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Teoria Geral do Processo LIVRO UNIDADE 4

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Teoria Geral do Processo

UNIDADE 1

LIVRO

UNIDADE 2

APÊNDICELIVRO

UNIDADE 3UNIDADE 4

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Lúcia Cristiane Juliato Stefanelli

Processo

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Unidade 4 | Processo

Seção 4.1 - Noções gerais

Seção 4.2 - Pressupostos processuais de existência e de validade

Seção 4.3 - Atos processuais

Seção 4.4 - Sentenças e recursos

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9

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Sumário

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Unidade 4

PROCESSO

Na Unidade de Estudo 3 você aprendeu sobre a Ação, que consiste no direito da parte de obter uma sentença de mérito sobre o conflito apresentado perante o Poder Judiciário. Neste conteúdo, abordamos seus elementos e condições, sua classificação e as principais formas de manifestação das partes, bem como de comprovação dos fatos alegados.

Dando continuidade a nossos estudos, chegou o momento de você aprender como o direito de ação é colocado em prática, como ele se materializa, como se instrumentaliza. Isso ocorre por meio do processo.

Assim, sendo nossa competência de fundamentos de área conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo, nesta Unidade de Estudo vamos conhecer como o processo judicial se desenvolve, para sermos capazes de estabelecer as noções gerais a ele inerentes, definir quais são seus pressupostos de existência e de validade, estabelecer as regras relativas aos atos processuais e definir quais são as regras gerais sobre a sentença e os recursos.

Para que você possa visualizar como estes conteúdos ocorrem na prática, vamos treinar nosso raciocínio jurídico analisando a seguinte situação da realidade profissional:

O marido “A”, separado de fato há alguns meses da esposa “B”, propôs Ação de divórcio litigioso em face dela, que se recusou a participar do processo consensualmente.

Convite ao estudo

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Processo

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Nesta ação judicial “A” pleiteou a decretação do divórcio, já que o casal não deseja mais a união conjugal, bem como a partilha do imóvel que, até então, era a moradia do casal.

Este imóvel é constituído por um terreno com sua respectiva construção. Tal terreno já era de propriedade do marido “A” antes do casamento com “B”, sendo que a construção foi edificada pelo esforço comum do casal, durante a união conjugal.

Considere as seguintes variantes:

1. Alguns dias após a distribuição desta ação, o procurador do autor “A” faleceu.

2. A ré “B” soube da propositura da ação por um familiar, e acabou por apresentar contestação ao pedido inicial antes mesmo de ser citada.

3. A sentença foi publicada no Diário Oficial no dia 03 de julho de 2015.

A ação foi julgada procedente, sendo decretado o divórcio das partes, bem como a partilha do imóvel da seguinte forma: a integralidade do terreno ficou sob a propriedade exclusiva do autor “A”, por tê-lo adquirido enquanto solteiro, e sua respectiva construção foi atribuída na proporção de 50% para cada um dos divorciandos.

4. Inconformada com tal decisão, a ré “B” irá interpor recurso ao tribunal competente, requerendo que a decisão seja revista a fim de lhe atribuir 50% da totalidade do bem imóvel (terreno + construção).

Uma vez descrita a situação da realidade profissional, teceremos os seguintes questionamentos, que correspondem às situações-problema a serem respondidas em cada seção que será estudada a partir deste momento:

a) Diante do falecimento do procurador do autor durante o trâmite processual, o que acontecerá com o processo?

b) Há irregularidade no fato de ter sido suprida a citação pessoal da ré em razão dela ter apresentado sua contestação antes mesmo de ser citada judicialmente?

c) Qual modalidade de citação será utilizada neste processo?

d) Até que dia a ré deverá interpor recurso sobre a decisão proferida?

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A seguir estão apresentados de forma detalhada no mapa conceitual os temas que serão tratados:

Fonte: <http://www.oflorense.com.br/userfiles/images/Casamento%201.jpg>. Acesso em: 6 out. 2015.

UNIDADE 4Processo

Seção 2PressupostosProcessuais

Existência

Tipologia

Formação, Suspensão e Extinção

Conceito

Natureza Jurídica

Diferença entre processo eprocedimento

Seção 1NoçõesGerais

quais são

quais são

estabelecer

tipos

sobre

não podem estarpresentes

Negativos Validade

Citação

Função Jurisdicional

Capacidade Postulatória

Petição inicial apta

Petição inicial

Litispendência

CoisaJulgada

CapacidadeProcessual

Capacidadepara ser parte

Competência eImparcialidade

Perenpção

são

são

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noçõesgerais

sobre

tipos

Vícios

Seção 4Sentença e Recursos

sobre

sobre Sentença

Recursos

quais

Efeitos

quaissão

aplicação

Objetivos

Subjetivos

noçõesgerais

específicos

são

Observânciada Forma Legal

Adequação

Singularidade

Tempestividade

Princípios

Duplo Grau de Jurisdição

Conceito e Natureza Jurídica

instituto

quais

pode ser

Formal

Material

Coisa Julgada

Dispositivo

Fundamentos

Relatóriorequisitos

Condenatória

Constitutiva

Declaratóriaclassificação

qualConceito e

Natureza Jurídica

por Abertura deVista nos Autos

por Edital

por Mandado

formasIntimação

Efeitos da decretação

Momento da arguição

Atos Inexistentes,nulos e anuláveis

Citação

Cartas modalidades

Lugar

Tempo definição

formas

cabíveis

Parte

Ministério Público

Conceito e Formanoçõesbásicas

Seção 3Atos Processuais

regrasJuiz

Auxiliares da Justiça

Contagem dePrazo

tipos

Preclusão

Prescrição e Decadência

Comunicação

Rogatória

Precatória

de Ordem

Efeitos

quais

qual

espécies

Conceito

pelo Correio

pelo Mandado

por Edital

pelo Correio

pela Imprensa Oficial

Efeitos

Proibição da Reformation in prejusRecorribilidade da Decisão

são LegitimaçãoDevolutivo

Suspensivo

existempressupostos

Interesse Jurídico

Motivação

Preparo

qual

quais

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Seção 4.1

Noções gerais

O processo é o instrumento pelo qual o autor poderá exercer seu direito de ação. Desse modo, você está passando para uma nova fase do autoestudo, em que conhecerá as regras que são aplicáveis ao trâmite processual.

Assim, sendo competência de fundamentos de área conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo, o objetivo específico de aprendizagem desta seção é conhecer como o processo judicial se desenvolve, para ser capaz de estabelecer as noções gerais a ele inerentes.

Nesta seção você também irá descobrir a resposta da primeira situação-problema formulada sobre a situação da realidade que lhe foi apresentada no Convite ao Estudo: “Diante do falecimento do procurador do autor durante o trâmite processual, o que acontecerá com o processo?”.

Como você já viu anteriormente, para exercer a função jurisdicional o Estado criou órgãos especializados que, dada a natureza da atividade que desempenham, não podem atuar de forma discricionária e livre, subordinando-se a um método ou sistema de atuação, que é o processo (THEODORO JR., 2013, p. 62).

Assim, as pessoas que vão até o Juízo buscam a prestação jurisdicional, a solução para o conflito de interesses. Para isso utilizam-se da ação, que é exercida por meio do processo e consiste no conjunto de atos ordenados e harmônicos praticados de acordo com a lei, que vão se sucedendo no tempo e visam à obtenção da tutela jurisdicional, da composição da lide.

“O processo é indispensável à função jurisdicional, exercida com vistas ao objetivo

Diálogo aberto

Não pode faltar

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de eliminar conflitos e fazer justiça mediante a atuação da vontade concreta da lei. É, por definição, o instrumento através do qual a jurisdição opera” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 297). Mais do que isso, “é indispensável a consciência de que o processo não é mero instrumento técnico a serviço da ordem jurídica, mas, acima disso, um poderoso instrumento ético destinado a servir à sociedade e ao Estado” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 51).

Existem muitas teorias que procuram definir qual é a natureza jurídica do processo. A que conta com o maior número de adeptos é a que considera o processo uma

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/56/Oskar_von_Buelow.jpg/170px-Oskar_von_Buelow.jpg>. Acesso em: 6 out. 2015.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.1 | Oskar Von Bülow

Figura 4.2 | Tipologia e procedimentos

relação jurídica. Ela é devida a Bülow, que a expôs em 1868 em seu livro Teoria dos Pressupostos Processuais e das Exceções Dilatórias, considerado a primeira obra científica sobre direito processual (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 300).

Esta concepção de processo sistematizada por Oskar Von Bülow consiste em conferir a ele a natureza de relação jurídica processual existente entre as partes e o juiz, portanto, pública, já que vincula necessariamente o Estado, e diferenciada das relações jurídicas que constituem a matéria do debate judicial (RODRIGUES; LAMY, 2012, p. 125).

O procedimento difere do processo por ser o modo pelo qual o processo tramita, ou seja, a forma pela qual os atos processuais se desencadeiam no tempo para atingir sua finalidade (GONÇALVES, 2004, p. 307). Ele “indica a forma pela qual os atos processuais se sucedem na busca da solução judicial” (FUX, 2014, p. 199). É a “forma pela qual o processo se materializa” (RODRIGUES; LAMY, 2012, p. 123), sendo “apenas

comum especial

conhecimento execução

procedimentos

Processos

procedimentos

títuloexecutivo

judicial

títuloexecutivo

extrajudicial

cumprimentode

sentença

execuçãopropriamente

dita

para

paratipos

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o meio extrínseco pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo. [...] A noção de procedimento é puramente formal, não passando da coordenação de atos que se sucedem” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 297).

É de conhecimento o processo em que o direito é aplicado ao caso concreto, solucionando o conflito de interesses. “Através de sua instauração, o órgão jurisdicional é chamado a julgar, declarando qual das partes tem razão” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 324).

O CPC/2015 prevê que processo de conhecimento pode acontecer conforme o procedimento comum (artigos 318 a 512) ou de acordo com os procedimentos especiais (artigos 539 a 770).

O procedimento denominado comum é aquele, em regra, aplicável a todos os processos (artigo 318 do CPC/2015). “Tem essa denominação, posto representar o rito padrão eleito pelo legislador brasileiro” (FUX, 2014, p. 200). Assim, somente não o será quando for caso de aplicação dos procedimentos especiais. Portanto, se ao caso concreto não for previsto nenhum procedimento especial, lhe será aplicado o comum.

O final do processo de conhecimento gera a solução do conflito de interesses levado ao Poder Judiciário. Caso tenha a ação sido julgada procedente, portanto, dada a razão ao autor, ele deverá exigir o cumprimento do que foi determinado judicialmente, caso haja resistência do réu em fazê-lo.

Para isso, o autor utilizará o procedimento denominado cumprimento da sentença, que será aplicado, portanto, sempre que o reconhecimento do direito e sua efetivação concreta puderem ocorrer em um único processo (BUENO, 2015, p. 341), o que acontecerá no cumprimento de qualquer título judicial, cujo rol é apresentado pelo artigo 515 do CPC/2015.

Mas pode acontecer de o autor ser autorizado a pedir diretamente o cumprimento de uma prestação devida pelo réu, sem que haja necessidade de realizar um processo de conhecimento. É o caso do processo de execução fundado em título extrajudicial (artigos 771 a 925), cujo rol está descrito no artigo 784 do CPC/2015.

Interessante observar que o procedimento comum também será aplicado, subsidiariamente, aos procedimentos especiais e aos processos de execução.

Os artigos 294 a 311 do CPC/2015 também preveem um procedimento específico para as tutelas provisórias, ou seja, de urgência (antecipada e cautelar) e de evidência (Unidade de Estudo 3, Seção 2).

Lembre-se

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Quanto aos processos penais, o CPP/1941 estabelece que seguirão o procedimento comum ou especial (artigo 394, caput), assim como ocorre com as ações civis, sendo que também o comum é a regra geral, aplicável sempre que a lei não estabelecer procedimento especial para o caso, como ocorre, por exemplo, com os processos de competência do Tribunal do Júri (artigos 406 a 497 do CPP/1941) e com os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (artigos 513 a 518 do CPP/1941). Entretanto, tal procedimento comum poderá ser ordinário, sumário ou sumaríssimo (artigo 394, caput e §1º do CPP/1941).

Por sua vez, os processos trabalhistas estão sujeitos a três procedimentos que também são denominados ordinário, sumário e sumaríssimo.

O artigo 852-A da CLT/1943 dispõe que: “Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo”.

Contrario sensu, o procedimento ordinário será aplicado aos casos que versarem sobre verbas que ultrapassem tal valor, bem como quando não for prevista na lei a aplicação dos procedimentos sumário e sumaríssimo.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.3 | Procedimento comum

Atenção!

O procedimento sumaríssimo não poderá ser aplicado às demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional (artigo 852-A, parágrafo único da CLT/1943).

Ordináriopara crimes com sanção máxima cominada = ou > que 4 anos de pena privativa de liberdade.

para crimes com sanção máxima cominada < que 4 anos de pena privativa de liberdade.

para as infrações penais de menor potencial ofensivo = contravenções penais ou crimes com pena máxima cominada não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa (artigo 61 da Lei nº 9.099/1995).

Sumaríssimo

Sumário

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Por fim, o procedimento sumário será aplicado às causas cujo valor não ultrapasse dois salários mínimos, conforme estabelece o artigo 2º, §3º da Lei nº 5.584/1970.

Quanto à formação do processo, segundo o disposto no artigo 312 do CPC/2015, ela somente ocorrerá quando a ação for proposta, ou seja, assim que a petição inicial for protocolada. Podemos dizer que o processo se inicia com a distribuição da petição inicial e se encerra com o trânsito em julgado, ou seja, quando da decisão proferida não couber mais recurso.

Portanto, “o ato que dá início ao processo é a propositura da demanda, que ocorre quando a petição inicial, elaborada pelo autor, deixa as suas mãos e é entregue ao Poder Judiciário. A partir daí já existe um processo, embora a relação jurídica processual ainda não esteja completa porque o réu ainda não foi citado” (GONÇALVES, 2004, p. 268).

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.4 | Suspensão do processo

morte ou perda da capacidade processual

partes

representante legal

procurador

arguição de impedimento ou suspeição

do julgamento de outra causa

da verificação de determinado fato ou prova requisitada a

outro juízo

admissão de incidente de resolução de demandas

repetitivas

quando a discussão decorrer de acidente ou fato da

navegação, de competência do Tribunal Marítimo

O p

roce

sso

ser

á su

spen

so

no

s se

gu

inte

s ca

sos:

quando a sentença de mérito depender

motivo de força maior

convenção das partes

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“Esse envolver processual pode sofrer mutações decorrentes de atos anormais indicados na própria lei, que acarretam uma extinção prematura da relação, sem a definição do litígio ou uma paralisação temporária da marcha dos atos processuais (FUX, 2014, p. 201).

Assim, estando presentes determinadas hipóteses legais, o processo poderá ser suspenso.

“A suspensão é a paralisação temporária do processo. Para que ela ocorra é preciso que se verifique uma das causas que impedem por algum tempo o curso normal do processo, mas que são superáveis” (GONÇALVES, 2004, p. 272).

Em outras palavras, “a relação processual não se encerra, mas estaca por certo espaço de tempo, durante o qual não se desenvolve” (SANTOS, 2002, p. 96).

O artigo 313 do CPC/2015 prevê os casos em que ocorrerá a suspensão do processo, conforme a Figura 4.4. Observe que seu inciso VIII estabelece que poderão existir outras hipóteses esparsas pelo Código, que é o que ocorre, por exemplo, no artigo 315 do CPC/2015, em que o conhecimento do mérito depende da verificação de existência de fato delituoso.

Enquanto perdurar a suspensão nenhum ato processual poderá ser praticado, com exceção dos considerados urgentes, a fim de evitar dano irreparável (artigo 314 do CPC/2015). É o que ocorre, por exemplo, quando o juiz, durante a suspensão, determina a citação do réu para evitar a ocorrência de prescrição ou decadência, que são, respectivamente, a perda do direito de ação e a perda do direito material (Unidade de Estudo 4, Seção 3).

Força maior: “fatos imprevisíveis e inevitáveis que constituam obstáculo para o regular andamento do processo, como as greves dos funcionários do Judiciário, ou eventuais desastres naturais que impeçam temporariamente o funcionamento dos serviços forenses” (GONÇALVES, 2004, p. 274).

Vocabulário

Assimile

Nos incidentes de arguição de impedimento ou suspeição, será o relator do tribunal quem irá apreciar o pedido urgente durante a suspensão (artigos 314 e 146, §1º e §2º do CPC/2015).

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O processo de conhecimento deve terminar com uma decisão de mérito (procedência ou improcedência). Mas, como dito, ele também pode terminar de modo anormal, sem adentrar, o julgador, no exame do mérito (SANTOS, 2002, p. 102). “Dá-se a extinção do processo, sem julgamento do mérito, quando o juiz põe fim à relação processual sem dar uma resposta (positiva ou negativa) ao pedido do autor, ou seja, sem outorgar-lhe a tutela jurisdicional, que se revelou inadmissível diante das circunstâncias do caso concreto” (THEODORO JR., 2013, p. 343).

A sentença que encerra o processo sem resolução do mérito não faz coisa julgada material (Unidade de Estudo 4, Seção 4), porque não chegou a apreciar a substância da controvérsia estabelecida entre as partes (THEODORO JR., 2013, p. 351).

O artigo 485 do CPC/2015 elenca esses casos. Podemos citar como exemplos: indeferimento da petição inicial; abandono da causa pelo autor por mais de 30 dias, sem que promova os atos e diligências a ele incumbidos; existência de perempção, litispendência ou coisa julgada; ausência de legitimidade ou interesse processual; homologação de desistência da ação; morte da parte nas ações intransmissíveis, entre outros.

“Perempção é a perda do direito de ação por aquele que, por três vezes anteriores, deu causa à extinção do processo por abandono” (GONÇALVES, 2004, p. 279).

Nestes casos, a parte poderá repropor a demanda, desde que inexistente o motivo que gerou a extinção (artigo 486, caput e §1º do CPC/2015).

Assimile

A ação será intransmissível sempre que a relação processual estiver ligada a um direito personalíssimo, ou quando houver expressa vedação legal para que o direito subjetivo seja transmitido. Assim, “morto o titular do direito intransmissível, o próprio direito se extingue com a pessoa do seu titular” (THEODORO JR., 2013, p. 351). É o que ocorre, por exemplo, nas ações de divórcio e de alimentos, que, além de intransmissíveis, também são indisponíveis.

Atenção!

O pedido de desistência da ação pode ser apresentado até a sentença. Porém, se tal pedido for formulado pelo autor após o oferecimento da contestação, dependerá de consentimento do réu (artigo 485, §4º e §5º do CPC/2015).

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Exemplificando

“A” propôs uma ação judicial em face de “B”, a qual foi extinta sem resolução do mérito porque, mesmo devidamente intimado para regularizar sua petição inicial (artigo 485, §1º do CPC/2015), o autor “A” não o fez.

O autor “A” poderá propor novamente a mesma ação, com a petição inicial elaborada corretamente, suprindo a irregularidade apontada.

Todavia, o processo será extinto com resolução do mérito nos casos expressos no artigo 487 do CPC/2015, demonstrados na Figura 4.5 a seguir.

Nestes casos, a sentença fica acobertada pela coisa julgada material, o que impede que idêntica demanda venha a ser reproposta (GONÇALVES, 2004, p. 285). Não se preocupe! Você conhecerá a resolução do mérito mais detalhadamente na Unidade de Estudo 4, Seção 4.

O processo de execução também pode terminar sem que haja satisfação do credor. O artigo 924 do CPC/2015 prevê os casos em que isso acontecerá.

Em todos os casos a extinção do processo somente poderá ocorrer por sentença (artigos 316 e 925 do CPC/2015).

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.5 | Resolução do mérito

Haverá resolução do

mérito quando o juiz:

acolher ou rejeitar o pedido

o reconhecimento da procedência

do pedido

a renúncia à pretensão formulada

a transaçãohomologar

decidir sobre a ocorrência de decadência ou

prescrição

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Vamos responder agora à situação-problema referente a esta seção: “Diante do falecimento do procurador do autor durante o trâmite processual, o que acontecerá com o processo?”.

O artigo 313, caput e inciso I do CPC/2015 prevê que o processo ficará suspenso, dentre outras hipóteses, sempre que ocorrer o falecimento do procurador das partes, sendo que, não constituído um novo procurador no prazo legal, o processo será extinto sem resolução do mérito.

“Na hipótese de morte do advogado de qualquer das partes [...] imediatamente o juiz suspenderá o processo e promoverá, a requerimento de interessado ou ex officio, a intimação pessoal da parte para constituir novo mandatário [...]” (THEODORO JR., 2014, p. 339).

Assim, falecendo o advogado do autor enquanto o processo estiver caminhando, este ficará suspenso, concedendo o juiz prazo para que seja constituído um novo procurador.

Sem medo de errar

Avançando na prática

Você descobrirá a resposta para esta pergunta recordando-se dos casos em que poderá haver uma interferência no normal andamento do processo.

Durante o trâmite processual podem ocorrer circunstâncias que modificam seu andamento, dentre elas, a suspensão e a extinção, com ou sem a resolução do mérito.

Lembre-se

Lembre-se

Atenção!

O §3º do referido dispositivo processual estabelece que: “No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste”.

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Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

“Falecimento do autor durante o trâmite processual”

1. Competência de fundamentos de área

Formação, suspensão e extinção do processo.

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional.

3. Conteúdos relacionados Noções iniciais de processo.

4. Descrição da SP“A” propôs ação judicial em face de “B”. Ocorre que, durante o trâmite processual, “A” falece. O que acontecerá neste processo? Explique.

5. Resolução da SP

Esta hipótese está prevista no artigo 313, inciso I do CPC/2015.O processo ficará suspenso até que haja a sucessão processual (Unidade 1, Seção 1), sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito. “Com a morte da parte desaparece um dos sujeitos da relação processual que, como é óbvio, não pode prosseguir enquanto não houver sua substituição pelo respectivo espólio ou sucessores” (THEODORO JR., 2014, p. 338).O §2º, inciso II do referido dispositivo processual estabelece: “Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte: [...] II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito”.

Faça você mesmo

A adolescente “A”, assistida por sua genitora “B”, propôs ação de alimentos em face de seu genitor “C”. Durante o trâmite processual, “A” resolveu renunciar a seu direito aos alimentos, de forma que o juiz determinou a extinção do processo, com resolução do mérito, fundamentando sua decisão no artigo 487, inciso II, alínea “c” do CPC/2015.

Isso está correto? Explique.

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Faça valer a pena

1. Segundo o que você estudou no Livro Didático, responda: o processo possui natureza jurídica de:

a) contrato.

b) situação jurídica.

c) quase contrato.

d) relação jurídica.

e) negócio jurídico.

2. Assinale a alternativa que apresenta quais são os tipos de processo civil:

a) Comum e especial.

b) Conhecimento e execução.

c) Especial e execução.

d) Comum e execução.

e) Comum e cumprimento de sentença.

3. Considere as regras atinentes ao processo de conhecimento e assinale a alternativa correta:

a) Pode acontecer pelos procedimentos comum e executivo.

b) Desenvolve-se somente pelas regras do procedimento comum.

c) Visa à solução do conflito, com a definição de qual das partes tem razão.

d) Destina-se à concretização do direito no mundo dos fatos.

e) Seus procedimentos são todos especiais.

4. Sobre o processo de execução, assinale a alternativa correta:

a) As fases de conhecimento e de cumprimento de sentença ocorrem em processos separados.

b) O autor nunca pode pleitear diretamente a execução da obrigação, suprimindo o processo de conhecimento.

c) Busca definir qual das partes está com a razão.

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5. Assinale a alternativa que apresenta a informação correta a respeito do processo penal:

a) O procedimento comum se divide em ordinário, sumário e sumaríssimo.

b) O procedimento ordinário será aplicado aos processos sobre crimes com sanção máxima cominada menor que 4 anos de pena privativa de liberdade.

c) O procedimento sumaríssimo é para contravenções e crimes como pena máxima cominada não superior a 1 ano.

d) Seguirá o procedimento comum ou de conhecimento.

e) O procedimento sumário é aplicado aos processos de crimes cuja pena máxima cominada é igual ou maior que 4 anos de pena privativa de liberdade.

6. Estabeleça a diferença existente entre processo e procedimento.

7. Qual é a principal diferença existente entre os processos de conhecimento e de execução?

d) Não admite a aplicação subsidiária de nenhum procedimento do processo de conhecimento.

e) A execução de título judicial ocorre pelo procedimento denominado cumprimento de sentença.

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Seção 4.2

Pressupostos processuais de existência e de validade

Como você já viu, o direito de ação é concretizado por meio do processo, que é um instrumento na busca pela prestação jurisdicional.

Para que o processo exista e seja válido, é necessário que sejam preenchidos alguns requisitos, denominados pela doutrina jurídica como pressupostos processuais, os quais você conhecerá a partir de agora.

Assim, o objetivo específico de aprendizagem desta seção é conhecer os pressupostos processuais para ser capaz de definir o que é necessário para que o processo exista e seja válido, e, portanto, apto a alcançar uma resposta de mérito, ou seja, a solução do conflito de interesses.

O estudo deste conteúdo proporcionará a você condições técnicas para responder à segunda situação-problema derivada da situação da realidade profissional, relembrada a seguir.

O marido “A”, separado de fato há alguns meses da esposa “B”, propôs Ação de divórcio litigioso em face dela, que se recusou a participar do processo consensualmente.

Nesta ação judicial “A” pleiteou a decretação do divórcio, já que o casal não deseja mais a união conjugal, bem como a partilha do imóvel que, até então, era a moradia do casal.

Este imóvel é constituído por um terreno com sua respectiva construção. Tal terreno já era de propriedade do marido “A” antes do casamento com “B”, sendo que a construção foi edificada pelo esforço comum do casal, durante a união conjugal.

Considere as seguintes variantes:

Diálogo aberto

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1. Alguns dias após a distribuição desta ação, o procurador do autor “A” faleceu.

2. A ré “B” soube da propositura da ação por um familiar, e acabou por apresentar contestação ao pedido inicial antes mesmo de ser citada.

3. A sentença foi publicada no Diário Oficial no dia 03 de julho de 2015.

A ação foi julgada procedente, sendo decretado o divórcio das partes, bem como a partilha do imóvel da seguinte forma: a integralidade do terreno ficou sob a propriedade exclusiva do autor “A”, por tê-lo adquirido enquanto solteiro, e sua respectiva construção foi atribuída na proporção de 50% para cada um dos divorciandos.

4. Inconformada com tal decisão, a ré “B” irá interpor recurso ao tribunal competente, requerendo que a decisão seja revista a fim de lhe atribuir 50% da totalidade do bem imóvel (terreno + construção).

A questão referente a esta seção de autoestudo é a seguinte: “Há irregularidade no fato de ter sido suprida a citação pessoal da ré em razão dela ter apresentado sua contestação antes mesmo de ser citada judicialmente?”.

Fonte: <http://www.oflorense.com.br/userfiles/images/Casamento%201.jpg>. Acesso em: 6 out. 2015.

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O processo é o instrumento da jurisdição que impede que a atividade jurisdicional seja exercida arbitrariamente.

Para que o juiz possa conhecer a lide e, com segurança, decidir a pretensão, precisa que este instrumento seja regular e válido, e esteja em conformidade com os princípios e normas legais que o regem (SANTOS, 1999, p. 323).

Assim, para que o processo possa se desenvolver, alcançando o seu objetivo, que é a adequada prestação da tutela jurisdicional, solucionando de forma permanente o conflito de interesses existente entre as partes, é necessário, dentre outras coisas, que sejam preenchidos certos requisitos denominados pressupostos processuais.

Eles “inserem-se entre os requisitos de admissibilidade do provimento jurisdicional. Uma sentença de mérito só poderá ser proferida (não importando se favorável ou desfavorável) se estiverem presentes esses requisitos gerais” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 309-310).

Em outras palavras, “são dados reclamados para análise de viabilidade do exercício do direito de ação sob o ponto de vista estritamente processual” (THEODORO JR., 2013, p. 84).

Podemos dizer que eles são “requisitos para a constituição de uma relação processual válida que, ao lado das condições da ação, formam os requisitos de admissibilidade do julgamento do mérito” (CAPEZ, 2009, p. 16).

Não pode faltar

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.6 | Pressupostos processuais versus condições da ação

Pressupostos processuais Condições da ação

Exigências legais sem as quais o processo não se estabelece ou não se desenvolve validamente.

São requisitos jurídicos para validade da relação

processual.

São requisitos jurídicos para eficácia da relação

processual.

São requisitos que devem ser observados depois de

estabelecida regularmente a relação processual, para que o juiz possa solucionar a lide,

ou seja, apreciar o mérito.

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Conforme se demonstra na Figura 4.6 a seguir, os pressupostos processuais não se confundem com as condições da ação (THEODORO JR., 2013, p. 84), embora ambos devam estar presentes para que o processo possa gerar a análise de mérito.

São matéria de ordem pública, de interesse de todos, inclusive da Justiça. Assim, podem ser alegados pelas partes a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição. Da mesma forma, não está sujeita à preclusão em relação ao juiz, que pode analisar a presença dos pressupostos processuais de ofício também em qualquer momento e grau de jurisdição (RODRIGUES; LAMY, 2012, p. 129).

“Alguns requisitos são de importância tão grande que a sua não observância implicará a própria inexistência do processo. Outros não chegam a afetar a existência, mas a validade. Os primeiros são pressupostos processuais de existência, e os segundos, de validade” (GONÇALVES, 2004, p. 103).

Considerando que a relação processual é tríplice, podemos distinguir os pressupostos processuais de cada parte envolvida – do juiz, do autor e do réu –, conhecendo os principais a partir de agora.

O artigo 16 do CPC/2015 estabelece que a jurisdição civil será exercida pelos juízes e tribunais. Assim, por exemplo, o processo será inexistente se conduzido por alguém que não fora, antes, investido no poder jurisdicional inerente ao cargo de juiz.

Por sua vez, a petição inicial é a peça processual que dá início ao processo, que provoca a jurisdição para que ela atue, rompendo sua inércia, de forma que o processo se inicia em razão da existência dela (Unidade 4, Seção 1).

Observe que o artigo 238 do CPC/2015 nos indica qual é a finalidade da citação, quando dispõe que é o ato pelo qual o réu é convocado para integrar a relação processual (Unidade 4, Seção 3).

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.7 | Alguns pressupostos processuais de existência

jurisdição

petição inicial ou demanda

citação do réu

capacidade postulatória

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Assim, se a citação não ocorrer ou acontecer de forma defeituosa, o processo será inexistente para o réu? Sim, se o réu não tomou conhecimento do processo. Porém, se mesmo diante disso ele soube do processo e apresentou sua defesa, a falta ou a nulidade da citação estará suprida (artigo 239, §1º do CPC/2015).

Sobre a capacidade postulatória podemos dizer que:

Em regra, são os advogados que possuem a capacidade postulatória. Ela está prevista no artigo 103, caput do CPC/2015: “A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.”

Assim, “a advocacia constitui profissão privativa de pessoas que possuam os conhecimentos jurídicos necessários, apurados na forma prevista pela lei” (BARBI, 1981, p. 232).

Por exemplo, um advogado pode propor uma ação advogando em causa própria, ou seja, sendo autor e seu próprio procurador. Mas, se o advogado que está atuando

Assimile

A citação é pressuposto de existência do processo para o réu. Antes dela, o processo já existe entre o autor e o juiz.

Sendo as regras de direito de natureza técnica, notadamente as de direito processual, a atuação das partes em juízo, pessoalmente, acarretará, em geral, defesa insuficiente do seu direito, dificultando também a atividade do juiz. Este é o motivo pelo qual as partes que não tiverem preparo jurídico suficiente deverão ter pessoa especializada em assuntos dessa natureza, para defender o seu direito. (BARBI, 1981, p. 231)

Atenção!

O artigo 5º, inciso XIII da CF/1988 prevê que: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Neste sentido, o artigo 8º, caput e incisos II e IV da Lei nº 8.906/1994 estabelece que para a inscrição como advogado é necessário, dentre outros itens, diploma de graduação em direito obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada e aprovação em Exame de Ordem.

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no processo não é habilitado, o processo será inexistente.

Como você já viu, o Ministério Público tem legitimidade para propor algumas ações de interesse coletivo da sociedade, nos limites funcionais estabelecidos na lei (Unidade 2, Seção 4).

Portanto, ausente algum destes pressupostos, o processo sempre é inexistente. Na verdade, ele existe como fato, mas padece de um vício tão grave que a lei o considera juridicamente inexistente.

Também as pessoas em geral podem propor ações em casos específicos, sem serem representadas por um advogado. É o que ocorre, por exemplo, nas ações de competência dos Juizados Especiais, Justiça do Trabalho, ou quando for o caso de impetração de habeas corpus.

Para que o processo tenha um desenvolvimento válido, sua petição inicial deve ser apta, ou seja, não pode ser inepta (artigo 330, §1º do CPC/2015 – Unidade 3, Seção 3).

Também é preciso que o juízo seja competente conforme as regras de fixação de competência (Unidade 2, Seção 2), bem como imparcial (Unidade 1, Seção 4). Assim, é necessária a presença de um órgão investido de jurisdição, ou seja, integrante do Poder Judiciário, que seja competente para julgar a causa e que não seja impedido ou suspeito (NOGUEIRA, 2000, p. 28), pois que suspeição e impedimento podem provocar a perda da imparcialidade.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.8 | Alguns pressupostos processuais de validade

petição inicial apta

juízo competente e juiz imparcial

capacidade para ser parte e capacidade processual

inexistência de perempção, litispendência, coisa julgada e

convenção de arbitragem

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Assimile

Somente a incompetência absoluta gera a invalidade do processo, já que a relativa, se não alegada pelo réu em preliminar de contestação (artigo

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É necessário, ainda, que os sujeitos do processo tenham capacidade para ser parte. Todas as pessoas, naturais ou físicas, e jurídicas (artigos 1º, 41, 42 e 44 do CC/2002), possuem capacidade de ser parte, autores e réus. Além delas, a lei também atribui tal capacidade a alguns entes despersonalizados, por exemplo, no caso de órgãos de proteção ao consumidor (Unidade 1, Seção 1), e capacidade processual, ou seja, para estarem em juízo.

Ademais, todas as pessoas naturais que puderem ir ao juízo sem a necessidade de serem representadas ou assistidas, e as pessoas jurídicas (Unidade 1, Seção 1), possuem capacidade processual (artigos 3º e 4º do CC/2002). Assim dispõe o artigo 70 do CPC/2015: “Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”.

Por fim, deverão estar ausentes as figuras processuais denominadas perempção (Unidade 4, Seção 1), litispendência, coisa julgada (Unidade 3, Seção 1) e convenção de arbitragem (Lei nº 9.307/1996), motivo pelo qual são consideradas pressupostos processuais de validade negativos.

O artigo 337, §1º do CPC/2015 estabelece que: “Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz a ação anteriormente ajuizada”, estabelecendo o §2º que “uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido”.

Assim, “há litispendência quando se repete ação [com as características citadas] que está em curso” (art. 337, §3º), e há coisa julgada quando se repete ação (com as características citadas) que já foi objeto de decisão definitiva transitada em julgado, ou seja, da qual não caiba mais recurso (art. 337, §4º).

337, caput, inciso II e §5º do CPC), será prorrogada. Da mesma forma acontece com a suspeição, que se não for alegada no prazo (artigo 145 e 146 do CPC/2015) há preclusão (GONÇALVES, 2004, p. 107).

“A perempção atinge o que foi posto para conhecimento do juiz (objeto) nos processos anteriores, cuja extinção ocorreu, em três oportunidades sucessivas, por desídia do autor” (PASSOS, 1977, p. 354).

Lembre-se

Assimile

Exceção: consta no artigo 24, caput do CPC/2015 que: “A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência [...]”. Isso significa que,

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em regra, “não há impedimento para que a autoridade judiciária brasileira processe e julgue o caso, a despeito da identidade com o processo no exterior” (BUENO, 2015, p. 60).

Portanto, “a proibição do bis in idem importa em tornar inválido o processo cujo objeto é uma lide já objeto de outro processo pendente ou definitivamente encerrado com julgamento de mérito” (PASSOS, 1977, p. 356).

O juízo arbitral é um “modo de excluir a jurisdição estatal, se nisso convieram as partes quando da constituição do negócio jurídico ou em momento posterior [...]” (PASSOS, 1977, p. 366).

A convenção de arbitragem substitui a sentença proferida pelo órgão do Poder Judiciário. O artigo 31 da Lei nº 9.307/1996 dispõe que: “A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo”.

Se os pressupostos processuais e as condições da ação não forem observados, “a missão da atividade jurisdicional estará frustrada, pois ocorrerá a extinção prematura do processo, sem resolução de mérito ou composição do litígio” (THEODORO JR., 2013, p. 84).

O artigo 485, inciso IV do CPC/2015 estabelece genericamente que: “O juiz não resolverá o mérito quando verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo”. Também prevê alguns casos específicos, tais como reconhecimento de perempção, litispendência e coisa julgada (inciso V) e acolhimento da alegação de existência de convenção de arbitragem ou reconhecimento da competência do juízo arbitral (inciso VII).

Atenção!

Se a sentença transitada em julgado for inválida, poderá ser objeto de ação rescisória em 2 anos a contar do referido trânsito, sob pena de ficar convalidada (artigos 966 e 975 do CPC/2015). Por sua vez, havendo inexistência, ela nunca convalescerá, podendo o interessado propor a respectiva ação judicial para que ela seja declarada, mesmo após o prazo da ação rescisória (GONÇALVES, 2004, p. 105).

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Você se recorda da situação da realidade que lhe foi apresentada anteriormente? Ela descreveu um caso hipotético em que o marido “A”, separado de fato há alguns meses da esposa “B”, propôs Ação de divórcio litigioso em face dela, que se recusou a participar do processo consensualmente.

Agora é o momento de respondermos à situação-problema elaborada no item “b” da referida situação da realidade, e que corresponde ao que você estudou nesta seção: “Há irregularidade no fato de ter sido suprida a citação pessoal da ré em razão dela ter apresentado sua contestação antes mesmo de ser citada judicialmente?”.

O artigo 238 do CPC/2015 estabelece que a citação é o ato pelo qual o réu é convocado a integrar a relação processual, de forma que ela não se formará completamente sem que isso ocorra.

Mas, pode acontecer que o réu tome conhecimento do processo por outro modo que não a citação, e decida apresentar suas alegações de defesa antes que ela ocorra. Neste caso, a citação não terá mais razão de ser, já que seu objetivo foi alcançado de outra forma.

Assim, se o réu soube do processo e apresentou sua defesa, a falta ou a nulidade da citação estará suprida (artigo 239, §1º do CPC/2015).

Sem medo de errar

Veja que esta resposta está intimamente ligada com a finalidade da citação.

Lembre-se

Avançando na prática

Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

“Citação”

1. Competência de fundamentos de área

Pressupostos processuais.

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional.

3. Conteúdos relacionados Contestação.

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4. Descrição da SP

O autor “A” propôs uma ação judicial em face do réu “B”. Determinada sua citação, o oficial de justiça “C” o procurou em sua residência e não o encontrou. Como “B” mora em uma área rural distante do fórum em que o processo está tramitando, “C” deixou o mandado de citação com o vizinho “D”, para que este o entregasse a “B”. Entretanto, “B” estava passando alguns dias na casa de sua genitora, de forma que “D” somente conseguiu lhe entregar o referido mandado depois de 30 dias, quando “B” verificou que já tinha transcorrido o prazo para que apresentasse sua contestação.Considerando o tema objeto desta Unidade de Estudo e o artigo 242, caput do CPC/2015, que estabelece que, em regra, a citação é pessoal, responda: este processo está tramitando de forma regular? Explique sua resposta.

5. Resolução da SP

Sem o réu há somente um início de relação processual, ou seja, ela não se forma completamente. Por causa disso é que a doutrina indica a citação como pressuposto processual de existência.Se o réu não foi citado regularmente, o que o impossibilitou de se defender, podemos dizer que tal processo é inexistente.

Faça você mesmo

O autor “A” propôs ação judicial em face do réu “B”. Ocorre que, na petição inicial, acabou por não constar nenhum pedido. Qual é a consequência disso?

Faça valer a pena

1. A falta de pressuposto processual:

a) Pode ser alegada somente pelas partes.

b) Somente será conhecida se houver comprovado prejuízo às partes.

c) É matéria de ordem pública.

d) Pode ser indicada somente pelo juiz.

e) Somente pode ser alegada em 1º grau de jurisdição.

2. São pressupostos processuais de existência:

a) Jurisdição e citação.

b) Petição inicial e juízo competente.

c) Citação e capacidade processual.

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3. A respeito da capacidade postulatória, assinale a alternativa correta:

a) Qualquer pessoa com notório saber jurídico possui capacidade postulatória.

b) O advogado, devidamente inscrito na OAB, possui capacidade postulatória.

c) O Ministério Público, quando atua como custos legis, possui capacidade postulatória.

d) O advogado não pode atuar em causa própria.

e) A falta de capacidade processual causa a invalidade do processo.

4. Sobre os pressupostos processuais de validade, assinale a alternativa correta:

a) As pessoas absolutamente e relativamente incapazes não possuem capacidade processual.

b) Somente as pessoas capazes podem ser parte no processo.

c) A litispendência é o único pressuposto processual considerado negativo.

d) Sempre que houver repetição de ações em curso haverá litispendência, sem exceção.

e) Sua falta não poderá ser alegada após o trânsito em julgado da sentença, nem mesmo em ação rescisória.

5. (adaptada - FCC – TC/MG – Auditor de controle externo – 2015) No tocante às condições da ação e aos pressupostos processuais, assinale a alternativa correta:

a) Embora preliminar à pretensão meritória, o reconhecimento da ausência das condições da ação ou dos pressupostos processuais conduz à extinção do processo com resolução do mérito, obstando a que, em regra, seja a demanda ajuizada novamente.

b) Para que o juiz possa examinar o pedido inicial deve examinar preliminarmente tanto as condições da ação como os pressupostos processuais, ambos antecedendo a análise da pretensão meritória do autor.

d) Jurisdição e petição inicial apta.

e) Capacidade postulatória e capacidade para ser parte.

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6. Estabeleça a diferença existente entre capacidade processual e legitimidade ad causam.

7. Qual é a diferença existente entre pressupostos processuais e condições da ação?

c) A análise do mérito depende da prévia perquirição dos pressupostos processuais, mas não das condições da ação, que já dizem respeito ao próprio mérito da pretensão deduzida em juízo.

d) O exame do mérito depende da prévia análise das condições da ação, mas não dos pressupostos processuais, que se consideram como prejudiciais ao mérito deduzido em juízo.

e) Tanto os pressupostos processuais como as condições da ação são prejudiciais à análise do mérito, e, reconhecida sua ausência, o juiz não deve determinar a emenda da petição inicial, para sanar o vício.

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Seção 4.3

Atos processuais

Conforme você já estudou, o processo é o instrumento hábil para se alcançar a tutela jurisdicional e é concretizado por uma sequência de atos interligados.

Você vai conhecer agora alguns atos processuais que fazem parte deste trâmite, de forma que o objetivo específico de aprendizagem desta seção é conhecer noções gerais sobre os atos processuais, para ser capaz de compreender sua função e importância no trâmite processual e na busca pela prestação jurisdicional.

O autoestudo deste conteúdo o habilitará a responder à terceira situação-problema, referente à situação da realidade apresentada no início desta Unidade de Estudo, que é: “Qual modalidade de citação será utilizada neste processo?”.

Recordando, estamos falando do caso hipotético de uma Ação de divórcio, proposta pelo marido que deseja, além da decretação do divórcio, a partilha do bem imóvel do casal, constituído pela construção de uma casa de moradia.

Diálogo aberto

Fonte: <http://www.oflorense.com.br/userfiles/images/Casamento%201.jpg>. Acesso em: 6 out. 2015.

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O processo, instrumento na busca da tutela jurisdicional, se desenvolve por meio da prática de atos processuais vinculados uns aos outros. Podemos dizer que eles são “condutas humanas voluntárias que têm relevância para o processo” (GONÇALVES, 2004, p. 224).

Em outras palavras, “são cada uma das partes que integram o processo. Caracterizam-se por não se apresentarem isoladamente, mas integrados ao procedimento, por ligarem-se pela unidade do escopo e serem interdependentes” (RODRIGUES; LAMY, 2012, p. 126).

Em regra, os atos processuais não possuem forma determinada, sendo que esta somente deverá prevalecer se a lei assim exigir. Assim, “afirmada a necessidade das formas processuais, decorre que à violação ou à relegação destas, pelas consequências danosas ao processo, deve corresponder uma sanção” (SANTOS, 2002, p. 62).

Vemos, então, que “a consequência natural da inobservância da forma estabelecida é que o ato fique privado dos efeitos que ordinariamente haveria de ter” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2008, p. 365).

Ainda assim, como você viu na seção de autoestudo anterior, se o ato alcançar sua finalidade não haverá que se falar em sua invalidade, mesmo que tenha sido praticado de forma diversa da exigida pela lei (artigo 188 do CPC/2015).

Isso porque os atos processuais não são fins em si mesmos, mas meios para se alcançar determinada finalidade (FUX, 2014, p. 207). Trata-se do Princípio da Liberdade dos Atos Processuais, também denominado Instrumentalidade das Formas ou, ainda, Aproveitamento dos Atos Processuais.

Veja que também caminha neste sentido o artigo 277 do CPC/2015: “Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade”.

Mas, se assim não for, e o ato processual for efetivamente inválido, tal nulidade “deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão” (artigo 278, caput do CPC/2015).

É importante saber que, no direito processual, atos inexistentes, nulos e anuláveis produzem efeitos até que uma decisão judicial os torne ineficazes (GONÇALVES, 2004, p. 249).

Não pode faltar

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Fonte: Da Autora (2015).

Figura 4.9 | Atos meramente irregulares, nulos, anuláveis e inexistentes

Atos meramente irregulares

Atos inexistentes

Atos nulos e anuláveis

São os que derivam da inobservância de

formalidades não relevantes para a validade

do ato processual.

São os praticados sem a observância dos

requisitos de existência (Unidade de Estudo 4,

Seção 2).

São os praticados sem a observância ao requistos

de validade.

Exemplo: o artigo 211 do CPC prevê que não são admitidas rasuras sem ressalvas. Entretanto, se isso ocorrer sem

prejudicar a autenticidade do documento, não há consequência para o

processo.

A irregularidade insanável mesmo com o decurso do tempo,

podendo, em qualquer momento, ser proposta

ação declaratória de inexistência.

As nulidades podem ser sanadas após o decurso

de certo período de tempo.

Exemplo: é nulo o processo que se desenvolveu sem a particiapação do Ministério Público,

quando a lei a exigia.

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Assimile

Se a nulidade é absoluta pode ser conhecida de ofício pelo juiz, não sendo passível de preclusão, embora não possa mais ser declarada após o prazo da ação rescisória.

Sendo a nulidade relativa, somente pode ser conhecida pelo juiz após alegação da parte interessada, no momento oportuno.

Note que, uma vez declarado nulo, não só o próprio ato é inválido, mas também os subsequentes que dele dependam (artigo 281 do CPC/2015), não sendo atingidos os antecedentes, em face ao Princípio da Conservação dos Atos Processuais, também chamado Isolamento dos Atos Processuais.

Ao Direito Processual é aplicado o Princípio da Publicidade. Desta forma, os processos somente tramitarão em segredo de justiça, ou seja, serão sigilosos, nos casos previstos no artigo 189 do CPC/2015 (Unidade de Estudo 1, Seção 4).

Em todo o trâmite processual somente será admitido o uso da língua portuguesa, sendo que poderá ser juntado documento em língua estrangeira desde que acompanhado da respectiva versão em português, nos termos do artigo 192, parágrafo único do CPC/2015.

Relembrando tudo o que já estudou nesta disciplina, você poderá concluir que durante o tramitar processual todos os que participam do processo praticam atos processuais. Assim acontece quando o autor apresenta sua petição inicial ou interpõe recurso, quando o réu apresenta sua defesa, quando o membro do Ministério apresenta seu parecer, quando o juiz apresenta sua sentença, quando o perito apresenta seu laudo técnico, quando o oficial de justiça apresenta sua certidão sobre o mandado de citação cumprido, e assim por diante.

Exemplificando

Se a citação do réu foi nula, gerando seu não comparecimento no processo, todos os atos processuais subsequentes são nulos também, pois que viciados de forma reflexa pela citação que não ocorreu regularmente.

Atenção!

Os atos processuais podem ser praticados de forma eletrônica (artigos 193 a 199 do CPC/2015 e Lei n.º 11.419/2006).

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“No comando do processo, o juiz está dotado de duas espécies de poderes: o de dar solução à lide e o de conduzir o feito segundo o procedimento legal, resolvendo todos os incidentes que surgirem até o momento adequado à prestação jurisdicional” (THEODORO JR., 2013, p. 262).

Observe que este rol não é taxativo, uma vez que o juiz pode praticar outros atos no processo, tais como interrogatório das partes, colheita de depoimentos, bloqueio de contas, requisição de força policial, etc.

Fonte: O autor (2015)

Figura 4.10 | Principais pronunciamentos do juiz em 1º grau de jurisdição

põe fim à fase cognitiva do procedimento comum (artigo 485 do CPC/2015: sentenças terminativas, que não apreciam o mérito; e

artigo 487 do CPC/2015: sentenças definitivas, que o apreciam) e extingue a execução.

pronunciamento de natureza decisória, que não seja sentença. Resolve questões incidentes.

todos os demais pronunciamentos. Impulsionam o processo.

Pro

nu

nci

amen

tos

do

juiz

(art

igo

20

3 d

o

CP

C/2

015

- 1

º g

rau

de

juri

sdiç

ão):

Sentença:

Decisão interlocutória:

Atos meramente

ordinatórios:

Despacho:

independem de despacho: deverão ser praticados de ofício pelo servidor (artigo 152, 1º do CPC/2015) e revistos pelo juiz, quando

necessário. Exemplo: juntada de petição.

Faça você mesmo

Complete a seguinte frase, considerando o que você aprendeu no gráfico acima:

“Iniciado o processo o juiz determina a citação do réu por meio de ................................; defere ou indefere as provas requeridas via ...................................... e julga o pedido por ................................” (FUX, 2014, p. 212)

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O artigo 212 do CPC/2015 estabelece que, em regra, “os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas”.

Durante as férias forenses e nos feriados somente poderão ocorrer citações, intimações e penhoras, atos relacionados às tutelas de urgência (artigo 214 do CPC/2015), e os processos indicados no artigo 215 do CPC/2015, como de jurisdição voluntária e de alimentos.

Podemos dizer que “prazo é a distância ou a quantidade de tempo entre dois atos ou fatos” (GONÇALVES, 2004, p. 238). Assim, por exemplo, o prazo para apresentação da contestação é contado a partir da juntada do mandado de citação cumprido aos autos.

É a lei que define os prazos para realização dos atos processuais. Sendo ela omissa, o juiz fixará tal prazo, considerando a complexidade do ato. Na ausência destes dois parâmetros, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual pela parte (artigo 218 do CPC/2015).

De acordo com a determinação do artigo 219 do CPC/2015, quando você for realizar a contagem de um prazo em dias, deverá computar somente os dias úteis. Além disso, em regra, os prazos deverão ser contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento (artigo 224, caput do CPC/2015).

Para que se possa saber o dia de início da contagem do prazo quando o ato a ser praticado é decorrente de determinação publicada no Diário da Justiça eletrônico, você precisa conhecer a data da publicação desta determinação.

Os §2º e §3º do artigo 224 do CPC/2015 preveem, respectivamente, que: “Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico” e que “a contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que se seguir ao da publicação”.

Assimile

O ato processual praticado eletronicamente pode ocorrer em qualquer horário até às 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo (artigo 213, caput do CPC/2015).

Feriado, para fins forenses, são os sábados, domingos e demais dias em que não há experiente forense, além dos dias assim declarados por lei (artigo 216 do CPC/2015).

Vocabulário

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Vistas as formas de comunicação dos atos processuais entre órgãos jurisdicionais, você estudará agora como eles são informados às partes. Isso acontecerá pela citação e pela intimação.

O artigo 238 do CPC/2015 revela claramente o conceito de citação quando prevê que: “Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado

O artigo 231, inciso VII do CPC/2015 prevê diversas outras hipóteses de fixação do dia de início da contagem dos prazos, tais como a data da juntada ao processo do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação acontecer pelo correio; a data da juntada ao processo do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação ocorrer por oficial de justiça; entre outras.

O artigo 217 do CPC/2015 estabelece que, em regra, os atos processuais serão praticados na sede do juízo, ou seja, “no edifício do fórum ou do tribunal competente para a causa” (THEODORO JR., 2013, p. 276), sendo que excepcionalmente poderão acontecer em outros lugares, em razão, por exemplo, de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

Considerando que os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial (artigo 236 do CPC/2015), você conhecerá de que formas isso pode ocorrer (artigo 237 do CPC/2015).

Exemplificando

O juiz do processo X determinou que o autor “A” se manifeste sobre a contestação apresentada pelo réu “B”. Tal decisão foi disponibilizada no Diário da Justiça eletrônico da sexta-feira.

Portanto, a data da sua publicação será na segunda-feira, de forma que a contagem do prazo se dará a partir da terça-feira.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.11 | Modalidades de cartas

Cartas:

Ordem: expedida pelo tribunal ao

juízo a ele vinculado, para realização de

atos fora dos limites territoriais do local

da sua sede.

Rogatória: expedida por

órgão jurisdicional brasileiro a

estrangeiro, para que cumpra atos no local de sua

jurisdição.

Precatória: expedida por um

órgão jurisdicional brasileiro a outro para que cumpra

atos nos limites de sua competência

territorial.

Arbitral: expedida por Juízo Arbitral a órgão do Poder

judiciário, para que cumpra atos na área de sua competência

territorial.

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para integrar a relação processual”, concedendo-lhe a possibilidade de se defender.

Em regra, ela deverá ser pessoal, porém, podem recebê-la o representante legal ou o procurador do réu/executado/interessado, além das pessoas citadas no artigo 242 do CPC/2015.

A citação pode ocorrer em qualquer lugar onde se encontre o réu/executado/interessado, salvo as exceções indicadas na Figura 4.12 a seguir (artigos 244 e 245 do CPC/2015).

O artigo 240, caput do CPC/2015 determina que, em regra, a citação válida tem como principais efeitos induzir litispendência (Unidade de Estudo 4, Seção 2); tornar litigiosa a coisa, o que reflete na validade dos atos concernentes a sua disposição (artigo 790, caput e inciso V, e artigo 792 do CPC/2015); e constituir o devedor em mora, por não ter cumprido sua obrigação no vencimento.

Entretanto, o despacho que ordena a citação já interrompe a prescrição e a decadência (artigo 240, §1º e §4º do CPC/2015).

Exemplificando

Não tem validade a venda de imóvel efetivada por “B”, réu em ação possessória, após ser citado, a “C”, pois já foi tornada litigiosa a coisa.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.12 | Limitação da citação

A citação não poderá

ocorrer,

em nenhuma hipótese:

salvo para evitar

perecimento de direito:

a quem estiver participando de ato de culto religioso;

aos noivos, nos 3 primeiros dias seguintes ao casamento; e

ao doente, enquanto grave o seu estado.

quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está

impossibilitado de recebê-la.

ao cônjuge, companheiro ou qualquer parente do morto,

consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 dias

seguintes;

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Prescrição é a perda da pretensão que não foi exercida no prazo estabelecido em lei (artigos 205 e 206 do CC/2002). Assim, por exemplo, a pretensão para reparação civil deve ser exercida em 3 anos. Se não o for, ela será extinta, não podendo mais seu titular reclamá-la.

Já a decadência, assim como a prescrição, sofre efeito jurídico pelo decurso do tempo, mas se caracteriza pela perda do próprio direito material, que passa a não mais existir. Podemos citar como exemplo o artigo 754 do CC/2002: “As mercadorias devem ser entregues ao destinatário [...] devendo aquele que as receber conferi-las e apresentar as reclamações que tiver, sob pena de decadência dos direitos”.

Difere, ainda, da preclusão, que é a perda de uma faculdade processual – diz respeito à prática de um ato processual. Ela evita que o processo se eternize, estabelecendo às partes o ônus de realizar as atividades processuais nos prazos, sob pena de não poderem mais fazê-lo posteriormente (GONÇALVES, 2004, p. 245).

A citação poderá acontecer por correio (artigos 247 e 248 do CPC/2015); por oficial de justiça (artigos 249 a 255 do CPC/2015); por edital (artigos 256 a 259 do CPC/2015); por escrivão ou chefe de secretaria, quando o citando comparecer em cartório; e por meio eletrônico (artigo 246, inciso V do CPC/2015 e Lei nº 11.419/2006).

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.13 | Algumas modalidades de citação

Citação pelo correio: Citação por edital:Citação por oficial

de justiça:

Poderá ser realizada para qualquer comarca do país.

Ocorrerá sempre que a lei assim exigir (exceções

à citação pelo correio) ou quando a citação pelo correio restar frustrada.

Ocorrerá quando o citando: for desconhecido

ou incerto; estiver em local ignorado, incerto ou inacessível; e nos demais casos expressos em lei.

Não é permitida: nas ações de estado; se o citando for incapaz, pessoa de direito público, residir em local não atendido pela entrega domiciliar

de correspondência; ou quando o autor,

justificadamente, requerer que ela ocorra por outra

forma.

"Se aperfeiçoa pela publicação de editais que, por sua natureza pública, tornam-se de

conhecimento geral, sendo de presumir que se tornem

também conhecidos do réu." (GONÇALVES, 2004,

p. 352)

Citação por hora certa: ocorrerá quando o oficial

de justiça procurar o citando por 2 vezes em sua residência sem o encontrar

e suspeitar de que ele está se ocultando. Neste caso, ele intimará pessoa da família ou vizinho de que retornará no dia útil seguinte, no horário que

designar, ocasião em que, mais uma vez não encontrando o citando,

dará por realizada a citação.

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Quando há certeza de que chegou ao conhecimento do réu, a citação é denominada real. É o que ocorre quando é realizada por oficial de justiça (em regra) ou por correio.

Por sua vez, ela é denominada ficta ou presumida quando não é recebida diretamente pelo réu, de forma que não se pode ter certeza de que ele tomou conhecimento dela. Disso você pode deduzir que são assim classificadas as citações realizadas por oficial de justiça, mas com hora certa, e as que ocorrem por edital (GONÇALVES, 2004, p. 347). Nestes casos, se o réu não ingressar no processo, será nomeado a ele um curador especial, conforme prevê o artigo 72, inciso II do CPC/2015 (Unidade de Estudo 1, Seção 1).

Intimação “é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo” (artigo 269, caput do CPC/2015). Mas também “é um ato de comunicação endereçada a um dos interessados na relação processual para que pratique determinada atividade” (FUX, 2014, p. 228) ou abstenha-se de fazer alguma coisa (THEODORO JR., 2013, p. 308).

Quase sempre ela acontece na pessoa do advogado, por meio de publicação no órgão oficial (intimação pela imprensa), quando não realizada por meio eletrônico (artigo 272, caput do CPC/2015). Entretanto, ela também pode ser feita pelo correio, por mandado (oficial de justiça), por edital e até mesmo na audiência (artigo 1.003, §1º do CPC/2015).

Assimile

“A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação” (artigo 272, §6º do CPC/2015).

Portanto, quando feita carga dos autos, consideram-se realizadas todas as intimações pendentes de publicação (BUENO, 2015, p. 203).

Agora é o momento de respondermos à situação-problema elaborada no item “c” do caso hipotético relacionado a esta seção, que relatou um caso de ação de divórcio litigioso: “Qual modalidade de citação será utilizada neste processo?”.

Sem medo de errar

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A regra é que a citação aconteça sempre pelo correio. Entretanto, a utilização desta modalidade não será permitida nas chamadas ações de estado (artigo 247, caput e inciso I do CPC/2015).

As ações de estado se referem ao estado e à capacidade das pessoas. Podemos citar como exemplos, além da ação de divórcio, também as ações: negatória de paternidade, anulação de casamento, interdição, etc.

Portanto, não estando dentre as hipóteses de citação por edital, você poderá concluir que a citação da ré “B” deverá ocorrer por oficial de justiça.

Para que você possa chegar à resposta correta, deve relembrar as hipóteses de utilização de cada tipo de citação: por correio, por oficial de justiça e por edital.

Lembre-se

Avançando na prática

Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

“Citação de réu menor de idade”

1. Competência de fundamentos de área

Formas de citação.

2. Objetivos de aprendizagem Aplicação dos conceitos teóricos a um caso prático hipotético.

3. Conteúdos relacionados Comunicação dos atos processuais.

4. Descrição da SP

O autor “A” propôs Ação revisional de alimentos em face do réu “B”, seu filho, relativamente incapaz, já que o valor da pensão alimentícia a ele devido e fixado anteriormente em Ação de Alimentos está demasiadamente alto, portanto, em desacordo com as suas possibilidades, visto que constituiu nova família, inclusive, tendo um novo filho recém-nascido.Por qual modalidade de citação o réu “B” deve ser acionado? Justifique sua resposta.

5. Resolução da SPConsiderando que o réu “B” é relativamente incapaz, ele deve ser citado por oficial de justiça, nos termos do artigo 247, inciso II do CPC/2015.

Faça você mesmo

No processo “X” o juiz nomeou um perito impedido, que apresentou seu

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laudo pericial sobre o fato controverso. Este laudo é válido? E os atos a ele posteriores?

Faça valer a pena

1. Considerando as regras atinentes à forma dos atos processuais, assinale a alternativa correta:

a) Vige o Princípio da Instrumentalidade das Formas, também denominado Liberdade dos Atos Processuais, ou ainda, Aproveitamento dos Atos Processuais.

b) A lei, em regra, sempre determinará a forma pela qual os atos processuais deverão ser praticados.

c) A violação da forma determinada por lei para a prática de determinado ato processual sempre gerará sua nulidade.

d) Atos inexistentes, nulos e anuláveis nunca são hábeis para produzir efeitos no processo.

e) Os atos meramente irregulares, assim como os nulos, os anuláveis e os inexistentes, comprometem a validade do ato processual.

2. Quanto aos tipos de pronunciamentos possíveis ao juiz de 1ª instância, assinale a alternativa correta:

a) Sentença é somente a decisão que põe fim ao processo apreciando seu mérito.

b) Despachos são responsáveis por impulsionar o processo.

c) A decisão interlocutória não possui carga decisória.

d) São somente os despachos, as decisões interlocutórias e as sentenças.

e) Mesmo os atos meramente ordinatórios somente podem ser determinados pelo juiz.

3. Sobre o tempo dos atos processuais, assinale a alternativa correta:

a) Em regra, serão realizados em dias úteis, das 8 às 17 horas.

b) Todos os atos processuais, mesmo os eletrônicos, devem ser praticados até a hora final do expediente forense.

c) Durante as férias forenses e nos feriados somente podem ser praticados atos processuais relacionados às tutelas de urgência.

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4. A comunicação dos atos processuais pode ocorrer por meio de cartas. Sobre elas, assinale a alternativa correta:

a) A carta de ordem é utilizada entre juízos brasileiros.

b) A carta rogatória é expedida pelo tribunal à juízo a ele vinculado.

c) A carta precatória é expedida para o juízo estrangeiro.

d) A carta arbitral é expedida pelo juízo arbitral de uma comarca para o de outra.

e) São formas de comunicação entre órgãos jurisdicionais.

5. A respeito da citação, assinale a alternativa correta:

a) A citação do noivo não poderá acontecer nos 7 dias seguintes ao casamento.

b) Poderá ocorrer somente por correio, por oficial de justiça e por edital.

c) A citação por correio é classificada como citação ficta.

d) A citação com hora certa é modalidade de citação por oficial de justiça.

e) A citação do primo do falecido não poderá ocorrer no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes.

6. Conceitue atos processuais.

7. Estabeleça a diferença básica entre a citação e a intimação.

d) A contagem do prazo processual é contínua, não havendo exclusão dos dias não úteis.

e) Em regra, é a lei que define o prazo para realização de cada ato processual.

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Seção 4.4

Sentenças e recursos

Na seção anterior você estudou sobre os atos processuais, que fazem parte do conteúdo do processo e são absolutamente necessários para que ele se desenvolva e alcance seu objetivo final. Este, como você já viu, é a prestação da tutela jurisdicional com a resolução do conflito de interesses, que, por sua vez, acontece por meio da decisão final proferida pelo juiz, ou seja, pela sentença.

Mas a parte que sucumbiu, ou seja, que não foi por ela favorecida, poderá impugnar tal decisão pela interposição de um recurso, para que a sentença seja revista a seu favor.

São estes os temas que você estudará nesta última seção, encerrando, assim, o estudo da Teoria Geral do Processo.

Portanto, nesta seção final, você também conhecerá a resposta para o último questionamento sobre a situação da realidade profissional que lhe foi apresentada nesta Unidade de Estudo.

Você se lembra dela? Trata-se da Ação de divórcio litigioso proposta pelo marido “A” em face da esposa “B”, na qual, dentre outros pedidos, foi por ele requerida a partilha do imóvel que, até então, era a residência do casal (terreno + construção), por considerar que já possuía a propriedade do terreno antes do casamento.

Tal pedido foi julgado procedente, sendo determinada a partilha do referido imóvel da seguinte forma: a integralidade do terreno ficou sob a propriedade exclusiva do marido “A”, por tê-lo adquirido enquanto solteiro, e sua respectiva construção foi atribuída na proporção de 50% para cada um dos divorciandos.

Considerando que a sentença foi publicada no Diário Oficial no dia 03 de julho de 2015, e que, inconformada com tal decisão, a esposa “B” decidiu recorrer a fim de tentar revertê-la, para que lhe fosse atribuído 50% da totalidade do bem imóvel (terreno + construção), a pergunta relativa a esta seção, que você deverá responder mais adiante, é: “Até que dia a ré deverá interpor recurso sobre a decisão proferida?”.

Diálogo aberto

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Fonte: <http://www.oflorense.com.br/userfiles/images/Casamento%201.jpg>. Acesso em: 6 out. 2015.

Vários são os efeitos da sentença, mas o principal é o de pôr fim à função do julgador no processo mediante a apresentação da prestação jurisdicional (THEODORO JR., 2013, p. 562).

Conforme você estudou na seção anterior, o artigo 203, §1º do CPC/2015 estabelece que “sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos artigos 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”.

Diante disso, podemos concluir que haverá sentença se o juiz resolver ou não o mérito, e sempre que ocorrer alguma das hipóteses previstas nos artigos citados no dispositivo processual anteriormente transcrito (Unidade de Estudo 4, Seção 1).

Não pode faltar

Assimile

As sentenças que resolvem o mérito são denominadas definitivas, e, as que não o resolvem, terminativas.

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Portanto, a sentença possui natureza jurídica de ato processual de caráter decisório. É a “manifestação intelectual lógica e formal emitida pelo Estado, por meio de seus órgãos jurisdicionais, com a finalidade de encerrar um conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida, mediante a aplicação do ordenamento legal ao caso concreto” (CAPEZ, 2009, p. 460). “É ato estatal dotado de soberania e imperatividade, características da função jurisdicional” (FUX, 2014, p. 288).

Além disso, sua classificação acompanhará a natureza da ação a ela correspondente. Assim, se a ação tiver natureza declaratória, a sentença também a terá, e assim também acontecerá com as ações constitutivas e condenatórias.

O artigo 489 do CPC/2015 elenca quais são os elementos essenciais da sentença. Confira na Figura 4.14 a seguir.

Assim, a sentença se inicia pelo relatório, em que o juiz descreve, de forma resumida, tudo o que aconteceu no processo.

“Ao fundamentar a sentença, o juiz deve indicar os fatos que ficaram comprovados e os meios de que se valeu para formar sua convicção, além de apontar a regra jurídica abstrata aplicável. Da incidência desta sobre aqueles, o juiz extrairá a regra jurídica concreta” (GONÇALVES, 2007, p. 6), ou seja, a aplicável ao caso concreto que está sub judice.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.14 | Elementos da sentença

Precisa conter: os nomes das partes;

a identificação do caso, com a suma do pedido

e da contestação; e as principais ocorrências havidas no

andamento do processo.

Momento em que as questões

de fato e de direito serão analisadas,

relacionando os atos

normativos com a causa ou questão

que está sendo decidida.

Decisão propriamente

dita: nesta fase, o juiz resolverá as

questões principais que as partes lhe

submeteram.

Relatório Fundamentos Dispositivo

Assimile

O artigo 93, inciso IX da CF/1988 exige que todas as decisões proferidas pelos órgãos do Poder Judiciário sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. Assim, o poder judiciário deve se pronunciar “sobre todas as

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questões essenciais que repercutam na solução da lide [...] sob pena de a sentença ser citra petita” (GONÇALVES, 2007, p. 5).

Já o dispositivo é a parte final da sentença, em que o juiz irá responder ao pedido do autor, deferindo-o, se for acolhê-lo (sentença procedente); ou indeferindo-o, se for o caso de rejeitá-lo (sentença improcedente).

“O dispositivo deve manter estreita correspondência com as partes anteriores, formando com elas um todo unitário e indissolúvel” (GONÇALVES, 2007, p. 7).

Aquele que sucumbiu, ou seja, que foi prejudicado pela decisão, poderá interpor recurso a fim de invertê-la a seu favor.

Por meio dele, há “um retorno ao estágio inicial do processo, anterior à prolação da decisão, propiciando à parte uma nova oportunidade no julgamento de sua pretensão” (CAPEZ, 2009, p. 673).

Dentre os vários posicionamentos sobre a natureza jurídica dos recursos, nos parece mais correto o adotado por Liebman (dentre outros juristas). Ele considera o recurso um direito subjetivo processual (ALVIM, 2010, p. 267), portanto, faculdade da parte que, voluntariamente, poderá se utilizar do seu direito.

Atenção!

Se a sentença for terminativa não haverá resolução do mérito, e, consequentemente, o juiz não apreciará o pedido do autor.

Acórdão: é a decisão prolatada pelos tribunais, ou seja, pelos órgãos jurisdicionais integrantes da 2ª Instância.

Vocabulário

Os recursos são remédios processuais [...] para submeter uma decisão judicial a nova apreciação, em regra por um órgão diferente daquele que a proferiu. Têm por finalidade modificar, invalidar, esclarecer ou complementar a decisão. [...] são mecanismos previstos no ordenamento jurídico que têm por finalidade sanar os atos processuais de eventuais vícios, de forma ou de conteúdo. O recurso está entre eles, pois objetiva purgar as decisões de eventuais erros. (GONÇALVES, 2007, p. 37)

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Você se lembra do Princípio do Duplo Grau de Jurisdição que conheceu na Unidade de Estudo 1, Seção 4? Ele preconiza o cabimento dos recursos para revisão das decisões judiciais. Além dele, há outros princípios que se referem especificamente aos recursos. Você conhecerá alguns deles na Figura 4.15 a seguir.

Fonte: Adaptado de Gonçalves (2007, p. 58-77).

Figura 4.15 | Princípios aplicáveis aos recursos

Taxatividade

Fungibilidade

Singularidade ou Unirrecorribilidade

Proibição da reformatio in pejus

Somente a lei pode criar recursos. Portanto, o

rol por ela apresentado não pode ser estendido

(numerus clausus).

Possibilidade de um recurso ser conhecido como se fosse outro,

sempre que haja dúvida objetiva sobre qual deles deva ser interposto, ou seja, a natureza do ato sobre o qual o recurso recai é controvertida

(artigo 579 do CPP/1941).

Em regra, para cada tipo de ato judicial cabe somente

um tipo de recurso.

Como o recurso devolve à apreciação do Poder

Judiciário somente o que o recorrente sucumbiu, não pode ele mesmo ser prejudicado pela decisão nele prolatada, salvo se for apreciada matéria de

ordem pública que lhe seja desfavorável.

Exemplificando

O autor “A” propôs ação judicial em face do réu “B”. Ocorre que, ao final, além da sentença ser improcedente, foi omissa em relação a um dos pedidos formulados pelo autor na petição inicial.

Assim, conforme você aprenderá com detalhes quando estiver estudando Direito Processual Civil, sobre esta sentença o autor poderá interpor tanto embargos de declaração (artigos 1.022 a 1.026 do CPC/2015) como apelação (artigos 1.009 a 1.014 do CPC/2015).

Portanto, este é um exemplo de exceção ao Princípio da Singularidade ou Unirrecorribilidade.

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Antes de apreciar o mérito dos recursos, é preciso que sejam examinados os requisitos de admissibilidade. São pressupostos indispensáveis para que o recurso possa ser conhecido, e constituem matéria de ordem pública, que deve ser examinada de ofício. Sem o seu preenchimento, a decisão não será reexaminada pelo órgão ad quem. (GONÇALVES, 2007, p. 44)

Assim, pode-se dizer que “o preenchimento dos requisitos de admissibilidade habilita o recorrente a obter uma decisão sobre o mérito do recurso [...]. O recurso inadmissível impede a análise sobre os fundamentos da impugnação” (FUX, 2014, p. 312).

Figura 4.16 | Pressupostos recursais ou requisitos de admissibilidade

Fonte: A autora (2015).

Recorribilidade: somente são passíveis de revisão por recurso os pronunciamentos judiciais de caráter decisório (artigos 995, caput e 1.001 do CPC/2015).

Tempestividade: os recursos devem ser interpostos nos prazos estipulados pela lei, que, em regra, são de 15 dias (artigo 1.003, 5º do CPC/2015).

Singularidade: em regra, contra cada decisão cabe somente um recurso (Princípio da Unirrecorribilidade).

Adequação: o recurso interposto deve ser o correto, segundo a lei, para rever o tipo de decisão que se está impugnando.

Observância da forma legal: a interposição dos recursos deve respeitar os requisitos exigidos pela lei. Exemplo: artigo 1.010 do CPC/2015.

Legitimação ou legitimidade: “O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da

ordem jurídica” (artigo 996, caput do CPC/2015).

Interesse jurídico: só tem interesse em recorrer aquele que sofreu alguma sucumbência, ou seja, que foi prejudicado (artigo 577 do CPP/1941).

Subjetivos

Objetivos

Pressupostos recursais

Motivação: o recurso deve conter as razões de fato e de direito que fundamentam o pedido de revisão da decisão de 1º grau.

Preparo: são as despesas advindas do processamento do recurso. Sobre elas, o artigo 1.007, caput do CPC/2015 estabelece que: “No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o

respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção”.

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O artigo 998, caput do CPC/2015 estabelece que o recorrente poderá desistir do recurso em qualquer momento, não necessitando da anuência de quem quer que seja. Por sua vez, o artigo 999 também do CPC/2015 dispõe que “a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte”.

Todos os recursos possuem o efeito denominado devolutivo, que consiste em devolver ao Poder Judiciário a apreciação da matéria discutida na ação, nos limites estabelecidos pelo objeto do recurso, que será reexaminado pelo órgão ad quem (Tribunal).

O recorrente poderá pedir ao tribunal que a decisão proferida pelo juízo a quo não gere efeitos até que o recurso seja apreciado. Trata-se do efeito denominado suspensivo, que, portanto, impede a eficácia do ato decisório até o julgamento do recurso.

Sobre ele o artigo 995 do CPC/2015 dispõe que:

“A regra é, portanto, a de que os recursos não têm efeito suspensivo e, por isso, é correto afirmar que as decisões recorridas, em geral, surtem seus efeitos” (BUENO, 2015, p. 638).

Se você se perguntou qual é a diferença entre estas duas situações, observe que a desistência implica no fato de que já há um recurso tramitando, e a renúncia acontece quando a parte declara que não possui interesse em interpor qualquer recurso.

Reflita

“Juízo a quo é o órgão prolator da decisão recorrida; juízo ad quem é o órgão a quem se pede o reexame e reforma da decisão” (CAPEZ, 2009, p. 674).

Vocabulário

Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único: A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator se, da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

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“O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso” (artigo 1.008 do CPC/2015). Portanto, o acórdão do tribunal prevalecerá sobre a decisão proferida na 1ª Instância.

“Enquanto sujeita a recurso e, pois, suscetível de reforma, a sentença, em princípio, não produz os seus efeitos regulares [...]” (SANTOS, 2003, p. 46).

A partir do momento em que da sentença ou do acórdão não caibam mais recursos, eles se tornam imutáveis, ocorrendo, portanto, a coisa julgada.

“A razão jurídica da coisa julgada é a segurança das decisões, que ficaria seriamente comprometida se houvesse a possibilidade de rediscutir questões julgadas em caráter definitivo. Ela encerra, de uma vez por todas, a controvérsia ou o conflito levado a juízo” (GONÇALVES, 2007, p. 23).

A coisa julgada tem dois aspectos: um intraprocessual (formal), que “consiste na imutabilidade da sentença contra a qual não caiba mais recurso, dentro do processo em

Assimile

Observe que a segurança jurídica gerada pela coisa julgada está no rol constitucional dos direitos e garantias individuais: o artigo 5º, inciso XXXVI da CF/1988 prevê que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.

Fonte: A autora (2015).

Figura 4.17 | Coisa julgada

Coisa julgada

Formal Material

Se projeta para fora do processo

em que a decisão é proferida, impedindo que a pretensão seja rediscutida em juízo,

com os mesmos fundamentos.

Acontece no mesmo processo em que a decisão é proferida,

impedindo que tal decisão seja

modificada.

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que foi proferida” (GONÇALVES, 2007, p. 24), e outro extraprocessual (material), que “é própria dos julgamentos de mérito e consiste na imutabilidade não mais da sentença, mas dos seus efeitos” (GONÇALVES, 2007, p. 25).

Em outras palavras, “não mais suscetível de reforma por meio de recursos, a sentença transita em julgado, tornando-se firme, isto é, imutável dentro do processo. [...] E aí se tem o que se chama coisa julgada formal, que consiste no fenômeno da imutabilidade da sentença pela preclusão dos prazos para recursos” (SANTOS, 2003, p. 47).

O artigo 502 do CPC/2015 define a coisa julgada material como sendo “a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”. Ela confere à sentença autoridade também além do processo em que foi proferida, portanto, oponível a todos, já que tem força de lei (SANTOS, 2003, p. 48). Assim dispõe o artigo 503, caput do CPC/2015: “A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida”.

A lei estabelece exceções à coisa julgada, ou seja, em determinados casos, ela poderá não se consolidar. Por exemplo, não serão decididas novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, a não ser que tratem de relação jurídica de trato continuado em que houve modificação no estado de fato ou de direito (artigo 505 do CPC/2015).

Assimile

Observe que a segurança jurídica gerada pela coisa julgada está no rol constitucional dos direitos e garantias individuais: o artigo 5º, inciso XXXVI da CF/1988 prevê que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.

Exemplificando

O genitor “A”, em ação de alimentos transitada em julgado no ano de 2000, foi condenado a pagar a seu filho “B” pensão alimentícia no valor de R$ X,00. Trata-se de uma relação jurídica de trato continuado, já que ela perdurará, ao menos, até que “B” complete 18 anos de idade, ou seja, se torne maior de idade.

Ocorre que, em 2015, após constituir nova família, ”A” teve um novo filho, o que gerou, portanto, uma significativa modificação no seu estado de fato, impactando o binômio necessidade-possibilidade, basilar na obrigação alimentar.

Assim, pode-se dizer que as ações alimentares não fazem coisa julgada material, já que são passíveis de revisão posterior.

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Assim, enquanto houver julgamento de recurso pendente, não se opera a coisa julgada, sendo necessário, portanto, que tenham se esgotado os prazos para interposição dos recursos ou que, interpostos, já tenham sido julgados, não cabendo novas interposições.

Chegou o momento de você responder ao último questionamento sobre o caso hipotético formulado para esta Unidade de Estudo.

No Diálogo Aberto você pôde relembrar que a situação da realidade ora estudada trata de uma Ação de divórcio que foi julgada procedente, determinando a partilha do imóvel comum do casal, ficando o marido “A” com a integralidade do terreno, e sendo sua respectiva construção dividida na proporção de 50% para cada um dos divorciandos.

Em vista disso, a esposa “B” decidiu recorrer desta decisão, publicada no Diário Oficial no dia 03 de julho de 2015, na esperança de revertê-la a seu favor para que lhe fosse atribuído 50% da totalidade do bem imóvel (terreno + construção).

Diante disso, pergunta-se: “Até que dia a ré deverá interpor recurso sobre a decisão proferida?”.

O artigo 1.003 do CPC/2015 prevê as regras sobre os prazos para interposição de recursos.

Seu caput estabelece que tal prazo é contado da data em que o advogado foi intimado da decisão, o que, no presente caso, aconteceu no dia 03 de julho de 2015, por meio da respectiva publicação no Diário Oficial.

Por sua vez, seu §5º dispõe que: “Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias”.

Você estudará de forma aprofundada cada um dos recursos no momento oportuno, mas saiba desde já que os embargos de declaração visam esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão ou corrigir erro material (artigo 1.022 do CPC/2015).

Diante disso, você pode concluir que o prazo que “B” tem para interpor recurso da decisão proferida no caso hipotético referente a esta Unidade de Estudo é de 15 dias.

Assim, como seu advogado foi intimado da decisão no dia 03 de julho de 2015, “B” deverá realizar tal interposição até o dia 24 de julho de 2015.

Observe que a forma de contagem é a que você aprendeu na seção anterior: exclui-se o dia do início, inclui-se o do final e considera-se somente os dias úteis.

Sem medo de errar

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Atenção!

Uma vez comprovado que o autor “A” já era, desde antes do casamento, proprietário do terreno onde foi construída a residência do casal, e considerando que para o matrimônio foi adotado o regimento da comunhão parcial de bens, foi correta a decisão proferida na sentença.

Veja o que estabelecem os seguintes artigos do CC/2002: “Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar”.

Avançando na prática

Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho, ou outro. Realize as atividades e depois as compare com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

“Matéria de ordem pública apreciada em grau de recurso”

1. Competência de fundamentos de área

Princípios aplicáveis aos recursos.

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional, como preparação para a futura função de operador do direito.

3. Conteúdos relacionados Pressupostos processuais.

4. Descrição da SP

O autor “A” propôs ação judicial em face do réu “B”, postulando que este lhe pague o valor de R$ 1.000,00 a título de danos morais. Ocorre que seu pedido foi julgado parcialmente procedente, de forma que “B” foi condenado a efetuar o pagamento para “A” do importe de R$ 800,00. Inconformado, “A” interpôs recurso, requerendo ao tribunal a reforma da sentença de 1º grau para condenar “B” ao pagamento da indenização conforme por ele havia pedido inicialmente.Entretanto, ao analisar o processo, o tribunal encontrou um defeito na petição inicial que a torna sem aptidão para produzir efeitos. Portanto, estava ausente um pressuposto processual de validade, matéria que pode ser apreciada de ofício, a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição (Unidade de Estudo 4, Seção 2), gerando um acórdão que julgou o processo extinto sem resolução do mérito.Considerando o que estabelece o Princípio da Proibição da reformatio in pejus, responda se a decisão do tribunal está correta, justificando seu posicionamento.

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5. Resolução da SP

Esta hipótese trata de exceção ao Princípio da reformatio in pejus, já que, embora a decisão de 2ª Instância somente possa apreciar o que foi reclamado pelo recorrente, portanto, ponderar sobre o que ele sucumbiu, a falta de pressuposto processual compromete a validade do processo, ou seja, é requisito para que ele se desenvolva de acordo com os termos da lei, matéria que precede o exame do mérito (pagamento da indenização).Portanto, o tribunal decidiu de forma correta.

Faça você mesmo

“A” propôs ação de indenização por danos morais em face de “B”, a qual foi julgada procedente, com a condenação deste ao pagamento para aquele do valor de R$ 1.000,00. Inconformado, “B” interpôs recurso a fim de reformar a decisão proferida pelo juiz de 1ª Instância, com o propósito de descaracterizar a ocorrência do referido dano e, portanto, isentar-se de tal pagamento.

Diante desta situação, responda: “A” já pode cobrar de “B” o valor fixado na sentença? Justifique.

Faça valer a pena

1. A sentença:

a) põe fim ao processo resolvendo o mérito.

b) poderá ser somente declaratória ou condenatória.

c) é emitida pelo Estado, por meio dos seus órgãos administrativos.

d) que põe fim ao processo é chamada de terminativa.

e) põe fim à fase cognitiva do procedimento comum.

2. Sobre os elementos da sentença, assinale a alternativa correta:

a) No fundamento, o juiz analisa as questões de fato e de direito.

b) No relatório, basta que o juiz apresente a suma do pedido e da contestação.

c) No dispositivo, o juiz relacionará o direito com os fatos concretos discutidos.

d) No fundamento, o juiz expõe suas razões, afirmando se a sentença é procedente ou improcedente.

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3. Acórdão é:

a) um tipo de remédio processual, já que submete a decisão de 1º grau à revisão.

b) a decisão prolatada pelos tribunais, ou seja, pelos órgãos judiciais de 2º grau ou 2ª instância.

c) ato processual de legitimidade da parte, para requerer que a decisão proferida pelo juízo ad quem seja revisada.

d) direito subjetivo da parte prejudicada pela decisão, de pedir que ela seja confirmada por outro órgão jurisdicional.

e) acordo celebrado pelas partes antes da sentença, mas após a audiência de conciliação ou mediação.

4. A respeito dos princípios aplicáveis especificamente aos recursos, assinale a alternativa correta:

a) Duplo grau de jurisdição: determina a remessa necessária de todas as decisões de 1º grau para confirmação pelo tribunal.

b) Taxatividade: o rol de recursos possíveis determinados pela lei não é numerus clausus.

c) Singularidade: para cada ato jurisdicional sempre haverá somente um tipo de recurso cabível.

d) Fungibilidade: possibilidade de um recurso ser conhecido como se fosse outro.

e) Proibição da reformatio in pejus: determina a impossibilidade da sentença ser reformada em prejuízo do recorrente, mesmo quando seja em razão de apreciação de matéria de ordem pública.

5. Considerando os requisitos de admissibilidade dos recursos, assinale a alternativa correta:

a) Há recorribilidade em relação aos despachos, já que eles são passíveis de recurso.

b) Interesse jurídico e sucumbência não têm qualquer relação para a interposição do recurso.

e) São somente relatório, no qual o juiz resume o processo e o dispositivo, em que expõe sua decisão.

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6. Estabeleça algumas diferenças entre a coisa julgada formal e material.

7. Explique o que são os efeitos devolutivo e suspensivo.

c) A falta ou insuficiência de preparo implica na deserção.

d) Os prazos recursais são determinados pelo juiz de acordo com a complexidade da causa.

e) Somente a parte vencida tem legitimidade para interpor recurso.

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Referências

ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

BEZERRA, Alberto. Qual o significado de “natureza jurídica?”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-SF6EBr1ytw>. Acesso em: 01 out. 2015.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 25 jun. 2015.

BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 03 set. 2015.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 25 jun. 2015.

BRASIL. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 ago. 2015.

BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 24 ago. 2015.

BRASIL. Lei nº 5.584, de 26 de junho de 1970. Dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho, altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, disciplina a concessão e prestação de assistência judiciária na Justiça do Trabalho, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L5584.htm>. Acesso em: 01 out. 2015.

BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 01 out. 2015.

BRASIL. Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm>. Acesso em: 01 out. 2015.

BRASIL. Poder Judiciário da União. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Trânsito em julgado. Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/acesso-rapido/informacoes/vocabulario-juridico/entendendo-o-judiciario/transito-em-julgado>.

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Acesso em: 01 out. 2015.

BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015.

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