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  • 7/29/2019 Apostila Completa de Tgp 20 Aulas

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    COORDENAO DO CURSO DE DIREITOTEORIA GERAL DO PROCESSO - TGP----------------------------------------------------------------------------------------------------------------DISCENTE:_____________________________________________________________

    DOCENTE:Jos Hobaldo Vieira

    TEORIA GERAL DO PROCESSO

    1. Aula - _______/_____/______.

    1. Definio da Teoria Geral doProcesso:_______________________________

    Para entendermos a TGP, temos que saber antes de qualquer coisa oque uma TEORIA.

    TEORIA um corpo de conceitos sistematizados quenos permite conhecer determinado domnio da realidade. A teoria nonos d um conhecimento direto e imediato de uma realidadeconcreto, mas nos proporciona os meios (os conceitos) que nospermitem conhec-la.

    CONCEITOS:

    So eles que sistematizam, formam a Teoria.- So os meios que nos permitem conhecer determinado domnio darealidade.- a representao das propriedades essenciais e comuns de umgrupo de objetos.- ele que nos d o que peculiar a um grupo de objetos.- a expresso do que geral e inerente a um grupo de objetos.- O conceito no se confunde com as sensaes que temos dosobjetos.

    - a sntese das caractersticas comuns a um grande nmero deobjetos.- O Conceito resultado de uma abstrao

    ABSTRAO So imagens concretas de objetos isolados. So comoa cpia do prprio objeto.

    2. OBJETO DE ESTUDO DA TEORIA GERAL DO PROCESSO TGP:___________

    Pergunta-se, O que vamos estudar no curso de TGP?

    . O objeto de estudo da TGP so os conceitos que a compem.So os conceitos mais gerais do direito processual

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    - O estudo dos conceitos se faz atravs de sua prpria definio ouexplicao, ou seja, atravs daqueles conceitos que designamos porconceitos-definio.

    3. FUNO DA TGP NOS CURSOS

    JURDICOS:____________________________- Preparar os discentes para o estudo dos diversos ramos do direito

    processual mediante o estudo de seus conceitos mais gerais,colocando-se assim, como uma disciplina propedutica destinada aintroduzir o estudante nos cursos que se seguiro sobre osdiferentes direitos processuais.

    PROPEDUTICA:

    o que devemos conhecer antes de iniciaruma investigao cientfica ou filosfica, pois somente ela podeindicar os procedimentos (mtodos, raciocnios, demonstraes) quedevemos empregar para cada modalidade de conhecimento.

    4. MTODOS DE ELABORAO DA TEORIA GERAL DOPROCESSO:__________

    Vamos tentar dizer algumas palavras sobre a maneira deconstruir uma TGP.

    Como j sabemos, que a TGP um corpo de conceitos

    sistematizados que nos vai permitir o estudo dos diversos ramos dodireito processual.

    Em assim sendo, cabe agora explicarmos como soobtidos esses conceitos que formam a TGP.

    De um modo muito geral, podemos afirmar existirem 3correntes de opinio que tentam explicar o processo de elaboraodo conhecimento.

    1. Corrente EMPIRISMO:_____________________________________________

    Sustenta a tese de que os conceitos so elaborados apartir da prpria realidade. a corrente chamada empirismo, j quebaseada na experincia. No caso da TGP, isso significa que seusconceitos so elaborados a partir da observao dos diferentesdireitos processuais. Estudamos o contedo das normas dosdiferentes direitos processuais e, a partir deste contedo, com basena semelhana, formamos conceitos sempre mais gerais, atchegarmos aos conceitos generalssimos que permitem unificar todoo material jurdico-processual. Podemos chamar a TGP elaborada poresse mtodo de teoria-emprica, justamente por basear-se na

    experincia jurdico (direito positivo). O fundamental doconhecimento a experincia.

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    Na Teoria do Empirismo, os conceitos representam umasntese aproximada dos dados do direito positivo, indutivamenteassumidos da realidade, considerada como objeto.

    Nesta teoria os conceitos obtidos esto semprerelacionados com o direito positivo do qual so extrados.

    2. Corrente RACIONALISMO:_________________________________________

    Defende o ponto de vista de que a fonte doconhecimento a razo. Da receber o nome de racionalismo.

    Nesta teoria, o fundamento do conhecimento no aexperincia, mas o pensamento ou a razo.

    Os conceitos da TGP para esta Teoria seriam elaborados

    a partir de idias ou princpios fundamentais, que so osinstrumentos tericos que utilizamos para ler e interpretar arealidade, a experincia.

    DISTINO ENTRE AS DUASCORRENTES:______________________________

    Est em que a empirista entende alcanar oconhecimento da realidade pela observao da prpria realidade, queseria, por isso, seu fundamento; enquanto a outra entende que afonte do conhecimento a razo, a partir da qual analisamos arealidade.

    Para a Teoria Racionalista, no a realidade que vaiservir de base para sua prpria explicao, mas a razo que nos da explicao dos fatos, ou seja, o que demonstra a razo o que vaiexplicar os fatos.

    Em sntese para a Teoria Racionalista, o conhecimentovai do abstrato (teoria) para o concreto (realidade).

    3. Corrente Habermasiana:__________________________________________

    Esta 3 corrente, que tem como expresso mxima, ofilsofo Alemo Habermas, as correntes acima (Empirista eRacionalista) caracterizam-se por entender o conhecimento comoproduto da relao entre um sujeito e um objeto. Esse entendimentono estaria totalmente errado. Seria inaceitvel se tentasse explicar oconhecimento como uma relao objeto x objeto. No obstante isso,a afirmao de relao sujeito x objeto s parcialmente correta.

    Para ela, a atividade cognitiva engloba tambmrelao entre sujeitos mediada pela linguagem, que pressupe umacomunidade de sujeitos em interao comunicativa.

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    Essa nova forma de conceber do conhecimento oque se chama de PARADIGMA LINGUSTICO-PRAGMTICO, porque peem evidncia o fato de que o conhecimento da realidade linguisticamente mediado, j que a linguagem o nico canal deacesso do ser humano realidade. Assim s atravs do dilogochegamos verdade. Ningum isoladamente, depositrio daverdade. O que h so pretenses de verdade, sujeitas, comoqualquer pretenso, a contestaes o que suscita o dilogotendente a um consenso.

    Chegamos a esse ponto, preciso esclarecer queo dilogo no cria a verdade do nada. O que HABERMAS quer dizer que s atravs do debate livre e em igualdade sobre uma realidadeobjetiva podemos chegar ao consenso sobre a verdade o que diferente de dizer que a verdade, fruto do esforo intelectual de umsujeito isolado sobre um objeto. Ou seja, o consenso no um acordoarbitrrio. Necessita de um fundamento, ou substrato, objetivo,emprico, sobre o qual se erige. Do contrrio, descambaria no mais

    abstrato formalismo.

    Depois dessa esquemtica exposio da teoriahabermasiana, podemos dizer que a construo da TGP o resultadode um dilogo entre a comunidade jurdica sobre realidadesprocessuais empricas (normas, valores, prticas judiciais,interpretaes, doutrinas, contexto social, econmico e poltico).

    Enfim, dilogo e realidade so complementares: aancoragem no mundo emprico evita que o dilogo caia noformalismo abstrato, sem nenhum apoio no mundo objetivo; poroutro lado, s submetendo a realidade s regras da argumentao

    racional e do debate livre e igual, evita-se o risco de que oconhecimento deslize para o subjetivismo decisionista, para odogmatismo, como acontece no Brasil, onde a doutrina processual ditada por pequeno grupo e aceita pelos discpulos semquestionamentos. O paradigma comunicativo tem o grande mrito deintroduzir o princpio democrtico no domnio da cincia, sobretudodas cincias sociais, entre as quais o direito.

    5. CONTEDO DA TEORIA GERAL DO PROCESSO: DOUTRINATRADICIONAL.CRTICA:___________________________________________________________

    A doutrina tradicional desenvolvida pelosprocessualistas emprega o conceito de processo, para designar sriesde atos de se desenvolvem no mbito do Judicirio, delimitando,assim, respectivamente, o conceito para dele excluir as atividadesdesenvolvidas na esfera do Legislativo, Executivo e at dosparticulares.

    Atualmente, tal discriminao no tem mais razode ser. Em verdade, essa discriminao baseia-se em um preconceitode origem ideolgica, qual seja, o de fazer do Judicirio o centro degravidade do fenmeno processual. O que prevalece hoje, aps os

    estudos mais recentes, o conhecimento de que o processo umconceito da Teoria Geral do Direito e no do Direito Judicirio, de

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    modo que uma TGP, no sentido preciso do termo, ou seja, que queiraser verdadeiramente geral, deve abranger o estudo dos conceitosfundamentais no s do direito processual jurisdicional, mas,igualmente, do direito processual legislativo, administrativo e atnegocial (este respeitante ao processo desenvolvido pelosparticulares na realizao dos chamados negcios jurdicos).

    No entanto, por uma questo de tradio, o direitoprocessual continua sendo entendido naquele sentido restrito a quenos referimos, compreendendo apenas o estudo dos diferentes ramosdo direito processual jurisdicional, ou seja, o processo civil, penal etrabalhista. Em conseqncia disso, a TGP, ministrada nas Faculdadesde Direito, ocupa-se, apenas, do estudo dos conceitos inerentes aesses diferentes ramos do direito processual jurisdicional,caracterizando-se, portanto, como uma Teoria Geral do Processo

    Jurisdicional. Por tais razes, a partir de agora, s estudaremos osconceitos mais amplos do direito processual jurisdicional.

    Exerccios: Pesquisa para entrega na prxima aula:O que um PrincpioO que um AxiomaO que um DogmaO que um TeoremaO que uma Postulado

    2. AULA _______/__________/______.

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    O HOMEM E A SOLUO DOS CONFLITOS EM SOCIEDADE

    Objetivo:- Apresentar um breve relato histrico sobre a evoluo do homem edo direito. Nesta aula, analisaremos os conceitos bsicos do DireitoProcessual

    A soluo dos conflitos entre os homens nem sempre se deu daforma que conhecemos hoje, seja via judicial ou extrajudicial. Antesde o Estado chamar para si a tarefa de dizer o Direito, o queassistamos era a soluo dos conflitos via vingana privada, ou seja,sempre os mais fortes vencendo os mais fracos.

    Com o passar dos tempos, o Direito aparece como uma dasformas de controle social, com o fim de solucionar os conflitos demaneira mais justa. Surge ento a importncia de se definir osvalores protegidos pelo Direito e tambm o que importa de forma

    especfica para a nossa disciplina que so os procedimentos quedevem ser observados na aplicao do Direito ao caso concreto.

    1. O homem e oDireito:________________________________________

    Desde a antiguidade, o homem v no Direito, uma formade instrumento de controle social. Embora, naquele tempo, o homem

    j sofresse igualmente a influncia de outros instrumentos decontrole social, como a moral e a religio. Da a razo do brocardo

    jurdico; ubi societas ibi ius.

    A relao entre a sociedade e o direito encontra-sefundada na funo do controle que o direito exerce na sociedade emfuno de sua fora coativa. Assim o direito representa a via decompatibilidade entre as necessidades e os interesses que surgemem decorrncia da vida em sociedade.

    Desta forma, para compreender necessidades einteresses na forma que interessam ao direito, so envolvidos naanlise alguns conceitos bsicos, a comerar por necessidade,bem, utilidade, interesse, conflito de interesses, pretenso,resistncia e lide.

    A palavra necessidade, segundo o dicionrio Houaiss,pode ser entendida como:

    As exigncias mnimas para satisfazer condiesmateriais e morais da vida. Ex. As necessidades bsicas de umafamlia de classe mdia. Ou ainda, carncias naturais do organismohumano, como beber, comer, dormir, etc.

    Neste aspecto, percebemos que o homem experimentanecessidades as mais diversas, sob variados aspectos, e tende aproceder de forma a que sejam satisfeitas: que desaparea a carnciaou se restabelea o equilbrio perdido.

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    A necessidade decorre do fato de que o homem dependede certos elementos no s para sobreviver como para aperfeioar-sesocial, poltica e culturalmente pelo que no seria errneo dizer que ohomem um ser dependente.

    Assim, temos com clareza ntida, que as necessidadesso satisfeitas mediante determinados elementos.

    Carnelutti, lecionava que bem o ente capaz desatisfazer uma necessidade. Assim, para o direito, bem deve serentendido de forma ampla, abrangendo tanto os bens materiais comoos imateriais.

    BENS

    MATERIAIS IMATERIAIS

    gua PazAlimento LiberdadeVesturio HonraTransporte Amor

    ------------------------------------------------------------------------------------

    Visto o que so necessidades e bens, passaremos agoraa entender o que Utilidade. Para Carnelutti, utilidade a capacidade ou aaptido de uma coisa (bem) para satisfazer uma necessidade.

    Ex. Para quem o po sempre ser um bem e sempreter uma utilidade, mas no haver interesse (no po) para quem no temfome ou no prev que possa vir a t-la.

    Do significado de necessidade, bens e utilidade,chega-se interesse que interessa propriamente ao Direito, quer pelaimportncia como pela discusso doutrinria sobre o tema.

    Desta forma, a divergncia doutrinria existente sobreo melhor significado para interesse, pode ser apontada segundo oentendimento de Carnelutti e Ugo Rocco, assim:

    INTERESSE CARNELUTTI UGO ROCCO

    O interesse a posio favorvel do homem em relao a Juzo formulado por um sujeito acerca deSatisfao de uma necessidade. uma necessidade sobre a utilidade ou

    sobre o valor de um bem, enquantomeio para a satisfao dessanecessidade.

    a relao entre o ente (homem) que experimenta a Ato da inteligncia que dado pelaNecessidade e o ente (bem) apto a satisfaz-la. representao de um objeto (bem) pela

    representao da aptido do objeto (bem)para satisfazer a prpria necessidade.

    ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Percebemos por derradeiro que o interesse consistenuma relao, o que pode ser deduzido da prpria palavra.

    Temos que considerar ainda que nem sempre o homemestar numa posio de interesse. Pode-se citar como exemplo, o fato de

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    que se o homem est com fome e possui o alimento sua disposio, estarem uma posio de interesse, o que no ocorrer na hiptese do homemque tem fome e no possui o alimento sua disposio.

    O interesse, no que toca sua relao com o Direito,pode ser classificado num primeiro momento como:

    a) Interesse imediatob) Interesse mediato

    IMEDIATO Ocorre quando a situao se presta diretamente a satisfaode uma necessidade. Ex. Quem possui o alimento presta-se diretamente satisfao da necessidade de alimentar-se.

    MEDIATO Quando a situao apenas indiretamente presta-se satisfao de uma necessidade, enquanto dela possa derivar uma outrasituao (intermediria) que consegue a satisfao da necessidade. Ex.Quem possui dinheiro para adquirir alimento apenas indiretamente(mediatamente) se presta a satisfao da necessidade de alimentar-se.

    Outra classificao importa ainda quando se fala eminteresses. O interesse se classifica em:

    a) Interesses Individuaisb) Interesses Coletivos

    INTERESSES INDIVIDUAIS - Caracteriza-se quando existe uma situaofavorvel satisfao de uma necessidade pode determinar-se em relao um s individuo de forma isolada.

    INTERESSES COLETIVOS Caracteriza-se por uma situao favorvel

    satisfao de uma necessidade no pode determinar-se seno em relao vrios indivduos.

    Para Moacir Amaral dos Santos, processualistabrasileiro, afirma que no interesse individual, a razo est entre o bem e o homem,conforme suas necessidades; no interesse coletivo, a razo ainda est entre o beme o homem, mas apreciadas as suas necessidades em relao a necessidadesidnticas do grupo social.

    Por outro lado, no se pode deixar de considerar osinteresses difusos, assim definidos no art. 84 do CDC.

    Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das

    vtimas poder ser exercida em juzo individualmente, ou a ttulocoletivo.

    Pargrafo nico. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de:

    I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos destecdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejamtitulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato;

    Assim, os interesses ou direitos difusos podem sercompreendidos como os pertencentes a vrias pessoas, que no podem serindificualizados, ou seja, seus titulares so indeterminados, ligados apenas porcircunstncias de fato. Como exemplo de interesse difuso, temos os danos

    ambientais, a publicidade abusiva, etc.

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    CONFLITO DE INTERESSES, PRETENSO, RESISTNCIA ELIDE:__________

    Visto o significado de necessidade, bem, utilidade e interesseso necessrios tratar dos conceitos conflito de interesses, pretenso,

    resistncia e lide, conforme veremos a seguir.

    Recapitulando, temos que Interesse surge na relao entre ohomem e os bens, ora maior, ora menor, onde consiste esse interesse naposio favorvel satisfao de uma necessidade. Sujeito do interesse ohomem, o bem seu objeto.

    Conflito deInteresses:_________________________________________

    Pressupe ao menos, duas pessoas com interesses pelo mesmo bem.

    Existe quando intensidade bem se ope a uma pessoa por determinadobem se ope intensidade do interesse de outra pessoa pelo mesmo bem,donde a atitude de uma tendente excluso da outra quanto a este.

    Para Carreira Alvim, existe o conflito de interesse quando a situaofavorvel satisfao de uma necessidade exclui, ou limita, a situaofavorvel satisfao de outra necessidade.

    Sabe-se que as necessidades do homem aumentam de formailimitada, enquanto que os bens tornam-se escassos frente a tantasnecessidades a serem atendidas. Assim natural que surjam os conflitosde interesses quando o homem no pode satisfazer suas necessidades.

    CONFLITO SUBJETIVO:___________________________________________

    aquele conflito de necessidades que envolve dois interesses e umas pessoa. Ocorre quando o indivduo tem mais de uma necessidade e temque se decidir por uma delas em especfico.

    CONFLITO INTERSUBJETIVOS:____________________________________

    aquele, como chamou Carnelutti, que o conflito de interesses queenvolve duas ou mais pessoas.

    Os conflitos de interesses ocorrem, por assim dizer, quando estivercaracterizada a disputa pelos bens considerados limitados, ou ainda, sobreo exerccio de direitos sobre esses bens, exigindo-se, o controle e aregulao por parte do Estado, atravs do Poder Judicirio.

    Devemos lembrar que os conflitos ocorrem em sede de interesses:

    .Individuais

    .Coletivos

    .Difusos

    Instalado o conflito de interesses entre as partes, chega-se ao que adoutrina tradicional denominou-se de LIDE.

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    LIDE:___________________________________________________________

    o conflito de interesses qualificado pela pretenso de um dosinteressados e pela resistncia do outro a este interesse.

    o conflito de interesses qualificado pela pretenso resistida(discutida) ou satisfeita.

    A lide compe-se de um elemento material e um elemento formal.Como elemento material temos o prprio conflito de interesse. E comoelemento formal, temos a pretenso e a resistncia tambm chamada deoposio. (Resitncia = oposio).

    Assim:

    Elemento Material = Conflito de interesses

    Elemento Formal = Pretenso e a resistncia

    A lide o prprio conflito de interesses, que pode ser representada,de um lado, por uma pessoa que formula uma pretenso contra outrapessoa, que ir a esta opor uma resistncia.

    Contudo, no se pode deixar de ressaltar o conceito de lide, em queCarnelutti construiu o seu sistema, como nos ensina Alvim (2005, p. 11) bastante controvertido. Desse modo, dentre as crticas que se faz aoconceito de Carnelutti encontra-se a de que todo processo pressupe umalide, mas nem toda lide desemboca, necessariamente, num processo; oconceito seria, assim, mas sociolgico que jurdico.

    Relao Jurdica:______________________________________________

    o conflito de interesses regulado pelo direito. Nela se compreendemduas situaes jurdicas: uma subordinante ou protegida, tambm ditaativa, e outra subordinada, tambm dita passiva.

    Pretenso:____________________________________________________

    a exigncia da subordinao de um interesse de outrem ao prprio.

    Processo:_____________________________________________________

    Processo um meio ou instrumento da composio da lide, ou seja, uma operao por meio da qual se obtm a composio da lide. Compor alide resolver o conflito segundo a ordem jurdica, restabelecendo a ordeminicial.

    Sanes:______________________________________________________

    So medidas estabelecidas pelo direito como conseqncia a umimperativo legal, classificam-se em penais e civis. Se se trata de

    inobservncia de um imperativo da lei penal, qualifica-se como crime, fala-se em sano penal, ou pena.

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    Atividades para prxima aula:

    1. Responda em breves linhas em que consiste os interessesmediatos e imediatos.

    2. No seu ponto de vista o que caracteriza os interessesindividuais, coletivos e difusos?

    3. Quais os elementos formadores da lide? Como eles podemser classificados?

    4. O que um teoria. Discorra5. O que um conceito. Discorra6. Qual o objeto de estudo da TGP7. Defina Teoria Geral do Processo8. Qual a funo da TGP nos cursos jurdicos9. Quais os mtodos de elaborao da TGP10. Discorra sobre o contedo da TGP, tecendo comentrios

    a respeito da doutrina tradicional.

    3. Aula _________/___________/________

    MODOS DE TRATAMENTO DOS CONFLITOS. DIREITOPROCESSUAL OU ADJETIVO E DIREITO SUBSTANCIAL OUMATERIAL:___________________

    Objetivos:

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    -Analisar as formas de resoluo dos conflitos como a autotutela, a autocomposio e oprocesso.-Traar um paralelo entre o Direito Processual e o Direito Material.

    Nas aulas passadas, estudamos, tivemos o primeiro contato com as teoriasbasilares e gerais da TGP e ainda aprendemos o significado para o processo de, necessidade,bem, utilidade, interesse, conflito de interesses, pretenso e lide.

    A compreenso destes conceitos essencial para a anlise das formas deresoluo de conflitos que ser nosso objeto de estudo desta aula.

    Alguns autores costumam descrever os meios de tratamento dosconflitos sociais como se seu aparecimento na histria obedecesse rigorosasucesso linear, que iria da autotutela, como o modo correspondente fase dabarbrie, at chegar jurisdio, como o modo correspondente ao estgio maiscivilizado.

    DAS FORMAS DE SOLUO DOS

    CONFLITOS:__________________________________________ importante ressaltar que num primeiro momento no existia a

    figura do Estado para regular os conflitos existentes em sociedade. Pode-seconsiderar que nesse tempo imperava a vingana privada.

    A vingana privada era caracterizada principalmente pelo uso daforma, em que o grupo dos mais fracos acabava dizimado pelo grupo dos maisfortes. Com o passar do tempo, o Estado chama para si a tarefa de dizer o Direito,ou seja, o Estado passou a controlar os conflitos que aconteciam em sociedade.

    A primeira (a mais primitiva) forma de soluo de conflitos foi aAUTOTUTELA, tambm chamada de AUTODEFESA.

    Essas formas de soluo de conflitos so caracterizadas por doisaspectos:

    O primeiro pela ausncia de juiz distinto das partes;

    E o segundo a imposio da deciso por uma das partes outra.

    Esta forma de composio tida com a mais primitiva das formas desoluo de conflitos, tendo em vista que acima dos indivduos no existia umaautoridade capaz de decidir e impor sua deciso aos contendores. O nico meio dedefesa do indivduo ou do grupo era o emprego da fora material ou fora brutacontra o adversrio para vencer sua resistncia.

    Em resumo, como na existia na poca uma noo clara deindividualidade da culpa, a ofensa a um integrante de determinado grupo erae omesmo que agredir todos os integrantes deste grupo.

    Como os Estados modernos reconhecem que em determinados casosno h como evitar leses ao Direito, o prprio Estado criou mecanismos quepermitem que o prprio indivduo defenda o seu interesse, mesmo que sejanecessrio usar de fora, desde que respeitados os limites impostos pelo prpriodireito. Como por exemplo, temos:

    Legtima defesa Prevista no Cdigo Penal Brasileiro, Art. 25.

    Desforo incontinenti Previsto no Cdigo Civil Brasileiro, Arts.1.210, 1 (Possuidor turbado ou esbulhado) e Art. 1.467 (Penhor Legal).

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    Direito de Greve Previsto na Constituio Federal, Art. 9 ena Lei n 7.783/89.

    Com a evoluo do homem, mas ainda em tempos remotos,surgem outras formas de soluo de conflitos, como a AUTOCOMPOSIO, quepode ser considerada como um passo adiante na soluo dos conflitos que se

    estabeleciam em sociedade.

    O Termo AUTOCOMPOSIO originou-se com Carnelluti, que aotratar dos equivalentes jurisdicionais, ali a incluiu.

    Assim, AUTO (prprio) e o substantivo (composio), nalinguagem do renomado mestre equivalem soluo, resoluo ou deciso dolitgio por obra dos prprios litigantes.

    Portanto, diversamente da autodefesa, a autocomposiodemonstra vocao para a soluo dos conflitos existentes, mesmo que o indivduotenha que mitigar, ou seja, abrandar sua pretenso em relao a determinadodireito que tenha sido lesado.

    Assim pode se dizer, segundo Carreira Alvim, que aautocomposio se traduz em atitudes de renncia ou reconhecimento a favor doadversrio.

    A AUTOCOMPOSIO continua a existir no ordenamentojurdico, nas seguintes formas:

    a) A DESISTNCIA Renncia pretenso,

    b) A SUBMISSO Renncia resistncia oferecida pretenso, e

    c) A TRANSAO Concesses recprocas.

    Obs: Essas formas de autocomposio s podemse dar na razo dos direitos disponveis.

    Direitos:

    Disponveis Indisponveis

    Pode ser transacionado No pode ser transacionadoPode haver renncia No pode haver rennciaTransigveis Intransigveis

    Com o passar dos tempos, com a evoluo do homem e doprprio Direito, passou-se a preferir, a figura do rbitro, que atribua ao casoconcreto uma soluo imparcial.

    Surge ento a ARBITRAGEM FACULTATIVA, como formabem mais evoluda de soluo dos conflitos.

    Normalmente, a figura do rbitro na antiguidade erarepresentada por um sacerdote, pois, acreditava-se que por estar intimamenteligado s divindades, o que por si s garantiria uma soluo mais acertada. Outrafigura que, normalmente se utilizava como rbitro eram os ancies pois eram estes,dotados de sabedoria e conheciam os costumes do grupo social da poca.

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    A arbitragem facultativa, deu vazante ao aparecimento doPROCESSO, que pode ser considerado como a ltima etapa na evoluo dosmtodos de composio do litgio.

    PROCESSO

    O processo se apresenta como um instrumento pronto aviabilizao de maior nmero de solues justas e pacficas dos conflitos porque,quando se fala em processo, a contenda solucionada por um terceiro sujeito,alheio as questes que esto sendo debatidas.

    Para que o processo tenha efetividade necessrio que esseterceiro imparcial que decide o conflito seja mais forte do que as partes litigantes,para que possa impor sua vontade, coativamente, frente a qualquer intuito dedesobedincia ou descumprimento por parte dos contendores ESTADO.

    Alguns conceitos de PROCESSO:

    Definio de Niceto Alcal Zamora y CastilloProcesso o instrumento de que se serve o Estado para, no

    exerccio da funo jurisdicional, resolver os conflitos de interesses, solucionando-os.

    Processo o instrumento previsto como normal peloEstado para a soluo de toda classe de conflitos jurdicos.

    Definio de Carnelutti:

    Processo o conjunto de atos destinados formaoou atuao de comandos Jurdicos, cujo carter consiste na colaborao, para talfim, de pessoas interessadas (partes), com uma ou mais pessoas desinteressadas(Juzes). O processo no se compe de um nico ato, mas de um conjunto de atoscoordenados e ligados pelo fim perseguido, que de obter a justa composio dalide. Operao mediante a qual se obtm a composio da lide.

    Definio de Couture

    Processo o Meio idneo para dirimirimparcialmente, por ato de juzo da autoridade, um conflito de interesses comrelevncia jurdica.

    O DIREITOPROCESSUAL:____________________________________________________________

    Depois de estudar as formas de soluo dos conflitos deinteresses em sociedade, a par de toda a evoluo do homem e as mudanas queacorreram ao longo do tempo, passamos ao estudo do direito processualpropriamente dito, traando um paralelo entre este e o direito material.

    Acompanhado o raciocnio de Jos de Albuquerque Rocha

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    (2005,p.31) segundo o qual:

    Com advento do Estado, principalmente do Estado Burgus, asnormas de conduta passaram a ser criadas,em sua quase totalidade, por rgosespecificados do Estado, atravs das leis e outros atos semelhantes, e tambmgarantidas, em ultima instncia, pelo prprio Estado, e no mais criadas e

    garantidas diretamente pela sociedade, como acontecia antes.

    Como estudando no mdulo anterior, no inicio do homemresolvia os seus conflitos de interesses atravs da autotutela, que era marcada pelafalta de interveno do Estado. Este, apenas passou a intervir nos conflitosinteresses j bem adiante.

    Na clssica subdiviso Direito em Direito Publico e DireitoPrivado, o Direito Processual esta colocado como ramo de direito Publico.

    Visto esta classificao do Direito em pblico e privado, deve-se a Ela ater, de forma apenas doutrinria, passando a partir daqui, para a nossadisciplina em especial, a fazer uma anlise do ponto de vista macro, ou seja, nosater a classificao do direito substantivo e direito adjetivo.

    Passamos ento a uma breve reviso sobre o direitosubstancial e o direito processual, ilustrando a diferena entre ambos:

    DIREITO SUBSTANCIAL

    Conjunto de normas de valorao das condutas sociais,visando proteo dos interesses considerados essenciais manuteno de umadada formao social cuja aplicao garantida, pelo aparelho coativo do Estado.

    O Direito substantivo disciplina as condutas materiais, isto ,condutas cuja realizao no cria novas normas jurdicas, mas situaes materiais.

    DIREITO PROCESSUAL

    Conjunto de normas jurdicas que dispem sobre a constituiodos rgos jurisdicionais e sua competncia, disciplinando essa realidade quechamamos PROCESSO.

    O Direito processual um conjunto de normas que tem porobjetivo disciplinar os atos de vontade dos rgos jurisdicionais da norma do casoconcreto (deciso do conflito) e sua eventual execuo.

    Desta forma, podemos concluir que o direito material consisteno conjunto dos princpios e normas que regulam os fatos e relaes sociais, ou

    seja, so as normas que disciplinam as condutas humanas e pode ser subdivido em:- direito administrativo, direito civil, direito empresarial, direito

    tributrio, direito trabalhista, direito constitucional e direito penal, etc.

    Por outro lado, o direito processual pode ser compreendidocomo o complexo de normas e princpios que regem o exerccio da jurisdio.

    Resumo: O Direito processual uminstrumento para a concretizao do direito material.

    ATIVIDADES PARA DESENVOLVER EM CASA:

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    1. A partir dos estudos sobre a classificao do direito,procure traar um paralelo entre o direitosubstancial e o direito processual.

    2. Dentre as vrias definies de processo destaque aque voc mais se identifica.

    3. Disserte em poucas linhas sobre as formas deresoluo de conflitos de interesses na fase anteriorao processo.

    4. A autotutela admitida no direito moderno? Se foradmitida quais exemplos voc poderia citar?

    4. Aula (Tema 03) _______/_____/______.

    FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS E OS PRINCPIOSNORTEADORES DO DIREITO PROCESSUAL.

    Objetivo:Apresentar os princpios no que do forma ao Direito Processual, a partir da

    constituio Federal, a fim de delinear a Trajetria da disciplina estudada.

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    O estudo dos princpios no mbito da cincia jurdica fator degrande relevncia. Isto porque os princpios so como leitores de uma realidade.Dado serem considerados como sobre-normas que informam os fundamentos dodireito, sinaliza tambm uma varredura dos caminhos a serem percorridos pelointerprete do direito, que faz uso dos mesmos ao interpretar as normas em

    harmonia com os valores consagrados na Constituio Federal.

    1. Princpios gerais do Direito Processual

    Ao tomar como ponto de partida o fato que ns vivemos em umEstado Democrtico de direito, no poderamos deixar de iniciar o estudo Sobreprincpios relacionando estes nossa ordem constitucional.

    Cndido Rangel Dinamarco (2001,p.191) leciona que:

    A tutela constitucional do processo feira mediante os princpios egarantias que, vindos da constituio, ditam padres polticos para a vida daquele.Trata-se de imperativos cuja observncia penhor da fidelidade do sistemaprocessual ordem poltico-constitucional do pas.

    Vale ressaltar que no presente capitulo ser dado nfase aosprincpios que se aplicam de forma geral Teoria Geral do Processo e medida queafundarmos no estudo do Direito Processual Penal e do Direito Processual Civil,realaremos os princpios inerentes a cada uma dessas disciplinas.

    Fontes doDireito:___________________________________________

    Materiais:. Valores sociais;. Elementos culturais. Vontade de povo etc

    Formais:Estatais. Lei

    No Estatais:. Costumes. DoutrinaPrincpios Gerais do Direito

    Visto quais so as fontes do Direito, vimos que os princpios encontram-se entre elas. Ademais, a prpria lei de introduo ao cdigo Civil LICC, se reportaaos princpios como fonte de direito no seu art. 4 , que dispe o seguinte :quandoa lei for omissa, o Juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e osprincpios gerais de direito.

    Para ilustrar a importncia do estudo dos princpios, necessriomencionar inicialmente as funes dos mesmos. Rocha (2005, p. 42 43) enumeratrs funes dos princpios no direito processual. So elas:

    Funo Fundamentadora:_________________________________________________________

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    Os princpios constituem a raiz de onde deriva a validez intrnseca docontedo das normas jurdicas.

    Quando o Legislador se dispe a normatizar a realidade social, o fazsempre, a partir de algum principio.

    Os princpios so idias bsicas que servem de fundamento ao direitoPositivo.

    Funo Orientadora daInterpretao:_______________________________________________

    A funo da arientadora decorre da funo fundamentadora do direito.Se as leis soinformadas ou fundamentadas nos princpios, ento devem se interpretadas deacordo com os mesmos, porque so eles que do sentido s normas.Os princpios servem, pois, de guia e orientao na busca do sentido e alcance dasnormas.

    Funo de Fonte Subsidiria

    Nos casos de lacunas da lei os princpios atuam como elemento integrador dodireito.Como a lei funda-se nos princpios , estes servem seja como guia para acompreenso do seu sentido(interpretao), seja como guia para o juiz suprir alacuna da lei, Isto ,Como critrio para o juiz formular a norma do caso secreto.

    Uma discusso que se coloca presente quando falamos de princpios, j nosremetendo a matria processual , ao que a doutrina tende a nomear de princpiosformativos do processo. Esta discusso se faz presente como leciona Dinamarco

    (2001, p. 195-196), porqueA tcnica processual inclui tambm um numero extenso de regras de grande

    importncia, desenvolvida ao longo dos sculos e da experincia acumulada, sendoresponsveis pela boa ordem do processo e correto encaminhamento de suassolues. Rigorosamente, contudo, no se qualifica como princpios porque temlugar no interior do sistema e no atuam como pilares sobre os quais este se apia.

    Dentre esses princpios tcnicos destaca-se quase que forma unnimepela doutrina:

    a) Principio econmico voltado s questes de economia processual;b) Principio lgico seleo dos meios eficazes descoberta da verdade e

    das solues corretas, evitando erros;c) Principio Jurdico postula a igualdade no processo e a fidelidade dos

    julgamentos ao direito substancial;d) Principio Poltico direcionado ao binmio representado pelo Maximo

    possvel-social com mnimo de sacrifcio pessoal. Estudado os princpios informativo do processo, passamos ao estudodos princpios de ndole poltico constitucional, ou ainda, dos princpiossustentculos da teoria geral do processo. Embora exista uma certa discussodoutrinaria sobre quais so os principios que entregam a teoria Geral doProcesso, elegemos para nosso estudo os elencados por rocha (2005, p. 45-49)que passamos a expor de forma sintetizada.

    a) Princpio da independncia.

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    O Princpio da independncia pode ser visto sob duas ticas. Pode seentendido sob a tica da instituio judiciria (art. 2 da CF) ou do juiz, pessoa fsica(art. 95 da CF). Desta forma, por independncia pode-se entender tanto a ausnciade rejeio a ordens de outros poderes, bem como as garantias de imparcialidadeque garantem ao juiz certa estabilidade, especialmente nas causas em que oEstado parte.

    Art. 2 . So Poderes da unio, independentes e harmnicos entresi, o legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Art. 95. Os juzes gozam das seguintes garantias:I-Vitaliciedade (...);II InamovibilidadeIII-Irredutibilidade (...)

    b) Princpio da Imparcialidade. Significa e, resumo, a aqidistancia doJuiz das partes e seus interesses nos processos em que atua. Aimparcialidade pode ser subjetiva (quando disse respeito das partes) eobjetiva (quando disser respeito aos interesses). Vale lembrar porm queas idias polticas do juiz no comprometem a sua imparcialidade, que spode ser exigida sob a gide do caso concreto.

    Art. 5 , incisos XXXVII e LIII, vejamos:

    XXXVII- No haver juzo ou tribunal de exceo.LIII- ningum ser processado nem sentenciado seno pelaautoridade competente.

    c) Princpio do juiz natural.

    Estabelece um trplice entendimento. Num primeiro momento, significa quea instituio dos Juzos e tribunais devem ser anteriores ao fato ensejador de suaatuao. Num segundo momento, que a competncia dos rgos deve serestabelecidos por lei ou procedimentos fixados em lei.

    d) Princpio da exclusividade da jurisdio pelo judicirio

    Em sntese o princpio quer dizer que nenhum conflito pode ser excludo daapreciao do judicirio . Art. 5, XXXV: a lei no excluir da apreciao do PoderJudicirio leso ou ameaa a direito. O princpio porm, comporta temperamentos,uma vez que a prpria Constituio estabelece a exceo do Art. 52, incisos I e II,que dita regra de competncia privativa ao Senado |Federal para processar e julgaro Presidente e o Vice Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade,

    bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e daAeronutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles e, ainda, osMinistros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da Repblica e oAdvogado Geral da Unio , nos crimes de responsabilidade. No mbitoinfraconstitucional, ressalta-se tambm, a ttulo de exceo do princpio daexclusividade da jurisdio pelo judicirio os conflitos dirimidos por rbitros luz daLei n. 9.307/1996.

    e) Princpio da inrcia. O processo no pode principiar por iniciativa dojuiz. Pode-se dizer que deriva do principio da independncia (visaresguarda a imparcialidade do juiz) e do acesso justia.

    f) Princpio do acesso justia. a possibilidade garantida pelaconstituio Federal, no seu Art. 5, XXXV, para que todos possampleitear a proteo jurisdicional do Estado.

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    g) Princpio do devido processo legal. Principio, expresso insculpido no

    art. 5, LIV, da constituio Federal que estabelece ningum serprivado da liberdade ou de seus bens sem o devido processolegal. Assim, cabe ao Judicirio observar o processo estabelecido emleo a fim de que este assegura o respeito s garantias e direitos

    fundamentais aos que a ele se submetem.

    h) Princpio da igualdade. Derivado do principio do devido processolegal. Expresso na constituio Federal no art. 5 caput :

    Todos so iguais parente a lei, sem distino de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e oas estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidadedo direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termosseguintes:

    Atualmente, temos que enxergar o princpio da igualdade no s sob a ticada igualdade formal, mas tambm do aspecto da igualdade substancial. O nossoordenamento jurdico prev em muitos casos, a observncia da aplicao doprincpio da igualdade material, conforme aponta Fbio Alexandre Coelho (2004,p.66):

    Disposio Legal.CLT, Art. 844. Soluo distinta a falta de comparecimento do reclamante(arquivamento) e do Reclamado (Revelia)

    CPP. 386,VI. O Ru dever ser absolvido quando no existirem provassuficientes para a condenao.

    CPC. Art. 188. Computar-se- em qudruplo o prazo para contestar e emqualquer instncia que beneficia as partes com idade igual ou superior a60 anos.

    i) Princpio do contraditrio. Decorre da prpria estrutura dialtica doprocesso. Pressupe que a verdade s pode se evidenciada pelas tesescontrapostas das partes. Por este principio o rgo judicante no podedecidir uma demanda sem ouvir a parte contra qual ela foi proposta.

    Art. 5 LV. Aos litigantes, em processo juridicial ou administrativo, e osacusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, comos meios e recursos a ela inerentes.

    j) Princpio da ampla defesa. Previsto no art. 5, inciso LV daconstituio Federal. Por este principio entende-se que as partes podemproduzir provas de maneira ampla, quando observados os maios lcitosconhecidos e permitidos pelo direito. A ampla defesa, em sentido amplosignifica a observncia de dois ngulos, ou seja, de dois elementos: adefesa tcnica, que a defesa atravs de advogado, e a defesa notcnica, que consiste no direito de presena.

    k) Princpio da liberdade da prova. Expresso na constituio Federal, noseu art. 5, LVI so inadmissveis, no processo, as provas obtidas pormeio ilcito. Assim, sero admitidos todos os meios de prova em direitoadmitidas desde que no sejam obtidas por meio ilcito.

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    L) Princpio da publicidade. O princpio da publicidade destina-se : (a) spartes; e (b) ao publico em geral. Possui grande relevncia e tambm estexpresso na Constituio Federal no seu art. 93, IX.

    Art. 93, IX todos os julgamentos dos rgos do poder judiciriosero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de

    nulidade, podendo a lei, se o Interesse publico o exigir, limitar apresena em determinados, ou somente a estes;

    M) Princpio dos recursos. No Brasil, o recurso constitui-se garantiafundamental inerente ampla defesa. A prpria estrutura dos rgos judicantesinduz a aceitao do princpio dos recursos, facultando a parte sucumbente apossibilidade de outro rgo jurisdicional reexaminar a deciso que lhe foidesfavorvel.

    n) Princpio da motivao. A motivao das decises encontra-se expressano art. 93, IX, portanto, juiz como intrprete e aplicador da lei, devera motivar suasdecises, sob pena de cometer ato contrrio ao direito.

    o) Princpio da coisa julgada. Pode se considerada como a manifestao doprincpio da igualdade material no processo. princpio expresso na constituioFederal no art. 5 XXXVI a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdicoperfeito e a coisa julgada.

    p) Princpio da justia gratuita. Pode ser considerado como a manifestaodo princpio da igualdade material no processo. princpio expresso na ConstituioFederal no art. 5 LXXIV o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuitaaos que comprovarem insuficincia de recursos.! , bem como no a\tr. 134 tambmda constituio Federal: A defensoria Pblica instituio essencial funojurisdicional do Estado incumbindo-lhe a orientao jurdica e a defesa, em todos osgraus, dos necessitados na forma do art. 5, LXXIV

    ATIVIDADES:

    1. Em que consiste o princpio do acesso justia ?

    2. Em que consiste o princpio do juiz natural ?

    3. Em que consiste o princpio do devido processo legal ?

    BIBLIOGRAFIABSICA:_________________________________________________

    ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio deJaneiro: Forense, 2005.

    CINTRA, Antonio Carlos Arajo ; DINAMARCO, Cndido Rangel;GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. So Paulo:Malheiros, 2005.

    SILVA, Jos Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed . Rio Janeiro:Forense, 2003.

    BIOGRAFIACOMPLEMENTAR:_________________________________________________________

    Coelho, Fabio Alexandre. Teoria Geral do Processo. So Paulo: Juarez deOliveira. 2004.

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    DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de Direito processual Civil.So Paulo: Malheiros, 2001. V. 1

    ROCHA, Jos de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. So Paulo:

    Atlas, 2005.

    LEITURA COMPLEMENTAR:___________________________________________________

    TOLEDO, Francisco de Assis. Princpios bsicos de direito penal. 5 ed.So Paulo: Saraiva, 1999.

    NERY JR, Nelson. Princpios do processo civil na Constituio Federal.8 ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

    5. Aula (Tema 04) _______/_____/______.

    DA NORMA PROCESSUAL

    Objetivo:

    Conhecer a distino entre as normas materiais e as normas instrumentais,

    ressaltando a importncia destas que podem ser consideradas comoinstrumentos de proteo do direito material.

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    A norma jurdica em sentido amplo tem por abjeto a regulaoda conduta humana criando direitos e estabelecendo obrigaes. As normasprocessuais ao contrrio disciplinam os meios de defesa dos direitosestabelecidos pela norma material. Desta forma, torna-se importantedestacarmos um captulos no presente estudo para tratarmos da forma

    processual e suas particularidades.

    Normas materiais e normasprocessuais:_____________________________________

    Para realizar o estudo das formas processuais e sua finalidadevamos construir um paralelo entre estas e as normas materiais,estabelecendo assim suas diferenas e aplicaes. Para tanto faremos usoda classificao fornecida por Coelho (2004, p. 151-152)

    NormasMateriais:____________________________________________________________

    Disciplinam os relacionamentos entre as pessoas, buscandodar uma prvia soluo a possveis conflitos de interesse que venham asurgir, estabelecendo qual dos interesses pode prevalecer.

    NormasInstrumentais:_______________________________________________________

    Visam assegurar o comprimento das normas materiais ,estabelecendo a forma de possveis conflitos atravs da aplicao dasnormas substanciais.

    OBJETIVO DA NORMA PROCESSUAL:

    _____________________________Conforme leciona Coelho (2004, p. 151-152) o objetivo maior

    das normas processuais disciplinar a atividade do estado e dos litigantes,bem como desenvolvimento do processo. Pode assim concluir que afinalidade da forma processual estabelecer a forma de soluo dosconflitos atravs do processo. E como pode a lei do processual se aplicada na soluo dosconflitos atravs do processo? Quem a aplica?

    Aqui nos reportamos clssica tripartio de poderes deMontesquieu, pela qual a atividade jurisdicional reconhecida como umadas funes do poder estatal, ao lado das funes administrativas e

    legislativas.

    Assim, para exercer a atividade jurisdicional no mbito dosistema jurdico, faz-se necessrio a verificao do disposto no principio dainvestidura, pelo qual o juiz necessita estar investido do poder delegado peloEstado para exercer a atividade judicante e aplicar a norma material e anorma processual ao caso concreto.

    DIVISO DA NORMA PROCESSUAL NADOUTRINA:______________________________

    A doutrina clssica a norma processual em trs grandesgrupos: (a) normas processuais em sentido estrito; (b) normas deorganizao judiciria; e(c) normas procedimentais. Vejamos Ca uma delas.

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    Normas processuais em sentidoescrito:______________________________________

    Cuidam do processo como tal, atribuindo poderes e deveresprocessuais.

    Normas de organizaojudiciria:___________________________________________

    Tratam primordialmente da criao e da estrutura dos rgosjudicirios e seus auxiliares.

    Normasprocedimentais:_____________________________________________________

    Dizem respeito apenas ao modus procedendi, inclusive aestrutura e coordenao dos atos processuais que compem o processo.

    Grinover ET AL (2001, p. 89-90) explica, porm que existe

    uma certa critica em razo desta diviso, uma vez que a mesma esbarra noconceito moderno de processo, o que levaria as normas procedimentaisserem consideradas tambm normas processuais. Lembram ainda que deacordo com a doutrina mais moderna existe a tendncia de se envolver aorganizao judiciria na teoria geral do processo, o que tambm acarretariaserem as mesmas integrantes do direito processual. Advertem, porm, queesta diviso a que atacada pela prpria Constituio Federal. Vide arts.22, I e 24 XI da CF.

    NATUREZA DA NORMAPROCESSUAL:__________________________________________

    A norma processual parte integrante do direito

    pblico, uma vez que atravs da mesma que se desenvolve a atividadejurisdicional. Assim, quando falamos em norma processual no propriamenteuma relao de coordenao, mas como nos ensinam Grinover ET AL. (2001,p.90) uma relao de poder e sujeio, predominando sobre o interessepblico na resoluo (processual e, pois, pacifica) dos conflitos econtravsias.

    Apesar da norma processual possuir natureza de direitopblico, nem sempre uma norma cogente. Mesmo sem a ocorrncia deprocesso, em algumas situaes a norma processual fica na dependncia devontade de uma das partes, o que se denomina normas dispositivas. Comoexemplo de normas dispositivas temos a eleio de foro.

    Para melhor ilustrar a classificao das normas jurdicasprocessuais quanto sua natureza, traamos o quadro abaixo, distinguindoas normas processuais dispositivas.

    NORMASPROCESSUAIS:_______________________________________________________

    COGENTES:

    . Devem ser cumpridas independentemente da vontade de quem obrigadoa cumpri-la.

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    . Regras inderrogveis pela vontade das partes.

    DISPOSITIVAS:________________________________________________________________

    . Tambm devem se obedecidas, mas podem se afastadas, nos limitesfixados pela prpria lei e pela vontade das partes.

    . Ex: regime de casamento do Cdigo Civil.

    A titulo de concluso pode-se dizer que as normas processuaispossuem carter eminentemente tcnico. Como forma de fixao trazemosum quadro sintico com as principais caractersticas das normasprocessuais.

    Caractersticas das normas processuais

    NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL as regras processuais diferem das

    matrias, pois se referem atividade jurisdicional.

    NORMAS DE DIREITO PBLICO decorrem da soberania estatal eestabelecem critrios para a atividade jurisdicional.

    NORMAS OBRIGATRIAS como regra so ordem pblica, cogentes eobrigatrias. (embora comportem temperamento)

    EFICCIA DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAO

    EFICCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAO

    A norma jurdica seja ela material ou processual, tem eficciano tempo e no espao, ou seja, aplica-s dentro de determinado perodo eterritrio.

    Grinover ET AL. (2001, p. 96) explicam que o principio que regulaa eficcia espacial da forma processual da territorialidade. Assim, a estasse impe sempre aplicao da Lex fori.

    A territorialidade a aplicao da Le processual encontra-seexpressa no art. 1 do Cdigo do Processo Civil:

    Art. 1 A jurisdio civil, contenciosa e voluntaria, exercida pelosjuzes em todo territrio nacional, conforme as disposies que este cdigo

    estabelece.Contudo, devemos observar que o princpio da territorialidade no

    significa como lecionam Grinover ET AL. (2001, p. 97) que o juiz devaignorar a regra processual estrangeira, pois , no caso do art. 231 do CPC estaconstitui pressuposto para a aplicao da lei nacional. Os autores, contudo,alertam para o fato que no se pode confundir a aplicao da normaprocessual estrangeira com a aplicao da norma material estrangeira,referida pelo direito processual nacional, especialmente no art. 7

    d CPC.APLICAO DA LEI PROCESSUAL NOTEMPO:_________________________________

    Como as demais normas jurdicas, a norma processualtambm limitada no tempo, considerado o disposto no direito

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    intertemporal. Dois aspectos devem ser levados em considerao. Vamos aeles:

    1. As leis processuais brasileiras submetem-se ao disposto na lei de introduodo Cdigo Civil LICC, no tocante a observncia da a eficcia temporal dasleis . Em regra, quando no se dispuser de forma contraria, ou no silencio da

    lei, a mesma entra em vigor, em todo o pais, quarenta e cinco dias aps suapublicao.

    2. Problema mais ocorre quando a Le incidir sobre situaes idnticas, para seestabelecer qual das leis se a anterior ou a posterior deve se aplicada aocaso concreto. Como nos ensina Grinover ET. AL. (2001, p. 98) o processo seconstitui por uma srie de atos que se desenvolvem e se praticamsucessivamente no tempo (atos processuais, integrantes de uma cadeiaunitria, que o procedimento), torna-se particularmente difcil e delicada asoluo do conflito temporal de leis processuais.

    Ocorrendo o conflito de normas processuais no tempo

    devemos canalizar os sistemas propostos por Grinover ET. AL. (2001, p. 98)que poderiam ser entese levados em considerao, realando o sistema dodo esolamento dos atos processuais que o sistema consagrado na doutrinabrasileira, alem de esta expresso CPP e no CPC So eles:

    a) Sistema da unidade processual: apesar de se desdobrar em vrios atos,o processo apresenta uma unidade que somente podia ser regulado por umanica norma, seja nova ou velha, devendo a velha se impor para no ocorrera retroao da nova, com prejuzo dos atos praticados ate a sua vigncia.

    b) Sistema das frases processuais: sistema no qual distinguir-se-iam fasesprocessuais autnomas (postulatria, ordinatria, instrutora, decisria e

    recursal) , cada uma delas, capaz de ser disciplinada por uma lei diferente.

    c) Sistema do isolamento dos atos processuais: pelo qual a lei nova noatinge os processuais j praticados, nem seus efeitos, mais se aplica aosprocessuais a praticar, sem limitaes relativas s chamadas fasesprocessuais.

    Convm mais uma vez lembrar que o sistema do isolamentodos atos processuais o que mais est representado na doutrina brasileira,encontra-se ainda expresso no art. 2 do Cdigo de processo Penal CPP nosseguintes temos: a Le processual penal aplicar-se-, desde logo, sem prejuzoda validade dos atos j realizados sob a vigncia da lei anterior. O sistemaencontra, tambm, abrigo a luz do art. 1.211 do cdigo de processo civil- CPC,

    que dispe: ao entrar em vigor, suas disposies aplicar-se-o desde logo aosprocessos pendentes.

    Interpretao da leiprocessual:_______________________________________________

    No podemos deixar de levar em considerao que a interpretao e aaplicao das normas processuais esto subordinadas s mesmas regras dasnormas materiais. Grinover ET. Al. (2001, p. 102) lecionam que as normasprocessuais seguem as disposies contidas nos artigos. 4 e 5 da lei deintroduo do Cdigo civil brasileiro.

    Art. 4quando a lei for omissa o juiz decidira o caso de acordocom analogia, os costumes e os princpios gerais de direito.

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    Art. 5 Na aplicao da lei, o juiz atendera aos fins sociais eque ela se dirige e s exigncias do bem comum.

    Esclarecem ainda os autores acima mencionados que para no

    deixar dvidas quanto a aplicao daquelas regras, o Cdigo de Processo Penal

    dispe de forma expressa no seu art.3 a lei processual penal admitirinterpretao extensiva e aplicao analgica, bem como o suplemento dosprincpios gerais de direito.

    Assim, a titulo apenas de fixao lembramos en passant as formasde interpretao que vocs estudaram na disciplina de introduo ao estudo dodireito.

    VAMOS RELEMBRAR:

    . Interpretao gramatical: anlise literal do terto;

    . Interpretao lgica sistemtica: interpretao luz das demais normas quecompem o ordenamento jurdico, juntamente com os princpios gerais que

    norteiam;. Interpretao histrica : analisa a lei em sua perspectiva histrica.. Interpretao teolgica: por esse mtodo leva-se em conta aidentificao da causa da edio da norma e o resultado que elapretendia alcanar.

    Importante ainda mencionar que as normas processuais, tais como asnormas materiais necessitam a por vezes que se preencha as lacunas da lei. Istoporque, por mais criativo que seja o legislador, este jamais poderia prever todas assituaes evidenciadas pelo homem, cada a sua prpria evoluo social. Destaforma , para se preencher as lacunas verificadas na lei, podero se fazer uso daintegrao, conforme Grinover et. Al. (2001, p. 101). E tambm o que se extrai da

    leitura do art. 126 do CPC O juiz no se exime de sentenciar ou despacharalegando lacuna ou obscuridade da lei.

    O preenchimento das lacunas da lei de acordo com Grinover (2001, p.1002) ser feito atravs da analogia e dos princpios gerais do direito.

    Vamos lembrar, ainda que superficialmente, cada umdeles:

    . Analogia: resoluo de casos no previstos na lei, mediante autilizao de regra jurdica relativa a hiptese semelhante;

    . Princpios gerais do direito: que compreendem no apenas osprincpios decorrentes do prprio ordenamento jurdico, como ainda os queinformam e lhe so anteriores e transcendentes.

    Atividades:__________________________________________________________________

    1. Trace um paralelo entre normas cogentes e normasdispositivas.

    2. De quem a competncia para legislar sobre o direitoprocessual ?

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    3. Disserte sobre a eficcia da lei processual no tempo e noespao.

    BLIBLIOGRAFIABSICA:_____________________________________________________

    ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do processo. 10 ed. Rido deJaneiro: Forense, 2005.

    CINTRA, Antonio Carlos Arajo; DINAMARCO, Cndido Rangel;GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. So Paulo:Malheiros, 2005.

    SILVA, Jos Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro:

    Forense, 2003

    BIBLIOGRAFIACOMPLEMENTAR:____________________________________________

    COELHO, Fbio Alexandre. Teoria do processo geral. So Paulo : Juarezde Oliveira. 2004.

    DINAMARCO, Cndido Rangel. Introdues de direito Processual Civil.So Paulo: Malheiros, 2001. v.1

    ROCHA, Jos de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. So Paulo:Atlas, 2005.

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    6. Aula - _______/_____/______.

    DA JURISDIO

    Objetivos : Conhecer o que jurisdio. Demonstrar que a jurisdiopossui como fim maior assegurar aplicao do direito positivo ao casoconcreto.

    Sabemos que o Estado para desempenhar sua funoJurdica necessita de se ater a duas ordens de atividades, que num primeiromomento podem parecer distintas, mas ao se fazer uma anlise

    aprofundada verificamos estarem estas ordens de atividades intimamenteligadas, so elas respectivamente, a legislao e a jurisdio.

    Sob este prisma, a primeira ordem que a legislao,estabelece as normas que regulam a vida em sociedade, ditando o queelcito e o que e ilcito, atribuindo direito e obrigaes. Porm, so normasde carter genrico sem destinao a uma situao em concreto. J asegunda ordem que a Jurisdio, que se caracteriza pela atuao doEstado com o intuito de solucionar os conflitos de interesses, declara qual o preceito que se aplica ao caso concreto.

    Vamos ento definio de jurisdio.

    Definio dejurisdio:_________________________________

    Jris + dictio = dizer o direito.

    Muitos autores, para definir o que jurisdio, levam emconta apenas o significado literal da palavra, assim, para tentar defini-la,apoiamo-nos em Coelho (2004, p. 180).

    Pode-se considerar, num primeiro momento, que a funodo Estado, concretizada pelo Poder Judicirio, de dizer o direito. Apreocupao do autor acima mencionado se d por conta de ser tomadoapenas o sentido literal e nesse sentido a jurisdio abrangeria em teseapenas o processo de conhecimento, o que no lhe daria total afetividade.Explica assim o Autor: Isto ocorre em razo do processo de conhecimentoestar organizado para que o poder Judicirio diga quem possui o direito,enquanto que o processo de execuo serve para a satisfao do direito e ocautelar para assegurar, resguardar aos processos de execuo e dereconhecimento. De qualquer modo a palavra Jurisdio utilizada pararepresentar a atividade do poder judicirio como um todo conhecimento ,execuo e cautelar. (2004, p. 180).

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    Boa parte da doutrina prefere conceituar a jurisdio daseguinte forma: funo do Estado, mediante a qual este se substitui aostitulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar apacificao do conflito que envolve com justia. ( GRINOVER et al. 2001, p.131).

    Jurisdio enquanto poder

    A jurisdio, enquanto manifestao do poder estatal pode serconceituada como a capacidade de decidir imperativamente e impordecises (GRINOVER et. Al. 2001, p. 131). Assim, a jurisdio gera umpoder de imprio, no qual as decises , quando no acolhidasespontaneamente, so impostos a fim de gerar eficcia atingindo suafinalidade .

    Jurisdio enquanto funo

    A jurisdio, como funo do Estado representa de acordo comCoelho (2004, p. 181):

    a) poder manifestao de imperium (autoridade, domnio) doEstado, por qual do qual impe e determina o comprimentocoativo ( atravs da fora necessrio ) de duas decises;

    b) funo atribuio prpria dos rgos jurisdicionais deprestarem a tutela jurisdicional para que ocorra a pacificaosocial;

    c) atividade complexo de atos praticados Np processo pelosjuzes e auxiliares como representantes do Estado.

    Caractersticas dajurisdio:____________________________

    Vrias so caractersticas da jurisdio. Dentre essas Coelho(2004, p. 181 e 182) destaca as seguintes:

    a) imparcialidade do juiz: o juiz como agente ou representante do

    Estado age de forma imparcial no processo;

    b) inrcia : como decorrncia da adoo do principio da ao ou dademanda preciso acionar, movimentar o Poder Judicirio, pois seusrgos so inertes de acordo com os brocardos jurdicos queilustramos abaixo:

    Nemo judex sine actore = no h juiz sem autor

    N procedat judex ex officio = o juiz no deve proceder deoficio

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    c) observncia do contraditrio: no exerccio da atividadejurisdicional do Estado est presente a possibilidade de contrariar,contradizer, contestar o que foi alegado pela contrria. O contraditrioaqui se perfaz por dois elementos: (!) informao e (ii) reao.

    d) Coisa julgada e irrevogabilidade dos atos jurisdicionais pelosoutros poderes: a coisa julgada definida em nosso direito comosendo a eficcia que torna imutvel e indiscutvel a sentena, nomais sujeita a recurso;

    e) atividade substitutiva: conforme Chiovenda apud (Coelho, 2004, p.182), a jurisdio :

    a funo do Estado que tem por escopo a atuaoda vontade concreta da lei por meio da substituio, pelaatividade dos rgos pblicos, da atividade departiculares ou de outros rgos pblicos, j no afirmar a

    existncia da vontade da lei [processo deconhecimento], j no torna-la, praticamente efetiva,[processo de execuo].

    f) atividade voltada para a soluo de uma lide: a existncia deuma lide ou litgio corresponde ao conflito de interesse caracterizadopor uma pretenso resistida, e o fator que para Carnolutti identifica a

    jurisdio e serve para diferencia-la das demais funes estatais;

    g) carter publico: essa caracterstica decorre do fato da jurisdio

    estar relacionada ao Estado e ser voltada para a satisfao dosinteresses pblicos.

    h) Instrumental: a jurisdio e o instrumento para a realizao dodireito material. Sua existncia liga-se suposta existncia de umarelao jurdica material, servindo para tornar efetivo os comandosnormativos que regulam os relacionamentos disciplinados pelo direito.

    i) Inafastabilidade ou indeclinabilidade: (art. 5, XXXV da CF) a leino poder excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaade direito. Assim, no h como afastar o controle jurisdicional e os

    juizes, por outro lado, no podem declinar de suas atribuies, j que

    atuam em nome do Estado e no para a satisfao de interessespessoais.

    j) Presena do juiz natural: o juiz natural aquele que se liga aolitgio antes mesmo de sua ocorrncia. Sua competncia parasolucionar determinados tipos de conflitos e previamente estabelecidaem lei.

    k) Territorialidade: a atividade de dizer o direito adere a determinadoterritrio, consoante a idias de soberania.

    Estas so, portanto, as caractersticas da jurisdio apontadas porCoelho (2004, p. 182), sem prejuzo de outras que podem ser apontadas

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    por outros doutrinadores. Visto suas caractersticas passamos ao estudodos seus fins.

    Fins daJurisdio:___________________________________________________________

    Fredie Didier Junior (2003, p. 39) nos apresenta os fins dajurisdio. Segundo o autor da jurisdio encontra-se arrimada em trsfins:

    a) O escopo jurdico atuao da vontade concreta dalei. A jurisdio tem por fim primeiro, portanto, fazer comque se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos dasnormas de direito objetivo substancial. A aplicao ou arealizao do Direito objetivo no uma atividadeprivativa ou especifica da jurisdio. Os particulares,quando cumprem a lei, realizam o direito objetivo.

    b) O escopo social Promover o bem comum, compacificao com justia, pela eliminao dos conflitosalm da conscincia dos direitos prprios e respeito aosalheios. Como forma de expresso de poder do estado,deve canalizar fins do estado. Perceba que, aqui, o fim,

    jurisdio em si mesma, no das partes, pois ningumseria ingnuo de afirmar que algum entra com umaao condenatria contra outrem por interessesaltrustas.

    c) O escopo poltico Pelo qual o estado busca aafirmao de seu poder. Alem da participaodemocrtica (ao popular, aes coletivas, presena deleigos nos juizados etc.) e a preservao do valorliberdade, com a tutela das liberdades polticas por meiodos remdios constucionais (tutela constitucional daliberdade).

    Princpios da Jurisdio

    a) Princpio da investidura: o Estado atua atravs de seus rgos.E assim sendo, somente is agentes polticos investidos do poder estatal de

    aplicar o direito ao caso que podem exercer a jurisdio.A investidura se d, em regra por aprovao em concursos pblicosde ttulos e conhecimento jurdico e, alm desta via, a investidura poderocorrer tambm, pela nomeao direta, por ato do chefe do PoderExecutivo, nos casos previstos em lei, de pessoas com previa experincia enotvel saber jurdico.

    Ex: ingresso na magistratura pelo quinto constitucional ou nomeaodos ministros dos tribunais superiores.

    b) Princpio da aderncia ao territrio: o exerccio da jurisdio,por fora do principio da territorialidade da Lei processual, estaatrelado a uma previa delimitao territorial. Grinover (2001, p. 138)leciona que por existirem muitos juizes no mesmo pais, distribudos

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    em comarcas, pode-se da inferir que cada juiz s exerce a suaautoridade nos limites do territrio sujeito por lei a sua jurisdio.

    c) Princpio da indelegabilidade ou inafastabilidade: como ajurisdio investida aps preenchimento de rigorosos critriostcnicos, como nos concursos pblicos, por exemplo, no podem osinvestidos na funo de delegar o nus que prpria Constituio lheatribuiu com exclusividade.

    d) Princpio da inevitabilidade ou irrecusabilidade: a situaodas pastes (autor e ru) ser a de sujeio quanto ao decidido pelo rgo

    jurisdicional, independentemente da vontade das partes ser contraria deciso proferida pelo Estado-juiz.

    e) Princpio do juiz natural: apregoa que todos tm direito deserem julgados por um juiz independente e imparcial, previsto como rgo

    legalmente criado e instalado anteriormente ao surgimento da lide. diametralmente oposto aos Tribunais e Exceo. Ex. Tribunais deNuremberg, criado aps a Segunda Guerra para julgamento dos delitospraticados pelos nazistas.

    ATIVIDADE

    1. Como podemos definir o que jurisdio?2. Quais so as caractersticas da jurisdio?3. O que representa o principio da investidura para a jurisdio?

    BIBLIOGRAFIA BASICA

    ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio deJaneiro: forense, 2005.

    Cintra, Antonio Carlos Arajo; DINAMARCO, Cndido Rangel; GRINOVER, AdaPellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. So Paulo: Malheiros, 2005.

    Silva, Jose Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro:Forense, 2003.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTARDIDIER JUNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. 3 ed. So Paulo: Salvador,

    2003.

    COELHO, Fbio Alexandre. Teoria Geral do Processo. So Paulo: Juarez deOliveira. 2004

    DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de Direito Processual Civil.So Paulo: Malheiros, 2001. v.1

    ROCHA, Jos de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. So Paulo:

    Atlas, 2005.

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    7. Aula - ____/_____/______.

    Espcies dejurisdio:__________________________________

    Objetivo:Demonstrar que a jurisdio uma, mas sem prejuzo de sua unidade,necessita ser classificada pelo critrio de competncia, delimitando-se,assim, o que compete a cada rgo do judicirio no tocante a aplicao dos

    direito ao caso concreto.

    Visto o que jurisdio e aps o estudo de suas caractersticas, dosseus fins e dos seus princpios, passamos a estudar as espcies de

    jurisdio. No se pretende aqui discutir a unidade da jurisdio, masapenas classifica-la didaticamente para se compreender como umdeterminado juiz torna-se competente para julgar um caso concreto.

    Unidade da jurisdio

    Frisando mais uma vez que a jurisdio una Rocha (2005, p.92) noslembra que

    (...) quando falamos em espcies de jurisdio, temos em vistano uma pluralidade de funes jurisdicionais, mas adiversidade das matrias sobre as quais se exerce jurisdio,ou outras particularidades, que impe a repartio dasatribuies jurisdicionais entre diferentes rgos, o que,contudo, no informa a tese de sua unidade, vez que em todasessas situaes a jurisdio , sempre, a mesma funosoberana do Estado de dizer ou executar coativamente odireito no caso concreto, em ultima instancia, e de mododefinitivo e irrevogvel.

    Reforando a unidade da jurisdio, que resultado do fato de seresta uma atribuio fundamental do Estado exercida por ele em regime deexclusividade significa, segundo Rocha (2005, p.91), que s o Estado aexerce, atravs dos rgos por ele institudos, e que s esses rgos podemprestar o servio pblico da justia, com aquelas caractersticas decriatividade, definitividade e irrevogabilidade.

    No nosso sistema jurdico, o principio da unidade da jurisdioencontra-se no arts. 5, incisos XXXV e XXXVII, art. 93 todos da ConstituioFederal. No ordenamento infraconstitucional este princpio est insculpidono art. 345 do Cdigo Penal. Vamos contextualizar o contedo dos artigos

    mencionados:

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    * art. 345 CP. Fazer justia pelas prprias mos, para satisfazerpretenso, embora legtima, salvo quando a lei o permite:Pena: deteno, de quinze dias a um ms, ou multa, alem dapena correspondente violncia.

    ou* art. 5 XXXV e XXXVII CF.XXXV a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirioleso ou ameaa a direito.XXXVII no haver juzo ou tribunal de exceo;

    Desta forma, conforme nos explica Rocha (2005, p.92) a jurisdioembora seja unitria realizada por meios dos diversos rgos

    jurisdicionais e de diversas formas. Por esta razo, ela pode ser classificadapor diferentes critrios. Vamos a cada um deles.

    Jurisdio comum e jurisdio especial.

    A jurisdio comum, como leciona Rocha (2005, p.92) aquela quetem carter geral, portanto diz respeito generalidade dos interesses portutelar. Ensina o autor que

    jurisdio comum cabe conhecer de todas ascontrovrsias, excludas apenas aquelas que a lei,reserva s jurisdies especiais. A jurisdio comum sest limitada no sentido negativo, pois conhece todas ascausas, menos as que so cometidas a outras

    jurisdies.

    A jurisdio especial, ao contrrio, aquela que s conhece as

    matrias que a lei expressamente assim reconhece. Ou seja, de acordo comRocha (2005, p.92), s opera em relao a certos interesses, tendo em vistasua natureza, a qualidade de seus titulares etc.

    A prpria Constituio Federal dispe sobre as justias que exercem ajurisdio especial e as justias que exercem a jurisdio comum:

    Entre as que exercem jurisdio especial esto:

    A Justia Militar (artigos 122 a 124) A Justia Eleitoral (artigos 118 a 121)

    A Justia do Trabalho (artigos 111 a 117); e A Justia Militar Estadual (artigo 125, 3.).

    No mbito da jurisdio comum esto:

    A Justia Federal (artigos 106 a 110); e A Justia Estadual Ordinria (artigos 125 e 126)

    Jurisdio penal e jurisdio civil

    A classificao da atividade jurisdicional em civil e penal de cunho

    material. Apesar do direito material possuir vrios ramos - DireitoAdministrativo, Direito de Empresa, Direito Tributrio, DireitoPrevidencirio dentre outros a tutela pode ser civil ou penal.

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    Rocha (2005, p.93) esclarece que a jurisdio penal cuida dosconflitos disciplinados pelo direito penal comum e especial. , pois,preposta atuao das normas penais, que se caracterizam pordefinirem os fatos punveis ( crimes e contravenes ) e lhecominarem penas, que so as mais graves das sanes.

    A jurisdio civil, por seu turno, define-se como diz o mesmo autor,por excluso da jurisdio penal. Para ele tudo quanto no cabe na

    jurisdio penal, por excluso, jurisdio civil. Tem, pois , porobjeto, todas as matrias que a lei no confia jurisdiopenal.( ROCHA, 2005,p. 93)

    Jurisdio superior e inferior

    Grinover et al (2005, p.155) mencionam que prprio da naturezahumana o inconformismo perante as decises desfavorveis do

    judicirio. Na maioria das vezes, a parte vencida quer novaoportunidade para demonstrar suas razes e reivindicar novamenteos seus direitos.

    A classificao da jurisdio em superior e inferior se d por conta daposio verticalizada dos rgos judicirios na estruturaorganizacional do Poder Judicirio.( ROCHA , 2005, p.93)

    Grinover et al (2005, p. 155) resumem em breve linhas essa estruturaorganizacional do Poder Judicirio. Ensinam eles que

    Chama-se jurisdio inferior aquela exercida pelos juizes

    que ordinariamente conhecem do processo desde o seuincio (competncia originaria): trata-se na JustiaEstadual, dos juizes de direito das comarcas distribudaspor todo o Estado, inclusive comarca da Capital. Echama- se jurisdio superior a exercida pelos rgos aque cabem os recursos contra as decises proferidaspelos juizes inferiores. O rgo mximo, na organizao

    judiciria brasileira, e que exerce a jurisdio em nvelsuperior ao de todos os outros juzes e tribunais oSupremo Tribunal Federal.

    Rocha (2005, p. 93) recorre a uma pirmide para ilustrar o PoderJudicirio, contendo na sua base os mltiplos rgos do 1 grau e, novrtice, os rgos do 2 e as vezes, do 3 grau. Exemplificando:

    2 e ou 3 Grau

    O duplo grau de jurisdio indica a possibilidade de reviso, por via derecurso, das causas j julgadas pelo juiz de primeira instancia. (grinover,

    2005, p.75).

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    1Grau

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    Esta diviso no possui conotao hierrquica, mas apenas distribuiode trabalho conforme a competncia de cada um desses rgos. E se d porconta da observao do principio do duplo grau de jurisdio.

    Ateno, no podemos confundir instancia com entrncia. Vamos traarum paralelo e ver qual a diferena entre ambas.

    INSTNCIA

    * GRAU DE JURISDIO

    ENTRNCIA

    * GRAU ADMINISTRATIVO DASCOMARCAS E DA CARREIRADOS JUIZES ESTADUAIS EMEMBROS DO MINISTRIOPBLICO.

    Jurisdio voluntria e jurisdio contenciosa.

    Vamos lembrar o que e jurisdio?

    Jurisdio o poder exercido pelos rgos do Poder Judicirio com o intuito

    de solucionar os conflitos de interesse.

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    Porm, como nos adverte Rocha (2005, p.94), a jurisdio pode exercer-se em facede um conflito ou no. Isto, porque muitas vezes aciona-se o judicirio apenas para oreconhecimento de novas situaes jurdicas.

    Assim, necessrio estabelecer o que jurisdio voluntria e o que jurisdio

    contenciosa. Comecemos pela jurisdio voluntria ou tambm chamada de jurisdiograciosa.

    Jurisdio voluntria.

    Didier (2003, p. 50) conceitua a jurisdio voluntria como a atividade jurisdicionalque integra a vontade das partes; sem a participao do Estado-juiz, tal interesse nopoderia ser tutelado. Aqui, o rgo judicial atua como fiscalizador da produo de vontade.

    Assim, a jurisdio voluntria se d, no dizer do autor, como uma atividadeintegrativa e fiscalizadora, uma vez que, segundo o mesmo, h determinados atos jurdicosdos particulares que se revestem de tal importncia, que os mesmos no poderiam se darsem a participao do Estado juiz.

    A discusso que se coloca que a doutrina costuma por no considerar tais atoscomo jurisdicionais, considerando mais uma atividade administrativa, ou seja, uma espciede administrao pblica de interesses privados. (DIDIER, 2003, p. 50). Contudo, o Cdigode Processo Civil CPC, fala em jurisdio voluntria no seu art. 1.

    Art. 1. A jurisdio civil, contenciosa e voluntria, exercida pelosjuizes, em todo o territrio nacional, conforme as disposies que esteCdigo estabelece.

    Didier (2003, p.50-52) fornece argumentos para os que entendem a jurisdio

    voluntria como administrao pblica de interesses privados e para os que entendem ajurisdio voluntria como atividade jurisdicional.

    Abaixo apresentamos os argumentos presentes na defesa da jurisdio voluntriacomo administrao pblica dos interesses privados:

    JURISDIO VOLUNTARIA COMO ADMINISTRAO PUBLICA DE INTERESSESPRIVADOS

    1) insuficincia de critrio orgnico: no e por se tratar da atividades desenvolvidaspelo juiz que poderiam ser consideradas jurisdicionais.

    2) No atuao do direito: no se visa a atuao do direito ao caso concreto,mas sima constituio de situaes jurdicas novas.

    3) No haveria substitutividade: o magistrado se insere entre os participantes do

    negcio jurdico, no os substituindos.4) No existncia de lide: no h lide e sim concurso de vontades.5) Interessados: como no h conflito, no haveria partes e sim interessados.6) No haveria ao: pois esta consiste no poder de exercitar o judicirio.7) No h processo: no havendo ao, tambm no haveria processo e sim

    procedimento.8) No haveria produo de coisa julgada material: os atos em jurisdio

    voluntria s produzem coisa julgada formal. O juiz nada declara com eficcia parafazer coisa julgada material.

    Na defesa da jurisdio voluntria como atividade jurisdicional pesam os seguintesargumentos:

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    JURISDIO VOLUNTRIA COMO ATIVIDADE JURISDICIONAL

    1) redao legal: o art. 1 do CPC fala em jurisdio voluntria.2) Outros escopos: a jurisdio possui outros escopos que no a simples atuao do

    direito (que no lhe caracterstica exclusiva).3) Preventividade: a lide jamais poderia ser da essncia da jurisdio, pois se assim o

    fosse apenas as hipteses de tutelas repressivas teriam essa qualidade. A jurisdiovoluntria possui certa natureza preventiva.

    4) Processo: a jurisdio voluntria se exerce por meio das formas processuais (petio inicial,sentena etc.), alm de que no seria razovel defender-se a inexistncia de relao jurdicaentre os interessados e o juiz.

    5) Coisa julgada: no se trata de critrio diferenciador do ato jurisdicional, pois h hiptese dejurisdio contenciosa que no fazem coisa julgada material.

    6) Conceito processual de parte: no h parte em sentido substancial, porquanto no hajaconflito de interesse material. Mas parte e aquele que postula, da ser inadmissvel no serparte nesta situao.

    7) Substitutividade: o juiz intervm para assegurar a tutela de um interesse a que ele semantm estranho como terceiro imparcial mantendo sua independncia.

    Antonio Carlos Marcato (2004, p.22) leciona que no s o judicirio exerce aadministrao pblica de interesses privados, mas tambm o tabelio ao lavrar umaescritura e a Junta Comercial ao arquivar um contrato social esto realizando atos dejurisdio voluntria.

    No que tange ao judicirio, a importncia de certos institutos como o casamento, so pordemais importantes e mesmo para a dissoluo amigvel necessrio a participao do juizcomo est previsto no art. 1.120 a 1.124 do CPC.

    Jurisdio contenciosaA jurisdio contenciosa, na lio de Coelho (2004, p. 191) exercida em funo de um

    conflito, litgio, ou nas palavras de FRANCISCO CARNELUTTI, de um conflito de interessesqualificado por uma pretenso resistida. A doutrina costuma traar um paralelo realando asdiferenas entre a jurisdio voluntria e a jurisdio contenciosa, que transcrevemosabaixo:

    JURISDIO CONTENCIOSA JURISDIO VOLUNTARIAAtividade jurisdicional Atividade administrativaComposio de litgios Administrao publica de direito privadoBilateralidade da causa Unilateralidade da causaQuestionam-se os direitos ou obrigaesde outrem.

    No se questionam obrigaes oudireitos de outrem

    Envolve as partes Envolvem apenas interessadosH contraditrio ou possibilidade de

    contraditrio

    No h contraditrio

    H jurisdio No h jurisdioH ao No h aoH processo No h processo, mas apenas medidas

    administrativasLegalidade estrita No a obrigatoriedade da legalidade

    estritaInter volentes Inter volentesH coisa julgada No h coisa julgadaH revelia No h reveliaEm regra, no h provas determinadasde oficio.

    Qualquer prova pode ser determinadade oficio

    Jurisdio de direito ou de equidade

    Sebastio de Oliveira CASTRO FILHO Ministro do Superior Tribunal de Justia do Brasil, Professor de Direito Civil eProcessual Civil em Goina e Braslia, membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil e do Instituto Panamericano

    de Derecho Procesal.

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    Coelho (2004, p.192) leciona que a jurisdio por equidade encontra arrimono disposto no art. 127 do CPC, que ora transcrevemos: juiz do decidira porequidade nos casos previstos em l. Explica o Autor que decide por equidadesignifica decidir sem as limitaes impostas por precisa regulamentao legal;

    que as vezes o legislador renuncia traos desde logo na lei a exata disciplina dedeterminados institutos, fato, que deixa uma grande margem para aindividualizao da norma pelos rgos jurisdicionais. Como por exemplo o prprioautor trabalha trs possibilidades: a fixao de alimentos art.1.694 do CC; (ii)adeciso na arbitragem a 11 da Lei n 9.307/96; e a jurisdio voluntria art.1.109 do CPC.

    ATIVIDADES

    1. O que jurisdio contenciosa?2. O que e jurisdio voluntria?3. O que e tambm conhecida a jurisdio voluntria?4. Trace um paralelo realando as diferenas entre jurisdio contenciosa e

    jurisdio voluntria.

    BIBLIOGRAFIA BSICA:

    ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de janeiro:Forense, 2005.

    CINTRA, Antonio Carlos Arajo; DINAMARCO, Cndido Rangel; GRINOVER, AdaPellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. So Paulo: Malheiros, 2005.

    SILVA, Jos Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense,2003.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    COELHO, Fbio Alexandre. Teoria Geral do Processo. So Paulo: Juarez deOliveira. 2004

    DIDIER JUNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. 3 ed. So Paulo: Salvador, 2003.

    FUHRER, Maximilianus, Cludio Amrico. Resumo de Processo Civil. 24 ed. SoPaulo: Malheiros, 2002.

    MARCATO, Antonio Carlos. Procedimentos especiais. 10 ed. So Paulo: Atlas,2004.

    ROCHA, Jos de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. So Paulo: Atlas,2005.

    Sebastio de Oliveira CASTRO FILHO Ministro do Superior Tribunal de Justia do Brasil, Professor de Direito Civil eProcessual Civil em Goina e Braslia, membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil e do Instituto Panamericano

    de Derecho Procesal.

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    8. Aula - _______/_____/______.

    Do Poder Judicirio:__________________________________

    Objetivo: Apresentar o Poder Judicirio como um dos poderes integrantes da

    clssica tripartio de Montesquieu, indicando os seus rgos e sua principalfuno.

    Porque estudar o PoderJudicirio na Teoria Geral do

    Processo?

    Um dos pressupostos para o reconhecimento do Estado Democrtico deDireito a existncia dos trs poderes independentes e harmnicos entre si: oPoder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judicirio.

    Ou seja, o Poder Judicirio compe juntamente com o Poder Executivo e com

    o Poder Legislativo os Poderes da Unio, de forma harmnica e independente,conforme o disposto no texto constitucional (art. 2, CF)

    A importncia de termos um Poder Judicirio independente e da anecessidade de um capitulo para estud-lo em separado, reside no fato q eu suaindependncia no avaliza, principalmente, respeito aos direitos e garantiasfundamentais abrigados na Constituio Federal, uma vez que a funo tpica do

    judicirio e a jurisdicional, garantindo-nos proteo at mesmo contra atos dosdemais poderes.

    Do Poder Judicirio uma breve viso.

    Como j falamos a titulo de introduo, o Brasil, que se constitui um EstadoDemocrtico de Direito, adota a tripartio de poderes (Poder Legislativo, PoderExecutivo e Poder Judicirio).

    Coelho (2004, p. 329) afirma que esta classificao adotada por Montesquieu,segundo a qual o poder do Estado exercido pelo legislativo, pelo Executivo e pelo

    Judicirio, a fim de afastar o arbtrio que decorreria de sua concentrao. Este osistema de freios e contrapesos.

    Sistema de freios e contrapesos posicionamento adotado pelos norte-americanos para ressaltar a necessidade de harmonia e equilbrio entre os

    poderes.O art. 2 da Constituio Federal de 1988 dispe:

    Art. 2 So Poderes da Unio, independentes e harmnicosentre si, o Legislativo, o Executivo e o judicirio.

    De acordo com a forma esposada, o Judicirio tem como funo precpua asoluo dos conflitos de interesse, alem de assegurar os direitos e garantiasindividuais e co