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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO E TURISMO
DAIANE APARECIDA DE MELO HEINZEN
ALINHAMENTO ENTRE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA
ESTRATÉGIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
TESE DE DOUTORADO
BIGUAÇU - SC
2015
ii
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Programa de Pós-Graduação em Administração
Curso de Doutorado em Administração e Turismo
DAIANE APARECIDA DE MELO HEINZEN
ALINHAMENTO ENTRE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA
ESTRATÉGIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
BIGUAÇU
2015
iii
DAIANE APARECIDA DE MELO HEINZEN
ALINHAMENTO ENTRE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA
ESTRATÉGIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Administração
e Turismo da Universidade do Vale do Itajaí, como
requisito à obtenção do título de Doutor em Administração
e Turismo.
Orientador: Prof. Dr. Sidnei Vieira Marinho
Coorientador: Prof. Dr. Denis Loveridge
BIGUAÇU
2015
iv
DAIANE APARECIDA DE MELO HEINZEN
ALINHAMENTO ENTRE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA EM
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Esta tese foi julgada adequada para obtenção do título de Doutor em Administração e Turismo
e aprovada pelo Doutorado em Administração e Turismo, da Universidade do Vale do Itajaí.
Área de Concentração: Organização e Sociedade
Biguaçu, novembro de 2015.
Profª. Dra. Rosilene Marcon
Coordenadora do Programa
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Sidnei Vieira Marinho
UNIVALI Biguaçu
Orientador
Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto
UNIVALI Biguaçu
Prof. Dr. Fernando César Lenzi
UNIVALI Biguaçu
Prof. Dr. Benny Kramer Costa
USP / UNINOVE
Prof. Dr. Gilberto de Oliveira Moritz
UFSC Florianópolis
i
Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes
Albert Einstein
A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original
Albert Einstein
ii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pela vida, saúde e perseverança para concretização deste
sonho. Obrigada pelas dificuldades que me possibilitaram o amadurecimento e pela paz que
me permitiu a reflexão.
Ao meu orientador, Professor Dr. Sidnei Vieira Marinho, que me acompanhou nesta jornada,
agradeço a confiança, atenção, paciência, compreensão, críticas construtivas, sugestões para
melhorias e discussões contínuas. Agradeço por sua competência durante todo o período de
orientação para o desenvolvimento desta tese e por ter contribuído para eu vencer mais uma
etapa importante da minha vida. Sua orientação foi fundamental para o desenvolvimento desta
tese.
Em especial, agradeço ao Professor Dr. Denis Loveridge que me apresentou o uso da Teoria
dos Conjuntos, Diagrama de Venn e Systems Thinking durante uma visita de quatro meses ao
Instituto de Inovação e Pesquisa de Manchester (MIoIR) na Universidade de Manchester
(Reino Unido), no início de 2014. Agradeço também por ter me acolhido em seu país e ter
assumido o papel de coorientador com boa vontade e motivação, por ter compartilhado seu
vasto conhecimento e experiência, pelas interações e discussões semanais presenciais (na
Universidade de Manchester) e posteriormente, via Skype. Sou imensamente grata por seu
tempo, paciência inesgotável, estímulo e conselhos.
Agradeço os Professores e Pesquisadores Ian Miles, Joe Ravetz, Luke Georghiou, Ozcan
Saritas e Rafael Popper do Instituto de Inovação e Pesquisa de Manchester (MIoIR) da
Universidade de Manchester (Reino Unido), pelas interações, sugestões e conhecimento
compartilhado.
Ao professor Dr. Miguel Verdinelli, grande conhecedor de estatística, agradeço pela valiosa
ajuda e contribuição, atenção, paciência e conhecimento compartilhado.
Agradeço também aos Professores Carlos Ricardo Rossetto, Fernando César Lenzi, Gilberto
de Oliveira Moritz e Benny Kramer Costa, pela especial colaboração na qualificação e na
defesa final, contribuindo para melhoria e refinamento desta tese.
Agradeço aos especialistas que participaram desta pesquisa, respondendo aos questionários e
contribuindo com valiosas sugestões, que foram essenciais para o alcance dos resultados.
iii
Agradeço ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Univali,
que demonstraram maestria na condução das aulas, profissionalismo e competência; e a
secretaria do Programa, pelo pronto atendimento e respostas rápidas sempre que solicitado.
Ao Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC, agradeço por me oportunizar dois anos de
dedicação exclusiva ao doutorado.
À CAPES, pela bolsa de estudos que viabilizou a realização do sanduiche na Universidade de
Manchester (Reino Unido).
Ao meu esposo, Jayson, agradeço pelo apoio incansável, paciência e compreensão deste
momento especial e intenso em minha vida e por acreditar e compartilhar deste sonho!
A Sofia (7 anos) e Théo (11 meses), razões da minha vida, que mesmo sem compreender
muito os momentos de minha ausência em suas vidas em virtude dos estudos, foram a
inspiração para eu seguir em frente e a razão maior desta conquista.
Aos meus pais, Norberto de Melo (in memoriam) e Benta Jonck de Melo, bases da minha
conduta e minhas referências, agradeço pela vida e amor incondicional. Agradeço ainda a
minha mãe, pelo constante apoio nos momentos difíceis, pelo amor e presença na vida dos
nossos filhos, e acima de tudo, pelas preces e torcida para a conclusão deste grande sonho.
Aos meus irmãos (ãs) agradeço pelo carinho, incentivo e torcida em todas as etapas da minha
vida. São meu ‘porto seguro’ e fundamentais para mim.
Aos meus sogros, Isabel e José, agradeço pela presença na vida dos nossos filhos. Agradeço
também pelas várias viagens à Jaraguá do Sul para nos ajudar com as crianças nos momentos
de estudo, sobre tudo, com muita disposição, carinho e amor.
Aos colegas do doutorado e mestrado, em especial à Bianca, Graziela, Nathalia, Rafael,
Ronaldo e Sabrina, agradeço pela oportunidade de aprendizado em equipe, pelos incentivos e
conselhos, que foram o ‘combustível’ necessário para a realização desta tese. Minha gratidão
pela amizade e companhia nesta caminhada.
Aos amigos, agradeço pelas palavras de apoio, incentivo e por torcerem por mim.
Por fim, agradeço a todos que de uma maneira ou de outra colaboraram para realização deste
sonho!
iv
RESUMO
O gap existente entre formulação e implementação da estratégia é evidenciado nos baixos
índices de implementação da estratégia registrados em relatos de pesquisas ao longo dos anos.
Diante disso, o objetivo desta tese foi propor um modelo para alinhar a formulação e
implementação da estratégia em Instituições de Ensino Superior (IES) por meio da pesquisa
quali-quantitativa e survey aplicado com especialistas do Brasil e exterior. Para atingir o
objetivo proposto se utilizou da lógica da Análise das Tecnologias Orientadas para o Futuro
(Future-Oriented Technology Analysis - FTA) por meio de métodos como ‘Systems
Thinking’, ‘Teoria dos Conjuntos’ (Set Theory), ‘Diagrama de Venn’ (Venn Diagram) e
‘Cenários’. ‘Systems Thinking’ permitiu iniciar uma compreensão intuitiva do processo da
estratégia para identificar os principais elementos para formulação e implementação da
estratégia tendo como suporte a Teoria dos Conjuntos. Mapeados os principais conjuntos de
elementos, foi construído o Diagrama de Venn e validado com os especialistas da área de
estratégia e educação através de um questionário (survey). O questionário teve como objetivo
verificar se a descrição dos elementos estava apropriada e se estes possibilitavam e/ou
impossibilitavam a formulação e implementação da estratégia. As contribuições dos
especialistas geraram a revisão da descrição de oito elementos e a revisão do nome de dois,
agregando conhecimento e validando os dezessete elementos inicialmente definidos e a
proposta inicial do Diagrama de Venn. A partir da análise dos dados da survey e validação do
Diagrama de Venn por especialistas do Brasil e exterior foram construídos dois Cenários para
as IES (Cenário de Realidade e Cenário de Expectativa) para o período temporal 2018, 2022 e
2026, baseado no método de Loveridge (2009). Os Cenários foram avaliados e validados por
cinco especialistas do Brasil que já haviam participado da survey. A partir disso, foi
desenvolvido a proposta de um modelo para alinhar a formulação e implementação da
estratégia em Instituições de Ensino Superior no Brasil. Para construção do modelo proposto
foi utilizado o Método de Cenário como ‘input’ e considerados os principais elementos que
possibilitam a formulação e implementação da estratégia e apenas um elemento que
impossibilita, utilizando a estrutura do Diagrama de Venn. O modelo prevê ainda o uso do
Método de Cenário como suporte ao processo de alinhamento entre a formulação e
implementação, corroborando os estudos de Fink, Siebe e Kuhle (2004) e Moritz, Nuner e
Pereira (2008) quando expõem que o uso de Cenários pode apoiar tanto o processo de
formulação quanto implementação da estratégia. Por fim, é apresentada uma extensão do
modelo a partir da contribuição dos especialistas, a fim de ilustrar como os ‘fatores externos’
podem influenciar os ‘fatores internos’ do modelo proposto. Diante disso, essa pesquisa
contribuiu para o conhecimento do processo de formulação e implementação da estratégia a
partir da proposição do modelo, o qual avança e contribui com o estado da arte existente,
constituindo um instrumento relevante para a gestão estratégica das IES. Destaca-se também,
como contribuição teórica a metodologia adotada, a qual combinou os métodos ‘Systems
Thinking’, ‘Teoria dos Conjuntos’, ‘Diagrama de Venn’ e ‘Cenários’ para proposição do
modelo.
Palavras-chave: Formulação da Estratégia; Implementação da Estratégia; Alinhamento
Estratégico; FTA; Instituição de Ensino Superior.
v
ABSTRACT
The gap that exists between strategy formulation and implementation is evidenced in the low
implementation rates reported in research reports over the years. The objective of this thesis
was to propose a model to align strategy formulation and implementation in Higher Education
Institutions (HEIs), by means of qualitative and quantitative research and a survey applied to
experts in Brazil and abroad. To achieve the proposed objective, the logic of Future-Oriented
Technology Analysis (FTA) was used, through methods such as 'Systems Thinking', 'Set
Theory' ‘Venn Diagram’ and 'Scenarios'. 'Systems Thinking' allowed us to begin an intuitive
understanding of the strategy process, in order to identify key elements for the strategy
formulation and implementation, supported by Set Theory. Having mapped the main sets of
elements, a Venn Diagram was drawn, which was validated through a survey questionnaire,
applied to experts in the area of strategy and education. The survey sought to determine
whether the description of the elements was appropriate, and whether the elements enabled or
disabled the formulation and implementation of the strategy. The experts contributions led to
a revision of the descriptions of eight elements, and a revision of the names of two elements,
adding knowledge and validating the seventeen elements initially proposed, and the initial
proposal of the Venn Diagram. Based on the analysis of the survey data and validation of the
Venn Diagram by experts from Brazil and abroad, two Scenarios were built for Higher
Education Institutions (the Reality Scenario and the Expectation Scenario) for the time
periods 2018, 2022 and 2026, based on the Loveridge method (2009 ). The scenarios were
evaluated and validated by five experts from Brazil who had already participated in the
survey. Based on their evaluation, a proposed model was developed, to align the formulation
and implementation of strategy in Higher Education Institutions in Brazil. The proposed
model was constructed using the Scenario Method as 'input', implementing the main elements
that enable strategy formulation and implementation, and only one disabling element, using
the structure of the Venn Diagram. The model also enables the use of the Scenario Method in
order to support the process of aligning formulation and implementation, corroborating the
studies of Fink, Siebe and Kuhle (2004) and Moritz, Nuner and Pereira (2008), who report
that the use of Scenarios can support the processes of formulation and implementation of the
strategy. Finally, an extension of the model is proposed, based on the experts’ contributions,
seeking to illustrate how the ‘external factors’ can influence the ‘internal factors’ of the
model. This research therefore contributes to understanding of the process of strategy
formulation and implementation based on the proposed model, which advances and
contributes existing knowledge, constituting important tool for strategic management of the
IES. It also provides a theoretical contribution to the methodology adopted, which combined
the methods of 'Systems Thinking', 'Set Theory', 'Venn Diagram' and 'Scenarios' for the
proposed model.
Keywords: Strategy Formulation; Strategy Implementation; Strategic Alignment; FTA;
Higher Education Institutions.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Estrutura da tese ..................................................................................................................................... 18 Figura 2. Link da formulação da estratégia com a execução. ................................................................................ 20 Figura 3. Modelo de Hambrick e Canella .............................................................................................................. 35 Figura 4. Modelo de Kaplan e Norton ................................................................................................................... 36 Figura 5. Modelo de implementação da estratégia de Hrebiniak ........................................................................... 38 Figura 6. Aprendizagem, avaliação e antecipação - evolução para o foresight ..................................................... 42 Figura 7. Metodologia do foresight sistêmico e classificação dos métodos .......................................................... 43 Figura 8. Foresight da Diamond ........................................................................................................................... 45 Figura 9. Fases do método da General Eletric (GE) .............................................................................................. 57 Figura 10. Método cenários industriais de Porter .................................................................................................. 59 Figura 11. Método de cenário de Godet ................................................................................................................ 62 Figura 12. Método de cenário GBN ...................................................................................................................... 65 Figura 13. Método de cenário Grumbach .............................................................................................................. 67 Figura 14. O processo interativo de análise de cenários de Heijden ..................................................................... 70 Figura 15. Conjuntos vazios .................................................................................................................................. 83 Figura 16. Intersecção de conjuntos ...................................................................................................................... 83 Figura 17. União de conjuntos ............................................................................................................................... 83 Figura 18. Fluxo do processo para construção do modelo proposto ...................................................................... 93 Figura 19. Resposta para introdução de cenários .................................................................................................. 97 Figura 20. Diagrama de Venn ............................................................................................................................. 106 Figura 21. Grupo A ............................................................................................................................................. 109 Figura 22. Grupo B .............................................................................................................................................. 111 Figura 23. Grupo C .............................................................................................................................................. 113 Figura 24. Grupo D ............................................................................................................................................. 114 Figura 25. Grupo E .............................................................................................................................................. 116 Figura 26. Todos os grupos e elementos .............................................................................................................. 117 Figura 27. Diagrama de Venn validado ............................................................................................................... 122 Figura 28. Principais elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia e principal
elemento que impossibilita a implementação da estratégia ................................................................................. 137 Figura 29. Modelo para alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES ........................................ 139 Figura 30. Fatores externos que podem influenciar o modelo ............................................................................. 144
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Índices de implementação da estratégia.................................................................................................. 4 Quadro 2. Relevância dos cenários para gestão estratégica ................................................................................... 10 Quadro 3. Escolas de formulação da estratégia ..................................................................................................... 21 Quadro 4. Trabalhos seminais que abordam alinhamento ..................................................................................... 23 Quadro 5. Obstáculos para implementação eficaz da estratégia ............................................................................ 29 Quadro 6. Fatores-chave para implementação da estratégia .................................................................................. 31 Quadro 7. Síntese dos modelos apresentados ........................................................................................................ 38 Quadro 8. Comparação das escolas de cenários dominantes ................................................................................. 52 Quadro 9. Principais métodos de elaboração de cenários ...................................................................................... 55 Quadro 10. Lista de comprovação para elaborar os cenários ................................................................................ 56 Quadro 11. Planejamento de cenários de Loveridge ............................................................................................. 71 Quadro 12. Principais características dos métodos de cenários ............................................................................. 72 Quadro 13. Palavras-chave da pesquisa bibliométrica .......................................................................................... 88 Quadro 14. Grupos comuns de obstáculos .......................................................................................................... 101 Quadro 15. Grupos comuns de fatores-chave ...................................................................................................... 104 Quadro 16. Análise das intersecções dos elementos ............................................................................................ 107 Quadro 17. Resumo do percentual de concordância dos elementos e se os mesmos possibilitam e/ou
impossibilitam a formulação e implementação da estratégia .............................................................................. 118 Quadro 18. Revisão da descrição final dos elementos ......................................................................................... 121 Quadro 19. Descrição dos cenários no final de 2018 .......................................................................................... 126 Quadro 20. Descrição dos cenários no final de 2022 .......................................................................................... 129 Quadro 21. Descrição dos cenários no final de 2026 .......................................................................................... 132 Quadro 22. Análise geral da contribuição dos especialistas – cenário de realidade ............................................ 134 Quadro 23. Análise geral da contribuição dos especialistas – cenário de expectativa......................................... 136 Quadro 24. Primeiro passo para uso do modelo: como gerenciar cada elemento? .............................................. 140 Quadro 25. Segundo passo para uso do modelo: o que deve ser feito? ............................................................... 141 Quadro 26. Terceiro passo para uso do modelo: fatores-chave e nível da ‘hierarquia política’ .......................... 141 Quadro 27. Principais características dos modelos .............................................................................................. 142
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BSC Balanced Scorecard
CEDEFOP Centro Europeu para El Desarrollo de La Formacion Professional
CIA Análise dos Impactos Cruzados (Cross Impact Analysis)
DV Diagrama de Venn
FTA Análise das Tecnologias Orientadas para o Futuro (Future Oriented Technology Analysis)
GBN Global Business Network
GE General Eletric
IES Instituição de Ensino Superior
MACTOR Matriz de Alianças e Conflitos: Táticas, Objetivos e Recomendações (Matrix of Alliances
and Conflicts:Tactics, Objectives and Recommendations - Sigla de software)
MICMAC Matriz de Impacto Cruzado: Multiplicação Aplicada à Classificação (Matrix Cross-Impact:
Multiplication Applied to Classification - Sigla de software)
MULTIPOL Multicritério e Políticas (Multicriteria and Policies – sigla de software)
PMT Tendência Modificada Probabilística (Probabilistic Modified Trend)
RBV Visão Baseada em Recursos (Resource Based View)
SMD Sistema de Medição de Desempenho
SPELL Biblioteca eletrônica de periódicos científicos (Scientific Periodicals Electronic Library)
SRI Instituto de pesquisa Stanford (Stanford Research Institute)
TIA Análise dos Impactos de Tendência (Trend Impact Analysis)
TI Tecnologia da Informação
ix
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ II
RESUMO ................................................................................................................................ IV
ABSTRACT ............................................................................................................................. V
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ VI
LISTA DE QUADROS ......................................................................................................... VII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................... VIII
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................................... 2
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................................... 12
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................................ 12
1.3 RELEVÂNCIA, INEDITISMO E CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA ........................................................................................ 13
1.4 ESTRUTURA DA TESE ......................................................................................................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 19
2.1 FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA ............................................................................................................................ 19
2.2 ALINHAMENTO ................................................................................................................................................ 23
2.3 IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA ........................................................................................................................ 26
2.3.1 Modelo de Hambrick e Cannella .......................................................................................................... 34
2.3.2 Modelo de Kaplan e Norton ................................................................................................................. 35
2.3.3 Modelo de Hrebiniak ............................................................................................................................ 37
2.4 ANÁLISE DAS TECNOLOGIAS ORIENTADAS PARA O FUTURO (FTA) .............................................................................. 39
2.4.1 Foresight .............................................................................................................................................. 40
2.4.2 Origens e Conceitos dos Cenários ........................................................................................................ 46
2.4.2.1 Principais Escolas e Métodos de Cenários ........................................................................................ 50
2.4.2.2 Aplicação dos Métodos de Cenários na área da Educação ............................................................... 73
2.5 SYSTEMS THINKING ........................................................................................................................................... 80
2.6. TEORIA DOS CONJUNTOS E DIAGRAMA DE VENN ................................................................................................... 82
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 85
3.1 DESIGN DA PESQUISA ........................................................................................................................................ 85
3.2 CONTEXTO DA PESQUISA: POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................................ 86
3.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................................................................... 88
3.4 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................................................................... 90
3.5 SISTEMÁTICA PROPOSTA .................................................................................................................................... 91
3.5.1 Fases e Etapas do Modelo Proposto .................................................................................................... 94
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 100
4.1 CONSTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE VENN (FASE I) ................................................................................................... 100
4.2 VALIDAÇÃO DO DIAGRAMA DE VENN (FASE II) ..................................................................................................... 107
4.3 CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DOS CENÁRIOS (FASE III) ........................................................................................... 122
4.4 CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO (FASE IV) ................................................................................................. 136
x
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 147
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 152
APÊNDICE I –CONVITE PARA O QUESTIONÁRIO .................................................. 161
APÊNDICE II – CONVITE PARA VALIDAÇÃO DOS CENÁRIOS ........................... 173
APÊNDICE III – CARTA DO COORIENTADOR DE MANCHESTER/UK - DENIS
LOVERIDGE ........................................................................................................................ 174
APÊNDICE IV - ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DOS ESPECIALISTAS POR
ELEMENTO (SURVEY) ....................................................................................................... 175
APÊNDICE V – TABELAS BASE USADAS PARA A DESCRIÇÃO DOS CENÁRIOS
................................................................................................................................................ 183
APÊNDICE VI – TRANSCRIÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DOS ESPECIALISTAS -
ESPECÍFICAS POR ELEMENTO E GERAIS ................................................................. 185
1
1 INTRODUÇÃO
A falta de êxito entre a formulação e implementação da estratégia têm sido uma preocupação
crescente e foco de estudos no campo acadêmico e empresarial (MINTZBERG, 1994; 2004;
KAPLAN e NORTON, 2001; 2008; JOOSTE e FOURIE, 2009; LACERDA, 2009;
LACERDA e CAULLIRAUX, 2010; DANDIRA 2011; ROSE e CRAY, 2013), levando às
empresas a falta de informações de quanto às ações estratégicas contribuem para o alcance
dos objetivos e metas organizacionais.
Levando-se em consideração que a implementação eficaz da estratégia é vital para o sucesso
organizacional, autores como Noble (1999a); Beer e Eisenstat (2000); Hrebiniak (2008);
Kaplan e Norton (2008); Getz, Jones e Loewe (2009); Jooste e Fourie (2009); Alamsjah
(2011) e Hakonsson et al. (2012) investigam obstáculos e fatores-chave para o alinhamento
entre formulação e implementação da estratégia a fim de contribuir com o conhecimento
acadêmico e organizacional. Adicionalmente, Cocks (2010) e Gandellini, Pezzi e Venanzi
(2013), expõem que o sucesso organizacional requer constante alinhamento entre a
formulação da estratégia e sua implementação.
Prieto, Carvalho e Fischmann (2009, p. 322) definem alinhamento como: ‘tanto um processo
como um resultado – uma dinâmica que procura ajustar a organização externamente em
relação ao seu ambiente de atuação, por meio da formulação da estratégia e internamente
buscando um todo coeso entre a estratégia, recursos e os processos gerenciais’.
Assim, o conceito de ‘alinhamento interno’ está relacionado à mobilização dos recursos com
objetivo de alinhar as estratégias a estrutura (implementação da estratégia) e o ‘alinhamento
externo’ refere-se ao ambiente competitivo da organização, o qual busca alinhar a estratégia
as variáveis externas (formulação da estratégia) (VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984 e
PRIETO; CARVALHO e FISCHMANN, 2009). Adicionalmente, segundo Prieto (2011), o
alinhamento interno e externo é complementar, sendo indissociável na realidade
organizacional, corroborando autores como: Hambrick e Cannella (1989); Bertero et al.
(2003); Martin (2010) quando afirmam que a separação ‘inútil’ entre formulação e
implementação pode levar a organização ao fracasso. Diante disso, o alinhamento entre a
formulação da estratégia e sua implementação, talvez seja condição essencial no atual
ambiente competitivo, complexo, turbulento e de múltiplas incertezas em que as organizações
atuam, com o objetivo de manterem-se competitivas.
2
Assim, a fim de reduzir as incertezas do ambiente organizacional, coletar conhecimentos
sobre futuros possíveis, melhorar a tomada de decisão e minimizar o distanciamento entre a
formulação e implementação da estratégia, recomenda-se que as organizações façam uso de
métodos que auxiliam na análise do futuro. Segundo Porter et al. (2004); Loveridge e Saritas
(2011) e Eerola e Miles (2011) as diversas formas de analisar o futuro se inserem num campo
chamado Análise das Tecnologias Orientadas para o Futuro (FTA). Ainda, segundo Eerola e
Miles (2011), os exercícios de FTA são uma tentativa de coletar conhecimentos sobre futuros
possíveis, sua plausibilidade e limites. Diante disso, essa pesquisa utilizou da lógica do FTA
por meio dos métodos ‘Systems Thinking’, Teoria dos Conjuntos, Diagrama de Venn e
Cenário com o objetivo de ‘propor um modelo para alinhar a formulação e implementação da
estratégia em Instituições de Ensino Superior’.
A combinação do uso de ‘Systems Thinking’ aliado a Teoria dos Conjuntos permitiu a
compreensão da complexidade do sistema em análise a fim de identificar os principais
elementos para a formulação e implementação da estratégia, o qual foi ilustrado a partir do
Diagrama de Venn. Adicionalmente, ‘Systems Thinking’ deu suporte para Construção dos
Cenários, permitindo a proposição do modelo.
Assim, o modelo proposto busca minimizar o gap teórico entre a formulação e implementação
da estratégia e contribuir para as instituições enfrentarem as incertezas e desafios impostos
pela competitividade e perseguirem melhores níveis de desempenho organizacional.
1.1 Contextualização do Problema de Pesquisa
A implementação da estratégia é uma fonte de insatisfação para muitas empresas (NOBLE,
1999a); um processo organizacional multifacetado e complexo (NOBLE, 1999b; OKUMUS,
2003); um fator de impacto no sucesso da organização (RAPS, 2004); é a fase que concentra
as principais fraquezas do processo de gestão estratégica (ATKINSON, 2006); é uma tarefa
difícil e um caminho cheio de perigos (HREBINIAK, 2008); e, falha em vários níveis da
organização (MARTIN, 2010).
Mintzberg (2004, p. 230) afirma que, ‘todo fracasso de implementação também é, por
definição, um fracasso de formulação’. Para o autor, a verdadeira culpa não deve ser atribuída
nem a formulação, nem a implementação, mas exatamente à separação das duas, assim, a
dissociação entre o pensar e o agir está mais perto da raiz do problema. Hrebiniak (2008, p. 1)
e Prieto, Carvalho e Fischmann (2009, p.320) corroboram Mintzberg (2004) quando afirmam
3
que a ‘formulação e a implementação são interdependentes’, as quais fazem parte do mesmo
processo estratégico. Essa interdependência sugere que os responsáveis pela formulação da
estratégia também participem do processo de implementação, levando em consideração que
uma etapa pode interferir no sucesso ou fracasso da outra. Martin (2010) também acredita que
a separação entre a formulação e implementação da estratégia poderá gerar conflitos e o
fracasso na implementação. Adicionalmente, Cocks (2010) e Gandellini, Pezzi e Venanzi
(2013) enfatizam a importância da conexão entre a formulação e implementação da estratégia
para eficácia da estratégia e sucesso organizacional.
Neste contexto, apesar dos estudos ao longo do tempo sobre o tema, à lacuna entre
formulação e implementação da estratégia permanece, uma vez que grande parte das
estratégias não são implementadas, informação evidenciada nos baixos índices de
implementação registrados em relatos de pesquisas apresentados no Quadro 1 (Índices de
implementação da estratégia).
Ano Autor Índices de implementação da Estratégia
1994 Mintzberg Mais da metade das estratégias formuladas não são
implementadas.
2001 Kaplan e Norton
Somente 10% das estratégias formuladas chegam a ser
implementadas com êxito.
2004 Raps A taxa de sucesso na implementação da estratégia é
apenas de 10% a 30%.
2005 Hrebiniak Frequentemente as estratégias não são implementadas
com sucesso.
2006 Kenny Dados da revista Fortune revelam que menos de 10%
das estratégias são implementadas de forma eficaz.
2007 Yukl e Lepsinger Pesquisa da OnPoint Consulting revela que 49% dos
entrevistados (mais de quatrocentos líderes de nível
gerencial) afirmam que suas organizações são
ineficientes em execução e 64% não acreditam na
melhoria deste quadro.
2008 Kaplan e Norton Pesquisas indicam que 60% a 80% das empresas não
alcançam seus objetivos estratégicos e 73% dos
executivos afirmam que suas empresas têm
desempenho médio ou inferior na execução da
estratégia.
2008 Li; Guohui e Eppler
83% das companhias pesquisadas falham na
implementação de suas estratégias, de acordo com
“White Paper of Strategy Implementation of Chinese
Corporations in 2006”.
2009 Jooste e Fourie Pesquisa realizada com líderes de 200 companhias da
África do Sul revela que:
55% dos entrevistados concordam que sua
organização é melhor em formulação da estratégia do
4
Ano Autor Índices de implementação da Estratégia
que implementação.
51,4% dos especialistas concordam que existem um
gap entre a formulação da estratégia e sua efetiva
implementação.
2009 Lacerda Pesquisa realizada em uma Universidade privada
confessional registra que apenas 20% das intenções
estratégicas (objetivos estratégicos), possuem
elementos significativos de sua implementação. E
39% das intenções estratégicas possuem um nível
significativamente baixo de implementação.
2010 Lacerda e Caulliraux Pesquisa realizada através de um estudo de caso em
uma IES mostra que 39% dos objetivos estratégicos
não possuem evidências de implementação.
2011 Dandira 73% dos gerentes acreditam que a implementação é
mais difícil que a formulação da estratégia.
2013 Rose e Cray Survey realizado com 153 gerentes seniores e
executivos (62% de retorno) sobre o processo de
implementação da estratégia teve o seguinte resultado:
33,3% dos entrevistados ‘discordam’ quando
perguntado se o processo de implementação tinha
ocorrido exatamente como planejado.
Quando a resposta é ‘discordo em parte’ o percentual
sobe para 48,4%.
Quadro 1. Índices de implementação da estratégia
Fonte: Elaborado pela autora.
Assim, levando-se em consideração a complexidade do processo de formulação e
implementação da estratégia, o qual leva a deficiência da implementação pelas organizações,
estudos no exterior e Brasil, abaixo relacionados buscam identificar os principais obstáculos
da falta de êxito entre a formulação e implementação da estratégia e os fatores-chave para
implementação eficaz.
No exterior, Noble (1999a), Beer e Eisenstat (2000), Hrebiniak (2008) e Jooste e Fourie
(2009) a partir de estudos teóricos e Getz, Jones e Loewe (2009) em seus estudos empíricos,
listam um conjunto de obstáculos encontrados no processo de implementação da estratégia, os
quais são apresentados na sequência.
O estudo de Noble (1999a) aponta como principal obstáculo para implementação da estratégia
os problemas de relacionamentos entre as áreas organizacionais, uma vez que cada área tem
seu objetivo, os quais, frequentemente conflitam com os objetivos de outras áreas. Verifica-se
que essa questão é abordada dentro do modelo de Beer e Eisenstat (2000), quando listam a
falta de clareza, conflito de prioridades e a comunicação vertical pobre, os quais são
considerados obstáculos para o efetivo alinhamento estratégico entre as áreas da organização.
5
Beer e Eisenstat (2000) acrescentam ainda: estilo da gerência laissez-fair ou top-down; uma
equipe de gerência ineficaz; fraca coordenação entre as funções e negócios e inadequada
habilidade de liderança, os quais foram chamados de ‘assassinos silenciosos’.
Hrebiniak (2008) converge na mesma direção dos estudos supracitados, tendo listado os
seguintes obstáculos: falta de envolvimento dos responsáveis pela execução no processo de
planejamento; desafio da comunicação top down; os gerentes acreditam que a execução da
estratégia é responsabilidade dos ‘executores’ e a incapacidade de gerir mudanças, entre
outros. Já Jooste e Fourie (2009) listam como principais obstáculos a falta de entendimento da
estratégia pela força de trabalho e a falta de comunicação da estratégia para a força de
trabalho.
Adicionalmente, Getz, Jones e Loewe (2009) acrescentam cinco obstáculos da implementação
da estratégia a partir de suas experiências em indústrias, a saber: sincronizar o pensamento
estratégico de longo prazo com foco no curto prazo; diferenciar as estratégias mais
importantes a fazer; fazer distinção entre estratégico e tático; compreender que a estratégia
pode ser tanto determinista como emergente. Para maximizar o sucesso na implementação da
estratégia, os autores sugerem uma conexão entre formulação e implementação, chamando
esse processo de Migração, o qual oferece um conjunto de práticas que promovem a ligação
entre as estratégias de longo prazo e ações necessárias para alcançá-las.
Já os estudos teóricos no exterior de Raps (2004), Beer e Eisenstat (2004), Atkinson (2006),
Yukl e Lepsinger (2007), Beatty e Quinn (2007), Kaplan e Norton (2008), o estudo teórico no
Brasil de Alvim (2010) e o estudo empírico no Brasil de Lacerda e Caulliraux (2010)
identificam os principais fatores-chave para implementação eficaz da estratégia, conforme
apresentados na sequência.
Raps (2004), lista quatro principais fatores-chave, são eles: cultura organizacional, estrutura
organizacional, pessoas e um sistema de controle e Atkinson (2006), destaca como fatores-
chave: a necessidade de comunicação eficaz, um efetivo controle de gestão da estratégia e a
identificação clara de metas. O estudo de Beer e Eisenstat (2004); Yukl e Lepsinger (2007);
Beatty e Quinn (2007); Kaplan e Norton (2008) e Alvim (2010) ressaltam como fator-chave a
importância do papel positivo da liderança na implementação da estratégia.
Já o estudo de Lacerda e Caulliraux (2010), buscou verificar quais fatores influenciam a
transformação das intenções estratégicas em ações estratégicas a partir de um estudo de caso
em uma IES. Como principais resultados, a pesquisa apresenta alguns fatores-chave que
6
podem influenciar nos processos de implementação da estratégia das IES, são eles: clareza
dos objetivos; priorização dos objetivos estratégicos; acompanhamento dos objetivos
estratégicos e inexistência de indicadores dos objetivos estratégicos.
O trabalho de Lacerda e Caulliraux (2010), contribui também, ao apresentar um modelo que
visa tornar explícitas as possíveis relações entre os fatores que impactam na implementação
das estratégias, tendo como moderador dos fatores supracitados, o interesse da comunidade e
a decisão do reitor. Para os autores, havendo uma influência significativa desses atores sobre
os objetivos estratégicos, eles serão ou não implementados.
Nesse contexto, vários estudos buscam minimizar o gap existente entre formulação e
implementação da estratégia a fim de contribuir com o processo estratégico e organizacional
das instituições. No entanto, segundo Heijden (2009), no ambiente organizacional, tanto
interno quanto externo, quase tudo é incerto, pressupõe riscos e o poder que temos sobre o
futuro é muito pequeno.
Diante disso, Porter et al. (2004) expõem que há diversas formas de analisar o futuro, como
por exemplo, technology intelligence, forecasting, roadmapping, foresight, entre outras; e que
segundo os autores se inserem num campo chamado Análise das Tecnologias Orientadas para
o Futuro (FTA). Adicionalmente Eerola e Miles (2011) e Loveridge e Saritas (2012)
corroboram Porter et al. (2004) quando afirmam que os subcampos do FTA incluem:
foresight, forecasting, technology assessment, futures research entre outros.
Dentre as diversas formas de analisar o futuro, segundo Coates (1985 apud Georghiou et al.
2008, p. 07) ‘foresight é um processo pelo qual se chega a uma compreensão mais completa
das forças que moldam o futuro a longo prazo que devem ser levadas em conta na formulação
de políticas, planejamento e tomada de decisão’. Ainda para Coates (1985 apud Georghiou et
al. 2008, p. 07), ‘foresight nos prepara para conhecer as necessidades e oportunidades do
futuro’.
Na tentativa de compreender o futuro, a metodologia do foresight utiliza diversos métodos
para orientar o desenvolvimento de ideias, como por exemplo, Planejamento de Cenário
‘scenario planning’, modelagem e simulação ‘modelling / simulation’, análise de rede
‘network analysis’, entre outros (SARITAS, 2006).
Diante disso, Popper (2008) e Loveridge (2009), destacam que um dos métodos mais
utilizados no foresight é o Cenário. Loveridge (2009, p.150), define Cenário como ‘esqueleto
de um jogo, o qual inclui situações futuras possíveis, suas cenas, seus limites e atores’.
7
Para Heijden (2009), os Cenários ajudam as organizações a pensar em termos de
interpretações múltiplas, diferentes, mas igualmente plausíveis do que está acontecendo.
Adicionalmente, os Cenários podem contribuir para maximizar a eficácia da formulação e
implementação da estratégia (MORITZ e PEREIRA, 2005; COSTA et al., 2007; MORITZ;
NUNER e PEREIRA, 2008; CARVALHO et al., 2011).
Destaca-se que o sucesso do termo Cenário levou a conceitos difusos e contraditórios,
confusões com a estratégia e uma ampla gama de metodologias (GODET e ROUBELAT,
1996; GODET et al., 2000; RATCLIFFE, 2000; BRADFIELD et al., 2005).
Levando em consideração o uso de técnicas, modelos, metodologias e abordagens
apresentadas na literatura, alguns autores têm identificado a problemática que emerge dessas
diversas contribuições metodológicas, gerando o chamado ‘caos metodológico’(BRADFILED
et al. 2005; VARUM e MELO, 2010; AMER; DAIM e JETTER, 2013). Diante disso, esta
tese irá utilizar apenas a palavra ‘Cenário(s)’ ou ‘Método(s) de Cenário(s)’ a fim de
padronizar e facilitar a leitura para o leitor.
Neste contexto, vários estudos apresentados no Quadro 2 (Relevância dos cenários para
gestão estratégica) citam a relevância e importância dos Métodos de Cenários para a gestão
estratégica, o qual se mostra apropriado para lidar com a incerteza, visando aproveitar as
oportunidades e minimizar as ameaças relacionadas com o futuro.
Ano Autor Tipo de Estudo Relevância dos Cenários para Gestão Estratégica
1992 Porter Teórico A partir do momento que a empresa sente necessidade de uma
abordagem mais explícita da incerteza, a fim de compreender as
implicações estratégicas de um modo mais completo, ela passa
a utilizar os Cenários. Caso não se utilize os Cenários na
formulação estratégica, todo seu esforço será inútil.
2000 Godet; Godet et
al.
Teórico A Construção de Cenários podem iluminar as escolhas
estratégicas, reduzir as incertezas e assegurar a perenidade do
negócio, principalmente em ambientes de múltiplas incertezas.
Desde os anos 80 os autores estudam a sinergia entre
prospectiva e estratégia, o que deu origem a uma metodologia
integrada do planejamento estratégico com base em Cenários.
Propor ações estratégicas alinhadas às competências da
empresa em função dos Cenários é o objetivo da metodologia
integrada de Godet et al. (2000).
2000 Johnston Teórico Dentre os principais métodos prospectivos, o Cenário é a
abordagem mais adequada à formulação de estratégias.
2000 Ratcliffe Teórico Cenários tem se mostrado eficaz no planejamento estratégico.
2001 Chermack,
Lynham e
Ruona
Teórico O Método de Cenário contribui de forma significativa
com o planejamento estratégico tradicional.
8
Ano Autor Tipo de Estudo Relevância dos Cenários para Gestão Estratégica
2002 Berkhout e
Hertin
Teórico Cenários contemporâneos tendem a basear-se no princípio de
transparência (relação explícita entre os dirigentes) e
diversidade (ir além de uma única estimativa, encorajar os
dirigentes a explorar diferentes lógicas e caminhos consistentes
a fim de responder as perguntas do futuro). Assim, o
Planejamento por Cenários pode agregar valor a definição da
estratégia.
2004
2006
Rocha;
Rocha e
Oliveira
Teórico Cenários mostram-se como uma ferramenta que pode auxiliar
na formulação da estratégia da organização, contribuindo assim
com o posicionamento estratégico.
2004 Fink, Siebe e
Kuhle
Teórico Os autores destacam que um dos princípios da Gestão de
Cenários é justamente o ‘pensamento estratégico’ o qual busca
identificar os pré-requisitos do sucesso futuro como uma base
para o desenvolvimento e implementação das estratégias. Para
os autores, o uso de Cenários deve apoiar a tomada de decisão
no curto prazo no processo de planejamento estratégico, dando
suporte ao desenvolvimento da estratégia.
2004 Richards,
O’Shea e
Connolly
Empírico Os autores realizaram um estudo de caso na Universidade de
Glamorgan (UK), a qual introduziu o Planejamento de Cenários
na sua metodologia tradicional. A metodologia se mostrou
efetiva por quatro principais razões: maior envolvimento das
pessoas; trouxe maior desafio de tornar a estratégia explícita;
modelo aberto aos desafios das forças internas e externas e
desafia os ‘modelos mentais’. Por fim, os autores ressaltam sua
importância para a formulação da estratégia.
2005 Fink et al. Teórico O planejamento estratégico baseado em Cenários demonstra
como as organizações podem criar Cenários estratégicos
internos (RBV) visando complementar os Cenários externos
(baseado no mercado) a fim de melhorar sua visão estratégica e
maximizar o controle estratégico.
2006 Breternitz et al. Empírico Breternitz et al. (2006, p.15), a partir de um estudo de caso
afirmam que “há evidências de que os Métodos de Cenários se
apresentam como um dos mais evoluídos instrumentos para dar
suporte ao desenvolvimento da estratégia de uma dada
organização”.
2007 Franco Empírico Em sua tese, o autor desenvolve uma metodologia para
identificação de um Cenário normativo aceitável e exequível. A
metodologia integra conceitos de planejamento estratégico,
Cenários e interações estratégicas.
O autor conclui que a metodologia pode fornecer respostas
consistentes a problemas complexos e que o planejamento
estratégico agregado a uma correta visão dos futuros possíveis,
consiste em uma ferramenta para construção de um futuro
melhor.
2008 Moritz, Nuner e
Pereira
Empírico Os autores apresentam a experiência de uma empresa de grande
porte que aplicou um Método de Cenário, em 1998,
comparando os resultados 10 anos depois.
Como resultado, o estudo destacou que os Cenários
desempenham papel relevante na formulação e implementação
estratégica desta empresa, atribuindo o sucesso da situação
atual, em grande parte, aos Cenários. Destacou-se também que
os Cenários podem contribuir na aglutinação dos esforços
9
Ano Autor Tipo de Estudo Relevância dos Cenários para Gestão Estratégica
organizacionais e que é possível relacionar a metodologia
tradicional de administração estratégica com a prospecção de
Cenários.
2008 Pillkahn e
Sasano
Empírico Sua metodologia considera o ambiente organizacional externo e
interno, facilitando a identificação de estratégias robustas. Os
autores afirmam que a metodologia é um instrumento poderoso
para tomada de decisão e planejamento estratégico.
2010 Wright, Silva e
Spers
Empírico Os autores desenvolveram possíveis Cenários para o Brasil em
2020 e identificaram o Cenário mais provável através da
aplicação do método Delphi. O estudo utilizou à atribuição de
probabilidades subjetivas (opinião dos especialistas que
determinado resultado poderá ocorrer) para identificar o
Cenário mais provável. A partir de seu trabalho, os autores
corroboram pesquisas anteriores ao constatar que os Cenários
ajudam na formulação estratégica permitindo melhores decisões
estratégicas.
2011 Carvalho et al. Teórico Os autores analisam os Métodos de Cenários de Ghemawat,
Godet, Porter, Shoemaker e Schwartz, permitindo uma
comparação entre as principais etapas apresentadas pelos cinco
autores. Como contribuição do estudo, os autores verificam que
de uma forma geral, todos os métodos possuem grandes fases
críticas semelhantes, as quais podem ser agrupadas em grandes
fases/etapas e sugerem uma estrutura que contempla os
principais aspectos dos métodos estudados.
2011 Santos Empírico Em sua tese, a autora desenvolveu um modelo integrador a
partir de um estudo de caso na Eletrobrás com objetivo de
consolidar o processo de formulação de estratégias múltiplas
potencializada com o uso dos Cenários, constituindo um
instrumento relevante para tomada de decisão estratégica no
ambiente de incertezas.
2011 Gonçalves Empírico Em sua dissertação, a autora propõe um processo de avaliação a
partir das áreas e variáveis relevantes para a análise ambiental e
elaboração de Cenários, auxiliando os gestores na definição das
estratégias organizacionais. Assim, segundo a autora, a partir da
análise de Cenários pode-se prever o futuro proporcionando
base sólida para definir as questões estratégicas.
2011 Sayers Teórico Em seu artigo, a autora trás dicas para a execução do
Planejamento de Cenários eficaz, destacando o crescimento do
Planejamento por Cenários na área do ensino superior.
Os Cenários permitem testar a robustez de sua estratégia atual
na luz de diferentes futuros possíveis. Você pode, então, rever
ou repensar a sua estratégia.
A autora também publicou um guia para o Planejamento de
Cenários no Ensino Superior com estudos de casos de
Instituições que implementaram o método, verificando-se que
as Instituições tiveram razões diferentes para implementação. A
autora apresenta os estágios chaves, fatores de sucesso e
limitações para as Instituições (SAYERS, 2010).
2012 Silva, Spers e
Wright
Teórico A pesquisa acadêmica sobre elaboração e uso de Cenários tem
sido aplicada no Brasil em uma ampla gama de situações, como
por exemplo: o uso dos Cenários no planejamento de
organizações públicas, privadas e do terceiro setor; diversidade
nas técnicas empregadas; ferramenta capaz para abordar
10
Ano Autor Tipo de Estudo Relevância dos Cenários para Gestão Estratégica
problemas estratégicos de diferentes naturezas, entre outros.
Segundo os autores, essa diversidade, demonstra uma
potencialidade sistêmica da ferramenta como plataforma para a
formulação estratégica em ambientes turbulentos, confirmando
a importância do uso dos Cenários para a gestão estratégica.
2013 O’Brien e
Meadows
Empírico Para os autores, o uso de Cenários pode apoiar o
desenvolvimento da estratégia.
2013 Franco,
Meadows e
Armstrong
Empírio Os autores afirmam que nas últimas décadas emerge a aceitação
dos Cenários para apoiar o processo de formulação da
estratégia.
Como resultado, o artigo mostra que as oficinas de Cenários
contribuem para mudanças de modelos mentais, aprendizagem
e para o desenvolvimento de estratégias robustas.
Quadro 2. Relevância dos cenários para gestão estratégica
Fonte: Elaborado pela autora.
Assim, visando à permanência e prosperidade das Instituições de Ensino Superior,
recomenda-se que as IES façam uso de métodos que auxiliam na análise do futuro em geral e
de Cenários em específico, considerando que as IES trabalham em condições semelhantes a
outras organizações, em uma ‘indústria’ da educação, em que seus rivais são outras
instituições de educação, seus clientes são os alunos e seu produto é a pesquisa (PIIRAINEN
et al., 2007).
No entanto, a partir da literatura analisada com base nos trabalhos relacionados ao tema
verificou-se uma carência de pesquisas que relacione os ‘Métodos de Cenários’ com a
temática ‘formulação e implementação da estratégia’ em Instituições de Ensino Superior
sendo identificados poucos estudos, citados abaixo.
No Brasil, destacam-se as teses de Rojo (2005) ‘Modelo para simulação de Cenários: uma
aplicação em instituição de ensino superior privada; Thiesen (2009) ‘Método para construção
e análise de Cenários Prospectivos em planejamento educacional baseado na gestão do
conhecimento’; e Ribas (2013) ‘Planejamento educacional baseado em Cenários Prospectivos
na educação à distância’; e as dissertações de Carneiro (2010) ‘Métodos de criação de
Cenários Prospectivos para o ensino superior brasileiro’ e Moritz (2012) ‘Perspectivas e
tendências das Universidades públicas gratuitas de Santa Catarina’, as quais apresentam certa
correlação com o tema dessa pesquisa e são apresentadas no item 2.4.2.2. Pode-se citar ainda,
além dos estudos no exterior de Richards, O’Shea e Connolly (2004) e Sayers (2010) citados
no Quadro 2 (Relevância dos cenários para gestão estratégica), outros estudos realizados no
exterior e Brasil que envolvem a temática ‘Cenários’ e ‘Educação’, conforme abaixo
relacionados.
11
No exterior, Habana (1993); Miller (2003); Blass, Jasman e Shelley (2010); e, Andreescu et
al. (2013) discutem o futuro do setor da educação superior através do desenvolvimento de
Cenários. Já, o estudo de Georghiou e Harper (2006) examina o ensino superior como um
objeto de FTA e afirmam que apesar das discussões frequentes acerca do futuro do ensino
superior, poucas pesquisas têm utilizado os métodos FTA de forma explícita.
Outros estudos no exterior, como de: Enserink (2000); Piirainen et al. (2007) e Church-Duran
e Ludwig (2012), tiveram como foco a aplicação de Métodos de Cenários na Universidade de
Tecnologia Delft, Universidade de Tecnologia de Lappeenranta e na biblioteca da
Universidade do Kansas (Reino Unido), respectivamente.
No Brasil, Souza et al. (2008); Hoss, Bromberger e Souza (2012) e Ribas, Catapan e Spanhol
(2013) tiveram como foco a aplicação de Métodos de Cenários no Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares; na Universidade Tecnológica Federal do Paraná; e em uma
Instituição Pública de Ensino Superior, respectivamente.
Ainda no Brasil, Viegas, Rodrigues Pinto e Leal (2005), a partir de um estudo teórico,
apresentam os Métodos de Cenários e sua utilização no campo educacional; Moritz et al.
(2011) discute o ambiente das Universidades, com foco na Universidade Federal de Santa
Catarina e sua trajetória para 2022; e, Carneiro et al. (2011) apresenta o futuro do setor da
educação superior através do desenvolvimento de Cenários.
Destaca-se ainda que o contexto competitivo das Instituições de Ensino Superior está mais
acirrado, levando em consideração sua expansão nos últimos anos. Verifica-se que o número
de IES mais que dobrou num período de 11 anos. Na última sinopse divulgada pelo Inep em
2011, o Brasil tinha 2.365 IES, das quais 88% eram privadas. Os números de 2000 apresenta-
se um total de 1.180 IES, sendo que dessas, 85,04% são privadas (Portal do MEC/Inep, 2013).
Assim, a cada ano, novas IES são criadas, fazendo com que aumente a competitividade entre
elas. Nesse sentido, é que a utilização de ferramentas de gestão estratégica pode auxiliar essas
Instituições na formulação e implementação eficaz da estratégia, tornando-as aptas a
enfrentarem os desafios do mercado e manterem-se competitivas (MORITZ et al. 2011).
Outros estudos convergem nessa direção quanto à importância da gestão estratégica para as
IES. Dooris, Kelley e Trainer (2002) apesar de evidenciarem em seu estudo críticas e
ceticismo sobre a eficácia do planejamento estratégico nas IES, se posicionam como
defensores do planejamento; Meyer Junior e Mangolim (2006) expõem, ‘sem estratégias
adequadas, as universidades perdem competitividade, alunos, recursos e prestígio podendo
12
comprometer seu futuro’. Os autores acrescentam ainda que a formulação da estratégia para
as universidades significa uma nova visão sobre a sua gestão; e Calareso (2007, p. 13) afirma
que ‘o planejamento estratégico é crítico para o crescimento e desenvolvimento de uma
universidade’.
Contudo, os estudos encontrados, de forma geral, abordam a importância dos Métodos de
Cenários para a gestão estratégica das organizações, havendo uma carência de estudos que
relacionem os Métodos de Cenários com a temática gestão estratégica em IES. Neste
contexto, apresenta-se a questão principal que irá nortear esta pesquisa: Os métodos que
auxiliam na análise do futuro podem contribuir para alinhar a formulação e implementação da
estratégia nas IES? Destaca-se que os métodos que auxiliam na análise do futuro considerados
por essa pesquisa são: ‘Systems Thinking’, Teoria dos Conjuntos, Diagrama de Venn e
Cenários. Assim, com base nesta questão, definiram-se os objetivos desta pesquisa
apresentados a seguir.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Propor um modelo teórico para alinhar a formulação e implementação da estratégia em
Instituições de Ensino Superior mediante o uso de Cenários.
1.2.2 Objetivos Específicos
- Identificar os principais obstáculos e fatores-chave que envolvem a formulação e
implementação da estratégia;
- Identificar os ‘elementos-chave’ para a formulação e implementação da estratégia com
suporte da Teoria dos Conjuntos em combinação com ‘Systems Thinking’;
- Validar os ‘elementos-chave’ para a formulação e implementação da estratégia das IES com
especialistas da área de estratégia e educação no Brasil e exterior através de survey;
- Construir Cenários a partir dos ‘elementos- chave’ para as IES e validá-los com especialistas
da área de estratégia e educação no Brasil;
- Desenvolver um modelo para alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES no
Brasil usando Diagrama de Venn.
13
1.3 Relevância, Ineditismo e Contribuição da Pesquisa
O desenvolvimento deste estudo mostra-se relevante ao constatar a lacuna existente entre
formulação e implementação da estratégia ao longo do tempo e a complexidade desse
processo, o qual tem resultado nos baixos índices de implementação das estratégias pelas
organizações, conforme apresentado no Quadro 1 (Índices de implementação da estratégia).
No entanto, estudos apresentados a seguir discutem a importância e o crescimento do uso dos
Métodos de Cenários na gestão estratégica das organizações, o qual pode contribuir para a
eficácia da implementação estratégica. De acordo com esses estudos, apresentados no Quadro
2 (Relevância dos cenários para gestão estratégica), verificam-se as seguintes contribuições:
Cenários podem iluminar as escolhas estratégicas (GODET, 2000; GODET et al., 2000;
MARCIAL e GRUMBACH, 2008); Cenários desempenham papel relevante na gestão
estratégica das organizações (MORITZ e PEREIRA, 2005; COSTA et al., 2007; MORITZ;
NUNER e PEREIRA, 2008; CARVALHO et al., 2011); o uso dos Cenários melhora a
qualidade das decisões estratégicas (AMORIM, 1997; PORTO, 2006); melhora a formulação
e implementação da estratégia da empresa (ROCHA, 2004; ROCHA e OLIVEIRA, 2006;
MORITZ; NUNER e PEREIRA, 2008; HEIJDEN, 2009); ajudam a estruturar a estratégia e
aproveitar as oportunidades futuras (REIBNITZ, 2006; FRANCO, 2007; GONÇALVES,
2011; SAYERS, 2011); instrumento poderoso na área de planejamento estratégico
(RATCLIFFE, 2000; CHERMACK; LYNHAM e RUONA, 2001; FINK; SIEBE e
KUHLE, 2004; PILLKAHN e SASANO, 2008); ajudam na formulação estratégica e
permitem melhores decisões estratégicas (PORTER, 1992; JOHNSTON, 2000; BERKHOUT
e HERTIN, 2002; RICHARDS; O’SHEA e CONNOLLY, 2004; WRIGHT; SILVA e SPERS,
2010; SILVA; SPERS e WRIGHT, 2012; O’BRIEN e MEADOWS, 2013); e, organizações
tem utilizado de forma crescente os Métodos de Cenários nos seus processos de formulação
estratégica (SANTOS, 2011; FRANCO; MEADOWS e ARMSTRONG, 2013).
Entretando, considerando o contexto da educação de uma forma geral e os Métodos de
Cenários, constatou-se um número reduzido de pesquisas que investigam e aplicam os
Métodos de Cenários nessa área, principalmente em IES, conforme já mencionado no item
1.1.
Adicionalmente, Ribas (2013), a partir de um levantamento teórico no Brasil, acrescentou
outros estudos de Cenários no contexto da educação aplicados a diferentes propósitos: Valle
(1996) tese sobre ‘formação de professores no Brasil: em busca de Cenários’; Bunner (2000)
‘análise das perspectivas, desafios e as estratégias da educação para a América Latina frente
14
ao processo de globalização’; Chrispino (2001) tese sobre ‘Cenários futuros para a educação:
um exemplo aplicado à educação média’; Moreno (2001) ‘Cenários para a educação no
contexto da globalização e pós-modernidade’; Porto (2002) ‘Cenários sobre o ensino superior
no Brasil e no mundo abordando condicionantes e tendências para 2003 – 2025’; e, Ramos
(2005) dissertação sobre ‘reforma da educação superior: construindo Cenários futuros para o
CEFET-RJ’.
Diante disso, verifica-se que os Métodos de Cenários têm sido pouco aplicados na área da
educação, estando mais fortemente ligados à atividade industrial, corroborando Thiesen
(2009). Ressalta-se, ainda, que as IES trabalham em condições semelhantes a outras
organizações, sobretudo em mercados de múltiplas incertezas e competitivos, onde a
implementação da estratégia é o grande desafio dos gestores (PIIRAINEN et al., 2007;
LACERDA, 2009).
Assim, a fim de contribuir para eficácia da implementação, pesquisadores buscam consolidar
um modelo de implementação estratégica, como por exemplo: modelo de Hambrick e Canella
(1989); modelo de Hrebiniak (2006); modelo do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton
(1997; 2006; 2008); modelo Organizational Fitness Profiling (Beer e Eisenstat, 2000); e,
modelo de Labovitz e Rosansky (1997). Porém, autores como: Noble (1999b); Okumus
(2003); Hrebiniak (2006); e Kaplan e Norton (2008) analisam que um dos problemas de
implementação é justamente a inexistência de um modelo claro, abrangente e dominante. Para
os autores o que existe são ferramentas operacionais e conceitos de implementação
fragmentados.
Verifica-se assim, a complexidade do processo de formulação e implementação da estratégia e
a inexistência de um modelo de implementação da estratégia dominante e totalmente aceito
tanto por gestores quanto por pesquisadores, destacando-se à necessidade de estudos
envolvendo a implementação da estratégia, uma vez que a ênfase tem sido dada a formulação
em detrimento da implementação da estratégia (ATKINSON, 2006).
Destaca-se também, como mencionado anteriormente, uma carência de pesquisas de maior
profundidade que relacione os temas ‘formulação e implementação da estratégia’, ‘Instituição
de Ensino Superior’ e ‘Cenários’. Adicionalmente, não foram identificadas aplicações de
modelos de formulação e implementação da estratégia em IES, nem estudos com proposição
de modelos de implementação da estratégia e/ou alinhamento estratégico em IES,
justificando-se a originalidade e ineditismo do tema.
15
Diante do exposto, esse estudo propôs um modelo para alinhar a formulação e implementação
da estratégia em Instituições de Ensino Superior, através dos principais elementos que
possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia com a
participação e validação dos especialistas da área de estratégia e educação em duas etapas.
A primeira etapa foi através de survey (questionário) com especialistas do Brasil e exterior
que teve como objetivo validar os elementos que podem possibilitar e/ou impossibilitar a
formulação e implementação da estratégia. Para a segunda etapa, construíram-se dois
Cenários para as IES do Brasil, levando em consideração os resultados da etapa anterior,
sendo validado com cinco especialistas do Brasil. A partir disso, foi feita a proposição do
modelo que tem como objetivo minimizar o gap teórico entre formulação e implementação da
estratégia, tendo em vista sua relevância tanto para a academia quanto para as IES.
Este estudo também avança e contribui para a compreensão das dificuldades de
implementação da estratégia das organizações de forma geral, e para as Instituições de Ensino
Superior em particular, uma vez que, pouca atenção vem sendo dedicada as questões relativas
à problemática da implementação da estratégia (HUTZSCHENREUTER e KLEINDIENST;
2006; ATKINSON, 2006; e LACERDA; 2009).
Adicionalmente, Lacerda (2009), expõe que não há consenso nem mesmo uma proposta
consolidada sobre o processo de formulação e desdobramento da estratégia nas IES. Contudo,
conforme já apresentado anteriormente, autores como Dooris, Kelley e Trainer (2002); Meyer
Junior e Mangolim (2006); Calareso (2007) e Lacerda (2009) defendem a importância da
gestão estratégica para as IES.
Assim, sob a perspectiva teórica, o estudo contribuirá com a proposição do modelo para
alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES e com a metodologia adotada. A
sistemática para estruturação do modelo utilizou a lógica do FTA por meio da combinação
dos métodos ‘Systems Thinking’, Teoria dos Conjuntos, Diagrama de Venn e Cenários.
Neste contexto, ‘Systems Thinking’ tem como pré-requisito a compreensão do pensamento
holístico (CHECKLAND, 2012), ou seja, é o ato de pensar no todo na tentativa de explicar
determinada realidade, o qual vai além do pensamento reducionista. ‘Systems Thinking’
também é caracterizado pela opinião subjetiva das pessoas, sendo influenciado pelas
características comportamentais dos envolvidos (LOVERIDGE, 2009). Desta forma, a prática
de ‘Systems Thinking’ apresenta características apropriadas quando aplicadas as atividades do
futuro, sendo utilizado como alicerce para proposição do modelo.
16
Já a Teoria dos Conjuntos tem como propósito demonstrar características semelhantes de um
determinado grupo de objetos, utilizando a linguagem dos símbolos. E, para representar os
fundamentos da Teoria dos Conjuntos utiliza-se o Diagrama de Venn (SHILLITO, 2014).
Assim, a combinação do uso de ‘Systems Thinking’ aliada a Teoria dos Conjuntos permitiu a
compreensão da complexidade do sistema em análise a fim de identificar com a participação
de especialistas os principais elementos para a formulação e implementação da estratégia, o
qual foi ilustrado a partir do Diagrama de Venn.
Adicionalmente, ‘Systems Thinking’ deu suporte para Construção dos Cenários de ‘Realidade
e Expectativa’ para três períodos, os quais foram validados através de survey com
especialistas da área de estratégia e educação no Brasil, contribuindo para construção do
modelo. A proposição do modelo também utilizou a estrutura do Diagrama de Venn a partir
dos principais elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia e um
elemento que impossibilita a formulação e implementação da estratégia nas IES, apresentado
no capítulo resultados.
Destaca-se também, que não foram identificados estudos que relacione os temas ‘formulação
e implementação da estratégia’ e ‘educação’ que utilize a combinação dos métodos adotados,
reforçando a originalidade do tema. Diante disso, o estudo proporcionará um referencial a
mais na literatura, contribuindo para que as IES possam dispor de alternativas teóricas e
metodológicas visando à realização de estudos de formulação e implementação da estratégia e
estudos futuros na área da educação, considerando que os trabalhos ainda são escassos.
1.4 Estrutura da Tese
A presente pesquisa está estruturada em cinco capítulos. O primeiro capítulo aborda a
introdução, que apresenta a contextualização do problema de pesquisa, objetivos e a
relevância, ineditismo e contribuição da pesquisa.
O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica da pesquisa, com ênfase nos temas:
formulação da estratégia; alinhamento; implementação da estratégia; FTA; foresight; origens
e conceitos dos Cenários, sendo apresentados as principais escolas e Métodos de Cenários e a
aplicação dos Métodos de Cenários na área da educação.
No terceiro capítulo é apresentada e discutida a metodologia da pesquisa, que está dividida em
duas etapas. A primeira etapa compreende o design da pesquisa; contexto da pesquisa -
17
população e amostra; coleta de dados e análise de dados; e, a segunda etapa apresenta as fases
e passos para construção da sistemática proposta.
O quarto capítulo apresenta a análise e discussão dos resultados a partir das quatro fases
estabelecidas para construção do modelo proposto. A primeira fase apresenta as etapas para
construção do Diagrama de Venn e a segunda fase as etapas para validação do Diagrama de
Venn e respectivos resultados. Na terceira fase, apresentam-se os resultados das etapas para
construção e validação dos Cenários e, por último, apresentam-se os resultados das etapas
para construção do modelo proposto.
No último capítulo são apresentadas as considerações finais da pesquisa, com as principais
conclusões, levando em consideração os resultados e a relação com a teoria. Apresentam-se,
também, as limitações da pesquisa e sugestões para estudos futuros sobre o tema. A Figura 1
apresenta uma síntese da estrutura da tese.
18
Figura 1. Estrutura da tese
Fonte: Elaborado pela autora.
1. Introdução
Contextualização do problema de pesquisa
Objetivos: geral e específicos
Relevância, ineditismo e contribuição pesquisa
Estrutura da tese
Statement of research
Objective and Scope
2. Fundamentação Teórica
Formulação da estratégia
Alinhamento
Implementação da estratégia
FTA; Foresight
Origens e conceitos dos Cenários
3. Metodologia
Design da pesquisa
Contexto da pesquisa: população e amostra
Coleta de dados
Análise de dados
Sistemática proposta
5. Considerações Finais
Conclusões
Limitações da pesquisa
Sugestões para estudos futuros
4. Análise dos Resultados
Construção do Diagrama de Venn
Validação do Diagrama de Venn
Construção e validação dos Cenários
Construção do modelo proposto
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo tem como objetivo apresentar o ‘estado da arte’ sobre formulação da estratégia,
alinhamento, implementação da estratégia, FTA, foresight, origens e conceitos dos Cenários,
seus principais métodos, aplicação dos Cenários na área da educação, ‘Systems Thinking’;
Teoria dos Conjuntos e Diagrama de Venn a fim de contextualizar o objetivo proposto dessa
pesquisa.
2.1 Formulação da Estratégia
Segundo Hambrick e Cannella (1989, p. 278), ‘a implementação da estratégia deve ser
considerada durante o processo de formulação, não mais tarde, quando pode ser tarde
demais’, ou seja, é necessário planejar e analisar os ajustes necessários da implementação já
na fase de formulação, sendo possível desta forma verificar se a estratégia é viável. Para os
autores, a tendência em separar as duas fases é a raiz do problema da execução da estratégia.
Bertero, Vasconcelos e Binder (2003), convergem na mesma direção quando afirmam que a
formulação e a implementação se portam de forma interativa. Martin (2010) corrobora
Hambrick e Cannella (1989) e Bertero, Vasconcelos e Binder (2003) quando afirma que a
separação ‘inútil’ entre formulação e implementação não contribui em nada com a
organização e ainda poderá levar ao fracasso. O autor afirma que essa divisão gera conflito na
organização, uma vez que, se os resultados são alcançados a alta direção recebe os créditos e,
caso os resultados sejam negativos, a culpa é dos ‘executores’ que não implementaram de
acordo com o planejado. Mintzberg (2004, p. 230), afirma ainda que ‘todo fracasso de
implementação da estratégia é por definição um fracasso de formulação’, considerando sua
interação, mesmo que informal, no ambiente organizacional. Adicionalmente, o estudo de
Marinho (2006) mostra que 58,33% dos especialistas participantes de uma survey acreditam
na indissociabilidade entre formulação e implementação da estratégia, considerando que
dificilmente haverá implementação sem a organização conhecer com segurança o processo de
formulação da missão, visão, valores, desafios e políticas, etc. Diante disso, a pesquisa de
Hutzschenreuter e Kleindienst (2006) expõem a necessidade de novos estudos estabelecerem
um link entre formulação e implementação da estratégia, a fim de responder a seguinte
pergunta: os diferentes estilos de formulação podem, de fato, afetar a implementação da
estratégia?
Para Hrebiniak (2008) e Prieto, Carvalho e Fischmann (2009), a formulação e implementação
20
da estratégia são relacionadas e interdependentes, em que cada atividade pode ser diferenciada
e discutida separadamente. Porém, na lógica, segundo os autores, a implementação segue a
formulação, considerando que não se pode implementar algo antes do planejamento. Ainda,
segundo Hrebiniak (2008), essa interdependência entre formulação e implementação da
estratégia sugere que a conexão entre os ‘planejadores’ e ‘executores’ melhore a
probabilidade de sucesso da implementação.
Cocks (2010) expõe que o sucesso organizacional requer constante conexão entre a
formulação da estratégia e sua implementação. O autor mostra através da Teoria dos
Conjuntos o link necessário entre a formulação e execução da estratégia, conforme Figura
abaixo.
Figura 2. Link da formulação da estratégia com a execução.
Fonte: Cocks (2010)
Assim, para Cocks (2010) a formulação da estratégia precisa ‘inputs’ do nível operacional
para trazer ‘insights’ de confiança sobre as capacidades organizacionais e restrições de
recursos. Ainda, segundo Hubbard et al. (1996 apud Cocks 2010), se o processo de
planejamento estratégico é realizado apenas pela equipe executiva, o nível operacional não
estará entusiasmado para implementar algo que eles não tiveram voz no desenvolvimento.
Por fim, Gandellini, Pezzi e Venanzi (2013, p.10) expõem que ‘a criação de estratégias
eficazes conectam as pessoas em uma organização que formulam estratégias com as pessoas
que implementam estratégias’. Para os autores, o desenvolvimento da estratégia é um pré-
requisito para sua implementação, porém, na prática, a separação entre o ‘pensar’ e ‘agir’ é
caracterizada pelo fato dos gerentes formularem a estratégia e os níveis mais baixos serem
responsáveis pela sua implementação.
Existem trabalhos, envolvendo muitos métodos e escolas de pensamento sobre a formulação e
desenvolvimento da estratégia. Entre os de maior destaque incluem-se as abordagens de
posicionamento (associada a Michel Porter); visão baseada em recursos (resorce-based-view),
21
competências essenciais (core competencies), gestão baseada em valor (value-based
management), lucro oriundo do núcleo (profit-from-the core), oceano azul (blue ocean),
estratégia emergente (emergent estrategy), co-criação de experiências (experience cocreation)
e inovação disruptiva (disruptive inovation) (KAPLAN e NORTON, 2008).
Para Kaplan e Norton (2008, p. 57), ‘não importa qual seja a metodologia, o resultado de
qualquer ferramenta de formulação da estratégia é desenvolver um roteiro que diferencie a
posição e as ofertas da empresa em relação às dos concorrentes, de modo a criar vantagem
competitiva sustentável que gere desempenho financeiro superior’.
Destaca-se também às dez escolas de formulação da estratégia da obra Safári de Estratégia de
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010), são elas: escola de design; escola do planejamento;
escola do posicionamento; escola empreendedora; escola cognitiva; escola de aprendizado;
escola de poder; escola cultural; escola ambiental e escola de configuração, apresentado no
Quadro 3 (Escolas de formulação da estratégia).
Escolas Formulação de
Estratégia como: Estratégia como:
Pre
scrit
iv
a
Escola do Design Processo de concepção Perspectiva planejada
Escola do Planejamento Processo formal Planos (ou posições) decompostos
Escola do Posicionamento Processo analítico Posições genéricas planejadas, também
manobras
Des
crit
iva
Escola Empreendedora Processo visionário Perspectiva única (visão)
Escola Cognitiva Processo mental Perspectiva mental
Escola de Aprendizado Processo emergente Padrões aprendidos
Escola do Poder Processo de negociação Posições e padrões cooperativos e
políticos, também manobras estratégicas
Escola Cultural Processo coletivo Perspectiva coletiva
Escola Ambiental Processo reativo Posições genéricas específicas (nichos)
Escola de Configuração Processo de transformação Quaisquer das anteriores, em contexto.
Quadro 3. Escolas de formulação da estratégia
Fonte: Adaptado de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010).
As escolas: do design, planejamento e posicionamento, surgiram a partir dos anos 70 e 80, são
de natureza prescritiva, ou seja, estão mais preocupadas com a formulação da estratégia. A
escola de design é vista pelos autores como a mais influente do processo de formulação da
estratégia, a qual inicia por uma avaliação externa (ameaças e oportunidades) e interna (forças
e fraquezas), buscando um alinhamento entre organização e ambiente para implementação da
estratégia. A escola de planejamento tem como premissas: o planejamento formal; o
executivo principal é o responsável por esse processo e as estratégias surgem deste processo.
22
No entanto, apresentam-se três avanços recentes nessa abordagem: Planejamento de Cenários;
opções reais (equivalente administrativo da teoria das opções em finanças) e controle
estratégico. A escola de posicionamento enfatizou a importância do conteúdo das estratégias.
Suas premissas são: as estratégias são identificáveis no mercado; o mercado é econômico e
competitivo; formulação de estratégias a partir da seleção das posições genéricas; papel
importante dos analistas e a estrutura do mercado dirigem as estratégias (MINTZBERG,
AHLSTRAND e LAMPEL, 2010).
Já as escolas: empreendedora, cognitiva, aprendizado, do poder, cultural e ambiental,
evoluíram a partir dos anos 90, tornando o campo mais eclético, as quais tem focado sua
atenção com a descrição e buscam entender como as estratégias são formuladas. A escola
empreendedora formula suas estratégias a partir da experiência e intuição do líder,
caracterizando desta forma uma visão estratégica e organização maleável. A escola cognitiva
busca sondar a mente do estrategista, uma vez que a formulação da estratégia ocorre na mente
deste. Já na escola de aprendizado, a formulação da estratégia precisa assumir a forma de um
processo de aprendizado com o tempo, na qual, formulação e implementação não sejam
separadas. Na escola de poder a formulação da estratégia é influenciada pelo poder e política
de acordo com determinados interesses. Ressalta-se que as estratégias resultantes deste
processo tendem a ser emergentes. A escola cultural caracteriza a formulação da estratégia
como sendo um processo de interação social enraizado na força social da cultura, promovendo
mudanças de posição dentro da perspectiva estratégica global da organização. Na escola
ambiental o ambiente é o agente principal para formulação das estratégias e a organização é
considerada passiva frente às ações do ambiente externo. Ao longo do tempo, a liderança
torna-se incapaz de influenciar o desempenho da organização. Por fim, a escola de
configuração se distingue por seu caráter abrangente, a qual combina todas as premissas
apresentadas pelas escolas anteriores, cada uma em um contexto bem definido
(MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL, 2010).
Desta forma, os autores concluem que a formulação da estratégia deve combinar os aspectos
das dez escolas, tendo em vista que todas olham para o mesmo processo, porém, cada uma do
seu jeito. Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010, p.355), ‘a formulação de estratégia é um
espaço complexo’, sendo assim, é preciso levar em consideração a avaliação do ambiente
interno e externo, o controle estratégico e conteúdo da estratégia, a intuição do líder e a mente
do estrategista, o aprendizado emergente, a negociação e a interação social, a fim de dar
23
resposta ao ambiente exigente. Assim, as melhores estratégias podem ser aquelas que
combinam os diversos aspectos, não levando em consideração um único ponto de vista.
A seguir, apresentam-se os temas ‘alinhamento’ e ‘implementação da estratégia’, os quais
estão inter-relacionados com a formulação da estratégia. Destaca-se que em função de alguns
modelos apresentados serem chamados de modelos de implementação e alinhamento e por
haver uma abordagem do ‘alinhamento’ dentro do item ‘implementação da estratégia’, nesta
tese, optou-se em apresentar primeiro o ‘alinhamento’ e em seguida a ‘implementação da
estratégia’, a fim de facilitar o entendimento para o leitor.
2.2 Alinhamento
A origem do conceito de alinhamento está presente nos estudos da abordagem contingencial
(VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984). No entanto, não há um consenso na literatura
quanto ao termo ‘Alinhamento’, sendo encontrados alguns sinônimos, como: ajuste, (do
inglês, fit) (VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984); coalinhamento (VENKATRAMAN e
PRESCOTT, 1990); congruência (SEMLER, 1997), entre outros.
Venkatraman e Camillus (1984) consideram‘fit’ ou alinhamento tema central no campo da
gestão estratégica. Os autores destacam que apesar dos diferentes conceitos da estratégia, a
distinção fundamental está no foco do conteúdo da estratégia (o que deve ser feito) ou no
processo da estratégia (como a estratégia deve ser desenvolvida). Os autores focam o
conteúdo do ‘fit’, ou seja, quais elementos devem ser ajustados para atingir o resultado
desejado.
Verifica-se também que o conceito de alinhamento estratégico encontra-se presente nas
literaturas de estratégia através dos trabalhos seminais apresentados no Quadro 4 (Trabalhos
seminais que abordam alinhamento).
Autor (es) – Ano Fonte de vantagem competitiva
CHANDLER A. D. (1962) Alinhamento da estrutura à estratégia
ANDREWS, K. R (1971) Alinhamento da estratégia ao ambiente externo (forças
e fraquezas; oportunidades e ameaças)
PORTER, M. (1986) Alinhamento da estratégia ao mercado (ajuste da
estratégia às forças competitivas da indústria)
WERNERFELT, B. A. (1984); BARNEY (1991);
COLLIS, D. J. e MONTGOMERY C. A. (1995)
Alinhamento estratégico sobre os fatores internos
(Resourced Based View)
Quadro 4. Trabalhos seminais que abordam alinhamento
Fonte: adaptado de Prieto 2011.
24
Segundo Venkatraman e Camillus (1984), o conceito de alinhamento é investigado a partir de
três categorias: alinhamento externo (considera a perspectiva da formulação da estratégia),
alinhamento interno (considera a perspectiva da implementação da estratégia) e integrado
(considera formulação e implementação da estratégia). O alinhamento é classificando ainda
quanto ao conteúdo (elementos a serem alinhados com a estratégia) e quanto ao processo
(como realizar o alinhamento). Os autores afirmam ainda que o foco principal do alinhamento
está relacionado ao ajuste aos elementos externos, sendo esse a essência do processo
estratégico.
O conceito de alinhamento externo refere-se ao ambiente competitivo da organização, o qual
busca alinhar a estratégia às variáveis externas (VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984).
Pesquisas acerca do alinhamento externo tem considerado a integração das capacidades
(FUCHS et al. 2000); alinhamento dinâmico (ZAJAC; KRAATZ e BRESSER, 2000) e
inércia organizacional (SIGGELKOW, 2001), dentre outras.
Já o alinhamento interno está relacionado à mobilização dos recursos visando alinhar as
estratégias as variáveis internas (estrutura, sistema de gestão e cultura organizacional) para
implementação da estratégia formulada. A essência de suas raízes teóricas encontra-se na
literatura de implementação da estratégia e mudança organizacional (VENKATRAMAN e
CAMILLUS, 1984; PRIETO, 2011).
Destaca-se, o estudo de Senff, Compagnoni e Bendlin (2014), que teve como objetivo validar
a ferramenta para mensuração do grau de alinhamento organizacional interno, utilizando o
perfil de diagnóstico de alinhamento, proposto por Labovitz e Rosanski (1997). Os autores
utilizaram a metodologia de múltiplos casos, em uma única empresa do segmento do
comércio, que possui dez unidades de negócio espalhadas nos estados de Santa Catarina e
Paraná. Como resultado, o perfil de diagnóstico de alinhamento estratégico revelou ser uma
ferramenta eficiente para estabelecer o grau de alinhamento interno entre as unidades de
negócio da empresa em análise, refletindo as dificuldades, fraquezas, pontos fortes e acertos
das ações dos quatro componentes do modelo (estratégia, clientes, pessoas e processos) em
direção ao propósito essencial estabelecido.
Identifica-se, ainda, que as pesquisas relacionadas ao construto alinhamento interno têm sido
conduzidas a partir do alinhamento vertical (AV) e alinhamento horizontal (AH). O
alinhamento vertical está relacionado com a configuração de estratégias, objetivos, planos de
ação e decisões nos diversos níveis organizacionais. O alinhamento vertical é efetivamente
realizado quando os níveis hierárquicos inferiores estabelecem objetivos e planos que
25
viabilizem a concretização de uma estratégia elaborada em um nível superior (KATHURIA,
JOSHI e PORTH, 2007).
Já o alinhamento horizontal, de acordo com Kathuria, Joshi e Porth (2007) pode ser definido
em termos de integração entre as funções (cross-functional) e dentro das funções (intra-
functional). A integração entre as funções denota coerência das decisões entre as diversas
áreas e como elas apoiam uma à outra e a integração dentro das funções é alcançada através
de coerência entre as decisões dentro da própria área. Ainda segundo os autores, estudos sobre
alinhamento horizontal não são comuns dentro das organizações.
Como exemplo do alinhamento interno vertical, destaca-se a pesquisa de Lunkes,
Schnorrenberger e Gasparetto (2014) que teve como objetivo discutir e ilustrar o processo de
alinhamento estratégico, tático e operacional de uma empresa de grande porte com o auxílio
da metodologia multicritério em apoio à decisão construtivista – MCDA-C, considerando o
distanciamento existente entre a elaboração e implementação da estratégia. Como resultado, a
organização superou essa lacuna, integrando a política estratégica à operacional através de
uma coerente e fundamentada definição de objetivos e metas, a organização conseguiu alinhar
a visão estratégica com sua operacionalização, alcançando resultados consistentes em todos os
níveis de planejamento.
Adicionalmente, Lunkes, Schnorrenberger e Gasparetto (2014), realizaram uma pesquisa
nacional sobre alinhamento estratégico a partir da base de dados de Periódicos CAPES e base
Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL), sendo encontrados os seguintes estudos
sobre o tema: efeitos do desempenho no alinhamento estratégico na elaboração da estratégia e
nas estratégias de negócios em pequenas e médias empresas (pesquisa de RAYMOND e
CROTEAU, 2009); desenvolvimento e execução da estratégia com a utilização do Balanced
Scorecard para o alinhamento e prestação de contas (HICKS e MOSELEY, 2011); Balanced
Scorecard utilizado como roteiro para traduzir os objetivos estratégicos de organizações de
software em indicadores de processos gerenciáveis, permitindo a implementação do
alinhamento estratégico de negócios e a melhoria de processos em organizações
desenvolvedoras de software (ASATO et al., 2011); estudo de caso com suporte da análise
multivariada para discutir a percepção gerencial sobre o alinhamento estratégico e sobre o
balanceamento da performance, via aplicação do Balanced Scorecard na rede de agências de
um grande banco brasileiro de varejo (REZENDE e NOGUEIRA, 2012); processo de
alinhamento estratégico de Tecnologia da Informação (TI) de uma empresa do setor
siderúrgico brasileiro, analisando como o mesmo é praticado na referida empresa vis a vis à
26
teoria (FREITAS et al., 2013); lições aprendidas no desenvolvimento e teste de novas MPs
(Performance Measurement Systems), que criaram um avanço na abordagem Balanced
Scorecard. Ao analisar três casos em que o sistema foi aplicado, a FTA é vista como
fundamental na ligação entre estratégia e operações com uma visão de longo prazo da
empresa (MARINHO e CAGNIN, 2014); discussão e validação da aplicação de ferramenta
para análise do perfil de diagnóstico de alinhamento estratégico proposta por Labovitz e
Rosanski (1997), que permite verificar a convergência das ações de toda a organização em
direção à estratégia (SENFF; COMPAGNONI e BENDLIN, 2014); e, alinhamento estratégico
por meio das prioridades competitivas sob a perspectiva de relacionamento diádico, das
empresas de bens de capital (MOORI e KIMURA, 2014). Os autores destacam ainda, outros
estudos de alinhamento estratégico aplicados a diferentes propósitos.
Destaca-se também que os estudos supracitados podem ser classificados como alinhamento
vertical, corroborando a afirmação de Kathuria, Joshi e Porth (2007) quando expõem que a
maioria das pesquisas têm sido desenvolvidas em termos de alinhamento vertical, não sendo
identificado nenhum estudo em termos de alinhamento horizontal.
Em síntese, estudos mostram a relevância do alinhamento estratégico para as organizações
que buscam a excelência (MILES e SNOW; 1984). O alinhamento também contribui de
forma significativa para a implementação da estratégia (HAMBRICK e CANELLA, 1989;
HREBINIAK, 2006; KAPLAN e NORTON, 2008); para aumentar a vantagem competitiva da
organização (COLLINS e MONTGOMERY, 1998); e para melhorar o desempenho
organizacional (PRIETO, 2011). Enfim, alinhamento estratégico é tema central para a gestão
estratégica organizacional (VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984).
2.3 Implementação da Estratégia
Noble (1999b, p.120) define implementação da estratégia como ‘a comunicação,
interpretação, adoção e aprovação dos planos estratégicos’. A literatura apresenta uma ampla
discussão a respeito dos obstáculos e fatores-chave que podem levar a eficácia da
implementação da estratégia e fases para implantação, detalhados nos estudos abaixo.
Conforme Hambrick e Cannella (1989), os elementos para implementação eficaz da estratégia
abrangem três etapas a serem conduzidas pelo estrategista, são elas: preparação do terreno
(para a nova estratégia); tratar das influências relevantes para a implementação
(comprometimento de recursos, programa das subunidades, estrutura, recompensa e pessoas),
27
e envolver todos os níveis dentro e fora da organização (de cima para baixo, de baixo para
cima, para fora e interdepartamental). No entanto, Hambrick e Cannella (1989) consideram
apenas os fatores internos para a implementação da estratégia, ignorando que os obstáculos
podem estar no ambiente externo.
Para maior eficácia da implementação da estratégia, Noble (1999a) estabeleceu quatro fases
para implementação: pré-implementação (criar um grupo com integrantes de várias funções
antes de iniciar o processo de formulação. O envolvimento desse tipo de grupo pode gerar um
conhecimento mais profundo da estratégia que pode ser necessário durante a implementação);
organização dos esforços (otimizar esforços na implementação através da interação entre as
áreas funcionais da organização); gerenciamento contínuo do processo de implementação (em
virtude dos obstáculos e barreiras que surgem durante o processo) e maximização do
desempenho (a partir do relacionamento e cooperação entre as áreas funcionais).
A partir de uma revisão da literatura acerca dos fatores que podem afetar a implementação da
estratégia, Atkinson (2006) destaca: a necessidade de comunicação eficaz; um efetivo
controle de gestão da estratégia e a identificação clara de metas. Em seu estudo, o autor
argumenta que a metodologia do Balanced Scorecard pode suprir essas necessidades e
auxiliar de forma significativa a implementação da estratégia, porém, mostra a necessidade de
desenvolver novas pesquisas para verificar a veracidade desta informação.
Hrebiniak (2008) converge na mesma direção dos estudos supracitados, o qual alerta que o
caminho para execução eficaz da estratégia é cheio de perigos, tendo listado os seguintes
obstáculos: falta de envolvimento dos responsáveis pela execução no processo de
planejamento pode comprometer os resultados, levando em consideração que o planejamento
e execução são interdependentes; desafio da comunicação top down, uma vez que a execução
envolve muitas pessoas; alguns gerentes acreditam que a execução da estratégia é
responsabilidade dos ‘executores’, esquecendo que se deve envolver todos os níveis
hierárquicos na implementação; e a incapacidade de gerir mudanças que pode significar um
desastre na implementação, uma vez que a execução exige mudança contínua, entre outros.
Hrebiniak (2008) acrescenta ainda uma lista de fatores-chave para implementação da
estratégia, são elas: impacto da estrutura; necessidade de integração; traduzir a estratégia em
objetivos operacionais de curto prazo; esclarecer responsabilidades e prestação de contas e
por fim, realizar mudanças necessárias no processo de superação de resistências.
Já a pesquisa de Yukl e Lepsinger (2007) e Kaplan e Norton (2008) ressaltam a importância
do papel da liderança na implementação. Yukl e Lepsinger (2007) apontam quatro
28
comportamentos esperados na liderança a fim de melhorar a execução da estratégia, são eles:
planejamento operacional (determinar objetivos de curto prazo e como alcançá-los);
esclarecimento dos papéis e objetivos (envolve comunicação de responsabilidade); operações
de monitoramento e performance (checar o progresso e qualidade do trabalho); e resolução de
problemas operacionais (decidir e implementar soluções). Kaplan e Norton (2008) destacam
que uma liderança excepcional e visionária talvez seja o único fator em comum entre as
organizações que executam com sucesso suas estratégias. Kaplan e Norton (2008) corroboram
Beer e Eisenstat (2000; 2004); Raps (2004); Beatty e Quinn (2007); e Yukl e Lepsinger
(2007) quanto à relevância dos líderes nesse processo. Beer e Eisenstat (2000; 2004) destacam
a importância de uma conversa honesta entre líder e demais níveis hierárquicos a respeito da
estratégia a fim de garantir sua implementação. Raps (2004) afirma que o sucesso na
implementação tem como pré-requisito o envolvimento dos líderes na estratégia. Beatty e
Quinn (2007) enfatizam que através do diálogo os líderes são capazes de minimizar o gap
existente entre formulação e implementação da estratégia.
Noble (1999b) e Okumus (2003) apresentam entendimento semelhante aos autores
supracitados quanto à relevância da liderança para implementação da estratégia. Noble
(1999b) relata que o estilo de liderança pode comprometer a implementação da estratégia
afetando o alcance dos resultados organizacionais. O autor destaca também os mecanismos de
controle como essenciais para implementação. Okumus (2003) listou mais dez fatores-chave
para implementação, além da liderança, são eles: desenvolvimento da estratégia; incerteza
ambiental; estrutura organizacional; cultura organizacional; planejamento operacional;
alocação de recursos; comunicação; pessoas; controle e resultados. O autor destaca que essa
lista não tem a intenção de ser única, ou seja, vários outros estudos devem ser considerados.
Em contrapartida, Freedman (2003) enfatiza que a chave do sucesso da implementação não
está apenas no compromisso da liderança. Para o autor, os fatores-chave para implementação
eficaz da estratégia são: comunicar a estratégia, conduzir o planejamento, alinhar a
organização, reduzir a complexidade e instalar um sistema de resolução de problemas. Da
mesma forma, Sorooshian et al. (2010) atribui três fatores-chave principais para
implementação eficaz da estratégia, são eles: o estilo de liderança, a estrutura organizacional e
os recursos humanos.
Já os estudos de Ezop (2010) e Rumelt (2011) sugerem que o principal fator-chave para obter
sucesso na execução é uma ‘estratégia forte’, ou seja, uma estratégia boa, brilhante, bem
formulada. Ezop (2010) destaca fatores como: cultura organizacional e envolvimento das
29
pessoas como fundamental para uma ‘boa estratégia’. Destaca-se também a pesquisa de
Alamsjah (2011), o qual definiu os fatores-chave de sucesso para implementação da
estratégia, no contexto da gerencia de nível médio. O autor destaca os seguintes fatores:
cultura corporativa, estratégia clara, comunicação, plano de execução, pessoas competentes,
documentação e gestão de desempenho, corroborando pesquisas anteriores.
Em contrapartida, Rumelt (2011) destaca as marcas da má estratégia como: a incapacidade de
enfrentar o desafio, metas confusas e objetivos estratégicos ruins. Para o autor, a estratégia é
um meio de superar um obstáculo, uma resposta a um desafio. A partir do momento que o
desafio não está bem definido, torna-se quase impossível avaliar a qualidade da estratégia, não
sendo possível eliminar uma estratégia ruim ou melhorar uma estratégia boa.
Nesse contexto, apresenta-se de forma resumida, no Quadros 5 (Obstáculos para
implementação eficaz da estratégia) e Quadro 6 (Fatores-chave para implementação da
estratégia).
Obstáculos para implementação eficaz da estratégia Autores (ano)
Falta de relacionamento entre áreas organizacionais Noble (1999a)
Falta de um modelo claro, dominante e abrangente de implementação Noble (1999b)
Okumus (2003)
Hrebiniak (2006)
Kaplan e Norton (2008)
Falta de clareza e conflito de prioridades
Beer e Eisenstat (2000)
Gerência ineficaz
Comunicação vertical ‘pobre’
Fraca coordenação entre as funções e negócios
Inadequada habilidade de liderança
Falta de envolvimento dos responsáveis pela execução no processo de
planejamento
Hrebiniak (2008) Desafio da comunicação top-down
Gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos ‘executores’
Incapacidade de gerenciar mudanças
Sincronizar o pensamento estratégico com foco no curto prazo
Getz, Jones e Loewe (2009)
Diferenciar as estratégias mais importantes a fazer
Fazer distinção entre o estratégico e o tático
Compreender que a estratégia pode ser tanto determinista como emergente
Falta de entendimento da estratégia pela força de trabalho Jooste e Fourie (2009)
Falta de comunicação da estratégia para força de trabalho
Quadro 5. Obstáculos para implementação eficaz da estratégia
Fonte: Elaborado pela autora.
30
Ressalta-se que, em função da diversidade dos fatores-chave e levando-se em consideração a
dificuldade de homogeneidade dos mesmos, optou-se em apresentá-los na íntegra por autores,
conforme Quadro 6 (Fatores-chave para implementação da estratégia).
Fatores-chave para implementação da estratégia Autores (ano)
Comprometimento de recursos
Hambrick e Cannella (1989)
Programas das subunidades
Estrutura
Recompensa
Pessoas
Envolver todos os níveis dentro e fora da organização
Pré-implementação
Noble (1999a)
Organização dos esforços
Gerenciamento contínuo do processo de implementação
Maximização do desempenho
Estilo de liderança Noble (1999b)
Mecanismos de controle
Conversa honesta entre líder e demais níveis hierárquicos a respeito da
estratégia
Beer e Eisenstat
(2000; 2004)
Liderança
Okumus (2003)
Desenvolvimento da estratégia
Incerteza ambiental
Estrutura organizacional
Cultura organizacional
Planejamento operacional
Alocação de recursos
Comunicação
Pessoas
Controle
Resultado
Comunicar a estratégia
Freedman (2003)
Conduzir o planejamento
Alinhar a organização
Reduzir a complexidade
Instalar um sistema de resolução de problemas
Cultura organizacional
Raps (2004)
Estrutura organizacional
Pessoas
Sistema de controle
Envolvimento dos líderes na estratégia
Comunicação eficaz
Atkinson (2006)
Efetivo controle de gestão da estratégia
Identificação clara das metas
Comportamento esperado na liderança:
- planejamento operacional
- esclarecimento dos papéis e objetivos
Yukl e Lepsinger (2007)
31
Fatores-chave para implementação da estratégia Autores (ano)
- operações de monitoramento e performance
- resolução de problemas operacionais
Papel positivo da liderança – diálogo Beatty e Quinn (2007)
Liderança excepcional e visionária
Kaplan e Norton (2008)
Papel positivo da liderança
Comunicação
Controle da estratégia
Impacto da estrutura (balanço certo entre centralização e descentralização) para
atingir objetivos organizacionais
Hrebiniak (2008)
Necessidade de integração
Traduzir a estratégia em objetivos operacionais de curto prazo
Esclarecer responsabilidades e prestação de contas
Realizar mudanças necessárias no processo de superação de resistências
Conexão entre formulação e implementação Getz, Jones e Loewe (2009)
Liderança Jooste e Fourie (2009)
Clareza nos objetivos
Lacerda e Caulliraux (2010)
Priorização dos objetivos estratégicos
Acompanhamento dos objetivos estratégicos
Indicadores para os objetivos estratégicos
Papel positivo da liderança Alvim (2010)
Estilo de liderança
Sorooshian et al. (2010) Estrutura organizacional
Recursos Humanos
Estratégia ‘forte’, bem formulada
Ezop (2010)
Cultura organizacional
Envolvimento organizacional
Estratégia ‘forte’, bem formulada Rumelt (2011)
Cultura corporativa
Alamsjah (2011)
Estratégia clara
Comunicação
Plano de execução
Pessoas de competência
Documentação
Gestão de desempenho
Maior nível de envolvimento dos gestores Ogbeide e Harrington (2011)
Envolvimento dos ‘implementadores’ no estágio de ‘formulação da estratégia’ Dandira (2011)
Estilo de liderança Hakonsson et al. (2012)
Quadro 6. Fatores-chave para implementação da estratégia
Fonte: Elaborado pela autora.
Em síntese, vários estudos demonstram a complexidade do processo de implementação da
estratégia (NOBLE, 1999b; OKUMUS, 2003), uma vez que o sucesso da implementação ou
execução da estratégia exige mais tempo e pessoas envolvidas do que a formulação
(HREBINIAK, 2008); demanda mais energia do que a formulação (RAPS, 2004); depende do
32
processo de formulação que é usado (HAMBRICK e CANELLA, 1989); frequentemente é
mais difícil do que a formulação, uma vez que a implementação pode levar anos (ANDREWS
et al., 2011) e não há um framework dominante (OKUMUS, 2003) ao contrário do processo
de formulação, onde modelos e ferramentas como, matriz SWOT, as cinco forças de Porter,
entre outras são amplamente reconhecidas e utilizadas.
Diante do exposto, a fim de auxiliar na eficácia da implementação da estratégia, diversas
pesquisas buscam consolidar um modelo para implementação da estratégia (HAMBRICK e
CANELLA, 1989; NOBLE, 1999a; LABOVITZ e ROSANSKY, 1997; BEER e
EISENSTAT, 2000; FREEDMAN, 2003; OKUMUS, 2003; HREBINIAK, 2006; KAPLAN e
NORTON, 2008).
Adicionalmente, Marinho (2006) expõe que os Sistemas de Medição de Desempenho (SMDs)
também facilitam o processo de implementação da estratégia. A partir dos objetivos de seu
estudo, o autor seleciona e analisa os seguintes modelos: Tableaux de Bord de Gestion
(Quadro de Comando ou Painel de Controle da Gestão - século XX na França); Management
by Objectives (Administração por Objetivos - década de 50); Hoshin Kanri (Gerenciamento
pelas Diretrizes – anos 50 no Japão); Skandia Navigator (Navegador Skandia – 1995 na
Suécia); Performance Prisme (proposto por Neely, Adams e Kennerly) e Balanced Scorecard
(proposto por Kaplan e Norton – 1990).
Já Prieto, Carvalho e Fischmann (2009) identificaram e analisaram quatro modelos de
implementação da estratégia que servem como referência para o processo de alinhamento
estratégico interno (estrutura, sistemas e liderança), o qual deve levar a implementação bem
sucedida da estratégia, são eles: Modelo Hambrick e Cannella (1989); Modelo Organizational
Fitness Profiling – OFP (proposto por Beer e Eisenstat – 2000); Modelo Labovitz e Rosansky
(1997); Modelo Balanced Scorecard (proposto por Kaplan e Norton -1990).
A visão do alinhamento, para Labovitz e Rosansky é o processo de integração dos recursos e
sistemas da organização em torno do propósito essencial dos negócios e para Kaplan e Norton
é o processo de desdobramento da estratégia em um conjunto equilibrado de medidas de
desempenho. Já o modelo de Hambrick e Cannella tem a visão do alinhamento como processo
gerencial, previamente planejado e conduzido pelo estrategista e no modelo de Beer e
Eisenstat o alinhamento é visto como processo de mudança sistêmico e participativo
(PRIETO, CARVALHO e FISCHMANN, 2009). Assim, os autores consideram que as
diferentes visões não são excludentes e podem ser combinadas ou priorizadas para ampliar a
eficácia da implementação da estratégia.
33
Prieto, Carvalho e Fischmann (2009, p.322), definem modelo de alinhamento estratégico
como ‘representação sistemática de um conjunto de princípios e ações com a finalidade de
promover o alinhamento estratégico’. Ainda, segundo os autores, um modelo de alinhamento
estratégico tem como objetivo garantir que as atividades necessárias ao processo de
transformação da estratégia sejam estabelecidas de forma lógica e integradas, mantendo a
flexibilidade do processo.
Dessa forma, Prieto (2011, p.45) enfatiza que ‘a necessidade de modelos de alinhamento
estratégico advém da necessidade do processo de implementação da estratégia que envolve a
coordenação de múltiplas variáveis em um período de tempo mais longo quando comparado
com a formulação da estratégia’. Diante disso, Prieto (2011) propôs um modelo teórico de
alinhamento interno, relacionado à implementação da estratégia, no qual definiu as variáveis
componentes do alinhamento vertical e horizontal. As variáveis do componente vertical são:
abrangência da formulação, capacidades gerenciais e envolvimento das pessoas; enquanto que
as variáveis do componente horizontal são: orientação para processos e orientação para
clientes.
Assim, diante dos modelos de implementação e alinhamento citados por essa pesquisa,
adotou-se como critério detalhar os modelos que de alguma maneira utilizam alinhamento
estratégico como fator relevante para o alcance dos objetivos estratégicos, o qual contribui de
forma significativa para o processo de formulação e implementação da estratégia. Ressalta-se
que o conceito de alinhamento estratégico faz parte do processo de gestão estratégica, sendo
um requisito presente tanto no processo de formulação quanto implementação da estratégia
(VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984). Kathuria, Joshi e Porth (2007) apresentam
entendimento semelhante quando afirmam que o alinhamento é importante tanto para a
formulação da estratégia quanto para sua implementação. Outro critério adotado para seleção
foi verificar os modelos que consideram a interdependência entre formulação e
implementação da estratégia, ou seja, acreditam que há uma relação de dependência entre
formulação e a implementação da estratégia.
Desta forma, os critérios adotados convergem com o objetivo proposto por essa pesquisa.
Assim, os três modelos selecionados e analisados foram os modelos de implementação e
alinhamento de: Hambrick e Canella (1989), o Balanced Scorecard de Kaplan e Norton
(1997; 2008), e o modelo de implementação de Hrebiniak (2006); os quais são apresentados
abaixo de forma sucinta e comparativa.
34
2.3.1 Modelo de Hambrick e Cannella
Hambrick e Canella (1989) veem o alinhamento como um processo gerencial que deve ser
conduzido pelo estrategista, desde o processo de formulação à implementação da estratégia,
não fazendo separação destes. Destaca-se que a ideia central dos autores é de que a
implementação da estratégia inicia-se na formulação, considerando que a base de uma
estratégia bem formulada é ser implementável.
O modelo apoia-se em um processo de negociação da estratégia, interna e externamente,
objetivando eliminar obstáculos e promover ajustes necessários. Considera-se também a
avaliação dos ambientes interno e externo, incluindo a avaliação da implementação da
estratégia. O modelo é caracterizado pela definição de três etapas a serem conduzidas pelo
próprio estrategista (Figura 3 - Modelo de Hambrick e Canella).
A primeira etapa é a ‘preparação do terreno’ para formulação da nova estratégia e inclui
amplas entradas para formulação e cuidados com os obstáculos para implementação. A
segunda etapa está voltada aos cuidados que o estrategista deve ter com as influências que são
relevantes na implementação, segundo cinco aspectos: comprometimento de recursos (sem
exceção, novas estratégias irão requerer algum tipo de alocação de recursos, o que é crucial
para o sucesso de qualquer nova estratégia), políticas e programas das subunidades (a
estratégia da empresa deve ser traduzida em planos de ação concretos no âmbito das várias
subunidades), estrutura (a nova estratégia muitas vezes requer uma revisão da organização),
recompensas (importante base para redirecionar os esforços individuais. Pode ser formal ou
informal) e pessoas (através das atitudes, valores, habilidades e contatos dos indivíduos em
todos os níveis que as estratégias se tornam um sucesso). Por fim, a terceira etapa está
relacionada com o convencimento da estratégia, a qual deve envolver todos os níveis da
organização, de baixo para cima, de cima para baixo, para fora e interdepartamental, a fim de
manter um suporte necessário para a implementação eficaz da estratégia, levando em
consideração as resistências que surgem nesse processo (HAMBRICK e CANELLA, 1989).
35
Figura 3. Modelo de Hambrick e Canella
Fonte: Hambrick e Cannella (1989).
Verifica-se assim a importância atribuída ao estrategista no modelo de Hambrick e Canella
(1989), o qual deve construir e dar suporte para a implementação da estratégia em meio às
resistências que podem surgir no ambiente organizacional por motivos diversos.
Adicionalmente, os autores destacam que um estrategista de sucesso deve ser espontâneo e
responsável.
Destaca-se, no entanto que, a pesquisa de Prieto, Carvalho e Fischmann (2009) a partir de
uma análise comparativa de modelos teóricos, identificou as seguintes lacunas no modelo de
Hambrick e Cannella: o modelo não considera que os obstáculos à implementação da
estratégia podem estar no ambiente externo; o modelo é reativo no levantamento de barreiras
à implementação da estratégia; e que não é prioridade do modelo definir estrutura para o
desdobramento da estratégia.
2.3.2 Modelo de Kaplan e Norton
Para elaboração do Balanced Scorecard deve ser considerada a definição ou revisão da
estratégia da organização, levando em consideração seus fatores críticos de sucesso. Assim, o
modelo considera a estratégia formulada, a qual será desdobrada em scorecards, integrando
todas as medidas de desempenho (KAPLAN e NORTON, 1997; 2008).
Para Kaplan e Norton (2006, p. 293), ‘a ideia principal é que a estratégia é o centro do modelo
de gestão. A partir da clara definição da estratégia, todos os componentes do processo de
gestão podem ser desenvolvidos para promover o alinhamento’.
Assim, as etapas do modelo propostas por Kaplan e Norton (2008) fazem o link da
formulação com a execução da estratégia, as quais seguem o seguinte fluxo: desenvolvimento
36
da estratégia (formulação da estratégia a partir da análise do ambiente interno e externo);
planejamento da estratégia (com base nos mapas estratégicos e balanced scorecard);
alinhamento da organização (através do desdobramento com mapas estratégicos e balanced
scorecard interligados para as unidades organizacionais); planejamento das operações
(através de métodos como: gestão da qualidade, reengenharia, entre outros); monitoramento e
aprendizado (avaliação da estratégia e operacional) e por fim, se testa e faz as adaptações
necessárias (a partir de dados interno e externo). Verifica-se aqui o alinhamento presente
como uma etapa que faz o link da formulação à execução.
O modelo do Balanced Scorecard apoia-se também em dois eixos principais enquanto sistema
de alinhamento estratégico, o eixo da comunicação (presente na etapa do planejamento da
estratégia) e do controle da estratégia (verificado na etapa de monitoramento e aprendizado)
(PRIETO, CARVALHO e FISCHMANN, 2009).
A comunicação acontece através do mapa estratégico, o qual tem como objetivo disseminar a
estratégia por todos os níveis e áreas da organização e o controle da estratégia é realizado a
partir dos indicadores de desempenho relacionados às perspectivas: financeira, clientes,
processos internos e de aprendizado e crescimento, mostrados na Figura 4 (Modelo de Kaplan
e Norton) (KAPLAN e NORTON, 1997; 2006; 2007; 2008).
Figura 4. Modelo de Kaplan e Norton
Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (2007).
37
Conforme Figura acima, o modelo de Kaplan e Norton procura traduzir a visão e a estratégia
da organização em objetivos, que são desdobrados em medidas, metas e iniciativas
estratégicas sob a ótica de quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e de
aprendizado e crescimento, por meio de ralações de causa e efeito. Assim, para viabilizar o
processo de implementação da estratégia, os autores sugerem: esclarecer e traduzir a visão e a
estratégia da organização; comunicar objetivos e medidas estratégicas; estabelecer metas;
alinhar iniciativas estratégicas e melhorar o feedback e aprendizado estratégico (KAPLAN e
NORTON, 1997; 2006; 2008).
Entretanto, apesar do avanço da utilização do BSC, pesquisas apontam lacunas e limitações
do modelo proposto por Kaplan e Norton, como por exemplo: não há uma relação causal entre
as medidas das quatro perspectivas, em vez disso, as medidas são interdependentes; o foco do
modelo é estático e não dinâmico, uma vez que ele não leva em consideração qualquer
incerteza estratégica; e, se apresenta como um modelo hierárquico top down, que não é
facilmente enraizado em um ambiente dinâmico (NORREKLIT, 2000); o modelo não enfatiza
parâmetros para definição da estratégia, uma vez que o modelo considera a estratégia
formulada (PRIETO, CARVALHO e FISCHMANN, 2009).
2.3.3 Modelo de Hrebiniak
Hrebiniak (2006, p. 49) enfatiza em seu trabalho que ‘a execução da estratégia é algo
extremamente difícil’, sendo necessário um modelo para guiar o pensamento de forma lógica
e sistemática. O autor mapeia atividades importantes em seu modelo, porém, não define uma
sequência e nem como elas devem ser executadas, sendo menos prescritivo.
O modelo de execução da estratégia apresentado por Hrebiniak (2006) parte de uma
abordagem que identifica os fatores críticos de execução comuns que, quando ignorados,
prejudicam a execução. Para o autor, em primeiro lugar é focar na formulação de uma
estratégia sólida, havendo uma grande interdependência entre formulação e implementação,
apesar de serem etapas distintas. Isso justifica a inclusão da formulação da estratégia no seu
modelo (Figura 5 - Modelo de implementação da estratégia de Hrebiniak). Em segundo lugar
o modelo mostra um fluxo lógico de decisões ou ações da execução através das setas,
mostrando, por exemplo, que a estratégia corporativa está no início do modelo por ser
primordial e os incentivos e controle, por último, pois só devem ser definidos depois que
todas as decisões forem tomadas. O fluxo também sugere a participação e comunicação tanto
vertical quanto horizontal entre as unidades operacionais. Em terceiro lugar, apesar de não
38
estar evidente no modelo, o autor afirma que o item de ‘controle’ é realizado através dos
feedbacks e alterações.
Figura 5. Modelo de implementação da estratégia de Hrebiniak
Fonte: Hrebiniak (2006).
Por fim, Hrebiniak (2006) enfatiza que a execução é um processo dinâmico e adaptativo,
levando a aprendizagem organizacional através dos feedbacks sobre o desempenho. Verifica-
se também que o alinhamento está presente na integração da estrutura corporativa e na
integração da estrutura empresarial.
O Quadro 7 (Síntese dos modelos apresentados) apresenta de forma comparativa uma síntese
das principais características dos modelos selecionados e desdobrados.
Características
Modelos
Hambrick e
Canella (1989)
BSC de Kaplan e
Norton (1997; 2008)
Hrebiniak
(2006)
Formulação e implementação como parte do mesmo
processo
x
Formulação e implementação como etapas distintas x x
Interdependência entre formulação e implementação x x x
Importância dada às análises do ambiente interno e
externo
x x
Envolvimento de todos os níveis e áreas da
organização no processo estratégico
x x x
Alinhamento estratégico como requisito para
implementação.
x x x
Quadro 7. Síntese dos modelos apresentados
Fonte: Elaborado pela autora.
Estratégia de negócios e
objetivos operacionais
de curto prazo
(Formulação)
Incentivos e controles
Integração / estrutura
corporativa
Integração da estrutura
empresarial
Estratégia corporativa
(Formulação)
39
Verifica-se assim que enquanto o modelo de Hambrick e Canella (1989) consideram que a
formulação e implementação fazem parte do mesmo processo, o modelo de e Kaplan e Norton
(1997; 2008) e Hrebiniak (2006) apresentam como etapas distintas, apesar de acreditarem na
interdependência entre a formulação e implementação.
Uma das semelhanças entre os modelos de Hambrick e Canella (1989) e Kaplan e Norton
(1997; 2008) é a importância dada às análises de ambientes interno e externo. Verificou-se,
também, que os três modelos em determinados momentos, envolvem todos os níveis e áreas
da organização buscando maximizar a eficácia da implementação da estratégia. As
semelhanças encontradas nos modelos podem ser justificadas pelo fato de todos utilizarem o
alinhamento estratégico como requisito para implementação.
Outro tema central para a gestão estratégica organizacional são os exercícios de FTA, os quais
contribuem para compreender futuros possíveis e reduzir as incertezas do ambiente
organizacional, conforme apresentado na próxima seção. Adicionalmente, Georghiou e
Harper (2006) mencionam que a prática de FTA possibilita explorar Cenários e identificar
visões para enfrentar mudanças do ambiente, e, Eerola e Miles (2011) e Cagnin, Havas e
Saritas (2013) afirmam que, apesar de não ser o foco, os métodos e técnicas em FTA facilitam
a tomada de decisões com ênfase no longo prazo, corroborando sua relevância para a gestão
estratégica.
2.4 Análise das Tecnologias Orientadas para o Futuro (FTA)
Vários estudos apresentam diversas formas de analisar o futuro, como por exemplo,
Forecast(ing), Foresight(ing), Roadmapp (ing), Technology Intelligence, Assessment,
Scenarios, Delphi, Trend-Impact Analysis; Cross-Impact Analysis, Morphological Analysis,
entre outros. Todas essas abordagens, métodos, ferramentas e técnicas se enquadram num
campo chamado FTA (PORTER et al., 2004).
Eerola e Miles (2011) e Loveridge e Saritas (2012) corroboram Porter et al. (2004) quando
afirmam que os subcampos do FTA incluem: foresight, forecasting, technology assessment,
futures research entre outros. Eerola e Miles (2011) veem os exercícios de FTA como uma
tentativa de coletar conhecimentos sobre possíveis futuros, sua plausibilidade e limites, sua
coerência com o parecer dos experts e suas implicações. Adicionalmente, Loveridge e Saritas
(2012) destacam que o foco principal do FTA é a mudança, levando em consideração seu
potencial de enfrentar as transformações do ambiente em resposta aos grandes desafios da
sociedade sendo seus resultados sustentados pelo comportamento humano e opinião subjetiva
40
dominante. Diante disso, Loveridge e Saritas (2012) expõem que o maior obstáculo do FTA é
a presença da ‘ignorância’ presente em todas as suas manifestações. Assim, os autores vêem o
FTA como uma projeção imaginária do conhecimento atual, em que os métodos formais e
técnicas desempenham um papel secundário.
FTA é considerado, assim, um termo ‘guarda-chuva’ e genérico para designar um amplo
conjunto de atividades, métodos e técnicas a fim de identificar futuros alternativos para
melhorar nossa capacidade de viver em um mundo imprevisível. Nesse sentido, uma grande
variedade de informações sobre o passado e o presente pode contribuir, explicam Haegeman
et al. (2013), porém, a fim de entender melhor essas oportunidades, é crucial entender os
diferentes métodos, técnicas, e abordagens metodológicas adotadas.
Apesar de não ser uma prática comum em FTA, à integração/combinação de abordagens
metodológicas (métodos quali e quanti) contribui para compreensão de futuros possíveis,
reduz a ‘ignorância’ e incerteza e cria oportunidades para complementar as fraquezas
inerentes a utilização de uma abordagem única em FTA, tema destacado na Conferência
Internacional de Sevilha realizada em 2011 sobre FTA, segundo Haegeman et al. (2013).
Adicionalmente, Cagnin, Havas e Saritas (2013) expõem quatro questões relevantes ao
considerar abordagens de FTA, são elas: 1. ‘Known unknowns, unknown knows and unknown
unknowns’ (conhecimentos conhecidos, conhecimentos desconhecidos e fatos desconhecidos
que sejam desconhecidos); 2. combinar abordagens quantitativas e qualitativas; 3.
compreender a natureza complexa e sistêmica dos grandes desafios; e, 4. dar respostas
conjuntas aos grandes desafios.
Assim, com o objetivo de dar respostas à comunidade acadêmica e gestores acerca da
complexidade inerente do processo de formulação e implementação da estratégia em IES, está
pesquisa utilizará a lógica dos métodos foresight e Cenários, os quais são utilizados para
apresentar e descrever os resultados quantitativos e qualitativos do FTA segundo Loveridge e
Saritas (2012). Ainda, segundo os autores, FTA ajuda a desenvolver hipóteses de como
situações presentes podem evoluir no futuro, utilizando com frequência os Cenários para essa
atividade. Os temas foresight e Cenários são apresentados nas próximas seções.
2.4.1 Foresight
O crescimento na última década da literatura em foresight e sua aplicação em uma ampla área
da academia tem acompanhado uma ‘confusão’ metodológica do termo, evidenciado por dois
journals com título foresight (GEORGHIOU et al., 2008). Segundo Georghiou et al. (2008),
41
há poucas referências com definições na literatura até 1990, sendo que os primeiros conceitos
foram de Wells (1930) e Coates (1985).
Para Coates (1985 apud Georghiou et al., 2008) foresight é um processo de entendimento das
forças que moldam o futuro a longo prazo e deve ser levado em consideração no processo de
formulação de políticas, planejamento e tomada de decisão. Para o autor, foresight nos
prepara para compreender as necessidades e oportunidades do futuro.
Adicionalmente, para Loveridge (2009), foresight permite visões do futuro, como um ato de
olhar para frente, tentando identificar diferentes e possíveis tipos de futuros inevitáveis, sendo
necessário para se evitar ‘sonhar acordado’. Assim, para o autor, foresight identifica uma série
de eventos futuros específicos e aleatórios, antecipado por indivíduos ou grupos,
frequentemente dentro de limites definidos, que são ignorados quando reconhecidos pela
primeira vez.
Loveridge (2009, p. 28), destaca também que ‘criar o futuro é a intenção de qualquer modelo’.
Alguns modelos estão preocupados com o que já aconteceu (história); alguns com o que é
(presente) e outros com o que poderá ser (futures thinking or foresight). Assim, o propósito de
qualquer modelo do futuro é interromper o seu processo de pensamento convencional. No
entanto, todos os modelos de futuro encontram problemas ao decidir os limites do que é
realmente importante, sendo sujeitos a falhar em algum momento. Diante disso, Loveridge
(2009, p. 43) afirma que ‘foresight é uma arte que requer muita prática’ e tem como
precursores três pilares fundamentais, são eles: antecipação, avaliação e aprendizagem.
De acordo com Loveridge (2009), Vickers foi o pesquisador que melhor compreendeu a
‘avaliação’, concluindo em seu principal artigo (1963) que a avaliação tem uma relação
circular com antecipação e aprendizagem, com loops de feedbacks internos, sendo
fundamental para coerência de ideias sobre o futuro, conforme mostrado na Figura 6
(Aprendizagem, avaliação e antecipação – evolução para o foresight).
42
Figura 6. Aprendizagem, avaliação e antecipação - evolução para o foresight
Fonte: Loveridge, 2009.
A avaliação envolve um confronto de certezas e incertezas, coerências e incoerências acerca
das expectativas relacionadas à evolução dos acontecimentos futuros. Sempre que se
envolvem estudos futuros, a questão básica é ‘o que é importante?’, o que também está
relacionada a questões filosóficas e psicológicas, envolvendo a avaliação, antecipação e
aprendizagem. Destaca-se que o complemento natural para avaliação é a aprendizagem, desde
que leve a compreensão, e tem-se um esforço para modificar a incerteza e o risco. E, a
aprendizagem não pode ser aleatória, sendo que a antecipação torna-se importante para
complementar os três pilares e permitir a evolução para o foresight (LOVERIDGE, 2009).
Saritas (2006; 2010) desenvolveu a metodologia do foresight sistêmico que tem como
objetivo orientar o desenvolvimento de ideias futuras inseridas no complexo sistema humano
e social estruturado a partir de atividades intelectuais ‘mental acts’ e métodos ‘methods’,
apresentado na Figura 7 (Metodologia do foresight sistêmico e classificação dos métodos). O
autor apresenta também uma classificação dos métodos utilizados no processo de foresight
sistêmico, destacando que os métodos não são pontos de partida da abordagem, e sim
utilizados para desenvolver a compreensão da situação e para discutir e desenvolver modelos
de futuros alternativos.
Learning
Aprendizagem
L
l
Antecipation
Antecipação
A
Appreciation
Avaliação
Foresight
43
Figura 7. Metodologia do foresight sistêmico e classificação dos métodos
Fonte: Saritas (2006; 2010).
As cinco atividades intelectuais ‘mental acts’ de investigação operam de forma interativa e
indicam as fases do processo de foresight sistêmico, entendido como:
1.Systemic understanding (compreensão sistêmica) – a primeira atividade intelectual busca
atingir uma visão abrangente do problema no seu contexto mais amplo. O objetivo principal
nessa fase é criar um entendimento compartilhado do(s) sistema(s) e fazer uma avaliação das
questões em análise, obtendo um compromisso para a ação. Quando um sistema é abordado,
dois tipos de entendimentos podem ser mencionados: entender o sistema espacialmente e
entender o sistema de forma dinâmica e histórica.
2. Systemic synthesis (síntese sistêmica) – após a obtenção de um entendimento comum do(s)
sistema(s), a síntese sistêmica visa explorar alternativas de futuro e integrar sistemas. Uma
das principais questões nesta fase é a identificação das partes interessadas (destacam-se os
métodos: scenario planning; modelling & simulation and gaming que ajudam a explorar
alternativas do futuro).
3. Systemic analysis & selection (análise sistêmica e seleção) – está fase está relacionada com
a análise de sistema(s) alternativos e as decisões sobre o futuro desejado. A análise e
priorização de modelos alternativos do futuro são realizadas através de negociação entre os
atores do sistema e stakeholders para criar um modelo do futuro em consenso.
4. Systemic transformation (transformação sistêmica) – a transformação do sistema atual para
o sistema futuro desejado estabelece a relação entre o futuro e o presente com foco na
44
mudança do sistema existente. Transformação é a fase em que as decisões são tomadas em
nível estratégico. Os seguintes fatores constituem condições para a transformação bem-
sucedida: avaliação; liderança; link entre a mudança estratégica e operacional; gestão de
recursos humanos e coerência.
5. Systemic actions (ações sistêmicas) – a fase final se concentra em criar planos de ação para
informar as decisões e mudanças a fim de implementar transformações estruturais e
comportamentais. Planos de ações, planos operacionais, listas de prioridades e tecnologias
chaves podem estar entre os resultados produzidos nesta fase (SARITAS, 2006; 2010).
Saritas (2010) ressalta ainda que, todas as fases do foresight sistêmico são sistematicamente
inter-relacionadas e cada uma baseia-se na fase anterior, culminando em políticas, estratégias
e ações para design de sistemas futuros.
Já Popper (2008) apresenta dois atributos fundamentais para o método de foresight: ‘natureza
e capacidade’. Com relação à ‘natureza’, o método pode ser caracterizado como qualitativo,
quantitativo ou semi-qualitativo. O atributo ‘capacidade’ diz respeito à capacidade de coletar
ou processar informações com base em evidências (evidence), experiência (expertise),
interação (interaction) ou criatividade (creativity). A Figura 8 (Foresight da Diamond)
representa os atributos como ‘blocos de construção’ do Foresight da Diamond (empresa de
Sistemas de Inovação ‘The Innovation Systems Company’ em que o autor desenvolveu o
framework apresentado na Figura 8) para destacar os 25 métodos considerados em seu
mapeamento, são eles: wild cards (cartões); science fictioning (ficção científica); simulation
gaming (jogos de simulação); scenarios (Cenários); genius forecast (previsão); acting/role
play (atuação/dramatização); backcasting; SWOT; brainstorming; relevance trees/logic
diagrams (árvores de relevância/diagramas lógicos); futures workshops (workshops futuros);
roadmapping (mapeamento); delphi; survey (pesquisa de levantamento); citizen panels
(painel do cidadão); expert panel (painel de especialistas); morphological analysis (análise
morfológica); conferences (conferências/workshops); key critical Technologies (tecnologias
críticas-chave); multi criteria (multi-critérios); voling/polling (votação); quantitative
scenarios/SMIC (Cenários quantitativos/SMIC); stakeholders analysis (análise de
stakeholders); interviews (entrevistas); cross impact/structural analysis (impacto
transversal/análise estrutural); indicators/TSA (indicadores/TSA); patent analysis (análise de
patentes); bibliometrics (bibliometria); benchmarking; extrapolation (extrapolação); scanning
(escaneamento); literature review (revisão de literatura); e, modelling (modelagem).
45
Figura 8. Foresight da Diamond
Fonte: Popper, 2008; Georghiou et al., 2008.
O resultado da frequência dos 25 métodos de foresight utilizados em 886 casos verifica que o
método literature review (revisão de literatura - 54%), expert panels (painel dos especialistas
– 50%) e scenarios (Cenários – 42%) são os mais utilizados. Os resultados mostram também
que os três primeiros métodos são qualitativos, sugerindo que os atributos qualitativos são
mais utilizados no método foresight. Essa popularidade pode refletir o fato de que os estudos
futuros trabalham inevitavelmente com ‘opiniões’ e ‘julgamentos’ inseridos em uma base
subjetiva, atributos encontrados principalmente em técnicas qualitativas (POPPER, 2008).
Loveridge (2009, p. 52) corrobora Popper (2008) quando afirma que ‘dois métodos utilizados
com frequência em todo foresight são: Cenário e Delphi’. Adicionalmente, Loveridge (2009,
p. 148) afirma que “a Construção de Cenários e Planejamento de Cenários dependem do
foresight; nenhum pode existir sem antecipação de tendências, eventos e descontinuidades”, e
que os processos envolvidos nessas atividades tem ênfase em aprendizagem e ‘arte’. Ainda,
segundo o autor, foresight seria incompleto se não abordasse o exercício de Cenários,
considerando a estreita relação implícita entre ambos.
46
Ressalta-se que vários estudos relacionam a relevância dos Cenários para a gestão estratégica
das organizações (MORITZ e PEREIRA, 2005; COSTA et al., 2007; MORITZ; NUNER e
PEREIRA, 2008; CARVALHO et al., 2011), os quais ajudam a organização a pensar em
termos de interpretações múltiplas visando lidar com o futuro e a incerteza constante no
ambiente organizacional, podendo contribuir para maximizar o alinhamento estratégico
organizacional.
Fink, Siebe e Kuhle (2004) destacam que um dos princípios da Gestão de Cenários é
justamente o ‘pensamento estratégico’ o qual busca identificar os pré-requisitos do sucesso
futuro como uma base para o desenvolvimento e implementação das estratégias. Para os
autores, o uso de Cenários deve apoiar a tomada de decisão no curto prazo no processo de
planejamento estratégico, dando suporte ao desenvolvimento da estratégia.
O uso sistemático dos Cenários no planejamento estratégico trás uma série de benefícios para
organização, onde se destaca ‘o nível de integração da implementação da estratégia’, ou seja,
não haverá monopólio no desenvolvimento dos Cenários, fazendo com que todos participem
de ambos os processos, formulação e implementação (FINK; SIEBE e KUHLE, 2004),
contribuindo assim com a alinhamento estratégico.
O’Brien e Meadows (2013) corroboram Fink, Siebe e Kuhle (2004) quando afirmam que o
uso de Cenários pode apoiar o desenvolvimento da estratégia e destacam a carência de
estudos acerca do tema, o qual é apresentado na próxima seção.
2.4.2 Origens e Conceitos dos Cenários
Pesquisas sobre o futuro têm suas raízes heterogêneas, incluindo pesquisas operacionais,
Planejamento de Cenários e gestão estratégica. O conceito de Planejamento de Cenário surgiu
pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, como um método de planejamento militar,
onde a Força Aérea dos EUA tentou imaginar o que seus adversários poderiam fazer para
formular estratégias alternativas (MIETZNER e REGER, 2004; BRADFIELD et al., 2005).
Na década de 1960, a palavra ‘Cenário’ foi introduzida por Herman Kahn (o qual fez parte da
Força Aérea dos EUA) em seu livro ‘The Year 2000’, como ferramenta de previsão (GODET,
1994; MIETZNER e REGER, 2004; GODET e ROUBELAT, 1996).
No início da década de 70, a partir do trabalho pioneiro de Pierre Wack, responsável pelo
planejamento da Royal Dutch/Shell, os Cenários atingem uma nova dimensão. A onda de
interesse no Planejamento de Cenários é muitas vezes explicada pelo efeito traumático da
47
crise de petróleo em 1973, onde Pierre Walck e sua equipe desenharam Cenários que
poderiam afetar o preço do petróleo, e somente a Shell estava preparada para mudança.
Mietzner e Reger (2004, p.60) lembram ainda que a crise do petróleo em meados de 1970 teve
efeito sobre as pesquisas do futuro mudando o paradigma das pesquisas do futuro de
‘forecasting’ para ‘foresight’. Ainda na década de 70, a empresa de consultoria SRI (Stanford
Research Institute) criou uma abordagem de Cenários para dar suporte ao planejamento
estratégico (RATCLIFFE, 2000; MIETZNER e REGER, 2004; HEIJDEN, 2009).
A partir da década de 70, outras organizações de grande porte, como, por exemplo, Global
Business Network (GBN), Motorola, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Eletrobrás, Petrobras, Eletronorte, dentre outras, começaram a utilizar
análise de Cenários como instrumento da gestão estratégica, visando antecipar tempos difíceis
para não ser pegos de surpresa e aproveitar as oportunidades do mercado (HEIJDEN, 2009).
Godet e Roubelat (1996, p.166) compreendem um Cenário como uma “descrição de uma
situação futura, permitindo avançar da situação original para a futura”. Para Ogilvy e
Schwartz (2004, p.02) “Cenários são narrativas de ambientes alternativos em que as decisões
de hoje podem ser reproduzidas para fora”. Para Heijden (2009, p.142) “Cenários são
expressos como descrição narrativas internamente consistentes e desafiantes de futuros
possíveis nesse mundo externo”. E, para Loveridge (2009, p. 150), “Cenário é o esqueleto de
um jogo, o qual inclui situações futuras possíveis, suas cenas, seus limites e atores”. Para o
autor, Cenários também mostram ‘uma sequencia lógica de eventos’ e são representações de
modelos mentais, e, como todo modelo mental, tem suas limitações.
A definição mais abrangente e acadêmica encontrada na literatura segundo Marcial e
Grumbach (2008, p.47) é a de Michel Godet (1987); Godet et al. (2000), o qual define
Cenário como “um conjunto formado pela descrição de uma situação futura e do
encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem a essa
situação futura”. Godet et al. (2000) define cinco condições necessárias que um Cenário deve
preencher simultaneamente: pertinência, coerência, verosimilhança, importância e
transparência.
Ainda, Segundo Godet (1994); Godet e Roubelat (1996); Godet et al. (2000), Cenários podem
ser identificados a partir de duas categorias principais: exploratório construídos a partir das
tendências do passado e do presente levando a um futuro provável e o normativo ou de
antecipação os quais são construídos a partir de diferentes visões do futuro, podendo ser
desejados ou temidos.
48
Já Borjeson et al. (2006) classificam em três principais categorias e seis tipos, a saber:
preditivo (do tipo: forecasts e what-if); exploratório (do tipo: externo e estratégico); e
normativo (do tipo: preservação e transformação). O objetivo do Cenário preditivo é fazer
uma tentativa de prever o que vai acontecer no futuro. O Cenário exploratório tem como
objetivo explorar situações ou acontecimentos que são considerados possíveis de acontecer,
geralmente a partir de uma variedade de perspectivas. E, o Cenário normativo tem como foco
situações ou objetivo futuros e como esses podem ser realizados. Ainda, segundo os autores,
essa classificação leva em consideração as principais questões que um ‘usuário de Cenário’
pode fazer sobre o futuro, são elas: O que acontecerá? O que pode acontecer? E, como uma
meta específica pode ser alcançada?
Heijden (2009, p. 142) classifica os Cenários como interno e externo. ‘Cenários externos
referem-se ao ambiente de negócios externo e ambiente interno são as narrativas estratégicas
internas’.
Assim, segundo Borjeson et al. (2006) várias tipologias de Cenários foram sugeridas com o
objetivo de tornar o campo dos ‘estudos do futuro’ mais claro, não havendo, no entanto, um
consenso sobre uma única tipologia.
Classicamente, é feita uma distinção entre:
‘Cenários possíveis, ou seja, todos que podem ser imaginados; Cenários realizáveis, isto é,
todos os que são possíveis levando em conta determinadas restrições; e Cenários desejáveis,
isto é, os quais se enquadram na categoria dos possíveis, mas que não são necessariamente
realizáveis’ (GODET, 1994, p.60; GODET e ROUBELAT, 1996, p. 167; MARCIAL e
GRUMBACH, 2008, p.47).
Porter (1992) ressalta que, construir uma estratégia em cima de um Cenário é arriscado, no
entanto, construir uma estratégia que vise garantir o sucesso em todos os Cenários é
dispendiosa. Assim, Porter, elaborou cinco métodos para se lidar com a incerteza na seleção
da estratégia, são eles: apostar no Cenário mais provável; apostar no ‘melhor’ Cenário;
garantir, ou seja, escolher uma estratégia que produza resultados satisfatórios em todos os
Cenários; preservar flexibilidade e influenciar.
Porter (1992, p. 413); Godet (1994, p.29); Godet et al. (2000, p.31); Ratcliffe (2000, p.5);
Ogilvy e Schwartz (2004); Mietzner e Reger (2004, p. 48-49); Heijden (2009, p. 308);
Loveridge (2009, p. 150) afirmam que os Cenários não são previsões (forecasts) nem uma
realidade futura e sim a representação de algo que poderia acontecer a fim de melhorar a
decisão sobre um resultado futuro possível (foresight), visando iluminar a ação presente.
49
Assim, pode-se dizer que, a prospecção de Cenários é um esforço da ciência para sondar o
tempo, por meio de seus atores e de suas variáveis, no sentido de revelar as tendências que
serão observadas e identificadas pelo homem em sua busca por entender e compreender cada
vez mais o seu futuro.
Segundo Marcial e Grumbach (2008), o desejo de conhecer o futuro existe desde o início da
humanidade, onde se verifica que em distintas épocas da história, o homem saiu em busca de
informações com o objetivo de minimizar o risco de suas decisões. Amorim (1997) ressalta
que o uso de Cenários reduz a incerteza, porém, não elimina o risco e a ocorrência de
surpresas. Macial e Grumbach (2008, p.48) afirmam que, “se bem escolhidos, os Cenários
iluminam os diversos futuros pertinentes à formulação de estratégias”.
Em seu estudo, Mietzner e Reger (2004) destacam as principais forças dos Cenários, a saber:
não descrevem apenas um futuro, mas vários futuros; abrem a mente para possibilidades
inimagináveis; meio apropriado para reconhecer ‘sinais fracos’; linguagem comum para lidar
com questões estratégicas; processo de aprendizagem organizacional; e flexibilidade da
técnica, a qual pode ser ajustada para situações específicas. Adicionalmente, Varum e Melo
(2010) a partir de uma análise bibliográfica sobre a literatura revelam que os principais
benefícios do uso de Cenários são a melhoria do processo de tomada de decisão e a
identificação de novos problemas que possam surgir no futuro.
Em contrapartida, Mietzner e Reger (2004, p.61) mencionam também as principais fraquezas
do método, são elas: ‘a prática de Cenário é demorada; utiliza uma abordagem mais
qualitativa e é difícil não se concentrar no Cenário mais provável durante o processo de
construção’.
Para Moritz, Moritz e Pereira (2012), os pioneiros nos estudos de Cenários no Brasil são:
Grumbach, Marcial, Araújo, Bethlem, Porto, Nascimento e Buarque, entre outros. Para os
autores, Cenários ainda são pouco utilizados no planejamento das organizações no Brasil, o
que levou Moritz (2004), a propor um instrumental, chamado de Ciclo Estimulador de
Cenários, contribuindo para a formação da gestão estratégica das organizações. Segundo o
autor, sua proposta poderá ser utilizada para ajudar a flexibilização do modelo mental dos
gestores e empreendedores, contribuindo para a modernização das práticas de gestão nos
próximos anos (PEREIRA e MORITZ, 2006).
Para Godet e Roubelat (1996, 167), “na prática não há apenas um Método de Cenário, mas
sim vários métodos”. No entanto, o termo ‘Método de Cenário’ só se aplicaria a uma
50
abordagem que incluíssem alguns passos específicos, como análise de sistemas; retrospectiva;
estratégia dos atores e elaboração de Cenários múltiplos.
A seguir, descrevem-se, de forma sucinta, as principais abordagens / escolas de Cenários e os
Métodos de Cenários destacados pelos autores.
2.4.2.1 Principais Escolas e Métodos de Cenários
Conforme já mencionado nesta tese, a quantidade de técnicas, modelos, metodologias e
abordagens de Cenários apresentados na literatura tem gerado o chamado ‘caos metodológico’
(BRADFILED et al. 2005; VARUM e MELO, 2010; AMER; DAIM e JETTER, 2013),
levando a uma variedade de definições, nomenclaturas, abordagens e classificações acerca do
tema.
Huss e Honton (1987) identificam três ‘categorias’ principais de abordagem / escolas para o
desenvolvimento dos Cenários, são elas: Lógica Intuitiva (Intuitive Logics); Análise do
Impacto de Tendência (Trend Impact Analysis - TIA); e Análise dos Impactos Cruzados
(Cross Impact Analysis - CIA). Segundo Bradfield et al. (2005), em seu trabalho, Huss e
Honton (1987) omitem a metodologia ‘La Prospective’.
Assim, em seu estudo, Bradfield et al. (2005) e Amer, Daim e Jetter (2013) expõem que, de
fato há três abordagens / escolas dominantes, porém, eles chamam de: Lógica Intuitiva
(Intuitive Logics); Tendência Modificada Probabilística (Probabilistic Modified Trend –
PMT); e Prospectiva (La Prospective).
A escola Lógica Intuitiva (Intuitive Logics) foi proposta por Herman Kahn na Rand
Corporation na década de 1960 e usada por Pierre Wack (1985) na Royal Dutch Shell, sendo
referida, muitas vezes, por ‘abordagem Shell’ para Cenários. Essa abordagem também é
descrita como ‘escola anglo-americana’ de Planejamento de Cenários, sendo dominante no
desenvolvimento de Cenários nos Estados Unidos.
A escola Probabilística adota a abordagem Tendência Modificada Probabilística (PMT) cujas
bases são os trabalhos de Helmer e Gordon na RAND Corporation na década de 50, nos
Estados Unidos. Essa abordagem incorpora duas metodologias diferentes, chamadas de:
Análise do Impacto de Tendência (TIA) e Análise dos Impactos Cruzados (CIA). A TIA foi
desenvolvida no início de 1970 e é frequentemente associada com ‘The Futures Group’ e a
metodologia CIA foi desenvolvida por Gordon e Helmer em 1966, na empresa RAND como
51
um jogo de forecasting usado pelo ‘The Center for Futures Research and Battelle Columbus
Division’.
E, a escola Francesa, cuja abordagem é Prospectiva (La Prospective) foi desenvolvida a partir
de 1960 pelo trabalho pioneiro dos franceses Berger, Masse e Jouvenel na década de 50,
sendo largamente ampliada com os trabalhos de Godet, a partir de 1970 (BRADFIELD et al.,
2005; AMER; DAIM e JETTER, 2013).
De forma resumida, o Quadro 8 (Comparação das escolas de cenários dominantes ) apresenta
uma comparação dessas abordagens a partir das principais características e diferenças das três
escolas, destacando-se: as ferramentas/metodologias utilizadas; o propósito do estudo do
Cenário; a perspectiva do Cenário; o horizonte de tempo do Cenário; orientação
metodológica; quem são os participantes da equipe de Cenários; o resultado final da
metodologia; a probabilidade associada aos Cenários; o número de Cenários gerados e os
critérios de avaliação de cada Cenário.
Lógica Intuitiva
(Intuitive-Logics)
Prospectiva
(La Prospective)
Tendência modificada
probabilística
(Probabilistic Modified
Trend - PMT)
Ferramentas /
metodologias
utilizadas
Ferramentas genéricas.
Brainstorming,
Análise STEEP, clustering,
análise de stakeholder,
matrizes, sistema de
dinâmica e análise das partes
interessadas.
Análise MICMAC para a
identificação de variáveis-
chave; análise MACTOR
para a análise das estratégias
dos atores; análise
morfológica para Construção
dos Cenários;
Delphi, SMIC Prob Expert
para determinar a
probabilidade de Cenários;
Multipol e avaliação
multicritério.
*MICMAC, MACTOR e
SMIC são siglas de
softwares específicos
desenvolvidos por Godet).
Metodologias:
TIA; CIA; e Simulação
Monte Carlo.
Propósito do
Cenário
Desenvolver estratégia
associada à antecipação e
aprendizagem
organizacional adaptativa.
Geralmente associada com a
melhoria da eficácia das
políticas e decisões
estratégicas.
Extrapolar previsão
(prediction) e avaliação
política.
Perspectiva do
Cenário
Descritivo ou normativo. Geralmente descritivo, pode
ser normativo.
Descritivo.
Horizonte do
Cenário
Varia de 3 a 20 anos. Varia de 3 a 20 anos. Varia de 3 a 20 anos.
Orientação
metodológica
Processo de orientação
indutivo ou dedutivo,
essencialmente subjetivo e
Orientação direcionada e
objetiva. Abordagens
quantitativa e qualitativa
Orientação direcionada e
objetiva. Abordagens
quantitativa e analítica
52
Lógica Intuitiva
(Intuitive-Logics)
Prospectiva
(La Prospective)
Tendência modificada
probabilística
(Probabilistic Modified
Trend - PMT)
qualitativo. (pouca subjetividade).
Análise baseada em
sofisticadas ferramentas de
informática e complexa
modelagem matemática.
(pouca subjetividade).
Análise baseada em
sofisticadas ferramentas de
informática, previsão
(forecasting), e modelos de
simulação.
Participantes da
equipe de
Cenário
Interno. Desenvolvido por
um facilitador dentro da
organização.
Pessoas-chave da
organização conduzida por
um consultor externo (papel
dominante do consultor
externo, tendo em vista que
as metodologias utilizadas
geralmente não são de
conhecimento da empresa).
Externo. Desenvolvido por
consultores externos (papel
dominante do consultor
externo, tendo em vista que
as metodologias utilizadas
geralmente não são de
conhecimento da empresa).
Resultado final
da metodologia
Qualitativo - conjunto
coerente de Cenários
logicamente ligados em
forma narrativa discursiva
apoiada por imagens e
recortes de jornais.
Quantitativo e qualitativo -
múltiplos Cenários.
Narrativas são logicamente
ligadas e os Cenários podem
incluir dados numéricos em
forma gráfica.
Quantitativo – baseado em
previsão (forecasts). Pode
ser ilustrado por storylines.
Narrativas são logicamente
ligadas e os Cenários podem
incluir dados numéricos em
forma gráfica.
Probabilidade
associada aos
Cenários
Não.
Sim.
Sim.
Número de
Cenários
gerados
Geralmente entre 2 e 4. Múltiplos/vários Cenários de
alternativas futuras.
Geralmente entre 3 e 6
dependente do número de
simulações.
Quadro 8. Comparação das escolas de cenários dominantes
Fonte: Adaptado de Bradfield et al. (2005); Huss e Honton (1987) e Amer, Daim e Jetter (2013).
Bradfield et al. (2005) verificam que a principal diferença entre os Cenários desenvolvidos
sob a metodologia da ‘lógica intuitiva’ versus os desenvolvidos nas metodologias ‘La
Prospectiva’ e ‘PMT’, é a questão da probabilidade. Enquanto ‘La Prospectiva’ e ‘PMT’ são
considerados como Cenários ‘mais prováveis’, a partir da probabilidade atribuída aos
Cenários, os Cenários desenvolvidos sob a ‘lógica intuitiva’ são apresentados como
igualmente prováveis.
Adicionalmente, Amer, Daim e Jetter (2013) expõem como principal diferença a abordagem
metodológica. Enquanto a abordagem ‘PMT’ é de natureza quantitativa, a ‘lógica intuitiva’ é
qualitativa e a abordagem La Prospectiva’ faz a combinação da abordagem quantitativa e
qualitativa.
Destaca-se que, embora a escola ‘La Prospectiva’ incorpora algumas características da escola
‘lógica intuitiva’, ela é mais elaborada, complexa e mecanicista do que a ‘lógica intuitiva’
53
para o desenvolvimento dos Cenários. Sua abordagem utiliza modelos matemáticos
complexos através de softwares, tendo suas raízes na metodologia TIA e CIA. Desta forma,
Godet (2000) caracteriza ‘La Prospectiva’ como uma ‘mistura de ferramentas e análises de
sistemas’, sendo considerada uma mistura da escola ‘lógica intuitiva’ e ‘PMT’ (BRADFIELD
et al., 2005; AMER; DAIM e JETTER, 2013).
Destaca-se ainda, que apenas a escola ‘lógica intuitiva’ tem seu processo de orientação
metodológica essencialmente subjetiva e qualitativa, ou seja, não utiliza nenhum algoritmo
matemático e os Métodos de Cenários (apresentados no Quadro 9) propostos por Schwartz e
Van der Heijden pertencem a essa abordagem (PILLKAHN, 2008). Adicionalmente, é
possível enquadrar os Métodos de Cenários propostos por Mike Coles & Tom Leney e Denis
Loveridge dentro da abordagem ‘lógica intuitiva’.
Já as abordagens ‘La Prospectiva’ e ‘PMT’ que utilizam algoritmo matemático, podem ser
relacionadas aos Métodos de Cenários que apresentam algum tipo de modelo matemático em
sua etapa de elaboração dos Cenários, conforme apresentados no Quadro 9 (Principais
métodos de elaboração de cenários).
Marcial e Grumbach (2008) destacam quatro Métodos de Cenários encontrados na literatura
especializada que apresentam base conceitual e passos definidos, os quais foram descritos por,
Michel Godet, Peter Schwartz (GBN), Michael Porter, e Raul Grumbach. Adicionalmente,
Moritz, Moritz e Pereira (2012) acrescentam o método da General Eletric (GE), método
descrito por Kees Van der Heijden, e o método do Centro Europeu para El Desarrollo de La
Formacion Professional (CEDEFOP), os quais também possuem base conceitual e passos
definidos. Acrescenta-se ainda o método de Denis Loveridge (2009) que atende os critérios
definidos. Thiesen (2009) corrobora os autores supracitados quando afirma que essas
propostas metodológicas são as adotadas com maior frequência.
Dessa forma, mostra-se no Quadro 9 (Principais métodos de elaboração de cenários), em
ordem temporal, os principais Métodos de Cenários, apresentando-se o ano, autor, nome do
método e as macro etapas para elaboração dos Cenários e em seguida detalha-se cada método.
Ano Autor Método Macro etapas para elaboração dos Cenários
1975 Mike Coles e
Tom Leney
CEDEFOP 1. Definir o problema; criar a equipe encarregada
dos Cenários;
2. Detectar as principais forças de mudança no
entorno;
3. Reunir dados sobre tendências relevantes;
4. Classificar as tendências em três categorias;
54
Ano Autor Método Macro etapas para elaboração dos Cenários
5. Decidir sobre os principais fatores de resultado
incerto;
6. Dispor dos elementos básicos dos Cenários em
forma de matriz ou tabela;
7. Redigir os Cenários provisórios;
8. Comprovar a plausibilidade e a coerência interna
dos Cenários redigidos;
9. Modificar, aperfeiçoar e apresentar os Cenários;
10. Manter os Cenários em constante revisão.
1979 General Eletric Método General
Electric (GE)
1. Preparação das bases;
2. Escolha e planejamento dos indicadores críticos
de prospecção;
3. Trajetória do comportamento passado de cada
indicador escolhido;
4. Verificação dos eventos futuros potenciais e sua
consistência;
5. Prospecção de cada indicador escolhido (análise
de impactos cruzados);
6. Estruturação e modelagem final do(s) Cenário(s)
prospectados;
7. Elaboração e envio dos guias gerais aos setores
competentes para execução.
1985; 1992 Michael Porter Método de
Cenário industrial
1. Identificação das principais incertezas na
estrutura industrial;
2. Determinação dos respectivos fatores causais;
3. Escolha das variáveis de Cenários;
4. Definição de configuração futura para as
variáveis de Cenários;
5. Construção dos Cenários;
6. Análise dos Cenários;
7. Análise da estrutura industrial em cada Cenário;
8. Introdução do comportamento da concorrência
nos Cenário;
9. Escolha das estratégias competitivas.
1987; 1990;
1994; 1996;
2000
Michel Godet Método Godet 1. Delimitação do sistema e do ambiente;
2. Análise estrutural do sistema e do ambiente;
3. Análise atual e retrospectiva;
4. Análise do ‘jogo de atores’;
5. Análise morfológica;
6. Elaboração dos Cenários.
2004 Peter Schwartz
Global Business
Network (GBN)
1. Identificação da questão principal;
2. Identificação das principais forças do ambiente
local (fatores- chave);
3. Identificação das forças motrizes
(macroambiente);
4. Ranking por importância das incertezas críticas;
5. Seleção das lógicas dos Cenários;
6. Descrição dos Cenários;
7. Análise das implicações e opções;
8. Seleção dos principais indicadores e
sinalizadores.
1996; 2008 Raul Grumbach Método Raul
Grumbach
1. Identificação do sistema;
2. Diagnóstico estratégico;
3. Visão estratégica;
4. Consolidação do planejamento.
55
Ano Autor Método Macro etapas para elaboração dos Cenários
2009 Kees Van der
Heijden
Método Kees Van
der Heijden
1. Agenda de Cenários;
2. Dimensões-chave;
3. Estado final dos Cenários;
4. Cenários prototípicos;
5. Comparação (business-as-usual);
6. Questões de pesquisa;
7. Análise de sistemas;
8. Compreensão sistêmica.
2009 Denis Loveridge
Método Denis
Loveridge
1. Descrição preliminar da situação, seus limites e
horizonte de tempo;
2. Estabelecer um amplo programa de
aprendizagem;
3. Tornar explícitos os pressupostos que serão
usados para descrever os Cenários;
4. Construir um conjunto de eventos alternativos e
tendências que serão os ‘esqueletos’ para os
Cenários;
5. Descrever os Cenários;
6. Analisar os Cenários;
7. A partir da análise, emergem políticas
alternativas para melhorar a situação;
8. A partir dos instrumentos de política, emergem
estratégias adaptáveis robustas;
9. Avaliar as estratégias.
Quadro 9. Principais métodos de elaboração de cenários
Fonte: Elaborado pela autora.
Em seguida, apresentam-se as principais características e o passo a passo para construção de
cada Método de Cenário (etapas e/ou fase de construção).
Método Centro Europeu para El Desarrollo de La Formacion Professional (CEDEFOP)
O CEDEFOP foi criado em 1975 como uma agência europeia que promove a educação e
formação profissional na União Europeia (EU). Além de outras atividades, o CEDEFOP
desenvolveu um manual com o Método de Cenário, para trabalhar com diferentes alternativas.
O manual foi coordenado pelos autores Mike Coles e Tom Leney, membros do departamento
de investigação da Qualifications and Curriculum Authority (QCA) (MORITZ; MORITZ e
PEREIRA, 2012).
De acordo Moritz, Moritz e Pereira (2012) o Método de Cenário do CEDEFOP é descrito em
dez fases, apresentada no Quadro 10 (Lista de comprovação para elaborar os cenários).
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Fases Lista para elaboração dos Cenários
1 Definir o problema; criar a equipe encarregada dos Cenários.
2 Detectar as principais forças de mudança no entorno.
3 Reunir dados sobre tendências relevantes.
4 Classificar as tendências em três categorias.
5 Decidir sobre os principais fatores de resultado incerto.
6 Dispor dos elementos básicos dos Cenários em forma de matriz ou tabela.
7 Redigir os Cenários provisórios.
8 Comprovar a plausibilidade e a coerência interna dos Cenários redigidos.
9 Modificar, aperfeiçoar e apresentar os Cenários.
10 Manter os Cenários em constante revisão.
Quadro 10. Lista de comprovação para elaborar os cenários
Fonte: Moritz, Moritz e Pereira, 2012.
Para Moritz, Moritz e Pereira (2012, p. 69) “esse método de análise de Cenários é
fundamentado em dados e documentos que exigem dos participantes uma revisão permanente,
contribuindo para gerar uma cultura organizada voltada para o futuro nos países da EU”.
Método General Electric (GE)
O método GE, desenvolvido pela própria GE a partir de 1979, tem sua estrutura construída a
partir de sete etapas. O método utiliza as ferramentas: TIA, CIA e Delphi, conforme detalhado
abaixo (MORITZ; MORITZ e PEREIRA, 2012).
Segundo Moritz, Moritz e Pereira (2012), o método GE, apresentado na Figura 9 (Fases do
método da General Eletric), é desdobrado nas seguintes etapas:
1. Preparação das bases – tem como objetivo avaliar os fatores ambientais gerais
para o ramo de negócio o qual se investiga. Essa etapa é concluída com o
desenvolvimento de um modelo sistêmico do setor onde a organização está
inserida.
2. Escolha e planejamento dos indicadores críticos de prospecção – essa etapa
está subdividida em: identificar as tendências-chave do segmento e fazer pesquisa
bibliográfica para localizar eventos futuros potenciais que podem impactar as
tendências-chave e a seleção dos participantes para realização do Delphi.
3. Trajetória do comportamento passado de cada indicador escolhido – levantar
e registrar os dados no programa TIA e analisar o comportamento passado de cada
tendência-chave. Constrói-se também o questionário para aplicação do Delphi.
4. Verificação dos eventos futuros potenciais e sua consistência – inicia-se com a
aplicação do painel Delphi e se concluí com a especificação dos documentos,
57
premissas prospectivas e esquema lógico a fim de prospectar os indicadores e
respectivos valores organizacionais.
5. Prospecção de cada indicador escolhido – etapa realizada através da
programação TIA e CIA.
6. Estruturação e modelagem final – dos Cenários prospectados.
7. Elaboração e envio dos guias gerais – a serem enviados aos setores competentes
com vistas à execução do que foi planejado.
Figura 9. Fases do método da General Eletric (GE)
Fonte: Moritz, Moritz e Pereira, 2012.
Método Cenários Industriais de Porter
O método descrito por Porter (1992) tem como unidade de análise a indústria, por isso seu
método é denominado Cenários Industriais. Segundo o autor, todo ramo industrial é regido
por cinco forças competitivas: a entrada de novos concorrentes no mercado, às ameaças de
produtos substitutos, o poder de negociação dos compradores, o poder de negociação dos
fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes.
1. Preparação das bases
2. Escolha e planejamento dos indicadores críticos de
prospecção
3. Trajetória do comportamento passado de cada indicador
escolhido
4. Verificação dos eventos futuros potenciais e sua
consistência
5. Prospecção de cada indicador escolhido
(análise de impactos cruzados)
6. Estruturação e modelagem final do(s) Cenário(s)
prospectados
7. Elaboração e envio dos guias gerais aos setores competentes
para execução
58
Para Porter, a base para definição das estratégias competitivas da empresa se constituem a
partir dessas forças. Assim, a base conceitual para a construção de Cenários Industriais
emerge das incertezas relacionadas a qualquer uma das cinco forças competitivas (PORTER,
1992).
A construção dos Cenários inicia-se com a análise da estrutura industrial atual e identificação
das incertezas que podem afetá-la, as quais são transformadas em um conjunto de estruturas
industriais futuras diferentes.
Para Porter (1985 apud Departamento de Prospectiva e Planejamento, 1997), o processo de
Construção de Cenários tem as seguintes etapas, apresentadas na Figura 10 (Método cenários
industriais de Porter):
1. Identificação das principais incertezas na estrutura industrial – identificar e
analisar as incertezas e suas ‘ramificações’ e os elementos da estrutura industrial
relacionando com as ‘cinco forças competitivas’ e classificar de acordo com seu
grau de incerteza.
2. Determinação dos respectivos fatores causais – elementos incertos da estrutura
identificados na etapa anterior e seus principais fatores causais. Os fatores causais
são importantes às suposições que devem ser feitas sobre cada variável de Cenário.
3. Escolha das variáveis de Cenários – a partir da lista dos elementos incertos,
definir os que apresentam maior independência a outros. Apenas as incertezas
independentes serão consideradas como as variáveis de Cenários. Em seguida, faz-
se a análise mais detalhada dos seus fatores causais, a fim de identificar quais
podem determinar no futuro configurações diferentes para essas variáveis.
4. Definição de configuração futura para as variáveis de Cenários – define-se um
conjunto de suposições plausíveis para cada variável de Cenário, as quais derivam
de várias hipóteses relativas aos fatores causais mais significativos.
5. Construção de Cenários – a partir da etapa anterior escolhem-se as combinações
mais consistentes para Construção dos Cenários. Enfatiza-se que um Cenário deve
ser uma visão internamente consistente do que poderá ser a futura estrutura
industrial.
6. Análise dos Cenários – realizar análise das implicações de cada Cenário para o
quadro de concorrência. A análise divide-se em três vertentes: determinar a
estrutura industrial futura sob o Cenário; desenvolver as implicações dos Cenários
59
para a atratividade futura da indústria; e identificar as implicações do Cenário para
as fontes de vantagens competitivas.
7. Introdução do comportamento da concorrência – essa etapa tem como objetivo
escolher o melhor modo de introduzir o comportamento da concorrência, levando
em consideração a possibilidade do surgimento de novos competidores nos
Cenários. Cenários aonde existem incertezas em relação aos concorrentes, devem
ser divididos em mais Cenários adicionais.
8. Escolha das estratégias competitivas – definiram-se as estratégias frente às
possíveis evoluções na estrutura da indústria materializada nos Cenários
analisados. Como não é possível ter certeza do Cenário que irá ocorrer, escolhe-se
a melhor maneira de enfrentar a incerteza na escolha da estratégia. Porter apresenta
cinco métodos básicos para lidar com a incerteza na seleção da estratégia, são eles:
apostar no Cenário mais provável; apostar no melhor Cenário; garantir resultados;
preservar a flexibilidade; e influenciar a probabilidade de um Cenário.
Figura 10. Método cenários industriais de Porter
Fonte: Michel Porter, 1985.
60
Assim, o centro da Construção de Cenários Industriais é a identificação das incertezas, com
suas ramificações mais importantes.
Porter (1992, p.443), ressalta que:
‘O instrumento dos Cenários ndustriais não é suficiente por si só para a formulação da
estratégia. Eles fornecem uma metodologia para a formulação da estratégia sob
condições de incerteza. Quando combinado com instrumentos conceituais
substantivos para a compreensão da estrutura industrial, do comportamento da
concorrência e da vantagem competitiva, o instrumento dos Cenários pode construir
uma parte importante do arsenal do estrategista’.
Assim, de acordo com a abordagem de posicionamento de Porter (1992), compreender as
forças que ‘moldam’ a competição na indústria é o ponto de partida para a formulação da
estratégia, as quais fornecem a base para o dimensionamento dos pontos fortes e fracos da
empresa.
Método Michel Godet
Godet utiliza abordagens plurais e complementares, uma vez que não há uma ferramenta ou
método universal e que ambos são relativos. Para o autor, um método deve ser simples e
estruturar o pensamento e a comunicação sobre um determinado tema, a fim de estimular a
imaginação (GODET, 1994; GODET e ROUBELAT, 1996).
Desta forma, Godet (1994) expõe a necessidade de ter ferramentas apropriadas para elaborar
Cenários e estratégias. Por essa razão, o autor elaborou a ‘caixa de ferramentas’ a fim de
auxiliar na classificação do método ideal para resolução dos problemas. A ideia é utilizar uma
ferramenta simples que seja apropriada para cada situação-problema, conforme segue:
1. Fazer perguntas certas e identificar as variáveis-chave: workshops futuros e análise
estrutural com software MICMAC (Matrix Cross-Impact - Multiplication Applied
to Classification - Matriz de impacto cruzado: multiplicação aplicada à
classificação). O método MICMAC é um sistema de multiplicação de matrizes
aplicada à matriz estrutural.
2. Analisar tendências e estratégias dos atores: estudos de retrospectiva e uso do
software MACTOR (Matrix of Alliances and Conflicts: Tactics, Objectives and
Recommendations - Matriz de alianças e conflitos: táticas, objetivos e
recomendações).
3. Reduzir as incertezas dos Cenários mais prováveis: análise morfológica, métodos
dos especialistas ‘experts methods’ (Delphi, CIA);
61
4. Identificar e avaliar as opções estratégicas: análise multicritério e uso do software
MULTIPOL (combining the terms Multicriteria and Policies – combinação dos
termos Multicritério e Políticas) é o mais simples, porém útil (GODET, 1990;
GODET, 1994; GODET e ROUBELAT, 1996).
O Método de Cenário (1994; 2000), apresentado na Figura 11 (Método de cenário de Godet),
desdobra-se em seis etapas:
1. Delimitação do sistema e do ambiente – tem como objetivo analisar o problema e
delimitar o sistema estudado em seu horizonte temporal e área geográfica partir de
uma lista de possíveis variáveis a fim de ter uma visão global do sistema.
Normalmente, para definir o sistema, parte-se de um problema interno
organizacional envolvendo grandes incertezas, as quais podem trazer prejuízos
para o desempenho da organização. Utilizam-se entrevistas; seminários com
especialistas; brainstorming, etc.
2. Análise estrutural do sistema e do ambiente – estabelecimento de relações entre
as variáveis internas e externas identificadas na etapa anterior (utiliza-se a matriz
de análise estrutural); segundo Marcial e Grumbach (2008) a análise estrutural do
sistema possibilita melhor compreensão da relevância das variáveis, bem como
suas atuações e implicações.
3. Análise atual e retrospectiva – situar a análise estrutural do sistema na
atualidade, na sua evolução histórica e detectar no presente ‘sementes de mudança’
dos atores do futuro.
4. Análise do ‘jogo de atores’ – identificação dos atores que ‘comandam’ as
variáveis-chave identificadas na análise estrutural. Confrontar seus projetos a fim
de verificar sua relação de forças para colocar em evidencia os desafios
estratégicos.
5. Análise morfológica – explora o campo das evoluções possíveis, agrupando as
variáveis-chave da ‘análise estrutural’ e as questões-chave do ‘jogo de atores’.
(pode-se utilizar o software MORPHOL).
6. Elaboração dos Cenários – aperfeiçoamento das ‘imagens finais’ dos Cenários
que foram selecionados e a construção de uma narrativa, ou seja, descrever o
percurso que, partindo da situação atual, permite chegar as ‘imagens finais’.
62
Figura 11. Método de cenário de Godet
Fonte: Godet, 1994; Godet e Roubelat, 1996.
Ressalta-se que durante o processo de implementação do Método de Cenário é opcional a
utilização da ‘caixa de ferramentas’ para a resolução dos problemas. O uso de cada ferramenta
vai depender do nível de conhecimento do sistema e do objetivo estabelecido, ou seja, o
método não é linear. Destaca-se também, que todas as ferramentas são utilizadas através de
softwares.
Análise estrutural
Método MICMAC
Análise do jogo de
atores
Método MACTOR
Método dos
especialistas
Pesquisa SMIC
Análise Morfológica
Método
Multicritérios
Multipol
Fenômeno estudado
(variáveis internas)
Meio geral
(variáveis externas)
1. Delimitação do sistema e do
ambiente
(pesquisa das variáveis-chave)
2. Análise estrutural do sistema e
do ambiente
Variáveis influentes (externas)
Variáveis dependentes (internas)
3. Análise retrospectiva
Mecanismos, tendências e
atores principais.
3. Análise situação atual
Sementes de mudança e
projeto dos atores
4. Análise do ‘jogo de atores’
Conjuntos de pressupostos
prováveis baseado nas variáveis-
chave para o futuro
5. Análise Morfológica
Agrupamento das variáveis-chave
da análise estrutural
6. Elaboração dos Cenários
Encaminhamento das ‘imagens
finais’ dos cenários e construção
de narrativa
Estratégias alternativas
63
Método Global Business Network (GBN)
A GBN é uma empresa norte-americana, criada em 1988, por Peter Schwartz (presidente) e
Pierre Wack. Peter Schwartz é um pioneiro no campo de desenvolvimento de Cenários e
muitas pessoas aprenderam sobre Cenários a partir de seu livro ‘The Art of the Long View’
(1996) (MIETZNER e REGER, 2004).
Segundo Marcial e Grumbach (2008) o método GBN compreende basicamente oito etapas, as
quais sempre levam em consideração os ‘modelos mentais' dos dirigentes, ou seja, sua visão
de mundo, preocupações e incertezas.
De acordo com Marcial e Grumbach (2008) o método GBN para elaboração de Cenários é
desdobrado nas etapas a seguir:
1. Identificação da questão principal – a primeira etapa tem justamente o objetivo
de dar aos Cenários um foco específico, podendo ser levantada por meio de
entrevistas, análises e discussões. Em seguida, definem-se as dimensões (espaço e
tempo) que o estudo irá cobrir e estabelecida uma lista de consequências possíveis
que pode ser provocada pela questão principal a longo prazo.
2. Identificação das principais forças do ambiente local (fatores-chave) – após
definição da questão principal identificam-se os principais fatores-chave (que
influenciam a questão principal, os quais podem vir a afetar as decisões a serem
tomadas). Esses fatores incluem fatos sobre clientes, fornecedores, concorrentes,
tamanho de mercado, seu crescimento, volatilidade, entre outros.
3. Identificação das forças motrizes - as forças motrizes estão ligadas ao macro-
ambiente. Apesar de serem forças menos óbvias de se identificar, podem
influenciar ou impactar a evolução da questão principal e os fatores-chave
identificados, as quais movem o enredo de um Cenário. Destaca-se que a
identificação das forças motrizes é feita com base na questão principal, sendo
cruciais para a decisão a ser tomada. O próximo passo é descobrir as conexões
existentes entre as diversas forças e seus impactos.
4. Ranking por importância das incertezas críticas – depois de identificadas e
exploradas as forças motrizes, separa-se os elementos predeterminados das
incertezas críticas. Em seguida, faz-se a análise das forças motrizes e faz-se a
classificação em elementos predeterminados e variáveis incertas.
64
5. Seleção das lógicas dos Cenários – a seleção das lógicas dos Cenários, parte da
análise do comportamento das variáveis classificadas como incertezas críticas,
sendo considerada a etapa mais importante no processo de criação de Cenários.
Caracteriza-se a lógica de um Cenário pela localização na matriz das forças mais
significativas do Cenário. É fundamental compreender que a seleção da lógica dos
Cenários é um processo de tentativas e erros, não sendo necessário cobrir todas as
possibilidades existentes.
6. Descrição dos Cenários – a partir da definição das lógicas dos Cenários inicia-se
o seu detalhamento, voltando-se a lista de fatores e tendências principais (etapas 2
e 3). Destaca-se que os Cenários devem ser apresentados em forma narrativa.
7. Análise das implicações e opções – concluída a descrição dos Cenários, deve-se
voltar à questão principal, a fim de verificar, em cada Cenário, as implicações de
cada decisão, vulnerabilidades e oportunidades, para tomada de decisão.
8. Seleção dos principais indicadores e sinalizadores – a definição de indicadores
tem como objetivo o monitoramento contínuo. Definir indicadores com base nos
Cenários facilita a seleção das variáveis que a empresa deve monitorar. E, escolher
as variáveis baseado na análise de Cenários mostram que variáveis devem ser
monitoradas em função de seu impacto e comportamento.
Apresentam-se na Figura 12 (Método de cenário GBN), as etapas do método.
65
Figura 12. Método de cenário GBN
Fonte: Marcial e Grumbach, 2008.
Por fim, destaca-se a importância de conhecer os ‘modelos mentais’ dos responsáveis pela
elaboração dos Cenários a fim de chegar a melhor decisão (MARCIAL e GRUMBACH,
2008).
Método Raul Grumbach
De acordo com Marcial e Grumbach (2008), o método Grumbach de gestão estratégica foi
desenvolvido a partir de 1996 e se ampara em várias técnicas e métodos: brainstorming; os
métodos Delphi e de impactos cruzados, o teorema de Bayes, a simulação Monte Carlo, a
teoria dos jogos e o processo de simulação e construção de futuro. Destacam-se as seguintes
características do método: utilização dos softwares Puma e Lince em cada uma de suas fases;
adota o enfoque sistêmico; utiliza modelagem matemática e ferramentas de pesquisa
operacional; gera Cenários por simulação Monte Carlo; e, emprega princípios da teoria dos
jogos.
O método de Raul Grumbach se desenvolve em quatro fases, detalhados abaixo e apresentado
na Figura 13 (Método de cenário Grumbach).
1. Identificação da questão
principal
2. Identificação dos fatores-
chave
3. Identificação das forças
motrizes
4. Ranking por importância
das incertezas críticas
5. Seleção das lógicas dos
Cenários
6. Descrição dos Cenários
7. Análise das implicações
e opções
8. Seleção dos principais
indicadores e sinalizadores
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1. Identificação do sistema – identificação preliminar do conjunto de informações
que caracterizam e individualizam a organização. É conduzida uma avaliação de
como a organização, chamada de ‘sistema’ está inserida no contexto que a envolve
‘ambiente’. A partir da definição do problema pelo decisor estratégico, o grupo de
controle identifica e registra no software Puma dados relativos à: histórico, missão,
visão, valores, fatores críticos de sucesso, políticas, objetivos estratégicos,
estratégias, metas e planos. Destaca-se que nessa primeira fase não se cria nada de
novo, apenas se constata o que já existe na organização e inseri-se no software
Puma.
2. Diagnóstico estratégico – levantamento minucioso e detalhado das variáveis
externas (oportunidades e ameaças) e internas (pontos fortes e pontos fracos) do
sistema em pauta. A análise desses elementos associada ao estudo retrospectivo
possibilitará a identificação da lista de fatos portadores de futuro. Na sequência,
realizam-se as análises organizacional, funcional e dos recursos objetivando a
identificação de variáveis endógenas. Quanto ao ambiente, estudam-se os
comportamentos das variáveis externas e as estratégias dos atores. Concluída essa
fase a organização terá um conjunto de fatos portadores de futuro que servirão
como base para a fase de visão estratégica.
3. Visão estratégica – fase que engloba toda a parte analítica do método, quando da
extração dos fatos mais importantes pesquisados. Esta fase contempla três grandes
etapas: a visão de presente; visão de futuro e a avaliação, medidas e gestão de
resistências.
- visão de presente: análise das causas e consequências dos fatos portadores de
futuro. O resultado obtido desta etapa de visão de presente é o levantamento de
possíveis ações a empreender no presente.
- visão de futuro: estabelecer uma visão de futuro do ambiente, por meio de uma
análise prospectiva. Essa etapa envolve uma sequência de seis passos: concepção,
avaliação, geração e interpretação de Cenários, definição de questões estratégicas e
proposição de medidas de futuro.
- avaliação de medidas e gestão de resistências: deve ser submetida a um
processo de avaliação que consta de seis passos, a saber: analisa-se,
individualmente, cada medida proposta; realiza-se nova verificação; verifica-se se
a medida entra em conflito com alguns dos valores compartilhados pela
organização; para medidas consideradas válidas, gerenciam-se as resistências
67
internas; para medidas consideradas válidas, realiza-se o gerenciamento das
resistências externas; por fim, para medidas consideradas válidas, verifica-se o
impacto de cada medida sobre os dados fundamentais.
4. Consolidação do Planejamento – a última fase do método divide-se em duas
etapas: revisão (dados fundamentais do sistema) e decisão (decisor estratégico
consolida o processo de planejamento por meio de aprovação ou não das medidas
que constam na minuta de plano estratégico apresentado pelo grupo de controle do
processo).
A Figura a seguir, apresenta a integração entre as fases, etapas e passos do método Grumbach
informatizados pelos softwares Puma e Lince.
Figura 13. Método de cenário Grumbach
Fonte: Marcial e Grumbach, 2008.
Software Puma
Fase I
1. Identificação do
sistema
Técnicas de B1
Fase III
3. Medidas
(visão de presente)
Análise de fatos
Fase IV
4. Consolidação
Fase II
2. Diagnóstico
estratégico
Fase I
1. Análise
retrospectiva
Técnicas de IC
3. Medidas
(visão de futuro)
3. Análise de medidas
Fase III
3. Visão estratégica
Dinâmica de Cenários
Cenário mais provável
Cenário de tendência e
Cenário ideal
3. Medidas
(parcerias estratégicas)
3. Medidas
(construção de futuros)
Cenário alvo
Software Lince
68
Em síntese, o processo de simulação e construção de futuro, informatizado pelo software
Lince, permitiu a evolução do método Grumbach de um sistema de planejamento estratégico
tradicional, para outro nível, de gestão estratégica com base em Cenários.
Método Kees Van der Heijden
Em seu livro, Planejamento por Cenários: a arte da conversação estratégica, Heijden (2009,
p.51) denomina Cenários como ‘um conjunto de futuros estruturalmente diferentes’,
refletindo diferentes interpretações dos fenômenos do ambiente de negócios. Adicionalmente,
Heijden (2009, p. 43) afirma que ‘o Planejamento por Cenários é uma forma paradigmática de
pensamento estratégico que reconhece a incerteza com todas as consequências que isso
acarreta’. O autor destaca também em seu livro que a palavra ‘Cenário’ é usada apenas para o
ambiente de negócio externo.
Para Heijden (2009, p.73), ‘o Planejamento por Cenários é uma abordagem de aprendizagem
ao planejamento e a formulação de estratégias’. Para o autor, uma estratégia eficaz passa pelo
loop de aprendizagem, o qual se baseia na ideia de desenvolvimento contínuo e melhorias, em
vez de ‘resposta correta’. Dessa forma, o autor afirma também, que a medida que os Cenários
vão evoluindo ao longo do tempo, podem ser usados para testar a ideia de negócio da empresa
(entendimento que a organização tem do negócio. Envolve um sistema de competências
distintivas criando valor e sustentando em um loop de feedback de reforço). Outra
característica do Planejamento por Cenários de Heijden (2009) é o processo de coerência na
organização através da conversação estratégica, levando a ação que transforma a invenção em
realidade. De forma geral, a conversação estratégica é moldada pela maneira que as pessoas
na organização enxergam seu mundo.
O processo interativo de análise de Cenários segundo Heijden (2009) é descrito nas seguintes
etapas:
1. Agenda de Cenários – é uma lista de até cinco amplos temas ou áreas de
interesses no ambiente de negócios. São áreas de grande incerteza e com as quais o
cliente se mostra preocupado. A classificação da agenda deve ser estabelecida
usando-se como critério o nível de preocupação e ansiedade da equipe.
2. Dimensões-chave – após definição da agenda de Cenários, tenderá emergir um
grande número de dimensões-chave relativas à agenda. Quanto maior a incerteza,
menor o número de dimensões-chave de incerteza que dominam o resultado.
Definem-se três categorias de incertezas, a saber: riscos, incertezas estruturais e
69
impossíveis de conhecer. Destaca-se que o Planejamento por Cenários aceita a
incerteza estrutural com as múltiplas interpretações, trazendo múltiplos futuros.
3. Estado final dos Cenários – definido sobre o conjunto de Cenários do futuro que
são considerados relevantes a partir da agenda de Cenários, cada um deles tem que
ser tratado como sendo igualmente plausível. Os Cenários resultantes comunicam
percepções sobre mudanças prováveis ou descontinuidades potenciais e seus
impactos.
4. Cenários prototípicos – se tornam uma linguagem para a formulação estratégica.
5. Comparação – confrontar/comparar a ideia de negócio a partir da compreensão
dos ‘business-as-usual’ com os Cenários estabelecidos.
6. Questões de pesquisa – tem como desafio formular as questões corretas a serem
pesquisadas.
7. Análise de sistemas – as análises de sistemas alternadas com a Construção de
Cenários devem responder às perguntas lançadas pela Construção de Cenários
relacionada à percepção estratégica. A análise aprofunda o entendimento da
estrutura assim como dos fenômenos voláteis da superfície. A análise de sistema
também permite ver as forças motrizes e os loops de feedback de reforço por trás
de tudo.
8. Compreensão sistêmica – compreensão melhorada do sistema, ilustrada num
conjunto de Cenários relevantes.
Apresenta-se abaixo a Figura 14 (O processo interativo de análise de cenários de Heijden).
70
Figura 14. O processo interativo de análise de cenários de Heijden
Fonte: Heijden,2009.
Em síntese, o processo de Cenários de Heijden (2009) apresenta o Planejamento por Cenários
como abordagem abrangente à gestão estratégica, integrado a aprendizagem organizacional.
Para o autor, o processo de Cenário inicia-se com a articulação e entendimento que a
organização tem do negócio, na forma de uma ideia de negócio, onde o planejador de
Cenários ajuda a organização a reconhecer e articular as forças motrizes e suas inter-relações
no seu ambiente de negócio. A Construção de Cenários passa ainda por interações com
pesquisa e análise dos fundamentos estruturais dos sistemas que vão gerar a situação do
negócio.
Método Denis Loveridge
Na visão de Loveridge (2009, p. 160), ‘não existe e nunca poderá ser um simples livro de
receitas de instruções sobre como conduzir o Planejamento de Cenários’. Diante disso,
2. Dimensões-chave
3. Estado final dos Cenários
4. Cenários prototípicos
5. Comparação
6. Questões de pesquisa
7. Análise de sistemas
8. Compreensão sistêmica
Compreensão dos
“business-as-usual”
1. Agenda
71
Loveridge (2009) propôs em 1992 um processo para o Planejamento de Cenários em nove
fases e revisou em 2009, conforme desdobradas no Quadro 11 (Planejamento de cenários de
Loveridge).
Fases Processo de Planejamento de Cenárioss
1 Descrição preliminar breve e clara da situação que o exercício de Cenário visa melhorar, junto
com seus limites e horizonte de tempo. A percepção inicial da situação pode ser ‘gritante’,
porém, a ‘confusão’ da situação deve ser reconhecida.
2 Estabelecer um amplo programa de aprendizagem. O programa deve visar à criação de uma
situação de aprendizagem e ser adequado à exploração do ‘território do futuro’.
Os limites da exploração devem ser:
a) relevantes para a melhoria da situação;
b) permitir a identificação de tendências a fim de influenciar a evolução da situação;
c) fazer perguntas ‘quem e o que’ é importante para a situação e mapear mais especificamente
as forças motrizes relevantes para a evolução da situação.
3 Através de um programa de aprendizagem (estabelecido na fase 2), tornar explícitos os
pressupostos que serão usados para descrever os Cenários; examinar sua relevância e robustez
na melhoria da situação ao longo do horizonte de tempo, reconhecendo as incertezas do
território do futuro.
4 Construir um conjunto de eventos alternativos e tendências que serão os ‘esqueletos’ para os
Cenários.
5 A partir do conhecimento da cultura da organização descrever um conjunto de Cenários,
geralmente dois. Deve-se evitar a descrição de apenas um Cenário.
6 Analisar o conjunto de Cenários, a fim de transformar uma evolução da situação que pode
constituir uma ‘crise’ dentro da situação.
7 A partir da análise, emergem políticas alternativas para melhorar a situação, em que a
organização deve trabalhar, com ênfase na capacidade de adaptação dos instrumentos de
política sobre a qual a organização tem controle total ou parcial.
8 Utilizando os instrumentos de política, emergem estratégias adaptáveis robustas no sentido que
serão:
a) encontradas no território do futuro e capaz de suportar o impacto ao longo do tempo;
b) compreendida e aceitável para a sociedade;
c) relativamente insensíveis a atrasar.
9 A partir de algum modelo, avaliar essas alternativas estratégicas através da escala de tempo
escolhido, com atenção para a alocação estratégica de recursos, incluindo o financiamento e os
melhores caminhos para alcançar os retornos financeiros.
Quadro 11. Planejamento de cenários de Loveridge
Fonte: Denis Loveridge, 2009.
Assim, para Loveridge (2009), a base do Planejamento de Cenários não é apenas uma questão
de técnica, mas dependem do aprendizado, integração e síntese de futuros alternativos para
organização.
A partir de uma revisão bibliográfica acerca do tema, Varum e Melo (2010) destacam que
Schwartz (1991) expõe que o papel dos métodos é importante, mas não exclusivo, a
capacidade, habilidade e experiência das pessoas que usam o método é igualmente importante
na construção e Planejamento dos Cenários, corroborando a visão de Loveridge (2009).
72
Assim, diante dos diversos métodos encontrados, Godet et al. (2000) afirmam que os
diferentes passos/etapas não diferem muito. Em todos os métodos encontrados, pode-se dizer
que existem basicamente três etapas/passos essenciais, os quais podem ser identificados nos
métodos acima, são eles:
- Identificar as variáveis-chave;
- Colocar as questões-chave para o futuro; e
- Reduzir a incerteza sobre as questões-chave e definir os Cenários mais prováveis.
Por fim, constata-se que todos os métodos abordados podem ser utilizados para melhorar a
eficácia do processo de tomada de decisão das organizações.
Godet e Roubelat (1996, p.165) afirmam ainda que não há um método ou ferramenta
universal e que um modelo não é uma realidade, mas um meio de olhar a realidade. Para os
autores, o escopo de cada método ou modelo é relativo. Nesse contexto, apresenta-se uma
análise crítica das principais características dos Métodos de Cenários descritos no Quadro 12
(Principais características dos métodos de cenários).
Principais características Métodos
Cedef GE Porter Godet GBN Grum. Heijd. Lover.
Delimitação do problema
Delimitation of the problem
x X x x x x x X
Retrospectiva
Retrospective
x X x x x x x
Identificação das variáveis-chave
Identification of key variables
x X x x x x x X
Identificação dos atores
Identification of actors
x x x x
Análise do ambiente interno
Analysis of internal environment
x X x x x x x X
Análise do ambiente externo
Analysis of the external environment
x X x x x x x X
Aplicação do Delphi
Application of Delphi
X x x
Seleção dos indicadores
Selection of indicators
X x
Utilização de softwares
Use of software
X x x
Cenários exploratórios
Exploratory scenarios
x x x x x x x X
Técnica de impactos cruzados
Technique of cross-impact
x X x x x x x
Quadro 12. Principais características dos métodos de cenários
Fonte: Elaborado pela autora.
73
Verifica-se assim que, todos os métodos relacionados, compartilham cinco principais
características, são elas: delimitação do problema; identificação das variáveis-chave; análise
do ambiente interno; análise do ambiente externo e o uso de Cenários exploratórios. A análise
mostra também que alguns métodos apresentam características distintas, o que segundo
Loveridge (2009), é difícil argumentar por qualquer método particular, sendo que a principal
diferença entre os autores é a ênfase dada a cada etapa do processo. A próxima seção
apresenta o uso dos Métodos de Cenários na área da educação.
2.4.2.2 Aplicação dos Métodos de Cenários na área da Educação
Considerando o foco desta tese, fez-se um levantamento dos Métodos de Cenários
relacionados à área da educação, verificando-se que poucas pesquisas têm investigado a
aplicação e uso dos Métodos de Cenários na área da educação, sendo identificados poucos
estudos envolvendo a temática ‘Cenário’ e ‘Instituições de Ensino Superior’. No Brasil,
apresentam-se as características dos modelos propostos, resultados e limitações/gaps das teses
de Rojo (2005); Thiesen (2009); e Ribas (2013); e as dissertações de Carneiro (2010) e Moritz
(2012) as quais apresentam certa correlação com o tema.
A tese de Cláudio Antonio Rojo (2005), ‘Modelo para a simulação de Cenários: uma
aplicação em instituição de ensino superior privada’ teve como objetivo ‘Elaborar um modelo
para a simulação de Cenários que sirva como um referencial na tomada de decisão das
organizações’. O autor aplicou seu modelo em uma IES privada, avaliando e validando o
modelo proposto. Em seguida apresentam-se as principais características do modelo proposto
(etapas para construção do modelo e modelo proposto); resultados e limitações/gaps da
pesquisa.
a) Etapas para construção do modelo: compreensão do funcionamento do sistema;
construção de um esboço para estudo das variáveis; ‘lay-out’ obtido através da
aplicação da técnica Delphi; análise dos resultados da aplicação da técnica Delphi
e criação de um fluxograma.
b) Modelo proposto (Simulador de Cenários para IES privada): O modelo foi
estruturado em cinco níveis, a saber: 1 - Delphi - para definição do problema; 2-
inteligência competitiva - para definir as variáveis críticas; 3 - Cenários –
simulação dos Cenários; 4 - estratégia – formulação das estratégias; e 5 - plano de
ação – execução das estratégias e metas. Para obtenção dos parâmetros
74
norteadores para elaboração do modelo utilizou-se a técnica Delphi, sendo criado a
partir do referencial sobre estratégia e Cenários.
c) Resultados: o modelo para simulação de Cenários foi aplicado, avaliado e validado
com sua aplicação em uma IES privada, sendo possível simular Cenários em
ambiente competitivo, maximizando dessa forma o processo de tomada de decisão
organizacional.
d) Limitações/gaps da pesquisa: a aplicação realizada considerou apenas algumas
variáveis críticas, sendo que existem outras que podem ser utilizadas para
aprofundamento de estudo na aplicação do modelo.
A tese de Juarez da Silva Thiesen (2009), ‘Método para a construção e análise de Cenários
Prospectivos em planejamento educacional baseado na gestão do conhecimento’ delimitou
como objetivo ‘Desenvolver um método para a construção e análise de Cenários Prospectivos
aplicável em planejamento educacional baseado na Gestão do Conhecimento’. A partir das
propostas apresentadas na literatura o autor desenvolveu uma ‘Matriz de Convergência’ dos
elementos e etapas de Construção de Cenários de outras áreas para a educação. Para verificar
aspectos de consistência do método proposto, o autor utilizou o método Delphi. Apresentam-
se em seguida, as principais características do modelo proposto (etapas para construção do
modelo e modelo proposto); resultados e limitações/gaps da pesquisa.
a) Etapas para construção do modelo: revisão da literatura; elaboração de uma matriz
de referência (identificação e caracterização dos Métodos de Cenários utilizando-
se os métodos de análise de conteúdo, de frequência e modelação); elaboração de
uma matriz orientadora (apresentada em forma de figuras, contendo pontos
comuns das metodologias e proposição de etapas sugerida pelos pesquisadores);
delimitação dos processos e etapas que irão compor a matriz de convergência
(contendo a proposta de método aplicável à educação); elaboração de uma matriz
de convergência (como modelo que permita a convergência dos elementos e
etapas de Construção de Cenários de outras áreas para a educação); aplicação do
método Delphi (submissão da proposta a gestores educacionais e especialistas).
b) Verificação dos aspectos de consistência, pertinência e plausibilidade do método
de prospecção de Cenários: aplicação de um questionário a 30 especialistas das
áreas de prospecção estratégica e 36 profissionais da gestão educacional. Como
parâmetros para a avaliação adotou-se a escala likert com cinco opções de
resposta. Retorno: 32 questionários no total.
75
c) Modelo proposto: o processo de trabalho apresentado na matriz de convergência
foi elaborado a partir de seis fases: 1- construindo a base para o trabalho; 2 –
construindo o diagnóstico do sistema de ensino e definindo o problema central; 3 –
compreendendo o jogo dos atores externo; 4 – identificando os fatos portadores de
futuro (forças motrizes, tendências e incertezas do sistema); 5 – gerando Cenários
e testando sua consistência; e, 6 – avaliando os Cenários como decisões
estratégicas para a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Educação.
d) Resultados: o método foi validado a partir dos aspectos de consistência,
pertinência e plausibilidade em uma única rodada do Delphi em função da
aceitação da proposta ficar acima de 75%.
e) Limitações/gaps da pesquisa: o autor não especifica nível e modalidade da
educação nem natureza da educação (pública ou privada); Delphi restrito aos
profissionais da educação de Santa Catarina e especialistas no Brasil. O autor
desenvolve um método teórico sem experimentação empírica, ou seja, não há
aplicação do método em um planejamento educacional.
Thiesen (2009) destaca ainda a escassez de aplicação dos Métodos de Cenários na área da
educação, sejam eles em nível federal, estadual ou municipal.
Já a tese de Julio Cesar da Costa Ribas (2013), ‘Planejamento educacional baseado em
Cenários Prospectivos na educação à distância’ teve como objetivo ‘analisar as contribuições
decorrentes da aplicação do método proposto por Thiesen para construção e análise de
Cenários ao planejamento educacional, no contexto da educação à distância’. O autor adaptou
e aplicou a metodologia na área de Educação à distância no Instituto Federal de Santa
Catarina, alcançando plenamente os objetivos propostos. Abaixo, mostram-se as principais
etapas do processo de aplicação do método proposto por Thiesen, seus resultados e
limitações/gaps da pesquisa.
a) Etapas do processo de aplicação do método: constituição da equipe de suporte
metodológico (objetivo de dar suporte teórico e metodológico à aplicação do
método); técnicas e ferramentas utilizadas para aplicação do método (método
Delphi, brainstorming, ideia de negócio, estruturação dedutiva de Cenários e
desenvolvimento de histórias; pesquisa bibliográfica, palestra, reuniões e oficinas
temáticas); aplicação do método (realização de quatro oficinas); análise dos
Cenários (avaliação com a equipe de suporte metodológico).
76
b) Resultados: a aplicação do método permitiu através das oficinas uma discussão
interdisciplinar tendo a participação de diversos atores num movimento de
planejamento. O método traz uma nova perspectiva de maneira objetiva e
consistente, possível de reflexões, com a participação dos vários atores envolvidos.
As orientações teórico-metodológicas foram preservadas, porém, promovidas
adaptações necessárias. Sua aplicação foi viável.
c) Limitações/gaps da pesquisa: aplicação do método em um caso único; aplicação
do método apenas na modalidade da Educação à Distância de uma Instituição de
Ensino.
Ribas (2013) destaca ainda, a partir de um levantamento acerca dos estudos que tem como
foco a Construção de Cenários aplicados à educação, uma escassez de estudos sobre o tema.
Para o autor, a metodologia ainda é uma novidade no Brasil, especificamente no campo da
educação ainda é muito incipiente.
A dissertação Francisco Stenio de Araújo Carneiro (2010), com o tema ‘Métodos de criação
de Cenários Prospectivos para o ensino superior brasileiro’, estabeleceu como objetivo
‘Desenvolver um instrumento de Construção de Cenários futuros, com vistas a auxiliar um
debate em torno do tema e também a elaboração de políticas públicas para o ensino superior
brasileiro’. Abaixo, listam-se as principais características do modelo proposto (etapas para
construção do modelo e modelo proposto), resultados e limitações.
a) Etapas para construção do modelo: para edificação do instrumento, utilizaram-se
três caminhos: identificar bibliografia sobre Cenários; buscar estudos sobre
métodos que lidam com desenvolvimento de Cenários; realizar investigações por
fontes estatísticas a fim de conhecer o panorama do ensino superior no Brasil.
b) Modelo proposto: o instrumento proposto levou em consideração o Método de
Grumbach, com as devidas alterações. Sua estrutura foi dividida em quatro partes:
1 - investigar como o método poderá auxiliar os tomadores de decisão; 2 –
pesquisa bibliográfica sobre o ensino superior (definição dos fatos portadores de
futuro); 3 – pesquisa de campo com a utilização da técnica Delphi e Matriz de
Impactos Cruzados e 4 – conclusão do trabalho. Etapas do instrumento proposto:
definir os especialistas para aplicação do Delphi; definir os fatos portadores de
futuro; definir as questões a serem aplicadas com os especialistas; definir
instrumento de coleta de dados para aplicação do Delphi; agrupar os resultados da
aplicação do Delphi; definir instrumento de coleta de dados para a segunda
77
aplicação Delphi; agrupar resultados da segunda aplicação Delphi; definir os
eventos com as melhores características; definir instrumento de coleta de dados
para aplicação da técnica de impactos cruzados; elaborar tabela matriz de impactos
cruzados; elaborar gráfico de motricidade versus dependência; apresentar os
Cenários resultantes; elaborar tabela dos Cenários selecionados e discutir os
resultados da pesquisa.
c) Resultados: a coerência dos resultados obtidos com a aplicação do instrumento
proposto valida a metodologia, mostrando que a ferramenta é útil para auxiliar os
tomadores de decisão na conquista de um futuro melhor para o ensino superior.
d) Limitações/gaps da pesquisa: o instrumento desenvolvido levou em consideração
apenas um Método de Construção de Cenário (Grumbach).
Por fim, a dissertação de Mariana Oliveira Moritz (2012), ‘Perspectivas e tendências das
Universidades públicas gratuitas de Santa Catarina’ teve como objetivo ‘Analisar os
principais Cenários e tendências das universidades públicas e gratuitas catarinenses na opinião
dos seus dirigentes e dos especialistas na área’, ou seja, essa dissertação, não construiu
modelo conforme os trabalhos anteriores. No entanto, ela mostrou como são praticados os
principais instrumentos de planejamento das universidades; identificou no ambiente de
Cenários os fatos portadores de futuro que mais influenciam a gestão nas Universidades
Públicas catarinenses; apresentou o que pensam os dirigentes e especialistas sobre
perspectivas e tendências para as Universidades Públicas catarinenses; e identificou as
possíveis tendências e perspectivas das Universidades. A autora conclui que o diferencial que
as Universidades do futuro estão construindo hoje é o balanço entre tradição e renovação.
Adicionalmente, podem-se citar algumas pesquisas no Brasil e exterior que envolvem a
temática ‘Cenários’ e ‘educação’ de uma forma geral. No exterior, destacam-se os estudos de
Habana (1993); Enserink (2000); Miller (2003); Richards, O’shea e Connolly (2004);
Georghiou e Harper (2006); Piirainen et al.(2007); Blass, Jasman e Shelle (2010); Church-
Duran e Ludwig (2012); Andreescu et al. (2013), detalhados abaixo.
Habana (1993) apresenta um estudo ‘construindo Cenários para a educação no sudeste da
Ásia’ a fim de maximizar a pró-atividade do planejamento educacional da Ásia. Os Cenários
foram construídos apoiados na revisão da literatura com a aplicação do Delphi, estabelecendo
três Cenários para a educação em 2015. O futuro do setor da educação superior também é
discutido por Miller (2003) a partir do Método de Cenários.
78
Enserink (2000) apresenta a Construção de Cenários para a Universidade de Tecnologia Delft.
Sua pesquisa tem como foco a Construção de Cenários através de workshops de curta duração
e intensos, em vez de longos processos. Os dois workshops realizados foram restritos aos
quatro primeiros passos do método de Schwartz, tendo a mesma abordagem metodológica. O
objetivo do primeiro workshop foi descobrir que variáveis influenciam uma infraestrutura
particular (energia, água, lixo, transporte e telecomunicação). E o segundo workshop
construiu Cenários para definir o perfil da Universidade. Segundo o autor, o exercício de
Cenário despertou criatividade na equipe, que criou descrições surpreendentes e plausíveis de
futuros possíveis.
Em seu estudo, Richards, O’Shea e Connolly (2004) enfatizam a necessidade de mudança do
uso das técnicas de planejamento estratégico tradicional nas Instituições de Ensino Superior
mostrando a importância do Planejamento de Cenários para essas Instituições. A partir de um
estudo de caso na Universidade de Glamorgan (Reino Unido) os autores utilizam o modelo de
Cenário de Schwartz para mostrar a eficácia da aplicação do método. Os resultados do estudo
mostram que o uso do Planejamento de Cenários na Universidade de Glamorgan ajudou na
superação das deficiências inerentes as abordagens tradicionais e no processo de
aprendizagem da Instituição, provando ser uma ferramenta eficiente para as Instituições de
Ensino Superior.
Georghiou e Harper (2006) expõem que em função das expectativas de mudanças contínuas
no setor de ensino superior, é nítida a necessidade de uso de FTA, as quais ajudam as
instituições e seus stakeholders seguir em frente. Em seu artigo, os autores examinam o
ensino superior como um objeto de FTA. Georghiou e Harper afirmam que apesar das
discussões frequentes acerca do futuro do ensino superior, poucas pesquisas têm utilizado os
métodos FTA de forma explícita. Os autores comparam as convergências e divergências dos
Cenários do ensino superior de três organizações que foram produzidos por meios e contextos
diferentes.
O trabalho de Piirainen et al. (2007) faz uma contribuição a partir de uma visão geral do
estado atual da prática de Cenários e desenvolve Cenários para a Universidade de Tecnologia
de Lappeenranta para os próximos dez anos (2006 a 2016). O método utilizado baseou-se na
revisão da literatura e foi testado por alunos e usuários potenciais e os Cenários escritos
basearam-se na opinião de especialistas, representando uma visão plausível do futuro da
Universidade.
79
Em seu estudo, Blass, Jasman e Shelley (2010) desenvolvem uma série de Cenários para o
futuro do setor da educação superior do Reino Unido. Segundo os autores, quando se pesquisa
o futuro, não se deve usar um único método de forma isolada. Os fatores-chave que fizeram
parte desta análise foram: demografia, economia, tendências sociais e políticas, contexto,
análise educacional e estudos futuros relacionados com o mundo do trabalho e da educação.
Esse estudo usou o Método de Cenário a fim de gerar uma série de imagens alternativas para
o setor da educação superior. Os autores concluem que os cinco Cenários apresentados nesse
estudo são possíveis e plausíveis de acordo com a literatura e especialistas da área.
Church-Duran e Ludwig (2012) introduziram o Planejamento de Cenários na biblioteca da
Universidade do Kansas (Reino Unido) com o objetivo de apoiar o planejamento estratégico
da Universidade. O projeto exigiu adaptação do clima organizacional e a realização de
oficinas envolvendo toda a equipe a fim de compreenderem o futuro das bibliotecas da
Universidade. O resultado foi bastante positivo, levando a mudança de um pensamento
reativo para proativo, de uma postura com foco interno para externo, e consequentemente
melhor condições para lidar com o futuro. Por fim, Andreescu et al. (2013) apresentam, por
meio de um estudo de caso, um exercício do desenvolvimento de Cenários para o futuro do
ensino superior da Romênia.
E, no Brasil, foram identificados os estudos de: Viegas, Rodrigues Pinto e Leal (2005); Souza
et al. (2008); Moritz et al. (2011); Carneiro et al. (2011); Hoss, Bromberger e Souza (2012); e,
Ribas, Catapan e Spanhol (2013).
Viegas, Rodrigues Pinto e Leal (2005) e Ribas, Catapan e Spanhol (2013) abordam a
relevância e utilidade do uso dos Métodos de Cenários no campo educacional e também no
âmbito da EaD, a qual pode auxiliar na definição dos rumos da educação superior e das IES,
contribuindo para geração de uma estratégia efetiva, considerando as incertezas e aspectos do
futuro.
Souza et al. (2008) apresentam uma análise crítica da experiência na Construção de Cenários
no âmbito dos planejamentos estratégicos ocorridos em 2002 e 2006 desenvolvida pelo
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. A análise das duas experiências mostra uma
evolução positiva da qualidade do processo de elaboração dos Cenários. Os autores verificam
também que a limitada representação dos stakeholders no processo pode prejudicar a
qualidade dos Cenários elaborados.
80
A pesquisa de Moritz et al. (2011) acerca da prospecção de Cenários no ambiente das
universidades mostra que os Métodos de Cenários auxiliam essas instituições preparando-as
para enfrentar o futuro e os diversos desafios que as universidades encontram, dando-lhes
condições para uma tomada de decisão com maior eficiência e eficácia e, consequentemente,
tornado-as aptas à formulação estratégica eficaz e flexível e com visão de futuro. Por meio de
uma pesquisa bibliográfica e documental, os autores, apresentam as mudanças em curso no
ambiente das Universidades, com foco na Universidade Federal de Santa Catarina e sua
trajetória para 2022. Já o trabalho de Carneiro et al. (2011) se baseia em Grumbach para
aplicar o Método de Cenário na área do ensino superior, a qual é validada por especialistas da
área e também apresenta sua eficácia para formulação da estratégia e tomada de decisão.
Na mesma linha dos estudos anteriores, Hoss, Bromberger e Souza (2012), realizaram um
estudo de caso nas fontes de recursos da fundação de apoio à educação, pesquisa e
desenvolvimento científico e tecnológico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
campus Pato Branco, com o tema, simulação de Cenários. Os resultados apresentados
mostram que, o Método de Cenário auxilia a instituição a definir sua estratégia, permitindo
lidar com a incerteza e o novo. O estudo aplicou o modelo ROJO desenvolvido por Souza e
Rojo, (o qual apresenta as etapas envolvidas para simulação de Cenários, deste a coleta das
variáveis críticas à execução das estratégias formuladas), mostrando-se como uma ferramenta
capaz de auxiliar a organização a definir e executar suas estratégias.
Verifica-se, dessa forma, que as pesquisas supracitadas abordam a temática ‘Cenário’ e
‘Educação’ dentro de vários contextos. É importante salientar que não foi identificado
nenhum estudo que abordasse as temáticas ‘Cenário’, ‘Instituição de Ensino Superior’ e
‘Alinhamento Estratégico’, temas esses que são foco desta tese, a qual tem como objetivo
‘propor um modelo para alinhar a formulação e implementação da estratégia em Instituições
de Ensino Superior’ por meio dos Métodos de Cenários (apresentado nesse capítulo),
‘Systems Thinking’, Teoria dos Conjuntos e Diagrama de Venn, apresentados na próxima
seção.
2.5 Systems Thinking
Em função da palavra ‘systems’ ser extremamente comum e usada no cotidiano, grande parte
da literatura e autores acabam deixando de lado fundamentos básicos mencionados por
Checkland (2012, p.466), o qual define ‘systems’ como ‘um todo adaptativo, o qual pode
sobreviver ou seu ambiente pode mudar e entrar em choque com ele mesmo’.
81
Segundo Checkland (1999), há quatro conceitos mínimos necessários para expressar a
natureza de um todo adaptativo, e entender o conceito mínimo de sistema, são eles: 1 -
sistema como parte de uma ‘estrutura de camadas’, ou seja, uma hierarquia de sistemas; 2 -
‘processo de comunicação’ que envolva tanto sistema como ambiente a fim de se adaptar as
mudanças; 3 - ‘processos de controle’ que dão respostas aos choques do ambiente e falhas
internas; 4 - ‘propriedades emergentes’ que caracterizam o sistema, sendo a sua ideia
fundamental.
A partir da ideia fundamental de sistemas, visto como ‘propriedades emergentes’, pode-se
avançar para o entendimento macro de ‘Systems Thinking’.
Na essência, o que justifica a existência do ‘Systems Thinking’ é o fato de que ‘o todo’ é
composto por propriedades emergentes que só existem em relação ao ‘todo completo’. Tais
propriedades emergentes foram reconhecidas antes do ‘Systems Thinking’ e são conhecidas
tanto na linguagem cotidiana como na metafísica de Aristóteles como ‘o todo é maior do que
a soma das suas partes’. Desta forma, o ‘Systems Thinking’ justifica-se a partir da existência
real dos fenômenos observáveis, não sendo simplesmente uma ideia abstrata, tendo como pré-
requisito a compreensão do pensamento holístico (CHECKLAND, 2012).
Assim, ‘Systems Thinking’ pode ser pensado através do pensamento holístico, ou seja, é como
‘ver uma grande figura’, que vai além do pensamento reducionista, em que a ênfase está em
‘quebrar as coisas’ e ver os seus detalhes (WINTER e CHECKLAND, 2003).
Para Checkland (2003) e Winter e Checkland (2003), o termo ‘Systems Thinking’ emergiu
como uma meta-disciplina e meta-linguagem e tem sido usado para falar sobre diferentes
temas nas diversas áreas de estudo, o qual está diretamente relacionado ao conhecimento
intuitivo ou casual de um organismo. Adicionalmente, Flood (1999, p. 82 apud
LOVERIDGE, 2009) expõe que o significado essencial de ‘Systems Thinking começa com
uma compreensão intuitiva da existência’.
Nesse contexto ‘Systems Thinking’ é caracterizado pela opinião subjetiva dos indivíduos. A
questão fundamental acerca da subjetividade que envolve ‘Systems Thinking’ é sempre ‘de
quem é a opinião’? Deveria ser de um ‘expert’? Deveria vir de algo mais amplo? A questão é:
como buscar as opiniões, interpretar, entender a ‘confusão’ de informações e de que forma
usar o resultado (LOVERDIDGE, 2009).
Assim, Loveridge (2009, p.23), afirma que ‘tanto ‘Systems Thinking’ como foresight são
influenciados pelas características comportamentais dos envolvidos’. Foresight depende da
82
opinião dos especialistas, enquanto ‘Systems Thinking’ se preocupa, necessariamente, com os
limites claros ou obscuros da situação.
No entanto, Loveridge (2009, p. 46) destaca que ‘a importância do comportamento humano
muitas vezes é ignorada ou não é explicitada no ‘Systems Thinking’, podendo diminuir a
compreensão do seu funcionamento e resultado’. Ou seja, apesar de sua ampla teoria,
‘Systems Thinking’ não é uma panaceia universal e não está livre de críticas. A extensão
‘Systems Thinking’ em estudos futuros gerou grandes discussões entre os anos 1960 e 1970,
visto como uma extensão dentro do Foresight sistêmico (SARITAS, 2006).
Por fim, Saritas (2006) expõe que ‘Systems Thinking’ mostra-se como uma forma
potencialmente útil de pensar, em que o foresight pode se beneficiar disso, apesar da literatura
acadêmica mostrar pouca conexão entre os métodos. Já Loveridge (2009, p. 17) afirma que ‘a
combinação de ‘Systems Thinking’ e foresight tem um considerável poder’.
2.6. Teoria dos Conjuntos e Diagrama de Venn
O Diagrama de Venn foi desenvolvido por John Venn(1834-1923), tendo como propósito
mostrar um determinado número de conjuntos e suas intersecções, o qual utiliza os
fundamentos da Teoria dos Conjutos (KOSARA, 2009; SHILLITO, 2014).
A Teoria dos Conjuntos é o alicerce da matemática e surgiu da necessidade de uma melhor
compreensão do conceito de infinito. Georg Cantor (1845-1918), ‘o pai da Teoria dos
Conjuntos’, usou-o para demonstrar pela primeira vez que dois objetos infinitos podem ter
tamanhos diferentes (WEISS, 2008; SHILLITO, 2014).
Muitos objetos têm características semelhantes e de acordo com seu propósito podem ser
analisados em grupos e/ou em conjuntos. Um conjunto é uma coleção de ‘objetos’ definidos,
distinguíveis de percepção ou pensamento concebido como um todo. Os objetos são
chamados de elementos ou membros do conjunto. Já um subconjunto é um conjunto
constituído por alguns ou todos os ‘membros’ de um conjunto (SHILLITO, 2014).
Shillito (2014) apresenta os símbolos e tipos de conjuntos mais básicos utilizados para
representar o Diagrama de Venn, são eles: - símbolo para intersecção é ; símbolo para a
união é ; e, símbolo para todo o conjunto ε. Os tipos de conjuntos são apresentados nas
Figuras abaixo.
83
Figura 15. Conjuntos vazios
Conjuntos vazios são aqueles que não têm nada em comum: isto pode ser expresso como A
B = ɸ. Os dois conjuntos mostram que estão separados.
Figura 16. Intersecção de conjuntos
Intersecção de conjuntos é aquele que compartilha elementos em comum e podem ser
expresso como A B, onde A e B são dois conjuntos.
Figura 17. União de conjuntos
União de conjuntos ocorre quando todos os elementos em dois conjuntos, cada elemento
sendo único, podem ser unidos como um conjunto, ou seja, A B.
Como exemplo de aplicação, Saritas (2006) utilizou-o Diagrama de Venn para ilustrar a
relação entre os sistemas e atores e a relação entre sistemas e os fatores de sucesso durante a
aplicação e uso da metodologia do foresight sistêmico.
Adicionalmente, Loveridge (2009) utilizou o Diagrama de Venn para ilustrar o
relacionamento entre o papel da possibilidade, viabilidade e da conveniência em
84
sustentabilidade; e Cagnin, Loveridge e Saritas (2011), representam através do Diagrama de
Venn o panorama da nova governança e as intersecções entre: atividade industrial corporativa,
evolução sociocultural e governança.
Diante disso, esta tese utilizou a estrutra do Diagrama de Venn, fundamentada pela Teoria dos
Conjuntos para mostrar as intersecções formadas dos grupos de elementos que podem
possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e implementação da estratégia. Adicionalmente,
o Diagrama de Venn foi utilizado para ilustrar o modelo proposto que teve como objetivo
alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES.
O próximo capítulo apresenta a metodologia da pesquisa utilizada para o alcance dos
objetivos desta tese.
85
3 METODOLOGIA
Esse capítulo apresenta a metodologia de pesquisa dividida em duas etapas. A primeira etapa
apresenta o design da pesquisa; contexto da pesquisa - população e amostra; coleta de dados e
análise de dados. A segunda etapa apresenta através de um fluxograma a sistemática para
construção do modelo proposto.
3.1 Design da Pesquisa
Levando-se em consideração o problema de pesquisa, o design utilizado no desenvolvimento
da mesma foi de uma abordagem quali-quantitativa. A utilização da estratégia survey e a
sistematização de seus resultados requerem o uso de técnicas estatísticas, justificando a
abordagem quantitativa.
De acordo com Yin (2001, p.24), ‘a estratégia survey não exige controle sobre eventos
comportamentais e está focada em acontecimentos contemporâneos’. Para o autor, a forma de
questão de pesquisa ‘quem, o que, onde, quantos e quando’ favorecem estratégias de
levantamento de dados. Yin (2001, p.25) afirma que a ‘survey é vantajosa quando o objetivo
da pesquisa for descrever a incidência ou a predominância de um fenômeno, ou quando ele
for previsível sobre certos resultados’.
Pinsonneault e Kraemer (1993); Babbie (1999) classificam a estratégia survey quanto ao seu
propósito em: exploratória – o objetivo é familiarizar-se com o tópico ou identificar os
conceitos iniciais sobre esse, o qual fornece um ‘mecanismo de busca’ quando se inicia a
investigação sobre determinado tema; descritiva – buscam identificar quais situações, eventos,
atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população a fim de descrevê-los e não explicá-
los; e explanatória/explicativa – tem como objetivo testar as relações causais e fazer asserções
explicativas sobre uma determinada população. Dessa forma, esta pesquisa teve um propósito
exploratório por abordar temas até então pouco estudados e explorados em IES e descritiva
por descrever as características, atitudes ou opiniões de uma determinada realidade.
Outro fator relevante na estratégia survey é a ‘unidade de análise’, que pode ser uma pessoa,
famílias, cidades, estados, indústrias, um grupo, um setor da organização, entre outros. Assim,
um determinado survey pode ser de uma unidade de análise em específico ou envolver mais
de uma. Destaca-se o cuidado que se deve ter quanto à adequação dos respondentes à unidade
de análise (o que se pretende analisar), ou seja, ter respondentes que realmente representem a
unidade de análise (PINSONNEAULT e KRAEMER, 1993; BABBIE, 1999).
86
Desta forma, a presente pesquisa buscou verificar que ‘elementos’ possibilitam e/ou
impossibilitam a formulação e implementação da estratégia tendo como objetivo propor um
modelo para alinhar formulação e implementação da estratégia em IES. Assim, a ‘unidade de
análise’ dessa pesquisa foi o próprio respondente, ou seja, foram selecionados especialistas
com conhecimento sobre o tema conforme leitura prévia de sua contribuição acadêmica e
profissional nessa área.
Do ponto de vista qualitativo, a pesquisa fez interpretação de fenômenos e análise de dados de
forma indutiva. Adicionalmente, foi solicitada nova contribuição dos especialistas para avaliar
e validar os Cenários construídos a partir dos dados quantitativos. Para Marconi e Lakatos
(2003, p. 86) a indução fundamenta-se em premissas, ou seja, ‘infere-se uma verdade geral ou
universal, não contidas nas partes examinadas’.
Segundo Creswell (2007, p.32), a estratégia associada à técnica de métodos mistos,
‘envolvem a coleta e análise das duas formas de dados em um único estudo’. Para o autor, os
métodos mistos de pesquisa envolvem ‘métodos predeterminados e emergentes, questões
abertas e fechadas, formas múltiplas de dados contemplando todas as possibilidades e análise
estatística e textual’.
Adicionalmente, Haegeman et al. (2011) afirmam que há benefícios potenciais na combinação
dos métodos quali-quantitativo, quando utilizado a abordagem de Cenários, a qual combina o
desenvolvimento de ‘storyline’ (qualitativo) e modelagem (quantitativo). Para os autores,
Cenários são capazes de capturar aspectos do ecossistema que são possíveis quantificar e
outros que são impossíveis de expressar em termos quantitativos.
3.2 Contexto da Pesquisa: População e Amostra
A população deste estudo é formada por um conjunto de especialistas da área da educação
(gestores e pesquisadores) no Brasil e exterior com conhecimento sobre ‘Estudos Futuros em
IES’ e ‘Formulação e Implementação da Estratégia’.
Os especialistas foram selecionados a partir de sua experiência profissional e suas
contribuições/publicações relevantes acerca do tema da pesquisa. No Brasil, seus nomes
foram extraídos da Plataforma Lattes a partir de uma busca pelo ‘assunto’, ou seja, título ou
palavra-chave da sua produção. Já a seleção dos especialistas no exterior, se deu por indicação
em função do ‘estágio sanduíche’ realizado pela doutoranda no ‘Instituto de Pesquisa e
Inovação da Escola de Negócios da Universidade de Manchester’ (Reino Unido), o qual tem
87
um grupo renomado de pesquisadores com publicação de livros e artigos científicos na área
desta tese.
Dessa forma, utilizou-se a amostragem do tipo não-probabilística intencional, que segundo
Babbie (1999, p. 153) ‘seleciona-se a amostra baseada no próprio conhecimento da população
e dos seus elementos e da natureza das metas de pesquisa’.
Levando-se em consideração o propósito exploratório da pesquisa, segundo Pinsonneault e
Kraemer (1993), não há um critério definido para representatividade da amostra, ou seja, não
há necessidade de um levantamento estatístico representativo da opinião de determinado
grupo. Para os autores, o tamanho da amostra deve ser suficiente para incluir uma gama de
fenômenos de interesse a fim de se atingir o objetivo determinado, não havendo assim uma
amostra ideal.
Dessa forma, a amostra foi constituída por 50 especialistas do Brasil e exterior, obtendo-se
um retorno de 22 questionários, (13 do Brasil e 09 do exterior) o que representou 44% de
retorno. O resultado dos 22 questionários é apresentado na 5ª etapa (survey com os
especialistas da área) para fase de validação do Diagrama de Venn (segunda fase para
construção do modelo proposto).
No Brasil, obteve-se a representatividade dos seguintes estados: Alagoas; Brasília; Minas
Gerais; Rio de Janeiro; Rio Grande do Sul; Santa Catarina e São Paulo, e, no exterior:
Alemanha; Finlândia; Inglaterra e Romênia.
Os 13 especialitas do Brasil atuam nas seguintes Instituições: Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC); Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Universidade Federal de
Alagoas (UFAL); Universidade Federal Juiz de Fora (UFJF); Universidade de Brasília (UnB);
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC); Fundação Getúlio Vargas (FGV);
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC); Brainstorming Assessoria Ltda; e Centro de
Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). O perfil destes especialistas é: reitores (as); pró-
reitores (as); diretores (as); coordenadores (as) de programas de pós-gradução e/ou curso e
pesquisadores da área de estratégia e estudos futuros.
E os pesquisadores do exeterior atuam nas Instituições: Instituto Fraunhofer de Inovação;
VTT Centro de Pesquisa Técnica da Finlândia; Universidade de Manchester; e, Instituto de
Economia Mundial de Bucareste. O perfil destes especialistas é: coordenadores (as) de
projetos de estudos futuros; líderes de grupos de pesquisa de estudos futuros; e, pesquisadores
da área de estratégia e estudos futuros.
88
Já a amostra para validação dos Cenários foi construída por 11 especialistas do Brasil (que
participaram da survey), obtendo-se um retorno de 05 especialistas, representando 45% de
retorno. O feedback destes 05 especialistas é apresentado na 10ª etapa (análise de dados –
análise da contribuição dos especialistas) para fase de validação dos Cenários (terceira fase
para contrução do modelo proposto), apresentados no capítulo de resultados.
3.3 Coleta de Dados
A presente pesquisa realizou a coleta de dados em duas etapas. A primeira etapa consistiu em
um estudo bibliométrico a fim de conhecer o estado da arte, compreender e descrever suas
correlações e subsidiar a estruturação do questionário (segunda etapa). Segundo Gil (2002), a
pesquisa bibliográfica tem como principal vantagem à cobertura de uma ampla gama de
fenômenos, sendo indispensável para conhecer estudos passados.
Uma vez determinada a área de conhecimento desta tese, ‘Cenários’ relacionados aos temas
‘formulação e implementação da estratégia’; ‘alinhamento estratégico’ e ‘Instituições de
Ensino Superior’, escolheram-se as palavras-chave para a busca de referências conforme
Quadro 13 (Palavras-chave da pesquisa bibliométrica).
Número Palavras-chave
1 scenarios
2 scenarios - strategy formulation
3 scenarios - strategic formulation
4 scenarios – strategy implementation
5 scenarios - strategic implementation
6 scenarios - strategy alignment
7 scenarios - strategic alignment
8 scenarios - higher education institution
9 scenarios – education
Quadro 13. Palavras-chave da pesquisa bibliométrica
Fonte: Elaborado pela autora.
Definidas as palavras-chave, foram realizadas buscas nas principais bases de dados: Proquest;
EBSCO, Periódico CAPES e SPELL. Também foram realizadas buscas exploratórias nas
bases de periódicos e eventos nacionais e internacionais, detalhados abaixo:
Revistas nacionais: RAUSP-e (São Paulo); Future Studies Research Journal; Gestão e
Produção (UFSCAR); Gestão & Regionalidade; Revista de Ciências da Administração
(CADUFSC); Caderno Virtual de Turismo (UFRJ); Faces Revista de Administração (Belo
Horizonte); Organizações & Sociedade; Organizações Rurais e Agroindustriais (UFLA);
89
Parcerias Estratégicas; Revista Administração em Diálogo – RAD; Revista Alcance; Revista
Brasileira de Gestão e Desenvolvimento; Regional; Revista Eletrônica de Ciência
Administrativa; Revista Gestão Industrial; Revista Iberoamericana de Estratégia; Revista
Portuguesa e Brasileira de Gestão (Rio de Janeiro); Revista Produção Online e Transportes
(Rio de Janeiro).
Journals: Technological Forecasting and Social Change (TFSC); Technology Analysis and
Strategic Management (TASM); Futures e Foresight.
Evento Internacional: International Seville Conference on Future-Oriented Technology
Analysis (FTA).
Eventos Nacionais: SEMEAD; ENEGEP; ENANPAD; 3ES; SIMPOI; SIMPÓSIO/SGIT;
ANPTUR e ENAPG.
Após a etapa de levantamento, realizou-se uma análise da aderência destes artigos através do
alinhamento de título e resumo com o tema da pesquisa, sendo selecionados 117 artigos.
Além da pesquisa bibliométrica, foram realizadas buscas exploratórias, de forma aleatória, em
todas as bases supracitadas, sobre os temas ‘Formulação e Implementação da Estratégia’;
‘Alinhamento Estratégico’; Future Oriented Technology Analysis- FTA’; ‘Systems Thinking’;
‘Foresight’; e, ‘Teoria dos Conjuntos’ (Set Theory). Foram realizadas ainda buscas
exploratórias, de forma aleatória em livros, teses e dissertações, entre outras fontes.
Como resultado desta etapa, elaborou-se o referencial teórico, metodologia e questionário de
pesquisa (Apêndice I), cujo roteiro apresentou perguntas fechadas e abertas e foi formatado
para ser respondido via web site (Google Drive).
O questionário apresentou a seguinte estrutura: informações para o preenchimento do
questionário; explicação do Diagrama de Venn; identificação dos especialistas; descrição dos
dezessete elementos inseridos nos cinco grupos do Diagrama de Venn – para cada elemento,
foram construídas duas perguntas: a descrição é apropriada para o elemento? (concordo ou
discordo); o elemento possibilita e/ou impossibilita a formulação e implementação da
estratégia (possibilita; impossibilita ou ambos). Por fim, no final de cada grupo de elementos,
se inseriu um campo para comentários/opiniões e/ou sugestões de novos elementos. A partir
do questionário formatado, realizou-se uma survey com um grupo de especialistas no Brasil e
exterior, sendo anexado Diagrama de Venn.
Na utilização do questionário como técnica de coleta de dados, Richardson et al. (1999,
p.189) afirma que ‘os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as
90
características e medir determinadas variáveis de um grupo social’. Nos questionários de
perguntas fechadas as perguntas ou afirmações apresentam respostas fixas e preestabelecidas.
Visando compreender e esclarecer as perguntas fechadas, o pesquisador pode incluir entre as
alternativas uma categoria de respostas abertas, a qual permite maior liberdade de resposta ao
entrevistado (RICHARDSON et al, 1999).
A validade de conteúdo do questionário foi obtida através de um pré-teste com quatro
especialistas com experiência profissional e contribuições relevantes nessa área através da
ferramenta Google Drive, sendo revisado e validado antes de sua aplicação.
Foi redigida uma carta de apresentação e convite para participação do questionário, conforme
Apêndice I, explicando os objetivos da pesquisa, o cronograma previsto, a garantia do
anonimato dos especialistas e o envio dos resultados finais da pesquisa a cada um dos
especialistas.
Foram enviados e-mails individuais a cada participante através da ferramenta Google Drive
com um link para acessar o questionário. Foi dado o prazo de duas semanas para respostas
sendo enviado outro e-mail de lembrete com mais duas semanas de prazo.
E, para etapa de validação dos Cenários, também foi redigida uma carta de apresentação e
convite para participação da validação dos Cenários, conforme Apêndice II, solicitando
novamente a contribuição dos especialistas do Brasil. Junto com a carta, foram encaminhados
por e-mail a cada participante os Cenários construídos. Para essa etapa, foi dado prazo de um
mês para o retorno.
3.4 Análise de Dados
Para análise dos dados foi utilizada estatística multivariada. Para Hair et al.(2009, p. 23) a
‘análise multivariada se refere a todas as técnicas estatísticas que simultaneamente analisam
múltiplas medidas sobre indivíduos ou objetos sob investigação’. Hair et al. (2009) expõem
que, um dos objetivos da análise multivariada consiste na simplificação dos dados,
descrevendo a informação através de um reduzido número de dimensões de análise.
Dentre os vários tipos de técnicas multivariadas, este trabalho utilizou a ‘Análise de
Correspondência’ a qual segundo Hair et al. (2009) é conhecida como análise de
homogeneidade, facilita o mapeamento percentual de objetos e tem como benefício sua
habilidade de representar linhas e colunas em um espaço conjunto.
91
Para Freund e Simon (2000), as distribuições de frequência, também utilizada na análise de
correspondência, apresentam os dados em forma relativamente compacta, fornecem uma
visualização global e contêm informações adequadas para muitos propósitos, apresentando
dados brutos de uma forma mais acessível. Barbetta (2002, p. 69) expõe que ‘a distribuição de
frequência compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências dos diferentes
resultados observados’.
Assim, se utilizou da análise de correspondência para fazer uma análise dos grupos de
elementos conforme Diagrama de Venn, a fim de verificar a semelhança da opinião dos 22
especialistas apresentada na 6ª etapa (análise por grupo de elementos) acerca da concordância
dos elementos e se os mesmos possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e
implementação da estratégia. Utilizaram-se também os comentários e/ou sugestões desses
especialistas para complementar a análise dos dados, apresentados na 7ª fase (análise da
contribuição dos especialistas).
Adicionalmente, realizou-se uma análise qualitativa da contribuição dos 5 especialistas
apresentada na 10ª etapa (análise das contribuições dos especialistas) para validação dos
Cenários, conforme apresentado no capítulo de resultados.
3.5 Sistemática Proposta
A sistemática para construção do modelo é apresentada através do fluxograma da Figura 18
(Fluxo do processo para construção do modelo proposto), a qual utilizou os métodos ‘Systems
Thinking’, Teoria dos Conjuntos, Diagrama de Venn e Cenário. O fluxograma mostra ainda as
principais fases e etapas utilizadas com o objetivo de ‘propor um modelo para alinhar a
formulação e implementação da estratégia em IES’.
Destaca-se que foi incluída uma legenda no fluxo com o objetivo de mostrar o que
efetivamente foi contribuição teórica, contribuição da pesquisa ou o que emergiu da
fundamentação teórica, a fim de auxiliar na compreensão final do modelo.
Verifica-se desta forma que apenas a primeira etapa do fluxo é um levantamento realizado a
partir da fundamentação teórica. A segunda e terceira etapas geraram uma contribuição
teórica acerca do tema a partir do momento que são agrupados os obstáculos e fatores-chave e
selecionados os obstáculos por grupos de afinidade com a contribuição dos especialistas do
exterior da área da educação com conhecimento sobre ‘Estudos Futuros em IES’ e
‘Formulação e Implementação da Estratégia’.
92
Adicionalmente, destaca-se como contribuição teórica, a metodologia adotada, a qual
combinou os métodos ‘Systems Thinking’, ‘Teoria dos Conjuntos’, ‘Diagrama de Venn’ e
‘Cenários’ para proposição do modelo, contribuindo para integração desses conceitos e
metodologias.
Já as demais etapas apresentadas no fluxo configuram-se como contribuição desta pesquisa, as
quais foram construídas e analisadas pela pesquisadora desta tese com a contribuição dos
especialistas do Brasil e exterior da área da educação com conhecimento sobre ‘Estudos
Futuros em IES’ e ‘Formulação e Implementação da Estratégia’, os quais agregaram
conhecimento nas etapas apresentadas e proposição final do modelo. O fluxo do processo é
apresentado na Figura abaixo e em seguida apresenta-se uma síntese das etapas.
93
y
Figura 18. Fluxo do processo para construção do modelo proposto
Fonte: Elaborado pela autora.
SYSTEMS THINKING
Construção do Diagrama de Venn
Fase I
2ª Etapa
Agrupamento dos
obstáculos e fatores-chave
Cenário de
Realidade ‘real’
1ª Etapa
Levantamento dos
obstáculos e fatores-chave
para formulação e
implementação da estratégia
(
6ª Etapa
Análise de dados. a) Análise
por grupo de elementos
(análise de correspondência –
22 respondentes)
Validação do Diagrama de Venn
Fase II
Verificar se a descrição dos
elementos é apropriada
Verificar se os elementos
possibilitam e/ou
impossibilitam a formulação e
implementação da estratégia
5ª Etapa
Survey com especialistas da área
Formatação do questionário
(descrição dos elementos e papel)
8ª Etapa
Construção dos Cenários
(uso de dois Cenários em três
períodos)
Cenário de
Expectativa
‘sonho’
9ª Etapa
Convite aos especialistas para
validação dos Cenários
10ª Etapa
Análise de dados - Análise
das contribuições dos
especialistas (5 respondentes)
Construção e Validação dos Cenários
Fase III
MODELO PARA ALINHAR A FORMULAÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA EM IES
3ª Etapa
Seleção dos obstáculos por
grupos de afinidade
4ª Etapa
Análise dos obstáculos e
caracterização dos
elementos
11ª Etapa
Seleção dos principais elementos
que possibilitam a formulação e
implementação da estratégia
Construção do Modelo proposto
Fase IV
12ª Etapa
Desenvolvimento do modelo
proposto e passo-a-passo para o
uso.
13ª Etapa
Fatores externos que podem
influenciar o Modelo
7ª Etapa
Análise de dados. b) Análise
das contribuições dos
especialistas
(22 respondentes)
Legenda
Fundamentação Teórica
Contribuição Teórica
Contribuição da Pesquisa
94
3.5.1 Fases e Etapas do Modelo Proposto
‘Systems Thinking’: alicerce do modelo
Considerando que o ‘Systems Thinking’ é caracterizado pela opinião subjetiva dos indivíduos
e reconhece as qualidades básicas do sistema social e humano (como por exemplo, a
subjetividade, a complexidade e a incerteza), a introdução de ‘Systems Thinking’ possui
propriedades desejáveis quando aplicadas as atividades do futuro. Por esse motivo, esta tese
utilizou a prática de ‘Systems Thinking’ para proposição do modelo.
Fase I e II - Construção e Validação do Diagrama de Venn
Essa pesquisa utilizou os fundamentos básicos da Teoria dos Conjuntos para construção do
Diagrama de Venn, o qual apresentou os principais conjuntos de elementos para a formulação
e implementação da estratégia em IES e suas intersecções. Em seguida, apresentam-se as
etapas para construção e validação do Diagrama de Venn.
1ª etapa – levantamento dos principais obstáculos e fatores-chave para formulação e
implementação da estratégia – fazer o levantamento a partir da revisão da literatura,
definindo-se os temas principais e palavras-chave.
Definidas as palavras-chave, realizar busca nas principais bases de dados, como por exemplo:
Proquest; EBSCO, Periódico CAPES, SPELL, entre outras. Realizar também busca
exploratória nas bases de periódicos e eventos nacionais e internacionais, em livros, teses,
dissertações, entre outros. A partir disso, realizar uma análise da aderência dos artigos através
do alinhamento de título e resumo com o tema da pesquisa.
2ª etapa – agrupamento dos obstáculos e fatores-chave – realizar discussão e análise com um
grupo de especialistas para agrupar os obstáculos e fatores-chave e criar grupos comuns para
cada segmento.
Para realizar esta etapa, utilizam-se os fundamentos do ‘Systems Thinking’, que segundo
Loveridge (2009) é caracterizado pela opinião subjetiva dos indivíduos e influenciado pelas
características comportamentais destes.
3ª etapa – seleção dos obstáculos por grupos de ‘afinidade’ – o mesmo grupo de especialistas
deverá selecionar os obstáculos por grupos de afinidade. Prioriza-se os ‘obstáculos’ em
detrimento dos ‘fatores-chave’, levando-se em consideração que os fatores-chave já
constituem elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia, enquanto
95
que os obstáculos tem foco nas dificuldades, e a partir do momento que eles se tornam mais
positivo, eles podem então, possibilitar e/ou impossibilitar o alinhamento estratégico. Nesta
etapa, utilizam-se os fundamentos do ‘Systems Thinking’ novamente.
4ª etapa – análise dos obstáculos e caracterização dos elementos – realizar a análise dos
obstáculos a fim de torná-los mais positivos e caracterizá-los como elementos que podem
possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e implementação da estratégia. A partir disso,
definir as intersecções pertinentes de cada grupo de elementos, utilizando os fundamentos da
Teoria dos Conjuntos para construção do Diagrama de Venn, o qual será validado na próxima
etapa.
5ª etapa – survey com especialistas da área – formatar questionário com a descrição dos
elementos e papel. O questionário deve ter como objetivo verificar se a descrição dos
elementos é apropriada e verificar se esses elementos possibilitam e/ou impossibilitam a
formulação e implementação da estratégia. Para validade do conteúdo do questionário deve-se
realizar um pré-teste com especialistas com experiência profissional e contribuições
relevantes na área da pesquisa para possíveis ajustes e revisões antes de sua aplicação.
O questionário deve apresentar a seguinte estrutura: informações para o preenchimento do
questionário; explicação do Diagrama de Venn; identificação dos especialistas; descrição dos
elementos inseridos no Diagrama de Venn – para cada elemento construir duas perguntas: a
descrição é apropriada para o elemento? (concordo ou discordo); o elemento possibilita e/ou
impossibilita a formulação e implementação da estratégia (possibilita; impossibilita ou
ambos). Por fim, no final de cada grupo de elementos, inserir um campo para
comentários/opiniões e/ou sugestões de novos elementos. A partir do questionário formatado,
aplicar a survey com especialistas e anexar o Diagrama de Venn, construído na fase I.
6ª etapa – análise de dados (a) – análise por Grupo de elementos - utilizar estatística
multivariada e a técnica ‘análise de correspondência’ para etapa de análise quantitativa.
A análise de correspondência permite fazer uma análise dos grupos de elementos apresentados
no Diagrama de Venn, a fim de verificar a semelhança da opinião dos especialistas acerca da
concordância dos elementos e se os mesmos possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e
implementação da estratégia.
7ª etapa – análise de dados (b) – análise das contribuições dos especialistas - realizar análise
qualitativa dos comentários e sugestões dos especialistas acerca dos elementos mencionados,
96
a fim de incorporar sugestões e validar a descrição dos elementos, permitindo o aprendizado.
Destaca-se que essa etapa servirá de subsídios para Construção dos Cenários, apresentados na
Fase III.
Fase III - Construção e Validação dos Cenários
Esta pesquisa apresentou e analisou oito Métodos de Cenários, os quais compartilham
características em comuns, constatando-se que todos os métodos abordados podem ser
utilizados para melhorar a eficácia do processo de formulação e implementação da estratégia
das IES. Adicionalmente, Godet e Roubelat (1996) afirmam que não há um método universal
e que o escopo de cada método ou modelo é relativo; e Loveridge (2009) afirma que a
diferença entre os métodos é a ênfase dada a cada etapa do processo.
Destaca-se, que o método utilizado para Construção dos Cenários desta pesquisa foi o método
de Denis Loveridge (apresentado no Quadro 11), o qual se enquadra dentro da escola ‘lógica
intuitiva. A escolha se deu em função do autor ser coorientador da doutoranda, o qual orientou
e acompanhou todo o processo de construção e validação do questionário e dos Cenários,
introduziu o uso dos métodos ‘Systems Thinking’ e ‘Diagrama de Venn’ através de discussões
semanais presenciais durante a realização do sanduiche na Universidade de Manchester/Reino
Unido e posteriormente, através de skype (conforme carta do coorientador, Apêndice III).
Adicionalmente, o uso do método de Loveridge justifica-se pela acessibilidade e vasta
experiência do autor.
8ª etapa – Construção dos Cenários (uso de dois Cenários em três períodos) - a validação do
Diagrama de Venn (decorrente da survey) servirá de subsídio para Construção de dois
Cenários para as IES no Brasil, ‘Cenário de Realidade’ e ‘Cenário de Expectativa’, os quais
irão apresentar situações de futuros possíveis para um horizonte de três períodos.
Segundo Loveridge (2009), decidir o número de Cenários para apresentar a gestão não é
tarefa fácil, dependendo da aceitação do Planejamento de Cenários, da habilidade dos
planejadores em transmitir o que o Planejamento de Cenários tem a dizer no contexto de
expectativas atuais da gestão e de suas visões de mundo. Adicionalmente, Loveridge (2009)
representa através da Figura 19 (Resposta para introdução de cenários) porque dois Cenários
são ideais para criar a nova visão estratégica.
97
Figura 19. Resposta para introdução de cenários
Fonte: Loveridge, 2009.
Cenários na região de indiferença ‘region of indifference’ não provocam interesse; eles
apresentam variedades ‘então o que é novo?’ ‘so what’s new?’ Em contrapartida, os Cenários
que são totalmente surpreendentes ‘utterly astonishing’ deixam lacunas na percepção entre o
gestor e o planejador; os quais serão recebidos com descrença total. Os dois Cenários que se
acampam nas regiões indicadas ‘scenarios pitched here’ conterão avisos reconhecíveis,
ameaças e oportunidades os quais, embora não seja a atual percepção do gestor, podem ser
conectado ao seu mundo.
Assim, dois Cenários podem representar ameaças e oportunidades de lados opostos da região
de indiferença ‘region of indifference’, estes ajudam a criar a nova visão estratégica que vai
evitar os erros da percepção estreita e excesso de confiança.
No entanto, na concepção de Amer, Daim e Jetter (2013), o uso de dois Cenários é geralmente
baseado em duas situações extremas, Cenários otimistas ou pessimistas, sendo difíceis no
contexto da avaliação.
Quanto ao horizonte de tempo, Loveridge (2009, p. 155) expõe que ‘o horizonte de tempo
envolvido surge da percepção e interesse dos escritores da situação’. Ou seja, cabe ao
responsável pela elaboração do Cenário a escolha do horizonte de tempo que melhor se ajuste
a situação em análise.
98
Assim, construir Cenários para três períodos de tempo levou em consideração que novos
‘atores’, ou seja, novos elementos para formulação e implementação da estratégia podem ser
introduzidos nos diferentes períodos e/ou apresentar melhorias de desempenho. A escolha do
intervalo de quatro anos para cada Cenário (2018, 2022 e 2026) foi em função das mudanças e
surpresas que podem ocorrer nesse período de tempo, considerando que nossos governantes
são eleitos a cada quatro anos. Adicionalmente, as IES tem o costume de traçar seu
planejamento estratégico dentro desse horizonte de tempo.
9ª etapa – convite aos especialistas para validação dos Cenários – após a descrição dos
‘Cenários de Realidade’ e ‘Cenários de Expectativa’ para os três períodos (2018 - 2022 -
2026), enviar aos especialistas da área que já participaram da survey um ‘convite para
validação dos Cenários’ junto com os Cenários construídos.
Neste convite deve-se conter o objetivo da pesquisa, um breve relato sobre o resultado da
survey e solicitar a colaboração dos especialistas através de comentários sobre a descrição dos
Cenários apresentados, a fim de validá-los. Destacar também que toda contribuição será
mantida em sigilo, que as informações serão utilizadas apenas para fins de estudo e garantir o
envio do resultado final da pesquisa.
10ª etapa – análise de dados – análise da contribuição dos especialistas - a partir das
contribuições dos especialistas acerca da descrição dos Cenários, realisar uma análise dos dois
Cenários para os três períodos, a fim de validar os Cenários de ‘Realidade’ e ‘Expectativa’.
Essa análise deve considerar todos os comentários dos especialistas, sejam eles pontos de
concordância e/ou divergências, podendo validá-los ou não.
Fase IV - Construção do modelo proposto
Para proposição do modelo para alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES
considera-se o resultado da survey que selecionará os principais elementos que possibilitam
e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia, o uso do Método de Cenário
e a estrutura do Diagrama de Venn para ilustrar o modelo proposto. Adicionalmente,
apresentam-se os passos para utilização do modelo.
11ª etapa - seleção dos principais elementos que possibilitam a formulação e implementação
da estratégia - para representar o modelo proposto, considerar o resultado da survey (definir
99
critério de seleção, como por exemplo, resultados acima de 60%) para os principais elementos
que possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia.
12ª etapa – desenvolvimento do modelo proposto e passo-a-passo para o uso – construir o
modelo utilizando a estrutura do Diagrama de Venn e os principais elementos que
possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia. O modelo fará
uso do Método de Cenário como ‘input’ para sua construção e para auxiliar na formulação e
implementação da estratégia das IES.
13ª etapa- fatores externos que podem influenciar o modelo - considerando que o modelo
proposto tem ênfase nos ‘fatores internos’, a partir da contribuição dos especialistas, cria-se
uma extensão do modelo proposto a fim de ilustrar como os ‘fatores externos’ podem
influenciar o modelo.
Em síntese, a proposição do modelo para alinhar a formulação e implementação da estratégia
em Instituições de Ensino Superior teve como alicerce o método‘Systems Thinking’ aliado a
Teoria dos Conjuntos, Diagrama de Venn e Cenários e foi desdobrado em treze etapas
conforme apresentado na Figura 18 (Fluxo do processo para construção do modelo proposto).
A combinação do uso da Teoria dos Conjuntos aliada a ‘Systems Thinking’ permitiu a
compreensão da complexidade do sistema em análise a fim de identificar os principais
elementos para a formulação e implementação da estratégia, o qual foi ilustrado a partir do
Diagrama de Venn. Em seguida, utilizou-se da estratégia survey com especialistas da área
para sua validação.
O Método de Cenário combinado com ‘Systems Thinking’ deu suporte para Construção dos
Cenários, o qual foi validado com especialistas da área de estratégia e educação. Em seguida,
realizou-se a análise dos comentários e a construção do modelo para alinhar a formulação e
implementação da estratégia em Instituições de Ensino Superior.
O próximo capítulo apresenta os resultados a partir das quatro fases e treze etapas conforme
sistemática proposta na metodologia.
100
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
O capítulo de resultados foi estruturado a partir das quatro fases apresentadas no fluxo do
processo para construção do modelo, conforme Figura 18. A primeira fase do processo
apresenta as etapas para construção do Diagrama de Venn e a segunda fase apresenta as
etapas para validação do Diagrama de Venn e respectivos resultados. Na terceira fase
apresentam-se os resultados das etapas para construção e validação dos Cenários e a quarta
fase apresenta os resultados das etapas para construção do modelo proposto.
4.1 Construção do Diagrama de Venn (Fase I)
Apresentam-se em seguida as etapas realizadas e resultados alcançados na construção do
Diagrama de Venn.
1ª etapa – levantamento dos principais obstáculos e fatores-chave para formulação e
implementação da estratégia – foi realizado levantamento teórico dos principais obstáculos
(NOBLE, 1999a/b; OKUMUS, 2003; HREBINIAK, 2006 e 2008; KAPLAN e NORTON,
2008; BEER e EISENSTAT, 2000; GETZ; JONES e LOEWE, 2009; e JOOSTE e FOURIE,
2009) e fatores-chave (HAMBRICK e CANNELLA, 1989; NOBLE, 1999a/b; BEER e
EISENSTAT, 2000; 2004; OLUMUS, 2003; FREEDMAN, 2003; RAPS, 2004; ATKINSON,
2006; YUKL e LEPSINGER, 2007; BEATTY e QUINN, 2007; KAPLAN e NORTON, 2008;
HREBINIAK, 2008; GETZ; JONES e LOEWE, 2009; JOOSTE e FOURIE, 2009;
LACERDA e CAULLIRAUX, 2010; ALVIM, 2010; SOROOSHIAN et al., 2010; EZOP,
2010; RUMELT, 2011; ALAMSJAH, 2011; OGBEIDE e HARRINGTON, 2011;
DANDIRA, 2011; e HAKONSSON et al. 2012) para a formulação e implementação da
estratégia, apresentados no capítulo 2, Quadro 5 (Obstáculos para implementação eficaz da
estratégia) e Quadro 6 (Fatores-chave para implementação da estratégia).
2ª etapa – agrupamento dos obstáculos e fatores-chave - durante a realização do ‘sanduiche’
realizado na Inglaterra gerou-se uma discussão e análise com um grupo de especialistas da
Universidade de Manchester para agrupar os obstáculos e fatores-chave e criar grupos comuns
para cada segmento, apresentados no Quadro 14 (Grupos comuns de obstáculos) e Quadro15
(Grupos comuns de fatores-chave). Levando em consideração que o foco da pesquisa é propor
um modelo para IES no Brasil, a validação deste agrupamento foi realizada através da
pesquisa survey por especialistas do Brasil.
101
Nº
Obstáculos Obstacles
Autores Grupos Groups
1
Fraca coordenação entre as funções e negócios
Poor coordination between functions and business
Beer e Eisenstat
(2000)
Áreas organizacionais
Organizational areas
(A)
2
Falta de relacionamento entre áreas organizacionais
Lack of relationship between organizational areas
Noble, 1999a
3
Falta de clareza e conflito de prioridades
Lack of clarity and conflicting priorities
Beer e Eisenstat
(2000)
4
Ineficiência da gestão
Ineffective management
Beer e Eisenstat
(2000)
Liderança
Leadership
(B)
5
Inadequada habilidade de liderança
Inadequate leadership skill
6
Incapacidade de gerenciar mudanças
Inability to manage changes
Hrebiniak
(2008)
7
Desafio da comunicação top-down
Communication challenge top-dow
8
Comunicação vertical ‘pobre’
Poor vertical communication
Beer e Eisenstat
(2000)
9 Falta de comunicação da estratégia para força de trabalho
Lack of communication strategy for workforce
Jooste e Fourie
(2009)
Envolvimento dos responsáveis
Involvement of those responsible
(C)
10 Falta de envolvimento dos responsáveis pela execução no
planejamento
Lack of involvement of those responsible for implementing the
planning
Hrebiniak
(2008)
11 Gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade
dos ‘executores’
Managers believe that the implementation is the responsibility
of the ‘executioners’
12 Falta de entendimento da estratégia pela força de trabalho
Lack of understanding of the strategy for workforce
Jooste e Fourie
(2009)
13 Sincronizar o pensamento estratégico com foco no curto prazo
Synchronize strategic thinking with short-term focus
Getz, Jones e
Loewe (2009)
Formulação e implementação
Formulation and implementation
(D)
14 Fazer distinção entre o estratégico e o tático
Distinction between strategic and tactical
15 Diferenciar as estratégias mais importantes a fazer
Differentiate the most important strategies to do
16 A estratégia pode ser tanto determinista como emergente
Strategy can be either deterministic as emerging
17 Falta de um modelo claro, dominante e abrangente de
implementação
Lack of a clear model, dominant and comprehensive of
implementation
Noble (1999b)
Okumus (2003)
Hrebiniak
(2006)
Kaplan e Norton
(2008)
Falta de um Modelo
Lack of a dominant model
(E)
Quadro 14. Grupos comuns de obstáculos
Fonte: Elaborado pela autora.
102
Nº
Fatores-chave
Key factors Autores Grupos /
Groups
1 Estilo de liderança - Leadership style Noble (1999a);
Sorooshian et al
(2010); Hakonsson
et AL. (2012);
Liderança
Leadership
2 Liderança – Leadership Okumus (2003)
Jooste e Fourie
(2009)
3
Conversa honesta entre líder e demais níveis hierárquicos a
respeito da estratégia
Honest conversation between the leader and other
hierarchical levels
Beer e Eisenstat
(2000; 2004)
4 Comportamento da liderança - Leadership behavior Yukl e Lepsinger
(2007)
5
Papel positivo da liderança
Positive role of leadership
Alvim (2010)
Beatty e Quinn
(2007)
6
Liderança excepcional e visionária
Exceptional leadership and visionary
Kaplan e Norton
(2208)
7
Envolvimento dos líderes na estratégia
Involvement of the leaders in the strategy
Raps (2004)
8
Envolver todos os níveis dentro e fora da organização
Involve all levels within and outside the organization
Hambrick e
Cannella (1989)
9 Papel positivo da liderança - Positive leadership role Kaplan e Norton
(2008)
10
Maior nível de envolvimento dos gestores
Higher level of involvement of managers
Ogbeide e
Harrington (2011)
11 Pessoas – People Hambrick e
Cannella (1989);
Okumus (2003);
Raps (2004)
12 Pessoas de competência - People of competence Alamsjah (2011)
13 Recursos Humanos - Human resources Sorooshian et al.
(2010)
14
Realizar mudanças necessárias no processo de superação de
resistências
Perform necessary changes in the process of overcoming
resistance
Hrebiniak (2008)
15 Reduzir a complexidade - Reduce complexity Freedman (2003)
16 Mecanismos de controle - Control mechanisms Noble (1999b)
Mecanismos de
Controle
Control
mechanisms
17 Controle – Control
Okumus (2003) 18 Planejamento operacional - Operational planning
19 Alocação de recursos - Allocation of resources
20 Sistema de controle - Control system Raps (2004)
21
Indicadores para os objetivos estratégicos
Indicators for strategic objectives
Lacerda e
Caulliraux (2010) 22
Acompanhamento dos objetivos estratégicos
Monitoring of strategic objectives
23 Documentação – Documentation Alamsjah (2011)
103
Nº
Fatores-chave
Key factors Autores Grupos /
Groups
24 Controle da estratégia - control of the strategy Kaplan e Norton
(2008)
Mecanismos de
Controle
Control
mechanisms
25
Comunicação – Communication Okumus (2003);
Kaplan e Norton
(2008); Alamsjah
(2011)
26 Plano de execução - Execution Plan Alamsjah (2011)
27
Efetivo controle de gestão da estratégia
Effective control strategy management
Atkinson (2006)
28 Comunicação eficaz - Effective Communication
29 Instalar um sistema de resolução de problemas
Install a system of problem solving
Freedman (2003)
30 Esclarecer responsabilidades e prestação de contas
Clarify responsibilities and accountability
Hrebiniak (2008)
31 Programa das subunidades - Programs of the subunits Hambrick e
Cannella (1989) 32 Comprometimento de recursos - commitment of resources
33 Cultura organizacional - Organizational culture Raps (2004); Ezop
(2004)
Cultura
organizacional
Organizational
culture 34 Cultura corporativa - Corporate culture Okumus (2003);
Alamsjah (2011)
35 Conduzir o planejamento - Conduct planning Freedman (2003)
Gestão estratégica
Strategic
management
36 Comunicar a estratégia - Communicate strategy
37 Desenvolvimento da estratégia - Strategy development Okumus (2003)
38 Resultado – Result
39
Traduzir a estratégia em objetivos operacionais de CP
Translate strategy into operational goals for the short term
Hrebiniak (2008)
40 Identificação clara das metas - Clear identification of goals Atkinson (2006)
41
Priorização dos objetivos estratégicos
Prioritization of strategic objectives
Lacerda e
Caulliraux (2010)
42 Clareza nos objetivos - Clarity on objectives
43 Estratégia clara - Clear strategy Alamsjah (2011)
44 Gestão de desempenho - Performance Management
45 Maximizar o desempenho – Performance maximize Noble (1999a)
46 Estratégia ‘forte’, bem formulada
‘Strong’ Strategy, Well formulated
Ezop (2010);
Rumelt (2011)
47 Recompensa – Reward Hambrick e
Cannella (1989)
48 Pré-implementação – Predeployment
Noble (1999a) 49 Organização dos esforços - Organization of efforts
50
Gerenciamento contínuo do processo de implementação
Continuous management in the implementation process
51
Conexão entre formulação e implementação
Connection between formulation and implementation
Getz, Jones e
Loewe (2009)
52
Envolvimento dos ‘implementadores’ no estágio de
‘formulação da estratégia’
Involvement of 'implementers' on stage 'strategy formulation'
Dandira (2011)
104
Nº
Fatores-chave
Key factors Autores Grupos /
Groups
53 Incerteza ambiental - Environmental uncertainty Okumus (2003) Contexto externo
External context
54 Estrutura organizacional - Organizational Structure Hambrick e
Cannella (1989);
Okumus (2003);
Sorooshian et al.
(2010);
Estrutura
organizacional
Organizational
Structure
55 Envolvimento organizacional - Organizational involvement Ezop (2010)
56
Impacto da estrutura organizacional
Impact of organizational structure
Hrebiniak (2008)
57
Necessidade de integração (estrutura organizacional)
Need for integration (Organizational Structure)
58 Alinhar a organização - Align the organization Freedman (2003)
Quadro 15. Grupos comuns de fatores-chave
Fonte: Elaborado pela autora.
3ª etapa – seleção dos obstáculos por grupos de afinidades – o mesmo grupo de especialistas
realizou a seleção dos obstáculos por grupos de ‘afinidade’, conforme apresentado no Quadro
14 (Grupos comuns de obstáculos). Destaca-se que foram priorizados os ‘obstáculos’ em
detrimento dos ‘fatores-chave’, levando-se em consideração que os fatores-chave já
constituem elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia, enquanto
que os obstáculos tem foco nas dificuldades, e a partir do momento que eles se tornam mais
positivo, eles podem, então, possibilitar ou impossibilitar o alinhamento estratégico.
4ª etapa – análise dos obstáculos e caracterização dos elementos - foi realizada a análise dos
‘obstáculos’ a fim de torná-los mais positivos e caracterizá-los como ‘elementos’ que podem
possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e implementação da estratégia. A partir disso,
foram definidas as intersecções pertinentes de cada grupo de elementos, resultando na
construção do Diagrama de Venn, apresentado na Figura 20 (Diagrama de Venn).
Destaca-se que cada grupo foi composto por uma série de elementos, codificados da seguinte
forma: A{1}; A{2}; A{3}; A{4}; A{5}; A{6}; B{7}; B{8}; B{9}; C{10}; C{11}; C{12};
D{13}; D{14}; D{15}; D{16}; e, E{17}, e que cada grupo é representado pelas letras A, B,
C, D e E. Assim, os grupos e intersecções tiveram a seguinte estrutura:
O Grupo A foi formado pelos elementos: A1 - coordenação entre as funções e negócios; A2 -
relacionamento entre as áreas organizacionais; A3 - conflito de prioridades; A4 - gestão; A5 -
habilidade de liderança; e, A6 - gerenciar mudanças, sendo que destes, os 3 últimos,
respectivamente, fazem intersecção com o Grupo B.
105
O Grupo B fez intersecção com três grupos, são eles: Grupo A, C e D, onde estão inseridos
os seguintes elementos: A4 - gestão; A5 - habilidade de liderança; A6 - gerenciar mudanças
(Grupos A e B); B7 - desafio da comunicação top-down; B8 - comunicação vertical (Grupos
B e C); e B9 - comunicação da estratégia para a força de trabalho (Grupos B, C e D).
O Grupo C fez intersecção com os Grupos B e D, onde estão inseridos os seguintes
elementos: B7 - desafio da comunicação top-down; B8 - comunicação vertical (Grupos B e
C); C10 - envolvimento dos responsáveis pela implementação no planejamento; C11 -
gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos ‘executores’ (pertencem
apenas ao Grupo C); B9 - comunicação da estratégia para a força de trabalho (Grupos B, C e
D); e, C12 - entendimento da estratégia e sua implementação pela força de trabalho (Grupo C
e D).
Já o Grupo D fez intersecção com os Grupos B e C, e estão inseridos os seguintes elementos:
B9 - comunicação da estratégia para a força de trabalho (Grupos B, C e D); C12 -
entendimento da estratégia e sua implementação pela força de trabalho (Grupos C e D); D13 -
sincronizar o pensamento estratégico com foco no curto prazo; D14 - distinção entre o
estratégico e tático; D15 - diferenciar as estratégias mais importantes para implementar; e,
D16 - estratégia pode ser tanto determinista como emergente (pertencem apenas ao Grupo D).
Por fim, o ‘Grupo E apresenta uma particularidade em relação aos demais grupos, sendo o
único que está do ‘lado de fora’, ou seja, que não faz intersecção com nenhum outro grupo.
Adicionalmente, esse grupo é constituído apenas pelo elemento E17 - modelo claro,
dominante e abrangente de formulação e implementação da estratégia. A Figura 20 (Diagrama
de Venn) ilustra os grupos com respectivos elementos e intersecções formadas.
106
Figura 20. Diagrama de Venn
Fonte: Elaborado pela autora.
Em síntese, o Diagrama de Venn mostrou uma situação complexa, onde quatro conjuntos
estão interagindo ao mesmo tempo, ou seja, {A, B, C e D} e tem outro elemento fora, {E}.
Destaca-se que as repetições de alguns elementos nos grupos indicam as intersecções
formadas. O Quadro abaixo apresenta uma análise dessas intersecções.
Grupos Intersecções Análise
A e B A4; A5; A6
Significa que os elementos ‘gestão, habilidade de liderança e
gerenciar mudanças’ (A4, A5 e A6) compartilham características
similares dentro dos dois grupos, como, a importância do papel da
liderança,
o qual é considerado um fator-chave para possibilitar a formulação
e implementação da estratégia.
Desta forma, um elemento afeta o desempenho do outro, como uma
relação de causa e efeito. Assim, a inadequada ‘habilidade de
liderança’ presente nas IES pode emergir da falta de treinamento e
capacitação da liderança, a qual pode comprometer a gestão e o
gerenciamento de mudanças.
Adicionalmente, esses elementos estão presentes em todas as áreas
organizacionais da instituição, com forte presença do papel da
liderança.
Legenda
A1 Coordenação entre as funções e negócios A2 Relacionamento entre áreas
organizacionais A3 Conflito de prioridades A4 Gestão A5 Habilidade de liderança A6 Gerenciar mudanças B7 Desafio da comunicação top-down B8 Comunicação vertical B9 Comunicação da estratégia para a força de
trabalho C10 Envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento C11 Gerentes acreditam que a implementação é
responsabilidade dos ‘executores’ C12 Entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho D13 Sincronizar o pensamento estratégico com
foco no curto prazo D14 Distinção entre estratégico e tático D15 Diferenciar as estratégias mais
importantes para implementar D16 Estratégia pode ser tanto determinista
como emergente E17 Modelo claro, dominante e abrangente de
formulação e implementação
107
Grupos Intersecções Análise
B e C B7; B8
Os elementos ‘desafio da comunicação top down’ e ‘comunicação
vertical’ (B7 e B8) compartilham o desafio de chegar a todos os
níveis hierárquicos da instituição para a efetiva implementação da
estratégia.
Para que isso ocorra é fundamental o apoio positivo da liderança e o
envolvimento dos responsáveis pelo processo.
B; C e D B9
O elemento ‘comunicação da estratégia para força de trabalho’
(B9) compartilha a importância do envolvimento dos responsáveis e
da liderança com a formulação e implementação da estratégia para
eficácia da sua implementação.
Assim, o elemento B9 mostra-se o mais complexo, dependendo do
trabalho conjunto de três grupos para ocorrer a ‘comunicação da
estratégia para força de trabalho’.
C e D C12
E, o elemento ‘entendimento da estratégia e sua implementação
pela força de trabalho’ (C12) está em duas intersecções, o qual
também compartilha a importância do envolvimento dos
responsáveis com a formulação e implementação da estratégia para
sua eficácia.
Quadro 16. Análise das intersecções dos elementos
Fonte: Elaborado pela autora.
Destaca-se que, conforme Figura 20 (Diagrama de Venn), os elementos A1; A2; A3; C10;
C11; D13; D14; D15; D16 e E17 não apresentam intersecções, ou seja, esses elementos tem
suas próprias características / papeis dentro do seu grupo, conforme descrições apresentadas
para cada elemento.
4.2 Validação do Diagrama de Venn (Fase II)
Apresentam-se em seguida as etapas realizadas e resultados alcançados para validação do
Diagrama de Venn.
5ª etapa – survey com especialistas da área – foi formatado questionário (Apêndice I) cujo
roteiro apresentou perguntas fechadas e abertas para ser respondido via web site. A partir do
questionário, realizou-se uma survey com um grupo de especialistas no Brasil e exterior,
sendo anexado Diagrama de Venn construído na fase I (foram enviados 50 questionários),
obtendo-se um retorno de 22 respondentes, ou seja, 44% de respostas.
6ª etapa – análise dos dados (a) – a partir do resultado da pesquisa survey foi realizada análise
por ‘Grupo’ de elementos, o qual apresentou a seguinte estrutura: foi construído um gráfico
por ‘Grupo’ de elementos a partir do Diagrama de Venn, sendo identificado ‘conjuntos de
especialistas’ com opiniões semelhantes.
108
Destaca-se que os ‘Grupos’ do Diagrama de Venn são representados pelas letras A, B, C, D e
E, e os elementos estão inseridos dentro dos Grupos (A1, A2, A3, A4, A5, A6, B7, B8, B9,
C10, C11, C12, D13, D14, D15, D16 e E17).
O Grupo B fez intersecção com três grupos, são eles: Grupo A, C e D, onde estão inseridos
os seguintes elementos: A4 - gestão; A5 - habilidade de liderança; A6 - gerenciar mudanças
(Grupos A e B); B7 - desafio da comunicação top-down; B8 - comunicação vertical (Grupos
B e C); e C9 - comunicação da estratégia para a força de trabalho (Grupos B, C e D).
O Grupo C fez intersecção com os Grupos B e D, onde estão inseridos os seguintes
elementos: B7 - desafio da comunicação top-down; B8 - comunicação vertical (Grupos B e
C); C10 - envolvimento dos responsáveis pela implementação no planejamento; C11 -
gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos ‘executores’ (pertencem
apenas ao Grupo C); B9 - comunicação da estratégia para a força de trabalho (Grupos B, C e
D); e, C12 - entendimento da estratégia e sua implementação pela força de trabalho (Grupo C
e D).
Já o Grupo D fez intersecção com os Grupos B e C, e estão inseridos os seguintes elementos:
B9 - comunicação da estratégia para a força de trabalho (Grupos B, C e D); C12 -
entendimento da estratégia e sua implementação pela força de trabalho (Grupos C e D); D13 -
sincronizar o pensamento estratégico com foco no curto prazo; D14 - distinção entre o
estratégico e tático; D15 - diferenciar as estratégias mais importantes para implementar; e,
D16 - estratégia pode ser tanto determinista como emergente (pertencem apenas ao Grupo D).
Já os ‘conjuntos de especialistas’ ‘X’ e ‘Z’, formados em cada gráfico por especialistas do
Brasil e Exterior são representados pelas letras B – especialista do Brasil e E – especialista
do Exterior. A seguir, apresentam-se as análises e respectivos gráficos.
O Grupo A, representado pela Figura 21, mostra a formação de dois conjuntos de
especialistas ‘X’ e ‘Z’. O conjunto ‘X’ é formado por 10 especialistas (B1, B2, B4, B5, B8,
B9, E2, E6, E8 e E9) e o conjunto ‘Z’ por 04 especialistas (B3, B10, B11 e E5). Observa-se
que os dois conjuntos contêm representantes do Brasil e do Exterior, e se agrupam por
apresentar opiniões semelhantes entre si.
O conjunto ‘X’ destacou-se por obter 100% de aprovação dos especialistas, ou seja, todos
‘concordam’ com a descrição dos elementos. Quanto ao questionamento se o elemento
‘Possibilita, Impossibilita ou Ambos’ a formulação e implementação da estratégia, a maioria
109
dos especialistas afirmou que os elementos desse conjunto ‘possibilitam’ a formulação e
implementação. Apenas o elemento A3 - conflito de prioridades - teve predomínio da opção
‘Ambos’, ou seja, o elemento pode tanto ‘possibilitar’ como ‘impossibilitar’. No entanto,
destaca-se que nenhum especialista afirmou que esse grupo de elementos ‘impossibilitam’ a
formulação e implementação da estratégia.
Já no conjunto ‘Z’, formado por 4 especialistas, verificou-se um predomínio de
‘discordância’ da descrição dos elementos apresentados, com exceção dos elementos A4 -
gestão e A6 - gerenciar mudanças. Nesse conjunto, novamente os especialistas oscilaram
entre as opções ‘possibilita’ e ‘ambos’, com exceção do elemento A3 – conflito de
prioridades, onde todos acreditam que esse elemento ‘impossibilita’ a formulação e
implementação da estratégia. A Figura 21 (Grupo A), mostra a formação dos dois conjuntos
de especialistas, o qual representa a semelhança de opiniões destes.
B1
B2
B3B4
B5
B6
B7
B8
B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2
E3
E4
E5E6
E7
E8E9
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dim
ensio
n 2
B1
B2
B3B4
B5
B6
B7
B8
B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2
E3
E4
E5E6
E7
E8E9
Figura 21. Grupo A
Fonte: Dados da pesquisa.
Legenda Grupo A
A1 Coordenação entre as funções e negócios
A2 Relacionamento entre áreas organizacionais
A3 Conflito de prioridades
A4 Intersecção B Gestão
A5 Intersecção B Habilidade de liderança
A6 Intersecção B Gerenciar mudanças
X
X
Z
110
Em síntese, destaca-se que a opinião dos especialistas dos conjuntos ‘X’ e ‘Z’ é oposta entre
si, onde o conjunto ‘X’ é representado por especialistas que ‘concordam’ 100% com a
descrição dos elementos e a maioria destes acreditam que esses elementos podem
‘possibilitar’ a formulação e implementação da estratégia. Em contrapartida, a maioria dos
especialistas do conjunto ‘Z’ ‘discorda’ da descrição dos elementos e acreditam que esses
elementos podem tanto ‘possibilitar’ quanto ‘impossibilitar’ a implementação da estratégia.
Destaca-se que os demais especialistas apresentados na Figura 21(Grupo A), representam
opiniões divergentes entre eles, ou seja, não há uma similaridade na resposta.
No Grupo B, Figura 22, verificou-se dois conjuntos de especialistas com opiniões
semelhantes sobre esses elementos. O conjunto ‘X’ é formado por 09 especialistas (B1, B2,
B4, B5, B8, B10, E2, E6 e E9) e o grupo ‘Z’ por apenas 03 especialistas (B9, B11 e B12) do
Brasil.
O conjunto ‘X’ é representado por especialistas onde a maioria ‘concorda’ com a descrição
dos elementos (A4, A5, A6, B7, B8 e B9) e acreditam que esses elementos podem
‘possibilitar’ a formulação e implementação da estratégia. No conjunto ‘Z’ também há
predomínio da ‘concordância’ quanto aos elementos, porém, a maioria dos especialistas desse
conjunto assinalou a opção ‘ambos’, ou seja, acreditam que os elementos podem tanto
‘possibilitar’ quanto ‘impossibilitar’ a formulação e implementação da estratégia.
111
2D Plot of Row Coordinates; Dimensions: 1 x 2
B1B2B3B4
B5
B6
B7
B8 B9
B10
B11
B12
B13
E1E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,33878 (25,41% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dim
en
sio
n 2
; E
ige
nva
lue
: ,2
11
91
(1
5,8
9%
of In
ert
ia)
B1B2B3B4
B5
B6
B7
B8 B9
B10
B11
B12
B13
E1E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
Figura 22. Grupo B
Fonte: Dados da pesquisa.
Legenda Grupo B
A4 Intersecção A Gestão
A5 Intersecção A Habilidade de liderança
A6 Intersecção A Gerenciar mudanças
B7 Intersecção C Desafio da comunicação top-down
B8 Intersecção C Comunicação vertical
B9 Intersecção C & D Comunicação da estratégia para a força de trabalho
Ressalta-se dessa forma que há uma similaridade entre os conjuntos ‘X’ e ‘Z’, levando em
consideração o predomínio de ‘concordância’ dos dois conjuntos de especialistas. A diferença
dos conjuntos é que no primeiro a maioria acredita que os elementos podem ‘possibilitar’,
enquanto que no segundo conjunto acredita-se que os elementos podem tanto ‘possibilitar’
quanto ‘impossibilitar’ a formulação e implementação da estratégia. Porém, em nenhum dos
conjuntos há especialistas que acreditam que os elementos possam apenas ‘impossibilitar’ a
formulação e implementação da estratégia.
Conforme Figura 23, o Grupo C é formado por dois conjuntos de especialistas. O conjunto
‘X’ formado por 11 especialistas, sendo oito do Brasil e três do Exterior (B1, B2, B4, B5, B6,
X
X
Z
112
B7, B8, B9, E6, E7 e E9) e o conjunto ‘Z’ é formado por 2 especialistas do Brasil e 2 do
Exterior (B12, B13, E1 e E8), os quais apresentam opiniões semelhantes em cinco dos seis
elementos apresentados.
Todos os especialistas do conjunto ‘X’ ‘concordam’ com a descrição dos elementos (B7, B8,
B9, C10 e C12) e a maioria acredita que esses elementos podem ‘possibilitar’ a formulação e
implementação da estratégia. Nesse conjunto, destaca-se apenas uma particularidade do
elemento C11 (gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos
‘executores’), onde se verificou uma oscilação nas respostas quanto à concordância do
elemento e se o mesmo possibilita e/ou impossibilita a formulação e implementação da
estratégia, não havendo predomínio de nenhuma resposta.
O conjunto ‘Z’ apresentou uma predominância de ‘concordância’ dos elementos (B7, B8, B9,
C10 e C12) e verificou-se um maior percentual da opção ‘ambos’, ou seja, os especialistas
acreditam que os elementos desse grupo podem tanto ‘possibilitar’ quanto ‘impossibilitar’ a
formulação e implementação da estratégia. Nesse conjunto também se observou um
comportamento diferente do elemento C11, aqui ele apresentou predomínio de discordância
quanto a descrição do elemento. Os conjuntos de especialistas X e Z são apresentados na
Figura 23 (Grupo B).
113
2D Plot of Row Coordinates; Dimensions: 1 x 2
B1B2
B3
B4
B5B6B7
B8
B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2
E3
E4
E5
E6 E7
E8
E9
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1; Eigenvalue: ,34022 (27,22% of Inertia)
-1,4
-1,2
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Dim
en
sio
n 2
; E
ige
nva
lue
: ,1
93
85
(1
5,5
1%
of
Ine
rtia
)
B1B2
B3
B4
B5B6B7
B8
B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2
E3
E4
E5
E6 E7
E8
E9
Figura 23. Grupo C
Fonte: Dados da pesquisa.
Legenda Grupo C
B7 Intersecção B Desafio da comunicação top-down
B8 Intersecção B Comunicação vertical
B9 Intersecção B & D Comunicação da estratégia para a força de trabalho C10 Envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento
C11 Gerentes acreditam que a implementação é
responsabilidade dos ‘executores’
C12 Intersecção D Entendimento da estratégia e sua implementação
pela força de trabalho
Em resumo, a principal diferença do conjunto ‘X’ para o ‘Z’ é que no primeiro a maioria dos
especialistas acreditam que os elementos listados podem ‘possibilitar’ a formulação e
implementação da estratégia, enquanto que no segundo, houve um predomínio da opção
‘ambos’. Nos dois grupos apresentados, destacou-se a particularidade do elemento C11, o qual
não apresentou opinião semelhante com a maioria dos especialistas.
O Grupo D também foi formado por dois conjuntos de especialistas, conforme Figura 24
(Grupo D). Ele apresentou o maior agrupamento de especialistas no conjunto ‘X’ (levando em
X
Z
114
consideração o número de elementos), sendo 9 especialistas do Brasil e 5 do Exterior (B1, B2,
B4, B5, B6, B7, B8, B9, B10, E1, E3, E6, E7, E9) e o conjunto ‘Z’ foi representado por
apenas 1 especialista do Brasil e três do Exterior (B13, E2, E4, E8).
2D Plot of Row Coordinates; Dimensions: 1 x 2
B1
B2
B3
B4
B5
B6
B7 B8B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8E9
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,40063 (34,34% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Dim
en
sio
n 2
; E
ige
nva
lue
: ,2
01
39
(1
7,2
6%
of In
ert
ia)
B1
B2
B3
B4
B5
B6
B7 B8B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8E9
Figura 24. Grupo D
Fonte: Dados da pesquisa.
Legenda Grupo D
B9 Intersecção B & C Comunicação da estratégia para a força de trabalho
C12 Intersecção C Entendimento da estratégia e sua implementação
pela força de trabalho
D13 Sincronizar o pensamento estratégico com foco no
curto prazo
D14 Distinção entre estratégico e tático
D15 Diferenciar as estratégias mais importantes para
implementar
D16 Estratégia pode ser tanto determinista como
emergente
Verificou-se que tanto no conjunto ‘X’ quanto no conjunto ‘Z’ a maioria dos especialistas
‘concordam’ com a descrição dos elementos do grupo. O que difere os dois conjuntos é que o
primeiro apresentou um predomínio da opção ‘possibilita’ enquanto que o segundo se dividiu
X
Z
115
entre as opções ‘possibilita’ e ‘ambos’ a formulação e implementação da estratégia.
Identificou-se assim, uma semelhança de opiniões dos conjuntos apresentados no Grupo D.
O Grupo E, representado pela Figura 25 apresentou uma particularidade em relação aos
demais grupos, é o único constituído apenas por um elemento (E17 - modelo claro, dominante
e abrangente de formulação e implementação da estratégia). A Figura 24 (Grupo D) mostrou
dois conjuntos de especialistas com opiniões semelhantes sobre esse elemento.
O conjunto ‘X’ foi formado por 15 especialistas, sendo dez do Brasil e cinco do Exterior (B1,
B2, B3, B4, B5, B6, B7, B8, B9, B11, E2, E5, E6, E7 e E9) e o conjunto ‘Z’ foi formado por
2 especialistas do Brasil e 1 do Exterior (B12, B13, e3), os quais têm as mesmas opiniões para
todos os elementos apresentados.
Verificou-se que cem por cento dos especialistas do conjunto ‘X’ ‘concordam’ com a
descrição dos elementos e acreditam que os elementos podem ‘possibilitar’ a formulação e
implementação da estratégia. Já no conjunto ‘Z’, cem por cento dos especialistas ‘discordam’
da descrição dos elementos e afirmam que os mesmos podem tanto ‘possibilitar’ quanto
‘impossibilitar’ a formulação e implementação da estratégia, ou seja, esse grupo optou pela
opção ‘ambos’, conforme mostrou a Figura 25 (Grupo E).
116
2D Plot of Row Coordinates; Dimensions: 1 x 2
B1 B2
B3 B4
B5 B6B7
B8B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2 E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Dimension 1; Eigenv alue: ,74118 (74,12% of Inertia)
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dim
en
sio
n 2
; E
igen
va
lue
: ,2
58
82 (
25
,88
% o
f In
ert
ia)
B1 B2
B3 B4
B5 B6B7
B8B9
B10
B11
B12
B13
E1
E2 E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
Figura 25. Grupo E
Fonte: Dados da pesquisa.
Legenda Grupo E
E17 Modelo claro, dominante e abrangente de
formulação e implementação.
Em síntese, observou-se que os dois conjuntos apresentam respostas opostas entre si, ou seja,
enquanto o conjunto ‘X’ concorda cem por cento, o conjunto ‘Z’ discorda cem por cento.
Adicionalmente, enquanto o primeiro conjunto acredita que os elementos podem
‘possibilitar’, o outro conjunto optou pela opção ‘ambos’. No entanto, destacou-se que a
maioria dos especialistas encontra-se no conjunto ‘X’.
A partir da análise de todos os Grupos (A, B, C, D e E) e dos dezessete elementos do
Diagrama de Venn, verificou-se também a formação de dois conjuntos semelhantes entre si.
O conjunto ‘X’ foi formado por 10 especialistas, sendo sete do Brasil e três do Exterior (B1,
B2, B4, B5, B6, B7, B8, E2, E6 e E9) e o conjunto ‘Z’ foi formado por 2 especialistas do
Brasil e 1 do Exterior (B10, B11 e E5). Destacou-se que esses conjuntos de especialistas
X Z
117
apresentam semelhanças nas suas respostas levando em consideração todos os elementos do
Diagrama de Veen.
O conjunto ‘X’ foi representado por especialistas em que a maioria ‘concorda’ com a
descrição dos elementos e acreditam que esses elementos podem ‘possibilitar’ a formulação e
implementação da estratégia. No conjunto ‘Z’ também houve um predomínio de
‘concordância’ onde os elementos podem ‘possibilitar’ a formulação e implementação da
estratégia para a maioria dos elementos, porém, para 5 elementos (1, 2, 3, 5 e 7) predominou a
‘discordância’ da descrição dos elementos. Os dois conjuntos de especialistas são
apresentados na Figura 26 (Todos os grupos e elementos).
2D Plot of Row Coordinates; Dimensions: 1 x 2
Input Table (Rows x Columns): 22 x 78
B1
B2
B3
B4
B5
B6B7
B8
B9
B10B11
B12
B13
E1E2
E3E4
E5
E6 E7
E8
E9
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,27863 (21,53% of Inertia)
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dim
en
sio
n 2
; E
ige
nva
lue
: ,1
78
73
(1
3,8
1%
of In
ert
ia)
B1
B2
B3
B4
B5
B6B7
B8
B9
B10B11
B12
B13
E1E2
E3E4
E5
E6 E7
E8
E9
Figura 26. Todos os grupos e elementos
Fonte: Dados da pesquisa.
Em síntese, ao analisar o grupo geral de elementos, verificou-se que um grande conjunto de
especialistas ‘concorda’ com a maioria da descrição dos elementos e que acredita que os
mesmos podem ‘possibilitar’ a formulação e implementação da estratégia. Destaca-se que, de
uma forma geral, houve semelhança de opiniões dos especialistas, com exceção de um
X
Z
118
especialista do Brasil (B3) o qual se apresenta distante da opinião da maioria, o que foi
verificado em todos os gráficos apresentados.
Em seguida, apresenta-se no Quadro 17 (Resumo do percentual de concordância dos
elementos e se os mesmos possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da
estratégia) de acordo com os 22 especialistas que responderam a survey.
Questões /
Elementos
Concordo Discordo Possibilita Impossibilita Ambos
A1 77,3% 22,7% 68,2% 4,5% 27,3%
A2 77,3% 22,7 63,6% 4,5% 31,8%
A3 81,8% 18,2 9,1% 22,7% 68,2%
A4 77,3% 22,7% 54,5% 9,1% 36,4%
A5 72,7% 27,3% 63,6% 4,5% 31,8%
A6 90,9% 9,1% 68,2% - 31,8%
B7 72,7% 27,3% 54,5% 4,5% 40,9%
B8 86,4% 13,6% 63,6% 4,5% 31,8%
B9 90,9% 9,1% 68,2% - 31,8%
C10 90,9% 9,1% 77,3% - 22,7%
C11 50% 50% 13,6% 50% 36,4%
C12 95,5% 4,5% 72,7% - 27,3%
D13 95,5% 4,5% 81,8% 4,5% 13,6%
D14 86,4% 13,6% 77,3% - 22,7
D15 90,9% 9,1% 86,4% - 13,6%
D16 77,3% 22,7% 36,4% 9,1% 54,5%
E17 77,3% 22,7% 77,3% - 22,7%
Quadro 17. Resumo do percentual de concordância dos elementos e se os mesmos possibilitam e/ou
impossibilitam a formulação e implementação da estratégia
Fonte: Dados da pesquisa.
Destaca-se que o critério adotado para aceitação da descrição proposta para o elemento foi de
obter um percentual acima de '70% de concordância’. No entanto, todos os elementos foram
reavaliados de acordo com as contribuições dos especialistas.
Verifica-se no Quadro acima que todos os elementos mencionados, com exceção do elemento
C11 - gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos ‘executores’,
obtiveram um percentual acima de 70% de ‘concordância’, ou seja, a maioria dos especialistas
acredita que a descrição proposta está de acordo com o elemento. Vale destacar que, segundo
os comentários dos especialitas, a discordância do elemento C11 foi quanto à afirmação do
mesmo e não quanto à adequação da descrição, mantendo-se assim a descrição do elemento.
Ressalta-se que, de forma geral, o percentual de ‘discordância’ dos especialistas sobre os
elementos foram apenas quanto à adequação da descrição dos mesmos. Não houve nenhum
comentário sobre a relevância dos elementos inseridos, ou seja, em nenhum comentário
119
verificou-se a sugestão de excluir algum elemento mencionado, e sim, apenas sugestões para
ajuste de redação.
Quanto à questão, se o elemento ‘possibilita e/ou impossibilita’ a formulação e
implementação da estratégia, verificou-se que a maioria dos elementos listados obteve um
percentual maior na opção ‘possibilita’, com exceção dos elementos A3, C11 e D16.
Assim, de acordo com os especialistas, a maioria dos elementos listados ‘possibilitam’ a
formulação e implementação da estratégia. Os elementos A3 - conflito de prioridades e D16 -
estratégia pode ser tanto determinista como emergente, obtiveram um maior percentual da
opção ‘ambos’, ou seja, esses elementos podem tanto possibilitar quanto impossibilitar a
implementação da estratégia.
Beer e Eisenstat (2000) consideram o conflito de prioridades um obstáculo para o efetivo
alinhamento estratégico entre as áreas da organização, levando em consideração que cada área
tem seu objetivo, os quais, frequentemente conflitam com os objetivos de outras áreas. No
entanto, na percepção dos especialistas, a competição existente entre as áreas organizacionais
e de gestão podem tanto possibilitar quanto impossibilitar a implementação da estratégia,
dependendo da forma de relacionamento existente entre as áreas.
Quanto ao elemento à estratégia pode ser tanto determinista como emergente, Getz, Jones e
Loewe (2009) consideram a compreensão do elemento um desafio crítico para a
implementação da estratégia. Assim, na percepção dos especialistas, se houver a compreensão
por parte dos gestores que a estratégia emergente tem características não estruturadas para
responder às incertezas do ambiente e que a estratégia determinista está enraizada em um
processo de planejamento formal, o elemento poderá possibilitar a implementação da
estratégia, caso contrário, impossibilitará a implementação da estratégia.
Por fim, destaca-se que apenas o elemento C11 - gerentes acreditam que a implementação é
de responsabilidade dos ‘executores’ obteve uma maior percentual da opção ‘impossibilita’,
ou seja, para a maioria dos especialistas, esse elemento ‘impossibilita’ a formulação e
implementação da estratégia, corroborando autores como Noble (1999b), Okumus (2003),
Beer e Eisenstat (2000; 2004); Raps (2004); Beatty e Quinn (2007); Yukl e Lepsinger (2007)
e Kaplan e Norton (2008) quando enfatizam a importância do envolvimento dos líderes no
processo de implementação da estratégia. Adicionalmente, Hrebiniak (2008) afirma que a
falta de envolvimento dos responsáveis pela execução no processo de planejamento pode
120
comprometer os resultados, levando em consideração que o planejamento e execução são
interdependentes.
7ª etapa – análise de dados (b) - análise das contribuições dos especialistas – a partir do
resultado da pesquisa survey também foi realizada uma análise qualitativa dos comentários e
sugestões de cada especialista acerca dos elementos mencionados (Apêndice IV – análise das
contribuições dos especialistas por elemento) e incorporado às sugestões na descrição final
dos elementos conforme Quadro 18 (Revisão da descrição final dos elementos).
Elementos Descrição Final dos elementos
A1 Coordenação entre as funções e
negócios Significa coordenar a formulação e implementação de
estratégias entre as várias funções e áreas de negócio de uma
organização.
A2 Relacionamento entre áreas
organizacionais Gerenciar e dar suporte à formulação e implementação da
estratégia nas diferentes áreas organizacionais e níveis de
gestão.
A3 Conflito de prioridades
Competição entre as áreas organizacionais e de gestão para
priorização de recursos organizacionais disponíveis para a
formulação e implementação da estratégia.
A4 Gestão Gestão significa planejar e coordenar a formulação e
implementação da estratégia para alcançar os objetivos
definidos.
A5 Habilidade de liderança Habilidade de liderança para a formulação e implementação da
estratégia significa ter conhecimento, competência e
habilidade para gerenciar uma equipe e compreender os
elementos-chave da estratégia de forma a motivar e envolver
pessoas em todo processo estratégico.
A6 Gerenciar mudanças Gerenciar mudanças no processo de formulação e
implementação da estratégia significa estar preparado para
adaptar-se às flutuações do ambiente organizacional sendo
flexível e dinâmico.
B7 Desafio da comunicação top-down Desafio na comunicação da estratégia definida e dos
procedimentos para sua implementação para todos os níveis
organizacionais.
B8 Diálogo vertical e horizontal Diálogo com todos os níveis hierárquicos acerca da
formulação e implementação da estratégia.
B9 Comunicação da estratégia para a
força de trabalho Desdobramento da estratégia em termos operacionais e
sistematização de um canal de comunicação entre a liderança e
todos os níveis hierárquicos sobre a estratégia.
C10 Envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento Envolver os responsáveis pela implementação da estratégia
também na fase do planejamento. Conexão entre a formulação
e implementação da estratégia.
C11 Gerentes acreditam que a
implementação é responsabilidade
dos ‘executores’
Gerentes que não estão envolvidos na fase de implementação
da estratégia acreditam que são responsáveis apenas pela
formulação da estratégia.
C12 Entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de
trabalho
Significa que a estratégia foi comunicada em todos os níveis
organizacionais e os trabalhadores entendem a estratégia e o
significado de sua implementação para a sua atividade
organizacional.
121
Elementos Descrição Final dos elementos
D13 Sincronizar o pensamento
estratégico com desdobramentos no
curto prazo
Traduzir / desdobrar a estratégia em objetivos operacionais
(curto prazo) e desenvolver um planejamento operacional
sincronizado alinhado com a estratégia.
D14 Distinção entre estratégico e tático Competência dos 'planejadores' e clareza no processo de
formulação da estratégia para identificar entre atividades
estratégicas e táticas.
D15 Diferenciar as estratégias mais
importantes para implementar Competência dos ‘gestores’ e 'executores' para priorização e
clareza na formulação da estratégia e no seu processo de
implementação.
D16 Estratégia pode ser tanto
determinista como emergente A estratégia emergente tem características não estruturadas
para responder às incertezas do ambiente, enquanto que a
estratégia determinista está enraizada em um processo de
planejamento formal.
E17 Modelo claro, dominante e
abrangente de formulação e
implementação
Modelo de formulação e implementação da estratégia que
busca maximizar os elementos que possibilitam o alinhamento
e minimizar os elementos que impossibilitam o alinhamento,
dando suporte à complexidade do sistema organizacional.
Quadro 18. Revisão da descrição final dos elementos
Fonte: Elaborado pela autora.
Nota. Os elementos na cor vermelha foram revisados a partir das contribuições dos especialistas e os demais
mantiveram a descrição inicial.
Em síntese, verifica-se no Quadro acima que as contribuições dos especialistas geraram a
revisão da descrição de oito elementos e a revisão do nome de dois elementos, agregando
conhecimento e validando os dezessete elementos inicialmente propostos, considerando que
as revisões foram apenas de redação e não estruturais. Destaca-se que não houve necessidade
de incluir ou excluir nenhum dos elementos propostos, validando-se assim a proposta inicial
do Diagrama de Venn, conforme apresentado na Figura 27 (Diagrama de Venn validado).
122
Figura 27. Diagrama de Venn validado
Fonte: Elaborado pela autora.
Após revisão dos elementos e validação do Diagrama de Venn, iniciou-se a fase de construção
e validação dos Cenários, apresentados em seguida.
4.3 Construção e Validação dos Cenários (Fase III)
Apresentam-se em seguida as etapas realizadas e resultados alcançados para construção e
validação dos Cenários.
8ª etapa – Construção dos Cenários - os Cenários apresentados a seguir foram construídos a
partir da validação do Diagrama de Venn (resultado da fase II), a qual consolidou os
elementos que podem possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e implementação da
estratégia nas IES.
Foram descritos ‘Cenários de Realidade’ e ‘Cenários de Expectativa’ para três períodos (2018
– 2022 e 2026) levando-se em consideração a descrição dos elementos apresentados no
Quadro18 e as tabelas apresentadas no Apêndice V - tabela base usada para a descrição dos
Cenários em 2018; 2022 e 2026.
Legenda
A1 Coordenação entre as funções e negócios A2 Relacionamento entre áreas
organizacionais A3 Conflito de prioridades A4 Gestão A5 Habilidade de liderança A6 Gerenciar mudanças B7 Desafio da comunicação top-down B8 Diálogo vertical e horizontal B9 Comunicação da estratégia para a força de
trabalho C10 Envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento C11 Gerentes acreditam que a implementação é
responsabilidade dos ‘executores’ C12 Entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho D13 Sincronizar o pensamento estratégico com
desdobramento no curto prazo D14 Distinção entre estratégico e tático D15 Diferenciar as estratégias mais
importantes para implementar D16 Estratégia pode ser tanto determinista
como emergente E17 Modelo claro, dominante e abrangente de
formulação e implementação
123
As tabelas apresentadas no Apêndice V forneceram a base para a descrição dos Cenários. As
tabelas apresentaram os principais grupos de elementos, suas intersecções e se o elemento
possibilita e/ou impossibilita a formulação e implementação da estratégia a partir das
características dos elementos e ‘percepção’ do pesquisador. Conforme já apresentado na
metodologia, foi utilizado o método de Denis Loveridge (2009) para Construção dos Cenários
(apresentado no Quadro 11), o qual se enquadra dentro da escola ‘lógica intuitiva’ tendo seu
processo de orientação metodológica essencialmente subjetiva e qualitativa. Os Cenários para
os períodos 2018, 2022 e 2026 são apresentados nos Quadros abaixo.
Elementos
DV
CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
__
As IES no Brasil registram baixas taxas de
implementação da estratégia (LACERDA
e CAULLIRAUX, 2010) impossibilitando
o alinhamento entre a formulação e
implementação da estratégia nessas
instituições.
Atualmente, as IES no Brasil não
apresentam uma mudança significativa
e continuam registrando baixas taxas de
implementação da estratégia.
No entanto, as IES tem se tornado mais
eficaz em dois elementos que podem
tanto possibilitar quanto impossibilitar a
formulação e implementação da
estratégia, conforme abaixo.
__
A1
Atualmente, IES apresentam ineficiência
na ‘coordenação entre as funções e
negócios’ levando em consideração a
existência da rivalidade entre as áreas.
Em primeiro lugar, as IES tem
maximizado a clareza no processo da
estratégia e minimizado o ‘conflito de
prioridades’ melhorando a rivalidade
entre a coordenação. Adicionalmente,
há mais competência nas relações
interpessoais.
A3
A2
IES também tem apresentado dificuldades
no ‘relacionamento entre áreas
organizacionais’ em função do ‘poder’
dos gerentes e da falta de comunicação
entre as áreas que também pode ser
resultado da ineficiência na coordenação
entre as funções e negócios. Outra razão
da dificuldade no ‘relacionamento entre
áreas organizacionais’ é que a formulação
e implementação da estratégia não tem o
mesmo suporte nas diferentes áreas e
níveis organizacionais de gestão.
Em segundo lugar, as IES tem
maximizado a eficácia no
desenvolvimento da estratégia através
de pessoas com alta competência
melhorando o entendimento de que a
‘estratégia pode ser tanto determinista
como emergente’ o que tem
possibilitado a formulação e
implementação da estratégia.
D16
124
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
A3
Adicionalmente, a falta de clareza e a
rivalidade na coordenação geram ‘conflito
de prioridades’. Destaca-se também, que a
falta de relacionamento entre as áreas
organizacionais gera competitividade na
coordenação levando em consideração que
cada área quer ser melhor que a outra,
impossibilitando assim a formulação e
implementação da estratégia.
É importante dizer que esses três
elementos não estão em intersecção, ou
seja, eles têm suas próprias características.
A
intersecção
B
A4; A5;
A6
Já os elementos ‘gestão, habilidade de
liderança e gerenciar mudanças’ estão em
intersecção porque eles compartilham
características similares, como a
importância do papel da liderança.
A5
Desta forma, um elemento afeta o
desempenho do outro, como uma relação
de causa e efeito. Ou seja, a inadequada
‘habilidade de liderança’ presente nas IES
emerge da falta de treinamento e
capacitação da liderança, a qual pode
comprometer a gestão e o gerenciamento
de mudanças.
A4
Adicionalmente, verifica-se que a ‘gestão’
nas IES é ineficiente pela falta de
cooperação da liderança e a partir dos
registros das baixas taxas de
implementação da estratégia.
A6
Verifica-se também a falta de capacidade
das IES em ‘gerenciar mudanças’ gerada
pela resistência da liderança que não está
preparada para se adaptar as flutuações do
ambiente organizacional.
B
intersecção
C
B7; B8
Outros elementos que compartilham
características comuns, ou seja, que estão
em intersecção são: ‘desafio da
comunicação top down’ e ‘dialogo
vertical e horizontal’.
Eles compartilham o desafio de chegar a
todos os níveis da instituição para a
efetiva implementação da estratégia.
B7
B8
Atualmente, verifica-se lacunas no
‘desafio da comunicação top down’
gerada pela competitividade entre as áreas
e ineficácia no ‘diálogo vertical e
horizontal’ que emerge da falta de
abertura dos gerentes acerca das
discussões sobre a formulação e
implementação da estratégia.
125
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
B9
Outra dificuldade apresentada pelas IES é
a falta de eficácia na ‘comunicação da
estratégia para a força de trabalho’
resultado da falta de entendimento da
estratégia pela força de trabalho e pela
ineficiência da comunicação e diálogo da
liderança com os diferentes níveis
hierárquicos sobre a estratégia.
B
intersecção
C &D
B9
Esse elemento está em três intersecções,
assim, se não acontecer o envolvimento
dos responsáveis e da liderança com a
formulação e implementação da estratégia,
o elemento continuará impossibilitando a
implementação.
C10
As IES também apresentam uma lacuna
no ‘envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento’ levando-
se em consideração que os gerentes que
detém o poder não envolvem os
responsáveis pela implementação da
estratégia na fase do planejamento.
C11
Da mesma forma, verifica-se uma lacuna
no elemento ‘gerentes acreditam que a
implementação é responsabilidade dos
executores’ em que os gerentes não estão
envolvidos na fase de implementação da
estratégia e acreditam que são
responsáveis apenas pela formulação,
acreditando que a implementação é
responsabilidade dos ‘executores’.
C12
Outro problema presente nas IES é a falta
de ‘ entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’
gerada pela ineficiência da comunicação
da estratégia e pela falta de
relacionamento da liderança com a força
de trabalho.
C
intersecção
D
C12
Esse elemento também está em duas
intersecções, assim, se não acontecer o
envolvimento dos responsáveis com a
formulação e implementação da estratégia,
o elemento continuará impossibilitando a
implementação.
126
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
D13
Já os próximos elementos não estão em
intersecções, ou seja, cada um tem sua
própria característica dentro do grupo
formulação e implementação.
‘Sincronizar o pensamento estratégico
com desdobramento no curto prazo’ não é
uma prática das IES, levando em
consideração que elas não traduzem a
estratégia em objetivos operacionais e não
desenvolvem um planejamento
operacional sincronizado alinhado com a
estratégia.
D14
IES também não fazem a ‘distinção entre
estratégico e tático’ porque não se tem
clareza da estratégia e falta competência
dos ‘planejadores’.
D15
Adicionalmente, as IES tem dificuldade
em ‘diferenciar a estratégia mais
importante para fazer’, por falta de
clareza no processo de formulação e
implementação da estratégia e os objetivos
estratégicos não tem sido priorizados.
D16
Outra dificuldade das IES é identificar que
a ‘estratégia pode ser tanto determinística
como emergente’ também gerada pela
falta de clareza da estratégia e pela
incerteza ambiental.
E17
Finalmente, as IES no Brasil não
apresentam um ‘modelo claro, dominante
e abrangente de formulação e
implementação’ que busque maximizar os
elementos que possibilitam o alinhamento
e minimizar os elementos que
impossibilitam o alinhamento, a fim de
apoiar a complexidade do sistema
organizacional.
Adicionalmente, de acordo com os
autores: Noble (1999b); Okumus (2003);
Hrebiniak (2006) e Kaplan e Norton
(2008), um dos problemas de
implementação é justamente a falta de um
modelo claro, compreensivo e dominante
de implementação, ou seja, nenhum
modelo existente é totalmente aceito.
Quadro 19. Descrição dos cenários no final de 2018
DV = Diagrama de Venn
Fonte: Elaborado pela autora.
Em síntese, para o período temporal de 2018 (curto prazo), prevaleceu o ‘Cenário de
Realidade’, mais ‘pessimista’, em que as IES registram dificuldades nos elementos
127
apresentados, impossibilitando a formulação e implementação da estratégia e maior
dificuldade de sobreviverem.
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
__
As IES no Brasil continuam registrando
baixas taxas de implementação da
estratégia levando em consideração que
alguns elementos continuam
impossibilitando a formulação e
implementação da estratégia, como:
‘conflito de prioridades’, ‘habilidade de
liderança’, ‘desafio da comunicação top-
down’, ‘entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’,
‘estratégia pode ser tanto determinista
como emergente’, e ‘modelo claro,
dominante e abrangente de formulação e
implementação’.
No período apresentado a seguir esta
situação apresenta melhorias
considerando a expansão e importância
das IES para a sociedade, levando-as a
investir mais no processo de estratégia e
nas pessoas. Apresenta-se assim a
evolução e crescimento dos elementos
abaixo.
__
A3
Considerando a existência da rivalidade e
competitividade da coordenação e a baixa
competência nas relações interpessoais o
elemento ‘conflito de prioridades’ não
apresenta melhorias.
As IES no Brasil vêm desenvolvendo
pessoas com alta competência o que
tem gerado uma melhor ‘coordenação
entre funções e negócios’, meios mais
eficazes de comunicação e
coordenação, resultando em melhores
‘relacionamento entre áreas
organizacionais’ e maior clareza nos
‘conflitos de prioridades’ para
priorização dos recursos
organizacionais disponíveis.
É importante dizer que esses elementos
têm suas próprias características, ou
seja, não fazem parte de intersecções.
A1
A2
A3
A5
‘Habilidade de liderança’ apresenta baixa
competência da liderança e resistência dos
lideres que detém o poder, permanecendo-
se inadequada.
Já o grupo de elementos ‘gestão,
habilidade de liderança e gerenciar
mudanças’ compartilham a importância
do papel da liderança.
Destaca-se que esses elementos tem se
tornado mais eficazes considerando que
as IES têm desenvolvido lideranças
visionárias e com alta competência,
criando uma gestão mais eficaz e
líderes com capacidade e habilidade de
gerenciar mudanças.
A
intersecção
B
A4
A5
A6
B7
Outro elemento que não apresenta
melhorias nesse período é o ‘desafio da
comunicação top-down’ levando em
consideração a permanência da
competitividade entre as áreas e a falta de
eficácia da comunicação da liderança com
todos os níveis hierárquicos.
Outros elementos que estão em
intersecção são: ‘desafio da
comunicação top-down’ e ‘diálogo
vertical e horizontal’ porque
compartilham características de
comunicação e diálogo da liderança.
Registra-se a melhoria desses elementos
considerando o desenvolvimento de
estratégias eficazes de comunicação e
diálogo da liderança com todos os
níveis hierárquicos.
B
intersecção
C
B7
B8
128
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
C12
‘Entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’
também continua ineficaz em função da
lacuna existente no relacionamento da
liderança com a força de trabalho.
A ‘comunicação da estratégia para a
força de trabalho’ também apresenta
melhorias nas IES por motivo de um
bom relacionamento pessoal e diálogo
da liderança com os diferentes níveis
hierárquicos sobre estratégia, resultando
no entendimento da estratégia pela
força de trabalho.
Considerando a importância desse
elemento para as IES, ele é o único
presente em três intersecções.
B9
B
intersecção
C & D
D16
O elemento ‘estratégia pode ser tanto
determinista como emergente’ continua
apresentando dificuldade de entendimento
e identificação nas IES, principalmente
pela falta de clareza da estratégia e alta
incerteza ambiental.
O elemento ‘envolvimento dos
responsáveis pela implementação no
planejamento’ se tornou mais eficiente
nas IES levando em consideração a
conscientização e responsabilidade dos
gerentes em envolver os
‘implementadores’ também no estágio
de formulação da estratégia.
C10
E17
Apesar de emergir um modelo satisfatório
de formulação e implementação da
estratégia, nenhum modelo, por mais
complexo que possa aparecer é capaz de
capturar a dinâmica da realidade, ou seja,
nenhum modelo pode possibilitar
totalmente a formulação e implementação
da estratégia. Ainda segundo Nadler e
Tushman (1980) ‘um modelo pode apenas
servir como um mapa’ para maximizar o
alinhamento organizacional.
'Gerentes acreditam que a
implementação é responsabilidade dos
executores’ apresenta mudanças
culturais, ampliando a responsabilidade
e envolvimento dos gerentes também
no estágio de implementação da
estratégia.
Destaca-se que os elementos C10 e C11
não estão em intersecção, os quais têm
suas próprias características.
C11
Outro elemento que apresenta melhorias
é ‘entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’
a partir da implementação de canais de
comunicação eficientes,
desenvolvimento de uma estratégia
clara e envolvimento dos responsáveis.
C12
É importante dizer que o elemento C12
está presente em duas intersecções, o
qual compartilha o envolvimento dos
responsáveis no processo de formulação
e implementação para eficácia do
‘entendimento’.
C
intersecção
D
C12
129
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
Os próximos elementos apresentados
não estão em intersecções, ou seja, eles
não apresentam características
compartilhadas.
Os elementos ‘sincronizar o
pensamento estratégico com
desdobramento no curto prazo’ e
‘distinção entre o estratégico e tático’
apresentam ciclos de melhorias
considerando o investimento das IES
em treinamento e capacitação nos
diferentes níveis de gestão, agregando
conhecimento e competência nas
pessoas.
D13
D14
Adicionalmente, as IES tem
desenvolvido competências nas
relações interpessoais e clareza no
processo de estratégia aprimorando suas
habilidades em ‘diferenciar as
estratégias mais importantes para
implementar’ e identificar que a
‘estratégia pode ser tanto determinista
como emergente’.
D15
D16
Por fim, as IES no Brasil
desenvolveram um ‘modelo claro,
dominante e abrangente de formulação
e implementação’ aceitável pela
comunidade acadêmica, o qual procura
maximizar os elementos que
possibilitam o alinhamento e minimizar
os elementos que impossibilitam o
alinhamento.
E17
Quadro 20. Descrição dos cenários no final de 2022
Fonte: Elaborado pela autora.
Já para o período temporal de 2022 (médio prazo) apresentou-se um equilíbrio entre o
‘Cenário de Realidade’ e ‘Cenário de Expectativa’, com registros de melhorias de alguns
elementos, possibilitando a formulação e implementação da estratégia.
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
__
A partir desse período, registra-se uma
melhoria significativa nas IES do Brasil,
considerando que apenas dois elementos
continuam impossibilitando a formulação
e implementação da estratégia, são eles:
‘conflito de prioridades’ e ‘estratégia
pode ser tanto determinista como
emergente’. No mesmo período, todos os
demais elementos apresentam melhorias
significativas, conforme mostra ‘Cenário
de Expectativa’.
A expansão contínua das IES no Brasil
e sua crescente importância para a
sociedade tem gerado maior
competitividade entre elas e um maior
uso de ferramentas de gestão
estratégica, tornando-as mais eficientes.
Adicionalmente, a formulação e
implementação da estratégia tem
registrado um grande progresso onde as
pessoas passam a levar o processo da
estratégia mais a sério.
__
130
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
A3
As competições entre áreas
organizacionais sobre a priorização de
recursos organizacionais e rivalidade entre
coordenações se mantém, não
apresentando melhorias no elemento
‘conflito de prioridades’.
Nesse Cenário, as IES continuam
desenvolvendo pessoas com alta
competência, estratégias de
comunicação e meios de coordenação
eficientes tendo gerado melhorias na
‘coordenação entre as funções e
negócios’, no ‘relacionamento entre as
áreas organizacionais’ e maior clareza
no ‘conflito de prioridade’,
respectivamente.
A1
A2
A3
D16
Adicionalmente, permanece a falta de
clareza da estratégia e elevada incerteza
ambiental nas IES, comprometendo sua
habilidade em identificar quando a
‘estratégia é determinista ou emergente’.
Já o grupo de elementos que
compartilha a importância do papel da
liderança: ‘gestão, habilidade de
liderança e gerenciar mudanças’
apresentam melhorias significativas
nesse período, tornando-se mais
eficientes e eficazes, considerando que
as IES têm investido mais na liderança,
ampliando seus conhecimentos,
habilidades e competências para
gerenciar pessoas, mudanças e o
processo da estratégia.
Registra-se também que as IES tem se
tornado mais qualificadas e sua gestão
cada vez mais apropriada as suas
necessidades possibilitando o
planejamento e coordenação da
formulação e implementação da
estratégia a fim de alcançar seus
objetivos.
A
intersecção
B
A4
A5
A6
Os elementos ‘desafio da comunicação
top-down’ e ‘diálogo vertical e
horizontal’ também estão em
intersecção.
Esses elementos não apresentam
mudanças significativas a partir das
apresentadas em 2022, ou seja, as IES
continuam com estratégias de
comunicação eficientes, permitindo o
diálogo da liderança com outros níveis
hierárquicos, comunicação top down e
diálogo vertical e horizontal eficaz,
possibilitando a formulação e
implementação da estratégia.
B
intersecção
C
B7
B8
Já a ‘comunicação da estratégia para a
força de trabalho’ apresenta maior
eficácia nesse período, considerando o
aperfeiçoamento do desdobramento da
estratégia em termos operacionais e a
sistematização de um canal de
comunicação entre a liderança e todos
os níveis hierárquicos sobre a
estratégia. Destaca-se que esse
elemento está presente em três
intersecções.
B9
B
intersecção
C & D
131
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
Os elementos ‘envolvimento dos
responsáveis pela implementação no
planejamento’ e ‘gerentes acreditam
que a implementação é de
responsabilidade dos executores’,
apresentam melhoria contínua nas IES,
considerando a alta competência da
liderança e a criação de uma cultura
organizacional que permite a conexão
entre a formulação e implementação da
estratégia, maior clareza das
responsabilidades e envolvimento dos
gerentes através de todos os níveis
hierárquicos.
C10
C11
‘Entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’
também apresenta melhorias,
considerando que a estratégia está
sendo comunicada em todos os níveis
organizacionais, inclusive através do
contato individual. Dessa forma, a força
de trabalho entende o que a estratégia é
e o que sua implementação significa
para sua atividade organizacional.
Adicionalmente, registra-se um maior
envolvimento dos responsáveis no
processo de formulação e
implementação da estratégia.
C12
C
intersecção
D
Os próximos elementos apresentados
não estão em intersecção, ou seja, cada
um tem sua própria característica.
O elemento ‘sincronizar o pensamento
estratégico com desdobramento no
curto prazo’ melhorou muito a partir
dos investimentos em treinamento na
gestão. As IES também passam a desenvolver o
planejamento operacional sincronizado
alinhado com a estratégia.
D13
A competência dos 'planejadores' e
clareza no processo de formulação da
estratégia tornou-se mais eficiente
permitindo a ‘distinção entre o
estratégico e tático’ no processo da
estratégia.
D14
‘Diferenciar as estratégias mais
importantes para implementar’ e
‘estratégia pode ser tanto determinista
como emergente’ apresentam melhorias
contínuas nas IES considerando os
investimentos aplicados no
desenvolvimento de competência dos
‘gerentes’ e ‘executores’ e a clareza no
processo de estratégia.
D15
D16
132
Elementos
DV CENÁRIO DE REALIDADE CENÁRIO DE EXPECTATIVA Elementos
DV
A partir da evolução e melhoria de
todos os elementos, o crescimento do
ensino superior no Brasil (Inep, 2011) e
sua necessidade de manter-se
competitivo, emerge nas IES um
‘modelo claro, dominante e abrangente
de formulação e implementação’,
considerado satisfatório pelas IES no
Brasil maximizando a eficácia da
formulação e implementação da
estratégia.
E17
Formulação da estratégia e sua
implementação cada vez mais não
correspondem às necessidades da
sociedade – IES lutam para existir.
Formulação da estratégia e sua
implementação cada vez mais
adequadas às necessidades da sociedade
– IES prosperam.
Quadro 21. Descrição dos cenários no final de 2026
Fonte: Elaborado pela autora.
Por fim, para o período temporal 2026 (longo prazo) verificou-se uma transição do ‘Cenário
de Realidade’ para o ‘Cenário de Expectativa’, mais ‘otimista’. Essa transição, leva em
consideração a expansão e importância das IES para sociedade e maior investimento na área
da educação (Portal do MEC/Inep, 2013) que irá gerar maior competitividade entre as IES,
maior competência das pessoas e maior uso de ferramentas de gestão estratégica.
9ª etapa – convite aos especialistas para validação dos Cenários – após a descrição dos
‘Cenários de Realidade’ e ‘Cenários de Expectativa’ para os três períodos (2018 - 2022 -
2026), foi enviada uma carta ‘convite para validação dos Cenários’ (Apêndice II) junto com a
descrição dos Cenários construídos para os especialistas no Brasil que participaram da fase
anterior desta pesquisa (survey) solicitando novamente sua participação para validação dos
Cenários.
Nessa nova etapa, obtiveram-se cinco feedbacks de especialistas do Brasil (Alagoas, Brasília,
Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo), garantindo a representatividade de cinco estados.
Os especialistas contribuíram fazendo comentários específicos e/ou comentários gerais sobre
a descrição dos Cenários a partir de suas percepções e conhecimentos acerca do tema. A
descrição na íntegra dos comentários é apresentada no Apêndice VI.
‘Crescimento’
Expectativa
‘Diminuir’
Realidade
133
10ª etapa – análise de dados – a partir das contribuições dos especialistas acerca dos Cenários
foi realizada uma análise geral dos ‘Cenários de Realidade’ e ‘Cenários de Expectativa’ por
período, conforme apresentado nos Quadros abaixo, validando-se os mesmos.
Período
Final
CENÁRIO DE REALIDADE
Análise geral
2018
O ‘Cenário de Realidade’ para o horizonte temporal de 2018 apresenta um ‘Cenário pessimista’,
sendo que as IES no Brasil registram baixas taxas de implementação da estratégia (LACERDA e CAULLIRAUX, 2010). Verifica-se assim que os elementos destacados abaixo
impossibilitam o alinhamento entre a formulação e implementação da estratégia em IES.
Ao analisar os comentários sob a ótica dos especialistas, verificou-se uma forte concordância para
ocorrência desse Cenário, os quais concordam que até 2018 as IES devem apresentar
ineficiências na ‘coordenação entre as funções e negócios’, dificuldades no ‘relacionamento entre
áreas organizacionais’; lacunas no ‘envolvimento dos responsáveis pela implementação no
planejamento’; e lacunas no envolvimento dos gerentes com a implementação da estratégia,
considerando que ‘gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos executores’.
Em relação ao ‘conflito de prioridades’, ‘desafio da comunicação top down’ e a ineficácia da
‘comunicação vertical e horizontal’ foram mapeados pelos especialistas como próprio de uma
IES, não sendo passível de melhorias nesse horizonte temporal. Adicionalmente, a falta de
‘entendimento da estratégia e sua implementação pela força de trabalho’ também não apresenta
soluções para o período.
No entanto, verificou-se que até 2018 a‘gestão’ das IES deve apresentar maior eficácia,
incluindo melhorias em ‘sincronizar o pensamento estratégico com desdobramento no curto prazo’
e ‘distinção entre estratégico e tático’, considerando a competência dos gestores. Adicionalmente,
minimizam-se as dificuldades em ‘diferenciar a estratégia mais importante para fazer’, levando
em consideração que as prioridades dependem do gestor.
Para o período temporal em análise, registra-se ainda a inadequada ‘habilidade de liderança’, a
falta de capacidade das IES em ‘gerenciar mudanças’, a ineficácia das IES na ‘comunicação da
estratégia para a força de trabalho’ e sua dificuldade em identificar que a ‘estratégia pode ser
tanto determinística como emergente’. Dessa forma, até 2018 as IES no Brasil não apresentam um
‘modelo claro, dominante e abrangente de formulação e implementação’.
Adicionalmente, de acordo com os autores: Noble (1999b); Okumus (2003); Hrebiniak (2006) e
Kaplan e Norton (2008), um dos problemas de implementação é justamente a falta de um modelo
claro, compreensivo e dominante de implementação, ou seja, nenhum modelo existente é
totalmente aceito.
Destaca-se também, segundo o ponto de vista do especialista 5, que fatores externos, como a
‘reeleição do atual governo e os cortes orçamentários do início de 2015 atingiram a área da
educação, sendo difícil considerar que melhore o investimento às IES’, corroborando com o
Cenário negativo apresentado.
2022
Quatro anos depois, para o horizonte temporal 2022, os especialistas acreditam na probabilidade
de ocorrência do ‘Cenário de Realidade’ o qual continuará registrando baixas taxas de
implementação da estratégia nas IES, visto que alguns elementos continuarão impossibilitando o
alinhamento entre a formulação e implementação da estratégia, considerando que:
A rivalidade e competição da coordenação por recursos aliada à baixa competência nas relações
interpessoais manterá o ‘conflito de prioridades’ existente nas IES. A ‘habilidade de liderança’
continuará frágil, devido a falta de treinamento e capacitação. Adicionalmente, o ‘desafio da
comunicação top-down’ e o‘entendimento da estratégia e sua implementação pela força de
trabalho’, também continuam comprometidos pelo baixo desempenho da liderança e a lacuna
existente no seu relacionamento com a força de trabalho. A falta de clareza da estratégia e a alta
incerteza ambiental se mantêm, dificultando o entendimento de que a ‘estratégia pode ser tanto
determinista como emergente’. No entanto, segundo especialista 5, ‘os elementos irão ou não se
tornar mais eficazes nas IES dependendo das atitudes do governo federal que se iniciará em 2019’.
Verifica-se assim, a dificuldade de emergir um ‘modelo claro, dominante e abrangente de
134
Período
Final
CENÁRIO DE REALIDADE
Análise geral
formulação e implementação’ totalmente aceito que possibilite a formulação e implementação da
estratégia até esse período.
2026
Para o horizonte temporal 2026, os especialistas concordam na ocorrência de uma melhoria
significativa nas IES no Brasil, considerando que apenas dois elementos continuam
impossibilitando a formulação e implementação da estratégia.
Conforme registrado no período de 2022, a rivalidade e competição da coordenação por recursos
aliada à baixa competência nas relações interpessoais manterão o ‘conflito de prioridades’.
Adicionalmente, permanece a falta de clareza da estratégia e elevada incerteza ambiental nas IES,
dificultando o entendimento de que a ‘estratégia pode ser tanto determinista como emergente’.
Quadro 22. Análise geral da contribuição dos especialistas – cenário de realidade
Fonte: Elaborado pela autora.
Período
Final
CENÁRIO DE EXPECTATIVA
Análise geral
2018
Sob a ótica dos especialistas, para o horizonte temporal 2018, o ‘Cenário de Expectativa’ não
conseguirá apresentar mudanças significativas, mantendo os registros de baixas taxas de
implementação da estratégia e dificuldades no alinhamento estratégico.
Um fator crítico apontado para as IES nesse período é a falta de competência das pessoas, o
que compromete a clareza no processo da estratégia, maximizando o ‘conflito de prioridades’ e
minimizando o entendimento de que a ‘estratégia pode ser tanto determinista como emergente’,
considerando que ‘as IES trabalham com as pessoas que têm, que muitas vezes não tem nem perfil
nem formação para a gestão’ segundo o especialista 2.
Adicionalmente, segundo especialista 5 ‘mesmo com algum aumento de recursos e incentivos
fiscais para a educação, não devemos supor que haverá uma redução significativa de ‘conflitos de
prioridades’ para a formulação e implementação de estratégias’. No entanto, na visão do
especialista 2, a competição por recursos poderá fazer com que as IES se esforcem mais para
implementar sua estratégia.
2022
Para o horizonte temporal 2022, os especialistas concordam que haverá melhorias considerando
a expansão e importância das IES para sociedade, levando-as a investir mais no processo da
estratégia. Apresenta-se assim a evolução e crescimento do ‘Cenário de Expectativa’ ‘otimista’ para
a maioria dos elementos apresentados que possibilitam a formulação e implementação da estratégia.
Segundo o especialista 1, a evolução e melhoria das IES deve-se ao ‘aumento da competição e
entrada de investidores internacionais’. O especialista 3, também afirma que ‘a expansão contínua
das IES no Brasil e sua crescente importância para a sociedade tem gerado maior competitividade
entre elas e um maior uso de ferramentas de gestão estratégica, tornando-as mais eficazes’.
Adicionalmente, sob a ótica do especialista 5, nesse período ‘o país estará desfrutando ao máximo
do chamado ‘Bônus Demográfico’, com menos crianças nas escolas de primeiro grau e, portanto,
com mais disponibilidade de recursos da área de educação para as IES’, aumentando assim as
probabilidades de ocorrência desse Cenário.
Nesse contexto, o ‘desafio da comunicação top-down’, ‘diálogo vertical e horizontal’,
‘comunicação da estratégia para a força de trabalho’ e ‘entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’ devem apresentar melhorias considerando o
desenvolvimento de estratégias eficazes de comunicação e diálogo da liderança com todos os níveis
hierárquicos.
Já o ‘envolvimento dos responsáveis pela implementação no planejamento’ e 'gerentes acreditam
que a implementação é responsabilidade dos executores’ se tornarão mais eficientes a partir da
conscientização e responsabilidade dos gerentes e mudanças culturais.
Considerando o investimento das IES em treinamento e capacitação nos diferentes níveis de gestão,
haverá melhorias em ‘sincronizar o pensamento estratégico com desdobramento no curto prazo’,
‘distinção entre o estratégico e tático’, ‘diferenciar as estratégias mais importantes para
implementar’ e na identificação de que a ‘estratégia pode ser tanto determinista como emergente’.
135
Período
Final
CENÁRIO DE EXPECTATIVA
Análise geral
Assim, nesse período, desenvolve-se um ‘modelo claro, dominante e abrangente de formulação e
implementação’, aceitável pela comunidade acadêmica e pelas IES no Brasil, o qual procura
maximizar os elementos que possibilitam o alinhamento e minimizar os elementos que
impossibilitam o alinhamento nessas instituições. Porém, para o especialista 3, o modelo é
considerado uma generalização, uma vez que ‘congregam IES privadas e públicas’.Justifica-se que
o modelo considerou apenas os elementos genéricos para formulação e implementação da estratégia
de uma organização, não tendo impacto nas particularidades de uma IES pública ou privada,
podendo assim se utilizado por IES de uma forma geral.
Por outro lado, há uma discordância quanto ao desenvolvimento de pessoas com alta competência
nas IES, pois segundo o especialista 2, ‘as IES são gerenciadas por pessoas que têm formação
distinta...pois caso fosse assim apenas gerentes seriam nomeados’. Desta forma, a carência de
competência das pessoas comprometerá o desempenho na ‘coordenação entre funções e
negócios’, ‘relacionamento entre áreas organizacionais’ e gerará ‘conflitos de prioridades’ para
priorização dos recursos organizacionais disponíveis.
Adicionalmente, o especialista 2 discorda que as IES desenvolverão lideranças visionárias e com
alta competência para esse período. Considerando que os elementos ‘gestão, habilidade de
liderança e gerenciar mudanças’ compartilham a importância do papel da liderança e ambos
ficam comprometidos com a ineficiência da liderança. No entanto, esses elementos, segundo o
especialista 5, ‘irão ou não ser tornar mais eficazes nas IES dependendo das atitudes do governo
federal que se iniciará em 2019’.
2026
Nesse horizonte temporal, os especialistas concordam com as mudanças significativas e
melhorias apresentadas para o ‘Cenário de Expectativa’ considerando a expansão contínua das
IES no Brasil (INEP, 2011) e sua crescente importância para sociedade, que gerarão uma maior
competitividade entre elas e um maior uso de ferramentas de gestão estratégica, tornando-as mais
eficazes. Adicionalmente, a formulação e implementação da estratégia certamente registrarão um
grande progresso em que as pessoas passam a levar o processo da estratégia mais a sério.
Conforme destacado pelo especialista 5, ‘neste horizonte temporal o Brasil tem grandes chances de
estar vivendo uma época de grande prosperidade econômica e social. Os esforços dos diversos
governos eleitos nesses próximos 12 anos na área da educação deverão, finalmente, começar a dar
bons resultados. A nosso ver, as chances de ocorrer o ‘Cenário de Expectativa’ são muito grandes’.
Nesse contexto, as IES desenvolverão pessoas com alta competência, estratégias de
comunicação e coordenações mais eficazes, o que gerará melhorias na ‘coordenação entre as
funções e negócios’, no ‘relacionamento entre as áreas organizacionais’ e maior clareza no
‘conflito de prioridade’, respectivamente.
A‘gestão, habilidade de liderança e gerenciar mudanças’ devem apresentar melhorias
significativas nesse período, tornando-se mais eficientes e eficazes, considerando que as IES terão
investido mais na liderança, ampliando seus conhecimentos, habilidades e competências para
gerenciar pessoas, mudanças e o processo da estratégia. O ‘desafio da comunicação top-down’ e
‘diálogo vertical e horizontal’ devem continuar eficaz, conforme registrado em 2022, permitindo o
diálogo da liderança com outros níveis hierárquicos.
Já a ‘comunicação da estratégia para a força de trabalho’, apesar de apresentar-se como mais
complexo, apresentará maior eficácia nesse período, considerando que haverá a sistematização de
um canal de comunicação entre a liderança e todos os níveis hierárquicos sobre a estratégia.
O ‘envolvimento dos responsáveis pela implementação no planejamento’, ‘gerentes acreditam que
a implementação é de responsabilidade dos executores’, ‘entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho’, ‘distinção entre o estratégico e tático’ ‘diferenciar as
estratégias mais importantes para implementar’, ‘estratégia pode ser tanto determinista como
emergente’ e ‘sincronizar o pensamento estratégico com desdobramento no curto prazo’
apresentam melhorias contínuas nas IES, considerando que as IES terão investido mais na gestão
e alta competência das lideranças e envolvido mais os responsáveis pelo planejamento no
processo de formulação e implementação da estratégia, tornando-o mais claro. Adicionalmente,
para Beaty e Quinn (2007) e Alvim (2010) o papel da liderança é considerado fator-chave para
‘possibilitar’ a formulação e implementação da estratégia.
136
Período
Final
CENÁRIO DE EXPECTATIVA
Análise geral
Assim, a partir das melhorias e crescimento do ‘Cenário de Expectativa’ apresentado para o período
de 2026, emergirá nas IES um ‘modelo claro, dominante e abrangente de formulação e
implementação’, que deverá maximizar o alinhamento entre a formulação e implementação da
estratégia, levando as IES manterem-se competitivas e prosperar.
Quadro 23. Análise geral da contribuição dos especialistas – cenário de expectativa
Fonte: Elaborado pela autora.
A partir da análise das contribuições dos especialistas, acredita-se na evolução das IES e na
probabilidade de ocorrer o ‘Cenário de Expectativa’ até o período temporal de 2026, em que
emergirá nas IES um ‘modelo claro, dominante e abrangente de formulação e implementação
da estratégia’, conforme proposto no próximo item, tendo como objetivo alinhar a formulação
e implementação da estratégia em IES.
4.4 Construção do Modelo Proposto (Fase IV)
Apresentam-se em seguida as etapas realizadas e resultados alcançados para construção do
modelo proposto para alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES.
11ª etapa – seleção dos principais elementos que possibilitam a formulação e implementação
da estratégia - para representar o modelo proposto, foram considerados os principais
elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia e apenas um elemento
que impossibilita a implementação da estratégia, conforme resultado dos 22 respondentes da
survey (percentual acima de 60%), apresentados na Figura 28 (Principais elementos que
possibilitam a formulação e implementação da estratégia e principal elemento que
impossibilita a implementação da estratégia).
137
Figura 28. Principais elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia e principal
elemento que impossibilita a implementação da estratégia
Fonte: Elaborado pela autora.
12ª etapa – desenvolvimento do modelo proposto e passo-a-passo para o uso - o modelo foi
construído utilizando a estrutura do Diagrama de Venn, o qual foi elaborado e validado na
primeira e segunda fase desta pesquisa. No entanto, foram utilizados apenas os principais
elementos que possibilitam a formulação e implementação da estratégia e um elemento que
PRINCIPAIS ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM E PRINCIPAL ELEMENTO QUE
IMPOSSIBILITA A FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA
A1 ‘coordenação entre as funções e
negócios’
A2 ‘relacionamento entre as áreas
organizacionais’
A5 ‘habilidade de liderança’
A6 ‘gerenciar mudanças’,
B8 ‘diálogo vertical e horizontal’
B9 ‘comunicação da estratégia para
a força de trabalho’,
C10 ‘envolvimento dos responsáveis
pela implementação no
planejamento’
C12 ‘entendimento da estratégia e
sua implementação pela força de
trabalho’,
D13 ‘sincronizar o pensamento
estratégico com desdobramento no
curto prazo’
D14 ‘distinção entre o estratégico e
tático’
D15 ‘diferenciar as estratégias mais
importantes para implementar’
Principais
elementos que
possibilitam a
formulação e
implementação
da estratégia
(Percentual
acima 60%
pesquisa survey)
C11 ‘Gerentes acreditam que a
implementação é responsabilidade
dos executores’
Principal
elemento que
impossibilita a
implementação
da estratégia
(Percentual de
50% pesquisa
survey)
138
impossibilita a formulação e implementação, que está no ‘lado de fora’ (C11 - gerentes
acreditam que a implementação é responsabilidade dos executores). Assim, para permitir a
formulação e implementação é necessário que os gestores também estejam envolvidos na fase
de implementação da estratégia, corroborando os estudos de Raps (2004), Beatty e Quinn
(2007) e Alvim (2010).
O modelo mostra ainda, o uso do Método de Cenário como ‘input’ para construção do modelo
proposto. Adicionalmente, o uso de Cenários tem como objetivo auxiliar na formulação e
implementação da estratégia das IES. Autores como: Fink, Siebe e Kuhle (2004) e Moritz,
Nuner e Pereira (2008) expõem que o uso de Cenários pode apoiar tanto o processo de
formulação quanto implementação da estratégia. Dessa forma, a instituição pode optar por um
método que melhor se adapte a sua realidade e fazer uso durante o processo de formulação e
implementação da estratégia. Adicionalmente, para Loveridge (2009), todos os métodos
compartilham características em comum, sendo que as principais diferenças de cada método é
a ênfase dada a cada etapa do processo. Assim, todos os métodos apresentados nesta pesquisa
podem ser utilizados pelas IES, de acordo com sua realidade.
Diante disso, apresenta-se na Figura 29 o modelo que tem como objetivo alinhar a formulação
e implementação da estratégia em IES.
139
Figura 29. Modelo para alinhar a formulação e implementação da estratégia em IES
Fonte: Elaborado pela autora.
Assim, para alcançar o objetivo de alinhar a formulação e implementação da estratégia, ou
seja, minimizar o gap entre formulação e implementação da estratégia, o modelo deve ser
utilizado a partir de três passos apresentados a seguir:
1º passo- Como gerenciar cada elemento no ambiente altamente dinâmico em que as IES
evoluem? Cada elemento deve ser refletido no momento do processo de formulação e
implementação da estratégia pelos responsáveis no processo.
2º passo - O que deve ser feito? - para garantir que a situação de cada elemento evolua
favoravelmente ou que o conflito seja minimizado (fatores-chave).
3º passo - Em que nível da ‘hierarquia política' a ação deve ser desenvolvida?
Legenda
A1 Coordenação entre as funções e negócios A2 Relacionamento entre áreas organizacionais A5 Habilidade de liderança A6 Gerenciar mudanças B8 Diálogo vertical e horizontal B9 Comunicação da estratégia para a força de
trabalho C10 Envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento C11 Gerentes acreditam que a implementação é
responsabilidade dos ‘executores’ C12 Entendimento da estratégia e sua
implementação pela força de trabalho D13 Sincronizar o pensamento estratégico com
desdobramento no curto prazo D14 Distinção entre estratégico e tático D15 Diferenciar as estratégias mais importantes
para implementar.
MODELO PARA ALINHAR A FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA
ESTRATÉGIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
IES MANTÉM-SE COMPETITIVAS E PROSPERAM
140
Os níveis da ‘hierarquia política’ são ilustrados por Loveridge (2009, p. 60) e interpretados da
seguinte forma:
No nível do ‘planejamento de políticas’ consideram-se os valores e normas organizacionais
para definição da política a qual servirá de subsídio para elaboração do planejamento
estratégico. No nível do ‘planejamento estratégico’ implementam-se os objetivos estratégicos
com foco nos recursos disponíveis. E, no nível do ‘planejamento tático’ encontram-se
detalhados a alocação dos recursos para a gestão do dia-a-dia da implementação das
estratégias. No entanto, segundo Loveridge (2009, p.62) ‘o gap entre a formulação da política
e sua implementação é imensa e muitas vezes contraditória’, corrorando com os baixos
índices de implementação registrados ao longo do tempo sobre o tema, citados, por exemplo,
nas pesquisas de Kaplan e Norton (2008), Jooste e Fourie (2009), Lacerda (2009), Lacerda e
Caulliraux (2010) e Rose e Cray (2013).
Em seguida, desdobram-se os três passos para utilização do modelo, apresentados nos
Quadros abaixo:
1º passo: Como gerenciar cada elemento
A1 Como a ‘coordenação entre as funções e negócios’ deve ser gerenciada em situações de
ineficiência?
A2 Como o ‘relacionamento entre áreas organizacionais’ deve ser gerenciado para apoiar a formulação
e implementação da estratégia nas diferentes áreas organizacionais e níveis de gestão?
A5 Como a ‘liderança’ deve gerenciar uma equipe de forma a motivar e envolver as pessoas em todo
processo estratégico?
A6 Como ‘gerenciar mudanças’ em um ambiente altamente dinâmico em que as IES evoluem?
B8/B9 Como o ‘diálogo vertical e horizontal’ e a ‘comunicação da estratégia para a força de trabalho’
devem ser gerenciadas em situações comprometedoras? Ou seja, se a gestão não está aberta a
discussões e a comunicação é ineficaz.
C10 Como o ‘envolvimento dos responsáveis pela implementação no planejamento’ deve ser gerenciado
quando os responsáveis não estão envolvidos?
C12 Como o ‘entendimento da estratégia e sua implementação pela força de trabalho’ deve ser
gerenciado para permitir a implementação da estratégia?
D13 Como o ‘pensamento estratégico com o desdobramento no curto prazo’ deve ser gerenciado para
permitir a formulação da estratégia?
D14 Como a ‘distinção entre o estratégico e o tático’ deve ser gerenciada para permitir a formulação da
estratégia?
D15 Como as ‘estratégias mais importantes para implementar’ devem ser gerenciadas para permitir a
priorização e clareza no processo de formulação da estratégia e no seu processo de implementação?
Quadro 24. Primeiro passo para uso do modelo: como gerenciar cada elemento?
Fonte: Elaborado pela autora.
141
2º passo: O que deve ser feito?
A1 Desenvolver alta competência das pessoas.
A2 Criar estratégias de comunicação eficazes.
A5/A6 Estabelecer um programa de aprendizagem para desenvolver lideranças com alta competência,
conhecimentos e habilidades, considerando que a falta de competência da liderança gera uma
equipe ineficaz e incapacidade de gerenciar mudanças.
B8/B9 Estabelecer o diálogo e a comunicação da liderança com todos os níveis hierárquicos sobre a
estratégia a partir da cultura organizacional das IES.
C10 Fazer a conexão entre a formulação e implementação da estratégia, ou seja, envolver os
responsáveis pela implementação da estratégia também na fase do planejamento.
C12 Criar estratégias de comunicação eficazes, diálogo da liderança com todos os níveis hierárquicos e
estratégias claras.
D13 Estabelecer um programa de aprendizagem para desenvolver a alta competência das pessoas e
traduzir a estratégia em objetivos operacionais.
D14 Estabelecer um programa de aprendizagem para desenvolver a alta competência das pessoas e
desenvolver clareza no processo da estratégia.
D15 Estabelecer um programa de aprendizagem para desenvolver a alta competência dos líderes e
clareza no processo da estratégia.
Quadro 25. Segundo passo para uso do modelo: o que deve ser feito?
Fonte: Elaborado pela autora.
3º passo - Em que nível da ‘hierarquia política' a ação deve ser desenvolvida?
Fatores-chave (ação) Planejamento
de políticas
Planejamento
Estratégico Planejamento
Tático
A1 Desenvolver alta competência das pessoas. x
A2 Criar estratégias de comunicação eficazes. x
A5/A6 Programa de aprendizagem para desenvolver
lideranças com alta competência,
conhecimentos e habilidades.
x
B8/B9 Estabelecer diálogo e a comunicação da
liderança com todos os níveis hierárquicos. x
C10 Conexão entre formulação e implementação
da estratégia. x
C12 Criar estratégias de comunicação eficazes,
diálogo da liderança com todos os níveis
hierárquicos e estratégias claras.
x
D13 Programa de aprendizagem para desenvolver a
alta competência das pessoas e traduzir a
estratégia em objetivos operacionais.
x x
D14 Programa de aprendizagem para desenvolver a
alta competência das pessoas e desenvolver
clareza no processo da estratégia.
x
D15 Programa de aprendizagem para desenvolver a
alta competência dos líderes e clareza no
processo da estratégia.
x
Quadro 26. Terceiro passo para uso do modelo: fatores-chave e nível da ‘hierarquia política’
Fonte: Elaborado pela autora.
142
Ainda, segundo Loveridge (2009) no nível do ‘planejamento de políticas’ utiliza-se a palavra
‘deve’ (ought), no nível ‘planejamento estratégico’ a palavra utilizada é ‘pode’ (can) e no
‘planejamento tático’ a palavra é a ‘vontade’ (will) para implementação da estratégia.
Em síntese, o modelo propõe o uso do Método de Cenário para auxiliar na formulação e
implementação da estratégia corroborando os estudos de Fink, Siebe e Kuhle (2004) e Moritz,
Nuner e Pereira (2008), e o uso de ‘elementos internos’, ou seja, ‘fatores internos’ da estrutura
organizacional das IES. Adicionalmente, o modelo é desdobrado em três passos para sua
utilização: a) refletir sobre as questões estratégicas; b) refletir sobre ações necessárias em cada
elemento; e, c) mapear em que nível da estrutura hierárquica essa ação deve ser desenvolvida
a fim de facilitar o alinhamento entre a formulação e implementação da estratégia.
A fim de fazer uma análise crítica entre os modelos de implementação e alinhamento
selecionados e analisados por essa pesquisa (HAMBRICK e CANELLA, 1989; HREBINIAK,
2006; KAPLAN e NORTON, 2008) e o modelo proposto, apresenta-se no Quadro 27 as
principais características dos modelos de forma comparativa.
Características
Modelos
Hambrick
e Canella
(1989)
BSC de Kaplan
e Norton (1997;
2008)
Hrebiniak
(2006)
Heinzen
(2015)
Formulação e implementação como parte do
mesmo processo
x x
Formulação e implementação como etapas distintas x x
Interdependência entre formulação e
implementação
x x x x
Importância dada às análises do ambiente interno e
externo
x x x
Envolvimento de todos os níveis e áreas da
organização no processo estratégico
x x x x
Alinhamento estratégico como requisito para
implementação.
x x x x
Uso do Método de Cenário para auxiliar na
formulação e implementação da estratégia
x
Validação e uso de elementos que possibilitam
alinhar a formulação e implementação da estratégia
x
Validação de um elemento que impossibilida
alinhar a formulação e implementação da estratégia
x
Quadro 27. Principais características dos modelos
Fonte: Elaborado pela autora.
Assim, conforme Quadro 27 (Principais características dos modelos), os quatro modelos
apresentados compartilham três características em comum, são elas: interdependência entre
143
formulação e implementação, envolvimento de todos os níveis e áreas da organização no
processo estratégico e alinhamento estratégico como requisito para implementação,
características essas que auxiliam na eficácia da implementação da estratégia (HAMBRICK e
CANELLA, 1989; HREBINIAK, 2006; e KAPLAN e NORTON, 2008). Verifica-se também
que, tanto o modelo de Hambrick e Canella (1989) quanto o modelo proposto consideram que
a formulação e implementação fazem parte do mesmo processo, enquanto que o modelo de
Kaplan e Norton (1997, 2008) e Hrebiniak (2006) apresentam como etapas distintas, apesar de
acreditarem na interdependência entre a formulação e implementação. Quanto à importância
dada à análise de ambiente interno e externo, o modelo proposto por esta tese faz um adendo
(13ª etapa) considerando como os fatores externos podem influenciar os fatores internos do
modelo. Adicionalmente, destacam-se três características específicas do modelo proposto a
fim de contribuir para o alinhamento entre a formulação e implementação da estratégia nas
IES, são elas: o uso do Método de Cenário, a validação e uso de elementos que possibilitam
alinhar a formulação e implementação da estratégia e a validação e um elemento que
impossibilita alinhar a formulação e implementação da estratégia nas IES.
Assim, o modelo proposto avança e contribui com o estado da arte existente ao acrescentar
características que podem maximizar o alinhamento entre a formulação e implementação da
estratégia nas IES.
13ª etapa- fatores externos que podem influenciar o modelo - considerando que o modelo
proposto tem ênfase nos ‘fatores internos’, a Figura 30 apresenta uma extensão do modelo
proposto a fim de ilustrar como os ‘fatores externos’ podem influenciar o modelo.
144
Figura 30. Fatores externos que podem influenciar o modelo
Fonte: Elaborado pela autora.
Destaca-se que, os ‘fatores externos’ ilustrados na Figura acima foram citados pelos
especialistas na etapa de validação dos Cenários, conforme análise realizada nos Quadros 23 e
24 e podem influenciar os ‘fatores internos’ do modelo proposto, conforme abaixo:
Governo
De acordo com especialista 5, a ‘reeleição do atual governo e os cortes orçamentários do
início de 2015 atingiram a área da educação, sendo difícil considerar que melhore o
investimento às IES’, corroborando com o ‘Cenário de Realidade’ negativo apresentado para
o horizonte temporal 2018.
FATORES EXTERNOS QUE PODEM INFLUENCIAR O MODELO
Expansão das IES Entrada de
investidores
internacionai
Incentivos fiscais Investimentos em
recursos
Competitividade
Incerteza ambiental
Governo
Sociedade
145
O especialista 5 afirma ainda que, ‘os elementos irão ou não se tornar mais eficazes nas IES
dependendo das atitudes do governo federal que se iniciará em 2019’.
Adicionalmente, para o especialista 5, no horizonte temporal de 2026 ‘o Brasil tem grandes
chances de estar vivendo uma época de grande prosperidade econômica e social. Os esforços
dos diversos governos eleitos nesses próximos 12 anos na área da educação deverão,
finalmente, começar a dar bons resultados’. Assim, na visão do especialista 5, as chances de
ocorrer o ‘Cenário de Expectativa’ são muito grandes.
Competitividade
De acordo com especialista 3, ‘a expansão contínua das IES no Brasil e sua crescente
importância para a sociedade tem gerado maior competitividade entre elas e um maior uso de
ferramentas de gestão estratégica, tornando-as mais eficazes’. Assim, quanto maior o
ambiente competitivo das IES, maior será o uso de ferramentas de gestão estratégica, com o
objetivo de manterem-se competitivas e prosperarem. Adicionalmente, os estudos de Dooris,
Kelley e Trainer (2002), Meyer Junior e Mangolim (2006) e Calareso (2007) corroboram a
importância do uso de ferramentas de gestão estratégica para competitividade das IES.
Incerteza ambiental
Os especialistas concordam que a elevada incerteza ambiental presente nas IES dificulta o
entendimento de que a ‘estratégia pode ser tanto determinista como emergente’. Como
mencionado anteriormente, Getz, Jones e Loewe (2009) consideram a compreensão deste
elemento um desafio crítico para a implementação da estratégia. Assim, na percepção dos
especialistas, a elevada incerteza ambiental pode tornar ainda mais crítico à compreensão das
características presentes nas estratégias deterministas e emergentes das IES.
Entrada de investidores internacionais
Sob a ótica do especialista 1, a evolução e melhoria das IES deve-se ao ‘aumento da
competição e entrada de investidores internacionais’. Verifica-se que o aumento da
competição tem relação com a taxa de crescimento das IES no Brasil (INEP, 2011) e a entrada
de investidores internacionais (ROUSSELET e FARIA, 2013), o que obriga as IES evoluirem
a fim de manterem-se no atual mercado competitivo, corroborando a afirmação do especialista
1.
146
Adicionalmente, entende-se que a evolução e melhoria das IES estão relacionadas com o uso
do modelo proposto, o qual tem como objetivo alinhar a formulação e implementação da
estratégia em IES.
Investimento em recursos e incentivos fiscais
Segundo especialista 5 ‘mesmo com algum aumento de recursos e incentivos fiscais para a
educação, não devemos supor que haverá uma redução significativa de ‘conflitos de
prioridades’ para a formulação e implementação de estratégias’. No entanto, na visão do
especialista 2, a competição por recursos poderá fazer com que as IES se esforcem mais para
implementar suas estratégias.
Ainda, sob a ótica do especialista 5, no período temporal de 2022 ‘o país estará desfrutando
ao máximo do chamado ‘Bônus Demográfico’, com menos crianças nas escolas de primeiro
grau e, portanto, com mais disponibilidade de recursos da área de educação para as IES’.
Adicionalmente, haverá maior investimento em treinamento e capacitação nos diferentes
níveis de gestão, gerando melhorias nos ‘fatores internos’ do modelo proposto.
Expansão das IES & Sociedade
Os especialistas concordam que a expansão e importância das IES para sociedade têm levando
as IES a investir mais no processo da estratégia, gerando melhorias nos elementos do modelo.
Adicionalmente, o especialista 3, também afirma que ‘a expansão contínua das IES no Brasil
e sua crescente importância para a sociedade tem gerado maior competitividade entre elas e
um maior uso de ferramentas de gestão estratégica, tornando-as mais eficazes’, corroborando
novamente os dados do Inep (2011) e os estudos de Dooris, Kelley e Trainer (2002), Meyer
Junior e Mangolim (2006) e Calareso (2007) quanto a importância e crescimento das
ferramentas de gestão estratégica nas IES.
Em síntese, durante o processo de análise e validação dos Cenários, os especialistas
acrescentaram ‘fatores externos’ que podem influenciar os ‘fatores internos’ do modelo
proposto, sendo construída uma extensão do modelo (Figura 30) a fim de ilustrar a
contribuição dos especialistas e mostrar a importância da análise do ambiente externo e como
ele pode impactar no ambiente interno das IES.
147
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta tese teve o propósito de contribuir teoricamente com o gap existente entre formulação e
implementação da estratégia e para compreensão das dificuldades de implementação da
estratégia, considerando a escassez de pesquisas relativas à problemática de implementação
da estratégia nas organizações de forma geral, e nas IES em específico
(HUTZSCHENREUTER e KLEINDIENST; 2006; ATKINSON, 2006; e LACERDA; 2009).
Diante disso, o objetivo desta tese foi propor um ‘modelo para alinhar a formulação e
implementação da estratégia em Instituições de Ensino Superior, através dos principais
elementos que possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia.
A seguir, descrevem-se as principais conclusões a partir dos objetivos que guiaram esta
pesquisa, em seguida, apresentam-se as limitações e sugestões para estudos futuros.
O primeiro objetivo específico da pesquisa tratou de identificar os principais obstáculos e
fatores-chave que envolvem a formulação e implementação da estratégia a partir da revisão da
literatura. Apoiou-se então, em trabalhos teóricos e empíricos, clássicos e contemporâneos,
que versam sobre a formulação e implementação da estratégia, a fim de fornecer maior
consistência na identificação dos principais obstáculos e fatores-chave, apresentados nos
Quadro 5 (Obstáculos para implementação eficaz da estratégia) e Quadro 6 (Fatores-chave
para implementação da estratégia). Assim, o resultado desse objetivo emerge em sua
totalidade da fundamentação teórica desta pesquisa.
A partir desse levantamento, foi realizada uma análise e agrupamento dos obstáculos e
fatores-chave com um grupo de especialistas da Universidade de Manchester.
Adicionalmente, esse grupo realizou a seleção dos obstáculos por grupos de afinidade,
excluindo-se os fatores-chave, por acreditar que esses já constituem elementos que
possibilitam a formulação e implementação da estratégia, enquanto que os obstáculos tem
foco nas dificuldades, e a partir do momento que eles se tornam mais positivo, eles podem,
então, possibilitar ou impossibilitar o alinhamento estratégico. Destaca-se que essa etapa faz
uma contribuição teórica acerca do tema a partir do momento que ela agrupa os obstáculos e
fatores-chave e seleciona os obstáculos por grupos de afinidade.
A próxima etapa foi fazer uma análise dos obstáculos a fim de torná-los mais positivos e
caracterizá-los como elementos que podem possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e
implementação da estratégia, resultando na construção do Diagrama de Venn, o qual ilustra os
grupos de elementos e intersecções formadas, atendendo o segundo objetivo específico desta
148
pesquisa. Assim, essa etapa transforma os obstáculos em elementos e cria uma estrutura
preliminar do Diagrama de Venn, iniciando aqui a contribuição da pesquisa.
E para validar os ‘elementos-chave’ para a formulação e implementação da estratégia,
ilustrados no Diagrama de Venn, foi formatado questionário (Apêndice I) com o objetivo de
verificar se a descrição dos elementos era apropriada e verificar se esses elementos
possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia, na percepção
dos especialistas do Brasil e exterior. Por meio da análise multivariada, realizou-se uma
análise por ‘grupo de elementos’ a fim de verificar a semelhança das opiniões dos
especialistas quanto à ‘concordância’ com a descrição dos elementos e se os mesmos
possibilitam e/ou impossibilitam a formulação e implementação da estratégia. Os resultados
mostraram que cada ‘grupo de elementos’ apresentou dois conjuntos de especialistas com
integrantes do Brasil e exterior com opiniões semelhantes entre si. Destaca-se que, em geral,
houve semelhança nas opiniões dos especialistas em todos os grupos apresentados, com
exceção de um especialista do Brasil (B3) o qual se apresenta distante da opinião da maioria.
Os resultados dessa análise, também mostram que todos os elementos, com exceção do
elemento C11 - gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos ‘executores’,
obtiveram um percentual acima de 70% de ‘concordância’, ou seja, a maioria dos especialistas
acredita que a descrição proposta está de acordo com o elemento. Registra-se que o percentual
de ‘discordância’ sobre os elementos foram apenas quanto à adequação da descrição dos
mesmos, sendo revisados de acordo com as sugestões, validando-se assim os elementos
propostos e atendendo o terceiro objetivo específico desta pesquisa. Quanto à questão, se o
elemento ‘possibilita e/ou impossibilita’ a formulação e implementação da estratégia,
verificou-se que a maioria dos elementos listados obteve um percentual maior na opção
‘possibilita’, com exceção dos elementos A3 - conflito de prioridades, C11 - gerentes
acreditam que a implementação é de responsabilidade dos ‘executores’, e D16 – a estratégia
pode ser tanto determinista como emergente. Ressalta-se que a descrição desses elementos foi
desenvolvida pela pesquisadora a partir de pesquisas teóricas e sua percepção acerca do
assunto e validados pelos especialistas através da survey, gerando um conhecimento novo e
parte relevante da contribuição desta pesquisa.
Para atender o quarto objetivo desta pesquisa, foram construídos e validados Cenários para
as IES a partir da validação do Diagrama de Venn o qual consolidou os elementos que podem
possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e implementação da estratégia. Foram descritos
‘Cenários de Realidade’ e ‘Cenários de Expectativa’ para três períodos (2018 – 2022 e 2026)
149
a partir do Método de Loveridge (2009), tendo como suporte a descrição dos elementos,
tabela base usada para a descrição dos Cenários (Apêndice V) e novamente a percepção e
intuição da pesquisadora.
Em seguida, foi enviado um ‘convite para validação dos Cenários’ para os especialistas da
área de estratégia e educação no Brasil. Nessa etapa, obtiveram-se cinco feedbacks de
especialistas que contribuíram novamente, fazendo comentários específicos e/ou comentários
gerais sobre a descrição dos Cenários, realizando-se uma análise dos Cenários por período. Os
resultados desta etapa validam os Cenários e mostram a probabilidade de ocorrer o ‘Cenário
de Expectativa’ até o período temporal de 2026, em que emergirá nas IES um ‘modelo claro,
dominante e abrangente de formulação e implementação da estratégia’, proposto por esta
pesquisa.
Dessa forma, os resultados anteriores deram subsídio para proposição do modelo para alinhar
a formulação e implementação da estratégia, o qual atende o último objetivo específico e o
objetivo geral desta pesquisa.
O modelo foi construído a partir da estrutura do Diagrama de Venn, o qual foi elaborado e
validado nas etapas anteriores desta pesquisa, sendo utilizados apenas os principais elementos
que possibilitam a formulação e implementação da estratégia e um elemento que impossibilita
(C11 - gerentes acreditam que a implementação é responsabilidade dos ‘executores’), de
acordo com o resultado da survey (percentual acima de 60% de concordância). Destaca-se
assim que esses elementos validados no modelo são importantes ao orientar os gestores a
refletir ações necessárias durante o processo estratégico acerca dos elementos que auxiliam no
alinhamento entre formulação e implementação da estratégia. Adicionalmente, a validação de
um elemento que impossibilita a implementação da estratégia é tão importante quanto os
demais, uma vez que os gestores também terão o conhecimento do que não deve ser feito a
fim de maximizar a eficácia da implementação da estratégia.
Considerando que o modelo propõe o uso de ‘elementos internos’ da estrutura organizacional
das IES, construiu-se uma extensão do modelo proposto a partir da contribuição dos
especialistas que participaram da etapa de validação dos Cenários, a fim de ilustrar como os
‘fatores externos’ podem influenciar esses elementos e comprometer o alinhamento
estratégico.
Destaca-se, ainda, o uso do Método de Cenário como ‘input’ para construir o modelo
proposto, corroborando sua importância para gestão estratégica. Adicionalmente, o modelo
150
prevê o uso do Método de Cenário a fim de apoiar o processo de alinhamento entre a
formulação e implementação da estratégia, corroborando os estudos de Fink, Siebe e Kuhle
(2004) e Moritz, Nuner e Pereira (2008) quando expõem que o uso de Cenários pode apoiar
tanto o processo de formulação quanto implementação da estratégia. De acordo com a análise
dos Métodos de Cenários apresentados nesta tese, todos compartilham características em
comum, e, pelo menos, três fases/etapas são comuns para todos os métodos, corroborando
Godet et al. (2000) quando expõem que não há muitas diferenças nas etapas/passos nos
Métodos de Cenários apresentados na literatura. Adicionalmente, Loveridge (2009) afirma
que é difícil argumentar por qualquer método em particular, sendo que a principal diferença
entre os autores é a ênfase dada a cada etapa do processo. Assim, as IES podem optar por um
método que melhor se adapte a sua realidade e fazer uso durante o processo de formulação e
implementação da estratégia.
Em síntese, comparando o modelo proposto com os modelos de alinhamento e implementação
selecionados e detalhados nesta tese (HAMBRICK e CANELLA, 1989; HREBINIAK, 2006;
e KAPLAN e NORTON, 2008), pode-se destacar três características específicas do modelo
proposto que contribuem para o alinhamento entre a formulação e implementação da
estratégia nas IES, são elas: o uso do Método de Cenário, a validação e uso de elementos que
possibilitam alinhar a formulação e implementação da estratégia e a validação e um elemento
que impossibilita alinhar a formulação e implementação da estratégia nas IES.
Diante disso, entende-se que esta pesquisa contribuiu para o conhecimento do processo de
formulação e implementação da estratégia das organizações de uma forma geral, e para as IES
em específico, a partir da proposição do modelo, o qual avança e contribui com o estado da
arte existente, a partir do mapeamento e validação de elementos que contribuem ou não para
alinhar a formulação e implementação da estratégia nas IES, sendo considerado um relevante
instrumento para o processo estratégico e a gestão da incerteza na tomada de decisão das IES.
Destaca-se ainda, como contribuição teórica, a metodologia adotada, a qual combinou os
métodos ‘Systems Thinking’, Teoria dos Conjuntos e Diagrama de Venn, para proposição do
modelo. Adicionalmente, o Método de Cenário combinado com ‘Systems Thinking’ deu
suporte para Construção dos Cenários, demonstrando seu caráter de originalidade e avanços
metodológicos, contribuindo ainda, de forma efetiva para integração desses conceitos e
metodologias.
Em síntese, o conjunto de resultados obtidos permitiu dar resposta à pergunta de pesquisa
inicial, afirmando que os métodos de análise do futuro podem contribuir para alinhar a
151
formulação e implementação da estratégia nas IES e afirmar que a proposição do modelo
atende os objetivos definidos nesta pesquisa, levando em consideração a análise teórica, a
realização da survey e participação dos especialistas na validação dos elementos representados
no Diagrama de Venn e análise dos Cenários.
As principais limitações desta pesquisa estão relacionadas à questão metodológica. Uma delas
diz respeito ao tamanho reduzido da amostra survey, levando em consideração a
internacionalização da pesquisa e a dificuldade de retornos em função da falta de proximidade
do pesquisador com os especialistas da área. Outra questão foi à dificuldade de selecionar
especialistas com conhecimento e domínio em todos os temas envolvidos nesta pesquisa. No
entanto, segundo Pinsonneault e Kraemer (1993), considerando o propósito exploratório, o
tamanho da amostra deve ser suficiente para incluir uma gama de fenômenos de interesse a
fim de atingir o objetivo determinado, não havendo assim uma amostra ideal. Outra limitação
diz respeito à falta de aplicação do modelo proposto em uma IES, levando em consideração o
fator ‘tempo’. Justifica-se que seria necessário capacitar as pessoas envolvidas e aplicar o
modelo durante o processo de planejamento estratégico, o que demandaria, pelo menos, um
ano para esta atividade.
Decorrente destas limitações, para estudos futuros, sugere-se aplicar o modelo em uma IES no
Brasil a fim de fazer os ajustes necessários e validá-lo empiricamente. Além disso, o modelo
poderia ser avaliado, ajustado e replicado para organizações em geral, levando em
consideração o gap entre formulação e implementação da estratégia ser uma problemática das
organizações em geral.
Outra sugestão é validar os Cenários com especialistas de IES no exterior e fazer a proposição
de um modelo para IES do exterior. A partir disso é possível fazer a comparação dos modelos
proposto no Brasil e exterior.
152
REFERÊNCIAS
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161
APÊNDICE I –Convite para o questionário
Prezado Sr.(a),
Sou doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade
do Vale do Itajaí em Santa Catarina (Univali) e estou na fase de desenvolvimento da minha
tese. Por essa razão, venho por meio desta, solicitar sua colaboração para realização dessa
pesquisa. Você está sendo convidado em função de seu conhecimento sobre ‘Estudos Futuros
em Instituições de Ensino Superior’ e ‘Formulação e Implementação da Estratégia’ conforme
leitura prévia de sua contribuição acadêmica e profissional nessa área.
O objetivo desta pesquisa é propor um modelo para maximizar o alinhamento entre
formulação e implementação da estratégia em Instituições de Ensino Superior (IES).
O gap entre formulação e implementação da estratégia é evidenciado nos baixos índices de
implementação da estratégia registrados em relatos de pesquisas ao longo dos anos. Assim, a
questão de pesquisa foi formulada a partir do gap identificado, ou seja, ‘quais os principais
elementos para formulação e implementação da estratégia que podem contribuir para
maximizar o alinhamento entre a formulação e implementação da estratégia nas IES'?
Assim, esse questionário apresenta os ‘elementos’ para a formulação e implementação da
estratégia com uma breve descrição de cada elemento. Por meio deste, solicitamos sua opinião
em duas questões: você concorda com a descrição do elemento mencionado? Você acredita
que esse elemento possibilita e/ou impossibilita a formulação e implementação da estratégia
nas IES?
A seguinte programação está prevista:
29/07/2014 Enviar o questionário;
08/08/2014 Prazo para retorno do questionário;
28/08/2014 Enviar a análise dos feedbacks dos questionários e revisão do questionário, se
necessário;
11/09/2014 Workshop com especialistas em planejamento estratégico das IES para validar os
Cenários;
30/09/2014 Enviar resultado final da pesquisa.
Muito obrigada pela sua contribuição! Ressalta-se que todas as respostas serão mantidas em
sigilo, incluindo a identidade dos participantes e que as informações serão utilizadas apenas
para fins deste estudo.
Atenciosamente,
Daiane Aparecida de Melo Heinzen
162
Informações para o preenchimento do Questionário
Em primeiro lugar, será apresentada uma explicação e ilustração do Diagrama de Venn para
ajudar os especialistas entenderem o modelo proposto.
Em seguida, este questionário é composto por dezessete ‘Elementos do Conjunto’ que
‘podem’ contribuir para o alinhamento da formulação e implementação da estratégia e uma
breve ‘descrição sobre o que cada elemento está preocupado’.
Na questão ‘a descrição é apropriada para o elemento’ você deverá optar por uma das duas
opções, se você ‘concorda’ ou ‘discorda’ com a descrição proposta para o elemento.
Na questão ‘o elemento possibilita e/ou impossibilita a formulação e implementação da
estratégia’ você deverá escolher uma das três opções: possibilita, impossibilita ou ambos
(como os elementos podem possibilitar e/ou impossibilitar a formulação e implementação da
estratégia, foi incluída a opção 'ambos').
Solicito-lhe também a gentileza de registrar seu comentário sobre a relevância dos elementos
para a formulação e implementação da estratégia nas IES e/ou sugerir novos elementos para
os grupos.
Por fim, destaca-se que os dezessete elementos serão apresentados por grupos, conforme
estrutura do Diagrama de Venn (A, B, C, D & E) e suas intersecções e serão apresentados nas
próximas OITO telas desse questionário, sendo OBRIGATÓRIA uma resposta por linha para
continuidade do questionário.
O tempo médio para responder o questionário é de 15minutos.
Explicação do Diagrama de Venn
O modelo proposto para alinhar a formulação e implementação da estratégia em Instituições
de Ensino Superior (IES) utiliza a Teoria dos Conjuntos, em combinação com ‘Systems
Thinking’ para permitir uma compreensão do sistema em análise identificando os principais
conjuntos de elementos para a formulação e implementação da estratégia.
'Systems Thinking’ permite uma compreensão intuitiva do processo a fim de identificar os
principais conjuntos de elementos para a formulação e implementação da estratégia.
Teoria dos Conjuntos considera uma coleção de 'coisas' que geralmente são representadas
com letras maiúsculas. Já um subconjunto é um conjunto composto por alguns ou todos os
‘membros’ de um conjunto.
Teoria dos Conjuntos tem sua própria linguagem. Por exemplo, 'um conjunto é representado
dentro de chaves {...}; o símbolo ε na frente de um elemento do conjunto significa que aquele
elemento é ‘um membro do’ conjunto definido.
Atualmente, a Teoria dos Conjuntos está ajudando a gerar / ilustrar o Diagrama de Venn a
partir dos ‘principais elementos para a formulação e implementação da estratégia de uma
instituição’, que serão consolidados em um modelo que tem como objetivo maximizar esse
alinhamento entre a formulação e implementação da estratégia nas IES.
O Diagrama de Venn (Figura abaixo) representa uma situação complexa em que quatro
conjuntos estão interagindo ao mesmo tempo, {A, B, C e D} e tem outro elemento, {E}, do
lado de fora. Alguns elementos encontram-se dentro das intersecções. Cada um dos elementos
(1-17) pode ser descrito intuitivamente.
163
Ressalta-se que cada intersecção tem uma importância especial e será examinada para
compreensão e explicação de seu significado. Após a conclusão desse levantamento e análise
das respostas, o Diagrama de Venn será revisado e, em seguida serão construídos Cenários a
partir dele.
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APÊNDICE II – Convite para validação dos Cenários
Prezado Sr. (a),
Sou doutoranda do programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade
do Vale do Itajaí em Santa Catarina (Univali) e estou na última fase de desenvolvimento da
minha tese – Construção de Cenários.
O objetivo desta pesquisa é propor um modelo para maximizar o alinhamento entre
formulação e implementação da estratégia em Instituições de Ensino Superior (IES).
Gostaria de lembrá-lo que você já participou da primeira fase desta pesquisa - survey aplicada
a especialistas da área - que apresentou os elementos para a formulação e implementação da
estratégia com uma breve descrição de cada elemento, dando sua opinião em duas questões, se
você concordava com a descrição e se o elemento possibilitava e / ou impossibilitava a
formulação e implementação da estratégia nas IES.
É importante dizer que de acordo com a análise dos feedbacks dos questionários a maioria dos
especialistas acredita que a descrição proposta está de acordo com o elemento e que a maioria
dos elementos listados ‘possibilitam’ a formulação e implementação da estratégia. No entanto,
as contribuições dos entrevistados geraram a revisão da descrição de oito elementos e revisão
do nome de dois elementos, agregando conhecimento e validando os dezessete elementos
inicialmente propostos no Diagrama de Venn (Anexo I e II).
Também é importante dizer que os Cenários foram construídos a partir da validação dos
elementos apresentados no Diagrama de Venn (resultado da pesquisa survey). Assim, foram
descritos ‘Cenários de Realidade’ e ‘Cenários de Expectativa’ para três períodos (2018 - 2022
- 2026), com base na descrição e características dos elementos e ‘percepção’ do pesquisador,
conforme apresentados a seguir.
Assim, como você já participou da primeira fase desta pesquisa e tem conhecimento em
planejamento estratégico em IES, gostaria de contar com sua colaboração novamente,
comentando sobre a descrição dos Cenários apresentados a seguir, a fim de validá-los.
Muito obrigada pela sua contribuição! Ressalta-se que toda a contribuição será mantida em
sigilo, incluindo a identidade dos participantes e que as informações serão utilizadas apenas
para fins deste estudo. Adicionalmente, o resultado final dessa pesquisa será lhe enviado após
análises.
Atenciosamente,
Daiane Aparecida de Melo Heinzen
174
APÊNDICE III – Carta do Coorientador de Manchester/UK - Denis Loveridge
175
APÊNDICE IV - Análise das contribuições dos especialistas por elemento (survey)
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
A1 Coordenação entre
as funções e
negócios
Significa coordenar e planejar as
atividades de formulação e
implementação da estratégia em
cada função estratégica e de
negócio.
B7. Parece que existe um problema de tautologia, pois
elemento está ligado ao ‘planejamento’ de atividades, ou seja,
está se falando de um item do planejamento, que ‘planeja’.
B9. Concordo com a relevância do elemento.
B11. Não está claro como a pesquisa define 'funções' e
'negócios' O que difere uma função estratégica de uma função de negócio,
uma não é sub-conjunto da outra?
E5: Sugestão da descrição: ‘Significa coordenar a formulação e
implementação de estratégias ENTRE as várias funções e áreas
de negócio de uma organização’.
Excluiu-se a palavra ‘planejar’ e
‘função estratégica’ em função da
redundância apresentada e utilizou-se a
sugestão do especialista E5 que tornou
mais clara a descrição do elemento.
Descrição final: Significa coordenar a
formulação e implementação de
estratégias entre as várias funções e
áreas de negócio de uma organização.
A2 Relacionamento
entre áreas
organizacionais
Comunicação em diferentes áreas
organizacionais e níveis de gestão
sobre a formulação e
implementação da estratégia.
B9. Concordo com a relevância do elemento.
B11. Relacionamento não é sinônimo de comunicação.
Relacionar significa que existe diálogo e acordo. Já comunicar
pode ser top-down sem necessariamente envolver diálogo ou
interesse em compreender distintos pontos de vistas’.
E5. 'Relacionamentos' vão além das simples 'comunicações'. A
definição deveria incluir o estabelecimento e gestão de
protocolos comuns (que incluem comunicação) e
procedimentos de apoio à implementação da estratégia de uma
organização, relacionados a um plano de ação. Se o foco é
APENAS a comunicação, então ele pode não ter um grande
impacto na implementação da estratégia.
Dois especialistas tiveram a mesma
visão que o ‘relacionamento entre
áreas’ envolve outros fatores além da
comunicação. Assim, o elemento foi
reescrito da seguinte forma:
Descrição final: Gerenciar e dar
suporte à formulação e implementação
da estratégia nas diferentes áreas
organizacionais e níveis de gestão.
A3 Conflito de
prioridades Competitividade entre as áreas
organizacionais e de gestão para
priorização de recursos
organizacionais disponíveis para a
B5. Concordo com as possibilidades que o elemento dispõe.
Contudo, não vejo em que a implementação do elemento deva
fomentar a competitividade entre as áreas.
Quatro especialistas acreditam que
‘conflito’ não está relacionado com
‘competitividade’. Dessa forma,
utilizou-se o termo ‘competição’
176
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
formulação e implementação da
estratégia.
B7. Sobre conflito de prioridades, não está correto o termo
competitividade. Deveria ser competição. Competitividade está
relacionada à Vantagem Competitiva Sustentável - VCS, o que
não é o caso aqui.
B9. Concordo com a relevância do elemento.
B10. Uma IES como uma empresa prestadora de serviços
profissionais sempre terá um conflito entre os diferentes
profissionais (professores e gestores).
B11. Conflito e competitividade não são sinônimos. Pode haver
competitividade que leve a busca por excelência e de pontos de
consenso. Já conflito necessariamente envolve falta de
consenso e deve ser solucionado.
E9. Conflito e competitividade não são necessariamente
sinônimos.
levando em consideração o comentário
do especialista B7.
Descrição final: Competição entre as
áreas organizacionais e de gestão para
priorização de recursos organizacionais
disponíveis para a formulação e
implementação da estratégia.
A4 Gestão Gestão significa a coordenação e
planejamento das atividades de
formulação e implementação da
estratégia para alcançar os
objetivos definidos.
B7. Problema de tautologia.
B11. Sugestão da descrição: inverter a ordem na frase - colocar
primeiro o planejamento e depois a coordenação.
E3. Gestão é mais do que apenas a construção de estratégias.
Inverteu-se a ordem da frase de acordo
com a sugestão do especialista B11 por
entender que o planejamento é mais
amplo que a coordenação e excluiu-se
a palavra ‘atividade’ deixando a
descrição mais clara.
Descrição final: Gestão significa
planejar e coordenar a formulação e
implementação da estratégia para
alcançar os objetivos definidos.
A5 Habilidade de
liderança Habilidade de liderança para a
formulação e implementação da
estratégia significa ter elevado
conhecimento, competência e
treinamento sobre todos os
processos estratégicos.
B5. Penso que o item 5 carece de mais atribuições, pois
habilidade de liderança requer, também, experiência com o
relacionamento com pessoas, o que vai além de treinamento e
elevado conhecimento, bem como postura pró-ativa.
B6. Liderança pressupõe competência e habilidade de articular
Todos os comentários foram em função
de adicionar características ao
elemento, sendo considerados
pertinentes. Assim, o elemento foi
reescrito ampliando as atribuições
consideradas relevantes.
177
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
e gerenciar pessoas.
B9. Habilidade da Liderança é o elemento fundamental para
formulação e implementação da estratégia.
B11. Além de conhecimento, competência e treinamento,
liderança significa também ser capaz de gerar uma energia
positiva em uma equipe em uma direção comum, além do
desenvolvimento de futuros líderes.
E5: Liderança não requer alto conhecimento e competência em
todos os processos da estratégia. Ela exige uma compreensão
dos elementos-chave da estratégia de forma a motivar /
envolver aqueles com alto conhecimento e competência para
implementar a estratégia.
Descrição final: Habilidade de
liderança para a formulação e
implementação da estratégia significa
ter conhecimento, competência e
habilidade para gerenciar uma equipe e
compreender os elementos-chave da
estratégia de forma a motivar e
envolver pessoas em todo processo
estratégico.
A6 Gerenciar mudanças Gerenciar mudanças no processo
de formulação e implementação da
estratégia significa estar preparado
para adaptar-se às flutuações do
ambiente organizacional sendo
flexível e dinâmico.
B11. Concordo com o exposto. Acrescentaria, talvez como um
novo elemento, que essa capacidade de adaptação está atrelada,
também, à capacidade de antecipação à mudanças no ambiente
externo (e interno).
Manteve-se a descrição proposta
levando-se em consideração o
percentual de concordância dos
especialistas (90,9% de concordância).
Adicionalmente, não houve sugestões
de melhorias para análise.
B7 Desafio da
comunicação top-
down
Desafio na comunicação da
formulação e implementação da
estratégia para todos os níveis
organizacionais
B5. Concordo com o elemento.
B9. Grupo com elemento de maior desafio.
B11. Sugestão da descrição: ‘Desafio na comunicação da
estratégia definida e dos procedimentos para sua
implementação para todos os níveis organizacionais’.
Foi incorporada a sugestão do
especialista B11 levando-se em
consideração a coerência do mesmo, ou
seja, o foco da comunicação deve ser a
estratégia e como ela será
implementada.
Descrição final: Desafio na
comunicação da estratégia definida e
dos procedimentos para sua
implementação para todos os níveis
organizacionais.
B8 Comunicação Comunicação informal através do B5. Concordo com o elemento. O elemento foi revisado levando em
178
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
vertical diálogo com todos os níveis
hierárquicos sobre a formulação e
implementação da estratégia.
RB9. Grupo com elemento de maior desafio.
B11. Sugestão da descrição: mudar apenas a construção 'sobre
a' para 'acerca da'. No entanto, mais do que 'comunicação'
acredito que 'diálogo' ou 'participação' favoreça de forma mais
efetiva o alinhamento entre formulação e implementação.
Nesse caso, a definição do elemento poderia ser 'diálogo
vertical' e a descrição 'diálogo com todos os níveis hierárquicos
acerca da formulação e implementação da estratégia'.
B12. O processo de comunicação e envolvimento é essencial
no processo estratégico.
E5. A comunicação vertical também é 'formal', especialmente
quando novas regras, procedimentos e mudanças estão sendo
propostas/implementadas (por exemplo, comentários de
desenvolvimento de carreira).
E8. Quanto a coordenação/comunicação horizontal.
consideração a pertinência das
sugestões, ou seja, o diálogo pode ser
uma forma mais participativa para
disseminação da formulação e
implementação, tanto vertical quanto
horizontal. Adicionalmente, quando se
fala de comunicação, a mesma também
pode ser formal, o que não é o objetivo
aqui.
Descrição final: Diálogo com todos os
níveis hierárquicos acerca da
formulação e implementação da
estratégia.
Nome do elemento: Diálogo vertical e
horizontal
B9 Comunicação da
estratégia para a
força de trabalho
Desdobramento da estratégia em
termos operacionais e
sistematização de um canal de
comunicação entre a liderança e
todos os níveis hierárquicos sobre a
estratégia.
B5. Comunicação em todos os níveis proporcionando uma
liderança que atue em níveis diferentes de comunicação com
diversos sujeitos e em níveis culturais diferente num mesmo
âmbito de trabalho.
B9. A partir do momento que a estratégia é desdobrada em
termos operacionais e entendida pela força de trabalho, a
implementação terá êxito.
B11. Sugestão: mudar o nome do elemento para 'Comunicação
da estratégia e sua sistematização para a força de trabalho'.
E5. Sugestão: mudar o nome do elemento para: ‘Conformidade
operacionalização e execução da estratégia’ ou algo parecido.
O uso da força de trabalho no título do elemento dá a impressão
de que a estratégia é para 'planejamento da força de trabalho’,
enquanto o ‘planejamento da força de trabalho’ talvez seja um
dos muitos componentes da estratégia.
Manteve-se a descrição proposta
levando-se em consideração o
percentual de concordância dos
especialistas (90,9% de concordância).
Adicionalmente, as sugestões de
melhorias foram apenas para mudança
do nome do elemento, porém,
entendeu-se que o mesmo está
adequado ao seu propósito.
179
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
C10 Envolvimento dos
responsáveis pela
implementação no
planejamento
Envolver os responsáveis pela
implementação da estratégia
também na fase do planejamento.
Conexão entre a formulação e
implementação da estratégia.
E5. Sugestão: mudar o nome do elemento para ‘Envolvimento
dos implementadores da estratégia no planejamento da
estratégia’.
E8. Parece ser uma orientação/guia.
Manteve-se a descrição proposta
levando-se em consideração o
percentual de concordância dos
especialistas (90,9% de concordância).
Adicionalmente, verifica-se uma
sugestão de melhoria para mudança do
nome do elemento, porém, entendeu-se
que o mesmo está adequado ao seu
propósito.
C11 Gerentes acreditam
que a
implementação é
responsabilidade dos
‘executores’
Gerentes que não estão envolvidos
na fase de implementação da
estratégia acreditam que são
responsáveis apenas pela
formulação da estratégia
B5. A formulação de estratégias não pode ser uma atribuição
exclusiva de gerentes, mas uma atividade colaborativa,
efetivando potencialidades dos sujeitos envolvidos respeitando-
se as hierarquias, mas consolidando a busca do planejamento
estratégico, tendo como foco a totalidade do conjunto.
B12. Toda generalização é perigosa. Dizer que ‘Gerentes que
não estão envolvidos na fase de implementação da estratégia
acreditam que são responsáveis apenas pela formulação da
estratégia’ seria generalizar.
E5. Sugestão: mudar o nome do elemento para: ‘Separação de
quem planeja a estratégia com a realidade de implementação’.
E8. Parece ser uma proposta/sugestão.
Manteve-se a descrição do elemento,
levando-se em consideração que a
discordância do elemento (50%) foi
quanto à afirmação do mesmo e não
quanto à descrição. De acordo com os
comentários, não se deve generalizar o
elemento, ou seja, apesar de alguns
gerentes não estar envolvidos, não
significa que não haja gerentes
envolvidos. Adicionalmente, a
formulação não pode ser atribuição
exclusiva dos gerentes. Assim, se os
gerentes não estiverem envolvidos na
fase de implementação, como afirma o
elemento, o mesmo impossibilitará a
implementação da estratégia de acordo
com 50% dos especialistas.
C12 Entendimento da
estratégia e sua
implementação pela
força de trabalho
Significa que a estratégia foi
comunicada em todos os níveis
organizacionais e os trabalhadores
entendem a estratégia e o
significado de sua implementação
para a sua atividade organizacional.
B12. Há inúmeras formas de ‘entendimento’. Mesmo com todo
um trabalho de envolvimento e comunicação, fica difícil
afirmar que o entendimento seja comum.
E4. Elemento muito relevante.
Manteve-se a descrição proposta
levando-se em consideração o
percentual de concordância dos
especialistas (95,5% de concordância).
Quanto ao comentário B12, realmente
não há como afirmar que o
entendimento seja comum, porém, que
180
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
houve algum tipo de entendimento.
D13 Sincronizar o
pensamento
estratégico com foco
no curto prazo
Traduzir / desdobrar a estratégia
em objetivos operacionais (curto
prazo) e desenvolver um
planejamento operacional
sincronizado alinhado com a
estratégia.
B11. Sugestão: mudar o nome do elemento para: ‘Sincronizar o
pensamento estratégico com desdobramentos no curto prazo’. Manteve-se a descrição proposta
levando-se em consideração o
percentual de concordância dos
especialistas (95,5% de concordância).
Adicionalmente, não houve sugestões
de melhorias, apenas uma sugestão
para mudança do nome do elemento,
que se considerou pertinente. Assim, o
nome foi alterado de acordo com a
sugestão.
Nome do elemento: Sincronizar o
pensamento estratégico com
desdobramentos no curto prazo.
D14 Distinção entre
estratégico e tático Competência dos 'planejadores' e
clareza no processo de formulação
da estratégia para identificar entre
atividades estratégicas e táticas.
Não houve comentários. Manteve-se a descrição proposta
levando-se em consideração o
percentual de concordância dos
especialistas (86,4% de concordância).
Adicionalmente, não houve sugestões
de melhorias para análise.
D15 Diferenciar as
estratégias mais
importantes para
implementar
Competência dos ‘gestores’ para
priorização e clareza na formulação
da estratégia e processo de
implementação.
B11. Sugestão da descrição: Competência dos ‘gestores’ e
'executores' para priorização e clareza na formulação da
estratégia e no seu processo de implementação.
Apesar da descrição proposta obter um
percentual de concordância dos
especialistas de 90,9%, acrescentou-se
a sugestão proposta pelo especialista
B11 por entender que os ‘executores’
também participam do processo de
formulação da estratégia.
Descrição final: Competência dos
‘gestores’ e 'executores' para
priorização e clareza na formulação da
estratégia e no seu processo de
181
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
implementação.
D16 Estratégia pode ser
tanto determinista
como emergente
A estratégia emergente tem
características não estruturadas
para responder às incertezas do
ambiente, enquanto que a estratégia
determinista está enraizada em um
processo de planejamento formal.
B5. Descrição carece de melhor argumentação. O planejamento
formal pode resultar na solução adequada da estratégia
emergente.
B8. Redundante.
B11. Está mal formulada pois saber que a estratégia pode ser
determinista ou emergente não tem influência no alinhamento
entre formulação e implementação da estratégia. Agora
perguntar se uma estratégia emergente ao invés de uma
determinista tem impacto no alinhamento seria uma pergunta
bem mais pertinente.
B12. Muitas vezes a estratégia está determinada, mas não em
um planejamento formal.
E5. Acho que ao invés de ‘emergente’ você poderia usar
'evolução?!'. Talvez o uso de determinista não é tão útil aqui,
pois você esperaria ser contrastado com ‘estratégias
estocásticos?!
Apesar dos comentários dos
especialistas acerca da importância da
estratégia determinista para formulação
e implementação da estratégia, decidiu-
se por manter a proposta inicial,
levando-se em consideração que Getz,
Jones e Loewe (2009) consideram esse
elemento um desafio crítico para a
implementação da estratégia.
Adicionalmente, o elemento proposto
obteve um percentual de 77,3% de
concordância, o que é considerado um
percentual aceitável.
E17 Modelo claro,
dominante e
abrangente de
formulação e
implementação
'Modelo de formulação e
implementação da estratégia’ que
busca maximizar os elementos que
possibilitam o alinhamento e
minimizar os elementos que
impossibilitam o alinhamento,
dando suporte à complexidade do
sistema organizacional.
B5. É imprescindível um modelo claro e com linguagem
acessível a diferentes sujeitos.
B9. Modelo útil para o gerenciamento da estratégia das IES.
B12. Nenhum modelo, por mais complexo que possa parecer
consegue captar a dinâmica da realidade.
E8. Precisa mais informações sobre o que você quer dizer com
um ‘modelo claro’.
Autores como: Noble (1999b);
Okumus (2003); Hrebiniak (2006) e
Kaplan e Norton (2008) analisam que
um dos problemas de implementação é
justamente a inexistência de um
modelo claro, abrangente e dominante
de implementação. Adicionalmente,
Nadler e Tushman (1980) afirmam que
um modelo é um ‘mapa’ que pode ser
usado para dar sentido ao campo
organizacional. Nesse contexto,
concorda-se com o comentário do
especialista B12 acerca da inexistência
de um modelo dominante, porém, a
proposta do modelo é justamente servir
182
ELEMENTOS DESCRIÇÃO PROPOSTA COMENTÁRIOS/OPINIÕES/SUGESTÕES dos
especialistas
Análise das contribuições
(aprendizado)
de ‘mapa’ para maximizar o
alinhamento organizacional.
Acerca do questionamento do
especialista E8, modelo claro significa
um modelo compreensível e com uma
linguagem acessível para todos os
níveis da Instituição.
Dessa forma, manteve-se a descrição
do elemento proposto, o qual obteve
um percentual de 77,3% de
concordância, o que é considerado um
percentual aceitável.
*B1. Especialista do Brasil n1
*E1. Especialista do Exterior n1
COMENTÁRIOS GERAIS dos especialistas Análise das contribuições
E8. Precisa ser mais claro se está se falando de: uma IES;
parte de uma IES (faculdades, escolas etc); sistema de
uma IES incluindo instituições, faculdades, estudantes,
finanças, etc.
O foco desta tese são as Instituições
de Ensino Superior.
B12. Todos esses aspectos podem ajudar ou atrapalhar,
depende da forma como será conduzido.
Destaca-se que o papel do gestor é
fundamental na condução dos
elementos para maximizar a eficácia
dos mesmos.
183
APÊNDICE V – Tabelas base usadas para a descrição dos Cenários
Principais grupos /
Intersecções
Número
dos
elementos
Possibilita Impossibilita Ambos Possibilita Impossibilita Ambos
Individual Intersecções
Grupo A
A1 x
A2 x
A3 x
Grupo A & B
A4 x
A5 x
A6 x
Grupo B & C
B7 x
B8 x
Grupo B & C & D B9 x
Grupo C C10 x
C11 x
Grupo C & D C12 x
Grupo D
D13 x
D14 x
D15 x
D16 x
Grupo E E17 x
Tabela base usada para a descrição dos Cenários em 2018
Principais grupos /
Intersecções
Número
dos
elementos
Possibilita Impossibilita Ambos Possibilita Impossibilita Ambos
Individual Intersecções
Grupo A
A1 x
A2 x
A3 x
Grupo A & B
A4 x
A5 x
A6 x
Grupo B & C
B7 x
B8 x
Grupo B & C & D B9 x
Grupo C C10 x
C11 x
184
Principais grupos /
Intersecções
Número
dos
elementos
Possibilita Impossibilita Ambos Possibilita Impossibilita Ambos
Individual Intersecções
Grupo C & D C12 x
Grupo D
D13 x
D14 x
D15 x
D16 x
Grupo E E17 x
Tabela base usada para a descrição dos Cenários em 2022
Principais grupos /
Intersecções
Número
dos
elementos
Possibilita Impossibilita Ambos Possibilita Impossibilita Ambos
Individual Intersecções
Grupo A
A1 x
A2 x
A3 x
Grupo A & B
A4 x
A5 x
A6 x
Grupo B & C
B7 x
B8 x
Grupo B & C & D B9 x
Grupo C C10 x
C11 x
Grupo C & D C12 x
Grupo D
D13 x
D14 x
D15
D16 x
Grupo E E17 x
Tabela base usada para a descrição dos Cenários em 2026
185
APÊNDICE VI – Transcrição das contribuições dos especialistas - específicas por
elemento e gerais
Descrição do Cenário CENÁRIO DE REALIDADE
Comentários específicos
Per
íod
o f
ina
l 2
01
8
A1. Atualmente, as IES apresentam ineficiência na
‘coordenação entre as funções e negócios’ levando
em consideração a existência da rivalidade entre as
áreas.
R4. Concordo. A rivalidade entre as áreas torna
ineficiente o trabalho impossibilitando de se
alcançar os objetivos propostos para um
planejamento de longo prazo.
A2. As IES também têm apresentado dificuldades
no ‘relacionamento entre áreas organizacionais’
em função do ‘poder’ dos gerentes e da falta de
comunicação entre as áreas que também pode ser
resultado da ineficiência na coordenação entre as
funções e negócios. Outra razão da dificuldade no
‘relacionamento entre áreas organizacionais’ é que
a formulação e implementação da estratégia não
tem o mesmo suporte nas diferentes áreas e níveis
organizacionais de gestão.
R4. O ‘poder’ dos gerentes pode ser a falta de
capacidade de liderança, onde também se pode
encontrar a falta de formação para atuar como um
gerente que consegue lidar com conflitos e com
pessoas de diferentes opiniões.
Concordo com a segunda parte onde a falta de
suporte para todas as áreas de uma IES.
A3. Adicionalmente, a falta de clareza e a
rivalidade na coordenação geram ‘conflito de
prioridades’. Destaca-se também, que a falta de
relacionamento entre as áreas organizacionais gera
competitividade na coordenação levando em
consideração que cada área quer ser melhor que a
outra, impossibilitando assim a formulação e
implementação da estratégia
R2. Isso é próprio das IES. Sem solução nesse
prazo.
A4. Adicionalmente, verifica-se que a ‘gestão’ nas
IES é ineficiente pela falta de cooperação da
liderança e a partir dos registros das baixas taxas de
implementação da estratégia.
R2. Isso deve mudar até 2018, com mais
implementação.
B7/B8. Atualmente, verifica-se lacunas no ‘desafio
da comunicação top down’ gerada pela
competitividade entre as áreas e ineficácia no
‘diálogo vertical e horizontal’ que emerge da falta
de abertura dos gerentes acerca das discussões
sobre a formulação e implementação da estratégia.
R2. Não se resolveram, Próprio de uma IES.
R4. Concordo, mas acredito que também existe a
falta de diálogo pelos subordinados que não estão
abertos a críticas mesmo que construtivas.
C10. As IES também apresentam uma lacuna no
‘envolvimento dos responsáveis pela
implementação no planejamento’ levando-se em
consideração que os gerentes que detém o poder
não envolvem os responsáveis pela implementação
da estratégia na fase do planejamento.
R4. Discordo em parte: em algumas situações os
gerentes não conseguem a colaboração dos
responsáveis pela implementação e por este motivo
acabam detendo o poder, passando uma visão de
não envolver a equipe.
C11. Da mesma forma, verifica-se uma lacuna no
elemento ‘gerentes acreditam que a implementação
é responsabilidade dos executores’ em que os
gerentes não estão envolvidos na fase de
implementação da estratégia e acreditam que são
responsáveis apenas pela formulação e que a
implementação é responsabilidade dos ‘executores’.
R4. Concordo. O gerente deve estar envolvido em
todos os momentos do desenvolvimento da
estratégia.
186
Descrição do Cenário CENÁRIO DE REALIDADE
Comentários específicos
C12. Outro problema presente nas IES é a falta de ‘
entendimento da estratégia e sua implementação
pela força de trabalho’ gerada pela ineficiência da
comunicação da estratégia e pela falta de
relacionamento da liderança com a força de
trabalho.
R2. Sem solução no médio prazo.
D13. ‘Sincronizar o pensamento estratégico com
desdobramento no curto prazo’ não é uma prática
das IES, levando em consideração que elas não
traduzem a estratégia em objetivos operacionais e
não desenvolvem um planejamento operacional
sincronizado alinhado com a estratégia.
R2. Até 2018 isso deve melhorar.
D14. As IES também não têm feito a ‘distinção
entre estratégico e tático’ porque não se tem
clareza da estratégia e falta competência dos
‘planejadores’
R2. Até 2018 isso deve melhorar.
D15. Adicionalmente, as IES tem dificuldade em
‘diferenciar a estratégia mais importante para
fazer’, por falta de clareza no processo de
formulação e implementação da estratégia e da falta
de priorização dos objetivos estratégicos.
R2. Não é isso. As prioridades dependem do
tomador de decisão e esse muda periodicamente.
R4. Concordo. As instituições ainda não tem bem
definidas as atividades de cada coordenação, como
esta poderá identificar a estratégia mais importante
para fazer?
Descrição do Cenário CENÁRIO DE EXPECTATIVA
Comentários específicos
Per
íod
o f
ina
l 2
01
8
D16. As IES tem maximizado a eficácia no
desenvolvimento da estratégia através de pessoas
com alta competência melhorando o entendimento
de que a ‘estratégia pode ser tanto determinista
como emergente’
R2. Não sei se concordo com isso das pessoas.
Lembremos que, em geral, as IES trabalham com as
pessoas que têm, que muitas vezes não têm nem
perfil nem formação para a gestão.
R4. Pessoas de alta competência contribuem para a
eficácia da estratégia. No entanto, é necessário
saber lidar com as diferentes áreas organizacionais,
ou seja, o líder precisa colocar-se no lugar do outro,
para conseguir que sua equipe entenda os tipos de
estratégias.
Per
íod
o f
ina
l 2
02
2 A1/A2/A3. As IES no Brasil vêm desenvolvendo
pessoas com alta competência o que tem gerado
melhorias na ‘coordenação entre funções e
negócios’, meios mais eficazes de comunicação e
coordenação, resultando em melhores
‘relacionamento entre áreas organizacionais’ e
maior clareza nos ‘conflitos de prioridades’ para
priorização dos recursos organizacionais
disponíveis.
R2. Difícil. As IES são gerenciadas por pessoas que
têm formação distinta. Isso não se resolve assim,
pois caso fosse assim apenas gerentes seriam
nomeados.
187
Descrição do Cenário CENÁRIO DE EXPECTATIVA
Comentários específicos
A4/A5/A6. Já o grupo de elementos ‘gestão,
habilidade de liderança e gerenciar mudanças’
compartilha a importância do papel da liderança.
Destaca-se que esses elementos tem se tornado mais
eficazes considerando que as IES têm desenvolvido
lideranças visionárias e com alta competência,
criando uma gestão mais eficaz e líderes com
capacidade e habilidade de gerenciar mudanças.
R2. Discordo.
E17. A partir da evolução e melhoria de todos os
elementos que compreendem o modelo de
implementação da estratégia (conforme Diagrama
de Venn), o crescimento do ensino superior no
Brasil (Inep, 2011) e sua necessidade de manter-se
competitivo, emerge nas IES um ‘modelo claro,
dominante e abrangente de formulação e
implementação’, considerado satisfatório pelas IES
no Brasil maximizando o alinhamento entre a
formulação e implementação da estratégia nessas
instituições.
R3. Considero uma generalização: IES aqui,
aparecem congregando IES privadas e públicas, ou
seja, instituições com níveis de competição e
responsabilidade social diferente.
*R1. Especialista n1 *Entende-se que os elementos que não tiveram contribuições tem a concordância dos especialistas.
Transcrição das contribuições dos especialistas - gerais
Período
Final
CENÁRIO DE REALIDADE
Comentários Gerais
2018
R1. Não está muito negativo? Tem IES, principalmente, particular, muito bem gerenciada. Veja o
caso da Kroton.
R5. Para o horizonte temporal de 2018, as possibilidades de ocorrência do chamado ‘Cenário de
Realidade’ parecem bem delineadas e com maiores probabilidades de ocorrência. Com a reeleição
do atual governo, é possível estimar que alguns fatores externos, como a ‘vontade política’ de
melhorar a educação no Brasil, sejam positivos. No entanto, o lema ‘Brasil – Pátria educadora’
parece ser mais uma peça de marketing devido aos cortes orçamentários do início de 2015, uma vez
que também atingiram a área da educação, e seria difícil considerar que ocorressem grandes
alterações no incentivo às IES em um quarto governo do mesmo partido político.
2022
R5. Para quatro anos depois, nas comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, os dois
Cenários, de Realidade e de Expectativa, parecem possuir iguais probabilidades de
ocorrência. O país estará desfrutando ao máximo do chamado ‘Bônus Demográfico’, com menos
crianças nas escolas de primeiro grau e, portanto, com mais disponibilidade de recursos da área de
educação para as IES.
A nosso juízo, os elementos ‘gestão, habilidade de liderança e gerenciar mudanças’ irão ou não se
tornar mais eficazes nas IES dependendo das atitudes do governo federal que se iniciará em 2019.
Disso também dependerão as melhorias na ‘coordenação entre funções e negócios’, os meios mais
eficazes de comunicação e coordenação e, consequentemente, melhores ‘relacionamento entre
áreas organizacionais’ e maior clareza nos ‘conflitos de prioridades’ para priorização dos recursos
organizacionais disponíveis.
188
Período
Final
CENÁRIO DE EXPECTATIVA
Comentários Gerais
2018
R2. Acredito que a competição por recursos fará com que em breve as IES se esforcem mais para
implementar sua Estratégia.
R5. Imaginamos assim que, mesmo com algum aumento de recursos e incentivos fiscais para a
educação, não devemos supor que haverá uma redução significativa de ‘conflitos de prioridades’
para a formulação e implementação de estratégias, como previsto no ‘Cenário de Expectativa’,
permanecendo a ineficiência na ‘coordenação entre as funções e negócios’ prevista no ‘Cenário de
Realidade’ até 2018.
Por motivos semelhantes, não nos parece que ocorrerão alterações significativas nas ‘habilidades
de liderança’ e, consequentemente, nas capacidades de ‘Gerenciar mudanças’.
2022 R1. Acho que apresenta melhorias devido ao aumento da competição e entrada de investidores
internacionais.
R3. A expansão contínua das IES no Brasil e sua crescente importância para a sociedade tem
gerado maior competitividade entre elas e um maior uso de ferramentas de gestão estratégica,
tornando-as mais eficazes.
2026 R5. Neste horizonte temporal o Brasil tem grandes chances de estar vivendo uma época de grande
prosperidade econômica e social. Os esforços dos diversos governos eleitos nesses próximos 12
anos na área da educação deverão, finalmente, começar a dar bons resultados. A nosso ver, as
chances de ocorrer o ‘Cenário de Expectativa’ são muito grandes.
A expansão contínua das IES no Brasil e sua crescente importância para a sociedade gerarão uma
maior competitividade entre elas e um maior uso de ferramentas de gestão estratégica, tornando-as
mais eficazes.
Adicionalmente, a formulação e implementação da estratégia certamente registrará um grande
progresso em que as pessoas passam a levar o processo da estratégia mais a sério.
Assim, as IES continuarão desenvolvendo pessoas com alta competência, estratégias de
comunicação e coordenações mais eficazes, o que gerará melhorias na ‘coordenação entre as
funções e negócios’, no ‘relacionamento entre as áreas organizacionais’ e maior clareza
no ‘conflito de prioridade’,respectivamente.
A ‘gestão, habilidade de liderança e gerenciar mudanças’ deverão apresentar melhorias
significativas nesse período, tornando-se mais eficientes e eficazes, considerando que as IES terão
investido mais na liderança, maximizando seus conhecimentos, habilidades e competências para
gerenciar pessoas, mudanças e o processo da estratégia.