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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO BAIRRO CPA III – LAGOA ENCANTADA EM CUIABÁ/MT UTILIZANDO INDICADORES AMBIENTAIS HELOISA PIMPÃO PROFª. DRª. ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA CUIABÁ-MT MARÇO – 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E

TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO BAIRRO CPA III – LAGOA ENCANTADA EM CUIABÁ/MT UTILIZANDO INDICADORES

AMBIENTAIS

HELOISA PIMPÃO

PROFª. DRª. ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA

CUIABÁ-MT MARÇO – 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E

TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO BAIRRO CPA III – LAGOA ENCANTADA EM CUIABÁ/MT UTILIZANDO INDICADORES

AMBIENTAIS

HELOISA PIMPÃO

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito para obtenção do título de Mestre.

PROFª. DRª. ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA

CUIABÁ-MT MARÇO – 2011

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Carlos Henrique T. de Freitas. CRB-1: 2.234.

Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte.

P644a Pimpão, Heloisa.

Avaliação dos impactos ambientais da estação de tratamento de esgoto do bairro CPA III - Lagoa Encantada em Cuiabá/MT utilizando indicadores ambientais / Heloisa Pimpão. – 2011.

vii, 105 f. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Orientador: Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de

Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, 2011.

Bibliografia: f. 89-96. 1. Estação de tratamento de esgoto. 2. Esgoto sanitário - Impactos ambientais.

3. Lagoas de estabilização - Tratamento de esgoto. 4. Saneamento ambiental. 5. Cuiabá-MT - Tratamento de esgotos. I. Título.

CDU 628.357.1:504.05(817.2)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Mauro e Rosangela.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela força e sabedoria.

Agradeço aos meus pais Mauro e Rosangela, por sempre me apoiarem e

incentivarem. A minha irmã Thaisa pelo apoio e amizade.

A Professora Eliana pela orientação e oportunidade de realizar este

trabalho.

Ao Uender, pelo incentivo, paciência e contribuições dadas ao trabalho.

Aos colegas e professores do mestrado pelos momentos e conhecimentos

compartilhados nesses dois anos de curso.

Ao Projeto "Implantação do Centro de Referência de Reuso de Água"

patrocinado pela PETROBRAS por meio do Programa Petrobras Ambiental, pela

oportunidade e informações cedidas.

Aos membros da banca, Prof. João Batista (Perfil), Profª. Gersina e Prof.

Josimar pelas contribuições.

A Nanciy e a Alinne que ajudaram na aplicação dos questionários e aos

moradores do CPA que nos receberam em suas casas.

A CAPES pelo apoio financeiro durante o mestrado.

Aos meus amigos pelo companheirismo.

A todos que colaboraram de uma forma ou de outra na realização deste

estudo.

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. I

LISTA DE QUADROS ........................................................................................... II

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... III

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................... V

RESUMO .............................................................................................................. VI

ABSTRACT ......................................................................................................... VII

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1. PROBLEMÁTICA ...................................................................................... 1

1.2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 2

1.3. HIPÓTESE DA PESQUISA ....................................................................... 4

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 5

2.1. GESTÃO AMBIENTAL DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE

ESGOTO ................................................................................................................ 5

2.2. GESTÃO AMBIENTAL ............................................................................. 7

2.2.1. As Normas ISO 14000 .................................................................................. 8

2.2.2. Desempenho ambiental .............................................................................. 13

2.2.3. Indicadores Ambientais ............................................................................. 15

2.2.3.1. Indicadores de desempenho ambiental (IDA) da ABN-NBR-ISO 14031 18

2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ...................................... 21

2.3.1. Métodos de avaliação e identificação de impactos ambientais............... 22

2.3.1.1. Métodos espontâneos (Ad Hoc) ............................................................... 23

2.3.1.2. Métodos de listagem (check-lists) ............................................................ 24

2.3.1.3. Matrizes de interação ............................................................................... 24

2.3.1.4. Redes de interação (Networks) ................................................................ 25

2.3.1.5. Superposição de Cartas (Overlay) ............................................................ 25

2.3.1.6. Modelos de simulação .............................................................................. 25

2.3.2. Impactos Ambientais em Estações de Tratamento de Esgoto .......... 26

2.4. TRATAMENTO DE ESGOTO ................................................................ 29

2.4.1. Lagoas de estabilização .............................................................................. 30

2.4.1.1. Lagoas facultativas ................................................................................... 32

2.4.1.2. Lagoas de maturação ................................................................................ 34

3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 35

3.1. ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................... 35

3.1.1. Histórico ...................................................................................................... 35

3.1.2. Características do Sistema ........................................................................ 36

3.1.2.1. Controle de odores ................................................................................... 38

3.1.2.2. Corpo receptor .......................................................................................... 39

3.1.2.3. Consumo de energia ................................................................................. 40

3.2. MÉTODOS .................................................................................................... 40

3.2.1. Metodologia utilizada para obtenção dos indicadores ............................ 46

3.2.1.1. Índice de Resíduos Sólidos ...................................................................... 46

3.2.1.2. Índice de Incômodo causado pelos odores ............................................... 47

3.2.1.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego ............................. 48

3.2.1.4. Qualidade de vida ..................................................................................... 50

3.2.1.5. Educação ambiental ................................................................................. 50

3.2.1.6. Vegetação ................................................................................................. 50

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 51

4.1. ATIVIDADES REALIZADAS NA ESTAÇÃO ........................................... 51

4.1.1. Projeto CRRA............................................................................................ 52

4.1.2. Lazer e atividades físicas .......................................................................... 55

4.2. ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................. 55

4.3. INDICADORES AMBIENTAIS ................................................................... 59

4.3.1. Índice de Resíduos Sólidos ........................................................................ 59

4.3.2. Índice de Incômodo causado pelos odores ............................................... 62

4.3.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego............................ 70

4.3.4. Melhoria na qualidade de vida ................................................................. 75

4.2.5. Envolvimento em Educação Ambiental ................................................... 77

4.2.6. Vegetação (recuperação de áreas degradadas)........................................ 81

4.4. ANÁLISE SOBRE OS INDICADORES ...................................................... 83

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .............................. 86

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 89

8. ANEXOS ......................................................................................................... 97

9. APÊNDICES ................................................................................................. 101

I

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Faixas de eficiências de remoção de alguns parâmetros físico-químicos

e biológicos em sistemas de lagoas de estabilização ............................................ 32

Tabela 2: Dados das lagoas do sistema ................................................................. 37

Tabela 3: Forma de disposição e/ou tratamento dos resíduos sólidos. ................. 47

Tabela 4: Categoria de incômodo (i) e respectivos coeficientes. Adaptado do

modelo da Verein Deutscher Ingenieure 3883 (VDI) (1993) ............................... 48

Tabela 5: Índice de Resíduos Sólidos ................................................................... 61

Tabela 6: Nível de agrado aos odores ................................................................... 67

Tabela 7: Cálculo do Índice de Incômodo aos odores. ......................................... 70

Tabela 8: Resultados encontrados para DBO5,20° .................................................. 70

Tabela 9: Estatísticas descritivas dos resultados obtidos para DBO5,20 ................ 71

Tabela 10: Eficiência de cada unidade do sistema em termos de remoção da DBO

............................................................................................................................... 72

Tabela 11: Resultados encontrados para DQO ..................................................... 73

Tabela 14: Oxigênio Dissolvido no Córrego do Caju ........................................... 73

Tabela 15: Estatística descritiva dos resultados de OD (mg/L) ............................ 74

Tabela 16: Monitoramento de freqüentadores da Aeróbica .................................. 76

Tabela 17: Pessoas envolvidas em educação ambiental ....................................... 79

II

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Conjunto de Normas da ISO 14000. .................................................... 10

Quadro 2: Consequência dos impactos ambientais ............................................... 43

Quadro 3: Enquadramento de freqüência/probabilidade dos impactos ambientais

............................................................................................................................... 44

Quadro 4: Critérios de enquadramento de impactos ambientais ........................... 44

Quadro 5: Matriz de qualificação de impactos ambientais ................................... 56

Quadro 6: Indicadores Ambientais........................................................................ 59

Quadro 7: Quadro-resumo sobre os Indicadores Ambientais utilizados ............... 83

III

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: O gerenciamento ambiental de acordo com as Normas ISO 14000 ........ 9

Figura 2: Modelo do Sistema de Gestão segundo a NBR ISO 14001/2004 ......... 12

Figura 3: Modelo PDCA aos moldes da ISO 14031. ............................................ 15

Figura 4: Características importantes dos indicadores. Fonte: FIRJAN, (2008) .. 20

Figura 5: Esquema simplificado de uma lagoa facultativa. .................................. 33

Figura 6: Layout do sistema de tratamento de esgoto. Fonte: Adaptado de Von

Sperling (2002) ..................................................................................................... 36

Figura 7: Gradeamento .......................................................................................... 37

Figura 8: Caixa de areia ........................................................................................ 37

Figura 9: Lagoa Facultativa .................................................................................. 38

Figura 10: Dispositivo de Entrada da Lagoa Facultativa ...................................... 38

Figura 11: Lagoas de Maturação ........................................................................... 38

Figura 12: Dispositivo de saída da Lagoa de Maturação 2. .................................. 38

Figura 13: Aeradores instalados na lagoa facultativa ........................................... 39

Figura 14: Córrego do Caju na área da Lagoa Encantada ..................................... 39

Figura 15: Etapas do estudo .................................................................................. 41

Figura 16: Aplicação do questionário ................................................................... 42

Figura 17: Nível de agrado do odor. Fonte: Meyer (1999), apud Truppel (2002). 47

Figura 18: Pontos de monitoramento. ................................................................... 49

Figura 19: Viveiro experimental ........................................................................... 52

Figura 20: Implementação do PRAD as margens do córrego do Caju ................. 52

Figura 21: Maquete da bacia hidrográfica do rio Cuiabá. Fonte: Sanecap ........... 54

Figura 22: Módulo para estudo do aproveitamento da água de chuva .................. 54

Figura 23: Pista de caminhada .............................................................................. 55

Figura 24: Academias ........................................................................................... 55

Figura 25: Resíduos do tratamento preliminar ...................................................... 60

Figura 26: Escumas ............................................................................................... 60

Figura 27: Capinagem próximo a pista de caminhada .......................................... 61

Figura 28: Satisfação dos entrevistados com o espaço da Lagoa.......................... 62

Figura 29: Percepção dos entrevistados aos odores .............................................. 64

Figura 30: Intensidade do odor ............................................................................. 65

Figura 31: Horário em que o odor é mais forte, segundo os entrevistados ........... 65

IV

Figura 32: Frequência que os moradores sentem os odores .................................. 66

Figura 33: Sintomas ou consequências decorrentes dos odores ........................... 67

Figura 34: Resultado do questionário ................................................................... 68

Figura 35: Nível de agrado ao odor de acordo com o bairro ................................ 68

Figura 36: Variação de DBO nos pontos de monitoramento ................................ 71

Figura 37: Oxigênio dissolvido no córrego do Caju, a montante (1) e jusante (2)

do ponto de lançamento da ETE. .......................................................................... 74

Figura 38: Variação dos valores de OD (mg/L) a montante e jusante do

lançamento comparado com a legislação (Conama 357/2005) ............................. 75

Figura 39: Atividades físicas na Lagoa - aeróbica ................................................ 76

Figura 40: Estudantes participando do circuito na Lagoa ..................................... 78

Figura 41: Maquete da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá. Fonte: CRRA ........... 78

Figura 42: Estação Água ....................................................................................... 78

Figura 43: Alunos na Estação Resíduos ................................................................ 78

Figura 44: Implantação do PRAD na área da Lagoa Encantada ........................... 82

V

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV: Análise de ciclo de vida

ADA: Avaliação do Desempenho Ambiental

AIA: Avaliação de Impactos Ambientais

APP: Área de Preservação Permanente

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPA: Centro Político Administrativo

CRRA: Centro de Referência de Reuso de água

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO: Demanda Química de Oxigênio

ETE: Estação de tratamento de esgoto

EIA: Estudo de Impacto Ambiental

FIESP: Fundação das Indústrias do Estado de São Paulo

FIRJAN: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICA: Indicadores de Condição Ambiental

IDA: Indicadores de desempenho ambiental

IDG: Indicadores de Desempenho de Gestão

IDO: Indicadores de Desempenho Operacional

INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

ISO: International Organization for Standardization – Organização Internacional

de Normalização

OD: Oxigênio Dissolvido

PDCA: Plan–Do–Check–Act - Planejar–Executar–Verificar–Agir

pH: Potencial Hidrogeniônico

RIMA: Relatório de Impacto Ambiental

SANECAP: Companhia de Saneamento da Capital

SGA: Sistema de Gestão Ambiental

TC: Comitê Técnico

UASB: Upflow Anaerobic Sludge Blanket – Reator Anaeróbio de Fluxo

Ascendente

VI

RESUMO

PIMPÃO, H. Avaliação dos impactos ambientais da estação de tratamento de esgoto do bairro CPA III - Lagoa Encantada em Cuiabá/MT utilizando indicadores ambientais. Cuiabá - MT, 2011. 105p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso.

Os objetivos principais de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) são a preservação ambiental e proteção da saúde, por vezes as atividades realizadas dentro da estação podem gerar algum impacto ao meio ambiente e às populações vizinhas. O objetivo deste estudo é avaliar os impactos gerados pela ETE do bairro CPA III em Cuiabá/MT, conhecida como Lagoa Encantada. Inicialmente foram identificados os aspectos e impactos ambientais das atividades realizadas na estação, que envolvem o tratamento do esgoto em si, educação ambiental, recuperação de áreas degradadas e atividades físicas, e então elaborada uma matriz de impacto, com intuito de caracterizar e identificar os impactos mais significativos. Em seguida, foram definidos indicadores ambientais para estes impactos significativos a fim de verificar a magnitude de tais impactos. Por fim os indicadores foram submetidos a uma validação de conteúdo com o objetivo de identificar entre estes, quais são mais expressivos. Foram identificados 11 possíveis impactos, sendo 8 impactos negativos e 3 positivos. Os impactos negativos estão associados aos processos e operações relacionadas ao tratamento de esgoto. Já os impactos positivos, foram atribuídos às atividades diversas desenvolvidas na estação. Dentre os indicadores ambientais definidos, os mais significativos segundo a validação de conteúdo foram: Eficiência do sistema, Índice de resíduos sólidos, Índice de incômodo causado pelos odores. O conhecimento e entendimento da comunidade no que diz respeito a estação, é um fator muito importante e que deve ser mais difundido, já que muitas pessoas desconhecem que a Lagoa Encantada é uma estação de tratamento de esgoto. Este trabalho consiste em uma ferramenta importante para divulgação das informações acerca da ETE para a comunidade em geral, e para a gerenciadora dando suporte para identificar e agir nos principais problemas decorrentes e otimizar os benefícios das atividades desenvolvidas na estação. Palavras-chave: saneamento ambiental, gestão ambiental, lagoas de estabilização

VII

ABSTRACT

PIMPÃO, H. Environmental Impact Assessment of Wastewater Treatment Station neighborhood CPA III, Lagoa Encantada in Cuiabá/MT using environmental indicators. Cuiabá - MT, 2011. 105p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso

The main objectives of a sewage treatment plant (WWTP) are environmental conservation and protection of health, sometimes the carried through activities inside of the station can generate generate some impact on the environment and neighbors. The aim of this study is to assess the impacts generated by the neighborhood WWTP III CPA Cuiabá/MT, known as the Lagoa Encantada. Initially identified the environmental aspects and impacts of activities undertaken at the station, involving the treatment of sewage itself, environmental education, restoration of degraded areas and physical activities, and then developed a matrix of impact, in order to characterize and identify the impacts more significant. Next, it was defined the environment indicators for these significant impacts in order to verify the magnitude of such impacts. Finally, the indicators have been subjected to a content validation in order to identify among these, which are more expressive. It was identified 11 potential impacts, and 8 negative and three positive. The negative impacts are associated with processes and operations related to sewage treatment. And the positive impacts were allocated to various to the developed diverse activities in the station. Among the environmental set, the second most significant validation of the content was: Efficiency of the system, Index of Solid Waste and Index nuisance caused by odors. Knowledge and understanding of the community with regard to season, is a very important factor and should be more widespread, because many people are unaware that the Lagoa Encantada is a sewage treatment station. This work is an important tool for disseminating information about the WWTP for the community in general and for supporting the manager to identify and act on major issues and optimize the benefits arising from activities at the station.

Keywords: environmental sanitation, environmental management, wastewater stabilization ponds

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMÁTICA

O saneamento ambiental é importante para se garantir o desenvolvimento

econômico e social, manutenção da saúde pública, e para proteção e melhoria da

qualidade ambiental. Muito embora, nem sempre a área recebeu a devida prioridade.

Ao longo dos anos as questões de saúde e meio ambiente foram incorporadas

ao saneamento, desde o século XIX até o início do século XXI houve grandes

mudanças no que diz respeito, ao enfoque dado ao saneamento. A princípio este era

visto como uma ação de saúde pública, contribuindo para a redução da morbi-

mortalidade por doenças infecciosas, parasitárias e até mesmo não infecciosas. A

partir da década de 90, a introdução dos conceitos de desenvolvimento sustentável,

preservação e conservação do meio ambiente e particularmente dos recursos hídricos,

impôs um novo modelo a ser seguido tanto na fase de planejamento como nas etapas

posteriores de construção operação e a manutenção dos sistemas e as interações deste

com a sociedade e o meio ambiente.

As condições do saneamento no país ainda são preocupantes. A Pesquisa

Nacional de Saneamento, realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE e publicada recentemente, revela a precariedade das condições

sanitárias das cidades brasileiras. Embora 99,4% dos municípios brasileiros

dispusessem de sistemas de abastecimento de água e 100% tivessem coleta e algum

tipo de destinação final de resíduos sólidos, apenas 55,2% contavam com coleta de

esgoto, sendo que 28,5% possuíam algum tipo de tratamento em pelo menos um

distrito. Os números no estado de Mato Grosso demonstram uma realidade, ainda

mais dramática, pois 19,1% dos municípios são atendidos por rede geral de esgoto, o

que representa 5,4 % dos domicílios. Sendo que destes apenas 16,3% dos municípios

2

possuem algum tratamento. (IBGE, 2010). Na cidade de Cuiabá, em 2008 o índice de

coleta de esgoto era de 26,5% sendo que 52,3% era tratado. (SNIS, 2010)

Observa-se que ainda há um longo caminho a ser percorrido principalmente

na infraestrutura relacionada ao esgotamento sanitário. É importante que a expansão

destes serviços, acompanhe o crescimento das cidades, e que seja feita não só de

forma quantitativa, mas também qualitativamente, ou seja, aumento nos índices de

cobertura de esgoto coletado, porém priorizando a qualidade dos efluentes tratados.

Parte integrante do sistema de esgotamento sanitário, as estações de tratamento de

esgoto, devem ser construídas e gerenciadas de maneira adequada, não só para

atender a demanda.

Os objetivos de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) são a preservação

da qualidade dos recursos naturais e a proteção da saúde pública. Ainda que estes

objetivos tragam benefícios ambientais e sociais, os processos utilizados podem gerar

impactos negativos, por isso devem ser bem administrados. A má operação dos

sistemas de tratamento pode vir a causar odores, gases, resíduos e consequentemente

críticas e reclamações. Por isso é preciso que haja uma grande interação com a

população que vai ser atendida pela ETE, informando sobre os problemas

operacionais que podem ocorrer, pois a falta de conhecimento faz com que estas não

sejam bem vindas na comunidade.

1.2. JUSTIFICATIVA

Nesse contexto, a Estação de Tratamento de Esgoto do bairro CPA III, em

Cuiabá – MT, já começa a dar os primeiros passos, com ações de interação com a

comunidade, educação ambiental e melhorias na operacionalização do sistema a fim

de minimizar os impactos ambientais.

Desde a construção em 1986 até meados de 2005 a estação apresentou

problemas de odores, proliferação de vetores, além de ser alvo de violência, depósito

de lixo e degradação paisagística causados pela falta de operacionalização adequada.

Muitas pessoas desconheciam o fato de que ali funcionava uma estação de

tratamento de esgoto, acreditavam que fosse apenas uma lagoa abandonada.

3

Em 2005 uma reivindicação da população através do Fórum Popular de Luta

pelo Saneamento e lideranças comunitárias, o manifesto “Abraço pela morte da

Lagoa” foi realizado no local. A partir daí iniciou-se uma nova fase para a ETE em

que a Sanecap, gerenciadora da estação, comunidade e diversos parceiros se uniram

formando o grupo “Amigos da Lagoa”. Desde então muito já foi feito na luta para

recuperar a ETE.

As mudanças ocorridas transformaram a estação em uma área com estruturas

físicas direcionadas ao lazer, turismo, bem-estar social e educação. Um grande

exemplo é a implantação do Centro de Referência de Reuso de água – CRRA – um

projeto financiado pela Petrobras dentro Programa Petrobras Ambiental – que tem

como objetivo agregar e desenvolver tecnologias de reuso de Água e Efluente. Com

esse projeto pretende-se aproveitar do efluente da estação para atividades de

fertiririgação, criação de peixes, etc. Esse projeto é permeado pelas ações de

Educação Ambiental que têm sido fortemente desenvolvidas em todas as etapas do

projeto.

A estação tem grande importância para a população atendida, de

aproximadamente 42,3 mil habitantes, correspondendo à cerca 8% da população de

Cuiabá. A nova visão que a ETE vem recebendo desde a revitalização, a insere em

um contexto inovador e promissor no país. A idéia de que o sistema de tratamento do

esgoto tem que ser um local sujo e de preferência afastado do campo visual já não

cabe nesse caso. É fundamental que a população esteja consciente de que os resíduos

decorrentes de suas atividades devem ser tratados de maneira adequada,

minimizando impactos ao meio ambiente e saúde pública, e que neste processo

existem muitos desafios e dificuldades, pois se deve considerar não só a técnica, mas

as dimensões social, econômica e ambiental, internalizadas pelo conceito de

sustentabilidade.

Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho é avaliar os impactos

ambientais causados pelas atividades desenvolvidas na ETE do CPA III, hoje mais

conhecida como Lagoa Encantada, utilizando indicadores ambientais.

Para tanto, têm-se os seguintes objetivos específicos:

• Identificar as atividades desenvolvidas na estação e os aspectos e impactos

ambientais decorrentes;

4

• Definir indicadores para avaliação dos impactos ambientais;

• Propor medidas mitigadoras aos impactos ambientais negativos e

potencializar os impactos positivos.

1.3. HIPÓTESE DA PESQUISA

Essa dissertação busca aprofundar-se no estudo das estações de tratamento de

esgoto e na quebra do paradigma da visão negativa sobre estes locais. Foram

definidas algumas hipóteses:

• As mudanças realizadas na estação resultaram na melhoria do desempenho,

minimizando os impactos ambientais;

• É possível verificar as mudanças que a revitalização ocasionou tanto aos

recursos naturais quanto a população que é atendida pela estação;

• Os indicadores definidos são representativos para identificar e avaliar os

impactos gerados pela estação;

• É possível se estabelecer um protocolo para realização de um relatório de

sustentabilidade a ser agregado ao balanço contábil da empresa gerenciadora,

a exemplo do que vem fazendo as grandes corporações.

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho foi estruturado em 5 capítulos:

O primeiro capítulo corresponde à introdução contendo a problemática,

justificativa, os objetivos da dissertação, definição das hipóteses, e por fim a

estrutura do trabalho.

No segundo capítulo é realizada uma revisão bibliográfica sobre as bases

teóricas conceituais acerca do assunto em questão.

O terceiro capítulo descreve os materiais e métodos. Iniciando por uma

caracterização da área de estudo e seguido pelos métodos utilizados para responder

ao problema e alcançar os objetivos.

O capítulo 4 apresenta os resultados obtidos e análise destes. E por fim, o

último capítulo mostra as conclusões da pesquisa e recomendações.

5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. GESTÃO AMBIENTAL DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

A principal função de uma estação de tratamento de esgoto é a preservação

dos recursos naturais e também da saúde humana. Segundo Almeida (2005, p. 170)

os projetos de esgotamento sanitário têm a função de minimizar os efeitos do

lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, permitindo assim a redução dos

índices de doenças e de perigo à saúde da população e a melhoria de qualidade das

águas.

Os aspectos ambientais relacionados à implantação de sistema coletivo de

esgotamento sanitário compreendem (Almeida, 2005, p. 170):

• Rede de coleta e transporte de esgoto (coletores, interceptores e

emissários);

• Estações elevatórias;

• Estações de tratamento;

• Manejo de lodo de estações de tratamento de esgoto;

• Estrutura de lançamento de esgoto tratado.

Em termos de exigências legais relacionadas ao esgotamento sanitário, a

Resolução nº 01/86 do CONAMA exige Estudo de Impactos Ambientais apenas para

troncos sanitários e emissários de esgotos sanitários. E a Resolução nº 05/88

estabelece o licenciamento ambiental para obras de saneamento para as quais seja

possível identificar modificações ambientais significativas. Existem também outras

resoluções relacionadas ao padrão de lançamento de efluentes em corpos d’água,

como a Resolução nº 357/2005 e a Resolução nº 397/2008 que altera alguns padrões

estabelecidos anteriormente.

6

Apesar de seu principal objetivo ser considerado um impacto positivo, é

importante ressaltar que os processos utilizados em uma estação de tratamento de

esgoto (ETE) podem causar impactos negativos ao ambiente, por isso a importância

da realização de uma gestão adequada. Isso o tornará mais eficiente e eficaz, e tende

a ser mais valorizado pela sociedade.

La Rovere (2002, p. 13) afirma que:

(...) ao considerar a variável ambiental, uma ETE não só pode reduzir eventuais impactos ambientais decorrentes de suas atividades, como também aumentar a eficiência de seus processos, melhorar sua relação com a comunidade atendida e com a comunidade vizinha, prevenir acidentes e otimizar o consumo de energia.

Segundo Ramos (2004, p. 10) a aplicação de um sistema de gestão ambiental

(SGA) a uma ETE visa através do estabelecimento de políticas, objetivos e metas, a

equalização de questões de redução, reutilização e recuperação, passando a ser

fatores decisivos em todo processo.

Conforme Von Sperling e Chernicharo (1996) apud (La Rovere, 2002, p. 4)

uma estação de tratamento de esgotos deve ser entendida como uma indústria,

transformando matéria prima (esgoto bruto) em um produto final (esgoto tratado).

Com isso é possível aceitar e entender uma ETE como um processo de produção, de

um bem, um produto que é fundamental para a manutenção da saúde da população

atendida e para o equilíbrio ecológico das áreas anexas a ETE.

Ramos (2004) ao concluir seu estudo sobre SGA em uma ETE em

Salesópolis/SP afirma que é preciso estabelecer novos paradigmas e que haja uma

mudança da visão de setor, para uma visão mais abrangente:

(...) onde diversos aspectos do esgotamento sanitário devem ser analisados, tais como: a utilização racional da água; a ocupação e o uso adequado do solo; a observância, manutenção e melhoria da capacidade de depuração dos corpos receptores; a promoção de educação ambiental para o efetivo envolvimento da comunidade; a capacitação dos recursos humanos; o aprimoramento dos sistemas de tratamento de esgoto existentes e o desenvolvimento de novos processos.

Nos próximos itens são apresentadas bases teóricas e conceituais importantes

para a realização da gestão ambiental de uma estação de tratamento de esgoto.

7

2.2. GESTÃO AMBIENTAL

Nas últimas décadas notou-se uma crescente preocupação e conscientização

com questões relacionadas ao meio ambiente. Isto ocorreu principalmente, quando os

problemas de degradação ambiental, como contaminação do solo, água e ar tiveram

efeitos diretos sobre os seres humanos. (Braga, 2005, p. 287).

Além disso, com o crescimento da população e o aumento do consumo,

houve a necessidade de se rever as questões de planejamento e tomada de decisões.

Segundo Kraemer (2004a), isso ocorreu a partir da consolidação de práticas e

formulação de diretrizes que passaram a tratar a questão ambiental de forma

sistêmica e integrada.

Com o conceito de desenvolvimento sustentável já estabelecido e aceito,

novos desafios na relação ‘homem e meio ambiente’ surgiram. Na busca pela

sustentabilidade cada setor passa a assumir a sua responsabilidade na construção de

um novo modelo de crescimento. Neste contexto, conforme a Federação das

Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2008, p. 5) os Sistemas de Gestão

Ambiental são bons exemplos de incorporação da questão ambiental as atividades de

uma organização, já que a ideia de desenvolvimento sustentável está inserida na

Gestão Ambiental.

O termo gestão ambiental é bastante amplo, mas de maneira geral designa

ações que buscam eliminar ou reduzir os impactos e danos ambientais, decorrentes

de atividades de empreendimentos. (QUEZADA & PIERRE, 1998, apud

VALVERDE, 2005, p. 111).

Segundo Almeida (2005) gestão ambiental é:

O processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais – naturais, econômicos e sócio-culturais – às especificações do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordado/definidos.

Valverde (2005, p. 11) cita que a gestão ambiental é a forma pela qual as

empresas ou organizações se mobilizam para a conquista da qualidade ambiental

1 QUEZADA, R., PIERRE C. V., Gestão ambiental empresarial. Rio de Janeiro:

SEBRAE/RJ, 1998. 120 p., apud VALVERDE, S. R., Elementos de gestão ambiental empresarial. Viçosa: Ed. UFV, 2005. 127 p.

8

desejada. De acordo com Kraemer (2004a) através de práticas sustentáveis, as

empresas provocam uma mudança de valores e de orientação em seus sistemas

operacionais e estarão assim engajadas à idéia de desenvolvimento sustentável e

preservação do meio ambiente.

Conforme Epelbaum (2006, p.118) diversas discussões acerca de sistemas de

qualidade e gestão empresarial surgiram no pós-guerra e serviram de base para a

elaboração de um modelo para gestão ambiental de forma organizada e consistente.

Nesse contexto surge o conceito de sistema de gestão. Que pode ser entendido como

o conjunto de elementos inter-relacionado e que agem de forma integrada para

cumprir uma missão, política e objetivos.

Os primeiros modelos de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) surgiram a

partir da década de 80. O mais reconhecido é o ISO 14001, porém, antes deste,

surgiram outros que contribuíram para o desenvolvimento e utilização destes

sistemas que visam identificar, minimizar e controlar aspectos e impactos

ambientais. Entre tais modelos destacam-se: Responsible Care (1984), STEP

(Strategies for Today’s Environmental Partnership - 1990), BS 7750 (Specifications

for Environmental Management Systems - 1992) e EMAS (Eco-Management and

Audit Scheme – 1995). (CAMPOS, et. al, 2006).

Segundo Bitar (2004, p. 106) apesar de o SGA ser uma ferramenta adotada

principalmente por indústrias, sua aplicação em outros tipos de organização também

é possível.

2.2.1. As Normas ISO 14000

A partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, a Rio-92, muitos países identificaram a necessidade de se criar

normas internacionais para gestão ambiental. A Grã-Bretanha foi pioneira nesse

sentido, pois já havia publicado em março de 1992 a Norma BS 7750 - Specifications

for Environmental Management Systems. Essa norma serviu de base para a criação

de diversas outras normas, entre elas a série ISO 14000.

A International Organization for Standardization – ISO (Organização

Internacional de Normalização) é uma organização não governamental, fundada em

9

1946 em Genebra na Suíça que hoje está presente em 163 países. No Brasil, o órgão

que representa a ISO é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A ISO

implantou em 1993 o Comitê Técnico 207 (TC/207) que foi encarregado de criar

normas direcionadas ao meio ambiente (Braga et. al. 2005, p. 288). O TC

desenvolveu então série ISO 14000, publicando em 1996 versões definitivas de

algumas normas.

De acordo com Assumpção (2004) apud Soibelman (2008, p. 282) o TC-207

utilizou a sistemática de Implementação, monitoramento, Avaliação, Auditoria,

Certificação e Manutenção de um Sistema de Gestão Ambiental com o objetivo de

reduzir ou eliminar impactos adversos ao Meio Ambiente.

As normas de gestão ambiental têm por objetivo fornecer as organizações de

elementos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) eficaz que possam ser

integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos

ambientais e econômicos. (ABNT-NBR-ISO 14001/2004)

A família ISO 14000 está estruturada em dois grandes módulos para

avaliação da organização e avaliação de produtos e processos, conforme pode ser

observado na figura 1.

Figura 1: O gerenciamento ambiental de acordo com as Normas ISO 14000

2ASSUMPÇÃO, L. F. J. Sistema de Gestão Ambiental – Manual Prático para

Implementação de SGA e Certificação ISO 14001. Curitiba: Editora Juruá, 2004, apud SOILBELMANN, H. J. Avaliação do desempenho ambiental: o caso da Balsa Guindaste e de Lançamento – BGL. 2008 Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão – Área de concentração: Gestão do Meio Ambiente) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2008.

ISO 14000

SGA ACV

Avaliação do Desempenho Ambiental

Auditoria Ambiental

Rotulagem Ambiental

Aspectos Ambientais nas

Normas e Produtos

10

Compreendem dessa forma, normas sobre sistemas de gestão ambiental,

desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida de produtos, rotulagem ambiental

e integração de aspectos ambientais no desenho de produtos. As normas publicadas

no Brasil pela ABNT estão listadas no quadro 1:

Quadro 1: Conjunto de Normas da ISO 14000.

Norma Ano de

publicação Descrição

ISO 14001 2004 Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para o uso

ISO 14004 2004 Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio

ISO 14015 2003 Gestão Ambiental – Avaliação ambiental de locais e organizações

ISO 19011 2002 Diretrizes para auditorias de Sistema Gestão de Qualidade e/ou Ambiental

ISO 14020 2002 Rótulos e declarações ambientais – Princípios básicos ISO 14021 2004 Rótulos e declarações ambientais – Autodeclarações

ISO 14024 2004 Rótulos e declarações ambientais – Rotulagem ambiental Tipo 1 – Princípios e procedimentos

ISO 14031 2004 Gestão Ambiental – Avaliação do desempenho ambiental

ISO 14040 1997 Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura

ISO 14041 1998 Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Definição de objetivo, escopo e análise de inventário

ISO 14042 2000 Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Avaliação do impacto do ciclo de vida

ISO 14043 2000 Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Interpretação do ciclo de vida

ISO 14050 2004 Gestão Ambiental - Vocabulário ISO 14063 2006 Comunicação Ambiental ISO 14064 2006 Gases de efeito estufa

Fonte: Adaptado de FIRJAN (2008)

Desse conjunto de normas a principal delas é a ISO 14001, publicada em

1996 e atualizada em 2004, sendo esta a única passível de certificação. Essa

certificação é feita por uma entidade especializada e independente, credenciada pelo

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro.

De acordo com a ABNT-NBR-ISO 14001/2004, Sistema de Gestão

Ambiental (SGA) é a parte do sistema de gestão de uma organização, utilizada para

desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos

ambientais. Ainda de acordo com a Norma um sistema da gestão inclui estrutura

11

organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos, processos e recursos.

Esta Norma é baseada na metodologia conhecida como Plan–Do–Check–Act

(PDCA) / (Planejar–Executar–Verificar–Agir), de forma a promover a melhoria

contínua do sistema, conforme pode ser observado na figura 2.

A implementação de um SGA, segundo a ABNT-NBR-ISO 14001, exige o

cumprimento de requisitos normativos que estão divididos em 5 grupos ou fases de

implementação: a política ambiental; o planejamento; a implementação e operação;

a verificação e ação corretiva; e a análise crítica.

Braga et. al. (2005, p. 291) detalha cada uma dessas fases do SGA baseado na

ABNT-NBR-ISO 14001:

• Política Ambiental: deve ser definida pela alta administração da empresa;

dá um senso global de direção e apresenta os princípios de ação para uma

organização, sendo estabelecidas metas relativas ao desempenho e

responsabilidade ambiental;

• Planejamento: baseado na política ambiental, a organização deve fazer um

planejamento com o objetivo de atender aos requisitos estabelecidos. É

composto por Aspectos Ambientais, Requisitos Legais e Outros

Requisitos, Objetivos e Metas, Programas de Gestão Ambiental;

• Implementação e operação: deve ser conduzido de forma a serem atingidos

os objetivos e as metas estabelecidas;

• Verificação e ações corretivas: para que a política ambiental possa ser

avaliada, é necessário que sejam desenvolvidos procedimentos para

monitorar e medir as principais características das operações e atividades

que podem causar um impacto significativo no meio ambiente, ao mesmo

tempo em que devem ser estabelecidos os procedimentos referentes às

ações corretivas que devem ser tomadas para eliminar as causas reais ou

potenciais, que poderiam resultar em um impacto no meio ambiente;

• Análise: para que o comprometimento com a melhoria contínua possa ser

efetivo, a alta administração da organização deve, em intervalos

predefinidos, revisar o SGA, de forma a assegurar que este continue

adequado e efetivo. Nessa revisão devem ser verificadas as necessidades

12

de mudança na política, os objetivos e outros elementos do SGA,

tomando-se como base os resultados obtidos nas auditorias do sistema.

Figura 2: Modelo do Sistema de Gestão segundo a NBR ISO 14001/2004

Segundo Campos & Selig (2002) os sistemas de gestão ambiental:

(...) vêm-se tornando grandes aliados das organizações que buscam manter seus processos, aspectos e impactos ambientais sob controle. Identificam primeiramente os impactos ambientais mais significativos para em seguida definirem a melhor forma de controlar e minimizar tais impactos.

Muitas organizações têm implementado um SGA, pois acreditam que, após a

obtenção de uma certificação, como a da ISO 14001, seus produtos terão entrada

facilitada em alguns mercados ou empresas. Algumas organizações consideram as

melhorias no processo, advindas de um melhor controle ambiental, um bom motivo

para implementação do SGA. (MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL, 2003, apud

RAMOS, 2004, p. 483).

3 MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL. Edição especial homenagem a marca histórica das

1000 certificações em conformidade com a norma ISO 14001. Editora Tocalino Ltda. Edição 43, n. 42, maio/junho de 2003, apud RAMOS, A. G. Sistema de Gestão Ambiental em Estações de Tratamento de Esgoto. O caso da ETE Remédios (Salesópolis/SP). 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, 2004

13

Nesse contexto há que se considerar também a competitividade no mercado,

pois atualmente, já há a aceitação de que empresas que possuem certificação estão

um passo a frente das demais.

2.2.2. Desempenho ambiental

Devido a toda uma questão histórica e eventos voltados e preocupados com a

questão ambiental dos últimos anos, as organizações começaram fazer parte desse

novo modelo de gestão. Com as organizações adotando seus próprios sistemas de

gestão ambiental, ou baseados na ISO, houve a necessidade de se avaliar estes

sistemas, a fim de buscar sua melhoria contínua.

Nesse contexto o termo desempenho ambiental é relativamente novo, embora

este conceito tenha sido usado no que diz respeito ao controle e monitoramento de

poluentes. (CHIUMMO, 2004, p. 64).

A ABNT-NBR-ISO 14031 (2004) Gestão Ambiental – Avaliação de

Desempenho Ambiental – Diretrizes, trata a Avaliação do Desempenho Ambiental

(ADA) conforme a metodologia PDCA. A norma define o desempenho ambiental de

uma organização como “resultados mensuráveis de sua gestão em relação aos seus

aspectos ambientais.” E ainda a Avaliação de Desempenho Ambiental como:

(...) um processo que visa facilitar decisões gerenciais sobre o desempenho ambiental de uma organização por meio da seleção de indicadores, coleta e análise de dados, avaliação de informações de acordo com critérios de desempenho ambiental, divulgação, revisão e aperfeiçoamento desse processo.

A ADA é um processo e ferramenta de gestão interna, planejada para prover

uma gestão com informações confiáveis e verificáveis, em base contínua para

determinar se o desempenho ambiental de uma organização está adequado aos

critérios estabelecidos pela administração da organização. A norma é aplicável a

todas as organizações, independente do tipo, tamanho, localização e complexidade

(ABNT-NBR-ISO 14031, 2004).

O Desempenho Ambiental da organização deve refletir o contexto principal

do SGA, Política Ambiental, Objetivos e Metas. Este desempenho ambiental é

medido através de Indicadores Ambientais. (SOILBELMAN, 2008, p. 43).

14

A identificação dos aspectos ambientais de uma empresa é muito importante

na avaliação do seu desempenho ambiental, a ISO 14031 auxilia no processo do

estabelecimento de critérios para avaliar e identificar os aspectos ambientais.

Chiummo (2004, p. 70), afirma que a ADA pode nortear as organizações na

determinação dos seguintes elementos de um sistema de gerenciamento ambiental:

• Identificação dos aspectos e impactos ambientais;

• Determinação dos aspectos que devem ser tratados como significativos;

• Estabelecimento de critérios para aferir o desempenho ambiental;

• Avaliação do desempenho ambiental face aos critérios estabelecidos. Uma organização que possui SGA pode avaliar o desempenho ambiental

relativamente à sua política ambiental, objetivos e metas. Já uma organização que

não possui SGA pode usar a ADA na identificação de seus aspectos ambientais,

quais os aspectos são significativos, definição de critérios ambientais para avaliar o

seu desempenho ambiental. Dessa forma a ADA pode ser considerada uma

ferramenta para a análise inicial na avaliação de aspectos e impactos ambientais.

(JASCH, 2000)

A norma ISO 14031, segue o metodologia PDCA (Plan, Do, Check and Act)

sempre em busca da melhoria contínua. Na etapa do Planejamento são definidos os

indicadores a serem utilizados na ADA, sejam eles pré-existentes ou desenvolvidos

para a ADA. Os indicadores servem de subsídio para a administração da empresa na

tomada de decisão. No planejamento é feita também a identificação dos aspectos

ambientais relevantes. Na etapa do fazer (Do) realiza-se um levantamento de dados e

informações referente a empresa e que sejam importantes aos indicadores. Na fase de

verificação e melhoria (Check e Act) é feita uma análise crítica sobre os resultados

encontrados em busca de melhorias nos sistema.

A figura 3 mostra a adaptação, encontrada em FIRJAN (2008), do modelo

PDCA no contexto da ISO 14031.

15

Figura 3: Modelo PDCA aos moldes da ISO 14031. Fonte: Adaptado de FIRJAN (2008)

De acordo com Campos (2001) apud (Chiummo, 2004, p. 774) a ADA pode

trazer benefícios para a organização ao promover melhorias na comunicação e a

identificação de oportunidades de melhoria e prevenção da poluição.

2.2.3. Indicadores Ambientais

Segundo Bollmann (2001, p. 15) a realização de medições, para serem

utilizadas como instrumentos para operacionalização e implementação de políticas

norteadoras do desenvolvimento humano, têm auxiliado tomadores de decisão e

cidadãos comuns no entendimento e resolução de diversas questões.

A formulação de indicadores, que fossem utilizados para mensurar a

influência das atividades humanas, é baseada na interdependência entre o

desenvolvimento do conhecimento científico e das técnicas de investigação. De

acordo com Bollman (2001, p. 16):

(...) Por um lado o aprofundamento teórico observado nas disciplinas básicas foi responsável pela elaboração de teorias capazes de lidar com sistemas complexos cada vez mais abrangentes, mas, por outro, o instrumental tecnológico disponibilizado para conhecer a natureza e as peculiaridades de seus fenômenos tem propiciado aos cientistas e

4 Campos, L. M. S. SGADA – Sistema de gestão e avaliação do desempenho ambiental: uma

proposta de implementação. 2001. Tese (Doutorado) Universidade federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001, apud Chiummo, L. A. Desempenho ambiental e processo de comunicação estudo de caso nos setores químico e petroquímico. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia. Área de Concentração: Engenharia Mineral) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004

16

interessados o acesso, praticamente em tempo real, a uma quantidade inimaginável de informações em escala global.

Para Merico (1997) apud Cunha (2001, p. 225) a palavra indicador tem

origem do latim, indicare que significa destacar, mostrar, anunciar, tornar público,

estimar.

Mitchell, (1998) define indicador como uma ferramenta que permite a

obtenção de informações sobre uma dada realidade, tendo como característica

principal a de poder sintetizar diversas informações, retendo apenas o significado

essencial dos aspectos analisados

Conforme Sánchez (2006, p. 259) os indicadores têm uso crescente em

planejamento e gestão ambiental, possuem um conceito amplo que pode ser

empregado em várias disciplinas e são utilizados para descrever de forma concisa os

dados ambientais de uma organização.

A Fundação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, em sua cartilha

de indicadores da Indústria (2006) cita que:

(...) diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e/ou quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano, tais como na saúde (índice de natalidade, índice de mortalidade), educação (índice de repetência, índice de analfabetismo), economia (renda per capita), sociologia (índice de desenvolvimento humano) e no meio ambiente (qualidade do ar).

Os indicadores ambientais são guias que indicam a quantificação da

qualidade ambiental do processo produtivo de uma organização em uma determinada

época.

Segundo Veleva e Ellenbecker (2001) na construção de um indicador, é

necessário determinar uma unidade de medida, tipo de medição (absoluta ou

relativa), período de medição, e metas para esse indicador. Kraemer (2004b)

descreve que os indicadores absolutos informam os dados básicos sem análise ou

interpretação, como por exemplo, kg de sucata de alumínio. Esses indicadores são o

reflexo global dos impactos ambientais. Já os indicadores relativos comparam os

5 Merico, L. F. K. Proposta metodológica de avaliação de desempenho econômico na

região do Vale do Itajaí (SC) através de indicadores ambientais. In Revista Dynamis, vol 5, n. 19. FURB, Blumenau, 1997, apud Cunha. R. S. Avaliação do desempenho ambiental de uma indústria de processamento de alumínio. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001

17

dados com outros parâmetros, como por exemplo, kg de sucata de alumínio por

tonelada de produto, que irão ilustrar eficiência ambiental da produção.

Para Lima (2004):

Os indicadores podem corresponder a valores numéricos (e.g.: quantidade de impurezas na água ou de determinado elemento químico no ar) ou a padrões de referência valorativos de um estado (e.g.: “crítico”, “irreversível”, “regular”, “impróprio”, “contaminado” etc.).

Existem vários ‘tipos’ de indicadores, que são utilizados por diversas

organizações. Gamboa et. al. (2005) realizaram um estudo sobre diversas propostas

de indicadores. Os autores citam que estes indicadores são utilizados como

Indicadores de Sustentabilidade ou Indicadores de Desenvolvimento Sustentável;

Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial; e os Indicadores de

Desempenho Ambiental da Norma ISO 14031:2004. Outras comparações feitas pelos

autores podem ser observadas no Anexo 1.

Segundo Lima (2004) ocorre uma confusão conceitual entre Indicadores

Ambientais, Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Indicadores de

Desempenho Ambiental:

Indicadores Ambientais traduzem dados relativos a determinado componente ou conjunto de componentes de um ou vários ecossistemas. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável compreendem informações relativas às várias dimensões do desenvolvimento sustentável: econômicas, sociais, ambientais e institucionais. Os Indicadores de Desempenho Ambiental preocupam-se em refletir os efeitos sobre o meio ambiente dos processos e técnicas adotados para realizar as atividades de uma organização.

Diversas instituições e entidades nacionais e estrangeiras utilizam indicadores

ambientais, com vários objetivos. Como exemplo de Indicadores de

Desenvolvimento Sustentável pode-se citar (GAMBOA, et. al, 2005):

• A OECD – Organization for Economic Co-operation and Development, da

ONU (através do UNCSD – United Nations Committee for Sustainable

Development);

• WBCSD – World Business Council for Sustainable Development; o GRI -

Global Reporting Initiative;

• DJSGI – Dow Jones Sustainability Group Index;

• O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no âmbito

nacional, realiza inúmeros trabalhos envolvendo crescimento populacional,

18

perfil dos municípios brasileiros, e o estabelecimento de indicadores de

desenvolvimento social. (PADILHA, et. al., 2008).

Em alguns casos os indicadores medem o grau, e de que forma, o sistema está

protegendo a saúde pública e impedindo a degradação do meio ambiente, analisando

assim a sustentabilidade “passiva”. Mas é importante analisar de uma forma mais

“ativa” essa sustentabilidade, envolvendo como a organização esta contribuindo ou

agregando valor ao ambiente. (MURRAY, et. al., 2009)

O Instituto Ethos de Responsabilidade Social e o IBASE – Instituto Brasileiro

de Análises Sociais e Econômicas utilizam indicadores ambientais no contexto de

Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial.

Com relação aos indicadores de desempenho ambiental, cita-se a própria

norma ABNT-NBR-ISO 14031/2004, e também a FIESP que elaborou uma cartilha

auxiliar efetivamente as indústrias que desejam iniciar a verificação de seu

desempenho ambiental.

2.2.3.1. Indicadores de desempenho ambiental (IDA) da ABN-NBR-ISO 14031

Conforme visto anteriormente a ABN-NBR-ISO 14031 define que na etapa

de planejamento sejam definidos indicadores para avaliação do desempenho

ambiental. De acordo com a norma ISO 14031/2004, os indicadores para avaliação

do desempenho ambiental são utilizados pelas organizações como um meio de

apresentar dados quantitativos ou qualitativos ou informações de uma forma mais

compreensível e útil.

A ABN-NBR-ISO 14031 descreve duas categorias de indicadores a serem

considerados na condução da Avaliação de Desempenho Ambiental:

• Indicadores de Desempenho Ambiental – IDA são classificados em dois

tipos:

Indicadores de Desempenho de Gestão – IDG: fornecem informações

relativas aos esforços gerenciais da empresa que influenciam positivamente no seu

desempenho ambiental.

Devem promover informações a organização sobre níveis de capacidade e

esforços em gerenciar problemas, tais como, treinamento, atendimento às exigências

19

legais, alocação de recursos e utilização eficiente, gerenciamento de custos

ambientais, aquisição, desenvolvimento de produto, documentação ou ações

corretivas que têm ou podem influenciar no desempenho da organização.

De acordo com Reis (1996) apud Cunha (20016), expressam níveis

desempenho absolutos, sendo que podem apresentar dificuldades de avaliação por

terem certo grau de subjetividade.

Indicadores de Desempenho Operacional – IDO: fornecem informações

relacionadas às operações do processo produtivo da empresa com reflexos no seu

desempenho ambiental.

Devem promover informações referentes a insumos; suprimento de materiais;

projeto, instalação, operação e manutenção das instalações físicas bem como dos

equipamentos de toda organização; produção e entrega dos produtos.

Segundo Kuhre (1998) apud Cunha (20017), os indicadores de desempenho

operacional tratam principalmente do tipo técnico de atividades operacionais como:

operação de equipamento, uso de edifícios, descargas, e o uso de produtos e serviços.

• Indicadores de Condição Ambiental – ICA: fornecem informações

sobre a qualidade do meio ambiente, sob a forma de resultados de medições

efetuadas de acordo com os padrões e regras ambientais estabelecidos pelas normas e

dispositivos legais.

Podem prover informações do sistema de gestão ambiental local, regional,

nacional ou até mesmo global, se for o caso. E medem as mudanças e impactos no

ambiente, pois as condições do ambiente podem mudar com o passar do tempo ou

com eventos específicos.

As organizações selecionam indicadores como um meio de apresentar dados

ou informações qualitativas ou quantitativas, de uma forma mais compreensível e

útil. As informações transmitidas através de indicadores podem ser expressas como

6 Reis, Maurício J. L. ISO 14000: Gerenciamento ambiental - Um novo desafio para a sua

competitividade . Rio de Janeiro, ed. Qualitymark, 1996 apud Cunha. R. S. Avaliação do desempenho ambiental de uma indústria de processamento de alumínio. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001

7 Kuhre, W. L. ISO 14031: Environmental performance evaluation EPE. New Jersey: Prenctica Hall PTR, 1998, apud ibidem

20

medições diretas ou relativas, ou como informações indexadas (NBR ISO 14031,

2004).

De acordo com a ABN-NBR-ISO 14031 (2004) são características de dados

para indicadores de ADA:

� Medição de cálculos diretos: dados ou informações básicas. � Medição ou cálculos relativos: dados ou informações comparados ou relacionados a outro parâmetro. � Indexada: dados ou informações descritivas convertidos para unidades ou para uma forma que relacione a informação a um padrão ou base de referências escolhidos. � Agregada: dados ou informações descritivas do mesmo tipo, mas de diferentes fontes, coletados e expressos como um valor combinado. � Ponderada: dados ou informações descritivas modificados pela aplicação de um fator relacionado à sua significância.

A FIRJAN (2008) recomenda que ao definir indicadores deve-se optar por

indicadores que sejam simples, de fácil interpretação, ter uma base científica, devem

considerar as dificuldades de monitoramento e proporcionar bases sólidas para

comparações e tomada de decisões. Resumindo estes indicadores devem ser

transparentes, adequados, confiáveis e motivadores, conforme se observa na figura 4:

Figura 4: Características importantes dos indicadores. Fonte: FIRJAN, (2008)

Vale ressaltar que o uso de indicadores, bem como a implementação de um

SGA não é um requisito legal, no entanto essas medidas tendem a trazer benefícios

para as organizações, sejam estes, social, econômico e ambiental, buscando dessa

forma, atingir as três esferas do desenvolvimento sustentável.

Órgãos governamentais também podem usar IDAs em avaliações de

desempenho, avaliação e disseminação de tecnologias, avaliação de impactos

ambientais de diferentes setores ou regiões através da agregação de IDAs específicos

(REN, 2000).

21

2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Existem diversas definições para o conceito de impacto ambiental, quase

todas elas baseadas na lógica de ação-reação. Sánchez (2006, p. 42) ao estudar vários

autores e conceitos, define impacto ambiental como a “alteração da qualidade

ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por

ação humana.”

De acordo com a Resolução Nº 01/1986 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente – CONAMA impacto ambiental é considerado como “qualquer alteração

das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas.”

Na norma NBR ISO 14001/2004, o impacto ambiental é definido como

“qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo

ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.”

Outro conceito importante que foi inserido pela ISO 14001, foi o de aspecto

ambiental, que até então era utilizado com outra conotação. Segundo a norma,

aspecto ambiental é definido como: “elemento das atividades ou produtos ou serviços

de uma organização que pode interagir com o meio ambiente.”

Entende-se que "um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode

ter um impacto ambiental significativo”. Isto é, a organização identifica os aspectos

ambientais quando da avaliação para diagnosticar o que cada atividade, tarefa ou

passo de seus processos podem causar alterações no meio ambiente, assim os agentes

de cada alteração constituem os aspectos ambientais desta atividade. (SOUZA, 2001

apud TOLEDO et. al, 20038).

A norma NBR ISO 14001 cita que “a relação entre aspectos e impactos

ambientais é uma relação de causa e efeito”, na qual o aspecto ambiental se refere a

um elemento da atividade, produto ou serviço da organização que pode ter um

impacto benéfico ou adverso sobre o meio ambiente.

8 SOUZA, M. R. A Implantação do Sistema de Gestão Ambiental Segundo ISO 14001.

Dissertação de Mestrado do Programa da Escola Federal de Engenharia de Itajubá, 2001 apud TOLEDO, et. al. A Implantação do Sistema de Gestão Ambiental Segundo ISO 14001: um estudo de caso em uma empresa do Sul de Minas Gerais, XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003

22

Com relação à Avaliação de Impactos Ambientais, em 1981 foi publicada a

Lei 6938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Na Lei a

Avaliação de Impactos Ambientais foi instituída como um de seus instrumentos, a

fim de atingir os objetivos da Política que são: “preservação, melhoria e recuperação

da qualidade ambiental propícia a vida, visando assegurar no país condições

propícias ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional

e a proteção da dignidade da vida humana.” (BRAGA et. al. 2005, p. 251)

A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) foi regulamentada pelo

CONAMA, através da Resolução nº 01 em 23 de janeiro de 1986. Esta resolução

definiu também a necessidade de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório

de Impacto Ambiental (RIMA) para 18 categorias de projetos que possam ser

instalados ou ampliados em determinada área, ou seja, atividades modificadoras do

ambiente.

Munn (1975, p. 23) apud Sánchez (2006, p. 39)9, um dos pioneiros no campo

de avaliação de impactos ambientais, define avaliação de impactos ambientais como

“Atividade que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as

consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem-estar humanos.”

Todas as formulações do conceito da AIA a identificam como processo,

instrumento ou procedimento que visa prever os possíveis impactos de determinada

atividade. Segundo Silva (2004, p. 114) “a análise dos impactos deve compreender a

identificação, valoração e avaliação dos impactos durante as fases de planejamento,

implantação, operação e se for o caso desativação de um empreendimento”.

2.3.1. Métodos de avaliação e identificação de impactos ambientais

Existem diversos métodos que podem ser utilizados na avaliação de impactos

ambientais, segundo Tommasi (1993) apud Silva (2004, p. 11510) esse número passa

9 Munn,R. E. Environmental impact assessment: principles and procedure. SCOPE

report 5. Toronto: John Wiley & Sons, 1975, apud Sánchez, Luis Enrique. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de textos, 2006.

10 TOMMASI, L. R. Estudo de Impacto Ambiental. 1 ed. São Paulo: CETESB: Terragraph Artes e Informática, 1993, 355p., SILVA, P. J. da. Estrutura para identificação e avaliação de impactos ambientais em obras hidroviárias. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia, Área de concentração: Engenharia Hidráulica) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004

23

de cinqüenta. De acordo com Bastos & Almeida (2006, p. 88) essas metodologias

são mecanismos estruturados para comparar, organizar, e analisar informações sobre

impactos ambientais de um projeto.

Embora existam diversos métodos, nenhum deles consegue realizar todas as

atividades necessárias para avaliação completa dos impactos ambientais, que

conforme Munn (1975) apud Braga et. al. (2005, p. 25811) compreendem a

identificação, predição, interpretação, comunicação e monitoramento. Ainda segundo

Bastos & Almeida (2006, p. 88) é importante que nesses estudos haja uma integração

dos aspectos do meio físico, biológico e socioeconômico.

De maneira geral pode-se dizer que existem dois grupos de métodos

adotados, os métodos tradicionais de avaliação de projetos, como a análise custo-

benefício; e os métodos baseados na utilização de pesos escalonados. Segundo La

Rovere, (2001, p. 12):

O primeiro grupo busca uma mensuração destes aspectos em termos monetários, enquanto o segundo procura aplicar escalas valorativas aos diferentes impactos medidos originalmente em suas respectivas unidades físicas, estes são chamados de métodos quantitativos.

Ainda de acordo com este autor, os métodos quantitativos são classificados

em duas categorias: a primeira, centrada preponderantemente na identificação e

sintetização dos impactos, e uma segunda, que incorpora de forma mais efetiva o

conceito de avaliação, podendo explicitar as bases de cálculo ou a ótica de diferentes

grupos sociais.

A seguir são descritos sucintamente alguns métodos de avaliação e

identificação de impactos ambientais.

2.3.1.1. Métodos espontâneos (Ad Hoc)

São baseados no conhecimento empírico de técnicos e cientistas especialistas

no assunto e/ou da área em questão. É um método de abordagem inicial que permite

uma visão integrada da questão ambiental, obtendo informações rápidas acerca dos

impactos prováveis. Em contrapartida têm como desvantagem a vulnerabilidade a

subjetividades e resultados pouco quantitativos. (BRAGA et. al, 2005, p. 259)

11 Munn, R. E. Environmental Impact Assessment. Nova York: John Mile and Sons, 1975.

apud BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 318 p

24

2.3.1.2. Métodos de listagem (check-lists)

Segundo Bastos & Almeida (2006, p. 90) esse método consiste na

identificação e enumeração dos impactos, a partir da diagnose ambiental realizada

por especialistas do meio físico, biótico e antrópico. Tem como vantagem seu

emprego imediato na avaliação qualitativa de impactos mais relevantes. Porém é

desvantajoso, pois não considera as relações causa-efeito entre os impactos é

considerada adequada para avaliações preliminares.

2.3.1.3. Matrizes de interação

São tabelas dispostas em linhas e colunas, as atividades do empreendimento e

os fatores ambientais, respectivamente, para as fases de implantação e operação.

Dessa maneira é possível relacionar os impactos de cada atividade nas quadrículas

resultantes do cruzamento das linhas com colunas, preservando as relações causa-

efeito, já que permitem analisar as consequencias de uma ação sobre o meio.

(BRAGA, et. al., 2005, p. 276)

De acordo com La Rovere (2001) entre as matrizes mais conhecidas é a

matriz de Leopold desenvolvida em 1971, para o Serviço Geológico dos Estados

Unidos. Esta matriz relaciona 100 ações humanas com 88 características e condições

ambientais que podem ser impactadas, resultando assim em 8800 interações entre

ações e características ambientais. (STAMM, 2003, p. 49) Além disso, em cada

quadrícula é inserida uma escala de ponderação dos impactos variável de 1 a 10, na

qual o maior número representa a máxima magnitude do impacto. Na frente de cada

número é inserido o sinal + ou – que indica se o impacto é positivo ou negativo

respectivamente.

Segundo SUREHMA/GTZ (1992) apud Stamm (2003, p. 4912) a vantagem

desse método é a forma como os resultados são exibidos, a simplicidade de

elaboração e o baixo custo, e como desvantagens: a dificuldade para distinguir os

impactos diretos dos indiretos, não identifica os aspectos espaciais dos impactos e

não considera a dinâmica dos sistemas ambientais analisados.

12 SUREHMA/GTZ. Manual de avaliação de Impactos Ambientais (MAIA). Secretaria

Especial do Meio Ambiente, Curitiba: 1992. 281p, apud STAMM, H. R., Método para Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) em projetos de grande porte: estudo de caso de uma usina termelétrica, 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003

25

Outros métodos foram adaptados e desenvolvidos a partir da Matriz de

Leopold. Segundo Bastos & Almeida (2003, p. 90) “as matrizes atuais correspondem

a uma listagem bidimensional para identificação de impactos, permitindo ainda, a

atribuição de valores de magnitude e importância para cada tipo de impacto.”

2.3.1.4. Redes de interação (Networks)

São esquemas de sequências de operações nas quais são representados os

componentes de um projeto. Seu objetivo é simular as interações do projeto antes da

sua implementação, e os consequentes impactos de primeira e demais ordens.

Segundo Morgan (1998) apud Stamm (2003, p. 5013) se caracteriza por identificar

impactos indiretos e sinergéticos (secundários), subseqüentes ao impacto principal. A

desvantagem é que podem se tornar redes muito extensas, com cenários de difícil

aplicabilidade.

2.3.1.5. Superposição de Cartas (Overlay)

É um método em que cartas temáticas relativas aos fatores ambientais, tais

como embasamento geológico, tipo de solo, declividades, cobertura vegetal,

paisagem e outros, são confeccionadas e analisadas conjuntamente. (BRAGA, et. al.,

2005, p. 275). Esta superposição indica aptidões para uso do solo, vulnerabilidades e

potencialidades.

A vantagem desse método é a fácil visualização de impactos. Conforme,

Stamm (2003, p. 50), porém, “não possibilita a representação de fatores ambientais

não mapeáveis, possui difícil integração dos impactos socioeconômicos e não

considera a dinâmica dos sistemas ambientais.”

2.3.1.6. Modelos de simulação

De acordo com Bastos & Almeida (2006) são modelos matemáticos

destinados a representar o comportamento dos parâmetros ambientais ou as relações

e interações entre as causas e os efeitos de determinadas ações. Esses modelos são

capazes de processar variáveis qualitativas e quantitativas e incorporar medidas de

13 MORGAN, R. K. Environmental Impact Assessment. Dordbrecht: Kluwer Academic

Publishers, 1998. 307 p. apud ibidem p. 50

26

magnitude e importância dos impactos ambientais. É recomendado para projetos de

grande porte.

Braga et. al. (2005, p. 281) cita como vantagem desse método na versatilidade

na comparação de alternativas, permitem projeções temporais, promovem a

comunicação interdisciplinar e incorporam as relações de variáveis, que podem ser

de extrema complexidade. Por outro lado há a dificuldade de encontrar dados em

disponibilidade e também de incorporar alguns fatores como social e estético. Stamm

(2003, p. 52) sugere que os modelos de simulação sejam simples, mantendo-se a

seleção criteriosa dos parâmetros, para evitar distorções.

2.3.2. Impactos Ambientais em Estações de Tratamento de Esgoto

Como visto anteriormente, o tratamento do esgoto em uma ETE, pode causar

impactos ao meio ambiente. Embora as tecnologias de tratamento busquem a

proteção ambiental e da saúde pública, devem ser bem administradas a fim de

minimizar os possíveis impactos associados.

Vaz et. al. (2003) realizaram um estudo de avaliação de impactos ambientais

em uma ETE em Aparecida de Goiânia/GO. Os autores constataram que a

importância do desempenho ambiental de uma ETE “tem repercussões locais, que

envolvem solo, ar e recursos hídricos, pois atinge um dos principais ciclos de vida,

que é o da água, fundamental para manutenção da saúde do seres vivos e pelo

equilíbrio ecológico do meio ambiente.” Ainda segundo os autores, a realização de

um monitoramento adequado no sistema, principalmente com relação à:

(...) retirada da escuma, descarte do lodo formado no reator, queima dos gases com folhas verdes para formação de húmus, controle de vazão de chegada, capina constante na vegetação próxima existente e acondicionamento adequado de resíduos, tem-se um equilíbrio entre as atividades de tratamento e o meio físico, biótico, antrópico de modo que a operação do sistema possa ser feita dentro dos padrões estabelecidos pela norma NBR ISO 14004, mitigando-se assim os possíveis impactos ao meio ambiente.

Em um estudo realizado em Palmas/TO por Naval et. al. (2004) para uma

ETE composta por reatores UASB e lagoas de estabilização, foi verificado que

apesar das inúmeras vantagens apresentadas pelas técnicas de tratamento, durante sua

instalação, manutenção e operação apresentam ações consideradas impactantes ao

27

ambiente. Ao final, os autores concluíram que o meio físico foi mais afetado pelos

impactos negativos, enquanto que o meio biótico foi o que apresentou o maior

numero relativo de impactos positivos. Sendo que estes “estão ligados ao aumento da

eficiência do sistema que consecutivamente favorece o ambiente.”

O Manual de Auditoria Ambiental de Estações de Tratamento de Esgoto

publicado pela Editora Qualitymark, realizado sob a coordenação do Professor

Emílio La Rovere, traz especificações sobre os principais processos de tratamento

utilizados em ETEs e a identificação dos riscos ambientais associados a cada

processo de tratamento.

Souza & Salvador (1997) apud Brostel & Souza14 (2005) relacionaram os

seguintes impactos sociais das ETEs nas fases de implantação e operação: impactos

positivos: geração de empregos, alteração nos índices de saúde pública, melhoria na

qualidade de vida; melhoria na qualidade ambiental; produção de peixes; impactos

negativos: geração de ruídos e de material particulado, aumento do tráfego de

veículos, desvalorização dos imóveis ao redor do empreendimento, desvalorização

imobiliária em geral, proliferação de odores, aumento das tarifas dos serviços de

saneamento, proliferação de insetos, formação de aerossóis.

Em nível internacional pode-se citar o trabalho de Agunwamba (2001), sobre

o reuso do efluente de lagoas de estabilização na irrigação e a influência

socioeconômica e ambiental sobre os agricultores. Os principais impactos ambientais

causados pelas lagoas e percebidos pelo autor foram: odores, moscas, resíduos

presença e captura de animais domésticos.

Gallego et. al (2008) utilizaram a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para

analisar o impacto ambiental de diferentes tecnologias de tratamento de águas

residuárias, em pequenas populações. Os resultados da avaliação do impacto

ambiental foram expressos em categorias de impacto: esgotamento abióticos,

aquecimento global, acidificação, eutrofização, camada de ozônio

e oxidação fotoquímica.

14 SOUZA, R.C. & SALVADOR, N.N.B. Proposta para avaliação dos impactos sociais nos processos de implantação e operação dos serviços de tratamento de esgotos sanitários. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental. Vol. 2. N º3 e 4. 1997 apud BROSTEL, R. C.; SOUZA, M. A. A., Uma proposta para avaliação do grau de impacto provocado por estações de tratamento de esgotos. 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Campo Grande/MS, 2005.

28

Durante a fase de operação de uma ETE, Trpevska & Dodeva (2009)

observaram que existe a possibilidade de poluição de águas subterrâneas devido a

vazamentos do sistema de tratamento de esgoto, produção de lodo, e devido ao

reabastecimento dos veículos e lavagem de veículos no local. Além disso, durante o

processo de secagem do lodo nos leitos de secagem, há alta

possibilidade de poluição das águas subterrâneas devido à infiltração de lixiviados.

O tratamento de esgoto gera subprodutos como resíduos líquidos (efluente

tratado), sólidos (lodo) e gasosos (gases) que devem ser destinados e tratados

adequadamente, evitando possíveis impactos.

Os principais resíduos sólidos gerados em uma estação de tratamento de

esgoto são (VAN HANDEEL & ALEM SOBRINHO, 2006):

Sólidos grosseiros: resíduos como, embalagens plásticas, pedaços de tecido,

madeira entre outros que são misturados ao esgoto podendo danificar os sistema de

tratamento;

• Sólidos inorgânicos (areia e silte): esses resíduos podem gerar danos

operacionais no sistema como o assoreamento e o desgaste dos

equipamentos mecânicos;

• Material flutuante ou escumas: compostos por materiais de menor

densidade que a água (óleos e graxas, por exemplo);

• Lodo: resíduos do tratamento em si. Distingue-se em lodo primário e lodo

secundário, gerados nos processos de tratamento primário e tratamento

biológico, respectivamente. O lodo possui alto teor de material orgânico,

nitrogênio e fósforo.

Com relação aos gases odorantes gerados em estações de tratamento de

esgoto, estes são resultado da decomposição anaeróbia da matéria orgânica contendo,

principalmente, enxofre e nitrogênio. Segundo Belli Filho et. al (2001) os principais

subprodutos que geram odores pertencem às famílias de compostos químicos tais

como os sulfurados (H2S, mercaptanas), nitrogenados (NH3, aminas cíclicas) e

hidrocarbonetos como fenóis, aldeídos, cetonas, álcoois e ácidos orgânicos.

Os principais compostos odorantes provenientes da atividade bacteriana são:

gás sulfídrico, mercaptanas, amônia, aminas com baixo peso molecular, indol,

29

escatol, ácidos graxos voláteis, álcoois, aldeídos, cetonas e ésteres. (BELLI FILHO

et. al., 2001)

A liberação de tais compostos depende da concentração no líquido, da área

superficial do líquido exposta à atmosfera, do grau de turbulência do fluxo deste

líquido e do pH e temperatura do líquido. (LUDUVICE, et. al. 1997)

2.4. TRATAMENTO DE ESGOTO

São conhecidas inúmeras opções para se fazer o tratamento dos esgotos. A

decisão sobre a melhor técnica a ser utilizada depende das características qualitativas

e quantitativas do esgoto, além da qualidade que se quer deixar o esgoto depois de

tratado. (SILVEIRA, 2009, p. 71)

Após o tratamento o efluente é lançado em um corpo d’água, a sua qualidade

deverá estar de acordo com os limites estabelecidos pela Resolução do CONAMA n.o

357/05. A Resolução enquadra os corpos d’água, de acordo com os usos

preponderantes:

• Águas doces: classe especial e 1 a 4;

• Águas salobras: classe especial e 1 a 3;

• Águas salinas: classe especial e 1 a 3.

Cada classe possui uma qualidade a ser mantida. Além do enquadramento a

Resolução estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. O

atendimento aos padrões de lançamento deve garantir simultaneamente o

atendimento aos padrões do corpo receptor.

Segundo Von Sperling (2005, p. 252) os métodos de tratamento são divididos

em operações e processos unitários, e a integração destes compõe os sistemas de

tratamento. Os níveis de tratamento usualmente considerados são:

• Tratamento preliminar: é a fase do tratamento onde são retirados os sólidos

grosseiros, para isso são utilizadas grades e peneiras. Nesta fase também

são removidos os minerais pesados, como a areia carreada junto com o

esgoto. Para esta remoção utiliza-se a sedimentação, através das caixas de

areia, ou desarenador.

30

• Tratamento primário: nesta etapa do tratamento há a remoção de parte da

matéria orgânica presente nos esgotos removendo os sólidos ainda

presentes. Estes sólidos vão para o fundo dos decantadores, formando o

lodo primário bruto. Frequentemente o lodo deve ser retirado do fundo do

decantador através de raspadores mecanizados, tubulações ou bombas.

• Tratamento secundário: o tratamento secundário também remove a matéria

orgânica e os sólidos em suspensão na água. Neste sistema ocorrem

processos biológicos, através da ajuda de microrganismos como as

bactérias, protozoários e fungos. As unidades mais comuns de tratamento

secundário são as lagoas de estabilização e lodos ativados.

• Tratamento terciário: é utilizado quando se deseja ter uma qualidade

superior no efluente. Nesta etapa são removidos os compostos como

organismos patogênicos, nitrogênio e fósforo, além da remoção completa

da matéria orgânica.

2.4.1. Lagoas de estabilização

As lagoas de estabilização são construídas de forma simples, baseando-se

principalmente em movimento de terra de escavação e preparação dos taludes. Tem

como finalidade tratar as águas residuárias, através de processos biológicos, pela

presença na água de microorganismos como bactérias, protozoários e fungos.

De acordo com Jordão & Pessôa (2005, p. 668), “as lagoas de estabilização

são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é

realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbia)

e/ou redução fotossintética das algas”.

O principal objetivo das lagoas de estabilização é a remoção de matéria

orgânica carbonácea e, segundo Von Sperling (2002, p. 19), o processo consiste na

retenção dos esgotos por um período de tempo longo o suficiente para que os

processos naturais de estabilização da matéria orgânica se desenvolvam.

Segundo, Von Sperling et. al (2003, p. 278), as lagoas de estabilização são

bastante indicadas para regiões de clima quente e países em desenvolvimento, pois

geralmente disponibilidade de área; o clima é favorável (temperatura e insolação

31

elevadas); a operação do sistema é simples, não há necessidade muitos equipamento

e o custo de implantação e operação são adequados.

Existem diversas variantes nos sistemas de lagoas de estabilização, com

diferentes níveis de simplicidade operacional e requisitos de área. As lagoas podem

ser classificadas de acordo com a forma em que ocorre a estabilização da matéria

orgânica (Jordão & Pessôa, 2005, p. 668):

• Lagoas anaeróbias: nas quais predominam processos de fermentação

anaeróbia, isto é, imediatamente abaixo da superfície não existe oxigênio

dissolvido;

• Lagoas facultativas: nas quais ocorrem, simultaneamente, processos de

fermentação anaeróbia, oxidação aeróbia e redução fotossintética, isto é, uma

zona de atividade bêntica é sobreposta por uma zona aeróbia de atividade

biológica, próxima à superfície;

• Lagoas estritamente aeróbias: nas quais se chega a um equilíbrio da oxidação

e da fotossíntese para garantir condições aeróbias em todo meio;

• Lagoas de maturação ou de polimento: usadas para refinamento do tratamento

prévio por lagoas ou por outros processos biológicos. Têm o objetivo de

reduzir bactérias, sólidos em suspensão e nutrientes;

• Lagoas aeradas: nas quais se introduz oxigênio no meio líquido através de um

sistema mecanizado de aeração. As lagoas aeradas podem ser estritamente

aeradas ou facultativas e essas lagoas devem ser seguidas por uma lagoa de

sedimentação;

• Lagoas com macrófitas: usadas como polimento final de um tratamento por

lagoas, com o objetivo de reduzir nutrientes, sólidos em suspensão e a DBO

remanescente.

A Tabela 1 apresenta as faixas de eficiência para remoção de alguns

parâmetros físicos químicos dos principais sistemas de lagoas de estabilização.

32

Tabela 1: Faixas de eficiências de remoção de alguns parâmetros físico-químicos e biológicos em sistemas de lagoas de estabilização

Item geral Item específico Sistemas de lagoas

Facultativa Anaeróbia-facultativa

Aerada facultativa

Aerada de mist. completa - decantações

Eficiência

DBO (%) 75-85 75-85 75-85 75-85 DQO (%) 65-80 65-80 65-80 65-80 Sólidos

Sedimentáveis (%) 70-80 70-80 70-80 80-87

Amônia (%) <50 <50 <30 <30 Nitrogênio (%) <60 <60 <30 <30 Fósforo (%) <35 <35 <35 <35

Coliformes (%) 90-99 90-99 90-99 90-99 Fonte: Von Sperling (2002, p. 14)

2.4.1.1. Lagoas facultativas

As lagoas facultativas constituem um dos sistemas mais simples de lagoas de

estabilização. Jordão & Pessôa (2005, p. 677), citam que “lagoas facultativas podem

ser projetadas para operar como uma única unidade ou em sequência a uma lagoa

anaeróbia”. Pode ainda operar após uma estação de tratamento, sendo chamada de

lagoa “de polimento” e pode também anteceder uma série de lagoas de maturação.

Quando recebem o esgoto bruto as lagoas facultativas são chamadas de lagoas

primárias, e quando precedidas por outro tipo de tratamento recebem o nome de

lagoas secundárias.

O processo consiste na entrada do efluente por uma extremidade da lagoa e

saída pelo outro lado. Durante este, intervalo que leva dias, ocorrem os processos de

estabilização da matéria orgânica.

A lagoa facultativa se caracteriza por possuir três zonas distintas: zona

aeróbia superior, zona anaeróbia e zona facultativa, conforme se pode observar na

Figura 5.

Na zona aeróbia a matéria orgânica fica dispersa na massa líquida, sendo

decomposta através do processo de respiração aeróbia. Na respiração aeróbia, é

necessária a presença de oxigênio, o qual é suprido ao meio pela fotossíntese

realizada pelas algas.

33

Figura 5: Esquema simplificado de uma lagoa facultativa.

Fonte Von Sperling, (2002, p. 21)

Há, assim, perfeito equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e gás

carbônico. (VON SPERLING et. al., 2003, p. 279)

Parte da matéria orgânica tende a se depositar no fundo da lagoa formando

um lodo. Neste lodo ocorre o processo de digestão anaeróbia, que consiste na

transformação do lodo em gás carbônico, metano, água e outros. Este é um processo

de decomposição realizado pelos microrganismos anaeróbios. Nuvolari (2003) cita

que a decomposição anaeróbia gera como subprodutos o gás natural, composto por

aproximadamente 30 a 40% de CO2 (gás carbônico) e 60 a 70% de CH4 (gás

metano). Além do gás natural gera outros gases em menor proporção com H2S (gás

sulfídrico), mercaptanas e escatóis. No fundo permanece apenas a fração inerte (não

biodegradável) do lodo.

A zona facultativa é a zona intermediária onde bactérias facultativas

conseguem sobreviver com ou sem oxigênio.

O pH das lagoas depende da fotossíntese, por isso tende a variar ao longo do

dia, sendo baixo no início da manhã devido ao excesso de gás carbônico produzido a

noite. Durante o dia o pH tende a se elevar em razão da produção de oxigênio e

consumo de CO2.

34

A profundidade também influencia no pH e está relacionada com aspectos

biológicos e hidrodinâmicos. Geralmente essa profundidade varia entre 1,2 e 2m,

sendo recomendadas as mais profundas. (JORDÃO & PESSÔA, 2005, 691)

Segundo Fonseca (2005, p. 43) a lagoa facultativa é influenciada por fatores

ambientais incontroláveis como temperatura, evaporação, precipitação, ventos e

radiação solar. Esses fatores são responsáveis por um melhor funcionamento da

lagoa.

Outro aspecto importante que interfere no processo é o tempo de detenção

hidráulico (θh), que representa o tempo necessário para que os microrganismos

procedam a estabilização da matéria orgânica na lagoa. Segundo Jordão & Pessôa

(2005, p. 691) esse tempo costuma variar entre 15 e 45 dias.

2.4.1.2. Lagoas de maturação

As lagoas de maturação são empregadas no final de um sistema de

tratamento, e tem como objetivo a remoção de organismos patogênicos.

O princípio de funcionamento se baseia em condições em que os patógenos

não conseguem sobreviver, tais como: baixa profundidade, radiação solar elevada,

bem como elevados tempos de detenção hidráulico. Em baixa profundidade os raios

solares conseguem penetrar na massa líquida mais facilmente, fazendo com que a

fotossíntese seja acentuada, e também a produção de OD e o consumo de CO2,

consequentemente o pH é elevado.

De acordo com Jordão & Pessôa (2005, p. 713) as profundidades

recomendadas são entre 0,6 e 1,5m.

35

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os materiais e métodos utilizados para

realização deste estudo. Inicialmente é feita uma descrição da área de estudo, desde o

histórico do local, as características do sistema de tratamento e as atividades

desenvolvidas na área da ETE.

Em seguida são descritos os métodos utilizados em cada etapa do estudo:

levantamento de dados, identificação dos aspectos e impactos ambientais, definição e

validação dos indicadores ambientais e descrição da metodologia empregada em

cada indicador.

3.1. ÁREA DE ESTUDO

3.1.1. Histórico

O crescimento da cidade de Cuiabá se deu principalmente a partir de políticas

de interiorização do desenvolvimento dos anos 40 e 50 e da política de integração

nacional dos anos 70. A população estimada em 2010 pelo IBGE chegou a 551.350

habitantes.

Devido a esse aumento populacional, principalmente na década de 70, houve

um “inchaço” nas áreas centrais da cidade onde se distribuíam os bairros existentes

naquela época, já que o limite da cidade não ultrapassava a Perimetral, hoje

conhecida como Avenida Miguel Sutil. Começaram então, a surgir problemas de

habitação.

Associado a esse cenário, a partir de 1974 o governador José Fontanilas

Fragelli iniciou a mudança da sede do governo do Estado (Palácio do Governo) para

a região norte de Cuiabá. Esse local foi denominado “Centro Político Administrativo

– CPA”. Foram então aprovados os primeiros projetos para a construção de

36

conjuntos habitacionais da COHAB – Companhia de Habitação Popular do Estado de

Mato Grosso, na região Norte da cidade, para atender a população de baixa renda

(CPA I, II, III, IV) e a classe média (Morada do Ouro). (Instituto de Planejamento e

Desenvolvimento Urbano – IPDU, 2010, p. 19).

Em 1976 iniciaram-se as obras do 1º Núcleo Habitacional do CPA, onde

foram implantadas 941 unidades habitacionais denominadas mais tarde de CPA I.

Devido ao grande número de pessoas inscritas para concorrer às casas, logo a

COHAB começou a elaborar novos projetos de núcleos habitacionais, o que deu

origem aos Núcleos CPA II, CPA III e CPA IV.

Inicialmente a infra-estrutura era precária. Com o passar do tempo as ligações

de esgoto (11.850 metros de coletores 150 mm todo em cimento amianto) foram

construídas e posteriormente as estações de tratamento.

O projeto completo da estação de tratamento de esgoto do CPA III, composta

por lagoas de estabilização, foi implantado em 1986 para atender os bairros CPA II,

CPA III e parte do CPA IV, pela SANEMAT – Companhia de Saneamento do

Estado de Mato Grosso.

Atualmente, a ETE trata o esgoto dos bairros já citados além do bairro Novo

Mato Grosso e é operado pela Companhia de Saneamento da Capital (SANECAP),

atendendo uma população de 42300 habitantes, com uma área total de 31,77 ha

sendo 14.0 ha de lamina d’água.

3.1.2. Características do Sistema

O tratamento do esgoto na Estação de Tratamento do CPA III é feito por meio

de um sistema formado por lagoas de estabilização, conforme o layout a seguir

(Figura 6):

Figura 6: Layout do sistema de tratamento de esgoto. Fonte: Adaptado de Von Sperling

(2002)

37

As lagoas possuem as seguintes características:

Tabela 2: Dados das lagoas do sistema

Lagoa Largura

(m) Comprimento

(m) Profundidade

(m)

Vazão* Média (l/s)

Tempo de detenção hidráulico (dias)**

Facultativa 155,8 427,8 1,25 54,55

17,7 Maturação 97,6 335,3 0,90 6,2

*Vazão média afluente no resultante do monitoramento 24h realizado nos dias 25 e 26 de janeiro de 2007. (Destro, 2007) ** Tempo de detenção hidráulico resultante da vazão média afluente obtida no monitoramento 24 h. (Destro, 2007)

O tratamento se inicia com a chegada do esgoto por uma tubulação de 500

mm e escoando por um canal de cerca de 2 metros até o gradeamento, feito por uma

grade (Figura 7) constituída de barras de ferro dispostas paralelamente e inclinada

em 45º, de limpeza manual. Em seguida o esgoto passa por uma caixa de areia

(Figura 8) e por um medidor de vazão do tipo Calha Parshall.

Figura 7: Gradeamento Figura 8: Caixa de areia

O esgoto é então lançado na lagoa facultativa (Figura 9), por meio de três

dispositivos de entrada (Figura 10) arranjados de maneira com que o efluente seja

bem distribuído pela lagoa, evitando “zonas mortas”.

38

Figura 9: Lagoa Facultativa Figura 10: Dispositivo de Entrada da Lagoa Facultativa

Após a lagoa facultativa o efluente entra numa calha de passagem e é lançado

na primeira lagoa de maturação através de um tudo de cimento amianto de 500 mm

com inclinação de 0,003 m/m. O efluente da lagoa de maturação 1 é encaminhado à

lagoa de maturação 2 através de uma calha de passagem e tubulação de cimento

amianto de 500 mm. A figura 11 mostra as duas lagoas de maturação.

Da lagoa de maturação o esgoto possa por um dispositivo de saída de nível

variável (Figura 12), construído em concreto armado, e é lançado no corpo receptor

através de uma tubulação de cimento amianto de 500 mm.

Figura 11: Lagoas de Maturação

Figura 12: Dispositivo de saída da Lagoa

de Maturação 2.

3.1.2.1. Controle de odores

Foram instalados dois aeradores flutuantes de eixo vertical a fim de

minimizar os odores gerados na lagoa, com funcionamento 24h por dia e tem

consumo médio de 100 kwh/mês. A lagoa ainda tem características de facultativa

39

(zona aeróbia e anaeróbia), pois a oxigenação realizada pelos aeradores age apenas

na camada superficial. (Figura 13).

Figura 13: Aeradores instalados na lagoa facultativa

3.1.2.2. Corpo receptor

O efluente da ETE CPA III é lançado no córrego do Caju (Figura 14). O

córrego nasce nas proximidades da Praça Cultura do CPA II e tem seu exutório no

córrego Gumitá, com cerca de 2,45 quilômetros de comprimento, dos quais,

aproximadamente 70 % é canalizado e parte retificado. A área de drenagem é de

aproximadamente 2,5 Km² e o número de domicílios é cerca de 5 mil. (Bruno et. al,

2009)

Apesar de já existirem projetos e obras sendo executadas para reutilização do

efluente na piscicultura e fertirrigação, até a realização deste trabalho todo efluente

tratado na ETE estava sendo lançado no córrego.

Figura 14: Córrego do Caju na área da Lagoa Encantada

40

3.1.2.3. Consumo de energia

No que diz respeito a energia elétrica, o espaço da ETE necessita de energia

elétrica para funcionamento de Aeradores, para Estação Elevatória de Esgoto

Bruto/Casa do Operador e para o Complexo do Auditório.

A ETE possui 02 unidades consumidoras (UC), sendo uma para a Estação

Elevatória de Esgoto Bruto que consome em média 380 kwh/mês e outra UC para

atender aos Aeradores com consumo médio de 100 kwh/mês.

Reator Anaeróbio

Encontra-se hoje em fase de planejamento a implantação de dois reatores do

tipo UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket/Reator Anaeróbio de Fluxo

Ascendente), com vazão de 50 l/s cada unidade. O sistema de tratamento de esgoto

se tornará do tipo hibrido (anaeróbio-aeróbio), sendo que as lagoas passarão a atuar

no pós-tratamento do efluente do reator.

3.2. MÉTODOS

Este item descreve a metodologia utilizada para o estudo dos impactos

ambientais da estação de tratamento de esgoto do CPA III, em Cuiabá-MT.

Os métodos utilizados foram baseados nos fundamentos teóricos abordados

no item 2. Revisão Bibliográfica.

Este estudo tem como questão central os impactos causados pela estação e

como a empresa deve gerenciar os aspectos ambientais a fim de atender a legislação

vigente, proteção dos recursos naturais e interação com a população atendida. A

figura 15 mostra um fluxograma das atividades desenvolvidas durante o estudo.

41

Figura 15: Etapas do estudo

1ª Etapa

Inicialmente foi realizado um levantamento no qual foram obtidas diversas

informações sobre a ETE, seu funcionamento e atividades desenvolvidas. A coleta de

dados foi obtida em fontes primárias e secundárias:

• Fontes primárias: essas informações foram obtidas junto a Companhia de

Saneamento da Capital e por meio de um questionário elaborado e

aplicado com os moradores do entorno da ETE.

Questionário: inicialmente foi aplicado um questionário (Figura 16) composto por

oito questões (Apêndice 1), sendo sete do tipo fechada e uma aberta.

A área de aplicação do questionário foi definida pelo projeto Implantação do

Centro de Referência de Reuso de Água – CRRA, conforme se pode observar no

Apêndice 2. O método de amostragem utilizado foi amostragem aleatória simples,

na qual todos os elementos da população têm a mesma probabilidade de pertencerem

à amostra. A amostragem foi feita de maneira que se obtivesse uma amostra

representativa das áreas geográficas em estudo, que fazem limite com a estação:

bairro CPA 3 (setores 1, 2, 4 e 5), e o bairro Novo Mato Grosso.

42

Figura 16: Aplicação do questionário

O objetivo do questionário foi levantar dados sobre a satisfação dos usuários

do espaço da estação e principalmente com relação ao odor. Antes da aplicação do

questionário as pessoas eram informadas do objetivo da pesquisa e respondiam se

aceitavam ou não participar.

• Fontes secundárias: foram levantadas a partir de diversas fontes a fim de

obter informações gerais sobre a ETE, entre as quais se cita: artigos e

trabalhos acadêmicos (graduação e mestrado) e relatórios de projetos.

2ª Etapa

A partir dos dados obtidos, foram identificados os aspectos ambientais

decorrentes das atividades desenvolvidas. Além do sistema de tratamento de esgoto,

foram incluídas as atividades diversas que são realizadas na área da ETE.

Foi elaborada uma matriz das atividades desenvolvidas, os aspectos

ambientais decorrentes destas, e os impactos associados.

A matriz de impactos utilizada foi adaptada da matriz proposta Seiffert

(2007). Foram considerados alguns fatores para caracterização dos impactos:

• Classe:

o Benéfico (B): quando o impacto for positivo;

o Adverso (A): quando o impacto for negativo.

• Situação operacional

43

o Normal (N): associados à rotina diária, inclusive manutenção e

reformas, tais como limpeza de talude, retirada de escumas, etc;

o Anormal (A): associados a operações não rotineiras (testes,

alterações em rotinas por motivos específicos);

o Emergência (E): associados a situações planejadas, de emergências

inerentes as atividades e operação.

A verificação da importância dos impactos ambientais foi feita somando-se

pontos atribuídos a: conseqüência e a probabilidade/ freqüência de ocorrência de

cada impacto, conforme os seguintes critérios:

• Consequência: a conseqüência foi obtida em função da abrangência e da

severidade do impacto:

Quadro 2: Consequência dos impactos ambientais

Descrição

Consequência (pontos) Abrangência Severidade

Local Regional Global

• Degradação ambiental sem consequências para o negócio e para imagem da empresa, totalmente reversível com ações de controle.

Baixa 20 25 30

• Degradação ambiental com consequências para o negócio e para imagem da empresa, reversível com ações de controle/mitigação.

Média 40 45 50

• Degradação ambiental com consequências financeiras e de imagem irreversível mesmo com ações de controle.

Alta 60 65 70

Fonte: Adaptado de Seiffert (2007)

Como referencial para o nível de abrangência foi definida a seguinte

classificação:

o Local (L): o impacto excede os limites da ETE;

o Regional (R): o impacto ocorre dentro dos limites da região ou

estado;

44

o Global (G): o impacto excede os limites do estado, Brasil ou

mundo.

• Probabilidade/freqüência: a freqüência foi analisada conforme o quadro

3:

Quadro 3: Enquadramento de freqüência/probabilidade dos impactos ambientais Freqüência/

Probabilidade Descrição Pontos

Baixa

• Ocorre menos de uma vez/mês • Reduzido número de aspectos ambientais associados ao

impacto; (menos de 20% do total) • Existência de procedimentos / controles / gerenciamento

adequado dos aspectos ambientais

10

Média

• Ocorre mais de uma vez/mês • Médio número de aspectos ambientais associados ao

impacto; (de 20 a 60%) • Existência de procedimentos / controles / gerenciamento

adequado dos aspectos ambientais

20

Alta

• Ocorre diariamente • Elevado número de aspectos ambientais associados ao

impacto; (>60%) • Inexistência de procedimentos / controles /

gerenciamento adequado dos aspectos ambientais

30

Fonte: Adaptado de Seiffert (2007)

O enquadramento da verificação de importância foi obtido somando as

pontuações de cada análise, e os resultados foram comparados aos critérios do

quadro 4:

Quadro 4: Critérios de enquadramento de impactos ambientais Enquadramento do Impacto Amplitude de pontos

Desprezível (D) Pontuação total menor que 50

Moderado (M) Pontuação total entre 50 e 70

Crítico (C) Pontuação total maior que 70

Fonte: Adaptado de Seiffert (2007)

Os impactos considerados desprezíveis não foram submetidos à análise de

significância, admitindo-se que estes são “não significativos”, Os impactos

moderados foram submetidos à análise de significância. A estes impactos foram

relacionados filtros de segurança, que tem por objetivo identificar uma condição de

45

exigência específica que é adotada como critério para avaliação dos impactos

ambientais. O impacto ambiental foi considerado significativo, quando aplicado a

pelo menos um dos filtros. Foram aplicados os seguintes filtros, conforme citado por

Menezes et. al. (2006):

• Requisitos legais e estatutários: existe legislação, norma técnica e/ou

exigência estatutária especificamente direcionada(s) ao impacto ambiental

em foco;

• Demanda de partes interessadas: o impacto ambiental em estudo está

associado a interesse de cliente, da sociedade, de órgão público, ou outros

terceiros, podendo gerar reclamações e descumprimento de acordo pré-

estabelecido;

• Opções estratégicas: o impacto ambiental em questão está associado a

determinado interesse estratégico, negócios, ou focado na política da

empresa.

Os impactos enquadrados como críticos devem ser considerados como

“significativos” mesmo se não aplicados aos filtros de segurança.

3ª Etapa

Buscou-se quantificar os impactos ambientais, enquadrados como

significativos, com o uso de indicadores ambientais, segundo Munn (1975) apud

Sánchez (2006, p. 259) através de indicadores é possível a obtenção da medida da

magnitude do impacto ambiental.

Nesse estudo são chamados de indicadores ambientais aqueles utilizados para

avaliar o desempenho da estação e, sobretudo os impactos causados por esta.

Foram propostos indicadores baseados nas recomendações da ABNT-NBR-

ISO 14031/2004: Gestão Ambiental - Avaliação de Desempenho Ambiental, e

também foram propostos indicadores apropriados a uma estação de tratamento de

esgoto.

Em posse destes dados foi feita uma análise sobre estes indicadores. Após

esta análise foram identificados entre tais indicadores quais eram mais expressivos,

para medir o que estava sendo observado, nesse caso os impactos ambientais. Para

isso foi utilizada a validação de conteúdo.

46

A validade de conteúdo dos indicadores definidos foi direcionada para um

grupo de 15 profissionais e pesquisadores da área de Engenharia Sanitária e

Ambiental. O contato com o grupo foi feito por email. O questionário (Apêndice 3)

foi respondido de acordo com a escala gradativa de Leikert, conforme descrito em

Cooper & Schindler (2003), em que cada indicador se enquadra em uma categoria.

Em seguida foi realizada a somatória dos pontos de cada indicador, para verificar

qual seria o mais significativo.

E por fim foram propostas medidas mitigadoras para os impactos negativos e

otimização dos impactos positivos, sempre em busca da melhoria contínua.

3.2.1. Metodologia utilizada para obtenção dos indicadores

3.2.1.1. Índice de Resíduos Sólidos

Para o cálculo do indicador foram atribuídos pesos de acordo com o destino

final e/ou tratamento dado para os resíduos. Esta metodologia foi adaptada da

proposta da FAEMA (1999) apud Rufino (200215) na realização do estudo de

Qualidade Ambiental no município de Tubarão/SC. Foi considerada como situação

ideal a reciclagem dos resíduos sólidos, ou no caso do lodo de esgoto a sua

reutilização. Por outro lado a ausência de tratamento e/ou disposição de acordo com

os requisitos legais foi definida como situação mais critica.

O índice, chamado de Índice de Resíduos Sólidos (IRS) é dado pela seguinte equação:

∑ ×= )( piqiI RS

Onde: qi: porcentagem do tipo de resíduo gerado na ETE;

pi: fator de peso atribuído para o tipo de tratamento dado ao resíduo,

segundo a tabela 3:

15 FAEMA. Fundação Municipal de Meio Ambiente. Programa de indicadores ambientais para Blumenau: avaliação do índice de sustentabilidade para Blumenau (ISB) do ano de 1998. Blumenau, 1999 apud RUFINO, R. C. Avaliação da qualidade ambiental do município de Tubarão (SC) através do uso de indicadores Ambientais. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002

47

Tabela 3: Forma de disposição e/ou tratamento dos resíduos sólidos.

Disposição e/ou tratamento

Peso

Inexistente 0 Vala 0,1

Ecoponto* Aterro Sanitário

0,4 0,8

Reciclagem/Reutilização 1 Fonte: Adaptado de FAEMA, apud Rufino (2002)

*Local destinado pela Prefeitura para recebimento de material orgânico e entulho recolhidos por charreteiros e localizado em frente a estação.

O resultado do indicador foi obtido através de uma média ponderada entre a

quantidade de resíduo produzido e o fator de peso atribuído ao tipo de disposição

final ou tratamento realizado. O Índice de Resíduos Sólidos (IRS) é encontrado

através da somatória das médias ponderadas (índices parciais).

3.2.1.2. Índice de Incômodo causado pelos odores

As informações necessárias foram obtidas no questionário aplicado a

comunidade do entorno da Lagoa, em que os moradores eram apresentados a um

cartão-resposta para a seguinte pergunta: “Observando estas figuras, como você se

sente com relação ao odor proveniente da Lagoa?”. O cartão (figura 17) é composto

apenas por figuras em escala, para identificação da reação da comunidade com

relação ao odor proveniente da Lagoa.

Figura 17: Nível de agrado do odor. Fonte: Meyer (1999), apud Truppel (2002).

i = categorias de resposta do questionário

48

A partir da resposta foi calculado o Índice de Incômodo (I). Este índice é

baseado na norma da Verein Deutscher Ingenieure – VDI 3883 (1993) conforme o

descrito por Belli Filho et. al.(2007), dado pela seguinte equação:

ii i NWN

I ×= ∑ =

4

0

1

Onde:

N: número total de observadores;

i: representa a categoria da resposta;

Wi: representa o coeficiente da categoria i;

Ni: corresponde ao número de respostas da categoria i.

Os coeficientes (Wi) a serem utilizados em cada categoria são apresentados

na Tabela 4:

Tabela 4: Categoria de incômodo (i) e respectivos coeficientes. Adaptado do

modelo da Verein Deutscher Ingenieure 3883 (VDI) (1993) Caráter Hedônico i Wi

Sem odor 0 0 Odor sem ofensividade 1 0 Odor pouco ofensivo 2 25

Odor ofensivo 3 50 Odor extremamente ofensivo 4 100

O valor do índice de incômodo é zero quando as pessoas que se declaram não

incomodadas com os odores e igual a 100 para aquelas em que todos os participantes

ficam extremamente incomodados. Esta escala valoriza a resposta que sente odores

mais intensos (mais afetados), prevalecendo sobre os que não sentem ou julgam o

odor muito fraco. (DE MELO LISBOA, H., 2010)

3.2.1.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego

A qualidade da água do córrego e a eficiência do sistema são monitoradas

através de análises mensais. As coletas e análises são realizadas pelo Departamento

de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT, através de um convênio com a

Sanecap. A figura 18 mostra os pontos de monitoramento na Lagoa e no córrego do

Caju.

49

Figura 18: Pontos de monitoramento.

Onde P1: entrada do sistema (Calha Parshall); P2: saída da lagoa facultativa; P3: saída da lagoa de maturação 1; P4: saída da lagoa de maturação 2; CM: córrego a montante do lançamento e CJ: córrego a jusante do lançamento.

Os indicadores definidos foram: eficiência do sistema em termos de remoção

da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), e OD (Oxigênio Dissolvido) no

córrego do Caju.

A DBO é uma medida indireta da concentração de matéria orgânica presente

em uma amostra de água. Esta medida é obtida através da determinação da

quantidade de oxigênio consumido para converter a matéria orgânica presente na

água em uma forma inorgânica em um período de tempo determinado. Por uma

questão de padronização utiliza-se conceito de DBO padrão, expressa por DBO520ºC.

A DBO foi obtida por meio do método de Winkler Modificado pela Azida-sódica

com incubação por 5 dias a 20°C.

O outro indicador definido foi o Oxigênio Dissolvido – OD. Dessa maneira

buscou-se verificar as condições do córrego com o lançamento, para comparação

utilizou-se a medida feita de OD do córrego a montante da ETE. O OD foi

determinado pelo Método Eletrométrico nos dias da coleta (in situ) utilizando o

oxímetro Hatch - HQd Field Case.

Para efeito de comparação foi utilizado como parâmetros de análise da

eficiência do sistema a DQO (Demanda Química de Oxigênio), determinada por

meio do método do refluxo fechado colorimétrico.

50

3.2.1.4. Qualidade de vida

O indicador de qualidade de vida definido foi quantitativo, pois para se

avaliar a influência seria necessário um estudo mais aprofundado sobre hábitos e

alimentação.

O indicador definido foi “Número de usuário/dia”. Foi feito um levantamento

prévio e optou-se por diagnosticar o número de pessoas que freqüentam a aeróbica

realizada duas vezes por semana (segunda e quarta) no complexo da Lagoa. Essa

atividade foi escolhida por ser um grupo fechado e com horário fixo. Pois as outras

atividades, como por exemplo, academia e pista de caminhada ficam abertas o dia

todo, e além de que a área possui cinco entradas e não é feito nenhum controle de

entrada e saída.

Durante quatro dias, foi feito um monitoramento e contagem do número de

usuários.

3.2.1.5. Educação ambiental

O indicador de educação ambiental definido foi o Número de Pessoas

Envolvidas em Eventos de Educação Ambiental. Segundo Butzke et. al. (2001) existe

uma grande dificuldade na definição de indicadores para ações de natureza tão

qualitativa e subjetiva quanto às ações educativas, pois não é possível aplicar “testes de

conhecimentos”, aferindo-se então notas ou conceitos. Seria necessário avaliar

especialmente as mudanças de opinião, e as mudanças de comportamento.

Nesse sentido esse indicador pode ser medidas em termos de resultados

quantitativos. Pois a consciência ambiental depende de uma mudança de valores, que

é um processo lento, e que exige um trabalho educativo constante.

O indicador definido foi obtido nos relatórios do projeto CRRA, que são

trimestralmente enviados a Petrobras.

3.2.1.6. Vegetação

Os indicadores definidos para avaliação dos impactos com relação a

vegetação foram: Número total de espécies e Área degradada em relação a área total,

segundo o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD.

51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ATIVIDADES REALIZADAS NA ESTAÇÃO

Desde a construção em 1986 até meados de 2005 a ETE apresentou

problemas de odores, proliferação de vetores, além de ser alvo de violência, depósito

de lixo e degradação paisagística causados pela falta de operacionalização adequada.

Em 2005 uma reivindicação da população através do Fórum Popular de Luta

pelo Saneamento e lideranças comunitárias, o manifesto “Abraço pela morte da

Lagoa” foi realizado no local. A partir disto iniciou-se uma nova fase para a ETE em

que a Sanecap, comunidade e diversos parceiros se uniram formando o grupo

“Amigos da Lagoa”. No final do mesmo ano foi aprovado pela Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT o projeto de pesquisa

denominado Projeto piloto para operação, otimização e urbanização das lagoas de

estabilização do bairro CPA III em Cuiabá, Mato Grosso.

Este projeto foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental-UFMT e teve como proposta a otimização do sistema de tratamento de

esgoto, além da urbanização e paisagismo da área e reutilização do efluente final. O

projeto permeou as mudanças e atividades que são desenvolvidas até hoje na ETE.

As mudanças começaram pelo próprio nome do local, que por meio de uma

votação popular, passou a se chamar “Lagoa Encantada”. (LIMA, et. al. 2007). O

Projeto Revitalização e Reurbanização da ETE CPA III – Lagoa Encantada, foi

elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Urbano – IPDU. E implantado com

recursos do Ministério do Turismo e contrapartida da Prefeitura Municipal de

Cuiabá. Foram feitas intervenções arquitetônicas e paisagísticas, a construção do

auditório, mirante, trilhas para caminhada e viveiro.

52

O viveiro experimental (Figura 19) foi construído para produção de mudas a

serem plantadas em toda a área da Lagoa, para atender ao Plano de Recuperação de

Áreas Degradas – PRAD. (Figura 20).

Figura 19: Viveiro experimental

Figura 20: Implementação do PRAD as

margens do córrego do Caju

4.1.1. Projeto CRRA

O complexo da Lagoa Encantada é o espaço que abriga as ações do Projeto

Implantação do Centro de Referência de Reuso de Água (CRRA), patrocinado pela

Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, e realizado pelo Instituto de

Desenvolvimento de Programas – IDEP, Universidade Federal de Mato Grosso –

UFMT e Companhia de Saneamento da Capital – Sanecap.

Desde dezembro de 2009 o projeto vem realizando diversas atividades de

educação ambiental, e em outras áreas que envolvem a capacitação técnica e inclusão

social, através de uma Agenda Continuada.

O projeto visa à construção de laboratórios para análises físico-químicas e

microbiológicas para monitoramento do efluente, e desenvolvimento de pesquisas

como reuso de águas pluviais, reutilização do efluente final em fertirrigação e

piscicultura, medidas de otimização do sistema. Já estão em fase de construção os

laboratórios e os filtros wetlands, tanques para reuso do efluente na piscicultura.

Há ainda outros subprojetos envolvendo a Lagoa e a bacia hidrográfica do

Coxipó e microbacia do córrego do Caju, que estavam sendo desenvolvidos durante a

elaboração deste trabalho:

53

Mobilização social e capacitação técnica como ferramentas para

implementação de gestão integrada, descentralizada e participativa de recursos

hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Coxipó.

Este projeto propõe a realização de mobilização social via educação

ambiental e capacitação técnica visando à discussão dos problemas relacionados ao

uso dos recursos hídricos, a fim de formar pessoas atuantes na comunidade, além de

subsidiar a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Coxipó.

É uma parceria entre a UFMT e a Sanecap com financiamento da Fundação

de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT.

Tecnologia para Otimização do Uso da Água em Domicílios, por meio do

Sistema de Reuso de Água para a Alimentação de Descargas Domésticas

O objetivo deste projeto é aplicar tecnologias para minimizar o consumo de

água potável a partir da reutilização das águas de lavagem de roupa para atendimento

de descargas domésticas, com uso de dispositivo adequado, na microbacia do

Córrego do Caju, que apresenta constantes problemas de suprimento em seu

abastecimento.

O projeto pretende utilizar a Educação Ambiental como ferramenta básica

para adesão à implantação do sistema, além de mudanças comportamentais na

utilização dos recursos hídricos.

O projeto é financiado pelo CNPQ e realizado pela UFMT, com parceria da

Sanecap, IDEP e Gelar Refrigeração.

Outras pesquisas inseridas no Projeto CRRA e desenvolvidas por alunos da

UFMT são:

• Estudo do Fitoplâncton na Estação de Tratamento de Esgoto do bairro

CPA III – Lagoa Encantada em Cuiabá-MT.

• Protozoários e Helmintos no sistema de tratamento de efluentes da Lagoa

Encantada - Estação de Tratamento de Esgoto do bairro CPA III em Cuiabá-MT.

• Avaliação Bacteriológica da Estação de Tratamento de Esgoto do bairro

CPA III – Lagoa Encantada em Cuiabá-MT.

• Avaliação da microbiota fungica em efluentes da Estação de Tratamento

de Esgoto do CPA III – Lagoa Encantada em Cuiabá-MT.

54

O espaço da Lagoa também tem servido de espaço para aulas de mestrado da

UFMT. Os alunos do mestrado em Recursos Hídricos da UFMT desenvolveram

atividades em diversas áreas e já foram publicados trabalhos na XXI Feira Nacional

de Saneamento e Meio Ambiente, realizada em agosto (2010) em São Paulo/SP:

• Avaliação do grau de satisfação dos usuários em relação à revitalização da

ETE “Lagoa Encantada" em Cuiabá/MT – Aquino A. M. et. al;

• Estudo da viabilidade para o aproveitamento de fontes alternativas de

energia para o espaço da ETE - "Lagoa Encantada" – Araújo, G. C. et. al;

• Estudo para implantação do gerenciamento dos resíduos sólidos na ETE

Lagoa Encantada - CPA III – Cuiabá/MT – Finazzi, A. E. M., et. al.;

No complexo da Lagoa há ainda uma maquete da bacia hidrográfica do rio

Cuiabá. A maquete é feita de cimento e é utilizada para atividades de educação

ambiental. (Figura 21)

Foi instalado na área da Lagoa, um sistema para estudo de reaproveitamento

da água da chuva. Esse módulo é composto por três tipos de telhado: telha de

fibrocimento, cerâmica e alumínio nos quais a água cai e através de uma calha e é

levada para um reservatório. (Figura 22)

Figura 21: Maquete da bacia hidrográfica do rio Cuiabá. Fonte: Sanecap

Figura 22: Módulo para estudo do aproveitamento da água de chuva

55

4.1.2. Lazer e atividades físicas

Na área da ETE podem ser feitas atividades de lazer e exercícios físicos, em

uma pista de caminhada (Figura 23) que possui 1,9 km de extensão, e em aparelhos

de ginástica (Figura 24) localizados em pontos diferentes pela área da Lagoa.

Os equipamentos de atividades físicas são para uso exclusivo da comunidade

e incluem aparelhos, como alongador, surf, pressão de pernas, rotação vertical e

diagonal, simulador de caminhada e cavalgada, esqui, remo e multiexercitador, além

de gangorra, escalada em arcos e carrossel para as crianças. Estes equipamentos

foram instalados na Lagoa pela Prefeitura de Cuiabá em parceria com a Unimed.

Figura 23: Pista de caminhada Figura 24: Academias

Ainda com relação às atividades físicas, são realizadas duas vezes por semana

(segundas e quartas) aulas de aeróbica ministradas pelo Sr. Jamil Genésio de Moraes,

da Secretaria Municipal de Esporte e Cidadania (SMEC). As aulas são gratuitas e

abertas para toda comunidade.

4.2. ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

A identificação dos aspectos e impactos ambientais é de fundamental

importância para o conhecimento real do desempenho ambiental de uma organização

e sua avaliação. A identificação dos aspectos ambientais decorrentes das atividades

desenvolvidas na Lagoa Encantada pode ser observada no quadro 5, bem como a

caracterização e verificação da importância e significância de cada impacto.

56

Quadro 5: Matriz de qualificação de impactos ambientais

Atividade Aspectos Impactos

Caracterização Importância Avaliação da Significância

Situação Classe Consequência Frequência/

Probabilidade Categoria

Requisitos legais

DPI OE Enquadramento

Abrangência Severidade

Tratamento preliminar -

gradeamento e caixa de areia

Geração de resíduos

Poluição do solo

N A L M 40 20 60 X X - S

Geração de Odores

Incômodo a população

N A L M 40 20 60 X - S

Proliferação de vetores

Risco1 de transmissão de

doenças N A L B 20 10 30 - - - NS

Tratamento secundário e terciário -

lagoa facultativa e de maturação

Geração de resíduos

Poluição do solo

N A L M 40 20 60 X X - S

Geração de Odores

Incômodo a população

N A L M 40 20 60 X - S

Proliferação de vetores

Risco de transmissão de

doenças N A L B 20 10 30 - - - NS

Produção de material

sobrenadante (escumas)

Poluição do solo

N A L M 40 20 60 X X - S

Lançamento do efluente no corpo receptor

Alteração da qualidade da água do córrego

Poluição da água

N A L M 40 30 70 X X - S

Pista de caminhada e academia

Exercícios físicos

Melhoria da qualidade de

vida N B L M 40 20 60 - X X S

57

Continuação do Quadro 5

Atividade Aspectos Impactos Caracterização Importância Avaliação da Significância

Situação Classe Consequência Frequência/

Probabilidade Categoria

Requisitos legais

DPI OE Enquadramento

Realização de cursos,

palestras e eventos

Educação ambiental

Consciência ambiental

N B L M 40 20 60 X X S

Viveiro experimental

Plantio de mudas

Recuperação de áreas

degradadas N B L M 40 20 60 X X X S

Onde: Situação operacional: Normal (N), Anormal (A), Emergência (E); Classe: Benéfico (B), Adverso (A); Abrangência: Local (L), Regional (R), Global (G); Severidade: Baixa (B), Média (M) e Alta (A); Consequência: Quadro 2; Frequência/Probabilidade: Quadro 3; Categoria: Quadro 4: Desprezível (D), Moderado (M), Crítico (C). Enquadramento: Significativo (S) e Não Significativo (NS). 1Nesse caso considerou-se risco ambiental como impacto ambiental.

58

Pode-se observar no quadro 5 que os impactos definidos como significativos

foram os que obtiveram pontuação maior que 50 na avaliação de importância, e

depois foram aplicáveis a um dos filtros de significância. Foram obtidos 9 impactos

considerados significativos.

Ao todo foram identificados 11 possíveis impactos, sendo que os impactos

negativos corresponderam a maioria, com 8 impactos e 3 impactos positivos. Todos

os impactos foram considerados de abrangência local, pois podem ultrapassar os

limites da empresa.

Sobre os possíveis impactos positivos, estes são atribuídos principalmente as

atividades desenvolvidas na estação, os exercícios físicos, realização de eventos para

comunidade em geral, e o próprio viveiro e PRAD.

No tratamento preliminar os impactos significativos foram relacionados ao

impacto no solo por disposição inadequada de resíduos e incômodo a população

devido a odores. No que diz respeito a proliferação de vetores (não significativo),

que obteve uma pontuação baixa na avaliação da consequência, isto porque este

impacto foi considerado um impacto de severidade baixa.

O uso de matrizes para qualificação de impactos é bastante comum não só nos

Estudos de Impactos Ambientais (EIA) bem como em pesquisas, como as realizadas

por Mota & Aquino (2002), Santos & Bononi (2003), Barbosa & Dupas (2008).

As vantagens observadas na utilização deste método foram: boa

caracterização dos impactos, pois puderam ser identificados diversos aspectos sobre

cada impacto, tais como, abrangência, severidade, conseqüência; identificação de

impactos significativos, apesar da maioria dos impactos causados pelas atividades da

Lagoa ter sido considerado significativo, o método foi eficiente nesse processo.

A desvantagem da utilização da matriz encontrada foi a não caracterização da

magnitude de cada impacto, de como efetivamente cada aspecto está influenciando

no meio. Nesse caso, essa abertura foi suprimida pelos indicadores ambientais

definidos. Outro aspecto a ser considerado é que para a elaboração da matriz diversos

profissionais devem estar envolvidos para se ter uma listagem efetiva de todos os

aspectos e impactos ambientais.

59

4.3. INDICADORES AMBIENTAIS

Através do quadro 5 pode-se verificar que as atividades desenvolvidas na

Lagoa impactam o meio ambiente de alguma maneira. Para verificar a magnitude dos

impactos, foram definidos Indicadores Ambientais. Os indicadores definidos para

cada impacto significativo estão apresentados no quadro 6. A metodologia para

obtenção de cada indicador foi explicada no item 3.2.2.

Quadro 6: Indicadores Ambientais

Impacto Ambiental

Tipo de indicador de acordo com a ISO 14031/2004

Indicador Unidade

Poluição do Solo

ICA - Resíduos Índice de Resíduos Sólidos -

Incômodo a população

IDG – Relações com a comunidade

Índice de Incômodo causado pelos odores

-

Poluição da água

ICA - Água OD no ponto de lançamento mg/L

IDO - Produto Eficiência do sistema em termos

de remoção de remoção da DBO, e outros parâmetros

%

Melhoria da qualidade de

vida

IDG – Relações com a comunidade

Número de usuários/dia un

Consciência ambiental

IDG – Relações com a comunidade

Número de pessoas envolvidas em cursos e programas de

educação ambiental un

Recuperação de áreas

degradadas ICA – Flora

Número total de espécies un

Área degradada %

Onde: ICA: Indicador de Condição Ambiental; IDG: Indicador de Desempenho de Gestão; IDO: Indicador de Desempenho Operacional.

4.3.1. Índice de Resíduos Sólidos

Este indicador serviu para avaliar a produção e a forma de tratamento final

dos resíduos sólidos produzidos na Lagoa.

Os resíduos gerados na estação são provenientes principalmente da operação

do sistema: resíduos do gradeamento e caixa de areia, escumas formadas na

superfície e lodo acumulado no fundo das lagoas.

60

Os resíduos do tratamento preliminar são colocados em um container que é

encaminhado periodicamente para o aterro sanitário (Figura 25). O material

sobrenadante (escumas) retirado das lagoas é disposto em uma vala e posteriormente

enterrado. (Figura 26).

Figura 25: Resíduos do tratamento preliminar

Figura 26: Escumas retiradas das lagoas

Segundo Van Handeel & Além Sobrinho (2006, p. 9) a quantidade de

resíduos grosseiros pode ser estimada entre 30 a 90L de resíduos por 1000³ de

esgoto. Já das areias e silte espera-se uma faixa de 20 a 60L/1000m³ de esgoto. A

quantidade de material flutuante (escumas) é pequena entre 3 a 12 kg por 1000m³ de

esgoto.

Com relação ao lodo acumulado no fundo da lagoa a taxa de acúmulo é baixa

estando na ordem de 0,03 a 0,08 m³/hab.ano para as lagoas facultativas.

(ARCEIVALA, 1981 apud VON SPERLING, 2002, p. 54). Ainda segundo o autor

devido a esta baixa taxa, a ocupação do volume da lagoa também é baixa, então o

lodo pode se acumular por anos sem necessidade de remoção.

Na Lagoa do CPA III, foram feitas três limpezas de fundo, sendo uma na

década de 90, outra em 2001 em apenas uma lagoa e mais recente que foi em 2008

quando a ETE passou pelo processo de revitalização.

Outros resíduos gerados são oriundos das podas e capinagem (Figura 27).

Estes resíduos são recolhidos e levados para o Ecoponto

61

Figura 27: Capinagem próximo a pista de caminhada

Os resíduos sólidos produzidos na área administrativa da ETE são materiais

de escritório, do auditório e quando há eventos periódicos, todos os resíduos são

destinados ao aterro sanitário.

É importante lembrar que a ETE já serviu de depósito de lixo anteriormente a

revitalização. Atualmente ainda podem-se observar alguns resíduos jogados na área.

Para o cálculo do indicador (Tabela 5), a quantidade de resíduos em

porcentagem a ser utilizada no cálculo do indicador foi estimada, de acordo com

pesquisa feita com os gestores da ETE, pois não é feito nenhum tipo de

monitoramento dos resíduos produzidos na área.

O índice relativo aos resíduos sólidos obtido foi 47. O índice ótimo (100)

seria alcançado se todo resíduo fosse reciclado ou reutilizado. No caso da Lagoa os

resíduos poderiam ser utilizados na compostagem inserindo dessa forma mais um

componente que pode ser utilizado na educação ambiental.

Tabela 5: Índice de Resíduos Sólidos Resíduos gerados Quantidade

(%) Destino final Fator

de Peso Índice Parcial

Tratamento preliminar

20 Aterro Sanitário 0,8 16

Escuma 30 Vala 0,1 3 Capinagem 30 Ecoponto 0,4 12

Auditório/escritório 20 Aterro Sanitário 0,8 16 Total 100 - 47

62

O índice encontrado por Rufino (2002) em Tubarão/SC foi de 10,023, em

Blumenau o índice encontrado pela FAEMA (1999) foi de 0,520. Ao comparar estes

índices com o resultado encontrado para os resíduos gerados na Lagoa Encantada

vale ressaltar que o tipo de resíduos e destinos finais são diferentes, já que estes

autores aplicaram o indicador para municípios.

4.3.2. Índice de Incômodo causado pelos odores

Com relação aos aspectos ambientais, o odor foi apontado nas atividades do

sistema de tratamento de esgoto, tanto no preliminar quanto nas lagoas.

Para a obtenção e caracterização deste indicador, no total foram entrevistados

50 moradores nas áreas indicadas no mapa em anexo, obtendo os seguintes

resultados:

1) Qual sua satisfação com o espaço da Lagoa Encantada?

Figura 28: Satisfação dos entrevistados com o espaço da Lagoa

O resultado do questionário mostra que 24% dos entrevistados consideram o

complexo da Lagoa “muito bom”, enquanto que 14% consideram “ruim”. Se

associadas as respostas “muito bom” e “bom” correspondem a um total de 68% de

satisfação dos usuários.(Figura 28)

Ao se comparar o resultado com o mesmo questionamento feito pela pesquisa

de Aquino et. al (2010) realizado em 2009 em que a maior parte dos entrevistados

estavam satisfeitos (55% consideraram muito bom) e 10% consideram média a

63

satisfação, e acreditando em melhorias com o fim das obras, que naquele período

ainda não estavam concluídas, houve uma melhora significativa nos índices.

2) Quais pontos negativos você acha que são observados na Lagoa?

Esta pergunta do tipo aberta permitiu conhecer a opinião dos entrevistados

sobre os pontos negativos observados na ETE. As respostas obtidas foram bem

variadas, desde a operação do sistema, com queixas dos odores até uso dos

equipamentos:

• 46% dos entrevistados responderam que o odor é o ponto negativo da Lagoa;

• 14% disseram que o fato da pista de caminhada ser muito estreita (cerca de

1m) era considerado um fator negativo do local;

• 10% reclamaram dos mosquitos que acreditam ser provenientes da Lagoa;

• 8% responderam que os resíduos sólidos do local era o que mais incomodava;

E outras reclamações foram com relação à iluminação do local, que disseram

ser “precária”; buracos onde há o acúmulo de água parada, que podem vir a causar

doenças, como a dengue; falta de segurança; outros reclamaram da própria

população, usuários do local, que não sabem usufruir dos equipamentos da academia,

por exemplo; solicitaram a presença de profissionais que orientassem a prática de

exercícios e desconhecimento da população que o local é uma estação de tratamento

de esgoto.

Vale ressaltar que mesmo sendo explicado no início da pesquisa, que esta era

de cunho acadêmico, muitas vezes pode-se observar que as pessoas consideravam

que fosse feita por parte da Sanecap, e por vezes aproveitavam para “desabafar” seja

positiva ou negativamente sobre a Lagoa.

3) Com relação ao odor, você sente algum odor proveniente da Lagoa?

Os odores provenientes da ETE constantemente são alvo de reclamações por

parte da comunidade. Por isso ao realizar essa pesquisa procurou-se identificar e

avaliar qual é o impacto desses odores na comunidade do entorno. No questionário,

deu-se ênfase nessa questão, para que fosse possível atingir os objetivos propostos.

64

Ao questionados se sentiam algum odor vindo da Lagoa, pode-se observar

que 56% dos entrevistados disseram que sim e 44% responderam que não sentem

odores.(Figura 29)

Figura 29: Percepção dos entrevistados aos odores

Os entrevistados que responderam “não” a esta pergunta, não responderam as

próximas perguntas que são especificamente relacionadas aos odores.

Na pesquisa de Aquino et. al (2010) ao serem questionados sobre o odor,

15% dos entrevistados disseram sentir incômodo quanto ao odor vindo da Lagoa, já a

maioria disse que com a revitalização do espaço o odor diminuiu muito.

4) Qual a intensidade do cheiro?

Com relação a intensidade do odor, 45% disseram que o odor é forte,

enquanto que 27% enquadraram como fraco. De acordo com Carmo Jr. (2005) a

resposta humana para um odor é altamente subjetiva, pois diferentes pessoas

encontram diferentes odores ofensivos em diferentes concentrações. Isto resulta na

maneira diferente que os indivíduos percebem os odores. (Figura 30)

65

Figura 30: Intensidade do odor

5) Qual o horário em que o odor é mais forte?

Com relação ao horário em que o odor é mais forte, 52% dos entrevistados

que disseram que sentem os odores, afirmaram que acham que o odor é forte o dia

todo. Entende-se que as pessoas que responderam o dia todo, assim o fizeram por

muitas vezes não identificar o momento exato.(Figura 31)

Considerando as outras respostas, observa-se que 22% respondeu que a noite

o odor é mais forte. Esse resultado pode-se ser explicado por que durante o dia o pH

das lagoas se eleva, podendo chegar até 10 no início da tarde, fazendo com que as

algas exerçam maior atividade fotossintética, o que resulta na conversão da amônia

ionizada NH4+ em amônia livre NH3 3 na conversão do sulfeto de hidrogênio H2S em

bissulfeto HS- que é inodoro.

Figura 31: Horário em que o odor é mais forte, segundo os entrevistados

66

Isso explica também os comentários de alguns entrevistados que disseram que

quando chove os odores são mais fortes. Devido ao céu estar nublado, encoberto por

nuvens, com a redução da atividade fotossintética ocorre a redução da produção de

oxigênio na lagoa.

6) Com que frequência você percebe o odor proveniente da Lagoa?

Essa pergunta mostrou que a maioria, 61%, dos entrevistados disseram que

raramente sentem o odores (Figura 32). Muitos responderam essa questão juntamente

com a questão 3, se sentem algum odor. Alguns comentários notáveis foram sobre o

conhecimento do funcionamento da ETE e de que instalação dos aeradores

contribuiu para redução dos odores.

Figura 32: Frequência que os moradores sentem os odores

7) Você sente algum sintoma ou consequência devido a esses odores?

Os resultados obtidos nessa questão demonstram que 79% dos entrevistados

não sentem nenhum tipo de sintoma ou consequência relacionado aos odores da ETE.

(Figura 33) As consequências citadas pelos 21% que responderam “sim”, foram dor

de cabeça, enjôo e náuseas. Outros disseram ainda que sentiram falta de apetite

quando o odor foi sentido no horário de uma refeição.

67

Figura 33: Sintomas ou consequências decorrentes dos odores

8) Observando estas figuras, como você se sente com relação ao odor

proveniente da Lagoa?

Os dados obtidos nessa última questão foram utilizados para o cálculo do Índice

de Incômodo. Os resultados obtidos para cada categoria e identificados por

localização do bairro são apresentados na tabela 6:

Tabela 6: Nível de agrado aos odores

Bairro Resposta

Setor 1 Setor 2 Setor 5 Setor 4 Novo Mato Grosso

Total

Sem incômodo 9 7 2 1 1 20 Incômodo pequeno

1 1 2 1 5

Incomodado 2 2 1 5 10 Extremamente incomodado

1 5 6 3 15

Total 10 10 10 10 10 50

De maneira geral, apesar da maioria dos entrevistados (38%) não se

incomodar com os odores provenientes da estação, 30% se sentem extremamente

incomodados, 20% incomodados e 12% pouco incomodados. Ao somar as três

últimas categorias percebe-se 62% dos entrevistados sentem algum incômodo com os

odores. (Figura 34)

68

38%

12%20%

30%

Sem incômodo (i=1)

Incômodo pequeno (i=2)

Incomodado (i=3)

Extramente incomodado (i=4)

Figura 34: Resultado do questionário

Ao analisar as categorias de respostas com o bairro (Figura 35), ou seja, a

localização com relação a estação, percebe-se que o Setor 1 (CPA 3) é o que menos

se incomoda com os odores, atribui-se a distância do bairro com a Lagoa, conforme

pode ser observado no mapa (Anexo 3). Já os Setores 4 e 5 foram os que mais

disseram se sentir “extremamente incomodados” com os odores.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Setor 1 Setor 2 Setor 4 Setor 5 N.MT

sem incômodo

incômodo pequeno

incomoda

extramamente

incomodado

Figura 35: Nível de agrado ao odor de acordo com o bairro

Truppel (2002) ao aplicar o mesmo questionário com a comunidade vizinha a

uma ETE em São Ludgero/SC obteve em um primeiro momento (em que era feito a

recirculação do efluente na razão de 1/6 da vazão afluente à lagoa) os seguintes

69

resultados: 26% não se incomodavam com os odores, 29% incomodava pouco, 27%

incomodava, e 18% extremamente incomodado. Após mudanças na operação do

sistema de tratamento, passando a utilização de aeração combinada com a

recirculação, os resultados encontrados foram: 63, 24, 10 e 3% respectivamente para

cada categoria. Segundo o autor, a redução de odores conseguida com o processo de

recirculação mais aeração, a aplicação dos questionários realizados junto aos

moradores foi fundamental para a aceitação da permanência da ETE pela população

local.

Silva (2007) também aplicou este questionário na população vizinha a ETE

Paranoá localizada no Paranoá (Região Administrativa do Distrito Federal) e obteve

como resultado 78% de queixas aos odores (6% incômodo pequeno, 33%

incomodado e 39% muito incomodado). Segundo a autora a população do entorno

reclama da má qualidade de vida, dificuldade para vender seus imóveis e falta de

solução para o incômodo causado pela ETE.

Caso contrário pode ser constatado na Lagoa Encantada, em que grandes

mudanças aconteceram depois da revitalização da ETE. O trabalho realizado por

Brito et. al (2010) aponta que tanto a opinião dos moradores quanto de corretores de

imóveis da região acreditam que houve significativa valorização imobiliária após o

projeto de revitalização da área.

Vale ressaltar que muitos moradores dos bairros vizinhos a Lagoa moram no

local a mais de 10 anos, conforme mostrou a pesquisa de Brito et. al (2010) e

portanto presenciaram as mudanças ocasionadas pela revitalização da Lagoa. Ao

responder o questionário algumas pessoas comentavam que atualmente os odores são

menos frequentes e “bem menores” do que antes da instalação dos aeradores ou

“bombas” conforme palavras deles, e comentado anteriormente.

Percebe-se que a comunidade está bastante interada nesse processo. Porém

outro fato observado na aplicação do questionário, é que muitos moradores não tem

conhecimento de que o local é uma estação de tratamento de esgoto. Aos serem

questionados alguns deles respondiam “... o problema aqui não é a Lagoa, e sim o

esgoto que não é tratado e jogado na Lagoa...” ou ainda “... aqui na Lagoa não tem

tratamento do esgoto, por isso que ‘fede’”. Esse aspecto também foi observado por

70

Brito et. al. (2010), em que a maioria dos entrevistados pela pesquisa vê a área da

Lagoa como um local de lazer.

Em posse dos dados obtidos pelo questionário foi calculado o Índice de

Incômodo.

Tabela 7: Cálculo do Índice de Incômodo aos odores.

Questionário Sem

incômodo (i=1)

Incômodo pequeno (i=2)

Incomodado (i=3)

Extremamente incomodado

(i=4)

Total 19 6 10 15 50

Índice 0 150 500,00 1500,00 43,00

O índice encontrado foi 43. O valor do índice de incômodo é zero quando as

pessoas que se declaram não incomodadas com os odores e igual a 100 para aquelas

em que todos os participantes ficam extremamente incomodados.

Belli Filho et. al (2007) fizeram uma pesquisa com a mesma metodologia

para saber os impactos dos odores da suinocultura, entre produtores e não produtores

de suínos, obtendo índices de 69 e 81 para respectivamente. O que segundo os

autores indica uma percepção de incômodo ofensivo a muito ofensivo nos produtores

e muito ofensiva a extremamente ofensiva para os não produtores.

4.3.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego

Os indicadores definidos com relação a água foram: a eficiência do sistema

em termos de remoção da DBO e ou e a qualidade da água no ponto de lançamento

do efluente no córrego do Caju.

A tabela 8 e figura 36 mostram os resultados encontrados para DBO5,20:

Tabela 8: Resultados encontrados para DBO5,20°

Ponto de Amostragem

Mar Abr Mai Jun Jul

P1 329,5 384,5 424,8 397,4 404,0 P2 141,0 75,9 55,9 123,9 139,0 P3 98,5 84,6 29,0 94,2 104,0 P4 88,5 52,6 38,9 55,3 97,0

Córrego do Caju (montante)

23,8 28,6 35,8 42,0 71,0

Córrego do Caju (jusante)

47,8 46,7 31,6 115,7* 70,0

71

Pontos de monitoramento

654321

DBO (mg/L)

500

400

300

200

100

0

-100

29

25

13

1

Figura 36: Variação de DBO nos pontos de monitoramento

Tabela 9: Estatísticas descritivas dos resultados obtidos para DBO5,20

Ponto de Amostragem

Média Máximo Mínimo Desvio Padrão

P1 388,04 424,8 329,5 35,82

P2 107,14 141 55,9 38,87

P3 82,06 104 29 30,50 P4 66,46 97 38,9 24,97

Córrego do Caju (montante)

40,24 71 23,8 18,54

Córrego do Caju (jusante)

62,36 115,7 31,6 32,81

A Tabela 9 mostra as estatísticas descritivas dos resultados obtidos. O valor

médio da DBO (388,04 mg/L) do esgoto bruto mostra que este enquadra-se como um

esgoto forte (~ 400mg/l). (JORDÃO & PESSOA, 2005, p. 60)

O lançamento de efluentes em corpos d’água é permitido desde que atenda a

legislação vigente, nesse caso a Resolução nº 357/2005 do CONAMA. Com relação

ao enquadramento, no estado de Mato Grosso ainda não é feito, então todos os rios

são enquadrados como rio de água doce, classe 2.

A Resolução define que a DBO 5 dias a 20°C não ultrapasse 5 mg/L O2, para

rios de classe 2. Com relação ao padrão de lançamento a Resolução não faz restrição,

72

desde que atenda os padrões do corpo receptor. Em alguns estados a legislação

determina a concentração limite para o efluente tratado. No Rio de Janeiro este limite

é 40 mg/L, em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, admite-se até 60mg/L. (JORDÃO

& PESSOA, 2005, p. 29)

A eficiência de remoção da DBO para cada unidade de tratamento é dada por:

1000

−=

C

CCE e

Onde:

C0 = DBO afluente

Ce= DBO efluente

Tabela 10: Eficiência de cada unidade do sistema em termos de remoção da DBO

Meses E1 E2 E3

Mar 57,21 30,14 10,15 Abr 80,26 -11,46 37,83 Mai 86,84 48,12 -34,14 Jun 68,82 23,97 41,30 Jul 65,59 25,18 6,73

Média 68,82 25,18 10,15

O valor médio encontrado na lagoa facultativa foi de 69%, este valor está

abaixo dos valores citados por Von Sperling (2002), em que a eficiência em termos

de remoção da DBO está entre 75 e 85%, conforme pode ser observar na tabela 1.

Observa-se que a eficiência das lagoas de maturação é mais baixa, isto porque

o principal objetivo destas lagoas é a remoção de organismos patogênicos.

Para obtenção da eficiência global do sistema, sendo o sistema composto por

3 unidades, as eficiências são multiplicativas:

)1()1()1[(1 321 EEEE −×−×−−=

Onde: E = eficiência de remoção global (%);

E1 = eficiência de remoção da lagoa facultativa;

E2 = eficiência de remoção da lagoa de maturação 1;

E3 = eficiência de remoção da lagoa de maturação 2;

A eficiência global do sistema encontrada foi de 79%. No trabalho realizado

por Destro (2007) na ETE CPA III, os resultados encontrados pelo autor mostram

73

uma eficiência média de remoção da DBO igual a 72,69%. Ao se comparar os

resultados daquele ano com os atuais, pode-se observar que atualmente a eficiência

média está maior.

A título de comparação a tabela 11 mostra os resultados da DQO (Demanda

Química de Oxigênio) nos pontos de monitoramento no sistema de tratamento e no

córrego do Caju.

Tabela 11: Resultados encontrados para DQO

Ponto de Amostragem

Mar Abr Mai Jun Jul

P1 455,1 649,9 797,9 694,3 890,0 P2 315,7 157,9 268,9 260,2 320,0 P3 223,2 212,1 203,5 235,6 260,0 P4 203,9 141,8 244,2 149,2 258,0

Córrego do Caju (montante) 57,6 - 194,9 83,9 158,0

Córrego do Caju (jusante) 137,3 90,0 93,7 225,7 161,0

A DQO total média obtida para o esgoto bruto foi de 697,4 mg/l, com uma

variação de 455,1 mg/l a 890,0 mg/l. A eficiência global média de remoção da DQO

foi de 73%, com valores médios de lançamento de 199,42 mg/L.

A Resolução CONAMA 357/05 não faz referência ao parâmetro DQO na

classificação dos corpos d’água e nos padrões de lançamento de efluentes líquidos,

porém alguns estados estabelecem limites máximos para este parâmetro em seus

padrões de lançamento, em Minas Gerais, por exemplo, o limite máximo é de 90

mg/l.

Outro indicador utilizado foi o OD – Oxigênio Dissolvido no ponto de

lançamento no córrego. Os valores encontrados estão apresentados na tabela 14.

Tabela 12: Oxigênio Dissolvido no Córrego do Caju

Ponto de Amostragem

Mar Abr Mai Jun Jul

Montante

Jusante

3,24

7,28

2,21

4,47

2,73

3,56

1,46

5,62

3,8

1,2

74

A figura 37 apresenta a distribuição dos dados de OD obtidos em cada ponto.

Verifica-se que os resultados a jusante são em geral maiores que os resultados a

montante.

Ponto

JusanteMontante

OD (mg/L)

8

7

6

5

4

3

2

1

0

Figura 37: Oxigênio dissolvido no córrego do Caju, a montante (1) e jusante (2) do

ponto de lançamento da ETE.

O OD do córrego, a montante do lançamento, é resultado das atividades da

bacia hidrográfica a montante. Segundo observado por Figueiredo et. al. (2010), ao

realizarem amostragens para monitoramento da qualidade da água ao longo do

córrego do Caju, a mata ciliar encontra-se suprimida em grandes partes,

principalmente pela ocupação urbana, o que contribui para o aporte de resíduos para

o interior do córrego, deteriorando sua qualidade. Esta influência pode ser observada

principalmente nos meses de abril e junho em que os valores encontrados foram os

menores do período.

A média nos valores de OD encontrada para a montante do córrego do Caju

foi 2,69 mg/L, onde o valor máximo registrado foi de 3,8 mg/L em julho de 2010 e o

mínimo 1,46 mg/L em junho de 2010. (Tabela 15)

Tabela 13: Estatística descritiva dos resultados de OD (mg/L)

Ponto de Amostragem

Média Máximo Mínimo Desvio Padrão

Montante 2,69 3,8 1,46 0,91

Jusante 4,43 7,28 1,2 2,28

75

Após o lançamento do efluente da ETE, os valores de OD tiveram média de

4,43 mg/L. A Resolução nº 357/2005 do CONAMA estabelece que a concentração

de OD, em qualquer amostra, não seja inferior a 5 mg/L O2, para rios de classe 2.

Observou-se que nos meses de abril, maio e julho os valores encontrados estavam

abaixo do estabelecido pela Resolução. (Figura 38)

Figura 38: Variação dos valores de OD (mg/L) a montante e jusante do lançamento

comparado com a legislação (Conama 357/2005)

4.3.4. Melhoria na qualidade de vida

Conforme já discutido nos capítulos anteriores os objetivos de uma ETE por

si só já visam melhorar a qualidade de vida da população atendida e vizinha.

Com o projeto de revitalização implantado na ETE Lagoa Encantada o lugar

passou a ser uma área de lazer e para prática de exercícios da comunidade.

Diariamente o local recebe centenas de pessoas, fazendo caminhada, seja pela manhã

ou final da tarde, se exercitando nos equipamentos de ginásticas instalados na área,

ou mesmo apenas de passagem, já que o local serve de interligação entre os setores 4

e 5 do bairro CPA III.

O indicador para avaliação do impacto na qualidade de vida definido foi

“Número de usuários/dia” da aeróbica realizada no estacionamento (Figura 39). O

monitoramento indicou que em média 42 pessoas freqüentaram as atividades da

aeróbica (Tabela 16), o que se contabiliza por mês uma média de 336 usuários.

76

Tabela 14: Monitoramento de freqüentadores da Aeróbica

Dia Pessoas

04/10 40 20/10 45

25/10 50 03/11 35

Total 170

Figura 39: Atividades físicas na Lagoa - aeróbica

Comparando-se com a população total atendida pela ETE (42300 hab),

observa-se que esse número ainda é muito pequeno, cerca de 0,8%, comparecendo a

esta atividade especificamente.

No entanto o que mais se destaca, é que, pode-se dizer que o número de

pessoas que freqüentam o espaço da Lagoa ao menos para caminhada é bastante

grande, que se feito um monitoramento poderia se verificar que mais pessoas estão

tendo alguma influência na sua qualidade de vida devido as atividades físicas

realizadas no local.

É importante frisar que, conforme citado anteriormente, muitas pessoas veem

o complexo da Lagoa apenas como para área de lazer e atividades físicas, segundo as

pesquisas realizadas por Brito et. al. (2010) e Aquino et. al. (2009).

O local gratuito, mais próximo para realização de atividades físicas é o

Parque Massairo Okamura, localizado na área de proteção ambiental da nascente do

córrego do Barbado, próximo a Avenida Historiador Rubens de Mendonça.

Aquino et. al (2009) citam que houve relatos de pessoas que anteriormente a

revitalização da Lagoa faziam caminhada nas avenidas do bairro, o que era

77

considerado pela maioria dos idosos perigoso. Outros disseram que um local mais

tranquilo era o Parque Massairo Okamura.

Vale considerar na análise sobre este indicador a variação sazonal, lembrando

que o estudo foi feito na maioria dos dias no horário de verão e em período de pouca

chuva em Cuiabá, o que pode ter influenciado os resultados.

4.2.5. Envolvimento em Educação Ambiental

Por meio do projeto Implantação do Centro de Referência de Reuso da Água

– CRRA, foram realizados dois grandes eventos, no período de estudo (Jan-

Jul/2010).

O primeiro evento realizado foi o Seminário “Água – Sabendo Aproveitar não

vai Faltar!” em comemoração ao Dia Mundial da Água (22 de março). Os objetivos

do evento foram mostrar as diversas formas de reuso e aproveitamento de água, bem

como a abordagem da importância do uso consciente da água tratada. As Figuras 40

e 41 mostram algumas ações deste evento.

O Seminário foi realizado durante os dias 18 a 20 de março de 2010.

Simultaneamente a Prefeitura Municipal de Cuiabá realizou o evento chamado

“Prefeitura em Movimento”. Durante este evento houve também a inauguração da

obra do Mirante, integrante do complexo da Lagoa.

Foram realizadas palestras, apresentações de trabalhos acadêmicos, oficinas, e

atividades diversas, como teatro e gincana da água. No evento foram abordados

conteúdos e práticas de educação ambiental princípios de cidadania, preservação

ambiental e ecologia, especificamente, sobre o sistema de tratamento por lagoas de

estabilização e reuso como alternativa de conservação de água. (CRRA, 2010).

O projeto envolveu o setor público, OSCIP - Organização da Sociedade Civil

de Interesse Público e a comunidade, com participação de 515 pessoas no Seminário,

sendo 94 capacitados de forma direta por meio de oficinas.

78

Figura 40: Estudantes participando do circuito na Lagoa

Figura 41: Maquete da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá. Fonte: CRRA

O segundo evento realizado foi a Semana do Meio Ambiente – Meio

Ambiente e Sustentabilidade, realizado nos dias 01 e 02 de junho de 2010,

Os alunos do mestrado em Recursos Hídricos da UFMT fizeram parte de um

circuito que foi percorrido pelos alunos da rede pública. O circuito era composto por

5 estações:

• Estação 1: Bacia Hidrográfica

• Estação 2: Circuito Água (Figura 42)

• Estação 3: Tecnologias de reuso e reaproveitamento de água

• Estação 4: Resíduos (Figura 43)

• Estação 5: PRAD e Legislação Ambiental

Em cada uma destas estações os mestrandos prepararam atividades e

explicações acerca dos conteúdos, bem como atividades demonstrativas.

Figura 42: Estação Água Figura 43: Alunos na Estação Resíduos

79

Ainda foram realizadas palestras sobre Água e os Conflitos Mundiais e Água,

Lixo e Cidadania. Participaram deste evento 495 pessoas, entre alunos de escolas

públicas municipais e estaduais, universitários e comunidade em geral.

Além desses dois eventos o projeto CRRA vem realizando semanalmente

desde abril a Agenda Continuada, que é uma agenda de atividades voltada a diversos

públicos, na qual são realizadas palestras, exibição de filmes, gincanas, exposição

cultural, cursos e oficinas. (CRRA, 2010).

Essas atividades procuram sempre abordar temas relacionados ao meio

ambiente. Os filmes escolhidos passam alguma mensagem positiva, com uma

discussão ao final. Nas oficinas é possível obter uma complementação de fonte de

renda, como é o caso das oficinas de reaproveitamento de óleo para produção de

sabão e reciclagem de garrafas pet, além de minimizar danos ao meio ambiente. A

gincana ecológica teve como objetivo promover recreação às crianças associado à

consciência ambiental.

Entre os meses de abril a julho 688 pessoas participaram das atividades da

Agenda Continuada. Em uma avaliação do projeto percebe-se que houve uma adesão

gradual do público. A tabela 17 mostra um resumo do número de pessoas envolvidas

nas atividades de educação ambiental realizadas na Lagoa Encantada.

Tabela 15: Pessoas envolvidas em educação ambiental

Atividade Número de participantes

Seminário “Água sabendo aproveitar não vai faltar!” 515

Semana do Meio Ambiente – Meio Ambiente e Sustentabilidade 495

Agenda Continuada 688

Total: 1698

Fazendo-se o comparativo deste número, com a população total atendida, que

é de 42300 habitantes, percebe-se que aproximadamente 4% da população já

participou de algum evento realizado na Lagoa.

A educação ambiental, no desenvolvimento de uma conscientização

ambiental é um processo lento e difícil, que demanda dedicação e continuidade.

Além de envolver conceitos mais amplos como a ética e costumes adquiridos ao

longo do tempo. O projeto de implantação do CRRA, através de suas atividades vem

80

buscando aplicar os princípios básicos gerais da educação ambiental que são a

sensibilização, compreensão, responsabilidade, competência e cidadania. (SMITH,

apud SATO, 2003).

A educação ambiental é uma ferramenta utilizada na Lagoa Encantada no

intuito de realizar uma real interação com a comunidade atendida, que muitas vezes

desconhece que o local é uma ETE, conforme pode ser observado no questionário

aplicado aos moradores. Com a área da Lagoa se tornando uma estação-escola

espera-se que essa interação seja ainda maior, já que as novas atividades a serem

realizadas (reuso, wetlands, análises laboratoriais, etc.) servirão para que não só

estudantes, e até mesmo a comunidade em geral possam se aproximar e estudar na

prática conceitos antes vistos somente em sala de aula, ou até mesmo desconhecidos.

Com relação ao uso da educação ambiental em estações de tratamento de

esgoto, uma das pioneiras nesse campo a ETE Jales, localizada em Jales-SP e

operada pela SABESP – Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, já

obtém alguns resultados positivos. Na área da ETE foi desenvolvido um projeto

paisagístico, com plantio de mudas produzidas em um viveiro instalado na ETE, o

que tornou o lugar mais agradável, além disto, o local recebe visita de escolas,

população, possui uma horta orgânica, e tanque de peixes com água de uma nascente,

sendo os peixes doados para uma associação.(CORDEIRO, et. al. 2007)

Ainda em São Paulo a SABESP implantou um Programa de Educação

Ambiental nas ETEs Suzano, Barueri, Parque Novo Mundo, São Miguel e ABC.

Com isso vem realizando um trabalho de informação e conscientização à população a

respeito do “ciclo da água”, estimulando a formação de atitudes pró-ativas para a

preservação do meio ambiente e a compreensão dos processos envolvidos,

especificamente afastamento, tratamento e disposição final dos esgotos.

(CARVALHO, et. al, 2000).

Outras empresas de saneamento também têm implantado programas de

educação ambiental, mesmo que de maneiras diferentes essas iniciativas mostram

que a tendência é que a educação ambiental esteja cada vez mais associada às

atividades do saneamento ambiental.

81

4.2.6. Vegetação (recuperação de áreas degradadas)

A vegetação é importante para a manutenção da qualidade ambiental de uma

determinada área, pois protege o solo contra erosão, reduz o fluxo das águas

superficiais, dificulta o assoreamento dos cursos d’água e além de trazer benefícios

paisagísticos.

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD da área do complexo

da Lagoa Encantada (Figura 44) tem como objetivo a melhoria do meio biótico,

possibilitando a restauração e manutenção dos processos ecológicos.

Visa também a recuperação das áreas de preservação permanente (APP) do

córrego do Caju, dentro do complexo da Lagoa. Definidas pelo Código Florestal

Brasileiro (Lei 4771/1965) como áreas de grande importância ecológica, cobertas ou

não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,

proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas, as APPs do córrego

do Caju sofreram grande degradação devido a retirada da cobertura vegetal, não só

na área da Lagoa, mas em toda sua extensão.

Segundo a Resolução CONAMA n° 303, de 20 de março de 2002, em seu art.

3º, constitui APP a área situada:

I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção

horizontal, com largura mínima, de:

a) Trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura;

b) Cinqüenta metros, para o curso d’água com dez a cinqüenta metros de largura;

c) Cem metros, para o curso d’água com cinqüenta a duzentos metros de largura;

d) Duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a seiscentos metros de

largura;

e) Quinhentos metros, para o curso d’água com mais de seiscentos metros de

largura;

II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio

mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia

hidrográfica contribuinte;

III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:

82

a) Trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;

b) Cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d’água com até

vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros;

IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura

mínima de cinqüenta metros,

Esses foram os requisitos legais aplicáveis ao impacto de recuperação de

áreas degradas na área da Lagoa.

Figura 44: Implantação do PRAD na área da Lagoa Encantada

Outro aspecto importante, é que com a descaracterização desta APP, há um

maior carreamento de sólidos para dentro do córrego, e o solo friável e exposto as

intempéries, o que pode ocasionar processos erosivos.

Na área da ETE pode-se verificar a presença de alguns processos erosivos,

apesar destes não serem significativos conforme constataram Lanoa et. al. (2010), em

um trabalho para identificação de ocorrências erosivas e pontos de assoreamento do

córrego do Caju. Segundo Casara et. al. (2009), ao estudar a mesma área, a litologia

do local composta por filito e metarenito juntamente com a composição do solo

atribui à área de estudo baixa suscetibilidade à instalação de processos erosivos,

tendo ocorrência de sulcos rasos e duas ravinas, sendo uma no estágio mais evoluído.

O número de espécies encontradas na área da lagoa foi de 34. A área total do

complexo é de 31,77 ha, sendo que 14 ha são de lâmina d’água. Então para o uso no

indicador considera-se apena 17,77 ha. A lista das espécies encontra-se no Anexo 5.

O roteiro de implantação do PRAD, estabelecido pela SEMA – Secretaria de

Estado de Meio Ambiente, estabelece a necessidade recuperação de uma área de 7

ha, em um período de 5 anos. Então o indicador obtido mostra que 39% da área está

degradada.

83

4.4. ANÁLISE SOBRE OS INDICADORES

O quadro 7 mostra um resumo sobre os indicadores obtidos.

Quadro 7: Quadro-resumo sobre os Indicadores Ambientais utilizados Indicador

Comentários

Índice de Resíduos Sólidos

47

Os resíduos gerados na estação que mais impactam o meio ambiente são os resíduos do tratamento preliminar e o material sobrenadante acumulado nas lagoas sendo destinados ao aterro sanitário e disposição no solo respectivamente. A disposição no solo é que mais preocupa devido as características da escuma e o solo não preparado para receber este material que pode vir a contaminar o solo. Outro aspecto importante é a necessidade de um plano de gerenciamento destes resíduos, visto a dificuldade de se mensurar tais impactos e a quantidade de resíduos gerada.

Índice de Incômodo causado pelos odores

43

Os odores produzidos na estação estão causando menos impacto na população vizinha devido a instalação dos aeradores e da manutenção da área. Porém vale ressaltar, que muitos moradores ainda reclamam de odores desagradáveis, conforme apontou o questionário aplicado junto aos moradores em que 62% dos entrevistados sentem algum incômodo com os odores.

OD no ponto de lançamento

4,43 mg/L

Este indicador mostrou que o lançamento não está atendendo aos padrões estabelecidos pela legislação vigente, que é de < 5mg/L. Porém ao observar as características do corpo receptor a montante percebe-se que nesse caso o córrego está bastante degradado, antes mesmo do lançamento.

Eficiência do sistema em termos de remoção de remoção da DBO

79%

A eficiência do sistema mostrou-se próxima do que é recomendado na literatura, na faixa entre 80-90% de remoção da DBO. Bem como os outros parâmetros analisados DQO e E. coli.apresentaram resultados satisfatórios., com eficiências de 73% e 99,99% respectivamente. No entanto a concentração de DQO, ainda é bastante elevada, 199,42mg/L, para os níveis aceitáveis de legislação de outros estados como em Minas Gerais (limite de 90mg/L).

Número de usuários/dia 42(un)

O número de freqüentadores por dia do espaço é muito grande. E a procura foi aumentando no decorrer do tempo. Esse indicador serviu para se ter uma noção dessa quantidade. Porém ao se verificar as demais atividades desenvolvidas na área observou-se um elevado número de usuários.

84

Continuação do Quadro 7

Número de pessoas envolvidas em cursos e programas de educação

ambiental

1698 (un)

O projeto de implantação do Centro de Referência de Reuso de Água vem realizando diversas atividades voltadas à educação ambiental. Estas ações têm grande importância no sentido de aplicação de conceitos e teorias de preservação e conservação do meio ambiente, e também para a interação com a comunidade atendida pela estação.

Número total de espécies

34 (un)

Considerando a área de 17,77 ha foram encontradas e catalogadas 35 espécies vegetais. Em atendimento ao PRAD serão recuperados 7 ha, ou 39% desta área. As mudas estão sendo produzidas no viveiro da estação e também através de doações do Ministério Público. Essa recuperação será benéfica para o solo, para a qualidade da água do córrego do Caju, e até mesmo servindo como barreira natural no controle de odores.

Área degradada 39%

Após a validação de conteúdo realizada por especialistas da área, os

indicadores foram assim classificados em ordem de pontuação:

1. Eficiência do sistema;

2. Índice de Resíduos Sólidos;

3. Índice de incômodo;

4. OD no ponto de lançamento;

5. Número de pessoas envolvidas em educação ambiental;

6. Área degradada;

7. Número de espécies;

8. Número de usuários/dia;

Percebe-se que as questões relacionadas ao tratamento do esgoto em si, ainda

são vistas como prioridade pelos especialistas. E as questões de lazer e atividades

físicas menos importante segundo os mesmos.

Ao definir os indicadores para este estudo buscou-se uma maneira de avaliar

o desempenho da estação em todas as suas atividades e, sobretudo avaliar os

impactos aos recursos naturais e a população vizinha. Esses indicadores podem vir a

servir de base para a elaboração de um relatório de sustentabilidade pela Sanecap.

Vale destacar que essa é uma tendência já adotada por grandes empresas de diversos

setores, inclusive do saneamento.

85

Os indicadores aqui definidos, não se enquadram como indicadores de

sustentabilidade, que conforme visto anteriormente compreendem informações

relativas às várias dimensões do desenvolvimento sustentável: econômicas, sociais,

ambientais e institucionais.. Nesse caso o objetivo principal dos indicadores foi a

mensuração dos impactos ambientais, entretanto em essência os indicadores apontam

também a sustentabilidade de cada ação.

É importante que na elaboração desse relatório, por exemplo, sejam

adicionados outros indicadores, para uma melhor caracterização, promovendo a

integração dos aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Geralmente os indicadores utilizados nos relatórios de sustentabilidade,

analisam a sustentabilidade do tipo “passiva”. Exemplos de indicadores incluem:

cobertura (% da população com acesso a tratamento), remoção de nutrientes (fósforo,

nitrogênio), eliminação de patógenos (agentes patogênicos - % de remoção), o custo

do tratamento. (MURRAY, et. al, 2009).

Entretanto, os esgotos podem ser valiosos recursos, se geridos

adequadamente, com a reutilização dos efluentes, energia e resíduos. Assim a análise

de sustentabilidade deve envolver tanto a sustentabilidade “passiva”, e a

sustentabilidade "ativa", para avaliar como o sistema de saneamento está

contribuindo ou agregando valor ao ambiente local, bem-estar social, e economia.

(MURRAY, et. al, 2009).

Essa já é uma tendência internacional que se pode observar nos trabalhos

desenvolvidos na Europa (Suécia) e Ásia (China). (MURRAY, et. al, 2009; PALME

& TILLMAN, 2008)

A eficiência do uso de indicadores depende de como estes são aplicados.

Deve-se buscar não apenas monitorar ou identificar problemas, mas também

estabelecer metas para melhoria no desempenho.

O anexo 6 traz uma lista de indicadores ambientais recomendados para

avaliar o desempenho da estação de tratamento, inferindo-se a sustentabilidade.

86

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Ao longo deste trabalho pode-se observar a importância que a Estação de

Tratamento de Esgoto do CPA III – Lagoa Encantada possui no contexto em que se

insere. Com o processo de revitalização que a estação passou nos últimos anos, o

local passou a ser uma área de lazer, com estrutura para o turismo, atividades físicas

e educação ambiental.

As mudanças realizadas na estação proporcionaram algumas melhorias no

sistema de tratamento e também uma aceitação por parte da comunidade, que se

mostrou bastante interada de todo o processo, conforme pode ser observado na

pesquisa de opinião realizada. Esses avanços ocorrem no sentido de minimizar os

impactos causados pela estação tanto ao meio ambiente, devido ao descaso com a

operação do sistema e gestão da área da ETE como um todo, e a população vizinha

que era prejudicada por esses impactos.

A definição e análise dos indicadores ambientais possibilitaram o

conhecimento da magnitude de cada impacto ambiental, ou possível impacto, de

todas as atividades realizadas na ETE.

Os impactos causados mais preocupantes estão relacionados a operação do

sistema. Apesar dos indicadores de eficiência do tratamento de esgoto terem sido

satisfatórios, partindo das características do corpo receptor, com qualidade

comprometida, é possível verificar que o lançamento do efluente tem baixo impacto

sobre o córrego uma vez quem deve-se tomar medidas mitigadoras a montante da

ETE.

Há a necessidade de se melhor gerenciar os resíduos sólidos do tratamento,

que são os mais impactantes, principalmente o material sobrenadante que é disposto

no solo, podendo ocorrer contaminação. E com relação ao odor, deve-se buscar

alternativas para minimizá-lo visto que ainda se tem muitas reclamações a respeito.

87

Ainda são observados alguns impactos negativos, e os indicadores os

caracterizaram quantitativamente. Mas ressaltam-se que as grandes mudanças

ocorridas, por ser um projeto novo, com responsabilidade social e ambiental, e esse

novo modelo de gerenciamento integrado com a comunidade, não só a quantidade,

mas a qualidade também é muito importante, como no caso dos impactos positivos

em que foram mensurados os participantes de cursos, eventos e freqüentadores do

espaço da Lagoa.

Dentre os indicadores ambientais definidos os mais significativos segundo a

opinião dos especialistas foram: Eficiência do sistema, Índice de Resíduos Sólidos,

Índice de incômodo causado pelos odores. Essa validação permitiu identificar a

opinião de profissionais e pesquisadores acerca da avaliação dos impactos

ambientais.

O conhecimento e entendimento da comunidade no que diz respeito a estação,

é um fator muito importante e que deve ser ainda mais difundido, haja vista que

muitas pessoas desconhecem que a Lagoa Encantada é uma estação de tratamento de

esgoto. Apesar de as mudanças causadas pelo projeto de revitalização ser mais

estéticas é preciso essa divulgação para que haja uma maior aceitação.

O cenário futuro da ETE tende a ser ainda mais inovador, com implantação

do CRRA e do reator anaeróbio. Com isso, as novas tecnologias de tratamento e o

reuso do efluente, tendem a trazer ainda mais notoriedade para a ETE. É claro que

este novo sistema também irá ter outros aspectos ambientais, tais como geração de

gases e lodo, que devem ser bem gerenciados a fim de minimizar os possíveis

impactos.

Este trabalho consiste em uma ferramenta importante para divulgação das

informações acerca da Lagoa Encantada na comunidade em geral, e para a

gerenciadora dando suporte na identificação dos principais problemas decorrentes

das atividades desenvolvidas na estação, além de servir como base para a

implantação de um sistema de gestão ambiental na ETE.

88

Diante do exposto, seguem algumas recomendações:

• Elaborar um plano de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos

na estação;

• Identificar lançamentos pontuais no córrego do Caju a montante para

solucionar os problemas de qualidade de água da microbacia.

• Realizar monitoramento das emissões atmosféricas para mitigação de

odores desagradáveis;

• Instalar mais placas de informações, apontando que o local é uma

estação de tratamento;

• Implantar roteiro de educação ambiental para efetiva participação da

comunidade escolar e em geral;

• Utilização dos indicadores ambientais (Anexo 6) para elaboração de

um Relatório de Sustentabilidade;

• Dar continuidade nas pesquisas científicas, a fim de se aprofundar e

divulgar a experiência, dificuldades e desafios encontrados, tornando

a estação realmente uma referência não só a nível local.

89

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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97

7. ANEXOS

ANEXO 1: Aplicação de Indicadores

ANEXO 2: Lista de espécies encontradas na área da ETE

98

ANEXO 1

Propostas para indicadores de desempenho ambiental de diversas instituições/entidades

Instituição Foco Concepção Usuário Abrangência Indicado Aplicação Quanto à ADA

OCDE S

Baseia-se no modelo Pressão (das atividades

humanas)-Estado (do meio ambiente)-Resposta (da

Sociedade)

Países membros da

OCDE

Efeito Estufa, Camada de Ozônio, Eutrofização, Emissões Acidificantes,

Contaminação Tóxica, Meio ambiente Urbano,

Biodiversidade, Resíduos, Água, Florestas, Pesca, Solo

QL QN

Requer adaptação e seleção de unidades

Os indicadores sozinhos não Permitem uma ADA.

Refletem condições externas à organização. Requer IDAs

adicionais

UNCSD S Baseia-se numa lista de indicadores testados voluntariamente

Países das Nações Unidas

Efeito Estufa, Camada de Ozônio, Meio ambiente Urbano, Biodiversidade,

Agricultura (Fertilizantes/Pesticidas), Água, Florestas, Pesca, Zona Costeira,

Solo

QN

Há definição das unidades, propósito, relevância e padrões

recomendados

Idem OCDE.

WBSCD S

Baseia-se na relação valor do produto ou serviço x influência ambiental para definição dos indicadores.

Qualquer organização industrial

Produtos/Serviços, Vendas Líquidas, Energia,

Materiais, Água, Efeito Estufa, Camada de Ozônio,

Emissões Acidificantes, Resíduos, Resultados Líquidos

QN Há definição dos

métodos de medição e a fonte de dados

Requer IDAs adicionais; faltam indicadores de biodiversidade, conformidade e treinamento

GRI S

Baseia-se em indicadores absolutos (senso de escala)

e relativos (para comparação entre organizações)

Qualquer organização industrial

Materiais, Energia, Efeito Estufa, Camada de Ozônio,

Biodiversidade, Água, Ar, Fornecedores, Produtos e Serviços, Conformidade, Transporte, Investimentos

QL QN

Alguns IDAs são subjetivos

e difíceis de medir

Requer IDAs adicionais;faltam indicadores da comunidade, atendimento, emergências,

treinamento.

DJSGI S

Baseia-se na avaliação da Sustentabilidade

Corporativa, afetando a reputação da empresa.

Qualquer organização

Efeito Estufa, Água, Energia, Resíduos

QL QN

Não há definição dos métodos de medição e

a fonte de dados.

Os IDAs quantitativos são insuficientes,

sendo necessário IDAs adicionais

99

ETHOS RS

Baseia-se num modelo de autoavaliação e aprendizagem das

empresas

Qualquer organização

Comprometimento com a melhoria da qualidade ambiental,

Educação Ambiental, Gerenciamento dos

Impactos de produtos e serviços, Materiais

QL QN

Simples e fáceis de aplicar

Os IDAs ilustram o Desempenho Ambiental geral. São apropriados para avaliações comparativas

entre empresas.

IBASE RS

Baseia-se na demonstração dos investimentos

ambientais internos e externos à empresa

Qualquer organização

Resíduos, Efluentes, Educação Ambiental,

Despoluição, Conservação de Recursos Ambientais

QN Há instruções para determinação dos

IDAs

Os indicadores expressam resultados gerais; são ilustrativos e informativos para a sociedade.

Não são apropriados para a gestão c/ a melhoria contínua.

ISO DA

Estabelece critérios para Avaliação do Desempenho Gerencial, Operacional e

de Condição Ambiental da

empresa

Qualquer organização industrial

Políticas/Programas, Conformidade, Desempenho Financeiro, Relação com a Comunidade, Materiais Energia, Equipamentos,

Produtos/Serviços, Resíduos, Ar, Solo, Água, Flora, Fauna,

População

QL QN

Oferece um grande número

de exemplos de indicadores,

com diferentes graus de aplicabilidade.

Os exemplos da Norma constituem a lista

mais completa de indicadores para ADA.

FIESP DA

Baseia-se na norma ABNT NBR

ISO 14031, no GRI e em trabalhos já realizados por

algumas empresas.

Qualquer organização industrial

Energia, Água, Materiais, Custo do Processo,

Resíduos, Ar, Conformidade, Biodiversidade

QL QN

Os IDAs são relativamente fáceis

de aplicar. Há indicação das

unidades a serem adotadas.

A lista de IDAs é orientativa. A empresa deve desenvolver seus próprios indicadores conforme

sua especificidade e necessidades.

Não há IDAs relacionados c/ treinamento e comunidade

100

ANEXO 2

Espécies encontradas na área da Lagoa Encantada

NÚMERO NOME POPULAR NOME CINETÍFICO 1 Tarumã Vitex montevidensis

2 Gonçaleiro Astronium fraxinifolium

3 Nim Azadirachta indica

4 Ipê branco Tabebuia roseo Alba

5 Angico branco Anadenanthera colubrina

6 Periquiteira Trema micrantha

7 Aricá Physocalymma scaberrimum

8 Cumbarú Dipteryx alata

9 Cabelo-de-negro Erythroxylum suberosum

10 Chá-de-Frade Casearia sylvestris

11 Cipó tripa de galinha Bauhinia glavra

12 Amescla Trattinnickis cf. burseraefolia

13 Coração-de-negro Coccoloba mollis

14 Pipera Pipera spp

15 Mama-cadela Brosimum gaudichaudii

16 Chico magro Guazuma ulmifolia

17 Santa Bárbara Melia azedarach

18 Gonçaleiro Astronium fraxinifolium

19 Paineirinha Calotropis sp

20 Louro Cordia glabrata

21 Pau-terra Qualea grandiflora

22 Lixeira Uratela americana

23 Timbó Mascagnia sp

24 Goiabeira Psidium guajava

25 Figueira Ficus spp

26 Sucupira preta Bowdichia virgilioides

27 Veludo branco Guettarda viburnoides

28 Paina Erioteca pubescens

29 Algodão-do-cerrado Cochlospermum regium

30 Açoita cavalo Luehea grandiflora

31 Peroba Aspidosperma macrocarpon

32 Sete casca Samanea inopinata

33 Farinha seca Albizia hasslerii

34 Ximbuva Enterolobium contortisiliquum

101

8. APÊNDICES

APÊNDICE 1: Questionário aplicado com os moradores do entorno da ETE

APÊNDICE 2: Mapa de aplicação dos questionários

APÊNDICE 3: Validação de Conteúdo

APÊNDICE 4: Proposta de indicadores de desempenho

102

APÊNDICE 1

Questionário com moradores do entorno da Lagoa Encantada Este questionário tem como objetivo avaliar a satisfação dos moradores no entorno da Lagoa além de avaliar o efeito do odor nos receptores. Os resultados desse levantamento serão utilizados para elaboração de uma dissertação de mestrado da UFMT.

Bairro: ______________Setor____________ 1) Qual sua satisfação com o espaço da lagoa? ( ) Muito Bom ( ) Bom ( ) Médio ( ) Ruim

2) Quais os pontos negativos que você observa na Lagoa¹ ___________________________________________________________________ 3) Com relação ao odor, você sente algum odor proveniente da lagoa? ( ) Sim ( ) Não 4) Qual a intensidade do cheiro? ( ) Muito fraco ( ) Fraco ( ) Forte ( ) Muito forte 5 ) Qual o horário em que o odor é mais forte? ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( ) O dia todo. 6) Com que frequência você percebe o odor proveniente da Lagoa? ( ) Raramente ( ) Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Mensalmente 7) Você sente algum sintoma ou consequência devido a esses odores? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? ________________________________________________________ 8) Observando estas figuras, como você se sente com relação ao odor proveniente da Lagoa?

103

APÊNDICE 2

104

APÊNDICE 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

Mestranda: Heloisa Pimpão

Validação de Conteúdo – Indicadores Ambientais

Você deve julgar cada indicador atribuindo uma resposta de acordo com a seguinte escala:

Indicador Concordância/discordância

Índice de Resíduos Sólidos

Índice de Incômodo causado pelos odores

Eficiência do sistema em termos de remoção de remoção da DBO

OD no ponto de lançamento

Número de usuários/dia

Número de pessoas envolvidas em cursos e de programas educacionais ambientais

Número total de espécie/área

Área degradada

Comentários:

Concordância/discordância

1 – Não importante

2 – Pouco importante

3 - Importante

4 – Muito importante

5 – Extremamente importante

105

APÊNDICE 4

Proposta de indicadores Indicadores de Desempenho de Gestão – IDG

Implementação de política e programas

• Número de iniciativas de prevenção da poluição implementadas;

• Grau de escolaridade dos funcionários; • Número de funcionários que participam de

treinamento ou que possuem requerimento ambiental em sua descrição de trabalho;

Conformidade

• Número de multas e penalidades ou reclamações e os custos a elas atribuídos;

• Licenças ambientais obtidas; • Certificação ambiental obtida; • Conformidade com padrões de lançamento

Desempenho financeiro

• Custo anual por habitante servido por tratamento de esgoto;

• Custo anual por tonelada de DBO removida; • Investimentos em ações compensatórias; • Especulação imobiliária na área em torno;

Relações com a comunidade

• Número de programas educacionais ambientais fornecidos a comunidade;

• Número de iniciativas locais de limpeza ou reciclagem patrocinados;

• Índice de aprovação em pesquisas na comunidade; • Número de reclamações;

Indicadores de Desempenho Operacional – IDO Materiais • Quantidade de cal/m³ de esgoto tratatado;

Energia • Consumo energético por volume de esgoto tratado

(KWh/m³) • Quantidade de energia/ano;

Instalações físicas e equipamentos

• Área total da ETE; • Funcionamento do aerador;

Produto • Eficiência do sistema; • Perspectivas de reuso;

Indicadores de Condição Ambiental – ICA

Ar • Odor medido a uma determinada distância da ETE;

Água • IQA do córrego Cajú; • OD no ponto de lançamento;

Flora • Número total de espécies/área; • Concentração de fitoplâncton/clorofila a jusante;

Solo • Taxa de erosão; área afetada; Resíduos • Quantidade total gerada