tribut - aula 3
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DIREITO TRIBUTÁRIO – AULA 03 – ANDREA VELOSO
Vamos continuar a ver as limitações ao Poder de Tributar. A primeira limitação foi o Princípio da
Legalidade e hoje nós vamos analisar a segunda limitação.
II) Princípio da Isonomia ou Princípio da Igualdade Tributária
Esse princípio está previsto no art. 150, II, CRFB. O que ele estabelece?
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:II -
instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Que não pode ser dado um tratamento diferenciado para pessoas que se encontrem em situações
econômicas equivalentes. Então, você não pode fazer diferenciações entre pessoas, entre
contribuintes que estejam em situações econômicas equivalentes. Então, se duas pessoa têm a
mesma situação econômica elas devem ser tributadas da mesma maneira, independente de idade, de
profissão.
Na verdade, esse princípio da isonomia tributária ele, nada mais é, do que a aplicação daquela regra
constitucional do art. 5º de que todos são iguais perante a lei, ou seja, você deve tratar todos da
mesma maneira. Eu não tenho que dá um tratamento diferenciado. Então, na verdade, é
simplesmente a aplicação do princípio da isonomia geral aqui no campo tributário.
Em relação ao princípio da isonomia, ele costuma muito cair em prova e ai você encontra também
no dia-a-dia dele, você encontra em relação aos benefícios fiscais. Na verdade, o princípio da
isonomia é muito questionado quando você está analisando uma lei que concede um benefício
fiscal, especialmente, as isenções.
Quando você tem uma isenção geralmente é que você tem um questionamento. Será que essa
isenção viola a isonomia. Será que eu estou dando um tratamento diferenciado que se justifique.
Então, na verdade, quando eu tenho uma questão envolvendo o princípio e a isenção, o que a gente
precisa fazer é como se fosse uma ponderação de interesses, ou seja, uma análise dos princípios
constitucionais.
Por que é que eu estou dizendo isso?
Porque, às vezes, se justifica dar um tratamento diferenciado. Às vezes existe algum princípio
constitucional relevante que justifique se tratar diferenciadamente um contribuinte. Então, você vai
acabar tendo que fazer uma ponderação. O que vai ser mais importante? A isonomia ou outro
princípio constitucional? Será que aquele tratamento diferenciado se justifica ou é o que o Ricardo
Lobo Torres chama de um “privilégio odioso”. A grande questão eu acho que é essa.
A isonomia, o princípio da isonomia, visa vedar os chamados privilégios odiosos. Aqueles
benefícios que não têm qualquer justificativa. Aqueles benefícios que servem simplesmente para
atender outros interesses que não sejam o interesse público. Então, será que aquilo é um privilégio
odioso ou ele se justifica?
Então, eu vou dar para vocês alguns exemplos para vocês verem na prática como isso se aplica
como você faz essa ponderação. Quais são os princípios que vocês devem levar em consideração.
Em geral, a jurisprudência entende que não viola a isonomia se um determinado benefício fiscal, se
uma determinada isenção atender a alguns princípios constitucionais como:
1. Atender ao desenvolvimento econômico de uma região . Eu diria que esse é o primeiro
princípio constitucional que você vai levar em consideração em uma ponderação. Diversos
benefícios são concedidos, diversas isenções são concedidas em função disso, para atender
ao desenvolvimento econômico de uma determinada região. A Constituição, em certos
artigos, expressamente faz menção a desenvolvimento econômico de uma região. E, aqui, a
região não precisa ser do país. Pode ser uma região de uma cidade, de um Estado, não
necessariamente precisa ser uma região do país, (nordeste, Sudeste). Pode ser uma região,
por exemplo, eu quero desenvolver um bairro.
Antes de dar os exemplos eu queria citar logo o outro princípio. Tem outro princípio que é muito
comum que também é relevante e que não viola a isonomia se a isenção se basear nele que é
2. A capacidade contributiva. A capacidade contributiva segundo alguns autores esta
relacionada à isonomia, é um subprincípio, decorre da ideia de isonomia. Então se você
conseguir justificar a concessão de determinada isenção com base na capacidade
contributiva, na capacidade de contribuir para o pagamento daquele tributo, essa concessão
será legítima.
Esses são os mais comuns, mas qualquer princípio constitucional relevante pode ser utilizado para
fundamentar o benefício.
Exemplos: Vocês conseguem me dar um exemplo de um benefício fiscal que se baseia no
desenvolvimento econômico de uma região e que portanto é válido? Zona Franca de Manaus é o
exemplo clássico. Mas além da Zona Franca... ICMS quando você concede para atrair determinada
para uma região. Então você dá uma isenção do ICMS porque você quer atrair uma empresa
automobilística para o seu território. E caro que no caso do ICMS tem que ter um prévio convênio.
Queria dar um exemplo aqui do RJ. Eu vou dar uma isenção para empresas prestadoras de serviços,
que é uma isenção de ISS, para que essas empresas se fixem na região do Porto. Tem vários
projetos de isenção aqui no RJ para estimular que empresas prestadoras de serviços fiquem no
Porto. Eu estou isentando do imposto para atender o desenvolvimento econômico de uma região. E
um tratamento diferenciado, às vezes eu vou dar isenção para empresas de tecnologia, para um
determinado setro da economia porque eu quero desenvolver economicamente uma região. Vou dar
isenção de IPTU, p. ex., porque eu quero que as pessoas se mudem. Vou dar isenção de IPTU por
comercio para poder ter mais empresas. Então são todos benefícios que se justificam com base no
desenvolvimento econômico de uma região. Necessário fazer uma ponderação de interesses.
Capacidade contributiva, vocês conseguem me dar um exemplo desse tipo? Tratamento
diferenciado que se baseie nesse princípio? Isenção de IR dada ao soropositivo (resposta de aluno).
Na verdade não é exatamente fundamentado na capacidade contributiva, porque o beneficiário pode
ser pobre ou pode ser rico não faz diferença. Eu diria que essa isenção eu tenho outro princípio
constitucional que é relevante, você tem o acesso à saúde, à dignidade da pessoa humana. Eu diria
que tem várias isenções que se fundamentam na dignidade humana.
Mas capacidade contributiva? E o caso de você dar o mínimo de isenção do ir, aquele mínimo que
são os isentos do IR tem a ver com a capacidade contributiva, são pessoas mais pobres que são
isentas do IR. É um tratamento diferenciado que se justifica.
Um outro exemplo de isenção com base na capacidade contributiva que se justifica, são as isenções
de IPTU para imóveis situados em favelas. Você dá uma isenção de IPTU, de taxa de lixo, para os
imóveis situados em favelas que, a princípio, são imóveis de hipossuficentes.
A isonomia sempre leva em consideração outro princípio constitucional relevante, você vão ter que
ponderar. Se não houver esse princípio constitucional relevante a lei que conceder benefício será
inconstitucional, será um privilégio odioso.
São princípios que estão relacionadas à idéia de justiça fiscal. Eu falei na aula passada que a
legalidade tem a ver com segurança jurídica. Aqui o objetivo é um pouco diferente.
Terceira limitação ao poder de tributar. A gente viu legalidade e isonomia.
III) Princípio da Irretroatividade
Princípio extremamente importante que cai muito em prova. Esse princípio está previsto no artigo
150, III, a, da Constituição.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
Ele estabelece o seguinte: a lei que criou ou majorou o tributo não pode retroagir, por isso a idéia
de irretroatividade, para atingir fatos geradores já ocorridos antes do inicio de sua vigência. Eu
gostaria de fazer umas observações iniciais. Por que vocês acham que essa lei não pode retroagir?
Segurança jurídica, esse é um princípio tipicamente ligado à segurança jurídica. Mas não é só a
segurança jurídica. Qual é o fundamento desse princípio? Além da segurança jurídica? Qual é o
princípio que está lá no artigo 5º da CF que justifica esse princípio? Ato jurídico perfeito. Na
verdade esse princípio atende á segurança jurídica, mas atende também ao princípio geral de que a
lei não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito. Quando um fato gerador ocorre ele é
considerado um ato jurídico perfeito, então por isso não poderá haver a retroação. Essa regra do ato
jurídico perfeito está no art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
a coisa julgada;
Uma outra observação... Vocês vejam que aqui a irretroatividade tem a ver com a vigência da
norma, a Constituição faz referência à vigência. Então a lei que entrou em vigor a ei ela não pode
retroagir para atingir fatos geradores que já ocorreram. Nós vamos estudar a anterioridade a seguir.
Vocês vão ver que a anterioridade tem a ver com a publicação da lei e não com a vigência. Vocês
têm que analisar os princípios separadamente. Irretroatividade é: a lei entrou em vigor o fato
ocorreu antes ou depois? Anterioridade se preocupa com quando a lei foi publicada, se ela foi
publicada hoje ela só produz efeitos para o futuro, no ano que vem ou 90 dias depois. Porque às
vezes o fato pode ocorrer entre a publicação e a entrada em vigor da lei.
Esse princípio da irretroatividade está regulamentado por dois artigos, os artigos 105 e 106 do CTN.
Artigo 105, ele estabelece o seguinte: a lei tributária se aplica imediatamente aos fatos geradores
futuros e aos fatos geradores pendentes.
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores
futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido
início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
Como a lei tributária não pode retroagir ela vai se aplicar para o futuro. Mas o artigo faz menção a
fato gerador futuro e pendente. Qual a diferença entre os dois?? Fato gerador futuro é aquele que
ainda vai se iniciar, por isso a ideia de futuro, ele ainda vai ter início. O fato gerador será
considerado pendente quando ele já teve inicio mas ainda não está completo e acabado por isso a
idéia de pendente, ele já se iniciou aí vem a lei. Fato gerador futuro é fácil. O problema é o fato
pendente. Vou dar um exemplo mais clássico antes do IR que é a grande polêmica. São os negócios
sujeitos a uma condição suspensiva. Esse tipo de negócio jurídico, esse tipo de condição está
regulamentada no artigo 117, I, do CTN.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
Vamos dizer que eu tenho uma doação que é sujeita a uma condição suspensiva, casamento p. ex., a
doação como vocês sabem está sujeita ao imposto estadual ITD (imposto sobre transmissão de
quaisquer bens ou direitos por causa mortis e doação).
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
A doação foi feita em 02 março 2001, só que o casamento so casou dois anos depois 04/04/04, no
meio do caminho veio uma lei X que aumentou i o ITD. Na hora que houver o implemento da
condição, na hora que houver o casamento, você vai lá recolher o imposto. A pergunta que se faz é
a seguinte: você vai recolher o imposto com base nessa lei X ou não? Será que essa lei X se aplica a
essa doação? Porque o contrato foi celebrado antes, mas a condição só se implementou depois. Sim,
pois esse fato gerador é considerado pendente. Vejam o que eu disse que era fato gerador
pendente... ele já se iniciou mas só está perfeito e acabado com o implemento da condição. Aqui
nós vamos nos resgatar do direito civil, se eu tenho um negócio jurídico sujeito a uma condição
suspensiva, quando aquele contrato produz seus efeitos? Quando ocorrer o implemento da condição.
Então ele se iniciou om a celebração mas só está perfeito e acabado com o implemento. Naquele
momento você vai ter que recolher o seu tributo porque o contrato produziu seus efeitos não antes,
mas Ele é pendente e o artigo 105 é claro, ele se iniciou mas não está perfeito e acabado. Então essa
lei X se aplica sim.
Tem alguns autores que acham que o artigo 105 quanto ao fato pendente seria inconstitucional.
Porque bem ou mal o contrato foi celebrado antes, então tem alguns autores que vislumbram nessa
aplicação ao fato pendente uma inconstitucionalidade porque haveria minimamente uma retroação.
Então tem autores que acham que o artigo 105 só deveria se aplicar para o futuro, não para os
chamados fatos geradores pendentes. Essa é a posição, p. ex., do Ives Gandra. Na verdade esse
dispositivo nunca foi declarado inconstitucional.
A grande discussão é o Imposto de Renda. Qual é o problema do IR é que o IR tem um ano base e
você tem o ano da declaração que é o ano seguinte. Então no ano seguinte você declara e faz o
ajuste de contas. Qual é o problema, é que o ano base vai de 01/janeiro a 31/dezembro. E você
durante esse ano vai adquirindo rendas, então você tem renda de 01 jan a 31 dez. Então sobre todo
esse universo você vai declarar, recolher ou complementar no ano seguinte, se for o caso. O que
acontece, e é muito comum no Brasil, é que vem uma lei ou medida provisória e modifica /aumenta
a alíquota, p.ex., no dia 25/dezembro, vamos dizer que o ano base é 2004, em 25/dez/04 vem uma
lei aumentando o IR. Essa lei X ela vai se aplicar a esse ano base de 2004 ou só se aplica ao ano
base de 2005 que você declara em 2006. Essa lei vai violar esse princípio (irretroatividade)? Qual a
grande questão aqui?? Será que esse fato gerador é pendente?? Será que é um fato gerador que
começa em 01/janeiro e termina em 31/dezembro ou será que o fato gerador ocorre em 01/janeiro,
ou em 31/dezembro. O problema é que a lei não define quando o fato gerador ocorre ou que tipo de
fato gerador é esse. Eu diria para vocês que para a doutrina majoritária, a maioria da doutrina
considera que o fato gerador ocorre em 01/janeiro, acha que essa lei X só poderia se aplicar para o
próximo ano base, para o próximo fato gerador que se iniciar em janeiro do ano seguinte. Seja
porque isso fere a irretroatividade, seja porque fere anterioridade, eu estou cobrando no mesmo
exercício financeiro da publicação da lei. Esses autores entendem que para assegurar o contribuinte
eu não posso alterar a regra no curso do ano base, em função da segurança jurídica. Então qualquer
um desses dois princípios ligados à segurança jurídica impediria essa aplicação. Isso para a maior
parte da doutrina, Ricardo Lobo Torres, Luciano Amaro, Hugo de Brito. Têm algumas decisões,
especialmente do STJ, um pouco mais antigas, entendendo que você deveria analisar essa questão
renda por renda, ou seja, para você verificar eventual violação à irretroatividade e à anterioridade
você deveria considerar cada aquisição de renda como um fato gerador autônomo. Exemplo: a lei é
de 25/12, quando eu tenho a aquisição de renda? A aquisição se deu em 05/novembro, a lei pode se
aplicar a essa aquisição? Não porque é anterior. Aí vem uma renda auferida no dia 27/dezembro,
essa lei poderia se aplicar? Poderia, porque a aquisição é posterior. Esse posicionamento pega cada
aquisição de renda isoladamente e aí vê em função da lei, se for anterior não retroage se for
posterior pode se aplicar.
Posicionamento do STF. O STF tem uma jurisprudência, de algum tempo, que vem reiterando
sistematicamente, no sentido de que o fato gerador ocorreria em 31/12, a ideia do STF é como se
fosse um fato gerador pendente, de que ele estaria perfeito e acabado em 31/12. Agora é 31/12 na
virada do ano. Porque nós tivemos um caso que o STF julgou, numa época que a Constituição não
exigia que a medida provisória fosse convertida em lei, saiu uma MP publicada no dia 31/12 que
mudava as regras do IR.
Art. 62, § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Por essa posição do STF se eu tiver uma lei em 31 de dezembro de 2011 essa lei poderia se aplicar?
Se o fato gerador ocorre no final do dia, o fato gerador será futuro ou, considerando que ele é um
fato gerador pendente, só estará perfeito e acabado no final do dia. Então o STF entendeu que essa
lei não fere irretroatividade, desde que o fato gerador estivesse perfeito e acabado depois a lei
poderia ser aplicada, e aplicada ao ano base todo, ano base que se iniciou em 01/janeiro.
Do ponto de visa da doutrina eu posso defender, primeiro que o fato gerador ocorre em 01/janeiro,
portanto lei não poderá retroagir ou você pode entender que o fato gerador é pendente, mas que o
artigo 105 nessa parte é inconstitucional.
O problema é a anterioridade... (na posição do STF). Se você é empregado, por exemplo, você foi
retido ao longo do ano com base em uma alíquota, aí em 25/dezembro essa alíquota mudou,
obviamente quando você for fazer o acerto de contas no ano seguinte (ano exercício) haverá uma
diferença. Como o STF afastou a discussão da anterioridade? Porque ele interpreta a anterioridade
de forma literal, o que diz o princípio da anterioridade: o tributo não pode ser cobrado no mesmo
exercício financeiro em que a lei foi publicada. Quando é que a União cobra o IR?? No ano
seguinte. Tecnicamente, ou melhor literalmente, a retenção na fonte, pela corrente majoritária, é um
tipo de responsabilidade tributária, não é a União cobrando. Tecnicamente qualquer ente cobra
quando lança e isso ela (a União) só faz o ano seguinte, porque aí ela vai verificar sua declaração se
você fez o acerto da diferença. Agora isso é uma interpretação literal e pobre. O STF interpreta
anterioridade de forma literal. Precedente: RE 433878
Observação quanto à súmula do STF que gera uma grande briga, que é a súmula 584. Ela diz o
seguinte:
Súmula 584. Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-
base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser
apresentada a declaração.
Essa súmula deve ser aplicada na linha do que eu acabei de dizer que é o posicionamento do STF.
Porque às vezes você lendo a súmula você pode ter uma interpretação equivocada de que eu tivesse
uma lei em vigor em 03/02/2005 eu poderia aplicar essa lei o ano base de 2004. Não é isso. A
súmula não deve ser interpretada de forma literal.
Obs:. O IR é uma exceção à nonagesimal e é uma exceção exatamente em função disso para que a
lei possa ser aplicada em dezembro.
Artigo 106, CTN. Também está muito em voga, ele estabelece dois casos onde a lei tributária pode
retroagir. Não são hipóteses relacionadas à criação ou majoração de tributo, mas são dois casos em
que a lei tributária vai se aplicar ao passado, vai retroagir.
Primeira hipótese – Inciso I
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
É a chamada lei interpretativa. O que é uma lei interpretativa? Lei interpretativa é a lei que vai
definir o alcance de uma lei anterior. A finalidade dela é definir o alcance, o objeto de uma lei
anterior. É o que a gente chama de interpretação autêntica, ou seja, o próprio poder legislativo
interpreta uma lei dele. Vocês vejam que o artigo diz que essa norma deve ser expressamente
interpretativa, ou seja você só vai considerar como tal se aquela lei disser que o é. Então eu não
posso dizer que eu acho que essa lei é interpretativa, não, para ter essa retroação a lei tem de dizer
expressamente que é interpretativa. O problema é que algumas lei se dizem interpretativas mas não
são. Então o que você considera como interpretativa? São aquelas leis que têm um caráter
meramente declaratório, isso é que é uma lei interpretativa. Se ela tiver algum grau de constituição,
se ela for constitutiva ela não pode retroagir mesmo que ela diga que é interpretativa. O que você
considera como lei que tenha algum caráter constitutivo? Primeiro exemplo: caso de você alterar
jurisprudência dominante de Tribunal Superior. Se um a lei, apesar de dizer sou interpretativa, na
verdade ela vier alterar a jurisprudência do STF ou do STJ, essa lei tem um grau de constituição.
Pode uma lei fazer isso? Pode é o que a gente chama de correção de jurisprudência , é o que o Lobo
Torres chama de correções de antinomias. É possível vir uma lei ou uma emenda alterar
jurisprudência, só não é possível retroagir porque aí ela não é interpretativa, eu estou mudando
jurisprudência, ela tem que produzir efeitos para o futuro.
Além da lei que muda jurisprudência, qual seria outro exemplo do caráter constitutivo de uma lei?
Solucionar conflitos de jurisprudência. Eu tenho, por ex., discussão entre o TJ-RJ e o TJ-SP, aí vem
uma lei e soluciona o conflito de jurisprudência, antes do STJ julgar, vem uma lei e define o
conflito. Essa lei não retroage., ela não é interpretativa não importa o nome que você dê a ela.
Não é comum você ter lei interpretativa, é bem raro. A hipótese mais comum de aplicação do art.
106 é o inciso II. O inciso II já caiu muitas vezes em prova.
Segunda hipótese – Inciso II
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Esse inciso I só se aplica a penalidades. E aí eu queria fazer uma observação: quando eu falo em
penalidade, o STJ ele aplica o artigo 106 a qualquer tipo de penalidade a qualquer tipo de multa. Se
o CTN não diferencia o STJ aplica o artigo a qualquer tipo de multa. Exemplo: vai se aplicar às
chamadas multas punitivas. O que é uma multa punitiva? Também chamada de multa fiscal ou
multa de ofício. São aquelas que são aplicadas pela infração à legislação tributária. Você infringiu a
legislação tributária, por exemplo, você deixou de emitir uma nota fiscal, então você vai incidir
nessa multa. Só que também se aplica às chamadas multas moratórias. A multa oratória é devida no
atraso do pagamento do tributo. A multa moratória ela não se confunde com os juros de mora. Os
dois são devidos no atraso, havendo previsão legal, mas são duas coisas diferentes. A multa
moratória é uma pena, uma sanção, os juros não são considerados como penalidade pelo STJ. Os
juros moratórios têm um caráter remuneratório, eles remuneram o capital.
Eu poderia dizer para vocês, resumindo, a lei vai se aplicar retroativamente sempre que for mais
benéfica ao infrator, seja porque ela deixou de considerar como infração, seja porque ela reduziu a
penalidade. Na verdade essa aplicação retroativa da lei mais benéfica ao infrator ela nada mais é do
que aplicação de um principio do direito penal de que a lei mais benéfica retroage. O CTN trata a
penalidade como se ela tivesse natureza penal, a doutrina diverge, mas o CTN trata as sanções, as
penalidades tributárias como se tivessem natureza penal. O artigo 106 inciso II, no entanto, diz que
só retroage se o ato não estiver definitivamente julgado. O que você considera como ato não
definitivamente julgado? A doutrina entende que isso se aplica tanto à esfera administrativa como à
judicial. Você pode aplicar esse artigo nas duas hipóteses. Quando você tem um ato definitivamente
julgado? Qual é o limite temporal aqui? Na esfera judicial é fácil né... com o trânsito em julgado. E
na esfera administrativa... quando você tiver a chamada preclusão administrativa, quando você não
tiver mais nenhum recurso a ser julgado. Então a ideia é a mesma. O problema é saber na esfera
judicial o trânsito em julgado do quê? O que vai ter que transitar em julgado? O STJ entende que é
o trânsito em julgado da sentença de embargos à execução, essa é uma interpretação muito pró
contribuinte. Exemplo: você foi autuado e a você foi aplicada uma multa em 2001, aqui vigorava
uma lei X dizendo que sua multa era de 100% do tributo. Você violou a lei e irá pagar a título de
multa 100%. A pessoa foi autuada não pagou e o Fisco ajuizou a execução fiscal em 2002. Você foi
citado e ofereceu embargos em 2003. A sentença foi dada em 2005 e você apelou. Veio uma lei
reduzindo a multa daquela infração de 100% para 20%. O Tribunal quando for julgar a apelação
pode aplicar essa lei Y? Essa lei Y vai se aplicar ao auto de infração de 2001?? Essa sentença
transitou em julgado? Não. Ela vai se aplicar. E o desembargador pode aplicar de oficio, porque
quando você apelou não existia lei, mas na hora do julgamento o tribunal pode aplicar a lei porque é
mais benéfica.
Se era 100 passou a ser 20 e depois foi para 80. A pessoa vai continuar pagando 20?? Claro, porque
a lei que majora não retroage nunca!
Vocês viram que eu coloquei uma multa de 100%. Esse tipo de multa é muito comum. Elas são
argüidas de inconstitucionalidade porque elas seriam confiscatórias. A tese de defesa das Fazendas
sempre é de que na verdade se você não aplicar uma multa muito pesada, que seja proporcional
àquela infração ninguém vai cumprir a norma. Uma multa muito pequena eu não vou ter qualquer
estímulo para cumprir a obrigação. É claro que se tratando de penalidade você deve observar a
razoabilidade e a proporcionalidade. Deve se observar a proporcionalidade entre a multa que está
sendo paliçada e a infração cometida.
IV) Princípio da Anterioridade
O princípio da anterioridade está previsto nos artigos 150, III, b e c. Esse é um princípio que está
relacionado com a segurança jurídica, assim como a irretroatividade. É muito comum ter a idéia
também de relação com o princípio da não surpresa, na verdade é a mesma coisa, mas a idéia é que
você não pode ser surpreendido por uma alteração legislativa. Eu vou dar para vocês cada uma das
anterioridades, vamos ver as exceções e as questões controvertidas.
Eu gostaria de começar pela primeira. O artigo 150, III, b trata da chamada anterioridade geral.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou;
Essa anterioridade sempre existiu, é da redação original da Constituição. Esse artigo estabelece que
nenhum tributo pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro da publicação da lei que o institua
ou o majore. Se foi publicado em 2001 você só pode cobrar o tributo em 2002. Essa é a ideia da
anterioridade geral, o que importa e a data da publicação e não a data que entrou em vigor.
Publicada num ano eu posso cobrar no ano seguinte.
A segunda anterioridade que é a anterioridade do artigo 150, III, c.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Esse artigo ele já estabelece que o tributo não pode ser cobrado antes de 90 dias da publicação da lei
que o crie ou majore. Aqui eu tenho um prazo de 90 dias para a cobrança . Essa anterioridade é
chamada de nonagesimal. Esse artigo foi introduzido por uma emenda. Às vezes tem algumas
questões que indicam o ano então é sempre bom que vocês tenham em mente se o dispositivo é
originário ou não. O artigo também fala de publicação.
Qual é a regra geral? E que você tem que observar as duas anterioridades. Como vou contar as duas
anterioridades? As duas contam da publicação. Então vamos dizer que eu tenho uma lei que foi
publicada em 15 de outubro de 2010. Quando aquela lei começa a produzir seus efeitos? 15 de
janeiro de 2011, ou seja você tem que verificar qual é a ultima. O que é mais pra frente? O primeiro
dia do exercício seguinte ou os noventas dias posteriores à publicação da lei? Não conta como
algumas pessoas pensam do primeiro dia do exercício financeiro mais 90 dias. Os dois contam da
publicação. Se eu quiser que a lei produza efeitos em 01 de janeiro de 2011 até quando eu tenho que
publicá-la? Até mais ou menos 01 de outubro de 2010.
Questões controvertidas:
Esse dos princípios tem algumas peculiaridades. Primeiro lugar vocês vejam que elas só fazem
menção a ei que cria ou majora tributo. O STF interpreta majoração e criação de forma literal.
Então uma lei vai precisar observar a anterioridade, quando crie tributo,ou seja, quando indique as
hipóteses de incidência ou quando majore tributo, quando aumenta a base de cálculo ou a alíquota.
Esse tipo de lei é que observa a anterioridade. Se eu tenho uma lei que reduziu o tributo eu posso
fazer uma interpretação a contrario sensu? Sim, pois a ideia é que aqui eu não tenho nenhum artigo
no CTN, ou na CF mesmo, que inviabilize uma interpretação a contrario sensu. Vamos dizer que ao
invés de majorar o tributo vem uma lei e altera o prazo de pagamento do tributo. Isso é possível?
Sim, pois isso não viola a anterioridade, o STF faz interpretação literal. Alteração de prazo de
pagamento é criação ou majoração de tributo? Não. Mas isso não viola a não surpresa? Viola, mas o
STF ignora esse argumento. Isso esta sumulado, essa é a sumula 669, do STF.
Súmula 669. Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
Se eu quisesse alterar o prazo de pagamento por decreto, eu poderia fazê-lo? Sim, pois legalidade
tem a ver com criação e majoração, nesse caso não é nenhum dos dois. Na época da CPMF a última
emenda ela não mexeu na alíquota, nem majorou a contribuição, ela simplesmente alterou o prazo
de prorrogação da CPMF. Prorrogar a cobrança de um tributo provisório tem que observar a
anterioridade? Não pois não está criando ou majorando, de acordo com o STF.
CPMF: EC 42/2003 e Princípio da Anterioridade Nonagesimal
O Tribunal, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que reconhecera ser indevida a cobrança da
CPMF em alíquota de 0,38%, nos 90 dias posteriores à publicação da EC 42/2003.
Entendeu-se não haver majoração da alíquota de modo a atrair o disposto no art. 195, § 6º,
da CF, haja vista que a EC 42/2003 teria apenas mantido a alíquota de 0,38% para o
exercício de 2004 sem instituir ou modificar a alíquota diferente da que os contribuintes
vinham pagando. Explicou-se que os contribuintes, durante o exercício financeiro de 2002 e
2003, vinham pagando a contribuição de 0,38% e não a de 0,08%. Considerou-se que, no
máximo, haveria uma expectativa de diminuição da alíquota para 0,08%, mas que o
dispositivo que previa esse percentual para 2004 teria sido revogado antes de efetivamente
ser exigível, ou seja, antes do início do exercício financeiro de 2004. Afastou-se, ainda,
ofensa à segurança jurídica, princípio sustentador do art. 195, § 6º, da CF, na medida em
que o contribuinte, há muito tempo, já pagava a alíquota de 0,38%, não tendo, por
conseguinte, sofrido ruptura com a manutenção dessa alíquota durante o ano de 2004. Por
fim, salientou-se que, se a prorrogação de contribuição não faria incidir o prazo
nonagesimal, conforme reiterados pronunciamentos da Corte, quando se poderia alegar
expectativa do término da cobrança do tributo, por maior razão não se deveria reconhecer a
incidência desse prazo quando havia mera expectativa de alíquota menor. Vencidos os
Ministros Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello, que desproviam o recurso, ao
fundamento de que a EC 42/2003, ao revogar o inciso II do § 3º do art. 84 do ADCT,
incluído pela EC 37/2002, o qual previa a alíquota de 0,08% da CPMF para o exercício
financeiro de 2004, não teria apenas prorrogado a cobrança dessa contribuição, mas
também majorado sua alíquota, causando surpresa aos contribuintes e afrontando o
princípio da anterioridade nonagesimal. Precedentes citados: ADI 2666/DF (DJU de
6.12.2002); ADI 2666 ED/DF (DJU de 10.11.2006); AI 392574 AgR/PR (DJE de
23.5.2008); ADI 4016 MC/PR (DJE de 24.4.2009.
RE 566032/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.6.2009. (RE-566032)
Mais uma observação, caiu no último concurso da magistratura federal uma questão interessante.
Qual a diferença entre anterioridade nonagesimal e a noventena? A aplicação prática é zero. Nem
todos os autores fazem essa distinção. Mas quem faz entende que a nonagesimal é essa que foi
introduzida por emenda, a noventena só se aplica às contribuições de seguridade social e está no
artigo 195, parágrafo 6º, da Constituição. Esse artigo já existia na redação original da CF. Do ponto
de vista prático, não há diferença, elas são contadas do mesmo modo.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art.
150, III, "b".
A noventena é uma exceção à anterioridade clássica, ou melhor as contribuições da seguridade
social são exceções à anterioridade geral/clássica.
Pergunta: Se eu tiver uma lei revogando isenção? Ela tem aplicação imediata. O STF entende,
dentro de uma interpretação literal,que ali tem aplicação imediata. A doutrina majoritária acha que a
revogação de isenção se equipara à criação de um tributo. Recentemente o STF reiterou o seu
entendimento.
Exceções constitucionais: Vou dar as exceções por anterioridade.
ANTERIORIDADE CLÁSSICA/GERAL ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
Quatro impostos extrafiscais: II, IE, IOF e IPI.
Eles também são exceções à legalidade. Art.
150, parágrafo 1º, Constituição
II, IE, IOF (impostos extrafiscais) e IR. O IPI
não é exceção! O IPI é uma exceção à
anterioridade geral, mas observa à nonagesimal.
O IR é o inverso, ele observa a geral e é uma
exceção à nonagesimal.
Empréstimo compulsório em caso de guerra
externa ou calamidade. Tem duas hipóteses de
compulsório, mas a exceção é a do art. 148, I,
CF
Empréstimo compulsório em caso de guerra
externa ou calamidade. Tem duas hipóteses de
compulsório, mas a exceção é a do art. 148, I,
CF
Imposto extraordinário de guerra. Art. 154, II Imposto extraordinário de guerra. Art. 154, II
Contribuições sociais de seguridade social – art.
195, parágrafo 6º, CF. Exemplos: COFINS, PIS,
Fixação de base de cálculo do IPVA e do IPTU.
A base de cálculo desses impostos é o valor
CSLL, FUNRURAL, antiga CPMF,
contribuições previdenciárias e etc.
venal. No caso do IPTU haverá publicação de
plantas de valores, e do IPVA haverá
publicação de tabelas
ICMS monofásico – artigo 155, parágrafo 4º,
inciso IV, c, CF. Caso esse imposto venha a
existir ele não vai observar a anterioridade geral
CIDE-combustíveis – art. 177, parágrafo 4º, I, b
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e
V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e
156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
Art. 154. A União poderá instituir:II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal,
nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33,
de 2001)
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
Art. 177. Constituem monopólio da União:
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
Para terminar a aula eu vou dar uma questão que junta os dois princípios. O fato gerador do
IPVA/IPTU ocorre em 01 de janeiro. Em 30 de novembro de 2009 foi publicada uma lei que
aumentou a base de cálculo, ou seja foi publicada uma nova tabela ou uma nova planta de valores.
Só que essa lei disse que ela entra em vigor 60 dias após a publicação. Essa majoração, essa lei
pode se aplicar ao IPTU/IPVA de 2010? Anterioridade tem algum problema? Não, pois essa lei é
uma exceção aos 90 dias, então ela só deve respeitar a anterioridade geral. O problema aqui é o
princípio da irretroatividade. Essa lei entrou em vigor em 30 de janeiro de 2011, quando ela entrou
em vigor o fato gerador do tributo em tela já tinha ocorrido, portanto a cobrança é inconstitucional
por violar o princípio da irretroatividade.