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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL ESTUDO SOBRE O CONTROLE DO INTUMESCIMENTO FILAMENTOSO, UTILIZANDO CLORO EM LODOS ATIVADOS DE INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA ANELISE ALMEIDA YANO Cuiabá, MT Setembro de 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E

AMBIENTAL

ESTUDO SOBRE O CONTROLE DO INTUMESCIMENTO FILAMENTOSO,

UTILIZANDO CLORO EM LODOS ATIVADOS DE INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

ANELISE ALMEIDA YANO

Cuiabá, MT

Setembro de 2012

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ANELISE ALMEIDA YANO

ESTUDO SOBRE O CONTROLE DO INTUMESCIMENTO FILAMENTOSO,

UTILIZANDO CLORO EM LODOS ATIVADOS DE INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Edificações e

Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso,

como requisito à obtenção do título de Mestre.

Área de concentração:

Tecnologia Ambiental

Orientador:

Prof. Dr. Luiz Airton Gomes

Cuiabá, MT

Setembro de 2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

Catalogação na fonte: Maurício S. de Oliveira CRB/1-1860.

Y24e Yano, Anelise Almeida

Estudo sobre o controle do intumescimento filamentoso, utilizando cloro em

lodos ativados de indústria alimentícia / Anelise Almeida Yano. – Cuiabá, 2012.

xv, 86 f. ; 30 cm (incluem figuras e tabelas)

Orientador: Luiz Airton Gomes

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de

Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Programa de Pós-graduação em

Engenharia de Edificações e Ambiental, Cuiabá, 2012.

Bibliografia: f. 80-86

1. Lodo filamentoso – controle. 2. Bactérias tipo 0675 - Thiothrix. 3.

Efluente industrial. I. Título.

CDU 628.336

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus queridos e amados pais e à

minha irmã por toda a força, apoio e

compreensão. Quero que sintam orgulho de mim

todos os dias. Amo vocês.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus. Sei que estive afastada durante um tempo, mas tenho certeza que

sempre esteve ao meu lado Pai. O que eu chamava de “sorte” certamente era o Senhor me

avisando que nunca me abandonou.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Airton Gomes, por todos os seus ensinamentos, conselhos,

auxílios e paciência a mim cedidos nessa longa caminhada.

Às Professoras Dra. Danila Soares Caixeta, Dra. Denise Maria Fortes Villas Bôas e Dra.

Gersina Nobre da Rocha Carmo Júnior, pelo aceite dos convites para participação na banca

examinadora, por suas contribuições e pelo enriquecimento deste trabalho.

Aos meus pais, Soeli e Katsuhiko, por simplesmente tudo. Pelo amor, pela confiança, pelo

apoio, pela dedicação, pela paciência, pelo investimento e por tudo mais que os pais se

superam para fazer pelos filhos. Eu faço tudo para e por vocês.

À minha irmã Rafaela, pela força e pelas palavras de conforto. A distância fez com que o

nosso amor e nossa amizade só aumentassem.

À minha tia Marisa o meu muito obrigado por tudo em todos esses anos, com certeza as

coisas seriam difíceis sem sua ajuda. Te considero minha segunda mãe.

À minha família Almeida e minha família Yano por todo carinho transmitido de longe.

À minha amiga Sonia Maria Ribas por todo seu apoio, incentivo, conselhos e sua amizade

desde a graduação.

À minha prima e irmã Danielli de Almeida Santos pelas palavras de carinho e correção do

texto.

Às minhas mais que colegas de mestrado, amigas, Marcele Garbini, Karina Colet e Luciana

Nascimento, por nossos almoços mensais para o compartilhamento de dificuldades, dúvidas

ou simplesmente jogar conversa fora.

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Aos meus colegas de mestrado por caminharmos juntos nessa etapa, a qual espero não ser a

última.

Ao Prof. Msc. Welitom Ttatom pelo suporte e opiniões valiosíssimas ao longo do trabalho.

Ao Ricardo Carneiro, Wagner Pádua, Leandro Favaro, Ney Silva e ao Joseandro Trindade

pela ajuda, suporte e colaboração.

A todos meus amigos pelo carinho, pelos ombros e pelos ouvidos, principalmente à Leydjane

Santana, Aline Rodrigues e Vitor Rodella pelo tempo cedido para auxílio nas coletas e análise

de dados.

Aos técnicos do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental pelo auxílio com as

análises laboratoriais, especialmente à minha querida Rossean.

À Profª. Dra. Zoraidy Marques de Lima por toda ajuda cedida com materiais e consultas.

Aos Professores do PPGEEA pelos ensinamentos e pela força cedidos.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela concessão da

bolsa.

Enfim por todos aqueles que colaboraram de forma direta e indireta para esse trabalho.

Certamente não fazemos nada sozinho.

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais

voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

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RESUMO

YANO, A. A. Estudo sobre o controle do intumescimento filamentoso, utilizando cloro

em lodos ativados de indústria alimentícia. Cuiabá – MT, 2012 86p. Dissertação (Mestrado

em Engenharia de Edificações e Ambiental) – Universidade Federal de Mato Grosso.

A indústria alimentícia é crescente em todo o cenário mundial e o Brasil é um dos líderes em

criação, produção e exportação de alimentos industrializados, sendo a carne bovina seu

principal produto. Há vários processos de tratamento de esgoto urbano e industrial, e o mais

comum é o de lodos ativados. Dentre os principais problemas operacionais, tem-se o controle

do pH, do oxigênio dissolvido, do volume do lodo, do tempo de detenção hidráulica e do

crescimento excessivo dos micro-organismos filamentosos. O presente trabalho tem o

objetivo de estudar os efeitos iniciais de dosagem de cloro como medida de controle do

intumescimento do lodo em escala de bancada, utilizando o teste de jarros em um efluente de

indústria alimentícia. O efluente tratado apresentou eficiência de remoção de 97% para DBO5,

97% para DQO, 90% para nitrogênio, 94% de fósforo, 89% para óleos e graxas e 91% para

sólidos em suspensão totais. Apesar dos bons resultados encontrados, foram identificadas as

bactérias do Tipo 0675 e Thiothrix I. Em um primeiro momento foram testadas dosagens no

lodo de recirculação com hipoclorito de sódio de 125 g.L-1

de cloro ativo. A concentração de

25 mg.L-1

surtiu efeito positivo após 1h de sedimentação, quebrando os filamentos.

Posteriormente foram testadas concentrações de 20 a 27 mg.L-1

, relacionando-as aos sólidos

em suspensão total da recirculação e sólidos sedimentáveis de 1h. A concentração com efeito

positivo foi a de 25 mg.L-1

, os sólidos em suspensão total da recirculação apresentou valores

médios de 4933 mg.L-1

e os sólidos sedimentáveis para esta concentração foram de 947 ml.L-1

sendo que o controle foi de 943 ml.L-1

. Esse resultado auxiliou na sedimentação do lodo,

porém afetou as atividades dos demais micro-organismos. Concluiu-se que, neste caso, outras

alternativas de controle devem ser utilizadas, uma vez que o agente inibidor do

intumescimento não deve prejudicar a microfauna do sistema. Possivelmente, o fato de

somente altas dosagens surtirem efeito sobre as bactérias se deve à presença de bainha que

funciona como uma capa protetora nos filamentos contra agentes externos nessas espécies de

bactérias.

Palavras-chave: Controle do lodo filamentoso, bactérias Tipo 0675 e Thiothrix I, efluente

industrial.

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ABSTRACT

YANO, A. A. Study on control of activated sludge bulking using chlorine in food

industry. Cuiabá – MT, 2012 86p. Master’s Dissertation (Master in Building Environmental

Engineering) - Federal University of Mato Grosso.

The food industry is growing in the world and the Brazil is a leader in the creation, production

and export of processed foods, with the beef being the main product. There are various

processes for treating urban and industrial sewage, the most common being the activated

sludge. Among the major operational problems, it appears the control of pH, dissolved

oxygen, the volume of sludge, the hydraulic retention time and the excessive growth of

filamentous micro-organisms. The present work aims to study the initial effects of dosage of

chlorine as a control of the bulking in bench scale using jar-test in the food industry effluent.

The treated effluent showed removal efficiency of 97% for BOD5, 97% for COD, 90% for

nitrogen, 94% for phosphorous, 89% for oils and greases and 91% for total suspended solids.

Despite the good results founds, they were identified the bacteria Thiothrix I and Type 0675.

In the first phase doses were tested in the return sludge with sodium hypochlorite of 125 g.L-1

of active chlorine. Concentration of 25 mg.L-1

presented a positive effect after 1h of

sedimentation, breaking the filaments. In the second phase, tested concentrations were of 20

to 27 mg.L-1

relating them to the total suspended solids and settled volume at 1 h. The

concentration with the positive effect was 25 mg.L-1

, the total suspended solids of return

sludge presented values of 4933 mg.L-1

and the settled volume for this concentration was 947

ml.L-1

whereas the control was 943 ml.L-1

. This result helped sedimentation of sludge, but has

affected the activities of other micro-organisms. It is concluded that in this case, other control

alternatives should be used, the inhibitory agent should not affect the microfauna system. A

possible explanation for that the only high doses gave positive effect on the bacteria could be

due to the presence of sheath, that acts as a protective cover against external it appears agents

in this species of bacteria.

Keyworld: Control of bulking, bacteria Type 0675 and Thiothrix I, industrial effluent.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema prático do Processo de Lodos Ativados................................................... 21

Figura 2 – Esquema da degradação da matéria orgânica.......................................................... 22

Figura 3 – Esquema básico do histórico dos Lodos Ativados .................................................. 23

Figura 4 – Aeração superficial. ETE Dom Aquino, Cuiabá – MT. .......................................... 29

Figura 5 – Esquema de funcionamento de aeração por ar difuso. ............................................ 29

Figura 6 – Floco Ideal. Microfotografia de contraste de fase (100x). ...................................... 33

Figura 7 – Floco Pint-Point. ..................................................................................................... 34

Figura 8 – Floco Intumescido. Microfotografia de contraste de fase: (a) amostra fresca

(100x) e (b) amostra fixada e corada (1000x). ............................................................. 34

Figura 9 – Presença de fungos em lodos ativados, 100x. ......................................................... 35

Figura 10 – Ciliados pedunculados coloniais. .......................................................................... 36

Figura 11 – (a) Euglypha alveolata. (b) Arcella discoides, (b2). vista superior. ..................... 37

Figura 12 – Rotífero. ................................................................................................................ 37

Figura 13 – Tardígrada ............................................................................................................. 38

Figura 14 – Curva de crescimento bacteriano em cultura pura. ............................................... 40

Figura 15 – Diagrama de predominância relativa. ................................................................... 41

Figura 16 – Sistema antigo de tratamento do efluente por lagoas de estabilização. ................ 52

Figura 17 – Sistema antigo do tratamento do efluente com lodos ativados tratando a linha

vermelha e as lagoas de estabilização tratando a linha verde. ...................................... 53

Figura 18 – Esquema prático do funcionamento do sistema de tratamento de efluente. ......... 54

Figura 19 – Pontos de coleta utilizados para caracterização do efluente. ................................ 58

Figura 20 – Esquema dos testes com dosagens de cloro em Jar Test. ..................................... 62

Figura 21 – Testes com hipoclorito de sódio em escala de bancada na fase in loco. ............... 63

Figura 22 – Testes com hipoclorito de sódio em escala de bancada na fase em laboratório. .. 64

Figura 23 – Sedimentação das amostras. .................................................................................. 65

Figura 24 – Médias de DBO de entrada (P1) e saída (P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.). ......................................................................................................... 68

Figura 25 – Médias de DQO de entrada (P1) e saída (P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.). ......................................................................................................... 68

Figura 26 – Médias de NKT de entrada (P1) e saída (P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.). ......................................................................................................... 68

Figura 27 – Médias de P de entrada (P1) e saída (P3) e eficácia de remoção de 2010 a 2012

(Jan. a Jun.). .................................................................................................................. 68

Figura 28 – Médias de OG de entrada (P1) e saída (P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.) .......................................................................................................... 68

Figura 29 – Médias de SST de entrada (P1) e saída (P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.). ......................................................................................................... 68

Figura 30 – Micro-organismos identificados: a) Vorticella sp. (400x); b) Euglypha sp.

(400x); c) Arcella sp. (200x); d) Centropyxix sp. (200x); e) Tokophrya sp. (200x); f)

Espiroqueta (400x). ....................................................................................................... 70

Figura 31 – Microscopia de campo claro, 200x: a) Tipo 0675 e b) Thiothrix I. ...................... 71

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Figura 32 – Microscopia de campo claro para observações de colorações (1000x): a)

Coloração Gram positivo: Tipo 0675; b) Coloração Gram negativo: Thiothrix I; c)

Coloração PHB, grânulos visíveis. ............................................................................... 72

Figura 33 – Observações microscópicas de campo claro do efeito do cloro (25 mg.L-1

)

sobre as bactérias filamentosas: a) controle (200x); b) após o tempo de contato, ao

centro ciliado fixo em atividade (400x); c) após 30 minutos (200x); d) após 1 hora,

filamentos quebrados (400x). ....................................................................................... 74

Figura 34 – Média dos Sólidos Sedimentáveis após de decorrido 1 hora do início do teste e

média dos SST da recirculação do lodo. ....................................................................... 75

Figura 35 – Visualização em microscópio de campo claro da bainha em cristal violeta

(1000x). ......................................................................................................................... 76

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 – Interpretação do resultado do IVL. ......................................................................... 26

Tabela 2 – Variantes do processo de lodos ativados em função da idade do lodo. .................. 27

Tabela 3 – Gêneros mais frequentes em sistemas de lodos ativados........................................ 31

Tabela 4 – Principais gêneros de algas encontradas em lodos ativados. .................................. 34

Tabela 5 – Características morfológicas das bactérias filamentosas a serem observadas na

identificação. ................................................................................................................. 43

(Continua) ................................................................................................................................. 43

Tabela 5 – Características morfológicas das bactérias filamentosas a serem observadas na

identificação. ................................................................................................................. 44

(Conclusão) ............................................................................................................................... 44

Tabela 6 – Bactérias filamentosas e possíveis causas. ............................................................. 46

Tabela 7 – Eficiência de remoção do flotador de aves em 2012 .............................................. 55

Tabela 8 – Eficiência de remoção do flotador de bovinos. ...................................................... 56

Tabela 9 – Eficiência de remoção do flotador da linha verde .................................................. 56

Tabela 10 – Metodologia empregada e respectivos autores/manuais....................................... 57

Tabela 11 – Concentrações de cloro e massa de hipoclorito de sódio em Jar Test testadas

na fase in loco ............................................................................................................... 63

Tabela 12 – Testes com concentrações de cloro e dosagem de hipoclorito de sódio em Jar

Test 2ª fase .................................................................................................................... 64

Tabelas 13 – Variáveis físico-químicas de entrada (P1) e saída (P3). ..................................... 66

Tabela 14 – Comparativo das variáveis do experimento às de projeto e de variantes do

processo de lodos ativados. ........................................................................................... 67

Tabelas 15 – Variáveis físico-químicas de entrada (P1) e saída (P3) 2012. ............................ 67

Tabela 16 – Características observadas nos filamentos............................................................ 71

Quadro 1 – Principais organismos filamentosos em lodos ativados. ....................................... 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHA Ácidos haloacéticos

DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio 5 dias

DP Decantador Primário

DQO Demanda Química de Oxigênio

DS Decantador Secundário

ETA Estação de Tratamento de Água

ETE Estação de Tratamento de Efluente

IL Idade do Lodo

IVL Índice Volumétrico do Lodo

LV Linha Vermelha

LVd Linha Verde

MO Matéria Orgânica

OD Oxigênio Dissolvido

OG Óleos e Graxas

PHB Poli-β-hidroxibutirato

RELAÇÃO A/M

(F/M)

Relação Alimento/Micro-organismo (Food/Microrganism)

RL Retorno do Lodo

SR Sedgwick Rafter

SSed Sólidos Sedimentáveis

SST Sólidos em Suspensão Totais

SSV Sólidos em Suspensão Voláteis

TA Tanque de Aeração

TDH Tempo de Detenção Hidráulica

THM Trihalometanos

UASB Upflow Anaerobic Sludge. Blanket

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LISTA DE SÍMBOLOS

Cl2 Cloro

S0 Concentração de DBO no afluente

Xta Concentração de sólidos em suspensão voláteis no tanque de aeração

Xrl Concentração de sólidos no retorno do lodo

d Dia

CO2 Dióxido de carbono

P Fósforo

NaClO Hipoclorito de sódio

θc Idade do lodo

N Nitrogênio

NKT Nitrogênio de Kjeldahl Total

O2 Oxigênio

θ Tempo de detenção hidráulica

P0 Valor da entrada

P Valor da saída

Q Vazão

Qd Vazão de descarte

Vta Volume do tanque de aeração

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16

1.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA .............................................. 18

1.2 QUESTÃO DA PESQUISA ......................................................................................... 19

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 19

1.2.2 Objetivo Específico ..................................................................................................... 19

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 19

2 LODOS ATIVADOS ......................................................................................................... 21

2.1 CONCEITO E PRINCÍPIO DO PROCESSO .............................................................. 21

2.2 HISTÓRICO DO PROCESSO ..................................................................................... 22

2.3 ALTERNATIVAS DOS SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS ................................ 23

2.3.1 Lodos Ativados Convencional ................................................................................... 23

2.3.2 Lodos Ativados Aeração Prolongada ........................................................................ 24

2.3.3 Reatores Sequenciais por Batelada (Fluxo Intermitente) ....................................... 24

2.4 PARÂMETROS OPERACIONAIS ............................................................................. 25

2.4.1 Concentração da Massa Microbiana no Tanque de Aeração ................................. 25

2.4.2 Índice Volumétrico do Lodo ...................................................................................... 25

2.4.3 Idade do Lodo ............................................................................................................. 26

2.4.4 Tempo de Detenção Hidráulica ................................................................................. 27

2.4.5 Relação Alimento/Micro-organismo (A/M) .............................................................. 27

2.4.6 Concentração de Oxigênio Dissolvido ....................................................................... 28

2.4.7 Temperatura ............................................................................................................... 30

2.4.8 pH ................................................................................................................................. 30

2.4.9 Concentração de Nutrientes ....................................................................................... 30

3 MICROBIOLOGIA DE LODOS ATIVADOS ............................................................... 31

3.1 FLOCO BIOLÓGICO .................................................................................................. 31

3.1.1 Mecanismo da Floculação Biológica ......................................................................... 32

3.1.2 Características do Floco ............................................................................................. 33

3.2 ALGAS ......................................................................................................................... 34

3.3 FUNGOS ...................................................................................................................... 35

3.4 PROTOZOÁRIOS ........................................................................................................ 35

3.4.1 Ciliados ........................................................................................................................ 36

3.4.2 Flagelados .................................................................................................................... 36

3.4.3 Amebas ......................................................................................................................... 36

3.5 MICROMETAZOÁRIOS ............................................................................................. 37

3.5.1 Rotíferos ....................................................................................................................... 37

3.5.2 Anelídeos ...................................................................................................................... 38

3.5.3 Nematóides .................................................................................................................. 38

3.5.4 Tardígrados ................................................................................................................. 38

3.6 BACTÉRIAS ................................................................................................................ 39

3.6.1 Crescimento Bacteriano ............................................................................................. 39

3.7 DIAGRAMA DE PREDOMINÂNCIA RELATIVA .................................................. 40

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3.8 BACTÉRIAS FILAMENTOSAS ................................................................................. 41

3.8.1 Características Morfológicas das Bactérias Filamentosas ...................................... 43

3.8.1.1 Bainha .......................................................................................................................... 44

3.9 INTUMESCIMENTO DO LODO ............................................................................... 45

3.9.1 Controle do Intumescimento do lodo ........................................................................ 46

4 CLORAÇÃO ...................................................................................................................... 48

4.1 DESVANTAGENS DA CLORAÇÃO ......................................................................... 50

5 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................. 51

5.1 LOCAL DA PESQUISA .............................................................................................. 51

5.1.2 Sistema de Tratamento de Efluente .......................................................................... 51

5.2 METODOLOGIA ......................................................................................................... 57

5.2.1 Caracterização do Sistema de Tratamento .............................................................. 58

5.2.2 Análise Microbiológica do Sistema de Lodos Ativados ........................................... 58

5.2.2.1 Análise qualitativa do lodo .......................................................................................... 58

5.2.2.2 Análise quantitativa ..................................................................................................... 59

5.2.2.3 Medida de comprimento de filamento ......................................................................... 60

5.2.2.4 Identificação das bactérias filamentosas .................................................................... 60

5.2.3 Experimentação de Dosagens de Hipoclorito de Sódio em Jar Test ....................... 61

5.2.3.1 Testes in loco ................................................................................................................ 62

5.2.3.2 Testes em laboratório ................................................................................................... 63

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 66

6.2 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO ...................................... 66

6.3 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SISTEMA DE LODOS ATIVADOS .............. 69

6.3.1 Identificação das Bactérias Filamentosas ................................................................. 70

6.4 EXPERIMENTAÇÃO DE DOSAGENS DE HIPOCLORITO DE SÓDIO EM JAR

TEST ............................................................................................................................. 73

6.4.1 Testes in loco ............................................................................................................... 73

6.4.2 Testes em Laboratório ................................................................................................ 74

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .................................................. 78

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 80

ANEXO .................................................................................................................................... 87

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16

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

A indústria alimentícia é crescente em todo o cenário mundial e o Brasil é um dos

líderes em criação, produção e exportação de alimentos industrializados, sendo a carne bovina

o principal produto.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), 2011 fechou

com crescimento de 4,9%, o que significou um lucro de R$ 383,4 bilhões. Para 2012, o setor

deverá registrar expansão de 7% a 7,5% o que representa um lucro de R$ 400 bilhões.

Todo esse processo, desde o abate até o produto já embalado, produz resíduos sólidos

e líquidos que necessitam de tratamento especial antes de serem lançados em aterros ou nos

corpos d’água.

O esgoto in natura causa grande desequilíbrio ao meio ambiente. Com o teor de

nutrientes alto, a decomposição da matéria orgânica (MO) compete com os organismos

aquáticos pelo oxigênio dissolvido. A proliferação de algas impede a incidência da luz solar,

prejudicando a fotossíntese dos seres primários.

Há vários processos de tratamento de esgoto urbano e industrial, sendo o mais comum

o de Lodos Ativados, em situações nas quais é necessária uma elevada qualidade do efluente e

reduzidos requisitos de área. No entanto, o sistema de lodos ativados inclui um índice de

mecanização superior ao de outros sistemas de tratamento, implicando em uma operação mais

sofisticada e em maior consumo de energia elétrica.

Dentre os principais problemas operacionais, tem-se o controle do pH, do oxigênio

dissolvido, do volume do lodo, do tempo de detenção hidráulica e do crescimento dos micro-

organismos filamentosos. Esses últimos são de fundamental importância para a eficiência do

processo.

As bactérias, fungos e protozoários irão decompor a matéria orgânica e auxiliar nos

processos químicos de remoção de nitrogênio e fósforo.

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Se por um lado a presença desses micro-organismos é fundamental para o bom

funcionamento da estação de tratamento de esgoto (ETE), por outro, pode prejudicá-lo.

O floco biológico é formado pelas bactérias filamentosas, bactérias decompositoras e

fragmentos orgânicos e inorgânicos.

Segundo Van Haandel; Marais (1999), diversos pesquisadores alegam que a formação

de flocos de dimensões relativamente grandes está associada ao desenvolvimento de micro-

organismos filamentosos. Estes micro-organismos são normalmente encontrados nos sistemas

de lodos ativados, e o problema surge quando seu crescimento é excessivo. Esse fenômeno é

chamado de intumescimento do lodo e suas características são: grandes dimensões,

resistência, má sedimentabilidade e consequentemente, altos valores de índice volumétrico do

lodo (IVL). A dificuldade de aproximação entre os flocos pela presença dos filamentos causa

o flotamento do lodo.

Estudos em estações de tratamento sobre o fenômeno do intumescimento por bactérias

filamentosas foram realizados em diversos países, entre eles Estados Unidos, Itália, Austrália,

República Checa, Alemanha, Grécia e Dinamarca (JENKINS et al., 2003; MADONI et al.,

2000; SEVIOUR et al., 1994; KRHUTKOVÁ et al., 2002; NOUTSOPOULOS et al., 2007;

KRISTENESEN et al., 1994). Tais pesquisadores consideram como principais causadores do

aparecimento de bactérias filamentosas: a relação alimento/micro-organismo (A/M), tempo de

retenção celular, concentração de oxigênio dissolvido (OD) e temperatura (JENKINS et al.,

2003).

No Brasil não há um levantamento detalhado sobre a ocorrência de intumescimento

nas estações de tratamento de efluente, mas os estudos sobre identificação e controle das

bactérias filamentosas e micro-organismos de lodos ativados é crescente.

Dada toda a problemática causada pelas bactérias filamentosas o efluente final torna-se

de má qualidade não se enquadrando, em relação ao Brasil, nas Resoluções do Conselho

Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 357/2005 e no CONAMA nº 430/2011. Assim

sendo, o uso de medidas de controle torna-se necessário.

Para o controle dos eventos de intumescimento por micro-organismos filamentosos

recomenda-se agir nas causas, ou seja, identificar o que está causando tais eventos e praticar

ações para minimizar a causa biológica ou física que está propiciando seu crescimento

excessivo. Somente no caso de não haver alternativa é que se faz necessária uma intervenção

direta no controle desses micro-organismos através do uso de agentes físicos ou químicos.

O controle do intumescimento do lodo foi estudado por diversos autores, sendo alguns

deles, defensores do uso de coagulantes como sulfato ferroso e produtos precipitantes

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baseados em alumínio. Outros sustentam a utilização de seletores, a aplicação de surfactantes,

a aplicação de cloro, o emprego de clarificadores em série, adição de talco, o controle da

temperatura e da carga de lodo e a diminuição da idade do lodo (ANDREASEN et al., 1999;

KITATSUJI et al., 1996; RAMIREZ et al., 2000; CLAUSS et al., 1999; JENKINS et al.,

2003).

A utilização do cloro como técnica de controle do intumescimento do lodo é

largamente empregada nos Estados Unidos. Ele é utilizado para a desinfecção de efluentes

secundários e a quantidade requerida para o controle do crescimento de bactérias filamentosas

é muito pequena se comparada com à utilizada para a desinfecção, e sua aplicação não

interfere na eficiência de remoção da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e sólidos

sedimentáveis (SSed) para os níveis requeridos ao tratamento secundário (JENKINS et al.,

2003).

1.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA

A escolha pela indústria de abate e alimentos para a realização do presente projeto

deu-se pelo fato do setor estar em crescente desenvolvimento no país e principalmente no

Estado de Mato Grosso. A ETE escolhida apresenta vazão de 14000 m3.dia

-1 e os resultados

podem vir a ajudar outras ETEs de mesma ou maior dimensão.

O intumescimento do lodo é um evento comum em sistemas de lodos ativados, porém

se não tratado, pode causar, não apenas prejuízos econômicos, como principalmente

prejudicar a qualidade do efluente final e consequentemente ao corpo receptor.

O cloro (Cl2) é comumente utilizado em empresas que possuem estações de tratamento

de água (ETA) para o controle de patógenos como é o caso das indústrias alimentícias sendo

desnecessário, dessa forma, o uso de outro produto químico para o controle do

intumescimento do lodo.

Jenkins et al., (2003) relatam algumas dosagens iniciais de cloro em estações de

tratamento de efluente urbano: de 2 a 3 kgCl2/tonSS.d é uma típica dosagem enquanto o

sistema está em equilíbrio dinâmico, entretanto, é necessária uma contínua cloração para

eliminar novas filamentosas; de 5 a 6 kgCl2/tonSS.d equivale a uma dosagem que destrói o

excesso de filamentos com pequeno impacto na qualidade do efluente; aplicações de 10 a 12

kgCl2/tonSS.d iria, provavelmente, destruir os micro-organismos em excesso, contudo,

normalmente, destroem a estrutura do floco e resultam em perda da qualidade do efluente.

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Sendo assim, o estudo da adição de cloro em ETE de indústria de abate e alimentos é

totalmente viável e os resultados podem representar uma valiosa contribuição a outras

indústrias do setor.

1.2 QUESTÃO DA PESQUISA

Questão que envolve a pesquisa: É possível atingir concentrações de cloro que possam

controlar o crescimento excessivo das bactérias?

1.2.1 Objetivo Geral

Estudar o uso do cloro como medida de controle do crescimento das bactérias

filamentosas do sistema de tratamento de efluente de uma indústria alimentícia para evitar o

intumescimento do lodo.

1.2.2 Objetivo Específico

Os objetivos específicos visam:

Analisar o floco biológico;

Identificar e classificar a microfauna aquática do lodo a nível de ordem e/ou gênero;

Identificar a filamentosa dominante do lodo;

Estudar os efeitos preliminares da cloração no controle do intumescimento do lodo por

bactérias filamentosas.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em oito capítulos: introdução, lodos ativados, microbiologia

de lodos ativados, cloração, metodologia, resultados e discussão, sugestões e referências

bibliográficas.

A introdução aborda o trabalho a ser realizado de um modo geral, seguido da

problemática, da questão de pesquisa, dos objetivos gerais e específicos e além da estrutura

geral do trabalho.

O Capítulo 2 relata um breve histórico dos lodos ativados, bem como seu

funcionamento. Também trata das alternativas de lodos ativados e os parâmetros de projeto

relacionando-os à microbiota do tanque de aeração.

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O Capítulo 3 aborda microbiologia de lodos ativados e faz uma pequena introdução de

cada micro-organismo que compõe o sistema. No mesmo capítulo apresentam-se informações

acerca do intumescimento do lodo, das bactérias filamentosas e suas características.

O uso do cloro no controle do intumescimento do lodo e suas desvantagens estão

descritos no Capítulo 4.

A metodologia do trabalho está presente no Capítulo 5, onde as técnicas de coletas e

análises estão especificadas.

O Capítulo 6 mostra os resultados finais e a discussão sobre os mesmos.

As considerações finais e sugestões para futuros trabalhos estão contidas no Capítulo

7.

No Capítulo 8 encontram-se referências bibliográficas e, por fim, anexo.

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CAPÍTULO 2

2 LODOS ATIVADOS

2.1 CONCEITO E PRINCÍPIO DO PROCESSO

O processo é um tratamento biológico de efluentes e é formado basicamente pelas

seguintes etapas: tanque de aeração (TA) ou reator aeróbio, decantador secundário (DS) e

retorno do lodo (RL) (Figura 1).

Figura 1 – Esquema prático do Processo de Lodos Ativados.

Fonte: A autora (2012).

No tanque de aeração ocorrem as reações bioquímicas para degradação da matéria

orgânica. No decantador secundário ocorre a sedimentação dos sólidos. O material decantado

no fundo do decantador é recirculado para o reator, aumentando a biomassa e

consequentemente, a eficiência do processo.

O princípio básico do tratamento consiste em colocar o afluente líquido em contato

com uma cultura heterogênea de micro-organismos, os quais irão metabolizar a matéria

orgânica, normalmente composta de carbono, oxigênio, hidrogênio, Nitrogênio e outras fontes

de nutrientes, decompondo-a em CO2, H2O, etc., liberando energia para produzir novas

células e manter seu metabolismo basal.

A Figura 2 mostra o esquema do fenômeno da degradação biológica.

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Figura 2 – Esquema da degradação da matéria orgânica.

Fonte: CLAAS; MAIA (1994).

2.2 HISTÓRICO DO PROCESSO

No final do século XIX os tratamentos biológicos de efluentes estavam restritos aos

filtros intermitentes, filtros biológicos, leitos percolados e tanques sépticos. Porém, nenhum

desses processos apresentava resultados positivos como a estética do efluente final e a

qualidade do mesmo (JORDÃO; PESSÔA, 2009).

Segundo Van Haandell; Marais (1999), em sua versão original, o processo de lodos

ativados operava em bateladas, ou seja, o efluente é introduzido em um reator biológico e,

após o volume completo, a aeração é iniciada até a matéria orgânica ser depurada. Desligados

os aeradores, a massa microbiana separa-se da fase líquida por meio da sedimentação e o

sobrenadante descarregado. Ao final do descarregamento, o processo é iniciado novamente.

De acordo com Jordão; Pessôa (2009), o processo surgiu de fato entre 1913 e 1914 em

reuniões técnicas e as primeiras instalações foram implantadas nos Estados Unidos em 1916.

A Figura 3 representa um esquema do histórico apresentado por Jordão; Pessôa (2009)

dos lodos ativados por meio de uma linha do tempo.

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Figura 3 – Esquema básico do histórico dos Lodos Ativados

Fonte: adaptado de JORDÃO; PESSÔA, 2009.

2.3 ALTERNATIVAS DOS SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS

O processo de lodos ativados possui variantes quanto à idade do lodo (lodos ativados

convencional ou aeração prolongada), ao fluxo (contínuo ou intermitente) e quanto ao

afluente da etapa biológica do sistema de lodos ativados (esgoto bruto, efluente de decantador

primário, efluente de reator anaeróbio, efluente de outro processo de tratamento de esgoto)

(VON SPERLING, 1997).

2.3.1 Lodos Ativados Convencional

No sistema de lodos ativados de fluxo contínuo a idade do lodo é, normalmente, de 4 a

10 dias e o tempo de detenção hidráulica no reator de 6 a 8 horas. A relação de

alimento/micro-organismo é de 0,3 a 0,8 KgDBO/KgSSV.d (VON SPERLING, 1997).

A eficiência de remoção de DBO é de 85% a 93%. Se comparado ao sistema de

aeração prolongada é menor, devido ao menor tempo de detenção hidráulica do efluente no

sistema.

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O sistema convencional requer menor área para implantação, menor potência de

aeração e maior capacidade de tratamento do efluente por área, devido ao menor tempo de

detenção do efluente no sistema.

2.3.2 Lodos Ativados Aeração Prolongada

No sistema de lodos ativados por aeração prolongada (fluxo contínuo) a idade do lodo

está entre 18 a 30 dias e o tempo de detenção hidráulica entre 16 e 24 horas. A relação A/M é

de 0,08 a 0,15 KgDBO/KgSSV.d (VON SPERLING, 1996).

A eficiência de remoção nesses sistemas fica entre 93% e 98% devido ao maior tempo

de detenção hidráulica. Como as bactérias permanecem um tempo superior no reator, elas

utilizam a própria matéria orgânica armazenada em suas células para sobreviver. Essa matéria

orgânica é convertida em gás carbônico e água por meio da respiração.

Requerem maior área para implantação, maior potência de aeração e menor

capacidade de tratamento por área, devido ao maior tempo de detenção hidráulica.

2.3.3 Reatores Sequenciais por Batelada (Fluxo Intermitente)

O princípio do processo consiste na incorporação de todas as unidades, processos e

operações normalmente associados ao tratamento primário dos lodos ativados em um único

tanque, ou seja, decantação primária, oxidação biológica e decantação secundária. As fases

são:

Enchimento – entrada de esgoto bruto ou decantado no reator.

Reação – aeração/mistura da massa líquida contida no reator.

Sedimentação – sedimentação e separação dos sólidos em suspensão do esgoto tratado.

Descarte do efluente tratado – retirada do esgoto tratado do reator.

Repouso – ajuste de ciclos e remoção do lodo excedente.

A duração de cada fase é de acordo com estudos das características do efluente a ser

tratado.

Existem algumas variantes nos sistemas de fluxo intermitente que se relacionam tanto

à forma de operação, quanto à sequência e duração dos ciclos associados a cada fase do

processo. Estas variantes permitem simplificações adicionais no processo ou a remoção

biológica de nutrientes (VON SPERLING, 1997).

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2.4 PARÂMETROS OPERACIONAIS

Os parâmetros operacionais são de fundamental importância no processo de lodos

ativados. Por meio do seu monitoramento, o controle e a correção de anomalias será mais ágil.

Entre os parâmetros operacionais estão: concentração da massa microbiana no tanque de

aeração, idade do lodo (IL), tempo de detenção hidráulica (TDH), relação alimento/micro-

organismo, concentração de oxigênio dissolvido, temperatura, pH e concentração de

nutrientes.

Relacionando os parâmetros operacionais à microbiota, o processo de lodos ativados,

o qual é totalmente biológico, terá maior êxito.

2.4.1 Concentração da Massa Microbiana no Tanque de Aeração

A massa das células microbianas é expressa em termos de sólidos em suspensão totais

(SST), uma vez que a biomassa no tanque de aeração é constituída de sólidos que estão em

suspensão no reator. Entretanto, há uma fração inorgânica no reator, por isso, a biomassa é

normalmente expressa em termos de sólidos em suspensão voláteis (SSV), que representam a

fração orgânica da biomassa.

A faixa típica de valores de SSV é de 1.500 a 3.500 mg.L-1

, para sistema de lodos

ativados convencional, e de 2.500 a 4.000 mg.L-1

, para sistema de aeração prolongada (VON

SPERLING, 1997).

2.4.2 Índice Volumétrico do Lodo

O índice volumétrico do lodo é definido como o volume ocupado por 1 g de lodo após

30 minutos de decantação. Além de importante variável de controle, é indicativo das

características de sedimentabilidade de lodo.

Para calcular o IVL (Equação 2.1), necessita-se do valor dos sólidos em suspensão

totais da amostra, logo (CLASS, 2007):

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(2.1)

Onde:

IVL = Índice volumétrico do lodo (ml.g-1

)

SSed30’ = Sólidos sedimentáveis após 30 minutos de sedimentação (ml.L-1

)

SST = Concentração de sólidos em suspensão totais da amostra (mg.L-1

)

Quanto maior o valor do IVL, a qualidade da sedimentabilidade do lodo diminui e isso

resulta em um maior volume de lodo no decantador secundário.

Na Tabela 1 são citados alguns valores e IVL para esgotos domésticos:

Tabela 1 – Interpretação do resultado do IVL.

IVL (ml/g) Sedimentabilidade

0 – 50 Ótima

50 – 100 Boa

100 – 200 Média

200 – 300 Ruim

> 300 Péssima

Fonte: Adaptado de Von Sperling, 1997.

2.4.3 Idade do Lodo

A idade do lodo pode ser definida como a concentração da massa total de micro-

organismos do tanque de aeração, dividida pela massa total de micro-organismos retirada do

sistema diariamente (VON SPERLING, 1997).

Pode ser calculada pela Equação 2.2;

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(2.2)

Onde:

θc = Idade do lodo (dias)

Vta = Volume do tanque de aeração (m3)

Xta = Concentração de sólidos em suspensão voláteis no tanque de aeração (Kg/m3)

Qd = Vazão de descarte (m³)

Xrl = Concentração de sólidos em suspensão voláteis no retorno do lodo (Kg/m3)

Von Sperling (1997) define alguns valores de idade do lodo (Tabela 2).

Tabela 2 – Variantes do processo de lodos ativados em função da idade do lodo.

Idade do lodo Carga de DBO aplicada

por unidade de volume

Faixa de idade do lodo Denominação usual

Reduzidíssima Altíssima Inferior a 3 dias Aeração modificada

Reduzida Alta 4 a 10 dias LA convencional

Intermediária Intermediária 11 a 17 dias -

Elevada Baixa 18 a 30 dias Aeração prolongada

Fonte: VON SPERLING, 1997.

2.4.4 Tempo de Detenção Hidráulica

Tempo de detenção hidráulica (TDH) é o tempo médio de permanência do efluente no

tanque de aeração, ou seja, é o tempo que uma partícula levaria da entrada até a saída do

reator e, segundo Metcalf & Eddy (1991) é dada pela Equação 2.3:

(2.3)

Onde:

θ = Tempo de detenção hidráulica (horas)

Vta = Volume do tanque de aeração (m3)

Q = Vazão afluente (m3.h

-1)

2.4.5 Relação Alimento/Micro-organismo (A/M)

A relação A/M ou F/M (food to micro-organism ratio) é dada pela quantidade de

alimento ou substrato disponível por unidade de massa dos micro-organismos, relacionada

com a eficiência do sistema, ou seja, a taxa A/M mede a relação entre a carga orgânica, a qual

é produzida no sistema e a concentração de micro-organismos presentes no tanque de aeração.

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Essa relação é de fundamental importância no controle da qualidade de formação dos

flocos biológicos sendo que, uma menor relação A/M, favorece a formação de um lodo

tipicamente filamentoso e uma alta relação que pode dar origem a flocos pequenos e fracos.

Assim, a relação A/M é calculada por meio da Equação 2.4:

(2.4)

Onde:

A/M = Carga de lodo (gDBO5 fornecidos por dia/gSSV)

S0 = Concentração de DBO5 afluente (mg.L-1

)

θ = Tempo de detenção hidráulica (horas)

Xta = Concentração de sólidos em suspensão voláteis no tanque de aeração (mg.L-1

)

A relação A/M assume os valores de 0,3 a 0,8 kgDBO/kgSSV.d e 0,08 a 0,15

kgDBO/kgSSV.d para lodos ativados convencional e aeração prolongada, respectivamente.

2.4.6 Concentração de Oxigênio Dissolvido

O oxigênio é disposto no reator por meio de aeradores que podem ser superficiais

(Figura 4) ou por ar difuso (Figura 5).

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Figura 4 – Aeração superficial. ETE Dom Aquino, Cuiabá – MT.

Fonte: Rafael Bruzzon.(2009).

Figura 5 – Esquema de funcionamento de aeração por ar difuso.

Fonte: A autora (2012).

O O2 deve atender à oxidação da matéria orgânica (fornecer energia para síntese

bacteriana e respiração endógena bacteriana) e à nitrificação.

Baixos níveis de oxigênio dissolvido no reator podem causar a proliferação de

organismos filamentosos e posteriormente o intumescimento. Com o OD baixo cria-se uma

zona anaeróbia no interior dos flocos, prejudicando as bactérias formadoras de floco e as

filamentosas projetam-se para fora do floco em busca de melhores condições (VAN

HAANDEL; MARAIS, 1999; JENKINS et al., 2003 e FIGUEIREDO, 2011).

A concentração crítica de OD raramente excede 0,54 a 1,0 mg.L-1

na remoção de

material orgânico e de 1,0 a 2,0 mg.L-1

na nitrificação. A NBR – 570 (ABNT, 1989)

recomenda concentrações de OD de 1,5 mg.L-1

, para idade de lodo igual ou maior que 18 dias

e 2,0 mg.L-1

, para idade de lodo inferior a 18 dias.

Concentrações maiores que 4,0 mg.L-1

de O2 favorecem a nitrificação (CLAAS,

2007).

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2.4.7 Temperatura

A temperatura tem tamanha importância no metabolismo dos micro-organismos que os

classifica em mesófilos (20 a 40 °C), psicrófilos (abaixo de 15 ºC) e termófilos (50 a 60 ºC)

(TORTORA et al., 2005). Como a faixa máxima de temperatura para operação de um sistema

de lodos ativados está entre 35 e 40 ºC há um predomínio de micro-organismos mesofílicos.

2.4.8 pH

O efeito do pH em sistemas de lodos ativados está diretamente ligado às reações

enzimáticas. As enzimas atuam em pH específico podendo diminuir sua atuação ou até cessar

(CLAAS, 2007).

Com pH próximo a 6,0, os fungos começam a competir com as bactérias, e a 4,0

dominam o meio.

Para uma boa floculação em lodos ativados, o pH deve estar entre 6,0 e 9,0.

2.4.9 Concentração de Nutrientes

Os nutrientes são elementos fundamentais no metabolismo microbiano, pois fazem

parte de sua constituição celular. O nitrogênio e o fósforo estão presentes na constituição do

tecido das bactérias numa porcentagem que varia de 5 a 10% para o Nitrogênio (N) e 1 a 2%

para o Fósforo (P).

De acordo com Jenkins et al. (2003), a quantidade de nutrientes a ser adicionada varia

de acordo com a (DBO) no efluente. Assim, a quantidade de nitrogênio e fósforo a ser

adicionada segue a seguinte relação, DBO:N:P é igual a 100:5:1. Essa relação é baseada no

máximo valor teórico das necessidades de N e P de uma bactéria, assumindo um rendimento

de 0,5 g de células por grama de DBO removida, e um lodo com peso seco de 10% de N e 2%

de P.

Ainda segundo os autores, a deficiência de nutrientes pode causar a predominância de

bactérias filamentosas tais como Thiothrix, Sphaerotilus natans, Haliscomenobacter

hidrossis, Tipo 021, Tipo 0041 e Tipo 0675.

A formação de espuma no tanque de aeração e no decantador secundário, na ausência

de Nocardia sp., Microthrix parvicella ou Tipo 1863, seguida por concentrações significativas

de material extracelular, também pode ser um indício de deficiência de nutrientes (SOUSA,

2002).

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CAPÍTULO 3

3 MICROBIOLOGIA DE LODOS ATIVADOS

Como o processo de lodos ativados é totalmente biológico, o estudo da microbiologia

é de suma importância. Relacionar os parâmetros operacionais com a ecologia da microbiota é

uma metodologia com a qual se obtém um excelente padrão de qualidade.

A Tabela 3 mostra os micro-organismos mais frequentes.

Tabela 3 – Gêneros mais frequentes em sistemas de lodos ativados.

Grupos Gêneros

Ciliados livre natante Paramecium, Colpidium, Litonotus, Trachelophyllum,

Amphileptus, Chilodonella.

Ciliados pedundulados Vorticella, Opercularia, Epistylis, Charchesium, Acineta

e Podophrya

Ciliados livres predadores de floco Aspidisca, Euplotes, Stylonychia, Oxytricha.

Flagelados Bodo, Cercobodo, Mona sp, Oicomona sp, Euglena sp,

Cercomona sp, Peranema.

Sarcodinas Amoeba, Arcella, Actiophrys, Vahlkampfi, Astramoeba,

Difflugia, Cochiliopodium.

Rotíferos Philodina, Rotaria, Epiphanes

Nematóides Rhabditis

Anelídeos Aelosoma

Fonte: adaptado de CETESB (1985)

Embora o ambiente do processo de lodos ativados seja aquático, os micro-organismos

presentes diferem de um meio natural. Isso acontece, pois o sistema apresenta características

específicas, como turbulência e turbidez, devido à aeração e aos sólidos em suspensão,

respectivamente (CETESB, 1985).

A microfauna é representada por protozoários e micrometazoários. A ausência de

incidência solar impede que seres fotossintetizantes habitem o meio, salvo algumas exceções.

3.1 FLOCO BIOLÓGICO

A floculação do lodo é importante para que a biomassa seja separada do efluente

tratado e retornada ao reator. O Floco biológico é composto por matéria orgânica, matéria

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inorgânica, bactérias formadoras de floco e bactérias filamentosas que são o principal agente

do processo.

A estrutura do floco é dividida em dois níveis: macroestrutura, formada pelas bactérias

filamentosas e microestrutura, formada por bactérias não filamentosas produtoras de exo-

polímeros (JENKINS et al., 2003).

O equilíbrio entre esses dois níveis determinará a qualidade do floco biológico, mais

necessariamente do controle do crescimento das filamentosas. Se o crescimento for excessivo

causa o intumescimento do lodo, não permitindo assim a sedimentação no decantador

secundário. Quando o crescimento é insuficiente, também ocorre a má sedimentação, mas esta

se deve à formação de flocos fracos, conhecidos como pin-point.

3.1.1 Mecanismo da Floculação Biológica

Há inúmeras hipóteses para a floculação biológica. A teoria clássica diz que a bactéria

Zooglea ramigera é a principal responsável pela floculação. Ela possui um envoltório de

consistência gelatinosa que é parcialmente solúvel em água podendo aumentar sua espessura,

formando assim, uma massa ou uma matriz gelatinosa. Essa gelatina seria a responsável pela

absorção de partículas em suspensão dando origem ao floco (BRANCO, 1978).

Contudo, estudos posteriores mostraram que há outras bactérias que não possuem esse

envoltório, mas que também se aglutinam. Esse fato levou os especialistas a estudarem mais a

fundo tal evento.

Branco (1978) cita estudos de Taylor1 que comprova outra teoria sobre a floculação:

O ponto de vista defendido hoje em dia, é o de que a floculação é proporcionada por

características coloidais da massa de bactérias relacionadas com a intensidade das

atividades metabólicas destas. Na verdade, segundo ficou demonstrado através

desses estudos, as bactérias comportam-se como micelas de um colóide do tipo

hidrófobo ou liófobo, isto é, como os colóides inorgânicos. É sabido que, nesse tipo

de colóides, as micelas se encontram sujeitas a duas ordens de forças antagônicas:

uma, proporcionada pela sua própria carga superficial eletrocinética ou potencial

zeta, originada pela adsorção de íons do meio pela partícula – sendo sempre cargas

de mesmo sinal, em todas as partículas, estas tendem a se repelir quando

aproximadas umas das outras; outra, agindo em sentido oposto, responsável por uma

atração que se verifica entre as partículas e que se denomina força de Van der

Waals. Sempre que as micelas do colóide se chocam com as outras, em virtude do

movimento Browniano, duas coisas podem suceder: ou aglutinam-se – e isso

acontece sempre que o potencial zeta das partículas é muito baixo, prevalecendo as

forças de Van der Waals – ou tornam a se repelir, no caso do potencial eletrocinético

ser elevado. No primeiro caso, diz-se que houve floculação do sistema e esta pode

ocorrer sempre que são misturados colóides de cargas opostas, ou quando se mistura

um eletrólito à solução, etc.

1 TAYLOR, E. W., The Examination of Waters and Water Supplies. Inglaterra, Churchill Ltd., 1958 citado por

BRANCO, S.M., Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária, 2ª Edição. São Paulo: CETESB –

Companhia de tecnologia de Saneamento Ambiental, 1978. 620p.

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Atualmente, os autores, ou a sua maioria, utilizam as duas teorias. O floco biológico é

formado pelas forças de Van der Waals juntamente com a aglutinação da Zooglea ramigera.

3.1.2 Características do Floco

Os flocos apresentam três características: floco ideal, floco disperso (pin-point) e floco

filamentoso.

Floco ideal (Figura 6) apresenta a distribuição adequada quanto à presença de

bactérias filamentosas e as bactérias formadoras de floco. Esses flocos são grandes e firmes,

as filamentosas que se projetam para fora da estrutura não interferem na sedimentação, o

sobrenadante é transparente e os valores do IVL são baixos. Para esgoto urbano, é na faixa de

80 a 120 ml.g-1

.

Figura 6 – Floco Ideal. Microfotografia de contraste de fase (100x).

Fonte: SOUZA (2007)2 apud ROSSONI (2007)

O floco disperso ou “pint-point floc” (Figura 7) não apresenta a quantidade suficiente

das bactérias filamentosas (participantes da macroestrutura), sendo assim, os flocos

apresentam dimensões muito pequenas e ficam dispersos na fase líquida. Segundo Jordão;

Pessoa (2009) o IVL desse tipo de lodo é até menor que 70 ml.g-1

, mas o efluente costuma

apresentar turbidez e sólidos em suspensão em maior concentração.

2 SOUZA, C.A. Microbiologia de lodos ativados. Microfotografia de contraste se fase (100x). Diapositivo:

color, 2007, apud ROSSONI, A. V. Uso de talco no controle de intumescimento filamentoso no tratamento

de efluente de fábrica de papel reciclado. 2007. 110f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) -

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.

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Figura 7 – Floco Pint-Point.

Fonte: CETESB (1985)

O floco filamentoso (Figura 8) apresenta um predomínio de bactérias filamentosas. O

lodo sedimenta mal apesar do sobrenadante ser límpido. O IVL do lodo intumescido é de 150

ml.g-1

ou mais.

Figura 8 – Floco Intumescido. Microfotografia de contraste de fase: (a) amostra fresca (100x)

e (b) amostra fixada e corada (1000x).

Fonte: ROSSONI (2007)

3.2 ALGAS

Algas são pouco frequentes em lodos ativados pelo fato do sistema não permitir

incidência de luz solar e pela forte turbulência causada pela aeração. Apresentam grande

importância em sistemas de lagoas de estabilização, mas pouco se sabe de sua importância em

lodos ativados (FIGUEIREDO, 2011).

De acordo com a Tabela 4 as mais frequentes são:

Tabela 4 – Principais gêneros de algas encontradas em lodos ativados.

Grupo Gênero

Cianofíceas (algas azuis) Oscillatoria, Phormidium, Anabaena, Lyngbya

Clorofíceas Chlorella, Coelastrum, Volvox, Stigeoclonium

Diatomáceas Navicula, Nitzschia, Diatoma

Fonte: adaptado de FIGUEIREDO (2011).

(a) (b)

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3.3 FUNGOS

Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, não fotossintéticos e heterotróficos.

Juntamente com as bactérias, são muito importantes na decomposição da matéria orgânica

formando compostos mais simples e inorgânicos. No ambiente aquático, são bioindicadores

de matéria orgânica em decomposição.

Diferem-se das bactérias, pois suas células apresentam um núcleo e das algas e outros

vegetais pela ausência de clorofila.

Não são muito frequentes em lodos ativados, mas quando há fatores como, pH baixo e

deficiência de N e P, podem prevalecer sobre as bactérias.

Os fungos são tão eficientes quanto as bactérias quando se trata de degradação da MO,

mas como são filamentosos podem causar intumescimento do lodo. Os gêneros mais comuns

em lodos ativados são: Geotrichum, Fusarium, Penicillum, e Cladosporium.

A Figura 9 mostra a presença de fungos em efluentes de lodos ativados.

Figura 9 – Presença de fungos em lodos ativados, 100x.

Fonte: BENTO, 2005.

3.4 PROTOZOÁRIOS

São unicelulares, microscópicos, podem viver isolados ou em colônias e possuem

hábitos de vida livre, fixo, parasitas ou saprófitas.

Em lodos ativados fazem o ‘polimento’ do efluente e o controle do crescimento das

bactérias.

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3.4.1 Ciliados

Seu modo de locomoção é por meio de cílios que se distribuem por quase todo o corpo

do individuo. Pode haver a presença de cirros, que são prolongamentos do protoplasma, sendo

mais grossos e longos que os cílios, ou ainda estrutura maiores que funcionam como ventosas

para aprisionar e sugar o conteúdo de outros protozoários.

Podem ser agrupados em: livre natantes, predadores de flocos, fixos ou pedunculados.

A Figura 10 mostra uma colônia de ciliados pedunculados indicando floco bom.

Figura 10 – Ciliados pedunculados coloniais.

Fonte: CETESB, 1985.

3.4.2 Flagelados

Locomovem-se por meio de flagelos, que são organelas em forma de filamentos

alongados e que, normalmente, se apresentam na parte anterior do micro-organismo.

A presença de flagelados em um meio aquático está relacionada à riqueza de matéria

orgânica. Nos lodos ativados estes micro-organismos são característicos de sistemas em início

de operação, ou seja, são característicos de lodo jovem e de alta carga.

3.4.3 Amebas

A locomoção é realizada por meio dos pseudópodes (falsos pés) que são

prolongamentos do próprio corpo celular. Geralmente são transparentes e não possuem forma

bem definida.

Algumas espécies possuem carapaças. As tecamebas, podem apresentar coloração

amarelada quando ocorre impregnação por sais de ferro. São secretadas pela própria ameba ou

formadas de partículas retiradas do meio. A Figura 11 mostra duas espécies de amebas.

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Figura 11 – (a) Euglypha alveolata. (b) Arcella discoides, (b2). vista superior.

Fonte: CETESB (1985).

3.5 MICROMETAZOÁRIOS

São micro-organismos mais complexos. Possuem agrupamentos de células que

exercem funções distintas. Em lodos ativados são representantes: anelídeos, rotíferos,

nematóides e tardígrados.

3.5.1 Rotíferos

Possuem corpo alongado, geralmente cilíndrico e divide-se em três partes: região

anterior (possui cílios que auxiliam na alimentação), tronco e um pé terminal (Figura 12).

Alimentam-se de pequenas partículas, protozoários e outros rotíferos.

A presença de rotíferos em sistemas de lodos ativados é normalmente indicadora de

boa eficiência do sistema, pois estão associados a idades de lodo elevadas. Os mais frequentes

são Philodina, Rotaria e Epiphanes (CLAAS, 2007).

Figura 12 – Rotífero.

Fonte: A autora (2012).

(a)

(b)

(b2)

Região Anterior

Tronco

Pé Terminal

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3.5.2 Anelídeos

São vermes segmentados com o corpo formado por anéis. Alguns são parasitas e

outros se alimentam de outros vertebrados.

Nos sistemas de lodos ativados ocorrem somente em lodos estabilizados e de idade de

lodo elevada. Sua presença é rara e pouco dominante.

3.5.3 Nematóides

São vermes de forma alongada, circular, sem segmentações e com as extremidades,

geralmente, pontiagudas. Em esgotos domésticos podem ser encontrados ovos do gênero

Ascaris, pois são extremamente resistentes ao tratamento. Alimentam-se de material

particulado e micro-organismos (protozoários, rotíferos, nematoides e tardígrados).

No sistema de lodos ativados não exerce papel significativo e aparecem raramente. O

gênero Rhabditis é um dos mais encontrados.

3.5.4 Tardígrados

Raramente são observados em sistemas de lodos ativados, e por esse motivo seu papel

como bioindicadores das condições do sistema é pouco conhecido (FIGUEIREDO, 2011).

Seu corpo é curto, cilíndrico e roliço, não havendo demarcação entre cabeça e tronco,

possui quatro pares de patas.

A Figura 13 mostra um tardígrado em lodos ativados.

Figura 13 – Tardígrada

Fonte: http://webpages.charter.net/

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3.6 BACTÉRIAS

As bactérias desempenham um papel de fundamental importância no ambiente

aquático. Por meio do processo de decomposição e mineralização da matéria orgânica, as

bactérias suprem nutrientes aos produtores primários.

Pertencem ao Reino Monera, são seres unicelulares, procariontes e podem viver

isoladas ou em colônias. Reproduzem-se por meio de divisão simples.

Dividem-se em seres autótrofos e heterótrofos. As autótrofas se subdividem em:

quimiossintetizantes (hidrogenobactérias, ferrobactérias, sulfobactérias e nitrobactérias) e

fotossintetizantes e as heterotróficas em: decompositoras, parasitas e patogênicas (BRANCO,

1978).

Uma grande importância sanitária das bactérias é a de serem bioindicadoras de

poluição por esgoto doméstico e uma representante desse grupo é a Escherichia coli, pois são

habitantes do intestino humano.

Em lodos ativados são responsáveis pela depuração dos resíduos e pela formação do

floco biológico.

3.6.1 Crescimento Bacteriano

Como as bactérias são os micro-organismos mais importantes no processo de lodos

ativados faz-se necessário o conhecimento das fases do crescimento bacteriano. A curva de

crescimento bacteriano (Figura 14) apenas realmente acontece em condições extremamente

controladas de culturas puras, porém é utilizada para entender o processo.

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Figura 14 – Curva de crescimento bacteriano em cultura pura.

Fonte: MONOD(1941)3 apud CETESB (1985)

Na fase de aclimatação os micro-organismos estão se adaptando a situação do meio

em relação à condições ambientais e oferta de alimento. Na fase de aceleração de crescimento

e na fase exponencial há um grande consumo de alimento. A fase de retardo é caracterizada

pela falta de algum fator limitante como alimento, O2, entre outros. Na fase estacionária o

número de crescimento se iguala ao número de morte. Nessa fase, as atividades celulares

deixam de ser as de reprodução e passam a ser por sobrevivência. E por último, na fase de

declínio (ou endógena) a velocidade das mortes é superior ao número de crescimento.

3.7 DIAGRAMA DE PREDOMINÂNCIA RELATIVA

Em todo o processo de lodos ativados há fases que possuem certo tempo para serem

completadas e que predomina um determinado grupo de micro-organismo.

Claas; Maia (1994) apresentaram um diagrama de predominância relativa (Figura 15)

onde o eixo horizontal indica o tempo de aeração e o eixo vertical a quantidade de alimento

ou DBO5 e uma dada massa de micro-organismo. Dividindo a DBO5 pela massa de micro-

organismos temos a relação A/M. Quanto maior o tempo de aeração menor é a oferta de

alimento.

3 MONOD, J. The growth of bacterial cultures. J. Ann. Inst. Pasteur, p.371-393, 1941 apud

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Norma Técnica L1.025:

Microbiologia para sistemas de lodos ativados operando com esgotos domésticos, dez. 1985.

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Figura 15 – Diagrama de predominância relativa.

Fonte: CLAAS; MAIA (1994)

Assim sendo:

Ponto A – fase de adaptação dos micro-organismos, a oferta de alimento é máxima.

Ponto B – predominância de protozoários Rhizopoda ou Sarcodina.

Ponto C – o número de micro-organismos aumenta geometricamente; os flagelados

alcançam seu desenvolvimento máximo; fase que caracteriza lodo jovem.

Ponto D – o crescimento dos micro-organismos é mais lento, pois a disponibilidade de

alimento passa a ser fator limitante; ciliados e as bactérias atingem seu ponto máximo;

Ponto E – a quantidade de alimento é baixa; diminuição no ritmo de reprodução; a

energia é utilizada para manutenção da vida. A DBO5 final é baixa.

Ponto F – não existe alimento suficiente; os micro-organismos passam a metabolizar o

próprio material celular utilizando o alimento armazenado na célula; reduzem

atividade e alguns morrem; ciliados com talo e rotíferos alcançam seu maior número.

Sobrepondo a curva de crescimento bacteriano ao diagrama de predominância relativa,

podem-se encontrar semelhanças.

3.8 BACTÉRIAS FILAMENTOSAS

As bactérias filamentosas são importantes em sistemas de lodos ativados, pois

auxiliam na floculação. Formam uma espécie de ‘esqueleto’ da estrutura e o controle dessas

bactérias torna-se importante, já que o excesso das mesmas pode causar o intumescimento do

lodo.

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A identificação é o primeiro passo quando há a ocorrência do intumescimento. Com a

filamentosa identificada busca-se na literatura a medida contraceptiva para aquela bactéria

específica.

Nicolau et al., (2002) dizem que a identificação dos organismos filamentosos que

crescem nas estações de tratamento constitui etapa fundamental para a prevenção e resolução

de problemas causados pelo crescimento excessivo destes micro-organismos. A detecção

precoce deste fenômeno, juntamente com o controle das variáveis físico-químicas, pode

contribuir para uma resolução rápida das anomalias no decantador ou pode mesmo evitá-las.

As bactérias são identificadas de acordo com suas características morfológicas,

localização, motilidade e reações a colorações. Eikelboom (1981) e posteriormente Jenkis et

al., (2003) desenvolveram a metodologia de identificação e descrevem os organismos

filamentosos mais frequentes em lodos ativados, como podem ser vistos no Quadro 1:

Quadro 1 – Principais organismos filamentosos em lodos ativados.

Sphaerotillus natans Tipo 0092 Tipo 0411

Tipo 1701 Tipo 0961 Tipo 0914

Tipo 0041 Microthrix parvicella Tipo 0675

Tipo 021N Nocardia SP Tipo 1863

Thiothrix I Nostocoida limicola I Tipo 0211

Thiotrix II Nostocoida limicola II Fungos

Beggiatoa sp Nostocoida limicola III Streptococcus

Tipo 1851 Haliscomenobacter hydrossis Tipo 0675

Tipo 0803 Tipo 0581 Tipo 1852

Fonte: Adaptado de EIKELBOOM (1981) e JENKINS et al. (2003).

Madoni et al., (2000) estudaram 167 estações de tratamento na Itália por meio de

questionários e análise do lodo e encontraram a Microthrix parvicela, Tipo 0041 e Nostocoida

limicola como a mais frequente.

Noutsopoulos et al., (2007) estudaram estações de tratamento de efluentes da Grécia

durante cinco anos levando em conta a sazonalidade e concluiam que no inverno prevalecia

Microthrix parvicella, sendo o Tipo 0092 é predominante no verão.

Krhutková et al., (2002) estudaram oito estações de tratamento de efluente industrial

da República Checa durante 4 anos e concluíram que o Tipo 0092 e a Microthrix parvicella

eram as mais frequentes.

No Brasil ainda não existe um estudo geral de ocorrência de intumescimento por

bactérias filamentosas.

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3.8.1 Características Morfológicas das Bactérias Filamentosas

Eikelboom (1981) criou uma metodologia para identificação das bactérias

filamentosas e Jenkins et al., (2003) a modificaram de modo a facilitar a identificação. Como

a identificação a nível de espécie é dificultosa, os autores as classificaram de acordo com

características morfológicas (dimensão, forma, ramificação, etc.) localização, motilidade e

reações a colorações (Gram, Neisser, Poli-β-hidroxibutirato (PHB), etc.).

A Tabela 5 indica as características a serem analisadas para identificação:

Tabela 5 – Características morfológicas das bactérias filamentosas a serem observadas na

identificação.

(Continua)

Característica Descrição Observação

Ramificação

Filamentos secundários que se projetam dos

filamentos principais.

- Presente (verdadeiras ou

falsas);

- Ausente.

Motilidade Considera-se movimento o deslizamento lento dos

filamentos no meio ou simplesmente sua contração

ou oscilação.

- Apresenta;

- Não apresenta.

Forma dos

filamentos

Possível de ser vista com nitidez em aumento

menor que 1.000 vezes.

- Retos;

- Dobrados;

- Levemente curvados;

- Enrolados

- Irregular.

Localização no

floco

Posição do filamento em relação ao floco. - Ligado ao floco;

- Projetando-se do floco

- Livre no meio.

Crescimento

epifítico

Células bacterianas ou pequenos flocos aglutinam-

se na superfície dos filamentos.

- Presente;

- Ausente

Bainha Estrutura que recobre o filamento. A principal

função dessa estrutura é a proteção do filamento

contra agentes externos.

- Presente;

- Ausente

Septos celulares

Divisões entre células adjacentes.

- Presentes;

- Ausentes

Diâmetro do

filamento

Utiliza-se o retículo de Whipple para medição. A

principal observação é se a medida é maior ou

menor que 1 µm.

Comprimento do

filamento

Utiliza-se o retículo de Whipple para a medição. Se

o filamento estiver dobrado ou enrolado considera-

se a medida do filamento como se estivesse

esticado.

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Tabela 5 – Características morfológicas das bactérias filamentosas a serem observadas na

identificação. (Conclusão)

Característica Descrição Observação

Forma das

células

- Quadradas;

- Retangulares;

- Ovais;

- Em forma de barril;

- Discóides;

- Arredondadas

Tamanho das

células

Utiliza-se o retículo de Whipple para medir o

diâmetro (µm) das células.

Depósitos de

enxofre

Grânulos, normalmente esféricos, de reserva

alimentar. Em microscopia de contraste de fase são

brilhantes e de cor amareladas. Observar se tem ou

não a necessidade da utilização de corante.

- Presentes;

- Ausentes

Fonte: Adaptado de FIGUEIREDO (2011).

3.8.1.1 Bainha

A bainha é uma característica peculiar em nove espécies das mais encontradas em

lodos ativados segundo a classificação de Eikelboom (1981) e Jenkins et. al., (2003), sendo

elas: Sphaerotilus natans, Tipo 1701, Haliscomenobacter hydrossis, Thiothrix I, Thiothrix II,

Tipo 0914, Tipo 0041, Tipo 0675 e a Tipo 1851.

A bainha é uma estrutura cilíndrica que envolve os filamentos protegendo-os de

agentes externos. Em geral é difícil ou impossível de observar a bainha no microscópio,

apenas os invólucros vazios podem ser observados desta maneira. Em esfregaços, as bainhas

podem ser observadas com mais clareza (EIKELBOOM, 1981).

Jenkins et. al., (2003) dizem que a bainha pode ser confundida com um “halo”

amarelado que envolve as bactérias, quando se trata da iluminação de contraste de fase. A

diferença é que o halo é mais largo que a bainha. Os autores também atentam para a diferença

entre a bainha e a própria parede celular de algumas bactérias, como é o caso das Tipo 021N,

que permanecem rígidas após a lise celular.

Phaup (1968) fez um levantamento bibliográfico com estudos morfológicos de

espécies de Sphaerotilus sp. Pode-se distinguir várias camadas de bainha nos filamentos e um

revestimento exterior de material do tipo gel inorgânico ou "mucilagem". Existem evidências

de que a composição da bainha pode variar com a nutrição, de fraco e fino para denso e

resistente. Ferro e sais mangânicos podem ser depositados sobre a superfície externa. Autores

descreveram a bainha da Sphaerotilus natans como um complexo proteína-lípido-

polissacarídico, distinta da parede celular.

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Takeda et. al., (2012) fizeram um estudo com a bainha de Thiothrix nivea isolando-a e

expondo-a em vários testes bioquímicos entre eles análise de composição. Os autores

concluíram que a composição da bainha dessa espécie é formada por alternâncias de β – 1,4

glicosaminoglicano e pentose metilado. Os glicosaminoglicanos são cadeias polissacarídicas

heterogênicas e hidrofílicas. Foi a primeira vez que essa alternância foi identificada.

Segundo Videla (2003)4 apud Marangoni (2010) os gêneros das ferrobactérias mais

comuns que causam problemas quando presentes na água são: Sphaerotillus, Leptothrix,

Crenothrix e Gallionella. Os três primeiros gêneros se caracterizam pelo arranjo filamentoso

de suas células, que são envolvidas por uma bainha helicoidal perpendicular ao eixo da célula.

As bactérias do gênero Gallionella são unicelulares, retiformes ou encurvadas e segregam um

filamento longo, em forma de fitas entrelaçadas. A partir do hidróxido férrico depositado na

célula, dissolvem-se em ácidos fortes e quando se desprendem, aumentam a quantidade de

sólidos em suspensão, como na água de refrigeração. São essas bactérias, que na presença de

oxigênio, oxidam o íon ferroso (Fe2+

) a íon férrico (Fe3+

) liberando energia e depositando o

hidróxido férrico (Fe(OH)3) marrom-alaranjado.

3.9 INTUMESCIMENTO DO LODO

Entende-se por intumescimento o aumento ou crescimento exagerado. Também é

chamado de bulking. Diversos agentes estão relacionados ao intumescimento entre eles, os

responsáveis pelo lodo filamentoso como fungos e bactérias filamentosas.

Há também o intumescimento viscoso ou ‘não filamentoso’ que ocorre quando há uma

grande quantidade de bactérias do gênero Zooglea, já que esses micro-organismos encontram-

se envoltos por uma matriz gelatinosa que impede a sedimentação do lodo (FIGUEIREDO,

2011).

O intumescimento é comum em sistemas do tipo lodos ativados e pode ser

caracterizado quando ocorre uma sedimentação lenta e o lodo apresenta-se pouco compacto.

Madoni et al., (2000) fizeram um levantamento em 167 estações de tratamento de

esgoto do tipo lodos ativados na Itália. Destas, 84 tinham problemas com formação de

espuma, 81 com problemas com intumescimento e 55 por ambos problemas. Nas amostras

43% dos flocos analisados eram irregulares, fracos e dispersos. Em dois casos o

intumescimento era do tipo viscoso.

4 Videla, H. A. Biocorrosão, Biofouling e Biodeterioração de Materiais. 1. São Paulo: E. Blucher, 2003, apud

Marangoni, P. R. D. Caracterização de biofilmes formados em superficies metálicas e biocorrosão. 2010.

103f. Dissertação – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

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46

Richard5 (1991) citado por Jordão; Pessôa (2009) concluiu que 60% das estações de

tratamento nos Estados Unidos são afetadas por intumescimento do lodo. Wanner6 (1994)

citado por Jordão; Pessôa (2009) também relatam que o evento do intumescimento do lodo é

de 63% no Reino Unido, 45% na Alemanha, 32% na África do Sul e de 25% na França.

Como já dito, no Brasil não há estudos sobre o percentual de ocorrência de

intumescimento do lodo.

3.9.1 Controle do Intumescimento do lodo

Após a identificação do organismo filamentoso é necessário o controle do mesmo para

que a operação do sistema volte ao normal.

Recomenda-se primeiramente solucionar o problema atuando nos parâmetros

operacionais como: relação A/M; oxigênio dissolvido, relação DBO:N:P, pH, temperatura e

septicidade.

Jenkins et al., (2003) relacionaram possíveis causas para o intumescimento de acordo

com o micro-organismo dominante (Tabela 6).

Tabela 6 – Bactérias filamentosas e possíveis causas.

Possíveis Causas Micro-organismos

Baixo OD Tipo 1701, S. natans, H. hidrossis

Baixo F/M M. parvicella, H. hidrossis, Nocardia sp, Tipo 021N, Tipo 0041,

Tipo 0675, Tipo 0092, Tipo 0581, Tipo 0981, Tipo 0803

Esgoto séptico Thiothrix sp, S. natans, Tipo 021N, Beggiatoa sp.

Baixo pH Fungos

Idade do lodo alta M. parvicella

Deficiência de Nutrientes Thiothrix sp, Tipo 021N

Presença de espuma Nocardia sp, M. parvicella, Tipo 1863

Fonte: adaptado de JENKINS et al., (2003).

Porém, ao adotar essas medidas, a resposta ao controle pode vir de médio a longo

prazo. O CONAMA nº 430/2011 complementa o CONAMA nº 357/2005 e enquadra os

padrões de lançamentos de efluentes. Para atender aos novos padrões são necessárias medidas

de rápido retorno.

O controle do intumescimento por adição de produtos químicos foi estudado por

diversos autores. Em geral, para o controle do intumescimento do lodo, polímero catiônico de

alta carga sozinho ou combinado com um polímero aniônico podem ser usados (JENKINS et

al., 2003).

5 Richard, M. Actived Sludge Microbiology, Water Pollution Control Federation, série “The Bench Sheet”, 1991; 6 Wanner, J. Activated Sludge Bulking and Foaming Control.Ttecnomic Publishing, USA, 1994 citado por

JORDÃO, E. P.; PESSOA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2009. 941

p.

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Hwang; Tanaka (1998) estudaram no Japão três agentes químicos para o controle de

espuma formada por Microthrix parvicella em uma ETE municipal: cloro, polímero catiônico

e polímero anti-filamento em três estações piloto com o tempo de detenção hidráulica de 8

horas e sólidos em suspensão de 1500 mg.L-1

controlados. As dosagens efetivas foram 400

gCl2.KgSS-1

, 150 gCl2.KgSS-1

e 100 gCl2.KgSS-1

, para o polímero catiônico, polímero anti-

filamento e cloro, respectivamente. O polímero anti-filamento foi mais efetivo no controle da

espuma.

Walczak; Cywinska (2007) desenvolveram uma pesquisa onde foi possível identificar

um agente controlador que limita efetivamente o crescimento bacteriano em estação que trata

efluente urbano e industrial e que ao mesmo tempo não fosse toxico para a microfauna do

lodo. Entre permanganato de potássio, cloreto de alumínio, cloreto de ferro, hipoclorito de

sódio, sulfato de alumínio e o dióxido de hidrogênio, os três últimos foram os mais indicados.

Esses compostos diminuíram o IVL do efluente em 50%.

Autores como Andreasen et al., (1999), Jenkins et al., (2003) e Sousa (2002)

estudaram o uso de seletores como maneira eficaz.

O talco tem-se mostrado como um excelente agente contra o intumescimento

(CLAUSS et al., 1999; ROSSONI, 2007). Surfactantes (KITATSUJI et al., 1996) e a

ozonização (SAAYMAN, 1996; VAN LEEUWEN; PRETORIUS, 1988) também são

possibilidades de controle.

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48

CAPÍTULO 4

4 CLORAÇÃO

O cloro é muito utilizado para desinfecção em Estações de Tratamento de Águas

(ETA). Dissolvido em água ocorre a seguinte reação:

que é seguida pela reação:

Em lodos ativados é utilizado para de controle micro-organismos filamentosos e

patogênicos. O cloro reage com as enzimas dos micro-organismos destruindo-as. Como essas

enzimas funcionam como catalisadores orgânicos nas reações químicas dentro dos micro-

organismos, estes acabam morrendo.

O cloro reage rapidamente e preferencialmente com amônia para formar

monocloramina quando dosado para o lodo ativado contendo amônia. A monocloramina é um

desinfetante muito menos potente que o cloro livre, entretanto ela pode permanecer disponível

por um tempo mais longo.

O uso do cloro como técnica de controle do intumescimento do lodo é largamente

empregada nos Estados Unidos, pois é utilizado para desinfecção de efluentes secundários e a

quantidade requerida para o controle do crescimento de bactérias filamentosas é muito

pequena se comparada à utilizada para a desinfecção e sua aplicação não interfere na

eficiência de remoção de DBO e sólidos sedimentáveis para os níveis requeridos para o

tratamento secundário, no entanto, ocorre um pequeno aumento na DQO solúvel do efluente

(JENKINS et al., 2003).

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As dosagens de cloro devem ser ajustadas para que sejam letais aos micro-organismos

filamentosos que estão projetando-se dos flocos, de modo a não prejudicarem os micro-

organismos que estão no interior do floco (RICHARD7, 2003 citado por CLAAS, 2007).

Alves et al., (2007) utilizaram dosagens de cloro gasoso, no retorno do lodo, em uma

ETE de aeração prolongada com o objetivo de manter os valores de IVL aproximadamente a

100 ml.g-1

. As dosagens com resultados efetivos foram de 2,5 kgCl2/tonST.d.

Parsekian; Pires (2002) estudaram o controle das bactérias Thiothrix I, Tipo 021N e

Sphaerotilus natans em sistema combinado em escala de bancada com efluente sintético. O

controle do intumescimento com adição de fósforo, a alteração do TDH do reator aeróbico, de

8 h para 3,5 h, e o aumento do OD não surtiram efeito levando em consideração, o uso de

hipoclorito de sódio. A dosagem média empregada foi de 0,73 gNaClO/kgSSV.d, sendo que

em alguns dias houve a necessidade de dosar até 1,05 gNaClO/kgSSV.d.

Ramirez et al., (2000) avaliaram o efeito do cloro sobre as bactérias filamentosas do

Tipo 021N em sistema de lodos ativados que tratam efluente municipal e de indústria de

papel, com o objetivo de controlar seu crescimento excessivo. A dosagem máxima de cloro

utilizada foi de 8 g/KgSSV.d.

Jordão; Pessôa (2009) recomendam dosagens de 2 a 8 mg.L-1

, na recirculação do lodo,

com um tempo de contato de 2 min. Jenkins et al., (2003) recomendam uma dose de 2 a 3

kgCl2./tonSSV.d para casos típicos de intumescimento, 5 a 6 kgCl2/tonSSV.d para um

controle efetivo nos micro-organismos filamentosos e nos valores de IVL sem prejudicar a

qualidade do efluente e 10 a 12 kgCl2./tonSSV.d para controle do excesso de filamentosas

porém, pode prejudicar a qualidade do efluente. O mesmo cuidado é citado por Metcalf e

Eddy (1991) que recomendam doses de 8 a 10 mg.L-1

Cl2 por 1000mg.L-1

de SSVTA, em

casos severos.

Richard8 (2003) citado pro Claas (2007) sugere uma dosagem de cloro de 1 a 10

kg/100kgSSV.dia-1

no reator. Também recomendaram dividir a massa de cloro em três

dosagens durante o dia. O resultado pode ser observado com a melhora na sedimentação do

lodo após o segundo ou terceiro dia.

Pires (2003) dosou hipoclorito de sódio (NaClO) em um sistema de tratamento

combinado com capacidade de tratar 30 L.dia-1

de efluente sintético. O reator UASB (Up

7

RICHARD, M. Actived sludge microbiology problems and their control. 20º - USEPA, National Operator

Trainers, New York, 2003 citado por CLAAS, I. C. Lodos ativados: princípios teóricos fundamentais, operação

e controle. Porto Alegre: Evangraf, 2007. 136p. 8

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Flow Anaerobic Sludge Blanked) e o tanque de aeração operaram com um tempo de detenção

hidráulica de 8,4 h e 3,5 h, respectivamente. A bactéria dominante era a Beggiatoa e a

dosagem inicial de NaClO foi de 5 ml.dia-1

e dependendo da característica de sedimentação

do lodo e acompanhamento microbiológico, houve necessidade de dosar até 7,5 ml.dia-1

. O

custo médio adicional ao processo de tratamento estudado em função da adição de hipoclorito

de sódio para controle do crescimento excessivo de bactérias filamentosas foi de R$ 0,10.m3

tratado. A eficiência média de remoção de DQO no reator UASB, no reator de lodos ativados

e eficiência global do sistema de 72%, 66% e 90% respectivamente.

Em uma ETE municipal, Saayman et al., (1996) estudaram o cloro, o ozônio e o

peróxido de hidrogênio como fontes de combate ao crescimento excessivo das filamentosas.

O cloro foi o agente mais eficaz, porém, os autores fazem um alerta quanto à alta dosagem,

podendo ser prejudicial ao sistema.

4.1 DESVANTAGENS DA CLORAÇÃO

O uso de cloro para controle do intumescimento do lodo pode causar o aparecimento

do cloro residual, que é a concentração de cloro que permanece por um período no efluente.

O cloro reage com a matéria orgânica presente nos efluentes e formam haloorgânicos

ou organoclorados em que predominam trihalometanos (THM) e ácidos haloacéticos (AHA).

Os compostos organoclorados podem obter efeitos carcinogênicos (JORDÃO; PESSÔA,

2009).

Outra desvantagem é que o valor do IVL pode não diminuir. Yilmaz et al., (2008)

fizeram um estudo com oxidação química por cloro e peróxido de hidrogênio. As bactérias

filamentosas dominantes foram a Nocardia sp., Thiothrix sp., Tipo 021N e Tipo 0041. O

método mais eficiente de controle foi a cloração, porém o IVL continuou elevado.

Em um estudo utilizando polímero sintético, polímero anti-filamento e cloro, Hwang;

Tanaka (1998), constataram que o cloro a uma dosagem de 20 gCl.kgSS-1

destruiu os flocos

biológicos. Neste caso o polímero anti-filamento foi mais efetivo, pois auxiliou na

compactação dos flocos.

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CAPÍTULO 5

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

5.1 LOCAL DA PESQUISA

O local da pesquisa está localizado na região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá.

Segundo a empresa, que possui uma área total construída de 196.629,43 m3 e sofre ampliação,

as atividades geram 3.827 empregos diretos e a estação de tratamento de efluente tem

capacidade para 14.000 m3.dia

-1. Por dia são abatidas 170.000 aves e 1.200 bovinos, gerando

365 produtos, entre cortes de carnes, congelados e empanados, além de sete subprodutos.

A estação de tratamento de água trata de 14.000 a 17.000 m3 de água por dia.

5.1.2 Sistema de Tratamento de Efluente

Os efluentes estão divididos em: linha vermelha, que ainda é subdividida em efluente

das fábricas de aves e efluente das fábricas dos bovinos e linha verde, rumem dos bovinos.

Desde a abertura da fábrica até 2008 o tratamento era realizado em lagoas de

estabilização (Figura 16), as duas linhas eram tratadas juntas. Após um parecer ambiental o

processo de lagoas foi substituído pelo de lodos ativados.

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52

Figura 16 – Sistema antigo de tratamento do efluente por lagoas de estabilização.

Fonte: A autora (2012).

Após essa mudança, por um período de 24 meses somente a linha vermelha (aves e

bovinos) era tratada nos lodos ativados, enquanto que nas lagoas tratava-se apenas o efluente

da linha verde (Figura 17).

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53

Figura 17 – Sistema antigo do tratamento do efluente com lodos ativados tratando a linha

vermelha e as lagoas de estabilização tratando a linha verde.

Fonte: A autora (2012).

Em dezembro de 2011 o sistema de lodos ativados tratava a linha vermelha e

parcialmente a linha verde. Já em janeiro de 2012 as lagoas de estabilização foram totalmente

desativadas.

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54

A Figura 18 mostra o esquema atual da estação de tratamento de esgoto da indústria. A

linha vermelha e a linha verde seguem o mesmo processo, porém separadamente.

Figura 18 – Esquema prático do funcionamento do sistema de tratamento de efluente.

Fonte: A autora (2012).

Os efluentes do abatedouro e das fábricas são enviados ao tanque de equalização,

passando por grades e peneira rotativa que remove partículas com diâmetro superior a 0,75

mm.

No tanque de equalização o efluente é homogeneizado em termos qualitativo e

quantitativo por meio de misturador submersível.

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O efluente é recalcado ao sistema de flotação por ar dissolvido, onde são removidas as

partículas em suspensão. O polímero, que auxilia na floculação, é dosado no misturador

hidráulico juntamente com cloreto férrico, utilizado para remoção de fósforo.

Em flotadores, as micro-bolhas formadas no tanque de pressão carregam as partículas

para a superfície, onde são raspadas por um removedor de flotado.

A gordura separada no flotador é enviada ao tanque de acondicionamento e,

posteriormente, à centrífuga decanter para dar procedimento à separação das fases. O

efluente, após flotação, é recalcado ao tratamento biológico do tipo lodos ativados.

A eficiência de remoção de DBO no flotador de aves para os anos de 2009, 2010 e

2011 foi de 57, 52 e 76%, respectivamente. Já a remoção de DQO foi de 52% em 2009, 63%

em 2010 e 72% em 2011.

Em 2011 deu-se início ao monitoramento do Nitrogênio (Nitrogênio de Kjeldahl Total

– NKT), Fósforo, Óleos e Graxas e os Sólidos em Suspensão Totais para um melhor controle

da qualidade do tratamento. A eficiência de remoção para essas variáveis foi de 52, 57, 94 e

72% respectivamente.

A Tabela 7 mostra a eficiência do tratamento no flotador das fábricas de aves em 2012

(janeiro a junho).

Tabela 7 – Eficiência de remoção do flotador de aves em 2012

Médias

Desvio

Padrão

Entrada

Flotador

Saída

Flotador

Eficiência

Variáveis

(mg.L-1

)

Ent.

Sai.

Ent.

Sai.

Valor

Min.

Valor

Max.

Valor

Min.

Valor

Max.

de

Remoção

(%)

pH* - - - - 4,8 7,4 5,8 7,6 -

DBO5 993 721 500 479 205 2008 217 2125 27

DQO 1527 906 684 589 223 3090 13 2460 41

NKT 15 6 10 3 0 32 0 15 60

Fósforo 18 8 11 4 0 36 1 18 56

Óleos e

Graxas

118 54 215 149 20 884 2 676 54

SST 605 403 220 345 180 1120 158 1660 33

*Valor máximo e valor mínimo.

No flotador de bovinos a eficiência de remoção da DQO em 2009 e em 2010 foi de

55% e 63%, respectivamente. Em 2011 a eficiência do flotador para DBO foi de 56%, DQO

56%, NKT 71%, Óleos e Graxas 43%, Fósforo 57% e SST 53%.

A Tabela 8 mostra a eficiência do flotador de bovinos, outra subdivisão da linha

vermelha, no ano de 2012 (janeiro a junho).

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Tabela 8 – Eficiência de remoção do flotador de bovinos.

Médias

Desvio

Padrão

Entrada

Flotador

Saída

Flotador

Eficiência

Variáveis

(mg.L-1

)

Ent.

Sai.

Ent.

Sai.

Valor

Min.

Valor

Max.

Valor

Min.

Valor

Max.

de

Remoção

(%)

pH* - - - - 5,3 7,1 4,1 7,6 -

DBO5 2532 1191 1340 654 605 6463 130 2719 52

DQO 3957 1908 2102 1078 896 9504 234 4168 51

NKT 30 12 10 9 1 58 0 28 60

Fósforo 39 15 21 9 1 64 0 31 61

Óleos e

Graxas

93 35 52 72 0 220 0 332 62

SST 2019 663 814 262 720 4400 311 1220 67

*Valor máximo e valor mínimo.

O calculo da eficiência de tratamento do tanque de aeração deu-se pela Equação 5.1:

(5.1)

Onde:

Po = valor da variável da entrada.

P = valor da variável da saída.

O flotador da linha verde foi implantado no final de 2011 e o tratamento foi iniciado

em janeiro de 2012. A Tabela 9 mostra a eficiência do flotador da linha verde.

Tabela 9 – Eficiência de remoção do flotador da linha verde

Médias

Desvio

Padrão

Entrada

Flotador

Saída

Flotador

Eficiência

Variáveis

(mg.L-1

)

Ent.

Sai.

Ent.

Sai.

Valor

Min.

Valor

Max.

Valor

Min.

Valor

Max.

de

Remoção

(%)

pH - - - - 5,1 7,0 4,8 7,0 -

DBO5 2532 1191 1340 653 605 6463 130 2719 52

DQO 3957 1907 2102 1078 896 9504 234 4168 51

NKT 30 11 19 9 1 58 0 28 63

Fósforo 38 15 21 9 1 64 0 31 60

Óleos e

Graxas

93 35 52 71 0 220 0 332 62

SST 2018 662 883 262 720 4400 311 1220 67

*Valor máximo e valor mínimo.

Após os flotadores o efluente segue para o Tanque de Aeração. No reator biológico,

bactérias do tipo aeróbias fazem a depuração da carga orgânica dissolvida no efluente.

O oxigênio necessário à respiração das bactérias é fornecido por quatro sopradores de

ar do tipo roots, tendo em funcionamento apenas dois por vez, com capacidade unitária de

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97,55 m³.min-1

x 6,0 mca, 200 cv de potência e compressão de 7 bar. O ar é distribuído no

tanque por meio de difusores de membrana.

Seguindo ao decantador secundário, os flocos biológicos sedimentam, sendo

recirculados ao tanque de aeração para ativação do processo. O efluente proveniente do

decantador secundário deverá, nesse estágio, estar dentro dos padrões estabelecidos pelas

normas ambientais vigentes (CONAMA nº 357/2005 e nº 430/2011) e encaminhado para o

corpo receptor.

O excesso de lodo biológico sedimentado no decantador secundário é enviado ao

adensador de lodo e posteriormente desidratado em prensa desaguadora.

5.2 METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho segue as recomendações dos principais

autores e manuais descritos na literatura (Tabela 10).

Tabela 10 – Metodologia empregada e respectivos autores/manuais

Metodologia Manuais/Autores

Identificações microbiológicas Eikelboom (1981); Jenkins et. al., (2003); CETESB

(1985) e Figueiredo (2011)

Análises Físico- Químicas APHA (1998)

Jar Test Seka et al., (2001) modificado

O projeto está dividido em três partes:

Caracterização do sistema de tratamento;

Análise microbiológica do sistema de lodos ativados.

Experimentação de dosagens de hipoclorito de sódio em Jar Test.

Para o projeto foram utilizados quarto pontos do sistema (Figura 19): o Ponto 1 (P1) é

a entrada do tanque de aeração (efluente das linhas verde e vermelha sem o retorno do lodo),

o Ponto 2 (P2) é a saída do tanque de aeração, o Ponto 3 (P3) é a saída do decantador

secundário e o Ponto 4 (P4) é o retorno do lodo.

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Figura 19 – Pontos de coleta utilizados para caracterização do

efluente.

Fonte: A autora (2012).

5.2.1 Caracterização do Sistema de Tratamento

A caracterização do efluente foi feita com os resultados das análises físico-químicas

cedidas pela própria empresa. Foram utilizados dois pontos de coleta do sistema, o Ponto 1 e

o Ponto 3.

Os dados utilizados foram os de janeiro a junho de 2012 pelo fato do tratamento das

duas linhas nos lodos ativados ter iniciado em janeiro do mesmo ano, porém foi feito um

comparativo com os anos anteriores.

Para caracterização do efluente utilizou-se as médias dos resultados das análises. A

média, o desvio padrão, valor máximo e mínimo foram feitos no SPSS Statistics 13.0.

5.2.2 Análise Microbiológica do Sistema de Lodos Ativados

5.2.2.1 Análise qualitativa do lodo

As análises foram realizadas no Laboratório de Microbiologia Sanitária e Ambiental

do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato

Grosso.

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As amostras coletadas na saída do TA (P2), tiveram uma periodicidade de três vezes

semanais. Os frascos de plásticos, limpos, foram preenchidos até a metade de modo que ainda

possibilitasse a respiração dos micro-organismos.

Após a devida calibração do microscópio binocular (Olympus® CX40), uma gota da

amostra homogeneizada foi mantida entre lâmina e lamínula e observada nos aumentos de

100 a 200 vezes.

A análise qualitativa foi divida em: análise dos micro-organismos presentes e análise

dos flocos.

Para análise dos micro-organismos presentes, os seguintes itens: se estavam vivos ou

não; se apresentaram comportamento habitual; os gêneros e respectivos grupos que estavam

representados; se existiu predominância de determinado grupo ou gênero sobre os demais

componentes da comunidade do lodo e, se ocorreu alguma mudança na população de micro-

organismos durante o decorrer do ensaio (FIGUEIREDO, 2011).

Nas análises dos flocos as características observadas foram: forma, resistência

estrutura e dimensão (JENKINS et al., 2003).

5.2.2.2 Análise quantitativa

Essa análise foi feita por meio de contagens de protozoários e micrometazoários em

câmara de Sedgwick-Rafter (SR) que possui 1 mm de profundidade, área de 1000 mm2 e

volume útil de 1 ml.

A amostra foi previamente homogeneizada e diluída (2 ml de amostra de lodo ativado

em 1000 ml de água destilada), colocada na câmara de SR e deixada para sedimentação por 5

minutos. A contagem foi feita em aumento de 250 vezes (Microscópico invertido trinocular

OPTON® TNB-05T-PL) e o retículo de Whipple foi utilizado como fator delimitante da área

de contagem (CETESB, 1985).

Como as amostra apresentaram poucos micro-organismos foi utilizada a contagem por

faixas. Foram utilizadas três faixas e os dados encontrados foram calculados pela Equação

5.2:

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60

(5.2)

Onde:

C = Número de micro-organismos contados

L = Comprimento de uma faixa (comprimento da câmara de Sedgwick-Rafter) = 50 mm

D = Profundidade de uma faixa (profundidade da câmara de Sedgwick-Rafter) = 1 mm

W = Largura de uma faixa (largura da imagem do retículo de Whipple) (mm)

S = Número de faixas contadas

5.2.2.3 Medida de comprimento de filamento

Com 1ml da amostra diluída e homogeneizada (2 ml de amostra em 1000 ml de água

destilada), observou-se toda a câmara de SR, em aumento de 100 vezes, em microscópio

invertido. O comprimento de todos os filamentos presentes foi registrado, tanto os que se

projetam do floco, quanto os livres no líquido. A medida foi obtida com o auxílio do retículo

de Whipple previamente calibrado (JENKINS et al., 2003).

Ao final, calculou-se o comprimento do filamento utilizando a seguinte Equação 5.3:

(5.3)

Onde:

Cfilamento = Comprimento do filamento (mm.ml-1

).

CTotalfilamento = Comprimento total dos filamentos.

5.2.2.4 Identificação das bactérias filamentosas

A identificação baseia-se em observações microscópicas diretas do material retirado

do tanque de aeração. Nessas observações são consideradas características morfológicas

(dimensão, forma, ramificação, etc.) localização, reações a colorações (Gram, Neisser, Poli-β-

hidroxibutirato - PHB, etc.) e motilidade (JENKINS et al., 2003).

Estas informações são utilizadas para caracterizar os micro-organismos filamentosos

por espécie ou tipo, por meio da chave dicotômica ou por um quadro resumo.

Foram observadas amostras vivas e fixadas. Nas amostras vivas foi transferida uma

gota da amostra homogeneizada, sem diluição, para uma lâmina e coberta com uma lamínula.

Em iluminação de campo claro com aumento de 1000 vezes observou-se as características das

bactérias filamentosas como ramificação, motilidade, forma dos filamentos, localização,

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crescimento epifítico, bainha, septos celulares, diâmetro do filamento, comprimento do

filamento, forma da célula, tamanho das células, depósitos de enxofre entre outras

observações.

Para as amostras fixadas, esfregaços foram preparados para as colorações de Gram,

PHB e de Neisser.

As lâminas coradas foram observadas em iluminação de campo claro, com aumento de

1000 vezes e uso de óleo de imersão.

5.2.3 Experimentação de Dosagens de Hipoclorito de Sódio em Jar Test

Após a identificação das bactérias filamentosas deu-se início aos testes com dosagens

de cloro em escala de bancada com o Jar Test. O teste de jarros é muito utilizado em

experimentos iniciais de dosagens de soluções para o controle de bactérias filamentosas ou de

outras necessidades de controle e/ou remediação no sistema de lodos ativados.

O ensaio deve reproduzir, tanto quanto possível, as condições de trabalho da estação

de tratamento de esgotos, no que se refere a tempo de mistura, velocidade de agitação e

soluções usadas. De preferência, as soluções devem ser as mesmas usadas na estação de

tratamento. Evidentemente que as condições da estação são reproduzidas em escala de

laboratório.

Seka et al., (2001) fizeram experimentos com três amostras de efluentes industriais

sendo destas, duas de indústrias alimentícias (uma processando sopa e maionese e outra

vegetais) e uma indústria de papel. Pra os testes utilizaram um polímero catiônico (P), um

talco composto por silicato de alumínio (T), um biocida composto por brometo de cetil-

trimetil amônio (Q) e um multicomponente com 0,5% de P, 98,5% de T e 1% de Q.

Na fase de teste de flotamento de lodo, os autores utilizaram cinco erlenmeyers de 2 L

cada com 1 L de amostra, sendo que um jarro era o controle. As amostras eram agitadas a

uma velocidade de 100 rpm por um tempo de 15 minutos, posteriormente eram transferidas

para cones Imhoff e observadas até o momento de flotamento do lodo.

Para este experimento a metodologia de Seka et al., (2001) foi modificada. A solução

de hipoclorito de sódio (NaClO) utilizada nos testes tem a concentração de cloro ativo de 125

g.L-1

e as concentrações de cloro e o tempo de contato foram baseados na escala real da

estação. A concentração inicial foi de 2 mg.L-1

conforme a metodologia citada por Jordão;

Pessôa (2009) e o tempo de contato foi de 41 segundos.

Optou-se por dividir esta parte do trabalho em duas fases:

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62

5.2.3.1 Testes in loco

Os primeiros testes com o hipoclorito de sódio tiveram duração de quinze dias e foram

realizados na própria empresa, próximo à linha de retorno do lodo (P4). Assim puderam ser

executados vários testes com amostras frescas (coletadas minutos antes dos testes).

Observações microscópicas de campo claro foram feitas a cada experimento para

visualização do comportamento das bactérias filamentosas (se ainda estavam em excesso e se

os filamentos estavam partidos e livres no meio) e da microfauna (se ainda permanecia em

atividade em relação às dosagens).

A solução de NaClO (10 ml) foi diluída em 1000 ml de água destilada para que

houvesse um volume maior da massa nos testes.

Adicionou-se 1 L de amostra em dois jarros e, com a velocidade de 110 rpm,

acrescentou-se as dosagens (conforme a Tabela 11) de hipoclorito de sódio. Após o tempo de

contato (41 segundos) a primeira visualização foi realizada no microscópio de campo claro e

o jarro era posto para decantação. Após 30 minutos foi feito a segunda observação

microscópica e posteriormente, totalizando 1 hora do início do teste, foi realizada a ultima

leitura. A Figura 20 mostra um esquema prático do experimento.

Figura 20 – Esquema dos testes com dosagens de cloro em Jar Test.

Fonte: A autora (2012).

Em cada teste utilizou-se uma única massa, mais o controle, para que o tempo das

observações microscópicas não interferisse nos resultados (Figura 21). Nesta fase foram

realizadas cinco repetições de testes para cada massa, totalizando 90 experimentos e 180

observações microscópicas.

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63

Figura 21 – Testes com hipoclorito de sódio em escala de bancada na fase in loco.

Fonte: A autora (2012).

A Tabela 11 mostra as concentrações de cloro (Cl2) e a massa de hipoclorito de sódio

(NaClO) testadas em bancada:

Tabela 11 – Concentrações de cloro e massa de hipoclorito de sódio em Jar Test testadas na fase

in loco Concentração de Cl2 (mg.L

-1) Massa de NaClO (mL)

2 1,6

3 2,4

4 3,2

5 4

6 4,8

7 5,6

8 6,4

9 7,2

10 8

13 10,4

15 12

18 14,4

20 16

21 16,8

22 17,6

23 18,4

24 19,2

25 20

5.2.3.2 Testes em laboratório

Nesta fase, os testes foram realizados no Laboratório de Análises Físico-Químicas de

Água e Resíduos do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade

federal de Mato Grosso, durante 10 dias.

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As amostras foram coletadas no período matutino e as análises de SST do P3 e do P4

foram realizadas imediatamente, assim como os testes de sólidos sedimentáveis em 30

minutos. O restante das amostras foi armazenado em temperatura ambiente e os testes com o

cloro realizados em no máximo 5 horas após a coleta.

A solução de hipoclorito de sódio (10 ml) foi diluída em 1000 ml de água destilada.

As concentrações de Cl2 testadas foram de 20, 23, 25 e 27 mg.L-1

(Tabela 12), mais o

controle.

Tabela 12 – Testes com concentrações de cloro e dosagem de hipoclorito de sódio em Jar Test 2ª

fase Concentração de Cl2 (mg.L

-1) Massa de NaClO (mL)

20 16

23 18,4

25 20

27 21,6

Adicionou-se 1 L de amostra em cinco jarros e, com a velocidade de 110 rpm,

acrescentou-se as massas de hipoclorito de sódio às amostras. Após o tempo de contato (41

segundos) foram preparadas duas lâminas (uma para a visualização da amostra fresca e outra

para esfregaço) e as amostras dos jarros foram transferidas para cones Imhoff para

sedimentação (Figuras 22 e 23).

Figura 22 – Testes com hipoclorito de sódio em escala de bancada na fase em

laboratório.

Fonte: A autora (2012).

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Figura 23 – Sedimentação das amostras.

Fonte: A autora (2012).

Após 30 minutos foi realizada a segunda observação microscópica com a preparação

das duas lâminas. As pequenas amostras foram coletadas do interior do cone.

Transcorrido 1 hora após o início do teste, foram preparadas mais duas lâminas, uma

fresca e um esfregaço, a leitura da sedimentação e análises de demanda química de oxigênio

com o controle e o teste com 25 mg.L-1

.

Nesta fase foram realizadas cinco repetições de testes com todas as massas ao mesmo

tempo, totalizando 25 observações microscópicas.

As lâminas fixadas, após secas, foram coradas com Cristal Violeta para visualização

dos filamentos.

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66

CAPÍTULO 6

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.2 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO

Para a caracterização foram empregados na caracterização, dados secundários cedidos

pela empresa, relativos ao período de janeiro e junho de 2012 (Tabela 13).

Tabelas 13 – Variáveis físico-químicas de entrada (P1) e saída (P3).

Médias Desvio

Padrão

Entrada

TA

Saída

Decantador

Eficiência

de

Variáveis

(mg.L-1)

P1

P3

P1

P3

Valor

Min.

Valor

Max.

Valor

Min.

Valor

Max.

Remoção

(%)

pH* 5,7 8,0 6,6 7,7

DBO5 1300 30 804 8 260 3910 20 52 97

DQO 2132 60 1238 37 645 5638 36 198 97

NKT 10 1 6 1 1 22 0 2 90

Fósforo 17 1 10 1 3 50 0 2 94

Óleos e

Graxas

98 10 245 24 6 950 0 80 89

SST 1515 132 1264 191 580 5880 20 600 91

*Valor máximo e valor mínimo.

O sistema de lodos ativados trata em média 306 m3/h sendo que sua capacidade é de

584 m3/h e o retorno do lodo tem vazão média de 916 m

3/h.

A matéria orgânica, representada em DBO e DQO, apresentou os valores de 1300 e

2132 mg.L-1

, respectivamente no Ponto 1. Permanece dentro dos valores de projeto para o

tanque de aeração que são 1.500 mg.L-1

para DBO e 3.500 mg.L-1

para DQO. Os sólidos em

suspensão totais que apresentou valor médio de 1515 mg.L-1

, também estão dentro dos

parâmetros de projeto que é de no máximo de 4.000 mg.L-1

.

O índice volumétrico do lodo é de 177 ml.g-1

. Segundo Claas (2007) valores de IVL

próximos ou acima de 200 ml.g-1

indicam um lodo de má sedimentabilidade e compactação,

características de um lodo jovem ou do intumescimento do lodo filamentoso e de altas cargas

aplicadas. Von Sperling (1997) diz que lodos com o IVL entre 100 e 200 ml.g-1

tem

sedimentabilidade média.

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A idade do lodo é de 5 dias e o tempo de detenção hidráulica apresentou o valor de 3,3

dias.

O pH do reator é 7 e o OD é de 2,5 mg.L-1

, ou seja, o pH é adequado para o tratamento

biológico porém o OD apresenta-se com valores ligeiramente altos. A temperatura de 27 ºC

beneficia o tratamento por micro-organismos mesofílicos.

A Relação A/M é de 0,57 kgDBO/kgSSV.d, valor distante dos 0,15 kgDBO/kgSSV.d

de projeto. Segundo Figueiredo (2011) esse valor é característico de efluente de alta carga

orgânica e de sistema com estabilização precária.

A Tabela 14 mostra um comparativo das variáveis encontradas no efluente estudado

com as de projeto e com as variáveis médias de sistema de aeração prolongada e lodos

ativados convencional.

Tabela 14 – Comparativo das variáveis do experimento às de projeto e de variantes do processo

de lodos ativados. Variáveis Experimento Projeto Aeração Prolongada* Convencional*

DBO5 (remoção %) 97 98 93-98 85-95

DQO (remoção %) 97 97 90-95 85-95

Idade do Lodo (dias) 2,15 10 18 a 30 4 a 10

TDH (dias) 3,3 1,73 0,67 a 1,0 <0,3

Relação A/M

(kgDBO.kgSSV.dia-1

)

0,57

0,15

0,08 a 0,15

0,3 a 0,8

*VON SPERLING, 1997.

Apesar do sistema ter sido projetado para operar como convencional, as elevadas

médias de eficiência na remoção de matéria orgânica, podem estar ligados aos valores

relativamente elevados de TDH.

A Tabela 15 mostra um comparativo das médias de 2012 com as médias dos anos de

2009, 2010 e 2011. Os resultados também foram dispostos em gráficos (Figuras 24 a 29).

Tabelas 15 – Variáveis físico-químicas de entrada (P1) e saída (P3) 2012.

2009 2010 2011 2012

Variáveis

(mg.L-1)

P1

P3

ER

(%)

P1

P3

ER

(%)

P1

P3

ER

(%)

P1

P3

ER

(%)

pH* 7,3-5,7 7,5-4,6 - 7,2-6,3 7,5-6,1 - 6,8-5,2 8,2-3,4 - 8,0-5,7 7,7-6,6 -

DBO5 - - - 545 - - 788 19 97 1300 30 97 DQO - - - 689 47 93 1063 60 94 2132 60 97 NKT - - - 58 12 79 40 0,92 97 10 1 90

Fósforo - - - 4 - - 72 2 97 17 1 94 Óleos e

Graxas

- - - 42 - - 107 3 97 98 10 89

SST - 36 - 136 29 78 426 25 94 1515 132 91

*Valor máximo e valor mínimo.

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68

Figura 24 – Médias de DBO de entrada (P1) e

saída (P3) e eficácia de remoção de 2010

a 2012 (Jan. a Jun.).

Figura 25 – Médias de DQO de entrada (P1) e

saída (P3) e eficácia de remoção de 2010

a 2012 (Jan. a Jun.).

Figura 26 – Médias de NKT de entrada (P1) e saída

(P3) e eficácia de remoção de 2010 a 2012

(Jan. a Jun.).

Fonte: A autora (2012). Fonte: A autora (2012). Fonte: A autora (2012).

Figura 27 – Médias de P de entrada (P1) e saída

(P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.).

Figura 28 – Médias de OG de entrada (P1) e saída

(P3) e eficácia de remoção de 2010 a

2012 (Jan. a Jun.)

Figura 29 – Médias de SST de entrada (P1) e saída

(P3) e eficácia de remoção de 2010 a 2012

(Jan. a Jun.).

Fonte: A autora (2012). Fonte: A autora (2012). Fonte: A autora (2012).

68

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6.3 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SISTEMA DE LODOS ATIVADOS

Os micro-organismos apresentaram comportamento habitual e não houve

mudanças nas populações durante a análise qualitativa.

Foram identificados três gêneros de sarcodina (Arcella sp. Euglypha sp. e

Centropyxix sp.), uma de suctória (Tokophrya sp.), uma de ciliado livre (Aspidica

sp.) e uma de ciliado fixo (Vorticella sp.). Também puderam ser observados rotíferos

e espiroquetas, que são indicadoras da baixa concentração de oxigênio dissolvido e

septicidade. A Figura 30 mostra alguns dos gêneros identificados.

O número de organismos por ml de amostra de foi de 6x103 e os pequenos

flagelados foram considerados o grupo dominante o que representa fraco

desempenho do reator. As possíveis causas podem ser a deficiência de aeração e

sobrecarga de nutrientes (MADONI, 1994). O segundo grupo dominante variou

durante as observações mostrando a instabilidade do sistema.

Os flocos apresentaram forma irregular e pouca resistência. Quanto às

dimensões, apesar de aparecerem flocos com diâmetro considerado pequeno (<150

µm) o tipo dominante foi os de diâmetro >500 µm.

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Figura 30 – Micro-organismos identificados: a) Vorticella sp. (400x); b) Euglypha sp.

(400x); c) Arcella sp. (200x); d) Centropyxix sp. (200x); e) Tokophrya sp. (200x);

f) Espiroqueta (400x).

Fonte: A autora (2012).

6.3.1 Identificação das Bactérias Filamentosas

Foram identificadas dois tipos de bactérias filamentosas dominantes: o Tipo

0675 e Thiothrix I. A Tabela 16 mostra as características claramente observadas.

a) b)

c) d)

e) f)

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Tabela 16 – Características observadas nos filamentos.

Características Tipo 0675 Thiothrix I

Coloração de Gram +,V -

Coloração de Neisser - filamento/grânulo -/-,+ -/-,+

Coloração PHB + +

Forma do Filamento R,LC R,LC

Localização do filamento A P

Septos celulares evidentes + +

Bainha + +

Crescimento epifítico + -

Rosetas - +

Motilidade - -

+ = positivo; - = negativo; V = variável; -,+ = variável (primeiro mais observado) R = reto;

LC = levemente curvado; P = projetando-se do floco; A = associado ao floco.

Apesar de serem feitas algumas medidas do comprimento do filamento, esse

dado foi descartado por ser considerado não confiável.

Baseado em imagens e no quadro resumo (Anexo) de Jenkins et al., (2003) e

com ilustrações de trabalhos publicados por Eikelboom ( 1981) e Figueiredo (2011),

pode-se chegar a estas duas bactérias filamentosas (Figura 31). A Figura 32 mostra

as colorações de Gram e grânulos de PHB.

Figura 31 – Microscopia de campo claro, 200x: a) Tipo 0675 e b) Thiothrix I.

Fonte: A autora (2012).

Thiothrix I

Tipo 0675

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72

Segundo Eikelboom (1981) bactérias filamentosas do Tipo 0675 são retas ou

ligeiramente curvadas, possuem comprimento de 200 a 300 µm, suas células são

retangulares com diâmetro de 0,5 a 0,7 µm e envoltos por bainha. Os septos celulares

são visíveis, mas sua visualização pode ser dificultada pelo crescimento epifítico.

Jenkins et. al., (2003) dizem que bactérias do Tipo 0675 podem estar

associadas à baixa relação A/M e a zonas anaeróbias iniciais no reator biológico.

A Figura 32 mostra as observações realizadas das amostras com a Coloração

de Gram e de PHB:

Figura 32 – Microscopia de campo claro

para observações de colorações

(1000x): a) Coloração Gram

positivo: Tipo 0675; b)

Coloração Gram negativo:

Thiothrix I; c) Coloração PHB,

grânulos visíveis.

Fonte: A autora (2012).

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Bactérias filamentosas Thithrix I, são levemente curvadas, não apresentam

motilidade e os filamentos projetam-se do floco. Suas células retangulares

apresentam diâmetro entre 0,4 e 1,5 µm seus filamentos entre 50 e 500 µm

(EIKELBOOM, 1981).

Quando crescentes em condições de deficiência de nutrientes essas bactérias

podem apresentar rosetas e gonídeas. Estão relacionadas a baixas concentrações de

A/M e esgoto séptico (JENKINS, 2003).

6.4 EXPERIMENTAÇÃO DE DOSAGENS DE HIPOCLORITO DE SÓDIO EM

JAR TEST

6.4.1 Testes in loco

Nesta primeira parte da experimentação, foram testadas concentrações de 2 a

25 mg.L-1

com hipoclorito de sódio. Em todas as observações as bactérias

filamentosas não foram afetadas pelos efeitos do cloro logo após as dosagens e

tempo de contato.

A concentração de 25 mg.L-1

foi a que surgiu efeito positivo e após o tempo

decorrido de 1 hora os filamentos quebraram-se. Os ciliados fixos não apresentavam

movimentos, porém permaneceram vivos e todos os pequenos flagelados livre

natantes morreram.

A Figura 33 apresenta as etapas das observações microscópicas com a

concentração de 25 mg.L-1

de cloro.

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Figura 33 – Observações microscópicas de campo claro do efeito do cloro (25 mg.L-1

) sobre

as bactérias filamentosas: a) controle (200x); b) após o tempo de contato, ao centro

ciliado fixo em atividade (400x); c) após 30 minutos (200x); d) após 1 hora,

filamentos quebrados (400x).

Fonte: A autora (2012).

6.4.2 Testes em Laboratório

Com o resultado do efeito positivo na concentração de 25 mg.L-1

, os testes

foram reproduzidos em laboratório juntamente com as concentrações de 20, 23 e 27

mg.L-1

, para descobrir se há a diferença nas respostas dos micro-organismos à

concentrações próximas a 25 mg.L-1

. Também foram realizadas análises de DQO

dessas amostras.

A média do SST para o lodo de retorno foi de 4933 mg.L-1

e as médias de

SSed1h para o controle e concentrações de 20, 23, 25 e 27 mg.L-1

foram de 943, 963,

950, 947 e 947 ml.L-1

, respectivamente (Figura 34).

a) b)

c) d)

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Figura 34 – Média dos Sólidos Sedimentáveis após de decorrido 1 hora do início do teste e

média dos SST da recirculação do lodo.

Fonte: A autora (2012).

Os testes com as concentrações de 25 e 27 mg.L-1

foram os que mais surtiram

efeito positivo em relação à sedimentação do lodo, apesar de os valores serem

maiores que o do controle. Isso pode ser explicado, pois o sobrenadante do controle

era transparente, porém apresentava lodo flotado. Já o sobrenadante dos testes

aprestava-se turvo, mas sem flotamento.

A média de DQO do controle foi 2605 mg.L-1

e a média dos testes com

concentração de 25 mg.L-1

foi de 2880 mg.L-1

. O ideal seria a análise de DQO

solúvel, pois Jenkin et al., (2003) dizem que altas doses de cloro podem afetar os

SST, a DQO solúvel e a turbidez, resultando em altos valores.

Possivelmente, o fato de somente uma alta dosagem ter surtido efeito pode ser

explicado pela presença de bainha (Figura 35), nas espécies de filamentosas

encontradas. Essa estrutura é uma capa cilíndrica que envolve os filamentos

protegendo-os dos agentes externos.

Controle 20 mg.L-1

23 mg.L-1

25 mg.L-1

27 mg.L-1

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Figura 35 – Visualização em microscópio de campo claro da bainha em cristal

violeta (1000x).

Fonte: A autora (2012).

Juang (2005) estudou o uso de polímero sintético para o controle de bactérias

filamentosas. As bactérias filamentosas dominantes eram a Sphaerotilus natans e a

Tipo 1851 e os flocos tinham um diâmetro entre 150 e 200 µm. Logo após adicionar

o polímero, na proporção de 1 mL de polímero para 10 L de efluente, os filamentos

que se projetavam para fora do floco eram danificados ou inibidos e os flocos

aumentaram de tamanho resultando em uma média de 631 µm. Cinco semanas após

o cessar das dosagens as filamentosas cresceram novamente em excesso e o diâmetro

dos flocos apresentavam média de 245 µm. O autor concluiu que a bainha e o próprio

floco protegiam a bactéria filamentosa causadora do intumescimento, mas que se o

polímero fosse dosado continuamente o problema seria controlado.

Um estudo realizado por Tay et al., (2005) teve o objetivo de comparar o

tratamento aeróbio comum (Reator 1) ao tratamento aeróbio com grânulos de acetato

(Reator 2), como inóculo microbiano, para degradação de altas cargas de fenol. Os

reatores operavam com ciclo de 4 h e com carga de fenol de 1,8 kg/m3.d

-1. O Reator

1 teve dificuldades em degradar o fenol e a população microbiana foi ‘lavada’ em 4

dias. No Reator 2 os micro-organismos tiveram sucesso na degradação, os grânulos

de acetato foram cobertos por bacilos, mas a população de bactérias filamentosas

Bainha

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emergiu dominante. Os autores concluíram que a presença da bainha foi um fator

importante contra a toxicidade do fenol.

O cloro deve ser dosado de modo a manter a harmonia entre o controle dos

filamentos e a atividade dos demais micro-organismos. Neste caso houve o efeito

positivo sobre filamentos das bactérias, porém alguns organismos da microfauna

cessaram suas atividades ou morreram.

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78

CAPÍTULO 7

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Após os testes em escala de bancada com as concentrações de cloro em

amostras do lodo de retorno de indústria alimentícia, pode-se chegar às seguintes

conclusões:

Em geral, apesar do efluente em estudo ter apresentado bons resultados no

controle operacional, houve uma discordância em alguns parâmetros físico-químicos

se comparados com os valores esperados de projeto. Isso pode estar ligado aos

valores relativamente elevados de TDH.

A identificação dos micro-organismos presentes no sistema de tratamento

mostra-se de suma importância para se saber das possíveis causas de anomalias.

Neste caso há uma possível zona anaeróbia, indicada pela presença de espiroquetas e

a representação dos pequenos flagelados como grupo dominante, na maioria das

análises.

A identificação das bactérias filamentosas também se torna importante uma

vez que cada tipo ou espécie desses micro-organismos apresentam características

particulares para possíveis causas do intumescimento do lodo e formas de controle.

Os testes em escala laboratorial com Jar Test são muito usados e

recomendados em fases de análises para a identificação de dosagens iniciais de

concentrações de cloro ou outros tipos de agentes controladores do intumescimento

do lodo. As repetições dos testes também auxiliam em uma melhor precisão dos

resultados.

O cloro deve ser dosado de modo a manter a harmonia entre o controle dos

filamentos e a atividade dos demais micro-organismos. Neste caso houve o efeito

positivo sobre filamentos das bactérias, porém alguns organismos da microfauna

cessaram suas atividades ou morreram.

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Sendo assim, aconselha-se estudar as anomalias causadoras destes problemas,

para possíveis correções dos mesmos. Outra possibilidade é o aprofundamento de

estudos a cerca da utilização de outros agentes inibidores, como é o caso do talco

(CLAUSS et al., 1999; ROSSONI, 2007) e polímeros catiônicos (JENKINS et al.,

2003; HWANG & TANAKA 1998).

Para trabalhos futuros recomenda-se:

Acrescentar análises de DBO5, DBO e DQO solúvel e cloro residual para

melhor interpretação dos dados.

Além de testar várias concentrações de cloro, também testar vários tempos de

contato.

Após testes em escala laboratorial, realizar os testes em escala piloto para se

aproximar ao máximo do sistema real.

Acompanhar diariamente com observações microscópicas os efeitos do cloro

tanto na escala piloto quanto no sistema real.

Acompanhar os efeitos do cloro residual com testes de toxicidade aguda, no

efluente clarificado, os quais são previstos pelo CONAMA nº 430/2011 e descritos

pela ABNT.

Utilizar métodos mais precisos para identificação da morte dos filamentos

como, por exemplo, o uso da coloração live/dead.

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80

CAPÍTULO 8

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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87

ANEXO

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1

ANEXO – Resumo das características morfológicas e de coloração típicas dos micro-organismos filamentosos comumente observados em lodos ativados

Observação em iluminação de campo claro de 1000x Observação em contraste de fase de 1000x

Tipos de

filamentos

Coloração

de Gram

Coloração de Neisser

Filamento Grânulos

Grânulos

de

enxofre

Outras

inclusões

Diâmetro

do

filamento

(µm)

Comprimento

do filamento

(µm)

Forma do

filamento

Localização

do filamento

Septos

celulares

evidentes

Bainha

Crescimento

epifítico

Forma e tamanho da

célula

Observações

S. natans - - - - PHB 1,0-1,4 >500 R L + + - Arredondado: 1,6x2,5 Falsa ramificação

Tipo 1701 - - - - PHB 0,8-1,0 20-80 R,D A,P + + ++ Arredondado: 1,0x1,5 Septos celulares de difícil

visualização

H. hydrossis - - - - - 0,5 10-100 R,D P,L - - -,+ - Rígido

Tipo 021N - - -,+ + PHB 1,6-2,5 50-1000 R,LC P + - - Barril, retangular,

discoide: 1,6-2,5x2,0

-

Thiotrix I -,+ - -,+ + PHB 1,6-2,5 100-500 R,LC P + + - Retangulares: 0,8-

1,4x1,5-3,0

Rosetas e gonídeas

Thiotrix II -,+ - -,+ + PHB 0,8-1,4 50-200 R,LC P + + - Retangulares: 0,8-

1,2x1,0

Rosetas e gonídeas

Tipo 0914 -,+ - -,+ - PHB 1,0-1,2 50-200 R P,L + + -,+ Quadradas: 1,0x1,0 Grânulos de enxofre,

quadradas

Beggiatoa sp. -,+ - -,+ + PHB 3,0-4,0 100-500 R L -,+ - - Retangulares: 2,0-

4,0x6,0-8,0

Motilidade: flexão e

deslizamento

N. limícola I + + - - PHB 0,8-1,0 40-100 E A,P + - - Ovais: 0,8-1,0x0,8 -

N. limícola II -,+ +,- - - PHB 1,4 50-200 E A,P + - - Discoides, ovais:

1,4x1,0-1,5

Ramificação acidental; Gram e

Neisser variável

N. limícola III -,+ + - - PHB 2,0 100-300 E A,P + - - Discoides, ovais:

2,0x1,5

-

Tipo 0411 - - - - - 0,8-1,2 50-150 D,I P + - - Alongadas: 0,8-

1,2x2,0-5,0

Cadeia de células.

Tipo 0961 - - - - - 1,0-1,4 40-15 R P + - - Retangulares: 1,0-

1,4x2,0-4,0

Transparente

Tipo 0092 - + - - PHB 0,8-1,0 10-80 R,D A -,+ - - Retangulares: 0,8-

1,0x1,0

-

Tipo 0581 - - - - - 0,5-0,8 100-200 E A - - - - Enrolada no floco

Tipo 0041 +,V - -,+ - - 1,8-2,0 100-500 R,LC A,P + + ++,- Quadradas: 1,8-

2,0x2,0-3,0

Neisser negativo

Tipo 0675 +,V - -,+ - - 1,0 50-150 R.LC A + + ++,- Quadradas: 1,0x1,0 Neisser positivo

Tipo 1851 + - - - - 0,8 50-200 R.LC P +,- + -,+ Retangulares: 0,8x1,5-

2,0

Feixes de filamentos

Tipo 0803 - - - - - 0,8-1,0 50-150 R P,L + - - Quadradas: 0,8x1,0 -

M. parvicella + - + - PHB 0,8 50-200 E A - - - - Grandes manchas

Nocardia sp. + - + - PHB 1,0 5-30 I A + - - Variável: 1,0x1,0-2,0 Ramificação verdadeira

Tipo 1863 - - -,+ - PHB 0,8-1,0 10-50 D,I P,L + - - Ovais: 0,8-1,0x1,0-1,5 Cadeia de células,

frequentemente livre no meio

Fonte: Adaptado de Jenkins et al., (2003).

Legenda:

Forma do filamento: Localização no filamento:

+ = positivo V = variável R = reto E = enrolado P = projetando-se do floco

- = negativo D = dobrado I = irregular A = associado ao floco

+,- / -,+ = variável (o primeiro mais observado) LC = levemente curvado L = livre entre os flocos