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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
FEDERICO ALEGRE
DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DE CERVEJA UMA ARTESANAL
PRODUZIDA EM CUIABÁ-MT
Cuiabá - MT
Agosto 2014
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FEDERICO ALEGRE
DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DE CERVEJA UMA ARTESANAL
PRODUZIDA EM CUIABÁ-MT
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Ciência e
Tecnologia de Alimentos da Faculdade de
Nutrição da Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Ciência
e Tecnologia de Alimentos.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Alfonso
Rosignioli
Cuiabá – MT
Agosto 2014
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DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DE CERVEJA UMA ARTESANAL
PRODUZIDA EM CUIABÁ-MT
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos da
Faculdade de Nutrição da Universidade Federal
de Mato Grosso como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Ciência e
Tecnologia de Alimentos.
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________
Prof. Dr. Paulo Alfonso Rosignioli
Universidade Federal de Mato Grosso
_____________________________________
Prof. Dr. Luiz José Rodriguez
Universidade Federal de Mato Grosso
_____________________________________
Prof. Dr. Danilo Florisvaldo Brugnera
Universidade Federal de Mato Grosso
Cuiabá (MT), 14 de Agosto de 2014.
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ALEGRE, Federico. Determinação da qualidade de cerveja uma artesanal produzida em Cuiabá-MT. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá - MT, 2014.
RESUMO
Palavras-chave: “Cerveja; Cuiabá; Artesanal; Produção; Qualidade; Analise”
O sabor da cerveja é determinado pela matéria prima, pelo tipo de processo e pela levedura utilizada, além dos compostos produzidos durante a fermentação e maturação, que exercem maior impacto nas características sensoriais da bebida. O controle de qualidade deste processo é influencia por inumeros parametros de qualidade que deve ser seguidos e respeitados, foi produzida uma cerveja de baixa fermentação em Cuiabá, onde foram realizadas algumas analises para comprar com outras cervejas comercializadas na reigão.
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ALEGRE, Federico. Determinação da qualidade de cerveja uma artesanal produzida em Cuiabá-MT. Conclusion of course work (Bachelor Degree in Food Science and Technology) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá - MT, 2014.
ABSTRACT
Key-Words: "Beer; Cuiabá; Craft; Production; Quality; Analyze "
The taste of the beer is determined by raw materials, the type of process and the yeast used in addition to the compounds produced during the fermentation and maturation, which have greater impact on the sensory characteristics of the beverage. The quality control of this process is influenced by countless quality parameters that must be followed and respected, has produced a beer of low fermentation in Cuiabá, where some analyzes were performed to buy with other beers sold in the region.
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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8
2. HISTÓRIA DA CERVEJA .............................................................................................. 9
2.1 A História da Cerveja.......................................................................................... 9
2.2 Materiais e Métodos............................................................................................ 12
2.2.1 Água ................................................................................................................ 12
2.2.2 Malte de Cevada .............................................................................................. 13
2.2.3 Adjuntos Sólidos .............................................................................................. 14
2.2.4 – Lúpulo .......................................................................................................... 15
2.2.5 – Leveduras ..................................................................................................... 16
2.2.5.1 - A composição química da levedura ............................................................. 17
2.2.5.2 - A reprodução da levedura ........................................................................... 18
2.2.5.3 - As espécies, raças e variedades de levedura cervejeira ................................ 19
2.2.6 Adjuntos de fabricação .................................................................................... 21
2.2.6.1 – Antioxidantes ............................................................................................. 22
2.2.6.3 – Acidulantes ................................................................................................ 22
2.2.6.4 – Antiespumante ........................................................................................... 22
PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CERVEJA ................................................................ 23
OBJETIVOS ........................................................................................................................ 25
3.1 Geral ................................................................................................................... 25
3.2 Especifico ........................................................................................................... 25
MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 26
4.1 Produzindo a cerveja artesanal ............................................................................ 26
4.1.1 Procedência dos insumos ................................................................................. 26
4.1.1.1 Malte ............................................................................................................ 26
4.1.1.2 Lúpulo .......................................................................................................... 26
4.1.1.3 Levedura ....................................................................................................... 26
4.1.2 Equipamento utilizado ..................................................................................... 26
4.1.3 Processo .......................................................................................................... 26
4.1.3.1 Brassagem..................................................................................................... 27
4.1.3.1.1 Moagem do malte....................................................................................... 27
4.1.3.1.2 Mosturação ................................................................................................ 27
4.1.3.1.3 Filtragem.................................................................................................... 27
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4.1.3.1.4 Lupulagem ou fervura ................................................................................ 28
4.1.3.1.5 Resfriamento .............................................................................................. 28
4.1.4.1 Fermentação.................................................................................................. 28
4.1.4.1.1 Fermentação ............................................................................................... 28
4.1.5.1 Envazase ....................................................................................................... 29
4.1.5.1.1 Envazamento.............................................................................................. 29
4.2 Análises laboratoriais .......................................................................................... 31
4.2.1 Análises químicas e físico-químicas ................................................................. 31
4.2.1.1 Analise de pH ............................................................................................... 31
4.2.1.1.1Execução..................................................................................................... 31
4.2.2.1 Analise de Extratos e Álcool ......................................................................... 32
4.2.2.1.1 Execução.................................................................................................... 32
4.2.3.1 Analise de Cor .............................................................................................. 33
4.2.3.1. Execução ..................................................................................................... 33
4.2.4.1 Dicetonas vicinais livres e totais .................................................................... 34
4.2.4.1. Execução ..................................................................................................... 34
RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 35
5.1 Analises Curva de Fermentação .......................................................................... 36
5.2 Analises laboratorial ........................................................................................... 36
5.3 Analises Sensorial ............................................................................................... 36
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 38
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1. INTRODUÇÃO
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2. HISTÓRIA DA CERVEJA
2.1 A História da Cerveja
A história da elaboração de cerveja tem pelo menos 6000 anos de existência. Os
sumérios, o mais antigo povo civilizado, no século IV a.C., alegravam-se com a cerveja,
assim como, mais tarde, também os egípcios, os gregos, os romanos e os germanos. A cerveja
é tão antiga quanto o pão. Quando o Homem aprendeu a moer os cereais e com eles preparar o
pão, o caminho que levava ao pão líquido não estava muito longe. Nessa época, os sumérios
faziam uma massa consistente com os grãos moídos que, após o cozimento, era consumida
como pão. Essa massa, quando deixada ao tempo, umedecia e fermentava, tornando-se uma
espécie de "pão líquido", uma bebida alcoólica por eles consumida. Essa beberagem guarda
uma semelhança, ainda que distante, com a atual cerveja e consta que era muito apreciada.
Numerosas escavações realizadas entre os rios Tigre e Eufrates informam, pela primeira vez,
que a cerveja era uma bebida vastamente difundida. Essas informações nos chegaram através
de registros cuneiformes que revelam, não apenas acontecimentos extraordinários, como
também usos e costumes dos povos da antigüidade, entre eles os hábitos alimentares
(ALMEIDA E SILVA, 2005).
Sabe-se dos Sumérios, que os mesmos já contabilizavam, com precisão, qual a
quantidade de cereais estocados nos armazéns estatais e quanto era enviado para a cervejaria.
Um provérbio da Babilônia dizia: "Coma o pão, pois este pertence à vida beba a cerveja,
como um costume de vida". Os babilônios já fabricavam 20 tipos de cervejas diferentes e
destes, 8 eram feitos somente de cevada. Existia uma classificação de tipos e de qualidade:
Dünnbier (cerveja leve), Weissbier (cerveja feita com parte de trigo malteado), Schwarzbier
(cerveja escura), rotes Bier (cerveja de cor cobre avermelhada), Prima - Bier (cerveja
premium). (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,
2001).
A distribuição de Lagerbier (cerveja de maturação prolongada) estendia-se até o Egito,
sendo uma fonte adicional de divisas.Nos recipientes, formavam-se sedimentos, pois a cerveja
bruta não era filtrada. Para evitar o consumo desses sedimentos, os babilônios usavam
"canudos" para beber.A venda de cerveja, a visitação às tavernas, o preço máximo da cerveja,
bem como o volume a ser produzido para cada camada da população, eram regulamentados
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por lei. Obedecia-se ao seguinte princípio básico: quanto mais elevado o cargo, tanto maior a
responsabilidade e a necessidade do consumo de cerveja. As mulheres egípcias usavam a
cerveja, na Antigüidade, como produto de beleza. Está registrado que elas usavam a espuma
da cerveja para o rejuvenescimento do rosto (ALMEIDA E SILVA, 2005).
Enquanto os egípcios e os babilônios foram notáveis consumidores de cerveja, os
gregos, judeus e romanos eram, principalmente, consumidores de vinho. Os conventos mais
antigos que iniciaram a produção de cerveja foram os de Monastérios de Gallen, na Suíça,
Weihenstephan em Freising e Monastérios de Emmeran em Regensburg; esses dois últimos,
na Alemanha (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,
2001)
No tempo da Quaresma, a alimentação dos monges era muito reduzida; por isso,
recebiam, como complemento, a cerveja- uma bebida nutritiva e de agradável paladar.
Existem informes surpreendentes sobre o consumo de cerveja nos conventos, como de 5
Mass (Mass = 1 litro) por pessoa, diariamente. Os Beneditinos de Weihenstephan foram os
primeiros a receber, oficialmente, a autorização profissional para a fabricação e venda de
cerveja. Com isso, Weihenstephan é a indústria cervejeira mais antiga do mundo: ano de 1040
(CARVALHO, 2007).
Por meio de transformações semânticas, passou-se de "bibere" para "bier" e para
"bior". Em latim "bibere" significa "beber". O termo do latim clássico para designar a cerveja
é cervisia ou cerevisia. Dessa raiz, derivam as palavras "cerveja" (português) e "cerveza"
(espanhol). Acredita-se que cerevisia procede de Ceres, que na mitologia latina era a deusa da
agricultura (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
A denominação "Brauen" (fabricar) origina-se de uma antiga palavra germânica para
panificar (Brodeln) e tem como base o processo de fermentação. A palavra "Bier (cerveja)"
tem a mesma origem etimológica que "Brot (pão)" e, com isto, o desenvolvimento da
elaboração de cerveja e pão são sempre paralelos (CARVALHO, 2007).
As denominações que a cerveja recebe em várias partes do mundo são: Bier (alemão),
beer (inglês), zito (grego), piva (russo), pivo (tcheco), öl (sueco, dinamarques), biru (japonês),
birra (italiano), bière (francês) (ALMEIDA E SILVA, 2005).
Na Antigüidade, usava-se para a elaboração de cerveja toda espécie de ingredientes
tais como: folha de pinheiros erva em geral, cerejas silvestres, com resultados, por vezes,
fatais. Para então regularizar o processo de fabricação da cerveja, o Duque Guilherme IV da
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Baviera (Alemanha) decretou, em 1516, a "Lei de Pureza" (Reinheitsgebot). Essa lei é a mais
antiga e mais conhecida do mundo, sobre a manipulação de alimentos (legislação de produtos
alimentares). Determina os ingredientes que podem ser usados para a produção da cerveja,
tais como Cevada, Lúpulo e Água A levedura de cerveja ainda não era conhecida e só mais
tarde foi incluída nesta lei.Enquanto, na Antigüidade, o que caracterizava o processo de
fabricação de cerveja era a experiência e a tradição, a partir do século XVIII, o fabrico da
cerveja é determinado pela ciência e pela técnica. Três nomes estão especialmente associados
ao progresso no fabrico de cerveja (ALMEIDA E SILVA, 2005).
Louis Pasteur é, acima de tudo, conhecido através da palavra "pasteurização", um
método de conservação de alimentos a partir do aquecimento. Até aquele momento, o
processo de fermentação não podia ser explicado nem controlado. Primeiramente, Pasteur
descobriu a participação de microorganismos durante a fermentação e demonstrou que a
deterioração do mosto era provocada pelo desenvolvimento de organismos microscópicos -
que podiam estar no ar, na água ou nos aparelhos usados na fabricação - estranhos à natureza
do processo de fermentação. Graças a esse princípio fundamental da microbiologia, tornaram-
se limpeza e higiene os mais altos mandamentos da cervejaria. Com isso, a questão se a
cerveja "ficou no ponto certo" ou "muito ácida", não é mais fruto do acaso (ASOCIANCIÓN
DE MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
Emil Christina Hansen, o dinamarquês descobriu, em razão do desenvolvimento do
microscópio, que não existiam apenas leveduras de alta fermentação, mas também leveduras
de baixa fermentação. Também descobriu que entre essas espécies, existem outras inúmeras
cepas com diferentes características. Ele foi o primeiro a conseguir isolar uma célula de
levedura de cerveja - isso aconteceu em 1881 - e obteve a multiplicação sob cultura pura, isto
é, todas as células de levedura têm absolutamente características iguais, pois são originárias
de uma mesma célula. Como a levedura influencia fundamentalmente o sabor, essa descoberta
possibilitou, especialmente, que se produzisse cerveja com o mesmo sabor e qualidade
(CARVALHO, 2007).
Carl Von Linde desenvolveu a teoria da geração de frio artificial e fez experiências a
partir de 1873, na cervejaria Gabriel Seldmayr, em Munique (hoje: Cervejaria Spaten), com
sua Máquina Frigorífica à base de amônia, usando o método de compressão. Com isso, "o
local de nascimento" do refrigerador é, precisamente, uma cervejaria (KUNZE, 1996).
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Com esse desenvolvimento, foi possível, também no verão, realizar o método de baixa
fermentação. Pois até então era preciso, durante o inverno, retirar quantidades gigantescas de
gelo de um pequeno lago e armazená-las na parte frontal da adega. As temperaturas durante a
baixa fermentação deveriam ficar entre + 5 e + 10ºC(até + 12ºC). Na alta fermentação,
entretanto, a temperatura pode ser mais elevada. Depois da introdução das máquinas frigorí-
ficas, a cerveja de alta fermentação foi substituída quase que completamente pela de baixa
fermentacão. Nos últimos anos, tornou a aumentar fortemente, na Alemanha, a produção de
cerveja de alta fermentação, à base de trigo, tipo Weizenbier (ASOCIANCIÓN DE
MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS, 2001).
Para o desenvolvimento da tecnologia cervejeira, contribuíram também os
Agrônomos, que passaram a cultivar, especial e adequadamente, variedades de cevada e
lúpulo. Também não se pode deixar de mencionar a utilização da caldeira geradora de vapor.
Com sua adaptação às cervejarias, as mesmas obtiveram grandes vantagens com o
aproveitamento de carga térmica do vapor, como por exemplo, na cocção do mosto e na
esterilização de tubulações e equipamentos (C).
2.2 Materiais e Métodos
2.2.1 Água
A água na fabricação de cerveja é a materia-prima de maior importância, já que mais
de 90% da cerveja é composta de água, desta forma suas características físicas e químicas são
de suma importância para a obtenção de uma cerveja de boa qualidade. A sua importância é
tanta que para a instalação de uma planta cervejeira a sua disponibilidade é fundamental para
a escolha do local de instalação da cervejaria, outro fator, são as correções necessárias que a
água deve sofrer antes para a fabricação da cerveja, com isso o tratamento deve ser mais
minucioso (ALMEIDA e SILVA, 2005).
O controle do pH é fundamental, já que, extremamente alcalino pode levar a
degradação e dissolução de componentes do malte e das cascas dos cereais. O ideal é que o
pH seja ácido, para facilitar a atividade de enzima. Em geral, o pH ideal da água para a
fabricação de cerveja está em torno de 6,5 a 7,0 (ALMEIDA e SILVA,2005).
Dependendo da origem da água, devem ser feitas as seguintes operações:
a) Aeração - oxidação: para remover odores;
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b) Clarificação: adição de produtos químicos para a aglomeração ou coagulação de
material em suspensão, que será decantado ou filtrado;
c) Filtração: remoção de sólidos em suspensão;
d) Cloração: para eliminação de micro-organismos;
e) Desmineralização: para a remoção de sais em águas que contenham alto teor de sais
dissolvidos.
2.2.2 Malte de cevada
O cereal mais é a cevada, (Figura.1). A preferência deve-se a que a cevada é rica em
amido, cuja estrutura é modificada durante o processo de malteação, onde o amido, (FIG.2) é
convertido em açúcares, tais como a maltose e a glicose e possuir um alto teor de proteínas
para o crescimento da levedura e possuir substâncias nitrogenadas que desenvolvem um papel
importante na formação da espuma (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS CERVECEROS DE
LAS AMÉRICAS,2001)
A cevada pertencente ao gênero Hordeum, sendo originária do Oriente. Dentre as
espécies cultivadas existem as chamadas "cevadas cervejeiras” (ASOCIANCIÓN DE
MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
A cevada tem algumas características que outros cereais não tem, com isso ela é o
principal cereal na produção de cerveja:
a) Possui alto teor de amido;
b) Quando maltada, possui um teor elevado de enzimas;
c) Contém outras proteínas que proporcionam equilíbrio nos efeitos em relação à
espuma;
d) Possui teor de lipídios relativamente baixo
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FIGURA 1 – Grãos de cevada
Fonte: (KUNZE, 1996).
a) lado dorsal, b) lado ventral, 1- Base, 2- Ponta, 3- furroe ventral 4- rachilla,5-
enrugamento, 6- palca, 7- lema
.
2.2.3 - Adjuntos Sólidos
Outros tipos de cereais como trigo, arroz, milho e sorgo podem ser usados como
adjuntos substituindo e/ou complementares na fabricação de cerveja. Com isso, tais elementos
adicionados na fabricação do mosto proporcionam material fermentável adicional e reduzem
os custos e diminuir o teor de nitrogênio no extrato (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS
CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
Eles exercem papel complementar na produção do mosto, fornecendo açúcares
fermentáveis para a levedura cervejeira; possuem um elevado teor de amido e compostos
proteicos com pouca solubilidade.
A legislação dos diferentes países europeus, quanto ao emprego de adjuntos, pode ser
dividido em três grupos:
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• 1º grupo: Países em que é obrigatória a utilização de 100% de malte de cevada,
devido à "Lei da Pureza" (exceto para a fabricação de cervejas de alta fermentação): ex.:
Alemanha e Grécia;
• 2º grupo: Países com utilização limitada de adjuntos, variando de 25 a 40%:
ex.: França, Bélgica e Itália;
• 3º grupo: Países com utilização ilimitada de adjuntos, por exemplo: ex.;
Dinamarca, Irlanda, Grã-Bretanha.
No Brasil, é limitado o percentual de adjunto solido, podendo ser utilizado o arroz,
gritz de milho e xarope de milho no processo de mosturação ou até mesmo para poupar
custos. No entanto, o emprego de açúcar em cervejas claras, que deve ficar entre 10 e 15% em
relação ao extrato primitivo e 50% no caso de cervejas escuras (ASOCIANCIÓN DE
MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
1.2.4 - Lúpulo
É uma angiosperma da família das Cannabaceae (figura 3). As flores são ordenadas
em espigas e possuem secretoras de resinas e óleos, que dá o amargor típico e contribuem
para o aroma característico da cerveja. Na fabricação de cerveja utilizam-se apenas as flores
femininas, pois são estas que contém a substância amarga “lupulina” (ALMEIDA e
SILVA,2005).
FIGURA 3 – Lúpulo
Fonte: (ALMEIDA e SILVA, 2005).
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Existem dois tipos de lúpulos o amargor e o aromático. O lúpulo aromático é usado
minutos finais da fervura para conferir aroma à cerveja, já o lúpulo amargo é utilizado no
processo de fervura para extração do amargor. Além das características sensoriais também
têm função de evitar a formação de espuma durante a fervura e funciona como agente
bacteriostático. O lúpulo é utilizado em pequena quantidade, sendo necessários de 40 à 300
gramas de lúpulo para produzir 1hectolitro de cerveja. Ao contrario do malte, o lúpulo não
altera o teor alcoólico nem o corpo da cerveja (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS
CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
2.2.5 - Leveduras
As leveduras são micro-organismos eucarióticos predominantemente unicelulares e
pertencentes ao Reino Fungi (FIG.4).
As leveduras possuem a habilidade de metabolizar eficientemente os constituintes do
mosto que é um caldo resultante da mistura fervida de malte e água, rico em açúcares
fermentáveis. Esse caldo é filtrado, para receber o lúpulo e o fermento ser transformado em
álcool e gás carbônico a fim de produzir uma cerveja com qualidade e estabilidade sensorial
satisfatória. As leveduras mais utilizadas em cervejaria são de duas espécies do gênero
Saccharomyces: Saccharomyces cerevisiae (alta fermentação) e Saccharomyces uvarum
(baixa fermentação). Por ser fundamental na formação de aromas na cerveja, é de suma
importância que a cultura de levedura seja a mais pura possível, isto é, isenta de micro-
organismos contaminantes (bactérias e leveduras “selvagens”) (ASOCIANCIÓN DE
MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001).
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FIGURA 4 – Levedura do gênero Saccharomyces
Fonte: (KUNZE, 1996) – Traduzido - vacúolo, mitocôndrias, núcleo, membrana
nuclear, parede celular, membrana citoplasmática. cápsula e broto
2.2.5.1 - A composição química da levedura
A levedura é uma "massa pastosa". Pode, no entanto, ser encontrada em forma semi-
sólida quando prensada. Mesmo assim, sua maior parte é constituída de água (90%) devido ao
fato de o interior da célula ser líquido. O interessante para a cervejaria é a parte restante
(10%), que é denominada de substância seca da levedura (KUNZE, 1996).
A substancias seca é composta de:
• Proteínas – 50%
• Carboidratos – 30%
• Lipideos – 2 à 10%
• Sais e minerais – 5 à 10%
• Vitaminas e enzimas
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A levedura de cerveja constitui-se em uma da mais rica fonte de proteínas. Por isso, é
também muito utilizada na indústria alimentícia e farmacêutica. A levedura, através do seu
metabolismo proteico específico, obtém dos aminoácidos vitais do que necessita para a sua
reprodução e reconstrução celular. Se o fornecimento de aminoácidos essenciais pelo mosto
for insuficiente, a levedura tentará produzi-los por si mesma, através de um mecanismo
metabólico secundário = (síntese de uma aminoácido – Valina). Porém tal fenômeno traz a
formação excessiva de um produto secundário de fermentação indesejável - o diacetil - que
influencia negativamente o aroma e o sabor da cerveja (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS
CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS, 2001).
A levedura obtém "energia" através de um específico metabolismo dos carboidratos.
Para tanto, necessita, principalmente, dos açúcares glicose e maltose provenientes do mosto.
Tal metabolismo específico recebe o nome de fermentação.No processo de fermentação a
competição por nutrientes entre as células da levedura pode levar a um fenômeno indesejável
autodestrutivo denominado autólise que nada mias é a ação das próprias enzimas hidrolisantes
é o principal responsável pela liberação das matérias graxas, isso impacta negativamente em
aromas e na estabilidade da espuma. O processo de fermentação pode ser resumido na
seguinte formula, os açucares presentes no mosto são sintetisados pela levedura dando
resultado a álcool, duas moléculas de dióxido de carbono e 32 Kcal (processo endotérmico)
(KUNZE, 1996).
Ressalte-se que, durante a fermentação, formam-se, além de álcool e gás carbônico,
uma série de produtos intermediários de fermentação, os quais possuem destacada
importância na qualidade do aroma e do paladar da cerveja. São decisivos, em última análise,
pela qualidade, da cerveja obtida. Como durante a fermentação alcoólica ocorre uma intensa
liberação de calor, a temperatura tende a se elevar incontrolavelmente. Por isso, os recipientes
de fermentação devem estar equipados com instalações de refrigeração para o correto controle
da temperatura Fonte: (ALMEIDA e SILVA, 2005).
1.2.5.2 - A reprodução da levedura
A reprodução da levedura é assexuada, ocorrendo por meio de um processo
denominado de gemulação ou brotamento. Estando a célula madura para a reprodução, o
núcleo se desloca para junto da membrana celular, onde surge uma gêmula. O núcleo se
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alonga e penetra na gêmula. Quando essa estiver com o tamanho aproximado ao da célula-
mãe, o núcleo em ambas as células se divide (ALMEIDA e SILVA, 2005).
Fase latente
Esta fase compreende as primeiras horas após a dosagem da levedura. Caracteriza-se
pela adaptação da levedura ao novo meio, ou seja, ao mosto, pela baixa multiplicação celular,
pela pequena elevação da temperatura e pelo pequeno desprendimento de gás carbônico
(CO2). A temperatura e a composição do mosto são aspectos muito importantes para o correto
andamento desta fase. Visualmente, na prática, não se nota atividade alguma da levedura nem
aparecimento de uma camada esbranquiçada sobre a superfície do mosto por causa do mínimo
desprendimento do CO2 e fixação do mesmo ao mosto (ALMEIDA e SILVA, 2005).
Fase de propagação
O correto andamento dessa fase está na dependência direta dos pré-requisitos básicos
exigidos para o mosto, a saber:
• Temperatura correta de 5 a 10˚C (máx. 12˚C)
• Aeração intensa do mosto de 8 a 9 mg O2/L de mosto
• Correta oferta de nutrientes - glicose, maltose, aminoácidos e sais minerais.
Os parâmetros acima estabelecidos fornecem, então, as condições ideais para uma
intensa propagação celular da levedura, intensidade esta de fundamental importância, não
somente para a quantidade da colheita de levedura, mas principalmente, para o correto
andamento da fermentação através das células novas. Esta fase caracteriza-se portanto em
intensa multiplicação celular, pelo aparecimento inicial de uma espuma branca e fina que se
desenvolve com o decorrer da fermentação, para uma camada homogênea de espuma
(Kräusen), até atingir o grau máximo de formação de espuma (Hochkräusen), cujas partes, em
contato com o ar, se oxidam e adquirem cor castanha e marrom também há acentuada
elevação da temperatura, sendo necessário abrir a refrigeração para controlá-la no grau
máximo desejado e finalmente pelo intenso desprendimento de gás carbônico, o qual é
reaproveitado quando se dispõe de sistemas fechados (ALMEIDA E SILVA,2005).
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Fase inibitiva
Caracteriza-se pela diminuição da intensidade da fermentação devido à formação de
álcool e desprendimento de gás carbônico, pela maior tranquilidade do líquido, regressão da
espuma e diminuição da temperatura. Nesta fase, a concentração de açúcares fermentescíveis
aproxima-se do final.
Caracterizadas pela:
• Redução do extrato – açucares fermenteciveis
• Queda da temperatura (ação controlada)
• Aumento do teor alcoólico
• Aumento do teor de CO2
As células de levedura sedimentam (no caso de leveduras de baixa fermentação) para
o fundo do tanque ou cuba, ao final da fermentação, donde são coletadas para reutilização
(condução subsequente) ou descarte. A levedura assim coletada encontra-se no chamado
"estado de repouso" onde a levedura nesse "estágio de repouso" volta a adquirir sua
capacidade fermentativa, após uma fase de adaptação, quando reutilizada de imediato para um
novo mosto em condições favoráveis de fermentação (ALMEIDA e SILVA, 2005).
2.2.5.3 - As espécies, raças e variedades de levedura cervejeira.
Com a descoberta e desenvolvimento do microscópio, ao final do século XIX, houve
um considerável incremento das pesquisas de leveduras no ramo das fermentações do vinho e
da cerveja, que foram realizadas, com muito sucesso, por Pasteur, permitindo seu isolamento
e cultivo Por volta de 1880, Emil Christian Hansen constatou, também, que algumas das
deteriorações citadas não se originavam somente devido à ação de bactérias, mas sim, devido
à presença de outras espécies de leveduras consideradas estranhas à cervejaria, as "leveduras
selvagens". Chegou, então, à conclusão de que as leveduras utilizadas nas cervejarias
deveriam compor-se, exclusivamente, de levedura de cultura e que a fermentação deveria
transcorrer sobcondições as mais assépticas possíveis. Desenvolveu, então, um processo para
a propagação de levedura pura a partir de uma célula, com a introdução desta cultura na
cervejaria. Como a variedade de levedura utilizada, em última instância, é a que determina a
21
qualidade do produto final, compreende-se a importância da manutenção e propagação da
levedura utilizada na cervejaria (CARVALHO, 2007).
Nota-se que a utilização de uma determinada variedade de levedura numa cervejaria
está estritamente ligada a caracteres históricos, já que com a troca da variedade da levedura,
existe o perigo da mudança do caráter da cerveja produzida. Afirma-se, afirmamos que as
leveduras isoladas a partir de uma única célula mereceram a denominação de levedura de
cultura, enquanto que as disseminadas na natureza, a denominação de leveduras nativas ou
selvagens. Para os cervejeiros, as leveduras utilizadas na panificação e nas vinícolas são
consideradas leveduras selvagens. Do mesmo modo a levedura cervejeira é considerada como
levedura estranha para os padeiros e para os enólogos (CARVALHO, 2007).
É a forma primitiva da levedura. Por isso, a alta fermentação se constitui no processo
tradicional de fabricação de cervejas com temperatura de fermentação: 12 a 25°C, formando
cadeias de células no decorrer da fermentação tumultuosa, as células de levedura sobem à
superfície da cerveja, onde permanecem até o final do processo. Cervejas de baixa
fermentação (Saccharomyces Uvarum ou Carlsbergensis) é a forma derivada (degenerada) da
levedura de alta fermentação tempo de fermentação: de 5 a 15°C, não forma cadeia de células
e no decorrer da fermentação, as células de levedura sedimentam-se, acumulando-se no fundo
das cubas, ou tanques, onde permanecem até o final do processo (ASOCIANCIÓN DE
MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS,2001)
2.2.6 Adjuntos de fabricação
2.2.6.1 - Antioxidantes
Tem como função evitar a ação do oxigênio, que é o principal fator da deterioração
das gorduras dos alimentos. Quando sofrem transformações, essas gorduras acabam por
alterar o sabor e odor dos alimentos, tornando-os impróprios para o consumo (CARVALHO
et al., 2007).
2.2.6.2 - Estabilizantes
Os estabilizantes mantêm as características físicas das emulsões e suspensões, isto é,
misturas como a bebida alcoólica. São adicionados às cervejas com a finalidade de aumentar a
viscosidade. São adicionados tanto a cerveja destinada ao engarrafamento como a cerveja
destinada ao embarrilamento, estabilizantes a base de alginatos (KUNZE, 1996)
22
Para verificar a estabilidade da espuma é usado um aparelho chamado Nibem
(Haffmans), que faz os cálculos verificando o tempo que a espuma demora a baixar em um
recipiente a temperatura de 20 ºC (CARVALHO et al., 2007).
2.2.6.3 - Acidulantes
Atuam como adjunto de aroma e sabor, são largamente encontrados na natureza, sendo
disponíveis comercialmente na forma de soluções aquosas que são incolores, inodoras,
viscosas e não voláteis. Estes compostos são geralmente produzidos pela fermentação de
sacarose altamente refinada. Por ser um componente largamente distribuído na natureza, e um
dos primeiros agentes acidificantes a ser utilizado no processamento de alimentos, o ácido
lático é utilizado na indústria cervejeira. Este componente também auxilia no ajuste do pH,
diminuindo o tempo de maceração e favorecendo a precipitação das proteínas, melhorando a
cor e auxiliando a filtração do mosto (ASOCIANCIÓN DE MAESTROS CERVECEROS DE
LAS AMÉRICAS,2001)
2.2.6.4 - Antiespumante
Atuam regulando a formação de espumas, minimizando a incidência de formação de
espuma e também atuando como desespumante de ação imediata no processo de fermentação
alcoólica Fonte: (ALMEIDA E SILVA,2005).
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2. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CERVEJA
• Recebimento e Armazenagem do Malte: O malte é recebido e armazenado em silos –
Etapa 1 e 2.
• Moagem do Malte: Enviado para os moinhos onde promove a diminuição do tamanho da
partícula do amido, com isso, ocasionando um aumento na velocidade de hidrólise do
amido – Etapa 3.
• Mosturação: Após moagem envia-se a massa de malte para a tina de mostura onde é
aquecido junto a água para hidrolise do amido – Etapa 4.
• Filtração: A mostura é filtrada para separar o bagaço na separação a mostura passa a se
chamar mosto – Etapa 5.
• Fervura: O mosto é direcionado para a tina de Fervura e adicionado lúpulo – Etapas 6 e 7.
• Resfriamento: Após a Fervura e a adição e lúpulo o mosto e resfriado onde é adicionada
as leveduras = Etapa 8.
• Fermentação: Nesta etapa ocorre a transformação de açucares fermentescível em álcool e
CO2 – Etapa 9.
24
• Maturação: Finalizada a Fermentação é retirado o fermento e a cerveja é acondicionada a
uma temperatura de -1,5 à 0ºC por um tempo variável, nesta etapa ocorre precipitação de
substancias indesejáveis denominada “Geleger” – Etapa 10.
• Segunda Filtração: Ocorre a filtragem para a remoção total de partículas em suspensão,
porém, em uma etapa previa há adição de aditivos que caracterizaram cor, aroma e sabor
individuais para cada cerveja (Etapa 11), Filtração Etapa 12.
• Acabamento: Ou processo de carbonatação ocorre a adição de dióxido de carbono e
aditivos como antioxidante que iram aumentar sua vida de prateleira – Etapa 13.
• Engarrafamento: Divido na Etapa 15 onde ocorre a assepsia das garrafas, latas ou barris a
Cerveja será envasada – Etapa 16.
• Pasteurização: O processo de pasteurização é para garantir a eliminação de
microrganismos que possam deteriorar o produto final, garantido por um binomino de
tempo/Temperatura onde a temperatura máxima deve ser 70ºC – Etapa 17.
• Expedição: Após pasteurização, a cerveja como produto acabado é estocada para
posteriormente sua distribuição e consumo – Etapa 18.
25
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Determinar os parâmetros de qualidade de cerveja artesanal produzida na Cidade de Cuiabá – MT.
3.2 Especifico
I. Proceder a determinação dos parâmetros químicos e físico-químicos pH, Cor, Extrato Primitivo, Extrato Real, Extrato Aparente, Álcool e Detonas Totais de cerveja artesanal produzida na Cidade de Cuiabá – MT
II. A avaliação sensorial da cerveja artesanal produzida na Cidade de Cuiabá – MT
III. Comparar os parâmetros da avaliação da cerveja artesanal com aqueles obtidos de cerveja industrial.
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4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Produção de 28 litros de cerveja artesanal
Receita para se produção de uma cerveja do tipo Pilsen uma das mias consumida no
mercado brasileiro.
Para isso utilizei 5kg de malte de cevada Pilsen, 15g de lúpulo amargor, 15g de lúpulo
aromático, 1 sachê de fermento seco para cerveja (11,5 g) e água.
4.1.1 Procedência dos insumos
4.1.1.1 Malte
A cevada pode ser comprada diretamente de maltearias, porem o acesso é bem
dificultoso, já que as quantidades vendidas é por tonelada, porém hoje algumas matearias já
esta visando o mercado de cervejaria artesanal e vendendo em menores volumes
4.1.1.2 Lúpulo
O lúpulo por ser uma planta de climas frios, embora no Brasil já estão sendo feitos
testes para a produção de lúpulo no pais o lúpulo utilizado foi comprado direto do site que é
importado direto do Canadá
4.1.1.3 Levedura
Assim como o lúpulo, a levedura também não é facilmente encontrada no Brasil.
Porém esta levedura foi conseguida como doação de levedura da cervejaria local para teste.
4.1.2 Equipamento utilizado
Foram utlizadas duas panelas de 28 litros com fundo falso e uma peneira, outra 16
litros uma bomba de água continua e uma mangueira atóxica. Uma colher, um termômetro,
um densimentro, uma balança, um fogão industrial.
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4.1.3 Procedimentos
4.1.3.1 Brassagem
4.1.3.1.1 Moagem do malte
Nesta etapa os grão de cevada foram moídos com ajuda do moedor de cereais de rolos
estriados. A moagem de 0,5mm de espessura para não comprometer a filtrabilidade.
4.1.3.1.2 Mosturação
Colocado os 5kg de malte com água numa panela de 28 litros (panela sem válvula
extratora), com termômetro acrescentou-se 16 litros de água e mexendouma mistura
homogênea.
Aqueceu-se em 4 etapas a primeira etapa com aumento gradativo de 1° C por minuto
até 44° C mantivemos nessa temperatura por 30 minutos. Aquecemos até a temperatura de
52° C e onde fez um segundo repouso durante 20 minutos. Após esse elevou-se a temperatura
a 70° C e com repouso de 30 minutos.
Finalmente aquecemos à temperatura de 76° C e mantivemos por 5 minutos. Esta
ultima fazer é para realizar a inativação de enzimas para não ocorre mais a transformação de
amido em açucares menor.
4.1.3.1.3 Filtragem
A Filtração é feita diretamente por uma panela com válvula lateral onde uma bomba
de água puxa a mosturação que é transferido para uma panela de filtragem. O próprio bagaço
irá servir como filtro. O maior parâmetro de controle neste processo é o controle da vazão,
deve ser controlado pela válvula que deve estar colocada entre a bomba e a saída da panela. O
fluxo deve ser baixo a fim de não misturar o bagaço da cevada que estará depositado sobre o
fundo.
O mosto foi recirculado no filtro com o objetivo de deixá-lo enquanto ele era filtrado
foi colocado 7 litros de água em outra panela para aquecer até 76° C no esta água será para
lavar o bagaço para realizar a máxima remoção de extrato do bagaço.
Este processo de lavagem de bagaço foi repetido por duas vezes para maior remoção
ao todo foram produzidos 28 litros de mosto, já que 2 ficaram retido no bagaço e no fundo da
panela, nesta etapa poderia ser utilizada uma prensa para maior remoção.
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4.1.3.1.4 Lupulagem ou fervura
Colocando a mosto filtrado na panela direto no fogão para iniciarmos o aquecimento
que levara a fervura, nesta etapa ocorre um aumento de espuma que é norma do processo,
isso é graças a uma rede proteica forma-se na camada superior do mosto retendo a evaporação
da água.
Após 15 minutos de fervura adicionar 15 gramas de lúpulo amargor o processo de
fervura dura mais uma hora. Após o decorrer do tempo é acrescentado 15 gramas de lúpulo
aromático e fervido por mais 5 ou 10 minutos.
Desligar o fogo e realizar o processo de brassagem com movimentos circulares
durante 1 ou 2 minutos. Após isto ocorre mais um repouso de 40 minutos.
4.1.3.1.5 Resfriamento
O processo de resfriamento é para acondicionar o ambiente para o fermento que será
dosado, porém o mosto não pode ser resfriado naturalmente, deve ser forçado já que com o
passar do tempo o mosto sofre reação de Maillard.
O mosto é resfriado com ajuda de uma serpentina de cobre que esta submergida em
um banho de gelo, o mosto ira sair pela válvula lateral da panela passara por uma mangueira
ligada a serpentina onde a troca de calor com o gelo ira diminuir a temperatura do mosto , no
final do processo e no final da panela encontra-se o “trub” (sujeira do fundo da panela) não ira
para o tanque de fermentação.
Para resfriar 20 litros de mosto de 100° C para uns 15° C foram necessário 12Kg de
gelo.
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4.1.4.1 Fermentação
4.1.4.1.1Fermentação
Antes de todo o mosto ser resfriado foi adicionado o fermento, o tanque de
fermentador, contem um controle de nível que é uma mangueira, após dias serão observada
algumas bolhas de ar pela mangueira, isto é indicativo que a fermentação já começou.
O tempo de fermentação pode variar de 5 a quase 15 dias, mas para os fermentos mais
comuns vendidos para cervejas caseiras não deve ultrapassar 10 dias de fermentação, quanto
maior o tempo de fermentação maior o risco de ocorrer autólise, ou seja, células começam a
morre com isso o pH aumenta e há uma perda de características sensoriais.
30
4.1.5.1 Envase
4.1.5.1.1 Envazamento
Após o término da fermentação é hora de engarrafar a cerveja. Colocando 5 gramas de
açúcar em cada garrafa isso é para o processo de carbonatação já que na filtração antes de
engarrafar não foi removido todas as células de fermento, a filtragem foi feita com filtro de
pano o que comprometa a eficiência da remoção das células é por isso que a quantidade a
açúcar deve ser regula em 5 gramas caso contrario a pressão interna gerada pela carbonatação
pode fazer com que a garrafa exploda.
31
4.2 Análises laboratoriais
4.2.1 Análises químicas e físico-químicas
4.2.1.1 Analise de pH
4.2.1.1.1 Execução
Coletar a amostra aproximadamente de 250mL no Erlenmeyer de plástico Nalgene,
tampa e colocar no banho termostático 20ºC ±2 durante 20 minutos, com ajuda do termômetro
checar temperatura após o decorrido do tempo, caso a temperatura não esteja na faixa do
padrão, manter a amostra no banho checando a cada 1 minuto sua temperatura até atingir a
temperatura do padrão.
Após isso descarbonatar a mostra, com isso será retirada todo o dióxido de carbono
que pode influenciar no resultado do pH. Após descarbonatação filtrar a amostra com ajuda
do funil plástico e o papel filtro Schleicher e Schull 595 ½ micra, filtrar direto para a cubeta
de 50mL, enquanto o volume é filtrado realizar a tamponagem do eletrodo do pHmetro com a
solução de Acido Clorídrico 0,1N, quando estabilizado realizar a limpeza do eletrodo do
pHmetro com água destilada e secar com papel higiênico.
Quando o volume da cubeta atingir 90%, ou seja, 40mL medir diretamente o pH da
amostra introduzindo o eletrodo na amostra, aguardando até estabilizar.
32
4.2.2.1 Analise de Extratos e Álcool
4.3.2.1.1 Execução
Coletar a amostra aproximadamente de 250mL no Erlenmeyer de plástico Nalgene,
tampa e colocar no banho termostático 20ºC ±2 durante 20 minutos, com ajuda do termômetro
checar temperatura após o decorrido do tempo, caso a temperatura não esteja na faixa do
padrão, manter a amostra no banho checando a cada 1 minuto sua temperatura até atingir a
temperatura do padrão.
Após isso descarbonatar a mostra, com isso será retirada todo o dióxido de carbono
que pode influenciar no resultado. Após descarbonatação filtrar a amostra com ajuda do funil
plástico e o papel filtro Schleicher e Schull 595 ½ micra, filtrar direto para a cubeta de 50mL,
Colocar a amostra no amostrador do equipamento e apertar a tecla “start” com isso o
equipamento ira ler em sequencia as amostras após a leitura ira imprimir um laudo onde
constam os valores de Extrato Original; Extrato Aparente, Extrato Real e Álcool.
Os resultados são descrito com as seguintes unidades;
• Extrato Original - ºP - Grau Plato
• Extrato Aparente - ºP - Grau Plato
• Extrato Real - ºP - Grau Plato
• Álcool - %p/p – Percentual peso / peso.
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4.2.3.1 Analise de Cor
4.2.3.1.1 Execução
Coletar a amostra aproximadamente de 250mL no Erlenmeyer de plástico Nalgene,
tampa e colocar no banho termostático 20ºC ±2 durante 20 minutos, com ajuda do termômetro
checar temperatura após o decorrido do tempo, caso a temperatura não esteja na faixa do
padrão, manter a amostra no banho checando a cada 1 minuto sua temperatura até atingir a
temperatura do padrão.
Após isso descarbonatar a mostra, com isso será retirada todo o dióxido de carbono
que pode influenciar no resultado. Após descarbonatação filtrar a amostra com ajuda do funil
plástico e o papel filtro Whatman nº1 , S&S 595 Micra, filtrar para Erlenmeyer de 125mL.
Transferir para a cubeta e medir a absorbância no comprimento de onda de 430nm no
espectrofotômetro, utilizando água destilada como branco e anotar o valor da leitura.
Calculo da leitura.
Cor (EBC) = Abs * F * 25
Abs – Absorbância da amostra a 430nm em cubeta de 10 mm
F – Fator do espectrofotômetro a 430nm
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4.2.4.1 Dicetonas vicinais livres e totais
4.3.4.1.1 Execução
Coletar amostra em garrafa de fecho rápido e hermético, acondicioná-la em banho de
gelo por 10 minutos, enquanto isso realizar a montagem do equipamento de destilação (FOTO
x), transferir 100mL da amostra para um balão de destilação e adicionar 25mL de água
destilada (EUROPEAN BREWERY CONVENTION, 1998).
Destilar rapidamente, com cuidado para não queimar a lateral do balão de destilação,
após coletar o destilado em dois tubos graduados com 1mL de água destilada cada, estes tubos
deve estar em banho de gelo este processo de destilação deve durar entrono de 5 à 10 minutos,
homogeneizar esta amostra e pipetar 10mL do destilado em 2 tubos com tampa e adicionar
0,5ml de orto-fenilenoidamina e homogeneizar.
Deixar em repouso durante 35 ±5 minutos ao abrigo da luz, após adicionar na prova
real 2,0mL de Hcl 4N e 2,5mL de HCl 4N para a mostra branco e homogeneizar as amostras.
Efetuar a leitura de absorbância da prova real a 355nm, usando a amostra branco para zerar o
equipamento num período Maximo de 20 ±1 minuto (EUROPEAN BREWERY
CONVENTION, 1998).
Calculo:
DVtq = A * 2,4 * f * 1000
A = Leitura a absorbância a 335nm
F= fator de correção do espectrofotômetro
1000 = fator de expressão de ppb
DV = (DVtq * 12) / MB
DV = Amostra de Diacetil à 12ºP – grau platô
MB = Extrato mosto base.
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5 .RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Analises laboratorial
Como pode ser observado o processo de fabricação da cerveja artesanal de Cuiabá se
assimila muito aos padrões de uma cerveja de uma cerveja industrial e comercializada em
todo o país, com exceção da cor e do diacetil. Como pode ser observada a atenuação com o
decorrer do tempo da fermentação da cerveja artesanal teve um arranque mais demorado,
contudo quando sua temperatura de primeira fase de fermentação começa a elevar para
segunda fazer percebe-se um aumento na atenuação, provavelmente deve-se ao aumento da
multiplicação celular da levedura.
Porém a partir das 98 horas de fermentação podemos observar que há um decréscimo
constante do extrato, isso se deve a mudança de temperatura que ocorreu, por falha no
controle de temperatura.
Com o aumento de temperatura em aproximadamente 2,5ºC, a multiplicação
aumentou, logo, a atenuação também, com isso a produção de diacetil aumentou
consequentemente no final da fermentação a própria levedura não realizou a redução do
mesmo, ficando assim diacetil residual no meio, como pode ser visto no quadro de analise
acima.
Outra analise foi a analise sensorial, por cervejeiros, técnicos cervejeiros e químicos
treinados na cervejaria AmBev S/A Filial Cuiabá, o percentual de aprovação para
comercialização foi de 90% levando em consideração os seguintes defeitos. Acidez; Acido
Sulfídrico; DMS;Outros Sulfetos; Isovalerio; Butirico; Corpo; Papelão; Grão Palha;
Adstringentes; Amargos Remanescente; Diacetil; Mofo; Fenólico; Defumado e Outros
defeitos.
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5.2 Analises Sensorial
Como pode ser observada a atenuação com o decorrer do tempo da fermentação da
cerveja artesanal teve um arranque mais demorado, contudo quando sua temperatura de
primeira fase de fermentação começa a elevar para segunda fazer percebe-se um aumento na
atenuação, provavelmente deve-se ao aumento da multiplicação celular da levedura.
Porém a partir das 98 horas de fermentação podemos observar que há um decréscimo
constante do extrato, isso se deve a mudança de temperatura que ocorreu, por falha no
controle de temperatura.
Com o aumento de temperatura em aproximadamente 2,5ºC, a multiplicação
aumentou, logo, a atenuação também, com isso a produção de diacetil aumentou
consequentemente no final da fermentação a própria levedura não realizou a redução do
mesmo, ficando assim diacetil residual no meio, como pode ser visto no quadro de analise
acima.
Outra analise foi a analise sensorial, por cervejeiros, técnicos cervejeiros e químicos
treinados na cervejaria AmBev S/A Filial Cuiabá, o percentual de aprovação para
comercialização foi de 90% levando em consideração os seguintes defeitos. Acidez; Acido
Sulfídrico; DMS;Outros Sulfetos; Isovalerio; Butirico; Corpo; Papelão; Grão Palha;
Adstringentes; Amargos Remanescente; Diacetil; Mofo; Fenólico; Defumado e Outros
defeitos.
O maior defeito encontrado foi corpo baixo, consequência da fermentação alongada
devido a mudança de temperatura que levou a maior multiplicação de células, o segundo de
feito foi diacetil, por o mesmo problema do corpo baixo a maior multiplicação de células de
levedura, contudo o defeito de diacetil foi mais perceptível nos Mestres cervejeiros, ou seja,
possivelmente não seria percebido por consumidores, visto que, não são treinados para a
degustação.
Os Outros defeitos encontrados como H2S e Acidez são relativamente baixo, levando
em consideração que acidez o pH da amostra esta próximo a faixa superior de uma cerveja
comercializada, ou seja, mais próxima da neutralidade e não de uma pH acido.
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6 .CONCLUSÃO
Tendo em vista que o objetivo deste trabalho era comparar um cerveja artesanal
produzida me Cuiabá e determinar a qualidade do produto final, comparada a uma cerveja
comercializada na região.
As analises realizadas para isso determinaram que pode-se concluir que a cerveja
artesanal produzida em Cuiabá, pode sim vir a ser comercializada no mercado local, é claro
que deve ser realizadas algumas adequações para a produção buscando obter maiores
resultados na qualidade do produto final com auxilio de tecnologias de controle de produção e
uma gestão de garantia da qualidade.
38
7 .REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA E SILVA, JB. Cerveja. In: Venturini Filho, G. W. Tecnologia de Bebidas.
Edgar Blucher, Brasil, 2005, p.347-380.
2. CARVALHO, G.B.M., ROSSI, A.A., ALMEIDA e SILVA, J.B. Elementos
biotecnológicos fundamentais no processo cervejeiro: 2ª. parte, A fermentação.
Revista Analytica, v.26, p.46 - 54, 2007.
3. KUNZE, W. Techonogy, brewing and malting. Berlin: VLB, 1996. 726p.
4. ARAÚJO, F. B.; SILVA, P. H. A.; MINIM, V. P. R. Perfil sensorial e composição
físico química de cervejas provenientes de dois segmentos do mercado brasileiro.
Ciências e Tecnologia de Alimentos, v.23, n.2, p. 121-128, 2003.
5. MADRID, A., et. al. Manual de Indústrias de alimentos. 1.ed. São Paulo: Varela,
1996, 599p.
6. POLLOCK. J.R.A., Brewing Science, Vol 2, Academic.,1979
7. EUROPEAN BREWERY CONVENTION, Analycal-EBC, 1998
8. DREWERT, F., MEBAK (traduzido), 197, Vol2
9. ASOCIANCIÓN DE MAESTROS CERVECEROS DE LAS AMÉRICAS – El
cervecero en la práctica, 2º edición, 2001