toxicologia social e medicamentos

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TOXICOLOGIA SOCIAL E MEDICAMENTOS Prof. Esp. Roney Eduardo Zaparoli FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis

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TOXICOLOGIA SOCIAL E MEDICAMENTOS

TOXICOLOGIA SOCIAL E MEDICAMENTOSProf. Esp. Roney Eduardo ZaparoliFEF Fundao Educacional de FernandpolisFrmacos e drogas que causam dependncia.IntroduoToxicologia SocialEstuda os efeitos nocivos decorrentes do uso no mdico de frmacos ou drogas, causando danos no somente ao indivduo, mas tambm sociedadeFrmacoSubstncia de estrutura qumica definida que, quando em contato ou introduzida em um sistema biolgico, modifica uma ou mais de suas funes DrogaMatria-prima de origem animal, vegetal ou mineral que contm um ou mais frmacosExemplos EtanolCocana9 THC

Folha de cocaMaconha FrmacosDrogasUso no mdicoExposio a uma droga ou frmaco pelo uso ocasional, freqente e mesmo compulsivo, aceitos ou no pelos padres de uma sociedadeAbuso uso de uma droga ou frmaco, geralmente por auto-administraoDesvio de padres mdicos ou socioculturaisABUSIVOConsumo de maconha no Brasil ilegalUsar cigarro de maconha somente uma vez (experimentar)Uso compulsivo de tabaco ou lcoolNO ABUSIVOClassificaoSete classes principais:OpiceosPsicoestimulantesDepressores do SNCEtanolInalantesTabacoCannabisPsicodlicos (alucingenos)

Farmacodependncia Principal correlao neurofarmacolgica da farmacodependncia era resultante das respostas exposio prolongadaIndependia da forma de administraoAtiva Passiva Conceito fundamentalmente inadequadoFarmacodependnciaBusca ao frmaco ou drogaExemplo Morfina exposio prolongada Interrupo sintomas de abstinnciaSintomas no desempenham papel na continuidade de administrao pacientes atravessaro reaes de abstinncia sem se esforarem para conseguir mais morfinaNo existe farmacodependncia neste casoO inverso verdadeiroUm paciente pode ser farmacodependente da cocana, por exemplo, sem sofrer a sndrome de abstinncia com a sua retirada.Frmacos ou drogas como reforadoresVrias razes para auto-administrao de drogas ou frmacos psicoativos:lcool e opiceoseuforia, sensaes gratificantes, aliviar o tdio, a tenso, ansiedade ou dorConquistar a aprovao de seus companheiros de consumoSatisfazer curiosidade sobre efeitosFuga Diversas razes (momentos difceis)

Frmacos psicoativosRecompensa ao usurioSensaes de prazer, aliviar tenses, alterar o humor e a persepoNeurolpticos (clorpramazina)

Antidepressivos tricclicos (imipramina)

Aspirina Agem no SNCNo causam farmacodependnciaNo trazem recompensa

Devido recompensa, os efeitos das drogas ou frmacos podem funcionar como reforadores, ou seja, motivar por si mesmo um comportamento de auto-administrao desses produtos.Reforo aumento da probabilidade de uma ao ser repetida2 tipos:PositivoNegativo Reforo positivoO organismo age para obter diretamente uma recompensa prazerExemplo:Se um rato est com sede e descobre que ao pressionar uma alavanca ele obtm gua.Este animal repete este comportamento para conseguir novamente um resultado agradvelReforo positivogua Reforo negativoO organismo reage para evitar um mal-estar ou dorExemplo:Se um rato est levando um choque e descobre que o ato de pressionar uma alavanca faz com que este choque seja abolidoO animal repete este comportamento para evitar a apresentao de um estmulo desagradvelReforo negativoChoque Reforo negativoPunio Resultado desagradvel fazendo o organismo evit-loEm termos comportamentais, a farmacodependncia a conseqncia de um comportamento de consumo do frmaco to freqente e fortemente reforado, que este comportamento acaba se transformando em resposta dominante.

(OGA, 2003)Potencial de reforo de uma droga ou frmacoCapacidade de um frmaco gerar a auto-administrao repetida sem a necessidade de outros mecanismos externos de induoPersonalidadePsicopatologia preexistenteSituao socioeconmicaPresso dos companheiros de grupoFuno da velocidade e da intensidade dos efeitos reforadores de um frmaco ou drogaVelocidade de reforoQuanto mais rapidamente um frmaco produzir os seus efeitos reforadores, maiores as chances de originar um comportamento de consumo repetido do que um outro frmaco que apresente um incio lento de ao.Exemplo:Cocana e herona tm um potencial mais alto de gerar farmadependncia que a metadona e fenobarbitalVia de administraoInterfere na velocidade de reforo

A morfina, por exemplo, induz farmacodependncia em quantidades menores por via endovenosa (5 a 10mg) do que por via oral (dose 6 a 8 vezes maior para o mesmo efeito)Intensidade do reforoReforo primrioAo de uma substncia nos centros de recompensa do crebro, que condicionam sua auto-administrao contnuaReforo secundrioFatores independentes dos efeitos farmacolgicos

Sistema de recompensaZonas de recompensa estimulao sobre o comportamento se assemelha ao de recompensas naturais, como o alimento ou a guaZonas aversivas ou de punio estimulao nestas zonas desencadeiam um comportamento defensivo, como fuga ou lutaPotencial de abusoReforo secundrioFatores independentes dos efeitos farmacolgicos:IndividuaisAmbientaisSociaisNeuroadaptaoTolerncia metablicaTaquifilaxiaFenmeno de preferncia condicionada por lugar

Neuroadaptao Alterao do sistema nervoso central devido presena de uma droga ou frmaco, aps exposio nica ou repetida transtornos fsicos intensos quando se interrompe o uso

Resposta diminuda para uma mesma concentrao no stio de ao

Sndrome de abstinnciaTolerncia farmacodinmica ou tissularTolerncia metablica ou disposicionalResultante de alteraes nas propriedades farmacocinticas do agente, no organismo apenas concentraes reduzidas chegam ao local de ao

Dose maior para manter a eficcia

Tolerncia cruzada lcool e barbitricos

Taquifilaxia ou tolerncia agudaTolerncia farmacodinmica que se desenvolve rapidamente aps exposio por curto perodo de tempo, a uma ou poucas doses do frmaco ou drogaFatores que interferem:Tipo e quantidade da droga ou frmacoSensibilidade do indivduoAmbienteHistria do indivduo em relao ao uso de droga ou frmacoFenmeno da preferncia condicionada por lugarAmbientes influem na manuteno da dependncia da droga ou frmacoFatores:ClaridadeVentilaoCor das paredesCheiros

Opiceos e Opiides Introduo OpiceosSubstncias naturais contidas no pioMorfinaCodenaPapaverinaNarcotina

OpiidesSubstncias sintticas com efeitos semelhantes ao pioMetadonaPentazocinaPropoxifenoOpiides endgenos (peptdeos)EncefalinasEndorfinas

Padres de usoGoma de mascar ou soluo euforizante e analgsicoSculo XVIII cachimbos colonizao da China e ndia por potncias ocidentaisEUA afluxo de trabalhadores imigrantes chineses, emprego da morfina em soldados, utilizao no tratamento desde diarria at dores generalizadaspio e seus derivados utilizados em crianasEUA superdose narcticos1960 300 mortes1970 1000 mortes1991 398.349 emergncias e internaesHerona 9,3%ltimos 10 anos prevalncia de HIV, hepatite B e C e tuberculose aumentou nos usurios de pio (via intravenosa)600.000 dependentes de opiceos115.000 tratamento com metadonaBrasil1960 1970 3.071 internaesOpiceos 64 casos (2%)

Pas Maravilhoso !!!!!No reflete a realidade!!Dependncia a opiides2 formas:Receita mdica (raro) tratamento Paciente convence o mdico de que precisa de mais

Imitao ou presso de companheiros, que j so usurios ilegaisHerona Atualmente opiide de escolhaAdministrada por via intravenosaCuriosidadeDisponibilidade e possibilidade de auto-administraoMdicos e enfermeiros tornam-se dependentes de drogas em maior proporo que outros profissionaisTolerncia Doses utilizadas por usurios ilegais so difceis de precisarEfeito esperadoExperincia do usurio com a drogaGrau de purezaUso crnico acentuada tolerncia doses cada vez maiores so necessriasUso prolongadoMiose e constipao se alteram poucoEfeitos analgsicos, euforizantes, depressor respiratrio e mesmo letal acentuado grau de tolernciaMorfina Homem dose inicial de 100 a 200mgProfunda sedaoDepresso respiratriaAnoxiaMorte

Indivduos tolerantes 4.000mg em 24hNo produz efeitos adversosAlto grau de tolernciaTolerncia aos opiceos se instala rapidamenteOpiceos / opiides alto grau de tolerncia cruzadaExemplo:Usurio de herona apresenta tolerncia tanto morfina quanto ao propoxifeno ou fentanilaDependncia - caractersticasDesejo, compulso ou necessidade incontrolvel de continuar tomando o frmacoTendncia crescente de aumentar a doseRetirada abrupta do frmaco causa sndrome de abstinncia

Crise de abstinnciaAgitaoAnsiedadeBocejoTranspiraoCalafrioFebreVmitosRespirao ofegantePerda de apetiteInsniaHipertensoPerda de pesoRinorriaConvulsesPupilas dilatadas (hiperatividade do sitema nervoso simptico)

Indivduos tolerantes morfina so tambm herona, metadona, meperidina, porm no ao lcool e barbitricos.Morfina Pacientes com dor bem-estar e tranqilidade

Indivduos sem dor mal-estar geral, sensao de ansiedade e medo (disforia)Mecanismo de aoAnos 70 opiides endgenos encefalinas e endorfinas

Atuam como neurotransmissoresOpiceos produzem seus efeitos atravs das interaes com opiides endgenosReceptores opiides (mi)

(kappa)

(sigma)

(delta)

Receptores opiides e efeitos no SNCRECEPTORESDROGASEFEITOSMORFINACODENAHERONAANALGESIA SUPRAESPINHALDEPRESSO RESPIRATRIAEUFORIAMIOSEDEPENDNCIA FSICAPENTAZOCINANALORFINACICLAZOCINAANALGESIA ESPINHALSEDAOSONOMIOSEDEPENDNCIA FSICALEVALORFANOPENTAZOCINANALORFINADISFORIADESILUSOALUCINAOESTIMULAO RESPIRATRIANALOXONAALTERAO DE COMPORTAMENTO AFETIVODISTRIBUIO DOS RECEPTORES NO SNCEfeito analgsico substncia cinzenta periarquidutal e amgdalasSintomas fsicos quando da retirada dos opiceos ncleos coerleos e amgdalaMedeiam positivamente as propriedades reforadoras do abuso de drogas rea tegmentar ventral e ncleo accumbens

Papel importante na dependncia psicolgica aos opiceos/opiidesMORFINAMORFINAProttipo dos opiceosUsada na clnica mdica dor visceral intensaBem absorvida pelas mucosasAbsoro rpida IM e cutnea

Mais de 50% do frmaco injetado absorvido em menos de meia horaMORFINAPenetra nos tecidos rapidamenteRins FgadoPulmesBaoAdrenaisTireideMsculos esquelticos menor extensoMORFINABarreira hemato-enceflica [ ] no crebro mais baixaAtravessa barreira placentriaUso durante a gestao:Depresso respiratriaMioseSndrome de abstinnciaRecm-nascidoMORFINABiotransformao no fgadoExcreoRenal 54 a 74% glicuronato de morfina7,5 a 12,5% morfina livreFezes7 a 10%Ar expirado3 a 6%

MORFINAEliminaoMeia-vida 1,9 a 3,1hCerca de 80% excretada em 6hQuase totalmente eliminada em 24hMORFINAIntoxicao agudaDoses clnicas excessivasSuperdose acidental farmacodependentesTentativas suicidas[ ] maior que 100/dL (usurio ilegal) superdose10 a 30 minutos aps superdose IV ao direta nos centros respiratrios (tronco cerebral) depresso respiratria pode cair a uma freqncia de 2 a 4 vezes por minuto

MORFINASNCDepresso do centro vasomotor com hipotenso, liberao de hormnio antidiurtico e oligriaEfeitos perifricosLiberao de histamina constrio brnquicaAumento da temperatura dilatao dos vasos cutneosTranspirao MORFINAPupilas punctiformesRespirao deprimidaComa Trade Sugestivo de intoxicao aguda por morfina ou outros opiidesMorte quase sempre acontece por insuficincia respiratriaMORFINAIntoxicao crnicaIrregularidades no ciclo menstrualDecrscimo do apetite sexualDiminuio da fertilidadeFreqncia respiratria abaixo do normalAumento da pulsao e da temperaturaFenmenos de tolerncia e dependnciaCODENACODENAUsada h mais de 150 anos antitussgena e analgsica1/10 da potncia analgsica da morfinaBem absorvida pelo TGI15 a 30 minutos nvel mximo de codena e seus produtos de biotransformao no plasma e de codena livre no crebro (administrao subcutnea)CODENACodena livre no crebro/plasma de 2:1Nvel plasmtico txico 1,8 a 8,8g/mLNvel teraputico 0,03 a 0,117g/mLPequena margem de alarmeProblema na administrao junto com glutetimida (via oral) euforia semelhante herona 6 a 8hCODENAIntoxicao agudaAtaxiaDiscurso incompreensvelNistagmoSintomas semelhantes aos apresentados pela morfinaBiotransformao codena se converte em morfinaTambm apresenta a trade miose, depresso respiratria e comaBiotransformao de herona, morfina e codenaHERONA6-MONOACETILMORFINAMORFINAMORFINA 3-GLICURONDEONOR-CODENANOR-MORFINACODENAHERONAHERONA1898 Introduzida no mercado, como medicamento, pela BayerForma diacetilada da morfina continuasse efetiva contra a tosse sem os efeitos colaterais da morfina

Isso no aconteceuEUA droga de escolha pelos farmacodependentesHERONAOcidenteTradicionalmente auto-administrada por via intravenosaGradual mudana intranasal e inalatria (fumada)Se inalada rpida chegada da droga no stio de ao do crebro (sem passar pelo fgado)Se fumada evita freqentes superdoses, seqelas de agulhas e infeces por vrus de hepatite e da AIDSHERONADrug Efforcement Administration Aumento na pureza da herona1982 7,1% / 1991 27,6%Nova Iorque 3,8% para 48,4%Custo: U$1,35 para U$0,75 o mg

Nova Dehli (sia) 74% dos usurios fumam heronaHERONAAlta lipossolubilidade bem absorvida por todas as vias (nasal, mucosas, retal, pulmonar)Deixa rapidamente a corrente circulatria atingindo o SNCEstima-se que 11 segundos so suficientes para a herona absorvida no pulmo stio de ao no crebroProcesso de fumar (libera 89% herona intacta) efeito reforador imediato que pode durar vrios minutosHERONAAps inalao da fumaa pico de concentrao no sangue de 2 a 5 minutosMeia-vida de eliminao 3,3 minutos6-monoacetilmorfina 5,4 minutosMorfina 18,8 minutosHERONADroga mais perigosa ponto de vista de dependnciaPoucos dias de uso pode levar a dependnciaAtravessa facilmente a placenta

HERONA1 em cada 250 bebs de mes dependentes nascem dependentesPoucas horas aps o partoVmitoDiarriaConvulso TranspiraoEspasmo musculars vezes pavoroso somSintomas tratados com clorpramazina s refeies e elixir paregrico (durante 7 semanas ou mais)

HERONAIntoxicao por superdoseEdema pulmonar mais freqenteDepresso respiratria hipoxia maior permeabilidade capilar extravasamento de fluido edema pulmonarMorte mecanismo desconhecidoPode ocorrer dentro de poucos minutos aps o usoNo devido a efeitos farmacolgicos dos opiceos