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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS JAQUELLYNE GURGEL PENAFORTE SABOIA COMPLICAÇÕES MICROVASCULARES NO DIABETES TIPO 1: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE PACIENTES TRATADOS COM TRANSPLANTE AUTÓLOGO NÃO MIELOABLATIVO DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS VERSUS PACIENTES TRATADOS COM INSULINOTERAPIA CONVENCIONAL EM CENÁRIO DE MUNDO REAL FORTALEZA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS

JAQUELLYNE GURGEL PENAFORTE SABOIA

COMPLICAÇÕES MICROVASCULARES NO DIABETES TIPO 1: UMA ANÁLISE

COMPARATIVA ENTRE PACIENTES TRATADOS COM TRANSPLANTE

AUTÓLOGO NÃO MIELOABLATIVO DE CÉLULAS-TRONCO

HEMATOPOIÉTICAS VERSUS PACIENTES TRATADOS COM

INSULINOTERAPIA CONVENCIONAL EM CENÁRIO DE MUNDO REAL

FORTALEZA

2017

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JAQUELLYNE GURGEL PENAFORTE SABOIA

COMPLICAÇÕES MICROVASCULARES NO DIABETES TIPO 1: UMA ANÁLISE

COMPARATIVA ENTRE PACIENTES TRATADOS COM TRANSPLANTE AUTÓLOGO

NÃO MIELOABLATIVO DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS VERSUS

PACIENTES TRATADOS COM INSULINOTERAPIA CONVENCIONAL EM CENÁRIO

DE MUNDO REAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Médicas da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal do Ceará, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Ciências Médicas. Área de

Concentração: Ciências Médicas.

Orientador: Prof. Dr. Renan Magalhães

Montenegro Júnior.

FORTALEZA

2017

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JAQUELLYNE GURGEL PENAFORTE SABOIA

COMPLICAÇÕES MICROVASCULARES NO DIABETES TIPO 1: UMA ANÁLISE

COMPARATIVA ENTRE PACIENTES TRATADOS COM TRANSPLANTE AUTÓLOGO

NÃO MIELOABLATIVO DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS VERSUS

PACIENTES TRATADOS COM INSULINOTERAPIA CONVENCIONAL EM CENÁRIO

DE MUNDO REAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Médicas da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal do Ceará, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Ciências Médicas. Área de

Concentração: Ciências Médicas.

Orientador: Prof. Dr. Renan Magalhães

Montenegro Júnior.

Aprovada em: _____/_____/_________.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. Renan Magalhães Montenegro Júnior (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________

Prof. Dr. Carlos Antônio Negrato

Scociedade Brasielira de Diabetes (SBD)

________________________________________

Prof. Dr. Carlos Eduardo Couri

Universidade de São Paulo (USP)

________________________________________

Profª. Dra. Lenita Zajdenverg

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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A Deus, mestre dos mestres, lenitivo nas horas

de dúvida e paz dos meus dias.

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Ao meu marido, Alexandre, amor da minha

vida e fonte de inspiração diária.

Aos meus filhos, Catarina, Clarissa e Miguel,

a quem ainda eu aguardo chegar, por serem

minha razão de existir.

A meus pais, Alzir e Mazé, pelo apoio no dia-

a-dia e cujo modelo de integridade e sapiência

constituem-se nos alicerces da minha

formação humana.

Aos meus irmãos, Shirley, Patrícia e Alzir

Filho pelo torcida e carinho.

Aos meus sogros, Alexandre e Fátima, e

cunhados, Luana, Érica e Fábio, pelo

incentivo.

Aos pacientes, único motivo da existência da

nossa profissão, exemplo de resignação e

força.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Renan Magalhães Montenegro Júnior, orientador e mestre.

Profissional que exerce a medicina com total mestria e dedicação, a quem tenho enorme

admiração, e, foi o verdadeiro motivador para a realização deste estudo.

Ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, cuja competência e atenção foram

fundamentais para a execução desta dissertação.

À professora Dra. Virgínia Fernandes, pelo apoio do dia-a-dia em todas as etapas

desse trabalho.

Aos professores Dr. Carlos Negrato, Dra. Cecília Martins Costa e Dra. Lenita

Zajdenverg, por suas participações na banca e pelo incentivo à ciência.

À colega Lívia Batista, pelo tamanho auxílio na elaboração desse trabalho,

verdadeiro exemplo de desprendimento para com o próximo.

Ao colega Brasil, excelente estatístico, fundamental na execução desse trablho.

Ao colega Frederico, pelo auxílio e disponibilidade.

Aos colegas de pós-graduaçao, pelas reflexões do dia-a-dia e sugestões.

A todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização dessa

dissertação.

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“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”.

(Simone de Beauvoir).

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RESUMO

O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica em que o uso de insulina exógena

permance como a única modalidade terapêutica bem reconhecida. Inúmeros estudos

demonstram que, independente do desenvolvimento de novas insulinas, da aplicação em

bomba de insulina ou sob esquema basal-bolus, o ajuste glicêmico no diabetes permanece um

desafio, e apenas uma minoria dos pacientes mantém-se nos alvos desejados. Este mau

controle está associado ao desenvolvimento de complicações microvasculares. Por outro lado,

o transplante autólogo não mieloablativo de células hematopoiéticas (TMO) tem sido

proposto como forma de preservar a função das células beta e melhorar o controle glicêmico

em portadores de DM1, levando a uma possível redução na prevalência de complicações

microvasculares associadas a doença. Porém, até o momento não havia dados de comparação

disponíveis na literatura em relação a insulinoterapia convencional. O objetivo desse estudo

foi comparar o impacto da terapia com transplante autólogo não mieloablativo de células

hematopoiéticas em pacientes com DM1 em relação às complicações microvasculares, a

preservação da função residual das células B a longo prazo e ao controle glicêmico através da

comparação com pacientes tratados com insulinoterapia convencional no cenário de mundo

real. Foi um estudo transversal em que os dados dos pacientes tratados com TMO foram

comparados aos de pacientes que receberam terapia convencional provenientes do BrazDiab1,

o maior estudo observacional multicêntrico realizados em portadores de DM1 no Brasil. A

mediana de duração do diabetes foi de aproximadamente 8 anos em ambos os grupos. Foi

comparada a presença de complicações microvasculares, a função residual de células β

através da dose de insulina ajustada para HbA1C (IDAA1C), o controle metabólico através da

HbA1c e as doses de insulina dos pacientes. Após aproximadamente 8 anos de diagnóstico, os

pacientes tratados com TMO (n = 24) não apresentaram nenhum caso de complicação

microvascular, enquanto que 21,5% (31/144) dos pacientes no grupo de terapia convencional

apresentou pelo menos uma (p <0,005), com destaque para nefropatia diabética, que foi

detectada em 20 pacientes (13,8%) no grupo convencional durante o mesmo período (p

<0,005). No que diz respeito à função residual das células β, a porcentagem de indivíduos que

mantinham IDAA1C ≤ 9 (valores preditos de peptídeo C estimulados > 300 mmol/L) foi

aproximadamente dez vezes maior no grupo TMO em comparação ao grupo convencional

(75% vs 8,3%) (p <0,001). Entre os pacientes do grupo TMO, 54,1% (13/24) apresentaram

HbA1c <7,0 em comparação a apenas 13,1% no grupo convencional (p <0,001). Assim, após

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8 anos de diagnóstico, os pacientes com DM1 recém diagnosticado submetidos a terapia com

TMO apresentaram menor prevalência de complicações microvasculares, maior função

residual de células B e melhor controle glicêmico comparado ao grupo BrazDiab1 tratado

com terapia convencional. Esses achados sugerem o TMO como possível modalidade

terapêutica no DM1.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus tipo 1. Transplante. Insulina. Ilhotas pancreáticas.

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ABSTRACT

Type 1 diabetes mellitus (T1DM) is a chronic disease in which the best-established treatment

is to control the blood glucose by intensive insulin therapy. However, several studies have

shown that, in clinical practice, only a minority of diabetic patients, irrespective of types of

insulin or dosing schedules, can maintain HbA1c goal. This poor control is associated with

the development of microvascular complications. Autologous Nonmyeloablative

Hematopoietic Stem Cell Transplantation (AHSCT) has been proposed as a way to preserve

B-cell function, improves metabolic control and, possible, reduces microvascular

complications in T1DM patients. However, there is no available data compared AHST to

conventional therapy. The aim of this study was to explore the impact on microvascular

complications, long term preservation of residual B-cell function and glycemic control of

patients with T1DM treated with Autologous Nonmyeloablative Hematopoietic Stem Cell

Transplantation (AHSCT) compared to real world conventional therapy. Cross-sectional data

of patients treated with AHSCT were compared with patients who received conventional

therapy from the BrazDiab1, the largest multicenter observational study in type 1 diabetes

mellitus in Brazil. Median duration of diabetes was approximately 8 years in both groups. The

presence of microvascular complications, residual β-cell function, through insulin-dose

adjusted HbA1c (IDAA1C), A1c and insulin dose of patients were compared. After

approximately 8 years of diagnosis, AHSCT- treated patients (n=24) presented no cases of

microvascular complications while 21.5% (31/144) had at least one (p<0.005) complications

in the conventionally treated group (n=144). Further, no case of nephropathy was reported

from thein the AHSCT group while 13.8% were detected in the conventional group of the

control population treated with conventional therapy were registered for the condition during

the same period (p<0.005). With regard of residual β-cell function, the percentage of

individuals with predicted higher C-peptide levels (IDAA1C ≤ 9) was about ten times higher

on in the AHSCT group compared with then conventional group (75% vs 7.58.3%) (p<0.001).

Among AHSCT patients, 54.1% (13/24) had HbA1c<7.0 compared to 13.1% in the

conventional group (p<0.001). Thus, after 8 years of follow-up, patients with newly-

diagnosed type 1 diabetes treated with AHSCT presented lower prevalence of microvascular

complications, higher residual B-cell function and better glycemic control compared to

BrazDiab1 group treated with conventional therapy. These findings support AHSCT to have

enhanced therapeutic outcomes for T1DM.

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Keywords: Diabetes Mellitus, Type 1. Transplantation. Insulin.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 ‒ Probabilidade de progressão para DM1 sintomático estratificado para o

número de autoanticorpos contra ilhotas a partir do nascimento ...............

19

Figura 2 ‒ Eventos iniciais nas ilhotas pancreáticas que levam a morte de células β . 22

Figura 3 ‒ Representação esquemática dos principais eventos relacionados ao

desenvolvimento do DM1 ..........................................................................

26

Figura 4 ‒ Principais mecanismos fisiopatológicos associados às complicações

microvasculares .........................................................................................

28

Figura 5 ‒ Estágios da nefropatia diabética ................................................................ 32

Figura 6 ‒ Fluxograma de seleção dos pacientes do grupo terapia convencional ...... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ‒ Métodos de screening disponíveis para DM1 ............................................ 20

Tabela 2 ‒ Características histopatológicas pancreáticas no DM1 ............................. 23

Tabela 3 ‒ Estágios da retinopatia diabética ................................................................ 34

Tabela 4 ‒ Sexo, duração do DM1, idade ao diagnóstico e distribuição por faixa

etária da idade ao diagnóstico para o grupo TMO e o grupo terapia

convencional .....................................................................

50

Tabela 5 ‒ Comparação da ocorrência de complicações microvasculares do diabetes

e da função residual das células β no grupo TMO e no grupo de terapia

convencional ..................................................................................

51

Tabela 6 ‒ Comparação da função residual das células β no grupo TMO e no grupo

de terapia convencional ...................................................................

52

Tabela 7 ‒ Controle glicêmico, dose e uso de insulina para ambos os grupos ............ 53

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

aCTL Células T CD8+ ilhota-específicas

AGE Produtos finais de glicação avançada

APC Células apresentadoras de antígenos

BrazDiab1 Estudo Nacional Multicêntrico em

Diabetes Tipo 1

CAD Cetoacidose diabética

CITR Cell Islet Transplantation Registry

DCCT The Diabetes Control and Complications

Trial Research Group

DM1 Diabetes mellitus tipo 1

DRT Doença renal terminal

ENOS Óxido nítrico sintase endotelial

GAD Ácido glutâmico descarboxilase

HbA1c Hemoglobina glicada

HPLC High Performance Liquid

Chromatography

HSCs Células-tronco hematopoiéticas

IA-2 Anti-ilhota tipo 2

IDAA1C Insulin-Dose Adjusted HbA1c

IFN Interferon

IL Interleucina

IMC Índice de massa corpórea

LN Linfonodo

MA Microalbuminúria

MHC Complexo maior de histocompatibilidade

MSCs Células-tronco mesenquimais

NA Neuropatia autonômica

NAC Neuropatia autonômica cardiovascualar

NED Neuropatia diabética

NF Fator nuclear

NFD Nefropatia diabética

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NO Óxido nítrico

PAI Inibidor do ativador do plasminogênio

PKC Proteína C quinase

PNDS Polineuropatia distal simétrica

RAC Relação albumina/creatinina

RD Retinopatia diabética

RDP Retinoaptia diabética proliferativa

ROS Espécies reativas de oxigênio

TFG Taxa de filtração glomerular

TGF Fator de crescimento transformador

TMO Transplante de medula óssea

TNF Fator de necrose tumoral

Tregs Linfócitos T reguladores

VEGF Fator de crescimento endotelial

VP1 Proteína viral 1

ZnT8A Transportador do zinco-8

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 17

1.1 Diabetes mellitus tipo 1 .............................................................................. 17

1.1.1 Fatores genéticos e imunológicos associados ao DM1 .............................. 17

1.1.2 Fatores ambientais associados ao DM1 ..................................................... 23

1.1.3 Diagnóstico do DM1 ………………………………………........................ 27

1.1.4 Complicações microvasculares associadas ao DM1 .................................. 27

1.1.4.1 Neuropatia diabética (NED) ………………………..………………………… 29

1.1.4.2 Nefropatia diabética (NFD) …………………………………………………….. 31

1.1.4.3 Retinopatia diabética (RD) ……………………………………………………… 33

1.1.5 Tratamento e prevenção……..……………………………………………. 35

1.1.5.1 Terapia com células tronco e o transplante autólogo não-mieloablativo

de medula óssea ...........................................................................................

37

2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 42

3 OBJETIVOS ............................................................................................... 43

3.1 Objetivo geral ............................................................................................. 43

3.2 Objetivos específicos .................................................................................. 43

4 MÉTODOS ................................................................................................. 44

4.1 Tipo e local do estudo ................................................................................. 44

4.2 Sujeitos da pesquisa ................................................................................... 44

4.2.1 Grupo TMO ................................................................................................. 44

4.2.2 Grupo terapia convencional - BrazDiab1 .................................................. 45

4.3 Coleta de Dados .......................................................................................... 47

4.3.1 Complicações microvasculares ................................................................... 47

4.3.2 Função residual das células β ................................................................ 48

4.3.3 Controle glicêmico e dose de insulina ........................................................ 48

4.4 Análise estatística ....................................................................................... 48

4.5 Aspectos éticos ............................................................................................ 49

4.6 Conflitos de interesse ................................................................................. 49

5 RESULTADOS ........................................................................................... 50

5.1 Descrição da casuística .............................................................................. 50

5.2 Complicações microvasculares ................................................................. 51

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5.3 Função residual das células β ............................................................... 51

5.4 Controle glicêmico e dose de insulina ....................................................... 52

6 DISCUSSÃO ............................................................................................... 54

7 CONCLUSÕES .......................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 62

APÊNDICE A ‒ QUESTIONÁRIO PADRÃO UTILIZADO NA

ENTREVISTA DOS PACIENTES DO GRUPO TERAPIA

CONVENCIONAL – BRAZDIAB1 .........................................................

80

ANEXO A ‒ PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE

ÉTICA EM PESQUISA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

WALTER CANTÍDIO ...............................................................................

115

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Diabetes mellitus tipo 1

O diabetes mellitus caracteriza-se por um aumento sérico nos níveis de glicose

(VAN BELLE; COPPIETERS; VON HERRATH, 2011). É uma doença de proporções

epidêmicas, estimando-se, atualmente, uma prevalência mundial superior a 300 milhões

(SHERWIN; JASTREBOFF, 2012). O Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença

autoimune que resulta da infiltração e destruição das ilhotas de Langerhans produtoras de

insulina por células CD4+ e CD8+ (ROEP, 2003). Representa 10-15% de todas as etiologias

de diabetes mellitus, sendo uma das doenças crônicas mais comuns da infância

(HARJUTSALO; SJOBERG; TUOMILEHTO, 2008; POCIOT; LERNMARK, 2016)..

Fatores ambientais, ainda não totalmente conhecidos, levam a precipitação da doença em

indivíduos geneticamente susceptíveis (ATKINSON; EISENBARTH, 2001) e,

diferentemente da maioria das doenças autoimunes, apresenta discreto predomínio em

homens (GALE, 2005; HARJUTSALO; SJOBERG; TUOMILEHTO, 2008; OSTMAN et al.,

2008).

Dados recentes têm mostrado uma incidência progressiva da doença. Um estudo

europeu avaliou a população de 17 países no período de 1989-2003 e confirmou 20.331 novos

casos de DM1; a projeção foi de que o dobro de novos casos surgiria no período de 2005-

2020 (PATTERSON et al., 2009). Já um estudo realizado no Brasil mostrou um aumento na

incidência do DM1 de 2.82/100,000/ano em 1987 para 27.20/100,000/ano em 2002, na cidade

de Bauru-SP, representando uma variaçãode 9.6 vezes (NEGRATO et al, 2010). Esses valores

crescentes têm sido associados a mudanças tanto no meio-ambiente quanto no estilo de vida

(REWERS; LUDVIGSSON, 2016). Na Europa, pessoas com carga genética semelhante,

porém de classes sociais distintas, apresentam risco substancialmente diferente de

desenvolver DM1 (KONDRASHOVA et al., 2005). Além disso, a incidência varia com as

estações e com o mês de nascimento, com mais casos diagnosticados no outono e inverno e

em crianças nascidas na primavera (KAHN et al., 2009; MOLTCHANOVA et al., 2009).

1.1.1 Fatores genéticos e imunológicos associados ao DM1

O DM1 está fortemente associado aos haplótipos HLA-DR3-DQ2 E HLA-DR4-

DQ8 (COLUCCI; CILIO, 2010), e a presença de um desses haplótipos marca um risco de

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55% de desenvolver DM1 até os 12 anos, sendo os portadores da heterozigose DR3/4 os de

maior risco (ALY et al., 2006), apesar de apenas 30-50% dos pacientes com DM1

apresentarem o genótipo DR3/4-DQ2/8 (VAN BELLE; COPPIETERS; VON HERRATH,

2011). Outra associação genética importante, porém, em menor intensidade, se dá com o

lócus IDDM2 no cromossomo 11, que contém o gene da insulina, e foi a primeira associação

reportada com DM1 em caucasianos, em 1984 (BELL; HORITA; KARAM, 1984). Por outro

lado, o HLA classe II DRB1*1501 e DQA1*0102-DQB1*0602 conferem, pelo menos em

crianças menores de 12 anos, resistência ao DM1 (INSEL et al., 2015). Faz-se notório o fato

de que uma vez iniciado o processo de autoimunidade contra a ilhota, o HLA tem pouca

influência na taxa de progressão para a doença sintomática (LIPPONEN et al., 2010). Além

disso, a crescente incidência de DM1 vem se acompanhando de uma diminuição relativa da

contribuição do genótipo HLA de maior risco (STECK et al., 2011b; VEHIK et al., 2008).

A autoimunidade persistente contra a ilhota pode ser considerada o primeiro

estágio da doença e, geralmente, se inicia precocemente na infância, especialmente em torno

do segundo ano de vida. Entre os anticorpos marcadores de imunidade estão o anti-insulina,

associado ao HLA-DR4-DQ8, o anti- ácido glutâmico descarboxilase (anti-GAD), associado

ao HLA-DR3-DQ2, o anti-ilhota tipo 2 (IA-2) e o anti- transportador do zinco-8 (anti-

ZnT8A). Na presença de 2 ou mais desses anticorpos, a taxa de progressão para DM1 nos 10

anos subsequentes é superior a 70%; na presença dos quatro, virtualmente todos os pacientes

desenvolverão a doença nos próximos 20 anos (INSEL et al., 2015; VON HERRATH;

SANDA; HEROLD, 2007). Por outro lado, na presença de apenas 1 anticorpo, menos de 5%

dos indivíduos evoluirão para DM1 (EISENBARTH, 2007). (Figura 1). Em crianças seguidas

desde o nascimento, a concentração dos anticorpos anti-insulina se correlacionou com a taxa

de progressão para DM1 (STECK et al., 2011a; ZIEGLER; BONIFACIO; BABYDIAB-

BABYDIET STUDY GROUP, 2012). Altos títulos de anticorpos IA-2 e antiinsulina são

associados com início mais precoce de DM1 sintomático, e a presença de anticorpos IA-2 ou

anti-ZnT8A com progressão mais rápida para doença sintomática comparado a indivíduos

onde ambos estão ausentes (INSEL et al., 2015). Entre os indivíduos que possuem familiares

de primeiro grau de portadores de DM1, o risco de desenvolver a doença é de 8%, 5% e 3%

quando o parente é respectivamente irmão, pai e mãe (COUPER, 2001; ZIEGLER et al.,

1993). (Tabela 1).

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Figura 1 ‒ Probabilidade de progressão para DM1 sintomático estratificado para o

número de autoanticorpos contra ilhotas a partir do nascimento

Fonte: Adaptado de: INSEL et al., 2015.

Nos estágios finais de progressão para DM1 sintomático, um aumento na

resistência insulínica pode ser observado e contribuir para disfunção das células β.

(BINGLEY et al., 2008; FOURLANOS et al., 2004; XU et al., 2007). Além disso, um

declínio acelerado nos níveis do peptídeo C estimulado já pode ser observado 6 meses antes

do surgimento de DM1 sintomático, com uma queda ainda mais rápida nos 3 meses prévios,

apesar de os níveis de peptídeo C basal permanecerem estáveis nesse período (SOSENKO et

al., 2006; SOSENKO et al., 2008). Quanto aos valores de hemoglobina glicada (HbA1c),

esses podem apresentar aumentos precoces, até mesmo 18 meses antes da doença sintomática,

com valores próximos de 6,5%, independente de vir acompanhado de alterações na glicemia

de jejum. Dessa forma, alteração nos valores de HbA1c podem servir como marcadores de

progressão do DM1 (HELMINEN et al., 2015; KRISCHER; TYPE 1 DIABETES

TRIALNET STUDY GROUP, 2013; STENE et al., 2006), já que um aumento superior a

10% em pacientes com múltiplos anticorpos se associou com risco de 84% de desenvolver

Nenhum anticorpo

1 anticorpo

2 anticorpos

3 anticorpos

Pro

rporç

ão d

e in

div

íduos

sem

DM

1

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DM1 nos próximos 3 anos, e um aumento de 20% com risco de até 100% nos próximos 3-5

anos (KRISCHER; TYPE 1 DIABETES TRIALNET STUDY GROUP, 2013).

Tabela 1 ‒ Métodos de screening disponíveis para DM1

Screenig Critério Considerações

Genético Parentes de 1º grau portadores de DM1 ou

presença de genótipo HLA de alto risco,

como como DR3/4-DQ2/8 (258)

Apenas 30-50% dos

pacientes têm o genótipo

DR3/4-DQ2 / 8

Apenas 50-80% de gêmeos

monozigóticos desenvolvem

diabetes

Sorológico Anticorpos associados com imunidade

contra células β: IA2, Anti-insulina, Anti-

GAD, anti-ZnT8A

A presença de auto-

anticorpos pode flutuar

Metabólico Alteração na glicemia de jejum ou no teste

de tolerância ou redução na produção de

insulina de primeira fase (medida por

péptido C) suficiente para conferir um

risco de 50% para diabetes nos próximos 5

anos

Alterações no metabolismo

da glicose provavelmente

ocorrem muito tarde para

permitir um tratamento

preventivo mais efetivo

Fonte: Adaptado de: VAN BELLE; COPPIETERS; VON HERRATH, 2011.

Nota: Com base nos resultados do The Diabetes Prevention Trial-1 (DPT-1), determinou-se que na combinação

de: 1) a presença de dois ou mais autoanticorpos, com; 2) evidência de uma resposta defeituosa na primeira fase

de secreção de insulina em; 3) indivíduos que são parentes de primeiro grau de portadores de DM1 há aumento

de risco de desenvolver diabetes em mais de 75% dentro de 5 anos. Em indivíduos mais jovens, o risco se

aproxima de 90% dentro de 7 anos. Autoanticorpos; GAD (ácido glutâmico descarboxilase), IA-2: o anti-ilhota

tipo 2; anti-ZnT8A: transportador do zinco-8.

Em geral, à época do diagnóstico clínico, aproximadamente 70-80% das células β

já foram destruídas (NOTKINS; LERNMARK, 2001). Uma exceção são os pacientes que

abrem o quadro de DM1 após os 13 anos de idade; eles apresentam uma taxa mais alta de

células β funcionantes, com aproximadamente 40% das células das ilhotas com capaciadade

secretória de insulina, além de apresentarem maior probabilidade de remissão parcial da

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doença, bem como resultados mais favoráveis às terapias de imuno-intevenção (REWERS;

LUDVIGSSON, 2016).

A destruição imune das células β resulta do desbalanço imunológico entre as

células efetoras, como as células patogênicas CD8, CD4 e interleucina 12, relacionadas com a

destruição de células β, e células regulatórias, como as células B e T, moduladas pela

interleucina 10, relacionadas com imuno-tolerância (BLUESTONE; HEROLD;

EISENBARTH, 2010). Em 1965, Willy Gepts foi o primeiro a identificar a infiltraçao

linfocitária nas ilhotas pancreáticas e então a denominou insulite (GEPTS, 1965). Duas

décadas depois, foi identificada uma notável variação no grau de inflamação por ilhota.

Apesar da insulite poder ser vista na maioria dos pacientes com diagnóstico recente,

percebeu-se que ela afetava uma fração bastante limitada das ilhotas. Aproximadamente 18%

das ilhotas contendo insulina são inflamadas, comparado a apenas 1% das ilhotas insulina

deficiente (BOTTAZZO et al., 1985). As células T CD8+ são as predominantes na lesão da

insulite, seguidas por macrófagos CD68+, células T CD4+, linfócitos B CD20+ e células

plasmáticas CD 138 (WILLCOX et al., 2009). Além disso, há uma dramática hiperexpressão

de moléculas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) classe 1, produtoras de

interferon-alfa (IFN-α), nas células das ilhotas que contêm insulina (FOULIS;

FARQUHARSON; HARDMAN, 1987), o que suporta a possibilidade de um envolvimento

viral como o fator desencadeador da autoimunidade, através do estímulo a uma

superexpressão de IFN-α, que de forma parácrina induziria superregulação do MHC classe 1

nas células das ilhotas, com subsequente influxo de células T CD8 (COPPIETERS; VON

HERRATH, 2009). (Figura 2).

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Figura 2 ‒ Eventos iniciais nas ilhotas pancreáticas que levam a morte de células β

Fonte: COPPIETERS; VON HERRATH, 2009.

Nota 1: A: Modelo para uma possível sequência que faz com que as células β sofram apoptose. Da

esquerda para a direita, as ilhotas normais são desafiadas por um fator ambiental, presumivelmente

infecção viral, e aumentam o interferon-α (IFN). Essa citocina exerce seus efeitos de forma parácrina,

induzindo uma regulação positiva do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) Classe I em todas

as células de ilhotas, com o influxo subseqüente de células T CD8 específicas contra células β em

indivíduos geneticamente suscetíveis. Finalmente, as células β sofrem apoptose e a maioria das ilhotas

tornam-se desprovida de células β, restando, potencialmente, apenas um grupo remanescente de células β

deficiente em insulina que restauram rapidamente a produção de insulina durante a fase de lua de mel.

Nota 2: B: Seção da região da cabeça pancreática de um indivíduo feminino normal de 72 anos. Há uma

quantidade abundantes de células β funcionais e baixos níveis de células MHC Classe I + (HLA-ABC),

que estão espalhadas na região exócrina.

Nota 3: C: Seção da região da cauda pancreática de uma crinaça masculina de 12 anos de idade com 1 ano

de diabetes clínico, que morreu de cetoacidose. A forte hiperexpressão do MHC de Classe I (HLA-ABC)

em todas as células de ilhotas é óbvia, enquanto muitas células β continuam a produzir insulina. Foi

encontrado um número limitados de células T CD8 infiltrando as ilhotas.

O pico de infiltração de celulas TCD8 ocorre de acordo com o grau de redução de

células β, porém desaparece rapidamente uma vez que todas as células β funcionais tenham

sido destruídas. Por outro lado, o número de macrófagos permanece constante a partir do

momento da insulite, promovendo inflamação e liberação de citocinas inflamatórias TNF-α e

interleucina 1-Beta (IL-1β) independente da presença de insulina nas ilhotas ou da infiltração

por células T (UNO et al., 2007; WILLCOX et al., 2009). Em comparação, a avaliação de

biópsias de 18 pacientes com diagnóstico recente de DM1 só identificou linfócitos T

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regulatórios nas ilhotas de um único paciente, sugerindo que essa ausência pode ser um dos

caminhos para a insulite (WILLCOX et al., 2009).

Comparados a indivíduos controle pareados para sexo, idade e índice de massa

corpórea (IMC), os afetados possuem uma redução do tamanho pancreático já ao diagnóstico

GAGLIA et al., 2011; CAMPBELL-THOMPSON et al., 2012). O DM1 envolve uma perda

seletiva de células β, e após 5 anos, apesar da maioria das ilhotas remanescentes serem

insulino-deficientes, ainda possuem uma quantidade normal de células secretoras de outros

hormônios, como células alfa secretoras de glucagon, gama de somatostatina e PP de

polipetídio pancreático (WILLCOX et al., 2009). (Tabela 2).

Fonte: Adaptado de: ATKINSON; EISENBARTH; MICHELS, 2014.

1.1.2 Fatores ambientais associados ao DM1

Além da genética, fatores ambientais apresentam importante papel no início da

doença (BORCHERS; UIBO; GERSHWIN, 2010). Dieta, infecções e toxinas que afetam o

feto ou a criança na primeira infância estão entre os possíveis gatilhos capazes de despertar a

resposta autoimune em indivíduos geneticamente predispostos (REWERS; LUDVIGSSON,

2016). (Figura 3).

Entre os diversos tipos de vírus implicados no desenvolvimento do DM1, as

evidências mais fortes são para os enterovírus, microorganismos que apresentam tropismo

para células das ilhotas pancreáticas e têm sido detectados em pacientes com diagnóstico

Ilhotas Pancreáticas no DM1 Pâncreas no DM1

Insulite

Perda Células β

Hiperexpressão do MHC classe 1

Possível necrose ou apoptose das

células β

Redução de insulina nas células β

remanescentes

Expressão de Interferon Alfa nas

células β

Redução do peso

Atrofia da região

dorsal

Atrofia exócrina

Perda lobular de

células β

Insulite Lobular

Heterogênea

Tabela 2 ‒ Características histopatológicas pancreáticas no DM1

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recente de DM1 (COPPIETERS et al., 2012; TRACY; DRESCHER; CHAPMAN, 2011). Foi

demonstrado que quadro de enterovirose durante a gestação pode resultar em infecção

persistente, com desenvolvimento de autoimunide contra células da ilhota pancreática tanto da

mãe quanto do recém nascido (DAHLQUIST et al., 1995; VISKARI et al., 2012). Avaliando

células de ilhotas pancreáticas de 72 individuos recém diagnosticados com DM1, Richardson

et al. (2009) encontrou imunopositividade para o capsídio entoviral da proteína viral 1 (VP1)

em aproximadamente 61% deles, enquanto quase nenhuma coloração equivalente foi

encontrada nos pâncreas de controles neonatais e pediátricos não diabéticos. Além disso, a

detecção foi limitada às células β. No entanto, novos dados indicam que o pâncreas pode não

ser o único local de infecção. Oikarinen et al. (2008) analisando biópsias de intestino delgado

de 12 pacientes finlandeses portadores DM1, detectou a presença de enterovírus, através de

métodos de hibridização in situ e imuno-histoquímica, na metade deles, mas em nenhum dos

indivíduos controle. Os autores apresentaram a suposição de que o intestino, que mantinha as

características normais em todos os indivíduos do estudo, poderia ser a fonte de um

reservatório viral que se encontra em conexão anatômica com o pâncreas. Alternativamente,

argumenta-se também que o intestino poderia ser um local de estimulação imune para

linfócitos, que poderiam, posteriormente, deslocar-se para o pâncreas.

Toxinas contaminantes de água e alimentos, genericamente conhecidas como

disruptores endócrinos, também podem ativar os mecanismos de autoimunidade. Nitratos,

nitritos e nitrosaminas estão entre os mais fortemente associados (BENSON et al., 2010). A

microbiota gastrointestinal pode influenciar no metabolismo de lipídios e carboidratos, e

alterações nesse microbioma parecem aumentar o risco de DM1, bem como alguns estudos

demonstraram uma menor diversidade da microbiota em crianças com anticorpos pancreáticos

positivos quando comparadas ao controle (REWERS; LUDVIGSSON, 2016). Alto peso ao

nascimento e rápido ganho de peso entre 12-18 meses de vida, levando a aumento da

resistência insulínica na primeira infância, pode desencadear o processo de autoimunidade

contra a ilhota (HYPPÖNEN et al., 1999; JOHANSSON; SAMUELSSON; LUDVIGSSON,

1994; WILKIN, 2001). Além disso, situações estressoras da células β associadas ao aumento

da demanda de insulina, como no ganho de peso rápido, fase de crescimento acelerada,

puberdade e o próprio estresse psicológico, podem promover a geração de novos

autoantígenos através da modificação pós translacional de proteínas da ilhota pancreática e

desencadear uma resposta autoimune aumentando o risco de desenvolver DM1 (LAMB et al.,

2008; LUDVIGSSON, 2006; SEPA, 2005; SEPA; FRODI; LUDVIGSSON, 2005).

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Em relação às recentes especulações que associam a vacinação infantil ao

aumento do risco de desenvolver DM1, uma recente metanálise de 23 estudos, com 16

vacinas, concluiu que a vacinação não aumenta risco de DM1 (MORGAN et al., 2016). Da

mesma forma, estudos prospectivos não têm dado suporte a hipótese da higiene, que ligavam

o aumento da frequência de doenças autoimune ao decréscimo de infecções virais da infância

associado às melhores condições de higiene (REWERS; LUDVIGSSON, 2016). Também não

se comprovou relação entre o consumo de leite de vaca e desenvolvimento de DM1 ou de

autoimunidade contra a ilhota, com alguns estudos mostrando aumento e outros redução de

risco (COUPER et al., 1999; HOLMBERG et al., 2007; NORRIS et al., 2003; VIRTANEN et

al., 2012; WAHLBERG et al., 2006; ZIEGLER et al., 2003).

No que concerne aos fatores relacionados com redução do risco de desenvolver

DM1, poucas evidências demonstraram associação entre os diversos fatores propostos e

redução real de risco de DM1. Sobre o aleitamento materno, estudos prospectivos falharam

em mostrar efeito protetor (COUPER et al., 1999; NORRIS et al., 2003; VIRTANEN et al.,

2011; ZIEGLER et al., 2003). Em relação a vitamina D, apesar do crescente interesse, e do

seu papel na regulação do sistema imune, poucos estudos de coorte têm conseguido mostrar

associação entre suplementação de vitamina D e redução do risco de DM1 (REWERS;

LUDVIGSSON, 2016). Os resultados também têm sido contraditórios quando se avalia

ácidos graxos poli-insaturados. Enquanto um estudo americano mostrou que o consumo

aumentado de ômega-3 durante a infância reduzia o risco de autoimunidade contra as ilhotas

pancreáticas. Essa relação não foi observada em áreas que sabidamente apresentam baixo

consumo da substância (NORRIS et al., 2007; REWERS; LUDVIGSSON, 2016).

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Figura 3 ‒ Representação esquemática dos principais eventos relacionados ao

desenvolvimento do DM1

Fonte: Adaptado de: VAN BELLE; COPPIETERS; VON HERRATH, 2011. Nota: Linha laranja: função das céluals beta; colunas com letras na parte superior: fases imunológicas do DM1;

números na lateral direita: local anatômico dos eventos. A susceptibilidade genética (A1) associado ao um

gatilho ambiental (A2) levam a superexpressão do interferon (IFN) alfa nas células β pancreáticas (B3) e

posteriormente, do complexo maior de histocompatibiliade (MHC) classe I (C3), expondo as células β a serem

atacadas por células T CD8 autorreativas com especificidade contra antígenos pancreáticos (C3). Os antígenos

liberados pelas células β são capturados por células apresentadoras de antígenos residentes (APC) (C3) e

transferidos aos linfonodos (LN) drenantes do pâncreas (C2). Já na periferia (C1), o gatilho ambiental criou um

ambiente pró-inflamatório que favorece as respostas das células T efetoras sobre a função das células T

regulatórias (Tregs). Os antígenos das células pancreáticas associados aos linfócitos T CD4 (C2) iniciam a

conversão de células β em células plasmáticas (D2) e o aparecimento de autoanticorpos contra ilhota

(soroconversão) (D1). Além disso, as células T CD8 autorreativas proliferam (D2) e migram para o pâncreas

(D3). Ocorre nova onda de morte de células β (D3), e estresse induzido por ela, que envolve perforina, IFN-

gama e fator de necrose tumoral (TNF), interrompe a produção de insulina em uma parcela das céluals beta

(pseudoatrofia), e causa a liberação de novos antígenos de células β que são captados por APCs, incluindo

células B migradas (D3), e transportados aos LNs pancreático (D3-D2). Isso envolve novas células T CD4 e

CD8 (E2) e células B (E1) específicas em um processo chamado espalhamento epítopo. Ocorre uma nova onda

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subsequente de morte de células β mais grave, que geralmente resulta em depleção severa da função e da massa

das células β (E3). Surpreendentemente, essa mesma inflamação autoimune também pode estimular alguma

proliferação de células β, levando a um aumento temporário na massa de células β (F3). Além disso,

eventualmente pode haver predomínio dos Tregs, atenuando a resposta efetora (F3). A flutuação entre as

respostas autorreativas destritivas e as regulatórias, com a proliferação de células β, possivelmente, criam um

perfil dinâmico de remissão e recaída da massa de células β (linha laranja). Eventualmente, a resposta

autoreativa ganha e quando apenas 10-30% das células β permanecem funcionantes (linha laranja da função das

células β cai na zona vermelha) o DM1 é diagnosticado. O período de remissão relativa após diabetes

clinicamente diagnosticada é denominada fase de lua de mel (F3), um estado temporário de produção auto-

suficiente de insulina.

1.1.3 Diagnóstico do DM1

Polidpsia, poliúria e polifagia são os sintomas clássicos associados ao início da

doença. A necessidade imediata de reposição de insulina exógena que perdura por toda a vida

é um marco do DM1 (ATKINSON; EISENBARTH; MICHELS, 2014). Os critérios

diagnósticos incluem dosagem da glicemia de jejum superior a 125mg/dl, glicose ao acaso

superior ou igual a 200mg/dl associado aos sintomas clássicos, um teste de tolerância oral

com 75g de glicose alterado com glicemia de 120minutos superior a 200mg/dl. A partir de

2009, a ADA inclui uma HbA1C igual ou maior que 6,5% como critério diagnóstico

(AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2012; INTERNATIONAL EXPERT

COMMITTEE, 2009). A definição de DM1 se dá na presença de 1 ou mais marcadores de

autoimunidade pancreáticas acima citados. Crianças e adolescentes podem apresentar

cetoacidose como a primeira manifestação da doença; já adultos, muitas vezes, apresentam

reserva de células β suficiente para prevenir cetoacidose por muitos anos (AMERICAN

DIABETES ASSOCIATION, 2015).

1.1.4 Complicações microvasculares associadas ao DM1

O DM 1 é uma doença que apresenta importante impacto na saúde e qualidade de

vida, estando entre as principais causas de doença renal terminal, cegueira, amputação de

membros inferiores e doença cardiovascular, sendo a hiperglicemia um fator de risco contínuo

para doença macrovascular, e a HbA1c um fator de risco independente para morbidade

cardiovascular em pacientes com DM1 (KILPATRICK, 2012; MOGENSEN, 1997;

NATHAN, 2014). A causa subjacente das complicações microvasculares no diabetes são,

pelo menos em parte, relacionadas à incapacidade das células endoteliais em limitar a

absorção de glicose quando os níveis séricos estão elevados. A hiperglicemia intracelular

resultante causa dano vascular induzindo uma resposta inflamatória via superprodução de

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Espécies Reativas de Oxigênio (ROS), que é proposto como o evento comum responsável

pela ativação de várias vias bioquímicas, que acabam por resultar no desenvolvimento de

complicações microvasculares (LUPPI; KALLAS; WAHREN, 2013). (Figura 4).

Figura 4 ‒ Principais mecanismos fisio patológicos associados às complicações

microvasculares

Fonte: Adaptado de: LUPPI; KALLAS; WAHREN, 2013.

Nota : A hiperglicemia é acompanhada por geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) e ativação de vias do

poliol e hexosamina, proteína C quinase(PKC) e produção de produtos finais de glicação avançada (AGE) com

posterior ligação do AGE ao receptor (RAGE), causando disfunção endotelial e apoptose.

Legenda:

NO: óxido nítrico; eNOS: óxido nítrico sintase endotelial; TGF: fator de crescimento transformador; NF: fator

nuclear; PAI: inibidor do ativador do plasminogênio; VEGF: fator de crescimento endotelial vascular

Os portadores da doença apresentam três vezes mais chances de hospitalização ao

longo da vida em virtude de complicações microvasculares e macrovasculares (ROSSING et

al., 1996), e os indivíduos jovens apresentam redução de 1-13 anos na expectativa de vida em

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comparação com a população semelhante (HUO et al., 2016; LIVINGSTONE et al., 2015;

PETRIE et al., 2016).

Entre os fatores associados com aumento de risco de desenvolver complicações

microvasculares estão a maior duração do diabetes, sendo que a partir de 15 anos de doença

pelo menos 50% dos pacientes desenvolverão algum tipo de complicação (STEPHENSON;

FULLER, 1994); diagnóstico de DM1 no período peripuberal (HARJUTSALO et al., 2004;

DONAGHUE et al., 1997; HOLL et al., 1998); sexo feminino (HOLL et al., 1998; MONTI et

al., 2007) e presença de DM2 em um dos pais (MONTI et al., 2007). Por outro lado, um

controle glicêmico estrito e a presença de células β residual produtoras de insulina associam-

se com redução do risco de complicações microvasculares (GABIR et al., 2000; STEFFES et

al., 2003; THE DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH

GROUP, 1993).

1.1.4.1 Neuropatia diabética (NED)

A neuropatia diabética (NED) é uma das complicações crônicas mais prevalentes

do diabetes. Tem manifestações clínicas diversas e mecanismos patogênicos bastante

complexos (TESFAYE et al., 2010), que incluem acúmulo de sorbitol, de frutose e de

produtos finais de glicação avançada (AGEs) (YAGIHASHI; MIZUKAMI; SUGIMOTO,

2011); ativação de numerosos fatores de crescimento, como fator de crescimento endotelial

(VEGF), fator de crescimento neural, fator de crescimento semelhante a insulina

(ANJANEYULU et al., 2008; VEVES; KING, 2001); aumento de estresse oxidativo,

promovido pela interação entre espécies reativas de oxigênio (ROS), geradas pela produção

de AGEs e pelo ciclo dos polióis, com proteínas, ácidos nucleicos e lipídios das membranas

celulares (KASZNICKI et al., 2012; UNGER; COLE, 2007), dentre outros. Levando, em

última análise, a estresse de retículo endoplasmático, disfunção mitocondrial, dano ao DNA e

injúria celular irreversível.

Está associado a aumento de mortalidade, desenvolvimento de incapacidades e

redução importante da qualidade de vida. A presença de NED reduz em 20% a sobrevida em

3 anos de pacientes diabéticos comparadas aos pacientes não portadores de NED pareados

para sexo e idade (RAMSEY et al., 1999; STANDARDS..., 2015; TESFAYE et al., 2010).

A polineuropatia distal simétrica (PNDS) e a neuropatia autonômica (NA), em

especial a neuropatia autonômica cardiovascular (NAC), são as formas mais prevalentes de

neuropatia diabética (POP-BUSUI, 2016), com evidêncais de que pelo menos 20 a 30% dos

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portadores de DM1 apresentam respectivamente PNDs e NAC após 20 anos de doença.

(MARTIN; ALBERS; POP-BUSUI, 2014). No entanto, dados recentes demostram que a

PNDS já pode está presente em até 10-20% dos portadores de pré diabetes ou síndrome

metabólica (CALLAGHAN et al., 2016; SMITH; SINGLETON, 2012).

A PNDS é a principal causa de úlcera de membros inferiores (BOULTON, 2013).

Representa um risco cumulativo de 25% de amputação para os potadores da complicação

(RAMSEY et al., 1999). O diagnóstico de PNDS baseia-se no quadro clínico e exame físico

dirigido, sabendo-se que até 50% dos pacientes podem ser assintomáticos (POP-BUSUI et al.,

2017). Os sintomas iniciais mais frequentes devem-se ao envolvimento de fibras finas e

incluem disestesia e dor, que tipicamente pioram a noite, e tem padrão em queimação, em

choque ou lancinante (BARON et al., 2009; FREEMAN et al., 2014). Já o envolvimento de

fibras grossas podem causar dormência e perda de sensibilidade. O exame clínico deve incluir

o teste do monofialmento de 10g, teste da agulha, teste de temperatura e sensação de vibração

através de diapasão de 128Hz, além de reflexo calcâneo. O diagnóstico de NED é de

exclusão, assim outras causas devem ser pesquisadas, como deficiência de vitamina b12 e

ácido fólico, disfunção tireoidiana, uso de drogas, entre outros (ZIEGLER et al., 2014).

A neuropatia autonômica (NA) pode apresentar os mais diversos sinais e sintomas

e afetar inúmeros sistemas, incluindo o cardiovascular, com lipotimia, tontura, síncope,

palpitações, hipotensão postural, redução da variabilidade da frequência cardíaca; gastro-

intestinal, com gastroparesia, náuseas, vômitos, hipoglicemias inexplicáveis; gênito-urinário,

com disfunção erétil e sintomas urinários baixos (POP-BUSUI, 2016).

Apesar dos recentes avanços na elucidação da patogênese da NED, a maioria dos

estudos randomizados falhou em mostrar opções terapêuticas capazes de reverter um quadro

já estabelecido ou alterar a história natural da doença (BOULTON et al., 2013; ZIEGLER et

al., 2011; ZIEGLER et al., 2014). Dessa forma, o tratamento permanece focado no controle

sintomático, e os esforços devem ser dirigidos no sentido de prevenir o início do quadro,

através de um controle glicêmico estrito. Para controle da dor, as duas principais medicações

disponíveis são pregabalina e duloxetina. Os tricíclicos, apesar de efetivos, podem vir

acompanhados de efeitos colaterais indesejáveis e devem ser evitados; os opióides

permanecem como drogas de terceira linha (POP-BUSUI et al., 2017).

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1.1.4.2 Nefropatia diabética (NFD)

Aproximadamente 20-50% dos portadores de DM1 irão desenvolver insuficiência

renal terminal com necessidade de hemodiálise ou transplante renal (NORDWALL et al.,

2004). A NFD aumenta em no mínimo 10 vezes a mortalidade de pacientes diabéticos em 10

anos comparados a indivíduos não diabéticos pareados para sexo (AFKARIAN et al., 2013).

Felizmente, nas últimas décadas, a incidência de nefropatia diabética vem reduzindo, fato

atribuído, principalmente, a um controle glicêmico mais estrito e ao tratamento agressivo da

hipertensão e dislipidemia (HOVIND et al., 2003; NORDWALL et al., 2004). Além do

controle glicêmico, a presença de retinopatia, tabagismo, dislipidemia, hipertensão e o sexo

masculino são fatores de risco para progressão da nefropatia diabética (HOVIND et al., 2004;

JENKINS et al., 2003; ROSSING; HOUGAARD; PARVING, 2002; SCHULTZ et al., 1999).

A NFD resulta da lesão microvascular ao gromérulo renal. A hiperglicemia altera

a permeabilidade vascular e a homeostase do fluxo sanguínio, com aumento da pressão e do

fluxo sanguíneo intracapilar, levando a uma redução na produção de óxido nítrico nos

capilares eferentes e a um possível aumento na sensibilidade da angiotensina II, com

consequentes efeitos profibróticos. Atualmente, está claro o envolvimento de outros fatores na

patogênese na nefropatia diabética além dos descritos acima, como o acúmulo renal de AGEs,

a geração de ROS nas células mesangiais, a ativação intracelular de sinalizadores

moleculares como proteína C quinase (PKC) e de diversas citoquinas profibróticas e de

fatores de crescimento, como o fator de crescimento vascular-endotelial (COOPER, 2013;

SHLOMO et al. 2011; THALLAS‐BONKE). Nos estágios inicias, o aumento da

permeabilidade vascular é reversível, tornando-se irreversível com a lesão contínua. Vale

ressaltar que hiperfiltração glomerular e hipertrofia tubular podem persistir mesmo após

alcançado um controle glicêmcio ótimo (CHROUSOS; KANAKA-GANTENBEIN, 2017;

PAPADOPOULOU-MARKETOU; SHLOMO et al. 2011).

A albuminúria vem sendo considerado como o marcador mais precoce da lesão

renal em pacientes diabéticos (PERKINS; KROLEWSKI, 2005), e a taxa de excreção de

albumina permanece como o melhor preditor não invasivo de nefropatia diabética, devendo

ser mensurado periodicamente de acordo com os guidelines estabelecidos (AMERICAN

DIABETES ASSOCIATION; THE NATIONAL KIDNEY FOUNDATION, 1994;

CHIARELLI et al. 2002; EKNOYAN et al., 2003). Vale ressaltar, todavia, que a albuminúria

pode ser temporária e não necessariamente refletir um dano renal permanente (PERKINS et

al., 2003), além de que tanto lesões glomerulares quanto tubulares podem estar presentes em

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pacientes sem albuminúria (ELLIS et al., 1997), bem como até 1/3 dos portadores de DM1

que desenvolvem NFD podem progredir para doença renal avançada sem evolução da MA

(MAUER et al., 2009).

Albuminúria persistente é definido como a presença de albuminúria em pelo

menos 2 ocasiões com intervalo de 3- 6 meses. Porém quando de curta duração e com

controle glicêmico adequado, pode ser revertida (PERKINS et al., 2003). Albuminúria,

hipertensão, e por último, alteração da função renal compoem a tríade clássica da nefropatia

diabética. Classicamente, costuma-se dividir a nefropatia diabética em 5 estágios: 1) fase da

hiperfiltração glomerular, que se apresenta com aumento da taxa de filtração glomerular e da

pressão glomerular (THOMSON; VALLON; BLANTZ, 2004); 2) fase silenciosa, em que

clinicamente não há sinal de disfunção renal, mas se associa com alterações estruturais

importantes, como expansão mensangial e espessamento da membrana basal (ELLIS et al.,

1997); 3) fase da microalbuminúria: taxa de excreção de albumina aumenta para 20-

200Ug/min ou 30-300mg/24h (DRUMMOND et al., 2003; NAUTA et al., 2011;

TORBJÖRNSDOTTER et al., 2005); 4) fase da macroalbuminúria: apresenta-se com taxa de

excreção de albumina superior a 200Ug/min ou 300mg/24h. É altamente preditiva de

progressão posterior para falência renal quando permance sem tratamento (SHLOMO et al.

2011; MOGENSEN; CHRISTENSEN; VITTINGHUS, 1983). Nesse estágio, mais de 60%

dos pacientes de apresentam com hipertensão (PARVING et al., 1983); 5) fase da doença

renal em estágio terminal (Figura 5).

Figura 5 ‒ Estágios da nefropatia diabética

Fonte: Adaptado de: SHARAF EL DIN; SALEM; ABDULAZIM, 2017.

Nota: O estágio 2 caracteriza-se pelo aumento progressivo dos depósitos mesangiais visto à microscopia óptica

sem correspondência clínica ou laboratorial.

Legenda:

TFG: taxa de filtração glomerular.

O tratamento da NFD é multifatorial e deve incluir, além da melhora do controle

glicêmico, outros objetivos, como: 1) controle da pressão arterial, objetivando-se um alvo de

130/80 mmHg e utilizando-se bloqueadores do sistema renina-angiotensina em pacintes com

albuminúria (SHARAF EL DIN; SALEM; ABDULAZIM, 2016); 2) ajuste dietético, com

1: Hiperfiltração;

Hipertrofia Renal

TFG> 125ml/min/

1,73 m2

2:Quiescência Clínica

TFG Normal

3:Nefropatia Incipiente

albuminúria: 30-299mg/dia

4: Nefropatia Manifesta

albuminúria:≥300mg/dia

5: Doença Renal Terminal

TFG<15ml/min/ 1,73 m2/

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redução na ingestão de sal para menos de 5 a 6 g/d, porém com ressalva de que em DM1,

tanto os pacientes com as maiores quanto os com as menores taxas de excreção urinária diária

de sódio apresentaram reduzução da sobrevida, sendo que os com a taxas mais baixa

apresentaram o maior risco de doença renal terminal (DRT) (THOMAS et al., 2011); 3)

controle da ingestão protéica, que, apesar de controverso, mostrou impacto em diabéticos tipo

1 portadores de NFD. Assim para aqueles com doença renal estágio 1 e 2 deve ser

recomendado 0,8g/kg/dia e no estágio 3 e 4 0,6-0,8 g de proteína/kg/dia; (RUGHOOPUTH;

ZENG; NATIONAL KIDNEY FOUNDATION, 2012; YAO, 2015); 4) tratamento

hipolipemiante com estatinas para todos os pacientes com NFD, pois apesar de ter um papel

pequeno na progressão da doença renal, reduz o risco cardiovascular (HAYNES; WANNER,

2015; SHARAF EL DIN; SALEM; ABDULAZIM, 2016); 5) cessação do tabagismo, pois os

riscos acumulados de albuminúria, proteinúria manifesta e DRT foram significativamente

maiores tanto em atuais quanto ex-fumantes em comparação com não fumantes, sendo o risco

progressivo com o aumento do número de cigarros (FEODOROFF et al., 2016); 6) evitar o

uso de medicações nefrotóxicas.

Alguns tratamentos ainda experiementais para NFD associado ao DM1 incluem o

agonista seletivo do receptor de tipo 2 da angiotensina II, que demonstrou um efeito protetor

na progressão da NFD por inibição do estresse oxidativo renal, da inflamação e da fibrose

(KOULIS et al., 2015); os antagonistas da endotelina, que demonstraram efeitos

antifibróticos, antiinflamatórios e antiproteinúricos no glomérulo (KOHAN; BARTON,

2014).

1.1.4.3 Retinopatia diabética (RD)

A retinopatia diabética (RD) está presente em até 50% dos pacientes com mais de

15 anos de diagnóstico de DM configurando-se em uma das principais causas de cegueira do

mundo (FRANK, 2004). Além disso, o DM aumenta a frequência de outras desordens do

olho, como glaucoma e catarata (SOLOMON et al., 2017). Os principais fatores associados

ao aumento de risco de RD incluem: duração do diabetes, que tem se mostrado o mais

relevante; hiperglicemia crônica, presença de NFD, hipertensão e dislipidemia (CHEW et al.,

2014; ESTACIO et al., 1998; HARRIS NWANYANWU et al., 2013; KLEIN et al., 2010;

LESKE et al., 2005). Já está estabelecido, também, que a progressão da RD se associa com a

lesão de base; ou seja, quanto mais severa a alteração encontrada inicialmente, maior a chance

de progressão para perda de visão (KLEIN et al., 1994). Por outro lado, o controle intensivo

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do diabetes, objetivando glicemias próximas ao normal, tem mostrado não apenas retardar,

mas também prevenir o início e a progressão da RD (ACCORD STUDY GROUP et al., 2010;

UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY (UKPDS) GROUP, 1998). O The Diabetes

Control and Complications Trial (DCCT) mostrou que uma redução de 10% no valor da

HbA1C, de 8% para 7,2%, por exemplo, reduz em 43 % o risco de pregressão da retinopatia

(THE DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH GROUP,

1995). Quanto à dislipidemia, grandes estudos randomizados têm sugerido o potencial

terapêutico do uso de fenofibrato em portadores de RD (CANADIAN

OPHTHALMOLOGICAL SOCIETY DIABETIC RETINOPATHY CLINICAL PRACTICE

GUIDELINE EXPERT COMMITTEE et al., 2012; KEECH et al., 2007). A RD costuma ser

classificada entre não proliferativa (leve, moderada e grave) e proliferativa (Tabela 3).

Tabela 3 ‒ Estágios da retinopatia diabética

Estágio da

Retinopatia

Diabética

Descrição

Não

Proliferativa

Leve

Há o aparecimento de microaneurismas nese primeiro estágio da doença.

Estes microaneurismas podem levar ao extravasamento de fluidos para a

retina

Não

Proliferativa

Moderada

À medida que a doença progride, há edema e distorção dos vasos

sanguíneos que nutrem a retina, podendo levar a obstrução dos mesmos.

Essas mudanças características na aparência da retina e podem contribuir

para o edema macular.

Não

Proliferativa

Grave

Outros vasos sanguíneos são obstruídos, levando a hipóxia em diversas

áreas da retina, que começam a secretar fatores de crescimento que levam

a proliferação de novos vasos sanguíneos.

Proliferativa Neste estágio avançado, os fatores de crescimento que desencadeiam a

proliferação de novos vasos sanguíneos ao longo da superfície interna da

retina e do humor vítreo. Os novos vasos sanguíneos são frágeis,

tornando-se mais propensos ao sangramento. O tecido cicatricial que

acompanha o tecido pode se contrair e causar descolamento de retina , que

pode levar à perda permanente da visão

Fonte: Adaptado de: THE NATIONAL EYE INSTITUTE, 2015.

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Várias são as razões que contribuem para a perda de visão na RD. Entre eles,

podemos citar: 1) na fase ainda não proliferativa, o edema macular, causado pelo aumento da

permeabilidade vascular e redução da perfusão capilar, pode a reduzir a visão central; 2) já na

retinoaptia diabética proliferativa (RDP), o apareciemento de novos vasos pode levar a

contração do tecido fibroso e consequente descolamento da retina, bem como ao sangramento

e hemorragia vítrea, todos corroborando para provocar dano neural a retina e finalmente

perda de visão irreversível (SUN et al., 2015).

Para portadores de DM1, o screening inicial, feito através do exame de fundo de

olho com retina dilatada, deve ser realizado após 5 anos de diagnóstico. Na ausência de

alterações ou alterações mínimas, deve se repetida anualmente. Mulheres que planejam

engravidar, devem ter o exame realizado antes e durante o primeiro trimestre da getação

(SOLOMON et al., 2017). Uma vez identificado a presença de edema macular importante,

retinopatia não proliferativa severa ou qualquer grau de retinopatia proliferativa, o paciente

deve ser encaminhado para oftalmologista especialista em retina. O tratamento se baseia

principalmente em terapia de fotocoagulaçao com laser e, mais recentemente, injeção intra-

vítreo de fator anti-cresciemento endotelial- vascular. A detecção e tratamento precoce da

retinopatia diabética é capaz de prevenir até 98% das perdas visuais associadas a doença

(FERRIS TERCEIRO, 1993).

1.1.5 Tratamento e prevenção

Atualmente, a terapia com reposição exógena de insulina permanece como a

única modalidade terapêutica aceita e bem reconhecida no tratamento do DM1 (VANIKAR;

TRIVEDI; THAKKAR, 2016). Porém, esforços vêm sendo feito no sentido retardar ou

prevenir o início da doença em indivíduos geneticamente predispostos, bem como reduzir ou

reverter a destruição das células βs em indivíduos com diagnóstico recente.

Estudos de prevenção primária, em indivíduos com risco genético para DM1, mas

sem a presença de auto-anticorpos, têm focado principalmente nas modificações dietéticas no

início da infância. Um estudo na Finlândia randomizou 230 lactentes que não utilizavam leite

materno e que possuíam um parente de primeiro grau com DM1 para receber uma fórmula

infantil hidrolisada ou fórmula convencional durante os primeiros 6-8 meses de vida. As

crianças que receberam a fórmula hidrolisada foram menos propensas a desenvolver dois ou

mais autoanticorpos em comparação àqueles que receberam a fórmula convencional, com

uma razão de risco não ajustada de 0,52 (KNIP et al., 2010). Outro teste em crianças que

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utilizavam fórmula de leite de vaca, removeu a insulina bovina da fórmula infantil e relatou

menor progressão (em comparação com crianças que receberam fórmula não alterada) para o

desenvolvimento de um autoanticorpo após 3 anos de seguimento (VAARALA et al., 2012).

Estudos de prevenção secundária, em indivíduos com múltiplos anticorpos, mas

sem hiperglicemia manifesta, têm tentado retardar o início da doença. Em um desses ensaios,

foi administrado insulina oral a indivíduos com pelo menos dois auto-anticorpos (sendo um

deles o anti-insulina) e que possuiam um parente de primeiro grau com DM1. Uma análise

pós-hoc desse estudo sugeriu que o início do diabetes foi adiado em até 5 anos nos indivíduos

com altos níveis de anticorpo anti-insulina (SKYLER et al., 2005; SKYLER; TYPE 1

DIABETES TRIALNET STUDY GROUP, 2008). Já a utilização de outros agentes, como

nicotinamida ou insulina nasal não mostraram benefício (GALE et al., 2004; NÄNTÖ-

SALONEN et al., 2008).

Apesar do papel indispensável na regularização dos níveis glicêmicos, o uso

exógeno de insulina se associa com efeitos indesejáveis, estando, entre os principais, os

episódios de hipoglicemia, que apresentam uma taxa de mortalidade de 1-6% (AYE; ATKIN,

2014). Inúmeros estudos, incluindo o The Diabetes Control and Complications Trial (DCCT),

demostraram que a manutenção da capacidade residual da secreção endógena de insulina,

mesmo que tipicamente baixa, se associa com menor frequência de hipoglicemia severa, bem

como redução de complicações microvasculares, como retinopatia, neuropatia e nefropatia

diabética (STEFFES et al., 2003).

Como a autoimunidade é o principal mecanismo efetor do DM1, muitos ensaios

de intervenção têm utilizado drogas visando silenciar ou modular a resposta imune (VAN

BELLE; COPPIETERS; VON HERRATH, 2011). Dessa forma, é esperado que terapias de

imuno-intevenção, pela preservação da função das células β através da atenuação das células

T ativadas, melhore o controle glicêmico e reduza complicações crônicas (SHERRY et al.,

2011; SJOBERG et al., 1991).

Há aproximadamaente 30 anos, foi feita a primeira tentativa de tratamento

imunoterápico para o DM1, usando ciclosporina (BACH; CHATENOUD, 2011), desde então,

muito esforço tem sido empregado nesse sentido, e tem-se alcançado progresso com as

terapias de imuno-intervenção. Inicialmente, foi demonstrado que uma intervenção

imunológica em pacientes com DM1 recentemente diagnosticados resultava em uma

lentificação do declínio da função das células beta em grupos controle (SKYLER; MARKS,

1993; SKYLER, 2003). Vários estudos clínicos avaliaram o papel de outras drogas

imunossupressoras tais como a prednisona, azatioprina, prednisona associado a azatioprina, e

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anticorpos anti CD3 no tratamento do DM1. Apesar dessas terapias terem demonstrado uma

redução no declínio ou algum aumento nos níveis de peptídeo C quando comparados com o

grupo placebo, a maioria dos pacientes continuou necessitando do tratamento com insulina

exógena (COOK et al., 1989; ELLIOTT et al., 1981; HARRISON et al., 1985; HEROLD et

al., 2002; KEYMEULEN et al. 2005; SILVERSTEIN et al., 1988; THE CANADIAN–

EUROPEAN RANDOMIZED CONTROL TRIALGROUP, 1988).

Atualmente, estratégias aceitas para uso clínico no tratamento do DM1 incluem o

transplante de pâncreas, o transplante de células da ilhota pancreática e a administração de

anticorpos anti-CD3 (FIORINA et al., 2008; SECCHI et al., 1998; SHERRY et al., 2011). O

tranpalnte de pâncreas, apesar de atingir altas taxas de indepedência de insulina, com 60 %

dos indivíduos livres de insulina 4 anos após o transplante e uma mediana de tempo de

sobrevivência do enxerto de 9 anos, de acordo com a análise do registro de dados United

Network for Organ Sharing, está associado com uma taxa de mortalidade substancial, com

apenas 78% de sobrevida no primeiro ano (EVERLY, 2009). Além disso, eles são limitados

pela escassez de doadores e pela necessidade de imunossupressão prologanda. Devido aos

riscos associados ao regime de imunosupressão, esse tratamento é reservado somente aos

pacientes que apresentam episódios frequentes de hipoglicemia ou insuficiência renal

secundária ao DM1, de forma conjunta o transplante renal (GRUESSNER; GRUESSNER,

2016). Por outro lado, enquanto o transplante de células de ilhotas e o tratamento com

anticorpos anti-CD3 são considerados relativamente seguros, eles levam à independência de

insulina em apenas um número limitado de indivíduos (25% e 5%, respectivamente com 5

anos de seguimento), apesar do primeiro apresentar importante impacto na redução de

complicações crônicas associadas ao DM1 (BASSI; FIORINA, 2011; D’ADDIO et al.,

2014a; SHERRY et al., 2011).

1.1.5.1 Terapia com células tronco e o transplante autólogo não-mieloablativo de medula

óssea

Desde 1985, tem sido proposto o potencial benefício do transplante de medula

óssea (TMO) como forma de alterar o curso do DM1 (IKEHARA et al., 1985). Nos ano 90,

estudos em humanos sugeriram que o DM1 poderia ser transferido ao receptor do TMO e foi

demonstrado que o TMO para o tratamento de cânceres hematológicos resultava em reversão

de várias doenças autoimunes, incluindo DM1 (LAMPETER et al., 1993; LAMPETER;

MCCANN; KOLB, 1998; NELSON et al., 1997). A partir de então, o uso do TMO autólogo,

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também em outras doenças autoimunes, como esclerose sistêmica, lúpus eritematoso

sistêmico e doença de Crohn tem se mostrado promissor e com baixa mortalidade. Burt e

colaboradores descreveram um risco de mortalidade inferior a 1% após TMO autólogo para

doenças autoimune quando usado o protocolo não mieloablativo, ou seja, sem destruição

irreversível das células tronco da medula (BURT et al., 2008).

Células tronco são células indiferenciadas que, por meio da replicação, possuem

tanto capacidade de auto renovação quanto de multipotencialidade, a habilidade de

diferenciação em células maduras especializadas funcionalmente distintas (NAGANO;

YOSHIDA; ISOBE, 2008). Em termos gerais, existem 2 tipos de células tronco: as

embrionárias e as adultas. As células embrionárias geram todas as células do corpo humano e

existem apenas durante a embriogênese, sendo encontradas no blastocisto 4 a 5 dias após a

fertilização. As células adultas estão localizadas em diferentes tecidos do corpo e funcionam

como um reservatório para substituir células danificadas ou envelhecidas. Sob condições

fisiológicas, têm sua diferenciação restrita às linhagens celulares dos órgãos em que estão

localizadas; já as embrionárias são capazes de formar variáveis tecidos, porém apresentam

tendência a formar teratomas, tumores que contém diferentes tipos de tecido (BURT et al.,

2008).

Devido à incapacidade de colher ou expandir seguramente as células-tronco da

maioria dos órgãos adultos, como fígado, trato gastrointestinal, coração e cérebro, a maioria

dos ensaios com células-tronco humanas se concentrou em aplicações clínicas para células-

tronco mesenquimais (MSCs) e hematopoiéticas (HSCs) (BURT et al., 2008). Estas últimas

podem ser obtidas tanto pela aspiração direta da medula, quanto através de aférese do sangue

periférico após mobilização das células da medula com fatores de crescimento, como o fator

de crescimento de colônias granulocíticas (COURI; OLIVEIRA; SIMÕES, 2012). Contudo,

deve-se frisar que, independente do método, a maioria das células coletadas são células

hematopoiéticas maduras e células imunes, em vez de HSCs, que devem, então, ser

identificadas e purificadas. As células progenitoras hematopoéticas são identificadas por

glicoproteínas CD34+ e CD133+, porém a maioria dessas células são progenitoras

comprometidas, e apenas uma minoria são de células-tronco repopulantes (BERENSON et

al., 1988; CIVIN et al., 1996; GALLACHER et al., 2000).

A justificativa do uso do TMO como possível modalidade terapêutica no DM1

baseia-se na possibilidade de um reset imunológico, isto é, na reconstituição de um sistema

imune mais tolerante alcançado com transplante hemotológico de células tronco após

eliminação quimioterápica de linfócitos auto-reativos (COURI; VOLTARELLI, 2011;

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FIORINA; VOLTARELLI; ZAVAZAVA, 2011). O momento ideal para realização do TMO

é o mais precoce possível, tão logo o diagnóstico de DM1 seja realizado (COURI;

VOLTARELLI, 2011; FIORINA; VOLTARELLI; ZAVAZAVA, 2011), período no qual

aproximadamente 30% das células β ainda são viáveis (STEELE et al., 2004).

Entre 2004 e 2010, Couri et al. realizaram transplante autólogo de medula óssea

não mieloablativo (TMO) em um pequeno grupo de pacientes recém diagnosticados com

DM1, e foram os primeiros a analisar a eficácia e segurança do transplante autólogo de

células tronco em humanos para o tratamento do DM1. Nesse estudo, as HSC foram coletadas

de sangue periférico através de leucoaférese após mobilização com ciclofosfamida (2.0g/m2),

dividida em 2 doses com intervalo de 12h, e fator estimulador de colônias granulocíticas (10

μg/kg/dia), iniciada no dia seguinte após a ciclofosfamida e mantida até final da leucoaférese.

A leucoaférese foi realizada diariamente até o número HSC coletadas atingirem um mínimo

de 3.0 x 106 CD34+/kg. Os pacientes eram então submetidos a condicionamento com

ciclofosfamida (200 mg/kg) e globulina anti-timócito de coelho (4.5 mg/kg) em um regime

que totalizava 5 dias. No 6º dia, as HSC eram reinfundidas por via intravenosa. A toxicidade

relacionada ao tratamento foi baixa, sem relato de mortalidade. Os efeitos sobre o controle

glicêmico foram encorajadores, e, após um seguimento médio de 29,8 meses, a maioria dos

pacientes apresentou níveis maiores de peptídeo C e menores níveis de HbA1C; 20 pacientes

tornaram-se livres de insulina, sendo que 12 permaneceram assim por um tempo médio de 31

meses (intervalo, 14-52 meses) e 8 pacientes necesitaram retornar o uso de insulina em baixas

dose (0,1-0,3 UI / kg) (COURI et al., 2009).

Desde esse estudo inicial, publicado em 2007, alguns outros grupos estudaram o

efeito no TMO em pacientes com diagnóstico recente de DM1. Uma recente metanálise (EL-

BADAWY; EL-BADRI, 2016), identificou 6 estudos envolvendo TMO autólogo de HSC,

incluindo o acima citado, com um total de 146 pacientes, envolvendo técnica semelhante a

acima descrita de condicionamento, coleta e infusão de HSC. As principais diferenças entre

os estudos incluem tempo decorrido entre o diagnóstico do DM1 e o transplante e a inclusão

ou não de pacientes com cetoacidose diabética( CAD) (COURI et al., 2009; D'ADDIO et al.,

2014b; GU et al., 2012; LI et al., 2012; SNARSKI et al., 2011; ZHANG et al., 2012).

A avaliação conjunta dos dados mostrou que 86 pacientes (58,9%) ficaram livres

de insulina por um período médio de 16 meses, e 11 (7,53%) tiverem redução de pelo menos

50% nas doses diárias de insulina. Um fator determinante na supensão/redução da dose de

insulina parece ter sido a presença ou não de CAD, já que entre os 49 pacientes restantes que

não apresentaram resultados tão promissores em relação ao uso de insulina, 79,5% tinham

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apresentado CAD. Além disso, o tempo decorrido entre o diagnóstico de DM1 e a data do

transplante influenciou diretamente o desfecho da terapêutica. Os pacientes que realizaram o

TMO em até 6 semanas do diagnóstico apresentaram uma possibilidade 2 vezes maior de se

tornarem livres de insulina durante o seguimento em comparação aos outros (risco relativo =

2.0, P = 0.0008). Os níveis de peptídeo C foram mensurados em apenas 3 estudos, e mostrou

aumento significativo após 6 meses do TMO (0.55±0.14 ng/ml para 1.09±0.34; [95% CI -

0.6202 to -0.4598, P<0.0001]. Por outro lado, os níveis de HbA1c, que também foram

determinados em 3 estudos (96 pacientes), tiveram importante decréscimo 6 meses após o

transplante (10.14±2.16% para 5.94±0.31% [95% CI 3.7607 to 4.6393, P<0.0001].

Esses dados reforçam a teoria de que fatores associados a uma maior reserva de

células β no período do transplante, como curto período de doença e ausência de cetoacidose

diabética, além de maiores níveis de peptídeo C ao diagnóstico e menores marcadores de

autoimunidade, se associam com uma maior chance de remissão da doença com o TMO

(BLUESTONE; HEROLD; EISENBARTH, 2010). Também foi visto que o número de

células CD34 + infundidas se correlacionou positivamente com redução dos níveis de HbA1c

e das doses de insulina e com aumento do peptídeo-C (LI et al., 2012).

Além do transplante de células tronco utilizando células CD34+ provenientes da

medula, também foi avaliado o uso de HSC provenientes do sangue do cordão umbilical e de

MSC provenientes da medula e do cordão umbilical como terapêutica para DM1. Os trials

que utilizaram HSC do sangue do cordão umbilical falharam em demonstrar aumento de

peptídeo c, redução da A1c ou da necessidade do uso de insulina (GIANNOPOULOU et al.,

2014; HALLER et al., 2009; HALLER et al., 2011; HALLER et al., 2013). Em comparação,

a terapêutica com MSC provenientes da medula falhou em mostrar diferença significativa

entre os valores de peptídeo C, porém demonstrou redução da HbA1C quando comparado ao

grupo controle após seguimento de 12 meses (CARLSSON et al., 2015). Já os pacientes que

receberam MSC provenientes do cordão umbilical apresentaram redução ou supensão das

doses de insulina e aumento nos valores de peptídeo c estimulados quando comparado ao

grupo controle (HU et al., 2013).

Percebe-se, assim, que além da reserva de células β, outro ponto relevante para o

sucesso da terapêutica com células tronco no tratamento do DM1 parece ser o tipo de célula

tronco utilizada, com os resultados mais contundentes sendo encontrados com a transfusão de

HSC provenientes da medula óssea. Entre as possíveis explicações para essa superioridade,

estariam o fato de que as HSC provenientes do cordão umbilical são congeladas, e incluem

uma população de células CD34+ mais heterogênea, com populações em diferentes estágios

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de diferenciação. Já a superioridade da HSC sobre MSC pode refletir as propriedades

imunoregulatórias das células CD34+ e a possibilidade de regeneração de células β a partir de

células-tronco da medula (EL-BADAWY; EL-BADRI, 2016).

Assim, pode-se sugerir que tranplante autólogo de HSC em pacientes jovens com

diagnóstico recente de DM1 parece ser efetivo em reduzir ou mesmo suspender a necessidade

do uso de insulina, bem como melhorar a função das células β a curto e médio prazo. No

entanto, novas avaliações devem ser feitas para entender suas implicações a longo prazo, bem

como o potencial em prevenir ou retardar o desenvolvimento de complicações crônicas,

incluindo as microvasculares.

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2 JUSTIFICATIVA

O DM1 é uma doença crônica em que o uso de insulina exógena permance como

a única modalidade terapêutica bem reconhecida. Inúmeros estudos demonstram que,

independente do desenvolvimento de novas insulinas, da aplicação da insulina sob bomba de

infusão contínua ou sob esquema basal-bolus, o ajuste glicêmico no diabetes permanece um

desafio, e apenas uma minoria dos pacientes mantém-se nos alvos desejados. Este mau

controle está fortemente associado ao desenvolvimento de complicações microvasculares. Por

outro lado, diversos trabalhos têm confirmado o papel do TMO autólogo não mieloablativo

como forma de preservar a função das células β e melhorar o controle glicêmico em

portadores de DM1. Dessa forma, espera-se que, potencialmente, o TMO seja efetivo,

também, em retardar o desenvolvimento de nefropatia, retinopatia e neuropatia diabética.

Porém ainda não há dados na literatura atual que confirmem tal afirmação.

O presente estudo, ao comparar a prevalênica das complicações microvasculares e

o controle metabólico em um grupo de pacientes com DM1 submetidos a tal intervenção

imune com a de um grupo de pacientes com DM1 submetidos a abordagem clínica padrão,

pretende avaliar o TMO como possível intervenção terapêutica capaz de reduzir as

complicações crônicas associadas ao DM1.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Comparar a prevalência de complicações microvasculares (nefropatia, retinopatia

e neuropatia diabéticas) entre pacientes submetidos a TMO autólogo como terapêutica para

DM1 versus pacientes submetidos a tratamento insulinoterápico convencional pareados para

sexo, idade ao diagnóstico do DM1 e tempo de diagnóstico.

3.2 Objetivos específicos

comparar a função residual a longo prazo das células β em ambos os grupos;

comparar o controle glicêmico e as doses diárias de insulina (unidades/quilo/dia) entre

ambos os grupos.

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4 MÉTODOS

4.1 Tipo e local do estudo

Estudo transversal, retrospectivo, de abordagem quantitativa, realizado por meio

de coleta de informações de dois bancos de dados de estudos prévios:

banco de dados do Estudo Nacional Multicêntrico em Diabetes Tipo 1

(BrazDiab1) - N total = 3.591 pacientes; conduzido em 20 cidades brasileiras,

que contou com pacientes acompanhados no Ambulatório de Diabetes dos

Serviços de Endocrinologia e Diabetes e Serviço de Endocrinologia Pediátrica

do Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará,

na cidade de Fortaleza, Ceará;

banco de dados dos pacientes submetidos a transplante autólogo não

mieloablativo de medula óssea como terapêutica para DM1 na Unidade de

Transplante de Medula Óssea, na Universidade de São Paulo, cidade de

Ribeirão Preto, São Paulo.

4.2 Sujeitos da pesquisa

4.2.1 Grupo TMO

Vinte e cinco transplantes autólogos não mieloablativo de células tronco

hematopoiéticas foram realizados como terapêutica para DM1 no período de janeiro de 2004

a maio de 2010, na Unidade de Transplante de Medula Óssea na Universidade de São Paulo,

cidade de Ribeirão Preto, Brasil. Não houve mortalidade. Vinte e quatro pacientes

participaram desse subestudo, pois um paciente do estudo inicial perdeu seguimento e foi

excluído dessa subanálise.

Critérios de elegibilidade:

Os critérios de inclusão para o grupo TMO foram:

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a) diagnóstico confirmado de DM1 realizado nas 6 semanas prévias ao

transplante através de hiperglicemia associado a positividade do anticorpo anti-

ácido glutâmico (anti-GAD);

b) pacientes de ambos os sexos com idade entre 12 e 35 anos (inclusive).

Os critérios de exclusão para o grupo TMO foram:

a) diagnóstico prévio de cetoacidose diabética;

b) sorologia positiva para HIV, Hepatite B ou Hepatite C;

c) presença de doenças hematológicas, nefrológicas, cardíacas, psiquiátricas ou

hepáticas prévias.

Detalhes do protocolo do transplante foram previamente publicados e relatados na

introdução (COURI et al., 2009; VOLTARELLI et al., 2007). Resumidamente, as células

tronco hematopoipeticas mobilizadas da medula óssea com ciclofosfamida e fator estimulador

de colônia de granulócitos foram infundidas em sangue periférico após condicionamento do

paciente com ciclosporina e anticorpo anti-timoglobulina de coelho.

4.2.2 Grupo terapia convencional - BrazDiab1

Um total de 3.591 pacientes participaram do BrazDiab1, um estudo multicêntrico,

retrospectivo, cross-seccional, conduzido em portadores de DM1 no período de dezembro de

2008 a dezembro de 2010, realizado em 28 clínicas públicas de nível secundário e terciário,

de 20 cidades com população superior a 100.000 habitantes, localizadas nas 5 regiões do

Brasil (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). Os critérios de inclusão eram o

diagnóstico prévio de DM1 realizado por um médico através da apresentação clássica de

poliúria, polidpsia, polifagia e perda de peso associado a necessidade do uso contínuo de

insulina desde o diagnóstico, sem realização da dosagem de anticorpos pancreáticos; ter

acompanhamento regular por um endocrinologista; estar em seguimento no centro de saúde

por pelo menos 6 meses. Os detalhes do BrazDiab1 foram publicados anteriormente (GOMES

et al., 2012). Brevemente, os pacientes eram entrevistados segundo um questionário padrão

(Apêndice A) e, entre os dados coletados durante essa visita clínica, estavam: idade, idade ao

diagnóstico, duração do DM1, dose de insulina e regime de tratamento. Os dados referentes

aos valores de glicemia, HbA1C, screening para retinopatia e nefropatia diabética eram

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retiradas do prontuário na última consulta médica. O screening para neuropatia diabética era

realizado através do exame dos pés em pacientes com mais de 5 anos de duração do DM1.

Critérios de elegibilidade

Os critérios de inclusão dos pacientes participantes do BrazDiab1 nesta subanálise

foram:

a) possuir screening para retinopatia, nefropatia e neuropatia diabéticas realizados

até 1 ano antes da coleta de dados;

b) possuir dados de HbA1C realizado até 1 ano antes da coleta de dados através

de método certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization

Program methods, incluindo High Performance Liquid Chromatography

(HPLC) e imunoturbidimetria.

Foram excluídos os pacientes que não atendiam aos critérios de inclusão.

Nessa primeira fase, foram selecionados 1613 pacientes. A partir de então, os

pacientes foram pareados com o grupo TMO para idade ao diagnóstico do diabetes ( n= 538)

e, posteriormente, para tempo de duração do DM1 (n= 251). Finalmente, para pareamento por

sexo, as pacientes femininas foram submetidas a uma seleção randomizada através do

pragrama SPSS para manter a proporção aproximada de 30% presente no grupo TMO,

totalizando, então, um total de 144 pacientes incluídas neste presente estudo (Figura 6).

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4.3 Coleta de Dados

4.3.1 Complicações microvasculares

Em ambos os grupos, a avaliação de complicações microvasculares seguiu o

mesmo padrão e foi definida de acordo com os critérios da American Diabetes Association

(2013):

a) retinopatia diabética: realizada através de fundoscopia por um médico

oftalmologista local;

b) nefropatia diabética: realizada através da dosagem relação albumina/creatinina

(RAC) em 2 amostras de urina isolada e pelo cáclculo da taxa de filtração

glomerular (TFG) realizada através da equação de Cockcroft-Gault (140 -

Idade (anos)) x Peso (kg) / Creatinina Plasmática (mg/dL) X 72 (PIERRAT et

al., 2003).

Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 6 ‒ Fluxograma de seleção dos pacientes do

grupo terapia convencional

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c) neuropatia diabética: realizada avaliação para polineuropatia distal simétrica

através do exames dos pés utilizando-se teste de pressão com monofilamento

de 10g e da sensação de vibração com uso de diapazão 128 Hz, além do

questionamento direto do paciente acerca de sintomas de neuropatia, incluindo

sensação de queimação, dormência, parestesia e dor em pés.

4.3.2 Função residual das células β

Os valores do peptídeo C foram mensurados apenas no grupo TMO. Dessa

forma, a avalição da função residual das células β, em ambos os grupos, foi feita

indiretamente utliziando-se um modelo de Insulin-Dose Adjusted HbA1c (IDAA1C) calculado

através da seguinte fórmula: (A1C (%) + 4 x dose de insulina (unidades/kg/24h)). Valores de

IDAA1C ≤9 foram associados com um valor preditivo do peptídeo C estimulado > 300

mmol/L e proposto como um método de avaliar alterações clinicamente significativas em

terapias de intervenção que visam preservar/regenerar a função da célula B em pacientes om

DM1 (HENRIK et al., 2009).

4.3.3 Controle glicêmico e dose de insulina

O valor da HbA1C foi utilizado para avaliação do controle glicêmico de longo

prazo e uma HbA1C < 7.0 foi utilizada como marcador controle adequado, de acordo com a

recomendação da ADA (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2013). A HbA1c foi

avaliada através de métodos certificados pela National Glycohemoglobin Standardization

Program, HPLC e imunoturbidimetria. Além do valor isolado da A1c, avaliou-se quando o

uso de insulina em baixas doses foi acompanhado de um controle glicêmico adequado através

da análise da proporção de pacientes em cada grupo que se mantinham com HbA1C <6,5%

em uso de uma dose total de insulina< 0,5 Ui/kg/dia. Esses parâmetros foram derivados do

resultado primário de 2 estudos anteriores de imunoterapia de teplizumab (HEROLD et al.,

2002; SHERRY et al., 2011).

4.4 Análise estatística

As variáveis contínuas foram descritas por meio de mediana (percentis 25-75) e as

categóricas através de frequência relativa e absoluta. As análises comparativas entre os grupos

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foram realizadas através do Teste T de Student e Teste de Mann-Whitney para as variáveis

contínuas e através do Teste exato de Fisher e do Qui-Quadrado para as variáveis categóricas.

O nível de significância estatística adotado para todos os testes foi de 5% (p<0,05). Os dados

foram analisados através do Statistical Package of Social Science (SPSS Inc, Chicago, IL,

USA), version 15.0 for Windows.

4.5 Aspectos éticos

Foi obtida uma aprovação prévia para ambos os estudos iniciais pelo conselho de

revisão institucional de cada centro. O consentimento informado foi assinado pelos pacientes

ou por seus pais de acordo com a Declaração de Helsinki (COURI et al., 2009; GOMES et

al., 2012). Foi obtida aprovação para a revisão desses estudos pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário Walter Cantídio (número de protocolo: 1.886.743) e os

pesquisadores assumiram perante o mesmo o compromisso de seguir fielmente os preceitos

éticos contidos nas diretrizes e normas de pesquisa da resolução 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde.

4.6 Conflitos de interesse

Não existiram conflitos de interesse envolvidos nesta pesquisa.

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5 RESULTADOS

5.1 Descrição da casuística

Os dados de 24 indivíduos do grupo TMO foram comparados aos de 144

indivíduos do grupo terapia convencional do BrazDiab1. Os grupos foram adequadamente

pareados. Em ambos os grupos, houve uma proporção de 70% de pacientes do sexo masculino

(p=0.945); a idade ao diagnóstico de diabetes variou de 13 a 31 anos e a mediana foi de 16,0

anos (p25-75: 15,5-20,5) para o grupo TMO e 17,0 anos (p25-75: 14-22) para o grupo

convencional (p = 0.964). O tempo de duração do diabetes variou de 5-12 anos, sendo a

mediana de 9,0 anos (p25-75: 7,5-10,0) para TMO e 8,0 anos (p25-75: 6,0-10,0) para o grupo

convencional (P = 0.325). As características demográficas da população estudada foram

resumidas na Tabela 4.

Tabela 4 ‒ Sexo, duração do DM1, idade ao diagnóstico e distribuição por faixa etária da

idade ao diagnóstico para o grupo TMO e o grupo terapia convencional

Variável Grupo TMO

N=24

Grupo

Convencional

N=144

P valor

Sexo, M (%) 70.8 70.1 0.945

Duração do DM1, anos

Mediana (p25-75%)

9.0 (7.5-10.0) 8.0 (6.0-10.0) 0.325a

Idade ao diagnóstico do DM1, anos

Mediana (p25-75%)

16.0 (15.5-20.5) 17 (14.0-22.0) 0.964a

13-16anos (%) 54.2 44.4

17-21anos (%) 29.2 29.2

22-33anos (%) 16.7 25.0

Fonte: Elaborada pela autora.

Legenda:

Grupo TMO: transplante autólogo não mieloablativo de células tronco hematopoiéticas; a: teste de Mann

Whitney.

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5.2 Complicações microvasculares

O grupo tratado com TMO apresentou menor prevalência de microangiopatia,

definida como a presença de pelo menos uma complicação microvascular (retinopatia,

nefropatia ou neuropatia diabéticas). Enquanto nenhum paciente no grupo TMO apresentou

qualquer complicação microvascular, 21,5% (31/144) do grupo de terapia convencional foi

diagnosticado com microangiopatia (p = 0.005). Quando as complicações microvasculares

foram avaliadas separadamente, a prevalência de nefropatia foi significativamente maior no

grupo convencional (vinte vs zero casos) (p = 0,037). Sendo que desses 20 casos, 4 se

tratavam de nefropatia diabética manifesta, com taxa de excreção de albumina >300mg/dia.

Em relação à neuropatia e à retinopatia, houve nove (6,25%) e oito (5,5%) casos no grupo

convencional versus zero no grupo TMO (p = 0.28 e p = 0.24, respectivamente) (Tabela 5).

Tabela 5 ‒ Comparação da ocorrência de complicações microvasculares do diabetes e da

função residual das células β no grupo TMO e no grupo de terapia convencional

Grupo TMO

no./total

Grupo

Convencional

no./total

p valor

Desfechos Microvasculares

Microangiopatia 0/24 37/144 0.005b

Nefropatia Diabética 0/24 20/144 0.037 b

Retinopaia Diabética 0/24 8/144 0.283 b

Neuropatia Diabética 0/24 9/144 0.241 b

Fonte: Elaborada pela autora.

Legenda:

Microangioapatia: presença de pelo menos uma complicação microvascular; TMO: transplante autólogo não

mieloablativo de células tronco hematopoiéticas; b:Teste exato de Fisher.

5.3 Função residual das células β

Quando avaliado através do IDAA1C, o grupo TMO mostrou uma melhor função

residual das células B. A porcentagem de pacientes com IDAA1C ≤ 9 foi aproximadamdente

dez vezes maior no grupo TMO em comparação com o grupo convencional (75% vs 8,3% - p

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<0.001). Entre os pacientes com <18 anos, 66,6% do grupo TMO vs 5,4% do grupo

convencional apresentaram IDAA1C ≤ 9 (p <0,001); entre os pacientes ≥ 18 anos, a diferença

foi de 88,8% contra 11,4%, respectivamente (P <0.001) (Tabela 6).

Tabela 6 ‒ Comparação da função residual das células β no grupo TMO e no grupo de terapia

convencional

Função Residual

das Células β

Grupo TMO

no./total (%)

Grupo Convencional

no./total(%)

p valor

(IDAA1C<9.0)

Total 18/24(75) 12/144(8.3) p<0.001 b

< 18 anos 10/15(66.6) 4/74(5.4) p<0.001 b

≥ 18 anos 8/9(88.8) 8/70(11.4) p<0.001 b

Fonte: Elaborada pela autora.

Legenda:

IDAA1C: valor de HbA1c ajustado para dose de insulina; TMO: transplante autólogo não mieloablativo de

células tronco hematopoiéticas; b: Teste exato de Fisher.

5.4 Controle glicêmico e dose de insulina

A mediana da dose diária de insulina foi 65% menor no grupo TMO em

comparação ao grupo convencional (0,30 UI/kg/dia vs 0,85UI/kg/dia- p <0.001). Mesmo com

o uso de doses mais baixas de insulina, a mediana da HbA1c foi significativamente menor no

grupo TMO em comparação ao grupo convencional (6,99% vs 9,32%; p <0.001). Entre os

pacientes do TMO, 54,1% (13/24) apresentaram HbA1c <7,0 (53 mmol / mol) em

comparação a apenas 13,1% (19/144) no grupo convencional (p <0,001). Além disso, ao se

estratificar as glicadas em faixas (≤6,99; 7-7,99; 8-8,99, ≥9,0), evidenciou-se que, para

qualquer intervalo de HbA1C, os pacientes do grupo TMO se encontravam nessas faixas em

menores doses de insulina do que no grupo convencional (Tabela 7). A proporção de

pacientes que apresentaram HbA1C <6,5% (48 mmol / mol) associada a uma dose de insulina

<0,50 UI/kg/dia foi maior no grupo TMO do que no grupo convencional, 41,6% vs 0,67% (p

<0,001). Apenas 33,3% dos pacientes do grupo TMO usaram insulinas de ação rápida

associada às de ação intermediária/longa, em comparação a 87,5% no grupo convencional (p

<0,001). Além disso, enquanto 12,5% (3/24) dos pacientes do grupo TMO não estavam

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tomando nenhum tipo de insulina, não houve nenhum caso no grupo convencional (p <0,001).

Todos esses 3 pacientes apresentaram HbA1C inferior a 7,0% (53 mmol / mol). Desde 2008,

todos os pacientes que interromperam o uso de insulina começaram a usar 100 mg/dia de

sitagliptina. Entre os pacientes do grupo TMO, 3 deles ficaram continuamente dependentes de

insulina. Dos 21 pacientes que apresentaram algum momento livres de insulina, 10 deles

ficaram livres por um período inferior a 3,5 anos, com uma média de 11,7 meses nesse grupo

e 11 ficaram por mais de 3,5 anos, com uma média de 56,7 meses nesse grupo, excetuando-se

os 3 que ainda permanecem sem necessitar usar insulina. Os dados sobre controle glicêmico e

uso de insulina para ambos os grupos foram descritos na Tabela 7.

Tabela 7 ‒ Controle glicêmico, dose e uso de insulina para ambos os grupos

Variáveis Grupo TMO Grupo

Convencional

P valor

HbA1C (%) (Mediana: p25-

75)

6.9 (6.0-7.6)

8.7 (7.7-10.4) <0.001a

Dose de insulina (UI/Kg/dia)

Mediana (p25-75)

0.3 (0.23-

0.35)

0.8 (0.7-0.9) <0.001a

Uso de Insulina, n (%) 21** (87.5) 144 (100.0) <0.001a

Somente Intermediária/Longa

Ação, n (%)

13 (54.1) 16 (11.1) <0.001a

Intermediária/Longa Ação

mais curta ação, n (%)

8 (33.3) 128 (88.8) <0.001a

HbA1C <6.5 % com uso de

insulina <0.5UI/kg, n (%)

10 (41.6) 1 (0.7) <0.001a

Intervalos de HbA1C (%) n (%) Ins/Kg/

dia

n (%) Ins/Kg/

dia

< 6.99 13 (54.1) 0.29 19 (3.1) 0.68 <0.001a

7.0-7.99 8 (33.3) 0.31 25 (17.3) 1.01

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8.0-8.99 1 (4.1) 0.40 33 (22.9) 0.82

≥ 9.0 2 (8.3) 0.25 67 (46.5) 0.91

Fonte: Elaborada pela autora.

Nota:

Objetivo de controle glicêmico: Hba1c <7,0%. ** Os 3 pacientes que não estavam usando insulina apresentaram

HbA1c <7,0% e estavam em uso de 100 mg/dia de sitagliptina; a : Tesde de Mann Whitney.

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6 DISCUSSÃO

O DM1 é uma doença crônica em que, atualmente, o tratamento mais bem

estabelecido permanece como o controle rigoroso da glicemia por meio de insulinoterapia

intensiva (THE DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH

GROUP, 1993). No entanto, essa terapia ainda se associa a limitações importantes, como a

falta de eficácia na prevenção de complicações micro e macrovasculares crônicas. As terapias

de imunointervenção, que visam atuar no mecanismo causal do DM1, podem representar uma

estratégia bastante encorajadora na mudança desse cenário atual. Estudos clínicos utilizando

drogas imunossupressoras (ciclosporina), agentes imunoregulatórios (anticorpo anti-CD3) ou

terapia de antígeno obtiveram eficácia parcial, já que a presença de efeitos adversos, falta de

eficácia duradoura e a manutenção da necessidade do uso de insulina exógena permanecem

como restrições relevantes (CHATENOUD, 2003). Por outro lado, ensaios analisando os

efeitos do TMO no DM1 de início recente mostraram-se promissores na atenuação da perda

de secreção de insulina (COURI et al., 2009; LI et al., 2012; SNARSKI et al., 2011;

VOLTARELLI et al., 2007). A publicação de Voltarelli et al. foi a primeira a analisar a

segurança e a eficácia do transplante autólogo de células-tronco em humanos. No entanto,

uma das reconhecidas limitações deste estudo é a ausência de um grupo controle (SKYLER,

2007). Até onde se sabe, este é o primeiro artigo comparando os resultados tardios de

pacientes submetidos ao TMO aos de indivíduos tratados com terapia convencional, no

cenário do mundo real, pareados por gênero, idade ao diagnóstico do DM1 e duração da

doença.

Segundo a literatura, a prevalência de complicações microvasculares no DM1

varia consideravelmente. No entanto, sabe-se que, independentemente do regime de insulina,

o controle rigoroso dos níveis de glicose, especialmente em pacientes com diagnóstico recente

de diabetes, e a manutenção de níveis mais elevados de secreção de peptídeo C, estão

associados a redução das complicações microvasculares (FULLERTON et al., 2014;

KUHTREIBER et al., 2015; STEFFES et al., 2003).

Porém, uma recente revisão da Cochrane Library mostrou que, mesmo no grupo

de controle glicêmico intensivo, a incidência de complicações microvasculares foi de 6,2%,

16,3% e 4,9% para retinopatia (seguimento: 5 - 6,5 anos), nefropatia (seguimento: 3,5 - 6,5

anos) e neuropatia (seguimento: 5 - 6,5 anos), respectivamente (FULLERTON et al., 2014),

valores esses semelhantes aos encontrados no nosso grupo tratado com terapia padrão. Um

estudo de observação longitudinal com 451 pacientes portadores de DM1, diagnosticados

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antes dos 35 anos, entre os anos 1983-1987, que vinham em cuidados de rotina na Suécia,

mediu a HbA1c a partir do diagnóstico e durante todo o período de seguimento de 20-24 anos

e encontrou que a incidência de retinopatia proliferativa e macroalbuminúria persistente

elevou acentuadamente com o aumento da média de longo prazo da HbA1. Mesmo entre os

pacientes muito bem controlados, com HbA1c média< 6,7%, foi detectado algum grau de

retinopatia não proliferativa em quase 50% deles, apesar de nenhum ter apresentado

retinopatia proliferativa ou macroalbuminúria.

Outro estudo recente realizado na Universidade de Poznan em indivíduos com

DM1 de diagnóstico recente demonstrou associação entre a incidência de complicações

microvasculares e a ausência de remissão parcial de diabetes, período que se caracteriza por

uma menor demanda de insulina necessária para manter a normoglicemia, e, geralmente, leva

em consideração os seguintes parâmetros: valores de HbA1c, demanda de insulina exógena

(unidades/kg/dia) e valores de péptido C. Nesse estudo, a presença de remissão parcial foi

definida como uma Hba1C inferior a 6,5% associada à dose de insulina ≤ 0,3 UI/Kg/dia e

níveis de Peptídeo C randômicos>500 pmol/mL. No grupo de remitentes, ao final de 7 anos,

7,6% dos pacientes apresentavam pelo menos uma complicação microvascular, enquanto nos

não remitentes a incidência foi de 46,4% (NIEDZWIECKI et al., 2015). Já um outro estudo

que avaliou a relação entre os níveis de peptídeo C em jejum com a duração do DM1, a idade

do início da doença e a prevalência de complicações microvasculares em 324 indivíduos

encontrou que níveis de peptídeo C<10 pmol/l foram associados ao desenvolvimento de

nefropatia, neuropatia, e retinopatia diabéticas (P = 0,03), independente da duração da doença.

Porém, mesmo em pacientes com valores de peptídeo c >10pmol/l ainda foi possível

identificar complicações microvasculares. A prevalência foi de 4,8%, 24,5 % e 34,5% para

pacientes com valores de peptídeo c >10 pmol/l, entre 2,5-10 pmol/l e indetectáveis,

respectivamente (KUHTREIBER et al., 2015). Em contraste, nenhum dos pacientes do grupo

TMO, após uma mediana de seguimento de 8,7 anos, apresentou qualquer complicação

microvascular.

Dessa forma, percebe-se que, mesmo quando avaliados apenas os grupos de

pacientes de baixo risco de microangioapia, como aqueles com controle glicêmico extremo e

valores mais altos de peptídeo C, como os descritos acima, ainda foi possível identificar uma

prevalência considerável de complicações microvascualres, o que não ocorreu nos pacientes

submetidos ao TMO. Esses dados sugerem que a eficácia do TMO na redução ou atraso do

desenvolvimento de complicações microvasculares é multifatorial e, provavelmente, depende

de mecanismos que vão além da preservação de células β e da melhora do controle glicêmico,

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como, provalvelmente, através de uma remodelação do microambiente diabético, conforme

proposto por El-Badawy e El-Badri (2016).

A dosagem direta do peptídeo C tem sido recomendada como a forma mais

apropriada de análise de desfecho primário em terapias que visam preservar a função das

células B (PALMER et al., 2004). No entanto, o IDAA1C, apesar de não prever

completamente a resposta do peptídeo C estimulado, mostrou ser um bom preditor dos seus

níveis, apresentando uma forte correlação inversa com estes valores (NAGL et al., 2016),

com a vantagem de utilizar dados mensurados rotineiramente no acompanhamento do

paciente diabético. Foi prosposto, inicialmente, como forma de avaliação em crianças e

adolescentes com DM1 e, posteriormente, também em adultos (BUCKINGHAM et al., 2015;

HAO et al., 2016; MORTENSEN et al., 2009; NAGL et al., 2016). O estudo inicial

demonstrou que um valor de IDAA1C ≤9 corresponde a um nível previsto de péptido C

estimulado>300pmol/L (MORTENSEN et al., 2009). Adicionalmete, Buckingham et al.

(2015), ao avaliar pacientes de 7 a 45 anos com diagnóstico recente de DM1, relatou que 99%

dos participantes com IDAA1C ≤9 mantiveram secreção substancial de insulina, com pico de

peptídeo C >200 pmol/l. No entanto, vale ressaltar que um ponto de corte de IDDAC ≤ 9 pode

subestimar significativamente o número de indivíduos com peptídeo C estimulado ≥200

pmol/L (HAO et al., 2016).

A preservação da função residual das ilhotas a partir do momento do diagnóstico

de DM1 permanece como o objetivo principal nas terapias de imunointervenção no DM1

(EHLERS, 2016). Ainda que ao diagnóstico apenas 20% das células permaneçam

funcionantes, as evidências acumuladas indicam que mesmo valores modestos de secreção

endógens de insulina melhoram de forma substancial os desfechos a curto e longo prazo

nesses pacientes (LACHIN et al., 2014; STEFFES et al., 2003; THE DIABETES CONTROL

AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH GROUP, 1998). No entanto, a análise da

história natural da secreção residual de insulina no DM1 mostra que os níveis de peptídeo C

continuam a diminuir ao longo do tempo e, ao final de 4 anos, independentemente da idade,

apenas uma pequena porcentagem de indivíduos mantém uma boa função residual de células

B. Uma avaliação com 407 pacientes mostrou que, neste período, apenas 2,7% e 20,4% dos

indivíduos entre 12-17 anos e ≥18 anos, respectivamente, mantiveram IDAA1C ≤ 9 (HAO et

al., 2016). Esses resultados se correlacionam bem aos que foram vistos no grupo de terapia

convencional, após uma mediana de 8,0 anos de diagnóstico. Em oposição a isso, no grupo

TMO, a prevalência de IDAA1C ≤9 foi de 66,6% e 88,8% para os respectivos grupos etários.

Outro estudo avaliou 3657 pacientes que tiveram diagnóstico de DM1 antes dos 18 anos e

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evidenciou que apenas 5% deles apresentavam IDAA1c≤9 após 6 anos de seguimento (NAGL

et al., 2016). Já a avaliação de pacientes submetidos a transplante de ilhotas pancreáticas

demonstrou que apenas 23% dos indivíduos apresentaram níveis de peptídeo C detectáveis (>

0.5ng/ml) após um período de 3 anos (ALEJANDRO et al., 2008).

Assim, apesar desse trabalho apresentar as limitações inerentes a um desenho

transversal derivado de uma coorte retrospectiva, a análise conjunta dos nossos dados

associados aos encontrados na literatura demonstraram que a terapia com TMO tem o

potencial de preservar ou mesmo melhorar a função das células β a longo prazo.

Mecanismos específicos através dos quais o TMO melhora a função das células B

ainda não são totalmente compreendidos, e não se pode afirmar o quanto isso se deve ao

desenvolvimento de tolerância imunológica, à atuação das células-tronco hematopoiéticas

infundidas ou ambos (COURI; OLIVEIRA; SIMÕES, 2012). A análise imunológica realizada

após o TMO demonstra um sistema imune regenerado, mais tolerante a autoantígenos, com

um aumento na produção tímica de células T nativas, uma normalização do receptor de

células T e um aumento na população de células T-reguladoras (Tregs) (MALMEGRIM et

al., 2017; MCFARLAND et al., 2000). As Tregs modulam as células efetoras ativadas

durante os estágios iniciais de reapresentação de antígenos após o tranplante, promovendo a

auto-tolerância (O'GORMAN et al., 2009) e podem, ainda, inibir a proliferação autoreativa

espontânea que ocorre em ambientes linfopênicos (WINSTEAD; FRASER; KHORUTS,

2008). O aumento de Tregs após o TMO está associado à remissão prolongada da doença; a

redução das células de memória efetora CD4+ e valores mais baixos de células T CD8+

ilhota-específicas (aCTL) estão relacionados com duração mais prolongada do período livre

de insulina e maiores níveis de peptídeo C após o transplante. Porém, vale ressaltar que o

TMO não parece ser capaz de levar a alterações significativas nas freqüências de aCTL, e

pacientes com altos títulos de aCTL antes do TMO mantiveram freqüências cumulativas

significativamente elevadas em até 24 meses após o transplante (MALMEGRIM et al., 2017).

Além disso, foi observado que mesmo entre os pacientes com respostas mais contundentes ao

TMO, há persistência de anticorpos anti-GAD. Esses dados sugerem que o regimento de

condicionamento do TMO não é capaz de destruir completamente os clones de células B e T

autorreativas, bem como que os títulos dos anticorpos anti-GAD não são preditivos da

resposta clínica (MALMEGRIM et al., 2017; PALMER et al. 2004; VOLTARELLI et al.,

2007; ZHANG et al., 2012). Em resumo, os eventos imunes associados a melhor resposta

metabólica dos portadores de DM1 ao TMO são: redução nas células de memória efetoras T

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CD4 +, expansão de células T imunorreguladoras e freqüências mais baixas de aCTL ilhota-

específica (MALMEGRIM et al., 2017).

Embora o reajuste imunológico pareça ser o principal mecanismo terapêutico do

TMO, alguns outros efeitos são questionados, como o potencial imunomodulador e a

capacidade regenerativa intrínseca das células tronco. As propriedades imunomoduladoras

podem potencialmente controlar a destruição, preservar a massa residual e facilitar a

regeneração endógena de células β, além de prevenir a recorrência da autoimunidade. Já a

capacidade regenerativa poderia levar a uma restauração das células secretoras de insulina

(BARCALA TABARROZZI et al., 2013; FÄNDRICH; UNGEFROREN, 2010; FIORINA;

VOLTARELLI; ZAVAZAVA, 2011). No entanto, a capacidade das células hematopoiéticas

transplantadas de se diferenciarem em células β pancreáticas ainda não foi claramente

comprovada, embora já tenha sido demonstrado que as células-tronco de embriões humanos

são capazes de se diferenciar e expressar genes produtores de insulina (LUMELSKY et al.,

2001) bem como que as células embrionárias de ratos são capazes de gerar células das ilhotas

pancreáticas através de modificação genética (MARTIN, 1981; SORIA et al., 2000).

O objetivo geral da insulinoterapia no DM1 é reduzir a HbA1c a valores ≤7,0%

(53 mmol / mol) (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2013). No entanto, este melhor

controle glicêmico pode ser acompanhado de efeitos indesejáveis, como aumento de episódios

de hipoglicemia (FULLERTON et al., 2014) e necessidade de doses maiores e mais

freqüentes de insulina. Na prática clínica, o que se observa é que apenas uma minoria de

pacientes diabéticos atinge a faixa de HbA1c desejada (LIND et al., 2014).

A despeito do contínuo avanço nas tecnologias de uso de insulina, como monitor

contínuo de glicose, bomba de insulina e o sistema de bomba com sensores de circuito

fechado (pâncreas artificial) sabe-se que um controle glicêmico normal ou próximo ao normal

(HbA1c <5.7%) não é atingido (FARRINGTON, 2015; KLEIN; KLEIN, 2015), e, apesar dos

recentes progressos ocorridos no desenvolvimento do pâncreas artificial, os valores de

glicada média permaneceramm entre 7,6%-7,9% em crianças e adolescentes usuárias do

sistema, e não houve redução das taxas de hipoglicemia quando comparado ao uso de bomba

de insulina padrão (TAUSCHMANN et al., 2016; THABIT et al., 2015).

Em uma publicação recente, Baxter et al. (2016), avaliaram uma coorte

representativa de adultos com DM1 no sistema de saúde do Reino Unido e descobriram que,

independente do uso de insulina humana ou de análogos de insulina, da aplicação em

esquema basal-bolus ou através de bombas de insulina, menos de 30% dos pacientes com

DM1 apresentam níveis de HbA1c <7,5% (59 mmol / mol). De forma semelhante, um estudo

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realizado na população brasileira, do qual originou a nossa amostra do grupo terapia

convencional, observou que apenas 11,6% dos pacientes portadores de DM1 em

acompanhamento regular por endocrinologistas no sitema de saúde público apresentaram

HbA1c <7,0% (53 mmol / mol) (GOMES et al., 2012), proporção semelhante à encontada no

nosso grupo tratado com terapia padrão após pareamento com grupo TMO. Em contraste, a

maioria dos pacientes do grupo TMO (54,1%) apresentou valores de HbA1C <7,0% (53

mmol / mol), sendo que 8,3% (2/24) apresentou valor <5,7%. Além disso, em comparação

com grupo convencional, os pacientes do grupo TMO usaram doses mais baixas de insulina,

com menor necessidade de uso de insulina rápida e apresentaram valores mais baixos de

HbA1C (p <0,001). Adicionalmente, 12,5% (3/24) dos pacientes do grupo TMO não estavam

necessitando do uso de insulina, em comparação a nenhum caso no grupo convencional. Por

outro lado, um outro estudo de intervenção imunológica que avaliou o teplizumab em

indivíduos também recém diagnosticados, porém com idade média superior à do grupo TMO

(19 anos), fator sabidamente associado com progressão mais lenta do DM1, encontrou que

apenas 5% dos pacientes (19/415) estavam isentos de insulina após um período de seguimento

mais curto de apenas 1 ano (SHERRY et al., 2011). Aditivamente, uma avaliação histórica de

pacientes submetidos a transplantes de ilhotas pancreáticas no período de 1990-2000, em que

o objetivo primário da terapêutica é atingir a independência de insulina, reportou que apenas

12% dos pacientes estavam livres de insulina 1 ano após o procedimento segundo a base de

dados da Islet Transplant Registry na Alemanha (BRENDEL et al., 2001). Atualmente, com o

desenvolvimento de novos protocolos de transplante, os resultados têm sido mais

promissores. Ainda assim, de acordo com Cell Islet Transplantation Registry (CITR), a

porcentagem de pacientes livres de insulina após um período relativamente curto de 4 anos é

de apenas 16%, com apenas 1 caso descrito após um período superior a 10 anos

(ALEJANDRO et al., 2008; BERNEY et al., 2009; DAVALLI et al. 2000). Esses dados

demonstram que a terapia com TMO parece ser eficaz em melhorar o controle glicêmico com

uma necessidade marcadamente menor de administração de insulina exógena.

Está claro que o DM1 é uma doença complexa, com atividade autoimune

multifacetada e, portanto, a abordagem terapêutica também precisa ser. A terapia com TMO

levou a uma redução na prevalência de complicações microvasculares e nefropatia diabética

quando comparado ao grupo de terapia padrão, além de propiciar uma maior preservação da

função residual das células β e um melhor controle glicêmico com menores necessidade de

uso de insulina exógena. No entanto, importantes limitações deste estudo incluem um desenho

retrospectivo, uma amostra reduzida de pacientes e a medida indireta dos níveis de peptídeo

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C. Outro fator limitante é uma duração relativamente curta do diabetes para a análise de

complicações microvasculares. Os dados aqui apresentados têm implicações importantes para

o tratamento da DM1 no Brasil e potencialmente, a nível mundial. Os esforços conjuntos

devem ser mantidos para descobrir novas estratégias terapêuticas capazes de alterar o curso

natural da doença.

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7 CONCLUSÕES

Quando comparado ao grupo de terapia convencional, o tratamento com

transplante autólogo não mieloablativo de células tronco hematopoiéticas demonstrou:

a) menor prevalência de microangiopatia, definido como a presença de pelo

menos uma complicação microvascular;

b) menor prevalência de nefropatia diabética;

c) melhor função residual das células β pancreática;

d) melhor o controle glicêmico;

e) menor necessidades do uso de insulina exógena.

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APÊNDICE A ‒ QUESTIONÁRIO PADRÃO UTILIZADO NA ENTREVISTA

DOS PACIENTES DO GRUPO TERAPIA CONVENCIONAL – BRAZDIAB1

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ANEXO A ‒ PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO