toxicologia i
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HISTÓRICO
EGITO (1.500 A.C.) - PAPIRO DE EBERS
criminosos sentenciados à morte por ingestão de
amêndoas amargas.
As amêndoas são classificadas em duas
categorias: doces (Prunus amygdalu var.
dulcis) e amarga (Prunus amygdalu var.
amara). As amêndoas amargas são usadas
para fazer óleo de amêndoa que é utilizado
como agente de condimento para alimentos
e licores como o Amaretto.
EGITO
Aconite (veneno das setas)
Ópio
Metais (chumbo, cobre e antimónio)
Venenos de plantas (beladona)
Cleópatra (veneno de uma áspide)
GRÉCIA
eliminação de indivíduos considerados prejudiciais à
sociedade com a ingestão de chá de cicuta.
O veneno cicuta é obtido a
partir de uma espécie deste
gênero, o Conium maculatum.
ROMA
os romanos foram grandes envenenadores, de tal forma
que a figura do pregustador tornou-se indispensável às
personalidades importantes.
IDADE MÉDIA A RENASCENÇA
Avicena (980-1036) Médico árabe: autoridade
em venenos antídotos.
1200 – O médico e rabi Maimonides escreve o
livro “Os Venenos e os seus antídotos”
Venenos enquanto arma política
Itália: Cidades de Florença e Veneza e famílias
famosas como os Medici e os Borgia;
Toxicologia experimental:
Catarina de Medici (1519-1589)– rapidez da
resposta, noção de potência, especificidade e local
de ação, sinais clínicos e sintomas
IDADE MÉDIA
o envenenamento se tronou arte!
Toffana – cosméticos com arsênico e
cantaridina;
Lucrécia Bórgia;
Kalpurnium (arsênico);
Marie Madeleine d Aubray (vitriolagem);
IDADE MÉDIA A RENASCENÇA
Paracelso (1493-1541) – criador da toxicologia
enquanto disciplina científica;
O toxikon, ou seja, o agente tóxico primário é uma
substância química;
A resposta a uma substância está relacionada com a
dose;
“Todas as substâncias são venenos. Não existe
nenhuma que não o seja. É a dose que
diferencia o veneno do remédio”
IDADE MÉDIA A RENASCENÇA
Orfila (1787-1853) – pai da toxicologia moderna
Primeira correlação sistemática entre propriedades
químicas e biológicas dos venenos conhecidos na
altura
Demonstrou os efeitos dos venenos em órgãos
específicos.
Desenvolveu a aproximação analítica que se tornou a
base da toxicologia forense
PÓS-IDADE MÉDIA
declínio dos envenenamentos criminosos e atenção para
as intoxicações acidentais.
Nitrato de mercúrio, substância
empregada na fabricação de
chapéus de feltro, causou numerosos
casos de intoxicação, caracterizadas
por alterações neurológicas e
comportamentais.
INCIDÊNCIA
3 a 10% dos atendimentos de emergência;
faixa etária predominante é a das crianças;
intoxicações graves predominam em adultos;
FUCHS; WANNMACHER. Farmacologia Clínica – Fundamentos da
Terapêutica racional. 3 edição capítulo 77. 2004.
INCIDÊNCIA
DADOS PARA REGIÃO SUL:
31,59% - Intoxicações por medicamentos
29,51% - Acidentes com animais venenosos e peçonhentos
15,29% - Intoxicações por produtos químicos industriais
11,51% - Intoxicações por agrotóxicos ou raticidas
1,96% - Intoxicações por plantas
0,21% - Intoxicações por metais
http://www.fiocruz.br/sinitox1incluindo domissanitários e cosméticos.
Sinitox - Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas
2008
O QUE É TOXICOLOGIA?
É a ciência que estuda os efeitos nocivos causados
pelas substâncias químicas ao interagirem com
organismos vivos.
CONCEITOS
Xenobiótico: são compostos químicos estranhos a um organismo ou sistema biológicos;
Uma substância é considerada tóxica quando causa dano ao organismo;
Veneno: substância ou mistura que provoca intoxicação/morte com baixas doses (mais usado para substâncias de origem animal: cobra, abelha, etc.)
Toxina: substância de origem biológica que provoca efeitos tóxicos;
Peçonhas: são substâncias injetadas por uma espécie emoutra;
CONCEITOS
Toxicidade: capacidade inerente de a substância
química produzir efeito nocivo após interação com
organismo;
Intoxicação: conjunto de sinais e sintomas que
evidenciam o efeito nocivo produzido pela
interação entre agente químico e organismo;
CONCEITOS
Probabilidade: é a plausibilidade de que a lesão
ira ocorrer em determinada situação ou contexto;
Risco: é a probabilidade da substância produzir
dano sob determinadas condições;
Segurança: é a probabilidade da substância não
produzir dano sob determinadas condições.
RISCO = TOXICIDADE X EXPOSIÇÃO
DIVISÃO DA TOXICOLOGIA
Toxicologia descritiva: avaliação de
segurança. Relacionada diretamente aos testes de
toxicidade que geram informações úteis em
avaliações de risco;
Experimental
estudos de curto prazo
definição do grau de toxicidade = DL50
estudos de longo prazo
órgão alvo e tipo de lesão
efeitos carcinogênicos
efeitos teratogênicos
DIVISÃO DA TOXICOLOGIA
Toxicologia mecanística: estudo dos
mecanismos dos efeitos tóxicos. Relacionada com
a identificação e conhecimento de mecanismos
através dos quais substâncias exercem efeitos
tóxicos nos organismos vivos.
DIVISÃO DA TOXICOLOGIA
Toxicologia regulatória: Responsável por
decisões em relação ao uso de um dado
medicamento ou agente tóxico, para uma função
específica, com segurança, baseando-se em dados
gerados pelos toxicologistas descritivos e
mecanísticos.
DIVISÃO DA TOXICOLOGIA
Toxicologia clínica:
Estudo dos efeitos clínicos
sinais e sintomas
alterações de exames complementares
Diagnósticos das intoxicações
Define o tratamento das intoxicações
medidas de descontaminação externa e interna
uso de antídotos
VIAS DE INTOXICAÇÃO
Via Digestiva (Ingestão);
Via Respiratória (Inalação);
Via Cutânea (Contacto com a pele);
Via Ocular (Contacto com os olhos);
Por injecção (Mais frequente nos toxicodependentes);
Picada de animal;
FATORES QUE INFLUENCIAM O EFEITO
TÓXICO
Dosagem:
Quantidade de substância administrada por unidade de peso;
Fatores relacionados com o agente tóxico:
Características químicas e físicas;
Presença de outros químicos;
Fatores relacionados com a exposição:
Via de administração;
Duração e frequência;
Fatores relacionados com a farmacocinética:
Absorção, Distribuição, Metabolismo, Excreção;
Fatores relacionados com a susceptibilidade do
individuo:
Diferenças entre espécies;
Sexo;
Idade;
Exposição ao
Toxicante
Plasma
Livre
Não ionizada
Metabolitos
no tecido
Tecido
(deposito/efeito)
Tóxico ou metabolitos na urina, fezes, bile
Absorção
Distribuição
Metabolismo/
biotransformação
Eliminação
Toxicocinética
TOXICODINÂMICA
o Ação do agente tóxico sobre o organismo;
o O agente tóxico interage com os receptores
biológicos no sítio de ação e desta interação
resulta o efeito tóxico.
Toxicante
Alcance do
órgão-alvo
Disfunção Celular,
injuria
Dano
Toxicidade
Alteração do
ambiente biológico
Interação com a
molécula-alvo
PRINCIPAIS LOCAIS DE AÇÃO
Inibição irreversível de enzimas;
Inibição reverssivel de enzimas;
Sequestro de metais essencias;
Interferência com o transporte de oxigênio;
Interferência com o sistema genético;
Ação mutagenica;
Carcinogênica;
Teratogênese .
I-Exposição II-Toxicocinética III-Toxicodinâmica IV-Clínica
Contato
e
vias de introdução
Processos de
transporte:
Absorção
Distribuição
Eliminação
Biotransformação
Natureza da ação Sinais
e sintomas
Toxicante Toxicidade Intoxicação
Disponibilidade
química
Biodisponibilidade
e interação com sítio de ação
Efeito
nocivo
FASES DA INTOXICAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO POR TEMPO DE
EXPOSIÇÃO
o Aguda..................................< 24 h
o Sub-Aguda...........................< 1 mês
o Sub-crônica..........................1< t < 3meses
o Crônica..................................> 3 meses
TIPOS DE REAÇÕES DE
TOXICIDADE:
o Reações imediatas e tardias
o Reações locais e sistêmicas
o Reações reversíveis e irreversíveis
NA RELAÇÃO DOSE – EFEITO:
DOSE DE EXPOSIÇÃO
Quantidade de substância a que se expõe o organismo
e o tempo durante o qual esteve exposto.
Determina a magnitude da resposta biológica.
EFEITO (RESPOSTA TÓXICA)
Qualquer desvio do funcionamento normal do organismo
que decorre da exposição à um agente.
TESTES TOXICOLOXIA
o Toxicidade Dermal
o Toxicidade Inalatória
o Toxicidade Oral
o Testes de Mutagenicidade
o Testes de Teratogenicidade
o Testes de Carcinogenicidade
Qual é o ponto de partida ? Determinação da DL50
DOSE LETAL 50 (DL50)
DL50 é a dose que mata exatamente metade de
uma população de animais, geralmente no
período de 7 a 14 dias.
CL50 é a concentração letal
Testes de toxicidade inalatória
Toxicidade para organismos aquáticos
Após administração oral de
1,5 g de AAS por kg de peso
animal...
...50% da população morre em
~1 semana ou existe a chance
de 50% dos organismos
morrerem.
DOSE LETAL 50
CLASSIFICAÇÃO DE UM AGENTE QUÍMICO DE
ACÔRDO COM SUA TOXICIDADE RELATIVA
CATEGORIA DL50 (mg/kg)
EXTREMAMENTE TÓXICO = OU < 1,0
ALTAMENTE TÓXICO 1,0 – 50,0
MODERADAMENTE TÓXICO 50,0 – 500,0
LIGEIRAMENTE TÓXICO 500,0 – 5 000,0
PRATICAMENTE NÃO TÓXICO 5 000,0 – 15 000,0
RELATIVAMENTE INOFENSIVO = OU > 15 000,0
PARÂMETROS QUE PODEM SER
DERIVADOS DA RELAÇÃO DOSE-EFEITO:
o Dose efetiva (DE50)
o Dose tóxica (DT50)
o Dose letal (DL50)
Intervalo terapêutico ou Margem de
segurança (DL50/DE50 ou DT50/DE50)
PREVENÇÃO
1. Empregar técnicas de envasamento mais resistentes à
abertura por crianças (< 50 a 90% intoxicações em
crianças nos EUA e RU).
2. Desenvolver derivados com maior índice terapêutico.
3. Envasar menores quantidades de medicamentos por
apresentação comercial.
4. Armazenar somente medicamentos indispensáveis no
domicílio, em lugar pouco acessível a crianças pequenas.
FUCHS; WANNMACHER. Farmacologia Clínica – Fundamentos da Terapêutica
racional. 3 edição capítulo 77. 2004.
PREVENÇÃO
5. Tratar medicamentos como tal e não como doces ou outras
guloseimas com o intuito de facilitar sua aceitação por
crianças.
6. Desenvolver redes locais de registro, informação ao
público e pesquisa sobre intoxicações medicamentosas.
7. Incluir temas de prevenção nos currículos escolares, desde
séries pré-escolares.
8. Promover educação de pais e responsáveis sobre a
natureza do problema e suas formas de prevenção.
9. Promover campanhas de mídia para sensibilização
pública sobre o problema.
4. ABORDAGEM DO
PACIENTE INTOXICADO
Todos os agentes tóxicos podem ser
divididos em dois grupos:
A. aqueles para os quais existem tratamentos
específicos ou antídotos;
B. aqueles para os quais NÃO existe
tratamento específico.
ABORDAGEM DO PACIENTE
INTOXICADO
SEQUENCIA DE MEDIDAS A SEREM
TOMADAS:
1. Manutenção dos dados vitais.
2. Considerar a possibilidade.
3. Identificação do tóxico.
4. Interrupção da absorção do tóxico.
5. Aceleração da eliminação do tóxico.
6. Correção ou prevenção de efeitos tóxicos.
TOXÍNDROME OU INGESTÃO DE SUBSTÂNCIA CONHECIDA?
NÃO
ABORDAGEM GERAL
SIM
EXISTE ANTÍDOTO?
NÃO SIM
ANTÍDOTO + ABORDAGEM GERAL
CURIOSIDADE
INTOXICAÇÃO POR SELÊNIO
Do grego σελήνιον, resplendor da lua; é um
importante nutriente e a Castanha do
Pará uma fonte riquíssima dele. Nunca
ultrapasse o consumo de 10 castanhas por dia.
CURIOSIDADE
INTOXICAÇÃO POR ESTANHO
Durante a idade média, o estanho foi um
material muito usado para se fazer pratos e
copos. O problema é que o estanho oxida, e o
resultado dessa oxidação, o óxido de estanho, é
bastante tóxico, e provocou muitas mortes por
envenenamento.
No entanto, também eram frequentes os
casos em que a pessoa não morria, mas ficava em
um estado de inconsciência decorrente da
intoxicação por óxido de estanho misturado à
comida ou à bebida alcoólica consumida em
pratos ou copos de estanho.
CURIOSIDADE
INTOXICAÇÃO POR ESTANHO
Na narcolepsia o indivíduo parece estar
morto, mas na verdade sua frequência cárdio-
respiratória está tão baixa que mal pode ser
percebida. Como nesses casos o indivíduo voltava
à consciência depois de algumas horas, seu corpo
era deixado sobre alguma superfície plana (a
cama ou a mesa da cozinha) e a família ficava em
vigília esperando se o “morto” recuperava a
consciência ou não. Vem daí o velório dos mortos.
CURIOSIDADE
INTOXICAÇÃO POR ESTANHO
Essa inconsciência prolongada fez surgir
outro costume, que consistia em amarrar uma
tira de pano no pulso do falecido, que era passada
por um buraco no caixão e amarrada, na outra
ponta, a um sino. Assim, se o indivíduo acordasse
antes de ser enterrado, o movimento do braço
faria soar o sino, avisando aos presentes que ele
estava vivo. O infeliz, assim, seria “salvo pelo
sino”, ou “salvo pelo gongo”, expressão que
utilizamos até os dias de hoje, quando queremos
dizer que alguém foi retirado de um perigo
iminente em cima da hora.