plano diretor de altamira

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PLANO DIRETOR DE ALTAMIRA Jeová Sales Rios¹ Synval Vicente de Castro² Vandinei S. Nascimento³ RESUMO O plano diretor de Altamira foi pensado a partir do estatuto das cidades, elaborado em 2003 e revisto em 2010, prevê o crescimento urbano para os próximos dez anos a partir de sua criação e aprovação, ele aborda aspectos históricos, econômicos, demográficos e expansão urbana, no que trata a expansão urbana e investimento para os próximos anos, seu desenvolvimento foi elaborado a partir de proposições feito no EIA/RIMA, estudo de impacto ambiental da Hidroelétrica de Belo Monte. Palavras-chave: Plano Diretor, expansão urbana, desenvolvimento econômico. 1,2 e 3: Acadêmicos do curso de licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Pará.

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Page 1: Plano Diretor de Altamira

PLANO DIRETOR DE ALTAMIRA

Jeová Sales Rios¹Synval Vicente de Castro²

Vandinei S. Nascimento³

RESUMO

O plano diretor de Altamira foi pensado a partir do estatuto das cidades, elaborado em

2003 e revisto em 2010, prevê o crescimento urbano para os próximos dez anos a partir de sua

criação e aprovação, ele aborda aspectos históricos, econômicos, demográficos e expansão

urbana, no que trata a expansão urbana e investimento para os próximos anos, seu

desenvolvimento foi elaborado a partir de proposições feito no EIA/RIMA, estudo de impacto

ambiental da Hidroelétrica de Belo Monte.

Palavras-chave: Plano Diretor, expansão urbana, desenvolvimento econômico.

1,2 e 3: Acadêmicos do curso de licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Pará.

Page 2: Plano Diretor de Altamira

1. Introdução

O processo de desenvolvimento dos municípios de uma determinada região se dá em

suma pela produção econômica e a qualidade de vida da população, para tanto, o

planejamento e a organização são fundamentais nesse processo. O estado brasileiro possui

aparatos jurídicos e de teor técnico que auxiliam os municípios a prover o desenvolvimento

adequado, levando em consideração as necessidades fundamentais de sua população, fazem

parte desse contexto leis e normas que asseguram o planejamento municipal tendo como

objetivo principal o bem-estar social. O Estatuto da Cidade e o Plano Diretor Municipal são

exemplos desses aparatos disponíveis para promover e assegurar o planejamento nos

municípios.

[...] O Estatuto da Cidade reafirma os princípios básicos estabelecidos pela Constituição da União, preservando o caráter municipalista, a centralidade do plano diretor como instrumento básico da política urbana e a ênfase na gestão democrática (Carvalho, Sônia. ESTATUTO DA CIDADE aspectos políticos e técnicos do plano diretor. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 15(4) 2001, p.131).

O estatuto da cidade é a designação da lei 10.257 de 10 de julho de 2001 que faz parte

da constituição brasileira, é dividido em cinco capítulos, nesses, são estabelecidos alguns

instrumentos, dentre eles, o mais importante ao nível de planejamento urbano, o Plano Diretor

Municipal. O levantamento das necessidades de uma determinada população faz parte de uma

serie de ações que devem ser colocadas em prática pelos gestores municipais, para isso a

elaboração de um plano diretor valida o processo de planejamento urbano, o que não garante a

aplicabilidade das ações descritas no mesmo, as informações contidas em um Plano Diretor

envolvem diversos setores da sociedade e a aplicabilidade depende em grande parte do

acompanhamento que a sociedade faz de todo o processo. Na elaboração de politicas públicas

deve se levar em consideração a realidade local de cada município, visto que, no Brasil são

grandes as diferenças regionais, as prioridades e necessidades de cada cidade devem ser

indicadas antemão a elaboração do Plano Diretor.

As diretrizes do Estatuto da Cidade devem ser utilizadas pelo município de acordo com as características locais. Isto é feito através do plano diretor, que “é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana” do município (Estatuto da Cidade, artigo 40).

Grandes projetos de desenvolvimento econômico que impactam tanto a população

quanto o meio ambiente necessitam obrigatoriamente de estudos que promulguem a

viabilidade de execução dos mesmos, para isso, existem meios que auxiliam os gestores no

planejamento, como: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que se faz necessário para

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viabilizar ou não esses projetos, já o Relatório de Impacto ambiental (RIMA) é a conclusão do

EIA, que mostra de maneira clara e objetiva os dados e proposições para a população.

As informações expostas nesse trabalho fazem referencia ao plano diretor de Altamira,

desde seu planejamento até sua aplicabilidade, contemplando três eixos; Economia, proposta

de expansão e desenvolvimento, neste sentido tentaremos demostrar quais atribuições e

oportunidades que o gestor publico junto com a Norte Energia devem buscar e colocar em

prática para os próximos de anos.

2. Referencial teórico

O Plano Diretor Municipal de Altamira foi elaborado em 2003 e revisado no ano de

2010 pela TECHNUM Consultoria (empresa com sede em Brasília - DF), composto por 309

paginas que seguem os padrões estabelecidos pelo Estatuto da cidade. Segundo a empresa

TECHNUM consultoria, responsável pela elaboração deste plano, os levantamentos de

problemáticas e perspectivas contidas neste documento, são oriundas de pesquisa de campo,

debates com a comunidade, discussão com empresas de vários seguimentos e setores do

comércio local, dados estatísticos do IBGE, Leme Engenharia, EIA/RIMA, e outros que a

empresa se baseou na elaboração do documento.

3. Problemática

Tendo em vista a falta de conhecimento e divulgação do plano diretor, nos

propusemos a fazer o estudo não detalhado, dando ênfase no contexto municipal de

desenvolvimento para os anos subsequentes a elaboração e aprovação do mesmo, tentando

entender os pontos destacados pela empresa responsável pela pesquisa e divulgação dos

resultados.

4. Objetivos

O presente artigo tem como objetivo explanar algumas fases do Plano Diretor do Município

de Altamira – PA, elaborado no ano de 2003 e revisto em 2010, tendo em vista a

intencionalidade de assegurar bem estar social e econômico para todo o município, neste

sentido fazer a analise das proposições e contribuições contidas neste documento,

mencionando as dificuldades que os gestores municipais encontram na realização dos

mesmos.

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5. Metodologia

A partir da leitura do plano diretor de Altamira, e de documento que possibilite uma

interpretação das ações propostas, verificar problemas e oportunidades contidas no

documento, discutindo e ponderando sobre questões concernentes a realidade local, tendo

como base o conhecimento a priori das condições e problemáticas do município.

6. Discussão dos resultados

“O plano diretor é uma lei municipal, obrigatória para os municípios com cidade de

população superior a 20.000 habitantes e que deve ser o instrumento básico da política

municipal de desenvolvimento e expansão urbana, a qual tem como objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes

(constituição federal, artigo 182)”, Roberto 1995.

Delimitação da área de abrangência

O município de Altamira é considerado o maior do mundo em extensão territorial,

com 160.755 Km2, limita-se ao Norte com Vitória do Xingu, ao Sul com o Estado do Mato

Grosso, a Nordeste, Leste e Sudeste com os Municípios de Senador José Porfírio e São Félix

do Xingu, a Noroeste. Oeste e Sudeste com os Municípios de Brasil Novo, Medicilândia,

Uruará, Placas, Rurópolis, Trairão, Itaituba e Novo progresso. Está distante da Capital do

Estado, em linha reta 512 km, e por estrada 720 km na rota de Tucuruí.

Page 5: Plano Diretor de Altamira

Contexto histórico e sócio - econômico

Os relatos históricos remetem ao ano 1750, com as missões dos jesuítas que levam

civilização ao Xingu, a este lugar deram o nome de vila de Altamira, seu primeiro registro

territorial se da em 1754 com a criação do município de Senador José Porfírio, no qual se

inseria o município de Altamira, em 06 de novembro de 1911, o estado do Pará pelo decreto

Legislativo nº 1.234 cria o município de Altamira.

Durante sua formação Altamira passa por grandes ciclos econômicos, tendo no

primeiro por volta de 1940 à exploração dos seringais com a extração do látex, pelos soldados

da borracha, e a extração de ouro na volta grande do Xingu, esta ocorre até os dias atuais,

após o declínio da extração da borracha nos anos de 1950, inicia-se o comércio de peles, a

pesca e agricultura de subsistência.

Nos anos 70 é impactada diretamente com a abertura da transamazônica, atendendo a

demanda de migrantes trazidos pelo governo, foi desapropriadas terras de propriedade privada

para fins de alocação desses migrantes, no trecho de Altamira a Itaituba, em 1974 acontece

uma inversão do plano de colonização, foi permitido pelo governo que criassem glebas, de

500 ha a 3000 há, contribuindo para um grande êxito rural, esse fluxo de pessoas vieram em

direção a cidade, alojando-se nas áreas alagadiças formando a periferização da cidade.

Nos anos de 1980 surge uma fluidez de pessoas para a ilha da fazenda e ressaca,

puxadas pela atividade de garimpo, e Altamira por ter uma rede de serviços e produtos

Page 6: Plano Diretor de Altamira

embora precária, tende a receber esse contingente populacional, tendo nessa atividade mais

um boom econômico, populacional e expansão urbana.

Na década de 1990, Altamira passa por situação de estagnação econômica, a ausência

de investimento das esferas estadual e federal deixa a região a mercê de investimentos que

desenvolva a economia local, fato esse alimentou a intenção de criação do estado do tapajós

sendo Altamira a capital.

Expectativa de crescimento a partir de 2003

O plano diretor elege metas de crescimento, através do estudo de um possível cenário

de referência, a partir do levantamento de dados embasado em projetos de expansão

agroindustrial, minerador e a construção da UHE Belo Monte, identificando pontos fracos,

pontos fortes, ameaças e oportunidades a serem exploradas.

Ponto forte

A economia da cidade se encontra dinâmica e articulada com a região e restante do

país, através de redes que aproximam as demandas por ofertas produtos e serviços, segundo o

documento estas redes embora frágeis, mas de certa maneira já consolidada, permite ao

município maior abrangência no cenário nacional e até mesmo ligações com o exterior, dentro

dessa lógica de mercado, o município conta com potencial a ser explorado, agroindústria,

turismo, recursos hídricos de maneira abundante e uma extensa biodiversidade ainda

desconhecida.

Outro ponto positivo é a oferta no que tange a educação, bastante diversificada com

redes de ensino publica e privada, desde o ensino fundamental de responsabilidade do

município, passando por uma rede estadual e federal, também é ofertado ensino técnico por

parte do governo federal e pela iniciativa privada.

Segundo o documento o município apresenta expansão urbana que ainda pode ser

controlada e reordenada, no sentido da organização e reorganização das dinâmicas de

apropriação do solo para construção civil, industrial e diversas formas de uso, nesse sentido

deve propor metas e projetos que venha a por em prática conceitos e dinâmicas que vá ao

encontro do que foi planejado pelo estatuto das cidades, dando condições de garantir

qualidade de vida a seus moradores.

Page 7: Plano Diretor de Altamira

Esses fatores somados ao comércio forte e estável nos proporciona perspectiva de

crescimento em longo prazo, no entanto se faz necessário que o poder publico cumpra sua

função de organizador e fomentador de parcerias que venham dar oportunidade de

desenvolvimento horizontalmente aos munícipes, desta forma estes pontos fortes a serem

explorado poderão se tornar nosso principal aliado para o desejado crescimento econômico e

social.

Pontos fracos

O documento apresenta como ponto fraco a ausência do estado, na esfera estadual

como também federal isto elegendo a ausência de projetos que venham condicionar

crescimento econômico de base sólida, e que junto venha também desenvolvimento social

sustentável, essa ausência somada à ocupação desordenada e o contingente de migrantes

trazido por projetos, principalmente do governo federal que causam boom econômico e de

expansão urbana, isto seguido de instabilidade e retração econômica, causam problemas

socioeconômico e dificuldade de gerir o município pela administração publica.

A falta de infraestrutura na rede de transportes, principalmente as vias de ligação com

o restante do país é outro ponto que ganha destaque como impedimento para desenvolvimento

constante dessa região, somando a isso podemos citar as estradas vicinais e a falta de

investimento na agricultura familiar são fatores que fragilizam um setor de suma importância

para o dinamismo da economia local e regional, este seguimento ainda é responsável por parte

da economia da região, no entanto sofre com os desmandos dos poderes publico, pois os

deixam a mercê da própria sorte, sem assistência técnica, fomento financeiro e a ausência de

capacitação que o fixe no campo.

Outro destaque é a concentração de terras na zona rural nas mãos de poucos,

fortalecendo uma atividade não geradora de emprego em grande escala, por outro lado

concentrando a riqueza nas mãos de poucos, sendo uma atividade legitimada pelo estado, pois

é uma das poucas que recebe um volume maior de financiamentos, a expansão da

agropecuária causa outro grande problema, o êxito rural, pequenos agricultores são expulsos

de suas terras por grande pecuarista, de onde tiram seu sustento e vem em direção as cidades,

sem nenhuma formação técnica, a maioria não tem nenhum grau de escolaridade, além de não

terem as mínimas condições econômicas para comprarem lotes em bairros que já estão

consolidados e formados com um pouco de estrutura , alojando-se as margens das rodovias ou

próximo de igarapés causando a favelização nas cidades.

Page 8: Plano Diretor de Altamira

Os problemas causados pela ausência de investimento e prevenção e tratamentos de

doenças é outro entrave para o desenvolvimento desse município, o documento relata

problemas como: Esgoto a céu aberto, a falta de coleta e tratamento do mesmo, a ineficiência

da coleta e destino adequado do lixo produzido não só pela cidade, mas também pelos

hospitais, tratamento e abastecimento de água, entres outros. Esses problemas apontados são

sentidos nos hospitais do município, pois faltam leitos, médicos, condições de trabalho,

qualificação desses profissionais, problemáticas a serem resolvidas no sentido de dar suporte

ao crescimento desejado pelos munícipes.

Outro entrave citado é a falta de segurança publica, fragilizada pela ausência de

recurso financeiros e humanos, além de despreparo técnico e emocional pela maioria do

agrupamento de policiais que atuam em pro da segurança da cidade, além de enfrentarem

esses problemas estruturais e terem que atender o maior município do mundo em extensão

territorial, atendem os municípios vizinhos no auxilio aos agrupamentos existentes nos

mesmos.

Oportunidades

O documento analisado visa oportunidades de crescimento a partir da implantação de

grandes projetos por parte do governo federal na região, sendo o município de Altamira

principal entre posto das instalações demandas e ofertas de produtos que fomentam o inicio

das discursões e planejamentos dos mesmos.

É apresentada a construção da UHE Belo Monte como principal projeto de

desenvolvimento a curto e médio prazo, sendo a principal fonte de geração de emprego e

renda, estas discussões vão além do âmbito municipal e local, extrapõe as barreiras territoriais

e se estendem a outras esferas politicas e administrativas, neste sentido criando uma

dependência para desenvolvê-la, das melhorias prevista no documento que serviu de base para

a empresa TECHNUM Consultoria, no que tange as melhorias na infraestrutura, educação,

saúde, e reorganização urbana, principalmente em torno dos igarapés que cortam e circundam

a cidade.

A envergadura e condições técnica e financeira da empresa responsável seria capaz de

resolver em curto prazo problemas há décadas enfrentados por nossa região, o plano cita as

áreas dos igarapés, problemas socioambiental, e planejamento e aplicação das melhorias na

infraestrutura urbana.

Outro ponto visualizado foi à exploração do turismo como potencial econômico, sendo

que a cidade dispõe de elementos que reestruturados servem como grande atrativo turístico,

Page 9: Plano Diretor de Altamira

ele cita a orla do cais, e projeto em torno da volta grande do Xingu como potencial a ser

explorado, no entanto não faz menção aos balneários ao longo do rio acima de Altamira, a

pesca esportiva do pacu de seringa que já se tornou grande atrativo turístico a nível nacional,

nem prevê novos projetos que venham fomentar esta área tão rica a ser explorada.

O documento aponta como de grande importância para desenvolvimento mais

consolidado à pavimentação de trechos da BR 230 (transamazônica), BR 163 (Cuiabá-

Santarém), rodovia transassurini, e da rodovia Princesa do Xingu (Magalhaes Barata), são

projeto que a muito tempo é sonho de moradores da região, não somente como via de

desenvolvimento econômico, mas também de melhorias em relação a ligação como resto do

país, pois sendo concretizado estes projetos a locomoção de pessoas e cargas se tornariam

mais baratas e viável via rodoviária.

Outro fator de importância neste contexto é o fato de ter em abundância recursos

hídricos superficiais a ser explorada, neste sentido a construção da UHE Belo Monte, nos

tornaria grande fornecedor de energia elétrica para outras regiões, assim nos fortalecendo

ainda mais em longo prazo, como detentores de fonte de energia, a tendência segundo o

documento é venham mais projetos de grande envergadura para a região, como o caso da

mineração, indústria, fazendo a injeção direta e indireta no comercio local, fortalecendo ainda

mais.

Ameaças

Esse desenvolvimento poderia trazer problemáticas em curto prazo, como é o caso da UHE

Belo Monte, pois essa construção traria enormes prejuízos aos cursos d’água, as comunidades

ribeirinhas e indígenas, além do grande contingente de pessoas que acompanham esse grandes

projetos, causando aumento da população, principalmente na cidade, esses problemas segundo

o levantamento feito pela empresa TECHNUM, traria danos irreversíveis que necessitaria de

contrapartidas no sentido de amenizar os impactos sobre Altamira é região.

O aumento de áreas desmatadas por grandes latifundiários, dando lugar a pastagens e extração

madeireira, a não demarcação das terras indígenas, aumento o conflito no campo, e forçando a

saída do homem do campo.

Há não pavimentação da BR 230 (transamazônica), e demais acessos propostos anteriormente,

seria um retrocesso no processo de desenvolvimento sustentável para a região.

Umas das preocupações apresentadas é a pressão que os municípios vizinhos faz sobre

Altamira, que com a construção da usina hidroelétrica se acentuaria, tornando ainda pior o

Page 10: Plano Diretor de Altamira

serviço ofertado pelo município de Altamira, essa pressão aconteceria sob a saúde, educação,

serviços, segurança e administração pública.

Crescimento tardio por falta de energia elétrica é outro ponto destacado, inviabilizando a

implantação de projetos dependentes dessa infraestrutura para funcionamento.

Problemas estruturais

Em seu artigo Braga ao analisar planos diretores dos municípios no interior de São Paulo,

relata ter constato que os municípios não conseguem por em praticas aquilo que é posto no

documento, e que os municípios com população acima de 20.000 habitantes são obrigados

pelo estatuto das cidades a elaborarem seus planos diretores.

Segundo Roberto;

Mais da metade dos municípios pesquisados só elaboraram seu plano diretor devido a

obrigatoriedade legal imposta. Se somarmos este a outros motivos alheios ao planejamento

municipal, teremos um total de 65,9% contra apenas 34,1% dos municípios que elaboraram o

plano diretor, pensando no mesmo como um instrumento de planejamento e de melhoria da

qualidade de vida do município.

Percebe-se que o plano diretor ainda não foi posto em prática em sua integra,

considerando as oportunidades e pontos fortes citados, sobre essa dificuldade de execução do

mesmo Roberto relata que: “A elaboração da maioria dos planos diretores por órgãos ou

empresas estranhas à administração pública local, o que acarreta problemas que inviabiliza

sua implementação”, neste sentido deveria ser elaborado por empresas locais e prefeituras,

juntamente com a população, pois é ela que conhece os problemas e poderiam acrescentar

soluções possíveis de serem realizadas, porém o autor faz menção a falta de compromisso dos

gestores em discutir e colocar em prática projetos que venham trazer benefícios a cidade,

como é de direito dos munícipes, neste sentido Roberto diz que muitos “ encaram o plano

apenas como uma exigência burocracia e inútil ou como um instrumento útil apenas para

facilitar a obtenção de financiamentos públicos”.

7. Considerações Finais

O plano diretor faz parte de uma serie de medidas disponíveis que colaboram para o

planejamento dos municípios, contribuindo assim, para melhorar a qualidade de vida da

sociedade. Leis, normas, estudos de impacto tanto social quanto ambiental e outros

instrumentos validam o processo de organização social, porém, essas ações requerem o

Page 11: Plano Diretor de Altamira

comprometimento prioritário do poder público em realizar e fiscalizar o andamento dessas

ações.

No caso específico de Altamira, o Plano Diretor elaborado para o município estabelece

ações plausíveis e projetos de desenvolvimento qualitativamente bons, entretanto, a maior

parte da população não conhece afinco o Plano, com isso, começa haver a percepção da

sociedade em relação do não comprometimento do poder público com as ações descritas no

documento, levando o desapontamento da sociedade com as propostas estabelecidas.

A especificidade do Plano Diretor de Altamira é explicada pelo empreendimento da

Usina Hidroelétrica de Belo Monte, visto que, a intencionalidade do poder público é voltada

principalmente para implantação desse projeto. Há uma superestima da obra e dos projetos

paralelos traçados no PLANO DIRETOR e perceptivelmente ao longo das 309 paginas um

descaso com as variáveis que impedem o bom andamento dos projetos descritos, por exemplo,

o aumento da população num curto espaço de tempo e toda a problemática que isso trás

principalmente para a área urbana foi pouco abordada no Plano. Elementos como:

especulação imobiliária, inchaço da demanda nos serviços públicos de saúde e educação,

ofertas de serviços prejudicadas também pela demanda e a alteração na fluidez e organização

do transito alteraram drasticamente a vida da população altamirense.

A mudança repentina no modo de vida dos altamirenses levou a um novo contexto de

percepção do ambiente urbano, isso de maneira negativa, exemplificado com as variáveis

citadas acima. Mesmo que de maneira mínima, isso foi abordado no Plano, porém, foi pouca a

deferência dada aos aspectos e transtornos que poderiam ocorrer no ambiente urbano com a

Implantação da UHE Belo Monte.

Page 12: Plano Diretor de Altamira

8. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

CARVALHO, S.N. ESTATUTO DA CIDADE, aspectos políticos e técnicos do plano

diretor. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 15(4) 2001.

 

Braga, Roberto. Plano Diretor: Três questões para discussão. CADERNO DO

DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO (Faculdade de Ciências e Tecnologia –

UNESP), Presidente Prudente, vol 1, Agosto de 1995, pp. 15-20.

 

SILVA JÚNIOR, Jeconias Rosendo da., PASSOS, Luciana Andrade dos. O negócio é

participar: a importância do plano diretor para o desenvolvimento municipal. –

Brasília DF: CNM, SEBRAE, 2006.

 

BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da

política urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001, 1a

Edição

 

ALTAMIRA. Prefeitura Municipal, TECHNUM Consultoria. TECHNUM consultoria

SS. Plano Diretor, Relatório Final vol II. Altamira: 2010.