trabalho neurociências
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema a Depressão e vem no âmbito da cadeira de
Neorociências do Comportamento do curso de Psicologia do 3º ano do Instituto
Universitário D. Afonso III.
Este trabalho, tem como objectivo explorar o tema da Depressão tendo em conta
a sua compreensão, a sua dinâmica, a sua história e as várias abordagens das várias
correntes da Psicologia, passando pelo modelo ateórico. Sendo importante saber o
que dizem as principais correntes da Psicologia sobre a Depressão para termos uma
melhor compreensão sobre o tema.
Será feita uma revisão bibliográfica sobre o tema da Depressão, que se engloba
nas Perurbações de Humor. As Perturbações de Humor são perturbações que do foro
mental que influência o humor dos sujeitos. No quadro das Perturbações do Humor
existem as perturbações unipolares e as bipolares. As unipolares como a Perturbação
Depressivo Major e a Perturbação Distimica. Enquanto que como perturbações
bipolares temos as que têm episódios maníacos ou mistos e o polo depressivo.
Existem Perturbações Bipolares do tipo I e tipo II. A Perturbação Bipolar I é a mais
grave tendo episódios maníacos ou mistos e episódios de depressão major, enquanto
que a Perturbação Bipolar do tipo II apresenta também episódios depressivo major
episódios hipomaniacos, que não preenchem os critérios de episódios mistos ou
maníacos e ainda a Perturbação Ciclotimica em que não preechem os critérios de
episódios depressivo major e com episódios hipomaníacos.
Sendo o respectivo trabalho centrado na Depressão o tema será focalizado para
esta psicopatologia.
Serão abordados diversos temas relacionados com a Depressão, tendo em
conta a sua história e de como a doença foi abordada ao longo dos tempos e as
diversas teorias formadas até aos dias de hoje.
A Depressão é uma doença que assola hoje em dia milhões de pessoas no
mundo inteiro, saber-mos as suas causas poderá com que ela não nos afecte ?
Pensa-se que não será bem assim, já que esta doença está relacionada de acordo
com o modelo psicodinâmico às vivências da nossa infância que se for experienciada
de determinada maneira irá predispor o indíviduo para a doença, de acordo com o
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modelo cognitivo-comportamental a doença é vista de acordo como a experiência do
sujeito e o modo como essas experiências são percebidas de acordo com as seus
pensamentos e cognições, poderão despoletar a Depressão.
Sendo este trabalho para a cadeira de neurociências do comportamento, é
essencial fazer uma abordagem do tema e saber como o Sistema Nervoso Central é
afectado, o que sucede no interior do cérebro que modificações neurais aconteçem
num individuo com Depressão. Dando uma maior relevância aos circuitos associados
às perturbações de humor, como o sistema límbico e as suas estruturas associadas
passando pelos neurotransmissores,(Serotonina, Noradrenalina, Dopamina, etc.).
A Depressão, sendo uma Perturbação do Humor caracteriza-se pelo seu estado
de humor depressivo, ou seja por um humor triste, uma tristeza perlongada no tempo e
a sua intensidade, que vai despoletar uma diversidade de sintomas que causam mal
estar, que podem se tornar impeditivos dos sujeitos portadores da psicopatologia de
terem uma vida normal e praseirosa, já que o desprazer é um pensamento,
sentimento, recorrente e intenso.
Será feita uma abordagem às várias terapias adoptadas para o tratamento da
depressão. Existem várias terapias que se podem adoptar, mas que podem variar
consoante o tipo de depressão e a sua intensidade. Para depressões mais graves e
agudas, aconselha-se o acompanhamento psiquiátrico e a farmacologia associada a
uma psicoterapia. Irá ser abordado mais adiante os tipos de tratamentos
farmacológicos e as várias psicoterapias associadas ao tratamento da Depressão,
sendo umas mais demoradas que outras, sendo uma delas a terapia cognitivo
comportamental, que trata dos sintomas manifestos através da mudança de
pensamentos e consequentemente mudança de comportamentos, que é uma terapia
mais rápida do que a terapia psicanalítica que trata do sintoma latente, ou seja onde
se originou o conflito intrapsiquico que despoletou a depressão, sendo esta terapia
mais morosa, podendo mesmo levar anos. Uma boa psicoterapia acompanhada da
farmacologia adequada pode ser uma boa terapia para solucionar o problema da
Depressão, claro que isto varia de pessoa para pessoa e que uma terapia para um
individuo não quer dizer que seja igual para outro, já o problema de uma pessoa não
quer dizer que seja o mesmo de outra.
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História da Depressão
Ao longo dos tempos que a tristeza é relatada, em grandes obras escritas na
antiguidade, tais como a Ilíada de Homero escrita em sec. VIII a.C., em que o
personagem Bellerofonte era um melancólico vitima do ódio dos deuses e por eles
condenado ao ódio, ao sofrimento e à solidão. Esta tristeza vem do grego e deriva da
teoria dos humores de Hipócrates (460-277 a.C), no qual as oscilações de humor
estavam associadas a um desquilibrio em um dos quatro humores: o sangue, a linfa, a
bile amarela e a bile negra. Sendo o aumento da bile negra a causadora da tristeza ou
melancolia, do grego melagkholia “mélas,aina,an= negro+ kholê,ês =bile”, em que os
seus sitomas eram a tristeza, ansiedade e tendência ao suicídio. Mas na opinião de
Hipócrates, as causas da melancolia eram fruto da combinação de factores ambientais
e internos.
Aristóteles (384-322 a.C.), tendo em conta a teoria de Hipócrates sobre a bile
negra e os seus efeitos nas pessoas. De acordo com o filósofo grego, a tristeza era
uma doença que assolava as pessoas ilustres, que eram mais vulneraveis que as
outras pessoas porque tinham uma maior concentração de bile negra. Aristóteles dizia
que uma determinada dose de bile negra tornaria o homem um génio, já uma
quantidade excessiva tornava a pessoa doente. Deste modo Aristóteles tomaria a
melancolia como algo de genial, já que os melancólicos seriam mais inteligentes e
menos excentricos e eram superiores às outras pessoas em várias actividades como
na educação, nas artes, ou na politica. Nesta época a inspirição poetica deixava de ser
vista como uma intervenção divina mas sim devido a causas internas do ser humano,
como a bile negra. Segundo Aristóteles o excesso de bile negra e fria tornava as
pessoas mais propensas ao medo e desespero. Na trasição desse estado da bile
negra fria para o um sobreaquecimento tornava as pessoas propensas a
manifestações de alegria e loucura passavam de um estado melancólico para um
estado de euforia. O estado de tristeza e melancolia era proveniente de elementos
externos, como o consumo de lacticinios. A temperatura da bile naquela época era
fonte de influencia dos comportamentos das pessoas já que pessoas com a bile fria
tinham tendência à covardia, o medo era visto tal como o frio, como os tremores de frio
e os tremores de medo. Enquanto que a bile quando quente, perante uma situação de
perigo um homem se materia calmo e seguro. Segundo Aristóteles a bile negra era o
que controlava o humor das pessoas.
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Tratamentos para a melancolia foram efectuados no sec. I que consistia em
terapias como a ginástica, viagens, massagens e água mineral. No sec. II destaca-se
o trabalho de Galeno, que era médico do Imperador Romano Marco Aurélio. Galeno,
foi um estudioso do funcionamento do cerebro e da medula, durante estes estudos
escreveu um capitúlo sobre a tristeza e melancolia, que ia de acodo com a teoría de
Hipócrates. Mas segundo Galeno a proveniência da doença era do sangue da bile
amarela ou da bile negra. Galeno atribuiu ao baço e às glândulas biliares como a
origem dos fluídos, que percorriam todo o corpo e não somente nas areas do baço.
Durante a mesma época que Galeno, Areteus da Capadócia, foi o primeiro a
verificar que havia uma melancolia agitada, dizia que os melancólicos aproximavam-se
de uma semimania, segundo a qual desenvolviam uma obsessão por uma ideia fixa e
que poderiam ser tristes e enérgicos ao mesmo tempo. Como terapia Areteus
encorajava os pacientes a verbalizarem os seus sintomas como uma maneira de
libertarem os seus medos. Metodo este utilizado nos dias de hoje.
Durante a Idade Média, Galeno continua a ser o ponto de referência em relação
às doenças do humor ou as suas oscilações, no entanto poder da Igreja Católica
aumentava o que fez com que as ideias e teorias cientificas entrassem em conflito
com as ideias religiosas. Segundo as ideias religiosas a tristeza e melancolia
significava que os individuos se afastavam de Deus. Foi uma epoca especialmente má
para os melancolicos, já que na visão da Igreja Católica, a vida era para ser vivida com
alegria, que era vista como uma qualidade divina. A tristeza era vista como uma
doença, porque revelava o desespero do melancolico e a sua ausencia de alegria em
relação ao conheçimento do amor e da mesericórdia. Uma visão da época era que
Judas cometera suícidio, por consequencia deveria de ser melancólico, então todos os
melancólicos deveriam de ser como Judas. Na Idade Media a melancolia era vista
como uma doença da alma, que era vista como um dos nove pecados mortais. A
melancolia era denomina por acédia que deriva do grego akedia, que no sec. XIII foi
denominada como perguiça, que nos tempos de hoje significa, abatimento do corpo,
falta de vontade, inércia, melancolia profunda. Nos tempos mediavais os monges
deviam de seguir as leis religiosas com alegria, e a acedia que se tomava deles era
vista como uma tentação dos demónios.
No Renascimento, voltou-se novamente para o a teoria de Aristóteles em que a
melancolia era vista como fonte de inspiração. Isto dá-se também em conjunto com a
perda de poder da Igreja Católica e a Reforma Protestante. Assim a acedia foi
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esquecida e começou-se a ver com outros olhos a melancolia, como uma
caracteristica das pessoas capazes de grandes reproduções intelectuais e artisticas.
Marsílio Ficino (1443-1499), filosofo italiano renascentista, para ele melancolia
manifestava uma busca pelo eterno. Ficino fez a ligação aristótelica da melancolia com
o brilhantismo, em que a bile negra tornaria as pessoas mais inteligentes. Ficino
tambem fez uma relação entre a melancolia e a astronomia e estabeleceu uma
relação entre a melancolia e o planeta Saturno. Ele próprio considerado um
melancólico, acreditava que a inteligencia e a genialidade era uma virtude
compensatória para o estado de sofrimento dos melancolicos, em que se conjugavam
os momentos de tristeza com os de medo. Ele dizia que as causas da melancolia eram
de natureza astral, natural e humana. A justificação trazida por Ficinio era que
Mercurio um planeta seco e Saturno um planeta frio, que as pessoas melancolicas
eram influenciadas por estes dois planetas, já a personalidade dos melancolicos era
tomadas como secas e frias como as caracteristicas destes dois planetas. A causa
natural seria, que para alguém se dedicar a alguma ciência, a alma necessitaria de se
recolher em seu interior, marginalizando as coisas coisas externas, ou seja que as
pessoas se fechariam em si não dando atenção ao meio exterior e às coisas banais da
vida. A causa humana de que uma agitação frequente da mente secaria o cérebro e
quando toda a húmidade do cérebro fosse consumida, o calor acabaria e com isso o
cérebro ficaria seco e frio, tal como a conjugação dos dois planetas e as
caracteristicas do melancolico. A renascença retirou da melancolia o seu espectro de
pecado.
A melancolia no sec. XVII atingia o seu auge de prestigio, devido a Burton que
escreveu várias obras de sucesso sobre a melancolia. Ele dizia que poderia tornar os
homens desconfiados, malevolos, cobiçosos, lamurientos, infelizes e com tendência à
vingança, mas também os podia fazer mais espirituosos. Também realça o facto de a
melancolia ser algo intrínseco, filósofos, poetas, profetas e pessoas dedicadas às
artes e politicas. Burton afirmava que a melancolia era uma disposição do homem.
Burton não refere em sua obra a origem da melancolia, nem a define como doença,
nem causa de algo, mas sim e apenas uma experiençia existençial, que afligia todo o
corpo e alma. Burton citando um médico de Pádua, Alberinus Bottonus, que dizia que
que na melancolia a imaginação era afectada e só depois a razão adoecia, referia
também que o discurso, a fé, a opinião e o raciocinio são acidentalmente corrompidos
pela ausência de imaginação. Em suas obras Burton descreve também várias terapias
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para a melancolia tais como: abrir-se com os amigos, procurar alegria, musica e
companhia alegre.
Na Italia a valorização do riso fez com que se acredita-se, que as pessoas ao
rirem seriam capaz de neutralizar os efeitos negativos da bile negra e melhorar os
sintomas da melancolia.
No sec. XVIII em plena epoca do iluminismo, houve uma maior apreciação da
vida, do individualismo, independente de uma autoridade divina ou real, a procura da
felecidade e da alegria passaram a ser objectivos socialmente valorizados, o que fez
com que a melancolia e a tristeza fosse novamente estigmatizada.
No finaldo sec. XVIII surge pela primeira vez a palavra depressão mencionada
por Weikhard (1790), que na obra que produziu Der philosophiesche arzt divide as
doenças em enfermidades do espírito e enfermidades do sentimento. Sendo a
depressão tomada como uma doença da corte que tinha os seguintes sintomas:
tristeza, inveja, desespero,suicídio. Foi nesta época que a Psiquiatria surgiu como uma
especialidade da medicina.
Foi apenas no sec. XIX que o termo depressão foi introduzido com força, no
lugar da melancolia, com o objectivo de separar a nova ciência da teoria dos humores.
Foi Pinel que pôs de parte a teoria da biles negra, em contrapartida envidenciou
a observação dos sinais e sintomas, mas foi muito vago nas suas ideias em relação à
depressão. Pinel mencionou duas patologias, a tristeza caracterizada apenas como
uma ideia fixa (monomania) e a mania ou delirio geral que abrangia todo o conjunto do
entendimento. No entanto era a forma como o delirio se manifestava que era
importante para Pinel, se comprometia ou não a vida do sujeito. Ele dividiu a
melancolia em duas formas a triste e a alegre, sendo a alegre atribuida a à posse de
imensas riquezas, mas ambas pertenciam à mesma patologia.
Novos conceitos de melancolia, tal como a mencionada por Baillarger folie à
double forme, a folie circulaire de Falret. A folie à double forme, consistia em periodos
regulares, um de depressão e outro de excitação, tendo intervalos intermitentes, cuja a
durabilidade variava entre os dois dias e um ano. Quando a transição era perlongada
do estado depressivo para o estado de excitação, esta transição era lenta e gradual.
Esta era das primeiras alusões às Perturbações Bipolares.
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Segundo Griesinger (1865), a depressão era caracterizada pela “existência
mórbida de uma emoção penosa, depressiva, que domina os sujeito, dentro de um
estado de dor moral”(Griesinger apud Verztman 1995, p.73). Para Griesinger a
depressão estava situada no cérebro, como se fosse uma irritação ou inflamação. Foi
Griesinger que utilizou pela primeira vez o termo humor com carácter negativo.
Jules Seglas Psiquiatra de Salpetriére no ano de 1850, referiu que a dor moral
era vista como sintoma mais significante da melancolia e que a pessoa afectada, têm
consciência do seu problema e que quer livrar-se dele mas não consegue.
Emil Kraepelin, teve uma enorme importancia no conceito da depressão, em
1899 introduziu na Psiquiatria e no seu manual de psiquiatria redigido pelo próprio, o
termo e o conceito de loucura maníaco-depressiva. Ele também apresentou a teoria de
que a mania e a depressão estavam associadas, deixando a depressão de ser vista
isoladamente, mas interligada com a mania.
A depressão denominada ainda por melancolia deixa de ser vista como era
anteriormente, como uma doença dos génios e dos artistas, de pessoas com
capacidades intelectuais acima da média, para ser vista como uma doença de pouco
prestigio. Foi durante meados do sec.XIX que se começaram a construir asilos para
internar os individuos com doenças mentais, asilos esses que estavam cheios de
pessoas que faziam parte da classe operária, sendo assim uma doença que assolava
toda uma população e não apenas das pessoas ricas. Neste contexto, veio salientar
que a doença mental tinha origem na pessoa, mas que também sofria influência do
meio económico-politico-social. A doença entre as pessoas vulgares era vista como
decadência, mas para os grandes pensadores era vista como uma predisposição
natural para o sublime, a doença era vista de maneira diferente consoante a sua
classe social.
Foi nos meados do sec. XX que a Psiquiatria Clinica e a Neurobiologia se
revolucionou, com a invenção do primeiro medicamento antipsicótico, descoberta essa
que se revelou bastante importante para futuras pesquisas e para a invenção de novos
medicamentos antidepressivos. Esta nova medicação veio estabelecer um novo
tratamento para os doentes psicóticos e ao aliviarem os seus delirios veio fazer cair
por terra a teoria de que os doentes psicóticos eram incuraveis.
Antes do Prozac, a Imipramina era o medicamento mais utilizado como
antidepressivo, já que tinha sido testado anteriormente em doentes psicóticos e que
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lhes dava um estado de euforia, então começaram a administra-lo a doentes
depressivos. Com o decorrer dos tempos a comunidade cientifica continuaram as suas
pesquisas e descobrir que neurotransmissores estavam envolvidos na depressão.
Após a descoberta das catecolaminas apareçeu a teoria sobre a seratonina, que
desenvolveram um composto associado à seratonina denominado de fluoxetina, que
foi lançada para o mercado como Prozac, outros medicamentos apareçeram
posteriormente com os mesmo compostos. O antidepressivo ficou conheçido como a
pilula da felicidade.
Não foi apenas a psiquiatria que beneficiou com esta com os antidepressivos,
mas também a neurobiologia teve grandes avaços cientificos. Assim foi possivel
conheçer os mecanismos, o funcionamento que tipo de mudanças ocorriam no
Sistema Nervoso Central em indivivuos depressivos.
A depressão não é apenas neuroquimica, não pode ser vista apenas como
alterações neurologicas, mas também através das mudanças comportamentais que
ocorrem nos individuos e não apenas como transmissões neuroquimicas.
Desenvolveram-se dois argumentos para explicar a depressão um lógico outro
empírico.
O empírico revela que a incapacidade das actividades neuroquimicas
representarem os estados depressivos. A lentificação do pensamento, a tristeza, a
inibição, a falta de desejo, entre outros, tendo em conta também a história pessoal de
cada individuo, o ambiente em que o individuo está inserido, a intensidade da doença
e a sua durabilidade, nada disto pode ser visto pelos sinais neuroquimicos. O Sistema
Nervoso Central não faz distinção no seu funcionamento entre uma depressão devido
a uma perda amorosa e outra decorrente de uma doença ou frustrações pessoais.
Sendo assim não se pode apenas associar a depressão a factores neuroquimicos,
mas tambem em termos pessoais individuais.
A palavra depressão tem um significado de perda, neste caso é a perda de
seratonina ou a sua não produção. Na economia a depressão é a diminuição do
consumo, da produção e dos empregos, que é o mesmo que ocorre em termos
neurais com a seratonia, diminuição e redução estão sempre associados à depressão.
Se transportarmos a palavra depressão para aquilo que foi dito anteriormente, faz todo
o sentido, já que existe um defice de seratonina para isso existem os farmacos que
repõe esses niveis de serotonina. Não apenas os medicamentos podem fazer com que
a pessoa ter prazer novamente, mas se houver disponibilidade para uma terapia
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psicologica, alterar os seus comportamentos e os seus hábitos que a levaram ao ponto
depressivo pode ser que ajude a devolver novamente os niveis de serotonina no
Sistema Nervoso Central, porque medicação sem terapia nem mudança de estratégias
pode não resultar, mas sim criar uma habituação e consequente dependência da
pessoa aos fármacos.
DEPRESSÃO E PERSONALIDADE DEPRESSIVA
Estudos elaborados, sobre a depressão e estados depressivos, o que nos faz
fazer uma distinção entre a depressão em si e a personalidade depressiva.
A personalidade depressiva, é considerada como uma depressão latente, ou
uma melâncolia persistente, que não chega a preencher os critérios de diagnóstico
para a depressão. Essa melancolia faz parte da personalidade do sujeito e não
compromete a vida do sujeito, de modo a que o impeça de fazer a sua vida no dia-a-
dia.
A construto da personalidade engloba a forma de pensar da pessoa, a sua
estrutura emocional, atitudes e valores, caracteristicas que são tipicas desse indivíduo
e que demonstram uma qualidade estável ao longo do tempo. A personalidade muitas
das vezes determina os resultados do acontecimento. Todas as pessoas têm
problemas e adversidades ao longo da sua vida, dependendo da sua origem, sejam
elas do ambiente social do sujeito, ou internos, a personalidade que o sujeito tem é
que vai definir como é que ele vai reagir às adversidades. Dado que o impacto
traumatizante está intimimante interligado com as caracteristicas da personalidade, ao
mesmo tempo que os acontecimentos de vida traumatizantes precedem muitas das
vezes a depressão (Praag, 2005).
Considera-se que certos tipos de traços de personalidade tornam
particularmente o sujeito propenso à depressão. Uma das vulnerabilidades é a
personalidade dependente, que se caracteriza pela dependência interpessoal, não
competetividade, necessidade de relações íntimas que proprocionem orientação e
segurança, sensibilidade aos sinais de rejeição e desaprovação, falta de auto-
estima,submissão e introversão (Hirschfeld et al., 2000 citado por Praag 2005).
A personalidade ambiciosa com traços obsessivos, caracteriza-se pelo elevado
nivel de aspiração, perfeccionismo, autocontrolo, necessidade de controlar os outros e
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desejo de independência pessoal. A personalidade autocritica, tem tendência a ser
negativista , que frequentemente antecipa os insucessos através do comportamento
de obsturção, mas essencialmente convencido da sua superioridade.
A neurose é outro factor que prediz episódios futuros de depressão major,
Eysenck (1964), diz que a personalidade neurótica, tem como construto da
personalidade, como medida de emocionalidade, instabilidade emocional e formas
ineficazes de ajustamento (coping) e mais vulnerável às situações de stress. De
realçar que pessoas com um grau maior de neuroticismo têm uma maior probabilidade
de contrair depressão.
Estudos realizados confirmaram que a reacção ao stress aumentava ao risco de
depressão em indivíduos com personalidade neurótica.
Existem factores que indicam que a patologia da personalidade está associada
como factor de risco da depressão. O que torna muito dificil depois a remissão após
tratamento.
O neuroticismo foi considerado por Roberts e Kendler (1999) e citado por Praag
e col. (2005), como melhor preditor de depressão major do que a baixa auto-estima.
Segundo Coyne (1976) citado por Praag (2005) de que os sujeitos depremidos
criam um ambiente social negativo o que conduz à perda do apoio social que contribui
para a continuação ou agravamento dos sintomas depressivos.
Modelo Psicanalitico da Personalidade e Depressão
De um modo dinâmico segundo Coimbra de Matos(2007), a personalidade
depressiva é caracterizada pela deficiente organização do investimento narcísico;
caracterizado pela baixa auto-estima dos sujeitos. Estes indivíduos são
constantemente envolvidos de sentimentos permanentes de inferioridade, de
frustração e de não realização dos seus projectos. Não por incapacidade, mas por
pelos seus projectos serem demasiadamente ambiciosos para as suas capacidades e
devido a esse facto estarem sempre a falhar e a frustrar. Sendo o depressivo
considerado uma pessoa frustrada. Estas frustrações não são apenas devido às suas
expectativas falhadas e aos seus projectos falhados, mas também às decepções
sofridas no seu passado infantil, ou seja decepções primárias, pelo reconheçimento de
outros objectos do interesse e investimento da mãe; decepção edipiana, pela
desilusão sofrida ao nivel do desejo e da fantasia incestuosos (Matos,2007). A
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decepção de não conseguir agradar a uma mãe, a mãe em consequência também não
estimula a criança devido à sua própria incapacidade, sendo assim volta-se para
outros objectos para conseguir esse prazer, que não consegue obter por parte da
mãe.
Na depressividade existe uma frustração, de falta daquilo que é desejado e não
uma situação de perda, que é carateristico da depressão. Nestes casos não é de
perder mas sim de não ter, que continua ser a ausência de objecto, na depressividade
pela não aquisição e na depressão por perda. Nestes casos a depressividade vive na
fantasia, por reconheçer que lhe é impossivel de concretizar certo desejo. Este
reconheçimento da limitação, é imposta pela realidade, causa sofrimento no indivíduo
e um sentimento de tristeza. Uma enorme avidez e voracidade e uma constante
insatisfação marcam o seu destino e o seu humor.
Este desejo e fantasia resultam de um hiperinvestimento e hiperestimulação por
parte da mãe, ela narcisica, insatisfeita e frustrada, que evidenciam um enorme
sentimento de castração. Investem compensatóriamente no filho e tornam-se
hipersolicitas e hiperestimulantes simultaneamente, também pretende receber do
mesmo modo o que investe, então são hiperdesejantes e hiperexigentes, filho esse
que não consegue nem pode responder por ser incapaz ou por imaturação, frustrando
a mãe, que responde de imediato frustrando o filho. Tornando esta relação, numa
relação ambivalente de estimulação e frustração. Secundariamente, estabeleçe-se
uma relação sadomazoquista e culpabilizante, ao nivel fálico e edipiano, instala-se
uma auto-imagem sexual de inferioridade (Matos,2007).
Sentindo este tipo de relação, o sujeito adopta uma atitude de reinvidicação,
mais do estilo paranóico, através da raiva, agressividade e do ciúme. Alguns autores
chamam esta situação de “culpa projectada” ou “persucutória”, mas não passa de um
culpa não introjectada, já que a responsabilidade de tal é apenas do objecto ou seja da
mãe, sendo esta uma apreciação lúcida da realidade, ainda não é o mecanismo
defensivo adoptado pelo sujeito que se revela, este vai adopta-los apenas numa fase
mais madura. A compreensão deste funcionamento primário é deveras essencial para
a distinção entre o agente patógenico e o sujeito sofredor.
De referir segundo Coimbra de Matos (2007), que o verdadeiro objecto da mãe
do depressivo, da mãe depressivante- de que a criança (futuro depressivo) é um
substituto inadequado, e como tal apetecido (como todo o substituto) mas rejeitado
(como todo o objecto inadequado), não é o marido, o pai da criança, mas sim o próprio
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pai dela, ou seja a imago paterna do inconsciente da mãe. Neste caso em concreto vai
haver uma triangulação, não com com o seu pai, mas sim com uma imagem ausente e
inexistente, que vive no inconsciente materno que toma a criança como se fosse o seu
próprio pai.
Na depressão há perda de objecto e essa perda precede sentimentos de culpa e
uma falha narcísica. O sujeito sabe que atacou o objecto de amor perdido, neste caso
há um desejo de perda de objecto, devido ao amor dado pelo objecto não ser aquele
desejado pelo indivíduo, devido às suas elevadas expectativas da sua idealização da
busca da perfeição. O ideal fantasista nunca chega a ser real. Neste caso da-se a
perda e por consequência a culpabilidade sendo esta depressão denominada de
depressão de culpabilidade. A depressão de inferioridade é o que está antes da perda
do objecto (Matos,2007).
Numa situação de luto a perda não é tão culpabilizante, porque não há
hostilidade para com o objecto, o objecto em sim era um objecto de amor desejado e
não frustrado. O luto e a depressão têm o mesmo fenomeno psiquico que é a perda de
objecto.
Na depressividade, depressibilidade (luto), depressão, um conflito é sempre a
perda sendo que na depressibilidade ser uma perda antecipada ou algo ainda não
adquirido, na depressibilidade ou no luto há uma perda real do objecto ou que não é
tomado como patológico, na depressão é uma perda de amor do objecto e um
sentimento de culpa associado, enquanto que na depressibilidade há um sentimento
de inferioridade.
Na depressão há um desejo da perda do objecto e a aceitação da perda desse
objecto é esse o maior conflito do do sujeito depressivo. O afecto depressivo
caracteriza-se pela tristeza, junto com a ansiedade, são estes os dois principais
afectos do depressivo. A ansiedade é tomada pela reacção ao perigo da perda
imaginada. A depressão é o sentimento de reacção às falhas e insucessos sofridos ao
longo da vida do sujeito e consequentes frustrações.
Depressão modelo dinâmico
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A depressão tem alguns aspectos essenciais que definem a estrutura da
depressão. Estes aspectos são a dependência oral anaclitica, a insuficiência de
compleição narcisica e a severidade do SuperEu.
A dependência oral anaclítica, é a marca da relação de dependência com o
bjecto primário provisor e protector. Esta dependência infantil fica marcada para a vida
do sujeito. Vários relatos de indivíduos provam esta dependência com várias frases do
tipo: “fui uma criança muito pegada à familia”, “ foi me muito dificil a separação da
minha familia”. Este tipo de individuos têm uma dependência muito grande em relação
ao amigo, ao parceiro sexual, religião, partido, etc. Terem alguem que cuide deles que
lhes dêem carinho e afecto é tudo aquilo que eles querem, são pessoas com as quais
eles nao podem viver sem.
Nas personalidades depressivas mais graves, do tipo melancólico, este tipo de
indivíduos costumam estabelecer relações adesivas, segundo Balint denominou este
estado depressivo resultante da falha basica, que formam relações do tipo adesivas
como um mecanismo de defesa em que Balint chamou de “ocnofilicos”. Estes
indivíduos ocnofilicos têm necessidade de se vincularem aos objectos como relatado
anteriormente. Nestas pessoas a dependência ao outro e ao estado emocionaldo outro
é essencial para a sua estabelidade emocional, são pessoas extremamente
dependentes. Este tipo de relação de dependência dominado/dominador, é resultado
das suas defesas maníacas que o depressivo utiliza para não cair em depressão.
Este tipo de pessoas depressivas, pedem sempre mais do que aquilo que
recebem. Estas pessoas vivem sempre esfomeadas de afecto, esta é a caracterisica
exemplar da depressividade neurótica.
A relação oral anaclítica, de amor de captação de amor, de capitalização
narcísica não satisfatória e pouco consolidada, transforma a criança num indivíduo
depressivo, devido a esta falha. A relação de dependência, de vinculação infantil de
aderencia ao objecto primário e a necessidade de um Eu auxiliar é extremamente
essencial neste periodo de maturação primário. Se assim não for a ameaça de
abandono estará sempre presente, proveniente virá a ansiedade depressiva, que
estará sempre presente na vida do sujeito (Matos,2007).
O sucesso pessoal destes sujeitos, é limitado dados os poucos recursos e
insuficiência dos comportamentos de autonomia e progressão evolutiva (Matos,2007).
Esta sua depêndencia, trava a sua evolução como pessoa mental sã e independente,
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o que os limita na sua vivencia posterior. Este tipo de indíviduos travados pela inibição,
consequência do medo, não apenas do abandono afectivo como também da perda
existencial do objecto, da humilhação, da perda de apreço e degradação dos seus
próprios valores, faz com esse tipo de sujeitos tenham um enorme sentimento de
culpa. Os autoconceitos desses indivíduos são muito baixos, tendo uma baixa auto-
estima, um grande complexo de inferioridade e de incapacidade, gerando uma enorme
culpabilidade. A não aceitação da sua pessoa e de fragilidade e de inferioridade, são
ainda mais agravados pelos objectos externos e pela avaliação que faz de si próprio. A
idealização que faz de si e dos outros, em que idealiza o seu parceiro e os outros de
uma perfeição inalcansavél, tão grandiosas ao nivel estético da perfeição, como ético,
da pureza e da justiça. Esta idealização feita pelo sujeito rebate-se posteriormente
com a realidade, esta diferente daquela idealizada em que o sujeito depressivo rejeita
e acaba por ceder e revelar-se na sua sintomatologia depressiva. A expectativa do
sujeito pelo amor do objecto, factor essencial para uma construção relacional e para a
organização do amor pelo objecto e do bom objecto interno, que é o estímulo da
plenitude amorosa e do sentimento de felicidade, da alegria de viver e da vitalidade e
sanidade, desmorona-se.
Insuficiência da Compleição Narcisica
A insuficiência da compleição narcisica, um Self diminuido, revela-se pela sua
baixa auto-estima, uma auto-imagem desvalorizada e um baixo auto-conceito. A figura
do sujeito quando se torna exposto ao mundo como “objecto de mercado”
(investidor/investido), nesta dualidade mercantil numa linguagem economista, vai se
sentir inferiorizado ou seja como uma mercadoria sem valor o que gera uma enorme
angustia e um enorme conflito interno. O ser ou não ser (ideal fantasmático e o real), o
objecto de desejo e o proprio objecto em si. Este sistema consfusional dá-se pelo peso
da repressão e negação da agressividade instintiva e o seu recalcamento e
denegação interna e defensiva.
Este narcisismo alimenta-se do olhar do outro, para valorizar a sua própria auto-
estima, esta relação de erotização é essencial para a sua valorização de sentir-se
admirado e amado, para preencher esse vazio narcisíco latente no indivíduo.
A grande severidade do SuperEu, que nunca perdoa e castiga pela mais
pequena trangressão, gera uma grande culpabilidade ao indivíduo. O objecto interno é
convertido numa instância critica que está constantemente a castrar o indivíduo, o que
limita a expansão do sujeito ao nivel dos investimentos.
15
Nas personalidades neuróticas depressivas, mas no limite da neurose e da
organização depressiva para a normalidade, há um SuperEu severo, mas pouco cruel,
em que as proibições impostas pelo próprio, como os tabus do incesto e de algumas
fantasias. Estas estão ao nivel da moralidade do estadio psicossexual da genitalidade,
onde tudo é permitido excepto o que é expressamente proibido.
Em depressões mais severas, proxima das neuroses obsessivas e de estrutra
sadico anal, que nos remete para a fase psicossexual da fase anal, onde tudo é
proibido excepto o que é expressamente permitido. Neste tipo de sujeitos, pode-se
predizer que tiveram educações muito severas e excessivamente regradas e punitivas,
em que era expressamente proibido satisfazer as suas pulsões prazeirosas. Estas
pessoas não se regem pelo principio do prazer mas sim pelo principio da realidade.
Uma importante caracteristica do SuperEu depressivo é a sua natureza
predominante materna, produto da díade mãe/bebé. Um SuperEu que se constrói a
partir desta relação primária. Isto aconteçe quando a imago materna é de dificil
compreensão para a criança e incompleta.
Relacionado com o SuperEu castigador, está o Ideal do Eu de grande exigencia
e ambição, remetendo para uma imagem de perfeição, impossivel de atingir. A
perfeição absoluta que não passa de uma miragem, como um Oasis num deserto.
Para o depressivo essas metas impossiveis de atingir para a sua realidade elas são
possiveis. Esta ilusão ou delirio do depressivo, é a sua crença, é aquilo em que credita
piamente. O depressivo é o objecto narcisico dos pais, investido como complemento
perfeito deles, eles próprios imperfeitos. Prisioneiros de um perfeccionismo
depressivo, esgotam a sua energia libinial, suster a sua agressividade, queimando
todas as reservas de pulsão (sexual) (Matos,2007). Tornando essas pessoas em
sujeitos frios, depressivos, sem margem de erro.
Tipos de Depressão
A depressão simples é caracterizada pela queda libidinal, impossibilidade de
maturação genital. Vive numa prisão anaclítica e dependência afectiva, que é
manifestada através da doença somática. A depressão simples está perto das
organizações do tipo borderline por rotura narcisíca da díade mãe/filho na sua relação
16
primária, com depressivo por perda de objecto, angustia de separação. Prodominante
de uma relação deficiente da fase oral.
A depressão de inferioridade, que se caracteriza pelos sentimentos de
inferioridade e de ruína narcisíca. Uma diferença enorme entre a auto-imagem real e a
idealizada, ou seja a diferença entre o Eu Ideal e o Ideal do Eu.
Idealização do outro e desidealização do próprio, uma perda projectiva da
idealidade (Matos,2007).
Este tipo de depressividade, é frequente em sujeitos com cultura de êxito, já que
só e apenas se destacando dos outros, e fazendo com que os outros o admirem,
consegue preencher o vazio narcisíco dentro dele. São sujeitos que não conseguem
lidar com a frustração. Necessitam do elogio do proximo para se sentirem satisfeitos
com eles próprios, são pessoas dependentes do outro, necessitam do outro para
sobreviver.
A depressão e culpabilidade ou masoquista, é caracterizada por sentimentos de
culpa, por uma inflexão da agressividade. Este tipo de depressão faz uma
desculpabilização do objecto, idealizando o objecto. São individuos que
desculpabilizam o outro e das suas partes negativas, idealizando as partes boas
desses sujeitos, remetendo as culpas para ele próprio. Faz uma identificação
projectiva patológica com prodominio da projeccção das partes boas do self.
Manisfestado com expressões do tipo : “Eu é que sou má, ele é boa pessoa e a culpa
de ele me bater é toda minha.”. Faz uma intrjeccção maligna, apropriando-se das
caracteristicas negativas do objecto, culpabilizando-se a si próprio. Caracteristico das
culturas de pecado.
Teoria Cognitivo Comportamental
Segundo Skinner (1953), citado por Caballo(2003), diz que a depressão era o
resultado de um debilitamento do comportamento devido à interrupção de sequências
estabelecidas do mesmo que haviam sido reforçadas positivamente pelo ambiente
social. Ferster (1966), citado por Caballo (2003), revela-nos ainda que, factores como
mudanças ambientais repentinas, o castigo e o controlo avresivo e mudanças nas
contigencias do reforço podem dar lugar à depressão. Também destaca o facto de o
fracasso depressivo produz comportamentos adaptativos que podem ter vários
factores, tais como a mudança ambiental repentina que exige uma adaptação e de
novas fontes de reforço e um esforço enorme por parte do sujeito; o envolvimento em
17
comportamentos aversivos ou punitivos, o que evita a oportunidade de obter reforços
positivos; a percepção errada que o individuo faz do meio, o que faz com o individuo
tenha um comportamento socialmente desadequado e uma baixa frequência de
reforço positivo. Este autor refere que uma perda de uma fonte central de reforço,
levaria à diminuição de todos os comportamentos que estavam ligados directamente
ou indirectamente a essa fonte central de reforço.
Costello (1972) citado por Caballo (2003), faz a distinção entre uma diminuição
na quantidade de reforços disponiveis para o sujeito e uma redução de eficácia dos
reforços. Este autor diz que a depressão é resultante de uma quebra da cadeia de
comportamentos casada pela perda de um dos reforços da cadeia. Havendo a perda
de um elo de ligação entre os comportamentos e os reforços a perda de um desses
elos, vai destruturar a harmonia vivênciada pelo sujeito, ou seja vai perder a ligação e
assim a mudança no seu comportamento. Costello também afirma que a perda de
interesse geral pelo meio, é uma manifestação da diminuição da eficácia do reforço.
Lewinsohn e os seus colaboradores tinham uma posição que diferia um pouco,
mas que não fugia muito das outras teorias apresentadas, sendo assim referiam que,
a baixa taxa de reforço positivo contingente à resposta era uma explicação suficiente
para certos aspectos da depressão, essencialmente da baixa taxa de comportamento.
A existência de uma relação causal entre a baixa taxa d reforço positivo contigente à
resposta e a sensação de disforia. Os comportamentos depressivos são mantidos pelo
ambiente social, que proporciona contingêcias em forma de simpatia, interesse e
preocupação. Esta é uma situação em que os depressivos tiram partido da sua doença
é um meio que têm de chamar a atenção e receber reforços positivos. As dificiências
no funcionamento das habilidades sociais são um antecedente importante da baixa
taxa de reforço positivo.
Sendo assim as limitações do sujeito em receber reforços positivos, é
consequência da sua inaptidão ou habilidade e reportório comportamental limitado. Se
o meio for “pobre” não fornecer os reforços necessários ao sujeito, ou se houve uma
perda no meio que fez com que perde-se os reforços positivos, ou até o excesso de
experiências negativas, os reforços positivos vão diminuir drásticamente e assim a
satisfação pessoal decair. A depressão pode provir da diminuição da capacidade do
sujeito tirar prazer das experiências positivas ou de um aumento de sensibilidade
diante de um acontecimento negativo.
18
Coyne (1976) referido por Caballo (2003), referiu que a depressão é uma
resposta às preocupações do contexo social do individuo, mais especificamente que
depressão se mantem por meio de respostas negativas de outros sujeitos que têm
significâcia para o próprio sujeito deprimido ao com seu comportamento, seja ao
desvalorizar o sujeito. Este autor refere ainda que os individuos deprimidos causam
um ambiente social negativo fazendo com que aqueles que lhe são mais proximos se
envolvam de tal maneira que fazem com que percam o apoio deles. Sendo que as
respostas dos que lhes são mais proximas serem de ambivalência,ou seja, tanto de
apoio como de hostilidade. Os individuos do meio social do sujeito deprimido
respondem positivamente às exigencias do deprimido dando-lhe apoio e interesse,
mas o comportamento do deprimido torna-se cada vez mais exigente para com eles.
Posteriormente ao não ver as suas carêcias preenchidas o sujeito deprimido vai
começar a ter comportamentos mais aversivos para os individuos do seu meio social,
tendo comportamentos de ira, o que gera um sentimento de culpabilidade nos
individuos do seu meio social, que normalmente são a sua familia. Em sua resposta o
individuos do seu meio familiar para diminuir a sua culpabilidade respondem com uma
hostilidade velada e um apoio falso. Em seu seguimento o deprimido ao sentir-se
rejeitado pelo comportamento dos individuos do seu meio familiar, vai desenvolver
mais sintomatologia depressiva para obter o apoio dos seus, tornando a relação cada
vez mais aversiva. Esta dinâmica vai continuando até ao ponto dos individuos do seu
meio familiar se afastarem levando o sujeito deprimido a tratamento especializado.
Existiram mais explicações sobre a depressão no modelo cognitivo
comportamental, como aquele proposto por Rehm (1979) citado por Caballo (2003), o
modelo explicado por Rehm denominou-se por modelo de auto-controlo para a
depressão, que consistiu em integrar os aspectos cognitivos e comportamentais da
depressão. Segundo este modelo apresentado por Rehm, os défices especificos na
auto-observação, na auto-avaliação e no auto-reforço podem explicar a sintomatologia
variada na depressão. Este autor refere que o comportamento de individuos
deprimidos poderia ser caracterizado por um ou mais défices no comportamento de
autocontrolo. O deprimido quando faz uma auto-avaliação os individuos deprimidos
prestam muito mais atenção aos aconteçimentos negativos, excuindo os
acontecimentos positivos, este estilo cognitivo poderia explicar o pessimismo do
deprimido e a desesperança. O deprimido presta mais atenção à forma selectiva, às
consequências imediatas do seu comportamento, excluindo os resultados a mais
longo prazo, o que por sua vez deixam de ver para além do presente e olhar para o
19
futuro com algum pessimismo e negativismo, o que faz com não consigam planiar o
futuro. A auto-avaliação, que consiste na comparação entre uma estimativa da sua
actuação feita através da auto-observação do seu padrão interno e do seu próprio
critério. Rehm referiu que o deprimido, tem padrões pouco realistas, muito
perfeccionistas, e globais, fazendo com que seja muito pouco provavel de serem
conseguidos e satisfeitos. Em sua consequência quando faz a avaliação de si mesmo
de forma negativae generalizada. Este autor ainda refere que o sujeito deprimido
distorçe a percepção da causalidade com o fim de se desvalorizar. A atribuição de
compotamentos de sucesso a factores externos é usual (sorte,facilidade da tarefa),
negando o mérito a si mesmas. Do mesmo modo em que atribuem as causas dos
factores negativos a factores internos (falta de habilidade, esforço), atribuindo a si
próprios uma resposabilidade excessiva pelos fracassos.
Rehm constatou que os sujeitos deprimidos não são caazes de proporcionar a si
mesmas recompensas suficientes para manter os seus comportamentos adaptativos.
Sendo estas baixas auto-recompensas, parte explicativa das baixas taxas de
comportmento manifesto, baixo nivel de actividade geral e a desistência fácil,
caracteristicos da depressão. De realçar também os seus comportmanentos auto-
punitivos, o que vai resultar numa inibição.
Modelo Ateórico DSM-TR-IV Depressão Major
Este modelo ateórico, situa-se apenas na sintomatologia da depressão fora de
qualquer modelo teórico. Neste modelo de diagnótico da depressão existem vários
critérios que se têm de preencher para ser diagnósticado depressão.
No caso do Episódio Depressivo Major, a principal caracteristica é durante um
período de pelo menos duas semanas em que exista humor depressivo ou perda de
interesse em quase todas as actividades diárias. No caso das crianças em vez de
humor triste este humor será irritável. O sujeito para ser diagnosticada depressão
major é necessário preencher quatro sintomas dos nove dos nove sintomas, sintomas
esses que são, para além dos que já foram descritos: alteração no apetite ou
alterações no peso; insónia ou hipersonia e actividade psicomotora; diminuição da
energia; sentimentos de desvalorização pessoal e culpabilidade; dificuldade em
pensar, de poder de decisão, pensamentos recorrentes acerca da morte e ideação
suícida, planos ou tentativas suícidas. Os sintomas devem de estar presentes a maior
parte do dia, quase todos os dias, pelo menos durante duas semanas. Este episódio
deve de ser acompanhado por mal-estar significativo ou deficiência de funcionamento
20
social, ocupacional ou em outras áreas importantes e significantes da vida do sujeito.
De salientar que os sintomas têm um grau de gravidade, o que implica que o sujeito
possa sofrer da patologia mas num grau de menos gravidade. Para além do
funcionamento do sujeito pareçer normal a energia investida pelo sujeito nas suas
actividades será maior.
O humor no Episódio Depressivo Major, é visivel num humor triste, sem
esperança, desencorajador, negativo, pessimismo. Em alguns casos a tristeza é
negada, mas pode ser visivel na sua facilidade em que começa a chorar. Estes
individuos também experimentam um sentimento de vazio, falta de emoção ou de
alguma ansiedade. Este tipo de humor depressivo pode ser detectado ao falar com o
indivíduo, pela sua posição corporal (corpo pendido), pela sua maneira de falar (voz
arrastada), pela expressão facial e do seu comportamento num modo geral. Há
sujeitos que se queixam de sintomas somáticos como dores no corpo, dores de
cabeça, problemas no aparelho digestivo, para além de outros sintomas. O aumento
da irritabilidade e falta de tolerância também é significativa, cólera, culpabilização dos
outros e sentimentos exagerados de frustração quando acontecem episódios que não
justifiquem tal comportamento.
O interesse que o individuo tinha pela execução de tarefas que lhe eram
prazeirosas perde-se, há uma perde de interesse nos seus hobbies é usual ouvire-se “
já não me interesso. “. Verifica-se também mudanças no seu comportamento, tais
como o isolamento social ou negligenciar as ocupações que lhe eram agradáveis há
um evitamento e desinvestimento notório. Este tipo de comportamentos são
verificaveis pelos familiares mais proximos, colegas de trabalho e amigos. Em alguns
sujeitos ocorre uma redução do desejo sexual.
No que se refere à alimentação, há um decrescimo acentuado do apetite, há
uma certa repugnância em relação à comida e muitos dos sujeitos têm dificuldade na
sua alimentação. Nestas fases é habitual os sujeitos comerem mais doces. Neste caso
da alimentação verifica-se normalmente uma diminuição do peso.
A perturbação de sono, mais comum associada à depressão é a insónia. O
acordar a meio da noite e ter dificuldade em voltar a dormir novamente e a insónia de
fim de noite, que se refere ao acordar demasiado cedo e não conseguir voltar a dormir
novamente. Uma perturbação pouco frequente mas que existente é a hipersonia que
se caracteriza pelo perlongamento do periodo de sono da noite para o dia.
21
O aumento das actividades psicomotoras, incluem agitação e a incapacidade
para estar parado, o andar de um lado para o outro, coçar a pele, mexer no casaco,
mexer no fecho, etc. A lentificação que pode ser percepcionada através da lentidão da
fala, lentidão de pensamento e dos movimentos corporais, aumento do tempo de
latência entre as perguntas efectuadas e as respostas dadas pelo sujeito, diminuição
do volume do discurso, da quantidade e variedade do conteúdo das respostas ou
mesmo mutismo. A lentificação e a agitação psicomotora deve de ser suficiente
observavel pelas outras pessoas.
A diminuição de energia, o cansaço e fadiga que os sujeitos apresentam é
comum na sintomatologia depressiva. Estes sujeitos sentem-se cansados mesmo sem
terem dispendido qualquer esforço fisico. Nas tarefas simples com pouca exigencia
fisica, são realizadas com imenso esforço e a sua eficiência está comprometida.
O sentimento de desvalorização pessoal e de culpabilidade está bem presente
nas pessoas portadores de depressão major. Este tipo de sentimento é caracterizado
pelas avaliações negativas acerca de si próprio, sentimentos de culpa e ruminações
acerca de situações em que falhou anteriormente, mesmo que não tenham qualquer
tipo e importância, são ampliados e sentidos de uma forma bastante exagerada do que
aquela que é na realidade e que causam bastante sofrimento, podem até chegar ao
ponto ter delirios com as situações negativas que tudo de mal lhe aconteçe.
As deficiências no pensamento, ou o défice de concentração e o poder decisão
ficam comprometidos. Estes sujeitos queixam-se que perdem a concentração com
muita facilidade e da sua capacidade de memória. Sujeitos que têm responsabilidades
a nivel académico ou que ocupam cargos de responsabilidade e de decisão, muitas
das vezes sentem-se incapazes de tomar decisões e por sua vez tendem a ter um
funcionamento e desempenho deficitário nas actividades desenvolvidas. Ao sofrer
estas quebras intelectuais e de rendimento sobrepõe-se um sentimento de culpa por
estar doente, por não conseguir desempenhar as funções como desempenhava
anteriormente e sente-se responsavel por tudo o que lhe está a aconteçer. Nas
crianças este tipo de situações podem ser detectadas com a baixa de rendimento
escolar.
Os pensamentos acerca da morte, podem suegir em doentes depressivos, a
ideação suicída é um sinal alarmante do Episódio Depressivo Major. Estes
pensamentos surgem através de crenças e de desvalorização pessoal e de que o
próprio causa sofrimento a ele e aos outros que vivem em sua volta e que estariam
22
melhor sem ele. Estes sujeitos pensam e planeiam muitas vezes o seu suicídio e é
comum verbalizarem frazes como: “Qualquer dia mato-me” “Não faço cá falta
nenhuma” “Qualquer dia desapareço”. Este tipo de pensamentos por norma aparecem
após discussões em que o sujeito se sente desvalorizado. É muito importante estar
atento ao sinais suicídas destes sujeitos, se compraram alguma arma, cordas, saber
por onde costumam andar (perto de caminhos de ferro, cursos de água, etc), este tipo
de passeios podem servir para planear o seu próprio suicídio. Já que se torna
imprevisivél quando o sujeito o poderá fazer. As motivações que levam estes sujeitos
a agir muitas das vezes estão associadas ao desejo de desistir perante obstáculos
considerados insuperáveis ou um desejo intenso de terminar com um estado
emocional extremamente penoso que a pessoa considera não ter fim (DSM-IV-TR,
2002).
É necessário haver uma deficiência significativa do funcionamento do indivíduo
ou um mal-estar clinicamente significativo, que tenha interferência no funcionamento
social, ocupacional ou em outra area significativa do sujeito. Em casos em que a
doença se manifesta de uma forma intensa, o sujeito pode ser incapaz de cuidar de a
si próprio, tendo em conta a sua higiene diária, de se vestir e alimentar.
Factores Ambientais e Genes
Nas ultimas décadas no que se refere às doenças mentais, factores genéticos
podem exercer considerável influência nos efeitos das exposições ambientais ou
actuarem mesmo em sintonia como factores de risco. No no que diz respeito à
epediomologia genética, estuda as relações especificas gene-ambiente.
A epidemologia genética tem como caracteristica o estudo dos factores de risco
genético pode ser estudados sem medição directa, examinando a agregação de traços
familiares associados. Estes traços podem ser fisicamente observáveis (exofenótipos
ou fenótipos), tais como a lentificação motora ou o humor depressivo. Por outro lado
os traços biológicamente mesuráveis (endofenótipos), tais como a taxa de cortisol
palsmático. Sendo assim a agregação familiar de um fenótipo de doença pode ser
demonstrada pelo estudo da taxa da doença em parentes de primeiro grau. Os
estudos dos gémeos,de adopção e os estudos familiares, podem ser usados para
distinguir o papel dos respectivos genes e do ambiente na causalidade da agregação
familiar (H. Van Praag et al. 2005). O principio destes estudos envolve comparações
nas quais se varia aleatóriamente a semelhança genética ao mesmo tempo que se
mantém a semelhança ambiental, já que há conheçimento de que certas relações
23
familiares não são tão semelhantes geneticamente ou ambientalmente como outras.
Sendo que os efeitos genéticos podem ser determinados examinando o grau de
semelhança de gémeos genéticamente idênticos criados separadamente, e saber
quais os efeitos ambientais familiares. Os estudos realizados com gémeos realizados
até à data entre os genes, o ambiente, e o factor genético não têm grande valor
estatistico devido aos escasso estudos realizados, o que podem ser imprecisas as
suas conclusões.
Em resumo dos estudos realizados com gémeos com depressão diz revelam que
40% da variância da susceptibilidade à depressão deve-se ao efeito dos genes e que
as influências ambientais que são etiologicamente importantes, são as que são
especificas do sujeito, ou seja os ambientes não compartilhados. As influências
ambientais comuns aos membros da família (ambiente compartilhado), não parecem
contribuir para a susceptibilidade à depressão: a agregação familiar é mais devida aos
genes partilhados do que ao ambiente comum. No entanto o ambiente familiar
compatilhado pode pode contribuir indirectamente para influenciar as relações
interpessoais, o apoio social e o uso de substâncias. Os genes que influênciam a
depressão também podem, em parte, influenciar a susceptibilidade a outros fenótipos
comportamentais como a anorexia, neuroticismo, tabagismo, alcoolismo e as
perturbaçãoes da ansiedade (Praag et al. 2005).
As influências ambientais e genéticas sobre o fenótipo podem dividir-se em
componetes familiares e não familiares, já que os genes de um indivíduo são sempre
derivados dos seus progenitores, numa família não há ninguem com ADN idêntico. No
entanto, os factores ambientais podem ser partilhados com outros parentes , ou
podem ser mesmo exclusivos do sujeito. No caso de crianças pertençentes à mesma
família, que partilham as mesmas condições de habitação, mas que andam em
escolas diferentes, já não vão partilhar o mesmo ambiente com os irmãos, o que vai
diferenciar o modo como a criança se vai desenvolver.
As diferenças genéticas e ambientais predizem tanto as diferenças como as
semelhanças entre parentes. As influências ambientais sobre a variância do fenótipo
também operam no sentido de tornar os irmão diferentes uns dos outros, na medida
que os ambientes não são partilhados. Estes ambientes podem ser explicados como
a diferença de tratamento dispensado pelos pais, as experiências na escola, as
influências dos colegas, as doenças e os acidentes pessoais.
24
Estudos familiares indicam que o risco de depressão em familias com parentes
de primeiro grau com perturbação depressiva é cerca de 2-4 vezes superior a do que
em familias que não têm familiares de primeiro grau que sofrem de perturbação
depressiva. Outro facto que se salienta é o das familias com perturbações depresivas
estarem mais sensibilizadas sobre a doença e procurarem ajuda médica mais precoce.
Pelo facto de não terem sido identificados os genes que aumentam o risco de
depressão, os vários estudos realizados da interacção gene-ambiente, estão
relacionados com variáveis proximais (história familiar enquanto indicador indirecto de
risco genético), não apenas de risco genético mas também de risco ambiental. Mais
uma vez os estudos revelaram-se de dificil conclusão e de avaliação já que a
interacção gene-ambiente é muito dificil de se realizar devido à complexidade do seu
estudo. Embora estes estudos sobre as correlações genes-ambiente ainda serem
escassos, eles têm um grande efeito e são um importante achado para estudos
futuros.
A Depressão e outras Doenças
A depressão pode não viver sozinha, mas sim ser originada por outras doenças,
ou as outras doenças serem a origem da depressão. No caso da comorbilidade da
depressão com o alcoolismo e da toxicodepêndencia, muitas das vezes não se sabe
qual a doença primária, havendo mesmo casos de duplo diagnóstico.
Durante a fase activa da dependência de substâncias, na abstinência ou na fase
de recuperação poderão ocorrer sintomatologia psiquiátrica, que incluem as alterações
afectivas, alterações da personalidade, doenças organicas, psicoses e ansiedade
(Borges e Filho, 2004).
O duplo diagnóstico é aplicado quando os pacientes apresentam duas situações
por exemplo álcoolismo mais depressão major.
O diagnóstico primário é a doença que ocorre primeiro no indivíduo. Estas
referências sao apenas efectuadas pelo factor temporal e não necessáriamente de
causa efeito. No caso de um indivíduo ter uma depressão major antes do consumo de
alcool, neste caso será diagnosticada a doença primária como a depressão major e o
alcoolismo como a doença secundária. Pode também ocorrer o oposto do sujeito
desenvolver primeiro a dependência ao alcool e posteriormente a depressão major.
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Segundo Borges e Filho,(2004) há uma elevada incidência de consumo de
álcool e de perturbações de abuso e álcool em familias de doentes com doenças
afectivas e uma alta taxa de doenças afectivas em famílias de dependentes de àlcool.
A estas situações também está ligada a elevada taxa de suicídios.
Estudos clinicos revelam taxas de depressão relativamente baixas (8%) apesar
de determinados testes de avaliação (escalas de avaliação da depressão de Hamilton,
1967), referido por Borges e Filho,(2004), apresentarem taxas de 70%, enquanto que
os estudos de Weissman (1980), referido por Borges e Filho,(2004), indicam uma
taxas de 15% de alcoolicos com depressão. Uma grande proporção de dependentes
de álcool em abstinência preenchem os critérios de depressão nos primeiros 14 dias,
mas não posteriormente (Borges & Filho,2004).
Weissman e seus colaboradores (1980) segundo Borges e Filho,(2004)
demontraram que 55% dos álcoolicos em tratamento de ambulatório, têm sintomas de
depressivos, o mesmo se passava com heroínomanos.
Segundo estes estudos referidos conclui-se que mais de metade dos indivíduos
adictos a qualquer tipo de drogas ou álcool terem sintomas depressivos.
Na presença de um sindrome depressivo é necessário, saber atribuir a origem
da perturbação, se é doença primária ou doença secundária. Necessário saber o
quadro cliníco do paciente em causa, saber se é por motivos endógenos se é
essencialmente do foro psicológico ou se é devido a um quadro de sintomatologia
orgânica. Saber se a depressão é reactivo de alguma doença somática ou apenas de
origem psicológica.
Há uma panoplia de situações médicas que podem originar a depressão ou
originar sintomas desta natureza, como as doenças infecciosas, como a
mononucleose, o virús da SIDA, doenças endócrinas como o hipotiroidismo, doença
de Cushing, o pós-parto, doenças neurológicas como os AVC, a doença de Parkinson,
demências, tumores (cancro) e não apenas os intracraneanos, mas de um modo geral.
De referir tmabém que existem também depressões de origem farmacológica, induzida
pelo uso de medicação, desde analgésicos, antibióticos, anti-hipertensores,
antimitóticos, neurolépticos, entre outros. A suspensão dos mesmos e a eliminação do
seu efeito no organismo pode trazer melhorias em relação aos sintomas depressivos
(Cordeiro, 2002). De salientar como muito importante que a reacção dos sujeitos à
doença orgânica em si participam activamente na depressão.
26
Do mesmo modo que as doenças orgânicas afecta o psiquismo dos sujeitos,
também vai afectar no idoso e que podem assumir um aspecto de pseudo-demência, a
inibição cognitiva da depressão pode ser confudida com a demência.
Como já foi referido anteriormente as toxicodepêndencias também estão
associadas à depressão, no caso de uso de drogas estimulantes como as anfetaminas
ou a cocaína, o álcool e os opiácios. Este mecanismo funciona como fonte de prazer e
a sua perda é sentida e causa tristeza e ansiedade, ou seja sintomas depressivos,
mas servem como mecanismo amortecedor das emoções negativas, durante o uso
das drogas englobando o álcool os sintomas depressivos entram em remissão, sendo
reactivados quando da altura de abstinência e na tenativa de cessão do consumo.
Sendo que o consumo se substâncias é uma forma dos sujeitos lidarem com o
sofrimento e de controlar as emoções negativas.
A depressão é um sintoma neuropsiquiátrico mais frequente nas doenças
neurológicas.
As doenças que afectam os lobos frontal e temporal, tal como os gânglios da
base são frequentemente acompanhadas de depressão. A sua especeficidade por
determinadas regiões do cérebro sugerem correlações com a patologia de base, mais
do que um quadro de reacional devido a uma doença crónica.
Foi elaborado um quadro de percentagens contendo a frequência de depressão
nas doenças neurológicas.
Tabela1. Frequência de depressão nas doenças neurológicas
AVC ................................................ 30-60%
Doença de Parkinson........................40-60%
Doença de Huntington......................30-40%
Doença de Alzheimer.........................30-40%
Esclerose Multipla .......................... 20-60%
TCE...................................................25-50%
Demência Vascular............................25-60%
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Epilépsia...........................................10-50%
Prevalência
Os factores de risco dos sujeitos terem depressão são vários, mas há videncias
que o sexo femino tem maior risco de vir a ter depressão, devido ao excesso de
competências que as mulheres hoje em dia sentem ter sobre os seus ombros, tais
como: o trabalho, tarefas domésticas, filhos, etc. Estes factores originam com que a
mulher entre num stress continuado e que tenha mais probabilidades de ter
depressão. O factor idade por volta dos 30 e os 40, o factor solidão e o estado civil
(viúvo, divorciado, separado), o baixo nivel socio-economico, devido ao esforço de
trabalho não ser recompensado monetariamente e ter trabalhos subalternos factores
que provocam grande ansiedade. Todo o historial de vida do sujeito, os
acontecimentos stressantes e as dificuldades de vida. A ausência ou carência de
apoio socio-familiar. A personalidade e se tem traços neuróticos ou se já teve
episódios depressivos anteriormente. De realçar também se é portador de outras
doenças somáticas ou psiquiátricas e se toma medicação que de alguma forma possa
interferir como seu estado de humor. Se teve ou está grávida. Os antecedentes
familiares ou se teve casos de depressão na familia. Se há abuso de substâncias
como álcool ou drogas.
Anomalias Estrutrais
A depressão, pareçe ser mais frequente e mais séria nas lesões do hemisfério
esquerdo do nas lesões do hemisfério direito. A gravidade da lesão está
correlacionada à proximidade da lesão do lobo frontal esquerdo, enquanto que as
lesões do hemisfério direito, a depressão é mais marcada no grupo das lesões
posteriores, já que são as regiões posteriores associadas à apatia e à euforia. As
reacções emocionais agudas são mais frequentes nas lesões do hemisfério esquerdo,
como reacções catastróficas com crises de lágrimas, reacções ansiosas, havendo
também manifestações agressivas, blasfemias, comportamentos de renuncia,
oposição e rejeição (Roger, G. 2002). Segundo Gil Rogers (2002) que refere o
hemisfério esquerdo seria responsavél pelo controlo emocional, sendo que caberia ao
hemisfério direito a comunicação emocional, as reacções vegetativas das emoções e
da sua vivência emocional. Refere também a superioridade do hemifério direito na
modulação das emoções nagativas (tristeza e choro) e uma superioridade do
28
hemisfério esquerdo nas emoções positivas (alegria e riso). A semiologia do dano no
lobo frontal mostra a sua implicação na avalição e no controlo emocional e nas suas
decisões. Ao haver a lesão no hemisfério esquerdo haverá uma superioridade das
emoções negativas proeminentes no hemisfério direito.
Baseado em correlações clinicas patológicas de lesões cerebrais espontâneas,
foi Broca (1878) o primeiro a identificar as regiões do cerebro que tinham um papel
preponderante em comportamentos especificos. Broca descreve que o córtex limbico
que inclui estrutras mais profundas do cérebro e de outras areas do cortex que são
formadas por um anel em volta das estruturas mais profundas do tronco cerebral. A
estas estruturas foram denominadas de sistema limbico, que presumidamente sendo a
base anatómica das emoções no ser humano. Outras areas do cortéx como o basal
temporal e o cortéx frontal inferior também tenham implicações nos mecanismo das
perturbações de humor (Ramachandran, 2002).
Estudos revelaram que o aumento dos ventriculos cerebrais estavam associados
às perturbações de humor, mas esta é uma area que ainda permanece alguma
controversia (Ramachandran, V. 2002).
Estudos realizados em pacientes com depressões secundárias após terem
sofrido de AVC e que sofriam de depressão major, tinham significativamente o
ventriculo lateral e terceiro ventriculo maiores do que pacientes que tiveram AVC e não
sofriam de depressão. O que este estudo nos sugere é o facto da atrofia subcortical
proceder de uma lesão no cérebro, que possa produzir vulnerabilidade para o sujeito
vir a ter depressão.
Estudos realizados em pacientes com perturbações de humor, revelaram
anormalidades no lobo frontal. Outras pesquisas efectuadas no volume da matéria
cinzenta cortical pré-frontal, constituida pelo cortéx medial, dorsal, lateral e orbito-
frontal, são necessários para determinar se as estruturas frontais com anormalidades
estão associadas com a perturbação de humor primária.
Pesquisas realizadas nas estruturas de area do lobo temporal, revelaram um
decrescimo na area do lobo temporal em pacientes com perturbação de humor.
Nas áreas sub-corticais e através de exames realizados nestas estruturas
descobriram que havia evidencias conflituais devido a anormalidades no tálamo, em
que revelaram um descrescimo do volume talâmico em pacientes com depressão. Des
de que o tálamo é parte constituinte do circuito cortical-estriatal- talamico, que têm sido
29
propostos numerosos estudos para constituir os substratos anatómicos das
perturbações de humor.
Variadissimos estudos realizados verificaram que o volume do putamen e dos
gânglios basais eram mais pequenos em individuos com depressão do que nas
pessoas normais. Estudos sobre a hiperintensividade subcortical nas IRM (imagens de
ressonâncias magnéticas), revelaram geralmente a presença de lesões nos gânglios
da base, estão fortemente associados com as perturbações de humor.
Estudos realizados com imagens funcionais em pacientes com perturbação de
humor como doença primária, revelam frequentemente assimetrias no cérebro.
Enquanto que pacientes em que a perturbação de humor é secundária frequentemente
revelam uma associação entre lateralidade da lesão cerebral e a frequência e
intensidade da perturbação de humor. Pesquisas realizadas revelaram que a
depressão major é mais frequente entre pacientes com lesões agudas no gânglio
basal esquerdo ou o gânglio basal frontal esquerdo do que comparado com lesões em
outras áreas. No entanto a associação das lesões dos gânglios basais frontal
esquerdo e frontal com a depressão major, parece ser um fenómeno, influenciado a
partir do momento da lesão.
Outros fenómenos emergem a partir de estudos realizados em pacientes com
perturbação de humor secundária está sigificativamente correlaçionado entre a
proximidade do limite anterior da lesão no lobo frontal e a severidade associada aos
sintomas depressivos. Os estudos revelaram uma correlação entre a proximidade da
lesão de um AVC no lobo frontal e a severidade da depressão, medidos por uma
escala de avaliação depressiva. Foram elaborados estudos em que se revelou esta
correlação serve para lesões tanto nos hemisférios esquerdo como no direito, contudo
outros estudos descobriram que isto é mais significativo apenas entre pacientes com
lesões no hemisferio esquerdo ou apenas entre pacientes com lesões nas porções
anteriores do hemisferio esquerdo. Estudos elaborados verificaram que a clinica
patológica está correlaçionada entre a proximidade da lesão do polo frontal e a
severidade da depressão pós-AVC e também o tempo da lesão.
Foi sugerido que a base psicopatologica para esta correlação linear entre a
severidade da depressão e a proximidade da lesão do polo frontal pode ser
consequência da lesão frontal produzir uma maior probabilidade de lesionar os
neurónios contendo serotonina e noradrenalina e como consequênçia um
30
esgotamento destes neurotransmissores, o que se reflete fundamentalmente nos
mecanismos da regulação do humor.
Alexander e De Long descreveu cinco circuitos subcorticais frontais que pareçem
ter um papel importante no desempenho do cérebro e nos comportamentos
relaçionais, em que cada um destes circuitos envolve o lobo frontal, estriado, globos
palidos, substância negra e tálamo. Disfunções referentes à depressão seja ela
primária ou secundária, sugerem que uma ou mais áreas destes circuitos sofram de
deficiências. Estas áreas frontais estão associadas com as perturbações de humor
que também contêm projecções provindas do tronco cerebral que contêm neurónios
com neurotransmissores como (dopomina, serotonina, noradrenalina, etc). Assim
sendo, lesões nos gânglio basal ou frontal podem interromper as funções
noradenérgicas, dopaminergicas, serotinergicas, nas suas funções com o córtex. Esta
combinação do gânglio da base e disfunções corticais associado com as interrupções
dos mediadores dos neurotransmissores com o córtex frontal e temporal pode fornecer
mecanismos comuns para as perturbações depressivas sejam elas primárias ou
secundárias (Ramachandran, 2002).
Estudos revelaram que há um decréscimo na actividade metabolica da glicose
no córtex pré-frontal anterior lateral.
Estudos elaborados com pacientes com depressão primária, foi registado uma
significante redução de afluência de fluxo sanguineo no cérebro, mais especificamente
no giro cingulado anterior esquerdo e cótex pré-frontal dorsal lateral esquerdo
(Ramachandran, 2002). Outras investigações revelaram um hipometabolismo no
córtex pré-frontal para o corpo caloso em pacientes com perturbação de humor.
Teoria Neuroanatómica
Cedo a conceptualização neuroanatómica da depressão, se concentrou no
sistema limbico, foi dado um papel predominante no estado de humor e na regulação
dos afectos. Estas conceptualizações foram suportadas por estudos recentes de
imagens funcionais do cérebro, estudos estes realizados em pacientes depressivos
que tinham como tarefa produzir uma variedade de pensamentos e cognições. As
imagens funcionais da pesquisa tiveram resultados anoramais nos padrões de
funcionamento do sistema limbico, comparando-os com o funcionamento de um
indivíduo normal.
31
Algumas pesquisas realizadas, verificaram que havia um decrescimo de
actividade no giro medianocingulado, outros estudos verificaram que havia uma
actividade reduzida no giro frontal inferior. Outras pesquisas evidenciaram também
uma diminuição do fluxo sanguíneo nas estruturas do cerebro, tais como: sistema
límbico, lobos frontais e pré-frontais e cerebelo. Este hipometabolismo está
frequentemente e directamente associado à severidade dos sintomas depressivos.
Fazendo uma correlação entre as pesquisas neuroanatómicas e o facto, de
estas se situarem ainda numa fase precoce, as pesquisas têm sido inconsequentes,
para determinar se a extensão da disfunção neuroanatómica seja resultado da
depressão ou da sua consequência. Estudos recentes descobriram similiaridades
entre entre a depressão e a sua remissão. Estes estudos foram realizados entre
pacientes de dois grupos, pacientes depressivos e pacientes em estado de remissão
(anteriormente depressivos), em ambos os grupos verificou-se um decrescimo na
actividade do lobo pre-frontal e do sistema limbico, comparado com os individuos
normais. Estas descobertas abriram a possibilidade da disfunção neuroanatómica,
possa produzir vulnerabilidade para a depressão ou reactivar a depressão.
Tendo como um todo, a teoria neuroantómica da depressão já produziram
resultados especificos para as causas e para os tratamentos da depressão. No
entanto dando poder às pesquisas por imagens funcionais, é apenas uma questão e
tempo que novas pesquisas começem a clarificar os substratos neuroanatómicos da
depressão.
Teoria dos Neurotransmissores
A maioria das pesquisas biológicas sobre a depressão focaram-se na
desregulação dos neurotransmissores e um progresso com o desenvolvimento de
medicamentos anti-depressivos, que afectam os neurotransmissores. As duas classes
primárias de neurotransmissores implicados na depressão são: as catecolaminas
(adrenalina,dopamina, noradrenalina) e as indolaminas (seratonina).
Uma observação realizada através da medicação administrada com base de
noradrenalina (NA) e os seus efeitos no cerebro, deixa a hipótese das catacolaminas
terem um papel primário no desenrolar da depressão. Reserpine, foi o medicamento
administrado, que em principio era receitado para a hipertensão nos anos 50 e que
posteriormente decobriram que produziam efeitos na depressão, numa minoria dos
casos e em consequência verificou-se que diminuiam os niveis de NA no cerebro. No
32
entanto verificou-se que medicamentos que aumentavam a disponibilidade de NA
incluindo as anfetaminas, produziam efeitos anti-depressivos. Estas descobertas
levaram à teoria das catecolaminas na depressão, que o aumento e o seu défice de
NA eram a causa da depressão. Esta teoria levou a que se desenvolve-se a
medicação anti-depressiva para que se aumenta-se os niveis de NA no cérebro.
Novas pesquisas, revelaram que para além de afectar os niveis de NA, também
revelaram um aumento de Serotonina (5-HT) no cérebro. Estas descobertas levaram à
teoria das indoleaminas na depressão, que levantaram a hipótese que défices de
Serotonina no cérebro levavam à depressão. Como revelaram as pesquisas efectudas,
desenvolveram-se de fármacos que aumentassem a disponibilidade de Serotonina (5-
HT). Foram identificados mais de 15 sub-tipos de receptores de 5-TH, como tendo
efeito na recaptação da Serotonina, estando ligados ao humor. Dado que a definição
da depressão está relacionada com a combinação de cognições, sintomas fisiológicos
e manifestações comportamentais, pesquisas futuras irão identificar mais subtipos de
receptores 5-HT que têm um papel significativo no desenrolar da depressão.
Na administração de anti-depressivos em que se aumentam os niveis de 5-HT e
NA no Sistema Nervoso Central (SNC), procede-se a uma melhoria dos sintomas anti-
depressivos. Após variadissimas pesquisas conclui-se que o facto de haver um
descrescimo de 5-HT e NA no SNC, podem explicar os sintomas depressivos, no
entanto outras pesquisas efectuadas revelam que estes défices podem não ser
suficientes. Outras observações efectuadas explicam que o desenvolvimento dos
sintomas depressivos, tendo em consideração modelos mais complicados no
envolvimento da desregularização de um ou mais sistemas de neurotransmissores e
nas várias interacções dos sistemas de neurotransmissores para explicar o
desenvolimento da depressão.
Serotonina
A serotonina é um neurotransmissor que é produzido e tem origem nos núcleos
da rafe da linha média da protuberância e do bolbo (tronco cerebral). Os seus axónios
projectam-se para a maior parte do SNC e para a medula espinal. As projeccões
descendentes vão enervar o cerebelo e o sistem sensório motor e também modulando
a excitação neuronal. O nucleo dorsal da rafe projecta-se para o córtex frontal e
estriado e o núcleo médio da rafe projecta-se para o hipocampo e para o septo.
33
A seratonina actua no estado de alerta e tem um funcionamento mais inibitório
durante o sono.
Lesões no núcleo da rafe resulta num défice de seratonina, que está
relacionado com a duração de tempo de sono. Sendo a serotonina essencial para
comandar os ciclos do sono.
O papel da Serotonina no processo cognitivo e comportamental é modulador das
respostas punitivas e nos comportamentos inibitórios o seu défice faz com que os
individuos tenham manifestações de impulsividade.
O sistema 5-HT opera através de cerca de 15 receptores específicos, que se
subdividem em 7 subtipos. Os receptores estão localizados pré e pós-sinapticamente.
O receptor 5-HT está localizado nos corpos celulares e está envolvido na regulação
feedback negativo do neurónio 5-HT. A sua activação leva a uma diminuição da taxa
de descarga.
Estudos realizados por tomografia por emissão de positrões (PET), forneceram
evidências directas da patologia do receptor 5-HT na depressão, foi relatado uma
redução alargada da ligação do receptor 5-HT em pacientes com depressão major,
tanto pré-sinapticamente nos nucleos da rafe como pós-sinápticamente, nas várias
regiões corticais.
Se a patologia do receptor 5-HT estiver realmente envolvida na depressão,
podemos esperar que os agonistas selectivos 5-HT, pós-sinápticos e antogonistas 5-
HT pré-sinápticos com as mesmas qualificações, exercem um efeito antidepressivo,
pelo menos segundo os estudos em pacientes com deficiências no receptor 5-
HT. Vários estudos realizados verificaram que actividade depressiva dos agonistas 5-
HT parciais do tipo azapirona (Deskin, 1993; Pecknold, 1994 referido por Praag et al,
2005). Este tipo de substâncias tem efeito ansiolitico.
A carência de triptófano origina deficiências de 5-HT. O triptófano é um
aminoácido essencial e percursor da 5-HT. Essa carência pode ser originada pela
ingestão de aminoácidos pobre ou isenta de tiptófano e rica em aminoácidos
competidores, que competem com o triptófano pelos mesmo mecanismos de
transporte da corrente sanguinea para o SNC. O que leva a uma diminuição de
triptófeno na corrente sanguinea, o que faz com que haja também uma diminuição de
5-HT no cérebro. Experiências elaboradas feitas em doentes em remissão de episódio
depressivo major responderam à depleção de tripófanos com um abaixamento de
34
humor. Sujeitos depressivos revelam uma diminuição de disponibilidade de triptófano
no plasma sanguineo.
A captação de 5-HT nas plaquetas sanguíneas e nos terminais nervosos pré-
sinápticos se processa através de um mecanismo idêntico, usando o chamado
transportador 5-HT. Vários grupos observaram uma diminuição da densidade de sites
do transportador 5-HT tanto nas plaquetas como no hipocampo e no córtex occipital de
doentes deprimidos (Perry et al.,1998 cit. por Praag, 2005).
Noradrenalina
A noradrenalina (NA) tem origem no locus coeruleus situado no tronco cerebral e
também nos núcleos noradrenérgicos da espinal medula. O ser humano tem cerca de
20.000 neurónios noradronérgicos. As projecções noradronérgicas do locus coeruleus,
vão enervar a amígdala, o bolbo olfactório, o septo, hipocampo, todo o neo-cortéx, o
tálamo ventral e o anterior, o hipotálamo, entre outros. Estas são as projecções
ascendentes, tendo também projecções descendentes para o cerebelo e para a
espinal medula.
Este sistema noradrenérgico tem projecções para todo o sistema límbico, para
todo o sistema somato-sensorial. Cerca de 80% das projecções provenientes do locus
coeruleus, vão para o hipotálamo, tálamo medial, córtex cerebral, hipocampo e para a
espinal medula.
A NA tem impacto nas respostas fisiológicais e comportamentais, muitas dessas
respostas fisiológicas estão relacionadas com o batimento cardíaco e a pressão
sanguínea, o estado de alerta e vigília, está associado a uma hiperexcitação e também
afecta o armazenamento da memória. Esta influência na memória está ligado a
situações em que há uma exposição não usual de stress, verifica-se que os indivíduos
expostos a essas situações não conseguem relatar o acto em que estiveram
envolvidos.
A hipótese da NA na depressão postulava que a dificiência de NA seria uma
componente da psicopatologia. Dados indicativos de hipofuncionamento
noradrenérgico revelam um decrescimo de MHPG urinário em doentes depressivos, o
défice de catecolaminas (CA) pode causar depressão e recorrência em pacientes em
remissão. Há também dados indicativos de hiperfuncionamento noradrenérgicos como
uma subida plasmática de NA e DA, um aumento de excreção urinária de NA e de
35
metabólicos de NA e uma elevada concentração de NA no liquido céfalo raquidiano
(LCR) ao longo do dia.
A activação simpatico-supra-renal é uma componente integral da resposta «luta
ou fuga» e da «sindrome de adaptação geral» descrita por Seyle (1936) e citado por
Praag (2005). Esta ocorre em muitos estados em que se ameaça a homeostasia, quer
de natureza física, quer de natureza psicológica (stress). No caso da depressão é uma
questão importante mas ainda não resolvida o facto de ela se relaçionar com a
depressão, ou antes com um turbilhão emocional a que a depressão conduz.
A possivel diminuição do metabolismo de NA na depressão tem sido largamente
estudada por meio da excreção urinária de MHPG, assumindo que o MHPG reflecte o
metabolismo de NA no SNC. Mas esta teoria do MHPG, foi contestada por Blomberg e
pelos seus colaboradores (1980), referindo que apenas cerca de 20% do MHPG
provinha do SNC.
Um estudo realizado por Lambert e seus colaboradores (2000) referido por
Praag e colaboradores (2005), refere que a diminuição de NA arteriovenoso em
individuos deprimidos, constitui uma notavel excepção, no sentido em que sugere que
uma diminuição da utilização de NA no SNC de sujeitos deprimidos.
Dopamina
A dopamina (DA), está localizada e provêm de corpos celulares localizados no
mesencéfalo ventral na substância negra e projecta-se para o corpo estriado (sistema
DA nigroestriatal), para as zonas limbicas (sistema DA mesolímbico) e para o córtex
cerebral (sistema DA mesocortical). Para além da referida localização os neurónios
dopaminérgicos encontram-se no nucleus arcuatus. Eles enviam os seus axónios pra
o hipotálamo e para a glândula pituitária (sistema DA túbero-infundibular e túbero-
hipófisiário). Os sistemas DA mesocortical e mesolimbico desempenham um papel
importante nas experiências de recompensa e no comportamento orientado para
objectivos. Ambas as caracteristicas comportamentais encontram.se diminuidas na
depressão, por isso pensa-se que ocorram perturbações nos sistemas de DA na
depressão.
Tal como na 5-HT e na NA as funções DA, são um inibidor do produto final. Os
receptores DA estão localizados pré e pós-sinapticamente. A estimulação do receptor
pré-sináptico leva à diminuição de libertação de DA e por isso uma inibição da
transmisão dopaminérgica.
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Existem relatos que os receptores D1 e D2 exercem efeitos opostos nos
sistemas de recompensa. As perturbações nas experiências de recompensa
(anedonia), podem estar relacionados com o aumento da actividade dos receptores D1
ou com a hipoactividade do sistema de receptores D2.
Glucocorticóides
Referem várias teóricos que a depressão é a falta de adaptação stress. O stress
é a principal razão para a produção de glucocoticóides.
A produção de glicocorticóides está associado ao eixo hipotalâmico / hipofise
adrenal. Os núcleos supra-ópticos e paraventriculares do hipótalamo produzem o CRF
(factor libertador da hormona adrenocorticotrópica) que controla a secreção de ACTH
(hormona adrenocorticotrófica) pela hipófise anterior. O ACTH condiciona a acção de
glicocorticóides (cortisol e corticostrona) pelo córtex adrenal. A activação deste
sistema aconteçe quando o indivíduo é exposto a qualquer situação de stress. Quando
há stress vai haver uma activação excitatória do hipotálamo que desencadeia a acção
no referido eixo e a rápida elevação dos niveis de glicocorticóides com o objectivo de
preparar o organismo para as suas reacções (luta ou fuga). O aumento de cortisol vai
inibir a produção de CRF e ACTH por um mecanismo de feedback que pode ser
descontinuado com a continuidade da exposição ao agente stressor. O aumento do
cortisol no organismo tem várias consequências como: a disponibilidade energética do
organismo através da glicogenese com a utilização diminuida da glicose pelas celulas,
diminuição da sintese proteica, o aumento do catabolismo das proteínas, aumento dos
aminoácidos no sangue, a retenção de sódio e excreção aumentada de cálcio e
fosfato, funcionamento neuromuscular, hemodinâmica circulatória e consequente
potencialização de resposta autonómica (aumento das catecolaminas). Para além
destas consequências também há outras que podem ter repercussões ao nivel
fisiológico como a diminuição da resposta a inflamações, redução da produção de anti-
corpos e uma diminuição de funções no sistema imunitário, deixando o indivíduo mais
vulnerável a doenças inflamatórias. Alguns investigadores questionam o papel do
stress associando-o à origem de cancros.
Sistema Limbico
O Sistema Limbico é uma parte muito importante na regulação das emoções e
dos comportamentos afectivos em todos os animais incluindo o ser humano. O
Sistema Limbico é composto pela amigdala, giro cingulado, hipocampo, nucleo
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accubens, nucleos basais, cortex orbito-frontal, cortex frontal. Todas estas estruturas
fazem parte do Sistema Limbico e com enorme importância no seu funcionamento.
O estado interno do nosso corpo está largamente sobre o controlo dos núcleos
autonómicos da espinal medula e do tronco cerebral, que têm o controlo motor e
visceral, e também o hipotalamo que se situa num nivel mais elevado da coordenação
autonomica e endocrina. Qualquer pessoa pode ter em atenção o batimento cardiaco
durante um filme de acção excitante. Estes reacções viscerais são modificadas em
relação ao estimulo e à experiencia anterior, se nós vermos o mesmo filme várias
vezes o estimulo que era excitatório e de surpresa que nos fazia aumentar o ritmo
cardiaco, vai-se tornar esperado e não provocar mudanças no funcionamento. As
modulações relacionadas com as experiências sensoriais do passado e do presente,
ambas dependem das estruturas do prosencefalo que estão ligadas ao Sistema
Limbico. Estas estruturas têm conexões com o hipotálamo e o tronco cerebral que
fazem a ligação entre o sistema sensório do prosencefalo e as areas de controlo
visceral. Por outro lado as estruturas limbicas interagem com o cortex cerebral, os
tálamos e os gânglios da base relacionados com as funções viscerais de entrada de
estimulos provenientes do meio e as funções cognitivas.
Amígdala
A amígdala é possibilita a iniciação de comportamentos autónomos, da mesma
forma que os gânglios da base possibilitam a iniciação de movimentos voluntários
(Mackay, 2003). A amígadala é um complexo de núcleos embotidos no polo rostral do
lobo temporal. Existem varios núcleos profundos como o núcleo lateral, núcleo basal e
os núcleos basais acessórios, que estão interligados com o lobo temporal, cortex
frontal, corpo estriado e o tálamo medio-dorsal. Na superficie encontram-se as
ligações às areas corticais, muitas delas estão interligadas com o sistema olfactórios.
No lado dorsal da amígdala estão os núcleos central e o núcleo medial, que têm
conecções com o hipotálamo e com os núcleos do sistema autonómico do tronco
cerebral (Ramachandran, V. 2002).
A amígdala recebe inputs de todos os sistemas sensoriais. Relembrando que é a
partir da amígdala que os neurónios respondem aos complexos estimulos sensoriais,
tais como o olfacto e os estimulos visuais entre outros estimulos. Adicionando aos
aspectos sensoriais dos estimulos, as respostas são influenciadas pela novidade do
estimulo e do tipo de afectividade que se dá ao estimulo.
38
Existe um complexo sistema de ligações intraamigdalóide que faz ligações com
o cortex (nucleo central e medial da amigdala), que fazem ligações com o hipotalamo
e o tronco cerebral, que também se extendem a outras áreas do sistema limbico,
incluindo o hipocampo, giro perihipocampal e os nucleos basais de Meynert.
Os outputs da amigdala são dividos em três categorias: O retorno das
projeccões de volta às areas sensoriais que projectam para a amigdala, como no caso
do sistema visual, em que há um retorno das projecções que se extendem para lá do
cortex visual primário.
As projecções descendentes para o centros de controlo visceral de hipotalamo e
do tronco cerebral. O núcleo central da amigdala projecta para uma larga variedade
de grupos de células autonómicas, incluindo o hipotalamo lateral, o periaquedutal
cinzento, nucleo vago dorsal e para a espinal-medula ventrolateral. A amigdala nestas
projecções pode influenciar o batimento cardiaco e a pressão sanguínea, aparelho
digestivo, na respiração, etc. Como exemplo a estimulação do núcleo central da
amigdala pode provocar úlceras no estomago e também alterações cardiovasculares.
As interacções com o cortex orbital e medial frontal, ambas projecções directas
amigadalocorticais e através de ligações com o núcleo talâmico medio-dorsal e a parte
ventromedial dos ganglios da base. Este circuito aparenta estar envolvido no tipo de
estimulos sensoriais e estipular o estado de humor.
Multiplos estudos efectuados e após multiplas observações, pode-se saber o
papel da amigdala no controlo das emoções e comportamentos (Ramachandran,
2002).
É a amigdala que decide quando é que um comportamento autónomo específico
é adequado e se liberta da sua inibição. Quando o estímulo não é significativo a
amígdala permanece inibida. A estimulação da amigdala faz com que se desencadeie
os programas autónomos. No entanto a amigdala tem de aprender a intepretar os
padrões de marcadores sensoriais de forma a adequar o comportamento ao estimulo.
De facto a amigdala é um local de memórias ligadas à emoção (Mackay, 2003).
A amigdala funciona, fazendo parar os programas autónomos decorrentes, de
acordo com as condições externas e internas. O seu funcionamento é como um
mecanismo de paragem para as quatro funções principais (alimentação, luta, fuga, e
39
sexo). Também à relações entre a amigdala e as respostas de medo. Experiências
elaboradas em ratos verificou-se que lesões na amígdala faziam com que os ratos não
tivessem medo dos seus predadores. Experiencias feitas em macacos selvagens e
agressivos, transformavam-se em macacos doceis. Significa que a estimulação da
amigdala resulta em ansiedade.
Respostas emocionais aversivas, como o medo ou a repugnância,
desencadeiam comportamentos de fuga, que permite o evitamento de estimulos que
não sejam bem vindos. Este tipo de repostas são implementadas pela amigdala e pelo
córtex pré-frontal direito.
As respostas emocionais positivas, como o orgulho ou o entusiasmo , que
desencadeiam movimentos de aproximação com vista a usufruir dos estimulos
recompensadores. Os estimulos agradáveis activam uma longa área que se estende
desde a amigdala para o núcleo accumbens, que é enervado por neurónios
dopaminérgicos (estriado ventral) até ao cingulo estriado ventral e ao córtex sub-
caloso. Os comportamentos de aproximação são elaborados pelo córtex pré-frontal
esquerdo (Mackay, 2003).
De referir que a parte limbica ou ventromedial do córtex pré-frontal torna-se
necessária para anticipar as consequências futuras das acções, no sentido de serem
ou não desejaveis. Sendo esta avaliação de uma importância extrema, devido ao seu
impacto emocional e um factor emocional poderoso.
Lesões no sistem limbico, resultam em disfunções do foro psiquiátrico, que estão
associadas a varidas psicopatologias, como: depressão, perturbação bipolar,
perturbação obsessivo compulsiva e esquizofrenia. Foram verificadas que alterações
na amigdala e em partes do córtex pré-frontal e no tálamo medial em pacientes
portadores de depressão e perturbação bipolar. Mudanças ao nivel celular,
especialmente das células Gliais, também têm sido reportado com alguma
importância, mais especificamente no córtex medial pré-frontal, orbital e na amigdala,
em sujeitos deprimidos. Pacientes com lesões nas áreas pré-frontais também têm uma
uma relativa importância na incidência da depressão. Como visto anteriormente lesões
no córtex pré-frontal ventromedial produz graves defíces de reacções emocionais e de
tomada de decisões (Ramachandran, V. 2002).
Hipocampo
40
O hipocampo está associado na produção da memória e na sua consolidação. O
hipocampo associa diferentes sinais sensoriais de entrada de modo a desencadear
reacções limbicas adequadas. A sua estimulção está associada aos movimentos
involuntários dos órgãos autonómicos. Esta estimulação e reacção corresponde a
emoções, comportamentos sexuais, atenção, etc.
Um individuo pode se habituar rapidamente a estimulos pouco significativos, mas
percebe sempre um estimulo que lhe provoque prazer ou desprazer. O hipocampo
desempenha a função de associar as caracteristicas afectivas dos estimulos
sensoriais e transmitir essa informação que está integrada até às zonas de
recompensa ou de aversão do hipotálamo e outros centros de controlo da informação,
relacionado com a aprendizagem. A remoção bilateral do hipocampo, torna o individuo
amnésico, para memórias recentes.
O hipocampo juntamente com as regões que rodeiam o giro do lobo para-
hipocampo, é extremamente importante para alguns tipos de memória, embora o
hipocampo em si esteja envolvido na retenção dos arranjos complexos dos dados
espaciais e temporais (Mackay, 2003).
O hipocampo recebe projeccções de várias áreas corticais de associação
sensorial, incuindo as áreas auditivas e olfactivas do cortéx superior e inferior
temporal. Envia também projecções para o hipotalamo. Faz conecções com as areas
corticais pré-frontal e cinguladas, projecções para os nucleos talâmicos anterior e
medio-dorsal e núcleos mamilares, projecções para a parte ventral dos gânglios da
base (Ramachandran, 2002).
Eixo H.P.A.
O eixo HPA (Hipotálamo, Glândula Pituitária, Córtex Supra-Renais), vai actuar,
na resposta ao stress. Esta actuação é iniciada a partir das células do sistema nervoso
simpático, mais própriamente apartir das células parvocelular do PVN no hipotálamo
que produz CRH, estas células projectam-se para o sistema HPA. É através destas
projecções que vão se ligar à glândula pituitária anterior mo qual fazem sinapse aos
receptores CRH-1 das células produtoras de ACTH(corticotrópicos), que leva a um
aumento da produção de ACTH e endorfinas. A ACTH é libertada para a circulação,
que vai desencadear a libertação dos glicorcoticóide cortisol, pelo córtex supra-renal,
(Praag, 2005).
41
O stress de longa duração conduz a uma downregulation, dos receptores CRH-1
na pituitária, mas os receptores AVP(arginina vasoprosina), ficam em upregulation.
Circuitos no hipocampo, na amigdala e no córtex frontal, têm contactos sinápticos que
desempenham um papel no processameto do conteúdo cognitivo e emocional da
informação de stress. Toda as projecções neuronais aferentes limbico-corticais e do
tronco cerebral para o eixo HPA são alvo das hormonas de stress envolvidas na
expressão de receptores CRH e de cotocóesteroides, (Dallman et al., 2002, citado por
Praag, 2005). Sendo assim a entrada para os neurónios CRH transportam informação
dos factores de stress para o eixo HPA e são as depterminantes decisivas do conjunto
das apatações fisiológicas e comportamentais serem provocadas pelo factor stress.
Em resposta ao stress, a ACTH estimula a secreção de cortisol a partir das
glândulas supra-renais, sendo a regulação efectuada à ACTH, feita por vários factores,
incluindo um input nervoso proveniente do hipotálamo.
A acção do cortisol, actua no metabolismo da energia, na capacidade de
resposta ao stress e no processamento de informação, o que provoca efeitos a curto
prazo, na exposição aguda (mobilização da energia, controlo das reacções ao stress,
aumento do tónus muscular, supressão do crescimento, recalcificação ossea,
supressão da reprodução, supressão da imunidade, anti-inflamatória) e a longo prazo,
na exposição crónica (miopatia, fadiga, risco de diabetes, hipertensão, osteoporose,
amenorreia, impotência, défice das defesas imunitárias, perturbações afectivas e do
comportamento alimentar, adição, neurotoxicidade).
Estudos realizados verificaram que estados de ansiedade, estados negativos de
humor e preocupações diárias eram acompanhadas de um aumento de cortisol, (Can
Eck et al., 1996 referido por Praag, 2005). Outros estudos relaizados em animais,
referem que as baixas concentrações de glicocorticóides têm um efeito de
recompensa, mediado pela acção da dopamina. A depressão caracteriza-se por
resistência de feedback aos glicocorticóides e intensificação da actividade
CRH/vasopressina. Sendo as perturbações do eixo HPA inespecificas e possivelmente
relacionadas com perturbações de sistemas especificos de regulação psíquica.
Dado que as hormonas de stress estarem envolvidas na depressão é de realçar
que os sinais de aumento de hiperactividade do eixo HPA se mantêm ao longo do dia ,
então o fenómeno da depressão é consequência do stress e das experiências
perturbadoras conscientes.
42
TRATAMENTOS
Existem vários tipos de tratamentos para a depressão, devolvendo aos sujeitos
uma razoavel condição de vida. Estes tratamentos passam pela farmacologia, ou seja
este tipo de tratamentos vão actuar ao nivel biológico das estruturas do cérebro,
devolver a harmonia e equilibrando os défices internos. Enquanto que as terapias
psicológicas funcionam mais através da mudança de pensamentos que levam a
mudanças de comportamentos, e tentar com que os individuos depressivos percebam
melhor as suas vidas. Existem várias terapias aplicadas para tentar resolver o
problema da depressão no que se refere às biológicas temos a medicação anti-
depressiva, tratamento ectroconvulsivo e outros alternativos. No que se refere a
tratamentos psicologicos existem também várias terapias, sendo as mais importantes
a terapia cognitivo-comportamental, a terapia psicodinâmica psicanalitica, terapias de
grupo e outros modelos alernativos. Sendo a combinação de terapias biológicas e
psicológicas a mais eficaz. De seguida será feita uma abordagem a cada uma das
terapias.
Medicação Anti-Depressiva
Dando enfâse à teoria dos neurotransmissores da depressão, os primeiros
tratamentos biológicos contra a depressão é feita com medicação anti-depressiva,
cerca de 60-70% dos individuos. Os anti-depressivos melhoram o humor, a energia, o
sono, a anedonia, e geralmente acompanham estas melhorias um aumento dos niveis
de noradrenalina e serotonina no cérebro. Recentemente foi descoberto que os
antidepressivos também aumentam os niveis de dopamina no cérebro. Os
antidepressivos tendem a ser classificados pela acção que têm nos
neurotransmissores. Sendo assim podem ser classificados em três classes: aqueles
que inibem a recaptação dos neurotransmissores, aqueles que inibem a degradação
do neurotransmissor e aqueles em que a sua acção especifica no local, para induzir
uma maior produção de neurotransmissores.
Triciclicos
Existem quatro tipos de inibidores de recaptação. Os primeiros anti-depressivos
a serem identificados foram os anti-depressivos triciclicos, que inibem a recaptação de
serotonina (5HT) e noradrenalina (NA). A segunda geração dos anti-depressivos
triciclicos foram desenvolvidos predominantemente para inibir a recaptação de NA,
interferindo com como processo de recaptação normal, limpando a sinapse do
43
excesso de neurotransmissores. O antidepressivo triciclico aumenta a disponibilidade
de monoaminas (5HT, NA, DA) na fenda sinaptica. Ambos os antidepressivos
triciclicos vão interagir com outros sistemas de neurotransmissores, como a histamina,
epinifrina e acetolina, produzindo um largo numero de efeitos secundários. A acção
sobre os efeitos da histamina (H-1) detrermina um aumento do peso e sedação, os
receptores musacarínicos, que são estimulados pela acetilcolina, originam obstipação,
xerostomia, turvação da visão, sendo também responsavel pelo agravamento das
dificuldades cognitivas e quadros confusionais em populações de risco, a acção sobre
os receptores adrenérgicos origina hipotensão ortostática e tonturas (Mackay, 2003).
Está se a fazer um esforço para se desenvolver antidepressivos que produzam
menos efeitos secundários e com menos riscos para a saúde. O efeito mais comum
associado com os recaptadores de serotonina (SSRIs), inclui alguma ansiedade e
agitação, nauseas, disfunção do sono, disfunção sexual, dores gastrointestinais,
diarreia e dores de cabeça, sendo que a sua administração excessiva, não se corre o
risco de overdose. Os SSRIs são correntemente os mais comuns, medicamentos
antidepressivos prescritos.
Pesquisas recentes desenvolveram uma nova classe de antidepressivos.
Venlafaxine que são inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina,
semelhante à primeira geração dos antidepressivos triciclicos, mas não afecta outros
sistemas de neurotransmissores e também com menos efeitos secundários. O
Buproprion é um novo antidepressivo que inibe a recaptação de noradrenalina e
dopamina e que não tem qualquer efeito na serotonina.
IMAOS
Os IMAOS são antidepressivos que inibem acção de degradação dos
neurotransmissores, interferindo com as enximas monoaminas oxidase, que destroem
o excesso de noradrenalina, serotonina e dopamina do terminal sinaptico e
présináptico. Tal como os triciclos os IMAOS têm também um lado pouco agradavel de
efeitos secundários, que inclem, tonturas, disturbios do sono, sedação, fadiga,
fraqueza geral, agitação motora, boca seca e disturbios gastrointestinais. Há uma
limitação importante à utilização dos IMAOs, que é a ingestão de alimentos contendo
tiramina (muito comum em todos os alimentos), que produz um aumento de libertação
de noradrenalina, que pode produzir hipertensão que pode ser letal. É bastante
importante ter em conta que os pacientes que estejam a tomar IMAOS façam uma
44
dieta livre de tiramina, evitar alimentos como; queijos, carnes fumadas, vinho, cerveja
e fermentos.
Antagonistas de Serotonia e Noradrenalina
Mirtazapine (Remeron) é um novo antidepressivo que tem como objectivo
produzir efeitos antidepressivos bloqueando adrenoreceptores e os dois receptores
pós-sinapticos da serotonina, 5-HT-2 e 5-HT-3, que aumentam a actividade de
noradrenalina e serotonina no cerebro. Tendo efeitos secundários como sonolência,
aumento de apetite e aumento de peso.
Como prática corrente recomenda-se SSRIs e alguns novos antidepressivos
(buproprion, nefazodone e venlafaxine), como primeiras escolhas, já que os seus
efeitos secundários são relativemente modestos comparando com outros. Para não
respondentes a primeira escolha de antidepressivos de acordo com as orientações
sugeridas são os triciclicos, seguidos dos IMAOS (Ramachandran, V. 2002).
Terapia Electroconvulsiva (EC)
A terapia Electroconvulsiva (EC) é a sugunda forma biológica de tratar a
depressão e é usado predominantemente com experiençias individuais severas, que
não respondam a antidepressivos e ou psicoterapias. O EC é realizado através da
aplicação de electroestimulos, em que os electrodos são colocados na cabeça do
individuo. Os individuos são anestesiados primeiro e é administrado um relaxante
muscular para prevenir desconforto e lesões durante a terapia. Pesquisas efectuadas,
revelaram que o alivio dos sintomas depressivos na administração do EC é de curta
duração, particularmente em pacientes com sintomas psicóticos. O EC produz
significantes melhoras em cerca 80-90% dos pacientes com depressões severas.
Pesquisas realizadas revelam diferenças em relação ao alivio dos sintomas
depressivos e o lugar de aplicação dos electrodos do EC, no caso de serem aplicados
unilateralmente ou bilateralmente e os efeitos adversos. No caso dos efeitos adversos
indesejados em nas aplicações unilaterais, são perda de memória de curto prazo e
outras deficiências cognitivas, incluindo uma leve desorientação. A estimulação
bilateral produz rapidas e grandes melhorias nos sintomas depressivos do que a
estimulação unilateral. No entanto a estimulação bilateral produz grandes perdas de
memória de curto prazo, desorientação e amnésia retrograda.
Limitações dos tratamentos Biologicos
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Considerando as evidencias existentes demonstradas sobre a efectividade da
medicação antidepressiva no alivio dos sintomas depressivos, a medicação é algo
importante na cura ou no alivio da sintomatologia. No entanto cerca de 30-40% dos
individuos medicados com antidepressivos, não respondem à medicação. Segundo os
guias práticos, sugere-se que a falha da resposta à medicação antidepressiva de uma
classe vai predizer que falhe também em outros antidepressivos da mesma classe,
mas não há estudos empiricos que sejam conclusivos que suportem esta proposição.
Para além desta proposição andiantada anteriormente, as taxas de recaida são
muito altas em pacientes que têm unicamente a medicação como terapia.
Aproximadamente cerca de 40-60% os pacientes irão ter recaida se a medicação for
descontinuada durante os primeiros meses. Mais de 60% de individuos tratados com
EC, irão ter recaidas no ano seguinte, se a terapia não for acompanhada de
medicação antidepressiva, após os tratamentos com EC. Dado a aceitação da
concepção da depressão crónica, e as reicidencias, as práticas começaram a
desenvolver-se prescrevendo tratamentos biológicos, vários anos após o primeiro
episódio depressivo (Ramachandran, 2002).
Psicoterapia Psicodinâmica
As psicoterapias psicodinâmicas, evoluiram a partir das terapias psicanaliticas,
que eram originalmente realizadas para modificarem a personalidade dos individuos.
Esta tarefa é realizada a través da descoberta e trazer à consciência os conflitos que
interferem com a funcionalidade do individuo. Adaptações recentes da psicoterapia
psicodinâmica foi focada na depressão tendo aproximações mais activas, enquanto
continuam a descobrir os conflitos inconscientes. Esta terapia tem tendencia a focar o
desenvolvimento da uma aliança terapeutica, que implementa no paciente uma auta-
eficácia no que respeita à resolução do problema. Uma vez conseguida essa aliança
terapeutica, o paciente está apto a conseguir ter o insight do seu problema, ou seja de
entender o seu problema, aprendendo mais acerca dos seus padrões de
relacionamento, que leva a um aumento do seu potencial para a mudança. Alguns dos
insights são desenvolvidos pela exploração entre o paciente e o terapeuta na
examinação dos caminhos na qual este relaçionamento espelho, se transfere nas
relações do paciente no mundo real.
Quando comparado com outras psicoterapias para adultos, a psicoterapia
psicodinâmica tende a ter uma performance equivalente às demais psicoterapias. Mas
há alguns estudos em que comparam a psicoterapia psicodinâmica com um placebo.
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Terapia de grupo
A terapia de grupo tem como objectivo diminuir os sintomas da depressão
focando-se nos problemas interpessoais. Mais especificamente na examinação da
tristeza, no papel dos conflitos relaçionais, no papel das transições, nos défices sociais
e em todo o contexto da problemática relacional. Individuo deprimidos são
questionados para prestar mais atenção a todas situações de interacção social e
também aquelas situações sociais em que se sentem desapontados. Examinando
cuidadosamente o seu próprio papel na acção. Os pacientes tornar-se-ão mais aptos a
reconstruirem os seus relacionamentos e a torna-los mais produtivos.
Existe suporte para a eficácia das terapias de grupo no tratamento da depressão
nos adultos, e preliminarmente as evidências sugerem que talvez seja util com
adolescentes. Alguns estudos descobriram que supera constantemente as condições
de controlo e produzem efeitos pelo menos equivalentes às terapias cognitivas e à
medicação antidepressiva.
Terapia Comportamental
O principal objectivo das terapias comportamentais, é aumentar as actividades
de prazer na vida dos pacientes. Os pacientes aprender a monotorizar as suas
flutuações de humor durante o decorrer da semana. Eles pensam que anotar estas
situações produzem efeitos positivos na mudança de humor no qual traz mudanças
acerca dos eventos que provocam alterações negativas no humor. O terapeuta e o
paciente em conjunto tentam implementar mudanças na vida do paciente que possam
trazer estado de humor mais positivos. Nas situações em que o paciente não tem a
habilidade necessária para provocar mudanças no comportamento, o terapeuta e o
paciente trabalham em conjunto para ganhar essas habilidades ou competências. Há
alguns treinos especificos que se podem realizar com o paciente corrigir os seus
défices, tais como: o treino para adquirir competências sociais, relaxamento,
assertividade, etc.
Existe um suporte empirico à efectividade da terapia comportamental no
tratamento da depressão, no entanto não tenha sido bem avaliado na população
clinica. Vários estudos realizados verificou-se que havia resultados identicos a outras
formas de psicoterapias e um estudo revelou que a terapia comportamental produz
resultados comparados com o antidepressivo amitriptyline (Ramachandran, V. 2002).
Terapia Cognitivista
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A terapia cognitivista reduz os sintomas depressivos, transformando a má
adaptação e os pensamentos negativos nos quais os depressivos estão ancorados.
Trabalhando em colaboração com o terapeuta, identificando e alterando os
pensamentos e os comportamentos dos pacientes que contribuem para os sintomas
depressivos. Uma vez que os pacientes aprendem acerca das relações ao longo do
trajecto de vida. O pensamento e o humor, são utilizados para reconheçer a presença
dos pensamentos automáticos negativos e pensamentos pessimistas que contribuem,
para a manutenção do humor depressivo. Este estilo de pensamentos pessimistas são
examinados conjuntamente com o terapeuta e o paciente analisando a sua validade e
a sua utilidade. O paciente vai aprender a gerar pensamentos e explicações
alternativas para os eventos que se deparam menos favoraveis, procurando
informação relevante e depois decide pela explicação mais realista, já que os
pensamentos negativos são geralmente direccionados para si mesmos como
culpabilidade e não como um acontecimento casual e realista. Frequentemente as
explicações mais realisticas são menos causam menos culpabilidade e menos
angustia do que os mais realistas, acreditando que o paciente possa mudar os seus
pensamentos e comportamentos. Quando a maioria das explicações realisticas
continuam a ter um caracter depressivo, o paciente e o terapeuta vão trabalhar em
conjunto na criação de soluções realisticas para os problemas.
Existe evidências consideráveis de um suporte, da eficácia da terapia cognitiva
no tratamento da depressão, tanto em adultos como em adolescentes. Várias
pesquisas revelam que a terapia cognitiva pode produzir resultados equivalentes, ou
superiores do que aqueles produzidos pela medicação antidepressiva. Dados a longo
prazo sugerem que a terapia cognitiva é eficaz na prevenção de recaidas, são mais
eficazes do que a medicação antidepressiva.
Limitações das Terapias Psicologicas
Uma das principais limitações dos tratamentos psicologicos é a dificuldade, que
os investigadores têm em identificar os ingredientes especificos para os tratamentos,
já que são mais responsáveis pelos alivios dos sintomas depressivos. Muito poucos
tratamentos psicologicos foram comparados com placebos dos tratamentos
psicologicos. Esta limitação, associa-se ao facto dos tratamentos psicológicos placebo
terem tendência a reduzir os sintomas depressivos. O que cria a duvida em saber qual
a parte do tratamento efectuado que actua na redução dos sintomas depressivos. Uma
segunda importante limitação permanece na diferença entre os prestadores de
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tratamento pela comunidade (pacientes envolvidos em pesquisas) e aqueles utilizados
nos estudos dos tratamentos. Os prestadores de tratamento nas suas pesquisas para
a terapeutica da depressão são rigorosamente treinados e supervisionados, enquanto
estão em tratamento. Sendo assim, é plausivel que a sua habilidade não seja
representativa do nivel médio dos prestadores de tratamento pela comunidade. Há
sempre diferenças entre os pacientes em estudo o que vai criar dificuldades
posteriores nos estudos.
Tratamentos Combinados Biologicos e Psicológicos
Tirando o partido das partes mais fortes de ambos os tratamentos psicológicos e
biológicos sobre a depressão, muitas pesquisas assumiram que uma combinação
diferente na forma dos tratamentos, em que iria fornecer mais beneficios individuais.
Medicação antidepressiva pode reduzir muitos dos sintomas fisiológicos da depressão,
enquanto a psicoterapia iria reduzir a falta de adaptação cognitiva e comportamental.
No entanto as pesquisas evidenciam e suportam a eficácia da combinação dos
tratamentos para a depressão. Adicionando um tratamento psicologico a um
tratamento biológico tem vindo a mostrar uma redução taxas de recaidas.
Há fortes evidencias de que a combinação de tratamentos é mais eficaz para
individuos com depressões crónicas e mais severas.
CONCLUSÃO
Concluimos que a depressão é uma doença do foro psiquico que se encontra
associada às Perturbações de Humor, é estudada ao longo dos tempos, desde os
tempos de, Hipócrates (420-277 a.C), na antiga Grécia, passando pela Roma antiga
onde Galeno efectuou os primeiros tratamentos dos sintomas depressivos, onde
referia que as perturbações de humor proferiam da bile, e tinham influência no humor
das pessoas, teoria esta que permaneceu durante vários séculos. A visão da tristeza
ou seja dos sintomas depressivos também passou pela religião, onde foi tomada como
algo maléfico e posteriormente como algo de positivo e benéfico tal como refere
Aristóteles já em pleno renascimento em que a melâncolia era vista como uma fonte
inspiração e apenas alguns tinham acesso a ela. Outras teorias avançaram de que
tinha origem astral, relacionado com os movimentos dos planetas. Foi durante o
secúlo XVIII que o termo depressão surgiu pela primeira vez por Weikhard, foi nesta
época que a psiquiatria se iniciou como uma especialidade da medicina.
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Desde então houve uma evolução gradual ao longo dos anos tendo avanços
mais significativos na actualidade ou no inicio do século passado, até aos tempos
devido à evolução tecnológica, que permite diagnosticar, ter acesso e perceber certo
os funcionamentos cerebrais e que aeras são estimuladas, detectar disfunções, lesões
que anteriormente não era possivel ter acesso.
As psicopatologias, mais especificamente a depressão no qual foi realizado este
estudo, demonstram que as várias teorias são válidas e todas elas apontam para
diferentes visões sobre a doença, o que torna o conheçimento sobre ela ainda mais
profundo. Iniciando pelas teorias psicológicas aqui apresentadas tanto a variante
Cognitivo Comportamental como a teoria mais Psicanalítica, que têm visões sobre a
problemática de um certo modo diferente, mas que se complementam em si. A
Cognitivo Comportamental com uma visão mais racional dos efeitos do dia-a-dia e das
experiências passadas como motivo da depressão. Enquanto que a teoria Psicanalítca
tem uma visão mais profunda da depressão, que se embrenha mais nos
relacionamentos primários e consequentemente sendo a causadora da perturbação. A
teoria Ateorica ou seja sem teoria baseada apenas na sintomatologia apresentada que
é docomentada no DSM-TR-IV (2002), é uma base universal para diagnosticar a
depressão sem qualquer tipo de teoria.
A personalidade é uma prepoderante na predisposição para a a depressão
sendo a personalidade neurótica a que tem mais probabilidades de adquirir a
depressão.
Outros estudos realizados que também podem ser predispostos para a
depressão são os factores genéticos e ambientais. Os estudos realizados com
gémeos referem que os factores genéticos têm significância na propensão para aquirir
depressão. As diferenças ambientais e genéticas predizem as diferenças entre ter ou
não ter depressão. Outro factor relevante é o facto de haver uma maior probabilidade
de contrair depressão onde os parentes primários ou de relação directa são
depressivos.
Não se pode dissociar a depressão de outras doenças do foro fisiológico e
psicológico. A comorbilidade está presente em muitos dos estudos da depressão, tais
associações podem-se fazer com o consumo de substâncias, doenças crónicas como
cancros, HIV, consequências de AVC e também podem ser induzidas através da
farmacologia e os seus efeitos secundários.
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Na maioria dos estudos realizados sobre a depressão tomam a mulher como
mais predispostas para a depressão. Este fenómeno foi associado a uma condição
social de maior exigência para a mulher, sendo os homens menos predispostos para a
depressão, sendo a idade de maior risco entre os 30 e os 40 anos, o que não quer
dizer que não exista nas outras idades, já que existe depressão em todas as idades. A
depressão não escolhe estratos sociais, mas segundo estudos realizados existem
mais casos de depressão nos indivíduos que têm mais maiores repsonsabilidades que
lidam diáriamente com factores que provocam stress.
Todos estes acontecimentos e teorias descritas anteriomente, têm um resultado
interno no ser humano, mais especificamente ao nivel do SNC que comanda todo este
complexo organismo que é o ser humano. Esta vivências provocam alterações no
SNC e nas suas várias estruturas. Nós somos o reflexo das nossas transformações
internas. O cérebro não é um orgão estático, mas sim dinâmico sempre em constante
modificação, reage a todos os estimulos exteriores e adapta o corpo em sua resposta.
A causa dessas resposta, faz alterar as estruturas do cérebro, mas muitas dos estudos
não concluiram se são causa ou consequência. A diminuição do lobo frontal em
pacientes deprimidos é um facto garantido, que há uma perda de massa cerebral na
parte de processamento da informação. As estruturas cerebrais não são autónomas
sendo dependentes e directamente afectadas por outras sub-estruturas que
condicionam o seu funcionamento. A importância de haver uma homeostasia do
funcionamento cerebral é bastante importante. Uma lesão numa destas estruturas vai
afectar todo o SNC. No caso da depressão é dada mais evidência ao Sistema Limbico,
sem menosprezar todos os outros sistemas, já como foi anteriormente referido está
tudo associado.
O Sistema Limbico porque tem como função a regulação do organismo e dos
estimulos provenientes do exterior é como se fosse um regulador das emoções e do
comportamento afectivo. Este recebe aferencias provindas de várias regiões do SNC e
emite projecções para quase todas as areas do córtex. Este está dependente de
outras áreas muito importantes que se encontram no tronco cerebral, que contêm
neurónios que contêm neurotransmissores importantissimos na modelação do humor
que são as catecolaminas (adrenalina, dopamina, noradrenalina) e as indolaminas
(serotonina) entre outros. Estes neurotransmissores são oriundos de núcleos do tronco
cerebral, como o núcleo da rafe para a serotonina, a noradrenalina no locus coeruleus,
a dopamina da substância negra. Estes neurotransmissores são os mais importantes
associados à depressão. Uma disfunção num destes núcleos vai ter influência em todo
51
o funcionamento das várias estruturas cerebrais, já que os seus axónios se projectam
para todas as áreas do cérebro. Como consequência de um mau funcionamento de
um destes núcleos do tronco cerebral, vai haver também uma desregulação ao nivel
dos neurotransmissores e o seu défice ou excesso vai provocar alterações
comportamentais. De referir também a importância dos glucocorticóides, que são
libertados pelas glândulas supra-renais que por sua vez libertam cortisol. O cortisol
tem um efeito nocivo se for libertado em grandes quantidades e permanecer no
organismo por longos periodos de tempo, causando danos no sitema imunitário,
expondo mais as pessoas a doenças do foro fisiológico.
Sendo o Sistems Límbico composto por estruturas como a amigdala, o
hipocampo, cortéx-frontal, entre outras estruturas e cada qual com uma função
específica. A amigdala está associada às sensações e faz a modelagem, que por sua
vez está associada ao hipocampo que está relacionado com a memória e ao cortex
pré-frontal, onde é processada toda a informação proveniente das estruturas limbicas.
Havendo uma desrgulação no funcionamento de uma qualquer das estruturas vai
haver implicação em todas as outras. De salientar que tudo o que aconteçe nos mais
profundos processos metabólicos e funcionais é aprendizagem.
Todos os tratamentos realizados, sendo eles psicológicos, farmacológico,
Electrochoques, todos eles têm como finalidade de repor o equilibrio de funcionamento
destas estruturas. Os fármacos têm a capacidade de actuar, como repor aquilo que há
em défice ou em excesso tem a capacidade de repor por via externa, aquilo que não é
produzido internamente. Sendo os mais utilizados os triciclicos que inibem a
recaptação da serotonina, noradrenalina e dopamina, aumentando a sua
disponibilidade na célula sináptica, mas que têm alguns efeitos secundários. Os
IMAOS, inibem a degradação dos neurotransmissores, que destroem o excesso de
monoaminas na fenda sináptica e que também tem efeitos secundários. Ainda os
antogonistas de serotonina e noradrenalina, que tem como função a inibição dos
receptores pós-sinápticos de serotonina, mais especificamente os 5-HT-2 e 5-HT-3,
que faz com que haja uma maior disponibilidade de 5-HT-1 e NA no cérebro e que
também tem efeitos secundários. A terapia elecroconvulsiva (EC), é apenas aplicada
em casos extremos, normalmente em pacientes psicóticos. Podem ser aplicados
unilateralmente ou bilaterealmente e o seu efeito é quase imediato sentindo o paciente
uma melhoria imediata.
52
As psicoterapias sejam elas dinâmicas ou cognitivo comportamentais, têm como
finalidade repor o equilibrio interno, tal como os fármacos, sendo um processo mais
moroso, neste caso os pacientes são levados a alterarem os seus pensamentos, para
alterarem os comportamentos, para se perceberem melhor e conseguirem lidar da
melhor maneira com as adversidades da vida. Sendo este um processo mais
dispendioso em termos de tempo e sabendo que os psicofármacos também não são
eficázes, já que uma vez havendo o desmame o paciente vai reincidir na depressão, a
melhor terapia a aplicar seria uma terapia mista de psicofármacos e psicoterapia, seja
ela de um modelo mais cognitivo-comportamental ou psicidinâmico.