universidade federal fluminense escola de … - lívia e vinicius... · figura 2.5 - fluxograma de...

53
Niterói 2/2017 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO LIVIA SILVA SIMÕES MELLO VINICIUS LACERDA SIQUEIRA ESTUDO DE CERVEJAS ÁCIDAS

Upload: vannga

Post on 11-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

Niterói 2/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE

PETRÓLEO

LIVIA SILVA SIMÕES MELLO

VINICIUS LACERDA SIQUEIRA

ESTUDO DE CERVEJAS ÁCIDAS

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

Niterói 2/2017

LIVIA SILVA SIMÕES MELLO

VINICIUS LACERDA SIQUEIRA

ESTUDO DE CERVEJAS ÁCIDAS

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação

em Engenharia Química, oferecido pelo

departamento de Engenharia Química e de

Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia

Química.

ORIENTADORES

Profo. Dr. Fernando Cunha Peixoto

Profa. Dra. Karen Signori Pereira

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

M527 Mello, Livia Silva Simões

Estudo de cerveja ácidas / Livia Silva Simões Mello, Vinícius

Lacerda Siqueira. – Niterói, RJ : [s.n.], 2017. 51 f.

Projeto Final (Bacharelado em Engenharia Química) –

Universidade Federal Fluminense, 2017.

Orientadores: Fernando Cunha Peixoto, Karen Signori Pereira.

1. Cerveja. 2. Lactobacillus acidophilus. 3. Produção de cerveja.

I. Siqueira, Vinicius Lacerda. II. Título.

CDD 663.42

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos de Lívia

Agradeço a Deus por me confortar nos momentos difíceis e me dar forçar para

seguir em busca dos meus objetivos.

Agradeço também a minha família por todo o apoio dado na decisão de realizar

mais um curso de graduação e por permanecerem ao meu lado nessa trajetória. Não teria

conseguido concluir o curso sem o apoio de vocês. A vocês, minha eterna gratidão.

A minha noiva, que me faz acreditar em mim e está sempre ao meu lado, nas

alegrias e dificuldades. Agradeço também por sua colaboração na execução da parte

sensorial deste trabalho.

Aos meus amigos que direta ou indiretamente me apoiaram. Em especial, ao

amigo Vinícius Lacerda, que realizou comigo este trabalho.

Agradeço aos professores Lauro Melo e Rodrigo Nascimento que gentilmente nos

permitiram utilizar seus laboratórios e, ao João Paulo Pontes e Thaís Justo que nos

auxiliaram nas análises microbiológicas.

Por fim, agradeço aos meus orientadores Fernando Peixoto e Karen Signori que

aceitaram o desafio de nos orientar, mesmo sabendo das dificuldades a serem enfrentadas.

Agradecimentos de Vinicius

Agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida, por minha saúde e proteção

nesses cinco anos em que residi no Rio de Janeiro. Sem Ele eu nada seria.

Agradeço à minha família, principalmente aos meus pais Luiz Antônio Siqueira e

Maria Elizabete L. de Siqueira, pelo amor incondicional e pelo apoio, mesmo com a

distância, na realização deste sonho. Obrigado pelos ensinamentos e pela formação do

meu caráter. Amo vocês.

Agradeço à minha avó, Maria Enedina, por todo o carinho e experiência de vida à

mim transmitidos. Você se foi tão repentinamente, mas estará sempre em meu coração.

Essa vitória também é sua.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

Agradeço aos meus amigos, Alfredo, Ana, Bernardo, Eduardo, Lígia, Kamila,

Nathália e Sara, pelas horas de estudo, de sufoco, e de amizade. Com vocês aprendi a

trabalhar em grupo e superar os obstáculos durante a graduação.

Por fim, agradeço à minha amiga Lívia Mello, pela parceria na realização deste

trabalho e por toda jornada acadêmica.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

RESUMO

O presente projeto visou estudar a adição de lactobacilos após fervura parcial do

mosto cervejeiro, em um processo denominado kettle-sour. Foram usadas duas linhagens

de bactérias comerciais, uma voltada para a produção de cervejas ácidas, Lactobacillus

buchneri, e outra voltada para a produção de laticínios probióticos, Lactobacillus

acidophilus. Após a acidificação, o processo seguiu a metodologia tradicional de

produção de cervejas e realizou-se a comparação dos resultados.

Palavras chave: cerveja, kettle-sour, lactobacilos.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

ABSTRACT

This project aimed to study the addition of Lactobacillus after partial boiling of a

beer wort, in a process called kettle-sour. Two lineages of commercial bacteria were used,

one to produce sour beer, Lactobacillus buchneri, and the other one to produce probiotic

dairy products, Lactobacillus acidophilus. After the acidification, the process followed

brewing traditional methodology and the results were compared.

Keywords: beer, kettle-sour, lactobacillus.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Tipos de Cerveja.......................................................................................................17

Figura 2.2 - Cevada com grãos alinhados em duas (esquerda) e seis (direita) fileiras. ...............20

Figura 2.3 - Influência do malte na coloração. ...........................................................................21

Figura 2.4 - a) Flor (esquerda) e b) pellets (direita) de lúpulo. ...................................................22

Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. ..................................24

Figura 2.6 - Estrutura molecular do amido. ................................................................................25

Figura 2.7 - Degradação do amido .............................................................................................26

Figura 2.8 – Exemplo de Pediococcus .........................................................................................28

Figura 2.9 – Exemplo de Lactobacilos.........................................................................................29

Figura 3.1 - Pesagem do malte ...................................................................................................31

Figura 3.2 - Condionamento dos grãos.......................................................................................32

Figura 3.3 - Moagem ..................................................................................................................32

Figura 3.4 - Panela com suporte para grãos ...............................................................................33

Figura 3.5 - Etapa de mosturação. ..............................................................................................33

Figura 3.6 - Teste negativo da reação de amido com iodo .........................................................34

Figura 3.7 - Etapa de clarificação. ...............................................................................................34

Figura 3.8 - Equipamentos para fervura. ....................................................................................35

Figura 3.9 - Equipamentoo utilizado no resfriamento. ...............................................................36

Figura 3.10 - Inoculação das cepas de lactobacilos. ...................................................................36

Figura 3.11 - Medição do pH. .....................................................................................................37

Figura 3.12 - Agitação do fermentador. .....................................................................................38

Figura 3.13 - Solução para sanitização das garrafas. ..................................................................39

Figura 3.14 - Composto sanitizante. ...........................................................................................39

Figura 3.15 - Garrafas preparadas para envase. .........................................................................39

Figura 4.1 - Garrafas com as cervejas produzidas. .....................................................................42

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Vendas de bebidas alcoólicas no Brasil por categora (em milhares de litros) .........16

Tabela 2.2 - Principais grupos enzimaticos e funçoes ................................................................25

Tabela 4.1 - Variação de pH e densidade nos fermentadores.....................................................41

Tabela 4.2 - Fatores de correção f ..............................................................................................43

Tabela 4.3 – Contagens de lactobacilos......................................................................................44

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABV Alcohol-by-Volume – Teor alcoólico

ACID Cerveja produzida com Lactobacillus acidophilus

BUCH Cerveja produzida com Lactobacillus buchneri

DMS Dimetil-sulfeto

f Fator de correção da densidade final

FG Final Gravity - Densidade Final

MRS De Man, Rogosa and Sharpe agar

OG Original Gravity – Densidade original

SG Pre Boil Gravity

UFC Unidade formadora de colônias

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

SUMÁRIO

1. Introdução ..........................................................................................................................12

1.1. Cervejas ...................................................................................................................... 12

1.2. Motivação ................................................................................................................... 12

1.3. Objetivos .................................................................................................................... 13

1.3.1. Objetivo Geral.....................................................................................................13

1.3.2. Objetivos Específicos ..........................................................................................13

2. Revisão Bibliográfica ..........................................................................................................14

2.1. Contexto Histórico Mundial ....................................................................................... 14

2.2. Contexto Histórico Brasileiro ..................................................................................... 14

2.3. Consumo de Cervejas ................................................................................................. 15

2.4. Tipos de Cerveja ......................................................................................................... 16

2.5. Ingredientes Básicos ................................................................................................... 30

2.5.1. Água....................................................................................................................30

2.5.2. Malte ..................................................................................................................31

2.5.3. Lúpulo .................................................................................................................23

2.5.4. Fermento Biológico (leveduras) ..........................................................................24

2.6. Processo Produtivo ..................................................................................................... 24

2.6.1. Malteação ...........................................................................................................25

2.6.2. Moagem .............................................................................................................26

2.6.3. Brassagem ..........................................................................................................26

2.6.4. Clarificação .........................................................................................................27

2.6.5. Fervura ...............................................................................................................28

2.6.6. Resfriamento ......................................................................................................28

2.6.7. Fermentação, Maturação e Cold Crush ...............................................................28

2.6.8. Carbonatação e Envase ......................................................................................28

2.7. Microbiologia ............................................................................................................. 28

3. Materiais e Métodos ..........................................................................................................30

3.1. Produção ..................................................................................................................... 30

3.1.1. Materiais.............................................................................................................30

3.1.2. Equipamentos utilizados.....................................................................................30

3.1.3. Metodologia .......................................................................................................31

3.2. Microbiologia ............................................................................................................. 40

3.2.1. Contagem de bactérias lácticas ..........................................................................40

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

3.2.2. Coliformes totais e termotolerantes no produto final ........................................40

4. Resultados e Discussão.......................................................................................................41

4.1. Produção ..................................................................................................................... 41

4.1.1. Variáveis durante o processo .............................................................................41

4.1.2. Cálculo do teor alcoólico ....................................................................................42

4.2. Microbiologia ............................................................................................................. 43

5. Conclusão ...........................................................................................................................45

Trabalhos Futuros ......................................................................................................................46

Referências Bibliográficas ..........................................................................................................47

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

12

1. Introdução

1.1. Cervejas

Considerada uma das bebidas alcoólicas mais consumidas no mundo, a cerveja é

oriunda da transformação de açúcares fermentáveis em álcool e subprodutos (HUB

PAGES, 2015). A legislação define tal produto como sendo a bebida obtida pela

fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água potável,

por ação de levedura, com adição de lúpulo (BRASIL, 1994).

A legislação brasileira permite a substituição parcial do malte de cevada por

adjuntos do malte, que são os demais cereais (maltados ou não) aptos ao consumo

humano, assim como amidos e açúcares de origem vegetal (BRASIL, 1994).

A origem da cerveja ocorreu de maneira acidental. Nos primórdios, alguns povos

produziam uma massa com grãos moídos que após o cozimento se assemelhava a um pão.

Tal massa fermentava pela ação do tempo e ficava com aspecto de um “pão líquido” com

teor alcoólico, sendo considerada uma bebida. Essa bebida só ganhou o apelido de cerveja

quando os monges passaram a consumi-la na época de quaresma, por volta do século VIII

(LUNKES, 2013; SOLIS e COSTA, 2013).

Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor de cervejas, com uma produção

anual em torno de 14 bilhões de litros. O país conta com 610 cervejarias registradas pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), mais de seis vezes o

número registrado em 2000. O crescimento expressivo desse número deve-se ao aumento

significativo das microcervejarias, que só em 2017 receberam 91 novos registros (BEER

ART, 2017).

A expansão das microcervejarias permitiu a produção de cervejas diferenciadas

que vêm conquistando o mercado consumidor. O consumo de cervejas especiais, aquelas

que possuem 75% ou mais de malte de cevada (em peso) sobre o extrato primitivo como

fonte de açúcares, cresceu de maneira acelerada nos últimos anos (BRASIL 2015,

ESPERANCINI, 2011).

Podem ser obtidos diversos estilos de cervejas, variando-se quantidade e

variedade de ingredientes, tipo de fermentação e condução das etapas do processo. No

Brasil, por exemplo, existem 7.440 variedades de cerveja registradas (BEER ART, 2017;

TSCHOPE, 2001).

1.2. Motivação

O mercado de cervejas especiais vem apontando para um aumento no consumo de

estilos que se destacam por alguma acidez, tais como Berliner Weisse, Saison, Gueuze,

etc. A acidez desejada pode ser obtida por meio da adição de ácidos ou de sua geração

por via bacteriana. Nesta última opção, várias bactérias podem ser utilizadas em várias

etapas do processo produtivo. Entretanto, as bactérias comumente utilizadas apresentam

elevado custo, tornando-se necessário buscar alternativas para redução de custos.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

13

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

Elaborar cervejas ácidas utilizando diferentes espécies de lactobacilos e verificar o

impacto na aceitação do produto e custo de produção.

1.3.2. Objetivos Específicos

- Produzir cerveja ácida com Lactobacillus buchneri, comumente utilizados para esta

finalidade;

- Produzir cerveja ácida com Lactobacillus acidophilus, comumente utilizados na

fabricação de produtos lácteos;

- Comparar o custo de produção das cervejas.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

14

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Contexto Histórico Mundial

Considerada uma das bebidas alcoólicas mais antigas do mundo, a cerveja está

presente na maior parte das civilizações. Embora sua origem não seja conhecida, acredita-

se que as primeiras cervejas foram produzidas na Mesopotâmia e Egito a 6000 a.C. Nesta

época, era utilizada para além do consumo, tinha funções cosméticas e medicinais

(AQUARONE et al., 1983; MORADO, 2009; KUNZE, 1999).

Segundo Oliver (2012), até a Idade Média, a bebida era produzida por mulheres

para o consumo doméstico. A partir do século VIII, os monges passaram a produzir

cerveja em maior escala e fizeram alterações na formulação, como a adição do lúpulo.

Até então, o produto era obtido a partir de um pão feito com grãos que quando exposto a

umidade por um certo período de tempo, fermentava e originava um líquido alcoólico

(LUNKES, 2013; MORADO, 2009; SOLIS e COSTA, 2013).

Em 1516 na Alemanha, o duque da Baviera promulgou a Lei da Pureza, que

regulamentava que a cerveja deveria ser produzida exclusivamente com água, malte de

cevada e lúpulo. O fermento foi incluído posteriormente por não ser conhecido na época

de criação da lei (MORADO, 2009).

Com o aumento da competitividade proveniente da globalização, foram incluídos

cereais mais baratos na composição da cerveja, como milho e arroz, favorecendo a

produção de grandes volumes a custo reduzido (MORADO, 2009).

2.2. Contexto Histórico Brasileiro

A cerveja chegou ao Brasil na época da colonização. Com a vinda das colônias

europeias, muitos comerciantes estrangeiros começaram a vender a bebida em solo

brasileiro. Entretanto, a produção de cerveja nacional não pode ser datada com precisão.

O primeiro registro conhecido é um anúncio no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro,

em 1836. Nessa época, a maioria das cervejarias era artesanal, porém entre 1870 e 1880

surgiu em Porto Alegre, a primeira cervejaria com produção em escala industrial

(SANTOS, 2003).

A partir de 1980, o consumo de bebidas alcoólicas - principalmente cerveja,

cresceu de forma acelerada e foi observada uma mudança no padrão de consumo já que

o consumo de cerveja ultrapassou o consumo de destilados e vinhos (FREITAS, 2015).

Atualmente, o Brasil está entre os maiores produtores mundiais de cerveja. O

Barth-Haas Group, uma das principais empresas que trabalha com lúpulo, divulgou uma

pesquisa em 2016 (com dados de 2011), onde o Brasil ficou entre os 10 maiores

produtores, se destacando em 3° lugar, atrás da China e Estados Unidos. Entretanto, em

relação ao consumo per capta de cerveja, o país ficou classificado em 15° lugar, com um

consumo anual de 62 litros por habitante (BARTH-HAAS GROUP, 2012; O SUL, 2017).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

15

Em 2015 e 2016, o país se manteve em 3° lugar com uma produção de 13,8 e 13,3 bilhões

de litros, respectivamente (BARTH REPORT, 2016/2017).

Cervejas artesanais ganharam espaço nas últimas décadas visando atender a

demanda dos consumidores que estão cada vez mais exigentes e seletivos. A

competitividade no setor cervejeiro tem propiciado o surgimento de produtos

diferenciados e essas cervejas aumentam sua popularidade a cada ano (ESPERANCINI,

2011). Segundo dados da SINDSERV (2014, apud ANGELONI, 2016), as cervejas

especiais movimentaram 409 milhões de reais em 2008 e, no ano seguinte, esse valor foi

sete vezes superior. Dentre as cervejas especiais, estão as artesanais, importadas ou

industriais da categoria Premium (MORADO, 2009).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da lei nº

8918 de 1994, regulamenta as especificações necessárias para a produção de bebidas, incluindo

cerveja. E os padrões de identidade e qualidade dos produtos de cervejaria estão definidos pela

IN 54 do MAPA (2001).

Perante a expansão do setor cervejeiro, o MAPA iniciou uma consulta pública em

2014 para revisar as exigências para a produção de cerveja no Brasil. A manutenção de

alguns ingredientes como obrigatórios e a possibilidade da inclusão de novos ingredientes

estavam entre os assuntos abordados (BRASIL, 2014).

Para as indústrias do setor alimentício, é importante entender a percepção do

consumidor sobre um produto, seja para criar um produto novo ou reformular um já

existente. Assim, torna-se indispensável a realização de testes sensoriais (MEILGAARD

et al., 2006; STONE e SIDEL, 2004).

2.3. Consumo de Cervejas

A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no território nacional. Cerca de 94%

de todo o mercado gira em torno de um certo “padrão de cerveja”. No decorrer dos anos,

o perfil sensorial da bebida no Brasil vem sendo modificado gradualmente. Como

característica desta modificação nota-se uma cerveja menos alcoólica, encorpada,

amarga, mais leve e refrescante, que consiste em uma combinação entre perfis de cervejas

americana e europeia (SAORIN, 2010).

As diferenças no consumo de cervejas do tipo Standard e Premium variam de região

para região devido à vários fatores, como a renda per capita local, facilidade de

distribuição e venda e circulação da informação, sendo esta última consumida

basicamente no Sul e no Sudeste (SAORIN, 2010).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

16

Tabela 2.1 - Vendas de bebidas alcoólicas no Brasil por categoria

(em milhares de litros)

Tipos de bebidas 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Cerveja 12.755.000 13.285.100 13.710.400 13.378.100 13.854.400 13.499.647

Vodca, Whisky, Cachaça, Gin e outros 1.141.801 1.123.117 1.108.136 1.072.885 1.075.254 1.055.697

Vinho 390.100 400600 380.600 383.600 368.000 354.300

RDT/Pré-misturas de alta 69.723 75743 73.269 69.958 70.943 78.080

Concentração

Cidras 12816 13766 14.606 15.273 15.365 15.710

Fonte: Adaptado de Euromonitor Internacional(2016).

De acordo com dados da SINDICERV (2017), o mercado brasileiro de cerveja é

caracterizado por um público alvo jovem, com integrantes de 25 a 44 anos, porém o

consumo per capita é considerado relativamente baixo devido ao poder aquisitivo deste

grupo (aproximadamente 51,9 litros/habitante em 2006).

Um dos principais motivos para o aumento do consumo de cerveja no Brasil está

atribuído à constante criação e inovação das embalagens destes produtos. Há uma

previsão de uma taxa de crescimento maior para as cervejas especiais nos próximos anos

(importadas ou artesanais), se comparadas às cervejas do tipo Pilsen (BEERLIFE, 2017).

Dentre essas cervejas artesanais se destaca a Sour. Ela ganhou força no Brasil em

2011 com o lançamento de uma cerveja mineira, que leva em seus ingredientes a

jabuticaba, a Falk Vivre Pour Vivre. A Sour é caracterizada pelo frescor e acidez

marcante. Devido ao longo tempo de preparo e resultados nem sempre previsíveis, sua

produção é mais difícil (FOLHA de S. PAULO, 2015).

2.4. Tipos de Cerveja

As cervejas estão dispostas em apenas dois tipos: Lager e Ale. A principal diferença

entre elas acontece na etapa de fermentação. As Ale são produzidas com alta fermentação

e geralmente as leveduras atuam no topo do tonel. Já a Lager é feita em baixa

fermentação, ou fermentação à frio, como é comumente conhecida (CERVESIA, 2007).

A cerveja do tipo Ale apresenta temperatura de fermentação razoavelmente elevada

que varia de 15 a 24ºC. É o processo de fabricação mais antigo e resulta em uma cerveja

mais complexa, frutada e lupulada, sendo utilizado o micro-organismo Sacaromices

cerevisae. A cor e o sabor podem variar bastante, porém são mais encorpadas.

A cerveja Lager surgiu como resultado da fermentação que ocorria no fundo do tonel,

em baixas temperaturas (entre 6 e 12ºC). Esse estilo é originário da Baviera do século

XIX. Em geral, Lager apresenta coloração clara, moderado amargor, alta carbonatação e

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

17

teor alcoólico que varia entre 3 e 6%. São consideradas cervejas mais “leves” e a espécie

utilizada é a espécie Sacaromices uvarum (CERVESIA, 2007).

A partir das cervejas Lager e Ale, há subdivisões em tipos, que se diferenciam quanto

em diversos fatores como fermentação, teor alcoólico, cereal utilizado, quantidade de

lúpulo, micro-organismo utilizado, adjuntos, entre outros (AMBEV, 2010).

As cervejas elaboradas neste trabalho, apesar de serem ácidas, não se enquadras em

nenhum tipo especificado na tabela (specialty ales). Ela possui teor alcoólico de 4% em

volume e acidez de 3,8.

Figura 2.1 – Tipos de cerveja

Fonte: Cervejas do Mundo (2017).

Abaixo serão apresentados os principais tipos de cervejas e suas diferenças

(CERVESIA, 2007):

➢ Pilsen

É um dos tipos de cerveja mais jovens disponíveis no mercado, que popularizou-

se rapidamente. É uma pale lager simples e pura e ganhou sua popularidade

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

18

principalmente por seu gosto menos complexo, que agrada a desde os maiores

apreciadores até aqueles que costumam beber pouco. É originária da Tchecoslováquia e

possui o lúpulo bem marcado e o sabor do malte um pouco mais leve, com amargos

bastante moderados.

➢ Weiss Bier

É uma variedade descendente dos primeiros tipos de cerveja. Ela possui uma

aparência turva, pouca ou nenhuma presença de lúpulo e, algumas vezes, um sabor mais

destacado da levedura especialmente utilizada para este tipo de cerveja – que ajuda a

caracterizar o sabor e aroma destas bebidas tão diferenciadas.

➢ Brown Ale

Como o próprio nome em inglês sugere, esta bebida possui um tom de âmbar

escurecido. Possui um nível mais concentrado de malte, o que torna seu sabor um pouco

mais “terroso” e menos amargo. Antigamente, eram produzidas apenas de malte

marrom. Hoje, geralmente são produzidas com misturas de malte que geram sabores

mais complexos e equilibrados.

➢ Pale Ale

É um dos tipos de cerveja mais populares do mundo e foi inventado na

Inglaterra, quando foi desenvolvido o método de torrar a cevada de forma mais lenta e

menos intensa, gerando um sabor mais maltado e amadeirado do que as outras cervejas.

➢ Indian Pale Ale

Também chamada de IPA, esta cerveja foi criada quando as tropas militares

britânicas perceberam que sua tradicional Pale Ale estragava nos navios antes de chegar

à Índia. Para solucionar o problema, adicionaram mais lúpulo à receita original como

uma forma de prolongar sua validade, gerando esta variedade mais amarga e aromática

de cerveja.

➢ Bock

É uma lager escura e com um toque mais robusto de malte. Eram produzidas nos

monastérios alemães no período medieval para complementar a dieta de seus

moradores, sustentando-os ao longo do dia.

➢ Porter

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

19

É uma cerveja escura, quase opaca, e é feita de cereais maltados tostados junto à

levedura de fermentação lenta. Possui um sabor equilibrado, com notas de grãos

tostados, chocolate e caramelo – sem os toques mais secos de um stout.

2.5. Ingredientes Básicos

Cervejas são bebidas compostas basicamente por quatro ingredientes principais: água,

malte, lúpulo e leveduras. Podem ser adicionados adjuntos e outros ingredientes

dependendo da cerveja a ser produzida (LEWIS e YOUNG, 2002).

2.5.1. Água

É o principal componente em quantidade, correspondendo a aproximadamente 92%

da composição. A qualidade da água é um importante fator que influencia diretamente na

qualidade da cerveja produzida (HUGHES e BAXTER, 2001; BERNSTEIN e WILLOX,

1977).

Segundo Botelho (2009), a água deve ser potável, incolor, inodora e insípida.

Bernstein e Willox (1977) afirmam ainda que o pH da água deve ser apropriado para as

etapas de mostura, extração do lúpulo e fermentação.

A faixa de pH ideal para a produção de cerveja fica entre 6,5 e 7. Se a água estiver

muito alcalina, por exemplo, pode ocorrer a dissolução de materiais indesejáveis

presentes na casca do malte, durante o preparo do mosto (BERNSTEIN e WILLOX,

1977; BRIGIDO, 2006). Entretanto, na brassagem ocorre um tamponamento pela ação

do malte e consequentemente uma queda do pH que deve ser mantido entre 4,5 e 5,8

(TSCHOPE, 2001; FILHO, 2000). Ao manter o pH nessa faixa, a atividade enzimática é

maximizada, favorecendo a conversão do amido em açúcares fermentáveis, impedindo a

extração de taninos presentes na casca do malte, favorecendo a extração dos componentes

amargos e aromáticos do lúpulo, além de controlar o teor de cloro livre que, em

quantidade superior a 0,2 ppm poderia favorecer a formação de clorofenóis (FILHO,

2000; KUNZE, 1999).

Outro parâmetro importante é a dureza da água, que representa principalmente, a

concentração total de íons cálcio e magnésio. O teor de cálcio contribui para a estabilidade

e sabor da cerveja uma vez que protege as α amilases do calor da mostura e, favorece a

hidrólise do amido, aumentando o teor de carboidratos fermentáveis. Assim como o

cálcio, o magnésio serve de micronutriente para as leveduras, apesar de ser obtido em

maior quantidade do malte e não da água (FILHO, 2000; BERNSTEIN e WILLOX,

1977). Os autores afirmam que o efeito benéfico desses íons pode ser prejudicado por

excesso de alcalinidade.

Como a obtenção de água purificada pode ter um custo elevado, é possível fazer

correções na dureza e pH da água captada (BOTELHO, 2009; HOUGH, 1985).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

20

2.5.2. Malte

O malte é obtido através do processo de malteação de cereais. Esse processo consiste

em umedecer os grãos com condições controladas de temperatura e umidade para quebrar

a dormência e ocorrer germinação. Em seguida, ocorre uma etapa de secagem para

impedir o desenvolvimento do vegetal. Pode-se fazer uma etapa de torrefação para

melhorar a estabilidade da espuma, entretanto pode ocorrer a formação de compostos

indesejáveis (REBELLO, 2009).

O malte utilizado majoritariamente na produção de cerveja é o de cevada e pode ser

substituído por seu extrato, que é o produto resultante da desidratação do mosto de malte

até o estado sólido ou pastoso, devendo apresentar as mesmas propriedades do mosto

quando reconstituído. O malte de outros cereais deve ter a designação acrescida do nome

do cereal de sua origem (BRASIL, 1994).

2.5.2.1. Malte de Cevada

Esse malte é obtido da cevada, que é uma planta da família das gramíneas, nativa

de climas temperados (ZUPPARDO, 2010). Os grãos da cevada ficam na espiga,

alinhados em duas ou seis fileiras e essa diferença morfológica tem reflexo nas

características físico-químicas do cereal (AQUARONE et al., 2001). A figura 2.2 mostra

duas plantas de cevada, uma com grãos alinhados em duas fileiras e outra em seis fileiras.

Figura 2.2 - Cevada com grãos alinhados em duas (esquerda) e seis (direita) fileiras.

Fonte: Charles Brenson Bier, 2010.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

21

Geralmente, a cevada de duas fileiras possui grãos maiores, casca fina, maior teor

de amido e menor teor de proteínas em comparação com a de seis fileiras. Por ter mais

casca, o malte da cevada de seis fileiras é mais fácil de ser filtrado, porém o processo de

malteação é mais difícil e o rendimento da mostura é menor (AQUARONE et al, 2001;

ZCHOERPER, 1990).

Os grãos de cevada passam por um processo de germinação controlada para

induzir a produção de enzimas - especialmente as amilases. Tais enzimas são responsáveis

pela redução do amido em açúcares fermentáveis e dextrinas, conferindo “corpo” e

dulçor. Após esse processo, a cevada recebe o nome de malte (LEWIS e YOUNG, 2002;

MEGA et al., 2011; CRUZ, 2008). Em geral, é aceitável um mínimo de 95% de

germinação e os grãos devem germinar de maneira uniforme para gerar um malte de

qualidade (ADAMIC, 1977).

Além de conferir “corpo” e dulçor, o malte atua na formação da espuma e

influencia a coloração da cerveja (LEWIS e YOUNG, 2002). A figura 2.3 ilustra

variedades de malte e suas influências no aspecto visual da cerveja.

Figura 2.3 - Influência do malte na coloração.

Fonte: Beta EQ, 2016

2.5.2.2. Adjuntos do Malte

Com o objetivo de reduzir o custo de produção, podem ser adicionados outros

cereais como fontes de carboidratos para substituir parcialmente o malte, os chamados

adjuntos de malte. Em geral, as cervejas que contém adjuntos são mais leves que as

cervejas produzidas exclusivamente com cevada (MORADO, 2009; HORNSEY, 1999).

Tecnicamente, é possível fabricar uma cerveja com apenas 5% de malte de cevada e

95% de adjuntos, desde que sejam adicionadas enzimas para compensar aquelas

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

22

naturalmente presentes no malte de cevada (HORNSEY, 1999). Entretanto, deve-se

atentar para as legislações específicas de cada país e as características desejadas para a

cerveja. No Brasil, por exemplo, é permitido o uso de adjuntos desde que sua quantidade

não seja superior a 45% do extrato primitivo (BRASIL, 2009).

A legislação define adjuntos de malte como os demais cereais malteados ou não,

assim como amidos e açúcares de origem vegetal (BRASIL, 2009). Os adjuntos mais

utilizados no Brasil são: xarope de maltose, milho moído e quirera de arroz, sendo o milho

o mais utilizado (UGOBOJA ET AL., 1991; DE MORI e MINELLA, 2012; SLEIMAN

ET AL., 2008; D’AVILA ET AL., 2012).

Além de reduzir o custo de produção, o uso de adjuntos é uma forma de incentivar a

agricultura nacional. Como a demanda de malte não consegue ser suprida pela produção

nacional, a maior parte do malte utilizada no país é importada e o uso de adjuntos de torna

uma alternativa bastante disponível. A produção de milho, por exemplo, está entre as três

maiores do mundo (UGOBOJA ET AL., 1991; DE MORI e MINELLA, 2012; SLEIMAN

ET AL., 2008; D’AVILA ET AL., 2012; MAPA, 2015).

2.5.3. Lúpulo

É uma trepadeira perene originária de climas temperados. Somente as flores fêmeas

são utilizadas na produção de cervejas (VENTURINI, 2005).

O lúpulo contém α e β ácidos que são responsáveis pelo amargor da cerveja e, por

evitarem a proliferação de alguns microrganismos, aumentando a estabilidade biológica,

além de beneficiarem a estabilidade da espuma. Também contém óleos essenciais que

contribuem positivamente para o aroma da cerveja. (REINOLD, 1997).

Geralmente, o lúpulo é usado em forma de pequenas pelotas de flores prensadas –

pellets, facilitando o transporte do mesmo e mantendo as características originais (MEGA

et al., 2011). A figura2.4 mostra o lúpulo na sua forma original e em pellets.

Figura 2.4- Flor (esquerda) e pellets (direita) de lúpulo.

Fonte: Adaptação de Mega et al., 2011.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

23

É um dos principais ingredientes e suas variedades específicas justificam a

diversidade de cervejas existentes no mercado. Por isso, a qualidade e o tipo de lúpulo

são parâmetros dificilmente revelados pelos produtores (MEGA et al., 2011;

KEUKELEIRE, 2000).

2.5.4. Fermento Biológico (leveduras)

As leveduras foram descobertas no final do século XIX, através de estudos realizados

por Louis Pasteur sobre a fermentação de cervejas e vinhos (JACKSON, 2007;

VARNAM, 1997).

O tipo de levedura influencia o sabor e aroma da cerveja. O conhecimento das

propriedades de uma levedura é fundamental para determinar qual fermento será

utilizado. Entre os fatores avaliados estão: os tipos de açúcar que serão metabolizados, o

teor de oxigênio necessário para o crescimento, a quantidade de metabólitos formados

após fermentação e a característica de floculação da levedura, ou seja, o comportamento

dos flocos formados após a fermentação (BANFORTH, 2005; VENTURINI, 2005;

CEREDA, 1985).

As leveduras mais utilizadas são as Saccharomyces cerevisiae, para a produção de

cervejas de alta fermentação (Ales) e Saccharomyces uvarum (antes denominada

Saccharomyces carlsbergensis) para a produção de cervejas de baixa fermentação

(Lagers). As S. cerevisiae floculam e se acumulam na superfície do tanque enquanto as

S. uvarum sedimentam no fundo do tanque após a fermentação (JAY, 2005; TSCHOPE,

2001; VARNAM, 1997).

As duas espécies de leveduras são capazes de assimilar uma grande variedade de

açúcares (glucose, frutose, maltose, maltotriose, sacarose), porém a S. uvarum também

consegue fermentar o dissacarídeo melibiose (glicose-galactose) (STEWART e

RUSSEL, 1998).

Os principais açúcares fermentáveis são a glucose, maltose e maltotriose, sendo que

a maltose representa 50-60% dos açúcares fementáveis presentes no mosto (NOGUEIRA,

2006). O mosto é um caldo proveniente da fervura da mistura malte e água e é rico em

açúcares fermentáveis. As leveduras metabolizam o mosto, transformando esses açúcares

principalmente em álcool e gás carbônico (CARVALHO et al., 2006).

2.6. Processo Produtivo

O processo na produção de cerveja pode sofrer inúmeras variações de acordo

com a finalidade do fabricante. Abaixo se encontra a esquematização de um processo

genérico na fabricação de cerveja.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

24

Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja.

Fonte: Cervejas e Refrigerantes (CETESB, 2005)

2.6.1. Malteação

É nesta etapa em que se é definida o estilo de cerveja que será produzida. Diversos

fatores podem influenciar neste estilo, como o malte escolhido, a levedura, a água e ao

lúpulo utilizado. São basicamente esses quatro elementos que definirão o aroma, sabor e

principalmente a cor da cerveja (PALMER, 2006).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

25

2.6.2. Moagem

O objetivo desta etapa é liberar o endosperma do grão com a quebra da casca.

Caso a moagem apresente mistura de grãos grossa, causará perda de produção da cerveja

e alteração na densidade. Caso a mistura de grãos moídos, chamada de grist, seja muito

fina, poderá causar adstringência na cerveja devido a remoção de taninos durante a etapa

de brassagem e possível entupimento nos equipamentos (BRIGGS et al.,2004).

2.6.3. Brassagem

Nesta etapa, usa-se água para solubilização dos açúcares complexos dos grãos

(amido), de forma a operar em uma temperatura adequada de acordo com as enzimas a

serem ativadas. Dessa forma, é possível obter o efeito desejado na cerveja. São a alfa e a

beta amilase as enzimas principais responsáveis pela conversão do amido em açúcares

durante a mostura.

Figura 2.6 - Estrutura molecular do amido.

Fonte: NEUROtiker (2012).

Tabela 2.2 - Principais grupos enzimáticos e funções

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

26

A enzima beta-amilase é ativada em baixas temperaturas (60-65ºC), gerando assim

açúcares simples como glicose e maltose, o que resulta em uma cerveja mais seca e com

menos corpo. Dependendo do tipo de ajunto presente, esta pode se tornar mais alcoólica.

Porém, em temperaturas de 70-75ºC, somente a enzima alfa-amilase se encontra ativa.

Desta forma a cerveja resultante terá mais corpo e com maior nível de dulçor e geralmente

menos alcoólica, uma vez que a ação desta enzima gera açúcares mais complexos, como

as dextrinas (KUNZE, 2004).

Fonte: Adaptado de Kunze (2004).

2.6.4. Clarificação

Durante esta etapa é realização a circulação do mosto de modo a permitir que haja

bastante interação com as cascas do malte. As próprias cascas do malte funcionam como

meio filtrante.

É importante se fazer um controle da temperatura durante esse processo, de modo

a estar entre 70-80ºC. Nesta faixa, impede-se a cerveja de ter um gosto adstringente, que

ocorreria pela liberação de taninos em temperaturas superiores. Além disso, permanecer

nesta faixa garante-se uma lavação com extração de açúcares mais eficiente

(BAMFORTH, 2003).

Figura 2.7 - Degradação do amido

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

27

2.6.5. Fervura

São inúmeras as finalidades de se realizar a fervura do mosto: evaporar o dimetil-

sulfeto (DMS) que garante sabor de legumes à cerveja, esterilização do mosto,

precipitação de substancias como taninos e proteínas, além de solubilizar substâncias de

sabor e aroma do lúpulo. Há a desnaturação térmica de algumas proteínas no início da

fervura, chamado de hot break, que garante a formação de espumas

2.6.6. Resfriamento

Ao fim do processo de fervura, é necessário um resfriamento rápido do mosto,

uma vez que em o DMS continua a ser produzido em altas temperaturas e com o fim da

ebulição acumula-se no mosto por não ser mais evaporado. Para tal fim, utiliza-se um

serpentina (chiller) para o resfriamento. Há ainda um fenômeno ocasionado pelo

resfriamento abrupto do mosto, denominado cold break. As proteínas sedimentadas desse

processo juntamente com o lúpulo exaurido (trub) devem ser retiradas do processo.

2.6.7. Fermentação, Maturação e Cold Crush

Após o processo de resfriamento, o mosto é colocado em fermentadores para

adição do inoculo de leveduras, de forma a permitir a fermentação com quantidades bem

definidas. Cada tipo de levedura atua em determinadas faixas de condições como

temperatura e pH. Para evitar ocorrência de explosões devido à formação de gás

carbônico durante esta etapa, é necessária uma saída de gás dos fermentadores.

Segue-se para a etapa de maturação, em que se faz o abaixamento da temperatura

nos fermentadores, de modo a ocorrer as transformações de substancias que atribuem

sabores indesejáveis à cerveja, denominados off flavors.

De modo a deixar o produto ainda mais clarificado, diminui-se a temperatura da

cerveja já maturada em torno de 0ºC, para sedimentação adicional de proteínas e

leveduras. Essa etapa é denominada Cold Crush.

2.6.8. Carbonatação e Envase

Na etapa denominada Primming (carbonatação) é adicionado açúcar às leveduras,

para gaseificação desejada nas cervejas. O levedo ainda presente consumirá esse açúcar

produzindo álcool e CO2, ocasionando a carbonatação de forma natural na garrafa. Em

contrapartida, esse processo ocasiona pequenos sedimentos.

Outra forma de carbonatação é a forçada, em que há a inserção direta do gás no

recipiente em que o líquido já se encontra. Pode ser feita em keg (barril de chopp

tradicional) ou em post mix (cilindro metálico antes usado para armazenar refrigerantes

servidos em máquinas).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

28

Para o envase, deve-se garantir boa sanitização nas garrafas e tampas, de modo a

não ocorrer proliferação indesejada de microrganismos deteriorantes da cerveja.

2.7. Microbiologia

A cerveja tem sido reconhecida como uma bebida que apresenta alta estabilidade

quanto à deterioração microbiológica. Essa característica deve-se à alguns fatores que

desfavorecem a proliferação de vários micro-organismos. São eles (DRAGONE, G. et al.,

2007):

- Presença de etanol (0,6 a 12,3% v/v);

- Compostos do lúpulo (17 a 55 ppm de iso-α-ácidos);

- Baixo valor de pH (3,8 a 4,7);

- Reduzida concentração de oxigênio;

- Elevada concentração de dióxido de carbono.

Uma exceção destes fatores é a Acetobacter, que são um grupo de bactérias que

realizam uma oxidação incompleta do álcool. Desta forma, o etanol não inie seu

crescimento, também se desenvolvendo em pH baixo (inferior a 5).

As bactérias são os principais micro-organismos causadores de deterioração de

cervejas. Podem ser divididas em dois grupos (gram positivas e negativas). Entre as

bactérias deste primeiro grupo se encontram as do gênero Pediococcus e Lactobacilus

(principais deteriorantes) e entre as gram negativas tem-se os Pectinatus e as

Megasphaera. Sabor amanteigado, de frutas atípicas e legumes, e cheiro característico

de ovo podre são as principais evidencias da presença destes organismos.

Figura 2.8 – Exemplo de Pediococcus

Fonte: Alchetron (2017).

Pediococcus são bactérias homofermentativas podendo crescer em pares ou em

tétrades. Conhecidas popularmente como sarcinas, devido suas células aparentarem às

das reais sarcinas (SAKAMOTO e KONINGS, 2003). Confunde-se a deterioração de

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

29

cervejas causadas por esse gênero com bactérias Lactobacilus, por apresentarem aspectos

similares: aumento de turbidez e acidez, aromas e sabores desagradáveis devido à

formação de diacetil. (HARTNETT et al., 2002; HOUGH et al., 1982).

Figura 2.9 – Exemplo de Lactobacilos

Fonte: Alchetron (2017).

Lactobacillus são microrganismos pleomórficos na aparência (STEWART e

RUSSELL, 1998). Constitui o gênero mais abundante das bactérias ácido lácticas, entre

outras que atuam na produção de iogurtes, vinhos e picles (SAKAMOTO e KONINGS,

2003). Dizer que todos os Lactobacillus são organismos deteriorantes é errônea, pois

alguns desses organismos são incapazes de se multiplicar no produto final (PRIEST,

1996).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

30

3. Materiais e Métodos

3.1. Produção

3.1.1. Materiais

• 4 kg de malte Pilsen da marca Ireks Malz;

• 25 g de lúpulo Sorachi ace;

• 2 pacotes de Fermento US-05;

• 1 pacote de Nutrish BB12 da marca Chr. Hansen com Lactobacillus acidophilus;

• 1 blister de Lactobacillus buchneri da TeckBrew;

• Água para mostura e lavagem.

3.1.2. Equipamentos utilizados

• Moinho para Cereais;

• Balança eletrônica (graduação de 1g; capacidade de 10kg);

• Caldeirão Nº40 com uma válvula de esfera de ½” adaptada na lateral, próxima

do fundo(Caldeirão 1);

• Caldeirão Nº40 (Caldeirão 2);

• Caldeirão Nº45 com uma válvula de esfera de ½” adaptada na lateral, próxima

do fundo (Caldeirão 3);

• Dois fogareiros;

• Pá cervejeira em polímero atóxico;

• Escumadeira grande;

• Termômetro alimentício (até 100ºC);

• Chiller de imersão;

• Dois fermentadores;

• Termostato (com capacidade de controle entre 0 e 20ºC com precisão de 0,5ºC);

• Refratômetro;

• pHmetro

• Bazooka Screen;

• Bottle Filler;

• Proveta de 25ml;

• Pipeta de 25ml

• Mangueiras;

• Iodofor;

• Refrigerador;

• Bomba hidráulica;

• Detergentes domésticos, acendedores de fogão, esponjas, etc;

• Garrafas para produto final.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

31

• Béqueres;

• Bastão de vidro.

3.1.3. Metodologia

3.1.3.1. Moagem

Através de uma balança, foram pesados 4kg de malte Pilsen em um balde higienizado,

utilizado somente para fins cervejeiros.

Figura 3.1 - Pesagem do malte

Após esta etapa, conduziu-se o condicionamento dos grãos que consiste em

umedecê-los, de forma a torná-los menos friáveis, tornando mais fácil a moagem e desta

forma manter suas cascas as mais íntegras possíveis para serem utilizadas no processo

de clarificação.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

32

Figura 3.2 - Condicionamento dos grãos

Por fim, é realizada a moagem dos grãos através de um moinho para cereais do

tipo disco, que atua através do cisalhamento destes discos com o malte. Nesta etapa, o

malte não deve ser completamente moído. A regulagem do moinho foi feita de modo

que a casca do malte apenas se abra, deixando exposto o seu interior.

Figura 3.3 – Moagem

3.1.3.2. Brassagem

No processo de mostura, utilizou-se 3 panelas acopladas a dois fogareiros. Em

uma das panelas se contra a “peneira” Bazooka, como mostrada na figura a seguir:

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

33

Figura 3.4 - Panela com suporte para grãos

A finalidade da Bazooka é oferecer um suporte para as cascas que, estas sim,

atuarão efetivamente como meio filtrante do mosto. Cabe ressaltar que, em escala

industrial, isto cabe a um fundo falso localizado no tanque de mostura.

A etapa da sacarificação na mostura foi realizada por 90 minutos a 67ºC,

utilizando 2,5 L de água para cada kg de grãos. Nesta temperatura, há um equilíbrio entre

a atuação da beta-amilase (a qual degrada o amido em maltose que, sendo um açúcar

fermentável, gera o álcool da bebida) e da alfa-amilase (responsável por gerar dextrinas

não fermentáveis, que conferem corpo e dulçor à bebida, ajudando a equilibrar a acidez

da cerveja).

Figura 3.5 - Etapa de mosturação.

Após atingir a temperatura de sacarificação, é necessário garantir que todo o

amido foi convertido. O tempo necessário para a conversão pode variar em cada processo,

sendo necessário o acompanhamento da conversão através de um teste com iodo. O amido

quando, em presença de iodo, gera um complexo de coloração azulada, indicando

conversão incompleta.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

34

Figura 3.6 - Teste negativo da reação de amido com iodo.

Após a conversão total, é conduzida a inativação das enzimas, elevando a

temperatura para 76ºC, de modo a “congelar” o perfil de açúcares do mosto. Deve-se

evitar que a temperatura ultrapasse 82ºC, o que causaria a extração de taninos das cascas

dos grãos, que atribui adstringência à cerveja.

3.1.3.3. Clarificação

No processo de clarificação as cascas dos próprios grãos agem como leito filtrante,

sendo o mosto continuamente recirculado na tina de mostura, até que fique cristalino.

Figura 3.7 - Etapa de clarificação.

Após a clarificação, o mosto é direcionado para a panela de fervura e os grãos são

lavados com água a 78ºC, para máxima extração dos açúcares, numa proporção de 1,5 L

para cada litro de água primária. Buscou-se um valor de 1,036 para a densidade pré-

fervura na tina de fervura (pre boil gravity). Novamente, atenção deve ser dada ao fato de

que o mosto que deixa a cama de grãos não deve ter densidade inferior a 1,010, sob pena

de extração de taninos.

3.1.3.4. Fervura

Foi realizada a fervura do mosto por 30 minutos, uma vez que esta etapa só foi

feita no dia seguinte à brasagem.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

35

Figura 3.8 - Equipamentos para fervura.

Após sanitização dos fermentadores, foi feita a transferência do mosto ainda

quente, com o mínimo de agitação possível (vazão baixa e mangueira posicionada no

fundo dos fermentadores) de modo a minimizar a incorporação de oxigênio, o que poderia

levar ao desenvolvimento de bactérias do gênero Acetobacter sendo, o mosto, divididos

em duas partes aproximadamente iguais.

3.1.3.5. Resfriamento e inoculação

O mosto foi resfriado até a temperatura recomendada pelo fornecedor dos

lactobacilos (37ºC), sem agitação, de forma a evitar aeração. A transferência à quente visa

diminuir a quantidade de oxigênio dissolvido.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

36

Figura 3.9 - Equipamento utilizado no resfriamento.

Após atingida a temperatura requerida, realizou-se a inoculação de cepas de

lactobacilos, uma em cada fermentador.

Figura 3.10 - Inoculação das cepas de lactobacilos.

3.1.3.6. Monitoramento das variáveis

O monitoramento das variáveis foi realizado com auxílio de um pHmetro e de um

refratômetro. Os dados foram coletados de hora em hora a partir da inoculação das cepas,

até que o pH atingisse um valor de 3,8.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

37

Figura 3.11 - Medição do pH.

3.1.3.7. Segunda fervura e resfriamento e agitação dos fermentadores

Imediatamente após atingido o valor de 3,8 para o pH, adicionou-se metade do

lúpulo (12,5 g) em cada amostra (lupulagem de primeiro mosto) e ferveu-se

separadamente o conteúdo de cada fermentador por 60 minutos. Essa fervura tem por

finalidade esterilizar o mosto, isomerizar os alfa-ácidos do lúpulo em iso-alfa-ácidos,

responsáveis pelo amargor, e evaporar o dimetil-sulfeto (DMS), que confere sabor de

legumes cozidos à cerveja. Como a dinâmica de acidificação foi distinta entre as cepas de

lactobacilos, foi possível utilizar apenas uma panela de fervura, fervento um mosto de

cada vez. Planejou-se uma evaporação equivalente a 1 litro de mosto por hora, tendo sido

atingida a densidade de 1.045, denominada de densidade original (OG), por ser a

densidade antes da fermentação.

Ainda em temperatura de ebulição, foi introduzida uma serpentina para

resfriamento com água corrente. Além do resfriamento pela serpentina, foi utilizado um

banho de gelo para que este fenômeno ocorresse mais rapidamente. Quando a temperatura

atingiu 85ºC, a tina de fervura foi tampada, para evitar contaminação. Os fermentadores

foram novamente sanitizados com álcool 70 e posteriormente rinsados com água fervente.

Após esta etapa, o mosto foi transferido para o fermentador com o auxílio de uma

mangueira, também sanitizada.

Após a devida vedação dos fermentadores, foi realizada a agitação de cada um por

um tempo de 10 minutos.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

38

Figura 3.12 - Agitação do fermentador.

3.1.3.8. Hidratação e inoculação do fermento

Para a hidratação do fermento, ferveu 250 ml de água em um erlenmeyer,

esfriando-o posteriormente até 30ºC. O conteúdo dos envelopes de fermento foi vertido,

agitando-se suavemente de modo a deixa-lo hidratar naturalmente. Metade da mistura foi

colocada em cada fermentador, havendo um pouco mais de agitação do mesmo. As

tampas foram afrouxadas de modo a permitir a saída de gás. Os fermentadores foram

mantidos à 19ºC por 15 dias sem agitação.

3.1.3.9. Mudanças nas temperaturas

Após decorridos os 15 dias, a temperatura foi alterada para 4ºC. Um mês depois,

a temperatura foi diminuída para 0ºC, para sedimentação de partículas.

3.1.3.10. Carbonatação e envase

Na etapa de carbonatação, proporcionou-se um açúcar mais simples às leveduras,

para que, no interior da garrafa, estas produzam o gás necessário à cerveja. A

concentração de açúcar utilizada foi de 4 g/litro na forma de uma calda fervida por 3

minutos, para esterilização.

Foi preparada uma solução de Biofor para sanitização das garrafas.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

39

Figura 3.13 - Solução para sanitização das garrafas.

Figura 3.14 - Composto sanitizante.

.

Figura 3.15 - Garrafas preparadas para envase.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

40

3.2. Microbiologia

As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia de

Alimentos (MicrAlim) localizado na Escola de Química da Universidade Federal do Rio

de Janeiro.

3.2.1. Contagem de bactérias lácticas

Os lactobacilos utilizados na produção das cervejas foram de culturas comerciais.

Então, a contagem inicial de bactérias lácticas foi realizada para mensurar a quantidade

de lactobacilos adicionada no preparo de cada cerveja, tendo em vista que não havia

outras bactérias lácticas nessas culturas.

Foram realizadas contagens em placa seguindo a metodologia da American Public

Health Association (APHA), descrita no capítulo 8 do livro Standard Methods for the

Examination of Dairy Products (FRANK e YOUSEF, 2004).

Foram esterilizados 12 tubos de ensaio com 9 mL de água peptonada 0,1% e 28

placas de Petri. Foi realizada uma diluição seriada para as amostras das culturas

comerciais, ou seja, foi adicionado 1 mL da amostra (diluição 100) no primeiro tubo,

obtendo-se a diluição 10-1. No segundo tubo foi adicionado 1 mL da diluição 10-1,

obtendo-se a diluição10-2 e assim sucessivamente, até a diluição 10-6.

Para cada amostra, alíquotas de 1 mL de cada diluição, foram plaqueadas em

profundidade no meio de cultura Man Rogosa e Sharpe (MRS) em duplicata. A incubação

foi realizada a 40±0,5°C por sete dias.

3.2.2. Coliformes totais e termotolerantes no produto final

A análise de coliformes totais e termotolerantes seguiu a metodologia do Número

Mais Provável (NMP) da American Public Health Association (APHA), descrita no

capítulo 8 do livro Compendium of Methods for the Microbiological Examination of

Foods (KORNACKI e JOHNSON, 2001).

Para o teste presuntivo, vinte tubos de ensaio contendo em seus interiores um tubo

de Duran, foram preparados com 10 mL de Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) em

concentração dupla e, autoclavados com ciclo de 15 minutos, 121°C e 1 atm. Para cada

amostra, foram inoculadas alíquotas de 10 mL em dez tubos, que foram incubados a

35±0,5°C por 48±2h.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

41

4. Resultados e Discussão

4.1.Produção

4.1.1. Variáveis durante o processo

Durante a etapa de fermentação, foi realizado o acompanhamento das variáveis pH e

densidade do conteúdo em cada fermentador. O pH proposto para o produto final foi de

3,8.

Tabela 4.1 - Variação de pH e densidade nos fermentadores.

pH

Tempo

(horas) Densidade

L. buchneri L. acidophilus L. buchneri L.acidophilus

5,37 5,33 0 1,042 1,041

5,36 5,14 1 1,042 1,043

5,37 5,05 2 1,041 1,040

5,32 4,90 3 1,042 1,043

5,25 4,70 4 1,043 1,043

5,25 4,59 5 1,043 1,043

5,21 4,47 6 1,043 1,042

5,07 4,34 7 1,044 1,043

4,97 4,28 8 1,043 1,043

4,92 4,23 9 1,042 1,041

4,76 4,18 10 1,041 1,042

4,67 4,12 11 1,042 1,043

4,56 4,04 12 1,041 1,041

4,48 4,03 13 1,041 1,044

4,39 4,00 14 1,041 1,042

4,32 3,94 15 1,042 1,042

4,28 3,92 16 1,043 1,043

4,22 3,90 17 1,040 1,041

4,18 3,85 18 1,043 1,040

4,16 3,83 19 1,040 1,040

4,09 3,79 20 1,041 1,041

4,00 - 21 1,042 -

4,07 - 22 1,042 -

4,01 - 23 1,042 -

4,00 - 24 1,040 -

3,91 - 25 1,041 -

3,89 - 26 1,042 -

Ao final do processo produtivo, foram obtidas 9 garrafas contendo 600 mL de cerveja

ácida produzida com Lactobacillus acidophilus e 11 garrafas de mesmo volume

utilizando Lactobacillus buchneri. Para a análise microbiológica foram usados 110 mL

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

42

de amostra de cada tipo de cerveja, descartando o restante dos volumes das garrafas. Deste

modo estiveram disponíveis 8 garrafas de cerveja produzidas a partir de cada Lactobacilo

para a análise sensorial.

Figura 4.1 - Garrafas com as cervejas produzidas.

4.1.2. Cálculo do teor alcoólico

Devido à presença de álcool, a leitura de massa específica não é mais direta e a

correção a seguir deve ser executada:

𝑂𝐵 = ((182,4601 × 𝑂𝐺 − 775,6821) × 𝑂𝐺 + 1262,7794) × 𝑂𝐺 − 669,5622

𝐴𝐵 = ((182,4601 × 𝐴𝐺 − 775,6821) × 𝐴𝐺 + 1262,7794) × 𝐴𝐺 − 669,5622

𝐹𝐺 = 1,001843 − 0,002318474 × 𝑂𝐵 − 0,000007775 × 𝑂𝐵2 −

0,000000034 × 𝑂𝐵3 × 0,00574 × 𝐴𝐵 + 0,00003344 × 𝐴𝐵2 +

0,000000086 × 𝐴𝐵3

onde OG é a densidade original (medida no refratômetro), AG é a densidade final medida

e FG é a densidade final real.

Ao final do processo, obteve-se um valor para FG de 1,025 g/cm3, sendo 1,0125 g/cm³

após correções.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

43

Tabela 4.2 - Fatores de correção f

1000.(OG-FG) f

0 a 6.9 0,125

7 a 10,4 0,126

10,5 a 17,2 0,127

17,3 a 26,1 0,128

26,2 a 36 0,129

36,1 a 46,5 0,130

46,6 a 57,1 0,131

57,2 a 67,9 0,132

68,0 a 78,8 0,133

78,9 a 89,7 0,134

89,8 a 100,7 0,135

O cálculo do teor alcoólico da cerveja (em % volumétrica) pode ser feito com o

uso da fórmula abaixo:

𝐴𝐵𝑉 = 1000 × 𝑓 × (𝑂𝐺 − 𝐹𝐺)

em que o fator f é encontrado na tabela 4.2.

𝐴𝐵𝑉 = 1000 × 𝑓 × (𝑂𝐺 − 𝐹𝐺) = 1000 × 0,135 × (1,045 − 1,0125)

~ 4 % de álcool em porcentagem volumetrica.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

44

4.2.Microbiologia

Foram realizados testes no produto final com finalidade de assegurar aos avaliadores

uma segurança em relação ao consumo.

Não houve evolução de gás durante o teste para coliformes nas 48 horas após o início

do mesmo. Desta forma, descartou-se a presença destes micro-organismos nas cervejas.

Devido às duas etapas de fervura, ao pH menor que 4 do produto final e temperatura

de armazenamento baixos durante praticamente todo o processo (<19ºC), não foi

necessária a realização de testes de alguns grupos de bactérias deteriorantes tais como x

, uma vez que essas condições são desfavoráveis para crescimento destes micro-

organismos.

Alguns Lactobacilos também podem ser considerados deteriorantes de cervejas.

Foram realizadas contagens dos lactobacilos, através da técnica de MRS, após um período

de incubação de 7 dias, em temperatura aproximada de 40ºC.

Os resultados obtidos na contagem estão representados na Tabela 4.3:

Tabela 4.3 - Contagem de lactobacilos

Micro-organismo Média

Lactobacillus buchneri 3,85. 108 UFC/ml

Lactobacillus acidophilus 2,65. 108 UFC/ml

A ausência de sabores e aromas desagradáveis durante uma avaliação prévia das

cervejas (aroma e sabores amanteigados, aroma de frutas atípico e cheiro de ovo podre)

também auxiliou como um indício da não presença de deteriorantes.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

45

5. Conclusão

Conclui-se que o objetivo principal do estudo foi alcançado através da produção de

duas variedades de cervejas ácidas.

A produção da cerveja que utilizou uma espécie de lactobacilos incomum na

produção de cervejas ácidas (Lactobacillus acidophilos) teve um produto final produzido

com menor custo em relação à cerveja produzida com lactobacilos comumente utilizados

para esta finalidade (Lactobacilos buchneri).

A redução no custo de produção ao se utilizar uma espécie de lactobacilos incomum

em cervejarias mantendo a mesma aceitação é um ponto importante a ser considerado no

momento da escolha do lactobacilo a ser utilizado.

É proposta a realização de análise sensorial das cervejas produzidas, de modo a se

garantir estatisticamente uma mesma aceitação entre ambos os produtos, e reduções no

custo de produção.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

46

Trabalhos Futuros

O presente estudo analisou a produção de duas cervejas ácidas diferentes, uma

produzida com Lactobacillus buchneri (comumente utilizados na fabricação de cerveja)

e outra com Lactobacillus acidophilos (comumente utilizados na fabricação de produtos

lácteos).

Como o consumo de cervejas ácidas não é tão comum no Brasil, seria interessante a

realização de analise sensorial dividida em dois grupos: o primeiro em que os avaliadores

não tenham consumido previamente cerveja deste tipo, e um teste de aceitação com

indivíduos habituados a tal produto. Assim, seria possível verificar se uma mesma

amostra teria maior aceitação entre pessoas que estão habituadas a consumir este tipo de

produto. Para viabilizar o trabalho sugerido tornar-se-á necessário obter uma amostragem

com pelo menos 60 avaliadores em cada grupo - número mínimo de avaliadores

recomendado por Dutcosky (2013) para teste de aceitação.

Após essas primeiras análises e a partir dos comentários que os proprios avaliadores

fizerem nas fichas de avaliação sobre suas percepções em relação às amostras, propõe-se

também para trabalhos futuros, alterações na formulação/processo das cervejas visando a

obtenção de maiores médias de aceitação, próximas ao termo “gostei extremamente”.

Tais alterações poderiam ser feitas modificando ou alterando o teor de alguns

ingredientes, adicionando novos ingredientes como frutas, aumentando o tempo de

maturação, aumentando a carbonatação, entre diversas outras possibilidades. Antes de

qualquer alteração, é importante atentar para o que é permitido ou não segundo a

legislação vigente.

Vale ressaltar a importância de realizar testes microbiológicos no produto final antes

de seguir com os testes sensoriais, assegurando ao avaliador/consumidor que o produto é

seguro para o consumo humano.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

47

Referências Bibliográficas

ADAMIC, E.B. Barley and Malting. Em: The practical brewer. A manual for the Brewing

Industry. MBAA, Wisconsin, 1977.

AGOSTINI, B. Sourbeer, de acidez marcante, ganha fôlego no Brasil com lançamentos.

Folha de São Paulo: 23 de janeiro de 2015. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/comida/2015/01/1578664-sour-beer-de-acidez-

marcante-ganha-folego-no-brasil-com-lancamentos.shtml> Acesso em: 03/11/2017

AMBEV. Cervejas. Disponível em:< https://www.ambev.com.br/Sociedade_.aspx>

Acesso em: 15/11/2017.

AQUARONE, E. et al.., Biotecnologia Industrial - Volume 4 – Biotecnologia da

Produção de Alimentos. Edgard Blucher, São Paulo, 2001.

AQUARONE, E.; ALMEIDA LIMA, U.; BORZANI, W. Alimentos e bebidas

produzidos por fermentação. São Paulo: Edgard Blucher, 1983.

BARTH, J., GMBH, S., KG, C. The Barth Report. Nuremberg: Barth-HAAS Group,

2016/2017.

BARTH-HAAS GROUP. Beer production. Market Leaders and their Challengers in the

Top 40 Countries in 2012. Disponível em:

http://www.barthhaasgroup.com/images/mediacenter/downloads/pdfs/411/bartherg

aenzungsberichtmlr20122.pdf Acessado em: 08/10/2017.

BEER ART – PORTAL DA CERVEJA. Brasil já tem mais de 600 cervejarias -

Levantamento do MAPA dimensiona o mercado no Brasil, o terceiro maior do mundo.

Disponível em: revistabeerart.com/news/cervejarias-brasil. Acessado em: 16/12/2017.

BERNSTEIN, L., WILLOX, J.C. Água. Em: BRODERICK, H.M. El cerveceroenla

pratica. Lima: Associación Latino americana de Fabricantes de Cerveza. Cap. 4, p.53-82,

1977.

BETA EQ. Bebidas e Engenharia Química – Episódio 2: Cerveja Artesanal. Disponível

em: https://betaeq.com.br/index.php/2016/05/27/bebidas-e-engenharia-quimica-

episodio-2-cerveja/. Acesso em: 07/10/2017.

BOTELHO,B.G. Perfil e teores de aminas bioativas e características físico-químicas em

cervejas. 2009. 75f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Alimentos) - Faculdade de

Farmácia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

BRASIL. Lei nº 8918 de 14 de julho de 1994. Dispõe sobre a padronização, a

classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial

da União, 15 de julho de 1994.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 8, de 17 de

janeiro de 2014.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

48

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº

54 de 5 de novembro de 2001.

BRASIL. Decreto nº6.871, de 4 de junho de 2009. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6871.htm Acesso

em: 06/10/2017.

BRASIL. Decreto nº8.442, de 29 de abril de 2015.

BRIGIDO, R.V.; NETTO, M.S. Produção de Cerveja. Universidade Federal de Santa

Catarina. Monografia Departamento de Eng. Química e Eng. de alimentos. Florianópolis,

Santa Catarina. ago. 2006.

BRIGGS, D et al, Brewing Science and Practice. Boca Raton: CRC Press, 2004.881p.

CARVALHO, G.B.M., BENTO, C.V., ALMEIDA e SILVA, J.B. Elementos

biotecnológicos fundamentais no processo cervejeiro: 1ª. Parte- As leveduras. Revista

Analytica, v. 25, p.36 - 42, 2006.

CERVESIA, 2007.Disponível em:<https://www.cervesia.com.br/artigos-

tecnicos/cerveja/cerveja-e-saude.html>Acesso em: 15/01/2017.

CHARLES BRENSON BIER. Do grão ao copo – Ingredientes – Malte. Disponível em:

http://charlesbrenson.blogspot.com.br/2010/08/do-grao-ao-copo-ingredientes-

malte.html Acesso em: 02/10/2017

CRUZ. I. et al. Produção de Cerveja. Universidade Federal de Santa Catarina.

Departamento de Eng. Química e Eng. de alimentos. Florianópolis, Santa Catarina. out.

2008.

D’AVILA, R. F., LUVIELMO, M. M., MENDONÇA, C. R. B., JANTZEN, M. M.

Adjuntos utilizados para produção de cerveja: características e aplicações. Estudos

Tecnológicos em Engenharia, v. 8, n. 2, p. 60-68, 2012.

DE MORI, C.; MINELLA, E. Aspectos econômicos e conjunturais da cultura da cevada. Passo

Fundo: Embrapa Trigo, 2012. 28 p. html. Embrapa Trigo. Documentos Online, 139. Disponível

em: <http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do139.htm>.

DUTCOSKY, S. D. Análise Sensorial de Alimentos, 4ed revista e ampliada. Curitiba:

Champagnat, 2013.

ESPERANCINI, M. ST. Mercado brasileiro de bebidas. In: VENTURINI FILHO, W. G.

(Coord.). Indústria de bebidas: inovação, gestão e produção. São Paulo: Edgard Blucher,

2011. v.3.

EUROMONITOR INTERNACIONAL.Alcoholic Drinks in Brazil: industry overview.

London: Euromonitor Internacional, 2016.

FILHO, C. F. D. M. Noções sobre tratamento de água. Notas de Aula (Saneamento

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

49

Básico/ Engenharia Sanitária), 2000. Disponivel em:

<http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Tratam10_desinf.htm>. Acesso em:

02/10/2017.

FRANK, J. F.; YOUSEF, A. E. Tests for groups of microorganisms, In: WEHR, H. M.;

FRANK, J. F. Standard Methods for the Examination of Dairy Products, 17 ed. American

Public Health Association, Washington, D. C., 2004. Chapter 8.

FREITAS, A. G. Relevância do mercado cervejeiro brasileiro: avaliação e perspectivas e

a busca de uma Agenda de Regulação. RevistaPensamento e Realidade, v.30, n.2, 2015.

HARTNETT, D. J.; VAUGHAN, A.; VAN SINDEREN, D. Antimicrobial producing

lactic acid bacteria isolated from raw barley and sorghum.

HORNSEY, I.S. Brewing. The Royal Society of Chemistry,Cap. 2: Malting. 1999.

HOUGH, J. S.; BRIGGS, D. E.; STEVENS, R.; YOUNG, T. W. Malting and Brewing

Science: volume II hopped wort and beer. 2 ed. London: Chapman e Hall, 1982. p. 389-

914.

HOUGH, J.S. The biotechnology of malting and brewing. Cambridge: Press Sybdicate of

the University of Cambridge, p.168, 1985.

HUB PAGES. Most Consumed Beverages in the World – Excluding Water. Hub Pages,

2015. Disponível em: http://hubpages.com/food/Most-Consumed-Beverages. Acesso

em: 16/12/2017.

HUGHES, P. S.; BAXTER, E. D. Beer-quality, safety and nutritional aspects. Cambridge,

UK: The Royal Society of Chemistry. Cap. 5: Nutricional Aspects of Beer, 2001.

IAL. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos Físico-Químicos para Análise de

Alimentos, 4 edição, 2008.

KEMP, S. E.; HOLLOWOOD, T.; HORT, J. Sensory Evaluation: A pratical handbook,

2009.

KEUKELEIRE, D. Fundamentals of beer and hop chemistry. Química Nova, v.23, n.1,

p.108-112, 2000.

KORNACKI, J. L.; JOHNSON, J. L. Enterobacteriaceae, coliforms and Escherichia coli

as quality and safety indicators, In: DOWNES, F. P.; ITO, K. Compendium of Methods

for the Microbiological Examination of Foods, 4 ed. American Public Health Association,

Washington, D. C., 2001. Chapter 8.

KUNZE, W. Technology brewing and malting. Berlin: VLB, 1999.

KUNZE, W. Techology Brewing and Malting. 3.ed. Berlim: Vlb, 2004. 948p

LAWLESS, H. T.; HEYMANN, H. Sensory evaluation of food: principles and practices,

2rd edition. New York: Springer, 2010.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

50

LEWIS, M. J.; YOUNG, T. W. Brewing. 2ª. ed. Nova Iorque: Publishers, Kluwer

Academic/ Plenum, v. I, 2002.

LUNKES, J. A. Estágio Supervisionado na Microceverjaria Gastronômica Haus Bier -

Área: Produção de Bebidas Fermentadas - Produção de Cerveja em Microcervejaria.

2013. 22p. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Tecnologia em

Biotecnologia. Universidade Federal do Paraná, Palotina, PR. 2013.

MACFIE, H. J.; BRATCHELL, N.; GREEN HOFF, K.; VALLIS, L. V. Designs to

balance the effect of order of presentation and first-order carry-over effects in hall tests.

JournalofSensoryStudies, 1989.

MEGA, J. F.; NEVES, E.; ANDRADE, C. J. A produção de cerveja no Brasil. Revista

CITINO – Ciência, Tecnologia, Inovação e Oportunidade. v.1, n.1, 2011.

MEILGAARD, M. CIVILLE, G. V. CARR, B. T. SensoryEvaluationTechniques, 4rd

edition. Boca Raton : CRC Press, 2006.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Milho - MAPA. 2015. Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/milho>.

MORADO, R. Larousse da cerveja. São Paul: Larousse do Brasil, 2009.

NOGUEIRA, L. C. Estudo comparativo de caracterização e bioatividade de cerveja com

e sem álcool. Tese (Doutorado), Instituto de Química. Departamento de Bioquímica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro Campinas. 2006.

OLIVER, G. A Mesa do Mestre Cervejeiro: Descobrindo Os Prazeres Das Cervejas e Das

Comidas Verdadeiras. São Paulo: Senac, 2012.

O SUL. Indústria cervejeira do Brasil tem faturamento de R$ 70 bilhões ao ano e

representa 1,6% do PIB. Disponível em: http://www.osul.com.br/industria-cervejeira-

do-brasil-tem-faturamento-de-r-70-bilhoes-ao-ano-e-representa-16-do-pib/ Acessado

em: 08/10/2017.

PALMER, J. How to Brew: Eveything You Need to Know to Brew Beer Right the First

Time. Boulder: Brewers Publications, 2006. 347p.

PERYAM, D./ GIRARDOT, N. Advanced Taste-Test Method. Food Engineering, v 24,

n 7, 1952.

PIGGOTT, J. R. Design questions in sensory and consumer science. Food Quality and

Preference, v. 6, n. 4, p. 217-220, 1995.

PREMAVALLI, K. S.; SWAMY, Y. S. Taste of Foods. In: LYNCH, E. J.; PETROV, A.

P. The sense of taste, 2012.

PRIEST, F. G. Gram-positive brewery bacteria. In: PRIEST, F. G.; CAMPBELL, I. (Ed.).

Brewing Microbiology. 2 ed. London: Chapman e Hall, 1996. p. 127-161.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … - Lívia e Vinicius... · Figura 2.5 - Fluxograma de processo genérico de fabricação de cerveja. .....24 Figura 2.6 - Estrutura

51

REBELLO, F. F. P. Produção de cerveja. Revista Agrogeoambiental, 2009.

REINOLD, M. Manual prático de cervejaria. 1.ed. São Paulo: Aden, 1997. p. 213.

SAKAMOTO, K.; KONINGS, W. N. Beer spoilage bacteria and hop resistance.

InternationalJournalofFoodMicrobiology, Amsterdam, v. 89, n. 2-3, p. 105-124, 2003.

SANTOS, S. P. Os primórdios da cerveja no Brasil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

SAORIN, C. Mercado Brasileiro de Cerveja. Beerlife2010. Disponível em:

<http://www.beerlife.com.br/portal/default.asp?id_texto=28> Acesso em:18/11/17

SLEIMAN, M. et al. Utilização de isótopos estáveis do carbono e do nitrogênio para

determinar o percentual de malte em cervejas tipo Pilsen. Brazilian Journal of Food

Technology, v. 11, n. 2, p. 95-102, 2008.

SOLIS, J. M. S.; COSTA, P. M. Estudo do Processo de Fabricação de Cerveja. 2013.

62p. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Engenharia Química. Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. 2013.

STEWART, G.G. E RUSSEL, I. An Introduction to Brewing Science e Technology.

Series III. Brewer’s Yeast. The Institute of Brewing, 1998.

STONE, H.; SIDEL, J. L. Sensory evaluation practices, 3rd edition. New York: Academic

Press, 2004.

TSCHOPE, E. C. Microcervejarias e cervejarias: a história, a arte e a tecnologia. São

Paulo: Aden, 2001.

UGBOAJA, F. C.; BEDNARSKI, W.; BABUCHOWSKI, A. The technology and

properties of beer produced from unmalted sorghum or maize grains.World Journal

of Microbiology and Biotechnology, v. 7, n. 2, p. 225-230, 1991.

VENTURINI, W. G. F. Tecnologia de bebidas. São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 2005

ZCHOERPER, O.P. A cevada brasileira e o processo de malteação. Porto Alegre, vol.1,

60p., 1990.

ZUPPARDO, B. Uso de goma Oenogum para estabilização coloidal e de

espuma em cerveja. Universidade de São Paulo, Piracicaba 2