tecnologia do controle social

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1. TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO) DR. CLANDESTINO [email protected] 2. TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO DR. CLANDESTINO) [email protected] 3. DEDICATÓRIA Para aqueles que ainda se importam.. 4. PRÓLOGO A MÁQUINA DO MUNDO por Carlos Drummond de Andrade E como eu palmilhasse vagamente Abriu-se em calma pura, e convidando uma estrada de Minas, pedregosa, quantos sentidos e intuições restavam e no fecho da tarde um sino rouco a quem de os ter usado os já perdera se misturasse ao som de meus sapatos e nem desejaria recobrá-los, que era pausado e seco; e aves pairassem se em vão e para sempre repetimos no céu de chumbo, e suas formas pretas os mesmos sem roteiro tristes périplos, lentamente se fossem diluindo convidando-os a todos, em corte, na escuridão maior, vinda dos montes a se aplicarem sobre o pasto inédito e de meu próprio ser desenganado, da natureza mítica das coisas, a Máquina do Mndo se entreabriu assim me disse, embora voz alguma para quem de a romper já se esquivava ou sopro ou eco ou simples percussão e só de o ter pensado se carpia. atestasse que alguém, sobre a montanha, Abriu-se majestosa e circunspecta, a outro alguém, noturno e miserável, sem emitir um som que fosse impuro em colóquio se estava dirigindo: nem um clarão maior que o tolerável "O que procuraste em ti ou fora de pelas pupilas gastas na inspeção teu ser restrito e nunca se mostrou, contínua e dolorosa do deserto, mesmo afetando dar-se ou se rendendo, e pela mente exausta de mentar e a cada instante mais se retraindo, toda uma realidade que transcende olha, repara, ausculta: essa riqueza a própria imagem sua debuxada sobrante a toda pérola, essa ciência no rosto do mistério, nos abismos. sublime e formidável, mas hermética, 5. essa total explicação da vida, Mas, como eu relutasse em responder esse nexo primeiro e singular, a tal apelo assim maravilhoso, que nem concebes mais, pois tão esquivo pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio, se revelou ante a pesquisa ardente a esperança mais mínima — esse anelo em que te consumiste... vê, contempla, de ver desvanecida a treva espessa abre teu peito para

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TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTURO_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO

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1. TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O

GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO

MILÊNIO por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO) DR. CLANDESTINO

[email protected]

2. TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O

GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO

MILÊNIO por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO DR. CLANDESTINO)

[email protected]

3. DEDICATÓRIA Para aqueles que ainda se importam..

4. PRÓLOGO A MÁQUINA DO MUNDO por Carlos Drummond de Andrade E

como eu palmilhasse vagamente Abriu-se em calma pura, e convidando uma estrada

de Minas, pedregosa, quantos sentidos e intuições restavam e no fecho da tarde um

sino rouco a quem de os ter usado os já perdera se misturasse ao som de meus

sapatos e nem desejaria recobrá-los, que era pausado e seco; e aves pairassem se em

vão e para sempre repetimos no céu de chumbo, e suas formas pretas os mesmos sem

roteiro tristes périplos, lentamente se fossem diluindo convidando-os a todos, em corte,

na escuridão maior, vinda dos montes a se aplicarem sobre o pasto inédito e de meu

próprio ser desenganado, da natureza mítica das coisas, a Máquina do Mndo se

entreabriu assim me disse, embora voz alguma para quem de a romper já se esquivava

ou sopro ou eco ou simples percussão e só de o ter pensado se carpia. atestasse que

alguém, sobre a montanha, Abriu-se majestosa e circunspecta, a outro alguém, noturno

e miserável, sem emitir um som que fosse impuro em colóquio se estava dirigindo: nem

um clarão maior que o tolerável "O que procuraste em ti ou fora de pelas pupilas gastas

na inspeção teu ser restrito e nunca se mostrou, contínua e dolorosa do deserto,

mesmo afetando dar-se ou se rendendo, e pela mente exausta de mentar e a cada

instante mais se retraindo, toda uma realidade que transcende olha, repara, ausculta:

essa riqueza a própria imagem sua debuxada sobrante a toda pérola, essa ciência no

rosto do mistério, nos abismos. sublime e formidável, mas hermética,

5. essa total explicação da vida, Mas, como eu relutasse em responder esse

nexo primeiro e singular, a tal apelo assim maravilhoso, que nem concebes mais, pois

tão esquivo pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio, se revelou ante a pesquisa

ardente a esperança mais mínima — esse anelo em que te consumiste... vê,

contempla, de ver desvanecida a treva espessa abre teu peito para agasalhá-lo.” que

entre os raios do sol inda se filtra; As mais soberbas pontes e edifícios, como defuntas

crenças convocadas o que nas oficinas se elabora, presto e fremente não se

produzissem o que pensado foi e logo atinge a de novo tingir a neutra face distância

superior ao pensamento, que vou pelos caminhos demonstrando, os recursos da terra

dominados, e como se outro ser, não mais aquele e as paixões e os impulsos e os

tormentos habitante de mim há tantos anos, e tudo que define o ser terrestre passasse

a comandar minha vontade ou se prolonga até nos animais que, já de si volúvel, se

cerrava e chega às plantas para se embeber semelhante a essas flores reticentes no

sono rancoroso dos minérios, em si mesmas abertas e fechadas; dá volta ao mundo e

torna a se engolfar, como se um dom tardio já não fora na estranha ordem geométrica

de tudo, apetecível, antes despiciendo, e o absurdo original e seus enigmas, baixei os

olhos, incurioso, lasso, suas verdades altas mais que todos desdenhando colher a

coisa oferta monumentos erguidos à verdade: que se abria gratuita a meu engenho. e a

memória dos deuses, e o solene A treva mais estrita já pousara sentimento de morte,

que floresce sobre a estrada de Minas, pedregosa, no caule da existência mais

gloriosa, e a Máquina do Mundo, repelida, tudo se apresentou nesse relance se foi

miudamente recompondo, e me chamou para seu reino augusto, enquanto eu,

avaliando o que perdera, afinal submetido à vista humana. seguia vagaroso, de mãos

pensas.

6. INTRODUÇÃO Tanto a Religião quanto o Governo podem ser

compreendidos como partes integrantes de um complexo conjunto de Tecnologias

desenvolvidas para assegurar ou manter o Controle Social efetivo sobre os indivíduos,

por estabelecerem sistemas de regras ou normas para a convivência em sociedade.

Este foi justamente o argumento elaborado por dois dos maiores pensadores da

Renascença, Galileu Galilei(1) e Nicolau Maquiavel(2), para oporem-se à interferência

e à ingerência das doutrinas defendidas pela Igreja Católica em seus respectivos

campos de atuação intelectual, a Ciência e a Política. Naquela época a Igreja Católica

exercia uma autoridade incontestável sobre todos os aspectos da vida cotidiana; a

Bíblia era tida como um Livro Sagrado que continha verdades reveladas diretamente

por Deus, cabendo aos sacerdotes dessa instituição o exclusivo privilégio de interpretá-

lo, ainda que sob os auspícios e direcionamento do Papa; regente vitalício de inúmeras

congregações cristãs que é escolhido em assembléia dentre e pelos membros de um

colegiado de cardeais. (1) - Galileu Galilei (Pisa, 15 de fevereiro de 1564 — Florença, 8

de janeiro de 1642): foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um

papel preponderante na formalização do Método Científico ao ressaltar a importância

da realização de experimentos controlados para a obtenção de dados empíricos

confiáveis. (2) - Nicolau Maquiavel (Florença, 3 de Maio de 1469 — Florença, 21 de

Junho de 1527): foi um historiador, poeta e diplomata italiano, reconhecido como

fundador da prática política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o

governo como realmente são e não como deveriam ser.

7. As doutrinas Aristotélicas haviam sido incorporadas à visão de mundo

cristã alguns séculos antes em decorrência da obra de São Tomás de Aquino(3),

substituindo o Platonismo vigente até então, sendo consideradas como Dogmas

absolutamente inquestionáveis principalmente nos campos da Física e da Ética.

Consequentemente, qualquer tentativa deliberada de confrontá-las era punível com a

sentença de morte nas fogueiras da Inquisição; o que constituía um obstáculo

intransponível para que os avanços sociais e culturais necessários pudessem

transcorrer livremente, condenando todas as pessoas que viveram durante aquela

época (conhecida como Idade Média) a experimentarem um dos períodos históricos de

maior estagnação e recrudescimento de suas condições e qualidade de vida, higiene e

costumes. Ainda que estivesse certo sobre muitas coisas, Aristóteles(4) não era

perfeito; suas conclusões e até mesmo observações sobre fenômenos físicos

chegavam a ser ridiculamente constrangedoras! Por exemplo, ele acreditava por

convicção (e subseqüentemente também as autoridades eclesiásticas que sucederam

a Tomás de Aquino, por força da tradição) que objetos de diferentes pesos caiam a

velocidades diferentes, ou ainda que a realidade fosse dividida em “dois mundos”; o

sub-lunar (o nosso imperfeito e transitório) e o sobrenatural (3) - São Tomás de Aquino

(Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de março 1274): foi um padre dominicano, teólogo,

distinto expoente da tradição escolástica, proclamado santo e posteriormente

cognominado Doctor Angelicus pela Igreja Católica. (4) - Aristóteles (Estagira, 384 A.C.

- 322 A.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande,

considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e foi quem primeiro

dissertou sobre as regras do raciocínio lógico.

8. (um paraíso perfeito e imutável), acima e além da Lua. Galileu foi o homem

que ousou combater essas crenças com a força dos fatos. Para atingir esse objetivo ele

realizou experimentos na torre inclinada de Pisa, sua cidade natal, derrubando ao

mesmo tempo objetos de diferentes pesos, submetendo-os ao campo gravitacional

terrestre, provando experimentalmente que caiam ao chão na mesma velocidade;

desse modo refutando magistralmente o pensamento Aristotélico e, por tabela (ainda

que não intencionalmente), a autoridade da Igreja Católica sobre assuntos terrenos. Ele

foi também o primeiro a apontar um telescópio para os céus, encontrando evidências

objetivas de uma gama de fenômenos inexplicáveis segundo os paradigmas vigentes

até então, ao observar fases em Vênus, manchas solares, montanhas na Lua, satélites

em Júpiter, cometas, meteoritos. Em um curto espaço de duas semanas, o cosmos se

descortinou perante os olhos atentos daquele ser humano, que encontrou então dentro

de si o estímulo para desconsiderar quaisquer preocupações com a sua auto-

preservação; a ponto de se sentir compelido a tentar mudar a posição do Papa em

relação à validade das doutrinas de Aristóteles. Seu argumento: que a Ciência

experimental, então conhecida como “Filosofia Natural”, deveria ser o único método

acatado para nos direcionar às verdades sobre o mundo e que o propósito da Bíblia

fosse

9. reconhecido como o de, apenas, ensinar um dos caminhos como alcançar,

neste mundo, o acesso ao “próximo”; a salvação. Em suas próprias palavras: parecer

“Não seria talvez senão mais sábio e útil parecer não acrescentar à Escritura outros

artigos sem necessidade, além dos concernentes à salvação e ao fundamento da Fé,

contra cuja firmeza não há perigo algum de que possa surgir jamais doutrina válida e

eficaz?” Por essa ousadia, quase foi condenado a perecer nas chamas da Inquisição,

como inclusive chegou a ocorrer com seu genial conterrâneo, o monge Giordano

Bruno(5) que, diferentemente de Galileu, se recusou a abjurar sua doutrina da Infinitude

dos Mundos quando teve oportunidade. Ele havia concluído que o Sol é uma estrela

como qualquer outra e, pelo mesmo raciocínio, que haveria incontáveis planetas

habitáveis além deste, o que colocava a Igreja em uma situação problemática; afinal,

como as autoridades eclesiásticas poderiam garantir que cada um desses planetas

teria sido também, ou seria ainda, visitado por Jesus? Na base do argumento de

Galileu estava a tese de que a Igreja, a teologia, as crenças religiosas, formavam uma

espécie de Tecnologia para o Controle Social fundamentada em componentes

metafísicos ou abstratos e que, portanto, a Ciência e seu método, concebidos como (5)

- Giordano Bruno (Nola, 1548 — Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600): foi

um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano, condenado à morte na

fogueira, pela Inquisição romana, por heresia. Mestre na arte da memória, foi também

um grande polemista.

10. a Tecnologia para a descoberta de padrões de recorrência das Leis

matemáticas e universais da Natureza, deveriam possuir completa autonomia para

realizar o objetivo a que se propunham. Novamente, em suas próprias palavras: “A

filosofia encontra-se escrita neste grande livro que encontra- nossos continuamente se

abre perante os nossos olhos (isto é, o Universo), que não se pode compreender antes

de entender a conhecer língua e conhecer os caracteres com que está escrito. Ele está

escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências, e outras

figuras sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles

nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.” Analogamente a Galileu, mas

em um outro campo do conhecimento, Nicolau Maquiavel também ousou confrontar os

Dogmas da Igreja Católica, questionando a aplicabilidade dos parâmetros éticos

propostos por Aristóteles no mundo da Política. Ele afirmava que o governante deve ser

capaz de utilizar qualquer recurso, desde a mentira e a manipulação, à dissimulação e

até a traição de seus companheiros, para governar corretamente; em suma, que

poderia distanciar-se do comportamento exigido pela Igreja para o homem de bem,

alegando (com sua conhecida citação) que “os fins justificam os meios”. Implícito neste

raciocínio está o mesmo argumento de Galileu; que a Religião é uma forma de

Tecnologia para estabelecer Controle Social,

11. fundamentada em componentes metafísicos ou abstratos, e que a

Política, ou melhor, as distintas formas de Governo, consistiam em um conjunto

alternativo de Tecnologias para o Controle Social, puramente embasadas em

componentes de ordem prática. Citando-o textualmente: “Há certas qualidades que o

príncipe poderia ter (inclusive me atreverei a dizer que se as têm e as observa, sempre

são prejudiciais), prejudiciais), porém, se aparenta tê-las são úteis; por exemplo, tê-

parecer clemente, leal, humano, íntegro, devoto e de fato sê-lo, sê- ânimo que, porém,

ter o ânimo predisposto de tal forma que, se for sê- necessário não sê-lo, possa e saiba

adotar a qualidade contrária.” Considerando a importância desses dois pensadores nas

Revoluções cientificas, políticas, sociais e culturais, que se seguiram desde então,

analisarei neste contexto as Tecnologias de Controle Social supracitadas, a Religião e

as formas de Governo, me focando mais precisamente no modo como a evolução de

nosso conhecimento científico altera suas estruturas e instituições; e vou sugerir novos

modelos, Tecnologias, para a Religião e o Governo do futuro...

12. A RELIGIÃO DO FUTURO A Religião do futuro deverá ser universal, no

seguinte sentido, independentemente de como e onde, por quem ou se, uma pessoa

tenha sido educada, o conteúdo desse sistema de crenças deverá ser significativo;

podendo ser assimilado naturalmente por ela sem que seja necessário recorrer à

intimidação para convencê-la. Também deverá ser plenamente compatível com o

método científico, o que implica que deva ser indistinguível de uma boa “obra de ficção

científica”; coerente com os paradigmas atuais da comunidade científica internacional

(ainda que os extrapole circunstancialmente), para evitar um confronto direto entre

sistemas de crenças válidas em diferentes campos de discurso (o factual e o

metafísico). E deverá ser de livre interpretação, além de moral e eticamente neutra,

para não interferir no modo como as pessoas decidem, coletivamente, levar as suas

vidas em uma sociedade onde se dissemina um laicismo cada vez mais radical. Como

afirmava o célebre Albert Einstein(6), de forma memorável e sem qualquer cerimônia

ou traço de proselitismo: (6) - Albert Einstein (Ulm, 14 de Março de 1879 — Princeton,

18 de Abril de 1955): foi um físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos. Em

2009, 100 físicos renomados o elegeram como o mais memorável físico de todos os

tempos.

13. “O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem

a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que

consideram Deus um Ser de quem Deus castigo, esperam benignidade e do qual

temem o castigo, com uma espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os

laços do filho com o pai, um ser com quem também estabelecem relações pessoais,

por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem convencido, convencido, da lei de

causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado submetidos às

mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas

com com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua religiosidade consiste em

espantar-se, em extasiar-se diante da em espantar- siar- extasiar Natureza, harmonia

das Leis da Natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os

pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não

ser seu nada irrisório. dela, Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida,

de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas.

Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos

criadores religiosos em todos os tempos.” Deverá, além disso, ser também ser uma

fonte inesgotável de discernimento, ainda que possua certo fator alienante, constituindo

um refúgio da rotina altamente estressante da atualidade, dando origem a uma

sensação de temporalidade e causalidade transcendentais quando nos dedicamos a

sua prática; e o único sistema de crenças que se qualifica, dentre todos os disponíveis,

adequando-se firmemente a cada um desses critérios e requisitos fundamentais, em

uma análise pormenorizada de nosso passado recente, é a Matemática! Em primeiro

lugar faz-se necessário ressaltar que a Matemática não constitui uma disciplina

científica; é, portanto, um sistema de crenças.

14. Sim, muitas pessoas erroneamente atribuem a ela o título de “Ciência dos

Números”, mas isso é um equívoco compreensível. Segundo o critério de demarcação

de Karl Popper(7), que é embasado na noção de falseabilidade, só podemos distinguir

as teorias científicas daquelas que não possuem qualquer poder de previsão se as

submetermos a testes de validação embasados em sua refutabilidade. Ou seja, algum

conceito ou conjunto de idéias só leva legitimamente a designação de “Ciência” se

tivermos como formular experiências, em lugares ou circunstâncias controladas, que as

puderem refutar; tudo o mais não passa de pressuposições metafísicas a princípio

desqualificáveis. Não vemos, no entanto, matemáticos seguindo procedimentos

análogos. Uma teoria matemática é demonstrada (assim permanecendo

indefinidamente) tão somente pelo raciocínio; e, embora o método científico dependa

largamente de teorias matemáticas para organizar, refletir e tentar explicar a estrutura

intrínseca aos dados colhidos em experimentos, ainda assim ela não deve ser

considerada uma Ciência. Logo, ainda que estes conjuntos de Axiomas(8), possam ser

(7) – Karl Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 — Londres, 17 de Setembro de 1994):

foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos

como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a Ciência. (8) Um axioma é

uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é, no entanto,

considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou

aceitação de uma teoria. Também não podem ser refutados.

15. tomados como as Escrituras Sagradas de uma Religião, está garantida

sua total compatibilidade com a metodologia aplicada pelos cientistas. A Matemática é

também universal, não há uma Matemática para cada cultura ou agrupamento étnico

em nosso planeta, muito pelo contrário, grupos culturais e étnicos possuem

rigorosamente o mesmo pensamento matemático, ainda que estivessem isolados uns

dos outros por milênios; como a população nativa do Continente Americano e os

europeus, o quê é comprovado pela descoberta de geoglifos na Amazônia

indistinguíveis dos polígonos descritos pelos gregos antigos e arquivados em

pergaminhos de ensino matemático. O que mais pode haver, então, tão próximo a um

ideal de VERDADE ABSOLUTA, do que a Matemática? Existem até mesmo casos em

que pessoas tiveram, simultaneamente, os mesmos insights em relação a um problema

sem que tivessem jamais se encontrado, como constatam os relatos sobe a criação do

Cálculo, infinitesimal e integral, por Leibniz(9) e Newton(10) ou as descobertas de

Abel(11) e Galois(12)., causando várias confusões. (9) Gottfried Wilhelm von Leibniz

(Leipzig, 1 de julho de 1646 — Hanôver, 14 de novembro de 1716): foi um filósofo,

cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão. (10) Sir Isaac Newton

(Woolsthorpe, 4 de janeiro de 1643 — Londres, 31 de março de 1727): foi um cientista

inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também

astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. (11) Niels Henrik Abel (Nedstrand, 25

de Agosto de 1802 — Froland, 6 de Abril de 1829): foi um matemático norueguês. (12)

Évarist Galois (Bourg-la-Reine, 25 de outubro de 1811 — Paris, 31 de maio de 1832):

foi um matemático francês.

16. Uma cópia bem preservada da Proposição 47, também conhecida como

Teorema de Pitágoras, do Livro I dos Elementos de Euclides. Publicada no Século IX.

Geoglifos são vestígios arqueológicos representativos de desenhos geométricos de

grandes dimensões sobre o solo. Devido ao desmatamento, há alguns anos foram

encontrados na região da Amazônia brasileira, mais precisamente no Estado do Acre.

Sua função original é desconhecida, mas especula-se que eram tidos como sagrados,

o que implica que a Geometria e a Matemática eram partes integrantes dos Mitos dos

Povos Nativos da Floresta e constituíam a base da legítima Religião desta Nação.

17. Mas a Matemática é inventada ou desvendada, existindo antes de vir à

cabeça de alguém, independentemente de seus pensamentos, de acordo com os

princípios do Platonismo-Pitagórico(13)? (13) Pitágoras de Samos (supostamente entre

570 e 497 A.C., mas não há evidências de sua exitência): filósofo grego radicado na

Itália. Era dedicado a estudos matemáticos, além de reconhecidamente ter sido um

reformador religioso e fundador de uma comunidade iniciática onde era tido como

profeta; a Escola Pitagórica, que santificava toda a vida. Eles também se interessavam

por questões filosóficas e tinham profundo interesse intelectual sobre diversos temas,

dentre estes se destacavam a Aritmética e a Geometria. Pitágoras criou um sistema

global de doutrinas, cuja finalidade era descobrir a harmonia que preside à constituição

do Universo e traçar, de acordo com ela, as regras da vida individual e do governo das

cidades. Foi quem cunhou as palavras "Filósofo" e "Matemática", acreditava na

metempsicose, ou seja, a transmigração da alma de um corpo para o outro após a

morte, e descobriu que se dividirmos uma corda esticada em variados tamanhos vamos

obter vibrações proporcionais que vão formar a harmonia das notas musicais. Se essas

notas forem divididas em determinadas frações e a combinadas com as notas simples,

obtemos sons melódicos, já frações diferentes produzem sons que não podem ser

considerados prazerosos. Sua cosmologia, estreitamente vinculada à esta religião

astral, foi o ponto de partida das várias doutrinas que os gregos formulariam,

pressupondo o universo harmonicamente constituído por astros que desenvolvem

trajetórias imutáveis, presos à esferas concêntricas. A geometrização do cosmo estava

aliada, no pitagorismo, às concepções musicais também desenvolvidas pela escola:

essa "harmonia matemática das esferas", permanentemente soante e que pode ser

concebida como uma melodia. Acreditavam também que este som geralmente não é

percebido pelas pessoas porque o escutamos desde que nascemos e nossos ouvidos,

além de acostumados, não são próprios para percebê-lo; ou seja, seria a própria

tessitura do que consideramos o "silêncio". Partindo dessas idéias, o pitagorismo

pressupunha uma identidade fundamental, de natureza divina, entre todos os seres.

Essa similaridade profunda entre os vários entes existentes era sentida pelo homem

sob a forma de um "acordo com a Natureza", que era qualificada como uma

"harmonia", garantida pela presença do divino em tudo. Natural que dentro de tal

concepção o mal seja entendido sempre como desarmonia. A grande novidade

introduzida certamente pelo próprio Pitágoras foi a transformação do processo de

libertação da alma em um esforço puramente humano, porque basicamente intelectual.

A purificação ou salvação resultaria do trabalho intelectual, que se esforça para

descobrir a estrutura numérica das coisas e tornar, assim, a alma semelhante ao

cosmo; entendido como unidade harmônica, sustentada pela ordem e pela proporção, e

que se manifesta como beleza. A escola praticava rituais de purificação através do

estudo da Matemática e da Astronomia. Eles propuseram também a relação da

Matemática com assuntos abstratos como a Justiça, desenvolvendo assim um

misticismo em torno dos números que foi adotado posteriormente por Platão como

base de sua doutrina das formas. Consideravam que os números constituíam a

essência de todas as coisas, que o Universo era governado pelas mesmas estruturas

matemáticas que governam os números e que estes simbolizavam a harmonia; essa

harmonia ou ordem que percebiam analisando a Natureza. Assim, para eles o cosmos

é organizado através de uma ordem matemática e a prova disso são os movimentos

perfeitos das estrelas, as mudanças de estações e a alternância entre o dia e a noite.

Assim como o dia e a noite, existem diversos opostos, que são conciliados pela

diversidade entre si. Este princípio matemático, de que a essência da harmonia é

regida pelos números, é irrefutável mas, no entanto, não pode ser demonstrado, o que

gerou grandes controvérsias no mundo antigo. Apesar desses impasses - e talvez por

causa deles - o pensamento pitagórico evoluiu e se expandiu, influenciando

praticamente todos os aspectos o desenvolvimento da cultura grega e permanecendo

conosco até hoje como a própria base do método científico. Em seus estudos

concluíram também que a Terra é redonda e que gira em torno de seu eixo.

18. Isso ninguém pode responder; o fato é que parece haver um

ordenamento matemático em todas as coisas, e se Deus é um matemático, ou a

Matemática é a própria essência da realidade em que estamos inseridos, isso ainda é

uma questão em aberto... Aponto apenas um pronunciamento de Kepler(14) cuja

opinião, admiravelmente bem colocada, compartilho sem restrições: eterna "A

Geometria existia antes da criação. É tão eterna como o Geometria Deus pensamento

de Deus. A Geometria deu a Deus um modelo para a Geometria Deus! criação. A

Geometria é o próprio Deus!" Que a Matemática é moral e eticamente neutra é fácil

perceber, não há qualquer menção à conduta humana, a crimes ou castigos em teorias

matemáticas. Mas ela é, inegavelmente, uma fonte de discernimento; é na Matemática

que surgiram noções como igualdade, proporção e harmonia, das quais se serve o

Direito para garantir que a Justiça seja o resultado do estabelecimento de uma ordem

social. Já imaginou uma sociedade onde o princípio da igualdade não vale

(escravidão), onde a sentença não é proporcional ao crime (totalitarismo) ou onde o

objetivo não é a paz e o bem comum (anomia)? Todos esses direitos existem por conta

da Matemática! (14) Johannes Kepler (Weil der Stadt, 27 de dezembro de 1571 —

Ratisbona, 15 de novembro de 1630): foi um astrônomo, matemático e astrólogo

alemão e figura chave da revolução científica do século XVII. É mais conhecido por

formular as três leis fundamentais da mecânica celeste, codificada posteriormente por

seus seguidores; ele também forneceu os fundamentos da teoria da gravitação

universal de Isaac Newton, ao modelar o movimentos dos planetas não como círculos,

como pensava-se anteriormente, mas como elipses.

19. No século XVI, o astrônomo alemão Johannes Kepler tentou encontrar

uma relação entre os cinco sólidos e os seis planetas que eram conhecidos na época:

Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Kepler pensou que os dois números

estavam conectados, isto é, que a razão pela qual havia somente seis planetas era

porque existiam somente cinco sólidos regulares. Em sua obra, ao lado, de clara

inspiração pit agórica, ent itulada de Myst eriu m Cosmographicum, Kepler apresentou

um modelo do sistema solar onde os cinco sólidos platônicos eram colocados um

dentro do outro, separados por uma série de esferas inscritas, na seguinte ordem:

primeiro o octaedro seguindo-se o icosaedro, o dodecaedro, o tetraedro e, finalmente, o

cubo. Ele conjecturou que as razões entre os raios das órbitas dos planetas coincidiam

com as razões entre os raios das esferas. Seu modelo, contudo, não era sustentado

por dados experimentais e acabou sendo alterado, com elipses ao invés de círculos

concêntricos modelando suas trajetórias. Os nomes sólidos platônicos ou corpos

cósmicos foram dados devido a forma pela qual Platão em um diálogo intitulado Timeu,

os empregou para explicar a Natureza. Platão associa cada um dos elementos

clássicos (Terra, Ar, Água e Fogo) com um poliedro regular. Terra é associada com o

cubo, Ar com o octaedro, Água com o icosaedro e Fogo com o tetraedro. Com relação

ao quinto sólido platônico, o dodecaedro, ele escreve: “Faltava ainda uma quinta

construção que o Demiurgo utilizou para organizar todas as constelações do céu.”

Aristóteles introduziu uma quinta essência, o Aéter, e postulou que os céus eram feitos

deste elemento, mas ele não teve interesse em associá-lo com o quinto sólido de

Platão, como os pitagóricos já haviam feito, muito provavelmente porque ambos jamais

concordavam sobre aspectos fundamentais de suas respectivas doutrinas.

20. Mas para se ter uma idéia verdadeira de como a Matemática corresponde

a uma fonte de enobrecimento espiritual, um refúgio sagrado, devemos ter uma

vivência em primeira mão dessa benção, devemos experimentar a sensação de ser um

matemático; e para isso não basta aprender a Matemática, buscar conhecimento já

formalizado, pois é isso que faz um simples estudante! Não, devemos aguçar a nossa

intuição, ousando nos dedicar a encontrar a resposta para relevantes problemas

matemáticos em aberto; deixando que a busca por essa solução nos encaminhe,

motive e direcione a nossa pesquisa de novos conceitos e técnicas, só então perceberá

a Matemática e a realidade com os olhos de um matemático. E assim compreenderá o

Nada como a Origem de Tudo, o Espaço como a Fronteira Final, o Infinito como a

Incógnita Suprema, a Harmonia como a Simetria da Forma e o Acaso, como a

Aleatoriedade do Caos... Todos esses termos mencionados anteriormente são

conceitos abstratos aos quais os seres humanos, independentemente de seus

costumes, credo ou nível educacional, tendem a atribuir significados místicos,

transcendentais ou sobrenaturais; situando-os, portanto, no campo de discurso

teológico. No entanto, é trivial perceber como cada um desses conceitos pertence

legitimamente à Matemática, tendo sido incubados através de um longo processo

intuitivo envolvendo

21. matemáticos de diferentes tradições, que nada tinham a ver uns com os

outros além da adoção de métodos investigativos similares, tendo sido posteriormente

interpretados por místicos como importantes componentes ontológicos integrantes de

seu pensamento teológico. O último ponto que evidencia a similaridade da Matemática

com os sistemas tradicionais de crenças religiosas, está, curiosamente, no fato de que

a Matemática possui o poder de tornar efetivas as promessas dos sacerdotes das

demais Religiões. Onde as Religiões prometem milagres e culpam-nos pela falta de Fé

quando estes não ocorrem conforme programado, diariamente a Matemática nos

oferece milagres (ou pelo menos aquilo que teria certamente sido considerado como tal

pelos nossos antepassados) por meio da Tecnologia, que pode ser considerada como

um aspecto concreto de abstrações matemáticas, um testemunho de sua

aplicabilidade. A mesma Tecnologia que cura enfermos, alimenta multidões, aproxima

as pessoas, melhora a nossa qualidade de vida, aumenta a inteligência de nossas

crianças, veste, abriga, diverte e nos permite ascender aos céus nas asas de nossa

imaginação; não há limites para o que é tecnologicamente viável para a humanidade,

se houvesse uma quantidade suficiente de matemáticos competentes em nosso meio,

uma massa crítica de mentes pesquisando, idolatrando, a Matemática. E é exatamente

isso que resultará de sua adoração, de sua adoção como a RELIGIÃO DO FUTURO!

22. A DESCOBERTA DA MATEMÁTICA COMO ALGO SagradO Vou

publicar aqui, sem a devida autorização, mas pleiteando a compreensão do autor por

essa falta de cortesia, um texto do ex- professor de Matemática da USP Piotr

Koszmider, que trata sobre esse tema, e então compartilharei a minha perspectiva

pessoal sobre esta que pode ser considerada a “Rainha das Ciências”: Matemática -

uma missão de construções mentais Sendo náufragos dos mares de culturas,

abandonados numa ilha da modernidade, somos destinados a formar a nossa

espiritualidade com nossas próprias mãos. Os idiomas da Matemática contêm a

substância da Arte, Religião e Ciência e ao mesmo tempo do esporte na forma de jogos

mentais lúdicos. "Seja L uma reta infinitamente comprida", "Seja M um espaço onde

alguns pontos diferentes são identificados", "Seja f uma deformação infinitamente lisa"

nos introduzem no mundo onde realiza-se um drama parecido com aquele das fugas de

Bach ou telas de Kandinsky: uma metáfora do mundo esboçada através de meios

simples, desafiando a humanidade, desafiando-nos para um confronto espiritual -

construção matemática. "Os pontos do contínuo espacial não podem ser arranjados

numa seqüência", "todos inteiros positivos podem ser fatorados em números primos",

"existem curvas contínuas, não lisas em nenhum ponto" ressoam como "você vai

nascer contra a sua vontade, você vai morrer contra a sua vontade e você vai ser

responsável contra a sua vontade" e definem nosso mundo onde a liberdade é dada a

nós, porém não estamos aqui para nos divertir, mas estamos aqui para desempenhar a

nossa missão.

23. A missão, como fazer o bem ou descobrir a verdade, aqui é demonstrar

teoremas, definir os conceitos, participar na abertura do livro dos segredos divinos que

trata dos tais marcos miliários como infinidade, espaço, ordem, caos, números, forma,

mudança. Como Arte ou Religião, na forma do teatro de rua ou procissão da páscoa,

Matemática também é um jogo ou esporte (até profissional) na forma de quebra

cabeças e adivinhação. Ironicamente, os mais mágicos lados da Matemática podem ser

vistos na relação dela com as Ciências e Tecnologia. Para chegar ao computador,

avião ou tomógrafo foram necessários séculos de pensamento matemático. É mágico

que precisamos imaginar algo infinito e abstrato para conquistar o mundo finito e

concreto. Agora voltando a falar a meu respeito; desde pequeno a Matemática exerceu

uma enorme fascinação sobre mim. Os números, sua seqüência interminável, as

dízimas periódicas com seus adoráveis padrões repetitivos, formas geométricas com a

divina proporção ou razão áurea(15) que introduzem em nosso espírito um ideal de

beleza, pureza e uniformidade, operações como a simplificação e a montagem de

sistemas de equações com sua dinâmica própria que por vezes remetia a passes de

mágica; tudo isso marcou muito a minha infância causando uma impressão

avassaladora que perdura até os dias de hoje. (15). Relativamente a esta divisão,

temos o seguinte princípio: para que um todo dividido em duas partes desiguais pareça

belo do ponto de vista da forma, deve apresentar a parte menor e a maior a mesma

relação que entre esta e o todo. A escola pitagórica estudou e observou muitas

relações e modelos numéricos que apareciam na natureza, beleza, estética, harmonia

musical e outros, sendo esta a mais importante Se quiséssemos dividir um segmento

AB em duas partes, teríamos uma infinidade de maneiras de fazê-lo. Existe uma, no

entanto, que parece ser mais agradável à vista, como se traduzisse uma operação

harmoniosa para os nossos sentidos. Corresponde ao número irracional Ф = ( 1 + sqrt 5

) / 2.

24. Havia algo de inefável por trás daqueles gráficos, que pareciam adquirir

vida própria, como se simbolizassem uma presença que emanasse a partir deles.. Mas

outras coisas ocupavam a minha mente. Sempre fui muito ligado à metafísica e ao

misticismo, não especificamente a qualquer Religião pré-estabelecida, porém buscando

entender os mistérios do sobrenatural, conhecer as mitologias e as lendas dos diversos

povos; as suas histórias, tradições e superstições. Com a expansão da consciência,

que resulta desse tipo de estudo, percebe-se que a criação que foi dada pela sua

família, em sua escola, e reforçada pelas interações que você manteve durante a maior

parte da sua vida, não lhe preparou completamente para um convívio harmonioso com

pessoas que tenham nascido em outras localidades e que foram educadas de modo

distinto. Talvez o mesmo ocorra independentemente de onde nascemos e que seja

assim em toda parte; nenhum sentimento de amor pela humanidade em geral está

sendo incutido na mente das crianças, e por essa razão milhões de pessoas acabam

sendo condenadas a mortes estúpidas e horrendas em áreas de conflito religioso, na

defesa dos interesses particulares de líderes políticos dos variados grupos extremistas

que mais se beneficiam disso. Um dia entendi que essas distinções étnicas e culturais

realmente não possuem qualquer relevância em um contexto mais abrangente.

25. Existe algo na Matemática, ou melhor, na universalidade do

conhecimento matemático que transborda além de qualquer fronteira física ou

comportamental, relativizando esses traços superficiais que compõem nossa identidade

coletiva primária, e nos despertam para um vínculo global que é compartilhado por todo

ser humano. Não, vou além, por qualquer inteligência, seja ela orgânica, sintética,

alienígena ou imaterial.. a Matemática é a mesma para todos! Na faculdade tive contato

com pesquisadores que realmente vivem constantemente imersos em Matemática; e,

por ter entrado relativamente tarde nesse curso, eu já tinha acumulado suficiente

experiência de vida, inclusive sobre assuntos metafísicos e espirituais, para notar como

a atitude daquelas pessoas perante a Matemática, e a pratica de pesquisas nessa área,

é indistinguível da atitude de sacerdotes e místicos de tradições religiosas, tanto

ocidentais quanto orientais, perante seus objetos de culto e adoração. Matemáticos se

preocupam com coisas que a maioria de nós nem se dá conta de que existam, com

coisas que estão além da nossa percepção, mas aquilo que resulta de seu trabalho tem

enormes conseqüências práticas palpáveis para todos nós, independentemente de

crermos em suas palavras ou não...

26. A partir daí, me convenci de que a Matemática será inexoravelmente a

única atividade tida como sagrada em algum ponto do futuro, e há anos venho

trabalhando incessantemente na formulação de um movimento religioso de vanguarda,

inovador em todos os aspectos, mas fundamentado nesta que considero a tradição

espiritual mais antiga da humanidade. A única que realmente merece o título de

verdadeira! Queria dar uma real dimensão da importância da aquisição de

conhecimento matemático para as pessoas e vocês sabem como isso funciona; a

menos que seja considerado sagrado, a população em geral não tem o devido apreço

ou respeito em relação a um conjunto de conhecimentos abstrato ou teórico. É muito

comum, até como uma ferramenta didática, explorar a relação existente entre a

Matemática e algum outro campo do conhecimento. Mas a maioria das pessoas

geralmente escolhe a relação entre Matemática e as artes: os paralelos entre a

composição musical e a estrutura de uma teoria matemática, ou entre a relação de

espaços e formas em um estilo de pintura e os gráficos de funções complexas.

Dificilmente fazem uma associação direta entre Matemática e os sistemas de crenças

espirituais que foram sendo desenvolvidos pelas sociedades ao longo das eras.

27. Apesar disso, existem muitos pontos de intersecção entre a história das

religiões e a Matemática, o que parece sustentar a viabilidade de um estudo

sistemático que classifico como Teologia Matemática. O mais fascinante dentre eles

talvez seja a origem da Teoria dos Conjuntos, relacionada à transição do conceito de

“infinito potencial” ao de “infinito real”. Nos trabalhos de Bernard Bolzano(16) e Georg

Cantor(17), os pais da Teoria dos Conjuntos, encontramos inúmeras referências

teológicas, cuja análise ainda desempenha um papel importante na compreensão

dessa teoria. As perguntas essenciais a serem consideradas enquanto interpretamos

teologicamente os conceitos matemáticos e a interação existente entre eles são: "O

que é a Matemática?”, “Quem sou eu?” e “Como minha vida pode ser transformada por

esse complexo conhecimento sem fim?”. O autor pressupõe que o conhecimento

matemático é por natureza teológico e que todo o apanhado de literatura Matemática

deve ser lido e interpretado dentro deste enfoque.. (16) Bernard Placidus Johann

Nepomuk Bolzano (Praga, 5 de Outubro de 1781 - 18 de Dezembro de 1848): foi um

teólogo que pesquisou problemas ligados ao espaço e ao infinito. (17) George

Ferdinand Ludwig Philipp Cantor (São Petersburgo, 3 de Março de 1845 — Halle, 6 de

Janeiro de 1918): foi um matemático russo de origem alemã, conhecido por ter

elaborado a moderna teoria dos conjuntos. Foi a partir desta teoria que chegou ao

conceito de número transfinito, incluindo as classes numéricas dos cardinais e ordinais,

estabelecendo a diferença entre estes dois conceitos, que são problemáticos quando

se referem a conjuntos infinitos.

28. O GOVERNO DO FUTURO O ponto fundamental para se compreender a

natureza do Governo do futuro é reconhecer o seu caráter de mutabilidade, ou seja,

que há mais de um modelo de Governo futuro, cada um melhor adaptado para o

estágio civilizatório no qual deverá ser implantado. Mas é importante também perceber

que essas formas de Governo (que geralmente se impõem através de um processo

revolucionário espontâneo e incontrolável) são inevitáveis, podendo ser considerados

como resultado direto da evolução social, cultural, cientifica e tecnológica da

humanidade; mais do quê a obra de um indivíduo, grupos ou associações, iluminados

pela graça divina. Nesse aspecto, sou um mero arauto do que está por vir, ao invés de

um visionário, um profeta, pois detectei um padrão de regularidade; tudo isso já ocorreu

anteriormente e virá a acontecer novamente! Originalmente, os agrupamentos

humanos eram escassos e isolados, constituindo-se por meio de tribos e clãs nômades.

Sabemos pouco sobre a organização social e política, se tanto, de nossos

antepassados, mas as hipóteses correntes pressupõem uma isonomia reinante; todos

eram iguais entre si e tinham idênticos direitos, responsabilidades e competências.

Todas as decisões que afetavam a vida dessas pessoas eram tomadas de comum

acordo, em assembléias

29. públicas, e a decisão coletiva era a única que possuía qualquer

legitimidade. Registros históricos corroboram essas conclusões como, por exemplo, as

conchas usadas nas votações realizadas nas cidades- estado da Grécia Antiga. Era

costume, naquela época, que os cidadãos mais célebres, os mais ricos e competentes,

fossem afastados temporariamente da comunidade onde habitavam, para impedir que

exercessem uma influência desmedida sobre os seus compatriotas. Essa espécie de

exílio, que costumava durar uma década, recebeu o nome de ostracismo devido ao

modo como essa decisão coletiva era tomada: qualquer indivíduo poderia convocar

uma assembléia, atuando como “denunciante” e apresentando o caso aos demais

cidadãos, que por sua vez escolhiam pequenos pedaços de conchas (as ostrakon -

ὄστρακον, de onde se origina o termo ostracismo) de diferentes cores, para representar

o seu voto. Vamos dizer que conchas escuras significavam a aprovação da proposta do

denunciante e brancas a sua reprovação. Ao final da votação, os pedaços de conchas

depositadas em uma urna com o nome do denunciado eram contadas, a decisão seria

então conhecida por todos e poderia ser verificada, que é mais o importante, por

qualquer participante de modo independente.

30. Esse sistema é muito mais seguro do que a mera tomada subjetiva de

opiniões e continua a ser utilizado até os dias de hoje, em plena modernidade, nos

tribunais do júri popular; porque somente surgiu em decorrência de inovações

tecnológicas que haviam sido descobertas em um período anterior e que ainda

permanecem válidas; o princípio da contagem (Matemática) assim como a invenção de

um alfabeto (Linguagem). É o verdadeiro espírito da Democracia Direta; que significa o

governo do povo, pelo povo e para o povo. No entanto, os mesmos fatores que

possibilitaram a sua criação levaram inevitavelmente à sua superação; as inovações

tecnológicas, que são atualizadas sem cessar, pressionam a civilização a adequar-se a

elas. Novas Tecnologias como a agricultura, o arado, o comércio, a cerâmica e a

metalurgia aperfeiçoaram a vida em sociedade estimulando o crescimento populacional

como nunca antes. Esse crescimento populacional, por sua vez, inviabilizaria a

realização de assembléias públicas como aquelas que vigoravam no passado, pois

simplesmente não havia mais condições de colocar todos os participantes em um

mesmo espaço físico, para realizar as votações necessárias. E assim foi criada a

Democracia Representativa, um sistema de Democracia Indireta na qual assembléias

locais ou regionais são realizadas para decidir quem estaria em condições de

representar a

31. sua tribo, o seu clã, a sua comunidade ou facção, servindo de porta-voz

de seus anseios e decisões em uma Assembléia Geral a ser realizada em condições

privilegiadas. A partir daí o desastre se tornou inevitável! Embora deva ressaltar que a

Democracia Indireta e Representativa não é essencialmente falha, é fato notório que a

cada um desses intermediários (da voz da maioria a que representavam) estava

facultada a escolha de agir conforme os ditames e a vontade de seus eleitores ou de

agir gananciosamente em benefício próprio; e ai está a origem da corrupção, que se

tornou um dos problemas mais insuportáveis da vida moderna, afetando todos os

aspectos de nossa rotina e perpetuando a desigualdade e a injustiça social. Isso

porque na escolha de nossos representantes é impossível, senão por retrospecto,

saber se realmente estavam comprometidos com o bem comum ou se buscavam

apenas o poder, por objetivos mesquinhos e egoístas, tornando as eleições um grande

circo, um concurso de popularidade, carisma, simpatia; em vez de uma análise mais

aprofundada das competências e condições morais, éticas, psicológicas e cognitivas

que cada candidato apresenta possuir. Platão(18) foi um excelente crítico dessa

tendência populista (18) Platão (Atenas, 428 – Atenas, 347 A.C.): foi um filósofo e

matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos

e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do

mundo ocidental.

32. desabonadora de Democracias Representativas, em sua analogia ao

“barco do Governo”, onde afirma que os melhores e mais competentes candidatos (os

filósofos e os cientistas) via de regra serão sempre preteridos em benefício dos mais

hipócritas, desonestos e desavergonhados de seus concorrentes: “Imagina, pois, que

acontece uma coisa deste gênero, ou em vários navios ou num só: o capitão, superior

em tamanho e em força a todos os que se encontram na embarcação, mas um tanto

surdo e com a vista a condizer, e conhecimentos náuticos da conhecimentos mesma

extensão; os marinheiros em luta uns contra os outros, por causa do leme, entendendo

cada um deles que deve ser o piloto, sem ter jamais aprendido a arte de navegar nem

poder aprendizado, indicar o nome do mestre nem a data do seu aprendizado, e ainda

por cima asseverando que não é arte que se aprenda, e estando prontos a reduzir a

bocados quem declarar sequer que se pode aprender; estão sempre a assediar o

capitão, a pedir-lhe o leme pedir- e a fazer tudo para que este lhes seja entregue;

algumas vezes, se algumas não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-

nos, a matam- atiram- esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem à impotência o

honesto capitão com drogas, a embriaguez ou qualquer outro meio; tomam conta do

navio, apoderam-se da sua carga, bebem e apoderam- regalam-se a comer,

navegando como é natural que o faça gente egalam- dessa espécie; ainda por cima,

elogiam e chamam marinheiros, pilotos e peritos na arte de navegar a quem tiver a

habilidade de ajudá- ajudá-los a obter o comando, persuadindo ou forçando o capitão; a

quem assim não fizer, apodam-no de inútil, e nem sequer quem apodam- percebem

que o verdadeiro piloto precisa de se preocupar com o ano, as estações, o céu, os

astros, os ventos e tudo o que diz respeito à sua arte, se quer de fato ser comandante

do navio, a governá lo, ná- fim de governá-lo, quer alguns o queiram quer não — pois

julgam que não é possível aprender essa arte e estudo, e ao mesmo tempo a de

comandar uma nau. Quando se originam tais acontecimentos nos navios, não te parece

que o verdadeiro piloto lunático será apodado de palrador, lunático e inútil pelos

navegantes de embarcações assim aparelhadas?”

33. Essa é uma tragédia que se estende até os dias atuais e se faz sentir

com ainda maior intensidade em paises culturalmente atrasados e tecnologicamente

defasados como o Brasil, cujo cenário político é completamente dominado e

contaminado por corruptos que desonram essa nação; traidores da pátria sem um

mínimo de pudor e moderação, que se mantêm no poder através de sucessivas e

ilimitadas reeleições, às custas da manutenção da ignorância de seus eleitores, que, se

tivessem recebido uma educação privilegiada, jamais os teriam elegido... Estou falando

de nossos digníssimos parlamentares! Mas eis que, novamente, a roda gira, os séculos

passam, e é inaugurada a ERA DA INFORMAÇÂO, com a criação do computador, a

ferramenta, o aparelho, a máquina, mais versátil de todas; e com ela, mais

precisamente com a interligação de redes de computadores e o estabelecimento de

protocolos de comunicação entre eles, surgiu a Internet, um espaço virtual onde a

interação entre as pessoas pode se dar em um nível não presencial, uma espécie de

“reunião astral”. A partir de então, a implantação de um sistema eletrônico de

deliberação, uma Assembléia Digital no ciberespaço, que resgate a essência da

Democracia Direta de nossos antepassados é mera questão de tempo! Dou a esse

sistema de Governo do futuro o nome de DEMOCRACIA DIRETA DIGITAL e a sua

implantação depende de uma

34. profunda alteração na nossa Constituição que modifique um dos

princípios basilares de nosso Governo, a divisão dos três Poderes institucionais (o

Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário); o que é prerrogativa de um

parlamentar. Então me encontro em uma posição curiosa, até mesmo paradoxal, de ser

um candidato a um cargo do Legislativo (no caso Deputado Federal nessas próximas

eleições) que se compromete, caso seja eleito e receba suficiente apoio da população

para que a implementação de seus planos seja bem sucedida, a dissolver o Congresso

para transferir diretamente ao povo a competência e a responsabilidade de um

parlamentar; por meio da criação de um ambiente online onde todos possam se

encontrar ao mesmo tempo para discutir de forma não-presencial e resolver que rumo

dar aos destinos da nação, sem ter que recorrer a intermediários, políticos corruptos e

desonestos que visam apenas o seu beneficio próprio ao serem eleitos. Mas, como nos

bem mostra a Matemática, por exemplo, o fascinante teorema de Banach-Tarski, que

atesta ser possível gerar duas esferas maciças a partir de uma só, com as mesmas

proporções da original, através da simples movimentação no espaço de um número

finito de suas partes (cinco já bastam, contanto que sejam suficientemente complexas);

resultados paradoxais não são, necessariamente, indício suficiente de contradições.

35. Quanto à viabilidade de meus planos para me eleger, só posso recorrer a

um outro resultado formidável da Matemática Moderna, o Lema de Borel-Cantelli, que

implica que qualquer objetivo aparentemente impossível de ser obtido pode decorrer de

um esforço constante e incansável. E, como explicitei na sessão anterior deste

documento; se existe algo em que tenho Fé, absoluta certeza, é no que me revela a

Matemática. Voltando a tona esse assunto, é necessário apontar que a maioria das

pessoas, atualmente, não pensa desse modo. Tendo vivido na mais profunda miséria e

ignorância, no decorrer de suas vidas, não buscaram refúgio na Matemática (até por

falta de oportunidades de ensino básico de qualidade), mas em todo tipo de crendices e

superstições disseminadas pelas Religiões tradicionais; por mais absurdas que fossem,

contanto que aliviassem o drama de seu sofrimento. Assim, nessas atuais

circunstâncias, garantir a estas pessoas tanto poder político quanto está implícito no

estabelecimento da Democracia Direta Digital (desconsiderando ai o modo como a

inclusão digital dessa população será equacionado e executado; o que já adianto será

possível com a economia dos recursos desviados por políticos e a verba do Poder

Legislativo, que atualmente alcança o montante de dezenas de bilhões de anuais), não

seria perigoso?

36. A população não tenderia a passar leis prejudiciais, em última análise, ao

seu bem estar, ameaçando a estabilidade de nossa sociedade e até mesmo a própria

sobrevivência desta coletividade? Sim, sou o primeiro a reconhecer esse fato, mas

defendo que há uma alternativa, uma maneira de contornar esse problema! O que

precisamos fazer é adaptar a solução encontrada pelos fundadores da República

Islâmica do Irã para impedir que as leis propostas em assembléias legislativas

confrontassem os desígnios de seu profeta Maomé(19), contidos no Al-Corão.

Vejamos, o Al-Corão proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, e é tomado como a fonte

principal de iluminação dos princípios constitucionais dessa República Islâmica, mas

qualquer Constituição pode ser mudada pela assembléia legislativa instituída após a

sua promulgação; como impedir que o regime jurídico vigente fosse finalmente

alterado, uma vez que a maioria da população desejasse o término dessa proibição? A

resposta encontrada foi o estabelecimento de um grupo de cléricos com poder de veto

sobre as leis aprovadas pela assembléia que, em tese, representaria a vontade

suprema da maioria da população; o que implica que a arquitetura institucional do

Governo (19) Maomé (Meca, 570 — Medina, 8 de Junho de 632): foi um líder religioso

e político árabe, fundador da religião islâmica.

37. iraniano corresponde a uma Teocracia, assim como também é o próprio

Vaticano, sede mundial da Igreja Católica. No original, Teocracia significa “governo

divino”. Nesse sentido, ela é definida como o governo em que justificativas de ordem

espiritual direcionam a estrutura hierárquica do Estado juridicamente instituído. O mais

comum é que o chefe político receba o status de representante direto de alguma

divindade, no entanto já ouve casos em que este chegava a assumir a condição de

deus encarnado. Ao avaliarmos os registros históricos de diversas civilizações da

Antiguidade, notamos como a Teocracia teve uma grande importância para a formação

da identidade cultural e da organização política de alguns povos. O exemplo mais

famoso desse tipo de governo ocorreu no Egito Antigo, quando o faraó era adorado

como o filho do deus-sol Amon-Rá e reconhecido como a encarnação de Hórus, o

deus-falcão. Para os egípcios, a oferenda de sacrifícios e a felicidade pessoal dos

faraós eram fundamentais na manutenção de uma relação saudável com todas as

outras divindades. No caso dos hebreus, a concepção de Teocracia era tomada por

outras características. Sendo uma cultura monoteísta, não admitiam que seus líderes

políticos alcançassem à condição de divindades. Em decorrência disso, a tais líderes

era reservada a importante função de intermediar a relação do povo com o seu deus-

único. No Antigo

38. Testamento, existem vários relatos onde os dirigentes políticos hebreus

justificavam suas ações diretamente pela orientação fornecida por seu Deus através da

voz de santos profetas. A despeito do que muitos pensam, algumas experiências

políticas de caráter teocrático se desenvolveram com algum nível de sucesso até

mesmo no mundo contemporâneo. O Vaticano, como disse anteriormente, ainda hoje é

uma Monarquia Teocrática; antes do final da segunda Guerra Mundial, o imperador

japonês era considerado divino, um descendente da deusa Amaterasu; e, mais

recentemente, uma revolução colocou os aiatolás no controle do governo iraniano. Em

outros contextos, apesar de não observarmos a Constituição de uma Teocracia de fato,

percebemos que a fundamentação religiosa ainda exerce enorme peso em algumas

situações do cotidiano. Mesmo em algumas democracias, os candidatos que não

assumem nenhum tipo de opção religiosa perdem uma quantidade expressiva de votos

da população. Além disso, existem vários casos em que determinado indivíduo alcança

algum cargo político por conta do apoio de alguma instituição religiosa ou pela

indicação de determinada liderança clerical. Trazendo essa solução para o sistema em

discussão, o que proponho é que os nossos melhores matemáticos, cientistas (físicos,

químicos e biólogos), filósofos, engenheiros de software e programadores, componham

um Conselho Nacional com garantias de

39. veto sobre qualquer lei aprovada pelas assembléias públicas formadas na

Internet pelos cidadãos; condicionando essa responsabilidade à apresentação de

pareceres completos que serão divulgados para toda a imprensa internacional e

consequentemente também às comunidades acadêmicas de todo o planeta; que

atuarão no sentido de controlar a qualidade técnica dos pareceres, assegurando a

legitimidade do sistema. Ou seja, deverão utilizar-se de critérios racionais, exatos,

objetivos e totalmente desprovidos de qualquer preconceito ou parcialidade para

analisar as leis aprovadas pela maioria antes de vetá-las ou validá-las; detectando se

são auto-contraditórias (como no caso de uma lei aprovada exigir que se acredite em

algo ou alguma entidade sobrenatural, o que é impossível haja vista que não temos a

capacidade de decidir em que acreditaremos honestamente), se contrapõem-se as Leis

da Natureza (por exemplo, uma proposta para construção de um túnel submarino que

ligue o Brasil à África, sendo que devido a deriva das placas continentais essa distância

aumenta continuamente), ou se podem ser consideradas matematicamente

inconsistentes (imagine as conseqüências catastróficas decorrentes do aumento da

inflação se for decidido que o valor salário mínimo deve ser multiplicado 100, um milhão

de vezes de um dia para o outro). Agora peço que avaliem esse ponto detalhadamente,

alguém poderia afirmar que essa “TECNO-TEOCRACIA” não é verdadeiramente uma

Democracia, mas apenas uma oligarquia disfarçada, quase uma dinastia aristocrática,

talvez uma ditadura dos

40. mais inteligentes e cultos, ou (com boa vontade) uma meritocracia

acadêmica em que uma parcela ínfima da população acumula poderes praticamente

absolutos. Mas, ora, percebam como esse argumento é improcedente; qualquer ser

humano pode se tornar um matemático com suficiente esforço e dedicação, inclusive já

na flor de sua juventude! Evidências disso são incontestáveis, como o caso dos

matemáticos Niels Abel e Evariste Galois, mencionados em outra sessão; e o mesmo

pode se dizer de nosso atual sistema? Ou ele privilegia a manutenção dos privilégios

de famílias, grupos sociais, políticos, econômicos e partidários sectários que nada tem

de democrático em sua essência? Em nosso atual sistema de Governo, um jovem

ainda que brilhante, é naturalmente convidado a participar de um grupo de pessoas

influentes, sem que para isso deva comprometer seus ideais? Acredito que isso é

quase impossível, além do fato de que as pessoas que alcançam o poder político

acabem se tornando modelos, o referencial das próximas gerações. E o que queremos

para o nosso futuro: uma multidão de dissimulados, de enganadores e mentirosos

desonestos, ou um exército de intelectuais e sábios, pensadores competentes e

argumentadores coerentes?

41. Se a Revolução da Democracia Direta Digital ocorrer no Brasil, dentro de

poucas décadas nos tornaremos a nação mais avançada do planeta em todas as

categorias, tecnológicas, culturais e sociais, e temos amplas condições de fazê-lo!

Somos o país com maior participação nas redes sociais da Internet como o Orkut ou o

Twitter, com mais acelerado crescimento da telefonia celular de banda larga, temos

uma população das que mais tempo passa online; também temos uma tradição de

instabilidade constitucional, ou seja, aceitamos naturalmente a falibilidade de nossos

agentes constituintes e estamos sempre prontos para propor um novo ordenamento

jurídico, mais compatível com a nossa realidade (algo que não ocorre em nações da

América do Norte ou da Europa, por exemplo, com um maior grau de desenvolvimento

econômico e social; onde as constituições são preservadas imutáveis com certo zelo

que se aproxima do religioso, reservado para as coisas sagradas). E, há males que

vêm para bem, somos explorados por uma classe política indecente, sujeita a graves

denúncias e altos escândalos nos meios de comunicação de massa quase diariamente,

o que só contribui para que o nosso povo esteja propenso a arriscar novas alternativas

a esse sistema de Democracia Indireta Representativa decrépito e obsoleto; do qual,

francamente, todos exceto aqueles que mais se beneficiam de suas irregularidades e

omissões já se fartaram...

42. Porém, como disse anteriormente no inicio desta sessão, a Democracia

Direta Digital é perfeita, mas o seu prazo de vigência não será ilimitado! Novas

descobertas, inovações tecnológicas, no futuro distante, inexoravelmente a tornarão

imprópria. Podemos apenas tentar adivinhar quais serão elas; embora, muito

provavelmente, estejam relacionadas à exploração espacial e à colonização de nossa

galáxia. Notem que qualquer encarnação da Democracia Direta é viável justamente

porque permite a interação de todos os cidadãos a um só tempo, no mesmo local,

ainda que este constitua um espaço virtual onde a participação se dá de modo não-

presencial. Só que, se a humanidade estiver ocupando diversos planetas em diferentes

sistemas solares, orbitando estrelas anos luz de distância umas das outras, a

comunicação instantânea será uma impossibilidade, pois nenhuma informação pode

ser encaminhada a velocidades superiores à da luz (exceto no caso de nossos futuros

cientistas serem capazes de criar atalhos para essa informação, pontes de Eisntein-

Podolsky-Rosen, túneis que conectem instantaneamente regiões desconexas do

espaçotempo, mas não vou entreter essa hipótese para manter o texto em um nível

técnico acessível ao publico leigo em geral); o que implica que colônias teriam que

esperar décadas, talvez milênios para resolver qualquer assunto pendente que exigisse

uma votação coletiva envolvendo todas as colônias humanas de outros setores de

nossa galáxia e até mesmo, quem sabe, de outras galáxias.

43. Isso significa que os nossos descendentes de diversos planetas jamais

poderão participar, simultaneamente, de uma mesma “Assembléia Galáctica”!

Simplesmente não haverá como, então o sistema de Governo desse longínquo estágio

de nossa civilização (o estágio cósmico) consistirá necessariamente no retorno à uma

outra forma de Democracia Representativa. Ou talvez a solução encontrada seja

inédita; a fabricação de uma série de seres artificiais, cérebros sintéticos que

acumularão o conhecimento dos nativos de cada colônia, verdadeiras inteligências

planetárias, regentes responsáveis por guiar a humanidade de sua posição

inquestionável, praticamente divina... O que surpreenderia a Thomas Jefferson(20),

autor da Declaração de Independência Americana, que afirmou em seu discurso

inaugural: “Às vezes, é dito que o homem não pode ser confiado com o seu próprio

governo. Pode ser, então, confiado com o governo dos outros? Ou teremos encontrado

anjos em forma de reis para o governar? Deixemos a história responder a esta

pergunta.” pergunta.” Pois, se encontra-los ainda permanece uma impossibilidade,

ainda nos resta a alternativa de construí-los.. (20) Thomas Jefferson (Shadwell, 13 de

Abril de 1743 — Monticello, 4 de Julho de 1826): foi um advogado e político dos

Estados Unidos, terceiro presidente desse país. Além de estadista foi também filósofo

político, revolucionário, e reconhecido autor do Iluminismo.

44. Não sabemos e também não cabe a mim elencar essas hipóteses, isso

será o trabalho de pessoas muito mais competentes do que o autor deste manifesto,

que virão a existir caso o plano para o GOVERNO DO FUTURO aqui apresentado seja

levado em consideração e finalmente implementado. PERGUNTAS E RESPOSTAS 1)

Essa maioria poderá causar prejuízos a si mesmos e a nós? Definitivamente sim, isso é

uma possibilidade. 2) A liberdade de imprensa é dispensável com a internet? Muito se

fala em liberdade de imprensa, que é indispensável, um sinal da saúde de determinada

democracia. Mas isso abre as portas para que interesses estrangeiros se consolidem

em território nacional, são grandes empresas internacionais que utilizam dos meios de

comunicação para sustentar seus interesses escusos que se opõem ao bem estar do

nosso povo.

45. A Internet vem substituindo a imprensa escrita que era, até o final do

século passado, considerada como o "Quarto Poder Público", e se a mantivermos

absolutamente livre, poderá fazê-lo de modo ainda mais efetivo! Dizem ainda que os

jornais e as revistas periódicas serão extintas em pouco tempo, devido ao impacto

ecológico decorrente da produção de papel e a distribuição desses produtos. Então,

quanto tempo levará até que a Internet substitua também o Terceiro Poder, o

Legislativo, o congresso Nacional, agora que fóruns de discussão online como o Orkut

permitem a interação, o livre diálogo, e o arquivamento integral dos processos

deliberativos definidos entre milhões de participantes em tempo real? O que acabará

dando cabo do próprio Poder Judiciário também, pelo menos no modo como é

estruturado atualmente; porque assim que tivermos um sistema jurídico dinâmico, com

a votação e deliberação diária de propostas de lei e reformas constitucionais com um

caráter mais experimental, para que precisaremos de nobres jurisconsultos? Quando

surgir a Tecnologia de acesso à Internet por celular, ou pela TV digital, ou pela rede

elétrica, quando 100% do eleitorado tiver acesso a esse fórum de discussão, então se

tornará inevitável que as pessoas exijam de volta os poderes legislativos que

atualmente dão de mão

46. beijada para os maiores facínoras dentre nós. Basta que a primeira

geração que já nasceu com o acesso a essas tecnologias alcance a idade suficiente

para obterem seus títulos de eleitor. 3) No mundo, uma porcentagem ínfima da

população tem acesso à Internet e menos da metade disso tem inteligência para

aproveitá- la de maneira ideal, como resolveremos isso? Quem vai ensinar as pessoas

mais ignorante que pouco, ou quase nada, sabem mexer em computadores? Ai

estamos entrando no problema da assimetria da riqueza e do desenvolvimento urbano

nas diferentes regiões de nosso planeta. É exatamente por isso que proponho esse

sistema, para alcançar a igualdade social; essas pessoas finalmente terão uma voz

ativa para efetivar mudanças em sua realidade local! A implantação desse sistema

levará à mudanças estruturais em toda a rede de ensino público, as crianças não

precisarão mais do acompanhamento direto de professores e vão realizar a maioria de

suas atividades acadêmicas pela Internet. Isso vai liberar um grande número de

profissionais das redes de ensino público, professores e professoras de todas as series

da rede de escolas municipais e estaduais (que já é devidamente capilarizada) para

atuarem nesse sentido; erradicando o analfabetismo dos adultos, divulgando as

informações e efetuando o treinamento necessário, para que essas pessoas se

habituem ao uso

47. do computador em suas vidas. 4) E se faltar energia ou internet na hora

da votação? Vai ter recontagem de votos? Sim, devo destacar o caráter dinâmico que a

utilização dessa tecnologia permite. Nossas leis não serão mais estáticas e

homogêneas tanto temporal quando espacialmente. Qualquer lei que tenha sido

aprovada poderá ser invalidada e substituída, conforme seja vontade da Assembléia

Cidadã. Isso torna redundante e ineficaz toda tentativa de manipulação, interferência ou

panes no processo de deliberação e na aprovação de leis do sistema que sugiro. 5) E

se der problema no servidor? Quem paga a conta da estrutura digital? E quem não

quiser pagar a conta? O ideal seria que o Estado utilizasse o orçamento do Poder

Legislativo em um extenso projeto de inclusão digital, que oferecesse acesso e

hospedagem gratuitos, banda larga pela rede elétrica, cobertura wimax por todo o

território nacional, assim como computadores descartáveis e ecologicamente corretos,

a qualquer cidadão. Seria ainda melhor se pudessemos construir uma intranet física,

com cabos de fibra ótica conectando todo terminal de computador, Ai sim a

48. segurança total estaria absolutamente garantida. 6) E se ocorrer uma

erupção solar que chegue a terra e acabe com as comunicações do planeta, como

ocorreu no Canadá, em 1985, que deixou parte de Otawa sem energia durante uns três

dias? Não proponho uma anarquia total, e sim uma Democracia radical. Ainda que o

Poder Legislativo tenha sido dissolvido, estão inclusos nesse sistema o Poder

Judiciário (manutenção da ordem estabelecida) e o Poder Executivo (centro

administrativo centralizado). Contanto que os meios de comunicação sejam

restabelecidos em tempo, não haverá nenhuma distinção entre o que aconteceria agora

se isso ocorresse e o que vai acontecer quando esse sistema já tiver sido implantado; a

única diferença é que as leis estáticas que vão valer durante esse período refletirão

mais a vontade da população do que as leis atuais o fazem. 6) Estamos aptos para

escolher por nós mesmos? Se estamos aptos ou não, essa não é a questão, até

porque já fazemos indiretamente essas escolhas ao selecionar entre nós alguns para

atuar como nossos representantes parlamentares. A questão é que podemos agora,

com o auxílio da Tecnologia, retirar do processo esses intermediários corruptíveis para

que as nossas escolhas reflitam mais fielmente as nossas expectativas, nossas

vontades!

49. Todos preferem mudanças suaves, períodos de transição graduais em

vez de alterações bruscas em suas rotinas. É por isso que tenho confiança de que,

embora a maioria seja formada por uma massa de pessoas ignorantes, quando

tomadas individualmente, suas decisões coletivas serão surpreendentemente sensatas

e racionais, quando tiverem a competência legal e a responsabilidade moral de decidir

por si mesmos em vez de delegar a representantes falíveis e corruptíveis esse poder.

7) Fale mais sobre as reformas que propõe, quais são elas? Defendo a dissolução do

Poder Legislativo, substituindo-o por uma espécie de “Orkut estatal”, em que cada um

de nós represente a si próprio, em vez de votar em parlamentares para decidir as leis

as quais devemos nos submeter. Muito mais segura, a deliberação online, permitirá a

cada cidadão participar através da TV digital ou do aparelho celular (assim, como

usualmente, pela Internet discada, banda larga, lan-houses ou redes wireless abertas),

decidindo por meio de referendos de iniciativa popular e pesquisas de opinião que

serão propostas pelo próprio cidadão, para que possamos aproveitar toda a criatividade

de nosso povo no estabelecimento das medidas governamentais e do sistema jurídico

vigente..

50. As discussões e deliberações que atualmente são feitas no Congresso

passarão a ser realizadas nesse fórum de discussão aberto, possivelmente de

participação anônima; e, quando houver consenso, essas decisões serão então

incorporadas à estrutura hipertextual de uma “Wikipedia estatal” onde se registrará o

regime jurídico dinâmico de nosso país, estando esse sujeito a alterações em tempo

real, conforme decisão da maioria dos participantes. Para isso, o governo deverá

garantir acesso gratuito à rede pela tecnologia wimax em todo território nacional.

Quando fizermos isso, estaremos em posição de garantir que cada ser humano possa

alcançar a totalidade de seu potencial inato.. 8) Como funcionará o fórum que

substituirá o Congresso Federal? Esse sistema eleitoral será acessado através de um

programa, que cada cidadão deverá instalar no seu computador. Só que, se fosse

apenas isso, sempre iria pairar duvidas sobre a legitimidade do processo, e a

possibilidade de fraude, correto? Então, abriremos a "caixa"!

51. Esse programa de acesso não será desenvolvido por um grupo de

técnicos, que poderiam ser corrompidos, ele será desenvolvido por toda a sociedade;

isso se chama software de código livre. O código fonte de cada versão estará

disponível livremente para o download na Internet, e caberá ao usuário compilar esse

código na sua própria máquina o que garantirá que nenhuma linha de comandos

maliciosos estará embutida no programa a ser executado. Assim, fica impossível de

você não saber o que exatamente o programa pode fazer, todas as suas

funcionalidades, porque você vai poder ler cada linha da programação e conferir por si

mesmo! Mas é claro que não podemos exigir de cada cidadão, que conheça a

linguagem de programação na qual o software é desenvolvido, no entanto, hoje a

Ciência da Computação é algo tão fundamental para a sociedade em geral, que

sempre se poderá encontrar algum amigo, um vizinho ou conhecido, que saiba "ler"

esse programa e tenha suficiente competência para dar um parecer sobre a sua

legitimidade. Hoje até as crianças já se tornam hackers antes de aprender a escrever

direito... Varias versões alternativas (porém compatíveis entre si) do programa que

garante acesso ao fórum estatal de discussões serão

52. desenvolvidas em código livre, através do trabalho voluntário de experts

na área de Ciências da Computação e hackers também, para testar as fragilidades do

sistema, funcionando como um híbrido entre o Orkut, o Second Life e o Opinion Space.

9) Quem vai garantir para o usuário que essa versão do programa de acesso ao fórum

online que substituirá o congresso é realmente legitima? Alguma autarquia ou

instituição federal? Não! O usuário dependerá de seus conhecidos, ou qualquer pessoa

de sua confiança que entenda a linguagem de computação em que o software foi

desenvolvido. Assim estaremos fortalecendo vínculos entre as pessoas e diminuindo

sua dependência em relação ao Governo. O ideal seria que elas fossem capazes de

julgar o código fonte por si mesmas, antes de compilar em sua máquina, mas caso

contrário deverão recorrer à propaganda boca a boca, de qual versão do software

disponível na Internet é a mais adequada para determinado grupo; por exemplo, para

aqueles que acessam o fórum de discussão pelo celular, pela TV digital, pela Internet

discada ou banda larga.

53. Cada manifestação no fórum, ou seja, a comunicação entre o fórum e a

máquina do usuário, se dará por meio de um processo semelhante ao do envio de

emails, empregando o mesmo tipo de criptografia; permitindo a participação anônima

de cada usuário, se este assim considerar conveniente. Se você confia na segurança e

na privacidade das mensagens de email, certamente não vai estranhar esse sistema.

Então, o cidadão comum não vai precisar confiar em nenhuma instituição, partidária ou

governamental, vai ter apenas que confiar e, uma pessoa do seu convívio particular,

para dizer se a Democracia Direta que proponho implantar foi efetivada com sucesso!

Ou ainda, você poderá aprender essa linguagem de programação, e decidir por si

mesmo as melhorias para que esse software funcione melhor, e garanta ainda mais

segurança e eficácia ao processo de deliberação de nossa Democracia Direta Digital.

10) Todas as pessoas votariam em cada assunto? Não, nem todas as pessoas

votariam em todos os assuntos. Primeiro haveriam votações para determinar quem

está habilitado a votar em determinado assunto, e depois todas as pessoas que

preenchem os requisitos desses critérios de seleção votariam e, a partir desse

resultado, emergirá a nova lei.

54. Por exemplo, em minha opinião, somente as mulheres em idade fértil

deveriam votar sobre a legalidade e casos em que o aborto deveria ser permitido.

Sobre o processo de filtragem e envio dos assuntos a serem votados, para mim cada

proposta de lei deveria ser realizada através de pelo menos duas votações: - uma

votação geral em que se decidiria quem esta qualificado para ter voz ativa na decisão

desse item em particular. - uma votação restrita ao grupo de pessoas que se qualificam

para decidir sobre esse assunto, determinando definitivamente o procedimento a ser

adotado pela sociedade. Por exemplo: sobre a legalidade do aborto, deverá ocorrer

uma votação que determine quem deve ser ouvido sobre essa questão: - todas as

pessoas maiores de idade? -somente as mulheres maiores de idade? - somente as

mulheres maiores de idade e que sejam férteis, ou seja, que possuem a capacidade em

potencial de engravidarem?

55. Outro exemplo: sobre a legalidade da pesquisa com células tronco

embrionárias, quem deveria ser ouvido? - todas as pessoas maiores de idade? -

somente as pessoas que poderiam ser beneficiadas por essas pesquisas? - somente

as pessoas que atualmente sofrem de algum doença ou condição física que poderia ser

remediada pela aplicação de técnicas que utilizem células tronco? Mais um: sobre a

preservação de nossos ecossistemas, quem deveria ser ouvido sobre a concessão de

licenças ambientais para uma obra de infraestrutura pública, como a construção de

hidrelétricas no amazonas ou a transposição do rio São Francisco? - todas as pessoas

que já tiraram o seu titulo eleitoral? - somente as pessoas que seriam beneficiadas por

essas obras diretamente? - somente as pessoas que vivem nas imediações dos sítios

de construção dessas obras?

56. Talvez deva existir um registro dos comentários de cada participante nos

tópicos e nas enquetes em que tomou parte defendendo sua opinião, e um aplicativo

que permitisse aos demais usuários demonstrar a sua concordância ou insatisfação

para com esses argumentos, de forma que os participantes com maior assiduidade e

compatibilidade entre sua opinião e a voz da maioria acumulassem méritos que os

qualificariam para participar da discussão de temas mais complexos, como a anulação

ou substituição de clausulas pétreas da nossa Constituição, por exemplo. A

participação será um dever cívico, e poderíamos sugerir penalizações para quem

ficasse muito tempo sem fazer o login no sistema, ou ainda oferecer benefícios como

desconto no imposto de renda para os participantes e voluntários que contribuírem

mais assiduamente. 11) O que você defende não é semelhante ao Comunismo? Sim,

essa proposta consiste basicamente em uma ditadura popular, com ressalvas. O

comunismo na antiga União Soviética poderia ter sido implantado com sucesso se as

tecnologias da Internet e das redes sociais online já tivessem sido implantadas, o que

impediria que o poder político se concentrasse nas mãos de burocratas e líderes do

partido comunista, sendo divido igualmente para cada cidadão.

57. A Tecnologia altera, e em decorrência disso acaba definindo, os hábitos

costumes e até mesmo as crenças das pessoas. Podemos imaginar que eventualmente

existirão algoritmos capazes de deduzir, a partir de um questionário suficientemente

extenso ou dos próprios registros da participação de cada eleitor, quais seriam as suas

opiniões a respeito de determinado tema, como se fosse uma copia virtual de nossa

consciência; embora certamente a correspondência entre nossas opiniões verdadeiras

e as escolhas realizadas por esses simuladores de opinião permaneça muito precária

nas próximas décadas, ou séculos, sempre restará ao participante a opção de anular

ou reafirmar os votos realizados pelo seu simulador pessoal nas pesquisas de opinião

em que decidir participar. Se já na próxima eleição a população eleger no Congresso

uma bancada majoritária favorável à substituição da Democracia Representativa pela

Democracia Direta Digital, indubitavelmente já existe a Tecnologia, a preços acessíveis

com a maciça subvenção de recursos estatais, necessária para implementar esse

sistema; no entanto, há graus de comprometimento de sua privacidade que deverão ser

aceitos por cada cidadão para que isso funcione dentro dos limites atuais impostos por

essa mesma tecnologia. Como disse anteriormente, a Tecnologia impõem hábitos e

costumes aos agrupamentos humanos que empregam desses mecanismos, ditando o

ritmo de desenvolvimento cultural e social.

58. Podemos prever seguramente que futuras inovações tecnológicas

possibilitarão a implementação desse mesmo sistema, ou algo muito próximo disso,

porém garantindo uma maior privacidade aos seus participantes. Mas como levará

ainda alguns anos para que isso transcorra, embora seja impossível antecipar essas

inovações que são completamente imprevisíveis, creio ainda haver tempo para que

nosso país obtenha condições de competitividade para se tornar, com sucesso, o

proponente e catalisador dessa mudança revolucionária a nível global.

59. CONCLUSÃO Quando alguém pensa em Revolução, logo imagina

eventos sangrentos, recheados de morte e destruição. Pode-se dizer que toda

Revolução tem como principal motivo a superação de determinada injustiça social... O

próprio conceito de Revolução, ou seja, o que distingue uma Revolução de um golpe,

ou tomada de poder, por exemplo, tem sua origem na drástica alteração da balança de

poder, caracterizada na subseqüente partilha de poder por um número maior de

indivíduos do que anteriormente. A revolução pode ser, portanto, considerada a salutar

distribuição de poder social, político e econômico, obtida, violentamente em alguns

casos, por uma parcela menos abastada da população. Mas há um outro tipo de

Revolução de caráter puramente conceitual, que também pode alterar

substancialmente o rumo da história. Estou falando das revoluções científicas. A

Ciência é uma atividade universal, realizada diariamente por inúmeras pessoas, nos

mais diversos contextos culturais e sociais, mas segue sempre um mesmo princípio,

um mesmo método, o método científico, que consiste em confrontar as nossas

hipóteses com experiências e testar a veracidade de nossas premissas, se os

resultados obtidos nos testes empíricos que conseguirmos realizar

60. corresponderem fielmente às conclusões, derivadas de um raciocínio

matemático consistente, acabam sendo confirmadas. Das revoluções científicas,

aquelas mais fabulosas, que alteram a forma como vemos o mundo e a nós mesmos,

são chamadas de revoluções copernicanas. Como exemplos de revoluções

copernicanas temos a própria proposição de um sistema heliocêntrico, divulgada

postumamente pelo cônego polonês Nicolau Copérnico(21) em seu livro De

revolutionibus orbium coelestium, que retirou o planeta Terra do destacado posto do

centro do universo, outro exemplo foi à obra de Charles Darwin(22), a Origem das

Espécies, que explicou em termos de mutações e adaptações a inquantificável

biodiversidade de nosso planeta, que antes era vista como evidência de um criador que

agia deliberadamente em vez de obra do acaso. Outra revolução que merece esse

nome foi a descoberta da aceleração da expansão do universo, que deixou evidente o

fato de que a matéria, do qual somos todos feitos, não é o componente principal do

conteúdo energético cósmico - lembrem-se, matéria e energia podem ser convertidos

um no outro através da conhecida equação de Einstein (21) Nicolau Copérnico (Toruń,

19 de Fevereiro de 1473 — Frauenburgo, 24 de Maio de 1543): foi um astrônomo e

matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi

também cônego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e

médico. (22) Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe,

Kent, 19 de Abril de 1882): foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer

a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar

como ela se dá por meio da seleção natural.

61. E = m*c^2 (energia = massa vezes o quadrado da velocidade da luz) -

correspondendo apenas 4% do que existe no universo. Essas três revoluções

compartilham o nome "copernicanas", porque alteraram profundamente o modo como

encarávamos a nós mesmos e nosso propósito de nossa existência. O fato de a

Ciência seguir o método científico, nos faz crer que talvez seja sempre assim: Um

cientista adquire ou constrói um novo aparelho, vamos dizer; um prisma no caso de

Newton, que permitiu com que ele decomposse a luz em seu espectro de cores, ou o

telescópio como caso de Galileu, que possibilitou a ele observar ver a rugosidade da

superfície da lua, o que contrariava as crenças de Aristóteles, ou ainda novos métodos

de análise e interpretação dos dados obtidos por experiências anteriores. Mas o próprio

caso paradigmático de revolução copernicana, a revolução de Copérnico, não foi

motivada por nenhum experimento, ou novo método matemático. Poderia-se dizer que

Copérnico escolheu colocar o sol no centro do sistema solar, para facilitar as contas,

substituindo os infindáveis ciclos e epiciclos utilizados desde os tempos de

Ptolomeu(23) (23) Ptolomeu (90 – 168): autor do Almagesto e formulador do sistema

geocêntrico que permaneceu em vigor até a Idade Média, e colocava a Terra como o

centro do Universo.

62. para prever o movimento dos planetas, das estrelas e os eclipses. Mas

isso não é a verdade! Os cálculos de Ptolomeu, embora complicadíssimos, eram ainda

mais simples do que aqueles propostos por Copérnico... Então, o que levou um simples

cônego a desafiar um dos Dogmas mais consagrados da igreja que ele próprio

pertencia, os mesmos Dogmas que levariam Giordano Bruno a fogueira e Galileu a

prisão domiciliar, ou muito pior, caso ele não tivesse voltado atrás em suas afirmações,

se não foi um novo instrumento ou um novo tipo de cálculo? Copérnico foi motivado por

fatores metafísicos. Uma passagem do próprio Copérnico explicita de maneira

indubitável a sua inspiração metafísica ao colocar o Sol no centro do universo: "No

meio de todos os assentos, o Sol está no trono. Neste belíssimo templo poderia nós

colocarmos esta luminária noutra poderia colocarmos posição melhor de onde ela

iluminasse tudo ao mesmo tempo? Chamaram- Chamaram-lhe corretamente a

Lâmpada, o Mente, o Governador do Universo". Isso quer dizer que mesmo na Ciência,

grandes revoluções podem começar com uma intuição, algo que sabemos intimamente

ser a verdade, porém não sejamos capazes de argumentar explicitamente a respeito,

deixando a novas gerações a tarefa de aprimorar essas idéias e chegar a novas

conclusões testáveis, como foi o caso de Kepler; que,

63. motivado por Copérnico, deduziu que as órbitas dos planetas não eram

circulares, mas elípticas, com o Sol em um dos seus focos. Bom, me desculpem essa

longa digressão, mas creio ter chegado ao ponto principal. Como cidadãos, estamos

submetidos a um sistema de Governo que não atende às nossas necessidades e que

não passa de um instrumento de manutenção do status quo e legitimação de nossa

servidão. E TODOS OS POLITICOS ESTÃO ENVOLVIDOS.. os políticos que se

elegem às custas da ignorância da população. A nossa sociedade é completamente

ineficiente no controle de seus agentes políticos. Deixamos que os três Poderes

(Executivo, Legislativo e Judiciário), que deveriam ser independentes entre si, se

misturarem em uma orgia pública; onde a imprensa evita, por via de regra, o seu papel

de agente fiscalizador da legalidade das ações dos governantes, a menos que isso

corresponda aos interesses dos grupos econômicos que bancam essas empresas de

notícias. Não tolero mais essa conjuntura, e antes de permitir que a minha saúde, física

e mental seja afetada, a lógica de meu raciocínio e o sentimento de auto-preservação

determinam que devo levar adiante

64. planos para reverter essa situação; ainda que estejam à margem da

legalidade. Mas reconheço que não há nada que eu possa realizar sozinho. É nesse

espírito de diálogo que desejei de realizar um intercâmbio de idéias com vocês, para

analisarmos um assunto que considero ser de iminente importância para o projeto de

civilização que pretendemos ver consolidado. Estou me referindo ao tema da

implantação da Democracia Direta Digital, e a completa reformulação da estrutura

institucional do Estado; a extinção do Poder Legislativo em todos os níveis - Federal,

Estadual e Municipal - e a sua subseqüente substituição por um sistema realmente

eficiente de deliberação, com um caráter muito mais dinâmico e aberto a

experimentação. A Internet, assim como toda forma de tecnologia realmente

revolucionária, por exemplo, o arado, a prensa tipográfica, a máquina a vapor, a bomba

atômica; força uma recontextualização de todas as forças sociais. Nos encaminhamos,

inevitavelmente, para a dissolução dessas arcaicas estruturas de poder

representativas! Vamos mudar o sistema colocando nas mãos do cidadão o poder que

atualmente é compartilhado exclusivamente pelos membros do Congresso, Deputados

e Senadores.

65. Quando isso acontecer, as leis de nosso país finalmente corresponderão

as nossas expectativas, em vez de sofrerem interferência pelos canais da corrupção, a

favor dos interesses de grandes corporações internacionais que visam o lucro e pouco

se importam com o meio ambiente... Mas reconheço que ninguém sabe qual é o

resultado da Democracia Direta Digital! Eu estaria mentindo se afirmasse que sei, mas

tampouco os meus críticos podem afirmar o contrário, que seria ruim para a

coletividade se o Poder Legislativo fosse dissolvido; os Vereadores, Deputados e

Senadores destituídos de seus cargos e as suas funções passarem a compor a esfera

de competência e responsabilidade do cidadão comum, munido de sistemas de

comunicação em tempo real, como a internet, TV digital e celulares, para votar em

conjunto e solucionar seus próprios problemas sem ter que recorrer a representantes

corruptíveis e procedimentos onerosos.

66. EPÍLOGO É muito comum ouvirmos falar sobre a Fé; sacerdotes a todo o

momento atestam à importância da Fé e da crença em alguma divindade, escritores de

livros de auto-ajuda abarrotam as livrarias alegando que antes de qualquer coisa

devemos ter Fé e confiança em nós mesmos, e os relacionamentos íntimos se

tornariam problemas insolúveis se não nos dispuséssemos a ter Fé e acreditar sem

provas quando alguém afirma nos amar. Até mesmo no que se refere ao método

científico, uma parcela de Fé também está envolvida. Sem a Fé em algum tipo de

ordenamento natural das coisas, ou seja, que tudo o que existe se estrutura de acordo

com princípios fundamentais que podem ser desvendados por nós seres humanos, não

faria sentido as pessoas se devotarem à pesquisa em diversos campos da Física

Teórica, que é o conjunto de disciplinas que se ocupam do estudo desses padrões de

regularidade que chamamos de Leis da Natureza, e em decorrência disso não teríamos

a nossa disposição nenhuma dessas tecnologias complexas com as quais estamos

acostumados hoje em dia. Mas será que realmente possuímos a capacidade de

selecionar as nossas crenças, de incrementar a nossa autoconfiança, de escolher quais

juras de amor nos soam mais convincentes?

67. Será que temos realmente a opção de duvidar da presença princípios

estruturais fundamentais de acordo com os quais os fenômenos naturais se

organizam? O que significa exatamente dizer que existem padrões de regularidade na

natureza? Muitas pessoas são desfavoráveis à possibilidade da existência autônoma

da Matemática, por considerarem ser essa a fundamentação de nossa crença na

existência das Leis da Física (que parecem ser incompatíveis com a idéia de livre

arbítrio), escolhendo acreditar que os conceitos matemáticos são inventados em vez de

descobertos, e decidem conceber a realidade que observam como uma sucessão de

eventos aleatórios aos quais atribuem o significado que preferirem. Mas o livre arbítrio

pode ser compatibilizado com a existência dessas Leis no contexto do Multiverso, onde

toda e qualquer realidade matematicamente consistente existe, independentemente de

nossas mentes, se a passagem do tempo for compreendida como nula, e o tempo

como um trânsito interdimensional através de infinitas realidades paralelas auto-

similares (geradas através de um processo fractal). O que você seria capaz de arriscar

para alcançar a Divindade? Você arriscaria seu emprego, os seus laços familiares, sua

saúde ou a sua sanidade?

68. Se vocês realmente confiarem nessas palavras, se tornarão como deuses

imortais, capazes de construir a sua própria sorte e satisfazerem todos os seus

desejos. Tudo que vocês precisam, para efetivamente alcançarem a divindade, é

abandonar suas antigas e defasadas crenças religiosas e adotar uma nova visão de

mundo, basta que passem a se dedicar com afinco ao estudo da Matemática! Podem

se perguntar, como é possível correlacionar o aprendizado da Matemática a esse tipo

de especulação teológica? É por isso que resolvi escrever esse livro, como um guia de

estudos para quem quiser reconhecer a sua divindade, perceber a sua imortalidade e

aprender como controlar o seu próprio destino...

69. APÊNDICE SUGESTÂO DE UMA NOVA CONSTITUIÇÂO Declaração de

Independência e Lei Magna Constitutiva da República Democrática Radical do Planeta

Terra Quando, na história do desenvolvimento tecnológico, se torna viável para um

povo dissolver os laços que o ligava aos seus representantes políticos instituídos por

mandatos provisórios, e assumir diretamente a função e o exercício legal do Poder

Legislativo, do qual é a própria fonte de legitimação, o respeito digno às opiniões dos

cidadãos exige que se declarem as causas que os levam a essa separação.

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todas as pessoas

nascem iguais, dotadas de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão à vida, à

liberdade e à busca do conhecimento. Que a fim de assegurar esses direitos,

assembléias são instituídas entre os cidadãos, derivando suas justas competências do

consentimento da maioria de seus participantes; que, sempre que qualquer forma de

governo representativa se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-

la ou aboli-la e instituir novo governo, por meio de novas assembléias, pela forma que

lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade.

70. Tal tem sido o sofrimento paciente destes cidadãos e tal é a necessidade

que nos força a alterar os sistemas anteriores de governo. A história do atual

Congresso Federal compõe-se pela opressão e exploração do povo, tendo por objetivo

direto o estabelecimento da supressão e usurpação do poder de auto- gestão destes

mesmos cidadãos. Para prová-lo, permitam-nos submeter os fatos: - É um dos poderes

legislativos mais caros do Planeta; - Se provou inefetivo e incapaz de realizar as

imprescindíveis Reformas Política, Eleitoral, Previdenciárias, nos Encargos Fiscais e

Impostos previstas na Constituição Federal; - Está tomado pela Corrupção, Morosidade

e Incompetência, o Desvio de Função e Verbas Públicas, e Tráfico de Influências;

concentrando benefícios e vantagens incompatíveis com as condições de vida da

maioria da população. Nós, por conseguinte, representantes da República Democrática

Radical do Planeta Terra, reunidos em uma Assembléia Digital na Internet, apelando

para a Matemática como origem de todo honesto juízo de valor, em nome e por

autoridade do bom povo deste planeta, publicamos e declaramos solenemente: Que

estes cidadãos unidos são e de direito têm de representarem a si mesmos, que estão

desoneradas de qualquer vassalagem para com o Congresso Federal, que deve ser

totalmente dissolvido; E que, como agrupamento de cidadãos livres e independentes,

tem inteiro poder para autogovernar-se e praticar todos os atos e ações a que têm

direito os representantes políticos do Poder Legislativo em uma Democracia

Representativa.

71. Constituição da República Democrática Radical do Planeta Terra

Democrática Nós, o Povo do PLANETA TERRA, a fim de formar uma União mais

perfeita, estabelecer a Justiça, assegurar a tranqüilidade, prover ajuda comum,

promover o bem-estar geral, e garantir para todos os benefícios da Igualdade e da

Liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para a República

Democrática Radical do Planeta Terra. ARTIGOI Seção 1 Todos os poderes legislativos

conferidos por esta Constituição pertencem ao povo, que o deverá exercer diretamente

por meios de comunicação digital do modo que considerar mais conveniente. Seção 2

1. Não possuirá voz ativa nesse Fórum On-line de Discussão quem não tiver atingido a

idade de dezesseis anos. 2. A Assembléia Cidadã elegerá o seu representante legal, a

ser designado de Presidente, e poderá destituí-lo de seu mandato (impeachment)

quando considerar mais conveniente. 3. Não há a estipulação de um prazo legal para o

término do mandato do Presidente, que pode se estender por quanto tempo o povo

considerar necessário. 4. Não será eleito Presidente quem não tiver atingido a idade de

trinta anos. 5. O Presidente deverá escolher um representante legal, dentre os

membros da Assembléia Matemática Pura, para assumir o cargo quando estiver em

viagem oficial ou pedir pedido afastamento temporário. 6. A Assembléia Matemática

Pura é um Conselho instituído pela comunidade acadêmica dos profissionais de

Ciências Exatas, Estatísticas e Computacionais, nos moldes que considerarem mais

convenientes, possuindo poder de veto sobre qualquer lei aprovada pela Assembléia

Cidadã. 7. Só a Assembléia Matemática Pura poderá julgar as leis aprovadas pela

Assembléia Cidadã, devendo apresentar um parecer quando forem vetadas.

72. 8. Além da Assembléia Cidadã, somente a Assembléia Matemática Pura

poderá destituir o mandato do Presidente, em um julgamento secreto e sem

necessidade de fundamentação, apresentando o seu Voto Coletivo de Desconfiança. 9.

O Voto Coletivo de Desconfiança da Assembléia Matemática Pura só poderá ser

apresentado um ano após a data do inicio do mandato do Presidente em exercício. 10.

O Voto Coletivo de Desconfiança da Assembléia Matemática Pura não excederá a

destituição da função e a incapacidade para exercer qualquer função pública, honorífica

ou remunerada. O execrado estará sujeito, no entanto, a ser processado e julgado, de

acordo com a lei. Seção 3 1. A época, os locais e os processos através dos quais serão

admitidos novos membros na Assembléia Matemática Pura serão estabelecidos, pela

respectiva Assembléia; e nem a Assembléia Cidadã nem o Presidente ou qualquer

outra entidade ou organização pública ou civil poderá, a qualquer tempo, interferir

nesses procedimentos. 2. Qualquer tentativa de interferência nos procedimentos da

Assembléia Matemática Pura será considerado como um ato de Traição e deverá ser

respondido pelas Forças Armadas com a devida repressão, proporcional à ofensa

pretendida. Seção 4 1. Cada Fórum Online de Discussão será o juiz da eleição,

votação, e qualificação de seus próprios membros, e em cada uma delas a maioria

constituirá o quorum necessário para deliberar; mas um número menor poderá propor

votações, referendos e pesquisas de opinião, dia a dia, e poderá ser autorizado a

compelir os membros ausentes a comparecerem, do modo e mediante as penalidades

que cada uma estabelecer. 2. Cada Fórum Online de Discussão é competente para

organizar seu regimento interno, punir seus membros por conduta irregular, e com o

voto de 99% dos integrantes, executar um de seus membros. 3. Quando todos os

Fóruns Online de Discussão se unirem estará estabelecida a Assembléia Cidadã, com

plenos direitos para instituir o seu Presidente. Seção 5 1. Os participantes dos Fóruns

Online de Discussão não receberão, por seus serviços, qualquer remuneração, e fora

do ambiente virtual, não terão obrigação de responder a interpelações acerca de seus

discursos, debates ou opiniões.

73. 2. Nenhum cidadão maior de idade terá negado o seu direito de participar

de Fóruns Online de Discussão e o Presidente será responsabilizado pela inclusão

digital de 100% da população enquanto permanecer no exercício do cargo. Seção 7 1.

Todo projeto de lei aprovado pela Assembléia Cidadã deverá, antes de se tornar lei, ser

remetido à Assembléia Matemática Pura. Se o aprovar, ele será registrado na

Wikipedia Constitucional; se não, o devolverá acompanhado de suas objeções ao

Fórum Online de Discussão em que teve origem; este então poderá ser submetido à

nova discussão. Se o projeto for mantido por maioria de 99% da Assembléia Cidadã,

será reenviado à Assembléia Matemática Pura para que apresentem ao menos duas

alternativas ao projeto, sendo livre a qualquer participante dessa ultima a proposição de

uma alternativa e proibida a sua censura. Se qualquer uma dessas alternativas obtiver

99% dos votos da Assembléia Cidadã, será considerada como uma lei aprovada e o

poder de veto da Assembléia Matemática Pura sobre essa lei só será restituído depois

de dois anos. Em ambas as Assembléias os votos serão indicados pelo "Sim" ou "Não".

Seção 8 1. Será da competência da Assembléia Cidadã: Lançar e arrecadar taxas,

direitos, impostos e tributos, pagar dívidas e prover a defesa comum e o bem-estar

geral de todos; impostos e tributos serão uniformes para qualquer cidadão, de acordo

com sua faixa de renda, mas todos os direitos são universais. 2. Levantar empréstimos

sobre o crédito da Coletividade; 3. Regular o comércio com as nações estrangeiras; 4.

Estabelecer uma norma uniforme de ensino para todo o país; 5. Cunhar moeda e

regular o seu valor, bem como o das moedas estrangeiras, e estabelecer os padrões de

preços, pesos e medidas; 6. Tomar providências para a punição dos falsificadores de

títulos públicos e da moeda corrente da Coletividade; 7. Estabelecer agências para os

serviços de infraestrutura, incluindo saúde, segurança, moradia, comunicações e

alimentação gratuita; 8. Promover o progresso da ciência e das artes, da cultura e dos

esportes, garantindo, por tempo limitado, aos autores e inventores o direito exclusivo de

patente aos seus escritos ou descobertas; 9. Criar tribunais de arbitragem inferiores à

Suprema Corte;

74. 10. Declarar guerra, 11. Promover a organização, seleção,

instrumentalização, treinamento e aprimoramento de uma Força de Paz, bem como a

sua administração em todo território nacional. 12. Elaborar todas as medidas

normativas necessárias e apropriadas ao exercício dos poderes acima especificados e

as demais subseqüentes alterações, modificações ou adições à Constituição confere

ao Governo da República Democrática Radical do Planeta Terra. A R T I G O II Seção

1 1. O Poder Executivo será investido no Presidente da República Democrática Radical

do Planeta Terra. Seu mandato será indeterminado e deverá ser eleito pela Assembléia

Cidadã de acordo com a qualidade de sua participação nos Fóruns de Discussão On-

line. 2. Não poderá ser candidato a Presidente quem já tiver feito parte do clero ou for

sacerdote de qualquer tipo. 3. No caso de destituição, morte, ou renúncia do

Presidente, de incapacidade física ou mental para exercer os poderes e obrigações de

seu cargo, estes passarão ao próximo Presidente eleito por voto direto pela Assembléia

Cidadã. 4. Periodicamente o Presidente receberá por seus serviços uma remuneração

cujo valor será determinado pela Assembléia Matemática Pura. Esse montante servirá

de teto salarial para o funcionalismo público e não poderá exceder a quantia de 10

salários mínimos. Seção 2 1. O Presidente será o chefe supremo do Exército, da

Marinha, da Aeronáutica e do Programa de Exploração Espacial da República

Democrática Radical do Planeta Terra exceto nos termos do Artigo I, seção 3, inciso 2

e terá o poder de indulto e anistia, exceto nos casos de impeachment. 2. O Presidente

deverá assinar os Tratados Internacionais votados pela Assembléia Cidadã e

Ratificados pela Assembléia Matemática Pura, poderá vetar os embaixadores indicados

pela Assembléia Cidadã e ministros indicados pela Assembléia Matemática Pura, e

indicará o Presidente da Suprema Corte, o Chefe do Poder Judiciário. A Assembléia

Cidadã poderá vetar o nome da pessoa escolhida pelo Presidente para ocupar o cargo

de Chefe do Judiciário, porém se ratifica-lo só poderá retirá-lo do cargo ao destituir o

próprio Presidente.

75. Seção 3 O Presidente receberá os embaixadores e outros diplomatas;

zelará pelo fiel cumprimento das leis, conferirá as patentes aos oficiais do Governo e

deverá prestar a Assembléia Matemática Pura, periodicamente, informações sobre o

estado do Governo, que por sua vez emitirá pareceres e boletins explicativos

resumindo e explicando esses dados, fazendo ao mesmo tempo as recomendações

que julgar necessárias e convenientes. Seção 4 O Presidente, Ministros e todos os

funcionários civis ou militares da República Democrática Radical do Planeta Terra

serão afastados de suas funções quando indiciados e condenados por traição, suborno,

ou outros delitos ou crimes graves. A R T I G O III Seção 1 O Poder Judiciário da

República Democrática Radical do Planeta Terra será investida em um Presidente da

Suprema Corte e nos tribunais de arbitragem criados pela Assembléia Cidadã.

Conservará seu cargo enquanto servir efetivamente ao bem comum, podendo ser

destituído apenas pelo Presidente e não poderá ser responsabilizado criminalmente

pelo que ocorrer durante o seu período de permanência no cargo. Seção 2 1. A

competência do Poder Judiciário se estenderá a todos os casos de aplicação da Lei e

da Eqüidade ocorridos sob a presente Constituição; a todos os casos que afetem os

embaixadores e outros ministros; a todas as envolvendo as Forças Armadas ou de Paz.

A R T I G O IV 1. Todas as dívidas e compromissos contraídos antes da adoção desta

Constituição deixarão de ser válidas contra a República Democrática Radical do

Planeta Terra, devido à falta de legitimidade dos representantes políticos que as

contraíram. ARTIGOV A ratificação por parte de 50%+1 dos cidadãos de uma

Democracia Indireta Representativa será suficiente para a adoção desta Constituição

nos Estados Estrangeiros que a tiverem aprovado, e serão Naturalmente consideradas

nações irmãs.

76. Com as palavras de Raul Seixas, despeço-me desejando a vocês, que

encontraram algum mérito nessa leitura, os melhores votos e enfatizando todo o

agradecimento pela atenção dispensada à minha pessoa: “Sonho que se sonha só é só

um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é a realidade!” FIM

77. DR. CLANDESTINO [email protected] O que eu quero é

estipular uma nova regra de convivência que possa inibir os conflitos religiosos e

permita que a humanidade alcance a totalidade de seu potencial; sem sectarismos e

em harmonia, trabalhando eficientemente sem desprivilegiar ninguém, e garantindo a

qualidade uma boa vida à todos! Não pretendo interferir com o direito à liberdade de

crenças, porque as pessoas (pelo que apontam todos os indícios) são mortais e as

crenças que mantinham enquanto estão vivas não são importantes, se acabarem

desaparecendo com seus portadores. Desejo apenas limitar a liberdade de transmissão

de sistemas de crenças que definitivamente não sejam compatíveis com a Matemática,

para poupar as próximas gerações da inconveniência de serem obrigadas a se

empenhar na negação de raciocínios lógicos para terem as mínimas condições de

segui-las sem questionamentos. Planejo fazer isso iniciando um movimento religioso de

reforma, que leve os próprios aderentes de cada Religião a exigir dos seus sacerdotes

responsáveis que aproximem progressivamente dos Axiomas da Matemática os

Dogmas de suas Religiões, até que eventualmente a Matemática seja um tópico de

discussão e interesse para todos; já que é um fator intrínseco a busca do ser humano

pelo auto-conhecimento, pelo sentido da vida, e do aprimoramento de nossa relação

com os demais componentes da existência.