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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ”LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA RICARDO CHEHAB “MULTINACIONAIS” NITERÓI 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ”LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA

RICARDO CHEHAB

“MULTINACIONAIS”

NITERÓI

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ”LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA

MULTINACIONAIS

OBJETIVOS:

Demonstrar como as multinacionais

agem no mundo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPITULO I

A NATUREZA DA MULTINACIONAL

8

CAPÍTULO II

HISTÓRICO

12

CAPÍTULO III

AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES SEDES

15

CAPÍTULO IV

AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES HOSPITALEIROS

19

CAPÍTULO V

OS GIGANTES DAS INDÚSTRIAS AUTOMOBILÍSTICAS

26

CAPÍTULO VI

AS MULTINACIONAIS NO BRASIL

31

CAPÍTULO VII

OS GRANDES CASAMENTOS

42

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 48

ÍNDICE 49

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4

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares, que direta e indiretamente me ajudaram

a compor meu trabalho, aos meus amigos e minha namorada

por sua comprenção e ajuda.

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a Leonam Horácio Chehab, meu pai,

que não mais está entre nós, mas está presente em meu

coração e ficaria muito orgulhoso.

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INTRODUÇÃO

Multinacional é uma estrutura empresarial básica do capitalismo dominante nos

países altamente industrializado. Caracteriza-se por desenvolver uma estratégia

internacional a partir de uma base nacional, sob a coordenação de uma direção centralizada.

Conhecida também pela denominação de empresa internacional ou transnacional, as

multinacionais resultam de concentração de capital e da internacionalização da produção

capitalista. O processo teve início no final do século XIX, quando o capitalismo superou

sua fase tipicamente concorrencial e evoluiu para a formação de monopólio, trustes, cartéis

– fenômeno que acompanhou a hegemonia do capital financeiro no modo de produção

capitalista e se tornou como imperialismo. (Kucinski,1982).

Nesse novo processo de realização do capital surge um mercado mundial de

produção de bens, serviços de utilização de mão-de-obra, cujos resultados consistem no

desenvolvimento do período econômico, político e militar das potências industriais:

Estados Unidos, Canadá, Japão, Grã-Bretanha, França, Alemanha e outras nações

européias.

A ação das empresas multinacionais acelerou-se após a Segunda Guerra Mundial,

alterando substancialmente as relações entre os centros hegemônicos do capitalismo e a

periferia do sistema. As empresas estrangeiras a partir de então instaladas nos países

periféricos não se limitam às transações de exportações e importação de produtos

primários. Particularmente no setor extrativo. As filiais atuam cada vez mais no âmbito da

produção, não só para o mercado interno, mas também para o mercado externo, quando é

do interesse da matriz.

Frequentemente, para fazer frente às concorrentes, os grandes monopólios

multinacionais operam fusões entre si ou limitam as áreas de atuação de cada uma. Assim.

Na Grã-Bretanha, entre 1967 e 1968 ocorreram cerca de 5 mil casos de fusões, uniões ou

incorporações de grandes empresas, visando, sobretudo a defesa do mercado contra as

concorrentes norte-americanas. No Japão, multinacionais unem-se em grandes

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conglomerados chamados ZAIBATSU; apenas seis deles controlam 40% do total da

exportação do país e 50% da importação (Kucinski, 1982).

Neste trabalho pretende-se demonstrar como as multinacionais nasceram e como

elas agem nos paises.

A presente análise será dividida em 7 capítulos.

O primeiro capítulo, A natureza das multinacionais , vai demonstrar como surgiu as

multinacionais.

O segundo capítulo, “Histórico”, vai demonstrar quando começou a surgir as

multinacionais.

O terceiro capítulo, “As multinacionais” nos países sedes, vai demonstrar o

relacionamento das multinacionais com os países sedes.

O quarto capítulo, As multinacionais e os países hospitaleiros, vai demonstrar como

as multinacionais se relacionam, e como elas se comportam nos países que as hospedam.

O quinto capítulo, Os gigantes das indústrias automobilísticas, vai abordar algumas

das grandes industrias automobilísticas, e algumas fusões de grandes indústrias

automobilísticas.

O sexto capítulo, As multinacionais no Brasil, vai abordar como começou a

instalação de multinacionais no Brasil.

O sétimo capítulo, Os grandes casamentos, vai mostrar algumas grandes fusões de

empresas no mundo.

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CATÍTULO I

A NATUREZA DA MULTINACIONAL

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NATUREZA DA MULTINACIONAL

Uma corporação multinacional tende a ser uma corporação oligopolista na qual

propriedade, administração, produção e vendas ativas estendem sobre várias jurisdições

nacionais. O principal objetivo da corporação é de garantir a mínima produção dispendiosa

para o mercado mundial. (Kucinski,1982).

As corporações multinacionais possuem uma grande associação de talentos administrativos,

disponibilidade financeira, e recursos técnicos e administram suas operações gigantescas

com uma coordenada estratégia global. A multinacional tenta expandir a sua posição no

mercado através da integração vertical e centralização da tomada de decisões da

corporação.

Os investimentos em carteiras tradicionais estão frequentemente concentrados em

posições governamentais e investimentos do tipo infra-estrutural, o investimento direto

tende a ser específico para um setor e é normalmente baseada na existência de alguma

vantagem na competição sobre firmas locais.

Nos anos 60, o investimento externo direto experimentou uma mudança por diversas

razões: a diminuição do tempo e do espaço propiciou incremento em transportes e

comunicações, os governos mantêm-se politicamente favoráveis as corporações

multinacionais, e ao ambiente internacional propiciado pelo poder e liderança econômica

do EUA.

Os dois tipos disponíveis de explanação eram as de movimento de capital

internacional e de comércio internacional. Explanação de movimento de capital explicavam

investimento estrangeiro simplesmente com base nas taxas mais altas de retorno de

investimento, no qual era adequada para explicar portfólio, mas não investimento direto; a

teoria de mercado tradicional tinha pouco a contribuir e ignorava o assunto fortemente.

Tornou-se óbvio a necessidade de uma nova teoria e esforços anteriores destacavam a

significância de barreiras de mercado, taxas de câmbio e política pública favorável.

O principal fator explicando a corporação multinacional é a importância crescente

de competição oligopolística como uma das características preeminentes da economia de

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mercado mundial contemporânea. As multinacionais têm sido capazes, através de suas

estratégias de mercado e de produção estrangeira, de tomar vantagem da economia

mundial.

Duas teorias destacam-se dentre aquelas que enfatizam a natureza oligopolística

destas corporações. A primeira é “Teoria do ciclo do produto” e a segunda e mais recente

variante é a “Teoria da organização de integração vertical”. A teoria do ciclo do produto é

mais bem aplicada para dirigir investimento estrangeiro na produção, a prematura expansão

ultramarina das corporações americanas, e para o que é denominado, investimento

”horizontal integrado”, isto é, o estabelecimento de fábricas para produzir bens idênticos ou

similares em toda parte.(Kucinski.1982).

A teoria do ciclo do produto reúne alguns dos elementos mais importantes: o

crescimento e a difusão da tecnologia industrial como a maior determinante da economia

internacional.

Esta teoria sustenta que sempre a tecnologia ou produção evoluem através de 3 fases na

historia de suas vidas: (a) introdução ou fase de inovação; (b) amadurecimento ou fase de

desenvolvimento do processo e; (c) e a padronização ou fase madura.

A primeira fase do ciclo de produção tende a ser localizada no país ou países

industriais como a Grã-Bretanha no século XIX, e o EUA no1º período Pós Guerra, e Japão

como extensão crescente no final do século XX. As corporações oligópolisticas nestes

países tem uma vantagem comparativa no desenvolvimento de novos produtos e processos

industriais devido ao grande mercado caseiro e ao recurso dedicado a atividades

inovadoras. Durante a fase inicial, as corporações da economia ou economias mais

avançadas aproveitam-se de uma posição monopolista primeiramente por causa de sua

tecnologia.

A segunda fase ou fase de maturação, os processos de manufaturarão continuam a

melhorar e o lócus da produção tende a mudar para outros países avançados.

A terceira fase do ciclo, a padronização dos processos de produção torna possível a troca da

localização da produção para países menos desenvolvidos, principalmente, para as nações

com industrialização recente, das quais a vantagem comparativa grande, e seus salários

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mais baixos; dessas plataformas de exportação o produto ou as partes dos componentes são

embarcadas para os mercados mundiais.

A produção internacional tem se tornado um ingrediente importante em estratégias

comparativas conforme as corporações tentam acrescidamente fazer e manter sua posição

monopolística e acesso de mercado através de investimento estrangeiro. A combinação de

produtos altamente padronizados e técnicas de produção com a existência de mão-de-obra

relativamente barata, tem feito dos países menos desenvolvidos fontes significativas de

produtos industriais e componentes.

Em poucas palavras, a teoria do produto ajuda a contar para uns aspectos

importantes da economia do mundo contemporâneo.

As corporações multinacionais também procuram criar barreiras às entradas através

de seus investimentos estrangeiros. Em indústrias oligopolísticas onde a economia de

escala e demanda são fatores importantes em concorrência internacional.

Como no comércio internacional as transferências pela corporação internacional das

organizações industrial do sistema para o campo internacional, tem tido conseqüências

políticas e econômicas significativas. O fato de investimentos diretos estrangeiros e a

internacionalização de produção terem tomado lugar num sistema internacional

politicamente dividido na concorrência entre nações criou grandes problemas políticos.

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CAPITULO II

HISTÓRICO

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HISTÓRICO

Existem multinacionais com mais de um século de atividades, como a Nestlé de

alimentos (1866), com base na Suíça, ou a Singer, de máquina de costura (1850), com base

nos EUA. Mas até meados do século XX a historia das multinacionais é. Invariavelmente, a

história das grandes companhias de petróleo e de mineração, pela própria natureza de suas

operações extrativas, e dos mercados para derivados de petróleo, ou para cobre, estanho

manganês, entre outros. Já desde fins do século XIX e princípios do século. XX, tais

companhias se espalharam, não só por vários países, como por vários continentes.

O quadro muda após a segunda guerra mundial. Com efeito, o período do pós-

guerra marca a expansão das multinacionais, em outros setores industriais, começando nos

últimos anos da década de 1940. São as multinacionais norte-americanas que tomam a

iniciativa, vendo novos mercados abrir-se nos países europeus em fase de recuperação,

assim como oportunidades de fabricar mais barato na Europa artigos para o mercado dos

EUA. Os investimentos diretos de multinacionais norte-americanas, nos estrangeiros, que

só alcançavam 11.8 bilhões de dólares em 1950, passam para 32 bilhões em 1960 e 82

bilhões em 1971.(Kucinski,1992). Mais de dois terço desses investimentos foram aplicados

em países da Europa ocidental. Essa expansão da indústria norte-americana na Europa

caracterizou-se pela concentração em setores de tecnologia avançada: industriais

automobilísticas, eletrônicas, químicas, computadores.

No fim da década de 1960 e início da de 1970, esboçou-se um movimento em

sentido contrário. Muitas empresas de países da Comunidade Economica Europeia (C.E.E).

que se haviam tornado transeuropéias instalaram-se nos Estados Unidos (EUA). As duas

desvalorizações do dólar norte-americano vieram acelerar essa tendência, por oferecer

condições mais vantajosas, nos EUA para uma empresa européia.

As empresas japonesas só cogitaram de se tornar multinacionais muito depois das

norte-americanas e européias. Durante a década de 1960, o espantoso crescimento

econômico do Japão se deveu quase exclusivamente ao superavit das exportações. Até o

fim da década, todas as empresas japonesas tinham investimentos diretos no estrangeiro

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que não alcançavam 5 bilhões de dólares, principalmente na exploração de matérias-primas

em países afro-asiáticos.

Essa política econômica japonesa mudou radicalmente a partir de 1970.

Confrontado nos EUA e em outros países, com a ameaça de protecionismo em relação às

suas exportações, o governo japonês relaxou as restrições sobre as exportações de capitais.

Calculava-se que até o fim da década de 1970, as multinacionais japonesas teriam investido

20 bilhões de dólares em países do ultramar, a começar pelos EUA. mais incluindo também

os países da C.E.E. e o Brasil.

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CAPÍTULO III

AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES SEDES

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AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES SEDES

A maioria dos escritos sobre os pontos altamente controvertidos sobre o

relacionamento das multinacionais com seus governos sede cai em uma das três posições

básicas do relacionamento econômico e político: o liberal (ortodoxo), o marxista (radical)

ou o nacionalista (neomercantilista).

Embora o interesse das corporações americanas e os objetivos da política externa

americana tenham colidido em várias ocasiões em complemento dos interesses, tendem a

existir entre as corporações e o governo americano. Os líderes políticos dessas corporações

tem acreditado que a expansão no exterior das empresas americanas cumprem grande

interesse nacional dos EUA. Políticos americanos têm encorajado as empresas a se

expandirem no exterior e tendem a protegê-las. Essa conjuntura de interesses tem existido

em várias áreas.

Corporações multinacionais americanas, nos anos 70, controlaram o acesso do

mundo não comunista de materiais brutos, especialmente petróleo; isso garantiu a

segurança do suprimento e a preferência por parceiros americanos em tempo de escassez.

Depois do estabelecimento da comissão de política para materiais seguindo da explosão da

guerra coreana, os EUA colocaram como a maior prioridade um livre acesso para recursos

externos de materiais brutos; esse acesso foi seguido através do domínio e do controle dos

recursos externos pela multinacional de extração americana.

Os lideres políticos americanos têm acreditado que os interesses nacionais têm

também sido servidos pela expansão externa das corporações do EUA em manufaturas e

em serviços. Os investimentos diretos no exterior têm sido considerados o maior

instrumento através do qual o EUA poderia manter sua relativa posição no mercado, e

expansão das corporações multinacionais americanas lembradas como um meio de manter a

posição dominante dos EUA, no mundo econômico. A produção estrangeira nos países em

desenvolvimento com mercadorias intensivas de trabalho ou componentes não capacitam as

corporações americanas a competir com outros produtores de baixo custo. Multinacionais

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de outras nacionalidades têm também expandido sua produção em economias estrangeiras

em ordem para manter ou desenvolver sua divisão no mundo dos mercados.

Multinacionais americanas têm sido vistas também como servindo aos interesses da

balança de pagamento dos EUA, o governo americano não apreciou esta situação desde o

final dos anos 60, quando o comércio e a balança de pagamento do país começaram a se

deteriorar fortemente. As multinacionais foram então reconhecidas como maiores

ganhadoras das trocas estrangeiras, que eram preciosas para comprar mantimentos, para

manter a posição política militar americana global, e, portanto como um importante fator de

bem estar da economia americana e influência global.

As corporações multinacionais têm também sido consideradas como um instrumento de

desenvolvimento econômico global e um mecanismo para divulgar a ideologia de um

sistema de empreendimento livre americano.

As corporações multinacionais americanas também têm sido consideradas como

uma ferramenta para a diplomacia em muitos casos para o descontentamento de seus líderes

de negócio. O governo americano tem tentado manipular ou controlar as atividades das

corporações americanas no objetivo de induzir outros governos a fazerem suas ofertas.

Multinacional européia e japonesa tem sido empregada pelos seus governos para criar suas

próprias fontes de matérias-primas mais seguras.

Como outras economias têm suportado o aumento do poder econômico, ela tem-nos

vários degraus seguindo a americana, por exemplo, em suas multinacionais para avançar

suas percepções dos seus interesses nacionais. A barreira comercial tem se elevado, o

governo tem encorajado suas próprias multinacionais a investirem em outros países para

ajudarem a manter os seus mercados internacionais.

Nos EUA, as identificações dos interesses das corporações e dos interesses

nacionais começaram a declinar depois da crise de energia em 1973. O esforço organizado

e certo critica acadêmico tem uma longa relação sobre as implicações de outros

investimentos para emprego domestico, da distribuição de taxas nacionais e a posição

competitiva da economia americana. O relativo declínio da indústria americana e o ataque

maciço do déficit comercial, as altas taxas de desemprego e a dificuldade crônica na

balança de pagamentos, a confiança tem expandindo que as multinacionais exportam

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empregos e diminui as exportações americanas. Alguns críticos têm argumentado que as

multinacionais poderiam se esforçar para investir na economia americana e limitar a

transferência de tecnologia americana para competidores econômicos.

Nos anos 80, a mudança na direção dos fluxos de investimentos e o crescimento dos

investimentos externos nos EUA foram, sem dúvida, os fatores principais no declínio da

intensa hostilidade contra investimentos externos. Apesar do crescimento dos investimentos

dos EUA, muitos americanos tornaram-se conscientizados que investimento estrangeiro

direto feito por umas firmas americanas tem contribuído para a desindustrialização da

economia americana. Como o déficit na economia americana cresceu nos anos 80,

intensificou-se o medo de que a economia americana tenha se tornado simplesmente um

pólo capaz de reunir componentes manufaturados no exterior pelas multinacionais

americanas.

Apesar do volume que tem sido escrito nessa controvérsia, a revolução para o

debate entre defensores e críticos das corporações multinacionais continua inconclusiva.

Porem é importante reconhecer que a percepção americana esta mudando e que os políticos

americanos, sobre multinacionais, têm se tornado mais ponderado.

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CAPÍTULO IV

AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES HOSPITALEIROS

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AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES HOSPITALEIROS

Uma visão muito diferente é encontrada naqueles países que são hospitaleiros de

corporações estrangeiras internacionais, o presidente da França. Denunciou e tentou

diminuir a progressão da penetração econômica americana na Europa Ocidental. Nos anos

80, criticas similar dentro de países avançados tinham sido silenciadas. A expansão de

corporações americanas no exterior diminuiu e um contra fluxo de investimento Europeu e

Japonês nos Estados Unidos tinham começado a produzir uma mistura de investimento

diretos entre estas economias avançadas. Entre 1977 e 1984 investimentos estrangeiros

diretos nos Estados Unidos cresceram muito, e certa preocupação surgiu por causa da

aceleração dos investimentos diretos japoneses nos Estados Unidos e na Europa Ocidental,

especialmente nos setores de alta tecnologia e nos setores em crescimento.

O conflito entre multinacionais e os países hospedeiros foram mais intensos nas

economias menos desenvolvidas. Críticos individuais e oficiais aumentaram as acusações

violentas contra a política das corporações internacionais e suas supostas conseqüências

negativas para o bem estar econômico e o desenvolvimento das nações hospedeiras. Esta

parte avaliará essas críticas.

Investimento estrangeiro pelas corporações de economia avançada nas economias

de países menos desenvolvidos é tão antigo quanto às atividades da Companhia das Índias

Orientais e outras companhias de mercadores aventureiros. No mundo moderno há

três ondas de tais investimentos. A 1º onda foi no período do velho colonialismo,

companhias espanholas, holandesas, e inglesas estabeleceram minas e plantações no

Mundo Novo em algumas partes da Ásia, estas atividades na maioria dos casos exploraram

os nativos pelos seus minerais e outras riquezas. A 2º onda foi durante a segunda onda do

“imperialismo novo”, a África, o sudeste da Ásia, e outras terras foram trazidos para dentro

dos vários sistemas imperialistas. Embora, a exploração não tenha parado, investimento

europeus para facilidade nos portos, estradas de ferros, e centros urbanos naquele tempo

realmente criou uma infra-estrutura que ainda é importante para muito países menos

desenvolvidos.

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A 3º onda começou nos anos 60. Quando essas sociedades menos desenvolvidas

lançaram estratégias de substituição como o mais rápido caminho para a industrialização.

Através do estabelecimento de barreiras de alto comercio, vários impostos, e outras

políticas, eles encorajaram as multinacionais do Estados Unidos e de outras economias

desenvolvidas a estabelecerem subsidiárias de produção dentro de suas fronteiras.

Corporações também abriram filiais em alguns países de industrialização mais

recentes (NICs) para produzirem componentes e servirem de plataforma de exportação para

os mercados de economia desenvolvida. O real sucesso destas políticas, entretanto, deu

margem a novas controvérsias no que diz respeito ao papel das multinacionais de

manufaturas nos países menos desenvolvidos e pedidos para sua regulamentação

internacional que se tornaram elementos chaves na luta dos LDCs (países menos

desenvolvidos) para uma nova Ordem Econômica Internacional.

Acusação de vários tipos tem sido feita contra multinacionais tanto por governos

anfitriões quanto por críticas radicais.(Kucinski,1982). O argumento econômico é de que o

investimento estrangeiro distorce a economia e o desenvolvimento econômico em países

subdesenvolvidos. Isto associado ao “Desenvolvimento dependente” é utilizado como

motivo para as várias conseqüências nocivas na economia. Multinacionais são

responsabilizadas pela criação de uma economia ramificada de filiais de pequenas firmas

ineficiente, incapazes de gerar um desenvolvimento global; Subsidiárias locais existem

como meros apêndices da corporação metropolitana e como enclave na economia anfitriã

mais do que como motores do crescimento auto sustentado. As corporações são também

acusadas de introduzirem tipos inadequados de tecnologia que impedem o desenvolvimento

tecnológico local e empregando técnicas intensivas de capital produtivo que então causam

desemprego e inibem o aparecimento de tecnologia doméstica. Outra acusação é que a

multinacional retém o controle das mais avançadas tecnologias e não transferem isto para

os países menos desenvolvidos por preços razoáveis. Concordando com isso, muitos

garantem que o investimento direto estrangeira aumenta a má distribuição de renda nos

países subdesenvolvidos. É através da repartição de lucros e seu acesso privilegiado as

finanças locais, as multinacionais drenam dos países anfitrião o capital de desenvolvimento

e impedem de surgir um empresariado nativo.

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Outros críticos afirmam que o investimento externo direto tem tido conseqüências

políticas negativas para os países menos desenvolvidos.(Kucinski,1982). Eles dizem, por

exemplo, que em fase das corporações necessitarem de um governo anfitrião simpático ao

capitalismo, o desenvolvimento dependente encoraja o surgimento de regime autoritários

nos países anfitrião e a criação de alianças entre o capitalismo internacional e as elites

domésticas reacionárias. Neste modo investimento externo leva a tornar o país anfitrião

politicamente dependente do país sede da empresa.

A presença dominante das corporações estrangeiras na sociedade anfitriã é

caracterizada por constituir uma forma de imperialismo cultural, uma “Coca-Colaização”

da sociedade, através da qual o país em desenvolvimento perde o controle sobre sua cultura

e desenvolvimento social. A corporação é vista como destruidora dos valores tradicionais

da sociedade e introdutora através de propaganda e práticas comerciais de novos valores e

gostos, inadequados a nação anfitriã.

Deve-se reconhecer que existe uma base para todas essas cobranças. Investimentos

diretos do exterior feitos por corporações internacionais nos países menos desenvolvidos

podem ter e tem tido infelizes conseqüências para a economia, política e no

desenvolvimento social dos países menos desenvolvidos. Não é difícil achar numerosos

casos de aspectos negativos nas corporações, mas isso não é a questão. Críticos cobram que

as corporações multinacionais e os investimentos vindos do exterior pela natureza de suas

operações sistematicamente prejudicam a sociedade do país que as recebe. Eles

argumentam que o relacionamento entre as corporações estrangeiras e o governo local é

necessariamente ruim para o governo local. Esta crítica é feita não às corporações

individuais em particular, mas também às multinacionais como instituição.

A evidência disponível não suporta uma acusação na forma extrema. Ao todo, o

registro das multinacionais no desenvolvimento dos países é favorável. Realmente sua

atuação é igualmente exagerada por defensores e oponentes.

Embora seja verdade que as corporações internacionais tem freqüentemente

estabelecido subsidiárias com produção ineficiente nos países menos desenvolvidos, isto

pode ser, e primeiramente tem sido em função da pequena escala do mercado local em

muitas dessas nações. Como parte de sua estratégia de substituição das importações

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industrialialização e altas tarifas, os países menos desenvolvidos têm encorajado

corporações a investir nos mercados produtores onde economias de escala são difíceis de

alcançar por causa do custo necessariamente alto. Nos países de industrialização mais

recente asiáticos, os efeitos benéficos deste tipo de desenvolvimento parecem ter se

expandido para o resto da economia e tem se tornando parte de um processo de

industrialização. No México e em outros países isso parece não ter acontecido.

Considerando o problema de transferência de tecnologia inadequada, deve ser

notado que países menos desenvolvidos querem não somente as mais avançadas

tecnologias, mas também a tecnologia de trabalho- intensivo (conhecida como tecnologia

apropriada) em ordem para maximizar o emprego. Estes dois objetivos freqüentemente em

conflito, ainda que os novos países em industrialização, para quem a mais avançada

tecnologia tem sido transferida, têm relativamente pequeno desemprego devido a sua

completa performance econômico. Ademais, a transferência de tecnologia de capital

intensivo pelas multinacionais é benéfica, dada a escassez de capital nas economias menos

desenvolvidas. As multinacionais têm pequeno incentivo para desenvolver mais tecnologias

apropriadas, as quais serão competitivas no mercado mundial, porque seu investimento é no

mercado protegido e amortecido contra a competição internacional. De fato, op problema

de transferência de tecnologia é primeiramente a matéria de conflito de interesses

econômicos entre corporações e estados receptores, Isto é, determinação do preço para que

a matriz venda a tecnologia para esses últimos.

Considerando-se o investimento estrangeiro direto causa ou não a má distribuição

da riqueza na economia receptora, deve-se notar também que o crescimento econômico

dele mesmo tende a criar disparidade de riqueza. O rápido crescimento econômico aparece

para causar uma curva crescente em forma de U e então decrescendo a diferença.

Porque indústrias multinacionais mais freqüentemente investem em economias com

rápido crescimento, é difícil separar o impacto das multinacionais dos efeitos do processo

de crescimento delas mesmas. Ainda que geralmente as multinacionais paguem salários

mais altos do que as firmas locais e em conseqüência podem ser inflacionárias, há uma

pequena evidência para sustentar a visão que a distribuição nacional de renda é

ocasionalmente associada com o investimento estrangeiro direto. Ao contrario, um número

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de países com pesado investimento estrangeiro, tais como Taiwan e Korea do Sul, tem uma

mais justa distribuição de renda do que esses países menos desenvolvidos.

A resposta para a questão de se o investimento estrangeiro direto frusta ou não o

desenvolvimento industrial nativo, depende fundamentalmente do que foi colocado por

Vernon, sobre: os investimentos estrangeiros deslocam ou suplementam o investimento

local? Multinacionais praticam investimento por opção, então há uma base para acreditar

que elas podem comprimir as indústrias locais. Multinacionais também trazem ainda capital

novo tecnologia produtiva e geralmente provocam estímulo para a economia.

A validade de argumento de que investimento direto estrangeiro tem efeitos

políticos adversos é igualmente ambíguo, especialmente devido ao fato que muitos

governos de países menos desenvolvidos são autoritários. É verdade que corporações

internacionais desejam governos estáveis e que sem dúvida dão suporte aos governos

conservadores. O que as multinacionais dão importância, entretanto, é mais a estabilidade

política do que forma particular de governo. Sendo assim, por todo o mundo menos

desenvolvido, aliança de conveniência existem entre as corporações e os governos locais de

diferentes esferas políticas.

Embora as multinacionais possam esconder o desejo das chamadas mercadorias

luxuosas inapropriadas, os padrões de consumo dos países desenvolvidos, tem um efeito de

demonstração sob as elites e as massas em todo o lugar no mundo de rápida comunicação.

Este tipo de cooperação ou aliança econômica tornou-se um importante aspecto da troca de

vantagens comparativa global, para muitos produtos, para os países em desenvolvimento e

também para o regime de negócios.

Quaisquer que sejam os méritos intrínsecos destas críticas ao investimento

estrangeiro direto, alguns países menos desenvolvidos tiveram ganhado consideráveis

durante os anos 70 e 80, à custa das corporações e dos países sedes das corporações. O

equilíbrio do poder no petróleo e em menor grau em outras indústrias de extração mudou

decisivamente para as nações hospedeiras, nos anos 70. Na área de manufatura e até na de

alta tecnologia, um grande número de países em desenvolvimento perseguiram com

sucesso políticos que aumentassem os seus próprios benefícios a partir dos investimentos

estrangeiros. À imposição dos países menos desenvolvidos de requerimento de

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performance para os investidores estrangeiros mudaram os termos de investimento em

favor dos países hospedeiros; estas mudanças incluem maior participação local e mais

associações, expandiu a transferência de tecnologia, e exportação de bens manufaturados

localmente, aumentando o conteúdo local nos produtos finais e restrições na recuperação de

ganhos.

Apesar de ganhos significativos de um grande número de países menos

desenvolvidos, entretanto, como um grupo, eles não ganharam e não obtiveram sucesso em

colocar em vigor regulamentos internacionais de corporações internacionais de corporação

que modificariam os termos de investimento com vantagem para eles.

À combinação de pressões políticas dos paises menos desenvolvidos e mudanças globais na

economia de locações industriais tem significado que certos países menos desenvolvidos

tem se beneficiado enormemente do investimento direto estrangeiro. Seja para satisfazer

políticas dos hospedeiros, para ganhar acesso a mercado em expansão ou para plataforma

de exportação, as multinacionais americanas e outras mais tem transferindo tecnologia

avançada para Índia, Corea do Sul e outros países menos desenvolvidos e tem auxiliado

enormemente seu desenvolvimento tecnológico.

Nenhumas das corporações são positivas nem negativas em seu impacto no

desenvolvimento, como os lideres ou seus próprios críticos sugerem. Investimentos

direto externos. Podem ajudar ou retardar, mas as principais determinantes do

desenvolvimento econômico encontram-se dentro dos próprios países menos

desenvolvidos. O efeito das multinacionais tem sido benéfico. O verdadeiro negócio entre

as multinacionais e os países menos desenvolvidos são os termos do investimento. A

questão de como o beneficio dos investimentos vão ser divididos, necessariamente opõem a

corporação e os governos dos paises menos desenvolvidos. Qualquer que seja a

legitimidade das suas preocupações, alguns países declararam ilegais os investimentos em

manufaturados ou convidaram algumas firmas a voltarem para casa.

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CAPÍTULO V

OS GIGANTES DAS INDÚSTRIAS AUTOMOBILÍSTICAS

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OS GIGANTES DAS INDÚSTRIAS AUTOMOBILÍSTICAS

A indústria automobilística é o marco mais representativo que do que chamamos de

multinacionais. Em primeiro lugar, porque foi essa indústria que combinou de forma mais

notável os processos simultâneo de concentração de capital e sua multinacionalização.

Pode-se dizer que 90% de todos os automóveis produzidos nessa época no mundo

capitalista saíram de fábricas pertencentes a não mais do que dez gigantescas empresas

multinacionais, espalhadas nos cincos continentes.(Kucinski.1982).

Foi também a indústria automobilística, através dos métodos de produção em série e

racionalização do trabalho de HENRY FORD, que estabeleceu as bases da atual divisão do

trabalho, característico das empresas multinacionais. Ao estabelecer que cada operário

apertasse apenas um parafuso, na linha de montagem, Ford abriu o caminho para o emprego

maciço de mão-de-obra não especializada, numa produção que em seu conjunto é altamente

especializada. Bastava, para isso, que um pequeno grupo de especialista fizesse

preliminarmente todos os cálculos e projetasse os dispositivos para essa produção em série.

Essa forma de fazer as coisas, adotada hoje por todos os setores da indústria,

permitiria o estabelecimento de fábricas em praticamente qualquer parte do mundo, tivesse

ou não mão-de-obra especializada, tivesse ou não tradição industrial. Finalmente, a própria

popularização do automóvel, sua produção em massa, a outra face da produção em série,

simboliza. Mais do que qualquer outro aspecto do “consumismo”, a expansão econômica

sob égide das multinacionais.

A maior dessas empresas automobilísticas é a General Motors Corporation, que na

sua época tinha 850 mil empregados em todo o mundo, e em faturamento da ordem de 60

bilhões de dólares pó ano, disputando o primeiro lugar em venda com as multinacionais do

petróleo.(Kucinski,1982).

Seguiam de perto, em valor de vendas, a Chrysler e a Ford, também americana, com

valor de vendas muito menor, mas mesmo assim da ordem de 12 a 13 bilhões de dólares

por ano, apareciam depois as indústrias automobilísticas européias Volkswagen (alemã) e

Renault (francesa), e a japonesa Toyota. Um grupo de empresas ainda grandes, com vendas

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anuais de 4 a 5 bilhões de dólares, incluíam: Nissan Motors, Peugeout-Citroen, francesa,

Fiat, italiana e Volvo sueca.

Cada uma dessas empresas engoliu dezenas de outras, que por sua vez já haviam

engolido empresas ainda menor, num processo impressionante de concentração que se

iniciou nos anos 20. A General Motors já nascera, em 1908, a partir da fusão de cinco

empresas, com um capital considerado grande na época, e logo depois abservou 17 outros

fabricantes de veículos, tornando-se assim maior do que a Ford. A linha de montagem e a

produção em série naturalmente favoreciam as empresas maiores, com mais recursos para a

massificação do produto. Mas em 1923, quando ainda existiam nos Estados Unidos 88

fábricas de veículos, a General Motors descobriu o ingrediente que faltava para a

verdadeira concentração do capital no setor de domínio do mercado: o lançamento de um

novo modelo a cada ano. Somente as grandes empresas, as verdadeiramente gigantescas,

podiam se dar ao luxo de refazer boa parte de sua linha de montagem, de seus estampos e

modelos, de seus desenhos, uma vez por ano. O recurso não visava incorporar

aperfeiçoamento técnico, pois esses não ocorriam com essa velocidade (os principais

mecanismos de um automóvel, como o virabrequim, a suspensão, mantêm ainda hoje as

características desenvolvidas pelos seus primeiros inventores). O objetivo era desalojar do

mercado as empresas pequenas, que obviamente nem poderia fazer esse investimento anual

em projetos e dispositivos de produção e muito menos investir na publicidade dos novos

modelos.

Doze anos depois dessa genial invenção, já em meio à depressão, havia apenas dez

fabricas de veículos nos Estados Unidos. Entre os que desapareceram estava o maior

produtor de carrocerias, Fisher Body Corporation, engolida pela General Motors, que se

tornou assim maior do que a Ford. Hoje, apesar da expansão em tamanho e poder aquisitivo

do mercado norte-americano desde os anos 30. Apenas a General Motors, a Ford e a

Chrysler detêm 90% do mercado de automóveis.

Dominado e repartido o grande mercado norte-americano, as três grandes voltaram

seus olhos para o resto do mundo, especialmente para a Europa, e passaram e engolir, uma

após a outra, as fabricas européias de veículos, À frente dessa corrida estava sempre a

General Motors, cuja história se cruzou, após a primeira Guerra Mundial, com a de outro

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grupo monopolista gigantesco, Dupont, que controlava 64 fábricas de pólvora nos Estados

Unidos já no começo do século e que realizou lucros fabulosos durante a primeira Guerra

Mundial como a maior fornecedora dos aliados.

A Dupont realizou investimentos grandes e diversificado, incluindo uma substancial

injeção de capital na General Motors. Com esse dinheiro, a General Motors comprou a

Vauxhall, inglesa, e a Opel, alemã, além de instalar escritórios de vendas e oficinas de

montagem em todo o mundo, vendendo seus carros até mesmo nos países em que as

barreiras tarifareis tornavam muito difícil a venda do produto importado já completamente

acabado. A Ford respondeu a esse avanço associando-se minoritariamente com fabricantes

de outros países e expandindo sua infra-estrutura produtiva (em 1928 adquiriu terras no

Pará, onde cultivou seringueira e chegou a produzir 12 mil toneladas anuais de borracha

natural).

O avanço das multinacionais norte-americanas forçou fabricantes europeus de

veículos a juntarem suas forças, dando origem, nos anos 60, a uma febre sem precedentes

de fusões, associações e incorporações de empresas automobilísticas, em geral dentro das

fronteiras de cada país. Na Grã-Bretanha, a fusão entre a British Motor Holding e a Leyland

Motor, em 1968, foi apenas o ponto inicial de uma série de absorções tanto pela British

Motors como pela Leyland nos anos presentes, que totalmente eliminou do mercado dez

empresas. Na França, a Peugeout-Citroen, que já era resultado de uma fusão,como o nome

indica, aprofundou suas relações com a Renault, associando-se implantação de uma nova

fabrica, comuns e ambas. Esse tipo de associação, ou intensificação de relação comercial,

como a forma de aumentar o poder de competição frente às multinacionais americanas, mas

sem necessariamente fundir as empresas, também se tornou muito usual. Na Alemanha,

restaram apenas três fabricantes de veículos, incluindo a pequena empresa especializada

BMW. Os dois grandes, Volkswagen e Daimler-Bens, associaram-se num empreendimento

comum novo (Deutsche Automobil Gesellschaft).

Com a crise do petróleo iniciou-se uma nova etapa de concentração industrial e,

portanto agitando as multinacionais mais poderosas, mas tendo como força ascendente,

desta vez, não as norte-americanas e sim as japonesas, com seus carros mais compactos e

preços menores, tomando todos os mercados, fazendo do Japão o maior fabricante de

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veículos do mundo capitalista em 1980. A Volkswagen adquiriu a fábrica da Chrysler na

Alemanha e no Brasil e passou a fornecer partes para a Chyrler americana; a Ford passou a

comprar motores da Peugeot para suas fábricas européias; e a General Motors tornou-se

comerciante de veículos da Izuzu japonesa fora do Japão.

Mas o resultado mais importante do estreitamento do mercado foi à decisão da

General Motors, repetindo sua tática dos anos 20, de lançar o “modelo mundial de

automóvel”.

É a ampliação, para uma escala planetária, de idéias dos anos 20 de lançar um modelo a

cada ano, derrubando os pequenos fabricantes que não podem fazê- lo. Esse modelo

mundial, lançado e fabricado simultaneamente em todos os países e montado com partes

produzidas em todo o mundo, marca uma nova fase de monopolização na indústria

multinacional de veículos, através da superação do conceito de desenvolvimento e

produção de modelos novos primeiro na matriz, e, portanto país-sede da empresa, apenas as

véspera da absolescência, transferindo os desenhos e estampos à periferia.

Em quase todos os setores dinâmicos da indústria, empresas européias viram-se

forçadas a reunir forças para enfrentar a competição desproporcional das multinacionais

americanas, como já acontecia com as indústrias automobilísticas. Multinacionalização e

concentração de capital são faces de um único processo. Na Grã-Bretanha, em dois anos

apenas em 1967 e 1968, ocorreram cinco mil casos de fusões, associações e incorporações

de empresas, envolvendo 70 das 100 maiores empresas do país. Nos países da

Comunidade Econômica Européia ocorreram, entre 1961 e 1969, quase 1900 fusões

de empresas de um mesmo país, além de 257 fusões entre empresas de países diferentes.

Além disso, empresas de países não pertencentes a ela. No sentido inverso, grupos da

Comunidade Econômica Européia absorveram 215 empresas do exterior. Assim nasceram

as multinacionais gigantescas, resultado da concentração de capital.

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CAPÍTULO VI

AS MULTINACIONAIS NO BRASIL

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AS MULTINACIONAIS NO BRASIL

As multinacionais industrializarão e periferia, sempre que assim manda a

necessidade estratégica da empresa. Essa necessidade, podem ser de três tipos básicos: abrir

ou consolidar mercado; obter mais facilmente matérias-primas e recursos naturais; e mão-

de-obra barata. Qualquer uma dessas três razões, isoladamente, já é bastante forte para levar

uma multinacional a instalar uma unidade de produção nova. No Brasil, todas as três razões

existiam, para a maioria dos ramos da indústria: um mercado grande e tendente a crescer

ainda mais, uma grande variedade de matérias-primas, e mão-de-obra abundante e barata,

nesse caso, após a crise do café de 1929. O Brasil sempre foi um paraíso natural para as

multinacionais. Foi no Brasil que se instalaram algumas das primeiras subsidiárias de

empresas multinacionais produtivas, dentro já dessa concepção de divisão internacional do

trabalho que encara o mundo como um único mercado.

No começo do século já existiam no Brasil os moinhos de trigo Bung Born, o

grupo Sanbra, que 1994 controlava nada menos que 20% das exportações brasileiras de

algodão e óleo comestíveis.(Kurt,1993). Os cigarros da Souza Crus, subsidiária do maior

fabricante mundial de cigarros, a British American Tabaco, os fósforos da Fiat Lux e os

cartéis da linha corrente, apenas para ficar em algumas empresas que se tornaram

monopólio dentro do país. Quando termina a segunda guerra mundial, já havia 20

subsidiárias de empresas norte-americanas na América Latina, boa parte delas no Brasil.

Vieram às montadoras de veículos General Motors, Ford e as distribuidoras de petróleo, as

indústrias químicas de cada um dos monopólios criados por cada um dos imperialismos

então em luta: a Imperial Chemical Industries (ICI), britânica, a Dupont, americana, as

empresas do gigantesco cartel alemão da I.G.Farben, que controlava 60 empresas na

Alemanha e fora dela. Da crise de 1929 até o final da segunda guerra mundial, período

clássico de “substituição das importações” através da industrialização aumentou

substancialmente o número de subsidiárias de empresas estrangeiras no país devotadas à

produção. O Brasil tornou-se mesmo uma arena importante de luta entre vários

imperialismos, que chega ao seu apogeu através de guerra mundial, e a necessidade de

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materiais de unidades produtivas no Brasil. O exemplo maior é o da siderúrgica de Volta

Redonda, que os americanos concordaram em instalar, mesmo como empresa estatal,

dentro do esforço da guerra. Ao final da guerra já havia 42 subsidiárias de empresas norte

americanas no Brasil, incluindo 28 que resultaram da simples aquisição de empresas locais.

Os 50 anos em cinco

Mas foi no governo de Juscelino Kubitschek, sob o slogan de “50 anos de

desenvolvimento em 5”, que os ramos modernos do capital monopolista internacional

tomaram o país de assalto, estabelecendo um domínio tão absoluto sobre os setores mais

dinâmicos da indústria que nem o golpe militar de 1964 e o subseqüente “milagre

econômico”, liderado pelas multinacionais, alterariam fundamentalmente.

Ao final do governo Kubitschek, um período de cinco anos em que o investimento

estrangeiro somava em média 120 milhões de dólares ao ano, cinco vezes mais do que era

investido anteriormente, os grupos monopolistas multinacionais já dominavam em 100% a

indústria automobilística nacional, 90% da indústria de vidros, 86 % da indústria

farmacêutica, 80% da indústria de borracha e cerca de 60% da fabricação de maquinas e

autopeças. O capital estrangeiro detinha, então, 31% da produção industrial e 8,5 % de todo

o Produto Interno Bruto. O que o golpe militar de 1964 permitiu, foi à extensão desse

domínio a novas áreas.(Kurt,1993).

Juscelino assumiu o poder em um período de contração da economia norte-

americana (O biênio 1953-54), e pareceu entender, melhor do que as próprias

multinacionais, que um futuro espetacular poderia se abrir, com novas regras do jogo

econômico. Essas novas consistiam, basicamente, em abandonar a proteção a indústrias

nacionais, com tarifas proibitivas sobre as importações de maquinas, e, ao contrário, trazer

os grandes grupos monopolistas de cada ramo produtivo para que viesse aqui produzir essas

máquinas, se possível, em associação com grupos locais ou co o Estado. Se necessário

sozinho. Era a consolidação de uma tendência que vinha desde a crise de 1929, mas que

não realizava todo o seu potencial devido à sobrevivência tanto das concepções de

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desenvolvimento autônomo, como de leis e tradições. Juscelino talvez tivesse sido o

primeiro governante de um país periférico a abandonar tudo isso de vez e oferecer às

multinacionais, de forma organizada e espetacular, um pacote de estímulos, como

cancelamento de impostos para a importação de máquinas e isenção de impostos durante o

período de carência e facilidade de infra-estrutura e crédito do Estado, que passara a se

constituir ao mesmo tempo nos instrumentos de política econômica do Estado. O jogo dos

estímulos, ao invés do jogo das restrições, passou a caracterizar as relações do Estado com

as empresas multinacionais. Não é gratuito o fato de que o principal instrumento dessa nova

política já existia desde o suicídio de Getúlio, em 1954. E sua substituição por Café Filho e

o grupo de militares de direita, e políticos ligados ao comércio exportador e ao capital

financeiro, que assumem o poder transitoriamente, Esse instrumento é a resolução 113 da

Sumoc, que permitia a importação de máquinas, mesmo usadas ou obsoletas, sem

pagamentos de taxas, a título de aporte de capital. Getúlio denunciou as pressões do capital

estrangeiro na famosa “carta testamento”, precursora do discurso que ele faria quase vinte

anos depois nas Nações Unidas (para morrer com um tiro no peito). Dizia a carta de

Getúlio:

“A companhia subterrânea dos grupos internacionais, aliou-se à

dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia de

trabalho. Alei dos lucros extraordinários foi detida no congresso,

contra a justiça de revisão do salário mínimo se desencadearam os

ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas

riquezas, através da Petrobrás; mal esta começa a funcionar, a onda

de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o

desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem

que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral

inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das

empresas estrangeiras alcançaram até 500%. Nas declarações de

valores que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de

100 milhões de dólares por ano...”.(Edigar,1993).

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Juscelino simplesmente colocou todas essas empresas estatais a serviço da

viabilização do projeto multinacional, e a fez de forma indolor, sem trair a herança política

que herdara de Getúlio, a aliança PTB X PSD, sem penalizar os trabalhadores, ou suas

representações sindicais, como queriam os antigetulistas, mas também sem tocar nos

privilégios dos donos de terras. Com Juscelino, o projeto de desenvolvimento multinacional

ainda coexistia com estruturas políticas herdadas do populismo, inclusive partidos que em

alguma medida representavam aspirações populares, com o PTB, e principalmente os dois

grandes partidos burgueses, o PSB populista, e a UDN antipopular.

Ao final de seu mandato, a produção de máquinas no Brasil havia crescido 125%, e de

equipamentos elétricos em 300%. O produto bruto do país cresceu 7% em média.

A CRISE DO POPULISMO

Mas o crescimento econômico promovido pelas multinacionais apenas levou a uma

nova crise. A taxa de inflação ao final do seu mandato pulou para 50%; as cidades

incharam com as novas ondas de migrantes atraídos pela construção de Brasília, pelas

novas indústrias e pelas novas estradas. O Estado não tinha promovido uma expansão

proporcional dos serviços públicos, de saúde, educação e transporte. Uma classe média

cada vez mais numerosa entrava no jogo político precário do populismo, assustada com a

inflação e a corrupção que se constituíam no caldo de cultura daquela promiscuidade entre

o Estado e o grande capital.

Foi nesse populismo já anacrônico que um demagogo extremamente talentoso fez

carreira meteórica nas urnas, primeiro como prefeito em São Paulo, depois governador e

finalmente presidente da República, desmoralizando nessa trajetória já anacrônicos e

derrotando o candidato à presidência que ainda tentava sustentar uma plataforma de

desenvolvimento econômico nacionalista (o general Lott).

Eleito com o voto maciço da classe média, de trabalhadores e pequenos

funcionários, mas adotado como candidato pelos grupos mais ligados ao capital estrangeiro,

da antiga UDN, Jânio Quadros imediatamente traiu o caráter do voto que recebera um voto

revolucionário porque rejeitava a estrutura vigente. Nomeou um ministério que tinha nos

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pontos-chaves da economia da economia os nomes da maior confiança do capital

estrangeiro. E colocou em ação um plano de austeridade econômico que reproduzia

fielmente a receita do capital

Estrangeiro para as crises periódicas de pagamento, gerada pelas taxas excessivas de

espoliação desse mesmo capital estrangeiro. Jânio Quadros, ao mesmo tempo, preparou o

terreno para um golpe que permitisse o fechamento do congresso e lhe desse poderes de

ditador. Mas o golpe, concebido com ingenuidade, pois dependia para seu sucesso das

representações políticas que Jânio toda sua vida humilhara, o golpe fracassou

completamente. Essas representações aceitaram sua denúncia, enquanto as forças armadas,

temorosas, endossavam as soluções políticas de compromisso, passando a se preocupar

exclusivamente em não permitir a posse do vice-presidente eleito, João Goulart , de

extração populista. Da renúncia de Jânio nasceu a conspira ao que levou ao golpe militar de

1964, ponto final da crise institucional, aberta pela impossibilidade de convivência entre o

regime populista moldado pelo getulismo e a economia multinacional moderna, implantada

per Juscelino. Nesse período de clímax político as multinacionais tomam parte no que foi

até hoje, provavelmente, a mais completa operação de interferência coletiva dessas

empresas na vida política de um país. No cenário político popularizado, os partidos em si

perdiam importância, e os políticos se dividiam em dois grandes grupos, a Frente

Parlamentar Nacionalista, com compromissos populares e nacionalistas, e a frente

democrática, constituída pelos conservadores e adeptos da total abertura do país ao capital

estrangeiro. Foi formado então um Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), as

multinacionais organizaram uma gigantesca “caixinha” destinada a eleger o máximo de

parlamentares conservadores. Tinha como objetivo, também, infligir derrota ao candidato

popular ao governo de Pernambuco, Miguel Arraes. A ajuda do IBAD consiste em

veículos, material impressos e auxílio operacional. Os candidatos a serem apoiados eram

escolhidos segundo sua absoluta fidelidade à política de direita, com chances de serem

efetivamente eleitos com aquele auxilio. Tratava-se de uma operação executada

cientificamente, que movimentou 5 bilhões de cruzeiros, distribuídos por 250 candidatos,

dos quais 120 realmente se elegeram. No inquérito parlamentar, já em meio aos tumultos e

preparativos do golpe de 64, ficou provado que a IBAD recebera dinheiro de 152 empresas

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multinacionais, entre elas a Texaco, Esso, Shell, Coca-Cola, Ciba, Schering, Bayer, General

Eletric, IBM. Uma operação paralela mais pesada, que consistiu na montagem de um

serviço de espionagem antiesquerdista com oficiais do exército, recebeu também, nessa

época, vultosas contribuições de algumas multinacionais, através do Instituto de Pesquisa e

Estudos Sociais (IPES).

Mas, apesar de todo o dinheiro gasto, a frente parlamentar nacional se fortalecera,

Miguel Arraes se elegera governador de Pernambuco e o governador do Rio Grande do Sul.

Leonel Brizola, que garantira pelas armas a posse de João Goulart, e ousara acampar uma

subsidiária da multinacional ITT e outra da American & Foreign Power, irritando

profundamente o governo americano, foi eleito com expressiva votação deputado federal

pelo Rio de Janeiro, reduto da pequena burguesia direitista da UDN. No meio operário foi

formado um pacto de unidades e ações entre os sindicatos mais expressivos; camponeses

haviam realizado nessa época seu primeiro congresso nacional, em Goiás. No Nordeste

cresciam as ligas camponesas. Do exterior vinham os ecos da revolução cubana. Em fins de

1963 as condições para o golpe militar estavam maduras. As forças populares não

conseguiam transformar em ação concreta suas aspirações e articulações. A igreja aderia à

conspiração antipopular emprestando sua autoridade moral e espiritual aos golpistas.

Goulart hesitava entre várias alternativas da sustentação política. Naquele ano o

crescimento do produto interno bruto foi apenas de 1,5%, metade da taxa de expansão da

população. A inflação chegava à casa dos 80%. Os vários setores da burguesia

industrial, já associados ao capital estrangeiro desde a era de JK, que já tinha a adesão da

oligarquia rural. O golpe não encontrou resistência significativa.

O GOLPE MILITAR

Os objetivos políticos do golpe tardaram e se definir, porque muitas correntes

políticas, e muitos governadores de Estado, com aspirações mutuamente excludentes,

haviam engrossado a conspiração. Foram precisos cinco anos de lutas e apurações para que

o regime chegasse à sua “pureza política”, como uma ditadura militar com rotatividade do

chefe no poder. Mas os objetivos econômicos do golpe foram desde os primeiros

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preparativos claros e consensuais: recriar as condições para altas taxas de crescimento

econômico, solucionando a crise econômica segundo os interesses do capital. As receitas

também já estavam prontas, através do “Plano de Ação Econômica do Governo – 1964-66”,

feito por três economistas intimamente ligados às multinacionais e à conspiração golpista:

Octávio Gouveia de Bulhões, Roberto campos e Eugênio Giudin.Tratava-se de eliminar as

garantias de emprego, tanto no setor privado como no público, abrindo caminho a uma

substancial redução de gastos com mão-de-obra; modernizar o aparelho de Estado para

torná- lo um efetivo patrocinador do crescimento econômico do grande capital; promover

reformas fiscais que facilitassem a transferência das riquezas a serem expropriadas da

classe trabalhadora, canalizando-se para o financiamento dos projetos do grande

capital.Esse projeto implicava, necessariamente, a repressão do meio operário.

CAPITAL ESTRANGEIROS NO BRASIL

Como a taxa de poupança interna, no Brasil, é muito baixa, a vinda de capitais

estrangeiros é muito necessária.

No começo do século recebemos capitais estrangeiros que permitiram a construção

das estradas de ferro (o exemplo mais característico foi a S.Paulo Railway) e usinas

hidrelétricas, com destaque especial para a Light & Power. Na década de 50, durante o

governo de Juscelino Kubitschek, o capital estrangeiro implantou a indústria

automobilística no Brasil.

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De acordo com dados fornecidos pelo BC, as principais áreas de investimento eram:

US$ Milhões

ÁREA DE INVESTIMENTO 1994 (US$ Milhões) 1995 (US$ Milhões)

Indústria química 5.486 5.572

Material transportes 5.587 5.940

Material elétrico e comunicação 3.381 3.692

Indústria mecânica 3.059 3.311

Siderurgia e metalurgia 3.077 3.244

Produtos alimentares 1.920 2.093

Farmácia e veterinária 1.708 1,934

Bancos e companhias de investimentos 2.020 2.251

Portfólio 16.611 15.343

(MAIA,ECONOMIA INT. E COM. EXTERIOR,1999)

Ainda de acordo com dados do Banco Central, as principais fontes de fornecimento foram:

Países 1994 (US$ Milhões) 1995 (US$ Milhões)

Estados Unidos 18.589 19.134

Alemanha 6.351 7.053

Antilhas Holandesas, Bahamas e Caynan 5.531 3.527

Japão 4.160 4.474

Suíça 3.331 3.637

Reino Unido 5.107 5.215

Canadá 2.209 2.262

França 2.387 2.640

Holanda 1.701 1.868

Itália 1.603 1.614

Uruguai 103 296

Argentina 97 116

Paraguai 27 43

(MAIA,ECONOMIA INT.E COM. EXTERIOR,1999)

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FLUXO DOS CAPITAIS ESTRANGEIROS

Até meados de 1982, houve um grande afluxo de capitais estrangeiros para o Brasil,

cuja a economia, até essa época, era bastante próspera. Inegavelmente, os investimentos

estrangeiros proporcionaram ao povo empregos e bem-estar.

Com os choques do petróleo, nossa situação se deteriorou bastante, eclodindo no

final de 1982 a crise da dívida externa brasileira. Devido a essa crise, houve uma

paralisação do ingresso de capitais em nosso país, o que agravou ainda mais nossa

economia.

Pela análise do quadro abaixo, verificamos que até 1991 os saldos do item

movimento de capitais do Balanço de Pagamentos eram negativas, isto é, as saídas foram

maiores que as entradas ou, em outras palavras, houve fuga de capitais. De 1992 a 1997, os

saldos foram positivos; isto significa que, nesse período, passamos a ser receptadores de

capitais.

Em 1980, o Brasil era o sexto país do mundo em estoque de capital estrangeiro.

Ficava atrás do Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Holanda. Em 1992 cai para o

décimo quarto lugar, ultrapassado pela Espanha, Austrália, China, Bélgica, Itália,

Cingapura, Indonésia e México. O Brasil participava:

- com 5,18% do total do fluxo de investimento direto, no período 77/80;

- caiu para 3,31% no período 81/85;

- desceu para 1,51% no período 86/90;e

- ficou com 0,91% no período 91/92.(MAIA,1999)

Os dados enunciados foram divulgados por Gustavo Franco, em o Estado de São

Paulo, de 10-09-96; na época, ele era Diretor da Área Externa do Banco Central.

De acordo com os dados fornecidos pelo Banco Central, o saldo de movimento de

capitais ( ingresso menos regresso ), dos Balanços de Pagamentos do Brasil, tem sido o

seguinte:

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Balanço de Pagamento - movimento de capitais- ingresso menos regresso

US$ milhões

1989 -4.179

1990 -4.998

1991 -4.513

1992 25.271

1993 10.115

1994 14.294

1995 29.359

1996 32.391

1997 26.087

(MAIA,1999)

Esses dados mostraram uma mudança radical. Os capitais estrangeiros, a partir de

1992, voltaram a ingressar no Brasil, atraídos pelas altas taxas de juros, pelo bom

desempenho de nossas bolsas de valores e, principalmente, pela solução do problema da

Dívida Externa Brasileira.

Em fins de 1994 e em 1995, apesar da crise mexicana (Efeito Tequila),

tivemos um ingresso apreciável. Entretanto, em 1998, devido á Crise Asiática, tivemos

saídas elevadíssimas de capitais a curto prazo.

Com relação aos capitais de longo prazo, segundo levantamento do BNDES, de

1980 para 1995, a participação das empresas estrangeiras no faturamento aumentou de 29%

para 42% (O Estado de São Paulo, 3-8-98).

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CAPÍTULO VII

OS GRANDES CASAMENTOS

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OS GRANDES CASAMENTOS

A luta pelo petróleo, que durante muito tempo foi também entre estados-maiores de

potência imperialistas, cada qual apoiando e apoiando-se em algumas das “sete irmãs”, deu

origem a uma forma distinta de multinacional. (Kucinski,1982).

A Royal Dutch, empresa holandesa modesta, que explorava petróleo nas Índias Holandesas,

sofria pressões crescentes do grupo Rockefeller, que deixava espaço aberto para que os

“aventureiros” descobrissem o petróleo e depois os engolia através de manobras

monopolistas bem sucedidas. Sob a direção de Henri Deterding, um empresário igualmente

muito esperto, a Royal Dutch procura reforço de capital vendendo ações a milhares de

pessoas, de forma que nenhuma delas com poder de voto significativo na empresa. Em

1902, Deterding, sempre para fazer frente à Rockefeller, promove a fusão da Royal Dutch

com a empresa britânica Shell Transport and Trading Company Limited, casamento

abençoado pelo governo britânico, que dá à empresa sua proteção imperial.

Assim surgiu a Royal Dutch-Shell, empresa de propriedade binacional – holandesa e

britânica – quarta maior empresa multinacional em vendas de 11% do mercado de petróleo.

A “receita” do casamento Royal Dutch-Shell foi posteriormente aplicada por diversos

grupos monopolistas, antigos rivais de mesmo porte que decidiram substituir a competição

pela associação, dando origem a uma linhagem de empresas multinacionais e levando a um

novo estágio no processo de concentração de capital, pois não só suas operações, mas

também as posses de seus patrimônios transpuseram os limites da nação.

A receita do casamento Dutch-Shell consistiu na criação de suas empresas paralelas,

uma holandesa e a outra britânica, em proporção considerada justas pelas duas partes, a

posse de todo o patrimônio comum, formado por centenas de empresas em todo o mundo (a

proporção foi de 60% para a Royal Dutch e 40% para a Shell), assim, os critérios

capitalistas de remuneração da propriedade acionária.

Para resolver os problemas operacionais da empresa, foi criado um comitê, reunindo

os diretores das duas empresas, que traça as linhas mestras da estratégia de investimentos

do grupo, a avaliam resultados globais. As diretivas desse comitê são implementadas por

quatro empresas, todas sob controle das matrizes do sistema.

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O segundo casamento entre duas empresas monopolistas de nacionalidades

diferentes deu origem a Unilever, a maior multinacional, hoje, no setor de alimentos e

produtos de higiene pessoal e doméstica, com vendas da origem de 19 bilhões de dólares

anuais, realizadas por nada menos 500 empresas, operando em 70 países, num total de 300

mil empregados.

O casamento entre grandes empresas européias de nacionalidade diferentes e partes

comparáveis voltaram a ser celebrados na década de 60, numa impressionante escalada do

processo de concentração do capital e multinacionalização das empresas. Em 1964

amalgamaram-se a fabricante alemã Agfa e sua congênere belga Gevaert, estabelecendo

uma empresa conjunta binacional nos moldes da Royal Dutch-Shell; em 1970 uniram-se as

duas poderosas fabricantes de produtos de borracha, cabos e pneus, a Dunlop, de capital

britânico, e a Pirelli, italiana. Cada empresa adquiriu uma participação minoritária

substancial (40 a 49%) nas empresas do outro grupo. Um comitê interempresarial foi

estabelecido para coordenar as atividades dos dois grupos. Esses “casamentos”

comprovaram que a nacionalidade do capital de cada grupo não constitui obstáculo a esse

salto na concentração, pois em nenhum dos casos as empresas precisaram se valer do

patrocínio de entidades supranacionais, como o Mercado Comum Europeu. Cada “cônjuge”

do casamento, essa é a verdade, continua sendo um nacional de seu país.

As ações da Shell e da Royal Dutch fixaram hoje máximas em mais de um ano,

impulsionadas pelo anúncio do que o grupo Royal Dutch/Shell pretende fundir as duas

empresas em numa só.

As ações da Shell subiram um máximo de 6,34%, para 451 pence, na bolsa de

Londres, valor mais elevado desde Agosto de 2002.

A Royal Dutch esteve a progredir um máximo de 4,11%, para 44,03 euros, no

mercado de Amesterdão, atingindo a cotação mais alta desde Janeiro de 2003.

A Royal Dutch/Shell anunciou a intenção de fundir as empresas que controla o

grupo, a holandesa Royal Dutch Petroleum (60% do capital) e a Shell Transport & Trading

(40%), para recuperar a credibilidade.

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A nova empresa, Royal Dutch Shell, irá passar a estar cotada em bolsa em

substituição das duas que estão atualmente listadas, que será constituída juridicamente no

Reino Unido e terá sede na Holanda.

O grupo pretende reconquistar a confiança dos investidores, após ter já

contabilizado a desvalorização das suas reservas de petróleo por quatro vezes desde o início

de 2004.

Os analistas estimam que esta fusão resolve apenas o problema de administração da

empresa, considerando que a principal dificuldade enfrentada pela Royal Dutch Shell é a

fraca performance ao nível de exploração. (Diário Econômico, 16.06.2005)

A gigantesca norte-americana Procter and Glamble (P&G) anunciou em janeiro de

2005 a compra da também gigante fabricante de baterias e lâminas de barbear Gilette,

sediada em Boston, Estados Unidos, por 57 bilhões de dólares. O negócio cria a maior

empresa do mundo de cosmético e de produtos de grande consumo, mas também deve

provocar uma onda de demissões.

Com a megafusão das duas gigantes, cerca de 6 mil empregados devem ser

eliminados, o que representa 4% da força de trabalho da P&G e da Gillette, que possuem

140 mil funcionários em todo o mundo. Por outro lado, a união das duas companhias deve

gerar um ganho de até US$16 bilhões por ano com o aproveitamento de sinergias (ações em

conjunto para aumentar a eficiência).

Não foi informado ainda o que acontecerá com as operações das duas empresas no

Brasil. Do ponto de vista financeiro, a P&G espera que a compra aumente sua margem de

lucro em cerca de 25% nos próximos cinco anos.

A compra da Gilette é o maior negócio já realizado pela P&G, que atua nos

segmentos de higiene pessoal, beleza, saúde e nutrição animal. É dona da marca como as

fraldas Pampers, o sabão em pó Ariel, as batatas chips Pringles, Always, Pantene,Tampax,

Max Factor e Wella. A empresa possui 110 mil empregados em cerca de 80 países.

Fundada em 1901, a Gilette é dona de marcas como as lâminas de barbear Gilette, Mach3,

das pilhas Duracell e dos produtos de higiene bucal Oral-B. A empresa possui 30 mil

funcionários em 14 países. (JORNAL DO COMERCIO,29/01/2005)

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CONCLUSÃO

Através da integração das economias nacionais dos países periféricos à economia

mundial, sob o comando das corporações multinacionais, instaura-se nos países

dependentes um processo de modernização, induzido de fora para dentro, que cria

condições e exigências de aumento de importação de insumos básicos, certas matérias-

primas, componentes essenciais, bens de capital (maquinas, equipamentos e aparelhos),

etc.e. conseqüentemente, necessidade de os países subdesenvolvidos exportarem mais para

poder pagar importações sempre maiores e mais caras ou então recorrerem a empréstimos

externos que geram endividamento e dependência financeira. A integração e a

modernização são necessárias para aumentar os mercados internos dos países dependentes e

ampliar o comércio mundial, o que possibilita a expansão das indústrias dos países centrais.

A progressiva integração mundial sob o comando das corporações multinacionais

representa crescente subordinação dos países subdesenvolvidos, ou em desenvolvimento,

aos países centrais. Torna ainda efetivas a dependência das economias dos países do

terceiro mundo.

A dependência se exerce fundamentalmente através do controle de capital e da

tecnologia. Por esse controle as economias dos países periféricos são articuladas em função

das necessidades, interesses e ações dos países centrais, onde as corporações multinacionais

têm sede. Assim, o crescimento dos países periféricos passa a depender da prosperidade dos

países industrializados e tem de ser orientado a favorecer a economia dos países ricos o que

se da através do fornecimento de matérias-primas e certa expansão nos mercados internos

para absorver maior quantidade de produtos elaborados, bem como capitais excedentes e

tecnologia.

A complementaridade se dá pela necessidade de os países centrais adquirirem nos

países subdesenvolvidos certos produtos. Essa aquisição de dá, porém, em numero bastante

reduzido e de forma controlada, tanto em relação ao volume quanto nas condições e

exigências.

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O governo oferece terrenos e isenção de impostos para as multinacionais que

quiserem se instalar em seu pais, e com isso fica mais difícil para as indústrias nacionais,

que tem que comprar terreno e pagar os impostos, e assim fica mais difícil para as

indústrias nacionais a se manterem no mercado, porque as multinacionais alem de ter nome,

ela tem muito capital para investir, e isso não acontece com as empresa nacionais, que estão

querendo conquistar mercado e dispondo de pouco capital, um exemplo claro foi o que

aconteceu com a única fabrica totalmente brasileira de automóveis a Gurgel, que não teve

nenhum incentivo do governo, e com isso ela não pode competir com as multinacionais e

acabou falindo. O governo tem que ver que uma indústria nacional deixa o dinheiro nos

seus pais, enquanto que as multinacionais manda uma parte do dinheiro para o país de

origem.

A instalação de uma multinacional em um pais, por um lado e bom, porque gera

empregos e traz mais tecnologia, mas por outro lado, não deixa as indústrias nacionais a se

desenvolverem.

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BIBLIOGRAFIA

KURT, R.M., Condenado ao Subdesenvolvimento.

EDIGAR, J.B. O Desenvolvimento Econômico Brasileiro.

KUCINSKI, B.,1982, O Que São Multinacionais. São Paulo, Ed Brasiliense.

MAIA, J.M.,1999, Economia Internacional e Comércio Exterior. São Paulo,

ED.Atlas.

REVISTA EXAME.

JORNAL O COMERCIO.

DIÁRIO ECONÔMICO

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 6

CAPITULO I

A NATUREZA DA MULTINACIONAL

8

CAPÍTULO II

HISTÓRICO

12

CAPÍTULO III

AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES SEDES

15

CAPÍTULO IV

AS MULTINACIONAIS E OS PAÍSES HOSPITALEIROS

19

CAPÍTULO V

OS GIGANTES DAS INDÚSTRIAS AUTOMOBILÍSTICAS

26

CAPÍTULO VI

AS MULTINACIONAIS NO BRASIL

31

Os 50 anos em cinco 33

A crise do populismo 35

O golpe militar 37

Capital Estrangeiro no Brasil 38

Fluxo de capital estrangeiro 40

CAPÍTULO VII

OS GRANDES CASAMENTOS

42

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 48

ÍNDICE 49

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