universidade candido mendes instituto a vez do … · pedagogia empresarial do instituto a vez do...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
O PEDAGOGO NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL: O
AGENTE DE MUDANÇAS
Elaine do Carmo Silva de Oliveira
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PEDAGOGO NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL: O
AGENTE DE MUDANÇAS
Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao Curso
Pedagogia Empresarial do Instituto A Vez do Mestre -
Universidade Cândido Mendes, como requisito para a
obtenção do grau de especialista em Pedagogia
Empresarial. Orientadora Prof.ª Geni Lima.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as minhas amigas de sala de aula
que sempre me incentivaram a continuarmos juntas
nesta empreitada.
Aos professores que souberam fazer toda a
diferença entre ensinar e o despertar para querer
aprender.
E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram
para o sucesso desse trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho em especial a meu filho Samuel, que soube compreender
a minha ausência durante esse empreendimento e me incentivou conferindo
nossas notas ao final de cada bimestre.
A meus familiares pelo apoio incondicional, por me esperar todas as noites
acordados para que eu não me sentisse sozinha nesta fase tão difícil e
importante da minha vida.
A meus colegas de trabalho e de turma que sempre foram meus maiores
incentivadores para que eu não desanimasse.
5
RESUMO
Mudança é algo que só de ouvir já gera dúvida, resistência. Mudança na
empresa parecer mais apavorante para aqueles que estão na empresa. Medo,
preocupação, ansiedade, inquietação, dificuldade de lidar com o novo,
resistência. São algumas das emoções que mexem com o capital humano de
uma organização em mudança. Apesar de ser um processo que ocorre e deve
ocorrer em toda e qualquer empresa, muitos desconhecem a mudança
organizacional como uma possibilidade de aprender, de renovar o
conhecimento, o modo de fazer as coisas. E como não ser pego de surpresa
pela mudança é uma questão a ser respondida nessa pesquisa. Que também
aborda o papel do pedagogo empresarial como agente da mudança, utilizando
suas habilidades nas relações humanas para administrar as reações das
pessoas a esse processo, gerenciando o processo para que ocorra da melhor
forma para a empresa.
6
METODOLOGIA
Esta pesquisa tem um caráter exploratório e as ferramentas utilizadas
para a coleta dos dados foram pesquisas bibliográficas e artigos de
profissionais da área de Pedagogia Empresarial e Administração.
A metodologia utilizada visa levantar dados sobre o tema, elucidar
conceitos sobre mudança organizacional e obter conhecimentos sobre a
atuação do Pedagogo Empresarial frente às mudanças na empresa.
A proposta desse trabalho é compreender as responsabilidades que o
Pedagogo Empresarial pode assumir na empresa diante da necessidade de
mudança e recolocação da empresa no mercado.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O QUE É MUDANÇA ORGANIZACIONAL? 10
CAPÍTULO II
GERENCIANDO A MUDANÇA 16
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL NA MUDANÇA 20
CONCLUSÃO 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26
ANEXOS 29
ÍNDICE 37
8
INTRODUÇÃO
O tema desta monografia é “o papel do pedagogo empresarial no
processo de mudança organizacional”. E o questionamento principal é sobre o
que representa o pedagogo empresarial na Gestão da Mudança.
A escolha do tema foi motivada pela vontade de conhecer mais o
trabalho do profissional desta especialização e saber como ele pode atuar no
processo de mudança. Essa vontade começou a surgir com a dúvida sobre a
função do pedagogo na empresa, o que poucos professores conseguiram
definir precisamente. E cresceu à medida que o corpo docente da turma nos
apresentava a mudança como algo inerente a qualquer empresa; tão
importante que necessita atualmente de uma gestão voltada para esse
processo.
Este projeto tem a proposta de compreender o significado de mudança
organizacional e analisar as possibilidades de ações do pedagogo dentro da
empresa, na área de gerenciamento de mudanças organizacionais, sobretudo
pela sua habilidade nas relações humanas.
Para isto, foi realizada pesquisa em fontes bibliográficas, artigos,
reportagens e textos de internet; o que permitiu um entendimento maior sobre o
tema e enriqueceu as informações descritas neste trabalho, com conceituações
de diversos autores, identificação da necessidade de mudança e o foco que o
pedagogo deve ter nesse processo para que o principal objetivo, o
desenvolvimento da empresa, não seja perdido.
Este trabalho foi interessante não só porque penetrou na complexidade
desse processo organizacional que está sendo mais difundido atualmente,
como objeto de estudos acadêmicos e alvo de consultores que desejam criar
estratégias para melhorar o desenvolvimento de empresas; pois também
saciou a sede de conhecer mais sobre essa profissão ainda desconhecida das
9
empresas, mas que tanto pode contribuir para o desenvolvimento da empresa,
visto que é um profissional que tem grande habilidade para as relações
humanas, fator determinante para o sucesso da empresa, posto que esta não
existiria sem o recurso humano.
Então, acreditando que o pedagogo empresarial é um profissional que,
por possuir a competência de liderar e conduzir pessoas, possa ser um aliado
da empresa mediante à necessidade de mudança, esta pesquisa é
apresentada em três capítulos.
Logo no primeiro capítulo, apresentamos a mudança organizacional,
com seus conceitos, seus entraves e seus fatores causadores, para que
possamos entender um pouco desse processo que muitas organizações vêm
enfrentando cada vez mais nos últimos anos.
E o segundo capítulo fala do gerenciamento da mudança e da ação do
pedagogo como agente dessa mudança, com o intuito de compreender as
funções e as etapas do trabalho do agente de mudança.
10
CAPÍTULO I
O QUE É MUDANÇA ORGANIZACIONAL?
“O universo é mudança: a nossa vida é aquilo que os nossos pensamentos fazem.”
Marco Aurélio
O conceito de mudança organizacional possui definições heterogêneas,
variando muito de autor para autor. Estas definições podem ser observadas no
quadro apresentado no anexo 1.
Analisando as definições apresentadas, percebe-se que muitos autores
relacionam mudança a alteração, transformação. É sair da zona de conforto de
uma situação para criar novos meios de conduzir um negócio, uma empresa.
Mudança deve ser entendida como um processo de quebra de paradigmas,
que envolve pessoas, organizações e sistemas sociais.
Want apud Wood, 1992 ainda categoriza a mudança em cinco tipos: por
opção, quando a organização não está sujeita a nenhuma pressão;
operacional, para fazer frente a deficiências específicas; direcional, quando
uma alteração estratégica é necessária; fundamental, quando a própria missão
é alterada e total - nos casos mais críticos, como uma eminência de falência.
Pode ser uma estratégia, uma oportunidade para atingir metas, melhorar
a produtividade de uma equipe, maximizar a eficiência na prestação de um
serviço, manter a força da empresa no mercado.
A mudança organizacional abrange a introdução de novos processos,
procedimentos e tecnologias, às vezes mal conhecidos, de abordagem
diferente daquilo que as pessoas geralmente consideram como a forma
tradicional, prática e familiar de realizar seu trabalho. Dessa forma, a mudança
pode causar emoções e reações que vão do otimismo ao medo, incluindo
ansiedade, desafio, resistência, ambiguidade, entusiasmo, incapacidade,
receio, pessimismo e motivação.
11
Segundo Monteiro, Ventura e Cruz (1999, p. 76),
Até meados da década de 70, falar em mudança
organizacional era predominantemente falar em projeto ou
desenho organizacional. A idéia de mudança estava centrada
no conceito de alteração de organogramas, na criação,
modificação ou extinção de cargos e funções. É somente nos
anos 80 que esta abordagem vai ganhar forma. Grande parte
do interesse pelo tema deve-se ao fato de que, após operar
todo tipo de mudança em suas empresas, muitos
administradores perceberam que ainda era necessário mudar
os valores comuns e as crenças dos grupos para que os
resultados surgissem.
Essas crenças são tudo o que as pessoas acreditam como verdades,
padrões, que são difíceis de modificar, principalmente quando os
colaboradores e até mesmo os administradores não conseguem enxergar a
mudança como uma forma da empresa se reinventar para o mercado. Alguns
acreditam que esse é um processo criado para desestabilizar as organizações
e aqueles que fazem parte dela, que é uma forma de criar dificuldades, de
lançar obstáculos sem oferecer alternativas para ultrapassá-los.
Resistir às mudanças é algo comum ao ser humano. A resistência
muitas vezes deve-se ao medo do desconhecido, à falta de autoconfiança, ao
conforto gerado por alguma posição ou situação. A ruptura com o atual modelo
pode ser considerado o maior agravante dessa resistência. É muito difícil para
qualquer pessoa modificar seu modo de viver, de trabalhar, quando este é
favorável, cômodo. Já dizia Nicolau Maquiavel (1513 d.C.): “Nada é mais difícil
que a introdução de uma nova ordem. O inovador tem como inimigos todos
aqueles que se saíram bem nas condições antigas, e seus defensores são
aqueles que podem se sair bem em novas condições.”
A crítica à mudança torna-se mais evidente quando se questiona a idéia
de mudar: em empresas é comum ouvir funcionários dizendo que o chefe não
sabe o que está fazendo, que a empresa quer se modernizar mesmo não tendo
12
meios para isso, que não há nada para mudar, mas a empresa quer “inventar
história”.
O que poucos notam é que a mudança deve acontecer em toda e
qualquer empresa que quer se manter no mercado. Toda organização deve
mudar para se manter atualizada e adequada às necessidades do meio.
No mundo globalizado, os clientes estão cada vez mais exigentes,
buscando produtos que se adequem às suas necessidades e um atendimento
personalizado; mais concorrentes surgem no mercado, oferecendo novidades e
descontos tentadores. Até a força de trabalho passa a exigir um novo
tratamento, pois o empregado passa a se preocupar em se reciclar, em
aprender mais e espera obter oportunidades para isso dentro de sua empresa.
Assim, é possível compreender que a mudança é fundamental para a
sobrevivência das empresas e deve fazer parte do cotidiano delas. O mundo
muda o tempo todo e o mundo dos negócios não é diferente. É preciso saber
lidar com as constantes mudanças nesse mundo. Pois as empresas que não
forem capazes de se esforçar para atender às necessidades de transformação
do mercado estarão fadadas ao provável fracasso.
A paralisação da organização provoca o acúmulo de mudanças
necessárias, o que agrava a situação da empresa, forçando mudanças radicais
e até negativas. O que significa que a situação tende a piorar caso a empresa
opte por não mudar quando surgem sintomas indicativos da necessidade de
reestruturação organizacional.
Para evitar que o processo de mudança falhe, é preciso conhecer as
forças desestabilizadoras da situação atual - status quo - da empresa. Essas,
que são as razões que geram o processo de mudança, encontram-se no
ambiente interno e/ou externo das organizações desestabilizando seus pontos
fortes e fracos, favorecendo-as ou enfraquecendo-as.
Esse é, segundo Correia (2010), o primeiro passo importante para gerir
o processo: identificar e compreender as forças de pressão para a mudança
estratégica e organizacional.
13
1.1. Fatores Causadores da Mudança
Correia (2010) afirma que em nenhuma outra época da história as
organizações estiveram sujeitas a tantas e tão profundas mudanças como
aquelas que, atualmente, são obrigadas a enfrentar. Isso se deve às pressões
causadas pelo meio através das forças desestabilizadoras, que com as
transformações no mundo vêm aumentando cada vez mais.
Como organismos vivos, feitos por pessoas, as empresas sofrem o
impacto do avanço tecnológico, que é um dos principais indicativos da
mudança atualmente. A todo o momento surgem novas informações, novas
tecnologias que incitam mudanças no ambiente corporativo para que a
empresa não pare.
Esses fatores podem ser entendidos como um impulso que motivam ou
obrigam a empresa a mudar. Pois, para haver mudança, é necessário algo que
tire a empresa de sua inércia, de sua zona de conforto.
Sobre isso, Robbins (citado por Bressan, 2010) apresenta seis aspectos
desencadeadores de mudança: a natureza da força do trabalho, a tecnologia,
os choques econômicos, a concorrência, as tendências sociais e a política
mundial.
Já Correia (2010), divide em duas as forças de pressão: interna e
externa. E assim, cita como aspectos externos: a inovação tecnológica, a mais
importante das forças, que altera processos e a imagem de produtos e
serviços, colocando fora de mercado quem a não acompanha, e que tem poder
para alterar o nível de influência de todas as outras forças; os
concorrentes/clientes, que decorre do desenvolvimento dos mercados, com a
necessidade de uma cumplicidade dinâmica entre empresas e clientes; e as
oportunidades envolventes, que são estímulos à competitividade e orientação
técnica.
14
Como forças de pressão internas, o autor menciona: os movimentos
internos, importante fator que pode ser entendido como a busca por novas
competências e novas motivações individuais e de grupo, no interior das
organizações; e visão estratégica, uma liderança com visão que vai além do
contexto em que atuam, que se antecipam à mudança.
Com base nessas informações, entende-se que esses fatores podem
facilitar ou dificultar a decisão de mudança. Mas o mais importante é entender
que, de acordo com Bressan (2010), somente um ambiente turbulento, que
esteja sofrendo interferência de forças desestabilizadoras, é capaz de causar
mudanças significativas, bem como facilitar sua implementação, na medida em
que exige um reposicionamento da organização frente às novas demandas do
meio.
E ainda segundo Bressan (2010, p. 7),
A organização American Productivity Quality Center (APCQ)
em 1997 examinou as melhores práticas de manejo do
processo de mudança em empresas americanas e identificou
cinco elementos-chave responsáveis pelo seu sucesso, a
saber: comprometimento e participação ativa do líder; mudança
fundamental na cultura da organização; envolvimento ativo dos
empregados, propiciando-lhes autonomia e programas de
educação; métricas e comunicação efetivas na organização; e
alinhamento do sistema de recursos humanos com as metas e
objetivos da mudança. Dessa forma, mudanças
organizacionais significativas podem necessitar de grandes
crises e esforços para mobilizar toda a empresa quanto à sua
necessidade e devem encontrar no líder a figura fundamental
na condução do processo e mobilização dos indivíduos, da
maneira mais transparente e com a melhor comunicação
possível.
A despeito de todas essas pressões que provocam a mudança,
Monteiro, Ventura e Cruz (1999, p. 77) afirmam que
15
muitas organizações não procedem as atitudes necessárias
para instaurarem o processo que as levaria a modificar o seu
status quo. Talvez o maior foco de resistências seja o fato de
que a questão não é somente mudar, e sim gerenciar a
mudança, o que implica na tarefa extremamente difícil de
gerenciar a própria cultura da organização.
E o maior desafio das empresas no processo de mudanças é encontrar um
líder capaz de conduzir e gerenciar a mudança com os seguintes fatores:
reconhecimento da importância de se ter consenso sobre a
mudança; comunicação clara dos objetivos e alterações a
serem implementadas; esforço especial no treinamento; dar
tempo ao tempo e, finalmente, encorajar a idéia de mudança
como fator de adequação ao meio. (WOOD, 1992, p. 78)
16
CAPÍTULO II
GERENCIANDO A MUDANÇA
“A tomada de consciência permite encarar a realidade para mudá-la.”
Anthony de Mello
A mudança é um processo organizacional que precisa ser gerenciado. O
gerenciamento da mudança é, segundo Benseny (2010), um processo de
planejamento, controle e acompanhamento das mudanças organizacionais,
que através de uma abordagem estruturada e sistematizada, trata de forma
integrada os processos organizacionais (estrutura, processos etc.) e pessoas,
alinhando-os às novas estratégias.
Entende-se também que esse é um processo de reconhecer, guiar e
administrar as emoções e reações humanas à mudança, de modo a minimizar
a queda de produtividade.
Nessa administração das emoções e reações humanas, compreende-se
o gerenciamento da resistência à mudança, que é a chave para o sucesso ou
fracasso da mudança.
A resistência é uma reação natural à mudança, visto que esta significa ir
do conhecido para o desconhecido, e o novo sempre gera medo nos
indivíduos. Mas a resistência não deve ser associada apenas com aspectos
negativos, pois “pode desempenhar um papel extraordinário num esforço de
mudança organizacional.” (BORTOLOTTI, SOUZA e ANDRADE, 2010, p. 10)
Os autores afirmam que ela
encorajam a busca por métodos alternativos e resultados a fim
de sintetizar as opiniões conflitantes que possam existir. Então,
a resistência torna se uma fonte crítica de inovação num
17
processo de mudança quando mais possibilidades são
consideradas e avaliadas. (Id., p. 11)
Dessa forma, faz-se necessária a revisão do processo de mudança,
analisando possíveis erros ou equívocos que podem estar ocorrendo no seu
planejamento. E isso só é possível através do conhecimento e este só pode ser
adquirido quando se está aberto a ouvir e enxergar a realidade.
O grande desafio das organizações é ser capaz de
enxergar o cenário global e suas tendências, desenvolvendo
análise interna e daí criar estratégias para fortalecer conceitos
e mudar estruturas, tornando-o um movimento eficiente e
eficaz, que exige muito esforço mental, físico e emocional de
cada pessoa tornando-as comprometidas, para que essa ação
não se transforme no desastre da burocratização tecnicista,
sem flexibilidade e criatividade. (SILVA, 2005, p. 31)
Para isso, a empresa deve valorizar o seu bem mais precioso: as
pessoas. E “conhecer os indivíduos e a cultura da organização, a fim de
planejar as mudanças e saber lidar com as mais diferentes reações
apresentadas” (BRESSAN, 2010, p. 8). Dessa forma, como acredita Correia
(2010), a empresa caminha na via certa em direção à excelência.
E uma empresa que deseja ser bem sucedida necessita de uma equipe
que assuma a missão de planejar o processo de mudança. Uma equipe com a
capacidade de identificar, no momento certo, oportunidades para responder
pronta e adequadamente; e com a capacidade de diagnóstico no sentido de
detectar, paralelamente, as ameaças e dificuldades para neutralizá-las ou
amortecê-las.
Os representantes dessa equipe podem ser chamados de agentes de
mudança, o que significa, segundo Macuco (2002), agenciar mudanças,
induzindo seguidores - os funcionários da empresa - a realizar determinados
objetivos que representam certos valores ou motivações - desejos e
18
necessidades, aspirações e expectativas. Esses agentes é que devem agir
para que a mudança ocorra.
As competências necessárias para essa função são habilidades de
comunicação, motivação e liderança, uma vez que o sucesso das organizações
dependa desses gerentes e da forma como irão conduzir as mudanças,
principalmente no que se trata de minimizar as reações negativas dos
funcionários e de tomar decisões estratégicas. E precisam, de acordo com
Macuco (2002, p.14), “olhar para fora do ‘ninho’, enxergando o futuro” da
empresa.
O agente de mudança deve saber o que se quer mudar, fazer um
diagnóstico organizacional, que, segundo Claro (citado por Silveira, 2009), visa
levantar as necessidades (carências em termos de preparo profissional)
passadas, presentes ou futuras por intermédio de pesquisas internas, a fim de
descrever uma intervenção. Envolvem a coleta e o cruzamento de dados e
informações, a definição dos pontos fortes e fracos e o detalhamento dos
problemas por meio de uma análise aprofundada, visando identificar as suas
causas e definir ações para os pontos passíveis de melhoria.
Então, entende-se que o papel desse agente possui 4 etapas:
1. Mapeamento da situação atual - levantar informações, através de
pesquisa interna, sobre o status quo da empresa;
2. Identificação do problema e suas respectivas causas - entender a
situação-problema, o que está desestabilizando a empresa;
3. Análise das informações obtidas - formular a natureza do problema e
comunica a situação real à empresa;
19
4. Projeto da situação desejada - descrever a meta, planejando o
caminho para alcançá-la e, mais uma vez, informar toda a
organização.
Uma vez elaborado o planejamento estratégico e sua gestão, a
organização passa a redefinir suas atividades, suas fronteiras e afinidades.
Nesse processo, a empresa deve ser capaz de sustentar a mudança, pois a
irresolução gera o medo, a incerteza, provocando a problemática da resistência
e até o fracasso da mudança.
Por isso é necessário um gerenciamento contínuo das mudanças; o que
minimiza os riscos, além de permitir que a organização colha benefícios, cujos
principais podem ser vistos nas informações contidas no anexo 2.
20
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL NA
MUDANÇA
“Nos processos de mudança exige-se um profissional com olho na invenção e na gestão.”
Rivaldo Chinem
A empresa precisa de um profissional que atue permanentemente como
um agente. E o Pedagogo Empresarial, como um especialista em
aprendizagem - definida por Holtz (2006) como um processo de mudança
provocada no comportamento das pessoas em direção a um objetivo -, é um
profissional preparado para atuar nessa função.
Como a própria autora afirma, o Pedagogo Empresarial pode atuar na
empresa com as seguintes responsabilidades:
1. Conhecer e encontrar as soluções práticas para as
questões que envolvem a otimização da produtividade das
pessoas humanas - o objetivo de toda Empresa.
2. Conhecer e trabalhar na direção dos objetivos particulares
e sociais da Empresa onde trabalha.
3. Conduzir com atividades práticas, as pessoas que
trabalham na Empresa - dirigentes e funcionários - na
direção dos objetivos humanos, bem como os definidos
pela Empresa.
4. Promover as condições e atividades práticas necessárias -
treinamentos, eventos, reuniões, festas, feiras, exposições,
excursões, etc... -, ao desenvolvimento integral das
pessoas, influenciando-as positivamente (processo
21
educativo), com o objetivo de otimizar a produtividade
pessoal.
5. Aconselhar, de preferência por escrito, sobre as condutas
mais eficazes das chefias para com os funcionários e
destes para com as chefias, a fim de favorecer o
desenvolvimento da produtividade empresarial.
6. Conduzir o relacionamento humano na Empresa, através de
ações pedagógicas, que garantam a manutenção do ambiente
positivo e agradável, estimulador da produtividade. (HOLTZ,
2006, p. 15)
E, em função da mudança, o Pedagogo
tem que ser uma pessoa mais crítica e visionária, muito capaz
de se adaptar a mudança, muito mais flexível, que contribua
efetivamente para o processo empresarial, com o objetivo de
apresentar de forma prática e teórica a função da área de
Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal, bem como sua
utilização para atingir os objetivos organizacionais. Transmitir
técnicas de levantamento de necessidades, elaboração,
mensuração, dos programas de treinamento. Compreender e
elaborar formas de mensurar resultados em treinamento e
desenvolvimento. (NICE et al., 2009)
Todas essas competências fazem do Pedagogo Empresarial um
profissional preparado para lidar com as transformações constantes no mundo
e com as reações das pessoas frente à mudança.
A atuação do Pedagogo na empresa é imprescindível,
pois este estabelece programas de aperfeiçoamento e
diversificação contínua às capacidades dos funcionários,
aumentando sua capacidade de mudar, por meio da
22
conscientização e reconhecimento da realidade da instituição
em que estão inseridos. (RIBEIRO, 2009)
Aproveitá-lo na empresa é como ter alguém que vá oferecer às pessoas
que nela trabalham “a formação básica para que elas aprendam novas
atitudes, soluções, ideias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e
comportamento e se tornem mais eficazes naquilo que fazem.” (CHIAVENATO,
1999, p. 290)
Dessa forma, o Pedagogo Empresarial age como o peixinho vermelho
da lenda (ver anexo 4), um agente promotor de mudança. Um líder
democrático, que procura ouvir todos os membros da empresa e busca
conhecer a realidade da empresa, sendo cooperativo, aberto à mudança e,
sobretudo humano. Um agente que promove o desenvolvimento
organizacional, através de um acompanhamento contínuo do crescimento da
empresa.
Atuando como o Sniff da história de Johnson (2010), capaz de farejar
mudanças no mercado e assim ajudar na atualização da visão corporativa,
identificando como as mudanças poderiam resultar em lucros para a empresa e
satisfação para os clientes, percebendo a real situação em que a empresa se
encontra, criando coragem para mudar e enfrentar a mudança, tentando fazer
com que seus companheiros também mudem. Acreditando que “notar cedo as
pequenas mudanças ajuda-o a adaptar-se às maiores que ocorrerão.”
(JOHNSON, 2010, p. 71)
A empresa que possui um profissional como este e que tem um
planejamento estratégico de mudança antecipa-se aos acontecimentos e está
preparada para a mudança. Com isso, obtém o sucesso.
23
CONCLUSÃO
“A corrida para a excelência não tem linha de chegada.”
David Rue
A partir dos estudos nesse trabalho é possível entender que uma
organização precisa se reinventar sempre, pois a reorganização constante é
sinônimo de melhoria contínua.
E crescer hoje implica em repensar o desenvolvimento organizacional
promovendo mudanças de modo planejado, gerando uma dinâmica de negócio.
Essa mudança significa envolvimento de todos. O Pedagogo Empresarial deve
ser visto como agente dessa mudança, buscando um modelo organizacional
compatível com o mercado e com os anseios dos funcionários. Lidar com
pessoas, cativá-las, informá-las, prepará-las, são fatores preponderantes no
cotidiano da empresa, na tomada de decisão e no sucesso empresarial.
E para lidar com pessoas, relacionando-se bem com elas e com suas
emoções, reações e idéias diante de alguma transformação na empresa é
necessário que o agente de mudanças - o Pedagogo Empresarial - tenha uma
mente aberta e capaz de abrir as demais mentes da empresa, pois, como diz
Herzog, “durante o processo de mudança, a ferramenta mais poderosa é uma
mente aberta.”
Uma mente aberta para as novas possibilidades que o mercado
oportuniza é disso que as empresas precisam: de um profissional com olho no
futuro.
Ao gerenciar a mudança, o agente vai além da estrutura interna da
empresa, observando as influências externas e desenvolvendo
antecipadamente estratégias adequadas para a situação que a empresa venha
a vivenciar, prevendo mudanças necessárias e administrando-as, com
adaptabilidade, flexibilidade, sensibilidade, decisão e rapidez.
24
E as empresa que não possuem Pedagogos, não têm a orientação que
esse profissional pode ofertar a empresa, principalmente no que se trata da
relação com os funcionários, que são os principais elementos da mudança
organizacional.
Somente quando enxergarem além da própria organização é que as
empresas alcançarão o sucesso, sendo uma organização do futuro, aquela que
estará mais voltada para os clientes, colocando no plano central a questão da
qualidade dos seus produtos e serviços, tendo a sensibilidade de reconhecer
as necessidades de seus clientes. Terá também uma relação mais próxima
com a comunidade, assumindo uma postura de maior responsabilidade com o
meio ambiente. E internamente, terá um menor número de níveis hierárquicos,
com um melhor trabalho em equipe, com uma política de comunicação interna
que irá favorecer o relacionamento humano e a motivação de todos os
funcionários.
Vale a pena também seguir o manuscrito de Quem Mexeu no Meu
Queijo (JOHNSON, 2010, p. 77):
A Mudança Ocorre
Continuam a Mexer no Queijo
Antecipe a Mudança
Prepare-se para o Caso do Queijo Não Estar no Lugar
Monitore a Mudança
Cheire o Queijo com Freqüência para Saber Quando Está Ficando Velho
Adapte-se Rapidamente à Mudança
Quanto Mais Rápido Você se Esquece do Velho Queijo, Mais Rápido
Pode Saborear um Novo
25
Mudança
Saia do Lugar Assim Como o Queijo!
Aprecie a Mudança
Sinta o Gosto da Aventura e do Novo Queijo
Esteja Preparado para Mudar Rapidamente Muitas Vezes
Continuam Mexendo no Queijo
26
BIBLIOGRAFIA
BORTOLOTTI, Silvana Ligia Vincenzi. SOUZA, Rosely Antunes de. ANDRADE, Dalton Francisco de. Resistência uma ferramenta útil na mudança organizacional. Disponível em: <www.aedb.br>Acesso em: 04 abril 2010.
BENSENY, Nelson Marinho. Estratégias e mudança organizacional. Disponível em: <http://www.rh.com.br> Acesso em: 05 abril 2010.
BRESSAN, Cyndia Laura. Mudança organizacional: uma visão gerencial. Disponível em: <http:// www.fae.edu> Acesso em: 19 fevereiro 2010.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel do recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
CORREIA, Paulo Jorge Nazaré. Mudança organizacional no próximo milênio. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium> Acesso em: 19 fevereiro 2010.
HOLTZ, Maria Luiza Martins. Lições de pedagogia empresarial. Sorocaba, SP: MH Assessoria Empresarial Ltda., 2006. 161 p. JOHNSON, Spencer. Quem mexeu no meu queijo? Tradução de Maria Clara de Biase. 61ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. 107 p. MACUCO, Maria Iliane Borba. O corpo docente como agente de mudanças e liderança na cultura organizacional. Florianópolis, 2002. 68 p. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.tede.ufsc.br> Acesso em: 04 abril 2010. MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 18ª ed. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2007. 136 p. MONTEIRO, Carmen Diva B.. VENTURA, Elvira Cruvinel e CRUZ, Patrícia Nassif da. Cultura e mudança organizacional: em busca da compreensão do dilema das organizações. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 1, n. 8, p. 69-80, 1 trim., 1999. NICE, Barbara. VASCONCELOS, Cláudia. REGINA, Célia. JAIMAR, Eliane. MONSIMAI, Estela. REIS, Marcella. A contribuição do Pedagogo no processo
27
de treinamento e desenvolvimento nos Recursos Humanos. Comunicandido, Rio de Janeiro, ano 11, n. 22, 20 a 26/jul./2009. RIBEIRO, Marcela Reis. Reconhecendo a importância do pedagogo no âmbito empresarial. Comunicandido, Rio de Janeiro, ano 11, n. 20, 22 a 28/jun./2009. SILVA, Francisca de Mesquita. A comunicação gerando relacionamento empreendedor entre contratando e contratado. Rio de Janeiro, 2005. 50 p. Dissertação (Pós-graduação em Pedagogia Empresarial) - Universidade Cândido Mendes. Disponível em: <http://www.avm.edu.br> Acesso em: 05 abril 2010.
SILVEIRA, Tatiana dos Reis. Diagnóstico, cultura e clima organizacional. Disponível em: < http://www.pedagogia.com.br> Acesso em: 20 dezembro 2009.
WOOD JR., Thomaz. Mudança organizacional: uma abordagem preliminar.
Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 32, n.3, p. 74-87,
jul./ago. 1992.
28
ANEXOS
ANEXO 1 >> Fontes de informação segundo Bressan;
ANEXO 2 >> Fontes de informação segundo site Direction RH;
ANEXO 3 >> Artigo Estratégias e Mudança Organizacional;
ANEXO 4 >> A Lenda Egípcia do Peixinho Vermelho.
29
ANEXO 1
DEFINIÇÃO AUTOR
Qualquer alteração, planejada ou não, ocorrida na organização, decorrente de fatores internos e/ou externos à organização que traz algum impacto nos resultados e/ou nas relações entre as pessoas no trabalho
Bruno-Faria (2000)
São atividades intencionais, pró-ativas e direcionadas para a obtenção das metas organizacionais. Robbins (1999)
Resposta da organização às transformações que vigoram no ambiente, com o intuito de manter a congruência entre os componentes organizacionais (trabalho, pessoas, arranjos/estrutura e cultura).
Nadler, Shaw, Walton e
cols. (1995)
É um acontecimento temporal estritamente relacionado a uma lógica, ou ponto de vista individual, que possibilita às pessoas pensarem e falarem sobre a mudança que percebem.
Ford e Ford (1995)
Conjunto de teorias, valores, estratégias e técnicas cientificamente embasadas objetivando mudança planejada do ambiente de trabalho com o objetivo de elevar o desenvolvimento individual e o desempenho organizacional.
Porras e Robertson (1992)
Alterações fundamentais no comportamento humano, nos padrões de trabalho e nos valores em resposta a modificações ou antecipando alterações estratégicas, de recursos ou de tecnologia.
Herzog (1991)
Alteração significativa articulada, planejada e operacionalizada por pessoal interno ou externo à organização, que tenha o apoio e supervisão da administração superior, e atinja integradamente os componentes de cunho comportamental, estrutural, tecnológico e estratégico.
Araújo (1982)
30
ANEXO 2
PARA A ORGANIZAÇÃO PARA O INDIVÍDUO
Visão focalizada.
Resultados de negócio mensuráveis.
Foco mais nítido no cliente.
Metas e objetivos compartilhados em
equipe.
Força de trabalho motivada.
Melhor trabalho em equipe e
melhores comunicações.
Novas formas de pensar, perceber e
desempenhar.
Crescimento profissional.
Melhor relacionamento entre gerentes
e colegas de trabalho.
Compreensão mais clara dos estilos
individuais de trabalho e das
motivações do grupo.
Ambiente melhor e mais unido da
equipe de trabalho.
31
ANEXO 3
www.rh.com.br 03/02/2004
RH » Mudança » Artigo
Estratégias e mudança organizacional
Nelson Marinho Benseny
Pesquisas realizadas pela revista "Fortune", apontam que 70% do fracasso dos executivos, não ocorrem por falta de uma visão e definição de estratégias para suas organizações, mas sim por falha no processo de implementação. Outro dado interessante é que, segundo o comitê do clube 100 maiores "IT Leaders" do jornal Computerworld que reúne grandes corporações que utilizam maciçamente recursos de TI, através de megaprojetos de Gestão Empresarial (ERP) e de Gerenciamento do Relacionamento com os Cliente (CRM), mais de 2/3 dos projetos falham no processo de implementação.
O ponto-chave aqui é entendermos que o processo de implementação de novas estratégias, implica diretamente em provocarmos mudanças internas na organização. Essas pesquisas nos levam ainda, a uma reflexão de como encaramos e gerenciamos um processo de mudança em nossas organizações.
Muitas vezes, partimos da premissa de que se definirmos uma estratégia adequada, automaticamente a organização mudará de rumo e conseqüentemente o desempenho e os resultados serão diferentes. Contudo, freqüentemente, esse processo não ocorre de forma tão linear e previsível como imaginávamos, e os resultados podem ser confusos, conflitantes e aquém das nossas expectativas.
Daí nasce o conceito (não tão novo) do "Change Management" - Gerenciamento das Mudanças Organizacionais, que nada mais é do que um conjunto de metodologias e ferramentas gerenciais e educacionais que buscam alinhar estratégias, processos organizacionais e pessoas. O alinhamento dessas três dimensões é fundamental para o sucesso na implementação de mudanças organizacionais.
A importância de se utilizar o conceito de Gerenciamento das Mudanças, pode ser ilustrado com as palavras de Nicolau Maquiável: "Deve-se ter em mente que não há nada mais difícil de executar, nem de sucesso mais duvidoso, nem mais perigoso de conduzir, do que iniciar uma nova ordem das coisas".
A aplicação do conceito de Gerenciamento das Mudanças, apoia organizações e executivos nas principais atividades que envolvam a implementação de novas estratégias, como por exemplo: necessidades de uma nova configuração estrutural (novo organograma); redesenho dos processos; reavaliação dos pontos de controles e sistemas de informação; readequação de cargos, funções e recompensas etc.
Mas, o Gerenciamento das Mudanças trata, também, a parte mais sensível desse processo: as pessoas. Toda iniciativa de mudança organizacional, de uma forma ou de outra, encontra algum tipo de resistência humana, pois envolve uma sensação de perda ou incerteza, que dependendo do seu grau, pode tornar-se um enorme ou até o maior problema durante o processo de mudança, gerando as chamadas resistências a mudanças. Neutralizar essas resistências, através de processos educacionais, de comunicação, de participação e envolvimento são algumas estratégias que dão resultados, quando bem aplicadas.
Dessa forma, o Gerenciamento das Mudanças é um processo de planejamento, controle e acompanhamento das mudanças organizacionais, que através de uma abordagem estruturada e sistematizada, trata de forma integrada os processos organizacionais (estrutura, processos etc.) e pessoas, alinhando-os às novas estratégias.
32
Reflita um pouco sobre essas questões-chaves em relação à condução dos processos de mudança em sua organização:
* Todos os líderes entenderam que entre a nova e velha situação, existe a transição que precisa ser gerenciada? * O fator gerador da mudança foi claramente "vendido" para as pessoas (e não simplesmente comunicado)? * A mudança foi planejada? Foram avaliados com profundidade os impactos na estrutura organizacional; nos processos operacionais; fluxos de informação; nos cargos e funções e nas pessoas? * Foram criados canais de comunicação eficazes, precisos e claros? Evitamos o custo das "fofocas"? * Foram criados planos e cronogramas de trabalho, grupos de implementação das mudanças e painéis de controle (indicadores, "scorecard" apropriados), gerando assim, um clima/senso de urgência e pressão positiva por prazos e resultados? * Ficamos atentos junto às nossas equipes durante a transição, neutralizando frases como; "Eu não disse que..."; Eu bem que avisei..."; "As coisas não são bem assim....". Evitamos, também, a tentação de retornar aos procedimentos antigos e as práticas do passado? * Os líderes da organização (em todos os níveis hierárquicos) envolveram-se e participaram ativamente do processo de mudança (dando o exemplo) ou ficaram como meros observadores? * Será que não estamos confundindo velocidade nas decisões e ações (preponderantes no mundo dos negócios atualmente), com pressa/atropelo/ansiedade (que só traz a falta de foco, desperdício de energias, ambiente "pesado" etc.) em relação à implementação das mudanças em nossa organização? Lembre-se que "a natureza não dá salto".
33
ANEXO 4
A Lenda Egípcia do Peixinho Vermelho
Autor desconhecido
No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul-
turquesa.
Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de
grade muito estreita.
Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem,
nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos
de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula
e a preguiça.
Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos.
Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os
outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam,
displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse.
Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou
atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo
para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.
Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos
os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama por
ocasião de aguaceiros.
Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do
escoadouro.
À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
- "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"
Optou pela mudança.
Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias
34
escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima.
Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com
as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de
esperança...
Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o
quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes,
palácios e veículos, cabanas e arvoredo.
Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a
agilidade naturais.
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para
quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado
com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe
constituíam a primeira refeição diária.
Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do
monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o
valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a
evitar os perigos e tentações.
Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as
infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e
flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos,
estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de
amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber
que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que,
quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude, continuariam a correr
para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem
convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles.
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? Não seria nobre ampará-los,
prestando-lhes a tempo valiosas informações?
35
Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de
Coral, empreendeu comprida viagem de volta.
Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os
canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.
Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava,
varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de
amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a
coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia.
Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos
lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas
ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto
ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.
Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora
aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que
o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia
outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia
desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida
e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de
seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais
surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias
do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros
sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros
temíveis, jardins submersos, estrelas do oceano e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de
Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante
felicidade, porém, tinha igualmente seu preço.
Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e
tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário
à venturosa jornada.
Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho
delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas história de
36
riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar
que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia
dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou, borbulhante:
- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te
daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui
vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se,
em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca.
As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos
esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama...
37
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
O QUE É MUDANÇA ORGANIZACIONAL? 10
1.1 - Fatores Causadores da Mudança 13
CAPÍTULO II 16
GERENCIANDO A MUDANÇA 16
CAPÍTULO III 20
O PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL NA MUDANÇA 20
CONCLUSÃO 23
BIBLIOGRAFIA 26
ANEXOS 29
ÍNDICE 37