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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE- UCAM
CURSO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
Trabalho de conclusão de curso
Endomarketing uma ferramenta competitiva hoje nas Organizações
Viviane Silva Costa
Rio de Janeiro
Março / 2010
i
Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de
Comunicação Empresarial do IAVM, como parte
dos requisitos para obtenção do Título de Pós
Graduação.
Por:
Viviane Silva Costa
Professor – Orientador:
Fernando Lima
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE- UCAM
CURSO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
Trabalho de conclusão de curso
Endomarketing uma ferramenta competitiva hoje nas Organizações
Rio de Janeiro
Março / 2010
ii
Viviane Silva Costa
Endomarketing uma ferramenta competitiva hoje nas Organizações
APROVADA em: ______ de ____________________ de _______
Professor – Orientador: Fernando Lima
Rio de Janeiro
Março / 2010
Banca Examinadora composta para a defesa
de Monografia para obtenção do grau de Pós
Graduação
iii
Agradecimentos
Sinto-me no dever de manifestar de forma
explícita meu reconhecimento a minha mãe,
irmã, filha e aos companheiros de faculdade
pela alegre e profícua convivência. E aos
mestres pela competência, dedicação e
elevada didática.
iv
Lista de Figuras
Figura I — Pirâmide de Maslow Hierarquia das
necessidades
17
Figura II — Comparação entre a hierarquia de Maslow e
os fatores de motivação Herzberg
21
v
Resumo
O presente estudo discorreu acerca da importância do Endomarketing nas empresas. Inicialmente abordou os objetivos gerais e específ icos do estudo, a justif icativa e o problema, além da hipótese, delimitação e metodologia do estudo. A seguir, foram destacados os fundamentos principais do Endomarketing, a partir de sua conceituação e da ferramenta organizacional. Em prosseguimento, o estudo tratou sobre motivação e teorias motivacionais, def inindo algumas teorias da motivação. Por f im, o trabalho destacou o ambiente organizacional nos dias de hoje, os sistemas de administração, o Endomarketing e a cultura organizacional e a l iderança nas empresas.
i
SUMÁRIO
Folha de Aprovação i i
Agradecimentos i i i
Lista de Figuras iv
Resumo v
1 — INTRODUÇÃO 01
1.1 — Objet ivos 02
1.1.1 — Geral 02
1.1.2 — Específ icos 02
1.2 — Just if icat iva 03
1.3 — Problemática 04
1.3.1 — O Problema 04
1.3.2 — A Formulação da Questão Problema 04
1.4 — Hipótese 05
1.5 — Delimitação do Estudo 05
1.6 — Metodologia do Estudo 06
2 — ENDOMARKETING: FUNDAMENTOS PRINCIPAIS 07
2.1 — Conceituando Endomarketing 07
2.2 — Endomarketing uma Ferramenta Organizacional 10
3 — MOTIVAÇÃO E TEORIAS MOTIVACIONAIS 15
3.1 — Definições ligadas à Motivação 15
3.2 — Teorias da Motivação 16
3.2.1 — A Teoria de Maslow 16
3.2.2 — O Enfoque de Herzbeg 20
3.2.3 — As idéias de McGregor: As teorias X e Y 22
ii
3.2.3.1 — Teoria X 23
3.2.3.2 — Teoria Y 24
4 — AMBIENTE ORGANIZACIONAL NOS DIAS DE HOJE 26
4.1 — Sistemas de Administração 26
4.2 — Endomarketing e Cultura Organizacional 29
4.3 — Cultura Organizacional, Comunicação e Endomarketing 33
4.4 — Endomarketing e Liderança nas Empresas 36
5 — CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
6 — REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40
1
1 — INTRODUÇÃO
Na medida em que as empresas se habituavam às técnicas de
marketing recém-advindas, a expressão ganhou moldes e passou a ser
entendida como um estudo das coisas ligadas aos mercados, apesar de
tal conceituação não encontrar unanimidade entre os autores
nacionais.
O objetivo do marketing é permitir que o prof issional saiba sobre
os seus consumidores e as suas constantes necessidades de
mudanças, assim mais ef icientes serão os seus produtos, preços,
distribuição e promoção. A organização deve saber estabelecer o seu
composto de marketing, ressaltando o que o consumidor necessita e
deseja. E a dimensão do marketing é aplicável para além do que se
entende por aquele que consome um determinado produto ou serviço.
Inclui, no caso específ ico do trabalho, o público interno, ou seja, as
pessoas que colaboram com o corpo da instituição, ou que, de alguma
forma, estão envolvidas com a empresa.
O presente trabalho será estruturado em três capítulos. O
primeiro tratará do Endomarketing e seus principais fundamentos. O
segundo capítulo abordará a motivação e as teorias motivacionais. O
terceiro capítulo trará à tona questão do ambiente organizacional nos
dias de hoje.
2
1.1 — Objetivos
1.1.1 — Geral
Analisar como as organizações se conscient izam da importância
do comprometimento e da satisfação do seu público interno a part ir do
Endomarketing para atingir suas metas, manter uma boa imagem e
implementar a qualidade nos processos.
1.1.2 — Específicos
Analisar como o marketing interno trata os funcionários como
clientes internos.
Compreender como essa ferramenta torna-se estratégica para as
empresas, especialmente no setor de serviços, e como ela oferece um
ambiente interno motivador que atrai e retém talentos através do
marketing interno.
Estudar a possibi l idade de criação de um produto ou campanha
promocional através da capacitação dos funcionários, motivando os
mesmos e apresentando possibil idades de uma carreira dentro da em
presa.
3
1.2 — Justificativa
O marketing tem entre suas funções a de projetar em produtos e
serviços das empresas os valores que compõem suas identidades
corporativas, ao Endomarketing cabe papel igualmente importante, de
garantir que o mesmo efeito seja sentido pelos mercados em relação
aos seus recursos humanos.
As empresas precisam encontrar diferenciais para conseguirem
sobreviver e se tornarem competit ivas. A part ir do momento que a
empresa uti l iza-se desta ferramenta de trabalho envolvendo o público
interno os ref lexos passam a ser percebidos desde a melhora na
qualidade do produto, inclusive com redução de custos principalmente
em re-trabalhos e assistência técnica e de forma indireta como a
redução de acidentes de trabalho.
O Endomarketing surgiu como ferramenta imprescindível nessa
acirrada luta que o mercado globalizado proporciona, onde a empresa
de grande porte compete diretamente com a de pequeno porte. Conclui-
se, portanto, que as empresas que não util izam a prática do
Endomarketing diminuem sua capacidade de competição. Importantes
cert if icações de processos, qualidade e ambiente de trabalho somente
podem ser atingidos com o envolvimento total da empresa. Estas
conquistas repercutirão na ampliação de mercados e no crescimento da
empresa. A ferramenta do Endomarketing com muita freqüência é
4
pouco util izada, sendo este um ponto a ser destacado como falha na
administração de muitas empresas.
O mercado começou a perceber que os conhecimentos, a
experiência e a lealdade dos funcionários eram um precioso patrimônio
intangível que merecia a mesma atenção especial que o marketing
conferia aos clientes da empresa – e assim fortaleceu-se a noção do
cliente interno.
Propiciar satisfação é fazer tudo certo e dentro das expectativas
do indivíduo. Mas para superar suas expectat ivas é preciso que a
organização esteja imbuída de uma cultura da excelência capaz não só
de transformar todos funcionários em prof issionais de marketing, mas
também de criar para a empresa uma personalidade única (uniqueness)
que é o seu grande diferencial estratégico.
1.3 — Problemática
1.3.1 — O Problema
A falta de uma visão sobre a importância do relacionamento do
público interno.
1.3.2 — A Formulação da Questão Problema
Como se situa o Endomarketing na empresa moderna e quais as
melhores estratégias para sua implantação e desenvolvimento?
5
1.4 — Hipótese
Com a globalização e a crescente complexidade da estrutura
empresarial, as empresas modernas não conseguem atender a sua
missão e objetivos a não ser adotando estratégias de interação e
motivação de seu pessoal interno, entre as quais sobressai o
Endomarketing.
1.5 — Delimitação do Estudo
Em primeiro lugar, o marketing global introduzido na empresa via
Endomarketing não signif ica que o Endomarketing passa ser um centro
de comando, “o dono da verdade”, aponta-se então somente para que o
fato de que o objetivo f inal da empresa passa a ser disseminado para
todos os seus setores, proporcionando a interação entre eles, com
base nesse objet ivo: o melhor atendimento possível ao cliente. Trata-se
de uma condição necessária para aumentar a ef iciência da empresa
para adequá-la à realidade do mercado.
Em segundo lugar, devemos ter em mente que uma empresa
moderna se caracteriza por uma organização complexa e que esse t ipo
de organização requer uma interdependência estreita entre seus
setores, entre todas as suas atividades e operações. Essa
interdependência ou a coesão interna é fator essencial para sua
ef iciência. É justamente o atendimento ao cl iente como objetivo f inal
6
da empresa que deve proporcionar o fator de coesão ao integrar todos
os seus setores e funcionários a part ir de uma visão orientada para o
cliente, para o marketing, criando até mesmo a noção de cliente
interno.
1.6 — Metodologia do Estudo
O trabalho foi dividido em diversas partes, dentro de um
planejamento, com o intuito de elaborar o Trabalho de Conclusão de
Curso, requisito básico para o Curso de Comunicação Empresarial.
O presente estudo foi realizado através de pesquisas
bibl iográf icas com levantamentos de fontes teóricas como livros,
revistas e Internet, sendo selecionado o material pertinente, a part ir do
qual foi elaborada a presente monograf ia.
7
2— ENDOMARKETING: FUNDAMENTOS PRINCIPAIS
2.1 — Conceituando Endomarketing
Na década de 90 o marketing desenvolveu uma forma de integrar
o cl iente à empresa, de modo a criar e manter uma relação entre a
organização e o cl iente. As empresas bem-sucedidas perceberam que o
marketing é essencial para a organização. Ele é parte da empresa e da
sua forma de fazer negócios, mas tem de ser uma atividade difundida,
parte do trabalho de todos, da recepcionista à diretoria. Todos os
funcionários precisam participar do desenvolvimento de relações com
os cl ientes.
O trabalho da empresa, através do entendimento do
funcionamento do seu ambiente, deve ser o de comercializar um
produto de forma ef iciente. O sucesso depende da análise do ambiente
e dos ajustes para se adequar e reagir às mudanças. (MACKENNA,
2002).
Esse novo modelo de empresa trouxe para seu ambiente interno
a estratégia de marketing. O ambiente de marketing interno da empresa
consiste em adequar agentes e forças externas que estão fora do
controle do marketing e afetam a habilidade da empresa em
desenvolver e manter transações e relacionamentos bem-sucedidos
com os consumidores-alvos. Essas variáveis obrigam os empresários a
8
adaptarem o composto de marketing das suas empresas a essas
condições mutantes.
O micro e o macroambiente da empresa podem ser dist inguidos.
O microambiente (também chamado, ambiente operacional) consiste
das forças próximas à empresa, que afetam sua habil idade para
atender a seus mercados: os fornecedores, os intermediários, os
clientes, os concorrentes e o público (todos estes, são agentes
externos).
Já o ambiente interno da empresa se constitui das áreas
funcionais da mesma e representa um permanente desafio para o
prof issional de marketing, pois, faz parte do cenário da organização a
existência de problemas e até confli tos entre departamentos. E todos
os departamentos têm impacto sobre os planos e as ações do
departamento de marketing (BRUM, 2000).
O alcance da harmonia funcional entre os departamentos da
organização passa pelo desenvolvimento da prática do Endomarketing
(marketing interno). O Endomarketing deve “vender” internamente a
idéia de que todos da organização trabalhem com o único objet ivo de
atender às necessidades do mercado.
O macroambiente consiste na maior amplitude das forças
societárias que afetam todos os agentes ligados ao entorno da
empresa: as forças demográf icas, econômicas, f ísicas, tecnológicas,
polít ico/legais e sócio-culturais.
O chamado Endomarketing baseia-se na noção de que os
empregados constituem o primeiro mercado para as organizações.
9
Empregados bem treinados, orientados para serviços e apostando na
estratégia da empresa, são o recurso mais crít ico e importante de uma
empresa de serviços (BEKIN, 2004).
Vivemos atualmente no que se pode chamar de revolução
tecnológica, com o desenvolvimento de uma série de inovações nos
segmentos técnico-científ ico, de informática, robót ica,
telecomunicações e outros. Por tais razões, o relacionamento das
pessoas, o desenvolvimento de grupos e a comunicação interna nas
organizações passaram a ser essenciais.
A quantif icação da produtividade começa pelo cliente interno e
vai consolidar-se com o cliente externo. Os clientes internos estão
normalmente estruturados em equipes. É imprescindível que a
pretendida integração ideal no seio de cada grupo se transf ira para
todos os grupos ou equipes da empresa, em suas interl igações. O
resultante é uma modalidade de cultura organizacional, onde se respira
um clima de valorização do ser humano .
O cl ima organizacional deve ref letir as necessidades dos grupos
que compõem toda a estrutura da empresa. Estes têm de ser
incorporados à cultura da organização como um todo, de modo que
esta atmosfera seja percebida pelos próprios funcionários, vindo a
ref letir na l igação com o cliente.
Segundo Scholtes (1999), o ref lexo desta atuação no ambiente
externo proporciona o desenvolvimento da produtividade, com base na
possibil idade de, a partir da percepção do cliente, ajustar todas as
forças que comandam a dinâmica interna dos grupos.
10
Entretanto, para muitas empresas, o desenvolvimento e a
sustentação da prática de Endomarketing deverá exigir grandes
mudanças, que a maioria nunca experimentou.
O marketing interno deve ser uti l izado para preservar ou
impulsionar as transformações desejadas na empresa, sendo
considerada a maior al iada da organização quando trabalha
prof issionalmente valores como missão, visão, identidade, parceria,
cooperação e cidadania empresarial.
Assim, nota-se que o Endomarketing é importante na
solidif icação dos valores e aspirações da cultura organizacional que se
pretende desenvolver, sendo que dois de seus principais objetivos é
gerar consentimentos e produzir aceitação; daí surgirão soluções para
se alcançar as metas programadas pela organização.
2.2 — Endomarketing uma Ferramenta Organizacional
Com o intuito de que a informação tenha sua função realizada
dentro da empresa é preciso que o desempenho do gerente seja obtido
através do processamento de cada tipo de informação, seja técnica,
relacionada à coordenação, motivacional ou atitudional.
A ef icácia de um projeto de comunicação interna é aquela que
vê a comunicação como um comportamento de pôr ao alcance de todos
um sistema interat ivo simbólico, em que o sistema de trocas entre os
intervenientes pressupõe um signif icado parti lhado e o respeito pelas
11
diferenças individuais e não como um sistema de informação.
(BALERINI, 2007)
Outro fator de extrema importância em relação a este tópico é a
cultura organizacional, que segundo BALDISSERA (2000, p.15), “é o
conjunto de crenças e valores específ icos de uma determinada
organização”. Essas crenças e valores devem formar a identidade da
empresa.
Por essa angulação, a comunicação é uti l izada para preservar
ou impulsionar as transformações desejadas na empresa, podendo ser
considerada a maior al iada do marketing e de recursos humanos
quando trabalha prof issionalmente valores como missão, visão,
identidade, parceria, cooperação e cidadania empresarial. As empresas
modernas, cada vez mais, vêm tratando a comunicação empresarial
como uma ferramenta estratégica.
A comunicação interna na empresa representa uma crescente
preocupação dos gestores atuais. Enfatiza-se que, enf im, as
organizações descobriram, que é fundamental as pessoas saberem o
que seus líderes projetam para a empresa no futuro, o que esperam
dos funcionários e o que cada um pode fazer para que as metas sejam
alcançadas.
Deve-se ter em mente que a comunicação tende a promover
mudanças que podem ser direcionadas posit ivamente ou não, conforme
a capacidade de entendimento ou divergências das partes envolvidas.
Assim, a organização requer uma administração que possa gerir os
12
recursos, tanto f ísicos como humanos, de forma a alcançar a ef icácia
desejada.
Uma comunicação confiável, clara e periódica, pelo contrário,
busca incrementar a disposição individual dos empregados e melhorar
as relações entre a diretoria e os mesmos, além de qualif icar os
serviços aos clientes externos e internos.
O progresso tecnológico determinou a criação de algumas novas
ferramentas as quais uma empresa util iza para seduzir seu target, ou
seja, seu público-alvo.
Sobretudo, a ef icácia do processo comunicativo necessita de
competências para interpretar, ouvir, usar e aceitar os vários processos
de comunicação (BALDISSERA, 2000).
Em resumo, uma comunicação interna de excelência pode ser
considerada como agente ativo do bem estar e do futuro próspero de
uma empresa, que busca a criação de uma atmosfera criat iva, em que
se possa inovar e aprender.
A comunicação interna também é indicio de que a cultura da
organização está modernizada. Esta deve ser vista como
responsabil idade de todos, em todos os níveis, pois não há como se
estabelecer um avanço, no que diz respeito à comunicação
organizacional, se não houver um envolvimento de todas as camadas
que compõem o processo comunicativo.
Com vistas a estabelecer a ação ativa dos funcionários, as
organizações ou as empresas começaram a mudar suas atitudes com
relação à comunicação organizacional. Segundo Vianna (2000, p.56),
13
esse aspecto “obrigaria as organizações a criarem novas formas de
comunicação com o público interno, por meio de publicações dirigidas
especialmente aos empregados”. A comunicação interna é estratégica e
por isso deve ser feita em conjunto com a área de Recursos Humanos.
Além disso,
a comunicação que ocorre dentro das organizações não está isolada de toda uma conjuntura, que condiciona e move as ações de um prof issional, dentro de uma perspect iva estratégica que contempla cumprimento de missão e visão de futuro (Vianna, 2000, p.49).
Por esse viés, a grande val ia da comunicação e de seus
aspectos no ambiente empresarial permitiu, nos dias de hoje, a sua
aceitação como estratégia para eliminar quaisquer transtornos
possíveis, tais como insegurança, desconfiança, descrédito entre
funcionário e patrões, gerados pelo número cada vez maior de
demissões, em virtude do desenvolvimento tecnológico, alta
competit ividade e crises do mercado. De acordo com Brum (2005), a
comunicação interna é a ponte entre o funcionalismo e a direção de
uma empresa.
As relações de troca têm grande valor no campo do marketing
que é usado para persuadir não só o público externo quanto o interno.
A troca de informações acontece por meio do marketing interno de uma
empresa. Assim, pode ser verif icada a relação entre a comunicação
interna e o Endomarketing.
No transcorrer do últ imo século, o mercado de negócios foi
marcado pelo impacto da concorrência. Dessa forma, as trocas
14
começaram a f icar mais dif íceis. Os empresários precisaram se adaptar
a essas novas tendências e preparar melhor seus funcionários para
atender a necessidade dos cl ientes. Esse é o papel do Endomarketing.
Ao falar de empresas, buscam novos métodos para conseguir
cumprir suas metas. Estes comentam que uma boa gestão depende
fundamentalmente do acesso às informações. Os integrantes das
organizações intel igentes comparti lham amplamente as informações
relevantes. Somente através do acesso aos objet ivos da empresa,
alcançado com a comunicação, o funcionário poderá se comprometer
com ela. O ideal é que ele part icipe da construção desse objetivo.
15
3 — MOTIVAÇÃO E TEORIAS MOTIVACIONAIS
3.1 — Definições ligadas à Motivação
A palavra motivação tem origem no lat im e signif ica "mover",
podendo depreender-se que está l igada ao movimento do indivíduo em
direção a algo. A motivação pode ser entendida como um conjunto de
forças internas que conduzem o ser humano ao atingimento de uma
meta, podendo, assim, suprir uma carência ou atender a um desejo.
São diversos os enfoques sobre a motivação com vários teóricos
procurando compreender o ser humano e, conseqüentes fatores
motivacionais A motivação tem sido reconhecida como ingrediente
importante em diversos setores da vida moderna, principalmente com a
crescente necessidade de ef iciência organizacional em vista do atual
cenário competit ivo.
O conceito da motivação possui vários enfoques, todavia, de um
modo geral, está l igada a tudo aquilo que faz uma pessoa agir de
determinada forma. Conceituar a motivação implica em reconhecer seu
estudo através dos teóricos especialistas.
Conforme os estudos de Bergamini (1999), a motivação está
diretamente l igada à relação entre estímulo e resposta. A autora
acrescenta que:
16
O homem pode ser colocado em movimento por meio de uma seqüência de hábitos que são o f ruto de um condicionamento imposto pelo poder das forças condicionantes do meio exterior. (p. 26)
Nesse caso, a motivação part iria de fatores extraordinários ao
indivíduo, surgindo a partir de incentivos oriundos do meio. As forças
externas, então, têm grande peso no estabelecimento de
comportamentos motivados. Murray (apud Bergamini 1999) aponta a
dist inção acerca dos conceitos de motivo e motivação, para ele “motivo
é um fator externo que dá início e dirige o comportamento de uma
pessoa”. Já a motivação é distinta de outros fatores que também
inf luenciam o comportamento, contudo está voltada a resultados, ou
seja, dir ige-se a uma meta: “a necessidade de vencer obstáculos,
alcançar alto padrão, superar os outros e r ival izar com eles” (p.38).
Adiante estão sendo comentadas as Teorias mais conhecidas sobre a
motivação.
3.2 — Teorias da Motivação
3.2.1 — A Teoria de Maslow
Inicialmente a abordagem de Maslow, baseada na hierarquia das
necessidades considera que as pessoas são motivadas por 5 t ipos
dist intos de necessidades: f isiológicas, de segurança, de afeto, de
estima e de auto-realização. O surgimento de uma nova necessidade
17
não se dá de repente, trata-se de um processo gradativo, à medida que
outras necessidades vão sendo satisfeitas.
A Figura I adiante demonstra o esquema de funcionamento
dessas necessidades
FIGURA I
PIRÂMIDE DE MASLOW — HIERARQUIA DE NECESSIDADES
FONTE: Elaboração própria a partir de dados de Chiavenato, 1999.
A f igura acima mostra as etapas necessárias da hierarquia de
necessidades. Maslow (apud CHIAVENATO, 1999) explica a hierarquia
das motivações da seguinte forma, começando pela base da pirâmide.
Necessidades de Segurança
Necessidades Sociais
Necessidades de Estima
Necessidades Fisiológicas
Necessidades de Auto-Realização
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— Necessidades Fisiológicas
Representam o nível mais baixo de necessidade do homem. São
as necessidades de alimentação, de dormir, de abrigo entre outras.
São atendidas naturalmente pela água, luz solar, al imento, oxigênio,
sexo, e outros. Estão ligadas diretamente à sobrevivência. São as mais
prementes.
— Necessidades de Segurança
No segundo nível estão as necessidades de segurança que
correspondem à estabil idade e a busca de proteção em relação ao
medo e às ameaças externas Esse t ipo de necessidade está ligada à
procura por um ambiente equilibrado. Está, então, relacionada ao
contexto de trabalho do indivíduo, já que todo funcionário tem uma
relação de dependência à empresa, onde sistemas de gestão de
pessoas podem ref letir em resultados posit ivos ou negativos.
— Necessidades Sociais
Essas necessidades surgem no comportamento e estão ligadas à
associação, participação em grupos, t imes, equipes e outros. Referem-
se à amizade, afeto, sendo a necessidade do indivíduo de ser aceito
em seu meio. Encontram-se nesse nível as relações interpesssoais, o
conforto, a comunicação, a troca com o outro.
19
— Necessidades de Estima
Essas necessidades são as relat ivas à maneira pela qual a
pessoa se avalia. Aqui estão incluídos os sentimentos de
autoconfiança, auto-est ima, de consideração e de capacidade, além de
aprovação social, status e prestígio. Em relação ao meio
organizacional, essas necessidades também têm totais condições de
serem trabalhadas pelos programas de gestão de pessoas, na medida
em que l idam com o desenvolvimento de pessoal.
— Necessidades de Auto-Realização
Essas são as necessidades mais elevadas, no topo da pirâmide e
estão diretamente ligadas ao potencial individual. São representadas
pelo impulso da pessoa em estar sempre procurando algo a mais,
sempre mais do que é.
É vál ido reconhecer que todas essas necessidades unem tanto os
princípios pessoais quanto os l igados ao homem em relação ao seu
trabalho. Portanto, as ferramentas de gestão da motivação conduzidas
pelas empresas concorrem tanto para colaborar no atendimento das
necessidades do funcionário, como para o alcance de resultados
organizacionais.
20
3.2.2 — O Enfoque de Herzbeg
Dentro de uma abordagem acerca de teorias da motivação ocupa
posição importante os estudos de Herzberg (apud ARAÚJO, 2003), que
tomou como ponto de partida a teoria clássica de Maslow, discordando,
contudo, em alguns aspectos. Esse estudioso concorda que as
necessidades sejam internas. Todavia, discorda ao considerar que o
indivíduo quando busca saciar uma necessidade não está motivado,
classif icando este fato apenas como movimento, enquanto Maslow o
considera motivação.
Herzberg defende que o impulso para colocar a pessoa em
movimento pode ser posit ivo ou negativo. O primeiro, f igurat ivamente,
consiste em empurrar o indivíduo para que efetue determinada tarefa.
Este estímulo pode ser dado como recompensa ou incentivo. O
negativo consiste em conseguir, de forma negativa, que alguém realize
determinada tarefa, como, por exemplo, a escravidão. A grande maioria
dos empresários considera o posit ivo como motivação, mas, Herzberg
discorda desta idéia, esclarecendo que todo funcionário tem uma
bateria, e quando esta precisa ser carregada constantemente, é apenas
movimento. Entretanto, quando o funcionário possui um gerador
interno, isto sim é motivação, pois não será necessário um estímulo
externo. O funcionário terá vontade de executar as tarefas.
21
Dessa forma, enquanto que para Maslow todas as necessidades
motivam e provocam satisfação, para Herzberg não são todas as
necessidades que motivam, pois algumas apenas evitam a não-
satisfação, segundo ele, no que se refere ao ambiente de trabalho o
oposto de sat isfação não seria a insatisfação, mas sim a falta de
satisfação no trabalho.
De acordo com Hampton (2004), as idéias de Herzberg combinam
com as de Maslow: Os motivadores contribuem essencialmente para a
satisfação das necessidades de ordem mais elevada: estima e auto-
realização. A Figura II adiante ilustra essa combinação.
FIGURA II
COMPARAÇÃO ENTRE A HIERARQUIA DE MASLOW E OS FATORES
DE MOTIVAÇÃO DE HERZBERG
A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW
OS FATORES DE MOTIVAÇÃO DE HERZBERG
Auto-realização
Realização O trabalho em si Responsabil idade Crescimento
Estima Avanço Reconhecimento “Status”
Afeto
Relações Interpessoais Supervisão Colegas Subordinados
Segurança
Polít icas e administração da empresa Segurança no trabalho Condições de trabalho
Fisiológicas Salário Vida pessoal
FONTE: Hampton, 2004, p. 49
22
A partir do quadro exposto, é possível traçar uma comparação
acerca das hierarquias de necessidades de Maslow e os fatores de
motivação de Herzebeg, onde se observa que os fatores motivacionais
relacionam-se a satisfação das necessidades, sendo a primeira na
escala a auto-realização, primordial para o crescimento do prof issional,
bem como sua estima como reconhecimento de suas qualif icações
dentro da organização.
3.2.3 — As idéias de McGregor: As teorias X e Y
Os seres humanos trabalham para satisfazer suas necessidades,
mas nem sempre todas as pessoas conseguem alcançar seus objetivos,
do que resulta o maior ou menor grau de insatisfação. A empresa
também precisa satisfazer suas necessidades, produzindo bens e
serviços através da força de trabalho dos funcionários, obtendo,
através desta, um correspondente valor econômico. (MCGREGOR,
2001)
Esse autor identif icou dois conjuntos diferentes de suposições
que os administradores fazem sobre o comportamento de seus
subordinados, que chamou de Teoria X e Teoria Y. As teorias de
McGregor foram de grande importância para o estudo dos aspectos
motivacionais ao relacionar o nível de maturidade do indivíduo com seu
potencial de realização no ambiente de trabalho. As teorias X e Y
mostram dois comportamentos de gerentes: um voltado para aspectos
mais autoritários: teoria X, que tem uma visão negativa do ser humano
23
e acredita que o homem só trabalha se for vigiado de perto ou por
recompensa material. O outro, de esti lo mais democrático: teoria Y, que
entende que o indivíduo, se motivado, pode desempenhar bem suas
tarefas sem a necessidade de um controle r igoroso, deseja o
crescimento e o desenvolvimento no ambiente de trabalho e é capaz de
assumir responsabil idades. A seguir consta uma abordagem mais
detalhada de cada uma das teorias.
3.2.3.1 — Teoria X
Reflete um est ilo de administração duro, rígido e autocrático, que
impõe aos trabalhadores esquemas e padrões previamente def inidos,
visando exclusivamente os interesses da organização.
De acordo com a visão de McGregor (2001) na teoria X o homem
tem uma visão negativa do trabalho. A própria palavra trabalho ( do
latim t r ipal ium – instrumento de tortura), labor (do latim oris – dor e
fadiga experimentada na realização de um trabalho) revelam o caráter
sacrif icial do trabalho.
Sob a visão de Vianna (2000), são quatro as premissas dos
executivos na teoria X:
1. Os funcionários, por natureza, não gostam de trabalhar e, sempre
que possível, tentarão evitar o trabalho.
2. Como eles não gostam de trabalhar, precisam ser coagidos,
controlados ou ameaçados com punições para que atinjam as
metas.
24
3. Os funcionários evitam responsabil idade e buscam orientação
formal sempre que possível.
4. A maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos
os fatores associados ao trabalho e mostra pouca ambição.
Sobre a teoria X tem-se uma visão negativa do trabalhador. Eles
são vistos como preguiçosos, interesseiros e irresponsáveis. Nesse
caso deve haver forte controle para que eles trabalhem. Nessa teoria
os administradores adotam uma postura coercit iva para com seus
subordinados, buscando direcioná-los, controlá-los e supervisioná-los
estr itamente. Consideram que para motivá-los é necessário empregar
recursos como promoções e aumentos salariais.
3.2.3.2 — Teoria Y
Baseia-se em aspectos de motivação, criando condições para que
os subordinados possam se desenvolver e al iar seus objetivos pessoais
ao objetivo da empresa. É um est ilo de administração muito aberto e
dinâmico, extremamente democrático, através do qual administrar é um
processo de criar oportunidades, l iberar potencialidades, remover
obstáculos, encorajar o crescimento individual e proporcionar
orientação quanto a objetivos.
Sob a visão da teoria Y o trabalhador tem condições de realizar
bem suas tarefas se forem adequadamente motivados. Nessa teoria os
administradores consideram que os funcionários são responsáveis e
25
capazes de resolver problemas organizacionais. Os adeptos da Teoria
Y procuram, em geral, delegar tarefas e dar apoio a seus subordinados,
eles acreditam que para essas pessoas o trabalho constitui fonte de
prazer. Então, para motivá-los, o gerente deve buscar alternativas mais
pessoais, como: propiciar a sensação de realização, a oportunidade de
exercitar a criatividade ou executar uma atividade desafiadora para
poder alcançar a motivação nos funcionários.
Recursos como promoções e aumentos salariais são,
normalmente, muito l imitados, as pessoas sob o ponto de vista do
administrador na teoria Y têm necessidades de auto-realização mais
acentuadas que os desejos materiais.
26
4 — AMBIENTE ORGANIZACIONAL NOS DIAS DE HOJE
4.1 — Sistemas de Administração
É importante observar que administrar e fazer a gestão das
pessoas nos diferentes níveis hierárquicos das organizações torna-se
cada vez mais complexo e imprescindível. O Endomarketing, pela sua
própria natureza está baseado na condição de que uma empresa
depende, claramente, da contribuição das pessoas que a compõem.
Os modernos sistemas de administração se baseiam na f i losof ia
de cada empresa e podem assumir estratégias mais ou menos
complexas. Hoje em dia é muito valorizada a gestão por competências.
Nesse sentido, Fleury e Fischer (2004) esclarecem que:
Na busca pela maximização de resultados, as empresas estão repensando seus modelos de gestão e conseqüentemente invest indo em seu patr imônio e capital intelectual. ( . . .) adquir ir , usar, mobi l izar, integrar, desenvolver e transferir conhecimentos, recursos, habil idades e experiências que agreguem valor à organização e valor social ao indivíduo. (p.47)
A gestão por competências está ganhando cada vez mais espaço.
A administração moderna, visando ações ágeis e concisas reconhece
capacidades individuais como talentos e potenciais humanos essenciais
ao crescimento empresarial. Assim, os processos por competência
27
permitem o acompanhamento mais adequado das ações, bem como
oferecem melhores resultados.
A necessidade de agregar algum tipo de valor ao indivíduo e à
organização indica, nos tempos atuais, a gestão por competência. A
idéia básica é a de focar a contribuição efetiva da pessoa e os
resultados do seu trabalho. Esse modelo de gerenciamento vem
suprindo a lacuna da tecnologia operacional, no sentido de que
competências englobam conhecimentos e habilidades na busca de
resultados.
De acordo com Fleury e Fischer (2004), as principais etapas do
processo de gestão por competências são:
— Identif icação das competências dos cargos e
funções;
— Descrição objet iva de cada competência;
— Levantamento dos indicadores de resultados;
— Elaboração de instrumentos de avaliação das
competências, conforme gerenciamento de
desempenho empregado pela empresa.
A partir daí, os subsistemas de recursos humanos devem estar
atrelados aos princípios da gestão por competência, incluindo-se,
principalmente, mecanismos de feedback (retroal imentação), como
28
reuniões periódicas, coaching1 (treinamento), mentoring2 (mentoria)
entre outros procedimentos que cada sistema de administração decide
adotar.
De um modo geral, pode-se af irmar que novas tecnologias de
gestão valorizam modelos que prezem a comunicação e a informação
como alicerces aos processos de desenvolvimento. Nessa l inha, o
reconhecimento do ser humano com potencial e talento em contextos
empresariais impulsiona o surgimento de novas técnicas e métodos de
interação e crescimento das potencialidades funcionais.
Nessa l inha, programas de treinamentos, gerenciamento de
desempenhos, estilos de l iderança entre outros compõem essa
realidade dinâmica de gestão de pessoas, representando uma nova e
ef icaz arma das empresas para enfrentarem o desafio das intensas e
rápidas mudanças que marcam os tempos atuais. Treinamentos,
desenvolvimentos de equipes e de l ideranças assumem um signif icado
todo especial enquanto estratégia de crescimento empresarial,
encontrando-se, nesse contexto, as propostas de Coaching e
Mentoring , que, na verdade, já são bastante empregadas em países
desenvolvidos. Trata-se, de fato, de metodologias l igadas ao processo
de educação, formação, treinamento e desenvolvimento de pessoal.
1 O Coaching e s tá mais vo ltado ao sent ido l i teral do termo em inglês, r epresentando, por tanto , a pos tura de um técnico que atua dire tamente com seus t re inandos. Essa metodologia tem o foco diretamente relacionado ao ambiente de negócios , i s to é , contextos exc lus ivamente organizac iona is . 2 O Mentoring , que em português identi f ica-se com mentor ia , tem uma abrangênc ia maior com vistas ao desenvolvimento do ind ivíduo como um todo, u l trapassando os l imi tes do traba lho, o que permi te concluir que o Coaching es tar ia contido no Mentoring .
29
Nos modelos de gestão de pessoas por competências vale, ainda,
destacar as competências gerenciais. Essas reforçam as
características encontradas no perf i l de um líder. De fato a ‘ l iderança’
constitui-se uma das principais competências gerenciais. Outras podem
ser relacionadas: Comunicação, Autodesenvolvimento, Motivação,
Trabalho em Equipe, Ef icácia Interpessoal e Orientação para Mudança.
4.2 — Endomarketing e Cultura Organizacional
Para a adequada compreensão do Endomarketing, é
indispensável abordarmos o conceito e os elementos fundamentais da
cultura organizacional de uma empresa. A elaboração de um estudo a
respeito do conceito de cultura organizacional deve levar em conta a
cultura como um processo de social ização e sol idif icação de valores,
assim como de formas de organização. Cultura Organizacional
representa um padrão de pressupostos sócio-culturais básicos
aprendidos e part i lhados por um grupo.
Segundo Schein (2001), a cultura pode ser entendida como um
processo organizado e heterogêneo que é passado de uma geração
para a outra, tanto na sociedade como nas organizações. No entanto, o
que é essencial à cultura não é revelado de imediato aos novos
membros, mas somente após participarem dos círculos em que os
valores são part i lhados. Segundo o autor, a cultura organizacional
possui níveis de desenvolvimento, que ele chamou de artefatos,
valores e pressuposições básicas.
30
Os Artefatos são os produtos visíveis dos grupos, como a
linguagem, tecnologia, produtos, disposit ivos emocionais, mitos e
estórias contadas sobre a organização, l istas públicas de valores,
rituais e cerimônias observáveis etc. Para efeitos de análise de cultura,
este nível inclui o comportamento visível do grupo e os processos
organizacionais compondo rotinas. É um nível fáci l de ser observado,
porém, dif íci l de ser decifrado. O observador pode descrever o que
percebe, mas não pode reconstruir o que de fato signif ica.
Schein (2001) diz que os valores são confirmados apenas pela
experiência social parti lhada de um grupo. Em um nível consciente,
predizem grande parte do comportamento que pode ser observado.
Contudo, se estes valores não forem baseados em aprendizagem
prévia, podem ref letir signif icados sem estarem sintonizados à
real idade.
Dessa forma, os valores congruentes com os princípios
organizacionais, sua articulação poderá manter a coesão de um grupo,
servindo como uma origem de identidade e missão central.
E por f im, as pressuposições básicas representam as hipóteses
confirmadas e assumidas pela cultura. Quando uma solução para um
problema funciona de modo repetit ivo, ela passa a ser t ida por certa. O
que uma vez era apenas uma hipótese, sustentada somente por um
valor, passa gradualmente a ser tratada como uma realidade.
Pressuposições básicas, nesse sentido, diferem do que alguns
antropólogos chamam de orientações valorat ivas dominantes, no
sentido de que tais orientações dominantes ref letem a solução
31
preferida entre alternativas básicas (Schein, 2001). Porém, todas as
alternat ivas são visíveis na cultura, e qualquer membro do grupo
cultural pode comportar-se de acordo com essas orientações variantes
e dominantes. As pressuposições básicas, por outro lado tornam-se tão
certas que se encontram pequenas variações dentro de uma unidade
cultural, já que realmente guiam o comportamento dos membros do
grupo.
Portanto, pode-se depreender da explicação de Schein (2001) que
a cultura organizacional abrange convicções, normas, e suposições que
são garantidas coletivamente pelos membros de uma organização.
Surge, evolui, sobrevive e se modif ica em uma abordagem histórica,
dinâmica e funcional. Seu processo de formação cultural é idêntico ao
processo de formação de grupos, no que se refere à essência de
identidade grupal (padrões compart i lhados de pensamentos, crenças,
sentimentos e valores).
Conforme Freitas, (1997) nos anos oitenta, a evolução dos
estudos organizacionais privi legiou a cultura organizacional. Isto, na
opinião da autora, surgiu como modismo, que por vezes caracteriza um
campo de conhecimento. Nos dias de hoje o assunto é praticamente
obrigatório nas discussões de análises administrativas, no dia-a-dia
das empresas, fazendo parte do escopo da Teoria das Organizações.
Neste sentido, Motta e Caldas (1997), referem-se à cultura com
conceitos antropológico e sociológico, comportando múltiplas
def inições. Ressaltam que o estudo das formas assumidas pela cultura
sob a ót ica do cotidiano das organizações ainda é relativamente
32
recente, ponto de vista também comparti lhado por Freitas (1997).
Ambos autores acrescentam que ainda há alguns anos atrás, persistia
a crença de que regras gerais da cultura deveriam ser apl icadas
indist intamente às situações de trabalho e às organizações em geral,
sem qualquer personalização ao contexto em que estavam inseridas.
Todavia, a demanda pelo aprofundamento de estudos e uma
busca de sua compreensão conduziu a novas conclusões. Isto é, o
modo pelo qual o comportamento das organizações se pauta pela
cultura do grupo social. As organizações são compostas por pessoas,
únicas, diferentes. As pessoas levam para as organizações os seus
valores, at itudes, crenças, códigos, part icularidades da educação
recebida. No ambiente de trabalho, trocam, interagem, assim criando e
solidif icando no ambiente de trabalho, uma cultura.
Segundo Fleury e Fischer (2004), a cultura organizacional
equivale ao modo de vida da empresa. Considera todos os seus
aspectos e representa, de fato, o conjunto de crenças e hábitos
inst ituído através de normas, valores, atitudes e expectat ivas
comparti lhadas pelos respectivos membros da própria organização.
Portanto, ref lete a mentalidade de dir igentes e funcionários, motivo
pelo qual está diretamente ligada ao modelo de gestão das pessoas,
envolvendo todo o t ipo de relacionamento e interferindo diretamente na
dinâmica do Endomarketing.
33
4.3 — Cultura Organizacional, Comunicação e Endomarketing
Dentro da empresa a comunicação se const itui um instrumento
fundamental que é empregado para reduzir custos e prevenir conflitos.
Contudo, só recentemente as empresas brasileiras descobriram essas
vantagens.
A transparência surge, nesse contexto, como uma aliada não só
na informação, como também na relação com os parceiros
trabalhadores. Com a uti l ização da transparência, a discussão, por
exemplo, em torno das causas de um acidente ou da diminuição das
despesas pode ser feita sem nenhuma tensão. Daí se estabelecerá um
clima de confiança mútua (entre empresa e funcionário) que faci l ita a
comunicação e a solução de problemas. (BALDISSERA, 2000)
Freqüentemente, as relações entre funcionários e empresários
são marcadas pelo conflito, prejudicando visivelmente a comunicação
nas empresas. Os patrões eram caracterizados como exploradores, e
os sindicatos, como inimigos. Porém, nos últ imos anos, as empresas e
os colaboradores conseguem discut ir temas antes impensáveis, como
f lexibi l ização da jornada de trabalho, participação nos resultados,
aumento de produtividade e até dispensa de pessoal.
As autocrít icas e mesmo as crít icas estão começando a aparecer
no cotidiano das empresas em suas reuniões ou em suas publicações
internas. Verif ica-se que a crít ica aos métodos organizacionais ou de
produção é, muitas vezes, importante, pois é uma forma de mostrar que
algo vai errado, levando ao debate e à ref lexão. Porém, as empresas
34
vêem esse fato como algo negativo. A comunicação interna aparece
para reconhecer os esforços individuais e colet ivos e também para
mostrar as falhas. (Hampton, 1999)
Hoje, com a robotização, a automação e informatização, o
empregado é incentivado a conhecer o processo produtivo como um
todo e a tomar parte at iva dele, contribuindo para o aumento da
produtividade e da qualidade. No âmbito interno, a comunicação
desempenha um papel fundamental na mudança de mentalidade em
relação ao processo produtivo. Antes, cada empregado era confinado a
uma parte da produção, não tinha visão geral do processo e não era
estimulado a apresentar soluções globais.
Um dos maiores entraves à polít ica de comunicação das
empresas é a constituição de grupos que lutam por objetivos
diferentes. Os prof issionais de um setor implicam com os outros de
outros setores, levando a discussões sem fundamentos. A equação
dessas incompreensões e, às vezes, tolas vaidades, constitui passo
número um. O planejamento de uma polít ica de comunicação interna
deve integrar, de fato, as ações dos vários departamentos.
Endomarketing e comunicação caminham juntos O departamento
de comunicação pode ajudar na resolução de inúmeros problemas,
sendo uti l izado também para o contato com a corporação, com os
empregados, os fornecedores e outros parceiros. De modo geral, esse
departamento tem relacionamento tanto com o público externo quanto
com o interno.
35
É muito dif íci l atualmente uma empresa tomar decisões e
comunicá-las aos empregados de forma autoritária ou pouco
democrática, sem incentivar uma discussão, principalmente em setores
onde os trabalhadores são mais organizados. Al iás, a comunicação
está sempre associada à forma de condução das relações trabalhistas
pela empresa, se democrática ou autoritária, e à própria relação da
empresa com os órgãos de classe.
Paralelamente, com o advento de novos modelos organizacionais
voltados para a cooperação e a competência e a possibil idade de se
estabelecerem novas relações de trabalho não mais baseadas em
normas e regulamentos padronizados de mediação, mas na confiança,
desenha-se um novo cenário para a comunicação interna e, em
conseqüência, para o Endomarketing.
Além disso, as novas tecnologias de comunicação permitem
possibil idades i l imitadas de interação. É possível prever que, apesar da
impessoalidade desses novos meios e de algumas resistências, o
diálogo e a part icipação deverão ganhar maior espaço nas empresas. O
que redundará em um clima favorável à implantação de um autêntico
Endomarketing.
36
4.4 — Endomarketing e Liderança nas Empresas
Na era da globalização a gestão se tornou o símbolo da
administração moderna. Com maior proximidade entre as diferentes
economias houve gradativa perda de importância do poder local.
Também foram transformadas as relações de liderança, principalmente
a partir da Revolução Industrial, quando surgiram novos conceitos de
trabalho e produção (BENNIS 1995).
Nesse período ocorreu a ampliação da indústria e do comércio e
o desenvolvimento das teorias da Administração chamando atenção
para o aumento do número de pessoas nas empresas. Assim, t iveram
início estudos sobre a l iderança, que se tornaram suporte para o
gerenciamento de pessoas. E, nesse campo, tais pesquisas foram de
grande relevância por apontarem o reconhecimento de potencial e
talento.
Verif ica-se atualmente que todos os ambientes de trabalho são
compostos de equipes. Elas são consideradas ícones motivacionais da
vida prof issional, mas todos os grupos contam com seus líderes para
que as organizações alcancem sucesso. Nesse contexto, é essencial
que em qualquer análise sobre l iderança haja uma abordagem
comportamental e situacional
Em relação aos aspectos intelectuais, a fáci l adaptação a novos
ambientes, pessoas e situações em geral, o entusiasmo e a
autoconfiança são dominantes. Dentre as característ icas f ísicas,
energia, aparência e peso são semelhantes entre pessoas com traços
37
de liderança. Nas questões sociais, os traços mais marcantes são os
que l idam com habil idades interpessoais e administrat ivas, além da
facil idade de cooperação.
E no que diz respeito à realização de um feito ou uma tarefa, há
uma predisposição ao trabalho que se ref lete na persistência, na
iniciat iva e na vontade de realização.
Acreditava-se na condição congênita de liderança existente em
certos indivíduos. Mas atualmente sabe-se da possibi l idade concreta
do desenvolvimento desse perf i l .
A part ir dos estudos da teoria anterior, Chiavenato (1999) explica
que pesquisas de Kurt Lewin iniciadas entre 1940 e 1950 abordaram a
idéia dos est ilos de liderança, desde o autoritarismo até uma posição
mais l iberal.
Os diferentes est ilos de liderar, segundo os pressupostos dessa
teoria, podem ser classif icados em três grupos: Autocrata, Democrata e
Liberal.
Em um sistema autocrát ico, o l íder adota todas as diretrizes e
decisões sozinho. Não há consultas ou participações do grupo, que
participa apenas sendo orientado, sem condições de opinar. Além
disso, os integrantes são supervisionados de perto para que as tarefas
sejam realizadas de forma satisfatória (Stoner e Freeman, 1999). Esse
líder não leva em consideração as idéias de seus funcionários, não os
ouve. Apenas estabelece ordens para que sejam cumpridas.
Ao contrário do sistema autocrático, o democrático permite ampla
participação de todos os membros. O líder democrata busca motivar as
38
pessoas a real izar seu trabalho e, de acordo com Vergara (2003), até
as faz esquecer que são deveres. Como os integrantes têm grande
liberdade para expressar opiniões e sugestões, pode-se perceber a
valorização das relações interpessoais.
Embora possam parecer semelhantes devido à sua nomenclatura,
os l íderes democrata e l iberal não são similares. Enquanto o primeiro
se envolve nos processos e decisões, permitindo a participação dos
integrantes, mas exercendo um tipo de mediação, o líder de estilo
Liberal (Laissez-Faire) mostra pouco interesse no processo de
trabalho. Este t ipo de gerente permite que o grupo tome todas as
decisões e se omite de responsabil idades pelos erros provenientes
delas ou seus possíveis resultados (VERGARA, 2003).
Como se depreende desse breve estudo sobre l iderança na
empresa moderna, o Endomarketing depende muito de como as
pessoas buscam exercer seus papéis de l iderança através de uma
adequada interação.
39
5 — CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do presente estudo foi possível compreender a
inf luência do Endomarketing nas empresas. As teorias motivacionais
estudam através de várias abordagens, as necessidades que
inf luenciam na motivação do indivíduo.
A gestão de pessoas nas empresas torna-se fundamental nos
diversos níveis organizacionais. O sucesso da empresa dependerá da
responsabil idade e do comprometimento dos colaboradores. Por isso, a
necessidade de haver intensos programas de treinamento, de
liderança.
O estudo também abordou os elementos fundamentais da cultura
organizacional da empresa. Assim, a cultura da empresa é entendida
como um processo de social ização e solidif icação de valores difundidos
na organização.
Concluindo o estudo, vale destacar que compreender as técnicas
de Endomarketing é essencial porque se relaciona com os três t ipos de
público, o interno, o externo e o misto.
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6 — REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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