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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
O PAPEL DO CAPITAL HUMANO NA DESIGUALDADE DE SALÁRIOS NO BRASIL
NO PERÍODO 1981 A 2006
Priscilla de Albuquerque Tavares
Orientador: Prof. Dr. Naércio Aquino Menezes Filho
SÃO PAULO
2007
Profa. Dra. Suely Vilela
Reitora da Universidade de São Paulo
Prof. Dr. Carlos Roberto Azzoni Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Prof. Dr. Joaquim José Martins Guilhoto
Chefe do Departamento de Economia
Prof. Dr. Dante Mendes Aldrighi Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia
PRISCILLA DE ALBUQUERQUE TAVARES
O PAPEL DO CAPITAL HUMANO NA DESIGUALDADE DE SALÁRIOS NO BRASIL
NO PERÍODO 1981 A 2006
Dissertação apresentada ao Departamento de
Economia da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de
São Paulo como requisito para a obtenção do título
de Mestre em Economia.
Área de concentração: Teoria Econômica
Orientador: Prof. Dr. Naércio A. Menezes Filho
SÃO PAULO
2007
FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Seção de Processamento Técnico do SBD/FEA/USP
Tavares, Priscilla de Albuquerque
O papel do capital humano na desigualdade de salários no Brasil no período de 1981 a 2006 / Priscilla de Albuquerque Tavares. – São Paulo, 2007.
85 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, 2007. Bibliografia. 1. Capital humano 2. Desigualdade de renda 3. Salários 4.
Economia 5. Educação I. Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade II. Título.
CDD – 331.1
FOLHA DE APROVAÇÃO
Priscilla de Albuquerque Tavares
O papel do capital humano na desigualdade de salários no Brasil no período 1981 a 2006.
Dissertação apresentada ao Departamento de
Economia da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de
São Paulo como requisito para a obtenção do título
de Mestre em Economia.
Área de concentração: Teoria Econômica
Aprovado em: ____/____/____
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Naércio Aquino Menezes Filho
Instituição: FEA/USP Assinatura:___________________________
Prof. Dr. Sérgio Pinheiro Firpo
Instituição: PUC-Rio Assinatura:___________________________
Profa. Dra. Regina Carla Madallozzo
Instituição: Ibmec/SP Assinatura:___________________________
i
À minha avó Valda
ii
Pela vida, pela saúde e pela força agradeço primeiramente a Deus. Pelo eterno amor,
agradeço à minha família que muito contribuiu para a realização desta pesquisa. À minha
mãe e ao meu pai João, agradeço pelo imenso apoio, incentivo e fortaleza. Obrigada por
acreditarem em mim. À minha irmãzinha Patrícia, agradeço pela ternura, pelo café
quentinho de manhã e pela companhia nas (poucas) horas de descanso. Obrigada por sua
torcida. Ao meu avô Adahir e ao meu tio Márcio, agradeço pela “corugisse”. Ao meu pai
Eliazer, obrigada pelo incentivo.
Ao Rafa, agradeço por seu amor, carinho e enorme paciência. Obrigada por estar sempre
disposto a ouvir minhas lamentações e por me ajudar a superar difíceis obstáculos nestes
dois anos. Obrigada também pela valiosa ajuda na realização desta pesquisa, por ouvir
minhas idéias e me ajudar a interpretar os resultados.
Nestes dois anos de mestrado fiz grandes amigos. Às minhas roomates, Paula e Jaque,
agradeço pela companhia nos estudos e nas listas de exercícios. Agradeço também pelo
chazinho e bate-papo noturnos, pela companhia gastronômica e pela eterna diversão.
Principalmente, obrigada pelo aprendizado e pela amizade sincera. Valeu meninas! À Keiti,
agradeço pela amizade, sinceridade e confiança. Obrigada pelas diversas conversas, tanto
as divertidas quanto as francas, e pelo grande apoio. À Marina e Isabel, agradeço pela
hospitalidade mineira em minhas visitas de quinta-feira.
Ao Prof. Naércio Menezes Filho, que me orientou neste trabalho com enorme presteza, sou
grata pelo seu apoio e dedicação. Agradeço pela paciência em ler e corrigir as inúmeras
versões deste trabalho e por solucionar minhas ‘dúvidas econométricas’. Muito obrigada
por colaborar para meu amadurecimento acadêmico.
À Prof. Elaine Pazello, hoje amiga, agradeço pela ‘hospedagem’ em sua sala e
especialmente por agüentar minha ansiedade e meu estresse. Muito obrigada pelas palavras
amigas e por seu grande incentivo à continuidade desta caminhada.
Agradeço aos professores Marcos Rangel, Regina Madallozzo e Sérgio Firpo pelos valiosos
comentários e sugestões nas bancas de qualificação e defesa.
Aos funcionários da FEA, especialmente à Márcia, Gisele e Cida pela prontidão em atender
aos inúmeros favores.
Finalmente, agradeço à sociedade paulista pelo financiamento de meus estudos e à FIPE,
CNPq e FAPESP pelas bolsas de estudos.
iii
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”
Albert Einstein
iv
RESUMO
Tavares, Priscilla de Albuquerque; Menezes Filho, Naércio Aquino (Orientador). O papel do capital humano na desigualdade de salários no Brasil no período de 1981 a 2006. São Paulo, 2007. 85p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Economia, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. A relação entre capital humano e desigualdade depende do quão desigual é a distribuição de atributos produtivos entre os trabalhadores e da forma como o mercado remunera estas diferenças. No Brasil, os retornos à escolaridade e a desigualdade educacional são elevados, de modo que a educação desempenha um importante papel na explicação de sua elevada iniqüidade de renda. Desde 1980, os trabalhadores brasileiros estão cada vez mais educados. Este artigo procura entender quais os impactos destas transformações sobre a dispersão salarial no Brasil entre 1981 e 2006. Conclui-se que os retornos à educação apresentam um impacto positivo sobre a desigualdade de salários. Já o aumento da escolaridade, que atuou no sentido de elevar a desigualdade de rendimentos nos anos 1980, não vem apresentando impactos significativos sobre a dispersão salarial a partir de então. Simulações mostram que as melhorias educacionais devem colaborar para a redução da desigualdade de salários a partir de 2012. Palavras-chave: capital humano; desigualdade de renda; salários; educação; economia.
v
ABSTRACT
Tavares, Priscilla de Albuquerque; Menezes Filho, Naércio Aquino (Advisor). The role of human capital in the wage inequality in Brazil from 1981 to 2006. São Paulo, 2007. 85p. MSc Dissertation – Departamento de Economia, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. The relationship between human capital and inequality depends on how unequal is the workers’ productive features distribution and how the market rewards these features. In Brazil, returns on education and educational inequity are both high, in order that education plays an important role in explaining the high levels of income inequality. Since 1980, Brazilian workers have become more educated. This paper proposes to comprehend the impacts of these transformations on Brazil’s wage inequality from 1981 to 2006. It is possible to conclude that returns on education have a positive impact on wage inequity. As for the raise of educational level, which acted to raise inequality in the 80’s, has not been having significant impacts on this disparity since then. Simulations show that rising in the schooling level may help wage inequality to lower by 2012. Keywords: human capital; income inequality; wages; education; economics.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 05 2 REVISÃO DA LITERATURA 07 2.1 Aspectos teóricos sobre a questão da desigualdade salarial 07 2.2 Literatura internacional 12 2.3 Literatura brasileira 14 3 METODOLOGIA E AMOSTRA 17 3.1 Abordagem econométrica 17 3.2 Amostra 21 3.3 Ajustamento do modelo 22 3.4 Construção das distribuições não-condicionais 25 3.5 Decomposição da variância 27 3.6 Análises contrafactuais 29 3.6.1 Dispersão intragrupos 29 3.6.2 Dispersão entre grupos 29 4 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS 32 4.1 Composição da força de trabalho 32 4.2 Evolução salarial 35 4.3 Desigualdade salarial 37 4.4 Retornos salariais 39 4.5 Evolução salarial por quantis 41 5 RESULTADOS 43 5.1 Resultados das regressões 43 5.2 Decomposição da variância dos salários 48 5.2.1 Dispersão salarial entre grupos 49 5.2.1.1 Efeito-preço 49 5.2.1.2 Efeito-composição 54 5.2.1.3 Simulação do efeito-composição educacional futuro 56 5.2.2 Dispersão salarial intragrupos 58 5.2.2.1 Efeito da variância intracélulas 58 5.2.2.2 Efeito-composição 61 6 CONCLUSÕES 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64 ANEXO A – Descrição da amostra 68 ANEXO B – Variâncias dos salários estimadas pelos exercícios contrafactuais 69
2
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Descrição das células 21 Tabela 3.2 – Teste de validade das restrições (1981 a 1993) 23 Tabela 3.3 – Teste de validade das restrições (1994 a 2006) 23 Tabela 3.4 – Teste de diferença entre os quantis (1981 a 1993) 24 Tabela 3.5 – Teste de diferença entre os quantis (1994 a 2006) 24 Tabela 5.1 – Coeficientes da regressão por quantis (1981 a 1993) (mediana) 44 Tabela 5.2 – Coeficientes da regressão por quantis (1981 a 1993) (25° quantil) 45 Tabela 5.3 – Coeficientes da regressão por quantis (1981 a 1993) (75° quantil) 45 Tabela 5.4 – Coeficientes da regressão por quantis (1994 a 2006) (mediana) 46 Tabela 5.5 – Coeficientes da regressão por quantis (1994 a 2006) (25° quantil) 46 Tabela 5.6 – Coeficientes da regressão por quantis (1994 a 2006) (75° quantil) 47
3
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 3.1 – Variância dos salários observada e prevista 22 Gráfico 4.1 – Média de escolaridade (1981-2006) 32 Gráfico 4.2 – Participação relativa grupos de educação dos na força de 32 trabalho (1981-2006) Gráfico 4.3 – Média de idade (1981-2006) 33 Gráfico 4.4 – Participação relativa dos grupos etários na força de trabalho 33 (1981-2006) Gráfico 4.5 – Desvio-padrão de escolaridade (1981-2006) 34 Gráfico 4.6 – Desvio-padrão de idade (1981-2006) 34 Gráfico 4.7 – Média do logaritmo dos salários (1981-2006) 35 Gráfico 4.8 – Média do logaritmo dos salários por grupos de educação (1981-
1993) 36 Gráfico 4.9 – Média do logaritmo dos salários por grupos de educação (1993- 2006) 36 Gráfico 4.10 – Média do logaritmo dos salários por grupos de idade (1981- 2006) 37 Gráfico 4.11 – Desvio-padrão do logaritmo dos salários (1981 a 2006) 38 Gráfico 4.12 – Desvio-padrão do logaritmo dos salários por grupos de educação (1981-2006) 38 Gráfico 4.13 – Desvio-padrão do logaritmo dos salários por grupos de idade (1981-2006) 39 Gráfico 4.14 – Retornos médios à educação (1981-2006) 39 Gráfico 4.15 – Retornos médios à idade (1981-2006) 40 Gráfico 4.16 – Diferenciais salariais por educação (1981-2006) 41 Gráfico 4.17 – Diferenciais salariais por idade (1981-2006) 41 Gráfico 4.18 – Mudança cumulativa nos quantis do logaritmo dos salários (1981-1993) 42 Gráfico 4.19 – Mudança cumulativa nos quantis do logaritmo dos salários (1994-2006) 42 Gráfico 5.1 – Decomposição da variância salarial 48 Gráfico 5.2 – Decomposição da variância salarial (1981 a 1993) 49 Gráfico 5.3 – Decomposição da variância salarial (1994 a 2006) 49 Gráfico 5.4 – Variância entre grupos (1981 a 1993) 50 Gráfico 5.5 – Variância entre grupos (1994 a 2006) 50 Gráfico 5.6 – Variância entre grupos – efeito-preço (1981-1993) 52 Gráfico 5.7 – Variância entre grupos – efeito-preço por grupos de educação (1981-1993) 52 Gráfico 5.8 – Variância entre grupos – efeito-preço (1994-2006) 53 Gráfico 5.9 – Variância entre grupos – efeito-preço por grupos de educação (1994-2006) 53 Gráfico 5.10 – Variância entre grupos – efeito-composição (1981-1993) 54 Gráfico 5.11 – Desigualdade educacional (1981-2006) 55 Gráfico 5.12 - Variância entre grupos – efeito-composição (1994-2006) 56
4
Gráfico 5.13 - Variância entre grupos – efeito-composição previsto 58 Gráfico 5.14 - Variância intragrupos (1981-1993) 59 Gráfico 5.15 - Variância intragrupos (1994-2006) 59 Gráfico 5.16 - Variância intragrupos e inflação (1981-1993) 60 Gráfico 5.17 – Efeito da segmentação sobre a desigualdade (1994-2006) 61
5
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado a décima quarta maior economia do mundo (Banco Mundial,
2006). Apesar disso, 34% e 13% da população brasileira vivem em situação de pobreza e
miséria (Barros et. al., 2007). Esta contradição é fruto da elevada desigualdade de renda
verificada no país (PNUD, 2006)1.
O debate sobre a questão distributiva no Brasil iniciou-se a partir da constatação de
um forte aumento no Índice de Gini entre as décadas de 1960 e 1970, de 0,49 para 0,57
(Hoffman e Duarte, 1972; Langoni, 1973).
Durante os anos 1980 e 1990, este indicador manteve-se praticamente inalterado no
elevado patamar de 0,60, caracterizando a “estabilidade inaceitável” da desigualdade de
renda brasileira (Barros et. al., 2001).
Recentemente, a literatura tem chamado a atenção para uma importante redução do
Índice de Gini, de 0,59 para 0,56 entre 2001 e 2005, o que representa uma queda de
4,6%, a mais expressiva das últimas três décadas (IPEA, 2007).
Este resultado se deve a diferentes taxas de crescimento da renda entre indivíduos
localizados em pontos distintos da distribuição. A renda média dos 20% mais pobres
cresceu cerca de 20 pontos percentuais a mais do que a renda média dos 20% mais ricos
neste período (IPEA, 2007).
Boa parte da iniqüidade de renda associa-se à dispersão de salários, que representam
cerca de 80% da renda dos indivíduos. Embora muitos fatores se relacionem ao fenômeno
da desigualdade salarial, o capital humano é considerado seu principal determinante: “uma das principais questões que se coloca desde o início do debate se refere ao peso da educação como fator explicativo da desigualdade de renda existente no Brasil (...)” (Menezes-Filho, 2001:21).
A relação entre educação e desigualdade de salários depende tanto da desigualdade
educacional existente no mercado de trabalho quanto do valor monetário que se atribui a
cada ano adicional de escolaridade (Barros et. al., 2000).
1 Numa comparação com 125 países, o Brasil está entre os 5% mais desiguais.
6
No Brasil, os dois fatores são importantes: tanto os retornos médios à educação
quanto a iniqüidade educacional entre os trabalhadores são bastante elevados (Lam e
Levinson, 1992; Menezes-Filho, 2001).
Entretanto, o mercado de trabalho brasileiro vem sofrendo mudanças importantes. A
primeira delas se refere à composição da força de trabalho: desde os anos 1980,
trabalhadores brasileiros estão mais educados e mais experientes (mais velhos).
Além disso, mais recentemente tem-se verificado uma queda dos retornos médios da
qualificação, ou seja, uma redução dos retornos salariais relacionados à educação e à
experiência.
Diante deste cenário, a presente dissertação tem como objetivo geral estudar a relação
entre o aumento no nível de qualificação da PEA e a desigualdade de salários no Brasil
no período de 1981 a 2006.
Mais especificamente, pretende-se compreender de que maneira as mudanças na
composição destes atributos produtivos e em seus retornos se relacionam com as
variações da desigualdade de rendimentos do trabalho.
Para isto, utilizam-se técnicas de decomposições contrafactuais da variância dos
salários, a partir de modelos de regressões quantílicas. A idéia é permitir a avaliação das
mudanças salariais em pontos diferentes da distribuição de rendimentos.
Portanto, este trabalho pretende contribuir para o entendimento do papel do capital
humano na evolução da desigualdade de salários no Brasil, a partir de uma abordagem de
análise adotada pela literatura internacional recente, mas ainda incipiente no país.
O texto está organizado seis seções, além desta introdução. A próxima apresenta a
revisão bibliográfica, contemplando os aspectos teóricos e os trabalhos empíricos mais
recentes da literatura que trata do tema da desigualdade de rendimentos.
A terceira seção apresenta a metodologia empregada e a descrição da amostra. A
quarta traz as estatísticas descritivas da evolução educacional e etária da força de
trabalho, bem como da trajetória da variância dos salários ao longo do tempo.
A quinta seção aponta os resultados obtidos com os exercícios contrafactuais e a sexta
apresenta as conclusões. Finalmente, encontram-se as referências bibliográficas e os
anexos.
7
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aspectos teóricos sobre a questão da desigualdade de salários
Segundo Fernandes (1995), “pessoas diferentes remuneradas de modo diferente
constituem um fato evidente em qualquer economia, sendo os motivos para esta
desigualdade uma preocupação antiga dos economistas”2.
Num modelo simples de oferta e demanda por trabalho, em que o mercado de
trabalho é perfeitamente competitivo e sob as hipóteses de que (1) os trabalhadores são
igualmente produtivos e (2) têm mesmas preferências por condições de trabalho e (3) as
firmas têm mesmas preferências por atributos não-produtivos – o salário seria igual à
produtividade marginal do trabalho e não haveria espaço para diferenças salariais.
A introdução da desigualdade de rendimentos se dá exatamente com a violação de
alguma destas hipóteses. Assim, o arcabouço analítico que está por trás da questão
distributiva permite diversas explicações para o fato de se observarem diferenças de
rendimentos entre os trabalhadores3.
Entretanto, nesta dissertação o foco recai sobre as diferenças de produtividade entre
os trabalhadores. Assim, o marco teórico do trabalho refere-se à Teoria do Capital
Humano, desenvolvida por Becker (1964) e Schultz (1973).
O principal resultado da Teoria do Capital Humano já está bem fundamentado na área
da Economia do Trabalho. A idéia é que o estoque de conhecimentos e habilidades que
um indivíduo possui define sua produtividade no mercado de trabalho.
Então, se a aquisição destes atributos proporcionar maior fluxo de renda aos
indivíduos na forma de salários, ela se constitui numa forma de capital: o capital
humano4.
2 Esta dissertação estuda especificamente a questão da desigualdade de rendimentos do trabalho, que equivalem à maior parcela da renda dos indivíduos; apesar disso, os termos desigualdade de renda ou dispersão de salários serão utilizados como sinônimos. 3 Algumas explicações para as desigualdades salariais entre os trabalhadores são a teoria dos diferenciais compensatórios, os modelos de segmentação e os modelos de discriminação. Ver Fernandes (1995). 4 Segundo Schultz (1973) e Becker (1964), tudo o que conferir melhorias nas capacidades físicas ou mentais dos trabalhadores e, portanto, elevar sua produtividade é considerado investimento em capital humano (educação, treinamento no trabalho, cuidados com a saúde, alimentação, lazer, aquisição de “cultura” etc.), embora seus efeitos relativos sobre os salários possam ser diferentes.
8
Os níveis de escolaridade e experiência dos trabalhadores refletem suas principais
habilidades observadas. Segundo Becker (1964), escolas e firmas podem ser vistas tanto
como substitutas quanto como complementares fontes de habilidades.
Os conhecimentos transmitidos pela educação formal estariam relacionados àqueles
trabalhos que exigem maior especialização. Já os conhecimentos aprendidos no trabalho
seriam aqueles que exigem o treinamento próprio do ofício.
Em outras palavras, o tipo de trabalho que se desenvolve determina a necessidade que
o trabalhador tem de apreender com mais intensidade um ou outro tipo de conhecimento5.
Por outro lado, a escolaridade desenvolve competências úteis para todo tipo de
trabalho. Isto porque indivíduos mais educados têm o raciocínio e a compreensão
ampliados, o que os torna mais aptos a aprender novas habilidades.
Já a experiência incorpora conhecimento tácito ao trabalhador, ou seja, o tipo de
conhecimento que só se pode apreender com a vivência e a prática. Além disso, a
experiência permite a aplicação e o aprimoramento dos conhecimentos adquiridos6.
Desta forma, uma parte da desigualdade de salários pode ser explicada a partir das
diferenças entre os trabalhadores quanto a seus níveis de escolaridade e experiência. Ou
seja, admitindo-se que estes atributos elevam a produtividade do trabalho, espera-se que
indivíduos com diferentes níveis de educação ou experiência recebam salários distintos.
Porém, mesmo indivíduos com níveis de educação ou experiência iguais não são
igualmente remunerados. A explicação para isso é que mesmo trabalhadores iguais em
características observáveis não são igualmente produtivos, pois diferem em habilidades
não-observadas, que também são valorizadas no mercado de trabalho7.
5 A educação formal que desenvolve uma profissão se refere aos níveis mais altos de escolaridade; já o ofício aprendido no próprio trabalho se refere ao learning by doing. Por exemplo, para desenvolver seu trabalho, o engenheiro precisa ter uma formação escolar específica; já o trabalho feito pelo pedreiro é mais facilmente aprendido com o próprio desenvolvimento do trabalho. 6 Para entender esta relação entre educação e experiência, considere os seguintes exemplos: (1) Os conhecimentos necessários para o trabalho do agricultor são adquiridos com a experiência e não é necessário ser alfabetizado para desenvolver este ofício. No entanto, um agricultor alfabetizado será mais produtivo, uma vez que poderá, por exemplo, ler instruções de uso de um fertilizante ou adubo - neste caso, a educação auxilia o trabalho aprendido com a experiência. (2) Para se tornar um docente na carreira universitária é necessário ter determinado nível de educação, embora não seja imprescindível já ter trabalhado como professor anteriormente. Entretanto, embora o indivíduo detenha os conhecimentos formais que irá transmitir aos alunos, as técnicas de ensino e forma como lida com a sala de aula só são aprendidos com a prática de lecionar – neste caso a experiência aprimora os conhecimentos formais. 7 Becker (1964) denomina o conjunto destas habilidades de ‘talento para a esfera econômica’, que se constituiria em perspicácia, esforço, inteligência, maior volume de informações sobre o mercado etc.
9
Na literatura, estes diferenciais salariais definem, respectivamente, as chamadas
‘desigualdade salarial entre grupos’ e a ‘desigualdade salarial intragrupos’.
A decisão de investir em capital humano depende positivamente da sua taxa média de
retorno, como qualquer tipo de investimento. Assim, indivíduos que auferem maiores
retornos com este tipo de capital tendem a investir mais nele.
Além disso, se os rendimentos dos indivíduos dependem tanto do estoque de capital
humano adquirido quanto de habilidades inatas ou não-observadas, estas habilidades
podem ser medidas pela taxa média de retorno do capital humano.
Isso porque, supondo que Y = X + rC (em que Y é o rendimento total de um
trabalhador, X é o rendimento auferido se não houvesse investimento em capital humano,
r é a taxa média de retorno do capital humano e C são os custos deste investimento), a
explicação para a existência de diferenciais de rendimentos entre indivíduos com mesmo
estoque de capital humano seria a diferença de habilidades entre eles, medida por r.
Uma vez que as taxas média e marginal de retorno relacionam-se positivamente,
pode-se inferir que indivíduos mais hábeis investirão mais em capital humano. Ou seja,
existe uma correlação positiva entre habilidades e investimento neste tipo de capital.
Então, entre trabalhadores menos hábeis a distribuição de rendimentos seria
dominada pela distribuição de X, enquanto que entre trabalhadores mais hábeis a
distribuição de rendimentos dependeria mais fortemente da distribuição de rC.
Desta maneira, mesmo supondo que as habilidades são simetricamente distribuídas, a
distribuição de rendimentos tenderia a ser relativamente mais assimétrica entre
trabalhadores com maior nível de habilidades. Por este motivo, a dispersão de
rendimentos é maior dentro dos grupos de trabalhadores mais educados ou mais velhos8,9.
A previsão da Teoria do Capital Humano quanto aos resultados da educação sobre os
rendimentos individuais já estão bem estabelecidos na literatura empírica: pessoas com
maior escolaridade recebem salários mais elevados.
8 Em geral, se considera a idade como proxy para a experiência potencial no mercado de trabalho. 9 A educação é mais facilmente percebida como capital humano do que a experiência. De fato, os indivíduos buscam maior qualificação por meio da escolaridade. Mesmo considerando que a experiência profissional não é fruto de uma decisão de investimento em capital humano, ainda existe outro argumento que explica a maior dispersão salarial entre trabalhadores mais velhos: as habilidades não-observadas dos trabalhadores são ‘reveladas’ com o tempo, de modo que os empregadores observam mais facilmente o comportamento de trabalhadores mais experientes.
10
Além dos benefícios individuais, a literatura também apresenta os impactos positivos
da escolaridade sobre o desenvolvimento econômico e social. A partir destes resultados,
políticas públicas voltadas para o investimento em educação tornaram-se prioridade nos
países em desenvolvimento.
Na década de 1980, o Brasil iniciou um processo de expansão educacional, calcada
principalmente na ampliação da oferta de educação básica, buscando combater o
analfabetismo e elevar a média educacional da população. Tavares e Pires (2004)
mostram que o gasto público em educação como porcentagem do PIB se elevou de 0,7%
em 1980 para 4,4% em 2004.
Estes esforços resultaram na universalização do ensino básico no Brasil: a taxa de
atendimento no ensino fundamental passou de 80,9% em 1980 para 97% em 2006
(MEC/Inep). Já a taxa de escolarização líquida neste mesmo nível de ensino se elevou de
66,7% em 1980 para 93,9% em 2002 (Fernandes, 2004).
Apesar deste avanço educacional, a desigualdade de renda no Brasil não apresentou
sinais de redução no mesmo período. Na verdade, nas décadas de 1980 e 1990, a
iniqüidade distributiva no Brasil apresentou um quadro de “estabilidade inaceitável”, com
o Índice de Gini praticamente inalterado no elevado patamar de 0,60 (Barros et. al., 2001)
Na verdade, os efeitos da composição de educação sobre a desigualdade de renda são
controversos, uma vez que dependem do estágio de desenvolvimento educacional em que
o país se encontra. O nível e a dispersão da educação atuam de formas distintas sobre a
iniqüidade salarial: a média educacional é equalizadora de renda, mas sua dispersão atua
no sentido de ampliar a iniqüidade de rendimentos.
A relação entre nível e dispersão educacional apresenta forma de “U” invertido.
Então, ao ampliar o nível de escolaridade, inevitavelmente a sociedade passa por duas
fases distintas: uma em que a dispersão educacional se eleva e outra em que ela se reduz.
Quando o país parte de níveis de escolaridade baixos, no estágio inicial da expansão
educacional apenas uma parcela pequena de trabalhadores torna-se mais educada. Então,
a dispersão de educação na força de trabalho aumenta, fazendo com que a desigualdade
de renda se eleve10.
10 Imagine, por exemplo, que todos os trabalhadores fossem analfabetos num período inicial, de modo que não haveria desigualdade de educação. A partir de um avanço educacional, em que só alguns trabalhadores
11
Conforme o processo educacional avança, mais trabalhadores se educam. Assim, a
dispersão da educação diminui, induzindo a queda na desigualdade (Knight e Salbot,
1983). Numa análise cross-country, Ram (1990) sugere que o ponto de inflexão da
dispersão educacional se dá quando o país atinge sete anos de estudos em média.
A relação entre experiência e rendimentos, por sua vez, não é linear: os salários
crescem ao longo do ciclo de vida, com o aumento da produtividade dos trabalhadores
aumenta à medida que eles se tornam mais experientes. Entretanto, este crescimento se dá
a taxas decrescentes: a partir de certa idade, haveria certa depreciação do capital humano,
de forma que os salários passariam a diminuir.
Então, os efeitos da idade dos trabalhadores sobre a desigualdade de salários também
não são inequívocos, uma vez dependem do estágio da transição demográfica em que o
país está. Ou seja, dependem da faixa etária da maior coorte do mercado de trabalho, já
que coortes maiores tendem a auferir menores salários.
Se a maior coorte de trabalhadores estiver com idade intermediária (momento em os
salários relativos ao ciclo de vida são maiores), a redução salarial destes trabalhadores
tende a reduzir a desigualdade.
Por outro lado, se a maior coorte presente no mercado for relativamente muito jovem
ou muito velha (momento em que os salários relativos ao ciclo de vida são mais
reduzidos), a diminuição salarial destes trabalhadores tenderá a elevar a desigualdade
(Welch, 1979; Freeman, 1979 e Easterlin, 1980).
Também numa análise cross-country, Higgins e Willianson (1999) mostram que
quanto maior o tamanho de coortes com idade intermediária no mercado de trabalho -
proporção de trabalhadores com idade entre 40 e 59 anos – menor será o Índice de Gini.
Estes dois argumentos (quanto aos efeitos da educação e da idade dos trabalhadores
sobre a dispersão salarial) relacionam-se à hipótese no processo de desenvolvimento
econômico de um país, a desigualdade de renda se eleva num primeiro momento e depois
se reduz (Kuznets, 1955).
passassem a freqüentar a escola e atingissem um ano de educação no período seguinte, seria gerada a desigualdade educacional.
12
2.2 Literatura internacional
Desde os anos 1970, tem-se verificado um forte aumento da desigualdade de renda
em países desenvolvidos, como EUA e Inglaterra.
Juhn, Murphy e Pierce (1993) decompõem a variação dos salários americanos de
1963 a 1989 nos efeitos composição e preço de atributos observáveis e no componente
residual. Concluem que a elevação da desigualdade deve-se à elevação nos retornos da
educação e ao aumento da variância intragrupos. Isso é interpretado como um aumento na
demanda relativa por todas as dimensões de habilidades (observáveis e não-observáveis).
DiNardo, Fortin e Lemieux (1996) avaliam os efeitos de mudanças institucionais no
mercado de trabalho e de choques de oferta e demanda sobre a distribuição de salários
nos EUA entre 1973 e 1988. Os autores mostram que a sindicalização e o aumento do
valor real do salário mínimo estão associados a reduções na dispersão salarial.
Ao propor metodologias para as decomposições contrafactuais da desigualdade de
salários, este dois trabalhos seminais dão início a este tipo de análise na literatura
internacional que trata de questões distributivas.
Entre os primeiros trabalhos sobre o crescimento na desigualdade de renda em países
desenvolvidos, existia certo consenso na interpretação deste movimento por meio do
aumento na demanda por habilidades (educação, experiência e não-observáveis).
O principal argumento, conhecido como ‘mudança tecnológica viesada para a
qualificação’11, considera que o surgimento das tecnologias de produção e informação
elevou o aumento na demanda por mão-de-obra qualificada complementar à tecnologia,
capaz de lidar e se adaptar a ela. Desta forma, o aumento da demanda por qualificação
teria sido causado pelo progresso tecnológico exógeno.
Alguns autores mostram que a proporção de trabalhadores qualificados (com ensino
superior) se elevou nos setores industriais americanos a partir de 1970, particularmente
nas indústrias ‘computador-intensivas’ e isto corroboraria a explicação do viés
tecnológico na demanda por trabalho.
Esta ‘polarização’ do mercado de trabalho, caracterizada pelo aumento na demanda
por trabalho complementar à tecnologia (nonroutine cognitive tasks) e redução da 11 Conhecido na literatura por sua sigla em inglês: SBTC (skill biased technological change).
13
demanda por trabalho ‘substituível’ pela tecnologia (routine cognitive, manual tasks)
(Autor, Katz e Krueger, 1998) teria se verificado não só nos EUA como em todo o
mundo desenvolvido (Berman, Bound e Machin, 1998).
Outros autores, no entanto, observam que a revolução tecnológica nos anos 1970
coincidiu com o aumento da desigualdade de renda nos EUA e Inglaterra. Desta forma, o
progresso tecnológico não poderia ter sido um processo exógeno e, na realidade, a
causalidade seria inversa:
O aumento da oferta de mão-de-obra qualificada teria tornado mais lucrativo o
desenvolvimento técnico complementar a ela, induzindo o progresso tecnológico e,
portanto, caracterizando-o como endógeno, bem como a aceleração na demanda por
qualificação (Acemoglu, 2000).
A evidência empírica de que o aumento da desigualdade de renda foi concentrado nos
anos 1980 não pode ser conciliada com o argumento da STBC, que prevê que o aumento
na demanda por qualificação e, portanto, na desigualdade continuou a ocorrer nos anos
1990 (Card e DiNardo, 2002; Beaudry e Green, 2005; Lemieux, 2006).
Trabalhos mais recentes têm colocado atenção em outro tipo de análise: o de que os
determinantes salariais não afetam igualmente todos os trabalhadores ao longo da
distribuição de salários. Constatações como estas têm estimulado o uso de regressões
quantílicas nos estudos sobre a questão distributiva.
Autor, Katz e Kearney (2005, 2006) observaram que, entre 1973 e 2003, o diferencial
de salários dos trabalhadores da cauda superior da distribuição (90/50) se elevou
substancialmente (de 0,59 para 0,83), enquanto que o diferencial entre os trabalhadores
da cauda inferior (50/10) permaneceu relativamente estável (de 0,61 para 0,65).
Lemieux (2002) afirma que “os retornos das habilidades mensuráveis como educação
e experiência são os principais responsáveis pelo aumento secular da desigualdade
salarial nos EUA”. Entretanto, esta não parece ser uma boa explicação para os
trabalhadores na cauda inferior da distribuição.
Lemieux (2006b) mostra que os retornos da pós-graduação se elevaram severamente
entre 1973-75 e 2003-05, enquanto que os retornos de níveis educacionais mais baixos
14
ficaram praticamente inalterados. Além disso, os ganhos salariais da educação ‘pós-
secundária’ têm sido mais elevados entre os trabalhadores da cauda superior da
distribuição de salários.
Lemieux (2006) ainda ressalta que a elevação do componente residual da
desigualdade é ‘espúrio’, já que ele se deve ao aumento relativo de grupos mais educados
e mais velhos na força de trabalho (para os quais a dispersão intragrupos é maior), e isto
não deve ser interpretado como o aumento dos retornos de habilidades não-observadas.
Machado e Mata (2005) estudam o aumento da desigualdade em Portugal entre 1986
e 1995 e mostram que o diferencial salarial 90/10 se elevou 19,6 p.p neste período. Isto se
deve ao tanto ao aumento da qualificação da mão-de-obra quanto aos retornos da
educação, que contribuíram para um aumento de 13 p.p. neste indicador.
Os autores ainda mostram que o aumento da desigualdade dependeu de mudanças
distintas entre os trabalhadores localizados em diferentes quantis, que foram muito mais
significativas para aqueles do topo da distribuição.
Goslin, Machin e Meguir (2000) observam uma forte elevação do gap salarial entre
trabalhadores do primeiro e nono decis na Inglaterra entre 1966 e 1995, explicada pelo
aumento dos diferenciais salariais por educação e da dispersão salarial dentro de cada
grupo educacional.
Os autores interpretam este aumento como sendo fruto de alterações no conjunto de
qualificações adquiridas em cada nível de escolaridade, dadas mudanças na distribuição
de habilidades entre coortes, provavelmente relacionadas à qualidade da educação.
2.3 Literatura brasileira
O debate sobre a questão distributiva no Brasil iniciou-se a partir da constatação de
um forte aumento no Índice de Gini entre as décadas de 1960 e 1970, de 0,49 para 0,57
(Hoffman e Duarte, 1972; Langoni, 1973).
Durante os anos 1980 e 1990, este indicador manteve-se praticamente inalterado no
elevado patamar de 0,60, caracterizando a “estabilidade inaceitável” (em elevados
patamares) da desigualdade de renda brasileira (Barros et. al., 2001).
15
Recentemente, a literatura tem enfatizado uma importante queda do Índice de Gini
(de 0,59 para 0,56 entre 2001 e 2005), o que representa a redução mais expressiva dos
últimos trinta anos (IPEA, 2007). A redução da dispersão salarial, que vem ocorrendo
desde o Plano Real, foi responsável por 50% da redução total da desigualdade de renda.
A literatura brasileira sobre a questão da desigualdade é bastante extensa. Assim, esta
subseção pretende realizar um breve registro dos principais trabalhos mais recentes que
tratam deste tema.
Segundo Menezes-Filho (2001), “uma das principais questões que se coloca desde o
início do debate se refere ao peso da educação como fator explicativo da desigualdade de
renda existente no Brasil (...)”. Ramos e Vieira (2001) afirmam que a educação é
responsável por cerca de 24% destas diferenças12.
A relação entre educação e desigualdade de salários depende de dois fatores: da
desigualdade educacional existente no mercado de trabalho e do valor monetário que o
mercado atribui a cada ano adicional de escolaridade (Barros et. al., 2000)
No Brasil, os dois fatores são importantes para explicar a desigualdade de salários, já
que tanto os retornos médios à educação quanto a iniqüidade educacional entre os
trabalhadores são bastante elevados (Lam e Levinson, 1992; Menezes-Filho, 2001).
Entretanto, o mercado de trabalho brasileiro vem sofrendo mudanças importantes.
Uma delas se refere à composição da força de trabalho, com um aumento expressivo dos
níveis de qualificação. A outra corresponde à queda dos retornos médios à educação,
desde meados dos anos 199013.
Firpo, Gonzaga e Narita (2003) mostram que, no período de 1981 a 2001, a
desigualdade de rendimentos do trabalho se elevou entre as gerações mais novas (para o
período 1981-2001) e isto se deve à mudança do perfil educacional verificada entre os
antigos trabalhadores no mercado de trabalho e os novos entrantes.
Além disso, os autores sugerem que a educação parece atuar como ‘amplificadora’ da
desigualdade ao longo do ciclo de vida, uma vez que a dispersão de salários aumenta
significativamente com a idade para os grupos de indivíduos mais educados.
12 Enquanto isso, a experiência no mercado de trabalho responderia por 7% da dispersão salarial. 13 Ver seção de estatísticas descritivas.
16
Finalmente, mostra-se que os choques cíclicos ocorridos em 1989 e 1993 também
apresentam um impacto significativo sobre a desigualdade de rendimentos e isto estaria
associado à elevada inflação14.
Menezes-Filho et. al. (2006); Ferreira et. al. (2006); Ramos (2007) e IPEA (2007)15
estimam como as mudanças educacionais no mercado de trabalho (aumento da
qualificação dos trabalhadores e queda nos retornos à educação) afetaram a desigualdade
de renda desde os anos 1980 até o período recente.
Até o final dos anos 1990, o efeito-composição da educação atuou no sentido de
elevar a desigualdade. Isto porque a expansão de escolaridade se deu num contexto de
forte convexidade dos retornos à educação e elevação da dispersão de escolaridade no
mercado de trabalho.
Para o período recente (a partir de 2001), os efeitos da composição educacional da
força de trabalho sobre a desigualdade de renda não são tão claros. Em alguns trabalhos,
os impactos da educação ainda se dão no sentido de aumentar a dispersão salarial
(Ferreira et. al., 2006). Em outros, acredita-se que a composição educacional passou a
contribuir para a redução da iniqüidade de rendimentos (IPEA, 2007; Ramos; 2007)16.
Entretanto, os resultados quanto ao efeito-preço da educação são consensuais e
mostram que ele tem atuado de forma a reduzir a dispersão salarial de forma significativa
desde meados dos anos 1990 até o período recente.
Wajnman e Menezes-Filho (2000) avaliam como o envelhecimento da PEA afetou a
desigualdade de salários no Brasil nos anos 1980 e 1990 e concluem que tanto a
composição etária da força de trabalho quanto os retornos à idade atuaram no sentido de
elevar a dispersão salarial, mas que estes efeitos são muito pequenos.
No que tange à experiência, o trabalho do IPEA (2007) também encontra resultados
pouco significativos. Os efeitos preço e composição atuaram de formas opostas sobre a
desigualdade de renda, já que os diferenciais de remuneração por idade se elevaram e a
heterogeneidade etária da força de trabalho se reduziu.
14 A inflação afeta a dispersão de salários, uma vez que a data-base para seu reajuste não é a mesma para todos os trabalhadores. Diversos outros autores apontam para este efeito da instabilidade macroeconômica sobre os índices de desigualdade. 15 Os períodos estudados nestes trabalhos são: 1977 a 1997 em Menezes-Filho et. al. (2006); 1981 a 2004 em Ferreira et. al. (2006); 1995 a 2005 em Ramos (2007) e 2001 a 2005 em IPEA (2007). 16 Deve-se ressaltar que estes trabalhos adotam diferentes metodologias, amostra e definição de renda.
17
3 METODOLOGIA E AMOSTRA
3.1 Abordagem econométrica
As mudanças na distribuição de salários podem ser explicadas por meio de efeitos
temporais, demográficos e de coortes.
Os efeitos temporais referem-se às mudanças macroeconômicas, como alterações nas
taxas de inflação, desemprego e atividade ocorridas em determinado período. O impacto
destes eventos sobre os salários deve ser transitório, embora recaia sobre toda a força de
trabalho de maneira semelhante.
Os efeitos demográficos, por sua vez, captam os efeitos de mudanças na estrutura
etária ou de experiência dos trabalhadores no mercado, ou seja, relaciona-se à idéia de
que os rendimentos se alteram com o ciclo de vida.
Por fim, o efeito coorte inclui fatores que afetam a quantidade e o tipo de capital
humano acumulado por diferentes gerações. Eles se referem às diferenças em
características produtivas e nas condições de entrada no mercado de trabalho verificadas
entre os indivíduos que já estão trabalhando em relação aos entrantes.
Estas diferenças são dadas, principalmente, pelo nível e qualidade de educação
‘recebidos’ em cada geração, bem como pela desigualdade educacional, pelo tamanho
das coortes e pela idade e salários de entrada no mercado de trabalho.
Apesar da relevância de cada um destes efeitos na explicação da desigualdade de
salários, eles não podem ser identificados separadamente, dada a relação linear exata
existente entre eles. Desta maneira, a identificação requer a imposição de hipóteses
adicionais (Heckman e Robb, 1985).
Para lidar com este problema de identificação, este trabalho utiliza a metodologia
proposta por MaCurdy e Mroz (1995) e empregada nos trabalhos de Goslin, Machin e
Meguir (2000) e de Menezes-Filho, Fernandes e Picchetti (2006). Esta abordagem
considera que os salários possam ser modelados como funções aditivas e separáveis dos
efeitos tempo, idade e coorte, e por interações entre eles:
uctaRcCtTaAlw +++++= ),,()()()(μ (1)
Para a identificação do modelo, foram feitas restrições lineares de exclusão sobre os
coeficientes da função coorte e termos que interagem com ela, de modo a estimar um
18
modelo polinomial de terceira ordem nas funções de idade, tempo e as respectivas
interações, como segue17:
uatRtaRatRtTtTtTaAaAaAlw ++++++++++= 23
221
33
221
33
221μ (2)
Assim, a hipótese de identificação implícita considera que os efeitos idade e período
podem explicar o comportamento dos salários ao longo do tempo.
A fim de modelar a evolução da distribuição de salários como um todo, além de
simplesmente sua média e variância condicionais, o modelo polinomial é estimado para
diferentes quantis da distribuição de salários (q): qqqqq
q uedtaRedtTedaAlw ++++= ),,(),(),(μ (3)
Estes modelos são ‘educação-específicos’, ou seja, são estimados para cada grupo de
educação separadamente. A hipótese de identificação assumida é fruto do tipo de
interpretação que se pretende obter: o papel da educação e da experiência dos
trabalhadores sobre a evolução da desigualdade de rendimentos ao longo do tempo.
O termo de erro é construído de forma a ser ortogonal às funções idade e período.
Deste modo, toda a tendência dos dados estará presente nestas funções. Isso é feito por
meio da inclusão de efeitos temporais comuns ao termo aleatório: tit uuu_
+= .
A conveniência desta estratégia empírica é permitir uma interpretação simples de
cada componente. As funções qedtT ),( se relacionam aos choques macroeconômicos
comuns a todos os indivíduos dentro de um mesmo grupo de educação, independente da
idade. Elas refletem a tendência nos salários ao longo do tempo.
Por sua vez, as funções qedaA ),( medem como a dispersão salarial muda à medida
que os trabalhadores envelhecem em cada grupo de educação. Finalmente, as interações qedtaR ),,( captam as mudanças nos retornos à experiência ao longo do tempo.
Para um determinado grupo de educação, diferenças entre os coeficientes das funções qedtT ),( entre quantis revelam mudanças na dispersão salarial intragrupos. Além disso,
17 A escolha da ordem do polinômio (entre segunda e quinta ordens) se deu pela comparação das estatísticas qui-quadrado do teste de validades das restrições, realizado para avaliar o ajustamento do modelo. Este teste está explicado na próxima subseção.
19
diferenças entre os coeficientes de qedaA ),( e qedtaR ),,( relacionam-se a mudanças na
dispersão intragrupos dadas pelos retornos da experiência dentro deste grupo.
Por outro lado, para um mesmo quantil, diferenças entre os coeficientes das funções qedtT ),( , qedtaR ),,( e qedaA ),( entre grupos de educação captam, respectivamente,
mudanças nos retornos da educação e da experiência ao longo do tempo e interações
entre elas neste ponto da distribuição.
Para caracterizar a distribuição de salários estimam-se 21 quantis18 a partir do modelo
dado em (3). O método utilizado é o de Smoothed Least Absolute Deviations (SLAD),
sugerido por Horowitz (1998), que consiste num estimador de mínima distância aplicado
ao contexto de regressões quantílicas, com propriedades desejáveis em pequenas
amostras.
O estimador SLAD escolhe o vetor de parâmetros β que minimiza a função
critério )()()( 1 ββ ZlwlwVZlw zq
zq
zq −− − , em que Z é matriz de regressores dada pelos
termos das funções qedtT ),( , qedaA ),( e qedtaR ),,( .
Cada zqlw representa uma ordem estatística, ou seja, o logaritmo de salário de um
determinado quantil q da distribuição observado em cada célula z de educação, idade e
tempo. Isso equivale a dizer que cada zqlw representa o logaritmo de salário de um
determinado quantil condicional q.
Segundo Koenker e Portnoy (1998), os zqlw são assintoticamente normalmente
distribuídos com variância 2)()1()( z
qz
zq lwfN
qqlwV −= , em que )( z
qlwf é a densidade
condicional de zqlw e Nz é o número de observações da célula z.
Em suma, o procedimento de estimação se dá em dois passos. No primeiro passo,
observam-se os diversos zqlw ’s para cada célula de educação, idade e tempo. Estimam-se
as densidades condicionais )( zqlwf não-parametricamente a partir de uma distribuição
18 Os quantis são: 1°, 5°, 10°, 15°, 20°, 25°, 30°, 35°, 40°, 45°, 50°, 55°, 60°, 65°, 70°, 75°, 80°, 85°, 90°, 95° e 99°.
20
kernel gaussiana: ∑=
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ −=
zN
i
zq
zi
z
zq h
lwlwhN
lwf1
1)( φ , em que zilw é o logaritmo de salários de
cada indivíduo i numa mesma célula z; h é a bandwidth (‘janela’) fixa de metade do
desvio-padrão do logaritmo dos salários para a célula z e φ é a função densidade da
distribuição normal-padrão. Finalmente, estimam-se as variâncias ^
)zq(lwV para cada z
qlw .
No segundo passo, estima-se o modelo dado em (3) para cada zqlw observado no
primeiro passo e para cada grupo de educação, utilizando o estimador SLAD, a fim de
obter os logaritmos de salário de cada quantil q previstos pelo modelo, denominados ^
zqlw .
A estimação de cada zqlw separadamente evita o efeito de erros de medidas dos
extremos da distribuição e gera estimativas consistentes, embora não eficientes.
Este procedimento equivale a regredir cada zqlw contra todas as combinações de
idade, tempo e educação para a amostra completa.
Além disso, também equivale a regredir cada zqlw contra a forma funcional
determinada pelas funções qedtT ),( , qedaA ),( e qedtaR ),,( por mínimos quadrados
ponderados, cujos pesos são baseados na matriz de variância e covariância dos zqlw
observados no primeiro passo.
Assim, ao final dos dois estágios, são obtidos os logaritmos dos salários referentes
aos 21 quantis das distribuições condicionais observada (os zqlw ) e prevista (os
^zqlw ).
Os termos de idade e de tempo entram nas regressões de forma a fixar em zero os
retornos da educação para os menos educados e os retornos da idade para os mais novos.
As estimações são realizadas para dois sub-períodos: 1981-1993 e 1994-2006, ou seja,
como (idade-25)/10 e (ano-1981)/10 ou (ano-1994)/10.
21
3.2 Amostra
Neste trabalho utilizaram-se os da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) entre os anos de 1981 a 2006.
A amostra é constituída por trabalhadores homens entre 25 e 60 anos, com renda do
trabalho principal e jornada de trabalho estritamente positivos19. Para os anos de 1991,
1994 e 2000, em que a PNAD não foi realizada, fez-se a interpolação das variáveis como
a média simples dos anos subjacentes.
A amostra está organizada em 3744 células definidas pelo período, pela idade do
trabalhador e por quatro grupos de educação: até três anos estudos (hed1), entre 4 a 7
anos (hed2), entre 8 e 11 anos (hed3), 12 anos ou mais (hed5).
A medida de desigualdade utilizada é a variância dos salários. Esta escolha se deve ao
fato de a variância dos salários ser uma medida facilmente decomposta nas parcelas
intragrupos e entre grupos da desigualdade de renda. Além disso, podem-se realizar
exercícios contrafactuais de interpretação intuitiva.
Já a variável de rendimento do trabalho adotada é a do logaritmo do salário real por
hora, a preços de 2005. O logaritmo do salário é utilizado no lugar do salário em nível
por questões de normalidade. Utilizou-se a informação do salário auferido no trabalho
principal que o indivíduo ocupava na semana de referência da pesquisa (v9532).
Para calcular o salário real, utilizou-se o deflator desenvolvido por Corseuil e Foguel
(2002). O salário horário é obtido pela divisão do salário real por quatro vezes o número
de horas trabalhadas na semana (v9058).
A tabela 3.1 descreve as células da amostra divididas por grupos educacionais20. Tabela 3.1 - Descrição das células
grupo de educação
observações na célula
população representada
média da célula
mínimo da célula
máximo da célula
log(w) médio
hed1 476.581 191.475.426 582 275 1311 0,53 hed2 442.002 181.003.686 532 117 1355 1,08 hed3 380.620 154.379.805 444 32 1583 1,58 hed4 145.597 58.631.426 172 17 431 2,62
Fonte: PNADs 1981 a 2006.
19 A consideração de jornadas de trabalho superior a 40 horas semanais (tempo integral) levaria a uma perda de 25% da amostra. 20 A tabela A.2 do Anexo traz o número de observações em cada grupo de educação por idade e ano da pesquisa.
22
3.3 Ajustamento do modelo
O gráfico 3.1 compara a evolução das variâncias do logaritmo dos salários observadas
nos dados individuais e nos dados agrupados e previstas pelo modelo em cada ano.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
A variância prevista segue de perto a evolução da variância observada nos dados
agrupados ao longo de todo o período considerado, havendo apenas uma pequena perda
de variabilidade em relação à variância observada nos dados individuais.
São construídas também estatísticas qui-quadrado, que fornecem uma medida da
validade das restrições impostas.
As estatísticas são construídas a partir de cada regressão estimada no segundo passo,
ou seja, para cada quantil da distribuição e cada grupo de educação:
h
N
h
zqhk
ed
lw(Ve∑=
= 1
^22 )*χ , em que h é cada célula dentro do grupo de educação ed, Ned é o
número de células dentro do grupo de educação ed, k é o número de graus de liberdade e 2he são os resíduos da regressão do termo de erro do modelo (3) estimado para o quantil
em questão contra as dummies de período.
As tabelas 3.2 e 3.3 abaixo trazem o valor das estatísticas estimadas para a mediana e
o 25° e 75° quantis da distribuição, para cada grupo de educação (hed), e os respectivos
p-valores, para cada sub-período.
Gráfico 3.1 - Variância dos salários observada e prevista
-0.10
0.00
0.10
0.20
0.30
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
dados individuais dados agrupados prevista
23
O valor de corte na distribuição qui-quadrado ao nível de significância de 5% para,
respectivamente, 458 graus de liberdade é de 508,9. A hipótese nula do teste é a de que as
restrições são válidas.
Tabela 3.2 - Teste de validade das restrições (1981-1993) hed1 hed2 hed3 hed4
599.22 547.74 488.11 528.64 mediana 0.00 0.00 0.16 0.01
581.75 641.40 543.18 616.82 25° 0.00 0.00 0.00 0.00
590.51 602.73 519.79 497.80 75° 0.00 0.00 0.02 0.10
Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela 3.3 - Teste de validade das restrições (1994-2006) hed1 hed2 hed3 hed4
406,26 506,21 445,94 472,38 mediana 0,96 0,06 0,65 0,31
495,66 441,58 430.36 481,06 25° 0,11 0,70 0,82 0,22
470,65 591,18 466,29 529,75 75° 0,33 0,00 0,38 0,01
Fonte: PNADs de 1994 a 2006.
O teste mostra que, a 5% de significância, enquanto no primeiro sub-período (1981 a
1993) as restrições impostas são rejeitadas na maioria dos casos, não se pode rejeitar a
hipótese de sua validade no segundo sub-período (1994 a 2006)21.
Finalmente, são feitos testes significância da diferença entre os coeficientes da
mediana e do 25° e 75° quantis em cada grupo de educação, mostrados nas tabelas 3.4 e
3.5 abaixo. Os desvios-padrão foram gerados por bootstrap com 100 replicações. Os
intervalos de confiança consideram nível de significância de 10%.
Para o sub-período de 1981-1993, os coeficientes estimados para diferentes quantis só
podem ser considerados estatisticamente diferentes entre si para o grupo de menor
qualificação (hed1), nas caudas superior e inferior da distribuição.
Já o sub-período de 1994-2006, a diferença estatística entre os coeficientes de
diferentes quantis é verificada para os termos de tendência na cauda inferior da
distribuição e de idade na cauda superior para todos os grupos de educação. Para os
21 Os testes de validade das restrições foram feitos para os demais quantis estimados. Os resultados podem ser obtidos junto a autora.
24
menos escolarizados, também se observa diferença estatística entre os coeficientes de
idade nos quantis da primeira metade da distribuição.
Tabela 3.4 - Teste de diferença dos quantis (1981-1993) hed1 hed2 hed3 hed4
coeficiente diferença intervalo de
confiança diferença intervalo de confiança diferença intervalo de
confiança diferença intervalo de confiança
tendência q50-q25 0.63 0.53 0.74 0.02 -0.07 0.11 0.04 -0.09 0.17 0.05 -0.21 0.30
(0.06) (0.06) (0.08) (0.15) q75-q50 0.13 0.02 0.23 0.07 -0.03 0.17 0.07 -0.06 0.21 0.07 -0.06 0.21
(0.06) (0.06) (0.08) (0.08) idade
q50-q25 0.06 0.01 0.11 0.06 0.03 0.09 0.05 0.00 0.10 0.02 -0.08 0.12 (0.03) (0.02) (0.03) (0.06)
q75-q50 0.11 0.08 0.14 0.07 0.03 0.11 0.03 -0.02 0.07 0.03 -0.02 0.07 (0.02) (0.02) (0.03) (0.03)
interação q50-q25 0.10 0.04 0.16 0.01 -0.05 0.06 0.04 -0.05 0.12 0.01 -0.14 0.15
(0.04) (0.04) (0.05) (0.09) q75-q50 0.03 -0.02 0.09 0.03 -0.02 0.08 0.05 -0.03 0.13 0.05 -0.03 0.13
(0.03) (0.03) (0.05) (0.05) Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela 3.5 - Estatísticas de ajustamento do modelo - Teste de diferença dos quantis (1994-2006) hed1 hed2 hed3 hed4
coeficiente diferença intervalo de
confiança diferença intervalo
de confiança
diferença intervalo de confiança diferença intervalo de
confiança
tendência q50-q25 0.15 0.04 0.26 0.08 0.02 0.14 0.13 0.04 0.22 0.17 0.01 0.34
(0.07) (0.04) (0.06) (0.10) q75-q50 0.09 -0.01 0.18 0.11 0.02 0.20 0.07 -0.03 0.16 0.07 -0.03 0.16
(0.06) (0.05) (0.06) (0.06) idade
q50-q25 0.18 0.13 0.23 0.04 0.02 0.06 0.02 -0.02 0.06 0.05 -0.01 0.12 (0.03) (0.01) (0.02) (0.04)
q75-q50 0.10 0.06 0.14 0.11 0.08 0.14 0.06 0.02 0.09 0.06 0.02 0.09 (0.02) (0.02) (0.02) (0.02)
interação q50-q25 0.13 0.06 0.19 0.04 0.00 0.07 0.08 0.02 0.14 0.03 -0.05 0.12
(0.04) (0.02) (0.03) (0.05) q75-q50 0.00 -0.05 0.05 0.06 0.02 0.11 0.02 -0.03 0.07 0.02 -0.03 0.07
(0.03) (0.03) (0.03) (0.03) Fonte: PNADs de 1994 a 2006.
25
3.4 Construção das distribuições não-condicionais
Sejam q e qz um determinado quantil das distribuições não-condicional e condicional
de salários, tem-se que )Pr( qlwlwq <= e )Pr( zqz lwlwq <= , em que qlw e z
qlw são,
respectivamente, os logaritmos de salário do quantil q e qz. A relação entre q e qz é dada
por ∫=
=Z
z
zz N
Nqq1
, em que Nz/N é o tamanho relativo da célula z, e Z é o número total de
células. Uma vez que todas as variáveis que definem as células são discretas (idade,
grupo de educação e ano da pesquisa), a relação entre q e qz pode ser escrita como
∑=
=Z
z
zz N
Nqq1
.
Dado um conjunto de zqlw , pode-se estimar a qual quantil condicional da célula z
)( lwzq um dado salário )(lw corresponderia. Isto é estimado por:
( ) ( )⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎣
⎡≥+≤= lwlwlwlwq z
zqq
lwz minmax
21 .
Suponha que para alguma célula z, tenha-se o seguinte conjunto de zqlw ’s: (-2,66;
-1,61; -1,05; -0,81; -0,69; -0,58; -0,44; -0,37; -0,18; -0,08; 0,05; 0,14; 0,19; 0,26; 0,32;
0,37; 0,42; 0,57; 0,73; 1,20; 1,49), em que cada valor corresponde a cada um dos 21
quantis considerados, em ordem crescente.
Ou seja, o logaritmo de salário que corresponde ao 1° quantil da distribuição de
salários na célula z é -2,66, o que corresponde ao 5° quantil é -1,61 e assim por diante.
Um dado salário lw = -0,4223, numa dada célula z, corresponderia ao quantil condicional 4223.0−
zq = 32,5°, já que o máximo quantil para todos os zqlw ’s menores que -0,4223 é o 30°
e o mínimo quantil para todos os zqlw ’s maiores que -0,4223 é o 35°.
26
O quantil não-condicional correspondente ao salário lw = -0,4223 pode ser estimado
por ∑=
−− =Z
z
zz N
Nqq1
4223.04223.0 . Ao se estimar um número suficiente de pares );( lwqlw , é
possível estimar o logaritmo de salário que corresponde ao quantil q da distribuição não-
condicional de salários. Isto é estimado por:
( ) ( )⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡≥+≤= qqqqlw lw
lw
lw
lw
q minmax21 .
Suponha que o seguinte conjunto de lwq ’s tenha sido estimado: (0,5; 1,1; 7,1; 13,7;
15,8; 20,4; 26,5; 30,7; 34,9; 40,7; 44,5; 50,7; 54,2; 60,8; 64,3; 70,3; 75,3; 80,2; 85,5;
91,4; 94,7; 99,0; 99,5), em que cada um destes lwq ’s corresponde a um lw diferente. Se,
por exemplo, os lw ’s correspondentes aos quantis 7,1° e 13,7° forem, respectivamente, -
1,82 e -0,99; então lw correspondente ao 10° quantil será -1,41.
27
Este procedimento é feito para os inúmeros pontos de logaritmos de salários
encontrados no intervalo da amostra [-4;8], igualmente espaçados com uma diferença de
0,05 entre eles. A partir disso, encontram-se os 21 qlw ’s correspondentes aos quantis
considerados que caracterizam a distribuição não-condicional. Perceba que, se
)()Pr( qq lwGlwlwq =<= é a função densidade acumulada; então, a função densidade de
probabilidade empírica referente ao quantil q pode ser escrita como
)()()( ε−−= qqq lwGlwGlwg , em que ε−q é o quantil vizinho.
Assim, a média e variância da distribuição não-condicional de salários são dadas por:
)(*)( q
q
qt lwglwlwE ∑= e
[ ] )(*)()( 2 q
qt
qt lwglwElwlwVar ∑ −=
As distribuições não-condicionais são obtidas para cada ano separadamente. Além
disso, são obtidas distribuições não-condicionais para os salários observados e previstos
nos dados agrupados e para cada contrafactual desejado.
3.5 Decomposição da variância
As distribuições não-condicionais dos salários previstos a partir do modelo (3) e em
cada exercício de análise contrafactual são utilizadas na análise de decomposição da
variância. Esta análise consiste simplesmente em medir as parcelas da variância total dos
salários devidas a seus componentes intragrupos e entre grupos.
A variância do logaritmo dos salários em determinado ano t pode ser escrita como:
28
[ ] [ ] [ ]22222 )()(2)()()()( t
B
t
A
tttt lwElwElwElwElwElwVar +−=−= (4)
Escrevendo os termos A e B de outra forma, tem-se:
(A) )()( 22zt
zztt lwEflwE ∑= (4’)
(B) [ ] ∑ −=−z
tztztt lwElwEflwE )()(2)(2 2 (4’’)
em que tztzt NNf = e ztN é o número de observações da célula z e tN é o número total
de observações no ano t, de modo que ztf é o tamanho relativo da célula z no ano t.
Substituindo (A) e (B) em (4), tem-se que:
[ ] [ ]2222 )()()(2)()()()( tz
tztztztz
ztttt lwElwElwEflwEflwElwElwVar +−+=−= ∑∑ (5)
Como 1=∑z
ztf , pode-se escrever (5) como:
[ ] [ ]{ }2222 )()()(2)()()()( ttztztz
ztttt lwElwElwElwEflwElwElwVar +−=−= ∑ (6)
Somando e subtraindo o termo [ ]2)( ztlwE em (6) e rearranjando os termos, obtêm-se:
[ ] [ ] [ ]{ }2222 )()()()()(2)()( ztztttztztz
ztt lwElwElwElwElwElwEflwVar −++−= ∑
[ ]{ } [ ] [ ]{ }∑∑ +−+−=z
ttztztztztztz
ztt lwElwElwElwEflwElwEflwVar 2222 )()()(2)()()()(
[ ]
gruposentre
iância
ztztzt
ragruposiância
ztz
ztt lwElwEflwVarflwVar
var
2
intvar
)()()()( ∑∑ −+= (7)
Como os próprios nomes sugerem, a desigualdade entre grupos (between groups
dispersion) é atribuída às diferenças em capital humano, ou seja, a diferenças existentes
entre os indivíduos quanto à educação e experiência. Já a desigualdade intragrupos
(within groups dispersion) representa a parcela da desigualdade que não pode ser
explicada por estes fatores, mas sim por diferenças em características produtivas não-
observáveis entre indivíduos num mesmo grupo.
29
3.6 Análises contrafactuais
A composição da força de trabalho (segundo sua qualificação e experiência) afeta a
desigualdade de salários tanto por meio do componente intragrupos quanto do
componente entre grupos. Isto é visto pela presença do termo ztf , que fornece o tamanho
relativo de cada célula z, em ambos os componentes da expressão (7) da subseção
anterior.
3.6.1 Dispersão intragrupos
A dispersão intragrupos nada mais é do que a média das dispersões de salários em
cada grupo considerado - )( ztlwVar , ponderada pelo tamanho destes grupos - ztf . Assim,
mudanças na composição da força de trabalho representam uma alteração nos pesos
relativos das variâncias de cada grupo, de modo que o componente intragrupos como um
todo é afetado. Por outro lado, a dispersão intragrupos também pode variar simplesmente
como resultado da mudança das dispersões dentro de cada célula.
Assim, por meio de análises ceteris paribus, é possível isolar cada um destes efeitos.
Ou seja, ao se calcular a dispersão intragrupos, considerando que a composição da força
de trabalho tivesse permanecido constante em um dado ano-base, obtêm-se a parcela do
componente within devida às variâncias dentro de cada grupo. Por outro lado, ao se
manterem fixas as dispersões salariais intra-células no ano-base, tem-se uma medida do
efeito composição sobre este componente da desigualdade. Além disso, podem-se avaliar
os efeitos composição da educação e da idade isoladamente, adicionalmente mantendo-se
fixa, respectivamente, a composição etária e educacional da força de trabalho.
3.6.2 Dispersão entre grupos
A dispersão entre grupos, por sua vez, é afetada tanto pelo efeito composição quanto
pelo efeito preço. O efeito preço avalia mudanças na desigualdade de salários dadas por
alterações nos diferenciais de salários pagos aos trabalhadores de grupos distintos,
representado pelo termo [ ]2)()( tzt lwElwE − da expressão (7) da subseção anterior. Assim,
este efeito é obtido ao se calcular a dispersão entre grupos, mantendo-se fixa a
composição dos atributos produtivos dos trabalhadores.
Perceba, no entanto, que a média salarial encontrada no mercado de trabalho num
dado ano é influenciada pela composição da força de trabalho, já que
30
)()( ztz
ztt lwEflwE ∑= . Assim, ao se manter fixa esta composição, na verdade o efeito
preço reflete mudanças na diferença entre a média salarial de cada grupo em relação à
média salarial que seria observada no mercado de trabalho caso os trabalhadores
apresentassem as mesmas características produtivas do ano-base.
Novamente, pode-se obter o efeito preço da educação de maneira isolada. Para isso,
adicionalmente mantêm-se fixos os retornos à idade. Ou seja, depois de feita a regressão,
‘desligam-se’ os retornos da experiência, atribuindo-se o valor zero para os termos de
interação, que fornecem os retornos à experiência ao longo do tempo, antes de se fazer a
previsão dos salários em cada grupo de educação. Desta maneira, só os retornos da
educação estarão atuando nesta previsão, que servirá de base para o cálculo para a média
salarial dentro dos grupos.
Da mesma forma, também se pode estimar o efeito preço da idade isoladamente.
Neste caso, porém, são os retornos à educação que são mantidos fixos. Ou seja, desta vez,
são os termos de tendência, que fornecem os retornos à escolaridade ao longo do tempo,
que são ‘desligados’ antes da previsão dos salários em cada grupo de educação.
Finalmente, o efeito composição da dispersão entre grupos representa as alterações
verificadas na variância dos salários dadas por mudanças na composição da força de
trabalho quanto a seus atributos produtivos (educação e experiência), descontando o
efeito que esta mudança causa nos diferenciais de salários.
Para obtê-lo, deve-se calcular a dispersão entre grupos, mantendo-se fixos os retornos
salariais, ou seja, tanto os retornos da educação quanto os da experiência. Aqui também é
possível estimar o efeito composição da educação e da idade isoladamente,
respectivamente, fixando-se a composição de idade e de educação da força de trabalho.
Os resultados destas simulações devem ser interpretados com exercícios de estática
comparativa, ou seja, o que se está avaliando é como teria evoluído a desigualdade de
salários se apenas um determinado fator (composição ou retorno) tivesse se alterado no
período, ceteris paribus. A figura 3.1 a seguir resume a decomposição da variância.
31
Figura 3.1 – Decomposição da variância
dispersãode
salários
dispersão
intragrupos
dispersão
entre grupos
composições educacional e etária fixas → dispersão
intragrupos dada pela variância dentro dos grupos
variância dentro dos grupos fixa → dispersão intragrupos dada pelas composições etária
e educacional
variância dentro dos grupos fixa + composição etária fixa → dispersão intragrupos dada pela composição educacional
composição educacional e etária fixa → dispersão entre grupos dada pelo efeito-preço
da educação e da idade
composição educacional e etária fixa + retorno da idade
fixo → dispersão entre gruposdada pelo efeito-preço da
educação
retornos da educação e idade fixos → dispersão entre grupos dada pelo efeito-
composição da educação e da idade
retornos da educação e idade fixos + composição etária fixa → dispersão entre grupos
dada pelo efeito-composição da educação
variância dentro dos grupos fixa + composição
educacional fixa → dispersão intragrupos dada pela
composição etária
retornos da educação e idade fixos + composição de
educação fixa → dispersão entre grupos dada pelo efeito-
composição da idade
32
4 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS
4.1 Composição da força de trabalho
Desde o início dos anos 1980, a força de trabalho brasileira vem sofrendo mudanças
importantes no que tange à sua qualificação. Entre 1981 e 2006, os trabalhadores
tornaram-se mais educados, elevando sua média de escolaridade de 4,4 para 7,4 anos.
Assim, a composição educacional da força de trabalho se alterou significativamente:
em 1981, 74,7% dos trabalhadores não haviam completado o ensino fundamental (hed1,
hed2). Em 2006, a participação relativa dos trabalhadores pouco educados era de 49,1%.
Por outro lado, a proporção de trabalhadores com qualificação intermediária (hed3)
ou superior (hed4) aumentou significativamente neste período: respectivamente de 16,6%
para 38,3% e de 8,7% para 12,6%. Fonte: PNADs de 1981 a 2006. Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Gráfico 4.1 - Média de escolaridade1981 a 2006
4.004.505.005.506.006.507.007.50
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
Gráfico 4.2 - Participação relativa dos grupos educacionais na força de trabalho (%) - 1981 a 2006
5
15
25
35
45
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hed1 hed2 hed3 hed4
33
Embora se possa dizer que os trabalhadores brasileiros estejam mais experientes, as
mudanças etárias no mercado de trabalho neste período foram mais lentas, já que a média
de idade se elevou apenas de 38,7 em 1981 para 39,6 anos em 2006.
Os trabalhadores mais jovens (entre 25 e 29 anos, hid1) reduziram sua participação
relativa no mercado de trabalho de 22% para 19%. A parcela de indivíduos com idade
entre 30 e 39 anos (hid2) também diminuiu de 35,5% para 34,1%.
Por sua vez, a proporção de trabalhadores com idade entre 40 e 49 anos (hid3), bem
como a de trabalhadores mais velhos (50 anos ou mais, hid4), se elevou de 25,8% para
28,4% e de 16,7% para 18,5% no período.
Fonte: PNADs de 1981 a 2006. Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Gráfico 4.3 - Média de idade1981 a 2006
37.00
37.5038.00
38.50
39.0039.50
40.00
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
Gráfico 4.4 - Participação relativa dos grupos etários na força de trabalho (%) - 1981 a 2006
5
15
25
35
45
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hid1 hid2 hid3 hid4
34
Outro aspecto importante se refere à evolução da dispersão dos atributos produtivos
dos trabalhadores. A iniqüidade educacional, medida pelo desvio-padrão da escolaridade,
se elevou significativamente de 4,29 para 4,57 anos entre 1981 e 2006.
No entanto, este aumento foi quase que totalmente concentrado nos anos 1980, já que
o desvio-padrão da educação atingiu o valor de 4,58 em 1988 e se manteve praticamente
constante por todo o restante do período.
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
A dispersão etária se reduziu significativamente entre 1981 (9,71 anos) e 2001 (9,38
anos). Porém, a partir deste ano tem-se verificado um aumento expressivo no desvio-
padrão de idade no mercado de trabalho, que em 2006 atingiu o valor de 9,63 anos.
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Gráfico 4.5 - Desvio-padrão de escolaridade1981 a 2006
4.20
4.304.40
4.50
4.604.70
4.80
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
Gráfico 4.6 - Desvio-padrão de idade1981 a 2006
9.20
9.309.40
9.50
9.609.70
9.80
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
35
4.2 Evolução salarial
Nos anos 1980, a média salarial apresentou forte flutuação, sem nenhuma tendência
claramente definida. No ano de 1986, a média de rendimentos do mercado sofreu
aumento significativo, de cerca de 35% em relação ao ano anterior.
De modo geral, na primeira metade dos anos 1990 a média salarial apresentou um
período de queda (de 1,19 para 0,99 - entre 1989 e 1993) e outro de elevação (de 0,99
para 1,21 - entre 1993 e 1996).
Entre 1998 e 2001, os salários médios voltaram a se reduzir (de 1,21 para 1,12). No
período recente, a média salarial aumentou continuamente, atingindo em 2006 o maior
valor de todo o período (1,33), com exceção do ano de 1986.
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Nos anos 1980, a média de salários dos grupos educacionais acompanhou a evolução
dos salários médios do mercado de trabalho. Entretanto, as perdas salariais do período
1987-91 foram menores para os trabalhadores mais qualificados (hed4) em 10 p.p.
Entre 1994 e 2001, nota-se que os indivíduos com alta qualificação (hed4) auferiam
ganhos salariais maiores do que os demais trabalhadores no mercado de trabalho (cerca
de 10 p.p.), principalmente em relação aqueles com baixa escolaridade (hed1).
No período recente (2001 a 2006) ocorreu o oposto. Os trabalhadores com ensino
fundamental incompleto perceberam um aumento salarial expressivo (de 22% e 17%,
respectivamente para os que estudaram até 3 anos – hed1 - e entre 4 e 7 anos – hed2).
Gráfico 4.7 - Média do logarítmo dos salários1981 a 2006
0.901.001.101.201.301.401.501.60
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
36
Enquanto isso, o aumento salarial dos trabalhadores com qualificação média ou
superior foi bem menor (respectivamente, de 7% para hed3 e 3% para hed4). Na verdade,
até 2004, os salários médios dos indivíduos mais qualificados vinham se reduzindo.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993. Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006.
De maneira geral, pode-se notar que a média salarial se comporta do acordo com o
‘ciclo de vida dos salários’. Isto porque os salários médios tendem a aumentar com a
idade (entre 25 e 49 anos), mas passam a se reduzir quando o trabalhador atinge a
maturidade (50 anos ou mais).
Entre 1981 e 1995, não havia grandes diferenças entre as remunerações médias dos
trabalhadores mais jovens e mais velhos (hid1 e hid4), que recebem os menores salários,
bem como entre as dos trabalhadores com idade intermediária (hid2 e hid3), que recebem
salários mais elevados.
Gráfico 4.8 - Média do logarítmo dos saláriospor grupos de educação - 1981 a 1993
-0.50-0.40-0.30-0.20-0.100.000.100.200.30
19811982
19831984
19851986
19871988
19891990
19911992
1993
hed1 hed2 hed3 hed4
Gráfico 4.9 - Média do logarítmo dos saláriospor grupos de educação - 1994 a 2006
-0.10
0.00
0.10
0.20
0.30
19941995
19961997
19981999
20002001
20022003
20042005
2006
hed1 hed2 hed3 hed4
37
Ou seja, grosso modo, podem-se observar apenas duas médias salariais distintas ao
longo do ciclo de vida. No entanto, a partir do Plano Real, as diferenças salariais por
idade tornaram-se mais expressivas. Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
4.3 Desigualdade de salários
Entre 1981 e 1989, a desigualdade de salários - medida com o desvio-padrão do
logaritmo dos salários - se elevou substancialmente de 0,98 para 1,12. Depois de uma
forte redução no início dos anos 1990 (para 1,04 em 1992), a iniqüidade salarial manteve-
se praticamente inalterada nesta década (em torno de 1,05 entre 1992 e 1997).
Desde 1997, a dispersão salarial tem-se reduzido praticamente de forma contínua.
Esta redução tem sido ainda mais significativa no período recente. Entre 2001 e 2006, o
desvio-padrão dos salários diminuiu de 1,02 para 0,96.
Apesar disso, esta diminuição da desigualdade salarial parece ter ocorrido
principalmente entre 2001 e 2004, já que a partir de então o desvio-padrão dos salários
praticamente não se alterou (ficando no patamar de 0,96 em 2005 e 2006).
Gráfico 4.10 - Média do logarítmo dos saláriospor grupos de idade - 1981 a 2006
-0.40-0.30-0.20-0.100.000.100.200.300.40
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hid1 hid2 hid3 hid4
38
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Grosso modo, a desigualdade salarial dentro dos grupos educacional e etário
aumentou nos anos de 1980, permanecendo praticamente constante na primeira metade
dos anos 1990. A partir de 1997, a dispersão intragrupos passou a se reduzir, exceto entre
os indivíduos mais educados (hed4). Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Gráfico 4.11 - Desvio-padrão do logarítmo dos salários1981 a 2006
0.95
1.00
1.05
1.10
1.15
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
Gráfico 4.12 - Desvio-padrão do logarítmo dos saláriospor grupos de educação - 1981 a 2006
-0.1
0
0.1
0.2
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hed1 hed2 hed3 hed4
39
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
4.4 Retornos salariais
Nos anos 1980, os retornos médios à educação e à idade aumentaram,
respectivamente, de 15,4% para 16,2% e de 8,6% para 11,2% (entre 1981 e 1988).
Entre 1988 e 1997, o retorno educacional médio se reduziu num primeiro momento
(de 16,2% para 14,2%, entre 1988 e 1991), voltando a se elevar posteriormente (para
14,8% em 1997).
A partir de 1997, o diferencial salarial médio relacionado à educação vem diminuindo
continuamente, tendo atingido o valor de 13% em 2006.
Por outro lado, os retornos médios à idade reduziram-se expressivamente desde 1988,
atingindo o valor de 7,2% em 2006.
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Gráfico 4.14 - Retornos médios à educação1981 a 2006
12.013.014.015.016.017.0
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
Gráfico 4.13 - Desvio-padrão do logarítmo dos saláriospor grupos de idade - 1981 a 2006
-0.15-0.1
-0.050
0.050.1
0.150.2
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hid1 hid2 hid3 hid4
40
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Apesar desta tendência generalizada de diminuição dos retornos médios à educação e
à idade, os diferenciais salariais relacionados a cada grupo educacional e etário vêm
evoluindo de maneiras distintas.
Enquanto os retornos ao ensino fundamental e médio reduziram-se bruscamente ao
longo de todo o período, o ganho salarial do ensino superior aumentou
significativamente.
Em 1981, um trabalhador que tivesse completado o ensino primário (no mínimo 4
anos de estudos - hed2) receberia salários 60% maiores do que um trabalhador com o
ensino primário incompleto (hed1). Em 2006, esta diferença era de 45%.
Do mesmo modo, a diferença salarial entre indivíduos com qualificação intermediária
(ensino fundamental completo ou algum ensino médio – hed3) e com ensino fundamental
incompleto (hed2) passou de 64% em 1981 para 47% em 2006.
Por outro lado, os retornos salariais ao ensino superior aumentaram. Em 1981,
trabalhadores que tivessem ao menos iniciado a faculdade recebiam salários 92% maiores
do que aqueles que possuíam o ensino médio. Em 2006, este ganho era de 105%.
Entretanto, o aumento contínuo dos retornos salariais do ensino superior ocorreu até o
ano de 2002 (quando atingiram 110%). Deste ano até 2006, o prêmio salarial da alta
qualificação diminuiu 5 p.p.
Gráfico 4.15 - Retornos médios à idade1981 a 2006
6.0
7.08.0
9.0
10.011.0
12.0
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
41
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
Entre 1981 e 2006, o diferencial salarial de indivíduos na faixa de 30 anos (relativos
aos trabalhadores mais novos) flutuou em torno de 24,5%. Já os retornos salariais de
indivíduos na faixa de 40 anos (em relação aos de 30) aumentaram de 12,1% para 18,4%.
A mudança mais expressiva está no diferencial salarial dos trabalhadores mais velhos
(com 50 anos ou mais). Em 1981, sua remuneração era 3% inferior à de indivíduos na
faixa dos 40 anos. Em 2006, ela passou a ser 8,5% superior.
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
4.5 Evolução salarial por quantis
Ao longo do período 1981 e 2005, podem-se definir dois sub-períodos distintos em
relação à evolução dos salários por quantis. Até 1993, as oscilações salariais foram
Gráfico 4.16 - Diferenciais de salários por educação - 1981 a 2006
40.050.060.070.080.090.0
100.0110.0
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hed2/hed1 hed3/hed2 hed4/hed3
Gráfico 4.17 - Diferenciais de salários por idade - 1981 a 2006
-10.0
0.0
10.0
20.0
30.0
19811983
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
hid2/hid1 hid3/hid2 hid4/hid3
42
desfavoráveis aos trabalhadores do primeiro décimo da distribuição, cujas perdas salariais
foram maiores do que aquelas verificadas entre os indivíduos do quinto e nono
décimos22.
Após o Plano Real, vem ocorrendo exatamente o oposto. Entre 1997 e 2001, ambos
os trabalhadores melhor e pior remunerados sofreram uma redução salarial, mas esta
diminuição foi mais acentuada entre os trabalhadores mais ricos.
A partir de 2001, o crescimento dos salários dos trabalhadores na cauda inferior foi
contínuo e bastante expressivo (34%); além de muito superior ao aumento dos salários
dos trabalhadores na cauda superior (12%).
Fonte: PNADs de 1981 a 1993. Fonte: PNADs de 1993 a 2006.
22 Esta tendência é verificada a partir de 1986. Até este ano, as variações salariais não diferiram entre os quantis.
Gráfico 4.18 - Mudança cumulativa nos quantis do logarítmo dos salários - 1981 a 1993
-0.50-0.30-0.100.100.300.50
19811982
19831984
19851986
19871988
19891990
19911992
1993
10° mediana 90°
Gráfico 4.19 - Mudança cumulativa nos quantis do logarítmo dos salários - 1994 a 2006
-0.100.000.100.200.300.40
19941995
19961997
19981999
20002001
20022003
20042005
2006
10° mediana 90°
43
5 RESULTADOS
5.1 Resultados das regressões
Nos dois sub-períodos (1981-1993 e 1994-2006), os termos de tendência e idade são
significantes em cada um dos grupos de educação e em todas as regressões (para a
mediana e para o 25° e 75° quantis – tabelas 5.1 a 5.6).
A diferença de magnitude nos coeficientes de tendência entre os grupos de
escolaridade revela uma mudança nos retornos salariais relacionados à educação ao longo
do tempo.
Os coeficientes de idade também diferem significativamente entre os grupos de
educação, o que mostra que os retornos à experiência são bastante distintos entre os
níveis de escolaridade.
Os termos de interação não são significantes entre 1981-1993, mas passam a ser
significantes no período 1994-2006. Isto pode significar uma mudança nos retornos à
experiência ao longo do tempo ou a importância de efeitos coorte a partir de meados dos
anos 1990.
De fato, a evolução salarial ao longo do ciclo de vida por grupos de educação revela
aspectos interessantes:
A taxa de depreciação do capital humano é maior entre trabalhadores menos
educados, o que mostra que de fato os retornos à experiência diferem entre os níveis de
qualificação.
Para os trabalhadores com menor escolaridade, os salários passam a decrescer antes
(no ciclo de vida) do que para aqueles que estudaram mais. O tipo de ocupação deve
explicar este padrão, já que indivíduos menos escolarizados se alocam em atividades que
exigem maior esforço físico.
Por outro lado, a taxa de depreciação do capital humano parece ter diminuído ao
longo do tempo, ou seja, a magnitude da redução salarial a partir da maturidade do
trabalhador no mercado de trabalho é menor em 2006 do que em 1986 e 1996.
Além disso, percebe-se que o ponto de inflexão do ciclo de vida dos salários tem-se
tornado mais tardio ao longo do tempo: a redução dos salários relacionada à idade tem
44
ocorrido em faixas etárias mais elevadas ao longo do tempo, de forma ainda mais intensa
na última década (pelo menos para os indivíduos com menor qualificação).
Estes resultados devem estar relacionados de alguma forma com um aumento de
produtividade das coortes mais novas de trabalhadores, relacionadas a melhorias nas
condições de saúde ou da qualidade da educação básica ou ainda de mudanças nas
habilidades dos indivíduos mais novos.
Finalmente, entre 1994 a 2006, verificam-se diferenças significativas entre os
coeficientes dos diferentes quantis em cada grupo de educação. Isto sugere que devem ter
ocorrido mudanças importantes na distribuição de salários dentro dos grupos
educacionais e etários ao longo do tempo, principalmente entre os menos educados e na
cauda inferior da distribuição.
Tabela 5.1 - Coeficientes da regressão por quantis (1981-1993)
mediana hed1 hed2 hed3 hed4 t -1.16* -0.94* -0.70* -0.77* (0.16) (0.14) (0.14) (0.17) t2 2.02* 1.66* 1.30* 1.71* (0.29) (0.26) (0.25) (0.30) t3 -1.15* -1.01* -0.89* -1.18* (0.16) (0.15) (0.14) (0.17) idade 0.21* 0.45* 0.64* 1.07* (0.06) (0.06) (0.06) (0.07) idade2 -0.05 -0.12* -0.16* -0.42* (0.04) (0.04) (0.04) (0.05) idade3 0.00 0.00 0.00 0.05* (0.01) (0.01) (0.01) (0.01) t*idade 0.13 0.11 0.00 0.00 (0.09) (0.08) (0.09) (0.10) t*idade2 -0.01 0.01 0.03*** 0.05** (0.02) (0.02) (0.02) (0.02) t2*idade -0.06 -0.08 -0.10*** -0.11*** (0.05) (0.05) (0.06) (0.07) constante 0.52* 1.01* 1.53* 2.28* (0.03) (0.03) (0.03) (0.04) Obs.: significância: * 1%; **5%; *** 10%. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
45
Tabela 5.2 - Coeficientes da regressão por quantis (1981-1993) 25° hed1 hed2 hed3 hed4
t -0.52* -0.97* -0.74* -0.73* (0.15) (0.15) (0.15) (0.19) t2 0.81* 1.41* 1.13* 1.75* (0.27) (0.28) (0.28) (0.34) t3 -0.60* -0.79* -0.73* -1.29* (0.15) (0.15) (0.15) (0.19) idade 0.15* 0.39* 0.59* 1.05* (0.06) (0.06) (0.06) (0.08) idade2 -0.03 -0.11* -0.16* -0.40* (0.04) (0.04) (0.04) (0.05) idade3 0.00 0.00 0.01 0.05* (0.01) (0.01) (0.01) (0.01) t*idade 0.02 0.11 0.04 -0.01 (0.08) (0.09) (0.10) (0.12) t*idade2 -0.02 0.01 0.03 0.02 (0.02) (0.02) (0.02) (0.03) t2*idade 0.04 -0.09*** -0.12** -0.06 (0.05) (0.06) (0.06) (0.08) constante 0.09* 0.58* 1.06* 1.75* (0.03) (0.03) (0.03) (0.04) Obs.: significância: * 1%; **5%; *** 10%. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela 5.3 - Coeficientes da regressão por quantis (1981-1993) 75° hed1 hed2 hed3 hed4
t -1.03* -0.87* -0.77* -1.05* (0.16) (0.14) (0.14) (0.17) t2 2.06* 1.72* 1.59* 2.18* (0.28) (0.26) (0.26) (0.30) t3 -1.27* -1.09* -1.09* -1.38* (0.16) (0.14) (0.14) (0.17) idade 0.32* 0.52* 0.67* 0.96* (0.06) (0.06) (0.06) (0.07) idade2 -0.09** -0.13* -0.15* -0.37* (0.04) (0.04) (0.04) (0.04) idade3 0.00 0.01 0.00 0.05* (0.01) (0.01) (0.01) (0.01) t*idade 0.16*** 0.08 -0.05 0.15 (0.08) (0.08) (0.09) (0.10) t*idade2 -0.03*** 0.01 0.03 0.02 (0.02) (0.02) (0.02) (0.02) t2*idade -0.03 -0.08 -0.03 -0.14** (0.05) (0.05) (0.06) (0.07) constante 0.91* 1.42* 2.03* 2.80* (0.03) (0.03) (0.03) (0.04) Obs.: significância: * 1%; **5%; *** 10%. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
46
Tabela 5.4 - Coeficientes da regressão por quantis (1994-2006) mediana hed1 hed2 hed3 hed4
t 0.44* 0.50* 0.50* 0.54* (0.06) (0.06) (0.07) (0.12) t2 -1.09* -1.51* -1.72* -1.48* (0.10) (0.10) (0.11) (0.20) t3 0.81* 0.96* 1.03* 0.79* (0.05) (0.05) (0.06) (0.10) idade 0.23* 0.32* 0.45* 0.81* (0.02) (0.02) (0.03) (0.05) idade2 -0.03** -0.03** -0.08* -0.26* (0.01) (0.01) (0.02) (0.03) idade3 -0.01* -0.01* 0.00 0.03* (0.00) (0.00) (0.00) (0.01) t*idade -0.13* -0.10* -0.06 -0.08 (0.03) (0.03) (0.04) (0.06) t*idade2 0.03* 0.03* 0.01*** 0.00 (0.01) (0.01) (0.01) (0.01) t2*idade 0.00 0.00 0.00 0.06*** (0.02) (0.02) (0.02) (0.04) constante 0.23* 0.76* 1.23* 2.03*
(0.01) (0.01) (0.01) (0.03) Obs.: significância: * 1%; **5%; *** 10%. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. O ano de 1994 se refere à interpolação simples dos anos subjacentes.
Tabela 5.5 - Coeficientes da regressão por quantis (1994-2006) 25° hed1 hed2 hed3 hed4
t 0.29* 0.58* 0.63* 0.72* (0.07) (0.06) (0.06) (0.13) t2 -0.69* -1.52* -1.64* -1.87* (0.12) (0.10) (0.11) (0.22) t3 0.55* 1.02* 0.97* 1.03* (0.07) (0.05) (0.05) (0.11) idade 0.05*** 0.27* 0.43* 0.75* (0.03) (0.02) (0.02) (0.05) idade2 0.03*** -0.01 -0.10* -0.25* (0.02) (0.01) (0.02) (0.03) idade3 -0.01* -0.01* 0.01*** 0.03* (0.00) (0.00) (0.00) (0.01) t*idade 0.00 -0.14* -0.14* -0.11*** (0.04) (0.03) (0.04) (0.07) t*idade2 0.00 0.04* 0.02* -0.01 (0.01) (0.01) (0.01) (0.01) t2*idade 0.00 -0.02 0.04** 0.09** (0.02) (0.02) (0.02) (0.04) constante -0.12* 0.29* 0.72* 1.52*
(0.02) (0.01) (0.01) (0.03) Obs.: significância: * 1%; **5%; *** 10%. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. O ano de 1994 se refere à interpolação simples dos anos subjacentes.
47
Tabela 5.6 - Coeficientes da regressão por quantis (1994-2006) 75° hed1 hed2 hed3 hed4
t 0.52* 0.39* 0.44* 0.35* (0.07) (0.07) (0.07) (0.13) t2 -1.41* -1.45* -1.72* -1.04* (0.12) (0.12) (0.12) (0.21) t3 0.91* 0.94* 1.00* 0.56* (0.06) (0.06) (0.06) (0.11) idade 0.33* 0.43* 0.51* 0.86* (0.03) (0.03) (0.03) (0.05) idade2 -0.06* -0.06* -0.09* -0.29* (0.02) (0.02) (0.02) (0.03) idade3 0.00 0.00 0.00 0.04* (0.00) (0.00) (0.00) (0.01) t*idade -0.13* -0.17* -0.04 -0.03 (0.03) (0.04) (0.04) (0.07) t*idade2 0.03* 0.05* 0.00 -0.02 (0.01) (0.01) (0.01) (0.01) t2*idade 0.01 0.00 0.03 0.06 (0.02) (0.02) (0.02) (0.04) constante 0.69* 1.17* 1.73* 2.52*
(0.02) (0.02) (0.02) (0.03) Obs.: significância: * 1%; **5%; *** 10%. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. O ano de 1994 se refere à interpolação simples dos anos subjacentes.
Figura 5.1 – Perfil do ciclo de vida dos salários por grupos de educação
Fonte: PNADs de 1986, 1996 e 2006.
Perfil do ciclo de vida dos salários (hed1)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58
1986 1996 2006
Perfil do ciclo de vida dos salários (hed2)
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58
1986 1996 2006
Perfil do ciclo de vida dos salários (hed3)
0.000.100.200.300.400.500.600.700.80
25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58
1986 1996 2006
Perfil do ciclo de vida dos salários (hed4)
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58
1986 1996 2006
48
5.2 Decomposição da variância dos salários
De maneira geral, podem-se estabelecer três momentos distintos para a trajetória da
desigualdade de rendimentos do trabalho no Brasil nos últimos 25 anos (ver gráfico 5.1).
Durante a década de 1980, a variância dos salários sofreu um aumento expressivo, de
0,87 em 1981 para 1,10 em 1988. Depois de sofrer uma forte redução no início dos anos
1990 (0,96 em 1992), a desigualdade salarial manteve-se estável ao longo de quase toda a
década (em média de 0,98 entre 1992 e 1997).
Desde então, a dispersão de rendimentos do trabalho vem sofrendo uma redução
contínua: entre 1997 e 2001, a variância dos salários passou de 0,99 para 0,91. No
período recente, a queda da desigualdade salarial se acelerou: em 2006, a variância dos
salários atingiu o menor valor do período (0,79).
Fonte: PNADs de 1981 a 2006. Os componentes intragrupos e entre grupos correspondem a cerca de 62% e 38% da
variância total dos salários. Nesta decomposição, o maior peso relativo da variância
intragrupos se deve ao fato de que ele contabiliza todas as diferenças observáveis entre os
trabalhadores que não se referem ao capital humano, além dos fatores não-observáveis.
De maneira geral, a trajetória da variância dos salários foi acompanhada por
mudanças no componente intragrupos ao longo de todo o período (ver gráficos 5.2 e 5.3).
Isto significa que as oscilações de curto prazo da dispersão salarial são explicadas por
outros fatores que não as diferenças produtivas entre os trabalhadores.
A parcela da desigualdade de salários explicada por diferenças de educação e
experiência dos trabalhadores – a variância entre grupos - manteve-se praticamente
Gráfico 5.1 - Decomposição da variância dos salários
0.000.200.400.600.80
1.001.20
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
prevista intragrupos entre grupos
49
constante até 1997 (exceto por uma forte queda em 1986), a partir de quando passou a
declinar continuamente até 2006.
Em 2005/06, a queda da desigualdade salarial pode ser atribuída à redução da
variância dos salários entre indivíduos com diferentes níveis de qualificação, já que o
componente intragrupos da dispersão salarial praticamente não se alterou.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993. Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006.
5.2.1 Dispersão salarial entre grupos:
5.2.1.1 Efeito-preço
A trajetória da desigualdade de salários explicada por diferenças produtivas dos
trabalhadores nos últimos 25 anos foi seguida pelas variações no efeito-preço total, que
Gráfico 5.2 - Decomposição da variância dos salários - 1981 a 1993
-0.10-0.050.000.050.100.150.200.25
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
prevista intragrupos entre grupos
Gráfico 5.3 - Decomposição da variância dos salários - 1994 a 2006
-0.25
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
prevista intragrupos entre grupos
50
inclui tanto as tendências de curto-prazo dos salários quanto as mudanças nos retornos da
educação e da experiência dos trabalhadores (gráficos 5.4 e 5.5).
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993. Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. Entre 1982 a 1985, a contribuição da variância entre grupos sobre a desigualdade
manteve-se constante em cerca de 42%, o que representa um aumento de 5% em relação
ao início dos anos 1980.
Em 1986, a variância entre grupos se reduziu bruscamente, passando a explicar 32%
da desigualdade total de salários. Isto se deveu a uma forte redução do efeito preço,
relacionada à diminuição dos retornos à educação (de 1,2 p.p. de 1985 para 1986).
A diminuição no diferencial de remuneração relacionado à escolaridade representa
muito mais um efeito artificial de mudanças no diferencial de salários entre trabalhadores
com baixos e altos salários, fruto das medidas adotadas no Plano Cruzado.
Gráfico 5.4 - Variância entre grupos - 1981 a 1993
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
entre grupos ef. preço ef. composição
Gráfico 5.5 - Variância entre grupos - 1994 a 2006
-0.10
-0.08
-0.06
-0.04
-0.02
0.00
0.02
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
entre grupos ef. preço ef. composição
51
Isto porque em 1986, o abono salarial foi estabelecido em 8% para todos os salários
na economia, exceto para o salário mínimo, cuja correção foi fixada em 16%, além do
gatilho salarial de 20%. A taxa de inflação se reduziu de 239% a.a. para 59% a.a.
Entre 1987 e 1990, o componente entre grupos da desigualdade salarial flutuou
bastante, como conseqüência das bruscas variações salariais oriundas dos diversos planos
de estabilização adotados neste período.
No início dos anos 1990 (1990-92/93), a dispersão salarial explicada pelos atributos
produtivos dos trabalhadores sofreu outra queda importante. Novamente, pode-se atribuir
este resultado à redução artificial dos retornos da educação (de 1,5 p.p. entre 1990-92),
associada ao aumento no valor real do salário mínimo (de 46,5% entre 1990-92).
Então, a redução observada do gap salarial entre trabalhadores de diferentes grupos
educacionais (em 1986 entre 1990-93) pode refletir a diminuição das diferenças de
salários entre trabalhadores com baixas remunerações (atreladas ao salário mínimo) e
aqueles com remunerações mais elevadas23.
Por outro lado, os elevados retornos à educação (média de 15,6% na década de 1980)
explicam o efeito positivo dos preços da escolaridade sobre a desigualdade de renda entre
diferentes grupos de educação neste período (gráfico 5.6).
Os retornos à idade, por sua vez, apresentam um impacto quase nulo sobre a
dispersão de salários entre grupos até 1988, a despeito do forte aumento nos preços da
experiência verificado neste período.
A partir deste ano, o efeito-preço da idade apresenta impacto negativo sobre a
desigualdade de salários (embora bastante reduzido), provavelmente associado à redução
nos retornos à experiência.
23 Para resultados sobre o impacto do salário mínimo sobre a desigualdade de renda, ver Fajnzylber (2001), Lemos (2001), Rodrigues (2003), Firpo e Reis (2006).
52
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
De modo geral, as tendências salariais dos trabalhadores com baixa e alta qualificação
(hed1 e hed4) parecem ser as principais responsáveis pelo impacto positivo do efeito-
preço da escolaridade sobre a dispersão salarial entre grupos (gráfico 5.7).
Este resultado corrobora a conclusão da literatura de que o processo inflacionário
deve ter penalizado de forma mais (menos) severa os trabalhadores localizados em
quantis inferiores (superiores) da distribuição de salários24.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
A partir de 1994, com a estabilização macroeconômica, a trajetória da dispersão
salarial entre grupos tornou-se mais ‘bem-comportada’. Desde 1997, a desigualdade de
24 Bonelli e Ramos (1993) argumentam que os trabalhadores dos estratos inferiores da distribuição de salários apresentaram perdas absolutas nos rendimentos do trabalho na década de 1980.
Gráfico 5.7 - Variância entre gruposefeito preço por grupos de educação - 1981 a 1993
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
hed1 hed2 hed3 hed4
Gráfico 5.6 - Variância entre gruposefeito preço - 1981 a 1993
-0.08-0.06-0.04-0.020.000.020.040.06
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
ef. preço ef. preço educação ef.preço idade
53
rendimentos do trabalho explicada pela diferença de atributos produtivos dos
trabalhadores passou a declinar contínua e significativamente até 2006.
Este resultado se deve ao efeito-preço do capital humano, que tem atuado de forma a
reduzir a desigualdade de salários entre grupos. A explicação para isto está na redução
dos retornos salariais médios relacionados à qualificação dos indivíduos (gráfico 5.8).
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. Entre 1994 e 2006, as diferentes mudanças nos diferenciais de salariais entre os
grupos de escolaridade parecem se relacionar de formas distintas com a variação da
desigualdade de salários (gráfico 5.9).
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006.
Basicamente, verificou-se uma redução nos diferenciais salariais entre trabalhadores
com ensino fundamental ou médio (hed2/hed1 e hed3/hed2), além do aumento nos
retornos ao ensino superior até 2002 e sua redução a partir deste ano (hed4/hed3).
Gráfico 5.8 - Variância entre gruposefeito preço - 1994 a 2006
-0.10-0.08-0.06-0.04-0.020.000.02
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
ef. preço ef. preço educação ef.preço idade
Gráfico 5.9 - Variância entre gruposefeito preço por grupos de educação - 1994 a 2006
-0.06-0.05-0.04-0.03-0.02-0.010.000.010.02
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
hed1 hed2 hed3 hed4
54
Assim, a partir de 2001, o crescimento expressivo da média salarial dos trabalhadores
menos escolarizados (hed1), que se concentram nos decis inferiores da distribuição (1 e
2), atuou no sentido de reduzir a desigualdade entre grupos.
Da mesma forma, a queda da remuneração dos indivíduos com qualificação
intermediária (hed3), que se localizam em decis posteriores à mediana (6, 7 e 8), também
se associou à diminuição da dispersão salarial entre grupos.
Por outro lado, a evolução dos salários dos trabalhadores altamente qualificados
(hed4), que vinha atuando no aumento da dispersão de salários entre grupos até 2002,
passou a contribuir para sua redução a partir deste ano.
Isto porque os indivíduos mais qualificados, que ocupam a cauda superior da
distribuição de salários (decis 8 e 9), sofreram as menores perdas salariais relativas até
2002, momento em que seus salários passaram a declinar pelo menos até 2005.
Embora a remuneração dos trabalhadores com primário completo (hed2) também ter
se elevado nos últimos anos, ela não impactou a variância entre grupos, talvez pelo fato
de que estes indivíduos se localizam em torno da mediana da distribuição (decis 4, 5 e 6).
5.2.1.2 Efeito-composição
As mudanças na composição da força de trabalho relativas às características
produtivas dos indivíduos também se relacionam de maneira significativa com o aumento
da desigualdade entre grupos no período de 1981 a 1993 (gráfico 5.10).
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Gráfico 5.10 - Variância entre gruposefeito composição - 1981 a 1993
0.000.010.020.030.040.05
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
ef. composição ef. composição educaçãoef.composição idade
55
De maneira geral, as trajetórias do efeito-composição total e do efeito-composição de
educação caminharam juntas. Até 1988, o impacto das mudanças educacionais sobre o
aumento da desigualdade entre grupos é fortemente crescente.
Entre 1988 e 1993, o impacto do efeito-composição de educação sobre a variância
dos salários entre os grupos de qualificação se reduziu, assim como o do efeito-
composição total.
Claramente, o que explica este resultado é o forte aumento da desigualdade
educacional entre 1980 e 1988 e uma posterior redução do desvio-padrão da escolaridade
entre 1989 e 1993.
Estes resultados são consistentes com a previsão de Knight e Salbot (1985) de que a
desigualdade de educação tende a aumentar nos momentos iniciais da expansão
educacional, que ocorreu no Brasil no início dos anos 1980.
As melhorias nos níveis básicos de escolaridade na década de 1980 devem ser as
maiores responsáveis pelo aumento da desigualdade educacional no mercado de trabalho
neste período (gráfico 5.11).
Isto porque as mudanças na variância de educação relacionam-se principalmente à
diminuição da participação relativa dos trabalhadores com menor qualificação (hed1 e
hed2) e ao aumento da proporção de indivíduos com qualificação intermediária (hed3)25.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 2006. No período de 1994 a 2006, o efeito-composição total e o efeito-composição de
educação apresentam impactos praticamente nulos (mas ainda positivos) sobre a 25 Estes resultados são obtidos a partir da estimação do efeito-composição da evolução educacional sobre a variância da escolaridade.
Gráfico 5.11 - Desigualdade de educação
-0.20-0.100.000.100.20
0.300.40
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
hed1 hed2 hed3 hed4
56
dispersão salarial entre grupos (gráfico 5.12). Provavelmente, a estabilidade da
desigualdade educacional (torno de 4,57) deve dar conta deste resultado.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. O envelhecimento da força de trabalho também atou de forma a elevar a dispersão
salarial entre grupos no período de 1981 a 1993, a despeito do fato de que neste período a
variância de experiência entre os trabalhadores se reduziu bruscamente.
Um resultado interessante é o forte impacto positivo da composição etária sobre a
desigualdade de salários entre grupos a partir de 2001, que também pode ser associado à
elevação da heterogeneidade etária na força de trabalho masculina nestes últimos anos.
5.2.1.3 Simulação do efeito-composição educacional futuro
Sabemos que os efeitos da educação sobre a desigualdade de salários dependem de
dois fatores: o valor monetário que o mercado de trabalho atribui a um ano adicional de
escolaridade e o quão desigual é a distribuição de educação entre os trabalhadores.
Na última década, os retornos médios à educação têm-se reduzido de forma
sustentável, provavelmente como conseqüência do aumento da oferta de mão-de-obra
mais educada. Isto tem impactado de forma expressiva a redução da iniqüidade salarial.
Por outro lado, o efeito-composição de educação, que nos anos 1980 atuou de forma
perversa sobre a dispersão salarial no Brasil, na última década parece não ter exercido
influências expressivas sobre a variância dos salários.
Gráfico 5.12 - Variância entre gruposefeito composição - 1994 a 2006
-0.02
0.02
0.06
0.10
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
ef. composição ef. composição educaçãoef.composição idade
57
Apesar disso, nos últimos anos a média educacional da força de trabalho brasileira
atingiu o valor pouco maior que sete anos de estudos, o que segundo a literatura
representaria o ponto de inflexão da desigualdade educacional26.
Assim, pode-se pensar que o Brasil talvez tenha atingido sua maturidade educacional
e que esteja passando por uma fase de transição entre os efeitos perversos e benéficos da
composição educacional sobre a desigualdade de salários.
Em outras palavras, será que a evolução educacional da força de trabalho poderia
afetar de maneira positiva a redução da iniqüidade salarial no Brasil num futuro próximo?
Para tentar responder a esta pergunta, foi feita uma simulação do efeito-composição
da educação sobre a desigualdade, considerando-se as expectativas do INEP/MEC acerca
da evolução educacional de crianças que atualmente estão em idade de cursar a escola.
No trabalho do INEP/MEC, são calculadas as probabilidades de progressão no
sistema escolar, ou seja, qual a probabilidade de um indivíduo passar da série k para a
série k+1.
Considerando-se a coorte nascida em 1995, utilizaram-se as probabilidades de
conclusão da 4ª série do ensino fundamental (98%); de conclusão da 8ª série do ensino
fundamental e progressão para o ensino médio (90%) e de progressão para o ensino
superior (27%)27.
Assim, encontrou-se a composição educacional dos trabalhadores ingressantes no
mercado de trabalho em 202028: 2% e 10%, respectivamente, não terão concluído o 1° e o
2° ciclos do ensino fundamental (hed1 e hed2), 64% terão concluído o ensino
fundamental ou ingressado/concluído o ensino médio (hed3) e 24% terão ingressado no
ensino superior (hed4).
Por fim, aplicou-se a mesma taxa de mudanças em cada nível de qualificação para os
trabalhadores com as demais idades, de maneira linear entre os anos de 2006 e 2020 e
calculou-se a variância entre grupos, dada pela composição de educação prevista para
cada um destes anos futuros29.
26 Ram (1990). 27 A probabilidade prevista de entrada no sistema educacional é de 100%. 28 Ano em que esta coorte terá 25 anos de idade. 29 Mantiveram-se os retornos salariais e a composição etária fixos em 1994.
58
Os resultados mostram que o efeito-composição permaneceria praticamente nulo
(mas ainda positivo) por mais cinco anos a partir de 2006. Em 2012, no entanto, os
efeitos da educação passariam a atuar para reduzir a desigualdade de salários entre os
grupos de educação e idade (gráfico 5.13).
Deve-se ressaltar, porém, que este exercício não considera as mudanças futuras que
podem ocorrer nos retornos à educação, de forma que não seria possível inferir qual
deveria ser o impacto do efeito-preço da educação sobre a desigualdade de salários.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006.
5.2.2 Dispersão salarial intragrupos
5.2.2.1 Efeito da variância intracélulas
De maneira geral, ao longo de todo o período de 1981 a 2006, a trajetória da variância
intragrupos foi acompanhada pelas mudanças nas dispersões salariais dentro de cada
grupo de educação e idade (variâncias intracélulas – gráficos 5.14 e 5.15).
Gráfico 5.13 -Variância entre grupos - efe ito composição previsto
-0.08
-0.06
-0.04
-0.020.00
0.02
0.04
0.06
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
59
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006. Este resultado é esperado, uma vez que a variância salarial dentro das células de
educação e idade reflete quaisquer outras mudanças na desigualdade de salários que não
possam ser explicadas por diferenças na composição e nos preços das características
produtivas dos trabalhadores.
Grosso modo, a variância intragrupos da desigualdade de salários se elevou
significativamente entre 1981 e 1993. Novamente, a instabilidade macroeconômica deve
estar por trás deste resultado, já que a trajetória do componente intragrupos é bastante
semelhante às variações anuais das taxas de inflação (gráfico 5.16).
Gráfico 5.14 - Variância intragrupos - 1981 a 1993
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
intragrupos variancia ef. composição
ef. comp. educacao ef. comp. idade
Gráfico 5.15 - Variância intragrupos - 1994 a 2006
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
intragrupos variancia ef. composição
ef. comp. educacao ef. comp. idade
60
Fonte: PNADs de 1981 a 1993 e IPEADATA. A partir de 1997, a variância intragrupos passou a se reduzir de forma expressiva e
praticamente contínua. Podem-se atribui diversas explicações para estas mudanças.
Uma delas seria a queda nos retornos de características não-observáveis dos
trabalhadores, supondo-se que a distribuição destes atributos deva ser relativamente
constante no tempo.
Isto esclareceria a redução da variância salarial dentro de cada grupo de educação e
idade, exceto para os trabalhadores mais qualificados, para os quais ela tem permanecido
constante.
Outra explicação dada pela literatura residiria na diminuição de erros de medidas dos
salários nas pesquisas domiciliares ao longo do tempo30. No entanto, a melhoria na
qualidade dos dados não deve dar conta da elevada variação da dispersão intragrupos
verificada neste período.
Por fim, a queda da dispersão intragrupos dos salários pode simplesmente sinalizar a
importância de outros fatores que expliquem a redução na desigualdade salarial na última
década, além das diferenças produtivas entre os trabalhadores.
A literatura tem mostrado que os diferenciais de salários por segmentação espacial
(entre as regiões rurais e urbanas, bem como entre municípios médios e pequenos e
metrópoles) e setorial também diminuíram e, portanto, se relacionam à queda da
desigualdade nos últimos anos (gráfico 5.17).
30 Lemieux (2006b) mostra que parte da variância intragrupos pode ser explica por erros de medidas nos salários.
Gráfico 5.16 - Variância intragrupos e inflação1981 a 1993
0500
1000150020002500
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 19930.50
0.60
0.70
0.80
inflação anual var(lw)
61
Assim, tem-se levantado hipóteses quanto ao papel de mudanças setoriais na
economia, como a expansão do agronegócio e da desconcentração industrial para
municípios do interior, sobre a desigualdade de salários.
Entretanto, embora a investigação destes determinantes pareça importante, ela está
fora do escopo deste trabalho.
Obs.: mudança cumulativa. Fonte: PNADs de 1993 a 2006.
5.2.2.2 Efeito-composição
Entre 1981 a 2006, o aumento relativo da proporção de trabalhadores mais educados e
mais velhos no mercado de trabalho apresentou um efeito positivo sobre a variância
intragrupos, uma vez que os salários destes indivíduos são mais dispersos31.
Assim, parte do aumento da desigualdade de salários nos anos 1980 se deve a um
efeito ‘mecânico’ associado às transformações na composição da força de trabalho, dadas
principalmente pelo aumento de escolaridade dos trabalhadores.
Por outro lado, pode-se inferir que a queda contínua da dispersão salarial que vem
ocorrendo desde meados da década de 1990 poderia ser ainda maior caso este efeito
‘mecânico’ não existisse.
31 O impacto do envelhecimento da força de trabalho sobre o aumento da dispersão intragrupos é mais evidente a partir de 1994.
Gráfico 5.17 - Efeito da segmentação sobre a desigualdade1994 a 2006
-0.08-0.06-0.04-0.020.000.020.04
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
região tam_município UF setor atividade
62
6 CONCLUSÕES
Este trabalho procurou avaliar o papel do capital humano sobre a desigualdade de
salários no Brasil no período de 1981 a 2006 por meio de exercícios contrafactuais que
indicam os efeitos de mudanças nos preços e na composição dos atributos produtivos de
trabalhadores homens com idade entre 25 e 60 anos sobre a variância dos salários.
Nos anos 1980, o Brasil passou por uma fase de forte aumento da desigualdade de
salários. Na década de 1990, a iniqüidade de rendimentos do trabalho manteve-se
praticamente estável em elevados patamares. Há cerca de uma década, a dispersão
salarial vem diminuindo continuamente.
Na década de 1980, os efeito-preço e composição da educação atuaram no sentido de
elevar a variância salarial entre grupos distintos de trabalhadores, já que, neste período,
os prêmios salariais relacionados à escolaridade e a desigualdade educacional se
elevaram substancialmente.
Assim, as melhorias educacionais na década de 1980 aturam de forma perversa sobre
a dispersão de rendimentos no mercado de trabalho brasileiro.
O processo inflacionário também parece explicar o aumento da desigualdade de
salários dos anos 1980, por meio da elevação do gap salarial entre indivíduos com baixas
e altas remunerações.
No período 1981-1993, a dispersão salarial se reduziu de forma expressiva em dois
momentos distintos (1986 e 1990/92). Entretanto, esta queda na desigualdade foi fruto de
uma diminuição ‘artificial’ dos diferenciais de salários, em favor dos trabalhadores com
baixa qualificação, explicada pelo efeito dos reajustes do salário mínimo.
Por outro lado, os trabalhadores das duas caudas da distribuição parecem ter sido
afetados de formas distintas pelo processo inflacionário, já que as tendências salariais dos
indivíduos com baixa e alta qualificação contribuíram para o aumento da desigualdade.
Isto leva a crer que a penalização da inflação recaiu mais fortemente sobre indivíduos
pouco educados do que sobre os muito educados.
As flutuações das taxas de inflação também explicam a variação de curto prazo do
componente intragrupos da desigualdade salarial no período 1981-1993, bem como da
variância total dos salários.
63
A partir de 1997, o efeito-preço da escolaridade apresentou um impacto significativo
sobre a redução da desigualdade de salários, explicado pela contínua queda nos retornos
médios à escolaridade.
Porém, a redução do gap salarial entre trabalhadores em diferentes níveis de educação
e seu impacto sobre a desigualdade foi fruto tanto do expressivo crescimento dos salários
dos trabalhadores pouco educados quanto das perdas salariais dos mais qualificados.
A despeito do expressivo aumento da participação relativa de trabalhadores mais
qualificados na força de trabalho, o efeito-composição de educação praticamente não
afetou a dispersão salarial nos últimos dez anos, como conseqüência da estabilidade de
desigualdade educacional verificada na força de trabalho.
Apesar disso, a educação poderá colaborar com a redução da desigualdade de salários
em poucos anos, à medida que novas gerações de trabalhadores com níveis mais elevados
de qualificação ingressarem no mercado.
Os resultados ainda mostram a existência de importantes efeitos coortes a partir de
meados dos anos 1990, já que a redução salarial devida ao ciclo de vida vem ocorrendo
cada vez mais tardiamente ao longo do tempo e a taxas menos acentuadas.
Isto pode sugerir que os trabalhadores mais novos estejam mais produtivos, como
conseqüência, por exemplo, de melhorias na qualidade da educação ou da aquisição de
outros atributos úteis ao trabalho, como a habilidade de lidar com a tecnologia.
Os efeitos da experiência sobre a desigualdade de salários são muito reduzidos, já que
as próprias transformações na composição etária dos trabalhadores são bastante lentas.
Apesar disso, o efeito-composição da idade tem atuado como ampliadora do
componente entre grupos da variância salarial no período recente (2001-2006), como
resultado do aumento da desigualdade etária.
Também se mostrou a importância da redução da variância intragrupos sobre a queda
da desigualdade salarial nos últimos anos, que pode estar associada tanto à redução dos
retornos de características produtivas não-observáveis dos trabalhadores, como a outros
fatores que não digam respeito às diferenças de capital humano.
O envelhecimento da força de trabalho e o aumento em seus níveis de escolaridade
também exercem um efeito mecânico sobre a desigualdade de rendimentos do trabalho,
ao elevar o componente intragrupos da variância salarial.
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Anexo A – Descrição da amostra
Tabela A.1 - Descrição da amostra
ano tamanho da amostra
população representada
1981 73,049 18,538,696 1982 78,928 19,415,130 1983 78,849 19,633,623 1984 80,668 20,471,660 1985 83,996 21,706,284 1986 46,380 22,180,404 1987 48,455 22,897,871 1988 48,327 23,486,766 1989 49,494 24,181,979 1990 50,675 23,815,093 1992 51,391 23,683,093 1993 52,849 24,482,814 1995 56,115 25,697,823 1996 54,324 25,565,509 1997 58,309 26,528,146 1998 57,482 26,591,713 1999 59,124 27,112,403 2001 64,492 29,026,035 2002 66,524 29,957,667 2003 66,488 30,313,644 2004 70,722 32,482,597 2005 73,209 33,328,640 2006 74,862 34,360,694
Fonte: PNADs 1981 a 2006.
69
Tabela A.2 - Número de observações por grupos de educação e idade ano idade
1981 25 26 27 28 29 30 1 954 917 1,031 904 977 1,049 2 1,179 1,107 1,187 1,101 1,032 1,093 3 942 889 848 767 695 684 4 285 322 327 302 325 338
1982 25 26 27 28 29 30 1 1,129 1,038 1,070 1,122 1,021 1,228 2 1,234 1,182 1,224 1,244 1,107 1,228 3 1,079 952 958 857 727 721 4 324 328 325 337 335 350
1983 25 26 27 28 29 30 1 1,025 906 989 1,033 1,010 1,082 2 1,239 1,149 1,220 1,196 1,142 1,131 3 1,050 1,026 960 880 831 793 4 292 317 388 354 378 357
1984 25 26 27 28 29 30 1 1,006 981 1,013 1,051 1,033 1,114 2 1,229 1,298 1,232 1,171 1,143 1,246 3 1,144 1,086 1,029 973 880 887 4 298 329 319 385 374 383
1985 25 26 27 28 29 30 1 1,107 934 1,093 964 981 1,099 2 1,338 1,269 1,355 1,264 1,231 1,288 3 1,326 1,174 1,150 1,061 987 967 4 319 331 343 341 344 411
1986 25 26 27 28 29 30 1 554 551 522 579 512 600 2 694 670 678 655 616 705 3 658 696 655 598 567 605 4 165 179 163 202 205 230
1987 25 26 27 28 29 30 1 586 557 541 509 558 542 2 765 664 720 636 673 706 3 746 671 696 601 639 593 4 170 178 214 204 206 244
1988 25 26 27 28 29 30 1 574 542 470 519 507 561 2 741 711 694 638 595 631 3 733 710 651 683 645 596 4 203 169 193 210 226 210
1989 25 26 27 28 29 30 1 522 529 484 475 557 493 2 779 699 676 634 706 653 3 728 742 727 689 661 669 4 176 206 199 201 226 213
1990 25 26 27 28 29 30 1 523 510 481 501 493 580 2 736 733 717 705 639 643 3 766 750 743 688 671 718 4 182 194 227 210 192 235
1992 25 26 27 28 29 30 1 511 523 517 510 542 571 2 733 717 756 738 754 713 3 723 771 825 745 750 735 4 120 158 185 202 204 204
1993 25 26 27 28 29 30 1 485 451 476 510 515 548 2 828 683 800 715 743 739 3 767 751 800 772 827 803
grup
os d
e ed
ucaç
ão
4 139 135 173 210 224 245
70
cont. 1995 25 26 27 28 29 30
1 519 490 480 503 497 587 2 817 759 790 741 720 754 3 827 758 777 733 748 800 4 169 159 177 164 228 223
1996 25 26 27 28 29 30 1 404 434 441 457 422 534 2 708 728 711 706 646 714 3 767 833 777 733 739 844 4 164 166 153 168 182 207
1997 25 26 27 28 29 30 1 500 466 483 511 512 519 2 803 755 819 782 733 765 3 826 791 831 741 786 816 4 190 175 193 166 195 210
1998 25 26 27 28 29 30 1 398 401 416 473 436 504 2 758 777 755 754 743 726 3 824 838 777 832 751 789 4 187 171 188 205 199 202
1999 25 26 27 28 29 30 1 413 461 443 391 452 533 2 763 757 733 730 741 766 3 843 846 855 861 776 829 4 200 196 188 199 206 210
2001 25 26 27 28 29 30 1 474 436 424 489 441 482 2 780 808 776 811 733 801 3 1,083 1,047 1,013 952 956 941 4 222 230 253 203 217 236
2002 25 26 27 28 29 30 1 464 401 446 467 418 456 2 738 754 723 756 776 816 3 1,128 1,029 1,034 1,032 956 1,031 4 252 235 265 247 246 230
2003 25 26 27 28 29 30 1 364 407 399 448 424 478 2 737 709 734 767 758 749 3 1,171 1,168 1,088 1,099 1,030 1,004 4 301 267 263 265 286 265
2004 25 26 27 28 29 30 1 376 400 429 421 423 512 2 727 720 713 750 759 773 3 1,330 1,276 1,237 1,189 1,089 1,127 4 318 307 277 289 288 291
2005 25 26 27 28 29 30 1 346 384 392 427 403 480 2 708 713 775 707 739 790 3 1,583 1,409 1,271 1,219 1,169 1,171 4 363 389 326 357 318 328
2006 25 26 27 28 29 30 1 314 357 407 323 389 449 2 631 647 718 693 744 746 3 1582 1503 1474 1261 1233 1206
grup
os d
e ed
ucaç
ão
4 438 399 368 402 370 336
71
cont. 1981 31 32 33 34 35 36
1 1,019 1,054 1,080 944 1,003 1,097 2 998 863 947 838 725 768 3 664 557 478 474 412 401 4 320 304 294 304 269 225
1982 31 32 33 34 35 36 1 1,035 1,311 1,172 1,119 1,121 1,110 2 1,061 1,028 940 905 851 808 3 622 648 526 499 466 422 4 351 354 331 349 302 299
1983 31 32 33 34 35 36 1 1,006 1,128 1,218 1,014 1,186 1,118 2 1,019 1,042 1,026 892 940 872 3 745 674 688 495 501 454 4 398 329 359 351 329 293
1984 31 32 33 34 35 36 1 962 1,051 1,084 1,140 1,113 1,134 2 1,022 1,128 1,010 1,010 956 870 3 731 726 668 616 533 505 4 398 386 366 346 330 326
1985 31 32 33 34 35 36 1 1,007 978 1,109 1,014 1,244 1,087 2 1,120 1,151 1,083 1,014 1,044 901 3 826 807 738 656 634 545 4 431 392 359 346 355 299
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1989 31 32 33 34 35 36 1 528 532 543 547 542 533 2 620 657 651 624 584 590 3 603 598 546 490 461 405 4 231 232 211 217 223 215
1990 31 32 33 34 35 36 1 484 522 512 518 602 547 2 585 663 650 618 651 597 3 570 590 581 519 494 470 4 254 235 250 219 215 217
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e ed
ucaç
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os d
e ed
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os d
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77
cont. 1981 49 50 51 52 53 54
1 839 793 806 797 671 683 2 425 417 387 410 346 293 3 165 159 154 126 113 93 4 90 98 107 86 79 69
1982 49 50 51 52 53 54 1 796 1,031 734 914 774 767 2 374 450 404 415 358 291 3 173 183 132 160 117 134 4 99 98 83 90 77 74
1983 49 50 51 52 53 54 1 767 844 819 775 784 703 2 395 433 389 400 362 319 3 195 160 163 160 127 123 4 110 94 86 90 84 74
1984 49 50 51 52 53 54 1 917 867 744 837 748 843 2 476 419 329 375 353 344 3 192 180 133 133 123 111 4 93 83 87 88 95 81
1985 49 50 51 52 53 54 1 866 949 735 788 772 692 2 503 489 386 369 371 329 3 183 219 143 150 129 137 4 103 106 103 99 72 74
1986 49 50 51 52 53 54 1 481 542 431 449 417 436 2 285 292 239 235 167 218 3 112 119 79 70 82 59 4 64 64 56 47 43 41
1987 49 50 51 52 53 54 1 508 522 431 450 408 406 2 294 281 249 238 204 162 3 132 121 103 95 82 59 4 82 64 54 58 40 40
1988 49 50 51 52 53 54 1 482 532 490 450 458 417 2 242 266 264 253 213 202 3 127 126 104 90 100 81 4 86 66 49 42 50 42
1989 49 50 51 52 53 54 1 536 509 474 463 418 431 2 311 309 260 230 247 207 3 152 121 102 84 90 80 4 94 74 72 62 46 48
1990 49 50 51 52 53 54 1 493 613 456 432 407 405 2 282 321 267 261 243 204 3 129 157 112 113 92 89 4 70 84 68 55 54 46
1992 49 50 51 52 53 54 1 443 525 403 504 434 361 2 297 295 222 230 226 182 3 156 159 108 126 100 96 4 79 77 62 55 55 44
1993 49 50 51 52 53 54 1 459 467 455 420 496 409 2 319 297 249 248 244 216 3 156 141 125 108 99 90
grup
os d
e ed
ucaç
ão
4 94 103 78 77 76 49
78
cont. 1995 49 50 51 52 53 54
1 454 476 431 455 447 396 2 373 339 301 302 269 225 3 176 165 157 131 120 79 4 102 107 99 84 81 72
1996 49 50 51 52 53 54 1 476 459 407 433 417 415 2 378 323 285 265 220 228 3 207 210 178 161 129 135 4 136 110 109 75 69 60
1997 49 50 51 52 53 54 1 510 498 444 444 440 408 2 405 391 287 297 276 249 3 230 191 197 182 127 127 4 145 130 99 104 67 62
1998 49 50 51 52 53 54 1 422 521 401 447 403 370 2 331 370 283 311 260 249 3 243 220 167 184 167 127 4 154 145 118 118 119 98
1999 49 50 51 52 53 54 1 464 465 450 439 442 417 2 434 375 329 332 286 259 3 289 242 204 172 143 155 4 154 159 117 98 124 109
2001 49 50 51 52 53 54 1 475 492 449 461 428 462 2 396 383 394 352 338 274 3 378 320 302 264 202 181 4 182 171 154 120 113 115
2002 49 50 51 52 53 54 1 452 464 420 495 401 445 2 405 410 373 381 354 326 3 390 365 282 292 240 213 4 198 178 154 161 128 112
2003 49 50 51 52 53 54 1 460 464 397 440 463 410 2 465 442 386 395 395 315 3 425 384 324 306 296 219 4 222 171 187 155 152 135
2004 49 50 51 52 53 54 1 476 480 428 477 445 484 2 494 480 416 408 358 353 3 497 477 332 379 302 275 4 198 195 199 169 161 148
2005 49 50 51 52 53 54 1 457 482 447 486 467 459 2 478 466 467 378 449 333 3 496 512 421 363 354 304 4 196 201 207 209 166 163
2006 49 50 51 52 53 54 1 443 439 432 445 475 472 2 489 572 445 490 407 369 3 499 540 480 466 399 348
grup
os d
e ed
ucaç
ão
4 217 223 234 204 187 191
79
cont. 1981 55 56 57 58 59 60
1 669 676 595 503 539 502 2 291 243 223 229 192 170 3 94 80 74 57 56 48 4 61 49 63 27 56 38
1982 55 56 57 58 59 60 1 785 686 610 643 476 571 2 317 281 241 233 172 153 3 107 91 85 73 70 57 4 60 56 46 57 34 41
1983 55 56 57 58 59 60 1 729 705 567 672 551 527 2 305 291 223 209 193 155 3 114 90 75 82 61 52 4 62 74 59 43 41 31
1984 55 56 57 58 59 60 1 684 702 604 617 544 598 2 310 316 249 196 189 190 3 102 105 82 64 76 53 4 54 56 58 38 33 48
1985 55 56 57 58 59 60 1 850 606 625 623 578 606 2 338 308 255 237 209 234 3 114 106 81 87 78 54 4 65 56 56 48 48 31
1986 55 56 57 58 59 60 1 364 450 299 318 290 324 2 179 188 151 141 117 121 3 46 68 40 32 47 36 4 47 31 28 33 17 31
1987 55 56 57 58 59 60 1 449 370 394 354 344 341 2 185 169 186 144 124 120 3 54 59 53 54 42 46 4 36 33 33 33 28 19
1988 55 56 57 58 59 60 1 410 416 376 403 336 346 2 189 168 149 141 118 122 3 64 62 55 56 38 44 4 48 39 37 37 32 17
1989 55 56 57 58 59 60 1 427 352 382 375 360 315 2 191 166 148 147 141 129 3 48 64 59 51 40 38 4 41 34 41 34 26 27
1990 55 56 57 58 59 60 1 406 377 372 387 333 349 2 201 169 144 180 127 142 3 74 71 55 51 48 54 4 63 38 45 31 31 31
1992 55 56 57 58 59 60 1 403 410 298 330 310 337 2 197 176 163 143 131 125 3 75 73 68 41 48 44 4 51 35 37 23 29 31
1993 55 56 57 58 59 60 1 383 390 318 325 275 336 2 197 174 177 153 128 121 3 74 73 83 58 45 45
grup
os d
e ed
ucaç
ão
4 51 37 50 39 39 23
80
cont. 1995 55 56 57 58 59 60
1 437 414 349 332 345 312 2 251 210 171 159 167 154 3 114 84 77 63 64 51 4 55 39 46 50 36 32
1996 55 56 57 58 59 60 1 338 381 318 317 324 340 2 186 211 183 148 167 158 3 116 95 88 71 72 73 4 55 51 53 37 44 33
1997 55 56 57 58 59 60 1 453 346 417 367 343 344 2 226 184 213 174 139 130 3 111 96 88 79 57 63 4 57 64 56 34 37 32
1998 55 56 57 58 59 60 1 415 385 335 375 341 305 2 256 201 177 188 179 143 3 111 98 81 85 74 86 4 60 81 51 41 46 39
1999 55 56 57 58 59 60 1 444 381 396 341 385 359 2 236 223 193 176 200 159 3 123 102 98 83 84 79 4 67 54 62 46 43 44
2001 55 56 57 58 59 60 1 420 390 365 328 334 292 2 281 225 217 207 176 190 3 190 127 107 95 101 73 4 101 87 75 63 61 46
2002 55 56 57 58 59 60 1 426 399 402 385 349 347 2 278 243 247 237 212 170 3 190 157 126 107 121 86 4 130 86 92 79 71 76
2003 55 56 57 58 59 60 1 405 373 357 367 351 322 2 299 253 207 224 194 162 3 235 188 136 140 112 101 4 105 95 76 75 57 57
2004 55 56 57 58 59 60 1 416 420 412 378 382 392 2 367 304 245 215 210 210 3 214 209 170 150 104 113 4 111 99 113 70 72 57
2005 55 56 57 58 59 60 1 522 391 417 407 382 367 2 357 274 288 241 249 166 3 282 229 185 174 133 118 4 127 116 114 103 89 80
2006 55 56 57 58 59 60 1 411 475 404 396 332 366 2 332 321 285 289 222 224 3 286 256 214 201 156 151
grup
os d
e ed
ucaç
ão
4 164 149 118 117 105 76 Fonte: PNADs 1981 a 2006.
81
Anexo B – Variância dos salários estimada pelos exercícios contrafactuais
Tabela B.1 - Componentes da variância dos salários
ano prevista intragrupos entre grupos
1981 0.87 0.53 0.34 1982 0.91 0.53 0.38 1983 0.90 0.51 0.39 1984 0.92 0.53 0.39 1985 0.96 0.57 0.39 1986 0.90 0.62 0.28 1987 0.98 0.60 0.38 1988 1.10 0.68 0.42 1989 1.09 0.71 0.38 1990 1.06 0.65 0.42 1991 1.02 0.64 0.39 1992 0.96 0.60 0.36 1993 1.00 0.63 0.37 1994 0.99 0.63 0.36 1995 0.97 0.60 0.36 1996 0.97 0.62 0.36 1997 0.99 0.62 0.38 1998 0.94 0.58 0.36 1999 0.91 0.55 0.36 2000 0.92 0.57 0.35 2001 0.91 0.55 0.35 2002 0.88 0.54 0.34 2003 0.86 0.53 0.33 2004 0.81 0.51 0.31 2005 0.81 0.51 0.30 2006 0.79 0.51 0.28
Fonte: PNADs de 1981 a 2006.
82
Tabela B.2 - Variância intragrupos - efeito variância intracélulas (1981 a 1993)
ano var.
intra-grupos
var. intra-
células
var. hed1
var. hed2
var. hed3
var. hed4
var. hid1
var. hid2
var. hid3
var. hid4
1981 0.53 0.53 0.23 0.15 0.08 0.07 0.09 0.18 0.15 0.11 1982 0.53 0.53 0.23 0.15 0.08 0.07 0.09 0.18 0.15 0.11 1983 0.51 0.51 0.21 0.16 0.08 0.05 0.09 0.17 0.14 0.10 1984 0.53 0.52 0.23 0.16 0.08 0.05 0.09 0.17 0.15 0.11 1985 0.57 0.57 0.25 0.17 0.09 0.06 0.10 0.19 0.16 0.12 1986 0.62 0.60 0.26 0.17 0.09 0.09 0.10 0.20 0.18 0.12 1987 0.60 0.59 0.27 0.17 0.09 0.07 0.10 0.20 0.17 0.12 1988 0.68 0.66 0.30 0.19 0.10 0.07 0.12 0.22 0.19 0.14 1989 0.71 0.69 0.31 0.20 0.11 0.07 0.12 0.23 0.19 0.14 1990 0.65 0.64 0.30 0.19 0.09 0.06 0.11 0.21 0.18 0.13 1991 0.64 0.63 0.30 0.18 0.09 0.06 0.11 0.21 0.18 0.13 1992 0.60 0.60 0.29 0.16 0.09 0.06 0.11 0.20 0.17 0.12 1993 0.63 0.62 0.31 0.16 0.09 0.06 0.11 0.21 0.17 0.13 Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela B.3 - Variância intragrupos - efeito variância intracélulas (1994 a 2006)
ano var.
intra-grupos
var. intra-
células
var. hed1
var. hed2
var. hed3
var. hed4
var. hid1
var. hid2
var. hid3
var. hid4
1994 0.63 0.63 0.21 0.18 0.16 0.09 0.10 0.22 0.18 0.12 1995 0.60 0.60 0.19 0.17 0.16 0.09 0.10 0.21 0.18 0.11 1996 0.62 0.61 0.19 0.18 0.16 0.08 0.10 0.22 0.18 0.12 1997 0.62 0.61 0.21 0.17 0.15 0.08 0.10 0.22 0.18 0.12 1998 0.58 0.56 0.18 0.16 0.14 0.08 0.09 0.20 0.17 0.11 1999 0.55 0.54 0.17 0.15 0.14 0.07 0.09 0.19 0.16 0.10 2000 0.57 0.55 0.18 0.15 0.14 0.08 0.09 0.19 0.16 0.11 2001 0.55 0.54 0.18 0.15 0.14 0.08 0.08 0.19 0.16 0.11 2002 0.54 0.52 0.17 0.14 0.13 0.08 0.08 0.18 0.16 0.10 2003 0.53 0.51 0.17 0.14 0.13 0.08 0.08 0.18 0.15 0.10 2004 0.51 0.48 0.16 0.14 0.12 0.07 0.07 0.17 0.14 0.10 2005 0.51 0.49 0.16 0.13 0.12 0.08 0.07 0.17 0.15 0.10 2006 0.51 0.48 0.16 0.13 0.12 0.07 0.07 0.17 0.14 0.10 Fonte: PNADs de 1994 a 2006.
83
Tabela B.4 - Variância intragrupos - efeito composição (1981 a 1993)
ano efeito
compo-sição
efeito comp. educa
efeito comp. hed1
efeito comp. hed2
efeito comp. hed3
efeito comp. hed4
efeito comp. idade
efeito comp.hid1
efeito comp.hid2
efeito comp.hid3
efeito comp.hid4
1981 0.53 0.53 0.23 0.15 0.08 0.07 0.53 0.09 0.18 0.15 0.11 1982 0.53 0.54 0.23 0.15 0.09 0.07 0.53 0.09 0.18 0.15 0.11 1983 0.54 0.54 0.22 0.15 0.09 0.07 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 1984 0.54 0.54 0.21 0.15 0.10 0.08 0.53 0.10 0.19 0.15 0.10 1985 0.54 0.54 0.20 0.16 0.10 0.08 0.53 0.10 0.19 0.15 0.10 1986 0.55 0.55 0.20 0.16 0.11 0.08 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 1987 0.55 0.55 0.19 0.16 0.11 0.08 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 1988 0.55 0.55 0.19 0.15 0.12 0.09 0.53 0.09 0.19 0.15 0.11 1989 0.56 0.55 0.18 0.16 0.12 0.09 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 1990 0.56 0.55 0.18 0.16 0.13 0.09 0.54 0.09 0.19 0.15 0.10 1991 0.56 0.55 0.17 0.16 0.14 0.09 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 1992 0.56 0.55 0.17 0.16 0.14 0.08 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 1993 0.56 0.55 0.16 0.16 0.14 0.09 0.53 0.09 0.19 0.15 0.10 Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela B.5 - Variância intragrupos - efeito composição (1994 a 2006)
ano efeito
compo-sição
efeito comp. educa
efeito comp. hed1
efeito comp. hed2
efeito comp. hed3
efeito comp. hed4
efeito comp. idade
efeito comp.hid1
efeito comp.hid2
efeito comp.hid3
efeito comp.hid4
1994 0.63 0.63 0.21 0.18 0.16 0.09 0.63 0.10 0.22 0.18 0.12 1995 0.63 0.63 0.20 0.18 0.16 0.09 0.63 0.10 0.22 0.19 0.12 1996 0.64 0.63 0.19 0.17 0.18 0.09 0.63 0.10 0.22 0.19 0.12 1997 0.64 0.63 0.19 0.17 0.18 0.09 0.63 0.10 0.22 0.19 0.12 1998 0.64 0.63 0.18 0.17 0.19 0.09 0.63 0.10 0.22 0.19 0.12 1999 0.64 0.63 0.18 0.17 0.19 0.09 0.63 0.09 0.22 0.19 0.13 2000 0.64 0.64 0.17 0.17 0.20 0.10 0.63 0.10 0.22 0.19 0.13 2001 0.65 0.64 0.16 0.17 0.21 0.10 0.63 0.10 0.22 0.19 0.13 2002 0.65 0.64 0.16 0.17 0.21 0.10 0.64 0.09 0.21 0.20 0.13 2003 0.65 0.64 0.15 0.16 0.22 0.10 0.64 0.10 0.21 0.20 0.13 2004 0.65 0.64 0.15 0.16 0.23 0.10 0.64 0.10 0.21 0.20 0.13 2005 0.66 0.64 0.14 0.16 0.24 0.11 0.64 0.10 0.20 0.20 0.14 2006 0.66 0.65 0.13 0.15 0.25 0.12 0.64 0.10 0.20 0.20 0.14 Fonte: PNADs de 1994 a 2006.
84
Tabela B.6 - Variância entre grupos - efeito-preço (1981 a 1993)
ano var. entre
grupos
efeito preço
efeito preço educa
efeito preço idade
efeito preço hed1
efeito preço hed2
efeito preço hed3
efeito preço hed4
efeito preço hid1
efeito preço hid2
efeito preço hid3
efeito preço hid4
1981 0.34 0.34 0.35 0.25 0.12 0.01 0.08 0.14 0.05 0.10 0.07 0.04 1982 0.38 0.37 0.37 0.25 0.12 0.01 0.08 0.16 0.05 0.10 0.07 0.04 1983 0.39 0.38 0.38 0.25 0.13 0.01 0.08 0.16 0.05 0.10 0.07 0.04 1984 0.39 0.37 0.38 0.25 0.13 0.01 0.08 0.16 0.05 0.10 0.07 0.04 1985 0.39 0.37 0.38 0.25 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1986 0.28 0.27 0.38 0.25 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1987 0.38 0.35 0.38 0.25 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1988 0.42 0.38 0.38 0.25 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1989 0.38 0.35 0.38 0.24 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1990 0.42 0.38 0.38 0.24 0.13 0.01 0.07 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1991 0.39 0.35 0.38 0.24 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.07 0.04 1992 0.36 0.32 0.39 0.23 0.13 0.01 0.08 0.17 0.05 0.09 0.06 0.04 1993 0.37 0.33 0.40 0.23 0.13 0.01 0.08 0.18 0.05 0.08 0.06 0.04 Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela B.7 - Variância entre grupos - efeito-preço (1994 a 2006)
ano var. entre
grupos
efeito preço
efeito preço educa
efeito preço idade
efeito preço hed1
efeito preço hed2
efeito preço hed3
efeito preço hed4
efeito preço hid1
efeito preço hid2
efeito preço hid3
efeito preço hid4
1994 0.36 0.36 0.36 0.25 0.14 0.01 0.06 0.15 0.04 0.10 0.08 0.04 1995 0.36 0.36 0.36 0.25 0.14 0.01 0.06 0.15 0.04 0.10 0.08 0.04 1996 0.36 0.35 0.36 0.25 0.14 0.01 0.06 0.15 0.04 0.10 0.07 0.04 1997 0.38 0.37 0.36 0.25 0.13 0.01 0.06 0.16 0.04 0.10 0.07 0.04 1998 0.36 0.35 0.35 0.25 0.13 0.01 0.06 0.16 0.04 0.10 0.07 0.04 1999 0.36 0.35 0.35 0.24 0.13 0.01 0.05 0.16 0.04 0.10 0.07 0.04 2000 0.35 0.34 0.35 0.24 0.12 0.01 0.05 0.17 0.04 0.10 0.07 0.04 2001 0.35 0.34 0.34 0.24 0.12 0.01 0.05 0.17 0.04 0.10 0.07 0.04 2002 0.34 0.33 0.33 0.24 0.11 0.01 0.04 0.17 0.04 0.10 0.07 0.04 2003 0.33 0.31 0.32 0.24 0.11 0.01 0.04 0.16 0.04 0.10 0.07 0.04 2004 0.31 0.30 0.30 0.24 0.10 0.01 0.04 0.16 0.04 0.10 0.07 0.04 2005 0.30 0.28 0.28 0.24 0.09 0.01 0.03 0.14 0.04 0.10 0.07 0.04 2006 0.28 0.27 0.27 0.24 0.09 0.01 0.03 0.14 0.04 0.10 0.07 0.04 Fonte: PNADs de 1994 a 2006.
85
Tabela B.8 - Variância entre grupos - efeito-composição (1981 a 1993)
ano efeito
compo-sição
efeito comp. educa
efeito comp. idade
efeito comp. hed1
efeito comp. hed2
efeito comp. hed3
efeito comp. hed4
efeito comp. hid1
efeito comp. hid2
efeito comp. hid3
efeito comp. hid4
1981 0.35 0.35 0.35 0.12 0.01 0.08 0.14 0.07 0.14 0.09 0.05 1982 0.36 0.36 0.35 0.12 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.05 1983 0.36 0.36 0.35 0.13 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.05 1984 0.37 0.37 0.35 0.13 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.05 1985 0.37 0.37 0.36 0.14 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.08 0.05 1986 0.38 0.38 0.36 0.14 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.06 1987 0.38 0.38 0.36 0.15 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.06 1988 0.39 0.39 0.36 0.15 0.01 0.08 0.16 0.07 0.15 0.09 0.06 1989 0.39 0.38 0.37 0.15 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.06 1990 0.39 0.38 0.37 0.15 0.01 0.08 0.15 0.07 0.15 0.09 0.06 1991 0.39 0.38 0.37 0.15 0.01 0.08 0.14 0.07 0.15 0.09 0.06 1992 0.39 0.38 0.38 0.16 0.01 0.08 0.14 0.07 0.15 0.09 0.06 1993 0.39 0.38 0.38 0.16 0.01 0.08 0.14 0.07 0.16 0.09 0.06 Fonte: PNADs de 1981 a 1993.
Tabela B.9 - Variância entre grupos - efeito-composição (1994 a 2006)
ano efeito
compo-sição
efeito comp. educa
efeito comp. idade
efeito comp. hed1
efeito comp. hed2
efeito comp. hed3
efeito comp. hed4
efeito comp. hid1
efeito comp. hid2
efeito comp. hid3
efeito comp. hid4
1994 0.36 0.36 0.36 0.14 0.01 0.06 0.15 0.05 0.14 0.11 0.06 1995 0.36 0.36 0.36 0.14 0.01 0.06 0.15 0.05 0.14 0.11 0.06 1996 0.37 0.36 0.37 0.15 0.01 0.06 0.15 0.05 0.13 0.11 0.06 1997 0.37 0.37 0.37 0.15 0.01 0.06 0.15 0.05 0.13 0.11 0.06 1998 0.37 0.37 0.37 0.15 0.01 0.05 0.15 0.06 0.13 0.11 0.07 1999 0.37 0.36 0.37 0.15 0.01 0.05 0.15 0.05 0.13 0.11 0.07 2000 0.37 0.36 0.37 0.15 0.01 0.05 0.15 0.06 0.13 0.11 0.07 2001 0.37 0.36 0.38 0.15 0.02 0.05 0.15 0.06 0.13 0.11 0.07 2002 0.37 0.36 0.38 0.15 0.02 0.05 0.15 0.06 0.13 0.12 0.07 2003 0.37 0.36 0.39 0.15 0.02 0.04 0.15 0.06 0.13 0.12 0.08 2004 0.36 0.36 0.39 0.15 0.02 0.04 0.14 0.06 0.13 0.12 0.08 2005 0.36 0.36 0.40 0.15 0.02 0.04 0.15 0.07 0.13 0.12 0.08 2006 0.36 0.36 0.41 0.15 0.03 0.04 0.15 0.07 0.13 0.12 0.09 Fonte: PNADs de 1994 a 2006.