universidade estadual de ponta grossauepg.br/denge/eng_seg_2004/tcc/tcc 26.doc · web...

62
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CAMILA MARSZALECK JORGE LUIZ DA SILVEIRA FILHO DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE: UM ESTUDO COMPARATIVO PONTA GROSSA

Upload: nguyenlien

Post on 12-Feb-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSASETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CAMILA MARSZALECKJORGE LUIZ DA SILVEIRA FILHO

DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE: UM ESTUDO COMPARATIVO

PONTA GROSSA2005

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

CAMILA MARSZALECK

JORGE LUIZ DA SILVEIRA FILHO

DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE:

UM ESTUDO COMPARATIVO

Monografia apresentada como requisito para

a obtenção do titulo de Especialista em

Engenharia de Segurança do Trabalho, do

Curso de Especialização em Engenharia de

Segurança do Trabalho, do Setor de

Ciências Agrárias e de Tecnologia da

Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Orientadora: Profª Esp. Susana Bastos

Martins Mikowski

PONTA GROSSA

2005

2

2

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

RESUMO

O trabalho tem por objetivo comparar duas instituições de saúde, um hospital privado e unidade de saúde pública localizados na cidade de Curitiba-pr, desde a sua produção até sua destinação final acompanhando algumas das suas etapas (coleta e transporte interno, armazenamento e transporte externo). A priori foi feita uma explanação geral de todos os resíduos existentes em estabelecimentos de saúde. Também foram classificados segundo seu potencial infectante. Apresentamos algumas formas de destinação final deste resíduo que, apesar de não fazer parte de nossa análise, é de extrema importância para que o ciclo de gestão do resíduo se complete. Para tanto apontamos aspectos positivos e negativos de cada sistema. Ao final, concluímos que ambas as instituições são semelhantes no que diz respeito aos procedimentos, diferenciando-se nos equipamentos utilizados, já que a verba disponível para cada instituição é muito divergente.

Palavras – chave: Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde, processo, estudo

comparativo.

3

3

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................9

2.1 HISTÓRICO......................................................................................................9

2.2 O RESÍDUO SÓLIDO DE SERVIÇOS DE SAÚDE.........................................10

2.3 CARACTERIZAÇÃO VIROLÓGICA E BACTERIOLÓGICA DOS RSSS.........15

2.4 OS MICROORGANISMOS ENCONTRADOS EM RSSS.................................16

2.4.1 Coliformes........................................................................................................16

2.4.2 Staphylococus aureus......................................................................................16

2.4.3 Candida albicans..............................................................................................16

2.4.4 Pseudomonas...................................................................................................17

2.4.5 Vírus.................................................................................................................17

2.5 GERAÇÃO DE RSSS.......................................................................................17

2.6 MANEJO DE RSSS..........................................................................................18

2.6.1 Equipamentos de coleta interna.......................................................................19

2.6.2 Carro da coleta interna.....................................................................................20

2.6.3 Equipamento de coleta externa........................................................................21

2.6.4 Contêiner..........................................................................................................21

2.6.5 O veículo coletor...............................................................................................22

2.7 ACONDICIONAMENTO DE RSSS.................................................................24

2.7.1 Grupo A: resíduo infectante ou biológico.........................................................25

2.7.2 Grupo B: resíduos químicos.............................................................................28

2.7.3 Grupo C: resíduos comuns...............................................................................29

2.8 DISPOSIÇÃO FINAL........................................................................................31

2.9 INERTIZAÇÃO DE RSSS................................................................................32

2.9.1 Incineração.......................................................................................................32

2.9.2 Esterilização.....................................................................................................33

2.9.3 Desinfecção......................................................................................................33

3 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.............................................................34

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

4 MÉTODOS DE PESQUISA.............................................................................36

5 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................37

5.1 Unidade Pública de Saúde..............................................................................37

5.1.1 Aspectos Positivos...........................................................................................37

5.1.2 Aspectos Negativos..........................................................................................37

5.2 Unidade Privada de Saúde..............................................................................39

5.2.1 Aspectos Positivos...........................................................................................39

5.2.2 Aspectos Negativos..........................................................................................39

6 CONCLUSÃO..................................................................................................42

REFERÊNCIAS..............................................................................................................43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................................45

5

5

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

ÍNDICE DE FIGURAS

figura 1. Simbologia utilizada para distinguir os RSSS...............................................15

figura 2. (a - b) – Dois exemplos de carros de coleta interna.....................................20

figura 3. (a - c) – Veículos coletores...........................................................................23

figura 4. (a - b) – Acondicionamento de RSSS...........................................................25

figura 5. Incineração de RSSS....................................................................................33

figura 6. Aspectos positivos (a) área de disposição bem sinalizada;

(b) piso de fácil limpeza........................................................................38

figura 7. Aspectos negativos (a) carrinho de coleta de difícil manuseio;

(b) sala de materiais com saída para o esgoto.....................................38

figura 8. Aspectos positivos (a) veículo coletor de fácil manuseio confeccionado

em material leve; (b) depósito com tubulação de drenagem e piso de

fácil higienização; (c) depósito com ventilação superior.......................40

figura 9. Aspectos negativos – sala de armazenamento sem identificação................41

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 A geração de RSSS pelo mundo..................................................................18

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho é um estudo comparativo entre dois tipos de estabelecimentos de

saúde (hospital privado e unidade de saúde pública), no que diz respeito à coleta,

armazenamento e disposição final dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde

(RSSS). Ambos estão localizados na cidade de Curitiba / PR e são semelhantes nos

atendimentos que oferecem a seus pacientes: pronto atendimento, maternidade,

internação, centro cirúrgico e unidade de tratamento intensivo (UTI).

Apontamos as formas corretas de gerenciar os resíduos sólidos dos serviços de

saúde de acordo com a Resolução da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária) à qual referencia a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 306, de 7 de

dezembro de 2004 bem como as falhas detectadas nos estabelecimentos visitados.

Abordaremos aspectos significativos nesse processo, resultando num conceito geral de

cada instituição no que se relaciona com RSSS.

Optamos por este tema porque a preocupação com a segurança do trabalho é

um fato recente no âmbito mundial e vem se aprimorando ao longo do tempo. Apesar

das leis de segurança e higiene do trabalho serem criadas diretamente para o

funcionário, o importante é se pensar que não apenas ele vai se beneficiar das

mesmas, mas também o empregador, que terá na integridade física e mental de seus

funcionários uma forma de preservar um “bem” tão valioso como os recursos humanos

de sua empresa.

O meio ambiente interage com o ser humano, devendo então ocorrer harmonia

entre as duas partes. A crescente poluição do ar, das águas e dos solos é preocupante,

e por isso deve ser tratada de modo especial. Como os resíduos sólidos de serviços de

saúde são responsáveis por considerável parte desta poluição, tornou-se assunto do

trabalho que aqui se apresenta.

Apresentamos medidas que evitam a agressão ao meio ambiente e contribuem

para a preservação da saúde dos seres que usufruem dele, pois como qualquer

7

7

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

processo natural, o gerenciamento de resíduos está governado por um conjunto de leis,

sendo que o primeiro poderia resumir-se na seguinte frase: “Eu sou, portanto eu

contamino”. (SCHNEIDER, 2001, p.3)

A grande questão deste estudo é: os resíduos sólidos hospitalares vêm sendo

coletados, armazenados e depositados de maneira correta?

Foram comparados um caso de serviço público de saúde e um serviço particular

e sugerimos melhorias, quando necessárias, no que diz respeito à coleta,

armazenamento e disposição final dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde

(RSSS).

Com a finalidade de situar o leitor nas partes que compõem o trabalho

apresentamos uma síntese de cada parte do trabalho:

Fundamentação Teórica: Apresentamos um breve histórico contemplando os

primórdios da segurança no trabalho, definição de resíduo de saúde e suas

classificações, a geração, o manejo, o acondicionamento, disposição final e a possível

inertização do RSSS.

Caracterização da Pesquisa: o leitor tem neste capitulo uma visão da estrutura

dos estabelecimentos analisados, contando com a localização, capacidade de

pacientes, produção diária de resíduos sólidos, justificativa da pesquisa e a metodologia

adotada.

Métodos de Pesquisa: quais os encaminhamentos para a coleta de dados e para

a obtenção dos resultados. Procedimentos, e caracterização dos instrumentos

utilizados para a coleta de dados.

Análise dos Dados: apresentamos os aspectos positivos e negativos de cada

instituição no que diz respeito à coleta, armazenamento e disposição final dos Resíduos

Sólidos dos Serviços de Saúde (RSSS).

8

8

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRICO

Durante milênios, não se tomava qualquer cuidado com a saúde dos

trabalhadores. Os primeiros registros da preocupação com a saúde dos trabalhadores

datam do século XVI, mas o principal marco ocorreu em 1700 com a publicação da obra

De morbis artificum diatriba, de Ramazzini. (PACHECO JR., 1995, p. 13)

O grande desenvolvimento veio, entretanto, a partir da Revolução Industrial onde

foram criadas as primeiras leis trabalhistas visando proteger o ser humano. Isso porque

a falta de segurança das primeiras máquinas e o ruído provocado por elas, ocasionava

muitos acidentes e doenças ocupacionais, trazendo prejuízos aos industriais que

tinham nos recursos humanos sua principal riqueza.

No Brasil, as relações com higiene e segurança do trabalham chegaram

tardiamente. O decreto 5452/43, de 1943, baseada na Carta del Lavoro italiana,

regulamenta a segurança do trabalho além de transformar os sindicatos em entidades

de direito público. Em 1978, a portaria 3214, instituiu 28 Normas Regulamentadoras,

com o intuito de normatizar tecnicamente aspectos relacionados à área de medicina e

segurança do trabalho. (ARCURI et al, 1996, p.21)

Além das Normas Regulamentadoras, a Carta Constitucional de 1988 traz a CLT

(Consolidação das Leis Trabalhistas) que apresenta basicamente a legislação

correspondente à medicina e segurança do trabalho.

Ao longo do tempo, mudou-se a visão de higiene e segurança do trabalho. Os

problemas começaram a ser vistos de maneira globalizada, preocupando-se agora com

segurança, saúde e meio ambiente.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

2.2 O RESÍDUO SÓLIDO DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Os resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS) representam uma pequena

parcela de todos os resíduos gerados pela sociedade. Apesar disso, seu alto poder

infectante, pode causar diversas doenças, por isso devem ser tratados com maior

cuidado.

Estes resíduos gerados podem ser desde resíduos inofensivos, como entulhos

da construção civil, até resíduos perigosos, como sangue contaminado com HIV ou

hepatite. No Brasil, existem três classificações relacionadas ao tratamento dos

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde. A ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas), através da NBR 12808/1993 dividiu os resíduos hospitalares em três grupos:

infectante, especial e comum.

De acordo com o Reforsus (Reforço à Reorganização do Sistema Único de

Saúde) de 2000, esta classificação não está de acordo com a Resolução 358/05

CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), não devendo, portanto, ser utilizada

como referencial para adoção de classificação. De acordo com a mesma fonte, as

normas da ABNT servem de suporte para a preparação de um plano de gerenciamento

de resíduos de serviços de saúde, mas, por serem elaboradas por uma instituição

privada, só têm valor legal se forem contempladas por alguma legislação. Em caso de

discordância entre a norma e a lei, prevalece a última.

O CONAMA, através da Resolução 358/2005, trabalha com a existência de cinco

grupos: A – resíduos com risco biológico, B – resíduos com risco químico, C- rejeitos

radioativo, D – resíduos comuns e E – resíduos perfuro cortantes. Além disso, há a

Resolução da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com a RDC 306/2004,

considerada por muitos como branda em relação às demais, ela classifica os RSS em

cinco grupos: A - potencialmente infectantes, B - químicos, C - radioativos, D - comuns

e E – perfurocortantes. Até esta data, o Ministério da Saúde solicitava que os

estabelecimentos de saúde utilizassem a classificação do CONAMA. No mês seguinte,

após a entrada em vigor da resolução, foi concedido um prazo de um ano para que os

mesmos se enquadrassem a suas exigências.10

10

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

I - GRUPO A:

Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características

de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

a) A1

1. culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos

biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou

atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou

mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética;

2. resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou

certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com

relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente

que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja

desconhecido;

3. bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por

contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas

oriundas de coleta incompleta;

4. sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,

recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo

sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

b) A2

1. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem

como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de

microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram

submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica;

c) A3

11

11

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

1. peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais

vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade

gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não

tenha havido requisição pelo paciente ou familiares;

d) A4

1. kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;

2. filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de

equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

3. sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e

secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de

conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco

de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne

epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido

ou com suspeita de contaminação com príons.

4. resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro

procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo;

5. recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não

contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

6. peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de

procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação

diagnóstica;

7. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem

como suas forrações; e

8. bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

12

12

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

e) A5

1. órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e

demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com

suspeita ou certeza de contaminação com príons.

II - GRUPO B:

Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública

ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade e toxicidade.

a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos;

imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando

descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de

medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos

medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações;

b) resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais

pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes;

c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; e

e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da

ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

III - GRUPO C:

Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos

em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da

Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN e para os quais a reutilização é

imprópria ou não prevista.

13

13

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

a) enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios de

pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de

medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade superior

aos limites de eliminação.

IV - GRUPO D:

Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao

meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

a) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de

vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de

venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

c) resto alimentar de refeitório;

d) resíduos provenientes das áreas administrativas;

e) resíduos de varrição, flores, podas e jardins; e

f) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

V - GRUPO E:

Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas,

escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas

de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e

todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta

sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

Os RSSS podem apresentar três tipos de riscos (BIDONE, 2001, p.7):

Manipulação: atinge a saúde ocupacional de quem manipula este resíduo, tais como ferimento com agulhas ou materiais perfuro-cortantes, contato com sangue infectado e produtos químicos; Infecção hospitalar: pode ser causada pelo desequilíbrio da flora

14

14

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

bacteriana do corpo do paciente, despreparo dos profissionais, instalações inadequadas, gestão dos resíduos feita de maneira incorreta; Meio ambiente: a disposição irregular provoca a proliferação de vetores e a conseqüente contaminação de solos, água e atmosfera.

A norma que regulamenta a simbologia utilizada para distinguir os RSSS entre os

outros tipos de resíduos e até uns dos outros é a NBR 7.500/2005. Esta norma

estabelece os símbolos convencionais e seu dimensionamento, para serem aplicados

nas unidades de transporte e nas embalagens para identificação dos riscos e dos

cuidados a serem tomados no manuseio, transporte e armazenagem, de acordo com a

carga contida. A Figura 1 apresenta os símbolos de resíduos (a) biológico, (b) tóxico, (c)

radioativo e (d) reciclável. Os resíduos perfurocortantes seguem a mesma simbologia

dos resíduos biológicos.

(a) (b) (c) (d)

figura 1. Simbologia utilizada para distinguir os RSSS

(a) Grupo A: Resíduo Biológico; (b) Grupo B: Resíduo Tóxico; (c) Grupo C: Rejeito Radioativo; (d) Grupo D: Resíduo Reciclável

2.3 CARACTERIZAÇÃO VIROLÓGICA E BACTERIOLÓGICA DOS RSSS

O maior problema existente nos RSSS é certamente a presença de bactérias

patogênicas e vírus. Algumas doenças como salmonelose, tuberculose, disenteria

amebiana, infecções por estafilococos e estreptococos, febre tifóide, infecções de trato

urinário, hepatite e difteria, podem ser adquiridas através da associação dos resíduos

hospitalares com o meio ambiente. (SAITO, 1996, p. 10)

15

15

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

O contato com seres patogênicos pode se dar por contato direto com resíduo ou

mesmo pela presença de microorganismos no ar. O grau de contaminação vai

depender do tipo de resíduo gerado, do estado em que se encontra, e até mesmo do

clima do dia em que foi colocado em contato com o meio a ser contaminado.

2.4 OS MICROORGANISMOS ENCONTRADOS EM RSSS

Há série de microorganismos encontrados em RSSS. Saito (1996, p.10)

classifica alguns deles.

2.4.1 Coliformes

Os coliformes indicam contaminação fecal, e apesar de não serem patogênicos,

servem como medida indireta da presença de bactérias entéricas patogênicas. Os

estreptococos ocorrem aproximadamente com a mesma freqüência dos coliformes

porém com crescimento inferior.

2.4.2 Staphylococus aureus

Este é um dos microorganismos patogênicos mais importantes na infecção

hospitalar. É difundido por partículas de poeira. É uma bactéria causadora de condições

supurativas, furúnculo, carbúnculo, impetigo infantil e abscessos internos em adultos.

2.4.3 Candida albicans

Fungo patogênico comumente encontrado na pele, nas membranas, mucosas,

oral e vaginal ou nas fezes. As espécies da cândida albicans causam graves infecções,

especialmente nas membranas mucosas (vulvovaginite), na pele (candidíase cutânea)

e nos pulmões (candidíase pulmonar).

2.4.4 Pseudomonas

Este gênero é responsável por inúmeros tipos de infecções tais como: infecções

no trato urinário, infecções secundárias em pacientes com queimaduras graves, bem

como diarréias infantis.16

16

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

Os três últimos microorganismos citados são denominados oportunistas, já que

infectam pacientes cuja resistência a infecções esteja reduzido por alguma outra

doença.

2.4.5 Vírus

Em relação aos vírus pouco se conhece sobre sua persistência nos RSSS

porque o trabalho de identificação destes microorganismos apresentam inúmeras

dificuldades, como presença de desinfectantes nos resíduos, teor de umidade variável,

PH e natureza do conteúdo dos resíduos.

2.5 GERAÇÃO DE RSSS

A evolução da medicina e a crescente preocupação com a higiene fazem com

que, cada vez mais, sejam produzidos materiais descartáveis nos serviços de saúde.

Além disso, a concentração demográfica em áreas urbanizadas e o aumento da

expectativa de vida da população, segundo o Ministério da Saúde, que também

contribuem para uma maior geração de RSSS.

A quantidade de RSSS gerado em uma unidade de saúde depende da área de

atuação do mesmo, seus procedimentos internos, o tipo de alimentação utilizada.

Então, para que haja um parâmetro, a média de resíduo gerado em um dado

estabelecimento é calculado segundo o número de leitos que ele acomoda.

17

17

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

Tabela 1 A geração de RSSS pelo mundo

País Ano do Estudo

Geração (kg / leito / dia)

Mínima Média MáximaChile 1973 0,97 1,21

Venezuela 1976 2,56 3,10 3,71

Brasil 1978 1,20 2,63 3,80

Argentina 1982 0,82 4,20

Peru 1987 1,60 2,93 6,00

Argentina 1988 1,85 3,65

Paraguai 1989 3,00 3,80 4,50

Fonte: Scheineider apud Monreal, 1993

Entretanto, é necessário ressaltar que esta média de geração de RSSS não se

aplica à farmácias, ambulatórios, postos de saúde, consultórios, clínicas. Para tais

estabelecimentos cabe um estudo caso a caso.

A resolução do CONAMA n o. 358/05 é bastante claro no que diz respeito à

responsabilidade dos resíduos RSSS: “A responsabilidade dos resíduos gerados nos

estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, é do gerador, desde a geração até

a destinação final”. Entretanto, somente no ano de 2004 foi colocada em prática a lei n º

9605 publicada no Diário Oficial da União em 12 de fevereiro de 1998, que obriga

(mediante multa ao não cumprimento) os estabelecimentos de saúde em fazer a coleta

e destinação final do RSSS. Anteriormente a esta medida, a coleta era realizada pelas

prefeituras que transportavam este resíduos à locais comuns, que recebiam também o

lixo doméstico, não tendo portanto qualquer tipo de tratamento específico.

2.6 MANEJO DE RSSS

O manejo de RSSS também segue a resolução do CONAMA n o. 358 de

29/04/2005 e a NBR 12809/ 1993.

18

18

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

2.6.1 Equipamentos de coleta interna

Os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) especificados devem ser os

mais adequados para lidarem com resíduos de serviços e devem ser utilizados de

acordo com as recomendações desta Norma.

Uniformes: Deve ser composto por calça comprida e camisa com manga,

no mínimo de ¾, de tecido resistente e de cor clara, específico para uso do

funcionário do serviço, de forma a identificá-la de acordo com sua função.

Luvas: Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, de

preferência branca, antiderrapantes e de cano longo. Para os serviços de

coleta interna I, pode ser admitido o uso de luvas de borracha, mais flexíveis,

com as demais características anteriores.

Botas: Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes de cor clara, de

preferência branca, com cano ¾ e solado antiderrapante. Para os funcionários

de coleta interna I, admite-se o uso de botas impermeáveis e resistentes, ou

botas de cano curto, com as demais características já descritas.

Gorro: Deve ser de cor branca, e de forma a proteger os cabelos.

Máscara: Deve ser respiratória, tipo semifacial e impermeável.

Óculos: Deve ser lente panorâmica, incolor, ser de plástico resistentes,

com armação flexível, proteção lateral e válvulas para a ventilação.

Avental: Deve ser de PVC, impermeável e de médio comprimento.

É importante ressaltar que todos os EPI utilizados por pessoas que lidam com

resíduos de serviços de saúde têm que ser lavados e desinfectados diariamente;

sempre que ocorrer contaminação por contato com material infectante, os EPI’s devem

ser substituídos imediatamente e enviados para lavagem e higienização. Além disso, as

características que são recomendadas para os EPI’s devem atender às normas do

Ministério do Trabalho.

19

19

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

2.6.2 Carro da coleta interna

O carro que fará a coleta interna dos resíduos deve atender às seguintes

exigências.

a) ser estanque, constituído de material rígido, lavável e impermeável de

forma a não permitir vazamento de líquido, com cantos arredondados e dotado

de tampas;

b) identificação pelo símbolo de “substância infectante”;

c) uso exclusivo para a coleta de resíduos;

d) volume máximo de transporte:

carro de coleta interna I – até 100 L;

carro de coleta interna II – até 500 L.

(a)

(b)

figura 2. (a - b) – Dois exemplos de carros de coleta interna.

Fonte: DUDAS, L. (2001)

20

20

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

2.6.3 Equipamento de coleta externa

Uniformes: Deve ser composto por calça comprida e camisa com manga,

no mínimo de ¾, de tecido resistente e de cor clara, específico para uso do

funcionário do serviço, de forma a identificá-lo de acordo com a sua função.

Luvas: Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, de

preferência branca, antiderrapante e cano longo.

Botas: Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, de

preferência branca, com cano ¾ e solado antiderrapante.

Colete: Deve ser de cor fosforescente para o caso de coleta noturna.

Boné: Deve ser de cor branca e de forma a proteger os cabelos.

2.6.4 Contêiner

O contêiner deve atender ao seguinte:

ser constituído de material rígido, lavável, de forma a não permitir vazamento de

líquido, e com arredondados;

possuir tampa articulada ao próprio corpo do equipamento;

ser provido de dispositivo para drenagem com sistema de fechamento;

ter rodas do tipo giratório, com bandas de rodagem de borracha maciça ou

material equivalente;

ser branco, ostentando em lugar visível o símbolo de “substância infectante”,

conforme modelo e especificação determinados pela NBR 7500.

A tampa do contêiner deve permanecer fechada, sem empilhamento de recipiente

sobre esta.

21

21

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

Imediatamente após o esvaziar o contêiner, este deve sofrer limpeza e

desinfecção simultânea.

O efluente de lavagem do contêiner deve receber tratamento, conforme exigências

do órgão estadual de controle ambiental.

2.6.5 O veículo coletor

O veículo coletor fará o transporte do resíduo do seu local de armazenamento até

sua destinação final. Deve possuir as seguintes características:

ter superfícies externas lisas, de cantos arredondados e de forma a facilitar a

higienização;

não permitir vazamento de líquido, e ser provido de ventilação adequada;

sempre que a forma de carregamento for manual, a altura da carga deve ser

inferior a 1,20 m;

quando possuir sistema de carga e descarga, este deve operar de forma a não

permitir o rompimento dos recipientes;

quando forem utilizados contêiners, o veículo deve ser dotado de equipamento

hidráulico de basculamento;

para veículo com capacidade superior a 1,0 t, a descarga deve ser mecânica;

para veículo com capacidade inferior a 1,0 t, a descarga pode ser mecânica ou

manual;

o veículo coletor deve contar com os seguintes equipamentos auxiliares: pá,

rodo, saco plástico de reserva, solução desinfetante;

devem constar em local visível o nome da municipalidade, o nome da empresa

coletora (endereço e telefone), a especificação dos resíduos transportáveis, com

o número ou código estabelecido na NBR 10004, e número do veículo coletor;

22

22

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

ser de cor branca;

ostentar a simbologia para o transporte rodoviário.

Em caso de acidentes de pequenas proporções, a própria guarnição deve retirar

os resíduos do local atingido, efetuando a limpeza e desinfecção simultânea, mediante

o uso de equipamentos auxiliares mencionados no item que descreve os equipamentos

de coleta externa.

(a)

(b)

(c)figura 3. (a - c) – Veículos coletores.

Em (a) caminhão coletor, em (b) detalhes do caminhão coletor e em (c) automóvel coletor. Fonte: DUDAS, L.

23

23

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

Em caso de acidente de grandes proporções, a empresa e/ou administração

responsável pela execução da coleta externa deve notificar imediatamente os órgãos

municipais e estaduais de controle ambiental e de saúde pública.

Ao final de cada turno de trabalho, o veículo coletor deve sofrer limpeza e

desinfecção simultânea, usando-se jato de água, preferencialmente quente e sob

pressão.

O efluente proveniente da lavagem e desinfecção do veículo coletor deve ser

encaminhado para tratamento, conforme exigências do órgão estadual de controle

ambiental.

Os EPI’s dos funcionários que efetuam a lavagem e desinfecção dos veículos

coletores devem ser os mesmos equipamentos utilizados na coleta interna,

acrescentando-se capacete plástico.

2.7 ACONDICIONAMENTO DE RSSS

Todo estabelecimento de saúde deve ter um local de armazenamento

intermediário. Ele deve ser semelhante ao local final de armazenamento.

O transporte interno deve ser feito através de carrinhos fechados, leves e

construídos de tal forma que as paredes e tampa sejam lisos e impermeáveis para que

seja fácil a sua desinfecção.

Este transporte é feito em rota específica e planejada, de tal forma que evite a

circulação do mesmo pela cozinha, dispensa, sala de espera, sala de visita e

instalações sanitárias.

O local de armazenamento e o carrinho de coleta devem ser limpos e

desinfetados todos os dias.

O local de armazenamento deste lixo deve ser um local frio e seco, contendo

paredes espessas, isoladas termicamente, impermeáveis e lisas, o piso deve ser

24

24

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

impermeável e liso contendo um sistema de drenagem interna e interligado a rede

coletora de esgoto com o intuito de facilitar a desinfecção. Tubos de queda são

proibidos.

Este local deve ser adequadamente planejados, centrais, que facilite o acesso

dos carros de transporte interno e sua desinfecção deve ser feita periodicamente.

(a) (b)

figura 4. (a - b) – Acondicionamento de RSSS.

Em (a) em carros de coleta interna e em (b) e depósito. Fonte: DUDAS, 2001.

Quanto à separação dos resíduos dentro das classes (A - potencialmente

infectantes, B - químicos, C - radioativos, D - comuns), devem ser embaladas de formas

distintas entre si para a fácil identificação de funcionários e pessoal de coleta.

A seguir serão descritas as formas de acondicionamento de cada classe e sub-

classe de RSSS, de acordo as Resoluções 358/05 do CONAMA.

2.7.1 Grupo A: resíduo infectante ou biológico

A1: Material biológico

Sólido: após tratamento prévio dos resíduos, usar saco plástico impermeável e

resistente, de cor branca leitosa com simbologia de resíduo infectante.

25

25

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

Líquido e semi-líquido: Acondicionar em recipiente apropriado para autoclavação

e, após tratamento prévio, identificar e acondicionar em saco plástico de cor branca

leitosa, com simbologia de resíduo infectante; ou conter os resíduos em frasco

inquebrável e acondicioná-lo em saco plástico de cor branca leitosa com identificação e

simbologia de resíduo infectante.

A2: Sangue e hemoderivados

Bolsa de sangue: após tratamento prévio, devem ser acondicionados em saco

plástico de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante.

Sangue e hemoderivados: Devem ser contidos em recipientes apropriados para

autoclavação e, após tratamento prévio, ser acondicionado em saco plástico de cor

branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante.

A3: Cirúrgico, anatopatológico e exsudato

Acondicionar cada grupo de resíduo separadamente, em saco plástico de cor

branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante.

Fetos Humanos sem sinais vitais (não devem ser considerados como resíduos):

saco plástico de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante e encaminhar

para sepultamento ou cremação os produtos de concepção com menos de 20 semanas

ou menos de 500g ou menos de 25cm de estatura, após registro em livro próprio.

Feto com mais de 20 semanas ou 500g de peso ou 25cm de comprimento (após

atestado de óbito) deve ser sepultados ou cremados.

Órgãos e membros amputados (verificar aspectos culturais e religiosos): saco

plástico de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante e encaminhar para

sepultamento, conforme legislação especifica.

Placenta: saco plástico de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo

infectante.

26

26

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

Resíduo de pequenas cirurgias ou anatopatológicos (peças anatômicas curativos

compostos de tecidos, com sangue e outros líquidos resultante de pequenas cirurgias,

drenagens, necropsia, biopsia realizadas em órgãos e peças anatômicas) saco plástico

de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante.

A4: Material Perfurocortante

Acondicionar em recipiente rígido, resistente, impermeável, identificado pela

simbologia de resíduo infectante, com tamanho compatível com a quantidade de

resíduo produzido, o número previsto de coleta e, quando cheio sem sobrecarga, deve

ser devidamente fechado e acondicionado em saco plástico de cor branca leitosa para

facilidade de transporte e identificação.

As agulhas não devem ser destacadas das seringas com as mãos, nem

reencapadas, a fim de evitar contaminação do pessoal e garantir a segurança do

manipulador. É recomendável a retirada mecânica das agulhas ou a adoção do sistema

de trituração das agulhas, em equipamentos específicos para esta finalidade.

Frascos de vacinas vazios, seringas e agulhas utilizadas em processos de

imunização devem ser acondicionados como perfurocortantes após a autoclavação.

A5: Animais contaminados

Pequenos animais: Acondicionar em duplo saco plástico de cor branca leitosa,

com simbologia de resíduo infectante.

A6: Assistência do paciente

Sobras de alimentos: Restos alimentares considerados contaminados devem ser

acondicionados saco plástico de cor branca leitosa, com simbologia de resíduo

infectante e não devem ser misturados com as sobras de preparo de alimentos,

considerados resíduos comuns.

Fluidos corpórios: resíduos líquidos e pastosos, compostos por fluidos corpórios

e secreções, devem ser acondicionados em embalagens apropriadas para

27

27

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

autoclavação e, após tratamento prévio, devem ser acondicionados em saco plástico de

cor branca leitosa, com simbologia de resíduo infectante.

Urina e fezes: devem ser direcionados para rede coletora e tratamento público de

esgoto, depois de atendidos os padrões de lançamento estabelecidos pelo órgão

competente. Na inexistência do sistema público, direcionar os resíduos para tratamento

no próprio estabelecimento, obedecendo à legislação.

2.7.2 Grupo B: resíduos químicos

B1: Citostáticos e antineoplásicos

Acondicionar os resíduos citostáticos ou antineoplásicos, de forma correta

conforme o grupo de resíduo.

Acondicionar o material usado no preparo de citostáticos e antineoplásicos em

duplo saco plástico de cor branca leitosa, suficientemente resistente, disponível nas

unidades de enfermaria e recolhido em recipiente rígido com tampa, selado, etiquetado

e com indicação do risco potencial existente: “Cuidado, quimioterapia, tóxico”.

Acondicionar os resíduos citostáticos ou antineoplásicos em duplo saco plástico

de cor branca leitosa, com indicação do resíduo e dos riscos.

Acondicionar separadamente os resíduos perfurocortantes em recipientes

rígidos, fechados, colocados em saco plástico de cor branca leitosa, com identificação.

Absorver o resto de drogas ou medicamentos dentro de ampolas em uma gaze

ou algodão e acondicioná-los com os resíduos citostáticos ou antineoplásicos e as

ampolas junto com os perfurocortantes.

Descartar as luvas para manuseio de resíduos tóxicos, no recipiente para

resíduos existente dentro da câmara de fluxo laminar.

Retirar imediatamente e descartar como resíduo químico o capote descartável

que receber derramamento ou salpico de citostáticos ou antineoplásicos e, no caso de

28

28

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

capote não descartável, colocar em saco plástico de cor branca leitosa, rotulando com

os dizeres “Material contaminado”.

B2: Resíduos perigosos

Acondicionar em recipiente rígido e estanque, com tampa de fechamento

hermético, compatível com as características físico-químico da substancia a ser

descartada, identificada de forma visível com o nome do conteúdo e suas principais

características e adotando, sempre que possível, sua minimização.

B3: Resíduos e produtos

Acondicionar em recipiente rígido e estanque, com tampa de fechamento

hermético, compatível com as características físico-químico do resíduo do produto a ser

descartado identificado de forma visível com o nome do conteúdo com suas principais

características.

B4: Rejeito Radioativo

Acondicionar conforme resolução da Comissão Nacional de Energia Nuclear, a

CNEN-NE-6.05 e volume próprio, tendo como referencia a publicação do Centro de

Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear através da CDTN nº857/99 - gerência de

rejeitos radioativos de serviços de saúde.

2.7.3 Grupo C: resíduos comuns

C1: Administrativos, embalagens diversas, restos de preparos de alimentos,

resíduos de limpeza de jardim

Acondicionar em saco plástico de cor clara e diferente da cor branca leitosa,

conforme norma técnica da SLU (Superintendência de Limpeza Urbana) e da ABNT e

legislação pertinente (no caso, CONAMA 358/05).

Acondicionar em recipiente com tampa (lixeira), forrado com saco plástico de cor

clara, preferencialmente da mesma cor do recipiente.

29

29

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

2.8 DISPOSIÇÃO FINAL

A última etapa do gerenciamento de RSSS é a disposição final, sendo esta talvez

sua etapa mais importante. A Resolução CONAMA n o. 358/05 define sistema de

disposição final de resíduos sólidos como “o conjunto de unidades, processos e

procedimentos que visam ao lançamento do resíduo no solo, garantindo-se a proteção

da saúde pública e conduzindo à minimização do risco à saúde pública e ao meio

ambiente”.

Atualmente são utilizados basicamente quatro métodos de disposição final de

RSSS: aterro comum, aterro controlado, aterro sanitário e vala séptica; os quais serão

comentados, segundo Andrade, 1996.

Aterro comum: é caracterizado pela simples descarga de resíduos sem

qualquer tratamento, também denominados lixões.

Aterro controlado: é uma variável da prática do lixão, em que os

resíduos recebem uma cobertura diária de material inerte. Esta cobertura

entretanto é realizada de maneira aleatória, não resolvendo de maneira

satisfatória os problemas de poluição gerados pelos resíduos sólidos urbanos,

uma vez que os mecanismos de formação de líquidos e gases não são

levados a termo.

Aterro sanitário: processo utilizado para disposição de resíduos no solo,

particularmente os resíduos domiciliares, que fundamentado em critérios de

engenharia e normas operacionais específicas, permite uma confinação

segura em termos de controle de proteção ambiental e proteção ao meio

ambiente.

Vala Séptica: é uma variável do aterro controlado, utilizada

especificamente para disposição de RSSS, onde os resíduos são dispostos

em uma vala comum e recebem uma camada selante de cal virgem e sobre

esta o recobrimento diário com material inerte, geralmente solo.30

30

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

É válido ressaltar que para que o RSSS possa ser disposto em qualquer local

dos acima citados, é necessário que haja um inertização do mesmo.

2.9 INERTIZAÇÃO DE RSSS

2.9.1 Incineração

A incineração consiste na oxidação dos materiais, a altas temperaturas, sob

condições controladas, convertendo materiais combustíveis (RSSS) em materiais não-

combustíveis (escórias e cinzas) com a emissão de gases. (SCHNEIDER, 2001, p. 85)

Se forem atendidas as necessidades de projeto e operação considera-se este o método

mais adequado para eliminação de microorganismos patogênicos. Comumente trata-se

toda queima como incineração, entretanto tal processo refere-se à combustão efetuada

em incineradores de câmaras múltiplas, contando com um controle de combustão feito

através de um rigoroso monitoramento.

Tratando-se de RSSS, este processo é bastante indicado, principalmente no que

diz respeito ao tratamento de resíduos infecciosos, patológicos e perfurocortantes,

podendo torná-los inócuos com eficácia.

O desempenho do incinerador está diretamente relacionado com o tipo de

material e a quantidade que está inertizando. É capaz de reduzir em 90 e 95% do

volume original sendo também considerado com disposição final.

Os tipos de incineradores mais utilizados no tratamento de RSSS são os

incineradores de ar controlado, de câmaras múltiplas e fornos rotativos. Os dois últimos

têm sido preteridos pela excessiva emissão atmosférica.

31

31

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

figura 5. Incineração de RSSS.

Fonte: DUDAS, 2001

2.9.2 Esterilização

A esterilização é o procedimento utilizado para a completa destruição de todas

as formas de vida microbiana, com o objetivo de evitar infecções e contaminações

devido ao uso de determinados artigos hospitalares.

Existem diversos tipos de esterilização: esterilização a vapor, esterilização por

radiação ionizante, esterilização a seco ou inativação térmica, esterilização por gases,

esterilização com vapor e microondas e esterilização por plasma. (SCHNEIDER, p 79)

2.9.3 Desinfecção

É o processo que elimina a maioria ou todos os organismos patogênicos, exceto

os esporos bacterianos de superfície inanimada. (SCHNEIDER, p 83)

Entre os tipos de desinfecção pode-se citar: desinfecção por microondas,

desinfecção química e desinfecção mecânica química.

32

32

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

3 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Quanto ao objetivo, trata-se de uma pesquisa exploratória (primeira aproximação

de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. É quase

sempre feita como levantamento bibliográfico, entrevista com profissionais que atuam

na área, visitas a web, sites,). Quanto ao procedimento de coleta, trata-se de um estudo

de caso (seleciona-se um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe

os aspectos característicos. O caso se destaca por se constituir como uma unidade

dentro de um sistema mais amplo. O interesse incide no que ele tem de de único, de

particular. Quando queremos estudar algo que tenha um valor em si mesmo, devemos

escolher o estudo de caso. Os estudos de caso visam a descoberta; enfatizam a

interpretação em contexto; buscam retratar a realidade de forma completa e profunda,

usam uma variedade de fontes de informação; revelam experiência vicária e permitem

generalizações naturalísticas; representam diferentes conflitantes pontos de vista

presentes numa situação; utilizam nos relatos linguagem e forma acessíveis de

apresentação dos resultados). Quanto à fonte de informação, é uma pesquisa de

campo (lugar natural onde acontecem os fatos e fenômenos. Recolhe os dados in

natura, em observação direta, levantamento ou estudo de caso).

Foi realizado um estudo comparativo entre dois tipos de estabelecimentos de

saúde: um hospital privado e uma unidade de saúde pública (da prefeitura). Ambos

localizam-se na cidade de Curitiba/PR. A pedido das instituições não serão revelados

seus nomes.

Apresentamos no referencial teórico os procedimentos corretos, conforme as

normas vigentes da CONAMA (358/05) e ANVISA (RDC 33/04). Posteriormente

apontamos os erros e acertos encontrados em cada estabelecimento de saúde.

A unidade privada possui 100 leitos, dos quais 8 são da Unidade de Tratamento

Intensivo. O estabelecimento tem capacidade para 20 cirurgias / dia e conta com pronto

socorro, maternidade e recentemente foi implementada uma UTI neonatal que já é

referência no estado. Em visita ao local levantamos, junto ao funcionário chefe de

33

33

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

segurança do trabalho do estabelecimento, uma produção de meia tonelada de

resíduos sólidos por dia (estimativa que inclui resíduos não infectantes).

A unidade de saúde pública possui 30 leitos e uma Unidade de Tratamento

Intensivo. O estabelecimento tem capacidade para 6 cirurgias / dia e conta com pronto

socorro e maternidade. Em visita ao local levantamos, junto à enfermeira chefe do

estabelecimento, uma produção de 200 Kg de resíduos sólidos por dia (estimativa que

inclui resíduos não infectantes).

Com um roteiro mental para verificação da gestão dos RSSS e pontos para

observação pré determinados, optamos em comparar uma unidade pública e uma

privada por se tratar de duas fontes distintas de arrecadação de verbas, qualificação e

treinamento dos funcionários serem diferentes e principalmente na sua forma de

trabalharem e de cumprirem as normas vigentes. A gestão dos RSSS é um processo

relativamente caro e portanto, os recursos financeiros disponíveis estão diretamente

relacionados com o sucesso do projeto. Um estabelecimento é publico e depende dos

governantes, que investem parte do dinheiro dos impostos da população em saúde. O

outro recebe verba dos clientes que vêem no plano de saúde privado uma garantia de

bom atendimento e segurança. A lentidão dos processos licitatórios e a grande

burocracia faz com que órgãos públicos estejam em desvantagem em relação aos

privados.

34

34

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

4 MÉTODOS DE PESQUISA

Para o desenvolvimento da pesquisa, contactamos funcionários (na unidade

privada junto ao funcionário chefe de segurança do trabalho e na unidade pública junto

à enfermeira chefe) responsáveis que, nas instituições, têm a função de organizar e

fiscalizar a gestão dos resíduos sólidos. No caso da instituição privada quem

acompanhou nossa visita e relatou os procedimentos internos, foi o chefe de segurança

do trabalho da empresa que presta este serviço no estabelecimento. Na instituição

pública de saúde quem nos acompanhou foi a enfermeira chefe, que é também

presidente da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) do hospital.

Além dos depoimentos informais dos dois funcionários citados, fotografias tiradas

nos locais ilustram o que foi visto e relatado durante as visitas.

35

35

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

5 ANÁLISE DOS DADOS

Para que fosse possível uma comparação, as duas unidades de saúde

escolhidas são de médio porte, com instalações semelhantes: pronto atendimento,

maternidade, internação, centro cirúrgico e unidade de tratamento intensivo (UTI).

5.1 UNIDADE PÚBLICA DE SAÚDE

A unidade pública atende de modo geral, as normas vigentes (CONAMA, através

das Resoluções 358/05).

5.1.1 Aspectos positivos

Os resíduos estão dispostos de maneira correta em seus sacos, devidamente

identificados. A coleta interna é feita constantemente, sem que haja acúmulo de

resíduos nos leitos. O veículo de transporte interno e o local de armazenamento interno

atendem as especificações, sendo limpos e desinfetados diariamente. Há identificação

em todos os recipientes, distinguindo a classificação do resíduo, conforme sua origem.

O local de armazenamento externo está bem localizado, construído anexo ao prédio da

unidade, de fácil acesso dos caminhões de coleta, bem sinalizado, fechado com telas,

evitando a aproximação de pessoas não autorizadas, também é limpo periodicamente.

O piso é de fácil limpeza e devidamente ventilado.

5.1.2 Aspectos negativos

Veículo de coleta interna de difícil manuseio, pelo fato de ser antigo,

confeccionado em metal. Os funcionários responsáveis pela coleta interna não utilizam

os equipamentos de proteção individual adequados (conforme item 2.6.1). A sala de

materiais apresenta saída de esgoto, contribuindo para proliferação de agentes

patogênicos, tratando-se de uma adaptação. Quanto ao transporte interno até as

lixeiras externas, nota-se que o veículo passa em frente à cozinha, caracterizando

assim, situação de risco. O piso que liga a unidade à lixeira não é adequado,

dificultando seu acesso com o veículo. O depósito externo não é ligado à rede coletora 36

36

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

de esgoto, não é estanque e as paredes não são de fácil limpeza pois não possuem

superfície lisa. Além disso, deveria ser construído no mesmo bloco da unidade de

saúde.

(a) (b)

figura 6. Aspectos positivos (a) área de disposição bem sinalizada; (b) piso de fácil limpeza.

(a) (b)

figura 7. Aspectos negativos (a) carrinho de coleta de difícil manuseio; (b) sala de materiais com

saída para o esgoto.

37

37

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

5.2 UNIDADE PRIVADA DE SAÚDE

A unidade de saúde privada visitada encontra-se em ótimas condições, com

mínimas ressalvas.

5.2.1 Aspectos positivos

Os funcionários utilizam os EPI’s adequados. Os resíduos estão dispostos de

maneira correta em seus sacos, devidamente identificados. A coleta interna é feita

constantemente, sem que haja acúmulo de resíduos nos leitos. O veículo de transporte

atende as especificações, pois é confeccionado em plástico leve em tamanho

adequado, de fácil manuseio, sendo limpo e desinfetado diariamente. Há identificação

em todos os recipientes, distinguindo a classificação do resíduo, conforme sua origem.

O local de armazenamento externo oferece fácil acesso aos caminhões de coleta, é

bem sinalizado, fechado com portas de alumínio, com ventilação superior, também é

limpo periodicamente. O piso e as paredes são de fácil limpeza. Possuem drenagem de

eventuais líquidos, ligados à rede coletora de esgoto. O pessoal que coleta e transporta

os resíduos utilizam todos os equipamentos de proteção individual. Não trafegam em

ambiente de acesso ao público e pacientes e nem próximos a locais de armazenamento

e preparo de refeições.

5.2.2 Aspectos negativos

A sala de armazenamento interno não está bem identificada, apesar da

separação entre classes estar bem definida. As lixeiras externas não são estanques,

permitindo a proliferação de mosquitos e roedores, apesar de todas as instalações

serem limpas e desinfetadas diariamente.

38

38

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

(a)

(b)

(c)

figura 8. Aspectos positivos (a) veículo coletor de fácil manuseio confeccionado em material leve; (b)

depósito com tubulação de drenagem e piso de fácil higienização; (c) depósito com ventilação

superior.

39

39

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

figura 9. Aspectos negativos – sala de armazenamento sem identificação.

40

40

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

6 CONCLUSÃO

Este trabalho comparou um estabelecimento de saúde privado e um público e

com os dados coletados e analisados concluímos, no que diz respeito à coleta e

transporte interno, armazenamento, transporte externo e disposição final, que as duas

instituições são semelhantes: limpeza periódica, coleta interna, manuseio e

armazenamento dos RSSS. Entretanto, os equipamentos utilizados por uma e outra

merecem alguns apontamentos: o órgão público re-aproveita e reforma equipamentos

defasados. São de grande ajuda, mas limitam e dificultam o trabalho do funcionário que

o manuseia, já que poderiam ser confeccionados em materiais mais leves e práticos de

higienizar como é o caso do órgão privado, que arrecada mais verbas e pode investir

em equipamentos modernos.

As maiores diferenças encontradas estão nos equipamentos utilizados por

ambos estabelecimentos e no armazenamento externo: o estabelecimento privado

segue as normas vigentes com mais afinco, pois com o não cumprimento destas a

liberação para seu funcionamento certamente estaria comprometida perante os órgãos

fiscalizadores. Já o estabelecimento público sofre uma burocracia maior na

arrecadação e rapasse de verbas, e em nossa opinião acaba operando em regime

precário com o consentimento do Estado que o rege.

.

41

41

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

REFERÊNCIAS

ARCURI, A.S.A., et al; Saúde, Ambiente e Contato Coletivo de Trabalho, São Paulo, 1996, Editora LTR.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos Sólidos: NBR 10004. Rio de Janeiro, 1987.

_____________. Resíduos de Serviços de Saúde: NBR 12808. Rio de Janeiro 1993.

_____________. Identificação Para Transporte Terrestre, Manuseio, Movimentação e Armazenamento de produtos: NBR 7500. Rio de Janeiro 2005.

BIDONE, Francisco R. A.; Resíduos Sólidos Provenientes de Coletas Especiais – Eliminação e Valorização; Rio de Janeiro; 2001; Editora RIMA, ABES 1 a. edição.

BUSCH, OLIVIA M. S.; KOVALICZN, ROSILDA A.; SANTI, VALMIR DE; Lixo Hospitalar – Normas de Manuseio; Ponta Grossa, 1991, Editora UEPG.

CAMPOS, J. L. D., CAMPOS, A.B.D, Acidentes de Trabalho, São Paulo, 1991, Editora LTR.

DUDAS, L.; Origem e Destinação dos Resíduos Sólidos; CD ROM; Curitiba, 2001; Edição NET Mídia.

PACHECO JR., W., Qualidade na Segurança e Higiene do Trabalho, São Paulo, 1995, Editora Atlas S.A.

SAITO, L. M.; Resíduos Hospitalares; São Paulo, 1987, Editora Interna da Cetesb.

SAITO, L. M.; LEÃO, M. L. G.; CASTRO NETO, P. P. DE; Resíduos Hospitalares; São Paulo, 1996, Editora Interna da Cetesb.

SCHNEIDER, V.E. et al; Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, São Paulo, 2001, Editora CLR Baleiro.

ANVISA -Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306 de 7 de dezembro de 200442

42

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

CONAMA – n º 358 de 29 de abril de 2005

Lei n.º 9.605, de 13 de fevereiro de 1998. D.O.U - Atos do Poder Legislativo

43

43

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSAuepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC/TCC 26.doc · Web viewUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANDRADE, G. N. de; Disposição Final de Resíduos de Serviços de Saúde; Curitiba, 1996, Monografia PUC-PR.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos de Serviços de Saúde: NBR 12807. Rio de Janeiro, 1993.

_____________. Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde: NBR 12809. Rio de Fevereiro 1993.

_____________. Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde: NBR 12810. Rio de Janeiro 1993.

PMC; Projeto de Implantação dos Serviços de Coleta, Transporte, Tratamento e Destinação Final Diferenciado dos Resíduos Sólidos Hospitalares no Município de Curitiba e Região Metropolitana; Curitiba, 1988; Editora Interna da PMC.

44

44