tcc pedagogia licenciatura 2015-2

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    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

    CURSO DE PEDAGOGIA

    MARIA VANUSA LOPES DOS SANTOS

    CONCEPO DE EMANCIPAO NA PERCEPO DE PROFESSORESNO

    CONTEXTO PEDAGGICO NOS ANOS INICIAIS

    CRICIMA

    2015

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    MARIA VANUSA LOPES DOS SANTOS

    CONCEPO DE EMANCIPAO NA PERCEPAO DE PROFESSORESNO

    CONTEXTO PEDAGGICO NOS ANOS INICIAIS

    Trabalho de Concluso de Curso, apresentadopara obteno do grau de Licenciado/a nocurso de Pedagogia da Universidade doExtremo Sul Catarinense, UNESC.

    Orientador: Prof. Dr. Alex Sander da Silva

    CRICIMA

    2015

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    MARIA VANUSA LOPES DOS SANTOS

    CONCEPO DE EMANCIPAO NA PERCEPO DE PROFESSORES NO

    CONTEXTO PEDAGGICO NOS ANOS INICIAIS

    Trabalho de Concluso de Curso aprovadopela Banca Examinadora para obteno doGrau de Licenciado/a no Curso de Pedagogiada Universidade do Extremo Sul Catarinense,UNESC, com Linha de Pesquisa emFundamentos da Educao.

    Cricima, 01 de dezembro de 2015.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. Alex Sander da Silva - Titulao - UNESC- Orientador

    Professora Ma Maria Aparecida da Silva Mello- UNESC

    Professora Dra. Marli de Oliveira Costa- UNESC

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    Dedico este trabalho, especialmente, aosmeus pais que tanto amo, s minhas filhas

    que sempre tiveram a pacincia de suportar

    a minha ausncia durante o perodo de

    estudos, s minhas duas sobrinhas

    queridas que sempre foram fontes de

    inspirao, Raynara Evelyn e Anny Clarice,

    e ao meu querido neto Davi Lucas que em

    meio a tantas tribulaes, o seu sorriso me

    deu nimo para continuar.

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    AGRADECIMENTOS

    Acima de tudo e de todos agradeo ao nico digno de toda honra e toda

    glria, Deus, o criador dos cus e da terra e a Jesus Cristo Seu filho. Depois a todos

    que indireto e diretamente contriburam por mais esta realizao na minha vida. A

    toda comunidade escolar que foi pesquisada, representada pela a direo, que me

    recepcionou com muita alegria contribuindo e se disponibilizando para a realizao

    da pesquisa. Agradeo ao meu orientador pela pacincia, disponibilidade, dedicao

    que teve e por sempre me estimular nos momentos de desnimo para que

    pudssemos chegar at o fim. Agradeo as palavras de nimo e admirao de

    minhas filhas Yara Mikaellen e Ruth Michellen, responsveis por elevar a minhaautoestima para que eu pudesse prosseguir. Ao meu amigo e companheiro de todos

    os momentos enquanto estvamos juntos, Iremar Euzbio, que enquanto pde e do

    seu jeito, subsidiou em vrios aspectos o necessrio para a concretizao deste

    curso. O meu muito obrigada a todos.

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    Quando vivemos a autenticidade exigidapela prtica de ensinar-aprenderparticipamos de uma experincia total,diretiva, ideolgica, gnosiolgica,pedaggica, esttica e tica, em que aboniteza deve achar-se de mos dadas coma decncia e com a seriedade..

    (Paulo Freire)

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    RESUMO

    A realidade da Educao Brasileira muito complexa para se entender se h ou no

    uma ao educativa emancipadora na ntegra. Portanto, este trabalho questiona eanalisa qual seja o entendimento do docente quanto ao que seja emancipar nocontexto pedaggico dos anos iniciais, relacionando esse entendimento ao que apresentado pelos autores no referencial, bem como o que consta nos documentosde ensino e nos dicionrios. O trabalho foi realizado em uma escola da redemunicipal de Cricima, com dez professores dos anos iniciais, atravs de entrevistasde forma semiestruturada. Apresenta-se na primeira anlise percepo que cadaprofessor tem do significado de emancipao, na segunda consiste em umadescrio de como promovida essa emancipao e a terceira e ltima anlise saber qual o limite para tal ao educativa no espao da comunidade escolar.Percebe-se que todos conhecem o significado da palavra no sentido jurdico e que o

    sentido poltico ainda est em construo. No existe uma articulao entreteoria/prtica do conceito de emancipao na prtica (poltica) pedaggica. Porm, oque percebe-se que esses docentes j iniciaram uma reflexo quanto ao que devaser uma educao emancipatria em sala de aula. Havendo uma necessidade doque seja uma ao-reflexo-ao quanto percepo de uma ao educativaemancipadora, teremos uma realidade educacional diferente, onde, possivelmente,alunos sero mais conscientes, crticos e reflexivos para o exerccio da cidadania.

    Palavras-chave: . Emancipao, Autonomia, Educao Crtica, Cidadania,

    Educao Poltica.

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    ABREVIATURAS E SIGLAS

    ECAEstatuto Da Criana E Do Adolescente

    LDBLeis de Diretrizes e Bases Da Educao Bsica

    MECMinistrio da Educao e Cultura

    PPPProjeto Poltico Pedaggico

    PCNsParmetros Curriculares Nacionais

    PCSCProposta Curricular De Santa Catarina

    PCRMCProposta Curricular Da Rede Municipal De Cricima

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ......................................................................................................... 9

    2 CONCEPO DE EMANCIPAO EM SENTIDOS VARIADOS: DA

    CONCEPO JURDICA E POLTICA.................................................................... 12

    2.1 A CONCEPO DE EMANCIPAO COMO MAIORIDADE JURDICA ........... 12

    2.2 CONCEPO DE EMANCIPAO COMO MAIORIDADE POLTICA ............... 15

    3 CONCEPO DE EMANCIPAO NOS DOCUMENTOS EDUCACIONAIS...... 21

    3.1 DOCUMENTOS NACIONAIS .............................................................................. 21

    3.2 DOCUMENTOS REGIONAIS .............................................................................. 23

    4 A CONCEPO DE EMANCIPAO DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAISDE ENSINO............................................................................................................... 26

    4.1 ANLISE DAS CONCEPES DE EMANCIPAO DOS ENTREVISTADOS 29

    4.2 PROMOO DA EMANCIPAO NA SALA DE AULA NA VISO DOS

    PROFESSORES ....................................................................................................... 32

    4.3 OS LIMITES E POSSIBILIDADE DA EMANCIPAO NO CONTEXTO DOS

    ANOS INICIAIS DE ENSINO ESCOLAR................................................................... 37

    CONSIDERAES FINAIS...................................................................................... 42

    REFERNCIAS......................................................................................................... 44

    APNDICE(S) ........................................................................................................... 46

    1 ROTEIROS DAS ENTREVISTAS.......................................................................... 47

    2 QUADRO DO PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA: ..................................... 48

    ANEXO(S)................................................................................................................. 49

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    1 INTRODUO

    A partir das minhas observaes feitas em sala de aula de instituies do

    ensino pblico, percebi alguns limites no trabalho com crianas nos anos iniciais

    quanto aquisio da autonomia. A impresso que tive de quequase no existe

    ou no se tem um entendimento do que seja uma educao emancipatria no

    ambiente escolar. O que seria uma educao para emancipao no contexto atual

    de sala de aula? Como os professores poderiam educar para uma emancipao,

    visando um cidado crtico-reflexivo para a nossa sociedade, ou seja, um aluno

    autnomo e emancipado?

    Com essas questes, se faz necessrio refletir sobre a prxis pedaggicadocente, na tentativa de atualizar o debate sobre autonomia e emancipao, para

    uma percepo e sensibilidade quanto a face objetiva e subjetiva desses, no

    exerccio em sala de aula. A inteno nesse trabalho, visa uma discusso e uma

    reflexo sobre as concepes que emergem de professores sobre os conceitos de

    emancipao e autonomia numa instituio de ensino pblico da rede municipal de

    ensino de Cricima.

    Diante do exposto, este trabalho se configurou a partir da seguinteformulao problemtica: Quais as concepes dos professores do anos iniciais de

    ensino sobre os conceitos de emancipao? Procurou-se tambm destacar as

    questes norteadoras a saber: Qual o entendimento que os dicionrios e textos

    acadmicos trazem sobre os conceitos de emancipao? Em que aspecto bsico

    possvel se perceber articulao entre a concepo de emancipao em

    documentos da Legislao brasileira e a concepo de professores dos anos

    iniciais, da escola Pascoal Meller, na construo da autonomia e emancipao deseus alunos?

    Para responder essas questes, traou-se o seguinte objetivo geral:

    compreender as concepes dos professores, sobre o conceito de emancipao no

    contexto pedaggico dos anos iniciais de ensino.

    Delimitou-se como objetivos especficos os seguintes: a) Descrever

    concepes de emancipao explanados em dicionrios, textos acadmicos; b)

    Identificar a concepo de emancipao em documentos da Legislao brasileira,

    principalmente, dos que tratam da educao bsica (LDB 9394/96, Proposta

    Curricular da Rede Municipal de Cricima, Estatuto da Criana e do Adolescente,

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    Proposta Curricular De Santa Catarina e Parmetros Curriculares Nacionais); c)

    Identificar o entendimento de emancipao no PPP da escola; e d) Analisar o

    conceito emancipao na concepo de professores no contexto dos anos iniciais

    de ensino da educao bsica.

    O presente trabalho de pesquisa tem uma abordagem qualitativa,

    sobretudo, porque visou interpretar a realidade e suas peculiaridades numa

    investigao cuidadosa e individual. Esta pesquisa tambm se configurou de carter

    exploratria, pois visou descrever e explicitar as caractersticas da situao

    investigada, detalhando-as e analisando-as em categorias. Dentre as categorias

    destacamos: emancipao, autonomia, educao crtica, cidadania, educao

    poltica.Para o delineamento das categorias optou-se por uma abordagem de

    cunho exploratrio. As pesquisas exploratrias permitem que o investigador aumente

    suas expectativas em torno do problema. Segundo Trivios (1998, p.109): O

    pesquisador parte de uma hiptese e aprofunda seu estudo nos limites de uma

    realidade especfica, buscando antecedentes, maior conhecimento para, em

    seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou do tipo experimental. Ainda Trivios

    (1998) indica que esse tipo de pesquisa nos permite fazer levantamentos depossveis problemas de pesquisa, pois elaborado por esquema, fazendo revises

    literrias e analisando cientificamente.

    Para coleta de dados foi utilizados como instrumento de pesquisa a

    entrevista de forma semiestruturada, na busca de responder as questes

    norteadoras deste projeto, pois foi utilizada para anlise. Conforme Trivios (1998, p.

    146) a pesquisa semiestruturada valoriza a presena do investigador enriquecendo

    a investigao e dando maior liberdade para o informante. Ainda a coleta de dadosse constituiu atravs de entrevista com 10 professores do 1ano a 5ano da

    E.M.E.I.E.F. Pascoal Meller, sendo nove (09) professoras e um (01) professor. A

    escolha da escola se deu devido a minha presena constante na mesma, durante o

    perodo do curso de pedagogia, para realizar trabalhos de pesquisas de vrias

    disciplinas, bem como realizar estgios obrigatrios e no-obrigatrios. Esses dados

    sero fundamentais para analisar o entendimento desses professores quanto ao

    tema abordado, dando significados importantes para a pesquisa em questo.

    O referido trabalho foi composto por trs captulos que est dividido da

    seguinte forma: no primeiro captulo: concepo de emancipao em sentidos

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    2 CONCEPO DE EMANCIPAO EM SENTIDOS VARIADOS: DA

    CONCEPO JURDICA E POLTICA

    Nesse captulo ser explanado a concepo de emancipao em dois

    sentidos: emancipao como maioridade jurdica e emancipao como maioridade

    poltica. Por que existe essa distino? Ela existe na medida em que a sociedade

    precisou organizar e definir seu ordenamento social, ou seja, definir como as

    pessoas devem agir ou no em sociedade. Para entender o propsito deste trabalho

    ser exposto o significado de emancipao nos sentidos jurdico e poltico

    explanados em dicionrios e textos acadmicos.

    Entende-se que uma palavra pode ter significado direcionado para vriasvertentes possibilitando assim, a escolha de uma dessas vertentes para ser pensado

    naquilo que faz sentido para o propsito almejado do assunto a ser discutido. E com

    o entendimento da palavra emancipao atravs do que ser explanado, ser

    possvel entender sobre o sentido no qual se intenciona explicar a sua compreenso

    no contexto da prtica pedaggica a partir do entendimento de docentes nos anos

    iniciais de ensino.

    2.1 A CONCEPO DE EMANCIPAO COMO MAIORIDADE JURDICA

    O propsito aqui no fazer um estudo exaustivo sobre a concepo de

    emancipao, mas apenas situar sua definio no mbito de trs dicionrios:

    Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa (2010); Dicionrio Acadmico de Direito

    (2003) e Dicionrio de Cincias Sociais (1986). Nos trs dicionrios consultados a

    concepo de emancipao aparece definida assim:

    O Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa traz significados tanto formais

    quanto informais. No deixando de trazer esse significado num formato tcnico da

    palavra em questo. [ do lat. Emancipatione] s.f. 1. Ao ou efeito de emancipar(-

    se). 2. Alforria, libertao. 3. Dir. Instituto jurdico pelo qual, no Brasil, o menor de 21

    anos e maior de 18 adquiriu o gozo dos direitos civis.(AURLIO, 2010, p. 767).

    Informalmente o dicionrio Aurlio traz o significado num sentido de como se algum

    ou algo estivesse preso com a necessidade de se libertar. E formalmente o

    dicionrio traz um sentido legal da palavra.

    No Dicionrio Acadmico de Direito o significado de emancipao est no

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    sentido formal da palavra, embasado segundo a lei que rege em nosso pas,

    mostrando que assim o que considerado dentro de nossa sociedade e a partir

    desse entendimento que toda sociedade brasileira, no geral, entende o que seja

    emancipao. um procedimento jurdico e no entanto, deve haver registro pblico..

    Do latim emancipatio. Antecipao da maioridade civil feita voluntariamente(art. 5, pargrafo nico, I, do cc), por concesso legal (art. 5, pargrafonico, II a V, do cc), ou por sentena (art. 5, pargrafo nico, I, e 9, II, docc). Pela lei brasileira (art.5, caput, do cc), a menoridade cessa aos 18anos completos, quando a pessoa fica habilitada prtica de todos os atosda vida civil. Se o indivduo nasceu em ano bissexto, ou seja, 29 defevereiro, sua maioridade ser alcanada no dcimo oitavo ano de vida,mas a contar de 1 de maro. A emancipao exige registro pblico (art.9,II, do cc), mais precisamente no registro civil de pessoas naturais (art. 29,

    IV, da lei 6.015, de 31.12.1973 lei de registros pblicos). (DICIONRIOACADMICO DE DIREITO, 2003, p. 322).

    O dicionrio de cincias sociais faz uma explanao do significado da

    palavra emancipao, no espanhol emancipacin, dividindo este significado em

    trs aspectos que so: Conceito Geral; no mbito familiar; historicamente. E tambm

    faz uma relao do significado segundo a lei brasileira.

    No conceito geral, o dicionrio de cincias sociais traz o significado da

    palavra emancipao num termo informal, assim como apresentado no dicionrioAurlio (2010) e no Dicionrio Acadmico de Direito (2003) num primeiro momento

    quando explanado o significado nos mesmos, respectivamente . Para tanto, nesse

    primeiro aspecto quanto ao conceito geral o dicionrio de Cincias Sociais diz que

    emancipao: o ato simples ou complexo pelo qual uma pessoa, classe ou pas

    se liberta do estado de sujeio em que se encontrava anteriormente;(Dicionrio de

    Cincias sociais, 1996, p. 390).

    No mbito familiar o mesmo dicionrio explana de quando um filho considerado pelos pais incapaz e quando possvel que este se torne capaz

    legalmente. Tratando assim de emancipao jurdica, e mostra qual o termo correto

    a ser aplicado legalmente.

    No mbito familiar: [..]as relaes-paterno-filiais so necessrias desde onascimento do bebe, por no dispor de plena capacidade jurdica devido sua idade e sua situao familiar. [..] o menor se emancipa, e diz-seassim, numa linguagem comum que a emancipao foi por maioridade,

    porm, o correto seria dizer que a emancipao se deu pela maioridade.(DICIONRIO DE CINCIAS SOCIAIS, 1996, p. 390).

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    Na parte histrica o dicionrio de cincias sociais conta como se dava

    essa emancipao no perodo do imprio romano, tanto no mbito familiar ou no.

    Havia um processo ritualista que se dava atravs de vendas.

    Historicamente: O termo emancipado, em suas origens romanas, vem deemancipatio, pois a emancipao surge no direito ritual romana por viacontratual. [..]. Segundo as obras clssicas do direito romano aemancipao no incio era um ato ritual e solene onde o pater famliasrenunciava ao ptrio poder que exercia sobre o filho ou descendenteatravs de trs vendas [...], mas essa trplice venda se reduzia a uma squando o filho a ser emancipado no era varo nem descendente deprimeiro grau. Posteriormente, o direito ritual se espiritualiza, e j no direitoJustiniano1, a emancipao se verifica atravs de forma que pode serconsiderada como precedente imediata da modalidade atual, por parte dofilho, da faculdade de ser emancipado. (DICIONRIO DE CINCIAS

    SOCIAIS, 1996, p. 390).

    Alm de trazer o significado de emancipao no espanhol fazendo

    algumas consideraes importantes nos aspectos citados acima e algumas

    consideraes dando exemplos de alguns movimentos sociais, o dicionrio mostra

    uma aplicao adequada do significado. Declarando que o termo refere-se a uma

    nova acepo sociolgica da palavra emancipao. Dizendo que esta faz parte de

    uma condio socioeconmica coletiva de um determinado grupo ou classe que se

    liberta de uma presso ou jugo por outros grupos ou classes.

    E ainda, o dicionrio de cincias sociais traz o significado fazendo uma

    relao com a lei brasileira, mostrando assim o que h de semelhanas ou

    diferenas entre as leis espanhola e brasileira. Portanto, percebe-se de igual modo

    que os trs dicionrios trazem a concepo de emancipao tanto no sentido

    informal quanto formal, deixando claro que sempre vai existir uma relao entre o

    particular (famlia) e o social (jurdico). Porm, no se conseguir tratar do primeiro

    excluindo o segundo. Uma vez que este sentido algo que j foi determinado pela

    sociedade desde sempre, ou seja, aquilo que consideram que deve ser o significado

    da palavra em questo.

    Dentro dos dicionrios no existe o significado de emancipao num

    sentido poltico como queremos enfatizar em nossos estudos. Portanto a explanao

    1Flavius Petrus Sabbatius Iustinianus, mais conhecido como Justiniano I, nasceu em Taursio em 11

    de maio de 483 e faleceu em Constantinopla em 13 ou 14 de novembro de 565. Assumiu o trono do

    Imprio Romano do Oriente em 1 de agosto de 527, ocupando-o at a sua morte. Apesar depertencer a famlia de origem humilde, foi nomeado cnsul por seu tio Justino I, que posteriormente onomeou como seu sucessor aps sua morte. Ambicioso e inteligente, fez com que o Imprio Bizantinobrilhasse durante seu governo. Justiniano tinha por principal meta recuperar o antigo esplendor deRoma, e batalhou em vrias frentes com esse intuito.

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    realizada neste captulo somente a ttulo de verificao do significado da palavra

    emancipao de forma geral para alcanarmos um significado de forma especfica e

    que melhor se aplica para aquilo que intencionamos no ambiente escolar durante o

    processo da prtica pedaggica do professor. Relacionando o sentido tcnico da

    palavra com significado dado pelos autores a seguir.

    2.2 CONCEPO DE EMANCIPAO COMO MAIORIDADE POLTICA

    Atravs das literaturas acadmicas de autores que tratam da situao

    atual da poltica educacional do nosso pas, pode-se perceber o quanto h

    necessidade de uma educao emancipadora. Educao essa que possibiliteamenizar a situao de desigualdades sociais existentes, pois, acredita-se que

    desigualdade social e sistema educacional esto interligados. A educao

    emancipadora s poder acontecer de forma eficaz se houver uma emancipao no

    sentido de maioridade poltica, na qual, possibilita abrir espaos de dilogos

    contrariando o que exposto pelo capitalismo.

    Em um dos textos Adorno (1995) fala da educao contra a barbrie,

    trazendo um dilogo entre Becker e Adorno, onde este ltimo enfatiza a importnciado papel da educao quanto ao combate intolerncia existente entre as pessoas

    quanto as suas diferenas em todos os aspectos. Pois, nos dias atuais, apesar de

    todo o avano tecnolgico e toda modernidade, as pessoas se mostram retrgadas,

    no sentido de no entenderem o que seja democracia. Indivduos que tem

    comportamentos agressivos uns para com os outros. Numa total falta de tolerncia

    nas mais variadas situaes de convvio social, nos quais, pode se presenciar as

    vrias formas de agresses que Adorno nomeia como barbrie.E as instituies de educao juntamente com seus docentes devem

    observar a existncia desses comportamentos inadequados e atravs de suas

    prticas pedaggicas trabalhar contra esses tais comportamentos. Educando, assim,

    cidados crticos e reflexivos, mais humanizados, possibilitando transformaes na

    sociedade. Talvez uma educao crtica realizada com muita persistncia, de forma

    que estimule a reflexo sobre a realidade do convvio de cada aluno, consciente e

    responsvel, poder refletir positivamente nos aspectos scio-poltico e econmico

    da nossa sociedade. Possivelmente se ter uma sociedade, hierarquicamente, mais

    justa, mais humana.

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    A tese que gostaria de discutir a de que desbarbarizar tornou-se aquesto mais urgente da educao hoje em dia. O problema que se impenesta medida saber se por meio da educao pode-se transformar algo dedecisivo em relao barbrie. Entendo por barbrie algo muito simples, ouseja, que, estando na civilizao do mais alto desenvolvimento tecnolgico,

    as pessoas se encontrem atrasadas de um modo peculiarmente disformeem relao a sua prpria civilizao e no apenas por no terem em suaarrasadora maioria experimentado a formao nos termos correspondentesao conceito de civilizao, mas tambm por se encontrarem tomadas poruma agressividade primitiva, um dio primitivo ou, na terminologia culta, umimpulso de destruio, que contribui para aumentar ainda mais o perigo deque toda esta civilizao venha a explodir, alis uma tendncia imanenteque a caracteriza. Considero to urgente impedir isto que eu reordenariatodos os outros objetivos educacionais por esta prioridade. (ADORNO, 1995p.155).

    Na realidade atual percebida visivelmente que ainda existe ranos

    daquilo que, em outrora, causou tantas dores em pessoas inocentes na segunda

    guerra mundial, nfase dada por Adorno durante o dilogo com Becker para mostrar

    de onde se deu o incio do que perdura at os dias de hoje. Em outras roupagens, a

    intolerncia, os preconceitos, a discriminao e etc., ainda existe, e podemos

    perceb-las no comportamento das pessoas, umas para com as outras, na falta de

    tolerncia, o desrespeito ao prximo, o preconceito, etc., causando grandes males

    em todos os aspectos dentro da sociedade.

    Acredita-se que atravs de uma educao emancipadora que se leva a

    reflexo quanto a condio humana e sua realidade dentro de uma sociedade,

    possa amenizar as vrias questes de desigualdades sociais existentes. Num

    sentido onde todos possam exercer os seus direitos bem como tendo mais

    conscincia de seus deveres como cidados.

    Educao aps Auschuwitz, adverte que as condies objetivas quepermitiram os horrores de Auschwitz ainda esto por a, no corao da

    civilizao industrializada, e podem a qualquer momento gerar situaessemelhantes. Numa sociedade danificada, que pode, continuamente, parirmanifestaes de barbrie, s tem sentido pensar a educao comogeradora da auto-reflexo: educao que se desenvolva enquantoesclarecimento geral, a comear pela infncia, que ajude a criar um climaespiritual, cultural, que no favorea os extremismos, a insensibilidade, aexplorao das pessoas. (PUCCI, 2001, p. 6).

    Na explanao feita por Pucci (2001) quanto a Educao Crtica, traz

    antes de tudo, de que esse tipo de Educao primeiro inicia-se na formao do

    Educador para que este tendo uma auto-reflexo do seu conhecimento cientfico,seja capaz de possibilitar tais conhecimentos aos seus alunos da mesma forma que

    os tem, de forma crtica e reflexiva. E ainda, que a busca desse conhecimento pelo

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    educador, deve ser constantemente, na sua vida, enquanto estiver no exerccio de

    suas prticas pedaggicas. Neste sentido, os docentes estaro possibilitando e

    estimulando uma emancipao poltica com seus alunos.

    Considerando ainda o sentido de emancipao como maioridade poltica

    Pacfico e Donato (2011) trazem em notas introdutrias uma explicao quanto a

    contribuio da teoria de Adorno para explicar como se daria essa maioridade

    poltica. Dizendo que deve-se buscar um modelo de educao para a obteno de

    conscincias humanas atravs de esclarecimento, saindo das bitolaes culturais

    impostas pelo capitalismo.

    O sentido de Esclarecimento (Aufklrung) Kantiano no se resumesimplesmente ao conhecimento, mas a este consubstanciado com odesenvolvimento da autonomia crtica dos sujeitos que operacionam ejulgam como operacionar o conhecimento. Assim, ultrapassar a menoridadeauto imposta e tornar-se emancipado, um compromisso moral com odesenvolvimento social, onde o sujeito chama para si a responsabilidadeque lhe cabe na construo de uma ordem social renovada, ao invs decompactuar irrefletidamente com os rumos sociais que se vo constituindo[...] O momento exato da libertao da condio da menoridade no indivduodar-se-ia no instante em que o mesmo sente que j no mais precisa deuma autoridade abstrata ou concreta que designe suas aes e comandeseu destino, tornando assim, o sentimento da no necessidade de sergovernado, como o marco divisor entre o indivduo no emancipado e o

    indivduo autnomo.(PACFICO E DONATO 2011, p. 536-537 ).

    Seguindo o fio condutor desse raciocnio considera-se as contribuies

    sobre a educao para a maioridade refletidas sobre uma coletnea de textos de

    Adorno, observando o que dito por Silva (2010) em sua tese de doutorado. O autor

    diz que a educao para a maioridade deve ser crtica e reflexiva para criar uma

    contradio e resistncia a educao tradicional e manipuladora segundo o sistema

    poltico do pas.

    A necessidade de uma educao para a maioridade tinha uma relao coma aposta de que a atividade crtica e reflexiva deveria ser estendida a todasas pessoas. Esta ideia de educao expe a necessidade de decifrar ascondies e os determinantes histricos que causam o modo ao qual osindivduos esto submetidos. Por isso, o empenho adorniano estavavoltado, sobretudo, para a difuso de uma educao poltica, isto , de umaformao conscientizadora das contradies sociais que destaque os limitesda prpria sociedade (SILVA, 2010, p.54).

    Atravs do exposto, percebe-se que o sentido de emancipao polticapara os autores algo que acontece atravs da conscincia crtica e reflexiva. Tal

    conscincia se d no interior do contexto social para uma melhor clareza de como

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    deve acontecer de fato a dinmica scio-poltico e econmico, traduzido assim como

    a participao ativa do cidado. Isto , tendo uma maioridade poltica, um cidado

    de fato emancipado e autnomo. E assim, entender bem quais os seus direitos e os

    deveres a serem reivindicados, para viver em harmonia uns para com os outros,

    difundindo uma cultura que respeite a diversidade e as diferenas existentes entre

    todos.

    No se est aqui dizendo que esta uma tarefa exclusiva e nica das

    instituies educacionais. E sim, umas das possibilidades de execuo dentre tantos

    outros papis da escola. Pois, assim como outras instituies, a escola

    considerada um espao de relaes sociais, que possibilita essa prtica, quando se

    tem docentes conscientes e preparados para trabalhar desde sempre, numaperspectiva de educar para emancipao.

    Essa emancipao poltica, na qual nos referimos, s possvel

    acontecer, quando primeiro acontece uma emancipao humana. Quanto a essa

    ltima, Iasi (2011) vai dizer que a mesma s acontece atravs de um processo lento,

    onde cada ser humano deve ter a conscincia da mesma, ou seja, a emancipao

    um processo no qual acontece atravs do reconhecimento de si mesmo enquanto

    sujeito e transformador de sua prpria histria com relao ao outro. Caso contrrioessa emancipao no acontecer.

    O autor ainda faz uma explanao com muita preciso sobre a viso de

    Marx para mostrar como se d o processo da emancipao humana, seguindo-se

    para uma emancipao poltica. Que s possvel atravs de uma conscientizao

    do indivduo em saber separar a sua condio religiosa da condio de cidado civil.

    [...] Os indivduos, sem o constrangimento de uma religio oficial,assumiriam em igualdade a condio de cidados, sem que nenhum cdigoreligioso os impedisse de cumprir seus deveres para com o Estado e paracom os concidados no mbito da vida pblica.[...](IASI, 2011, p. 48).

    E assim o autor conclui dizendo que A questo da relao entre a

    emancipao poltica e religio torna-se para ns o problema da relao entre

    emancipao poltica e emancipao humana.(MARX, 1993, p. 42 apud IASI, 2011,

    p. 50).

    Outro aspecto considerado impedimento para que no acontea aemancipao poltica do ser humano o Estado que no executa seu papel como

    deveria, sempre agindo contra o povo, no havendo uma democracia de fato. Ou

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    seja, que as lutas entre as classes, por seus direitos socialmente, acontea de forma

    justa. Tudo isso geralmente no possvel porque o Estado de domnio burgus.

    Dentro desse contexto considera-se que a emancipao humana quase impossvel

    de acontecer, se no impossvel. Pois para que acontea a emancipao poltica

    necessrio primeiro que haja uma emancipao humana. E esta ltima acontece de

    forma interna, consciente, individualmente e cada indivduo tem que ter vontade de

    emancipar-se. Consequentemente a emancipao poltica seja concretizada de

    forma coletiva.

    O problema que, assim procedendo, o indivduo transforma os outrosseres humanos em meios e acaba por degradar a si mesmo como meio,

    transformando-se em joguete de poderes estranhos. A contraposio entreEstado poltico e sociedade civil (burguesa) faz com que o indivduo,alm de se reconhecer no Estado como ser genrico, cai na iluso de setornar genrico graas ao Estado. (IASI, 2011, p. 51).

    Uma vez que acontece o processo de emancipao humana, ento

    possvel haver uma possibilidade do coletivo viver em harmonia, mesmo que com

    suas diferenas. Iasi (2011) acrescenta que segundo a teoria de Marx as pessoas

    vivem numa espcie de intercmbio dentro de uma sociedade civil. Ou seja, que

    dentro de uma sociedade existe as lutas de classes hierarquicamente, onde existe

    os que compram a fora de trabalho e os que vendem essa fora de trabalho. Para

    tanto os indivduos deste ltimo, devem ser livres, existindo assim um equilbrio

    socialmente entre as classes quanto a busca de seus interesses, suas

    reivindicaes. Desse modo os indivduos se identificam como cidados dentro da

    sociedade.

    Trabalhadores livres em dois sentidos, porque no so parte dos meios deproduo, como escravos e servos, e porque no so donos dos meios deproduo, como campons autnomo, estando assim livres edesembaraados deles. (MARX,1867, p. 830 apud IASI 2011, p. 55).

    Portanto para que a emancipao humana pudesse acontecer seria

    necessria a superao da mediao do Estado, superar a mediao do capital e da

    mercadoria, que ocorre numa desigualdade. Consequentemente, aconteceria a

    superao da ideologia, dando lugar para a emancipao poltica.

    Segundo Kant (1985, p.100 apud IASI, 2011, p.61) a superao damenoridade vista como a capacidade do ser humano de fazer uso de seu prprio

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    entendimento e servir-se de si mesmo sem a direo de outrem. Uma verdadeira

    emancipao poltica seria um sujeito que superou a menoridade, tornando-se um

    indivduo disciplinado, compreendendo os preceitos estabelecidos, sabendo qual o

    seu papel de forma esclarecida dentro da sociedade, e, racional de todo

    conhecimento de forma pblica, se expressando livremente, sem restries. Os

    seres humanos por natureza precisam e necessitam viver em sociedade, se

    relacionando uns com os outros, consequentemente para uma vida poltica. Portanto

    Iasi (2011,p. 64) diz que:

    [...]Exatamente pelo fato de que os seres humanos deixados ao estadonatural tendem luta de todos contra todos que se faz necessria a forma

    social reguladora[...]. Com isso os seres humanos s alcanam a autonomiadentro de uma sociedade poltica, onde o Estado deve cumprir com seupapel sendo justo ou democrtico, o que normalmente no . Tornando-seassim um inimigo da liberdade humana, trabalhando sempre contra ela.

    No entanto para mudar essa realidade, segundo a concepo marxiana,

    os seres humanos no podem mudar aquilo que considerado como base de seu

    desenvolvimento, mas sobre essa base podem agir alterando-a, transformando-as

    para deixar como herana para geraes futuras (IASI, 2011). Pois os seres

    humanos devem fazer sua prpria histria de forma diferenciada, mudando aquilo

    que determinado segundo as condies sociais que vem desde sempre.

    A partir dessas reflexes destaca-se que a educao tem uma tarefa

    rdua, no sentido de contribuir para se constituir uma maioridade poltica, que por

    sua vez geraria indivduos emancipados. Como foi alertado inicialmente, o propsito

    no seria esgotar o tema, at porque demandaria um maior aprofundamento das

    concepes aqui trazidas. O propsito foi situar algumas ponderaes para que

    possam contribuir na anlise da pesquisa desse trabalho.

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    3 CONCEPO DE EMANCIPAO NOS DOCUMENTOS EDUCACIONAIS

    Aqui pretende-se trazer a concepo de emancipao em documentos

    educacionais da legislao brasileira, catarinense e do municpio. As leis de ensino

    fazem algumas consideraes importantes em seus artigos que vale destacar para

    melhor entender a concepo de emancipao no mbito educacional.

    3.1 DOCUMENTOS NACIONAIS

    Segundo o Estatuto da Criana e do Adolescente, por exemplo, rege o

    seguinte:

    Art. 53 A criana e o adolescente tm direito educao, visando aopleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio dacidadania e qualificao para o trabalho. (BRASIL, 2014).

    Mostra-se nesse artigo do ECA que o sentido de emancipao traz uma

    implicao poltica quando diz que a educao prepara a criana e o adolescente

    para o exerccio da cidadania. Porm, ainda destacando a preocupao de

    educao que qualifica essa criana e adolescente para o trabalho. Ou seja, uma

    preocupao em apenas preparar mo de obra para o mercado de trabalho sem

    nenhum estmulo a reflexo do que se est aprendendo. Neste artigo no mostra

    explicitamente uma preocupao de uma educao emancipadora num sentido

    crtico, reflexivo e consciente. Uma emancipao num sentido completo da palavra

    dentro do contexto pedaggico.

    Quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional 9394/96 tem

    como objetivo principal em elaborao aquilo que considera imprescindvel para aeducao:

    Art. 22. A educao bsica tem por finalidades desenvolver o educando,assegurar-lhe a formao comum indispensvel para o exerccio dacidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudosposteriores. (BRASIL, 1996).

    Nas Diretrizes da Poltica Nacional de Educao Bsica, no momento do

    relatrio dessa resoluo (7/2010), relaciona alguns temas relevantes que foram

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    promovidos pelo MEC em uma sesso ordinria para serem debatidos, consideradas

    ideias-foras, nos quais do nfase ao tema em estudo.

    [...] IIo papel do Estado na garantia do direito educao de qualidade,considerando que a educao, enquanto direito inalienvel de todos oscidados, condio primeira para o exerccio pleno dos direitos: humanos,tanto dos direitos sociais e econmicos quanto dos direitos civis e polticos;IIIa Educao Bsica como direito e considerada, contextualizadamente,em um projeto de Nao, em consonncia com os acontecimentos e suasdeterminaes histrico-sociais e polticas no mundo; [..]a articulao daeducao escolar com o mundo do trabalho e a prtica social; [...] (BRASIL,2013, p. 9).

    Analisando os Parmetros Curriculares Nacionais percebemos que os

    mesmos tem como finalidade orientar todo o processo Educacional no pas.Garantindo que haja coerncia nas discusses e socializaes quanto a prtica

    pedaggica atual. No um modelo curricular fechado e homogneo, o mesmo

    oferece oportunidades para que cada regio formule seu currculo segundo a sua

    realidade sociocultural. E, destaca que, em se tratando de um pas democrtico, o

    processo educacional no pode acontecer de forma imposta, caso contrrio estaria

    entrando em contraposio e no conseguindo resolver os conflitos sociais

    existentes.

    Para isso faz-se necessria uma proposta educacional que tenha em vista aqualidade da formao a ser oferecida a todos os estudantes. O ensino dequalidade que a sociedade demanda atualmente expressa-se aqui como apossibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prtica educativaadequada s necessidades sociais, polticas, econmicas e culturais darealidade brasileira, que considere os interesses e as motivaes dosalunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formao de cidadosautnomos, crticos e participativos, capazes de atuar com competncia,dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. (BRASIL 1997,p. 27).

    E, ainda acrescenta que a prtica pedaggica deve ser no sentido de

    oportunizar tanto a emancipao humana quanto a emancipao poltica, uma vez

    que ambas esto interligadas para que haja uma formao integral do indivduo

    atravs da Educao.

    Para tanto, necessrio que, no processo de ensino e aprendizagem,sejam exploradas: a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a

    construo de estratgias de verificao e comprovao de hipteses naconstruo do conhecimento, a construo de argumentao capaz decontrolar os resultados desse processo, o desenvolvimento do espritocrtico capaz de favorecer a criatividade, a compreenso dos limites e

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    alcances lgicos das explicaes propostas. Alm disso, necessrio terem conta uma dinmica de ensino que favorea no s o descobrimentodas potencialidades do trabalho individual, mas tambm, e sobretudo, dotrabalho coletivo. Isso implica o estmulo autonomia do sujeito,desenvolvendo o sentimento de segurana em relao s suas prprias

    capacidades, interagindo de modo orgnico e integrado num trabalho deequipe e, portanto, sendo capaz de atuar em nveis de interlocuo maiscomplexos e diferenciados. (BRASIL, 1997 p. 28).

    3.2 DOCUMENTOS REGIONAIS

    Na atual Proposta Curricular de Santa Catarina, considera-se que:

    A Formao Integral tem assumido papel cada vez mais central no debatesobre os pressupostos e finalidades da Educao Bsica no Brasil. Comoconcepo de formao e como projeto educacional, ela forma parte dahistrica luta pela emancipao humana. Quanto mais integral a formaodos sujeitos, maiores so as possibilidades de criao e transformao dasociedade. (SANTA CATARINA, 2014, p. 25).

    Com base nessa concepo de educao para a cidadania, vemos nos

    trs documentos um direcionamento para um entendimento da emancipao no

    sentido politico. A PCSC prope que as escolas se organizem pedagogicamente,

    atribuindo aos seus currculos alguns arranjos que possibilitem a formao integral

    do sujeito, e dentre estes podemos observar que a questo da emancipao poltica

    est inclusa, no ponto em que diz: ampliao de espaos de autonomia intelectual

    e poltica dos sujeitos envolvidos nos percursos formativos. (SANTA CATARINA,

    2011, p. 27).

    A Proposta curricular da Rede Municipal de Cricima coloca que um

    currculo para a diversidade, articulando sentidos e prticas necessrio o

    conhecimento. E, que o ensino e a aprendizagem devem acontecer numa

    perspectiva histrico-cultural. Assim, poderemos ter uma sociedade mais justa e

    igualitria. Portanto, para que isso acontea:

    [...] necessrio ensinar e aprender para que todos tenham acesso aoconhecimento cientfico, por meio de situaes problematizadoras paratransformar os/as educandos/as em sujeitos pensantes, crticos, autnomos,desenvolvendo a compreenso de mundo para que haja a formao deopinies, discusses e argumentaes sobre situaes reais.(CRICIMA-SC, 2008, p. 16).

    Dentro desse mesmo contexto, a PCRMC considera que os professores

    devem comprometer-se em fazer a incluso do educando por meios de saberes para

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    a formao de sua cidadania, atravs de projetos de emancipao humana dentro

    de uma avaliao dinmica. (CRICIMASC, 2008).

    E por fim, verificando o PPP da E.M.E.I.E.F. Pascoal Meller, percebe-se

    que o mesmo toma como base para a sua elaborao os documentos que aqui j

    citamos para verificaes futuras. No entanto, o PPP no faz nenhuma explanao

    sobre a promoo de emancipao em sala de aula de forma especfica,

    principalmente, num sentido poltico, como um meio de formar cidados

    emancipados, conscientes racionalmente. Somente em alguns pontos de forma

    muito indireta e espordico que o PPP vai falar de algum tipo de promoo de

    aprendizagem para os alunos da Escola Pesquisada.

    No ponto que se trata do marco operativo a metodologia sugerida deveser:

    Aplicada pelos professores proporcionando atividades diversificadas,ldicas, interessantes, desafiadoras, questionadoras, capazes dedesenvolver a capacidade criativa dos alunos, levando-os a pensar, criar,recriar, aprendendo viver e conviver com o outro com respeito esolidariedade.(E.M.E.I.E.F. PASCOAL MELLER 2012, p. 07).

    E quando se refere ao eixo de acesso do PPP, encontra-se um conceitodo que seja educar onde implicitamente percebe-se algum pronunciamento quanto a

    ao educativa emancipatria no contexto pedaggico. No deixando muito claro se

    realmente esse conceito remete para uma perspectiva de educao emancipadora.

    conceito de educar elaborado sob ideais filosficos e democrticos,implementando o envolvimento coletivo de toda a comunidade escolar,onde todos devem estar comprometidos com uma dinmica de trabalho,envolvidos com a educao, aprendendo a trabalhar na perspectiva da

    diversidade, garantindo assim no s a incluso mas a permanncia e osucesso de todos os educandos.( E.M.E.I.E.F. PASCOAL MELLER 2012, p.9)

    A possibilidade de encontrar alguma explanao sobre o assunto, talvez

    fosse no eixo currculo, o que no consegue-se contemplar nem de forma indireta. O

    nico momento que encontra-se um significado de emancipao, propriamente dito,

    no PPP da Escola, foi quando se trata de possibilitar autonomia aos professores

    para promover diferentes metodologias em sala de aula. Se estes professores

    tiverem um mnimo de entendimento do que seja emancipao num contexto

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    pedaggico, para que assim venham promov-la em sua prtica, de certo que os

    alunos estaro bem servidos.

    E, se no tiverem essa conscincia da importncia de promover em sala

    de aula essa emancipao, ento para que servir essa autonomia dada para estes

    professores? O que se pode observar nos demais documentos de ensino, que de

    alguma forma, direta ou indireta, falam sobre promover a autonomia em sala de aula

    num sentido poltico, o que significa de certa forma uma emancipao como

    maioridade poltica, possibilitando assim uma formao integral desses cidados

    como pessoas criticas, reflexivas, conscientes de seus direitos e deveres. Os

    documentos, ainda faz meno da necessidade da emancipao humana,

    destacando a necessidade da mesma, para que a efetivao da emancipaopoltica, porm, no explica o que fazer e como fazer para que esse processo se

    materialize e se efetive na prtica. As explanaes so muito superficiais para que o

    docente, ao l-los consiga entender, de fato como pratic-lo.

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    4 A CONCEPO DE EMANCIPAO DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS

    DE ENSINO

    O motivo da escolha, especificamente, da escola Pascoal Meller, foiporque durante todo o perodo do curso de pedagogia, sempre tive presente na

    mesma para realizar alguns trabalhos acadmicos durante o perodo de curso tais

    como: Pesquisa de campo sobre os processos pedaggicos, PIBID, Estgios no-

    obrigatrios dentre outros. E tive a oportunidade de observar, ter acesso ao PPP

    para questionar sobre o tema que escolhi para este trabalho.

    Quando ia iniciar o perodo letivo da faculdade, e tive as primeiras

    orientaes sobre o TCC, fui at a escola e conversei com a diretora queprontamente assinou o ofcio, mostrando assim uma conscincia do trabalho a ser

    realizado, e permitindo o meu acesso na escola para fazer as abordagens aos

    professores que iriam ser entrevistados.

    Depois, logo em seguida comecei a ir a cada sala de aula do 1 ao 5 ano

    apresentando o motivo da pesquisa e perguntando sobre a possibilidade da

    entrevista no momento mais adequado para cada professor. Ou seja, no fui com

    intuito de imediato realizar a entrevista. Ento, depois desse primeiro contato, ficou

    acordado com todos os professores regentes e outros secundrios dos anos iniciais,

    um dia e horrio para a realizao da entrevista. Foram realizadas nove (9)

    entrevista com professoras e uma (1) entrevista com professor. De Oito (8) das dez

    (10) entrevistas foram gravadas, somente duas (2) entrevistas no foram gravadas

    por opo das professoras. Todas as professoras e o professor estiveram cientes do

    tipo de trabalho realizado e assinaram o termo de consentimento livre e

    esclarecimento do participante.2Denominei os entrevistados por letras do alfabeto,

    porque no pedi permisso para declarar os nomes dos mesmos, pois, no

    considerei ser importante e necessrio.

    Cada entrevista teve durao numa mdia de trs minutos e meio por

    professor. Teve alguns que no conversaram muito, se detiveram em apenas

    responder a pergunta de forma direta sem comentrios, sobre o que pensava ou no

    sobre o assunto. Assim como teve professores que se aprofundaram nas suas

    respostas, dando uma justificativa e comentando algo mais.

    2 Segue no Apndice um quadro do perfil dos professores entrevistados indicando a formao etempo de servio no exerccio do cargo.

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    No caso da professora Dno deixou com que houvesse uma conversa,

    simplesmente pediu para ver as questes, e durante uma conversa informal sobre

    casos de famlia com outras professoras, comeou a escrever as respostas que

    entendeu que deveria escrever e por fim me devolveu o papel com suas respostas.

    No tive oportunidade de entrevist-la gravando como fiz com as demais

    professoras.

    A professora Fe o professor Gfalaram do PPP, desviando-se do assunto

    central do trabalho. Em alguns momentos suas respostas no foram aproveitadas

    para anlise.

    O que se percebe dentro do contexto da comunidade escolar, em

    particular entre os docentes, que desde o primeiro momento da abordagem pararealizar um trabalho que requer uma reflexo sobre o cotidiano de prtica, h uma

    dificuldade para tal realizao. Resistncias que no se consegue entender o por

    qu, uma vez que como professores, o pensar e repensar em suas prticas deve ser

    algo que j faz parte de sua profisso no dia-a dia em sala de aula. Pois, quanto a

    essa questo da reflexo continua do professor sobre a ao educativa Freire

    (2011, p. 42) diz que: A reflexo critica sobre a prtica se torna uma exigncia da

    relao Teoria/Prtica sem a qual a teoria pode vir virando Bl-Bl-Bl e a prtica,ativismo.

    O professor tem a responsabilidade de est sempre atualizado, se

    aperfeioando para que a prtica do seu ensino em sala de aula seja algo inovador,

    que possa est ensinando com qualidade para que os alunos venham ter uma

    aquisio do verdadeiro conhecimento cientifico. E que primeiro este conhecimento

    venha ajudar o professor para a sua formao e consequentemente para a formao

    de seus alunos. Ento, porque sentir receio em responder sobre algo que deveriaser tratado como natural fazendo parte do seu cotidiano?

    Pois, uma verdadeira formao integral dos discentes requer dos

    docentes uma pratica de reflexo e de articulao entre conhecimento cientfico e

    experincia dos educandos. E principalmente para que haja um trabalho de educar

    para emancipar, necessrio primeiro que o prprio professor sinta-se estimulado.

    Nesse sentido Tonet (2011, p. 229) vai dizer que [...] trata-se de criar convices, de

    despertar a paixo por uma causa que, para sua realizao necessita do

    investimento da vontade.

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    Segue-se fazendo a anlise categorizando por questo. No total foram

    trs questes para cada professor responder segundo seu entendimento sobre o

    assunto abordado. Desse modo, foi organizado em trs sees a fim de descrever

    as categorias de analises, nas quais foram: concepo de emancipao, promoo

    da emancipao em sala de aula e limites e possibilidades da emancipao na

    escola.

    4.1 ANLISE DAS CONCEPES DE EMANCIPAO DOS ENTREVISTADOS

    Dentre as respostas dadas pelos professores durante as entrevistas

    chega-se aos seguintes resultados quanto a primeira questo que questiona sobre oconceito de emancipao: As professoras B, C, D responderam como que

    emancipao significava a autonomia do aluno em sala de aula para uma mudana,

    no sentido de estes alunos se perceberem como cidados para fazer a diferena no

    Brasil e no mundo, fazendo valer a democrcia. Neste sentido Adorno (1995, p. 169)

    se posiciona, se valendo do conceito de menoridade relatado por Kant, em seu

    ensaio sobre o que Esclarecimento?, que diz: o estado de menoridade auto-

    inculpvel quando sua causa no falta de entendimento, mas a falta de deciso ede coragem de servir-se do entendimento sem a orientao de outrem.

    Neste sentido, o autor afirma que para uma emancipao para a

    maioridade necessrio que o indivduo saia do estado de menoridade. Sabendo-se

    que o Esclarecimento a sada dos homens de sua auto-inculpvel menoridade

    (ADORNO, 1995,p. 169). Isso acontece quando se tem vontade, algo que

    particular. E para que esse esclarecimento venha ser possvel, necessrio ao

    objetiva e subjetiva do docente para com o educando no cotidiano de sala de aula,direcionando-o da melhor forma possvel.

    De certa, forma a percepo desses professores esto em conformidade

    com o que dizem os documentos educacionais, num sentido do que deve acontecer

    em sala de aula. e tambm se valem do uso dos termos segundo os dicionrios.

    Porm, quanto a saber o sentido correto da palavra emancipao que deve ser

    aplicado no dia-a-dia de suas prticas em sala de aula, num sentido poltico, as

    resposta foram muito superficiais, no tendo um embasamento mais profundo

    quanto ao entendimento da palavra.

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    Quando estavam respondendo sobre o significado da palavra

    emancipao, pareciam estarem formulando um discurso prontos. Ou seja, repetindo

    algo que se ouviu ou leu em algum lugar. Responderam como dando uma mera

    informao de forma superficial sem entender o contexto da palavra e seus

    desdobramentos.

    O professor G tambm respondeu que emancipao significaria

    autonomia, porm, colocou essa autonomia como sendo do docente, no do aluno,

    mesmo tendo sido explicado a pergunta para que sentido estava se buscando a

    resposta, o professor insitiu na resposta relacionando-a sempre ao papel do

    docente. Reforando de que autonomia em sala de aula, deve ser somente do

    professor para impor limites e respeito.Diante desta posio Freire (2011, p. 31) diz que para ensinar a

    professora deve respeitar os saberes dos educandos, [...] discutir com os alunos a

    razo de ser de alguns desses saberes em relao com o ensino dos contedos.

    Um professor que pensa que ensinar apenas transmitir, e s ele detm o saber,

    no est oportunizando uma formao integral do seu aluno e consequentemente

    no est preocupado com o progresso e asceno deste aluno socialmente, bem

    como o combate as desigualdades sociais existentes. Ou seja, ainda tem uma visomuito tradicional quanto o que seja uma prtica pedagogica.

    O professor ainda est equivocado quanto ao que significa autonomia em

    sala de aula, bem como promov-la dentro de sua prtica no cotidiano da

    comunidade escolar. No isentando os docentes dessa autonomia, pois, para

    promov-las aos seus alunos, os mesmos precisam entender o significado dessa

    palavra dentro do contexto pedaggico para aplic-la no seu cotidiano e ter tambm

    uma autonomia para tal procedimento.As professoras A, F, J responderam que seria liberdade para criar e

    recriar no espao escolar, conscientes de que todo ato tem consequncias, portanto

    devem ser livres com responsabilidades.

    Freire (2011, p.42) segue dizendo que:

    [...] Uma das tarefas mais importantes da prtica educativo-crtica propiciar as condies em que os educandos em suas relaes uns com osoutros e todos com o professor ou professora ensaiam a experincia

    profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histrico, como serpensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capazde ter raiva porque capaz de amar[..] A questo da identidade cultural, deque fazem parte a dimenso individual e a de classe dos educandos cujo

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    respeito absolutamente fundamental na prtica educativa progressista, problema que no pode ser desprezado.

    Neste sentido um educador no pode simplesmente transferir contedos

    para os alunos e esperar que estes operem por si s. Um dos problemas principais

    que o professor ter que saber lidar em sala de aula para conseguir promover a

    autonomia saber estimular os educandos quanto ao reconhecimento e a assuno

    da identidade cultural. Porque o sujeito para conseguir se assumir enquanto sujeito

    responsvel por seus prprios atos algo complexo, principalmente em meio a uma

    sociedade to cheia de preconceitos, injustias e violncias, na qual, existem muitas

    verdades. E, afinal, como orientar sem confundir a cabea dessas crianas e

    adolescentes?

    Diante das respostas citadas acima, percebe-se que as mesmas

    entendem o sentido do conceito de emancipao que se adequa ao contexto

    pedaggico e tem conscincia da necessidade dessa prtica em sala de aula. Neste

    sentido, proferido por ambas as professoras, esto aplicando o significado da

    palavra emancipao no sentido de maioridade poltica. Bem como explanado nos

    textos acadmicos. Mostrando uma viso de prtica educativa transformadora ou

    emancipadora segundo destacado por Freire (2011).A professora Hdisse que adquirindo conhecimento que se emancipa,

    independncia. E as professora E, Idizem que emancipao no ambiente escolar

    significa o aluno ser capaz de transformar atravs da apropriao de conhecimento e

    no um mero reprodutor.

    Freire (2011) fala que ensinar no transferir conhecimento e sim criar

    possibilidade para a produo e construo. Remete ao respeito autonomia do ser

    educando, ou seja, estimular para que o mesmo seja capaz de produzir e construirsem a necessidade de fazer isso com autoritarismo, porm, saber ao mesmo tempo

    impor os limites quando necessrio. Para que este educando tenha uma aquisio

    do conhecimento e saiba coloc-los em prtica.

    [...] O respeito autonomia e dignidade de cada um um imperativo ticoe no um favor que podemos ou no conceder uns aos outros.[...]Oprofessor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto esttico,a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a

    sua prosdia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que mandaque ele se ponha em seu lugar ao mais tnue sinal de sua rebeldialegitima, tanto quanto professor que se exime do cumprimento de seu deverde propor limites liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de

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    Quanto a questo da prtica pedaggica em sala de aula, no h um

    receiturio para a garantia de uma educao emancipadora, portanto, cada

    professora tem suas particularidades de acordo com a aquisio de conhecimento

    de cada um. Neste sentido Tonet (2011, p.230-231) deixa claro que:

    [...] Com efeito o educador, embora das formas mais diversas e mesmonestas condies histricas adversas, sempre tem uma determinadamargem de manobra na sua atividade: ele estrutura programas; selecionacontedos; escolhe materiais; confere maior ou menor nfase adeterminados aspectos; dele a opo por determinado mtodo; dele aescolha de determinada relao com os educandos, etc.[...]

    Diante das respostas da segunda questo da entrevista, percebe-se

    muito do que foi explanado acima pelo autor. Atravs das seguintes respostas: A

    professora Adiz que o que promove emancipao em sala de aula : Ensinando

    os alunos, quais so seus direitos e deveres perante a escola e sociedade.

    Discutindo sobre assuntos, atitudes, tornando-os crticos.

    De fato o docente tem uma ideologia e segue um programa do que

    ensinar, segundo o currculo formal, intencionando uma direo ou orientao para o

    seu educando. E isso uma peculiaridade de cada docente que no se questiona,

    apenas, sugere-se algumas reflexes quanto a prtica em sala de aula.

    A professora B diz que a promoo se d em sala de aula quando se

    busca na prtica pedaggica temas do interesse da criana, sempre focando no

    interesse da criana.

    Segundo Freire (2011) o adolescente nem sempre toma a melhor deciso

    quando tem liberdade para tal, porm, estes adolescentes entendem as orientaes

    dadas, para serem capazes de tomar decises com responsabilidades. Os pais

    tambm, devem orientar corretamente e deixar a deciso final por conta de seusfilhos sem sentimentos de prejuzos ou de autoridade menosprezada. Ento o autor

    categoricamente afirma que:

    [...] decidindo que se aprende a decidir.[...] Por outro lado, faz parte doaprendizado da deciso a assuno das consequncias do ato dedecidir.[...] Por isso que a deciso um processo responsvel.[...] Aparticipao dos pais se deve dar sobretudo na anlise, com os filhos, dasconsequncias possveis da deciso a ser tomada.[...] um processo quese constitui atravs de experincias de vrias, inmeras decises que vo

    sendo tomadas.[...] E que ningum sujeito da autonomia de ningum.[...] neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centradaem experincias estimuladoras da deciso e da responsabilidade, vale

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    dizer, em experincias respeitosas da liberdade. (FREIRE 2011, p. 104-105).

    Com este exemplo de como acontece no mbito familiar, mostra que

    assim deve acontecer no mbito educacional, pois assim como os pais so, em

    casa, responsveis por estes filhos/as, assim deve ser os professores na escola,

    comprometendo-se com responsabilidades para orient-los da melhor forma

    possvel, promovendo essa autonomia com autoridade e liberdade, sabendo impor

    limites com tica.

    Diante do exposto pela professora: a criana por si s tem interesses? e

    ser que esses interesses seriam o suficiente para a promoo da emancipao em

    sala de aula? No basta ter mtodo para ensinar e o que ensinar, mas saber paraqu. E para isso, alm de ter conscincia dessa necessidade o professor deve ter

    conhecimento e disposio para coloc-lo em prtica de uma forma organizada e

    necessria. Afinal o professor o responsvel por orientar da melhor forma possvel.

    Segue abaixo, segundo a ordem que coloco para determinar os

    professores entrevistados as falas dos mesmos respectivamente: Professora Cque

    diz que a promoo da emancipao se d: quando se oportuniza ao aluno a dar

    sua opinio e pesquisar quanto ao contedo explanado.. Professora D: criar nocotidiano uma prtica pedaggica que d ao aluno autonomia para criar, recriar,

    pensar, questionar etc.;Professora E: sair daquela aula rotineira, repetitiva do

    ler, decorar. quando o aluno consegue criar algo, consegue ver o que est

    acontecendo, fazer uma leitura de mundo.Ou seja, abolir a prtica tradicional como

    estratgia de ensino em sala de aula. Professora F: A troca entre docentes e

    discentes, muita conversa de conscientizao entre outros.Num sentido de haver

    trocas de experincia para uma contextualizao de contedos. Professora J: a

    tua maneira de ensinar, de desenvolver um lado do aluno diferente. Oportunizar a

    ao criativa do aluno.

    Quanto a anlise do grupo acima tomaremos por base as palavras de

    Tonet (2005) que far coro com as falas dos professores, para entendermos como

    poder acontecer a emancipao humana atravs da mediao da ao educativa.

    O autor vai primeiro trazer uma definio do conceito de Educao atravs das

    palavras de Saviani (1997, p. 17 apud TONET, 2005, p. 215) de que a educao:

    o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a

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    humanidade que produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto dos

    homens.

    Com essa definio o autor mostra que a ao educativa diferente de

    todas as outras atividades porque a sua caracterstica de apropriao daquilo que

    realizado por outras atividades (TONET, 2005, p.218). E complementa dizendo

    que a finalidade da ao educativa de antes, no a que se quer considerar para os

    dias atuais, pois, outrora a ao educativa era no e pelo trabalho. Para os dias

    atuais diz que:

    [...] ela consiste em propiciar ao individuo a apropriao de conhecimentos,habilidades, valores, comportamentos, etc., que se constituem em

    patrimnio acumulado e decantado ao longo da Histria da humanidade.Nesse sentido, contribui para que o indivduo se construa como membro dognero humano e se torne apto a reagir diante do novo de um modo queseja favorvel reproduo do ser social na forma em que ele se apresentanum determinado momento histrico.(TONET 2005, p. 222).

    Conclui-se que atravs da ao educativa os docentes consiguem

    articular educao e cidadania, e assim, o aluno desenvolver uma ideologia de vida

    que o leve a lutar pelos seus direitos, consciente dos seus deveres. Nas falas do

    grupo de professoras, percebe-se que h uma conscincia da necessidade de umapromoo da emancipao em sala de aula num sentido de maioridade poltica,

    trazendo nas suas falas um sentido de prtica pedaggica emancipadora.

    Segundo Zuin et al (2001), o docente tem a responsabilidade de levar o

    aluno a refletir sobre sua realidade, a partir de uma realidade globalizada. O docente

    ainda, precisaria entender o que constitui a desigualdade social para que,

    estrategicamente, consiga trabalhar com seus alunos para combat-la. Pois esta

    constituda por aqueles que tem o poder nas mos e que seus objetivos so de

    tornar a massa popular sobre controle, para no representarem perigos quanto aos

    seus status quo.

    Entende-se que o professor deve saber articular contedo com realidade

    atravs de discurses que leve o aluno a uma reflexo, criticidade. Estimulando-os a

    buscar um conhecimento sobre a orientao do mesmo.

    Quanto a resposta do professor G que diz que a promoo da

    emancipao se d quanto:A forma de se realizar o trabalho. Porque o professor

    tem autonomia para realizar aquele trabalho. Quando se tem o pleno conhecimento

    no ensino-aprendizagem. Este segue a mesma linha de raciocnio da primeira

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    questo, focando o professor como autnomo. Na resposta do professor nessa

    segunda questo seguiu uma sequncia lgica do que foi respondido na primeira

    questo. Porm, quanto a essa forma de pensar Freire (2011) deixa claro que o

    ensinar algo especfico do ser humano, portanto esse ensinar deve ser com

    liberdade e autoridade simultaneamente. Pois, aquele no exclui este e vice-versa,

    quando se diz respeito a sala de aula especificamente.

    Deve-se saber julgar adequadamente o tipo de situao vivida no

    momento para no confundir autoridade com autoritarismo, porque em alguns

    momentos pode acontecer liberdade indisciplinada, mal colocada dentro de um

    contexto pedaggico em que necessrio exercer uma autoridade para manter a

    ordem e no ter prejuzos, porm, muitas vezes essa autoridade confundida comautoritarismo.

    A resposta vlida quando se trata da execuo do trabalho com os

    alunos em sala de aula, tendo uma condio mnima de formao por parte do

    professor. Pois, sem um mnimo de entendimento do que deva ser ensinado e como

    deve ser ensinado, no possvel uma prtica pedaggica reflexiva. Porm, no

    trabalho que se conseguir realizar nos moldes tradicionais de ensino como o

    professor deu a impresso, de que assim que funciona dentro da sua prtica.Na fala da professora H quando diz que: A forma de se realizar o

    trabalho. Porque o professor tem autonomia para realizar aquele trabalho. Quando

    se tem o pleno conhecimento no ensino-aprendizagem., a professora faz um

    contraste entre a promoo dessa autonomia do aluno e a autonomia do professor

    para essa promoo.

    A educao de boa qualidade quando forma pessoas para pensar e agircom autonomia. E isso deve comear na primeira educao, na creche, napr-escola, na educao infantil e deve continuar ao longo da vida. Issodepende fundamentalmente do professor. Ele a referncia estratgicadessa qualidade.[...]O desafio a preparao dos docentes. Uma escola,uma universidade, precisa pouco para ser de qualidade, mas nelas nopodem faltar ideias. Precisa basicamente de trs condies: professoresbem formados, condies de trabalho e um projeto. [..]Ser humilde, ouvir osalunos, trabalhar em equipe, ser solidrio.[...] (GADOTTI, 2010, p. 19-20).

    O que no deixa de ser indispensvel para o trabalho esses dois

    entendimentos simultaneamente. Tanto a professora ter autonomia com o pleno

    conhecimento de ensino-aprendizagem, quanto saber pr em prtica esse

    conhecimento.

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    Na resposta da professora Idiz a promoo acontece: quando a gente

    percebe que os alunos esto tendo uma postura tica no agir de forma coletiva, a

    percebe-se que a emancipao est sendo produzida, promovida. Traz uma

    questo que parece no ter nenhum sentido, porm, ela coerente fazendo ponte

    entre a resposta da primeira questo com a segunda.

    Na primeira questo, ela diz que a emancipao no ambiente escolar

    significa o aluno ser capaz de transformar atravs da apropriao de conhecimento

    e no um mero reprodutor., ento, uma vez que esse aluno pe em prtica tudo

    aquilo que se tem aprendido e de forma consciente e coerente, se perceber assim,

    a promoo dessa emancipao no contexto pedaggico.

    O resultado deve ser percebidos no cotidiano simultaneamente enquantose est trabalhando para isso. E ser visvel o esperado, de acordo com o que se

    est trabalhando com os alunos, que no caso, a emancipao para o exerccio da

    cidadania.

    Neste segundo momento da pesquisa conclui-se de que a maioria dos

    professores entendem que a prtica em sala de aula, para que acontea uma

    promoo da emancipao do aluno, deve ser dentro de uma prtica emancipadora.

    Pois, somente atravs desta ser possvel oportunizar aos alunos meios pelos quaisser possvel articular conhecimento cientfico e experincias vivenciadas pelos

    alunos. Atravs deste ltimo, que se conhece o contexto histrico-cultural dos

    mesmos.

    4.3 OS LIMITES E POSSIBILIDADE DA EMANCIPAO NO CONTEXTO DOS

    ANOS INICIAIS DE ENSINO ESCOLAR

    Quanto a terceira questo referente aos limites de espao da escola para

    promover a emancipao no contexto escolar, as respostas obtidas pelo grupo de

    professores entrevistados foram: As professoras A, J e F concordam que h

    bastante espao na escola para a promoo de uma emancipao e que o aluno

    pode usufruir a vontade desde que o faa com responsabilidade, pois todo ato tem

    consequncias.

    Com isso, Freire(2011) diz que limites so necessrios para que a

    liberdade no se perverta e a autoridade no se torne autoritarismo. Em sala de aula

    a grande questo : Como a Educadora de opo democrtica pode trabalhar em

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    sala de aula, onde alunos tenham liberdades e ao mesmo tempo limites e este(a)

    Educador(a) exera os mesmos com autoridade e tica? Diante desta questo Freire

    (2011, p. 103) responde dizendo que: A liberdade amadurece no confronto com

    outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do

    professor, do Estado.

    As professoras ao darem essa resposta devem primeiro refletir que o

    responsvel a levar essa conscincia de liberdade com responsabilidade, papel

    das mesmas. Apresentando e acompanhando o aluno a cada espao disponibilizado

    para a promoo dessa emancipao.

    As professoras B,C, E, H e Iconcordam em dizer que no espao escolar,

    especialmente da escola em questo, os alunos tem bastante espaos e todos soadequados para que a emancipao dos mesmos possam estar sendo trabalhada

    pelos professores e que no h limites de espaos.

    A professora D foi bem claro em dizer que: O principal limite a

    formao tradicional dos professores e o medo do professor de inovar, modificar

    tambm a prpria estrutura da escola. E o governo que tem implcito a

    desvalorizao do professor.

    A posio da professora, trata da questo limites no de espaos, mashumana. Ou seja, a limitao do prprio professor, a falta de interesse do mesmo em

    no querer mudar a realidade da ao educativa. Gadotti (2010) qualifica esse

    comodismo como sendo uma ameaa a qualidade da educao e complementa

    relatando outros fatores que, contribui para que haja essa falta de interesse pelo

    professor.

    A grande ameaa qualidade da educao o instrucionismo, a aulareprodutiva, como afirma Pedro Demo (2000). Aprender pesquisar,produzir. S existe professor se o aluno aprende, e no h aluno queaprenda se o professor no aprende, no pesquisa. O professor aprendetrabalhando e refletindo sobre o seu trabalho. No instrucionismo, o docenteno pensa: reproduz o que est escrito no livro texto, no manual; noescolhe; no tem autonomia. Por isso, ele precisa de outra formao, nointuicionista. preciso que ele seja formado para conquistar a suaautonomia intelectual e moral. Os cursos de formao hoje so orientadospor parmetros curriculares criados no incio do capitalismo concorrencial,produtivista e iluminista. Vivemos hoje na era da globalizao e dasorganizaes cardicas (caos + ordem), que exigem outro tipo deprofissionais, mais autnomos, mais autores, mais inovadores.(GADOTTI2010, p. 25)

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    Num primeiro momento a resposta da professora parece no ser

    aproveitvel para anlise. Mas ,quando se parte para uma outra perspectiva,

    percebe-se que a resposta no desvirtua o sentido para qual se trata o trabalho de

    pesquisa. Ento consegue-se entender a resposta sem perder a lgica de raciocnio

    para o qual objetiva o mesmo.

    Toda comunidade escolar deve ter uma conscincia crtica quanto a

    realidade social para buscar condies melhores de vida e para amenizar as vrias

    manifestaes de injustias, por aqueles que detm o poder, contra os menos

    favorveis. Pois, segundo Tonet (2005 apud GUZZO ; FILHO, 2005) diz que:

    Para a realizao de uma Educao Emancipadora, preciso que seconsidere a posio dos educadores, funcionrios, alunos e suas famliasna estrutura produtiva. Essa concepo parte de uma anlise sobre aemancipao humana que, compreendida a partir da transformao dasrelaes de produo capitalistas, atenta para a tarefa histrica da classetrabalhadora na construo de uma alternativa ao sistema social vigente.

    Portanto, quando se trata de comunidade escolar, estamos nos referindo

    a todos que ocupam alguma posio dentro do espao escolar e que

    simultaneamente so responsveis pela promoo da emancipao dos discentes.

    No caso do professor Gdisse que diz: Ns temos autonomia total, claro

    que nem sempre objetivando o PPP, ns no podemos fugir da realidade da

    comunidade, ento dessa forma a gente consegue fazer um trabalho de acordo com

    a caracterstica do contexto geral., O professor segue uma linha de raciocnio de

    que autonomia somente algo exclusivo do docente e que o mesmo s no

    executar seu trabalho, se no tiver vontade de trabalhar. Quando fala que nem

    sempre objetivando o PPP, demonstra ter um conhecimento profundo do mesmo,

    pois, realmente o PPP da escola no tem como objetivo uma promoo de

    emancipao no espao da comunidade escolar. Somente fala de emancipao

    como autonomia, para ressaltar a liberdade que o professor tem para executar seu

    trabalho no ambiente escolar.

    De fato, quando se trata em no fugir da realidade da comunidade,

    bem coerente quanto a exercer uma prtica segundo a realidade Scio Histrico da

    comunidade. Entendemos, ainda que implicitamente, o professor falou de um modo

    geral do espao fsico da comunidade para que ocorra assim a emancipao dentro

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    desse espao de forma geral, em todos os momentos conforme a necessidade da

    comunidade escolar.

    Quanto escola ou universidade: elas devem oferecer as condiesmateriais, fsicas, pedaggicas e humanas para criar um ambiente propcio aprendizagem. No ambiente oferecido a alunos e professores de hoje, emmuitas escolas, eu me pergunto como eles podem aprender alguma coisa.Os professores so competentes; faltam-lhes as condies de ensinar. Aescola deve oferecer formao continuada a sua equipe, principalmentepara refletir sobre a sua prtica. E precisa ter um projeto eco-poltico-pedaggico. (GADOTTI 2010, p.20)

    A escola Pascoal Meller uma comunidade escolar que tem um espao

    relativamente bom. Apesar das dificuldades, os gestores que por ali passaram e que

    hoje atuam, sempre se esforaram bastante para angariar recursos para construir

    espaos que pudessem estar privilegiando os alunos em suas atividades

    extraclasse.

    A escola dispe dos seguintes espaos que esto a disposio dos

    professores para as suas atividades dirias: 10 salas de aula, biblioteca, laboratrio

    de informtica, sala de vdeo, sala de professores, sala de orientao, ambiente de

    artes, sala de educao fsica, sala de AEE, depsito, cozinha, despensa, banheiro

    adaptado para educao infantil, banheiro adaptado para necessidades especiais,

    banheiros masculino e feminino, ptio coberto, quadra, corredores e secretaria. O

    espao fsico amplo, com flores, jardim e gramas. Os materiais didticos esto

    a disposio da comunidade escolar, mquina de xerox, computador, televisor,

    DVD, vdeo, som, jato, mquina de cortar grama, e outros.

    Toda essa estrutura de suma importncia para a promoo da

    emancipao dos educandos. Neste sentido Freire (2011, p. 20) diz que: incrvel

    que no imaginemos a significao do discurso formador que faz uma escola

    respeitada em seu espao.[...]H uma pedagogicidade indiscutvel na materialidade

    do seu espao.Destacando a importncia dos espaos da escola para o incentivo a

    autonomia.

    De acordo com as descries do espao fsico da escola pesquisada

    percebe-se que a mesma oferece condies para que assim, se tenha uma ao

    educativa emancipadora. Isto , um ensino que pode ir para alm da sala de aula,

    no se limitando a um nico espao e que pode est relacionado a prpria sala deaula, sendo uma continuidade da mesma.

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    No quero aqui determinar que h limites de espaos fsicos quando se

    trata de uma ao educativa emancipadora. Sabendo que para uma ao educativa

    emancipadora, espaos fsicos so apenas mais uma possibilidade para a mesma.

    Uma vez que existe espaos formais ou informais para que acontea aes

    educativas. Com isso, o que quero destacar que o mais importante, a aquisio

    de conhecimentos e o bom entendimento de sociedade que as professoras possam

    vir a ter para refletir positivamente em suas aes educativas.

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    CONSIDERAES FINAIS

    Por meio deste trabalho consegui perceber que o nvel de conhecimento

    dos professores sobre emancipao no contexto pedaggico evidente num sentido

    apenas de discurso decorado. Pois, apesar da concepo que tem, esta muito

    superficial com relao a concepo que realmente promove a emancipao dentro

    do contexto pedaggico que possa acontecer de forma intensa e assim obter

    resultados significativos.

    Quando chega at a segunda questo a maioria so coerentes em suas

    respostas, seguindo uma linha de raciocnio, mostrando seguirem uma linha

    democrtica em suas prticas, demonstrando assim um conhecimento do que diz osdocumentos. Porm, percebe claramente que nas suas aes educativas ainda

    esto presos a uma prtica tradicional. Principalmente, quando esses professores

    entrevistados so questionados sobre o espao, no conseguem responder

    seguindo uma lgica. Se contradizem totalmente do que tem dito de outrora, e

    alguns desfocam totalmente do assunto.

    Procurou-se refletir sobre a conscientizao de cada professor

    concernente a sua prxis pedaggica, no sentido de promover a emancipao noambiente da sala de aula. Colocando-a em ao, de forma coerente para a formao

    integral de seus alunos. Nosso desejo que os professores possam aceitar os

    desafios que lhes so lanados no dia-a-dia em sala de aula. Refletir sobre sua

    prtica a partir de uma concepo histrico-cultural de emancipao poltica do

    processo educativo.

    Primeiramente procurando para si mesmo a aquisio dessa

    emancipao humana, para que atravs da autonomia dada pela instituio para arealizao de seus trabalhos, venham possibilitar e oportunizar, atravs de suas

    prticas, uma emancipao poltica para os educandos. Um mnimo que seja, ser o

    suficiente para um resultado significativo na vida dos alunos.

    E assim, tentar trabalhar o currculo de forma que consiga estimular e

    orientar os educandos para uma emancipao humana e consequentemente

    levando-os a uma emancipao para maioridade. Para que venham ser cidados

    crticos, reflexivos, consciente de seus papis dentro da sociedade, sabendo exercer

    a sua cidadania, reconhecendo os seus deveres e direitos. E teremos, o problema

    de injustia, no resolvido na sua totalidade. Mas, pelo menos amenizado.

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    Pretende-se pensar que atravs da educao emancipadora possa se

    combater ou pelo menos amenizar as injustias, as desigualdades e as opresses

    de todas as formas e nveis, quando todos de toda comunidade escolar e todos

    aqueles que almejam por transformaes sociais estejam empenhados em faz-las.

    Penso que todas as questes discutidas neste trabalho de grande

    relevncia social. Partindo do pressuposto de que a educao tem um papel muito

    importante de contribuir para a transformao social. Para que essa educao

    emancipadora se materialize, o docente tem que ter conscincia de que sua

    formao no cessa, e alguns requisitos para que acontea a educao

    emancipadora tais como: conhecimento profundo de emancipao humana;

    conhecer a realidade histrica nas dimenses universais e particulares; ter umconceito de educao que objetive a emancipao humana; domnio de contedos

    de cada rea especifica e saber articular atividade educativa com as lutas

    desenvolvidas socialmente. Em suma, penso que o professor deve vivenciar a

    prpria emancipao humana e poltica, se querem que seus alunos se tornem

    racionalmente conscientes e sintam-se estimulados a querer ser emancipados para

    o exerccio da cidadania.

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