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COMPÊNDIO DE TGP – P2

AÇÃO

6. Classificação das Ações

6.1. Classificação Geral

Na verdade, o que se classifica é a tutela jurisdicional. A classificação tradicional foi feita com base na natureza da tutela (providência) jurisdicional a ser prestada, porém cada dia mais perde força, porque, hoje, parte-se da premissa de que a ação é poder de acesso à justiça, poder autônomo que não comporta qualificação alguma.

1) Ação (=tutela) de conhecimento

Ação que visa a uma sentença de mérito – sentença que acolha ou rejeite o pedido do autor –, a um julgamento da causa (da lide). Esta ação enseja um processo de conhecimento.

A sentença pode ser de duas espécies:

a) Procedente: se acolher o pedido do autor.b) Improcedente: se rejeitar o pedido do autor.

Subdivisões das sentenças de mérito conforme sua natureza:

a) Sentenças declaratóriasb) Sentenças constitutivasc) Sentenças condenatórias

Assim também se subdivide tradicionalmente a ação de conhecimento em:

a) Ações de conhecimento Declaratórias: visam a uma sentença que apenas declare a existência ou inexistência de uma relação jurídica ou a autenticidade ou falsidade de um documento. (Art. 4º, CPC) O interesse do autor pode limitar-se à declaração.

Art. 4o  O interesse do autor pode limitar-se à declaração:I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;II - da autenticidade ou falsidade de documento.Parágrafo único.  É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

Exemplos: (No CPC) sentenças declaratórias de paternidade; sentenças de procedência de ação de uso capião (declara que aquele que está de posse do imóvel é o seu proprietário), ação declaratória de inexistência de dívida ou de débito (estas últimas são muito comuns e pretendem a declaração da inexistência de uma dívida), além disso, pode-se propor uma ação visando a declaração da autenticidade ou da falsidade de um documento. No CPP, outro exemplo é a sentença que declara extinta a punibilidade a qual pode ser prolatada em sede de habeas corpus (art. 647, 61 CPP).

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b) Ações de conhecimento Constitutivas: visam a uma sentença de mérito que, além de declarar que o autor tem razão no que pede, criem modifiquem ou extingam uma relação jurídica. Trata-se de modificar a situação jurídica na qual o autor se encontra.

Exemplos: (No CPC) sentença de procedência de ação de divórcio (extinção do vínculo conjugal), todas as sentenças de procedência de anulação de atos jurídicos (anulatórias) como as sentenças de procedência de ação de interdição, sentença de procedência de anulação de contrato por vício de consentimento. No CPP, art. 621, art. 622 e art. 626 que tratam da revisão criminal.

Art. 621.  A revisão dos processos findos será admitida:I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Art. 622.  A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.Parágrafo único.  Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.

O art. 626 deixa claro o caráter constitutivo de modificação da situação jurídica.

Art. 626.  Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.Parágrafo único.  De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.

c) Ações de conhecimento Condenatórias: visam a uma sentença de mérito que declare que o autor tem razão no que pode, porém, que contenha um plus que a diferencie das demais sentenças, qual seja, a imposição do cumprimento de uma prestação.

Todas as sentenças de mérito, de procedência ou improcedência são declaratórias. Todas as sentenças de mérito, portanto, têm um elemento declaratório, porque declaram se o autor tem ou não tem razão no que pede. As constitutivas e condenatórias se diferenciam da declaratória por ter características a mais.

As ações de conhecimento condenatórias, além do elemento declaratório:

I) Impõem ao réu o cumprimento de uma prestação;II) Constituem título executivo, ou seja, podem amparar uma execução, servindo de

base a essa execução. Isso significa que, caso o réu não cumpra espontaneamente a prestação imposta, o autor pode obriga-lo à executá-la.

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Exemplos: ações indenizatórias (por dano moral, material), ação de cobrança. A sentença de procedência de tais ações é condenatória. Art. 475-N, I e Art. 475-J, CPC.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Tal artigo diz que quando a obrigação não for cumprida, o réu terá 15 dias depois de intimado para efetuar o pagamento. Do contrário, receberá multa e serão penhorados, avaliados e depois expropriados os seus bens (vendidos) para fazer dinheiro e pagar o que é devido ao autor – isto é a chamada execução, e se faz no âmbito do mesmo processo de conhecimento.

Modificação recente: antes da reforma no CPC, o autor de posse de uma sentença condenatória tinha que propor outra ação (de execução) que dava causa a um processo de execução. Pela leitura, contudo, do art. 475-J se verifica que não existe mais um processo diverso – formalmente diferenciado – do processo de conhecimento, ou seja, a execução é feita em continuação ao processo de conhecimento (não há novo processo de execução).

Neste caso de processo de conhecimento de sentença obrigatória de condenação pecuniária, não se teria mais um processo de conhecimento apenas, mas um PROCESSO SINCRÉTICO por dar lugar não somente à atividade de conhecimento (prestar tutela de conhecimento), mas também à tutela executiva. Não haveria apenas julgamento da causa, prolação de uma sentença de mérito, mas também execução do julgado.

Art. 457-N mostra que há outras condenações, além das pecuniárias.

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

Sentenças de improcedência: são sempre e tão somente declaratórias, pois dizem que o autor não tem razão naquilo que pede. Não há sentença de improcedência condenatória ou constitutiva. Dessa forma, o que nos interessa à classificação são as sentenças de procedência.

Pode haver sentença constitutiva e condenatória?

Depende de quantos capítulos decisórios a sentença tiver. Normalmente, a sentença contém o capítulo principal (declaratório, constitutivo ou condenatório) e, além disto, um capítulo acessório, relativo às custas e aos honorários que é, portanto, condenatório. Quando a sentença tem de se pronunciar acerca de dois pedidos, pode ser que os

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capítulos principais (no caso um para cada pedido) possam ser um declaratório e o outro condenatório, por exemplo.

Sucumbência: sempre condenatória, impõe o pagamento de custas e de honorários.

Classificação de Pontes de Miranda

A classificação das ações de conhecimento tradicional é ternária, porém, a mais moderna, acolhida por muitos autores é quinária (Pontes de Miranda).

Pensamento de Pontes: Ação condenatória é aquela que constitui título executivo a ser executado em processo autônomo em âmbito diferenciado. Se a execução pode ser feita no âmbito do mesmo processo, então, não é mais condenatória, é mandamental ou é executiva lato sensu.

Crítica: hoje a execução é feita em âmbito do mesmo processo, portanto, a mandamental e a executiva lato sensu também são executadas no âmbito do mesmo processo. Dessa forma, a razão da distinção se esfumaça, se esvai.

Tal classificação moderna acrescenta dois outros tipos de ação:

d) Ações Mandamentais: visam a uma sentença de mérito que se resolva em uma ordem dirigida a alguém (normalmente autoridade pública, mas não exclusivamente) para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Obrigações de fazer ou não fazer.

Exemplos: sentença concessiva de mandado de segurança (pretende a proteção de direito incerto), pois se resolve numa ordem dirigida a alguém para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Se uma empresa concessionária de energia elétrica corta o fornecimento de energia do consumidor “A” que está inadimplente. Ela tem direito de fazer isso? A empresa cortando a energia elétrica está agindo em autotutela (meio de compelir o consumidor a quitar os débitos). O meio correto de satisfazer tal pretensão deveria ser mediante ação de cobrança em juízo (ação condenatória).

Se em uma instituição particular de ensino superior, o aluno não pagar as últimas mensalidades, e a instituição disser que, em razão da inadimplência, o estudante não irá receber seu diploma. Pode ela fazer isso? Em princípio, as duas condutas referidas (tanto da empresa de energia elétrica quanto da instituição de ensino) são ilegais, não podendo ser adotas. O remédio legal contra tais comportamentos é o mandado de segurança, que serve para compelir o réu a fazer ou deixar de fazer alguma coisa (que se abstenha de cortar o fornecimento de energia elétrica, ou que entregue o diploma independentemente do pagamento das mensalidades).

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Em caso de se contratar um marceneiro para trabalhar em uma casa, sendo for pago pela elaboração de móveis. Em ele não os entregando, a pessoa que contratou o serviço pode entrar com uma ação de cumprimento da obrigação de fazer contra o marceneiro para obriga-lo a realizar o contratado.

Art. 461, CPC: Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. 

e) Ações Executivas Lato sensu: visam a uma sentença de mérito que imponha uma prestação que não seja pecuniária (diversa desta). Se já incluímos as obrigações de fazer ou de não fazer nas mandamentais, restam as obrigações de entregar coisa.

 Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. § 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel

Ex.: se um sujeito comprou soja, pagou, mas não a recebeu no prazo acordado, pode entrar com uma ação executiva lato sensu para entrega de coisa móvel. No caso de bem imóvel, na planta, por exemplo, que foi comprado e não foi entregue, sucede a mesma coisa. A pessoa prejudicada deve entrar com uma ação executiva lato sensu para ser imitida na posse.

Outros ex.: sentença de procedência de ação de despejo, sentença de procedência de ação possessória (reintegração de posse, tirar o sujeito do lugar).

Diferença Básica

Ações declaratórias e constitutivas são bastantes em si mesmas (autossuficientes). Já as demais, não são, sendo necessária a realização de uma atividade posterior para torná-las efetivas, qual seja a execução.

Crítica à classificação quinaria de Pontes de Miranda

Há quem diga que as sentenças mandamentais ou executivas lato sensu são todas sentenças condenatórias, porque a diferença se encontraria apenas em relação à

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atividade que se faz necessária para tornar efetiva a dita sentença (a diferença estaria apenas no complemento, uma vez que todas impõem algum tipo de prestação).

Ponto de convergência: Necessidade de uma atividade complementar para satisfazer o direito do autor.

2) Ação (=tutela) de execução ou executiva

O que diferencia a ação de execução da ação executiva lato sensu? Nesta última, se busca uma sentença de mérito, uma sentença de causa sobre o pedido do autor e será executada no âmbito do processo de conhecimento, não dá causa a um novo processo diferenciado (de execução). Naquela, entretanto, o que se busca é uma tutela satisfativa do direito do autor. Tal ação de execução dá causa a um processo de execução (diferenciado do de conhecimento). É preciso promover uma ação de execução, deflagar um processo de execução.

Nas executivas lato sensu não existe um processo de execução formalmente diferenciado. No âmbito do mesmo processo ocorre o julgamento da causa, a prolação de uma sentença de mérito e, ato contínuo, a execução.

Ação de despejo, por exemplo, pode ser proposta porque o locatário não pagou o aluguel, porém, antes da execução, é preciso que o juiz prolate sentença de procedência ao despejo e ao fato de ser cabível a retomada de imóvel pelo autor.

Nas ações de execução ou executivas há um processo de execução formalmente diferenciado, autônomo, não há antes o julgamento da causa no mesmo processo ou a prolação de uma sentença de mérito.

O pedido já é no sentido de realização de atos materiais e completos.

A ação de execução vai ter lugar quando a lei conceder um título executivo judicial ou extrajudicial e, ao mesmo tempo, estabelecer que, naquele caso, é preciso instaurar um processo de execução em que o réu deva ser citado. Se não houver título executivo, não houver nota promissória, por exemplo, se o réu simplesmente declarar que deve dinheiro, não pode a pessoa prejudicada entrar direto com ação executiva (de execução), ela precisa primeiro entrar com uma ação de conhecimento e, no âmbito desta, então, será realizada a ação executiva lato sensu.

Na prática, em ambos os casos, o que se faz é a execução.

Exemplos: ação de execução de título extrajudicial (alguém não pagou uma nota promissória, um cheque, emitiu cheque sem fundos, não quitou a nota no vencimento) que dará causa a um processo de execução que consiste na realização de atos materiais. Quando se fala em execução, fala-se na realização de atos materiais, concretos, destinados a modificar o mundo sensível, fático, com o escopo de satisfazer o direito do autor. Outro exemplo é a execução de uma sentença penal condenatória, de uma sentença arbitral...

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Ex.: um sujeito entra com uma ação contra o Estado do RS que é condenado a pagar alguma coisa. Esta execução, neste caso específico, não é feita no âmbito do mesmo processo, é preciso deflagrar um processo de execução contra a Fazenda Pública.

Art. 475 N, inc. II (professor esqueceu-se de comentar)

3) Ação (=tutela) cautelar: visa a uma providência acautelatória e dá causa a um processo cautelar. O que se quer dizer com isso? Se quer dizer que a providência tem o objetivo de assegurar a eficácia prática (o resultado prático) às providências adotadas nos processos de conhecimento e nos processos de execução.

Art. 796, 798 839 e 846 CPC

Art. 796.  O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal (de execução ou de conhecimento) e deste é sempre dependente.

Há relação de instrumentalidade entre o processo cautelar e o de conhecimento ou de execução.

Art. 798.  Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

Em caso de o réu ou o executado começar a se desfazer dos seus bens com vistas a se tornar insolvente de modo a que nada mais possa ser tirado dele. O que fazer para evitar que este dano ao direito do autor se consume? É preciso fazer uso de uma ação cautelar, um processo cautelar para se pedir a indisponibilidade dos bens do réu, do executado.

 Art. 839. O juiz pode decretar a busca e apreensão de pessoas ou de coisas.

Processo discutindo a guarda de um filho. O réu ou a ré pretende fugir com a criança para outro país. Como evitar? Com uma ação cautelar de busca e apreensão.

Art. 846.  A produção antecipada da prova pode consistir em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas e exame pericial.

Possibilidade de produção antecipada das provas. Sujeito se muda para um edifício que já está cheio de problemas, infiltrações, caindo aos pedaços. Se ele pede à empresa que conserte os defeitos ação mandamental, de obrigação de fazer; se ele pede para a empresa o indenizar é ação condenatória. Contudo, antes disso, ele deve entrar com uma ação cautelar de produção antecipada de prova para fotografar a situação do prédio na precariedade em que se encontra.

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Há julgamento e há execução dentro da ação cautelar.

No processo penal, também temos medidas cautelares, mas a regra é a de que estas medidas não ensejem um processo cautelar, mas sejam concedidas dentro do próprio processo penal.

Art. 319, CPP  São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;  II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;  III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;  IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;  V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;  VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;  VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;  IX - monitoração eletrônica.  § 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. 

6.2. Classificação da Ação Penal

O critério de classificação é subjetivo, ou seja, vai depender do sujeito que a propuser. A ação penal será de um ou de outro tipo de acordo com o que estiver previsto na parte especial do CP.

Observação Importante: É o Código Penal, de regra, em sua parte especial, portanto, que determina a espécie de ação que deve ser utilizada. As leis extravagantes ao CP também podem determinar qual o tipo de ação que será utilizada.

1) Ação Penal Pública

Na verdade, esta ação penal é de iniciativa pública, mas o nome utilizado é mais simplificado “ação penal pública”. Tal ação é proposta pelo Ministério Público. Aliás, a Constituição, no art. 129, inc. I inclui entre as funções institucionais do MP promover privativamente a ação penal publica, ou seja, a titularidades desta ação é do MP.

Espécies:

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A) Ação Penal Pública Incondicionada: quando o exercício da ação (que é sempre por parte do MP) não depende de nada. Não há necessidade de representação do ofendido e nem de requisição do ministro da Justiça.

B) Ação Penal Pública Condicionada: quando o exercício da ação (que é sempre por parte do MP) depende ou de representação do ofendido ou de requisição do ministro da Justiça (ambos os casos são expressamente previstos na lei).

Art. 24, CPP e semelhantemente o Art. 100 parágrafo 1º do CP

Exemplos: Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.

Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

A regra, no Direito Penal brasileiro, é ser a ação pública incondicionada, somente quando a lei exigir expressamente ela será condicionada. No silêncio da lei, portanto, a ação penal é pública incondicionada.

2) Ação Penal Privada

Toda ação penal é de Direito Público, pois é dirigida contra o Estado. Contudo, fala-se em ação penal privada no sentido de a iniciativa ser privada. Tal ação é aquela proposta pelo ofendido.

Art. 30, CPP Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.

Art. 31, CPP  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.

§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

A ação penal pública é proposta mediante denúncia do MP, já a ação penal privada, é mediante queixa do ofendido. A queixa é a petição inicial da ação penal privada utilizada em juízo. Assim, quando a pessoa diz que vai fazer uma queixa na delegacia, na verdade está se referindo ao boletim de ocorrência que pretende fazer, pois a queixa não se faz na Delegacia de Polícia.

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Espécies:

A) Ação Penal de Iniciativa Exclusivamente Privada: a titularidade é do ofendido, de seu representante legal ou de seu sucessor – vide art. 145.

B) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: tal ação é de titularidade do MP, no entanto, quando este não a propõe dentro do prazo legal, abre-se ao ofendido a possibilidade de ajuizar a ação penal. Diz-se então, que ela é subsidiária da pública. Destarte, o ofendido terá o poder de promovê-la uma vez não sendo promovida pelo Ministério Público no prazo Legal. Tal possibilidade está prevista na própria Constituição em seu art. 5º inc. LIX.

Art. 5º inc. LIX, CF - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

Art. 100 § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

Art. 29, CPP - Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

Art. 46, CPP: O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

C) Ação Privada Personalíssima: Direito de proposta é personalíssimo, portanto, intransferível do ofendido. Caso do art. 136 do CP. O sucessor do ofendido ou seu representante legal não estão habilitados a propor ação privada personalíssima em nome do ofendido. O direito não é transferível, como já foi dito, residindo nesta característica a grande diferença entre a ação de inciativa exclusivamente privada e a ação privada personalíssima.

Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:

Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

6.3. Classificação da Ação Trabalhista

Classificação tradicional:

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A) Ação Trabalhista Individual: engloba as chamadas reclamatórias ou reclamações trabalhistas. Tais ações visam a direitos individuais concretos do empregado.

Ex.: empregado entra com ação contra empregador cobrando reconhecimento de vínculo empregatício...

B) Ação Trabalhista Coletiva: engloba os chamados dissídios coletivos e sobre isto trata o art. 114 em seu parágrafo 2º (CF). Tais dissídios se dão entre sindicatos, organizações sindicais e visam à tutela de direitos coletivos em termos abstratos.

Art. 114 § 2º, CF Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do  Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

b.1) Ação Trabalhista Coletiva de Natureza Econômica: aquele dissídio coletivo mediante o qual se criam regras acerca das condições do trabalho (reflete o poder normativo da Justiça do Trabalho).

Poder normativo da Justiça do Trabalho: a sentença dada no dissídio coletivo é de caráter normativo, pois estabelece na verdade uma regra geral a ser observada por empregados e empregadores de determinada categoria. Da mesma forma que o acordo coletivo estabeleceria uma norma geral para empregadores e empregados.

b.2) Ação Trabalhista Coletiva de Natureza Jurídica: aquele dissídio em que se pede a interpretação à Justiça do Trabalho das regras já fixadas num dissídio anterior de natureza econômica (caso em que empregadores e empregados não se entendem com relação a um dissídio coletivo anterior).

Muitas ações que não eram utilizadas no Direito do Trabalho hoje em dia são correntes na Justiça do Trabalho. Essa tal classificação tradicional se tornou um pouco obsoleta. É bastante comum, por exemplo, a propositura de ações civis públicas uma vez que funciona junto à Justiça do Trabalho o Ministério Público do Trabalho. Também mandados de segurança são impetrados diuturnamente.

Outras ações são excepcionais, uma vez que o Trabalho lida mais com as duas espécies supracitadas.

Jornada itinerante: A CLT prevê que o tempo em que o empregado fica à disposição da empresa ou o tempo que o empregado utiliza para se deslocar de sua residência ao emprego devem, em determinadas circunstâncias, ser remunerado (caso requisitos específicos sejam preenchidos). Nada impede, por exemplo, que os sindicatos entrem em um acordo coletivo no que se refere a tal pagamento destas horas estabelecendo que em relação à dada categoria tantas

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horas corresponderão a tanto (em dinheiro). Mesmo que não haja acordo, cada uma dos empregados pode entrar na Justiça Trabalhista pedindo que seja reconhecido tal direito ao pagamento das horas de jornada itinerante.

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DEFESA

1. Introdução

Também conhecida como exceção é um direito contraposto ao direito de ação. É a sua contrapartida, um direito análogo ou correlato ao de ação.

2. Conceito e Natureza Jurídica

Assim como direito é ação é um direito fundamental (art. 5º, inc. XXXV, CF) também o direito à defesa é constitucional (art. 5º inc. LV, CF).

Defesa = direito ao processo + direito à tutela jurisdicional (que pode ser favorável ou desfavorável ao réu).

Nesse contexto, temos um direito de caráter complexo e progressivo (posições jurídicas exercidas ao longo de todo o processo). Da mesma forma que a ação, a defesa é direito abstrato, uma vez que a tutela, como dito, pode ser tanto favorável quanto desfavorável.

Natureza ConstitucionalDireito AbstratoDireito Complexo e Progressivo

Art. 5º, inc. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Vamos ver adiante que o contraditório não diz respeito apenas ao réu.

Direito de ação ≠ Direito de defesa: a ação é de titularidade do autor e a defesa é de titularidade do réu. Tudo se reduz a uma mera questão de inciativa. O autor só é autor porque chegou antes, ou seja, foi antes ao Judiciário.

Não é porque alguém é réu que é culpado ou que não tenha razão. O réu não pode ser condenado apenas por ser réu. Ninguém está a salvo de ser réu em uma ação cível, penal, trabalhista...

Por meio do instituto da defesa, o autor não pode ser condenado na sentença do juiz? Não, mas a lei põe à disposição do réu medidas como a “reconvenção” (ação do réu contra o autor). Além disso, se a demanda do autor for julgada improcedente, ele será condenado em custos aos advogados.

“O autor pede e o réu impede”: tal oração é muito comum, mas não é totalmente correta, pois, na verdade, o autor age e o réu reage. Isso porque, em certa medida, também o réu pede tutela jurisdicional, não apenas impede a tutela pedida pelo autor. Em aulas passadas, o professor disse que autor era aquele que pedia enquanto réu era

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aquele em face de quem se pedia a tutela jurisdicional. Entretanto, devemos tem em mente que o réu, em certo sentido, pede que a demanda do autor seja rejeitada, o que se configura em um pedido de tutela jurisdicional.

Titular da Ação: autor, demandante. Titular da Defesa: réu, demandado (aquele chamado a comparecer no

processo).

Questão de paridade de armas: não se pode deixar o réu desamparado, até por isso, o mesmo direito de que é titular o autor deve ser conferido ao réu, por essa razão, por uma questão de igualdade, o direito de defesa tem todas as características do de ação, porém, tem outro titular.

3. Conteúdo: Qual o conteúdo da defesa, uma vez que se diz ser um conjunto de posições processuais atribuídas ao réu? Normalmente, a CF assimila o contraditório à ampla defesa e os considera sinônimos. No entanto, o contraditório não viabiliza apenas o direito de defesa, não é atribuído apenas ao réu, mas a ambas as partes (sendo atribuído ao autor também). Tudo que for dito a respeito do contraditório vale tanto para o direito de defesa quanto ao direito de ação. Podemos dizer que, dentro do feixe de posições jurídicas processuais da defesa, se incluem aquelas inerentes ao contraditório (direito à informação, à consideração das razões em juízo e à manifestação).

3.1. Contraditório: contraditório não é sinônimo de direito de defesa, do qual é titular o réu ou demandado; faz parte também do conteúdo do direito de ação, do qual é titular o autor ou demandante.

3.1.2. Concepção Clássica: numa primeira aproximação, tradicionalmente, contraditório é conceituado como Audiência Bilateral (Audiatur et Altera Pars) – a parte contrária deve ser ouvida – ou seja, é uma ciência bilateral dos atos e termos do processo e possibilidade de contrariá-los (possibilidade de manifestar-se acerca dos atos e termos do processo). A fim de que a parte se manifeste, precisa ser informada, deve tomar conhecimento daquilo a que deve se manifestar. Isso é básico.

Crítica à concepção tradicional: Diz-se que o sentido tradicional entende o contraditório em sentido fraco. O direito ao contraditório deve ser fortalecido porque, da maneira tradicional, ele se transforma em instrumento de luta entre as partes, em mecânica contraposição de teses entre as partes.

3.1.3. Nova concepção: hoje, concebe-se o contraditório como momento fundamental do juízo, do processo. No fundo, o contraditório é o instrumento para descobrir a verdade e, consequentemente, para a obtenção de uma decisão lúcida de uma tutela jurisdicional efetiva.

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Conclusão: compreendendo que o contraditório é o momento fundamental do juízo, onde não há contraditório não há processo, e como se não houver processo não há jurisdição, onde não há contraditório não há jurisdição.

Direitos inerentes ao contraditório:

3.1.3.1. Direito à informação (inclusive direito de ser informado do ajuizamento da ação): direito de ser informado, em primeiro lugar, do ajuizamento da ação por meio de citação. Contudo, não exclusivamente esta informação deve ser dada, pois as partes devem ter conhecimento de todos os elementos constantes do processo.

É por meio da citação que se concretiza o direito de informação. Ela é tão relevante que é requisito de validade ao processo. “Art. 213.  Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender./ Art. 214.  Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.”

Exemplo dado em aula sobre a importância da citação: Empresa X teve bloqueadas suas contas. Tratava-se de mais de 500 mil reais que se tornaram indisponíveis. O que sucedeu foi que a citação da empresa foi feita no processo de conhecimento em nome de um funcionário subalterno. O oficial de justiça que fez tal citação colocou o nome do funcionário subalterno na função de gerente comercial da empresa. A citação se perdeu, pois a empresa não a “acolheu” e acabou sendo considerada revel no processo de conhecimento. O autor, no dia seguinte, requereu execução da sentença (que foi em desfavor da empresa) e, assim, ocorreu a decretação de indisponibilidade dos bens da empresa.

Diferença marcante entre o Processo Civil e o Processo Penal: no processo civil se garante ao réu a eventualidade da defesa, ou seja, o réu será citado, mas poderá se abster de oferecer defesa. Nesse caso, o processo correrá à sua revelia. Esta é a regra. No processo penal, contudo, se o réu citado não comparecer em juízo, ainda assim, será necessariamente nomeado a ele um defensor (o réu não pode ficar indefeso).

Citação x Intimação: a citação é o ato inicial pelo qual se chama o réu para se defender. A intimação são os atos pelos quais as partes, no curso do processo, são comunicadas dos atos e temos processuais. /  Art. 234.  Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

3.1.3.2. Direito de manifestação (inclusive direito à prova): é preciso assegurar às partes o direito necessário de se manifestarem acerca dos atos e termos do processo, por escrito ou oralmente. Essa manifestação, de regra, deve ocorrer antes da decisão. O Direito à manifestação engloba o direito à prova e este, por sua vez, engloba os direitos de pleitear a produção de provas, de participar dos atos probatórios e de pronunciar-se sobre o resultado dos atos probatórios.

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Decisões-Surpresa: o contraditório veda decisões-surpresas, que se apoiam em determinado ponto em que as partes não se manifestaram. O juiz conhece de ofício do direito, aplica livremente o direito, desde que observe o contraditório antes. O juiz está autorizado a apreciar certas questões de ofício. Digamos que ele diga que X não tem legitimidade para ser parte e extinga o processo sem nem ouvir as partes a respeito. Na prática, é isto que normalmente se faz, contudo, contra o recurso da doutrina, pois esta entende ser tal conduta uma decisão surpresa violadora do contraditório.

O contraditório deve ser prévio. O STF diz que a oportunidade de defesa assegurada ao interessado há de ser prévia à decisão. Há exceções, porém, que são os casos de urgência em que o juiz precisa decidir de forma provisória. Neste contexto, o contraditório pode ser diferido, postergado em homenagem ao direito de ação, ao direito de uma tutela jurisdicional efetiva (isso significa que a parte contrária será ouvida somente após a decisão). Tais decisões provisórias não são feitas de ofício, mas a requerimento da parte, contudo são inaudita altera parte (sem ouvir a parte contrária).

Exemplos: X precisa de medicamentos específicos hoje, Y precisa de uma liminar de alimentos do contrário passará fome, irá morrer... Nesses casos, há urgência, é necessária a antecipação de tutela. Tais decisões são a requerimento do autor, ou seja, Z está com nome no SERASA, mas precisa que seu nome seja tirado de lá, então Z pede em sede de antecipação de tutela que o juiz retire o seu nome.

Se a parte não tivesse direito ao contraditório prévio seria objeto do processo e perderia o direito de influir sobre o resultado do julgamento.

3.1.3.3. Direito à consideração das razões deduzidas em juízo: os outros dois direitos que advêm do contraditório não bastam. Do que adianta alguém se manifestar se não é ouvido? O juiz tem dois deveres: o dever de considerar as razões e o dever de fundamentar suas decisões. O juiz não é obrigado a acolher as razões, mas deve examiná-las, contemplá-las, “não pode fechar os olhos a elas, não pode ser cego e surdo aos argumentos das partes”.

MS 24268 (STF) diz em julgamento que pretensão a tutela que envolve não só o direito de manifestação e de informação, mas também o direito de ver seus argumentos contemplados pelo órgão julgador. O exercício do contraditório deve ser efetivo.

RE 163301 (STF) diz que o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal são garantias constitucionais que implicam o direito à consideração das razões deduzidas em juízo. As partes têm direito a que o juiz leve em conta os seus argumentos.

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Se considerarmos apenas o direito de informação e de manifestação, estaremos reduzindo o papel do juiz. O diálogo se estabeleceria apenas entre as partes. Ocorreria a determinação da citação, da intimação, as partes se manifestariam e ponto final. Esta concepção O juiz não participa do contraditório. O seu papel é a coisa mais cômoda do mundo. “Intime-se, cite-se, intime-se, cite-se...”

CPC francês em seu art. 16 diz que o juiz deve, em todas as circunstâncias, fazer observar e ele mesmo observar o principio do contraditório.

Contraditório (levando em conta os três direitos tratados) significa direito de influência (sobre o desenvolvimento do processo e sobre o resultado do julgamento).

Direito de InformaçãoCONTRADITÓRIO Direito de Manifestação

Direito à consideração das razões deduzidas em juízo

DIREITO DE INFLUÊNCIA

Se defesa não se confunde com contraditório no que ela se distingue dele? Quais os outros direitos que se incluem na defesa que a distinguem do contraditório?

Historicamente, o direito de defesa sempre foi pensado associado ao âmbito do Processo Penal.

Direitos que diferenciam a Defesa do contraditório:

3.2. Direito à descrição pormenorizada dos fatos na petição inicial, denúncia ou queixa: os fatos narrados em uma petição inicial contra o réu devem ser descritos da forma mais pormenorizada possível. Se os fatos não forem suficientemente descritos, o réu não consegue se defender adequadamente.

Art. 282, CPC A petição inicial indicará: III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

A imputação penal não pode ser resultado da vontade e arbitragem do acusador. O ajuizamento supõe a existência de justa causa que se tem por inocorrente quando o comportamento do réu nem mesmo configura crime. Denúncia que não descreve suficientemente o fato criminoso é inepta.

3.3. Direito à defesa pessoal ou autodefesa (autotutela): defesa exercida pessoalmente pelo acusado. Tal direito se desdobra em três direitos:

3.3.1. Direito de presença: de comparecer em audiência;

3.3.2. Direito de audiência: de ser ouvido pelo juiz por meio de interrogatório no processo penal e este, já disse o STF que o interrogatório é meio de defesa do réu;

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3.3.3. Direito de postular pessoalmente: não há necessidade de um advogado no Processo Penal.

Art. 577.  O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.

O próprio réu pode interpor recurso, este é o direito de postular pessoalmente.

Art. 623.  A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 654.  O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. (mais marcante exemplo do direito de postular pessoalmente).

No Interrogatório do réu, ele não é obrigado a responder, pois tem direito de permanecer calado, direito ao silêncio.

Art. 5º LXIII, CF - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

Art. 186, CPP: Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

HC 79812 (STF) e HC 79244 (STF): falam do direito ao interrogatório e, no interrogatório, direito ao silêncio.

No campo do processo civil, contrario sensu, o silêncio pode implicar confissão.

3.4. Direito à defesa técnica: O acusado tem direito à assistência de um advogado, a um defensor. No processo penal, tal defesa técnica é indispensável para assegurar a paridade de armas entre a acusação e a defesa. Dai se entende que a defesa no processo penal não pode ser uma mera formalidade. Deve ser efetiva.

Art. 133, CF O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Art. 261.  Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.

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Tipos de Defensores:

a) Defensor Constituído: advogado de confiança do acusado, constituído pelo acusado normalmente por meio de remuneração.

b) Defensor Nomeado (dativo): oferecido pelo Estado, normalmente é nomeado um defensor público, mas nada impede a nomeação de um advogado na falta daquele.

c) Defensor ad hoc: nomeado pelo juiz para um ato específico do processo. Há uma audiência no foro, o réu não está presente, não tem advogado constituído (ou não está presente), não tem defensor público nem dativo no foro, então o juiz chama um advogado que esteja no local para defender o réu.

Súmula 523 (STF) diz que, no processo penal, a falta de defesa é causa de nulidade absoluta do processo.

Aspectos da maior importância:

I) Para a defesa ser bem exercida o advogado deve ter contato com o acusado.

Art. 185, § 5o, CPP: Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

II) O réu deve ter tempo para preparar sua defesa. Defesa sem tempo suficiente, razoável qualifica a ausência de defesa.

Convenção americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) em seu Art. 8º estabelece que, durante o processo, toda pessoa tem direito em plena igualdade de garantias mínimas concessão ao acusado do tempo e dos meio necessários à preparação de sua defesa.

III) Inquérito Policial

Diz-se que o inquérito policial não é processo, mas procedimento administrativo. Sendo assim, não precisa ser assegurada a ampla defesa e o contraditório. Se não há contraditório, não pode haver processo. Contudo, isso não significa que o acusado não tenha direitos no inquérito. Por exemplo, ele tem o direito de ser assistido por um advogado e este último tem direito de acesso aos autos do inquérito.

Súmula Vinculante 14 (STF): diz que, do conjunto de direitos dos quais é titular o indiciado, inclui-se o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e de manter-se em silencio na fase do inquérito. E mais, há a prerrogativa do advogado de acesso aos autos do inquérito.

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No processo civil, há direito à defesa técnica? Sim, o réu tem direito de escolher advogado de sua confiança, mas é importante notar que ele pode se abster de fazer qualquer defesa e, neste caso, o Estado não nomeará para ele um defensor dativo ou ad hoc. Há casos no processo civil que o advogado é até mesmo dispensável basta pensar nos Juizados Especiais (onde qualquer pessoa pode promover demanda contra outrem sem a necessidade de estar acompanhado por um advogado).

3.5. Direito à dupla intimação da sentença penal condenatória: Não obstante o disposto no art. 392, a jurisprudência diz que, em se tratando de sentença penal condenatória, a intimação deve ser dirigida tanto ao defensor quanto ao réu.

Art. 392, CPP  A intimação da sentença será feita: I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;

Precedentes: HC 73681 e REsp 829317.

4. Classificação das defesas (ou exceções)

4.1. Defesas processuais e defesas substanciais (diretas e indiretas):

A) Defesa Processual: diz respeito à admissibilidade da ação e à regularidade do processo. Quando o réu se defende dizendo que há litispendência, que há coisa julgada...

B) Defesa Substancial: é a chamada defesa de mérito que se faz em relação ao pedido do autor. Faz-se uma distinção entre defesa direta e indireta.

a. Direta: o réu se opõe diretamente à pretensão do autor, nega o fato constitutivo alegado pelo autor dizendo que não aconteceu. = Negativa.

b. Indireta: o réu não nega o fato constitutivo, mas opõe outro fato (impeditivo ou distintivo ou modificativo do direito ou do fato do direito do autor). = Oposição outro de fato.

Ex.1: O autor vem a juízo cobrar o cumprimento da obrigação por parte do réu, mas este impõe uma exceção de contrato não cumprido: fato impeditivo do direito do autor.

Ex. 2: O autor vem a juízo para cobrar uma divida e o réu mostra que já pagou: fato extintivo do direito do autor. /A prescrição e a decadência entram no rol das cláusulas extintivas.

Ex. 3: O autor vem a juízo para cobrar dívida, o réu prova que houve novação, que ele pagou parte da dívida, a situação mudou: fato modificativo do direito do autor.

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A exceção de prescrição até pouco tempo atrás só poderia ser examinada desde que arguida pelo réu, mas ao art. 219 do CPC foi modificado em seu parágrafo 5 dizendo que hoje se trata de objeção.

Art. 304.  É lícito a qualquer das partes arguir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135). Estas são defesas processuais, arguíveis por meio de exceções.

Art. 95.  Poderão ser opostas as exceções de:        I - suspeição;        II - incompetência de juízo;        III - litispendência;        IV - ilegitimidade de parte;        V - coisa julgada.

CLT, art. 799.

A defesa substancial, no Direito Brasileiro, é feita numa peça que leva o nome de contestação. Esta peça além de conter a defesa substancial, deve conter algumas defesas processuais (aquelas que não são arguíveis por meio de exceção). No processo penal, não se fala em contestação, mas em defesa e resposta. No processo trabalhista, a defesa leva também o nome de contestação.

Defesas processuais arguíveis por meio de exceções: nesse caso, exceção faz referência a uma peça. As defesas arguíveis por exceção são feitas em peça apartada (da contestação, da resposta ou da defesa) com prazo certo para ser apresentada.

Na contestação, na resposta e na defesa o que se faz é deduzir a defesa substancial (de mérito) incluindo também aquelas defesas processuais que não são arguíveis por meio da peça exceção.

Art. 300.  Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

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Art. 301.  Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação;II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial;IV - perempção; V - litispendência; Vl - coisa julgada;VII - conexão;   Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;   IX - convenção de arbitragem;

4.2. Defesas dilatórias e defesas peremptórias: levam em consideração os efeitos das defesas.

A) Defesas dilatórias: efeito de dilatar, estender o curso do processo.

B) Defesas peremptórias: efeito de extinguir o processo.

Ex.1: Se eu arguo, em sede de contestação, que a decisão é coisa julgada, esta defesa é peremptória, pois extingue o processo.

Ex.2: Se eu arguo que o juiz é incompetente, isso não vai determinar o fim do processo, pois, em reconhecendo o juiz sua incompetência, vai passar os autos àquele que seja competente. A defesa, nesse sentido, é dilatória.

4.3. Objeções e exceções em sentido estrito: distinção que leva em conta se o juiz pode apreciar a matéria de ofício ou se precisa ser provocado pelo réu.

A) Objeções: matéria apreciável de ofício.

Ex.: Ilegitimidade da parte, coisa julgada, matéria relativa às condições da ação...

B) Exceções em sentido estrito: aquelas matérias que só poderiam ser conhecidas pelo juiz quando provocado pelo réu.

Ex.: incompetência relativa (noção de Processo Civil I), o juiz não pode apreciar de oficio sua incompetência relativa ou absoluta.

Defesas processuais não

arguíveis por exceção

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PROCESSO

1. Introdução:

O processo é o quarto instituto fundamental do Direito Processual. Sua denominação tem origem na palavra latina “procedere”, que significa "seguir adiante, caminhar para frente".

Noncesso ≠ Retrocesso ≠ Antiprocesso: Tornaghi, autor de “A relação Processual Penal”, clássico no que tange à disciplina de Processo Penal trata da concepção de processo enquanto relação jurídica. Em sua obra, preleciona que o processo pode sofrer certas deturpações. Por exemplo, quando ocorre paralisação do processo, o que se tem é um "noncesso"; quando se faz necessária a repetição de atos processuais, há um "retrocesso" e, por fim, quando um processo, ao invés de servir ao direito material, é usado como um fim em si mesmo, tem-se um "antiprocesso".

Numa primeira aproximação, podemos dizer que o processo é o instrumento para o exercício da função jurisdicional, sendo de tal forma relevante a ponto de se afirmar que “onde não há processo, não há jurisdição”.

2. Distinção entre processo e procedimento:

Processo ≠ Procedimento: o procedimento é uma sucessão de atos processuais, o aspecto formal do processo, sendo a forma pela qual o processo se instaura, se desenvolve e se extingue. É necessário saber que, enquanto sucessão de atos processuais, o procedimento é polarizado por dois atos: um ato inicial e outro final. Entre estes pólos, se desenvolvem vários atos intermediários ligados lógica e cronologicamente de modo que um ato seja realizado em razão do ato precedente e enseje a prática do ato que o sucede. É assim que os atos processuais se encadeiam no procedimento.

O ato inicial do processo é a demanda – ato de pedir a tutela jurisdicional –. O instrumento da demanda, no processo civil, é a petição inicial e, no processo penal, é a denúncia ou a queixa. Como a demanda terá de ser recebida pelo juiz, constitui pressuposto de um ato sucessivo, qual seja o despacho do juiz, em que o réu é chamado ao processo (citação). Após determinada a citação do réu, este se insurge para fazer sua defesa. Em outras palavras, sem a citação, não há defesa, de forma que a citação é pressuposto, portanto, da defesa. Este encadeamento dos atos processuais continua até o ato final, onde se concede a tutela jurisdicional a quem tenha razão – seja o autor, seja o réu. réu.

Em suma, procedimento é uma sucessão de atos processuais encadeados lógica e cronologicamente entre si.

3. Distinção entre processo e autos:

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Processo ≠ Autos: os autos são a expressão física do processo (ou virtual - com o advento dos processos eletrônicos). Pode-se dizer que formam o conjunto de todas as peças processuais, volumes em que todas as folhas são rubricadas e numeradas.

Art. 166, CPC. Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão o

autuará, mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os

nomes das partes e a data de seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos

volumes que se forem formando.

Art.177, CPC. O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos,

procedendo da mesma forma quanto aos suplementares.

Parágrafo único. Às partes, aos advogados, aos órgãos do MP, aos peritos e às

testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos que

intervierem.

4. Teorias sobre a natureza jurídica do processo:

I) Teorias com Significado Histórico

Estiveram em voga durante o século XIX e fazem parte da pré-história do direito

processual quando ainda se via o processo enquanto mero apêndice do direito material e

privado (civil).

Duas teorias com relevância apenas histórica.:

4.1. Teoria do processo como contrato: concebia o processo como contrato entre as partes;

4.2. Teoria do processo como quase-contrato: concebia o processo enquanto quase-contrato. Se não era um negócio jurídico ou um delito, era um "quase-contrato".

4.3. Teoria do Processo como Relação Jurídica

Esta teoria foi elaborada por um alemão chamado Oscar Bülow, em 1868, em seu livro “Teoria das exceções processuais e dos pressupostos processuais” (no livro de TGP o título está como “Teoria dos pressupostos processuais e das exceções dilatórias”). Save the date: a referida publicação constituiu a certidão de nascimento do direito processual enquanto ciência. Tal obra marca o nascimento não do direito processual (porque o processo existiu desde sempre), mas dele enquanto ciência, ramo autônomo do Direito e não mero apêndice do direito material. A sistematização do direito processual como ciência autônoma é a chamada Processualística.

(Afirmação do livro "direito e justiça da Antigüidade...": lá por volta de 593

a.C, Sólon instituiu a garantia do acesso à justiça. Disse que todos,

absolutamente, poderiam ingressar em juízo. Para percebermos a dimensão

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disso, vale ter presente o fato de que em nossa sociedade contemporânea tal

garantia só entrou em voga após a Segunda Guerra Mundial. Claro que na

Antigüidade teve seus percalços, mas o importante é que já se falava nisso. E

desse fato pode-se inferir que o processo é algo tão antigo quanto a

Humanidade). Em 592, A.C. Sólon instituiu a garantia do acesso à Justiça

dizendo que absolutamente todos (cidadãos) poderiam ingressar em juízo “Sólon

também garantiu a todos o direito de recorrer ao Tribunal do Júri, então

institucionalizou uma ferramenta relevante da justiça ateniense, qual seja, o

acesso igual da justiça a todos os cidadãos”.

Bülow diz, basicamente, que processo é uma relação jurídica processual que não se confunde com a relação de direito material discutida em juízo. Uma coisa é a relação de direito subjetivo que se submete à apreciação do juiz e outra é a relação de direito processual que tem sujeitos, objeto e pressupostos próprios, diversos da relação de direito material. Em síntese, Oscar diz que tais relações se distinguem:

a) Pelos seus sujeitos: juiz, o autor e o réu;b) Pelos seu objeto: prestação da tutela jurisdicional;c) Pelos seus pressupostos: pressupostos de existência e validade do processo.

A simples presença do juiz figurando como sujeito da relação processual faz ver que

uma coisa é a relação de direito material (da qual ele não faz parte) e outra é a relação

jurídica processual (em que o juiz efetivamente é integrante).

Conforme entendimento de Bülow, a Relação Jurídica Processual era dotada de certas características:

a) Complexidade: a relação jurídica processual é complexa, pois compreende uma série de posições jurídicas (compreende direitos, faculdades deveres, ônus, sujeição) ativas (atribuídas ao autor) e passivas (atribuídas ao réu).

b) Progressividade: a relação jurídica processual é contínua, dinâmica, avança gradualmente, se desenvolve passo a passo, esta em constante movimento e transformação, se desenvolve de modo progressivo entre juiz e partes. Isso significa que, ao longo do arco do procedimento, se passa de uma posição à outra, garantindo a progressividade da relação jurídica procedimental.

"A relação processual é contínua, dinâmica, que avança gradualmente,

desenvolve-se passo a passo, está em constante movimento e

transformação, desenvolve-se de modo progressivo entre juiz e partes.

Nesta relação, se passa de uma posição a outra ao longo de todo o ato

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do procedimento” e é isto que lhe garante progressividade, continuidade

e dinamicidade.

c) Natureza Pública: A relação jurídica processual é de direito público, sua natureza é pública, ao passo que a relação de direito material, que se submete ao juiz, pode ser de direito público ou privado. Por que a relação processual é de direito público? Porque no processo se faz presente o juiz (órgão do Estado), o Estado-juiz e, principalmente, porque se exerce uma função estatal pública, qual seja a jurisdição que é uma relação jurídica entre juiz (Estado) e partes.

Em suma, conceito de processo, para Bülow, é uma relação jurídica entre juiz e

partes, complexa, progressiva, de natureza pública e que se distingue por ter

como sujeitos o autor, o juiz e o réu, como objeto a prestação da tutela

jurisdicional e como pressupostos aqueles de existência e validade do

processo.

DIREITO: SUJEITOS: OBJETO: PRESSUPOSTOS:

DIREITO PROCESSUAL

JUIZ, AUTOR E RÉU

PRESTAÇÃO DA TUTELA

JURISDICIONAL

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE

EXISTÊNCIA E VALIDADE DO

PROCESSO

No direito, até hoje, a doutrina do direito processo como relação jurídica goza de

imenso respeito e aceitação. É importante dizer que Bülow não foi o teorizador dessa

concepção, mas foi o responsável pela sistematização da ideia, que, por exemplo, já se

encontrava em Búlgaro (glosador do século XII, em Bologna).

Búlgaro costumava dizer que o processo era ato de três pessoas: juiz, autor e

réu:“Iudicium est actum trium personarum: iudicis, actous et rei”. Nota-se, portanto,

que a triplicidade subjetiva do processo estava presente já no direito romano. A

relevância prática dessa noção se encontra justamente no fato de que as funções de

acusar, de defender e de julgar devem estar expressamente separadas. No âmbito do

processo penal, por exemplo, ninguém aceitaria ser réu num processo em que as figuras

de juiz e autor se confundissem no Ministério Público.

Críticas: Esta teoria do processo enquanto relação jurídica processual, embora seja a

mais difundida, não é imune a críticas. A afirmação de que a relação jurídica processual

é dinâmica, progressiva e complexa, para alguns, se confronta com a ideia de a relação

ser estática. Nesse sentido, o mencionado caráter progressivo não passaria de uma

ficção, uma vez que seria o conceito de relação jurídica estático rechaçando, portanto, a

ideia de processo (dinâmico por natureza). Outra crítica que se faz é a de que a categoria

“relação jurídica” seria um conceito de direito material, e não caberia transpô-lo ao

direito processual.

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4.4. Teoria do processo como situação jurídica - James Goldschimidt

Essa teoria foi escrita entre 1905 e 1925 por um autor também alemão que tecia críticas à relação jurídica processual de Bülow. Goldschmidt dizia que, no processo, não existiam direitos e deveres e, por essa razão, não havia uma relação jurídica processual. Entendia que o que havia eram expectativas, possibilidades, ônus, chances... Destarte, expunha que o processo era uma situação jurídica, um estado generalizado de incerteza.

Crítica: a grande crítica feita à teoria do processo enquanto situação jurídica diz que o estado generalizado de incerteza não se referiria ao processo em si, mas ao direito material. O que pode talvez não existir é o direito material alegado pelo autor, de modo que a incerteza reside nesta possibilidade de inexistência; e, não, no que diz respeito ao processo, que sempre existiu. Dessa maneira, a incerteza seria em relação ao próprio direito material submetido à apreciação do juiz.

4.5. Teoria do processo como procedimento em contraditório

Esta teoria é de um italiano chamado Helio Fazzalari e foi formulada na década de 60. Em 1975, o autor publicou um livro chamado Instituições de Direito Processual. Fazzalari critica o conceito de processo enquanto relação jurídica processual dizendo que a expressão é um clichê pandectístico (Savigny, Jhering). Ele entende que o processo é um procedimento realizado em contraditório.

“O processo é um procedimento (sucessão de atos processuais) mais (+ ) contraditório do qual participam aqueles em cuja esfera jurídica o ato final está destinado a produzir efeitos em contraditório.”

Na aula passada vimos que o contraditório compreende pelo menos três direitos fundamentais (da informação, da manifestação e da consideração em juízo dos motivos expostos pelo réu).

Segundo Fazzalari o elemento de diferenciação entre processo e procedimento é o contraditório. Presente o contraditório no procedimento, é processo, ausente, é procedimento apenas. O que faz o autor é retomar a noção de procedimento que havia sido abandonada.

Inquérito policial: não é assegurado o contraditório, não há direito de defesa e consequentemente não se pode dizer que o inquérito é um processo, pelo contrário, é um procedimento (investigatório).

Processo administrativo disciplinar: visa à aplicação de uma punição ao servidor. Normalmente tem início com a peça processual chamada sindicância que, em alguns casos, não garante o direito de defesa por ser procedimento meramente investigatório a partir do qual, se for o caso, será instaurado o processo que, por sua vez, garantirá a ampla defesa e o contraditório.

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Dizer que o processo é procedimento realizado em contraditório, é dizer que ele tem uma estrutura dialética e é subjetivamente pluricêntrico por envolver diversos sujeitos.

O processo não é um monólogo do juiz consigo mesmo, é um diálogo entre o juiz e as partes, cada qual com seu papel específico. O palco de atuação é o processo, onde o juiz vai exercer sua função jurisdicional, o autor, seu direito de ação e o réu, seu direito de defesa.

O legislador, ao contemplar o procedimento em lei não está fazendo outra coisa senão regulando a atividade do juiz e das partes. Professor Carlos Alberto disse que procedimento é a sucessão de atos processuais, mas não é só isso, também é uma sucessão de posições jurídicas, pois está envolvida a ideia de regulação da atividade do juiz e das partes, e é por meio do procedimento que se disciplina tais atividades em relação a quanto, a como e ao que cabe a cada um fazer.

Há quem uma a teoria do processo enquanto relação jurídica com a teoria do processo como procedimento em contraditório dizendo “a relação processual não seria senão projeção do contraditório”. Uma tentativa de salvar o conceito de qualquer maneira. Na prática, contudo, nos depararemos, a todo momento, com a expressão “relação jurídica processual” no lugar de “processo”. A teoria mais em voga e aceita atualmente é esta segundo a qual processo é o procedimento feito em contraditório.

5. Sujeitos principais do processo:

Juiz, autor e réu.

6. Objeto do Processo:

Tutela jurisdicional que o Estado-juiz tem o dever de prestar. A expressão objeto refere-se também ao objeto litigioso do processo (entendimento dos alemães) que é o mérito da causa, a pretensão que o autor leva a juízo.

7. Pressupostos Processuais:

Concepção clássica: pressupostos processuais entendidos como pressupostos de existência e de validade do processo, sem os quais ou o processo não existe ou não é válido.

Concepção atual: não se fala mais em pressupostos de existência ou validade do processo. Hoje os pressupostos processuais são condições para a concessão da tutela jurisdicional.

Art. 267, inc. IV do CPC: extingue-se o processo sem resolução de mérito: quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido do processo.

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Primeiro se verifica se as condições da ação estão presentes, depois, se verifica se os pressupostos processuais estão presentes para só depois se julgar o mérito da causa.

Aqui no Brasil, distinguimos as condições da ação dos pressupostos processuais,

embora agrupemos as duas categorias no grupo de condições pra concessão da tutela

jurisdicional. No direito alemão, por outro lado, não se faz distinção; pra eles, tudo é

pressuposto de admissibilidade pra julgamento do mérito.

7.1. Pressupostos Processuais Objetivos:

7.1.1. Intrínsecos: subordinação do procedimento às normas legais, regularidade procedimental. Existem três exemplos de pressupostos processuais objetivos intrínsecos que tem a ver com regularidade procedimental.

a) O principal deles é a citação. A existência e a validade do ato citatório é condição para a concessão da tutela jurisdicional e é pressuposto de validade do próprio processo.

Art. 214: Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu. Art. 564, III, “e”, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;

b) a aptidão da petição inicial/denuncia/queixa.

Art. 295, CPC.  A petição inicial será indeferida:     I - quando for inepta;  

 Parágrafo único.  Considera-se inepta a petição inicial quando:          I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; 

       II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;         III - o pedido for juridicamente impossível;       IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 

Art. 41 CPP.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

c) Adequação do procedimento escolhido pelo autor àquele previsto em lei.

Art. 295.  A petição inicial será indeferida:V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal.

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A lei contempla os diversos tipos de procedimento previstos, cabe ao autor escolher o correto. Se o procedimento escolhido não for o correto, faltará um pressuposto processual objetivo intrínseco. Nesse caso, a petição inicial deverá ser indeferida.

7.1.2. Extrínsecos: podem ser traduzidos nas seguintes fórmulas: ausência de impedimentos ou inexistência de fatos impeditivos. Estes pressupostos também são conhecidos enquanto pressupostos processuais negativos, pois não devem estar presentes para que o processo seja válido, regular. Em relação a todos os pressupostos intrínsecos e subjetivos, a ausência é que leva à irregularidade, portanto, são positivos, precisam estar presentes.

Exemplo: coisa julgada, convenção de arbitragem, litispendência, perempção...

Art. 267, CPC: Extingue-se o processo sem resolução do mérito:V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;VII - pela convenção de arbitragem.

Isso significa que é possível o julgamento do mérito desde que ausente a perempção, a coisa julgada, a litispendência e a convenção de arbitragem.

Art. 301, CPC Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: § 3o  Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.

Perempção: art. 268, p.u., combinado com o art. 267, III, do CPC. Se, por três vezes, o autor abandonou a mesma ação, caso a proponha uma quarta vez, será extinta.

Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no inc. III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

Convenção de arbitragem: lei 9307/96 arts. 3º, 4º e 9º. As partes interessadas podem submeter a solução dos seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem (a clausula compromissória e o compromisso arbitral). A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes, em um contrato, comprometem-se a submeter à

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arbitragem os litígios relativos a um contrato que possam vir a surgir. O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem. Não há um contrato prévio, as próprias partes firmam o compromisso. Presente a convenção de arbitragem, se verifica um óbice à concessão da tutela jurisdicional, ou seja, decidindo as partes por um juízo arbitral, não pode o judiciário intervir.

Exemplo: contrato de franquia. Digamos que o franqueado, insuflado pelo advogado, com prazo quase vencendo, decide entrar com uma ação contra o franqueador com demanda compromissória.

7.2. Pressupostos Processuais Subjetivos:

Como o próprio nome indica, os pressupostos subjetivos referem-se aos sujeitos do processo (juiz + partes).

Art. 129, I, e seu p.u., I a IV, CPC. Art. 41 CPP.

7.2.1. Pressupostos Processuais Subjetivos Relativos ao Juiz:

Investidura: é preciso que o juiz esteja investido de jurisdição. Só é juiz quem esteja dotado da qualidade de juiz. A propósito, alguns autores sustentam que este pressuposto é de relevância tal que seria pressuposto processual de existência, no sentido de que se o processo for instaurado com alguém que não é dotado de qualidade de juiz, não há, na verdade, processo. Um juiz aposentado ou licenciado não está mais investido de jurisdição, encontra-se desligado do Judiciário.

Competência: "a incompetência do juiz é a medida da jurisdição". Todo juiz é dotado de jurisdição, mas nem todo juiz é competente. O art. 113, § 2° diz que, declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos. Com isso se percebe que a competência não pode ser pressuposto de validade de todo o processo, pois acarreta nulidade apenas dos atos decisórios. Daí por que a doutrina hoje evitar falar em pressupostos processuais como sendo os de validade e existência do processo.

Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.§ 2° Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;

Imparcialidade: juiz imparcial é aquele que não esteja impedido e que não seja suspeito.

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

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II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

7.2.2. Relativos às partes:

A Capacidade Processual se subdivide em:

1) Capacidade de ser parte

2) Capacidade de estar em juízo - legitimidade ad processum

3) Capacidade postulatória: quem tem é o advogado legalmente habilitado. Há exceções a esta regra, pois o réu tem direito de postular pessoalmente no que se refere à interposição de recursos, à impetração de habeas corpus...

Art. 7o  Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo.

Art. 8o  Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil.

Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.

É importante não confundir condições da ação (legitimidade da causa) com os pressupostos processuais (capacidade para ingressar em juízo). O inc. VI do art. 267 fala das condições da ação. Reside aí a distinção no sistema processual civil entre as condições da ação e os pressupostos processuais.

Faltantes os pressupostos positivos ou verificados pressupostos negativos extingue-se o processo sem julgamento de mérito.

REGRA GERAL: Os pressupostos processuais constituem matéria examinável de ofício, o juiz não depende da provocação das partes. Art. 267 par. 3º A parte pode e deve alegar os pressupostos.

Art. 267, § 3°, CPC: O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos incs. IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira

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oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

EXCEÇÃO: a convenção de arbitragem, embora se trate de pressuposto processual, não é examinável de ofício. “Art. 301, § 4°, CPC: Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.”

Ações conexas são aquelas reunidas para julgamento simultâneo.

8. Classificação dos processos: a única classificação relevante é aquela que se refere à natureza da tutela jurisdicional.

8.1. Classificação tradicional: processo de conhecimento, processo de execução e processo cautelar. O critério de classificação é a espécie e a natureza da tutela jurisdicional. A cada ação corresponde um tipo de processo.

AÇÃO PROCESSO ATIVIDADE

AÇÃO DE CONHECIMENTO

PROCESSO DE CONHECIMENTO

ATIVIDADE COGNITIVA/ INTELECTIVA: Se destina À formulação de uma norma jurídica concreta para disciplinar determinada situação jurídica. O juiz é chamado para julgar e declarar quem tem razão por meio de uma sentença de mérito. Mediante tal sentença o juiz confere a tutela de conhecimento que pode ser declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental ou executiva lato sensu.

AÇÃO EXECUTIVA

PROCESSO DE EXECUÇÃO

ATIVIDADE EXECUTIVA: realização de atos materiais destinados à modificação da realidade sensível. O que se cuida aqui é da atuação prática de uma norma jurídica. Não há necessidade de um processo de conhecimento. A execução pode se basear no título extrajudicial ou judicial e pode pressupor um processo de conhecimento anterior. O processo executivo atinge seu fim normal quando a situação concreta corresponde à norma jurídica concreta, ou seja, quando o direito do credor é satisfeito. A execução visa a um provimento executivo (uma sentença que declare que a obrigação foi satisfeita).

AÇÃO CAUTELAR PROCESSO CAUTELAR

ATIVIDADE ACAUTELATÓRIA: Conjunção das atividades cognitivas e executivas. O juiz é chamado a verificar, 1°, se os requisitos ao julgamento do processo acautelatório se verificam. Tais requisitos são: o fumus boni iuri (fumaça do bom direito – juízo de probabilidade acerca da autoria do crime, por exemplo) e o periculum in mora (perigo da demora). No processo penal, não existe um processo cautelar, mas medidas cautelares incidentais ao processo.

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Ação Processo de Conhecimento Tutela de Conhecimento

Ação Processo de Execução Tutela Executiva

Ação Processo Cautelar Tutela Cautelar

Nosso CPC é de 1973. Continuamos a ter um livro dedicado ao processo de conhecimento, ao de execução e ao cautelar. Tal CPC/1973, a partir de 1994, começou a sofrer uma série de minirreformas. Não é por acaso que ele acabou se transformando em uma colcha de retalhos e que foi designada uma comissão para elaborar um anteprojeto de CPC que já virou projeto e que em seis meses foi aprovado na ânsia por um novo Código. Hoje tal anteprojeto se encontra em tramitação na Câmara dos Deputados.

8.2. O processo sincrético no CPC reformado: relação entre o processo de conhecimento e o de execução. De acordo com o CPC de 73, antes das reformas, se o autor dispusesse de título executivo extrajudicial (nota promissória, cheque, contratos garantidos por hipoteca, etc. – art. 585, CPC) para cobrança do crédito por ele representado bastava que ele ajuizasse uma ação de execução que daria causa a um processo de execução onde ele postularia a tutela executiva. Caso ele não tivesse tal título e quisesse exigir o cumprimento de alguma prestação por parte do réu, teria de ajuizar uma ação que desse causa a um processo de conhecimento, por meio da qual postularia uma tutela de conhecimento (meramente declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental ou executiva lato sensu) que seria prestada por meio de uma sentença de mérito se tivesse razão. De posse dessa sentença, para torna-la efetiva, segundo o sistema do CPC de 1973 ele precisaria mover uma nova ação, esta, por sua vez, de execução. Assim, ele precisaria distribuir nova petição inicial e a parte precisaria ser citada a comparecer em juízo e satisfazer o direito do exequente e dai se daria início à execução tendente à satisfação do direito do autor. Haveria, portanto, duas ações e dois processos consequentemente. Destarte, exigia-se para a satisfação do direito do autor, a instauração de outro processo autônomo formalmente diferenciado do de conhecimento.

Com as reformas de 94, os primeiros artigos 461 e 461-A do CPC foram modificados.

Na ação que tenha por objeto o cumprimento de ação de fazer ou não fazer o juiz cumprirá tutela especifica da ação ou se procedente o pedido determinará providencias que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento. Tal procedimento é detalhado no 461-A.

Ação para cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer. Temos aí, uma ação de tutela de conhecimento condenatória (alguns diriam que é mandamental) que impõe uma prestação ao réu. O art. 461 disse que esta sentença de procedência desta ação para o cumprimento de obrigação de fazer ou de se abster de fazer é executada dentro do próprio processo em que foi proferida. Em outras palavras, não já necessidade de ajuizamento de uma nova ação ou de instauração de um novo processo para executar a sentença procedente. Não se quer dizer com isso que não haja execução, pelo contrário,

DeclaratóriaConstitutivaCondenatóriaMandamentalExecutiva lato sensu

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a atividade executiva se realiza, porém não mais em um processo formalmente autônomo e diferenciado.

Art. 461-A Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica fixará o prazo ao cumprimento de obrigação.

Ação para o cumprimento de entregar coisa, A prestação, portanto, não é de fazer ou não fazer. A sentença que julgue procedente esta ação, de acordo com alguns é condenatória, de acordo com outros seria executiva lato sensu. Da mesma forma, a execução desta sentença de procedência nãos e faz mais em outro processo, mas dentro do mesmo âmbito em que foi proferida.

À propósito destas ações, para o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer ou de entregar coisa, temos aí um processo que podemos denominar processo sincrético, misto. No âmbito do qual são realizadas duas atividades de natureza diversa: cognitiva (de conhecimento, em que o juiz é chamado a julgar para dizer se o autor tem ou não razão e se tiver, dar uma sentença de procedência) e executiva.

Devemos então, pensar em um processo que tem duas fases: uma fase de conhecimento e outra de execução.

Mais recentemente, em matéria de Direito, o Código sofreu nova reforma - Lei de 2005.

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Neste caso, não se discutia, a tutela era condenatória. A sentença de procedência dada numa ação que condenasse ao réu ao cumprimento de obrigação originariamente pecuniária se dava, antes de 2005, por meio de processo de execução formalmente diferenciado. Hoje a execução destas sentenças de procedência, relativamente a obrigações pecuniárias se faz no âmbito do mesmo processo em que foi proferida.

A tutela de conhecimento condenatória, mandamental e executiva lato sensu não são bastantes em si mesmas. Se o réu não a cumpri-las voluntariamente, far-se-á a execução da sentença no processo sincrético. Já as sentenças declaratórias e constitutivas são suficientes em si mesmas, não necessitando, assim, de uma fase de execução.

ATENÇÃO! Em alguns casos definidos em lei continuamos a ter um processo de conhecimento formalmente diferenciado do de execução. São estes:

Art. 475-N São títulos executivos judiciais:

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II – a sentença penal condenatória transitada em julgado (a partir de uma condenação na esfera penal é possível obter indenização em face do réu);

IV – a sentença arbitral (processo de arbitragem);

VI – a sentença estrangeira homologada pelo STJ.

Tais sentenças também são proferidas em processos de conhecimento e é possível executá-las, porém, para tanto, é necessário ajuizar ação de execução segundo o parágrafo único do art. 475-E.

Nos casos dos incisos referidos, o mandado inicial incluirá a ordem de citação do devedor no juízo cível para liquidação (determinação do valor da condenação, normalmente a penal condenatória não fixa nenhum valor, portanto, é necessário primeiro se fazer a liquidação) ou execução conforme o caso.

Art. 730.  Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: 

A Fazenda publica é a Administração Pública em juízo, o erário são os recursos públicos que respondem pelas consequências da demanda. O artigo 730 diz que aquele que obtiver sentença condenatória contra a Fazenda Pública precisa ajuizar novo processo (de execução) por meio do qual requererá a tutela executiva.

Art. 732.  A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.

Parágrafo único.  Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação.

Art. 733.  Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

Arts. 732 e 733 tratam da execução de alimentos (que é prestação pecuniária). Os alimentos consubstanciam prestações pecuniárias, o réu deve pagá-los se condenado a tanto. O capítulo a que se refere o art. 732 trata de execução de título extrajudicial e, como já foi exposto em aula, tal execução deve ser executada em um processo formalmente autônomo. Reina aí a confusão, pois alguns juízes, ao invés de aplicar o procedimento previsto para tais casos excepcionais, fazem tudo no âmbito do mesmo processo, dispensando novo processo de execução.

A mudança para o processo sincrético é única e exclusivamente uma questão de política legislativa, uma opção de legislador para conceder ao vitorioso tudo a que ele tem direito foi necessário mudar, e aí se fez tal modificação estrutural para garantir o maior

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acesso à jurisdição, o maior acesso à Justiça. Antes das reformas, entre os doutrinadores brasileiros tínhamos dois grupos apartados:

a) Grupo dos que entendiam que as sentenças eram apenas as declaratórias, as constitutivas e as condenatórias e que aceitava em alguns casos isolados mais duas sentenças: a mandamental e a executiva lato sensu. A diferença entre tais e as três primeiras era que as mandamentais e as executivas lato sensu eram executas dentro do mesmo processo.

b) Grupo que dizia que existiam cinco categorias de sentenças mandamentais, as executivas lato sensu.

A distinção entre as tutelas está ligada mais à prestação que é objeto das sentenças. As sentenças condenatórias têm por objeto prestações pecuniárias, as mandamentais, prestações de fazer ou não fazer e as executivas lato sensu, prestações de entregar coisa. Essas reformas, portanto, fizeram ver com mais clareza a distinção entre as tutelas e reforçaram o entendimento de que é possível classificar as tutelas em 5 categorias. Ganhou força, então, a classificação quinaria.

CUIDADO! O nome “executiva lato sensu” leva a engano. A única coisa o que o juiz faz é verificar e declarar o direito do autor, só depois parte-se para a execução propriamente dita. A expressão latu sensu diferencia a tutela de conhecimento executiva lato sensu da tutela executiva que advém de um processo de execução.

8.3. Execução penal

Está disciplinada na Lei 7210/84.

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal (condenatória, obviamente).

Art. 2º A jurisdição penal será exercida no processo de execução (fala-se em processo e não em sentença) na conformidade desta lei e do código de processo penal.

Na execução penal também se exerce a atividade jurisdicional, pois há vários incidentes que precisam ser decididos pelo juiz da execução penal. Durante muito tempo disse-se que ela era meramente administrativa.

Art. 65 A execução penal competirá ao juiz. É, portanto, atividade jurisdicional, judicial. Não é por outro motivo que em algumas comarcas existe uma vara de execuções criminais, com competência especifica para as execuções penais.

Art. 66 Compete ao juiz da execução declarar extinta a punibilidade, decidir sobre progressão e regressão dos regimes, suspensão condicional da pena, autorizar saídas temporárias...

A execução penal não é deflagrada por meio do ajuizamento de uma ação, mas normalmente começa de ofício. A inciativa é do próprio órgão judicial.

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Transitando em julgado sentença privativa de liberdade, se o réu for preso, o juiz ordenará expedição de guia para recolhimento da execução.

Também não há ação e execução penal em relação às penas restritivas de direitos: perda de bens, prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos... Basta que o juiz promova a execução por meio de requerimento. Igualmente, quando das medidas de segurança listadas no art. 96 do CP. Segundo o Art. 171, tais medidas são executadas de ofício por meio de expedição de guia.

Em suma, penas privativas de liberdade, privativas de direitos, medidas de segurança não necessitam do ajuizamento de uma nova ação para serem executadas visto que o juiz lhes dá execução de ofício.

No que toca à pena de multa, o art. 51 do CP criou um “monstrinho”. Está dito que “transitada em julgada a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor aplicando as normas relativas à divida ativa da Fazenda publica devendo ser objeto de uma execução fiscal” (ajuizada por parte da Fazenda Pública). Então, é certo que á uma ação de execução, porém é uma execução civil e não execução penal.

As normas da execução fiscal estão na LEF (Lei 6830/80).

Desse modo, no que se refere exclusivamente à execução penal, não há uma nova ação. Alguns dizem que a execução penal é mero procedimento complementar ao processo de conhecimento. Outros, porém, entendem que, não obstante não haja ação, temos sim um processo, porque se diz que também na execução penal há contraditório. O juiz decide vários incidentes, e, quando faz isso, parece que também deve ouvir o acusado, assim, parece que há contraditório, e, uma vez havendo contraditório, há processo! A questão está em saber que não há um processo formalmente diferenciado, mas também não há um simples procedimento, o que parece é que há um processo sincrético, uma vez que, tanto na fase de conhecimento, quanto na fase de execução penal existe o contraditório.

8.4. Medidas cautelares no processo penal

No âmbito do processo penal, também não temos um processo cautelar, apenas medidas cautelares. Estas são decisões, providências judiciais, concedidas até mesmo ex officio, sendo incidentais ao processo penal.

O que significa dizer que as medidas cautelares são incidentais ao processo penal? Significa que elas “caem encima” do processo penal, são concedidas incidentalmente. Não está o professor dizendo que não se preste tutela cautelar em âmbito penal. Ela existe, porém não é prestada mediante um processo específico, mas no âmbito do mesmo processo de conhecimento incidentalmente.

Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão:I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,

para informar e justificar atividades; 

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II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;

III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;

VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;

VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;

IX - monitoração eletrônica. Rigorosamente, no âmbito penal, podemos falar de um processo de conhecimento. Na verdade até de um processo sincrético, muito embora os penalistas não adotem esta expressão, pois há uma fase de conhecimento à qual se segue uma de execução e em ambas são assegurados os direitos fundamentais do acusado.

9. Classificação dos procedimentos

O professor não irá se aprofundar tendo em vista que é matéria de Processo Civil I, II e III.

9.1. No sistema processual civil: temos um processo de conhecimento que se materializa em alguns procedimentos. Conforme vimos na última aula, procedimento é a forma pela qual o processo se instaura.

9.1.1. No processo de conhecimento: a distinção feita entre procedimento comum e procedimento especial pode ser inferida do art. 271, do CPC. Aplica-se o procedimento comum quando não houver procedimento especial.

Art. 271.  Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei especial.

O procedimento comum pode ser ordinário ou sumário (art. 272 do CPC). O art. 275 estabelece as causas que, numa enumeração taxativa, se submetem ao procedimento sumário.

  Art. 272. O procedimento comum é ordinário ou sumário.

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Parágrafo único.  O procedimento especial e o procedimento sumário regem-se pelas disposições que Ihes são próprias, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, as disposições gerais do procedimento ordinário.

1º) escolha do procedimento: Devemos verificar, primeiramente, se existe alguma lei extravagante ou algum procedimento especial que disponha acerca da causa em questão. Não existindo, aplica-se o procedimento comum, por exclusão, portanto.

2°) se escolhido procedimento comum: Para saber se é sumário ou ordinário devemos ver se a causa se enquadra ou não no art. 275. A lei regula cada um dos procedimentos. O procedimento ordinário é padrão em razão do art. 272, parágrafo único, que diz que o procedimento especial e o sumário regem-se pelas disposições que lhes são próprias. O CPC se preocupa em regular minuciosamente o procedimento ordinário. Diante de uma lacuna da lei se observa o procedimento ordinário.

Procedimento sumaríssimo: pode ser incluído tanto no rol dos procedimentos comuns quanto dos especiais. É o procedimento da Lei 9099/95 dos Juizados Especiais.

Procedimentos especiais:

Procedimentos de jurisdição contenciosa e os de jurisdição voluntária. Eles estão disciplinados no Livro IV do CPC. São procedimentos atinentes ao processo de conhecimento. Entre os de jurisdição contenciosa estão a ação possessória, a de prestação de contas, a de inventário e de partilha, a de consignação em pagamento.. E entre os de jurisdição voluntária estão as alienações judiciais, as separações consensuais, a curatela dos interditos...

Procedimentos previstos em Leis Extravagantes: leis extravagantes são aquelas que se encontram fora do CPC. Tais como a Lei 5478/68 que prevê procedimento especial à cobrança de alimentos, a lei da ação civil pública, que prevê procedimento especial ao caso, a lei 12016/09 do mandado de segurança...

No procedimento ordinário o réu é citado para em 15 dias oferecer sua contestação por meio de peça escrita, por exemplo. Os procedimentos especiais são regulados cada um ao seu modo.

Processo deConhecimento

Procedimentos Comum

Procedimentos Especiais

CPC

Leis Extravagantes

Jurisdição Contenciosa

Jurisdição Voluntária

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9.1.2. No processo de execução: temos o procedimento da execução para entrega de coisa.

Regra do art. 475R: estabelece que “Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença (relativa a obrigações de fazer, de não fazer, de entregar coisa, de execução por quantia certa) no que couberem as regras de execução de título extrajudicial”.

O Fisco inscreve o débito da pessoa que não paga tributos em CDA (certidão de dívida ativa) que é título executivo extrajudicial para uma execução fiscal.

9.1.3. No processo cautelar

9.2. No processo penal de conhecimento: vamos nos ater àquele processo penal decorrente de ação condenatória. O critério para classificar os procedimentos é a quantidade da pena.

Art. 394 CPP. O procedimento será comum ou especial. O comum será ordinário (crime cuja sanção máxima for igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade), sumário ou sumaríssimo (inc. III – infrações penais de menor potencial ofensivo - Lei 9099/95 – contravenções e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos).

Procedimentos especiais, da mesa forma que ocorre no processo civil, estão previstos tanto no CPP quanto em leis extravagantes.

Processo de Execução

Procedimento de entregar coisa - art. 621/631Procedimento de execução das obrigações de fazer ou não fazer - art. 632/645Procedimento de execução por quantia certa contra devedor solvente art. 646/729Procedimento da execução Fiscal – Lei 6830/80Procedimento da execução contra a Fazenda Pública Procedimento da execução de alimentos – art. 732/735Procedimento de execução por quantia certa contradevedor insolvente art. 646/729

Título Judicial

Processo Cautelar

Procedimento cautelar Comum – art. 796/812Procedimento Cautelar Especial – art. 813/889

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Processo Penalde

Conhecimento

Ordinário

Procedimento Comum Sumário

Sumaríssimo

CPP: procedimento do tribunal do Juri, procedimento dos crimes de calúnia e injúria, procedimento dos crimes contra propriedade imaterial e procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos.

Procedimento Especial

Leis Extravagantes: Lei 11343/2006 e Lei 201/67 (crimes de prefeitos e vereadores)

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DIREITOS FUNDAMENTAIS PROCESSUAIS

1. Introdução

Direitos ≠ Garantias: direitos representam por si só certos bens enquanto as garantias se destinam a assegurar a fruição desses bens; os direitos seriam principais enquanto as garantias seriam acessórias, teriam caráter instrumental de proteção dos direitos.

Hoje em dia, porém, tem-se que direito = garantias, porque esta ideia de garantia transmite a ideia de uma defesa contra o arbítrio estatal (contra o exercício arbitrário do poder estatal).

Contudo, as garantias processuais não são apenas de defesa, mas direitos a prestações por parte do estado. Com isto se quer dizer que a ideia de garantias nos transmite apenas em parte o seu real significado, pois não são apenas direitos negativos.

Há autores que falam que Direitos Fundamentais Processuais = Princípios do Processo na Constituição. Efetivamente, a maior parte é protegida sobre a forma de princípios, mas nem todos o são.

Os princípios fundamentais processuais são indissociáveis do Principio do Estado Democrático de Direito e do Princípio da Dignidade Humana. Art. 1º, inc. II , CF.

Canotilho diz "a defesa dos direitos repousa sobre um conjunto de garantias processuais que fazem delas uma das manifestações mais conhecidas do EDD.” Nem sempre estas garantias são compreendidas.

A resposta aos críticos do formalismo é a de que a forma no EDD é inimiga jurada do arbítrio e irmã-gêmea da liberdade. (JHERING). Este entendimento já estava consolidado no Espírito das Leis de Montesquieu.

Sem garantias processuais não se vive no EDD. Muitas vezes, só quando estas garantias desaparecem do nosso cotidiano - ou porque o Estado é fraco ou porque é demasiado forte - nos damos conta da importância delas pra respirar a liberdade e a segurança individual e coletiva

Marco Aurelio: "Paga-se um preço por viver no EDD." Tal preço é o respeito aos direitos fundamentais processuais.

Extradição 986: STF diz que os direitos de caráter processual penal cumprem papel fundamental na concretização do Moderno EDD.

À luz da observância destas garantias processuais, é possível se distinguir o EDD do Estado Policial. A boa aplicação destes direitos configura elemento essencial da concretização do princípio da dignidade humana na ordem jurídica. Cada vez mais vivemos num estado policial e devemos atentar para o que dizemos. As garantias processuais servem para proteger, em ultima análise, a dignidade da pessoa humana. Se estas "formalidades" não forem observadas, aquele que é sujeito do processo se torna objeto da decisão, do processo, passando a ser tratado como um meio para o alcance de determinado fim, quando, na verdade deveria ser tratado como um fim em si mesmo, tendo sua dignidade preservada.

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Art. 60, CF: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais.

Ademais, direitos e garantias fundamentais devem ter eficácia imediata (sem necessidade da auctoritas interpositio do legislador).

Art. 5º, § 1º, CF - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Heck, analisando o art. 5º, § 1º diz que representa um mandamento jurídico constitucional de vinculatividade. Isso significa que o Estado está vinculado aos direitos fundamentais e que deve observá-los e fazê-los cumprir. Este mandamento jurídico de vinculação entende que, em caso de violação dos referidos direitos e garantias, esta violação pode ser verificada por um órgão jurisdicional.

Como diz Robert Alexy, tais direitos processuais são justiciáveis. Podem ser feitos valer em juízo. Quando se fala em aplicabilidade direta e imediata dos direitos fundamentais, se diz que, em caso de violação, tais direitos e garantias podem ser feitos valer em juízo.

“Não são os direitos fundamentais que se movem no âmbito da lei, mas a lei que deve mover-se no âmbito dos direitos fundamentais" (Jorge Miranda). Isto, principalmente, nesta matéria, tem enorme importância.

No BR, o significado dos direitos fundamentais processuais é buscado na legislação infraconstitucional. Ou seja, não se faz interpretação da legislação infraconstitucional conforme a Constituição, mas da Constituição conforme a lei.

Nenhum direito fundamental é absoluto. Com isso se quer dizer que a tutela deles encontra em certo ponto um limite insuperável, qual seja a tutela de outro direito igualmente fundamental e com ele concorrente. Assim, dizer que os direitos fundamentais são relativos é dizer que a tutela deles encontra, em certo momento, um limite instransponível.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

A Constituição Federal de 1988 contemplou muitos direitos fundamentais processuais, fez algo que até então nenhuma outra brasileira tinha feito, as constituições anteriores não contemplavam nem metade dos direitos fundamentais processuais hoje estabelecidos constitucionalmente. Antes, quando eram contemplados, eram consagrados em grande parte exclusivamente no âmbito do processo penal.

2. Direito de Ação – art. 5º, inc. XXXV, CF

Aqui se compreende o direito de acesso à justiça não apenas no sentido de ser um poder de provocar a atuação dos órgãos do poder judiciário, mas também de ser um direito ao

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processo e à tutela jurisdicional. Quando se fala em tutela se quer designar a tutela jurisdicional como o resultado da atividade jurisdicional, resultado este não necessariamente favorável ao autor, mas estabelecido em favor do vencedor. Também podemos designar como proteção jurisdicional efetiva. Correlatamente a este direito de ação, examinamos em aulas passadas o direito de defesa.

3. Direito de Defesa – art. 5º, inc. LV, CF

Da mesma forma que o direito de ação, o de defesa também é um direito ao processo e à tutela jurisdicional, e isto mostra inclusive que a tutela é o resultado jurisdicional estabelecido em relação ao vencedor que pode ser o réu, titular do direito de defesa, ou o autor, titular do direito de ação (sendo autor aquele que entrou em juízo primeiro). Receberá a tutela jurisdicional, portanto, aquele que tiver razão.

Tanto o direito de ação, quanto ao direito de defesa compreendem o direito ao processo. O processo não é outra coisa senão o procedimento realizado em contraditório. Com isto se diz que tanto o direito de ação, quanto o de defesa compreendem o direito ao contraditório. Sem contraditório não há processo. Como já vimos, o contraditório compreende o direito de informação, de participação e de consideração das razões deduzidas em juízo.

Vê-se que fica claro, tanto o direito de ação, quanto o de defesa, na verdade, são um conjunto de posições jurídicas processuais. No caso do direito de ação, atribuídas ao autor, no caso do de defesa, atribuídas ao réu (direito ao processo, ao contraditório – art. 5º, inc. LV, CF –, à tutela jurisdicional).

5. Direito ao Contraditório (vide item anterior)

6. Igualdade das partes

Igualdade das partes ou processual. Não há na CF um dispositivo que consagre expressa e especificamente este direito. O que há é um dispositivo que prevê a igualdade em geral (art. 5º, caput e inc. I). Isso se projeta no âmbito processual.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

HC 83255/STF ressaltou que a igualdade das partes é essencial ao devido processo legal. O tratamento igualitário das partes é a medula do devido processo legal.

Art. 125, inc. I, CPC: diz que é tarefa do juiz assegurar às partes igualdade de tratamento.

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No âmbito do processo, a igualdade das partes é conceituada como igualdade de armas (paridade de armas). Esta igualdade impõe um equilíbrio entre autor e réu ao longo de todo o processo no sentido de que, em princípio, as partes devem dispor dos mesmos meios processuais para fazer vingar as suas teses. Às vezes, as partes não se encontram em uma situação e igualdade processual, se concede a uma delas um determinado meio processual que não é concedido a outra. Nessa situação, deve haver uma compensação e forma que se assegure o referido equilíbrio.

STJ – Resp280382 diz algo bem simples: É direito da parte contrária ver cumprida a lei em termos de prazo garantindo-se o principio da igualdade de tratamento. Os prazos estabelecidos em lei devem ser observados por uma questão de igualdade.

Basta que se aplique a lei para garantir a paridade de armas, pois ela concede de forma equilibrada, igualitária os meios processuais de que elas precisam para defender seus direitos em juízo. Esta igualdade é formal, pois se resume à aplicação uniforme da lei.

STJ –Resp140097 – interpretação do art. 6º, inc. 7º do CDC diz respeito à inversão do ônus da prova. Satisfeitos determinados requisitos previstos no referido diploma legal é possível inverter o ônus da prova para proteger os direitos do consumidor. O precedente fala que esta inversão serve para assegurar a igualdade das partes afinal e contas o consumidor nãos e encontra em situação idêntica à do fornecedor. Em princípio, as partes devem dispor dos mesmos meios processuais para defender seu direito em juízo. Com a inversão do ônus da prova concedemos determinado meio processual ao consumidor em detrimento da parte contrária. Neste caos, ainda asism, deve se verificar uma compensação. Em fev. de 2012 o STJ pacificou seu entendimento. O JUIZ, satisfeitos requisitos do art. 6 pode inverter o ônus da prova, porém ela deve ocorrer ainda na fase de instrução do processo, ou seja, não pdoe ocorrer apenas no momento de sentenciar o feito, porque a contra-parte e aí esta a compensação, deve ter a oportunidade de se desincumbir deste ônus. Por exemplo, numa ação de indenização por erro médico em que o consumidor alega que o médico agiu culposamente, deve provar tal acusação, porém, quando se inverte o ônus da prova, é o médico que deve provar que não agiu com culpa.

STJ- Enesp422778 diz que a inversão deve ocorrer ainda na fase de instrução garantindo a parte a quem se atribui o ônus o direito de produzir prova, desincumbindo-se. De longa data esta corte que opera em direitos humanos, deu sua definição e igualdade de armas no caso Pombo Beheer v. Holanda de 1993 “a cada parte deve ser assegurada uma oportunidade razoável de apresentar o seu caso em condições tais que não a coloquem em substancial desvantagem em relação a seu oponente”. Então, diz a Corte Europeia dos Direitos Humanos que a cada parte deve ser assegurada uma oportunidade razoável de defender as suas razões em juízo sob condições que não a coloquem numa situação de desvantagem substancial em relação a seu adversário.

Voltando ao exemplo do médico. Se a inversão do ônus da prova ocorresse apenas na sentença, como poderia provar que não agiu com culpa, não teria mais oportunidade de comprovação.

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ADI1753MC – STF: caso interessante em que diz o STF que a igualdade das partes é imanente ao devido processo legal e com base nisso as alterações legislativas pretendidas pelo Estado que é o objeto desta ADI eram absurdas por violar a igualdade das partes. As alterações tratavam do dispositivo do CPC que prevê a ação rescisória (que visa à desconstituição de sentenças transitadas em julgado e estabelece um prazo de 2 anos para o ajuizamento desta ação). Todo mortal, desde que satisfeitos aos pré-requisitos do art. 485, pode ajuizar uma ação rescisória para desconstituir as sentenças. O Estado com a lei objeto da ADI queria criar uma nova hipótese de ação rescisória em relação à União onde o prazo de propositura só para ela seria não de 2 para, mas de 5.

7. Juiz Natural

O princípio que está aí consagrado é o Princípio de que ninguém pode ser subtraído, privado de um julgamento feito por um juiz, imparcial e indicado pelas normas constitucionais e legais. Direito ao juiz natural é direito a um juiz imparcial e competente, um juiz constitucional, pré-constituído por lei, indicado pela própria CF. Esta garantia está prevista no art. 5º, XXXVII, CF

Art. 5º, XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Esta vedação constituição veda aquele juízo estabelecido para determinado caso ou para determinados casos. Juízo ou tribunal de exceção é ad hoc, onde se confere poder de julgar excepcionalmente, ou seja, já se sabe de antemão qual será o resultado do julgamento quando se institui o tribunal para um dado caso.

Esta garantia busca assegurar que o Juízo ou Tribunal seja pré-constituído por lei. Não pode o juízo ser constituído post factum, apenas antes da ocorrência dos fatos pelos quais a demanda é proposta. O juízo deve pré-existir aos fatos com base nos quais a demanda é proposta.

Os órgãos do Poder Judiciário estão indicados no art. 92 da CF. Estes são os juízos ou tribunais pré-constituídos por lei.

Art.5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Vigora entre os tribunais pré-constituídos uma ordem taxativa de competência que não pode ser alterada discricionariamente de acordo com o juízo de conveniência e oportunidade do autor, do réu, do Executivo... Há uma reserva absoluta de lei, é algo que deve ser previsto em lei. Se a competência deve ser alterada, ela deve ser alterada por lei. A garantia do juiz natural assegura a indisponibilidade, a inderrogabilidade e a inalterabilidade discricionária das competências.

STJ - Resp8449 – o autor de uma demanda ao distribuir a sua inicial pretendeu que fosse distribuída a determinado juiz sustentando que a distribuição deveria ser feita por dependência. O STJ diz que não se tratava desse caso, que a inicial não deveria ser distribuída a determinado juiz e que se isso ocorresse haveria alteração discricionária de

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competência. A parte não pode escolher o juiz para o seu caso. O juiz competente é aquele indicado pela CF ou pela lei.

A imparcialidade do juiz é garantida por força da proibição da alteração das competências definidas na CF ou em lei e por força da vedação dos juízos ad hoc.

Reclamação 417: um cidadão, como lhe faculta a CF, ajuizou uma ação popular no estado de Roraima cujo objeto era anular a nomeação de todos os membros do TJRR. Detalhe, tal ação foi proposta em 1º grau. Todos os juízes vinculados ao tribunal estavam em estágio probatório. Qual juiz teria coragem, imparcialidade necessária de anular a nomeação de todos os desembargadores do TJ? Nenhum. O STJ, então, avocou a ação popular para ele próprio julgá-la porque não havia juiz natural para isso em Roraima.

8. Imparcialidade do Juiz

A garantia do juiz natural em última análise assegura a imparcialidade do Juiz, mas esta, em si mesma, também é uma garantia.

STF – RE418852: a garantia do juízo natural é uma das mais eficazes condições de independência entre os magistrados a qual opera como um dos mais claros pressupostos de imparcialidade que deles, dos julgadores, se exige.

Independência externa: toda e qualquer influência externa deve ser excluída. O juiz, não pode sofrer ingerência por parte de outros órgãos estatais ou não.

Independência interna: o juiz deve estar livre de ingerências por parte de outros juízes.

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.  Parágrafo único. Aos juízes é vedado:I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;III - dedicar-se à atividade político-partidária.

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IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

O juiz imparcial é aquele que não tem interesse pessoal na causa. Que não está interessado em que a vitória seja do autor ou do réu. Esta análise é objetiva porque o CPC estabelece os casos em que o juiz deve se abster de julgar.

9. Motivação das Decisões Judiciais – art. 93, IX, CF.

Motivação é justificação completa do juízo de direito e do juízo de fato, justificação racional das escolhas do juiz.

Art. 93, inc. IX: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Toda decisão não motivada é nula. Contudo, dificilmente se encontrará decisão que não exponha motivo algum, então, como saber se ela é motivada ou não?

Falta motivação quando há omissão das razões de decidir a respeito de determinada questão essencial, relevante, capaz de influir no teor da decisão, no resultado do julgamento.

CPC, art. 131: o juiz apreciara livremente a prova, mas deverá indicar na sentença os motivos que lhe formaram o convencimento.

Art. 165: a sentenças e acórdãos serão proferidos com observância ao disposto no art. 458, as demais decisões serão fundamentadas ainda que de modo conciso.

O importante no caso é a remissão que o art. 165 faz ao art. 458. Este, por sua vez, em seu inc. II diz que são requisitos essenciais da sentença: os fundamentos em que o juiz analisará as questões de fato e de direito. Não apenas, na verdade, analisará, mas as resolverá. É na motivação que o juiz analisará e resolverá as questões, os fatos duvidosos, de fato e de direito.

STF - HC 78013: não satisfaz a exigência constitucional de fundamentação a afirmação posta na sentença (motivação) de que “a alegação deduzida pela parte é inviável juridicamente e uma vez que não retrata a verdade dos compêndios legais.”. Não servem afirmações que se prestariam a justificar qualquer outra.

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STF - RE 217631: a melhor prova da ausência de motivação válida de decisão é que ela sirva a qualquer julgado o que vale por dizer que não serve a nenhum (“a prova dos autos é toda favorável ao autor”, por exemplo).

STJ - Resp 67514: a motivação das decisões reclama do juiz, sob pena de nulidade, a explicitação sobre os temas suscitados, a justificação racional completa sobre os pontos duvidosos de fato ou de direito. Interessante precedente por dizer que a motivação constitui uma garantia inerente ao Estado de Direito. Isto significa que, em suma, primeiro, se trata de uma garantia de imparcialidade do juiz (à luz da motivação da decisão podemos averiguar se o juiz é parcial ou imparcial), de legalidade e justiça da decisão (à luz da motivação podemos averiguar se a decisão é legal, ilegal, justa ou injusta), a motivação dá ensejo ao controle das decisões judiciais que é tanto endoprocessual (interno ao processo) quanto extraprocessual (fora do processo).

Controle endoprocessual: Se a decisão não for motivada, se as partes não souberem quais as razões de decidir. Como a decisão poderá ser impugnada? Somente a partir do conhecimento das razões de decidir é que se torna possível impugnar uma decisão, porque, do contrário, a única impugnação contrária é “não há motivação”. É a motivação que tona possível o controle da legalidade e justiça da decisão pelos órgãos superiores.

Controle extrapocessual: controle generalizado, difuso pela sociedade. A motivação deve ser obrigatória, sob pena de nulidade, e pública. A sentença não deve ser apenas justa, ela deve parecer justa aos olhos da sociedade.

A motivação é garantia de efetividade do contraditório no que tange ao direito das partes de ter as suas razões consideradas pelo juízo. O juiz tem dever de examinar as razões e fundamentar sua decisão.

STJ -Resp 10731 e RE 345845 AgR – STF: Motivação sucinta ou concisa: a jurisprudência é pacífica no sentido de que uma coisa é a ausência de motivação e outra é a motivação ser concisa. Neste último caso não há falar em nulidade da decisão, porque na verdade, o fato de a motivação ser sucinta não significa necessariamente que ela seja incompleta. Pode haver motivação concisa e completa assim como pode haver motivação prolixa, redundante, incompleta. Concisão é uma questão de estilo do julgador. O problema é a completude ou incompletude da motivação.

10. Direito à Prova

O direito à prova é considerado um corolário do contraditório. Está incluído na garantia do contraditório.

Art. 5º, LV, CF

MS26358 - STF

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O direito à prova é o direito à utilização dos meios hábeis para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou defesa. Claro que este direito conhece limitações a começar pela produção de provas ilícitas.

Limitações: Direito à prova lícita, relevante e que deve ser exercido segundo o procedimento probatório. STJ - AgR no Ag 206705

Tem direito à prova, a parte, mas apenas à prova relevante.

Art. 130 CPC: Caberá ao juiz determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

A prova é relevante quando tem alguma chance de fazer com que um fato seja mais ou menos provável do que seria sem esta prova.

11. Proibição de Provas Ilícitas – art. 5º, LVI, CF

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

É um dispositivo peremptório. Contudo, há quem diga que o juiz, a cada caso concreto, deve fazer uma ponderação dos valores em jogo e, enventualmente, ainda que se trate de prova ilícita admiti-la, pois é preciso descobrir a verdade. Quem argumenta nesse sentido diz que prova ilícita em favor do réu deve ser admitida. Não cabe, porém, nesse entendimento, admiti-la em favor da acusação. Em princípio, a tendência é a acordar com isso. Como vamos condenar um inocente? Todavia, é preciso pensar na criminalidade organizada, nos crimes de narco-trafico, numa testemunha que por ventura seja obrigada a depor em favor do réu pelo chefe do tráfico.

Primeira questão que se põe: se são inadmissíveis as provas ilícitas, é preciso saber o que são provas ilícitas.

O CPC recentemente reformado passou a conceituar as provas ilícitas. O conceito, antes disso, era doutrinário, jurisprudencial e sempre se entendeu que prova ilícita é aquela cometida com infração à norma constitucional. O CPC foi além, no art. 157 positivou o conceito de que são inadmissíveis, e a consequência da admissibilidade, devendo ser desentranhadas do processo, as provas obtidas em violação às normas constitucionais ou legais. Foi esse acréscimo “ou legais” foi muito importante.

Tal garantia está em estreita conexão com outros direitos e garantias fundamentais, entre eles, art. 5º, III, X, XI, XII, XIV:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Imagine-se uma confissão obtida mediante tortura ou tratamento desumano.

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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Imagine-se uma gravação de uma conversa entre 2 pessoas feita por 3º.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Imagine-se uma busca e apreensão sem mandado judicial.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Quebra de sigilo bancário, de e-mail, sem autorização judicial.

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Também está relacionado ao direito de não produzir prova contra si mesmo. Em uma ação investigatória de paternidade que o réu fosse conduzido debaixo de vara para fazer exame de DNA. O réu entrou com HC porque isto violava não só a integridade física, mas também o direito da não produção de prova contra si mesmo.

Este tema envolve, necessariamente, o tema das interceptações telefônicas e gravações ambientais. Recentemente, o STF veio a entender que não constitui prova ilícita uma gravação ambiental feita por um dos interlocutores ainda que se o conhecimento do outro. Só haveria prova ilícita se essa gravação fosse feita por 3º, o que seria caracterizado como interceptação que só pode ser feita sob autorização judicial.

Ilicitude da Prova Derivada: “Doutrina dos Frutos da Árvore Venenosa”. Não só a prova ilícita é inadmissível, mas também a prova obtida a partir da prova ilícita.

Ex.: Obtém-se, por exemplo, uma confissão de forma irregular e, a partir deste depoimento, se consegue uma informação. Com base nesta informação, o juiz determina a busca e apreensão de um documento. Tal busca e apreensão mediante autorização judicial é lícita desde que o mandado seja cumprido de acordo com o que manda a CF e a lei, contudo, embora sendo lícita é obtida mediante prova ilícita. De acordo com esta doutrina da árvore venenosa, em princípio tal prova não pode ser aproveitada.

RMS 5352 – STJ: o caso de um marido traído que gravava as conversas telefônicas da sua mulher com o amante. Ele descobriu, por meio destas gravações (interceptações telefônicas, grampos) clandestinas, descobriu que a mulher dava lexotan para suas filhas toda vez que tinha que se encontrar com seu amante. O STJ disse que o caso é

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gravíssimo, mas a prova, como foi obtida com infração às normas constitucionais, foi considerada ilícita.

A orientação geral é a de que se a prova for obtida por terceiro em relação à produção da prova, então é ilícita.

A doutrina tem uma relação de ser, é a segurança jurídica nas relações pessoais. A Constituição positivou a vedação à produção de provas ilícitas com motivação pedagógica e preventiva “não façam não promovam”. A admissão de provas obtidas por meios ilícitos não pode dar em boa coisa, porque, em algum momento a vida vai se tornar um “Big Brother”, todos se vigiando, acaba a privacidade.

O raciocínio é de que se for para salvaguarda dos próprios direitos, então a prova não é ilícita (até porque não foi produzida por terceiro).

12. Publicidade dos Atos Processuais

É preciso fazer uma distinção entre publicidade interna e externa.

PUBLICIDADE INTERNA PUBLICIDADE EXTERNA

Possibilidade de conhecimento dos atos processuais pelas partes e seus advogados.

Possibilidade de conhecimento dos atos processuais pelo público em geral. (Art. 5º, inc. LX, e art. 93, inc. IX, CF, art. 153, CPC, art. 444 e art. 792, CPP)

Publicidade irrestrita, por ser condição e efetividade do contraditório (direito de informação).

Publicidade restringível. Todas as restrições feitas são em relação à publicidade externa.

A publicidade funciona como uma garantia contra o arbítrio. O problema é que, hoje em dia, a publicidade está se tornando uma garantia de arbítrio (publicidade midiática), pois alguns processos foram transformados em verdadeiros espetáculos, e o réu, antes mesmo de se submeter a uma sentença condenatória é penalizado por antecipação pelos meios de comunicação. A parte se torna objeto de entretenimento popular.

13. Duração Razoável do Processo – art. 5º, inc. LXXVIII

Art. 5º, LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

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Processo com duração razoável ≠ Processo Rápido: processo rápido pode ser injusto, o processo com duração razoável é aquele sem dilações indevidas. Se o processo devesse ser rápido então poderíamos pensar em suprimir o contraditório. Todo o processo tem um tempo fisiológico para garantir a observância aso direitos fundamentais processuais. Esta garantia de duração razoável pretende acabar com o tempo patológico, as dilações indevidas.

Quanto tempo deve demorar um processo? Quando um processo extrapola sua duração razoável? É possível dizer isto de antemão, de uma vez para sempre, de plano? Não.

O que é possível fazer é estabelecer critérios com base nos quais se pode dizer que o processo X extrapolou seu prazo de duração razoável. Só se pode dizer caso a caso. Os referidos critérios foram fixados no caso Wemhoff v. Alemanha pela Corte Europeia de Direitos Humanos em 1968. No âmbito do processo civil podemos ficar com os três principais, os demais dizem mais respeito ao processo penal:

1) A atuação das partes, o comportamento das partes e de seus advogados – se contribuíram ou não para a extrapolação –;

2) A atuação do órgão judicial, se o órgão contribuiu ou não;3) Complexidade da causa.

A violação a esta garantia enseja a possibilidade de um pedido de tutela reparatória.

14. Duplo Grau de Jurisdição15. Presunção de Inocência16. Assistência Jurídica Integral17. Coisa Julgada

18. Devido Processo Legal – art. 5º, LIV, CF

O professor havia dito que o direito de ação compreende o direito ao processo e à tutela jurisdicional assim como o direito de defesa. A questão é saber, que processo é este a que se tem direito? É o devido processo legal, o qual, por sua vez é aquele processo ou procedimento tipificado ou contemplado em lei.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Contemplado em lei significa que o processo é legal, regular, ordenado.

STF - PET 2006 AgR: “o devido processo legal é aquele disciplinado por normas legais.”

STF - RE 268319: “Garantia da tramitação e um processo segundo a forma estabelecida em lei”.

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STJ – Resp 90279: “Princípio maior do devido processo legal reclama a observância do procedimento regulado em lei.”

STF – HC68926: Postulado do devido processo legal não se satisfaz com a simples observância de meros ritos formais (se fosse só isso a CF seria redundante, pois esta já dispôs sobre a legalidade obrigatória), mas ele também é processo justo. Isto significa que se trata de um processo informado por direitos fundamentais expressos ou implícitos na CF.

Devido processo legal, em princípio, é aquele disciplinado pela lei, mas, além disso, é o processo em que o contraditório é observado, em que a igualdade das partes é resguardada, em que as decisões judiciais são motivadas em que os atos processuais são públicos em que as partes têm direito à prova e em que as provas ilícitas são inadmissíveis.

Alguns dizem, nesse sentido, que o devido processo legal seria o gênero do qual todos os demais direitos fundamentais processuais são espécies. Na verdade, quando se diz que o processo é justo e que é informado por direitos fundamentais processuais. O devido processo legal são normas de encerramento, fecham o círculo das garantias fundamentais do processo.

Não são os direitos fundamentais que devem mover-se dentro da lei, é esta que deve movimentar-se no âmbito dos direitos fundamentais.

O devido processo legal é um processo da lei, desde que esta respeite direitos fundamentais processuais.

DEVIDO PROCESSO LEGAL

APTO A PRODUZIR RESULTADOS JUSTOS – PROCESSO JUSTO

PROCESSO DA LEI

PROCESSO INFORMADO POR DIREITOS FUNDAMENTAIS PROCESSUAIS