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DIREITO TRIBUTÁRIO – AULA 03 – ANDREA VELOSO Vamos continuar a ver as limitações ao Poder de Tributar . A primeira limitação foi o Princípio da Legalidade e hoje nós vamos analisar a segunda limitação. II) Princípio da Isonomia ou Princípio da Igualdade Tributária Esse princípio está previsto no art. 150, II, CRFB. O que ele estabelece? Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; Que não pode ser dado um tratamento diferenciado para pessoas que se encontrem em situações econômicas equivalentes. Então, você não pode fazer diferenciações entre pessoas, entre contribuintes que estejam em situações econômicas equivalentes. Então, se duas pessoa têm a mesma situação econômica elas devem ser tributadas da mesma maneira, independente de idade, de profissão. Na verdade, esse princípio da isonomia tributária ele, nada mais é, do que a aplicação daquela regra constitucional do art. 5º de que todos são iguais perante a lei, ou seja, você deve tratar todos da mesma maneira. Eu não tenho que dá um tratamento

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Page 1: Tribut - Aula 3

DIREITO TRIBUTÁRIO – AULA 03 – ANDREA VELOSO

Vamos continuar a ver as limitações ao Poder de Tributar. A primeira limitação foi o Princípio da

Legalidade e hoje nós vamos analisar a segunda limitação.

II) Princípio da Isonomia ou Princípio da Igualdade Tributária

Esse princípio está previsto no art. 150, II, CRFB. O que ele estabelece?

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é

vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:II -

instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em

situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação

profissional ou função por eles exercida, independentemente da

denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

Que não pode ser dado um tratamento diferenciado para pessoas que se encontrem em situações

econômicas equivalentes. Então, você não pode fazer diferenciações entre pessoas, entre

contribuintes que estejam em situações econômicas equivalentes. Então, se duas pessoa têm a

mesma situação econômica elas devem ser tributadas da mesma maneira, independente de idade, de

profissão.

Na verdade, esse princípio da isonomia tributária ele, nada mais é, do que a aplicação daquela regra

constitucional do art. 5º de que todos são iguais perante a lei, ou seja, você deve tratar todos da

mesma maneira. Eu não tenho que dá um tratamento diferenciado. Então, na verdade, é

simplesmente a aplicação do princípio da isonomia geral aqui no campo tributário.

Em relação ao princípio da isonomia, ele costuma muito cair em prova e ai você encontra também

no dia-a-dia dele, você encontra em relação aos benefícios fiscais. Na verdade, o princípio da

isonomia é muito questionado quando você está analisando uma lei que concede um benefício

fiscal, especialmente, as isenções.

Quando você tem uma isenção geralmente é que você tem um questionamento. Será que essa

isenção viola a isonomia. Será que eu estou dando um tratamento diferenciado que se justifique.

Então, na verdade, quando eu tenho uma questão envolvendo o princípio e a isenção, o que a gente

precisa fazer é como se fosse uma ponderação de interesses, ou seja, uma análise dos princípios

constitucionais.

Por que é que eu estou dizendo isso?

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Porque, às vezes, se justifica dar um tratamento diferenciado. Às vezes existe algum princípio

constitucional relevante que justifique se tratar diferenciadamente um contribuinte. Então, você vai

acabar tendo que fazer uma ponderação. O que vai ser mais importante? A isonomia ou outro

princípio constitucional? Será que aquele tratamento diferenciado se justifica ou é o que o Ricardo

Lobo Torres chama de um “privilégio odioso”. A grande questão eu acho que é essa.

A isonomia, o princípio da isonomia, visa vedar os chamados privilégios odiosos. Aqueles

benefícios que não têm qualquer justificativa. Aqueles benefícios que servem simplesmente para

atender outros interesses que não sejam o interesse público. Então, será que aquilo é um privilégio

odioso ou ele se justifica?

Então, eu vou dar para vocês alguns exemplos para vocês verem na prática como isso se aplica

como você faz essa ponderação. Quais são os princípios que vocês devem levar em consideração.

Em geral, a jurisprudência entende que não viola a isonomia se um determinado benefício fiscal, se

uma determinada isenção atender a alguns princípios constitucionais como:

1. Atender ao desenvolvimento econômico de uma região . Eu diria que esse é o primeiro

princípio constitucional que você vai levar em consideração em uma ponderação. Diversos

benefícios são concedidos, diversas isenções são concedidas em função disso, para atender

ao desenvolvimento econômico de uma determinada região. A Constituição, em certos

artigos, expressamente faz menção a desenvolvimento econômico de uma região. E, aqui, a

região não precisa ser do país. Pode ser uma região de uma cidade, de um Estado, não

necessariamente precisa ser uma região do país, (nordeste, Sudeste). Pode ser uma região,

por exemplo, eu quero desenvolver um bairro.

Antes de dar os exemplos eu queria citar logo o outro princípio. Tem outro princípio que é muito

comum que também é relevante e que não viola a isonomia se a isenção se basear nele que é

2. A capacidade contributiva. A capacidade contributiva segundo alguns autores esta

relacionada à isonomia, é um subprincípio, decorre da ideia de isonomia. Então se você

conseguir justificar a concessão de determinada isenção com base na capacidade

contributiva, na capacidade de contribuir para o pagamento daquele tributo, essa concessão

será legítima.

Esses são os mais comuns, mas qualquer princípio constitucional relevante pode ser utilizado para

fundamentar o benefício.

Exemplos: Vocês conseguem me dar um exemplo de um benefício fiscal que se baseia no

desenvolvimento econômico de uma região e que portanto é válido? Zona Franca de Manaus é o

exemplo clássico. Mas além da Zona Franca... ICMS quando você concede para atrair determinada

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para uma região. Então você dá uma isenção do ICMS porque você quer atrair uma empresa

automobilística para o seu território. E caro que no caso do ICMS tem que ter um prévio convênio.

Queria dar um exemplo aqui do RJ. Eu vou dar uma isenção para empresas prestadoras de serviços,

que é uma isenção de ISS, para que essas empresas se fixem na região do Porto. Tem vários

projetos de isenção aqui no RJ para estimular que empresas prestadoras de serviços fiquem no

Porto. Eu estou isentando do imposto para atender o desenvolvimento econômico de uma região. E

um tratamento diferenciado, às vezes eu vou dar isenção para empresas de tecnologia, para um

determinado setro da economia porque eu quero desenvolver economicamente uma região. Vou dar

isenção de IPTU, p. ex., porque eu quero que as pessoas se mudem. Vou dar isenção de IPTU por

comercio para poder ter mais empresas. Então são todos benefícios que se justificam com base no

desenvolvimento econômico de uma região. Necessário fazer uma ponderação de interesses.

Capacidade contributiva, vocês conseguem me dar um exemplo desse tipo? Tratamento

diferenciado que se baseie nesse princípio? Isenção de IR dada ao soropositivo (resposta de aluno).

Na verdade não é exatamente fundamentado na capacidade contributiva, porque o beneficiário pode

ser pobre ou pode ser rico não faz diferença. Eu diria que essa isenção eu tenho outro princípio

constitucional que é relevante, você tem o acesso à saúde, à dignidade da pessoa humana. Eu diria

que tem várias isenções que se fundamentam na dignidade humana.

Mas capacidade contributiva? E o caso de você dar o mínimo de isenção do ir, aquele mínimo que

são os isentos do IR tem a ver com a capacidade contributiva, são pessoas mais pobres que são

isentas do IR. É um tratamento diferenciado que se justifica.

Um outro exemplo de isenção com base na capacidade contributiva que se justifica, são as isenções

de IPTU para imóveis situados em favelas. Você dá uma isenção de IPTU, de taxa de lixo, para os

imóveis situados em favelas que, a princípio, são imóveis de hipossuficentes.

A isonomia sempre leva em consideração outro princípio constitucional relevante, você vão ter que

ponderar. Se não houver esse princípio constitucional relevante a lei que conceder benefício será

inconstitucional, será um privilégio odioso.

São princípios que estão relacionadas à idéia de justiça fiscal. Eu falei na aula passada que a

legalidade tem a ver com segurança jurídica. Aqui o objetivo é um pouco diferente.

Terceira limitação ao poder de tributar. A gente viu legalidade e isonomia.

III) Princípio da Irretroatividade

Princípio extremamente importante que cai muito em prova. Esse princípio está previsto no artigo

150, III, a, da Constituição.

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

Ele estabelece o seguinte: a lei que criou ou majorou o tributo não pode retroagir, por isso a idéia

de irretroatividade, para atingir fatos geradores já ocorridos antes do inicio de sua vigência. Eu

gostaria de fazer umas observações iniciais. Por que vocês acham que essa lei não pode retroagir?

Segurança jurídica, esse é um princípio tipicamente ligado à segurança jurídica. Mas não é só a

segurança jurídica. Qual é o fundamento desse princípio? Além da segurança jurídica? Qual é o

princípio que está lá no artigo 5º da CF que justifica esse princípio? Ato jurídico perfeito. Na

verdade esse princípio atende á segurança jurídica, mas atende também ao princípio geral de que a

lei não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito. Quando um fato gerador ocorre ele é

considerado um ato jurídico perfeito, então por isso não poderá haver a retroação. Essa regra do ato

jurídico perfeito está no art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e

a coisa julgada;

Uma outra observação... Vocês vejam que aqui a irretroatividade tem a ver com a vigência da

norma, a Constituição faz referência à vigência. Então a lei que entrou em vigor a ei ela não pode

retroagir para atingir fatos geradores que já ocorreram. Nós vamos estudar a anterioridade a seguir.

Vocês vão ver que a anterioridade tem a ver com a publicação da lei e não com a vigência. Vocês

têm que analisar os princípios separadamente. Irretroatividade é: a lei entrou em vigor o fato

ocorreu antes ou depois? Anterioridade se preocupa com quando a lei foi publicada, se ela foi

publicada hoje ela só produz efeitos para o futuro, no ano que vem ou 90 dias depois. Porque às

vezes o fato pode ocorrer entre a publicação e a entrada em vigor da lei.

Esse princípio da irretroatividade está regulamentado por dois artigos, os artigos 105 e 106 do CTN.

Artigo 105, ele estabelece o seguinte: a lei tributária se aplica imediatamente aos fatos geradores

futuros e aos fatos geradores pendentes.

  Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores

futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido

início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.

Como a lei tributária não pode retroagir ela vai se aplicar para o futuro. Mas o artigo faz menção a

fato gerador futuro e pendente. Qual a diferença entre os dois?? Fato gerador futuro é aquele que

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ainda vai se iniciar, por isso a ideia de futuro, ele ainda vai ter início. O fato gerador será

considerado pendente quando ele já teve inicio mas ainda não está completo e acabado por isso a

idéia de pendente, ele já se iniciou aí vem a lei. Fato gerador futuro é fácil. O problema é o fato

pendente. Vou dar um exemplo mais clássico antes do IR que é a grande polêmica. São os negócios

sujeitos a uma condição suspensiva. Esse tipo de negócio jurídico, esse tipo de condição está

regulamentada no artigo 117, I, do CTN.

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:

        I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

Vamos dizer que eu tenho uma doação que é sujeita a uma condição suspensiva, casamento p. ex., a

doação como vocês sabem está sujeita ao imposto estadual ITD (imposto sobre transmissão de

quaisquer bens ou direitos por causa mortis e doação).

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos

sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

A doação foi feita em 02 março 2001, só que o casamento so casou dois anos depois 04/04/04, no

meio do caminho veio uma lei X que aumentou i o ITD. Na hora que houver o implemento da

condição, na hora que houver o casamento, você vai lá recolher o imposto. A pergunta que se faz é

a seguinte: você vai recolher o imposto com base nessa lei X ou não? Será que essa lei X se aplica a

essa doação? Porque o contrato foi celebrado antes, mas a condição só se implementou depois. Sim,

pois esse fato gerador é considerado pendente. Vejam o que eu disse que era fato gerador

pendente... ele já se iniciou mas só está perfeito e acabado com o implemento da condição. Aqui

nós vamos nos resgatar do direito civil, se eu tenho um negócio jurídico sujeito a uma condição

suspensiva, quando aquele contrato produz seus efeitos? Quando ocorrer o implemento da condição.

Então ele se iniciou om a celebração mas só está perfeito e acabado com o implemento. Naquele

momento você vai ter que recolher o seu tributo porque o contrato produziu seus efeitos não antes,

mas Ele é pendente e o artigo 105 é claro, ele se iniciou mas não está perfeito e acabado. Então essa

lei X se aplica sim.

Page 6: Tribut - Aula 3

Tem alguns autores que acham que o artigo 105 quanto ao fato pendente seria inconstitucional.

Porque bem ou mal o contrato foi celebrado antes, então tem alguns autores que vislumbram nessa

aplicação ao fato pendente uma inconstitucionalidade porque haveria minimamente uma retroação.

Então tem autores que acham que o artigo 105 só deveria se aplicar para o futuro, não para os

chamados fatos geradores pendentes. Essa é a posição, p. ex., do Ives Gandra. Na verdade esse

dispositivo nunca foi declarado inconstitucional.

A grande discussão é o Imposto de Renda. Qual é o problema do IR é que o IR tem um ano base e

você tem o ano da declaração que é o ano seguinte. Então no ano seguinte você declara e faz o

ajuste de contas. Qual é o problema, é que o ano base vai de 01/janeiro a 31/dezembro. E você

durante esse ano vai adquirindo rendas, então você tem renda de 01 jan a 31 dez. Então sobre todo

esse universo você vai declarar, recolher ou complementar no ano seguinte, se for o caso. O que

acontece, e é muito comum no Brasil, é que vem uma lei ou medida provisória e modifica /aumenta

a alíquota, p.ex., no dia 25/dezembro, vamos dizer que o ano base é 2004, em 25/dez/04 vem uma

lei aumentando o IR. Essa lei X ela vai se aplicar a esse ano base de 2004 ou só se aplica ao ano

base de 2005 que você declara em 2006. Essa lei vai violar esse princípio (irretroatividade)? Qual a

grande questão aqui?? Será que esse fato gerador é pendente?? Será que é um fato gerador que

começa em 01/janeiro e termina em 31/dezembro ou será que o fato gerador ocorre em 01/janeiro,

ou em 31/dezembro. O problema é que a lei não define quando o fato gerador ocorre ou que tipo de

fato gerador é esse. Eu diria para vocês que para a doutrina majoritária, a maioria da doutrina

considera que o fato gerador ocorre em 01/janeiro, acha que essa lei X só poderia se aplicar para o

próximo ano base, para o próximo fato gerador que se iniciar em janeiro do ano seguinte. Seja

porque isso fere a irretroatividade, seja porque fere anterioridade, eu estou cobrando no mesmo

exercício financeiro da publicação da lei. Esses autores entendem que para assegurar o contribuinte

eu não posso alterar a regra no curso do ano base, em função da segurança jurídica. Então qualquer

um desses dois princípios ligados à segurança jurídica impediria essa aplicação. Isso para a maior

parte da doutrina, Ricardo Lobo Torres, Luciano Amaro, Hugo de Brito. Têm algumas decisões,

especialmente do STJ, um pouco mais antigas, entendendo que você deveria analisar essa questão

renda por renda, ou seja, para você verificar eventual violação à irretroatividade e à anterioridade

você deveria considerar cada aquisição de renda como um fato gerador autônomo. Exemplo: a lei é

de 25/12, quando eu tenho a aquisição de renda? A aquisição se deu em 05/novembro, a lei pode se

aplicar a essa aquisição? Não porque é anterior. Aí vem uma renda auferida no dia 27/dezembro,

essa lei poderia se aplicar? Poderia, porque a aquisição é posterior. Esse posicionamento pega cada

aquisição de renda isoladamente e aí vê em função da lei, se for anterior não retroage se for

posterior pode se aplicar.

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Posicionamento do STF. O STF tem uma jurisprudência, de algum tempo, que vem reiterando

sistematicamente, no sentido de que o fato gerador ocorreria em 31/12, a ideia do STF é como se

fosse um fato gerador pendente, de que ele estaria perfeito e acabado em 31/12. Agora é 31/12 na

virada do ano. Porque nós tivemos um caso que o STF julgou, numa época que a Constituição não

exigia que a medida provisória fosse convertida em lei, saiu uma MP publicada no dia 31/12 que

mudava as regras do IR.

Art. 62, § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de

impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só

produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido

convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído

pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Por essa posição do STF se eu tiver uma lei em 31 de dezembro de 2011 essa lei poderia se aplicar?

Se o fato gerador ocorre no final do dia, o fato gerador será futuro ou, considerando que ele é um

fato gerador pendente, só estará perfeito e acabado no final do dia. Então o STF entendeu que essa

lei não fere irretroatividade, desde que o fato gerador estivesse perfeito e acabado depois a lei

poderia ser aplicada, e aplicada ao ano base todo, ano base que se iniciou em 01/janeiro.

Do ponto de visa da doutrina eu posso defender, primeiro que o fato gerador ocorre em 01/janeiro,

portanto lei não poderá retroagir ou você pode entender que o fato gerador é pendente, mas que o

artigo 105 nessa parte é inconstitucional.

O problema é a anterioridade... (na posição do STF). Se você é empregado, por exemplo, você foi

retido ao longo do ano com base em uma alíquota, aí em 25/dezembro essa alíquota mudou,

obviamente quando você for fazer o acerto de contas no ano seguinte (ano exercício) haverá uma

diferença. Como o STF afastou a discussão da anterioridade? Porque ele interpreta a anterioridade

de forma literal, o que diz o princípio da anterioridade: o tributo não pode ser cobrado no mesmo

exercício financeiro em que a lei foi publicada. Quando é que a União cobra o IR?? No ano

seguinte. Tecnicamente, ou melhor literalmente, a retenção na fonte, pela corrente majoritária, é um

tipo de responsabilidade tributária, não é a União cobrando. Tecnicamente qualquer ente cobra

quando lança e isso ela (a União) só faz o ano seguinte, porque aí ela vai verificar sua declaração se

você fez o acerto da diferença. Agora isso é uma interpretação literal e pobre. O STF interpreta

anterioridade de forma literal. Precedente: RE 433878

Observação quanto à súmula do STF que gera uma grande briga, que é a súmula 584. Ela diz o

seguinte:

Page 8: Tribut - Aula 3

Súmula 584. Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-

base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser

apresentada a declaração.

Essa súmula deve ser aplicada na linha do que eu acabei de dizer que é o posicionamento do STF.

Porque às vezes você lendo a súmula você pode ter uma interpretação equivocada de que eu tivesse

uma lei em vigor em 03/02/2005 eu poderia aplicar essa lei o ano base de 2004. Não é isso. A

súmula não deve ser interpretada de forma literal.

Obs:. O IR é uma exceção à nonagesimal e é uma exceção exatamente em função disso para que a

lei possa ser aplicada em dezembro.

Artigo 106, CTN. Também está muito em voga, ele estabelece dois casos onde a lei tributária pode

retroagir. Não são hipóteses relacionadas à criação ou majoração de tributo, mas são dois casos em

que a lei tributária vai se aplicar ao passado, vai retroagir.

Primeira hipótese – Inciso I

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

É a chamada lei interpretativa. O que é uma lei interpretativa? Lei interpretativa é a lei que vai

definir o alcance de uma lei anterior. A finalidade dela é definir o alcance, o objeto de uma lei

anterior. É o que a gente chama de interpretação autêntica, ou seja, o próprio poder legislativo

interpreta uma lei dele. Vocês vejam que o artigo diz que essa norma deve ser expressamente

interpretativa, ou seja você só vai considerar como tal se aquela lei disser que o é. Então eu não

posso dizer que eu acho que essa lei é interpretativa, não, para ter essa retroação a lei tem de dizer

expressamente que é interpretativa. O problema é que algumas lei se dizem interpretativas mas não

são. Então o que você considera como interpretativa? São aquelas leis que têm um caráter

meramente declaratório, isso é que é uma lei interpretativa. Se ela tiver algum grau de constituição,

se ela for constitutiva ela não pode retroagir mesmo que ela diga que é interpretativa. O que você

considera como lei que tenha algum caráter constitutivo? Primeiro exemplo: caso de você alterar

jurisprudência dominante de Tribunal Superior. Se um a lei, apesar de dizer sou interpretativa, na

verdade ela vier alterar a jurisprudência do STF ou do STJ, essa lei tem um grau de constituição.

Pode uma lei fazer isso? Pode é o que a gente chama de correção de jurisprudência , é o que o Lobo

Torres chama de correções de antinomias. É possível vir uma lei ou uma emenda alterar

Page 9: Tribut - Aula 3

jurisprudência, só não é possível retroagir porque aí ela não é interpretativa, eu estou mudando

jurisprudência, ela tem que produzir efeitos para o futuro.

Além da lei que muda jurisprudência, qual seria outro exemplo do caráter constitutivo de uma lei?

Solucionar conflitos de jurisprudência. Eu tenho, por ex., discussão entre o TJ-RJ e o TJ-SP, aí vem

uma lei e soluciona o conflito de jurisprudência, antes do STJ julgar, vem uma lei e define o

conflito. Essa lei não retroage., ela não é interpretativa não importa o nome que você dê a ela.

Não é comum você ter lei interpretativa, é bem raro. A hipótese mais comum de aplicação do art.

106 é o inciso II. O inciso II já caiu muitas vezes em prova.

Segunda hipótese – Inciso II

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

Esse inciso I só se aplica a penalidades. E aí eu queria fazer uma observação: quando eu falo em

penalidade, o STJ ele aplica o artigo 106 a qualquer tipo de penalidade a qualquer tipo de multa. Se

o CTN não diferencia o STJ aplica o artigo a qualquer tipo de multa. Exemplo: vai se aplicar às

chamadas multas punitivas. O que é uma multa punitiva? Também chamada de multa fiscal ou

multa de ofício. São aquelas que são aplicadas pela infração à legislação tributária. Você infringiu a

legislação tributária, por exemplo, você deixou de emitir uma nota fiscal, então você vai incidir

nessa multa. Só que também se aplica às chamadas multas moratórias. A multa oratória é devida no

atraso do pagamento do tributo. A multa moratória ela não se confunde com os juros de mora. Os

dois são devidos no atraso, havendo previsão legal, mas são duas coisas diferentes. A multa

moratória é uma pena, uma sanção, os juros não são considerados como penalidade pelo STJ. Os

juros moratórios têm um caráter remuneratório, eles remuneram o capital.

Eu poderia dizer para vocês, resumindo, a lei vai se aplicar retroativamente sempre que for mais

benéfica ao infrator, seja porque ela deixou de considerar como infração, seja porque ela reduziu a

Page 10: Tribut - Aula 3

penalidade. Na verdade essa aplicação retroativa da lei mais benéfica ao infrator ela nada mais é do

que aplicação de um principio do direito penal de que a lei mais benéfica retroage. O CTN trata a

penalidade como se ela tivesse natureza penal, a doutrina diverge, mas o CTN trata as sanções, as

penalidades tributárias como se tivessem natureza penal. O artigo 106 inciso II, no entanto, diz que

só retroage se o ato não estiver definitivamente julgado. O que você considera como ato não

definitivamente julgado? A doutrina entende que isso se aplica tanto à esfera administrativa como à

judicial. Você pode aplicar esse artigo nas duas hipóteses. Quando você tem um ato definitivamente

julgado? Qual é o limite temporal aqui? Na esfera judicial é fácil né... com o trânsito em julgado. E

na esfera administrativa... quando você tiver a chamada preclusão administrativa, quando você não

tiver mais nenhum recurso a ser julgado. Então a ideia é a mesma. O problema é saber na esfera

judicial o trânsito em julgado do quê? O que vai ter que transitar em julgado? O STJ entende que é

o trânsito em julgado da sentença de embargos à execução, essa é uma interpretação muito pró

contribuinte. Exemplo: você foi autuado e a você foi aplicada uma multa em 2001, aqui vigorava

uma lei X dizendo que sua multa era de 100% do tributo. Você violou a lei e irá pagar a título de

multa 100%. A pessoa foi autuada não pagou e o Fisco ajuizou a execução fiscal em 2002. Você foi

citado e ofereceu embargos em 2003. A sentença foi dada em 2005 e você apelou. Veio uma lei

reduzindo a multa daquela infração de 100% para 20%. O Tribunal quando for julgar a apelação

pode aplicar essa lei Y? Essa lei Y vai se aplicar ao auto de infração de 2001?? Essa sentença

transitou em julgado? Não. Ela vai se aplicar. E o desembargador pode aplicar de oficio, porque

quando você apelou não existia lei, mas na hora do julgamento o tribunal pode aplicar a lei porque é

mais benéfica.

Se era 100 passou a ser 20 e depois foi para 80. A pessoa vai continuar pagando 20?? Claro, porque

a lei que majora não retroage nunca!

Vocês viram que eu coloquei uma multa de 100%. Esse tipo de multa é muito comum. Elas são

argüidas de inconstitucionalidade porque elas seriam confiscatórias. A tese de defesa das Fazendas

sempre é de que na verdade se você não aplicar uma multa muito pesada, que seja proporcional

àquela infração ninguém vai cumprir a norma. Uma multa muito pequena eu não vou ter qualquer

estímulo para cumprir a obrigação. É claro que se tratando de penalidade você deve observar a

razoabilidade e a proporcionalidade. Deve se observar a proporcionalidade entre a multa que está

sendo paliçada e a infração cometida.

IV) Princípio da Anterioridade

Page 11: Tribut - Aula 3

O princípio da anterioridade está previsto nos artigos 150, III, b e c. Esse é um princípio que está

relacionado com a segurança jurídica, assim como a irretroatividade. É muito comum ter a idéia

também de relação com o princípio da não surpresa, na verdade é a mesma coisa, mas a idéia é que

você não pode ser surpreendido por uma alteração legislativa. Eu vou dar para vocês cada uma das

anterioridades, vamos ver as exceções e as questões controvertidas.

Eu gostaria de começar pela primeira. O artigo 150, III, b trata da chamada anterioridade geral.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os

instituiu ou aumentou;

Essa anterioridade sempre existiu, é da redação original da Constituição. Esse artigo estabelece que

nenhum tributo pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro da publicação da lei que o institua

ou o majore. Se foi publicado em 2001 você só pode cobrar o tributo em 2002. Essa é a ideia da

anterioridade geral, o que importa e a data da publicação e não a data que entrou em vigor.

Publicada num ano eu posso cobrar no ano seguinte.

A segunda anterioridade que é a anterioridade do artigo 150, III, c.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a

lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Esse artigo ele já estabelece que o tributo não pode ser cobrado antes de 90 dias da publicação da lei

que o crie ou majore. Aqui eu tenho um prazo de 90 dias para a cobrança . Essa anterioridade é

chamada de nonagesimal. Esse artigo foi introduzido por uma emenda. Às vezes tem algumas

questões que indicam o ano então é sempre bom que vocês tenham em mente se o dispositivo é

originário ou não. O artigo também fala de publicação.

Page 12: Tribut - Aula 3

Qual é a regra geral? E que você tem que observar as duas anterioridades. Como vou contar as duas

anterioridades? As duas contam da publicação. Então vamos dizer que eu tenho uma lei que foi

publicada em 15 de outubro de 2010. Quando aquela lei começa a produzir seus efeitos? 15 de

janeiro de 2011, ou seja você tem que verificar qual é a ultima. O que é mais pra frente? O primeiro

dia do exercício seguinte ou os noventas dias posteriores à publicação da lei? Não conta como

algumas pessoas pensam do primeiro dia do exercício financeiro mais 90 dias. Os dois contam da

publicação. Se eu quiser que a lei produza efeitos em 01 de janeiro de 2011 até quando eu tenho que

publicá-la? Até mais ou menos 01 de outubro de 2010.

Questões controvertidas:

Esse dos princípios tem algumas peculiaridades. Primeiro lugar vocês vejam que elas só fazem

menção a ei que cria ou majora tributo. O STF interpreta majoração e criação de forma literal.

Então uma lei vai precisar observar a anterioridade, quando crie tributo,ou seja, quando indique as

hipóteses de incidência ou quando majore tributo, quando aumenta a base de cálculo ou a alíquota.

Esse tipo de lei é que observa a anterioridade. Se eu tenho uma lei que reduziu o tributo eu posso

fazer uma interpretação a contrario sensu? Sim, pois a ideia é que aqui eu não tenho nenhum artigo

no CTN, ou na CF mesmo, que inviabilize uma interpretação a contrario sensu. Vamos dizer que ao

invés de majorar o tributo vem uma lei e altera o prazo de pagamento do tributo. Isso é possível?

Sim, pois isso não viola a anterioridade, o STF faz interpretação literal. Alteração de prazo de

pagamento é criação ou majoração de tributo? Não. Mas isso não viola a não surpresa? Viola, mas o

STF ignora esse argumento. Isso esta sumulado, essa é a sumula 669, do STF.

Súmula 669. Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação

tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

Se eu quisesse alterar o prazo de pagamento por decreto, eu poderia fazê-lo? Sim, pois legalidade

tem a ver com criação e majoração, nesse caso não é nenhum dos dois. Na época da CPMF a última

emenda ela não mexeu na alíquota, nem majorou a contribuição, ela simplesmente alterou o prazo

de prorrogação da CPMF. Prorrogar a cobrança de um tributo provisório tem que observar a

anterioridade? Não pois não está criando ou majorando, de acordo com o STF.

CPMF: EC 42/2003 e Princípio da Anterioridade Nonagesimal

O Tribunal, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão

Page 13: Tribut - Aula 3

do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que reconhecera ser indevida a cobrança da

CPMF em alíquota de 0,38%, nos 90 dias posteriores à publicação da EC 42/2003.

Entendeu-se não haver majoração da alíquota de modo a atrair o disposto no art. 195, § 6º,

da CF, haja vista que a EC 42/2003 teria apenas mantido a alíquota de 0,38% para o

exercício de 2004 sem instituir ou modificar a alíquota diferente da que os contribuintes

vinham pagando. Explicou-se que os contribuintes, durante o exercício financeiro de 2002 e

2003, vinham pagando a contribuição de 0,38% e não a de 0,08%. Considerou-se que, no

máximo, haveria uma expectativa de diminuição da alíquota para 0,08%, mas que o

dispositivo que previa esse percentual para 2004 teria sido revogado antes de efetivamente

ser exigível, ou seja, antes do início do exercício financeiro de 2004. Afastou-se, ainda,

ofensa à segurança jurídica, princípio sustentador do art. 195, § 6º, da CF, na medida em

que o contribuinte, há muito tempo, já pagava a alíquota de 0,38%, não tendo, por

conseguinte, sofrido ruptura com a manutenção dessa alíquota durante o ano de 2004. Por

fim, salientou-se que, se a prorrogação de contribuição não faria incidir o prazo

nonagesimal, conforme reiterados pronunciamentos da Corte, quando se poderia alegar

expectativa do término da cobrança do tributo, por maior razão não se deveria reconhecer a

incidência desse prazo quando havia mera expectativa de alíquota menor. Vencidos os

Ministros Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello, que desproviam o recurso, ao

fundamento de que a EC 42/2003, ao revogar o inciso II do § 3º do art. 84 do ADCT,

incluído pela EC 37/2002, o qual previa a alíquota de 0,08% da CPMF para o exercício

financeiro de 2004, não teria apenas prorrogado a cobrança dessa contribuição, mas

também majorado sua alíquota, causando surpresa aos contribuintes e afrontando o

princípio da anterioridade nonagesimal. Precedentes citados: ADI 2666/DF (DJU de

6.12.2002); ADI 2666 ED/DF (DJU de 10.11.2006); AI 392574 AgR/PR (DJE de

23.5.2008); ADI 4016 MC/PR (DJE de 24.4.2009.

RE 566032/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.6.2009. (RE-566032)

Mais uma observação, caiu no último concurso da magistratura federal uma questão interessante.

Qual a diferença entre anterioridade nonagesimal e a noventena? A aplicação prática é zero. Nem

todos os autores fazem essa distinção. Mas quem faz entende que a nonagesimal é essa que foi

introduzida por emenda, a noventena só se aplica às contribuições de seguridade social e está no

Page 14: Tribut - Aula 3

artigo 195, parágrafo 6º, da Constituição. Esse artigo já existia na redação original da CF. Do ponto

de vista prático, não há diferença, elas são contadas do mesmo modo.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de

forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes

dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser

exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as

houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art.

150, III, "b".

A noventena é uma exceção à anterioridade clássica, ou melhor as contribuições da seguridade

social são exceções à anterioridade geral/clássica.

Pergunta: Se eu tiver uma lei revogando isenção? Ela tem aplicação imediata. O STF entende,

dentro de uma interpretação literal,que ali tem aplicação imediata. A doutrina majoritária acha que a

revogação de isenção se equipara à criação de um tributo. Recentemente o STF reiterou o seu

entendimento.

Exceções constitucionais: Vou dar as exceções por anterioridade.

ANTERIORIDADE CLÁSSICA/GERAL ANTERIORIDADE NONAGESIMAL

Quatro impostos extrafiscais: II, IE, IOF e IPI.

Eles também são exceções à legalidade. Art.

150, parágrafo 1º, Constituição

II, IE, IOF (impostos extrafiscais) e IR. O IPI

não é exceção! O IPI é uma exceção à

anterioridade geral, mas observa à nonagesimal.

O IR é o inverso, ele observa a geral e é uma

exceção à nonagesimal.

Empréstimo compulsório em caso de guerra

externa ou calamidade. Tem duas hipóteses de

compulsório, mas a exceção é a do art. 148, I,

CF

Empréstimo compulsório em caso de guerra

externa ou calamidade. Tem duas hipóteses de

compulsório, mas a exceção é a do art. 148, I,

CF

Imposto extraordinário de guerra. Art. 154, II Imposto extraordinário de guerra. Art. 154, II

Contribuições sociais de seguridade social – art.

195, parágrafo 6º, CF. Exemplos: COFINS, PIS,

Fixação de base de cálculo do IPVA e do IPTU.

A base de cálculo desses impostos é o valor

Page 15: Tribut - Aula 3

CSLL, FUNRURAL, antiga CPMF,

contribuições previdenciárias e etc.

venal. No caso do IPTU haverá publicação de

plantas de valores, e do IPVA haverá

publicação de tabelas

ICMS monofásico – artigo 155, parágrafo 4º,

inciso IV, c, CF. Caso esse imposto venha a

existir ele não vai observar a anterioridade geral

CIDE-combustíveis – art. 177, parágrafo 4º, I, b

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e

V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,

II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e

156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

Art. 154. A União poderá instituir:II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos

extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,

gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº

33, de 2001)

IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal,

nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33,

de 2001)

c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Art. 177. Constituem monopólio da União:

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§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Para terminar a aula eu vou dar uma questão que junta os dois princípios. O fato gerador do

IPVA/IPTU ocorre em 01 de janeiro. Em 30 de novembro de 2009 foi publicada uma lei que

aumentou a base de cálculo, ou seja foi publicada uma nova tabela ou uma nova planta de valores.

Só que essa lei disse que ela entra em vigor 60 dias após a publicação. Essa majoração, essa lei

pode se aplicar ao IPTU/IPVA de 2010? Anterioridade tem algum problema? Não, pois essa lei é

uma exceção aos 90 dias, então ela só deve respeitar a anterioridade geral. O problema aqui é o

princípio da irretroatividade. Essa lei entrou em vigor em 30 de janeiro de 2011, quando ela entrou

em vigor o fato gerador do tributo em tela já tinha ocorrido, portanto a cobrança é inconstitucional

por violar o princípio da irretroatividade.