teoria e prÁtica curso de especializaÇÃo em...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS RIO CLARO unesp CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA AVERSÃO E EFICÁCIA DE DIFERENTES ISCAS EM GEL CONTRA POPULAÇÕES DIFERENTES DE Blattella germanica (DICTYOPTERA: BLATTELLIDAE). JULIA CASSOLA OLIVEIRA Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana . 07/2013

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i

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA

AVERSÃO E EFICÁCIA DE DIFERENTES ISCAS EM GEL CONTRA POPULAÇÕES DIFERENTES DE Blattella germanica (DICTYOPTERA:

BLATTELLIDAE).

JULIA CASSOLA OLIVEIRA

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .

07/2013

ii

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA

AVERSÃO E EFICÁCIA DE DIFERENTES ISCAS EM GEL CONTRA POPULAÇÕES DIFERENTES DE Blattella germanica (DICTYOPTERA:

BLATTELLIDAE).

JULIA CASSOLA OLIVEIRA

PROF. DR. MARCOS POTENZA

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .

07/2013

iii

“Creio no riso e nas lágrimas

como antídotos contra o ódio e o terror.”

Charles Chaplin.

(1889 – 1977)

iv

AGRADECIMENTOS

Á empresa Bayer S/A pela oportunidade e apoio técnico concedidos

para a realização dos estudos.

Ao Prof. Dr. Marcos Potenza pela confiança e orientações realizadas no

meu trabalho.

Ao Prof. Dr. Odair Corrêa Bueno pela amizade, ensinamentos e

orientações;

Ao colega Fabrício Caldeira Reis pelas análises realizadas;

Aos amigos da Bayer, Fernando Bernardini, Letícia Poppin, Oscar

Bendeck, Julio Camargo e Edméa dos Santos, pela colaboração profissional,

momentos de diversão e amizade.

Aos colegas de curso pela ajuda e bons momentos vividos.

Ao meu namorado Pedro Corte pela contribuição no desenvolvimento do

trabalho, paciência, dedicação e por todos os momentos vividos juntos.

À minha família pelo incentivo, paciência, participação nas dificuldades e

sucessos em todas as fases da minha vida.

Em especial minha mãe Míriam Cassola por estar sempre me

direcionando e dando apoio às decisões tomadas;

E a todos que direta ou indiretamente me auxiliaram na realização deste

trabalho.

v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... vii

LISTA DE TABELAS .......................................................................................... ix

Resumo .............................................................................................................. x

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 13

2.1 Descrição ................................................................................................ 13

2.2 Blattella germanica .................................................................................. 13

2.3 Importância na Saúde Pública ................................................................ 14

2.4 Controle Químico .................................................................................... 14

2.5 Isca Gel ................................................................................................... 16

3 OBJETIVO ..................................................................................................... 17

4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 18

4.1 Coleta de diferentes populações de Blattella germanica. ....................... 18

4.2 Criação das Populações ......................................................................... 18

4.3 Bioensaio e Produtos Utilizados.............................................................. 18

4.3.1 Produtos Utilizados ........................................................................... 18

4.3.2 Bioensaio .......................................................................................... 19

4.6 Análise estatística ................................................................................... 20

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 21

5.1 População Susceptível ............................................................................ 21

vi

5.2 População Santo Amaro ......................................................................... 23

5.3 População Santo André .......................................................................... 25

5.4 Comportamento dos Produtos x População e Consumo Isca x Dieta ..... 28

5.4.1 Siege® (Hidrametilnona) ................................................................... 29

5.4.2 Maxforce® Gel (Hidrametilnona) ...................................................... 30

5.4.3 Maxforce® Prime (Imidacloprid) ....................................................... 31

6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 34

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 35

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Microambientes de criação de Blattella germanica mantidas em sala

climatizada, fotoperiodo 12/12, temperatura 27+ 2 e umidade relativa 45% + 5.

......................................................................................................................... 18

Figura 2 Arena de ensaio, com dimensões de 67cm X 45 cm X 9 cm, com uma

lâmina de acetato, de 5 cm de largura, inserida parte superior com uma fina

camada de vaselina líquida para evitar a fuga dos insetos. Em cada arena um

tubo de papelão, para ser utilizado como abrigo, e água a vontade. ............... 19

Figura 3 Disposição das arenas na sala de ensaio com fotoperiodo 12/12,

temperatura 27+ 2 e umidade relativa 45% + 5. ............................................... 20

Figura 4 Porcentagem de eficácia de controle dos tratamentos durante 10 dias

de ensaio para a população Susceptível. Nesse gráfico consta o total de

insetos utilizados (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º instar). ................ 21

Figura 5 Porcentagem de eficácia de controle de machos dos tratamentos

durante 10 dias de ensaio. População Susceptível. ......................................... 22

Figura 6 Porcentagem de eficácia de controle de fêmeas dos tratamentos

durante 10 dias de ensaio. População Susceptível. ......................................... 22

Figura 7 Porcentagem de eficácia de controle de ninfas de 3º instar dos

tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Susceptível. ..................... 23

Figura 8 Porcentagem de eficácia de controle dos tratamentos durante 10 dias

de ensaio para a população Santo Amaro. Nesse gráfico consta o total de

insetos utilizados (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º instar). ................ 23

Figura 9 Porcentagem de eficácia de controle de machos dos tratamentos

durante 10 dias de ensaio. População Santo Amaro. ...................................... 24

Figura 10 Porcentagem de eficácia de controle de fêmeas dos tratamentos

durante 10 dias de ensaio. População Santo Amaro. ...................................... 27

Figura 11 Porcentagem de eficácia de controle de ninfas no 3º instar dos

tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo Amaro. ................... 25

viii

Figura 12 Porcentagem de eficácia de controle dos tratamentos durante 10 dias

de ensaio para a população Santo André. Nesse gráfico consta o total de

insetos utilizados (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º instar). ................ 26

Figura 13 Porcentagem de eficácia de controle de machos dos tratamentos

durante 10 dias de ensaio. População Santo André........................................ 27

Figura 14 Porcentagem de eficácia de controle de fêmeas dos tratamentos

durante 10 dias de ensaio. População Santo André..........................................27

Figura 15 Porcentagem de eficácia de controle de ninfas do 3º instar dos

tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo André..................... 28

Figura 16 Consumo de gel e dieta (mg) pela população Susceptível durante os

10 dias de ensaio. ............................................................................................ 29

Figura 17 Porcentagem de eficácia de controle do Siege® nas 3 populações

durante 10 dias de ensaio. ............................................................................... 30

Figura 18 Consumo de gel e dieta (mg) pela população Santo Amaro durante

os 10 dias de ensaio. ....................................................................................... 30

Figura 19 Porcentagem de eficácia de controle do Maxforce® Gel nas 3

populações durante 10 dias de ensaio. ............................................................ 31

Figura 20 Consumo de gel e dieta (mg) pela população Santo André durante os

10 dias de ensaio. ............................................................................................ 32

Figura 21 Porcentagem de eficácia de controle do Maxforce® Prime nas 3

populações durante 10 dias de ensaio..............................................................32

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Dados médios de indivíduos mortos obtidos dos diferentes

tratamentos com 10 dias acumulados para a população Susceptível .............. 21

Tabela 2 Dados médios de indivíduos mortos obtidos dos diferentes

tratamentos com 10 dias acumulados para a população Santo Amaro. .......... 24

Tabela 3 Dados médios de indivíduos mortos obtidos dos diferentes

tratamentos com 10 dias acumulados para a população Santo André. ........... 26

Tabela 4 Peso inicial e final (mg) das iscas de controle e a porcentagem de

perda de massa de cada um dos tratamento após 10 DAT nas mesmas

condições do ensaio. ........................................................................................ 28

x

Resumo

Da maioria das espécies de baratas descritas apenas 35 possuem hábitos domissanitários por encontrarem nesse ambiente condições adequadas para seu desenvolvimento como grande disponibilidade de água, alimento e abrigo. A Blattella germanica é a principal e mais comum em infestações comerciais e residenciais. São denominadas pragas pelo fato de serem transmissoras de agentes patógenos e causadoras de alergias. Existem diversos tipos de formulações designadas para o combate desses insetos e entre elas encontra-se a isca gel. Desde a década de 20 as iscas em gel tem sido recomendadas pelo fato de serem seguras, eficazes e com grande poder residual. Mas devido a utilização excessiva desses produtos têm-se observado resistência de algumas populações de B. germanica com isso buscou-se testar a aversão de 2 populações coletadas em campo a 3 iscas comerciais assim como a eficácia e o consumo. O bioensaio foi realizado em laboratório com temperatura de 27ºC + 2 e umidade relativa de 45% + 5. Consiste em 4 tratamentos (Testemunha, Siege®, Maxforce® Gel e Maxforce® Prime) de 3 repetições cada com 30 baratas (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas) que foram mantidas em arenas até o final do experimento. As iscas foram pesadas e disponibilizadas para cada uma das populações. O forrageamento foi ad libitum e ao final do ensaio o consumo real foi calculado. A avaliação de mortalidade foi realizada diariamente e os resultados analisados pelo teste de Tukey com p< 0.05. os resultados mostram que a população Susceptível e Santo Amaro apresentaram resultados satisfatórios em todos os tratamentos. A população Santo André no tratamento Siege® apresentou eficácia de 60%, considerada insatisfatória. Não foi possível determinar se essa ineficácia representa uma população resistente ou com aversão ou com tolerância. Mais testes precisam ser realizados para que se possa afirmar com certeza a causa desse resultado. Os géis Maxforce® Gel e Maxforce® Prime apresentaram resultados satisfatórios em todas as populações.

Palavras-chave: Barata Alemã, resistência, isca gel, imidacloprid e

hidrametilnona.

11

1 INTRODUÇÃO

Das mais de 3500 espécies de baratas existentes a maioria é

descrita como espécies de ambientes silvestres, localizadas principalmente nas

regiões tropicais e subtropicais (Robinson, W.H., 1996). Na sua maioria

possuem corpo achatado, asas bem desenvolvidas, salvas algumas exceções,

e antenas longas com receptores físico-químicos . São onívoras o que

aumentam seus suprimentos alimentares e facilitam sua adaptação ao meio e

apresentam hábito noturno diminuindo sua predação por outros animais

(Robinson, W.H., 1996).

Cerca de 1% espécies possuem hábitos domissanitários, pois

encontraram nesses locais ambientes seguros, com grande disponibilidade de

água e alimento, além de temperatura e umidade ideais para seu

desenvolvimento (Mariconi, F.A.M., 1999). A Blattella germanica é a principal e

provavelmente a mais comum em infestações comerciais e residenciais e sua

denominação de praga está ligada ao fato de serem capazes de carregar e

transmitir fungos, vírus, protozoários e até 40 espécies de bactérias

patogênicas aos vertebrados também são causadoras de doenças alérgicas e

asma (Robinson, W.H., 1996).

Não é apenas o fato de causarem doenças que as tornam pragas, mas

também o impacto visual que causam devido ao fato de estarem ligadas a

locais com más condições sanitárias e de baixa classe social. Em países como

na Inglaterra, as autoridades locais chegam a gastar milhões de libras no

controle desses insetos. (Robinson, W.H., 1996).

Desde 1920 as iscas em gel tem sido recomendadas para o controle de

B. germanica (Mallis, 1969 apud Rust, M.K., 1995). As vantagens de se utilizar

iscas é que podem ser aplicadas em locais onde se deve evitar o contato com

inseticidas ou que não pode ter odores, por exemplo a cozinha de um

restaurante ou hospitais, e apresentam um grande residual (Rust, M.K., 1995).

Atualmente com o conhecimento que se tem sobre inseticidas é sabido que as

iscas são extremamente seguras, pois podem ser aplicadas em fendas e

rachaduras, assim ficam expostas apenas á praga alvo e são muito atrativas,

12

gerando maior consumo, maior mortalidade e conseqüentemente satisfação do

consumidor (Harbinson et al., 2003 apud Miller and McCoy, 2005).

Ultimamente tem sido documentados casos de resistência

comportamental de populações de B. germanica a iscas. Isso é resultado de

uma seleção de indivíduos avessos a alguns componentes presentes na matriz

do gel e não necessariamente ao ingrediente ativo da isca. (Ross, 1996 apud

Miller and McCoy, 2005), por exemplo a D-glucose presente em muitos géis no

mercado (Silverman and Bieman, 1993 apud Miller and McCoy, 2005). Grande

parte dessas populações resistentes eram de locais com más condições

sanitárias onde as iscas foram utilizadas de forma excessiva por longos

períodos de tempo afim de tentar reduzir as infestações (Wang, 2004 apud

Miller and McCoy, 2005). Por isso há necessidade de novas formulações que

apresentem as mesmas qualidades das antigas formulações, como bom

controle e residual, mas que não incite a aversão a essas populações

resistentes.

13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Descrição

As baratas estão entre os mais primitivos dos insetos. Fósseis do

período Carbonifero relatam que elas adquiriram o formato de seus corpos,

muito similar com sua aparência de hoje, cedo na história evolucionária o que

as manteve como um grupo muito estável desde aquele período (Moore et al.,

1952 apud Cochran, 1999).

Esses insetos se desenvolvem através de metamorfose incompleta, ou

seja, após a eclosão dos ovos não apresentam estágio larval, mas passam por

vários ínstares de ninfa até se tornarem adultos. Esses são semelhante às

ninfas mas de tamanho maior e com presença de asas na maioria dos casos.

As fêmeas depositam seus ovos em um estojo, chamado de ooteca, essas

possuem diferentes formatos e tamanho e podem auxiliar na identificação da

espécie no caso de uma infestação (Piper & Antonelli, 2004).

Das mais de 3500 espécies de baratas existentes a maioria é descrita

como espécies de ambientes silvestres, localizadas principalmente nas regiões

tropicais e subtropicais (Robinson, 1996). De acordo com Mariconi (1999)

essas são normalmente encontradas no solo, sob pedras, entre folhas secas e

outros. Na sua maioria possuem corpo achatado dorso-ventralmente, asas bem

desenvolvidas, salvas algumas exceções, antenas longas com receptores

físico-químicos que permitem verificar a presença de alimento ou mesmo

parceiros para cópula. São onívoras o que aumentam seus suprimentos

alimentares e facilitam sua adaptação ao meio e apresentam hábito noturno

diminuindo sua predação por outros animais (Robinson, 1996).

2.2 Blattella germanica

Cerca de 35 espécies possuem hábitos domissanitários, pois

encontraram nesses locais ambientes seguros, com grande disponibilidade de

água e alimento, ricos em carboidratos e proteínas, além de temperatura e

umidade ideais para seu desenvolvimento (Mariconi, 1999). E se tem uma

espécie que pode ser considerada cosmopolita é Blattella germanica. É a

principal e provavelmente a mais comum em infestações comerciais e

14

residenciais. De acordo com Cochran (1999) não se sabe ao certo se sua

origem é do Nordeste da África ou de regiões tropicais da Ásia mas acredita-se

que sua introdução no Novo Mundo foi através da Europa.

A B. germanica é uma das menores baratas domésticas medindo cerca

de 10-15 mm de comprimento, os adultos são alados, mas raramente voam,

apresentam coloração marrom, sendo os machos mais claros que as fêmeas e

as asas cobrem todo o abdômen da fêmea enquanto nos macho apenas a

extremidade abdominal fica descoberta. O abdômen da fêmea é mais robusto e

no ultimo tergito abdominal dos machos pode se observar 2 pares de cercos

utilizados para cópula. As ninfas são, normalmente, menores de coloração

preta e com uma faixa longitudinal mais clara no dorso (Cochran, 1999; Piper &

Antonelli, 2004).

A ooteca varia de 7-9 mm de comprimento a fêmea a carrega até que as

ninfas estejam prontas para a eclosão. Cada ooteca pode conter de 38-44

ovos, com possibilidade de 90% de eclosão. Cada fêmea pode produzir de 4 a

8 ootecas durante sua vida, é por isso que uma infestação de poucos

indivíduos pode se tornar crítica em pouco tempo (Cochran, 1999; Piper &

Antonelli, 2004).

2.3 Importância na Saúde Pública

Sua denominação de praga está ligada ao fato de serem capazes

de carregar e transmitir fungos, vírus, protozoários e até 40 espécies de

bactérias patogênicas entre elas aos vertebrados e também são causadoras de

doenças alérgicas e asma (Robinson, W.H., 1996).

Não é apenas o fato de causarem doenças que as tornam pragas, mas

também o impacto visual que causam devido ao fato de estarem ligadas a

locais com más condições sanitárias e de baixa classe social. Em países como

na Inglaterra, as autoridades locais chegam a gastar milhões de libras no

controle desses insetos. (Robinson, W.H., 1996).

2.4 Controle Químico

A prevenção é a melhor forma de se evitar a invasão por baratas e

normalmente é mais barato e mais fácil mantê-las longe do que eliminá-las

15

quando ocorre uma infestação. Mas quando se detecta um cenário de

infestação desses insetos o controle químico se mantem como o único e mais

efetivo método de controle para essas infestações estabelecidas (Piper &

Antonelli, 2004). Esse controle se dá com o uso de inseticidas que podem ser

encontrados em diferentes formulações e diferentes ingredientes ativos.

Os tipos de formulação utilizados para essa finalidade são:

• Pó seco: que consiste na mistura de um inerte (e.g. talco neutro) com

um intoxicante / ingrediente ativo;

• Suspensões Concentradas: que consiste em uma formulação a base de

água misturada com o intoxicante / ingrediente ativo, alguns surfactantes

e aditivos. Podendo ser aplicados para o controle na forma de Spray;

• Microencapsulados: nessa formulação o intoxicante / ingrediente ativo é

incorporado em um veículo, normalmente um polímero que forma um

fina capsula e libera de forma lenta o ingrediente ativo;

• Aerossóis: onde o intoxicante / ingrediente ativo está dissolvido em um

solvente volátil (e.g. éter de petróleo), e a solução é atomizada através

de um bico por um propelente;

• Iscas tóxicas (Gel): consiste de um veículo, um intoxicante / ingrediente

ativo e estimulantes alimentícios. Podem ser aplicados em locais de

difícil acesso e são muito seletivos atingindo o alvo desejado (Yu, 2008).

Os ingredientes ativos utilizados no controle podem pertencer a

diferentes classes químicas, de acordo com Fisher (1990) apud Cochran

(1999) a mais utilizada são os piretróides e organofosforados mas

possuem os Carbamatos (e.g. Bendiocarb), IGR’s (reguladores de

crescimento), Neonicotinóides (e.g. Imidacloprid), Microbianos (e.g.

Abamectina), Amidinohidrazone (e.g. Hidrametilnona), Fenilpirazóis (e.g.

Fipronil) entre muitos outros.

16

2.5 Isca Gel

Desde 1920 as iscas em gel tem sido recomendadas para o controle de

B. germanica (Mallis, 1969 apud Rust, M.K., 1995). A alguns anos atrás era

comum os controladores de pragas prepararem as próprias iscas usando

apenas a experiência que tinham quanto á mistura que usariam (Rust, M.K.,

1995). As vantagens de se utilizar iscas é que podem ser aplicadas em locais

onde se deve evitar o contato com inseticidas ou que não pode ter odores, por

exemplo a cozinha de um restaurante ou hospitais, e apresentam um grande

residual, em estudos na U.C. Riverside iscas mantidas em locais escuros

apresentaram eficácia semelhante á das iscas recém aplicadas por até 12

meses (Rust, M.K., 1995). Atualmente com o conhecimento que se tem sobre

inseticidas é sabido que as iscas são extremamente seguras, pois podem ser

aplicadas em fendas e rachaduras, assim ficam expostas apenas á praga alvo

e são muito atrativas, gerando maior consumo, maior mortalidade e

conseqüentemente satisfação do consumidor (Harbinson et al., 2003 apud

Miller and McCoy, 2005).

Ultimamente tem sido documentados casos de resistência

comportamental de populações de B. germanica a iscas. Isso é resultado de

uma seleção de indivíduos avessos a alguns componentes presentes na matriz

do gel e não necessariamente ao ingrediente ativo da isca. (Ross, 1996 apud

Miller and McCoy, 2005), por exemplo a D-glucose presente em muitos géis no

mercado (Silverman and Bieman, 1993 apud Miller and McCoy, 2005). Grande

parte dessas populações resistentes eram de locais com más condições

sanitárias onde as iscas foram utilizadas de forma excessiva por longos

períodos de tempo afim de tentar reduzir as infestações (Wang, 2004 apud

Miller and McCoy, 2005). Por isso há necessidade de novas formulações que

apresentem as mesmas qualidades das antigas formulações, como bom

controle e residual, mas que não incite a aversão a essas populações além de

mais obter maior quantidade de dados que auxiliem posteriores estudos.

17

3 OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo verificar a eficácia e possível

resistência em 3 populações de Blattella germanica, sendo 2 coletadas em

campo e uma população susceptível de laboratório a 3 diferentes géis

comerciais, sendo 2 de hidrametilnona e 1 de imidacloprid.

E verificar o consumo de gel por cada população utilizada.

18

4 MATERIAL E MÉTODOS

Os estudos foram conduzidos em laboratório, no Centro de Pesquisas e

Inovação Bayer CropScience no município de Paulínia, São Paulo, de julho de

2012 a julho de 2013. Serão utilizadas 3 populações, sendo 2 coletadas em

campo e 1 susceptível criada em laboratório desde 1993.

4.1 Coleta de diferentes populações de Blattella germanica.

Duas populações de Blattella germanica foram coletadas em dois locais

distintos, uma na cidade de Santo André – SP e a outra no bairro Santo Amaro,

na cidade de São Paulo – SP. Foram coletados espécimes de todas as idades

e gênero (machos, fêmeas e ninfas) que foram levadas ao laboratório para

aumentar o numero de indivíduos para utilizar nos bioensaios.

4.2 Criação das Populações

As diferentes populações foram mantidas em microambientes de acrílico

nas dimensões de 40 cm de altura x 40 cm de largura x 50 cm de profundidade,

em sala com fotoperiodo de 12h/12h, temperatura de 27ºC + 2 e umidade

relativa 45% + 5. A alimentação é à base de leite em pó, ração de cachorro

(filhote), água e esporadicamente laranja como fonte de vitamina C.

Figura 1 Microambientes de criação de Blattella germanica mantidas em sala climatizada, fotoperiodo 12/12, temperatura 27+ 2 e umidade relativa 45% + 5.

4.3 Bioensaio e Produtos Utilizados

4.3.1 Produtos Utilizados

Três iscas foram utilizadas para verificar uma possível aversão das

populações utilizadas nos ensaios. Foram elas Maxforce® Gel (2%

19

hidrametilnona, Bayer), Siege® (2% hidrametilnona, BASF) e Maxforce® Prime

(2,15% Imidacloprid; Bayer Environmental Science). Todas foram pesadas 24

antes do início do ensaio em balança analítica de precisão com quatro casas

decimais.

4.3.2 Bioensaio

O bioensaio foi realizado em sala com fotoperiodo de 12h/12h,

temperatura de 27ºC + 2 e umidade relativa 45% + 5 e consiste de 4

tratamentos, sendo 1 controle. Cada tratamento com 3 repetições, cada uma

contendo um grupo de 30 baratas (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º

instar) para cada população testada, gerando um total de 1080 baratas. Cada

grupo de 30 baratas foi transferido para as arenas de ensaio, com dimensões

de 67cm de comprimento X 45 cm de largura X 9 cm de altura e com uma

lâmina de acetato, de 5 cm de largura, inserida parte superior, conforme figura

2, com uma fina camada de vaselina líquida para evitar a fuga dos insetos. Em

cada arena um tubo de papelão, para ser utilizado como abrigo, e água a

vontade. Os insetos foram mantidos em jejum por 24 horas, para aclimatação

antes que as iscas fossem disponibilizadas. Após esse período, em cada

arena, foi disponibilizado aproximadamente 0.15g de gel, divididas em 3 pontos

e ração de cachorro, na mesma quantidade, exceto para o controle onde foi

disponibilizado o dobro da quantidade de ração (~0,30g) e nenhuma

quantidade de isca.

Figura 2 Arena de ensaio, com dimensões de 67cm X 45 cm X 9 cm, com uma lâmina de acetato, de 5 cm de largura, inserida parte superior com uma fina camada de vaselina líquida para evitar a fuga dos insetos. Em cada arena um tubo de papelão, para ser utilizado como abrigo, e água a vontade.

20

Figura 3 Disposição das arenas na sala de ensaio com fotoperiodo 12/12, temperatura 27+ 2 e umidade relativa 45% + 5.

Para monitoramento da quantidade de isca consumida pelas baratas 3

lâminas, com 0.05g de cada gel, foram mantidas nas mesmas condições de

temperatura e umidade que o ensaio para verificar ganho ou perda de massa

nos géis testados. O forrageamento foi ad libitum e a mortalidade, que será

considerada satisfatória se atingir 90+ 10%, e condições de temperatura e

umidade da sala do ensaio foram avaliadas diariamente durante 10 dias.

Ao final do ensaio as lâminas contendo o gel de controle e os géis

testados foram pesados e os dados inseridos em planilha do Excel para

posterior correção, de ganho ou perda de água, e verificação do consumo de

cada gel por população e comparar com o consumo de dieta.

4.6 Análise estatística

A mortalidade foi corrigida usando a formula de Abbot e a eficácia de

cada produto foi calculada. A análise dos dados foi feita pelo Teste de Tukey,

com p< 0,05, no programa Sanest, autoria de Elio Paulo Zonta e Amauri

Almeida Machado do Departamento de Matematica e Estatistica - ESALQ –

USP.

21

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 População Susceptível

Como observado no gráfico 1 na população Susceptível todos os

tratamentos apresentaram resultados de eficácia de controle satisfatórios

sendo de 100% para os tratamentos Maxforce® Gel e Maxforce® Prime e de

98% para o tratamento Siege®. O tratamento Maxforce® Prime com 2 DAT

(Dias Após Tratamento) já apresentava resultados satisfatório de 88%

enquanto Maxforce® Gel e Siege® levaram 4 e 6 DAT, respectivamente. Ao

final do tratamento nenhum dos géis apresentou diferença significativa de

controle para essa população, conforme tabela 1.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Controle 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2. Siege® 2 19 37 49 67 78 92 98 98 98

3. Maxforce® Gel 0 27 47 79 93 97 100 100 100 100

4. Maxforce® Prime 67 88 93 97 98 100 100 100 100 100

0102030405060708090

100

% E

ficá

cia

Figura 4 Porcentagem de eficácia de controle dos tratamentos durante 10 dias de ensaio para a população Susceptível. Nesse gráfico consta o total de insetos utilizados (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º instar). Tabela 1 Dados médios de indivíduos mortos obtidos dos diferentes tratamentos com 10 dias acumulados para a população Susceptível

Tratamentos Nº

Rep Médias

Médias Originais

5% 1%

1 Testemunha 3 1.212986 0.160312 b B

2 Siege® 3 10.877673 29.331470 a A

3 Maxforce® 3 10.999906 29.999999 a A

4 Maxforce® Prime 3 10.999906 29.999999 a A

COEFICIENTE DE VARIACAO = 5.178 %. MÉDIAS SEGUIDAS POR LETRAS DISTINTAS DIFEREM ENTRE SI AO NIVEL DE SIGNIFICÂNCIA INDICADO: D.M.S. 5% = 1.15418 - D.M.S. 1% = 1.57967.

22

Analisando os gráficos de macho, fêmea e ninfas (gráficos 2, 3 e 4

respectivamente) separadamente é possível observar que os machos

apresentaram no 4º DAT níveis de controle superiores a 80% em todos os

tratamentos. Enquanto fêmeas e ninfas atingem 80% de controle, em todos os

tratamentos, no 7º e 6º DAT, respectivamente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 5 Porcentagem de eficácia de controle de machos dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Susceptível.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 6 Porcentagem de eficácia de controle de fêmeas dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Susceptível.

23

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 7 Porcentagem de eficácia de controle de ninfas de 3º instar dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Susceptível.

5.2 População Santo Amaro

Na população Santo Amaro ao final do tratamento todos os géis

apresentaram resultados satisfatórios sendo Maxforce® Gel e Maxforce®

Prime 100% eficaz e Siege® 84%. Nos tratamentos Maxforce® Gel e

Maxforce® Prime no 4º DAT foi possível observar controle satisfatório

enquanto no tratamento Siege® esse fato só ocorreu no 7º DAT para essa

população conforme observado no gráfico 5. Não houve diferença significativa

de controle entre os tratamentos, conforme mostrado na tabela 2.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Controle 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2. Siege® 0 22 33 47 57 69 80 82 83 84

3. Maxforce® Gel 3 39 54 82 90 96 96 97 98 100

4. Maxforce® Prime 43 71 78 78 84 88 88 93 99 100

0102030405060708090

100

% E

ficá

cia

Figura 8 Porcentagem de eficácia de controle dos tratamentos durante 10 dias de ensaio para a população Santo Amaro. Nesse gráfico consta o total de insetos utilizados (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º instar).

24 Tabela 2 Dados médios de indivíduos mortos obtidos dos diferentes tratamentos com 10 dias acumulados para a população Santo Amaro.

Tratamentos Nº

Rep Médias

Médias Originais

5% 1%

1 Testemunha 3 1.212986 0.160312 b B

2 Siege® 3 10.104742 25.277065 a A

3 Maxforce® 3 10.999906 29.999999 a A

4 Maxforce® Prime 3 10.999906 29.999999 a A

COEFICIENTE DE VARIACAO = 6.311 %. MÉDIAS SEGUIDAS POR LETRAS DISTINTAS DIFEREM ENTRE SI AO NIVEL DE SIGNIFICÂNCIA INDICADO: D.M.S. 5% = 1.37487 - D.M.S. 1% = 1.88172.

Semelhante ao observado na população Susceptível os machos da

população Santo Amaro, gráfico 6, apresentaram controle >80% em todos os

tratamentos no 5º DAT enquanto as fêmeas, gráfico 7, atingiram o nível de

controle desejado também em todos os tratamentos no 7º DAT. As ninfas

dessa população, gráfico 8, nos tratamentos Maxforce® Gel e Maxforce®

Prime apresentaram 80% de eficácia também no 5º DAT enquanto Siege® não

apresentou resultados superiores a 60% para esse estádio até o final do

tratamento.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 9 Porcentagem de eficácia de controle de machos dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo Amaro.

25

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 10 Porcentagem de eficácia de controle de fêmeas dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo Amaro.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 11 Porcentagem de eficácia de controle de ninfas no 3º instar dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo Amaro.

5.3 População Santo André

Na população Santo André, como mostra o gráfico 9, os tratamentos

Maxforce® Gel e Maxforce® Prime apresentaram resultados satisfatórios de

controle de 98 e 100%, respectivamente, enquanto no tratamento Siege® o

resultado foi de 60% ao final do ensaio. O tempo levado para esses

tratamentos alcançarem o nível de controle satisfatório foi de 6 DAT para

Maxforce® Gel e 8 DAT para Maxforce® Prime Nessa população houve

26

diferença significativa entre os tratamentos Maxforce® Gel e Maxforce® Prime

quando comparado com o tratamento Siege® conforme a tabela 3.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Controle 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2. Siege® 0 6 10 14 30 43 51 56 58 60

3. Maxforce® Gel 0 10 40 56 70 78 82 82 91 98

4. Maxforce® Prime 37 53 56 57 71 75 76 80 93 100

0102030405060708090

100

% E

ficá

cia

Figura 12 Porcentagem de eficácia de controle dos tratamentos durante 10 dias de ensaio para a população Santo André. Nesse gráfico consta o total de insetos utilizados (10 machos, 10 fêmeas e 10 ninfas de 3º instar).

Tabela 3 Dados médios de indivíduos mortos obtidos dos diferentes tratamentos com 10 dias acumulados para a população Santo André.

Tratamentos Nº

Rep Médias

Médias Originais

5% 1%

1 Testemunha 3 0.707107 0.000000 c C

2 Siege® 3 8.505173 17.835355 b B

3 Maxforce® 3 10.877673 29.331470 a A

4 Maxforce® Prime 3 10.999906 29.999999 a A

COEFICIENTE DE VARIACAO = 6.430 %. MÉDIAS SEGUIDAS POR LETRAS DISTINTAS DIFEREM ENTRE SI AO NIVEL DE SIGNIFICÂNCIA INDICADO: D.M.S. 5% = 1.30702 - DM.S. 1% = 1.78885

Mais uma vez foi observado que todos os tratamentos apresentaram

resultados satisfatórios no controle de machos dessa população sendo os

índices de 100% para Maxforce® Gel e Maxforce® Prime e 86% para Siege®,

gráfico 10. No controle de fêmeas e ninfas, gráficos 11 e 12, o tratamento

Siege® apresentou controle inferior a 60 e 40%, respectivamente, enquanto

nos tratamentos Maxforce® Gel e Maxforce® Prime o tempo para alcançar o

controle satisfatório de 80% foi de 8 e 9 DAT, respectivamente, maior quando

comparado com o tempo de controle nas populações Susceptível e Santo

Amaro mas ao final do ensaio os tratamentos atingiram o nível de controle

desejado.

27

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 13 Porcentagem de eficácia de controle de machos dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo André.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 14 Porcentagem de eficácia de controle de fêmeas dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo André.

28

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

1. Controle

2. Siege®

3. Maxforce® Gel

4. Maxforce® Prime

Figura 15 Porcentagem de eficácia de controle de ninfas do 3º instar dos tratamentos durante 10 dias de ensaio. População Santo André.

Ficou evidente em todos os resultados mostrados que os machos

apresentam maior suscetibilidade que fêmeas e ninfas, que não se explica já

que de acordo Jones e Raubenheimer (2001) as fêmeas podem ingerir até 2.69

mg a mais de alimento (que no caso do experimento por vir a ser a isca) que os

machos.

5.4 Comportamento dos Produtos x População e Consumo Isca x Dieta

O comportamento de cada produto por população está graficamente

representado, comparando as diferença nos tempos e a eficácia de controle em

cada uma das 3 populações.

Na avaliação de consumo das iscas também por população, após 10

dias de ensaio as iscas controle foram pesadas e os valores obtidos foram

descontados do peso inicial das mesmas. Foi calculada a porcentagem de

perda de massa de cada uma, tabela 4, e esse valor foi subtraído do valor final

médio de consumo obtido nos tratamentos.

Tabela 4 Peso inicial e final (g) das iscas de controle e a porcentagem de perda de massa de cada um dos tratamento após 10 DAT nas mesmas condições do ensaio.

Tratamentos Peso inicial (g) Peso Final (g) % Perda de massa

Siege® 0,1618 0,0863 54,57

Maxforce® Gel 0,1575 0,0730 46,35

Maxforce® Prime 0,1665 0,0510 30,63

29

5.4.1 Siege® (Hidrametilnona)

O consumo de isca do tratamento Siege® em todas as populações foi

semelhante, com média de aproximadamente 0.042 g, enquanto o consumo de

dieta foi visivelmente maior na população susceptível seguido da população

Santo Amaro e por último da população Santo André, conforme figura 16.

Gel

Dieta0

0,05

0,1

0,15

SusceptívelSto Amaro

Sto André

0,0435333330,041766667

0,0404

0,06810,0574

0,035433333mg

Figura 16 Consumo de gel e dieta (mg) pela população Susceptível durante os 10 dias de ensaio.

Relacionando o consumo de isca com a eficácia alcançada nas três

populações pode-se afirmar que a população Santo André difere da população

Susceptível já que ambas consumiram quantidades de gel muito similares,

conforme figura 16, mas seu controle foi insatisfatório, 60%, figura 17. Para

determinar se o comportamento dessa populações são de resistência, aversão

ou tolerância mais testes precisam ser realizados.

30

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

Susceptible

Sto Amaro

Sto André

Figura 17 Porcentagem de eficácia de controle do Siege® nas 3 populações durante 10 dias de ensaio.

5.4.2 Maxforce® Gel (Hidrametilnona)

O consumo de isca no tratamento Maxforce® Gel foi semelhante entre

as populações Susceptível e Santo Amaro, aproximadamente 0.066 g, e na

população Santo André o consumo da isca foi menor, de 0.051 g. O consumo

de dieta, diferente do que foi observado no tratamento Siege®, foi maior em

todos os tratamentos. Nas populações Santo André e Santo Amaro o consumo

foi de 0.127 e 0.135 g, respectivamente e na população Susceptível 0.085 g,

conforme figura 18.

Gel

Dieta0

0,05

0,1

0,15

SusceptívelSto Amaro

Sto André

0,06670,065733333

0,051333333

0,085933333

0,13550,127466667

mg

Figura 18 Consumo de gel e dieta (g) pela população Santo Amaro durante os 10 dias de ensaio.

31

Relacionando o consumo da isca com a eficácia alcançada nas

populações Susceptível e Santo Amaro não foi observado nenhum tipo de

resistência sendo a curva de controle muito similar entre eles. Na população

Santo André o menor consumo de gel resultou em um maior tempo de controle

mas ainda eficaz, todas as populações ao final do ensaio apresentaram 100%

de controle, conforme figura 19.

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

Susceptible

Sto Amaro

Sto André

Figura 19 Porcentagem de eficácia de controle do Maxforce® Gel nas 3 populações durante 10 dias de ensaio.

5.4.3 Maxforce® Prime (Imidacloprid)

O consumo de isca no tratamento Maxforce® Prime foi maior na

população Susceptível, com 0.062 g, seguida pela população Santo André,

com 0.054 g, e por último a população Santo Amaro, com 0.033 g. Na

avaliação de consumo de dieta todas as populações apresentaram consumo

maior quando comparadas com os outros dois tratamentos (Siege® e

Maxforce® Gel), mas com valores muito próximos entre elas.

32

Gel

Dieta0

0,05

0,1

0,15

SusceptívelSto Amaro

Sto André

0,0627

0,0338 0,0542

0,140666667 0,14840,135833333

mg

Figura 20 Consumo de gel e dieta (g) pela população Santo André durante os 10 dias de ensaio.

Relacionando o consumo da isca com a eficácia observada mesmo com

o consumo menor o gel apresentou resultados satisfatório para as três

populações, com diferença na velocidade de controle entre elas, porém ao final

do ensaio todas as populações apresentaram 100% de controle.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% E

ficá

cia

DAT

Susceptible

Sto Amaro

Sto André

Figura 21 Porcentagem de eficácia de controle do Maxforce® Prime nas 3 populações durante 10 dias de ensaio.

Diversos inseticidas inibem o sistema de transporte de elétrons,

resultando no bloqueio da produção de ATP e causando uma redução no

consumo de oxigênio pela mitocôndria (Yu, 2008) entre eles encontra-se a

hidrametilnona que de acordo com Hollinghaus (1987) não apresenta nenhum

33

sintoma de intoxicação nas primeiras 24 horas então de 72 a 96 horas depois a

maioria dos insetos encontra-se em estado moribundo podendo morrer alguns

dias depois. Esse comportamento foi observado em ambos os géis com

hidrametilnona, Siege® e Maxforce® Gel, como principio ativo observando a

morte da maioria dos insetos do 5º ao 7º dias de tratamento.

O imidacloprid pertence a classe dos neonicotinóides e causa

intoxicação nos insetos atacando o sistema nervoso. Ele age imitando a

acetilcolina atuando como agonista para ativar o receptor nicotínico de

acetilcolina. Em condições fisiológicas normais a acetilcolinesterase rompe a

ligação da acetilcolina com o receptor nicotínico cessando o fluxo de ions de

sódio. Como o imidacloprid não é destruído pela acetilcolinesterase o fluxo de

ions não é interrompido resultando numa hiperexcitação, convulsão, paralisia e

consequentemente a morte do inseto (Yu, 2008). Essa hiperexcitação é

facilmente observada nos insetos tratados com Maxforce® Prime que age de

forma rápida causando a morte da maioria dos insetos já no 2º dia de

tratamento em populações completamente suscetíveis.

Como a maioria desses inseticidas afetam sítios específicos e acabam

por afetar a homeostase desses animais as habilidades comportamentais e

fisiológicas são muito importantes na manutenção do organismo. Os

comportamentos variam podendo ser muito complexos, como o fato da barata

se sentir “doente” e buscar ambientes calmos, como é observado em cães e

gatos, ou simples buscando equilibrar a homeostase a barata inicia o

forrageamento por fonte de água se afastando do local da isca (Kells, 2005).

Ainda de acordo com Kells (2005) quanto maior o consumo de água e

alimentos não tóxicos pode resultar em maior diluição da isca. O que foi

observado nos tratamentos Maxforce® Gel e Maxforce® Prime.

34

6 CONCLUSÕES

Com esse trabalho é possível concluir que:

• O gel Siege® apresentou resultados satisfatórios para as populações

Susceptível e Santo Amaro;

• A população Santo André apresentou comportamento anormal frente ao

gel comercial Siege® (Hidrametilnona) havendo necessidade de mais

testes para afirmar se esse comportamento pode ser definido como

aversão ou tolerância;

• Os géis comerciais Maxforce® Gel e Maxforce® Prime apresentaram

resultados satisfatórios em todas as populações testadas;

35

7 REFERÊNCIAS

HOLLINGHAUS, J.G. Inhibition of Mitochondrial Electron Transport by Hydramethylnon: A New Amidinohydrazone Insecticide. Pesticide Biochemistry and Physiology. 1987. 27. 61-70p.

JONES, S.A. & RAUBENHEIMER, D. Nutritional Regulation in Nymphs of the German Cockroach, Blattella germanica. Journal of Insect Physiology. 2001. 47. 1169-1180p.

KELLS, S.A. Bait Aversion by German Cockroaches (Dictyoptera:Blattellidae): The Influence and Interference of Nutrition. In C.Y. Lee and W.H. Robinson (ed). Proceedings of the Fifth Internacional Conference of Urban Pests, Malasia, 2005.

MARICONI, F.A.M. Insetos e Outros Invasores de Residências. Biblioteca de Ciências Agrárias Luiz de Queiroz, Piracicaba: FEALQ, 1999. 460p./v.6

MILLER, D.M. & MCCOY, T.C. Comparison of Commercial Bait Formulations for Efficacy Against Bait Averse German Cockroaches (Blattella germanica) (Dictyoptera: Blattellidae). Proceedings of the Fifth Internacional Conference of Urban Pests, Malasia, 2005.

ROBINSON, W.H. Urban Entomology. Insect and mite pests in the human environment. 1 Ed. Great Britain. Chapman e Hall, 1996. 430p.

ROSS, M.H. Behavioral Modifications and Their Implications for Cockroach Resistance to Toxic Baits. In, K.B. Wildey (ed.), Proceedings of the International Second Conference on Insect Pests on Urban Environment, Edinburgh, U.K. BPC Wheatons, Exeter, UK. 393-399p.

RUST, M.K.; OWENS, J.M. & REIERSON, D.A. Understanding and Controlling the German Cockroach. New York: Oxford University Press, 1995. 434p.

SILVERMAN, J. & BIEMAN, D.N. Glucose Aversion in the German Cockroach, Blattella germanica. Journal of Insect Physiology, 1993. 39: 925-933p.

WANG, C., SCHARF, M.E. & BENNETT, G.W. Behavioral and Physiological Resistance of the German Cockroach to Gel Baits (Blattodea: Blattellidae). Journal Econ. Of Entomology, 2004. 97: 2067-2072.

YU, S.J. The Toxicology and Biochemistry of Insecticides. Florida. CRC Press. 2008. 276p.