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PRODUTOS ALTERNATIVOS DE USO POPULAR, PARA O CONTROLE DE LARVAS DE Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) ADRIANO MARCELINO DE ALENCAR Monografia apresentada ao Instituto de Biociências de Rio Claro UNESP como requisito para obtenção do título de Especialista, do Curso de Entomologia Urbana: Teoria e Prática. Rio Claro Estado de São Paulo-Brasil 2008

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PRODUTOS ALTERNATIVOS DE USO POPULAR,

PARA O CONTROLE DE LARVAS DE

Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae)

ADRIANO MARCELINO DE ALENCAR

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências de Rio Claro – UNESP como requisito para obtenção do título de Especialista, do Curso de Entomologia Urbana: Teoria e Prática.

Rio Claro Estado de São Paulo-Brasil

2008

PRODUTOS ALTERNATIVOS DE USO POPULAR,

PARA O CONTROLE DE LARVAS DE

Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae)

ADRIANO MARCELINO DE ALENCAR

Orientadora: Drª. ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS FARINHA

Co-orientador : PqC FRANCISCO JOSÉ ZORZENON

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências de Rio Claro – UNESP como requisito para obtenção do título de Especialista, do Curso de Entomologia Urbana: Teoria e Prática.

Comissão Examinadora

Ana Eugênia de Carvalho Campos Farinha

Odair Correa Bueno

Osmar Malaspina

Rio Claro, 08 de agosto de 2008

DEDICATÓRIA

Dedico à minha esposa e aos meus filhos, pelos momentos em que não pude estar com eles no decorrer do curso.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para a execução

deste trabalho, a minha esposa por ser apoio em todos os momentos e aos meus

filhos Arthur e Henrique por ser o grande motivo da minha vida,

Aos meus pais que são responsáveis pela minha existência

Aos meus irmãos Pedro, Jose Luis, Ângela e Adriana pela contribuição dada

durante a vida.

Aos meus orientadores Ana Eugênia e Francisco José tanto me ajudaram no

enriquecimento de meus conhecimentos acadêmicos.

Aos amigos André, Valdirene, Neiva, Anderson, José Carlos, Rodrigo Menon,

José Aparecido, Rodrigo O., João Justi, Caroline pela ajuda e companheirismo.

A todos que de foram direta ou indireta contribuíram para este trabalho.

SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1 Ordem diptera ................................................................................................. 1

1.2 Subordem nematocera .................................................................................... 3

1.2.1 Família culicidae ........................................................................................... 4

1.2.2 Culicinae – tribo aedini ............................................................................... 7

1.2.2.1 Aedes aegypti (Linnaeus,1762) ................................................................. 8

2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 10

3. MATERIAIS ...................................................................................................... 11

3.1 Vinagre ............................................................................................................. 11

3.2 Café ................................................................................................................ 11

3.3 Sal de Cozinha ................................................................................................. 11

3.4 Água sanitária (hipoclorito de sódio) ................................................................ 12

3.5 Piretróides ........................................................................................................ 12

4. MÉTODOS ........................................................................................................ 13

5. RESULTADOS ................................................................................................... 15

5.1 Água sanitária ................................................................................................. 15

5.2 Sal de cozinha ................................................................................................. 17

5.3 Pó de café ........................................................................................................ 19

5.4 Vinagre ............................................................................................................. 21

6. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 24

7. CONCLUSÕES .................................................................................................. 27

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 28

9. ANEXOS ............................................................................................................ 30

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo determinar e padronizar uma tabela não

empírica que possa servir de instrumento para a população comprovando o uso de

produtos de fácil acessibilidade e de uso doméstico comum, sejam eles: pó de café,

vinagre, água sanitária e sal de cozinha, no controle de larvas de mosquitos Aedes

aegypti. Para os ensaios foram utilizadas 25 larvas de 2º estádio, acondicionadas

em recipientes contendo 2 litros de água. A determinação da CL50 foi através de

ensaio laboratorial em 72 horas com avaliação de mortalidade a cada 24 horas.

A CL 50 obtida dos produtos foram: água sanitária 0,24 mL/L, sal de cozinha 1,60

gr/L, pó de café 6,15 gr/L e vinagre 0,43 mL/L. Todos os produtos testados

apresentaram algum grau de toxicidade e 100% de mortalidade às larvas de

mosquitos Aedes aegypti nas respectivas concentrações e tempo: água sanitária

5mL/L em 24 horas, sal de cozinha 12 gr/L em 48 horas, pó de café 20 gr/L em 48

horas e vinagre 20 mL/L em 72 horas.

palavras – chave: produtos alternativos, mosquitos, controle

ABSTRACT

This study aimed establish and standardize a table no empirical to serve as a tool for

population showing the use of easy accessibility and common household, whether:

coffee powder, vinegar, water sanitary and table salt, in the control of larvae of

mosquitoes Aedes aegypti. For the tests were used 25 larvae of the second stage,

packed in containers containing 2 litres of water. The determination of LC50 was

through laboratory testing in 72 hours with assessment of mortality every 24 hours.

The CL 50 was obtained of products were: water sanitary 0.24 mL/L, table salt 1.60

gr/L, coffee powder, 6.15 gr/L and vinegar 0.43 ml/L. All products tested had some

degree of toxicity and 100% mortality larvae of the Aedes aegypti mosquito in their

concentrations and time: water health 5mL/L in 24 hours, table salt 12 gr/L in 48

hours, coffee powder 20 gr/L in 48 hours and vinegar 20 mL/L in 72 hours.

words - Key: alternative products, mosquitoes, control.

1. INTRODUÇÃO

Com crescente número de casos de arboviroses, os usos de substâncias

químicas foram aumentando com o passar do tempo, pois determinadas

formulações e dosagens já não se demonstraram suficientes e eficazes para um

controle eficiente dos vetores de tais patologias e arboviroses, isso acarreta uma

maior utilização na quantidade desses produtos que direta ou indiretamente são

lançados no ambiente provocando assim diversos tipos de contaminações sejam em

corpos d água, lençóis freáticos ou penetrando diretamente no solo levando muitas

vezes a morte da micro fauna presente nesse local, causando um prejuízo tanto na

ciclagem de matéria orgânica para manutenção do ecossistema como na qualidade

desse solo para outros fins.

O fato de esses insetos possuírem um alto poder de adaptação, propicia a

ocorrência de infestações cada vez mais severas, ocasionando epidemias, prejuízos

econômicos, incômodo na população e entomofobias, principalmente em áreas

urbanizadas próximas à periferias, locais onde o acesso as noções básicas de

higiene não são levadas a sério tanto pela população como órgãos dos poderes

públicos, levando assim a população a busca de soluções imediatistas que por

muitas vezes acabam provocando desequilíbrios pelo modo que se é feito, tais

mecanismos afetam diretamente ecologia e biodiversidade que propiciam a

obtenção de resultados muitas vezes não esperados.

1.1 Ordem diptera

Ordem descrita por Linnaeus em 1758 e tem como significado (di = dois; ptera

= asas) constituem uma das maiores ordens dos insetos por ter aproximadamente

120 mil espécies descritas. Seu registro fóssil é datado do período Triássico

Superior, da era Mesozóica, cerca 225 milhões de anos atrás (EVENHUIS,1994).

Conforme Amorim et al (2002) a sua diversidade na região neotropical é de

3.433 gêneros e cerca de 24.000 espécies.Estão presentes em quase todos os

ambientes, apesar de possuírem dois pares de asas, somente as asas anteriores

são funcionais, pois as posteriores são modificadas em estruturas clavadas

denominadas halteres ou balancins que no inseto funcionam como órgãos de

equilíbrio (GALLO et al. 2002).

Segundo Borror & Delong (1964) a Ordem reúne os pernilongos, moscas,

mosquitos, mutucas, varejeiras e moscas-das-frutas que na grande maioria são

relativamente pequenos e de corpo pouco esclerotinizado. Muitos são de interesse

médico, pelo fato de serem vetores de doenças como filariose, dengue, malária,

febre amarela e outros são de importância econômica, como as moscas-das-frutas

que são pragas de plantas cultivadas. Por outro lado muitos são benéficos pelo fato

de serem saprófitos, predadores ou parasitas de diversos insetos nocivos, e outros

ainda são polinizadores que contribuem para plantas úteis.

A descrição morfológica e os caracteres mais usados para identificação dos

Dípteros são os seguintes: peças bucais do tipo sugador, existindo variações que

podem ser pungitivas, absorventes, lambedor e em alguns casos serem não

funcionais; antenas que podem variar bastante de família para família podendo ser

multissegmentadas onde os segmentos são semelhantes entre si. Existem ainda

outras estruturas como estilo e a arista que pode ser simples ou plumosa. As pernas

têm como pontos determinantes a presença ou ausência do empódio e dos

esporões tíbias. O empódio é uma estrutura encontrada entre as garras e os

esporões tibiais são estruturas espiniformes localizados geralmente na extremidade

distal da tíbia. A venação das asas é um fator muito importante na identificação dos

dípteros, pois é possível chegar ao nível de família através deste caractere. Alguns

Dípteros têm um ou dois lobos no lado posterior da base das asas, que são

denominados caliptras, estas estruturas são geralmente utilizadas para distinção das

famílias ou de grupos de famílias. A sutura frontal da cabeça é a principal estrutura

usada para identificação, outras suturas podem ajudar a distinção entre famílias,

como é o caso da lúnula frontal que difere os muscóides dos outros Dípteros.

As larvas dos dípteros podem ocorrer em muitos habitats, mas a grande

maioria desenvolve-se no meio aquático, podendo ser um lago, poças temporárias,

lagoas, água salobra e alcalina. As larvas possuem alimentação diversificada no

estágio larval podendo ser fitófagas, predadoras, saprófitos ou saprófagos,

alimentando-se de tecido animal ou vegetal em decomposição, podendo também ser

minadoras de folhas ou brocas de caule ou raízes.

São insetos de metamorfose completa (holometábolos), passando pelas fases

de ovo, larva, pupa e adulta ou imaginal (imago). Os ovos são postos isoladamente

ou aglutinados, apresentam detalhes estruturais em seu cório que podem servir para

identificação da espécie em determinados grupos. Algumas larvas são terrestres,

outras são aquáticas, as que são mais primitivas tem a cabeça grande e bem

diferenciada (larvas eucéfalas) com aparelho bucal do tipo mastigador, enquanto

que nos dípteros superiores a cabeça é rudimentar (larvas acéfalas), onde os órgãos

bucais estão reduzidos a um sistema de ganchos. Quando as larvas são eucéfalas a

pupa surge do último estádio larval, onde a cutícula velha ou exúvia pode ser

aderida aos últimos segmentos pupais. Quando o adulto sai por uma fenda dorsal

em forma de T tais características são típicas dos dípteros ortorrafos (do grego

orthos = direito e raphe = costura). As larvas acéfalas darão origem à pupas que se

formarão no interior da última cutícula, sendo que esta não é destacada e passa a

constituir um envoltório resistente denominado pupário, onde o inseto evolui imóvel

até a sua fase adulta (REY, 2002).

Os adultos alimentam-se de diversos líquidos de plantas ou animais, outros

ainda, são predadores de insetos e vários invertebrados (BORROR & DELONG

1964).

1.2 Subordem nematocera

Os Nematocera possuem antenas longas formadas por seis ou mais artículos;

palpos maxilares com quatro ou cinco segmentos; larvas eucéfalas e pupas livres,

onde os adultos nascem como ortorrafos (do grego orthos = direito e raphe =

costura), ou seja, em forma de T. Mais recentemente, a subordem tem sido

estudada sob o ponto de vista filogenético, baseando-se no estado dos caracteres,

se plesiomórficos ou apomórficos, dividiu-se em quatro infra-ordens: Tipulomorpha,

Psychodomorpha, Culicomorpha e Bibiomorpha. Posteriormente foram

acrescentadas mais três destas categorias que foram: Blephariceromorpha,

Axymyiomorpha e Ptychopteromorpha, que totalizou sete subordens. Em

Culicomorphas relações entre as famílias têm levado a onsidera-los como grupo

monofilético que ao todo totalizam oito famílias agrupadas em duas superfamílias,

Chironomoidea e Culicoidea (FORATTINI, 2002; GUIMARÃES et al., 2001; REY,

2002).

1.2.1 Família culicidae

A família é de elevada importância tanto na entomologia médica quanto na

veterinária, com cerca de 3000 espécies divididas em 39 gêneros e 135 subgêneros

com distribuição mundial, desde regiões tropicais até o ártico. Dividida em três

subfamílias: Anophelinae sendo constituída pelos gêneros Anopheles, Birronella e

Chagasia; Culicinae, composta de quase todos os gêneros restantes onde os mais

importantes são Aedes com cerca 900 espécies, Culex com aproximadamente 750

espécies e Toxorhynchitinae. Dentro desta última subfamília o gênero Toxorhinchites

apresenta-se como predador de larvas de outros Dípteras, podendo ser considerado

um regulador de populações de outras espécies nocivas ao homem (GUIMARÃES et

al, 2001).

Os Culicídeos possuem adultos de sexos diferentes com dimorfismo sexual

aparente, apresentando diferenças visíveis quanto ao formato de suas antenas,

entre outros caracteres. Possuem estágios larvais e pupal aquáticos com apenas a

fase adulta terrestre (FORATTINI, 2002).

Os ovos podem ser ovais ou elípticos, podem ter os lados achatados,

côncavos ou planos, onde no momento da postura possuem cor pálida, adquirindo

coloração escura posteriormente. A postura pode variar de 50 a 500 ovos, podendo

ser isolada ou agrupada, sendo realizadas diretamente na superfície aquática.

Distingue-se o depósito de ovos feito isoladamente, como em Anopheles, daqueles

postos em conjunto, como ocorre com Culex e ainda as que são feitas fora do meio

líquido, como em Aedes, em situações tais que, ou permitam à larva atingir

facilmente a água, ou ser por esta atingida, em substratos flutuantes ou em local

com muita umidade dependendo do gênero do mosquito. Para a oviposição, são

escolhidas horas do dia de baixa luminosidade, pois é um momento em que a fêmea

está em posição vulnerável. Tal comportamento pode ser considerado com

estratégia para a sobrevivência, a casca que é denominada cório é impermeável,

pois está sujeita à variação das condições ambientais, para as quais podem

desenvolver diversas adaptações e geralmente tem ornamentações que são

caracteres usados para taxonomia (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998).

As larvas têm sua vida exclusivamente aquática, de vida livre e com quatro

estádios distintos e apesar de poder viver fora do meio aquático por poucas horas,

em meio com muita umidade, esse tempo geralmente é utilizado para pequenos

deslocamentos entre locais com água suficiente para o desenvolvimento. Possuem

formas vermiformes com muitas variações de coloração, com o corpo dividido em

três partes, cabeça, tórax e abdome, onde a região dos primeiros tégmas é mais

globosa sendo que o abdome tem aspecto semicilíndrico sendo dividido em nove

segmentos, com cerca de 222 pares de cerdas espalhados pelo corpo que tem

vários tamanhos e ramificações. O estudo dessas cerdas é denominado quetotaxia,

onde estas estruturas possuem nomenclatura conforme a posição em que ocorrem

no corpo do inseto. A cabeça é possuidora de escleritos que podem ser vistos pelas

suturas e linhas, possui um par de antenas e olhos compostos, existindo um “dente”

formado por quitina, para a eclosão do primeiro estádio, localizado no clípeo. As

larvas possuem aparelho mastigador-raspador que os diferencia do estagio adulto,

adaptado para a punção sangüínea. Os componentes bucais na fase larval são

mandíbulas, maxilas, epifaringe, hipofaringe e lábio. Na fase de pupa não são

determinados facilmente os sexos, pois os apêndices que são caracteres

taxonômicos, não são visíveis. A pupa lembra o formato de vírgula e sua

movimentação apresenta-se frenética quando perturbada. Nesta fase permanece

sem alimentação até alcançar a fase adulta onde se desenvolverão todos os

aparatos para alimentação, reprodução e locomoção. O fato de possuírem uma

fisiologia diferenciada as leva a ficar em contato com a interface água-ar com

freqüência, para obtenção de oxigênio e isso só é possível devido ao sifão

respiratório. A alimentação é conduzida até a cavidade bucal através dos

movimentos das escovas ao redor da cavidade que fazem o alimento circular para a

boca. O fato de algumas larvas serem filtradoras indica que os principais alimentos

são detritos orgânicos de origem vegetal e animal, bactérias, fungos e protozoários.

Além desse processo supra descrito, as larvas podem triturar ou morder substâncias

submersas, predar organismos presentes no mesmo hábitat, inclusive outras larvas

e formas imaturas (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998).

Segundo Forattini (2002) as coleções aquáticas onde se desenvolvem estas

fases são conhecidas em epidemiologia pelo nome genérico de criadouros (breeding

places). Neles processa-se a oviposição e o subseqüente desenvolvimento, até a

formação dos adultos. Assim sendo, tanto os ovos como as larvas e pupas ocupam

o mesmo ecótopo, cuja natureza e conhecimento revestem-se de elevado interesse

epidemiológico. Graças a seus eficientes mecanismos de adaptação, os mosquitos

adquiriram a capacidade de se desenvolver nos mais variados ambientes aquáticos.

Ao longo de sua evolução, desenvolveram a qualidade de interação com as

diferentes condições abióticas dos locais de criação. Nesse sentido, as larvas de

Aedes albopictus, ao que parece, têm maior capacidade inibitória sobre os ovos de

dois possíveis competidores, representados por Ae. aegypti e Aedes triseritus, o que

possivelmente explicaria, ao menos em parte, o poder invasor desse mosquito em

sua distribuição biogeográfica.

Os Culicídeos, de maneira geral, podem ser considerados como animais

estrategistas cujo, crescimento populacional obedece ao rápido incremento de

potencial reprodutor, independente da densidade populacional, o que não impede

que possa ocorrer flexibilidade, com a presença incipiente de processo que dependa

da densidade da população (k-estrategismo). A duração dos quatro estádios larvais

não é a mesma, embora o crescimento seja contínuo ao se considerar o conjunto

deles. Pondo-se de lado as variações específicas, pode dizer que o segundo e o

terceiro são mais breves do que o primeiro e que o mais longo corresponde ao

quarto, o que justifica o fato do último estádio larval ser mais demorado se da pela

mudança no organismo para chegar à fase adulta sendo que geralmente o ciclo

pode durar de 8 a 10 dias em condições normais (FORATTINI, 2002).

Fatores ambientais como temperatura são primordiais para o

desenvolvimento, sendo que em situações muito drásticas podem cessar esse

processo, a instabilidade do macro e micro clima também podem retardar o

desenvolvimento, existindo situações em que para fugir das adversidades, eles

entram em estado de hibernação que é chamado de “diapausa da larva”, esse

processo dura até que as condições estejam favoráveis a continuação da

metamorfose. A fase de pupa que pode durar cerca de dois dias, ou pouco mais,

com condições favoráveis, pois nessa fase o inseto não é muito resistente a

condições desfavoráveis e, nesse estágio o animal não pode hibernar, podendo

morrer se as condições não contribuírem. Os culicídeos pelo seu caráter de vetores

de patologias devem ser combatidos com medidas para um controle integrado e

intenso, medidas nas quais podem ser colocadas em categorias de tratamento do

ambiente; aplicação de métodos alternativos menos agressivos e de substâncias

químicas e com a utilização de inimigos naturais (MARCONDES, 2001).

Segundo Forattini, 2002, o controle ambiental, às vezes é denominado de

controle físico ou mecânico, é definido pelo conjunto representado pelas atividades

de planejamento, organização, execução e vigilância das modificações do ambiente

que objetivam torná-lo pouco propício à sobrevivência da população de mosquito.

Em linhas gerais, o controle ambiental é tido como complementar às outras medidas

do controle integrado. O controle químico ao longo dos séculos tem sido utilizada a

aplicação de substâncias químicas para o combate a mosquitos. A elas se dá o

nome genérico de inseticidas (pesticidas) e no caso de se pretender atingir as

formas imaturas, larvicidas. Não o bastante, o uso desses compostos tem merecido

ultimamente algumas restrições, face às circunstâncias de contribuírem para a

poluição ambiental. Contudo constituem ainda parte importante do controle integrado

e sua utilização não pode deixar de ser considerada. O controle biológico pode ser

definido como a medida que visa à redução da densidade populacional de

determinado vetor, pela influência de outra população que possa agir nesse sentido,

os adultos tem por finalidade o acasalamento e a dispersão dos descendentes que

necessita de uma determinada pressa já que o tempo de vida pode variar de uma

semana a um mês dependendo do clima.

1.2.2 Culicinae – tribo aedini

A tribo Aedini constitui um grupo com três gêneros que ocorrem no Brasil,

sendo Aedes, Psorophora e Heamagogus. A maioria possui hábitos diurnos ou

crepusculares, são oportunistas podendo depositar seus ovos em corpos d’água ou

locais de muita umidade, os ovos possuem alta resistência à dessecação e podem

ficar desta maneira por um longo período, até que haja um contato com a água para

que possam nascer. São responsáveis pela transmissão de aproximadamente 180

arboviroses, palavra derivada da expressão inglesa “Arthropod Born Viruses”, mas

são de interesse médico cerca de 20%, onde as mais importantes são dengue, febre

amarela, oropouche e mayaro. O ciclo das arboviroses necessita de três

hospedeiros, um vertebrado não humano, um invertebrado e o homem. Para se

classificar as arboviroses é levado em consideração a evolução do quadro clínico,

onde a dengue e febre amarela causam estado febril e hemorragias (CONSOLI &

OLIVEIRA, 1998).

1.2.2.1 Aedes aegypti (Linnaeus,1762)

Segundo Consoli & Oliveira (1998), Ae. aegypti provavelmente é nativo de

regiões do Egito, de onde se disseminou para o restante do mundo e hoje é

considerado um mosquito cosmopolita. Pode ser encontrado em locais distantes de

aglomerados humanos, mas em nosso país está sempre ligado a áreas

peridomiciliares, onde suas fêmeas têm o hábito de se alimentar de sangue. São

insetos diurnos, com picos maiores de atividade ao amanhecer e pouco antes do

crepúsculo vespertino, o ataque pode ocorrer durante a noite e em próximo de seu

esconderijo, daí o grau de oportunismo que tem o inseto, sendo os únicos vetores de

arbovírus de febre amarela urbana e dengue no Brasil.

As características e aspectos morfológicos são apresentados pelo mosquito

durante a fase larval (4º estádio) e adulta. Suas larvas possuem cerdas do sifão

respiratório e são inseridas em dois elementos distais do pécten sifonal, cerdas de 5

a7 simples e seu VIII pecten possui escamas com espínula mediana, longa e

diferenciada, pois as outras são menores. Os adultos possuem coloração escura ou

negra com tonalidades que podem chegar ao marrom, palpos com conjunto de

elementos claros, clípeo com tufos de escamas prateadas, antenas filiformes,

escudo ornamental com escamas branco prateadas em forma de lira, edeago

fortemente esclerotizado e contorno triangular. Sendo um animal com grande

variabilidade genética e altamente adaptável, seus locais de oviposição podem ser

diretamente na água ou em paredes dos recipientes rugosas e úmidas próximos a

lamina d’água, pois em superfícies muito lisas a oviposição é feita direto na água. O

número de posturas está relacionado com a quantidade de sangue consumido pela

fêmea e a quantidade de ovos que podem ser produzidos, geralmente em média de

120 ovos, é geralmente condicionado a picos de oviposição entre 06:00 e 08:00

horas ou 16:00 e 18:00 horas, normalmente obedecendo ao ciclo diurno. O período

de incubação dos ovos pode durar de quatro a sete dias. Outras características

sistemáticas também podem ser levadas em consideração, como por exemplo, as

variações de tonalidades dos adultos. Ae. aegypti são os vetores clássicos da

dengue e febre amarela, tanto no ambiente urbano como no rural, aumentando a

sua importância epidemiológica (FORATTINI, 2002).

2.OBJETIVOS

Obter uma tabela padronizada para auxiliar a população no controle caseiro

de larvas de mosquitos Aedes aegypti sem a utilização de produtos químicos.

Orientar a população a evitar o uso indiscriminado de produtos químicos e

incentivar o uso de produtos menos impactantes e de uso comum de baixa

toxicidade.

Determinar a CL50 dos produtos pó de café, água sanitária, vinagre e sal de

cozinha para as larvas de mosquitos Aedes aegypti

Comparar a utilização de produtos de uso doméstico empiricamente utilizados

pela população e recomendados por universidades e órgãos públicos, quanto a sua

eficiência no controle de larvas de A. aegypti.

3. MATERIAL

3.1 Vinagre

Segundo Galembeck (2000), alguns dados sobre os produtos a serem

utilizados no teste tendo inicio pelo vinagre que contem o ácido acético (C2H4O2) ,

um liquido incolor com odor acentuado, e seu componente acido é responsável pelo

cheiro característico, é produzido quando o vinho permanece exposto ao ar e o

etanol sofre oxidação aeróbica pela bactéria Acetobacter, mesma bactéria que

atribui baixa qualidade aos vinhos, pode também ser produzido pelo fungo

Saccharomyces exignus o qual metaboliza maltose e o resultado é usado por um

grupo particular de bactérias para a produção.

3.2 Café

O café (Coffea arabica) planta de origem africana de grande interesse

comercial nos trópicos, pertencente a família das rubiácea. São plantas que contem

em sua composição grande quantidade de alcalóides como a cafeína (C8H10O2N4)

com o poder para estimular o córtex cerebral inibindo uma enzima (fosfodiesterase)

que por sua vez inativa uma forma de molécula fornecedora de energia ATP, esse

fato da cafeína poder passar como essa molécula não é surpreendente pois suas

composições são muito semelhantes (RAVEN, 1996).

3.3 Sal de cozinha

O sal tem sua fórmula química sempre representada usando em primeiro

lugar o catião e depois o anião que o compõem, por esta ordem. O anião toma um

nome de acordo com a terminação do nome do ácido que lhes dá origem. O total de

sal extraído no mundo, atualmente, cerca de 5% apenas é para consumo humano. A

maior parte da produção de NaCl é utilizado nas indústrias, para diversos fins, tais

como produção de NaOH, cloro gasoso, produção de papel, tecidos, cosméticos,

tinturas, remédios, etc. No Brasil, a maior parte do sal consumido na cozinha, é

obtida da água do mar. O cloreto de sódio, NaCl, é um composto iônico formado

pela união de um metal alcalino altamente reativo e um halogênio, também reativo.

A combinação destes dois elementos dá origem a um composto que é desejado a

muito tempo e por muitos. No entanto, não é todos que podem consumir o NaCl da

forma desejada. Algumas vezes, é necessário a "ajuda" de um médico para auxiliar

no consumo deste ingrediente tão precioso na nossa cozinha (GALEMBECK, 2000).

3.4 Água sanitária (hipoclorito de sódio)

Água sanitária é o composto químico para limpeza e desinfecção de

superfícies cujo produto ativo, o hipoclorito de sódio tem a fórmula química NaClO. É

muito utilizada como agente clareador (alvejante). Possui excelente ação

bactericida. Dissolve substâncias orgânicas mortas. Também é reativo com

componentes à base de amônia (LEHNINGER, 1985).

3.5 Piretróides : conhecidos como moduladores de canais de sódio (Na),

agem primariamente nos canais de Na das células nervosas do sistema nervoso

central e periférico dos insetos. Esses inseticidas posicionam-se em algumas

unidades dos sítios de ligação dos canais de Na de tal modo que estes permaneçam

abertos por um maior tempo, prolongando assim o período de influxo de Na após um

potencial de ação. Com isso potenciais de ação repetitivos são desencadeados, e os

insetos morrem por uma hiperexcitabilidade. Fazem parte desse grupo a

Alfacipermetrina, Deltametrina, Permetrina, Cipermetrina, etc (LARINI, 1979).

Cipermetrina:

- Nome químico: Alfa-ciano-3-fenoxibenzil-2,2-dimetil-3-(2,2-diclorovinil)

ciclopropano carboxilado.

- Fórmula bruta: C22H19NO3Cl2

- Classificação toxicológica: classe III

4. MÉTODOS

Os produtos utilizados neste trabalho foram de origem comum e facilmente

encontrados em residências, como vinagre, sal de cozinha, pó de café e água

sanitária, Estes produtos, serão tratados de maneira não empírica buscando colocá-

los em parâmetros que possam ser aceitos de maneira científica para que uma

padronização de dosagens recomendadas possa servir como referencia para o uso

de maneira eficaz e segura pela população (RAND, & PETROCELLI ,1985: MURTY,

1988; APHA ,1991). Foram utilizadas as dosagens: Água sanitária 2,5% de Cl ativo:

0,15 mL; 0,62 mL; 1,25 mL; 2,5 mL e 5 mL por litro de água; Sal de cozinha: 0,75 gr;

1,5 gr; 3,0 gr; 6,0 gr e 12 gr por litro de água; Pó de café: 1,25 gr; 2,5 gr; 5,0 gr; 10 gr

e 20 gr por litro de água e Vinagre 0,31 mL; 0,62 mL; 2,5 mL; 5,0 mL e 20,0 mL por

litro de água.

Os testes foram realizados no Laboratório de Entomologia Geral do Instituto

Biológico em São Paulo – SP. Os organismos utilizados neste bio-ensaio foram

larvas de mosquitos da espécie Ae. aegypti de segundo estádio de desenvolvimento,

climatizadas em laboratório a 25ºC ± 2ºC. Utilizou-se recipientes de vidro de 3 litros

de capacidade com 2,0 litros das soluções-teste. Os experimentos tiveram duração

de 72 horas com observação a cada 24 horas. A avaliação consistiu em 04

repetições e 01 controle para cada concentração com 25 larvas de Ae. aegypti por

repetição em 5 concentrações por produto testado, num total de 100 larvas por

concentração de cada um dos produtos.

Um ensaio como teste negativo foi realizado com um inseticida do grupo dos

piretróides (Cipermetrina CE 250 g/L) usualmente utilizado para o controle de

mosquitos. A dosagem empregada foi a de 10 mL do produto por litro de água, com

o mesmo número de indivíduos utilizados nos testes com os produtos de uso

doméstico (LARINI, 1979).

As larvas de mosquitos Ae. aegypti foram observadas visualmente a cada 24

horas quantificando-se os indivíduos quanto a mortalidade. Nas concentrações onde

o produto teste foi a pó de café, adaptou-se uma metodologia com o auxílio de luzes

(retro-iluminação) obtendo-se melhor leitura dos resultados, devido a solução

apresentar coloração excessivamente escura, impossibilitando a visualização das

larvas de Ae. Aegypti.

Os testes foram realizados em laboratório fechado para que não houvesse

risco de soltura dos animais em teste. As larvas de Ae. Aegypti.utilizadas como

testemunha e as excedentes foram descartadas, através de peneira de metal fina e

expostas ao ambiente de maneira que morreram por dessecação, evitando assim

que os indivíduos chegassem a fase adulta e também evitando o uso de produtos

tóxicos para esse descarte.

5. RESULTADOS

A determinação da CL50 dos produtos testados em larvas de Ae. aegypti foi

calculada estatisticamente pelo programa Trimmed Spearman-karber (TSK) versão

1.5, fornecendo 95% de confiabilidade.

5.1 Água sanitária

Segundo resultados da tabela 1 a porcentagem de mortalidade a 0%, foi

encontrada na concentração 0,0 (testemunha), as porcentagens 98%, 77% foram

encontradas respectivamente nas concentrações 1,25 e 0,15 e 100% nas

concentrações subseqüentes 5,0 mL; 2,5 mL; 0,62 mL de água sanitária.

Tabela 1 Porcentagem de mortalidade de larvas de Ae. aegypti de 2º estádio expostos às

concentrações de 0,0 (testemunha); 0,15 mL; 0,62 mL; 1,25 mL; 2,5 mL; 5,0 mL de água

sanitária à 2,5% de cloro ativo avaliadas à 24, 48 e 72 horas.

CONCENTRAÇÕES

(mL/L)

MORTALIDADE / TEMPO EM HORAS

24 48 72

Testemunha 0% 0% 0%

0,15 47% 53% 77%

0,62 67% 92% 98%

1,25 86% 96% 100%

2,5 92% 100% 100%

5,0 100% 100% 100%

O gráfico 1 esboça a porcentagem total de mortalidade de larvas de Ae.

aegypti em relação as concentrações de Hipoclorito de Sódio (mL/L) utilizados para

obtenção da CL 50 em 72 horas .

Para o produto água sanitária à 2,5% de Cloro ativo, obteve-se CL50 72 horas

0,24 mL/L de água

Obteve-se 100% de mortalidade das larvas nas concentrações 1,25 mL/L, 2,5

mL/L e 5,0 mL/L, sendo que na primeira concentração esta porcentagem foi

observada após 72 horas, na segunda, após 48 horas e na terceira após 24 horas

do início dos testes

0

20

40

60

80

100

0,15 0,62 1,25 2,5 5

Concentrações (mL/L)

ÁGUA SANITÁRIA

Mortalidad

e 72 h (%)

Figura 1 Porcentagem total de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti em relação

as concentrações (mL/L) utilizadas para obtenção da CL50 em 72 horas de exposição à água

sanitária à 2,5 % de Cloro ativo.

5.2 Sal de cozinha

Segundo os resultados da tabela 2 a porcentagem de mortalidade a 0%, foi

encontrada na concentração 0,0 (testemunha), as porcentagens 37%, 43% e 80 %

foram encontradas respectivamente nas concentrações 0,75; 1,5 e 3,0 gr de NaCl/L

de água e 100% nas concentrações subseqüentes 6,0 e 12,0 gramas NaCl por litro

de água.

Tabela 2 Porcentagem de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti expostos às

concentrações de 0,0 (testemunha); 0,75 gr/L; 1,5 gr/L; 3,0 gr/L; 6,0 gr/L; 12,0 gr/L de sal de

cozinha por litro de água avaliadas à 24, 48 e 72 horas.

CONCENTRAÇÕES

(gr/L)

MORTALIDADE / TEMPO EM HORAS

24 48 72

Testemunha 0% 0% 0%

0,75 19% 19% 37%

1,5 10% 32% 43%

3,0 12% 72% 80%

6,0 25% 90% 100%

12,0 99% 100% 100%

O gráfico 2 esboça a porcentagem total de mortalidade de larvas de

mosquitos Ae. aegypti em relação as concentrações de NaCl (gr/L) utilizados para

obtenção da CL50 em 72 horas .

Para o produto sal de cozinha (NaCl), obteve-se CL50 72 horas 1,60 gramas/L

de água.

Obteve-se 100% de mortalidade das larvas nas concentrações 6,0 e 12,0 gr/L

de água, sendo que na primeira concentração esta porcentagem foi observada após

72 horas e na segunda após 48 horas do início dos testes

0

20

40

60

80

100

0,75 1,5 3 6 12

Concentrações (gr/L)

SAL DE COZINHA

Mortalidade

72 h (%)

Figura 2 Porcentagem total de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti em relação

as concentrações (gr/L) utilizadas para obtenção da CL 50 em 72 horas de exposição ao sal

de cozinha.

5.3 Pó de café

Segundo resultados da tabela 3 a porcentagem de mortalidade a 0%, foi

encontrada na concentração 0,0 (testemunha), as porcentagens 29%, 33%, 37% e

65% foram encontradas respectivamente nas concentrações 1,25 gr/L; 2,5 gr/L; 5,0

gr/L e 10,0 gr/L e 100% na concentração de 20 gr de pó de café por litro de água.

Tabela 3 Porcentagem de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti expostos às

concentrações de 0,0 (testemunha); 1,25 gr/L; 2,5 gr/L; 5,0 gr/L; 10,0 gr/L; 20,0 gr/L; de Pó

de café, avaliadas à 24, 48 e 72 horas.

CONCENTRAÇÕES

(gr/L)

MORTALIDADE / TEMPO EM HORAS

24 48 72

Testemunha 0% 0% 0%

1,25 13% 25% 29%

2,5 13% 26% 33%

5,0 19% 31% 37%

10,0 41% 54% 65%

20,0 74% 100% 100%

O gráfico 3 esboça a porcentagem total de mortalidade de larvas de

mosquitos Ae. aegypti em relação as concentrações de pó de café (gr/L) utilizados

para obtenção da CL50 em 72 horas .

Para o produto pó de café, obteve-se CL 50 72 horas 6,15 gramas por litro de

água.

Obteve-se 100% de mortalidade das larvas apenas na concentração 20,0

gr/L, após 48 horas do início dos testes

0

20

40

60

80

100

1,25 2,5 5 10 20

Concentrações (gr/L)

Pó de café

Mortalidade

72 h (%)

Figura 3 Porcentagem total de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti em relação

as concentrações (gr/L) utilizadas para obtenção da CL50 em 72 horas de exposição de pó

de café.

4.4 Vinagre

Segundo resultados da tabela 4 a porcentagem de mortalidade a 0%, foi

encontrada na concentração 0,0 (testemunha), as porcentagens 46%, 70%, 49% e

21% foram encontradas respectivamente nas concentrações 0,31 mL/L; 0,62 mL/L;

2,5 mL/L e 5,0 mL/L e 100% na concentração 20 mililitros de vinagre por litro de

água.

Tabela 4 Porcentagem de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti

expostos às concentrações de 0,0 (testemunha); 0,31 mL; 0,62 mL; 2,5 mL; 5,0 mL;

20,0 mL de vinagre avaliadas à 24, 48 e 72 horas.

CONCENTRAÇÕES

(mL/L)

MORTALIDADE / TEMPO EM HORAS

24 48 72

Testemunha 0% 0% 0%

0,31 27% 38% 46%

0,62 20% 34% 49%

2,5 40% 42% 70%

5,0 22% 50% 79%

20,0 97% 97% 100%

O gráfico 4 esboça a porcentagem total de mortalidade de larvas de

mosquitos Ae. aegypti em relação as concentrações de vinagre (mL/L) utilizados

para obtenção da CL 50 em 72 horas .

Para o produto vinagre, obteve-se CL 50 72 horas 0,43 mL/L. de água

0

20

40

60

80

100

0,31 0,62 2,5 5 20

Concentrações (mL/L)

VINAGRE

Mortalidade

72 h (%)

Figura 4 Porcentagem total de mortalidade de larvas de mosquitos A. aegypti

em relação as concentrações (mL/L) utilizadas para obtenção da CL 50 em 72 horas

de exposição ao vinagre.

O ensaio como teste negativo foi realizado com um inseticida do grupo dos

piretróides (Cipermetrina CE 250 g/L) usualmente utilizado para o controle de

mosquitos

Tabela 5 Porcentagem de mortalidade de larvas de mosquitos Ae. aegypti

exposto à teste negativo com inseticida.

CONCENTRAÇÃO

(mL/L)

MORTALIDADE / TEMPO EM HORAS

24 48 72

Testemunha 0% 0% 0%

10 100% 100% 100%

6. DISCUSSÃO

Laranja & Bicudo (2001) em trabalho realizado com borra de café obtiveram

resultados que vem corroborar com a CL50 obtidas no presente estudo, pois o índice

de mortalidade apresentado, demonstra que o produto pode ser utilizado como

medida de prevenção para possíveis locais de criadouros de larvas de mosquitos

Ae. aegypti. A quantidade utilizada ficou muito próximo de uma colher de sopa do

produto que geralmente é indicado a população, sendo assim essa recomendação

de uma colher para cada litro de água acabou se tornando confiável tendo essa

margem de segurança.

O Guia Básico de Dengue (SUCEN, 2002) indica para o controle de larvas de

mosquitos Ae. aegypti, uma 1 colher água sanitária para 5 litros de água acumulada

e 2 colheres de sopa de sal de cozinha para 1 litro de água acumulada. Para fins de

comparação entre a recomendação do Guia Básico de Dengue e o resultado obtido

neste estudo, converte-se as medidas para um demoninador comum, considerando

que uma colher de água sanitária equivale a 10 mL e 1 colher de sopa de sal de

cozinha equivale à 12 gramas. As dosagens recomendadas pelo Guia extrapolam

mais de 10 vezes a CL 50 obtidas neste trabalho para os produtos água sanitária

0,24 mL/L e sal de cozinha 1,60 gr/L. Para 100% de mortalidade das larvas, as

recomendações do Guia Básico de Dengue (SUCEN, 2002) para hipoclorito, estão

de acordo com os resultados obtidos neste trabalho, mas, para NaCl, as

recomendações ultrapassam o dobro do valor dos resultados encontrados

O trabalho traz dados que se usados de maneira correta podem ser de

grande auxilio para a população tendo em vista que os produtos utilizados para

combate e controle de larvas e adultos do mosquito possuem alto grau de toxidade

fazendo com que o risco do uso seja um agravante para essa população, todos

produtos utilizados são de fácil acesso e não são de difícil aquisição por se tratarem

de produtos materiais utilizados no dia a dia.

A água sanitária se mostrou o mais tóxico dos produtos analisados pois

obteve 100% de mortalidade em maior numero de concentrações com a CL 50 mais

baixa obtida. Já o produto pó de café foi o que apresentou o menor valor tóxico

tendo em vista que sua CL 50 foi de 1,60 gramas por litro. O sal de cozinha, também

se mostrou bem efetivo para um controle das fases imaturas de mosquitos Ae.

aegypti, obtendo-se 100% de mortalidade a partir de 6gr/L. O vinagre se mostrou

menos eficiente,porém não pode ser descartado pois também foi encontrado 100%

de mortalidade na concentração 20,0 mL/L em 72 horas da aplicação.

Para a obtenção desta tabela comparativa os valores obtidos em CL 50

podem ser transformados em dados que podem ser utilizados pela população.

Segundo os dados obtidos no presente trabalho, os produtos podem ser

classificados quanto ao seu grau de eficiência no controle de larvas de mosquitos

Ae. aegypti. A água sanitária e o vinagre apresentaram CL 50 muito baixa

demostrando que são produtos com alto grau de toxidade para as larvas do

mosquito. Apesar disso, o vinagre não representou ser um bom produto para a

obtenção de 100% de mortalidade. O sal de cozinha e o pó de café se mostraram

menos tóxicos por apresentarem uma CL50 muito alta demostrando assim que

podem ser usados e que vão oferecer menores riscos toxicológicos a população.

Segundo trabalhos realizados com vinagre por Rodella (2001) que recomenda

uma dosagem de 5% para um litro de água ,o presente trabalho obteve um valor

equivalente para o controle das larvas de mosquitos de Ae. aegypti constatando que

a eficiência do produto tem um bom potencial para esse propósito.

Gradiente de eficiência dos produtos para 100% de mortalidade de larvas de

2º estádio de Ae. aegypti

Sal de cozinha > Água sanitária > Pó de café > Vinagre

Tabela 6 Equivalência CL50

Observação: CL 50 é a concentração letal estipulada para a morte de 50% da

população.

Tabela 7 100% de mortalidade

Produto Concentração Tempo

Água sanitária 5 mL/L 24 horas

Sal de cozinha 12 gr/L 48 horas

Pó de café 20 gr/L 48 horas

Vinagre 20 ml/L 72 horas

Produto CL 50 Quantidade

Água Sanitária 0,24 mL/L Meia colher de sopa para 20 litros

Vinagre 0,43 mL/L Meia colher de sopa para 10 litros

Sal de Cozinha 1,60 gr/L +- 1 e meia colher de sopa para 2 litros

Pó de Café 6,15 gr/L 1 colher de sopa para 4 litros

7. CONCLUSÃO

Com o presente trabalho foi obtida uma tabela padrão, para o uso da

população com relação aos produtos testados.

Todos os produtos testados demonstraram que tem potencial para o controle,

mas as medidas recomendadas por órgãos de saúde e controle de endemias devem

ser seguidos

A CL50 0,24mL/L, 1,60gr/L, 6.15gr/L e 0,43ml/L foram encontradas

respectivamente nos seguintes produtos água sanitária, sal de cozinha, pó de café

e vinagre

Os valores obtidos em comparação aos indicados por instituições foram

coerentes com os obtidos no trabalho

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA. 1991. Standard Methds for the Examination of Water and Wasterwater.17ª edição. Washington D.C, p. 8-1-143.

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CONSOLI, R. A. G. B. & Oliveira, R. L. de. 1994. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Rio de Janeiro. Editora FIOCRUZ, p. 225

EVENHUIS, N.L., 1994 - Catalogue of the fossil flies of the world (Insecta: Diptera). Backhuys Publ., Leiden.

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GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. A.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; .

GUIMARÃES, J. H.; TUCCI, E. C.; BATTESTI, D. M. B. 2001. Ectoparasitos de importância veterinária. São Paulo. Editora Plêiade / FAPESP, 213 p.

LARANJA, A. T. e BICUDO H. E. M. C. 2001. o uso da cafeína e da borra do café no controle de Aedes aegypti. instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – UNESP.

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LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica. Tradução de W.R. Loodi, e A.A. Simões. São Paulo: Sarvier, 1995. 839 p. Tradução de: Principles of biochemistry

MARCONDES, C. B. 2001. Entomologia médica e veterinária. São Paulo. Editora Atheneu, 432 p.

RAND, G. M. & PETROCELLI, S. R. 1985. Fundamentals of Aquatic Toxicology. Washington, D.C., Eds, p. 665.

REY, L. 2002. Bases da parasitologia médica. 2ª edição. São Paulo. Editora Guanabara Koogan, 379 p.

RAVEN, P.H., EVERT, R.F., & EICHHORN, S.E. 1996. Biologia Vegetal. 5ª ed. Editora Guanabara Koogan.

SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SUCEN – DCV, Guia Básico de Dengue, abril de 2002

8, ANEXOS

FIGURA 1 – Ciclo Biológico

OVOS

CICLO

BIOLÓGICO

LARVA

PUPA

ADULTO

FIGURA 2 – Experimentos 1

FIGURA 3 – Experimentos 2

FIGURA 4 – Vista Geral do Experimento

FIGURA 5 – Montagem do experimento de leitura de pó de café -1

FIGURA 6 – Montagem do experimento de leitura de pó de café 2

FIGURA 7 – Montagem do experimento de leitura de pó de café 3

FIGURA 8 – Organismos avaliados - larvas de Aedes aegypti 1

FIGURA 9 – Organismos avaliados - larvas de Aedes aegypti 2