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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA FERNANDA NASCIMENTO DE OLIVEIRA FLORAIS DE BACH NO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): REVISÃO SISTEMÁTICA SÃO PAULO 2017

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA

FERNANDA NASCIMENTO DE OLIVEIRA

FLORAIS DE BACH NO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): REVISÃO SISTEMÁTICA

SÃO PAULO

2017

UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA

FERNANDA NASCIMENTO DE OLIVEIRA

FLORAIS DE BACH NO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): REVISÃO SISTEMÁTICA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN - SP, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Fatima Cristina Alves Branco Barreiro.

SÃO PAULO

2017

Oliveira, Fernanda Nascimento Florais de Bach no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): revisão sistemática / Fernanda Nascimento de Oliveira. -- São Paulo: [s.n.], 2016. 74 f. : il. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Anhanguera de São Paulo, Programa de Mestrado Profissional em Farmácia. Orientadora: Dra. Fatima Cristina Alves Branco-Barreiro 1. Essências florais. 2. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). 3. Tratamento. I. Título

Ao meu marido e companheiro Elvys Ferreira de Oliveira, que me incentivou ao desafio

do mestrado e não mediu esforços para que esse sonho se tornasse possível. Pelo amor

e compreensão nas minhas ausências, por me sentir amada e me ajudar a vencer.

AGRADECIMENTOS

À Deus, autor da minha vida, que tem me dado sabedoria, força, proteção e sustento.

Por tudo que tens feito e farás por mim.

Ao meu marido Elvys Ferreira de Oliveira, pelo amor, exemplo, suporte, incentivo e

compreensão.

À minha orientadora Profª. Drª. Fátima Cristina Alves Branco Barreiro, por acreditar em

mim e nesse estudo. Por ter contribuído significativamente com esse trabalho, pelo

exemplo, apoio e contribuição ao meu crescimento profissional e pessoal.

À minha família, pelo apoio, incentivo, compreensão e confiança.

À minha prima e amiga Rosana Nascimento, pelo exemplo, motivação e carinho.

Às professoras da banca examinadora, por contribuir imensamente com este trabalho.

Aos professores do programa de Mestrado, pelos conhecimentos fornecidos, paciência e

dedicação.

Aos colegas de mestrado, em especial à minha amiga Suéllen Pereira Rodrigues

Macedo, pelo suporte e companheirismo nessa jornada.

A todos meus sinceros agradecimentos.

RESUMO OLIVEIRA, F. N. Florais de Bach no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

(TDAH): revisão sistemática. 2016. Dissertação (Programa de Mestrado Profissional

em Farmácia) – Universidade Anhanguera de São Paulo, São Paulo, 2016.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do

neurodesenvolvimento caracterizado pelos sintomas de desatenção, impulsividade e

hiperatividade incompatíveis com o nível de desenvolvimento e que podem afetar

negativamente o desempenho escolar de crianças. Seu tratamento envolve o uso do

metilfenidato, que tem efeitos adversos importantes a longo prazo. O uso de terapias

complementares para tratamento de distúrbios, como o TDAH, é crescente e, dentre

essas terapias destaca-se a chamada terapia floral, que é realizada por meio do uso dos

florais de Bach, extratos líquidos naturais e altamente diluídos de flores, plantas e árvores

do campo. O objetivo deste estudo foi revisar e analisar os resultados de estudos

primários sobre o efeito da terapia floral no Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade (TDAH). Desse modo, elaborou-se uma estratégia de busca nas seguintes

bases de dados: National Library of Medicine (PubMed), Lilacs, ScienceDirect (Elseiver),

Scielo, Cochrane Library, PsycARTICLES, no Banco de Teses e Dissertações da CAPES

(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e foram realizadas

buscas em outras fontes manualmente, com palavras-chave específicas. Os desfechos

avaliados foram a avaliação da melhora e a resolução dos sintomas. Foram incluídos

neste estudo ensaios clínicos controlados, que utilizaram intervenção com terapia floral

em crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH, publicados entre 2001 e 2016,

em inglês, espanhol ou português. Foi realizada a análise da qualidade metodológica das

pesquisas por meio da escala Physiotherapy Evidence Database (PEDro). Foram

encontrados 947 artigos e após a avaliação da elegibilidade, restaram quatro estudos

que foram incluídos na síntese qualitativa. Dentre os quatro, três relatam melhora dos

sintomas do TDAH com a terapia floral e um não identificou diferença estatística

significativa entre o tratamento ativo e o uso de placebo. A análise da qualidade

metodológica das pesquisas mostrou que somente o estudo que não encontrou evidência

da eficácia da terapia floral no TDAH apresentou delineamento de boa qualidade, com

elevado grau de evidência científica, segundo a escala PEDro. Portanto, os achados dos

estudos identificados nesta revisão não são suficientes para determinar o efeito da

terapia floral sobre o TDAH.

Palavras–Chave: Essências florais. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

(TDAH). Tratamento.

ABSTRACT

OLIVEIRA, F. N. Bach flowers in Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD):

systematic review. 2016. Dissertation (Professional Master's Program in Pharmacy) -

Anhanguera University of São Paulo, São Paulo, 2016.

Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD) is a neurodevelopmental disorder

characterized by inattention, impulsivity, and hyperactivity symptoms, incompatible with

developmental level, and which may negatively affect the school performance of children.

Its treatment involves the use of methylphenidate, which has important long-term adverse

effects. Use of complementary therapies for the treatment of disorders, such as ADHD, is

increasingly sought, and among these therapies stands out the so-called floral therapy,

which is performed through the use of Bach flower essences, natural and highly diluted

liquid extracts of flowers, plants and trees. The aim of this study was to review and analyze

the results of primary studies on the effect of flower therapy on Attention-

Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD). Thus, a search strategy was developed in the

following databases: National Library of Medicine (PubMed), Lilacs, ScienceDirect

(Elseiver), Scielo, Cochrane Library, PsycARTICLES, theses and dissertations database

of the Coordination of Improvement of Higher Education Personnel (CAPES). Manual

searches were with the specific keywords were also conducted. The assessed outcomes

were the evaluation of improvement and resolution of symptoms. Controlled clinical trials

that used intervention with flower therapy in children and adolescents diagnosed with

ADHD, published between 2001 and 2016, in English, Spanish or Portuguese were

included in this review. The methodological quality of the research was analyzed through

the Physiotherapy Evidence Database (PEDro) scale. A total of 947 articles were found

and after the eligibility evaluation, four studies were included in the qualitative synthesis.

Among them, three reported improvement of ADHD symptoms with flower therapy and

one did not identify statistically significant difference between active treatment and

placebo use. The analysis of the methodological quality of the researches showed that

only the study that did not find evidence of the effectiveness of flower therapy in ADHD

presented good quality design, with a high degree of scientific evidence according to

PEDro. Therefore, the findings of the studies identified in this review are not sufficient to

determine the effect of flower therapy on ADHD.

Key words: Flower essences. Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD).

Treatment.

LISTA DE ABREVIATURAS

ABDA Associação Brasileira do Déficit de Atenção

APA American Psychiatric Association

CAP Childhood Attention Profile

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CFP Conselho Federal de Psicologia

CID -10 Classificação Internacional de Doenças – 10º edição

CIS Columbia Impairment Scale

DSM - 5 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5º edição

ECR Ensaio Clínico Randomizado

LILACS Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe

ML Mililitro

MG Miligramas

OMS Organização Mundial de Saúde

PEDro Physiotherapy Evidence Database

PICO Participantes, Intervenção, Controle e Outcomes (desfechos).

PubMed Serviço da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos para acesso

gratuito ao Medline

PRISMA Principais Itens para Relatar Revisões e Meta-análises

RS Revisão Sistemática

SciELO Scientific Electronic Library Online

SNGPC Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados

SNC Sistema Nervoso Central

TDAH Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

TCC Terapia Cognitivo Comportamental

WISC Wechsler Intelligence Scale for Children

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Florais de Bach para a solidão .................................................................. 19

Quadro 2 Florais de Bach para os que sentem medo ............................................... 19

Quadro 3 Florais de Bach para os que sofrem de indecisão ..................................... 20

Quadro 4 Florais de Bach para a falta de interesse pelas circunstâncias atuais ...... 21

Quadro 5 Florais de Bach para os que são susceptíveis a influências e ideias

alheias.................. .................................................................................... 21

Quadro 6 Florais de Bach para aqueles que se preocupam excessivamente com o

bem-estar dos outros ................................................................................ 22

Quadro 7 Florais de Bach para o abatimento ou desespero ..................................... 23

Quadro 8 Estratégias de busca de acordo com as bases de dados ......................... 42

Figura 1 Fluxograma da seleção dos artigos da revisão sistemática: Identificação,

Seleção, Elegibilidade e Inclusão .............................................................. 47

Quadro 9 Artigos selecionados para leitura na íntegra excluídos por não avaliar os

efeitos das essências florais de Bach no tratamento do TDAH ................ 48

Quadro 10 Artigos selecionados para leitura da íntegra excluídos por não apresentar

grupo controle .......................................................................................... 49

Quadro 11 Artigos selecionados para leitura da íntegra excluídos por ser estudos de

revisão ..................................................................................................... 49

Quadro 12 As essências florais utilizadas nos estudos incluídos ................................ 52

Quadro 13 Resultados dos dados extraídos dos estudos incluídos ............................ 53

Quadro 14 Análise metodológica dos estudos por meio da escala PEDro ................. 54

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 14

2.1 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE ................... 14

2.1.1 Tratamento do TDAH ........................................................................................... 22

2.2 FLORAIS DE BACH............................................................................................ 27

2.2.1 AS ESSÊNCIAS FLORAIS DE BACH .................................................................. 32

2.2.2 Terapia Floral no TDAH ...................................................................................... 38

3 OBJETIVO ......................................................................................................... 39

4 MÉTODO ........................................................................................................... 40

4.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................. 40

4.2 POPULAÇÃO – ALVO......................................................................................... 40

4.2.1 Critérios de inclusão ........................................................................................... 40

4.2.2 Critério de exclusão ............................................................................................ 40

4.3 COLETA DE DADOS E ESTRATÉGIA DE BUSCA ............................................ 41

4.4 AVALIAÇÃO DA ELEGIBILIDADE: TRIAGEM DOS ARTIGOS PELA LEITURA DO

TÍTULO E RESUMO ........................................................................................... 43

4.5 AVALIAÇÃO DA ELEGIBILIDADE PELA LEITURA DO MANUSCRITO EM TEXTO

COMPLETO E EXTRAÇÃO DE DADOS ............................................................ 43

4.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS ESTUDOS ................................................. 44

5 RESULTADO ..................................................................................................... 46

5.1 CARACTERÍSTICAS DAS AMOSTRAS ............................................................. 49

5.2 DESFECHOS AVALIADOS ................................................................................ 50

5.3 DESENHO METODOLÓGICO ........................................................................... 50

5.4 INTERVENÇÃO .................................................................................................. 51

5.5 EFEITOS DA INTERVENÇÃO ........................................................................... 52

5.6 VIÉSES .............................................................................................................. 52

5.7 QUALIDADE DA EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DOS ESTUDOS INCLUÍDOS NA

PRESENTE REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA ................................. 54

6 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 55

7 CONCLUSÃO .................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 64

ANEXOS ....................................................................................................................... 70

121 INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do

neurodesenvolvimento, caracterizado pelos sintomas de desatenção, impulsividade e

hiperatividade, inapropriados com a idade ou nível de desenvolvimento e prejudiciais ao

funcionamento social, familiar, acadêmico e profissional.

O impacto do TDAH na vida da criança e em seus cuidadores é significativo e pode

gerar consequências como dificuldades emocionais, problemas nos relacionamentos

familiares e baixo desempenho escolar. Uma amostra substancial de crianças com TDAH

permanece prejudicada até a vida adulta.

O TDAH é o transtorno mais comum no contexto escolar, sua incidência tem

aumentado significadamente nos últimos anos. Seu diagnóstico é fundamentalmente

clinico, mas requer um olhar global e interdisciplinar, bem como o seu tratamento

necessita de uma abordagem sistêmica, abrangendo os diferentes contextos e pessoas

com quem os indivíduos com TDAH convivem, afinal este é um transtorno fruto de

circunstâncias internas e externas.

Além das intervenções psicossociais, pedagógicas e fonoaudiólogas, a

medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento do TDAH, sendo o cloridrato

de metilfenidato (nome comercial Ritalina® e Concerta®) a droga mais utilizada. Esse

medicamento aumenta a capacidade de concentração, ajuda a controlar o

comportamento impulsivo e, consequentemente, melhora o desempenho escolar. No

entanto, o uso do metilfenidato é controverso, uma vez que o uso prolongado pode gerar

efeitos adversos importantes.

Nos últimos anos, o interesse da população e dos profissionais da área da saúde

por terapias complementares e alternativas para o tratamento de enfermidades, como o

TDAH, vem crescendo cada vez mais, em decorrência da insatisfação com os resultados

da medicina tradicional associada a maiores níveis de cuidado atribuídos aos

profissionais que aplicam essas terapias. Muitas delas estão sendo difundidas no Brasil,

algumas com efetividade reconhecida e outras não, e dentre elas está a terapia floral.

13

A terapia floral foi desenvolvida pelo médico inglês Edward Bach na década de

1930 e conta com um repertório de 38 essências preparadas com finalidade e

propriedades terapêuticas, agrupadas em sete grupos: para os que sentem medo, que

sofrem de indecisão, que sentem solidão, para a falta de interesse no presente, para a

hipersensibilidade a influências e opiniões, para o desalento ou desespero e para a

excessiva preocupação com o bem-estar.

Essas essências, conhecidas popularmente como florais de Bach, são extratos

líquidos naturais e altamente diluídos de flores, plantas e árvores do campo, que tratam

desequilíbrios no sistema emocional e desordens da personalidade e não condições

físicas. Podem ser usadas concomitantemente a outros tratamentos, além de não

apresentarem efeitos colaterais.

A terapia com os florais de Bach é considerada como integrativa e complementar,

e tem sido utilizada como uma alternativa para o tratamento dos sintomas do TDAH, tendo

em vista os possíveis efeitos adversos do uso do metilfenidato.

Entretanto, não existem evidências científicas da eficácia da terapia floral no

tratamento de transtornos como o TDAH e alguns estudos apontam para um possível

efeito placebo desse tipo de tratamento.

Um dos problemas com relação à utilização dos florais em estudos científicos está

relacionado ao fato da terapia floral ser personalizada, ou seja, o composto a ser utilizado

por cada paciente deve ser indicado a partir de suas necessidades pessoais. Desse

modo, os estudos tendem a utilizar uma formula única para um grupo de pacientes, como

é o caso do Rescue Remedy, que é uma fórmula composta por cinco essências florais

para situações emergenciais. Estudos com transtornos crônicos como o estresse, a

ansiedade e o TDAH muitas vezes utilizam esse composto, que talvez não seja o mais

adequado por se tratar de um medicamento para condições agudas.

Não foi encontrada revisão de literatura especifica sobre o efeito da terapia floral

sobre o TDAH.

Nesse sentido, o objetivo deste estudo é revisar e analisar os estudos primários

disponíveis na literatura sobre o efeito da terapia floral no TDAH.

14

2 REVISÃO DA LITERATURA

Esse capítulo não obedecerá a ordem cronológica, mas sim a de encadeamento

das ideias.

2.1 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

De acordo com o DSM-5, o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento

definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-

impulsividade. A desatenção manifesta-se como divagação em tarefas, falta de

persistência, dificuldade de manter o foco, desorganização, aparência de não ouvir e

perda de materiais, em níveis inapropriados com a idade ou o nível de desenvolvimento.

A hiperatividade-impulsividade referem-se a atividade excessiva, inquietação,

incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e

incapacidade de aguardar, ações precipitadas - sintomas que são excessivos para a

idade ou o nível de desenvolvimento (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA,

2014).

O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no

funcionamento social, acadêmico e profissional. As características associadas podem

incluir baixa tolerância a frustração, irritabilidade ou labilidade do humor. Mesmo na

ausência de um transtorno específico da aprendizagem, o desempenho acadêmico ou

profissional costuma estar prejudicado. No início da vida adulta, o TDAH está associado

a risco aumentado de tentativa de suicídio, principalmente quando em comorbidade com

transtornos do humor, da conduta ou por uso de substância. As manifestações do

transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente (APA, 2014).

15

Freitas (2013) considera o TDAH como a “epidemia de nosso tempo”, pela sua

incidência crescente e em curto período de tempo. Estudos têm demonstrado que o

TDAH aparece com maior frequência na primeira infância e é o transtorno mais comum

no contexto escolar (CARVALHO et al, 2012). Segundo Barkley (2008), atualmente o

TDAH é um dos temas mais estudados em crianças em idade escolar e umas das

principais fontes de encaminhamento de crianças ao sistema de saúde.

Conforme o DSM-5, o TDAH ocorre na maioria das culturas em cerca de 5% das

crianças e 2,5% dos adultos, com maior frequência no sexo masculino do que no feminino

na população em geral, com uma proporção de cerca de 2:1 nas crianças e de 1,6: 1 nos

adultos (APA, 2014).

Segundo Rohde e Halper (2004), a proporção entre meninos e meninas afetados

varia de aproximadamente 2:1 em estudos populacionais até 9:1 em estudos clínicos.

Para esses autores, a diferença entre essas proporções pode ser explicada pelo fato das

meninas apresentarem o TDAH com predomínio de desatenção e menos sintomas de

conduta em comorbidade, causando menos incômodo às famílias e à escola, e, portanto,

serem menos encaminhadas a tratamento.

O TDAH tem recebido designações diferentes ao longo do tempo. Sua primeira

descrição oficial foi em 1902, quando o pediatra inglês George Still descreveu dados

clínicos de crianças com sintomas de TDAH e condutas infantis. Para ele, o transtorno

poderia ser hereditário ou decorrente de uma doença cerebral aguda e estar associado

a um retardo intelectual (BARKLEY, 2008).

Nos anos de 1917 e 1918, o interesse pelo TDAH foi despertado em decorrência

de um surto de encefalite ocorrido na América do Norte, quando inúmeras crianças que

sobreviveram à essa infecção cerebral passavam a apresentar grande parte dos

sintomas que hoje faz parte do diagnóstico de TDAH. Na ocasião o transtorno era

chamado de “distúrbio comportamental poscefálico”. Na década de 1940, surgiu a

denominação “lesão cerebral mínima”, para tentar designar as causas do transtorno

(BARKLEY, 2008).

Entre os anos de 1950 e 1960, o termo evolui para “disfunção cerebral mínima”,

compreendendo que as características da síndrome eram mais relacionadas a disfunções

nas vias nervosas do que a lesões nas mesmas. Em 1950, iniciaram-se as investigações

16sobre os sintomas comportamentais e os mecanismos neurológicos por trás destes. O

termo utilizado passou a ser “transtorno de impulso hipercinético”. Acreditava-se que o

tratamento poderia ser feito em salas de aula com estimulação reduzida, como também

já se começava a considerar os medicamentos estimulantes. Em 1970, o comportamento

hiperativo era atribuído a causas psicológicas, bem como, era associado aos problemas

de desatenção. Os medicamentos estimulantes receberam ainda mais prestigio para os

sintomas comportamentais. Outro marco da década de 1970 foi a adoção de escalas de

avaliação da hiperatividade para pais e professores. Na década de 1980, houve uma

ênfase no desenvolvimento de critérios diagnósticos mais específicos da hiperatividade

em comparação a outros transtornos. A partir de 1990, houve um aumento significativo

nas pesquisas de base neurológica e genética (BARKLEY, 2008).

Em 1980, a APA usou pela primeira vez o termo “Distúrbio de Déficit de Atenção”,

buscando explicar a fenomenologia dos sintomas. Em 1968, o DSM-2 incluiu as

“desordens comportamentais da infância e adolescência” e passou denominar o

transtorno de “Reação Hipercinética”, enfatizando o papel da hiperatividade na síndrome.

O DSM-3 introduziu a denominação “Distúrbio do Déficit de Atenção com ou sem

hiperatividade”, enfatizando que poderia existir o distúrbio de atenção, sem a

hiperatividade. Já no DSM-4 o distúrbio passou a ser caracterizado como transtorno,

incluindo como sintomas a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade e distinguindo

em subtipos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo e

combinado. Em sua revisão, passou a considerar o termo “Transtorno de Déficit de

Atenção/Hiperatividade” (BENCZIK, 2002; LIMA, 2005; BARKLEY, 2008). No DSM-5,

manteve-se a nomenclatura “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade”, e o

considerou como um transtorno do neurodesenvolvimento determinado por níveis

prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade, com

diferentes apresentações (APA, 2014).

A etiologia do TDAH ainda não está claramente definida, o DSM-5 considera os

fatores ambientais, genéticos e fisiológicos como fatores de risco e de prognóstico. Como

fatores ambientais, ele descreve baixo peso ao nascer (menos de 1.500 gramas),

tabagismo na gestação, história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos,

exposição a neurotoxina (ex. chumbo), infecções (ex. encefalite) ou exposição ao álcool

17no útero ou a toxinas ambientais. Como fatores genéticos e fisiológicos, o TDAH é

frequente em parentes biológicos de primeiro grau com o transtorno. A herdabilidade do

TDAH é substancial. O TDAH não está associado a características físicas específicas,

ainda que taxas de anomalias físicas menores possam ser relativamente aumentadas.

Atrasos motores sutis e outros sinais neurológicos leves podem ocorrer. Padrões de

interação familiar no começo da infância provavelmente não causam TDAH, embora

possam influenciar seu curso ou contribuir para o desenvolvimento secundário de

problemas de conduta (APA, 2014).

O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, baseado em critérios

diagnósticos estabelecidos pela APA e/ou pela OMS (ABDA, 2013). Até o momento, não

existem testes físicos, psicológicos ou neurológicos capazes de provar a presença do

TDAH em um indivíduo (PHELAN, 2005).

A OMS desenvolveu a Classificação Internacional de Doenças (CID), que em sua

10º edição, define o Transtorno Hipercinético (TDAH) como: um grupo de transtornos

caracterizados por início precoce (habitualmente durante os cinco primeiros anos de

vida), falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo, e uma

tendência a passar de uma atividade a outra sem acabar nenhuma, associadas a uma

atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva. Os transtornos podem ser

acompanhados de outras anomalias. As crianças hipercinéticas são frequentemente

imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes e incorrem em problemas disciplinares

mais por infrações não premeditadas de regras que por desafio deliberado. Suas relações

com os adultos são frequentemente marcadas por uma ausência de inibição social, com

falta de cautela e reserva normais. São impopulares com as outras crianças e podem se

tornar isoladas socialmente. Estes transtornos se acompanham frequentemente de um

déficit cognitivo e de um retardo específico do desenvolvimento da motricidade e da

linguagem. As complicações secundárias incluem um comportamento dissocial e uma

perda de autoestima (OMS, 2008).

De acordo com a CID-10, são necessários seis sintomas de desatenção, três de

hiperatividade e um de impulsividade para designar o Transtorno Hipercinético. Para o

diagnóstico, esses três tipos de sintomas devem estar presentes em diferentes contextos

18e situações, bem como descartar a presença de comorbidades (exceto o Transtorno de

Conduta) (OMS, 2008).

A APA desenvolveu o DSM, manual utilizado amplamente em todo mundo, que

em sua 5º edição, define os seguintes critérios para o diagnóstico do TDAH (APA, 2014):

Desatenção:

a. Não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas

escolares, no trabalho ou durante outras atividades;

b. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;

c. Parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente;

d. Não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares,

tarefas ou deveres no local de trabalho;

e. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades e em cumprir prazos;

f. Evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental

prolongado;

g. Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;

h. É facilmente distraído por estímulos externos;

i. É esquecido em relação a atividades cotidianas.

Hiperatividade e impulsividade:

a. Remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira;

b. Levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado;

c. Corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado;

d. É incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente;

e. Age como se estivesse “com o motor ligado";

f. Fala demais;

g. Deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída;

h. Tem dificuldade para esperar a sua vez;

i. Interrompe ou se intromete.

Para caracterizar o TDAH são necessários seis (ou mais) sintomas de desatenção,

bem como seis (ou mais) sintomas de hiperatividade/impulsividade com ampla

frequência. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco

19sintomas de Desatenção e cinco de Hiperatividade/impulsividade são necessários (APA,

2014).

Além disso, segundo a APA (2014), estes sintomas somam-se a outros cinco

critérios, que também devem estar presentes:

1) Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade por

pelo menos seis meses, em níveis inapropriados com a idade ou o nível de

desenvolvimento do indivíduo;

2) Alguns sintomas de hiperatividade e impulsividade ou desatenção que causam

prejuízo devem estar presentes antes dos 12 anos de idade;

3) As manifestações do transtorno devem estar presentes em diferentes contextos

e antes dos 12 anos de idade; e interferir diretamente no funcionamento ou no

desenvolvimento das atividades sociais, acadêmicas e/ou profissionais;

4) Deve interferir diretamente no funcionamento ou no desenvolvimento das

atividades sociais, acadêmicas e/ou profissionais;

5) Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno

invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são

melhores explicados por outro transtorno mental (APA, 2014).

O quadro diagnóstico pode especificar a gravidade atual do transtorno: leve,

poucos sintomas, que resultam em não mais do que pequenos prejuízos no

funcionamento social ou profissional; moderado, sintomas ou prejuízo funcional entre

“leve” e “grave” estão presentes; grave, muitos sintomas além daqueles necessários para

fazer o diagnóstico (APA, 2014).

De acordo com o DSM-5, o TDAH pode ser apresentado em diferentes subtipos

(APA, 2014): apresentação predominantemente desatenta: apenas os critérios da

desatenção são preenchidos nos últimos 6 meses; apresentação combinada: os critérios

de desatenção e de hiperatividade-impulsividade são preenchidos nos últimos seis

meses; e apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: apenas os critérios da

hiperatividade-impulsividade são preenchidos nos últimos seis meses.

A apresentação predominantemente desatenta e a combinada são mais

frequentes no sexo feminino e podem apresentar uma taxa mais elevada de prejuízos

acadêmicos. As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de

20hiperatividade/impulsividade são mais agressivas e tendem a apresentar altas taxas de

rejeição pelos colegas. O tipo combinado apresenta um maior prejuízo no funcionamento

global quando comparado aos dois outros grupos (ROHDE et al, 2000).

A apresentação clínica pode variar de acordo com o estágio do desenvolvimento

do indivíduo. Sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade são mais frequentes

do que sintomas de desatenção em pré-escolares com TDAH. Como uma atividade mais

intensa é característica de pré-escolares, o diagnóstico de TDAH deve ser feito com muita

cautela antes dos seis anos de vida (ROHDE; HALPER, 2004).

Para Rohde et al, (2000), é importante não se restringir apenas ao número de

sintomas no diagnóstico do indivíduo, mas analisar o nível de prejuízo dos mesmos a

partir das potencialidades do sujeito e do grau de esforço necessário para a manutenção

do ajustamento.

De acordo com Rohde e Halper (2004), a desatenção, a hiperatividade ou a

impulsividade, como sintomas isolados, podem resultar de problemas de relacionamento

(com os pais e/ou colegas e amigos), de sistemas educacionais inadequados ou podem

estar associados a outros transtornos frequentemente encontrados na infância e na

adolescência. Portanto, para o diagnóstico do TDAH, é sempre necessário contextualizar

os sintomas na história de vida da criança.

Rohde et al, (2000) afirmam que a base do diagnóstico do TDAH é formada pela

história, observação do comportamento atual do paciente e relato dos pais e professores

sobre o funcionamento da criança nos diversos ambientes que frequenta. Esses mesmos

autores alertam que existe baixa concordância entre os relatores (criança, pais e

professores) na coleta das informações sobre a saúde mental de crianças. Os pais

parecem ser bons informantes para os critérios diagnósticos do transtorno, já os

professores tendem a superinformar os sintomas de TDAH, principalmente quando há

presença concomitante de outro transtorno do comportamento.

Avaliações complementares para o diagnóstico do TDAH, como: encaminhamento

de escalas objetivas para a escola; avaliação neurológica e testagem psicológica também

são recomendadas. Entre as escalas disponíveis, a Wechsler Intelligence Scale for

Children (WISC), que teve tradução validada em português em sua terceira edição, é o

teste que fornece mais informações relevantes clinicamente da criança (ROHDE et al,

212000). Referente as escalas disponíveis para preenchimento por professores, somente a

escala de Conners teve adequação de suas propriedades psicométricas em amostra

brasileira (BARBOSA; DIAS; GAIÃO, 1997).

O diagnóstico diferencial também é importante para descartar comorbidades ou

outros transtornos psicológicos. Além disso, a avaliação neurológica tem a finalidade de

excluir outras doenças orgânicas, e os testes de inteligência são utilizados para excluir

déficits de inteligência significativos (LEGNANI; ALMEIDA, 2008). As Avaliações

auditivas e visuais também são fundamentais, já que déficits nessas funções sensoriais

podem determinar importantes dificuldades de atenção e hiperatividade (ROHDE et al,

2000).

Segundo a ABDA (2013) e Rohde et al, (2000), estima-se que até 70% das

crianças com TDAH apresentam simultaneamente outros transtornos, como: transtornos

da aprendizagem (10 a 25%); transtorno opositor desafiante e transtorno de conduta (em

torno de 30 a 50%); transtorno de ansiedade (em torno de 25%) ou de humor (15 a 20%),

dentre outros.

De acordo com Domingues, Zancanella e Baseggio (2013), a identificação do

TDAH se dá normalmente por meio de diagnósticos médicos e psiquiátricos, porém, é

um produto de circunstâncias históricas e sociais, internas e externas ao campo médico,

que ocupa um espaço configurado pelo traço biológico, cerebral, epidemiológico, mas

também moral, social e existencial. Por isso a necessidade de um olhar global e

interdisciplinar no diagnóstico e no tratamento do TDAH.

Segundo Louzã Neto (2010), a incidência crescente do diagnóstico do TDAH

requer uma reflexão crítica do processo de avaliação, de intervenção, das práticas

educativas e do acompanhamento dos indivíduos com TDAH no seio familiar e no sistema

de educação.

Conforme Desiderio e Miyazaki (2007), o diagnóstico do transtorno requer a

diferenciação do TDAH dos comportamentos apresentados por crianças advindas de

ambientes profundamente desorganizados, das que apresentam comportamento

opositivo, daquelas com transtorno de movimento estereotipado e com outros transtornos

mentais, como transtornos do humor e de ansiedade. O diagnóstico adequado do

transtorno é imprescindível para que o melhor tratamento seja indicado.

22

2.1.1 Tratamento do TDAH

Várias intervenções são destinadas ao tratamento do TDAH, incluindo intervenções

psicossociais e psicofarmacológicas (ROHDE; HALPER, 2004). Segundo a Associação

Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA, 2013), o programa de tratamento deve incluir três

componentes: informação e conhecimento, medicação e recursos psicoterápicos.

De acordo com a ABDA (2013), o primeiro passo, e muitas vezes o mais

importante, é dar à pessoa conhecimentos científicos sobre o transtorno, pois isso já

modifica a baixa autoestima e a certa carga de culpa que o indivíduo com TDAH

provavelmente carrega. A própria pessoa, os pais, os maridos, as esposas, os

professores, enfim, todos precisam aprender sobre TDAH, saber como ele se apresenta,

como isso compromete o modo da pessoa ser e agir no cotidiano, suas reações e,

principalmente, que isso não é culpa de ninguém, nem da pessoa e nem de seus pais.

Um número cada vez maior de crianças recebe o diagnóstico de TDAH e a

indicação para uso de medicamento, especialmente do cloridrato de metilfenidato,

comercializado no Brasil como Ritalina® e Concerta®. Ele é o psicoestimulante do

Sistema Nervoso Central (SNC) mais indicado e utilizado no Brasil e em outros países

(BONADIO; MORI, 2013).

A dose terapêutica da Ritalina® normalmente situa-se na faixa de 20 a 60 mg/dia,

com duração de ação de três a quatro horas. Pode-se utilizar o esquema de

administração de até três doses ao dia (ROHDE; HALPER, 2004). Prescrita e

acompanhada pelo médico, a Ritalina® dificilmente causará dependência e o seu

tratamento deverá persistir enquanto os sintomas forem evidentes (DESIDERIO;

MIYAZAKI, 2007). O Concerta® tem duração de ação de 10 até 12 horas e se apresenta

em comprimidos de 18, 36 ou 40 mg (BONADIO; MORI, 2013).

Os estimulantes tem sido os medicamentos de primeira escolha, considerados

seguros e capazes de proporcionar benefícios significativos em curto prazo. Cerca de

70% dos pacientes tratados com metilfenidato apresentaram melhora de pelo menos 50%

dos sintomas (DESIDERIO; MIYAZAKI, 2007; ROHDE; HALPER, 2004). Esse agente

23farmacológico proporciona alivio dos sintomas, além de melhora no rendimento escolar e

nas interações socais (FLOET; SCHEINER; GROSSMA, 2010).

De acordo com Barkley (2008) e Bonadio e Mori (2013), em razão da menor

biodisponibilidade dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina na fenda sináptica,

os psicoestimulantes ativam a função catecolaminérgica no SNC, aumentando essa

função.

Os antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos de serotonina, antipsicóticos,

estabilizadores de humor, entre outros, também são utilizados no tratamento de TDAH

(ROHDE et al, 2004).

Conforme DuPaul e Stoner (2007), o uso dos medicamentos pode gerar alguns

efeitos colaterais como insônia e a redução do apetite. Esses efeitos colaterais tendem a

ocorrer em cerca de 50% das crianças tratadas com metilfenidato, particularmente em

doses mais altas e durante os estágios iniciais do tratamento.

Segundo dados do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados

(SNGPC, 2012), o consumo de medicamentos para o tratamento de transtornos do

comportamento, como o metilfenidato, teve um aumento de 74,8% no Brasil de 2009 a

2011, entre crianças e jovens de seis a 16 anos.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2012), por meio do Fórum sobre

Medicalização da Educação e da Sociedade, apresentou dados contendo a quantidade

de comprimidos comprados e dispensados desde o ano de 2005 até o primeiro semestre

de 2011. Os dados coletados mostraram a tendência crescente da compra e dispensação

do medicamento cloridrato de metilfenidato pelos órgãos públicos nos últimos cinco anos,

totalizando mais de 3 milhões de comprimidos dessa droga dispensados pelo sistema

público de saúde (de 43.320 comprimidos para 1.156.016, um aumento em torno de 1.284

%). Esta ocorrência é vista com muita preocupação por um conjunto significativo de

profissionais e de estudos, no Brasil e no Exterior, que têm questionado a utilização de

remédios controlados e com fortes efeitos colaterais para crianças e adolescentes que

apresentam dificuldades na escolarização (CFP, 2012).

Para o CFP (2012), a medicalização tem cumprido o papel de controlar e submeter

pessoas, abafando questionamentos e desconfortos; ocultando violências físicas e

psicológicas, transformando pessoas em “portadores de distúrbios de comportamento e

24de aprendizagem”. Observa-se uma crescente concepção reducionista das problemáticas

psicopatológicas e de seus tratamentos. Cada vez mais, a medicalização é vista como

solução rápida e eficaz de resolver problemas comportamentais e de aprendizagem.

As políticas educacionais, as instituições escolares e suas práticas pedagógicas

não são mais questionadas, mas delegam ao aluno a responsabilidade pelo próprio

fracasso escolar. A criança com dificuldades em leitura e escrita é diagnosticada,

procuram-se as causas, apresenta-se o diagnóstico e em seguida a medicação ou o

acompanhamento terapêutico (CFP, 2012; BONADIO; MORI, 2013).

Venancio, Paiva e Toma (2013) sugerem que três aspectos sejam considerados

na decisão sobre a prescrição do metilfenidato para o tratamento do TDAH em crianças

e adolescentes: o primeiro refere-se às dificuldades para a realização do diagnóstico do

TDAH, em virtude da diversidade de critérios existentes, da inexistência de exames

complementares para confirmação do diagnóstico e do embasamento na avaliação

subjetiva de pais, educadores e profissionais de saúde; o segundo consiste na análise

do contexto no qual o medicamento será utilizado, considerando que o rápido e crescente

uso do metilfenidato em nosso meio pode ser um reflexo potencializado das dificuldades

presentes ligadas à educação de crianças e adolescentes; o terceiro aspecto relaciona-

se às dificuldades identificadas na busca de evidências científicas sobre a eficácia e

segurança do uso do metilfenidato no tratamento do TDAH.

Dessa forma, os mesmo autores (VENANCIO; PAIVA; TOMA, 2013) recomendam

que a indicação do tratamento com metilfenidato leve em consideração: os critérios

claramente definidos para o diagnóstico do transtorno; a faixa etária do paciente, sendo

que as evidências apontam que o metilfenidato deve ser indicado para crianças acima de

seis anos, e as terapias comportamentais exclusivas ou concomitantemente ao

medicamento especialmente até os doze anos; e a adequação das dosagens do

medicamento ás diferentes apresentações do TDAH, visando a redução de efeitos

adversos. Recomendam ainda avaliações sobre a efetividade e o impacto econômico do

uso do metilfenidato em nosso meio.

A medicina alternativa e/ou complementar oferece muitas alternativas aos

medicamentos convencionais no tratamento do TDAH, como as correções dietéticas, a

terapia de exercícios e os suplementos nutricionais. A fitoterapia também é indicada para

25a inquietação, ansiedade e depressão e é uma alternativa viável à farmacoterapia,

embora outras pesquisas com crianças com TDAH são necessárias. A homeopatia,

baseada no indivíduo e nos sintomas específicos de cada paciente, também representa

uma abordagem segura para o tratamento do transtorno (PELLOW; SOLOMON;

BARNARD, 2011).

Os tratamentos alternativos e/ou complementares, em sua maioria, não possuem

comprovação científica, mas podem trazer alívio mais facilmente e sem a necessidade

de medicamentos para os sintomas do TDAH, por exemplo: as dietas que restringem a

ingestão de açúcares e corantes artificiais e suplementação vitamínica; o biofeedback,

que auxilia o paciente a relaxar; o tratamento baseado em exercícios físicos, que tem

como objetivo melhorar o desenvolvimento cerebelar e melhorar a leitura, escrita, a

concentração, a memória, a baixa autoestima e as habilidades organizacionais, dentre

outros (BROWN, 2007).

O tratamento do TDAH não pode ser limitado à terapia farmacológica, sendo que

em alguns casos é necessário recorrer à Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), ao

apoio escolar ou ocupacional para reduzir o impacto do TDAH no dia a dia da pessoa e

de seus familiares (BARKLEY, 2008). A TCC é a modalidade psicoterápica com maior

evidência científica de eficácia para os sintomas centrais do transtorno, bem como para

o manejo dos sintomas comportamentais comumente associados (oposição, desafio,

teimosia), especialmente os tratamentos comportamentais (ROHDE; HALPER, 2004).

A conscientização acerca do transtorno e o aprendizado de estratégias

comportamentais, pode possibilitar, depois de algum tempo, a reavaliação da

necessidade de se manter ou não o medicamento (ABDA, 2013). O tratamento

unicamente farmacológico pode se mostrar insuficiente para 50% dos clientes adultos

(ROSTAIN; RAMSAY, 2006). Todavia, o tratamento medicamentoso com metilfenidato

associado à TCC é recomendado (ROHDE; BENCZIK, 1999).

A TCC destinada ao tratamento do TDAH envolve quatro etapas: psicoeducação,

avaliação das comorbidades, psicoterapia e intervenções no ambiente (BARKLEY, 2002;

ROHDE; HALPERN, 2004; DOYLE, 2006). A psicoterapia familiar, individual ou de casal

(no caso de adultos casados), pode ser uma aliada no tratamento das consequências do

TDAH na vida do portador e das pessoas importantes em sua vida (ABDA, 2013).

26

Além disso, alguns pacientes não fazem adesão ao tratamento medicamentoso e

muitos continuam apresentando alguns sintomas residuais que podem ser amenizados

com a TCC, como os sintomas de ansiedade e depressão, comorbidades bastante

comuns no TDAH (KNAPP, 2004; DOYLE, 2006).

Os sintomas tidos como secundários, como dificuldades nas relações sociais,

frequentemente também exigem a intervenção terapêutica (SEGENREICH; MATTOS,

2004). Pode ser útil aprender certas estratégias de comportamento para administrar os

sintomas do TDAH. Existem algumas estratégias para as pessoas que tem dificuldade

em manter a atenção em leituras ou em aulas ou para minimizar a impulsividade (ABDA,

2013).

Segundo Andrade et al, (2016), estudos tem demonstrado que o TDAH, além de

causar prejuízos nas atividades acadêmicas, sociais, profissionais e na qualidade de vida

de seus pacientes, também afeta a qualidade de vida dos cuidadores, com

comprometimentos semelhantes com o dos pacientes diabéticos. Esses autores

enfatizam a necessidade de avaliar a qualidade de vida dos cuidadores, como uma das

estratégias do tratamento.

Muitas vezes, é necessário um programa de treinamento para os pais, com ênfase

em intervenções comportamentais, a fim de que aprendam a conduzir os sintomas dos

filhos e desenvolvam estratégias para o auxilia-los na organização e no planejamento

das atividades (ROHDE; HALPER, 2004). A orientação aos pais busca facilitar o convívio

familiar, a entender o comportamento do indivíduo com TDAH e ensinar técnicas para

manejo dos sintomas e prevenção de futuros problemas (DESIDERIO; MIYAZAKI, 2007).

Knapp (2004), afirma que a educação das crianças, pais e professores sobre o

TDAH é fundamental, visto que seu objetivo é ajudar o paciente, a família e os

professores a compreenderem melhor os sintomas e prejuízos do transtorno como

decorrentes de uma doença, desfazendo rótulos prévios que frequentemente

acompanham essas crianças (por exemplo, preguiçoso, burro, incompetente, bagunceiro

e outros).

O professor pode ser um grande aliado no tratamento. Quando ele tem

conhecimentos sobre TDAH, se torna capaz de adotar estratégias de ensino capazes de

auxiliar o desempenho escolar e favorecer o aprendizado dos alunos com este transtorno

27(ABDA, 2013). E ainda, a orientação escolar pode facilitar o convívio das crianças com

TDAH com os colegas, e evitar o desinteresse pela escola e pelos estudos (DESIDERIO;

MIYAZAKI, 2007).

Os professores precisam ser orientados para a necessidade de uma sala de aula

estruturada, com poucos alunos, com rotinas diárias consistentes e estratégias de ensino

ativo, que incorporem a atividade física no processo de aprendizagem. As tarefas

propostas não devem ser excessivamente longas e necessitam ser explicadas

gradativamente. É importante que o aluno com TDAH receba o máximo possível de

atendimento individualizado (ROHDE et al, 2000).

Segundo Benczik (2011), é de extrema importância a avaliação psicológica com

crianças na fase escolar, pois uma avaliação bem conduzida permite a tomada de

decisões adequadas, tendo em vista um melhor funcionamento em termos de saúde

mental da criança e do adolescente.

Quando o TDAH não se apresenta de forma acentuada, indivíduos com o

transtorno podem passar pela vida sem maiores complicações. Entretanto, os sintomas

acentuados do TDAH quando não são diagnosticados e/ou tratados de forma adequada

podem causar alguns comprometimentos como: mau desempenho e evasão escolar,

baixa autoestima, uso e abuso de álcool e drogas, maior número de divórcios, rotatividade

de empregos, desenvolvimento de outros transtornos, dificuldades profissionais e de

relacionamento, dentre outros efeitos negativos (ABDA, 2013).

De acordo com Desiderio e Miyazaki (2007), o tratamento adequado do TDAH

necessita de uma abordagem sistêmica, abrangendo os diferentes contextos e pessoas

com quem os indivíduos com TDAH convivem, visto que nenhum tipo de tratamento

consegue abranger todas as dificuldades experimentadas por esses indivíduos e seus

familiares.

2.2 FLORAIS DE BACH

28

Os florais de Bach ou remédios florais de Bach consistem em um tipo de

medicação alternativa usado intensamente nos dias de hoje, isoladamente ou em

associação com medicação ou alguma outra intervenção. Foram desenvolvidos na

década de 1930 pelo médico inglês Edward Bach e são considerados como instrumentos

de cura suave, sutis, profundos, vibracionais, com uso reconhecido em mais de 50 países

e aprovados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1956 (MANTLE, 1997).

As essências florais são extratos líquidos naturais e altamente diluídos de flores,

plantas e árvores do campo, que tratam desequilíbrios no sistema emocional e desordens

da personalidade e não condições físicas. Elas têm o propósito de harmonizar o corpo

etéreo, emocional e mental (BARNARD, 2006).

São 38 as essências florais de Bach, preparadas com finalidade e propriedades

terapêuticas. Cada um dos 38 remédios tem indicações específicas e para facilitar sua

seleção o médico os agrupou em sete grupos: para os que sentem medo, que sofrem de

indecisão, que sentem solidão, para a falta de interesse no presente, para a

hipersensibilidade a influências e opiniões, para o desalento ou desespero e para a

excessiva preocupação com o bem-estar (BONTEMPO, 1992).

As essências florais não são remédios recentes, diferentes culturas de povos

ancestrais já as utilizavam. Pesquisas indicam que as flores já eram utilizadas com este

objetivo antes de Cristo. Aborígines australianos comiam flores inteiras para obter os seus

efeitos, tanto egípcios, africanos e os malaios já faziam uso delas para o tratamento dos

desequilíbrios emocionais. No século XV, Paracelso escreveu como recolher o orvalho

das plantas em floração e como diluí-los para tratar os desequilíbrios emocionais. A

utilização dessas essências como remédios foi introduzida na cultura pelo médico

Edward Bach (VALVERDE, 2000; BEAR; BELLUCCO, 2001).

O conhecimento, a sistematização e a divulgação dos remédios florais se devem

ao pesquisador do século XIX, Dr. Edward Bach (1886-1936) que é o responsável pela

forma como essa terapia é conhecida atualmente (ARRUDA, 2012).

Dr. Bach após sofrer com hemorragias e muita dor desencadeados por um câncer,

compreendeu que a experiência da doença direciona os indivíduos a entenderem a

necessidade de um proposito definido de vida. Para ele, dentro de cada ser humano

deveria existir uma força vital, única, responsável por conduzir a vida, mostrando que o

29caráter e a condição emocional de um paciente são mais importantes que seu corpo físico

no tratamento de uma doença ou de um estado de desiquilíbrio da saúde (BARNARD,

1990).

Em 1929, o Dr. Bach era respeitado por alopatas e homeopatas de toda a Europa,

estava em pleno êxito profissional como clínico e pesquisador quando, obedecendo a um

chamado interior, abandonou todas as suas atividades na cidade e partiu para o campo,

em busca de novos remédios (BACH, 2006).

No campo e seguindo um forte impulso dedicou-se integralmente ao estudo dos

diferentes tipos de personalidade humana e na busca de plantas curadoras

correspondentes a cada um deles (SCHEFFER, 2001).

Em maio de 1930, observando as flores e os estímulos que desencadeavam, Bach

coletou gotas de orvalho que escorriam de várias plantas floridas, algumas expostas ao

sol e outras à sombra e testou em si o efeito de cada uma delas. Após pesquisas, avaliou

que as gotas expostas ao sol podiam servir como remédios. Ainda em 1930, Bach

colocou flores em recipiente com água e as expôs ao sol e concluiu que os raios de sol

transferiam o potencial das flores para a água, assim como fora no orvalho. Dessa forma,

entre 1930 e 1934 descobriu os 38 remédios florais e escreveu os fundamentos de sua

nova medicina (BACH, 2006).

Para Bach (2006), a doença não pode ser curada nem erradicada por métodos

materialistas, pois em sua origem, ela não é material. O que se conhece como doença

seria o efeito produzido no corpo. Em essência, a doença seria o resultado do conflito

entre a alma e a mente, e só poderia ser erradicada por meio de esforços mentais e

espirituais do próprio indivíduo.

Assim, a terapia com os florais de Bach é uma forma de tratamento que utiliza a

energia das flores silvestres para combater as emoções negativas que provocam

doenças e que são consequências do conflito entre alma, mente e corpo (BEAR;

BELLUCCO, 2001).

Bach (2006) relatou os conflitos que conduziriam à doença. O primeiro seria a

dissociação entre a alma e a personalidade, e o segundo seria a crueldade ou a falta para

com os outros, visto que são pecados que se cometem contra a unidade. A percepção a

30respeito do tipo de erro que se comete e o esforço sincero para corrigi-lo conduziriam a

uma vida de alegria, paz e saúde.

O orgulho, a crueldade, o ódio, o egoísmo, a ignorância, a instabilidade e a

ambição (características contrárias à unidade) são defeitos que constituem a verdadeira

doença e na persistência dessas atitudes os resultados são vistos e sentidos no corpo,

na materialização da enfermidade. Os meios físicos diretos, como a ingestão de

substâncias tóxicas, acidentes, ferimentos e excessos cometidos não são descartados,

mas em geral a doença se deve a algum erro básico em nosso temperamento. A

prevenção e a cura acontecem quando é possível identificar o erro dentro de si mesmo e

suprimi-lo por meio do aprimoramento da virtude que o destruirá, exatamente a virtude

oposta. A melhor forma de ajudar a si mesmos é o pensamento sereno, a meditação, e

colocar-se numa tal atmosfera de paz que a alma seja capaz de falar através da

consciência e da intuição (BACH, 2006).

A preparação das essências deve ser realizada, preferencialmente, nas

mediações no local onde crescem as plantas, num local sem poluição e agentes

químicos. Devem ser colhidas as flores frescas, vigorosas e sadias, no auge da florada,

nas primeiras horas do dia. As flores necessitam ser colhidas no momento do preparo e

os utensílios a serem usados devem ser os mais naturais possíveis. A água deve ser a

mais pura possível, ainda melhor se for de um manancial próximo ao habitat das flores

(VALVERDE, 2000).

O Dr. Bach desenvolveu dois métodos para o preparo das essências: solar e

fervura. No método solar as flores são coletadas em dias claros e ensolarados, colocadas

diretamente sobre uma cuba de cristal com água mineral pura da fonte e deixada ao sol

próximo à planta. Assim a água fica com a mensagem das propriedades curativas. Essa

espera pode levar de duas a sete horas, dependendo da flor e da força do sol.

Posteriormente, se retiram as flores com cuidado e despeja-se essa água em vidros, até

a metade, na outra metade se insere o conhaque, usado para conservar a solução. A

maioria das essências foi preparada dessa forma pelo Dr. Bach, outras poucas foram

preparadas através da fervura (VALVERDE, 2000).

No método de fervura, as flores, hastes e folhas da árvore ou do arbusto escolhido

são fervidas em um recipiente preferencialmente de inox, com água mineral pura da fonte,

31numa manhã bem cedo de um dia ensolarado. Apaga-se o fogo e deixa a panela esfriar

próximo a planta. Depois o líquido é filtrado e processado do mesmo modo que no método

solar (MONARI, 2002).

Os remédios florais podem ser manipulados em farmácias ou por terapeutas

florais. Para preparar o medicamento, deve-se utilizar duas gotas da essência

concentrada e misturar com 23 ml de água mineral mais 7 ml de conhaque, para

conservação da água. O ideal é preparar o remédio usando frasco de vidro âmbar de 30

ml (BONTEMPO, 1992).

A utilização dos florais é feita por via oral, pingando quatro gotas desse preparo

diretamente na boca, quatro ou mais vezes ao dia. Essas gotas também podem ser

utilizadas em compressas ou banhos. Nos casos agudos ou urgentes, pode-se ministrar

as doses em intervalos mais curtos, como de 10 em 10 minutos, até que o paciente

melhore. Esses remédios podem ser usados concomitantemente a outros tratamentos,

além de não apresentarem efeitos colaterais (BONTEMPO, 1992).

As essências florais, além da indicação para o ser humano, também podem ser

utilizadas em animais, plantas e ambientes (FERREIRA, 2007).

O potencial energético das flores é o que fundamenta essa terapia. As flores

postas na água imprimem nela padrões que correspondem a níveis da consciência

(BACH, 2006). Segundo Deroide (1994), a essência floral possui a qualidade especifica

da flor utilizada, a qual situa-se em uma dimensão não física e imaterial, ou seja, na

dimensão energética. Cada essência floral é portadora de uma estrutura vibracional

especifica que representa a sua natureza e qualidade, que corresponde aos traços de

personalidade, ás atitudes e emoções do ser humano. Ou seja, as características

botânicas de cada flor são comparáveis às características da personalidade humana a

que corresponde, sendo assim, a alma humana contém todas as trinta e oito qualidades

dos florais de Bach.

De acordo com Scheffer (2005), as essências florais atuam como catalisador,

restabelecendo o contato entre alma e personalidade no ponto em que foi bloqueada. O

equilíbrio se reestabelece na área onde a desarmonia e a rigidez haviam se instalado.

As essências atuam por meio de ressonância vibracional, e não como resultado

de alguma reação bioquímica direta no organismo. Elas atuam nos vários campos de

32energia humana que influenciam o bem-estar mental, emocional e físico (CURTIS;

HURTAK, 2004). Ao fazer uso de uma essência floral, a frequência energética do cliente

entra em ressonância com a frequência energética da flor, induzindo ao processo de

restauração da saúde (DEROIDE, 1994).

Autores sugerem que o efeito placebo atua de forma expressiva na resposta da

terapia com os florais de Bach (FRICK, 1999; WALACH; RILLING; ENGELKE, 2001;

HALBERSTEIN; SIRKIN; VAZ, 2010). A maioria dos ensaios clínicos controlados que

utilizaram a terapia com os florais de Bach e a homeopatia sugeriram que o efeito placebo

opera de forma significativa em ambas as modalidades (HALBERSTEIN; SIRKIN; VAZ,

2010).

2.2.1 AS ESSÊNCIAS FLORAIS DE BACH

Das 38 essências, 37 são extraídas de flores silvestres ou de árvores e apenas

uma (Rock Water) é extraída a partir de água de uma fonte natural que apresenta

propriedades curativas (BACH, 2006).

Os sete grupos de essências florais, suas essências, efeitos e benefícios estão

descritos nos Quadros de 1 a 7, que foram baseados em Scheffer (2001) e Bach (2006).

33Quadro 1 - Florais de Bach para a solidão.

Floral Indicação Benefícios

Heather

(Calluna Vulgaris)

Para os que não suportam a solidão. Não

se preocupam com o outro, centrados

em si.

Capacidade de compaixão e

empatia com os outros.

Impatiens

(Impatiens

glandulífera)

Para os impacientes, tensos e irritados

com os outros. Que tem outro ritmo

interior

Paciência, tolerância, empatia e

compreensão dos outros.

Water Violet

(Hottonia palustris)

Para aqueles que gostam de estar só.

Orgulhosos e indiferentes.

Age com humildade e sabedoria.

Sente que faz parte do todo.

Quadro 2 - Florais de Bach para os que sentem medo.

Floral Indicação Benefícios

Aspen

(Populus tremula)

Para medos vagos, indefinidos e

desconhecidos

Diminuição da ansiedade,

preocupação e pânico.

Cherry Plum

(Prunus cerasifera)

Para o medo de perder o controle, sob

forte pressão.

Maior estabilidade, autocontrole,

tranquilidade.

Mimulus

(Mimulus guttatus)

Para medos definidos e conhecidos Coragem para enfrentar os

desafios e dificuldades.

Red Chestnut

(Aesculus carnea)

Para os medos de que algo de ruim

possa acontecer às pessoas queridas

Maior segurança, autonomia,

confiança, coragem.

Rock Rose

(Helianthemum

nummularium)

Para situações de emergência, terror e

pânico

Capacidade de crescer a si mesmo

em emergências e situação

críticas. Age em benefícios aos

demais.

34Quadro 3 – Florais de Bach para os que sofrem de indecisão.

Floral Indicação Benefícios

Cerato

(Ceratostigma

willmottiana)

Para os que se contaminam com

emoções alheias, com falta de confiança

em si para tomar decisões, precisa da

aprovação dos outros

Desenvolvimento da auto

confiança, aprende a lidar com o

sentimento de incapacidade e

seguir a verdadeira vocação.

Gentian

(Gentiana amarela)

Para os pessimistas, melancólicos, que

desanimam facilmente

Capacidade de conviver com

conflito, de ver soluções com

determinação e coragem.

Gorse

(Ulex europeus)

Para os deprimidos e sem esperança Desenvolvimento de esperança e

iniciativa, tirando-os do estado de

melancolia.

Hornbeam

(Carpinus betulus)

Para os que sentem grande cansaço,

exaustão física e/ou mental e duvida de

suas forças

Maior confiança, energia,

vitalidade mental. Reencontro com

os prazeres comuns da vida.

Scleranthus

(Scleranthus annus)

Para os que são incapazes de decidir

entre duas coisas, que oscilam de um

extremo ao outro

Maior equilíbrio interior,

determinação e decisão.

Wild Oat

(Bromus ramosus)

Para os indecisos, sem objetivos claros,

que não conhecem sua verdadeira

vocação

Capacidade de reconhecer seu

potencial e desenvolve-lo

plenamente. Passa da busca para

o encontro.

35Quadro 4 – Florais de Bach para a falta de interesse pelas circunstâncias atuais.

Floral Indicação Benefícios

Clematis

(Clematis vitalba)

Para os que vivem em devaneios, sem

interesse pela vida, mais no futuro do

que no presente

Encorajamento no tempo presente.

Inspiração e criatividade.

Chestnut Bud

(Aesculus

Hippocastanum)

Para as pessoas com dificuldade em

aprender com a experiência e a

observação.

Aprendizagem com a própria

experiência e com as dos outros, e

a lidar com os problemas.

Honeysuckle

(Lonicera caprifolium)

Para os que vivem mais no passado do

que no presente

Aprendizado com as experiências

do passado, sem se prender a

elas. Apreciação pelo presente.

Olive

(Olea europea)

Para os exaustos e esgotados, sem

reserva de energia. Sem motivação.

Elevação do sistema imunológico e

restauração da vitalidade e

interesse pela vida.

Mustard

(Sinapsis arvensis)

Para os que sentem tristeza, deprimidos

sem razão aparente, repentinamente

Serenidade interior e estabilidade.

White Chestnut

(Aesculus

hippocastanum)

Para os que não conseguem evitar

pensamentos repetitivos e recorrentes

Tranquilidade mental,

discernimento, silencio interior.

Wild Rose

(Rosa canina)

Para a apatia e indiferença, que se

conformam com tudo e se rendem à vida

Motivação interior e enfrentamento

das dificuldades.

36Quadro 5 – Florais de Bach para os que são susceptíveis a influências e ideias alheias.

Floral Indicação Benefícios

Agrimony

(Agrimonia eupatoria)

Para os que não gostam de discussões a

ponto de renunciarem seus interesses.

Fugas (vícios), falsa alegria.

Paz de espirito, honestidade

consigo mesmo.

Centaury

(Centaurium

umbellatum)

Para pessoas com dificuldade em dizer

não, inseguras, sensíveis e geralmente

exploradas pelos outros

Aprende a dizer não quando

necessário. Determinação e

segurança. Discernimento entre o

que é bom para si e para os outros.

Holly

(Ilex aquefolium)

Para os que sentem ciúmes, inveja, ódio,

vingança e dúvida

Equilíbrio das emoções retomando

a harmonia interior. Compreensão

das emoções humanas.

Walnut

(Juglans regia)

Para época de mudanças e tomada de

decisões. Para aqueles que se deixam

influir pelos outros facilmente.

Pensamento fiel aos seus ideais,

abertura a novas ideias. Mudança

de hábitos e de vícios nocivos.

Desapego do passado.

Quadro 6 – Florais de Bach para aqueles que se preocupam excessivamente com o bem-estar dos outros.

Floral Indicação Benefícios

Beech

(Fagus sylvatica)

Para os que precisam ser mais tolerantes

com os outros e menos críticos

Tolerância e compreensão.

Chicory

(Chochorium inibus

Para os que sentem ciúmes e vontade de

controlar os outros. Manipuladores e

possessivos

Liberta-se do apego, entra no ciclo

da generosidade, respeita a

liberdade do outro.

Rock Water Para os que são rigorosos, duros e

perfeccionistas consigo e desejam servir

de exemplo

Flexibilidade, aceitação,

expansão, liberdade interior.

Vervain

(Verbena officinalis)

Para as pessoas que desejam persuadir

os outros, excedidas no entusiasmo,

impacientes

Tranquilidade, comedimento,

dominação da inquietação,

aceitação da vontade do outro.

Vine

(Vitis vinífera)

Para as pessoas que querem impor sua

vontade aos outros, inflexíveis e

presunçosos

Abrir mão do controle e agir em

benefício do outro.

37Quadro 7 – Florais de Bach para o abatimento ou desespero.

Floral Indicação Benefícios

Crab apple

(Malus pumila)

Para aqueles que valorizam detalhes

sem importância, sente-se impuro.

Autocensura

Libertação, aceita suas

imperfeições sem culpa.

Generosidade e purificação do

ser.

Elm

(Ulmus procera)

Para os que se sentem oprimidos pelos

deveres, com sentimentos temporários

de incapacidade.

Força, confiança e

responsabilidade sem excessos.

Larch

(Larix decídua)

Para falta de autoconfiança,

insegurança.

Segurança, perseverança e

autoconfiança.

Oak

(Quercus robur)

Para os que trabalham em excesso e

ignora a necessidade de descansar.

Laborioso. Carrega o fardo dos outros.

Aprende a dividir as tarefas,

reconhece seus limites. Cumpre

os compromissos com leveza,

coragem e alegria.

Pine

(Pinus sylvestres)

Para aqueles que carregam o sentimento

de culpa e a auto recriminação.

Perdão e aceitação de si.

Star of Bethlehem

(Ornithogallum

umbelatum)

Para os que estão muito angustiados,

para situações de trauma ou choque

Tranquilidade, força interior,

equilíbrio emocional e auto

recuperação.

Sweet Chestnut

(Castanea sativa)

Para os que sentem desespero mental,

sem esperança, ao limite de sua

resistência

Força, esperança e confiança.

Willow

(Salix vitelina)

Para as pessoas que veem a vida com

amargura, se sente injustiçado e vítimas

do destino

Atitude positiva assumindo

responsabilidade. Gratidão e

otimismo.

Um dos florais mais utilizados é o Rescue Remedy, que é constituído por cinco

dessas essências e serve para situações pontuais e de emergência: Star of Bethlehem,

Rock Rose, Impatiens, Cherry Plum e Clematis. Na terapia floral, geralmente é feito um

composto de várias essências, observando a qualidade que o paciente precisa naquele

38momento. Pode ser associado em um frasco até sete essências. A proposta é fazer

fórmulas personalizadas, conforme as queixas do paciente (BACH, 2006).

2.2.2 Terapia floral no TDAH

Nos últimos anos, o interesse da população e dos profissionais da área da saúde

por terapias complementares e alternativas para o tratamento de enfermidades, como o

TDAH, vem crescendo cada vez mais. Muitas delas estão sendo difundidas no Brasil,

algumas com efetividade reconhecida e outras não, e dentre elas está a Terapia Floral.

Atualmente, as terapias alternativas e complementares vêm sendo exercitadas em

todo o mundo, evidenciados por pesquisa e publicações sob a forma de artigos,

dissertações e teses, enfatizando assim a importância e utilização dessas práticas por

profissionais da área de saúde (LAVERY; SULLIVAN, 2007).

As terapias complementares têm uma importante ação preventiva de desequilíbrio

nos níveis físico, mental e emocional, além de poderem ser usadas concomitantemente

a outros tratamentos (TSUCHIYA; NASCIMENTO, 2002).

De acordo com Callis Fernandez (2011), há certos sintomas recorrentes em

crianças com TDAH que tendem a diminuir com o uso de determinadas essências florais,

entre as quais são mencionadas: Impatiens para impaciência, irritabilidade e falta de

cooperação, restituindo a paciência e a calma; Vervain, para casos de crianças

hiperativas ou hipercinéticas e White chestnut, para a falta de concentração e de memória

e cansaço mental.

Uma revisão sistemática (THALER et al, 2009) não identificou evidência cientifica

sobre a eficácia e segurança dos florais de Bach para transtornos psicológicos e de dor,

incluindo o TDAH, pois a maioria dos estudos encontrados apresentaram baixa qualidade

metodológica.

Outra revisão sistemática (HALBERSTEIN; SIRKIN; VAZ, 2010) comparou

resultados da terapia com os florais de Bach e da homeopatia em relação às indicações,

as filosofias de dosagem, procedimentos associados, perfis de segurança e efeito

39placebo. Foi avaliado a indicação dos florais de Bach e da homeopatia para fibromialgia,

TDAH, ansiedade e outros. Os autores identificaram resultados mistos e equivocados,

porém também encontraram resultados positivos, entretanto sugeriram que o efeito

placebo tenha operado significativamente em ambas as terapias.

Callis Fernandez (2011) avaliou a eficácia dos florais de Bach em 48 crianças com

hiperatividade e identificou melhora em 93,8% dos participantes do estudo. Relatou que

os florais de Bach diminuíram ou minimizaram as manifestações clínicas do transtorno e

melhoraram a qualidade de vida das crianças e suas famílias. Entretanto, nesse estudo

não houve presença de grupo controle e foi identificada baixa evidência científica.

403 OBJETIVO

Revisar e analisar os estudos primários sobre o efeito da terapia floral no

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

414 MÉTODO

4.1 TIPO DE ESTUDO

Estudo descritivo fundamentado em revisão sistemática da literatura.

4.2 POPULAÇÃO - ALVO

Estudos que incluíram crianças/adolescentes com diagnóstico de TDAH

submetidos à terapia com as essências florais de Bach.

4.2.1 Critérios de inclusão

Foram incluídos neste estudo ensaios clínicos controlados, que utilizaram como

intervenção a terapia floral em crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH,

publicados entre 2001 e 2016, em inglês, espanhol ou português.

Os desfechos primários escolhidos foram: avaliação da melhora e da resolução

dos sintomas.

4.2.2 Critério de exclusão

Foram excluídos os estudos que apresentavam resultados parciais ou somente

resumo.

424.3 COLETA DE DADOS E ESTRATÉGIA DE BUSCA

Foram utilizadas as recomendações do PRISMA (Principais Itens para Relatar

Revisões e Meta-análises), que consiste em um checklist com 27 itens com o objetivo de

ajudar autores a melhorarem a qualidade do relato dos dados da Revisão Sistemática

(RS) (MOHER et al, 2015) (ANEXO 2) e as “Diretrizes Metodológicas para elaboração de

revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados” (BRASIL, 2012).

Essas diretrizes orientam que para cada questão de pesquisa, deve-se utilizar

quatro bases classificadas como bases essenciais e mais uma base de dados específica

da área do conhecimento da RS. As bases de dados de teses e dissertações também

são importantes fontes de dados publicados. A busca manual é muito útil na identificação

de artigos elegíveis e que podem não ter sido recuperados pela estratégia de busca. A

busca na internet, muitas vezes, também se faz necessária (BRASIL, 2012).

Dessa forma, a busca foi realizada de setembro de 2015 a outubro de 2016 nas

seguintes bases de dados: National Library of Medicine (PubMed), LILACS,

ScienceDirect (Elseiver), Scielo, Cochrane Library, PsycARTICLES, no Banco de Teses

e Dissertações da CAPES e foram realizadas buscas em outras fontes manualmente.

Para identificação dos estudos relevantes foram desenvolvidas estratégias de

busca (Quadro 8), utilizando-se de palavras-chave ou vocabulários específicos para cada

base de dados, portais ou bibliotecas virtuais.

As estratégias de busca foram elaboradas considerando-se o acrônimo PICO:

População, Intervenção, Controle e Outcome (Desfecho). Entretanto, o documento

sugere não definir termos para o “O” de desfecho, para não atribuir uma especificidade

não desejada nesta etapa de recuperação dos artigos (BRASIL, 2012).

Ao final das buscas, os resultados foram armazenados no banco de dados do

programa gerenciador de referências bibliográficas EndNote 7.

43

Quadro 8 – Estratégias de busca de acordo com as bases de dados. Base de dados Estratégia de busca

National Library Medicine (PubMed)

"Attention Deficit Disorder with Hyperactivity" AND Medicine AND Clinical Trial[ptyp] AND ( "2001/01/01"[PDat] : "2016/12/31"[PDat] ) AND ( adolescent[MeSH] OR child[MeSH:noexp] ) ("Attention Deficit Disorder with Hyperactivity"[Title/Abstract]) AND drugs AND Clinical Trial[ptyp] AND ( "2001/01/01"[PDat] : "2016/12/31"[PDat) AND ( adolescent[MeSH] OR child[MeSH:noexp] ) "Attention Deficit Disorder with Hyperactivity"[All Fields] AND ("complementary therapies"[MeSH Terms] OR ("complementary"[All Fields] AND "therapies"[All Fields]) OR "complementary therapies"[All Fields] OR ("alternative"[All Fields] AND "therapy"[All Fields]) OR "alternative therapy"[All Fields]) AND Clinical Trial[ptyp] AND ("2001/01/01"[PDat] : "2016/12/31"[PDat]) AND (adolescent[MeSH] OR child[MeSH:noexp]) "Attention Deficit Disorder with Hyperactivity" AND flower therapy OR flower essences AND Clinical Trial[ptyp] AND ("2001/01/01"[PDat] : "2016/12/31"[PDat]) AND (adolescent[MeSH] OR child[MeSH:noexp] )

LILACS (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity OR trastorno por déficit de atención e hiperactividad) AND alternative therapy (limit: Title / Abstract / subject) (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity OR trastorno por déficit de atención e hiperactividad) AND medicine (limit: Title / Abstract / subject) Attention deficit disorder with hyperactivity AND flower therapy (limit: Title / Abstract / subject) (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity OR trastorno por déficit de atención e hiperactividad) AND drugs (limit: Title / Abstract / subject) Attention deficit disorder with hyperactivity AND therapy (limit: Title / Abstract / subject AND 2001-2016)

Scielo (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity) AND (alternative therapy) (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity) AND (medicine) (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity) AND (drugs) (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity) AND (therapy)

Cochrane Library (in Trials)

Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND alternative therapy in Title, Abstract, Keywords , Publication Year from 2001 to 2016 in Trials' Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND medicine in Title, Abstract, Keywords , Publication Year from 2001 to 2016 in Trials' "Attention Deficit Disorder with Hyperactivity" AND flower therapy Abstract, Keywords , Publication Year from 2001 to 2016 in Trials' "Attention Deficit Disorder with Hyperactivity" AND Flower Abstract, Keywords , Publication Year from 2001 to 2016 in Trials'

Psyc - ARTICLES

Any Field : Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND Any Field : alternative therapy AND Methodology : Clinical Trial Any Field : Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND Any Field : medicine AND Methodology : Clinical Trial AND Year : 2001 To 2016 Any Field : Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND Any Field : drugs AND Methodology : Clinical Trial AND Year : 2001 To 2016 Any Field : Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND Any Field : therapy AND Methodology : Clinical Trial AND Year : 2001 To 2016

Science-Direct (Elseiver)

TITLE-ABSTR-KEY(Attention Deficit Disorder with Hyperactivity ) and TITLE-ABSTR-KEY(alternative therapy ) and limite (2001 – 2016). TITLE-ABSTR-KEY(“Attention Deficit Disorder with Hyperactivity”) and TITLE-ABSTR-KEY(medicine ) and limite (2001 – 2016). TITLE-ABSTR-KEY("attention deficit disorder with hyperactivity") and TITLE-ABSTR-KEY(drugs) and limite (2001 – 2016). TITLE-ABSTR-KEY("Attention Deficit Disorder with Hyperactivity" ) and TITLE-ABSTR-KEY(therapy ) and limite (2001 – 2016). TITLE-ABSTR-KEY(Attention Deficit Disorder with Hyperactivity ) and TITLE-ABSTR-KEY(flower essences) and limite (2001 – 2016). (Attention Deficit Disorder with Hyperactivity ) and TITLE-ABSTR-KEY(flower therapy) and limite (2001 – 2016).

Banco de teses e dissertações da CAPES

Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND alternative therapy Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND drugs Attention Deficit Disorder with Hyperactivity AND therapy Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade AND Terapia Floral

Fonte: Acervo pessoal

44

4.4 AVALIAÇÃO DA ELEGIBILIDADE: TRIAGEM DOS ARTIGOS PELA LEITURA DO

TÍTULO E RESUMO

Realizou-se a identificação dos estudos por meio dos títulos e resumos e a

extração dos dados. Os resumos foram avaliados pelos dois pesquisadores principais e

selecionados segundo os critérios de elegibilidade, que se basearam em três aspectos:

população (crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH), intervenção (terapia com

as essências florais de Bach) e tipo de estudo (ensaio clínico controlado), sobre os quais

cada avaliador, de modo independente, decidia por “inclusão”, “exclusão” ou “não claro”.

Os resultados discrepantes foram decididos por consenso entre os avaliadores,

considerando os critérios de inclusão e exclusão do presente estudo.

4.5 AVALIAÇÃO DA ELEGIBILIDADE PELA LEITURA DO MANUSCRITO EM TEXTO

COMPLETO E EXTRAÇÃO DE DADOS

Todos os artigos que foram selecionados na fase anterior tiveram sua elegibilidade

analisada através da leitura do texto completo do artigo. Assim como na etapa de triagem,

a confirmação da elegibilidade foi realizada por dupla de revisores, de modo

independente, e as discordâncias foram resolvidas por consenso entre os avaliadores.

Os artigos selecionados para a leitura na íntegra foram analisados por meio de um

roteiro que contemplava os seguintes itens: Autor(es), ano da publicação, características

da amostra (gênero, idade, número de participantes, critérios de inclusão), desenho do

estudo (ensaios clínicos controlados, randomizados, cego ou duplo cego), características

da intervenção (tipo de intervenção, método da realização, período de

acompanhamento), desfechos (primários e secundários), resultados e possíveis vieses.

Ao final desse processo, obteve-se o total de artigos elegíveis, que compuseram

este estudo.

45

4.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS ESTUDOS

Foi realizada a análise da qualidade metodológica das pesquisas buscando

selecionar os estudos com baixo risco de viés metodológico por meio da escala

Physiotherapy Evidence Database (PEDro), que avalia a qualidade metodológica e

descrição estatística de estudos controlados aleatorizados, através de 11 critérios,

formando uma pontuação total que varia de 0 a 10, em que quanto maior a pontuação,

melhor a qualidade metodológica e descrição estatística do estudo (Anexo 1). Não são

avaliadas a validade externa do estudo, generalização dos resultados, nem a magnitude

do efeito de tratamento, somente é avaliado o que está reportado no manuscrito, quando

há dúvida por parte do avaliador na hora de pontuar o critério, ele o classifica como “não”

(SHIWA et al, 2011). Nessa escala, são avaliados os seguintes critérios: 1) elegibilidade

e origem dos participantes do estudo; 2) distribuição aleatória dos participantes do

estudo; 3) alocação secreta; 4) similaridade ao ponto de partida do estudo; 5) cegamento

de sujeitos; 6) cegamento de terapeutas; 7) cegamento dos avaliadores; 8) análise por

intenção de tratamento; 9) análise estatística intergrupos e 10) medidas de precisão e

variabilidade. A pontuação total é gerada através da somatória dos critérios dois a 11. O

critério 1, relativo a elegibilidade e origem dos participantes, não é considerado na

pontuação final, pois o mesmo está relacionado com a validade externa do estudo

(MOSELEY et al, 2008).

Também foi analisada a presença de vieses, por meio de um roteiro elaborado

pelos pesquisadores principais, baseado nas “Diretrizes Metodológicas para elaboração

de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados” (BRASIL, 2012).

Nessa etapa de avaliação da evidência científica, buscou-se compreender e responder a

três questões: a abrangência, a adequação do delineamento e a qualidade metodológica

dos estudos.

Foi utilizado o seguinte roteiro:

1. O número de participantes representou uma amostra considerável?

2. O gênero e a faixa etária foram distribuídos igualmente entre os grupos?

46

3. Os critérios de inclusão e exclusão constaram no texto de forma explícita e foram

adequados para responder à questão proposta?

4. O diagnóstico do TDAH foi realizado de acordo com os critérios do DSM?

5. A indicação das essências florais condiz com os sintomas do TDAH?

6. Descreve adequadamente as essências utilizadas?

7. Delineia o tratamento realizado (método de realização, tempo de evolução,

período de acompanhamento, prescrição das essências)?

8. Descreve adequadamente as intervenções combinadas com a terapia floral

utilizadas (método de realização, duração do tratamento, drogas ou técnicas utilizadas,

número de sessões)?

9. O desenho do estudo foi adequado para responder à questão proposta?

10. Descreve a estratégia de recrutamento dos participantes?

11. Os desfechos primários e secundários foram avaliados e constaram no texto?

12. Houve perda amostral descrita?

13. Os resultados a curto, médio e longo prazo foram analisados e descritos no

texto?

47

5 RESULTADO

Por meio da estratégia de busca nas bases de dados (Quadro 8), foram

encontrados 947 artigos. Dentre eles, 196 duplicados foram removidos, restando 751.

Após a leitura dos títulos e dos resumos, foram excluídos 731 estudos que não estavam

associados à utilização das essências florais de Bach no tratamento do TDAH, bem

como, estudos contendo somente resultados parciais ou resumos, estudos que não eram

em inglês, espanhol ou português, estudos realizados com indivíduos adultos, estudos

sem a presença de grupo controle, artigos de revisão e estudos com mais de 15 anos de

publicação. Foi realizada a leitura na íntegra de 24 artigos, e restaram 4 estudos que se

adequaram aos critérios de inclusão e foram incluídos na síntese qualitativa, conforme

explicitado na Figura 1.

Nos Quadros 9, 10 e 11 é possível identificar os artigos selecionados para leitura

na íntegra e as justificativas de exclusão.

48

Figura 1 - Fluxograma da seleção dos artigos da revisão sistemática: Identificação,

Seleção, Elegibilidade e Inclusão.

Fonte: Adaptado das “Diretrizes Metodológicas para elaboração de revisão sistemática e metanálise de

ensaios clínicos randomizados” (BRASIL, 2012).

Referências identificadas nas bases de dados: Pubmed (n=343), Lilacs (n=208) ScienceDirect (n=77), Scielo (n=123), PsycARTICLES (n=3), Cochrane Library (n=91) e CAPES (n=99). Total: 944

Referências identificadas através de busca manual em

outras fontes (n=3).

Referências duplicadas excluídas (n=196)

Referências selecionadas (n=751)

Artigos completos analisados (n=24)

Estudos incluídos (n=4)

Referências excluídas após leitura do título e resumo (n=731)

Artigos excluídos após leitura na íntegra (n=20)

49

Quadro 9 - Artigos selecionados para leitura na íntegra excluídos por não avaliar os efeitos das essências florais de Bach no tratamento do TDAH.

N. Referência 1 ARAUJO, J. P.; LIMA, L. C. R; FERNANDES, S. R.; SIRAICHI, J. T. G. S. Transtorno e déficit de atenção e

hiperatividade: integrando terapia complementar ao cuidado da criança/adolescente. Semina: ciências biológicas e da Saúde, v. 36, n.1, p. 11-22, 2015.

2 AKHONDZADEH, S.; MOHAMMADI M; MOMENI F. Passiflora incarnata in the treatment of attention-deficit hyperactivity disorder in children and adolescents. Future drugs, v. 2, n. 4, p. 609-614, 2005.

3 MAJOREK, M.; TÜCHELMANN T.; HEUSSER P. Therapeutic Eurythmy-movement therapy for children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD): a pilot study. Complementary Therapies in Nursing & Midwifery, v. 10, n. 1. p. 46-53, 2004.

4 JACOBS, J.; WILLIANS, A. L.; GIRARD C.; NIKE, V. Y.; KATZ, D. Homeopathy for attention-deficit/hyperactivity disorder: a pilot randomized-controlled trial. Journal of Alternative and Complementary Medicine, v.11, n.5, p.799-806, 2005.

5 KEMPER, K.; GARDINER, P.; BIRDEE, G. Use of Complementary and Alternative Medical Therapies Among Youth With Mental Health Concerns. Academic Pediatrics, v. 13, n. 6, p.:540-5, 2013.

6 LARZELERE, M,; CAMPBELL, J. S.; ROBERTSON, M. Complementary and Alternative Medicine Usage for Behavioral Health Indication. Integrative Medicine, v. 37, n. 2, p.213-236, 2010.

7 LI, J. et al, Ningdong granule: a complementary and alternative therapy in the treatment of attention deficit/hyperactivity disorder. Psychopharmacology (Berl), v. 216, n. 4, p. 501-509, 2011.

8 WEBER W.; NEWMARK S. Complementary and Alternative Medical Therapies for Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Autism. Pediatric Clinics of North America, v. 54, n. 6. p.983-1006, 2007.

9 KEAN, J. D.; KAUFMAN, J.; LOMAS, J., GOH, A.; WHITE, D.; SIMPSON, D.; SCHOLEY, A.; SINGH, H.; SARRIS, J.; ZANGARA A. Randomized Controlled Trial Investigating the Effects of a Special Extract of Bacopa monnieri (CDRI 08) on Hyperactivity and Inattention in Male Children and Adolescents: BACHI Study Protocol. Nutrients, v. 7, n. 12, p. 9931-45, 2015.

10 KO, H. J.; KIM, I.; KIM, J. B.; MOON, Y.; WHANG, M. C.; LEE, K. M.; JUNG, S. P. Effects of Korean red ginseng extract on behavior in children with symptoms of inattention and hyperactivity/impulsivity: a double-blind randomized placebo-controlled trial. Journal of Child and Adolescent Psychopharmacology, v. 24, n. 9, p. 501-508, 2014.

11 TREBATICKA, J. Treatment of ADHD with French maritime pine bark extract, Pycnogenol. European Child & Adolescent Psychiatry, v. 15, n.5, p.329-35, 2006.

12 KATZ, M. A compound herbal preparation (CHP) in the treatment of children with ADHD: a randomized controlled trial. Journal of Attention Disorders, v. 14, n. 3, p. 281-291, 2010.

13 KURLAN, R.; GOETZ, C. G.; MCDERMOTT M.P. Treatment of ADHD in children with tics: a randomized controlled trial. Neurology, v. 58, n. 4, p. 527-536, 2002.

14 FREI, H.; EVERTS, R.; AMMON, V. K.; KAUFMANN, F.; WALTHER, D.; SCHMITZ, S. F. H; COLLENBERG, M.; STEINLIN, M.; LIM, C.; THURNEYSEN, A. Randomised controlled trials of homeopathy in hyperactive children: treatment procedure leads to an unconventional study design. Experience with open-label homeopathic treatment preceding the Swiss ADHD placebo controlled, randomised, double-blind, cross-over trial. Homeopathy, v. 96, n. 1, p. 35-41, 2007.

15 TROMPETTER, I.; KRICK, B.; WEISS, G. Herbal triplet in treatment of nervous agitation in children. Wiener Medizinische Wochenschrift, v. 163, n. 3-4, p. 52-57, 2013.

Fonte: Acervo pessoal.

50

Quadro 10 - Artigos selecionados para leitura da íntegra excluídos por não apresentar

grupo controle.

N. Referência

1 ALFARO, M.; ZAMORANO L. R. Efectos de la terapia floral en niños con trastorno de déficit atencional en el colegio cardenal carlos oviedo cavada. Tesis para optar al Título de Terapeuta Integral. Santiago, 2010.

2 CALLIS FERNANDEZ, S. Terapia floral de Bach en niños con manifestaciones de hiperactividad. MEDISAN, v. 15, n. 12, p. 1729-1735, 2011.

3 LIMA, D. R. P. Déficit de atenção e hiperatividade: um estudo de caso utilizando a Floralterapia. Monografia do curso de pós-graduação em Floralterapia da Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo. 2010.

Fonte: Acervo pessoal.

Quadro 11 - Artigos selecionados para leitura da íntegra excluídos por serem estudos

de revisão.

N. Referência

1 MARQUES, H. K. O. Florais de Bach como terapia complementar no tratamento dos sintomas de DDAH. Revista brasileira de medicina de família e comunidade, v. 7, n. 1, p. 53, Jun. 2012.

2 HALBERSTEIN, R. A.; SIRKIN, A.; VAZ, M. M. O. When Less Is Better: A Comparison of Bach! Flower Remedies and Homeopathy. Annals of Epidemiology, v. 20, n. 4, p. 298-307, Apr. 2010.

Fonte: Acervo pessoal.

Nos próximos subcapítulos serão apresentados os dados dos estudos incluídos

com relação a características das amostras, desfechos avaliados, desenho metodológico,

intervenção, efeito da intervenção, vieses metodológicos e qualidade da evidência

científica.

5.1 CARACTERÍSTICAS DAS AMOSTRAS

O tamanho das amostras variou de 10 (MEHTA, 2002) a 60 (RUEDA MACÍAS et

al, 2012) crianças/adolescentes com diagnóstico clínico de qualquer subtipo do TDAH

submetidas à terapia com as essências florais de Bach. O estudo de Rueda Macías et

51

al, (2012) foi o único que avaliou indivíduos acima de 17 anos e 11 meses (o limite

superior de idade nesse estudo foi de 19 anos).

As amostras dos estudos foram compostas por participantes tanto do sexo

masculino quanto do feminino, mas apenas Pintov et al, (2005) descreveram e

explicitaram o número de crianças de cada sexo (24 meninos e 11 meninas).

Para diagnóstico clínico do TDAH, um dos estudos utilizou a DSM-4 (PINTOV et

al, 2005), dois estudos não deixaram explícitos os critérios para diagnóstico, mas

relataram utilizar a Prova de Crespo para caracterização dos sintomas (VERANES;

CUÑAT; EDIRIO, 2010; RUEDA MACÍAS et al, 2012) e um estudo (MEHTA, 2002) não

se referiu aos critérios.

5.2 DESFECHOS AVALIADOS

Os desfechos primários avaliados nos estudos foram melhora dos sintomas e

comportamentos quando comparados com o grupo controle nos períodos pré e pós

intervenção. No entanto, os instrumentos utilizados para tal fim diferiram entre os estudos:

um deles adotou o Childhood Attention Profile (CAP) e a Columbia Impairment Scale

(CIS) (MEHTA, 2002); outro adotou o Connor’s Questionnaires para pais e para

professores (PINTOV et al, 2005) e os outros dois se basearam no relato dos pais sobre

a melhora discreta, melhora ou não dos sintomas dos participantes (VERANES; CUÑAT;

EDIRIO, 2010; RUEDA MACÍAS et al, 2012).

Nenhum dos quatro estudos explicitou a observação de efeitos colaterais com o

uso dos florais de Bach, embora um deles tenha descrito no método que caso houvessem

esses efeitos, o uso do medicamento seria suspenso (PINTOV et al, 2005) e outro tenha

relatado que é possível que ocorram esses efeitos antes do início da melhora (MEHTA,

2002).

5.3 DESENHO METODOLÓGICO

52

Dentre os estudos incluídos, os ensaios clínicos de Mehta (2002) e Pintov et al,

(2005) são de caráter randomizado. No entanto, somente o de Pintov et al, (2005) utilizou

o método duplo cego. Os outros dois caracterizam-se como estudos clínicos, controlados,

não cegos e não randomizados.

A eficácia do tratamento foi analisada nos quatro estudos por meio da comparação

dos instrumentos adotados para avaliação dos sintomas antes e depois da intervenção

em comparação aos resultados do grupo controle.

5.4 INTERVENÇÃO

Todos os quatro artigos avaliaram a eficácia das essências florais de Bach no

tratamento de crianças com TDAH e tiveram grupo controle.

Dois dos quatro estudos utilizaram a combinação da terapia floral com outro tipo

de intervenção. Veranes, Cuñat e Edirio (2010) associaram os florais à intervenção

psicopedagógica e Rueda Macías et al, (2012) à terapia farmacológica. Nesses dois

estudos o grupo controle recebeu apenas a intervenção que não era a terapia floral. O

placebo foi utilizado no grupo controle dos dois outros estudos (MEHTA, 2002; PINTOV

et al, 2005).

As essências florais utilizadas divergiram entre os estudos, como pode ser

observado no Quadro 12.

Dos quatro estudos, dois utilizaram a indicação de ingestão de quatro gotas sob a

língua, quatro vezes ao dia (PINTOV et al, 2005; RUEDA MACÍAS et al, 2012). Mehta

(2002) recomendou o uso dos florais duas vezes ao dia na primeira semana e três vezes

ao dia no resto do tratamento, mas não descreveu o número de gotas. Veranes, Cuñat e

Edirio (2010) não explicitaram essa informação.

A duração do tratamento variou de três meses (MEHTA, 2002; PINTOV et al, 2005)

a seis meses (RUEDA MACÍAS et al, 2012).

53

Quadro 12 - Essências florais utilizadas nos estudos incluídos.

Mehta (2002) Pintov et al, (2005) Veranes, Cuñat e Edirio (2010)

Rueda Macías et al, (2012)

Rescue Remedy, além do Vervain, Crab Apple e Walnut.

Clematis, Impatiens, Cherry Plum, Rock Rose e Star of Bethlehem.

De acordo com o diagnóstico e padrão caracterológico de cada criança: Chestnut Bud, Impatiens, Olive, Rock Water, White Chestnut, Clematis, Hornbeam, Scleranthus e Star of Bethlehem.

De acordo com os sintomas de cada paciente: combinações de essências dos sete grupos.

Fonte: Acervo pessoal.

5.5 EFEITOS DA INTERVENÇÃO

Os efeitos da intervenção foram avaliados em diferentes momentos. Mehta (2002)

aplicou questionário aos pais após três semanas e 3 meses após o início do tratamento.

Pintov et al, (2005) aplicaram questionários aos pais e professores para identificação de

sintomas e comportamentos um mês antes do início do tratamento e em cada mês

subsequente durante o estudo. No estudo Veranes, Cuñat e Edirio (2010) os pais foram

questionados sobre a eficácia do uso dos florais no TDAH, respondendo se os sintomas

da criança haviam melhorado discretamente, melhorado ou piorado aos 30, 60, 90 e 120

dias após o início do tratamento. Rueda Macías et al, (2012) também questionaram os

pais sobre a melhora dos sintomas no primeiro e no sexto mês após o início do

tratamento.

5.6 VIÉSES

Todos os trabalhos apesentaram viéses, principalmente em relação ao

recrutamento dos participantes e a perda amostral. No Quadro 13 é possível analisar os

viéses de cada estudo, bem como os dados

54

Quadro 13 - Resultados dos dados extraídos dos estudos incluídos.

Autor e ano

Amostra Desenho metodológico Intervenção Resultados Viés

Rueda Macías et al,

(2012)

60 crianças e adolescentes, de 5 a 19 anos, de ambos os sexos, com TDAH, atendidos no Centro Comunitário de saúde mental.

Estudo clinico controlado, prospectivo, não cego, não randomizado.

Grupo de estudo: essências florais (não especificadas - de acordo com os sintomas de cada paciente) combinadas com drogas psicotrópicas. Grupo controle: Drogas psicotrópicas (não especificadas). 6 meses de tratamento.

A terapia floral de Bach combinada ao uso de drogas psicotrópicas foi mais eficaz (90,0 %) em relação ao grupo controle. Houve uma diminuição nos distúrbios comportamentais emocionais.

- Viés de seleção: Não descreve a forma de recrutamento, os critérios de inclusão/exclusão e a perda amostral. - Viés no desenho do estudo: não cego e nenhum método de aleatorização. - Viés de diagnóstico: Não descreve a forma de diagnóstico do TDAH. - Viés de tratamento: Não especifica as essências e nem as drogas utilizadas.

Veranes, Cuñat e Edirio (2010)

40 crianças, de 7 a 9 anos, com TDAH tratados na Policlínica de psicologia infantil do Hospital "Dr. Juan de la Cruz Martinez Maceira".

Estudo clinico controlado, prospectivo, não cego, não randomizado.

Grupo de estudo: essências florais indicadas de acordo com o diagnóstico e padrão caracterológico de cada criança; Chestnut Bud, Impatiens, Olive, Rock Water, White Chestnut, Clematis, Hornbeam, Scleranthus e Star of Bethlehem.combinadas com psicoeducação. Grupo controle: Psicoeducação (12 sessões). 120 dias de tratamento.

Os pacientes foram avaliados aos 30, 60, 90 e 120 dias de tratamento. Após os 120 dias de tratamento, 85% dos integrantes do grupo de estudo apresentaram mudança comportamental evidente e reajuste do equilíbrio emocional.

- Viés de seleção: Não descreve a forma de recrutamento, os critérios de inclusão/exclusão e a perda amostral. - Viés no desenho do estudo: não cego e nenhum método de r aleatorização. - Viés de diagnóstico: Não descreve a forma de diagnóstico do TDAH. - Viés de tratamento: Não descreve a intervenção utilizada.

Pintov et al, (2005)

40 crianças (24 meninos e 16 meninas) com TDAH, de 7-11 anos, diagnosticados de acordo com os critérios do DSM-4.

Estudo clinico controlado prospectivo, randomizado, duplo cego.

Grupo de estudo: essências florais Cherry Plum, Clematis, Impatiens, Rock Rose e Star of Bethlehem. Grupo controle: Placebo (10 ml de aguardente (40% de álcool por volume), sem adição das essências florais. 3 meses de tratamento.

Não há diferença estatisticamente significativa entre os efeitos dos florais de Bach em comparação com placebo no tratamento de crianças com TDAH

- Viés de seleção: Não descreve a forma de recrutamento dos participantes Perda amostral maior que 10%.

Mehta (2002)

10 crianças de 5 a 12 anos, com TDAH, admitidos à hospitalização parcial na “Penn State Hershey Medical Center”.

Estudo clinico controlado, prospectivo, não cego, randomizado.

Grupo de estudo: essências florais Rescue Remedy (Impatiens, Clematis, Star of Bethlehem, Cherry plum, Rock rose) Vervain, Crab apple e Walnut. Grupo controle: Placebo (sem especificação). 3 meses de tratamento.

A terapia floral foi eficaz na redução do déficit de atenção e da hiperatividade, embora todas as 10 crianças interromperam o tratamento antes dos 3 meses de duração.

- Viés de seleção: Não descreve a forma de recrutamento, os critérios de inclusão e exclusão. Tamanho limitado da amostra. Perda amostral de 100%. - Viés no desenho do estudo: não cego e não descreve o método de aleatorização utilizado. - Viés de diagnóstico: Não descreve a forma de diagnóstico do TDAH.

55

5.7 QUALIDADE DA EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DOS ESTUDOS

Por meio da escala de PEDro foi realizada a análise metodológica dos estudos, e

constatou-se que somente um estudo (PINTOV et al, 2005) apresentou delineamento de

boa qualidade, sete pontos num total de dez, com elevada evidência científica.

O resultado da escala PEDro pode ser observado no Quadro 14.

Quadro 14 - Análise metodológica dos estudos por meio da escala PEDro

Autor e ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Total

Mehta (2002) sim sim não não não não não sim não sim não 3

Pintov et al, (2005)

sim sim sim sim sim sim não sim não sim não 7

Veranes, Cuñat e Edirio (2010)

sim não não não não não não sim não sim não 2

Rueda Macías et al, (2012) sim não não sim não não não sim não sim não

3

Legenda: 1. Inclusão; 2. Distribuição aleatória dos participantes; 3. Alocação secreta; 4. Similaridade inicial entre os grupos; 5. Cegamento dos participantes; 6. Cegamento dos terapeutas; 7. Cegamento dos avaliadores; 8. Medidas de desfecho; 9. Análise de intenção de tratar; 10. Análise estatística intergrupos; 11. Medidas de precisão e variabilidade. Fonte: Acervo pessoal.

56

6 DISCUSSÃO

O presente estudo abordou a temática do uso da terapia floral no tratamento dos

sintomas do TDAH, considerando o crescente interesse nas terapias alternativas e/ou

complementares tendo em vista a insatisfação com a medicina tradicional com os efeitos

colaterais dos medicamentos alopáticos e a visão de que esse tipo de intervenção

envolve o indivíduo como um todo.

Na busca na literatura sobre esse tema, foi observado um grande interesse na

compreensão do TDAH, principalmente no que diz respeito ao seu tratamento, seja ele

por meio de drogas psicotrópicas, psicoterapia ou medicinas complementares e

alternativas.

Por meio das estratégias de buscas, foram selecionados 24 estudos a partir de

751 encontrados por meio das estratégias de busca. No entanto, apenas 4 estudos que

se adequaram aos critérios de inclusão, foram incluídos na síntese qualitativa (Figura 1).

Nos quatro estudos incluídos, o tamanho das amostras variou de 10 a 60

crianças/adolescentes com diagnóstico clínico de qualquer subtipo do TDAH submetidas

à terapia com as essências florais de Bach. As amostras foram compostas por

participantes de ambos os sexos. Apenas Pintov et al, (2005) descreveram o número de

meninos e meninas da amostra. Embora os estudos tenham sido realizados em ambos

os sexos, segundo o DSM-5, o TDAH tem maior prevalência no sexo masculino do que

no feminino na população em geral, com uma proporção de cerca de 2: 1 nas crianças e

de 1,6: 1 nos adultos (APA, 2014).

Segundo Rohde et al, (2000) e Rohde e Halper (2004), a razão desta discrepância

está relacionada ao predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade em

meninos, que geralmente são mais agressivos e causam mais incômodo às famílias e à

escola. Outra explicação que apoia a diferença observada é que a apresentação

predominantemente desatenta é mais frequente no sexo feminino, que na maioria das

vezes acarretam menos prejuízos sociais e familiares e, portanto, são menos

encaminhadas a tratamento.

O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, baseado nos critérios

diagnósticos do DSM – 5 e/ou da CID – 10 (ABDA, 2013). Entretanto, apenas o estudo

57

de Pintov et al, (2005) deixou explícito os critérios (DSM – 4) para o diagnóstico clínico

do TDAH utilizados na seleção dos sujeitos.

Os desfechos primários avaliados nos estudos foram a melhora dos sintomas e

comportamentos quando comparados com o grupo controle nos períodos pré e pós

intervenção. Os quatro estudos aplicaram algum instrumento nos pais para avaliação

dessa melhora. Apenas o estudo de Pintov et al, (2005) aplicou questionário também nos

professores. Tendo em vista que o TDAH tem repercussões acadêmicas significativas e

que muitas vezes a criança passa mais tempo com o professor do que com os pais,

acredita-se que esse profissional seja importante na avaliação do transtorno. Para

Benczik (2011), o início do trabalho avaliativo deve ocorrer no contexto da criança, nesse

caso, o escolar.

Outro ponto importante a ser discutido é que os instrumentos utilizados na

avaliação da melhora dos sintomas e o tempo de intervenção foram diferentes entre os

estudos, o que também dificulta a comparação dos achados.

Segundo Salles e Silva (2012), as pesquisas nas áreas das práticas integrativas e

complementares apresentam grande dificuldade na apresentação de resultados

passíveis de quantificação e comparação, pelo seu olhar holístico, seu respeito pela

individualidade e a inabilidade na padronização da intervenção, visto que para essas

práticas, não se recomenda o uso de uma mesma fórmula para pessoas diferentes, ainda

que todos sofram com a mesma problemática.

Dentre os estudos incluídos, dois relataram a randomização da amostra nos

grupos (MEHTA, 2002; PINTOV et al, 2005), embora apenas um deles (PINTOV et al,

2005) descreva o modo de aleatorização. Somente esse mesmo estudo teve método

duplo cego (PINTOV et al, 2005). Portanto, a literatura que já é escassa sobre o tema,

torna-se ainda mais limitada pela falta de estudos com rigor científico.

A eficácia das essências florais de Bach no tratamento do TDAH foi avaliada nos

quatro estudos (MEHTA, 2002; PINTOV et al, 2005; VERANES; CUÑAT; EDIRIO, 2010;

RUEDA MACÍAS et al, 2012) por meio da comparação dos instrumentos adotados para

avaliação dos sintomas antes e depois da intervenção em comparação aos resultados do

grupo controle. Nenhum dos quatro estudos explicitou a observação de efeitos colaterais

com o uso dos florais de Bach.

58

Dois dos quatro estudos utilizaram a combinação da terapia floral com outro tipo

de intervenção: um com 12 sessões de intervenção pedagógica (VERANES; CUÑAT;

EDIRIO, 2010) e outro com terapia farmacológica (RUEDA MACÍAS et al, 2012). Nesses

dois estudos o grupo controle recebeu apenas a intervenção que não era a terapia floral.

Por outro lado, o placebo foi utilizado no grupo controle dos dois outros estudos (MEHTA,

2002; PINTOV et al, 2005).

No estudo de Rueda Macías et al, (2012), no grupo que utilizou a intervenção

farmacológica combinada com a terapia floral, 11 pacientes (36,7%) demonstraram

melhoria dos sintomas no primeiro mês de tratamento e 90% no sexto mês. Mehta (2002)

aplicou dois questionários (PAC e CIS), um três semanas após o tratamento inicial e outro

três meses após. No final do período de acompanhamento, todas as 10 crianças tinham

parado de tomar a essência floral ou o placebo. O estudo relatou que foi possível avaliar

que os florais de Bach são eficazes na redução da falta de atenção e da hiperatividade e

que identificou uma melhora no funcionamento global dos indivíduos do grupo controle.

Dentre os quatro estudos incluídos nesta revisão, três mencionam a eficácia da

terapia com as essências florais de Bach no tratamento do TDAH (MEHTA, 2002;

VERANES, CUÑAT E EDIRIO, 2010; RUEDA MACÍAS et al, 2012). Apenas Pintov et al,

(2005) não identificaram diferença estatística significativa entre o tratamento ativo e o

grupo placebo. Entretanto, a análise da qualidade metodológica desses estudos,

realizada por meio da escala PEDro, constatou que somente esse estudo (PINTOV et al,

2005) apresentou um delineamento de boa qualidade, sete pontos num total de dez, com

elevada evidência científica. Os ensaios clínicos randomizados (ECRs) são considerados

o mais confiável método de avaliar a eficácia de um tratamento ou intervenção.

Independentemente dos resultados de um ensaio clínico randomizado alcançarem ou

não significância estatística, o desenho do estudo, a condução e o relato dos dados

devem ser de alta qualidade (BRASIL, 2012).

Dessa forma, considerou-se que os estudos identificados não são suficientes para

apresentarem uma resposta conclusiva sobre o efeito dos florais de Bach para o

tratamento do TDAH e percebe-se que novos ECRs de melhor qualidade metodológica

são necessários para definir a questão da pesquisa.

59

Como pontos fortes deste estudo, destaque-se que foram seguidas as

recomendações do PRISMA (2015) e das Diretrizes Metodológicas para elaboração de

revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados (BRASIL, 2012). Para

cada questão de pesquisa, utilizou-se quatro bases classificadas como bases essenciais,

uma base de dados específica da área do conhecimento da RS, o Banco de Teses e

Dissertações da CAPES e foram realizadas buscas em outras fontes manualmente. A

estratégia de busca foi construída considerando-se o acrônimo PICO. A etapa de triagem

e a confirmação da elegibilidade foram realizadas por uma dupla de revisores, de modo

independente. Os resultados foram armazenados no banco de dados do programa

gerenciador de referências bibliográficas EndNote 7.0.

Foi realizada a análise metodológica dos estudos por meio da escala PEDro

(Quadro 14). O risco de viés foi analisado através de um roteiro para cada estudo,

buscando responder a três questões: a abrangência, a adequação do delineamento e a

qualidade metodológica dos estudos.

Não houve fonte de financiamento na realização dessa pesquisa ou quaisquer

relações comerciais ou financeiras que possam ser interpretadas como um potencial

conflito de interesses.

Como limitações, foram encontrados poucos estudos destinados a avalição da

eficácia dos florais de Bach para o tratamento do TDAH, bem como, a maioria dos

estudos incluídos foram de baixa qualidade metodológica.

As essências florais são extratos líquidos naturais e altamente diluídos de flores,

que têm o propósito de harmonizar o corpo etéreo, emocional e mental. Seu modo de

ação ou de cura não depende de mecanismos moleculares ou farmacológicos, mas da

energia sutil que é transmitida a partir das flores para o remédio (BARNARD, 2006).

Essas essências não podem ser analisadas em laboratórios, por se tratarem de essências

com energia sutil, necessitam ser analisados através da experimentação e observação

dos efeitos (NAIFF, 2006).

A proposta da Terapia Floral é fazer fórmulas personalizadas, conforme as queixas

do paciente (BACH, 2006). Dessa forma, é muito difícil um pesquisador replicar

seguramente um estudo e comprovar ou não a eficácia dos florais de Bach, pois não há

a garantia da quantidade e qualidade das essências utilizadas, bem como dos

60

mecanismos moleculares ou farmacológicos dos remédios de Bach, a especificação e

quantidade exata dos extratos líquidos utilizados e a fidelidade na elaboração e na

prescrição dos florais. Nos estudos de Pintov et al, (2005), Rueda Macías et al, (2012) e

Veranes, Cuñat e Edirio (2010) não foram utilizadas integralmente as mesmas essências,

bem como não se sabe como foram elaborados os extratos líquidos, impedindo assim, a

comparação e a quantificação entre os estudos analisados, no que se refere a

intervenção utilizada.

Como as essências florais operam por meio de ressonância vibracional e atuam

nos campos da energia humana e não por resultado de alguma reação farmacológica ou

fisiológica no corpo (CURTIS; HURTAK, 2004), muitos autores sugerem que o efeito

placebo atua de forma expressiva na resposta da terapia com os florais de Bach (FRICK,

1999; WALACH; RILLING; ENGELKE, 2001; HALBERSTEIN; SIRKIN; VAZ, 2010).

Segundo Salles e Silva (2012), a literatura evidencia que quem recebe placebo também

costuma melhorar, fato que pode ser atribuído ao momento terapêutico e ao se sentir

cuidado. Contudo, esta melhora não pode ser análoga aos que recebem o tratamento

medicamentoso ou outra intervenção para se comprovar a eficácia da estratégia

empregada.

É importante destacar que o TDAH, além de causar prejuízos na vida de seus

pacientes, também afeta a qualidade de vida dos cuidadores, professores e outros e por

isso, muitas vezes, o efeito placebo não age apenas em quem recebe o placebo, mas

também nas pessoas que convivem com o mesmo. Dessa forma, as pesquisas

atualmente disponíveis não indicam a eficácia das essências florais de Bach no

tratamento do TDAH, porém os indivíduos com TDAH e as pessoas que convivem com

eles, encontram no efeito placebo uma maior qualidade de vida.

Por meio da busca na literatura, encontrou-se uma revisão sistemática (THALER

et al, 2009) que também não identificou evidência cientifica sobre a eficácia e segurança

dos florais de Bach para transtornos psicológicos e de dor (incluindo o TDAH), pois a

maioria dos estudos encontrados apresentaram baixa qualidade metodológica.

Outra revisão sistemática (HALBERSTEIN; SIRKIN; VAZ, 2010) comparou

resultados da terapia com os florais de Bach e a homeopatia e identificou resultados

61

mistos e equivocados. Foram encontrados também resultados positivos, porém sugeriu-

se que o efeito placebo tenha operado significativamente em ambas as terapias.

Callis Fernandez (2011) avaliou a eficácia dos florais de Bach em 48 crianças com

hiperatividade e identificou melhora em 93,8% dos participantes do estudo. Entretanto,

nesse estudo não existiu grupo controle e foi identificada baixa evidência científica.

Assim, as pesquisas atualmente disponíveis indicam que as essências florais de

Bach não apresentam evidência cientifica que comprovem sua eficácia para o tratamento

do TDAH.

Em toda a sua obra Dr. Bach demonstrou como a saúde e a enfermidade estão

intimamente relacionadas com o modo que uma pessoa vive e a necessidade de

transformação nos pensamentos, nas emoções e atitudes consigo mesmo e com os

outros. Para Bach, por trás de toda doença estão os medos, angústias, ansiedades,

ganâncias, preocupações, desgostos e assim por diante, e com a cura desses, liberta-se

também da enfermidade física. A terapia floral não elimina os aspectos mentais negativos,

mas os transforma em positivos.

Com o acentuado crescimento do interesse da população e dos profissionais da

área da saúde por terapias complementares e alternativas, a terapia com os florais de

Bach tem sido utilizada como uma alternativa para o tratamento dos sintomas do TDAH.

Entretanto, um número cada vez maior de crianças tem recebido o diagnóstico de TDAH

e o uso de medicamento, especialmente de cloridrato de metilfenidato, ainda é o mais

indicado, mesmo podendo gerar efeitos adversos importantes e sem o seu mecanismo

de ação esclarecido completamente.

Percebe-se que o aumento da medicalização tem fortalecido a concepção

reducionista dos transtornos psicológicos, bem como, pais e professores tem buscado na

medicalização a solução para os problemas comportamentais e de aprendizagem de

seus filhos e alunos.

Por isso a necessidade de uma avaliação diagnóstica bem conduzida, para

possibilitar a diferenciação entre os sintomas do TDAH e a indisciplina, o desinteresse, a

desobediência, a falta de motivação ou de limites, entre outros fatores operantes na

mudança de comportamento da criança e do adolescente. Evitando assim, prejuízos

emocionais, sociais, familiares, profissionais e o uso indiscriminado da medicalização.

62

As terapias complementares vêm sendo praticadas em todo o mundo e podem ser

consideradas um tratamento alternativo para os sintomas do TDAH, como por exemplo

as dietas que restringem a ingestão de açúcares e corantes artificiais e suplementação

vitamínica; o biofeedback, o tratamento baseado em exercícios, a fitoterapia, a

homeopatia e dentre outros. Além disso, a Terapia Cognitivo-Comportamental, as

estratégias comportamentais para a família, professores e para o indivíduo com TDAH, a

conscientização acerca do transtorno e outros, podem representar grandes avanços no

tratamento do transtorno.

Portanto, o TDAH passou e tem passado por grandes alterações nas últimas

décadas, sobretudo em função de uma melhor compreensão de suas causas,

sintomatologia e tratamento. Todavia, independente da nomenclatura utilizada, é

importante ter um olhar biopsicossocial e uma compreensão global e interdisciplinar

desse fenômeno, visto que o termo é utilizado corriqueiramente em contextos clínicos,

acadêmicos, familiares e sociais, é o transtorno mais comum na infância e sua incidência

vem crescendo em um curto período de tempo.

63

7 CONCLUSÃO

Os achados dos estudos identificados nesta revisão possuem baixa evidência

científica e, portanto, não são suficientes para determinar o efeito dos florais de Bach

para o tratamento do TDAH.

64

REFERÊNCIAS

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70

ANEXO 1

ESCALA PEDro – PORTUGUÊS (BRASIL)

71

Fonte: PEDro: physiotherapy evidence database. Disponível em: <http://www.pedro.org.au/portuguese/>. Acesso em: 18 ago. 2016.

72

Fonte: PEDro: physiotherapy evidence database. Disponível em: <http://www.pedro.org.au/portuguese/>. Acesso em: 18 ago. 2016.

73

ANEXO 2

Check-list PRISMA 2015

74

Fonte: PRISMA: Transparent reporting of systematic reviews and meta-analyses. Disponível em: <http://prisma-statement.org/Extensions/Protocols.aspx>. Acesso em 15 de jul. 2016.