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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA MONITORAMENTO DE ABELHAS E VESPAS SOCIAIS EM ÁREAS INDUSTRIAIS DO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI- BAHIA ANDRÉ CARNEIRO MELO ORIENTADOR: PROF. DR. OSMAR MALASPINA Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana. 12/2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA

MONITORAMENTO DE ABELHAS E VESPAS SOCIAIS EM

ÁREAS INDUSTRIAIS DO PÓLO PETROQUÍMICO DE

CAMAÇARI- BAHIA

ANDRÉ CARNEIRO MELO

ORIENTADOR: PROF. DR. OSMAR MALASPINA

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana.

12/2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp ANDRÉ CARNEIRO MELO

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .

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Ao meu João, filho querido, que cresceu paralelo ao desenvolvimento desse curso e

que muitas vezes pagou o ônus de minhas ausências nos fins de semana e que com

suas brincadeiras proporcionou momentos de alegria quando estava escrevendo esta

monografia.

Dedico

Agradecimentos

A Deus por sempre está abrindo e iluminando os meus caminhos.

À minha esposa, Ludmila Daltro, por ter me incentivado e ajudado em todas as etapas da

minha vida. Obrigado por sempre estar ao meu lado em tudo.

Aos meus pais, Antonio e Luzenilda, por sempre acreditarem em mim.

Ao Prof. Dr. Osmar Malaspina pela amizade e confiança depositada em mim na condução e

orientação desse trabalho.

Agradeço ao Antonio Daltro Moura por ter me introduzido no estudo de Entomologia

Urbana com afinco e dedicação, por todos os ensinamentos e amizade.

À empresa Insét & Cida Natural® pelo incentivo a pesquisa e pelo apoio financeiro

destinado a esse curso aos quais me trouxeram a São Paulo para estudar.

À Nádia Moura, por estar sempre prestativa às minhas solicitações.

Aos meus colegas de trabalho Saulo Garrido, Marcos Araújo, Edson Soares e a futura

bióloga Marília Gabriela, pelo auxílio em algumas informações de campo.

Ao Edvaldo Silva, Engenheiro de Meio Ambiente da Dow Brasil, por intermediar junto a

CETREL os dados climatológicos utilizados neste trabalho

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp À Profa. Dra. Ana Eugênia, Prof. Dr. Odair Bueno e Prof. Dr. Antonio Tadeu Lélis pela

convivência e amizade durante este ano.

Ao Prof. Dr. Gilberto Marcos de Mendonça Santos, pelas valiosas contribuições.

Aos professores da pós-graduação, por tantos saberes compartilhados.

Aos meus colegas do alojamento do Instituto Biológico, pelos momentos divertidos pelo

qual passei. Um agradecimento especial ao meu amigo Júlio Cassin pelos momentos de

descontração.

Ao colega do curso Marcelo Ricardo Gomes que mesmo com tantas divergências políticas,

econômicas e sociais, fortalecemos cada vez mais a amizade e buscamos sempre elevar os níveis de

discussão em sala de aula.

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Lista de Tabelas

Tabela 1- Número de ninhos por espécies de vespas sociais registradas em nas áreas industriais,

no período de Janeiro a Novembro de 2010 ................................................09

Tabela 2- Freqüência de ocorrência dos principais substratos de nidificação em áreas industriais do Pólo

petroquímico de Camaçari- Bahia ...............................................................12

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Lista de Figuras

Figura 1- Vista parcial do Pólo petroquímico de Camaçari-Bahia ................................07

Figura 2- Abundancia mensal de ninhos de vespas sociais no período de janeiro a

novembro/2010 ...............................................................................................................10

Figura 3- Diferentes substratos de nidificação de vespas sociais em construções humanas na área

estudada ...............................................................................................13

Figura 4- Instalações industriais utilizados como substrato de nidificação por diferentes espécies

de vespas ..........................................................................................................13

Figura 5- A- Cavidade em pote de barro utilizada para nidificação de Apis mellifera. B- Vista

parcial do Jardim onde se localizava o pote de barro ............................................15

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Sumário

Introdução ......................................................................................01

Objetivos .........................................................................................06

Metodologia ....................................................................................07

Resultados e Discussão ..................................................................09

Considerações Finais .....................................................................16

Referências .....................................................................................17

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Resumo

Tanto as vespas quanto as abelhas são componentes essenciais para a diversidade de sistemas

terrestres tropicais. Esses insetos, porém, apresentam um comportamento de urbanização

bastante intenso, construindo seus ninhos nos beirais das casas, cavidades, telhados dentre

outros. Com isso, o número de acidentes provocados por esses insetos tem aumentado

consideravelmente. A ocorrência deste tipo de acidente em empresas são enquadrados como

acidentes de trabalho e acarretam afastamento de funcionários e problemas trabalhistas sendo

necessário o desenvolvimento de técnicas de monitoramento e forma de manejo adequado destes

insetos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das espécies de

abelhas e vespas ocorrentes em áreas industriais e avaliar os locais preferenciais de instalação

das suas colônias e correlacionar a fatores ambientais. Para a coleta dos dados foram realizadas

visitas mensais em indústrias do Pólo Petroquímico de Camaçari, onde foram analisadas as

edificações e áreas de processos industriais, além da vegetação adjacente, visando identificar as

colônias ativas de abelhas e vespas. Para os locais de nidificação destes animais foram

levantadas informações sobre o tipo de substrato utilizado para a nidificação e altura em relação

ao solo. Foram encontradas 89 colônias ativas, destas 83 colônias (93,25 %) pertencem ao grupo

das vespas sociais. Deste total, a espécie Polybia sericea foi a mais abundante com 78% das

ocorrências, seguido de Polybia sp. com 14,4% das ocorrências. Sabe-se que é muito comum

Polybia nidificar em construções urbanas e áreas antropizadas. A análise de qui-quadrado

revelou que não houve uma variação significativa na abundância mensal do número de colônias

de vespas sociais, este resultado sugere que o ciclo colonial das vespas nessa região é

assincrônico, ocorrendo portanto fundações e abandonos em todos os meses do ano. As análises

de regressão linear múltipla entre a abundância de ninhos de vespas sociais em cada amostragem

com valores das variáveis climáticas (temperatura média, umidade relativa e precipitação

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp pluvial) demonstraram não influências significativas em nenhuma das variáveis analisadas. A

espécie P. sericea apresentou maior valência ecológica nidificando em uma ampla variedade de

substrato (espécie euriécia), os ninhos de P. sericea, foram encontrados fixados aos mais

diferentes tipos de substratos. Com relação as abelhas foram encontradas apenas 6 colônias

(6,75%) e a espécie que predominou foi Apis mellifera e local mais freqüente de instalação das

colônias foi interior de cavidades pré-existentes tais como postes, caixas de fiação e potes de

barro utilizado em ornamentação de jardins. A baixa abundancia desta espécie é um indicativo

que Apis mellifera responde de modo negativo aos impactos da fragmentação de ambientes

naturais. De qualquer sorte fatores como grande flexibilidade ecológica e maior poder

competitivo desta espécie pode estar associado à representação única destas abelhas

africanizadas no ambiente estudado. Levando-se em consideração os aspectos biológicos e

comportamentais das populações de abelhas e vespas sociais, é preciso entender que o

desenvolvimento de um programa de monitoramento e manejo destes insetos deve ter caráter

constante e permanente tornando assim um programa de monitoramento e controle permanente

efetivo nas áreas industriais.

Palavras Chaves: Hymenoptera; Aculeata; Nidificação; Urbanização, Acidentes

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Abstract

Both wasps and bees are essential components for the diversity of tropical terrestrial systems. These

insects, however, show an intense urbanization behavior, building their nests in the eaves of houses,

wells, rooftops and other sites. Thus, the number of accidents caused by these insects has increased

considerably. The occurrence of such accidents in companies are classified as occupational injuries

and cause medical clearance of employees and labor problems which require the development of

monitoring techniques and forms of management of these insects. Thus, the aim of this work was to

survey the species of bees and wasps occurring in industrial areas and assess the preferred sites for

the installation of their colonies. We also correlated such nest sites with the environmental factors.

For data collection visits were made monthly in industries of the Northeastern Complex. The areas

of buildings and industrial processes were investigated, in addition to the adjacent vegetation, to

identify the active colonies of bees and wasps. Type of substrate used for nest construction and nest

height above the ground were also analyzed. Eighty nine active colonies were found. Eighty three

colonies (93.25%) belonged to the group of social wasps. Polybia sericea was the most abundant

species with 78% of cases, followed by Polybia sp. with 14.4% of cases. It is known that it is very

common to find Polybia nesting in urban buildings and disturbed areas. The chi-square analysis

revealed a non significant variation in the abundance of the monthly number of colonies of social

wasps. This result suggests that the colonial cycle of wasps in this region is asynchronous, and

coliny foundation and dropouts occurr in all months of the year. The multiple linear regression

analysis between the abundance of social wasps in each sample with values of climate variables

(temperature, relative humidity and rainfall) showed no significant influence on any of the

variables. The species Polybia sericea showed greater ecological valence nesting in a wide variety

of substrat. Their nests were found attached to many different types of substrates. Regarding the

bees only six colonies (6.75%) were found and the species that predominated was Apis mellifera.

Their most frequent nesting sites were within pre-existing cavities such as poles, wiring boxes and

clay pots used in ornamental gardens. The low abundance of this species is an indication that A.

mellifera responds to the negative impacts of fragmentation of natural environments. Anyway

ecological factors such as great ecological flexibility and more competitive power may interfere in

its prevalence. Taking into account the biological and behavioral aspects of the populations of bees

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp and wasps, it is important to develop a program for monitoring and managing these insects as a

permanent program to effectively minimize such problems in industrial areas.

Key-Words: Hymenoptera; Aculeata, nesting, urbanization, Accidents

Introdução

A biologia da conservação tem se tornado foco de muitos estudos devido ao impacto na

biodiversidade da maioria dos ecossistemas naturais, causadas principalmente por atividades

humanas, responsáveis pela perda da diversidade de forma irreversível através de extinção

ocasionada pela destruição de habitats naturais. O processo de fragmentação ocorre,

principalmente, quando um habitat é substituído por atividades humanas. Tal processo pode ser

caracterizado pela sua ocorrência em grande escala de espaço numa pequena escala de tempo

(COLLI et al., 2003). Estudos recentes têm se concentrado no desenvolvimento de indicadores

de biodiversidade, particularmente em relação à estimativa de riqueza em grupos altamente

diversificados na maioria invertebrados (LEWINSOHN et al., 2005).

Para o ambiente terrestre, os artrópodes têm sido considerados apropriados como espécies bio-

indicadoras, devido sua grande abundância, diversidades morfológicas, taxonômicas e

funcionais, além da ampla distribuição e respostas evolutivas rápidas a mudanças ambientais. Os

insetos, especialmente, respondem de forma rápida as perturbações nos recursos de seu habitat,

assim como alterações da paisagem e mudanças na estrutura e função dos ecossistemas

(LEWINSOHN et al., 2005).

Os insetos constituem o maior e o mais variado grupo de animais na terra, sendo responsáveis

por 59% do total de espécies descritas e a sua diversidade encontradas nas regiões tropicas é

12/2010

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp maior que nas regiões temperadas (FREITAS et al., 2003). Grande parte do sucesso evolutivo

dos insetos, como mostra seu elevado número de espécies, deve-se a uma combinação de uma

grande diversidade de modos de vida aliados à capacidade de colonizar diversos ambientes. A

especialização dos hábitos alimentares possibilita a exploração de uma vasta gama de recursos,

promovendo a ocupação de diferentes posições nas cadeias tróficas (PANIZZI & PARRA,

1991). Estes animais, especialmente, respondem rapidamente as perturbações nos recursos de

seu habitat assim como alterações da paisagem e as mudanças na estrutura e função dos

ecossistemas (LEWINSOHN et al., 2005).

A ordem Hymenoptera é composta de cerca de 80 mil espécies de insetos pertencentes ao

grupo das vespas, formigas e abelhas e esta ordem é subdividida em duas subordens: Symphyta e

Apocrita. Os indivíduos da subordem Symphyta apresentam abdome aderente, ou seja, quase

inteiramente preso à face posterior do tórax, venação completa das asas e quase todas as espécies

conhecidas são fitófagas. O aparelho ovipositor dos indivíduos adultos está adaptado para colocar

ovos em tecidos vegetais. Os Apocrita apresentam abdome separado do tórax pôr uma constrição,

articulando-se a ele por um pecíolo e seus hábitos são variáveis de espécie para espécie

(CARPENTER & MARQUES, 2001).

Os himenópteros aculeados estão inseridos na subordem Apocrita e este grupo desenvolveu

o aparato de ferroar a partir do ovipositor, explicando porque somente as fêmeas dos Hymenoptera

apresentam a capacidade de ferroar. Embora o número de espécies seja grande, a maioria delas

raramente é nociva, porém os Himenópteros eusociais representam um número pequeno de espécies

que vivem em grandes colônias e protegem seus ninhos, ferroando prontamente os intrusos, quando

se sentem ameaçados (RICHARDS, 1971, 1978). Nesse grupo estão incluídos as abelhas e as

vespas sociais.

As abelhas pertencem a Superfamília Apoidea, composta de aproximadamente 20 mil

espécies de distribuídas em 11 famílias: Anthophoridae, Halictidae, Megachilidae, Apidae,

Colletidae, Oxaeidae, Andrenidae, Mellitidae, Fidellidae, Ctenoplectridae , Stenotritidae.

As abelhas sociais são as que vivem em grupos organizados contendo grande número de

indivíduos onde existe divisão de trabalho e de castas. Na família Apidae encontram-se as abelhas

mais evoluídas socialmente como as mamangavas, os meliponídeos e as abelhas-de-mel ou

africanizadas. As mamangavas muito importantes na polinização de algumas espécies de plantas.

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Os meliponídeos são nativas da América Latina e conhecidas como abelhas indígenas ou sem ferrão

e muito explorados na meliponicultura (MICHENER, 2000).

A Apis mellifera, conhecida popularmente por abelhas africanizadas, são muito agressivas e

enxameiam várias vezes ao ano, utilizam-se de uma grande variedade de locais para nidificação,

comportamento relacionado ao aumento de número de acidentes devido a existência de uma

variedade de abrigos em áreas urbanas. Tais abrigos aumentam o contato entre inseto e população.

Segundo Soares et al. (1994), a abelha africanizada apresenta dois modelos de dispersão, os

quais têm favorecido a sua sobrevivência e expansão. Quando há muito alimento, formam-se os

enxames reprodutivos e a população aumenta formando uma nova rainha e parte das abelhas voa

com a rainha mais velha em busca de um novo local para a nidificação. No período de escassez de

alimento, condições climáticas desfavoráveis e predação formam-se os enxames de abandono,

quando todas as abelhas migram para outro local.

Os vespídeos sociais da região Neotropical pertencem a família Vespidae e subfamília Polistinae.

Os representantes de Polistinae são encontrados em todo o mundo, porém, a maior diversidade

está localizada nas regiões neotropicais, com 25 gêneros e mais de 900 espécies descritas.

(CARPENTER, 2004). No Brasil são encontradas mais de 300 espécies de 21 gêneros

pertencente à tribo Polistini, Mischocyttarini e Epiponini (CARPENTER & MARQUES, 2001).

Portanto compõem um importante grupo de insetos sociais neotropicais e sua organização social

é expressa na variação na arquitetura de ninhos e na agressividade das operárias na defesa da

colônia (WENZEL, 1998).

Dentre as principais características das vespas sociais verifica-se o hábito de construir ninhos que

pendem em um substrato (JEANNE, 1975). Exceto algumas espécies que constroem seus ninhos

de barro, os ninhos são geralmente construídos com material de origem vegetal e abrigam a prole

e os adultos (WENZEL, 1998). Muitas vespas utilizam vegetais como substrato para fixarem

seus ninhos. Em ambientes naturais, os ninhos destes insetos são crípticos e bem camuflados,

envolvendo fatores como forma, coloração e transparência, características encontradas em folhas

de muitas plantas (LIMA et al., 2000). Algumas espécies frequentemente nidificam em

habitações humanas demonstrando assim um elevado grau de sinantropia e uma maior chance de

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp sucesso, devido à redução de predação e segurança contra intempéries climáticas (RAMOS &

DINIZ, 1993).

As vespas sociais ainda podem ser divididas em dois grupos comportamentais de acordo com o

modo com que iniciam novas colônias. O primeiro grupo possui fundação independente, ou seja,

as colônias são fundadas por rainhas fecundadas, sem a participação de operárias. O segundo

grupo possui fundação por enxameio, na qual novas colônias são iniciadas pela participação de

uma ou mais rainhas e grande número de operárias (WENZEL & CARPENTER, 1994).

Os estudos com vespas sociais no Brasil remetem a expedições históricas no início do século

passado e foram iniciados por Von Ihering (1904), Ducke (1906, 1907, 1918) que estudaram a

taxonomia, bem como distribuição das espécies no País. Existe, portanto no Brasil, uma grande

lacuna ao longo do tempo e do espaço no que se diz respeito a estudos de diversidade de vespas

sociais.

No estado de São Paulo, RODRIGUES & MACHADO (1982) realizaram um levantamento no

horto florestal “Navarro de Andrade” com uma área de 2.222 hectares, município de Rio Claro,

onde registraram a ocorrência de 33 espécies de vespas sociais pertencentes a 10 gêneros.

Em áreas com influência do bioma cerrado destacam-se alguns trabalhos sobre diversidade,

densidade populacional e preferência por hábitos de nidificação de vespas sociais. Dentre estes

podemos destacar: Diniz & Kitayama (1994), registrando 30 espécies pertencentes a 15 gêneros;

Campos (2005) estudando diversidade de vespas do cerrado encontrou 29 espécies distribuídas

em 10 gêneros. Souza & Prezoto (2006) realizaram estudos de diversidade de vespas sociais em

floresta e cerrado e registraram 38 espécies de vespas sociais aplicando diferentes métodos de

amostragem. Para Floresta Amazônica são registrados três estudos de diversidade desses insetos

(RAW, 1998; SILVEIRA, 2002; SILVEIRA et al., 2005).

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Outros trabalhos de diversidade de vespas sociais foram realizados em áreas com forte influência

antrópica. Dentre estes se destacam os de Lima et al. (2000), que realizaram um levantamento

dos gêneros de vespas no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, no período de

Setembro de 1998 a Setembro de 1999, registrando a presença de cinco gêneros, e de Santos

(1996) que verificou a ocorrência de vespas sociais em pomares, em Goiânia, entre Novembro de

1988 e Novembro de 1989, coletando 2.174 indivíduos distribuídos em nove espécies e cinco

gêneros.

Importantes contribuições para o conhecimento da fauna de vespas sociais na Bahia incluem:

Marques & Carvalho (1993) no recôncavo baiano, Santos (2000), que estudou e comparou três

tipos de ambiente na Bahia (Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga), Rocha (2004), que verificou a

ocorrência de vespas sociais associadas à cultura de banana na região do médio São Francisco e

Melo et al. (2005) que realizaram um levantamento de vespas sociais na Chapada Diamantina

associadas a diferentes tipos de vegetação.

Tanto as vespas quanto as abelhas são componentes essenciais para a diversidade de sistemas

terrestres tropicais. As vespas exercem um importante papel como predadoras de várias outras

espécies de insetos, como por exemplo, da ordem Hymenoptera, Coleoptera e Lepidoptera

(CARPENTER & MARQUES, 2001). As abelhas são provavelmente o grupo mais importante

de polinizadores em número e em diversidade de plantas polinizadas (LOYOLA & MARTINS,

2006). Algumas espécies de plantas dependem exclusivamente das abelhas para a sua

reprodução. Além disso, vespas e abelhas são predadas e parasitadas por uma grande variedade

de organismos (MORATO & CAMPOS, 2000).

Nos dias atuais, assiste-se uma intensa redução e degradação dos ambientes naturais, o que

promove uma série de alterações ecológicas e comportamentais de diversas espécies de animais,

promovendo a sua incorporação em um novo tipo de ambiente, o que leva a modificações no

equilíbrio natural (GUIMARÃES & PREZOTO, 2007). O sucesso na transição desses insetos do

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp habitat natural para o ambiente urbano deve-se a mudanças de aspectos da sua biologia e

comportamento, proporcionando assim condições ideais para estabelecimento de suas colônias.

Além disso, os ambientes urbanos não só oferecem condições ideais para a nidificação destes

insetos como também boas condições para obtenção de alimentos.

O elaborado comportamento de defesa destes insetos, aliado ao grande número de indivíduos nos

ninhos e sua rápida adaptação a áreas urbanas, construindo seus ninhos nos beirais das casas e

prédios, cavidades pré-existentes, telhados dentre outros, vem provocando constantes

preocupações nas populações humanas. O uso de métodos químicos de controle não são

desejáveis, uma vez que a conservação dessas espécies é extremamente importante, quer sobre o

ponto de vista da manutenção da biodiversidade, do controle de pragas, da polinização ou da

produção de alimentos.

Com isso, o número de acidentes provocados por esses insetos tem aumentado

consideravelmente. No Brasil, embora não existam dados oficiais, estima-se que, cerca de 500

acidentes/ano sejam provocados pelas vespas e abelhas sociais (MALASPINA, 2000). Esses

acidentes são muitas vezes agravados devido aos problemas de alergia que muitas pessoas

apresentam e, em muitos casos, podem provocar choque anafilático, levando a morte. Infelizmente

existe um número muito reduzido de clinicas e médicos especializados no assunto para o tratamento

de pessoas sensíveis ao veneno desses insetos no país.

A ocorrência deste tipo de acidente em empresas e indústrias é enquadrada como acidente de

trabalho e acarreta afastamento de funcionários, bem como problemas trabalhistas de alto custo,

desta forma é necessário o desenvolvimento de técnicas de monitoramento e manejo adequado

destes insetos nestas áreas.

Diante das considerações acima, há necessidade de se realizar estudos no sentido de

desenvolver metodologias adequadas de manejo dessas espécies. Nesse tipo de metodologia é

preciso abranger diversos aspectos, indo desde o monitoramento e identificação das espécies,

formas de manejo adequado, sistemas de coleta e remoção de ninhos intactos, até treinamento de

equipes e orientação de todas as pessoas envolvidas nos ambientes urbanos.

O complexo industrial de Camaçari-COPEC, criado em 1978, é o maior parque industrial da

América Latina, sendo constituído por 72 empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de

atividades como indústria automotiva, celulose, metalurgia do cobre, têxtil e de outros serviços.

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OBJETIVOS

Este trabalho teve por objetivo realizar um levantamento das espécies de abelhas e vespas

sociais que ocorrem em ambientes industriais do Pólo Petroquímico de Camaçari-Bahia, avaliando

o seu comportamento de nidificação correlacionando-os a fatores ambientais. O presente estudo

também procurou identificar estratégias eficientes de manejo destes insetos permitindo buscar uma

base para aperfeiçoar o monitoramento e orientar medidas preventivas e de controle.

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Metodologia

Área de estudo

O trabalho foi realizado em áreas pertencentes a indústrias petroquímicas localizadas no pólo

industrial de Camaçari-Bahia (Figura 1). A localidade apresenta posições geográficas definidas

pelas coordenadas 12º41’51’’ S; 38º19’27’’ W. Conforme a classificação climática de Koppen, a

região apresenta clima tropical quente e úmido, com temperatura média anual de 25,4º C e

precipitação anual de 1700 mm, com chuvas mais concentradas entre os meses de abril a junho.

A vegetação na região, no estado atual que se encontra, é composta basicamente de matas

secundárias, pois a vegetação original foi praticamente toda fragmentada (FONSECA, 2004).

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Figura 1: Vista parcial do Pólo petroquímico de Camaçari-Bahia

Delineamento experimental

Para amostragem dos insetos foram realizadas visitas mensais (Janeiro/2010 a Novembro/2010)

nas respectivas áreas com duração de cinco dias. Em cada incursão às edificações presentes, as

áreas de processos industriais e armazenamento de produtos (tancagens), bem como a vegetação

adjacente foram cuidadosamente examinados por um período de 7 horas, visando identificar as

colônias ativas de abelhas e vespas. Para os locais de maior incidência de nidificação destes

animais, foram registradas informações sobre o tipo de substrato utilizado para a nidificação,

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp altura em relação ao solo e característica das áreas. As vespas sociais foram identificadas

utilizando as chaves incluídas no trabalho de Carpenter & Marques (2001)

Análises estatísticas

O número de ninhos de vespas sociais e abelhas com colônias ativas observados foi utilizado

para calcular o Índice de diversidade de Shanon, com o uso do programa DivEs 2.0. Foram

avaliadas através de análises de regressão linear, possíveis relações entre a existência ou não de

variação na abundância das colônias com os dados referentes a fatores físicos do tempo

(temperatura, precipitação e umidade relativa do ar) no período de amostragem.

Os dados brutos diários referentes a fatores físicos do tempo, durante o período estudado, foram

fornecidos pela CETREL S/A (Central de Tratamento de Efluentes) a partir da Estação Escola.

Para efeito de análise estatística, foi calculada a média para o intervalo de tempo compreendido

em cada amostragem.

Para verificar a existência ou não de preferência das espécies de abelhas e vespas sociais em

estabelecer colônias em algum substrato específico, foi realizado o teste não paramétrico do Qui-

quadrado.

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Resultados e Discussão

Vespas sociais

Durante o período de janeiro a novembro de 2010, foram registradas 83 colônias de vespas

sociais, distribuídas em cinco espécies. Cada colônia foi utilizada como um único indivíduo para

análises estatísticas. Encontrou-se uma média de 7,3 (3-10) colônias ativas de vespas por

amostragem. Deste total, 81,25 % pertencentes a espécie Polybia sericea, 15% pertencente a

Polybia cf. occidentalis, 3,75% para Polistes sp., 2,5% para Brachygastra lecheguana, para

Metapolybia sp. encontrou-se apenas uma colônia ficando esta com 1,25% das ocorrências

(tabela 1).

Tabela 1: Número de colônias por espécies de vespas sociais registradas em nas áreas industriais, no período de Janeiro a Novembro de 2010.

Espécies de vespas sociais Abundância Frequência

(%)

Brachygastra lecheguana (Latreille, 1824) 2 2,5

Polybia cf. occidentalis (Oliver, 1791) 12 15

Polybia sericea (Olivier, 1971) 65 81,25

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Polistes sp. 3 3,75

Metapolybia sp. 1 1,25

Total de colônias 83

De acordo com o tipo de fundação, pode-se verificar que quatro das espécies encontradas

fundam seus ninhos por enxames (Epiponini), enquanto que apenas uma (Polistes sp.) nidifica

por fundação independente. Este sucesso está relacionado ao modo de fundação das colônias por

enxameamento, que apresenta algumas vantagens potenciais: a socialização da dispersão que

reduz o risco de mortalidade da rainha e operárias (BOUWMA et al. 2003, WILSON, 1971),

especialização dos membros da colônia na defesa contra predadores e o controle homeostático

dentro do ninho (JEANNE, 1991).

A análise de qui-quadrado revelou que não houve uma variação significativa na abundância

mensal do número de colônias de vespas sociais (χ2=4,7; p=0,9103), este resultado sugere que o

ciclo colonial das vespas nessa região é assincrônico, ocorrendo portanto fundações e abandonos

em todos os meses do ano (figura 2). A ausência desta variação indica a ocorrência destes insetos

em todas as épocas do ano não havendo, inclusive, diferenças significativas nas duas estações

característica da região. P. sericea além de ser a espécie mais abundante, ela também manteve

sua uniformidade durante quase todo o período estudado.

Fatores associados a comunidades de vespas sociais estudada foram investigados através das

análises de regressão linear múltipla entre a abundância de ninhos de vespas sociais em cada

amostragem com valores das variáveis climáticas (temperatura média, umidade relativa e

precipitação pluvial) registradas nos meses amostrados, porém os resultados obtidos não

demonstraram influências significativas em nenhuma das variáveis analisadas (F= 1,2034;

p=0,3769).

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Figura 2: Abundância mensal de ninhos de vespas sociais no período de janeiro a novembro/2010.

A diversidade obtida no presente estudo foi de H’=0,32. Este resultado apresentou baixa

diversidade quando comparados a outros estudos de diversidade de vespas realizados no estado

da Bahia, Marques et al. (1993), Santos et al. (2006) em áreas de caatinga, Silva-Pereira &

Santos (2006) em ambientes de campo rupestre, Santos et al (2007) em ambientes insulares,

Santos et al. (2009) em áreas de cerrado. No entanto Santos et al. (2007) apontam que,

ambientes estruturalmente mais complexos tendem a apresentar maior riqueza e maior

diversidade devido a maior oferta de micro habitats, proteção contra a predação, maior

diversidade e disponibilidade de recursos e de substrato para nidificação. Desta forma, ambientes

degradados, principalmente os urbanos demonstram uma baixa diversidade de espécies quando

comparados a ambientes naturais (LIMA et al., 2000), além disso, o ambiente urbano, por

possuir menor diversidade que o ambiente natural, oferece uma menor pressão de competição

entre as espécies que o ocupam.

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp O fato das vespas sociais nidificarem em ambientes urbanos, confere também uma grande

chance de sucesso, pois as áreas urbanas oferecem, além de condições necessárias para a

nidificação, boas condições para a obtenção de recursos alimentares, o que reflete também na

flutuação do número de colônias ao longo do ano.

Com relação a hábitos de nidificação, no presente estudo as espécies de vespas sociais

demonstraram seu elevado grau de sinantropia, nidificando em construções e instalações

humanas existentes na área pesquisada, além de colônias estabelecidas em áreas verdes

adjacentes (Figuras 3 e 4). Os principais substratos utilizados como locais de nidificação foram:

tubulações com 21,68%, tanques de produtos químicos e construções humanas ambos com

20,48% das ocorrências, a vegetação adjacentes com 19,27%. O teste do qui-quadrado não

evidenciou, portanto uma preferência por um tipo específico de substrato (tabela 2).

Algumas espécies de vespas sociais são euriécias e apresentam ampla valência ecológica,

podendo variar seus hábitos de nidificação em funções de condições ambientais e substratos de

nidificação disponíveis (SANTOS & GOBBI, 1998; SANTOS et al, 2009). Acredita-se que o

comportamento de nidificar em ambientes urbanos das vespas esteja associado com sua

estratégia de sobrevivência, pois nesses ambientes esses insetos encontram um bom local para

fixar seus ninhos protegendo-os contra as intempéries (sol, chuva, ventos) e inimigos naturais.

No presente estudo os ninhos de vespas foram encontrados em locais discretos como beirais de

janelas, touceiras de capim e beirais de telhados e boa parte dos ninhos também foram

encontrados em instalações metálicas, normalmente em locais elevados.

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Tabela 2: Frequência de ocorrência dos principais substratos de nidificação em áreas industriais do Pólo petroquímico de Camaçari- Bahia

A altura média dos ninhos em relação ao solo foi de 2,18 m (0-8), os ninhos que se encontravam

no nível do solo (cota 0) estavam bem camuflados se misturando no meio da vegetação,

apresentando difícil visualização. Já as vespas sociais que nidificaram em altitudes maiores,

instalaram suas colônias em locais de difícil acesso. A diversidade encontrada nos hábitos de

nidificação é certamente determinada pela ação de forças seletivas, especialmente relacionadas a

predação por inimigos naturais (SANTOS & GOBBI, 1998). A estrutura dos ninhos construídos

Substratos de

nidificação

Frequência

Tubulações 18

Tanques 17

Vegetação 16

Construções Humanas 17

Caixa de passagem 07

Outros 09

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp pelas vespas sociais é resultado de seleção e, algumas vezes, apresentam especificidades

surpreendentes, respondendo a pressões seletivas de predadores, do clima ou a combinação

desses fatores (WENZEL, 1998).

A espécie P. sericea mais abundante no presente estudo, apresentou maior valência ecológica

nidificando em uma ampla variedade de substrato (espécie euriécia). Segundo Bichara-Filho

(2003), os ninhos de P. sericea, podem ser encontrados fixados aos mais diferentes tipos de

substratos. Marques (1989) evidencia que o formato do ninho desta espécie pode variar em

função do substrato de nidificação. Esses dados corroboram os de Santos & Gobbi (1998) que

encontraram ninhos com formatos distintos, provavelmente influenciados pelo substrato de

nidificação.

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Figura 3: Diferentes substratos de nidificação de vespas sociais em construções humanas na área estudada.

Figura 4: Instalações industriais utilizados como substrato de nidificação por diferentes espécies de vespas.

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Abelhas

Com relação às abelhas, foram encontradas seis colônias ativas no período estudado, todas

pertencentes à espécie Apis mellifera. O local mais freqüente de instalação das colônias foi

interior de cavidades pré-existentes tais como postes, caixas de fiação e potes de barro utilizados

em ornamentação de jardins (Figura 5). Mello et al (2003) afirma que o fato dos locais mais

frequentes de nidificação de A. mellifera serem construções humanas pode estar relacionado a

certo grau de sinantropia, o que mostra uma adaptação destes insetos às condições impostas pelo

ambiente urbano (poucas áreas verdes e muitas edificações).

Paula (2009) atesta que a baixa abundância desta espécie indica que A. mellifera responde de

modo negativo aos impactos da fragmentação de ambientes naturais. De qualquer sorte, outros

fatores como, grande flexibilidade ecológica e maior poder competitivo desta espécie, podem

estar associados à representação única destas abelhas africanizadas no ambiente estudado.

Segundo Nascimento Junior (1981), as variáveis que atuam na composição de uma colônia

podem ser externas como os fatores climáticos (radiação solar, temperatura, precipitação,

umidade relativa, vento e pressão atmosférica) que podem afetar a atividade da colônia ou as

variáveis internas que são as características intrínsecas da colônia (feromônios, divisão de tarefas

e homeostase). Os elementos bióticos e abióticos estão inter-relacionados de forma contínua, de

maneira que nunca se pode analisar apenas um elemento de cada grupo.

Ao longo do período estudado, foram observados diversos enxames migratórios de A. mellifera,

mas estes dados não foram incluídos no estudo devido ao pequeno período de permanência

desses enxames nos locais provisórios. Esses enxames são características do modo de dispersão

destes insetos e tem favorecido sua sobrevivência e expansão (SOARES et al., 1994). Estes

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp enxames pousam em locais variados até encontrar o abrigo adequado para instalação de suas

colônias. Mello et al (2003) afirma que quando as abelhas não encontram um local apropriado

podem iniciar a construção dos ninhos permanecendo no mesmo ponto onde estão agrupadas.

Além disso, as abelhas africanizadas que habitam regiões de clima tropical têm alta capacidade

para abandonar os locais de nidificação em determinadas estações do ano, fundando

posteriormente novos ninhos em locais favoráveis (CHAUD-NETO, 1992). Em áreas urbanas,

sujeitas às constantes modificações da vegetação, essas abelhas devem adequar continuamente

suas necessidades a tais mudanças.

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Figura 5: A- Cavidade em pote de barro utilizada para nidificação de Apis mellifera. B- Vista parcial do Jardim onde se localizava o pote de barro.

A

B

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Considerações Finais

Os resultados evidenciaram que o ciclo colonial assincrônico das vespas sociais indica a

ocorrência destes insetos em todas as épocas do ano no ambiente estudado, possibilitando um

maior contato dos trabalhadores com estes animais e, por conseguinte a existência do risco de

acidentes. Além disso, o fato de não haver preferência por um tipo de substrato específico

permite-se inferir da ocorrência destas espécies nos diferente ambientes fabris.

P. sericea foi a espécie de vespas sociais mais importante no presente estudo não só por ter sido

a mais abundante, mas também por ter sido encontrada nidificando nos diferentes ambientes e

associando isso ao elaborado comportamento de defesa da colônia (alarme e recrutamento) esta

espécies torna-se essencial no programa de monitoramento.

Os dois mecanismos de enxameação e abandono de colônias, embora sejam altamente

adaptativos para a sobrevivência das abelhas africanizadas, podem contribuir para o aumento

significativo do número de acidentes com pessoas. Ao escolherem seu novo local de nidificação

como, por exemplo: tubulações, cavidades em postes, equipamentos industriais, caixas de fiação

e árvores ou arbustos as abelhas podem se posicionar de maneira a provocar acidentes.

Os acidentes com abelhas e vespas na área estudada podem ser ocasionados inadvertidamente

quando as pessoas estão trabalhando nas proximidades das colônias e realizam alguma

perturbação física como o manuseio de uma válvula, choque mecânico ou até mesmo

estimulações sonoras que incitam o elaborado comportamento de defesa destes insetos.

Levando-se em consideração os aspectos biológicos e comportamentais das populações de

abelhas e vespas sociais, é preciso entender que o desenvolvimento de um programa de

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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp monitoramento e manejo destes insetos deve ter caráter constante e permanente, pois nenhum

território desocupado por uma população ficará livre por muito tempo, pois certamente será

ocupado por colônias da mesma espécie ou por outras populações. Tornando assim um programa

de monitoramento e controle permanente efetivo nas áreas industriais.

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