tratamento da sÍndrome de kleine-levin · qualidade do sono, atividade tão essencial à saúde. o...

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gravíssima, com IAH de 56,7 eventos por hora de sono e saturação mínima da oxi-hemoglobina de 79%. O plano de tratamento seguiu as diretrizes do benefício antecipado, pois a complexidade da má oclusão só seria corrigida em, no mínimo, um ano de tratamento ortodôntico prévio, indicando que o mesmo se submetesse à cir- urgia ortognática para posterior correção dentária e reabilitação protética. A ecácia do tratamento da SAOS foi alcançada, pois no pós-operatório imediato, o paciente já relatava uma melhora progressiva dos sintomas, com a diminuição do ronco e da sono- lência diurna. Após quatro meses da cirurgia, uma nova polisso- nograa foi realizada e indicou IAH de 4 eventos por hora de sono, apenas em decúbito dorsal e durante o sono REM, evidenciando a melhora funcional do mesmo, com ausência de roncos e de des- saturação da oxi-hemoglobina. Numa análise comparativa das medidas pré e pós-operatórias da cefalometria de apneia do sono, pode-se observar o aumento das vias aéreas superiores e 14 meses após a cirurgia ortognática de avanço bimaxilar pela Surgery First, o paciente continuou motivado e nalizou o tratamento orto- dôntico, não apresentando mais edema e com perl facial estável. Seus relatos de melhora do sono e qualidade de vida foram frequentes. http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.165 41583 TRATAMENTO DA ATRESIA MAXILAR E SUA INFLUÊN- CIA NA SÍNDROME DA APNÉIA E HIPOPNÉIA OBS- TRUTIVA DO SONO: RELATO DE CASO Camila Telles Lucas Nogueira, Renato Bigliazzi, Waddinton Pasini Hashizume, André Pinheiro de Magalhães Bertoz UNESP E-mail address: [email protected] (A. P. de Magalhães Bertoz) Resumo A Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é caracterizada por episódios repetidos de colapso parcial (hi- popnéias) ou completo (apnéias) das vias aéreas superiores dura- nte o sono com alta prevalência em crianças e que pode repercutir de forma deletéria, pois causa a diminuição da oxigenação san- guínea. A SAHOS em crianças está frequentemente associada entre outros fatores com a atresia da maxila e a mordida cruzada pos- terior. A Expansão Rápida da Maxila (ERM) tem por objetivo o aumento ortopédico da dimensão transversa maxilar inuencian- do também na cavidade nasal. Desse modo a ERM apresenta-se como uma ferramenta importante no tratamento da SAOS em crianças. Paciente JMFSJ, 12 anos, sexo masculino, apresentou-se à clínica da Disciplina de Ortodontia da FOA-UNESP, apresentando ao exame clínico má oclusão de Classe II, divisão 1ª de Angle, re- trusão mandibular, atresia de maxila, mordida profunda, perl convexo e características faciais de respirador bucal. A mãe relatou a falta de disposição, dores de cabeça constantes e sonolência diurna, que segundo ela estava relacionado ao sono agitado dura- nte a noite. Após o pedido de polissonograa, constatou-se uma apnéia de grau moderado. A prioridade terapêutica foi pro- porcionar o aumento da dimensão transversa da maxila através da ERM, objetivando o aumento da capacidade aérea nasal. Ime- diatamente após o período ativo da ERM, nova polissonograa foi realizada apresentando melhora nos índices de apnéia/hipopnéia A ERM como opção de tratamento proporcionou a correção da discrepância transversa da maxila promovendo o aumento volu- métrico da cavidade nasal com consequente melhora no índice de apnéia/hipopnéia e na quantidade de eventos respiratórios do paciente. http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.166 41088 TRATAMENTO DA SÍNDROME DE KLEINE-LEVIN Pedro Ernesto Barbosa Pinheiro, Lais Fardim Novaes, Luíza Sampaio Barretto, Alan Luiz Eckeli, Romes André Proença de Souza HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO E-mail address: [email protected] (L.F. Novaes) Resumo Introdução A Síndrome de Kleine-Levin (KLS) se caracteriza por episódios recorrentes de hipersonolência em associação a distúrbios cogni- tivos, psiquiátricos ou comportamentais. Desde sua denição em 1942, é um transtorno desaador pela sua raridade e im- previsibilidade dos episódios que o caracterizam. Sua siopatolo- gia se mantém incerta e seu tratamento é baseado em medidas de suporte e em medicações sintomáticas na crise. Estudos utilizando diversas classes de medicações como anticonvulsivantes, psicoes- timulantes, benzodiazepínicos, antipsicóticos e estabilizadores de humor não obtiveram evidência adequada para instituir qualquer droga como padrão. Recentemente se observou melhora dos sin- tomas em alguns pacientes tratados com Claritromicina, anti- biótico com efeito antagonista em receptores GABAA. Relato Estudante, masculino, 16 anos, apresentava de forma recorrente nos últimos 12 meses três episódios caracterizados por sonolência excessiva com tempo total de sono aumentado (18 h/dia), períodos de vigília com lenticação psicomotora, perda do interesse pelas atividades habituais e sensação de desrealização. Negava alucina- ções, alterações de apetite, humor, sexualidade ou desinibição comportamental. Foi atendido por médico do sono durante o 3° episódio, após 03 dias do início dos sintomas. Não apresentava alterações em exame físico nem outras causas que justicassem o quadro. Optou-se pela prescrição de Claritromicina (250 mg por 3 dias seguido por 500 mg por 2 dias). Com 2 dias de tratamento apresentou melhora da sonolência e em 5 dias melhora completa do quadro. Após 3 meses, relatou queixa inédita de dor ocular, visão em túnel, hiporexia e um novo episódio de hipersonolência. Foi novamente medicado com Claritromicina (500 mg por 3 dias e 1000 mg por 7 dias) com remissão da sonolência após 3 dias. Observamos a presença de eosinolia persistente desde o início do quadro. Como antecedentes, tem diagnóstico de vitiligo. Sem his- tórico de transtornos psiquiátricos, uso de drogas, traumas, Abstracts of XV Brazilian Sleep Congress / Sleep Science 8 (2015) 169255 251

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Page 1: TRATAMENTO DA SÍNDROME DE KLEINE-LEVIN · qualidade do sono, atividade tão essencial à saúde. O presente estudo propõe dentro de uma visão multifatorial da Síndrome da apneia

gravíssima, com IAH de 56,7 eventos por hora de sono e saturaçãomínima da oxi-hemoglobina de 79%. O plano de tratamento seguiuas diretrizes do benefício antecipado, pois a complexidade da máoclusão só seria corrigida em, no mínimo, um ano de tratamentoortodôntico prévio, indicando que o mesmo se submetesse à cir-urgia ortognática para posterior correção dentária e reabilitaçãoprotética. A eficácia do tratamento da SAOS foi alcançada, pois nopós-operatório imediato, o paciente já relatava uma melhoraprogressiva dos sintomas, com a diminuição do ronco e da sono-lência diurna. Após quatro meses da cirurgia, uma nova polisso-nografia foi realizada e indicou IAH de 4 eventos por hora de sono,apenas em decúbito dorsal e durante o sono REM, evidenciando amelhora funcional do mesmo, com ausência de roncos e de des-saturação da oxi-hemoglobina. Numa análise comparativa dasmedidas pré e pós-operatórias da cefalometria de apneia do sono,pode-se observar o aumento das vias aéreas superiores e 14 mesesapós a cirurgia ortognática de avanço bimaxilar pela Surgery First”,o paciente continuou motivado e finalizou o tratamento orto-dôntico, não apresentando mais edema e com perfil facial estável.Seus relatos de melhora do sono e qualidade de vida foramfrequentes.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.165

41583

TRATAMENTO DA ATRESIA MAXILAR E SUA INFLUÊN-CIA NA SÍNDROME DA APNÉIA E HIPOPNÉIA OBS-TRUTIVA DO SONO: RELATO DE CASO

Camila Telles Lucas Nogueira, Renato Bigliazzi,Waddinton Pasini Hashizume,André Pinheiro de Magalhães Bertoz

UNESPE-mail address: [email protected] (A.P. de Magalhães Bertoz)

Resumo

A Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS)é caracterizada por episódios repetidos de colapso parcial (hi-popnéias) ou completo (apnéias) das vias aéreas superiores dura-nte o sono com alta prevalência em crianças e que pode repercutirde forma deletéria, pois causa a diminuição da oxigenação san-guínea. A SAHOS em crianças está frequentemente associada entreoutros fatores com a atresia da maxila e a mordida cruzada pos-terior. A Expansão Rápida da Maxila (ERM) tem por objetivo oaumento ortopédico da dimensão transversa maxilar influencian-do também na cavidade nasal. Desse modo a ERM apresenta-secomo uma ferramenta importante no tratamento da SAOS emcrianças. Paciente JMFSJ, 12 anos, sexo masculino, apresentou-se àclínica da Disciplina de Ortodontia da FOA-UNESP, apresentandoao exame clínico má oclusão de Classe II, divisão 1ª de Angle, re-trusão mandibular, atresia de maxila, mordida profunda, perfilconvexo e características faciais de respirador bucal. A mãe relatoua falta de disposição, dores de cabeça constantes e sonolênciadiurna, que segundo ela estava relacionado ao sono agitado dura-nte a noite. Após o pedido de polissonografia, constatou-se umaapnéia de grau moderado. A prioridade terapêutica foi pro-porcionar o aumento da dimensão transversa da maxila através da

ERM, objetivando o aumento da capacidade aérea nasal. Ime-diatamente após o período ativo da ERM, nova polissonografia foirealizada apresentando melhora nos índices de apnéia/hipopnéiaA ERM como opção de tratamento proporcionou a correção dadiscrepância transversa da maxila promovendo o aumento volu-métrico da cavidade nasal com consequente melhora no índice deapnéia/hipopnéia e na quantidade de eventos respiratórios dopaciente.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.166

41088

TRATAMENTO DA SÍNDROME DE KLEINE-LEVIN

Pedro Ernesto Barbosa Pinheiro, Lais Fardim Novaes,Luíza Sampaio Barretto, Alan Luiz Eckeli,Romes André Proença de Souza

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETOE-mail address: [email protected] (L.F. Novaes)

Resumo

Introdução

A Síndrome de Kleine-Levin (KLS) se caracteriza por episódiosrecorrentes de hipersonolência em associação a distúrbios cogni-tivos, psiquiátricos ou comportamentais. Desde sua definição em1942, é um transtorno desafiador pela sua raridade e im-previsibilidade dos episódios que o caracterizam. Sua fisiopatolo-gia se mantém incerta e seu tratamento é baseado em medidas desuporte e em medicações sintomáticas na crise. Estudos utilizandodiversas classes de medicações como anticonvulsivantes, psicoes-timulantes, benzodiazepínicos, antipsicóticos e estabilizadores dehumor não obtiveram evidência adequada para instituir qualquerdroga como padrão. Recentemente se observou melhora dos sin-tomas em alguns pacientes tratados com Claritromicina, anti-biótico com efeito antagonista em receptores GABAA.

Relato

Estudante, masculino, 16 anos, apresentava de forma recorrentenos últimos 12 meses três episódios caracterizados por sonolênciaexcessiva com tempo total de sono aumentado (18 h/dia), períodosde vigília com lentificação psicomotora, perda do interesse pelasatividades habituais e sensação de desrealização. Negava alucina-ções, alterações de apetite, humor, sexualidade ou desinibiçãocomportamental. Foi atendido por médico do sono durante o 3°episódio, após 03 dias do início dos sintomas. Não apresentavaalterações em exame físico nem outras causas que justificassem oquadro. Optou-se pela prescrição de Claritromicina (250 mg por3 dias seguido por 500 mg por 2 dias). Com 2 dias de tratamentoapresentou melhora da sonolência e em 5 dias melhora completado quadro. Após 3 meses, relatou queixa inédita de dor ocular,visão em túnel, hiporexia e um novo episódio de hipersonolência.Foi novamente medicado com Claritromicina (500 mg por 3 dias e1000 mg por 7 dias) com remissão da sonolência após 3 dias.Observamos a presença de eosinofilia persistente desde o início doquadro. Como antecedentes, tem diagnóstico de vitiligo. Sem his-tórico de transtornos psiquiátricos, uso de drogas, traumas,

Abstracts of XV Brazilian Sleep Congress / Sleep Science 8 (2015) 169–255 251

Page 2: TRATAMENTO DA SÍNDROME DE KLEINE-LEVIN · qualidade do sono, atividade tão essencial à saúde. O presente estudo propõe dentro de uma visão multifatorial da Síndrome da apneia

viagens ou exposição recente a anestésicos. Sem casos se-melhantes na família. Irmãos, tias e mãe com diagnóstico dedoenças autoimunes. Ressonância Magnética de encéfalo e triagemautoimune normais.

Conclusões

Descrevemos um paciente com KLS com melhora significativa dasonolência após a introdução de claritromicina. Um outro achado é apresença concomitante de eosinofilia após o início dos sintomas.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.167

43582

UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR DA SAHOS NACLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA: UM ESTUDO DE CASO

Vera Cristina Alexandre de Souza, Thyene de Vilhena

CLINICA PARTICULARE-mail address: [email protected] (V.C.A. de Souza)

Resumo

Introdução

Diferentes áreas do conhecimento, como a fonoaudiologia seunem na tentativa de contribuírem e resgatarem a importância e aqualidade do sono, atividade tão essencial à saúde. O presenteestudo propõe dentro de uma visão multifatorial da Síndrome daapneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) uma aborda-gem terapêutica em que valorize o Sujeito em seu contexto so-ciocultural. Considera o trabalho conjunto das diferentes áreas doconhecimento imprescindíveis para uma compreensão diferen-ciada sobre os quadros de SAHOS, em que o tratamento favoreçauma postura mais autônoma. Propicia a conscientização do que foiperdido em termos de qualidade de vida e o que pode ser feitopara resgatar sua saúde.

Método

Trata-se de um estudo de caso. O paciente do sexo masculino, comcinqüenta e quatro anos de idade, com diagnóstico de SAHOS com umIAH que corresponde ao grau moderado, de acordo com a polissono-grafia. O tratamento foi iniciado após encaminhamento médico eavaliação multiprofissional. Recebeu atendimento fonoaudiológicosemanal durante seis meses em que se priorizou a conscientização dopadrão respiratório, da funçãomastigatória e da postura lingual. Foramrealizados exercícios que incentivam a respiração nasal, a movi-mentação diafragmática e técnica de higienização nasal. Atividadesque favoreçam a autopercepção, o relaxamento e a propriocepção.Terapia miofuncional com massagens em região facial, ombro e pes-coço e exercícios isométricos e isotônicos com as estruturas orais,musculatura facial e suprahioidea. Foram recomendados de dois a trêsexercícios miofuncionais na frequência de três vezes diárias.

Resultado

Durante o acompanhamento observou-se mudança com re-lação à aquisição de hábitos saudáveis em busca de melhor

qualidade de vida, como atividade física, alimentação saudável ehigiene do sono. Verificou-se o comprometimento e a adesão aosexercícios miofuncionais diários sugeridos, assim como às orien-tações recomendadas. Polissonografia após seis meses com IAHreduzido que corresponde a quadro leve de SAHOS.

Conclusão

A variabilidade e complexidade dos sintomas da SAHOS devemser compreendidos e considerados na clínica terapêutica. Ob-servou-se um resultado satisfatório diante do acolhimento doSujeito e não do paciente com SAHOS, o que leva a uma reflexãosobre os efeitos da clínica transdisciplinar, em que a troca deconhecimentos conduz a um acolhimento mais humanizado, eficaze transformador.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.168

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USO DA POLIGRAFIA NOTURNA DE VARIÁVEIS RESPIRA-TÓRIAS COMO ALTERNATIVA PARA O ESTUDO DOS DIS-TÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO NA REDE PÚBLICADE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

THAYSE NEVES SANTOS SILVA, Danielle Cristina Silva Clímaco,Lívia Beatriz Santos de Almeida Gomes, Isaac Vieira Secundo,Fernando Luiz Cavalcanti Lundgren, Juliana Alves Accioly Lins,Larissa Miranda Gusmão, Adriana Barbosa Tavares, Jéssica Urbano

FACULDADE ESTÁCIO FIR/HOSPITAL OTÁVIO DE FREITAS SES/PEE-mail address: [email protected] (T.N. SANTOS SILVA)

Resumo

INTRODUÇÃO

O método considerado “padrão-ouro” para o diagnóstico de dis-túrbios do sono é a polissonografia, no entanto, a baixa disponibilidadedeste recurso, pelo alto custo e a necessidade de aparelhos de razoávelcomplexidade, limita seu uso. A poligrafia noturna de variáveis respira-tórias (PGR) é um método simplificado e apresenta-se como estratégiapromissora, avalia esforço respiratório, fluxo nasal e oxigenação nosangue. Apresenta uso ainda restrito, defendido para pacientes com altaprobabilidade para apneias obstrutivas moderadas a graves sem sig-nificantes comorbidades.

OBJETIVO

Apresentar dados da população examinada através da PGR as-sim como as taxas de repetição registradas e a qualidade do sonorelatada imediatamente após o teste.

METODOLOGIA

Estudo tipo coorte transversal da população de pacientes sub-metida à PGR em um serviço público de referência para o trata-mento dos distúrbios respiratórios ligados ao sono. A PGR foirealizada em 142 pacientes, 78 homens e 65 mulheres, com idademédia de 38,97719,3, índice de massa corpórea 27,96711 kg/cm2, no período de dezembro de 2014 à maio de 2015. Como

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