trauma panfacial

33
TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS FRATURAS PANFACIAIS Professor orientador Emilio Marquardt Especialista e Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Josué Ramos Pereira Residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial

Upload: joramosp

Post on 05-Apr-2017

64 views

Category:

Health & Medicine


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: trauma panfacial

TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS FRATURAS PANFACIAIS

Professor orientador Emilio MarquardtEspecialista e Mestre em Cirurgia e Traumatologia

BucomaxilofacialJosué Ramos Pereira

Residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial

Page 2: trauma panfacial

Por definição, são assim denominadas quando todos os terços da face apresentam fraturas. Na prática clinica, o termo passou a implicar em duas áreas do envolvimento, o terço médio da face e mandíbula e/ou o osso frontal.

MANSON; CLARK; ROBERTSON et al, 1999.

Page 3: trauma panfacial

O tratamento das fraturas panfaciais é complexo, pois muitas vezes não há uma estrutura óssea estável servindo de guia para redução das múltiplas fraturas.

“de baixo para cima e de dentro para fora” ou

ainda, “de cima para baixo e de fora para

dentro”. MARZOLA; TOLEDO-FILHO; SOUZA-SILVA, 2005.

Page 4: trauma panfacial

Frequentemente estão associadas com outras lesões sistêmicas que comprometem a vida do paciente, requerendo um atendimento inicial e, dessa forma, postergando o tratamento definitivo das fraturas múltiplas da face.

JACK; STEWART; RINKER et al., 2005.

Page 5: trauma panfacial

O tratamento cirúrgico é extremamente complexo, muitas vezes não há uma estrutura estável podendo ser usada como referência para o restabelecimento da continuidade óssea, podendo resultar em significativos problemas funcionais, além de deformidades estéticas

CLAUSER; GALIÉ; MANDRIOLI et al.

Page 6: trauma panfacial

As sequências “de baixo para cima e de dentro para fora” ou ainda “de cima para baixo e de fora para dentro” têm sido usadas para descrever duas das abordagens clássicas para o tratamento das fraturas panfaciais. Outras sequências existem, mas são variações destas duas abordagens principais.

MARZOLA; TOLEDO-FILHO; SOUZA-SILVA, 2005; MARZOLA; TOLEDO-FILHO; TORO, 2005; LOUIS, 2009

Page 7: trauma panfacial

A completa exposição das regiões fraturadas é o primeiro e essencial passo para o tratamento das fraturas panfaciais.

ACESSOS CIRÚRGICOS

ELLIS III; ZIDE, 2006

Page 8: trauma panfacial
Page 9: trauma panfacial
Page 10: trauma panfacial

As placas e parafusos são fixados nos pilares promovendo a estabilização das fraturas.

A reconstrução dos pilares caninos e zigomáticos são de suma importância para a obtenção do reparo da maxila. A exposição direta dos pilares de sustentação da face e a sua estabilização promove uma exata reconstrução anatômica.

FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA

HAYTER; CAWOOD, 1993

Page 11: trauma panfacial

Durante o tratamento cirúrgico das fraturas múltiplas da face deve-se atentar para o restabelecimento da largura e altura da face, restaurando assim as dimensões faciais.

A principal vantagem é na questão funcional, pois permite a consolidação primária das fraturas sem alterar ou impedir a função mastigatória durante o período de consolidação óssea, além de oferecer menos risco de infecção.

ASSEL; KLOTCH; MANSON et al., 1998

Page 12: trauma panfacial
Page 13: trauma panfacial

As placas do sistema 1.0 mm, 1.5 mm e 2.0 mm são genericamente indicadas para fraturas de maxila, complexo zigomaticorbital, frontonasal e calota craniana, portanto indicadas para redução de pequenos fragmentos ou em áreas mais delicadas onde a placa pode ser visível e palpável. As placas 2.0 e 2.4 mm são indicadas para a mandíbula, apesar de promover compressão, ainda são menores que as forças atuantes sobre a mandíbula, constituindo-se assim em opção secundária.

ASSAEL; KLOTCH; MANSON et al., 1998

Page 14: trauma panfacial

As placas 2.4 mm são utilizadas no tratamento de todos os tipos de fraturas de mandíbula e em casos de reconstrução primária. As placas do sistema 2.7 mm são indicadas para os casos em que se requer estabilidade com pouca compressão, onde a estabilidade é proporcionada pelo tamanho da placa e não pela compressão exercida pela mesma.

MANGANELLO-SOUZA; SILVEIRA, 1993; e MANGANELLO-SOUZA; CABEZAS, 2006

Page 15: trauma panfacial

sequências “de baixo para cima e de dentro para fora” ou “de cima para baixo e de fora para dentro” têm sido usadas para descrever duas das abordagens clássicas para o manejo das fraturas panfaciais.

Tradicionalmente a sequência de tratamento das fraturas complexas iniciou-se com o restabelecimento da oclusão e, redução e fixação das fraturas mandibulares. Dessa forma obtêm-se um ponto estável e, a partir desse momento serve de referência para a reconstrução da parte superior da face.

MANSON; CLARK; ROBERTSON et al, 1999.

Page 16: trauma panfacial

Quadro 01- Sequência de baixo para cima e de dentro para fora.Fonte: LOUIS, J. L. Tratamento das fraturas panfaciais. In: MILORO, M.; GHALI, G. E.; LARSEN, P. E. et al., Princípios de cirurgia Bucomaxilofacial de Peterson. São Paulo: Ed. Santos, 2009, p. 547-59.

Page 17: trauma panfacial

Quadro 02- Sequência de cima para baixo e de fora para dentro.Fonte: LOUIS, J. L. Tratamento das fraturas panfaciais. In: MILORO, M.; GHALI, G. E.; LARSEN, P. E. et al., Princípios de cirurgia Bucomaxilofacial de Peterson. São Paulo: Ed. Santos, 2009, p. 547-59.

Page 18: trauma panfacial

RELATO DE CASO

Page 19: trauma panfacial

Paciente L.P.S., de 17 anos, melanoderma gênero masculino deu entrada no pronto atendimento do Hospital e Pronto Socorro municipal de Cuiabá sendo acometido de acidente de trabalho ocasionando-lhe múltiplas fraturas faciais

Aspecto clinico do paciente no primeiro atendimento no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá-MT, evidenciando perca de dimensão vertical.

Page 20: trauma panfacial

Se encontrava em situação de risco de vida (TCE grave), permaneceu em tratamento intensivo por 54 dias, sendo encaminhado, posteriormente, para o Hospital Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá-MT, para tratamento cirúrgico das fraturas faciais, em seu plano de tratamento constava a redução das fraturas e fixação com placa e parafusos além de broqueio intermaxilar.

Page 21: trauma panfacial

Reconstrução tridimensional computadorizada, evidenciando diversas fraturas da face.

Page 22: trauma panfacial

O paciente submetido a anestesia geral, ventilação via traqueostomia. Para a exposição da linha de fratura fronto-zigomática foram realizadas incisões supraciliares lateral, direita e esquerda, incisão fronto-nasal para visualização das fraturas do osso frontal e nasal, incisões infra-orbitais e exposição de região de assoalho de orbita e borda inferior

Page 23: trauma panfacial

após a visualização de todos os traços de fratura o reposicionamento foi obtido com o gancho de barros, logo após foi realizado a redução e fixação da fratura sagital do palato duro e instalação da barra de Erich na maxila e mandíbula, e feito o broqueio maxilo-mandibular

Page 24: trauma panfacial

O acesso à região de fratura subcondilar, foi realizado através da incisão retromandibular esquerdo, realizada a redução aberta e a fixação com placa e parafusos de titânio do sistema 1.5mm.

Page 25: trauma panfacial

Para o tratamento da fratura de ângulo de mandíbula foi realizado um acesso extra oral retromandibular e para a sínfise uma incisão intra-oral em sulco vestibular inferior e fixação com placas e parafusos de titânio do sistema 2.4. Restabelecendo altura e largura do terço inferior da face.

Page 26: trauma panfacial

A fixação das fraturas fronto-zigomática direita e esquerda, e zigomático orbital direita e esquerda foram realizadas com placas e parafusos do sistema 2.0mm.

Em seguida foi realizado a redução do complexo naso-orbito-etmoidal com fixação através de placa e parafuso do sistema 2.0mm, do osso fronto-nasal e realinhamento dos ossos próprios do nariz.

Page 27: trauma panfacial

Por ultimo para a redução da maxila foi realizado incisão na região de sulco vestibular superior, fixação de fratura Le Fort I utilizando placas e parafusos do sistema 2.0mm em região de pilar canino e pilar zigomático. As incisões foram realizadas com laminas de bisturi nº15 e criteriosa dissecção muscular com tesoura de ponta romba, as suturas dos acessos cirúrgicos intra oral e pontos internos foram realizados com fio vicryl 4.0, nos acessos extra orais e suturas da pele foram realizadas com fio de nylon 5.0.

Page 28: trauma panfacial

Tomografia computadorizada tridimensional inicial e em pós-operatório de três dias. Fonte: cortesia do Dr. Emilio Jose Marquardt Filho.

Imagem frontal do paciente em pós-operatório de 18 meses, dimensão faciais recuperadas.

Page 29: trauma panfacial

A sequência exata de redução das fraturas não é tão importante quanto o desenvolvimento de um plano de tratamento que permita o posicionamento preciso dos segmentos fraturados.

CONCLUSÃO

Diferentes ordens de tratamento vêm sendo propostas, no entanto qualquer uma delas é satisfatória quando se compreende a arquitetura dos ossos da face, as metas e os procedimentos.

Page 30: trauma panfacial

O sucesso do tratamento baseia-se, também, na experiência do cirurgião e, na prevenção de erros. No tratamento desses pacientes o cirurgião deve colocar todos os conceitos adquiridos na sua experiência profissional. Vários pontos devem ser preestabelecidos como por exemplo, decidir as primeiras fraturas que devam ser reduzidas para que as outras possam se encaixar perfeitamente.

CRUZ; COSTA, 1987 e MANSON; CLARK; ROBERTSON et al., 1999

Page 31: trauma panfacial

OBRIGADO !!!!!

Page 32: trauma panfacial

JACK, J.; STEWART, D.; RINKER, B. Modern surgical treatment of complex facialfractures: a 6-year review.J.Craniofac.Surg., Lexington, v. 16, n. 4, p. 726-31, jul., 2005.LOUIS, J.L. Tratamento das fraturas panfaciais. In:MILORO, M.; GHALI, G.E.; LARSEN, P.E. et al., Princípios de cirurgia Bucomaxilofacial de Peterson.São Paulo: Ed. Santos, 2009,p. 547-59.

ELLIS III, E.; ZIDE, M.F. Acessos cirúrgicos ao esqueleto facial. 2ªedição. São Paulo: Ed. Santos, 2006, p. 193-212.HAYTER, J.P.; CAWOOD, J.I. The functional case for miniplates in maxillofacial surgery. Int. J. oral Maxillofac. Surg.,Munksgard,v. 22, n. 1, p. 91-6, 1993.

ASSEL, L.A.;KLOTCH, D.W.; MANSON, P.N. et al., Manual of internal fixation in the cranio-facial skeleton. Nova York: Ed. Springer, 1998,p. 95-107.

CRUZ, R.L.; COSTA, E.A. Fraturas múltiplas de face. In:PSILLAKIS, J.M.; ZANINI, S.A. Cirurgia craniomaxilofacial: osteotomias estéticas da face. São Paulo: Ed. Medsi, 1987,p. 551-62.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 33: trauma panfacial