assoreamento dos igarapés que banham a cidade e poluição sonora.

51Tratamento de resíduos sólidos é um problema que se apresenta em muitas

cidades brasileiras e, no caso de Altamira, torna-se preocupante o fato de termos um

lixão a céu aberto (ver Figura 7) próximo do centro da cidade e próximo de cursos

d’água sem nenhum critério de tratamento, em um município com quase cem mil

habitantes.

Fonte: Julio Kalb/Prefeitura de Altamira

Quanto à competência das ações de meio ambiente, muitos ainda não têm

clareza de quem deve assumir tal responsabilidade. Porém o mais importante é perceber

que a maioria tem compreensão da emergência de ações voltadas para a preservação

ambiental, muito embora não tenham a iniciativa de se organizar para fazer frente aos

graves problemas apontados. Quando indagados sobre o que consideram importante

para a implementação da gestão ambiental no município, a maioria respondeu ser a

necessidade de políticas públicas que priorizem tal processo.

52

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiremos este trabalho apontando alguns caminhos e possíveis estratégias

que podem ser apreciadas pelo poder público local para dar prosseguimento ao processo

de elaboração e implementação das políticas públicas de desenvolvimento sustentável

no âmbito Local. Pois trata-se de um município de grande extensão territorial,

considerando também as suas especificidades no contexto de sua formação sócio-

ambiental, além de município pólo da microrregião de Altamira, marcado pelas

dificuldades inerentes à própria mentalidade local, ainda pautado nas relações de

favorecimento.

Mas para isso acontecer no formato que se espera, é necessário um esforço sistemático e

contínuo do poder público local para favorecer os processos agendados e planejados a

curto e médio prazo, principalmente no que se refere ao cumprimento de uma gestão

compartilhada, princípio pautado pelas políticas de descentralização, conforme vimos

anteriormente. Os atores envolvidos precisam conviver com as diferenças (políticas,

culturais, econômicas, etc.), e participarem dos processos decisórios em prol do

interesse coletivo, sem perca de objetividade, mesmo que haja os interesses grupais ou

pessoais. Pois esses espaços são destinados aos debates coletivos criados para a

formulação, criação, planejamento e execução de políticas públicas.

. Certamente o que está faltando é coordenar os instrumentos existentes com a

equipe de governo local, em parceria com as demais instituições e sociedade civil

organizada, ou seja, o que falta não é criar os instrumentos, nem tão pouco legitimá-los,

mas sim dar cumprimento ao que já foi implantado. Essa etapa de legitimação e

estruturação do arcabouço jurídico legal para implementar as principais ações de gestão

ambiental já foi cumprida, entre 2005 e 2008 com a execução do projeto FGAM.

Além dessas reflexões acima, é preciso que sejam valorizado e colocado em

prática tantos outros mecanismos de gestão que podem contribuir significativamente

para dinamizar tal processo, como, por exemplo, as ações de educação ambiental nos

segmentos formal, não-formal e informal; a capacitação de equipe técnica; firmar

parcerias com os municípios circunvizinhos através dos consócios intermunicipais;

promover campanhas permanentes de conscientização ambiental; firmar convênios de

cooperação técnica administrativa com instituições afins na elaboração e/ou

implementação das políticas públicas de desenvolvimento sustentável e estimular a

53diversificação do sistema produtivo e o manejo sustentado do ambiente natural, com

criação de unidades de conservação.

As recomendações e reflexões acima significam apenas mecanismos de gestão

que constituem um norte, quando se pretende desenvolver um bom processo de gestão

ambiental diante do que preconiza as atuais políticas de meio ambiente. Pois é sabido

que esse processo é dinâmico e complexo, carecendo de ajustes e do complemento de

muitos outros mecanismos que possam representar peças importantes para o produto

esperado- uma gestão ambiental sustentável para o município de Altamira.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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