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1. INTRODUÇÃO
A globalização econômica, através da integração de mercados e liberação do
comércio internacional, é uma realidade. As condições dessa nova ordem determinam
profundas mudanças na vida das populações e principalmente sobre o mundo do
trabalho, com reflexos no próprio trabalho, níveis de emprego, meio ambiente, níveis
de saúde das populações e dos trabalhadores em particular.
As profundas mudanças observadas na organização dos processos de trabalho,
visando ao aumento da produtividade e redução dos custos e a relação trabalho-saúde
dos trabalhadores vem ganhando uma dimensão nova dentro deste processo, geralmente
não vêm acompanhadas de melhorias das condições de trabalho.
No que se refere à saúde dos trabalhadores, é importante considerar,
especificamente nos países do "terceiro mundo", a persistência de antigas formas de
produção, e processos artesanais ou mecanizados convivendo com anacrônicas relações
de trabalho: trabalho escravo, trabalho infantil, diversas formas de parceria, trabalho
informal etc. Estas antigas formas convivem também com novas tecnologias e empresas
globalizadas cujas normas e padrões são deliberadamente inferiores aos das matrizes.
A coexistência deste duplo padrão de produção se reflete no chamado duplo
perfil de morbi-mortalidade. Antigas doenças profissionais intoxicação por chumbo,
mercúrio, silicose e outras doenças pulmonares, altos índices de acidentes do trabalho -
convivem com uma alta incidência de LER (Lesões por Esforços Repetitivos), câncer e
sofrimento mental, entre outras.
É concepção dominante de que os problemas de saúde no trabalho devem-se ao
descuido dos trabalhadores quanto às normas de segurança. Traz uma abordagem
centrada na transferência de responsabilidade para o elo mais fraco do processo
produtivo, descontextualizando os aspectos estruturais do processo de trabalho e de seus
efeitos sobre o ser humano, a coletividade e o meio ambiente.
A importância das inter-relações entre trabalho, meio ambiente e saúde, assim
como seus impactos sobre a qualidade de vida da população têm sido cada vez mais
explicitados, particularmente no contexto da globalização e da reestruturação produtiva.
Do mesmo modo, as questões relativas ao meio ambiente sofrem uma
abordagem limitada e, em conseqüência, as situações de risco e os impactos ambientais
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decorrentes dos processos produtivos que afetam o conjunto dos trabalhadores e as
coletividades vizinhas, tendo seus custos transferidos para a sociedade. Nesse processo,
o trabalhador é a principal vítima das conseqüências negativas da deterioração do meio
ambiente interno e externo, sofrendo uma tripla agressão:
• Como trabalhador, ao ocupar determinada função na produção
(industrial, agrícola) ou na prestação de serviços, através da exposição a
métodos de trabalho e substâncias agressivas que contaminam o interior
das indústrias com maior intensidade em função de seu grau de
concentração mais elevado nos próprios locais de trabalho.
• Como cidadão, pela contaminação do solo, água e ar , especialmente se
residir, como ocorre freqüentemente, nas proximidades da indústria ou
das rotas de transporte dos materiais produzidos ou utilizados na
produção.
• Como consumidor, ao utilizar-se de uma série de produtos e serviços dos
quais desconhece as possibilidades tóxicas.
A proteção mais adequada do meio ambiente é aquela que concilia as exigências
da conservação da natureza com as do desenvolvimento econômico e social, dentro da
moderna concepção do desenvolvimento sustentável. Neste sentido, estes princípios
básicos devem nortear promoção do desenvolvimento sustentável e a adoção de uma
política ambiental direcionada à competitividade e não inibidora do crescimento
econômico.
Dentro deste cenário, um modelo produtivo centrado na compatibilização dos
impactos que os mesmos causam ao meio ambiente, à segurança e à saúde do
trabalhador tem tido cada vez mais uma importância crescente.
A proposta apresentada neste estudo de caso é significativa, tendo em vista que
representa uma abordagem para o gerenciamento e o controle dos recursos naturais, que
intervêm nos processos produtivos , tais como água etc..., Bem como de outras perdas
de processo, que geralmente podem ser contabilizadas como perdas de matérias primas.
A abrangência do estudo pretende estender-se até um estágio comparativo entre duas
situações de produção, sendo uma delas “gerenciada e controlada” contrastando com a
não execução destas ações.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A década de 90 caracterizou-se pelo desenvolvimento da chamada Gestão
Ambiental Privada (Magrini, 2001); onde as empresas mobilizaram-se na elaboração da
série de normas ISO 14000: SGA (Sistema de Gestão Ambiental). Tais normas têm
como finalidade prevenir danos ambientais decorrentes de processos produtivos e de
produtos colocados no mercado de consumo. Um gerenciamento referenciado em
normas técnicas, de reconhecimento nacional e internacional, implica no atendimento a
todas as exigências ambientais e permite a avaliação do desempenho do
empreendimento, além de ampliar a possibilidade de troca de experiências e o
aprimoramento de soluções (Fornasari Filho e Coelho, 2002).
A gestão ambiental visa o atendimento a requisitos ambientais; porém, o bom
desempenho de uma gestão ambiental não se esgota apenas em atendimento de
momento. O cuidado ambiental não só impõe a intenção de padrões de qualidade, mas
também o resgate de padrões anteriores à intervenção no meio e o seu aprimoramento. É
importante que a visão gerencial de uma organização contemple a perspectiva da busca
da qualidade ambiental sempre em um patamar superior e que, para tal, o desempenho
ambiental seja avaliado periodicamente, identificando-se eventuais necessidades de
reformulações no sentido da melhoria contínua (Fornasari Filho e Coelho, 2002).
Uma gestão empresarial sustentável implica na redução dos impactos ambientais
decorrentes das atividades da empresa de uma forma economicamente viável, utilizando
uma abordagem prevencionista, dentro do princípio de melhoria contínua.
Até agora, essa forma de pensamento não tem sido suficientemente explorada.
Uma abordagem sistemática de gerenciamento é uma condição sine qua non para
ampliar o escopo de disseminação dessas práticas. (Labodová, 2003).
Cabe ressaltar que, em novembro de 2004, foi lançada a ISO 14001:2004, que
substituiu a versão anterior, de 1996, clarificando alguns pontos e conceitos do texto e
alinhando esta norma com a ISO 9001:2000, facilitando, desta forma a integração dos
sistemas de gestão de qualidade e de meio ambiente.
Hillary (2003) apresenta alguns benefícios apontados por empresas européias
quanto à adoção de um SGA , baseado na ISO 14001:
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- Benefícios organizacionais: possibilidade de combinação com o Sistema de
Gestão da Qualidade baseado na ISO 9001, demonstração de responsabilidade
ambiental e manutenção da documentação legal regularizada, criação de imagem
pública positiva e melhoria da comunicação com as partes interessadas;
- Benefícios financeiros: redução de desperdício de materiais e energia, inserido
em um planejamento de eficiência energética;
- Benefícios para os empregados: melhoria das condições de trabalho e
segurança, das oportunidades de diálogo entre os colaboradores e gerentes e da
qualidade dos treinamentos e qualificação dos empregados;
- Benefícios comerciais: Ganho de novos clientes e satisfação dos já existentes,
além de descontos junto às seguradoras.
Quanto à questão da SST (saúde e segurança do trabalho) a implantação de um
sistema de gestão eficiente que contemple esses aspectos, ou seja, com as ferramentas e
o acompanhamento adequado em uma empresa possibilita à mesma atingir bons níveis
quanto aos riscos a que os trabalhadores estarão expostos, minimizando a possibilidade
de ocorrência de danos à integridade física e saúde dos mesmos. É certo, contudo, que a
simples adoção de um SGSST (Sistema de Gestão de saúde e segurança do trabalho),
não surtirá efeito imediato na redução do número e gravidade de acidentes e doenças
decorrentes do trabalho. Contudo, a sua implantação produzirá, na maioria dos casos,
uma melhoria na imagem da organização diante das partes interessadas (De Cicco,
2004c), garantindo que existe um comprometimento da alta administração para atender
às disposições de sua política e objetivos; é dada maior ênfase à prevenção do que às
ações corretivas; há um direcionamento para uma melhoria contínua do processo
produtivo quanto ao aspecto de SST.
Além do aspecto institucional, relativo à imagem da organização, com a
implantação de SGSST benefícios podem ser auferidos, do ponto de vista financeiro,
com a redução de passivos trabalhistas decorrentes de processos oriundos de acidentes e
doenças relacionados ao trabalho.
A diretriz atualmente em voga para as questões de SST é a OHSAS 18001:1999
(Occupational, Health and Safety Assessment Series), cujo significado é Especificação
para Sistemas de Gestão de Saúde Ocupacional e Segurança. Essa referência foi
elaborada com base na norma inglesa BS 8800:1996 e em outros documentos de
diversas entidades nacionais de normalização e certificadoras. Possui a vantagem de,
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como no caso da ISO 14001, ser compatível quanto à seqüência de procedimentos, à
ISO 9001.
Atualmente, a tendência quanto à implantação de sistemas de gestão em diversos
tipos de organizações empresariais é a “unificação” das diferentes áreas de
gerenciamento, passando ao chamado Sistemas de Gestão Integrados. Tal fato deve-se a
diversos fatores, como a compatibilidade das normas de referência utilizadas como
diretrizes para a implantação dos sistemas de gestão. Como já foi dito, a ISO 9001
(Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente) e OHSAS 18001 (Saúde e Segurança do
Trabalho) possuem a mesma base. As três fundamentam-se no princípio da melhoria
contínua e no ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act), como visto no trabalho de
(Labadová, 2003), onde é apresentado um modelo de integração de sistemas de gestão
de qualidade, meio ambiente, saúde e segurança do trabalho. Ela comenta que a
integração de sistemas separados é possível pela estruturação do planejamento
caracterizado pelo clássico ciclo PDCA e um sistema de análise de risco apropriado.
Entretanto, problemas específicos relacionados ao Meio Ambiente e SST devem
receber maior atenção.
O termo SGI (“Sistema de Gestão Integrado”) pode englobar diferentes facetas
da gestão corporativa. Usualmente, SGI pode ser descrito como a combinação de
gerenciamento da qualidade e do meio ambiente, mas também alguns sistemas
consistem no gerenciamento ambiental e de saúde e segurança do trabalho. Entretanto, a
combinação mais abrangente encontrada na literatura integra o gerenciamento do
processo de qualidade e meio ambiente com a gestão da saúde e segurança dos
trabalhadores, sendo esta a abordagem que está em conformidade com GQT (gestão
pela qualidade total), (Labodová, 2003).
Geralmente, as normas ISO 14001 e OHSAS 18001 têm sido utilizadas por
empresas de grande porte2. Isso se deve ao fato de que tais empresas possuem
disponibilidade de recursos financeiros e humanos para investimentos na implantação
de sistemas de gestão ambiental e de SST “certificáveis” por tais normas e diretrizes.
A atividade humana tem causado prejuízo à natureza, através dos lixos, esgotos,
dejetos químicos de industriais e de mineração sem controle.
Uma das primeiras iniciativas oficiais no Brasil, de controle emissões foi
introduzida pelo decreto 76.389 de 03/10/1975 pela presidência da república, do qual
observa-se:
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No Art. 1º :
Para as finalidades do presente Decreto, considera-se poluição industrial qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de energia ou de substância sólida, líquida ou gasosa, ou combinação de elementos despejados pelas indústrias, em níveis capazes, direta ou indiretamente, de:
I - prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - criar condições adversas às atividades sociais e econômicas;
III - ocasionar danos relevantes à flora, à fauna e a outros recursos naturais.
Art. 3º A Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA - órgão do Ministério do Interior, proporá critérios, normas e padrões para o território nacional, de preferência em base regional, visando evitar e corrigir os efeitos danosos da poluição industrial.
Parágrafo único. No estabelecimento de critérios, normas e padrões acima referidos, será levada em conta a capacidade autodepuradora da água, do ar e do solo, bem como a necessidade de não obstar indevidamente o desenvolvimento econômico social do País.
Art. 4º Os Estados e Municípios, no limite das respectivas competências, poderão estabelecer condições para o funcionamento das empresas, inclusive quanto à prevenção ou correção da poluição industrial e da contaminação do meio ambiente, respeitados os critérios, normas e padrões fixados pelo Governo Federal.
Parágrafo único. Observar-se-á sempre, no âmbito dos diferentes níveis de governo, a orientação de tratamento progressivo das situações existentes, estabelecendo-se prazos razoáveis para as adaptações a serem feitas e, quando for o caso, proporcionando alternativa de nova localização, com apoio do setor público.
Art. 5º Além das penalidades definidas pela legislação estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à prevenção ou correção dos inconvenientes e prejuízos da poluição do meio ambiente sujeitará os transgressores:
a) à restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo poder público;
b) à restrição de ilhas de financiamento em estabelecimentos de crédito oficias;
c) à suspensão de suas atividades.
Parágrafo único. A penalidade prevista na letra c do artigo anterior é da competência exclusiva do Poder Público Federal, nos casos previstos no artigo 10 deste Decreto.
Art. 6º A suspensão de atividades, prevista no artigo 52 deste decreto, será apreciada e decidida no âmbito da Presidência da República, por proposta do Ministério do Interior, ouvido o Ministério da Indústria e do Comércio.
Art. 7º Em casos de grave e iminente risco para vidas humanas e para recursos econômicos, os Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios poderão adotar medidas de emergência visando reduzir as atividades poluidoras das indústrias, respeitada a competência exclusiva do
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Poder Público Federal de determinar ou cancelar a suspensão do funcionamento de estabelecimento industrial, prevista no artigo 2º do Decreto-Lei nº 1.413, de 14 de agosto 1975.
A seguinte providencia oficial do governo ficou estabelecida pela lei 6.803 de 2/07/1980 que dispões sobre o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição , onde em seu Art. 9º. Estabelece:
Art. 9º. O licenciamento para implantação, operação e ampliação, de estabelecimentos industriais, nas áreas críticas de poluição, dependerá da observância do disposto nesta Lei, bem como do atendimento das normas e padrões ambientais definidos pela SEMA, pelos organismos estaduais e municipais competentes, notadamente quanto às seguintes características dos processos de produção:
I - emissão de gases, vapores, ruídos, vibrações e radiações;
II - riscos de explosão, incêndios, vazamentos danosos e outras situações de emergência;
III - volume e qualidade insumos básicos, de pessoal e de tráfego gerados;
IV - padrões de uso e ocupação do solo;
V - disponibilidade nas redes de energia elétrica, água, esgoto, comunicações e outros;
VI - horários de atividade.
Parágrafo único. O licenciamento previsto no <caput> deste artigo é da competência dos órgãos estaduais de controle da poluição e não exclui a exigência de licenças para outros fins.
Os últimos critérios legais a respeitodo assunto foram estabelecidos pela Lei 9.605 , de 12.02.1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas à segurança do meio ambiente. Dita lei, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, representa significaivo avanço na tutela do ambiente, por inaugurar uma sistematização das sanções administrativas e por tipificar organicamente os crimes ecológicos. Esta lei inova , também , por colocar a pessoa jurídica , como sujeito ativo do crime ecológico e os gestores da empresa podem ser acionados criminalmente1.
2.1 Controle da Poluição
O nível de controle - necessário ou imposto - é freqüentemente definido em
termos de melhor tecnologia disponível, cuja determinação depende de dois fatores
primordiais: informação disponível e condições econômicas.
Inicialmente é necessário caracterizar as diferentes formas de contaminação do
meio ambiente causada pela atividade humana. Existem essencialmente três situações
1 MILARÉ, Edis – direito do ambiente – editora revista dos tribunais – 2ª. Ed.
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de poluição, cada uma delas característica do estágio de desenvolvimento social e
industrial, de acordo com ( Braile, 1979).
- Primeiro estágio: poluição patogênica. Neste estágio, as exigências quanto à
qualidade da água são relativamente pequenas, tornando-se comuns as enfermidades
veiculadas pela água. O uso de estações de tratamento de água e sistemas de adução
podem prevenir os problemas sanitários neste estágio.
- Segundo estágio: poluição total. Este estágio define-se como aquele em que os
corpos receptores tornam-se realmente afetados pela carga poluidora que recebem
(expressa como sólidos em suspensão e consumo de oxigênio). Embora neste estágio, a
“saúde” do corpo receptor seja diretamente afetada, os prejuízos a saúde da população
podem ser reduzidos se existirem estações eficientes de tratamento de água e de esgotos.
Este estágio normalmente ocorre durante o desenvolvimento industrial e o crescimento
das áreas urbanas. A tecnologia existe como medida terapêutica. Os países que ainda
estão na fase de poluição total, podem emergir desta situação, investindo maciçamente
nas instalações de tratamento de efluentes.
- Terceiro estágio: poluição química. Este estágio somente agora está sendo
identificado. É o estágio da poluição insidiosa, causada pelo contínuo uso da água. O
consumo de água aumenta em função do aumento da população e da produção
industrial. Cada dia é maior a quantidade de água retirada dos rios e maior e mais
diversa a poluição neles descarregada. Com o aumento da reutilização da água, surgem
problemas gerados pelos sólidos dissolvidos, que podem tornar a água imprópria para os
usuários de jusante, a menos que sejam adotados métodos avançados e custosos de
tratamento de despejos e de água de abastecimento. Tais águas conterão traços de
compostos orgânicos, que poderão acarretar problemas de gosto e odor, ou outros ainda
piores à saúde. Os compostos químicos mais sofisticados (como, por exemplo, os
organofosforados, policlorados e bifenóis, usados na indústria e agricultura) causam
preocupações, uma vez que não podem ser detectados rapidamente nas baixíssimas
concentrações em que geralmente ocorrem.
O terceiro estágio de poluição está associado a uma sociedade de
desenvolvimento onde os padrões de vida estão continuamente se elevando.
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2.2 Natureza dos Despejos Industriais
Na indústria, de modo geral, a água pode ser matéria prima que se junta a outras
para criar produtos acabados, ou ser utilizada como meio de transporte, como agente de
limpeza em sistemas de refrigeração, como fonte de vapor e produção de energia (
Braile, 1979 )
2.2.1 Características Físicas
As principais características físicas das águas residuárias são: seu
conteúdo de sólidos totais, os quais são compostos de material flutuante,
material coloidal e material em solução; temperatura, cor, odor e turbidez.
2.2.1.1 Sólidos Totais
O conteúdo dos sólidos totais de um despejo é definido como toda
a matéria que permanece como resíduo após evaporação à temperatura de
103º a 105ºC. O material que possui significativa pressão de vapor nesta
temperatura é perdido durante a evaporação e não é definido como
sólido. Sólidos totais, ou resíduos da evaporação, podem ser classificados
como sólidos em suspensão ou sólidos filtráveis.
2.2.1.2 Temperatura
A temperatura das águas residuárias é um parâmetro de grande
importância devido a seu efeito na vida aquática. A elevação de
temperatura por lançamento de despejos industriais aquecidos, por
exemplo, pode causar danos à espécies de peixes existentes no curso de
água. Além disso, o oxigênio é menos solúvel em água quente do que em
água fria ( a água a 0ºC contém uma concentração de 14 mg/l de
oxigênio; a 20ºC 9 mg/l, a 35ºC menos que 7 mg/l).
A elevação da temperatura também produz estimulação das
atividades biológicas, resultando em consumo de oxigênio, justamente na
ocasião em que a água passa a conter menos esse elemento. Por isso, as
condições sanitárias dos cursos de água tendem a se agravar durante o
verão.
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Um aumento súbito na temperatura de cursos de água, por outro
lado, poderá resultar em alta taxa de mortalidade na vida aquática. Além
disso, temperaturas anormalmente, elevadas podem causar o
florescimento de fungos e plantas aquáticas indesejáveis.
2.2.1.3 Cor
A cor é provocada por corantes orgânicos e inorgânicos.
2.2.1.4 Odor
Os odores são provocados por gases produzidos pela
decomposição da matéria orgânica. São produzidos, também, por
contaminantes como o fenol, mercaptana, substâncias tanantes, etc.
2.2.1.5 Turbidez
É um outro parâmetro indicativo da qualidade de águas
residuárias com relação a material coloidal.
2.2.2 Características Químicas
Os compostos orgânicos são normalmente constituídos de uma
combinação de carbono, hidrogênio e oxigênio e, em alguns casos, nitrogênio.
Outros importantes elementos, tais como enxofre, fósforo e ferro podem
também estar presentes. Os principais grupos de substâncias orgânicas
encontrados em águas residuárias são proteínas, carboidratos, gorduras e óleos.
Além destes, as águas residuárias podem conter grande número de diferentes
moléculas orgânicas sintéticas cujas estruturas variam de simples a
extremamente complexas. Exemplos típicos são os surfactantes, fenóis e
pesticidas agrícolas. O número destes compostos aumenta anualmente, pois é
sempre maior o número de moléculas que estão sendo sintetizadas.
A presença destas substâncias vem complicando o tratamento de esgotos,
devido às fracas possibilidades de serem decompostas biologicamente.
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2.2.2.1 Conteúdo de Matéria Orgânica
2.2.2.1.1 DBO
Demanda Bioquímica de Oxigênio – O parâmetro mais
usual de medição de poluição orgânica aplicado às águas
residuárias é a DBO 5 dias (DBO5).
Esta determinação envolve a medida do oxigênio
dissolvido utilizada pelos microrganismos na oxidação
bioquímica da matéria orgânica.
A DBO é então empregada na determinação da quantidade
aproximada de oxigênio que será necessária para oxidar
biologicamente a matéria orgânica presente.
Para se obter resultados significativos, a amostra a analisar
precisa ser convenientemente diluída a fim de que nutrientes e
oxigênio estejam presentes durante o período de incubação. Caso
haja necessidade, a água de diluição é semeada com uma cultura
bacteriana à matéria orgânica presente na água. A cultura que é
utilizada para a preparação da água de diluição contém grande
número de bactérias saprófitas que oxidam a matéria orgânica.
Além disso, estas culturas contem certas bactérias autotróficas
que oxidam a matéria não carbonácea.
O período de incubação é, usualmente, de cinco dias a
20ºC, porém, pode-se usar outros períodos e temperaturas. Depois
da incubação, o oxigênio dissolvido da amostra é medido e a
DBO calculada.
A oxidação bioquímica é um processo vagaroso. Dentro
de um período de vinte dias, a oxidação é de 95 a 99% do total e
de 60 a 70% num período de cinco dias.
2.2.2.1.2 DQO
Demanda Química de Oxigênio – Este teste também é
utilizado para medir o conteúdo de matéria orgânica de águas
residuárias e águas naturais. O oxigênio equivalente da matéria
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orgânica que pode ser oxidado é medido usando-se um agente
oxidante em meio ácido (dicromato de potássio).
O teste de DQO é sobremaneira precioso na medida da
matéria orgânica em despejos que contenham substâncias tóxicas
à vida. A DQO em um despejo é, em geral, mais alta do que a
DBO, em virtude da maior facilidade com que grande número de
compostos pode ser oxidado por via química do que por via
biológica.
Para muitos tipos de despejos é possível correlacionar a
DQO com a DBO. Isto é vantajoso, pois a DQO é determinada
em apenas três horas, ao passo que a determinação da DBO leva
cinco dias.
2.2.3 Conteúdo de Matéria Inorgânica
Os principais parâmetros de caracterização dos despejos são:
2.2.3.1 PH
A concentração hidrogeniônica é um importante parâmetro
de qualidade de despejos industriais. A faixa de concentração
adequada para a existência de vida é muito estreita e crítica. Os
despejos com concentração inadequada do íon hidrogênio são
difíceis de se tratar por métodos biológicos.
2.2.3.2 Oxigênio Dissolvido
O oxigênio dissolvido é necessário para a respiração de
microrganismos aeróbios bem como outras formas aeróbias de
vida. A quantidade de oxigênio que pode estar presente na água é
regulada por vários fatores, tais como: a solubilidade do gás, a
pressão parcial do gás na atmosfera, a temperatura, salinidade,
sólidos em suspensão, etc.
Como a taxa das reações bioquímicas que utilizam
oxigênio aumenta com a elevação da temperatura, os níveis de
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oxigênio dissolvido tendem a ser mais críticos nos meses de
verão. A presença de oxigênio dissolvido em águas residuárias é
desejável por prevenir formação de substâncias mal cheirosas.
2.3 Interpretação de Analises Sanitárias de Despejos Industriais
(Segundo Braile, 1979).
2.3.1 Nível 1
Análises sanitárias (físico-químicas)
Ensaios auxiliares
Neste nível de atividade, só se pode obter uma visão genérica das
características do despejo e uma estimativa dos problemas sanitários de sua
disposição. As análises sanitárias podem, quando associadas a pequenos ensaios
auxiliares, fornecer também informações primárias sobre critérios gerais de
tratamentos possíveis para as águas residuárias.
2.3.2 Nível 2
Instalações-piloto – Neste nível de atividade estudam-se com maiores
detalhes as características dos tratamentos possíveis de serem aplicados à água
residuária. Em princípio, todos os problemas a serem enfrentados na futura
estação, deverão ser antevistos na estação-piloto, resultando os critérios de
“processo” da instalação final.
As instalações-piloto são recomendadas principalmente quando da
ocorrência de:
- despejos com processo de tratamento ainda não satisfatoriamente
conhecido;
- despejos reunidos de várias indústrias mascarando suas características
de origem;
- quando houver necessidade de grande eficiência no futuro tratamento;
- quando se prevê grande vazão de água residuária ocasionando
instalações de grande porte e alto custo.
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2.3.3 Nível 3
- Ensaios biológicos – Neste nível de atividade, procura-se estudar (por
exemplo, com uso de aquário com peixes e, se possível, com o maior número de
espécies de microflora e microfauna do futuro curso de água receptor), como o
meio biológico do futuro corpo de água receptor responderá ao lançamento da
água residuária.
Nas atividades do nível 1 reconhece-se o despejo; nas do nível 2
determina-se com detalhes o melhor método de tratamento e no nível 3 verifica-
se se ele é necessário.
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3. METODOLOGIA
1. Análise do processo produtivo – Nesta fase, foram realizados os estudos da
produção industrial, (Fluxograma do Processo de Produção de Sucos Cítricos, anexo).
2. Determinação dos pontos de coleta de amostras dos efluentes – Nesta fase,
foram escolhidos os pontos críticos de descartes, em função das suas vazões e cargas
poluidoras, (Figuras 1 e 2).
3. Coleta das amostras dos efluentes – Nesta fase, uma vez determinados os
pontos críticos foram realizadas coletas dos efluentes em horários que representavam os
valores mais desfavoráveis do ponto de vista de cargas e volumes poluentes.
4. Analises laboratoriais – Nesta fase, as amostras coletadas na planta são
encaminhadas a laboratório de analises químicas para determinação de seus parâmetros
de interesse.
5. Diagnosticar os problemas através dos resultados das análises laboratoriais –
Nesta fase, de posse dos resultados das análises, foi composto um perfil dos descartes
mais significativos do ponto de vista de poluição, que seriam tratados.
6. Elaboração de um plano de ação – A fase de estabelecimento de um plano de
ação contemplou a execução de procedimentos e um planejamento de modificações a
serem implementadas na planta.
7. Implementar o plano de ação – Uma vez elaborado o plano de ação, foi
adotado um cronograma para sua execução, envolvendo: treinamento de pessoal,
rotinas, procedimentos e modificações na planta.
8. Verificação dos resultados – Uma vez implantado o plano de ação, e após
estarem estabilizados os novos parâmetros de descartes, voltaram-se a realizar análises
sob amostragens, para verificação das modificações e impactos das medidas adotadas.
9. Padronização dos procedimentos – Nesta fase final do estudo, foram inseridos
no sistema de gestão da qualidade e meio ambiente, novos procedimentos e documentos
testemunhais (evidências), dos novos resultados obtidos. Tratou-se também de incluir
estes procedimentos no (PDCA) do sistema de gestão e melhoria contínua do processo
produtivo da empresa.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo foi realizado numa planta de produção de sucos cítricos, a
qual, foi projetada para uma capacidade de esmagamento de 150.000 caixas de laranjas
por dia. O processo é totalmente automatizado no que diz respeito as operações de
produção, existindo um sistema supervisório, dedicado a controlar os principais fluxos
e segmentos do mesmo.
O processo visa como objetivo prioritário a produção de sucos, concentrados, e
seus produtos correlatos tais como óleo da casca ( peel oil ), polpa cítrica congelada ,
óleos essenciais fases aquosa e oleosa.
Como sub-produtos e resultado do reaproveitamentos de sólidos tais como:
bagaço e casca, são gerados Óleo Delimonene , e Pellets Cítricos.
4.1 Etapas do Estudo de Gerenciamento e Perdas Industriais
4.1.1 Primeira Etapa: Diagnóstico
Na primeira etapa, através do conhecimento do lay-out da indústria, é
feito a identificação e o mapeamento de todas as linhas de água que alimentam a
indústria e os pontos de consumo das linhas que transportam os efluentes para
fora da indústria.
Os processos industriais de todos os setores produtivos da empresa são
observados, coletando-se amostras dos pontos geradores de efluentes e perdas
industriais, caracterizando-os quantitativa e qualitativamente, quanto às suas
propriedades físicas, químicas e biológicas, através da coleta e análise de
amostras no período de operação normal da indústria.
De todos as etapas do processo industrial, foram medidas as vazões nos
pontos de coleta antes da implantação do plano de ação, as quais estão
representadas na tabela 1.
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Tabela 1 - Vazões medidas antes do plano de ação
Tabela 2 - Cargas poluidoras medidas antes do plano de ação
PONTOS DO PROCESSO VAZÃO (m3/dia)
1 LAVADORES DE FRUTAS 1.400,00 2 EXTRATORAS DE SUCO 400,00 3 ELABORAÇÃO DE POLPAS 150,00 4 EVAPORADORES 325,00 5 CENTRÍFUGAS 50,00 6 ULTRAFILTRAÇÃO 104,00 7 FABRICA DE SUB-PRODUTOS 1.948,00 8 VAZÃO TOTAL 4.377,00
PONTOS DO PROCESSO
CARGA POLUIDORA (ton DQO/dia)
1 LAVADORES DE FRUTAS 2,19 2 EXTRATORAS DE SUCO 4,60 3 ELABORAÇÃO DE POLPAS 15,10 4 EVAPORADORES 40,00 5 CENTRÍFUGAS 10,95 6 ULTRAFILTRAÇÃO 1,95 7 FABRICA DE SUB-PRODUTOS 36,20 8 CARGA ORGÂNICA TOTAL DESCARTADA 110,99
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4.1.2 Segunda Etapa: Elaboração do Plano De Ação
A partir dos resultados encontrados no diagnóstico (1ª Etapa),
conjuntamente com os supervisores e responsáveis técnicos da indústria,
construiu-se um Plano de Ação para a solução das não-conformidades
encontradas, nesta etapa foram identificadas as metas possíveis de atingir, bem
como um cronograma de atividades, estimando-se um nível de investimento
para eventuais ajustes para o processo industrial.
De maneira geral, as medidas que foram sugeridas e implantadas foram
conduzidas sob a ótica de dois objetivos. Um deles foi o de reduzir a geração
dos efluentes, pela redução da vazão de águas de utilidades e o outro o de
segregação de efluentes com alto índice de carga orgânica, de modo a impedir a
sua diluição, facilitando assim o tratamento, e enquadrando-o dentro dos
parâmetros compatíveis com um grau de maior eficiência da estação de
tratamento. Obviamente que estas medidas refletiram também na utilização de
um volume menor dos recursos água e energia e produtos químicos para o
tratamento.
4.1.2.1 Águas De Limpeza
O Processo existente contemplava mangueiras de grande vazão e
baixa pressão. Foram substituídas por um sistema de limpeza com
bombas de alta pressão e bicos de alto impacto, e baixíssima vazão.
4.1.2.2 Segregação dos Efluentes
Para os efluentes de grande carga poluidora, foram criados
métodos de condução para tratamento em separado, com a instalação de
reservatórios e linhas especiais para a condução destes efluentes.
4.1.2.3 Reaproveitamento das Etapas de Limpeza do Sistema de
Evaporação – Para Geração de Suco Concentrado
Foram alterados os set-points de processo, bem como o
fluxograma de controle para acionamento de válvulas direcionadoras do
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fluxo de limpeza, de modo a realizá-las em série, com a recuperação de
soda cáustica destas vazões.
4.1.2.4 Canalização de Águas Pluviais
Foram construídas redes de águas pluviais, impedindo-as assim
de contribuir para a diluição das cargas poluidoras.
Após a implantação do plano de ação foram realizadas novas
medições nos mesmos pontos obtendo-se os valores representados na
tabela 3. Conforme pode-se observar, os valores reduziram
significativamente, 41% de redução nos lavadores de frutas, 36% de
redução nas extratoras de suco, 73% de redução na elaboração de polpas,
61% de redução nos evaporadores, 76% na redução nas centrifugas, 76%
na ultrafiltração e 32% na fabrica de sub-produtos, perfazendo um total
de 4.377 m3/dia, correspondendo a 40% de redução na planta de
produção como um todo.
PONTOS DO PROCESSO VAZÃO (m3/dia)
1 LAVADORES DE FRUTAS 820,00 2 EXTRATORAS DE SUCO 256,00 3 ELABORAÇÃO DE POLPAS 40,50 4 EVAPORADORES 126,75 5 CENTRÍFUGAS 12,00 6 ULTRAFILTRAÇÃO 24,96 7 FABRICA DE SUB-PRODUTOS 1.324,00 8 VAZÃO TOTAL 2.604,21
Tabela 3 – Vazões medidas após o plano de ação
Após a implantação do plano de ação foram realizadas novas
medições nos mesmos pontos, para carga poluidora, obtendo-se os
valores representados na tabela 4. Conforme pode-se observar, os valores
reduziram significativamente, 10% de redução nos lavadores de frutas,
40% de redução nas extratoras de suco, 25% de redução na elaboração de
polpas, 35% de redução nos evaporadores, 10% na redução nas
centrifugas, 15% na ultrafiltração e 15% na fabrica de sub-produtos,
20
perfazendo um total de 110,99 ton DQO/dia, correspondendo a 24% de
redução na planta de produção como um todo.
PONTOS DO PROCESSO
CARGA POLUIDORA (ton DQO/dia)
1 LAVADORES DE FRUTAS 1,97 2 EXTRATORAS DE SUCO 2,76 3 ELABORAÇÃO DE POLPAS 11,32 4 EVAPORADORES 26,00 5 CENTRÍFUGAS 9,85 6 ULTRAFILTRAÇÃO 1,65 7 FABRICA DE SUB-PRODUTOS 30,70 8 CARGA ORGÂNICA TOTAL DESCARTADA 84,25
Tabela 4 – Cargas poluidoras medidas após o plano de ação
-500
500
1500
2500
3500
4500
PONTO POLUIDOR
VAZÕES MEDIDAS M3/DIA
ANTES 1400 400 150 325 50 104 1948 4377
DEPOIS 820 256 40,5 126,8 12 24,96 1324 2604
LAV. EXTR.
POLP.
EVAP
CENT.
U.F. S.P. TOTAL
Figura 1 – Representação gráfica das vazões antes e após plano de ação
Na representação gráfica da figura 1, podemos observar que o ponto critico analisado no processo referente a fábrica de sub-produtos, apresentou uma redução de 32%.
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0102030405060708090
100110120
PONTO POLUIDOR
Carga Poluidora (Kg/dia DQO)
ANTES 2,19 4,6 15,1 40 10,95 1,95 36,2 111
DEPOIS 1,97 2,76 11,32 26 9,85 1,65 30,7 84,25
LAV. EXTR. POLP.
EVAP CENT.
U.F. S.P. TOTAL
Figura 2 – Representação gráfica das cargas poluidoras antes e após plano de ação
Na representação gráfica da figura 4, podemos observar que o ponto critico analisado no processo referente aos evaporadores, apresentou uma redução de 35%.
4.1.3 Terceira Etapa: Execução do Plano de Ação
A execução do plano de ação seguiu as propriedades definidas no
cronograma da etapa anterior, inclusive com o treinamento de pessoal que se
estendeu por todo o organograma em datas e horários também previamente
definidos no cronograma.
O treinamento de pessoal abrangeu todas as etapas do Programa, com a
discussão das metas, resultados atingidos e na definição, apresentação e
reconhecimento dos Procedimentos a serem elaborados.
O Plano de Ação, foi acompanhado pelo período de um mês, com o
objetivo de monitorar as atividades programadas.
22
4.1.3.1 Descartes, Antes e Após a Realização do Estudo e
Implantação do Plano de Ação.
4.1.3.1.1 Reduções nas Vazões
O descarte diário do processo reduziu-se de 4377 m3 de efluentes
descartados por dia , para 2604 m3/dia, propiciando assim uma redução
de 40,50% no consumo de água, (Figura 1) ou (Tabelas 1 e 3).
4.1.3.1.2 Reduções nas Cargas Poluidoras
Descartadas
A Carga poluidora descartada pelo processo, reduziu-se de 110,9
ton DQO/dia , para 84,4 Ton DQO/dia, conseguindo-se uma redução de
23,9% na carga poluidora total, (Figura 2) ou (Tabelas 2 e 4).
4.1.4 Quarta Etapa: Verificação
Efetuadas verificações dos processos industriais, com a coleta e análise
dos mesmos pontos amostrados na 1ª Etapa, porém agora já com as correções de
manuseio e processo, executadas pelo plano de ação, (Diagnóstico).
A verificação, e a reavaliação dos pontos geradores de efluentes e perdas
industriais indicou a eficiência do plano implantado,
4.1.5 Quinta Etapa: Padronização
Uma vez que as metas foram atingidas e as não conformidades
resolvidas, prosseguiu-se com a elaboração dos Procedimentos para se evitar
um retorno ao estado inicial. Nesta etapa, foram descritos todos os passos para se
manter em condições mais ideais possíveis, cada ponto da indústria que direta ou
indiretamente estiveram envolvidos no uso da água ou manipulação da matéria-
prima.
23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de amostragem dos efluentes industriais consiste de uma ação
conjunta entre os técnicos designados para a coleta de amostras e o pessoal operacional
da unidade. Sabendo-se que os processos são contínuos e monitorados por via
informatizada, o trabalho de retirada de amostras deve ser autorizado pelo comando de
operações, tendo em vista que para os diferentes estágios do processo produtivo, a
identificação é feita através de sensores que monitoram parâmetros tais como a vazão, a
temperatura, o PH, além de outros.
A liberação de trabalho, para a atividade de coleta de amostras é normalmente
precedida de uma retirada de permissão de trabalho e de uma APR, (Avaliação
Preliminar de Riscos), onde são consideradas todas as possíveis interferências e
impactos da atividade solicitada.
Os equipamentos de proteção individual utilizados nesta operação devem
atender à NR-6. Sendo a operação sujeita a respingos de líquido agressivo, tendo em
vista que as limpezas periódicas são feitas com a adição de soda cáustica através das
próprias tubulações de processo, foram utilizados : botas em PVC, capa com capuz em
PVC, mascara facial integral, capacete, luvas de PVC .
Melhorias do ponto de vista operacional, proporcionando maior segurança aos
operadores da estação de tratamento dos efluentes industriais, refletiram-se
principalmente pela regularização das vazões a serem tratadas, tendo em vista que com
a segregação das águas pluviais, estas parcelas foram desviadas da ETE. Antes destas
ações aconteciam transbordamentos dos efluentes que chegavam à estação de
tratamento, e conseqüentemente obrigando aos operadores entrarem em contato com os
contaminantes dos despejos. Outra vantagem resultou em maior segurança para os
operadores que ficou caracterizada pela uniformidade mantida dos contaminantes tais
como a soda cáustica , em concentrações e vazões controladas através de uma melhoria
na programação das limpezas automáticas, feitas através de um sistema supervisório.
Antes de haver esta melhoria nas programações de limpezas internas (CIPs),
aconteciam momentos de transbordamentos dos tanques equalizadores.
Do ponto de vista de melhorias conseguidas para o meio ambiente e para a
comunidade registraram-se uma melhoria na qualidade do corpo receptor dos despejos
24
tratados . Alguns núcleos de agricultores, situados às margens do rio, que utilizam sua
água para irrigação e para alimentação de alguns animais, foram beneficiados com a
não contaminação de produtos horti-granjeiros, reduzindo os riscos de contaminação
das populações que se alimentam com estes produtos, bem como com a redução dos
riscos à saúde de animais domésticos,ou que contribuem para a subsistência dos
agricultores.
O estudo realizado mostrou, pela medição dos parâmetros envolvidos, a
melhoria da adaptação de um processo produtivo à preservação do meio ambiente, e
redução dos aspectos agressores e perturbadores da segurança ambiental.
Ficou comprovado também, por testes de medição do Oxigênio Dissolvido, no
corpo receptor dos efluentes tratados, que a qualidade de vida no corpo hídrico afetado
melhorou (Tabela 5).
A primeira mensuração de depuração do corpo receptor foi feita antes da
execução e implantação do estudo e plano de ação e a segunda após a sua implantação.
Sendo o oxigênio dissolvido em um corpo hídrico, um indicador aceitado
internacionalmente como provedor de vida do meio ambiente, constatamos que o
gerenciamento de perdas e poluição industrial é um instrumento fundamental para
utilização das industrias que querem integrar-se a um processo produtivo com
desenvolvimento sustentável.
AMOSTRAGEM DO CORPO RECEPTOR DE DESPEJO INDUSTRIAL
DISTANCIA (m) 100 200 300 400 500
ANTES(mg/l) 0,79 0,10 0,10 0,34 0,47
DEPOIS(mg/l) 1,50 2,30 3,50 4,00 5,30
Tabela 5 – Medição de oxigênio dissolvido a juzante do lançamento do despejo industrial, antes e depois do plano
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ESTUDO DE AUTO DEPURAÇÃO DO RIO
0
1
2
3
4
5
6
DISTANCIA DO PONTO DE LANÇAMENTO
OX
IGÊN
IO D
ISS
OLV
IDO
(mg/
l)
O2 DISSOLVIDO ANTES 0 0,79 0,10 0,10 0,34 0,47
O2 DISSOLVIDO DEPOIS 0 1,50 2,30 3,50 4,00 5,30
DISTANCIA (m)
100 200 300 400 500
DEPOIS
ANTES
Figura 3 – Representação gráfica da auto depuração do corpo receptor dos despejos industriais
O escopo do presente trabalho ficou delimitado ao estudo dos efluentes líquidos
gerados considerando-se como o seu destino final, um corpo receptor, como um rio, por
exemplo. De uma forma similar poderão ser realizados outros estudos dirigidos ao
campo da ferti-irrigação. Nesta hipótese, poderiam ser estudados os efluentes e suas
possibilidades de utilização como adubos, integrando-os à produção agrícola, uma vez
corrigidas algumas de suas características, como por exemplo, o seu PH, e realizando-se
algumas modificações quanto às suas modalidades de condução dentro do processo de
produção.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRAILE, P. M. ;CAVALCANTI, J. E. W. A Manual de tratamento de águas residuárias industriais. São Paulo: CETESB, 1979.
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DE CICCO, Francesco, 2004c. “A OHSAS 18001 e a Certificação de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho”. QSP, São Paulo.
29
GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS
BS 8800:1996
Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST)
DBO
Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO
Demanda Química de Oxigênio
GQT
Gestão pela qualidade total
ISO 9001:2000
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) - Requisitos
ISO 14001:2004
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) - Especificação e Diretrizes para uso
LER
Lesões por Esforços Repetitivos.
OHSAS 18001:1999
Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST)
PDCA
Plan – Do – Check – Ac
SA 8000:1997
Responsabilidade Social (SGRS)
SGA
Sistema de Gestão Ambiental.
SGI
Sistema de Gestão Integrado