universidade federal de mato grosso faculdade...

122
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL LARISSA MENDES MEDEIROS IMPACTOS AMBIENTAIS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS: UM EXERCÍCIO DE ANÁLISE DE CICLO DE VIDA CUIABÁ 2016

Upload: trandang

Post on 02-Feb-2019

234 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E

AMBIENTAL

LARISSA MENDES MEDEIROS

IMPACTOS AMBIENTAIS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS: UM EXERCÍCIO DE

ANÁLISE DE CICLO DE VIDA

CUIABÁ

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

LARISSA MENDES MEDEIROS

IMPACTOS AMBIENTAIS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS: UM EXERCÍCIO DE

ANÁLISE DE CICLO DE VIDA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Engenharia de Edificações e Ambiental, da

Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito

para obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração:

Construção Civil

Orientadora:

Profª. Drª. Luciane Cleonice Durante

CUIABÁ

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental Campus I da UFMT, Cuiabá, Mato Grosso

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS: UM EXERCÍCIO DE ANÁLISE DE CICLO DE VIDA

Larissa Mendes Medeiros

Dissertação aprovada em 12 de Julho de 2016.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre me

incentivaram e apoiaram de maneira incondicional.

Especialmente a minha mãe, uma educadora que ensinou

que a maior herança é o conhecimento que construímos.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeço a Deus pela vida e por caminhar todo esse tempo ao meu lado, me

conduzindo sempre para o melhor caminho.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental

(PPGEEA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por dividirem comigo parte de

seus conhecimentos.

Ao Instituto Federal de Mato Grosso, pela oportunidade de disponibilização de tempo e por

disponibilizar informações necessárias à realização deste estudo.

Meu agradecimento especial a Professora Dr.ª Luciane Cleonice Durante, por me aceitar

como orientanda e acreditar que poderíamos realizar este trabalho, pelas contribuições sempre

tão generosas e por estar ao meu lado durante todo o desenvolvimento.

Aos professores Dra. Raquel Naves Blumenschein, Drª. Sandra Maria de Lima e Dr. Ivan

Júlio Apolônio Callejas, por terem aceitado prontamente participar da avaliação deste trabalho

e pelas contribuições que enriqueceram esta pesquisa.

Aos colegas do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) da UFMT,

alunos e professores, pelas companhias e cafés.

A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) na pessoa do Henrique Leonardo Maranduba

pela colaboração neste trabalho e disponibilização do uso da versão Analyst do software

SimaPro.

As colegas da turma do mestrado, pela companhia, parceria, incentivo, choros e risadas que

foram fundamentais para que eu chegasse até aqui.

A minha família, por todo carinho e compreensão em entender minha ausência para me

dedicar ao estudo e por não me deixar, um só minuto, duvidar de que eu conseguiria alcançar

meu objetivo.

Ao meu companheiro, namorado e esposo que dividiu comigo toda essa caminhada e por me

mostrar que o caminho não precisa ser tão sofrido.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

“Cada dia que amanhece assemelha-se a uma página em branco, na qual gravamos os

nossos pensamentos, ações e atitudes. Na essência, cada dia é a preparação de nosso próprio

amanhã.”

(Francisco C. Xavier)

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

RESUMO

A quantificação dos impactos ambientais gerados na construção de um edifício tem se

mostrado uma tarefa complexa, isso se deve a grande quantidade de materiais e processos

envolvidos na sua cadeia produtiva e também a ausência de dados de inventário para a

realidade brasileira. Diante deste cenário a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida

(ACV) tem se mostrado uma ferramenta capaz de mensurar os potenciais impactos gerados na

construção de um edifício, porém ainda se trata de uma metodologia pouco utilizada pela

indústria da construção civil. Neste estudo, os princípios normativos da ACV foram aplicados

aos principais sistemas construtivos de um edifício, buscando identificar a contribuição de

cada sistema nas categorias de impacto ambiental analisadas, considerando uma abordagem

de berço ao portão (cradle-to-gate). A edificação objeto do estudo foi construída com

materiais convencionais e largamente utilizados no estado de Mato Grosso, tais como

estrutura em concreto armado e vedação em tijolos cerâmicos e os sistemas construtivos

considerados foram Fundação, Superestrutura, Vedação, Cobertura, Esquadrias e

Revestimentos, para a unidade funcional de 1,0 m² de área construída. O inventário foi

elaborado a partir da base de dados Ecoinvent 2.0, adotando-se o ReCiPe midpoint H, Word

como método de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV). A modelagem do sistema

foi realizada com o auxílio do software SimaPro 8.0. As categorias de impacto selecionadas

foram Mudanças Climáticas, Depleção do Ozônio, Toxicidade Humana, Formação de

Material Particulado, Depleção de Água, Depleção de Metais e Depleção Fóssil. Os resultados

demonstraram que o sistema de Superestrutura foi o que mais contribuiu nas categorias de

Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água e Depleção

Fóssil; o sistema de Cobertura apresentou maior contribuição nas categorias de Toxicidade

Humana e Depleção de Metais e o sistema de Vedação apresentou maior contribuição na

categoria de Depleção do Ozônio. Esta dissertação contribuiu para demonstrar que apesar das

dificuldades verificadas é possível utilizar-se da ACV na indústria da construção civil e

extrair dos resultados os processos que merecem maior investigação e solução para minimizar

os impactos ambientais, e também para divulgar a aplicação dessa metodologia no estado de

Mato Grosso, como alternativa de mensuração dos potenciais impactos em um edifício.

Palavras-Chave: Indústria da construção civil; Avaliação do Ciclo de Vida; Categorias de

Impactos Ambientais.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

ABSTRACT

The quantification of environmental impacts in the construction of a building has proven to be

a complex task, this is due to the large amount of materials and processes involved in the

production chain and also the lack of inventory data for the Brazilian reality. In this scenario

the Life Cycle Assessment methodology (LCA) has been shown to be a tool to measure the

potential impacts on the construction of a building, but it is still a little methodology used by

the construction industry. In this study, the normative principles of ACV were applied to the

main construction of a building systems in order to identify the contribution of each system in

the environmental impact categories analyzed, considering a cradle approach the gate (cradle-

to-gate). The object of the study building was built with conventional materials and widely

used in the state of Mato Grosso, such as reinforced concrete structure and sealing ceramic

bricks and building systems considered were Foundation, superstructure, Fence, Covering,

Frames and jackets for the functional unit of 1.0 m² of built area. The inventory was drawn

from the Ecoinvent 2.0 database, adopting the recipe midpoint H, Word as Assessment

method Life Cycle Impact Assessment (LCIA). The system modeling was performed with the

help of the software SimaPro 8.0. Impact categories selected were Climate Change, Depletion

of the ozone, Human Toxicity, Particulate Matter Training, Water Depletion, Depletion and

Depletion Metals Fossil. The results showed that the superstructure system was the largest

contributor in the categories of Climate Change, Particulate Matter Formation, Depletion and

Depletion Water Fossil; the cover system showed greater contribution in the categories of

Human toxicity and depletion of metals and sealing system showed greater contribution to the

depletion of the ozone category. This work helped to demonstrate that despite the difficulties

encountered is possible to use the LCA in the construction industry and extract the results

processes that deserve further research and solution to minimize environmental impacts, and

also to promote the application of this methodology in the state Mato Grosso, as the

measurement of alternative potential impacts on a building.

Keywords: Construction industry; Life Cycle Assessment; Categories of Environmental

Impacts.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Documentos que fundamentaram o conceito de construções sustentáveis ............. 25

Figura 2 – Linha do tempo dos acontecimentos históricos sobre desenvolvimento sustentável

.................................................................................................................................................. 26

Figura 3 – Fluxos linear e cíclico no ciclo de vida da edificação interações com o meio

ambiente. .................................................................................................................................. 27

Figura 4 – Escalas espaciais de impacto na indústria da construção ........................................ 28

Figura 5 – Matriz energética nacional ...................................................................................... 29

Figura 6 – Ciclo de Vida do Produto ........................................................................................ 33

Figura 7 – Fases de uma ACV. ................................................................................................. 43

Figura 8 – Processos do sistema de primeiro e segundo plano, fronteira do sistema (linha

pontilhada), separação da tecnosfera e da ecosfera. ................................................................. 47

Figura 9 – Classificação dos fluxos do inventário nas categorias de impacto midpoints e

endpoints. .................................................................................................................................. 54

Figura 10 - Fluxograma das etapas metodológicas .................................................................. 58

Figura 11 – Localização da cidade de Primavera do Leste - MT ............................................. 59

Figura 12 – Perspectiva externa do edifício analisado ............................................................. 59

Figura 13 – Planta baixa do Pavimento Térreo e Corte AA ..................................................... 60

Figura 14 - Planta baixa do Pavimento Superior e Cortes BB e CC. ....................................... 61

Figura 15 – Execução dos sistemas construtivos durante a obra .............................................. 62

Figura 16 – Detalhes da abordagem interativa da ACV, com foco na coleta de dados e

modelagem do inventário. ........................................................................................................ 64

Figura 17 – Modelo em nível macro – recorte da fase de construção ...................................... 65

Figura 18 – Fronteira do Sistema ............................................................................................. 70

Figura 19 – Tela principal do SimaPro, na modelagem do projeto ACV de edifício. ............. 79

Figura 20 – Mapa de distâncias consideradas na análise de sensibilidade ............................... 80

Figura 21 -– Comparação de Cenários em relação ao destino final dos resíduos do edifício .. 85

Figura 22 - Análise de Contribuição dos Sistemas no Impacto Total ...................................... 86

Figura 23 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 87

Figura 24- Contribuição dos Processos no Sistema de Vedação .............................................. 87

Figura 25 - Contribuição dos Processos no Sistema de Vedação ............................................. 89

Figura 26 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 89

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

Figura 27 - Contribuição dos Processos no Sistema de Cobertura ........................................... 90

Figura 28 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 91

Figura 29 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 92

Figura 30 - Contribuição dos Processos no Sistema de Fundação ........................................... 92

Figura 31 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 93

Figura 32 - Contribuição dos Processos no Sistema de Cobertura ........................................... 94

Figura 33 - Contribuição dos Processos no Sistema de Cobertura ........................................... 95

Figura 34 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 95

Figura 35 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura ................................... 96

Figura 36 - Contribuição dos Processos no Sistema de Vedação ............................................. 97

Figura 37 – Análise de Sensibilidade às distâncias de transporte ............................................ 98

Figura 38 - Análise de Sensibilidade entre os métodos ReCiPe e CML 2 Baseline ................ 99

Figura 39 – Análise de incerteza onde o coeficiente de variação foi estimado utilizando a

combinação Matriz Pedigree com a simulação Monte Carlo (1000 interações; 95% de

confiança). .............................................................................................................................. 100

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Consumo de Materiais e Energia no setor da construção civil .............................. 29

Quadro 2 – Característica dos métodos de AICV..................................................................... 51

Quadro 3 – Descrição dos sistemas construtivos que compõe a edificação ............................. 63

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perdas de alguns materiais de construção civil em canteiros brasileiros................ 30

Tabela 2 – Síntese das Dissertações e Teses Pesquisadas ........................................................ 38

Tabela 3 – Inventário do Sistema de Fundação ........................................................................ 74

Tabela 4 – Inventário do Sistema de Superestrutura ................................................................ 74

Tabela 5 – Inventário do Sistema de Vedação ......................................................................... 75

Tabela 6 – Inventário do Sistema de Cobertura ....................................................................... 76

Tabela 7 – Inventário do Sistema de Esquadrias ...................................................................... 76

Tabela 8 – Inventário do Sistema de Revestimento ................................................................. 77

Tabela 9 – Vetores Pedigree, Vetores Resultados, Incertezas Básicas e Desvios Padrões das

entradas. .................................................................................................................................... 82

Tabela 10 – Contribuições totais dos sistemas em cada categoria ........................................... 85

Tabela 11 – Contribuições totais para a categoria de Mudanças Climáticas............................ 87

Tabela 12 – Contribuições totais para a categoria de Depleção do Ozônio ............................. 88

Tabela 13 – Contribuições totais para a categoria de Toxicidade Humana.............................. 90

Tabela 14 – Contribuições totais para a categoria de Formação de Material Particulado ........ 92

Tabela 15 – Contribuições totais para a categoria de Depleção de Água................................. 93

Tabela 16 – Contribuições totais para a categoria de Depleção de Metais .............................. 95

Tabela 17 – Contribuições totais para a categoria de Depleção Fóssil .................................... 96

Tabela 18 – Análise de Sensibilidade à diferentes metodologias de AICV (ReCiPe e CML 2

Baseline) ................................................................................................................................... 99

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV Avaliação do Ciclo de Vida

ACVE Avaliação de Ciclo de Vida Energético

AICV Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida

BMCC Building Material and Component Combinations

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CDB Convenção da Diversidade Biológica

CFC Clorofluorcarbono

CH4 Metano

CH3Br Brometo de Metila

CIB Council International Building

CP Cimento Portland

COV Compostos Orgânicos Voláteis

CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CML Centrum voor MiLierjunde (Center for Environmental Science)

CO2 Dióxido de Carbono

DAP Declarações Ambientais de Produtos

DTIE Division of Technology, Industry and Economics

EDIP Environmental Design for Industrial Products

EPS Poliestireno Expandido

ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

EPA Environmental Protection Agency

EPD Environmental Product Declaration

GBC Green Building Council

GEE Gases de Efeito Estufa

GWP Potencial de aquecimento global

HCFC Hidroclorofluorcarbono

HQE Haute Qualité Environmental

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

ICV Inventário do Ciclo de Vida

ILCD International Reference Life Cycle Data System

IPCC International Panel on Climate Change

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

ISO International Organization for Standardization

LCA Life Cycle Assessment

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MIR Midwest Research Analyst

MP Material particulado

NBR Normas Brasileira Registrada

NO2 Dióxido de nitrogênio

ONU Organização das Nações Unidas

RCD Resíduo da Construção e Demolição

REPA Resource and Environmental Profile Analysis

SETAC Society of Environmental Toxicology and Chemistry

SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil

UFF Universidade Federal Fluminense

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

UNEP United Nations Environment Programme

WPC Whole Process of the Construction

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

1.1 Contexto e Problema .................................................................................................. 18

1.2 Justificativa ................................................................................................................ 20

1.3 Objetivos .................................................................................................................... 21

1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 21

1.3.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 21

1.4 Apresentação da dissertação ...................................................................................... 22

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 23

2.1 Desenvolvimento Sustentável .................................................................................... 23

2.2 Impactos ambientais da Indústria da Construção ...................................................... 27

2.3 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) ........................................................................... 32

2.3.1 Histórico da ACV ............................................................................................... 33

2.3.2 ACV na indústria da construção civil e pesquisas sobre o tema ........................ 36

2.3.3 Etapas metodológicas e conceitos da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) ........ 42

2.3.4 Softwares para Análise do Ciclo de Vida ........................................................... 56

3 MATERIAIS E MÉTODO ...................................................................................... 58

3.1 Tipo da pesquisa ........................................................................................................ 58

3.2 Objeto de estudo ........................................................................................................ 58

3.3 Etapas metodológicas da ACV .................................................................................. 63

3.3.1 Objetivo .............................................................................................................. 65

3.3.2 Definição de Escopo ........................................................................................... 67

3.3.3 Análise de Inventário do Ciclo de Vida (ICV) ................................................... 72

3.3.4 Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) ............................................... 77

3.3.5 Interpretação do ciclo de vida ............................................................................. 79

3.3.5.1. Análise de Sensibilidade ................................................................................. 80

3.3.5.2. Análise de Incertezas ...................................................................................... 81

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................... 84

4.1 Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) ....................................................... 84

4.1.1 Análise de Contribuição ..................................................................................... 85

4.2 Análise de Sensibilidade ............................................................................................ 97

4.3 Análise de Incerteza ................................................................................................. 100

4.4 Interpretação do ciclo de vida .................................................................................. 101

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 104

5.1 Recomendações de trabalhos futuros ....................................................................... 105

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 106

Anexo 1. ................................................................................................................................. 115

Anexo 2. ................................................................................................................................. 116

APÊNDICES ......................................................................................................................... 117

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

18

1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo de Introdução contextualiza a pesquisa apresentada, descrevendo

a problemática, a justificativa e a relevância desta dissertação, bem como os objetivos geral e

específicos.

1.1 Contexto e Problema

Os impactos ambientais causados pelas atividades antrópicas devido ao uso

excessivo de matéria-prima, acumulação de resíduos sólidos, destruição da camada de ozônio,

aquecimento global, dentre outros, são temas cada vez mais debatidos pela sociedade.

A construção civil desempenha um papel significante no contexto desses impactos,

visto que o setor consome entre 14 e 50% de toda a matéria-prima e 40% dos insumos

energéticos de todas as fontes (TAVARES, 2006). Além disso, gera grandes quantidades de

resíduos ao longo do ciclo de vida da edificação, promovendo expressivas emissões de gases

nocivos na atmosfera. Segundo Hendriks (2000 apud BLUMENSCHEIN, 2004), nos centros

urbanos com mais de 500.000 habitantes, os processos construtivos são responsáveis por 40 a

70% do volume dos resíduos sólidos produzidos.

Degani (2010) afirmou que o Brasil estava diante de um grande desafio, pois

precisava solucionar questões como o déficit habitacional, ampliar a infraestrutura de

transporte, comunicação, rede de água, saneamento e energia, de forma sustentável e gerando

o menor impacto ambiental possível. Este desafio ainda se apresenta nos dias atuais, sendo o

poder público responsável por um grande número de obras, podendo contribuir e influenciar

no desenvolvimento sustentável do setor da construção civil, a partir do estabelecimento de

exigências para que essas obras sejam executadas gerando um menor impacto ambiental.

Em direção a essa meta, o Estado tem se mobilizado para eficientização das obras

públicas, por meio do Ministério do Meio Ambiente, que em 1999, criou o Programa Agenda

Ambiental na Administração Pública (A3P), cujo objetivo é sensibilizar os gestores públicos

sobre a importância das questões ambientais (MMA, 2009). Em 2010, o Ministério de

Planejamento, Orçamento e Gestão publicou a Instrução Normativa 01/MPOG/2010, que

determinou a inclusão de critérios de sustentabilidade na aquisição de bens, contratação de

serviços ou obras públicas visando a economicidade na manutenção e operacionalização dos

edifícios, a redução do consumo de energia e água, bem como o emprego de tecnologias e

materiais que reduzam o impacto ambiental (BRASIL, 2010). Em 2014, este mesmo

Ministério, publicou a Instrução Normativa 02/MPOG/2014, que estabelece a obrigatoriedade

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

19

ao atendimento aos requisitos da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE),

classe “A”, nos projetos e retrofits de edificações públicas federais, buscando minimizar os

impactos na fase de uso (BRASIL, 2014b).

Esse movimento pela busca da minimização dos impactos decorrentes da indústria da

construção civil no setor de construção dos edifícios se depara, atualmente, com a necessidade

de estabelecimento de metodologias, de forma que se possa quantificar e mensurar o

desempenho ambiental dos empreendimentos. Uma forma de avaliação de desempenho

ambiental é a metodologia de Análise do Ciclo de Vida (ACV), que avalia os potenciais

impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de vida de um produto, “isto é, do berço ao

túmulo” na forma de avaliação quantitativa, desde a extração e manufatura da matéria-prima,

até o desmonte e destinação final do produto, passando pela fase de produção e uso (NBR ISO

14.040, 2009a).

A ACV destaca-se como uma ferramenta de gestão para análise e escolha de

alternativas, bem como para tomada de decisões sob uma perspectiva ambiental, onde se

analisam as repercussões ambientais de um produto ou atividade, a partir de um inventário de

entradas e saídas (matérias-primas e energia, produtos, subprodutos e resíduos) do sistema

considerado (MIYAZATO E OLIVEIRA, 2009).

Quando aplicada ao produto edificação, a ACV se torna bastante complexa e extensa

pela grande quantidade de materiais e componentes envolvidos na construção e manutenção

ao longo da vida útil, estimada em 50 anos, conforme NBR 15575 (ABNT, 2013). O ciclo de

vida do produto edificação, segundo Degani e Cardoso (2002), é composto por cinco fases:

projeto, implantação/construção, uso, manutenção e demolição. Justamente pela abrangência

da ACV em toda a cadeia produtiva é que Caldeira-Pires, Souza e Villas Bôas (2005)

destacam que a ACV pode promover mudanças tecnológicas fundamentais na produção e nos

produtos. A ACV permite compreender as extensões dos impactos, identificando as vantagens

e desvantagens ambientais das soluções e práticas adotadas, para, posteriormente, reformular

o projeto e o processo de escolha dos materiais das novas edificações, buscando a redução

continua dos impactos ambientais negativos.

Muitos estudos vêm sendo desenvolvidos internacionalmente disponibilizando um

banco de dados significativo acerca deste tema (PAULSEN e SPOSTO, 2013;

ALSHAMRANI, GALAL e ALKASS, 2014; SRINIVASAN et al., 2014; ROTHROCK,

2014; REZA, SADIQ e HEWAGE, 2014). Porém, no Brasil, os estudos ainda são escassos e

existem muitas limitações, principalmente quanto à disponibilidade de dados contendo

informações sobre a ACV de insumos industriais básicos.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

20

Diante das novas exigências de importação de países desenvolvidos que já utilizam

como critério a ACV, espera-se que, cada vez mais, empresas busquem avaliar seus produtos

por meio dessa metodologia para melhorar sua competitividade no mercado, conforme

destaca Carvalho (2010b).

Em Mato Grosso, estado da região Centro-Oeste do Brasil, local onde se desenvolve

esta pesquisa, a preocupação com a minimização dos impactos ambientais na indústria da

construção civil é incipiente, nas diversas etapas abordadas pela ACV. Pode-se, no entanto,

citar a Arena Pantanal, projeto que recebeu diversos prêmios de sustentabilidade, inclusive

um internacional e foi elaborado seguindo os critérios para certificação LEED. Este

empreendimento foi edificado no mesmo terreno do antigo estádio Governador José Fragelli,

o qual foi demolido e teve seus resíduos de concreto reutilizados no subleito de pavimentação,

suas cadeiras e cobertura metálica foram reaproveitadas em outros estádios e o aço das

ferragens também foi encaminhado para reciclagem (PINI, 2013). Segundo o site do Green

Building Conuncil Brasil (GBC), o projeto da Arena Multiuso de Cuiabá-MT foi registrado

em 2010. Porém, até o momento desta pesquisa, não havia sido confirmada sua certificação

(GBC Brasil, 2016).

Também é relevante citar a edificação do Centro SEBRAE de Sustentabilidade, cujo

projeto teve como premissa proporcionar impactos mínimos ao entorno quando de sua

implantação. É a única certificada com o Selo PROCEL no estado, atendendo aos requisitos

de eficiência energética nível A, com aproveitamento da luz natural e redução de 50% das

despesas mensais com água e energia (SEBRAE, 2016). O que implica em baixos impactos

durante a etapa de uso.

No contexto do desempenho ambiental, esta pesquisa se insere na temática da

Avaliação do Ciclo de Vida das edificações, com foco nas de caráter público. À luz de sua

abrangência e multidisciplinariedade, destaca-se seu ineditismo, considerando que as

discussões acerca do tema são incipientes a nível regional.

1.2 Justificativa

Justifica-se a realização desta pesquisa pela necessidade de discussão sobre a

minimização dos impactos ambientais negativos produzidos pelo setor da construção civil.

Essas discussões apresentam base legal nas Resoluções nº 03/2010 (CONMETRO, 2010a) e

04/2010 (CONMETRO, 2010b), que dispõem sobre a aprovação do Programa Brasileiro de

Avaliação do Ciclo de Vida.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

21

Considerando que as obras públicas representam uma parcela significativa do

faturamento do setor da construção civil e os dispositivos legais têm estimulado a busca pela

sustentabilidade no setor, escolheu-se uma edificação pública no estado de Mato Grosso,

como objeto de estudo.

A avaliação do ciclo de vida dessa edificação, identificando os potenciais impactos

ambientais produzidos até a fase de construção pode promover a conscientização dos atores

envolvidos, e incorporar em novas obras, soluções em prol da sustentabilidade.

Desta forma, torna-se fundamental a realização de estudos desta natureza no âmbito

das edificações locais, para divulgar a metodologia, ampliar a compreensão dos possíveis

impactos ambientais da produção do edifício, contribuir para a sustentabilidade das

edificações. Para tanto, é necessário estimular as pesquisas nessa área e qualificar

profissionais para aplicação da metodologia. A ACV aplicada às edificações ainda se encontra

em fase inicial, sendo que, no estado de Mato Grosso, nenhuma pesquisa foi publicada até o

momento.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem por objetivo geral analisar a contribuição dos sistemas construtivos

Fundação, Superestrutura, Vedações, Cobertura, Esquadrias e Revestimentos nas categorias

de impacto ambiental, por meio da Análise do Ciclo de Vida (ACV).

1.3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos da pesquisa são:

a) Verificar a influência da destinação final dos resíduos nos potenciais impactos do

edifício;

b) Analisar a contribuição dos processos nos sistemas construtivos mais relevantes

de cada categoria de impacto ambiental;

c) Analisar a variabilidade dos resultados quanto à adoção de diferentes distâncias de

transporte de materiais e métodos de Análise de Impacto do Ciclo de Vida (AICV);

d) Verificar a qualidade dos dados do inventário, determinando a incerteza dos

resultados obtidos em cada categoria.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

22

1.4 Apresentação da dissertação

Esta dissertação foi organizada de forma a considerar os pressupostos metodológicos

de um estudo de Análise do Ciclo de Vida. Desta forma, no capítulo 1, ao qual este item se

integra, contempla a introdução, a justificativa e os objetivos da dissertação.

No capítulo 2, Revisão de Literatura, na primeira parte, realiza-se uma abordagem

histórica do desenvolvimento sustentável, para compreensão do panorama atual do ciclo de

vida das edificações. A segunda parte apresentam-se alguns trabalhos já desenvolvidos acerca

dessa temática para a realidade brasileira.

No capítulo 3, Materiais e Método, é apresentada a edificação objeto de estudo, e na

equivalência com um estudo de ACV, foram definidos o Objetivo e o Escopo da ACV do

estudo.

No capítulo 4, Apresentação e Análise dos Resultados, apresenta-se o conteúdo

equivalente à Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida, com os resultados das correlações do

inventário e as categorias de impacto.

O capítulo 5, Considerações Finais, tem seu conteúdo equivalente à Interpretação do

Ciclo de Vida de um estudo de ACV, no qual são postas questões significativas, a avaliação

do estudo, as conclusões, limitações e recomendações.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

23

2 REVISÃO DA LITERATURA

A investigação sobre o tema foi baseada em pesquisa bibliográfica e está organizada

em quatro etapas.

Na primeira, buscou-se fundamentar o referencial teórico necessário para

compreensão dos conceitos e domínio do tema, na qual se abordam os conceitos de

sustentabilidade. Na segunda, o foco é o desempenho ambiental aplicado às edificações, bem

como os principais impactos ambientais causados pela atividade da construção civil. Na

terceira, apresenta-se o conceito de ACV, um panorama histórico e a estrutura metodológica

sugerida pelas NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a), NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b) e Manual

ILCD (EC-JRC, 2010a). Já a quarta, consistiu de uma revisão sistemática realizada para

identificar a produção acadêmica acerca da ACV aplicada à construção civil, no Brasil.

2.1 Desenvolvimento Sustentável

Ao se investigar a recente história do ambientalismo verifica-se que a partir da

década de 60, muitas obras impulsionaram os debates internacionais sobre essa temática.

Dentre elas cabe destacar o trabalho intitulado The limits to Growth (Limites do

Crescimento), publicado em 1972, um relatório realizado pelo MIT (Instituto Tecnológico de

Massachussets) encomendado pelo Clube de Roma, organização fundada em 1968, por

Aurelio Peccei, com o objetivo de debater o combate à degradação ambiental, dentre outros.

Esta obra foi uma iniciativa relevante que apontou a escassez de recursos e o envenenamento

ambiental como limitador absoluto do crescimento econômico e populacional (CORAZZA,

2005).

Em 1972, também aconteceu a Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, na

Suécia, sob o tema Homem e o Meio Ambiente, onde foi estabelecido o direito a um ambiente

saudável e produtivo, dentre outros. Uma consequência da participação do Brasil nessa

conferência foi o início da criação da legislação brasileira de proteção ambiental, em 1973

(BESSA, 2010).

O conceito de desenvolvimento sustentável, propriamente dito, surgiu somente em

1987, quando da publicação do relatório Our Commom Future (Nosso Futuro Comum),

conhecido como Relatório Brundtland, que definiu desenvolvimento sustentável como sendo

“aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações

futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1987). Este

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

24

conceito vem ao encontro da necessidade de se garantir o desenvolvimento econômico sem

comprometer o meio ambiente, garantindo sua preservação para as futuras gerações. Entende-

se, aqui, por meio ambiente a “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar,

água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações” (ABNT,

2004).

No Relatório Brundtland foram apresentados aspetos positivos do desenvolvimento

socioeconômico e ambiental mundial, tais como aumento da expectativa de vida, queda da

mortalidade infantil, maior grau de alfabetização, inovações técnicas e científicas e no âmbito

negativo, aumento da desertificação do solo, desaparecimento das florestas, ameaça à camada

de ozônio e aumento da temperatura da terra (DEEKE, 2009). Percebe-se que esses aspectos

permanecem, ainda hoje, bastante atuais, sendo que os aspectos negativos continuam a ser

uma preocupação e um problema a ser resolvido pelas sociedades que buscam a

sustentabilidade.

Em 1992, foi realizada a Eco-92 ou Rio 92, Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) e as discussões dessa conferência pautaram-

se em criticar o modelo de desenvolvimento vigente à época, quanto aos seus problemas

ambientais e sociais. Os principais documentos resultantes desta conferência foram a Agenda

21 Global e a assinatura da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB). Também foi

criada a Conferência das Partes da Convenção - Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas

(COP) (SILVA, 2003).

Nela foi apresentado o conceito de ecoeficiência, trazido por Stephan Schmidheiny,

que a define como uma “filosofia de gerenciamento que leva à sustentabilidade, combinando

desempenho econômico e ambiental e reduzindo os impactos ambientais ao utilizar mais

racionalmente matérias primas e energia” (CAIXA SEGURADORA, 2015). Ainda em 1992,

foi criada a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), instituída para

implementar as convenções e os tratados aprovados na Eco-92.

A Agenda 21 continha diretrizes para a promoção do desenvolvimento sustentável no

século XXI, um plano ambicioso de ação global que buscava o equilíbrio entre o

desenvolvimento econômico, social e com os recursos naturais (SILVA, 2003), a partir da

qual diversos setores da sociedade começaram a realizar uma releitura desta Agenda, no

contexto específico de suas agendas locais e setoriais. Segundo Tavares (2006), o setor da

construção civil também se mobilizou em relação às suas metas específicas, o que levou a

realização da 2ª Conferência Mundial sobre os Assentamentos Humanos (Habitat II), em

Istambul, em 1996, onde foi publicada a Agenda Habitat, que promovia o uso de materiais de

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

25

construção sustentáveis, em conjunto com técnicas de projeto eficientes, buscando as

chamadas construções sustentáveis.

Em 1999, foi publicado o documento Agenda 21 para Construções Sustentáveis.

Porém, diante da dificuldade da aplicação desse documento em países com diferentes

realidades sociais e níveis de industrialização, em 2002 foi criada a Agenda 21 para

Construções Sustentáveis em Países em Desenvolvimento, que vinculou o conceito de

construção sustentável às demandas sociais de cada país (CIB, 2002).

A Figura 1 apresenta essa sequência de documentos criados para fundamentar o

conceito de edificações sustentáveis.

Figura 1 – Documentos que fundamentaram o conceito de construções sustentáveis

Fonte: CIB/UNEP-IETC (2002).

A Agenda 21 para Construções Sustentáveis em Países em Desenvolvimento

qualifica como desenvolvimento sustentável o processo de manter um equilíbrio dinâmico

entre as exigências das pessoas para a equidade, a prosperidade e a qualidade de vida e o que

é ecologicamente possível. Sendo que desenvolvimento deve ser entendido como o progresso

através da melhoria, evolução e busca da sabedoria e não apenas como crescimento, expansão

e aquisição de conhecimento. A agenda ainda destaca que a principal motivação por trás do

desenvolvimento sustentável é a manutenção das condições ideais para a perpetuação da

espécie humana (CIB, 2002).

A partir desse conceito, entende-se construção sustentável como sendo àquela na

qual se aplicam os princípios do desenvolvimento sustentável em todo o seu ciclo de vida,

desde a extração e beneficiamento da matéria-prima, passando pelo planejamento, projeto e

construção, até a desconstrução e gestão do resíduo resultante. Compreendida como um

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

26

processo holístico que objetiva restaurar e manter a harmonia entre os ambientes naturais e

construídos, criando assentamentos humanos que afirmam a dignidade humana e incentivam a

equidade econômica (CIB, 2002).

Na sequência histórica das convenções ambientais, cabe destacar a 1ª Conferência da

Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP-1, realizada em Berlim,

em 1995, onde foram definidas metas para a redução dos Gases de Efeito Estufa – GEE, que

seriam, futuramente, inseridas no Protocolo de Kyoto (PLANALTO, 2015). O Protocolo de

Kyoto é um acordo internacional assinado em 1997, na COP-3, realizada no Japão, para que

os países desenvolvidos signatários reduzissem suas emissões de GEE, no período entre 2008

e 2012, em pelo menos 5,2% em relação aos níveis verificados em 1990.

Na COP-18, realizada no Qatar, no final de 2012, foi prorrogado o Protocolo de

Kyoto até 2020, porém sem contar com a participação de países como Japão, Canadá, Nova

Zelândia e, novamente, os Estados Unidos.

Na COP-19, realizada em 2013, na Polônia e na COP-20, realizada em 2014, no

Peru, não foram tomadas decisões expressivas. Na COP-21, realizada em 2015, em Paris, foi

firmado o Acordo de Paris, que valerá a partir de 2020, no qual os países se comprometeram a

limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. A Figura 2 apresenta uma linha do tempo

resumindo os principais fatos citados.

Figura 2 – Linha do tempo dos acontecimentos históricos sobre desenvolvimento sustentável

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

27

2.2 Impactos ambientais da Indústria da Construção

Toda atividade humana gera alguma modificação no meio ambiente que pode ser

adversa ou benéfica, conceituada como impacto ambiental pela NBR ISO 14001 (ABNT,

2004). Considerando que a construção sustentável busca manter um equilíbrio entre o

ambiente natural e o construído, se faz necessário o entendimento das modificações que a

indústria da construção provoca no meio ambiente.

A indústria da construção provoca impactos ambientais transitórios, como emissão

de poeira e ruído e, também, impactos permanentes, como emissões de dióxido de carbono,

provocadas pela queima de combustível, conforme destaca Harris (1999 apud KUHN, 2006).

Esse modo de produção de bens segue um processo de entrada de recursos naturais (inputs)

que ao serem manipulados geram resíduos e emissões (outputs), conceituado por Lyle (1994

apud KUHN, 2006), como fluxos lineares. Uma alternativa mais sustentável seria que esses

processos seguissem fluxos cíclicos, nos quais os resíduos são novamente incorporados ao

sistema como matérias-primas para novos processos (Figura 3).

Figura 3 – Fluxos linear e cíclico no ciclo de vida da edificação interações com o meio ambiente.

Fonte: Kuhn (2006).

Os impactos se diferenciam quanto à escala espacial que atingem, podendo ser

classificados em global, regional, local e interior, conforme Figura 4, sendo que essa escala

está relacionada à necessidade de caracterização dos diferentes meios e receptores atingidos.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

28

Figura 4 – Escalas espaciais de impacto na indústria da construção

Fonte: Kuhn (2006).

Outra distinção que vale ser citada é a classificação dos impactos ambientais em reais

e potenciais. Os reais são aqueles que causam consequências imediatas e diretas, como danos

à saúde humana, flora e fauna ou escassez de recursos naturais. Os potenciais, por sua vez,

são aqueles que não avaliam nenhuma consequência, apenas verificam a possibilidade de

ocorrência do risco (IEA ANNEX 31, 2004).

Os principais impactos ambientais associados à construção civil podem ser

agrupados em dois grupos: consumo de recursos e energia e emissões e geração de resíduos

(KUHN, 2006; SANTOS, 2010).

Os recursos naturais estão disponíveis de diferentes formas, tais como, fauna, flora,

ar, água, solo, minerais, entre outros, podendo ser renováveis ou não. Os renováveis são

aqueles que, em princípio, não se exaurem, possuindo um alto índice de reposição natural. Já

os recursos não renováveis, são aqueles que demandam um tempo geológico de reposição,

não passível de se verificar na escala de tempo humana (COMMISSION OF THE

EUROPEAN COMUNITIES, 2005).

O setor da construção civil em todo o mundo é responsável pelo consumo de cerca de

50% dos recursos naturais e 40% dos insumos energéticos de todas as fontes (TAVARES,

2006). Outros dados apresentados por Roodman e Lenessen (1995 apud Tavares, 2006)

apontam que as edificações consomem 40% de areia, pedra e cascalho e 25% da madeira. O

Quadro 1 apresenta um panorama do consumo de materiais e energia no setor na construção,

bem como os respectivos efeitos no meio ambiente.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

29

Quadro 1 – Consumo de Materiais e Energia no setor da construção civil

Problema Índice de uso Efeitos

Uso de matérias-

primas

40% das atividades de

mineração

Destruição do ambiente de mineração, geração

de resíduos tóxicos, remoção de florestas,

poluição do ar e água do processamento.

Uso de madeira

natural

25% das reservas

exploradas

Desflorestamento, perda da diversidade de

fauna e flora, desertificação e

comprometimento de mananciais de água.

Uso de recursos

energéticos

40% do total de fontes

de energia

Poluição do ar, chuva ácida, mudança de curso

de rios, lixo atômico e aumento do

aquecimento global.

Uso de água 16% do total de recursos

hídricos continentais

Poluição de córregos e rios, escassez de água

para consumo humano.

Fonte: Adaptado de Roodman e Lenessen (1995 apud TAVARES, 2006).

Segundo o Balanço Energético Nacional do ano de 2014 (BRASIL, 2014a), a

participação de fontes renováveis na matriz energética no Brasil é de 41%, percentual este que

se destaca entre os maiores do mundo, uma vez que a média mundial é 13%, e nos países

desenvolvidos, 8,1% (Figura 5). Esses percentuais demonstram a dependência de fontes não

renováveis para a produção energética, o que é preocupante não só pelo esgotamento destas

fontes, mas, principalmente, pela emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono

(CO2) na atmosfera, um dos principais causadores do efeito estufa.

Figura 5 – Matriz energética nacional

Fonte: Adaptado de Balanço Energético Nacional do ano de 2014 (BRASIL, 2014a)

O mesmo documento aponta ainda que, o setor residencial consome 9,1% do total da

energia produzida, contabilizando neste percentual somente a energia operacional, utilizada

na fase de uso da edificação para a operação dos equipamentos eletroeletrônicos, resfriamento

ou aquecimento (BRASIL, 2014a). Porém, ao se analisar o consumo energético embutido em

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

30

uma edificação, desde a fase de fabricação de seus materiais até a fase de construção

propriamente dita, os valores serão mais expressivos.

Os impactos ambientais associados ao consumo energético são decorrentes das

cargas ligadas aos processos de geração, distribuição, armazenagem e uso de energia,

variando consideravelmente a depender da natureza da fonte energética (IEA ANNEX 31,

2004). Em se tratando dos impactos gerados por este consumo na forma de saídas, tem-se as

emissões de resíduos e poluentes no meio ambiente, que podem ocorrer para o solo, ar e água.

Blumenschein (2004) afirma que as emissões no solo são provenientes,

principalmente, dos resíduos sólidos urbanos, que segundo estatísticas, são compostos entre

40 a 70% por Resíduos da Construção e Demolição (RCD). Grande parte dos RCD é gerada

pelas perdas envolvidas no processo construtivo, cujos índices, no Brasil, variam em média de

9 a 56%, conforme apresenta a Tabela 1.

Tabela 1 – Perdas de alguns materiais de construção civil em canteiros brasileiros

Cimento Aço Blocos e tijolos Areia Concreto usinado

Min. 6% 2% 3% 7% 2%

Máx. 638% 23% 48% 311% 23%

Mediana 56% 9% 13% 44% 9%

Fonte: John (2000).

Blumenschein (2004) destaca ainda que, entre 20 e 50% do total de RCD são

depositados de forma irregular, ocasionando um grande impacto no meio ambiente. Pinto

(2005) destaca alguns dos impactos ocasionados por essa disposição inadequada:

[...]

• degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;

• proliferação de agentes transmissores de doenças;

• assoreamento de rios e córregos;

• obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, sarjetas, etc.

• ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de

pessoas e veículos, além da própria degradação da paisagem urbana;

• existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.

(PINTO, 2005, p. 8)

Quanto às emissões para a atmosfera, estas podem se dividir em poluição externa e

poluição interna aos edifícios, segundo Santos (2010).

As emissões para o meio externo dizem respeito à emissão de GEE, tais como o

dióxido de carbono (CO2), que pode ser emitido durante a fabricação dos produtos e seu

transporte até o canteiro, bem como durante a fase de uso das edificações pelo consumo de

energia elétrica.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

31

Dentro da cadeia produtiva, a produção do cimento, material base para o concreto, é

o maior responsável pelas emissões de GEE depois da queima de combustíveis fósseis,

liberando aproximadamente 25 ton/ano na atmosfera, representando 10% do total de emissões

de CO2 no Brasil de acordo com Stachera (2008 apud JHON, 2005). A produção de aço, por

sua vez, demanda um consumo energético muito expressivo, que juntamente com a produção

de ferro, são responsáveis por 4,1% do uso da energia mundial (CIB, 2002).

A poluição interna aos edifícios está associada à diminuição da qualidade do ar

interno, em razão da emissão de substâncias tóxicas à saúde humana, como por exemplo, os

Compostos Orgânicos Voláteis (COV), micro-organismos patogênicos, poeira, partículas,

fibras e radiação. Algumas dessas substâncias são provenientes de materiais utilizados na

própria construção que exalam durante sua vida útil, substâncias químicas prejudiciais à

saúde. Outras são oriundas da má ventilação, insolação e umidade que favorecem o

surgimento de micro-organismos e mofo (SANTOS, 2010).

A emissão para água é outro fator preocupante, pois apesar de se tratar de um recurso

abundante na biosfera, apenas 0,3% está disponível para a utilização direta pelo ser humano,

conforme destaca Bassoi e Guazelli (2004). O setor da construção civil é responsável por 20%

de todos os efluentes lançados nas águas, segundo Levin (1997 apud TAVARES, 2006).

Com relação aos efluentes gerados pela construção civil, estes podem se classificar

em industriais, provenientes da cadeia produtiva dos materiais de construção, e o esgoto

doméstico in natura, gerado durante a fase de uso dos edifícios (SANTOS, 2010). Estes

efluentes lançados diretamente nos cursos d´água contaminam não só as águas superficiais

como também as subterrâneas, tornando-as imprópria para o uso.

Em suma, os impactos ambientais provocados pelo setor da construção civil

demonstram que o setor é um grande gerador de impactos em todas as etapas do ciclo de vida

de uma edificação, desde a extração da matéria-prima, passando pela manufatura dos

materiais, fase de construção, uso, manutenção até o desmonte do edifício. A busca pelo

desenvolvimento sustentável passa, então, necessariamente, pela redução desses impactos,

mitigando-os em todas as etapas do ciclo de vida. Para tanto, é necessário investigar e

compreender os impactos gerados pela edificação, a fim de buscar soluções que os

minimizem.

Consoante com o objetivo deste trabalho, na busca de mensurar de forma abrangente

os impactos relacionados às edificações, a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida – ACV

tem sido reconhecida e difundida internacionalmente, por ser capaz de mensurar os impactos

ambientais de um serviço ou produto em todo o ciclo de vida.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

32

2.3 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

A Avaliação do Ciclo de Vida foi definida pela Society of Environmental Toxicology

and Chemistry (SETAC) como um processo para se avaliar as implicações ambientais de um

produto, processo ou serviço, por meio da quantificação de seu consumo de energia, recursos

e de suas emissões ambientais. Inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou serviço,

desde a extração da matéria-prima, manufatura, transporte e distribuição, uso, reuso,

manutenção e disposição final (SETAC, 1991; ROAF, 2014).

Segundo Caldeiras-Pires et al. (2005), a ACV consiste em uma metodologia

científica que utiliza multicritérios, contabilizando análises ambientais, econômicas e sociais

de forma quantitativa, com a máxima precisão da quantidade de matérias-primas e de energia

que são utilizadas em um determinado produto, processo ou serviços.

De acordo com a NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a) trata-se de uma técnica capaz de

avaliar os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo de todo o ciclo de vida de

um produto ou serviço, “isto é, do berço ao túmulo” na forma de avaliação quantitativa, desde

a extração e manufatura da matéria-prima, até o desmonte e destinação final do produto,

passando pela fase de produção e uso.

Para Miyazato e Oliveira (2009), a ACV destaca-se como uma ferramenta de gestão

para análise, escolha de alternativas e tomada de decisão sob uma perspectiva ambiental, onde

se analisam as repercussões ambientais de um produto ou atividade, a partir de um inventário

de entradas e saídas (matérias-primas e energia, produto, subprodutos e resíduos) do sistema

considerado.

O manual ILCD (EC-JRC, 2010b) conceitua a ACV como sendo um “método

estruturado, abrangente e internacionalmente padronizado”, capaz de quantificar os impactos

sobre o meio ambiente e saúde humana, através da mensuração das emissões e do consumo de

recursos associados a quaisquer bens ou serviços.

Os conceitos apresentados para ACV demandam, também, a compreensão do

conceito de ciclo de vida do produto, o qual pode ser entendido como sendo os “estágios

consecutivos e encadeados de um sistema de produto, desde a aquisição da matéria-prima ou

de sua geração a partir de recursos naturais até a disposição final” (ABNT, 2009a). A Figura 6

ilustra o ciclo de vida de um produto.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

33

Figura 6 – Ciclo de Vida do Produto

Fonte: Traduzido de CIRAIG (2015).

2.3.1 Histórico da ACV

O primeiro estudo sobre ACV, não como se conhece atualmente, foi realizado pelo

Midwest Research Analyst (MIR), no final da década de 1960, para a empresa de refrigerante

Coca-Cola, a fim de verificar os impactos ambientais de diferentes tipos de embalagens de

bebidas. Este estudo não foi publicado na época, mas em 1974, passou por um aprimoramento

mediante solicitação do Environmental Protection Agency (EPA), e se tornou o início do

desenvolvimento da ACV como se conhece nos dias atuais (CHEHEBE, 2002).

Guiné et al. (2011) dividem o histórico da ACV em dois períodos distintos: de 1970

a 1990 e de 1990 a 2000. O primeiro período foi denominado como década da conceituação,

quando os estudos apresentavam abordagens, estrutura metodológica e resultados claramente

divergentes uns dos outros, mesmo quando aplicados ao mesmo objeto e com o mesmo

objetivo. Isso impediu que a ACV se tornasse amplamente aceita na época. O segundo

período, de 1990-2000, foi chamado pelos autores como a década da padronização, quando a

comunidade científica começou a publicar os primeiros periódicos científicos e a SETAC

assumiu a coordenação de convergência dos trabalhos da International Organization for

Standardization (ISO), o que resultou na publicação da série de normas ISO 14040, que

padronizaram as etapas e diretrizes para aplicação da ACV. Foi nesse período que os

primeiros métodos de avaliação de impacto foram desenvolvidos, servindo de base para

métodos atuais como o CML 1992 (GUINÉ et al., 2011).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

34

Guiné et al. (2011) denominam, também, o período de 2000-2010, como período da

elaboração, marcado pelo aumento da aplicação e credibilidade dos estudos de ACV, no qual

a SETAC juntamente com a United Nations Environment Programme (UNEP) lançaram o

programa “Life Cycle Initiative”, em 2002, cujo principal objetivo foi disseminar o conceito

de ACV e melhorar as ferramentas de apoio à sua aplicação.

Diante da necessidade de harmonizar a estrutura metodológica dos estudos de forma

a permitir a troca de informações entre os diferentes segmentos de uma cadeia produtiva, a

União Europeia lançou o projeto de harmonização, inicialmente chamado de Plataforma

Europeia de ACV, mas que evoluiu para a forma internacional, da qual o Brasil participa

(CARVALHO, 2010a).

A partir daí, o conceito de ACV cresceu na política europeia e foi incorporada na sua

legislação por meio da Política Integrada de Produto (Integrated Product Policy – IPP). Para

garantir a confiabilidade dos dados, métodos e avaliação do ciclo de vida, o Instituto de Meio

Ambiente e Sustentabilidade (Institute of Environmental and Sustainability – Joint Research

Centre – European Comission) publicou os manuais ILCD - International Reference Life

Cycle Data System (EC-JRC, 2010b).

Carvalho (2010b) destaca que os principais países da América Latina têm buscado a

ACV devido as exigencias de exportação, como se pode ler:

[...] os principais países da América Latina têm sido forçados a caracterizarem seus

produtos constantes da pauta de exportações por meio de uma ACV. Esta exigência

tem ocorrido devido a novas legislações europeias de certificação de produtos, como

por exemplo, a ISO 14025, a RoHS, a WEEE, que qualquer exportador tem que

cumprir para conseguir estabelecer-se como fornecedor nas principais regiões

econômicas, com ênfase na Europa (CARVALHO, 2010b, p.128).

Segundo Carvalho (2010b), o Brasil, juntamente com a América Latina, encontra-se

em fase de consolidação do conceito de ACV, principalmente se comparado à Europa. As

exigências internacionais para exportação, como mencionado anteriormente, têm sido um

forte propulsor para que os principais países da América Latina se esforcem para caracterizar

seus produtos através da metodologia ACV.

Segundo o Boletim Inovação da Unicamp (IMPACTO, 2005 apud MACEDO, 2011),

no Brasil, a ACV começou a ser discutida em 1993, pelo Grupo de Apoio à Normalização

Ambiental (GANA), subcomitê ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCTI). Em 1998, foi lançado o livro “Análise do ciclo de vida de produtos: ferramenta

gerencial da ISO 14000” do autor José Ribamar Chehebe (CHEHEBE, 2002).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

35

Em 1999, foi estruturado o comitê Brasileiro de Gestão Ambiental vinculado à

ABNT, que resultou na versão brasileira da norma técnica ABNT NBR ISO 14040, revisada

em 2009 e corrigida em 2014.

As primeiras pesquisas no país surgiram nos anos 2000, diante da importância e

crescimento da ACV, e em 2002 foi criada a Associação Brasileira de Ciclo de Vida (ABCV),

com o objetivo de divulgar e aprimorar o uso da ACV aplicado à realidade brasileira.

Em 2006, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)

lançou o projeto “Inventário do ciclo de vida como competitividade na indústria brasileira”

(Sistema de Inventários de Ciclo de Vida – SICV Brasil) (IBICT, 2015).

Em 2007, aconteceu a Conferência Internacional de Análise do Ciclo de Vida

(CILCA) na cidade de São Paulo e, em 2008, foi realizado o I Congresso Brasileiro de Gestão

do Ciclo de Vida, em Curitiba/PR (CAVALCANTI, 2012). De 2008 a 2010, destacam-se os

acordos de Cooperação entre o IBICT/MCTI com a UNEP/DTIE e com a Comissão Europeia,

para contribuir na Plataforma Internacional de Ciclo de Vida.

Em 2010, o Conselho Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial

(CONMETRO) publicou a Resolução nº 3, de 22 de abril de 2010 que dispõe sobre a

aprovação do termo de referência do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida

(CONMETRO, 2010a). No mesmo ano, foi publicada a Resolução nº 04 de 15 de dezembro

de 2010, que dispõe sobre a aprovação do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida

(CONMETRO, 2010b).

No inicio de 2015, o IBICT/MCTI promoveu o lançamento de publicações

importantes sobre o tema ACV, tais como a tradução do Manual do Sistema ILCD. Outra

publicação importante foi a “Avaliação do Ciclo de Vida: ontologia terminológica” e,

também, o livro “Diálogos Setoriais Brasil e União Europeia: Desafios e soluções para o

Fortalecimento da ACV no Brasil”, todas disponíveis gratuitamente no site de ACV do IBICT

(IBICT, 2015).

Os esforços atuais tem se voltado para a implementação da rotulagem ambiental tipo

III, através das Declarações Ambientais de Produtos (DAP) ou Environmental Product

Declaration (EPD). Em 2015, foi publicada a NBR ISO 14025 - Rótulos e Declarações

Ambientais - Declarações Ambientais de Tipo III, que estabelece os princípios e especifica os

procedimentos para desenvolver programas de declaração ambiental de Tipo III. Estabelece,

especificamente, o uso da série ABNT NBR ISO 14040 na sua aplicação (ABNT, 2015). As

DAP são fundamentais para a elaboração de estudos que considerem os sistemas produtivos

de acordo com a realidade nacional.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

36

2.3.2 ACV na indústria da construção civil e pesquisas sobre o tema

A ACV comumente aplicada aos processos industriais e empresariais é, sem dúvida,

uma importante ferramenta para o setor da construção civil, tendo em vista os grandes

impactos por ele causados em todas as etapas construtivas, desde a extração das matérias-

primas e manufatura dos materiais até a demolição do edifício, no seu fim de vida.

Segundo Ortiz, Castells e Sonneman (2009), a ACV começou a ser aplicada à

construção civil a partir de 1990, sendo considerada, desde então, uma importante ferramenta

de análise de desempenho ambiental e avaliação dos impactos potenciais associados ao

edifício. No contexto da construção civil, como afirma Blumenschein (2004), a ACV pode ser

aplicada tanto a materiais e componentes quanto às edificações, obras e infraestrutura e

serviços.

A ACV aplicada a materiais de construção é denominada de Building Material and

Component Combinations (BMCC), e a aplicada ao processo da construção do edifício é

denominada Whole Process of the Construction (WPC), como afirmam Ortiz et al. (2009).

Soares et al. (2006) ressaltam que a aplicação da ACV em edificações requer

algumas alterações em relação à ACV aplicada a produtos industriais, em função,

principalmente, da vida útil da edificação, que se estende por cerca de 50 anos, entre outros

fatores. Os autores citam ainda o relatório do Diretório Geral para Ciência, Pesquisa e

Desenvolvimento da Comissão Europeia do ano de 1997, segundo o qual a complexidade da

análise de edificações não reside somente na adaptação do contexto temporal e estrutural,

mas, também, na estruturação das informações coletadas em partes, de forma que as mesmas

possam ser utilizadas para várias ou somente uma única fase do ciclo de vida da edificação

em questão.

Tendo em vista a relevância do tema da ACV na construção civil, realizou-se uma

revisão sistemática sobre a produção acadêmica nacional, para investigar as abordagens que

vem sendo discutidas acerca do tema avaliação do ciclo de vida das edificações, em teses e

dissertações nacionais, publicadas nos últimos cinco anos. Apresentam-se como objetivos

específicos da revisão sistemática: identificar o objeto de estudo, verificar as metodologias de

Avaliação do Impacto de Ciclo de Vida (AICV) e as categorias de impacto consideradas nos

estudos.

A pesquisa foi feita em cinco bases de dados: Banco de Dados do Instituto Brasileiro

de Informação, Ciência e Tecnologia (IBICT); Banco de Dados Bibliográficos da

Universidade de São Paulo (DEDALUS); banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

37

de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Portal de Periódicos da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/ Ministério da Educação e Cultura

(CAPES/MEC) e Banco de Teses e Dissertações do Programa de Pós-graduação em

Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A data de realização foi no mês de junho do ano de 2015, a partir dos descritores

“ciclo de vida” e “construção”, utilizando-se como critério de exclusão a publicação no

período de 2010 e 2015. Os resultados encontrados foram depurados a partir da leitura dos

títulos e resumos, buscando identificar somente os trabalhos que abordavam o tema da ACV

na construção civil.

Na base de dados do IBICT, a partir da busca avançada com os descritores “ciclo de

vida” no campo Resumo e “construção” no campo Assunto, foram localizados 109 trabalhos.

Após a leitura dos títulos, na segunda etapa de refinamento, foram selecionados 10 trabalhos.

Na base de dados DEDALUS, a partir da busca avançada com o critério “ciclo de

vida”, base para busca no catálogo geral, tipo de material como “tese” e base de dados

“teses”, foram encontrados 194 resultados, sendo apenas três de interesse e dois deles já

haviam sido localizados.

No banco de teses CAPES/MEC, na busca avançada através do descritor “ciclo de

vida” em todos os campos, foram localizados 739 resultados, dos quais dez eram de interesse

e desses, quatro já haviam sido localizados nas bases anteriores.

Na base do periódico CAPES, a pesquisa se deu pelos descritores: “ciclo de vida” e

“construção”. Foram localizados 16 trabalhos, sendo apenas cinco de interesse e desses, dois

já haviam sido localizados anteriormente em outras bases.

Por fim, no banco de teses e dissertações da UFF foram localizados quatro

resultados, os quais foram identificados a partir da leitura dos títulos e resumos diretamente,

já que a base não possui a busca avançada. Desses resultados, três já haviam sido localizados

em bases anteriores.

A síntese das teses e dissertações é apresentada na Tabela 2, sendo organizada por

universidade e ano de publicação.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

38

Tabela 2 - Síntese das Dissertações e Teses Pesquisadas

2010 2011 2012 2013 2014 2015 TOTAL

UFBA

1

1

UFRGS

1

1

UNB

1

1

UNESP (Bauru) 1

1

UNIVERSIDADE DO

PORTO (Portugal) 1

1

UNICAMP

2

2

UFMG

2 1

3

UFSCAR

2 1

3

USP

1 1 1

3

UFF

1 2 1

4

TOTAL 2 5 7 5 1 0 20

Os trabalhos selecionados podem ser classificados quanto ao objeto e aplicação do

estudo a diferentes objetos e utilizando diferentes métodos, como a seguir descrito:

a) Estudos de Avaliação do Ciclo de Vida Energético (ACVE): tem-se Silva

(2012b), que aplicou a ACVE a uma habitação de interesse social; Nabut Neto (2011), que

investigou a energia incorporada e emissões de CO2 provenientes de fachadas em Steel

Frame; Nascimento (2011), que aplicou uma metodologia de levantamento energético a um

edifício da Universidade Federal da Bahia; Carminatti Júnior (2012), que analisou o ciclo de

vida energético de projeto de habitação social concebido e light steel framing.

b) Estudos que propõem ou aplicam metodologias de ACV não baseadas nas NBR

ISO 14040 e 14044: Silva (2013), Macedo (2011), Resende (2011) e Neto (2012).

c) Estudos que propõem uma metodologia de auxílio à aplicação da ACV baseada

nas normas citadas: Costa (2012) desenvolveu um método de auxílio à aplicação da ACV,

baseada na NBR ISO 14040:2009, a indústria da construção no subsetor de edificações.

d) Estudos que aplicam a ACV com base nas normas NBR ISO 14040 e 14044 a

produtos e insumos: a maior parte dos trabalhos aplicou a ACV a produtos ou insumos da

construção civil, tais como Silva (2012), que aplicou a ACV da produção do painel de

madeira MDP no Brasil; Rossi (2012), que investigou a brita para construção civil; Lopes

(2011), que aplicou a ACV a dois materiais isolantes: o poliestireno expandido e aglomerado

de cortiça expandida; Saade (2013), que estudou o ciclo de vida do cimento; Santos (2010),

que realizou a análise dos impactos em chapas de partículas para forros e Souza (2012), que

aplicou a ACV a areia em mineradora de pequeno porte.

e) Estudos que aplicam a ACV a sistemas construtivos de uma edificação: Condeixa

(2013), que comparou dois sistemas de vedação o drywall e alvenaria; Bueno (2014), que

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

39

realizou um estudo comparativo de ACV a cinco sistemas de vedação externa sem função

estrutural; Sansão (2011), que investigou a envoltória composta de painéis de blocos de

concreto e cerâmico; Campos (2012), que realizou um estudo comparativo entre vedações

estruturais em painéis pré-moldados e alvenaria em blocos de concreto e Oliveira (2013), que

aplicou a ACV integrando ainda indicadores técnico-funcionais e econômicos a sistemas

estruturais verticais em concreto.

Quanto às metodologias de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) que

foram utilizadas nos trabalhos destacam-se EDIP 97, CML 2001, Ecoindicator 99, ReCiPe e

Impact 2002. Já quanto às categorias analisadas nesses estudos, pode-se destacar: Mudança

Climática ou Aquecimento Global, Depleção da Camada de Ozônio, Acidificação,

Eutrofização, Formação de Foto-Oxidantes, Ecotoxicidade, Toxicidade Humana, Consumo de

Recursos e Uso de Terra.

A seguir faz-se uma breve descrição dos trabalhos que aplicam a ACV a sistemas

construtivos de uma edificação, por serem os de maior proximidade ao tema desta dissertação.

Condeixa (2013) analisou comparativamente o sistema de vedação drywall e

alvenaria não estrutural de blocos cerâmicos de 9x19x29 cm, ambos aplicados a uma

residência unifamiliar construída em estrutura convencional de concreto armado moldada in

loco e laje treliçada. Utilizou-se da metodologia Eco-indicator 99, quantificando os impactos

em nível endpoint orientado ao dano da Qualidade do Ecossistema, Saúde Humana e

Recursos Naturais. Abordou todas as fases do ciclo de vida: construção, uso e manutenção e

demolição para cada sistema construtivo de vedação. A unidade funcional definida foi de

120,3 m², com desempenho de 20 anos de vida útil.

Os resultados evidenciaram que os impactos dos insumos do sistema de alvenaria são

menores que os do sistema drywall, sendo as maiores contribuições foram nas categorias de

Consumo de Combustíveis Fósseis e Extração de Recursos Minerais. Nos processos, são

expressivas as emissões de CO2 na extração de minerais não renováveis e na produção de

tijolo cerâmico, gesso e cal. A queima de combustível (diesel) se destacou no sistema drywall

devido às grandes distâncias percorridas e pela importação de alguns componentes.

Bueno (2014) realizou uma ACV comparativa de cinco diferentes sistemas

construtivos de vedação não estrutural, buscando avaliar a sensibilidade dos resultados,

identificando as categorias mais significativas na avaliação de sistemas construtivos

tradicionais. Os sistemas foram: (1) alvenaria de blocos cerâmicos, (2) alvenaria de blocos de

concreto, (3) paredes de concreto leve, (4) sistema steel framing com placas cimentícias e

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

40

preenchimento em madeira e (5) sistema steel framing com fechamento interno de placas de

gesso acartonado e placas cimentícias preenchidas com madeira,

A primeira análise realizada partiu de dados secundários do banco de dados

Ecoinvent, utilizando do software GaBi 4.4 e a AICV realizada pela metodologia ReCiPe, em

nível midpoint. Analisou categorias cobertas por todas as metodologias envolvidas no estudo:

Mudanças Climáticas, Depleção de Ozônio, Formação de Oxidantes Fotoquímicos,

Acidificação, Eutroficação, Ecotoxicidade e toxicidade Humana. A unidade funcional adotada

é de 1m² de vedação externa não-estrutural, com desempenho térmico e acústico pertinentes e

vida útil de 40 anos.

Durante a análise de contribuição realizada por Bueno (2014) alguns processos se

destacaram como mais significativos nas categorias analisadas. Na categoria de Mudanças

Climáticas, o sistema de alvenaria de blocos cerâmicos destacou-se pela alta demanda de

energia no processo de produção para a queima dos blocos, que é realizada a temperaturas

muito altas, consumindo uma grande quantidade de gás natural e emitindo cerca de 140 kg

CO2 eq. para unidade funcional definida. Já no sistema steel framing com placas cimentícias,

a maior contribuição está relacionada aos processos de produção e galvanização do aço, que

demandam grandes quantidades de energia elétrica e emitindo cerca de 220 kg CO2 eq.

Quanto às categorias de consumo de recursos, para a Depleção de Recursos Fósseis,

a alvenaria de blocos cerâmicos apresentou-se como a de maior impacto consumindo cerca de

50 kg óleo equivalente. Tal resultado também está ligado à produção do bloco cerâmico pelos

motivos anteriormente apresentados.

No Esgotamento de Recursos de Metais, aproximadamente 45 kg Fe eq. foi

consumido pelo sistema steel framing, estando ligado ao processo de produção do aço. Já no

Esgotamento de Água, a alternativa mais impactante foi a parede de concreto leve, estando o

consumo relacionado à produção do alumínio utilizado nas formas. A autora ressalta que os

impactos ligados à produção do alumínio poderiam ser minimizados se fosse considerado a

reutilização e reciclagem deste material.

Na categoria de Toxicidade Humana, a produção das placas sanduíches de

fibrocimento e a produção do aço são os principais processos responsáveis pela emissão de

cerca de 8 kg 1,4-DB eq. no sistema steel framing com placas cimentícias.

Na categoria de Formação de Material Particulado, o sistema steel framing também

apresentou maior contribuição, na ordem de 0,2 kg PM10 eq., relacionados à produção do aço

e das placas de fibrocimento. Já o sistema de alvenaria de blocos cerâmicos foi responsável

pela emissão de 0,15 kg PM10 eq.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

41

Bueno (2014) também analisou a interferência das incertezas dos dados nos

resultados obtidos, e concluiu que quando essas são grandes, diferenças no ranqueamento das

alternativas podem não ser tão significativas para a discussão, uma vez que podem ser apenas

reflexos de diferenças nas incertezas. Seus resultados demonstram grande sensibilidade à

utilização do escopo geográfico das fontes de dados e diferentes metodologias de AICV, os

quais devem ser detalhadamente descritos e avaliados para se evitar resultados enganosos. A

autora indica ainda que, para o Brasil, onde não se tem metodologias próprias é recomendada

a realização da AICV por diferentes métodos, de forma a explicitar a sensibilidade dos

resultados.

Sansão (2011) analisou os impactos ambientais de dois sistemas de envoltórias que

apresentam desempenho térmicos semelhantes, de uma tipologia residencial unifamiliar de

42m². Utilizou o software SimaPro, base de dados Ecoinvent e método de AICV Eco-

indicator 99, orientados ao nível endpoint, para danos a Saúde Humana, ao Ecossistema e aos

Recursos Naturais. Ela definiu duas unidades funcionais, uma orientada à área da edificação e

outra ao desempenho térmico da envoltória.

Ao analisar o resultado da avaliação de danos considerando a unidade funcional da

área construída da edificação, verificou que a envoltória em blocos cerâmicos apresenta

maiores valores de indicadores de categoria de impacto nos grupos de danos a Saúde Humana

e à Qualidade do Ecossistema. Isso se deve às grandes quantidades de substâncias inorgânicas

respiráveis e de GEE, como o CO2, gerados no processo de queima na fabricação do bloco

cerâmico. Quando analisou comparativamente, envoltórias de mesmo desempenho térmico, as

de blocos de concreto apresentaram maiores danos ambientais, devido à quantidade de massa

de reboco utilizada, o que leva ao maior consumo de cimento e este, por sua vez, apresenta

alta carga ambiental no seu processo de produção.

Campos (2012) realizou uma análise comparativa entre duas soluções construtivas

para edifícios residenciais − paredes de bloco de concreto e painéis pré-moldados de concreto

com o objetivo de verificar qual dos sistemas é ambientalmente mais favorável em termos de

emissão de CO2. A unidade funcional definida foi a solução estrutural de um edifício de

quatro pavimentos, localizado em Minas Gerais com área construída de 3.147,8 m².

Ao analisar a fabricação dos painéis e dos blocos de concreto, o processo de

clinquerização foi o maior responsável pelas emissões de CO2 (superiores a 90%) em ambos

os casos, emitindo 40,7 e 16,7 toneladas de CO2, respectivamente. Outros processos que

aparecem como contribuintes são a produção do aço, no caso do painel e, o transporte, no

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

42

caso da alvenaria em blocos de concreto, responsável por aproximadamente 5% (909,5 kg

CO2 eq.) das emissões de CO2.

Oliveira (2013) definiu um conjunto de indicadores capazes de integrar aspectos de

desempenho técnico-funcional, ambiental e econômico no ciclo de vida da edificação.

Analisou 31 edifícios verticais residenciais e comercais, com sistema estrutura em concreto

armado e misto (concreto protendido), de resistências de projeto de 25, 30 e 35 MPa.

Os indicadores ambientais definidos no estudo foram: Potencial de Aquecimento

Global, Energia Primária Incorporada Renovável e Não Renovável, Pegada de Água Azul,

Consumo de Recursos Materiais, Conteúdo Não Renovável (abiótico), Potencial de

Acidificação, potencial de Eutrofização, Potencial de Depleção da camada Estratosférica de

Ozônio e Potencial Formação de Ozônio Fotoquímico.

A ACV para análise dos indicadores ambientais foi realizada sob uma perspectiva de

berço ao portão da fábrica (cradle to gate), utilizando o software SimaPro 7.1, base de dados

Ecoinvent e ELCD, considerando a matriz energética brasileira. A metodologia de AICV foi

adaptada de Eco-indicator 99. A unidade funcional definida foi de 1m² de área de estrutura

(ae).

Dentre outros indicadores, foi verificado para a categoria de depleção da Camada de

Ozônio (ODP), emissões de aproximadamente 2,02E-06 kg CFC-11/m² ae. Já para a categoria

de Potencial de Aquecimento Global (EGWP), foram emitidos 78,04 kg CO2/m² ae, somando-

se as emissões de todos os estudos de casos.

2.3.3 Etapas metodológicas e conceitos da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

A NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a) estabelece a estrutura metodológica da ACV,

distribuída em quatro fases: Definição do objetivo e escopo, Análise de Inventário do Ciclo de

Vida (ICV), Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) e a Interpretação do resultado,

conforme Figura 7.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

43

Figura 7 – Fases de uma ACV.

Fonte: ABNT (2009a).

A definição do objetivo e escopo da ACV constitui o plano inicial do trabalho, onde

deverão ser descritos de forma clara e objetiva, basicamente, o sistema do produto, definição

da unidade funcional e da área de estudo. Estas informações conduzirão a próxima fase de

Análise de Inventário do Ciclo de Vida (ICV),

A fase de ICV envolve a coleta de dados sobre os fluxos de entrada e saída dos

processos, que podem ser: fluxos elementares (incluindo recursos, emissões e outras

intervenções como, por exemplo, uso da terra), fluxos de produtos que liguem o processo

analisado a outros (bens e serviços que sejam produtos de um processo e também

entradas/insumos de outro), fluxos de resíduos que precisam ser ligados ao processo de

gerenciamento de resíduos para assegurar uma modelagem completa dos esforços

relacionados e impactos ambientais (águas servidas, resíduos sólidos e efluentes) e outras

informações de produção identificadas como relevantes.

Os resultados da fase de ICV são os insumos da fase subsequente, denominada

Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV), na qual os dados coletados referentes às

entradas e saídas são convertidos em indicadores de impactos relacionados à saúde humana,

meio ambiente e esgotamento de recursos (EC-JRC, 2010a).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

44

A próxima fase de Interpretação do ciclo de vida consiste em analisar em conjunto os

resultados das fases anteriores, buscando identificar as questões mais significantes e

responder ao objetivo proposto.

2.3.3.1 Contexto decisório e limites de fronteira

O Guia International Reference Life Cycle Data System - ILCD - General Guide for

Life Cycle Assessment (EC-JRC, 2010a), que se baseia nas NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a),

NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b) diferencia três tipos principais de questões comumente

analisadas no contexto decisório em estudos de ACV, tratadas por Situação A, B e C, a saber:

a) Nível micro-escala (situação A): é tipicamente apoio à decisão relacionada a um

produto, uma etapa do processo do produto, uma empresa e outros sistemas, com

consequências exclusivamente de pequena escala;

b) Nível meso/macro-escala (Situação B): são baseadas no ciclo de vida em nível

estratégico, com consequências na cadeia produtiva ou outros sistemas. Geram decisões

grandes o suficiente para resultar em mudanças em pelo menos um processo fora do sistema

principal analisado;

c) Contabilização (Situação C): consiste puramente na documentação descritiva do

ciclo de vida do sistema em análise, sem interesse em possíveis consequências, que o mesmo

possa ter em outros sistemas.

Dependendo dos objetivos da ACV será definida a fronteira do estudo, podendo ser

reduzido ou ampliado seus limites, para responder ao objetivo. Schenck (2009) destaca as

abordagens típicas de fronteira utilizadas:

a) Cradle-to-grave (berço ao túmulo): considera todo o ciclo de vida do produto,

desde a extração das matérias-primas até o descarte do produto.

b) Cradle-to-gate (berço ao portão): considera da extração das matérias-primas até o

beneficiamento na fábrica (ex. commodities).

c) Gate-to-gate (portão ao portão): considera apenas a fase industrial do produto, da

chegada à fábrica de beneficiamento até sua saída (estudos de processos unitários).

d) Gate-to-grave (portão ao túmulo): considera do processo de fabricação até seu

descarte (estudos de mercado).

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

45

2.3.3.2 Fontes de dados e planejamento da coleta dos dados

Na fase inicial da definição do escopo e como preparação para os próximos passos

do trabalho, devem ser identificados os principais tipos de fontes de dados e a qualidade dos

mesmos, muito embora sejam mais bem detalhados e revisados nas fases posteriores. Isso

porque, se o estudo for comparativo, influenciam na conclusão sobre a superioridade,

inferioridade ou equivalência entre as alternativas comparadas. No caso desses estudos serem

destinados à divulgação ao público, devem atender requisitos adicionais para que essas

comparações sejam válidas, justas e não enganosas. Dois aspectos sobre o que está sendo

comparado são importantes: equivalência da unidade funcional das alternativas comparadas e

a seleção não enganosa das alternativas.

Deve-se considerar ainda, o contexto de aplicação dos produtos comparados, pois

apesar de terem a mesma unidade funcional, podem apresentar desempenhos diferentes

devido à vida útil das alternativas. Estudos comparativos, baseados em indicadores ou

categorias de impacto selecionadas, devem deixar claro que os resultados não identificam uma

alternativa preferível, pois consideram apenas aqueles impactos selecionados. Isso só pode

ocorrer caso os demais impactos não alterem as conclusões do estudo, mesmo que sejam

incluídos na análise. Já com relação à completude dos dados, os critérios de corte devem ser

aplicados à massa e à energia, e também ao impacto ambiental global.

Todos os processos identificados devem ser alimentados com dados de inventário.

Porém, apenas para os sistemas de primeiro plano são requeridas coleta de dados reais. No

caso de sistemas de segundo plano, esses dados podem ser buscados em base de dados.

Nos estudos de ACV, conjuntos de dados específicos médios e genéricos são muitas

vezes diferenciados. Na prática, é tipicamente encontrada uma combinação.

Um conjunto de dados específicos representa, em sua forma pura, um único processo

ou sistema que, exclusivamente, contem dados medidos para o processo modelado.

Os conjuntos de dados médios, de maneira geral, combinam diferentes conjuntos de

dados específicos e/ou outros médios, para representar uma combinação de processos ou

sistemas. Essa média pode, entre outros aspectos, envolver diferentes tecnologias, produtos,

locais, países e/ou momentos.

Um conjunto de dados genéricos é desenvolvido a partir de outras informações além

das medidas para o processo em estudo. Essas outras informações podem representar modelos

de cálculo estequiométricos ou outros modelos de cálculo, patentes de processos ou produtos,

dentre outros.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

46

Os dados secundários a serem utilizados na modelagem do sistema devem ser

consistentes metodologicamente entre si e os conjuntos de dados primários que foram

especialmente levantados. Conjuntos de dados secundários devem ser coletados de acordo

com a qualidade dos seus dados, ou seja, sua representatividade quanto à tecnologia,

geografia e tempo e, ainda, sua completude e precisão.

É preferível adotar conjunto de dados já revisados criticamente, uma vez que isso

reduz o esforço necessário para a revisão do sistema analisado. Da mesma forma, deve-se

preferir conjunto de dados apoiados por uma documentação abrangente e bem organizada,

facilitando ao modelador avaliar a qualidade e adequabilidade dos dados ao sistema analisado.

Também é possível trabalhar com médias de dados, por meio da média de processos,

também conhecida como média horizontal, e a média de sistemas ou média vertical. Na média

de processos, é calculada a média de dois ou mais processos que desempenham a mesma

função, mas representam tecnologia, locais e anos diferentes. Já o cálculo da média para

sistemas é análogo à média de inventário de dois ou mais sistemas do berço ao portão ou do

berço ao túmulo.

2.3.3.3 Modelagem do inventário

Modelar um sistema consiste em dimensionar os inventários de todos os processos

incluídos nas fronteiras do sistema, observando a unidade funcional e/ou fluxo de referência.

Caso os dados para alimentar o inventário sejam coletados ou compilados em provedores de

dados, essa etapa é considerada simples.

Basicamente duas abordagens são adotadas pelas ferramentas de software de ACV:

fluxo de processos ou abordagem de matriz. No fluxo de processos, a modelagem é realizada

a partir da conexão, manual ou semiautomática, de processos por meio de seu produto de

entrada e saída e fluxos residuais. Na abordagem de matriz, a conexão feita automaticamente

desde que os produtos e fluxos de resíduos a serem conectados tanto na saída como na entrada

dos processos recebam nomes idênticos.

A modelagem do inventário de ciclo de vida pode ser atribucional ou consequencial.

Na modelagem atribucional de inventário de ciclo de vida, também conhecida como

modelagem contábil, escriturada ou descritiva, representa os impactos ambientais potenciais

ao longo do ciclo de vida do sistema em estudo, fazendo uso de dados históricos,

mensuráveis, que se baseiam em fatos e incertezas conhecidas. Ela retrata a cadeia de

abastecimento real ou prevista, média ou específica, assim como o uso e fim de vida da cadeia

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

47

de valor. Inicia-se pela unidade funcional e fluxos de referência do sistema, passado pelo

processo central ou sistema analisado, incorporação física no bem, contato com o processo

central ou bem analisado e serviços para o processo ou sistema central.

A modelagem consequencial de inventário do ciclo de vida, também conhecida como

orientada às mudanças ou baseada em decisões ou mercado, tem como objetivo identificar as

consequências de uma decisão em outros níveis de um sistema e em outros sistemas. Reflete

uma cadeia de produção genérica hipotética, esperada em consequência da decisão analisada,

com base em mecanismos de mercado. Na modelagem consequencial é necessária, além da

expertise em ACV, experiência de previsão de desenvolvimento de tecnologias,

desenvolvimento de cenários, custo de mercado e previsões de mercado, modelagem de custo

de tecnologia, modelagem de equilíbrio geral.

Sempre que possível nenhum fluxo relevante deve atravessar a fronteira entre o

sistema analisado e o resto da tecnosfera, além do fluxo de referência que fornece a unidade

funcional e fluxos de resíduos permitidos. Assim, somente os fluxos elementares devem

cruzar a fronteira entre o sistema do produto analisado e a ecosfera. A ecosfera é entendida

pela ISO 14044:2006 como o meio ambiente (EC-JRC, 2010b), e a tecnosfera, como o

ambiente tecnológico de produção do sistema analisado, ou seja, ambiente que sofreu

transformação pela ação do homem, conforme Figura 8.

Figura 8 – Processos do sistema de primeiro e segundo plano, fronteira do sistema (linha pontilhada),

separação da tecnosfera e da ecosfera.

Fonte: Adaptado de EC-JRC (2010b).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

48

2.3.3.4 Multifuncionalidade de processos

Ainda na fase de definição do escopo devem ser tomadas às decisões com relação

solução para questões de multifuncionalidades. Os processos multifuncionais contribuem para

a existência de mais de uma função, já que geram mais de um produto (chamados de

coprodutos), contribuem para mais de uma entrada ou a combinação de ambos.

Considerando que ACV analisa um sistema individual para determinar os potenciais

impactos ambientais relacionados ao seu ciclo de vida, a multifuncionalidade se constitui em

um problema para sua aplicação. A multifuncionalidade pode acontecer em dois níveis:

processo de unidade de operação única, os quais não se subdividem para fins de coleta de

dados e processo de unidade “caixa preta” que ainda podem ser subdivididos. Recomenda-se

investigar a natureza de cada para concluir se a subdivisão poderia resolver sua

multifuncionalidade.

Essa investigação permite verificar a possibilidade de coletar os dados de inventário

dos processos com apenas uma saída funcional específica e investigada. Caso isso não seja

possível ou viável, os dados de inventário devem ser coletados separadamente para, pelo

menos, alguns dos processos unitários incluídos e, principalmente, para aqueles que mais

contribuem e que não puderem de outra maneira, ser claramente atribuídos a apenas uma das

cofunções. As abordagens que podem ser utilizadas para solução de uma multifuncionalidade

são:

a) Subdivisão dos processos multifuncionais: refere-se à coleta individual de dados

para os processos unitários que possuem relação com o sistema em estudo e que estão

contidos no processo multifuncional;

b) Expansão/substituição do sistema: consiste em um conceito combinado que

garante a igualdade entre sistemas multifuncionais. Duas situações são verificadas na prática,

uma na qual a multifuncionalidade é resolvida pela expansão das fronteiras do sistema e

substituição da função desnecessária por uma alternativa. Outra situação se verifica quando se

faz necessário tornar vários sistemas multifuncionais comparáveis, no caso de estudos

comparativos, onde se expande as fronteiras do sistema e acrescentam, conforme o caso, as

funções ausentes e os inventários dos respectivos produtos unitários.

c) Alocação: também conhecida como particionamento, soluciona a

multifuncionalidade a partir da divisão das quantidades de entradas e saídas individuais entre

as cofunções, considerando alguns critérios de alocação.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

49

O guia ILCD (EC-JRC, 2010a) diz que para cada situação de contexto decisório

(situação A, B ou C) existe uma combinação específica de estrutura de modelagem do ICV e

de abordagem metodológica mais adequada para aplicação, conforme apresentado a seguir:

Para situações A (apoio decisório em nível micro), o modelo de ICV mais adequado

é o atribucional. Em havendo multifuncionalidades, quando estas não puderem ser resolvidas

por meio da subdivisão, a abordagem de expansão do sistema deverá ser utilizada. Se o

sistema for demasiadamente complexo, a abordagem de alocação será a mais adequada.

Para situações B (apoio decisório em nível médio/macro) seguem-se os mesmos

critérios de situações A na escolha de modelagem de ICV, com exceção de processos que

tenham sido afetados por mudanças significativas de larga escala como consequência da

decisão analisada, os quais deverão ser modelados com o mix de mercado dos processos

marginais de longo prazo.

As situações C (contabilização), também seguem os critérios da situação A e, nesta

situação, deverá ser empregada à abordagem de subdivisão ou subdivisão virtual.

2.3.3.5 Metodologias de avaliação do impacto (AICV)

Apesar das normas NBR ISO 14040 e 14044 (ABNT, 2009a e 2009b) apresentarem

uma estrutura metodológica das fases da AICV, elas não indicam os métodos para a

realização da avaliação.

Diante disso o levantamento das metodologias de AICV foi realizado com base no

estudo de Mendes (2013) que analisou as características e a aplicabilidade dos principais

métodos de AICV a fim de verificar a aplicabilidade desses métodos no Brasil e com base na

revisão sistematizada apresentada no item 2.3.2.

Os métodos de AICV se dividem em três níveis de análise: pontos médios

(midpoint), de extremidade (endpoint) e análise nos dois níveis, os métodos mais utilizados e

discutidos nos estudo são: Eco-indicator 99, EDIP 97-2003, CML 2002, Impact 2002+,

ReCiPe e IMPACT World+.

a) Eco-indicator 99: método desenvolvido na Holanda como parte da Política

Integrada de Produto do Ministério Holandês de Moradia, Planejamento Espacial e

Ambiental, sendo uma atualização do Eco-indicator 95 (MENDES, 2013). Possui uma

abordagem em função dos danos (endpoint), com o objetivo de facilitar a interpretação e

ponderação dos resultados. O método apresenta aplicação global para as categorias de

impacto: Mudanças Climáticas, depleção da Camada de Ozônio e Consumo de Recursos. As

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

50

categorias com aplicação na Europa são Efeitos Carcinogênicos, Inaláveis Orgânicos,

Inaláveis Inorgânicos, Radiação Ionizante e Ecotoxicidade. Aplicação regional na Holanda

para as categorias Acidificação e Eutrofização; e aplicação regional na Suíça para a categoria

Uso de Terra (EC-JRC, 2010a).

b) EDIP 1997-2003: é um método dinamarquês cuja primeira versão foi

desenvolvida em 1997. Trata-se de um método midpoint desenvolvido para apoiar análises

ambientais (MENDES, 2013). O EDIP 97 possui aplicabilidade global para as categorias de

impacto: Aquecimento Global, Depleção da Camada de Ozônio, Acidificação,

Enriquecimento de Nutrientes, Formação de Ozônio Fotoquímico, Toxicidade Humana,

Ecotoxicidade, Consumo de Recursos, Ambiente de Trabalho (HAUSCHILD; WENZEL,

1998 e EC-JRC, 2010a). Já o EDIP 2003 possui aplicabilidade na Europa para a maioria das

categorias de impacto: Acidificação, Eutrofização Terrestre e Aquática, Formação de Ozônio

Fotoquímico, Toxicidade Humana, Ecotoxicidade, Ruído e, ainda, Aquecimento Global e

Depleção do Ozônio com aplicabilidade global (EC-JRC, 2010a).

c) CML 2002: é um método holandês desenvolvido em 1992, em uma parceria com

a Organização Holandesa para Pesquisa Científica Aplicada (TNO) e com o Escritório de

Combustíveis e Matérias-primas (Bureau B & G) (GUINÉE et al., 2001). O método apresenta

uma abordagem midpoint quanto ao nível de avaliação, que cobre todas as emissões e

recursos relacionados aos impactos (GUINÉE et al., 2002). O método apresenta aplicabilidade

global para quase todas as categorias, sendo as principais analisadas: Depleção de Recursos

Abióticos, Uso da Terra, Mudanças Climáticas, Depleção de Ozônio Estratosférico,

Toxicidade Humana, Ecotoxicidade Aquática (água doce e marinha), Ecotoxicidade Terrestre,

Eutrofização, Formação de Foto-oxidantes e Acidificação, sendo que estes dois últimos

apresentam aplicabilidade regionalizada pra a Europa (GUINÉE et al. 2002; EC-JRC, 2010a).

d) IMPACT 2002+: método suíço que implementa uma abordagem combinada

midpoint/endpoint, sendo quatorze categorias midpoint e quatro endpoint, ligando todos os

tipos de resultados de ICV (fluxos elementares e outras intervenções) (JOLLIET et al. 2003).

Possui aplicabilidade regionalizada para a Europa e analisa as categorias midpoint de

Toxicidade Humana, Efeitos Respiratórios, Radiação Ionizante, Depleção de Ozônio,

Formação de Ozônio Fotoquímico, Ecotoxicidade Aquática, Ecotoxicidade Terrestre,

Acidificação Aquática, Eutrofização Aquática, Acidificação e Eutrofização Terrestre,

Ocupação do Solo, Aquecimento Global, Uso de Energia Renovável e Extração Mineral. As

categorias endpoint são Saúde Humana, Qualidade do Ecossistema, Mudanças Climáticas e

Recursos (EC-JRC, 2010a).

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

51

e) ReCiPe: esse método surgiu do esforço de 50 especialistas que trabalharam os

pontos fortes e fracos dos métodos endpoint e midpoint (GOEDKOOP et al., 2009) e consiste

na continuação dos métodos Eco-indicador 99 e CML 2002. Possui aplicação global somente

para as categorias: Mudanças Climáticas, Depleção de Ozônio e Consumo de Recursos, e

aplicação regionalizada para a Europa para as demais categorias analisadas pelo método:

Acidificação Terrestre, Eutrofização Aquática (água doce e marinha), Toxicidade Humana,

formação de Oxidantes Fotoquímicos, Formação de Matéria Particulada, Ecotoxicidade

Terrestre, Ecotoxicidade Aquática (água doce e marinha), Radiação Ionizante, Uso da terra

Agrícola, Uso da Terra Urbana, Transformação de Terra Natural, Esgotamento de Recursos

Fósseis, Esgotamento de Recursos Minerais e Esgotamento de Recursos de Água Doce (EC-

JRC, 2010a).

f) IMPACT World+: o método é uma atualização de modelos existentes nos

métodos Impact 2002+, EDIP e LUCAS, resultando em fatores de caracterização para

diferentes características geográficas. A escala espacial é definida por parâmetros de

modelagem mais sensíveis e espacialmente variáveis, como por exemplo, bacias e biomas pra

impactos de Uso da Água e da Terra, respectivamente. Possui aplicabilidade global abordando

as seguintes categorias: Toxicidade Humana, Oxidação Fotoquímica, Depleção da Camada de

Ozônio, Aquecimento Global, Ecotoxicidade, Acidificação, Eutrofização, Uso da água, Uso

de Terra e Uso de Recursos (MENDES, 2013).

O Quadro 2 sintetiza a revisão dos métodos apresentados, destacando o nível de

avaliação do impacto, as categorias abordadas por cada método e sua abrangência geográfica.

Quadro 2 – Característica dos métodos de AICV

Método

de AICV

Nível de avaliação

do impacto Categorias de Impacto

Abrangência

de aplicação

Eco-

indicator

99

Endpoint

Mudanças climáticas;

Depleção da camada de ozônio;

Consumo de recursos minerais e fósseis;

Global

Acidificação e eutrofização combinadas; Holanda

Carcinogênicos;

Inaláveis orgânicos;

Inaláveis inorgânicos;

Radiação ionizante;

Ecotoxicidade;

Europa

Uso da Terra. Suíça

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

52

Continuação Quadro 2– Característica dos métodos de AICV

EDIP 97 Midpoint

Aquecimento global;

Depleção do ozônio;

Acidificação;

Enriquecimento de nutrientes;

Formação de ozônio fotoquímico;

Toxicidade humana;

Ecotoxicidade;

Consumo de recursos;

Ambiente de trabalho.

Global

EDIP

2003 Midpoint

Aquecimento global;

Depleção do ozônio; Global

Acidificação;

Eutrofização terrestre;

Eutrofização aquática;

Formação de ozônio fotoquímico;

Toxicidade humana;

Ecotoxicidade;

Ruído.

Europa

CML

2002 Midpoint

Depleção de recursos abióticos;

Uso da terra;

Mudança climática;

Depleção de ozônio estratosférico;

Toxicidade humana;

Ecotoxicidade aquática (água doce e marinha);

Ecotoxicidade terrestre;

Eutrofização;

Global

Formação de foto-oxidantes;

Acidificação.

Europa

Impact

2002+ Combinado

Toxicidade humana;

Efeitos respiratórios;

Radiação ionizante;

Depleção de ozônio;

Fomação de ozônio fotoquímico;

Ecotoxicidade aquática;

Ecotoxicidade terrestre;

Acidificação aquática;

Eutrofização aquática;

Acidificação e eutrofização terrestre;

Ocupação do solo;

Aquecimento global;

Uso de energia renovável;

Extração mineral.

Europa

Saúde humana;

Qualidade do ecossistema;

Mudanças climáticas;

Recursos.

Europa

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

53

Continuação Quadro 2– Característica dos métodos de AICV

ReCiPe Combinado

Mudanças climáticas;

Depleção de ozônio;

Esgotamento de recursos fósseis;

Esgotamento de recursos minerais

Esgotamento de recursos de água doce

Global

Acidificação terrestre;

Eutrofização aquática (água doce e marinha)

Toxicidade humana;

Formação de oxidantes fotoquímicos;

Formação de matéria particulada;

Ecotoxicidade terrestre;

Ecotoxicidade aquática (água doce e marinha);

Radiação ionizante;

Uso da terra agrícola;

Uso da terra urbana;

Transformação de terra natural.

Europa

IMPACT

World+ Combinado

Toxicidade humana;

Oxidação fotoquímica;

Depleção da camada de ozônio;

Aquecimento global;

Ecotoxicidade;

Acidificação;

Eutrofização;

uso da água;

Uso de terra;

Uso de recursos.

Global

Fonte: Adaptado de Mendes (2013).

Pelo exposto das características dos métodos de AICV, verificam-se variações entre

eles, o que pode conferir a tais métodos um alto grau de interferência nos resultados finais da

AICV (MENDES, 2013; BUENO, 2014).

No Brasil, o método midpoint bastante utilizado é o CML 2002 e o endpoint é o Eco-

indicator 99, justificado por dois aspectos: abrangência global das categorias consideradas, em

conformidade com as características do meio ambiente brasileiro e a atribuição de pesos e

notas no cálculo dos métodos é baseada em índices mundiais, conforme Costa (2012).

Considerando que o método ReCiPe é mais atual e consiste na continuação dos

métodos Eco-indicador 99 e CML 2002, os dois mais utilizados em estudo voltados para a

realidade brasileira, pode-se então concluir que este é o método mais adequado para a

utilização em estudos desenvolvidos para a realidade brasileira.

2.3.3.6 Categorias de Impacto Ambiental

A seleção das categorias de impacto deve ser abrangente, buscando verificar todas as

questões ambientais relativas ao sistema analisado. Isso só pode ser restringido quando uma

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

54

limitação já é inserida na definição do objetivo, como por exemplo, em estudos de pegada de

carbono, que são consideradas apenas as intervenções relevantes para mudanças climáticas.

Segundo Bueno (2014) as metodologias midpoint determinam um número maior de

categorias de impacto, apresentando resultados mais exatos e precisos em comparação com

avaliações endpoint, que, normalmente, consideram apenas três áreas de proteção (saúde

humana, qualidade do ecossistema e uso de recursos).

Com base na revisão realizada até o momento e conforme a pesquisa de Mendes

(2013), as categorias de impacto midpoint que vem sendo tradicionalmente abordadas pela

maioria dos métodos são Mudanças Climáticas ou Aquecimento Global, Depleção da Camada

de Ozônio, Acidificação, Eutrofização, Formação de material particulado, Toxicidade

Humana, Depleção da Água, de Metais, Depleção Fóssil e Uso de Terra.

A Figura 9 apresenta as principais intervenções correlacionadas com os midpoint e os

endpoint.

Figura 9 – Classificação dos fluxos do inventário nas categorias de impacto midpoints e endpoints.

Fonte: Adaptado de EC-JRC (2010b).

Dentre as principais categorias de impacto, são detalhadas na sequência aquelas que

serão consideradas neste estudo:

a) Mudanças climáticas: a categoria de mudanças climáticas esta diretamente ligada

ao potencial de aquecimento global. De acordo com o International Panel on Climate Change

(IPCC, 2007) as recentes mudanças climáticas são atribuídas ao aquecimento da terra, o que

tem afetado a saúde humana e o ecossistema como um todo. Os GEE são os principais

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

55

responsáveis por esse fenômeno, sendo contabilizada a partir da quantidade de gás Dióxido de

Carbono (CO2) equivalente, ou seja, todos os gases impactantes são normalizados em relação

a emissão de CO2. Os principais gases que contribuem para o aquecimento global são:

Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4) e Ácido Nitroso (N2O), emitidos principalmente

através da queima de combustíveis fósseis (CETECB, 2011).

b) Depleção do Ozônio: o ozônio estratosférico é essencial à vida humana, pois

dificulta que a radiação ultravioleta-B atinja a superfície terrestre e cause danos à saúde

humana, através do aumento de câncer de pele e doença oculares (ReCiPe, 2013). Os

principais gases degradantes da camada de ozônio são os clorofluorcarbonos (CFC),

Hidroclorofluorcarbonos (HCFC), Brometo de Metil (CH3Br) e Halons. A caracterização

desta categoria define o potencial de depleção de camada de ozônio de diferentes gases em

relação a quilograma de triclorofluormetano CFC-11 equivalentes/kg de emissão (HANEN,

2013).

c) Toxicidade Humana: esta categoria está relacionada à exposição humana a

substâncias tóxicas presentes no ambiente, especialmente através da ingestão e inalação.

Valores referentes a efeitos toxicológicos agudos e crônicos fornecem estimativas do risco

toxicológico e dos impactos associados à massa (em quilogramas) de determinada substância

emitida ao meio (SOUZA, 2014). Esta categoria é contabilizada em termos de quilograma de

1,4 diclobenzeno equivalentes de emissão (kg 1,4-DB eq).

d) Formação de Material Particulado: é formado por uma série de substâncias

químicas (compostos orgânicos e inorgânicos) em forma de partículas que do ponto de vista

toxicológico podem contribuir para o aumento da incidência de doenças respiratórias e do

ponto de vista ambiental, contribui para danos a vegetação e contaminação do solo. As

substâncias que mais contribuem para este impacto é o dióxido de nitrogênio (NO2) e o

material particulado (MP) menor de 2,5 - 10 micrômetros (BARBOSA, et al., 2012).

e) Depleção da Água: a água é um recurso já escasso em muitos locais do mundo, e

não apresenta uma distribuição global igualitária. Sendo este recurso essencial para a

promoção do desenvolvimento e da qualidade de vida, porém, finito e vulnerável, deve ser

utilizado de forma racional. O uso racional da água pode ser definido como “otimização em

busca do menor consumo de água possível mantidas, em qualidade e quantidade, as atividades

consumidoras” (CARDOSO, 2015 apud KALBUSCH, 2011; GONÇALVES, 2002). É

caracterizada simplesmente em quantidades totais consumidas (ReCiPe, 2013).

f) Depleção de Minerais: os minerais são substâncias formadas por processos

geológicos, que apresentam uma composição química características, estrutura atômica

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

56

altamente ordenada e propriedades físicas específicas. As minas onde são extraídos os metais,

normalmente extraem mais de um metal, alguns deles tais como: molibdênio, gálio e índio,

são sempre extraídos como subproduto (ReCiPe, 2013). Os resultados são apresentados como

quilograma de Ferro equivalente (kg Fe eq).

g) Depleção Fóssil: relaciona-se ao consumo de recursos fósseis utilizados como

combustíveis. A caracterização é dada para o consumo de recursos não renováveis em termos

de kg de Óleo equivalente (ReCiPe, 2013).

2.3.4 Softwares para Análise do Ciclo de Vida

Considerando que a ACV envolve a manipulação de um grande volume de

informações e dados, faz-se necessário a utilização de ferramentas computacionais que

possibilitem a organização e garantam maior confiabilidade no processamento dos dados,

existindo no mercado diversos softwares para essa finalidade (RODRIGUES et al., 2008).

Dentre os mais utilizados nos trabalhos selecionados estão os softwares completos,

aplicados a todo tipo de ACV, inclusive às edificações: SimaPro (NASCIMENTO, 2011;

SANSÃO, 2011; MACEDO, 2011; LOPES, 2011; SAAD, 2013; OLIVEIRA, 2013), GaBi

4.0 (BUENO, 2014; SILVA, 2012) e Umberto (CAMPOS, 2012).

a) SimaPro (http://www.pre.nl): o software System for Integrated Environmental

Assessment of Products (SimaPro) é holandês e um dos mais utilizados para ACV em todo o

mundo. Foi desenvolvido pela empresa holandesa Pré Consultants, segue a estrutura das

normas ISO 14040 e possibilita uma visão holística do ponto de vista ambiental ou, ainda,

socioeconômico, de todas as etapas do ciclo de vida de um produto ou serviço. Disponibiliza

11 modelos de avaliação de impacto do ciclo de vida e a visualização gráfica da contribuição

de cada processo nos impactos. Ainda é possível verificar a incerteza, a partir do método de

Monte Carlo. Suporta as seguintes bibliotecas de inventário do ciclo de vida: Ecoinvent v.3,

ELCD, US LCI, US input-output, Danish input-output, Dutch input-output, LCA food,

Industry data v.2, Swiss input-output. Possui 3 versões educacionais: Classroom, PhD e

Faculty, sendo esta última gratuita para universidades de países não membros da Organização

para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), caso do Brasil.

b) GaBi (http://www.gabi-software.com/software.html): o software alemão GaBi

(Ganzheitliche Bilanzierung) foi desenvolvido pela Universidade de Stuttgart, pela empresa

de consultoria PE Europa. O GaBi 6.0 possui uma versão educacional gratuita e a interface

com o usuário está disponível em alemão, inglês, japonês, holandês, tailandês, português,

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

57

espanhol, chinês e italiano. Permite a manipulação de uma grande quantidade de dados e é

bastante flexível. De acordo com Luz (2011), possibilita a elaboração de inventários e

avaliação de categorias de impactos, apresentação dos resultados de forma gráfica. Promove,

também, a integração dos aspetos econômicos, avaliando o Custo do Ciclo de Vida (CCV) e

possibilita análises comparativas de diferentes opções, contribuindo na fase de planejamento.

c) Umberto (http://www.umberto.de/en/): desenvolvido pela instituição alemã Ifu

Institut fur Umweltinformatik Hamburg (Instituto de Informática Ambiental Hambueg Ltda.)

permite a modelagem, coleta de dados e visualização gráfica de forma versátil e flexível.

Voltado para a modelagem de fluxos de materiais e energia, possibilita identificar os pontos

críticos do processo de produção e, com isso, auxilia na tomada de decisões gerenciais.

Possibilita modelar redes de fluxos de materiais, gerenciar materiais e seus respectivos custos,

utilizar base de dados pré-existentes, analisar e avaliar diferentes cenários e os respectivos

impactos, especificar e definir processos, efetuar cálculos e apresentar resultados por meio de

relatórios e sob forma de inventários e representar graficamente os resultados (CAMPOS,

2012).

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

58

3 MATERIAIS E MÉTODO

3.1 Tipo da pesquisa

Quanto ao tipo, esta pesquisa se caracteriza como exploratória, que conforme

definição de Gil (1991) visa proporcionar maior familiaridade com o problema, de modo a

torná-lo explícito. Já quanto à natureza, classifica-se como pesquisa aplicada, com abordagem

quantitativa, uma vez que a metodologia da ACV mede os potenciais impactos ambientais de

determinado produto ou serviço na totalidade do seu ciclo de vida, desde a extração e

manufatura dos insumos consumidos até os resíduos e demais poluentes liberados no meio

ambiente.

A Figura 10 apresenta o fluxograma das etapas desenvolvidas para realização do

estudo.

Figura 10 - Fluxograma das etapas metodológicas

3.2 Objeto de estudo

Para definição do objeto de estudo, buscou-se uma edificação pública, que

empregasse tecnologia e materiais construtivos típicos da região do estado de Mato Grosso.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

59

Selecionou-se um edifício institucional, de ensino público federal, construído na

cidade de Primavera do Leste – MT. Esta cidade está localizada a 240 km da capital Cuiabá,

conforme o mapa de localização da Figura 11.

Figura 11 – Localização da cidade de Primavera do Leste - MT

A edificação possui uma área total de 4.347,57m², distribuída em pavimento térreo e

pavimento superior, compreendendo Bloco de Salas de Aula, Setor Administrativo, Setor

Pedagógico, Biblioteca, Saguão e Auditório. O início das obras ocorreu em dezembro de

2013, tendo sido finalizadas em março de 2016.

Os projetos e planilhas, dos quais foram tomados todos os dados da edificação

pesquisada, foram disponibilizados pela instituição de ensino. Uma maquete eletrônica do

edifício é apresentada na Figura 12 e plantas baixas e cortes constam das Figuras 13 e 14.

Figura 12 – Perspectiva externa do edifício analisado

Primavera do Leste

Cuiabá

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

60

Figura 13 – Planta baixa do Pavimento Térreo e Corte AA

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

61

Figura 14 - Planta baixa do Pavimento Superior e Cortes BB e CC.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

62

Dentre todos os sistemas que compõem a edificação em estudo, os que foram

selecionados para compor o estudo foram Fundação, Superestrutura, Vedações, Cobertura,

Esquadrias e Revestimentos de Piso e Paredes, cujo registro da execução e descrição são

apresentados na Figura 15 e no Quadro 3, respectivamente.

Figura 15 – Execução dos sistemas construtivos durante a obra

A – Fundação em Estaca

B – Estrutura em concreto armado

C – Vedação em tijolo cerâmico

D- Telhas termoacústica e estrutura metálica

E – Esquadrias em alumínio e piso em granilite

F – Piso em porcelanato

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

63

Quadro 3 - Descrição dos sistemas construtivos que compõe a edificação

SISTEMAS DESCRIÇÃO

Fundação Fundações do tipo profunda, em estacas hélice contínua monitorada, Ø33cm e

diferentes tamanhos, conforme projeto estrutural.

Superestrutura Em concreto armado, composta por pilares, vigas e lajes maciças.

Vedações

As paredes externas e internas são em tijolo cerâmico furado10x20x20cm, ½

vez, assentado com argamassa traço 1:2:8 (cimento, cal e areia). Chapisco com

argamassa de cimento e areia 1:3, na espessura de 0,5cm nas paredes internas e

externas e emboço de argamassa de cimento, cal e areia 1:2:8, com espessura de

2,0cm, interna e externamente.

Cobertura Cobertura em estrutura metálica, com telhas termoacústicas de perfil

trapezoidal, espessura de 30mm e altura de 70mm, largura útil de 1000mm.

Esquadrias Janelas em alumínio anodizado e vidro 4mm, portas externas e internas, em

madeira.

Revestimentos

Granilite no bloco de sala de aulas e administrativo e porcelanato na recepção,

auditório e biblioteca. As paredes das áreas molhadas são revestidas com

cerâmica.

Tanto o sistema construtivo quanto os materiais empregado na obra são

convencionais: sistema estrutural o concreto armado, que se utiliza de cimento e aço;

vedações em tijolos cerâmicos revestidos com argamassa de cimento e areia; esquadrias em

alumínio e portas em madeira e revestimentos de porcelanato e granillite..

3.3 Etapas metodológicas da ACV

Esta etapa compreende a aplicação da metodologia da ACV à edificação objeto de

estudo, seguindo a estrutura metodológica proposta pelas NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a) e

NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b) detalhada no roteiro de aplicação sugerido pelo ILCD

Handbook (EC-JRC, 2010a).

A Figura 16 apresenta os passos operacionais para a realização do estudo e como se

pode observar, trata-se de um processo interativo.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

64

Figura 16 – Detalhes da abordagem interativa da ACV, com foco na coleta de dados e modelagem do

inventário.

Fonte: EC-JRC (2010b).

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

65

3.3.1 Objetivo

A definição do objetivo consiste na primeira fase de qualquer ACV,

independentemente da finalidade a que se destina e de seu tipo. Consiste de uma fase decisiva

para todas as demais fases do estudo, pois orienta os aspectos da definição do escopo, que, por

sua vez, estabelece a estrutura para o trabalho da AICV. Serve de base para o controle de

qualidade realizado a partir dos requisitos que dela derivam e, ainda, é essencial para a

avaliação e interpretação dos resultados (EC-JRC, 2010b).

No caso desta ACV o objetivo é contabilizar os potenciais impactos ambientais

gerados pelo edifício objeto de estudo até a fase de construção, considerando um recorte nos

processos construtivos de Fundações, Superestrutura, Vedações, Cobertura, Esquadrias e

Revestimentos de Piso e Revestimentos de Parede, para os quais se tem maior disponibilidade

de dados para modelagem. A Figura 17 apresenta o modelo da ACV em nível macro.

Figura 17 – Modelo em nível macro – recorte da fase de construção

Fonte: Adaptado de Costa (2012a)

3.3.1.1 Aplicação Prevista

É nesta etapa que devem ser declaradas as aplicações pretendidas dos

produtos/resultados, que podem ser separadas (por exemplo: o desenvolvimento de uma DAP

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

66

e realização de comparativa interna) ou combinadas (por exemplo: uma análise de

ecoeficiência que combina e compara produtos baseada em resultados ambientais de ACV e

informações relativas ao custo do ciclo de vida do produto).

Para cada aplicação exige-se uma abordagem metodológica específica para a

modelagem do ICV, podendo requerer diferentes dados de segundo plano. Os estudos

puramente metodológicos, que não buscam apoiar nenhuma decisão, informação contábil ou

monitoramento, devem deixar claro no objetivo sua natureza puramente metodológica, para

que o público não a utilize como base para tomada de decisão relativa ao produto.

A aplicação pretendida neste estudo é acadêmica. Pretende-se divulgar os resultados

verificados no âmbito da instituição de ensino, em periódicos e congressos especializados,

como forma de contribuir no meio científico e sensibilizar os atores envolvidos no processo

construtivo, fomentando a busca por práticas menos impactantes.

3.3.1.2 Limitações metodológicas, premissas e impactos

As limitações do estudo de ACV quanto ao método, aos impactos analisados, às

suposições assumidas como verdadeiras, às características do sistema ou dos cenários

avaliados devem ser identificadas e justificadas. As limitações podem interferir diretamente

nos resultados obtidos, comprometer comparações, dificultar e limitar o uso e a transferência

dos resultados para outros estudos.

Uma limitação deste estudo está na utilização de dados secundários, a partir do banco

de dados Ecoinvent, que traz informações majoritariamente aplicadas à realidade europeia, o

que pode gerar limitações quanto a sua aplicação à realidade brasileira. Outro limitador esta

na utilização do método ReCiPe para AICV, que apesar de possuir indicadores de categorias

globais foi desenvolvido considerando o contexto europeu.

3.3.1.3 Razões para realização do estudo e contexto decisório

As razões, os fatores e a motivação que levaram à realização do estudo de ACV e,

principalmente, o contexto decisório, devem ser explicitados. O contexto decisório é

fundamental na determinação dos métodos mais adequados para o modelo do ICV adotados.

As razões que motivaram a realização deste estudo relacionam-se com a necessidade

de se elaborar estudos no âmbito da ACV aplicada a edificações buscando ampliar a

compreensão dos possíveis impactos ambientais e contribuindo para a sustentabilidade na

construção civil.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

67

Quanto ao contexto decisório, este estudo se enquadra na situação tipo C, ou seja,

uma análise descritiva do ciclo de vida do sistema, sem interesse em possíveis consequências.

3.3.1.4 Público-alvo

Deve-se deixar claro para quem se pretende comunicar os resultados da ACV, o que

possibilitará identificar a necessidade de revisão crítica, bem como a forma e nível técnico dos

relatórios.

O público-alvo a que se destina este estudo são pesquisadores da academia e técnicos

ligados à área da construção civil, já que consiste em um trabalho científico de pesquisa e

gestores públicos. Não pretende estabelecer qualquer comparação entre sistemas.

3.3.1.5 Estudos comparativos a serem divulgados ao público

O estudo em questão não tem pretensão de comparar alternativas, visto que se

pretende estimar os impactos ambientais provocados pelo produto edificação até a fase de

conclusão da obra. Mas por se tratar de um estudo acadêmico, deverá ser divulgado ao

público.

3.3.1.6 Comissário do estudo e outros atores influentes

A demanda pelo estudo relaciona-se ao contexto da pesquisa no qual se insere a

presente dissertação de mestrado desenvolvida no âmbito da Universidade Federal de Mato

Grosso (UFMT).

3.3.2 Definição de Escopo

Na fase de definição de escopo, segundo o manual ILCD (EC-JRC, 2010b), o objeto

de estudo de ACV deve ser identificado e descrito detalhadamente, em consonância com a

definição do objetivo anteriormente descrito. O escopo deve tratar da consistência dos

métodos, premissas e dados e, em havendo alguma inconsistência, esta deve ser documentada,

bem como da reprodutibilidade, garantindo que a documentação seja suficientemente clara e

completa, para que outro praticante de ACV possa reproduzir o estudo satisfatoriamente.

Segundo o mesmo manual, os seguintes itens devem ser claramente descritos: tipos

de resultados a serem produzidos; sistema ou processo a ser estudado: funções, unidade

funcional, fluxos de referência; estrutura de modelagem e tratamento de processos e produtos

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

68

multifuncionais; fronteiras dos sistemas, requisitos de completude e regras; categorias de

impacto de AICV e seleção de método de AICV; outros requisitos de qualidade dos dados de

ICV; tipos, qualidade e fontes de dados e informações necessárias; requisitos especiais;

identificação das necessidades de revisão crítica e planejamento da comunicação dos

resultados.

3.3.2.1 Tipos de resultados e aplicações pretendidas

O resultado deriva do objetivo do estudo e, principalmente, da aplicação pretendida.

Os tipos mais comuns de resultados, segundo o manual ILCD (EC-JRC, 2010b) são os

seguintes:

a) Estudos e/ou conjunto de dados de Inventário de Ciclo de Vida - ICV;

b) Estudos e/ou conjunto de dados de resultados de Avaliação de Impacto do Ciclo

de Vida - AICV;

c) Estudos comparativos e não comparativos de Avaliação do Ciclo de Vida,

incluindo avaliação de impacto e interpretação;

d) Modelo detalhado de ICV do sistema analisado, quando se pretende realizar uma

análise mais meticulosa.

Este estudo aborda as fases de Inventário de Ciclo de Vida dos sistemas analisados,

Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida e Interpretação dos resultados. Trata-se de um estudo

descritivo de contabilização.

As aplicações pretendidas consistem na identificação dos sistemas que mais

contribuem na geração de impactos na fase de construção, da categoria mais significativa,

para sensibilização dos agentes, possibilitando que estudos futuros comparem alternativas

menos impactantes.

3.3.2.2 Função, unidade funcional e fluxo de referência

Nessa etapa devem ser detalhadas as especificações do sistema a ser estudado. A

função e a unidade funcional consistem nos elementos centrais de uma ACV. A unidade

funcional define a relação das entradas e saídas e é definida a partir da identificação das

propriedades mensuráveis e qualitativas relevantes, permitindo comparação dos resultados. O

fluxo de referência em cada sistema determina a quantidade de produtos necessários para

desempenhar a função declarada.

Os autores Jesen et al. (1997) também falam sobre o propósito da unidade funcional:

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

69

“O principal propósito de uma unidade funcional é fornecer uma referência na qual

entradas e saídas são normalizadas. A unidade funcional de um sistema deve ser

claramente definida e medida. O resultado da medição de desempenho é o fluxo de

referência. Comparações entre sistema devem ser feitas com base na mesma função

medida pela mesma unidade funcional na forma de fluxos de referência

equivalentes” (JENSEN et al, 1997, p. 55).

Nos estudos de ACV aplicada às edificações, a área construída bruta tem sido

utilizada, frequentemente, como base de comparação e os valores absolutos calculados de

impactos ambientais, fluxos, custos, dentre outros, costumam ser divididos pela área de

construção. No entanto, outras medidas relacionadas aos serviços oferecidos pela edificação

também podem ser utilizados, como volume da edificação, número de usuários estimado ou

real (MALMQVIST; GLAUMANN, 2006).

A função deste estudo é analisar um edifício construído com materiais de construção

usualmente empregados, considerando uma vida útil de projeto de 50 anos (ABNT, 2013).

A unidade funcional adotada é de 1,0m² de área construída. Quanto ao fluxo de

referência, este consiste na quantidade total dos materiais necessários para a construção do

edifício objeto de estudo.

3.3.2.3 Fronteiras do sistema e critérios de corte

A fronteira do sistema determina quais processos elementares e quais partes do ciclo

de vida serão investigadas na ACV. Incluem processos de mineração, processamento,

manufatura, uso, reparos, manutenção, transporte, tratamento de resíduos e outros serviços

adquiridos, englobando todos aqueles não acidentais que são relacionados ao sistema

analisado e que podem ser atribuídos a ele (modelagem atribucional) ou modelados como

consequência de decisões do sistema de primeiro plano (modelagem consequencial). A sua

definição clara e precisa é essencial para garantir que todos os processos atribucionais ou

consequenciais sejam incluídos na modelagem.

É obrigatório que as fronteiras do sistema sejam representadas por um diagrama

semiesquemático, do qual constem as partes e estágios do ciclo de vida do sistema que farão

parte do estudo e quais serão excluídas. Não é recomendado excluir sistemas como transporte,

infraestrutura, serviços, atividades administrativas, entre outros, a menos que essa exclusão

seja necessária para se atender um objetivo específico do estudo.

O critério de corte adotado foi o fluxo de massa, excluindo-se do inventário as

entradas que não atingem o valor mínimo de 0,1% da massa total de entradas do sistema. A

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

70

definição do valor de corte baseou-se nos estudos de Bueno (2014). A fronteira do estudo

pode ser observada na Figura 18.

Figura 18 – Fronteira do Sistema

Foi considerada uma abordagem de fronteira de Berço ao Portão (Cradle-to-gate),

incluindo os potenciais impactos desde a extração da matéria prima, produção dos materiais

até a construção do edifício.

Em relação às saídas, a estimativa dos resíduos de construção foi feita a partir do

estudo de Costa (2012b), considerando a geração de 93,86 kg/m² de área construída, sendo

que 93% desse valor, ou seja, 86,27 kg/m² são de resíduos classe A.

Foram definidos três cenários hipotéticos buscando verificar a influência da

destinação final dos resíduos nos potenciais impactos do edifício.

No cenário C1 considerou-se que o descarte dos resíduos da construção foi realizado

em aterro sanitário, caracterizando os sistemas modelados como monofuncionais.

Nos cenários C2 e C3 os resíduos foram considerados como coprodutos e foram

modelados como sistemas multifuncionais, por esse motivo passaram por dois diferentes

métodos de solução de multifuncionalidade. No cenário C2 utilizou-se da alocação para a

distribuição dos impactos ambientais ao novo produto gerado a partir dos resíduos. No

cenário C3, os resíduos foram considerados como matéria prima para a fabricação de tijolos

de RCD e por extrapolação de fronteira, considerou-se a utilização desses tijolos de RCD em

substituição aos tijolos cerâmicos.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

71

Com a premissa do reaproveitamento dos resíduos na produção de tijolos de RCD,

para a modelagem do C3 considerou-se que são utilizados 54 unidades de tijolos de RCD por

m² de alvenaria, com dimensões de 25 x 12,5 x 7,5 cm e pesando 3,16 kg cada tijolo, sendo

que 10% desse peso são devido ao cimento adicionado. Tem-se que, para cada tijolo de RCD,

são necessários 2,844 kg de resíduos. Considerando essa composição é possível a produção de

aproximadamente 131 mil tijolos, suficientes para a construção de 2400m² de alvenaria

(CALLEJAS, et al., 2014).

O critério adotado para julgamento da influência da destinação dos resíduos foi o

estabelecido na NBR 14.044:

A: mais importantes, influência significativa, isto é, contribuição > 50%

B: muito importantes, influência relevante, isto é, 25% < contribuição < 50%

C: razoavelmente importantes, alguma influência, isto é, 10% < contribuição < 25%

D: pouco importantes, influência pequena, isto é, 2,5% < contribuição < 10%

E: não importantes, influência desprezível, isto é, contribuição < 2,5%

(ABNT, 2009b)

3.3.2.4 Método de avaliação de impacto e categoria de impacto

Para a modelagem do sistema estudado foi utilizado o software SimaPro 8.0 licença

Faculty (PRÉ, 2013), um dos mais utilizados para realização de ACV e disponibilizado

gratuitamente pela ACV Brasil em parceria com a PE Internacional (PE INTERNATIONAL,

2015). O SimaPro é compatível com um grande número de banco de dados e métodos de

avaliação de impacto, sendo que o adotado neste estudo foi o Ecoinvent 2.0 e o método

ReCiPe Midpoint – World ReCiPe H, avaliando em nível midpoint as categorias: Mudanças

Climáticas, Depleção de Ozônio, formação de Material Particulado, Toxicidade Humana,

Depleção de Água, Depleção de Metais e Depleção Fóssil.

3.3.2.5 Requisitos de qualidade dos dados

A qualidade, exatidão e precisão dos resultados em estudo de ACV são alcançadas

garantindo os níveis de critérios de corte e a incerteza máxima permissível, juntamente com a

representatividade técnica, geográfica, temporal que consiste no quanto os dados coletados

representam o inventário real do sistema estudado e consistência metodológica.

A representatividade tecnológica consiste em verificar a fidelidade com que os dados

de inventário representam as características técnicas e/ou tecnológicas documentadas do

sistema. A geográfica verifica o nível de fidelidade dos dados de inventário quanto à

localização, como por exemplo, local, região ou país, documentado no memorial descritivo do

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

72

conjunto de dados. A temporal está estritamente ligada à tecnológica, visto que as tecnologias

mudam rapidamente e os dados devem representar o tempo real do sistema.

Neste estudo, as representatividades geográfica e tecnológica dos dados tiveram sua

qualidade reduzida, pois foram utilizados na modelagem, dados da base Ecoinvent,

majoritariamente desenvolvidos para a realidade europeia de produção, o que aumentou a

incerteza desses dados. Quanto à cobertura temporal, os dados se mostraram satisfatórios,

visto que foram coletados diretamente na obra a partir de dados de sua execução.

3.3.2.6 Tipo de Revisão Crítica

Considerando que este trabalho tem natureza acadêmica, optou-se por não realizar a

revisão crítica. Porém, caso os dados deste estudo venham a ser utilizados para tomada de

decisões futuras, faz-se necessário realizá-la por especialista externo.

3.3.2.7 Tipo e Formato do Relatório

Pelo mesmo motivo apresentado no item anterior, este trabalho adotou o formato de

uma dissertação, como relatório final.

3.3.3 Análise de Inventário do Ciclo de Vida (ICV)

O objetivo do ICV consiste em refletir a realidade concreta de uma cadeia produtiva

no caso de modelagem atribucional ou a realidade projetada em consequência das decisões

adotadas para modelagem consequencial. A modelagem adotada para este estudo foi a

atribucional.

A estruturação da coleta de dados para o Inventário de Ciclo de Vida (ICV) foi

adaptada de Costa (2012), mapeando os processos envolvidos na fase de construção. Segundo

esta autora, a fase de construção inclui a produção dos materiais nela empregados, o

transporte dos materiais para o canteiro de obra, as emissões e a destinação dos resíduos

gerados no canteiro. Foi desconsiderada no estudo, a energia consumida durante a fase de

obra, por ausência de registros de consumo. Esta metodologia propõe a modelagem da

edificação considerando um nível macro, onde se identificaram todos os processos na fase de

construção.

A partir dos projetos executivos, arquitetônico e estrutural, dos quantitativos e de

entrevista com o engenheiro responsável pela obra, totalizaram-se os materiais dos sistemas

de Fundação, Superestrutura, Vedações, Cobertura, Esquadrias e Revestimentos para a área

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

73

total da edificação de 4.347,57m². Desta forma, considera-se que o inventário foi elaborado a

partir de dados provenientes de fontes primárias.

Para a modelagem, buscaram-se os processos no banco de dados Ecoinvent. Em caso

de inexistência, os processos foram modelados com base nas composições analíticas do

Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) (CAIXA,

2016). Os dados inventariados foram transformados em valores de massa (kg). Para os

processos do Ecoinvent assumiram-se os valores de densidade nele constantes e para os

modelados a partir do SINAPI, as densidades foram obtidas a partir de livros ou catálogos de

fabricantes.

As distâncias dos transportes somam o trajeto de ida e volta da origem do material

até o local da obra. As distâncias consideradas na aquisição dos materiais foram de 15 Km,

para os adquiridos na própria cidade da obra. As demais distâncias foram de 90, 510, 714,

1320 e 3000 km para as cidades de Poxoréu, Cuiabá, Nobres, Goiânia e São Paulo,

respectivamente, estimadas por meio do Google Maps1. Desta forma, foram construídas as

tabelas de inventário, que apresentam os quantitativos da obra analisada e sua correlação com

a unidade funcional de 1m2 de área construída do edifício.

A Tabela 3 apresenta os dados para o sistema de Fundação, na qual para a correlação

dos dados de transporte considerou-se a densidade do concreto de 2.380 kg/m³, conforme

processo do Ecoinvent. Essa mesma densidade foi considerada na modelagem do sistema de

Superestrutura, apresentado na Tabela 4.

1 https://www.google.com.br/maps

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

74

Tabela 3 – Inventário do Sistema de Fundação

SISTEMA:

ENTRADAS (materiais)Quantidade

TotalUnidade Processo Ecoinvent

Concreto 25MPa 630,00 m³ 0,15 m³/m²Concrete, normal, at plant/CH U

25MPa - Energia BR

Armadura

Aço CA 509.848,00 kg 2,27 kg/m²

Reinforcing steel, at plant/RER U -

Energia BR

Formas - Madeira da

região40,80 m³ 0,01 m³/m²

Sawn timber, paraná pine (SFM),

kiln dried, u=15%, at sawmill/BR

U

ENTRADAS (Processos)

Transporte de Aço

Cuiabá-Primavera510,00 Km 1155,24 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte de Concreto

Concreteira - Local da

Obra

15,00 Km 5.355,00 KgKmTransport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

FUNDAÇÃO

Correlação

Tabela 4 – Inventário do Sistema de Superestrutura

SISTEMA:

ENTRADAS (materiais)Quantidade

TotalUnidade Processo Ecoinvent

Concreto 25MPa 989,21 m³ 0,23 m³/m²Concrete, normal, at plant/CH U

25MPa - Energia BR

Armadura

Aço CA 5082.874,77 kg 19,06 kg/m²

Reinforcing steel, at plant/RER U -

Energia BR

Formas - Madeira da região 141,16 m³ 0,03 m³/m²Sawn timber, paraná pine (SFM),

kiln dried, u=15%, at sawmill/BR

UENTRADAS (Processos)

Transporte de Aço

Cuiabá-Primavera510,00 Km 9721,78 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte de Concreto

Concreteira - Local da Obra15,00 Km 8.122,88 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Correlação

SUPERESTRUTURA

Para o inventário do sistema de Vedação, foi necessário fazer a modelagem

simplificada de argamassa de assentamento, chapisco e emboço, já que não foi localizado no

banco de dados Ecoinvent um material correspondente. Para a composição analítica da

argamassa de assentamento e emboço (traço 1:2:8 - cimento, cal e areia) e da argamassa de

chapisco (traço 1:3 – cimento e areia) foram adotadas as referências do SINAPI (CAIXA,

2016). Para o cômputo do tijolo cerâmico consideraram-se 24 unidades por m² e densidade de

2,35 kg (SANTO ANDRÉ, 2016) conforme apresentado na Tabela 5.

Para o inventário do sistema de Cobertura também foi necessário fazer a modelagem

simplificada das telhas termoacústicas. Essa modelagem se deu a partir da composição de

telha de zinco, poliestireno (EPS) como material isolante e outra telha de zinco, formando o

que se chama de sanduíche. A proporção do peso de cada um desses materiais foi tomada a

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

75

partir da densidade total de uma telha termoacústica de 10,74 kg/m² (ISOESTE, 2016),

dividindo-se esse valor pela densidade da telha metálica com espessura de 5mm que é de 5,10

kg/m² (ABCEM, 2016) e, assumindo o restante do peso da telha termoacústica de 0,54 kg/m²

como sendo do EPS (Tabela 6).

Tabela 5 – Inventário do Sistema de Vedação

SISTEMA:

ENTRADAS (materiais)Quantidade

TotalUnidade Processo Ecoinvent

Argamassa de

Assentamento 88,09 m³ 0,02 m³/m²Argamassa de Assentamento

Cimento182 Kg 182 kg/m³

Portland cement, strength class

Z 42.5, at plant/CH U

Cal182 Kg 182 Kg/m³

Lime, hydrated, packed, at

plant/CH U

areia 1842,24 Kg 1842,24 Kg/m³ Silica sand, at plant/DE U

Betoneira0,714 H 0,71 H/m³

Electricity, medium voltage, at

grid/BR U

Tijolo Cerâmico

9x19x19cm 451670,94 Kg 103,89 Kg/m²

Brick, at plant/RER U -

Energia BR

Argamassa de Chapisco 87,016 m3 0,02 m³/m² Argamassa de Chapisco

Cimento473 Kg 473 Kg/m³

Portland cement, strength class

Z 42.5, at plant/CH U

areaia Grossa 1964,955 Kg 1964,96 Kg/m³ Silica sand, at plant/DE U

Betoneira0,714 H 0,71 H/m³

Electricity, medium voltage, at

grid/BR U

Argamassa de Emboço 348,064 m³ 0,08 m³/m² Argamassa de Emboço

Cimento182 Kg 182 Kg/m³

Portland cement, strength class

Z 42.5, at plant/CH U

Cal182 Kg 182 Kg/m³

Lime, hydrated, packed, at

plant/CH U

areia 1842,24 Kg 1842,24 Kg/m³ Silica sand, at plant/DE U

ENTRADAS (Processos)

Transporte Cimento/cal

Assentamento - a partir

de Nobres

714,00 Km 259.896,0 KgKmTransport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte Areia

assentamento - a partir de

Poxoréu

90,00 Km 165.801,60 KgKmTransport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte tijolo - a partir

de Cuiabá510,00 Km 52.984,12 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte Cimento

Chapisco - a partir de

Nobres

714,00 Km 337.722,0 KgKmTransport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte Areia

Chapisco a partir de

Poxoréu

90,00 Km 176.846,0 KgKmTransport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte Cimento/Cal -

a partir de Nobres714,00 Km 259.896,0 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte Areia Emboço

- a partir de Poxoréu90,00 Km 165.801,60 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

VEDAÇÃO

Correlação

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

76

Tabela 6 – Inventário do Sistema de Cobertura

SISTEMA:

ENTRADAS (materiais)Quantidade

TotalUnidade Processo Ecoinvent

Aço estrutural 36.696,28 Kg 8,44 Kg/m²Reinforcing steel, at plant/RER

U - Energia BR

Telha termoacústica 2.702,31 m² 1 m² Telha Termoacústica

Telha metálica - zinco 10,20 Kg 10,20 Kg/m²Zinc, primary, at regional

storage/RER U - Energia BR

EPS - Poliestireno 0,54 Kg 0,54 Kg/m²Polystyrene foam slab, at

plant/RER U- Energia BR

Calhas e rufos em chapa

de zinco, n.24525,38 m² 0,63 Kg/m²

Zinc, primary, at regional

storage/RER U - Energia BR

ENTRADAS (Processos)

Transporte de Estrutura

a partir de Cuiabá510,00 Km 9721,78 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Transporte de Telha - a

partir de Goiânia 1.320,00 Km 8.122,88 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

COBERTURA

Correlação

As Esquadrias também foram modeladas simplificadamente, já que nenhum processo

do Ecoinvent correspondia ao produto da obra. Para tanto, foi estimado o peso da janela de

alumínio e vidro em 16 kg/m², que correspondem a 6 kg de perfis de alumínio e 10 kg de

vidro 4mm. Esses valores foram levantados diretamente em um fabricante da cidade de

Cuiabá-MT (Tabela 7).

Tabela 7 – Inventário do Sistema de Esquadrias

SISTEMA:

ENTRADAS (materiais)Quantidade

TotalUnidade Processo Ecoinvent

Perfis de alumínio 4267,8 Kg 0,98 Kg/m²Aluminium, production mix, at

plant/RER U - Energia BR

Vidro 4mm 4821,00 Kg 1,11 Kg/m²Flat glass, uncoated, at

plant/RER U - Energia BR

Portas em Madeira 250,88 m² 0,058 m²/m²Door, inner, wood, at

plant/RER U - Energia BR

ENTRADAS (Processos)

Transporte das Esquadrias

- a partir de Goiânia1.320,00 Km 2.759,52 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

ESQUADRIAS

Correlação

Os principais Revestimentos utilizados foram porcelanato e granilite, que também

foram modelados. Para o porcelanato utilizaram-se dados inventariados para a produção de

pisos cerâmicos do estudo de Moretti (2011), uma vez que não foi localizado o processo de

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

77

produção de porcelanato na literatura. Para o granilite, se propôs uma modelagem a partir de

cimento e granito, nas proporções do SINAPI (CAIXA, 2016) (Tabela 8).

Tabela 8 – Inventário do Sistema de Revestimento

SISTEMA:

ENTRADAS (materiais)Quantidade

TotalUnidade Processo Ecoinvent

Argamassa colante AC26940 Kg 1,60 Kg/m²

Adhesive mortar, at plant/CH

U - Energia BR

Piso cerâmico 2040 m² 0,47 m²/m² Piso Cerâmico modelado

Granilite3000 m² 0,69 m²/m² Granilie Modelado

Cimento10 Kg - m²/m²

Portland cement, strength

class Z 42.5, at plant/CH U

Agregado 16 Kg - m²/m² Granite, in ground

ENTRADAS (Processos)

Transporte de cerâmica- a

partir de São Paulo3.000,00 Km 37.031,91 KgKm

Transport, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

REVESTIMENTO

Correlação

3.3.4 Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV)

A NBR 14044 (ABNT, 2009b) define os elementos obrigatórios para a fase de

AICV:

a) Seleção das categorias de impacto, indicadores de categoria e modelos de

caracterização;

b) Correlação dos resultados do ICV às categorias de impacto selecionadas

(classificação);

c) Cálculo dos resultados dos indicadores de categoria (caracterização).

A seleção de categorias de impacto, indicadores de categoria e modelos de

caracterização deve ser justificada e condizer com o objetivo e escopo do estudo, devendo

refletir de forma abrangente todas as questões ambientais relevantes. Caso sejam excluídas

categorias de impactos no inicio do estudo, deve-se documentar claramente essa decisão e

considerá-la na interpretação dos resultados.

Na etapa seguinte, classificação, o consumo de recursos e as emissões de substancias

inventariadas são atribuídos às categorias de impacto selecionadas de acordo com sua

contribuição para diferentes problemas ambientais (EC-JRC, 2010a).

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

78

Na etapa de caracterização dos fluxos elementares, um fator quantitativo é atribuído

para cada categoria na qual eles contribuem, considerando os níveis de avaliação midpoint,

endpoint ou ainda ambos, em metodologias integradas de AICV (EC-JRC, 2010a).

O método adotado neste estudo foi o ReCiPe midpoint – World ReCiPe H, para as

categorias: Mudanças Climáticas, Depleção do Ozônio, Toxicidade Humana, Formação de

Materiais Particulados, Depleção da Água, dos Metais e Depleção Fóssil.

Para cada categoria de impacto ambiental, foi aprofundada a análise nos dois

sistemas que mais contribuem e nestes foram identificados os processos envolvidos,

apresentando os resultados a partir de uma linha de corte de 3%, possibilitando uma

visualização dos que mais contribuem. Os resultados são apresentados para a unidade

funcional definida de 1,0m² de área construída do edifício.

Para correlação dos resultados do ICV às categorias de impacto selecionadas

(classificação) e cálculo dos resultados dos indicadores de categoria (caracterização) utilizou-

se o software SimaPro, a seguir descrito.

3.3.4.1 Modelagem com SimaPro

A modelagem iniciou-se com a abertura de um novo projeto. Na tela inicial do

SimaPro, o menu lateral à esquerda está organizado conforme a estrutura da ACV definida na

NBR 14.040: Objetivo e Escopo, Inventário, Avaliação de Impacto e Interpretação (ABNT,

2009a).

Na opção de Objetivo e Escopo definiu-se a biblioteca que se refere à base de dados

do Ecoinvent e a biblioteca de métodos de AICV.

A opção Inventário permite o gerenciamento dos ICV existentes nas bibliotecas

habilitadas para uso no projeto. Na seção Processos são apresentados os materiais, energia,

transporte, processamento, uso, cenário de resíduos e tratamento de resíduos da biblioteca

selecionada e, nesta mesma seção, foram criados os materiais não localizados na biblioteca

Ecoinvent, a saber: telha termoacústica, argamassas, piso cerâmico e granilite.

Na sequencia foi modelada a fase de montagem, correspondente à fase de construção

do edifício, na seção Fases do produto. Os sistemas selecionados no estudo: Fundação,

Superestrutura, Cobertura, Vedação, Esquadrias e Revestimentos foram modelados e

agrupados em uma subcategoria denominada Edifício (Figura 19). As demais fases do produto

não foram modeladas, já que não fizeram parte do objetivo e escopo desta ACV.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

79

Na seção Parâmetros, foram criadas as variáveis de distâncias de transporte utilizadas

no inventário como parâmetros, para que pudesse ser testada a sensibilidade dos resultados a

possíveis variações de distâncias.

A opção Avaliação de Impacto possibilita o gerenciamento dos métodos de avaliação

de impacto, na qual se editou o método ReCiPe existente, configurando-o para analisar apenas

as categorias de impacto desejadas.

Figura 19 – Tela principal do SimaPro, na modelagem do projeto ACV de edifício.

Para a geração dos resultados utilizou-se dos cálculos: Análise, Comparação e

Análise de incerteza. Por meio da Análise verificou-se o resultado dos potenciais impactos

gerados pelo edifício modelado. Para verificar a contribuição de cada um dos sistemas

utilizou-se da Comparação e para verificar a margem de erro utilizou-se da Análise de

incerteza pelo método de Monte Carlo.

3.3.5 Interpretação do ciclo de vida

Última etapa obrigatória da ACV, cujo objetivo é sintetizar e discutir os resultados

do estudo, para formar conclusões e recomendações, as quais devem ser condizentes com o

objetivo e escopo. Segundo a NBR 14044 (ABNT, 2009b) a fase de interpretação do ciclo de

vida de um estudo de ACV inclui três etapas essenciais:

a) Identificação das questões significativas, tais como energia, emissões, descargas,

resíduos, uso de recursos, processo elementares, entre outros;

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

80

b) Avaliação do estudo, verificando a completeza, sensibilidade e consistência;

c) Conclusões, limitações e recomendações.

3.3.5.1. Análise de Sensibilidade

Segundo a NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b) a análise de sensibilidade é um

procedimento utilizado para verificar como os resultados de um estudo se comportam diante

de mudanças nos dados de entrada, estimando o quanto essa mudança pode interferir no perfil

ambiental ou em outro resultado da ACV.

Esta análise consiste na variação de parâmetros, modelos ou métodos utilizados e na

verificação de como os resultados finais se comportam, avaliando as alternativas. Ajuda a

entender a magnitude do efeito das suposições realizadas (BENEDET JUNIOR, 2007).

Todas as distâncias de transporte foram modeladas como parâmetros, para que

pudessem ser testadas através da análise de sensibilidade. Testou-se a variação dos resultados

aumentando ou reduzindo as distâncias do local de origem em 800 e 1700 km, buscando-se

investigar se o fato de comprar em Goiânia, em vez de São Paulo, seria significativo em

termos ambientais (Figura 20).

Figura 20 – Mapa de distâncias consideradas na análise de sensibilidade

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

81

Outra verificação realizada foi quanto ao método de análise. Buscou-se verificar se a

mudança do método de AICV alteraria os resultados para categorias semelhantes. Por isso o

método CML foi utilizado para comparar as categorias de Mudanças Climáticas, Depleção do

Ozônio e Toxicidade Humana, que são as categorias comuns em ambos os métodos, e

apresentam resultado na mesma unidade de medida.

3.3.5.2. Análise de Incertezas

A NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b) traz o conceito de análise de incerteza como

sendo, “o procedimento sistemático para quantificar a incerteza introduzida nos resultados de

uma análise de inventário de ciclo de vida pelos efeitos cumulativos da imprecisão dos

modelos, incerteza das entradas e variabilidade dos dados”. É uma técnica específica para

análise da qualidade dos dados da AICV, um requisito adicional e não obrigatório, mas que

garante maior confiabilidade ao resultado do estudo.

A Matriz de Qualidade dos Dados (Matriz Pedigree) é o método mais utilizado para

avaliação da qualidade dos dados de inventário do ciclo de vida, fazendo uma avaliação

qualitativa e quantitativa dos mesmos. A Matriz Pedigree foi criada inicialmente por Weidma

e Wesnaes, em 1996, e modificada em 2008 por Ciroth, mantendo sua estrutura original

(CIROTH, 2009).

A Matriz Pedigree é composta por seis indicadores de qualidade de dados, podendo

ser atribuida uma pontuação de 1 a 5, sendo 1 o maior grau de qualidade e 5 o de pior

qualidade (Anexo 1). O último indicador referente ao tamanho da amostra caiu em desuso, e o

próprio software SimaPro, não exige atribuição de seu valor quando da construção da matriz.

Ao final do resultado da matriz, deverá ser verificado o valor da incerteza básica relativo às

entradas e saídas para diferentes fluxos elementares (aspecto ambiental) considerados para

emissões de combustão, emissão de processos e emissões na agricultura, conforme

apresentado no Anexo 2.

De posse desses resultados foi possível calcular o desvio padrão ou grau de incerteza,

para um intervalo de confiança de 95%, através do uso da distribuição lognormal da Equação

1, assumida pelo Ecoinvent (CONSULTANTS, 2016).

(1)

Onde:

DP = Desvio padrão relativo;

U1 = Fator de incerteza do indicador Confiança na Fonte;

U2 = Fator de incerteza do indicador Completeza;

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

82

U3 = Fator de incerteza do indicador Correlação Temporal;

U4 = Fator de incerteza do indicador Correlação Geográfica;

U5 = Fator de incerteza do indicador Correlação Tecnológica;

U6 = Fator de incerteza do indicador Número de Amostras;

UB = Fator Básico de Incerteza.

A partir dos resultados verificados com o preenchimento da Matriz Pedigree e

aplicação da equação foi possível utilizar a estatística de Monte Carlo para calcular a

incerteza absoluta, que é a mais utilizada nos estudos de ACV. Esta funcionalidade está

disponível no software SimaPro, versão Analyst.

Esse método testa uma grande quantidade de possibilidades, a partir da geração de

números aleatórios para atribuir valores às variáveis que estão sendo investigadas. Segundo

Benedet Junior (2007) devem ser realizadas pelo menos 10.000 interações para se reduzir o

erro da estimativa da solução e segundo Maranduba et al. (2015), 1.000 interações são

suficientes quando não se verificar mais variações no resultado.

Na Tabela 9 são apresentados o Vetor Pedigree, vetor resultado, incerteza básica e

desvio padrão relativo de cada entrada do sistema modelado.

Tabela 9 – Vetores Pedigree, Vetores Resultados, Incertezas Básicas e Desvios Padrões das entradas.

SISTEMA: FUNDAÇÃO

ENTRADAS (materiais) Vetor Pedigree Vetor Resultado UB DP

Concreto 25MPa (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Armadura Aço CA 50 (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Formas - Compensado de Madeira tipo Pinus (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

ENTRADAS (Processos)

Transporte de Aço Cuiabá-Primavera (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte de Concreto Concreteira - Local

da Obra (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

SUBSISTEMA: SUPERESTRUTURA

ENTRADAS (materiais) Vetor Pedigree Vetor Resultado UB DP

Concreto 25MPa (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Armadura Aço CA 50 (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Formas - Compensado de Madeira tipo Pinus (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

ENTRADAS (Processos)

Transporte de Aço Cuiabá-Primavera (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte de Concreto Concreteira - Local

da Obra (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

83

Continuação Tabela 9– Vetores Pedigree, Vetores Resultados, Incertezas Básicas e Desvios Padrões.

SISTEMA: VEDAÇÃO

ENTRADAS (materiais) Vetor Pedigree Vetor Resultado UB DP

Argamassa de Assentamento (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Cimento (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Cal (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Areia (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Betoneira (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Tijolo Cerâmico 9x19x19cm (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Argamassa de Chapisco (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Cimento (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Areia Grossa (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Betoneira (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Argamassa de Emboço (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Cimento (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Cal (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Areia (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

ENTRADAS (Processos)

Transporte Cimento/cal Assentamento - a

partir de Nobres (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte Areia assentamento - a partir de

Poxoréu (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte tijolo - a partir de Cuiabá (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte Cimento Chapisco - a partir de

Nobres (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte Areia Chapisco a partir de

Poxoréu (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte Cimento/Cal - a partir de Nobres (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte Areia Emboço - a partir de

Poxoréu (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

SISTEMA: COBERTURA

ENTRADAS (materiais) Vetor Pedigree Vetor Resultado UB DP

Aço estrutural (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Telha termoacústica (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Telha metálica - zinco (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

EPS - Poliestireno (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Calhas e rufos em chapa de zinco, n.24 (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

ENTRADAS (Processos)

Transporte de Estrutura - a partir de Cuiabá (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Transporte de Telha - a partir de Goiânia (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

SISTEMA: ESQUADRIAS

ENTRADAS (materiais) Vetor Pedigree Vetor Resultado UB DP

Perfis de alumínio (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Vidro 4mm (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Portas em Madeira (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

ENTRADAS (Processos)

Transporte de Telha - a partir de Goiânia (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

SISTEMA: REVESTIMENTO

ENTRADAS (materiais) Vetor Pedigree Vetor Resultado UB DP

Argamassa colante AC2 (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Piso cerâmico (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Granilite (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Cimento (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

Agregado (2, 3, 1, 5, 3) [ 1,05| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 1,05 1,10

ENTRADAS (Processos)

Transporte de cerâmica- a partir de São Paulo (3, 3, 1, 5, 3) [ 1,10| 1,05| 1,00| 1,10 | 1,20 ] 2,00 2,11

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

84

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Dando sequência as etapas de uma ACV, neste capítulo apresentam-se os resultados

da Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida, onde se correlacionam os valores do ICV às

categorias de impacto ambiental, obtendo-se o resultado dos indicadores para cada uma delas.

4.1 Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV)

Uma das possibilidades que se apresenta para contribuir com a sustentabilidade na

indústria da construção civil é a reutilização dos resíduos das obras como matéria prima de

novos produtos, o que também contribui para a redução do volume de resíduos destinados aos

aterros sanitários ou, muitas vezes, a locais inadequados.

Neste contexto, os resíduos derivados da construção do edifício em estudo foram

destinados, em sua totalidade, a uma área de propriedade da Prefeitura, localizada a cerca de

15 km da cidade. No local, os resíduos são despejados aleatoriamente sem nenhum tratamento

ou triagem. Esta condição de destinação corresponde de forma aproximada ao cenário C1 que

estabelece a destinação dos resíduos para aterro sanitário.

O resultado da comparação entre os diferentes cenários de destinação dos resíduos

mostra que o C1 apresenta o maior valor de impacto normalizado em todas as categorias

analisadas (Figura 21).

A análise comparativa evidencia que os cenários C2 e C3, que consideraram os

resíduos como coproduto, apresentaram menores impactos ambientais em relação a C1. Os

menores resultados de C2 se devem ao fato de que os impactos relativos dos resíduos foram

totalmente excluídos do edifício por alocação e sua contabilização foi assumida no ciclo de

vida do novo produto gerado, que, por sua vez, não foi considerado neste estudo.

O resultado do cenário C3, que considera o resíduo como matéria prima para tijolos

RCD, se deve ao fato de que a multifuncionalidade foi resolvida por extrapolação de fronteira,

onde os potenciais impactos foram divididos entre o edifício e o novo produto gerado.

Em termos gerais, os resultados dos cenários C2 e C3 apresentaram diferenças

inferiores a 10% em relação a C1, de onde se pode concluir que a influência da destinação dos

resíduos nos potenciais impactos é pequena ou pouco importante. Ressalta-se que esta

conclusão é valida para o objeto de estudo nas condições de modelagem apresentadas.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

85

Figura 21 -– Comparação de Cenários em relação ao destino final dos resíduos do edifício

A despeito desse resultado, um aspecto importante que deve ser considerado no

reaproveitamento dos resíduos está na melhoria da paisagem urbana e ocupação de solo, ao se

evitar o descarte de 375.064,00 kg de resíduos no aterro ou em locais inadequados. Esse

aspecto não pode ser mensurado pelo software utilizado para análise de dados, mas é um fator

que deve ser considerado.

Para as etapas seguintes somente o cenário C1 foi considerado, já que este foi o

cenário real modelado. Passou-se, então, à análise de contribuição de cada sistema nos

potenciais impactos totais do edifício.

4.1.1 Análise de Contribuição

Esta análise buscou identificar a contribuição de cada um dos sistemas nas categorias

de impacto ambiental investigadas (Figura 22). A Tabela 10 apresenta os valores totais, ou

seja, do edifício, para cada impacto mensurado.

Tabela 10 – Contribuições totais dos sistemas em cada categoria

Aquecimento

Global (CML)

(GWP100)

Depleção do

Ozônio

Toxicidade

Humana

Formação

de Material

Particulado

Depleção da

água

Depleção de

Metais

Depleção

Fóssil

kg CO2 eq kg CFC-11 eq kg 1,4-DB eq kg PM10 eq m3 kg Fe eq kg oil eq

FUNDAÇÃO 265.770,17 0,01 16.786,43 777,64 2.802,94 15.693,85 35.812,17

SUPERESTRUTURA 546.362,25 0,03 72.123,81 2.344,64 5.506,55 88.004,46 99.739,82

VEDAÇÃO 358.905,34 0,03 11.328,46 348,10 2.274,95 9.341,88 74.697,02

COBERTURA 210.472,80 0,01 283.602,89 727,69 4.438,51 168.294,10 58.734,38

ESQUADRIAS 49.009,97 0,00 7.444,82 104,48 242,86 3.437,85 14.066,53

REVESTIMENTO 98.233,99 0,01 6.782,64 135,57 451,72 4.131,24 32.045,69

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Mudanças

Climáticas

Depleção do

Ozônio

Toxicidade

Humana

Formação de

Material

Particulado

Depleção da

água

Depleção de

Metais

Depleção

Fóssil

Va

lor

No

rma

liza

do

(%

)

C1 - Resíduo em Aterro C2 - Resíduo como coproduto (alocação)

C3 - Resíduo como matéria prima (tijolo RCD)

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

86

Figura 22 - Análise de Contribuição dos Sistemas no Impacto Total

Os resultados demonstram que a Superestrutura é o sistema que contribui com maior

valor em quatro das sete categorias analisadas: Mudanças Climáticas, Formação de Material

Particulado, Depleção de Água e Depleção Fóssil. O sistema Cobertura é o que apresenta

maior valor em duas das sete categorias: Toxicidade Humana e Depleção de Metais. O

sistema de Vedação é o que mais contribui para a categoria de Depleção do Ozônio.

Destaca-se que nas categorias onde o sistema de Cobertura é o mais impactante, este

é responsável por mais de 50% do total. Isso também se verifica no sistema de Superestrutura

na categoria de Formação de Material Particulado.

O sistema de Esquadrias seguido pelo Revestimento são os que menos contribuem

em todas as categorias, devido a baixa representatividade em massa, no edifício em estudo.

A partir dessas informações, são apresentadas a seguir, para cada categoria de

impacto ambiental, as contribuições de cada sistema na unidade funcional de 1,0m² de área

construída e para os dois mais impactantes são detalhadas as contribuições dos processos.

4.1.1.1 Mudanças Climáticas

A categoria de mudanças climáticas esta ligada ao aumento da temperatura terrestre

pela presença de gases de efeito estufa (GEE), tais como dióxido de carbono (CO2) e metano

(CH4). Ela é contabilizada a partir da quantidade de dióxido de carbono (CO2) equivalente. A

Tabela 11 apresenta as contribuições de cada sistema para esta categoria.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100

Mudanças

Climáticas

Depleção do

Ozônio

Toxicidade

Humana

Formação de

Material

Particulado

Depleção da

água

Depleção de

Metais

Depleção

Fóssil

Va

lor

No

rma

liza

do

(%

)

FUNDAÇÃO-BR SUPERESTRUTURA - BR VEDAÇÃO - BR

COBERTURA - BR ESQUADRIAS - BR REVESTIMENTO - BR

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

87

Tabela 11 – Contribuições totais para a categoria de Mudanças Climáticas

CATEGORIA DE

IMPACTOMUDANÇAS CLIMÁTICAS

SISTEMAS (kg CO2 eq)

Fundação 61,13

Superestrutura 125,67

Vedação 82,55

Cobertura 48,41

Esquadrias 11,27

Revestimentos 22,60

Os sistemas que mais contribuíram para esta categoria foram: Estrutura com uma

emissão de 125,67 kg CO2 eq e Vedação emitindo 82,55 kg CO2 eq. As Figuras 23 e 24

apresentam a contribuição dos principais processos em cada um dos sistemas.

Figura 23 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

Figura 24- Contribuição dos Processos no Sistema de Vedação

Ao analisar os processos em ambos os sistemas, Superestrutura e Vedação, o que

apresentou maior contribuição foi a produção de clínquer (clinker, at plant,), processo

-

10

20

30

40

50

60

70

SUPERESTRUTURA - BR

kg

CO

2 e

q

Clinker, at plant/CH U

Pig iron, at plant/GLO U

Diesel, burned in building

machine/GLO U

Electricity, hydropower, at

reservoir power plant/BR U

Remaining processes

0

10

20

30

40

50

60

70

kg

CO

2 e

q

VEDAÇÃO - BR

Clinker, at plant/CH U

Brick, at plant/RER U -

Energia BR

Quicklime, in pieces, loose,

at plant/CH U

Operation, lorry 16-32t,

EURO3/RER U

Light fuel oil, burned in

industrial furnace 1MW,

non-modulating/CH U

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

88

responsável por altas emissões de GEE, principalmente o dióxido de carbono (CO2) e metano

(CH4).

Na produção do Cimento Portland (CP), 40% das emissões são provenientes do

processo de clinquerização (WBCSD, 2002 apud MAURY e BLUMENSCHEIN, 2012). Para

a produção de 1 tonelada de clínquer são emitidos cerca de 900 kg CO2, contribuindo para que

a indústria do cimento seja responsável por 5 a 7% das emissões mundiais de CO2 (SUMNER;

GIANETTI; BENINI, 2008).

O segundo processo que mais contribui é a fabricação do tijolo cerâmico, também

devido as altas emissões de CO2 provenientes do processo de queima de combustíveis, onde

são emitidas grandes quantidads de GEE.

Os processos identificados como de maior contribuição são os mesmos identificados

nos trabalhos de Campos (2012) e de Bueno (2014). Bueno (2014) chegou a um resultado de

140 kg CO2 eq para 1,0 m² de alvenaria. Neste estudo verificou-se um valor de 82,55 kg CO2

eq para 1,0m² de área construída, como as unidades funcionais são diferentes não se pode

estabelecer uma comparação entre esses valores.

4.1.1.2 Depleção do Ozônio

A categoria de Depleção do Ozônio está diretamente ligada à emissão de

clorofluorcarbonos (CFCs), hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), brometo de metila (CH3Br) e

halons. Ela é contabilizada em termos de kg de triclorofluormetano CFC-11 equivalente de

emissão. A Tabela 12 apresenta a contribuição de cada sistema para esta categoria.

Tabela 12 – Contribuições totais para a categoria de Depleção do Ozônio

CATEGORIA DE

IMPACTODEPLEÇÃO DO OZÔNIO

SISTEMAS (kg CFC-11 eq)

Fundação 2,62E-06

Superestrutura 6,09E-06

Vedação 6,88E-06

Cobertura 2,58E-06

Esquadrias 9,00E-07

Revestimentos 2,74E-06

Os sistemas que mais contribuíram nesta categoria foram Vedação, com uma

emissão de 6,88E-06 kg CFC-11eq. e Superestrutura, emitindo 6,09E-06 kg CFC-11eq. As

Figuras 25 e 26 apresentam a contribuição dos principais processos em cada um dos sistemas.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

89

Figura 25 - Contribuição dos Processos no Sistema de Vedação

Figura 26 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

Ao analisar as contribuições em ambos os sistemas, Vedação e Superestrutura, o

processo que apresentou maior contribuição foi a extração de petróleo (Crude oil, at

production onshore/RAF U), principalmente devido a emissão de gases Halon 1301 e Halon

1211 na atmosfera.

Esses gases são aplicados na prevenção de incêndios, utilizados em locais de

extração, quando os limites de concentração de hidrocarbonetos no ar excedem o máximo

permitido para garantir a segurança do processo (HANSEN, 2013).

Os gases Halon 1301 e Halon 1211 estão inventariados no processo de extração de

petróleo internacional, porém no Brasil, segundo o Ministério de Meio Ambiente, esses gases

não são mais utilizados desde 2010 (MMA, 2016). Esse fato pode influenciar

significativamente os resultados caso os processos fossem modelados para a realidade da

produção brasileira de petróleo.

0,00E+00

5,00E-07

1,00E-06

1,50E-06

2,00E-06

2,50E-06

kg

CF

C-1

1 e

q

VEDAÇÃO - BR

Crude oil, at production

onshore/RAF U

Crude oil, at production/NG U

Crude oil, at production

onshore/RME U

Transport, natural gas,

pipeline, long distance/RU U

Remaining processes

0,00E+00

5,00E-07

1,00E-06

1,50E-06

2,00E-06

2,50E-06

kg

CF

C-1

1 e

q

SUPERESTRUTURA - BR

Crude oil, at production

onshore/RAF U

Crude oil, at production

onshore/RME U

Crude oil, at production/NG U

Crude oil, at production

onshore/RU U

Remaining processes

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

90

4.1.1.3 Toxicidade Humana

A categoria de Toxicidade Humana está relacionada à presença de substâncias

tóxicas no ambiente, que causam impacto na saúde humana, especialmente através da

ingestão e inalação. Esta categoria é contabilizada em termos de kg de 1,4 diclobenzeno

equivalentes de emissão (kg 1,4-DB eq). A Tabela 13 - Contribuições totais para a categoria

de Toxicidade Humana apresenta a contribuição de cada sistema para esta categoria.

Tabela 13 - Contribuições totais para a categoria de Toxicidade Humana

CATEGORIA DE

IMPACTOTOXICIDADE HUMANA

SISTEMAS (kg 1,4 DB eq)

Fundação 3,86

Superestrutura 16,59

Vedação 2,61

Cobertura 65,23

Esquadrias 1,71

Revestimentos 1,56

A avaliação de impacto para esta categoria demonstra uma contribuição

consideravelmente maior para o sistema de Cobertura, com uma emissão de 65,23 kg 1,4-DB

eq seguida pelo sistema de Superestrutura que emite 16,59 kg 1,4-DB eq. As Figuras 27 e 28

apresentam a contribuição dos principais processos em cada um dos sistemas.

Figura 27 - Contribuição dos Processos no Sistema de Cobertura

Analisando o gráfico de contribuição do sistema de Cobertura, verifica-se que o

processo de produção do zinco (Zinc, prymary, at regional storage/RER U) é o que mais

contribui. Isso se deve as emissões de substâncias tais como: fósforo, arsênio, bário, cádmio.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

kg

1,4

-DB

eq

COBERTURA - BR

Zinc, primary, at regional

storage/RER U - Energia BR

Zinc concentrate, at

beneficiation/GLO U

Steel, electric, un- and low-

alloyed, at plant/RER U -

Energia BR Sinter, iron, at plant/GLO U

Hard coal, burned in

industrial furnace 1-

10MW/RER U

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

91

A Figura 28 apresenta os processos que contribuem no sistema de Superestrutura, no

qual se verifica que a produção do aço de liga leve (Steel, electric, un-and low-alloyed, at

plant/ RER U) apresenta maior contribuição, devido às emissões de substâncias tais como:

mercúrio, zinco e cádmio.

Figura 28 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

Considerando que os fatores inerentes à caracterização desta categoria, são

relacionados a produtos químicos, dos quais ainda há pouco conhecimento disponível, as

conclusões são acompanhadas por incertezas maiores do que em categorias consolidadas

como, por exemplo, a de Aquecimento Global (EC-JRC, 2010). Portanto, há que se ponderar

nas conclusões obtidas na categoria de Toxicidade Humana.

Cabe aqui destacar que Bueno (2014) também identificou o processo de produção do

aço, como maior contribuinte para a categoria de Toxicidade Humana, e ressaltou que esse

impacto pode ser mitigado, aumentando-se o percentual de reciclagem desse material.

4.1.1.4 Formação de Material Particulado

A categoria de Formação de Material Particulado é definida por uma série de

substâncias químicas em forma de partículas, que do ponto de vista toxicológico podem

contribuir para o aumento da incidência de doenças respiratórias e do ponto de vista

ambiental, contribui para danos a vegetação e contaminação do solo. As substâncias que mais

contribuem são o dióxido de nitrogênio (NO2) e o material particulado (MP) menor de 2,5

micrômetros (BARBOSA, et al., 2012). A contabilização para esta categoria é dada em kg de

PM10 eq e são apresentados os valores na Tabela 14 - Contribuições totais para a categoria de

Formação de Material Particulado.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

kg

1,4

-DB

eq

SUPERESTRUTURA - BR

Steel, electric, un- and low-alloyed,

at plant/RER U - Energia BR

Clinker, at plant/CH U

Sinter, iron, at plant/GLO U

Disposal, wood ash mixture, pure,

0% water, to landfarming/CH U

Disposal, dust, unalloyed EAF

steel, 15.4% water, to residual

material landfill/CH U

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

92

Tabela 14 - Contribuições totais para a categoria de Formação de Material Particulado

CATEGORIA DE

IMPACTO

FORMAÇÃO DE MATERIAL

PARTICULADO

SISTEMAS (kg PM10 eq)

Fundação 0,18

Superestrutura 0,54

Vedação 0,08

Cobertura 0,17

Esquadrias 0,02

Revestimentos 0,03

Os sistemas que mais contribuíram nesta categoria foram Superestrutura, com

emissão de 0,54 kg PM10 eq e Fundação emitindo 0,18 kg PM10 eq. As Figuras 29 e 30

apresentam principais processos que contribuíram nesses sistemas.

Figura 29 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

Figura 30 - Contribuição dos Processos no Sistema de Fundação

A contribuição das fôrmas de madeira (Roundwood, Paraná pine (SFM, under bark,

u=50%, at Forest Road/BR U) foi substancialmente superior aos demais processos em ambos

os sistemas. O potencial de impacto das fôrmas de madeira é proveniente das etapas de

serragem, produção das toras e do consumo de energia nos processos.

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

kg

PM

10

eq

SUPERESTRUTURA - BR

Roundwood, paraná pine (SFM),

under bark, u=50%, at forest

road/BR U Iron ore, 46% Fe, at mine/GLO U

Diesel, burned in building

machine/GLO U

Clinker, at plant/CH U

Remaining processes

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

kg

PM

10

eq

FUNDAÇÃO - BR

Roundwood, paraná pine (SFM), under

bark, u=50%, at forest road/BR U

Clinker, at plant/CH U

Diesel, burned in building

machine/GLO U

Iron ore, 46% Fe, at mine/GLO U

Remaining processes

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

93

Segundo Fagundes (2003), a produção das toras de madeira apresenta potencial

impacto para diversas categorias. Após o corte, a árvore é desgalhada e traçada em toras, essa

etapa consome uma grande quantidade de diesel nas máquinas, a queima do diesel emite

diversos poluentes, como gases de efeito estufa (CO2, CO, NOx, SO2), além de materiais

particulados e compostos orgânicos voláteis.

4.1.1.5 Depleção da Água

O conceito de Depleção está ligado à ideia de esgotamento de recursos ao longo do

tempo pela atividade humana, reduzindo as possibilidades de acesso a estes recursos pelas

gerações futuras. A Depleção da Água consiste basicamente no consumo de água pelos

processos apresentados na Tabela 15.

Tabela 15 – Contribuições totais para a categoria de Depleção de Água

CATEGORIA DE

IMPACTODEPLEÇÃO DA ÁGUA

SISTEMAS (M³)

Fundação 0,64

Superestrutura 1,27

Vedação 0,52

Cobertura 1,02

Esquadrias 0,06

Revestimentos 0,10

Os sistemas que mais contribuíram nesta categoria foram Superestrutura, com

consumo de 1,27 m³ e Cobertura consumindo 1,02 m³. As Figuras 31 e 32 apresentam a

contribuição dos principais processos nesses sistemas.

Figura 31 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

m3

SUPERESTRUTURA - BR

Gravel, round, at mine/CH U

Clinker, at plant/CH U

Hot rolling, steel/RER U -

Energia BR

Pig iron, at plant/GLO U

Remaining processes

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

94

O consumo de água no sistema de Superestrutura está ligado diretamente a produção

do concreto. Ao se investigar mais profundamente, verificou-se que este consumo tem origem

no ciclo de vida da brita (Gravel, round, at mine/ CH U). Segundo Rossi (2013), no ciclo de

vida da brita, a água é consumida em três etapas, uma para nebulização de vias durante o

transporte ao beneficiamento, a segunda durante o próprio processo de beneficiamento para

melhorar o desempenho da britagem e não promover o acúmulo de pó e a terceira etapa, a

qual apresenta o maior consumo, é a fase de uso da brita, ou seja, a sua utilização na produção

do concreto.

Figura 32 - Contribuição dos Processos no Sistema de Cobertura

No sistema de Cobertura, o processo de beneficiamento do zinco (zinc, primary, at

regional storage/RER U) é o que apresenta maior consumo na categoria.

4.1.1.6 Depleção de Metais

Os metais são substâncias formadas por processos geológicos, que apresentam uma

composição química característica, estrutura atômica altamente ordenada e propriedades

físicas específicas. Nas minas de onde são extraídos os metais, normalmente se extraem mais

de um. Esta categoria está ligada ao esgotamento deste recurso no meio ambiente e a

contabilização é apresentada em quilogramas de ferro equivalente (kg Fe eq.). A Tabela 16

apresenta os consumos de cada sistema analisado.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

m3

COBERTURA - BR

Zinc, primary, at regional

storage/RER U - Energia BR

Zinc concentrate, at

beneficiation/GLO U

Sand, at mine/CH U

Hot rolling, steel/RER U -

Energia BR

Remaining processes

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

95

Tabela 16 – Contribuições totais para a categoria de Depleção de Metais

CATEGORIA DE

IMPACTODEPLEÇÃO DA METAIS

SISTEMAS (Kg Fe eq)

Fundação 3,61

Superestrutura 20,24

Vedação 2,15

Cobertura 38,71

Esquadrias 0,79

Revestimentos 0,95

Na categoria de Depleção de Metais, os sistemas que mais contribuem são Cobertura,

consumindo 38,71 kg Fe eq. e Superestrutura consumindo 20,24 kg Fe eq. As Figuras 33 e 34

apresentam as contribuições dos principais processos nesses sistemas.

Figura 33 - Contribuição dos Processos no Sistema de Cobertura

Figura 34 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

No sistema de Cobertura (Figura 33), o consumo de metais está associado à produção

das telhas metálicas que compõem a cobertura termoacústica. Este sistema apresenta alto grau

0

5

10

15

20

25

30

kg

Fe

eq

COBERTURA - BR

Zinc concentrate, at

beneficiation/GLO U

Iron ore, 46% Fe, at

mine/GLO U

Ferronickel, 25% Ni, at

plant/GLO U

Remaining processes

0

5

10

15

20

25

30

kg

Fe

eq

SUPERESTRUTURA- BR

Iron ore, 46% Fe, at

mine/GLO U

Ferronickel, 25% Ni, at

plant/GLO U

Molybdenum concentrate,

main product/GLO U

Remaining processes

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

96

de incerteza, já que não se localizou no banco de dados Ecoinvent um processo para este

produto e adotou-se uma modelagem simplificada.

No sistema de Superestrutura o processo que mais contribuiu nesta está ligado à

produção de aço. Analisando a origem do potencial impacto verifica-se que está associado ao

consumo de minério de ferro (Iron, 46% Fe, at mine/ GLO U). Além disso, a produção de

coque, adição do cromo, molibdênio e níquel, também contribuem (YOKOTE, 2003).

Cabe, também, para esta categoria, a consideração feita por Bueno (2014) de que tais

impactos poderiam ser mitigados pelo aumento dos percentuais de reciclagem do produto.

4.1.1.7 Depleção Fóssil

A categoria de Depleção Fóssil está relacionada ao consumo de combustíveis fósseis.

A contabilização é apresentada em quilograma de óleo equivalente (kg Óleo eq). A Tabela 17

apresenta os consumos para cada sistema.

Tabela 17 – Contribuições totais para a categoria de Depleção Fóssil

CATEGORIA DE

IMPACTODEPLEÇÃO FÓSSIL

SISTEMAS (Kg Oil eq)

Fundação 8,24

Superestrutura 22,94

Vedação 17,18

Cobertura 13,51

Esquadrias 3,24

Revestimentos 7,37

Na categoria de Depleção Fóssil, os sistemas que mais contribuem são

Superestrutura, com consumo de 22,94 kg Óleo eq e Vedação consumindo 17,18 kg Óleo eq.

As Figuras 35 e 36 apresentam a contribuição dos principais processos nesses sistemas.

Figura 35 - Contribuição dos Processos no Sistema de Superestrutura

0

1

2

3

4

5

kg

oil

eq

SUPERESTRUTURA - BR

Hard coal, at mine/WEU U

Crude oil, at production

onshore/RAF U Hard coal, at mine/EEU U

Crude oil, at production

onshore/RME U Remaining processes

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

97

No sistema de Superestrutura, o consumo de recursos fósseis aparece principalmente

nos processos de fabricação do concreto e do aço. Investigando-se a origem principal desse

consumo identificou-se como demonstrado na Figura 35 que está relacionado ao consumo de

carvão mineral (Hard coal,a t mine/WEU U).

No sistema de Vedação, o maior consumo está ligado a produção de argamassa de

emboço, seguido do transporte. A origem dos impactos se dá pelo consumo de petróleo

(Crude oil, at prodution onshore/ RAF U) na fabricação de cal hidratada e no uso de

combustível diesel para o transporte.

Figura 36 - Contribuição dos Processos no Sistema de Vedação

4.2 Análise de Sensibilidade

A análise de sensibilidade foi realizada a fim de avaliar as possíveis variações nos

resultados finais do estudo em relação à diferentes distâncias para o transporte de materiais.

Os resultados são apresentados na Figura 37.

0

1

2

3

4

5

kg

oil

eq

VEDAÇÃO- BR

Crude oil, at production

onshore/RAF U

Crude oil, at

production/NG U

Crude oil, at production

onshore/RME U

Natural gas, at production

onshore/RU U

Remaining processes

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

98

Figura 37 – Análise de Sensibilidade às distâncias de transporte

A redução das distâncias em 800 ou 1700 km apresentaram pequena influência

(redução menor que 10%) em todas as categorias de impacto ambiental, isso porque a maior

parte dos materiais foi adquirida a uma distância de até 714 km, considerando a soma das

distâncias de ida e volta. Logo, a redução desses valores não foi possível e assumiu-se a

distância de 15 km para o transporte até o local da obra.

Já quando se aumenta a distância em 1700 km, percebe-se um aumento considerável

nas categorias de Mudanças Climáticas, Depleção do Ozônio, Formação de Material

Particulado e Depleção Fóssil, que são as mais sensíveis à variação das distâncias de

transporte. Isso se deve ao aumento do consumo de combustíveis fósseis para o transporte e as

consequentes emissões provenientes da queima deste combustível.

Outra análise de sensibilidade realizada foi quanto à aplicação de diferentes

metodologias de AICV. Para isso foi realizada uma análise dos resultados, utilizando-se a

metodologia CML 2 Baseline para as categorias comuns aos dois métodos: Mudanças

Climáticas e Aquecimento Global, Depleção do Ozônio e Toxicidade Humana.

A Figura 38 apresenta a comparação dos resultados nos dois métodos de AICV e a

Tabela 18 os valores de cada sistema para cada uma das categorias comparadas.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Mudanças

Climáticas

Depleção

do Ozônio

Toxicidade

Humana

Formação

de Material

Particulado

Depleção

da água

Depleção

de Metais

Depleção

Fóssil

Va

lor

No

rma

liza

do

(%

)

C1

+1700KM

-1700KM

+800KM

-800KM

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

99

Figura 38 - Análise de Sensibilidade entre os métodos ReCiPe e CML 2 Baseline

Tabela 18 – Análise de Sensibilidade à diferentes metodologias de AICV (ReCiPe e CML 2 Baseline)

Aquecimento

Global (CML)

(GWP100)

Mudanças

Climáticas

(ReCiPe)

Depleção do

Ozônio (CML)

Depleção do

Ozônio

(ReCiPe)

Toxicidade

Humana

(CML)

Toxicidade

Humana

(ReCiPe)

4347,57 kg CO2 eq kg CO2 eq kg CFC-11 eq kg CFC-11 eq kg 1,4-DB eq kg 1,4-DB eq

FUNDAÇÃO 55,96 61,13 2,58E-06 2,62E-06 8,75 3,86

ESTRUTURA 109,31 125,67 5,97E-06 6,09E-06 27,58 16,59

VEDAÇÃO 81,15 82,55 6,66E-06 6,88E-06 8,66 2,61

COBERTURA 48,59 48,41 2,43E-06 2,58E-06 70,95 65,23

ESQUADRIAS 6,73 11,27 8,26E-07 9,00E-07 38,45 1,71

REVESTIMENTO 22,65 22,60 2,67E-06 2,74E-06 5,08 1,56

Verifica-se nos resultados que apesar de existir ligeira mudança de valores esses não

alteram o ranqueamento dos sistemas nas categorias, ou seja, os sistemas mais contributivos

permanecem os mesmos em ambas as metodologias de AICV.

Os resultados para as categorias de Mudanças Climáticas e Depleção do Ozônio

mostram-se bastantes consistentes, isso demonstra que independente da metodologia de AICV

aplicada os sistemas de Superestrutura e de Vedação permanecem sendo os maiores

contribuintes para cada categoria respectivamente.

A categoria de Toxicidade Humana foi a que apresentou maior variação, ainda que o

sistema mais significativo tenha permanecido o mesmo. Isso se deve ao fato de que cada um

dos métodos de AICV avalia a Toxicidade Humana utilizando-se de abordagens diferentes, ou

seja, considerando diferentes substâncias na sua caracterização.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100

Aquecimento

Global (CML)

(GWP100)

Mudanças

Climáticas

(ReCiPe)

Depleção do

Ozônio (CML)

Depleção do

Ozônio

(ReCiPe)

Toxicidade

Humana (CML)

Toxicidade

Humana

(ReCiPe)

Va

lor

No

rma

liza

do

(%

)

FUNDAÇÃO-BR SUPERESTRUTURA - BR VEDAÇÃO - BR

COBERTURA - BR ESQUADRIAS - BR REVESTIMENTO - BR

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

100

No estudo de sensibilidade realizado por Bueno (2014), os resultados se mostraram

mais sensíveis a essa escolha do método de AICV do que neste.

4.3 Análise de Incerteza

A análise de incerteza dos resultados foi realizada a partir da técnica de Monte Carlo,

integrada ao software SimaPro, baseada nos valores de desvio padrão relativo calculado para

cada material inventariado. A Figura 39 apresenta para cada categoria a margem de incerteza

absoluta, as linhas verticais indicam o intervalo de confiança de 95%.

Figura 39 – Análise de incerteza onde o coeficiente de variação foi estimado utilizando a combinação

Matriz Pedigree com a simulação Monte Carlo (1000 interações; 95% de confiança).

Analisando-se os resultados associados às incertezas absolutas envolvidas nos

sistemas e processos pode-se afirmar que é alto o grau de incerteza para este estudo e verifica-

se que a maior incerteza está associada ao sistema de Cobertura e Vedação, visto que tiveram

seus processos modelados simplificadamente.

Para categorias mais consolidadas, como Mudanças Climáticas, o grau de incerteza é

relativamente menor, devido a adoção do mesmo indicador do IPCC no cálculo do potencial

de aquecimento global (GWP), diferentemente do que se observa em outras categorias, nas

quais a modelagem para quantificar os impactos decorrentes das emissões ainda precisam de

maior aprofundamento, nas quais o grau de incerteza é maior (HAUSCHILD, et al., 2013).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

160%

180%

200%

Mudanças

Climáticas

Depleção do

Ozônio

Toxicidade

Humana

Formação de

Material

Particulado

Depleção da

Água

Depleção de

Metais

Depleção

Fóssil

FUNDAÇÃO-BR ESTRUTURA - BR VEDAÇÃO - BR

COBERTURA - BR ESQUADRIAS - BR REVESTIMENTO - BR

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

101

4.4 Interpretação do ciclo de vida

a) Identificação das questões significativas

A comparação de cenários em relação à destinação final dos resíduos do edifício

(Figura 21) demonstrou uma pequena influência, menor que 10%, nos potenciais impactos

gerados em todas as categorias. Porém vale ressaltar que, a despeito desse resultado, o

software não analisa outros aspectos importantes, tais como: paisagem urbana e destinação

inadequada de resíduos.

O cenário de reaproveitamento dos resíduos para a produção de tijolos RCD (C3),

apresenta-se como uma alternativa adequada para a redução de volume de resíduo a ser

descartado, melhorando a paisagem urbana, reduzindo a ocupação do solo para esse descarte e

minimizando os riscos a saúde humana que os aterros podem provocar.

Os resultados da análise de contribuição dos sistemas em cada categoria de impacto

(Figura 22) indicam que a Superestrutura é o sistema que apresenta maior contribuição em

quatro das sete categorias analisadas: Mudanças Climáticas, Formação de Material

Particulado, Depleção da Água e Depleção Fóssil. Em seguida, tem-se o sistema de

Cobertura, que apresenta maior potencial de impacto nas categorias de Depleção de Metais e

Toxicidade Humana e, por fim, o sistema de Vedação apresenta maior potencial de impacto

na categoria de Depleção do Ozônio.

A análise de contribuição em cada sistema identificou os processos que estão

diretamente ligados aos potenciais impactos ambientais de cada sistema. No sistema de

Superestrutura, os impactos estão associados, principalmente, aos processos de fabricação de

clínquer na categoria de Mudanças Climáticas, ao processo de produção de fôrmas de

madeira, que durante a fase de serragem e produção das toras apresentam alto potencial de

impacto na categoria de Formação de Material Particulado, à fabricação do concreto na

categoria de Depleção da Água e ao consumo de carvão mineral nos processos de fabricação

de clínquer e de ferro gusa, na categoria de Depleção Fóssil.

No sistema de Cobertura, a análise de contribuição demonstrou que a produção do

zinco para telhas metálicas foi o processo com maior potencial de impacto, devido às grandes

quantidades de emissões de substâncias tóxicas para o ar e devido à extração de recursos

minerais, o que gera impactos nas categorias de Toxicidade Humana e Depleção de Metais.

Esses impactos ligados à produção de aço podem ser reduzidos se for considerada a

reciclagem na produção do zinco, reduzindo a necessidade de novas extrações.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

102

A análise de contribuição do sistema de Vedação indicou que a extração de petróleo

foi o processo com maior potencial de impacto para a categoria de Depleção do Ozônio, isso

por que neste processo são utilizados gases halons que apresentam alto potencial de destruição

da camada de ozônio. Considerando que esses gases são proibidos no Brasil este resultado

não pode ser considerado verdadeiro para a realidade brasileira, sendo indicada a modelagem

deste processo considerando dados regionais.

Os sistemas de Esquadrias, Revestimentos e Fundação, apresentaram uma pequena

influência nos impactos totais do edifício, em todas das categorias.

b) Avaliação do estudo

O presente estudo foi avaliado de acordo com a norma NBR 14044 (2009b) pela

verificação de sua completeza, sensibilidade e consistência.

Os dados primários do inventário foram coletados a partir da análise de planilhas de

execução e conferidos com o responsável pela obra. O critério de corte estabelecido fez um

recorte nos materiais mais significativos em termos de massa para cada sistema analisado,

tendo sido considerado apenas os materiais cuja proporção em massa fosse maior que 0,1%.

Para a modelagem utilizou-se de dados secundários, internacionalmente reconhecidos e

aceitos, do banco de dados Ecoinvent.

A análise de sensibilidade aplicada ao parâmetro transporte permitiu verificar a

sensibilidade das categorias de impacto para variações de distância de transporte. As

categorias de Depleção do Ozônio, Depleção Fóssil, Mudanças Climáticas e Formação de

Material Particulado se mostraram mais sensíveis ao aumento das distâncias. Isso por que

essas categorias estão ligadas diretamente a queima de combustíveis fósseis, e aumentando-se

as distâncias de transporte consequentemente aumentam-se as emissões de CO2.

A sensibilidade dos resultados quanto à escolha da metodologia AICV, também foi

verificada alterando-se a simulação do método ReciPe para CML Baseline, analisando as

categorias de ponto médio comuns em ambos os métodos. Os resultados demonstraram

consistência e, em ambos, não houve variação das contribuições dos sistemas nas categorias

analisadas. A maior variação encontrada foi em Toxicidade Humana, na qual houve aumento

nas emissões do sistema de Esquadrias.

Quanto à consistência dos dados, a análise de incerteza demonstrou alto grau de

incerteza para os sistemas de Cobertura e Vedação, para os quais foram assumidas

modelagens simplificadas. A simplificação foi adotada devido à ausência de inventários, o

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

103

que indica a necessidade da construção dessa documentação para aplicação em estudos de

ACV.

É importante destacar que todos os dados de inventário do estudo foram extraídos da

base de dados Ecoinvent, a qual é composta por dados majoritariamente coletados para a

realidade europeia. Isso também confere grau de incerteza quanto à sua aplicação a um

cenário brasileiro.

c) Conclusões, Limitações e Recomendações

Apesar dos resultados indicarem o sistema de Superestrutura como o que apresenta

maior potencial de impacto ambiental na maioria das categorias, as incertezas envolvidas no

estudo demonstram que essa afirmativa só pode ser confirmada para a categoria de Formação

de Material Particulado, pois para as demais categorias as incertezas podem alterar o

ranqueamento dos sistemas nos resultados finais.

Quanto à análise de contribuição dos processos conclui-se que os processos de

fabricação do clínquer e produção do aço são altamente contributivos nas categorias de

impacto. Para o primeiro, devem ser investigadas alternativas menos impactantes em

substituição ao clínquer ou materiais que usam menos clínquer e, para o segundo, deve-se

considerar a reciclagem do aço no ciclo de vida.

A principal limitação do estudo está na inexistência de metodologias de AICV e base

de dados de inventário desenvolvidos para a realidade brasileira, o que confere ao estudo

incertezas quanto à sua aplicação nacional.

Recomenda-se a elaboração de um inventário específico para telhas termoacústicas,

já que o processo de fabricação destas se mostrou altamente impactante nas categorias de

Toxicidade Humana e Depleção de Metais. Este material foi modelado de forma simplificada

e, portanto, para verificar o seu real potencial de impacto, deve-se modela-lo por completo.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

104

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentados os resultados do estudo de ACV realizado para os principais sistemas

construtivos, neste capítulo apresentam-se as contribuições deste estudo para o tema de

Avaliação do Ciclo de Vida – ACV em edificações.

Esta pesquisa permitiu concluir que a ACV é uma metodologia adequada para

avaliação ambiental quantitativa de materiais e sistemas construtivos, porém sua

complexidade de aplicação, ausência de informações regionalizadas e, principalmente,

inexistência de uma metodologia adequada para análise no Brasil, são fatores que limitam o

uso e a popularização desta metodologia.

Os principais gargalos quanto à ausência de informações foram verificados na fase

de modelagem no sistema Simapro, pois os materiais referentes à argamassas de

assentamento, chapisco e emboço, telha termoacústica, porcelanato, granilite e esquadrias de

alumínio não foram localizados no banco de dados Ecoinvent, e por esse motivo, tiveram que

ser modelados simplificadamente a partir dos materiais primários que os compõem.

Isso demonstra a necessidade urgente de elaboração de um banco de dados brasileiro,

pois além da inexistência desses materiais citados, os materiais existentes foram modelados

considerando os processos europeus de fabricação e, portanto, podem apresentam algumas

divergências em relação aos brasileiros.

Outra dificuldade foi quanto à escolha da metodologia de AICV, uma vez que,

também, não existe um consenso sobre a mais adequada a ser utilizada em estudos

desenvolvidos para a realidade brasileira.

Expostos esses motivos acredita-se que este trabalho contribuiu para demonstrar que

apesar das limitações é possível desenvolver estudos de ACV aplicados a sistemas

construtivos de edifícios e, principalmente, para a divulgação desta metodologia no contexto

geográfico de Mato Grosso no âmbito da construção civil.

Mesmo que as incertezas envolvidas no estudo tenham sido altas, esta pesquisa

possibilitou depreender resultados importantes para que a indústria da construção civil possa

melhorar seus processos e produtos.

Este estudo corroborou com resultados anteriormente verificados que apontam como

caminho o desenvolvimento de produtos cimentícios com menor uso de clínquer ou

substituição desse produto e o reaproveitamento do aço, como alternativas para redução dos

potenciais impactos ambientais.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

105

5.1 Recomendações de trabalhos futuros

Como recomendações para trabalhos futuros sugerem-se:

Elaboração do inventário do ciclo de vida das telhas termoacústicas, com isolamento

de poliestireno (EPS), para a realidade brasileira;

Elaboração da modelagem do processo de extração do petróleo brasileiro, já que no

país não são utilizados gases halons, verificados na modelagem do produto da base de dados

Ecoinvent;

Investigação do ciclo de vida completo da edificação, incluindo as fases de uso e

descarte final.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

106

REFERÊNCIAS

ALSHAMRANI, S. O.; GALAL, K.; ALKASS, S. Integrated LCA-LEED sustainability

assessment model for structure and envelope systems of school buildings. Building and

Environment 80 (2014) 61-70.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR ISO 14040: Avaliação do

Ciclo de Vida: princípios e estrutura. Rio de Janeiro, 2009a.

______. NBR ISO 14044: Gestão Ambiental - Avaliação do Ciclo de Vida: requisitos e

orientações. Rio de Janeiro, 2009b.

______. NBR 15575-1 Edificações habitacionais - Desempenho - Parte 1: Requisitos gerais.

Rio de janeiro, 2013.

______. NBR ISO 14001: sistemas de gestão ambiental - requisitos com orientações para

uso. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR ISO 14025: Rótulos e declarações ambientais - Declarações ambientais de

Tipo III. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONSTRUÇÃO METÁLICA (ABCEM). Manual

Técnico: Telhas de Aço. 2009. Disponível em:

<http://www.abcem.org.br/upfiles/arquivos/publicacoes/manual-de-telhas.pdf>. Acessado em:

maio 2016.

BASSOI, J.; GUAZELLI, M. R. Controle ambiental da água. In: PHILIPPI, JR. A.;

ROMERO, M. A.; BRUNA, G. C. (Org.) Curso de gestão ambiental. Barueri: Manole, 2004.

Cap. 3

BENEDET JUNIOR, G. Avaliação de incertezas em inventários do ciclo de vida. Dissertação

(Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2007.

BESSA, V. M. T. Constribuição à metodologia de avaliação das emissões de dioxido de

carbono no ciclo de vida das fachadas de edificios de escritórios. 2010. Tesse (Doutorado).

Departamento de Engenharia de Construção Civil, Universidade de São Paulo. São Paulo,

2010.

BLUMENSCHEIN, R. N. A Sustentabilidade na Cadeia Produtiva da Indústria da

Construção. 2004. Tese (Doutorado). Centro de Desenvovlimento Sustentável, Universidade

de Brasília. Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia (MME). Balanço Energético Nacional. Brasília,

2014a. Disponível em:<https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2014 .aspx>. Acessado

em: jun. 2015.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instrução Normativa 01 de 19

de janeiro de 2010. Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de

bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e

fundacional e dá outras providências. Brasília, DF. 2010.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

107

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instrução Normativa 02 de 4 de

junho de 2014. Dispõe sobre regras para a aquisição ou locação de máquinas e aparelhos

consumidores de energia pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional,

e uso da Etiqueta Nacional de Conservação d Energia (ENCE) nos projetos e respectivas

edificações públicas federais novas ou que recebam rerofit. Brasília, DF. 2014b.

BRUNDTLAND, G. H. Our common Future: The world commission on environment and

Development. Oxford. Oxford University Press. 398 pp. 1987. Disponível em:

<https://ambiente.files.wordpress.com/2011/03/brundtland-report-our-common-future.pdf>.

Acessado em: jul. 2015.

BUENO, C. Avaliação de desempenho ambiental de edificações habitacionais: Análise

comparativa dos sistemas de certificação no contexto brasileiro. 2010. Dissertação

(Mestrado). Instituto de arquitetura e urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo,

2010.

______. Avaliação do Ciclo de Vida na Construção Civil: Análise de Sensibilidade. 2014.

Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. São Carlos, 2014.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da

Construção Civil (SINAPI). Tabela de custos de composições analítica. 2016. Disponível

em: < http://www.caixa.gov.br/poder-publico/apoio-poder-

publico/sinapi/Paginas/default.aspx>. Acessado em: fev. 2016.

CAIXA SEGURADORA. O tripé da sustentabilidade está se sustentando. Disponível em:

<http://www.cuidardofuturo.com.br/artigos/o-tripe-sustentabilidade-esta-se-sustentando>.

Acessado em: abr. 2015.

CALDEIRA-PIRES, A.; SOUZA-PAULA, M. C. de.; VILLAS BÔAS, R.C. A Avaliação do

Ciclo de Vida: a ISO 14040 na América Latina. Brasília: Abipti, 2005.

CALLEJAS, I. J. A.; DURANTE, L. C.; SILVA, R. A. F.; OLIVEIRA, A. S. Desempenho

termo energético de paredes de blocos de resíduos de construção e demolição. In: ENTAC

2014 - XV Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. 2014, Maceió.

Anais... Maceió: ENTAC, 2014.

CAMPOS, F. H. A. Análise do ciclo de vida na construção civil: um estudo comparativo

entre vedações estruturaisem painéis pré-moldados e alvenaria em blocos de concreto.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2012.

CARDOSO. P. F. Sistemas de certificação ambiental de edificações habitacionais e

possibilidades de aplicação da Avaliação do ciclo de vida. 2015. Dissertação (Mestrado) -

Universidade de São Paulo. São Carlos, 2015.

CARMINATTI JÚNIOR, R. Análise do ciclo de vida energético de projeto de habitação

de interesse social concebido em light steel framing. Dissertação (Mestrado) - Universidade

Federal de São Carlos - UFSCar. São Carlos, 2012.

CARVALHO, M. B. M. de. Avaliação do Ciclo de Vida: Ferramenta do Pensamento

Sistêmico. Resenha: Avaliação do Ciclo de Vida a ISO 14040 na América Latina.. - Brasília,

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

108

v.1 n.1 de 2010a. Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/

sust/article/view/736/452>. Acessado em: maio 2015.

______. Entrevista Armando Caldeira Pires. Sustentabilidade em Debate. - Brasília, v.1

n.1 p. 127-129. 2010b - Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php

/sust/article/view/737/453>. Acessado em: maio 2015.

CAVALCANTI, E. Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida. In: VII

WORKSHOP INTERNACIONAL DE ACV DO INMETRO. 2012. Disponível em:

<http://www.inmetro.gov.br/download/wac/painel_4/wac_15_05.pdf>. Acessado em: maio

2015.

CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE. Nosso Trabalho. 2016. Disponível em:

<http://sustentabilidade.sebrae.com.br/Sustentabilidade/Nosso-trabalho/Nosso-trabalho>.

Acessado em: maio 2016.

CERÂMICA SANTO ANDRÉ. Disponível em:

<http://www.gruposantoandre.com.br/c_santo_Andre/produtos.html>. Acessado em: abril

2016.

CHEHEBE, J. R. B. Análise do ciclo de vida de produtos: ferramenta gerencial da ISO

14000. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

CIB Conseil International du Bâtiment. Agenda 21 on sustainable construction for

developing countries – a discussion document. CIB & UNEP-ITEC. ISBN 0-7988-5540-1,

2002.

CIRAIG International Reference Centre for the Life Cycle of Products, Processes and

Services. Disponível em: <http://www.ciraig.org/. http://www.ciraig.org/en/lca.php>

Acessado em: abr. 2015.

COMMISSION OF THE EUROPEAN COMUNITIES. Thematic Strategy on the

sustainable use of natural resources. Commission of the European Comunities.

2005. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=

CELEX:52005SC1683>. Acessado em: maio 2015.

CONDEIXA K. M. S. P. Comparação entre Materiais da Construção Civil através da

Avaliação do Ciclo de Vida: Sistema Drywall e Alvenaria de Vedação. Dissertação

(Mestrado) - Universidade Federal Fluminence. Niterói, 2013.

CONMETRO. Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Resolução nº 3, de 22 de

abril de 2010a. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/legislacao/resc/pdf

/RESC000234.pdf>. Acessado em: mar. 2015.

CONMETRO. Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Resolução nº 04, de 15 de

dezembro de 2010b. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/legislacao

/resc/pdf/RESC000236.pdf>. Acessado em: mar. 2015.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

109

CORAZZA, R. I. Tecnologia e Meio Ambiente no Debate sobre os Limites do

Crescimento: Notas à Luz de Contribuições Selecionadas de Georgescu-Rogen. Revista

EconomiA. V.6, n.2, p.435-461, Jul/Dez. 2005. Disponível em:

<http://www.anpec.org.br/revista/vol6/vol6n2p435_461.pdf> Acessado em: maio 2016.

COSTA, K. A. A utilização da avaliação do ciclo de vida no processo de tomada de

decisão em sustentabilidade na indústria da construção no subsetor de edificações. Tese

(Doutorado) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2012 (a).

COSTA, R. V. G. da. Taxa de geração de resíduos da construção civil em edificações na

cidade de João Pessoa. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. João

Pessoa, 2012 (b).

CUELLAR-FRANCA. R. M.; AZAPAGIC. A. Environmental impacts of the UK residential

sector: Life cycle assessment of houses. Building and Environment. V.54 86-99. 2012.

DEEKE, V. Materiais convencionais utilizados na construção civil e emissão de co2:

estudo de caso de um edifício educacional da UTFPR. Dissertação (Mestrado) - Universidade

Tecnologica Federal do Paraná. Curitiba, 2009.

DEGANI, C. M.; CARDOSO, F. F. A sustentabilidade ao longo do ciclo de vida de

edifícios: a importância da etapa de projeto arquitetônico. In: NUTAU 2002 –

Sustentabilidade, Arquitetura e Desenho Urbano. Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da

Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São

Paulo. São Paulo, 2002.

DEGANI, C. M. Modelo de gerenciamento da sustentabilidade de facilidades

construídas. São Paulo, Tese (Doutorado) - Escola Politécnica de Universidade de São Paulo.

São Paulo, 2010.

ECOINVENT. Ecoinvent Centre. 2015. Disponível em: <http://www.ecoinvent.org>.

Acessado em: maio 2015.

EUROPEAN COMMISSION: JOINT RESEARCH CENTER OF THE (EC-JRC).

International Reference Life Cycle Data System (ILCD) Handbook - General guide for

life cycle assessment - Detailed guidance. 2010a.

______. International Reference Life Cycle Data System (ILCD) Handbook General

guide for Cycle Assessment - Detailed Guidance. Tradução Luiz Marcos Vasconcelos, 2010b.

FERREIRA, S. R. L. O pensamento do ciclo de vidacomo suporte à gestão dos resíduos

sólidos da construção e demolição: exemplo no Distrito Federal e estudos de casos de

sucessos no Brasil e no exterior. 2009. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Brasília.

Brasília, 2009.

GAION, P. P. Diretrizes de planejamento e projeto urbano sustentável de campi

universitários: o caso da IFSCar. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São

Carlos. São Carlos, 2013.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

110

GBC GREEN BUILDING COUNCIL. Empreendimentos registrados e certificados.

Disponível em: <http://www.gbcbrasil.org.br/empreendimentos-leed.php>. Acessado em: jul.

2015.

GOEDKOOP, M. et al. ReCiPe 2008: A life cycle impact assessment method which

comprises harmonized category indicators at the midpoint and the endpoint level. Frist

edition. Report I: Characterisation. 2009.

GOEDKOOP, M. et al. ReCiPe 8. A life cycle impact assessment method which comprises

harmonised category indicators at the midpoint and the endpoint level. ReportI:

Characterisation 2013.

GUINÉE, J. B. et al. Handbook on life cycle asssessment – operation guide to the ISO

standars - part 2B: operational anne. Dordrecht: Academic, 2001.

GUINÉ J. B. et al. Life Cycle Assessment: Past, Present, and Future. Environmental Science

& Technology. 2011 . 45 (1). Vols. 90-96.

GUINÉE, J. B. (eindredacteur), et al. Levenscyclusanalyse: De ISO -normen uitgewerkt in

een praktijkgerichte Handleiding. VROM. 2002.

HAUSCHILD, M. Z.; WENZEL, H. Environmental assessment of products. Vol 2 –

Scientific backgrouns, Chapman & Hall, United Kingdom, Kluwer Academic Publishers,

Hingham, MA. USA. 1998.

HAUSCHILD, M.; JESWIET, J.; ALTING, L. From life cycle assessment to sustainable

production: status and perspectives. CIRP Annals-Manufacturing Technology, v. 54, n. 2,

p. 1-21, 2005.

HENRIQUES, A. C. R. Metodologia para cálculo das emissões de gases de efeito de estufa

associadas a edificios. Dissertação (Mestrado) - Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa,

Portugal, 2008.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Anual da Indústria da

Construção. 2012. Disponível em: <www.cbicdados.com.br/media/anexos /PAIC2012.pdf>.

Acessado em: 05 mar. 2015.

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Avaliação do Ciclo de

Vida. Disponível em: <http://acv.ibict.br>. Acessado em: jul 2015.

IEA ANNEX 31-ENERGY RELATED ENVIRONMENTAL IMPACT OF BUILDINGS.

Environmental Framework. 2004. Disponível em:

<http://www.ecbcs.org/annexes/annex31.htm>. Acessado em: maio 2015.

INVIDIATA, A.; LIBRELOTTO, L.; GUTHS, S. Impacto Ambiental no Ciclo de Vida do

Alumínio na Construção Civil. In: ENTAC 2014 - XV Encontro Nacional de Tecnologia do

Ambiente Construído. 2014, Maceió. Anais... Maceió: ENTAC, 2014.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

111

IPCC. Summary for policymarkers. In: Solomon, S.; QIN, D.; MANNING, M.; ENHEN, Z.;

MARQUIS, M. AVERYT, K. B.; TIGNOR, M.; MILLER, H. L. Climate Change 2007: The

physical science basis. Contribuition of working Group I to the Fourth Assessment Report of

the Intergovernmental Panel on Climate Change (eds.) Cambridge University Press,

Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA. P. 2-18, 2007.

JACOMEL, B.; RODRIGUEZ C. M. T.; SILVA F. L. Sustentabilidade ambiental e

Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de produtos: estudo comparativo entre duas

embalagens. In: XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador. BA, 2013.

JENSEN, A. A.; HOFFMAN, L.; MÜLLER, B. T.; SCHMIDT, A.; CHRISTIANSEN, K.;

ELKINGTON, J.; VAN DIJK, F. Life Cycle Assessment: A guide to approaches,

experiences and information sources. Copenhagen: European Environment Agency, 1997.

JHON, V. M. Reciclagem de residuos na construção civil: Constribuição para

metodologia de pesquisa e desenvolvimento. Tese (Livre Docência) - Universidade de São

Paulo. São Paulo, 2000.

JOHN, V.M. Trabalho apresentado no Seminário de Construção Sustentável da FGV.

São Paulo, 21 de junho de 2005. Disponível em:

<http://www.ces.fgvsp.br/arquivos/Moacyr_John.pdf.>. Acessado em: maio 2015.

JOLLIET, O. et al. IMPACT 2002+: A new life cycle impact assessment methodology. The

Internatinal Journal of Life Cycle Assessment. V.8, n. 6, p. 324-330. 2003.

KUHN, E. A. Avaliação da sustentabilidade ambiental do protótipo de habitação de

interesse social Alvorada. Dissertação (Mestrado) - Unversidade Federal do Rio Grande do

Sul. Porto Alegre, 2006.

LOBO, F. H. R. Inventário de emissão equivalente de dióxido de carbono e energia

embutida na omposição de serviços em obras públicas: estudo de caso no estado do

Paraná. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2010.

LOPES, G. A. Avaliação do Ciclo de Vida de dois materiais de isolamento utilizados na

construção civil: o poliestireno expandido e o aglomerado de cortiça expandida. Dissertação

(Mestrado) - Universidade do Porto. Porto, 2011.

LUZ, L. M. da. Proposta de modelo para avaliar a constribuição dos indicadores obtidos

na análise do ciclo de vida sobre a ageração de inovação na insdustria. Dissertação

(Mestrado) - Universidade Tecnologica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2011.

MACEDO, D. B. G. Metodologia de avaliação do ciclo de vida de sistemas construtivos:

aplicação em um sistema estruturado em aço. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de

Minas Gerais. Belo Horizonte, 2011.

MALMQVIST, T., GLAUMANN, M. Selecting problem-related environmental indicators for

housing management. Build Res Inform, v.34, n.4, p.321-333, 2006. Disponível

em:<http://ecoeffect.se/BRI%2034=4%20Malmqvist%20Glaumann.pdf>. Acessado em: maio

2015.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

112

MENDES. N. C. Métodos e modelos de caracterização para a Avaliação de Impacto do

Ciclo de Vida: análise e subsídios para a aplicação no Brasil. Dissertação (Mestrado) -

Universidade de São Paulo. São Carlos. 2013.

MIYAZATO, T.; OLIVEIRA, C. T. A. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): aplicações e

limitações no setor da construção civil. In: ELECS – V Encontro Nacional e III Encontro

Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis, 2009, Recife. Disponível

em: 112R112R://www.elecs2013.ufpr.br/wp-content/uploads/anais/2009

/2009_artigo_049.PDF. Acesso em: 03 mar. 2015.

MMA - Ministério de Meio Ambiente. Agenda Ambiental na Administração Pública.

2009. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80063/

cartilha%20completa%20A3P_.pdf>. Acessado em: mar. 2015.

NABUT NETO, A. C. Energia Incorporada e emissões de CO2 de Fachadas: Estudo de

Caso do Steel Frame para Utilização em Brasília. Dissertação (Mestrado) - Universidade de

Brasília. Brasília. 2011.

NASCIMENTO, M. A. Metodologia de levantamento energético com base na análise do

ciclo de vida na construção civil: estudo de caso no Centro Interdisciplinar de Energia e

Ambiente da Universidade Federal da Bahia. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de

Bahia. Salvador, 2011.

OLIVEIRA, F. R. M. Integração de indicadores de desempenho técnico-funcional,

ambiental e econômico de sistemas estruturais verticais em concreto. Tese (Doutorado) -

Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2013.

ORTIZ, O.; CASTELLS, F.; SONNEMANN, G. Sustainability in the construction

industry: A review of recent developments based on LCA. Construction and building

materials 23. 28-39. 2009

PASSUELLO, A. C. B. Aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida em Embalagens

Descartáveis para Frutas: Estudo de Caso. 2007. Dissertação (Mestrado) - Universidade

Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007.

PAULSEN, J.S.; SPOSTO, R.M. A life cycle energy analysis of social housing in Brasil:

Case study for the program “My house my file”. Building and Buildings 57 95-102. 2013.

PE INTERNATIONAL. Sustainability performance. 2015. Disponível em: <http://www.pe-

international.com/software/>. Acessado em: abr. 2015.

PINI INFRA ESTRUTURA URBANA. Equipamentos Públicos – Arena Pantanal. 2013.

Disponível em: <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas /27/arena-pantanal-

estadio-de-r-5189-milhoes-que-abrigara-288501-1.aspx>

Acessado em: jul. 2015.

PINTO, T. de P. (Coord.). Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil: a

experiência do Sinduscon-SP. São Paulo: Sinduscon-SP, 2005.

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

113

PLANALTO. A história das COPs. As conferências da ONU sobre clima realizadas de 1995

a 2009. Disponível em:<http://blog.planalto.gov.br/wp-

content/uploads/2009/12/conferencias_anteriores_final2.swf> Acessado em: maio 2016.

PROTOCOLO DE KYOTO. Conferências sobre Meio Ambiente. Disponível em: <

http://protocolo-de-kyoto.info/conferencias-sobre-meio-ambiente.html>. Acessado em: jul.

2015.

RESENDE, E. C. S. P. de. A ecorreabilitação e a Avaliação do ciclo de vida das

edificações. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal Fluminense. Niterói. 2011.

REZA, B.; SADIQ, R.; HEWAGE, K. Emergy-Based Life Cycle Assessment (Em-LCA) of

Multi-Unit and Single-Family Residential Buildings in Canada. 2014, Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1016/j.ijsbe.2014.09.001>. Acessado em: dez. 2015.

ROAF, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. Tradução: Alexandre Salvaterra.

4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 456p.

RODRIGUES, C. R. B. et al. Sistemas computacionais de apoio a ferramenta análise de

ciclo de vida do produto (ACV). In: XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de

Produção. Rio de Janeiro, 2008.

ROSSI, E. Avaliação do ciclo de vida da brita para a construção civil: estudo de caso.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2013.

ROTHROCK, H. Sustainable housing: Emergy evaluation of an off-grid residence.

Energy and Buildings 85 (2014) 287–292.

SAADE, M. R. M. Influencia da alocação de impactos na indústria siderúrgica sobre a

avaliação de ciclo de vida de cimentos. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de

Campinas. Campinas, 2013.

SÃO PAULO. Emissões no Setor de Refrigeração e Ar Condicionado. Relatórios de

Referência: Processos Industriais e Uso de Produtos. 1° Inventário de Emissões Antrópicas

de Gases de Efeito Estufa Diretos e Indiretos do Estado de São Paulo. São Paulo:

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, 2011.

SANSÃO, J. H. Análise ambiental de alvenarias em bloco. Dissertação (Mestrado) -

Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2011.

SANTOS, M. F. N. dos. Análise dos impactos na construção civil: Avaliação do ciclo de

vida em chapas de partículas para forros. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual

Paulista. Bauru, 2010.

SCHENCK, R. Introduction to Life Cycle Assessment: Scoping and Inventory.US EPA

Region X. 2009

SEVERO, E. M. F.; CARVALHO FILHO, A. C.; SOUSA H. J. C. Comparativo das

principais ferramentas para avaliação do ciclo de vida de edificações. In: CONGRESSO

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

114

BRASILEIRO EM GESTÃO DO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS E SERVIÇOS, 2012,

Maringá. Anais... Maringá, 2012.

SOCIETY OF ENVIRONMENTAL TOXICOLOGY AND CHEMISTRY. A Technical

Framework for Life Cycle Assessment. Workshop report from the Smugglers Notch.

Vermont, USA: SETAC, 1991.

SILVA, D. A. L. Avaliação do Ciclo de Vida da Produção do Painel de Madeira MDP no

Brasil. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo. São Carlos, 2012a.

SILVA, L. P. da. Análise do ciclo de vida energético de habitações de interesse social.

2012. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

2012b.

SILVA, B. V. Construção de ferramenta para avaliação do ciclo de vida de edificações.

Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013.

SILVA, V. G. Avaliação da sustentabilidade de edificios de escritórios brasileiros:

diretrizes e base metodológica. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo. São Paulo, 2003.

SRINIVASAN, R. S. et al. Comparison of energy-based indicators used in life cycle

assessment tools for buildings. Building and Environment 79 (2014) 138-151.

SOARES, S. B.; SOUZA, D. M. de.; PEREIRA, S. W. A avaliação do ciclo de vida no

contexto da construção civil. Construção e Meio Ambiente. Coleção Habitare. v.7. Porto

Alegre: ANTAC, 2006. Disponível em: < http://www.habitare.org.br/Arquivos

Conteudo/ct_7_cap4.pdf>. Acessado em: fev. 2015.

SOARES, S. R. e PEREIRA, S. W. Inventário da produção de pisos e tijolos cerâmicos no

contexto da análise do ciclo de vida. Ambiente Construído, v.4. Porto Alegre: ANTAC,

2004. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/3541>.

Acessado em: fev. 2016.

SOUZA, A. de. Avaliação do ciclo de vida da areia em mineradora de pequeno porte, na

região de São José do Rio Preto - SP. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São

Carlos. São Carlos, 2012.

SUMNER GIANETTI BENINI. A indústria do cimento e seu papel na redução das emissões

CO2. CONCRETOS & CONSTRUÇÕES – N.51, 2008.

TAVARES, S. F. Metodologia de análise do ciclo de vida energético de edificações

residenciais brasileiras. Tese (Doutorado) - Universidade federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 2006.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

115

ANEXO 1 Matriz Pedigree

Fonte:

(CONSULTANTS, 2016)

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

116

ANEXO 2

Incerteza Básica

Fonte: (CONSULTANTS, 2016)

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

117

APÊNDICES

A1 – Diagrama de Redes do Edifício para categoria de Mudanças Climáticas com

corte de 7% para visualização.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

118

A2 – Diagrama de Redes do Edifício para categoria de Depleção do Ozônio com corte

de 10% para visualização.

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

119

A3 – Diagrama de Redes do Edifício para categoria de Toxicidade Humana com corte

de 2% para visualização.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

120

A4 – Diagrama de Redes do Edifício para categoria de Formação de Material

Particulado.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

121

A5 – Diagrama de Redes do Edifício para categoria de Depleção de Metais com corte

de 5% para visualização.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE …200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/261.pdf · Mudanças Climáticas, Formação de Material Particulado, Depleção da Água

122

A6 – Diagrama de Redes do Edifício para categoria de Depleção Fóssil com corte de

10% para visualização.