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Maria Júlia Vassão Vieira AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia elaborada para a conclusão do curso de Pedagogia pela Faculdade de Pinhais FAPI, sob a orientação da professora especialista Tânia Regina Alfonso Lopes. Santos 2008

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Maria Júlia Vassão Vieira

AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia elaborada para a conclusão do curso de Pedagogia pela Faculdade de Pinhais FAPI, sob a orientação da professora especialista Tânia Regina Alfonso Lopes.

Santos

2008

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Maria Júlia Vassão Vieira

AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Santos

2008

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Dedicatória

Dedico este trabalho a minha e querida e sempre amiga Edlaine, ao meu irmão.

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Agradecimentos

Agradeço a professora Tânia Regina Alfonso Lopes pela sua atenção e orientação , a minha amiga Edlaine ao meu irmão Sérgio e cunhada Dirce pelo incentivo a essa jornada.

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“A finalidade da educação é o caráter. As principais qualidades que

constituem são: AMOR

PACIÊNCIA TOLERÂNCIA

EQUANIMIDADE CARIDADE”

SaiBaba.

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Resumo

Este trabalho pretende analisar a importância do relacionamento afetivo professor / aluno nas salas de aula, chamando a atenção para essa relação intrinsecamente ligada à atitudes do professor.

Manter-se indiferente ou expressar raiva em relação aos alunos, são atitudes que podem causar reações recíprocas, gerando um ambiente conflituoso que dificultará a aquisição do conhecimento.

Todavia, se o professor agir de forma que expresse interesse pelo seu desenvolvimento, criará um ambiente mais agradável e propício para a aprendizagem.

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Sumário

Introdução...................................................................................................07

Capítulo IAfetividade.................................................................................................09

Capitulo II Afetividade na escola.................................................................................12

2.1 - É possível viver sem afeto?. ............................................................17

Capitulo III O Papel do Professor Ensino – Aprendizagem..........................................24

3.1 – Ética Docente ...................................................................................25

Capitulo IV Relação Professor – Aluno e Afetividade...................................................27

4.1 – Como os Professores Podem Ajudar?..............................................29

Conclusão .................................................................................................32

Referências ..............................................................................................34

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Introdução

Quando se fala em educação pode-se pensar em instrução e desenvolvimento

como designa o termo “educare” em latim.

Durante séculos a educação foi marcada pela técnica objetivando a instrução,

negligenciando muitas vezes a afetividade.

Dessa forma, o aluno ficou limitado a prestar atenção às explicações e às execução

das atividades na sala de aula, dificultando a troca afetiva entre os pares. Quando nos

preocupamos com o fator afetivo, especialmente na educação infantil, período em que a

criança se encontra em processo de formação, estamos trabalhando na constituição do

próprio sujeito, envolvendo valores e o próprio caráter necessário para o seu

desenvolvimento integral.

Numa relação de afeto podemos descobrir as formas adequadas de lidar com o outro

no processo de comunicação. A comunicação entre as mentes (razão) é apenas o meio do

caminho. É na comunicação entre os corações (afeto) que se dá a reconstrução do ser.

Compreender é insuficiente para se empreender a reconstrução do comportamento.

É pelo sentir que teremos a possibilidade de interagir verdadeiramente e, portanto,

produzir mudanças.

As atitudes do professor na sala de aula poderão interferir de forma positiva ou

negativa nos processos cognitivos e afetivos. Se o professor demonstra raiva pelos alunos a

tendência é que essas atitudes causem relações recíprocas, assim como o mesmo se

mostra interessado, expressando seu interesse pelo desenvolvimento de seus alunos,

respeitando suas individualidades, estará criando um ambiente mais agradável e propício

para todos. Para que ocorra um relacionamento afetivo é preciso haver respeito pelas idéias

e opiniões do outro, interação, troca, diálogo e compreensão.

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Este trabalho vem abordar a questão da relação afetiva professor / aluno na Educação

Infantil e a importância da formação integral deste educando de forma que a escola possa

se tornar um local prazeroso e de esperança para aquele que se sente frustrado e

desacreditado da capacidade de aprender.

Dessa forma, com este trabalho objetiva-se:

1- resgatar a importância da afetividade;

2- compreender a importância da formação integral do educando;

3- analisar a importância do relacionamento afetivo professor/ aluno.

A metodologia utilizada foi a de análise bibliográfica de autores, buscando

complementação em acervos de bibliotecas através de levantamento de algumas obras e

posterior seleção de material que pudesse contribuir para a realização desse trabalho.

Também foram feitas consultas em catálogos editoriais; consulta à base de dados

existentes na área, tal como UNIBILI, que reúne pesquisas realizadas pelas universidades

estaduais paulistas; consulta em CD-ROOMs; consulta à rede BITNET, que funciona

como correio eletrônico (e-mail), permitindo, troca de informações entre os pesquisadores

dos diferentes ramos de conhecimento os quais muito contribuíram para um levantamento

de convergências e divergências entre os autores sobre o referido tema, permitindo assim

a conclusão deste trabalho.

O presente trabalho está dividido em 4 capítulos: Afetividade, Afetividade na escola,

O papel do professor no processo ensino-aprendizagem e Relação professor/ aluno e

afetividade, com os quais esperamos possam contribuir de alguma forma para aqueles

que almejam ser algo mais que um transmissor de conhecimentos e fazer a diferença,

tendo uma presença educativa, exercendo influência construtiva, criativa e solidária,

importando-se com a qualidade da relação interpessoal estabelecida entre as pessoas,

dedicando-lhes tempo, conhecimento, experiência e exemplo.

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Capítulo I -

Afetividade

“Afetividade é o território dos sentimentos,

das paixões, das emoções, por onde transitam

medo, sofrimento, interesse, alegria.”

(João Batista Freire)

Segundo definição do Dicionário Aurélio, “afetividade é um conjunto de fenômenos

psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões,

acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de

agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”.

Vygotsky (1996) explicita claramente sua abordagem unificadora entre as dimensões

cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico afirmando que:

“A forma de pensar junto com o sistema conceito nos foi imposta pelo meio que nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. Não sentimos simplesmente: o sentimento é percebido por nós sob a forma de ciúme, cólera, ultraje, ofensa. Se dizemos que desprezamos alguém o fato de nomear os sentimentos faz com que estes variem, já que mantém uma certa relação com os nossos pensamentos.”

Segundo Moreno (1998) “Integrar o que amamos com o que pensamos é trabalhar, de

uma só vez razão e sentimentos; supõe elevar estes últimos à categoria de objetos de

conhecimentos, dando-lhes existência cognitiva, ampliando seu campo de ação”.

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O Livro dos Espíritos, (Kardec - 1999, p.159) refere-se a afetividade como:

“ Por que os primeiros gritos da criança são de choro? Para excitar o interesse da mãe e provocar os cuidados necessários. Não compreendes que, se ela só tivesse gritos de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam com suas necessidades?”

Neste sentido Wallon (1979) destaca o caráter social da criança, pois quando nasce

a única forma do recém se comunicar é através da emoção que é a exteriorização da

afetividade, um fato fisiológico nos seus componentes humorais e motores e, ao mesmo

tempo, um comportamento social na sua função de adaptação ao seu meio:

“(...) As emoções, são a exteriorização da afetividade (...) nelas que assentam os exercícios gregários, que são uma forma primitiva de comunhão e de comunidade. As relações que elas tornam possíveis afinam os seus meios de expressão, e fazem deles instrumentos de sociabilidade cada vez mais especializados.”(WALLON,1995,p. 143)

Se não houvesse essa reação por parte dessa criança, esta morreria. Também a

comunicação do adulto para com essa criança se dará através da emoção e corpo. É comum

se dizer que não é fácil enganar uma criança. Isto porque ela “lê” no corpo, mais que nas

palavras. Podemos dizer coisas bonitas a uma pessoa, mais nosso corpo pode estar

mandando uma mensagem de repulsa. A criança percebe esta mensagem, pois ainda não

desenvolveu, a contento, a comunicação verbal, racional, que nós, adultos, usamos

primordialmente, quase nos esquecendo destas outras formas de comunicação.

O corpo funciona como território da afetividade, dois sentidos, das paixões, das

emoções, por onde transitam medo, sofrimento, interesse e alegria, como coloca João

Batista Freire.

Mahoney (2000, p.15) vê claramente a interação entre as dimensões afetiva, cognitiva e

motora conceito central da teoria de Wallon:

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“O motor, o afetivo, o cognitivo, a pessoa, embora cada um desses aspectos tenha identidade estrutural e funcional diferenciada, estão tão integrados que cada um é parte constitutiva dos outros. Sua separação se faz necessária apenas para descrição do processo. Uma das conseqüências dessa interpretação é de qualquer atividade humana sempre interfere em todos eles. Qualquer atividade motora tem ressonância afetivas e cognitivas; toda operação mental tem ressonâncias afetivas e motoras. E todas têm um impacto no quarto conjunto: a pessoa.”

Para Piaget o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois

componentes: o cognitivo e o afetivo. Embora nem sempre seja focalizado por psicólogos e

educadores, o desenvolvimento afetivo se dá paralelamente ao cognitivo e tem uma

profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. O aspecto afetivo por si só não pode

modificar as estruturas cognitivas, mas pode influenciar nessa modificação. A atuação da

criança frente ao mundo tem um sentido que as motiva. Em cada momento a criança

interage com a realidade externa, construindo conhecimento, porém impulsiona por razões

de ordem afetiva.

Cabe aos pais e professores recriarem este ambiente afetivo, despertando na criança

algo que é natural no ser humano. O prazer em conhecer, descobrir como as coisas, o

universo, o corpo humano, a natureza e a sociedade funciona.

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Capítulo II -

Afetividade na Escola

Partindo da definição de Afetividade, como um conjunto de fenômenos psíquicos que

se manifestam sob a forma de emoções, com intuito de reforçar o entendimento seguiremos

com a definição da palavra Emoção:

“A palavra emoção significa, originariamente, “E” (do latim ex) = para fora, “moção”= movimento. “A emoção é o movimento da vida em cada um de nós. Trata-se do movimento que brota no interior e se expressa no exterior; é o movimento de minha vida que me diz – e que diz às pessoas à minha volta- quem sou eu.” (FILLIOZAT, 2000, p.61)

Sendo assim a escola oferece um ambiente propício para avaliação emocional das

crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário

entre a família e a sociedade.

É na sala de aula que o aluno demonstra seu estado emocional, por meio da relação

com o outro na qual o professor com algum preparo e sensibilidade poderá estar

abordando algumas questões procurando atuar beneficamente em relação ao aluno.

Caso contrário, o professor sem preparo e bom senso poderá agravar ainda mais as

condições problemáticas desse aluno.

Segundo Celso Antunes (2003, p.21)

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“É por essa razão que a escola precisa ajudar toda criança a se auto conhecer, pois

assim sentir-se-á apoiada em bases firmes sobre as quais construirá sua vida e

saberá identificar o que necessita ser mudado e como realizar essa mudança. É

evidente que essa ajuda não pode jamais prescindir do amparo de psicólogos...”

Sendo a escola um universo de circunstâncias pessoais e existenciais que requerem

do educador, (considerando qualquer pessoa que faça parte da escola) bom senso na

abordagem ao aluno, considerando que cada individuo é único, por isso sujeito a reações

diferenciadas,e, ainda tendo a consciência de que o “aluno- problema”, pode ser reflexo

de algum transtorno emocional, acarretado por relações familiares conturbadas, de

situações trágicas ou transtornos de desenvolvimento, ou até mesmo reflexo de situações

vexatórias ocorridas na própria escola.

Daí a importância do conhecimento e sensibilidade do educador, os quais

contribuirão para acalmar os corações conturbados.

Faz-se necessário então deixar registrado a título de esclarecimento e apoio a quem

possa interessar, fatores extrínsecos capazes de causar transtornos emocionais, segundo

Ballone.

Segundo dados de Jane Maders (Maders J- Relax and be happy. Union Paperbacks

1987) ao trabalhar com uma classe do curso primário e com seus colegas na elaboração

de uma lista de fatos e acontecimentos importantes capazes de produzir tais transtornos.

A partir de tais eventos Maders elaborou uma lista de gravidade relativamente em ordem

decrescente, pois, o grau de importância desses eventos poderá variar de acordo com a

faixa etária:

Ranking dos eventos

1- Perda de um dos pais (morte ou divórcio);

2- Urinar na sala de aula;

3- Perder-se; ser deixado sozinho;

4- Ser ameaçado por crianças mais velhas;

5- Ser o último do time;

6- Ser ridicularizado na classe;

7- Briga dos pais;

8- Mudar de classe ou de escola;

9- Ir ao dentista /hospital;

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10- Testes e exames;

11- Levar um boletim ruim para casa;

12- Quebrar ou perder coisas;

13- Ser diferente (sotaque ou roupas);

14- Novo bebê na família;

15- Apresentar-se em público;

16- Chegar atrasado na escola;

Vale ressaltar que segundo as pesquisas realizadas um dos fatores mais aflitivos em

sala de aula, diz respeito a depreciação do aluno diante dos outros como urinar em sala

de aula (2ºlugar) e por comparação, um novo bebê na família (14º lugar).

Baseados nessa pesquisa percebe-se que situações depreciativas para uma criança

ou adolescente em idade escolar, podem provocar níveis mais elevados de frustração,

estresse, ansiedade ou depressão. Não esquecendo que algumas crianças são mais

vulneráveis que outras.

Na escola Maders a separação dos pais vem em primeiro lugar e o que mais chama

a atenção é o fato de que tanto os pais quanto a criança (um pouco menos, em relação

aos adolescentes) esperam que os professores possam estar sendo mais compreensivos

e afetuosos em relação a criança emocionalmente abalada. Há de convirmos que as

vezes essa situação torna-se delicada visto que nem sempre os pais levam este fato ao

conhecimento do professor e a criança muitas vezes prefere calar.

Outro fato importante é o de que a criança constrói sua auto-estima reforçada pelo

sentimento de fazer parte da identidade dos pais (quando comparadas a eles por outras

pessoas) estes se tornam parte da identidade pessoal da criança. No momento da

separação quando surgem as críticas de um em relação ao outro, a criança sentirá parte de

sua identidade também criticada o que acarretará uma dramática perda de auto-estima

podendo levá-la ao isolamento social, revolta, agressividade, desatenção, enfim, alterações

comportamentais próprias de um estado depressivo (típico ou atípico).

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Segundo Ballone1:

“Na criança e adolescente a Depressão, em sua forma atípica. Esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma mascara irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas devido a falta de habilidade uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, manifestam a Depressão atípica notadamente com hiperatividade “

Cita também sinais e sintomas sugestivos depressão infantil:

1- Mudanças de humor significativa.

2- Diminuição da atividade e do interesse.

3- Queda do rendimento escolar, perda da atenção.

4- Distúrbios do sono.

5- Aparecimento de condutas agressivas.

6- Auto – depreciação.

7- Perda de energia física e mental.

8- Queixas somáticas.

9- Fobia escolar.

10- Perda e aumento de peso.

BALLONE,G.J. Problemas Emocionais na Escola, Parte I, in Psiqweb, internet, disponível em

http://www.psiqweb.med.br/infantil/aprendiza2.html

Ballone esclarece ainda que2:

“Não é obrigatório que a criança depressiva complete todos os itens da lista acima para se fazer o diagnóstico. Ela deve satisfazer um número suficientemente importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada. Dependendo da intensidade da Depressão, pode haver substancial desinteresse pelas atividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção e hipersensibilidade emocional. Surgem ainda preocupações típicas de adultos, tais como, a respeito da saúde e estabilidade dos pais, medo da separação e da morte e grande ansiedade.”

Rossini(2003,p.53) nos alerta que: “Reprimir a afetividade tem um custo muito alto- a

depressão. Segundo estatísticas da organização mundial de saúde, hoje a

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depressão ocupa o 4º lugar entre as doenças do mundo. Para o ano de 2010,a previsão é

que ela ocupe o 2º lugar”.

Para Paulo Freire (1996) “(...) escola não são paredes, alunos, bibliotecas ou

professores; a escola é o conjunto de relações sociais humanas”. Como exemplo podemos

citar a Escola da Ponte em Portugal, na qual:

“A ponte é, desde logo, uma comunidade profundamente democrática e auto-regulada. Democrática, no sentido de que todos os seus membros concorrem genuinamente para a formação de uma vontade e de um saber coletivo - e de que não há, dentro dela, territórios estanques, fechados ou hierarquicamente justapostos. Auto-regulada, no sentido de que as normas e as regras que orientam as relações societárias não são injunções impostas ou importadas simplesmente do exterior, mas normas e regras próprias que decorrem da necessidade sentida por todos de agir e interagir de uma certa maneira, de acordo com uma idéia coletivamente apropriada e partilhada do que deve ser o viver e o conviver numa escola que se pretenda constituir como um ambiente amigável e solidário de aprendizagem”. (ALVES, 2001,p.14-15)

Retomando Freire, os professores deveriam ensinar a viver globalmente, educando

os sentidos de seus alunos, fazendo-os sentirem o outro e a terra e preparando-os para a

compreensão, para a ética e para a sustentabilidade.

Podemos perceber sua visão sob três aspectos: o primeiro destaca a escola

enquanto parte física, bem estruturada, com espaços alegres, colorida, com jardins, onde

a criança pudesse realmente compor a sua estrutura de personalidade e caráter.

O segundo ponto é a questão da afetividade, que é o acolhimento fraterno e

amoroso que poderia se ter. E o terceiro a construção do vínculo, criando uma

reciprocidade de muito respeito. E isso se daria com o merendeiro, com o guarda da

escola, o diretor e o professor. Existiriam então, vários centros de relações em

movimento, que se intercambiariam e a ambiência e o sentido de pertença estariam

profundamente contemplados nessa proposta.

A escola deveria viver aquele coletivo pela cooperação e não pela competição. A

cooperação seria quando aquele coletivo pudesse ter um processo de ajuda mútua. Já a

competição é querer sempre melhor que o outro. E isso prejudica o respeito ao multi

culturalismo, aos diferentes pontos de vista gerando relações não sadias, prejudicando o

bem- estar e gerando baixa auto-estima.

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Essas relações precisam em primeiro lugar ser de justiça cabendo ao educador a

função de mediador prevenindo conflitos, mas, caso haja utilizar- se do diálogo, da

aliança, usando a subjetividade e o bom senso para que ambos fiquem satisfeitos com a

situação resolvida por estes mesmos.

Em segundo lugar, a questão da solidariedade. Ela não é um conceito abstrato, mas

sim concreto. As crianças precisam aprender nas coisas pequeninas e, aparentemente

sem sentido, os grandes valores que essa sociedade hoje tem relegado para segundo

plano e não levado até as últimas conseqüências. Nasce daí também a questão da

igualdade social.

Por último, o poder nas relações desta escola. Essas relações deveriam ser

horizontalizadas e não hierarquizadas, a diferença é essa. O dia em que a escola

descobrir que somos um coletivo e que, apesar de eu ter autoridade eu não preciso ser

autoritária, com certeza, as relações mudariam. Como enfoca Paulo Freire (1996, p.14)

“(...) bom senso.

Autoridade não pode ser entendida como autoritarismo. O professor tem que

entender, em certas ocasiões, pontos falhos do aluno. “Ao invés de reprimí-lo, tem que

ajudá-lo, com humildade e tolerância”. Isso a partir de dois pontos, que são a

dialogicidade e a politicidade. A primeira consiste no diálogo como instrumento e maneira

melhor de se conseguir atingir o objetivo desejado. A segunda envolve atingir essa meta

porque toda a educação é um ato político.

2.1- É possível viver sem afeto?

Todos temos sentimentos, desejos e necessidades e, esses sentimentos, precisam

ser respeitados tanto pelo educador quanto pelo educando, pois a maneira de como

iremos nos relacionar mostrará os resultados positivos ou negativos desta relação.

Atualmente as crianças vem apresentado uma grande falta de limites. Muitas vezes,

em conseqüência da ausência constante dos pais, seja devido às separações, o que

causa a desestruturação das famílias, seja devido as jornadas de trabalho cada vez

maiores obrigando os pais a ficarem cada vez mais afastados de seus filhos. Os pais, por

se sentirem culpados, muitas vezes tentam suprir esta culpa fazendo concessões

errôneas e perigosas, ou tentando amenizar esta culpa presenteando os filhos.

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Segundo Rossini, (2003,p.9-10):

“(...) as crianças que possuem uma boa relação afetiva são seguras, têm o interesse pelo mundo que as cerca, compreendem melhor a realidade e apresentam melhor desenvolvimento intelectual (...)”. “a afetividade denomina a atividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções, na memória, no pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal, ela é componente de equilíbrio e da harmonia da personalidade”.

Rossini ( 2003,p.22) afirma que “no pensamento da criança, a falta de limites é

codificada como ausência de afeto, de amor. Portanto vale a pena dizer a eles o que e

como fazer, mostrar os limites”. Para aflorar e desenvolver a afetividade é preciso

resgatar os mitos do cotidiano, ou seja, fazer um resgate das tradições, às vezes

lendárias ou não que explicam ou ilustram os principais acontecimentos da vida. Estes

mitos estão relacionados à postura dos pais, professores avós, a história, aos brinquedos

e brincadeiras e a religião.

Na natureza tudo é cíclico, rítmico, ou seja, as horas, dias, a terra e seus

movimentos, os oceanos e os animais com seus impulsos instintivos. Tudo que tem vida

possui ritmo cíclicos.

O ser humano como parte desta natureza, também tem o seu ritmo, entretanto mais

complexo que dos demais seres vivos. Ao ser gerado estabelece seu ritmo cardíaco, ao

nascer respiratório...

Nos ritmos internos encontramos as diferentes fases do desenvolvimento humano

em seus diferentes aspectos (físico, intelectual, psíquico ou anímico), as diferenças de

temperamento.

Constantemente observamos crianças com a mesma idade e muitas diferenças, seja

de estatura, maneiras de pensar, algumas mais tranqüilas outras mais agitadas, outras

com mais facilidades para desenvolver suas tarefas e outras com mais dificuldades, o que

significa que independentemente da idade cada uma irá se desenvolver em tempos

diferentes cada qual no seu ritmo.

Os estudos de Piaget (1992), apresentam o desenvolvimento cognitivo em fases,

ciclos, que acontecem ritmicamente: o sensório-motor (0 a 24 meses) representa a

conquista, através da percepção e dos movimentos, de todo universo prático que cerca a

criança. Isto é, a formação dos esquemas sensório- motores irá permitir ao bebê a

organização inicial dos estímulos ambientais.

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No ponto de partida da evolução mental, não existe, certamente, nenhuma

diferenciação entre o eu e o mundo exterior, isto é, as impressões vividas e percebidas

não são relacionadas nem à consciência pessoal sentida como um “eu”, nem a objetos

concebidos como exteriores. Uma das funções da inteligência será, portanto, nesta fase,

a diferenciação entre os objetos externos e o próprio corpo.

O período de bebê é sem dúvida bastante complexo do ponto de vista do

desenvolvimento, pois nele irá ocorrer a organização psicológicas básicas em todos os

aspectos (perceptivos, motor, intelectual, afetivo, social). Do ponto de vista do auto

conhecimento, o bebê irá explorar seu próprio corpo, conhecer os seus vários

componentes, sentir emoções, estimular o ambiente social e ser por ele estimulado, e

assim irá desenvolver a base do seu auto conceito. Este auto conceito estará alicerçado

no esquema corporal, isto é, na idéia que a criança forma de seu próprio corpo.

Começará, portanto, com uns poucos reflexos inatos que irão gradualmente, pelo

exercício, se transformando em esquemas sensório - motores a criança herda uma

tendência instintiva a se nutrir, tendência esta que será atualizada pelo reflexo de sucção.

Se observarmos um recém-nascido no momento de seu nascimento e alguns dias depois,

veremos que este reflexo já se modificou, incorporando novos elementos, constituindo-se

em comportamento mais amplo. A criança irá conquistar alguns comportamentos que lhe

permitam dar uma organização à realidade pela conquista da permanência substancial

dos quadros sensoriais, da construção do espaço prático; da casualidade e a objetivação

das séries temporais.

Assim ao final do período, a criança terá conseguido atingir uma forma de equilíbrio,

isto é, terá desenvolvido recursos pessoais para resolver uma série de situações através

de uma inteligência explicita; o pré-operacional (2-7 anos) ao se aproximar dos 24 meses

a criança estará desenvolvendo ativamente a linguagem o que lhe dará possibilidades de,

além de se utilizar da inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais- motores

formados na fase anterior, iniciar a capacidade de representar uma coisa por outra, ou

seja, formar esquemas simbólicos. Isto será conseguido tanto a partir do uso de um

objeto como se fosse outro, de uma situação por outra ou ainda de um objeto, pessoa ou

situação por uma palavra. O alcance do pensamento irá aumentar,

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obviamente, mas lenta e gradualmente, e assim a criança continuará bastante

egocêntrica e presa às ações.

Teremos, então, uma criança que a nível comportamental atuará de modo lógico e

coerente (em função dos esquemas sensório- motores adquiridos na fase anterior) e que

nível de entendimento da realidade estará desequilibrada (em função da ausência de

esquemas conceituais).

O egocentrismo se caracteriza, basicamente, por uma visão da realidade que parte

do próprio eu, isto é, à criança não concebe um mundo, uma situação da qual não faça

parte, confunde-se com objetos e pessoas, no sentido de atribuir a eles seus próprios

pensamentos, sentimentos,etc. O seu julgamento será altamente dependente da

percepção imediata, e sujeito, portanto, a vários erros. Se fizermos duas fileiras de fichas

emparelhadas, cada uma com um número diferente de peças, mas começando e

acabando no mesmo ponto e se perguntarmos a uma criança de cinco anos se as fileiras

são iguais, isto é, se têm a mesma quantidade de fichas, ela, provavelmente, responderá

que sim. Se deslocarmos uma das fichas da fila de menor quantidade para além do limite

das filas e fizermos a mesma pergunta, responderá que esta fileira tem maior quantidade

de fichas.

Piaget realizou inúmeras provas que demonstraram empiricamente a ausência do

pensamento conceitual e das noções de conservação e de invariância na criança em

idade pré-escolar.

Estas provas têm sido repetidas por pesquisadores, psicólogos e professores em

vários locais do mundo e os resultados têm confirmado aqueles obtidos por Piaget na

Suíça. O que varia algumas vezes é a idade em que os conceitos são adquiridos pelas

crianças e esta variação pode ser explicada por uma estimulação social e educacional

mais rica e mais adequada.

Quanto ao aspecto social, vemos como característica marcante desta fase, o inicio

do desligamento da família em direção a uma sociedade de crianças.

No que se refere à linguagem, o que se nota é a presença concomitante de

linguagem socializada, um diálogo verdadeiro, com intenção de comunicação, e de

linguagem egocêntrica, aquela que não necessita necessariamente de um interlocutor,

não tem função de comunicação; o operacional (7-12 anos) período que corresponde

praticamente à idade em que se inicia a freqüência à escola elementar será marcado por

grandes aquisições intelectuais de acordo com as

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proposições piagetianas. Observa-se um marcante declínio do egocentrismo intelectual e

um crescente incremento do pensamento lógico formal. A criança terá um conhecimento

real, correto e adequado de objetos e situações da realidade externa, e poderá trabalhar

com eles de modo lógico.

As ações físicas, típicas da inteligência sensorial/motora e ainda necessárias na fase

pré- operacional, passam a ser internalizadas, passam a ocorrer mentalmente.

Estas operações mentais consistem em transformações reversíveis, toda operação

pode ser invertida, e que implicam na aquisição da noção de conservação ou invariância,

objetos continuam sendo iguais a si mesmos, apesar das mudanças aparentes. O

julgamento deixa de ser dependente da percepção e se torna conceitual.

Referindo-se à linguagem, verificar-se-à um acentuado declínio da linguagem

egocêntrica até seu completo desaparecimento e o formal (12 anos em diante). Se no

período das operações concretas, a inteligência da criança manifesta progressos

notáveis, apresenta, por outro lado, ainda algumas limitações. Talvez a principal delas,

que está implícita no próprio nome, relaciona-se ao fato de que os esquemas conceituais

como operações mentais realizadas se referem a objetos ou situações que existem

concretamente na realidade.

Na adolescência, esta limitação deixa de existir, e o sujeito será então capaz de

formar esquemas conceituais abstratos, conceituar termos como amor, fantasia, justiça,

esquema, democracia etc., e realizar com eles operações mentais que seguem os

princípios da lógica formal, o que lhe dará, sem dúvida uma riqueza imensa em termos de

conteúdo e de flexibilidade de pensamento. Com isso adquire capacidade para criticar os

sistemas sociais e propor novos códigos de conduta; discute os valores morais de seus

pais e constrói seus próprios. Faz sucessão de hipóteses procura propriedades gerais

que permitam dar definições exaustivas, declarar leis gerais. Conceitos especiais podem

ir além do tangível finito e conhecido. Torna-se consciente de seu próprio pensamento.

Lida com relações entre relações etc.

Entre outras aquisições típicas do pensamento lógico formal, figura a possibilidade

tanto de conceber como de entender doutrina filosófica ou teorias cientificas.

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Os estudos de Freud (1994), apresenta o desenvolvimento do ser humano também

em fases rítmicas, cíclicas denominadas: fase oral (0 a 24 meses) a libido está

concentrada na porção superior do trato digestivo, e o seu objetivo é a Auto/Preservação.

Se as experiências foram satisfatórias, aparecem os traços de uma personalidade

otimista, generosa e passiva. Se as experiências foram frustrantes, aparecem os traços

de uma personalidade pessimista, sem esperança com ressentimento e ciumenta; fase

anal (1 a 3 anos) a libido está concentrada na porção inferior do trato digestivo; esta é

uma fase ativa, cujos movimentos aumentam a habilidade muscular e motora.

Aparecem os traços mais marcantes em pessoas que ocupam posições de

liderança, demonstrando características acentuadas de exigência, ordem, pontualidade e

formalidade; fase fálica (3 a 5 anos) a libido está concentrada nos genitais, quando inicia

a masturbação infantil e as fantasias carregadas de afeto, assim como os conflitos

sexuais ligados ao fenômeno de complexo de Édipo, no menino, e complexo de Electra,

na menina deste problema predisporá a criança a sair definitivamente de seu narcisismo

e buscar a satisfação de seus impulsos do mundo externo e fora da família, levando em

conta as barreiras e facilidades que o próprio meio oferece. Freud considera que os cinco

primeiros anos de vida são decisivos na formação da personalidade. A maneira como a

pessoa resolve os problemas desses três primeiros estágios e os mecanismos de defesa

ou adaptação utilizados são os responsáveis pela estrutura básicas do seu caráter, base

esta que é o ponto de partida para o desenvolvimento futuro. Nessa fase aparecem traços

marcantes relacionados a hipersensibilidade, cautela, vaidade e determinação; fase de

latência (5 a 13 anos) a libido está uma aparente interrupção, no processo de

desenvolvimento sexual. Toda a energia está direcionada ao convívio com a escola, com

as amizades, com os esportes e outras atividades. Aparece nessa fase os seguintes

traços: vida afetiva e aventureira, independência e o gosto pela liberdade; fase da

adolescência (13 a 20 anos) a libido está dirigida a outro adolescente pelo sexo oposto,

quando os impulsos sexuais voltam à ação. Surge o interesse pelo convívio em grupos. A

ligação emocional heterossexual fora da família e a emancipação do adolescente de seus

pais. Pode ocorrer pelo menos por algum tempo um comportamento que expresse

rejeição, ressentimento e hostilidade contra os pais e outras

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autoridades; fase da maturidade (20 a 50 anos) a libido está dirigida ao convívio

profissional, pessoal e familiar.

A pessoa consegue conviver em grupos e assumir responsabilidades. Ocorre o

ajustamento das suas necessidades com o grupo e com o seu profissional. Consegue

assumir o compromisso do casamento e da paternidade ou maternidade; fase da velhice

(50 anos em diante) a libido poderá declinar na sua energia, ocorrendo uma diminuição

não somente nas questões físicas como nas emocionais intelectuais. Entretanto para

algumas pessoas, este declínio se inicia apenas após os 70 anos de idade, quando a

aposentadoria e a sensibilidade constituem fator traumático.

Os ritmos externos, ou seja, tudo que ocorrer a nossa volta é captado por nós, por

exemplo, o nosso comportamento modifica se ajustando ao ambiente em que nos

encontramos, operamos de uma maneira em uma fase, de outra em sala de aula...

Isto se dá pelo episódio dos ritmos externos induzirem no comportamento humano,

sabendo-se que na natureza tudo é cíclico e rítmico, cada vez que este ritmo é

fragmentado ocorre a insegurança, o desequilíbrio, o desconforto.

Ao se instituir uma rotina como ancoragem de horários, hábitos, praticas rotineiras,

este ritmo diário é interiorizado pelas crianças como ritmo bem estabelecido. A criança

adapta-se a eles e não gosta de vê-los desrespeitados.

Portanto, a escola e a família, além de construir estes ritmos diários, precisam

cumprí-los na integra, conscienciosos de que isto é benéfico para a criança. Com isto, é

proporcionado a está criança, aconchego, equilíbrio, segurança, contribuindo assim, para

o desenvolvimento saudável da afetividade.

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Capítulo III

O Papel do Professor no Processo Ensino- Aprendizagem

Segundo Wallon é importante que o professor conheça as condições de existência

de seu aluno, afirmando que o meio e a cultura condicionam os valores morais e sociais

que a criança incorporará, e que devem ser cultivados os valores de solidariedade e

justiça. Para trabalhar seus objetivos o professor precisa estar ciente das condições de

existência de seus alunos levando em conta seus valores por eles cultivados nos outros

meios.

O professor poderá estar intervindo, com atividades que privilegiem o grupo com

atividades de cooperação, amizade, solidariedade, uma vez que em algum momento de

sua vida a criança irá experimentar situações de cooperação, exclusão, rivalidades. Além

disso, o momento é propício para preparar a criança para uma outra etapa de sua vida, a

adolescência, onde o professor poderá estar atuando no sentido de ajudá-lo a distinguir

valores sociais e morais.

Wallon afirma ainda, que o educador deve buscar promover no adolescente o

sentimento de responsabilidade, levando em conta que esta tem ingredientes capazes de

mobilizar essa faixa etária, graças às características específicas, pois responsabilidade

representa: Tomar a seu cargo o êxito de uma ação que é executada em colaboração

com outros ou em proveito de uma coletividade. A responsabilidade confere um direito de

domínio, por uma causa, mas também um dever de sacrifício, o que significa que o

adolescente responsável é aquele que deve se sacrificar mais, por tarefas sociais que

contribuem para o crescimento e desenvolvimento da coletividade e do grupo”. (1975,

p.222)

Sendo assim, o professor poderá auxiliá-lo em suas indecisões, propondo

atividades que propiciem o reconhecimento de suas tendências e cultivo de aptidões e

orientando a proposição de metas e objetivos futuros.

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Ao ensinar, o professor estará promovendo uma relação com seus alunos e, nela, estão

presentes o diálogo e a comunicação, é o professor com suas palavras, seus gestos, seu

corpo, seu espírito que dá sentido às informações que quer fazer chegar aos alunos.

Diferente da maioria das profissões as quais se fazem necessárias ferramentas para sua

execução, “o professor utiliza a si próprio como instrumento de trabalho”. (PERRENOUD,

1993). Por isso, a necessidade de cultivar em seus alunos determinados sentimentos,

habilidades, atitudes que são o sustentáculo da atuação relacional: o olhar, o ouvir, o

falar.

Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia diz que: “(...) é preciso,

indispensável mesmo, que o professor se ache repousado no saber de que a pedra

fundamental é a curiosidade do ser humano”. (1996,p.96). Faz-se necessário, portanto,

que se proporcionem momentos para experiências, para buscas. O professor precisa

estar disposto a ouvir, a dialogar, a fazer de suas aulas momentos de liberdade para falar,

debater e ser aberto para compreender o querer de seus alunos. Para tanto, é preciso

querer bem, gostar do trabalho e do educando. Não com um gostar ou um querer

ingênuo, que permite atitudes erradas e não impõe limites, ou que sente pena da situação

do menos experiente, ou ainda tudo como está que o tempo resolve, mas um querer bem

pelo ser humano em desenvolvimento que está ao seu lado, a ponto de dedicar-se, de

doar-se de trocar experiências, e um gostar de aprender e de incentivar a aprendizagem,

um sentir prazer em ver o aluno descobrindo o conhecimento.

Deve ficar bem claro que uma docência decente, de qualidade, não se separa da

afetividade que o professor tem por seus alunos.

3.1- Ética docente

O profissional ético é aquele que dá o melhor de si constantemente, buscando

ampliar a qualidade de seu trabalho, procurando “educar-se para educar” e aprender para

ensinar. O primeiro degrau dessa “educação”, consiste obviamente no domínio da matéria

e conteúdos que irá utilizar. No segundo, chega-se a um quadro pessoal de habilidades e

competências inter-relacionadas e intra/referenciais que, infelizmente, não são básicas e

nem óbvias, na maioria das vezes, para o próprio profissional nem para quem o vê e o

avalia.

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Colocando o professor nessa posição de alguém que está (ou deseja estar) num

processo de educação, do tipo “auto-educação”, com vistas a uma melhor qualificação

profissional, visualizam-se algumas características, certos aspectos e valores envolvidos

que ajudam a compreender o processo.

O bom professor é, necessariamente, um professor ético e o professor ético é um

professor humilde por conhecer seus limites, sabe até onde firmar posições; por não ser

egoísta, faz de cada trabalho um tributo ao aluno; por não ser arrogante, comunica-se

com suavidade; e por não ser prepotente, sabe ser eloqüente sem agredir.

Segundo FREIRE (1996, p.73):

“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o

professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o

professor mal- amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático,

racionalista, nenhum desses passa pelos alunos sem deixar sua marca”.

Podemos então, escolher que marca iremos querer deixar, através de atitudes e

exemplos que poderão ficar sempre na memória dos alunos. Vale lembrar que professor

afetivo não significa ser bonzinho, que não impõe limites deixando seus alunos agirem

como quiserem, mas sim um professor que irá estabelecer um vínculo com seus alunos

instigando-os a querer buscar sempre para satisfazer suas curiosidades estabelecer suas

próprias idéias, mesmo que estas sejam diferentes das suas.

Não seria então a melhor lembrança marcada de carinho e afeto?

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Capítulo IV-

Relação professor- aluno e afetividade

O professor precisa estar atento às diversas situações (agressividade, frustração,

indisciplina, medos...) e tentar trabalhar com aquele aluno muitas vezes agressivo,

rebelde, anarquista, sujo... que faz parte de culturas diferente.

A tarefa é difícil e o professor não pode e nem deve executá-la sozinho mas é

preciso pelo menos que se tenha um olhar mais cuidadoso sobre essas diferenças

reconhecendo que muitas vezes é difícil aceitá-las espontaneamente e trabalhar isso na

formação profissional.

O professor traz de dentro dele toda uma história de vida, todas as influências de

seu grupo sócio-econômico, crenças e mitos familiares de pelo menos três gerações, as

influências do clima de trabalho que vivencia sua relação com colegas de trabalho, seus

estado emocional, quando entra em sala de aula.

Segundo Valéria Amorim Arantes (2003, p.49) em seu livro Afetividade na escola:

Alternativas teóricas e práticas, publicado pela Summus editorial.

“sabe-se que a educação regular é, atualmente, uma máquina de excluir os

diferentes.

Mais do que isso, as práticas educativas adotadas em nossas escolas são em

realidade fabricantes dessa nova categoria de crianças, as excluídas do sistema

regular de ensino. Tais crianças se tornam fracassadas escolares pelo modo como

a escola aborda, ataca, nega e desqualifica o degrau, a diferença social, o

desencontro de linguagens entre as crianças de extração pobre, de um lado, e a

escola comprometida com outras extrações sociais de outro”.

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Por isso, a importância do professor também se avaliar e atentar para o que lhe

pertence e que pode estar interferindo na relação com seus alunos e no modo como está

exercendo seu papel de educador.

Como declara Charlot (2002,p.28)

“um educador não é apenas uma criança de tal família, não é apenas o membro de

um grupo sócio-cultural. Ele é também sujeito, com uma história pessoal e escolar.

É um aluno que encontrou na escola tais professores, tais amigos, tais aulas, e que

teve surpresas boas e más. È uma criança cujos pais disseram que o que se

aprende na escola é muito importante para a vida ou, ao contrário, que não serve

para nada. È uma criança que tem muitos irmãos e irmãs ou não, que são bem-

sucedidos na escola ou não, e que podem ajudar a criança ou não, etc...”

Respeito pelas diferenças, abandono de pré-conceitos, vontade de aprender e não

de exercer poder, saber ouvir, equilíbrio emocional, coerência, clareza de objetivos, saber

elogiar em lugar de priorizar os erros, todos são itens fundamentais na construção de

uma relação afetuosa do professor com seus alunos.

Cabe ao professor, não se conformar em ser apenas aquele que ensina. Sua função

de educar, hoje mais do que nunca inclui o aprimoramento do aluno como pessoa

humana.

Celso Antunes em seu livro Relações inter pessoais e auto- estima, publicado pela

editora Vozes no ano de 2003, à pagina15, diz que:

“(...) devemos estar sempre preparados e com aguda sensibilidade para perceber o

oportunismo do momento e tenha domínio das estratégias de execução. Tendo assim,

desabando sobre nosso cotidiano, três elementos que exigem resposta:

1) preciso fazer alguma coisa pelas relações interpessoais;

2) preciso estar preparado para este “fazer”;

3) este é, indiscutivelmente, o momento certo para fazê-lo”.

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4.1- Como os professores podem ajudar?

A reconstrução do comportamento é um pretexto para a expressão do amor.

Ninguém que assume a empreitada de reconstruir o comportamento, seja o seu ou o de

quem diante de si está, conseguirá sucesso sem antes viver, consigo e com o próximo,

uma relação de amor. No que diz respeito ao comportamento humano, a reconstrução só

será afetiva e real e se for processada com a mesma matéria prima com a qual foi

construída sua estrutura: o afeto.

Para o desenvolvimento de qualidades positivas na vida de uma criança, é

necessário um ambiente onde seja trabalhado o sentimento de bem estar e aceitação.

Isto começa desde cedo em casa, quando a criança acorda. Se é acordada com gritarias,

com palavras ásperas, num ambiente onde impera o mau humor, não há criança que se

levante com entusiasmo para enfrentar o novo dia.

No decorrer do dia as palavras bondosas, educadas fazem bem aos adultos e

principalmente às crianças. Nunca se sabe quando, em que momento umas poucas

palavras sinceras, podem ter influencia numa vida, principalmente nos pequeninos.

Incentiva-los, dizer que são vencedores, trarão benefícios positivos para qualquer criança.

Criança tratada com amor, respeito e com palavras que gerem uma auto-imagem

positiva com certeza será vencedora. A criança precisa saber que ela é especial, se é

tratada de maneira que se sinta amada, respeitada, especial, e se isto é expresso através

de palavras e atitudes reforçando que é importante, crescerá segura respeitando a si

próprio e aos outros.

O aluno muitas vezes aprende, não porque falaram para ele que isso é necessário

se quiser cursar uma faculdade ou conseguir um bom emprego, aliás para uma criança

isso ainda não fará muito sentido mas sim, porque seu professor se importou com sua

dúvida, sua dificuldade, foi afetuoso, ou talvez porque sentiu curiosidade por algo que

fizesse sentido.

O que conta é que o aluno irá aprender quando realmente puder ser ele mesmo, se

expressar seja através de palavras, ações ou reações e quando for respeitado no seu

tempo. Existem muitas maneiras que levarão o aluno aprender em sala de aula, mas

tudo irá depender de suas condições emocionais, da maneira como ocorrerá esse ensino,

das relações etc.

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Martinelli (2002, p.131-133) aborda em seu livro questões importantes relacionadas

a acontecimentos comuns em nossas escolas, dando algumas sugestões de como o

professor poderá estar lidando com situações :

Despertar a auto-estima em crianças ou jovens de famílias com sérias dificuldades de

relacionamento?

Tratar o aluno mentiroso?

Aluno agressivo e grosseiro sem rotulá-lo perante os colegas?

Todas essas deverão ser resolvidas levando-se em conta o aluno como um ser

integral, sujeitos a fraquezas, medos, muitas vezes conformados com sua triste realidade.

O educador amoroso conseguirá grandes avanços em relação a esses alunos, visto que

muitas atitudes como agressividade, mentiras, são estratégias que esse aluno irá usar

para chamar atenção mesmo que seja para ser repreendido, importando para ele ser o

centro das atenções, mesmo que apenas por um momento.

Para uma reflexão mais profunda, cabe aqui mencionar as quatro aprendizagens

para educação do século XXI, devidas pela UNESCO (Órgão das Nações Unidas)

elaboradas a partir da reunião de grandes educadores, gerando um documento chamado

Relatório Jacques Delors. São elas:

Aprender a ser (competência pessoal)- para melhor desenvolver a personalidade e

estar a altura de agir com maior capacidade de autonomia, discernimento e de

responsabilidade pessoal. Para isso não negligenciar na educação nenhuma das

potencialidades de cada individuo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidade

físicas, aptidão para comunicar-se.

Aprender a conhecer (competência cognitiva)- combinando uma cultura geral,

suficientemente vasta, com a responsabilidade de trabalhar em profundidade em pequeno

número de matéria. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das

oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.

Aprender a fazer (competência produtiva)- a fim de adquirir, não somente uma

competência profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a

pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.

Aprender a conviver (competência relacional) – aprender a viver juntos

desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências-

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realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos, no respeito pelos valores do

pluralismo, da compreensão mútua e da paz.

Estes objetivos vão muito além da informação ou mesmo mero desenvolvimento de

um conhecimento intelectual. Abarcam toda a formação humana e social da pessoa. É

fácil perceber que metas desse porte envolvem conhecimento, comportamento, conceitos,

procedimentos, valores, atitudes, saber, fazer e ser. Numa altura em que os sistemas

educativos formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento de

outras formas de aprendizagem, importa conceber a educação como um todo.

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Conclusão

A necessidade de cuidar do aspecto afetivo no processo ensino- aprendizagem, está

mais que evidenciada por estudiosos, pesquisadores e especialistas, sendo alguns

citados neste trabalho, levando em conta que a criança é diferente, cognitiva e

afetivamente, em cada fase do seu desenvolvimento.

Do nascimento aos sete anos, a criança precisa saber o que esperamos dela. Se ela

não tem regras precisas e claras para guiar-se, torna-se neurastênica, fica descontente,

sente-se insegura, adquire sentimento de que não está sendo amada, mostrando-se mal

educada e reagirá de forma, às vezes, muito desagradável, tentando descobrir onde ficam

seus limites e controles. Estes primeiros anos de vida da criança são os mais importantes

para sua formação moral. O ensino de limites é o primeiro elemento no desenvolvimento

da consciência e do senso moral.

Nesse período (1 a 7 anos), a criança vive num mundo de sentimentos e de

descobrimento muito mais intenso que o da razão. Ela depende dos pais e professores

para orientá-la, pois necessita seguir certas regras e a toda hora se for obrigada a

raciocinar e decidir sua própria conduta.

Entre os oito e doze anos, os modelos são muito importantes na vida da criança. As

regras são importantes, mas o exemplo é o grande estímulo. Durante esta etapa da vida

infantil, a criança desenvolve a disposição básica que a levará posteriormente a tomar

decisões sobre o tipo de pessoas que a atraem, como gostará de viver, que tipo de

gastos vão satisfazê-la, que respeito terá pelas diferentes pessoas do mundo, que

importância ela dará à integridade.

Esta é também a época em que se alicerçam as pedras de toques da fé e dos

valores, para que na adolescência tenha onde se abrigar, quando vierem as

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incertezas. As maneiras como vêem os adultos, principalmente pais ou tratarem as

pessoas em diferentes situações sociais, refletirão em suas atitudes.

Dos treze anos em diante, época da adolescência, o jovem se apaixona por grandes

idéias de uma outra índole. Precisa de heróis ou heroínas. Se ele não os tem, procurará.

Se os bons não os inspirarem se inspirará nos maus. Nesse período o adolescente

adquire grande estabilidade e caráter, e tem presente, determinadas metas, tanto a curto,

quanto a longo prazo.

As regras e limites continuam sendo importantes sempre, mas agora ele precisa de

controle interno, pois nem sempre os pais poderão estar presentes do seu lado, a todo

momento. Ele vai se valer da sua experiência passada, o que foi trabalhado nas outras

fases. Nessa época há necessidade de conversar com o jovem e escutá-lo também, para

que ele sinta o amor, a confiança e o apoio daqueles que cuidam dele.

Uma relação de amor e respeito entre pais, professores e a criança e a maneira de

como ela vai reagir, dependerá da imagem de que ela formará deles. Se a idéia que ela

tem é de respeito e amor, terá para consigo reações afetuosas, pois é isso que deseja.

Mas se não se conhece o exemplo do respeito, certamente sua reação será de rebeldia.

Para um desenvolvimento saudável dentro do ambiente escolar, e

conseqüentemente social, faz-se necessário que haja um estabelecimento de relações

interpessoais positivas, com apoio e aceitação, possibilitando assim o sucesso dos

objetivos educativos.

Na condição de educadores, precisamos estar atentos ao fato de que, enquanto não

dermos atenção ao fator afetivo na relação professor-aluno, corremos o risco de estar

trabalhando somente com a construção do real, do conhecimento, deixando de lado o

trabalho da constituição do próprio sujeito-que envolve valores e o próprio caráter,

necessário para o seu desenvolvimento integral.

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