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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONSEGUIRIA UMA BOA GESTÃO SUPERAR AS DIFICULDADES DE LIDAR COM O SEGURO DPVAT – DAMS E
TORNÁ-LO UMA NOVA FONTE DE RENDA?
Por: Aécio Carlos Pereira Dias
Orientador
Prof. Marcelo Martins Saldanha da Gama
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONSEGUIRIA UMA BOA GESTÃO SUPERAR AS DIFICULDADES DE LIDAR COM O SEGURO DPVAT – DAMS E
TORNÁ-LO UMA NOVA FONTE DE RENDA?
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Empresarial.
Por: . Aécio Carlos Pereira Dias
3
AGRADECIMENTOS
Com tantas canções e poemas sobre
amizade, dificilmente eu conseguiria
produzir algo inédito. Portanto,
obrigado aos amigos que me
acompanham e àqueles que me
fizeram enxergar a vida com mais
realismo.
As instituições que optaram pelo
anonimato, o meu profundo
agradecimento.
4
DEDICATÓRIA
Perdoem-me os que acreditam no acaso.
No momento em que particularmente me
encontro a compreensão e apoio familiar
recebido pela minha esposa Tereza e
minhas filhas Amanda e Tamires, para a
conclusão desta Pós, não são meramente
acaso. Obrigado. Amo vocês.
Mãe, sem você não existiria esta
dedicatória. O seu “sim” foi, ou melhor, é
a razão deste acontecimento. É este “sim”
que todos, ao menos um dia, desejariam
um dia ouvir de seus pais. Tive o privilégio
de ouvi-lo várias vezes. “Vocês” é única.
Amo muito “vocês”.
5
RESUMO
Apesar do aparente desconhecimento que envolve o assunto, o DPVAT foi
criado há muitos anos para indenizar vítimas de acidentes envolvendo veículos
automotores. Todos os anos, milhares de pessoas se envolvem em acidentes
de trânsito. Veremos neste trabalho a criação deste seguro e as diversas
informações que o assunto contém. Tomaremos conhecimento de algumas leis
que regem o seguro, bem como diversas considerações a esse respeito.
Descreveremos sua aplicação e, finalmente, iremos dar informações aos
leitores para avaliarem a hipótese de trabalhar com este seguro em suas áreas
de atuação e, certificarem-se se o DPVAT – DAMS é ou não uma alternativa
de receita para estas instituições.
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METODOLOGIA
Esta monografia baseia-se, e muito, na experiência real vivida neste contexto.
Fui conduzido por um amigo ao conhecimento deste universo e por ele me
entusiasmei. Muito pesquisei, contudo, foi em campo, acompanhando
processos, coletando dados, pesquisando intensamente na Internet que pude
coletar as informações que aqui transcrevo.
Instituições como reguladoras, clínicas, hospitais e funcionário(a)s que
cederam o material ou que foram referências de observação e estudo, foram
fundamentais.
Sinto-me confortável em dizer que nem tudo foi agradável. As dificuldades
relatadas realmente existem. Este assunto mexe com um problema social
muito grande com expectativas distantes de uma solução com “final feliz”.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Conceito do Seguro 9
CAPÍTULO II – Coberturas do Seguro 27
CAPÍTULO III – Dados Estatísticos 32
CAPÍTULO IV – Estudo do DAMS 35
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 58
ANEXOS 44
ÍNDICE 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO 61
ATIVIDADES CULTURAIS 62
8
INTRODUÇÃO
É viável? Justifica o investimento? Essas dúvidas são recorrentes em
todos os setores e economias mundiais. Especialmente quando o universo em
questão é o Brasil. Arraigados a uma cultura baseada na outros países
conceituados e desenvolvidos, vivemos sempre na incerteza, sempre em
dúvida se o procedimento a ser adotado é o mais acertado. Devemos, contudo,
é perceber que cada país tem suas particularidades.
Saúde pública é um exemplo aqui no Brasil. Extremamente precária e
primeira página quase que diariamente em todos os jornais brasileiros, esta
necessita de uma atenção mais urgente. Acidente automobilístico, problema
mundial, está chamando a atenção em todos os continentes, pois está próximo
de se tornar o terceiro maior desafio das nações.
Esses dois problemas juntam-se às duas perguntas iniciais quando o
assunto é o Seguro DPVAT. Com mais de trinta anos de existência, muito se
discute sobre sua eficácia e sua aplicabilidade. O lado assistencial deverá
também ser considerado como um argumento no processo decisório.
Pequenos gestos somados num grande contexto começariam a fazer a
diferença. Seria utopia a coexistência capitalista e a humanista?
9
CAPÍTULO I
CONCEITO DO SEGURO
DEFINIÇÃO DE DPVAT
1.1 - Criação do Seguro DPVAT
Ao contrario do que a maioria das pessoas pensa, o seguro obrigatório é
mais do que apenas uma taxa a ser pago para poder licenciar o veiculo. Como
o próprio nome diz Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores Terrestres é o nome do seguro que usualmente conhecemos
como DPVAT, criado em 1974, pela Lei nº 6.194/74. É um seguro obrigatório
de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres e/ou
suas cargas, em todo território nacional.
Este seguro objetiva proporcionar a todas as vitimas de acidentes
automobilísticos indenizações sobre danos pessoais, incluídas mortes,
incapacidades permanentes, totais ou parciais, e sobre as despesas medicas e
suplementares. Não é o acidente de transito, mas o acidente com o veiculo ou
com a carga o fator gerador da obrigação de indenizar em razão das regras do
denominado seguro obrigatório. Entende-se por vitimas as pessoas envolvidas
no acidente direta ou indiretamente (motoristas, caronas, atropelados, etc.).
1.2 - RECOVAT e a Teoria da Culpa
A origem deste seguro remonta a década de 60 do século passado.
Assim nasce o RECOVAT - seguro de “responsabilidade civil” dos proprietários
de veículos automotores de vias terrestres, que já nasce problemático pela
nomenclatura a ele atribuída.
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O RECOVAT foi impropriamente filiado a teria da culpa porque a
incorreta nomenclatura que lhe foi conferida vinculava-o à idéia de seguro de
responsabilidade civil. Scarpassa [01] cita Castelo Branco, na época os seguros
de responsabilidade civil filiavam-se a teoria da culpa, à medida que "este
ramo visa cobrir, como já dissemos, as obrigações contraída em virtude de ato
ilícito culposo pelo qual responda o segurado", sendo certo que, "de qualquer
forma, se considera realizado o evento, com a prática do delito" [02]
Não poderia ser diferente, já que o próprio Código Civil de 1916, tal
como o atual, elegia a culpa como fundamento da responsabilidade civil por
ato ilícito. Diante disso, a nomenclatura do RECOVAT, de pouco ou nenhum
rigor técnico, causou enorme confusão na comunidade jurídica da época, haja
vista ter conduzido ao entendimento de que o RECOVAT filiava-se à teoria da
culpa, embora o art. 5.º do Dec.-lei 814/69 dispusesse que "o pagamento das
indenizações será efetuado mediante a simples prova do dano e
independentemente de apuração de culpa (...)"
Toda essa problemática, decorrente da impertinente denominação
conferida ao então RECOVAT, culminou no entendimento equivocado de que,
sendo referido seguro "de responsabilidade civil", a prescrição dos
beneficiários seria vintenária. A prescrição, de fato, era vintenária, mas não
porque o seguro era chamado de responsabilidade civil, mas sim porque, tal
como ocorre no Código Civil atualmente vigente, não havia previsão quanto à
prescrição à pretensão dos beneficiários de indenizações decorrentes de
seguros obrigatórios de danos pessoais.
A discussão acerca deste assunto pode parecer um esmero na
explanação da origem deste seguro. Entretanto, a importância deste tema
apresentar-se-á adiante no momento em que a prescrição da utilização do
seguro for abordada.
11
1.3 - DPVAT e a Teoria do Risco
A Lei 6.194/74, que efetivamente criou o seguro DPVAT, trouxe grande
evolução para o campo jurídico da reparação dos danos, à medida que aboliu
o seguro de responsabilidade civil obrigatório equivocadamente vinculado à
teoria da culpa e, assim, instituiu o seguro obrigatório de danos pessoais
corretamente filiados à teoria do risco.
Com efeito, nos exatos termos do art. 5.º de referida Lei 6.194/74, é
absolutamente desnecessário apurar-se a culpa, porque "o pagamento da
indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano
decorrente, independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro,
abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado."
A teoria do risco, conforme magistério de Pedro Alvim pode ser
sintetizado pela seguinte concepção: "Toda pessoa que causar dano a outrem
se sujeita à reparação, sem necessidade de indagar se houve de sua parte
culpa. O que importa é apenas a causalidade entre o mal sofrido e o fato
causador" [03]
No mesmo sentido, Caio Mário da Silva Pereira: [04]
"Se alguém põe em funcionamento qualquer
atividade, responde pelos eventos danosos que esta
atividade gera para os indivíduos, independentemente de
determinar se em cada caso, isoladamente, o dano é
devido à imprudência, à negligência, a um erro de
conduta, e assim se configura a ‘teoria do risco criado."
Mais recentemente, a Lei 8.374/91 conferiu nova redação ao art. 20 do
Dec.-lei 73/66, incluindo no seguro obrigatório os danos causados por
embarcações:
12
"Art. 20. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são obrigatórios os
seguros de:
(...)
l) “Danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres
e por embarcações, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não.”
Foi assim que a evolução legislativa aboliu os seguros obrigatórios de
responsabilidade civil dos proprietários de veículos automotores de via
terrestre, outrora regulamentados pelo revogado Dec. 61.867/67
(equivocadamente filiados à teoria da culpa, insista-se) e trouxe ao cenário
jurídico nacional o atual DPVAT, nomeado pelo legislador, com bastante
propriedade, aliás, tendo em vista a teoria do risco que lhe norteia, de "seguro
obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via
terrestre (...)".
Ou seja, a partir de meados da década de 70 do século passado
priorizou-se assegurar às vítimas dos infortúnios de trânsito o pronto
pagamento da indenização, com o afastamento da dúvida acerca da
necessidade de se apurar a responsabilidade, ou ilícito civil, do causador do
dano, sendo suficiente, para configurar o direito à indenização, apenas a prova
da ocorrência do dano decorrente do acidente respectivo, não importando
tenha sido o acidente causado por conduta culposa ou não (tal como haveria
de ter ocorrido durante a vigência do RECOVAT, mas assim não o foi em
razão do equívoco surgido em razão de sua nomenclatura).
É por isso que podemos afirmar, com absoluta segurança, que a
cobertura do seguro DPVAT não está, e jamais esteve vinculada nem mesmo
às regras de trânsito, à medida que as indenizações devem ser pagas
independentemente de apuração de culpa, pouco importando igualmente se a
vítima é transportada, ou não, por um veículo automotor. [05]
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Nesse sentido, a doutrina do renomado especialista Ernesto Tzirulnik:
"Muito comumente se inclui entre os seguros
obrigatórios de responsabilidade civil o seguro de
propriedade de veículos automotores de via terrestre, o
chamado seguro DPVAT. Bem examinado, o seguro em
questão, apesar de sua nominação, não é de
responsabilidade civil, e sim de danos, vez que a
indenização deve ser paga à vítima independentemente
da apuração de responsabilidade. Para que fosse de
responsabilidade civil, o seguro DPVAT só deveria operar
quando existisse situação capaz de engendrar a
responsabilização do segurado, o que não é o caso. A
pacificação jurisprudencial de abatimento deste seguro da
indenização devida pelo responsável não lhe transmuda a
natureza, apenas lhe imprime caráter indenizatório e o
abatimento é permitido porque o seguro é custeado pela
parte responsável pela indenização. O seguro DPVAT,
por não se enquadrar como seguro obrigatório de
responsabilidade civil, e sim seguro obrigatório de danos,
prossegue regido por legislação especial." [06]
O direito da vítima ao recebimento da indenização a título de DPVAT
persiste até mesmo quando rompido o nexo de causalidade pela presença dos
fatores de exclusão de responsabilidade (caso fortuito, força maior, culpa
exclusiva da vítima e ato de terceiro), ou quando o veículo causador do dano
não é identificado, ou quando não houver o pagamento do prêmio respectivo,
bem como, entre outras, nas hipóteses em que o veículo não estiver em
circulação ou quando a vítima for o próprio condutor ou o proprietário do
veículo responsável pelo pagamento do seguro.
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O surgimento do direito ao recebimento da indenização a título de
DPVAT depende apenas de dois únicos fatores, a causa (acidente) e os danos
(sofridos pela vítima), sendo absolutamente dispensável qualquer perquirição
sobre o causador do acidente e as circunstâncias deste.
Até mesmo nos casos em que não é possível a identificação do veículo
causador do dano persiste o direito ao recebimento da indenização pelo
DPVAT, nos termos do art. 7.º da Lei 6.194/74:
"A indenização por pessoa vitimada por veículo não identificado, com
seguradora não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos
mesmos valores, condições e prazos dos demais casos por um consórcio
constituído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que
operem no seguro objeto desta lei."
Portanto, desde a sua criação, o DPVAT tem sido confundido com os
seguros de responsabilidade civil, tanto por operadores de direito como
operadores do mercado segurador, de modo a dissociá-lo da teoria do risco e
vinculá-lo com a teoria da culpa.
Essa infeliz mutação imposta ao DPVAT tem implicado, na problemática
processual cotidiana, principalmente com o advento do novo Código Civil, na
equivocada percepção quanto ao prazo prescricional das pretensões das
vitimas de acidentes de transito.
Todos esses equívocos, passados e presentes, devem ser
urgentemente superados, sob a pena de aplicarem-se prazos prescricionais,
cada vez mais exígua, em detrimento do legitimo direito das vitimas de
acidentes de transito.
Conclui-se, assim, que o DVPAT não se enquadra, evidentemente, a
natureza dos seguros de responsabilidade civil, os quais exigem, para efeitos
de surgimento do direito à indenização, a conduta culposa ou dolosa pelo autor
do dano (art. 186 e 927 do CC).
15
1.4 - Origem dos Recursos do DPVAT
Como vimos, a Lei 6.194/74 criou, primeiramente, o seguro obrigatório
conhecido como “DPVAT”, introduzindo a alínea “1” ao artigo 20 do Decreto-Lei
73/66, diploma que tinha por escopo regular a atuação das companhias
seguradoras junto ao mercado consumidor.
Entende-se por obrigatório o seguro cuja contratação é imposta por lei.
Ao dispor sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, o Decreto Lei nº 73,
de 21 de novembro de 1966, em seu artigo 20, estabelecem quais os seguros
serão de contratação obrigatória em nosso país:
“Art. 20. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são obrigatórios os
seguros de:
a) Danos pessoais a passageiros de aeronaves comerciais;
b) Responsabilidade civil do proprietário de aeronaves e do transportador
aéreo;
c) Responsabilidade civil do construtor de imóveis em zonas urbanas por
danos a pessoas ou coisas;
d) Bens dados em garantia de empréstimos ou financiamentos de
instituições financeiras públicas;
e) Revogada;
f) Garantia de pagamento a cargo do mutuário da construção civil,
inclusive obrigação imobiliária;
g) Edifícios divididos em partes autônomas;
h) Incêndio e transporte de bens pertencentes a pessoas jurídicas,
situados no País ou neles transportados;
i) Crédito rural;
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j) Crédito a exportação, quando julgado conveniente pelo CNSP, ouvido o
Conselho Nacional do Comércio Exterior;
l) Danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres e
por embarcações, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não;
m) Responsabilidade civil dos transportadores terrestres, marítimos,
fluviais e lacustres, por danos à carga transportada. (www.fenaseg.org.br)
Todos estes seguros são obrigatórios (leia-se “de contratação
obrigatória”), sendo que alguns são de responsabilidade civil, enquanto outros
não. São de responsabilidade civil os seguros previstos nas alíneas “b”, “c” e
“m”, ou seja, para os proprietários de aeronaves e transportadores aéreos,
para os construtores de imóveis em zonas urbanas, e para os transportadores
terrestres, marítimos, fluviais e lacustres, para os casos de danos causados à
carga transportada. Os demais seguros são “obrigatórios”, mas não de
responsabilidade civil, como é o caso do previsto na alínea “l”, que cobre danos
pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, ou por sua
carga, a pessoas transportadas ou não, cuja regulamentação se deu pela Lei
6.194/74.
O artigo 12 da lei 6.194/74 conferia competência ao Conselho Nacional
de Seguros Privados - CNSP para “expedir normas disciplinadoras e instituir
tarifas que atendam ao disposto nesta lei”.
Assim, criou-se uma norma jurídica de conduta, geral e abstrata,
segundo todo e qualquer proprietário de veículo automotor deveria realizar um
seguro anual de seu automóvel, de forma a resguardar as possíveis vítimas de
acidentes de trânsito causados pelo veículo ou por sua carga. Em outros
dizeres, tratava-se de um contrato compulsório, entre duas pessoas de direito
privado (proprietário do veículo e ente segurador).
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Atualmente, a sanção decorrente do não pagamento do seguro DPVAT
é a impossibilidade de se renovar o licenciamento do veículo terrestre
automotor junto ao Departamento de Transito - DETRAN, por força do que
dispõe a resolução Conselho Nacional de Transito - CONTRAN n.º 802/95, que
acrescentou ao artigo 9.º da Resolução n.º 664/80 do mesmo órgão o seguinte
parágrafo único: “Não se renovará o licenciamento do veículo cujo proprietário
seja devedor de multa por infração de trânsito, tributos e encargos devidos e
do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores
de Vias Terrestres – DPVAT, relativos ao período de licenciamento anterior”.
Independente da forma arbitrada, não há como negar o notório cunho
social de tal exigência, que visava, primordialmente, garantir às vítimas de
acidentes de trânsito uma indenização mínima, que se conferiria mesmo que o
proprietário do veículo não possuísse uma garantia securitária usual.
Até 1986, a contratação do seguro DPVAT se efetivava por meio de um
bilhete, correspondente a uma apólice, documento que representa a relação
jurídica de direito privado existente entre o proprietário e o ente segurador.
Tudo se passava como num seguro normal: o proprietário do veículo escolhia a
seguradora que melhor lhe conviesse, sendo que qualquer uma delas
ofereceria uma cobertura única, de acordo com as determinações do CNSP
(prevista, inclusive, no art. 12 da Lei 6.194/74).
Todavia, várias alterações foram implementadas com a edição da
Resolução n.º 604/86 do CNSP, que instituiu um novo modelo de Certificado
de Registro do automóvel, no intuito de dificultar fraudes. Com a alteração,
passou-se a contratar o seguro DPVAT através do mesmo documento (suporte
material) com que se adimpliam obrigações tributárias, como o IPVA e a Taxa
de Licenciamento. Como a penalização pelo não pagamento de tributos
sempre foi enorme, em virtude do interesse público, buscou-se, na verdade,
uma maior arrecadação do DPVAT por meio da vinculação de sua contratação
(obrigatória) ao prévio pagamento de tributos, sem os quais o proprietário
sequer poderia trafegar licitamente com seu veículo (já que não possuiria o
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Certificado de Registro, emitido somente após o pagamento da Taxa de
Licenciamento).
Tratou-se de estratégia muito bem arquitetada para que a contratação
de tais seguros adquirisse eficácia social. Com a mencionada alteração, todos
os pagamentos realizados em virtude da condição de proprietário do veículo
(IPVA, taxa de licenciamento e registro, além da contratação do seguro
DPVAT) passaram a ser realizados em um só documento, conhecido como
Documento Único de Trânsito - DUT.
A alteração na forma de contratação inviabilizou a emissão dos
conhecidos bilhetes, sendo que a prova da contratação do seguro seria a
obtenção do Certificado de Registro de Veículo, emitido pelo DETRAN.
Devido à uniformização da contratação, as seguradoras que operavam
com o Seguro DPVAT firmaram o “Convênio de operação do seguro
obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via
terrestre – DPVAT”, em 29/04/1986, segundo o qual passariam a operar de
forma solidária e conjunta no mencionado mercado, nomeando a FENASEG
como mandatária de tais empresas.
A Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de
Capitalização – FENASEG com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro, é
uma associação sindical, para fins de estudo, coordenação, proteção e
representação legal do setor de seguros, previdência complementar aberta e
capitalização. Atualmente, são filiadas à entidade aproximadamente, 160
empresas cujo objetivo é promover o desenvolvimento do setor, definindo e
defendendo seus direitos e o representando politicamente.
Em decorrência do convênio, o beneficiário do Seguro DPVAT poderia
apresentar seu pleito administrativo em qualquer seguradora conveniada, a
qual remeteria o pedido à FENASEG, que decidiria pelo
deferimento/indeferimento da indenização.
19
A documentação deverá ser encaminhada para uma seguradora ou
reguladora (uma empresa que faz a regulação da documentação para uma
seguradora). Todas seguradoras particulares têm o dever legal de atender os
beneficiários do DPVAT.
Ainda segundo o convênio (cláusula 8.ª), a seguradora que fizesse a
regulação faria jus a 10% do valor referente à indenização paga, quantum
recebido mesmo em casos de indeferimento do pleito indenizatório.
O seguro DPVAT, a partir de 01 de Janeiro de 2008, passou a ser
administrado pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT em
substituição a FENASEG. A Seguradora Líder DPVAT, criada em atendimento
ao estabelecido pela Resolução 154/06 do CSNP, integra os consórcios do
Seguro DPVAT e tem a missão de administrar e representar o grupo de
seguradoras que operam esta modalidade de seguro, tendo como principal
objetivo assegurar a população, em todo território nacional, o acesso aos
benefícios do seguro DPVAT, administrando com transparência e com a
utilização de modernos métodos de gestão re recursos que lhe são confiados,
e apoiando ações que contribuam para a redução dos acidentes de transito.
(retirado do site do dpvat.com.br)
A estratégia de vincular o pagamento do Seguro DPVAT ao prévio
cumprimento de obrigações tributárias gerou uma enorme movimentação
financeira em relação ao Seguro DPVAT, sendo certo que nem todo o dinheiro
arrecadado era gasto com indenizações.
O Governo Federal, sempre às voltas com necessidades de aumento de
arrecadação, faz uma primeira tentativa de apropriação dos valores referentes
ao Seguro DPVAT. A edição da Lei 8.212/91, de 24/04/1991 (Lei Orgânica da
Seguridade Social), a qual, sem maiores rodeios, preceitua o seguinte no
parágrafo único de seu artigo 27:
20
“Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social:
...
Parágrafo único. As companhias seguradoras que mantêm o seguro
obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de
vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194, de dezembro de 1974,
deverão repassar à seguridade social 50% (cinqüenta por cento) do
valor total do prêmio recolhido e destinado ao sistema único de saúde -
SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados
vitimados em acidentes de trânsito”.
Todavia, não obstante preencha os requisitos de existência de uma
contribuição social para a Seguridade Social, sua criação se deu de forma
claramente inconstitucional, devido à inexistência de previsão do DPVAT na
regra-matriz de incidência constitucional de tais tributos.
O parágrafo único do art. 27 da Lei Orgânica da Seguridade Social
sofreu regulamentação por meio do Decreto Presidencial n.º 1.017/93, que
assim dispôs acerca do recolhimento do tributo:
“Art. 1º A parcela de cinqüenta por cento do valor total do prêmio do
Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos
Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), de que trata o parágrafo
único do art. 27 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, será recolhida,
diretamente, pelas companhias seguradoras, por intermédio da rede
bancária, a crédito do Fundo Nacional de Saúde.
Parágrafo único. A operacionalização do recolhimento de que trata este
artigo será objeto de regulamentação, mediante portaria interministerial,
baixada pelos Ministros de Estado da Saúde, da Fazenda e da Justiça,
no prazo de sessenta dias, contados da publicação deste decreto.
Art. 2º - Este decreto entra em vigor na data de sua publicação”.
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O Sistema Único de Saúde – SUS é definido pela lei 8.080/90 como “o
conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições
públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e
das fundações mantidas pelo Poder Público” (art. 4.º). Dentre as suas formas
de financiamento, estão os recursos provenientes do orçamento da seguridade
social, cuja gestão financeira cabe, em nível federal, ao Ministério da Saúde,
através do Fundo Nacional de Saúde (art. 33, § 1.º).
Logo, como os recursos do Fundo Nacional de Saúde serão,
necessariamente, aplicados no financiamento do SUS, não há qualquer
antinomia entre o Decreto 1.017/93 e seu fundamento de validade, a lei
8.212/91, no que se refere à destinação da receita da contribuição sobre o
seguro DPVAT.
Assim permaneceu a configuração jurídica da Contribuição ao DPVAT,
até a entrada em vigência da Lei 9.503/97, que inovou na destinação de parte
da receita:
“Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do
Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por intermédio do CONTRAN,
desenvolverão e implementarão programas destinados à prevenção de
acidentes.
Parágrafo único. O percentual de dez por cento do total dos valores
arrecadados destinados à Previdência Social, do Prêmio do Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro
de 1974, serão repassados mensalmente ao coordenador do Sistema
Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em programas de que
trata este artigo”.
22
A princípio, cumpre lembrar a impossibilidade de instituição de novas
contribuições sociais gerais (art. 149) que não as previstas na Constituição.
Com a Lei 9.503/97, foi alterado o regime jurídico da contribuição ao
DPVAT no que diz respeito à destinação dos valores arrecadados. Sendo o
Código de Trânsito lei posterior, suas disposições prevalecem em tudo em que
conflitarem com a lei 8.212/91. Assim, alterou-se a norma de destinação dos
recursos obtidos com a dita contribuição, devendo então a União repassar 90%
dos recursos obtidos das seguradoras para o SUS (através do Fundo Nacional
de Saúde, conforme o Dec. 1.017/93), ao passo que 10% seriam destinados
ao coordenador do Sistema Nacional de Trânsito (CONTRAN), para a
aplicação vinculada a programas destinados à prevenção de acidentes.
Sob a ótica das seguradoras, continuavam elas devendo pagar à União
50% de tudo o que arrecadassem a título de pagamento do seguro obrigatório,
sendo que a discriminação da afetação de tais valores dar-se-ia da forma
seguinte:
a) 45 % para o SUS/FNS;
b) 5 % para o CONTRAN.
O que pode ser considerado peculiar em tal alteração foi o fato de que,
ao determinar a destinação de 5% dos pagamentos a título de contratação do
seguro compulsório para o financiamento de programas destinados à
prevenção de acidentes, a serem elaborados pelo CONTRAN, alterou-se a
natureza jurídica, consistindo a prestação pecuniária de tais 5% não mais em
uma contribuição à seguridade social, mas sim numa contribuição social geral,
face o cunho social que está ínsito à prevenção de acidentes de trânsito.
No âmbito jurídico, várias contestações são feitas em torno destas
medidas adotadas. Alegações de inconstitucionalidade são fundamentadas. No
entanto, como não é objeto de estudo a analise das leis, ainda que influencie,
23
e muito, no assunto citaremos apenas decretos e leis mais significantes que
exemplificam e explicam o porquê de determinados comportamentos.
Todavia, a União, quase que prevendo tal comportamento por parte das
seguradoras e contando com o desconhecimento de boa parte da população a
respeito do que viria a ser o Seguro DPVAT, encontrou uma maneira de
manter a arrecadação sem maiores transtornos, com a edição do Decreto
2.867/98, no que se seguiu à criação da Portaria Interministerial MS/MF/MJ n.º
4.044/98, cujos teores são transcritos a seguir:
Decreto 2.867/98
“Art. 1º O prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados
por Veículos Automotores de Vias Terrestres - DPVAT será arrecadado
pela rede bancária e repassado diretamente e sem qualquer retenção,
do seguinte modo:
I - quarenta e cinco por cento do valor bruto recolhido do segurado a
crédito direto do Fundo Nacional de Saúde - FNS, para custeio da
assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de
trânsito, nos termos do parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.212, de 24
de julho de 1991;
II - cinco por cento do valor bruto recolhido do segurado ao
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, por meio de crédito
direto à conta única do Tesouro Nacional, para aplicação exclusiva em
programas destinados à prevenção de acidentes de trânsito, nos termos
do parágrafo único do art. 78 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
1997;
III - cinqüenta por cento do valor bruto recolhido do segurado à
companhia seguradora, na forma da regulamentação vigente.
Art. 2º O prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados
por Veículos Automotores de Vias Terrestres - DPVAT será pago junto
24
com a cota única, ou com a primeira parcela, do Imposto sobre
Propriedade de Veículos Automotores - IPVA.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se o Decreto nº 1.017, de 23 de dezembro de 1993, e o
§ 2º do art. 36 do Decreto nº 2.173, de 5 de março de 1997”.
Da Portaria MS/MF/MJ 4.044/98, interessa salientar-se:
Art. 2º. O prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados
por Veículos Automotores de vias Terrestres - DPVAT será pago junto
com a cota única, ou com a primeira parcela do Imposto sobre
Propriedade de Veículos Automotores - IPVA, de que trata a Lei nº
7.431, de 17 de dezembro de 1985, ressalvado o incidente sobre os
veículos enquadrados nas categorias 3 e 4, que poderá ser parcelado
em igual número de cotas previstas para o citado imposto.
Art. 4º. Fica a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP (órgão
responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Sua missão é
atuar na regulação, supervisão, fiscalização e incentivo nessas
atividades. Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda) encarregada
da fiscalização das operações de Seguro DPVAT junto à rede de
Seguradoras em todo o país, de forma a garantir a regularidade da
arrecadação e o atendimento ao disposto nesta Portaria, sem prejuízo
das demais instâncias de controle.
Art. 5º. Ficam o Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde -
FNS, o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN do Ministério
da Justiça, as Companhias Seguradoras e suas entidades
representativas, obrigados a adotar medidas destinadas a assegurar
ampla e permanente divulgação dos direitos dos segurados.
25
1.5 - DPVAT e a sua Prescrição
Partindo-se da premissa de que na Lei não há palavras inúteis, Henrique Lima
comenta em seu artigo:
“Não sendo aplicável ao seguro obrigatório previsto na Lei
6.194/74 o prazo prescricional de três anos previsto no
inciso XI, parágrafo 3º, do artigo 206, do Código Civil, por
não se tratar de seguro de responsabilidade civil, e não
havendo disposição expressa especifica para os casos de
seguros obrigatórios que não sejam de responsabilidade
civil, resta então afirmar que a regra a ser utilizada é a do
prazo geral de prescrição prevista no artigo 205, ou seja,
10 (dez) anos.
Pelo principio Actio Nata o prazo prescricional se conta no
momento em que se tornou possível a propositura da
ação, sendo que no caso em estudo o que dá o direito à
indenização securitária não é o próprio acidente, mas o
dano decorrente seja ele a morte, a despesa com
assistência medica suplementar ou a invalidez
permanente.
Sobre a invalidez permanente, é importante lembrar que
não existe cobertura para invalidez “temporária”, de modo
que enquanto a vitima não tiver a informação que sua
invalidez é irreversível, não se iniciará a contagem do
prazo de prescrição, pois, como já foi dito, a cobertura do
seguro não é para o acidente em si, porque não basta ser
vitima de um acidente envolvendo veiculo automotor de
via terrestre para ter direito a indenização securitária, é
necessário que como conseqüência desse sinistro sofra-
se um dano coberto pela Lei 6.194/74.
O próprio inciso II do artigo 13, do anexo da
resolução CNSP 154/2006, que alterou e consolidou as
26
normas disciplinadoras do seguro obrigatório previsto na
Lei 6.194/74 diz isso:
“Art. 13. A sociedade seguradora efetuará o
pagamento das indenizações a seguir especificadas, por
pessoa vitimada:
II – em caso de invalidez permanente, desde que
esteja terminado o tratamento e seja definitivo o caráter
da invalidez, a quantia que se apurar, tomando-se por
base o percentual da incapacidade de que for portadora a
vitima, de acordo com a tabela constante das normas de
acidentes pessoais, tendo com indenização máxima a
importância segurada previstas nas normas vigentes, na
data da liquidação do sinistro.”
Cumpre-se também esclarecer que não se aplica o
prazo prescricional estabelecido pelo Código de Defesa
do Consumidor para a solução dos conflitos decorrentes
do DPVAT.
A jurisprudência formada no universo dos seguros
facultativos, perfeitamente aplicável, por analogia, aos
casos de DPVAT, no que tange aos prazos prescricionais,
é assente no sentido de afastar, por tais razões, a
prescrição qüinqüenal do Código de Defesa do
Consumidor:
"Civil. Acidente de veículo. Seguro. Indenização.
Recusa. Prescrição ânua, Código Civil, art. 178, § 6.º, II.
Inaplicabilidade à espécie do Código de Defesa do
Consumidor, Art. 27.
II. Inaplicabilidade do lapso prescricional
qüinqüenal, por não se enquadre a espécie do conceito
de ‘danos causados por fato do produto ou do serviço’, na
exegese dada pela 2ª Seção do STJ, uniformizadora da
matéria, ao art. 27 c/c os arts. 12, 13 e 14 do Código de
Defesa do Consumidor.” [07]
27
CAPITULO II
COBERTURAS DO SEGURO DPVAT
O DPVAT, como vimos, foi criado para amparar as vitimas de acidentes
envolvendo veículos automotores em todo território nacional. O DPVAT cobre
danos pessoais, causados nos proprietários e motoristas dos veículos, seus
beneficiários e dependentes. A indenização do seguro obrigatório prevista por
lei é paga ainda que a vítima seja o próprio condutor do veiculo e único
responsável pelo acidente.
A própria SUSEP – Superintendência de Seguros Privados esclarece
em seu site que “qualquer vitima de dano causado por veiculo automotor de via
terrestre pode requerer o seguro, inclusive o motorista.”
Todas as pessoas, transportadas ou não, que forem vitimas do acidente
ou suas cargas poderão solicitar o seguro. As indenizações são pagas
individualmente, não importando quantas vitimas estiverem envolvidas no
mesmo acidente. Excetua-se o uso deste seguro apenas quando a vitima for o
proprietário do veiculo e este não estiver em dia com o seguro obrigatório.
É curioso salientar que algumas situações que parecem inusitadas se
encaixam neste seguro. Podemos citar, por exemplo, uma queda da carroceria
mesmo com o veiculo parado, prender a mão na porta, porta malas ou capô,
trocando um pneu do carro ou em borracharia, embarque ou desembarque de
mercadorias, auto lesão, queda de moto parada ou em movimento,
queimadura da perna em escapamento da moto, em oficina trabalhando no
veiculo, enfarte dentro do veiculo no transito, implementos agrícolas,
empilhadeira e outros.
É importante observar que os danos materiais (roubo, colisão ou
incêndio de veículos) envolvidos no acidente não estão segurados. Nas
exceções estão incluídos acidentes ocorridos fora do território nacional, multas
28
e fianças impostas ao condutor ou proprietário do veículo e quaisquer
despesas decorrentes de ações ou processos criminais e danos pessoais
resultantes de radiações ionizantes ou contaminações por radioatividade de
qualquer tipo de combustível nuclear, ou de qualquer resíduo de combustão de
matéria nuclear.
2.1 - Formas de cobertura
Morte
Caso a vítima venha a falecer em virtude do acidente de trânsito, seus
beneficiários terão direito ao recebimento de uma indenização correspondente
à importância segurada vigente na época da ocorrência do sinistro, de acordo
com a Medida Provisória n.º 340/06.
Invalidez Permanente
Caso a vítima de acidente de trânsito venha a se invalidar permanentemente
em virtude do acidente, ou seja, desde que esteja terminado o tratamento e
seja definitivo o caráter da invalidez, a quantia que se apurar, tomando-se por
base o percentual da incapacidade de que for portadora a vítima, de acordo
com a tabela constante das normas de acidentes pessoais, tendo como
indenização máxima a importância segurada vigente na época da ocorrência
do sinistro, de acordo com a Medida Provisória n.º 340/06.
DAMS - Despesas de Assistência Médica e Suplementares
Caso a vítima de acidente de trânsito venha a efetuar, para seu tratamento,
sob orientação médica, despesas com assistências médicas e suplementares,
a própria vítima terá direito ao recebimento de uma indenização, a título de
reembolso, correspondente ao valor das respectivas despesas, até o limite
definido em tabela de ampla aceitação no mercado, tendo como teto máximo o
valor vigente na época da ocorrência do sinistro, de acordo com a Medida
Provisória n.º 340/06.
29
2.2 - Indenizações do Seguro DPVAT
Direito de todos. Qualquer vitima (ou seu beneficiário) de acidente
envolvendo veiculo pode requerer a indenização do DPVAT. As indenizações
são pagas individualmente, não importando quantas vitimas o acidente tenha
causado. O pagamento independe da apuração dos culpados. Além disso,
mesmo que o veiculo não esteja em dia com o DPVAT ou não possa ser
identificado, as vitimas ou seus beneficiários têm direito à cobertura. A partir de
13/07/1992, só o proprietário é quem deve comprovar o pagamento do seguro.
As demais vítimas serão indenizadas independentemente do pagamento do
seguro. Os valores atuais de indenização por cobertura são os constantes na
tabela abaixo. Cabe a CNSP controlar e estabelecer estes valores. Até a
presente data os valores são os determinados pela MP n° 340/06, que vigoram
desde 01/01/2007.
MORTE R$ 13.500,00 INVALIDEZ PERMANENTE (1) R$ 13.500,00 REEMBOLSO DE DAMS (2) até* R$ 2.700,00
(1) A quantia que se apurar, tomará por base o percentual da incapacidade de
que for portadora a vítima, de acordo com a tabela constante das Normas de
Acidentes Pessoais, tendo como indenização máxima a importância segurada
vigente na época da ocorrência do sinistro, de acordo com a Medida Provisória
n.º 340/06.
(2) Os valores de indenização de DAMS serão pagos até o limite definido em
tabela de ampla aceitação no mercado, tendo como teto máximo o valor
vigente na data de ocorrência do sinistro, consoante o disposto na Medida
Provisória n.º 340/06. Também está incluído tratamento dentário, tratamento
este não coberto pelo SUS. O Seguro DPVAT possui como tabela referencial
de pagamento a tabela da Associação Médica Brasileira de 1999 – AMB 99.
Em caso dentário é utilizada a Tabela do Conselho Regional de Odontologia –
CRO.
30
(*) Um estudo feito em parceria com a FENASEG e RENAEST demonstra que
o valor limite disponibilizado ao reembolso do DAMS é o suficiente para
concluir integralmente o tratamento de 74% dos acidentados que dele se
utiliza.
As indenizações por Morte e Invalidez Permanente não se acumulam.
Se, após o pagamento de uma indenização por Invalidez Permanente, ocorrer
Morte em conseqüência do mesmo acidente, do valor da indenização por
Morte será deduzida a importância já paga por Invalidez Permanente.
No entanto, não há dedução do reembolso de despesas médicas e
hospitalares (DAMS), em caso de pagamento de indenizações de Morte ou
Invalidez Permanente.
2.3 - Beneficiários do seguro
Em caso de Morte: Na ocorrência de morte, a indenização será paga por
metade ao cônjuge não separado judicialmente, e ao restante dos herdeiros do
segurado, obedecido à ordem de vocação hereditária, de acordo com a Medida
Provisória n.º 340/06. Relação detalhada encontra-se no Anexo 1.
Em caso de Invalidez Permanente: A própria vítima.
Em caso de DAMS - Reembolso de Despesas de Assistência Médica e
Suplementares:
• A própria vítima, quando for ela própria a reclamante e os recibos de
despesas estiverem em seu nome;
• Quando o reclamante for a vitima e os recibos de despesas estiverem
em nomes de terceiros, o pagamento só deverá ser feito a vítima, se
esta apresentar o Termo de Cessão de Direitos;
• Quando o reclamante for terceiro, o pagamento será condicionado à
apresentação do Termo de Cessão de Direitos passado pela vítima.
31
• Observar ainda quanto ao tratamento:
I - no caso de assistência prestada por pessoa física ou jurídica
conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS), é facultado a vitima
optar por atendimento particular, hipótese essa em que será observado
o procedimento previsto no inciso II;
II - quando a assistência for prestada por pessoa física ou jurídica, sem
convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), o pagamento será feito
a vitima.
Para efeito do disposto no inciso II, a vítima deverá apresentar
comprovante original do valor da despesa do hospital, ambulatório, ou
médico assistente que tiver prestado o atendimento médico-hospitalar.
2.4 - Formas de pagamento pelo seguro
Morte: através de depósito em conta corrente/poupança aos beneficiários,
conforme o caso.
Invalidez: através de depósito em conta corrente/poupança somente a vitima.
DAMS: através de depósito em conta corrente/poupança da vitima ou da
pessoa física / jurídica que tiver em seu nome o Termo de Cessão de Direitos.
32
CAPÍTULO III
DADOS ESTATÍSTICOS
São muito elevados os números de vitimas fatais, de inválidos, e de
feridos com lesões graves. A coletividade não pode deixar de se preocupar
com as vitimas e de suas famílias, especialmente quanto às ações para efeito
de reinserção dos feridos graves na sociedade.
As estatísticas disponíveis não permitem discriminar os números de
feridos leves, feridos graves, inválidos. A pesquisa feita pelo DNER em 1987
mostrava que a cada 100 pessoas removidas do local do acidente como
feridos, 25 iriam ficar com lesões graves, ou com invalidez, ou falecer no mês
seguinte.
Se a mesma proporção se verificar no conjunto de acidentes de transito
que ocorrem no país, haveria cada ano, mais de 100.000 pessoas com lesões
graves ou invalidas. Isto dá idéia da magnitude do problema.
Em 2005 a FENATRAN (atualmente Seguradora Líder) em seu site
divulgava que “acidente automobilístico é o segundo maior problema de saúde
pública no país perdendo somente para a desnutrição.”
Complementando, a nível mundial, os acidentes de trânsito podem
passar da 11ª para a terceira posição no ranking das causas de mortalidade
em todo o mundo em 2020, se os países não priorizarem medidas preventivas
para conter a violência nas ruas e estradas. (fonte: Jornal de Jundiaí - 23/02/2008)
Outra avaliação poderá ser feita através das estatísticas da Seguradora
Líder referentes ao número de pedidos de indenizações registrados no âmbito
do seguro obrigatório DPVAT.
33
Algumas estatísticas:
Anuário do DENATRAN Ano 2002 2003 2004 2005 2006
Acidentes com vítimas 252.000 334.000 349.000 383.000 320.000 Vítimas fatais 19.000 23.000 26.000 26.000 19.000 Vítimas não fatais 318.000 439.000 474.000 514.000 404.000
www.denatran.gov.br
Anuário RENAEST (2003 / 2005) BRASIL
Acidentes com vitimas Nº de vitimas Vítimas não fatais 2003 333.689 461.694 439.065 2004 348.583 499.586 474.244 2005 383.371 539.919 513.510
Média anual no período: 2002 – 2007 Mortes 47.968
Invalidez permanente 64.839 Assistência médica 93.154
Total 205.961 Fonte: Seguradora Líder, 18/11/2008.
3.1 – Arrecadações
Na estatística recente, a do ano de 2007, a arrecadação dos Convênios
do Seguro DPVAT, que abrange todas as categorias de veículos, carros de
passeio, motos, taxis, veículos e de transporte coletivo, caminhões e
equipamentos moveis em geral (quando licenciados) foi de R$ 3.722 bilhões,
valor correspondente a 36.286.115 veículos segurados pelo sistema.
Do total arrecadado, 45% foram destinados ao Fundo Nacional de
Saúde – FNS e 5% da arrecadação para o Departamento Nacional de Trânsito
– DENATRAN, conforme determina a Lei 9.503/97. Esses recursos foram
repassados diretamente pela rede bancaria e, de acordo com a legislação,
destinaram-se ao FNS para fins de custeio do atendimento medico hospitalar
das vitimas de transito e ao DENATRAN para a realização de programas
34
voltados para a prevenção de acidentes. N o ano de 2007, o FNS recebeu R$
1.675 bilhão e o DENATRAN, R$ 186,1 milhões
Em 2007, foram pagos 66.838 sinistros de morte, 80.333 de invalidez
permanente e, 104.959 de despesas com assistência médica, atingindo um
total de R$ 1.261 bilhão, além dos desembolsos com os pagamentos das
despesas com sinistros, honorários de regulação, de investigação, de auditoria
e advocatícios, que totalizaram R$ 172,5 milhões. (fonte: www.dpvatseguros.com.br)
Em matéria bem mais recente no Jornal O Estado de São Paulo, de
28/01/2009, foi publicado que “a Seguradora Líder divulgou que em 2008
foram arrecadados R$ 4.650 bilhões. Desse valor pouco mais de R$ 2 bilhões
foram repassados ao FNS (Fundo Nacional de Saúde) e que foram pagos a
indenizações de morte, invalidez permanente e reembolso de DAMS
respectivamente R$ 785 milhões, R$ 547 milhões e R$ 120 milhões.” Menos
de R$ 1.5 bilhões.
35
CAPÍTULO IV
ESTUDO DO DAMS
Já sabedores do que significa o DAMS antes de iniciarmos qualquer
questionamento, observemos a série de exigências documentais do seguro
DPVAT.
4.1 - Documentação para reembolso do DAMS
Os documentos abaixo devem ser apresentados em original ou fotocópia,
frente e verso:
• Relatório do médico assistente, informando quais as lesões
sofridas pela vítima e o tratamento realizado em decorrência do
acidente (original ou fotocópia);
• Comprovantes das despesas (recibos ou notas fiscais) contendo
discriminação dos honorários médicos e despesas médicas,
acompanhadas das respectivas requisições ou receituários
médicos (originais);
• Termo de Cessão de Direitos, quando o beneficiário for o
estabelecimento que prestou a assistência médica hospitalar ou
terceiro que custeou essas despesas (original e com firmas
reconhecidas);
• Relatório de dentista, informando se o tratamento dentário foi
realizado em decorrência de lesões sofridas no acidente, bem
como se os dentes eram naturais antes do acidente (original ou
fotocópia);
• Termo de Cessão de Direitos, quando as despesas estiverem em
nome da vítima e sendo requeridas por terceiros ou quando as
despesas estiverem em nome de terceiros e forem requeridas
pelos mesmos (original e com firmas reconhecidas);
36
• Estatuto ou Contrato Social, qualificando o funcionário do hospital
a receber o reembolso em nome do estabelecimento (fotocópia).
• Quando o beneficiário for a entidade hospitalar junto ao Termo da
Cessão de Direitos, deverá ser apresentada uma nota fiscal
discriminativa.
• Quando o beneficiário for a própria vítima, poderá ser dispensada
a nota fiscal, caso a entidade hospitalar seja isenta de emiti-la,
devendo ser apresentado um recibo com relatório médico
discriminativo.
Apesar de, à primeira vista, parecer simples a reunião destes
documentos, na verdade é uma falsa impressão. Delegacias policiais e
hospitais são instituições que administrativamente não negam sua deficiência.
Isto é fato público.
É preciso observar que os detalhes rigorosos que o DPVAT exige, têm
um motivo em particular. Muitos desses detalhes estão associados a dificultar
as fraudes, infelizmente, comuns.
No caso de DAMS, quando se solicita o reembolso de medicamento, por
exemplo, se a vitima ou o beneficiário desconhecer o procedimento ele será
seriamente glosado. Ao menos deverá haver um funcionário que detenha o
conhecimento de análise deste tipo de processo.
Para atuar neste cenário, reembolso de DAMS, é necessário que a
gestão a ser aplicada consiga integrar a vitima e o estabelecimento. Uma
interdependência. Como dissemos, as diversas exigências mexem um pouco
com a benevolência de ambas as partes. O uso do CRM, gerenciamento do
relacionamento com o cliente, é o que mais se encaixa neste contexto.
O público que usualmente recorre a este reembolso é o que não possui
plano de saúde nem recurso financeiro para sequer fazer uma fisioterapia. O
trabalho que dá, às vezes, para reunir documentação retira o estímulo a utilizá-
lo.
Contudo, estatisticamente, é enorme o número de vítimas em acidentes
automobilísticos. Pode parecer falta de sensibilidade falar em números quando
37
o assunto é saúde. Porém, qualquer estabelecimento precisa de verbas para
financiá-lo.
O segredo do CRM de sucesso é uma filosofia e uma cultura voltada
para o cliente; que garanta que toda atividade da empresa está a serviço das
necessidades do cliente. Estabelecimentos que detém um conhecimento tal de
seu público a ponto de toda corporação conseguir enxergar o serviço da
mesma forma que seu cliente obterá sucesso. A questão do CRM não é
apenas tecnologia. Com um CRM bem aplicado, as dificuldades serão
superadas, pois as vantagens em relação ao atendimento no SUS são
enormes.
4.2 - Utilização de DAMS em hospitais
Um estudo revela que 5% (cinco por cento) da população brasileira
têm o conhecimento do Seguro Obrigatório DPVAT. Essa minoria ainda
assim não sabem como usufruir deste benefício. Os outros 95% (noventa e
cinco por cento) não sabem e não tem conhecimento do que é e para que
serve o Seguro Obrigatório DPVAT. Conseqüentemente as entidades
também são afetadas com essa desinformação.
O setor de saúde é composto por hospitais, clínicas médicas e outros
segmentos profissionais. Toda essa rede prestadora de serviços de saúde
atende a milhares de pessoas, vitimas de acidente de trânsito, sendo que não
fazem uso do DPVAT pelo desconhecimento do convênio ou mesmo por
desconhecer o mecanismo para o reembolso das Despesas de Assistência
Médica e Suplementares (DAMS).
Assim, com o objetivo de conhecer melhor o setor de saúde quanto ao
convênio DPVAT, foi realizada uma enquête pela Federação Brasileira de
Hospital com o seguinte questionamento: “Se seu Hospital é credenciado
para atendimento pelo SUS, favor informar se estão conseguindo faturar e
receber o atendimento a pacientes vítimas de acidente através do seguro
obrigatório DPVAT.” (período de 26/03/2002 a 16/04/2005)
38
- Sim, estamos recebendo. 10,74%
- Não, em razão da circular DPVAT SIN-67/2001. 57,02%
- Não, por outras razões. 32,23%
Ou seja, neste universo de milhares de hospitais, apenas 10,74%
utilizam-se do recurso.
Entre 14.12.2001 e 24.7.2002, de acordo com a Circular DPVAT SIN
067/2001, esteve suspenso o recebimento dos pedidos de reembolso de
despesas médicas e hospitalares, cujas vítimas receberam atendimento em
hospitais do SUS. Esta circular foi revogada e hospitais e clínicas
conveniadas ao SUS retornaram a utilização do convenio até que a Medida
Provisória nº 451/2008, põe novamente a proibição em pauta:
“§ 2o O seguro previsto nesta Lei não contempla as
despesas decorrentes do atendimento médico ou
hospitalar efetuado em estabelecimento ou em hospital
credenciado ao Sistema Único de Saúde - SUS, mesmo
que em caráter privado, sendo vedado o pagamento de
qualquer indenização nesses casos.”
A repercussão desta medida provisória foi intensa. Várias matérias
saíram em jornais e revistas manifestando a indignação dos hospitais. No
jornal Estado de São Paulo, de 28/01/2009, foi postada a seguinte matéria:
“Hospitais perderão R$ 250 milhões com mudança no
repasse do DPVAT. Uma mudança na forma de
pagamento do DPVAT, o seguro obrigatório cobrado
anualmente de proprietários de veículos, retirou dos
hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS)
o ressarcimento pelos gastos com atendimento a vítimas
de acidentes de trânsito. Essa alteração pode gerar perda
de R$ 250 milhões aos hospitais, segundo a Associação
Nacional de Trânsito (ANATRAN).
39
As mudanças trazidas pela MP 451/08 seriam uma forma de reforçar o
impedimento dos hospitais de realizar uma dupla cobrança. Por erros de
poucos milhares serão sacrificados. Como diz Helio de Sousa [08] em seu texto
abaixo “...a saúde é direito fundamental resguardado pela Constituição
Federal.” Se a verba foi criada para tal finalidade, então que se faça uso. Até a
conclusão desta monografia a medida provisória estava mantida.
4.3 - Benefícios na utilização do DAMS
A existência do DAMS bem como sua utilização proporciona algumas
vantagens, para o setor público e privado de saúde. No serviço público onde “o
acidente de trânsito é considerado o segundo maior problema de saúde
pública do País, só perdendo para a desnutrição” (Fonte: FENASEG), o
direcionamento dos pacientes que se enquadram neste benefício de imediato
reduz o volume de pessoas que necessitam do SUS para dar continuidade ao
tratamento, desafogando o atendimento no hospital.
Este “esvaziamento” permite que verbas e esforços deste hospital
outrora aplicados nos acidentados, ainda que limitados, possam ser
transferidos para outras patologias proporcionando um aumento na eficiência e
qualidade do atendimento nos hospitais públicos.
Em contrapartida, o setor privado também se beneficia com o DAMS.
Cria a possibilidade de tratar de pacientes antes excluídos deste tratamento
por não terem condições financeiras de arcarem com o tratamento,
independente do valor. Teriam, por falta de opção, que recorrer ao SUS.
Cientes da precariedade do atendimento, só os casos mais graves recorrem ao
SUS. Pelo DAMS poderão fazê-lo até o teto de reembolso imposto pela Lei o
que, por estatística, atende ao tratamento integral de aproximadamente 74%
dos acidentados no trânsito.
Em instituições privadas conveniadas com o SUS as vantagens são
ainda maiores. Elas poderiam migrar os pacientes que se encaixam no perfil
do o convenio DPVAT, criando um “novo” convenio, gerando um aumento de
40
receita, pois os valores da tabela AMB utilizada pelo DPVAT são superiores ao
SUS. O cuidado é no tocante as cobranças duplas. Elas nunca poderão existir.
Outro aspecto que beneficia estas vítimas é que, devido ao convênio,
elas poderão ser direcionadas aos horários antes destinados aos planos
particulares, mais amplos. Satisfação também para os pacientes que recorrem
a clinica conveniada com o SUS: com o redirecionamento das vítimas oriundas
do seguro DPVAT para o convênio, os demais pacientes de outras patologias
se privilegiam pela redução na espera de vagas destinadas ao SUS para
atendimento, sempre limitadas em virtude da enorme demanda.
Em defesa a utilização do DPVAT, indistintamente, mas com
responsabilidade políticos se manifestam como nesta matéria publicada em
22/04/2008 pelo Diário da Manhã:
“O DPVAT como maneira de desafogar os hospitais de urgência:
O sistema público de saúde lida diariamente com uma equação muito
complexa para ser balanceada: a superlotação da rede hospitalar. Os
acidentes de trânsito exigem o máximo do funcionamento da rede de
atendimento de urgência e emergência. Isso cria uma grande dificuldade para
equacionar a capacidade dos hospitais com a demanda das vítimas. Pacientes
desta natureza são politraumáticos e necessitam de cuidados especiais,
consumindo grande soma de recursos do setor.
O custo das vítimas do trânsito é um dos mais altos para a rede pública
de saúde. O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) registrou em 2007
aproximadamente 2.600 atendimentos relacionados a acidentes de trânsito. O
custo diário de cada um dos pacientes que ficam internados, em média, chega
a R$ 2,5 mil. Mas pode ser mais dispendioso dado à gravidade dos ferimentos.
Essa característica dos acidentados no trânsito causa um impacto
negativo na rede hospitalar. Uma das maneiras de desafogar os hospitais
públicos é encaminhar os pacientes para a rede privada, onde há
disponibilidade de leitos. Para evitar que os recursos aplicados para a saúde
sejam destinados a custear a recuperação das vítimas em hospitais
particulares conveniados há uma opção que defendo: o uso dos recursos do
41
Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Via Terrestre (DPVAT).
Num estudo da situação de superlotação da rede pública hospitalar,
proponho a parceira com a rede privada de saúde com a implantação de
cobertura financeira para o atendimento às vítimas de trânsito, a ser ressarcida
ou reembolsada através do DPVAT.
O DPVAT, pago anualmente por todos os proprietários de veículos
automotores, cobre despesas médicas e hospitalares. Esses recursos podem
ser aplicados como forma de reembolso aos hospitais da rede privada, para
viabilizar o atendimento imediato das vítimas. A medida evita que o acidentado
demore a receber os devidos cuidados médicos, diminuindo os riscos de morte
e de complicações decorrentes dos ferimentos.
As estatísticas apontam que o assunto é de suma importância. Em 2007,
conforme dados do Denatran, no Brasil, 6.885 morreram em decorrência de
acidentes de trânsito.
O uso de recursos do DPVAT teria um duplo efeito: ampliaria os espaços
de atendimento às vítimas de trânsito e permitiria que os atuais recursos
destinados à saúde fossem aplicados em outras demandas. A Secretaria
Estadual de Saúde fortaleceria sua atuação social, desafogando os hospitais
de urgência e emergência.
Ainda vale lembrar que a saúde é direito fundamental resguardado pela
Constituição Federal. Nas palavras do constitucionalista José Afonso da Silva,
“há de informar-se pelo princípio de que o direito igual à vida de todos os seres
humanos significa também que, nos casos de doença, cada um tem o direito a
um tratamento condigno de acordo com o estado atual da ciência médica.
Independentemente de sua situação econômica, sob pena de não ter muito
valor sua consignação em normas constitucionais”. [08]
42
CONCLUSÃO
Depois de lido o exposto, é hora de “costurar” os aspectos
considerados. Pode até parecer ter sido exaustiva a colocação de diversas leis,
normas, pareceres e explicações jurídicas para os menos familiarizados com o
tema, mas quem convive com essa realidade percebe o quanto estas
limitações, sejam nas prescrições de prazos ou demais normas e mudanças
constantes, prejudicam sobremaneira um sistema de saúde falimentar como o
do nosso país.
É plenamente compreensível a preocupação das seguradoras em se
resguardarem nos seus direitos. Estes é que não deveria sobrepor o direito dos
segurados.
O aumento populacional e, conseqüentemente, o aumento de veículos
em circulação aliados a uma quase invisível educação no transito só
contribuirão para consolidar este silencioso “extermínio”, enquanto perdurar o
descaso.
A seriedade com que este assunto deve ser tratado está longe de ser
alcançada. Fortes campanhas educacionais devem ser divulgadas. Por vezes
até a verba arrecadada para a divulgação, aos nossos olhos pode parecer uma
fortuna, contudo ser irrisória para este fim. Reavaliem. Apenas não deixem o
problema cair em descaso.
Temos visto o aumento das campanhas na prevenção de acidentes. A
divulgação do seguro DPVAT, ainda ‘“tímida”, dificulta o uso pelos acidentados.
Muitas vezes, quando tomam conhecimento do benefício, sequer tem
tempo de solicitá-lo devido ao prazo de prescrição. Ainda quando dentro do
prazo, exigências desconhecidas impossibilitam novamente porque
procedimentos necessários não foram cronologicamente e criteriosamente
seguidos.
As particularidades da maioria esmagadora dos usuários que utilizam o
seguro para tratamento devem ser observadas para quem pretende trabalhar
com este grupo. Algumas são exclusivas deste público. Já bastante
descriminado e prejudicado pelo sistema, este público carente e ao mesmo
43
tempo desconfiado e revoltado, em sua maioria, necessita tão somente de um
“ombro amigo”. A sugestão do CRM é validada por estes aspectos. Suas
ferramentas permitem que a vítima seja bem “estudada” e suas necessidades
satisfeitas. Com esta gestão as maiores barreiras serão superadas.
Cabem as unidades médicas que se questionam quanto à utilização do
DAMS, sobre o custo x benefício, considerar as informações aqui colocadas.
Este estudo, obviamente, não esgota as informações que por aí se encontram.
Serve para despertar sobre um assunto ainda visto, utilizando uma analogia
grosseira, como um “tabu”.
Não poderia passar despercebida a parte assistencial que o convenio
pode proporcionar. Torna-se prioritário citar a impressão social positiva
“tatuada” nessas vítimas. Tive diversas oportunidades ao longo da coleta
destes materiais, acompanhando estes processos em todo seu percurso, de
presenciar as palavras de agradecimentos, presentes, gestos de carinho, olhos
rasos de lágrimas que refletiam felicidade e gratidão pelo que receberam.
Isto o torna diferente dos demais convênios porque o acidentado fica
grato por saber que alguém se interessou pelo bem estar dele. Não importa
que por trás haja o enfoque financeiro. Pois não é somente isso. É uma forma
de valorizar o indivíduo ofertando algo que lhe é de direito, de maneira
fraternal.
44
ANEXOS
Índice de Anexos
Anexo 1 – Documentação necessária para solicitar pedidos de indenizações
de morte e invalidez;
Anexo 2 – Principais Leis que regem o DPVAT; Anexo 3 – Matéria: Criação de DPVAT para animais.
45
ANEXO 1
Documentação necessária para solicitar pedidos de
indenização
A qualificação do sinistro requer a apresentação dos seguintes documentos:
• Registro da ocorrência policial;
• Aviso de Sinistro DPVAT;
• Autorização de pagamento/crédito de indenização;
• Documentação específica por tipo de cobertura;
• DUT do veículo – quando devido.
Em caso de indenização por morte:
a) certidão de óbito;
b) registro de ocorrência expedido pela autoridade policial competente;
c) prova da qualidade de beneficiário.
Em caso de indenização por invalidez permanente:
Os documentos abaixo devem ser apresentados em original ou fotocópia,
frente e verso, autenticados:
a) Laudo do Instituto Médico Legal da circunscrição do acidente, qualificando a
extensão das lesões físicas ou psíquicas da vítima e atestando o estado de
invalidez permanente, de acordo com os percentuais da Tabela das Condições
Gerais de Seguro de Acidentes Pessoais, suplementadas, quando for o caso,
pela Tabela de Acidentes do Trabalho e da Classificação Internacional de
Doenças.
A não apresentação do laudo do IML somente será aceita nos casos em que
comprovadamente não haja IML no local em que ocorreu o acidente. Nessa
hipótese, o reclamante deverá apresentar documento da Secretaria de
Segurança Pública, informando a inexistência do IML na localidade do evento;
46
b) Registro da ocorrência expedido pela autoridade policial competente.
Obs: No caso de alienação mental, deverá ser nomeado um curador e
apresentado Termo de Curatela, acompanhado de autorização judicial para
que o curador receba a indenização.
Caso seja detectada falha, de ordem formal, em um dos documentos ou a
existência de indícios de fraude, deverá a sociedade seguradora, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias (estabelecido por lei), a contar do recebimento da
documentação, notificar o interessado, com "aviso de recebimento", solicitando
os documentos ou esclarecimentos necessários à elucidação dos fatos.
Quando as declarações contidas em documento apresentado não
caracterizarem a ocorrência de sinistro coberto, por não comprovarem a
existência de acidente com veículo automotor de via terrestre, a produção de
dano pessoal ou o nexo causal entre esses fatos, deverá a sociedade
seguradora:
a) Notificar a vítima ou, em caso de morte, seu herdeiro legal ou
mandatário devidamente constituído, da falha encontrada, por meio de
correspondência com "aviso de recebimento", a ser expedida no prazo
máximo de 30 (trinta) dias contados da data de entrega da
documentação;
b) Na data de expedição da notificação, encaminhar à SUSEP cópia do
inteiro teor da correspondência enviada. Uma vez esclarecidos os fatos
ou sanada, pelo interessado, a falha indicada na notificação expedida
pela sociedade seguradora, esta deverá pagar a indenização no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, a contar da data do recebimento da
resposta.
47
Qualificação De Beneficiários
Todos os documentos de qualificação do beneficiário (seja ele cônjuge,
companheiro (a), descendente, ascendente ou colateral), devem ser
apresentados em fotocópia, frente e verso.
Beneficiário – Cônjuge:
• Certidão de casamento com data de emissão atual, garantindo
não haver separação judicial ou divórcio desqualificando o
cônjuge como beneficiário;
• CPF;
• Comprovante de residência ou declaração assinada pelo
beneficiário, fornecendo dados de endereçamento (CEP
inclusive), para o envio de carta informando sobre o pagamento
da indenização.
Beneficiário – Companheiro (a):
Documentos que comprovam a relação do beneficiário com a vítima:
• Prova de companheirismo junto ao INSS ou declaração de
dependentes junto à Receita Federal ou Carteira de Trabalho
(prova de dependência);
Importante: Na impossibilidade de apresentar um desses documentos,
deverá ser apresentado o Alvará Judicial.
• CPF;
• Carteira de identidade/RG ou documento substitutivo (ex.:
Certidão de Nascimento ou Certidão de Casamento ou Carteira
de Trabalho ou Carteira Nacional de Habilitação);
• Comprovante de residência ou declaração assinada pelo
beneficiário, fornecendo dados de endereçamento (CEP
inclusive), para envio de carta informando sobre o pagamento da
indenização.
48
Beneficiário Menor de Idade, se Companheiro (a):
• Menor de 16 anos: a indenização será paga ao seu representante
legal (pai/mãe) ou tutor (neste caso, mediante apresentação de
Alvará Judicial).
• Maior de 16 anos e menor de 18 anos: a indenização será paga ao
menor, desde que assistido por seu representante legal (pai/mãe) ou
tutor (neste caso, mediante a apresentação de Alvará Judicial).
Os menores emancipados equiparam-se aos maiores de 18 anos.
Beneficiário - Descendente:
• Carteira de identidade/RG ou documento substitutivo (ex.: Certidão
de Nascimento ou Certidão de Casamento ou Carteira de Trabalho
ou Carteira Nacional de Habilitação);
• Declaração de Únicos Herdeiros, firmada pelo(s) próprio(s)
beneficiário(s) (com duas testemunhas), informando o estado civil da
vítima, se deixou ou não filhos ou companheira (o);
• CPF;
• Comprovante de Residência ou declaração assinada pelo
beneficiário, fornecendo dados de endereçamento (CEP inclusive),
para o envio de carta informando sobre o pagamento da
indenização.
Beneficiário Menor de Idade, se descendente:
• Menor de 16 anos: a indenização será paga ao seu representante
legal (pai/mãe) ou tutor (neste caso, mediante apresentação de
Alvará Judicial).
• Maior de 16 anos e menor de 18 anos: a indenização será paga ao
menor, desde que assistido por seu representante legal (pai/mãe) ou
tutor (neste caso, mediante a apresentação de Alvará Judicial).
Os menores emancipados equiparam-se aos maiores de 18 anos.
49
Beneficiário - Ascendente:
• Carteira de Identidade/RG ou documento substitutivo (ex.: Certidão
de Nascimento ou Certidão de Casamento ou Carteira de Trabalho
ou Carteira Nacional de Habilitação);
• CPF;
• Certidão de Nascimento da vítima;
• Declaração de Únicos Herdeiros, firmada pelo(s) próprio(s)
beneficiário(s) (com duas testemunhas), informando o estado civil da
vítima, se deixou ou não filhos ou companheira (o);
• Comprovante de Residência ou declaração assinada pelo
beneficiário, fornecendo dados de endereçamento (CEP inclusive),
para o envio de carta informando sobre o pagamento da
indenização.
Beneficiário – Colateral:
• Carteira de identidade/RG ou documento substitutivo (ex.: Certidão
de Nascimento ou Certidão de Casamento ou Carteira de Trabalho
ou Carteira Nacional de Habilitação);
• CPF;
• Certidão de Nascimento da vítima;
• Certidão de Óbito dos pais da vítima;
• Certidão de Óbito do cônjuge ou filhos da vítima, se for o caso;
• Certidão de Casamento da vítima com data de emissão atual,
indicando o estado civil de separação ou divórcio, se for o caso;
• Declaração de Únicos Herdeiros, firmada pelo(s) próprio(s)
beneficiário(s) (com duas testemunhas), informando o estado civil da
vítima, se deixou ou não filhos ou companheira (o);
• Comprovante de Residência ou declaração assinada pelo
beneficiário, fornecendo dados de endereçamento (CEP inclusive),
para o envio de carta informando sobre o pagamento da
indenização.
50
Beneficiário Menor de Idade, se colateral:
• Menor de 16 anos: a indenização será paga ao seu representante
legal (pai/mãe) ou tutor (neste caso, mediante apresentação de
Alvará Judicial).
• Maior de 16 anos e menor de 18 anos: a indenização será paga ao
menor, desde que assistido por seu representante legal (pai/mãe) ou
tutor (neste caso, mediante a apresentação de Alvará Judicial).
Os menores emancipados equiparam-se aos maiores de 18 anos.
Documentos de Qualificação do Procurador:
• Procuração original por Instrumento Público por Instrumento
Particular, desde que específica para o recebimento do DPVAT.
Em ambos os casos, deverá constar o domicílio completo do
outorgante e do outorgado;
• Em caso de vítima / beneficiário não alfabetizado:
- A procuração deverá ser por Instrumento Público, em original ou
fotocópia, incluindo poderes específicos para o recebimento do
Seguro DPVAT;
• Em caso de procuração por Instrumento Particular:
- O reconhecimento da firma deverá ser feita por autenticidade,
na presença do tabelião. Esse cuidado tem como objetivo
resguardar os interesses das vítimas e seus beneficiários;
Os documentos abaixo devem ser apresentados em original ou fotocópia,
frente e verso autenticados:
• Carteira de Identidade ou Carteira de Trabalho – fotocópia;
• CPF – fotocópia;
• Comprovante de Residência informando dados completos para o
envio de correspondência (CEP inclusive) – fotocópia;
• Em caso de Pessoa Jurídica, Estatutos ou Contrato Social que
registre os poderes dos diretores ou sócios para outorgarem
procurações – original ou fotocópia autenticada.
51
ANEXO 2
Principais Leis que regem o DPVAT
• Lei N.º 6.194, de 19 de dezembro de 1974, dispõe sobre Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de
via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não -
DPVAT.
• Lei N.º 8.441, de 13 de julho de 1992, altera dispositivos da Lei n.º 6.194
de 19 de dezembro de 1974.
• Lei N.º 11.482, de 31 de maio de 2007, que altera dispositivos da Lei n.º
6.194 de 19 de dezembro de 1974.
• Medida Provisória N.º 340, de 29 de dezembro de 2006, altera
dispositivos da Lei n.º 6194, de 19 de dezembro de 1974.
• Medida Provisória N.º 451, de 15 de dezembro de 2008, que altera
dispositivos da Lei n.º 6.194 de 19 de dezembro de 1974.
• Decreto N.º 2.867, de 08 de dezembro de 1998, dispõe sobre a
repartição de recursos provenientes do Seguro DPVAT.
• Portaria Interministerial 4.044/98
• Resolução CNSP N.º 35, de 08 de dezembro de 2000, dispõe sobre o
DPVAT.
• Resolução CNSP N.º 56, de 2001.
• Resolução CNSP N.º 67, de 2001.
• Resolução CNSP N.º 82, de 2002.
• Resolução CNSP N.º 109, de 07 de maio de 2004, aprova as Normas
Disciplinadoras do Seguro DPVAT.
52
• Resolução CNSP N.º 112, de 05 de outubro de 2004, dispõe sobre as
Condições Tarifárias do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, ou por sua Carga,
a Pessoas Transportadas ou não – Seguro DPVAT.
• Resolução CNSP N.º 138, de 2005.
• Resolução CNSP N.º 141, de 2005.
• Resolução CNSP N.º 150, de 2006.
• Resolução CNSP N.º 151, de 28 de novembro de 2006, dispõe sobre as
condições tarifárias e sobre disposições transitórias necessárias à
operação do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por
Veículos Automotores de Via Terrestre, ou por sua Carga, a Pessoas
Transportadas ou não – Seguro DPVAT.
• Resolução CNSP N.º 153, de 08 de dezembro de 2006, dispõe sobre a
Constituição das Provisões Técnicas do Seguro Obrigatório de Danos
Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, ou por
sua Carga, a Pessoas Transportadas ou não - Seguro DPVAT
• Resolução CNSP N.º 154, de 8 de dezembro de 2006, altera e consolida
as Normas Disciplinadoras do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, ou por sua Carga,
a Pessoas Transportadas ou não - Seguro DPVAT.
• Resolução CNSP N.º 192, de 16 de dezembro de 2008, sobre as
condições tarifárias do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, ou por sua Carga,
a Pessoas Transportadas ou não - Seguro DPVAT e dá outras
providencias.
• Resolução CNSP N.º 196, de 16 de dezembro de 2008, que altera o art.
11 do anexo a Resolução CNSP N° 154, de 08 de dezembro de 2006.
53
• Circular SUSEP N.º 266, de 25 de agosto de 2004, dispõe sobre
instruções complementares para a operação do Seguro Obrigatório de
Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre,
ou por sua Carga, a Pessoas Transportadas ou não - Seguro DPVAT.
• Circular SUSEP N.º 275, de 04 de novembro de 2004, torna sem efeito
o capítulo I, do anexo à Circular SUSEP n° 266/04.
• Circular SUSEP N.° 373, de 27 de agosto de 2008, que altera e
consolida as instruções complementares para a operação do Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Via Terrestre, ou por sua Carga, a Pessoas Transportadas ou não -
Seguro DPVAT.
Obs.: As Leis e o Decreto podem ser encontrados no site www.planalto.gov.br,
www.presidencia.gov.br e os demais normativos no site www.susep.gov.br
54
ANEXO 3
DPVAT PARA ANIMAIS
(por Julio Sergio em 11 de Fevereiro de 2009 às 21:26 h)
Pode parecer brincadeira, mas não é. Muitos de vocês devem estar me
achando um louco, no entanto a notícia saiu publicada no Valor Econômico, no
dia 28 de janeiro. O que em princípio chega a ser algo inusitado revela a outra
face do Brasil que conhecemos tão de perto: a falta de seriedade dos nossos
políticos e o famoso jogo de interesses.
Com tantos problemas que o país enfrenta – principalmente, o aumento de
demissões promovidas pelo setor privado reflexo da crise internacional - o
deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) resolveu levar à Câmara o projeto
4389/08 que obriga o proprietário de veículos a contratar seguro de
responsabilidade civil (que cobre danos a terceiros) no caso de atropelamento
de animais domésticos.
Pasmem. De acordo com o projeto, a apólice deverá cobrir danos causados
por morte e despesas com assistência veterinária, por animal vitimado, nos
valores de R$ 6 mil (em caso de morte) e R$ 1,2 mil (despesas com
veterinário). Indenizações que são proporcionais aos valores atuais do DPVAT
(seguro por danos pessoais provocados por veículos automotores). Será que
não temos outras prioridades e preocupações emergenciais?
Confesso que relutei um pouco em tratar deste assunto no blog, mas não
poderia deixar passar batido, pois fiquei indignado. Fiz uma pequena pesquisa
no Google e fiquei surpreso. Há inúmeras corretoras, algumas bastante
renomadas, que oferecem seguro de vida para animais de várias espécies,
com indenizações contra morte por incêndio, raio, insolação, luta ou ataque de
animais. Porém, são coberturas voluntárias. Contrata quem quer, ao contrário
do insólito projeto.
55
Ou seja, novamente somos alvo de lobbies para atender a interesses de uma
corriola – e aí não podemos esquecer-nos da indústria de seguro – e não de
interesses públicos. E o que é pior, se não bastasse encher os bolsos de todas
as figuras explícitas e implícitas em ações como essa, penalizará mais uma
vez a população responsável por financiar esse projeto de lei para lá de
estapafúrdio. O projeto me lembra do kit de primeiros socorros que equipavam
os carros novos. Ainda bem que neste caso prevaleceu o bom senso e a lei foi
revogada.
Tomara que o projeto do “cachorrinho” não saia do papel. Enxergando as
coisas sob outro ângulo, com as demissões atingindo recordes históricos no
Brasil, muito desempregado vai acabar jogando seu animal de estimação na
frente do primeiro carro que passar e “faturar” uma graninha extra. Outro
absurdo maior ainda. Se essa onda pega…
Respostas para “DPVAT para animais: cães que valem um salário”
Luciana Ventura
13/02/2009, 13:25 h
Felizmente, e ao contrário de pessoas (se é que assim podemos chamá-las),
existem pessoas de verdade que preservam, se importam, e cuidam da saúde
e bem estar animal. Os animais não são menos que ninguém, pelo o contrário,
os seres humanos são os únicos seres vivos que destroem o meio em que
vivem. Os animais, assim como nós, sentem sede, fome, medo, dor, então por
que não protegê-los com Leis como seguro atropelamento, uma vez que
humanos irresponsáveis e estúpidos não respeitam as leis de trânsito? A
verdade é que se não respeitam suas próprias vidas como respeitarão a de
outros?
E se um estúpido realmente colocar seu próprio animal na frente de um carro,
é melhor saber que em 1934, Getulio Vargas decretou a seguinte Lei: Decreto
nº 24.645, de 10 de Julho de 1934.
56
Estabelece Medidas de Proteção aos Animais
O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados
Unidos do Brasil, usando as atribuições que lhe confere o
artigo 1º do Decreto nº 19.398, de 11 de novembro de
1930, DECRETA:
Art. 1º
Todos os animais existentes no país são tutelados do
Estado.
Art.2º
Aquele que, em lugar público ou privado, aplicar ou fazer
aplicar maus tratos aos animais, incorrerá em multa de
$20,00 a $500,00 e na pena de prisão celular de 2 a 15
dias, quer o delinqüente seja ou não o respectivo
proprietário, sem prejuízo da ação civil que possa caber.
Art. 3º
Consideram-se maus tratos: V. Abandonar animal doente,
ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de
ministrar-lhe tudo o que humanitariamente se lhe possa
prover, inclusive assistência veterinária.
(Fonte:http://www.pea.org.br/)
57
Julio Cardozo disse às 14:48 h
Luciana, ótimo comentário. Você complementou o blog, enfocando aspecto
diferente daquele que me motivou escrever. Estou muito preocupado com o
lobby mal disfarçado do ilustre deputado a favor dos cofres das seguradoras.
Precisamos estar alerta e combater sem tréguas o uso indevido do mandato
parlamentar. Quanto aos animais, esses precisam de nossa proteção. Há,
também, animais que destroem o meio ambiente, como se vê nos programas
de Net Geo, Discovery, Animal Planet etc. Mas o fazem sem o intuito de
simplesmente destruir. Pobre do homem que despreza os animais, a ecologia
e as críticas bem intencionadas. Obrigado pelo seu complemento.
Ao contrário de se preocupar com o "lobby mal disfarçado do ilustre deputado
a favor dos cofres das seguradoras e o uso indevido do mandato parlamentar",
eu pergunto aqueles que fazem críticas bem intencionadas: O que você já fez
a favor dos animais,Meio Ambiente, Idosos, crianças? Talvez seja melhor
criticarmos menos e fazermos mais. Já que o pais enfrenta tantos problemas, é
perda de tempo esperarmos alguma coisa de políticos. O Brasil só melhorará
quando cada um de nós fizermos alguma coisa. Outro Ponto de vista: "Além
disso, nas ocorrências em que o proprietário não está presente, ou não seja
facilmente identificado, o condutor do veículo envolvido no acidente pouco se
interessa em prestar o devido socorro ao animal atropelado", diz o deputado.
Crime contra a vida Trípoli sustenta que a solução é normatizar a cobertura
desses acidentes, para facilitar o socorro aos animais, seja pelo próprio dono,
seja pelo condutor envolvido no acidente. * Vocês sabem quem paga pelo
tratamento dos animais resgatados? As pessoas sensibilizadas (que
geralmente já têm animais), veterinários (quando os animais são deixados nas
portas de suas clínicas), e as ONGs que já estão abarrotadas de animais
abandonados que também precisam de tratamento, ração, etc..
58
BIBLIOGRAFIA
www.dpvatseguro.com.br
www.salek.com.br
www.delphos.com.br
www.planalto.gov.br
www.susep.gov.br
www.centauroseg.com.br
www.renaest.gov.br
www.denatran.gov.br
www.transito.hpg.ig.br
www.fenaseg.org.br
www.fenatran.gov.br
www.funenseg.gov.br
www.seguradoralider.com.br [01] SCARPASSA, Marco Antonio. DPVAT: reflexões sobre prescrição e
decadência e os interesses das vítimas de acidentes de trânsito.
Jus Navigandi, Teresina, 2007. [02] CASTELO BRANCO, Elcir. Do seguro obrigatório de responsabilidade civil
Rio de Janeiro/São Paulo: Jurídica e Universitária, 1971, p. 83.
[03] ALVIM, Pedro. Responsabilidade civil e seguro obrigatório. São Paulo
Revista dos Tribunais, 1972. P. 40. [04] PEREIRA, Caio Mario da Silva. Responsabilidade civil. Rio de Janeiro
Editora Forense, 1998, p. 268. [05] Op. Cit., [01] [06] TZIRULNIK, Ernesto. O contrato de seguro de acordo com o novo código
civil brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 147. [07] SOUSA, Helio de, médico e deputado estadual pelo Partido dos
Democratas
(GO) [08] Op. Cit., [07]
59
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CONCEITO DO SEGURO DPVAT – DEFINIÇÃO 9
1.1 – Criação do Seguro DPVAT 9
1.2 – RECOVAT e a Teoria da Culpa 9
1.3 – DPVAT e a Teoria do Risco 11
1.4 – Origem dos Recursos do DPVAT 15
1.5 – DPVAT e sua Prescrição 25
CAPÍTULO II
COBERTURAS DO SEGURO DPVAT 27
2.1 – Formas de Cobertura 28
2.2 – Indenizações do Seguro DPVAT 29
2.3 – Beneficiários do Seguro DPVAT 30
2.4 – Formas de Pagamento 31
CAPÍTULO III
DADOS ESTATÍSTICOS 32
3.1 – ARRECADAÇÃO 33
60
CAPÍTULO IV
ESTUDO DO DAMS 35
4.1 – Documentação para recebimento do DAMS 35
4.2 – Utilização do DAMS nos Hospitais 37
4.3 – Benefício da Utilização do DAMS 39
CONCLUSÃO 42
ANEXOS 44
Anexo 1 45
Anexo 2 51
Anexo 3 54
BIBLIOGRAFIA 58
ÍNDICE 59
61
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: Conseguiria uma boa gestão superar as dificuldades de lidar com o SEGURO DPVAT – DAMS e torná-lo uma nova fonte de renda?
Autor: Aécio Carlos Pereira Dias
Data da entrega: 21 de Março de 2009
Avaliado por: Conceito:
62
ATIVIDADES CULTURAIS