ministÉrio da educaÇÃo - 200.129.241.80200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/220.pdf ·...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA - FAET PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL - PPGEEA JOSÉ ÁLVARO DA SILVA DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO CAMPUS DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO EM CUIABÁ COMO SUBSÍDIO A UMA PROPOSTA DE USO RACIONAL DE ÁGUA CUIABÁ 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA -

FAET PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL - PPGEEA

JOSÉ ÁLVARO DA SILVA

DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO CAMPUS DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO

GROSSO EM CUIABÁ COMO SUBSÍDIO A UMA PROPOSTA DE USO RACIONAL DE ÁGUA

CUIABÁ 2015

JOSÉ ÁLVARO DA SILVA

DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO CAMPUS DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO

GROSSO EM CUIABÁ COMO SUBSÍDIO A UMA PROPOSTA DE USO RACIONAL DE ÁGUA

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito para obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Tecnologia Ambiental.

Orientadora: Prof.ª Drª Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima

Cuiabá - MT Junho, 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA - FAET

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL - PPGEEA

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO CAMPUS DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO

GROSSO EM CUIABÁ COMO SUBSÍDIO A UMA PROPOSTA DE USO RACIONAL DE ÁGUA

JOSÉ ÁLVARO DA SILVA

Dissertação aprovada em 21 de agosto de 2015

DEDICATÓRIA

À minha mãe, Teutônia Silvana da Silva; meu pai, João Pedro da Silva; meus filhos, Michela

Márcia Camargo da Silva Egues, Rafael Camargo da Silva, Álvaro José Camargo da Silva,

Warley Cesar Ribeiro da Silva, ao meu neto Davi Guilherme da Silva Egues e à minha

companheira Yone Mota Carvalho, que sempre me incentivaram, compreenderam os momentos

de ausência e me serviram de inspiração.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me deu saúde e disposição para realizar as atividades do Programa de

Pós-graduação que aqui se encerra.

À minha orientadora Profª Drª Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima, que contribuiu pelas

disciplinas ministradas e pelas sugestões para a elaboração desta dissertação.

Aos Professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental,

pelas disciplinas ministradas e discussões que contribuíram na elaboração deste trabalho.

Aos Professores membros da Banca externo e interno: Professor Dr. Daniel Costa dos Santos

(UFPR), Profª Drª Gersina Nobre de R. C. Junior (UFMT), Professor Dr. Gilson Alberto Rosa

Lima (UFMT), Profª Drª Margarida Marchetto (UFMT), pelas avaliações e sugestões elencadas

na fase de qualificação e pela participação como membros da banca.

Aos colegas de turma, sempre solidários aos trabalhos em grupo, trocas de informações, debates

e discussões no decorrer das atividades.

À Pró-Reitora de Planejamento Profª Drª Elisabeth Aparecida Mendonça Furtado, pelo apoio,

informações e incentivo dado ao longo do curso.

Aos colegas de trabalho e amigos: Paulino Barros, Ailson Varela, Ivan Gabriel, Márcia

Andrade, Guilherme Moura, Adriano Oliveira, Danilo Frederico, Felipe Matos, Heliara Costa

e Valéria Horth, pelas informações e colaborações prestadas.

Ao meu colega Paschoal Gavazza, companheiro de trabalho e das várias horas de estudos pós-

expediente durante todo o mestrado.

À UFMT

RESUMO

O objetivo geral deste trabalho é elaborar um diagnóstico do sistema de abastecimento de água do Campus da UFMT em Cuiabá para permitir a definição de um novo projeto com base no conceito de uso racional de água, utilizando ações tecnológicas e medidas de conservação. A necessidade de economizar água e preservar os recursos hídricos para as gerações futuras tornou-se uma preocupação global e, por recomendação do Ministério da Educação e do Meio Ambiente, foi elaborado o Plano de Logística Sustentável do Campus (PLS), norteado pela Instrução Normativa nº 10/2012 do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e pelo Manual Verde da Educação para as IFES. Está inserido nesse contexto o sistema de abastecimento de água do Campus. A pesquisa bibliográfica realizada mostra que a preocupação com o uso consciente da água, com a redução das perdas e do consumo é a principal ação para ampliar a capacidade de um sistema de abastecimento de água e garantir a preservação dos recursos hídricos. A metodologia utilizada neste trabalho consiste da elaboração de um diagnóstico do sistema que inclui o levantamento de dados primários, secundários e de uma pesquisa bibliográfica sobre a utilização de peças reguladoras de fluxo e aproveitamento de água de chuvas para embasar a adoção de medidas de conservação e as recomendações do trabalho. Os dados foram organizados, analisados e avaliados para permitir a elaboração de um novo projeto para o sistema de abastecimento de água do campus e de possíveis cenários futuros que poderão ocorrer. O diagnóstico realizado revelou um sistema com um modelo descentralizado, com duas fontes de suprimento de água sendo um manancial superficial (Concessionária) e outro subterrâneo através de quatro poços profundos. A rede de distribuição apresenta vários tipos de materiais, predominando o PVC com 68% e o cimento amianto com 23%, sendo que este com vida útil ultrapassada. A rede apresenta ainda total ausência de cadastro técnico, o que tem provocado constantes rupturas e interrupções no fornecimento de água. A capacidade de reservação instalada é de 1.988,20 m³ e o consumo per capita encontrado é de 60,72 l/hab.dia. Para o novo projeto foi proposto: a manutenção das duas fontes de fornecimento de água; a construção de dois reservatórios centrais para distribuição; a separação do consumo potável do não potável por meio de redes independentes, e a instalação de macro e micro medidores para permitir o balanço hídrico do sistema. Como recomendação, foram propostas, ainda, algumas medidas de conservação como um programa de educação ambiental, um manual de operação e manutenção do sistema, aproveitamento de água de chuva para abastecer vasos e mictórios, aproveitamento da água descartada dos destiladores, dentre outros. Conclui-se que, além das ações tecnológicas e das medidas de conservação recomendadas, é necessário, ainda, a implantação de um Centro de Controle Operacional para monitoramento e controle do consumo, e reforma das instalações elétricas e de automação de todos os recalques individuais existentes. Palavras-chave: Diagnóstico; Uso racional de água; Consumo de água; Medidas de conservação.

ABSTRACT

The aim of this study is to develop a diagnosis of the water supply system of the UFMT campus in Cuiabá to allow the definition of a new project based on the concept of rational use of water, using technological actions and conservation measures. The need to save water and preserve water resources for future generations has become a global concern. Following the recommendation of the Ministry of Education and the Environment, the Campus Sustainable Logistics Plan (PLS) was prepared, guided by the Regulatory Instruction No. 10/2012 of the Ministry of Planning, Budget and Management and by the Green Manual of Education for the IFEs (Federal Institutes of Education). The water supply system of the campus is inserted in this context. The bibliographic research shows that the concern about the conscious use of water, reducing losses and consumption is the main action to expand the capacity of a water supply system and ensure the preservation of water resources. The methodology used in this work consists of the elaboration of a diagnosis of the system, which includes the survey of primary and secondary data, and a bibliographic research on the use of regulatory parts of flow and rain water utilization to support the adoption of conservation measures and the recommendations of the work. Data were organized, analyzed and evaluated to enable the preparation of a new project for the campus water supply system and possible future scenarios that may occur. The diagnosis conducted revealed a system with a decentralized model, with two water supply sources in which one is a superficial source (Supplier) and another one underground through four deep wells. The distribution network has various types of materials, with the predominance of PVC with 68% and asbestos cement with 23%, this one with outdated useful life. The network also shows total lack of technical records, which has led to constant disruptions and interruptions in the water supply. The reserve capacity installed is of 1988.20 cubic meters and the per capita consumption found is 60.72 l / hab.dia. For the new project it was proposed: the maintenance of two sources of water supply; the construction of two main reservoirs for distribution; the separation of drinking and non-drinking water consumption through independent networks installation of macro and micro gauge to allow the water balance of the system. As a recommendation, some conservation measures were proposed such as an environmental education program, a manual for the operation and maintenance of the system, the use of rainwater for toilet flushing and urinals, to reuse water dropped from distillers, among others. We conclude that, in addition to technological actions and conservation measures recommended, it is also necessary to implement an Operational Control Center to monitor and control consumption, and to rewire electrical installations and automation of all existing individual settlements.

Key-words: Diagnosis; Rational use of water; Water consumption; Conservation measures.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Esquema genérico de um sistema de abastecimento de água

Figura 02: Evolução histórica do indicador de perdas na distribuição (%)

Figura 03: Modelo de filtro para ser instalado na coluna de águas pluviais

Figura 04: Modelo de filtro para ser instalado na entrada de reservatório enterrado

Figura 05: Bacia com caixa acoplada dual flux

Figura 06: Bacia com caixa acoplada de duplo fluxo

Figura 07: Modelo de válvula com descarga dupla

Figura 08: Modelo de válvula com descarga dupla

Figura 09: Vaso com caixa de descarga de duplo fluxo

Figura 10: Caixa de descarga com duplo fluxo

Figura 11: Registro de fecho automático para mictório

Figura 12: Mictório com descarga automática

Figura 13: Mictório com descarga sensorizada

Figura 14: Descarga sensorizada

Figura 15: Torneira com fecho automático

Figura 16: Torneira com sensor

Figura 17: Torneira com fecho automático e arejador

Figura 18: Torneira com arejador

Figura 19: Registro regulador de vazão para chuveiro

Figura 20: Ducha com regulador de vazão

Figura 21: Fluxograma metodológico da pesquisa

Figura 22: Mapa de localização da área de estudo

Figura 23: Área de estudo: Campus da UFMT em Cuiabá

Figura 24: Vista geral do Campus Cuiabá em 1973

Figura 25: Vista geral atual do Campus Cuiabá

Figura 26: Fluxograma metodológico para levantamento de dados primários

Figura 27: Fluxograma metodológico para obtenção dos dados secundários

Figura 28: Fluxograma do diagnóstico realizado no sistema de abastecimento de água do

Campus Cuiabá, 2015

Figura 29: Poço da Fundação UNISELVA

Figura 30: Poço do CCBS

Figura 31: Poço do Centro Cultural

Figura 32: Poço do Zoológico

Figura 33: Rede de cimento amianto com vazamento

Figura 34: Rede de cimento amianto encontrado na obra

Figura 35: Lay out da rede de distribuição de água existente no Campus

Figura 36: Reservatório elevado do IE/IL

Figura 37: Reservatórios elevado do ICHS e Geografia

Figura 38: Reservatório elevado da FAMEV

Figura 39 Reservatório elevado do CCA

Figura 40: Sistema de recalque da Cantina do ICHS

Figura 41: Sistema de recalque do Centro Cultural

Figura 42: Sistema de Recalque da FAET

Figura 43: Sistema de recalque do Bloco F

Figura 44: Instalação elétrica recalque da FAET

Figura 45: Instalação elétrica recalque da FAMEV

Figura 46: Banheiro coletivo da FAECC

Figura 47: Torneira lavatório banheiro da FAECC

Figura 48: Banheiro coletivo do CCA

Figura 49 Válvula descarga convencional no CCA

Figura 50: Banheiro coletivo do Bloco Multiuso

Figura 51: Torneira tipo convencional do Bloco Multiuso

Figura 52: Banheiro coletivo do Bloco F

Figura 53: Torneira tipo convencional do Bloco F

Figura 54: População universitária por classe, 2009-2013

Figura 55: População universitária total, 2009-2013

Figura 56: Consumo médio mensal total de água no Campus (m³/mês)

Figura 57: Consumo médio mensal total de água da Concessionária

Figura 58: Consumo médio mensal total de água dos poços

Figura 59: Consumo mensal de água fornecida pela Concessionária, 2013

Figura 60: Fluxograma da proposta do novo sistema de abastecimento de água do Campus

Cuiabá

Figura 61: Imagem de um modelo de filtro de resina catiônica-abrandador de cálcio e

magnésio

Figura 62: Corte do reservatório de concreto setor I e II

Figura 63: Imagem do reservatório de distribuição setor I e II

Figura 64: Fachada 1 reservatório setor I e II

Figura 65: Fachada 2 reservatório setor I e II

Figura 66: Lay out da nova rede de distribuição de água potável do Campus-Plano Diretor

Figura 67: Lay out da nova rede de distribuição de água potável do Campus-Imagem

Figura 68: Lay out rede distribuição água para prevenção e combate a incêndio no Campus-

Plano Diretor

Figura 69: Lay out rede distribuição água para prevenção e combate a incêndio no Campus-

Imagem

Figura 70: Lay out rede de distribuição de água para irrigação, lavagem de veículos e obras

da UFMT-Plano Diretor

Figura 71: Lay out rede de distribuição de água para irrigação, lavagem de veículos e obras

da UFMT-Imagem

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Parâmetros de efluentes para reuso

Quadro 02: Vazão das peças de consumo

Quadro 03: Medidas de combate às perdas

Quadro 04: Características gerais do Campus

Quadro 05: Fontes de dados e tipos de informações levantadas

Quadro 06: Matriz de impacto no consumo de água no Campus para os cenários previstos

Quadro 07: Comparativo de Economia nas peças de consumo

Quadro 08: Comparativo de economia de água a ser gerada na UFMT

Quadro 09: Diretrizes para substituição das peças de consumo na UFMT

Quadro 10: Fonte de fornecimento de água para a UFMT Campus Cuiabá, para a proposta

apresentada

Quadro 11: Matriz de impacto no consumo de água potável para a população de projeto

Quadro 12: Matriz de impacto financeiro no consumo de água potável para a população de

projeto

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Estimativa média dos consumos domésticos

Tabela 02: Estimativa média dos consumos comerciais e industriais

Tabela 03: Índice de perdas dos prestadores de serviços participantes do SNIS no Brasil em

2013.

Tabela 04: Índice de perdas em alguns países, em 2011

Tabela 05: Consumo per capita recomendado pela FUNASA

Tabela 06: Velocidade e vazões máximas em função do diâmetro

Tabela 07: Ligações domiciliares e hidrômetros no Campus da UFMT em Cuiabá

Tabela 08: Consumo mensal oriundo da Concessionária no Campus Cuiabá no período 2009-

2013

Tabela 09: Informações levantadas junto à Prefeitura do Campus sobre os poços existentes no

Campus da UFMT

Tabela 10: Informações levantadas junto ao SIAGAS sobre os poços existentes no Campus

da UFMT

Tabela 11: Rede de distribuição de água existente no Campus

Tabela 12: Sistema de reservação existente no Campus Cuiabá

Tabela 13: Sistemas de recalques existentes no Campus

Tabela 14: Levantamento de peças e equipamentos de consumo existentes no Campus em

2015

Tabela 15: População do Campus Cuiabá, 2009-2013

Tabela 16: Resumo do consumo per capita médio, 2009-2013

Tabela 17: Custo financeiro com água fornecida pela Concessionária, 2009-2013

Tabela 18:Avaliação do custo financeiro com consumo excessivo, 2009-2013

Tabela 19: Custo financeiro se a fonte fosse somente a Concessionária, 2009-2013

Tabela 20: Diferença de consumo per capita em relação às recomendações bibliográficas

Tabela 21: Especificações técnicas da tubulação a ser utilizada para água potável

Tabela 22: Especificações técnicas da tubulação a ser utilizada na rede de incêndio

Tabela 23: Especificações técnicas da tubulação a ser utilizada na rede de irrigação

Tabela 24: Custo anual estimado com consumo de energia nos sistemas de bombeamento

existentes

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnica

ANA: Agência Nacional de Águas

AWWARF: American Water Works Association Research Foundation

CAB CUIABÁ: Companhia de Águas do Brasil em Cuiabá

CCO: Centro de Controle Operacional

CO2: Gás Carbônico

CCBS: Centro de Ciências Biológicas e de Saúde

CEV: Centro de Exames Vestibulares

CCA: Centro de Ciências Agrárias

CCS: Centro de Ciências Sociais

CAS: Coordenação de Assistência Social

CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo

CPF: Coordenação de Planejamento Físico

DAE: Departamento de Água e Esgoto

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio

EPUSP: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

ETA: Estação de Tratamento de Água

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

FAMEV: Faculdade de Medicina Veterinária

FAECC: Faculdade de Administração, Economia e Ciência Contábeis

GPS: Global Positioning System

HOVET: Hospital Veterinário

PEA: Programa de Educação ambiental

IBNET: The international benchmarking network for water and sanitation utilities

IPT: Instituto de Pesquisa Tecnológica

IE: Instituto de Educação

IL: Instituto de Linguagens

ICHS: Instituto de Ciências Humanas e Sociais

IFES: Institutos Federais de Ensino Superior

MS: Ministério da Saúde

MT: Mato Grosso

NBR: Norma Brasileira

ONU: Organização das Nações Unidas

PEAD: Polietileno de Alta Densidade

PLS: Plano de Logística Sustentável

PMSB: Plano Municipal de Saneamento Básico

PNEA: Política Nacional de Educação Ambiental

PPGEEA: Programa de Pós Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental

PNRH: Política Nacional de Recursos Hídricos

PROCEL SANEAR: Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica para

Saneamento

PROSAB: Programa de Pesquisas em Saneamento Básico

PURA: Programa de Uso Racional de Água

PROAD: Pró Reitoria Administrativa

PROPLAN: Pró Reitoria de Planejamento

RU: Restaurante Universitário

Sabesp: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SIAGAS: Sistema de Informações de Águas Subterrâneas

SNIS: Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico

SEMA: Secretaria Especial do Meio Ambiente

STI: Secretaria de Tecnologia de Informação

SINTUF: Sindicato dos Trabalhadores Técnicos da Universidade Federal

UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso

UNEP: United Nations Environment Programme

UFBA: Universidade Federal da Bahia

UFES: Universidade Federal do Espírito Santo

UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura

UNISELVA: Fundação UNISELVA

USP: Universidade de São Paulo

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 6 RESUMO ............................................................................................................................................................... 7 ABSTRACT ........................................................................................................................................................... 8 LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................... 9 LISTA DE QUADROS........................................................................................................................................ 12 LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................... 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................................................ 14 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 15

1.1 Objetivos..................................................................................................................................................... 16

1.1.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................................... 16

1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................................ 19 2.1 Disponibilidade, preservação dos recursos hídricos e Marco Regulatório ................................... 19

2.2 Uso Racional de Água e a Sustentabilidade de um Sistema de Abastecimento ............................ 21

2.2.1 Sistema de abastecimento de água ............................................................................................... 24

2.2.1.1 Alcance do projeto ..................................................................................................................... 25

2.2.1.2 Previsão de crescimento da população .................................................................................... 25

2.2.1.3 Estimativa de consumo ............................................................................................................. 26

2.2.1.4 Consumo per capita .................................................................................................................. 29

2.2.1.5 Dimensionamento das unidades do sistema ............................................................................ 30

2.2.1.5.1 Captação e adução ................................................................................................................ 30

2.2.1.5.2 Vazão de distribuição ........................................................................................................... 31

2.2.1.5.3 Volume de reservação ........................................................................................................... 31

2.2.1.5.4 Sistemas de recalque ............................................................................................................. 32

2.2.1.5.5 Rede de distribuição ............................................................................................................. 34

2.2.1.5.6 Perdas de carga no sistema .................................................................................................. 35

2.2.1.6 Custos com energia em sistemas de bombeamento ................................................................ 35

2.2.2 Monitoramento e controle de consumo e perdas ........................................................................ 36

2.2.3 Aproveitamento de água de chuvas .............................................................................................. 37

2.2.4 Reuso como medida de conservação e redução de consumo ...................................................... 41

2.2.5 Dispositivos de Controle de Fluxo ................................................................................................ 42

2.2.6 Eficiência Hidráulica e Energética ............................................................................................... 47

2.2.6.1 Medidas Gerais de Combate às Perdas de Água e Energia ................................................... 48

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................................ 50 3.1 Área de estudo .................................................................................................................................... 51

3.2 Caracterização do sistema: Diagnóstico ........................................................................................... 53

3.2.1 Dados primários ............................................................................................................................. 54

3.2.1.1 Unidades de Produção .............................................................................................................. 55

3.2.1.2 Rede de distribuição .................................................................................................................. 55

3.2.1.3 Reservação ................................................................................................................................. 56

3.2.1.4 Sistemas de recalques individuais ............................................................................................ 56

3.2.1.5 Peças e equipamentos de consumo ........................................................................................... 56

3.2.2 Dados secundários ......................................................................................................................... 57

3.2.2.1 População do Campus ............................................................................................................... 57

3.2.2.2 Consumo de água no Campus .................................................................................................. 57

3.2.2.3 Custo financeiro com água no Campus ................................................................................... 58

3.2.2.4 Operação e manutenção do sistema ......................................................................................... 58

3.3 Avaliação do consumo de água no Campus ..................................................................................... 59

3.4 Avaliação da potencialidade de utilização de dispositivos de controle de fluxo para redução do consumo ............................................................................................................................................................ 59

3.5 Diretrizes para elaboração da proposta de um novo sistema de abastecimento de água do Campus ............................................................................................................................................................. 59

3.6 Cenários para o sistema de abastecimento de água proposto ........................................................ 60

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................................................... 62 4.1 Diagnóstico do Sistema de Abastecimento de Água ........................................................................ 62

4.1.1 Fontes de abastecimento................................................................................................................ 64

4.1.2 Rede de distribuição ...................................................................................................................... 67

4.1.3 Reservação ...................................................................................................................................... 69

4.1.4 Sistemas de recalques individuais ................................................................................................ 72

4.1.5 Levantamento das peças de consumo ........................................................................................... 75

4.1.6 População do Campus ................................................................................................................... 78

4.1.7 Consumo de água no Campus ...................................................................................................... 79

4.1.7.1 Consumo per capita de água no Campus ................................................................................ 81

4.1.8 Custos com o consumo de água no Campus ................................................................................ 82

4.1.9 Operação e manutenção do sistema ............................................................................................. 83

4.2 Avaliação do consumo de água no Campus ..................................................................................... 84

4.3 Avaliação da potencialidade de utilização de dispositivos de controle de fluxo para redução do consumo ............................................................................................................................................................ 86

4.4 Proposta do Novo Sistema de Abastecimento de Água para o Campus Cuiabá .......................... 88

4.4.1 Alcance do projeto ......................................................................................................................... 91

4.4.2 Projeção de crescimento da população universitária ................................................................. 91

4.4.3 Consumo per capita ....................................................................................................................... 92

4.4.4 Captação ......................................................................................................................................... 93

4.4.5 Adução ............................................................................................................................................ 94

4.4.5.1 Tubulação de recalque do poço CCBS .................................................................................... 94

4.4.5.2 Tubulação de recalque do poço Centro Cultural ................................................................... 94

4.4.5.3 Tubulação de recalque do poço Fundação Uniselva ............................................................... 95

4.4.6 Recalques ........................................................................................................................................ 95

4.4.6.1 Potência da bomba submersa do poço CCBS ......................................................................... 95

4.4.6.2 Potência da bomba submersa do poço Centro Cultural ........................................................ 96

4.4.6.3 Potência da bomba submersa do poço Fundação Uniselva ................................................... 96

4.4.7 Tratamento ..................................................................................................................................... 97

4.4.8 Reservação ...................................................................................................................................... 98

4.4.9 Rede de distribuição .................................................................................................................... 102

4.5 Cenário de impacto no consumo de água potável após as medidas recomendadas .................... 106

4.6 Cenário de impacto financeiro com água potável após as medidas recomendadas ................... 108

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO......................................................................................................... 110 5.1 Recomendações ................................................................................................................................ 110

5.1.1 Implementação de medidas de conservação .............................................................................. 111

5.1.2 Sistemas de recalques individuais .............................................................................................. 111

5.1.3 Implantação do Centro de Controle Operacional ..................................................................... 111

5.1.4 Manual de Operação e Manutenção do Sistema de Abastecimento de Água ......................... 111

5.1.5 Programa de Educação Ambiental ............................................................................................ 112

5.1.7 Outras alternativas para o fornecimento de água potável ....................................................... 113

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 114 6.1 Referências citadas ........................................................................................................................... 114

6.2 Referências consultadas ................................................................................................................... 117

15

1 INTRODUÇÃO

O crescente consumo de água e energia, impulsionado pelo desenvolvimento acelerado

dos países emergentes, vem causando impactos significativos na economia em escala global,

aumentando a preocupação com a preservação dos recursos hídricos e energéticos,

especialmente sua disponibilidade para as gerações futuras. Questões como acesso à energia e

serviços de abastecimento de água fazem parte das necessidades básicas da população. Em

consequência disso, avolumam-se os impactos negativos devido ao mau uso desses recursos,

ocasionados pela ausência de uma gestão eficiente, capaz de visualizar os problemas e buscar

a garantia dos aspectos de sustentabilidade e qualidade da água e de energia fornecida

(GONÇALVES et al, 2009).

Outro aspecto relevante refere-se a mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento

global, com interferência no regime de precipitação pluviométrica, trazendo impacto direto nos

recursos hídricos disponíveis.

Para Gonçalves et al (2009), a redução das perdas físicas diminui o custo de produção,

reduzindo também o consumo de energia elétrica, de produtos químicos e outros, permitindo a

utilização das instalações existentes para aumentar a oferta, sem necessidade de expansão do

sistema como um todo.

Para Tsutiya (2006), cada sistema de abastecimento de água tem diferentes tipos e níveis

de perdas que podem ser definidos a partir de um diagnóstico e da relação custo benefício. O

autor ressalta que um sistema, por melhor que seja construído e operado, não consegue

funcionar com nível de perda zero.

Apesar da importância do tema sustentabilidade para a sociedade, apenas algumas

universidades em todo o mundo estão enfrentando esse desafio (ADOMSSENT et al, 2008,

apud MARINHO, GONÇALVES e KIPERSTOK, 2013).

A USP, como a maior universidade pública do Brasil, firmou interesse pelo tema em

1997, quando assinou um Convênio com a SABESP, assumindo uma cooperação técnica para

o desenvolvimento de ações de Uso Racional de Água. Em 2001, com a instituição do Programa

Estadual de Uso Racional de Água Potável do Estado de São Paulo, a Reitoria dessa

Universidade emitiu uma Portaria estabelecendo as diretrizes para avaliar e gerenciar o uso da

água nas unidades e órgãos da instituição, objetivando a redução do consumo, mediante ações

de caráter tecnológico e comportamental (SILVA, 2004).

A falta de práticas sustentáveis transmite uma ideia para a sociedade de que as

universidades não valorizam e não são capazes de implementar a sustentabilidade (BEKESSY

16

et al, apud MARINHO, GONÇALVES e KIPERSTOK, 2013). Algumas Universidades como

UFBA, USP e UFES têm desenvolvido programas de uso racional de água, porém, estes não

constituem em rotinas contínuas e abrangentes e tal situação tem sido discutida pelos autores.

Assim, o Governo Federal, com o objetivo de introduzir esses programas de forma mais

contundente nas instituições, emitiu a Instrução Normativa nº 10/2012 do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, que estabelece regras para a elaboração de um Plano de

Gestão de Logística Sustentável na Administração Pública Federal, traz em seu anexo II

sugestões de boas práticas de sustentabilidade e de racionalização de materiais, com relação a

água e esgoto.

A Universidade Federal de Mato Grosso, como instituição promotora do

desenvolvimento de conhecimentos científicos, elaborou em setembro de 2013 o seu Plano de

Logística Sustentável (PLS), que inclui as questões relativas a água considerando as

características do seu sistema.

O diagnóstico do sistema de abastecimento de água do Campus retrata suas condições

físicas e o seu formato como um sistema descentralizado, construído há mais de 40 anos, que

apresenta uma concepção com duas fontes de abastecimento interligadas em diversos pontos da

rede de distribuição e em alguns reservatórios. A rede de distribuição não possui cadastro

técnico, parte da tubulação existente é de cimento amianto e apresenta um traçado contrastante

com o Plano Urbanístico existente. O sistema não possui um plano de operação, manutenção e

controle de perdas, e apresenta um consumo elevado de água demonstrado pelo consumo per

capita encontrado.

As hipóteses norteadoras desta dissertação pressupõem que o sistema existente não

atende às condições de sustentabilidade nas dimensões técnicas e requer a adoção de

tecnologias e práticas de conservação que promovam o uso racional da água na Instituição.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é elaborar um diagnóstico do sistema de abastecimento

de água do Campus da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso em Cuiabá para permitir

a definição de um novo projeto com base no conceito de uso racional de água.

17

1.1.2 Objetivos Específicos

Identificar a situação física e operacional do sistema de abastecimento de água para a

definição de um diagnóstico técnico;

Determinar e avaliar o consumo per capita de água no campus;

Identificar as peças e equipamentos existentes nas unidades acadêmicas e

administrativas e avaliar a potencialidade de utilizar peças reguladoras de fluxo como

medida de conservação ou redução de consumo;

Apresentar proposta de um novo sistema de abastecimento de água para o Campus da

UFMT em Cuiabá, que permite o uso racional de água;

Elaborar cenários considerando alteração nas fontes de produção de água, na concepção

geral do sistema, nas ações tecnológicas e medidas de conservação sugeridas.

Esta dissertação se justifica face à necessidade da Universidade Federal de Mato Grosso

em definir ações que apresentem soluções sustentáveis para os problemas de abastecimento e

fornecimento de água no Campus Cuiabá e que atendam às metas estabelecidas no PLS.

O trabalho traz as informações necessárias sobre o sistema existente que servem de base

para subsidiar a proposta de Uso Racional de Água, visando a redução do consumo de água no

Campus. Dessa forma, atende-se aos objetivos e diretrizes da Política Nacional de Recursos

Hídricos (Lei nº 9.433/97), da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007),

da Instrução Normativa nº 10/2012, do Manual Verde da Educação para as IFES e do Programa

de Sustentabilidade.

Acredita-se que a relevância social e ambiental do problema explorado se prende

principalmente às contribuições que a proposta pode trazer no sentido de proporcionar respostas

ou ampliar as formulações teóricas a esse respeito, bem como propor soluções de economia

para a UFMT no que se refere ao consumo de água.

A dissertação apresenta, no capítulo Revisão Bibliográfica, uma abordagem sobre temas

relacionados ao uso racional de água.

O capítulo Materiais e métodos descreve a metodologia utilizada na pesquisa para se

alcançar os objetivos definidos no trabalho. A metodologia inclui o levantamento nas escalas

macro, meso e micro do sistema de abastecimento, com vistas à elaboração de um diagnóstico

da estrutura física e dos problemas operacionais e de gestão dos serviços de água. Descreve a

forma de buscar os dados e informações necessárias para a caracterização do sistema e fazer

uma avaliação do consumo per capita encontrado, da potencialidade do uso de peças

18

reguladoras de fluxo como medida de conservação e redução de consumo e como apresentar a

proposta do novo sistema de abastecimento de água para o Campus. Aborda, ainda, uma

metodologia para construir cenários para o sistema de abastecimento de água proposto.

No Capítulo Resultados e Discussão, o trabalho apresenta o diagnóstico realizado do

sistema de abastecimento (fontes de água, rede de distribuição, reservação, recalques

individuais, peças e equipamentos de consumo), a população, o consumo e o custo com água

no Campus e a forma de gestão, operação e manutenção do sistema. Apresenta, também, uma

avaliação do consumo per capita da potencialidade de utilização de dispositivos de controle de

fluxo para redução de consumo, uma proposta do novo sistema de abastecimento de água do

Campus, cenários de impacto no consumo e custo financeiro com água potável após as medidas

recomendadas.

O Capítulo Conclusão e Recomendação apresenta análise dos resultados obtidos e as

recomendações necessárias para contribuir no alcance da proposta de Uso Racional de Água no

Campus com relação à nova rede de distribuição, às medidas de conservação, aos sistemas de

recalques individuais, à implantação de um Centro de Controle Operacional, a um manual de

operação e manutenção do sistema, a um Programa de Educação Ambiental, à construção do

espaço físico para abrigar a estrutura organizacional do Plano de Logística Sustentável e outras

alternativas para o fornecimento de água potável ao sistema.

19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica deste trabalho consiste de temas relacionados ao uso racional de

água como: disponibilidade e preservação dos recursos hídricos, Marco regulatório, sistema de

abastecimento de água, monitoramento e controle de consumo e perdas, aproveitamento de água

de chuvas, reuso, dispositivos de controle de fluxo, eficiência hidráulica e energética.

2.1 Disponibilidade, preservação dos recursos hídricos e Marco Regulatório

Estima-se que atualmente o volume total de água existente na terra seja de 1.386 milhões

de km³, sendo que 97,50% desse volume forma os oceanos e apenas 2,50% corresponde a água

doce e esse volume tem permanecido constante ao longo dos últimos 500 milhões de anos.

Verifica-se que a terra é ocupada predominantemente por água e que a mínima parte ocupada

por água doce é difícil de ser explorada devido à sua distribuição geográfica, uma vez que,

dessa parcela, grande parte se encontra nas calotas polares e geleiras. Os mananciais mais

acessíveis ao consumo das atividades humanas são os volumes de água acumulados nos rios e

lagos de água doce, por isso a grande preocupação (REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 1999).

Segundo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre água em Mar del Plata

(1977), o objetivo geral do Programa de Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos

hídricos, no que se refere à aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso

dos recursos hídricos, previsto na Agenda 21, é:

[...] mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade para toda a população do planeta preservando as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água.

Ainda, segundo a Conferência de Mar del Plata (1977), para o desenvolvimento e

manejo integrado dos recursos hídricos, todos os Estados devem implementar atividades para

melhorar o manejo integrado dos recursos hídricos, como: integrar medidas de proteção e

conservação de fontes potenciais de abastecimento de água doce; promover planos de uso

racional de água por meio de conscientização pública, programas educacionais e imposições de

tarifas; desenvolver fontes novas e alternativas de abastecimento de água; promover a

conservação de água por meio de planos melhores e mais eficientes de aproveitamento de água

e de minimização de desperdício pelos consumidores.

20

Na discussão do tema “A água e o desenvolvimento urbano sustentável”, a Conferência

das Nações Unidas em Mar del Plata (1977) alertou que no início deste século mais da metade

da população mundial estaria vivendo em zonas urbanas e até 2025 chegará a 60%, que somados

ao eminente crescimento industrial irá prejudicar ainda mais a proteção ambiental dos recursos

hídricos existentes próximo aos grandes centros urbanos. Será necessário dispensar atenção

especial aos efeitos crescentes da urbanização sobre a demanda, o consumo de água e ao papel

decisivo desempenhado pelas autoridades locais na gestão do abastecimento, uso e tratamento

de agua, em especial nos países em desenvolvimento.

Segundo Brito, Silva e Porto (2007), na Conferência das Nações Unidas sobre o meio

ambiente e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (ECO 92), firmou-se o

compromisso entre as 178 nações participantes de um novo padrão de desenvolvimento

sustentável por meio da Agenda 21, que estabeleceu as seguintes ações de mobilização da

população sobre as práticas de gestão da água: desenvolvimento e manejo integrado dos

recursos hídricos, avaliação dos recursos hídricos, proteção dos recursos hídricos, da qualidade

da água e dos ecossistemas aquáticos, abastecimento de água potável e saneamento, água e

desenvolvimento urbano sustentável, água para produção sustentável de alimentos e

desenvolvimento rural sustentável e impactos da mudança do clima sobre os recursos hídricos.

A gestão dos recursos hídricos no Brasil é assegurada pela legislação federal visando à

fundamentação, orientação e implementação dessa Política. A Política Nacional de Recursos

Hídricos (PNRH), estabelecida pela Lei nº 9.433/97, tem o seguinte objetivo geral, construído

com base em um amplo processo de mobilização social:

"Estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de água, em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social".

A PNRH em seu Artigo 2º estabelece os seguintes objetivos:

Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequadas aos respectivos usos; a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Os objetivos de uma política de recursos hídricos devem alcançar e manter padrões

desejáveis de sustentabilidade e estabelecer mecanismos de convivência com a vulnerabilidade

de cada região (VIEIRA; GONDIN FILHO, 2006).

21

A escassez de água nos centros urbanos do mundo inteiro tem trazido sérios problemas

aos governos que, na elaboração de seus planos, não levam em consideração possíveis

mudanças climáticas que podem ocorrer, a degradação eminente das bacias hidrográficas, o

crescimento demográfico desordenado, muitas vezes exorbitante, em especial nas regiões

metropolitanas, que, por sua vez, acabam poluindo as fontes de abastecimento existentes. Esses

fatores quase sempre contrariam as recomendações das normas.

Gonçalves, et al (2009) chamavam atenção para o relatório da ONU (UNEP, 2002) que

descrevia a possibilidade de ocorrência de situações catastróficas na Região Sudeste e Nordeste

do Brasil, caso não ocorresse a implementação de programas de conservação e uso racional dos

recursos hídricos disponíveis, tendo em vista a grande concentração demográfica e pouca

disponibilidade hídrica.

Segundo Telles e Costa (2010), o crescimento populacional, associado aos processos de

degradação dos mananciais, vem ocasionando sérios problemas de escassez quantitativa e

qualitativa de água para abastecimento público, gerando sérios conflitos de uso, até mesmo em

regiões com grande potencial hídrico. É um problema mundial que tem despertado a

preocupação de todos com relação aos recursos hídricos para o futuro do planeta. Dessa forma,

as características potenciais de água doce brasileira devem ser vistas como um capital ecológico

de estimável importância e como um fator fundamental ao desenvolvimento sócio econômico

sustentado. Telles e Costa (2010) observa que no Brasil o que falta não é água, mas determinado

padrão cultural e melhor desempenho dos governos, da sociedade organizada, das ações

públicas e privadas promotoras do desenvolvimento econômico. Daí a necessidade de se pensar

no reuso como medida de conservação e redução do consumo.

2.2 Uso Racional de Água e a Sustentabilidade de um Sistema de Abastecimento

O Uso Racional de Água objetiva o controle da demanda mediante a redução do

consumo, preservando a quantidade e a qualidade da água para as diferentes atividades

consumidoras (GONÇALVES; ALVES; ZANELLA, 2006). O uso racional da água busca a

otimização da demanda a partir da utilização de uma menor quantidade de água para o

desenvolvimento das atividades, sem o comprometimento da qualidade (SILVA, 2004).

Para Cheung et al (2009), uso é o emprego da água promovido pela ação humana,

podendo ser consuntivo (usos urbanos e rural) e não consuntivo (hidrelétrica, navegação,

recreação, lazer, etc.).

22

Segundo o WUCB (1999), apud Gonçalves et al (2006), conservação de água pode ser

definida como qualquer ação que: reduza a captação de água dos mananciais, reduza os usos

consuntivos, reduza o desperdício ou as perdas de água, aumente a eficiência do uso da água,

aumente a reciclagem ou o reuso e previna a poluição da água.

Para Gonçalves e Jordão (2006), os programas de conservação de água potável devem

ser implantados pelas instituições responsáveis pelos serviços de saneamento básico e a gestão

dos recursos hídricos deve ser permanente em todas as esferas, porque, além de economizar

água, economiza energia, garante menor produção de esgoto sanitário e protege os mananciais

de água.

De acordo com Cheung et al (2009), consumo é a somatória do consumo efetivo mais

as perdas e o desperdício.

Consumo efetivo é a quantidade de água utilizada pelo homem na consecução de

determinado uso, levando em consideração a tecnologia associada e as condições culturais do

usuário, o que classifica se o uso é eficiente ou ineficiente.

Perdas refere-se ao volume de água referente à diferença entre o volume fornecido ao

sistema e o consumo autorizado (faturado).

Desperdício é o volume de água correspondente às perdas evitáveis, portanto,

claramente ligada à consciência ambiental do usuário.

Para Cohim et al (2009), a medição de consumo deve ser o mais setorizada possível, de

forma que os usuários tenham condições de acompanhar e controlar seus gastos de água.

Para a UNESCO (2005), sustentabilidade refere-se às maneiras de se pensar o mundo e

as formas de prática pessoal e social que levam a: indivíduos com valores éticos, autônomos e

realizados; comunidades construídas em torno de compromissos coletivos, tolerância e

igualdade; sistemas sociais e instituições participativas, transparentes e justas, e práticas

ambientais que valorizem e sustentem a biodiversidade e os processos ecológicos de apoio à

vida.

Desenvolvimento sustentável, segundo o relatório Brundtland (ONU, 1987), é a

capacidade de atender às necessidades atuais sem comprometer o atendimento às necessidades

das gerações futuras.

A crescente falta de água nos grandes centros urbanos torna necessária a busca de

soluções para garantia de abastecimento por meio da utilização de fontes alternativas de água

ou de tecnologias que visam reduzir o consumo de água nos equipamentos sanitários das

edificações (SCHMIDT et al, 2005).

23

Para Cohim et al (2009), a forma de gerir os recursos hídricos buscando a adequação da

demanda à oferta e levando em consideração os aspectos econômico, social e ambiental,

fazendo uso dos preços e de restrições quantitativas, é uma estratégia para buscar a

sustentabilidade do sistema. A sustentabilidade de um sistema de abastecimento requer

inovações, tanto comportamental quanto tecnológicas.

A estimativa dos volumes envolvidos nas atividades relacionadas com o uso da água

pode ser identificada a partir de um levantamento em campo, sendo possível realizar, na

sequência, uma avaliação técnica para a especificação dos equipamentos economizadores a

serem previstos nos pontos de consumo de água (YWASHIMA et al, 2005).

As Universidades têm sido obrigadas a assumirem um papel de liderança e

responsabilidade social para o desenvolvimento sustentável por meio de Declarações

Internacionais assinadas por IFES (MARINHO; GONÇALVES; KIPERSTOK, 2013).

De acordo com Marinho, Gonçalves, Kiperstok (2013), a comparação entre consumo

per capita nas Universidades do mundo inteiro é difícil de ser realizada porque a variação é

muito grande, devido à diferenciação de atividades e sua magnitude e a falta de controle,

operação e manutenção. A falta de vontade, determinação e comprometimento por parte dos

pares membros da instituição tem levado à dificuldade de implementação de um sistema de

gestão nas universidades (MARINHO; GONÇALVES; KIPERSTOK, 2013).

O Governo Federal, por meio da FUNASA, financia a implantação, ampliação e

melhorias em sistemas de abastecimento de água potável e exige a inclusão de programas que

visem à sustentabilidade dos sistemas. O destaque, neste caso, seria com a educação ambiental

que irá contribuir efetivamente na formação e no desenvolvimento da consciência crítica do

cidadão, estimulando a participação, o controle social e sustentabilidade socioambiental,

utilizando, entre outras estratégias, a mobilização social, a comunicação educativa e informativa

e a formação permanente.

No estado de Mato Grosso, a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), mediante

roteiros para elaboração de projetos de licenciamento ambiental, exige que todos os projetos de

implantação, ampliação e melhorias em sistemas de abastecimento de água sejam submetidos

a análise e aprovação para liberação de outorga da água necessária para suprir a demanda, seja

no caso de captação superficial ou subterrânea. Tal procedimento também é exigido para

descarga de efluente de esgoto tratado em corpo receptor na chamada outorga de mistura, tanto

para esgoto doméstico como industrial e tem a finalidade de garantir a preservação quantitativa

e qualitativa dos recursos hídricos existentes.

24

2.2.1 Sistema de abastecimento de água

A concepção de um sistema de abastecimento de água é o conjunto de estudos e

conclusões referentes ao estabelecimento de todas as diretrizes, parâmetros e definições

necessárias e suficientes para a caracterização completa do sistema a projetar (TSUTIYA,

2006). Para este autor, o estudo de concepção deve ser precedido de um diagnóstico técnico e

ambiental do sistema. A análise das alternativas propostas deve ser efetuada a partir de um

estudo técnico, econômico e ambiental. A análise ambiental deve identificar e avaliar os

principais impactos inerentes a cada alternativa estudada. Um sistema de abastecimento de água

do tipo convencional é composto pelas seguintes unidades: captação instalada no manancial

selecionado, adutora de água bruta, estação de tratamento, estação elevatória de água tratada,

adutora de água tratada, reservatórios, rede de distribuição e ligações domiciliares (TSUTIYA,

2006), conforme esquema genérico apresentado na figura 01.

Figura 1: Esquema genérico de um sistema de abastecimento de água

Fonte: Manual de Saneamento Básico da FUNASA (2012)

Segundo Gomes (2004), a necessidade de água requerida ao sistema de abastecimento

corresponde à demanda de consumo (incluído as perdas), para os múltiplos usos, quantificados

ao longo do alcance do projeto, que, por sua vez, dependerá da estimativa do consumo per

capita da população, dos tipos de consumo, levando-se em consideração o aumento da

população durante o período de retorno do projeto e das perdas físicas de água do sistema de

distribuição. Para isso, é necessário o estudo dos seguintes aspectos: alcance do projeto,

previsão de crescimento da população, estimativa dos consumos, estimativas das perdas e

variações do consumo.

25

2.2.1.1 Alcance do projeto

No Brasil, segundo Gomes (2004), costuma-se adotar um período de retorno variando

entre 10 e 30 anos, levando em consideração os seguintes fatores: tendência de crescimento da

população e das necessidades urbanas, levando-se em conta o desenvolvimento da região; vida

útil dos equipamentos e das obras civis; facilidade de ampliação das obras físicas;

disponibilidade financeira; taxa de juro e de aumento da inflação; recursos financeiros da

população atendida.

Para Porto e Porto, (2014), a água é um fator importante na resiliência das cidades, tanto

por falta como por excesso, e o alcance das obras ou equipamentos pode ser determinante na

definição de um sistema resiliente. Para eles, a recuperação de determinada estrutura num

sistema de abastecimento de água ou sua ampliação não tem como objetivo principal apenas

aumentar a oferta de água, mas também de diminuir a vulnerabilidade do sistema.

Segundo Alvisi e Franchini (2009), com o envelhecimento das tubulações que compõem

um sistema de abastecimento de água, as suas características mecânicas sofrem deterioração e

diminuição de sua resistência estrutural, resultando em um aumento no número de quebras.

Atualmente, no Brasil, as maiores deficiências dos sistemas de abastecimento estão

relacionadas, principalmente, à deterioração dos sistemas mais antigos, especialmente as redes

de distribuição de água (Martins e Sobrinho, (2005).

O envelhecimento e a reabilitação das tubulações de distribuição de água também

influenciam nas perdas devido às rupturas nas tubulações de distribuição de água, que, por sua

vez, aumentam na medida em que os sistemas de distribuição tornam-se mais velhos. Porém,

tendem a diminuir conforme os sistemas são reabilitados (ALVISI E FRANCHINI, 2009).

2.2.1.2 Previsão de crescimento da população

Segundo Gomes (2004), a previsão do crescimento populacional de uma localidade

depende de vários fatores, que, por sua vez, dependem de aspectos econômicos, sociais e

políticos, o que torna a previsão complexa. De modo geral, os métodos utilizados são

fundamentados em dados estatísticos anteriores à elaboração do projeto, e a expressão que

melhor representa o crescimento populacional de uma comunidade por evidenciar os fatores

intervenientes no crescimento é representada pela fórmula:

𝑃 = 𝑃0 + (𝑁 − 𝑀) + (𝐼 − 𝐸) (01)

Onde:

26

𝑃: população na data t;

𝑃0:população na data to;

𝑁: nascimentos (no período to a t);

𝑀: óbitos no período;

𝐼: imigrantes no período;

𝐸: 𝑒𝑚𝑖𝑔𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜;

(𝑁 − 𝑀)crescimento vegetativo ou saldo vegetativo no período;

(𝐼 − 𝐸): crescimento social ou saldo migratório no período.

Ainda de acordo com Gomes (2004), os modelos matemáticos mais aplicados são:

modelo aritmético, geométrico, ajustamento linear, equação da curva de potência, equação

exponencial e equação logarítmica.

2.2.1.3 Estimativa de consumo

Segundo Gomes (2004), o consumo de agua varia de região para região, de acordo com

diversos fatores: clima, padrão de vida, hábitos da população, sistema de distribuição, qualidade

da água fornecida, custo da água, pressão na rede de distribuição, extensão do serviço de esgoto,

extensão das áreas pavimentadas, extensão das áreas de jardins, continuidade do serviço, usos

comerciais, usos industriais, usos públicos, frequência de incêndio, perdas no sistema, outros

fatores, conforme cada tipo de uso ou situação.

a) Água para uso doméstico: é a parcela de água consumida nas habitações

para fins higiênicos, potáveis e alimentares e para lavagem em geral, variando de acordo

com o nível de vida do habitante. A tabela 01 apresenta o intervalo de consumo per

capita doméstico para cada atividade de uma residência no Brasil.

Tabela 01: Estimativa média dos consumos domésticos

Uso doméstico l/hab/dia Bebida e cozinha 10 – 20 Lavagem de roupa 10 – 20 Banhos e lavagens de mãos 25 – 55 Instalações sanitárias 15 – 25 Outros usos 15 – 30 Perdas e desperdícios 25 -50

TOTAL 100 - 200 Fonte: Sistemas de abastecimento de água (GOMES, 2004).

b) Água para uso comercial e industrial: Comercial é a parcela de água utilizada

pelos restaurantes, bares, hotéis, pensões, postos de gasolina e garagens, onde se

27

manifestam um consumo muito superior ao das residências. Industrial é a parcela

utilizada como matéria-prima ou para lavagens e refrigeração, que também apresentam

consumo muito superior ao das residências. A tabela 02 apresenta alguns valores

utilizados para previsão de consumo em edifícios comerciais e industriais no Brasil.

Tabela 02: Estimativa média dos consumos comerciais e industriais

Natureza Consumo Escritórios comerciais 50 l/pessoa/dia Restaurantes 25 l/refeição Hotéis, pensões 10 l/hóspede/dia Lavanderias 30 l/kg/roupa Hospitais 250 l/leito/dia Garagens 50 l/automóvel/dia Postos de serviços para veículos 150 l/veículo/dia Industrias (uso sanitário) 70 l/operário/dia Matadouros – animais de grande porte 300 l/cabeça abatida Matadouros – animais de pequeno porte 150 l/cabeça abatida Laticínios 1 – 5 l/kg de produto Curtumes 50 – 60 l/kh de couro Fábrica de papel 100 – 400 l/kg de papel Tecelagem (sem alvejamento) 10 – 20 l/kg de tecido Laminação do aço 85 l/kg de aço Industria têxtil 1000 l/kg de tecido Saboarias 2 l/kg de sabão Usinas de açúcar 75 l/kg de açúcar Fábrica de conservas 20 l/kg de conserva Cervejarias 20 l/litro de cerveja

Fonte: Sistemas de abastecimento de água (GOMES, 2004).

c) Água para uso público: é a parcela de água utilizada na irrigação de jardins,

lavagem de ruas e passeios, edifícios e sanitários de uso público, alimentação de fontes,

etc. A água para uso público tem um peso que varia entre 10 e 20% em relação ao

consumo total de uma cidade.

d) Perdas de água: as perdas físicas correspondem à agua produzida e distribuída

que não chega à unidade consumidora, devido a vazamentos, ao uso da água utilizada

na lavagem dos filtros e reservatórios, e aos vazamentos que ocorrem em reparos de

avarias. As perdas não físicas correspondem ao volume de água utilizada nos chafarizes,

na irrigação de praças, jardins públicos, órgãos públicos que não possuem medidores e

a água consumida a partir de ligações clandestinas. A estimativa do consumo necessário

ao sistema de abastecimento de água deve levar em consideração o percentual das perdas

físicas e não físicas (GOMES, 2004). A tabela 03 apresenta o índice de perdas na

distribuição dos prestadores de serviços participantes do SNIS em 2013, segundo estado

e região no Brasil.

28

Tabela 03: Índice de perdas dos prestadores de serviços participantes do SNIS no Brasil em 2013.

Prestadora de serviços Índice de perdas (%)

Região Norte 50,80 ACRE 55,90 AMAZONAS 47,00 AMAPÁ 76,50 PARÁ 48,90 RONDÔNIA 52,80 RORAIMA 59,70 TOCANTINS 34,30

Região Nordeste 45,00 ALAGOAS 46,10 BAHIA 41,60 CEARÁ 36,50 MARANHÃO 37,80 PARAIBA 36,20 PERNAMBUCO 53,70 PIAUI 51,80 RIO GRANDE DO NORTE 55,30 SERGIPE 59,30

Região Sudeste 33,40 ESPIRITO SANTO 34,40 MINAS GERAIS 33,50 RIO DE JANEIRO 30,80 SÃO PAULO 34,30

Região Sul 35,10 PARANÁ 33,40 RIO GRANDE DO SUL 37,20 SANTA CATARINA 33,70

Região Centro Oeste 33,40 DISTRITO FEDERAL 27,30 GOIAS 28,80 MATO GROSSO DO SUL 32,90 MATO GROSSO 47,20

Média do Brasil 37,00 Fonte: FUNASA, Redução de perdas em sistemas de abastecimento de água, SNIS (2013).

De acordo com relatório da ABES publicado em 2013 sobre perdas em sistemas de

abastecimento de água este é um dos principais indicadores de eficiência de um sistema, e no

Brasil a média geral está próxima de 40% e é um dos grandes desafios dos operadores

brasileiros públicos e privados. O nível de perdas passou de 45,6% em 2004 para 38,80% em

2011, mais ainda é preocupante porque a maioria das empresas não medem suas perdas de água,

de maneira consistente.

A figura 02 mostra as perdas sobre o faturamento das empresas estaduais no Brasil de acordo com informações do SNIS (2011) publicada pela ABES em 2013.

29

Figura 02: Evolução história do indicador de perdas na distribuição (%)

Fonte: SNIS, apud relatório da ABES, (2013).

A tabela 04 apresenta o índice de perdas em alguns países em 2011, de acordo com o

IBNET (The international benchmarking network for water and sanitation utilities), onde não

estão incluídos países como Japão, Canadá e Inglaterra, que normalmente apresentam baixo

índice de perdas.

Tabela 04: Índice de perdas em alguns países em 2011

País Índice de Perdas (%) AUSTRÁLIA 7,00 ESTADOS UNIDOS 13,00 CORÉIA 17,00 CHINA 22,00 RUSSIA 23,00 MÉXICO 24,00 VIETENÃ 31,00

Fonte: The international benchmarking network for water and sanitation utilities (IBNET), 2015.

Ainda de acordo com o relatório da ABES, quando se compara o Brasil com países desenvolvidos, é notável a distância, confirmado com os valores apresentados na tabela anterior.

2.2.1.4 Consumo per capita

Para Gomes (2004), consumo per capita total é o volume de água consumida por dia,

por um habitante, incluindo a parcela relativa às perdas no sistema. Pode ser encontrado

dividindo-se o volume de água aduzida anualmente por 365 dias e pelo número de pessoas

atendidas. Neste caso, deve ser considerada a parcela de pessoas não abastecidas pelo sistema,

pela falta de rede de distribuição e pelo uso particular de outras fontes de água. No consumo

30

per capita efetivo é considerado apenas o volume registrado nos medidores individuais. Ou seja,

outros usos e as perdas em outras unidades do sistema não são considerados.

Gomes (2004) cita alguns fatores que afetam o consumo de água nas comunidades,

reforçados por Gonçalves et al (2006): tamanho da cidade, suas características, nível social da

população, tipo e quantidade de indústrias, clima, hábitos higiênicos, destino dos dejetos,

modalidade e qualidade do fornecimento, custo da água, pressão na rede de distribuição, nível

de consciência e educação dos usuários, escassez ou abundância de água.

O sistema de abastecimento de água deve ser dimensionado para as condições mais

desfavoráveis, e por essa razão em projetos de abastecimento de água se utiliza os coeficientes

do dia de maior consumo (K=1,20) para dimensionar a capacidade da captação e adução e na

rede de distribuição incluí também o coeficiente da hora de maior consumo (K2=1,50),

recomendados pela NBR-12.218/94 da ABNT.

No Brasil, o Manual de apresentação de projetos de sistemas de abastecimento de água

da FUNASA (2007), recomenda os valores apresentados na tabela 05 para efeito de cálculo da

vazão de projeto, para o período de retorno considerado.

Tabela 05: Consumo per capita recomendado pela FUNASA

População de fim de plano (habitantes) Consumo per capita (litro/hab. dia) < 6.000 De 100 a 150

6.000 - 30.000 De 150 a 200 30.000 - 100.000 De 200 a 250

> 100.000 De 250 a 300 Fonte: manual de projetos da FUNASA (2007).

2.2.1.5 Dimensionamento das unidades do sistema

2.2.1.5.1 Captação e adução

O cálculo da vazão máxima diária de dimensionamento da captação e adução é feita

pela seguinte fórmula, recomendada pela NBR-12.213/92, por Gomes (2004), Tsutiya (2006):

𝑄 =𝑃 ∗ 𝑞

3600 ∗ ℎ∗ 𝐾1

(2)

Onde:

𝑄: vazão máxima diária em l/s

𝑃: população a ser abastecida pelo projeto

𝑞: consumo per capita em l/hab/dia

ℎ: número de horas de funcionamento do sistema de recalque

31

𝐾1: coeficiente do dia de maior consumo

Para Tsutiya (2006), a vazão de captação pode ser calculada a partir da seguinte fórmula:

𝑄 =𝑃∗𝑞∗𝐾1

3600∗ℎ+ 𝑄𝑒𝑠𝑝, (3)

Onde:

𝑄𝑒𝑠𝑝 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠

2.2.1.5.2 Vazão de distribuição

A vazão de distribuição é calculada levando em consideração a situação mais crítica, ou

seja, o coeficiente da hora de maior consumo, pela seguinte fórmula, recomendada pela NBR-

12.218/94:

𝑄 =𝑃 ∗ 𝑞

3600 ∗ ℎ∗ 𝐾1 ∗ 𝐾2

(4)

Onde: 𝐾2 é o coeficiente da hora de maior consumo e o tempo de fornecimento de água

(ℎ) é considerado igual a 24 horas.

2.2.1.5.3 Volume de reservação

De acordo com Tsutiya (2006), a capacidade do reservatório de distribuição será

calculada levando em consideração os fatores e finalidades descritas a seguir:

a) Regularizar a vazão: receber uma vazão constante, igual à demanda média do

dia de maior consumo de sua área de influência, acumular água durante as horas em que

a demanda é inferior à média e fornecer as vazões complementares quando a vazão de

demanda for superior à média;

b) Segurança ao abastecimento: fornecer água por ocasião de interrupções no

funcionamento normal da adução, como consequência da ruptura da adutora,

paralisação da captação ou estação de tratamento, falta de energia elétrica, etc.;

c) Reserva de água para incêndio: suprir vazões extras para o combate a incêndio;

d) Regularizar pressões: a localização dos reservatórios de distribuição pode influir

nas condições de pressão da rede, principalmente reduzindo as variações de pressões;

e) Bombeamento fora do horário de pico elétrico: o reservatório permite que se faça

o bombeamento de água fora do horário de pico elétrico, diminuindo sensivelmente os

custos de energia elétrica;

32

f) Aumento no rendimento dos conjuntos elevatórios: com os valores de altura

manométrica e vazão aproximadamente constante, os conjuntos motor-bomba poderão

aperar próximo ao seu ponto de rendimento máximo.

De acordo com a NBR-12.218/94 da ABNT, não existindo dados suficientes para traçar

a curva de variação diária do consumo, o volume mínimo armazenado necessário será

determinado de acordo com um dos seguintes critérios:

a) Para adução contínua durante 24 horas do dia, o volume armazenado será igual

ou maior que 1/3 do volume distribuído no dia de maior consumo;

b) Para adução descontinua e em um só período coincidindo com o período do dia

em que o consumo é máximo, o volume será igual ou maior que 1/3 do volume

distribuído no dia de maior consumo, ou maior ou igual que o produto da vazão média

do dia de consumo máximo, pelo tempo em que a adução permanecerá inoperante nesse

dia;

c) A adução, sendo descontínua ou sendo contínua, não coincidindo com o período

do dia em que o consumo é máximo, o volume armazenado será igual ou maior que 1/3

do volume distribuído no dia de consumo máximo acrescido do produto da vazão média

do dia de maior consumo pelo tempo em que a adução permanecerá inoperante nesse

dia.

Para Tsutiya (2006), dependendo da extensão da área a ser abastecida, pode tornar-se

econômico criar vários centros de reservação, cada um deles abastecendo uma rede ou um setor

de forma independente (setorização do sistema de distribuição).

O volume de reservação para um sistema de abastecimento de água do tipo

convencional, de modo geral, é calculado para o dia de maior consumo, considerando um terço

do volume máximo diário necessário, a partir da seguinte fórmula:

𝑄 = (𝑃 ∗ 𝑞 ∗ 𝐾1)/3 (5)

Onde todos os parâmetros referentes à equação já foram definidos anteriormente.

Quando se projeta reservatório enterrado ou apoiado e elevado, a Norma recomenda que

seja considerado 2/3 do volume máximo diário para o reservatório apoiado ou enterrado e 1/3

para o reservatório elevado.

2.2.1.5.4 Sistemas de recalque

O sistema de recalque é composto por um conjunto moto bomba, tubulação de sucção,

tubulação de recalque e quadro de comando que inclui a automação de funcionamento do motor.

33

Normalmente é especificado ou proposto um conjunto moto bomba de reserva ou para

funcionar alternadamente.

A automação do sistema de bombeamento pode ser definida de diversas formas. A mais

usual propõe o acionamento do motor toda vez que o nível de água do reservatório elevado ou

a unidade a ser abastecida atingir o ponto mínimo e o seu desligamento quando atingir o nível

máximo. Esse sistema pode também ser programado para funcionar nas horas em que a taxa de

energia elétrica é menor (fora do horário de pico de fornecimento de energia).

O dimensionamento da tubulação de recalque pode ser efetuado pela fórmula de Bresse:

𝐷 = 𝐾√𝑄 (6)

Onde:

𝑄: 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒;

𝐷: 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑏𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒;

𝐾: 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐵𝑟𝑒𝑠𝑠𝑒 (𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 0,90 𝑎 1,20).

O coeficiente varia em função da velocidade econômica do escoamento que é

determinada pela equação:

𝐾 = √4

𝜋 ∗ 𝑣

(7)

Onde:

𝑣 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Tsutiya (2006) recomenda a equação da continuidade para se calcular a velocidade

econômica de escoamento e para o diâmetro econômico as seguintes análises:

Análise econômica através do critério do valor presente, considerando a taxa

de desconto praticado;

Considerar todos os custos de implantação da obra de recalque (bombas,

adutora, implementos hidráulicos e outros).

Para o diâmetro de sucção é recomendado utilizar um diâmetro comercial

imediatamente superior.

Para o funcionamento do sistema por um determinado número de horas por dia a NBR-

5626/98, recomenda a utilização da seguinte fórmula:

𝐷 = 1,3 ∗ (𝑛′

24)

0,25

∗ √𝑄 (8)

Onde:

34

𝐷: 𝑑𝑖𝑎𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑏𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒;

𝑛′: 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜;

𝑄: 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒.

O cálculo da potência do motor absorvida pela bomba é feita pela seguinte fórmula,

recomendada pela NBR-12.214/92, utilizando bomba de alto rendimento:

𝑃 =𝛾 ∗ 𝑄 ∗ 𝐻𝑚

75𝜂

(9)

Onde:

𝑃: 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑣;

𝛾: 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎.

𝑄: 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑒𝑚 𝑚³/𝑠

𝐻𝑚: 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑒𝑚 𝑚;

𝜂: 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎.

2.2.1.5.5 Rede de distribuição

A rede de distribuição é a unidade do sistema que tem a finalidade de conduzir a água

do reservatório até as ligações domiciliares, hidrantes, chafarizes e outros tipos de tomada de

água, com vazão e pressão suficiente e com a qualidade necessária. O seu dimensionamento,

de acordo com a NBR-12.218/94, pode ser feito de duas maneiras:

Considerando a forma malhada onde se determina inicialmente a vazão total para

o setor a ser atendido, a numeração e o carregamento do nó (cota topográfica, vazão

para a área de abrangência do nó), a numeração dos trechos do anel, a vazão inicial

estimada por trecho, a pressão disponível inicial para abastecimento da rede, para em

seguida efetuar o dimensionamento dos trechos mediante programas específicos e a

pressão disponível em cada nó. Um dos métodos utilizados para este tipo de

dimensionamento é o de Hardy Cross. No dimensionamento pelo critério econômico se

estabelece inicialmente o diâmetro máximo (≤ 500 mm) e mínimo (= 50 mm), a

velocidade máxima (≤ 3,0 m/s) e mínima (= 0,50 m/s), a pressão máxima (≤ 80 m.c.a.)

e mínima (= 15 m.c.a.), a soma das vazões nos Nó ≤ 0,001 e a soma das perdas de carga

nos Nó ≤ 0,001. A NBR-12.218/94 recomenda diâmetro nominal mínimo para a rede

principal na forma malhada igual ou superior a 100 mm.

Considerando a forma segmentada, o dimensionamento é feito pelo método do

seccionamento fictício ou distribuição em marcha. Para tanto, é necessário calcular a

35

vazão total do setor, determinar a pressão disponível inicial, as cotas topográficas de

montante e jusante de cada trecho, a vazão linear, a vazão de montante e jusante de cada

trecho, a vazão média de cada trecho que irá determinar o diâmetro necessário, as perdas

de cargas em cada trecho, para finalmente se calcular a pressão disponível em cada

ponto da rede. A NBR-12.218/94 recomenda pressão mínima na rede secundária de

10,00 m.c.a, e na rede principal de 15,0 m.c.a. A antiga PNB 594/77 da ABNT admitia

a pressão mínima de 8 m.c.a. em até 5% da área da zona de pressão.

O diâmetro das tubulações pode ser definido nas planilhas de dimensionamento em

função da vazão média de cada trecho e dos valores de velocidades e vazões máximas em

função do diâmetro, recomendado por Martins (1976), apud Tsutiya (2006), na tabela 06 a

seguir.

Tabela 06: Velocidades e vazões máximas em função do diâmetro. Diâmetro (mm) Velocidade máxima (m/s) Vazão máxima (l/s)

50 0,50 1,00 75 0,50 2,20

100 0,60 4,70 150 0,80 14,10 200 0,90 28,30 250 1,10 53,90 300 1,20 84,80 350 1,30 125,00 400 1,40 176,00 450 1,50 238,00 500 1,60 314,00 550 1,70 403,00 600 1,80 509,00

Fonte: Martins (1976), apud Tsutiya (2004).

2.2.1.5.6 Perdas de carga no sistema

Perdas de carga é a dissipação de energia que ocorre nas tubulações e conexões devido

ao atrito existente pelo movimento da água em contato com as paredes dos tubos, que é

diretamente proporcional à vazão e inversamente proporcional ao diâmetro e à rugosidade da

tubulação. As perdas contínuas podem ser calculadas por diversas fórmulas, sendo as mais

usadas: fórmula de Hazen-Willians e de Darcy-Weisbch.

2.2.1.6 Custos com energia em sistemas de bombeamento

Para Gomes (2004), o custo de energia elétrica consumida em um sistema de

bombeamento, para um determinado intervalo de tempo, pode ser calculado em função da

36

potência requerida pela elevatória, do número de horas contido, do intervalo de tempo

considerado e do custo unitário da energia a partir da seguinte fórmula:

𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = 𝑃 ∗ 𝑁𝑏 ∗ 𝑝, (10)

Onde:

𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎: 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜;

𝑃: 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎, 𝑒𝑚 𝑘𝑤;

𝑁𝑏: 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑒𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜, 𝑒𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑝𝑜, 𝑒𝑚 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠;

𝑝: 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑚𝑅$

𝑘𝑤ℎ.

A potência requerida por uma estação elevatória, em KW pode ser obtida através da

curva da bomba para cada marca e pela fórmula:

𝑃 =9,81∗𝑄∗𝐻

𝜂 , (11)

Onde:

𝑃: 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 𝑒𝑚 𝑘𝑤;

𝑄: 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑚𝑚3

𝑠;

𝐻: 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑒𝑚 𝑚;

𝜂: 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎.

Com isto o custo da energia elétrica no sistema de bombeamento pode ser calculado

pela fórmula:

𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 =9,81 ∗ 𝑄 ∗ 𝐻

𝜂∗ 𝑁𝑏 ∗ 𝑃

(12)

2.2.2 Monitoramento e controle de consumo e perdas

Para Tsutiya (2006), existem dois tipos de perdas de água:

a) Perda física: corresponde ao volume de água produzido que não chega ao

consumidor final devido à ocorrência de vazamentos em todas as unidades do sistema.

Para a IWA-International Water Association, denomina-se Perda real. Neste caso, dois

pontos devem ser considerados: Um relacionado à conservação de recursos naturais,

pois quanto menos água se perde no sistema menor a necessidade de explorar ou ampliar

as fontes de produção, evitando impacto ambiental. Outro diz respeito à saúde pública

em decorrência da existência de vazamentos na rede, onde qualquer despressurização

37

pode levar à contaminação da água distribuída pela entrada de agentes nocivos na

tubulação;

b) Perda não física: corresponde ao volume de água consumida, mas não

contabilizada pela Companhia de Saneamento, decorrentes de erros de medição nos

hidrômetros e demais tipos de medidores, fraudes, ligações clandestinas e falhas no

cadastro comercial. Para a IWA, denomina-se perda aparente.

O sistema de abastecimento de água, para ser eficiente, além de bem projetado,

necessariamente deve ser bem operado, da captação ao cavalete das residências. Uma boa

gestão compreende um programa de qualidade da água distribuída, um plano de operação e

manutenção que inclui a permanência do fornecimento de água, o monitoramento e controle de

consumo e perdas na distribuição e nas edificações (GOMES, 2004). Esse tipo de controle pode

contribuir para diminuir a vazão requerida e, consequentemente, para a preservação dos

recursos hídricos. Uma das formas de atingir essa eficiência é adotando os modelos hidráulicos

desenvolvidos para simulação e análises operacionais de distribuição para auxiliar no controle

e nas tomadas de decisões.

A eficiência pode ser determinada pela seguinte equação, recomendada por Gomes

(2004):

𝐸 =𝑄𝑢

𝑄𝑓𝑥 100

(13)

Onde: 𝐸= Eficiência do sistema (%);

𝑄𝑢 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 𝑜𝑢 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 (𝑚3) ; 𝑄𝑓 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎 (𝑚3)

2.2.3 Aproveitamento de água de chuvas

Para Gonçalves et al (2006), o crescimento da prática do aproveitamento de água de

chuva em edifícios urbanos é crescente em todo Brasil, podendo ser observada em outros países.

A emergência dos problemas ambientais e as possibilidades de redução de custos, aliados a

relativa facilidade do aproveitamento, constituem as bases dessa expansão. Ainda, segundo

Gonçalves et al (2006), a utilização de água de chuvas como fonte para abastecimento

doméstico, utilizando-se a simples coleta com ausência de tratamento, pode ser encontrada em

locais e comunidades onde não existe fornecimento de água potável por serviços públicos ou

concessionárias.

38

A NBR-15527/2007 recomenda que, em regiões servidas por sistemas públicos de

abastecimento, a utilização das águas de chuvas se restrinja aos usos não potáveis, observados

os critérios técnicos de captação e tratamento de forma a evitar danos a equipamentos e dar

garantia sanitária à população usuária.

Para Gonçalves, et al (2006), não há dúvidas de que o aproveitamento de água de chuva

para diversos fins urbanos já é prática estabelecida em nosso país. A partir de 2004, as

prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro criaram leis que estabelecem regras e obrigatoriedades

para captação e aproveitamento de água de chuva. No Rio de Janeiro, condomínios com mais

de 50 casas e áreas pavimentadas acima de 500 m² são obrigados a captar a água de chuva e

armazená-la por determinado tempo, para liberá-la posteriormente de forma controlada para as

galerias de águas pluviais e até mesmo disponibilizá-la para uso não potável.

Ainda, de acordo com Gonçalves, et al (2006), estudos desenvolvidos pelo PROSAB

indicaram alguns pontos fundamentais, a saber:

a) A água de chuva é de boa qualidade, mas se torna contaminada após passar pela

superfície da captação;

b) A acumulação em reservatório tende a fazer crescer a DBO, sendo

imprescindível que o reservatório não receba luz solar e seja fechado, a fim de

minimizar a geração de algas;

c) Todos os usos domésticos podem ser considerados para aproveitamento de água

de chuva: evidentemente, a qualidade necessária desta água irá variar de acordo com os

usos pretendidos;

d) A maneira mais simples de se praticar a desinfecção é através da cloração;

e) Nos critérios de dimensionamento do sistema de aproveitamento de água de

chuva, o reservatório constitui o elemento de maior peso na composição dos custos;

f) Qualquer tentativa de aproveitamento da água de chuva deve sofrer uma rigorosa

avaliação de custo, de acordo com as finalidades.

Segundo Bisterso, Resende (2011), em aproveitamento de água pluvial para uso não

potável:

a) O Pay back ideal é de 5 a 7 anos. Para uma residência de 50 m² com um casal, o

Pay back é de 37 anos. Para 100 m², com 5 pessoas, o Pay back é de 8 anos. Para 150

m², com 5 pessoas, o Pay back já passa para 4,5 anos;

b) No Japão, todos os Edifícios com mais de 30.000 m² ou que gastam mais de 100

m³ de água por dia para fins potáveis são obrigados a fazer uso de água de chuvas e, em

39

terrenos com área superior a 10.000 m² ou edifício com mais de 3.000 m² de área

construída, é obrigado a construção de reservatório de contenção;

c) Na Alemanha, país com maior experiência no uso de água de chuva, a cada três

construções novas, uma tem equipamentos instalados, com predomínio de cisternas

enterradas.

O uso de água de chuvas, segundo a NBR-15.527/2007, só é permitido para atividades

que não requerem grau de potabilidade exigido pela Portaria nº 2.914/2011, do Ministério da

Saúde, como é o caso de: lavagem de piso, veículos, regra de jardins, sistema de combate a

incêndio, descarga de mictórios e bacias sanitárias. Na indústria, a água pluvial pode abastecer

torres de resfriamento e resfriar equipamentos.

A NBR-15.527/2007, que trata do aproveitamento de água de chuva proveniente da

cobertura, não exige o descarte das primeiras águas escoadas da cobertura (first flush), porém,

isso é recomendável para após o período de estiagem, dada a concentração de poluentes e micro

organismos na atmosfera.

É evidente que a água precipitada sobre o telhado irá levar consigo os resíduos

acumulados na superfície, provenientes da poluição atmosférica, cujo grau de impureza irá

depender das atividades desenvolvidas na região e em seu entorno. Soluções convencionais

como filtros de areia e outros existentes no mercado para retenção de partículas finas não será

suficiente quando se pretende eliminar a presença de micro-organismos. Nas figuras 03 e 04,

são mostrados alguns modelos de filtros empregados em projetos de aproveitamento da água

de chuvas.

Figura 03: Filtro auto limpante instalado na coluna de águas pluviais

Figura 04: Filtro para entrada de reservatório enterrado

Fonte: www.ecocasa.com.br. Fonte: www.sempresustentavel.com.br

Acesso em: 12/07/2015

40

May (2004) afirmou que nas águas pluviais a caracterização do PH é extremamente

importante para verificação de acidez da água. O PH pode levar à corrosão de peças e

equipamentos no sistema de coleta, tratamento e distribuição de águas pluviais. O estudo

também apontou a presença de concentração de dureza branda ou mole em diferentes pesquisas

com águas pluviais, o que indica seu baixo potencial de causar incrustações. Por outro lado, a

contaminação por coliformes termo tolerantes e coliformes totais resultou positiva em todas as

avaliações.

May (2004) afirmou ainda: “para que o uso das águas pluviais seja feito de forma segura,

é necessário obedecer um padrão mínimo compatível aos usos não potáveis”. Mesmo assim,

não é possível garantir 100% de isenção de contaminantes.

Segundo a NBR-15.527/2007, o volume de água de chuva aproveitável depende do

coeficiente de escoamento superficial da cobertura, bem como da eficiência do sistema de

descarte do escoamento inicial, sendo calculado pela seguinte equação:

𝑉 = 𝑃 ∗ 𝐴 ∗ 𝐶 ∗∈ (14)

Onde:

𝑉: 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙, 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑒 𝑐ℎ𝑢𝑣𝑎 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑣𝑒𝑖𝑡á𝑣𝑒𝑙;

𝑃: 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙, 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 (𝑚𝑚 𝑜𝑢 𝑚);

𝐴: 𝐴𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚2)

𝐶: 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎;

∈: 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑙𝑒𝑣𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒 (%).

A Norma recomenda ainda que o volume dos reservatórios deve ser dimensionado com

base em critérios técnicos, econômicos e ambientais, levando em conta as boas práticas da

engenharia, podendo, a critério do projetista, serem utilizados os métodos contidos no anexo A

da norma, ou outro, desde que devidamente justificado; os reservatórios devem ser limpos e

desinfetados com solução de hipocloritos de sódio, no mínimo uma vez por ano, de acordo com

a NBR-5626; o esgotamento pode ser feito por gravidade ou por bombeamento; a água de chuva

deve ser protegida contra a incidência direta de luz solar e do calor, bem como de animais que

possam adentrar o reservatório através da tubulação de extravasão. O anexo A da norma cita os

seguintes métodos de cálculo para dimensionamento de reservatórios: Método rippl, Método da

simulação, Método de Azevedo Neto, Método prático alemão, Método prático inglês e Método

prático australiano.

De acordo com Giacchini e Andrade Filho (2003), em um estudo de caso realizado na

Indústria Fundição Hubner Ltda, na cidade de Ponta Grossa-PR, onde foi utilizada a cobertura

do prédio com 7.962,79 m² para calcular o volume de água de chuva aproveitável e compará-

41

lo com a demanda de água não potável existente, verificou-se que apenas nos meses de abril,

agosto e novembro, não houve precipitação suficiente para atender à demanda, porém, o volume

aproveitável no ano era suficiente para suprir a demanda de água não potável, o que

representava uma redução no consumo de água potável na ordem de 50%.

Para May (2004), as águas pluviais têm utilização para irrigação, lavagem de veículos e

calçadas, vasos sanitários, sistemas de ar condicionado e combate a incêndio. Há de se avaliar

dois aspectos: avaliação dos parâmetros físicos, químicos e bacteriológico e a viabilidade do

sistema. A mesma autora recomenda utilizar água apenas para consumo não potável, avaliar a

necessidade de filtração e desinfecção, descartar a água dos primeiros 15 a 20 minutos de chuva,

evitar entrada de sol no reservatório, prever o reabastecimento do reservatório com água potável

para o período de estiagem, adotar dispositivos para evitar contaminação do reservatório de

água potável com água de chuva, pintar as tubulações para destacar a diferença e instalar placas

de avisos.

Mano e Schmitt (2004), numa pesquisa em Porto Alegre, verificaram uma economia

mensal no consumo total de água em edificações residenciais unifamiliares na ordem de 21,50%

utilizando água de chuvas para abastecer vasos sanitários apenas.

2.2.4 Reuso como medida de conservação e redução de consumo

As técnicas de tratamento de efluentes para fins de reuso já existem e podem ser

aplicadas de acordo com a necessidade, custo e objetivo que se deseja alcançar. A qualidade da

água utilizada e seu objetivo específico de reuso estabelecem os níveis de tratamento

recomendados, os critérios de segurança a serem adotados e os custos de operação e

manutenção associados. O reuso da água para fins não potáveis pode contribuir com a

preservação dos recursos hídricos, uma vez que se economiza água de boa qualidade para usos

nobres como cozinha, lavatórios e chuveiros (TELLES e COSTA, 2010).

Em 1985, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas estabeleceu uma política

de gestão para áreas carentes de recursos hídricos com base no seguinte conceito: “A não ser

que exista grande disponibilidade, nenhuma água de boa qualidade deve ser utilizada para usos

que toleram aguas de qualidade inferior” (UNIÁGUA, 2001, apud COSTA, 2010).

A NBR-13.969/97 estabelece padrões de qualidade do esgoto tratado de origem

essencialmente doméstica ou com características similares, para que possa ser reutilizado para

uso não potável, conforme quadro 01 a seguir.

42

Quadro 01: Parâmetros de efluentes para reuso Usos Parâmetros

Classe 1

Lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo chafarizes

Turbidez: < 5 NTU Coliformes fecais: <200 NMP/100 ml Sólidos dissolvidos Totais: < 200 mg/l

Cloro residual: 0,5 – 1,5 mg/l PH: 6 – 8

Nesse nível, serão necessários tratamentos aeróbios seguidos por filtração convencional e cloração

Classe 2

Lavagem de pisos, calçadas e irrigação de jardins, manutenção de lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes

Turbidez: < 5NTU Coliformes fecais: < 5000 NMP/100 ml

Cloro residual: > 0,5 mg/l Nesse nível, é satisfatório um tratamento biológico aeróbio seguido de filtração de areia e desinfecção.

Classe 3

Reuso na descarga dos vasos sanitários Turbidez: < 10 NTU Coliformes fecais: < 500 NMP/100 ml Sólidos dissolvidos totais: < 200 mg/l

Cloro residual Normalmente, as águas de enxague das máquinas de lavar roupas satisfazem a este padrão, sendo necessário apenas uma cloração. Para casos gerais, um tratamento aeróbio seguido de filtração e desinfecção satisfaz este padrão.

Classe 4

Reuso em pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual

Coliformes fecais: < 5.000 NMP/100 ml Oxigênio dissolvido: > 2 mg/l

As aplicações devem ser interrompidas pelo menos aos dias antes da colheita.

Fonte: H2O-Uso Racional da Água, Telles e Costa, 2010.

Para Gonçalves, et al (2006), toda atividade de reuso de água implica em considerações

relacionadas à proteção da saúde. Um sistema de gestão deve ser implantado para acompanhar

e gerenciar as atividades de reuso sob a ótica da minimização de riscos.

2.2.5 Dispositivos de Controle de Fluxo

Segundo Gonçalves et al (2009), desperdício compreende basicamente as perdas

evitáveis, ou seja, correspondem claramente à negligência do usuário, que não tem consciência

ambiental. Em geral o desperdício está associado ao comportamento humano de pessoas,

empresas ou órgãos públicos que não têm consciência sobre o valor da água, mas pode também

43

se enquadrar no campo da negligência comportamental consciente que não sofre ou que se

sobrepõe a pressões contrárias. O exemplo clássico do desperdício é a quantidade de água não

utilizada quando uma peça de consumo permanece aberta quando a água não está sendo

utilizada.

Para Gonçalves et al (2009), uma descarga de vaso sanitário de 12 litros representa o

desperdício induzido por um aparelho ultrapassado, contra o que o usuário pouco tem a fazer,

a não ser trocá-lo. Deve ser atentado o fato comprovado de que o vaso sanitário é mais utilizado

para urinar do que para defecar. Em média, em cinco usos, ocorre um uso para defecar e quatro

para urinar. A utilização de descarga com duplo acionamento (6 ou 3 litros), se usado

corretamente, gastaria em torno de 30% do consumo convencional. As Figuras 05, 06, 07, 08,

09 e 10 mostram alguns modelos de bacia sanitária com caixa acoplada dual flux, válvulas de

descarga com duplo fluxo e caixa de descarga dual flux para vasos sanitários.

Figura 05: Bacia com caixa acoplada dual flux Figura 06: Bacia com Caixa acoplada de duplo fluxo

Fonte: www.catalogodearquitetura.com.br Fonte: www.taqi.com.br

Acesso em 11/07/2015

Figura 07: Modelo de válvula com descarga dupla Figura 08: Modelo de válvula com descarga dupla

Fonte: www.ipem.pr.gov.br, acesso em 11/07/2015

44

Figura 09: Vaso com cx. de descarga de duplo fluxo Figura 10: Caixa de descarga c/duplo fluxo

Fonte: www.aquafluxus.com.br Fonte: www.ravi-multkoisas.mercadoshops.com.br

Acesso em 11/07/2015

Segundo Gonçalves et al (2009), a planta dos banheiros e a disposição dos aparelhos

hidro sanitários nele utilizados influenciam de forma significativa o consumo da água de

prédios públicos. Para investigar essa hipótese, a UFBA vem realizando levantamentos na

Escola Politécnica e em Instalações Aeroportuárias. Os resultados até aquele momento obtidos,

mesmo que ainda não completamente conclusivos, permitem alguns desenvolvimentos que

podem contribuir com a racionalização do consumo de água nessas edificações.

Para Gonçalves et al, entre as conclusões obtidas, destaca-se a confirmação que os

banheiros de prédios públicos são utilizados, principalmente, para atendimento à necessidade

fisiológica de urinar. Na Escola Politécnica da UFBA, para cada 100 visitas aos banheiros

femininos, 69 se destinam a urinar, 21 a defecar e 10 ao uso exclusivo de pia. No caso dos

masculinos, a preferência por urinar é maior ainda. Se as pessoas utilizassem somente mictórios

para urinar, a redução no consumo de água seria muito grande. O que chama a atenção é que,

nos banheiros pesquisados, o número de vasos sanitários é bem maior que o de mictórios. O

uso de mictórios com válvulas de descarga de desligamento automático pode aumentar ainda

mais a redução do consumo de água (GONÇALVES et al, 2009). As Figuras 11, 12, 13 e 14

mostram modelos dessas peças de consumo.

Figura 11: Registro de fecho automático para mictório

Figura 12: Mictório com descarga automática

Fonte:www.fabrimar.com.br Fonte: www.dracoeletronica.com.br

Acesso em 13/07/2015

45

Figura 13: Mictório com descarga sensorizada Figura 14: Descarga sensorizada

Fonte: www.dracoeletronica.com.br Fonte: www.dracoeletronica.com.br

Acesso em 13/07/2014

Já na unidade aeroportuária investigada, em junho de 2008, foram entrevistados 182

passageiros do sexo masculino e 142 do sexo feminino, que juntos haviam utilizados 786

aparelhos sanitários. Desse total, apenas 2% foram ao vaso para defecar, 88% para urinar e 10%

para outros usos. Considerando que a descarga de um vaso sanitário pode representar um

consumo de até 40 vezes o consumo de um mictório, a concepção dos projetos de banheiro

público deve passar por uma mudança que pode até contrariar as recomendações das normas

brasileiras. Com relação aos banheiros femininos, é mais complicado, porque no Brasil ainda

não se utiliza mictórios femininos (GONÇALVES et al, 2009).

Com relação ao consumo de água nos chuveiros, isso ainda é uma questão de hábitos e

costumes, existindo pessoas que levam até 20 minutos para concluir o banho.

As torneiras convencionais são peças cujo consumo está diretamente ligado ao hábito e

à preocupação consciente de quem usa. Com essa preocupação, a Associação Brasileira de

Normas Técnicas, juntamente com os fabricantes, vem desenvolvendo diversas pesquisas no

sentido de criar equipamentos capazes de produzir o mesmo efeito de uso com menos gasto de

água. Por essas razões é que surgiram as torneiras com fechamento automático, capazes de

economizar de 50 a 76%, como mostram os resultados da pesquisa realizada pela Sabesp, em

parceria com os fabricantes de equipamentos hidráulicos, através do Programa PURA da

Sabesp.

Surgiram, também, as torneiras com sensores de presença, que ligam e desligam

conforme a aproximação ou o afastamento das mãos e reduzem o consumo de água em até 77%.

Esses equipamentos foram adotados primeiramente em locais com grande fluxo de pessoas,

como hospitais, restaurantes e consultórios, mas nada impede seu uso em casa. Nas figuras 15,

16, 17 e 18 são mostrados alguns modelos de torneiras de baixo consumo.

46

Figura 15: Torneira com fecho automático Figura 16: Torneira com sensor

Fonte: www.maisconstruçao.com.br Fonte: www.besttemas.com.br

Acesso em 13/07/2015

Figura 17: Torneira com fecho automático e arejador Figura 18: Torneira com arejador

Fontre: www.piniweb.pini.com.br Fonte: www.cec.com.br

Acesso em 13/07/2015

Ainda de acordo com o PURA, desenvolvido pela Sabesp, os chuveiros elétricos

normalmente tem uma baixa vazão. Porém, a região, as necessidades fisiológicas e culturais, o

hábito de cada pessoa e o tempo de banho é que faz com que o consumo de água nos chuveiros

em cidades brasileiras como São Paulo chega a atingir de 30 a 50% do consumo total em uma

residência. O quadro 02 apresenta a vazão de projeto recomendada pela NBR-5626/98 por peça

de utilização de cada aparelho sanitário. As figuras 19 e 20 mostram alguns dos modelos

disponíveis em mercado para economizar água em chuveiros.

47

Figura 19: Registro regulador de vazão p/chuveiros Figura 20:Ducha com regulador de vazão

Fonte: www.sempresustentavel.com.br Fonte: www.fabrimar.com.br

Acesso em 13/07/2015

A NBR – 5.626/98 recomenda as vazões apresentadas no quadro 02 para cada peça de consumo:

Quadro 02: vazão das peças de consumo Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto (l/s) Bacia sanitária Caixa de descarga 0,15

Válvula de descarga 1,70 Banheira Misturador (água fria) 0,30 Bebedouro Registro de pressão 0,10 Bidê Misturador (água fria) 0,10 Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20 Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 Lavadora de pratos ou roupas Registro de pressão 0,30 Lavatório Torneira ou misturador (água

fria) 0,15

Mictório cerâmico Com sifão integrado Válvula de descarga 0,50 Sem sifão integrado Caixa de descarga, registro de

pressão ou válvula de descarga para mictório.

0,15

Mictório tipo calha Caixa de descarga ou registro de pressão

0,15/m calha

Pia Torneira ou misturador (água fria)

0,25

Torneira elétrica 0,10 Tanque Torneira 0,25 Torneira de jardim ou lavagem em geral Torneira 0,20

Fonte: NBR- 5626/98

2.2.6 Eficiência Hidráulica e Energética

Em sistemas de abastecimento de água são inerentes os problemas de perdas de água e

energia. As perdas físicas de água ocorrem em todos os setores do sistema de abastecimento,

desde a captação até as ligações prediais. De acordo com os dados de 2003, registrados pelo

Serviço Nacional de Informação em Saneamento (SNIS, 2005), as perdas físicas de água mais

48

os consumos não contabilizados são da ordem de 40%, podendo chegar a 70% em algumas

cidades brasileiras.

Com relação às perdas de energia, elas são significantes e ocorrem principalmente por

conta da baixa eficiência dos equipamentos eletromecânicos, por procedimentos operacionais

inadequados e por falhas na concepção dos projetos. De acordo com o Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica para o Saneamento (PROCEL SANEAR, 2005) mais de 2%

do consumo total de energia elétrica no Brasil são consumidos por prestadores de serviços de

água e esgotamento sanitário (GOMES, 2005).

2.2.6.1 Medidas Gerais de Combate às Perdas de Água e Energia

O Programa de eficiência hidráulica foca na gestão do uso da água e energia elétrica

junto aos consumidores, visando benefícios às empresas e aos usuários. O trabalho de

conscientização dos consumidores a economizarem água e energia é feito por meio de

campanhas educacionais para reduzir a demanda de água e, consequentemente, de energia

elétrica e a conservação dos recursos hídricos. São medidas adotadas normalmente para o setor

residencial. Para o setor industrial, pode ser adotado, além dessas campanhas, as medidas de

reuso de água e aproveitamento de águas de chuva (GOMES, 2005).

De acordo com Gomes et al (2009), a automação de sistemas de abastecimento de água

tem a finalidade de possibilitar a operação assistida de sistemas e/ou controle automático de

processos. Pela automação, é possível controlar e interferir nas diversas unidades do sistema

em tempo real, possibilitando a melhoria no desempenho operacional, a mensuração de todas

as atividades e a redução dos custos.

Para Tsutiya (2006), o balanço hídrico de um sistema de abastecimento de água é uma forma

estruturada de avaliar os componentes dos fluxos e usos de água no sistema e seus valores

absolutos ou relativos, para garantir o monitoramento e controle de consumo e perdas.

Gomes (2005) apresenta no quadro 03 as medidas de combate às perdas em função das

causas dos desperdícios de energia, das ações administrativas e operacionais para eficiência

energética em sistemas de abastecimento de água.

49

Quadro 03: Medidas de combate às perdas Causas dos desperdícios de Energia

Ações Administrativas para Eficiência Energética

Ações Operacionais para Eficiência Energética

Formas contratuais indevidas

Correção da classe de faturamento Ajuste dos equipamentos: correção do fator de potência e alteração tensão de alimentação

Procedimentos operacionais inadequados

Regularização da demanda contratada

Diminuição da potência dos equipamentos: melhoria no rendimento dos conjuntos motor bomba, redução das perdas cargas nas tubulações, melhoria do fator de cargas nas instalações, redução do índice de perdas de água, uso racional da água.

Desperdícios de água Alteração da estrutura tarifaria Controle operacional: alteração no sistema de bombeamento, utilização de inversor de frequência, alteração dos procedimentos operacionais da ETA

Mau dimensionamento dos sistemas

Desativação das instalações sem utilização

Automação do sistema de abastecimento de água

Idade avançada dos equipamentos

Conferência de leitura da conta de energia elétrica

Alternativas para geração de energia elétrica: aproveitamento de potenciais energéticos e uso de geradores nos horários de ponta

Tecnologia mal utilizada Entendimento com as companhias energéticas para redução de tarifas

Redução da altura manométrica: redução da altura geométrica, redução das perdas de carga.

Erros de concepção de projetos

Redução no volume de água distribuído: controle de perdas de água e uso racional

Manutenções precárias Fonte: Eficiência hidráulica e energética em saneamento (GOMES, 2005)

50

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo foi descrita a metodologia utilizada na pesquisa que inclui a definição da

área de estudo que é o sistema de abastecimento de água do Campus da UFMT em Cuiabá; a

caracterização do sistema nas escalas macro, meso e micro; a organização, análise e avaliação

dos dados obtidos; e a proposta de um novo projeto para o sistema de abastecimento de água.

A caracterização do sistema de abastecimento de água existente possibilitou o cálculo do

consumo efetivo e per capita do Campus, identificar os problemas operacionais no

gerenciamento dos serviços de água, e permitiu uma avaliação do consumo e da potencialidade

de se utilizar peças reguladoras de fluxo como medida de conservação. A partir dessa análise,

foi elaborada a proposta de uma nova concepção para o sistema de abastecimento de água do

Campus que atende inclusive às exigências do Corpo de Bombeiros e Ministério Público com

relação à Prevenção e Combate a Incêndio do Campus, e definido os cenários que podem

ocorrer após a implantação da proposta apresentada.

Na figura 21, foram apresentadas as etapas metodológicas para realização da pesquisa,

que compreende: a caracterização do sistema de abastecimento de água, a organização, análise

e avaliação dos dados obtidos, proposta de um novo projeto e a elaboração de cenários futuros.

Para a realização do diagnóstico, definiu-se, inicialmente, as fontes dos dados e, em seguida, os

tipos de dados primários, secundários e da pesquisa bibliográfica, necessários para realização

do trabalho.

A pesquisa teve início com a busca de informações existentes nas seguintes fontes de

dados: Concessionária de água, Prefeitura do Campus, PROPLAN, PROAD e na pesquisa

bibliográfica realizada. Nesta fase foram levantados os dados secundários que se referem à

população do Campus, ao consumo de água, ao custo financeiro com água oriunda da

Concessionária, às informações e características sobre os poços artesianos e à estrutura de

operação e manutenção do sistema.

Em seguida, foi efetuado um levantamento dos dados primários referentes ao sistema

de abastecimento de água do Campus: fontes de produção, cadastramento e avaliação da rede

de distribuição existente, unidades de reservação e recalques das edificações, quantificação de

todas as peças e equipamentos de consumo existentes no Campus, incluindo canteiro central e

praças.

Esses dados e informações foram organizados em tabelas, gráficos e quadros, compondo

a caracterização do sistema de abastecimento (diagnóstico), cujos resultados serviram de base

51

para a elaboração de um novo projeto para o sistema de abastecimento de água e elaborar

cenários que podem ocorrer após a execução do projeto.

Figura 21: Fluxograma metodológico da pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

3.1 Área de estudo

A área de estudo para a realização desta pesquisa na escala meso compreende os limites

do Campus da UFMT em Cuiabá, que teve o início de sua implantação em 1970.

A figura 22 mostra a localização da área de estudo dentro do Município de Cuiabá e o

ponto de captação de uma das fontes de água fornecida ao sistema de abastecimento de água do

Campus que é a captação da ETA Tijucal pertencente à concessionária.

52

Figura 22: Mapa de localização da área de estudo

Fonte: Pereira, D. F., 2015.

O Plano Diretor correspondente à área de estudo foi projetado para a saturação

urbanística de crescimento e está subdividido em 8 regiões, conforme se pode observar na figura

23.

Figura 23 Área de estudo-Campus da UFMT em Cuiabá

Fonte: PROPLAN/UFMT, 2015.

O quadro 04 apresenta as características gerais da área de estudo, correspondente ao

Plano Diretor mostrado na figura anterior.

53

Quadro 04: Características gerais do Campus Discriminação das áreas de interesse Unidade Valor da área (há) Área total do Campus Há 74,327762 Área construída inicial (1970) Há 3,232200 Área construída atual (2014) Há 23,237885 Área de estacionamentos Há 5,458814 Área de Ruas e Avenidas Há 4,4433085 Área permeável Há 41,197978

Fonte: CPF/PROPLAN-UFMT, 2015.

Decorridos mais de 40 anos da sua fundação, verificou-se que a UFMT cresceu, ampliou

seus espaços físicos e a demanda de água potável. Porém, não ocorreram, nesse período, as

melhorias necessárias no sistema, ocasionando deficiências no abastecimento.

Para melhor caracterização e compreensão do problema, as imagens mostradas nas

figuras 24 e 25 ilustram a evolução do crescimento físico do Campus, comprovando o problema

estudado nesta pesquisa.

Figura 24: Vista geral do Campus em 1973. Figura 25: Vista geral atual do campus

Fonte: Memória SECOMM, UFMT, Téc. em arquivo, Ribeiro, R. S., 2013

O Campus da UFMT em Cuiabá conta com um Sistema de Abastecimento de Água com

duas fontes de fornecimento de água, sendo o manancial superficial do Rio Coxipó na ETA

Tijucal e o manancial subterrâneo, através de quatro poços profundos existentes no Campus.

Um poço atende exclusivamente ao Zoológico e outros três complementam a demanda de água

potável.

3.2 Caracterização do sistema: Diagnóstico

O diagnóstico de um sistema de abastecimento de água é o trabalho preliminar quando

se pretende: um estudo de alternativas para uma nova concepção do sistema com vistas a uma

melhora na eficiência, um estudo de viabilidade econômica, a substituição de obras e

54

equipamentos com tempo de vida útil ultrapassada, um estudo de impacto e licenciamento

ambiental, e a ampliação e melhoria no sistema como um todo.

Diante do problema efetuou-se a caracterização do sistema de abastecimento de água do

Campus para levantar as informações necessárias à elaboração do diagnóstico, indo até as fontes

de dados pré-estabelecidos conforme o quadro 05 apresentado a seguir.

Quadro 05: Fonte de dados e tipos de informações levantadas. Fonte de dados Tipos de dados e informações levantadas Concessionária Planta da rede de distribuição de água na UFMT e entornos, fonte de

fornecimento de água. Prefeitura do Campus Locação dos hidrômetros e poços, estrutura de operação e manutenção

do sistema, vazão dos poços e sua contribuição no abastecimento do Campus.

PROPLAN (Coordenação de Planejamento Físico-CPF)

Plano Diretor atualizado, Planta geral da rede de distribuição de água, População Universitária, projeto dos reservatórios e áreas construídas dos espaços físicos existentes.

PROAD (Gerência de Contabilidade)

Consumo e custo mensal de água fornecida pela Concessionária nos 5 anos pesquisados (2009 a 2013).

Pesquisa Bibliográfica Comparativo de economia nas peças de consumo do tipo convencional e com regulador de fluxo

Sistema de abastecimento de água

Dados primários do sistema através de levantamento de campo.

Fonte: autor, 2014.

Para tanto, definiu-se preliminarmente as etapas e os questionamentos da pesquisa a

serem levantados nas fontes de dados existentes (dados secundários) e na pesquisa de campo

(dados primários).

Na escala micro do sistema de abastecimento, efetuou-se um levantamento das

características dos recalques individuais e a quantidade de peças e equipamentos de consumo

existentes em todas as Unidades Acadêmicas e administrativas do Campus, incluindo Hospital

Veterinário, praças e canteiros.

3.2.1 Dados primários

Os dados primários foram obtidos a partir de um levantamento de campo no sistema de

abastecimento de água, efetuado com a presença de um bombeiro hidráulico da equipe de

manutenção da Prefeitura do Campus, com o objetivo de se obter informações precisas em

relação a todas as unidades do sistema, de acordo com fluxograma apresentado na figura 26, a

seguir. Nesta fase da pesquisa, foi utilizado um GPS marca GARMIN para georreferenciar a

localização dos hidrômetros e poços artesianos, e uma máquina fotográfica marca Kanon para

registrar as condições atuais das unidades e estrutura física do sistema de abastecimento.

55

Figura 26: Fluxograma metodológico para levantamento dos dados primários

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

3.2.1.1 Unidades de Produção

A identificação das fontes de abastecimento existentes no Campus da UFMT foi

realizada com a utilização de GPS e levantamento das características técnica dos hidrômetros e

poços.

a) Concessionária: localização dos hidrômetros por meio de coordenadas

geográficas e suas características (diâmetro e capacidade);

b) Poços artesianos: características, localização por meio de coordenadas

geográficas, condições atuais das instalações elétricas e de comando das bombas, e dos

abrigos (fotos).

3.2.1.2 Rede de distribuição

O levantamento de campo para verificar o caminhamento da rede de distribuição foi

efetuado por setor, trecho a trecho, comparando com a planta existente, obtida junto à

Concessionária e à Pró-Reitoria de Planejamento. Foi conferido in loco o caminhamento real

com a planta original, não sendo possível obter um bom resultado nesse sentido porque não

DA

DO

S P

RIM

ÁR

IOS

Fontes de produção: localização e caracteristicas dos hidrometros e poços

artesianos

GPS Marca GARMIN e registro em tabelas.

Rede de distribuição: traçado, extenção da rede por diametro e tipo de material

Planta digital da rede e verificação do traçado

Sistema de reservação: capacidade dos reservtórios enterrados e elevados das

unidades acadêmias.

Plantas e verificação in loco.

Sistemas individuais de recalques: potência das bombas e condições de suas instalações

Máquina fotográfica e registro em tabela

Equipamentos e peças de consumo: levantamento dos equipamentos e peças de

consumo existentes nas unidades acadêmicas, canteiros e praças.

Máquina fotográfica, verificação e contagem das

peças, por região

56

existe um cadastro atualizado e as pessoas que conheciam o sistema já se aposentaram. Por essa

razão, foram mantidas as informações existentes na planta, que apresenta trechos com tubos de

cimento amianto instalados a mais de 40 anos, tubos de ferro fundido, ferro galvanizado e PVC

PBA classe 12. Registrou-se em planilha a extensão da rede de distribuição por diâmetro e tipo

de material utilizado, de acordo com as informações existentes no Departamento de Engenharia

Sanitária e nas plantas fornecidas pela PROPLAN-UFMT e Concessionária CAB Cuiabá.

3.2.1.3 Reservação

O sistema de reservação da UFMT, composto por reservatórios enterrados e elevados

em todos os prédios, foi levantado a partir de alguns projetos antigos encontrados na mapoteca

e de forma digitalizada nos arquivos da Pró-Reitoria de Planejamento, bem como por visita in

loco, que possibilitou o registro de sua localização em relação aos prédios, tipo de reservatório

e capacidade de armazenamento de cada um. Mesmo existindo projeto de alguns reservatórios,

a visita in loco foi realizada em todos eles, com a finalidade de conferir as informações. Foi

registrado em uma planilha a capacidade e o tipo de cada reservatório. Foi verificada, ainda, a

disponibilidade de reserva técnica para prevenção e combate a incêndio, que é objeto de um

Termo de Ajustamento de Conduta firmado pela UFMT com o Corpo de Bombeiros e o

Ministério Público.

3.2.1.4 Sistemas de recalques individuais

Na vistoria realizada, verificou-se que em todos os reservatórios enterrados existe um

sistema de recalque para elevar água ao reservatório de distribuição que abastece as peças de

consumo. Foi registrado em uma planilha a potência das bombas e os diâmetros de sucção e

recalque. As condições de instalação e automação das bombas foram verificadas e registradas

em fotografias apresentadas nos resultados. Nesta fase, registrou-se também a existência e as

condições atuais dos sistemas de bombeamento para prevenção e combate a incêndio.

3.2.1.5 Peças e equipamentos de consumo

Por meio de visita in loco, foram verificados e contados todos os equipamentos e peças

de consumo existentes nas unidades acadêmicas, Hospital Veterinário, Laboratórios, praças e

canteiro central. A quantificação foi feita por tipo de equipamento e peças, que servirá para

propor a substituição por peças com controle de fluxo. O resultado do levantamento foi

57

registrado em tabela com quantificação feita por região. As regiões são setores definidos no

Plano Diretor do Campus mostradas na figura de definição da área de estudo.

3.2.2 Dados secundários

Os dados secundários foram obtidos nos arquivos fornecidos pelas fontes de dados

pesquisados, de acordo com o fluxograma metodológico apresentado na figura 27.

Figura 27: Fluxograma metodológico para obtenção dos dados secundários.

Fonte: autor, 2014.

3.2.2.1 População do Campus

Foram levantados na Gerência de Informações da Pró-Reitoria de Planejamento, os

dados populacionais da UFMT referentes aos cinco anos pesquisados (2009 a 2013), registrados

e apresentados em tabela e por meio de gráficos.

A evolução do crescimento populacional da UFMT serviu para avaliar o comportamento

do consumo per capita no Campus ao longo dos cinco anos.

3.2.2.2 Consumo de água no Campus

DA

DO

S SE

CU

ND

ÁR

IOS

População do Campus: levantamento da população universitária por classe, nos cinco

anos pesquisados. Relatório de Gestão da UFMT (2013).

Consumo de água no Campus: levantamento do consumo de água potável fornecida pela

Concessionária nos cinco anos pesquisados.

Conta de água da Concessionária, nos arquivos da PROAD/UFMT.

Custos com água no Campus: levantamento dos custos financeiros com água potável fornecida

pela Concessionária nos cinco anos pesquisados.

Conta de água da Concessionária, nos arquivos da PROAD/UFMT.

Poços artesianos: caracteristicas dos poços artesianos em funcionamento na UFMT .

Informação verbal do Prefeito do Campus e do responsável pela

Empresa de manutenção dos poços.

Operação e manutenção do sistema de abastecimento de água: informações sobre

plano e estrutura de operação e manutenção, existente .

Informação verbal do Prefeito do Campus e da equipe de operação e

manutenção do sistema.

58

A água potável consumida no Campus da UFMT em Cuiabá é proveniente de duas

fontes: quatro poços artesianos existentes no Campus e a rede pública pertencente à

Concessionária.

O consumo de água oriundo dos poços artesianos em funcionamento corresponde aos

valores fornecidos pelo Prefeito do Campus e pela equipe de manutenção.

O consumo de água fornecida pela concessionária foi levantado na Gerência de

Contabilidade da PROAD/UFMT, por meio dos arquivos de contas de água pagas mensalmente,

cujos valores foram apresentados em tabela e gráficos como resultado da pesquisa.

O cálculo do consumo total médio de água no Campus, mensal e anual, foi obtido

somando-se o consumo de água fornecida pela Concessionária e a vazão total dos poços,

considerando que estes funcionam de forma contínua por 24 horas dia.

O consumo total médio dividido pela população universitária resultou no consumo per

capita de cada ano. A média dos cinco anos pesquisados é o consumo per capita considerado

para o Campus Cuiabá.

3.2.2.3 Custo financeiro com água no Campus

O custo com água potável fornecida pela Concessionária ao Campus da UFMT foi

levantado a partir das contas de água pagas nos cinco anos pesquisados (2009 a 2013) e serviu

para uma avaliação do impacto financeiro nas contas da instituição, se a UFMT utilizasse

apenas essa fonte, se adotasse as duas fontes de água e se adotasse as duas fontes somadas às

medidas de conservação pesquisadas bibliograficamente e propostas neste trabalho.

3.2.2.4 Operação e manutenção do sistema

Na Prefeitura do Campus foram levantados os seguintes questionamentos com relação

à operação e manutenção do sistema de abastecimento de água:

Qual a estrutura operacional existente para o sistema de abastecimento, incluindo

as demandas de instalações hidráulicas nas unidades acadêmicas do Campus?

Existe um plano ou manual de operação e manutenção para ser seguido?

Como é feito o atendimento às demandas diárias que chegam ao setor?

59

3.3 Avaliação do consumo de água no Campus

A avaliação do consumo de água no Campus foi efetuado através da comparação entre

o consumo médio per capita encontrado para o período da pesquisa e o consumo per capita

praticado em outras universidades brasileiras. O consumo per capita adotado na proposta foi

definido com base nos resultados encontrados na pesquisa bibliográfica, onde foi verificado

que em universidades onde se adotou apenas medidas sócio educativas o consumo per capita

reduziu para patamares inferior a 40 l/hab.dia.

3.4 Avaliação da potencialidade de utilização de dispositivos de controle de fluxo para

redução do consumo

A avaliação da potencialidade de utilização de dispositivos de controle de fluxo para

redução do consumo de água no Campus foi efetuado com base no comparativo de economia

nas peças de consumo quando se substitui as do tipo convencional por peças com regulador de

fluxo, e no inventário de peças e equipamentos de consumo realizado em todas as unidades

acadêmicas e administrativas do Campus.

3.5 Diretrizes para elaboração da proposta de um novo sistema de abastecimento de

água do Campus

A proposta de uso racional de água para o Campus da UFMT em Cuiabá consiste de um

novo projeto, calculado de acordo com as diretrizes de elaboração e dimensionamento

apresentada a seguir:

Manutenção das fontes de fornecimento de água atual (poço e concessionária),

com uma entrada de água da Concessionária para cada setor. Os hidrômetros não

utilizados serão desativados;

Divisão do sistema de abastecimento em dois setores;

Poço do CCBS para abastecer o reservatório de água potável do setor I;

Poço do Centro Cultural para abastecer o reservatório de água potável do setor

II;

Poço da Fundação Uniselva para atender à demanda de água não potável de

prevenção e combate a incêndio, irrigação, lavagem de veículos e obras.

Poço do Zoológico para abastecer exclusivamente aquela unidade;

60

Instalação de um equipamento para remover dureza e ferro da água dos poços

do CCBS e Centro Cultural;

Separação dos consumos: água potável e não potável (prevenção e combate a

incêndio, irrigação e obras), através de redes independentes;

Um reservatório de distribuição misto para cada setor (água potável, incêndio e

irrigação);

Dimensionamento do novo sistema de abastecimento de água para atender a

saturação de crescimento da população universitária do Campus e considerando um

consumo per capita de 40 l/há.dia, compatível com valores encontrados em algumas

universidades brasileiras onde se adotou apenas medidas sócio educativas como forma

de reduzir o consumo e garantir o uso racional da água.

3.6 Cenários para o sistema de abastecimento de água proposto

Este trabalho estabeleceu quatro cenários e hipóteses para o sistema produtivo de água

potável, elaborado com base nas condições atuais e futuras do sistema de abastecimento de

água, nas pesquisas bibliográficas realizadas, e na proposta de uso racional de água para o

Campus da UFMT em Cuiabá, de acordo com a matriz de impacto apresentada no quadro 06.

Quadro 06: Matriz de impacto no consumo de água no Campus para os cenários previstos Cenários Poços artesianos Concessionária Impacto no consumo

e no custo financeiro A1-Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita atual (60,72 l/hab.dia).

Máxima participação no fornecimento de água potável (dois poços com vazão máxima).

Fornecimento de água da Concessionária como complementação da demanda requerida.

Impacto no consumo e resultado financeiro para a população e consumo atual sem previsão de redução no consumo per capita.

A2-Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita de 50 l/hab.dia.

Máxima participação no fornecimento de água potável (dois poços com vazão máxima).

Fornecimento de água da Concessionária como complementação da demanda requerida.

Impacto no consumo e resultado financeiro para a população atual e redução de 17% no consumo per capita encontrado.

A3-Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita de 40 l/hab.dia.

Máxima participação no fornecimento de água potável (dois poços com vazão máxima).

Fornecimento de água da Concessionária como complementação da demanda requerida.

Impacto no consumo e resultado financeiro para a população atual e redução de 34% no consumo per capita encontrado.

A4-Sistema de produção e população futuro (17.497 habitantes) e consumo per capita de 50 l/hab.dia.

Máxima participação no fornecimento de água potável (dois poços com vazão máxima).

Fornecimento de água da Concessionária como complementação da demanda requerida.

Impacto no consumo e resultado financeiro, para a população de projeto e uma redução do consumo per capita encontrado em 17% devido às medidas de conservação previstas no cenário e população futura.

61

A5-Sistema de produção e população futuro (17.497 habitantes) e consumo per capita de 40 l/hab.dia. Proposta para o novo projeto do Campus.

Máxima participação no fornecimento de água potável (dois poços com vazão máxima).

Fornecimento de água da Concessionária como complementação da demanda requerida.

Impacto no consumo e resultado financeiro para o sistema de abastecimento proposto considerando as medidas de conservação a adotar, a separação dos consumos potável e não potável, setorização do sistema de distribuição e novas redes distribuição, a população de projeto (17.497 habitantes) e redução do consumo per capita em 34%.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Calculou-se o impacto no consumo levando em consideração a máxima participação no

fornecimento de água pelos poços e o fornecimento de água pela concessionária como

complementação da demanda requerida. O impacto financeiro foi calculado para o volume de

água fornecida pela Concessionária, levando em consideração a taxa de água cobrada e a

redução esperada no consumo total. A redução esperada em função das medidas de conservação

propostas foi abatida do volume de água fornecida pela Concessionária, porque o poço deverá

trabalhar sempre com a capacidade máxima. No impacto financeiro, foi considerado apenas o

custo da água consumida, porque não existe medidor de consumo de energia no sistema de

abastecimento de água (poços e recalques individuais). Ou seja, não registro de gastos com

energia elétrica.

De forma estimada calculou-se o custo com a energia consumida nos sistemas de

bombeamento de água dos poços e dos recalques individuais utilizando a fórmula 10,

considerando um tempo de bombeamento diário de 18 horas para os poços e de 8 horas para os

recalques individuais, e a potência total instalada para cada caso.

62

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento desta pesquisa resultou na elaboração de um diagnóstico do sistema

de abastecimento de água e no cálculo do consumo per capita no Campus. O diagnóstico

possibilitou o registro de dados e informações sobre o sistema que até então eram

desconhecidos, como o volume de água fornecida ao sistema pelas fontes Concessionária e

poços artesianos, o layer da rede e sua extensão por diâmetro e tipo de material, a capacidade

de reservação, as condições de instalação dos recalques individuais e a quantidade de peças e

equipamentos de consumo de água existentes no Campus. Essas informações serviram de base

para definir uma proposta de Uso Racional de Água no Campus Cuiabá e demonstrar o impacto

no consumo de água potável que pode ocorrer para cada cenário avaliado, considerando as

hipóteses simuladas.

4.1 Diagnóstico do Sistema de Abastecimento de Água

O sistema de abastecimento de água da UFMT em Cuiabá tem uma configuração

descentralizada, com duas fontes de suprimento de água através de cinco hidrômetros e quatro

poços artesianos e reservatórios em todas as unidades acadêmicas. O sistema existente

apresenta uma rede de distribuição deficitáaria devido ao seu tempo de vida útil, ao material

utilizado e ao traçado desconhecido que dificulta a operação e manutenção. Grande parte da

rede do Campus tem 40 anos de existência, como é o caso da rede de cimento amianto e ferro

fundido.

De acordo com Gomes (2004), costuma-se adotar um período de retorno para os projetos

de abastecimento de água entre 10 e 30 anos, levando em conta diversos fatores dentre eles o

tempo de vida útil dos equipamentos e obras civis.

O fluxograma apresentado na figura 28 mostra o diagnóstico realizado e aborda todas

as unidades do sistema de abastecimento.

Segundo Alvisi e Franchini (2009), com o envelhecimento das tubulações que compõem

um sistema de abastecimento de água, as suas características mecânicas sofrem deterioração e

diminuição de sua resistência estrutural, resultando em um aumento no número de rupturas.

Atualmente, no Brasil, as maiores deficiências dos sistemas de abastecimento estão

relacionadas principalmente à deterioração dos sistemas mais antigos, especialmente as redes

de distribuição de água (MARTINS e SOBRINHO, 2005).

63

Figura 28: Fluxograma do diagnóstico realizado no sistema de abastecimento de água do Campus Cuiabá, 2015.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE

ÁGUA

Fontes de abastecimento de água atual

Concessionária: hidrômetros I, II, III, IV e V.

Consumo médio diário: 207,15 m³/dia

Poços: Uniselva, CCBS, Centro Cultural e Zoológico

Consumo médio diário: 700,08 m³/dia

Rede de distribuição existente no Campus

Tubos de cimento amianto: 1.892,00 m

Tubos de ferro fundido e galvanizado: 816,00 m

Tubos de PVCe PEAD: 5.700,00 m

Reservatórios existentes: 56 unidades de reservação

(enterrado e elevado)

Capacidade total dos reservatórios enterrados:

1.229,00 m³

Capacidade total dos reservatórios elevados:

759,20 m³

Capacidade total dos reservatórios de águas

pluviais: 60,00 m³

Sistemas individuais de recalques: 56 unidades

Potência total instalada: 167,00 CV

Peças e equipamentos de consumo

Quantidade total de peças e equipamentos de

consumo no Campus: 3.788 unid.

Torneira Lav. com.: 636 un

Torneira lav. autom.: 451

Torneira pia: 536 un

Torneira uso geral: 121 un

Válvula Desc Conv.: 901 un

Válvula desc. dup. fluxo: 100 un

Caixa acop. conv: 75 un

Caixa acop. dup. fluxo: 6 un

Caixa descarga conv.: 32 un

Mictório conv.: 171 un

Mictório automático: 121

Ducha Higiênica: 119 un

Chuveiro convencional: 135

Chuveiro de Emergência: 14 un

Bebedouro elétrico: 38 un

Destilador: 48 un

Máquina lavar roupa: 3 un

Torneira tanque: 99 un

Torneira calha: 12 un

Torneira jardim: 156 un

Torneira reg. borboleta: 1

Filtro água: 2 un

Bebedouro animal: 11 un

População média anual do Campus nos anos

pesquisados15.088 habitantes

Consumo médio anual total de água no Campus nos cinco anos pesquisados

325.514,40 m³

Consumo per capita médio de água no Campus nos cinco anos pesquisados

60,72 l/habitante.dia

Custo médio anual com consumo de água fornecida

pela Concessionária R$ 392.937,93

Operação e manutenção sistema de abastecimento

de água do Campus

Estrutura: 6 bombeiros, 3 eletrecistas, almoxarifado,

1 retro escavadeira e 1 veículo

64

O sistema de abastecimento de água descentralizado que ocorre no Campus devido a

existência de cinco ligações domiciliares interligadas em pontos deferentes de uma rede comum

e pela interligação de quatro poços artesianos em outros pontos da rede e em alguns

reservatórios, dificulta as manobras, o controle e monitoramento do consumo e perdas e, por

sua vez impede a prática de uso racional da água no Campus.

Para Gonçalves, et al (2006), o conceito de uso racional com enfoque na demanda

significa a otimização em busca da maior redução de consumo possível, mantidas em qualidade

e quantidade as atividades consumidoras. A conservação com enfoque na demanda e na oferta

significa otimização da demanda com a oferta alternativa de água, incluindo o aproveitamento

de água de poços, aproveitamento de águas pluviais e o reuso de águas.

4.1.1 Fontes de abastecimento

O fornecimento de água para o Campus, oriundo da concessionária, tem como

manancial o Rio Coxipó, através do complexo Tijucal que, por sua vez, é composto por três

ETA’s com capacidade total de 1.020,0 l/s, instaladas no Bairro Tijucal, às margens esquerda

do Rio Coxipó.

Para atender a UFMT existe em funcionamento cinco ligações domiciliares ou entrada

de água executadas pela Concessionária, localizadas nas coordenadas geográficas apresentadas

na tabela 07, que por sua vez são interligadas na rede pública que passa nas Avenidas

Arquimedes Pereira Lima e Alziro Zarhur:

Tabela 07: Ligações domiciliares e hidrômetros no Campus da UFMT em Cuiabá. Local Diâmetro Latitude Longitude Capacidade(m³/h) Prefeitura 1 1/2” 15º 36’ 25,07” 56º 3’37,93” 20,00 Zoológico 1 ½” 15º 36’ 21,01” 56º 3’ 44,65” 20,00 Casa estudante 1 ½” 15º 36’ 29,63” 56º 3’ 29,95” 20,00 CCA 1 ½” 15º 36’ 42,40” 56º 3’ 54,21” 20,00 Parque aquático 1 ½” 15º 36’ 54,40” 56º 4’ 13,57” 20,00

Fonte: levantamento de campo, autor (2013).

A tabela 08 apresenta o consumo mensal de água fornecida pela Concessionária, através

dos hidrômetros, nos cinco anos pesquisados, que serviram para avaliar a participação de cada

fonte no fornecimento de água do Campus.

65

Tabela 08: consumo mensal oriundo da Concessionária no Campus Cuiabá, no período de 2009-2013. Consumo de água em m³/mês

Meses 2009 2010 2011 2012 2013 Janeiro 6.561,00 8.264,00 6.256,00 4.280,00 3.884,00 Fevereiro 6.157,00 7.135,00 5.243,00 2.889,00 6.144,00 Março 7.711,00 7.288,00 5.185,00 4.537,00 5.459,00 Abril 4.584,00 6.001,00 6.015,00 4.224,00 4.382,00 Maio 3.969,00 6.242,00 9.392,00 2.951,00 5.738,00 Junho 4.079,00 6.269,00 6.430,00 2.828,00 9.364,00 Julho 6.302,00 2.962,00 6.470,00 4.686,00 8.256,00 Agosto 4.914,00 3.672,00 5.324,00 3.472,00 9.206,00 Setembro 6.476,00 6.288,00 7.698,00 3.616,00 10.303,00 Outubro 7.158,00 6.428,00 5.195,00 11.103,00 8.245,00 Novembro 6.288,00 7.501,00 6.761,00 10.145,00 11.978,00 Dezembro 8.216,00 6.633,00 5.194,00 5.295,00 7.679,00 TOTAL 74.623,00 72.415,00 75.163,00 60.026,00 90.638,00 Média mensal 6.218,58 6.034,58 6.263,58 5.002,17 7.553,17 VAZÃO DIÁRIA MEDIA TOTAL DE ÁGUA FORNECIDA PELA CONCESSIONÁRIA (m³/dia) 207,15

Fonte de dados: Gerência de Contabilidade do UFMT.

O fornecimento de água pela concessionária através dos hidrômetros identificados

contribui com uma média diária de 207,15 m³ ou 23% da demanda total encontrada.

A fonte principal de suprimento de água da UFMT é a fonte alternativa através de quatro

poços artesianos existentes no Campus, com as características e localização apresentadas na

tabela 09.

Tabela 09: Informações levantadas sobre os poços existentes no Campus da UFMT Características Poço UNISELVA Poço CCBS Poço C.

Cultural

Poço Zoo

Profundidade (m) 120,00 90,00 120,00 90,00 Potência da Bomba (CV) 3,00 3,00 5,00 3,00 Profundidade de instalação(m)

90,00 78,00 90,00 78,00

Vazão captada (m³/hora) 5,80 6,60 9,80 6,97 Latitude 15º 36” 30,72” 15º 36’ 33,17” 15º 36’ 42,76 15º 36’ 20,51” Longitude 56º 3’ 36,78” 56º 3’ 41,78” 56º 4’ 2,25” 56º 3’ 45,93” Consumo diário médio de água fornecida pelos poços artesianos (m³/dia) 700,08

Fonte: Prefeitura do Campus e levantamento de campo, autor 2013.

As informações apresentadas na tabela 10 estão disponíveis no site do Sistema de

Informação de Águas Subterrâneas (SIAGAS) contrastam com os dados fornecidos pela

Prefeitura do Campus. Por essa razão, optou-se por trabalhar com a situação mais crítica que

são as informações fornecidas pela Prefeitura do Campus. A real situação será identificada na

implantação do novo sistema de abastecimento de água do Campus, quando então será feito um

teste bombeamento nos poços. Caso se confirmem as informações do SIAGAS, será feito um

redimensionamento do sistema de bombeamento para a capacidade total dos poços e

66

considerando os níveis dinâmicos encontrados. Assim sendo, a capacidade de produção da fonte

alternativa irá trazer grande economia nas contas da instituição.

Tabela 10: Informações levantadas junto ao SIAGAS sobre os poços existentes no Campus da UFMT Características Poço UNISELVA Poço CCBS Poço C.

Cultural

Poço Zoo

Profundidade (m) 106,00 120,00 90,00 Potência da Bomba (CV) Nível dinâmico do poço (m) 84,10 48,30 78,60 Vazão do poço (m³/hora) 14,95 14,40 3,96 Latitude 15º 36’ 33,17” 15º 36’ 42,76 15º 36’ 20,51” Longitude 56º 3’ 41,78” 56º 4’ 2,25” 56º 3’ 45,93”

Fonte: SIAGAS, siagasweb.cprm.gov.br, acesso em 01/06/2015.

Partindo da premissa que a vazão horária média dos poços informada pela Prefeitura do

Campus, apresentada na tabela 09, traduz a realidade, pode-se afirmar que o seu índice de

participação no fornecimento de água é de 77%, o que justifica a manutenção dessa fonte de

água, porque representa uma grande economia de custos para a Instituição, uma vez que, neste

caso o custo com a produção é apenas com o fornecimento da energia necessária às bombas.

A vazão total dos poços representa economia e baixo custo com água no Campus, o que

não significa que o sistema é eficiente. A fonte alternativa utilizada não representa uso racional

da água.

Os poços apresentam suas instalações elétricas e de comando em condições deficitárias,

hidrômetros com defeito, conforme figuras 29 a 32, e possuem licença de operação e outorga

de água. Estão interligados na rede de distribuição do Campus e em alguns reservatórios e

funcionam de forma contínua durante 24 horas por dia.

Figura 29: Poço da Fundação Uniselva Figura 30: Poço do CCBS

Fonte: autor 2013.

67

Figura 31: Poço do Centro Cultural Figura 32: Poço do Zoológico

Fonte: autor 2013.

As figuras demonstram a necessidade de readequação das instalações, construção de

abrigo para quadro de comando e reparos nos hidrômetros, para permitir o registro da vazão na

saída dos poços. Outro problema bastante reclamado pela população universitária é com relação

à qualidade da água dos poços devido a presença de cálcio e magnésio, substâncias essas que

trazem alterações nos aspectos físicos e químicos da água. Foram encontrados em análises

realizadas com água dos poços teores elevados, porém inferiores aos limites estabelecidos pela

Portaria MS-2.914/2011 (BRASIL, 2011) que recomenda o valor máximo permitido para

dureza total de 500 mg/l (BUCKER, 2013).

Do ponto de vista operacional, a água oriunda dos poços deve ser conduzida até um

filtro abrandador de cálcio e magnésio para depois ser misturado com a água proveniente da

Concessionária.

4.1.2 Rede de distribuição

O Campus da UFMT possui uma rede de distribuição que teve grande parte implantada

na década de setenta e foi construída com tubos de cimento amianto, seguindo um Plano Diretor

que não previa o crescimento ocorrido durante esse período. Por tais razões, existe rede de

distribuição passando sob prédios e grande parte dela pelas áreas verdes existentes. Como não

consta nos arquivos da Universidade um Cadastro Técnico atualizado, quase sempre, quando

se inicia uma nova obra, ocorrem grandes transtornos causados por vazamentos em redes de

cimento amianto porque não existe peças de reposição. As figura 33 e 34 mostram casos típicos

desse problema que ocorreram por falta de cadastro, próximo ao Centro Cultural, no local da

obra “Centro de Vivência do Campus”, onde a rede rompeu várias vezes causando sérios

68

transtornos e dificuldades para efetuar os reparos necessários. Nesses casos, a Equipe Técnica

da Concessionária é acionada e os problemas são resolvidos.

O caso mais recente foi do Laboratório Multiuso no CCA, onde uma tubulação de

cimento amianto com diâmetro de 150 mm rompeu inundando e danificando todo o piso e

contra piso.

As constantes rupturas de tubulações dentro do Campus têm demonstrado a existência

de rede em locais não cadastrados, dificultando a utilização da mesma.

Figura 33: Rede cimento amianto com vazamento Figura 34: Rede cimento amianto encontrado na obra

Fonte: autor, 2014

A Figura 35 mostra a planta geral da rede de distribuição de água atual do Campus da

UFMT em Cuiabá, fornecida pela concessionária e revisada pelo Departamento de Engenharia

Sanitária em trabalho acadêmico do curso e através desta pesquisa. O Campus expandiu sobre

a rede distribuição existente, em alguns trechos.

A rede de distribuição mostrada na figura anterior foi construída no período de

implantação do Campus, em 1970. Tsutyia (2004) e Gomes (2004) recomendam um tempo de

vida útil para canalizações de distribuição variando entre 20 e 30 anos. Na UFMT, já se

passaram mais de 40 anos. Esta condição contribui para um elevado índice de perdas na rede

distribuição e por conseguinte no sistema como um todo.

Na UFMT não foi possível estimar o índice de perdas no sistema porque não existe

nenhum tipo de controle e monitoramento do consumo. Foi possível apenas calcular o consumo

per capita que é elevado, o que significa que o índice de perdas no Campus da UFMT em

Cuiabá, também é elevado.

Para Oliveira (1999), a perda por vazamento em rede de distribuição é a mais

significativa num sistema e, para reduzi-la, recomenda-se: redução de pressão, detecção e

eliminação de vazamentos (torneiras, válvulas, reservatórios e rede de distribuição).

Recomenda-se o controle e a manutenção por processo para evitar que os problemas ocorram.

69

Figura 35: lay out da rede distribuição água existente no Campus

Fonte: Departamento de Engenharia Sanitária, 2013.

A mistura de água dos poços com água da Concessionária que ocorre através da

interligação na rede de distribuição e reservatórios prejudica ainda mais a operação e

manutenção do sistema. O diagnóstico realizado resultou no levantamento apresentado na

tabela 11, relativo à rede de distribuição do Campus.

Tabela 11: rede de distribuição de água existente no Campus. Tipo de material Extensão da rede (m) % Cimento amianto 1.892,00 23

Ferro fundido e galvanizado 816,00 9 PVC PBA classe 12 e PEAD 5.700,00 68

Total de rede 8.408,00 Fonte: Departamento de Engenharia Sanitária, 2013.

A tabela anterior demonstra que 23% da rede de distribuição existente no Campus

permanece com tubos de cimento amianto. Demais trechos (77%) com diferentes tipos de

materiais o que dificulta a manutenção e reposição de peças.

4.1.3 Reservação

O sistema de reservação do Campus Cuiabá é constituído por um conjunto de

reservatórios enterrado e elevado em cada unidade acadêmica e administrativa. Até o ano 2000,

aproximadamente, se construía somente reservatórios em concreto armado. A partir daí, passou-

se a especificar reservatório elevado do tipo metálico, fibro cimento, fibra de vidro e polietileno.

No Campus da UFMT em Cuiabá existe um sistema de reservação com capacidade total

de 1.988,20 m³ para água potável e 60,0 m³ para aguas pluviais. As figuras 36 a 39 mostram

70

alguns desses reservatórios instalados no Campus. Nos prédios dotados de instalações para

prevenção e combate a incêndio, a reserva técnica está misturada com o volume de água potável.

Figura 36: Reservatório elevado IE/IL Figura 37: Reservatórios elevados ICHS e Geografia

Fonte: autor, 2014.

Figura 38: Reservatório elevado da FAMEV Figura 39: Reservatório elevado do CCA

Fonte: autor, 2014.

O sistema de reservação descentralizado facilita o controle e operação individual, porém

traz dificuldades ao sistema em caso de manobras e falta d’água em pontos isolados. Os

reservatórios tipo metálico têm trazido muitos problemas de limpeza e manutenção porque

acumula grande quantidade de resíduos de ferro e apresenta pontos de vazamento em menos de

20 anos de vida útil. A capacidade do sistema de reservação verificada nos projetos existentes

e pelos levantamentos in loco está registrada na tabela 12 a seguir.

Tabela 12: Sistema de Reservação existente no Campus Cuiabá. Local e prédios atendidos Res. Enterrado

(m³) Res. Elevado(m³) Cap. Total (m³)

Instituto de Linguagem 70,00 60,00 130,00 Faculdade Economia antigo 10,00 10,00 20,00 Piscina 10,00 4,00 14,00 Faculdade Administração I 10,00 5,00 15,00 Faculdade Administração II 10,00 5,00 15,00 Faculdade Ciências Sociais 0,00 5,00 5,00

71

Prédio novo Economia 20,00 3,00 23,00 Quadra Coberta 10,00 5,00 15,00 Prédio da Segurança 10,00 5,00 15,00 ICHS 20,00 10,00 30,00 Prédio Geografia 0,00 10,00 10,00 Cantina CCS 20,00 5,00 25,00 Centro Cultural 10,00 10,00 20,00 Anatomia/M. Agrícolas/FAMEV 20,00 6,00 26,00 Lavanderia HOVET 0,00 3,00 3,00 Bloco Sala Aula FAMEV 18,00 5,00 23,00 HOVET antigo 30,00 20,00 50,00 HOVET novo 30,00 10,00 40,00 CCA/FAMEV/ENF 50,00 50,00 100,00 GINÁSIO DE ESPORTE 1 20,00 5,00 25,00 GINÁSIO DE ESPORTE 2 20,00 5,00 25,00 GINÁSIO DE ESPORTE 3 20,00 25,00 45,00 GINÁSIO DE ESPORTE 20,00 5,00 25,00 STI 10,00 6,00 16,00 RU Principal 70,00 90,00 160,00 FAET Blocos A, B e C 90,00 30,00 120,00 Bloco F 70,00 80,00 150,00 Geologia 70,00 40,00 110,00 Biotério 10,00 10,00 20,00 Biodiesel 20,00 4,00 24,00 Biodiversidade 20,00 4,00 24,00 Herbário da Biologia 0,50 0,00 0,50 Computação II 0,00 0,00 0,00 Computação I 30,00 5,00 35,00 Investigação Científica 3,00 0,200 3,20 CCBS III 60,00 20,00 80,00 CCBS II 60,00 20,00 80,00 CCBS I 60,00 20,00 80,00 Nutrição I 10,00 3,00 13,00 Nutrição II 10,00 5,00 15,00 Bloco de Direito 10,00 5,00 15,00 CEV 0,00 10,00 10,00 Bloco Sala de Aula/Dir. 15,00 20,00 35,00 Biblioteca/Teatro 90,00 70,00 160,00 SINTUF 0,00 3,00 3,00 EDITORA 10,00 3,00 13,00 CABS I 10,00 1,00 11,00 Casarão 7,50 10,00 17,50 Gestão de pessoa 20,00 3,00 23,00 Gráfica 15,00 10,00 25,00 Casa Estudante 10,00 10,00 20,00 Prefeitura I 15,00 9,00 24,00 Prefeitura II 5,00 0,00 5,00 Campo de Futebol 0,00 3,00 3,00 CABS II 0,00 1,00 1,00 CABS III 0,00 2,00 2,00 CAPACIDADE TOTAL 1.229,00 759,20 1.988,20

CAPACIDADE TOTAL DE RESERVAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL 60,00 Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

De acordo com os valores da tabela 12, com a população universitária de 2013 e

considerando o consumo per capita encontrado pode-se afirmar que naquele ano a capacidade

instalada de reservação no Campus Cuiabá era suficiente para suportar até 2,20 dias. Para a

população de projeto (17.497 habitantes), considerando um consumo per capita de 40 l/hab.dia,

72

seria suficiente para 2,95 dias e considerando 60,72 l/hab. dia, seria suficiente para 1,94 dias.

A redução do consumo amplia a capacidade de reservação. Portanto, a proposta de redução do

consumo atende o conceito de uso racional de água e amplia a capacidade do sistema.

Foi verificado que apenas 22% dos reservatórios tinham instalações de prevenção e

combate a incêndio. Nesses reservatórios, a reserva técnica recomendada pelo Corpo de

Bombeiros está misturada com o volume destinado ao consumo de água potável. Não foi

possível verificar se a reserva técnica é garantida através dos níveis de instalação dos sensores

de acionamento das bombas.

4.1.4 Sistemas de recalques individuais

Devido ao sistema de reservação descentralizado adotado neste Campus, para elevar a

água a ser consumida em cada prédio, existe um sistema de recalque, composto, na maioria das

vezes, por apenas um conjunto moto bomba superdimensionado e com um sistema de

automação sem nenhum critério técnico. Foi verificado que o espaço entre o nível mínimo e o

nível máximo do reservatório é muito pequeno, diminuindo assim o intervalo de tempo entre

um acionamento e outro da bomba. Com isso, a bomba liga e desliga em intervalos de

aproximadamente 3 minutos na maioria dos recalques instalados.

As figuras 40 a 45 apresentam o estado de conservação, as condições e forma das

instalações e abrigo de alguns sistemas de recalque existentes no Campus da UFMT.

Figura 40: Sistema de recalque da cantina ICHS. Figura 41: Sistema de recalque do centro cultural.

Fonte: autor, 2014.

73

Figura 42: Sistema de recalque do FAET Figura 43: Sistema de recalque do bloco F

Fonte: autor, 2014.

Figura 44: Instalação elétrica recalque FAET Figura 45: Instalação elétrica recalque FAMEV

Fonte: autor, 2014

O levantamento cadastral evidenciou a precariedade dos sistemas de recalques

existentes no Campus, do ponto de vista das instalações e da potência das bombas instaladas.

Foram levantados e caracterizados todos os sistemas de recalques, incluindo os de prevenção e

combate a incêndio que existem em alguns prédios com instalações antigas e desativadas. O

diagnóstico mostra a necessidade de reforma e readequação deste setor do sistema de

abastecimento de água.

A tabela 13, apresentada a seguir, mostra as características dos sistemas de recalques

existentes.

Tabela 13: Sistemas de recalques existentes no Campus Item Local Pot. Bomba (CV) Diâm. Sucção (mm) Diâm.Recalque(m

m) 01 Instituto Linguagem 5,00 60 75 02 FAECC 3,00 50 50 03 Piscina 5,00 50 32 04 F.de Administração I 2,00 40 32 05 F. de Administração II 3,00 60 50

74

06 Ciências Sociais 5,00 60 50 07 F. Economia (a. potável) 1,00 50 32 08 F. Economia (a. pluvial) 1,00 32 32 08 F. Economia (incêndio) 7,50 2 ½” 2 ½” 09 Quadra Coberta 1,00 50 32 10 Segurança 3,00 60 50 11 ICHS 1,50 32 32 12 ICHS 3,00 50 32 12 ICHS (incêndio) 5,00 2 ½” 2 ½” 13 Geografia 0,50 32 32 13 Geografia (incêndio) 3,00 2 ½” 2 ½” 14 Cantina CCS 3,00 50 32 15 C. Cultural (desativado) 5,00 2 ½” 2 ½” 16 C. Cultural 3,00 2 ½” 2 ½” 17 Anatomia/Lab. máq. 3,00 50 32 18 Sala de aula FAMEV 1,00 32 32 18 FAMEV (incêndio) 3,00 2 ½” 2 ½” 19 FAMEV 3,00 60 40 20 HOVET 2,00 50 50 20 HOVET (incêndio) 3,00 2 ½” 2 ½” 21 CCA 5,50 60 60 22 Ginásio de Esporte 3,00 60 60 23 Ginásio de Esporte 3,00 60 50 24 Ginásio de Esporte 2,50 50 32 24 Ginásio Esporte (incêndio) 5,50 3” 2 ½” 25 UAB 1 1,00 50 32 25 UAB 1 (incêndio) 5,00 2 ½” 2 ½” 26 UAB 2 1,00 50 32 26 UAB 2 (incêndio) 5,00 2 ½” 2 ½” 27 RU 1 7,50 60 60 27 RU 2 (incêndio) 5,50 2 ½” 2 ½” 28 FAET (blocos A,B,C) 5,50 60 50 29 Bloco F 5,00 60 60 31 Geologia 5,00 50 50 32 Biotério 3,00 50 32 33 Biodiesel 1,00 50 32 34 Biodiversidade 1,00 50 32 35 Herbário Biologia 3,00 50 50 36 Comput. III-A. Pluvial 2,50 75 75 37 Computação I e II 3,50 60 50 38 Computação/Enfermagem 3,00 32 32 39 Computação/F.M.A 1,00 32 32 40 Computação I e III 1,00 32 25 41 Investigação Científica 2,50 32 25 42 CCBS III 3,00 60 50 43 CCBS II 3,50 50 50 44 CCBS I 5,00 50 50 45 Nutrição I 3,00 50 32 46 Nutrição II 3,00 50 32 47 Bloco de direito 3,00 40 32 48 Bloco sala aula novo 2,50 40 32 48 Bloco multiuso (incêndio) 7,50 2 ½” 2 ½” 49 Biblioteca/Teatro 5,50 60 50 50 Editora 0,50 32 25 51 CABS I 2,50 32 32 52 CABS II 3,50 32 32 53 CABS III 0,50 25 25 54 Casarão/Almoxarifado 3,00 60 50 54 Casarão (incêndio) 3,50 2 ½” 2 ½” 55 Gestão de pessoas 2,50 50 32

75

56 Gráfica 3,50 60 60 57 Casa de estudante 2,50 50 32 58 Prefeitura do Campus 0,50 32 25 59 Prefeitura do Campus 5,00 32 32 POTENCIA TOTAL INSTALADA (CV) 220,50 POTÊNCIA TOTAL INSTALADA DE RECALQUE-ÁGUA POTÁVEL 167,00 POTÊNCIA TOTAL INSTALADA DE INCÊNDIO 53,50

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Todas as instalações de automação e recalque de água nas unidades acadêmicas do

Campus devem ser redimensionados e revisados visando à eficiência hidráulica e energética do

sistema. Há necessidade, também, da construção de abrigos apropriados para diversas

instalações de bombas e quadros de comando.

Foi verificado que 17% das instalações de recalques existentes se referem a estação

pressurizadora de prevenção e combate a incêndio e que a grande maioria está desativada ou

danificada porque nunca foram utilizadas ou reparadas.

4.1.5 Levantamento das peças de consumo

Constatou-se que grande parte dos banheiros coletivos ainda mantém as instalações

originais, com peças de consumo do tipo convencional, sendo que algumas delas se encontram

em estado precário de conservação. Para consolidar a proposta de uso racional de água na

UFMT, foi efetuado um levantamento completo de todas as peças e equipamentos de consumo

instalados nas unidades acadêmicas, praças e jardins do Campus, por região, conforme tabela

14, apresentada a seguir. Os prédios em construção já foram incluídos no levantamento,

considerando o projeto e as especificações técnicas da obra.

Tabela 14: Levantamento de peças e equipamentos de consumo existentes no Campus em 2015. Peças de consumo Subdivisão das regiões previstas no Plano Diretor

R 1 R 2 R 3 R 4 R 5 R 6 R 7 R 8 Total Torneira Convencional 153 8 64 85 77 168 36 45 636 Torneira fecho automático

150 0 45 25 8 90 129 4 451

Torneira pia convencional

26 5 116 18 21 216 128 6 536

Torneira uso geral 35 2 27 10 8 25 2 12 121 V. Descarga convencional

258 6 77 105 72 221 120 42 901

V. Descarga duplo fluxo 34 0 0 0 0 0 66 0 100 Caixa acop. Convencional

14 1 21 3 19 17 0 0 75

Caixa acop. Duplo fluxo 0 0 0 0 0 0 6 0 6 Ducha higiênica 70 0 4 20 0 24 1 0 119 Chuveiro convencional 3 1 18 24 40 26 2 25 135 Chuveiro de emergência 0 0 1 0 0 11 2 0 14 Bebedouro 22 0 6 0 0 8 0 2 38

76

Destilador 0 0 11 0 0 28 8 1 48 Máquina de lavar roupa 0 0 3 0 0 0 0 0 3 Filtro de cozinha 0 0 0 0 0 2 0 0 2 Mictório automático 42 0 14 7 0 30 24 4 121 Mictório convencional 56 1 5 16 5 41 37 10 171 Torneira jardim (externo)

36 0 26 45 0 5 13 31 156

Torneira tanque 13 0 5 3 0 3 3 0 99 Caixa desc. convencional

0 0 2 0 6 17 3 4 32

Torneira c/ reg. Borboleta

0 0 1 0 0 0 0 0 1

Bebedouro animal 0 0 11 0 0 0 0 0 11 Torneira alavanca (calha)

4 0 4 0 0 0 0 0 8

Torneira pressão (calha) 0 0 4 0 0 0 0 0 4 Fonte: Levantamento de campo, autor, 2015.

Considerando as obras em andamento no Campus, com relação às torneiras de

lavatórios, os números mostram que a UFMT tem cerca de 41,49% das torneiras instaladas do

tipo automática, sendo que 10% correspondem aos prédios em construção. Parte das torneiras

dotadas de regulador de fluxo possui baixo padrão de qualidade e, por isso, funcionam de forma

ineficiente; ou seja, o tempo de fechamento é maior do que o necessário e, com isso, após o uso

a água continua escoando. Com relação às válvulas de descarga com duplo fluxo, o número de

peças registradas se refere aos prédios em construção e corresponde a 10% do total. Com

relação aos vasos com caixa acoplada de duplo fluxo, foi encontrado menos de 10% do total

instalado. Demais peças de consumo são do tipo convencional.

Verificou-se no levantamento a necessidade de substituir parte das peças de consumo

por outra com regulador de fluxo, com referência e padrão de qualidade para garantir o resultado

esperado e facilitar a manutenção das instalações.

Oliveira (1999) recomenda, para especificação de peças com regulador de fluxo, as

seguintes considerações: pressão disponível, conforto e atividade do usuário, higiene, risco de

contaminação, facilidade de instalação e manutenção, possibilidade de vandalismo e avaliação

técnico econômico.

Com relação aos equipamentos, verificou-se a necessidade de executar novas

instalações para os destiladores, com a finalidade de coletar a água descartada que sai numa

temperatura elevada e conduzi-la para um reservatório de água potável mais próximo

(reaproveitamento).

As figuras 46 e 47 apresentam uma vista geral do banheiro coletivo da FAECC, onde as

torneiras e as válvulas de descarga são do tipo convencional.

77

Figura 46: Banheiro coletivo da FAECC. Figura 47: Torneira lavatório banheiro da FAECC.

Fonte: autor, 2013.

As figuras 48 e 49 apresentam uma vista geral do banheiro coletivo do CCA, onde as

torneiras e as válvulas de descarga são do tipo convencional.

Figura 48: Banheiro coletivo do CCA. Figura 49: válvula descarga convencional CCA.

Fonte: autor, 2013.

As figuras 50 e 51 apresentam uma vista geral do banheiro coletivo do bloco sala de

aula multiuso, onde as torneiras são do tipo automático e as válvulas de descarga do tipo

convencional.

Figura 50: Banheiro coletivo do bloco multiuso Figura 51: Torneira tipo convencional bloco multiuso

Fonte: autor, 2014.

78

As figuras 52 e 53 apresentam uma vista geral de um dos banheiros coletivos do bloco

F/FAET, onde as torneiras e as válvulas de descarga são do tipo convencional.

Figura 52: Banheiro coletivo BLOCO F Figura 53: Torneira tipo convencional bloco F

Fonte: autor, 2013.

O levantamento realizado das peças de consumo demonstrou que a medida de

conservação relativa ao uso de peças economizadoras no Campus da UFMT em Cuiabá já teve

início, mesmo que de forma lenta. O que falta é a especificação de peças com padrão de

qualidade aprovadas pelo INMETRO.

4.1.6 População do Campus

A população universitária apresentada na tabela 15 demonstra uma variação de aumento

e decréscimo ao longo dos anos em função da alteração do número de alunos da pós-graduação

e serve para determinar e avaliar o consumo per capita médio de água potável no Campus nos

cinco anos pesquisados.

Tabela 15: População do Campus Cuiabá, 2009-2013 Ano Prof. Tec. Administrativo Terceirizados Alunos graduação Alunos pós Total

2013 1.002 884 956 10.970 1.080 14.892 2012 993 1.350 920 10.835 1.512 15.610 2011 971 1.325 737 10.803 2.102 15.938 2010 914 1.207 623 10.772 2.215 15.731 2009 833 1.273 485 9.480 1.202 13.273

Fonte: Gerência de Informações da PROPLAN, 2013.

O gráfico representado na figura 54 mostra que o número de alunos da graduação, o

número de professores e de profissionais terceirizados vem crescendo gradualmente, enquanto

que o número de técnicos administrativos vem oscilando e, de 2012 para 2013, houve uma

79

grande redução devido às aposentadorias que ocorreram. Com relação aos alunos da pós-

graduação, houve um grande avanço a partir de 2009; porém, vem decrescendo a partir de 2012.

Figura 54: população universitária por classe 2009-2013.

Fonte de dados: Gerência de Planejamento/PROPLAN, 2014

O gráfico representado na figura 55 mostra que a população universitária teve um leve

crescimento até 2011 e, a partir daí, um pequeno decrescimento, em função da variação do

número de alunos na pós-graduação.

Figura 55: População universitária total, 2009-2013

Fonte de dados: Gerência de Planejamento/PROPLAN, 2014.

O decrescimento da população universitária, segundo a PROPLAN/UFMT, ocorreu

devido à conclusão de várias turmas de pós-graduação em nível de especialização e à não

continuidade de novas turmas ou da criação de outros cursos.

4.1.7 Consumo de água no Campus

O consumo médio mensal total de água no Campus Cuiabá (figura 56) durante o período

pesquisado serviu para avaliar a participação no fornecimento de água de cada fonte de

abastecimento e o comportamento do consumo ao longo dos cinco anos. A figura mostra um

baixo consumo médio mensal total em 2012, que, segundo a Gerência de Planejamento da

PROPLAN/UFMT, ocorreu por causa da greve associado aos meses de férias ou recesso. O

resultado serviu também para avaliar a capacidade total de armazenamento do sistema.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

2009 2010 2011 2012 2013

População

Professores

Tec. Adm.

Tercerizados

Alunos graduação

Alunos pós

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

2009 2010 2011 2012 2013

População

Populaçãoda UFMT

80

A tendência de aumento no consumo para o ano de 2013 está relacionada ao retorno das

aulas sem período de férias, à política de paisagismo implantada pela UFMT a partir de 2012,

envolvendo revitalização de canteiros e irrigação sistemática no período de seca, e ao grande

volume de obras em construção.

Figura 56: Consumo médio mensal total de água no Campus (m³/mês).

Fonte: autor, 2014.

O consumo médio mensal total de água fornecida pela Concessionária e pelo poço

artesiano (figuras 57 e 58) foi importante para avaliar qual a contribuição mensal de cada fonte

no fornecimento da água consumida no Campus da UFMT e o impacto no custo que a

Universidade tem mensalmente com água potável.

Figura 57: Consumo médio mensal total água CAB Figura 58: Consumo médio mensal total água dos poços

Fonte: autor, 2014.

Com as informações obtidas pode-se verificar que o consumo médio mensal de água

fornecida pelos poços é constante porque eles funcionam de forma contínua 24 horas por dia.

A água da Concessionária é um complemento para suprir a demanda existente.

De acordo com Ferraz (2013), em grande parte dos poços artesianos do sistema de

produção de água para Cuiabá, ocorrem sintomas de vulnerabilidade no lençol freático em

24.500,00

25.000,00

25.500,00

26.000,00

26.500,00

27.000,00

27.500,00

28.000,00

28.500,00

2009 2010 2011 2012 2013

Consumo

consumo(m³/mês)

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

2009 2010 2011 2012 2013

Consumo

consumo(m³/mês)

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

2009 2010 2011 2012 2013

Consumo

consumo(m³/mês)

81

virtude do rebaixamento e contaminação. Para os poços existentes no Campus, não existe

nenhum estudo nesse sentido, porém, é um fenômeno que pode ocorrer.

O consumo médio mensal de água fornecida pela Concessionária em 2013 (figura 59)

serviu para uma análise do comportamento mais recente no fornecimento de água, em que é

evidente o aumento do volume consumido nos meses de seca, período em que ocorre irrigação

de jardins e todo consumo excedente vem da rede pública, porque a vazão dos poços é

constante.

Figura 59: Consumo mensal de água fornecida pela Concessionária em 2013.

Fonte: autor, 2014.

4.1.7.1 Consumo per capita de água no Campus

Foi encontrado um consumo per capita médio de 60,72 l/hab. dia, calculado com base

no consumo e na população dos cinco anos pesquisados.

O resumo do consumo médio mensal apresentado na tabela 16 demonstra que o

consumo per capita pode variar de ano pra ano e que na UFMT esteve sempre acima do valor

encontrado em outras universidades brasileiras onde o consumo per capita em diversos prédios

se mantém próximo de 40 l/hab.dia, como a UFBA, USP, UFES, UFMS.

Tabela 16: Resumo do consumo per capita médio, 2009-2013 Ano População(hab.) Consumo médio mensal total (m³) Consumo per capita (l/hab. dia)

2.009 13.273 27.220,98 68,36 2.010 15.731 27.036,98 57,29 2.011 15.938 27.265,98 57,03 2.012 15.610 26.006,57 55,53 2.013 14.892 28.100,50 62,90 Média 5 anos pesquisados 27.126,20 60,72

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

0,00

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

Consumo

consumo(m³/mês)

82

A média do consumo per capita calculado para os cinco anos pesquisados representa o

valor que vem sendo praticado no Campus, que pode variar em decorrência dos diversos fatores

citados no item anterior.

4.1.8 Custos com o consumo de água no Campus

O custo financeiro com consumo de água no Campus da UFMT está representado na

tabela 17 e corresponde apenas à água fornecida mensalmente pela Concessionária nos cinco

anos pesquisados.

Tabela 17: Custo financeiro com água fornecida pela Concessionária, 2009-2013 Valor pago mensalmente em R$

Meses 2009 2010 2011 2012 2013 Janeiro 32.721,50 41.290,00 35.860,10 27.054,50 21.976,63 Fevereiro 30.688,00 35.578,00 30.035,25 18.228,00 34.911,06 Março 38.458,00 36.043,00 29.592,50 28.686,45 32.736,14 Abril 22.823,00 29.908,00 34.474,25 26.698,90 23.961,85 Maio 19.748,00 31.113,00 53.892,00 16.776,46 24,823,94 Junho 20.307,00 35.934,75 36,860,50 16.072,59 32.725,81 Julho 31.416,60 16.919,50 40.957,30 26.705,47 47.154,44 Agosto 24.473,00 21.002,00 33.683,90 20.215,41 52,594,62 Setembro 32.283,00 36.044,00 48.758,80 20.582,11 58.943,16 Outubro 35.693,00 36.849,00 32.864,75 37.581,86 47.154,44 Novembro 31.343,00 43.018,75 42.808,85 39.290,42 69.744,69 Dezembro 41.050,20 38.027,75 32,858,40 18.506,02 43.833,79 TOTAL 361.004,3 364.080,00 452.646,60 296.398,19 490.560,,56 Média mensal 30.083,69 30.340,00 37.720,55 24.699,85 40.880,05

Fonte de dados: Gerência de Contabilidade da UFMT

De acordo com a tabela 18, ao se avaliar o custo médio com consumo excessivo de água

levando em consideração o consumo per capita encontrado (60,72 l/hab.dia) e o consumo per

capita da proposta (40 l/hab.dia), é possível mensurar o impacto nas contas da instituição que

poderia ocorrer se a fonte de fornecimento de água fosse apenas a concessionária. A avaliação

foi feita para destacar a importância da proposta de uso racional de água para o Campus da

UFMT, cujo objetivo principal é a redução do consumo de água

Tabela 18: Avaliação do custo financeiro com consumo excessivo, 2009-2013 Ano Dif. (l/hab. dia) População Dif. consumida(m³/ano) T. água(R$/m³) Custo

ano(R$)

2.009 28,36 13.273 137.394,13 4,84 664.987,60 2.010 17,29 15.731 99.275,98 5,03 499.358,18 2.011 17,03 15.938 99.069,81 6,02 596.400,25 2.012 15,53 15.610 88.484,50 4,94 437.113,43 2.013 22,90 14.892 124.474,78 5,72 711.995,75

CUSTO TOTAL EM CINCO ANOS COM CONSUMO EXCESSIVO (R$) 2.909.855,21

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

83

Para esta hipótese o custo médio mensal com consumo excessivo no período pesquisado

teria sido de R$ 48.497,58/mês, que é superior ao valor médio mensal gasto pela UFMT, com

consumo de água da concessionária nos anos pesquisados (R$ 32.744,83/mês). Ou seja se a

UFMT dispusesse de um sistema de abastecimento de água eficiente e uso consciente da água,

a produção proveniente dos poços artesianos teria sido suficiente para atender a demanda que

ocorreu naquele período.

O custo financeiro nos cinco anos, se a fonte de água fosse apenas da Concessionária,

apresentado na tabela 19, demonstra que a UFMT deverá avaliar o consumo que vem praticando

para subsidiar a tomada de decisão com relação à proposta de um novo projeto para o sistema

de abastecimento de água do Campus, e a utilização ou não da fonte alternativa de água que são

os poços.

Tabela 19: Custo financeiro se a fonte fosse somente a Concessionária, 2009-2013. Ano População Consumo total (m³/ano) Taxa água(R$/m³) Valor anual (R$)

2.009 13.273 326.643,22 4,84 1.580.953,18 2.020 15.731 324.442,43 5,03 1.631.945,42 2.011 15.938 327.219,89 6,02 1.969.863,74 2.012 15.610 309.246,59 4,94 1.527.678,15 2.013 14.892 337.214,45 5,72 1.928.866,65 CUSTO MÉDIO ANUAL NOS CINCO ANOS PESQUISADOS 1.727.861,43

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Os valores encontrados reforçam a proposta de uso racional da água que conta com uma

série de medidas de conservação, inovações tecnológicas, novo layout da rede, setorização e

centralização do sistema de distribuição, para garantir o resultado esperado, que é a redução do

consumo de água potável no Campus.

4.1.9 Operação e manutenção do sistema

A Prefeitura do Campus dispõe de uma equipe destinada exclusivamente para atender

às solicitações que chegam sobre as questões de vazamento em rede de distribuição, instalações

hidráulicas, sanitárias e sistemas de bombeamento. A gestão é feita pelo Prefeito do Campus e

a operação por meio de uma equipe composta por seis bombeiros hidráulicos e três eletricistas,

sob a orientação da Coordenação de manutenção predial e serviços do Campus, que tem a

atribuição de atender também às pequenas reformas, adequações de espaço físico e manutenção

elétrica. A estrutura de suporte para essa equipe é composta por um almoxarifado, que mantém

um estoque mínimo de tubulações, peças e conexões; uma retroescavadeira hidráulica, para

realizar os serviços de escavações; um veículo de passeio, para transportar funcionários, peças

84

e conexões e pequenos equipamentos como chave de grifo, picareta, pá, enxada, etc. Quando

há necessidade de transportar tubulação, utiliza-se outro veículo com carroceria. A Ordem de

serviço é dada após uma triagem feita nas solicitações que chegam por meio de um formulário,

via internet. Não existe um plano de gestão para monitorar o consumo, a qualidade e as perdas

de água; atualizar o cadastro técnico quando ocorrem modificações, ampliações ou alterações

realizadas; efetuar e implantar um planejamento no setor. A prefeitura do Campus não dispõe

de uma estrutura administrativa organizada, composta por técnicos e engenheiros

especializados em cada área, como ocorre em outras universidades brasileiras. Isso compromete

a realização de determinadas intervenções e limita a atuação do setor, tanto neste Campus como

no interior do Estado.

A operação do sistema ocorre através de manobras efetuadas diariamente na rede para

suprir a deficiência de água no Campus: injetar água dos poços na rede de distribuição; captar

água de poços para atender às necessidades de jardinagens e solicitar água potável fornecida

em caminhão pipa quando não existe água de nenhuma fonte de abastecimento.

A manutenção é feita a partir das solicitações comandadas para a Prefeitura do Campus,

de acordo com a gravidade do problema e da sequência dos comandos recebidos, que são

distribuídos aos bombeiros no primeiro horário de cada dia de trabalho. Em alguns casos, o

problema é levantado in loco pelo chefe do setor para relacionar e separar as peças que serão

necessárias. Em casos mais complexos, a Prefeitura solicita a presença de um Engenheiro

Sanitarista da PROPLAN ou encaminha um processo para a Pró-Reitoria, que determina a

elaboração de um levantamento, projeto, memorial descritivo e planilhas orçamentárias para

posterior licitação da obra. A concretização de uma obra neste padrão pode durar até um ano,

contado do início do processo.

4.2 Avaliação do consumo de água no Campus

O consumo de água no Campus da UFMT em Cuiabá pode ser considerado elevado,

tomando por base o consumo per capita encontrado que demonstra um sistema ineficiente, com

índice de perdas certamente elevado, provocado por diversas razões como: vazamentos em rede,

peças de consumo e reservatórios, mau uso, instalações precárias e antigas, grande número de

obras em andamento no Campus, irrigação de canteiros e praças; ausência de um programa de

educação ambiental, de controle e monitoramento do consumo, e de um manual de operação e

manutenção do sistema.

85

O consumo excessivo em relação à bibliografia pesquisada, apresentado na tabela 20,

serve para avaliar o impacto que esse excesso pode representar nas contas de água durante cada

ano. Em 2009, foi registrado o maior consumo per capita e não foi possível avaliar o motivo

desse excesso. Em 2013, o excesso registrado se deve em grande parte à política de paisagismo

implementada pela atual gestão, já discutido no item consumo médio mensal total. Como a

vazão dos poços é constante e o tempo de bombeamento continua sendo 24 horas por dia, o

excesso de água necessário vem da concessionária e reflete diretamente no valor da conta paga

em cada mês.

Tabela 20: Diferença do consumo per capita em relação às recomendações bibliográficas Ano Cons. per capita (l/hab. dia) Dif. em relação proposta(l/hab. dia) % acima proposta

2.009 68,36 28,36 70,90 2.010 57,29 17,29 43,22 2.011 57,03 17,03 42,57 2.012 55,53 15,53 38,82 2.013 62,90 22,90 57,25

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

O consumo per capita excessivo atingiu seu índice máximo no período pesquisado em

2009, quando esteve 70,90% acima do valor adotado na proposta de uso racional de água para

o Campus Cuiabá (40l/hab.dia), em relação ao consumo per capita médio encontrado (60,72

l/hab.dia).

Segundo Tauchen, J., Brandeli, L. L. (2006), no artigo intitulado “Gestão Ambiental em

Instituição de Ensino Superior”, pesquisados no mundo inteiro, duas das ações que mais

aparecem se referem ao controle de consumo e reuso de água.

A redução do consumo per capita no Campus amplia a capacidade do sistema, reduz a

dependência de água da Concessionária e ao mesmo tempo proporciona à UFMT uma

alternativa de contenção de gastos.

Na Fundação Universidade Federal de Mato Grosso Campus Cuiabá, em 2013, com

10.970 estudantes, se gastou cerca de 325.440,0 m³ de água potável, o que equivale a 29,67

m³/estudante/ano ou 82,41 l/aluno/dia. O consumo médio per capita verificado nos últimos

cinco anos na UFMT é de 60,72 l/hab./dia, levando em consideração a população total do

Campus. Na fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, segundo informações da

Pró-Reitoria de Infraestrutura daquela Universidade, é de 37,58 l/hab./dia.

Em uma pesquisa realizada na UFBA em 41 unidades acadêmicas estimou-se o

consumo per capita em 30 l/hab. dia (NAKAGAWA, 2009).

Na mesma universidade, de acordo com Marinho, Gonçalves, Kiperstok (2013), em uma

pesquisa realizada em 90 prédios no período de 2001 a 2008, onde foi implementado um plano

86

de conservação da água como ferramenta para apoiar as práticas sustentáveis na universidade,

em que foi aplicada apenas medidas sócio educativas e de monitoramento e controle individual

de consumo, foi verificado uma redução de 38,0% no consumo e 49,50% no consumo per

capita. O consumo per capita passou de 51,48 l/hab. dia para 26 l/hab. dia. Segundo os autores,

o experimento passou a registrar uma eficiência efetiva a partir do início do monitoramento e

controle do consumo individual nos prédios.

A previsão de redução no consumo total de água e consumo per capita na UFMT,

estimada no cenário de Uso Racional de Água no Campus, deve ser superada quando a proposta

estiver 100% concluída.

4.3 Avaliação da potencialidade de utilização de dispositivos de controle de fluxo para

redução do consumo

Em relação às peças reguladoras de fluxo considerou-se apenas as informações

encontradas na pesquisa bibliográfica. O quadro 07 apresenta os resultados de uma pesquisa

realizada pelo programa PURA da Sabesp em parceria com os fabricantes de equipamentos

hidráulicos, que compara o consumo entre produtos convencionais e produtos economizadores.

Quadro 07: Comparativo de economia nas peças de consumo. Equipamento convencional Consumo Equipamento economizador Consumo Economia

Bacia com caixa acoplada 12 l/descarga Bacia VDR 6 l/descarga 50%

Bacia com válvula bem regulada 10 l/descarga Bacia VDR 6 l/descarga 40%

Ducha até 6 mca 0,19 l/segundo Restritor de vazão 8 l/minuto 0,13 l/segundo 32%

Ducha de 15 a 20 mca 0,34 l/segundo Restritor de vazão 8 l/minuto 0,13 l/segundo 62%

Ducha de 15 a 20 mca 0,34 l/segundo Restritor de vazão 12 l/minuto 0,20 l/segundo 41%

Torneira de pia até 6 mca 0,23 l/segundo Arejador de vazão 6 l/minuto 0,10 l/segundo 57%

Torneira de pia de 15 a 20 mca 0,42 l/segundo Arejador de vazão 6 l/minuto 0,10 l/segundo 76%

Torneira uso geral/tanque até 6 mca 0,26 l/segundo Regulador de vazão 0,13 l/segundo 50%

Torneira uso geral 5 a 20 mca 0,42 l/segundo Regulador de vazão 0,21 l/segundo 50%

Torneira uso geral/tanque até 6 mca 0,26 l/segundo Regulador de vazão 0,10 l/segundo 62%

Torneira uso geral 15 a 20 mca 0,42 l/segundo Regulador de vazão 0,10 l/segundo 76%

Torneira de jardim 40 a 50 mca 0,66 l/segundo Regulador de vazão 0,33 l/segundo 50%

Mictório 2 l/uso Válvula automática 1,0 l/segundo 50%

Fonte: www.sabesp.com.br/calandraweb/calandraredirect.

De acordo com a pesquisa bibliográfica uma descarga de vaso sanitário de 12 litros

representa o desperdício induzido porque o aparelho foi fabricado para funcionar dessa forma

e se trata da peça de consumo mais utilizada em um banheiro (GONÇALVES, et al, 2009).

Trata-se de uma peça apropriada para defecar e é mais usada para urinar. Ou seja, há nesse caso,

um consumo desnecessário. Em média, em cinco usos, quatro é para urinar e, por isso, os

87

autores recomendam que a planta dos banheiros e a disposição dos aparelhos hidro sanitários

neles introduzidos influenciam de forma significativa no consumo de água em prédios públicos.

O quadro 08 apresenta uma comparação de economia de água a ser gerada na UFMT

em caso da substituição de algumas peças do tipo convencional existentes por outra com

regulador de fluxo, considerando apenas uma descarga por peça ou uma unidade de uso.

Quadro 08: Comparativo de economia de água a ser gerada na UFMT Peças Qtde Peça convencional Peça com regulador fluxo Economia

Cons. Unit. Cons. Total Cons. Unit. Cons. Total Torneira lavatório 636 0,26 l/s 165,36 l/s 0,13 l/s 82,68 l/s 50% Torneira de pia 536 0,23 l/s 123,28 l/s 0,10 l/s 53,60 l/s 56,52% Torneira de tanque 99 0,26 l/s 25,74 l/s 0,10 l/s 9,90 l/s 61,54% Torneira de jardim 156 0,66 l/s 102,96 l/s 0,33 l/s 51,48 l/s 50% Válvula de descarga 901 10 l/descarga 9.010,00 l/desc. 6 l/descarga 5.406,0 l/desc. 40% Bacia Cx. acoplada 75 12 l/descarga 900 l/descarga 6 l/descarga 450,00 l/desc. 50% Chuveiro/ducha 135 0,19 l/s 25,65 l/s 0,13 l/s 17,55 l/s 31,58% Mictório 171 2 l/uso 342 l/uso 1 l/s 171 l/uso 50% Caixa de descarga 32 12 l/descarga 384 l/descarga 6 l/descarga 192 l/descarga 50%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Com relação aos destiladores, o consumo varia de equipamento para equipamento, por

isso não foi possível estimar o consumo e nem calcular o volume que pode ser economizado

com novas instalações, onde toda água descartada na destilação será retornada ao reservatório

de água potável. A economia será de 100%.

A pesquisa realizada demonstra que é viável do ponto de vista técnico, econômico e

sócio ambiental, a substituição das peças de consumo do tipo convencional por peças com

regulador de fluxo, nas unidades acadêmicas e administrativas do Campus Cuiabá, que pode

proporcionar uma redução do consumo de água nesses pontos, na ordem de 50%. O quadro 09

apresenta as diretrizes para substituição das peças, de acordo com as características de cada

unidade.

Quadro 09: Diretrizes para substituição de peças de consumo na UFMT. Local de intervenção Peças com regulador de fluxo a serem instaladas Banheiros coletivos Torneiras de fechamento automático com arejador para os lavatórios,

válvula de descarga com duplo fluxo e válvula de fechamento automático para mictórios. As duchas higiênicas serão do tipo convencional.

Banheiros individuais Torneiras de fechamento automático com arejador para os lavatórios, válvula de descarga ou vaso com caixa acoplada, ambos com descarga de duplo fluxo e válvula de fechamento automático para mictórios. As duchas higiênicas serão do tipo convencional.

Banheiros de auditórios e teatro Modelos eletrônicos com sensores de presença para torneiras e válvulas de mictórios. Válvula de descarga com duplo fluxo para vasos sanitários.

Vestiários Chuveiros com registro regulador de vazão. Copas e cozinhas Torneiras de parede ou bancada do tipo bica móvel, arejador articulado

de vazão constante e acionamento por alavanca.

88

Laboratórios Torneiras de parede ou bancada do tipo bica móvel, arejador articulado de vazão constante e acionamento por alavanca.

Canteiros e praças Micro aspersor com alcance de raio de até 2,0 m para canteiro central e raio de até 5,0 m para praças.

Fonte: autor, 2015.

As peças serão instaladas de acordo com a pressão disponível em cada ponto, isto é, as

peças devem ser apropriadas para a pressão do ponto. Em caso de pressão acima de 20 m.c.a.,

deverá ser instalado um registro regulador de pressão para garantir a eficiência esperada.

4.4 Proposta do Novo Sistema de Abastecimento de Água para o Campus Cuiabá

O diagnóstico realizado e o consumo per capita encontrado para o Campus Cuiabá

indica a necessidade de readequação e redimensionamento do sistema para a população e o

tempo de saturação de crescimento do Campus, estimado pela Pró-Reitoria de Planejamento da

UFMT e calculado pelos métodos da progressão aritmética e geométrica. A UFMT estima que

em cinco anos a saturação e o limite de sustentabilidade do Campus será atingido em função da

criação de novos cursos e pela previsão de aumento do número de alunos por turma. A proposta

garante o uso racional de água no Campus e a sustentabilidade do sistema para a população

final do projeto

Para Yoshimoto et al (1997), a implantação de Programas de Uso Racional de Água em

edifícios, apresentam os seguintes benefícios: aumento da capacidade ou número de usuários,

diminuição dos investimentos na captação de água, preservação de recursos hídricos

disponíveis, diminuição das demandas horárias de água, diminuição da geração de esgoto,

redução do consumo de energia elétrica no sistema.

Para Marinho, Gonçalves e Kiperstok (2013), o programa de conservação de água como

prática sustentável em uma universidade pública brasileira teve resultados expressivos na

redução do consumo, porém, a continuidade do programa fica sempre na dependência de

projetos de pesquisa e outros investimentos extra orçamentários da instituição.

A proposta apresentada neste trabalho possibilita a discussão e o estudo de diversos

temas relacionados ao uso racional de água do Campus, que poderá ser desenvolvido por alunos

da graduação e pós graduação.

A proposta prevê: setorização do sistema de distribuição de água; duas fontes de

fornecimento de água (concessionária e poços artesianos); tratamento de água dos poços; um

reservatório central para cada setor; nova rede de distribuição separando água potável de não

potável; interligação da rede em todos os reservatórios enterrados; instalação de macro e micro

89

medidores; readequação e reforma de todos os sistemas de recalques individuais; implantação

de um Centro de Controle Operacional.

A setorização do sistema de distribuição de água do Campus da UFMT em Cuiabá foi

proposta com o objetivo de:

a) Facilitar o fornecimento de água pela concessionária por meio de duas ligações

domiciliares;

b) Facilitar o sistema de bombeamento e construção de adutoras dos poços artesianos

que irão fornecer água ao sistema;

c) Garantir o controle e monitoramento do consumo total de água no Campus,

fornecida pela concessionária e pelos poços artesianos;

d) Possibilitar a entrada de água da concessionária apenas como complementação, para

atender à demanda existente, diariamente;

e) Possibilitar a centralização da entrada de água no sistema e sua posterior distribuição

para os reservatórios enterrados de cada unidade acadêmica e administrativa do

Campus;

f) Facilitar o monitoramento e controle do consumo individual, por prédio;

g) Facilitar as manobras em casos de necessidade, por falta de água em um dos setores;

h) Melhorar os procedimentos de operação e manutenção do sistema, tornando-o mais

eficiente;

i) Propor à população de cada unidade acadêmica uma forma de participação no

Programa de Educação Ambiental, visando à redução do consumo através do uso

consciente da água.

O uso racional de água no Campus irá ocorrer após a implantação de todas as unidades

previstas para o sistema de abastecimento de água (figura 60) e das medidas de conservação,

da implementação de um programa de educação ambiental e do manual de operação e

manutenção do sistema. Após essa fase, a UFMT terá o mecanismo necessário para obter as

informações, calcular e avaliar o grau de eficiência e redução do consumo no Campus.

90

Figura 60: Fluxograma da proposta do novo sistema de abastecimento de água do Campus Cuiabá.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Pro

po

sta

do

no

vo s

iste

ma

de

ab

aste

cim

ento

d

e á

gua

do

Cam

pu

s C

uia

Entrada de água da Concessionária

Hidrômetros I e II

Entrada de água dos poços

Poço I: CCBS-Reservatório setor I

Poço II: Centro Cultural-Reservatório setor II

Poço III: UNISELVA-Reservatóriosetor I (irrigação e incêndio)

Tratamento de água dos poços

Reservatório misto de concreto (setores I e II)

Água potável: 1.000,00 m³

Água não potável-Incêndio: 100,00 m³

Água não potável-Irrigação: 100,00 m³

Nova rede de distribuição

Rede água potável: 6.500,00 m

Rede de incêndio: 6081,00 m

Rede de irrigação: 1.894 m

Interligação da rede nas unidades acadêmicas

Reservatórios enterrados existentes

Rede de hidrantes locais

Rede de irrigação nos canteiros, praças, jardins e lava jato

Instalação de macro e micro medidores

Sistemas de recalques individuais

Construção de abrigos para bomba

Substituição das bombas

Novas instalações elétricas e de automação

Implantação Centro de Controle Operacional

91

4.4.1 Alcance do projeto

O projeto foi elaborado para a projeção de crescimento da UFMT, que é de 17.497

pessoas, incluindo professores, alunos de graduação e pós-graduação, técnicos e terceirizados.

Essa população é o limite da sustentabilidade do sistema, nas condições propostas no projeto.

Esse limite máximo poderá aumentar no momento em que for registrada a redução do consumo

no sistema, para um patamar de consumo per capita inferior ao adotado. Para a Pró-Reitoria de

Planejamento, o limite de expansão seria um acréscimo de mais 1.620 pessoas, incluindo

professores, técnicos, alunos de graduação e pós-graduação e terceirizados.

4.4.2 Projeção de crescimento da população universitária

A Universidade Federal de Mato Grosso deve ter, em cinco anos, mais cerca de 1200

alunos e o acréscimo proporcional do corpo técnico e de docentes. Essa projeção de crescimento

se justifica pela criação de novos cursos e o aumento na produtividade da UFMT, que será

adquirida com o maior número de alunos por turma a ingressar nesta Universidade nos

próximos anos. Proporcionalmente, estima-se mais 180 professores e 240 técnicos

administrativos, incluindo os terceirizados, aumentando a população universitária para 15.312

pessoas.

O método de projeção de crescimento populacional recomendado para pequeno período,

segundo Gomes (2004), é o modelo aritmético: pressupõe que a população local aumenta

segundo uma progressão aritmética. Conhecendo-se os dados da população P1 e P2, que

correspondem aos anos t1 e t2, calcula-se a razão r de crescimento pela expressão:

𝑟 =𝑃2 − 𝑃1

𝑇2 − 𝑇1

𝑟 =14.892−13.273

2013−2009= 323,80

A previsão da população correspondente à data futura será dada pela fórmula:

𝑃 = 𝑃0 + 𝑟(𝑡 − 𝑡0),

𝑃 = 14.892 + 323,80(2020 − 2013) = 𝟏𝟕. 𝟏𝟓𝟖 𝒉𝒂𝒃.

O método geométrico considera o crescimento da população conforme uma progressão

geométrica, admitindo que a população dos anos anteriores teve a mesma tendência, cuja razão

de crescimento é definida pela fórmula:

92

𝑟 = √𝑃2

𝑃1

𝑡2−𝑡1

Onde:

𝑟: 𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜;

𝑡1: 𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = 2009;

𝑡2: 𝑎𝑛𝑜 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = 2013;

𝑃1: 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡1 = 13.273 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠;

𝑃1: 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡2 = 14.892 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠.

𝑟 = √14.892

13.273

2013−2009

𝑟 = 1,0233

A população neste caso é calculada pela seguinte fórmula:

𝑃 = 𝑃0(𝑟)𝑡−𝑡0

Onde:

𝑃: 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜;

𝑃0: 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜 = 14.892 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠;

𝑟: 𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 1,0233;

𝑡0: 𝑎𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = 2013;

𝑡: 𝑎𝑛𝑜 𝑓𝑢𝑡𝑢𝑟𝑜 = 2020.

𝑃 = 14.892(1,0233)2020−2013

𝑃 = 𝟏𝟕. 𝟒𝟗𝟕 𝒉𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔.

Foi encontrado um valor acima da estimativa esperada pela UFMT. Para efeito de

dimensionamento do novo sistema de abastecimento de água do Campus Cuiabá, foi adotado a

população de projeto encontrada pelo Método geométrico que é de 17.497 habitantes, ou seja,

a situação mais desfavorável.

4.4.3 Consumo per capita

O consumo per capita encontrado para o Campus da UFMT em Cuiabá é de 60,72

l/hab.dia. Para a proposta do novo sistema de abastecimento de água do Campus foi adotado

um consumo per capita de 40 l/hab.dia, com base nos valores encontrados em outras

93

universidades brasileiras onde se alcançou consumos inferiores, adotando somente medidas

sócio educativas.

4.4.4 Captação

A demanda de água potável para atender às necessidades do Campus da UFMT em

Cuiabá foi calculada com base no consumo per capita adotado, que é de 40,00 l/hab. dia, e deve

ser suprida através dos poços CCBS e Centro Cultural e das entradas de água da Concessionária

nos reservatórios de distribuição dos setores I e II. Foi considerado um tempo de bombeamento

de cada poço e a entrada de água fornecida pela Concessionária por um período de 18 horas por

dia, que é o tempo recomendado pela NBR-12.213/92, por Gomes (2004) e Tsutiya (2006), para

captação de água de abastecimento público. Para efeito de cálculo da vazão necessária, foi

considerado que cada setor tenha um consumo semelhante ou igual.

A reserva técnica comum de incêndio para todos os prédios do Campus será atendida

pela captação e adução de água do poço localizado em frente a Fundação Uniselva. O poço da

Fundação Uniselva irá atender, também, à demanda de água necessária para o sistema de

irrigação, lavagem de veículos e obras do Campus. Para cálculo da vazão de captação ou

fornecimento de água para o sistema, foi utilizada a fórmula seguinte, em que se divide a vazão

por dois por se tratar de dois setores semelhantes. A pequena diferença entre os setores não irá

influenciar no dimensionamento do sistema.

𝑄 =𝑃 ∗ 𝑞

3600 ∗ ℎ∗ 𝐾1

𝑄 =17.497 ∗ 40,00

3600 ∗ 18∗

1,20

2= 6,48

𝑙

𝑠= 𝟐𝟑, 𝟑𝟑 𝒎𝟑/𝒉𝒐𝒓𝒂

Portanto, para cada setor será necessário 23,33 m³/hora de água potável para suprir as

necessidades na saturação de crescimento do Campus, considerando um tempo de

bombeamento dos poços e entrada de água nos hidrômetros igual 18 horas por dia. A água será

fornecida de acordo com as informações contidas no quadro 10, apresentado a seguir.

Quadro 10: Fonte de fornecimento de água para a UFMT, Campus Cuiabá, para a proposta apresentada. Cenários Sistema Setor I Setor II A5 Abastecimento de

água potável CAB 16,73 CAB 13,53

Poço CCBS 6,60 Poço C. Cultural 9,80 Fonte Vazão (m³/h)

94

Combate a Incêndio e irrigação

Poço Fundação UNISELVA 5,80

Zoológico Fonte Vazão (m³/h) Poço Zoológico 6,97

Fonte: Autor, 2015.

As fontes de fornecimento de água para a proposta apresentada irão trabalhar dentro dos

parâmetros pré estabelecidos com uma certa folga para as ligações domiciliares que terão um

hidrômetro com capacidade superior à requerida pela demanda do projeto.

4.4.5 Adução

O diâmetro de adução dos poços foi dimensionado para a vazão máxima informada e

será redimensionado após novo teste de bombeamento no período de implantação da obra,

utilizando a fórmula de Bresse, para diâmetro econômico.

4.4.5.1 Tubulação de recalque do poço CCBS

A tubulação de recalque do poço foi dimensionada pela formula de Bresse para diâmetro

econômico e sua vazão atual, que é de 6,60 m³/hora, na condição mais desfavorável.

𝐷 = 1,20√0,00183

𝐷 = 50 𝑚𝑚

Portanto, deve ser utilizada uma tubulação de recalque em PVC rosqueável no diâmetro

externo comercial de 60 mm, que irá abastecer o reservatório de distribuição do setor I, o qual

deverá atender toda demanda do Campus nesse setor. Antes de chegar ao reservatório, essa água

deve passar por um filtro de resina catiônica a ser instalado na laje superior do mesmo, para

remover dureza e o ferro existente e permitir a mistura com a água da Concessionária.

4.4.5.2 Tubulação de recalque do poço Centro Cultural

A tubulação de recalque foi dimensionada pela formula de Bresse para diâmetro

econômico e sua vazão atual que é de 9,80 m³/hora.

𝐷 = 1,20√0,00272

𝐷 = 63 𝑀𝑚𝑚

Logo, deve ser utilizada uma tubulação de recalque em PVC rosqueável no diâmetro

externo comercial de 85 mm, que irá abastecer o reservatório de distribuição do setor II, o qual

95

deve atender toda demanda de água potável neste setor. Antes de chegar ao reservatório, essa

água deverá passar por um filtro de resina catiônica a ser instalado na laje superior do mesmo,

para remover dureza e o ferro existente e permitir a mistura com a água da concessionária.

4.4.5.3 Tubulação de recalque do poço Fundação Uniselva

A tubulação de recalque foi dimensionada pela formula de Bresse para diâmetro

econômico e sua vazão atual que é de 5,80 m³/hora.

𝐷 = 1,20√0,00161

𝐷 = 48 𝑀𝑚𝑚

Portanto, deve ser utilizada uma tubulação de recalque em PVC rosqueável no diâmetro

externo comercial de 60 mm, que irá abastecer o reservatório elevado de concreto armado para

atender à demanda do sistema de irrigação e de prevenção e combate a incêndio do Campus,

que será construído no volume superior do reservatório misto de cada setor.

4.4.6 Recalques

A potência das bombas de recalque de água dos poços foi calculada para a vazão

máxima informada, considerando a profundidade de instalação da bomba, a diferença de cota

entre o poço e a entrada no reservatório e a distância do poço até a reservação, que interferem

na determinação da altura manométrica. No cálculo, foi utilizada a fórmula recomendada pelos

fabricantes e NBR-12.214/92.

4.4.6.1 Potência da bomba submersa do poço CCBS

Para efeito de projeto e orçamento, foi considerada a mesma vazão (6,60 m³/hora) e

profundidade de instalação da bomba existente (78,0 m). Porém, deve ser incluído no orçamento

recurso para limpeza e desinfecção do poço e teste de bombeamento, quando serão

determinados os níveis estático e dinâmico e, aí sim, dimensionada uma nova bomba para a

capacidade máxima e altura manométrica real do mesmo. Para o dimensionamento da bomba

submersa, foi estimada uma altura manométrica de 110,0 m e um rendimento da bomba, de

80%.

𝑃 =1000∗0,00183∗110

75∗0,80= 3,36 cv

96

Portanto, se permanecerem as características consideradas no cálculo, a bomba existente

deve ser substituída por outra de 4,0 cv. Caso contrário, a capacidade de bombeamento (vazão)

será reduzida.

4.4.6.2 Potência da bomba submersa do poço Centro Cultural

Para efeito de projeto e orçamento, foi considerada a mesma vazão (9,80 m³/hora) e

profundidade de instalação da bomba existente (90,0 m). Porém, deve ser incluído no orçamento

recurso para limpeza e desinfecção do poço e teste de bombeamento, quando serão

determinados os níveis estático e dinâmico e, aí sim, dimensionada uma nova bomba para a

capacidade máxima e altura manométrica real do mesmo. Para o dimensionamento da bomba

submersa foi estimado uma altura manométrica de 120,0 m e um rendimento da bomba, de

80%.

𝑃 =1000∗0,00272∗120

75∗0,80 = 5,44 cv

Portanto, se permanecerem as características consideradas no cálculo, a bomba existente

deve ser substituída por outra de 6,0 cv. Caso contrário, teremos a capacidade de bombeamento

(vazão) reduzida.

4.4.6.3 Potência da bomba submersa do poço Fundação Uniselva

Para efeito de projeto e orçamento, foi considerada a mesma vazão (5,80 m³/hora) e

profundidade de instalação da bomba existente (90,0 m). Porém, deve ser incluído no orçamento

recurso para limpeza e desinfecção do poço e teste de bombeamento, quando serão

determinados os níveis estático e dinâmico e, aí sim, dimensionada uma nova bomba para a

capacidade máxima e altura manométrica real do mesmo. Para o dimensionamento da bomba

submersa, foi estimado uma altura manométrica de 130,0 m e um rendimento da bomba, de

80%.

𝑃 =1000∗0,00161∗130

75∗0,80 = 3,49 cv

97

Portanto, se permanecerem as características consideradas no cálculo, a bomba existente

poderá ser substituída por outra de 4,0 cv. Se continuar o mesmo sistema de bombeamento,

teremos uma redução na capacidade de bombeamento (vazão), que não deve ser significante

para a nova necessidade.

4.4.7 Tratamento

O tratamento é necessário apenas para a água oriunda dos poços artesianos que

apresentam uma alta concentração de cálcio e magnésio. Para garantir a qualidade da água

distribuída e permitir a mistura com a água da Concessionária, deve ser utilizado um filtro

abrandador por troca iônica com capacidade para tratar até 15,00 m³/hora para cada setor. A

figura 61 apresenta um modelo de filtro abrandador de cálcio e magnésio. O filtro tem como

função reter o cálcio e o magnésio presente na água, através de resina catiônica, atendendo,

dessa forma, à Portaria nº 2.914/2011, do Ministério da Saúde e a Resolução do CONAMA nº

357/2005.

Com relação à garantia de ausência de contaminação na água distribuída, em caso de

necessidade será aplicado cloro líquido no reservatório central de distribuição, na concentração

de 10% e vazão proporcional à vazão de distribuição, de acordo com a recomendação da

Portaria citada.

Figura 61: Imagem de um modelo de filtro de resina catiônica-abrandador de cálcio e magnésio.

Fonte: www.aquafil.com.br, acesso em 19/03/2015.

98

Em cada reservatório central de distribuição (Setor I e II) deve ser instalada na laje

superior do reservatório de água potável uma estação compacta com essas características para

que se possa garantir o fornecimento de uma água com boa qualidade. Ou seja, a água captada

no poço passa primeiramente pelo filtro para em seguida ser inserida no reservatório de

distribuição. Em caso de necessidade a água proveniente do poço da Fundação Uniselva, que

abastece o sistema de irrigação e combate a incêndio, pode ser injetada na ETA para ser

misturada com a água tratada. Isso pode ocorrer normalmente no período de chuvas, quando

não há necessidade de irrigação. Neste caso, deve ser definida uma concepção para

funcionamento da bomba do poço.

4.4.8 Reservação

No Campus da UFMT a previsão de novos reservatórios visa dinamizar a distribuição,

eliminar a descentralização do sistema de distribuição, facilitar o monitoramento e controle do

consumo (geral e individual) e aumentar a capacidade de reservação, uma vez que a

Universidade precisa garantir água potável para suprir a demanda diária de todos os laboratórios

por causa das pesquisas que não podem ser interrompidas. O sistema de abastecimento de água

da capital não é confiável do ponto de vista da garantia do fornecimento de água regularmente.

Para Tsutiya (2004) a capacidade de reservação é calculada levando em consideração

os seguintes fatores e finalidades: regularizar a vazão e atender à demanda de acordo com as

necessidades do sistema; dar segurança ao abastecimento; garantir reserva de água para

incêndio; regularizar pressão; permitir o bombeamento necessário fora do horário de pico

elétrico e aumentar o rendimento dos conjuntos elevatórios.

Para a UFMT, a centralização do sistema de distribuição em dois setores será a forma

mais eficiente para calcular o Balanço Hídrico do Campus Cuiabá. Nos dois reservatórios

principais (setor I e II), será medido e registrado o volume de água fornecida pela

Concessionária e o volume fornecido pelos poços artesianos. Na saída de cada reservatório

principal (setor I e II), será registrado o volume de água disponibilizado para as unidades

acadêmicas e administrativas de cada setor. Em cada prédio abastecido, será registrado o

volume de água que entra no reservatório enterrado. No sistema proposto para a UFMT, as

perdas podem ocorrer nos seguintes pontos: reservatório principal, na rede de distribuição, nos

reservatórios enterrados, nos reservatórios de distribuição, nas instalações hidráulicas e peças

de consumo. Com esse modelo de reservação, distribuição, monitoramento e controle do

99

consumo, espera-se por meio do Balanço Hídrico, controlar as perdas e detectá-las com maior

rapidez, garantindo assim, a eficiência do sistema e a redução do consumo.

Para Tsutiya (2004), o Balanço Hídrico de um sistema de abastecimento de água é uma

forma estruturada de avaliar os componentes dos fluxos e usos da água no sistema e seus valores

absolutos ou relativos, para garantir o monitoramento e controle do consumo e perdas.

Para atender o Plano de Logística Sustentável da UFMT, foi proposto uma reserva

técnica comum para prevenção e combate a incêndio de todas as unidades acadêmicas e

administrativas, no reservatório elevado de concreto armado, com capacidade para 100 m³. A

reserva técnica para combate a incêndio está prevista no reservatório do setor I. Nos prédios

onde a pressão disponível na rede chegar com um valor superior ao exigido pelo Corpo de

Bombeiros, para cada classe de risco, os hidrantes serão abastecidos por gravidade. Em casos

contrários, a rede projetada irá abastecer um reservatório enterrado, a ser construído

exclusivamente para atender às exigências do Corpo de Bombeiros. Neste caso, será instalado

um sistema de pressurização automatizada para garantir a pressão mínima exigida no hidrante

mais desfavorável.

No reservatório do setor II, a reserva superior com capacidade para 100 m³ irá atender

às necessidades de irrigação, lavagens de carros e obras no Campus.

A água necessária para abastecer a reserva elevada dos dois reservatórios (Setor I e II)

será fornecida pelo poço artesiano da Fundação Uniselva. Trata-se de um consumo não potável

e, portanto, não exige nenhum tipo de tratamento. A bomba submersa do poço irá recalcar toda

água necessária para o reservatório elevado do Setor I (100 m³). Desse reservatório sai água

para atender ao sistema de prevenção e combate a incêndio do Campus e para abastecer o

reservatório elevado do Setor II (100 m³), por gravidade. Isso será possível porque o

reservatório do setor I está localizado no ponto mais alto do Campus. A diferença de nível entre

um reservatório e outro é de 9,10 m.

Será construído um reservatório misto, apoiado em concreto armado com capacidade

individualizada por setor (I e II), conforme as figuras 62 a 65, com as seguintes características:

Reservatório de água potável (inferior-setor I e II): 500,0 m³;

Reserva técnica comum para prevenção e combate a incêndio (elevado-Setor I):

100 m³;

Reserva para irrigação, obras e lavagem de veículos (elevado-Setor II): 100 m³.

100

Localização dos reservatórios de distribuição:

Setor I:

Latitude: 8273906,624 UTM

Longitude: 600000771,546

Setor II:

Latitude: 8273901,249 UTM

Longitude: 600000337,278

Figura 62: Corte reservatório de concreto (setor I e II) Figura 63: Imagem reservatório distribuição (setor I e II)

Fonte: Desenho, Arquiteta Márcia Andrade, 2015.

101

Figura 64: Fachada 1 reservatório (setor I e II) Figura 65: Fachada 2 reservatório (setor I e II)

Fonte: Desenho, Arquiteta Márcia Andrade, 2015.

A figura 62 mostra a capacidade de reservação de cada unidade, os níveis máximos e

mínimos para funcionamento do hidrômetro e sistema de bombeamento dos poços, e o espaço

para instalação do filtro de resina catiônica na laje superior do reservatório de água potável. A

figura 63 mostra uma imagem geral de como será a sua fachada externa.

A figura 64 mostra os detalhes da fachada externa e as linhas de entrada de água da

Concessionária (60 mm), entrada de água do poço da Fundação Uniselva (60 mm), a saída de

água potável (200 mm) e a saída de água para atender à rede de incêndio do Campus (150 mm).

A figura 65 mostra os detalhes da fachada externa e as linhas de entrada de água do poço

CCBS (85 mm) e o extravasor e limpeza das unidades do reservatório (100 mm).

Esses reservatórios terão a função de distribuir por gravidade, toda água necessária aos

reservatórios enterrados das unidades acadêmicas, para os hidrantes e rede de irrigação. O

fornecimento de água para os dois reservatórios será feito através de duas fontes. O reservatório

de água potável do Setor I será abastecido por uma ligação domiciliar com hidrômetro de 2”

(20,0 m³/hora) localizado próximo ao mesmo e através de uma tubulação de recalque de água

oriunda do poço do CCBS com diâmetro de 50 mm. A reserva de incêndio e irrigação será

abastecida através de uma tubulação de recalque do poço da Fundação Uniselva interligada no

102

reservatório elevado do setor I (100 m³). O reservatório de água potável do Setor II será

abastecido por uma ligação domiciliar com hidrômetro de 2” (20,0 m³/hora) localizado próximo

ao mesmo e através de uma tubulação de recalque de água oriunda do poço do Centro Cultural

com diâmetro de 75 mm. A reserva de irrigação do reservatório principal do setor II será

abastecida por gravidade a partir do reservatório elevado do setor I.

4.4.9 Rede de distribuição

Como o sistema de abastecimento foi dividido em dois setores de distribuição com

espaço e edificações de dimensões semelhantes, a vazão de distribuição total calculada pela

fórmula 11 será dividida por dois, para efeito de dimensionamento da rede. Ou seja:

𝑄 =17.497 ∗ 40,00

3600 ∗ 24∗ 1,20 ∗ 1,50/2

𝑸 = 𝟕, 𝟐𝟗 𝒍/𝒔

Portanto, esta será a vazão de distribuição de água potável para cada setor. O

coeficiente K2 foi utilizado para garantir que na hora de maior consumo no Campus, a rede de

distribuição tenha capacidade suficiente para conduzir a demanda requerida pelo sistema.

O dimensionamento da rede de distribuição de água potável foi feito pelo método de

rede segmentada de acordo com as planilhas em anexo, considerando a vazão linear de cada

setor e os parâmetros da tabela 09, que define o diâmetro da rede de distribuição em função da

vazão e velocidade de cada trecho.

Vazão linear do setor I: 𝑞𝑙 =7,29

3954= 0,001844

𝑙

𝑠. 𝑚

Vazão linear do setor II: 𝑞𝑙 =7,29

2546= 0,002863

𝑙

𝑠. 𝑚

As perdas contínuas foram calculadas pela fórmula de Hazen-Williams e apresentadas

na planilha de dimensionamento em anexo.

A rede de distribuição de água potável será executada em tubos de PEAD na cor azul,

tipo PE 100, com as características apresentadas na tabela 21:

Tabela 21: Especificações técnicas da tubulação a ser utilizada para água potável

Fornecimento Pressão nominal (mpa) Diâmetro externo (mm) Bobina de 100 m 12,50 63 Bobina de 100 m 10,00 90 Bobina de 50 m 10,00 110 Barra de 12 m 10,00 160

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

103

As figuras 66 e 67 mostram a nova rede de distribuição de água potável proposta para o

Campus, a localização dos hidrômetros, poços e reservatórios de distribuição para os setores I

e II.

Figura 66: Lay out da nova rede de distribuição de água potável do Campus-Plano Diretor

Fonte: autor, 2015

Figura 67: Lay out da nova rede de distribuição de água potável do Campus-Imagem

Fonte: google earth, adaptado, autor, 2015.

A rede de incêndio será executada com tubos de PEAD na cor preta, tipo PE 100, com

as características apresentadas na tabela 22.

104

Tabela 22: Especificações técnicas da tubulação a ser utilizada na rede de incêndio.

Fornecimento Pressão nominal (mpa) Diâmetro externo (mm) Bobina de 100 m 12,50 63 Bobina de 100 m 10,00 90 Bobina de 50 m 10,00 110 Barra de 12 m 10,00 160

Fonte: autor, 2015.

As figuras 68 e 69 mostram a rede de distribuição de água não potável a ser construída

para atender ao sistema de prevenção e combate a incêndio de todas as unidades acadêmicas do

Campus.

Figura 68: Lay out rede de distribuição de água para prevenção e combate a incêndio no Campus-Plano Diretor

Fonte: autor, 2015.

Figura 69: Lay out rede de distribuição de água para prevenção e combate a incêndio no Campus-Imagem

Fonte: autor, 2015.

A rede de distribuição de água para atender ao sistema de irrigação, lavagem de veículos

e obras no Campus foi proposta para abastecer o canteiro central das Avenidas pista dupla, os

105

canteiros do CCA, a praça central e o setor de lavagem de veículos da Prefeitura, conforme as

figuras 70 e 71.

A rede será executada com tubos de PEAD na cor preta com lista azul, tipo PE 80, com

as características apresentadas na tabela 23.

Tabela 23: Especificações técnicas da tubulação a ser utilizada na rede de irrigação.

Fornecimento Pressão nominal (mpa) Diâmetro externo (mm) Bobina de 100 m 10,00 63 Bobina de 100 m 8,00 90 Bobina de 50 m 10,00 110

Fonte: autor, 2015.

Figura 70: Lay out rede de distribuição de água para irrigação, lavagem de veículos e obras no Campus-Plano Diretor.

Fonte: autor, 2015.

Figura 71: Lay out rede de distribuição de água para irrigação, lavagem de veículos e obras no Campus-Imagem.

Fonte: autor, 2015.

106

4.5 Cenário de impacto no consumo de água potável após as medidas recomendadas

Os cenários de impacto no consumo de água potável apresentados no quadro 11

representam o que pode ocorrer com o consumo de água no Campus para cada situação

avaliada.

Quadro 11: Matriz de impacto no consumo de água potável para a população de projeto Cenários Participação dos

Poços artesianos Participação da Concessionária

Consumo de água dos poços

Consumo água Concessionária

A1-Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita atual (60 l/hab.dia).

33% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

67% de participação no fornecimento de água(complementação)

295,20 m³/dia 609,04 m³/dia

A2- Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita de 50 l/hab.dia.

40% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

60% de participação no fornecimento de água.

295,20 m³/dia 449,40 m³/dia

A3- Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita de 40 l/hab.dia.

49,55% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

50,45% de participação no fornecimento de água.

295,20 m³/dia 300,48 m³/dia

A4-Sistema de produção e população futura (17.497 hab.) e consumo per capita de 50 l/hab.dia.

34% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

66% de participação no fornecimento de água.

295,20 m³/dia 579,65 m³/dia

A5- Sistema de produção e população futura (17.497 hab.) e consumo per capita de 40 l/hab.dia.

42% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

58% de participação no fornecimento de água.

295,20 m³/dia 404,68 m³/dia

Fonte: autor, 2014.

A população atual citada se refere ao ano de 2013.

No cenário A1 que representa um sistema de produção futuro (dois poços e

concessionária), população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita encontrado (60,72

l/habitante dia), onde os dois poços indicados fornecem água de forma contínua durante 18

horas por dia, a participação da concessionária no fornecimento de água é complementar e

representa 67%.

No cenário A2, considerando um sistema de produção futuro (dois poços e

concessionária), população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita 50 l/habitante dia,

os poços teriam uma participação no fornecimento de água de 40% e a concessionária de 60%.

107

No cenário A3, considerando a população do último ano pesquisado (14.892 habitantes)

e o consumo per capita adotado na proposta (40 l/habitante dia), os poços teriam uma

participação no fornecimento de água de 49,55% e a concessionária de 50,45%.

Estes três cenários foram elaborados para avaliar como seria a situação atual de consumo

em relação à uma possível redução do consumo per capita para 50 e 40 l/hab.dia que são valores

compatíveis com os padrões verificados em outras universidades.

No cenário A4 considerando a população de projeto (17.497 habitantes) e o consumo

per capita de 50 l/habitante dia, os dois poços terão uma participação no fornecimento de água

potável de 34% e a concessionária de 66%.

No cenário A5 que é a proposta para o novo sistema de abastecimento de água do

Campus, considerando a população de projeto (17.497 habitantes) e um consumo per capita de

40 l/habitante dia, compatível com as universidades brasileiras que já buscam e praticam o uso

racional de água, os poços terão uma participação no fornecimento de água potável de 42% e a

concessionária de 58%.

O cenário A5 representa a proposta de uso racional de água no Campus da UFMT em

Cuiabá, objeto deste trabalho, e uma redução no consumo final superior a 34%. Nesta previsão,

foi levado em consideração, além das medidas propostas anteriormente, o aproveitamento de

águas de chuvas para abastecer vasos e mictórios em prédios com cobertura e espaço físico

adequado para implantação da medida de conservação, implantação de um programa de

educação ambiental e de um plano de operação e manutenção do sistema.

Na avaliação dos cenários, foi levado em consideração que apenas dois poços vão

continuar fornecendo água para o consumo potável e que o tempo de bombeamento irá passar

de 24 horas por dia para 18 horas por dia, fora do horário de pico, ou seja, das 23 às 17 h.

O resultado mostra que dessa forma a UFMT irá praticar o conceito de uso racional de

água economizando em gastos com água junto à concessionária, em relação ao que gasta hoje.

Ou seja, o consumo de água potável no Campus passa de 904,24 m³/dia em 2013 (14.892

habitantes) para 699,88 m³/dia em 2020 (17.497 habitantes). Aumenta a população e diminui o

consumo total final.

Para Gonçalves et al (2009), a utilização de descarga com duplo acionamento (6 ou 3

litros), se usado corretamente, gastaria em torno de 30% do consumo convencional. A pesquisa

do Programa PURA demonstrou que com a simples substituição da peça pode-se alcançar uma

redução de 50% no consumo de água nesse ponto. O cálculo da redução média possível no

consumo (quadro 08 do item 4.3), com a substituição das peças do tipo convencional por peças

economizadoras, pode trazer uma redução média acima de 50% nos pontos considerados.

108

MANO, SCHMITT (2004), numa pesquisa realizada em Porto Alegre, verificaram uma

economia mensal no consumo total de água em edificações residenciais unifamiliares na ordem

de 21,50% utilizando água de chuvas para abastecer vasos sanitários, apenas.

Marinho, Gonçalves, Kiperstok (2014), afirmam que em uma pesquisa realizada em 90

prédios no período de 2001 a 2008, onde foi implementado um Plano de Conservação da água

como ferramenta para apoiar as práticas sustentáveis na Universidade, em que foi aplicada

apenas medidas socioeducativas e de monitoramento e controle individual de consumo, foi

verificado uma redução de 38,0% no consumo e 49,50% no consumo per capita. O consumo

per capita passou de 51,48 l/hab. dia para 26 l/hab. dia.

Essas afirmações reforçam a teoria de que o valor adotado no projeto para um consumo

per capita de 40 l/habitante dia poderá ser um pouco inferior e irá representar uso racional de

água no Campus porque representa uma redução no consumo em torno de 34%.

4.6 Cenário de impacto financeiro com água potável após as medidas recomendadas

Os cenários de impacto financeiro apresentados no quadro 12 representam os gastos que

a UFMT pode ter com o consumo de água no Campus, fornecida pela Concessionária, para cada

situação avaliada. Foi considerada, nesta análise, a taxa de água cobrada no último ano da

pesquisa (2013), que era de R$ 5,72/m³. Na avaliação dos cenários de produção e consumo

futuro, foi levado em consideração que apenas dois poços vão continuar fornecendo água para

o consumo potável e que o tempo de bombeamento irá passar de 24 horas por dia para 18 horas

por dia.

Quadro 12: Matriz de impacto financeiro no consumo de água potável para a população de projeto

Cenários Poços artesianos Concessionária Impacto financeiro A1-Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita atual (60 l/hab.dia).

33% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

67% de participação no fornecimento de água potável.

R$ 3.483,70dia R$ 104.511,26/mês

A2- Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita de 50 l/hab.dia.

40% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

60% de participação no fornecimento de água potável.

R$ 2.570,57/dia R$ 77.117,04/mês

A3- Sistema de produção futuro, população atual (14.892 habitantes) e consumo per capita de 40 l/hab.dia.

49,55% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

50,45% de participação no fornecimento de água potável.

R$ 1.718,74/dia R$ 51.562,37/mês

A4-Sistema de produção e população futura

34% participação no fornecimento de água

66% de participação no fornecimento de água potável.

R$ 3.315,60/dia R$ 99.467,94/mês

109

(17.497 hab.) e consumo per capita de 50 l/hab.dia.

(dois poços com vazão máxima).

A5- Sistema de produção e população futura (17.497 hab.) e consumo per capita de 40 l/hab.dia.

42% participação no fornecimento de água (dois poços com vazão máxima).

58% de participação no Fornecimento de água potável.

R$ 2.314,77/dia R$ 69.443,09/mês R$ 833.317,06/ano

Fonte: autor, 2014.

Em julho/2015 com a condição e população atual a UFMT gastou R$ 42.353,27 com

água fornecida pela concessionária.

O resultado encontrado para o cenário A5 mostra que, se a hipótese for confirmada, a

Universidade Federal vai ter um custo superior ao do último ano pesquisado (2013). Porém,

para uma previsão de expansão que será o limite de crescimento do Campus (17.497 habitantes.

A proposta visa a redução do consumo que é o objetivo principal do uso racional de água, e não

necessariamente a redução dos custos, que será uma consequência do modelo adotado.

Isto ocorreu porque atualmente os quatro poços existentes no Campus está interligado

no sistema de abastecimento de água. Nesta proposta apenas os poços do CCBS e Centro

Cultural irá fornecer água para o consumo potável. O poço da Fundação UNISELVA irá suprir

as necessidades de prevenção e combate a incêndio do Campus, irrigação, lavagem de veículos

e obras. O poço do Zoológico irá atender apenas este setor. Com base na revisão bibliográfica,

nas medidas de conservação propostas, na separação do consumo de água não potável como

irrigação, obras e lavagem de veículos, acredita-se que a redução será superior a 34%, o que

aumenta a capacidade de abastecimento, diminui a necessidade de novos investimentos e os

gastos com água potável.

Com base na fórmula 10 foi estimado o custo com energia elétrica consumida nos

sistemas de bombeamento dos poços e recalques individuais existentes no Campus da UFMT

em Cuiabá, com base na potência total instalada nos dois setores, conforme tabela 24

apresentada a seguir.

Tabela 24: Custo anual estimado com consumo de energia nos sistemas de bombeamento existentes

Unidade de

consumo

Potência total

instalada (CV)

Tempo funcionamento

por dia (hora)

Custo unitário de

energia (RS/Kwh)

Custo mensal de

energia R$

Poços 14 18 0,299 2.260,44

Recalques 167 8 0,299 11.983,92

Custo mensal estimado com energia sistemas de bombeamento existentes no Campus 14.244,36

Fonte: Autor, 2015.

110

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

Os estudos e análise dos dados obtidos no diagnóstico do sistema de abastecimento de

água do Campus da UFMT em Cuiabá apontaram que o sistema caracteriza-se por um arranjo

descentralizado e com fontes mistas de fornecimento de água, com uma estrutura física

deficitária em diversas unidades, sem cadastro técnico e com vida útil da rede de distribuição

ultrapassada. Essas condições físicas tem levado o sistema a constantes comprometimentos

operacionais como ruptura da rede e interrupção no fornecimento de água.

Verificou-se também que o Campus ao longo de 40 anos cresceu sem contar com uma

melhoria na infraestrutura de água, que acompanhasse suas demandas. A ausência do cadastro

técnico permitiu a construção de novos prédios sobre redes, provocando constantes

rompimentos e consequentes transtornos de manutenção.

Nas unidades acadêmicas e administrativas verificou-se a existência de reservatórios

enterrados e elevados que atendem as demandas de água potável, e em alguns casos para

prevenção e combate a incêndio. Nos reservatórios enterrados os sistemas de recalques, na

maioria das vezes se encontram com abrigos, instalações elétricas e de automação em estado

precário de conservação e necessitam de reformas e readequações. As peças de consumo

encontradas são na maioria do tipo convencional e em condições precárias de uso.

O consumo per capita médio encontrado para o Campus é de 60,72 l/hab. dia, valor este

elevado para o caso de universidades, sendo que os poços artesianos respondiam por 77% do

suprimento de água no Campus e a concessionária, por 23%. Esta proporção se refere à média

dos cinco anos pesquisados.

A proposta do novo sistema de abastecimento de água para o Campus visa a redução do

consumo e a distribuição de água em quantidade e qualidade para o desenvolvimento das

atividades da UFMT, e dessa forma contribuir para a preservação dos recursos hídricos.

5.1 Recomendações

As recomendações se referem às questões que não fizeram parte do tema de nossa

pesquisa, mas que estão ligadas à proposta de uso racional de água no Campus, que devem ser

adotadas como medidas complementares para que se atinja o resultado esperado no menor

espaço de tempo possível e sirvam de temas de estudos para alunos da graduação e pós

graduação da UFMT.

111

5.1.1 Implementação de medidas de conservação

Com a proposta de implantação de uma nova rede de distribuição para o Campus, a

UFMT deve implementar antecipadamente diversas medidas de conservação para reduzir o

consumo per capita e evitar que os gastos com o consumo de água no Campus tenham um

impacto significativo no orçamento anual da instituição. Recomenda-se as seguintes medidas

de conservação de recursos hídricos:

a) Aproveitamento de água das chuvas para alimentar os vasos sanitários, mictórios

e torneiras de uso geral dos banheiros coletivos dos prédios existentes no Campus;

b) Aproveitamento da água de descarte dos destiladores existentes nos laboratórios,

que pode ser retornada sem nenhum tratamento para o reservatório de água potável, uma

vez que se gasta de 18 a 30 litros de água para produzir um litro de água destilada.

5.1.2 Sistemas de recalques individuais

Recomenda-se o redimensionamento, a construção de abrigo e a reforma de todas as

instalações elétricas e de automação dos sistemas de recalques individuais existentes nas

unidades acadêmicas e administrativas.

5.1.3 Implantação do Centro de Controle Operacional

Recomenda-se a implantação de um Centro de Controle Operacional para captar e

registrar as informações sobre o consumo geral e individual no Campus, monitorar a operação

e manutenção do sistema e dessa forma tornar possível o cálculo do balanço hídrico e o controle

necessário para se alcançar o uso racional da água, bem como a instalação de um laboratório de

eficiência hidráulica e energética.

5.1.4 Manual de Operação e Manutenção do Sistema de Abastecimento de Água

Recomenda-se um manual de operação e manutenção do sistema de abastecimento de

água como ferramenta para se alcançar o uso racional de água no Campus da UFMT.

O Manual de Operação e Manutenção deve conter uma estrutura mínima que contemple:

a) As fontes de fornecimento de água;

112

b) As instalações de captação e adução dos poços artesianos;

c) O sistema de reservação proposto;

d) A rede de distribuição de água potável e não potável;

e) O monitoramento do consumo individual de água por unidade acadêmica;

f) Os sistemas de recalques individuais;

g) A operação do Centro de Controle Operacional e manutenção de um banco de

dados;

h) A execução de um Programa de Educação Ambiental;

i) A manutenção de um Programa de Qualidade da água distribuída;

j) Vistoria e manutenção sistemática das instalações hidráulicas, dos equipamentos

e peças de consumo existentes no Campus;

k) Treinamento específico para as pessoas inseridas na equipe de trabalho;

l) Estoque de peças e equipamentos mínimos necessários para permitir um bom

trabalho de operação e manutenção do sistema;

m) Implementação de um programa de monitoramento e controle de perdas e

desperdícios.

5.1.5 Programa de Educação Ambiental

Recomenda-se um programa que contemple a definição de Educação Ambiental do Art.

1º da Lei nº 9.795, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, direcionada para

os stakeholders.

Educação Ambiental são processos por meio dos quais o indivíduo e a Coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades e Competências voltadas a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do Povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

O Programa de Educação Ambiental requer, dentre outros:

a) A criação da estrutura organizacional do PEA;

b) A instalação do Núcleo de Sustentabilidade;

c) A criação de um Conselho do Meio Ambiente;

d) Definição do público de interesse (stakeholders);

e) Definição das ações e projetos de educação ambiental;

f) Criação do Portal: Sustentabilidade do Campus.

113

5.1.6 Construção do espaço físico para abrigar a estrutura organizacional do Plano de

Logística Sustentável

A instalação do Plano de Logística Sustentável na UFMT requer a construção de um

espaço físico suficiente para implantar:

a) O Centro de Controle Operacional;

b) O Programa de Educação Ambiental;

c) O Laboratório de Eficiência Hidráulica e Energética;

d) O Setor de Operação e Manutenção dos Sistemas de água, esgoto, drenagem e

gestão de resíduos da UFMT;

e) Demais estrutura organizacional do PLS.

5.1.7 Outras alternativas para o fornecimento de água potável

Em caso de necessidade e nos períodos em que a reserva de irrigação estiver completa,

o fornecimento de água potável poderá ser complementado da seguinte forma (esta condição

pode ocorrer normalmente no período de chuvas quando não há necessidade de irrigação):

a) Poço UNISELVA: desde que o período de bombeamento não ultrapasse as18

horas estabelecidas, a água aduzida desse poço poderá ser conduzida para a ETA do

setor I e, em seguida, para o respectivo reservatório de distribuição. No período de

chuvas, isso pode ocorrer continuamente, desde que seja mantido o nível da reserva

técnica de incêndio;

b) Poço do COT: da mesma forma, este poço poderá contribuir para o fornecimento

de água ao setor II;

c) Em caso de extrema necessidade, o período de bombeamento de todos os poços

existentes poderá ser estendido para 24 horas ininterruptas, como ocorre atualmente.

d) No período da seca, o poço do zoológico pode fornecer água para o consumo

potável, desde que em período diferente da utilização do poço da Fundação Uniselva,

utilizando a mesma tubulação de adução.

114

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

6.1 Referências citadas

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6.2 Referências consultadas

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