avaliaÇÃo de receptores gps em levantamento...

49
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA AVALIAÇÃO DE RECEPTORES GPS EM LEVANTAMENTO TOPOGRAFICO PLANIMÉTRICO JAIR OTÁVIO FARIAS BRAGA ALTAMIRA - PA Agosto de 2010

Upload: tranduong

Post on 07-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

L

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

AVALIAÇÃO DE RECEPTORES GPS EM LEVANTAMENTO

TOPOGRAFICO PLANIMÉTRICO

JAIR OTÁVIO FARIAS BRAGA

ALTAMIRA - PA

Agosto de 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

AVALIAÇÃO DE RECPTORES GPS DE NAVEGAÇAO E

GEODÉSICO EM LEVANTAMETOS TOPOGRAFICO

PLANIMÉTRICO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Faculdade de Engenharia

Agronômica da Universidade Federal do

Pará, Campus Universitário de Altamira,

como requisito obrigatório para a

conclusão do curso de Engenharia

Agronômica.

Orientador:

Prof. M. Sc. RONILSON DE SOUZA SANTOS

CO - orientador:

Prof. M. Sc. NÉRIO APARECIDO CARDOSO

ALTAMIRA - PA

Agosto de 2010

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) UFPA – Campus de Altamira - Biblioteca

Braga, Jair Otávio Farias

Avaliação de receptores GPS em levantamento planimétrico, Altamira,

Pará/Jair Otávio Farias Braga; Orientador, Profº Msc. Ronilson de Souza Santos -

Altamira: [s.n.], 2010.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Pará,

Campus Universitário de Altamira, 2010.

1. GPS. 2. Planimetria. 3. Agricultura. I. Santos, Ronilson de Souza. II.Título.

CDD: 651.8

BANCA EXAMINADORA

Engenheiro Agrônomo Professor M.Sc. RONILSON DE SOUZA SANTOS Orientador

Universidade Federal do Pará - UFPA

Estatístico Professor M.Sc. NÉRIO APARECIDO CARDOSO Co-Orientador

Universidade Federal do Pará - UFPA

Geógrafo Professor Me. EDER MILENO SILVA DE PAULA

Universidade Federal do Pará - UFPA

ALTAMIRA - PA

Agosto de 2010

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José Otávio Oliveira Braga e Maria Graciete Farias Braga, ao meu

irmão Cleber Oberdan Farias Braga e aos meus familiares altamirenses que me apoiaram em

momentos difíceis durante a concretização deste sonho.

AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar força nos momentos difíceis, ajudando a vencer os obstáculos e

pela oportunidade de aprendizado. Aos meus pais, José Otavio Oliveira Braga e Maria

Graciete Farias Braga pelo apoio financeiro e não somente, por toda educação e bons

exemplos ensinados, ao meu irmão Cleber Oberdan Farias Braga e aos meus familiares

altamirenses pela dedicação através de incentivo e apoio durante minha vida acadêmica.

Agradeço a minha companheira Rhoberta Santana de Araújo, que me apoiou em

momentos delicados de problemas de saúde, e graças a sua dedicação pude completar essa

jornada, seu apoio foi imprescindível para êxito na vida acadêmica e profissional.

Agradeço ao meu orientador Prof. M.Sc. Ronilson de Souza Santos pela paciência,

orientação, ensinamentos e sugestões durante a elaboração do trabalho.

Agradeço ao meu Co- orientador Prof. M.Sc. Nério Aparecido Cardoso pela paciência,

orientação, ensinamentos e sugestões durante a elaboração do trabalho.

Ao Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto pela oportunidade de bolsa e nas orientações

de laboratório de solos da Universidade Federal do Pará.

Ao Prof. Dr. Rainério Meireles da Silva, pelos ensinamentos e apoio na graduação.

Ao Prof. Dr. Djair Alves Moreira, pelos ensinamentos e apoio na graduação.

Ao amigo e Técnico de Informática Marcos Rogério Ferreira, pelos momentos de

aprendizagem e descontração no Laboratório de Informática da UFPA.

Ao Sr. José Barbosa França e Hugo Borges França pela grande ajuda e apoio técnico,

fundamentais na elaboração do trabalho.

Não poderia deixar de agradecer aos meus colegas de graduação, refiro-me aqui a

todos os formandos da Agronomia 2005, em especial ao Mário Vitorino Marques, Diorcélio

Ribeiro, Mércia Torres, Éder Felizardo, Milton Gomes, Karina Calado e Gilsilene Gama, que

em meio a muitas descontrações, palhaçadas e seriedade, mostraram-se ótimos companheiros

em todos os momentos, enfatizando estes pelo companheirismo e ajuda em muitos trabalhos

efetuados na graduação.

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

2 - REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 2

2.1 - Histórico do Posicionamento................................................................................ 2

2.2 - Aplicação do GPS na Agricultura......................................................................... 3

2.3 - O Sistema de Posicionamento Global (GPS)........................................................ 4

2.4 - Segmento Espacial................................................................................................ 5

2.5 - Segmento de Controle........................................................................................... 6

2.6 - Segmento de Usuários.......................................................................................... 7

2.7 - O Funcionamento do Sistema GPS....................................................................... 9

2.8 - Os Métodos de Posicionamento............................................................................ 9

2.9 - Posicionamento Absoluto..................................................................................... 10

2.10 - Posicionamento Diferencial (Relativo) .............................................................. 11

2.11 - Posicionamento por DGPS (Differential GPS) E RTK (Real Time Kinematic) 12

2.12 - Erros que atuam no sistema................................................................................ 12

2.13 - Erros dos Satélites............................................................................................... 13

2.14 - Erro de Órbita..................................................................................................... 13

2.15 - Relógio dos Satélites........................................................................................... 14

2.16 - Relatividade........................................................................................................ 15

2.17 - Multicaminhamento........................................................................................... 15

2.18 - Propagação de Sinais.......................................................................................... 16

2.19 - Perdas dos Ciclos................................................................................................ 16

2.20 - Rotação da Terra................................................................................................. 17

2.21 - Ionosfera............................................................................................................. 18

2.22 - Troposfera........................................................................................................... 19

2.23 - Erros de Receptor .............................................................................................. 19

2.24 - Receptor de Navegação...................................................................................... 21

2.25 - Receptor Geodésico............................................................................................ 21

3.0 - MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 23

4.0 - RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 27

4.1 - Acurácia de coordenadas entre os receptores de GPS geodésico e de navegação 27

4.2 - Tamanho da área obtida com receptores geodésico e de navegação.................... 29

4.3 - Determinação de coordenada utilizando receptores geodésico e de navegação... 34

CONCLUSÃO...................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 34

APÊNDICE........................................................................................................... 37

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coordenadas planas rastreadas com receptores de GPS geodésico e de

navegação....................................................................................................................

26

Tabela 2 - Dados estatísticos de média, quadrado médio, intervalos de confiança das

Coordenadas planas rastreadas com receptores de GPS geodésico e de

navegação....................................................................................................................

28

Tabela 3 - Medidas dos tamanhos de área de quatro propriedades obtidas com

receptores geodésico e de navegação..........................................................................

28

Tabela 4 - Valores de coordenadas UTM do marco geodésico da RBMC- SAT

93827 ..........................................................................................................................

29

Tabela 5 - Resultados da análise estatística descritiva dos erros de posicionamento... 30

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Segmento Espacial do Sistema GPS ........................................................... 5

Figura 2 - Segmento de Controle do Sistema GPS ...................................................... 7

Figura 3 - Segmento de Usuário do Sistema GPS........................................................ 8

Figura 4 - Método da Triangulação.............................................................................. 8

Figura 5 - O posicionamento absoluto.......................................................................... 10

Figura 6 - Posicionamento Diferencial (Relativo)........................................................ 11

Figura 7: Posicionamento por DGPS (Differential GPS) .......................................... 12

Figura 8 - Efeito do Multicaminhamento.................................................................... 12

Figura 9 - Efeito do Multicaminhamento.................................................................... 15

Figura 10 - Efeito da Correção do sinal....................................................................... 17

Figura 11 - Receptor de Navegação ........................................................................... 20

Figura 12 - Receptor Geodésico ................................................................................. 21

Figura 13 - Localização da Área de Estudo ............................................................... 21

Figura 14 - Marco IBGE SAT 93827 em Altamira-PA .............................................. 24

Figura 15 - Vista de ocupação dos receptores geodésico e de navegação................... 27

Figura 16 - Vista de ocupação dos receptores geodésicos e de navegação no para

determinação da área da propriedade............................................................................ 29

Figura 17 - Vista de ocupação dos receptores geodésicos, de navegação no marco

da RBMC SAT 93827

30

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Média Aritmética...................................................................................... 19

Equação 2 - Intervalo de Confiança............................................................................. 19

Equação 3 - Quadrado Médio....................................................................................... 20

LISTA DE SIGLAS

GPS - SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL............................................... 1

C/A - CORSE AQUISITION……………………………………………………….. 1

LORAN - LANG-RANGE NAVIGATION SYSTEM……………………………… 2

DECCA - LOW FREQUENCY CONTÍNUOUS WAVE PHASE COMPARÍSON

NAVÍGATÍON……………………………………………………………………….. 2

NNSS - NAVY NAVIGATION SATELLITE SYSTEM…………………………… 2

NAVSTAR-GPS - NAVIGATION SATTELLITE WITH TIME AND RANGING.. 2

AP - AGRICULTURA DE PRECISÃO....................................................................... 3

DoD - DEPARTAMENT OF DEFENSE..................................................................... 4

PRN - RUIDOS PSEUDO ALEATORIOS………………………………………….. 9

DPGS - DIFEREENTIAL GPS / DIFERENCIAL GPS.............................................. 9

RTK - REAL TIME KINEMATIC.............................................................................. 9

IGS - INTERNATIONAL GEODINAMIC SERVICE................................................ 12

CÓDIGO P - PRECISE OU PRECISO........................................................................ 8

TEC - TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE ELÉTRONS............................................. 18

L1 e L2 - LINK 1 E LINK 2......................................................................................... 19

RESUMO

AVALIAÇÃO DE RECPTORES GPS DE NAVEGAÇAO E GEODÉSICO EM

LEVANTAMETOS TOPOGRAFICO PLANIMÉTRICO

Atualmente o Sistema de Posicionamento Global - GPS é utilizado em diversos setores

tais como na engenharia civil, agronômica, bélica entre outras. Por isso, este trabalho tem

como objetivo avaliar a precisão de aparelhos GPS de navegação em levantamentos

topográfico planimétrico, utilizando como testemunha um receptor GPS geodésico. A

metodologia utilizada para elaboração do trabalho foi o método estático e absoluto, com

levantamento planimétrico de vértices e área de uma propriedade. Primeiramente com

receptor Geodésico, com 30 minutos de rastreio pelo método estático e posteriormente com

receptores de navegação pelo método absoluto. As coletas das informações foram efetuadas

com base no Datum Global WGS-84. Posteriormente os dados do GPS Geodésico foram

processados com o software Trimble Office Geomatics (versão 1.6). Já os dados dos

receptores de navegação foram descarregados no software GPS TrackMaker PRO (versão

4.3), sem correção. Em ambos os métodos, os dados foram tabulados no software

MICROSOFT EXCEL 2007, e analisados utilizando Estatística Descritiva, considerando

Média, Intervalos de Confiança, Quadrado Médio. Os resultados demonstraram que os

receptores de GPS denominados de navegação, não se mostraram adequados para

levantamentos planimétricos ocasionando erros na ordem de 1,395 m a -2,395 m e 1,618 a

2,385 m para longitude e latitude respectivamente.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema de posicionamento global - GPS; precisão; levantamento

planimétrico.

1

1 - INTRODUÇÃO

Posicionar um objeto atualmente, nada mais é do que atribuir-lhe coordenadas em

determinada parte do globo terrestre. O homem sempre esteve interessado em saber onde

estava; inicialmente restrita à vizinhança imediata, mais tarde a curiosidade se ampliou

para os locais de comércio e, por fim, com o desenvolvimento da navegação marítima,

alcançou todo o globo terrestre (MONICO, 2000).

Por muito tempo, o sol, os planetas e as estrelas foram excelentes fontes de

orientação. Mas, além da necessária habilidade do navegador, as condições climáticas

podiam significar a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma expedição (DOTORI &

NEGRAES 1997).

Surgiram muitos aparelhos buscando solucionar os problemas de localização

geográfica. A exemplo disto, a bússola, inventada pelos chineses, que proporcionou uma

verdadeira revolução na navegação. Mas ainda perdurava um problema, como determinar a

posição de uma embarcação em alto-mar. Então foi criado o astrolábio, que possibilitava

apenas a obtenção da latitude, sujeita a grande margem de erro. Apresentando ainda o

inconveniente de que a medição só podia ser realizada no período noturno (MONICO,

2000).

Visando suprir as necessidades de orientação sobre o globo terrestre, no fim da

década de 1950 foi idelaizado o sistema de posicionamento global (GPS). Segundo

Morgan (2004), foi criado pelo governo dos Estados Unidos com o objetivo principal de

localizar suas tropas em qualquer lugar da terra. Sua constituição se dá por 24 satélites, dos

quais 21 são de uso corrente e três em “stand-by”. Eles orbitam a uma altura de 20.200 km

em seis órbitas distintas, igualmente espaçadas de 55 graus, com quatro satélites por órbita.

Os sinais são emitidos em duas bandas (L1 e L2) com dois códigos diferentes: o Y

(Precision Code) e o C/A (Coarse Acquisition Code); assim sendo, o sistema teoricamente

permite uma visão de cinco a oito satélites constantemente, em qualquer lugar do globo

terrestre (STABILE, 2006).

A partir da década de 1960 com a liberação do GPS ao uso civil e seu pleno

funcionamento em 1993, a popularização dos receptores GPS gerou e ampliou sua

utilização nas diversas áreas como: agricultura de precisão, na proteção civil, bases

militares e o uso recreativo (BARRETO, 2004).

2

O objetivo deste trabalho foi avaliar a precisão de um receptor GPS geodésico e de

alguns modelos navegação na atividade de planimetria.

2 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 - Histórico do Posicionamento

Atualmente é uma fácil tarefa atribuir localização exata a um corpo ou local no

globo terrestre devido à tecnologia desenvolvida, através de um receptor de GPS, mas isso

nem sempre foi assim, esse foi um dos grandes problemas que o ser humano encontrou e

procurou solucionar durante séculos. Este homem se interessava em saber onde estava, e

para onde ia se deslocar (MONICO, 2008).

Com o desenvolvimento do comércio e da navegação marítima, o posicionamento se

tornou um grande desafio, já que o homem precisava de instrumentos para navegação,

objetivando sucesso em suas expedições. Por muito tempo o ser humano desenvolveu formas

matemáticas de se guiar, através dos astros, o sol, os planetas e as estrelas. Entretanto,

existiam fatores que influenciavam na exatidão das informações geradas por estes métodos,

entre eles a experiência do navegador e as condições climáticas do local poderiam

representar o sucesso e o fracasso de uma expedição marítima (DOTORI & NEGRAES

1997).

Criou-se, depois de algum tempo, a bússola, inventada pelos chineses, que ajudou

muito o homem a se orientar, mas não resolvia alguns problemas como o posicionamento

em longas distâncias, e em alto mar. Visando suprir esta deficiência foi criado o astrolábio,

o qual possibilitava a localização com certo nível de precisão. Entretanto tinha a

desvantagem de seu peso e tamanho, e de ser operado em período noturno (MONICO,

2000).

Com o passar dos anos surgiram novos aparelhos, como o quadrante de Davis e o

Sextante. Mesmo assim não tinham precisão suficiente para serem utilizados a noite.

Mesmo com os avanços da eletrônica, alguns sistemas foram desenvolvidos, e

apresentavam algum tipo de problema. A exemplo o LORAN (Long-Range Navígatíon

System), o DECCA (Low frequency contínuous wave phase comparíson navígatíon) e o

Ômega Globallow frequency navígatíon system) (SEGANTINE, 2005). Ambos funcionam

3

através das ondas de rádio, operam bem na faixa costeira. No entanto, não fornecem o

posicionamento global, além de limitações quanto à acurácia em razão da interferência

eletrônica e das variações do relevo (MONICO, 2000).

O Ômega, apesar de sua cobertura global, apresenta baixa precisão e os

equipamentos são de custo elevado. Um outro sistema desenvolvido, agora baseado em

satélites artificiais, foi o NNSS (Navy Navigation Satellite System), também conhecido

como Transit, cujas medidas se baseavam no efeito Doppler, que é uma característica

observada nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que está em movimento

com relação ao observador (SEEBER, 1993).

Nesse sistema, as órbitas dos satélites eram muito baixas e não havia uma

quantidade muito grande de satélites. Conseqüentemente, não se tinha como obter posições

com muita freqüência. Faltava, portanto, uma solução que oferecesse boa precisão,

facilidade de uso e custos acessíveis para os usuários. A solução definitiva para o problema

surgiu na década de 1970 com a proposta do GPS (Global Positioning System) (MONICO,

2000).

2.2 - Aplicação do GPS na Agricultura

O Sistema de Posicionamento Global, otimizou os trabalhos de engenharia,

garantindo rapidez e precisão em diversos setores produtivos. O primeiro usuário de

tecnologia GPS na agricultura brasileira foi à aviação agrícola, a partir de 1995, na

fertilização das lavouras (MOLIN, 1998). Existem muitos outros casos de aplicação uso do

GPS no setor agrícola, a exemplo os serviços de agrimensura, na realização de

levantamentos topográficos. Com o uso correto de aparelhos para fins específicos, que

permitem coleta de dados para cadastramentos diversos e posteriormente sua utilização em

banco de dados (FIGUEIRÊDO, 2005).

Devido à popularização do sistema GPS, um novo conceito emergiu na agricultura:

a agricultura de precisão que segundo Molin, (1998) é compreendida como um conjunto de

ações gerenciais que assumem que as lavouras não são uniformes em seus aspectos de solo

e desenvolvimento das culturas, implicando na necessidade de investigações

4

georreferrenciadas e intervenções localizadas ao máximo aproveitamento dos recursos e

minimização dos efeitos indesejáveis ao ambiente.

Esse novo conceito surge baseado em técnicas advindas da criação do sistema GPS.

Segundo Watzlawick (2001) relata que a agricultura de precisão engloba o uso de

tecnologias atuais para o manejo do solo, insumos e culturas de modo adequado para as

variações espaciais e temporais nos fatores que afetam a produtividade das mesmas.

O que tem levado a esta nova filosofia de prática agrícola é o uso de três novas

tecnologias, que são o sensoriamento remoto, que consiste na técnica para obter

informações sobre objetos através de dados coletados por instrumentos que não estejam em

contato físico como os objetos investigados, o uso de sistemas de informações geográficas

(SIG), que pode ser definido como sendo coleções de subsistemas integrados, em que

dados espaciais passam por uma sequência de processos de conversão, coleta,

armazenamento e posterior gerenciamento dos dados.

Na agricultura de precisão (AP), que resumidamente consiste em melhorar a

produtividade das culturas por meio do gerenciamento diferenciado das parcelas da

lavoura, o GPS é utilizado em todas as etapas: no georreferenciamento das parcelas, por

exemplo, no posicionamento das amostras de solo; no registro da produtividade de grãos

no momento da colheita; na determinação do local correto de aplicação de corretivos e

fertilizantes (FIGUEIRÊDO, 2005).

2.3 - O Sistema de Posicionamento Global

Popularmente denominado pela sigla GPS (Global Positioning System), ou

NAVSTAR-GPS (Navigation Sattellite With Time And Ranging) é um sistema de

radionavegação desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da

América DOD (Department of Defense), com o intuito de ser o principal sistema de

navegação das forças armadas norte americanas. Oriundo da fusão de dois programas, o

Timation e System 621B, financiados pelo governo daquele país, com vista a desenvolver

um sistema de navegação de abrangência global.

Em razão da alta acurácia e precisão proporcionada pelo sistema GPS, e do

desenvolvimento da tecnologia envolvida nos receptores GPS, uma grande comunidade

usuária emergiu dos mais variados segmentos da comunidade civil. Entre este o da

5

navegação, posicionamento geodésico, agricultura e controle de frotas de veículos

(DOCKHORN, 2006).

A concepção do sistema GPS permite que um usuário em qualquer local da

superfície terrestre, ou próximo a ela, tenha à sua disposição, necessitando que haja no

mínimo quatro satélites para serem rastreados. Os quais informarão latitude, longitude e

altitude, em tempo real (MONICO, 2000).

Figura 1: Segmento Espacial do Sistema GPS DANA, 1995.

O sistema GPS se divide em três partes. São eles: segmentos espacial, controle e

usuário. O primeiro está diretamente relacionado com a constelação de satélites e seus

sinais, o de controle faz a manutenção e monitora o sistema em tempo integral. O sistema

de usuários e abrangente e continua a se expandir, com o grande número de receptores

lançados no mercado todos os anos (BERNARDI & LANDIN, 2002).

2.4 - Segmento Espacial

O segmento espacial é composto por uma constelação de 24 satélites, específicos

do sistema, e distribuídos em 6 planos orbitais, 4 satélites por órbita, inclinação entre si de

55°, altitude aproximada de 20.200 Km em um período de revolução de 12 horas siderais,

o que faz com que a configuração dos satélites repita-se a cada dia em um mesmo local 4

minutos mais cedo. Esta configuração assegura uma cobertura mínima de pelo menos 4

6

satélites, que em qualquer parte do planeta excetuando-se algumas regiões polares a

qualquer hora das 24 horas do dia (MONICO, 2000).

Cada satélite transmite continuadamente sinais em duas ondas portadoras L, sendo

a primeira L1, com freqüência de 1575,42 MHz e comprimento de onda de 19 cm e a

segunda, com freqüência de L2 1227,60 MHz e comprimento de onda de 24 cm. Sobre

estas ondas são modulados dois códigos, denominados códigos pseudo-aleatórios. Na

banda L1, modula-se o código “Clear Acess” ou “Coarse Aquisition” – C/A e o código

“Precise” – P. A banda L2 é somente modulada pelo código P e sobre as portadoras L1 e

L2 é somente modula-se o código P, este é exclusivo ao uso militar (MACHADO, 2008).

Na concepção original, quatro tipos de satélites fazem parte do projeto NAVSTAR-

GPS. Eles são denominados satélites do Bloco, I, II, IIA . Onde “A” refere-se à

ADVANCE, avançado e IIR REPLENISBMENT, reabastecimento..

Os do bloco II e IIA são compostos de 28 satélites, denominado de primeira e

segunda geração. Satélites operacionais com o suporte mínimo de 24 satélites, recíprocos e

de pouca capacidade de armazenamento de dados (MONICO, 2000).

Os satélites do bloco II e IIA serão substituídos por 20 do bloco III, denominado de

terceira geração, à medida que for necessário. Duas novas características são a capacidade

de medir distâncias entre eles (cross link ragers) e calcular efemérides (erros) no próprio

satélite, além de transmitir essas informações para o sistema de controle em terra

(SEEBER, 1993).

A quarta geração de satélites, a qual substituirá os do Bloco IIR, denomina-se

Bloco IIF “F” refere-se à FOLLOW- ON, continuação, e será composta por 33 satélites.

Trata-se dos satélites que deverão incorporar a modernização do GPS, cada satélite carrega

padrões de freqüência altamente estáveis formando uma referência de tempo muito precisa.

(MONICO, 2000). Após a atualização de infra-estrutura do sistema GPS em 2007, estão

ativos somente satélites do bloco IIR e IIIF, (MONICO, 2008).

2.5 - Segmento de Controle

Este segmento é composto por cinco estações espalhadas pela Terra, localizadas no

Hawaii, Ascencion Island, Diego Garcia, Kwaajalein e Master Control Stayion. As quais

são controlados pelo segmento de controle em terra. Este controle é feito em uma estação

7

de controle Master localizada no Colorado, nos Estados Unidos. Esta é responsável por

monitorar o rastro dos satélites, processam os dados recebidos para correção, e os enviam a

novamente para os satélites (JOHNSON, 2010).

A principal função deste segmento é monitorar e controlar continuadamente o

sistema dos satélites, determinar o sistema de tempo GPS, predizer as efemérides (erros)

dos satélites, calcular as correções dos relógios dos satélites e atualizar periodicamente as

mensagens de navegação de cada satélite.

Figura 2 - Segmento de controle do sistema GPS DANA, 1995.

Das estações de controle disponíveis no sistema GPS, três delas possuem antenas

apenas para envio de dados. As de Ascencion Island, Diego Garcia e Kwaajalein. As quais

passaram por atualização em 2007, incluindo os receptores e computadores (MONICO,

2008).

2.6 - Segmento de Usuários

O segmento de usuários é caracterizado pelos receptores de GPS de uso civil e

militar. Atualmente, o mercado oferece uma grande variedade de receptores de GPS, com

as configurações das mais diversas, podendo ser empregados em inúmeras aplicações

(MACHADO, 2008). As marcas mais utilizadas são a GARMIN e MAGELAM.

8

De acordo com Camara e Silva (2005) conforme a finalidade almejada se escolhe o

tipo do receptor GPS, que pode ser de navegação ou geodésico. A diferença entre os tipos

de receptores se deve principalmente a seguinte condição: O de navegação não armazena

as informações codificadas entre este e os satélites, ao contrario do denominado geodésico

o qual armazena e pode se corrigir as fontes de erro no momento do rastreio, para corrigi-

lôs com a técnica denominada de pós processamento.

Figura 3 - Segmento de Usuário do Sistema GPS JOHNSON, 2010.

Segundo Molin (2000) o método da triangulação ilustrado na Figura 4, visa

conhecer a distância em relação a três ou mais satélites, o receptor pode calcular a sua

posição com base numa série de equações. Em teoria, a distância pode ser calculada

multiplicando o tempo que o sinal demora a chegar pela velocidade a que este viaja a

velocidade da luz. No entanto, na prática são necessários cálculos mais complexos, uma

vez que podem existir inúmeras interferências, como as condições atmosféricas ou as

perturbações do sol. A informação de três satélites é necessária para calcular a longitude e

a latitude, no entanto, são necessários quatro para calcular também a altitude.

As posições (x, y, z) pode ser determinada com os valores da distância de três

posições diferentes conhecidas pelo método de triangulação.

9

Figura 4: Método da Triangulação MOLIN, 2009.

2.7 - O Funcionamento do Sistema GPS

O sistema fundamenta-se em informações enviadas pelos satélites do sistema GPS,

que emitem sinais modulando as portadoras (L1 e L2), a qual contém duas variedades de

informações. Em um dos tipos a mensagem de navegação consiste em bits de dados que

possui os parâmetros orbitais, esses dados são para correção da propagação na atmosfera,

parâmetros para correção do erro dos relógios dos satélites e saúde dos satélites. Essas

informações espaciais e temporais contidas nas mensagens de navegação são determinadas

pelo segmento de controle do GPS em terra (SILVA e CAMARA, 2005).

O segundo tipo de informação é um conjunto de códigos de ruídos pseudo-

aleatórios (PRN), uma seqüência de pulsos digitais em um padrão inconfundível. Essas

transmissões não transportam dados no sentido tradicional. Os códigos são concebidos para

possibilitar a unidade receptora medir o instante exato de chegada do sinal de cada satélite

à antena do receptor. A mesma portadora (L1 e L2) é modulada por todos os satélites, no

entanto, os códigos são perfeitamente distinguíveis, face sua característica de baixa

correlação, ou seja, sua assinatura digital é individualizada (SILVA e CAMARA, 2005).

2.8 - Os Métodos de Posicionamento

Os métodos de posicionamento dependerão exclusivamente da utilidade acurácia e

precisão desejada. Posicionar um objeto consiste no ato ou efeito de localizá-lo sobre a

10

superfície terrestre, determinando as coordenadas latitude, longitude e altitude sobre esta

superfície em conformidade com um sistema de referência (MACHADO, 2005).

Existem vários métodos de posicionamento estes podem ser classificados como

absoluto, quando as coordenadas de um objeto estão associadas diretamente ao geocentro,

e relativo, quando as coordenadas são determinadas em relação a um referencial

materializado por um ou mais vértices com coordenadas conhecidas (SILVA e CAMARA,

2005).

Segundo Araújo (2006) as principais técnicas de observações por GPS são,

basicamente o posicionamento por ponto (absoluto), diferencial (relativo) e

posicionamento com DGPS (Differential GPS) e RTK (Real Time Kinematic).

2.9 - Posicionamento Absoluto

Para realizar o posicionamento absoluto o usuário precisa ter apenas um receptor.

Sua precisão é reduzida mesmo quando a coleta de dados está sobre um ponto estacionário,

e for de longa duração a qualidade dos resultados não melhoram significantemente, em

razão dos erros sistemáticos envolvidos na observável (CEUB/IPCD, 2004). No

posicionamento instantâneo de um ponto em tempo real, usando a pseudo-distância

derivada do código C/A, apresenta precisão planimétrica da ordem de 100 m (95%)

(MONICO, 2000), este método de posicionamento é mais utilizado em atividades

recreativas, e não para fins geodésicos.

Figura 5: O posicionamento absoluto ARAÚJO, 2004.

11

2.10 - Posicionamento Diferencial (Relativo)

No posicionamento diferencial se devem utilizar dois ou mais aparelhos receptores.

Esse posicionamento pode ser realizado pelo método cinemático, quando o receptor remoto

se movimenta durante a observação, e quando o receptor remoto permanece em repouso

durante a observação, se diz que o posicionamento é feito pelo método estático (ARAÚJO,

2006).

O método cinemático estático é a técnica de posicionamento mais utilizada nos

serviços de campo, pode alcançar precisões da ordem de 0,1 cm ou melhores, com o uso de

receptores de dupla freqüência. Aplica-se na implantação de pontos de apoio e controle,

tais como: estabelecimento de redes geodésicas regionais, nacionais ou internacionais,

No método estático um receptor tem a posição conhecida, é chamado receptor base

ou de referência, o receptor ou receptores que estão em posições desconhecidas são

chamados “rover”. O receptor de referência calcula as medições para cada satélite,

baseando-se na sua posição que é conhecida e na localização instantânea de cada satélite.

Depois compara os valores calculados com as medições reais. Com a diferença entre esses

valores temos a correção para cada satélite, a qual vai ser transmitida ao outro receptor. O

rover pode então calcular a sua posição com melhor precisão (MARQUES, 1999). Nesse

método as correções dos erros também podem ser feitas através do pós-processamento dos

dados com a utilização de software específico (PESTANA, 2002).

Figura 6: Posicionamento Diferencial Relativo, ARAÚJO 2006.

12

2.11 - Posicionamento por DGPS (Differential GPS) e RTK (Real Time Kinematic)

No posicionamento DGPS são utilizados dois ou mais receptores, o conceito de

DGPS envolve o uso de um receptor estacionário em local com coordenadas conhecidas,

rastreando todos os satélites visíveis (SILVA e CAMARA, 2005). Ainda conforme os

autores, o processamento dos dados nesta estação permite calcular correções posicionais,

das pseudo-distâncias e da fase da portadora. Estas correções são aplicadas ao

posicionamento calculado nos equipamentos itinerantes em tempo real ou pós-processado.

É necessário que os dados na estação base e nos receptores móveis, sejam coletados

simultaneamente.

Os cálculos realizados no DGPS são possíveis se os dados dos satélites coletados

em todos os receptores, forem os mesmos, tem que existir sincronia para o cálculo preciso

(FIGUEIREDO, 2005). A principal diferença existente entre o DGPS e o RTK reside nas

informações utilizadas, enquanto o DGPS utiliza a pseudo-distância, já no RTK se

emprega a fase da onda portadora, fato que melhora consideravelmente a qualidade dos

resultados obtidos.

Figura 7: Posicionamento por DGPS (Differential Gps) ARAÚJO, 2006.

2.12 - Erros que atuam no sistema

Na criação do sistema GPS o DoD introduzia um erro proposital, denominado de

S/A que visava eliminar a possibilidade das tropas inimigas localizarem o posicionamento

exato das bases militares norte americanas. Este erro gerava um ruído no relógio do satélite

para limitar o uso do GPS por forças inimigas durante o período das guerras. Entretanto em

13

01/05/2000, esse que era a principal fonte de erro do posicionamento do GPS, foi retirado

do sistema (MACHADO, 2008).

Mesmo o sistema sendo bem elaborado, está sujeito a erros. Estes relacionados com

a qualidade das observáveis utilizadas. Além dos erros já mencionados, o trabalho irá

ressaltar os mais freqüentes. Alguns outros, o próprio sistema se encarrega de corrigir

através de cálculos matemáticos criados com seu melhoramento e a partir da utilização de

satélites mais sofisticados (MONICO, 2008).

2.13 - Erros dos Satélites

Para usuários que não precisam de posições instantâneas existe uma ferramenta

importante, que permite uma maior acurácia, há a opção de acessar, via Internet às

efemérides pós-processadas, denominadas efemérides precisas, produzidas por diversos

centros de análises que compõem o IGS (International Geodinamic Service) (SILVA e

CAMARA, 2005).

As efemérides precisas são: IGS resultante da combinação das órbitas de vários

centros de análises, disponíveis dentro de um período de 7 a 10 dias após a coleta de dados;

IGR órbitas, IGS rápidas, disponíveis dentro de até 48 horas; IGP órbitas, IGS preditas,

disponíveis a partir de algumas horas do dia a que se refere, nos levantamentos geodésicos

são fundamentais no sucesso do trabalho (MONICO, 2000).

A acurácia das efemérides transmitidas deve variar entre 0 (zero) e 20 (vinte)

metros. Elas são disponíveis em tempo real, haja vista serem transmitidas com as

observáveis. As efemérides precisas (IGS e IGR), com acurácia estimada de 5 a 10 cm, são

resultantes de pós-processamento. A efeméride predita pelo IGS fica disponível poucas

horas antes do dia a que se refere e apresenta precisão da ordem de 50 cm (SILVA e

CAMARA, 2005).

2.14 - Erro de Órbita

A órbita de um satélite quando sujeita a um campo esférico e homogêneo sem

influências externas é chamada órbita normal. A Terra, porém, tem a forma de um

elipsóide de revolução com protuberância equatorial, é constituída internamente de

14

materiais muito heterogêneos, tem uma superfície externa repleta de saliências e

reentrâncias geográficas e está inserida em um sistema dinâmico (Sistema Solar) sujeito a

influências diversas (atração do Sol, da Lua e dos Planetas), por isso os satélites na Terra

descrevem órbitas perturbadas (BARRETO, 2004).

As informações orbitais podem ser obtidas a partir das efemérides transmitidas

pelos satélites ou por informações pós-processadas, denominadas efemérides precisas. As

coordenadas são calculadas a partir das efemérides, são normalmente, injuncionadas como

fixas durante o processo de ajustamento de dados GPS. Assim sendo, qualquer erro nas

coordenadas do satélite se propagará para posição do usuário. O qual e ajustado a cada 12h

pelo controle em terra, pode chegar a 0,6 m de precisão (MONICO, 2000).

As orbitas dos satélites são calculadas em um sistema inercial (SI) onde as

coordenadas independem da posição do observador. Por se tratar de um sistema

tridimensional fixado no espaço absolutamente independe da rotação da terra e tendo como

plano fundamental o plano do equador (TIMBÓ, 2000).

2.15 - Relógio dos Satélites

De acordo com Silveira (2006) os sinais transmitidos pelos satélites GPS são

controlados por relógios atômicos, que influenciam diretamente na precisão do

posicionamento, sendo assim os sinais transmitidos usam como referência o tempo GPS.

Este é gerado por todas as estações de controle GPS e pelos próprios satélites. Conforme o

mesmo autor, nas equações de observações indiferenciadas da portadora, o erro do relógio

do satélite é expresso por um termo resultante de compensação e alteração, enquanto que

nas equações de observações da simples diferença de fase, o termo relativo ao erro do

relógio é eliminado.

Conforme Silveira (2006) a compensação do erro do relógio do satélite pode ser

corrigida, usando-se coeficientes polinomiais transmitidos, os termos de menor

significância são negligenciados. Segundo Molin (2009) um atraso de 1 segundo a cada

160 anos equivale a um erro de aproximadamente 20 metros. Os satélites são

constantemente monitorados pela estação de controle que ajusta os relógios e reduz o erro

para cerca de 0,6 m.

15

2.16 - Relatividade

Os efeitos da relatividade no GPS não estão restritos apenas aos satélites, mas

também a propagação do sinal e aos relógios dos receptores. O relógio do satélite além dos

erros já citados variam em razão da relatividade geral e espacial. Os relógios dos

receptores nas estações terrestres e a bordo dos satélites ficam em campos gravitacionais

diferentes, além de se deslocarem em velocidades diferentes, o que gera uma aparente

alteração na freqüência dos relógios a bordo dos relógios terrestres (CEUB/IPCD, 2004).

Esses efeitos são compensados antes do lançamento do satélite por uma redução

nominal nos relógios dos satélites, o que não elimina todos os erros, porém utilizando

algumas técnicas de posicionamento, esses erros são reduzidos consideravelmente

(LOPES, 2007).

2.17 - Multicaminhamento

Ocorre um efeito no posicionamento por GPS, em que os sinais enviados pelos

satélites chegam na antena do receptor após um ou vários desvios causados por reflexões

em objetos. Os sinais GPS podem ser refletidos por superfícies inclinadas, verticais ou

horizontais: ruas, árvores, lagos, veículos. Dependendo da localização dos receptores

durante a coleta de dados, especialmente em estações de referência, devido às reflexões

tais sinais percorrem caminhos mais longos e chegam atrasados comparados aos sinais

diretos o que ocasionam erros nas leituras e se caracteriza o efeito do multicaminhamento

(NOGUEIRA, 2009).

Figura 8: Efeito do Multicaminhamento NOGUEIRA (2009).

16

Figura 9: Efeito do multi-caminhamento NOGUEIRA (2009).

Os sinais refletidos são geralmente, mais fracos que os sinais diretos devido à

atenuação no objeto refletor. Esta atenuação depende do material do refletor, do ângulo

incidente da reflexão e da polarização do sinal. Em geral, reflexões com ângulos de

incidência muito baixos praticamente não sofrem atenuação satélites em baixos ângulos de

elevação geram maiores incidências de multicaminho (NOGUEIRA, 2009).

2.18 - Propagação de Sinais

2.19 - Perdas dos Ciclos

Quando um receptor é ligado a parte fracionária da fase de batimento da onda

portadora, isto é, a diferença entre a portadora recebida do satélite e a sua réplica gerada no

receptor, é observada e um contador de ciclos inteiros é inicializado.

O número de ciclos inteiros entre satélite e o receptor é desconhecido no início do

levantamento, esse número de ciclos inteiros é denominado de ambigüidade caso não

ocorra interrupção da contagem no número de ciclos durante o período de observação ele

permanece constante (NOGUEIRA, 2009).

De acordo com Silveira (2004) a perda dos ciclos é um erro gerado por um

bloqueio temporário de sinais devido à presença de obstáculos. Tais como: árvores,

edifícios, pontes, montanhas, ocorrência de sinais fracos devido as más condições

ionosféricas, deslocamentos bruscos das antenas receptoras, satélites de baixa elevação ou

17

falha no programa do receptor, informações enviadas pelo satélite incompletas ou

incorretas devido ao mau funcionamento dos osciladores dos satélites.

Deste modo, se faz necessários alguns minutos para o que se denomina de resolver

a ambigüidade. Ou seja, determinar a diferença de número de ciclos entre o satélite e o

receptor para se obter o posicionamento mais preciso (NOGUEIRA, 2009).

2.20 - Rotação da Terra

Para o cálculo das coordenadas do satélite no instante de transmissão se torna

necessário efetuar a correção do movimento de rotação da Terra, já que durante a

propagação do sinal o sistema de coordenadas terrestre rotaciona em relação ao satélite. As

coordenadas originais do satélite devem ser rotacionadas sobre o eixo z em um ângulo alfa,

definido como o produto do tempo de propagação do sinal pela velocidade de rotação da

Terra. Os satélites e o segmento de controle se encarregam de corrigir esse erro

(CEUB/IPCD, 2004).

18

Figura 10: Efeito da Correção do sinal GPS, em

decorrência da Rotação Terrestre NOGUEIRA, 2009.

2.21 - Ionosfera

A ionosfera é uma região situada entre 100 e 1000 km acima da superfície terrestre,

caracterizada pela presença de elétrons livres que afetam diretamente a modulação do

código P e a fase portadora, quando atravessam está camada (SILVEIRA, 2004).

O que vai determinar o atraso do sinal é o número de elétrons que o sinal vai

encontrar no seu caminho do satélite até ao receptor. O conteúdo total de elétrons (TEC) é

uma função de diversas variáveis tais como as mudanças no fluxo solar ionizante, atividade

magnética, estações do ano, hora, localização do utilizador e ângulo de elevação (LOPES,

2007).

Segundo Nogueira (2009) vários modelos matemáticos têm sido criados para

estimar a densidade de elétrons, no entanto é difícil encontrar um método adequado que

estime o TEC com precisão. De acordo com Silveira (2004) para linhas com distâncias

superiores a 100 km, se torna necessário o uso de receptores de dupla freqüência de modo

19

a considerar os efeitos ionosféricos, pois a freqüência da portadora L2 é menor, o que

proporciona uma menos interferência desses efeitos.

2.22 - Troposfera

A troposfera é a primeira camada da atmosfera, que se estende desde a superfície

terrestre até uma altitude de cerca de 40 km, basicamente é composta de uma mistura de

dois gases ideais, vapores de água seca e úmida. (SILVEIRA, 2004).

Esta camada provoca também atrasos importantes no sinal de satélite. Ao contrário

do que acontece com a ionosfera, a troposfera é um meio não dispersivo para as

frequências de funcionamento do sistema GPS, pelo que não é possível estimar os atrasos

troposféricos a partir das medições efetuadas com duas bandas distintas. Enquanto que a

ionosfera atrasa o código e avança a fase da portadora, a troposfera afeta da mesma forma

o código e a fase da portadora. O atraso troposférico depende essencialmente da pressão

atmosférica, temperatura e umidade relativa, e pode ser dividido em duas componentes

uma componente seca e outra úmida (LOPES, 2007).

2.23 - Erros de Receptor

2.23.1 - Erros de Receptor/Antena

Segundo Nogueira (2009) são os erros relacionados com o hardware do receptor e

da antena que são ocasionados devido à diferença dos sinais emitidos pelas bandas L1 e L2

que são responsáveis pela maior precisão na obtenção dos cálculos de posicionamento.

2.23.2 - Erro do Relógio

Os relógios a bordo dos satélites são altamente precisos, mas não acompanham um

sistema de tempo capaz de sincronizar os relógios dos receptores associados aos dos

satélites, por esse motivo devemos sempre ficar atentos a esses detalhes que podem trazer

erros no momento dos registros (CEUB/IPCD, 2004).

Os relógios dos receptores GPS normalmente são equipados com osciladores de

quartzo, os quais possuem boa estabilidade interna bem melhor do que os dos relógios de

20

pulso e de custo relativamente baixo. Segundo Nogueira (2009) os erros relacionados com

os relógios dos receptores são praticamente eliminados pelo método de posicionamento

escolhido, e pelo melhoramento do sistema.

É importante saber que os relógios dos satélites são monitorados pelo segmento de

controle. E que uma forma efetiva de eliminar os erros dos relógios dos satélites é através

do uso do posicionamento relativo, o qual sincroniza automaticamente os relógios entre os

GPS e os satélites, e caso ocorra erro este pode chegar até 24 m.

2.23.3 - Erros entre os Canais

Em receptores que possuem mais de um canal, pode ocorrer um erro sistemático

entre os mesmo, já que o sinal de cada satélite percorrerá um caminho eletrônico diferente.

É o que ocorre atualmente, pois a maioria dos receptores possui canais múltiplos, e cada

um deles registra os dados de um satélite particular, o que resulta portanto nesse tipo de

erro. Para fazer a correção o receptor dispõe de dispositivo que realiza uma calibração no

início de cada levantamento (NOGUEIRA, 2009).

2.23.4 - Erros de Estação

Segundo Monico (2000) no que se refere a estação, as marés terrestres, cargas dos

oceanos e da atmosfera não se tratam de erros, mas de variações que devem ser

consideradas para os casos de posicionamento de alta precisão que são normalmente

acuradas no pós processamento.

2.23.5 - Erros nas Coordenadas

O erro nas coordenadas está em função de posicionamento GPS, este deve ter pelo

menos um ponto fixo para que o sistema possa calcular de forma precisa as diferenças de

orbita. Conforme CEUB/IPCD (2004) o posicionamento proporciona diferenças de

coordenadas tridimensionais de alta precisão, essas diferenças de coordenadas não contém

informações sobre o sistema de referência (datum, que em cartografia refere-se ao modelo

21

matemático teórico da representação da superfície da Terra ao nível do mar utilizado pelos

cartógrafos), as quais são indispensáveis em qualquer tipo de levantamento.

2.24 - Receptor de Navegação

Atualmente no mercado existem diversas marcas e modelos de aparelhos receptores

de sinal GPS. Os equipamentos de navegação são aqueles que fornecem o posicionamento

em tempo real, baseado no código C/A ou P. A precisão (SPS – código C/A) destes

equipamentos é da ordem de 5 a 15 metros, com o S/A desligado e precisão PPS (código P)

da ordem de 3 a 10 metros. O código P é restrito ao uso das forças militares norte

americano (SEGANTINE, 1995).

Figura 11 -* www.garmin.com

2.25 - Receptor Geodésico

São aparelhos de dupla freqüência (sofrem menos interferência da ionosfera),

recebendo a freqüência L1 (e código C/A) e a freqüência L2 (código C/A ou P). São

indicados para trabalhos geodésicos como transportes de coordenadas e controle de redes.

Se utilizados para trabalhos topográficos conseguem produtos de escala 1:1000, ou melhor.

O pós-processamento é realizado em gabinete se utilizando um software específico e sua

precisão chega a ser milimétrica, isso é claro condicionado ao método de posicionamento

(SEGANTINE, 1995).

22

Figura 12 - * www.spectraprecision.com/

3.0 - MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido em uma propriedade rural município de Altamira-

PA, utilizando receptores de sinal de GPS geodésico e de navegação utilizando os métodos

para levantamento planimétrico estático e absoluto.

Figura 13 - Localização da Área de Estudo.

23

No método estático, foi lançado mão de um par de receptores marca/modelo

Spectra Precision/ Epoch 25 com freqüência L1 no hover e L1/L2 na base ambos de 12

canais e erro RMS de 3 m.m a cada km . A taxa de aquisição da cada 5''. O receptor

denominado base foi estacionado a 5 Km de distancia da propriedade objeto do trabalho e,

permaneceu ligado durante 8 horas ininterruptas de forma que a posteriori se efetuasse a

correção das latitude e longitude dos vértices hover's em pós processamento. O receptor

denominado hover, percorreu os quatro vértices que compõem o limite da propriedade com

estacionamento e rastreio durante 30 minutos em cada marco e dados descarregados em

micro computador utilizando Softwear Trimble Office Geomatics/TGO versão 1.6. Seguido

de pós processamento com correção, utilizando as informações dos marcos geodésicos do

IBGE, componentes da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo - RBMC.

Denominados de SAT 93827 e SAT 93620, Altamira e Belém respectivamente.

No método absoluto, foram utilizados receptores GPS de navegação marca

GARMIN modelos GPS 72, MAP 76, ETREX Euro e ETREX CAR. Todos com 12 canais

e erro RMS de 5m. O rastreio foi realizado com os receptores no modo 3D com os dados

descarregados em micro computador utilizando Software GPS Track Maker-PRO, versão

4.3 sem correção.

Em ambos métodos de rastreio, os receptores operaram com base no Datum

geocêntrico Word Geografic Sistem/ WGS-84 em coordenadas geográfica. Nos receptores de

navegação, antes de descarregar os dados, as coordenadas foram convertidas para planas

(UTM), reconfigurando-as no próprio receptor.

Os tratamentos foram constituídos com os receptores da seguinte forma: EPOCH-

25 L1(testemunha)= Rcp.GT, GPS 72= Rcp.N1; Rcp.N2=MAP 76; Rcp.N3=ETREX

EURO e Rcp.N4=ETREX CAR.

Cada receptor se configurou como um tratamento. As informações do receptor

geodésico L1 denominado de hover, ao serem pós processados, assumiram a função de

testemunha frente as adquiridas pelos receptores de navegação.

Para avaliar a precisão dos receptores de navegação com base no geodésico. Foram

considerados os pares de coordenadas obtidas no marco da propriedade denominado m-1.

O qual não possuía obstrução aérea que provocasse erro por multi-caminhamento e a área

mensurada.

24

Em uma segunda avaliação, as informações tanto do receptores geodésico quanto

dos de navegação foram comparados com as coordenadas do marco geodésico do IBGE,

componente da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo - RBMC (IBGE, 2010)

denominado de SAT 93827, localizado no aeroporto de Altamira-PA que agora assumiu a

condição de Marco geodésico testemunha = M.GT. visando avaliar a precisão de todos os

receptores relacionados neste trabalho ponto a ponto. Nomeados conforme a seguir:

receptor geodésico L1 EPOCH-25= Rcp.G; receptores de navegação GPS 72= Rcp.N1,

Rcp.N2= MAP 76, Rcp.N3= ETREX EURO e Rcp.N4= ETREX CAR.

Figura 14 - Marco IBGE SAT 93827 em Altamira-PA.

Os dados obtidos com o marco geodésico, receptores geodésico e de navegação,

foram tabulados no software Microsoft Excel 2007, em seguida analisados com a estatística

descritiva. Considerando a Média, Intervalos de Confiança (I.C) e Erro quadrado médio

(EQM) das variáveis.

Estatística Descritiva

A Estatística Descritiva é uma ferramenta rápida e básica para se criar quadros e

tabelas. Essa é parte da Estatística que utiliza números para descrever os fatos.

Compreende a coleta, a organização, o resumo. E em geral a simplificação de informações

que podem ser muito complexas. Dentro da estatística descritiva foram utilizados para

elaboração do trabalho a Média Aritmética, o Intervalo de Confiança e o Quadrado Médio

(SILVA, 2010).

25

Média Aritmética

A média segundo Braule (2001) é a mais usual das medidas de tendência central,

sendo igual à soma das observações dividida pelo número de observações, a formula

utilizada foi a seguinte:

Aonde é a média aritimetica, e x1,..., xn são os n valores (distintos ou não) da

variável x. A média foi utilizada devido ser um bom parametro para obter medidas de

maior estabilidade (CRESPO, 2002).

Intervalo de Confiança

O Intervalo de confiança foi utilizado para avaliação da acurácia e precisão e

contêm a seguinte fórmula:

Os números dos limites de confiança ± 1,96 são de 95% a 99%. Esses são

denominados os limites de confiança, ou ainda coeficientes de confiança ou valores

críticos (MURRAY, 1993).

2.32 - Quadrado Médio

O quadrado médio considera que seus argumentos são uma amostra e seus dados

representarem toda a amostra, e foi utilizado devido apresentar um bom indicador de

medidas do grau de dispersão dos valores em relação ao valor médio (a média). E tem a

seguinte fórmula:

Aonde s é média de amostra (n...), e n é o tamanho da amostra.

26

4.0 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 - Acurácia de coordenadas entre os receptores de GPS geodésico e de navegação

A Tabela 1 contém os valores dos pares de coordenadas planas UTM,

correspondentes a um vértice de uma propriedade obtidas com uso dos receptores

geodésico considerada como a coordenada denominada de testemunha. Bem como as

obtidas com o uso de receptores de navegação. Nesta tabela é possível constatar que o

tratamento Rcp.N4 foi o que apresentou o par de coordenadas (x,y) que mais se

aproximou da verdadeira, com variação de 1,395 m e -2,385 m para longitude e latitude

respectivamente. Portanto, com a mesma tendência de comportamento dados no trabalho

de Fransson et al. (2005) os quais perceberam que os valores de latitude foram sempre

maior que os de longitude. Considerando os resultados dos demais receptores, o tratamento

Rcp.N3 apresentou os valores mais distantes da testemunha com 5,069 m e -8,019 m

longitude e latitude respectivamente. Valores estes, acima dos encontrados por Matsuoka

et al. (2008) em condições semelhantes, os quais eram de ordem sub métrica em

planimetria.

Tabela 1 - Coordenadas planas rastreadas com receptores de GPS geodésico e de navegação.

Tratamentos EASTING (m) NORTING (m)

RcpGT

365.273, 455 9.644.772, 083

RcpN1 365.278, 506 * 9.644.773, 701

RcpN2 365.275, 623 9.644.777,545

RcpN3 365.268, 386 * 9.644.780, 102 *

RcpN4 365.272, 060 9.644.774, 468

* Dado fora do intervalo de confiança com nível de 5% de significância.

Na Tabela 2, encontram-se os dados de análise estatística descritiva. A qual

considera as variáveis Erro Médio Quadrático (E.Q.M) e Intervalo de Confiança (I.C),

utilizados para avaliação da precisão dos equipamentos.

Os resultados do E.M.Q forma na ordem de 4,38 m e 2,94 m longitude (E) e

latitude (N) respectivamente. Analisando os resultados obtidos nos tratamentos Rcp.N1 e

Rcp.N3, constata-se que os valores estão fora do IC. Portanto, dependendo do nível de

27

precisão exigido na atividade de planimetria, não se aconselha utilizar estes receptores.

Argumentação esta que se ratifica com as observações de Tragueta e Cardoso (2009) os

quais em trabalho semelhante encontraram variações de até 37% acima da coordenada

exata. Esta variação pode ser atribuída aos fatores discutidos anteriormente na revisão de

literatura. Entre estas as características intrínsecas de cada receptor ou até mesmo as

condições atmosféricas.

Relacionado aos demais tratamentos (Rcp.N2 e Rcp.N4), com base no IC

estabelecido pelo tratamento Rcp.GT

(Tabela 2), tiveram variações tanto de longitude

quanto de latitude dentro dos níveis aceitáveis, com valores na ordem de 1,395 m a -2,395

m e 1,618 a 2,385 m para longitude e latitude respectivamente, mostrando assim, não ser

confiável o uso das informações destes em levantamentos planimétricos para

determinação das coordenadas dos marcos de uma propriedade caso esta seja para fins

cadastrais. Haja vista ocorrer “flutuação” das coordenadas em torno do marco ocupado

conforme a Figura 15.

Tabela 2 - Dados estatísticos de média, quadrado médio, intervalos de confianças das Coordenadas planas

rastreadas com receptores de GPS geodésico e de navegação.

EASTING (m) NORTING (m)

MÉDIA 365.273, 61 9.644.776, 454

QME 4, 38600444 2, 94513101

IC 4, 29820537 2, 88617535

IC Superior 365277, 942* 9644779, 340*

IC Inferior 365269, 346* 9644773, 568* * Dado fora do intervalo de confiança com nível de 5% de significância.

QME = Quadrado Médio

IC = Intervalo de Confiança

IC SUPERIOR = Intervalo de Confiança Superior

ICINFERIOR = Intervalo de Confiança Inferior

28

Figura 15 - Vista de ocupação dos receptores geodésico e de navegação no Marco m-1.

4.2 - Tamanho da área obtida com receptores geodésico e de navegação

A Tabela 3 contém os dados referentes ao levantamento planimétrico com o

tamanho de uma área obtida os receptores de GPS aqui denominados de Rcp.GT

como a

área testemunha possuindo 3,4796 ha, e os valores obtidos com os aparelhos de

navegação. Os melhores resultados foram obtidos com os tratamentos em valor crescente

de afastamento do considerado como verdadeiro, na seguinte ordem 1,42, 1,64, 1,79 e 3,58

%, Rcp.N3, Rcp.N4, Rcp.N2 e Rcp.N1 respectivamente. Este mesmo comportamento foi

observado por Tragueta e Cardoso (2009) os quais consideram que as variações das

coordenadas, ora, colocam um dado ponto dentro da área real ora colocam fora da área real, mas

não interferindo consideravelmente no tamanho da área. Corroborando também com Silva

(2002), o qual constatou diferença de áreas calculadas com receptores de GPS de

navegação de diferentes marcas e modelos, por este mesmos motivadores. Conforme Figura 16.

29

Tabela 3 - Medidas dos tamanhos de área de quatro propriedades obtidas com receptores GPS geodésico e de

navegação.

TRATAMENTO ÁREA (ha)

Rcp.GT

3, 47960

Rcp.N1 3, 60400*

Rcp.N2 3, 54190

Rcp.N3 3, 52900

Rcp.N4 3, 53650

* Dado fora do intervalo de confiança com nível de 5% de significância.

Rcp.GT = Receptor Geodésico

Apesar do resultado do tratamento Rcp.N1 está fora do I.C em 3,78 % do

tratamento testemunha, foi consideravelmente inferior aos resultados encontrados por

Tragueta e Cardoso (2009) que em condições semelhantes a este experimento chegaram até

29 % do resultado obtido com o receptor geodésico. Segundo Coelho (2003) os dados

obtidos com este tipo de receptor poderiam ser melhorados aumentando o tempo de

rastreio antes da coleta. No entanto o mesmo argumenta que esta melhora é pouco

significativo.

Figura 16 - Vista de ocupação dos receptores geodésicos e de navegação no para determinação da área da

propriedade.

30

4.3 – Determinação de coordenada em ponto geodésico utilizando receptores

geodésico e de navegação

Em uma outra condição de avaliação de desempenho da precisão dos receptores

GPS de todos os receptores utilizados no experimento, foram considerados o pares de

coordenadas planas UTM do marco geodésico aqui denominado de testemunha= M.GT,

pertencente a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo - RBMC (IBGE, 2010)

denominado de SAT 93827 assim como os obtidos com receptores GPS geodésico (Rcp.G)

e de navegação (Rcp.N) sobre este marco geodésico (Tabela 4).

É possível constatar que todos tratamentos apresentaram dados fora do intervalo de

confiança estabelecido para esta análise (Tabela 4), inclusive o Rcp.G, que apesar de ter os

dados corrigidos por pós processamento, utilizando o método da triangulação com duas

estações da RBMC, ficaram com valores bem acima da média do I.C do marco geodésico,

que nesta condição foi de 0,68 m e 1,083 m para longitude e latitude respectivamente

(Tabela 5). Contrapondo assim, a afirmativa de Fransson et al. (2005) os quais

recomendam o uso dos receptores de navegação para gerenciamento de unidades de

produção denominada também de agricultura de precisão.

Tabela 4 - Valores de um par de coordenadas UTM do marco geodésico da RBMC- SAT 93827 e com

valores de coordenadas comparados com receptores geodésico e de navegação.

Tratamento

EASTING

(m)

NORTING

(m)

ΔE

(m)

ΔN

(m)

M.GT 361.117, 249 9.640.132, 788 - -

Rcp.G 361.166, 887* 9.640.172, 516* 49, 638 39, 728

Rcp.N1 361.166, 103* 9.640.172, 887* 48, 854 40, 099

Rcp.N2 361.166, 054* 9.640.174, 814* 48, 805 42, 026

Rcp.N3 361.165, 619* 9.640.172, 923* 48, 370 40, 135

Rcp.N4 361.167, 312* 9.640.174, 732* 50, 063 41, 944

* Dado fora do intervalo de confiança com nível de 5% de significância.

Δ EASTING (m) = Variação de Latitude

Δ NORTING (m) = Variaçao de Longitude

31

Figura 17 - Vista de ocupação dos receptores geodésicos, de navegação no marco da RBMC SAT 93827.

Tabela 5 - Resultados da análise estatística descritiva dos erros de posicionamento em relação

à média das observações.

MÉDIA 361166, 395 9640173, 574

QME 0, 68678126 1, 10608512

IC 0, 67303327 1, 08394350

IC superior 361167, 068* 9640174, 658*

IC inferior 361165, 722* 9640172, 490* * Dado fora do intervalo de confiança com nível de 5% de significância.

Nesta mesma linha de pesquisa, Rodrigues (2003), utilizando três receptores GPS,

geodésico, topográfico e de navegação, verificou a grande potencialidade de uso do

receptor GPS geodésico tanto em levantamentos planimetrico quanto nos altimetricos para

fisn de projetos de irrigação e drenagem. Bem como na engenharia civil. Entretanto este

alerta que o mesmo não se consegue com os receptores GPS de navegação. Restringindo-

os apenas a elaboração de croqui das áreas.

32

CONCLUSÕES

Mesmo que o levantamento planimétrico realizado com receptores GPS de

navegação, não exija precisão, é aconselhável realizar testes preliminares afim de aferir a

qualidade das informações por estes fornecida;

A qualidade das informações de calculo de área informada pelos receptores de

navegação é muito próxima das fornecidas pelo receptor geodésico. Podendo estas servir

com informação preciosa nas atividades cotidianas da propriedade;

Face aos resultados obtidos com os receptores GPS de navegação, não se aconselha

o uso do mesmo em atividades de planimetria que exijam a determinação exata dos pares

de coordenadas dos marcos da propriedade uma vez que há flutuação desta coordenada

sobre o plano de levantamento, propiciando sobre posição das áreas;

Mesmo que a precisão do receptor geodésico seja de ordem submeteria e

aconselhável realizar aferições periódicas destes aparelhos para avaliar a qualidade de seus

dados.

33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, J. N. O. Análise da precisão e acurácia de pontos georreferenciados com a

técnica do código suavizado pela fase da portadora utilizando GPS de simples

freqüência. Tese de mestrado. Universidade de São Paulo. São Carlos. 2006.

BARRETO, E. R. Curso de Extensão em Georreferenciamento. Faculdade de

Engenharia de Minas Gerais. [S.l.: s.n.], 2004.

BERNARDI, J. V. E.; LANDIM, P. M. B. Aplicação do Sistema de Posicionamento

Global (GPS) na coleta de dados. DGA,IGCE,UNESP/Rio Claro, Lab.

Geomatemática,Texto Didático 10, 2002. 31 pag.

BUICK, R. GPS guidance-making an informed decision. in: CONFERENCE ON

PRECISION AGRICULTURE, 3., 2002 MADISON. Abstracts.[s.n], 2002.

BRAULE, R. Estatística aplicada com Excel: para cursos de administração e

economia. Rio de janeiro: Elsevier, 2001.

CEUB/IPCD. Curso de GPS e cartografia básica. Instituto de pesquisa CEUB. [S.l.: s.n.],

2004.

COELHO. A. C. S. Avaliação do desempenho de receptores GPS em levantamentos

altimétricos, para fim sistematização de terras. Dissertação de Mestrado. Escola

Superio de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ, 2003.

CRESPO, A. A. Estatística Fácil. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

DANA, P. H. Global Positioning System Overview. Relatório Técnico. Department of

Geography, University of Texas at Austin, Janeiro, 1995.

DOROTI, M. e NEGRAES, R.GPS POSITIONING SYSTEM. São Paulo: Editora

Fitipaldi, 1997.

DOCKHORN, E. S. Comparação de dois tipos de solução no posicionamento com

receptores GPS. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa Maria, Centro de

Ciências Rurais, Programa de Pós-graduaçao em Geomática, RS, 2006. 63 p.

FRASSON, F. R.; SENATORE, G. M.; MOTOMIYA, A. V. A.; MOLIN, J. P.

Avaliação do desempenho estático de receptores de GPS, In: V Congresso Brasileiro

de Agroinformática, Londrina-PR, 2005.

FIGUEIRÊDO, D. C. Curso Básico de GPS. [S.l.: s.n.], Setembro de 2005.

JOHNSON, T. M. Introdução ao GPS. [S.l.: s.n.], 2010.

34

LOPES. T. M de S. S. Análise de Erros em Receptores de GNSS. Dissertação de

mestrado. Universidade de Lisboa. Instituto superior técnico. [S.l.], Outubro de 2007.

MARQUES. G. B. Introdução ao Sistema de Posicionamento Global GPS. [S.l.: s.n.],

1999.

MATSUOKA, M. T.; SOARES, D. M.; SOUZA, S. F. de; VERONEZ,M.R. Análise da

aplicação de receptor GPS de navegação no posicionamento relativo estático de linha-base

curta, Jornal of Geoscience 4(2):88-93, 2008.

MOLIN, J. P. Utilização de GPS em Agricultura de Precisão. Eng. Agrícola, Jaboticabal,

v.17, n.3, 1998. p.121-132.

MOLIN, J. P. Oficina de aplicações de GPS de navegação em agricultura.

ESALQ/USP, 2009.

MORRETIN, A. P. & BUSSAD, W. O. Estatística Básica. 5. ed. Sao Paulo: Saraiva,

2002.

MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS, descrição, fundamentos e

aplicações. 1.ed.Presidente Prudente: Editora ENESP, 2000.

MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo GNSS: descrição, fundamentos e aplicações.

2.ed.. São Paulo: editora UNESP, 2008. 473 p.

MURRAY, R. S. Estatística. Coleção. São Paulo: Schaum. Makron Books, 1993.

NOGUEIRA, E. D. Observáveis Gps: Características e Erros. Universidade do Estado

de Mato Grosso. Departamento de Engenharia civil. Topografia II - Aula 10, 2009.

PESTANA, A. Sistema de posicionamento global Navstar/GPS. Instituto superior de

Engenharia do Porto. [S.l.: s.n.], junho de 2002.

SILVA, H.S e CÂMARA, M. J. C. Avaliação da acurácia das coordenadas pós

processadas com dados rinex obtidos por meio de um receptor GPS de navegação.

Universisade Federeal de Dom Bosco, especializada em georreferenciamento rurais de

limites rurais. Monografia. .Campo Grande, 2005.

SILVEIRA, A. C. da. Avaliação de desempenho de aparelhos receptores GPS.

Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia

Agrícola. SP: [s.n.], 2004.

STABILE, M. C. C. & BALASTREIRE, L. A., Comparação de três receptores GPS

para uso em agricultura de precisão. Eng. Agríc. Jaboticabal, v.26, n.1, jan./abr. 2006.

p.215-223.

35

MORGAN, M. The precision-farming guide for agriculturists. Moline: Deere &

Company, 1997. 116 p.

SEEBER, G. SATELLITE GEODESY: foundations, methods, and applications. New

York, Walter de Gruyter, 1993.

SEGANTINE, P. C. L. GPS: Sistema de Posicionamento Global. São Carlos: Editora

Edusp, 2005.

TIMBÓ, M. A. Levantamentos através do Sistema GPS. Departamento de Cartografia

da Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais 2000.

36

APÊNDICE

37

o

Foto 4 – Aparelhos GPS de navegação

utilizados no trabalho de campo.

Autor: Jair Otávio Farias Braga, 2010.

Foto 1 – Receptores GPS de navegação

utilizados no trabalho de campo.

Autor: Jair Otávio Farias Braga, 2010.

Foto 2 – Acionamento do receptor GPS

geodésico, para rastreio e registro de

coordenadas.

Autor: Jair Otávio Farias Braga, 2010.

Foto 3 – Marco geodésico SAT 93827,

localizada em Altamira-PA.

Autor: Jair Otávio Farias Braga, 2010.