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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MESTRADO PROFISSIONAL MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO Uma proposta de modelo de indicadores para avaliação em educação corporativa Belo Horizonte - MG 2017

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1

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MESTRADO PROFISSIONAL

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Uma proposta de modelo de indicadores

para avaliação em educação corporativa

Belo Horizonte - MG

2017

2

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Uma proposta de modelo de indicadores

para avaliação em educação corporativa

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Mestrado Profissional do

Centro Universitário UNA, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Inovação e Dinâmica

Organizacional

Linha de pesquisa: A Dinâmica

Organizacional, Inovação e Sociedade

Orientador(a): Max Cirino de Mattos

Belo Horizonte

2017

3

"Quando você pode mensurar o que está ensinando, e consegue expressar isso em números,

você realmente sabe alguma coisa sobre o assunto; mas quando você não consegue mensurar,

quando não consegue expressar em números, seu conhecimento é superficial e insatisfatório."

(William Thomson (Lord Kelvin) [1824 – 1907] Físico-matemático e engenheiro britânico)

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me propiciar os recursos de que necessito

para realizar meus sonhos, com dignidade e ética, para realizar as obras que Ele

definiu para minha missão aqui, pois assim diz o Senhor: "em tudo dai Graças...".

Agradeço a Ele a oportunidade de me formar e poder atuar na minha profissão

de educadora e por meio dela também poder transmitir seus ensinamentos, que

busco ter sempre presente por onde quer que eu vá. Ensinamentos estes que recebi

de meus pais, a quem devo minha criação, exemplo, meus princípios e conduta reta.

Em especial, ao meu pai (in memoria), que me ensinou o valor da educação e do

conhecimento, que ninguém poderá me tirar e o qual posso dividir ao multiplicar.

Como eu gostaria que meu pai estivesse aqui para participar de mais essa vitória.

Agradeço aos meus irmãos, Valéria e Eduardo, pela torcida e admiração que

sentem pelas conquistas da minha vida. Aos meus amados sobrinhos, Denner e

Duda. Duda, sua chegada encheu nossas vidas de luz, amor, esperança.

Pequenina, tão cheia de energia, alegria e ingênua sabedoria. Com a partida do meu

pai, tornou-se, também, nossa força de vida e o feixe de luz na escuridão.

Ao meu marido Paulo, pelo incentivo ilimitado à minha carreira, a paciência em

entender minhas ausências e tantas horas passadas diante do computador sem lhe

dirigir uma palavra se quer e pelas horas de sono roubadas.

Agradeço ao meu orientador, querido professor Max Mattos, que com muita

sabedoria, dedicação e compreensão, conduziu-me com generosidade, carinho,

paciência, discernimento, na elaboração e finalização desse projeto. Minha gratidão!

Agradeço à professora Íris e ao professor Marcelo Bax, por suas valiosas

contribuições no momento da minha qualificação. Aos meus colegas da turma de

Mestrado, principalmente ao Henrique César Rezende e Souza, pelo apoio e

incentivo nas horas em que contestei minha capacidade e pensei em desistir. Seu

apoio foi fundamental!

Por fim, agradeço aos colegas de RH que participaram e contribuíram para a

realização desta pesquisa. Sem vocês não seria possível atingir os objetivos. Em

especial, agradeço à Flávia Oliveira e Valéria Maria da Silva Sousa (Diretora da

ABRH- Associação Brasileira de Recursos Humanos). Meu muito obrigada!

5

RESUMO

A presente pesquisa buscou responder à seguinte problemática: que modelo de

indicadores permite avaliar as ações de educação corporativa, possibilitando medir o retorno

do investimento nestas ações? Para tanto, foi utilizada a DSR - Design Science Research -

para o atingimento dos objetivos, por se tratar de um método que possibilita a construção de

artefatos para resolver problemas práticos do contexto da gestão. A partir dos modelos de

Kirkpatrick e Phillips foi proposto um conjunto de indicadores para nortear o trabalho dos

profissionais que atuam com esse processo nas empresas, a identificarem a efetiva

contribuição destas ações e subsidiar a mensuração desse resultado, analisando empresas

de diferentes setores (indústria, alimentação, saúde e financeiro). Os resultados evidenciam

e reforçam que o nível mais aplicado pelas empresas é o nível dos modelos de referência

deste trabalho, ou seja, de Kirkpatrick e Phillips. estudo possibilitou, ainda, a análise quanto

à falta de uma relação direta entre as práticas de gestão de pessoas e as de educação

corporativa, identificando-se que a área de recursos humanos ainda influencia de forma

subjetiva as demais ações da empresa. Outro aspecto analisado é que as práticas das

empresas indicam um caminho para a mensuração, no cuidado ao estabelecer os objetivos

das ações e vinculando-as às estratégias do negócio.

Palavras-chave: educação corporativa; indicadores de desempenho; aprendizagem

organizacional; universidade corporativa.

ABSTRACT The present research sought to answer the following problem: what model of indicators

allows to evaluate the actions of corporate education, making it possible to measure the

return on investment in these actions? For this purpose, the DSR - Design Science Research

- was used to reach the objectives, since it is a method that allows the construction of

artifacts to solve practical problems of the management context. From the Kirkpatrick and

Phillips models, a set of indicators was proposed to guide the work of the professionals who

work with this process in the companies, to identify the effective contribution of these actions

and to support the measurement of this result, analyzing companies from different sectors

(industry, food, health and financial). The results evidence and reinforce that the level most

applied by the companies is the level of reference models of this work, that is, Kirkpatrick and

Phillips. The study also made it possible to analyze the lack of a direct relationship between

the practices of people management and those of corporate education, identifying that the

area of human resources still subjectively influences the other actions of the company.

Another aspect analyzed is that the practices of companies indicate a path to measurement,

care in establishing the objectives of the actions and linking them to the strategies of the

business.

Keywords: corporate education; performance indicators; Organizational learning;

corporate University

6

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................. 7

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................. 9

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 10

1.1. Justificativa ..................................................................................................................................... 18

1.2. Objetivos ......................................................................................................................................... 20

1.2.1.. Objetivo geral ......................................................................................................................... 20

1.2.1.. Objetivos específicos ............................................................................................................. 20

1.3. Estruturação do Texto ..................................................................................................................... 21

2. METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................................................... 22

2.1. Caracterização da pesquisa ............................................................................................................ 22

3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................................... 30

3.1. Conceito e evolução da educação corporativa .............................................................................. 32

3.2. Uma análise dos modelos de avaliação de resultados em educação corporativa ......................... 38

3.2.1. A escala dos níveis de avaliação de Kirkpatrick ...................................................................... 40

3.2.2. Modelo de Avaliação de Jack Phillips....................................................................................... 45

3.3. Indicadores de desempenho e BSC.......................................... ...................................................... 50

4. RESULTADOS .................................................................................................................................. 62

4.1.Estudo da Empresa Alfa .................................................................................................................. 68

4.2. Estudo da Empresa Exa ................................................................................................................... 75

4.3. Estudo da Empresa Alga .................................................................................................................. 80

4.4. Estudo da Empresa Mega ............................................................................................................... 87

4.5. Análise comparativa entre os modelos de avaliação utilizados pelas empresas estudadas .......... 95

4.6. Proposição de um modelo de indicadores ................................................................................... 100

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 106

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 109

ANEXOS ............................................................................................................................................. 116

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Resultados em TeD.............................................................................. 15

Figura 2 - Sistema de Educação corporativa ....................................................... 32

Figura 3 - Diferença entre Área de Treinamento e Universidade

Corporativa............................................................................................................

33

Figura 4 - Modelo do Cálculo do ROI de Phillips.................................................. 46

Figura 5 - As quatro perspectivas do Balanced Scorecard e o mapa

estratégico.............................................................................................................

53

Figura 6 - Perspectiva Crescimento e Aprendizado e seus capitais intangíveis . 54

Figura 7 - Competências como fonte de valor para as empresas e indivíduos ... 56

Figura 8 - Valores Alga ........................................................................................ 81

Figura 9 - Organograma da Gerência de RH - Alga............................................. 81

Figura 10 - Modelo estratégico da EC na Alga .................................................... 83

Figura 11 - Metodologia 9 Block ......................................................................... 88

Figura 12 - Estrutura da Escola Executiva ........................................................... 90

Figura 13 - Dimensões para um método de avaliação em educação

corporativa.............................................................................................................

100

Figura 14 - Dimensões de avaliação em educação corporativa proposta x

Perspectivas do BSC............................................................................................

103

8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classes de problemas em pesquisas de negócios........................ 23

Quadro 2 - parâmetros para assegurar o rigor da pesquisa ........................... 24

Quadro 3 - Etapas de condução e pontos a explicitar de uma DSR............... 26

Quadro 4 - Focos do alinhamento entretégico das ações de educação

corporativa.......................................................................................................

36

Quadro 5 - Comparação entre os modelos de avaliação de Kirkpatrick e

Phillips .............................................................................................................

48

Quadro 6 – Perspectivas, temas estratégicos e indicadores .......................... 57

Quadro 7 – Indicadores identificados na literatura pesquisada....................... 62

Quadro 8 - Perspectivas BSC x Indicadores Mapeados.................................. 64

Quadro 9 - Indicadores mapeados x Perspectivas BSC x níveis de

Kirkpatrick (3 e 4) ............................................................................................

65

Quadro 10 - Síntese do estudo da Empresa "Alfa".......................................... 73

Quadro 11 - Síntese do estudo da Empresa "Exa".......................................... 78

Quadro 12 - Síntese do estudo da Empresa "Alga"......................................... 86

Quadro 13 - Síntese do estudo da Empresa "Mega"....................................... 92

Quadro 14 - Análise comparativa entre as empresas estudas: medidas de

avaliação de resultados em educação corporativa..........................................

96

Quadro 15 - Indicadores do Modelo proposto para Avaliação em Educação

Corporativa.......................................................................................................

104

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Indicadores de eficiência e eficácia utilizados pelas

empresas.......................................................................................................

38

Tabela 2 - Estratégias de aprendizagem organizacional e os níveis de

avaliação .......................................................................................................

49

Tabela 3 - Perspectivas do BSC e questões a serem respondidas............... 67

Tabela 4 - Critérios para definição de indicadores segundo Marr (2006)...... 104

10

1- INTRODUÇÃO

As empresas apresentam muitas semelhanças em relação às suas estratégias,

tais como: tecnologia, equipamentos, matérias-primas, ferramentas de gestão e

controle, e um dos aspectos que mais diferenciam uma organização da outra são os

seus recursos humanos – isto é, o Capital Humano, que é a capacidade intelectual e

de relacionamento que pode ser encontrada nas pessoas, sejam elas ocupantes de

cargos gerenciais ou não (PENROSE, 2009).

É crescente a necessidade de as organizações perceberem o desenvolvimento

de pessoas não como um evento pontual, mas um processo contínuo, visto que o

talento das pessoas precisa ser constantemente desenvolvido e fortalecido devido

ao seu valor para a melhoria dos seus produtos e serviços.

Elevar o nível de conhecimento das pessoas contribui ainda, segundo Penrose

(2009), para os processos de mudanças organizacionais e de adaptação ao

ambiente externo e constitui uma oportunidade para que os conhecimentos

individuais apareçam, visto que nos dias atuais o aprender e o saber ganham

destaque para fomentar a inovação nas empresas.

A tecnologia vem transformando a dinâmica das organizações, fazendo com

que as pessoas estejam mais conectadas com outras em localidades mais distantes.

Outra mudança significativa é que os profissionais precisarão desenvolver a

aprendizagem autônoma. E as empresas vão se organizar em torno de uma

arquitetura de negócio que irá estimular a sua renovação a partir do processo de

aprendizagem (DEISER, 2011)

A sobrevivência das organizações está atrelada ao contínuo desenvolvimento

dos seus profissionais. Para Hussein et al (2014) a aprendizagem organizacional

tem efeito direto sobre o desempenho. Os autores consideram ainda que ela está

ancorada em dimensões, que constituem: a aprendizagem contínua, o diálogo e a

pesquisa, o aprendizado em equipe, sistemas estruturados, sistema e conexões,

capacitação da liderança. Contudo, para os autores o desempenho organizacional é

fruto de interações diferentes das partes que compõem a organização, sendo,

portanto, difícil de definir e medir (HUSSEIN et al, 2014, p.300). Esses fatores são

considerados facilitadores do processo de melhoria do desempenho em paralelo à

contribuição aos processos de mudança levando, posteriormente, à melhoria do

desempenho global da organização.

11

Para Bastos e Oliveira (2014) a empresa busca melhorar seu desempenho

para o futuro, para tanto, faz-se necessário identificar indicadores de desempenho

que possam mensurar a melhoria dos resultados decorrente dos investimentos feitos

pelos líderes.

Dessa forma, no contexto de alta competitividade e a busca pela maximização

de resultados, as organizações necessitam de ferramentas de gestão do

desempenho que propiciem a integração entre estratégia, aprendizagem,

competências e indicadores quantitativos e qualitativos (BASTOS e OLIVEIRA,

2014).

Independentemente do setor de atuação, geralmente as organizações buscam

inovação, produtividade e crescimento. Esses fatores dependem da sua capacidade

de transformar conhecimentos em resultados. Drucker (1997) afirma que toda

organização deveria se tornar uma organização de aprendizagem para assegurar

competitividade e crescimento sustentável. Nesse sentido, o conhecimento torna-se

imprescindível para uma estratégia de mercado. Assim como é destacado por Grant

(1996), o conhecimento surge como um recurso estratégico significativo e que pode

alavancar o desenvolvimento e a vantagem competitiva das empresas.

Assim como os profissionais, a organização também necessita aprender

continuamente e aplicar esse conhecimento para gerar inovação e resultados

superiores. Esse processo de aprendizagem auxlia o processo decisório e a

utilização de seus recursos adequadamente, de forma a obter o máximo de seu

rendimento. Penrose (2009, p.16) afirma que "...esse crescimento é essencialmente

um processo evolutivo e está baseado no incremento cumulativo do saber coletivo,

dentro do contexto de uma firma dotada de propósitos".

A capacidade de utilizar os conhecimentos para gerar resultados depende tanto

da capacidade de aplicação desse conhecimento pelos indivíduos, em situações

concretas, como da aquisição de novos conhecimentos necessários e direcionados

pela organização.

Conforme Schwandt e Marquardt (1999, 47): “aprendizagem organizacional

acontece em empresas que estão sempre em transformação, onde grupos e

pessoas se engajam continuamente em novos processos de aprendizagem para

obter e manter vantagem competitiva".

12

Segundo Bastos e Oliveira (2014) as organizações que aprendem também

experimentam a melhoria no desempenho porque o conhecimento disseminado na

organização é útil. Ainda segundo os autores, o conceito de organização de

aprendizagem tem sido associado à inovação e ao desempenho. A educação

corporativa surge, então, para auxiliar a organização a desenvolver as competências

necessárias à sua competitividade (DIAS, 2012).

Tanto a organização como os indivíduos veem uma ligação direta entre

desenvolvimento pessoal e organizacional. Como as práticas de educação

corporativa possuem uma atuação sistêmica, o desenvolvimento do indivíduo

influencia os processos, criando uma cultura de desempenho (AMORIM et al, 2012).

Eboli (2010, p. 44) afirma que

“as práticas de educação corporativa devem favorecer uma atuação

profissional impregnada de personalidade, criando condições para o

desenvolvimento do conhecimento criador e da postura

empreendedora e para o florescimento de líderes eficazes." (EBOLI,

2010 p. 44).

Vale ressaltar que, segundo Schein (2009, p.12-13), a cultura organizacional

pode ser definida como um "conjunto de regras, valores implícitos e padrões

estabelecidos e compartilhados, sendo a parte mais profunda, frequentemente

inconsciente de um grupo." A cultura, de forma geral, é imprescindível para a gestão

empresarial, bem como para definir a forma como as pessoas serão selecionadas,

desenvolvidas, reconhecidas e gerenciadas.

A educação corporativa, nessa perspectiva, pode ser considerada facilitadora

da disseminação e reforço da cultura e do processo de aprendizagem

organizacional, uma vez que promove o alinhamento entre os empregados e os

objetivos organizacionais, ao mesmo tempo em que integra também todas as partes

interessadas.

Para Cruz (2010) a educação corporativa se volta para os objetivos

estratégicos organizacionais e para a formação, em função das variáveis do

mercado, pois a competitividade, aumenta o nível de exigência em relação à

qualificação dos profissionais.

A educação corporativa, portanto, além de ser um processo determinante para

a vantagem competitiva e inovação, passa a ser percebida como uma ação

estratégica geradora de resultados em todos os níveis da organização. Para que ela

13

seja tratada realmente como uma estratégia importante no contexto do negócio, é

preciso que se torne parte integrante da cultura organizacional, visto que esta é

responsável por moldar e estimular continuamente o desenvolvimento de

competências essenciais, além de direcionar os padrões comportamentais aceitos,

bem como de definir o jeito de ser e de agir de uma organização. Portanto, a

educação corporativa atua na integração do desenvolvimento de competências com

a complexidade do ambiente organizacional (EBOLI, 2010).

A partir dessas constatações, um número significativo de empresas está

investindo em ações de educação corporativa com o objetivo de atingir e melhorar

seus resultados e suas estratégias, como demonstra uma pesquisa inédita da

Delloite Educação Empresarial, realizada com 126 empresas no Brasil (Deloitte,

2016). O estudo demonstra, também, o nível de maturidade destas empresas, das

quais 28% possuem universidade corporativa. Um número signficativo de empresas

ainda não possuem um sistema estrururado (72%), sendo que mais de um quarto

delas (28%) demonstram interesse em criar uma estrutura desse tipo em um futuro.

O estudo identificou a necessidade de se colocar a educação corporativa em

linha com o negócio das empresas para que essas ações tenham retorno sobre o

investimento realizado. Para alcançar esse objetivo, a pesquisa propõe avaliação de

eficiência por meio de entrevistas com o gestor da equipe; avaliação da reação e

entrevistas e indicadores de performance das operações (DELOITTE, 2016).

Um dos principais desafios da área de recursos humanos continua sendo o de

monitorar e mensurar o impacto das ações educacionais no negócio. A educação

corporativa, como parte integrante da área de recursos humanos, deve estar

alinhada às estratégias da área para permitir um processo de aferição de resultados.

Assim como a organização precisa mensurar seus resultados, a educação

corporativa também deve utilizar métricas que possibilitem avaliar suas ações de

forma alinhada com as estratégias organizacionais, evidenciando seu impacto nos

resultados corporativos. Por isso, a mensuração de resultados torna-se fundamental,

auxiliando na mudança de visão da alta liderança para que perceba e valorize a

educação no contexto dos negócios, influenciando também o processo decisório no

que tange à relevância do investimento em programas de educação corporativa

(ALBUQUERQUE e LACOMBE, 2008).

14

De acordo com Kaplan e Norton (1997), o sucesso de uma organização é

medido pelos seus resultados, a partir de um sistema de indicadores, no qual o seu

desempenho é mensurado, considerando as perspectivas de seus clientes, do

mercado, da capacidade de seus empregados, da produtividade, da qualidade e dos

aspectos financeiros.

Entre os modelos discutidos na literatura na área de recursos humanos, no que

tange à mensuração de resultados, destacam-se os de Philips (1991) e Kirkpatrick

(1959), que são utilizados como referência para outros modelos como Goldstein

(1991). Segundo esses modelos, a avaliação é um instrumento para o levantamento

de informações e determinação de valor para as ações de treinamento e

desenvolvimento antes e após sua execução, ou seja, a avaliação de resultados. O

modelo definido por Hamblin (1978) baseia-se no levantamento de informações para

retroalimentar o processo, sendo, portanto, um método de análise processual. O

modelo de Fitz-enz (1995) considera os custos, mudança e impacto como fatores

chave para a avaliação dos resultados de treinamento.

Oskamp (1981) apud, Abbad et. al (2007) destaca dois tipos de avaliação: a

somativa e a formativa. A avaliação formativa avalia os programas durante a sua

realização, focando o processo e assim possibilitando melhorar a sua execução. A

avaliação somativa, por outro lado, analisa principalmente os resultados dos

programas, incluindo o seu acompanhamento, a avaliação de impacto e a eficiência.

O principal objetivo desta avaliação é verificar a contribuição efetiva do programa

para os objetivos propostos inicialmente e os demais efeitos gerados por ele.

Abbad; Andrade e Borges (2007, p.53) preconizam que a avaliação é o

conjunto de ferramentas e métodos, que devem ser aplicados a partir de critérios

específicos para verificar o andamento e os resultados de um programa, em relação

ao que ele havia proposto enquanto objetivos de aprendizado e de resultados a

serem alcançados pelo público-alvo da ação.

Os autores enfatizam que os métodos oriundos de diferentes áreas de estudo,

como a psicologia, administração, ciências, economia e educação, avaliam os

programas de educação com o objetivo de propor melhorias para os mesmos.

Consideram ainda, que o processo de avaliação é diferente para cada programa,

visto que um programa difere do outro, demandando, dessa forma, processos

15

avaliativos específicos. Por isso, quem avalia precisa conhecer o método de

avaliação e para qual programa ele melhor se aplica.

Essa percepção dos autores corrobora com as de Phillips (1991) e Kirkpatrick e

Kirkpatrick (2010). Para esses últimos, a dificuldade que algumas organizações

encontram para avaliar seus programas de educação, deve-se, em síntese, à falta

de: conhecimento do processo de avaliação; de cobrança institucional para que a

avaliação seja realizada; visão e acomodação dos profissionais que lidam com esse

tema na área de recursos humanos. Amorim at al (2012) destaca ainda, quanto às

dificuldades, a: complexidade das variáveis envolvidas no processo de mensuração,

em relação ao tempo e à falta de foco claro quanto aos processos estratégicos;

existência de fatores relevantes no processo, como custos e recursos envolvidos;

tendência em perceber a educação corporativa mais pelas questões técnicas que

pela sua contribuição estratégica; outros fatores complicadores envolvidos no

processo como questões comportamentais e políticas.

Alinhado a esses fatores, observa-se que uma das avaliações mais utilizadas

nos projetos de Treinamento e Desenvolvimento é a avaliação de reação, conforme

demonstra pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Treinamento e

Desenvolvimento (ABTD 2016):

Figura 1 - Resultados em TeD

Fonte: Revista TeD - Inteligência Corporativa - edição especial 2016

16

A pesquisa utiliza como referência os quatro níveis de avaliação de Donald

Kirkpatrick, com a inclusão de um quinto nível, o Retorno Sobre o Investimento

(ROI). Constatou-se que os níveis mais analisados são reação e aprendizado: 77%

das ações de treinamento das empresas são avaliadas pela reação dos

participantes ao programa, nas quais são avaliados o programa, a qualidade e a

satisfação dos participantes; e 30% avaliam o aprendizado. A pesquisa mostra ainda

que, em relação ao ano anterior, a avaliação de reação cresceu 17% e a de

aprendizado 43%, e as demais diminuíram (ABTD, 2016).

Dessa forma, há uma preocupação crescente em compreender como as ações

da educação corporativa contribuem para os resultados empresariais, fazendo com

que a área de recursos humanos se torne mais estratégica. Por isso, a mensuração

de resultados torna-se fundamental, auxiliando a transformar a percepção da alta

liderança e influenciando o processo decisório sobre a relevância do investimento

em programas de educação corporativa (ALBUQUERQUE e FISCHER, 2011).

A partir da análise dos modelos de avaliação de treinamento e

desenvolvimento propostos por Phillips (1991) e Kirkpatrick e Kirkpatrick (2010),

percebe-se o avanço desses estudos; contudo há necessidade de verificar se eles

se aplicam também à educação corporativa, bem como estabelecer indicadores que

facilitem sua gestão e análise.

Para Dias (2012), o sistema de educação corporativa deve estar alinhado ao

processo de avaliação em gestão de pessoas. Fischer e Albuquerque (2011)

consideram esta uma preocupação de profissionais de RH. Durante a trajetória da

autora deste trabalho, como profissional de Treinamento, Desenvolvimento e

Educação Corporativa, bem como no papel de Consultora Organizacional, foi

possível perceber essa lacuna nos projetos e ações educativas, cujos programas,

apesar de bem estruturados, não alcançavam uma visão mais estratégica no

contexto do negócio.

Nesse ponto, Dias (2012) destaca que o sistema de educação corporativa é

permeado pela estratégia, corroborando com Oliveira (2011) que relaciona as

práticas de educação corporativa mais às questões de desempenho organizacional,

que aos objetivos da gestão de pessoas.

Diante do exposto, a presente pesquisa se propôs identificar um modelo de

indicadores que possibilite medir o retorno do investimento nas ações educacionais.

17

Sendo assim, a pergunta que se coloca é quais os indicadores identificados nos

modelos de referência em treinamento e desenvolvimento disponíves na

literatura que permitem avaliar as ações de educação corporativa,

possibilitando medir o retorno do investimento destas ações?

Esta pesquisa buscou trazer uma contribuição para a evolução dos estudos

nessa área. Para demonstrar a relevância do tema foi realizada a busca em algumas

bases de dados: Google Acadêmico, Cengage, SciELO, Portal Capes, RAC -

Revista de Administração Contemporânea; RAE - Revista de Administração de

Empresas; RAUSP - Revista de Administração da Universidade de São Paulo; RAP -

Revista de Administração Pública; ENANPAD. Foi considerado o período de 2010 a

2016, utilizando-se os seguintes termos: educação corporativa; indicadores de

desempenho; aprendizagem organizacional; universidade corporativa; design

science. Nesses trabalhos, foram identificados alguns indicadores que podem

auxiliar na mensuração dos resultados, contudo sem correlacioná-los com os níveis

dos estudos utilizados como referência neste trabalho: Kirkpatrick e Phillips.

Contudo, serviram de ponto de partida para a estruturação do modelo desenvolvido

como objetivo deste trabalho.

1.1. OBJETIVOS

A partir do contexto sobre avaliação de resultados de educação corporativa, a

seguir são apresentados os objetivos geral e específicos para o desenvolvimento

desta pesquisa:

1.1.1. Objetivo geral

Levantar os indicadores possíveis para um modelo de avaliação do impacto da

educação corporativa, no negócio da empresa, a partir dos indicadores disponíveis

na literatura.

1.1.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos do presente trabalho de pesquisa são:

Levantar os principais indicadores utilizados em estudos recentes sobre o

processo de avaliação de resultados em educação corporativa.

18

Comparar os indicadores identificados com os modelos de Avaliação de

Kirkpatrick e Phillips, adotados como modelos de referência neste

trabalho.

Confrontar, a partir das entrevistas realizadas com os profissionais das

empresas estudadas, o modelo proposto.

Identificar as limitações, vantagens e perspectivas de avaliação da

educação corporativa nas empresas estudadas.

Por se tratar de um mestrado profissional foi estruturado um produto técnico. O

produto técnico deriva do levantamento da literatura e constitui-se de um modelo de

indicadores, por meio de orientações de indicadores de referência para a avaliação

no processo de educação corporativa. O produto técnico proposto será utilizado nas

atividades de consultoria da autora.

1.2. JUSTIFICATIVA DE PESQUISA

É papel da educação corporativa, por meio de suas ações, a promoção da

disseminação do conhecimento organizacional para o aprimoramento do

desempenho dos empregados e da geração de inovação para as organizações.

Além disso, ela deve criar oportunidades que auxiliem e conduzam os processos de

mudança e de aprendizado organizacional, de forma sempre conectada à estratégia

do negócio (EBOLI, 2010). A educação corporativa, portanto, tem um papel de

assegurar que esse processo ocorra em todos os níveis organizacionais (DEISER,

2011).

O trabalho buscou estruturar um modelo de indicadores para a avaliação das

ações de educação corporativa, a partir da revisão da literatura, de forma a subsidiar

a tomada de decisão em relação aos investimentos em tais ações e para avaliar o

retorno destas para os resultados do negócio.

Por isso, esse estudo é relevante para a academia, visto que visa dar

prosseguimento à análise dos métodos existentes para a mensuração de resultados

da educação corporativa. Ele também propõe analisar e comparar os métodos

voltados para a busca de solução para um dos temas mais desafiantes para as

organizações, no que tange à gestão de pessoas e seus resultados para o negócio,

constituindo-se em uma diretriz que pode ser aplicada em diferentes contextos.

19

Contribui também para a própria teoria, com diretrizes e práticas relacionadas

ao tema, visto que há várias discussões e modelos para a avaliação em

Treinamento e Desenvolvimento, entre eles Goldstein (1991), Hamblin (1978),

Borges e Andrade (2006) e Fitz-enz (1995). Contudo, há poucos estudos em

Educação Corporativa (RUGGIERO, 2015; JUNIOR, DIAS & EBOLI, 2011;

FRANCISCO & VIEIRA, 2012; OLIVA, RAMON & MAZZALI, 2010), com essa

denominação, conforme o levantamento bibliográfico realizado.

Este trabalho amplia as pesquisas sobre o tema, uma vez que os estudos

realizados estão em construção e se limitam, muitas vezes, à análise dos resultados

em treinamento e desenvolvimento (DIAS, 2012).

Sob o ponto de vista organizacional, a problemática é relevante, pois

estimulará e proporcionará reflexão sobre a abrangência da educação corporativa

voltada para resultados e para a formulação e execução do posicionamento

estratégico, possibilitando à empresa um ciclo de renovação, uma vez que propicia

experiências e iniciativas completas para o desenvolvimento das capacidades

inovadoras dos seus profissionais.

Em relação aos profissionais da área de recursos humanos,

especificamente aqueles que lidam com o problema em suas organizações, o tema

é altamente relevante, pois propiciará aos mesmos sustentação e uma proposta

para a medição suas ações, demonstrando aos líderes organizacionais e

stakeholders se realmente os programas estão no caminho certo para proporcionar

transformações, assegurando que a empresa se renove sempre (DEISER, 2011).

Conforme Langhi; Melo e Peterossi, 2013, "há vários motivos que justificam tal

visão: seja pela deficiência por parte da área de desenvolvimento para definição da

real demanda do cliente interno, seja pelo pouco empoderamento desta área nas

discussões com a liderança". Portanto, esse estudo subsidia os profissionais de

recursos humanos com um modelo de indicadores que permita avaliar se as ações

de educação corporativa estão contribuindo e quanto para o alcance dos resultados

e estratégias organizacionais.

Finalmente, para a pesquisadora, tendo em vista a sua trajetória profissional,

que se fundamenta essencialmente na atuação em projetos de Educação

Corporativa, a pesquisa possibilitará ampliar o conhecimento da área, dando

sustentação à prática de consultoria organizacional e ao desenvolvimento de ações

20

educacionais para as empresas, demonstrando o valor destas ações e justificando a

sua contratação.

Além disso, é possível oferecer essa ferramenta como um recurso

complementar a projetos empresariais como uma forma de diferenciação de

mercado, visto que possuir um modelo de indicadores de avaliação dos resultados

dos projetos e programas de educação corporativa maximizará o investimento em

educação e é uma forma de gerar uma proposta de valor aos produtos e serviços

ofertados.

1.3. ESTRUTURA DO TEXTO

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: este Capítulo apresentou a

importância do tema estudado, objetivos do estudo e justificativas para a sua

realização. O Capítulo dois apresenta os procedimentos metodológicos, a partir das

diretrizes do método Design Science Research (DSR), cujo objetivo é a construção

de artefatos para a prescrição de soluções para problemas práticos do contexto da

gestão (DRESCH, LACERDA e JUNIO, 2015).

O Capítulo seguinte apresenta o referencial teórico, ou seja, a revisão dos

termos que orientam esta pesquisa, que se fundamentam em: educação corporativa,

indicadores de desempenho e BSC e modelos de avaliação de resultados em

treinamento e educação corporativa, a partir da apresentação do conceito e

evolução histórica, seguida de uma revisão da literatura.

Os capítulos quarto e quinto apresentam a análise dos resultados dos estudos

das empresas, o modelo de educação corporativa, os indicadores utilizados,

realizando-se a análise comparativa com os indicadores mapeados na literatura, e

as considerações finais, respectivamente. Nas considerações finais, são apontadas

as principais análises e conclusões a partir dos estudos realizados, as limitações do

trabalho e sugestões para continuidade e validação dos dados.

21

2. METODOLOGIA

Neste capítulo, serão apresentados a caracterização da pesquisa, métodos e

modelo adotado, especificando a população e amostra, técnica de coleta e a

estratégia de tratamentos dos dados.

2.1 Caracterização da pesquisa

A Design Science (DS) visa preencher uma lacuna deixada pelas pesquisas

tradicionais, tendo como objetivo perceber de que forma um conhecimento pode ser

projetado para as diferentes situações da realidade, além de analisar sua aplicação.

Assim, de acordo com Dresch, Lacerda e Junior (2015), a DS é a ciência que busca

desenvolver soluções para resolver os problemas e contribuir para uma melhor

atuação dos indivíduos tanto dentro como fora do ambiente organizacional.

Ainda de acordo com os autores (p. 67)

a design science é a base epistemológica quando se trata de um

estudo do que é artificial. A design science research, por sua vez, é o

método que fundamenta e operacionaliza a condução da pesquisa

quando o objetivo a ser alcançado é um artefato ou uma prescrição

(DRESCH; LACERDA & JUNIOR, 2015, p.67).

Esta pesquisa foi realizada a partir do método Design Science Research

(DSR), cujo objetivo é a construção de artefatos para a prescrição de soluções para

problemas práticos do contexto da gestão (DRESCH, LACERDA e JUNIO, 2015).

Conforme os autores, o método também contribui para potencializar a relevância da

pesquisa e reduzir a distância entre teoria e prática. Nesse sentido, a DS preocupa-

se essencialmente com o conhecimento que poderá ser utilizado para gerar

soluções.

Para isso, dois conceitos são essenciais na DSR: artefatos e classes de

problema. O artefato diz respeito a "tudo aquilo que é artificial, não natural, ou seja,

que foi construído ou manipulado pelo homem; atuando como uma interface entre os

ambiente interno e externo à organização" (SIMON, 1996). Para cumprir as diretrizes

da DRS, faz-se necessário que o artefato além de implementado deverá atender aos

objetivos propostos e que o conhecimento que ele propiciou seja compartilhado

(DRESCH; LACERDA; JUNIOR 2015).

Conforme Bax (2013, p.4), a DSR envolve "construir, investigar, validar e

avaliar artefatos, tais como construtos, arcabouços, modelos, métodos e instâncias

de sistema de informações, a fim de resolver novos problemas práticos”. Dresch;

22

Lacerda; Junior (2015) estabelecem os seguintes tipos de artefatos, conforme sua

similaridade: constructos, modelos, métodos, instanciações e design propositions.

Nessa pesquisa foi utilizado o modelo.

Dresch; Lacerda; Junior (2015, p.105) estruturou uma classe de problemas

relacionados ao contexto de negócios. Conforme Dresch; Lacerda e Junior (2015,

p.104)

as classes permitem que os artefatos e por consequência, suas

soluções não sejam apenas uma resposta pontual a cerca de um

problema em determinado contexto, mas que o conhecimento gerado

em um contexto específico, quando generalizado, possa ser

enquadrado em determinada classe de problemas para ser acessado

por outros pesquisadores ou organizações que apresentem

problemas similares. (DRESCH, LACERDA e JUNIOR, 2015, p.104).

De acordo com a proposta de Dresch, Lacerd e Junior (2015, p. 105), as

classes de problemas foram divididas em dois tipos, conforme Quadro 1 a seguir:

Quadro 1 - Classes de problemas em pesquisas de negócios

Classes de problemas relacionadas

ao conhecimento tipo 1

Classes de problemas relacionadas ao

conhecimento do tipo 2

Modelagem e melhoria de processo

Metodologia BPM

Relação e integração de processos

Implantação de processos

Automação e padronização de processos

Implantação de sistemas Relação com o cliente e serviços Indicadores e medidas de desempenho Sistemas de informação Cadeia de suprimentos e abastecimento Terceirização /outsourcing Gestão do conhecimento Organização da produção Custos e investimentos Fluxo e gestão da informação Gestão da mudança

Riscos Governança Melhoras práticas Cultura organizacional Competências Motivação Inovação

Fonte: Dresch; Lacerda; Junior 2015, p.105 adaptado de Veit (2013)

De acordo com as classes de problemas especificadas no quadro anterior

(DRESCH; LACERDA; JUNIOR 2015b), identificou-se para este trabalho a classe

indicadores e medidas de desempenho.

A metodologia Design Science Research determina que a pesquisa deve ser

conduzida pela aplicação de métodos rigorosos, tanto na construção quanto na

23

avaliação do artefato. Na presente pesquisa, buscou-se seguir as diretrizes

propostas por Dresch; Lacerda; Junior (2015, p.138) conforme descrito no quadro 2,

a seguir:

Quadro 2: parâmetros para assegurar o rigor da pesquisa

Parâmetro Descrição do Parâmetro Abordagem neste trabalho

Problema da

Pesquisa

O problema deve ser relevante, contribuir

para a redução da lacuna entre teoria e

prática e contribuir para o avanço do

conhecimento.

De acordo com Bax (2013), "questões de

conhecimento podem ser respondidas

pela aplicação do conhecimento a

partir da base de conhecimento ou

fazendo pesquisa original, usando a

análise conceitual ou métodos empíricos,

tais como experimentos, estudos de caso,

pesquisa de campo ou de modelagem e

simulação." (BAX, 2013, p.9).

Sendo o conhecimento e o

aprendizado elementos

intangíveis, o que se buscou foi

um modelo de indicadores que

permita avaliar as ações de

educação corporativa,

possibilitando medir o retorno do

investimento nestas ações.

O problema foi analisado a partir

dos modelos de avaliação

propostos por Phillips (1991) e

Kirkpatrick e Kirkpatrick (2010).

Produtos da

pesquisa

Deve ser criado um artefato.

Devem ser também desenvolvidas

soluções para um mundo real, que devem

ser satisfatórias ao problema pesquisado.

Para Zaidan (2015), "as pesquisas

utilizando a DSR devem produzir um

artefato viável na forma de um constructo,

modelo, método ou instanciação."

O artefato proposto foi o modelo

de indicadores para a avaliação

de resultados em educação

corporativa.

Avaliação do

artefato

O artefato deve ser avaliado por meio de

técnicas e ferramentas adequados e sua

utilidade ser rigorasamente apresentada

por meio da avaliação.

A validação do artefato se deu por

meio de entrevistas com

profissionais responsáveis pelo

processo de educação corporativa

nas empresas estudadas. Isso

tem relação com meu comentário

nos objetivos.

Generalização das

soluções

As soluções propostas para o problema

devem ser generalizáveis para uma

classe de problemas.

Zaidan (2015) considera que " Os

fundamentos do design devem ser claros

e verificáveis, com adição à base de

conhecimento atual ou aplicando

conhecimentos de novas maneiras aos já

existentes. Uma pesquisa conduzida pela

DSR deve prover contribuições nas áreas

específicas dos artefatos desenvolvidos."

A pesquisa contribui com a

ampliação do tema avaliação de

resultados em educação

corporativa, tendo em vista que as

pesquisas atuais focam mais em

resultados dos treinamentos e

ações de desenvolvimentos das

empresas. Além de possibilitar a

aplicação do conhecimento em

situações similares.

continua...

24

Continuação...

Parâmetro Descrição do Parâmetro Abordagem neste trabalho

Rigor na condução

do método

Todas as etapas do método devem ser

seguidas e as atividades previstas e

realizadas pelo pesquisador devem ser

documentadas em um projeto de

pesquisa. Zaidan (2015) complementa

que os "métodos rigorosos devem ser

aplicados nas pesquisas que utilizam a

DSR, tanto na construção, quanto na

avaliação dos artefatos."

A construção do artefato

considerou os indicadores

levantados na pesquisa

bibliográfica realizada, nos

indicadores propostos no BSC e

no modelo dos métodos de

Phillips (1991) e Kirkpatrick e

Kirkpatrick (2010) e comparado à

prática das empresas analisadas.

Fonte: adaptado Dresch; Lacerda; Junior 2015; Zaidan, 2015

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram aplicadas as etapas de condução

definidas por Lacerda at al (2013), descritas no quadro 3:

Quadro 3 - Etapas de condução e pontos a explicitar de uma DSR:

Etapa Saída DRS Pontos a explicitar

Conscientização Proposta Evidenciar a situação problema

Explicitar o ambiente externo e seus principais pontos de

interface com o artefato

Explicitar as métricas e os critérios para aceitação da

solução (quando não for possível uma solução ótima)

Explicitar os atores que se interessaram pelo artefato

Explicitar as classes de problemas, os artefatos

existentes e suas limitações

Sugestões Tentativa Explicitar as premissas e requisitos para a construção do

artefato

Registrar todas as tentativas de desenvolvimento do

artefato

Sugestões Tentativa Registrar as razões que fundamentaram a exclusão da

tentativa de artefato do desenvolvimento

Verificar as possíveis implicações éticas da aplicação do

artefato

Desenvolvimento Artefato Justificar a escolha das ferramentas para o

desenvolvimento do artefato

Explicitar os componentes do artefato e as relações

causais que geram o efeito desejado para que o artefato

realize seus objetivos

Explicitar as formas pelas quais o artefato pode ser

testado

continua...

25

continuação

Etapa Saída DRS Pontos a explicitar

Avaliação Medidas de

desempenho

Explicitar, em detalhes, os mecanismos de avaliação do

artefato

Evidenciar os resultados do artefato em relação às

métricas inicialmente projetadas

No caso de avaliações qualitativas do artefato, explicitar

as partes envolvidas e as limitações de viéis

Evidenciar o que funciou dentro do previsto e os ajustes

necessários no artefato

Conclusão Resultados Sintetizar as principais aprendizagens em todas as fases

do projeto

Justificar a contribuição do trabalho para a classe de

problema em questão.

Fonte: Lacerda at al (2013)

A primeira etapa, refere-se à conscientização, foi abordada na introdução,

onde foi apresentada a dificuldade em relação ao processo de mensuração de

resultados em educação corporativa. Identificado o problema, é necessário analisar

como ele repercute nos diferentes contextos (DRESH at al, 2013).

Preocupados em justificar o investimento em educação corporativa, os

gestores responsáveis por esse processo nas empresas buscam um mecanismo

para demonstrar que as ações de aprendizagem têm um reflexo nos resultados, ao

elevar o nível de competência individual e da organização.

Tanto as organizações como os profissionais da área de gestão de pessoas

buscam uma forma de evidenciar a contribuição das ações educativas para os

resultados do negócio, inovação e competitividade organizacional. Define-se, então,

o público-alvo para o modelo de indicadores proposto. A principal interface do

artefato com o ambiente externo é o próprio ambiente competitivo no qual as

empresas estão inseridas.

Na etapa de sugestões, pensou-se, inicialmente, em propor indicadores a

partir da vivência prática, no entanto, essa idéia foi descartada, tendo em vista a

falta de exemplos de projetos que aplicaram tais indicadores. Manson (2006) apud

Dresh at al (2013). Esta etapa considera sugestões as possibilidades de artefatos

para a solução de problemas. Sendo, assim, optou-se pela análise de indicadores

apontados na literatura.

Nesse ponto, foi realizada a pesquisa bibliográfica para identificar as

referências sobre os possíveis indicadores que poderiam ser utilizados para a

26

mensuração de resultados das ações de educação corporativa, destacando-se os

modelos propostos de Donald Kirkpatrick e Jack Phillips, comparando-os aos

indicadores também propostos no BSC, de acordo com as suas perspectivas.

A partir do entendimento do problema, isto é, de sua conscientização, a DSR

propõe construir e avaliar artefatos que possam ser aplicados como solução a um

problema, reduzindo a distância entre teoria e prática. Por isso, esse método está

voltado para a solução de problemas de forma satisfatória. Contudo, é válido

ressaltar que deve-se buscar soluções viáveis, uma vez que a tentativa de se

identificar ou criar uma solução que seja ótima, pode ser inviável implementá-la

(DRESH at al, 2013).

A seguir, passou-se ao processo de desenvolvimento do artefato, que é

composto pelas seguintes subcamadas: viabilidade, utilidade, representação e a

construção do artefato. A viabilidade busca assegurar que o artefato pode ser

implementado, considerando os requisitos para sua aplicabilidade. A utilidade visa

demonstrar porque foi escolhido e seus benefícios para os atores envolvidos. A

representação tem como objetivo definir qual o melhor formato para o artefato para

garantir uma comunicação efetiva com quem irá utilizá-lo e a construção permite

analisar como ocorrerá sua implementação.

O tipo de artefato identificado, dentre os possíveis citados pela DSR, foi o

Modelo. Um modelo, conforme March e Smith (1995) "é um conjunto de proposições

ou declarações que expressam as relações entre os constructos". Em DSR, o

modelo representa o problema e solução, no entanto, precisa ter utilidade no

contexto de sua aplicação, por isso, pode ser percebido como uma representação da

realidade.

Para desenvolver o artefato proposto neste trabalho, isto é, um modelo de

indicadores de avaliação em educação corporativa, foram comparados os

indicadores mapeados na literatura pesquisada com os indicadores propostos no

BSC e, desta análise, identificou-se os indicadores para o modelo proposto,

considerando as diretrizes do modelo de Donald Kirkpatrick e Jack Phillips.

Na etapa avaliação, o modelo proposto foi comparado com os relatos das

entrevistas realizadas com os gestores de educação corporativa das empresas

pesquisadas, em relação ao critério ou metodologia adotada pela empresa para

mensurar suas ações educacionais.O roteiro utilizado para orientar essas análises

27

foi baseado em Dias (2012) e consta no Anexo II. Para cada empresa estudada

foram levantadas as seguintes informações: caracterização da empresa; gestão de

pessoas; educação corporativa - contexto; síntese. As empresas foram contatadas

por email (Anexo I) e as entrevistas foram realizadas via telefone e ou skype.

A partir das respostas e análise das práticas das empresas pesquisadas,

responde-se também ao quarto objetivo específico: identificar as limitações,

vantagens e perspectivas de avaliação de educação corporativa nas empresas

estudadas. Essa limitação, já vastamente apresentada na introdução do trabalho,

contempla a dificuldade de se isolar os fatores das ações de educação corporativa e

demais ações da organização, que impactam diretamente no desempenho. Os

estudos realizados refletem essas restrições, contudo, destacam as iniciativas das

empresas em contornar tais dificuldades, sem entretanto, apresentar com clareza

em que consiste suas práticas.

Em relação ao uso do artefato, ele está voltado para a implementação em uma

situação real. Esta camada se subdivide em execução de um piloto e liberação para

implementação. O piloto permite corrigir possíveis falhas para aprimorá-lo. Esse

ponto é uma limitação da pesquisa, visto que a mesma não se propôs a

implementar, mas estruturar um modelo de indicadores.

Finalmente, na conclusão, foram levantados os principais aprendizados

durante a execução desta pesquisa, servindo de base para outros estudos e

eventualmente para os profissionais de recursos humanos, e também para

academia, a partir da divulgação do artigo, que se encontra em fase de elaboração.

28

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Para estudar o tema proposto, faz-se necessário conhecer alguns conceitos e

trabalhos anteriores. Este capítulo traz um balanço sobre a evolução do termo

educação corporativa no Brasil, bem como uma reflexão sobre a contribuição da

educação corporativa para o processo de desenvolvimento de pessoas e de

competências ligado às estratégias e resultados organizacionais.

Para tanto, é descrito o desenvolvimento do conceito e a importância do seu

alinhamento às estratégias. Assim, o referencial teórico está fundamentado nos

seguintes tópicos: o conceito e a evolução da educação corporativa, indicadores de

desempenho e BSC e avaliação de resultados em educação corporativa. De acordo

com a DSR, é preciso pesquisar os artefatos existentes, reaproveitando o

conhecimento gerado anteriormente.

3.1. Conceito e evolução da educação corporativa

É possível encontrar os primeiros registros ou a utilização do termo educação

corporativa em meados da década de 1950 e geralmente é associado ou é aplicado

como sinônimo de universidade corporativa (EBOLI, 2002).

O marco do surgimento do tema educação corporativa deve-se a dois

lançamentos, em 1999: livro de Jeanne Meister (pesquisadora de Havard) -

Educação Corporativa: a gestão do capital intelectual através das universidades

corporativas e, no Brasil, a obra organizada por Marisa Eboli at al (2010), intitulada

Universidades Corporativas: educação para as empresas do século XXI, uma

coletânea de autores sobre o tema. Optou-se pelo uso dessas referências ao longo

desta revisão dada a sua importância para o tema no Brasil.

Conforme exposto por Eboli (2002; 2004), a evolução de um sistema de

treinamento para o sistema de educação corporativa ocorre a partir do

desenvolvimento das competências necessárias para a viabilização das estratégias,

promovendo um processo de aprendizagem ativo e permanente vinculado aos

propósitos, valores e objetivos organizacionais. Eboli (2010) considera a educação

corporativa como:

"um sistema de formação de pessoas pautado por uma gestão de

pessoas com base em competências, devendo portanto instalar e

desenvolver nos colaboradores (internos e externos) as competências

29

consideradas críticas para a viabilização das estratégias de negócio,

promovendo um processo de aprendizagem ativo e permanente

vinculado aos propósitos, valores, objetivos e metas empresariais."

(EBOLI, 2010, p.153).

Para Meister (1999), a educação corporativa compreende um conjunto de

projetos voltados aos objetivos e estratégias organizacionais, que visa

"institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua, proporcionando o

desenvolvimento das competências vinculadas às estratégias empresariais”

(MEISTER, 1999).

Segundo a autora, existem cinco forças globais que sustentam o modelo de

educação corporativa:

a) a origem da educação por processos, em função do movimento de

gestão da qualidade e a capacidade de responder tempestivamente às

adversidades do ambiente empresarial;

b) o surgimento da gestão do conhecimento - o advento e a consolidação

da economia do conhecimento, como base para a geração de riquezas

em níveis individual, empresarial ou nacional;

c) o volume de informações e do conhecimento e sua obsolescência -

sentido de urgência e prazo de validade do conhecimento;

d) o foco na educação pelo e para o trabalho e não mais para o emprego e;

e) a mudança no foco da educação geral para global - necessidade de

formar pessoas com perfil de competências global.

Ainda segundo Meister (1999), a educação corporativa vai além de um

processo, pois se trata de uma ação em desenvolvimento que visa a consecução

das estratégias corporativas. Além disso representa um laboratório de aprendizagem

e uma ferramenta de educação permanente. Dessa forma, para a autora a educação

corporativa corresponde a um sistema de desenvolvimento de pessoas,

fundamentado na gestão por competências, responsável também por alinhar o

processo de desenvolvimento individual às estratégias da empresa. A figura 2

apresenta a integração desse sistema às diferentes partes do negócio:

30

Figura 2 - Sistema de Educação corporativa

Fonte: FLEURY, 2002 pag. 193

Conforme demonstrado, um sistema de educação corporativa privilegia o

desenvolvimento da inteligência empresarial, contribuindo para alavancar a

competitividade da organização, tem forte ênfase no desenvolvimento de pessoas,

relacionando-se a um modelo de competências e formação de lideranças para

sustentar o modelo e serem exemplos na sua gestão e apoiadores na avaliação do

sistema de educação.

Um outro conceito que surge no contexto de Educação Corporativa é o de

Universidade Corporativa. Meister (1999) define universidade corporativa como "um

guarda-chuva estratégico para desenvolver e educar funcionários, clientes,

fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias empresariais da

organização." Nesse sentido, percebe-se uma diferenciação no sistema educacional

da organização, que além de seus profissionais internos passa a contemplar

também outras partes interessadas como fornecedores, comunidade e até clientes.

As universidades corporativas assumem uma função mais estratégica nas

organizações. Compreende uma ação estruturada que congrega as demais ações e

projetos de Educação corporativa, com foco no desenvolvimento contínuo das

31

competências dos profissionais da organização e toda sua cadeia de valor (EBOLI,

2002). A Universidade Corporativa evidencia-se como uma mudança significativa em

relação à área de Treinamento e Desenvolvimento tradicional (MEISTER, 1999),

como pode ser percebida na figura a seguir:

Figura 3. Diferença entre Área de Treinamento e Universidade Corporativa

Fonte: Adaptado de MEISTER (1999, p. 23) e Eboli (2004) pela autora

Em geral, algumas áreas ou centros de treinamento atuam mais como

"recebedores de pedidos", agindo de forma passiva em relação aos clientes internos

da organização e suas necessidades de treinamento e desenvolvimento e sem

estabelecer uma relação direta com as estratégias empresariais ou com as

necessidades do negócio. Já as universidades corporativas vêem as ações de

treinamento como um processo contínuo, reestruturando o ambiente de

aprendizagem organizacional para que atue de forma mais estratégia e proativa e,

principalmente, estabeleça uma forma de mensuração em primeiro lugar. Meister

(1999) sintetiza: "Considere o modelo de universidade corporativa um processo, e

não necessariamente um espaço físico." (MEISTER, 1999, p.29).

32

Para Eboli (2002), os termos têm sido utilizados como sinônimos, mas na visão

de Vargas e Abbad (2006), universidade corporativa é um termo restrito, pois refere-

se à uma unidade educacional:

Embora os dois conceitos - educação corporativa e

universidade corporativa - tenham entrado de forma concomitante no

ambiente organizacional, observa-se que universidade corporativa é

um termo muito restrito, principalmente porque nem toda organização

precisa ou vai criar esse tipo de unidade educacional em sua

estrutura. (VARGAS e ABBAD, 2006, p.150)

Contudo, os autores confirmam que alguns dos conceitos e princípios aplicados

à universidade corporativa podem ser aplicados em qualquer organização.

Na visão de Allen e McGee (2004), apesar de o termo universidade corporativa

estar relacionado às ações educacionais por natureza, o mais importante nesse

conceito é a relação destas com a estratégica organizacional para serem

consideradas de fato estratégicas. Já para Meister (1999), a adoção do termo

universidade corporativa é mais adequada para evidenciar o desenho dos projetos

educacionais da organização:

o mais importante é que elas queriam usar a metáfora da

universidade corporativa para criar a imagem da grande finalidade da

iniciativa: promoter aos participantes e a seus patrocinadores que a

universidade corporativa irá prepará-los para o sucesso no trabalho

atual e na carreira futura. (MEISTER, 1999, p. 21-22)

Na Europa, segundo Renaud-Coulon (2002 apud ALLEN MCGEE, 2004) o

ritmo do surgimento das universidades corporativas é acelerado, porém o termo não

é aplicado, sendo substituído por academia e universidade, quando há certificação.

Verifica-se que não há um consenso sobre a aplicação do termo. Eboli (2004),

entretanto, considera que o surgimento das Universidades Corporativas trouxe à

tona uma nova modalidade de educação corporativa.

A partir de estudos voltados para as práticas de educação corporativa, Eboli

(2010) considera que tais práticas favorecem uma ação sistêmica e o

desenvolvimento do indivíduo para elevar o seu grau de maturidade, por meio do

autoconhecimento e o acúmulo de competências, permitindo que a organização

também amplie o seu próprio portfólio de competências.

Nesse aspecto, uma das questões mais desafiadoras é a medição de

resultados a partir de ações da educação corporativa, pois em algumas

organizações os executivos condicionam a aprovação dos investimentos

necessários à mensuração de resultados (EBOLI, 2010).

33

A autora afirma que há estudos suficientes que demonstram a importância e a

contribuição efetiva da educação corporativa, que quando possui um gerenciamento

adequado de suas ações, evidenciam sim resultados e vêm ganhando mais

destaque que outras ações da área de RH. Para a autora é fundamental que as

organizações desenvolvam seus profissionais e competências para serem mais

competitivas e apresentarem melhores resultados nos negócios.

Oliva (2010) esclarece, nesse aspecto, que a educação corporativa a

motivação dos programas educacionais deve ser o planejamento estratégico e que

os participantes tenham um foco voltado para a melhoria dos resultados.

Antunes Vieira e Francisco (2012) consideram que a educação corporativa

apresenta uma perspectiva mais ampla e que é inerente à mesma o aumento de

competência básicas de trabalho. Porém, um desafio que se apresenta é o de criar

uma cultura e uma mudança de atitude das pessoas envolvidas nesse processo e

que o envolvimento dos líderes e gestores da organização é crucial nesse processo.

De acordo com Eboli (2010) a principal finalidade de um sistema de educação

corporativa é promover o "desenvolvimento e a instalação das competências

empresariais e humanas consideradas críticas para a viabilização das estratégias de

negócios". (EBOLI,, 2010, p.151). Isso acontece de forma sistemática, estratégica e

com ações contínuas. Nesse aspecto, Eboli compactua com Penrose (2009) sobre a

importância das competências para o crescimento organizacional.

Conforme Eboli (2004), um sistema de educação corporativa é sustentado em

sete princípios. Estes princípios apresentam um método para a implementação, mas

também para a análise de projetos de educação corporativa. Esses principios são:

• 1- Competitividade: Alinhar as estratégias, diretrizes e práticas de gestão de

pessoas as estratégias do negócio e implantação de um modelo de gestão

por competências.

• 2- Perpetuidade: Veículo de disseminação da cultura empresarial e

responsabilização da liderança pelo processo de aprendizagem.

• 3- Conectividade: Implantar a educação inclusiva (público interno e externo),

bem como implantar o modelo de Gestão do Conhecimento.

• 4- Disponibilidade: Implantar múltiplas formas e modalidades de

aprendizagem.

34

• 5- Cidadania: Obter sinergia entre programas educacionais e projetos sociais;

estimular a formação de atores sociais dentro e fora da empresa e construção

social do conhecimento organizacional.

• 6- Parcerias: As parcerias podem ser internas e externas. Internas –

Responsabilizar líderes pelo processo de aprendizagem e participação nos

programas. Externas – com o governo, instituições de ensino e a sociedade.

• 7- Sustentabilidade: Tornar-se um centro de agregação de resultados para o

negócio; Implantar sistema métrico para avaliar os resultados obtidos e criar

mecanismos que favoreçam a auto-sustentabilidade financeira do sistema.

Desse modo, esse sistema deve considerar o desenvolvimento de um modelo

de negócio que sustente a construção de um programa, sua estrutura, formas de

financiamento, ou seja, deve-se priorizar a implementação de um modelo que visa a

autosustentabilidade.

Eboli (2004) afirma que esses princípios são a base para uma análise

qualitativa para um processo bem-sucedido de educação corporativa, visto que são

eles que possibilitarão a elaboração de um plano estratégico consolidado e de

qualidade. Principalmente, destacando-se o princípio 1 - competitividade - que tem

por finalidade elevar a vantagem competitiva empresarial por meio de infraestrutura,

desenvolvimento e promoção das competências críticas, organizacionais e humanas

(EBOLI, 2004).

A estrutura de educação corporativa perdurou por um bom tempo ligada à área

de treinamento e desenvolvimento, desvinculando-se assim das estratégias da

empresa. Esse fato comprometeu sua eficácia para suprir as necessidades de um

mundo em constante evolução (EBOLI, 2004).

A autora sugere, ainda, que os resultados das ações educacionais estejam

voltados para o atendimento da estratégia, que irá favorecer destaque no mercado,

a partir da disseminação e sedimentação de uma cultura de aprendizagem e do

alinhamento entre o desenvolvimento dos talentos humanos com as estratégias

organizacionais (EBOLI, 2010). Nesse sentido, o quadro 4 apresenta os principais

focos de alinhamento estratégico e as ações educativas:

35

Quadro 4 - Focos do alinhamento entretégico das ações de educação

corporativa

VARIÁVEL DESCRIÇÃO

Reforço do conceito de

educação corporativa

Ações educacionais associadas para atingir objetivos

estratégicos e obter vantagem competitiva.

Ações educacionais desdobradas a partir do mapeamento de

competências.

Ações educacionais como ferramenta de disseminação da

cultura.

Ações educacionais refletem princípios e valores vigentes.

Orientação para a gestão

Ações educacionais direcionadas para a melhoria da

qualidade dos processos e da gestão.

Ações educacionais direcionadas para o desenvolvimento da

inovação na organização e para o intraempreendedorismo.

Fonte: adaptado de Eboli (2010, p.155) pela autora

Para Eboli (2010) um sistema de educação corporativa, a partir do modelo de

competências críticas do negócio, deve alinhar as ações educativas à estratégia.

Dessa forma, irá apoiar a competitividade empresarial e a disseminação da cultura

organizacional, dos seus valores e princípios, sendo esse o principal fator de

diferenciação entre a área de Treinamento e Desenvolvimento (TeD) tradicional e

educação corporativa.

Sérgio Ruggiero (2015) considera, portanto, que o principal fator é "maximizar o

potencial intelectual das pessoas nas organizações e fazer com que trabalhem de

forma eficaz e competente".

É nesse sentido que o papel da educação corporativa e das iniciativas de

desenvolvimento devem ir além de apenas propagar conhecimentos ou implementar

treinamentos que não contribuam para a geração de valor. Ele deve ser o de

produzir mudanças, por meio de ações significativas e processos de aprendizagem

sempre alinhados à estratégia do negócio. Por isso, a importância de um sistema de

avaliação que permita rever as estratégias de Educação Corporativa, bem como

consolidá-las, a partir da demonstração de seus resultados efetivos no negócio.

36

3.2. Uma análise dos modelos de avaliação de resultados em

educação corporativa

O setor de recursos humanos tem passado por grandes transformações nos

últimos anos, configurando-se em uma área mais estratégica para buscar uma maior

contribuição das pessoas da organização. Isso possibilitou à área ser percebida

como parte integrante do negócio, pois entende que os resultados só podem vir de

pessoas capacitadas (ORLICKAS, 2012).

Segundo Langhi; Melo e Peterossi (2013) a preocupação com a avaliação de

resultados em treinamento advém da preocupação das empresas em assegurar a

transferência do aprendizado para o contexto de trabalho, bem como discutir seus

efeitos e a sustentabilidade de tais ações. A liderança é essencial nesse aspecto,

pois é ela quem observa e valida os resultados na prática, a partir do aumento da

performance dos participantes.

Albuquerque e Dias (2014), a partir de estudos realizados em empresas,

compilaram seus resultados em dois grupos, baseados no Modelo de Produtividade

de Allen e McGee (2004): eficiência e eficácia. A eficácia é medida a partir dos

resultados alcançados com os programas. E a eficiência avalia as estratégias de

educação. As organizações pesquisadas pelos autores utilizam os seguintes

indicadores, conforme tabela a seguir:

Tabela 1 - Indicadores de eficiência e eficácia utilizados pelas empresas:

EFICÁCIA EFICIÊNCIA

Reação Metodologias de

aprendizagem

Aprendizagem Custos diretos Logística; hospedagem;

Aplicação observação da liderança Custos indiretos Remuneração da equipe

dedicada à educação

corporativa

Processos Indicadores operacionais,

indicadores de

qualidade,indicadores de

gestão de pessoas

Avaliação dos

procedimentos

educacionais

Conteúdos de

treinamento

Cultura Disseminação da cultura

Objetivos Alcance dos objetivos

traçados no planejamento

estratégico

Fonte: Adaptado de Albuquerque e Dias, 2014 pela autora

37

Os estudos de Antunes Vieira e Francisco (2012) demonstraram que, após a

implementação da educação corporativa, algumas das empresas pesquisadas

apresentaram resultados em diferentes componentes organizacionais também

apontaram que o desenvolvimento das competências é uma das preocupações

desse grupo. Alguns indicadores que podem ser extraídos desses autores estão no

quadro apresentado ao final desta seção.

Segundo Kaplan e Norton (1997) uma das mudanças mais significativas

ocorridas na gestão de pessoas foi a transformação no papel dos empregados de

uma organização. Isso representa que a estes profissionais foi atribuído um valor

Assim, o próprio sistema de avaliação de desempenho demandou uma

mudança e exigiu uma integração entre os instrumentos de gestão de pessoas e os

processos de gestão organizacional. Essa mudança na mensuração do desempenho

teve como principal característica a inclusão das pessoas no centro desta análise.

Essa mesma lógica de desempenho é levada para a análise dos programas

educacionais, apresentando diferenças significativas na concepção tradicional de

treinamento e desenvolvimento e, consequentemente, reforçar-se a necessidade de

se identificar e gerenciar os resultados da educação corporativa, pelas

organizações.

A avaliação é um dos elementos dos programas de treinamento, sendo a última

etapa do desenho instrucional das ações educativas e representa o terceiro

elemento da abordagem de educação corporativa, de acordo com Borges e Andrade

(1996).1

Entretanto, Langhi; Melo e Peterossi (2013) consideram um desafio para as

organizações o processo de avaliação, pois acreditam que o objetivo a ser atingido

pelo programa de treinamento depende de sua natureza, da direção e oportunidades

do negócio, desafios, ambiente interno e externo e o perfil dos seus profissionais.

Macedo (2007) analisa que as variáveis relacionadas à motivação e à cognição

possibilitam explicar com mais clareza o impacto do treinamento por determinarem a

intenção do indivíduo em aplicar o seu conhecimento apreendido no trabalho. Em

relação às variáveis organizacionais, as mais relevantes são: clima, qualidade de

1 apud MACEDO, Ricardo Baiocchi de. Modelo de avaliação de impacto da aprendizagem no nível de

resultados organizacionais: preditores relacionados ao indivíduo e ao contexto organizacional. Tese de

Doutorado. Brasilia, 2007.

38

vida no trabalho, trabalho desafiador e percepção de gestão de desempenho. Para o

autor há uma convergência entre as variáveis individuais e as organizacionais para a

mensuração dos resultados.

Mishra e Bhaskar (2010) também consideram esse ponto fundamental para

acelerar o processo de aprendizagem, isto é, para que os indivíduos aprendam

efetivamente a organização precisa convergir estrutura, cultura, modelos mentais e

incentivar o envolvimento dos funcionários.

Por isso, retomando Langhi; Melo e Peterossi (2013), um processo de

avaliação, para ser eficaz, deve considerar não somente a ação em si, mas os

resultados a serem alcançados e as expectativas de todos os envolvidos.

3.2.1- A escala dos níveis de avaliação de Kirkpatrick

Nível 1 - Reação ou satifação

O nível 1 é denominado de avaliação de reação ou satisfação e é o nível mais

utilizado em avaliações de treinamento e desenvolvimento. Nesse nível é importante

medir a satisfação dos participantes, pois as diretrizes para esta avaliação é

identificar o que poderia ser melhorado no programa ou ação de treinamento e

desenvolvimento. Se algum dos itens de avaliação do programa, tais como: instrutor,

infra-estrutura, material didático, local de realização, carga horária, material de

apoio, não estiver de acordo com o esperado, deve-se alterá-lo, objetivando a

melhoria.

Nesse sentido, a avaliação do nível 1, Reação, é importante porque: primeiro,

os participantes são os clientes das ações e para os gestores e profissionais da área

é um feedback e se forem negativas não será bem visto pelas lideranças. O

segundo fator é que os participantes querem que suas opiniões sejam valorizadas e

consideradas, assim caso não tenha esse espaço, podem entender justamente o

contrário, que sua opinião é dispensável ou já é conhecida.

O autor recomenda esse tipo de avaliação tanto para os programas internos

como externos e devem ser estimulados os comentários livres, para que os

participantes possam adicionar sua opinião a respeito do que os itens pré-fixados

não contemplam. Contudo, o autor também reforça que esse é apenas o início do

39

processo de avaliação, visto que gostar ou não dos treinamentos não assegura que

os participantes tenham efetivado aprendido algo e ainda, que tenha aplicado pós-

treinamento.

Nível 2 - Aprendizagem

Como visto no nível 1, um grupo de participantes satisfeitos não significa,

necessariamente, que o conteúdo foi aprendido. Dessa forma, o autor enfatiza que a

aplicabilidade ou aspecto prático seja mais enfatizado, isto é venha antes do gostar

ou não do evento de treinamento. O aspecto P, vem do método Prático, Interativo e

Agradável (Pratical, Interactive and Enjoyable, PIE, na sigla em inglês).

Em geral, programas de treinamento apresentam três objetivos possíveis:

aquisição de conhecimentos que serão aplicados no trabalho;

desenvolvimento de novas habilidades e ou aprimoramento de

aptidões;e

mudanças de comportamentos.

Avaliação do aprendizado é importante, pois o comportamento só mudará

(Nível 3) se um dos objetivos especificados for atingido. Essa avaliação é mais difícil

e mais demorada que a de Nível 1. O Nível 2 mede o que foi compreendido e

absorvido pelos participantes, sem considerar o comportamento, que será avaliado

no próximo nível.

Para medir o aprendizado, deve-se fazer uma aferição antes e depois do

treinamento, que avalia o que foi adquirido que não era sabido antes do treinamento,

ou seja, irá avaliar o ganho de conhecimento. Para isso, o autor sugere algumas

diretrizes para essa análise: utilizar, sempre que possível, o grupo de controle,

avaliar o conhecimento, habilidades, atitudes, antes e após o treinamento. Neste

caso, pode ser aplicado um teste, escrito ou on-line, para avaliar as mudanças no

conhecimento e atitudes e a avaliação de desempenho para avaliar o

desenvolvimento de habilidades. Outras ações são: simulações, testes objetivos,

análises de habilidades e tarefas, se possível, avaliar 100% do grupo.

Os resultados obtidos com essa avaliação, por meio de qualquer instrumento,

indicam a eficácia do treinamento, demonstrando os pontos fortes e fracos dos

programas e ações e mudanças que devem ser feitas.

40

Pesquisas da Revista TeD - Inteligência Corporativa - edição especial 2016,

indicam que menos da metada das empresas (30%) faz avaliações de aprendizado,

confirmando as análises do autor, por vários motivos, como: falta de recursos e

profissionais com conhecimento sobre como realizar este tipo de avaliação, o tempo

necessário para sua realização e/ ou porque não consideram esse nível importante.

Kirkpatrick (2010) recomenda, ainda, não pular esse nível e ir direto para o

nível 3 ou 4, pois, segundo ele, para alcançar a mudança de comportamento e os

resultados, os participantes precisam, antes, adquirir conhecimentos, habilidades e

atitudes. Por isso, é necessário avaliar o aprendizado para confirmar se os objetivos

foram atingidos.

Nível 3 - Mudança de comportamento

A avaliação deste nível busca identificar o que mudou no comportamento do

participante após o treinamento. Kirkpatrick (2010) destaca que, como no nível

aprendizado, deve-se registrar o comportamento antes e após o treinamento. Jim

Kirkpatrick define o nível 3 como o "elo perdido", pois ele se perde entre os níveis 2

e 4. Considera ainda que, três aspectos devem ser considerados: primeiro - a

aquisição de conhecimentos e habilidades só irá gerar valor para empresa se forem

aplicados no seu trabalho, ou seja, se ocorrer a transferência do aprendizado para a

prática, gerando melhorias.

Segundo aspecto, esta avaliação permite identificar onde ocorreu a falha se foi

por um treinamento ineficaz ou por falta de suporte e acompanhamento. Esses

pontos devem ser abordados na avaliação junto aos participantes. E o terceiro

aspecto defende que não se pode ir direto ao nível 4 - resultado - sem criar uma

cadeia de evidências,

Diferentemente da reação, cuja a satisfação acontece imediatamente após o

treinamento, no nível 3 devem ser utilizadas outras variáveis e fatores. Esse aspecto

o torna mais difícil e demorado que os níveis anteriores. Por isso, algumas

premissas devem ser apresentadas: se possível, utilizar um grupo de controle; deve-

se ter um tempo para que o comportamento seja aplicado; se possível, avaliar antes

e após o treinamento; utilizar diferentes métodos (avaliação do líder, pares,

autoavaliação, observação em campo, testes, entrevistas) que podem se adaptar

aos recursos e os próprios critérios da empresa. Apenas aproximadamente 9,8%

41

das empresas, segundo a pesquisa da Revista TeD (20106) realizam a avaliação do

nível 3 (aplicabilidade ou mudança de comportamento).

Nível 4 - Resultados

O último nível da escala de Kirkpatrick consiste em se avaliar os resultados

obtidos a partir dos programas e ações de treinamento, e é o mais importante na

visão dos stakeholders. Nesse sentido, são eles que devem definir as expectativas

em relação aos programas, ou seja, estabelecem os objetivos finais, o que deve ser

realizado de forma diferente após o treinamento.

Após a definição das expectativas, devem ser definidos os indicadores

específicos que evidenciam se esses objetivos foram alcançados. Kirkpatrick define

esse método como Retorno sobre Expectativas ou Return on expectation, ROE, em

inglês. A análise do ROE abarca a visão de responsabilidade social corporativa e

consiste na avaliação no impacto das ações de educação corporativa nos

stakeholders da organização. Por estar voltado para o contexto fora da organização

essa avaliação é considerada pelo filho de Kirkpatrick como o nível 6.

Alguns dos indicadores do nivel 4 podem ser traduzidos em: melhoria na

qualidade, maior satisfação do cliente, aumento da produtividade ou redução de

acidentes. Em outros programas podem ser: melhorar o comprometimento dos

empregados, acelerar o tempo de aprendizado e consequentemente o de execução,

reduzir custos, aumentar a participação nomercado e a receita.

As diretrizes para implementação desse nível são parecidas com as dos níveis

1, 2 e 3, que são: aplicar o grupo de controle, se possível; dar um tempo para que os

resultados sejam atingidos; se possível, fazer avaliação antes e depois; repetir a

avaliação periodicamente; relacionar com o ROE; buscar indícios se não houver

como confirmar. O nível 4 é avaliado por apenas 4,9% das empresas pesquisadas

pela Revista TeD.

O autor reforça, ainda, a necessidade de se incluir a análise de intangíveis e

seus benefícios em qualquer modelo de mensuração, visando fornecer subsídios

para o nível 4 no que tange ao valor do treinamento ou programa.

Os níveis de Kirkpatrick apresentam uma dificuldade implícita que é de transpor

o nível 2 e aplicar efetivamente o nível 3, sendo este um dos maiores desafios das

42

áras de recursos humanos. Percebe-se um obstáculo real que é o da progressão

dos níveis.

No entanto, Kirkpatrick (2009) considera que "a parceria empresarial, e não a

entrega de programas de treinamento, é o segredo para resultados positivos" (p.5).

Na visão do autor, a melhoria no desempenho não pode ser atribuída apenas ao

treinamento. Para ser efetivo, o treinamento precisa de parceiros do negócio antes e

após sua realização.

Após implementada a solução, é importante coletar dados quantitativos e

qualitativos relevantes para garantir que as variáveis necessárias ao nível 3 e os

indicadores principais do nível 4 estejam de acordo com a missão empresarial.

Nesse sentido, é fundamental que haja uma valiação contínua, principalmente

visando identificar as mudanças pós-treinamento e os resultados que foram

alcançados a partir de sua realização. E se, ainda, permanecem as mesmas

condições no ambiente interno à organização e no seu mercado, pode-se atribuir os

resultados alcançados às ações de capacitação e desenvolvimento. Nesse ponto,

Jack Phillips acrescenta mais um nível na escala de Kirkpatrick.

3.2.2- O Modelo de Avaliação de Jack Phillips

O modelo de Phillips (2001) destaca a importância da mudança de atitude da

organização e principalmente da área de recursos humanos, que deverá

desenvolver suas ações com foco em resultados. O autor inovou ao implementar o

quinto nível - o ROI - retorno do investimento em treinamento.

O modelo de Phillips surge a partir da avaliação do Modelo de Kirkpatrick,

analisando o nível 4, percebe a possibilidade de acrescentar mais um nível, o qual

gerará um grande impacto para as organizações: o retorno do investimento.

A Metodologia de ROI, como é conhecido o método de Phillips, consiste em

uma abordagem sistemática e gradual para a avaliação de programas de

treinamento. Ela aplica um modelo baseado em processo, estrutura de cinco níveis e

padrões operacionais para capturar métricas de desempenho que vão desde à

análise de satisfação simples ao impacto financeiro.

Dessa forma, a metodologia permite a coleta de dados apropriados para

descrever o desempenho de diferentes iniciativas e tipos de programas. Isso permite

que a Metodologia de ROI gere tanto dados qualitativos como quantitativos,

43

fornecendo mecanismos para se isolar os efeitos das ações de treinamento de

outras ações organizacionais. Os resultados oriundos da metodologia resultam em

medidas e relatórios que são aceitos por executivos financeiros e pelas

interessadas.

Esta Metodologia fornece, além da capacidade de avaliar o desempenho do

programa, a possibilidade de melhorar a estruturação de ações de treinamento e

desenvolvimento para otimizar o seu impacto e baseia-se em 5 níveis:

Nível 1 - Reação e ação planejada

Nível 2 - Aprendizagem

Nível 3 - Aplicação e implementação

Nível 4 - Impacto (Tangíveis e Intangíveis)

Nível 5 - Retorno sobre Investimento

Os níveis 1 a 4 pouco diferem dos 4 níveis de Kirkpatrick. Vale destacar que no

nível 1 de Phillips, além de medir a satisfação ou reação dos participantes, é feito o

planejamento da aplicação do aprendizado. O seu complemento mais significativo,

entretanto, refere-se ao nível 5 - o ROI. Seus principais benefícios, são descritos em:

1. Melhorar os Projetos de Treinamento

2. Demonstrar valor dos programas e ações para os stakeholders

3. Realizar investimento em treinamento de forma mais segura

4. Possuir um ROI de Previsão do retorno das ações

5. Alinhar as ações com negócios da empresa

Em sua metodologia, Phillips estabelece quatro estágios para sua aplicação,

conforme demonstrado na figura 4 a seguir:

44

Figura 4 - Modelo do Cálculo do ROI de Phillips

Fonte: http://roiinstitute.net/wp-content/uploads/2013/04/Binder1_Page_1.jpg - acessado em

20.08.2015

O processo se inicia com o desenvolvimento dos objetivos do programa de

avaliação, o plano de como será realizada, definem-se os inputs, os dados base e os

seus indicadores, além de se definir papéis e responsabilidades de cada parte

envolvida. Para se evitar os custos que um processo de mensuração requer, bem

como o tempo demandado para sua execução, esses pontos devem ser claramente

definidos.

Na coleta de dados, os 4 níveis da escala de Kirkpatrick são levantados

durante a implementação do programa e após sua implementação, sendo os níveis

1 e 2 (reação e aprendizagem, respectivamente) coletados durante a implementação

e os níveis 3 e 4 (aplicação e impacto) após a sua implementação. Os dados podem

ser quantitativos, como redução do desperdício, aumento de unidades vendidas,

redução de horas de equipamentos parados; ou qualitativos, como satisfação no

trabalho, engajamento dos empregados. O nível 5 é calculado após o levantamento

dos dados dos níveis 1 a 4.

Phillips apresenta, além dos métodos já conhecidos para coletar os dados

(como questionários, check lists, pesquisas de atitude, testes e entrevistas), dois

outros métodos: por grupos de foco e por observação. Nos grupos de foco, um

pequeno grupo de discussão é orientado por um facilitador. Na observação, é

realizado um acompanhamento dos participantes antes e após o programa para

identificar mudanças em seu comportamento. A observação pode se dar por meio de

um check list, gravação (vídeo ou áudio) ou registro de comportamentos. No caso de

treinamentos de vendas, é comum utilizar o método do cliente oculto.

45

A fase de análise de dados apresenta o ponto chave de todo o processo.

Kirkpatrick (2010) denominou esse item como separação das variáveis. O método de

Phillips considera os fatores externos juntamente com os resultados do treinamento,

isolando os efeitos do treinamento e convertendo os dados para valor monetário.

Os mecanismos para se isolar as variáveis que podem intervir no resultado do

treinamento já foram mencionados, tais como: grupos de controles, avaliar antes e

após a execução do treinamento, previsão de análise de tendências, além da

avaliação dos superiores imediatos dos participantes e a avaliação do cliente.

Após se isolar as informações, deve-se separar os dados físicos dos não

(PALMEIRA, 2004). Deve-se, ainda, dar foco a uma unidade para se definir o valor

de cada unidade.

Os dados físicos são mais fáceis de serem convertidos em valores monetários,

como vendas de produtos, produtividade. Já os dados não físicos podem ou não ser

convertidos (PALMEIRA, 2004). Phillips aponta algumas estratégias confiáveis para

validação dos dados não-físicos, como: opinião de especialistas internos ou externos

à organização, estudos externos, estimativas dos participantes, gerentes ou equipe

de recursos humanos. Para tanto, é fundamental manter-se um histórico.

Após a conversão dos dados e o cálculo dos custos, o ROI é calculado,

utilizando a fórmula a seguir2:

Aquilo que não for convertido em valor monetário é considerado benefício

intangível.

Ao final do processo, os resultados devem ser comunicados, de acordo com o

perfil do público-alvo das informações. Para os responsáveis pelas ações, os

relatórios devem ser mais amplos e completos, fornecendo dados para a melhoria

dos programas e para os clientes das ações, informações mais sucintas,

demonstrando seus resultados para o negócio.

Além do cuidado com a forma, faz-se necessário considerar também: o que

será comunicado, quando, em qual canal e quem comunicará.

2 PHILLIPS, J. (1997) apud PALMEIRA, Cristina Gomes. ROI de treinamento: dicas de como mensurar o

resultado financeiro das suas ações de treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004, p. 26

46

O quadro 5 a seguir demonstra a comparação entre os dois modelos,

evidenciando os principais pontos de diferença:

Quadro 5 - Comparação entre os modelos de avaliação de Kirkpatrick e Phillips

NÍVEIS MODELO DE KIRKPATRICK:

OS 4 NÍVEIS

MODELO DE PHILLIPS:

MODELO ROI

1 REAÇÃO

Observação das reações positivas dos

participantes

REAÇÃO, SATISFAÇÃO E AÇÃO

PLANEJADA

Reação sobre o programa, incluindo o

valor percebido.

2 APRENDIZADO

Avaliação do nível de compreensão do

conhecimento com base no

envolvimento dos participantes.

APRENDIZADO

Aprendizado com conteúdo e

materiais, incluindo a segurança

na utilização do que foi aprendido.

3 COMPORTAMENTO

Medição da transferência do

aprendizado.

APLICAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

Aplicação do aprendizado adquirido no

ambiente de trabalho, incluindo o

progresso na implementação.

4 RESULTADO

Análise dos resultados em relação aos

objetivos iniciais, incluindo a avaliação

do treinamento e do reforço posterior a

ele.

IMPACTO

Consequências do uso do

aprendizado adquirido nos

indicadores do negócio.

5 - RETORNO SOBRE INVESTIMENTO

– ROI

Comparação dos benefícios do

programa em relação aos custos

de investimento.

Fonte: adaptado de Pocket Learning AfferoLab 2015.

Muitas organizações desejam utilizar o quinto nível – Retorno Sobre

Investimento – proposto por Phillips, porém, consideram-no difícil de ser mensurado

e alcançado. Algumas empresas conseguem chegar a esse quinto nível, menos de

2% das empresas pesquisadas chegam a esse nível.

Phillips, Phillips e Hodges (2004) estruturaram uma tabela, cruzando diferentes

estratégias para se avaliar os programas, com os respectivos níveis de avaliação

recomendados, do 1 ao 5, conforme descritoso anteriormente. Veja na tabela 2, a

seguir, esse metodo:

47

Tabela 2: Estratégias de aprendizagem organizacional e os níveis de avaliação

Fonte: PHILLIPS, Jack J.; PHILLIPS, Patricia Pulliam; HODGES, Tony Krucky.

Making Training Evaluation Work. Alexandria: ASTD Press, 2004, p.87

A tabela 2 evidencia que para cada treinamento existe um foco (estratégia),

portanto, essa análise favorece a identificação do tipo de nível de avaliação a ser

utilizado, trazendo maior assertividade para a área de recursos humanos.

3.3. Indicadores de desempenho e BSC

O levantamento de indicadores considera que deve ser medido o que

efetivamente gera valor, tanto para a execução da estratégia como para o cliente,

caso contrário será apenas desperdício de recursos.

Alguns autores (Fitz-Enz, 1995; KAPLAN e NORTON, 1999; BECKER at al,

2001, 2005; THOMPSON e STRICKLAND, 2003), apresentam boas práticas para

identificar um conjunto adequado de indicadores:

relação de causa e efeito;

reunião de dados;

transformação de dados em informação;

revisão do modelo periodicamente;

48

ações baseadas em dados;

avaliação dos resultados.

O Metrics Guidebook (2016) destaca oito fatores que um bom indicador deve

ter:

1. valor para o cliente ou representar um atributo essencial para a satisfação

do cliente.

2. indicar os atingimentos das metas e objetivos organizacionais .

3. ser simples, compreensível, lógico e reproduzível.

4. mostrar uma tendência, não só uma imagem ou um ponto específico.

5. estar claramente definido.

6. a coleta de dados não deve ser muito cara

7. permitir uma resposta rápida a problemas.

8. fornecer informações para impulsionar as ações apropriadas.

Para Fitz-Enz (1995) as práticas de RH tem relação direta com o negócio, a

partir de um Balanced Socorecard (BSC).

O BSC é uma ferramenta de gestão e de execução utilizada por organizações

privadas e públicas para mensurar o desempenho a partir de uma visão global e

estratégica da empresa (KAPLAN e NORTON, 1999), em função das mudanças

significativas ocorridas no ambiente externo e interno, rompendo com os padrões

vigentes de um padrão mais clássico e engessado.

Tais mudanças foram direcionadas em função do aumento da concorrência, da

globalização, da integração dos processos organizacionais, da necessidade de

produtos mais competitivos, da valorização do capital intelectual, dentre outras.

Para Becker et al (2001) e Beatty et al (2005), apesar de o BSC orientar-se

para aspectos da organização como um todo, também possui fatores que se aplicam

mais especificamente às pessoas. Contudo, os autores consideram que os

scorecards relacionados aos recursos humanos seriam ferramentas diferentes e

complementares ao BSC, porém voltados para a mensuração de resultados.

O BSC aplica uma tradução mais clara da estratégia da empresa em um

conjunto de medidas de desempenho, considerando quatro perspectivas: financeira;

processos internos; cliente e aprendizagem e crescimento, definindo:

49

Perspectiva financeira - contempla o crescimento e a receita, a melhoria da

produtividade, redução de custos, além de definir os recursos para definir a

estratégia de investimentos da organização.

Perspectiva clientes - a empresa define o mercado e o segmento de clientes

específicos nos quais deseja competir, alinhando as medidas à satisfação dos

clientes, a fidelidade, captação e lucro. Além disso, a empresa deve definir uma

proposta de valor para o segmento escolhido.

Perspectiva processos internos - definir os processos críticos da

organização, buscando atingir a excelência e identificar oportunidades de melhoria

para a satisfação de clientes e atender os objetivos dos acionistas.

Perspectiva aprendizagem e crescimento - trata do capital humano, das

capacidades das pessoas, do portfólio de competências, os quais são essenciais

para a competitividade da organização.

Assim, essas quatro perspectivas, nas quais se baseiam o BSC, possibilitam o

alinhamento do desempenho organizacional ao desempenho das pessoas,

contribuindo para a gestão dos talentos, da seguinte forma:

fornecendo insumos para a construção de indicadores claros de

desempenho mensuráveis e orientados para as quatro perspectivas do

processo;

condições favoráveis para que os gestores possam gerenciar as equipes

na consecução dos indicadores de desempenho organizacional;

vinculação do processo de recompensa ao desempenho organizacional;

elevação do nível de satisfação dos empregados como reflexo da atuação

gerencial;

reconhecimento da contribuição do indivíduo na melhoria dos processos

organizacionais.

Na visão de Dias; Eboli e Junior (2013) o BSC atua ainda como um sistema de

controle estratégico, cujos benefícios para a organização são: clarificação e

alinhamento da estratégia e metas; revisões periódicas; obtenção de feedback para

o aprendizado e aprimoramento dos objetivos.

50

Antes de implementar um BSC, a organização precisa de uma base

estratégica. Essa base, na maioria das empresas, é composta por3:

missão, visão, valores;

diagnóstico do ambiente interno e externo;

formulação estratégica;

mapa estratégico;

implementação da estratégia;

controle estratégico.

Como a estratégia é um conceito recorrente na aplicação do modelo, é

importante definir o que de fato representa. Para Thompson e Strickland (2003),

estratégia representa:

um conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que

os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa

(...) é o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da

organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir

os objetivos de desempenho. (THOMPSON e STRICKLAND, 2003, p.

11).

Mintzberg e Quinn (2001, p.26) definem estratégia como "um modelo ou plano

que integra os objetivos, políticas e as ações sequenciais de uma organização, em

um todo integrado." Meirelles e Gonçalves apud Martins at al (2010, p.14) definem a

estratégia como "disciplina da administração que se ocupa da adequação da

organização ao seu ambiente."

Os diferentes conceitos permitem estabelecer uma conexão entre os elementos

que o sustentam, no qual percebe-se a estratégia como um mecanismo de

alinhamento das variáveis organizacionais ao seu meio interno e externo, visando

executar suas ações para atingir os resultados propostos.

A partir dessa perspectiva, Kaplan e Norton (1999) consideram que um modelo

baseado em controle contábil não permite uma análise da execução da estratégia,

por isso, ampliaram essa visão para a mensuração do desempenho também por sua

forma mais fácil de comunicação e implementação estratégica (KAPLAN e

NORTON, 1999). Os autores propõem, ainda, que para o BSC traduzir a estratégia

3 MARTINS, Tomas at al. Incrementando a estratégia uma abordagem do balanced scorecard. Ed.

Intersaberes

51

empresarial é fundamental uma relação de causa e efeito entre as suas perspectivas

e entre estas e o mapa estratégico da organização, como apresentado na figura a

seguir:

Figura 5: As quatro perspectivas do Balanced Scorecard e o mapa estratégico.

Fonte: Kaplan; Norton, 1999, 2004.

Como visto na figura 5, as perspectivas do BSC relacionam entre si e também

se integram ao mapa estratégico da organização, demonstrando uma relação de

causa e efeito entre as suas variáveis. As suas medidas chave, ou seja, os aspectos

financeiros e clientes, dependem diretamente dos resultados produzidos pelas

pessoas da empresa, representados na perspectiva aprendizado e crescimento,

que direciona o processo de inovação, em alguns casos.

O BSC incorpora os ativos intangíveis, o que não existia no modelo contábil.

Kaplan e Norton (2000,p.12) ao abordarem os ativos intangíveis, exemplificam os

mesmos como: "relacionamentos com os clientes, produtos e serviços inovadores,

tecnologia da informação e banco de dados, vão além de capacidades, habilidades e

motivação dos empregados". Nestes elementos, encontram-se novas oportunidades

de se obter vantagem competitiva a partir do conhecimento das pessoas.

52

O balanced scorecard, por meio da perspectiva aprendizado e crescimento,

contribui fortemente para o aprimoramento das capacidades dos indivíduos,

considerando uma definição clara de objetivos e indicadores que norteiam o

aprendizado e o crescimento na organização (KALLAS, 2003). Kaplan e Norton

(1997) definem, neste ponto, tais medidas com base em três categorias:

capacidade dos funcionários - mudanças nos processos de trabalho e novas

tecnologias exigem constante aprendizado por parte do trabalhador, bem como

provocou mudanças nos perfis de competência;

capacidade dos sistemas de informação - a eficácia do desempenho

organizacional depende diretamente de como as informações sobre os clientes, os

processos internos e as decisões financeiras são disseminadas na organização;

motivação, empowerment e alinhamento - o nível de motivação e o perfil de

competências aumentam a possibilidade de envolvimento e comprometimento com

os resultados do negócio.

A perspectiva aprendizado e crescimento, portanto, amplia a visão estratégica

para investimentos que pensem o futuro da organização, visando alcançar os

resultados no longo prazo. Esses resultados dependem de investimento em infra-

estrutura, pessoal, sistemas, processos internos. As pessoas, desde que

devidamente capacitadas e motivadas, representam boa base dos ativos intangíveis

da empresa. Dessa forma, o BSC propõe o conceito de aprendizagem estratégica,

como forma de viabilizar o desenvolvimento das competências organizacionais.

Essa relação pode ser percebida na figura a seguir:

53

Figura 6 - Perspectiva Crescimento e Aprendizado e seus capitais intangíveis

Fonte: MARTINS, Tomas at al. Incrementando a estratégia uma abordagem do balanced

scorecard. Ed. Intersaberes, p. 30, 2010.

De acordo com a figura 6, percebe-se que a perspectiva aprendizado e

crescimento é composta pelos ativos intangíveis, formados pelo conjuto resultante

do Capital Humano, Capital Intelectual e o Capital Organizacional. Base estas que

estão fortemente relacionadas à função das competências estabelecida por Penrose

(2009) e Eboli (2010), ou seja, o aprendizado estratégico visa desenvolver as

competências organizacionais e dos profissionais que atuam diretamente na

implementação da estratégia.

Por isso, a área de recursos humanos tem passado por mudanças que

valorizam seu papel na organização para além dos processos de recrutamento e

seleção, manutenção de pessoas, folha de pagamento, avaliação e desligamento,

para uma valorização do capital intelectual, por meio de ações de desenvolvimento

organizacional para a geração de valor ao ativo intangível (MARTINS at al, 2010).

Nesse ponto, a gestão estratégica de pessoas deve estabelecer uma parceria

com as demais áreas da empresa para a consecução de seus objetivos e a

54

construção de uma organização mais competitiva, atuando nas fraquezas

diagnosticadas na análise do seu ambiente interno.

O movimento de desenvolver competências para gerar valor para as

organizações e as pessoas, pode ser sintetizado na figura 6 a seguir:

Figura 7 - Competências como fonte de valor para as empresas e indivíduos

Fonte: MARTINS, Tomas at al. Incrementando a estratégia uma abordagem do balanced

scorecard. Ed. Intersaberes, p. 70

A nova gestão de pessoas tem como foco o desenvolvimento das

competências para alavancar os resultados dos indivíduos e da organização, para

que esta última consiga responder às mudanças do ambiente externo e minimize as

fraquezas, mediante diagnóstico realizado.

Fitz-Enz (1995) as práticas de recursos humanos têm impacto nos resultados

do negócio. No entanto, esses resultados são muito difusos, variando de acordo com

a população-amostra e as medidas utilizadas.

De acordo com Martins at al (2010, p.72), a gestão estratégica de pessoas visa

preparar a organização para alcançar sua visão, por meio de uma equipe fortemente

capacitada para a tomada de decisão, possibilitando ainda a retenção dos talentos.

55

Após analisarem as empresas que utilizavam o modelo, Kaplan e Norton

(2001) perceberam um padrão comum entre essas empresas, como um sistema de

gestão integrado, a partir de cinco princípios aplicados a essas organizações:

Liderança - importância de os líderes atuarem em conformidade com a missão

e visão empresarial.

Estratégia em operações - após definida a estratégia, ela deve ser

desdobrada e ser inserida no dia a dia da organização, por meio do mapa

estratégico, indicadores, metas e projetos.

Sinergia - a estratégia desdobrada deve auxiliar na otimização dos recursos

através da cadeia de valor.

Estratégia como tarefa de todos - a estratégia deve ser amplamente

divulgada para que todos compreendam o seu papel no alcance das mesmas,

procurando estabelecer um vínculo entre suas ações e os resultados. Inclusive, as

estratéias podem ser atreladas a programas de remuneração variável.

Estratégia contínua - as estratégias devem ser percebidas como um processo

de aprendizagem contínua, através das análises e discussões quanto aos resultados

apresentados e as lições aprendidas na sua execução, sempre vinculando o BSC e

o orçamento organizacional.

No Quadro 6, a seguir, são apresentados possíveis indicadores para cada

perspectiva do BSC:

56

Quadro 6 – Perspectivas, temas estratégicos e indicadores

PERSPECTIVA TEMAS ESTRATÉGICOS

INDICADOR OU MEDIDA

FINANCEIRA

Aumento e Mix de Receita

Aumento da taxa de vendas por segmento;

% de receita gerado pelos produtos, serviços e clientes da empresa;

Fatia de clientes e contas-alvo;

Vendas cruzadas;

% da receita gerado por novas aplicações;

Lucratividade por clientes e linhas de produtos;

% de clientes não lucrativos.

Redução de Custos e aumento de produtividade

Receita/funcionário;

Custos versus custos dos concorrentes;

Taxas de redução de custos;

Despesas indiretas (percentual de vendas);

Custos unitários (por unidade de produção, por transação).

Utilização de Ativos

Investimento (percentual de vendas);

Índices de capital de giro (ciclo de caixa a caixa);

Retorno sobre o Capital empregado por categoria-chave de ativo;

Taxa de utlização do ativo.

CLIENTES

Participação de mercado

Proporção de negócios em um determinado mercado

Proporção de negócios por clientes;

Proporção de negócios por valores gastos ou volume unitário vendido.

Retenção de clientes

Retenção;

Manutenção de relacionamento contínuo com os clientes.

Captação de Clientes

Força de atração;

Conquistas de novos clientes ou negócios.

Satisfação de clientes

Nível de satisfação dos clientes, de acordo com a proposta de valor.

Lucratividade de Clientes

Lucro líquido de cliente ou dos segmentos de negócio (após dedução das despesas necessárias à sustentação).

PROCESSOS INTERNOS

Inovação

Percentual de vendas gerados por novos produtos;

Lançamento de novos produtos versus concorrentes;

Capacidade técnica do processo de produção;

Lucro operacional sobre custo de desenvolvimento;

% do volume de produção com sucesso para cada subprocesso;

tempo de ciclo para cada subprocesso;

Introdução de novos produtos.

Operação

Tempo de ciclo;

Tempo de armazenamento inicial, final e em processo;

taxa de defeito em perdas por milhão (por processo);

desperdício;

Custo de cada subprocesso.

Serviço de Pós-venda

Tempo do ciclo: da solicitação do cliente até a resolução final;

% de solicitações atendidas com uma visita;

Custo dos recursos utilizados.

continua...

57

continuação...

PERSPECTIVA TEMAS

ESTRATÉGICOS

INDICADOR OU MEDIDA

PROCESSOS INTERNOS

Inovação

Percentual de vendas gerados por novos produtos;

Lançamento de novos produtos versus concorrentes;

Capacidade técnica do processo de produção;

Lucro operacional sobre custo de desenvolvimento;

% do volume de produção com sucesso para cada subprocesso;

Tempo de ciclo para cada subprocesso;

Introdução de novos produtos.

Operação

Tempo de ciclo;

Tempo de armazenamento inicial, final e em processo;

Taxa de defeito em perdas por milhão (por processo);

Desperdício;

Custo de cada subprocesso.

Serviço de Pós-

venda

Tempo do ciclo: da solicitação do cliente até a resolução final;

% de solicitações atendidas com uma visita;

Custo dos recursos utilizados.

APRENDIZADO

E

CRESCIMENTO

Capacidade dos

funcionários

Satisfação dos funcionários;

Retenção dos funcionários;

Produtividade por funcionário;

Lucratividade por funcionário.

Capacidade das

informações

internas

Índice de cobertura de informações estratégicas;

% de processos que oferecem retorno em tempo real sobre qualidade, tempo e custo;

% de funcionários que lidam detidamente com clientes e têm acesso online às informações referentes a eles.

Motivação,

empowerment, e

alinhamento

Número de sugestões por funcionários;

Número de sugestões por funcionário implementada;

Taxa de melhorias efetivas nos processos críticos;

Pesquisa interna sobre desenvolvimento de equipes;

Nível de ganhos compartilhados;

% de planos de negócios desenvolvidos pelas equipes;

% de todos os projetos com participação do cliente nos ganhos;

% de projetos com incentivos individuais de equipes, vinculados ao sucesso do projeto.

Fonte: adaptado de Kallas (2003).

Um processo de gestão baseado no BSC requer a participação de todos na

organização e deve estar estruturado nos seguintes elementos básicos: a missão, a

visão, os papéis chave da organização, os fatores críticos de sucesso, os objetivos,

os indicadores de desempenho do negócio, as metas e as iniciativas de melhoria e

os valores organizacionais. Desta forma, é possível identificar quais as expectativas

de desempenho que agregam valor ao negócio, integrando-as aos fatores de

desempenho organizacional e humano.

58

Entretanto, Amorim at al (2012) observam que existem dificuldades em se

avaliar os resultados de investimentos em educação corporativa, em função das

variáveis envolvidas, bem como estabelecer o período para sua realização. A

mesma visão tem Ceribeli; Ceribeli e Góes (2015) que destacam também: 1) o

tempo e o esforço demandado para tal função e 2) a dificuldade de se isolar os

efeitos das ações de treinamento.

Abbad; Damasceno e Meneses (2012) apontam a necessidade de o

profissional de treinamento dividir a responsabilidade do planejamento e

mensuração de resultados das ações educativas, com os especialistas da

organização para auxiliar nos indicadores que serão, futuramente utilizados. Os

autores reforçam essa necessidade em função da abrangência da avaliação da

efetividade, a qual demanda mudanças em processos de trabalho, produtivivade,

clima e cultura organizacional.

Os principais fatores que contribuem para a dificuldade de mensuração, na

concepção de Amorim at al, são:

a falta de identificação de foco mais claro dos processos estratégicos;

existência de fatores relevantes críticos no processo, como custos e

recursos envolvidos; tendência de se tratar a educação corporativa mais

pelos seus aspectos técnicos que a partir de uma visão estratégica e

integrada (AMORIM at al, 2012, p.3).

Por isso, ainda segundo os autores, não existe uma única forma de se medir os

resultados em aprendizagem, visto que para eles esse é um processo diretamente

ligado a fatores comportamentais. Para os autores tais indicadores poderiam ser

encaixados de acordo com as perspectivas do BSC, principalmente na perspectiva

Aprendizado e Crescimento. Além disso, também propõem que indicadores

específicos possam ser utilizados, tais como: taxas de retorno, variações no lucro,

mudanças nas habilidades e competências humanas e possíveis variações no

salário das pessoas da organização que passaram por ações de educação

corporativa.

Para Dias; Eboli e Junior (2013), ainda existe um vasto campo para utilização

do BSC nas áreas de educação corporativa e de recursos humanos e que a sua não

utilização pode comprometer a avaliação dos resultados da área, pois o BSC é uma

importante ferramenta para a definição e comunicação da estratégia.

59

A relação com o BSC, segundo os autores, é válida principalmente para o Nível

4 – que está diretamente relacionado aos indicadores e componentes do BSC – e

também para o Nível 5, que contempla os indicadores financeiros, que se encontram

na perspectiva superior do BSC.

De acordo com Falconi (2009) há uma interação entre os indicadores na

estrutura organizacional, estabelecendo uma relação de causa e efeito. Conforme já

citado por Kaplan e Norton (2004) que estabelece também uma relação entre as

perspectivas do BSC.

60

4. RESULTADOS

Este capítulo se inicia com a apresentação dos indicadores mapeados nos

estudos e a estruturação do modelo, a partir destes indicadores, atendendo ao

exposto no primeiro objetivo específico que buscou identificar os principais

indicadores utilizados em estudos recentes sobre o processo de avaliação de

resultados em educação corporativa. Nesse sentido, os indicadores levantados na

literatura, são apresentados no quadro 7, a seguir:

Quadro 7 - Indicadores identificados na literatura pesquisada

AUTOR INDICADORES IDENTIFICADOS

ABBAD, Gardênia; DAMASCENO, Sônia Maria Souza; MENESES, Pedro Paulo Murce (2007)

Melhoria de processos;

Produtividade;

Clima organizacional;

Cultura organizacional.

ALLEN, M.; MCGEE,

P.(2004).

Satisfação dos funcionários.

Crescimento organizacional.

Lucratividade.

Produtividade.

AMORIM, Wilson Aparecido C. at al. (2012).

Satisfação dos indivíduos com o treinamento;

Melhoria do conhecimento ou aumento de habilidades;

melhoria nos salários;

Menor rotatividade;

Redução de desperdício na produção;

Redução de desperdício de tempo;

Aumento de vendas;

Redução de custos;

Aumento de lucros;

Retorno sobre o investimento (ROI).

ANTUNES VIEIRA,

Fábio Henrique;

FRANCISCO,

Antônio Carlos de.

(2012).

Melhoria do desempenho dos profissionais de nível operacional e tático;

Elevação da competência individual;

Aumento da competitividade da organização;

Aumento do capital intelectual da organização;

Conscientização da cidadania corporativa (missão, visão, valores);

Facilitação do alcance das metas.

BASTOS, Marcellus

Rodrigues;

OLIVEIRA, Ualison

Rébula de. (2014).

A partir das perspectivas do BSC:

Lucro sobre o capital empregado no aprendizado e conhecimento;

Economia no trabalho realizado (realizar os processos uma vez somente);

Satisfação e credibilidade do cliente;

Aumento no número de clientes e de vendas;

Melhoria de respostas e processos internos;

Tempo de entrega do Produto;

Difusão de colaboração e dialogo de decisões;

Geração confiança e pró-atividade;

investir em treinamento e cursos.

continua...

61

continuação

AUTOR INDICADORES IDENTIFICADOS

CERIBELI, Ananda Cândido; CERIBELI, Harrison Bachion e GÓES, Thiago Alves.(2015).

Utilidade percebida pelos participantes.

Conhecimento adquirido pós-treinamento.

Resultados obtidos em nível individual de desempenho.

Resultados globais de desempenho.

FITZ-ENZ (1995). Receita

Lucro

Unidade produzida

Custo por empregado

Receita por empregado

Volume de negócios

Lucro por empregado

Retenção de aprendizagem

Absenteísmo

LANGHI; MELO e PETEROSSI (2013).

Redução de custos;

Redução de acidentes;

Redução de rotatividade;

Aumento de vendas;

Aumento do lucro;

Aumento do retorno do investimento (ROI)

Fonte: elaborado pela autora

Na literatura pesquisada não foi identificado, de forma estruturada, um conjunto

de indicadores listados para subsidiar a avaliação em EC e com as orientações

quanto à sua aplicação. Assim, após a análise dos indicadores identificados, os

mesmos foram agrupados por afinidade e comparados aos indicadores definidos

para cada pespectiva do BSC, conforme exposto no referencial. Nesse sentido, foi

estabelecida uma correlação, entre as perspectivas do BSC, apresentadas no

referencial teórico, e os indicadores levantados que se encaixam cada uma delas,

conforme pode ser visto no quadro 8:

62

Quadro 8 - Perspectivas BSC x Indicadores Mapeados

Fonte: elaborado pela autora

Em relação ao segundo objetivo específico, comparar os indicadores

identificados com os modelos de Avaliação de Kirkpatrick e Phillips, adotados como

modelos de referência neste trabalho, a partir da convergência das variáveis

identificadas e analisadas, verificou-se um alinhamento entre elas. Contudo, optou-

se pelas variáveis do Modelo de Kirkpatrick (2010), visto que o Modelo de Phillips

acrescenta um quinto nível (ROI), o qual possui fórmula específicca, conforme

demonstrado no item 3.2.2. do referencial teórico.

A partir dos critérios definidos anteriormente, o Quadro 9, a seguir, apresenta a

correlação estabelecida entre os indicadores mapeados na literatura, a sua

combinação com as perspectivas do BSC e com os níveis 3 e 4 de Kirkpatrick.

63

Quadro 9 - Indicadores mapeados x Perspectivas BSC x níveis de

Kirkpatrick (3 e 4):

Fonte: elaborado pela autora

O Nível 3 - conforme apresentado no referencial teórico - busca aferir que

habilidades e conhecimentos foram adquiridos e transferidos para o dia a dia do

participante, para gerar melhorias. Consoante com Deiser (2011):

Nesta nova perspectiva, a aprendizagem constante está

intimamente ligada ao processo de criação, formulação e execução

do posicionamento estratégico. Ou seja, a aprendizagem não é

somente uma ação de alinhamento e correção, e sim causadora da

mudança. Nesse sentido, ela é consequência direta do impacto que

este mundo complexo ocasiona. Se tudo muda no mercado, as

organizações precisam aprender constantemente (DEISER, 2011, p.

14).

O Nível 4 - resultados - busca avaliar se os resultados obtidos foram

resultantes ou impactados pelas ações de aprendizagem ou se contribuiu para os

objetivos da organização.

64

Portanto, Kirkpatrick (2010) estabelece uma relação direta entre a mudança do

coportamento e o resultado gerado.

De acordo com o Quadro 9, pode-se perceber quais indicadores impactam no

negócio. A relação foi estabelecida a partir das perspectivas do BSC, pois elas

permitem que se tenha uma visão sistêmica da organização, uma vez que retrata os

principais eixos responsáveis pelos resultados do negócio, conforme demonstrado

na Tabela 3:

Tabela 3 - Perspectivas do BSC e questões a serem respondidas

Perspectivas do

BSC

Questões a serem respondidas Medidas Gerais

Financeiro "para sermos bem-sucedidos

financeiramente, coo devemos

aparecer para nossos acionistas?"

Retorno sobre o investimento e

valor econômico adicionado.

Clientes "para atingir nossa visão, como

devemos aparecer para nossos

clientes?"

Satisfação, fidelização,

participação de mercado.

Processos internos "para satisfazer nossos acionistas

e clientes, em que processos de

negócio devemos ser excelentes?"

Qualidade, tempo deresposta,

custo e introdução de novos

produtos.

Aprendizado e

crescimento

"para atingir nossa visão, como

deveremos sustentar nossa

capacidade de mudar e melhorar?"

Satisfação dos empregados e

disponibilidade dos sistemas

de informação.

Fonte: KAPLAN e NORTON, 1997 apud EBOLI et al, 2010, p. 324

Dessa forma, foram identificados os objetivos e iniciativas que representam o

foco das organizações e de que forma os indicadores são classificados de acordo

com esses fatores e a relevância dos mesmos no resultado final do negócio.

A seguir são apresentados os resultados relacionados à etapa Avaliação do

método da DSR, a partir das entrevistas realizadas com profissionais responsáveis

pelo sistema de educação corporativa, em 4 organizações: uma da área de saúde,

uma do setor financeiro, uma do setor alimentício e uma da indústria. A análise dos

dados foi realizada por meio de comparações envolvendo a prática das empresas e

os indicadores identificados e analisados, utilizando como referência o roteiro

constante do Anexo I, deste trabalho, que contemplam perguntas relacionadas ao

sistema ou método de avaliação de resultados em educação corporativa (questões

65

11 a 14). Como as questões propostas neste roteiro são abertas, permite maior

abrangência nas respostas dos entrevistados, bem como aprofundar em

determinada questão ou tema. Buscou-se, ainda, verificar as limitações, vantagens e

perspectivas de avaliação da educação corporativa nestas empresas, cuja análise é

apresentada a seguir. Para garantir o sigilo das empresas participantes da pesquisa,

foram adotadas as seguintes nomenclaturas: a primeira empresa - do setor

financeiro - é identificada por "Alfa"; a segunda empresa - do setor de saúde - é

identificado por - "Exa"; a terceira do ramo de processamento de aves, suínos,

massas e vegetais - "Alga" - e a última empresa - do setor da indústria - "Mega".

4.1. Estudo da Empresa "ALFA"

Esta pesquisa foi conduzida em uma organização do segmento financeiro. A

solicitação para realização da pesquisa foi encaminhada, por email, para a Gerente

de Educação da Empresa, no dia 10 de agosto de 2016. A resposta foi recebida

quinze dias após o envio, solicitando mais informações, as quais foram enviadas

para a empresa no dia 29 de agosto de 2016. A resposta da empresa, aceitando

participar da pesquisa, no dia 12 de setembro de 2016. A entrevista por telefone foi

realizada no dia 23 de setembro de 2016.

4.1.1. Caracterização da Empresa "ALFA"

A Empresa foi criada na década de 1940, no interior de Minas Gerais, e em

2000 expandiu sua atuação. A Empresa ocupa a 8ª posição em relação às demais

empresas do setor. Tem sede em Minas Gerais e uma rede com mais de 200 pontos

de atendimento. Atua tanto com crédito, financiamento e investimentos, como

também em serviços e negócios imobiliários.

A Empresa tem como missão:

"gerar soluções financeiras, com diferencial no relacionamento e atendimento a

seus clientes. E sua proposta de valor é prestar soluções financeiras com

simplicidade, eficácia e relações estreitas."

O quadro de funcionários atual da empresa é composto por 3010

colaboradores, sendo 2757 funcionários, 137 estagiários e 116 jovens aprendizes.

66

4.1.2- Gestão de Pessoas

A área de Gestão de Pessoas da Empresa é denominada de Capital Humano,

conforme descrito pelo entrevistado:

"A área de Capital Humano é composta por 31 colaboradores alocados em

uma gerência, que é dividida em quatro coordenações: Operações de RH

(folha de pagamento, relações sindicais, ponto eletrônico, rescisão e justiça

do trabalho), Remuneração e Recompensas (plano de cargos e salários,

remunerações variáveis, pesquisas salariais, benefícios, estrutura

organizacional, orçamento de RH), Planejamento e Desenvolvimento de

Pessoas (Captação, Treinamento e Desenvolvimento, programa de estágio,

PCD, jovem aprendiz, acompanhamento do BSC da gerência, gestão do

clima, carreira e sucessão) Segurança e Saúde do Trabalho e Informações

Gerenciais (Segurança e saúde do trabalho, informações gerenciais de

pessoas)."(Gerente de EC)

A gestão de pessoas é realizada pela área funcional, denominada de Capital

Humano, e pelo gestores de área. Estes recebem total apoio da área para

exercerem efetivamente seu papel de gestores de pessoas.

Em relação ao planejamento estratégico, utiliza o Balanced Scorecard (BSC),

como ferramenta de gestão estratégica, conforme mencionado na sequência:

"Para traduzir, alinhar e executar a sua estratégia em todos os níveis

organizacionais, a empresa escolheu a metodologia Balanced Scorecard

(BSC). A ferramenta baseia-se em Mapas Estratégicos, que em apenas uma

página, abordam as diretrizes que norteiam a organização, considerando

não apenas os aspectos financeiros (resultados), como também os não

financeiros (clientes, processos e pessoas e tecnologia). Trata-se de uma

visão de curto, médio e longo prazos." (Gerente de EC).

Percebe-se, no relato acima, que as perspectivas estão equilibradas,

apresentando uma visão de interdependência entre os fatores analisados. E está em

consonância com Kaplan e Norton (1999), que propõem uma relação de causa e

efeito entre as perspectivas do BSC e também com o mapa estratégico empresarial,

para que ele possa traduzir a estratégia empresarial. O desdobramento de metas é

feito por meio do estabelecimento de metas em todos os níveis da organização. As

metas não foram informadas pela organização.

67

4.1.3- Educação Corporativa - Contexto

O sistema de educação corporativa da Instituição é Coordenado pela área de

Planejamento e Desenvolvimento de Pessoas: "conta com a parceria das áreas

internas, fornecedores externos, ferramenta de treinamento à distância e

treinamentos presenciais internos e externos."

A educação corporativa visa atender aos objetivos propostos pela área de

Gestão de Pessoas, em sua essência:

"Implementar ações que possam contribuir para o crescimento dos

profissionais e a melhoria dos processos de gestão de pessoas e,

consequentemente, para o crescimento da organização, a partir das

demandas diagnosticadas na pesquisa de clima, demanda das áreas clientes

e ações necessárias para o aprimoramento dos serviços e ferramentas

disponibilizados pela área. " (Gerente de EC).

Contudo, percebe-se que os objetivos não estão estabelecidos formalmente.

Apesar disso, as ações descritas pelo entrevistado atendem ao exposto por Meister

(1999) e Eboli (2010).

As ações são planejadas com base no mapa do BSC e também com base no

PDI - Plano de Desenvolvimento Individual - dos profissionais da empresa:

"O planejamento anual das atividades de Educação Corporativa é definido a

partir do Plano Diretor do Capital Humano, do Plano de Desenvolvimento

Individual dos funcionários (PDI), do BSC da área e seus indicadores, bem

como, apoiado nas diretrizes estratégicas do Mercantil do Brasil. Toda a

estratégia do Banco é amplamente divulgada em vários canais, como: Mapa

Estratégico do MB, Convenções Estratégicas com a participação de todas as

lideranças, reuniões estratégicas para definição de metas e indicadores do

BSC, dentre outros." (Gerente de EC).

Em relação ao alinhamento da EC à Gestão de Pessoas e ao modelo de

gestão, o entrevistado aponta que:

"Os treinamentos à distância e presenciais, internos e externos, são

estruturados e oferecidos de acordo com a gestão estratégica e dentro do

conceito de Universidade Corporativa. Dessa forma, as ações de

treinamento e desenvolvimento procuram focar a organização para o

aprendizado, utilizando o conhecimento como vantagem competitiva. O

objetivo é oferecer ações que possam proporcionar conhecimento e novas

soluções e propostas para o negócio. " (Gerente de EC).

68

Nesse aspecto, nota-se a relação da EC às estratégias do negócio, atendendo

à percpectiva de que a EC é facilitadora da execução da estratégia organizacional

(EBOLI, 2010). Para atender a esse propósito, são utilizadas algumas práticas,

dentre elas:

"As atividades de Educação Corporativa, são planejadas e executadas para

garantir que o colaborador esteja preparado para a execução das diretrizes

estratégicas, transformando-as em ação e resultados para a organização.

Todas as atividades de desenvolvimento estão diretamente relacionadas às

competências requeridas para os cargos, pelos profissionais e para que a

organização realize sua missão, atinja os resultados pretendidos e conquiste

também seu desenvolvimento sustentável.

Programa Fortalecendo Líderes – Treinamento e Desenvolvimento

Programa de desenvolvimento contínuo de suas lideranças, denominado

Fortalecendo Líderes. Através deste programa, a Instituição procura alinhar

todos os líderes nas competências gerenciais.

O Programa Formação, que são treinadas competências técnicas, que

contribuem para o desenvolvimento dos profissionais de nível

analista/técnico, de acordo com o negócio do MB e das diversas áreas de

atuação.

O Programa InFormação, voltado para o desenvolvimento pessoal e

profissional de estagiários e escriturários que, por meio de palestras

mensais, são trabalhados temas relacionados ao negócio e postura

profissional, sob a ótica da versatilidade." (Gerente de EC).

Para entender um pouco mais sobre o funcionamento da EC na Instituição, foi

solicitado ao entrevistado que descrevesse seus macro-processos, que foram

descritos da seguinte forma:

"Treinamentos à distância (Estação do Conhecimento), localizado na

intranet da Empresa. O ensino à distância é fundamental na rotina da

Empresa, pois a sua premissa é que o funcionário possa aprender a

qualquer hora, dentro do seu ambiente e jornada de trabalho. Todos os

funcionários e estagiários têm acesso aos cursos oferecidos no “Catálogo de

Cursos” da plataforma; mas para direcioná-los, eles têm trilhas específicas

de Ambientação, Competências Essenciais, Técnicas e Gerenciais, que são

elaboradas de acordo com o cargo ou área, visando melhor desempenho e

atuação. O ambiente dá acesso a artigos, fóruns, chats, comunidades,

dentre outros recursos.

69

Os treinamentos presenciais externos são oferecidos com o objetivo de

desenvolvimento das competências técnicas, em sua maioria, seja para

capacitação, reciclagem e/ou atualização de conteúdo, e possibilitam a

troca de experiência com o mercado e captação de novas tendências.

Os treinamentos presenciais internos são oferecidos com o objetivo de

capacitar e/ou desenvolver as competências técnicas, essenciais e

gerenciais definidas pela instituição. São priorizados os treinamentos

presenciais para o desenvolvimento das competências gerenciais, além dos

programas de capacitação profissional para os funcionários das áreas

comercial e administrativa de agências." (Gerente de EC).

De acordo com a resposta da área, existe uma confusão entre os conceitos de

macro-processos e modalidades de treinamento. E devido ao uso da terminologia

treinamento, reforça a visão de que o processo de EC na Instituição ainda não está

consolidado. Nesse aspecto, foi perguntado ao entrevistado se há diferenças entre

Treinamento e Desenvolvimento; Educação corporativa e Universidade Corporativa

e o porquê de tais diferenças. Nesse sentido, obteve-se a seguinte resposta:

"A Gestão de Desenvolvimento e Formação tem como foco o

desenvolvimento das competências gerenciais, essenciais e técnicas

estabelecidas para cada cargo. O Ciclo de Desenvolvimento desse modelo

compreende quatro etapas a ser percorrido pelo funcionário:

Comprometimento – compreender suas necessidades de capacitação e se

comprometer com o seu desenvolvimento; Formação – adquirir as

competências necessárias a partir de treinamentos realizados; Aplicação –

colocar em prática o aprendizado na realização das atividades cotidianas;

Exemplo – tornar-se referência em relação a determinada competência."

(Gerente de EC).

A organização considera relevante o desenvolvimento de competências e a sua

prática no dia a dia do profissional. Retomando, nesse ponto, Kirkpatrick (2010),

para que haja a efetiva mudança de comportamento, deve-se registrar o mesmo

antes e após realizado o treinamento. A aquisição de conhecimentos e habilidades

só irá gerar valor para empresa se forem aplicados no seu trabalho, ou seja, se

ocorrer a transferência do aprendizado para a prática, gerando melhorias. No

entanto, nessa questão, a ênfase está em treinamento e desenvolvimento não no

processo de Educação Corporativa. A transferência de aprendizado depende

fundamentalmente da liderança cobrar e acompanhar na prática, que é um ponto

falho nas organizações. A liderança envolve-se pouco, quando envolve. Não há

70

também uma cobrança por parte da alta direção. Além disso, o treinamento na

maioria das vezes é elaborado sem considerar as reais lacunas de conhecimento e

de habilidade dos participantes, isto é, o que precisa fazer diferente após a

realização do mesmo. A falta de clareza neste item dificultará sua transposição para

a realidade prática.

Kirkpatrick (2010) afirma que a mudança de comportamento se dará com a

aplicação do que foi adquirido, durante o treinamento. Para tanto, o autor analisa

que para que isso efetivamente aconteça é necessário um reforço externo, ou seja,

um apoio para a transferência e o reforço intrínseco, que estimula a motivação

interna. Em relação ao processo de transferência, o entrevistado esclarece que, "os

treinamentos são definidos de acordo com o perfil de atuação do participante, tornando a aplicação

ou comportamento esperado, parte das atividades diárias." (Gerente de EC).

A transferência ocorre com o apoio das lideranças e da área de Capital

Humano. O envolvimento dos líderes nas ações educativas é reforçado por meio da

inserção desse papel na competência de gestão, conforme evidenciado:

"O Desenvolvimento de Pessoas faz parte das competências gerenciais, dessa forma, os

gestores estão diretamente envolvidos no acompanhamento da equipe, monitorando os

resultados gerados e atuando para aplicação dos conhecimentos gerados em treinamentos

formais e através feedbacks efetivos." (Gerente de EC).

Em relação aos indicadores, o entrevistado destaca que: "Os indicadores dos

projetos não podem ser analisados isoladamente, dificultando a análise do impacto específico de

uma ação de treinamento sobre o resultado gerado." (Gerente de EC).

Essa questão exemplifica o exposto por Ceribeli; Ceribeli e Góes (2015) que

destacam dois aspectos para tal dificuldade: 1) o tempo e o esforço demandado

para tal função e 2) a dificuldade de se isolar os efeitos das ações de treinamento.

4.1.4- Síntese do estudo da Empresa Alfa

A empresa Alfa (nome fictício), é uma organização do segmento financeiro,

com forte ênfase na geração de resultados, na agilidade, pragmatismo e foco no

cliente. Por isso, as estratégias organizacionais têm como objetivo principal

proporcionar conhecimento e gerar novas soluções para o negócio. Para atender a

esse objetivo, o foco do processo é o desenvolvimento de competências chave do

negócio, visto que todas as ações têm foco estratégico e visa o crescimento da

organização.

71

O modelo aplicado não possui um sistema de avaliação específico, sendo esta

uma limitação, visto que a empresa considera ser difícil de analisar isoladamente a

análise do impacto específico de uma ação de treinamento sobre o resultado

gerado. Contudo, o entrevistado destaca que todas as ações são vinculadas às

estratégias da empresa. A seguir, a síntese desse estudo é apresentada no Quadro

10, com os principais pontos comparados ao sistema de educação corporativa.

Quadro 10 - Síntese do estudo da Empresa "Alfa"

Fatores analisados Práticas Empresa "Alfa"

Objetivos da EC Desenvolver as competências chave

Alinhamento com os objetivos organizacionais

As ações são estabelecidas com foco estratégico, tendo em vista o crescimento da Empresa e do negócio.

Alinhamento com as estratégias de Gestão de Pessoas

Com base no Plano Diretor do Capital Humano, a partir do PDI (plano de desenvolvimento individual) , no modelo de competências e na descrição de cargos.

Alinhamento ao modelo de Gestão Empresarial

A referência é a gestão estratégica, o BSC e seus indicadores, bem como as diretrizes da instituição.

Práticas Treinamentos internos e externos e à distância.

Envolvimento da liderança É uma das atribuições da competência de gestão do líder, que deve acompanhar, monitorar e avaliar também o retorno das ações, oferecendo suporte para a transferência do aprendizado.

Avaliação Reação: foco no instrutor, metodologia e organização.

Aprendizado: para alguns treinamentos técnicos.

Avaliação e feedback do líder.

Indicadores de negócio Não apresentado

Fonte: elaborado pela autora

A ferramenta utilizada pela organização para alinhar as práticas de gestão de

pessoas às ações educativas é o Plano de Desenvolvimento Individual. Na empresa,

os objetivos são estabelecidos no mapa estratégico, a partir da metodologia BSC, e

desdobrados para as demais áreas. Esse é o norte para todo o planejamento das

72

ações. As estratégias são divulgadas em diferentes canais, como: convenções de

vendas, reuniões com as lideranças para análise de indicadores e metas.

Um outro aspecto importante do modelo é a busca por desenvolver uma

organização de aprendizado. O estímulo à aprendizagem contínua é um dos

aspectos característicos da Educação Corporativa (EBOLI, 2010; MEISTER, 1999).

Como prática da promoção de aprendizagem contínua, destacam-se os

treinamentos internos, participação em eventos externos, cursos à distância.

As limitações do modelo estão relacionadas ao próprio processo de avaliação,

no que tange a identificar as reais contribuições advindas do processo de análise

das demandas a partir do negócio e o alinhamento aos projetos da organização. O

que pode não ser um limitador, mas uma demonstração do alinhamento com o

negócio, que é um dos princípios da educação corporativa de acordo com Eboli

(2010).

4.2. Estudo da Empresa "EXA"

Esta pesquisa foi conduzida em uma organização do setor de saúde. A

solicitação para realização da pesquisa foi encaminhada, por email, para a Gerente

de Recursos da Empresa, no dia 10 de agosto de 2016. A Gerente de RH

encaminhou a solicitação para o Gerente da Universidade Corporativa da Empresa,

com Sede em Brasília. A resposta da empresa, aceitando participar da pesquisa, no

dia 17 de janeiro de 2017. A entrevista foi agendada para o dia 03 de fevereiro de

2017, via skype. Contudo, a ferramenta apresentou algumas falhas e por isso,

optou-se por finalizar a entrevista por telefone no mesmo dia.

4.2.1. Caracterização da Empresa "EXA"

A Empresa tem 32 anos de atuação no setor. Figura entre as dez melhores

empresas para trabalhar no Brasil, segundo o ranking da Great Place to Work

Institute (GPTW), Revista Exame - Você S/A e Valor Carreira (2013, 2014, 2015 e

2016).

Missão: "Serviços de Saúde com Excelência."

A Empresa possui 200 unidades de atendimento, que contam com

aproximadamente 3700 profissionais. Atualmente, realiza mais de 35 milhões de

exames e atende 3,5 milhões clientes por ano. A Empresa possui um Instituto, um

73

Núcleo de Inovação, um Núcelo de Apoio à Pesquisa e uma Universidade

Corporativa.

4.2.2- Gestão de Pessoas

A Área de Gestão de Pessoas possui práticas voltadas para o princípio do

desenvolvimento pessoal, familiar e profissional. A Empresa valoriza a participação

da família em várias ações.

Dentre as práticas da área estão: qualificação profissional e plano de carreira;

com oferta de benefícios diferenciados. O pacote de benefícios diferenciados está

baseado nos seguintes pilares: DESENVOLVER, DESAFIAR, RECONHECER,

RECOMPENSAR E COMEMORAR. Entre os benefícios oferecidos ao colaborador

estão: inscrições em competições e treinamento da equipe de corridas; a utilização

do Espaço Bem-Viver (um estúdio com equipamentos para ginástica); a oferta de

bolsas de estudo de 25% a 80% para graduação, MBAs, mestrados e doutorados; o

auxílio-casamento; o auxílio-enxoval para o bebê; o auxílio para material escolar; o

auxílio-funeral; o Dia da Noiva; parcerias com escolas, creches e universidades; o

Programa de Educação Financeira; a premiação por tempo de casa; e a participação

nos resultados.

Há uma preocupação na formação de novos e potenciais gestores na

compreensão do seu papel nas estratégias e resultados empresariais. Desde 2009 a

Empresa aplica a Avaliação de Desempenho, no modelo 360º, em consonância com

a sua política de valorização dos talentos internos. Essa prática é evidenciada nos

números: cerca de 99% dos cargos de liderança foram preenchidos por

colaboradores desenvolvidos internamente.

4.2.3- Educação Corporativa - Contexto

A Educação Corporativa foi implementada na organização, em 2010, por meio

da Universidade Corporativa. A Universidade possui estrutura própria, está ligada à

Diretoria de Estratégias e conta com 24 profissionais, que atuam diretamente nas

estratégias, desenho e execução das atividades. Dentre as especialidades,

encontram-se: 4 psicólogos, 2 pedagogos, 2 design instrucionais, 6 técnicos de

audiovisuais, 2 auxiliares, 1 biomédico; 1 técnico de pesquisa, 1 Gerente; 5

facilitadores de aprendizagem. Atualmente, está em revisão de suas estratégias,

74

sendo que 3 Academias estão rodando: A Academia de Liderança; Academia de

Cultura e Academia de Negócios.

Os macros-processos da Universidade Corporativa envolvem: "alinhamento

das demandas; desenho dos programas; administração da plataforma de EaD e

execução dos projetos." (Gerente de EC). Em relação à percepção dos profissionais da empresa sobre as diferenças

entre treinamento, desenvolvimento e educação corporativa (universidade

corporativa), o Gerente de Educação entende que: "a maioria das pessoas não sabe

essa diferenciação. Percebem como treinamento, até porque a maioria das ações é

por meio de EaD." (Gerente de EC).

O alinhamento das estratégias da Universidade ao Modelo de Gestão de

Pessoas não acontece de forma direta. Nesse ponto, o Gerente de Educação

comenta: "acaba que tem um reflexo das práticas e políticas de Gestão de Pessoas

em algumas ações, no entanto, acredito que o alinhamento acontece por meio dos

comitês para calibragem das indicações das prioridades educacionais e de

pessoas." (Gerente de EC).

Sobre o alinhamento aos objetivos do negócio, foi mais enfático:

"Como a Universidade está debaixo do guarda-chuva da Diretoria de

Estratégia, o alinhamento é total. Ainda mais que contamos com um

profissional que atua tanto na Assessoria desta Diretoria como no

direcionamento das ações da Universidade. Portanto, tudo que é

desenvolvido na Universidade é um desdobramento do negócio. A

Universidade existe para atender à expansão da Empresa." (Gerente de EC.)

Para Eboli (2010), as ações e programas de Educação Corporativa devem

estar alinhados às estratégias do Negócio. Assim, a educação corporativa será um

suporte para a vantagem competitiva da organização. Dessa forma, o Gerente

pontua, ainda que:

"o alinhamento das ações ao planejamento estratégico é real e traz uma

proximidade significativa com as demais áreas do negócio, que participam

ativamente da elaboração e validação dos conteúdos didáticos e isso facilita

a atuação da Universidade nos projetos de relevância que geram resultados

para a organização." (Gerente de EC).

75

Em relação às práticas de educação corporativa, o Gerente destaca os cursos

à distância, como foco principal, o desenvolvimento contínuo da liderança e o

fortalecimento da cultura.

Para atender ao princípio de que as soluções de aprendizagem devem ser

significativas e contextualizadas, a Universidade utiliza a metodologia 70-20-10.

Essa metodologia reforça que as ações devem basear-se em 70% de práticas - 20%

de aprendizagem por meio de grupos e 10% somente ações sistematizadas de sala

de aula.

4.2.4- Síntese do estudo da Empresa "Exa"

A Empresa percebe a educação corporativa como uma função estratégica para

o contexto, assumindo uma posição de destaque e diferente da área de Gestão de

Pessoas, que é mais um recurso para que as ações da área de EC aconteçam

conforme o planejamento. É tarefa da área de Gestão de Pessoas traduzir as ações

e alinhá-las às práticas da área. A área de Gestão de Pessoas participa, ainda, do

comitê de análise de programas e de resultados.

A educação corporativa é considerada pela empresa, uma estratégia para

fomentar a inovação e auxiliar no processo de mudança da organização,

proporcionando o envolvimento dos líderes em todas as etapas de estruturação de

projetos, programas e ações, bem como na avaliação dos resultados. O quadro 11,

a seguir, expõe a síntese do estudo da Empresa "Exa".

76

Quadro 11 - Síntese do estudo da Empresa "Exa"

Fatores analisados Práticas Empresa "Exa"

Objetivos da EC Atender os projetos de expansão.

Alinhamento com os objetivos

organizacionais

A partir das direrizes da Diretoria de

Estratégias.

Alinhamento com as estratégias de

Gestão de Pessoas

Ocorre por meio dos comitês de alinhamento.

Alinhamento ao modelo de Gestão

Empresarial

A Universidade está inserida na estratégia da

Empresa.

Práticas Treinamentos e-learning e práticos;

desenvolvimento da liderança e da cultura

corporativa, com foco em inovação.

Envolvimento da liderança A liderança atua na definição e validação dos

conteúdos que serão desenvolvidos para as

ações educativas.

Avaliação Reação: foco no instrutor, metodologia e

organização.

Aprendizado: para alguns treinamentos

técnicos.

Avaliação e feedback do líder.

Indicadores de negócio Não apresentado

Fonte : elaborado pela autora

A empresa demonstra também dificuldade no estabelecimento de indicadores.

O Gerente informou que a proposta, dentro do projeto de revisão, é estabelecer

indicadores para cada Academia. Apesar de não mencionar quais indicadores, citou

que no ano anterior foram realizadas aproximadamente 100 mil horas de

treinamento.

O desenho da Universidade seguiu o modelo proposto por Eboli (2010) e

contou com a consultoria da FIA-FEA USP para o desenho do projeto. No entanto, a

avaliação e a estratégia de governança não foram implantadas. A avaliação tende a

seguir a metodologia de Kirkpatrick. Destaca também que nessa revisão da

Universidade, as ações educacionais serão ampliadas para a modalidade de ensino

à distância, assim como espera ampliar a aplicação de metodologias inovadoras,

que permitam treinar um número maior de pessoas, em menor tempo e custo.

Um ponto de destaque é a parceria entre a Universidade e as lideranças, na

estruturação das ações e no processo de avaliação. Pedir apoio às áreas, por sua

expertise é um fator de sucesso: "o conhecimento está com o gestor. Ele conhece as

77

especificidades da sua área e do negócio e o que precisa, nada mais natural do que

contar com esses especialistas de negócios na concepção e estruturação das ações

educacionais." (Gerente de EC).

Contudo, a gestão não pensa em estruturar um processo de Governança

incluindo esses líderes na coordenação do processo.

4.3. Estudo da Empresa Alga

Esta pesquisa foi realizada com a Coordenadora de Educação Corporativa da

Alga no dia 10 de fevereiro de 2017, por email.

4.3.1- Caracterização da Empresa

A ALGA é uma das dez maiores empresas do ramo de processamento de

aves, suínos, massas e vegetais. A Empresa tem 47 anos de mercado e atualmente

possui aproximadamente 8.000 empregados diretos e 60.000 indiretos. Tem sede

em Belo Horizonte e possui 5 unidades industriais e 12 unidades produtivas. A

identidade corporativa é descrita a seguir:

Missão: Oferecer praticidade no preparo para o consumo de alimentos

em todos os tipos de mesa, com produtos diferenciados e de qualidade,

atuando com responsabilidade social e respeito ao meio ambiente.

Visão: Ser referência em praticidade com produtos diferenciados.

Valores:

78

Figura 8 - Valores Alga

Fonte: Área de Educação Corporativa Alga

4.3.2- Gestão de Pessoas

A estrutura da Gerência de Recursos Humanos está representada no organograma a seguir:

Figura 9 - Organograma da Gerência de RH - Alga

Fonte: Área de Educação Corporativa Alga

79

A área de Educação Corporativa é uma Coordenação, que está inserida na

Gerência de RH. A A área de Recursos Humanos tem como uma de suas

prioridades garantir que o Capital Humano alavanque o negócio, por meio das

seguintes estratégias:

atrair, reter e desenvolver talentos

Estreitar relacionamento com as diretorias e partes interessadas

estreitar relacionamentos e desenvolver equipes de terceiros

integrar os empregados à estratégia da empresa

promover solução cultural

promover o bem-estar dos empregados na empresa e na sociedade.

4.3.3- Educação Corporativa - Contexto

A Educação Corporativa foi implantada, oficialmente, em 2017. Para isso,

foram desenhados alguns macro-processos para garantir assertividade:

Alinhamento de técnicas e competências desejáveis ao posto de

trabalho;

Desenvolvimento pessoal de equipes;

Práticas de gestão do conhecimento;

Disseminação de conhecimentos através do capital humano sobre o

negócio da empresa.

Também foi realizado um levantamento das principais necessidades dos

colaboradores da empresa para se definir as estratégias e os cursos de maior

relevância. A figura 10 demonstra a estrutura da Educação Corporativa e suas

escolas:

80

Figura 10 - Modelo estratégico da EC na Alga

Fonte: EC - Alga

Sobre os objetivos da Educação Corporativa na Empresa, a Coordenadora

define como: "Trabalhar uma cultura de aprendizagem contínua de seus

colaboradores, clientes, fornecedores e comunidade, proporcionando a aquisição de

novas competências vinculadas às estratégias da organização." (Coordenadora de

EC).

De acordo com os objetivos apresentados, o modelo de Educação Corporativa

da Empresa abrange toda cadeia do negócio, como fornecedores e a comunidade,

atendendo o princípio da conectividade que é atender tanto o público interno como o

externo. Além disso, retrata o exposto por Deiser (2011), que preconiza a atuação

da educação corporativa em tudo que a organização se predispõe a realizar, isto é,

para o autor a educação corporativa deve permear tudo em uma organização.

Sobre a disseminação do conceito da Educação Corporativa e as diferenças

entre ela e treinamento e desenvolvimento, a coordenadora define:

"Entendemos que as diferenças entre os processos mencionados são:

Treinamentos refere-se a intervenções pontuais e repasse de

conhecimento. Já o desenvolvimento refere-se a construção do

conhecimento a partir das intervenções de médio a longo prazo

possibilitando também a mudança de comportamento. A empresa passa a

81

adotar programas de educação mais amplos, que alcançam todos os

colaboradores da empresa, criando-se, com isso, uma cultura

organizacional." (Coordenadora de EC).

Essa percepção evidencia o foco da educação corporativa que é o de promover

a aprendizagem organizacional em detrimento da individual.

O alinhamento das estratégias educacionais aos modelos de gestão de

pessoas e empresarial é explicado pela coordenadora:

"Alinhando com a gestão de pessoas por meio de as suas práticas, incluindo

treinamento, desenvolvimento e educação à estratégia organizacional, pois

tais práticas se tornam críticas para a viabilização desta, de forma que a

mensuração de resultados também se torna relevante ao medir o

desempenho de seus recursos humanos. Pode-se dizer, portanto, que o

foco da avaliação deve estar relacionado ao desempenho, ou seja, aos

resultados na gestão empresarial." (Coordenadora de EC).

As ações buscam, portanto, promover a elevação do desempenho, de forma

estratégica, assim como atingir os objetivos da organização: "O alinhamento entre a

ações educacionais e os objetivos do negócio se baseia no desenvolvimento

contínuo da força de trabalho para atingir os objetivos estratégicos da empresa."

(Coordenadora de EC). Portanto, a empresa está alinhada com o pressuposto da

educação corporativa estabelecido por Eboli (2004), o qual define que as ações de

educação corporativa devem refletir as necessidades e estratégias do negócio.

4.3.4- Síntese do estudo da Empresa Alga

A empresa prioriza o desdobramento do planejamento estratégico para orientar

as ações da área de Gestão de Pessoas, que é responsável pelo processo de

educação corporativa. As ações de EC, por sua vez, devem atender as

necessidades do negócio e estas definem os conteúdos de aprendizagem que irão

compor o portfólio das ações. A equipe de consultoria interna, por sua vez, é

responsável por auxiliar as lideranças na transferência do aprendizado para o

trabalho e também no processo de avaliação.

82

O processo de avaliação utiliza como referência o modelo de Kirkpatrick,

alinhado aos indicadores de negócio. Os resultados são enviados aos gestores para

que façam suas considerações e sugestões de melhoria. O quadro 12, a seguir,

apresenta a síntese do estudo da Empresa Alga:

Quadro 12 - Síntese do estudo da Empresa Alga

Fatores analisados Práticas Empresa Alga

Objetivos da EC Trabalhar a cultura de aprendizagem dos

colaboradores, clientes, fornecedores e

comunidade e desenvolvimento de

competências estratégicas do negócio.

Alinhamento com os objetivos

organizacionais

Desenvolver profissionais para o alcance dos

objetivos estratégicos.

Alinhamento com as estratégias de

Gestão de Pessoas

Ocorre por meio da conciliação das práticas de

RH com as ações educativas.

Alinhamento ao modelo de Gestão

Empresarial

Por meio do desdobramento das estratégias

do negócio.

Práticas Adoção das escolas de negócio

Envolvimento da liderança Participam da construção de todo o processo

dos projetos de EC, levantando as

necessidades, participando dos treinamentos e

acompanhando os resultados na área.

Avaliação Avaliação de Reação: Satisfação em relação

ao treinamento;

Avaliação anterior ao treinamento: análise das

necessidades;

Avaliação durante o treinamento: análise das

necessidades e aplicação de medidas

corretivas;

Avaliação após o treinamento: mensuração da

aprendizagem aplicada no cotidiano de

trabalho.

Indicadores de negócio Aumento de rendimentos;

Economias de tempo;

Melhora da qualidade;

Redução de erro;

Indicadores de qualidade;

Redução de Custo dentre outros

Fonte: elaborado pela autora

O levantamento das demandas educacionais é feito por meio do LNT. O

modelo adota 2 tipos de LNT: Uma referente aos treinamentos obrigatórios e outra

83

referente ao levantamento que o gestor faz na sua equipe. Depois de preenchidas,

todas as LNTS são encaminhadas para a EC.

Concomitantemente, o planejamento estratégico é desdobrado e as ações de

RH são definidas com base nos objetivos que estão relacionados à gestão de

pessoas. Dessa forma, as ações de educação corporativa são base para o alcance

do resultado do negócio.

Os participantes são avaliados no seu desempenho para comprovar a

aplicabilidade do aprendizado no seu dia a dia com o acompanhamento da

liderança, que deverá também realizar feedbacks de retorno e orientações quando

necessárias, com o apoio da equipe de EC.

A principal limitação descrita pela Coordenação de EC é transformar os

resultados em números, por meio de metodologias e ferramentas que possam ser

aplicadas para este fim.

4.4. Estudo da Empresa "Mega"

A Empresa Mega foi a última a ser incluída na pesquisa. A entrevista foi

realizada no dia 24 de fevereiro de 2017, por telefone, com a Gerente Corporativa.

4.4.1- Caracterização da Empresa

A Empresa "Mega" é uma organização centenária, líder em seu segmento, com

atuação internacional. Atualmente, tem cerca de 20.000 empregados no mundo, em

suas operações. Possui um forte sistema de gestão para acompanhamento de seus

resultados.

Missão: "gerar valor para nossos clientes, acionistas, equipes e sociedade,

atuando na indústria de forma sustentável."

Visão: "ser global e referência nos negócios onde atua".

Valores:

Ter a preferência do cliente

Segurança das pessoas acima de tudo

Pessoas realizadas, comprometidas e realizadas

Excelência com simplicidade

Foco em resultados

Integridade com todos os públicos

84

Sustentabilidade econômica, social e ambiental.

4.4.2- Gestão de Pessoas

A Empresa possui um estruturado programa de gestão de carreira, adotando o

modelo em Y de carreira. As oportunidades internas são, preferencialmente,

preenchidas com profissionais da própria empresa. Para isso, conta com

ferramentas inovadoras de gestão de talentos: mapeamento 360º; avaliação de

desempenho, alinhado ao plano de desenvolvimento; gestão de talentos, por meio

de análise de pessoas com a aplicação da metodologia nine block:

Figura 11 - Metodologia 9 Block

Fonte: área de Gestão de Pessoas da Empresa

A análise é suportada pelo Comitê de Desenvolvimento de Pessoas, que

estabelece as seguintes diretrizes:

Fórum de decisão colegiada e acompanhamento dos temas de Carreira;

Valida o Mapa de Sucessão e Potenciais;

Define e acompanha ações de desenvolvimento para buscar prontidão

destes sucessores e potenciais (Capacitação Avançada, Job Rotation,

Projeto Desafio, etc);

Indica ações de retenção;

Toma decisões quanto a admissões, promoções, desligamentos e

transferências.

85

4.4.3- Educação Corporativa - Contexto

A Empresa possui um processo de desenvolvimento e considera a Educação

Corporativa parte da estratégia do negócio. No entanto, não há um sistema

estruturado ou modelo de EC definido.

A educação corporativa é uma estratégia para fomentar a aprendizagem,

portanto, está inserida na sua filosofia: "as ações educacionais reforçam o nosso

jeito de ser e de fazer. Não é formal, ela acontece no dia a dia, como a gestão."

(Gerente Corporativa).

O relato da Gestora Corporativa retrata o momento atual da Empresa, que está

passando por uma transformação cultural. A disseminação da cultura é um dos

principais objetivos da EC (EBOLI, 2010; MEISTER, 1999). Esse processo de

transformação cultural, passa também por implementar uma nova cultura de

simplicidade e de menos controle. Com isso, em relação à metodologia, ela

considera não representar essa nova cultura, que se pauta pela confiança nos

profissionais da Empresa. "a mensuração não é cobrada porque já entendemos e

valorizamos a importância do processo de desenvolvimento para as estratégias do

negócio. E também porque trabalhamos com a confiança e na simplicidade, para ser

menos burocrático." (Gerente Corporativa).

Com relação às diferenças entre treinamento, desenvolvimento e educação

coporativa, ela entende que são conceitos bem claros e disseminados: "hoje, se faz

menos treinamento e mais educação corporativa, por meio de ações on the job,

informais e ela visa atender os atributos chave para o processo de transformação

cultural para guiar o "como fazer" na organização." (Gerente Corporativa). As práticas de educação da empresa são planejadas em cada unidade

empresarial. Apesar da autonomia, elas devem considerar contudo:

Matrizes de capacitação;

planos de desenvolvimento (oriundos da avaliação de desempenho)

necessidades do negócio.

O Plano de Desenvolvimento (PD) é uma ferramenta que especifica todas as

ações de qualificação que contribuirão para a obtenção de melhores resultados no

trabalho. Além disso, serve como acelerador do desenvolvimento individual e, por

essa razão, deverá ser construído em conjunto com o gestor, anualmente, e

revisado sempre que necessário.

86

Para a definição do PD, deve ser considerado o feedback advindo da reunião

com o gestor e ainda devem ser utilizados todos os instrumentos de avaliação:

planejamento e avaliação de desempenho (PAD);

mapeamento de competências 360º (resultados individuais e guia de

desenvolvimento disponível na ferramenta).

avaliação executiva;

histórico de aspirações.

Na elaboração do PD, após definição das oportunidades de melhoria, podem

ser contempladas ações que oportunizem:

Capacitação e desenvolvimento: são cursos, programas, seminários,

palestras, visitas técnicas (benckmark) e estágios que possam garantir o

aprimoramento e melhoria no desempenho do colaborador.

Desafios: são ações desafiadoras que oportunizam o desenvolvimento na

prática. Devem ocorrer de forma planejada, com áreas de responsabilidade,

aumento de escopo de atuação, como por exemplo: condução de projetos, tarefas

interfuncionais, participação em grupos de trabalho de projetos estratégicos,

pesquisa de novos temas e práticas, novos negócios, etc.

Coaching: deve-se planejar com o gestor imediato qual a sistemática que será

utilizada para o processo de Coaching. O processo deve focar no desenvolvimento

de oportunidades evidenciadas pelos instrumentos de avaliação anteriormente

referidos.

Para os líderes, a Empresa desenvolve a Educação Executiva, que está

organizada, conforme apresenta a figura 12, a seguir:

87

Figura 12 - Estrutura da Escola Executiva

Fonte: EC - Empresa Mega

A Educação Executiva oferece capacitação aos colaboradores envolvidos na

cadeia do Negócio, por meio de conteúdos e metodologias de excelência,

apendizado permanente, multiplicação de conhecimentos e dos valoresda

Organização. Tem como objetivos:

alinhar e comprometer os líderes com a estratégia da Empresa;

desafiar os líderes para atingir e superar seus resultados;

criar mindset global;

formar líderes capazes de desenvolver novos líderes;

promover atitude que leve à transformação constante e à inovação.

88

4.4.4- Síntese do estudo da Empresa Mega

A Empresa Alfa não possui um sistema formal que integra as ações de

educação corporativa às práticas de gestão de pessoas, mas compreende que uma

influencia a outra, assegurando o desenvolvimento e o conhecimento necessários às

suas operações. Pode-se perceber esse fator em Deiser (2011), que descreve

como um dos principais objetivos das organizações, o de assegurar que seus

profissionais conheçam seu negócio e estejam atuando conforme deefinido em suas

estratégias.

A avaliação de resultados é percebida como consequência das ações

realizadas de forma consistente e totalmente vinculada às estratégias do negócio,

visto que a formação e o desenvolvimento fazem parte da filosofia da organização,

que compreende um movimento que integra o desenvolvimento dos indivíduos, o

desenvolvimento organizacional e a gestão do desempenho. Em consonância com

Deiser (2011), a aprendizagem vista como um processo deve permear tudo em uma

organização, ela deve ser estimulada nas relações pessoais, nas atividades em

equipe, nas iniciativas empresariais, nos espaços físicos.

A Empresa possui ferramentas inovadoras para o acompanhamento e

promoção do desenvolvimento das pessoas, de forma integrada e compartilhada

com a gestão do negócio, ou seja, é papel do líder imediato a execução e prática

destas ferramentas. No quadro 13 está a síntese do estudo da Empresa Mega.

89

Quadro 13 - Síntese do estudo da Empresa Mega

Fatores analisados Práticas Empresa Mega

Objetivos da EC Atender às necessidades do negócio, reforçar

e disseminar a cultura.

Alinhamento aos objetivos do negócio Desdobramento dos objetivos estratégicos.

Alinhamento com as estratégias de

Gestão de Pessoas

Não há uma separação entre gestão de

pessoas e EC.

Alinhamento ao modelo de Gestão

Empresarial

Por meio do Modelo de Competências de

Gestão.

Práticas Desenvolvimento on the job e

acompanhamento de profissionais

especialistas. Treinamentos externos e

internos.Plataforma "Skilss" com vídeos.

Práticas específicas de cada Unidade.

Coaching. Desafios. Cursos. Palestras.

Estágios e visitas técnicas.

Envolvimento da liderança Participam da definição das prioridades.

Avaliação Avaliação de Reação: para alguns

treinamentos obrigatórios (online).

Avaliação de aprendizagem: para os

treinamentos obrigatórios.

Indicadores de negócio Redução de Índices de acidentes

Produtividade

Volume de produção

EVA/EBTIDA

Redução de custos de produção

Garantia de Entrega

K-giro (gestão do estoque)

Fonte: elaborado pela autora

Entre as ferramentas utilizadas pela Empresa, vale destacar o Mapeamento de

Competências 360º, que é o instrumento utilizado para medir o grau de adesão dos

colaboradores ao modelo de competências de gestão definido.

O modelo de competências da Empresa garante um alinhamento à estratégia e

aspirações do Negócio. Através dele garantem-se melhores resultados à Empresa e

perpetuam-se padrões de comportamento em consonância com os Valores e a

Cultura Empresarial. O resultado do Mapeamento é utilizado para identificar

oportunidades de desenvolvimento individual e organizacional.

A EC da Empresa é desenvolvida pelo Centro de Expertise que, no entanto,

não tem profissionais dedicados exclusivamente a esse processo, mas são

90

profissionais que têm uma atuação multifuncional na organização, assumindo o

"centro do desenvolvimento organizacional" e o desenvolvimento de pessoas.

Cada vez mais a Empresa acredita que não são as ações formais as mais

indicadas e que trarão os melhores resultados, mas as ações voltadas para a

prática, on the job, por meio da utilização da metodologia 70-20-10. Além disso,

adota o modelo de convite e não de convocação, isto é, as pessoas são chamadas a

participar e vai quem se importa. As práticas mais utilizadas são os "bate-papo", por

meio do qual são discutidos problemas do dia a dia da gestão e percepção dos

envolvidos para a solução mais adequada. A plataforma Skills, utilizada pela

empresa, fornece os insumos para essas discussões.

Destaca-se, ainda, a avaliação de resultados em EC, que é feita

especificamente com a pesquisa anual da cultura, que avalia como a organização

está em relação a cada um dos atributos. A avaliação de reação é realizada A

organização entende que os resultados estão na busca do desempenho

organizacional e na visão da empresa.

O Modelo da Empresa apresenta semelhanças com o conceito proposto por

Meister (1999) de que a aprendizagem acontece em qualquer lugar, não

necessitando de estrutura ou espaço físico para ser denominada educação

corporativa.

4.5- Análise comparativa entre os modelos de avaliação utilizados pelas

empresas estudadas

Os estudos proporcionaram identificar elementos importantes da teoria

pesquisada, em relação aos aspectos da avaliação de resultados em educação

corporativa.

As organizações estudadas atendem prioritariamente o público interno, com

exceção da Alga que também ampliou as ações para seus fornecedores, clientes e

comunidades. A formação dos stakeholders compreende uma das ações destacadas

por diversos autores, principalmente Meister (1999) e Eboli (2004, 2010).

O estudo apontou um alinhamento entre as empresas no tocante à promoção

da aprendizagem, de forma contínua, e a utilização de práticas educacionais

diversificadas, destacando-se as práticas das Empresas Exa e Mega em relação ao

uso de metodologias que priorizam a prática e o on the job, como a metodologia

91

70.20.10. A aprendizagem contínua é um dos aspectos que fazem parte do conceito

de educação corporativa (MEISTER, 1999; EBOLI, 2004, 2010).

As práticas mais adotadas pelas empresas são treinamentos internos e

externos, e cursos à distância, sendo esta última uma forte tendência de

crescimento nas empresas. A Empresa Exa aponta que, futuramente e com a

revisão do modelo de Universidade Corporativa, irá priorizar a educação à distância.

Entretanto, não foi explicitado o estímulo ao autodesenvolvimento, que também é

uma característica das ações em educação corporativa. Por outro lado, a Empresa

Mega incentiva a exposição de problemas como uma forma de gerar aprendizado,

estabelecendo relação com Deiser (2011): a aprendizagem prática, vinculada às

necessidades do negócio, é uma estratégia efetiva para aprender a lidar com

situações complexas.

A avaliação dos resultados em educação corporativa requer, na maioria das

vezes, análise de indicadores do negócio, de acordo com o alinhamento entre as

ações educativas e as estratégias do negóco. O quadro 14 sintetiza a análise da

metodologia de mensuração dos resultados, praticada pelas empresas estudadas.

Quadro 14 - Análise comparativa entre as empresas estudas: medidas de avaliação de resultados em educação corporativa

Fatores Analisados

Empresa "Alfa"

Empresa "Exa"

Empresa Alga Empresa "Mega"

Avaliação de

resultados

Nao realizado Não realizado em

revisão

Por meio do

desdobramento

do planejameto

estratégico

Por meio do

desempenho

individual e

organizacional

Aplicação dos níveis

de Kirkpatrick

1 e 2 1 e 2 Os 4 níveis 1 e 2

(treinamentos

obrigatórios)

Alinhamento aos

objetivos do negócio

As ações são

estabelecidas

com foco

estratégico, tendo

em vista o

crescimento da

Empresa e do

negócio

A partir das

direrizes da

Diretoria de

Estratégias

Desenvolver

profissionais para

o alcance dos

objetivos

estratégicos

Desdobramento

dos objetivos

estratégicos

continua...

92

continuação

Fatores Analisados Empresa "Alfa" Empresa "Exa" Empresa Alga Empresa

"Mega"

Indicadores de

negócio

Não informado Não utilizado

(pretende inserir

na revisãodo

projeto das

Academias -

estabelecendo

indicadores por

Academia)

Aumento de

rendimentos;

Economias de

tempo;

Melhora da

qualidade;

Redução de erro;

Indicadores de

qualidade;

Redução de

Custo dentre

outros

Redução de

Índices de

acidentes

Produtividade

Volume de

produção

EVA/EBTIDA

Redução de

custos de

produção

Garantia de

Entrega

K-giro (gestão do

estoque)

Fonte: elaborado pela autora

As empresas utilizam a parceria interna com as áreas do negócio, tornando os

gestores co-responsáveis pela efetividade das ações educacionais. Para Mundim e

Ricardo (2004, p. 107) "a prática desse princípio deve estar baseada em uma forte

valorização da liderança educadora. O gestor deve ser reaconhecido pela empresa

ao exercitar seu papel de líder educador, para o qual deve receber toda a

qualificação necessária." As empresas estudadas envolvem as lideranças na

definição, avaliação e acompanhamento das ações educativas, reforçando a prática

das parcerias um dos princípios do sistema de educação corporativa proposto por

Eboli (2004).

O alinhamento às estratégias de negócio foi apontado por todas as empresas

pesquisadas. Sendo que um dos objetivos da EC apresentado é o de auxiliar no

alcande dos resultados da organização, provendo "oportunidades de aprendizagem

que deem suporte para a empresa atingir seus objetivos críticos do negócio

(MEISTER, 1999).

As empresas também utilizam o modelo de competência como base para as

ações, isto é, interligando aprendizagem às necessidades do negócio. Nesse

aspecto, o desenvolvimento das pessoas está voltado para o desenvolvimento e

aprimoramento das competências consideradas críticas para o desempenho

organizacional e para o cumprimento das estratégias de negócio. (MEISTER, 1999).

93

Para Eboli (2004), "fomentar o desenvolvimento e a instalação das competências

empresariais e humanas consideradas críticas para a viabilização das estratégias

de negócios" é a principal finalidade de um sistema de educação corporativa.

No que tange à implantação de um método de mensuração para avaliar os

resultados das ações de educação corporativa, percebe-se que este é ainda um

ponto obscuro e crítico. Uma das empresas (Alfa) apontou a dificuldade de

estabelecer uma relação de causa e efeito e especificar a contribuição concreta das

ações, de forma isolada de outras ações da empresa. Isso confirma o exposto na

literatura apresentada neste trabalho.

Apesar de já se perceber clareza quanto a quais indicadores podem ser

utilizados para essa análise, somente uma das empresas demonstrou realizar esse

alinhamento com as lideranças na fase de estruturação das ações.

Ao se analisar as práticas, de forma geral, uma em especial chama a atenção

(empresa Mega), por considerar que o fato da importância da aprendizagem para a

vantagem competitiva e a confiança nas relações internas, a necessidade de

mensurar as ações não é um componente da gestão.

Em relação à utilização dos níveis de Kirkpatrick (2010), o nível 1 - avaliação

de reação - é utilizado mais no sentido de melhoria das ações e de aprendizado para

assegurar a segurança no desempenho das tarefas no posto de trabalho. Já que a

segurança é um dos valores prioritários da Empresa. Além disso, a Empresa

estabelece uma relação direta com os indicadores do negócio, pois acredita que

melhorando o desenvolvimento do indivíduo este terá reflexo no desempenho

individual e consequentemente no desempenho da organização, estabelecendo

portanto, uma relação de causa e efeito.

A integração das práticas de RH e do sistema de educação corportiva é

percebida como essencial para a promoção de uma cultura de aprendizagem

(MEISTER, 1999; EBOLI, 2004), sob a perspectiva de uma gestão estratégica de

pessoas. Somente a Empresa "Exa" demonstrou não estabelecer esse alinhamento

e nem avalia como fundamental. Define apenas a prática de comitê como a forma de

relacionar as ações e é nesse momento em que a área de recursos humanos é

chamada a contribuir.

Considerando que algumas das empresas apresentaram indicadores do

negócio, na prática, o que se percebe é ainda a dificuldade de aplicar a metodologia

94

proposta por Kirkpatrick (2010), principalmente nos níveis 3 e 4. Da mesma forma, o

nível 1 de avaliação de Kirkpatrick (2010), apresenta como a mais utilizada,

confirmando a tendência das pesquisas, conforme apresentado no Capítulo 1.

Entretanto, a consciência da necessidade de se avaliar resultados a partir da

perspectiva do negócio está consolidada. Porém, é fundamental que esteja

sustentada na concepção de que as pessoas na organização assumem o real

diferencial competitivo (EBOLI, 2010).

Simons (2000) apud Eboli (2010) considera que o processo de educação

corporativa será melhor gerenciado por meio dos mecanismos que medem o

desempenho da organização. Um dos mecanismos pode ser o uso do BSC, que

estabelece uma relação de causa e efeito apresentada em um mapa estratégico e

reforça o valor das pessoas para o negócio, na perspectiva de aprendizado e

crescimento, como fator chave para a sua sustentação e dos resultados.

Apesar de a disseminação da cultura corporativa ser um dos principais

objetivos da EC (EBOLI, 2004), não há prática efetiva nesse sentido, a não ser a

descrita pela Empresa Mega, que avalia o quanto a organização atende aos

atributos da cultura, por meio de sua prática e de uma pesquisa anual, a qual avalia

o quanto a empresa avançou em relação à aplicabilidade de cada um desses

atributos.

As vantagens dos mecanismos utilizados pelas empresas concentram-se na

busca pela agilidade em se fazer a avaliação de resultados e pelo alinhamento das

ações às suas estratégias. Contudo, existem limitações nesses modelos, visto que

não são estabelecidas as devidas relações entre as ações educacionais e melhorias

percebidas no negócio ou não foram claramente identificadas pelos respondentes.

Uma tendência que se apresenta é a redução da avaliação e o reforço da

aprendizagem por meio de metodologias que privilegiem as trocas e a prática, no dia

a dia, em detrimento a ações formais e sistematizadas. Outra limitação, é a

comunicação dos resultados. Somente uma empresa demonstrou informar as áreas

sobre as ações e seus resultados, enviando às áreas clientes das ações

implementadas, o consolidado das avaliações (de reação) dos programas dos quais

tenha participado.

95

5- CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise das teorias sobre métodos de avaliação de resultados,

principalmente Kirkpatrick (2010) níveis 3 e 4, propõe-se um modelo de indicadores

para avaliação em educação corporativa, uma vez que os modelos focam em

treinamento.

O modelo tem como base a premissa de que a educação corporativa deve

proporcionar melhoria em fatores como: processos, promover o crescimento das

pessoas na organização, desenvolver as competências necessárias ao negócio e

para promover seus resultados, de acordo com a literatura (EBOLI, 2004; 2010;

MEISTER, 1999; KIRKPATRICK, 2010; KAPLAN e NORTON, 1999, PENROSE,

2009). Nesse sentido, as variáveis identificadas na literatura foram comparadas às

perspectivas do BSC, uma vez que esse método considera indicadores financeiros e

não financeiros, que se originam no planejamento estratégico, estabelecendo uma

relação de causa e efeito entre o alcance das metas e o desempenho

organizacional, que se sustenta na perspectiva aprendizado e crescimento, na qual

estão indicadores relacionados à capacidade das pessoas (KAPLAN e NORTON,

2004).

Uma vez que o que se busca é demonstrar a contribuição das ações de

educação corporativa para os resultados do negócio, por meio de indicadores, o

modelo de indicadores proposto para a avaliação de resultados em educação

corporativa, contempla as seguintes dimensões: negócio, gestão estratégica de

pessoas; produtividade; rotina (como processos), ilustrado na figura 13, a seguir:

96

Figura 13 - Dimensões para um método de avaliação em educação corporativa

Fonte: elaborado pela autora.

A dimensão Negócio avalia a estratégia e o direcionamento da organização.

Ela contempla: os desafios e objetivos estratégicos, as competências, os principais

indicadores do negócio e a visão do cliente. Essa dimensão se relaciona com as

perspectivas financeira e clientes do BSC. A perspectiva financeira reflete as

consequências econômicas das ações realizadas, apesar de ela contemplar também

a produtividade, a variável produtividade foi tratada como uma dimensão que será

explicada posteriormente. Já a perspectiva cliente está ligada à visão do negócio

como um todo e como as ações interagem para a entrega de valor para o cliente,

definindo indicadores de satisfação, bem como de participação no mercado e

aquisição de novos clientes, e atuando sobre os resultados apresentados por este

indicador.

Visto que o desempenho organizacional passa pela mudança de foco no

gerenciamento das pessoas nas organizações, a dimensão Pessoas demonstra

como o sistema de avaliação de desempenho está atrelado ao aprimoramento das

97

competências. Essa dimensão está relacionada à perspectiva aprendizado e

crescimento do BSC. A a perspectiva aprendizado e crescimento é composta pelos

ativos intangíveis, formados pelo conjuto do Capital Humano, Capital Intelectual e o

Capital Organizacional. Base estas que estão fortemente relacionadas à função das

competências estabelecida por Penrose (2009) e Eboli (2010), ou seja, o

aprendizado estratégico visa desenvolver as competências organizacionais e dos

profissionais que atuam diretamente na implementação da estratégia. Sendo assim,

esta dimensão contempla as competências organizacionais e humanas, que são

críticas para o negócio, o fomento à aprendizagem contínua, a gestão do

conhecimento, a qualidade da liderança e a cultura, pela sua relevância na

consecução dos resultados e nos processos de mudança.

A dimensão rotina agrupa os elementos de natureza processual, isto é, está

diretamente relacionada aos aspectos de métodos de trabalho para assegurar a

entrega dos objetivos da organização. Ela se vincula à perspectiva processos do

BSC, pois por meio dos processos a empresa pode identificar atividades críticas

para a realização dos objetivos propostos, bem como definir sua proposta de valor

para o cliente, visando atraí-lo e fidelizá-lo. Nesse sentido, contempla processos de

trabalho, melhoria de processos, qualidade, tempo de resposta, custos.

Foi utilizada a variável rotina ao invés de processos com o objetivo de se

reforçar a transferência do aprendizado para o dia a dia do profissional, de acordo

com Deiser (2011), as iniciativas educacionais bem sucedidas são aquelas que

colocam os indivíduos como centro das soluções dos problemas rotineiros da

organização, bem como aquelas que possibilitam envolvê-los nos processos

alinhados ao negócio, considerando sua contribuição efetiva, possibilitando que um

novo comportamento se instale definitivamente na cultura de uma empresa.

E por fim, a dimensão produtividade, a qual se relaciona com a perspectiva

Aprendizado e Crescimento do BSC. Poderá ser entendida também como uma

dimensão complementar ao BSC, por abordar ferramentas de capital humano

diferentes daquelas abordadas na perspectiva aprendizado e crescimento, como por

exemplo, clima, gestão do conhecimento, liderança. Nesse sentido, visa atender à

diferenciação proposta por Becker et al (2001) apud Eboli et al (2010, p.314), o qual,

segundo os autores, deve haver uma diferenciação entre os scorecards de recursos

humanos e de capital humano. Esta dimensão, portanto, possibilita criar condições

98

que apoiam o crescimento das pessoas como base para o desempenho

organizacional, que contemplam o desempenho individual, fatores motivacionais,

como o clima organizacional, e a prática efetiva da meritocracia. Para Boog (2006), o

aprendizado só ocorre se há aplicação prática do que foi apreendido pelo

participante da ação formativa. Leme (2005) considera, ainda, a necessidade de um

processo de avaliação de desempenho que subsidiará as ações de educação

corporativa vinculadas ao desenvolvimento das competências do negócio. A

avaliação de desempenho possibilita medir o efeito das ações nos resultados,

considerando a contribuição efetiva de cada profissional frente aos resultados

projetados e os indicadores de produtividade.

A figura 14 sintetiza a correlação entre as dimensões e as perspectivas do

BSC:

Figura 14 - Dimensões de avaliação em educação corporativa proposta x Perspectivas do

BSC

Fonte: elaborado pela autora

99

Cada uma dessas dimensões fornece elementos importantes para subsidiar a

mensuração de resultados em educação corporativa. Ressaltando que, a

mensuração de resultados está atrelada aos níveis 3 e 4 de Kirkpatrick (2010),

considerando os fatores relacionados tanto ao indivíduo como à organização,

conforme Penrose (2009) e Eboli (2010), ou seja, o aprendizado estratégico visa

desenvolver as competências organizacionais e dos profissionais que atuam

diretamente na implementação da estratégia.

Assim, chegou-se à síntese do Modelo de Indicadores para Avaliação em

Educação Corporativa, apresentada no quadro 15:

Quadro 15 - Indicadores do Modelo proposto para Avaliação em Educação Corporativa

Fonte: adaptado de Milioni (2005), pela autora

Os indicadores propostos no quadro 15, seguiu o recomandado por Marr

(2006) apud Eboli et al (2010), em relação aos critérios que os indicadores devem

seguir. Esses critérios estão relacionados na Tabela 4.

100

Tabela 4 - Critérios para definição de indicadores segundo Marr (2006)

Item O que é / para que serve

Nome Nome claro do indicador

Referência estratégica Identificação de qual elemento estratégico está sendo relacionado (por exemplo: um recurso especifico, uma competência, um dos resultados esperados).

Propósito Descrição do propósito principal a que se presta o indicador.

Método de coleta de dados Breve descrição de como os dados são coletados (fórmula, escala, fonte de dados, frequência, entrada de dados - quem coleta e atualiza).

Responsabilidade Identificação da pessoa ou área responsável pelo que é mensurado.

Metas Identificação de metas, benchmarks ou desafios.

Reporte Identificação dos públicos e acesso a eles, frequência de publicação, formato (numérico, gráfico, texto) e workflows (processos) e notificação (mensagens).

Prazo para revisão Identificação da validade do indicador ou do prazo para revisão.

Custo estimado Estimativa do custo da introdução e manutenção do indicador.

Nível de confiabilidade Identificação da acurácia do indicador (normalmente mais alta quanto mais importante o indicador é).

Fonte: MARR, 2006 apud EBOLI et al, 2010, p. 322

É importante ressaltar que os indicadores devem estar integrados e alinhados

às diretrizes estabelecidas pela estratégia da empresa, bem como possibilitar a

relação entre os diferentes níveis de indicadores e as áreas organizacionais.

Assim, o modelo proposto visa contribuir para a prática das organizações, no

que tange à avaliação de resultados. De acordo com Kaplan e Norton (1999), a partir

das metas definidas para a perspectiva de aprendizado e crescimento é possível

alcançar os objetivos propostos para as demais perspectivas. Contudo apresenta

limitações na comprovação da relação entre esta perspectiva e as demais. Indica-se,

portanto, a realização de estudos posteriores que possibilitem a sua real

aplicabilidade, testando sua efetividade nas empresas aqui estudadas.

101

Nos últimos anos, a área de recursos humanos se projetou no cenário

corporativo como essencial para a execução da estratégia organizacional. O Capital

Humano se tornou um dos principais elementos de diferenciação das empresas e

propulsor da inovação. Por isso, é cada vez mais nítida a necessidade de avaliar e

gerenciar o seu desempenho, identificando possíveis lacunas de competências que

são críticas para o sucesso da organização.

Nesse contexto, a educação corporativa surge como uma estratégia de

capacitação para o atingimento dos resultados organizacionais, por meio do

desenvolvimento e aprimoramento das competências, disseminação e reforço da

cultura Tais propósitos, também apontados pelos entrevistados, reforçam as

características com o modelo de educação corporativa, propostas por Eboli (2010).

Um dos maiores desafios da educação corporativa é ser efetiva na proposição

de ações e indicadores que possam demonstrar a sua real contribuição para os

resultados e a competitividade empresarial. Este estudo partiu desse pressuposto e

buscou desenvolver um modelo de indicadores que auxilie as organizações na

avaliação dos resultados em educação corporativa.

O estudo conseguiu responder à pergunta de pesquisa, a partir da relação

encontrada na literatura e nas análises das empresas participantes, identificando,

portanto, alguns indicadores e estabelecendo uma relação entre eles e os modelos

de gestão das empresas. Esta relação considera o levantamento das expectativas

de desempenho, que agregam valor ao negócio, integrando tais expectativas aos

fatores de desempenho organizacional e humano.

O referencial teórico possibilitou levantar as variáveis analisadas nesse estudo

e verificar de que forma a educação corporativa é um mecanismo de gestão para

auxiliar a organização a desenvolver as competências necessárias para a sua

competitividade. Neste item, ela pode ser considerada um facilitador do processo de

aprendizagem organizacional uma vez que promove o alinhamento entre os

empregados e os objetivos organizacionais. Ao mesmo tempo, integra as demais

partes interessadas, apoiando a transformação da estratégia empresarial em ações

concretas. Foram analisados, ainda, os diferentes métodos de avaliação de

resultados em treinamento e desenvolvimento, buscando identificar, por meio das

pesquisas nas empresas, sua aplicação nos processos de educação corporativa.

102

Para responder à pergunta de pesquisa, foram propostos quatro objetivos

específicos. O primeiro buscou levantar os principais indicadores utilizados em

estudos recentes sobre o processo de avaliação de resultados em educação

corporativa. Foi possível levantar alguns dados empíricos na revisão de literatura,

com exceção da avaliação da cultura e sua disseminação para todos na organização

e a criação de uma cultura de aprendizagem e seu reforço contínuo.

Foram pesquisadas quatro empresas: a primeira empresa - do setor financeiro

- é identificada por "Alfa"; a segunda empresa - do setor de saúde - é identificado por

- "Exa"; a terceira do ramo de processamento de aves, suínos, massas e vegetais -

"Alga" - e a última empresa - do setor da indústria - "Mega", a fim de averiguar na

prática as medidas utilizadas para mensuração de resultados de ações educacionais

nas organizações, o uso efetivo dos métodos de Kirkpatrick e Philips, conforme

quadro 16 comparativo das análises das empresas, a seguir:

QUADRO 16 - Análise comparativa entre as empresas estudas: medidas de avaliação de resultados em educação corporativa

Fonte: elaborado pela autora

Das empresas estudadas, apenas uma aplica os 4 níveis de avaliação proposto

por Kirkpatrick (2010), mas não estabelece uma relação clara destes níveis com os

seus indicadores de resultados do negócio. Estes indicadores são vinculados a partir

do desdobramento das estratégias corporativas no processo de planejamento

103

estratégico empresarial. Uma das empresas relatou que não possui um processo de

avaliação específico de suas ações de educação corporativa. Entende que a

mensuração de resultados faz parte de sua filosofia e é inerente ao modelo de

gestão empresarial e ao papel dos líderes da organização.

. Vale ressaltar a dificuldade de se obter empresas para a realização da

pesquisa. As áreas de recursos humanos não percebem o ganho da participação

nesse tipo de trabalho para um retorno diagnóstico preciso de suas ações,

inviabilizando, o estudo científico no mercado brasileiro, diferentemente do que

acontece em outros países. Buscou-se várias empresas, sendo destas foram obtidas

quatro respostas de aceitação para participação nesta pesquisa de mestrado.

O segundo objetivo buscou comparar os indicadores identificados com os

modelos de Avaliação de Kirkpatrick (2010) e Phillips (2001; 2004), adotados como

modelos de referência neste trabalho. Os indicadores identificados na pesquisa

foram agrupados e comparados aos os níveis de avaliação citados por estes autores

e também às perspectivas do BSC, em específico a perspectiva aprendizado e

crescimento. O uso do BSC pautou-se no fato de que algumas das empresas

estudadas utilizam o BSC como modelo referência para o desdobramento das suas

estratégias, como pode ser demonstrado no quadro 17 a seguir:

QUADRO 17: Indicadores mapeados x Perspectivas BSC x níveis de Kirkpatrick (3 e 4):

Fonte: adaptado de Miolioni (2005) e Kallas (2003) pela autora

104

Alguns dos indicadores listados no nivel 4 de Kirkpatrick (2010) podem ser

traduzidos nos indicadores de: melhoria na qualidade; maior satisfação do cliente;

aumento da produtividade ou redução de acidentes. Ou ainda: melhoria no

comprometimento dos empregados, aceleração do aprendizado e

consequentemente de execução; redução de custos, aumento da participação no

mercado e da receita. O BSC foi utilizado principalmente pela sua perspectiva

aprendizado e crescimento, que incentiva o estabelecimento de ações específicas

para o aprimoramento das capacidades dos indivíduos, a partir da definição de

objetivos e indicadores que norteiam o aprendizado e o crescimento na organização.

As suas medidas chave, ou seja, os aspectos financeiros e clientes, dependem

diretamente dos resultados produzidos pelas pessoas da empresa, representados

na perspectiva aprendizado e crescimento, que direciona o processo de

inovação, em alguns casos, como foi visto. Além disso, incorpora os ativos

intangíveis. Nestes elementos, encontram-se novas oportunidades de se obter

vantagem competitiva a partir do conhecimento das pessoas.

Por fim, o terceiro e último objetivo, buscou identificar as limitações, vantagens

e perspectivas de avaliação da educação corporativa nas empresas estudadas.

Esse objetivo foi alcançado, visto que as empresas apresentaram seu modelo de

educação e como abordam o tema avaliação, demonstrando as dificuldades e sua

própria concepção a respeito do que é realmente viável em relação ao tema,

conforme quadro 18 a seguir.

QUADRO 18 - Vantagens e limitações dos modelos praticados nas empresas estudadas

105

Fonte: elaborado pela autora

Como vantagens, pode-se citar a parceria com as áreas internas, na

concepção e avaliação das ações, bem como o suporte do líder e da própria área de

recursos humanos à transferência do aprendizado. E, ainda, o alinhamento das

ações educacionais às estratégias do negócio e a busca destas empresas em tornar

quantitiva suas análises em relação aos resultados destas ações. As limitações

referem-se, basicamente, à falta de clareza quanto à relação de causa e efeito das

ações educativas e seus impactos no negócio, as premissas para sustentar a

avaliação, a falta de maturidade na análise dos resultados a partir dos indicadores

do negócio. Além disso, a falta de um processo de comunicação para os líderes,

posterior às análises de resultados. Esse procedimento é adotado por um empresa

(ver ANEXO III) e outra empresa relatou que esta comunicação somente é realizada

quando existem falhas, como por exemplo, acidentes de trabalho. Outra limitação

refere-se à não identificação de indicadores relacionados à: gestão do

conhecimento; produtividade; rotina de trabalho, conforme demonstrado no roteiro

de entrevista.

As empresas apontam, ainda, como tendência: o uso cada vez maior da

tecnologia para cursos à distância e metodologias que favoreçam a prática

educativa, por meio da troca de conhecimentos e experientes dos participantes e de

106

ações relacionadas ao dia a dia de trabalho. Quanto à avaliação, demonstram uma

tendência à simplicidade e menos controle de dados e ou resultados.

Outros fatores puderam ser levantados, por meio dos estudos:

A prática ainda da avaliação de reação para analisar a satisfação; instrutores e

identificar pontos de melhoria nas ações. E a avaliação de aprendizagem para

treinamentos específicos. A transferência do aprendizado, um ponto crítico para

mudança no comportamento e geração de resultados efetivos, foi citada por todas

as empresas, a partir da parceria com as lideranças e da responsabilização destes

pelo acompanhamento, avaliação e feedback aos participantes das ações.

Concluindo, esse estudo permitiu perceber que não é fácil medir os resultados,

mas é possível a partir de uma definição clara do que se pretende com a ação

educacional, como ela está relacionada com o contexto do negócio e as estratégias

empresariais, permitindo um conhecimento mais amplo das estratégias da

organização e uma visão sistêmica da área de gestão organizacional. É fundamental

identificar os indicadores de medida no momento em que a ação é identificada, ou

seja, na sua origem. Os objetivos de tais ações devem refletir os objetivos de

negócio e o processo deve ser acompanhado a fim de se fazer os ajustes

necessários para assegurar o alcance dos objetivos.

As métricas de aprendizado foram traduzidas em um modelo a partir de uma

relação de indicadores, baseada nas variáveis levantadas por meio da revisão da

literatura e pesquisa nas empresas. Esse modelo pressupõe 4 dimensões chave da

organização e essencial para o alcance de seus resultados: a dimensão negócios, a

dimensão pessoas, a dimensão rotina e a dimensão produtividade, pressupondo

uma perspectiva orientada para a mensuração dos resultados em educação

corporativa relacionada à estratégia organizacional.

As limitações dessa pesquisa referem-se à falta de base para cálculo dos

indicadores, ou seja, uma descrição detalhada da sua forma de operacionalização.

Como recomendação para estudos futuros, será muito relevante a aplicação do

modelo de indicadores nas empresas participantes deste estudo e em outras

empresas para testar sua generalização. E também, a realização de estudos

quantitativos que busquem testar as variáveis propostas no modelo.

107

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Revista TeD - Inteligência Corporativa - edição especial 2016. O panorama do

Treinamento no Brasil 2015/2016. Ed: TeD Editora.

115

ANEXOS

ANEXO I - Modelo de solicitação de participação na pesquisa

ANEXO II - Roteiro de entrevista com Gestores de Educação Corporativa

ANEXO III - Modelo de relatório de Avaliação de Reação

116

ANEXO I

AUTORIZAÇÃO PARA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

Prezado(a) Sr.(a),

Meu nome é Elaine Andrade dos Santos, aluna do Mestrado do Programa de Pós-

graduação em Administração do Faculdade UNA. Sou consultora de desenvolvimento

organizacional, com 20 anos de vivência em organizações, atuando com projetos de

Educação Corporativa e Universidade Corporativa. Sou Diretora Executiva da ABRH-MG -

Associação Brasileira de Recursos Humanos. Como requisito para o desenvolvimento da

minha dissertação de mestrado, na linha de pesquisa Dinâmica Organizacional, Inovação e

Sociedade, solicito autorização desta empresa para realizar minha pesquisa na área de

Educação Corporativa, com o tema: Um modelo de indicadores para avaliação em

Educação Corporativa.

A pesquisa tem por objetivo propor um modelo de indicadores para a avaliação do retorno

da educação corporativa a partir dos indicadores disponíveis na literatura.

Só serão informados dados da empresa, com a expressa autorização da mesma. Caso

contrário, será mantido todo sigilo e cuidados necessários à preservação da organização.

A pesquisa é um processo fundamental para o avanço das práticas corporativas, bem como

para a inovação e estruturação de metodologias que possam auxiliar as organizações numa

gestão mais efetiva de pessoas, visando melhorias de processos, geração de inovação e

melhores resultados.

Comprometo-me a enviar uma cópia da minha dissertação, bem como das publicações

científicas oriundas da pesquisa.

Agradeço-lhe antecipadamente o apoio na realização desse sonho.

Atenciosamente,

Elaine Andrade dos Santos

Coordenadora de pós-graduação UNA Contagem

Consultora Organizacional e de Desenvolvimento

Ms Coach de Carreira

117

ANEXO II

ROTEIRO DE ENTREVISTA

GESTOR(A) DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA4

Entrevistado(a):

Cargo:

Data:

1. Fale um pouco sobre a empresa (missão, visão, valores, modelo de gestão

empresarial e de pessoas), estrutura organizacional e da área de RH e

número de empregados.

2. Como a empresa pensa os processos: TeD; Educação corporativa (EC) e

Universidade Corporativa? Há diferenças? Por quê?

3. Quais são os objetivos da EC na organização?

4. De que forma está estruturado o sistema de EC na organização (estrutura

pessoal; parcerias internas / externas; ferramentas)?

5. Quais são os macro-processos de EC na organização? Descreva-os.

6. Quais são os principais programas, ações, focos de capacitação da EC na

organização? Como essas ações são definidas?

4 adaptado de DIAS, Carolina Aparecida de Freitas. Avaliação de Resultados em Educação corporativa:

um estudo com as organizações que se destacam em gestão de pessoas. Dissertação (Mestrado) -

Universidade de São Paulo, 2012. Orientador Lindolfo Galvão de Albuquerque.

Foram unificados os questionários de Roteiro de Entrevista do Gestor de Educação corporativa e Gestor

de Educação corporativa e Responsável pela avaliação em educação corporativa, por se entender tratar de um

mesmo processo . Algumas questões também foram ajustadas para o contexto desta pesquisa, com foco na

proposição de um modelo de indicadores.

118

7. A empresa utiliza LNT - levantamento de necessidades de treinamento?

Como é feito?

8. Como ocorre o alinhamento entre EC e a Gestão de Pessoas? E entre a EC

e o modelo de gestão empresarial?

9. Como ocorre o alinhamento entre ações educacionais e objetivos

organizacionais?

10. Quais indicadores são utilizados para medir as ações e projetos da EC?

11. Quais são os principais indicadores do negócio?

12. Existem indicadores para: Gestão do conhecimento; Competências

organizacionais; eficiência; gestão da rotina; gestão da produtividade; visão

do cliente; participação de mercado?

13. De que forma as ações de EC contribuem para a melhoria desses

indicadores?

14. Como os indicadores de negócio se correlacionam com os indicadores de

gestão da educação corporativa?

15. Como os gestores são envolvidos na avaliação de resultados em projetos e

ações de educação corporativa?

16. Como o participante é cobrado para aplicar o conhecimento apreendido por

meio das ações de EC?

17. É oferecido algum tipo de suporte à transferência do aprendizado para o dia a

dia do participante? Que suportes são oferecidos?

119

18. Quais as principais dificuldades encontratadas na avaliação de resultado e de

retorno das ações e projetos em educação corporativa? De que forma essas

dificuldades são sanadas?

19. Pode anexar algum modelo de relatório dos resultados apresentados à

organização em relação aos projetos e ações em educação corporativa?

20. Pode anexar algum modelo de avaliação de programas e ações de educação

corporativa da Empresa?

120

ANEXO III

Modelo de Relatório de Avaliação ALGA