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Teoria Geral do Processo UNIDADE 2 LIVRO

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Teoria Geral do Processo

UNIDADE 1

LIVRO

UNIDADE 2

LIVRO

Lúcia Cristiane Juliato Stefanelli

Jurisdição

© 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e

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2015Editora e Distribuidora Educacional S. A.

Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João PizaCEP: 86041 -100 — Londrina — PR

e-mail: [email protected] Homepage: http://www.kroton.com.br/

Unidade 2 | Jurisdição

Seção 2.1 - Noções gerais sobre jurisdição

Seção 2.2 - Competência

Seção 2.3 - Poder Judiciário

Seção 2.4 - Auxiliares da Justiça e Funções Essenciais à Justiça

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Sumário

Unidade 2

JURISDIÇÃO

Na Unidade de Estudo 1 você adquiriu os conhecimentos introdutórios da Teoria Geral do Processo.

Aprendeu como ocorre o surgimento da relação processual, protagonizada pelas partes denominadas parciais e que terceiros também podem integrá-la.

Além disso, estudou as regras de aplicação da lei no espaço e no tempo e também a importância dos princípios gerais do processo.

Agora é o momento de avançarmos neste conteúdo tão fundamental para realização do direito material no mundo dos fatos, da realidade.

Assim, a competência de fundamento de área desta Unidade de Estudo é conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, Poder Judiciário, funções essenciais à justiça e competência.

Já os objetivos específicos de aprendizagem são: conhecer noções fundamentais sobre a jurisdição para ser capaz de:

a) conceituar a atividade jurisdicional e definir suas características, espécies, poderes e princípios, a fim de compreender como ela se concretiza;

b) conceituar a competência e conhecer as regras para sua definição que estabelecerão onde cada ação tramitará;

c) saber como o Poder Judiciário se estrutura, considerando a composição

Convite ao estudo

Jurisdição

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e a atribuição de cada órgão que o compõe; e

d) definir quem são os auxiliares da justiça e a quem são atribuídas as funções essenciais à justiça, estabelecendo a importância de cada uma destas participações para o processo.

Para que você possa compreender melhor como estes assuntos aparecem no mundo jurídico, tenha como ponto de partida a seguinte situação ligada à realidade profissional:

A criança “A”, nascida no dia 13 de agosto de 2012, portanto, absolutamente incapaz, representada por sua genitora “B”, ambas domiciliadas na cidade X, propõe Ação de Execução de Alimentos em face de “C”, seu genitor, domiciliado na cidade Y.

Isso porque ele não efetua, há três meses, o pagamento da pensão alimentícia a ela devida, embora exista decisão judicial para tanto, determinando o valor a ser pago mensalmente, bem como a data limite para que seja realizado o efetivo pagamento, devidamente proferida nos autos do processo de divórcio dos seus genitores.

Considere as seguintes informações:

1. O artigo 1.694 do CC/2002 prevê que os parentes podem pedir alimentos entre si, quando deles necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social e necessidades de educação.

Ademais, o artigo 1.695 do referido diploma legal estabelece que são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a própria mantença.

A necessidade da criança “A” é presumida no caso em questão, uma vez que se trata de menor impúbere e, portanto, absolutamente incapaz.

2. Considere que a advogada nomeada pelo genitor “C” para defender seus interesses neste processo é tia do juiz que atuará na causa.

Diante disso, vamos pensar nas seguintes situações-problema cujas respostas você conhecerá conforme avançar em seu autoestudo, cada qual em sua respectiva seção:

a) Seção 1: Trata-se de um processo de jurisdição contenciosa ou voluntária?

Jurisdição Jurisdição

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b) Seção 2: Qual é o local competente para processar e julgar esta ação?

c) Seção 3: Há algum entrave para que juiz competente para este processo nele atue?

d) Seção 4: Haverá participação do membro do Ministério Público neste processo? Em caso positivo, qual será o tipo de atuação pertinente a este caso hipotético?

Ficou clara a exposição dos conteúdos expostos no infográfico acima? Esses conteúdos serão estudados de acordo com cada situação-problema presente nas seções de estudo que seguirão.

Cada uma das situações-problema expostas anteriormente será abordada em cada uma das seções de autoestudo que compõem essa unidade. Mobilizaremos um conjunto de conteúdos curriculares que serão aplicados na resolução desses quatro problemas, com a intenção de mostrar a você como são efetivamente relevantes para a sua atuação profissional.

Fonte: Disponível em: <https://pixabay.com/get/20c3939f03aa4ebe720e/1434980320/girl-305600_1280.png?direct>. Acesso em: 5 ago. 2015. Disponível em: <http://es.clipartlogo.com/image/boy-face-cartoon-clip-art_404810.html. Disponível em: <https://pixabay.com/get/42a7627d69e3ebc96ea6/1434980144/girl-303372_1280.png?direct>.

Criança “A”, representada por “B”, sua genitora

Genitor “C

Ação de Execução de

Alimentos

Jurisdição

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Jurisdição Jurisdição

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Seção 2.1

Noções gerais sobre jurisdição

Como você já estudou, para a concretização da atividade jurisdicional, o Estado, através do Poder Judiciário, entrega às pessoas uma solução para seus conflitos de interesses.

Mas existem regras para que isso aconteça, dentre elas as que estabelecem critérios para definição de onde os processos devem ser ajuizados.

Também é necessário que outros sujeitos participem do desenrolar deste procedimento, colaborando de acordo com suas atribuições, para que o juiz possa proferir, ao final, uma decisão de acordo com a lei e com a justiça.

Você terá uma ideia de como isso ocorre conforme for prosseguindo com seu autoestudo e respondendo às perguntas formuladas na situação-problema entabulada no Convite ao Estudo.

Vamos iniciar, então, este novo passo do nosso autoestudo!

Inicialmente, é importante que você se situe nos conteúdos curriculares desta seção, conforme indicações expostas a seguir.

Diálogo aberto

Fonte: Disponível em: <http://www.concursospublicos.pro.br/wp-content/uploads/2012/07/concursos-p%C3%BAblicos-como-estudar-mem%C3%B3ria-aprendizagem-como-passar-em-concurso-tempo-para-aprova%C3%A7%C3%A3o-devido-processo-cognitivo-240x180.jpg>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 2.1 | Evoluindo no autoestudo

Jurisdição

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Como você já viu, a competência de fundamento de área é conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo.

Os conteúdos a serem estudados são as noções fundamentais de jurisdição: conceito, características, espécies, caracterização do ato jurisdicional, poderes e princípios.

Por fim, seus objetivos específicos de aprendizagem são conhecer noções fundamentais sobre a jurisdição para ser capaz de conceituar a atividade jurisdicional e definir suas características, espécies, poderes e princípios, a fim de compreender como ela se concretiza.

Ao final desta etapa do nosso autoestudo vamos responder à primeira situação-problema, sobre a situação da realidade anteriomente formulada. Vamos relembrá-la?

Ela trata de uma Ação de Execução de Alimentos proposta pela criança “A” em face do seu genitor “C”, a fim de cobrar a pensão alimentícia a ela devida e não paga por ele.

A primeira situação-problema solicita que você responda se tal processo é de jurisdição contenciosa ou voluntária.

Observe que os conteúdos indicados são necessários para que você seja capaz de resolver o problema proposto.

Na antiguidade grega, o ilustre pensador Aristóteles, em seu livro “Política”, estabeleceu as primeiras ideias de tripartição do poder, que consistem em atribuir três funções distintas ao poder soberano: criar normas, aplicá-las e julgar os conflitos (LENZA, 2005, p. 195).

Você já ouviu falar de Charles-Louis de Secondat, pensador francês, iluminista, um dos maiores filósofos do século XVIII, mais conhecido como Montesquieu?

Em sua obra “Do Espírito das Leis”, publicada em 1748, entre outras ideias, aperfeiçoou a de Aristóteles, afirmando que tais funções deveriam

Não pode faltar

Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ab/P_Aristotle_grey.png>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 2.2 | Aristóteles

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ser atribuídas a órgãos diferentes, autônomos e independentes, portanto, em contraposição ao poder soberano existente no Estado Absolutista (LENZA, 2005, p. 195-196).

Nessa obra se formulou a chamada Teoria da Separação dos Poderes, segundo a qual os poderes do Estado devem estar concentrados nas mãos de três instituições, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, que serão responsáveis por exercer, cada um, somente suas funções típicas.

Tal teoria foi adotada por nosso ordenamento jurídico pátrio, de forma que o artigo 2º da CF/1988 estabelece: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Entretanto, é importante notar que adotamos a referida teoria em sua forma moderada. Isso porque, além de suas funções típicas, cada Poder também pode exercer funções atípicas, desde que haja expressa previsão legal para isso.

Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/archive/e/e3/20111118134154%21Montesquieu_2.png>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 2.3 | Montesquieu

Tabela 2.1 | Exemplos das funções dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário previstos na CF/1988

Órgão Função típica Função atípica

Legislativo

a) legislar; eb) fi scalização contábil, fi nanceira, orçamentária e patrimonial do Executivo.

a) Natureza executiva: ao dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias, licenças a servidores, etc.;b) natureza jurisdicional: o Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (artigo 52, inciso I da CF/1988).

ExecutivoPrática de atos de chefi a de Estado, chefi a de governo e atos de administração.

a) Natureza legislativa: o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória, com força de lei (art. 62 da CF/1988);b) Natureza jurisdicional: o Executivo julga, apreciando defesas e recursos administrativos.

Judiciário

Julgar (função jurisdicional), ou seja, aplicar o direito ao caso concreto dirimindo, assim, os confl itos de interesses.

a) Natureza legislativa: regimento interno de seus tribunais (artigo 96, inciso I, alínea “a” da CF/1988);

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b) Natureza executiva: administra v.g., ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários (artigo 96, inciso I, alínea “f” da CF/1988).

Fonte: Lenza (2005, p. 197).

Você sabia que a escolha de Brasília para ser a nova capital federal estava prevista na Constituição de 1891? Pois é, esta Constituição reservou uma zona de 14.400 km², no Planalto Central, para fixação da futura Capital.

Pesquise mais

Vemos, então, que a função típica do Poder Judiciário é exercer a jurisdição, que pode ser conceituada como a função do Estado que consiste na aplicação da lei abstrata ao caso concreto para solucionar os conflitos de interesses. Daí, você poderá intuir suas características. São elas: substitutividade, definitividade e instrumentalidade.

A razão da primeira está no fato de que o Estado-Juiz substitui as partes na solução dos conflitos, para que ela seja imparcial e justa. Você já deve ter percebido que ela possui íntima ligação com o Princípio da Imparcialidade do Juiz, que você conheceu na Unidade de Estudo anterior.

Portanto, a princípio, é necessária a existência de uma lide, porque é o conflito de interesses que leva o autor da ação a dirigir-se ao juiz pedindo uma solução.

Nesse sentido, podemos dizer, ainda, que é uma atividade secundária, uma vez que o Estado é acionado para realizar uma atividade que deveria ter sido, primariamente, exercida, amigável e espontaneamente, pelas partes envolvidas.

A definitividade se deve ao fato de que a decisão judicial proferida pelo Estado-Juiz põe fim ao conflito de forma definitiva, imutável. Assim, em regra, a sentença transitada em julgado, ou seja, sobre a qual não caiba mais recurso, faz coisa julgada, não podendo ser modificada nem pelo Poder Judiciário, nem pelos outros Poderes.

Por sua vez, a instrumentalidade se revela diante do fato de que a jurisdição é um instrumento, um meio para realização do direito no mundo dos fatos. Pelo seu exercício o direito impõe-se à obediência dos cidadãos.

A jurisdição é una e indivisível, entretanto a doutrina jurídica, para fins didáticos e de viabilização da sua aplicação, a classifica em categorias, de acordo com diversos aspectos.

Assim, quanto ao objeto, ela pode ser civil ou penal, conforme a natureza da pretensão do autor seja prevista na lei civil ou penal.

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A jurisdição penal abrange as ações que envolvem a pretensão punitiva do Estado. Ela é regulada pelo Direito Penal e é aplicada segundo as normas do Direito Processual Penal.

Já a civil, por exclusão, abrange todas as demais ações restantes, não penais.

Em face da natureza de algumas matérias específicas, a lei prevê, ainda, jurisdições especializadas, como a trabalhista, eleitoral e militar.

Embora esta divisão didática exista, é inegável que as várias categorias se interligam.

Quanto ao tipo de órgão que a exerce, será comum (Justiça Estadual e Federal) ou especial (Trabalhista, Militar e Eleitoral).

Já quanto à hierarquia, poderá ser superior e inferior.

Esta classificação está relacionada com o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição. Isso porque fazem parte da Instância Inferior (Primeira Instância) os juízes que conhecem o processo desde o seu início, e da Instância Superior (Segunda Instância) os tribunais aos quais cabem os recursos para revisão das decisões proferidas pela Instância Inferior.

Muito se discute na doutrina se a chamada Jurisdição Voluntária é uma categoria de jurisdição que se contrapõe à Contenciosa, já que se trata de uma intervenção pública

Exemplificando

“A” destruiu uma área de preservação permanente que existia perto de sua casa para construir um campo de futebol para as crianças do bairro, praticando, assim, crime contra a flora, definido no artigo 38 da Lei n.º 9.605/98, que, dentre outras providências, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Quais são as duas consequências jurídicas que recairão sobre “A”?

“A” responderá a processo criminal, onde lhe será aplicada a pena referente ao crime indicado (esfera penal), bem como a processo civil, para compensação dos danos que causou (esfera civil).

Assimile

Há alguns casos previstos em lei em que o julgamento ocorrerá diretamente pela Segunda Instância. Por exemplo, se um membro do Congresso Nacional comete uma infração penal comum, será processado e julgado originariamente pelo Supremo Tribunal Federal (artigo 102, inciso I, alínea “b”, da CF/1988).

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no interesse privado sem que haja conflito de interesses, lide, mas tão somente um fato de interesse unilateral que necessita da atuação do Poder Judiciário em tutela do direito pleiteado.

A defesa da ordem jurídica não é atribuição exclusiva da função jurisdicional. A lei autoriza a intervenção estatal não judicial em determinadas hipóteses que contemplam importantes interesses privados, por exemplo, exigindo o registro dos nascimentos, dos óbitos, dos casamentos, dos reconhecimentos de filhos, entre outros.

Mas, há certas categorias de interesses privados que devem ser resguardadas pelos órgãos jurisdicionais, os quais possuem maior aptidão para tanto, já que detentores de conhecimento jurídico e garantia de independência no desempenho de suas atribuições.

É o caso, por exemplo, do divórcio consensual, da interdição, do arrolamento de bens, do alvará, em que não há parte contrária, mas somente um pedido que necessita ser realizado através de um processo judicial e ser concedido pelo juiz.

Assim, o Poder Judiciário interfere nestes assuntos não para resolver um conflito de interesses, mas tão somente para tutelar, proteger seus respectivos titulares, detentores de interesses que merecem a especial proteção do Estado.

Portanto, embora a jurisdição voluntária não seja considerada uma forma de prestação jurisdicional típica, também visa à pacificação social, resolvendo situações conflituosas, mediante um procedimento determinado legalmente, com petição inicial, citação, produção de provas, semelhante à Jurisdição Contenciosa.

Desta forma, inegável sua natureza jurisdicional. Entretanto, diante destas razões, denominamos seus autores como “interessados” ao invés de “partes” ou “requerentes”.

O exercício da atividade jurisdicional ocorre pela prática de atos que se caracterizam por respeitar uma determinada forma prevista na lei, por exigir a presença das partes e do juiz, e por aplicar um procedimento previsto na lei.

A jurisdição possui alguns poderes a ela característicos.

Poder de decisão, exercido pela manifestação do Estado, através do juiz, que recolhe os elementos de prova para poder decidir, com base na lei, qual a solução justa para aquele caso concreto.

Poder de coerção, como ao determinar a prática de atos necessários ao andamento do processo, quando o juiz determina a realização da citação do réu para que se defenda das alegações contra ele formuladas, bem como por compelir a parte vencida ao cumprimento da decisão.

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Na condução do processo, o juiz manifesta, também, uma espécie de poder de documentação, determinando o registro, por escrito, por gravação de áudio ou de vídeo, de todos os atos judiciais praticados nos autos do processo, mesmo que digitais ou virtuais.

À função jurisdicional se aplicam os cinco princípios específicos que veremos a seguir.

a) Investidura: somente pode exercer a função jurisdicional quem foi investido para exercer o cargo de juiz.

Neste sentido, dispõe o artigo 16 do CPC/2015: “A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código.”

Observe que este dispositivo legal também fundamenta o princípio seguinte.

b) Aderência ao território: o juiz somente pode atuar dentro do território nacional e de acordo com a competência que lhe foi atribuída.

Isso ocorre, por exemplo, quando do cumprimento do mandado de citação de réu que possui domicílio em outra cidade. Neste caso, o juiz da comarca em que o processo está tramitando solicitará, ao juiz da comarca em que o réu reside, que cumpra a ordem de citação, o que é feito através da chamada carta precatória, que você irá conhecer de forma detalhada na Unidade de Estudo 4, seção 3 desde livro didático.

c) Indelegabilidade: a jurisdição somente pode ser exercida pelo Poder Judiciário, pelo juiz legalmente investido para o cargo, não podendo ele delegar tal função para outra pessoa, sob pena de ofensa ao Princípio do Juiz Natural, que você conheceu na Seção 4 da Unidade de Estudo anterior.

Cumpre observar que, mesmo no caso acima descrito, de cumprimento de carta precatória, não há de se falar em delegação de funções, já que os juízos, deprecante

Faça você mesmo

“A” é arrolada como testemunha em um processo X. Ocorre que, mesmo devidamente intimada pelo advogado do autor para comparecer à audiência designada, resolve não ir. O juiz pode determinar sua presença e oitiva na audiência, exigindo que compareça? Por quê?

Assimile

É por causa deste princípio que o juiz precisa da cooperação de outros magistrados quando for necessário realizar algum ato processual no território onde não possui competência jurisdicional.

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e deprecado, irão exercer a jurisdição cada um no seu território de atuação, de suas competências.

Sobre isso, clara é a lição de Humberto Theodoro Júnior (2013, p. 55):

d) Inafastabilidade: não se poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário ameaça ou lesão a direito (artigo 3º do CPC/2015). Trata-se do Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, que garante a todos o direito de ver seus conflitos de interesse analisados e resolvidos por meio da prestação jurisdicional, conforme você já estudou na seção acima indicada.

e) Inércia ou Dispositivo: nemo judex sine actore, ne procedat judex ex officio. O Poder Judiciário somente poderá agir se acionado pela parte no exercício do seu direito de ação. Uma vez instaurado, o processo tramitará pelo impulso das partes e do juiz.

É o que prevê o artigo 2º do CPC/2015: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”.

Portanto, após iniciado, o processo caminhará mediante a realização de atos processuais pelas partes e pelo juiz.

Decorrem disso diversas hipóteses em que o magistrado poderá atuar independentemente de provocação da parte interessada, ou seja, de ofício (ex officio), vigendo, assim, o Princípio Inquisitório.

Na verdade, contudo, não se trata, na espécie, de delegação voluntária, mas de simples caso de colaboração entre órgãos judiciários, cada um dentro de sua natural e indelegável competência. O deprecante não delega poderes, já que o ato a ser praticado pelo deprecado nunca estaria compreendido nos limites da competência do primeiro. O que se pede é justamente que o único competente (o deprecado) pratique o ato que o deprecante não pode realizar, mas que é necessário para o prosseguimento do processo a seu cargo.

Possibilidade do juiz

declarar ineficaz a cláusula de

eleição de foro abusiva (artigo 63, §3º, do CPC/2015)

suscitar conflito de competência (artigo 951, do

CPC/2015)

admitir a participação do Amicus curiae

(artigo 138, caput, do CPC/2015)

corrigir o valor da causa (artigo 292, §3º, do CPC/2015)

determinar provas (artigo 370, caput,

do CPC/2015)

Tabela 2.2 | Hipóteses em que o juiz pode atuar de ofício. exemplificação. Se é quadro tem que numerar, colocar fonte...etc

Fonte: A autora (2015).

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Cumpre ressaltar, entretanto, que, mesmo nestas hipóteses, o juiz deve dar às partes a oportunidade de se manifestarem, conforme prevê o artigo 10 do CPC/2015.

f) Adstrição ou Congruência é o princípio que delimita a apreciação do Poder Judiciário somente ao que foi pedido no processo, não podendo decidir extra petita, ou seja, diversamente do que foi postulado pelo autor; ultra petita, a mais do que foi requerido; ou infra petita (citra petita), quando deixa de apreciar pedido formulado.

É o que determinam os artigos 141 e 492 do CPC/2015, respectivamente, transcritos a seguir: “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte”; e “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”.

Gráfico 2.1 | Exemplos de julgamentos extra, ultra e citra petita

Fonte: A autora (2015).

Extra petita

"A" pediu a condenação de "B" em reparação de

danos materiais e, na sentença, o juiz o condena somente ao pagamento de danos

morais.

"A" pediu a condenação de "B" em reparação de

danos materiais e, na sentença, o juiz o condena também em pagamento de

danos morais.

"A" pediu a condenação de "B" em reparação de danos materiais e morais e, na

sentença, o juiz analisa somente o pedido de danos

materiais.

Ultra petita Citra petita

Faça você mesmo

“A”, menor impúbere, representada por sua genitora “M”, propôs Ação de Investigação de Paternidade em face de “B”, postulando o reconhecimento da paternidade, bem como a fixação de pensão alimentícia. Ocorre que o juiz, ao sentenciar o processo, somente apreciou a questão da paternidade, esquecendo-se de se pronunciar quanto aos alimentos. Sua decisão foi extra, ultra ou citra petita? Por quê?

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Você se lembra de qual indagação foi formulada no item “a” do caso hipotético apresentado no Convite ao Estudo? Ela nos perguntava: trata-se de um processo de jurisdição contenciosa ou voluntária?

Agora chegou o momento de você aplicar os conhecimentos que adquiriu desta seção de autoestudo, respondendo os questionamentos referentes aos casos práticos descritos a seguir.

Para chegar à resposta correta da situação-problema acima relembrada, você deve analisar qual a natureza da relação jurídica existente na Ação de Execução de Alimentos. Nela, há polo ativo e polo passivo que discutem um direito? Há conflito de interesses?

Assim, considerando o que você aprendeu até o momento, poderá concluir que este tipo de ação corresponde a um processo de Jurisdição Contenciosa.

Isso porque, o autor (sujeito ativo) formula uma pretensão, que é o recebimento da pensão alimentícia atrasada, que será resistida pelo réu (sujeito passivo).

Em outras palavras, a jurisdição contenciosa é caracterizada pela intervenção pública no interesse privado, para solução de um conflito de interesses.

Sem medo de errar

Avançando na prática

A situação da realidade correspondente a esta Unidade de Estudo nos apresenta um caso de Ação de Execução de Alimentos motivada pelo não pagamento da pensão alimentícia pelo genitor à criança.

Lembre-se

Atenção!

Veja o que Moacyr Amaral Santos (1999, p. 76) diz sobre isso:

A ideia de conflitos de interesses traz em si a de contenda, contestação, litígio. E, de ordinário, a jurisdição se exerce em face de pretensões contestadas, de litígios. Daí a denominação de ‘jurisdição contenciosa’, que é a verdadeira e legítima jurisdição, a que tem por objeto a composição de conflitos de interesses.

Jurisdição Jurisdição

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Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

“Falecimento do juiz”

1. Competência de fundamentos de área

Exercício da jurisdição.

2. Objetivos de aprendizagem Aplicação do conteúdo teórico a um caso hipotético.

3. Conteúdos relacionados Atribuição do juiz.

4. Descrição da SP

“X” é uma comarca pequena, cujo juiz faleceu há poucos dias. “A”, domiciliado na comarca, acabou de ser aprovado no concurso para Magistratura e decide desempenhar as funções do referido juiz, até que outro magistrado seja designado para atuar na comarca, buscando, assim, evitar maiores prejuízos aos jurisdicionados.Isso é possível? Justifique sua resposta.

5. Resolução da SP

Não é possível, porque a jurisdição somente pode ser exercida por quem seja legitimamente investido para o cargo. Trata-se do Princípio da Investidura.Assim, os atos praticados por “A” são nulos de pleno direito e ele responderá a um processo penal pelo crime de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado, previsto no artigo 324 do Código Penal: “Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”

“Ação anulatória de contrato”

1. Competência de fundamentos de área

Princípio da Adstrição ou Congruência.

2. Objetivos de aprendizagem Aplicação do conteúdo teórico a um caso hipotético.

3. Conteúdos relacionados Exercício da jurisdição.

4. Descrição da SP

4. Descrição da SP “A” propôs em face de “B” uma Ação anulatória de contrato. Na sentença, o juiz decretou a nulidade do contrato, mas também condenou “B” ao pagamento de danos materiais e morais.Isso é possível? Justifique sua resposta.

5. Resolução da SP

Não é possível, porque o artigo 492 do CPC/2015 dispõe que: “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior, ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. Assim, trata-se de uma sentença ultra petita, ou seja, que decidiu além do requerido pelo autor na petição inicial.

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Faça você mesmo

O juiz da comarca X, Estado de São Paulo, Brasil necessita ouvir a testemunha “A”, atualmente domiciliada na cidade Y, Estado de Minas Gerais. Para isso, existe um instrumento processual denominado Carta Precatória. Explique por que ela não ofende os Princípios da Aderência ao Território e da Indelegabilidade.

Faça valer a pena!

1. Quem foi o pioneiro na ideia de separação dos poderes?

a) Rui Barbosa.

b) Aristóteles.

c) Platão.

d) Montesquieu.

e) Rousseau.

2. O artigo 2º da CF/1988 estabelece que: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Sobre as funções típicas de cada um deles, assinale a alternativa correta:

a) O Poder Legislativo tem como única função legislar, ou seja, é o responsável pela elaboração das leis.

b) Ao Poder Executivo é conferida somente a prática de atos de chefia de Estado.

c) Ao Poder Judiciário cabe o julgamento das lides, bem como os atos de administração.

d) São atribuições do Poder Executivo somente os atos de chefia de Estado e de chefia de governo.

e) Cabe ao Poder Judiciário julgar, dizendo o direito que será aplicado no caso concreto, a fim de resolver os conflitos de interesses.

3. Sobre a classificação da jurisdição, assinale a alternativa que contém a assertiva correta:

a) A jurisdição penal envolve pretensões punitivas, restando à jurisdição civil, por exclusão, as demais ações, com exceção das trabalhistas e das eleitorais, que são objeto da jurisdição especial.

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4. São poderes inerentes à atividade jurisdicional:

a) Somente o de decisão.

b) O poder de coerção implica somente na exigência da prática de atos necessários ao andamento do processo.

c) Os de decisão, de coerção e de documentação.

d) O poder de coerção é intrínseco ao poder de decisão.

e) O juiz poderá dispensar a documentação de alguns atos judiciais.

5. Pensando nos princípios que regem a jurisdição, assinale a alternativa correta:

a) O Princípio da Investidura determina que somente pode exercer atividade jurisdicional quem foi investido no cargo de juiz, podendo haver delegação desta função em casos de urgência e comprovada necessidade.

b) O cumprimento de cartas precatórias implica na violação do Princípio da Indelegabilidade.

c) O Poder Judiciário somente pode agir quando provocado pela parte interessada, através da ação judicial.

d) Cada juiz somente pode atuar nos limites do território que lhe foi designado.

e) O Princípio da Inércia ou Dispositivo não comporta exceções, caso em que haveria violação ao Princípio do Contraditório.

6. A Teoria da Separação dos Poderes foi adotada por nosso ordenamento jurídico de forma moderada, abrandada. Explique, em breves palavras, o que isso significa.

b) Em nenhuma hipótese poderá haver um julgamento diretamente pelo Segundo Grau de Jurisdição, ou seja, pela Segunda Instância.

c) A jurisdição penal envolve pretensões punitivas, restando à jurisdição civil, por exclusão, as demais ações.

d) Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser civil, penal, trabalhista e eleitoral.

e) Fazem parte da jurisdição especial a trabalhista, a militar, a eleitoral e a tributária.

Jurisdição

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7. A chamada Jurisdição Voluntária é considerada propriamente uma atividade jurisdicional? Justifique sua resposta.

Jurisdição Jurisdição

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Seção 2.2

Competência

Você já sabe que a jurisdição é um poder decorrente da soberania nacional, responsável pela aplicação da legislação na solução de litígios pelos juízes integrantes do Poder Judiciário, devidamente investidos para desempenhar esta função.

Mas, como isso efetivamente acontece, considerando a amplitude do nosso território e a diversidade de ações judiciais possíveis?

Para que seja viabilizada a prestação jurisdicional, ou seja, a entrega da resolução do conflito de interesses entre as partes, existem regras que definem onde os processos irão tramitar e quem os irá julgar.

São as chamadas regras de competência.

Nesta seção iremos estudar as principais normas que regulamentam este tema, definindo a competência internacional e a interna, sendo que nesta você irá conhecer quais são os critérios de determinação, os casos de modificação, o que é a prevenção e como acontece o procedimento para declaração de incompetência.

Como competência de fundamento de área, iremos conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo e, como objetivos específicos de aprendizagem, conhecer o conceito de competência, bem como suas regras de fixação, as quais estabelecerão onde cada ação tramitará.

Ao final desta etapa do nosso autoestudo vamos responder à segunda situação-problema sobre a situação da realidade anteriomente formulada. Vamos relembrá-la novamente?

Ela trata de uma Ação de Execução de Alimentos proposta pela criança “A”, domiciliada na cidade “X” em face do seu genitor “C”, domiciliado na cidade “Y”, porque ele não está cumprindo com sua obrigação alimentar determinada judicialmente.

Diálogo aberto

Jurisdição

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Fonte: Disponível em: <https://pixabay.com/get/20c3939f03aa4ebe720e/1434980320/girl-305600_1280.png?direct>. Acesso em: 5 ago. 2015. Disponível em: <http://es.clipartlogo.com/image/boy-face-cartoon-clip-art_404810.html. Disponível em: <https://pixabay.com/get/42a7627d69e3ebc96ea6/1434980144/girl-303372_1280.png?direct>.

Criança “A”, representada por “B”, sua genitora

Genitor “C

Ação de Execução de

Alimentos

A segunda situação-problema solicita que você responda: qual é o local competente para processar e julgar esta ação?

O estudo dos conteúdos anteriormente indicados é necessário para que você seja capaz de resolver mais este problema.

Como dito no Diálogo Aberto, a legislação estabelece regras de definição de competência, que organizam a atividade jurisdicional para que seja devidamente prestada em todo o território nacional.

Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior (2013, p. 187), “é justamente o critério de distribuir entre os vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição”.

Moacyr Amaral Santos (1999, p. 199) nos ensina que:

Não pode faltar

A lei, portanto, estabelece a competência dos órgãos jurisdicionais, prefixando os limites dentro dos quais cada um deles pode exercer a função jurisdicional. Competência, assim, é o poder de exercer

Jurisdição Jurisdição

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Fonte: A autora (2015).

A competência é determinada, em geral, pela CF/1988, pelas leis processuais e pelas leis de organização judiciária.

Os artigos 21 a 23 do CPC/2015 determinam quais causas devem ser processadas e julgadas pela justiça brasileira, tratando, portanto, dos limites da jurisdição nacional, chamada pelo Código anterior de Competência Internacional (artigos 88 a 90 do CPC/1973).

Da leitura dos artigos você poderá concluir que as ações indicadas nos artigos 21 e 22 são de competência nacional, a ser exercida ao lado da cooperação internacional, ou seja, podem ocorrer no Brasil ou em outro país.

São os casos: de réu domiciliado no Brasil, qualquer que seja sua nacionalidade;

a jurisdição nos limites estabelecidos pela lei. Ou, conforme conceituação generalizada, é o âmbito dentro do qual o juiz pode exercer a jurisdição.

Tabela 2.3 | Competências constitucionais, conforme a CF/1988

Órgão Judiciário

Supremo Tribunal

Federal – STF

Superior Tribunal de

Justiça – STJ

Justiça Federal

Justiça do Trabalho

Justiça Eleitoral

Justiça Militar

Artigo(s) 102 105 108 e 109 114 121 124

Exemplo

Inciso I, alínea “c”: processar

e julgar os Ministros de Estado, por

infrações pe-nais comuns e crimes de responsabili-

dade

Inciso I, alínea “a”: processar

e julgar os Governadores dos Estados e do Distrito

Federal, por crimes comuns.

Artigo 109, caput e inciso I: causas em que a União,

entidade autárquica

ou empresa pública federal

participarem, exceto as ações de

falência, de acidente de trabalho, e as sujeitas à Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho

(veja também o artigo 45 CPC/2015

Inciso II: ações que envolvam o exercício

do direito de greve.

Artigo 22, inciso I, alínea “a” do Código

Eleitoral: compete

ao Tribunal Superior processar e julgar a cassação

do registro de partidos políticos.

Caput: processar e

julgar crimes militares

definidos em lei.

Jurisdição

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sobre obrigação que deva ser cumprida no nosso país; de ação com fundamento em fato ocorrido ou ato praticado no Brasil; de ações de alimentos quando o credor tiver domicílio no Brasil ou quando o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens ou recebimento de renda; decorrentes de relação de consumo, se o consumidor tiver domicílio no Brasil; e quando as partes, expressa ou tacitamente, se submetem à jurisdição nacional.

Portanto, ocorrendo alguma destas hipóteses, poderá o processo tramitar no estrangeiro, mas a sentença proferida somente surtirá efeitos no Brasil se homologada pelo STJ em Ação de Homologação de Sentença Estrangeira, regulamentada pelos artigos 960 a 965 do CPC/2015.

Por sua vez, o artigo 23 prevê casos de competência exclusiva brasileira, e sobre estes temas não será admitido processo ocorrido no exterior. Eventual decisão neste sentido não é apta a ser homologada pelo STJ, conforme previsão expressa do artigo 964, caput do CPC/2015.

São os casos: de ações relativas a imóveis situados no Brasil; sobre sucessão hereditária, confirmação de testamento particular; inventário e partilha de bens situados no Brasil; e partilha de bens situados no Brasil em divórcio, separação judicial e dissolução de união estável.

Uma vez definido que a ação deverá tramitar perante a justiça brasileira, ela deverá seguir as regras de competência interna, que repartem a jurisdição entre os órgãos jurisdicionais do país, juízos e tribunais que integram a magistratura nacional.

Assim, o processo deverá tramitar na justiça comum ou na justiça especial.

A competência da justiça local, estadual, é residual, supletiva, ou seja, não sendo dos tribunais nem das justiças federal ou das especiais, a competência será dos órgãos judiciários dos Estados.

Fonte: A autora (2015).

Gráfico 2.2 | Integrantes das Justiças Comum e Especial

Comum

Especial

• estadual (Juízos e Tribunais Estaduais) • federal (Juízos e Tribunais Regionais Federais)

• trabalhista • eleitoral • militar

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O CPC/2015 estabelece as regras para determinação de qual foro é competente para determinada ação. Observe que foro é o mesmo que comarca, divisão territorial onde o juiz exerce sua jurisdição.

Os artigos 42 a 53 do CPC/2015 estabelecem critérios de fixação de competência interna, que estão sistematizados abaixo.

Ação judicial Foro competente Observações

Fundada em direito pessoal ou direito real sobre bens móveis.

Domicílio do réu.

- Réu com mais de um domicílio = foro de qualquer deles;- Réu com domicílio incerto ou desconhecido = onde for encontrado ou no domicílio do autor;- Réu sem domicílio no Brasil = domicílio do autor. Se o autor também não tiver domicílio no Brasil = qualquer foro; - Diversos réus com vários domicílios = foro de qualquer um deles.

Fundada em direito real sobre imóvel.

Da situação da coisa.

O autor poderá optar pelo foro do domicílio do réu ou pelo foro de eleição, desde que a ação não verse sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras, e de nunciação de obra nova.

Inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposição de última vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial, e para todas as ações em que o

espólio for réu.

Domicílio do autor da herança, ou seja, do falecido.

- Se o falecido não possuir domicílio certo = foro de situação dos bens imóveis;- Havendo bens imóveis em foros diferentes = qualquer um deles; e- Não havendo bens imóveis = foro do local de qualquer dos bens do espólio.

Em que o ausente for réu. Do seu último domicílio.

Também será este o foro para ações de arrecadação, inventário, partilha e cumprimento de disposições testamentárias do ausente.

Em que o réu for incapaz.Domicílio do seu representante ou

assistente--------------------------

Em que a União seja autora. Domicílio do réu.

Se a União for ré = foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que gerou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

Em que algum dos Estados ou o Distrito Federal seja autor.

Domicílio do réu.

Se o Estado ou o Distrito Federal forem réus = foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que gerou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

Divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou

dissolução de união estável.

Domicílio do guardião de filho incapaz.

- Se não houver filho incapaz = último domicílio do casal; e- Se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal = domicílio do réu.

Tabela 2.4 | Competência interna

Jurisdição

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Alimentos Domicílio do alimentando. ----------------

Em que a pessoa jurídica for ré. Lugar da respectiva sede.

- onde se encontra a agência ou sucursal, se a demanda versar sobre as obrigações que a pessoa jurídica contraiu.

Em que sociedade ou associação sem personalidade jurídica forem rés.

Lugar onde exercem suas atividades. ----------------

Que exigir cumprimento de obrigação.

Lugar onde a obrigação deva ser satisfeita.

----------------

Sobre direito previsto no Estatuto do Idoso.

Domicílio do idoso. ----------------

Reparação de danos por ato praticado em razão do ofício

notarial ou de registro.

Lugar da sede da serventia notarial ou de registro.

----------------

Reparação de dano. Lugar do ato ou fato. ----------------

Em que o administrador ou gestor de negócios alheios for réu.

Lugar do ato ou fato. ----------------

Reparação de dano sofrido em razão de delito ou de acidente de

veículos, inclusive aeronaves.

Domicílio do autor ou do local do fato.

----------------

Fonte: A autora (2015).

Exemplificando

“A” propõe ação de cobrança em face de “B”, declarado ausente. A ação deverá ser proposta na comarca do último domicílio do réu (artigo 49 do CPC/2015).

Será que há a possibilidade de existir foros concorrentes, ou seja, casos em que a ação poderá ser proposta em mais de um foro, à escolha do autor?

Isso pode sim acontecer. Por exemplo, nas ações de natureza pessoal, que são propostas em face de mais de um réu com domicílios em comarcas diferentes, a lei permite que o autor proponha a ação em qualquer uma delas (artigo 46, §4º do CPC/2015).

Isso também acontece nos processos decorrentes de acidentes de trânsito, que podem correr no foro do domicílio da vítima ou do local do acidente (artigo 53, inciso V do CPC/2015).

Após saber em qual comarca o processo tramitará, é necessário verificar em qual Juízo ele deverá ser distribuído. Você verá isso na Lei de Organização Judiciária de cada Estado.

Ela é um exemplo de norma de competência absoluta, cujas regras são relacionadas a normas de ordem pública, que visam ao bom funcionamento do Poder Judiciário.

Já as regras de competência relativa são normas estabelecidas para as partes,

Jurisdição Jurisdição

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podendo, portanto, ser por elas alteradas por meio da eleição de foro, ou seja, as partes podem combinar em qual foro eventual processo irá tramitar. É o caso de derrogação da competência.

As regras sobre a eleição de foro estão previstas no artigo 63 do CPC/2015. A cláusula somente terá efeito em instrumento escrito, que expresse negócio jurídico a que se refere, produzindo efeitos no mundo jurídico e obrigando, também, os herdeiros e sucessores das partes.

Se a cláusula de eleição de foro for abusiva, antes da citação poderá ser reputada ineficaz, de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu (artigo 63, §3º do CPC/2015).

Porém, se já realizada a citação, incumbe ao réu alegar o abuso em sua contestação, sob pena de preclusão, ou seja, de não poder mais alegar tal matéria.

Você pode pensar: qual a consequência desta classificação para o processo? Veja.

Exemplificando

“A” alugou um imóvel de “B”. No Contrato de Locação celebrado foi estipulado que, se necessário eventual processo judicial, ele deverá acontecer na comarca X.

Absoluta

natureza imperativa, cogente

natureza dispositiva

depende de alegação da parte

não geram nulidade

precluem: deve ser alegada no momento correto.

pode ser alegada de ofício pelo juiz

geram nulidade

não precluem: pode ser alegada em qualquer tempo.

Relativa

Gráfico 2.3 | Diferenças existentes entre as competências absoluta e relativa

Fonte: A autora (2015).

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Mas como você pode saber se a regra é de competência absoluta ou relativa? Em alguns casos, é a lei que vai dizer expressamente, por exemplo, o artigo 47, §2º do CPC/2015 estabelece que “a ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.”

Entretanto, os artigos 62 e 63, caput do CPC/2015 estabelecem as diretrizes genéricas para definição, respectivamente, da competência absoluta e relativa: “A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes” e “As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo o foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações”.

A competência dos processos penais está prevista nos artigos 69 a 91 do CPP/1941, e será determinada pelo lugar da infração; pelo domicílio ou residência do réu; pela natureza da infração; pela distribuição; pela conexão ou continência; pela prevenção; e pela prerrogativa de função.

A regra geral é que, não sendo de competência originária dos tribunais (por prerrogativa de função), tampouco das Justiças Especiais (Eleitoral e Militar) ou da Justiça Comum Federal, o processo tramitará no local onde a infração se consumou ou, no caso de tentativa, onde foi praticado o último ato de execução.

Não sendo conhecido o local, a regra é que o processo ocorra no foro do domicílio do réu.

Havendo mais de um Juízo competente, o processo tramitará perante o que se antecipou na prática de ato processual ou medida relativa ao processo (Prevenção),

verificar se é hipótese de competência originária dos tribunais;

Verificar se é hipótese de competência das Justiças Especiais:

Eleitoral, Militar e Trabalhista.;

Verificar se é competência da Justiça Comum Federal; e

Sendo da competência residual da Justiça Comum Estadual, verificar

qual o Juízo competente.

Gráfico 2.4 | Roteiro para definição da competência

Fonte: A autora (2015).

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ou, se não houver Juízo prevento, a competência será definida por Distribuição, ou seja, livre sorteio entre os Juízos.

Por sua vez, os processos trabalhistas correrão, em regra, no foro onde o empregado, sendo ele o reclamante ou o reclamado, prestar os serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado em outro local, mesmo que estrangeiro (artigo 651, caput da CLT/ 1943).

Você já imaginou o que acontece quando o autor, morando em uma cidade pertencente à comarca, propõe ação judicial e, depois, se muda para uma cidade em outra comarca?

O artigo 43 do CPC/2015 estabelece que a competência é determinada “no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta”.

Trata-se do instituto processual denominado Perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição): a competência será fixada no momento do registro da petição inicial, caso haja somente uma vara na comarca; ou no momento de sua distribuição, quando houver mais de uma vara (artigo 284 do CPC/2015).

Uma vez definida a competência para determinada ação, ela pode ser modificada?

Sim, desde que a competência seja relativa ela poderá ser modificada pela conexão, pela continência (artigo 54 do CPC/2015), pela prorrogação e pela derrogação, já vista há pouco.

Duas ou mais ações serão conexas quando lhes for comum o pedido, que é o bem da vida sobre o qual se pretende que recaia a prestação da tutela jurisdicional, ou seja, o que se pretende com a ação, o pedido propriamente dito; ou a causa de pedir, que são as razões pelas quais se pretende o bem da vida e a respectiva tutela jurisdicional.

Neste caso, os processos serão reunidos para julgamento conjunto, salvo se em um deles houver sentença. O objetivo da regra é evitar decisões conflitantes sobre o mesmo fato concreto.

Por sua vez, haverá continência entre duas ou mais ações quando houver identidade de partes e de causa de pedir, mas o pedido de uma é mais amplo e abrange o das demais. Neste caso, se a ação continente (com objeto mais amplo) tiver sido proposta anteriormente, a ação contida (com objeto menos amplo) será extinta. Caso contrário, haverá reunião das ações.

Exemplificando

“A”, “B” e “C” constituíram uma sociedade empresarial. Mas este contrato

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foi celebrado em meio a muitas discussões e brigas. Daí que, “A”, dizendo que foi coagido a assinar o contrato, deseja anulá-lo (“A” x “B” e “C”). “B” diz que também foi coagido e deseja anular uma cláusula contratual que lhe é desfavorável (“B” x “A” e “C”). Ambas as ações têm as mesmas partes (“A”, “B” e “C”), a mesma causa de pedir (anulação), bem como um pedido que engloba o outro (anulação de cláusula e anulação de contrato).

Mas, como saber em qual juízo as ações deverão ser reunidas? Elas serão decididas simultaneamente no juízo prevento, ou seja, naquele em que houve primeiro o registro ou a distribuição da petição inicial (artigos 58 e 59 do CPC/2015).

Em caso de incompetência, como a parte deve alegá-la?

Tanto a incompetência absoluta quanto a relativa devem ser alegadas pela parte em preliminar de contestação. Se, após manifestação da parte contrária, tal alegação for acolhida pelo juiz, os autos serão remetidos ao juízo competente.

Neste caso, em regra, serão preservadas as decisões proferidas pelo juízo incompetente, até que, se for o caso, outras sejam proferidas pelo juízo competente.

A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer momento e grau de jurisdição, e deve ser declarada de ofício pelo juiz.

Já a incompetência relativa, se não for alegada em preliminar de contestação, será prorrogada, ou seja, definitivamente fixada.

O conflito de competência ocorre se dois ou mais juízes se declaram competentes (positivo), ou incompetentes (negativo), para determinada ação, ou quando não concordam sobre a reunião ou separação de processos, apresentando a controvérsia ao tribunal (artigo 66 do CPC/2015).

Exemplificando

“A” propõe a ação na comarca “X” quando deveria ter proposto na comarca “Y”. Se o réu não alegar incompetência relativa na contestação o foro se prorroga, de forma que a comarca “Y”, a princípio incompetente, se torna competente para a ação.

Agora chegou o momento de resolvermos a situação-problema correspondente a

Sem medo de errar

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Agora que você já conheceu tantas regras de definição de competência, vamos aplicá-las nestes casos hipotéticos.

Avançando na prática

esta seção de autoestudo: Qual é o local competente para processar e julgar a ação narrada na situação da realidade profissional?

Ela se refere à Ação de Execução de Alimentos promovida pela criança “A” em face do seu genitor “C” que não está honrando com os pagamentos da pensão alimentícia a ela devida.

Inicialmente, diante dos fatos relatados na situação da realidade, você já concluiu que a ação a ser proposta é de jurisdição contenciosa, cuja autora será a filha menor de idade (“A”) e o réu, seu genitor (“C”), devedor de pensão alimentícia.

Vamos pensar juntos ...

A autora nasceu no dia 13 de agosto de 2012, sendo, portanto, absolutamente incapaz, situação fática que gera a necessidade dela ser representada por sua genitora.

Assim poderia se pensar que deveria ser aplicada a regra prevista no artigo 50 do novo Código de Processo Civil, ou seja, do local de domicílio do representante do incapaz.

Entretanto, para este caso a lei reservou um foro especial, previsto no artigo 53, inciso II, do novo Código de Processo Civil: “É competente o foro: (...) II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; (...)”.

Portanto, a Ação de Execução de Alimentos deverá tramitar na cidade “X”, ou seja, no foro do domicílio da alimentanda (criança “A”).

Atenção!

O artigo 3º, inciso I do CC/2002 dispõe que: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: os menores de dezesseis anos; (...)

Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

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“Acidente de trânsito”

1. Competência de fundamentos de área

Critérios de fixação de competência.

2. Objetivos de aprendizagem Aplicação do conteúdo teórico a um caso hipotético.

3. Conteúdos relacionados Definição de competência.

4. Descrição da SP

“A”, domiciliado na Comarca “X”, estava passeando com seu veículo pela cidade litorânea “Y” quando teve seu veículo abalroado na lateral esquerda enquanto passava por um cruzamento, já que “B”, conduzindo seu veículo, desrespeitou a regra de “pare” aplicável aos condutores que vinham da sua direção.“A” tentou receber amigavelmente de “B” o valor correspondente à reparação dos danos que ele ocasionou em seu veículo, mas não logrou êxito.Assim, não resta outra alternativa senão a propositura da competente ação judicial para ver atendida sua pretensão.Dito isto, responda: Em que comarca “A”, vítima de acidente de trânsito, deverá propor a ação de reparação de danos em face de “B”?

5. Resolução da SP

“A” poderá propor a referida ação tanto na comarca do seu domicílio, a comarca “X”, quanto na do local do acidente, ou seja, na comarca “Y”. É o que prevê o artigo 53, inciso V, do CPC/2015.

“Vários réus domiciliados em diversas comarcas”

1. Competência de fundamentos de área

Critérios de fixação de competência.

2. Objetivos de aprendizagem Aplicação do conteúdo teórico a um caso hipotético.

3. Conteúdos relacionados Definição de competência

4. Descrição da SP

“A”, menor impúbere, portanto, absolutamente incapaz, representado por sua genitora, ambos domiciliados na comarca “X”, irá propor Ação de Investigação de Paternidade em face de “B”, domiciliado na comarca “Y” e em face de “C”, domiciliado na comarca “Z”, já que há dúvida sobre quem é seu genitor.Onde a referida ação deverá ser proposta?

5. Resolução da SP

Trata-se da configuração de foros concorrentes, ou seja, casos em que a ação poderá ser proposta em mais de um foro, à escolha do autor.O artigo 46, §4º, do CPC/2015 prevê que, nas ações de natureza pessoal propostas em face de mais de um réu com domicílios em comarcas diferentes, o autor poderá promover a ação em qualquer uma delas.Portanto, “A” poderá escolher propor a ação na comarca “Y” ou na comarca “Z”.

Faça você mesmo

“A”, idoso, domiciliado na comarca “X”, deseja propor ação judicial em face de “B”, empresa seguradora de saúde, com sede na comarca “Y”,

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buscando reduzir o valor da mensalidade de seu plano de saúde, que foi reajustado ilegalmente. Onde esta ação deverá ser proposta?

Faça valer a pena!

1. Sobre as matérias de competências absoluta e relativa é correto afirmar que:

a) Ambas somente podem ser alegadas pelas partes.

b) A absoluta é passível de preclusão.

c) A relativa pode gerar nulidade.

d) A absoluta versa sobre matéria de interesse das partes.

e) Ambas devem ser alegadas em preliminar de contestação.

2. Em que comarca as reclamações trabalhistas devem ser propostas?

a) No local da celebração do contrato, mesmo que este fique no estrangeiro.

b) Na comarca correspondente à sede da empresa empregadora.

c) No foro eleito pelo contrato de trabalho.

d) No local da prestação do serviço.

e) Na comarca correspondente à filial em que o empregado está vinculado.

3. Existem certos momentos processuais que são responsáveis pela fixação da competência naquele foro em que o processo está tramitando. Trata-se do instituto processual denominado Perpetuatio jurisdictionis. Sobre ele, assinale a alternativa correta.

a) Uma vez fixada a competência, ela não poderá ser modificada em hipótese alguma.

b) Havendo mais de uma vara na comarca, a competência será fixada quando a ação for distribuída.

c) A fixação da competência ocorre sempre no momento da distribuição da ação.

d) Se houver somente uma vara, a competência será fixada quando houver a distribuição da ação.

e) Sempre haverá fixação da competência no momento do registro da petição inicial.

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4. Diante de certos acontecimentos a competência já fixada poderá ser modificada. Sobre este tema, assinale a alternativa correta.

a) A conexão é uma das hipóteses de modificação da competência, sendo necessário para configurá-la a identidade de partes e de causa de pedir.

b) As competências absoluta e relativa podem ser objeto de modificação.

c) A competência pode ser modificada por derrogação, ou seja, quando as partes estipulam previamente um foro competente para tramitação de eventuais ações judiciais (foro de eleição).

d) Poderá haver modificação da competência pela continência, bastando que haja igualdade de pedido e de causa de pedir.

e) Se a incompetência absoluta não for alegada no momento oportuno, haverá prorrogação da competência.

5. Sobre o conflito de competência, assinale a alternativa correta:

a) Será positivo, quando dois juízes se declararem incompetentes para julgar o processo.

b) Ocorrerá quando dois juízes não concordarem sobre a reunião ou separação dos processos.

c) Não pode acontecer de mais de dois juízes se declararem competentes ou incompetentes.

d) O juiz que se declarar incompetente deve suscitar o conflito, salvo se atribuir a competência a outro juízo.

e) Será negativo, quando dois juízes se declararem competentes para julgar o processo.

6. Qual é o conceito de competência?

7. “A”, cometeu crime de estelionato, cujo processo penal está tramitando na comarca “X”. Ocorre que “B”, com domicílio da comarca “Y”, em cumprimento a uma carta precatória, é intimado como testemunha, para dizer sobre o fato delituoso. Durante a sua oitiva, o juiz percebe que “B” está mentindo, incorrendo, portanto, no crime de falso testemunho.

Onde a ação penal deverá ser proposta?

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Seção 2.3

Poder Judiciário

Você já estudou a jurisdição, bem como as regras de definição de competência.

Agora chegou o momento de saber mais detalhes sobre os personagens que integram o Poder Judiciário, cuja função típica é aplicar a lei ao caso concreto, ou seja, resolver os conflitos de interesses entregando às partes a prestação jurisdicional.

Para tanto, vamos relembrar que a competência de fundamento de área desta Unidade Curricular é conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo.

São conteúdos desta seção, portanto, a investidura do juiz, quais são suas garantias legais, seus poderes-deveres e responsabilidades, suas formas de pronunciamento e as causas de impedimento e suspeição, além de como se estruturam os tribunais; sendo que constituem objetivos específicos de aprendizagem conhecer como o Poder Judiciário se estrutura para ser capaz de determinar a composição e as atribuições de cada órgão que o compõe, bem como outras regras a ele inerentes.

Nesta seção você também irá descobrir a resposta da terceira situação-problema sobre a situação da realidade anteriormente formulada. Vamos nos recordar dela e também da referida pergunta?

Ela nos apresenta um caso hipotético em que a criança “A” propõe uma Ação de Execução de Alimentos em face do seu genitor “C”, porque ele não está cumprindo com os pagamentos da sua pensão alimentícia.

Ocorre que a advogada nomeada pelo genitor “C” para defender seus interesses neste processo é tia do juiz que atuará na causa.

Diante disso, nesta seção de autoestudo, pergunta-se: Há algum entrave para que juiz competente para este processo nele atue?

Diálogo aberto

Jurisdição

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Fonte: Disponível em: <https://pixabay.com/get/20c3939f03aa4ebe720e/1434980320/girl-305600_1280.png?direct>. Acesso em: 5 ago. 2015. Disponível em: <http://es.clipartlogo.com/image/boy-face-cartoon-clip-art_404810.html. Disponível em: <https://pixabay.com/get/42a7627d69e3ebc96ea6/1434980144/girl-303372_1280.png?direct>.

Criança “A”, representada por “B”, sua genitora

Genitor “C

Ação de Execução de

Alimentos

O Poder Judiciário é composto por juízes e tribunais.

As disposições sobre sua estrutura, competência e outras regras estão previstas principalmente nos artigos 92 a 126 da CF/1988 e nos artigos 139 a 148 do CPC/2015.

O referido artigo 92 estabelece que são órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal - STF; o Conselho Nacional de Justiça - CNJ; o Superior Tribunal de Justiça - STJ; os Tribunais Regionais Federais – TRFs e os Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e Juízes Militares; e os Tribunais e Juízes dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Mas como os juízes são escolhidos para desempenhar a função judicante?

A forma de investidura no cargo está prevista no artigo 93, inciso I, da CF/1988. Ele estabelece que o ingresso na carreira será mediante aprovação em concurso público de provas e títulos.

Entretanto, somente isto não basta, sendo necessário também que o candidato seja bacharel em Direito e tenha, no mínimo, três anos de atividade jurídica.

A Lei Complementar n.º 35, de 14 de março de 1979, dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, esmiuçando todos os detalhes aplicáveis a quem desempenha a função de juiz.

Não pode faltar

Jurisdição Jurisdição

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Ao Poder Judiciário, para bem desempenhar suas funções, foram conferidas garantias, que asseguram sua independência ou não intervenção por parte dos demais Poderes.

As que o protegem como instituição são denominadas Garantias Institucionais e as que visam proteger diretamente seus membros são as Garantias Funcionais.

Fazem parte das Institucionais a autonomia orgânico-administrativa e a autonomia financeira.

Assim, o Poder Judiciário possui liberdade para estabelecer a estruturação e o funcionamento dos seus órgãos, por exemplo, elaborando seu regimento interno e concedendo férias aos magistrados. O artigo 96, inciso I da CF/1988 elenca os assuntos que são de competência privativa dos tribunais.

Por sua vez, também poderá elaborar suas propostas orçamentárias, dentro dos limites estipulados na lei de diretrizes orçamentárias.

As Garantias Funcionais se subdividem em garantias para independência e para imparcialidade dos juízes.

Elas têm o objetivo de garantir que o magistrado possa julgar livremente, de acordo com as provas e o seu convencimento, independente de eventuais interferências e pressões externas.

Isso porque “(...) a judiciatura muitas vezes contraria interesses políticos e econômicos extremamente hostis, que poderiam se insurgir contra o magistrado que unicamente realizou seu dever de dizer o direito do caso concreto” (FUX, 2014, p. 84).

Desta forma, o artigo 95, caput da CF/1988, bem como o artigo 25 da LC n.º 35/1979, estabelecem que os juízes gozam das seguintes garantias, que visam sua independência:

Vitaliciedade, já que o cargo de juiz é vitalício, sendo passível de perda somente por sentença judicial transitada em julgado.

Assimile

Cumpre esclarecer que tal garantia, no primeiro grau de jurisdição, é adquirida após dois anos de efetivo exercício no cargo. Antes disso, o magistrado fica em estágio probatório, atuando como juiz substituto. Neste caso, ele poderá perder o cargo por deliberação do tribunal a ele vinculado.

Porém, todos os membros dos tribunais adquirem esta garantia já no momento das suas respectivas posses.

Jurisdição

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A Inamovibilidade garante ao magistrado que ele não será removido sem o seu consentimento, ou seja, deverá concordar com eventual mudança de cargo, comarca, tribunal, etc., e até mesmo promoção.

Entretanto, esta garantia possui uma exceção: diante do interesse público, o juiz poderá ser removido, colocado em disponibilidade ou aposentado, desde que haja concordância da maioria absoluta do tribunal a que ele estiver vinculado.

Há, ainda, a Irredutibilidade de Subsídio, pela qual o magistrado não poderá ter seus vencimentos reduzidos. Porém, eles estão sujeitos aos impostos e aos descontos decorrentes de normas previdenciárias.

Por sua vez, o artigo 95, parágrafo único da CF/1988, elenca diversas atividades que são proibidas aos magistrados, pois capazes de colocarem em risco sua imparcialidade no julgamento das ações. Importante saber que tal rol é taxativo, numerus clausus, portanto, não comporta interpretação extensiva.

Você consegue imaginar como se dá a escolha dos juízes que vão executar a função jurisdicional nos tribunais? Veja esta e outras informações interessantes na tabela abaixo.

Fonte: A autora (2015).

Gráfico 2.5 | Atividades proibidas aos magistrados

exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria

ou exoneração.

receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções

previstas em lei; e

dedicar-se à atividade político-partidária;

Ao

s ju

ízes

é v

edad

o:

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Tabela 2.5 | Tribunais brasileiros

Tribunal Composição Competência

Supremo Tribunal Federal – STF

Seus 11 ministros são brasileiros natos (art. 12, §3º, inciso IV, CF); entre 35 e 65 anos de idade; cidadãos (em pleno gozo dos direitos políticos); com notável saber jurídico (precisa ter cursado a faculdade de Direito) e reputação ilibada (art. 101, CF); nomeados pelo Presidente da República e aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 101, parágrafo único, CF).

É o guardião da Constituição Federal.Neste sentido julga, originariamente, alguns tipos específicos de processos (art. 102, inciso I, CF), bem como alguns recursos ordinários e extraordinários (art. 102, incisos II e III, CF).

Superior Tribunal de Justiça - STJ

Possui, no mínimo, 33 ministros; brasileiros natos ou naturalizados; entre 35 e 65 anos de idade; com notável saber jurídico (precisa ter cursado a faculdade de Direito) e reputação ilibada; nomeados pelo Presidente da República e aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 104, CF).Dentre os ministros terão: 1/3 de juízes dos TRFs, 1/3 de desembargadores dos TJs, 1/6 de advogados e 1/6 de membros do Ministério Público.

É o guardião da legislação federal e tem por objetivo uniformizar a jurisprudência da Justiça Comum.O artigo 105 da CF estabelece sua competência originária, bem como para os recursos ordinários e extraordinários.Observe que, dentre suas atribuições está a homologação de sentença estrangeira (art. 105, inciso I, alínea “ï”, CF), como você já viu anteriormente.

Tribunais Regionais Federais - TRFs

Possui, no mínimo, 7 desembargadores, com idade mínima de 30 anos, sendo eles juízes federais, advogados e membros do Ministério Público Federal (art. 107, CF).

Os artigos 108 e 109 da CF estabelecem, respectivamente, a competência dos TRFs e dos Juízes Federais.

Tribunal Superior do Trabalho – TST

É composto por 27 ministros, brasileiros natos ou naturalizados; entre 35 e 65 anos de idade; nomeados pelo Presidente da República e aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 111- A, CF); dentre eles, advogados, membros do Ministério Público do Trabalho e desembargadores dos TRTs.

É a última instância da Justiça do Trabalho.Sua competência está prevista no art. 114, da CF.

Tribunais Regionais do Trabalho - TRTs

São compostos por, no mínimo, 7 desembargadores, brasileiros; entre 30 e 65 anos de idade; nomeados pelo Presidente da República; dentre eles, 1/5 são advogados, 1/5 são membros do Ministério Público do Trabalho e o restante são juízes do Trabalho.

São a 2ª Instância da Justiça do Trabalho.

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Tribunal Superior Eleitoral - TSE

Possui, no mínimo, 7 ministros, dentre eles, ministros do STF e do STJ, e advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral (art. 119, CF).

É o órgão máximo da Justiça Eleitoral.

Tribunais Regionais Eleitorais - TREs

É composto por 7 desembargadores, sendo 2 desembargadores do Tribunal de Justiça, 1 do TRF, 2 juízes de direito vinculados ao Tribunal de Justiça e 2 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral (art. 120, CF).

Há um em cada estado e no Distrito Federal.

Superior Tribunal Militar - STM

É composto por 15 ministros, sendo 10 militares (3 da Marinha, 4 do Exército e 3 da Aeronáutica), brasileiros natos (art. 12, §3º, inciso VI, CF) e 5 civis (advogados, juiz e membro do Ministério Público da Justiça Militar), brasileiros natos ou naturalizados, com mais de 35 anos. São nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal (art. 123, CF).

É a última instância da Justiça Militar.Obs.: a Justiça Militar da União julga os membros da Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), e a Justiça Militar dos Estados julga os membros das Corporações Militares Estaduais (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros).

Tribunais de Justiça dos Esta-dos - TJs

São compostos por juízes de carreira promovidos a desembargadores, por membros do Ministério Público Estadual e por advogados. Cada estado possui competência para organizar sua justiça, de acordo com a CF, bem como com as respectivas Constituições Estaduais e com as Leis de Organização Judiciária.

Há um em cada estado e sua competência está prevista no art. 125 da CF.

Fonte: A autora (2015).

O Conselho Nacional de Justiça – CNJ também integra o Poder Judiciário, embora não possua atribuição jurisdicional.

Conforme prevê o artigo 103-B, da CF/1988, ele é composto por 15 membros, dentre eles, integrantes da Magistratura e do Ministério Público, advogados e cidadãos. Possuem mandato de dois anos, sendo admitida uma recondução.

O §4º do referido dispositivo legal estabelece a competência do CNJ, sendo, em geral, relacionada ao controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e ao cumprimento dos deveres funcionais pelos juízes.

Os órgãos jurisdicionais se manifestam no processo por diversas formas. O artigo

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203 do CPC/2015 estabelece que: “Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos”.

Os despachos não têm carga decisória, somente impulsionam o andamento do processo, além de determinar que sejam sanados eventuais vícios e irregularidades. É o que ocorre, por exemplo, quando o juiz determina que seja expedido mandado para citação do réu, ou designa audiência de instrução.

Já as decisões interlocutórias contêm uma determinação não definitiva sobre o pedido do autor.

As sentenças e os acórdãos decidem definitivamente o conflito de interesses em discussão, pondo fim ao processo. As primeiras são proferidas monocraticamente pelo juiz de 1º Grau, sendo que os acórdãos são prolatados pelos tribunais, portanto, pelos colegiados em 2º Grau de Jurisdição.

No cumprimento de suas funções judicantes, o magistrado possui poderes, deveres e responsabilidades.

Os artigos 139 a 142 do CPC/2015 estabelecem alguns poderes-deveres, dispondo que incumbe a ele, dentre outras coisas, assegurar às partes igualdade de tratamento (lembra-se do Princípio da Igualdade?); promover, a qualquer tempo, a autocomposição; determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; não se eximir do julgamento, alegando lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico (e do Princípio da Indeclinabilidade do Controle Jurisdicional?); decidir somente nos limites requeridos pelas partes (e do Princípio da Inércia da Jurisdição?) etc.

Exemplificando

Exemplificando

Quando o juiz determina, em seu primeiro despacho, a fixação de pensão alimentícia provisória, ele está proferindo uma decisão interlocutória. Já quando ele determina, ao final do processo, a fixação de um valor a ser pago pelo réu a título de pensão alimentícia, ele está proferindo uma sentença. Se, inconformado com tal decisão, o réu interpõe recurso ao tribunal competente, a decisão prolatada por este será um acórdão.

“A”, menor púbere, propos ação judicial em face de “B”. Ocorre que, sendo relativamente incapaz, deveria ter assinado a procuração ad judicia ao advogado, juntamente com sua genitora, sua assistente. Desta forma, o juiz deve intimá-la para regularizar sua representação processual, suprindo, assim, ausência de pressuposto processual.

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Já o artigo 143 do CPC/2015 prevê casos de responsabilidade pessoal do juiz, que poderá responder por perdas e danos sempre que, no exercício de suas funções, agir com dolo ou fraude; ou se recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.

“Para que haja dolo, é preciso que o juiz tenha violado, conscientemente, um dever de ofício, e para que exista fraude é necessário que tenha agido com a intenção de enganar ou ludibriar” (GONÇALVES, 2004, p. 219).

A fim de resguardar a imparcialidade do juiz, nosso ordenamento jurídico previu diversas hipóteses em que, se configuradas em determinado processo, o juiz não poderá ou não deverá nele atuar, pois há possibilidade de que ele tenha interesse no desfecho do litígio, comprometendo, assim, sua imparcialidade. Nestes casos, os autos serão remetidos ao seu substituto legal.

São as chamadas causas de impedimentos e de suspeição e estão previstas, respectivamente, nos artigos 144 e 145, do CPC/2015.

Veja a seguir, respectivamente, as hipóteses legais e as características de cada modalidade (artigos 144 e 145, do CPC/2015.):

Fonte: http://livresideias.zip.net/images/themis.gif. Acesso em: 22 jun. 2015.

Figura 2.4 | Justiça parcial

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Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

(...)

Art. 145. Há suspeição do juiz:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.

(...)

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Matéria de ordem pública, portanto, pode ser alegada por qualquer parte (inclusive pelo próprio juiz), em qualquer tempo e grau de jurisdição. A atuação do juiz é proibida, sob pena do processo ser nulo.

É menos grave, portanto é conveniente que o juiz se afaste. Ele mesmo ou as partes podem alegá-la. Se não o fizerem no momento oportuno, haverá preclusão. Não gera nulidade.

Impedimento Suspeição

Fonte: A autora (2015).

Gráfico 2.6 | Diferenças existentes entre o impedimento e a suspeição

Assimile

Observe que todas as causas de impedimento e suspeição são aplicáveis também ao membro do Ministério Público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos imparciais (artigo 148, do CPC/2015).

Nesta Unidade de Estudo foi apresentada a você uma situação da realidade que relata um caso de Ação de Execução de Alimentos proposta pela criança “A” em face do seu genitor “C”, que está desobedecendo à determinação judicial de pagamento da sua pensão alimentícia.

Nesta seção de autoestudo você responderá a seguinte situação-problema elaborada sobre este caso hipotético: Há algum entrave para que juiz competente para este processo nele atue?

Esta pergunta teve origem no fato de que a advogada nomeada pelo genitor “C” para defender seus interesses neste processo é tia do juiz que atuará na causa.

Sem medo de errar

Você encontrará a resposta revendo os casos de impedimento, nos quais o juiz está proibido de atuar, que estão previstos no artigo 144, do CPC/2015.

Lembre-se

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O caput e o inciso VIII do referido dispositivo legal estabelecem que:

Assim, sendo a tia do juiz sua parente colateral em 3º grau e advogada da parte, ele está impedido de processar e julgar este feito.

Você vai aprender com detalhes sobre o tema Parentesco em Direito Civil, porém, para que possa compreender melhor esta hipótese de impedimento, veja como se faz a contagem no esquema abaixo:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: (...) VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; (...).

Fonte: A autora (2015).

Gráfico 2.7 | Contagem de parentesco

Atenção!

Na contagem dos graus de parentesco, parte-se sempre de você, subindo até o ancestral comum. Assim, por exemplo, para saber qual o grau de parentesco entre irmãos, inicia-se a contagem a partir do filho (Filho 1) até o pai (Pai 1), descendo até o outro filho (Filho 2), sendo que a cada parente conta-se um grau. Assim, os irmãos são parentes colaterais em 2º grau.

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Avançando na prática

Nossa legislação prevê uma série de normas que visam garantir que o Poder Judiciário possa atuar de forma independente e imparcial, entregando aos jurisdicionados um resultado justo ao conflito de interesses a ele apresentado.

Lembre-se

Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

“Juiz promovido”

1. Competência de fundamentos de área

Inamovibilidade.

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional.

3. Conteúdos relacionados Garantias funcionais dos magistrados.

4. Descrição da SP

“A”, juiz de direito da comarca “X”, por critério de merecimento, recebeu uma promoção e, mesmo sem ser ouvido sobre ela, foi transferido para a comarca “Y”, pertencente à entrância superior. O procedimento está correto, de acordo com o que prevê nosso ordenamento jurídico? Justifique sua resposta.

5. Resolução da SP

Não, já que a Inamovibilidade, prevista no artigo 95, inciso II, da CF/1988 e no artigo 30, da LC n.º 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), garante que o magistrado não poderá ser transferido sem sua prévia concordância, mesmo que se trate de uma promoção.

“Vários credores”

1. Competência de fundamentos de área

Impedimento e Suspeição

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional.

3. Conteúdos relacionados Imparcialidade do juiz.

4. Descrição da SP

Foi distribuído para a vara do juiz “A” um processo de ação de cobrança, em que o réu é também devedor da genitora do magistrado, que possui uma loja de móveis, onde o réu fez uma grande compra meses atrás e ainda está realizando os pagamentos conforme contratado.Diante desta situação, o juiz “A” poderá atuar normalmente neste processo? Justifique sua resposta.

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5. Resolução da SP

Ele pode, mas não deve. Trata-se de hipótese de Suspeição, prevista no artigo 145, inciso III, do CPC/2015. Nestes casos, embora não seja vedada a atuação do juiz, é conveniente que ele se abstenha de atuar, por ser grande a possibilidade dele não conseguir ser imparcial.

Faça você mesmo

Imagine que um juiz esteja atuando em um processo em que seu primo é autor. Este juiz está agindo de acordo com a legislação pátria?

Faça valer a pena!

1. Para o ingresso do juiz na carreira é necessário:

a) Que o candidato seja aprovado em concurso público de provas.

b) Que o candidato seja aprovado no concurso público de provas e títulos.

c) Que o candidato seja aprovado no concurso público de provas e títulos e tenha três anos de atividade jurídica.

d) Somente que o candidato seja bacharel em Direito.

e) Que o candidato seja aprovado no concurso público de provas e títulos e tenha um ano de atividade jurídica.

2. Sobre o Poder Judiciário, é correto afirmar:

a) Seu orçamento está vinculado aos orçamentos dos outros Poderes.

b) Possui garantias institucionais e funcionais.

c) O juiz pode exercer outro cargo ou função, desde que haja compatibilidade de cargas horárias.

d) Poderá sofrer intervenção dos demais Poderes.

e) Desde que haja autorização expressa do tribunal a que está vinculado, o juiz pode exercer atividade político-partidária.

3. Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao juiz:

a) Em hipótese alguma pode ser removido sem o seu consentimento.

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4. A respeito dos tribunais brasileiros e seus membros, é correto afirmar:

a) O STF é o guardião da CF e é composto por 10 ministros.

b) Os ministros do STJ podem ser brasileiros natos ou naturalizados.

c) O STM é composto por 10 militares e cinco civis, sendo todos brasileiros natos.

d) Os TRTs são os órgãos máximos da Justiça do Trabalho e há um em cada estado.

e) Somente brasileiros natos podem fazer parte do TST.

5. Sobre o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, assinale a alternativa correta:

a) Como não tem função jurisdicional, não integra o Poder Judiciário.

b) É composto por 15 membros, sendo todos eles integrantes da Magistratura, cujos mandatos têm duração de dois anos.

c) É composto somente por integrantes da Magistratura e por membros do Ministério Público.

d) Possui sede na capital federal, ou seja, em Brasília.

e) Sua competência se resume ao controle do cumprimento dos deveres funcionais pelos juízes.

6. Quais são as garantias funcionais que visam à proteção da independência dos órgãos integrantes do Poder Judiciário?

7. Quais as diferenças existentes entre o impedimento e a suspeição?

b) Possui cargo vitalício, podendo perdê-lo somente por decisão do tribunal a que está vinculado, após processo administrativo.

c) Diante da garantia funcional da Irredutibilidade dos Subsídios, seus vencimentos são isentos de descontos previdenciários.

d) Precisa concordar, mesmo em caso de promoção, para que não haja desrespeito à garantia funcional da Inamovibilidade.

e) No 1º Grau de Jurisdição, a garantia funcional da Vitaliciedade somente existe após um ano de efetivo exercício no cargo.

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Seção 2.4

Auxiliares da justiça e funções essenciais à justiça

Você estudou há pouco como o Poder Judiciário se estrutura, conhecendo quem dele faz parte, como ocorre a investidura dos seus membros, quais são suas garantias institucionais e funcionais, seus poderes-deveres e responsabilidade, bem como as causas de impedimento e suspeição a que estão sujeitos.

Porém, os membros da Magistratura, pessoas que são investidas para representar o Poder Judiciário nesta missão de resolver conflitos de interesses, não poderiam alcançar este objetivo inerente à sua função típica senão com o apoio dos chamados auxiliares da justiça. Nesta seção iremos estudar os seguintes: escrivão, oficial de justiça, perito, conciliador e mediador.

De igual forma, a prestação jurisdicional estaria comprometida se não participassem do processo judicial os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Advocacia Pública e da Advocacia Privada, cujas funções são classificadas constitucionalmente como essenciais à justiça (artigos 127 a 135 da CF/1988).

Relembrando que a competência de fundamento de área desta Unidade Curricular é conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo; sendo que os objetivos específicos de aprendizagem desta seção são conhecer quem são os auxiliares da justiça e a quem são atribuídas as funções essenciais à justiça, para ser capaz de se estabelecer a importância de cada uma destas participações para o processo.

Agora é o momento de você conhecer a resposta da última situação-problema sobre a situação da realidade profissional que lhe foi apresentada, que relatou uma Ação de Execução de Alimentos originada pelo fato do alimentante (genitor “C”) não estar efetuando os pagamentos da pensão alimentícia da alimentanda (criança “A”), conforme determinado judicialmente.

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Fonte: Disponível em: <https://pixabay.com/get/20c3939f03aa4ebe720e/1434980320/girl-305600_1280.png?direct>. Acesso em: 5 ago. 2015. Disponível em: <http://es.clipartlogo.com/image/boy-face-cartoon-clip-art_404810.html. Disponível em: <https://pixabay.com/get/42a7627d69e3ebc96ea6/1434980144/girl-303372_1280.png?direct>. Disponível em: <https://pixabay.com/get/42a7627d69e3ebc96ea6/1434980144/girl-303372_1280.png?direct>.

Criança “A”, representada por “B”, sua genitora

Representantedo Ministério

Público

Genitor “C

Ação de Execução de

Alimentos

Diante disso, a situação-problema pertinente a esta seção de autoestudo é a seguinte: Haverá participação do membro do Ministério Público neste processo? Em caso positivo, qual será o tipo de atuação pertinente a este caso hipotético?

Como vimos no Diálogo aberto, você pode imaginar a impossibilidade de o juiz, sozinho, realizar todos os atos necessários à prestação da tutela jurisdicional.

Daí que, como dito anteriormente, os auxiliares da justiça cooperam com as atividades jurisdicionais, em caráter permanente ou eventual, conforme a necessidade, auxiliando para que todos os atos processuais necessários sejam concretizados, como, aliás, é confirmado na doutrina:

Não pode faltar

(...) colaboram com o juiz dando-lhe apoio complementar para o desenvolvimento de suas atividades. A posição central do juízo é ocupada pelo juiz, mas ele sozinho não conseguiria dar conta de todo o trabalho a ser realizado. É preciso que seja auxiliado por agentes do Estado, que atuam sob sua ordem e comando (GONÇALVES, 2004, p. 220).

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Tanto o escrivão como o oficial de justiça poderão ser responsabilizados civil e regressivamente quando: sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados; ou se praticarem ato nulo com dolo ou culpa (artigo 155 do CPC/2015).

O perito será nomeado pelo juiz, sempre que for necessária a produção de prova que envolva conhecimento técnico ou científico (artigo 156 do CPC/2015).

O artigo 149 do CPC/2015 elenca os auxiliares da justiça, que são: o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça (artigos 150 a 155 do CPC/2015), o perito (artigos 156 a 158 do CPC/2105), o depositário, o administrador (artigos 159 a 161 do CPC/2105), o intérprete, o tradutor (artigos 162 a 164 do CPC/2105), o mediador, o conciliador judicial (artigos 165 a 175 do CPC/2105), o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária.

A partir de agora você vai conhecer um pouco mais detalhadamente alguns destes auxiliares.

O escrivão tem a incumbência de dirigir os trabalhos dos ofícios judiciais, conforme ações detalhadas no artigo 152 do CPC/2015. Dentre suas atribuições está a de praticar, de ofício, atos meramente ordinatórios (inciso VI). Isso acontece, por exemplo, quando é aberta vista ao autor para se manifestar sobre a contestação.

Já o oficial de justiça tem a atribuição principal de realizar citações, penhoras e outras diligências próprias do seu ofício, devendo sempre certificar tudo o que aconteceu durante o cumprimento da diligência, o que, após, será juntado no processo (artigo 154 do CPC/2015).

Assimile

Interessante observar que o CPC/2015, com fundamento em sua tendência conciliatória, conferiu ao oficial de justiça mais uma importante atribuição: “certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber, caso em que o juiz ordenará a intimação da outra parte para se manifestar em cinco dias, entendendo-se o silêncio como recusa” (artigo 154, inciso IV e parágrafo único do CPC/2015).

Exemplificando

Assim, podemos dizer que são provas periciais: o exame de DNA em um processo de investigação de paternidade ou em um processo criminal em

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que se está buscando identificar o autor de um crime; uma análise contábil de um balanço empresarial em um processo indenizatório; e um exame grafotécnico em um processo de cobrança em que o réu alega que já pagou a dívida, apresentando o respectivo recibo devidamente assinado.

Se, por dolo ou culpa, o perito prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar e ficará inabilitado para atuar em outras perícias pelo prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis (artigo 158 do CPC/2015).

O CPC/2015 dá ênfase à possibilidade das partes colocarem fim ao seu conflito pelas vias da mediação e conciliação, entendendo que a satisfação efetiva das partes ocorrerá de modo mais intenso se a solução for criada por elas mesmas ao invés de ser imposta pelo juiz (FUX, 2015, p. 311).

Podemos verificar esta tendência em vários dispositivos processuais, dentre eles, o artigo 3º, §3º do CPC/2015, que estabelece: “A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.”

Neste sentido, os artigos 165 a 176 do CPC/2015 regulamentam a atuação dos conciliadores e mediadores judiciais dispondo, inicialmente, que:

Veja que interessantes as disposições constantes do artigo 165, § 2º e 3º do CPC/2015, que traçam, respectivamente, os perfis do conciliador e do mediador, conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição (artigo 165, caput do CPC/2015).

Gráfico 9 | Diferenças entre as atuações do conciliador e do mediador.

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O ingresso na carreira ocorre por aprovação em concurso público de provas e títulos, sendo necessário que o bacharel em Direito tenha, no mínimo, três anos de atividade jurídica (artigo 129, §2º da CF/1988).

O membro do Ministério Público poderá atuar como parte, exercendo seu direito de ação, nos casos previstos em lei (artigo 177 do CPC/2015), tais como nas ações de investigação de paternidade (artigo 2º, §4º da Lei n.º 8.560/92) e nas ações de

Ao lado do Poder Judiciário, além dos auxiliares da justiça, personagens fundamentais também atuam para a correta prestação da tutela jurisdicional. Eles desempenham as chamadas funções essenciais à justiça, que são integradas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública e pelas Advocacias pública e privada (FUX, 2014, p. 258).

O artigo 127, caput da CF/1988 prevê que ao Ministério Público incumbe “a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (artigo 176 do CPC/2015).

Suas funções institucionais estão elencadas no artigo 129 da CF/1988, destacando-se, dentre todas elas, a promoção da ação penal pública, a proteção do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, a defesa judicial dos direitos e interesses das populações indígenas e a expedição de notificações requisitando informações e documentos para instruir os procedimentos administrativos de sua competência.

Atenção!

Ambos são impedidos de:

a) exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções (artigo 167, §5º do CPC/2105); e

b) assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes, pelo prazo de um ano a contar da última audiência em que atuaram (artigo 172 do CPC/2015).

Os interesses difusos têm natureza indivisível, congregando um grupo de indivíduos indeterminados que compartilham a mesma situação de fato (exemplo: meio ambiente sadio e equilibrado).

Já os interesses coletivos, embora também sejam indivisíveis, congregam um grupo de indivíduos determináveis, reunidos por uma mesma relação jurídica básica (exemplo: contrato de adesão com cláusula abusiva) (MAZZILLI, 2004, p. 19).

Vocabulário

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interdição (artigo 747, inciso IV do CPC/2015), ou como fiscal da ordem jurídica (custus legis), zelando pelo cumprimento de todas as normas aplicáveis aos casos concretos.

Atuará como custus legis sempre que o processo versar sobre interesse público, social ou de incapaz ou sobre litígio coletivo pela posse da terra rural ou urbana (artigo 178 do CPC/2015).

A instituição possui autonomia funcional e administrativa (artigo 127, §2º da CF/1988), além de ser detentora das mesmas garantias da magistratura, quais sejam, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (artigo 128, §5º, inciso I da CF/1988).

Nestes casos, será intimado de todos os atos do processo, pessoalmente, por meio de carga, remessa ou meio eletrônico, e terá direito de vista depois das partes, além de poder requerer a produção de provas ou outras medidas processuais pertinentes e de interpor recurso (artigos 179, 180, caput e 183, §1º do CPC/2015).

O Ministério Público é composto pelos promotores de justiça e fazem parte de sua estrutura: o Ministério Público da União (Federal, do Trabalho, Militar e do Distrito Federal e Territórios), cujo chefe é o Procurador Geral da República, e o Ministério Público dos Estados, que é chefiado pelo Procurador Geral de Justiça de cada estado (artigo 128 da CF/1988).

Faça você mesmo

Escreva se o Ministério Público deve ou não participar nos processos de:

a) divórcio: .................

b) cobrança de pensão alimentícia .................

c) interdição de pessoa: ...................

Atenção!

Quando da promulgação da CF/1988 existiam três territórios: Roraima, Amapá e Fernando de Noronha. Os primeiros foram transformados em estados (artigo 14 do ADCT) e o último foi extinto e sua área incorporada ao Estado de Pernambuco (artigo 15 do ADCT).

Eles ainda aparecem no texto constitucional por ser possível sua criação. Sua natureza jurídica é de autarquia, portanto, constituindo mera descentralização administrativa-territorial da União (LENZA, 2005, p. 180 e 181).

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A função ministerial é regida pelos seguintes princípios (artigo 127, 1º da CF/1988):

a) unidade: todos os seus membros são partes integrantes da mesma instituição;

b) indivisibilidade: um membro pode ser substituído por outro, sem que a atuação do Ministério Público seja prejudicada, já que quem atua no processo não é o seu membro, mas sim a instituição.

c) independência funcional: cada membro atua de acordo com a lei e com sua convicção, não estando atrelado a outro poder ou ao magistrado.

Assim como faz com a Magistratura, a Constituição Federal elenca as seguintes vedações aos membros do Ministério Público, dentre elas a proibição de exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério, e de exercer atividade político-partidária. (artigo 128, §5º, inciso II da CF/1988)

Portanto, cabe ao Ministério Público a guarda da ordem jurídica.

Por sua vez, podemos dizer que defensores, procuradores públicos e advogados “têm a missão de lutar em juízo pela correta aplicação do direito para quem lhe outorga os poderes de representação” (FUX, 2014, p. 264). Vamos conhecê-los mais de perto?

O artigo 134 da CF/1988 estabelece que incumbe à Defensoria Pública a orientação jurídica e defesa dos necessitados, judicial e extrajudicialmente, de forma gratuita (artigo 5º, inciso LXXIV, da CF/1988) e em todos os graus de jurisdição (artigo 185 do CPC/2015).

Cada Estado possui sua Defensoria Pública, com autonomia funcional, administrativa e orçamentária, sendo que a ela se aplicam os mesmos princípios institucionais do Ministério Público: unidade, indivisibilidade e independência funcional (artigo 134, §2º e §4º da CF/1988).

Você se recorda do Princípio da Isonomia ou Igualdade que estudamos na Unidade de Estudo 1, seção 4?

Pois aqui está mais um exemplo de norma em que ele é aplicado:

O artigo 186 do CPC/2015 estabelece que, desde que não haja previsão legal de prazo especial para a Defensoria Pública, os defensores públicos gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, estendendo, ainda, esta prerrogativa para os escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública (§3º).

Lembre-se

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Observe que este benefício também é aplicado nas manifestações do Ministério Público, desde que não haja previsão legal de prazo especial para ele (artigo 180 do CPC/2105).

O artigo 182 do CPC/2015 estabelece que: “incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta.”

Nas causas de interesse da União, ela é exercida pela Advocacia Geral da União, por ela própria ou por órgão a ela vinculado, representando-a judicial e extrajudicialmente, além de realizar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo (artigo 131, caput, da CF/1988).

Seu chefe, o Advogado Geral da União, é nomeado pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada (§1º).

Na esfera estadual e do Distrito Federal, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal ingressarão na carreira por meio de aprovação em concurso público de provas e títulos e exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas (artigo 132 da CF/1988).

No âmbito municipal, ela será exercida pelos Procuradores Municipais, de acordo com as leis de cada município.

Todos os membros do Ministério Público, da Advocacia Pública e da Defensoria Pública poderão ser responsabilizados civil e regressivamente sempre que agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções (artigos 181, 184 e 187 do CPC/2015).

Nossa Constituição Federal estabelece que: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei” (artigo 133 da CF/1988). Para exercer tal função, o advogado tem garantias e prerrogativas previstas pela Lei n° 8.906/94, em seus artigos 6º e 7º. A lei garante a esse profissional o direito de exercer a defesa plena de seus clientes, com independência e autonomia, sem temor do magistrado, do representante do Ministério Público ou de qualquer autoridade que possa tentar constrangê-lo ou diminuir o seu papel enquanto defensor das liberdades.

O advogado guarda os direitos individuais do particular que vai a juízo em busca da solução de um conflito de interesses. Nesse sentido, estabelece o artigo 103 do CPC/2015: “A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (...)”, entidade representativa da classe e responsável pelo Exame da Ordem, que habilita o bacharel em Direito a desempenhar a função de advogado. (artigo 8º, inciso IV e §1º da Lei n.º 8.906/1994, do Estatuto da Advocacia e

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a Ordem dos Advogados do Brasil). Definindo a essencialidade das atividades privativas da advocacia temos a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais, bem como as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas (artigo 1º da Lei n.º 8.906/1994, do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil).

Para que possa postular em juízo, o advogado deverá juntar aos autos uma procuração para o foro geral (procuração ad judicia), outorgada por instrumento público ou particular e assinada pela parte, autorizando-o a representá-la em juízo, e habilitando-o a praticar todos os atos processuais necessários, em regra, até o final do processo, neste incluído o cumprimento da sentença (artigo 105, caput e §4º do CPC/2015).

Entretanto, se não houver tempo hábil, para evitar a ocorrência de preclusão, prescrição e decadência (Unidade de Estudo 4, seção 3), ou se necessária a prática de ato considerado urgente, o advogado poderá exibir tal documento posteriormente (artigo 104, caput do CPC/2015).

Na procuração deve constar o nome completo do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, bem como seu endereço completo, além do nome da sociedade de advogados, se for o caso (artigo 104, §2º e §3º do CPC/2015).

É importante que você saiba que, sem expressa cláusula específica, a procuração não autoriza o advogado a “receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica” (artigo 105, caput do CPC/2015).

Os direitos e prerrogativas da função dos advogados estão previstos no artigo 107 do CPC/2015 e nos artigos 6º e 7º do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Dentre eles, podemos destacar: examinar processos, mesmo sem procuração, salvo a hipótese de segredo de justiça e dirigir-se diretamente aos magistrados em seus gabinetes e salas de trabalho independente de prévio agendamento ou outra condição.

Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm>. Acesso em: 29 maio 2015..

Pesquise mais

Vamos, agora, responder à última situação-problema sobre o caso hipotético

Sem medo de errar

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formulado para esta Unidade de Estudo. Relembrando, ele trata de uma Ação de Execução de Alimentos proposta pela criança “A” em face do seu genitor “C” porque ele não está efetuando os pagamentos da pensão alimentícia a ela devida.

Sobre ele, pergunta-se: Haverá participação do membro do Ministério Público neste processo? Em caso positivo, qual será o tipo de atuação pertinente a este caso hipotético?

O caput e o inciso II do artigo 178, do CPC/2015 estabelecem que: “O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: (...) II - interesse de incapaz; (...)”

Assim, tratando-se de ação de execução de alimentos, cujo alimentando é incapaz, está configurada a hipótese de intervenção obrigatória do Ministério Público.

Você encontrará a resposta revendo os casos de intervenção do Ministério Público, que estão previstos no artigo 178, do CPC/2015.

Lembre-se

Atenção!

Para que o Ministério Público intervenha, o incapaz não precisa necessariamente ser parte no processo, bastante que seu interesse esteja nele envolvido.

Avançando na prática

O Ministério Público deve atuar de forma dúplice no processo: na condição de autor de uma ação agindo, portanto, como parte; ou como custus legis, agindo como fiscal da ordem jurídica.

Lembre-se

Pratique mais

InstruçãoDesafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que pode encontrar no ambiente de trabalho, ou outro. Realize as atividades e depois compare-as com as de seus colegas e com o gabarito disponibilizado no apêndice do livro.

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“Ministério Público e o incapaz”

1. Competência de fundamentos de área

Atuação ministerial.

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional, como preparação para a futura função de operador do direito.

3. Conteúdos relacionados Competência do Ministério Público.

4. Descrição da SP

Logo após o falecimento de “A”, seu espólio foi réu em um processo judicial.Embora somente o referido espólio seja parte no processo, um dos herdeiros deixados pelo falecido é menor de idade, portanto, incapaz para os atos da vida civil.O Ministério Público deverá participar desta ação como custus legis? Por quê?

5. Resolução da SP

Sim, o Ministério Público deverá manifestar-se nesta ação porque nela estão envolvidos os interesses do incapaz, não importando, portanto, que ele não seja parte no processo. Assim, o Ministério Público entra para reequilibrar a isonomia no processo, porque se pressupõe a hipossuficiência do incapaz.

“Advogado sem procuração”

1. Competência de fundamentos de área

Procuração.

2. Objetivos de aprendizagemAplicar o conteúdo teórico estudado em uma situação da realidade profissional, como preparação para a futura função de operador do direito.

3. Conteúdos relacionados Poderes outorgados ao advogado.

4. Descrição da SP

“A” está muito doente, em coma induzido, precisando de um medicamento que não é fornecido pelo sistema público de saúde. Em razão disso, seus familiares contratam o advogado “B” para propor uma ação judicial a fim de conseguir o fornecimento deste medicamento. Ocorre que, diante da condição de saúde de “A”, obviamente ele não poderá outorgar uma procuração para que “B” proponha esta ação. Mas, ele a propõe mesmo assim. Isso é possível?

5. Resolução da SP

Isso é possível, já que o artigo 104, caput do CPC/2015 estabelece que, se necessária a prática de ato considerado urgente, o advogado poderá juntar a procuração ao processo posteriormente.

Faça você mesmo

“A” é oficial de justiça na comarca “X”. Em mais um dia de sua rotina de trabalho, sai para cumprir vários mandados de citação. Quando pega um deles, percebe que o autor é seu avô. Ele poderá atuar neste processo? Justifique sua resposta.

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Faça valer a pena!

1. Sobre o Ministério Público é correto afirmar que:

a) Seu membro pode cumular sua função com qualquer outra, desde que haja compatibilidade de cargas horárias.

b) Gozam das seguintes garantias institucionais: unicidade, indivisibilidade e independência funcional.

c) Podem atuar somente como custus legis.

d) Seu chefe no âmbito federal é o Procurador Geral de Justiça.

e) Seus membros ingressam na carreira por concurso público de provas e títulos, devendo ser bacharéis em Direito com, no mínimo, três anos de atividade jurídica.

2. São auxiliares da justiça:

a) O oficial de justiça e o delegado de polícia.

b) O perito e o tradutor.

c) O escrivão e o policial militar.

d) O mediador e o advogado.

e) O conciliador e o defensor público.

3. Considerando as normas que regulamentam a atuação dos auxiliares da justiça, assinale a alternativa correta:

a) O mediador está impedido de ser advogado nos juízos em que desempenha suas funções.

b) O oficial de justiça somente atua em diligências para a realização de citações e penhoras.

c) O escrivão não pode ser responsabilizado civil e regressivamente se, por culpa, praticar ato nulo.

d) Não cabe ao oficial de justiça certificar a proposta de autocomposição apresentada pelas partes quando do cumprimento da diligência.

e) O perito somente será responsabilizado se, com dolo, prestar informações inverídicas.

4. A respeito da Defensoria Pública, é correto afirmar:

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5. Sobre a advocacia pública e privada, assinale a alternativa correta:

a) A advocacia pública defende somente os interesses da União, representada pelo Advogado Geral da União, nomeado pelo Presidente da República.

b) Na esfera estadual, os Procuradores dos Estados ingressam na carreira pela aprovação em concurso público de provas e títulos.

c) Para ser representada por um advogado, é necessário que a parte outorgue a ele procuração por instrumento público.

d) Para que o advogado possa transigir em nome da parte que ele representa, é necessário que lhe seja outorgada uma procuração para o foro geral.

e) Para que o advogado despache diretamente com o juiz, é necessário que ele agende um horário.

6. Qual a consequência para o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas em seu laudo?

7. Qual a diferença existente entre a atuação do conciliador e do mediador?

a) Goza do benefício do prazo em dobro para se manifestarem nos processos, prerrogativa estendida aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito e às entidades conveniadas para prestação de assistência jurídica gratuita.

b) A ela incumbe a defesa dos necessitados, mas somente judicialmente e em 1º grau de jurisdição.

c) Um dos seus princípios institucionais é a indivisibilidade, ou seja, seus integrantes são membros de uma mesma instituição.

d) É uma instituição de atuação somente no âmbito federal, não existindo nos estados da Federação.

e) Para que a parte possa ser representada pelo defensor público, não é necessário que outorgue a ele poderes por meio de procuração.

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Referências

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